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Nessa aula será falado sobre o uso racional de antimicrobianos. O que se tem
de mais complexo na literatura médica dentro desta área para tentar racionalizar
mesmo o seu uso. Devido aos inúmeros congressos, sempre há coisas novas
saindo na área, mas é sempre importante se manter atualizado. Serão
apresentadas as novas drogas que estão sendo apresentadas no mercado e o
que as mesmas fazem. Vou falar sobre o histórico dos antimicrobianos. Porque
é necessário estudar o assunto e porque todos os médicos, independentemente
da sua área de atuação deve entender de antimicrobianos. UM pouco de
resistência e também estratégias para o controle de resistência nos pacientes.
Também será abordado sobre perfil de sensibilidade.
A história dos antimicrobianos é bem recente, existiu um cara bem famoso, seu
nome era Alexander Fleming e ele trabalhava em um hospital em Londres. E ele
trabalhava com culturas de staphylococcus aureus. E ele se ausentou do seu
laboratório no hospital durante um período (estava de férias ou algo do tipo, não
tenho certeza), e deixou algumas placas de petri (discos de vidro que tem uma
gelatina dentro, que são o meio de cultura para que os microrganismos crescam)
e quando ele voltou de viagem, por um acaso, essas placas de petri que ele tinha
deixado em seu laboratório tinham sido contaminadas com fungos. E aonde tinha
crescido os fungos, aconteceu a inibição do crescimento das bactérias
staphylococcus. A partir desta observação, alexander Fleming inferiu que este
fungo produzia alguma substância que era capaz de inibir ou diminuir o efeito
antimicrobiano. Então assim foi descoberto o primeiro agente antimicrobiano.
Mais adiante ele conseguiu fazer o isolamento do fungo (que era o fungo do
gênero penicilium). O artigo foi publicado no British Journal of experimental
pathologhy. O fungo, visto ao microscópio, lembra um pincel e pincel em latim é
penicilius, o fungo foi batizado como penicilium. Essa descoberta ocorreu em
1929, mas até esse composto ser transformado em um medicamento onde
pudesse trazer algum benefício aos seres humanos demorou um bocado, e
apenas em 1940 que conseguiram identificar a estrutura química da penicilina.
E só em 1941 que conseguiram produzir em quantidades suficiente para
começar a testar a drogas em humanos. E essa foi a descoberta que mudou o
prognóstico das doenças infecciosas no mundo. Mas em 1940 ainda era muito
caro, mas durante a segunda guerra mundial e todos os investimentos feitos
durante o período com os soldados e feridos de guerra e tudo mais houve uma
produção realmente muito maior da penicilina e consequentemente houve uma
queda do preço. E ai, a partir de 1969 já havia um preço bem baixo da penicilina.
E ai ela se popularizou muito. Até o descobrimento da penicilina até as pessoas
mais ricas e com acesso aos melhores médicos do mundo morriam de doenças
infecciosas, como sífilis, tuberculose, pneumonia. Tirando a tuberculose, todas
essas doenças foram tratadas com sucesso a partir do descobrimento da
penicilina.
O que houve de mudanças daquela época para cá? Os antibióticos, mas não
apenas isso, como também a vacinação em massa e também o aumento do
saneamento básico. E isso tudo é muito recente, aconteceu de 100 anos para
cá. Mas apesar do aumento da expectativa de vida, isso traz novas doenças
relacionadas a idade avançada, que são doenças novas. E com isso surgem
especialidades médicas novas também. E porque estudamos antibióticos? Pois
eles são um bem finito, e os mesmos acabam. Independente da área medica
estudada, em algum momento o médico precisará transcrever um antibiótico, por
isso é de extrema importância ter conhecimento sobre o tema. O antibiótico não
apenas mata as bactérias que estão infectando o paciente, mas ele também
altera o ambiente dentro do paciente e afeta a flora microbiana do paciente. E
isso é algo notório na área da saúde. Mas isso será abordado mais para frente.
Só chega para o infecto quando já animou, quando não tem mais medicação
oral. Não há necessidade de internar uma senhora sem sintoma nenhum, que
ninguém esteriliza urina, porque é urina colonizada que eu so vou tratar quando
tiver sintomas e que a família vai ter que monitorar o sintoma, podendo ser febre
desorientação, hiponatremia, sonolência, isso para idosos. Em mulheres, febre,
disuria, calafrio. Normalmente quando o homem tem bacteriuria é assintomática,
é prostatite. Se ele tiver uma próstata grande, a gente trata prostatite, aí tem
medicações que agem na próstata, a gente trata até pensar em tirar a próstata.
E não se deve utilizar antibiótico sem parar, por causa da bacteriuria
assintomática, há necessidade de diferenciar uma coisa da outra.
Idosas que usam fralda, fica incomodando, fica fétida, a gente ensina a família a
idosa tomar mais água, trocar com mais frequência a fralda e observar os
sintomas, mesmo que seja multirresistente.
Se a pessoa tem história de tomar antibiótico por vários dias, e ainda apresenta
diarreia fétida, pastosa por vários dias, você já tratou, hidratou, deu probióticos
e faço essa suspeita, eu posso tanto pedir exames, pedir pesquisa pra
clostridium A e B, PCR, para tentar descobrir o que é e tratar. Utilizar remédios
via oral para que ele passe pelo trato gastrointestinal, em casos não tratáveis dar
vancomicina oral, somente no caso de clostridium.
Por que há tanta resistência? Primeiro que é um fator intrínseco, toda vez ela vai
arrumar um meio de sobrevive e quando administramos um antibiótico incorreto,
ou o tempo errado, a infecção está melhorando mas deixamos de administrar o
antibiótico e o paciente tem uma reincidiva, ou quando uso um antibiótico que
não penetra no sítio desejado, os germes selecionados sobrevivem. Eu destruo
a minha microbiota intestinal mas a minha infecção de pele ainda, isso acontece
com frequência, às vezes o paciente pode até ganhar uma nova infecção por
clostridium.
A beta lactamase ficou tão robusta que ela é capaz de quebrar todas as
clássicas, penicilinas, cefalosporinas, muitas vezes as sulfas e vai inativando a
classe de antimicrobianos, e normalmente ficam os aminoglicosídeos,
carbapenemicos.
Uma notícia mostrou que os BRICS não promovem que os alimentos sejam
criados sem fertilizantes, não defendem a criação de bicho solto. A consumação
de antibióticos aumentos 36% no mundo e nós fomos responsáveis por esse
aumento. Nós que temos que mudar isso.
Em 2014 houve um surto de KPC em um lago e fez com que as delegações não
viessem para competir, e se em 2014 já havia a contaminação, o que garante
que agora em 2019 não esteja contaminado? É uma possibilidade. Faz-se
necessário coletar o material e fazer um estudo genético, está na natureza.
Fatores de risco: injúria, politrauma, transplante ou uma cirurgia de grande porte,
a gente pode estar suscetível a ter germe multi R, e isso se dá pelo uso prévio
de antibióticos de amplo espectro, utilizei uma vez e funcionou, na segunda pode
não funcionar mais.
Quando vocês se encontrarem com um paciente com infecção, não digam que
ele está infectado, tentem encontrar o local da infecção, e só examinar e
conversar com o paciente. Onde dói, o que o senhor sente, escute, tire 10
minutos para escutar, eles mesmo dão o diagnóstico, dizendo onde dói, como
foi o ocorrido, ele que nos guia.
Se você souber o que aconteceu no paciente você imagina qual o risco que ele
tem, paciente sofreu um acidente de moto, se ralou, é importante se havia lama,
se foi na areia, se foi no asfalto, porquê se tem lama ou esgoto o agente é um,
se for no asfalto, na praia é outro. O paciente tem quase todos os sintomas
iguais, alergia, vômito, diarreia. Tem que avaliar o perfil de sensibilidade, se a
infecção foi adquirida no hospital, dá para pedir recuperação.