Você está na página 1de 18

MÍDIA E EDUCAÇÃO: ANÁLISE DAS IMAGENS DE CARTILHAS NA ERA

VARGAS

Reniane Silva de Souza

RESUMO

O presente estudo objetiva discutir algumas imagens utilizadas em cartilhas planejadas


pela DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) no período Vargas, entre as
décadas de 1930 e 1940. O DIP era o órgão responsável pela difusão das ideias
nacionalistas e da imagem pública do presidente, com objetivo de atingir diretamente as
massas e, no caso das cartilhas em tela, sobretudo as crianças. A investigação se insere
na metodologia de pesquisa histórica, na perspectiva dos Estudos Culturais da Mídia, a
partir da discussão teórica de Douglas Kellner, Guy Debord, Maria Helena Capelato,
entre outros. Ao longo do texto levantamos apontamentos acerca da influência política
de outros líderes na construção dessa ''máquina de propaganda'' de Getúlio Vargas,
dentre os quais, Adolf Hitler, que ao implantar o nazismo na Alemanha fez um forte
investimento em propaganda, colocando-se, assim como o presidente brasileiro, como
“amigo” das crianças e da juventude. Os resultados da pesquisa indicam como a
utilização da mídia de forma planejada pode resultar na difusão de ideias,
principalmente entre os jovens, de que serão o futuro da nação. Acreditamos que a
discussão sobre mídia, propaganda e política seja bastante atual, sobretudo em um
período marcado por profundas mudanças políticas no cenário nacional e mundial, além
de apontar para novas possibilidades de análises históricas.

Palavras-chave: Era Vargas; Imagem; Mídia; Propaganda; Política;

Introdução

Nos dias atuais a mídia exerce um papel fundamental, assim como contribuiu
para demonstrar a sua eficácia na construção de uma conjuntura política nas décadas de
1930 e 1940, durante a chamada Era Vargas. O governo de Getúlio utilizou de vários
meios midiáticos para deixar a sua marca na história, independente do resultado positivo
ou negativo, mas o suficiente para garantir a seu governo força e centralização. Como
Capelato argumenta “O poder utiliza meios espetaculares para marcar sua entrada na
história” (CAPELATO, 2009, p. 67).
Diante dessa investigação, perpassaremos por um contexto histórico da história
do Brasil, para compreendermos as razões que possibilitaram a entrada de Getúlio
Vargas no comando do país e as suas principais ações no governo para garantir tal
poder. Talvez até mesmo pela preocupação de outros modelos de regimes políticos
servirem como base, tanto para sustentação de sua ideia quanto para a prevenção de
ideias contrárias, consideradas perigosas para a manutenção da “ordem” nacional.

1
As variadas formas de interpretações sobre a cultura midiática, no caso, com
maior ênfase em imagens, e o estudo de cada detalhe podem revelar sobre uma época,
um povo, ou uma sociedade. E neste caminho de desejo de fazer novas descobertas, é de
suma importância retomar as pesquisas de autores conceituados nesta área, como
Capelato, Pandolfi, Schmitz, entre outros.

1. As transformações políticas e sociais no Estado Novo


Após a Revolução de 1930, os rumos do Brasil prometiam mudanças na
propaganda política da Aliança Liberal, pois algumas ações eram necessárias, ainda que
não estivessem nas configurações da sua campanha na época das disputas das eleições,
mas foram tomadas em nome da segurança nacional e do crescimento do país.
No governo provisório as transformações ocorreram em âmbito político e social.
Como Pandolfi aponta:
Na área social, o Governo Provisório também fez investimentos
significativos. Ainda em novembro de 1930 foram criados o
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, chamado no Ministério
da Revolução, e o Ministério da Educação e Saúde Pública.
(PANDOLFI, 2003, P.2)

As transformações ocorridas na área social, como a criação do Ministério da


Educação, merecem destaque nessa pesquisa, pois, a partir dessa nova estrutura
educacional e a sua funcionalidade na sociedade, em especial voltadas às crianças,
reside nossa problemática de análise, qual seja: investigar as imagens do presidente
presentes nos materiais educacionais voltados para as crianças das escolas públicas,
durante os governos Vargas.
Do ponto de vista político, o país estava em ebulição na época. Segundo
Napolitano,
Com o esvaziamento do tenentismo como força política autônoma, as
suas lideranças acabaram por se dispersar entre os movimentos de
esquerda (PCB e Aliança Nacional Libertadora) e de direita (Ação
Integralista Brasileira) que surgiram entre 1932 e 1935. Muitos outros
tenentistas foram incorporados como quadros políticos e
administrativos do governo federal, rendendo-se ao novo jogo político
das elites civis. (NAPOLITANO, 2016, P. 100).

No Estado Novo (1937-1945), pois a educação escolar assumiu grande


importância para legitimar o modelo de governo ali implantado, para isso, tornou-se
necessário o uso de instrumentos de propagandas visando à eficácia do plano que era

2
baseado em modelos europeus com regimes autoritários. Um deles foi a criação do DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda), responsável pela propaganda varguista.
Segundo Velloso,
O Departamento foi criado pelo decreto presidencial de dezembro de
1939, o DIP, sob a direção de Lourival Fontes, viria materializar toda
a prática propagandística do governo. A entidade abarcava os
seguintes setores: divulgação, radiofusão, teatro, cinema, turismo e
imprensa. Estava incumbido de coordenar, orientar e centralizar a
propaganda interna e externa; fazer censura ao teatro, cinema, funções
esportivas e recreativas; organizar manifestações cívicas, festas
patrióticas, concertos e conferências; e dirigir e organizar o programa
de radiodifusão oficial do governo (VELLOSO, 2010, P.158. apud:
HENN; NUNES, 2013, P.3).

Neste momento o DIP estava incumbido de criar recursos para propagar a


visão de governo através das mídias da época. Para Maria Helena Capelato (2009, p. 55)
o desejo de seduzir as massas na Era Vargas se deu de modo próprio, com
características da cultura política brasileira, marcada pelo positivismo. Dessa forma, um
dos objetivos no Estado Novo era construir a ideia de um progresso com base nos
conceitos nacionalistas.
As ideias nacionalistas já eram difundidas em alguns países como Alemanha
com o regime nazista, na Itália com o regime fascista, França com o regime franquismo,
entre outros, sendo suas maiores características as noções de autoritarismo e
centralização. E nessas nações, o poder concentrava-se na figura de um líder autoritário
e, ao mesmo tempo, mostrava-se ao povo vários tipos de propaganda de como seria a
forma ideal para uma sociedade sair da crise, alegando grande parte da culpa à liberdade
vivenciada naquela época.
Para Napolitano, no Brasil, essas políticas têm as seguintes características:
Defendidas por intelectuais de renome à época, como Azevedo
Amaral, Oliveira Vianna e Francisco Campos, essas doutrinas
pregavam reformas estruturais no governo Estado brasileiro que
reforçassem a burocracia, o controle da educação, a repressão e a
propaganda política, como pilares de um governo forte. (...) Para os
ideólogos autoritários, era necessário um chefe político personalista
que conduzisse esse processo, cuja autoridade e estilo de governo não
fossem questionados periodicamente nos pleitos eleitorais, colocando
em risco as diretrizes estratégicas do desenvolvimento nacional. Nos
anos 1930, isso significava, na prática, reforçar o poder e a autoridade
pessoal de Getúlio Vargas. (NAPOLITANO, op. cit. P.110-111)

No Brasil, a educação escolar voltada para as crianças obteve um papel


fundamental para a divulgação das concepções do governo varguista. Capelato é uma
3
dessas autoras que reforça esta ideia da educação durante o Estado Novo como uma
maneira de propaganda política. Segundo ela:
Além dessa especificidade no que se refere à profusão de imagens e à
intensidade do uso da propaganda, é preciso levar em conta que cada
um dos regimes apresentou uma maneira própria de se valer das
imagens e dos símbolos com sentido político. (CAPELATO, 2009,
P.55).

Esta forma de propaganda se intensificou quando houve uma reforma no sistema


educacional no Estado Novo, deixando clara a intenção nas novas medidas adotadas
pelo governo. De acordo com Célia Regina Otranto e Ronaldo Mendes Pamplona,
houve dois lados a serem estudados pela Reforma Capanema (1942 a 1946), nome
como ficou conhecida a reforma educacional do período. De acordo com os autores:
...instituída através das chamadas Leis Orgânicas (Decretos-Lei),
envolvendo os seguintes ramos do ensino: secundário, industrial,
comercial, agrícola, normal e primário. Foi um período em que a
dualidade na educação se expressava, na medida em que os egressos
da educação média profissionalizante só tinham acesso ao ensino
superior, na mesma carreira, não podendo escolher outra, e até mesmo
este acesso restrito era extremamente dificultado, o que fazia com que
poucos alunos tivessem oportunidade de cursar o ensino superior. Por
outro lado, os alunos que terminavam o secundário, podiam prosseguir
ao superior, sem restrição alguma. (OTRANTO, PAMPLONA, 2008,
P. 10).

Neste sentido, a um grupo específico estava limitado o ingresso na universidade,


pois, era preciso seguir a mesma área do ensino secundário profissionalizante,
notadamente formado por estudantes proletários. Sendo assim, haveria muita demanda
para determinadas áreas e poucas vagas para esses alunos. E a outra versão que os
autores apontam, não havia restrições nenhuma para os que terminavam o ensino
secundário, ou seja, aquele não profissionalizante, que atendia muito mais aos jovens de
classe média.
A estrutura governamental da Era Vargas foi muito bem planejada, pois se
pensava nos detalhes para evitar consequências no futuro. Estruturar um país em moldes
autoritários e, ao mesmo tempo, conquistar o apoio da população não era uma tarefa
fácil. Foram necessários vários órgãos de responsabilidade e compromisso com o
governo, no intuito de consolidar uma forte influência voltada para utilizá-la no futuro,
imaginando um país sem contestações populares.
Nessa esteira de reflexão, consideramos que o órgão de propaganda do governo,
o DIP, e a reforma na educação foram os fortes alicerces ideológicos do governo Vargas
4
e os meios pelos quais eles se mantiveram no poder, usando as táticas de doutrinação da
sociedade a serviço dos interesses do Estado. Embora existissem diversas outras formas
de dominação, a partir do rádio, desfile, discursos governamentais, desfiles com teor
propagandístico, visitas em escolas, hospitais e outros órgãos, imagens não só voltadas
para a educação mais também em outros setores.

2. O papel das mídias na contemporaneidade


Neste período, há uma forte preocupação com os conflitos sociais originários de
crises que afetavam tanto a economia quanto a política. Assim, vale pensar as questões
sociais existentes na época de Getúlio Vargas, veiculadas através de imagens e que
representavam uma ideologia política para atingir as pessoas daquele momento (os pais,
os adultos da sociedade) bem como aquelas do futuro (as crianças).
Guy Debord afirma que
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas
de produção se anuncia como uma imensa acumulação
de espetáculos... O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas
uma relação social entre pessoas, midiatizada por imagens. (GUY
DEBORD, 1997, P.14 e 15).

Podemos entender que a imagem se tornou um produto político ideológico que


circulava entre as pessoas e o seu efeito se dava na forma espetacular, pelo uso
estratégico feito pelo governo Vargas para atingir a sociedade, certamente havia outras
formas como o rádio, os desfiles, as festas, as inaugurações, visitas aos estados como
MT, fotos, filmes, discursos distribuídos na imprensa, até as cartilhas educativas
distribuídas para moldar os “futuros cidadãos do país”.
Para Capelato as imagens e símbolos foram sendo dinamizadas na propaganda
política de alguns regimes políticos para manutenção da força no poder. O varguismo
buscou nas massas o apoio para se manter-se no poder, e como forma de conquista
utilizava a cultura midiática, fortemente ligada às questões nacionais, (como no símbolo
da bandeira nacional), e consequentemente, na construção da figura paterna e de líder de
Vargas como o chefe da nação.
De acordo com Douglas Kellner os grupos podem resistir às mensagens
veiculadas na cultura da mídia e direcionadas às massas, até mesmo as pessoas da época
de Vargas resistiram às cartilhas impostas para as crianças da sociedade vigente daquele
período.

5
A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que
resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim:
quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita
reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos
compreende sua própria existência e seu próprio desejo. (GUY
DEBORD, 1997, P. 24).

Segundo Capelato (2009, p. 221) “as propagandas políticas varguistas e


peronistas operaram no sentido de incutir na sociedade uma nova forma de identidade: a
identidade nacional coletiva”. Uma das estratégias para implantar na sociedade
brasileira a mudança de uma identidade nacional individualista em identidade nacional
coletiva foi a utilização de produtos culturais voltados para a educação. Esse era um dos
meios viáveis para introduzir novos valores na sociedade daquele momento pensando na
estrutura utilizada pelo governo dentro do que passou a ser compreendido como uma
política de massas.
Além disso, quando se discute os problemas sociais, econômicos e políticos
vivenciado pelo Brasil e outros países daquele momento, que ainda sofriam os reflexos
da “quebra da Bolsa de Valores de Nova York”, as populações começam a questionar a
conjuntura política presente, indagando sobre os regimes liberais em busca de soluções
para os seus problemas.
Neste momento as propostas políticas baseavam em governos autoritários
influenciados pela Europa, idealizando correntes antiliberais e antidemocráticas
preocupadas com as revoltas populares. A estratégia seria criar um governo forte e
autoritário, mas ao mesmo tempo, simpático com as massas. Neste sentido, a indústria
cultural passou a ser direcionada para essas massas, para barrar ou evitar as revoluções e
inserir uma nova identidade cultural nacional.
Ainda, segundo Capelato (2009, p.226) os críticos do liberalismo no Brasil,
diziam que o atraso do país se referia ao analfabetismo, no qual este se justificaria pelo
atraso concentrado na inferioridade das populações negras e pobres. O novo governo
forte, autoritário, tinha por missão colocar o Brasil nos “eixos”, integrando todos os
trabalhadores por meio da educação, da disciplinarização e consciência nacional. Diante
de tantos problemas com a formação de uma identidade nacional coletiva é que a
educação assumia um papel importante na Era Vargas.

6
3. A representação das crianças nas cartilhas do governo varguista

Durante o governo Estado Novo na Era Vargas, a propaganda tomou conta do


cenário político do país e diversos setores da sociedade passaram a sofrer forte
influência direta e indiretamente, entre eles, a escola destacou ao receberem algumas
cartilhas para as crianças, sendo um dos objetivos da política populista e midiática,
garantir certa influência nas crianças do presente para uma sociedade idealizada no
futuro. Deste modo, iremos analisar algumas imagens utilizadas nas cartilhas escolares
que enfatiza a ideia de consciência nacional e o culto ao líder por meio da educação.

“Crianças!
Aprendendo, no lar e nas
escolas o culto da Pátria,
trareis para a vida prática
todas as probabilidades
de êxito.
Só o amor constrói e,
amando o Brasil,
forçosamente o
conduzireis aos mais
altos destinos entre as
Nações realizando os
desejos de
engrandecimento
aninhados em cada
coração brasileiro.

Imagem 1 – Trechos da cartilha utilizada nas escolas: “A Juventude no Estado Novo”,


publicado pela DIP, 1937 a 1945. Rio de Janeiro (RJ), (CPDOC).
A imagem acima está na cartilha “A Juventude no Estado Novo”, feita pelo D.I.
P (Departamento de Imprensa e Propaganda) nos anos 40, toda ilustrada com desenhos,
textos extraídos de discursos do Presidente Getúlio Vargas, as imagens bem coloridas,
contendo 24 páginas, e com medidas de 41,5 x 31 cm.
Ao analisarmos a imagem 1, aparece Vargas sorrindo e tocando o rosto de uma
menina, observamos uma preocupação de retratar a representação dele na figura
paterna, preocupado com a educação das crianças, vistas como o futuro da nação, e
também sua imagem como parte dos personagens que compunham a cartilha que as
escolas recebiam, com objetivos veiculados ao seu governo.

7
A frase enfatiza o desejo do governo Vargas em conscientizar as crianças a amar
a pátria, mesmo com sofrimento, e não importa o local que estejam o amor à pátria tem
que estar acima de tudo. E como recompensa para sua lealdade levaria a uma vida
promissora e esperançosa para o futuro ideal. O amor ao qual se refere, é o amor ao
país, e a partir desses caminhos esperados pelo governo, todos aqueles que
contribuíram, iriam receber o fruto do seu trabalho no futuro.
A bandeira nacional, as crianças e a imagem de Vargas estavam todas inseridas
no mesmo contexto, pois o foco da propaganda era as crianças, “fáceis” de serem
manipuladas, além disso, a bandeira nacional tinha que estar alicerçada com a adoração
à pátria e não poderia faltar na imagem o presidente da época buscando enfatizar a
imagem de homem íntegro e preocupado com as crianças.

“Precisamos reagir
em tempo, contra a
indiferença pelos
princípios morais,
contra os hábitos do
intelectualismo
ocioso e parasitário,
contra as tendências
desagregadoras,
infiltradas pelas mais
variadas formas nas
inteligências moças,
responsáveis pelo
futuro da Nação.”

Imagem 2 – “A juventude no Estado Novo”, 1937 a 1945. Rio de Janeiro (RJ), (CPDOC).
Na imagem 2, também retirada da cartilha “A juventude no Estado Novo”,
vemos Vargas e as crianças em posição lateral para que possamos ver suas
características como o sorriso das crianças, possível referência a sua obediência. É
possível observar que existem várias bandeiras do Brasil nas mãos das crianças,
simbolizando o patriotismo das mesmas, e sua disposição em obedecer ao líder em
destaque na imagem, e a amar a pátria.
Ainda, percebe-se que o foco está na figura de Vargas, pois ele está no topo,
enquanto as crianças estão mais baixo, separadas por uma espécie de “muro” e seus
olhares remetem à presença de um ser superior. Chama-nos a atenção para as feições

8
das crianças por estarem felizes e contentes com a nova educação a partir de todas as
exigências do governo, e talvez neste sentido a imagem atinja também aos pais.
Nesse momento Vargas faz um apelo aos princípios morais, à honestidade, ao
respeito, à bondade e também contra aqueles que usam o intelectualismo estagnado
daqueles opositores que não buscam alterações e tampouco mudança, ou seja, ociosos.
Além disso, luta contra o intelectualismo explorador, é pensar sobre todos aqueles que
possuem propostas de governo diferentes sobre o país. Buscando eliminar as
contradições, as ideias contrárias às suas propostas, ou até mesmo silenciando a
população para não dar brechas a outras teorias de forma de vida.
A imagem de Vargas procura demonstrar o seu carisma com as crianças,
lembrando as imagens do governo alemão, chefiado naquele momento histórico por
Adolf Hitler. Esse político autoritário também explorou o seu carisma para conquistar o
público infantil, como podemos observar na imagem a seguir.

Imagem 3 – Hitler com crianças, Alemanha, 1935; Vargas com as crianças, 1939.
Podemos encontrar algumas semelhanças na intenção da utilização dessa
imagem, pois no caso Hitler e Vargas escolheram um público em comum no campo da
propaganda. E a estrutura física das imagens é bem parecida a posição de cada
personagem, as demonstrações de afeto, a alegria no olhar das crianças, entre outros.
Entretanto as funcionalidades de cada governo se dão de modo próprio, há uma
intencionalidade por trás de cada imagem, e cada uma possui as suas particularidades.
Desse modo, analisar a situação de crise econômica vivenciada no Brasil e como
consequência uma crise na estrutura política, era necessário demonstrar confiança nesse

9
novo governo instaurado no país. E dessa forma a situação vivida na Alemanha após as
derrotas nas duas grandes guerras era bem diferente da realidade da nação brasileira.
Nos discursos de Vargas ficava evidente a participação efetiva da família e da
escola para que suas metas fossem atingidas, é claro, não na busca de efeitos imediatos,
mas no futuro. Integrando a ideia de progresso alternado com obediência do povo sobre
o governante da nação.
Neste sentido, citamos Napolitano:
Aos olhos da oposição, tanto liberal quanto a comunista, a retórica
nacionalista e as práticas autoritárias assumidas pelo Estado Novo
tornavam o regime muito parecido com os fascismos que dominavam
países importantes da Europa nos anos 1930. (...) Mas no caso
brasileiro, como vimos, nem as Forças Armadas, nem a Igreja
Católica, nem Getúlio Vargas, pessoalmente, tinha muita inclinação
pelo modelo fascista-totalitário, embora não recusassem o
autoritarismo com algumas doses do modelo corporativista como
forma de governo e tutela social. (NAPOLITANO, op. cit. P. 129.)

O autor conclui a ideia de que as articulações feitas por Vargas para manter-se
no poder utilizando o autoritarismo não quer dizer a adoção dos regimes fascistas, e sim
de comportamentos de controle na sociedade e do próprio governo. As propagandas
utilizadas revelam esse seu lado exigente sobre os indivíduos sem deixar alternativas de
escolha de regime e como consequência a ausência de alguns direitos das pessoas. Neste
momento podemos identificar uma contradição, pois a ideia de liberdade, ou até mesmo
a conquista de direitos e transformação serão ancoradas na figura feminina, tema da
próxima imagem.

“Contemplai-a, agora,
com maior e justificado
orgulho. Ela tremúla só,
única e dominadora,
sobre todo o nosso vasto
território. Símbolo do
Brasil de hoje e de
amanhã, bela e forte,
afirma a unidade moral
e material do nosso
povo, numa síntese
perfeita da sua
existência e dos seus
ideais de
engrandecimento.”

10
Imagem 4 – Trecho da cartilha “A juventude no Estado Novo”, 1937 a 1945. Rio de Janeiro
(RJ), (CPDOC).
Deparamos nessa imagem 4 com aspectos que refletem muito as discussões
teóricas feitas por Capelato, relacionando a figura da mulher como aquela que gera em
seu ventre o futuro da nação. Tanto a mulher quanto as crianças, ou filhos, estão
dispostas a lutar e em suas mãos está a bandeira do Brasil para fortalecer as propostas
nacionalistas. Neste sentido que a autora argumenta sobre o papel da família: “A
representação da família próspera e unida sugeria que a situação confortável era fruto da
política de justiça social” (CAPELATO, 2009, P.54).
Porém a imagem da mulher nesse período remete-nos a representações da
república como figura feminina como na imagem a seguir de 1889. Articular símbolos
nacionais com os novos elementos da política era uma das metas da educação naquele
contexto.
Aliás, a figura feminina na república brasileira deve ser entendida como uma
influência dos conceitos herdados de outros países, exemplo, a França. Baseado nos
ideais de liberdade, de uma monarquia fundamentada na figura masculina de um rei
para a transformação de um novo símbolo diferente, o símbolo da mulher, esteve
presente também no Brasil, mas por diversos motivos não obteve sucesso. 1
O texto complementa a intencionalidade da imagem, pois a figura feminina
demonstrava ao povo o compromisso de realizar as mudanças consideradas eficientes
para a população, e não pensando somente em uma elite dominadora na época da
política do café-com-leite. O governo varguista aproveita-se de símbolos que causavam
sucesso entre as classes populares em outros lugares, procurando enfatizar o laço de
união com todos assim, as vontades impostas para a população no Estado Novo eram
justificadas pela defesa de uma liberdade no país, que seja essa econômica ou de
consciência nacional.

1
Aqui no Brasil, a figura da mulher também foi utilizada como um elemento anti-republicano. Os bispos
incentivaram o culto à figura de Maria. Em 1904, Nossa Senhora Aparecida foi declarada padroeira do
Brasil.
A figura da república-mulher obteve fracasso. Faltou uma comunidade de sentido. A figura feminina foi
usada como prostituta, em muitos casos, ou depreciativa de outra forma. Isso se deve ao fato de que não
houve na sociedade brasileira uma participação feminina nos fatos políticos, portanto sua imagem cívica
não tinha nenhum sentido entre a população. (JUNIOR, 2011, pág. 1)

11
Imagem 5 - A Patria Mineira. N. 28,21 de novembro de 1889, p.3
Ambas as imagens 4 e 5, possui um interesse caracterizado pelo uso de símbolos
patrióticos utilizados em diferentes contextos históricos. No caso da imagem 5, reflete
sobre os ideais da Revolução Francesa que se baseava em uma monarquia governada
por um rei, que de acordo com Júnior (2011, p.1) “Após a ‘Terceira República’ a figura
da mulher se popularizou. Aparece Marianne, nome popular na França, que se tornou a
personificação da República. Como reação, o governo incentivou o culto a Virgem
Maria”.
E no Brasil isso aconteceu de forma muito diferente, aliás, a herdeira do trono
era mulher, mas houve uma tentativa de anulação dos direitos de Isabel pelo seu marido
Conde d’Eu. A configuração da república brasileira por possuir suas próprias
características revela o motivo do fracasso pelo qual o uso da figura feminina na
república não deu certo.
De acordo com Schmittz e Costa a escolha da figura feminina na imagem 4 na
Era Vargas supõe na tentativa de articular as imagens utilizadas da época em que houve
uma exaltação patriótica na criação da república, pois nesse momento havia um
sentimento de libertação da pátria brasileira. Para concluir essa ideia, os autores citam:
A escola e os professores foram os atores escolhidos para preparar as
novas gerações. Estes teriam como tarefa articular a identificação da
população com os símbolos da nação e com os comportamentos
considerados patrióticos. Tratava-se, pois, de formar indivíduos para
desenvolver uma maturidade intelectual racional que os tornasse aptos

12
a constituir, na sociedade civil, o corpo político do Estado Nacional.
Para tanto, Capanema criou o Instituto Nacional do Livro (INL) em
1937; e a partir do decreto-lei no 1.006 de 30 de dezembro de 1938,
todos os materiais didáticos produzidos deveriam ter aprovação do
governo e seguir a política estadonovista. (SCHMITZ; COSTA, 2017,
P. 06)

Imagem 6 – Cartilha “Getúlio Vargas para crianças”, 1942. Rio de Janeiro (RJ).
(CPDOC/CDA Rev.30)
A imagem 6 foi usada como capa da cartilha “Getúlio Vargas para crianças”,
percebe-se um olhar extremamente cuidadoso e bem calculado para definir os ângulos
de cada ponto específico, com uma intenção essencialmente propagandística. O seu
olhar desperta nas crianças um sentimento fraternal, de proteção, ou seja, o exemplo fiel
para toda criança.
De acordo Schmitz e Costa (2017, p. 393) essa cartilha foi escrita por Alfredo
Barroso, ilustrada por Francisco Dias da Silva, editada em 1942, e publicada pela
Empresa de Publicações Infantis Ltda., no Rio de Janeiro. Em um formato de 13 x 11,5
cm, 112 páginas, sendo 52 ilustrações impressas em preto e branco. Também com um
texto de fácil compreensão, apropriada para as crianças. Na visão dos autores foi uma
das cartilhas mais lidas nas escolas, pois se tornou comum e ideal para a juventude
brasileira.
Algumas características dessa cartilha ficam evidentes diante das pesquisas
feitas pelos autores citados acima, entre elas podemos identificar a repetição do nome de
“Getúlio Vargas”, um marco temporal para contribuir com os acontecimentos dos fatos.
Outro fator bastante interessante e planejado é a forma de transmitir ao leitor os feitos

13
positivos da imagem de Vargas contando as conquistas de seu governo. A variedade de
termos diferentes, mas que se relacionam diretamente com as crianças cria um vínculo
mais efetivo, além disso, as imagens das crianças e de Vargas procuram evidenciar esse
laço de amizade.
A política da época e a produção midiática criada ou aprovada pela DIP enfatiza
a importância desses instrumentos de manipulação para relacionar-se com a sociedade
daquele momento histórico. Sendo assim, Schmitz e Costa citam:
...enquanto parte de políticas oficiais do Estado, essas fontes se
constituem num suporte de interlocução que veiculam valores e
ideologias. Logo, como mediadores de representações políticas e
culturais de uma determinada sociedade e, como fonte de pesquisa,
permitem conhecer o modo como determinada sociedade estabeleceu
relação com sua história e seu passado. (SCHMITZ; COSTA, 2015, P.
04)

No Estado Novo, os meios de propaganda possuem um objetivo muito bem


calculado pensado de acordo com o público que ao mesmo tempo aceitava as condições,
além disso, também tinha o direito de resistir ao espetáculo como o autor Douglas
Kellner argumenta em sua pesquisa.

Imagem 7 – Capa da cartilha “Getúlio Vargas o amigo das crianças”, 1940. Rio de Janeiro (RJ),
(CPDOC).
Os autores Schmitz e Costa (2017, p. 390) detalham a capa dessa cartilha
“Getúlio Vargas: o amigo das crianças” de 1940, tendo 32 páginas, no formato de 27 x
19 cm, com 45 ilustrações, sendo 35 de Vargas. Nesta mesma análise há hipóteses sobre
a origem dessa capa, já que não tem autoria autografada. Diante dessas possibilidades, é
possível que houvesse a participação da DIP e da Gráfica Olímpica.

14
A capa da cartilha propagou um forte sentimento buscando atingir o lado
emocional na demonstração de seu amor com as crianças. A linguagem clara e objetiva
levava o leitor a encontrar em diversos momentos a exaltação de Vargas com conceitos
direcionados a ele mesmo no intuito de criar um vínculo ainda maior na formação de
pessoas.
Nesse sentido, naquela época as crianças eram associadas a um ser humano sem
conhecimento, em fase de construção, para isso foram utilizadas diversas ferramentas na
tentativa de ensinar seus métodos em um grupo social “desprovido” de teorias sobre a
organização de uma sociedade.
A representação em destaque agora se dá, sobretudo, no título da cartilha, que
torna mais abrangente, partindo para o lado emocional da criança, pois nessa fase o
aspecto familiar começa a ser questionado, com a sua vivência entre amigos e
profissionais que estão à sua volta. Assim Vargas de “pai” transita a imagem para o
“amigo” da criança, papel fundamental que representaria esse outro lado do líder, o
apoio que a própria criança necessita naquele momento, ou seja, de um amigo e não
mais um membro da sua família.

“É preciso plasmar na cera


virgem, que é a alma da
criança, a alma da própria
Pátria.”
(Getúlio Vargas)

Imagem 8 – Getúlio Vargas, o amigo das crianças, publicado pelo DIP em novembro de 1940.
(REV.30 16 f/CPDOC)
Na contracapa da cartilha “Getúlio Vargas o amigo das crianças”, vê-se outra
forma de propaganda característica de seu governo, mostrando a si mesmo em uma
posição de superioridade. Neste caso Getúlio Vargas se encontra no canto superior

15
esquerdo, enquanto a criança está no canto inferior direito, no qual a posição de cada
personagem representa a posição política idealizada pelo regime: aquele, de cima, dita
as ordens à nação e aqueles que as recebem em baixo.
A mensagem escrita nesta contracapa deixa clara a intenção de Vargas ao fazer
uma comparação entre as crianças e a pátria, a intencionalidade em moldar as mentes
das crianças ainda em estado de inocência e para o governo a pátria deveria ser pensada
e estruturada com essa ideia de pureza.

Considerações Finais.

A cultura midiática na construção de um projeto político no país no governo de


Vargas levou-nos a uma reflexão sobre a política atual, pois até que ponto estamos
inseridos no mundo virtual ou não virtual sobre efeitos de alguma propaganda
influenciando-nos a tomar algumas atitudes, refletindo mais tarde em fatos reais e
contraditórios na democracia brasileira?
Quando repensamos a maneira como foi utilizada por Vargas cada cartilha
entregue nas escolas deparamos que cada cartilha tinha sua intencionalidade e forma de
atuação sendo instruído por um órgão responsável, o DIP (Departamento de Imprensa e
Propaganda), sendo assim, conseguimos relacionar com a visão de futuro do governo,
pois o objetivo de controlar a sociedade tornou-se evidente a utilização de meios
midiáticos voltados para as crianças.
A figura de “pai” para as crianças criando um laço de afetividade e compromisso
com cada uma delas expõe a necessidade de as crianças verem nele a lealdade para com
elas, para que elas tivessem o mesmo amor que Vargas tinha com a Pátria, ou seja,
demonstrar preocupação com o futuro desejado das crianças na ideia de progresso
remete à obediência de cada criança que almeja um futuro melhor.
Na construção de uma identidade nacional em cada cidadão brasileiro, era
necessário utilizar alguns meios que fossem o suporte para a eficácia de um projeto
político, como argumenta Capelato (2009, p.229): “Nesse contexto de preocupações
com a formação da nova identidade política, a educação foi considerada como elemento
prioritário para a introdução de valores criados para conformar a identidade nacional
coletiva.”. Ou seja, um dos instrumentos utilizados para propagar as características
consideradas essenciais para a centralização de um líder no poder foi a educação.

16
Por fim esta análise procurou demonstrar a relação dos mecanismos midiáticos
com o contexto histórico da Era Vargas, sobretudo, com forte influência durante o
Estado Novo, procurando evidenciar os desejos do governo ao escolher o sistema
educacional, enfatizando desde a formação de crianças no presente até o planejamento
no mundo futuro. E como foi propagada cada imagem na busca da identidade nacional,
do culto ao líder e a ideia de progresso.

Referências

CAPELATO, Maria Helena. Multidões em cena: propaganda política no varguismo


e no peronismo. 2.ed. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

DEBORD, Guy, 1931-1994. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos


Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2014.

HENN, Leonardo Guedes.; NUNES, Pâmela Pozzer Centeno. A educação escolar


durante o período do Estado Novo. Revista Latino-Americana de História Vol. 2, nº.
6, Edição Especial, São Leopoldo – Rio Grande do Sul, 2013.

JÚNIOR, Paulo A. Pereira. Entre Maria e Marianne: A figura feminina como símbolo
da República Brasileira. UNILA, 2011.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. Estudos culturais: identidade e política entre


o moderno e o pós-moderno. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. Bauru: EDUSC,
2001.

NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República. Da queda da monarquia ao


fim do Estado Novo. São Paulo: Contexto, 2016.

OTRANTO, Celia Regina.; PAMPLONA, Ronaldo Mendes. Educação profissional do


Brasil Império à reforma Capanema: dicotomia na educação e na sociedade
brasileira. In: V Congresso Brasileiro de História da Educação, Aracajú, 2008.

PANDOLFI, D. Os anos 30: as incertezas do regime. In: ANPUH – XXII SIMPÓSIO


NACIONAL DE HISTÓRIA – João Pessoa, 2003.

SCHMITZ, Zenaide Inês.; COSTA, Miguel Ângelo Silva da. EDUCAÇÃO,


INFÂNCIA E NACIONALISMO: UMA ABORDAGEM A PARTIR DAS
CARTILHAS ESCOLARES “GETÚLIO VARGAS PARA CRIANÇAS” E
“GETÚLIO VARGAS: O AMIGO DAS CRIANÇAS”. In: XII Congresso Nacional
de Educação, Curitiba, 2015.

SCHMITZ, Zenaide Inês; COSTA, Miguel Ângelo Silva da. Educação, Infância e
nacionalismo: uma abordagem a partir das cartilhas escolares “Getúlio Vargas
17
para Crianças” e “Getúlio Vargas: o amigo das crianças”. Revista Linhas.
Florianópolis, v. 18, n. 36, p. 377-404, jan./abr. 2017.

Imagem 1 –
Getúlio Ribeiro – Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31030> Acesso em
06 de novembro de 2018.

Imagem 2 –
<https://i.redd.it/a97tmnwao1c01.jpg> Acessado em: 06 de novembro de 2018.

Imagem 3 –
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) –
Disponível em:<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-
pessoal/GV/impresso/juventude-no-estado-novo-textos-do-presidente-getulio-vargas-
extraidos-de-discursos-manifestos-e-entrevistas-a-imprensa-a> Acesso em 12 de
novembro de 2018.

Imagem 4 –
Portal Press - <http://revistapress.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Estado-Novo-
2.jpg>. Acesso em 08 de agosto de 2018.

Imagem 5 –
UNILA – CURSO DE HISTÓRIA.
http://unilahistoria.blogspot.com/2011/11/proclamacao-da-republica-atraves-da.html>
Acessado em 07 de novembro de 2018.

Imagem 6 –
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) –
Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-
45/EducacaoCulturaPropaganda>. Acesso em 08 de agosto de 2018.

Imagem 7 –
Rejane Araújo – Disponível em: <
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/DIP> Acesso em: 14 de junho de
2018.

Imagem 8 –
Centro de Pesquisa e Documentação de História - Contemporânea do Brasil
<https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/DIP> Acessado em 07 de
novembro de 2018.

18

Você também pode gostar