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II Jornada de Estudos do Programa Oficinando em Rede

“Tecnologias Aplicadas à Saúde e à Educação”


Mossoró-RN, 13 a 15 de março de 2013
___________________________________________________________________________

CONHECIMENTO, INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA:


Estudo analítico da eficácia dos programas de Formação Continuada do
Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal – NTM Mossoró/RN

CRISTHIANE MARQUES DE OLIVEIRA – NTM


cristhiane.rn@gmail.com
FRANK WERLLY MENDES DE BRITO – NTM
pfwerlly@gmail.com
MARIA DE FÁTIMA DE L. DAS CHAGAS – NTM
fatima.aee@gmail.com
MARIA DO SOCORRO SOUZA – NTM/NTE
socsouza@hotmail.com

RESUMO: Esta pesquisa aborda a eficácia dos programas de formação continuada


desenvolvidos pelo Núcleo de Tecnologia Educacional – NTM/Mossoró e tem como objetivo
determinar a qualidade dos cursos ali ofertados e sua contribuição nas instituições
educacionais da rede municipal de Mossoró. Este estudo apresenta uma abordagem quanti-
qualitativa, através de diversos instrumentos que possibilitaram a obtenção dos resultados
analisados, direcionados para a compreensão da ação pedagógica dos educadores no acesso e
interação com as Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC, bem como suas
dificuldades, superações e expectativas. Os dados consolidados foram analisados e
comparados com os resultados da avaliação nacional - Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB) - e da avaliação municipal - Prêmio Escola de Qualidade. O
comparativo destes dados evidencia o reflexo dos programas de formação continuada do
NTM nos resultados pedagógicos das instituições educacionais, embora ainda de modo
incipiente. Isso porque a pesquisa comprovou ainda um certo distanciamento, por parte de
alguns docentes, entre a teoria vista nos cursos e a prática de sala de aula, devido às
dificuldades e empecilhos existentes nessas instituições de ensino. O estudo destacou, ainda, a
importância das tecnologias na ação pedagógica, assim como nas atividades práticas dos
cursos de formação do Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal.

Palavras-chave: Formação de Professores; Tecnologia; Ação Pedagógica.

1. INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea é marcada por inúmeras transformações, principalmente


na área tecnológica, que atingiu todos os setores econômicos, políticos e sociais.
O campo educacional, também, está sendo pressionado por estas mudanças, pois é
um mundo caracterizado pelo processo da globalização, que exige a demanda de um novo
cidadão, profissional capaz de lidar com as tecnologias e linguagens do seu tempo.

Universidade Federal Rural do Semiárido


Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais
Avenida Francisco Mota, 572, CEP: 59625-900; Mossoró-RN
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Sendo a escola uma das principais disseminadoras do conhecimento, ela jamais


poderá se distanciar da realidade tecnológica atual, já que esta proporciona no campo
educacional a busca da inovação e a quebra de paradigmas estabelecidos. É para esta escola
inovadora que a formação continuada foi elaborada, para disponibilizar o acesso e a interação
com as tecnologias, promover a aprendizagem e a interação em ambientes virtuais, inserir as
tecnologias como ferramenta pedagógica, introduzir os educadores neste ciberespaço de
oportunidades, disseminando as possibilidades de aprendizagem colaborativa com as
ferramentas mediadoras na interação, socialização, produção e construção dos conhecimentos.
Em tempos de transformações constantes, inovar é questão de sobrevivência.
Momento vivido pela sociedade da informação e da comunicação midiática que apresenta um
novo reaprender a conhecer, a comunicar-se, a ensinar, a integrar-se com o ser humano
individual e social. É uma nova conexão de conhecimento, que pressiona a construção de
nova postura deste ser social on-line ou off-line, mas com a postura participativa, construtiva e
acima de tudo colaborativa.
É o rompimento de paradigmas, para que a construção do ser professor ocorra dentro
das necessidades e das exigências desta sociedade atual, numa postura de professor mediador
e provocador de situações problemas, que promova ao aluno o incentivo à pesquisa, à análise
da construção e reconstrução do conhecimento.
A escola faz parte desta sociedade, convive com esta realidade, é a cultura digital que
se dissemina em grande velocidade. E os educadores, conseguem acompanhar e introduzir
estas tecnologias na sua proposta pedagógica? Introduzindo-as como ferramenta
potencializadora?
O tema em estudo apresenta uma análise quanti-qualitativa da formação continuada
promovida pelo Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal – NTM / Mossoró-RN,
oportunizando a entidade formadora e aos gestores da rede municipal uma análise avaliativa
do impacto desta formação continuada no resultado escolar do processo ensino aprendizagem,
bem como a valorização do educador que busca a sua qualificação profissional. Esta análise
tem como amostragem 38 escolas de um total de 61 escolas urbanas e rurais, tendo como foco
principal as escolas com maiores números de professores capacitados nos cursos promovidos
pela instituição pesquisada.
No entorno desta pesquisa, foi diagnosticado o impacto da formação continuada na
prática pedagógica do professor no acesso, interação e mediação pedagógica das tecnologias
existentes na escola, bem como, o detectar dos empecilhos que dificultaram o acesso e a
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inclusão das tecnologias de informação e comunicação no espaço escolar. Estes dados


consolidados foram comparados com as avaliações em nível nacional - Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) – e da avaliação municipal – Prêmio Escola de
Qualidade, com o intuito de diagnosticar o impacto da formação do Núcleo de Tecnologia
Educacional Municipal – NTM aos resultados avaliativos.

2 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

É difícil, hoje pensar em Educação e Escola sem o envolvimento das tecnologias. O


aluno como protagonista já se encontra mergulhado neste mundo do ciberespaço. A escola
precisa se aproximar desta realidade e tornar o seu espaço educativo mais moderno,
construtivo, reflexivo e colaborativo.
Cita Lira(2010, p.68):

Essas novas maneiras de pensar e de agir dessas novas gerações digitais vão
influenciar o futuro dos professores, das escolas e da educação. Será preciso a
ampliação de políticas públicas efetivas, que propiciem a inclusão digital de todos os
cidadãos. Essas ações deverão ir além do espaço escolar e chegar a outros recantos
sociais, apesar de continuar sendo a escola o espaço privilegiado para a
aprendizagem da fluência digital.
As competências e habilidades dos alunos da geração net estão mudando. A
influência vem de fora das escolas, e, portanto cabe a escola e os seus docentes acompanhar
essa evolução. Como fala LIRA (2010, p.68) “Com certeza poderá ser criado um grande
“abismo tecnológico” entre alunos e professores que usam ou não os meios digitais para todo
e qualquer fim.”.
Essa é uma realidade e um desafio para os educadores da era digital, que é se
apropriar e introduzir os meios digitais no seu planejamento e cabe à escola introduzir isso no
projeto político pedagógico.
SAMPAIO (2010, p.86) cita: “o professor tem que se evoluir de acordo com a
sociedade e está ocorrendo que a escola é defasada. A escola é estática enquanto o mundo é
extremamente dinâmico”. E nesta mesma visão, SANTOS (2002, p.12) afirma: “a realidade
que se apresenta à maioria da população revela uma escola ainda distante das exigências
impostas pela sociedade tecnológica contemporânea.

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2.1 INCLUSÃO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL.

Este tema não é algo novo a ser discutido na educação brasileira, pois desde 1971 se
deu início a informática na educação de nosso país. Como cita NASCIMENTO (2009) “Os
registros indicam a Universidade Federal do Rio de Janeiro como instituição pioneira na
utilização de computadores em atividades acadêmicas”.
Em 1980 iniciou-se as discussões sobre a inserção dos computadores nas escolas
públicas do ensino fundamental e médio. Segundo OLIVEIRA (1997) neste ano foi criado a
comissão especial de educação “com a responsabilidade de colher subsídios, visando gerar
normas e diretrizes para a área de informática na educação”.
Em 1981, ocorreu o I Seminário Nacional de Informática na Educação promovido
pelo SEI, MEC e CNPq, neste momento foram discutidos e planejados as diretrizes, bem
como, definida a política brasileira da Informática Educativa. Antes deste seminário ainda não
se fazia referência a este binômio informática-educação, como cita OLIVEIRA (1997)
“...informática-educação só ocupava espaço no âmbito da burocracia estatal”.
A sólida base teórica que foi sendo construída no Brasil sobre informática educativa,
possibilitou em 1989 ao MEC instituir através da Portaria Ministerial n. 549/89, o Programa
Nacional de Informática na Educação - PRONINFE, com o objetivo de “desenvolver a
informática educativa no Brasil, através de atividades e projetos articulados e convergentes,
apoiados em fundamentação pedagógica, sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade
política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos.”

A forma de impulsionar a inserção dos computadores nas escolas não teve modelo
universal; cada país acionou mecanismos diferentes, enquanto uns privilegiaram a
formação de grande número de professores, como a França, outros buscaram
convênios com as empresas privadas, de forma a garantir o maior número possível
de escolas com computadores, como no caso americano. No entanto, todos tiveram o
mesmo objetivo: melhorar a qualidade das escolas e garantir aos alunos o acesso ao
conhecimento de uma tecnologia extremamente utilizada nas sociedades modernas.
(OLIVEIRA, 1997, p. 28)
Em 1997, com a implementação do ProInfo, instituído pelo MEC e desenvolvido
pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de Infra-
Estrutura Tecnológica (Ditec), em parcerias com as secretarias estaduais e municipais, que
proporcionou um grande impulso no uso da informática como ferramenta pedagógica em todo
o país. NASCIMENTO (2009) apresenta o que provocou este impulso:

O ProInfo funciona de forma descentralizada. Sua coordenação é de


responsabilidade federal, e a operacionalização é conduzida pelos estados e
municípios. Em cada unidade da Federação, existe uma coordenação estadual
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ProInfo, cujo trabalho principal é o de introduzir as Tecnologias de Informação e


Comunicação (TIC) nas escolas públicas de ensino médio e fundamental, além de
articular os esforços e as ações desenvolvidas no setor sob sua jurisdição, em
especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE). Para apoiar
tecnologicamente e garantir a evolução das ações do programa em todas as unidades
da Federação, foi criado o Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional
(Cete).
Aos poucos, surgiram outros programas na área de Informática. Em 2004, iniciou-se
o Programa de Informática na Educação Especial - PROINESP, do MEC, visando a
oportunizar a inclusão digital e social das pessoas com necessidades educacionais especiais.
Em 2007, os avanços em torno da implementação de informática na educação deram um salto
com o projeto Um Computador por Aluno - UCA.
Ainda em 2007, o ProInfo, pelo Decreto n° 6.300, de 12 de dezembro de 2007,
passou a ser denominado de Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo,
incorporando o uso de todas as mídias tecnológicas de informação e comunicação nas redes
públicas de educação básica. Assim, não só a informática, mas todas as demais mídias
tornaram-se integrantes do Programa, permitindo que o uso dos recursos ultrapassassem os
limites dos laboratórios de informática e alcançassem toda a escola.

2.2 A ESCOLA NA ERA DIGITAL

Os avanços tecnológicos invadem a sociedade, trazendo mudanças sociais, culturais


e humanas. A escola como formadora e construtora da aprendizagem também sente as
pressões desta mudança.
As tecnologias que invadem as escolas são: computadores, projetores, câmeras
digitais, laptops, impressoras, pendrives e diversas mídias digitais e ou impressas que estão
disponíveis nas instituições.
Os recursos pedagógicos mudaram, é o reflexo desta sociedade tecnológica e digital.
Como afirma, LIRA (2010, p.68) “A mediação pedagógica deve utilizar-se, obrigatoriamente,
dessas ferramentas diante da realidade globalizada que vivenciamos.”
Uma vez que a escola se modifica com a utilização desses recursos, acreditamos na
importância de se refletir sobre a existência de uma nova “consciência do ensinar e do
aprender”. Percebe-se esta inserção não apenas com a instalação de computadores na escola,
mas sendo necessário repensar as dimensões pedagógicas e administrativas que nortearam a
interação e mediação dos professores e alunos com os recursos tecnológicos midiáticos
disponíveis na escola.
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O sucesso profissional do professor, o espaço para o seu crescimento intelectual e


humano, na sua formação continuada, também pode ser o seu local de trabalho, as
relações afetivas e cognitivas estabelecidas com os seus alunos, colegas de
profissão, pais, funcionários e direção. (LIRA, 2010, p. 63).
O gestor tem o papel fundamental para gerir o acesso e a inclusão dos recursos
tecnológicos da escola. Há uma grande pressão ao professor, que tem que se apropriar e
introduzir as novas tecnologias na sua proposta pedagógica, mas é certo, que este profissional,
precise de condições logísticas e administrativas para que realmente assim aconteça.

Moran (2007, p.17) apresenta algumas dificuldades para a mudança na educação e


cita como mudança, a do professor, que “dependem também de termos administradores,
diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão
envolvidas no processo pedagógico”.
É necessário um conjunto de mudanças para assim concretizar a existência da escola
que almejamos, um espaço educativo inovador, aberto, dinâmico, participativo e construtivo.

2.3. O PERFIL DO DOCENTE TECNOLÓGICO

A sociedade vem passando por grandes transformações e avanços no uso das


tecnologias, as instituições de ensino e o trabalho docente estão sendo pressionados e
influenciados a acompanhar estas mudanças.
O campo da educação está muito pressionado às mudanças, pois se percebe que a
educação é o caminho fundamental para transformar a sociedade.
Diz Kernan e Lévy (1994, apud SAMPAIO, 2010), que para compreender a
alfabetização tecnológica do professor, é necessário perceber que ao transformar, ao longo do
tempo, as formas de produzir e reproduzir os meios da sua própria sobrevivência, o ser
humano também alterou as suas relações humanas e com a natureza. As tecnologias que as
criou desde as rodas até o computador geraram transformações.
Portanto, são estas transformações que impulsionam a escola a refletir sobre a sua
postura de instituição formadora e reprodutora de conhecimento. Hoje o que se tem, é a
necessidade da existência deste perfil “a educação online fenômeno da cibercultura, isto é, do
conjunto imbricado de técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (SILVA, 2006, p.11).
No tocante ao fenômeno da cibercultura que se insere na sociedade e principalmente
nas escolas, sendo este o foco principal desta pesquisa, é a mudança de postura que hoje é

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vivenciada e que está sendo injetada nos educandos, e cabe aos educadores acompanhar,
buscando a sua inserção, conectando-se a esta rede, socializando os conteúdos,
disponibilizando fóruns de discussões, na busca de uma construção e reconstrução de saberes.
A conectividade se dá quando duas ou mais pessoas se aproximam mentalmente,
interagem, conversam ou colaboram. (...) O avanço tecnológico e a ampliação de uso
das World Wide Web (WWW) transformaram as possibilidades de conectividade
entre as pessoas. Não mais grupos pequenos, restritos, mas um “coletivo” de pessoas
unidas – ao mesmo tempo – pelos mesmos interesses, objetivos, ideias e ideais.
(KENSKI, 2008, p.102)
É a era da conexão e cabe à educação se conectar para navegar, ampliando os
espaços e as oportunidades, permitindo ao aprendiz a interatividade, o diálogo, a cocriação e o
controle dos processos de aprendizagem, mediante os recursos de gestão, autoria e
comunicação. É um ser humano em constante evolução, que sente a necessidade de pertencer
a um determinado grupo social, seja na família, escola, trabalho e outros.

Para Almeida (2003), o ensino com a utilização de ambientes virtuais de


aprendizagem significa: planejar e propor atividades que propiciem a interação e a
aprendizagem significativa do aluno; ao disponibilizar materiais de apoio com o uso de
múltiplas mídias e linguagens; ter um professor que atue como mediador e orientador do
aluno; incentivar a busca de fontes de informações e a realização de experimentações;
provocar a reflexão sobre processos e produtos e favorecer a formalização de conceitos.
Sem dúvida, as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e
tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas entre o presencial e
o virtual, entre o estar juntos e o estarmos conectados a distância. Mas se ensinar
dependesse só de tecnologias, já teríamos achado as melhores soluções há muito
tempo. Elas são importantes, mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e
aprender são os desafios maiores que enfrentamos em todas as épocas e
particularmente agora em que estamos pressionados pela transição do modelo de
gestão industrial para o da informação e do conhecimento. (MORAN, p. 12, 2007)
É evidente que a tecnologia não é o fim, mas o meio de mediação, interação,
motivação, construção, reconstrução do conhecimento. E que a sua valoração depende da
metodologia aplicada pelo professor, que ampliará as oportunidades na aplicabilidade dos
conteúdos a serem ministrados.
Moran (2007) destaca três diferentes possibilidades de avaliação da aprendizagem
dos alunos. Uma delas seria elaborar atividades relacionadas ao conteúdo, através de
comparação de textos, resenhas e produção de um ensaio-síntese. Outra seria solicitar uma
pesquisa individual e outra em pequenos grupos com temas de interesses dos alunos. O autor
constatou, na sua experiência com cursos semipresenciais, que é importante desenvolver

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projetos ligados à experiência e vida dos alunos. Finalmente, a participação no ambiente


virtual, através dos chats, fóruns e blogs.

2.4. FORMAÇÃO CONTINUADA

A formação de continuada de professores vem assumindo uma posição de destaque


nas discussões relativas às políticas públicas.
Como falar em educação, numa perspectiva de inclusão e qualidade, sem fazer
referência a formação continuada que é o eixo primordial para o alcance destas metas. Não há
como se ter educação de qualidade, sem o investimento na qualificação do professor, que se
encontra associada ao processo de melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos
professores em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. Paulo Freire dizia: “Que o
mundo encurta; o tempo se dilui; o ontem vira agora; o amanhã já está feito. Tudo de maneira
muito rápida. Nós, educadores do início de milênio, não podemos deixar de lado ou,
simplesmente, ignorar essas possibilidades”. (apud LIRA, 2010)
São as possibilidades de interação virtual ou presencial que possibilitará a mediação
e a interação do professor com as tecnologias de informação e comunicação.
A formação continuada do professor é imprescindível para se conquistar uma
qualidade de ensino. Ser educador, é estar em constante aprendizagem, é um eterno aprendiz.
Segundo LIRA “O professor será sempre estudioso, terá prazer em ler e pesquisar para que
possa motivar os alunos a fazer o mesmo, pois se aprender com prazer, também ensinará
prazerosamente.”
Com base na citação acima, temos a sequência fundamental da formação como uma
constante atualização, professor atualizado e motivado que reflete no aluno.
Realmente, seria o ideal, mas não é esta a realidade que se tem. Hoje o que se
encontra? Professores mal remunerados, com carga horária tripla, sem tempo disponível para
estudo e pesquisa, em alguns casos, quando participa da formação, se preocupam com a
certificação, sem tempo para realizar com qualidade as atividades propostas pelo estudo da
formação continuada.
Portanto, conforme Neves(2006), a real valorização do magistério será construída
sobre a solidez de três aspectos: uma boa formação inicial, boa formação continuada
e boas condições de trabalho (salário e carreira). Sendo assim, o desenvolvimento
profissional corresponde ao curso superior, somado ao conhecimento adquirido ao
longo da vida e às pós-graduações (lato ou stricto sensu) que se possa fazer. Além
disso, o professor, em sua formação contínua, deverá preocupar-se com constantes
atualizações. (LIRA, 2007, p.64)
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A formação contínua é que leva o professor a se apropriar dos conhecimentos,


acompanhando os avanços históricos, econômicos e sociais. O conhecimento novo gera medo
e desequilíbrio, o que se precisa é resgatar aquele educador ousado, crítico, criativo e
produtivo que vive adormecido dentro de cada professor que ainda não conseguiu despertar.
COX (2003, p.113) cita:
Ter iniciativa, acreditar em seu potencial criador, desvencialher-se das amarras de
sua formação castradora são passos fundamentais no caminhar de toda pessoa rumo
à efetivação de qualquer fazer e/ou refazer. Não há diferenças quando a pessoa é um
professor e o fazer, ou o refazer, é de natureza profissional, educacional.
Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se assim conseguir mudar os
paradigmas convencionais da educação que mantêm distantes professor e aluno, mesmo
estando todos os dias num mesmo espaço físico. Já a Internet veio para disseminar esta
comunicação instantânea, para mediar esta aproximação, possibilitando espaços virtuais para
socializar produções e facilitar a comunicação entre professores e alunos e comunidade
escolar.
A era tecnológica remete possibilidades de interação e mediação do conhecimento. É
o transpassar de uma mudança de atitude e de postura profissional, que deixa de ser o
professor, o centro e o detector do conhecimento, tendo o aluno como um ser atualmente com
valores que precisa de estímulo para produzir conhecimento, que este será socializado para a
reconstrução e reformulação de novas produções.

Estamos habituados a ter no professor “a fonte” da informação, mas esse quadro,


hoje, tende a se modificar enormemente. Isso não significa que o professor perdeu o
seu lugar, ao contrário, ele está deixando de ser o “detentor” do conhecimento para
ser o mediador de um conhecimento culturalmente construído e compartilhado. É ele
quem orienta as investigações dos alunos, incentiva o prazer pelo saber, observa e
aproveita o modo como cada aluno constrói seu próprio conhecimento. O
conhecimento não está mais centrado exclusivamente em sua figura, e pode ser
acessado de diversas maneiras: através de revistas, jornais, livros, software, vídeo.
Mas, sem dúvida, é o professor quem tem condições de criar situações de
aprendizagem nas quais esse conhecimento assume forma e sentido. (FREIRE,
1998, p.60)
Assim, o que se pretende hoje é uma educação em que aluno e professor sejam
cúmplices, assim, o aluno deixa de ser um mero ouvinte e passa a participar ativamente da
construção e reconstrução do conhecimento e desse modo, surge o professor como parceiro
propiciando situações, desafios e questionamentos que possibilitem a formação do sujeito
histórico e social.

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Este professor que em se fala vive em comunidade na sociedade, na escola e em


família, então, é necessário destacar que toda ação, por mais individual e isolada que apareça,
exerce influência sobre o coletivo. Como afirma na citação abaixo, FREIRE, 1998, p.61:
A atuação do professor na escola requer um processo de aprendizagem
individualizado, que precisa ser compartilhado com os colegas. Essa troca de
experiências tem suas funções principais: assegura a expansão da cultura do
computador na escola e permite ao professor aprofundar seus conhecimentos, na
medida em que se abre para o confronto de ideias. A convivência com opiniões
divergentes – em se tratando de um grupo coeso – contribui para a instauração do
debate entre os integrantes do grupo, provocando um refinamento dos
conhecimentos (FREIRE, 1998, p.61).
É neste espaço de interação coletiva que poderá acontecer a reflexão do professor, no
tocante a sua mudança de postura com o envolvimento das tecnologias da informação e
comunicação, bem como a busca da qualificação profissional através dos cursos de formação
continuada.

Segundo (Barreto, 2002, p. 107) “A análise da configuração atual da docência não


pode estar desvinculada da relação entre ensino e pesquisa, nas suas várias dimensões, nem
nos modos pelos quais as tecnologias têm sido incorporadas aos processos pedagógicos.” É
nesta ressignificação da docência que deverá nortear as propostas de estudos promovidos
pelos cursos de formação continuada, proporcionando ao educador momento de reflexão
sobre a sua prática, levando a conscientização a buscar mudanças e atualização das
ferramentas pedagógicas. Ser educador nesta sociedade atual é um grande desafio e que as
tecnologias de informação e comunicação estão aí, para mediar esta superação.

CONCLUSÃO

O trabalho aqui realizado constituiu-se de um levantamento de dados sobre questões


relacionadas à educação e a sua relação com a informática, tendo como objetivo analisar a
eficácia da formação promovida pelo Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal – NTM,
na perspectiva do conhecimento, interação e mediação pedagógica. Também, avaliar o
impacto desse Núcleo nos resultados das escolas, no processo de inclusão destes educadores
ao buscar sua inserção com as tecnologias.
É perceptível a necessidade de mudanças na educação, para a formação deste novo
cidadão da sociedade do conhecimento; essas mudanças abrangem metodologias interativas
de comunicação, colaboração e criatividade de todos (professores, coordenadores, gestores da

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escola e alunos), exige um trabalho coletivo, com grupos de discussão, parcerias e


principalmente cooperação.
A partir dessas considerações, conclui-se que, a inserção das tecnologias nas escolas
como ferramenta pedagógica, é um desafio essencial e urgente nesta sociedade
contemporânea, que se encontra emergida ao mundo cibernético e a formação continuada é o
meio para este fim.
Entretanto, foi detectado a existência de muitas dificuldades pelas quais esses
profissionais passam. O número insuficiente de computadores, insegurança, computadores
com defeito, internet lenta, ambiente desorganizado, falta de conhecimento e planejamento.
Portanto são estas as causas que dificultam a prática da teoria desenvolvida na formação
continuada? Como a professora citou “É desestimulante você ir ao laboratório com 12
máquinas e encontrar apenas 6 funcionando, mesmo você tendo o conhecimento, ainda assim
é complicado, como tentar consertar com a sala cheia de crianças?”
O plano de desenvolvimento da educação – PDE apresenta uma educação de
qualidade que possibilite a formação de pessoas capazes de assumir uma postura consciente e
criativa perante o mundo. As ações não podem ser descontextualizadas e ou fragmentadas,
precisa- se pensar em ações integradas em uma perspectiva sistêmica de educação, dentre
estas ações, temos o Programa Nacional de Tecnologias Educacional – PROINFO que tem
como objetivo promover o uso pedagógico das tecnologias da informação e comunicação nas
escolas da rede pública. Este programa traz a integração de três componentes: instalação de
ambientes tecnológicos nas escolas; disponibilidade de conteúdos e recursos educacionais e a
formação continuada dos professores para o uso das tecnologias da informação e
comunicação.
As escolas já estão adquirindo equipamentos tecnológicos: computador, notebook,
projetor multimídia, tela de projeção, câmera filmadora, câmera fotográfica, caixa de som,
aparelho de som, microfone e impressora. Toda essa potência tecnológica precisa estar
acessível e inserida no Projeto Político Pedagógico – PPP da escola.
A formação de professores no uso das TICs no âmbito educacional são temas que
têm despertado a atenção de profissionais e pesquisadores desta área de conhecimento,
objetivando melhorias na qualidade do ensino no contexto atual, a partir da inserção das novas
tecnologias no sistema educativo.
O trabalho realizado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal – NTM, tem
sido muito importante para o avanço nesta área, mas não o suficiente. O acesso e a qualidade
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Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais
Avenida Francisco Mota, 572, CEP: 59625-900; Mossoró-RN
Site: http://jornadaoficinando.blogspot.com.br/
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II Jornada de Estudos do Programa Oficinando em Rede
“Tecnologias Aplicadas à Saúde e à Educação”
Mossoró-RN, 13 a 15 de março de 2013
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do serviço foram bem avaliados pelos entrevistados, mas também foram detectados falhas que
precisam ser revistas pela equipe. No aspecto da aproximação do cotidiano da escola, da
relação teoria e prática, buscando facilitar junto com a gestão a inclusão destas tecnologias no
planejamento e na prática pedagógica.
Nesta pesquisa conclui-se que é imprescindível ao educador o acesso a estes
recursos, bem como participar de programas de formação continuada, de modo a refletir sobre
sua prática, suprindo as lacunas curriculares das licenciaturas no que diz respeito à utilização
das tecnologias. É na figura do gestor, como administrador técnico e pedagógico destes
espaços educativos, ao buscar soluções para suprir as dificuldades e empecilhos detectados,
oportunizando aos educadores e educandos a inserção das tecnologias nas atividades
curriculares. É o olhar e a ação do gestor que fará toda diferença na escola, ele é o articulador
de demandas e soluções para a aprendizagem das crianças. Assim, apresento a necessidade de
mais pesquisas para se encontrar um entendimento entre a sociedade, informática e a
instituição de ensino.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação a distância na Internet: abordagens


e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educ. Pesqui. [on line]. 2003, v. 29,
n. 2, pp. 327-340.

BARRETO, Raquel Goulart. Formação de professores, tecnologias e linguagens. Edições


Loyola, 2002.

COX, Kenia Kodel. Informática na Educação Escolar. Campinas, SP: Autores Associados,
2003.

FREIRE, F. M. P.;PRADO, M. E. B. B.; MARTINS, M. C. & SIDERICOUDES. O. (1998).


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processo”. Revista Brasileira de Informática na Educação, Santa Catarina, n. 3, pp. 45-62, set.

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. 5ª edição, Editora


Papirus, 2008.

LIRA, Bruno Carneiro. O professor sociointeracionaista e @ inclusão escolar. Editora


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MORAN, José Manuel, et alli. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Editora Papirus,
13ª edição, 2007.

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MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar
lá. Campinas: Papirus, 2007.

NASCIMENTO, João Kerginaldo Firmino do. Informática aplicada à educação. Brasília :


Universidade de Brasília, 2009.

OLIVEIRA, Ramon de. Informática Educativa. Editora Papirus, 1997.

SAMPAIO, Marisa Narciso, LEITE, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor.


Editora Vozes, 7ª edição, 2000.

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_____________. Sala de Aula Interativa: a educação presencial em sintonia com a era


digital e com a cidadania. In: Boletim Técnico do Senac, v.27, n.2, maio/agosto 2001.
Disponível em: http://www.algosobre.com.br/cultura/educacao-distancia-ou-presencial.html .
Acessado em 02/03/2013.

HISTÓRIA da Informática Educativa no Brasil. [S.l.: s.n.] Disponível em:


<http://edutec.net/Textos/Alia/PROINFO/edprhist.htm> Acesso em: 02 fev. 2013.

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