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Fernando Pessoa

Ortónimo

Poemas alados, feitos de melodia


e reticência…

Arminda Gonçalves - ESAG


Características Temáticas (ver também manual)
 O fingimento poético/ a intelectualização do sentir
 Autopsicografia

 A dor de pensar/ a dor de ser lúcido


pensar vs. sentir/ consciência vs. Inconsciência
 Ela canta, pobre ceifeira

 O sonho e a realidade
 Não sei se é sonho se realidade
 A fragmentação do Eu
 Não sei quantas alma tenho

 A nostalgia da infância
 Quando as crianças brincam
Arminda Gonçalves - ESAG
Estilo

 Métrica curta;
 Linguagem simples, espontânea, mas sóbria;
 Versos leves e bipartidos (ritmo binário);
 Reticências, interrogações;
 Assonâncias e aliterações (magia sonora).

Arminda Gonçalves - ESAG


AUTOPSICOGRAFIA
Teoria do fingimento poético
Auto / psico / grafia
↓ ↓ ↓
Eu retrato escrita

mundo sentido mundo representado


↓ ↓
eu do poeta eu do poema
recria
FINGE

Arminda Gonçalves - ESAG


ISTO

 Mentiroso, eu? Não. O meu papel é


racionalizar tudo. Sentir é consigo, leitor.

 A realidade envolvente é apenas a “ponte”


para “outra coisa”, a obra poética, expressão
máxima do Belo.

Arminda Gonçalves - ESAG


Autopsicografia e Isto
Os poemas Autopsicografia e Isto constituem a sua verdadeira
Arte Poética, iniciando a aprendizagem do não sentir, que
sobrepõe o conhecimento racional ao afectivo. O poema torna-
se, assim, uma construção de sentido e não uma construção
sentida, porque se baseia na palavra que é a abstração
suprema, nas palavras do próprio Pessoa, “uma
intelectualização da sensibilidade”. E o poeta, um ser que se
completa para além da percepção sensorial, é alguém que
recorre a truques verbais para a construção de verdades
poéticas:
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida
In Auxília Ramos e Zaida Braga (intr. e org.) Fernando Pessoa - Poesias Ortónimo, Porto Ed
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Ela canta, pobre ceifeira

ceifeira sujeito poético


três primeiras quadras três últimas quadras

Modo Indicativo Modo Imperativo


Frases declarativas Frases exclamativas
↓ ↓
ALEGRIA; FELICIDADE TRISTEZA; INFELICIDADE
alegre inconsciência A ciência/ Pesa tanto e a vida é
tão breve!

Arminda Gonçalves - ESAG


Dor de pensar (copiar)

 A ceifeira representa o mundo, o real, o mundo dos


sentimentos, do “coração”.

 A tese apresentada, a partir do confronto entre a


ceifeira e o poeta, é a de que a felicidade existe na
ordem inversa do pensamento e da consciência, ou
seja, a felicidade é uma “alegre inconsciência”.

Arminda Gonçalves - ESAG


Não sei se é sonho se realidade

Tom triste e melancólico.

 1ª e 2ª estrofes – o ideal ansiado


 É a que ansiamos
 3ª estrofe – o ideal desfeito
 O mal não cessa, não dura o bem
 4ª estrofe – o ideal possível
 É em nós que é tudo.

Arminda Gonçalves - ESAG


Não sei se é sonho se realidade

A ilha é o símbolo do paraíso/ Éden perdido de


onde se saiu (devido ao “pecado original”) e
para onde se deseja regressar…

Arminda Gonçalves - ESAG


Nostalgia de infância

 A infância surge como o paraíso perdido, o


lugar onde se foi feliz no passado, no tempo
em que não sofria com a dor de pensar…
 A infância é o tempo do não pensamento…

Arminda Gonçalves - ESAG


OS HETERÓNIMOS

 Caeiro é um dia de Verão.

 Campos é um dia de trabalho.

 Reis é uma noite de lúcida solidão.

Arminda Gonçalves - ESAG


Arminda Gonçalves - ESAG
Faculdade de Letras da U. Lisboa

Arminda Gonçalves - ESAG


 (…) Pus no Caeiro todo o meu poder de
despersonalização dramática, pus em
Ricardo Reis toda a minha disciplina mental,
vestida da música que lhe é própria, pus em
Álvaro de Campos toda a emoção que não
dou nem a mim nem à vida. (…)

in Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro sobre a Génese dos Heterónimos

Arminda Gonçalves - ESAG

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