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Dialética

Dialética (AO 1945: dialéctica) (do grego


διαλεκτική (τέχνη), pelo latim dialectĭca
ou dialectĭce) é um método de diálogo
cujo foco é a contraposição e
contradição de ideias que levam a outras
ideias e que tem sido um tema central na
filosofia ocidental e oriental desde os
tempos antigos. A tradução literal de
dialética significa "caminho entre as
ideias".[nota 1][nota 2]

"Aos poucos, passou a ser a arte de, no


diálogo, demonstrar uma tese por meio
de uma argumentação capaz de definir e
distinguir claramente os conceitos
envolvidos na discussão." Também
conhecida como a arte da palavra.

"Aristóteles considerava Zenão de Eleia


(aprox. 490-430 a.C.) o fundador da
dialética. Outros consideraram Sócrates
(469-399 a.C)".[nota 3]

No período medieval, o estudo da


dialética (ou lógica) era obrigatório e,
parte integrante do Trivium que, junto
com o Quadrivium, compunha a
metodologia de ensino das sete Artes
liberais.[1]

Um dos métodos diáleticos mais


conhecidos é o desenvolvido pelo
filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich
Hegel (1770-1831).

Visões sobre a dialética

Para Kant, a dialética é uma ilusão.


O conceito de dialética, porém, é
utilizado por diferentes correntes
filosóficas e, de acordo com cada uma,
assume um significado distinto.

Para Platão, a dialética é sinônimo de


filosofia, o método mais eficaz de
aproximação entre as ideias particulares
e as ideias universais ou puras. É a
técnica de perguntar, responder e refutar
que ele teria aprendido com Sócrates
(470 a.C.-399 a.C.). Platão considera que
apenas através do diálogo o filósofo
deve procurar atingir o verdadeiro
conhecimento, partindo do mundo
sensível e chegando ao mundo das
ideias. Pela decomposição e
investigação racional de um conceito,
chega-se a uma síntese, que também
deve ser examinada, num processo que
busca a verdade.

Aristóteles define a dialética como a


lógica do provável, do processo racional
que não pode ser demonstrado.
"Provável é o que parece aceitável a
todos, ou à maioria, ou aos mais
conhecidos e ilustres", diz o filósofo.

O alemão Immanuel Kant retoma a


noção aristotélica quando define a
dialética como a "lógica da aparência".
Para ele, a dialética é uma ilusão, pois
baseia-se em princípios que são
subjetivos.

O método dialético possui várias


definições, tal como a hegeliana, a
marxista entre outras. Para alguns, ela
consiste em um modo esquemático de
explicação da realidade que se baseia
em oposições e em choques entre
situações diversas ou opostas.
Diferentemente do método causal, no
qual se estabelecem relações de causa e
efeito entre os fatos (ex: as radiações
solares provocam a evaporação das
águas, estas contribuem para a
formação de nuvens, que, por sua vez,
causa as chuvas), o modo dialético
busca elementos conflitantes entre dois
ou mais fatos para explicar uma nova
situação decorrente desse conflito.

Método dialético
A filosofia descreve a realidade e a
reflete, portanto a dialética busca, não
interpretar, mas refletir acerca da
realidade.

A dialética é a história das contradições.


Em alemão aufheben significa supressão
(ou suprassunção) e ao mesmo tempo
manutenção da coisa suprimida. O
reprimido ou negado permanece dentro
da totalidade.

Hegel, um dos filósofos que mais tratou da dialética

Esta contradição não é apenas do


pensamento, mas da realidade. Então,
tudo está em processo de constante
devir.

Os três momentos da dialética hegeliana


são por um lado uma maneira de
descrever o método axiomático, que foi
usado na filosofia por Spinoza, e por
outro um uso particular desse método. O
primeiro momento ( a tese ) corresponde
ao axioma. O segundo momento ( a
antítese ) corresponde à definição (que
Spinoza notava conter também uma
negação). O terceiro momento ( a
síntese ), corresponde ao teorema, um
resultado necessário, porém novo, não
estando simplesmente contido nos
momentos anteriores.[2]

História da dialética
Até hoje, não foi definido quem teria sido
o fundador da dialética: alguns
acreditam que tenha sido Sócrates, e
outros, assim como Aristóteles,
acreditam que tenha sido Zenão de Eleia.
Na Grécia Antiga, a dialética era
considerada a arte de argumentar no
diálogo. Atualmente é considerada como
o modo de pensarmos as contradições
da realidade, o modo de
compreendermos a realidade como
essencialmente contraditória e em
permanente transformação.

Desde a Grécia Antiga, a dialética


sempre encontrou quem fosse contra,
como Parmênides, mesmo vivendo na
mesma época do mais radical pensador
dialético: Heráclito. Para compreensão
do tema, o autor passa por vários itens,
começando pelo trabalho.

Heráclito foi o pensador dialético mais


radical da Grécia Antiga. Para ele, os
seres não têm estabilidade alguma,
estão em constante movimento,
modificando-se. É dele a famosa frase
“um homem não toma banho duas vezes
no mesmo rio”, porque nem o homem
nem o rio serão os mesmos.
Heráclito, o pensador dialético mais radical da
Grécia Antiga.

Porém, na época, os gregos preferiram


acreditar na metafísica de Parmênides, a
qual pregava que a essência do ser é
imutável, e as mudanças só acontecem
na superfície. Esse pensamento
prevaleceu.

Depois de um século, Aristóteles


reintroduziu a dialética, sendo
responsável, em boa parte, pela sua
sobrevivência. Ele estudou muito sobre o
conceito de movimento, que seriam
potencialidades, atualizando-se. Graças
a isso, os filósofos não deixaram de
estudar o lado dinâmico e mutável do
real. Com a chegada do feudalismo, a
dialética perdeu forças novamente,
reaparecendo, no Renascimento e no
Iluminismo.

A dialética hegeliana é idealista, aborda o


movimento do espírito.

Dialética Marxista
A dialética marxista é um método de
análise da realidade, que vai do concreto
ao abstrato e que oferece um papel
fundamental para o processo de
abstração. Engels retomou, em seu livro,
"A Dialética da Natureza", alguns
elementos de Hegel, concebendo a
dialética como sendo formada por leis;
esta tese será desenvolvida por Lênin e
Stálin. Por outro lado, outros pensadores
criticaram ferrenhamente esta posição,
qualificando-a de não-marxista. Assim,
se instaurou uma polêmica em torno da
dialética.[3]

Dialética e trabalho
Com o trabalho, surge a oportunidade de
o ser humano atuar em contraposição à
natureza. O homem faz parte da
natureza, mas, com o trabalho, ele vai
além. Para Hegel, o trabalho é o conceito
chave para compreensão da superação
da dialética, atribuindo o verbo
suspender (com três significados):
negação de uma determinada realidade,
conservação de algo essencial dessa
realidade e elevação a um nível superior.
Mas Marx criticou Hegel, pois Hegel não
viveu nessa realidade, mas apenas em
sala de aula e bibliotecas, não
enxergando problemas como a alienação
nesse trabalho.

Na ordem, a segunda contradição é


justamente essa alienação. O trabalho é
a atividade na qual o homem domina as
forças naturais, cria a si mesmo, e torna-
se seu algoz, na visão Marxista da
dialética. Tudo isso devido à divisão do
trabalho, e da propriedade privada,
segundo Marx, outros pensadores tem
outras visões sobre o trabalho e refutam
a visão Marxista de trabalho. Mas não
são apenas os trabalhadores que foram
afetados. A burguesia também, pela
busca do lucro não consegue ter uma
perspectiva totalizante, segundo Marx. A
visão Marxista de trabalho e como a
burguesia se porta foram duramente
criticadas no século seguinte, a própria
noção de burguesia e proletariado em
Marx é de certa maneira ultrapassada
pela revoluções industriais.

Dialética e totalidade

Engels defendia o caráter materialista da dialética.

A visão total é necessária para enxergar,


e encaminhar uma solução a um
problema. Hegel dizia que a verdade é o
todo. Que se não enxergamos o todo,
podemos atribuir valores exagerados a
verdades limitadas, prejudicando a
compreensão de uma verdade geral.
Essa visão é sempre provisória, nunca
alcança uma etapa definitiva e acabada,
caso contrário, a dialética estaria
negando a si própria.

Logo, é fundamental enxergar o todo.


Todavia, nunca temos certeza de que
estamos trabalhando com a totalidade
correta, não obstante a teoria forneça
indicações: a teoria dialética alerta
nossa atenção para as sínteses,
identificando as contradições concretas
e as mediações específicas que
constituem o "tecido" de cada totalidade,
sendo que a contradição é reconhecida
pela dialética como o princípio básico do
movimento pelo qual os seres existem.

Na dialética, fala-se, também, na


volatilidade dos conceitos. Isso porque a
realidade sempre está assumindo novas
formas e, assim, o conhecimento
(conceitos) precisa se moldar
constantemente.

Junto com Karl Marx e Engels, sempre


defendeu o caráter materialista da
dialética. Ele resumiu a dialética em três
leis. A primeira lei é sobre a passagem
da quantidade à qualidade, mas que
varia no ritmo/período. A segunda é a lei
da interpenetração dos contrários, ou
seja, a ideia de que tudo tem a ver com
tudo, que os lados que se opõem são, na
verdade, uma unidade, na qual um dos
lados prevalece. A terceira lei é a
negação da negação, na qual a negação
e a afirmação são superadas. Porém,
essas leis devem ser usadas com
precaução, pois a dialética não se deixa
reduzir a três leis apenas.

Após a morte de Marx, Lênin foi um dos


revolucionários que lutaram contra a
deformação da concepção marxista da
história. A partir dos estudos da obra de
Hegel, Lênin aplicou os conhecimentos
na prática, como na estratégia que
liderou a tomada do poder na Rússia, a
visão historicista da sociedade, movida
por lutas de classe segundo Marx
acabariam na mão de Lenin por levar a
Rússia a revolução bonchevique.

Com a morte de Lênin, vem uma


tendência antidialética com Stálin, que
desprezava a teoria. O que não o afasta
das teorias centrais marxistas porém ele
chegou a "corrigir" as três leis de Engels,
traçando, por cima, quatro itens
fundamentais para ele: conexão
universal e interdependência dos
fenômenos; movimento, transformação e
desenvolvimento; passagem de um
estado qualitativo a outro; e luta dos
contrários como fonte interna do
desenvolvimento.

O método dialético nos incita a revermos


o passado à luz do que está
acontecendo no presente, questionando-
o em nome do futuro, o que está sendo
em nome do que “ainda não é”. É, por
isso, que o argentino Carlos Astrada
define a dialética como “semente de
dragões”, a qual alimenta dragões que
talvez causem tumulto, mas não uma
baderna inconsequente.

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