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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARAS FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE MARABÁ ESTADO DO PARÁ.

Patrícia Oliveira da Silva, portadora de Cédula de Identidade sob nº 18.184


SSP/PA, CPF nº 031.354.552-97, e João Miguel Oliveira Guedes, portador de
Cédula de Identidade sob nº 7182654 SSP/GO, CPF nº 051.779.722-40, menor
neste ato representado por sua genitora a Sra. Patrícia Oliveira da Silva, ambos
Residentes e domiciliados na Folha 16 Quadra 33 lote 06, CEP 68511-300
cidade de Marabá Estado do Pará. Por seus procuradores adiante assinados,
conforme, instrumento de mandato anexo, com escritório profissional à Folha 27
Quadra 07 Lote 07, Nova Marabá, Marabá, Pará, CEP 68509-270, onde recebem
notificações e intimações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
com fundamento no CPC e demais dispositivos legais aplicáveis, propor a
presente

A Ç Ã O DE R E P A R A Ç Ã O DE D A N O S em face dos direitos


materiais violados por:

UNIÃO/FAZENDA NACIONAL (Endereço para Citação: Av. B Alfredo de Castro


Qd. B-O Lt. 07 (Rua 5), Setor Oeste, Goiânia, GO, 74110-030)e EXÉRCITO
BRASILEIRO , pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a
expor: conforme razões de fato e direito adiante expostas:

I – DOS FATOS
O marido/convivente da Sra. Patrícia Oliveira da Silva e pai do segundo
requerente João Miguel Oliveira Guedes, de nome Ayllon Guedes da Silva, de
identidade nº 080011747-5 MD/EB e Cpf nº 018.201.642-09, Militar do exército
brasileiro na patente de Cabo, por volta das 14h do dia 14 de novembro de 2014,
o cabo do Exército Brasileiro Ayllon Guedes da Silva, lotado no 52º Batalhão de
Infantaria de Selva, em Marabá, foi atingido com um tiro, disparado por outro
colega de farda, cuja identificação não foi confirmada. O episódio ocorreu no
corpo da Guarda da Vila Militar Presidente Médici, no Núcleo Nova Marabá. De
acordo com informação da Seção de Comunicação Social da 23ª Brigada de
Infantaria de Selva, o militar foi imediatamente socorrido e encaminhado ao
Hospital da Guarnição de Marabá (HGumba), mas não resistiu ao ferimento e
morreu.
Após a constatação da morte, a primeira requerente foi informada da
morte de seu esposo pela Organização Militar. Tendo a informação que os
procedimentos legais imediatos teriam sido adotados pelo Comandante do 52º
Batalhão de Infantaria de Selva, sendo a perícia realizada por militares do 33º
Pelotão de Polícia do Exército. Porém nunca teve acesso a tal perícia e nem ao
inquérito policial milita (IPM), sendo que constituiu advogado pra representa-la
junto a instituição militar, sendo que seu advogado solicitou informações a
instituição militar acerca do IPM, mais obteve como resposta o oficio nº 62-
DivPes/S em anexo, que informa que o comando do 52° Batalhão de Infantaria
de Selva (52º BIS) não possuía o IPM solicitado e que toda a documentação
solicitada havia sido encaminhada para a 8º CJM
Ante o falecimento de seu conjugue, e pai de seu filho menor, e o não
cumprimento por parte da União/Exercito Brasileiro de suas obrigações, não
restou outra alternativa aos Autores senão buscar a tutela jurisdicional.

II - JUSTIÇA GRATUITA
Nos termos do art. 5º, incisos XXXIV e LXXIV, da Constituição Federal,
cominados com as Leis 7.510/86, art. 4º e 1.060/50, além da Lei 8.213/91, art.
129 e art. 99 do CPC, os autores requerem desde já a gratuidade da justiça.
Especialmente no caso em tela, os autores perderam sua principal fonte
de renda e sustento.
Logo, não podem arcar com custas, despesas processuais, periciais e de
honorários advocatícios, motivo pelo qual requerem o deferimento da Justiça
Gratuita.

III - DIREITOS QUESTIONADOS


01. ACIDENTE DE TRABALHO
RESUMO DOS FATOS
Ayllon Guedes da Silva, Militar do exército brasileiro na patente de Cabo,
por volta das 14h do dia 14 de novembro de 2014, foi atingido com um tiro,
disparado por outro colega de farda, cuja identificação não foi confirmada. O
episódio ocorreu no corpo da Guarda da Vila Militar Presidente Médici, no Núcleo
Nova Marabá, logo, em seu local de trabalho. De acordo com informação da 23ª
Brigada de Infantaria de Selva, o militar foi imediatamente socorrido e
encaminhado ao Hospital da Guarnição de Marabá (HGumba), mas não resistiu
ao ferimento e morreu.
Na ocasião, o Cabo Ayllon estava de serviço na guarda da Vila Militar
Presidente Médici e fazia a guarda com outros companheiros de farda, de acordo
com informações colhidas um de seus companheiros se apoderou de uma
Pistola de uso das forças armadas, apontou para ele e disparou, o tiro lhe atingiu
em cheio, mesmo levado para o hospital veio a falecer.
O laudo da polícia científica, que segue anexo, concluiu como causa da morte:
Ao exame superficial externo, constatou-se que a vítima apresentava:
a) Histórico: Histórico de agressão por projétil de arma de fogo, em seu local de
trabalho, socorrido, porém chegou em óbito ao Hospital de guarnição de Marabá.
b) Uma lesão perfuro-contusa, de forma circular, com área de contusão, enxugo
e tatuagem, de borda invertida, compatíveis com entrada de projéteis de arma
de fogo, localizada na região infra – clavicular direita em seu terço proximal; uma
ferida pérfuro – contusa, disforme, compatível com saída de projétil de arma de
fogo, localizada na região escapular esquerda medianamente.
Já na certidão de óbito em anexo consta como causa da morte
“Hemorragia interna, lesão de veia cava torácica, lesão pulmonar, ferimento por
projétil de arma de fogo”.
É importante advertir que os militares, sejam eles temporário ou de
carreira e que venham a se acidentar ou morrer dentro do quartel durante uma
instrução, em serviço ou no deslocamento do quartel para a sua residência, ou
vice-versa, têm direito ao amparo do Estado. E esse amparo deve ser concedido
num tempo razoável, frise-se que a família do militar tem direito a devida
indenização e a uma pensão militar — no caso de morte do militar — para que
a família não fique desamparada. Isso porque, na maioria das vezes, os militares
são pessoas humildes, de poucos recursos financeiros e que sustentam a família
unicamente com o salário que ganha nas Forças Armadas, como é o caso em
tela.
A lei de pensões militares, em seu artigo 15, parágrafo único, inciso II
prevê que o militar que morre em decorrência de acidente sofrido em ato de
serviço ou de moléstia nele adquirida tem direito à pensão para a graduação de
terceiro-sargento, porém não foi o que aconteceu, pois a família do Cabo Ayllon,
apesar de ter tido reconhecido seu direito a pensão (título de pensão militar em
anexo), não teve reconhecido o direito a promoção de terceiro-sargento
recebendo provento referente a patente de cabo, em claro descumprimento da
lei de pensões militares.

FUNDAMENTOS DO DIREITO

O artigo 5º da CF assim estabelece:


“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.”
Já o artigo 7º assim estatui:
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir
a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
O texto constitucional consagra também, já em seu artigo primeiro, a
dignidade da pessoa humana, o que deve restar observado em todos os
aspectos, especialmente no âmbito das relações de trabalho e, da mesma forma,
no que diz respeito ao direito à segurança e à saúde do trabalhador.
Por sua vez, o Código Civil estatui que:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos


constitucionais brasileiros desde a carta política de 1946, confere fundamento
doutrinário à responsabilidade civil objetiva do poder público pelos danos a que
os agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão. Ainda que
prescinda de demonstração de dolo ou culpa, a responsabilidade objetiva do
Estado necessita, portanto, segundo a doutrina e jurisprudência majoritárias, da
demonstração da ocorrência do dano e do nexo de causalidade no caso
concreto, tendo estes restados comprovados por todos os documentos juntados
a inicial.
Nesse sentido, a jurisprudência, igualmente, segue a determinação legal:
ADMINISTRATIVO – INDENIZAÇÃO POR ACIDENTES
PESSOAIS COM MORTE – POLICIAL MILITAR EM SERVIÇO –
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – ADMISSIBILIDADE –
INCIDÊNCIA DA LEI ESTADUAL Nº 14.984/13, ARTIGO 2º, I, E DO
DECRETO Nº 59.532/13. 1. Policial militar que sofreu acidente
vascular cerebral (AVC) durante participação em curso de
atualização profissional, acarretando sua morte. Seguro pós-morte.
Indenização por acidentes pessoais nos termos da Lei Estadual nº
14.984/13, artigo 2º, I. Legitimidade passiva ad causam da Fazenda
do Estado. Dever de indenizar caracterizado. 2. Em relação aos
encargos da mora deve ser aplicado o entendimento assentado
pelo Colendo STF no julgamento definitivo do Tema nº 810 e pelo
Colendo STJ no julgamento do Tema nº 905. 3. Honorários
advocatícios fixados de acordo com as diretrizes legais (art. 85, §§
2º e 3º, CPC) mostrando-se razoável e compatível com as
características da causa. Manutenção da sentença de procedência.
Reexame necessário e recurso da Fazenda do Estado provido, em
parte. Recurso das autoras desprovido.

(TJ-SP - APL: 10059960920178260602 SP 1005996-


09.2017.8.26.0602, Relator: Décio Notarangeli, Data de
Julgamento: 01/11/2018, 9ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 01/11/2018)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MILITAR. MORTE DE


MILITAR EM SERVIÇO. ACIDENTE DE VEÍCULOS.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA ADMINISTRAÇÃO.
ART. 37, § 6º DA CF. DEVER DE INDENIZAR. AFASTADA A
CULPA CONCORRENTE OU EXCLUSIVA DA VÍTIMA. DANOS
MORAIS. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. A sentença
julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar a União
Federal a pagar em favor da autora indenização por danos morais,
no valor de R$ 40.000,00, decorrentes da morte de Willen Beserra
dos Santos (filho da requerente), em acidente ocorrido em
13/07/2011, quando este estava se deslocando da unidade militar
onde servia para a sua residência, tendo a colisão, inclusive,
ocorrido entre sua moto e veículo do Exército, e dentro da área
militar de Deodoro. 2. A teoria do risco administrativo, consagrada
em sucessivos documentos constitucionais brasileiros desde a
carta política de 1946, confere fundamento doutrinário à
responsabilidade civil objetiva do poder público pelos danos a que
os agentes públicos houverem dado causa, por ação ou por
omissão. 3. Ainda que prescinda de demonstração de dolo ou culpa,
a responsabilidade objetiva do Estado necessita, portanto, segundo
a doutrina e jurisprudência majoritárias, da demonstração da
ocorrência do dano e do nexo de causalidade no caso concreto,
tendo estes restados comprovados nos autos. Não logrou êxito, a
União Federal, em demonstrar qualquer causa excludente de sua
responsabilidade . 4. A indenização por dano moral deve ser fixada
em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a
constituir-se em enriquecimento indevido, com manifestos abusos
e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação 5.
É inegável a grande extensão do dano sofrido pela Autora. Merece,
entretanto, ser mantida a condenação estabelecida pelo MM. Juízo
a quo, pois, em que pese a considerável dimensão do prejuízo
sofrido, foi bem observado o princípio da razoabilidade. 6. Quanto
à correção monetária, a partir da data do início da vigência da Lei
nº 11.960/09 (30 de junho de 2009) e até a inscrição do crédito em
precatório, deve ser observado o índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança (TR). Entre a inscrição do crédito
em precatório e o efetivo pagamento, incidirá o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), adotado pelo Manual de
Cálculos da Justiça Federal desde 2001. 7. Apelação da Parte
Autora desprovida. Apelação da União Federal e Remessa
Necessária parcialmente providas

(TRF-2 - APELREEX: 01385201420134025101 RJ 0138520-


14.2013.4.02.5101, Relator: REIS FRIEDE, Data de Julgamento:
19/06/2017, 6ª TURMA ESPECIALIZADA)

EMBARGOS INFRIGENTES. RESPONSABILIDADE CIVIL.


MORTE DE MILITAR EM SERVIÇO. ACIDENTE AÉREO. DANO
MORAL CONFIGURADO. FIXAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO COM BASE NA ISONOMIA. POSICIONAMENTO
DA TERCEIRA SEÇÃO DESTA CORTE SOBRE O MESMO FATO
NO JULGAMENTO DOS EMBARGOS INFRINGENTES N.
373.850. PREVALÊNCIA DO VOTO VENCEDOR. 1. A questão sob
exame diz respeito ao valor da indenização por danos morais a ser
paga pela União em favor da autora, em decorrência da morte de
seu genitor, falecido em acidente aéreo ocorrido com aeronave
Hercules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) durante
cumprimento de missão. 2. Embora não se afigure excessivo o valor
estabelecido na sentença, não deve prevalecer o voto vencido, pois
a fixação de indenização de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais),
no caso concreto, configuraria tratamento antiisonômico, na medida
em que, nos Embargos Infringentes n.º 373850
(2003.51.01.023345-2), julgados em 19/05/2011, cujo relator foi o
eminente Juiz Federal Convocado Marcelo Pereira da Silva,
opostos contra acórdão proferido em sede de apelação interposta
em ação de reparação de danos morais movida pelas viúvas dos
demais militares da Aeronáutica, falecidos em razão do mesmo
acidente aéreo, restou estipulada a indenização por danos morais
em R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) por autora, motivo pelo qual
não seria razoável dar tratamento desigual aos militares envolvidos
naquele acidente. 3. Embargos infringentes conhecidos e
desprovidos.

(TRF-2 - EIAC: 200651010177954, Relator: Desembargador


Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Data de
Julgamento: 28/06/2012, TERCEIRA SEÇÃO ESPECIALIZADA,
Data de Publicação: 13/07/2012)

No tocante à reparação dos danos, determina o seguinte: “Art. 944. A


indenização mede-se pela extensão do dano”.
Atualmente os servidores públicos são classificados em estatutários,
temporários e celetistas. Todavia, apenas os celetistas estão amparados pelas
normas de saúde e segurança ocupacional previstas na Consolidação das Leis
do Trabalho – CLT. Deste modo, os servidores estatutários e temporários
encontram-se numa situação de disparidade, ficando desprotegidos pela
ausência de normas com àquele afinco.
A Constituição Federal de 1988 positiva o princípio da isonomia, pelo qual
todos são iguais perante a lei. Nesse sentido, o direito social à saúde previsto no
art. 6º, é um direito de todos, inclusive, de todos os trabalhadores, independentes
do regime de contratação. É óbvio que no serviço público também é grande o
número de riscos, doenças e acidentes profissionais, razão pela qual deve ser
aplicada também aos serviços públicos medidas que garantam o seu direito à
saúde.
O art. 6º da Carta Magna versa sobre os direitos da sociedade brasileira
como um todo, são os direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
Esses direitos possuem estreitos laços com o princípio da isonomia, uma
vez que, têm como primordial objetivo atenuar as desigualdades sociais
existentes, de maneira a propiciar oportunidades para todos, de acordo com o
que se entende por igualdade relativa ou proporcional.
O delineado artigo é de aplicação universal, ou seja, todas as pessoas
estão acobertadas por ele. Ora, é óbvio que os trabalhadores,
independentemente do regime, têm essa garantia constitucional e compete ao
Estado reduzir os riscos de doença e agravos à saúde, principalmente de
acidentes que venha a ceifar a vida de seus servidores.
Por tal razão, indiscutivelmente que a Requerida contribuiu diretamente
para o fatídico acidente que veio a tirar a vida do cabo Ayllon Guedes da Silva.
Portanto, passível e necessária a reparação ampla e irrestrita de todos os
danos decorrentes do acidente de trabalho em questão.
Com efeito, mesmo na remota hipótese de não ser admitida a responsabilidade
objetiva da Reclamada, as indenizações postuladas são baseadas na
responsabilidade civil, possuindo como pressupostos a conduta, dano, o nexo
causal e a culpa do empregador.
Entende-se por (i) conduta, o comportamento humano voluntário, que se
exterioriza através de uma ação ou (no caso) omissão, produzindo
consequências jurídicas. O elemento primário de todo ato ilícito mostra-se
presente na omissão no dever de cautela e segurança do trabalho, conduta esta
que resultou na morte da vítima.
A existência do requisito (ii) dano igualmente se faz presente ante à perda do
ente querido, pai e esposo única fonte segura de sustento da família.
No que concerne ao (iii) nexo causal, também não há controvérsia no sentido de
que o óbito teve como causa o trabalho empreendido pelo obreiro. Indiscutível
que o dano foi causado pela conduta ilícita do agente, havendo clara relação de
causa e efeito.
Por fim, com relação à (iv) culpa da empregadora, resta demonstrado o
descumprimento de normas relativas à segurança do militar por parte da
reclamada, na medida em que militar em posse de armamento de uso restrito
das forças armadas desferiu tiro em seu companheiro, lhe ceifando a vida.

Assim, claramente, fazem jus os postulantes à reparação de todos os danos


suportados pela perda do esposo e pai, reparação esta que deve ser dar da
forma mais abrangente possível (princípio da reparação integral).

Nesse sentido:

113000187242 – DANOS MORAIS – ACIDENTE DO TRABALHO –


O empregado, pelo risco a que foi submetido pelo exercício de
trabalho, tem direito a obter reparação integral por dano (material e
pessoal) decorrente do acidente do trabalho, mesmo sem culpa do
empregador e ainda com culpa exclusiva do empregado, a não ser
com demonstração de dolo por parte deste. (TRT 02ª R. – RO
00000101020115020315 – (20150780219) – 3ª T. – Rel. Paulo
Eduardo Vieira de Oliveira – DJe 09.09.2015)v117.
ADMINISTRATIVO. MILITAR. ACIDENTE NO QUARTEL.
REDUÇÃO DA CAPACIDADE, DANO MORAL E ESTÉTICO.
INDENIZAÇÕES. CABIMENTO. EVENTO DANOSO. SÚMULAS 54
E 362 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR DA
CONDENAÇÃO. Considerando as conclusões da perícia judicial,
remanesce incontroversa a redução da capacidade para o trabalho
em geral, com diminuição funcional parcial da mão esquerda por
amputação de quatro dedos, decorrente de acidente com o autor
envolvendo artefato explosivo dentro do quartel, a ensejar a
correspondente reparação. A existência de lei específica que rege
a atividade militar (Lei nº 6.880/80) não isenta a responsabilidade
do Estado, prevista no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, pelos
danos morais causados a servidor militar em decorrência de
acidente sofrido durante atividade no Exército. Precedente do STJ.
O dano moral advém do sofrimento experimentado pela vítima em
razão do evento danoso, que é presumido e decorre do próprio fato,
enquanto que o dano estético exsurge em virtude da alteração da
aparência para pior, o que também restou demonstrado, pois
passou a portar deformidade permanente na mão esquerda, com
amputação e cicatrizes aparentes, sendo tais sequelas definitivas.
Preenchidos os requisitos legais, cabíveis as indenizações
pleiteadas. No arbitramento do quantum indenizatório, o julgador
deve se valer do bom senso e razoabilidade, atendendo às
peculiaridades do caso, não podendo ser fixado montante que torne
irrisória a condenação, tampouco valor vultoso que traduza
enriquecimento ilícito. Manutenção do quantum fixado em sentença.
A correção monetária do valor das indenizações fixadas incide a
partir da data do arbitramento, enquanto que os juros moratórios
fluem desde a data do evento danoso, com base nas súmulas 54 e
362 do STJ. Sobrevindo condenação, a verba honorária deve ser
fixada em percentual incidente sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido, e não sobre o valor da causa, nos
termos do artigo 85, § 2º, do CPC.

(TRF-4 - AC: 50008676620144047210 SC 5000867-


66.2014.4.04.7210, Relator: SÉRGIO RENATO TEJADA GARCIA,
Data de Julgamento: 24/04/2019, QUARTA TURMA)

01.3. DOS DANOS SUPORTADOS


Considerando-se a indiscutível responsabilidade da Reclamada, seja ela objetiva
ou hipoteticamente subjetiva, passa-se, então, à análise dos danos sofridos
pelos autores.

Conforme relatado acima, amparado pelos documentos anexos, evidentes os


danos sofridos pelos autores, seja no aspecto material, seja no moral.
A esposa/convivente e o filho viviam sob dependência financeira e moral do de
cujus.
Era o esposo e pai o esteio da família e a fonte de segurança.
01.3.1. DANOS MATERIAIS
Os danos materiais consistem em todos os prejuízos sofridos com a morte do
único gestor financeiro da família, no caso o de cujus.
São divididos em danos emergentes e lucros cessantes.

O primeiro corresponde ao prejuízo imediato e mensurável, como despesas de


funeral, medicamentos, despesas médicas. Tais danos foram suportados pela
empregadora ao liberar seguro funeral.
No entanto, os lucros cessantes, que correspondem ao que as vítimas deixaram
de ganhar com a perda do pai e marido, estes merecem reparação integral.

À época dos fatos, a renda oficial da vítima era de aproximadamente R$3.427,00


mensais, além das demais diferenças postuladas na presente demanda
(insalubridade, periculosidade, diferenças de horas extras, etc).

Considerando-se que a vítima era o chefe da família, toda sua renda era utilizada
para as despesas dos autores, sendo que a fonte de renda cessou de forma fatal
e abrupta em razão da perda do esposo, que à época do acidente contava com
48 anos de idade.

Sendo assim, necessária a condenação da reclamada no pagamento de pensão


mensal aos postulantes, em especial os beneficiários habilitados junto ao INSS
(Lei 6.858/80 e Decreto 85.845/81), no valor da sua última remuneração,
acrescida dos valores reconhecidos na presente demanda (diferenças salariais,
adicional periculosidade e/ou insalubridade, integrações, horas extras, além de
13º salário), devidamente corrigida e atualizada, até a data da expectativa de
vida prevista pelo IBGE, a qual, segundo senso de 2015 para o Estado do Paraná
é de 82,1 anos para o homem. A média nacional (homem e mulher é de 75,5 -
Fonte: IBGE, tabela doc. 30 a 32.

Assim prevê o artigo 948 do Código Civil:

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras


reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto


da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se
em conta a duração provável da vida da vítima.

Portanto, fazem jus os autores à indenização correspondente à remuneração


mensal integral do de cujus, até a data em que este completasse 82,1 anos de
idade (sucessivamente 75,5 anos), devendo ser paga em uma única vez,
conforme previsão do artigo 950, § único do Código Civil, o que desde já requer.

Sucessivamente, ante o princípio da eventualidade, requer seja determinada a


constituição de capital (art. 533 do nCPC) ou, ainda, a inclusão dos Autores na
folha de salários da reclamada, nos termos da Lei Processual Civil vigente.

Além dos prejuízos acima, a Reclamada fornecia ao de cujus e seus


dependentes, plano de saúde e odontológico, conforme documentos anexos.

Considerando-se as condições da morte do trabalhador, requer sejam mantidos


os benefícios aos postulantes, nas mesmas condições anteriores, por analogia
ao disposto no artigo 30 da Lei 9.656/1998, associada ao princípio do trabalhador
hipossuficiente.

01.1.2. DANOS MORAIS


Na esfera imaterial, os danos também são de grande monta, dado o sofrimento
pela perda do pai e marido, perda esta que traz (e trará) grave repercussão de
cunho social, emocional, familiar, além de abalos e traumas de grave
intensidade.

Portanto, presentes os intensos danos morais, para os quais sequer há a


necessidade de se produzir prova, já que implícitos ante à gravidade da tragédia.

Nesse sentido:

26000033041 JNCCB.927 JNCCB.927.PUN JCLT.8 – INDENIZAÇÕES POR


DANOS MORAIS E ESTÉTICOS – ACIDENTE DO TRABALHO – ATIVIDADE
DE RISCO – TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA – Conforme o teor
do artigo 927, parágrafo único, do Código Civil de 2002, c/c o parágrafo único do
artigo 8º da CLT, aplica-se, no âmbito do Direito do Trabalho, a teoria da
responsabilidade objetiva do empregador nos casos de acidente de trabalho,
quando as atividades exercidas pelo empregado são de risco acentuado. E, no
caso em exame, não há dúvida de que a atividade profissional desempenhada
pelo "de cujus" era de risco, pois, na condição de rural deslocado para a queima
de cana, estava mais sujeito a acidentes graves, como, por fim, se verificou.
Recurso do reclamado não provido no aspecto. MORTE POR ACIDENTE DO
TRABALHO – DANO PRESUMIDO – Havendo acidente de trabalho com morte,
é inexigível do autor que comprove o dano moral sofrido, já que este é
presumido. Os fatos notórios não dependem de prova e as regras de experiência
comum devem ser usadas como fonte de convencimento do julgador. Recurso
dos reclamantes provido. (TRT 15ª R. – RO 0000043-32.2013.5.15.0100 –
(12724/2017) – Rel. Manuel Soares Ferreira Carradita – DJe 30.06.2017 – p.
13315)v126

In casu, como restará amplamente corroborado, o óbito do Sr. ..........................


decorreu exclusivamente da culpa da reclamada, uma vez que esta descumpriu
normas relativas à segurança do trabalhador, fato este que gera um dano de
ordem moral imensurável aos reclamantes.

Inicialmente, relevante esclarecer que, pelo aspecto econômico, como todo pai
e arrimo de família, o de cujus tinha responsabilidades financeiras, visto que,
com o seu trabalho, garantia a subsistência integral desta, com alimentos, saúde,
educação, lazer, entre outras inúmeras despesas. E vale dizer, sua remuneração
era a principal fonte de custeio do grupo familiar, motivo pelo qual, hoje, os
reclamantes encontram-se em dificuldade financeira.

Neste sentido, desde já é possível evidenciar o abalo psicológico causado, uma


vez que a família passa a viver em incerteza financeira, necessitando
inevitavelmente do auxílio de terceiros. Ora, do dia para a noite, os reclamantes
passaram de um status econômico estável para a insegurança de não saber
como se dará o dia seguinte.

Não bastasse tal situação, um dos principais aspectos a serem analisados é a


privação de convivência dos filhos/netos com o seu pai/avô, os quais irão crescer
sem a presença desta pessoa tão importante para o regular desenvolvimento
das crianças e adolescentes.

Ademais, também impossível não cogitar o imenso sofrimento por parte da


esposa/convivente, que, abruptamente, foi compelida a aceitar a morte do seu
conjugue querido e, principalmente, de ser privada pelo resto da vida de sua
presença carinhosa e amável. Ora, o falecido foi O escolhido para passar a vida
junto, construir uma família sólida e feliz, sonho este totalmente destruído por
culpa da reclamada.

Reflita-se como esta família, tão apegada e dependente do de cujus, suportará


sua falta nas festividades de Natal e Ano Novo, que estão próximas? E os
aniversários? Comemorações de âmbito particular do grupo familiar?

Fato é, infelizmente, não há qualquer solução que supra tal dolorida ausência!!!!!

Veja-se que o ato ilícito produzido acaba por causar inúmeros efeitos psíquicos
irreversíveis ao grupo familiar, tanto a curto prazo, em virtude da ausência
imediata do de cujus, quanto a longo prazo, em face do desenvolvimento dos
filhos/netos, bem como na sequência da vida da viúva.

Ora, o prejuízo de natureza moral é latente no presente caso, uma vez que a
perda de uma pessoa tão próxima e querida, acarreta desespero, tristeza para a
conjugue e filhos/netos, que terão que viver sem a presença do marido/pai/avô,
seja para aconselhar, ensinar, encorajar, cuidar, entre outros momentos da
convivência familiar.

Ademais, é criterioso ressaltar que tal questão pode causar efeitos diretamente
na má formação dos menores envolvidos, seja moralmente – como iniciação do
processo de crescimento como cidadão, quanto fisicamente, diante da grande
possibilidade futura de auxílio psicológico e/ou, até mesmo, psiquiátrico.

Confirmando tais considerações, imprescindível ressaltar os ensinamentos do


Ilustre Silvio de Salvo Venosa:

“ A indenização pelo dano exclusivamente moral não possui o acanhado aspecto


de reparar unicamente o pretium doloris, mas busca restaurar a dignidade do
ofendido. Por isso, não há que se dizer que a indenização por dano moral e um
preço que se paga pela dor sofrida. E claro que isso e muito mais. Indeniza-se
pela dor da morte de alguém querido, mas indeniza-se também quando a
dignidade do ser humano e aviltada com incômodos anormais na vida em
sociedade. (...) Em cada caso especifico, cumpre ao interprete que de a correta
resposta a incômodos anormais que atentem contra a personalidade como
privacidade, valores éticos, religião, vida social. A ilicitude não reside apenas na
violação de uma norma ou ordenamento em geral, mas principalmente na ofensa
ao direito de outrem, em desacordo com a regra geral pela qual ninguém deve
prejudicar o próximo (neminem laedere). Nesse diapasão, alarga-se o conceito
de culpa, de molde a não se amoldar a clássica trilogia imprudência, negligencia
ou imperícia, conteúdos da ilicitude que passam a ser secundários (...) Caberá
ao julgador, em ultima analise, compreender o sentido valorativo das regras de
conduta no meio social. Há componentes de natureza axiológica, se atentarmos
para o fato de que o ato de reparar ou refazer o patrimônio do ofendido não
representa apenas um dever funcional da responsabilidade civil, especialmente
no plano das indenizações situadas na esfera dos danos não patrimoniais. Aqui,
o que se repara e a dignidade da pessoa ofendida. Nesse caso, a indenização
assume uma importante função em defesa de novos valores”.[3]
Portanto, o dano moral em síntese consiste na lesão ao patrimônio psíquico ou
ideal da pessoa, a dignidade, sendo, portanto, uma lesão aos direitos da
personalidade. Neste contexto, esclarecido pela doutrina, somente a pessoa
natural poderá ser atingida nesse patrimônio, com algumas exceções para
pessoas jurídicas.

Em assim sendo, no presente caso fácil é reconhecer que o fato envolve danos
morais puros e, portanto, danos que se esgotam na própria lesão à
personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes
danos restringe-se à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à
dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Trata-se de dano moral
in re ipsa, que dispensa a comprovação da extensão dos danos, sendo estes
evidenciados pelas circunstâncias do fato.

Isto posto, incontroverso o direito de TODOS os autores à reparação dos danos


morais, requer a condenação da Reclamada no pagamento de indenização a tal
título, sugerindo-se para tanto uma indenização correspondente a 50 (cinquenta)
remunerações do de cujus para cada um dos autores, totalizando assim 250
remunerações.

01.4. PEDIDOS
Ante o exposto requer desde já a condenação da reclamada na indenização de
todos os prejuízos decorrentes da morte do pai e esposo, consistindo em:

Indenização, na modalidade de pensão mensal considerando-se o salário do


autor à época dos fatos (mais benefícios e acréscimos recebidos mensalmente
e direitos reconhecidos na presente ação). Tal indenização deverá ser arbitrada
até a idade limite da vítima de 82,1 anos (sucessivamente 75,5 anos), conforme
estatísticas recentes do IBGE, ou ainda em data superior, em razão de eventual
elevação desse índice;
Manutenção do plano de saúde nas mesmas condições anteriores;
Indenização a título de danos morais, no importe sugerido de 50 (cinquenta)
salários da vítima para cada um dos autores, totalizando 250 salários,
considerando, para o caso, todo o transtorno, a dor física, a dor moral, a
vergonha, as deformidades estéticas, o abalo psicológico e todos os fatos
negativos associados ao acidente em questão.
02. RISCO LABORAL
Inicialmente, importante esclarecer que nada obsta a percepção de adicional de
periculosidade e insalubridade, de forma cumulativa.

Embora o artigo 193 § 2º da CLT seja categórico ao estabelecer a


impossibilidade de cumulação, referida determinação não foi absorvida pela
Constituição Federal, em seu artigo 7º, XXIII.

Nesta mesma linha, igualmente decidiu a 7ª Turma do TST, através do


julgamento do recurso de revista nº 1072-72.2011.5.02.0384

RECURSO DE REVISTA. CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE


INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA
DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E SUPRALEGAIS SOBRE A CLT.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF QUANTO AO EFEITO
PARALISANTE DAS NORMAS INTERNAS EM DESCOMPASSO COM OS
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS.
INCOMPATIBILIDADE MATERIAL. CONVENÇÕES Nºs 148 E 155 DA OIT.
NORMAS DE DIREITO SOCIAL. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE.

NOVA FORMA DE VERIFICAÇÃO DE COMPATIBILIDADE DAS NORMAS


INTEGRANTES DO ORDENAMENTO JURÍDICO.

A previsão contida no artigo 193, § 2º, da CLT não foi recepcionada pela
Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 7º, XXIII, garantiu de forma
plena o direito ao recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e
periculosidade, sem qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que
tenha remetido sua regulação à lei ordinária. A possibilidade da aludida
cumulação se justifica em virtude de os fatos geradores dos direitos serem
diversos. Não se há de falar em bis in idem. No caso da insalubridade, o bem
tutelado é a saúde do obreiro, haja vista as condições nocivas presentes no meio
ambiente de trabalho; já a periculosidade traduz situação de perigo iminente que,
uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do trabalhador, sendo este o bem a que se
visa proteger. A regulamentação complementar prevista no citado preceito da
Lei Maior deve se pautar pelos princípios e valores insculpidos no texto
constitucional, como forma de alcançar, efetivamente, a finalidade da norma.
Outro fator que sustenta a inaplicabilidade do preceito celetista é a introdução no
sistema jurídico interno das Convenções Internacionais nos 148 e 155, com
status de norma materialmente constitucional ou, pelo menos, supralegal, como
decidido pelo STF. A primeira consagra a necessidade de atualização constante
da legislação sobre as condições nocivas de trabalho e a segunda determina
que sejam levados em conta os “riscos para a saúde decorrentes da exposição
simultânea a diversas substâncias ou agentes”. Nesse contexto, não há mais
espaço para a aplicação do artigo 193, § 2º, da CLT. Recurso de revista de que
se conhece e a que se nega provimento. (TST, 7ª T, RR nº 1072-
72.2011.5.02.0384, Min. Rel. Cláudio Brandão, DJ 02/10/2014).

Conforme restou esclarecido no Acórdão citado, insalubridade representa risco


à saúde, e periculosidade, de perigo iminente, não havendo identidade nem
conexão entre os mesmos.

Logo, passível a percepção de ambos os adicionais.

Pelo exposto, requer, desde já, seja deferido o recebimento de ambos os


adicionais, de forma cumulativa.

Sucessivamente, na hipótese de ser inadmitida tal pretensão, em havendo


confirmação de presença de ambos os riscos, manifesta desde já o autor pela
preferência ao adicional de periculosidade, por ser mais benéfico.

Para apuração de todas as peculiaridades, requer seja a reclamada compelida


a trazer aos autos os LTCAT’s, PPRA’s e PCMSO’s de todo o período
trabalhado.

02.1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE


Durante seu contrato, o autor mantinha contato constante e ininterrupto com
agentes considerados perigosos, nos termos do artigo 193 da CLT e das
Instruções Normativas do MTE, seja com combustíveis/inflamáveis, seja com
radiações ionizantes, seja com eletricidade, dentre outros.

Isso porque, manipulava produtos inflamáveis/combustíveis, no abastecimento


e armazenamento, além utilizar solda frequentemente e de permanecer próximo
aos reservatórios. A reclamada possuía um posto de combustíveis cuja
manutenção de bombas, tanques e reservatórios eram realizadas pelo de cujus.
Não bastasse, também trabalhava nas proximidades de painéis elétricos.

O autor era responsável pela manutenção em geral em 7 unidades operacionais


da reclamada, em diversas cidades da região.

No entanto, jamais recebeu adicional de periculosidade, motivo pelo qual requer


a condenação da reclamada no pagamento do adicional legal previsto no artigo
193[4] da CLT, com reflexos em férias e 13º salário, integrais e proporcionais,
aviso prévio, adicional noturno, DSR (repouso + feriados), horas extras, verbas
rescisórias, FGTS + multa rescisória, dentre outros, adotando-se como base a
remuneração reconhecida em Juízo.

02.2. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE


Mantinha também contato direito com agentes altamente insalubres, utilizados
na produção.

Permanecia exposto a ruído incessante, variações térmicas, postura


inadequada, produtos químicos, óleos, graxas, gases, partículas, dentre outros,
o que causava irritabilidade na pele, olhos e vias respiratórias.

Não bastasse, jamais recebeu adequadamente os EPI’s necessários para as


atividades exercidas, considerando os riscos existentes.

Assim, fazia jus ao pagamento de adicional de insalubridade, em grau máximo,


o que jamais recebeu.

Pugna, desde já, pelo deferimento de tal direito, o qual deverá adotar como base
o salário base do autor, nos termos da Súmula 17 do E. TST.

Face à habitualidade, requer os reflexos em férias e 13º salário, integrais e


proporcionais, aviso prévio, adicional noturno, DSR (repouso + feriados) horas
extras, adicional por tempo de serviço, verbas rescisórias, FGTS + multa
rescisória, dentre outros.

03. JORNADA DE TRABALHO


O reclamante foi contratado para cumprir jornada compreendida entre 7h30 às
11h30 e 13h às 18h, de segunda a sexta-feira.
No entanto, referida jornada contratual jamais fora cumprida.

Isso porque, iniciava por volta das 7h20/7h25 e elastecia quase que diariamente
sua jornada de trabalho para até 19h30/20/21h, dependendo do dia.

Em algumas ocasiões encerrava o expediente e era obrigado a retornar para a


empresa a fim de atender emergências. O tempo em que permanecia no local
geralmente era registrado nos controles de jornada.

Além disso, seu intervalo intrajornada dificilmente era usufruído na integralidade,


dispondo somente do tempo necessário para se alimentar e já retornando às
funções. Em algumas poucas vezes era possível alimentar-se no intervalo
contratual, ocasiões em que se dirigia até sua residência para isso.

Trabalhava também em sábados, domingos e feriados, dependendo da


demanda ou das emergências.

Ocorre que a reclamada teria formalizado com o autor acordo para compensação
da jornada do sábado, no entanto, exigia trabalho frequentemente em tais dias,
além de submete-lo a jornadas excessivas e extenuantes.

Concomitantemente, havia acordo para prorrogação da jornada, sendo que os


institutos são claramente incompatíveis entre si.

Assim, totalmente descumpridas as normas que regulamentam referidos ajustes,


devendo estes ser declarados nulos de pleno direito, conforme posicionamento
jurisprudencial pátrio:

120000068964 – COMPENSAÇÃO DE JORNADA – BANCO DE HORAS –


PRORROGAÇÃO DE JORNADA – INCOMPATIBILIDADE – A compensação via
"banco de horas" pressupõe a prorrogação da jornada normal (a qual
normalmente implica a prorrogação do limite legal semanal), a fim de que essas
horas excedentes sejam compensadas, e não pagas como extras, dentro de no
máximo um ano. Assim, não há possibilidade de cumulação dos regimes de
prorrogação e compensação de jornada, por incompatibilidade. Comprovado o
pagamento habitual de horas extras,é materialmente inválido o regime de
compensação via banco de horas, restando evidente a existência de diferenças
de horas extras devidas ao autor. Sentença mantida. (TRT 09ª R. – RO 0001474-
28.2014.5.09.0652 – Relª Thereza Cristina Gosdal – DJe 02.09.2016 – p.
222)v121

120000067591 JCF.7 JCF.7.XIII – ACORDO DE COMPENSAÇÃO SEMANAL –


PRORROGAÇÃO DE JORNADA – CUMULAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – Não
é possível a acumulação de acordo de compensação com prorrogação da
jornada de trabalho, dada a incompatibilidade entre os dois regimes, pois em
razão do ajuste entre as partes haverá a necessidade de reposição de horas de
descanso em decorrência das horas despendidas em acréscimo de jornada, e,
na prorrogação, não haverá, naturalmente, a restauração do equilíbrio orgânico
do trabalhador. Sendo nulo o acordo de compensação semanal de jornada, todo
o trabalho que exceder aos limites diário e semanal da jornada estabelecido no
artigo 7º, inciso XIII, da Constituição Federal (CF) deve ser remunerado como
extraordinário. Nesse caso, a existência de diferenças nos pagamentos das
horas extraordinárias decorre da invalidade do regime compensatório adotado,
pois é certo que o reclamado não remunerou o serviço prestado além da 8º
diária. Recurso da reclamante conhecido e provido parcialmente. (TRT 09ª R. –
RO 0001576-43.2013.5.09.0019 – Rel. Altino Pedrozo dos Santos – DJe
24.06.2016 – p. 224)v120

Por outro lado, tanto a Convenção Coletiva de Trabalho quanto os Acordos


Coletivos autorizavam a cumulação dos institutos.

No entanto, referida regra viola flagrantemente o disposto no artigo 9º[5] da CLT,


motivo pelo qual devem ser declaradas nulas referidas disposições, o que desde
já requer.

Pugna pela declaração de nulidade de tais acordos de


compensação/prorrogação firmados, nos termos do artigo 9º da CLT.

03.1. REQUERIMENTO
Por todo o exposto, requer:

Declaração de nulidade da cumulação entre prorrogação e compensação de


jornada, em especial das normas coletivas que preveem tal possibilidade, com
afastamento de aplicabilidade da Sumula 85 do E. TST;
Pagamento de todas as horas que excederam da 8ª diária e 44ª semanal, com
divisor 220; adicional de 75% e 100%, ou outro, conforme instrumentos
normativos anexos;
Pagamento como extra do período total referente ao intervalo intrajornada nos
dias em que não o usufruiu integralmente (Sumula 437, I do TST), seja durante
a semana ou mesmo do intervalo interjornada dos finais de semana;
Pagamento em dobro pelo labor em domingos e feriados sem a devida folga
compensatória;
Seja adotado o salário base (reconhecido em juízo) seguido do adicional de
insalubridade/periculosidade a base de cálculo das horas extras;
Quando houve labor em jornada noturna, adicional de 50% (cinquenta por cento
– Cláusula 12ª do ACT) e hora noturna reduzida, nos termos da Lei;
Integração de tais verbas à remuneração do autor, surtindo reflexos em RSR (dsr
+ feriados) e com estes em férias anuais, 1/3 de férias, 13º salário, férias e 13º
proporcionais, aviso prévio, adicional noturno, INSS, dentre outros.
04. TEMPO À DISPOSIÇÃO - SOBREAVISO
Durante todo o seu contrato de trabalho o reclamante/de cujus permanecia 24
horas por dia à disposição da reclamada em jornada de sobreaviso, eis que
detinha uma série de responsabilidades na empresa, além de atender várias
sedes da mesma, localizadas nas cidades de ........................................

Assim, permanecia em sua residência aguardando acionamento e deslocava-se


até o posto de trabalho para atender emergências diversas.

Tais acionamentos ocorriam a qualquer hora do dia ou da noite, na média de


8/10 ocasiões mensais, e exigiam intervenção imediata do Autor/de cujus.

Permanecia, portanto, em estado de sobreaviso/prontidão.

O regime de remuneração de horas de "sobreaviso" foi previsto inicialmente para


a categoria dos ferroviários, através do art. 244, § 2º da CLT:

Art. 244.

(...)
§ 2º. Considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em
sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço.
Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas. As horas
de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço)
do salário normal.

Não bastasse o exposto, a CLT igualmente estabelece a mesma previsão para


a jornada de espera dos motoristas:

Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional será a


estabelecida na Constituição Federal ou mediante instrumentos de acordos ou
convenção coletiva de trabalho.

(...)

§ 9º As horas relativas ao período do tempo de espera serão indenizadas com


base no salário-hora normal acrescido de 30% (trinta por cento).

No entanto, referida regra pode ser estendida a outras categorias, por analogia,
desde que o empregado permaneça em sua própria casa, ou fora da mesma,
aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço, como exigido na
norma específica.

Esse é o entendimento da Súmula 428 do E. TST, que assim estabelece:

Nº 428 - SOBREAVISO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT

(...)

II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a


controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer
em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o
chamado para o serviço durante o período de descanso.

Seguindo tal posicionamento, os Tribunais pátrios igualmente assim entendem:


114000409527 JCLT.244 JCLT.244.2 – HORAS DE SOBREAVISO –
ANALOGIA – De acordo com a Súmula nº 428 do TST, é cabível a aplicação
analógica do art. 244, § 2º, da CLT, a outras categorias profissionais cujos
integrantes se sujeitam ao regime previsto na norma consolidada. (TRT 03ª R. –
RO 0000192-04.2014.5.03.0043 – 11ª T. – Relª Juliana Vignoli Cordeiro – DJe
07.07.2017)v126

Portanto, passível de aplicação no presente caso, da regra do artigo 244 § 2º da


CLT.

Por essa razão, requer seja a reclamada condenada no pagamento ao autor, do


tempo em que não estava trabalhando (sobreaviso em sua residência ou em
trânsito, aguardando ser acionado), assim consideradas as horas desde o
término da jornada de um dia e o início do dia subsequente. Para tais horas
requer o pagamento da hora normal, acrescida de acrescidas de 30%, com os
mesmos reflexos legais requeridos no tópico anterior.
Sucessivamente, pagamento das horas de sobreaviso no importe de 30% da
hora extra de direito do autor, com os mesmos reflexos.

05. DEPÓSITOS FUNDIÁRIOS


Em razão dos diversos descumprimentos da reclamada, o autor não teve
corretamente recolhido seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, haja vista
as inúmeras divergências e descumprimentos em seu contrato de trabalho.

Por essa razão, requer a condenação da reclamada no pagamento dessas


verbas, que deverão ser calculadas sobre todos os valores recebidos, e
sonegados, durante o contrato de trabalho, seguidas do reflexo na multa de 40%.

Além disso, deve incidir o FGTS sobre todas as verbas deferidas em sentença,
nos termos da Lei.

06. FÉRIAS ANUAIS


O reclamante não usufruía integralmente de seu direito a férias anuais em razão
das peculiaridades de sua função, bem como por permanecer em estado de
sobreaviso, muitas vezes sendo chamado para trabalhar em pleno período de
férias.
Face ao exposto, considerando a clara violação ao artigo 135 da CLT, requer a
condenação da Reclamada no pagamento em dobro dos 06 (seis) últimos
períodos aquisitivos de férias anuais, seguidos do 1/3 constitucional, nos termos
do que preceitua o artigo 137 da CLT.

07. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


O direito de postular em Juízo e os honorários advocatícios são coisas distintas.
À luz do Estatuto da Advocacia e da OAB vigente (Lei n.º 8906, de 04-07-94),
entende-se que por força da disposição do artigo respectivo de n.º 22, é
obrigatória no processo do trabalho a imposição de condenação em honorários
advocatícios à parte vencida, a exemplo do que ocorre no processo civil,
independentemente de pleito da parte nesse sentido, porque nesta hipótese, a
verba honorária deve ser entendida como despesa processual (Art. 85 nCPC).

Esta mescla da Lei 5.584/70 com o Código de Processo Civil, faz-se necessária
pelo entendimento de que o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil não
depende de regulamentação, por tratar-se de lei que contém disposições
processuais (auto-aplicáveis desde a edição, por princípio), e as normas da
legislação processual trabalhista precisam ser imediatamente adaptadas à nova
realidade, mostrando-se insuficientes para a solução de todos os casos
submetidos ao Judiciário.

Isto possibilita à parte que veio a Juízo buscar reparação ou defender-se de uma
injusta acusação, ser reposta ao “statu quo ante”.

Tal pedido tem o condão de desencorajar frequentes ações propostas por mero
espírito de emulação e totalmente infundadas, concorrendo assim, para
congestionar, ainda mais, o foro trabalhista, em detrimento daquelas que
pleiteiam verdadeiros direitos e buscam a realização da justiça.

Por outro lado, o fato dos Autores serem beneficiários da justiça gratuita
(declaração de pobreza anexa) é motivo suficiente para assegurar a condenação
em honorários, conforme têm predominado os julgados pátrios.

Requer assim a condenação da Reclamada em honorários advocatícios que


deverão ser fixados entre 10 e 20% sobre o total da condenação.
08. DESCONTOS FISCAIS - IR
Sobre as verbas deferidas, requer seja determina a retenção fiscal nos seguintes
termos:

a) o cálculo da retenção seja procedido mês a mês;

b) sejam consideradas na base de cálculo somente as verbas salariais;

c) sejam observadas as alíquotas pertinentes e os valores a deduzir;

d) sejam observadas as faixas de isenção fiscal.

Isso porque, a retenção de imposto de renda de uma só vez acaba por penalizar
em demasia o empregado, posto que, se suas verbas tivessem sido pagas no
momento oportuno, a legislação tributária seria detalhadamente cumprida.

Ademais, a Secretaria da Receita Federal editou recente Instrução Normativa,


de nº 1127/2011, regulamentando definitivamente a questão e estabelecendo
que:

Art. 2º Os RRA, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anos-calendário


anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês
do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no
mês, quando decorrentes de:

I - aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma,


pagos pela Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios; e

II - rendimentos do trabalho.

§ 1º Aplica-se o disposto no caput, inclusive, aos rendimentos decorrentes de


decisões das Justiças do Trabalho, Federal, Estaduais e do Distrito Federal.
§ 2º Os rendimentos a que se refere o caput abrangem o décimo terceiro salário
e quaisquer acréscimos e juros deles decorrentes.

(grifou-se)

Coincidentemente, o próprio Tribunal Superior do Trabalho modificou o


entendimento constante na Súmula 368, II, em julgados recentes, contrariando
posicionamento que já vinha equivocado anteriormente.

RECURSO DE REVISTA. (...)3. DESCONTOS FISCAIS. CRITÉRIO DE


APURAÇÃO. O entendimento majoritário da Turma é no sentido de que o art.
12-A da Lei nº 7.713/1988, com redação dada pela Lei nº 12.350/2010, assim
como a sua regulamentação, oferecida pela Instrução Normativa nº 1.127/2011
da Receita Federal, determina a utilização do critério mensal para o cálculo do
imposto de renda, observado o regime de competência. E, por se tratar de critério
legal mais benéfico ao contribuinte e superveniente à Súmula nº 368, II, deste
Tribunal, a aplicação deste verbete sumular deve adaptar-se à disciplina
oferecida pelas normas constantes da legislação que vigora atualmente, não
mais prevalecendo o critério global outrora adotado por esta Corte. Recurso de
revista não conhecido. 4(...) - RR - 52700-59.2007.5.09.0089 , Relatora Ministra:
Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 11/10/2011, 8ª Turma, Data de
Publicação: 14/10/2011)

Não bastasse, o próprio Supremo Tribunal Federal também já firmou


posicionamento no sentido de que o imposto de renda não pode incidir sobre o
valor global da condenação, sob pena de prejudicar demasiadamente o
empregado, que já se vê forçado a questionar seus direitos na justiça.

Assim, requer desde já sejam atendidos aos itens acima, autorizando-se a


retenção fiscal pelos valores mensais e não pelo global.
II - REQUERIMENTOS FINAIS
Considerando todo o exposto, requer finalmente a Vossa Excelência:

Realização de perícia técnica no ambiente de trabalho, englobando engenharia


(elétrica e segurança do trabalho), além de outras especialidades que,
eventualmente, venham a se fazer necessárias para apurar as peculiaridades do
acidente, existência de agentes insalubre, trabalho em contato com agentes
periculosos, além de eventuais violações às NR’s 10, 11, 12 e 33 do MTe;
Seja a Reclamada compelida a apresentar nos autos projeto elétrico oficial (e
homologado pelas autoridades competentes) do elevador e do setor onde
ocorreu o acidente, abrangendo todas as centrais de comando do sistema
elétrico vinculado a referido setor, sob as penas do artigo 400 do nCPC;
Seja a reclamada compelida a trazer aos autos LTCAT, PCMSO, PPRA, sob as
penas do artigo 400 do nCPC.
IV - PEDIDOS
Diante do exposto, requer, finalmente, a Vossa Excelência:

O recebimento da presente Ação, bem como das peças que a instruem;


Sejam deferidos aos autores os benefícios da Justiça Gratuita;
A citação/notificação da Reclamada para comparecer e apresentar defesa, nos
termos da Lei, sob pena de revelia;
A produção de todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente
testemunhais, periciais, oitiva das partes, documental, dentre outras que se
fizerem necessárias.
Ao final, requer seja julgada procedente a presente reclamatória, condenando-
se a reclamada no seguinte:
Indenização aos autores, na modalidade de pensão mensal, considerando-se o
salário reconhecido da vítima à época dos fatos (diferenças salariais, adicional
periculosidade e/ou insalubridade, integrações, horas extras, além de 13º
salário). Tal indenização deverá ser arbitrada até a idade limite da vítima de 82,1
anos (média estado do Paraná, ou sucessivamente, 75,5 anos (média nacional),
conforme estatísticas recentes do IBGE, ou ainda em data superior, em razão de
eventual elevação desse índice; referida indenização deverá ser paga em
parcela única (art. 950 § único do Código Civil);
Na hipótese de não ser aplicado o artigo 950, § único do Código Civil, ante o
princípio da eventualidade, requer seja determinada a constituição de capital,
nos termos do artigo 533 do CPC, ou ainda implantação da pensão na folha de
salários da reclamada;
Manutenção do plano de saúde e odontológico aos Autores, nas mesmas
condições existentes quando da vigência do contrato de trabalho, por todo o
período da sobrevida estimada da vítima;
Indenização por danos morais, levando-se em conta as peculiaridades do caso,
a gravidade dos danos, a condição econômica da Requerida, sua reincidência,
preponderando a condição de sancionamento ao lesando; sugere-se a tal título
o importe de 50 (cinquenta) salários da vítima para cada um dos autores,
totalizando 250 salários;
Adicional de periculosidade e reflexos, conforme item 02.1;
Adicional de insalubridade e reflexos, conforme item 02.2;
Deferimento da percepção cumulada dos dois adicionais, ou, sucessivamente,
do adicional de periculosidade;
Declaração de nulidade da cumulação entre prorrogação e compensação de
jornada, em especial das normas coletivas que preveem tal possibilidade, com
afastamento de aplicabilidade da Sumula 85 do E. TST;
Pagamento de todas as horas que excederam da 8ª diária e 44ª semanal, com
divisor 220; adicional de 75% e 100%, ou outro, conforme instrumentos
normativos anexos;
Pagamento como extra do período total referente ao intervalo intrajornada nos
dias em que não o usufruiu integralmente (Sumula 437, I do TST), seja durante
a semana ou mesmo do intervalo interjornada dos finais de semana;
Pagamento em dobro pelo labor em domingos e feriados sem a devida folga
compensatória;
Seja adotado o salário base (reconhecido em juízo) seguido do adicional de
insalubridade/periculosidade a base de cálculo das horas extras;
Adicional noturno de 50% (cinquenta por cento – Cláusula 12ª do ACT)e hora
noturna reduzida, nos termos da Lei;
Integração de tais verbas à remuneração do autor, surtindo reflexos em RSR (dsr
+ feriados) e com estes em férias anuais, 1/3 de férias, 13º salário, férias e 13º
proporcionais, aviso prévio, adicional noturno, INSS, dentre outros.
Pagamento das horas de sobreaviso, nos moldes e limites contidos no item 04,
com os mesmos parâmetros e reflexos requeridos para as horas extras;
Indenização em dobro do correspondente aos 06 (seis) últimos períodos
aquisitivos de férias não concedidos, seguidos do 1/3 constitucional;
Diferenças do FGTS devido, por toda a contratualidade, com reflexos legais,
especialmente na multa 40%, sobre todas as verbas deferidas na presente ação;
Para todos os pedidos ora formulados, requer sejam respeitadas as disposições
contidas nos artigos 322 e 323 do nCPC (Lei 13.105/2015), sendo que deverão
ser deferidos tanto os pedidos principais quanto eventuais acessórios que devam
integrar a obrigação principal por força de Lei específica;
HoRequer sejam todos os pedidos deferidos apurados por cálculos em
liquidação de sentença, devendo ser considerado para a correção monetária e
demais cominações, a data da efetiva prestação do serviço e não o mês
subsequente, na forma da Lei.

Devem ser aplicados juros de 1% (um por cento) ao mês, na forma do que dispõe
o artigo 406 do Código Civil de 2002, bem como deve ser aplicada a Súmula 200
do Tribunal Superior do Trabalho, bem como substituição do índice da TR pelo
IPCA-e, por mais benéfico ao trabalhador.

Dá-se à causa para efeitos fiscais o valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais).

Nestes termos

Pede deferimento

Curitiba, 18 de outubro de 2017

- LEUCIMAR GANDIN -

OAB/PR 28.263

NOTAS
[1] Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os
montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos
titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a
Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e
militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em
alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento.

[2] Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus
dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus
sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou
arrolamento.

[3]VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil; 10.e.d. São


Paulo, Editora Atlas, 2010, pg.332.

[4] Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que,
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude
de exposição permanente do trabalhador a:

I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica

(...)

1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um


adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

[5] Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.norários advocatícios entre 10 e 20% sobre o total da condenação.

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