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SUMÁRIO

1. NOMENCLATURA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....................................................... 3

2. COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO AS URGENCIAS E


EMERGÊNCIAS ................................................................................................................. 7

3. ALGUNS PONTOS SÃO CONSIDERADOS BÁSICOS E IMPRESCINDÍVEIS PARA O


FUNCIONAMENTO DA SALA DE EMERGÊNCIA COMO VEREMOS A SEGUIR: .................... 13

4. PRIMEIROS SOCORROS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA– URGÊNCIA – EMERGÊNCIA ... 20

5. CRISE CONVULSIVA NO ADULTO ............................................................................. 22

6. HIPOTERMIA .......................................................................................................... 25

7. HEMORRAGIA ......................................................................................................... 27

8. FRATURA ................................................................................................................... 34

9. AMPUTAÇÃO .......................................................................................................... 37

10. ESTADO DE CHOQUE ............................................................................................ 40

11. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) ............................................................. 46

12. INTERVENÇÃO CORONÁRIA PERCUTÂNEA ............................................................ 48

13. EDEMA AGUDO DO PULMÃO ............................................................................... 49

14. HIPOGLICEMIA ..................................................................................................... 51

15. CETOACIDOSE METABÓLICA (CAD) ....................................................................... 52

16. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ......................................................................... 54

17. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR ............ 59

18. QUEIMADURA ...................................................................................................... 75

19. EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS: ........................................................................... 79

20. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 113

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1. NOMENCLATURA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Abcesso: coleção de pus em cavidade anormal.


Afagia: impossibilidade de deglutir.
Afasia: perda da palavra falada, escrita ou mímica, por alterações nos centros
nervosos.
Afonia: perda ou diminuição da voz por causas locais.
Afecção: estado mórbido, enfermidade.
Algesia: sensibilidade à dor.
Algia: dor de origem subjetiva, sem lesão anatômica ou orgânica apreciável.
Àlgico: relativo à dor, doloroso.
Analgesia: perda da sensibilidade para a dor, conservando a sensibilidade
tátil.
Anasarca: edema generalizado.
Anisocoria: desigualdade de diâmetro das pupilas.
Anóxia: estado que resulta da insuficiência de oxigênio para satisfazer as
necessidades normais dos tecidos.
Antissepsia: conjunto de meios destinados a afastar ou destruir os germes
patogênicos e impedir infecção.
Anúria: supressão total da secreção urinária.
Apatia: falta de sentimento ou interesse, indiferença, insensibilidade.
Apirexia: falta de febre, cessação da febre.
Apnéia: detenção temporária da respiração.
Arritmia: irregularidade do ritmo cardíaco (número, intervalo e força das
batidas).
Atrofia: diminuição adquirida do volume e do peso de um órgão que havia
alcançado seu tamanho normal.
Bacteremia: presença de bactérias patogênicas no sangue.
Bradicardia: pulsação lenta do coração (abaixo de 60bpm).
Bradipnéia: respiração lenta.
Bradisfigmia: lentidão anormal do pulso.

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Broncoespasmo: espasmo dos músculos bronquiais.

Caquexia: estado mórbido caracterizado por magreza extrema, perda de peso,


sintomas de debilidade e anemia.
Cefaléia: dor de cabeça intensa e douradora.
Cianose: coloração azul ou violácea da pele ou mucosa, devido a um excesso
de hemoglobina nos capilares.
Clister: enema, injeção de líquido no intestino, pelo ânus.
Coma: estado de estupor profundo com perda total ou quase total da
consciência, da sensibilidade e da motilidade voluntária.
Consciência: estado geral que nos torna aptos a julgar, refletir e decidir.
Desorientação: estado de confusão mental em que o indivíduo perde as
noções de lugar e tempo.
Diplegia: paralisia de partes similares nos dois lados do corpo.Paralisia
bilateral.
Diplopia: visão dupla dos objetos devido aos transtornos da coordenação dos
músculos motores oculares.
Disartria: dificuldade na articulação da palavra.
Dispepsia: dificuldade na deglutição de líquidos, dificuldade de matar a sede.
Disfagia: deglutição difícil, geralmente dolorosa.
Dispnéia: respiração difícil, penosa ou irregular.
Disúria: micção difícil ou dolorosa.
Diurese: eliminação de urina.
Dorsal: referente a dorso, costas.
Edema: acumulação excessiva de líquidos nos espaços dos tecidos.
Êmese: vômito.
Entérico:relativo ao intestino.
Enurese: incontinência urinária.
Epigastralgia: dor na região epigástrica.
Epistaxe: fluxo de sangue pelas narinas, hemorragia nasal.
Eupnéia: respiração normal, fácil.

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Ferida: solução de continuidade da pele, de mucosas, de serosas, que
espontaneamente evolui para cicatrização.
Filiforme: fino, em forma de fio.

Flatulência: distensão do abdome provocada por gases intestinais.


Frontal: relativo a fronte (testa).
Gastralgia: dor no estômago
Glicemia: quota fisiológica de glicose no sangue.
Glicosúria: eliminação de açúcar na urina.
Glútea: relativo a nádegas.
Glossa: palavra grega que significa língua.
Halitose: fetidez anormal do hálito.
Hemácia:glóbulo vermelho do sangue.
Hematêmese: vômito de sangue procedente das vias digestivas.
Hematúria: presença de sangue na urina.
Hemiplegia: paralisia de um lado do corpo.
Hemoptise: expulsão pela boca de sangue procedente do aparelho
respiratório.
Hipertermia: temperatura extraordinariamente elevada.
Hipotermia:descida anormal da temperatura corporal.
Hiperglicemia: aumento anormal no nível de glicose do sangue.
Hipoglicemia:diminuição do nível normal de glicose do sangue.
Inter: prefixo que indica “entre”, “no meio” (ex: intercostal-entre duas costelas).
Isocoria: igualdade no tamanho das pupilas.
Isquemia: deficiência local e temporária de sangue.
Laceração: dilaceração.
Lipotímia: perda súbita dos movimentos, conservando-se a respiração e a
circulação; desmaio.
Lombar: relativo a lombo, ou região que fica ao lado da espinha, sobre os rins,
entre o tórax e a bacia.
Mácula:mancha; região da pele corada, plana.

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Melena: evacuação sanguínea, dejeção negra que recorda a consistência e a
cor de borra de café.
Mioplegia:paralisia muscular.
Mialgia: dor muscular.
Midríase:dilatação da pupila.

Miose:diminuição no diâmetro da pupila.


Menoplegia: paralisia de um membro.
Mucopurulento:que contém muco e pus.
Neuralgia:dor viva e paroxística a seguir o trajeto de um nervo.
Nictúria: emissão de urina mais abundante ou frequente à noite que durante o
dia. Enurese noturna.
Nistagmo: trêmulo espasmódico das pálpebras; oscilações do globo ocular em
torno de um de seus eixos.
Odinofagia: deglutição dolorosa.
Oligúria: secreção deficiente de urina.
Onicofagia: hábito mórbido de roer as unhas.
Ortopnéia: dispnéia intensa que obriga o paciente a estar sentado ou em pé,
ou seja, com o tórax em posição perpendicular ao solo.
Otorragia: hemorragia do ouvido.
Paraplegia:paralisia de ambas extremidades inferiores do corpo.
Paresia: paralisia incompleta ou parcial, debilidade de contração muscular;
desfalecimento.
Parenteral: que se realiza por via distinta da digestiva ou intestinal.
Pelve:bacia (anel ósseo em forma de bacia).
Períneo: espaço compreendido entre o ânus e os órgãos genitais externos.
Pirexia:acesso febril.
Pirose:sensação de queimadura, de ardor que, partindo do estômago, se
estende ao longo do esôfago e chega a faringe.
Piúria: presença de pus na urina.
Polaciúria: micção frequente.

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Precordial:situado ou que ocorre diante do coração; epigástrio e superfície
anterior da parte inferior do tórax.
Precordialgia: dor na região precordial.
Prurido:coceira, comichão.
Ptialismo:salivação exagerada.
Regurgitação:retorno dos alimentos do estômago ou do esôfago á boca, sem
esforço de vômito.
Ressecamento: obstipação, prisão de ventre habitual.
Seborréia: secreção exagerada das glândulas sebáceas, especialmente do
couro cabeludo.
Sialorréia: fluxo exagerado da saliva; salivação.
Síncope: desfalecimento, perda súbita dos sentidos.
Taquicardia: aceleração das pulsações cardíacas, acima de 85bpm, no adulto.
Taquipnéia: respiração acelerada, que se apresenta em condições fisiológicas
ou patológicas.
Torpor: estado de sonolência, de apatia.
Ùlcera: solução de continuidade da pele, de mucosas, de serosas de órgãos,
coim perda de substância.
Vasoconstrictor: diz-se do agente ou nervo que estreita o calibre dos vasos.
Vasodilatador: diz-se do agente ou nervo que aumenta o calibre dos vasos.
Vertigem:perda ou perturbação do equilíbrio, com sensação de instabilidade
do corpo e dos objetos circundantes.
Vesical:referente à bexiga.
Volemia:nome com que também se conhece a massa total do sangue.
Xifóide: apêndice osteocartilaginoso que remata o esterno na parte inferior.

2. COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO AS


URGENCIAS E EMERGÊNCIAS
Implantação de rede regionalizada e hierarquizada de atendimento, além de
permitir uma melhor organização da assistência, articular serviços, definir fluxo
e referências resolutivas, é elemento indispensável para que se promova a

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universalidade do acesso, a equidade na locação de recursos e a integralidade
na atenção prestada.

American Heart Association - AHA

A Associação Americana do Coração, American Heart Association em Inglês, é


uma Organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos que
providencia cuidados cardíacos no sentido de reduzir lesões e mortes
causadas por doenças cardiovasculares e AVC.

SUPORTE BÁSICO DE VIDA - SBV

Compreende o atendimento prestado a uma vítima de mal súbito ou trauma,


visando à manutenção dos sinais vitais e preservação da vida, além de evitar o
agravamento de lesões existentes, até que uma equipe especializada possa
transportá-la a um hospital e oferecer um tratamento definitivo.

SEGUNDO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA RESOLUÇÃO 1451/95


DEFINE:

• PRIMEIROS SOCORROS: Atendimento prestado inclusive por leigos a


pessoas acidentadas, para manter a vida e evitar o agravamento das
condições até o recebimento da assistência especializada.

• URGÊNCIA: Ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco


potencial de vida, cujo portador necessita assistência médica imediata.

• EMERGÊNCIA: Constatação médica de condição de agravo de saúde


que impliquem em risco eminente de vida ou sofrimento intenso,
exigindo, portanto tratamento médico imediato.

• ATENDIMENTO PRÉ - HOSPITALAR: Atendimento prestado por


profissionais da área de saúde, treinados e capacitados para prover os
cuidados iniciais aos clientes de forma organizada e sistematizada,
seguido de transporte até o serviço de saúde que proporcionará o
tratamento definitivo.


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• RESGATE: Consiste na retirada do indivíduo do local, por vezes de
difícil acesso, de onde o mesmo não possa sair sozinho sem segurança,
pode ser necessário de uso de materiais e equipamentos especiais para
realizar esses procedimentos.

PORTARIA GM/MS 1600/2011 - ORGANIZAÇÃO DAS REDES DE ATENÇÃO


AS URGÊNCIAS

FINALIDADE:Articular e integrar todos os equipamentos de saúde,


ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em
situação de urgência e emergência nos serviços de saúde, de forma ágil
e oportuna, respeitando os critérios epidemiológicos e densidade
populacional.

• BASE DO PROCESSO E DOS FLUXOS ASSISTÊNCIAIS:


ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO.

PRIORIDADE: Linhas de cuidado, cardiovascular e cerebrovascular e


traumatológica.

COMPONENTES DA REDE DE ATENÇÃO AS URGÊNCIAS:

• Promoção e prevenção
• Sala de estabilização
• FN/SUS(Força Nacional do Sistema Único de Saúde)
• Samu 192
• UPA 24hrs (Unidade de Pronto Atendimento)
• Atenção Hospitalar
• Atenção domiciliar







PORTARIA N 1601, DE 7 DE JULHO DE 2011

Estabelece diretrizes para implantação do componente unidade de pronto

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atendimento(UPA -24hs) e o conjunto de serviços de urgência 24 horas de rede
de atenção às urgências em conformidade com a política nacional de atenção
às urgências.

UPA 24 HORAS – UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

Estabelecimento de saúde de complexidade intermediária entre UBS (Unidade


Básica de Saúde) - USF (Unidade Saúde da Família) e a rede hospitalar. O
atendimento é realizado com a lógica de acolhimento e classificação de risco.
Deve funcionar de modo ininterrupto nas 24 horas, em todos os dias da
semana, incluindo feriados e ponto facultativos.

• Estabelece uma complexidade intermediaria com a UBS/ USF e SAMU


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• Fornecer retaguarda as urgências atendidas pela UBS.


• Funcionar como local de estabilização de pacientes atendidos pelo
SAMU.
• Realizar consulta de pronto atendimento a pacientes aos casos de
menor gravidade.
• Manter paciente em observação por período máximo de 24 horas.
• Solicitar retaguarda do SAMU quando a gravidade ultrapassar a
capacidade da unidade.

REDE HOSPITALAR

Recursos humanos:Médicos de diversas especialidades, principalmente


clínicos e cirurgiões, inclusive pediátricos, neurologistas clínicos e cirúrgicos
ortopedistas.
Deve possuir também uma equipe de enfermagem bem treinada, composta por
enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Pessoal administrativo e técnicos
diversos. É de suma importância que todos os profissionais estejam
devidamente treinados para o atendimento de emergência.

Recursos tecnológicos: Equipamentos diversos incluindo os de suporte


básico como prancha longa, talas para imobilização, colar cervical, cânula de
guedel, ressuscitador manual para ventilação e os de suporte avançado de

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vida, como material para pequenas cirurgias, toda medicação utilizada na
emergência, cateteres, sondas, aspirador de parede e aspirador cirúrgico,
oxímetro de pulso, aparelhos para ventilação mecânica, aparelhos de
monitorização e desfibrilação cardíaca, bomba de infusão, enfim, todo o tipo de
material necessário para a reanimação e estabilização do paciente.

Outros serviços: devem também funcionar em plantão de 24hs - serviço e


diagnóstico por imagem, laboratório, banco de sangue e todos os demais de
apoio.

ESTRUTURA HOSPITALAR: O pronto socorro deve estar agregado a uma


estrutura hospitalar, que permita a resolução definitiva do problema do paciente.

EQUIPE DE ENFERMAGEM
Deve estar sempre preparada para, sem conhecimento prévio do paciente,
atender às mais variadas emergências, seguindo sempre a sistematização do
atendimento inicial, conhecendo e utilizando sempre de todo o material
disponível.

CARACTERÍSTICAS DA EQUIPE:
• Capacidade altamente desenvolvida.
• Conhecimento profundo em áreas clínicas e cirúrgicas.
• Habilidade de avaliação, julgamento e priorização.
• Rapidez e agilidade.
• Desejo expresso de trabalhar nessa área.

Deve-se utilizar uma escala de funções, onde em determinado plantão, todos


possuam uma função muito bem definida no atendimento, para evitar atropelos
e perda de tempo.

SALA DE EMERGÊNCIA
O atendimento ao paciente grave exige a necessidade de atitudes decisivas e,
portanto de uma grande capacidade de julgamento dos profissionais
envolvidos.

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No passado, a arte do diagnóstico, a conduta no tratamento e o prognóstico do
paciente dependiam exclusivamente do médico, assim como a organização do
serviço e até mesmo o treinamento de todos os profissionais nele envolvidos.

Atualmente sabemos que o enfermeiro participa cada vez mais deste processo
e está cada vez mais ativo dentro dos serviços de urgência e emergência e em

muitos casos a atuação da equipe de enfermagem é que realmente vai


determinar o sucesso destes atendimentos.

3. ALGUNS PONTOS SÃO CONSIDERADOS BÁSICOS E


IMPRESCINDÍVEIS PARA O FUNCIONAMENTO DA SALA DE
EMERGÊNCIA COMO VEREMOS A SEGUIR:

• Deve estar em uma área específica do serviço de emergência com fácil


localização. Deve ter acesso externo garantido tanto para ambulâncias
quanto para pacientes, independentemente do acesso do restante do
hospital deve estar próxima a outros serviços, tais corno; UTI, Centro
Cirúrgico, Banco de Sangue, Laboratório e serviços de diagnóstico.

• O acesso deve ser feito através de corredores amplos e desimpedidos.


A porta de acesso à sala-deve ter largura mínima de 1,50m, dando-se
preferência ao mecanismo de correr ao de "vai e vem".

• Recomenda-se que as dimensões da sala sejam amplas. De acordo


com o ministério da saúde a área deve ter no mínimo 12m² para
hospitais de até 150 leitos.

• Teto, paredes e piso devem ser de fácil limpeza, resistentes a água e


soluções germicidas, isentos de desenhos, ranhuras e frestas que
possam abrigar partículas de sujeira.

• Deve ser provida de um ou mais lavatórios estrategicamente


posicionados.

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• A instalação elétrica deverá incluir iluminação geral e especial, tomadas,
sinalização e telefones.

• É imprescindível contar com fonte de energia alternativa (gerador). As


tomadas deverão ser bem identificadas para circuito 110v e 220v.

• Deve ter garantida iluminação e ventilação naturais.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS:

1- Deve ser provida de material suficiente para permitir um atendimento


rápido e seguro, sem que a insuficiência dos mesmos venha
prejudicá-lo.

2- Todo o material de consumo deverá ser discriminado e quantificado


em uma relação facilitando o trabalho da pessoa encarregada da
revisão.

3- Deverá haver "check-list" dos itens a serem verificados no início de


cada plantão e após cada atendimento como: funcionamento do
ventilador mecânico monitor/desfibrilador, do aspirados, da rede de O2,
do laringoscópio, do ressuscitador manual e demais equipamentos.

4- A guarda e disposição do material devem ser feitas de forma


organizada, com fácil acesso, com exceção feita à guarda de
psicotrópicos. Adotar critérios de racionalização na identificação dos
materiais tais como: ordem alfabética, ordem numérica crescente,
padronização por cores, etc.

5- A disposição do material na sala deve prevenir o atropelo de pessoal


circulando.
Recomenda-se que os mesmos estejam organizados em bandejas ou
"kits" dispostos próximos a maca ou ainda em carros ou mesinhas
móveis.

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6- o suprimento de medicamentos deve ser previsto como base acústica
do serviço e mediante consulta à equipe médica. Mantê-los agrupados,
com identificação em destaque.

CARRINHO DE EMERGÊNCIA

O carrinho de emergência é um armário de 4 gavetas que contém todo


material necessário para situações de emergência como: intubação
orotraqueal, parada cardiorrespiratória, dentre outras situações que exigem
socorro imediato. O principal objetivo do carrinho de emergência é facilitar o
acesso da equipe médica e de enfermagem a drogas, equipamentos e
materiais de emergência mais rápidos e dinâmicos.

Todos os profissionais de saúde devem estar aptos a manusear o carrinho de


emergência de modo sistematizado e organizado.

JUNTO AO CARRINHO:
• Tábua de compressão torácica
• Desfibrilador
• Monitor

DESFIBRILADOR
Desfibrilador - é um aparelho elétrico com dois eletrodos que são colocados
sobre o peito do paciente. Ele descarrega eletricidade no coração quando é
indicada uma frequência fatal. O objetivo é dar choques no coração para que
ele volte ao normal. As arritmias fatais incluem fibrilação ventricular (batimentos
cardíacos rápidos, descoordenados e não sincronizados) eTaquicardia
ventricular (batimentos cardíacos rápidos que impedem o coração de bombear
adequadamente). Também pode ser usado em frequências menos perigosas
para fazer o coração voltar ao ritmo normal.


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IMPORTANTE: A ordem de disposição dos materiais do carrinho de
emergência pode variar de instituição para instituição, por vários fatores, como:
modelo do carrinho de emergência e protocolo institucional.

Conhecendo o carrinho de emergência:

Carrinho de emergência: Tudo que você precisa saber!

1ª Gaveta:
Na primeira gaveta do carrinho de emergência, deverá conter todos os
medicamentos de modo organizado, preferencialmente em ordem alfabética e
seus diluentes.

ATENÇÃO:A indicação, ação dos medicamentos do carrinho de emergência, e


cuidados de enfermagemna administração dos mesmos será estudada quando
o técnico em enfermagem fizer sua qualificação ou aperfeiçoamento em
Urgência e Emergência.

Ø Adalat/Mifedipina 10 mg

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Ø Adrenalina/Epinefrina 1 mg
Ø Atropina 0,25 mg/1ml
Ø Adenosina 6mg/2ml
Ø Aminofilina 240 mg
Ø Ancoron/ Amiodarona 5 mg
Ø Berotec
Ø Benadryl 50 mg/1ml
Ø Bricanyl 0,5 mg
Ø Bicarbonato de sódio a 8,4%
Ø Cedilanide/Lanatosídio C 0,4 mg
Ø Cloreto de Potássio (KCL) 10%
Ø Cloreto de sódio 20%
Ø Cortisonal 100 mg e 500mg
Ø Diempax 10 mg/2ml
Ø Diazepam 10mg
Ø Dobutamina
Ø Dopamina/Revivan 50 mg
Ø Etomidato
Ø Fentanil
Ø Furosemida/Lasix 20 mg
Ø Gadernal/Fenobarbital 200 mg
Ø Glicose hipertônica À 50%
Ø Gluconato de cálcio à 10%
Ø Haldol/Halopiridol 5 mg
Ø Hidantal/Fenaltoína sódica 50 mg
Ø Heparina/Liquemine 500 UI
Ø Hidrocortisona/Solu-cortef 500 mg
Ø Isordil 10 mg
Ø Morfina
Ø Narcan
Ø Nitroprussiato de sódio
Ø Noradrenalina 1mg/ml


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Ø Midazolan/Dormonid 5 e 15 mg
Ø Prometazina/Fernegan 50 mg
Ø Salbutamol
Ø Sulfato de magnésio 50%
Ø Sustrate
Ø Streptoquinase
Ø Seloken
Ø Quelicin
Ø Xylocaína

2ª Gaveta:A segunda gaveta do carrinho de emergência deverá conter material


para punção venosa, venóclise, manipulação de medicação, entre outros.

Ø Agulhas nº 25×7 e 40×12


Ø Polifix
Ø Cateter agulhado para punção nº 18,20 e 22
Ø Equipo macrogotas e microgotas
Ø Soro Fisiológico 0,9% 250 ml, 500 ml e 1000 ml
Ø Soro Glicosado 5% 250 ml e 500 ml
Ø Bicarbonato de sódio 5%
Ø Bureta
Ø Dial a flor
Ø Torneirinhas
Ø Tesoura descartável
Ø Kit punção venosa (varia de acordo com o protocolo da instituição)
Ø Luva estéril
Ø Película para AVP (Acesso Venoso Periférico)

3ª Gaveta
Na terceira gaveta, em alguns hospitais, os mesmos optam por possuir kits
para facilitar o atendimento nas intercorrências, por exemplo:


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Kit Noradrenalina
Kit Tridil (Nitroglicerina)
Kit Revivan (Dopamina)
Kit Nipride (Nitroprussiato de sódio)
Kit Dobutamina

4ª Gaveta
Kit Passagem de Cateter Venoso Central
Kit Toracocentese
Kit Intubação (Ambu, Fio guia, Gaze, Tubo orotraqueal 7,0, Tubo orotraqueal
7,5, Tubo orotraqueal 8,0, Luvas estéril 7,5 e 8,0, Cânula de Guedell,
Laringoscópio diversos tamanhos, Pilhas reserva)
Kit sondagem Nasoenteral
Kit sondagem Nasogástrica (SNG nº 12, nº 14, nº 16, Xylocaína gel, Coletor
Sistema Aberto, Gaze e Seringa de 20 ml)
Kit sondagem Vesical (Seringa 20 ml, Xylocaína, Coletor Sistema Fechado,
Gaze, Clorexidina, Agulha 40 x 12, Luva estéril 7,5 e 8,0 e AD 10 ml).
Kit aspiração
Fios de sutura
Kit nebulização (Água destilada 500 ml, Nebulizador completo (máscara +
traquéia))
Máscara de venturi
Kit Umidificador (Cateter O2 tipo óculos, Umidificador, Extensão de O2, Água
Destilada 125 ml)
Kit Intracath

Conferência do carrinho de emergência: A conferência do carrinho de


emergência será realizada pelo(a) enfermeiro(a) sempre que for utilizado, para
ser lacrado. A conferência deve contemplar estoque mínimo, prazos de
validade de todo o material, bem como o funcionamento do desfibrilador,
laringoscópio, ressuscitador manual e outros. Todo o material quebrado,
vencido ou insuficiente deverá ser reposto. A checagem do material deverá ser


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registrada, datada e assinada em impresso próprio. Após o uso da medicação,
o material deverá ser reposto mediante prescrição médica devidamente
checada pela enfermagem, materiais com pedido do(a) enfermeiro (a). No caso
de psicotrópicos, faz-se necessário o uso de receita branca. A conferência do
cardioversor deve ser realizada diariamente pelo(a) enfermeiro (a), e registrado
em impresso próprio.

4. PRIMEIROS SOCORROS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA– URGÊNCIA –


EMERGÊNCIA

4.1 ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS

4.2 PRINCIPAIS CUIDADOS A SEREM TOMADOS PARA EVITAR


ACIDENTES COM ANIMAIS PECONHENTOS TERRESTRES.

Em locais ou situações de risco (ex.: florestas, matas, trilhas, áreas com


acúmulo de lixos, entre outros), utilize (EPI);

• Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a


percorrer;
• Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores,
Cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre
pedras.
• Inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de
cama, pano de chão e tapetes, antes de usá-los.
• Afastar camas e berços das paredes e evite pendurar roupas fora dos
armários;
• Caso encontre um animal peçonhento, afastar-se com cuidado e evitar
assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto.
• Em rios e lagos, atenção com o risco de ferimentos por arraias, bagres
ou qualquer outro animal aquático perigoso conhecido para a região.


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• Em atividades de pesca, manusear cuidadosamente os peixes durante
sua retirada do anzol ou rede;

CONDUTA
• Procurar atendimento médico imediatamente
• Lavar o local da picada com água e sabão (exceto em acidentes por águas-
vivas ou caravelas)
• Retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis,
fitas amarradas e calçados apertados.
• Não amarrar (torniquete) o membro acometido e, muito menos, cortar e/ou
aplicar qualquertipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da
picada;
• Em casos de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para
alívio da dor inicial, usar compressas geladas de água do mar (ou pacotes
fechados de gelo – “cold packs” – envoltos em panos, se disponível).

Desmaio - síncope

Geralmente, caracteriza-se pela combinação de hipotensão arterial e


diminuição da frequência cardíaca.

Pode ser precipitado por nervosismo, dores fortes, esforço físico excessivo, má
alimentação, calor excessivo, falta de sono, mudança postural rápida, além de
ser intercorrência de muitas outras doenças.

Sinais e sintomas

Tontura - Sensação de mal-estar - Pele fria, pálida e úmida - Suor frio -


Confusão mental - Possível perda de consciência.

Obs.: checar se há hálito etílico

CONDUTA:


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1. Deitar a pessoa no chão, de barriga para cima, e colocar as pernas
mais altas que o corpo e a cabeça, cerca de 30 a 40 centímetros do
chão; para aumento de retorno venoso;

2. Pôr a cabeça da vítima de lado, para facilitar a respiração e evitar asfixia


devido ao risco de vômito;

3. Afrouxar as roupas e abrir os botões para facilitar a respiração;

4. Ir comunicando com a pessoa, mesmo que ela não responda, referindo


que está ali para ajudá-la;

5. Observar possíveis lesões causadas pela queda e se estiver


sangrando, parar a hemorragia;

Se a pessoa demorar mais de 1 minuto para acordar, é recomendado chamar


uma ambulância através do número 192 e verificar novamente se está
respirando, iniciando as compressões torácicas, caso não esteja.
Quando se recuperar a consciência, sendo capaz de ouvir e falar deve-se ficar
pelo menos 10 minutos sentado, antes de voltar a andar, pois pode ocorrer um
novo desmaio. Mesmo retornando á consciência a pessoa deverá procurar uma
consulta médica.

5. CRISE CONVULSIVA NO ADULTO


Súbita perda da consciência, acompanhada de contrações musculares
involuntárias, cianose, salivação intensa, lábios e dentes cerrados. Eventual
liberação esfincteriana caracterizada por incontinência fecal e urinária.

Na fase pós-convulsiva: sonolência, confusão mental, agitação, flacidez


muscular e cefaléia, sinais de liberação esfincteriana, informação de pessoa
que presenciou o evento.

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CONDUTA

• Mantenha-se calmo e acalme e afaste as pessoas ao seu redor;
• Evite que a pessoa caia bruscamente ao chão;
• Acomode o indivíduo em local sem objetos dos quais ela pode se debater e
se machucar;
• Utilize material macio para acomodar a cabeça do individuo, como por
exemplo; um travesseiro, casaco dobrado ou outro material disponível que
seja macio;
• Posicione o indivíduo de lado de forma que o excesso de saliva ou vômito
(pode ocorrer em alguns casos) escorra para fora da boca;
• Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor;
• Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência;
• Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa,
explique o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar. Observe a
duração da crise convulsiva, caso seja superior a 5 minutos sem sinais de
melhora, peça ajuda médica.

O que não deve ser feito durante a crise convulsiva:


• Não impeça os movimentos da vítima, apenas se certifique de que nada ao
seu redor irá machucá-la;
• Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima, as contrações musculares
durante a crise convulsiva são muito fortes e inconscientemente a pessoa
poderá mordê-lo;

• Não jogue água no rosto da vítima.

OBSTRUÇÃO DIAS VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE)


Se um corpo estranho for visualizado e estiver acessível após a manobra de
abertura das vias aéreas, remova-o com o dedo indicador “em gancho”. No
caso de líquidos, tente removê-los com os dedos indicador e médio envolvidos
por gaze. Somente tente remover o material que está causando a obstrução se
ele estiver bem visível e de fácil acesso.

23

Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução das
vias aéreas (pela queda da língua), a obstrução por corpos estranhos pode
provocar a perda de consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de
corpos estranhos obstruindo as vias aéreas ocorre mais frequentemente
durante as refeições, mas outras causas de obstrução incluem próteses
dentárias deslocadas, fragmentos dentários, sangue, secreções (saliva,
vômito), balas etc. Em lactentes ou crianças, as causas mais frequentes são
aspiração de pequenos objetos ou leite regurgitado.

CONDUTA: APLICAR A MANOBRA DE HEIMLICH

• Essa técnica tem como objetivo expulsar o corpo estranho por


intermédio da eliminação do ar residual dos pulmões, criando uma
espécie de “tosse artificial”

VERIFIQUE SE É UM ENGASGO REAL. PERGUNTE À VÍTIMA:


“VOCÊ ESTÁ ENGASGADO (A)?”

• Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome.


Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as
pernas, e posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar
que ela caia, caso venha perder a consciência).

• Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e


iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar (30 compressões
torácicas e 2 ventilações. Reavaliar a cada 2 minutos (5 ciclos) ou se a
vítima mostrar sinais de desobstrução, respiração espontânea e
circulação.

Atenção! A manobra de Heimlich é perigosa e poderá provocar lesões


internas graves. As principais complicações são lesões de vísceras
abdominais como o fígado e o baço e a regurgitação de material do
estômago com bronco aspiração.


24

• Sempre encaminhe a vítima ao médico após a aplicação da manobra de
Heimlich.

Observação – segundo a American HartAssociation, a manobra de Heimlich


com compressões abdominais é recomendada apenas para crianças maiores
de 1 ano e adultos.

• Dica: para a desobstrução de vias aéreas em bebês, mulheres grávidas


e pessoas obesas, realizar compressões torácicas, e não compressões
abdominais.

Nos bebês (lactentes), intercalar 5 tapotagens com as 5 compressões


torácicas, até que o objeto seja expulso ou o bebê perca a consciência.
Caso isso ocorra, considerar a criança em parada cardiorrespiratória e
iniciar imediatamente manobras de RCP.

• Localizar o umbigo.
• Colocar a mão fechada 1 dedo acima do umbigo. A mão do
socorrista em contato com o abdome da vítima está com o punho
fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão é colocada
sobre a primeira.
• Aplicar 5 compressões abdominais sucessivas, direcionadas para
cima.
• Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto.

Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de 5 compressões, até


que o objeto desobstrua as vias aéreas, ou a vítima perca a
consciência.

6. HIPOTERMIA

Diminuição excessiva da temperatura normal do corpo, abaixo de 35ºC.É


considerada como temperatura central a temperatura do coração.

Deverá avaliar história de exposição ao frio e grupo de risco.

TIPOS:


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HIPOTERMIA LEVE (32-35ºc)

• Sinais e Sintomas: Taquicardia, hipertensão arterial, taquipnéia,


broncorréia, broncoespasmo, tremores musculares, rigidez muscular,
pele fria e pálida, cianose de extremidades, confusão mental com
desorientação ou apatia, ataxia e incoordenação de movimentos,
hiperrreflexia, diurese induzida pelo frio.

HIPOTERMIA MODERADA (30-32ºc)


• Sinais e Sintomas: Bradicardia, hipotensão arterial, arritmias,
bradipneia, cessam os tremores, espasmos musculares, depressão
do SNC com torpor ou coma, hiporreflexia, pupilas não reativas,
alucinações.

HIPOTERMIAGRAVE (menos de 30ºc)

Sinais e Sintomas:A pessoa fica imóvel e inconsciente, as pupilas se dilatam


e a frequência cardíaca diminui, se tornando quase imperceptível. Se o
paciente não for devidamente tratado, a morte é inevitável.

CONDUTA:Levar a vítima para um ambiente quente e chamar socorro


especializado,

• De início, não massageie ou esfregue a vítima, não deixe a pessoa em pé e


nem dê bebidas alcoólicasremover a vítima do ambiente gelado, dar bebida
quente (não muito quente porque poderia ocasionar choque térmico)
• Retirar as roupas molhadas ou frias;
• Colocar cobertores sobre a vítima e manter o pescoço e a cabeça bem
agasalhados;
• Caso a vítima esteja consciente e seja capaz de engolir sem engasgar,
pode dar bebidas quentes e com açúcar para acelerar o processo de
aquecimento.

Após a realização dos primeiros socorros, é importante permanecer ao lado da


vítima até que a assistência médica chegue ao local.


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7. HEMORRAGIA
Hemorragia é o extravasamento de sangue de vasos sanguíneos

A hemorragia pode ser externa (sangue sai para fora do corpo) ou interna
(sangue sai de dentro dos vasos sanguíneos, porém fica preso no corpo).

Classificação Clínica

a) Hemorragia externa: ocorre devido a ferimentos abertos, onde o


sangue é eliminado para o exterior do organismo.

IMPORTANTE! Quando o corpo perde sangue, ou seja, está com uma


hemorragia, o corpo exerce um efeito compensatório redistribuindo o fluxo
sanguíneo para os órgãos mais importantes como o coração e o cérebro.
Dessa forma, as regiões periféricas (rins, pele e outros órgãos) sofrem com a
falta de sangue e consequentemente oxigênio e nutrientes. Entendendo esse
raciocínio podemos então conhecer os sinais e sintomas da hemorragia, que é
secundário a essa falta de volume sanguíneo.

Sinais e sintomas de hemorragia externa:

Agitação; - Palidez; - Sudorese; - Pele fria; - Pulso acelerado e fraco (acima de


100 bpm); Hipotensão; - Sede; - Fraqueza; - Alteração do nível de consciência;
eEstado de choque.

O pulso ou frequência cardíaca fica aumentado, tentando compensar o volume


de sangue reduzido, ou seja, o coração bate mais vezes para tentar atender a
demanda do corpo por nutrientes e oxigênio pela falta de sangue.

b) Hemorragia interna: ocorre quando há lesão de um órgão interno e o


sangue se acumula em uma cavidade do organismo, como: peritônio
(cavidade abdominal), pleura (reveste o pulmão), pericárdio (reveste o
coração), meninges (reveste o cérebro) ou se difunde nos interstícios
dos tecidos. Geralmente não é visível.

Sinais e sintomas de hemorragia externa:


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Sinais e 5 sintomas de hemorragia interna podem ser os mesmos
encontrados na hemorragia externa, e, ainda:Contusões; - Dor
abdominal; - Rigidez ou flacidez dos músculos abdominais; - Eliminação
de sangue através dos órgãos que se comunicam com o exterior, como:
nariz e/ou pavilhão auditivo, vias urinárias, vômito ou tosse com
presença de sangue.

CONDUTA:

É importante expor o local do ferimento e aplicar técnicas de controle de


hemorragias conforme veremos abaixo.

Técnicas no controle de hemorragias:

1. Pressão direta sobre o ferimento.

2. Elevação de membro.

3. Compressão dos pontos arteriais.

4. Torniquete

Vamos analisar essas técnicas de controle de Hemorragias:

1. Pressão direta sobre o ferimento. Coloque sua mão com luva


diretamente sobre o ferimento e aplique pressão apertando o ponto de
hemorragia; a pressão da mão poderá ser substituída por um curativo
(atadura e gaze), que manterá a pressão na área do ferimento. A
interrupção precoce da pressão direta ou retirada do curativo removerá o
coágulo recém-formado, reiniciando a hemorragia.

Atenção! É importante não trocar as gases sujas de sangue, pois removerá


o coágulo. As gazes limpas devem ser sobrepostas as sujas até a
resolução completa da hemorragia e na chegada ao hospital

2. Elevação de membro Essa técnicanão ter estudos que comprovem sua


eficácia e além de ser prejudicial em caso de fraturas. Emliteraturas que


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recomendam essa técnica funciona da seguinte forma: Eleve o membro de
modo que o ferimento fique acima do nível do coração. Essa técnica pode
ser usada em conjunto com a pressão direta nas hemorragias de membro
superior ou inferior. Os efeitos da gravidade vão ajudar a diminuir a pressão
do sangue, auxiliando no controle da hemorragia. Lembre-se que, essa
técnica não deve ser empregada quando houver suspeita de fratura,
entorse ou luxação.

3. Compressão dos pontos arteriais Essa técnica não tem respaldo de


comprovação científica sobre os seus benefícios. Algumas literaturas
recomendam e nesse caso a técnica seria a seguinte: Comprima a artéria
que passe rente a uma superfície do corpo próximo a uma estrutura óssea.
O fluxo de sangue será diminuído, facilitando a contenção da hemorragia
(hemostasia). Essa técnica deverá ser utilizada após a pressão direta ou
quando a pressão direta com elevação do membro tenha falhado. No
membro superior, o ponto de compressão é a artéria braquial (próxima ao
bíceps), e no membro inferior é a artéria femural (próxima à virilha).

• Em um segundo momento será necessário repor as perdas sanguíneas


por meio de hidratação venosa com soro fisiológico e transfusão
sanguínea.

Vamos entender as condutas no ambiente pré-hospitalar:

Tratamento pré-hospitalar:

- Exponha o local do ferimento;

- Efetue hemostasia;

- Afrouxe roupas;

- Previna a perda de calor corporal;

-Não dê nada para o paciente comer ou beber;


29

- Ministre oxigênio suplementar, se necessário, de acordo com saturação de
O2;

-Puncionar acesso venoso e fazer reposição de volume.

- Estabilize e transporte o paciente.

Com referência à perda sanguínea por quantidade, o choque hemorrágico pode


ser dividido em 4 classes, apresentando sinais e sintomas diferentes em cada
uma dessas fases.

Vamos conferir essas classes com o quadro abaixo

4. Torniquete: Os torniquetes deverão ser utilizados como último recurso e,


somente, para controlar os sangramentos provocados por ferimentos
graves nas extremidades, quando todos os outros métodos de controle
falhar.

Lembre-se também que não se deve aplicar torniquetes sobre áreas de


articulação (cotovelos e joelhos). A localização mais segura e efetiva para a
colocação do torniquete é cerca de 5 cm acima do local da lesão.

Se o torniquete for usado, deverá ser aplicado de forma correta, ou


seja:

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• Uma bandagem larga deve ser dobrada até que fique com
aproximadamente 10 cm de largura. Amarre esta atadura larga, duas vezes
ao redor da extremidade lesada;
• Dê um nó firme na atadura. Coloque um bastão de madeira ou outro
material similar sobre o nó e amarre novamente com um segundo nó firme;
• Utilize o bastão de madeira como uma manivela para rodar e apertar a
atadura;
• Aperte o torniquete até o sangramento cessar. Uma vez controlada a
hemorragia, não rode mais o bastão e mantenha-o firme no lugar.

TIPOS DE HEMORRAGIAS

EPISTAXE

Sangramento nasal ativo, associado ou não as seguintes situações:

• história de trauma de face;

• Introdução de corpo estranho em cavidade nasal; e uso de medicações


anticoagulantes ou história de discrasia sanguínea.

Conduta:

1. Realizar avaliação primária com ênfase para:

• Garantir permeabilidade das vias aéreas,

• Manter cabeceira elevada;

• Controlar sangramento através de compressão digital por 5 a 10 minutos; e


aplicar compressa gelada no dorso nasal, se disponível.

2. Realizar avaliação secundária.

3. Realizar contato com a regulação médica e passar os dados de forma


sistematizada e aguardar a orientação da regulação médica para
procedimentos e/ou transporte para a unidade de saúde.

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HEMOPTIASE
Hemorragia pulmonar. Expectoração de sangue da árvore bronco pulmonar.

A hemoptise maciça com sangramento maior que 600 ml por 24 horas é uma
emergência, mesmo a hemoptise leve (pequena quantidade de sangue
misturada com muco, requer avaliação).

CAUSA: Pode ser causada por várias doenças: tuberculose, pneumonia,


carcinoma broncogênico, bronquite, bronquiectasia, embolia pulmonar,
síndromes de hemorragia alveolar, causas cardiogênicas (IVE e estenose
mitral), diátese hemorrágica.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

• Oxigênio suplementar.

• Observar cuidados de auto-proteção – EPI –equipamento de proteção


individual, especialmente na suspeita de tuberculose pulmonar.

• Obter acesso venoso periférico.

• Colher sangue para gasometria arterial, hemograma, eletrólitos,


coagulograma e função renal.

• Monitorizar o paciente com oxímetro de pulso, PNI e cardioscópio. Iniciar


reposição de salina em caso de hipotensão arterial.

• Posicionar pacientes com hemoptise contínua em decúbito lateral sobre


o pulmão afetado.

• O médico deverá Intubar o paciente com tubo orotraquealcalibroso se o


mesmo encontrar-se em insuficiência respiratória.


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• Transferir para hospital de referência todos os pacientes com hemoptise
grave ou moderada, considerar admissão em terapia intensiva.

HEMATÊMESE

Hemorragia digestiva.A hematêmese corresponde à saída de sangue não


digerido pela boca, sendo popularmente conhecida como vômito com sangue.
O sangue pode estar presente em pequenas ou em grandes quantidades e
deve ser sempre comunicado ao médico, já que pode indicar condições graves
que necessitam de tratamento.

O vômito com sangue pode acontecer devido a qualquer alteração envolvendo


os órgãos constituintes do trato gastrointestinal, como estômago, esôfago e
garganta, por exemplo.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da hematêmese é feito por meio de uma endoscopia, em que é


avaliada a integridade do trato gastrintestinal e o tratamento é indicado por um
gastroenterologista ou clínico geral e tem como objetivo solucionar a causa do
vômito com sangue, sendo diferente para cada caso.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

• Estar alerta para nível de consciência, palidez cutânea/mucosa e sinais


vitais e registrar informações;
• Observar as manifestações hemorrágicas (equimose, epistaxe,
petequias e sangramento gengival);
• Manter o cliente em repouso no leito;
• Jejum

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• Puncionar veia de grande calibre e providenciar coleta de sangue para
provável hemotransfusão e exames laboratoriais, como hematócrito e
hemoglobina;
• Controlar parâmetros hemodinâmicos.

8. FRATURA
Perda da continuidade óssea por acidente, podendo danificar o tecido muscular
e os nervos.

São classificadas em fechadas (quando não há ruptura da pele) e expostas (a


integridade da pele é interrompida).

Dentre os sinais de fraturas fechadas, incluem-se sensibilidade, deformidade,


hematomas, aumento de volume e crepitação. O pulso, cor da pele, funções
motoras e sensitivas devem ser avaliadas distalmente ao sítio suspeito da
lesão. A imobilização e manipulação inadequadas podem converter uma fratura
fechada em exposta.

Nos casos das fraturas expostas, a extremidade óssea em protrusão, em geral,


não deve ser reposicionada de modo intencional.

As duas fraturas mais graves mais comumente associadas à hemorragia grave


são as de fêmur e pelve. Por isso, ao investigar crepitação na bacia, deve-se
fazer a manobra de forma delicada.
No seu tratamento, a primeira consideração é o controle de hemorragias e
tratamento do choque. Ferimentos abertos devem ser recobertos por com
curativo estéril umedecido com solução salina ou água destilada.

O membro deve ser manipulado o mínimo possível inclusive durante a


imobilização, a qual deve ser precedida de alinhamento do membro na posição
anatômica. Esse procedimento tem como vantagens o alívio da compressão de


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nervos e artérias, melhora da perfusão, redução de hemorragias, facilita a
colocação da tala e reduz a dor.

As duas contraindicações para o alinhamento na posição anatômica são a


presença de dor significativa e a resistência ao movimento durante a tentativa.
As talas impedem o movimento de uma parte do corpo. É importante lembrar-
se de quatro pontos durante a colocação de qualquer tipo de tala:

• Acolchoar talas rígidas;


• Joias e relógios devem ser removidos;
• As avaliações das funções neurovasculares distais ao sítio da lesão
devem ser realizadas antes e após a colocação de qualquer tala.
• Após a colocação da tala, considerar a elevação do membro, se possível
para redução do edema e sensação de latejamento. Compressas frias
também podem ser usadas.

FRATURA EXPOSTA DE EXTREMIDADES

Paciente de trauma de extremidade apresentando:

Ferimento com exposição óssea; ou ferimento sem exposição óssea,


associado a, pelo menos, um dos seguintes sinais e sintomas: deformidade,
crepitação, encurtamento do membro, alterações sensitivas, vasculares e
motoras.

CONDUTA:
1. Realizar avaliação primária

2. Realizar avaliação secundária

3. Controlar sangramento externo com curativo compressivo estéril.

4. Considerar breve limpeza/enxágue dos ferimentos abertos com solução


salina em caso de sujidade grosseira.

5. Cobrir ferimentos abertos e/ou extremidades ósseas com curativo estéril.

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6. Avaliar pulso periférico e perfusão, sensibilidade e mobilidade.

7. Realizar a imobilização do segmento afetado com ênfase para: retorno à


posição anatômica, exceto se presença de dor significa cativa e/ou resistência
ao reposicionamento; e escolha da técnica mais apropriada.

8. Reavaliar pulso periférico e perfusão, sensibilidade e mobilidade após a


imobilização.

9. Realizar a mobilização cuidadosa e a imobilização adequada da coluna


cervical, tronco e membros, em prancha longa com alinhamento anatômico,
sem atraso para o transporte;

10. Realizar contato com a regulação médica e passar os dados de forma


sistematizada e aguardar orientação da regulação médica para procedimentos
e/ou transporte para a unidade de saúde.

LUXAÇÃO
É a separação de dois ou mais ossos da articulação, resultante da significativa
ruptura dos ligamentos que normalmente conferem estabilidade à articulação.
A suspeita de luxação deve ser imobilizada na posição encontrada. A
manipulação cuidadosa da articulação pode ser feita para restaurar o fluxo
sanguíneo quando o pulso é ausente ou fraco. Durante o transporte, gelo ou
compressas frias podem ser utilizados.

• O socorrista deve localizar a porção lesionada e imobilizá-la


provisoriamente. Depois, deve encaminhar o acidentado para o pronto-
socorro. No caminho, deve colocar compressas com gelo no local para
evitar o inchaço e diminuir a dor.

• Nunca tente colocar o osso no lugar, pois isso pode agravar a lesão e
causar contaminação;


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• A imobilização pode ser feita com estruturas rígidas, como talas, tiras de
papelão, revistas, cabo de vassoura ou mesmo com a parte íntegra do
corpo da vítima (Exemplo: usar uma perna para imobilizar a outra).

DISTENSÕES
São lesões nas quais ligamentos são estendidos ou lacerados, provocados
pela súbita rotação da articulação, caracterizadas por dor intensa, aumento do
volume e, ocasionalmente, hematomas.

Externamente podem parecer luxações. É razoável colocar uma tala quando há


suspeita de distensão. Compressas frias ou gelo podem ajudar a aliviar a dor.

ENTORSE
É uma lesão que ocorre quando se ultrapassa o limite normal de movimento de
uma articulação(Hiperextensão, por exemplo). Normalmente, ocasiona
distensão dos ligamentos e da cápsula articular e, consequentemente, dor
intensa ao redor da articulação, dificuldade de movimentação em graus
variáveis e, às vezes, sangramentos internos.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
• Orientar: repouso por três dias, aplicação local de gelo, elevação do
membro afetado e proteção articular com imobilizador (bandagem
compressiva, por exemplo) ou tala gessada.
• Orientar a fazer o uso da medicação corretamente conforme prescrição
médica.

9. AMPUTAÇÃO
Amputação é a perda de parte ou de todo o membro, e avulsão envolve a
remoção de tecidos moles.
Quando o tecido foi totalmente separado de um membro, este fica
completamente sem nutrição e oxigenação. Importante destacar que o risco de
hemorragia é maior em amputações incompletas, uma vez que quando um

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vaso é apenas parcialmente seccionado, as duas extremidades podem não se
retrair, e o sangue continua a sair pela abertura.

O membro perdido na cena deve ser localizado, para possível reimplante, mas
somente após a realização da avaliação primária e tratamento das lesões com
risco de morte. Os princípios para cuidar de uma parte amputada incluem:

• Limpeza da parte amputada, irrigando-a, delicadamente com ringer


lactato (RL).
• Envolvimento da parte amputada com gaze estéril umedecida com RL e
colocação em um saco ou recipiente plástico.
• Após identificar o saco ou recipiente, colocá-lo em outro recipiente,
preenchido com gelo moído.
• Não congelamento da parte amputada, colocando-a diretamente sobre o
gelo.
• Transporte da parte amputada, junto com o paciente, ao hospital
adequado mais próximo.

SÍNDROME COMPARTIMENTAL

Refere-se à doença que pode levar à perda do membro, em que o suprimento


sanguíneo do tecido é comprometido pelo aumento da pressão local.

As duas causas mais comuns são as hemorragias derivadas de fratura ou


lesão vascular e o edema de terceiro espaço que se forma quando o tecido
muscular isquêmico é reperfundido.

A tala ou gesso colocado de modo muito apertado também podem causar


síndromecompartimental.

Os dois primeiros sinais são a dor e a parestesia. A dor aumenta


dramaticamente com a movimentação passiva de um dedo do membro

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acometido. Os outros três sinais – ausência de pulso, paralisia e palidez – são
achados tardios, que indicam alto risco de necrose muscular. Os
compartimentos também podem ser extremamente tensos e firmes à palpação.

O tratamento definitivo somente pode ser obtido no hospital (fasciotomia).

SÍNDROME DE ESMAGAMENTO

Também denominada de rabdomiólise traumática, é uma entidade clínica


caracterizada por Insuficiência renal e morte após grave trauma muscular, com
destruição do músculo e liberação de mioglobina (nefrotóxica).

Vítimas com síndrome de esmagamento são identificadas por apresentarem:

• Soterramento prolongado;
• Lesão traumática à massa muscular;
• Comprometimento da circulação na área afetada.

Como a lesão muscular também libera potássio pode surgir arritmias cardíacas
que podem ser fatais. A urina apresenta coloração de chá ou refrigerante à
base de cola graças à mioglubinúria.
O principal fator na melhora do prognóstico é a instituição precoce e agressiva
de reanimação fluida, pois quando não realizada adequadamente, a vítima
pode evoluir para parada cardiorrespiratória.

CONDUTA:

1. Realizar avaliação primária com ênfase para a manutenção da


permeabilidade de vias aéreas e da boa ventilação.

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2. Oferecer o2 suplementar por máscara não reinalante 10 a 15 l/min se sato2
< 94%.

3. Monitorizar a oximetria de pulso.

4. Comunicar imediatamente a regulação médica para a avaliação da


possibilidade de apoio do SAV e/ou para procedimentos.

5. Realizar avaliação secundária

6. Realizar a mobilização cuidadosa e a imobilização adequada da coluna


cervical, tronco, e membros, em prancha longa com alinhamento anatômico,
sem atraso para o transporte.

7. Realizar contato com a regulação médica e passar os dados de forma


sistematizada e aguardar orientação da regulação médica para procedimentos
e/ou transporte para a unidade de saúde.

9. Relatar ao médico receptor no hospital de destino o tempo aproximado de


encarceramento.

O ringer lactato está contraindicado por possuir potássio, logo, a reanimação


fluida deve ser feita com solução de cloreto de sódio 0,9%, em taxa de até
1.500 ml/h. A adição de uma ampola de bicarbonato de sódio e de 10 gramas
de manitol a cada litro de fluido usado durante o período de remoção pode
auxiliar a redução da incidência de insuficiência renal.

10. ESTADO DE CHOQUE


Choque é conceituado como estado de hipoperfusão celular generalizado no
qual a liberação de oxigênio no nível celular é inadequada para atender as
necessidades metabólicas.

CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
Os estados de choque podem ser classificados de acordo com a etiologia e o
padrão hemodinâmico.

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CHOQUE HIPOVOLÊMICO
É um distúrbio agudo da circulação, caracterizado pela queda real do volume
circulante, ocasionandoo desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio
para os tecidos.

PRINCIPAIS CAUSAS
As principais causas são hemorragias, vômitos, diarreias, diurese maciça e
queimaduras e pode ser classificado em quatro classes de acordo com a
porcentagem de perda de sangue.

CONDUTA:
No atendimento pré-hospitalar são mantidas as prioridades ABCDE do trauma
com foco na garantia deoxigenação.

- o controle de hemorragias deve seguir os seguintes passos: pressão manual


direta no local da lesão - curativos compressivos - torniquetes (extremidades) -
agente hemostático (tronco).

- geralmente, o tratamento definitivo das lesões é realizado no centro cirúrgico,


por isso o transporte não deve ser retardado.

- um dos principais diagnósticos de enfermagem encontrado em pacientes com


choque hipovolêmico é o volume de líquidos deficientee as principais
intervenções de enfermagem são:

• Monitoramento dos parâmetros hemodinâmicos, nível de consciência e


perdas volêmicas;
• Estabelecimento de acessos venosos periféricos calibrosos e infusão
rápida de cristaloides;
• Cateterismo vesical de demora;
• Assistência na administração de sangue e hemoderivados;

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Promoção do conforto

CHOQUE CARDIOGÊNICO
É caracterizado pela “falha da bomba cardíaca”, isto é, pela incapacidade de o
miocárdio realizar o débito cardíaco eficaz para proporcionar a demanda
metabólica do organismo, gerando hipoperfusão tecidual generalizada:

ETIOLOGIAS: distúrbio do ritmo ou da condução (arritmias), desordem


estrutural (infarto agudo do Miocárdio - IAM, lesões valvares, miocardiopatias,
miocardites) e ação de determinadas toxinas (sepse);

FATORES DE RISCO: IAM pregresso, insuficiência cardíaca congestivas,


miocardiopatias, arritmias,Distúrbios eletrolíticos.

AS PRINCIPAIS AÇÕES DE ENFERMAGEM:


• Afastar a causa base;
• Monitorização hemodinâmica;
• Realizar ausculta cardíaca e pulmonar: hipofonese de bulhas e
crepitação (sinais de edema agudo de pulmão);
• Avaliação e manejo da dor;
• Estabelecimento de acessos venosos calibrosos;
• Administração parcimoniosa de líquidos (devido ao risco de sobrecarga
de líquidos);
• Providenciar exames. Ex: Eletrocardiograma, gasometria arterial;
• Administração de drogas vasoativas prescritas: dopamina, dobutamina,
nitroglicerina;
• Monitorar nível de consciência;
• Monitorização do funcionamento do bia: balão intra-aórtico.

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CHOQUE ANAFILÁTICO

É causado por uma reação alérgica grave desencadeada podendo ser por
vários agentes.

Principais sinais e sintomas associados:


• Edema de glote;
• Tosse e dispneia;
• Rouquidão;
• Estridor, sibilos, roncos e crepitações;
• Prurido;
• Urticária e angioedema;
• Sensação de calor.

Principais intervenções em situações de choque anafilático são:


• Remover o antígeno deflagrador (alérgeno);
• Realização de cricotireoidostomia de urgência;
• Proteção da via aérea e ventilação;
• Reanimação volêmica;
• Administração de vasopressores (epinefrina), anti-histamínicos
(difenidramina), broncodilatadores e corticoides.

CHOQUE NEUROGÊNICO
O choque neurogênicoé um tipo de choque distributivo, no qual a vasodilatação
ocorre como consequência de uma perda do equilíbrio entre as estimulações
parassimpática e simpática. Comum no cenário do trauma em lesões
toracolombares. Não há estreitamento da pressão de pulso e possui como
características que o diferenciam dos outros tipos de choque a bradicardia,
pele rósea e quente.

CHOQUE SÉPTICO
A sepse é definida como a presença, provável ou confirmada, de infecção junto
a manifestações sistêmicas de infecção.

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A sepse grave é definida como sepse associada à disfunção de órgãos ou
hipoperfusão caracterizada por hiperlactatemia.

O choque séptico é definido como hipotensão induzida por sepse (PAS < 90
mmhg ou PAS < 70mmhg, ou PAS com diminuição de 40 mmhg ou dois
desvios padrão abaixo do normal, excluídas outras causas de hipotensão)
persistente apesar da ressuscitação fluida adequada.

CHOQUE OBSTRUTIVO
O choque obstrutivo ocorre quando existe uma oclusão ao fluxo de sangue nos
grandes vasos.

CITAREMOS A SEGUIR AS PRINCIPAIS CAUSAS E OS RESPECTIVOS


TRATAMENTOS:

• TAMPONAMENTO CARDÍACO:PERICARDIOCENTESE;
• EMBOLIAPULMONAR: ANTICOAGULAÇÃO SISTÊMICA E
TROMBÓLISE;
• PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: TORACOSTOMIA OU
DESCOMPRESSÃO TORÁCICA.

44
CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE
Por se tratar de um problema multissistêmico, o choque pode trazer
repercussões em todos os sistemas orgânicos:

1. Cardiovasculares: insuficiência ventricular e trombose microvascular;


2. Neurológicas: disfunção do sistema nervoso simpático, coma, falha na
termo regulação e depressão cardiorrespiratória;
3. Pulmonares: insuficiência respiratória aguda (IRA) e lesão pulmonar
aguda (LPA);
4. Renais: necrose tubular aguda (NTA);
5. Hematológicas: coagulação intravascular disseminada (CIVD);
6. Gastrointestinais: insuficiência do TGU, úlceras de estresse,
insuficiências hepática e pancreática.

ESTRATÉGIAS GERAIS DE TRATAMENTO


• Suporte do sistema respiratório com oxigênio suplementar ou ventilação
mecânica;
• Reposição de líquido para restaurar o volume intravascular - assegurar
acessos venosos;
• Terapia com medicamentos vasoativos para restaurar o tônus
vasomotor e melhorar a função cardíaca;
• Suporte nutricional para suprir as necessidades metabólicas
aumentadas.

45

11. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA)


A doença arterial coronariana (DAC) é um tipo de distúrbio dos vasos
sanguíneos que está incluída na categoria geral da aterosclerose.

CAUSAS
Vasoespasmos coronariano por uso de drogas e embolia coronária
(Endocardites)

Estado fisiopatológico → fluxo coronariano não é suficiente para suprir a


demanda metabólica deO2 do miocárdio

FATORES DE RISCO
• Idade homens> 45 e mulheres> 55
• Aumento do colesterol LDL e HDL diminuído, história familiar

46

• Tabagismo
• Obesidade
• Has (Hipertensão Arterial Sistêmica)
• DM (Diabete Mellitus)
• Sedentarismo

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

• Cardiovasculares:palpitação, presença de b3 e b4, início recente de


sopro, distensão venosa jugular e alterações do ECG;
• Respiratórias:falta de ar, dispneia, taquipnéia e estertores (se o IAM
tiver causado congestão pulmonar);
• Gastrintestinais:náuseas e vômitos
• Geniturinários:redução do débito urinário;
• Cutâneos:pele fria, pegajosa, sudorética e pálida (devido à estimulação
simpática);
• Neurológicos:ansiedade, inquietação e tonturas.

MARCADORES CARDÍACOS
• CREATINOQUINASE [CK]

47

• ISOENZIMAS DA CK (CK-MB)
• PROTEÍNAS (MIOGLOBINA, TROPONINA TETROPONINA I).
TROMBOLÍTICOS -OBJETIVO
• dissolver o trombo da artéria e restabelecer o fluxo sanguíneo, ↓o infarto e
preservar a função miocárdica.

TEMPO DE ADMINISTRAÇÃO
• 30 min (tempo porta agulha) até 6hs do início dos sintomas.

INDICAÇÕES
• Dor torácica, sem melhora com nitroglicerina e alteração no ECG.

12. INTERVENÇÃO CORONÁRIA PERCUTÂNEA

REALIZADO NO SETOR DE HEMODINÂMICA


Cateterismo e angioplastia

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OBJETIVO
Imediata desobstrução mecânica (balão) ou por stent parareperfusão do
miocárdio.
ACESSO
Mais comum femural ou braquial

A. Trombos em + que 3 artérias ou se lesão na coronária esquerda →


indicado a revascularização do miocárdio
B. O stent (prótese endovascular) pode ser simples ou farmacológico para
impedir oclusão por trombo
C. Complicações angioplastia

13. EDEMA AGUDO DO PULMÃO

Acumulo anormal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em


ambos. Condição grave e potencialmente fatal.
É uma das causas mais frequentes de insuficiência respiratória; interfere na
troca gasosa, provocando uma alteração na via difusora entre os alvéolos e os
capilares pulmonares;
Pode ser atribuído a várias etiologias, sendo a de origem cardiogênica a mais
frequente.
Os sinais e sintomas característicos são dispneia acentuada, cianose central,
fome de ar e hemoptoicos.

ETILOGIAS NÃO CARDÍACAS


• Síndrome do desconforto
• Respiratório agudo
• Choque séptico; uremia;
• Queimaduras extensas;
• Politransfusão
• Superdosagem de narcóticos

49

• Pneumonia aspirativa;
• Pneumonite por irradiação

ETIOLOGIAS CARDÍACAS
• Infarto agudo do miocárdio
• ICC crônica (Insuficiência Cardíaca Congestiva ).

SINAIS E SINTOMAS
1 Agitação psicomotora – redução de O2 cerebral;
2- Dispneia – tosse com secreção rósea espumosa
3- Alteração do nível de consciência;
4- Distensão das veias do pescoço
5- Sensação de morte iminente;
6- Intolerância ao decúbito baixo;
7- Pele fria, palidez (pele acinzentada),
8- Cianose, diaforese;
9- Diminuição na sO2
10- Utilização de musculatura acessória.

TRATAMENTO
• Oxigenioterapia
• Diuréticos
• Morfina
• Nitroprussiato de sódio
• Dobutamina
• Nitroglicerina ou nitratos
• Ventilação mecânica não invasiva
• Intubação e ventilação mecânica

CUIDADOS DE ENFERMAGEM
1- Administração de medicamentoslV;

50

2- Assistência na oxigenoterapia;
3- Assistência na intubação e ventilação se houver insuficiência
respiratória;
4- Colocar o paciente em uma posição ereta;
5- Assegurar acesso venoso calibrosos para a administração dos
medicamentos;
6- Coletar amostras de sangue para exames laboratoriais e gasometria;
7- Monitorar o nível de consciência e tempo de enchimento capilar;
8- Acompanhar ECG e SSVV.

14. HIPOGLICEMIA
Hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicêmicoscom ou sem sintomas para
valores abaixo de 70 mg/dl;

Os sintomas clínicos, entretanto, usualmente ocorrem quando a glicose


plasmática é menor de 60 mg/dl a 50 mg/dl, podendo esse limiar ser mais alto,
para aqueles pacientes cujas médias de glicemias são elevadas, ou mais baixo
para aqueles que fazem tratamento intensivo e
Estão acostumados a glicemias mais baixas

CAUSAS
Descompasso no horário da ingestão alimentar → pico de ação da insulina,
agente hipoglicemiante oral, sexo masculino, níveis menores de hemoglobina
glicada e maior duração da doença.

CLASSIFICAÇÃO:
Hipoglicemia leve - •sinais e sintomas → oriundos ativação do SN simpático:
palidez, sudorese, tremores, taquicardia, palpitação, nervosismo e fome.

Hipoglicemia moderada - • incapacidade concentração, cefaleia, tonturas,


confusão, lapsos de memória, dormência nos lábios e da língua, coordenação
comprometida, dentre outros.

51

Hipoglicemia grave - • convulsões, comportamento desorientado, dificuldade


em despertar do sono ou perda da consciência.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

PACIENTE CONSCIENTE
• Administraçãode 15-20 g de carboidrato de ação rápida;
• Repetição do tratamento em 10 - 15 min. – caso não haja melhora;
• Administração de mais alimentos de ação prolongada → combinação de
carboidratos e proteínas ou gorduras após os sintomas recuarem.
• Notificação imediata (se o paciente estiver fora do hospital) se os
sintomas não recuarem após 2 ou 3 administração de carboidratos de
ação rápida.

PARA PACIENTES INCONSCIENTES:


Para pacientes inconscientes ou com piora dos sintomas, administrar por via
intravenosa de 25 ml de glicose a 50% 3 ml/min e manter veia com glicose até
atingir os níveis sanguíneos desejados.

15. CETOACIDOSE METABÓLICA (CAD)


É ausência ou quantidade acentuadamente inadequada de insulina: estado
hiperglicêmico, acidóticoe de depleção de volume.

PRINCIPAIS CAUSAS
Diminuiçãoou omissão da dose de insulina, doença ou infecção, diabetes não
diagnosticado e não tratado, medicações hiperglicemiantes, intercorrências
graves (IAM, AVC e traumas).

DIABETES MELLITUS (DM) TIPO I


SINAIS E SINTOMAS
• Náuseas e vômitos

52

• Dor abdominal taquipnéia hálito cetônico
• Fadiga e fraqueza
• Diurese ↑ alteração do nível de consciência
• Arritmia cardíaca
• Convulsão visão turva
• Hiperventilação desidratação

DIAGNÓSTICO
• Hiperglicemia - (glicemia maior de 250 mg/dl),
• Cetonemia e acidose metabólica (PH <7,3 e bicarbonato <15 me/l)

COMPLICAÇÕES
Esse quadro pode se agravar, levando a complicações como choque, distúrbio
hidroeletrolítico, insuficiência renal, pneumonia de aspiração, síndrome de
angústia respiratória do adulto e edema cerebral em crianças.

TRATAMENTO
1- Reidratação: aumenta a excreção de glicose pelos rins.
2- Restauração dos eletrólitos: principalmente o potássio
3- Reversão da acidose: é revertida com insulina

CUIDADOS DE ENFERMAGEM
• Assegurar permeabilidade das vias aéreas;
• Administrar oxigênio;
• Estabelecer acesso venoso calibroso;
• Iniciar reposição volêmica com SF 0,9%;
• Iniciar insulinoterapia em bolus e por infusão contínua.

53
16. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

O QUE É PCR?


Definição de PCR (Parada Cardio - Respiratória): Ausência de batimentos
cardíacos capazes de gerar pulso central, ausência de Consciência,ausência
de movimentos respiratórios efetivos, ausência de pulso periférico.

O que define uma PCR não é o fato de o coração estar parado ou em


movimento e sim a sua capacidade em bombear o sangue para perfundir os
órgãos nobres. É possível fazer essa verificação no exame físico através de
checagem de pulso central.

Outro exemplo de causa de PCR ocorre quando perdemos muito líquido, seja
por desidratação, sangramento ou infecção grave.
Quando o choque hipovolêmico é muito intenso, ou seja, a quantidade de
líquido perdido é muito grande, não haverá sangue suficiente retornando ao
coração. Consequentemente o coração não terá como bombear o sangue
(apesar da atividade elétrica estar normal), levando a uma PCR.Ainda existe
uma quarta possibilidade. Neste caso, toda a atividade elétrica do coração
desaparece e o coração fica “desligado”. Sendo assim, o miocárdio passa a
não receber estímulos para contrair e consequentemente permanece
totalmente sem movimento.

54

Existem quatro ritmos de PCR. Algumas situações de PCR o coração está sem
movimento e em outras ele está em movimento, porém não possui acapacidade
de bombear o sangue ou possui essa capacidade, porém não tem o que
bombear.

Nosso coração tem um “chefe de orquestra” responsável por ditar o ritmo e


assim comandar a contração cardíaca, o nó sinusal.

Em algumas situações esse controle é perdido e o coração começa a se


contrair de forma extremamente acelerada ou de forma extremamente
desorganizada.

— Em ambas as situações, não haverá condição de enchimento ventricular


na diástole e esvaziamento ventricular na sístole.

QUATRO RITMOS DE PCR

ASSISTOLIA:
A assistolia caracteriza um ritmo de PCR no qual não existe atividade
elétrica. Neste caso o coração não apresenta movimentação.

55
ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO (AESP)
Neste ritmo a atividade elétrica pode estar totalmente normal, porém por algum
outro motivo (hipovolemia, por exemplo) o coração não está bombeando o
sangue. Por isso, apesar de parecer ser um ritmo com pulso,não é!

TAQUICARDIA VENTRICULAR (TV)

Neste ritmo o coração assume um ritmo extremamente acelerado de origem


ventricular, porém organizado. As frequências cardíacas costumam ser
superiores a 250 batimentos por minuto. Apesar do coração estar em
movimento o bombeamento não ocorre.

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR (FV)


Neste ritmo o coração assume um ritmo extremamente acelerado de origem
ventricular, porém desorganizado. As frequências cardíacas costumam ser
superiores a 250 batimentos por minuto. Apesar do coração também estar

56
em movimento o bombeamento não ocorre assim como na taquicardia
ventricular.

ESSES SÃO OS QUATRO RITMOS DE PCR

ASSISTOLIA, AESP, TV E FV. Iremos ver agora que o tratamento elétrico, ou


seja, a indicação de desfibrilação (choque elétrico) irá variar a depender do
ritmo. Para entendermos melhor, o porquê dessa variação, precisamos
conhecer a função do choque.


Desfibrilação elétrica
É um procedimento terapêutico que consiste na aplicação de uma corrente
elétrica contínua não sincronizada no músculo cardíaco. • Esse choque
despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio, tornando
possível a reversão de arritmias graves como TV e a FV, permitindo ao nó
sinusal retornos a geração e o controle do ritmo cardíaco.

Cardioversão elétrica

É um procedimento, em que se aplica o choque elétrico de maneira


sincronizada, ou seja, o paciente deve estar monitorado no cardioversor.
Utilizado para converter um ritmo irregular e/ou rápido num ritmo normal por
meio de uma carga elétrica. Este deve estar com o botão de sincronismo
ativado, pois a descarga elétrica é liberada na onda R, ou seja, no período
refratário.

A desfibrilação está indicada em apenas dois ritmos, na TV e na FV. Enquanto


a assistolia e AESP não possuem indicação de desfibrilação. Isso se explica

57
pelo fato da função do choque ser de parar o coração, ou seja, zerar a
atividade elétrica anteriormente desorganizada. Desta forma, nosso
marcapasso natural, o nó sinusal terá uma maior probabilidade de reassumir
um ritmo eficaz que gere pulso central.

Como na AESP não há desorganização de ritmo e na assistolia não há


ritmo, consequentemente não existe indicação de desfibrilação, cuja função
é de “parar com um ritmo desorganizado”.

DESFIBRILACÃO X CARDIOVERSÃO
DESFIBRILAÇAO: uma descarga elétrica com a função de parar o coração, ou
seja, organizar as células cardíacas que se encontram desorganizadas.

— Não possui sincronia


— O paciente encontra-se em PC
CARDIOVERSÃO: uma descarga elétrica com a função de parar o coração, ou
seja, organizar as células cardíacas que se encontram desorganizadas.

— Paciente se encontra com pulso, ou seja, não apresenta PCR


— Onda sincronizada em R

QUANDO NÃO COMEÇAR?


Antes de tomar a decisão de iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), o
profissional deve avaliar a vítima. A avaliação da vítima será
vista detalhadamente mais adiante.
Basicamente são três os achados durante a avaliação inicial que conduzem ao
diagnóstico de parada cardiorrespiratória (PCR): CAB

VERIFICAR NÍVEL DE CONSCIÊNCIA E (CAB)

C– CIRCULAÇÃO -ausência de pulso central (no adulto utilizamos o pulso


carotídeo).
A - VÍAS AÉREAS
B - RESPIRAÇÃO.

58
A não identificação desses sinais de PCR representa a primeira indicação para
não iniciar a RCP.
Além disso, existem mais 5 situações no SBV, que autoriza o socorrista a
não iniciar a RCP

• Decapitação
• Carbonização
• Evisceração
• Decomposição
• Rigor mortis (rigidez cadavérica)

— Todas as situações descritas anteriormente não são compatíveis com a


vida, por esse motivo os esforços de ressuscitação seriam inúteis.

— Além disso, as 5 situações descritas, são facilmente identificáveis, desta
forma, um profissional que esteja atuando no suporte básico de vida não
corre o risco de deixar de reanimar um paciente com chances de
sobrevida.

17. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E RESSUSCITAÇÃO


CARDIOPULMONAR

A principal causa de PCR no adulto é a doença coronariana com o infarto


agudo do miocárdio (IAM) sendo 90% dos ritmos iniciais de PCR no adulto
representados por FV/TV.
O melhor tratamento para esses dois ritmos é a desfibrilação, que não deve ser
retarda.

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA
A AHA criou a cadeia na sobrevivência para pacientes vítimas de PCR,
representando as 5 etapas fundamentais para a sobrevida dos pacientes
vítimas de PCR

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1.Reconhecimento e acionamento do serviço médico de emergência
2.RCP imediata de alta qualidade
3- Rápida desfibrilação
4.Serviço médico básico e avançado de emergência
5.Suporte avançado de vida e cuidados pós PCR

AVALIAÇÃO INICIAL

OS 5 PASSOS DA AVALIAÇÃO INICIAL

1-checar a segurança do local


2-checar a responsividade
3- pedir ajuda
4-checar a pulso
5- desfibrilador externo automático (DEA).

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1- CHECAR A SEGURANÇA DO LOCAL

— A segurança da cena é primordial para a equipe de saúde. Não cabe ao


profissional de saúde adentrar a “zona quente”, sendo esse papel
reservado ao corpo de bombeiro e polícia, autoridades absolutas nessas
circunstâncias.

— A equipe da saúde deve aguardar a liberação do corpo de bombeiro


e/ou polícia, uma vez que a segurança da cena esteja garantida, para
acessar o local. Em algumas situações, as vítimas são retiradas da zona
quente e trazidas para a zona fria para que o atendimento seja efetuado.
A segurança do socorrista vem sempre em primeiro lugar!

2- CHECAR A RESPONSIVIDADE

— Esse segundo o paciente possui diversas funções. Ao mesmo tempo


checamos a consciência do paciente, e caso o paciente esteja
consciente a perviedade das vias aéreas.
— Para isso, devemos adotar a posição do socorrista com um joelho no
chão, apoiar as duas mãos na região superior do tórax e aplicar
estímulos vigorosos ao mesmo tempo em que chamamos o paciente:
“senhor, senhor, pode me ouvir?”

3-CHECAR A RESPIRAÇÃO

— Caso o paciente não responda aos estímulos táteis e verbais do


segundo passo da avaliação, devemos então proceder ao terceiro passo
que consiste em chegar à respiração.
— Para isso devemos observar o tórax da vítima em busca de movimentos
de elevação torácica, compatíveis com uma respiração eficaz.
— (Vale salientar que é possível encontrar movimentos compatíveis com
respiração agônica ou gasping (mais comum em crianças e lactentes),
que deverão ser considerados como parada respiratória).

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4- PEDIR AJUDA

— Uma vez identificada a parada respiratória, devemos imediatamente


pedir ajuda! Para isso devemos designar alguém que deverá ligar para o
192 (SAMU) e buscar um Desfibrilador externo automático (DEA).

“você! Ligue para o 192 e traga um DEA!”

— Idealmente deveria ter um DEA por perto para que a desfibrilação não
seja retardada (3º elo da cadeia da sobrevivência).

— Existe uma lei, que obriga ter um DEA (Desfibrilador ExternoAutomático)


nos locais públicos com mais de 1500 transeuntes por dia.
— A tendência é que esse equipamento seja cada vez mais popularizado e
disponível em locais públicos e privados pela importância que possui na
ressuscitação cardiopulmonar (RCP).

5- CHECAR O PULSO CENTRAL

— Após pedir ajuda os profissionais de saúde treinados, deverão checar o


pulso central (pulso carotídeo no adulto).
— A população leiga e os profissionais de saúde não treinados
previamente em checar o pulso, deverão “pular” esse passo e iniciar
imediatamente as compressões cardíacas.
— A checagem de pulso por profissionais não treinados pode atrasar o
início da RCP e levar a erros de diagnóstico.
— O profissional de saúde que identificar presença de pulso central e
ausência de movimento respiratório poderá definir a parada respiratória
e indicar o início imediato das ventilações de resgate.
— Ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central
caracterizam a parada cardiorrespiratória e requer o início imediato das
RCP.

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63

COMPRESSÕES CARDÍACAS

Para falar das compressões, vamos relembrar das leis de Isaac Newton:

Toda objeto que está em repouso tende a continuar em repouso, todo objeto
que está em movimento tende a ficar em movimento.

— Para descolocar um objeto que está em repouso ou parar um objeto que


está em movimento, deve-seaplicar uma força externa.
— Aplicabilidade da 1º lei na RCP – um coração que se encontra em PCR,
tende a ficar em PCR, a não ser que uma força externa seja aplicada
(compressões + ventilações + desfibrilação)

PASSO A PASSO PARA REALIZAÇÃO DE COMPRESSÕES CARDÍACAS:


1. Localizar a linha Inter mamilar no corpo do esterno
2. Posicionar a região hipotênar no tórax da vítima
3. Posicionar a outra mão por cima da primeira entrelaçando os dedos
4. Posição correta dos cotovelos e dos ombros
• Os cotovelos devem estar estendidos
• Os ombros acima da vítima formando um ângulo de 90º
5. Aplicar compressões fortes e rápidas.

OBSERVAR RETORNO COMPLETO DO TÓRAX


CICLOS DE COMPRESSOES:

Ciclos • Mantenha 30 compressões torácicas eficazes por 2 ventilações por 2


minutos • A cada 2 minutos, reavalie. • Cheque pulso • Troque o socorrista •
Mantenha o suporte básico de vida até a chegada do desfibrilador ou SAVC –
(Suporte Avançado de Vida em Cardiologia).

VENTILAÇÕES NO SBV
Para ventilar um paciente em parada cardiorrespiratória no suporte básico de
vida, existem três formas:

1. BOCA A BOCA

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2. DISPOSITIVO VÁLVULA MÁSCARA (POCKET-MASK)
3. DISPOSITIVO BOLSA-VÁLVULA-MÁSCARA (AMBU)

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MAIS DE 1 SOCORRISTA NA CENA

Quando temos a oportunidade de ter mais de um socorrista na cena


precisamos aproveitar da melhor forma.

— Cada um terá uma função durante o atendimento. Enquanto o 1º


socorrista está realizando as compressões cardíacas, o segundo
socorrista se posiciona na cabeça da vítima, mantém a via aéreas aberta
e aplica ventilações com o ambu.
— Após 2min ou 5 ciclos de 30:2, deve ocorrer a troca de funções entre os
socorristas, de forma organizada para que não ocorra perda de tempo.
— Caso tenha um terceiro socorrista na cena, o mesmo poderá segurar a
máscara do ambu no rosto da vítima, realizando uma vedação
otimizada, enquanto o segundo socorrista aplica as ventilações.

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DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO – DEA

O desfibrilador externo automático (DEA) é um


aparelho fantástico, desenvolvido para que qualquer pessoa, mesmo não
sendo profissional de saúde pudesse administrar uma desfibrilação em um
paciente, vítima de PCR sempre que houver indicação.
O DEA é de simples utilização e foi programado para analisar o ritmo cardíaco
do paciente e reconhecer uma FV/TV (Fibrilação ventricular / taquicardia
ventricular) indicando o choque sempre que necessário. Além disso, o
aparelho se comunica por voz e por sinais luminosos no seu painel, com o
socorrista, o orientando durante toda a ressuscitação cardiopulmonar (RCP).

PASSO A PASSO
O PASSO A PASSO PARA O USO DO DEA É MUITO SIMPLES. DEVEMOS
AGIR DE FORMA RÁPIDA E PRECISA.

1. Posicionar ao lado da cabeça da vítima + ligar colar as pás no tórax da


vítima.
2. Encaixar o conector das pás ouvir
3. Analisando ritmos afastar
4. Choque indicado?
5. Sim
6. Carregar + chocar
7. Reiniciar RCP
8. Não
9. Reiniciar RCP

MEDICAÇOES USADAS EM PARARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

ADRENALINA: Secretado pelas glândulas suprarrenais e prepara o organismo


para grandes esforços físicos, estimula o coração, aumento da frequência
cardíaca e débito cardíaco e aumenta os níveis de açúcar.

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LINDOCAINA: Antiarrítmico e vasodilatador–inibidor de canal de sódio e
potássio.

AMIODARONA: Antiarrítmico e aumenta o débito cardíaco.

Obs.: se não tiver Amiodarona posso administrar lidocaína como escolha.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO:

VENOSA PERIFÉRICA:1 mg de adrenalina de 3 á 5 min., flush de 10ml de


soro fisiológico ou água bidestilada, eleva o membro de 10 a 20 seg.

VIA INTRA ÓSSEA:Mesma dosagem da periférica.

VIA ENDOTRAQUEAL:O dobro diluído para 10 ml de SF ou ABD.

ATENDIMENTO PCR ASSISTOLIA OU AESP

30 compressões x 2 ventilações............. .1 mg de adrenalina de 3 á 5 min.,


flush de 10ml de soro fisiológico ou água bidestilada, eleva o membro de 10 a
20 seg.

ATENDIMENTO PCR TV OU FV

Choque..........30 compressões x 2 ventilações............. .1 mg de adrenalina de


3 à 5 min., flush de 10ml de soro fisiológico ou água bidestilada, eleva o
membro de 10 a 20 seg.

Choque..........compressões x ventilações.........amiodarona 300 mg

Choque..........compressões x ventilações.........adrenalina 1 mg

Choque..........compressões x ventilações......... amiodarona 150 mg

Choque..........compressões x ventilações.........adrenalina 1 mg

Choque..........compressões x ventilações.........adrenalina 1 mg

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Obs:ADMINISTRO AMIODARONA SOMENTE 2 VEZES

ATÉ QUANDO REANIMAR NO SBV?


• Chegada do suporte avançado
• Reanima
• Exaustão
• Ambiente de risco
• Mudança de prioridade

CHEGADA DO SUPORTE A AVANÇADO


Quando o suporte avançado de vida chega na cena, através do samu 192 ou
de qualquer outro grupo de atendimento pré-hospitalar com médico, o
socorrista do suporte básico poderá interromper a RCP e passar a
responsabilidade pelo atendimento para o suporte avançado.

— OS SOCORRISTAS DO SUPORTE BÁSICO DEVEM FICAR A


DISPOSIÇÃO PARA AUXILIAR NO ATENDIMENTO.

PACIENTE REANIMA
A segunda situação que autoriza o socorrista a interromper a RCP é quando o
paciente reanima.
É importante salientar que reanimar significa que o paciente tosse, respira ou
se movimenta.
Quando o paciente reanima o paciente deve ser colocado na posição lateral de
segurança e deve ser monitorizado continuamente até a chegada do suporte
avançado. O paciente corre o risco de ter uma nova PCR a qualquer momento.

EXAUSTÃO
— O socorrista exausto está autorizado a interromper a RCP.
— Aqui devemos salientar que exaustão é diferente de cansaço.

70

— Costumo definir exaustão como o nível de cansaço que você
interromperia os esforços caso a vítima fosse a pessoa mais
querida de sua vida.
— Sempre que houver mais de um socorrista na cena, é imprescindível
revezar as compressões a cada 2 min ou 5 ciclos de 30:2 no máximo!
— Exaustão = cansaço

AMBIENTE DE RISCO
— Caso um ambiente inicialmente seguro, evolua para um ambiente de
risco ou zona quente, durante o atendimento, o socorrista está
autorizado a interromper a RCP para preservar a sua integridade.
— Quando a vítima for uma criança pequena, e for possível transportar
essa vítima com facilidade, o socorrista poderá realizar o transporte
para um local mais seguro, ou zona fria.
— Exemplos de zona quente no APH são incêndios, riscos de
explosão, tiroteios, rodovias com movimento de automóveis entre
outros.

MUDANÇA DE PRIORIDADE

— No APH quando estamos falando de incidentes com múltiplas vítimas,


devemos sempre realizar uma triagem rápida para classificar os
pacientes com risco de morte.
— Dentre as vítimas graves, devemos priorizar aqueles que possuem a
maior chance de sobrevida.
— Caso esteja sendo realizada RCP em uma vítima e que durante o
atendimento surja outra vítima que necessite de atendimento e que se
encontra com maior chance de sobrevida, devemos interromper o
atendimento inicial e voltar os esforços para a segunda vítima.
— Quando existem socorristas suficientes para atender ambas as vítimas,
neste caso é claro, podemos manter o atendimento para ambos.

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AFOGAMENTO

Afogamento é a asfixia gerada por aspiração de líquido de qualquernatureza


que venha a inundar o aparelhorespiratório.

Haverá suspensão da troca ideal de oxigênioe gás carbônico pelo organismo.

SINAIS E SINTOMAS:
• Hipotermia
• Náuseas
• Vômitos
• Distensão abdominal
• Tremores
• Cefaleia
• Mal estar
• Cansaço

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• Dores musculares

FISIOPATOLOGIA
Hipóxia - redução/ baixa de oxigênio no sangue
Anóxia - ausência de oxigênio no sangue

PRIMEIROS SOCORROS:
Promover menor número de complicações, Provendo-se oxigênio ao cérebro e
o coração, até que a vítima tenha condições para fazê-lo sem ajuda externa ou
até esta ser entregue a serviço médico especializado.

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FASE DE OBSERVAÇÃO
• Observação do acidente
• Número de vítimas envolvidas
• Verificar a profundidade do local
• Material disponível para o resgate

FASE DA ENTRADA NA ÁGUA


O socorrista deve certificar-se que a vítima está visualizando.
1. Piscina - entrada diagonal à vítimaparte rasa para a parte funda
2. Mar ou rio- entrada diagonal à vítima diagonal à corrente ou correnteza

FASE DE ABORDAGEM

Verbal

• Distância média de 3m da vítima


• Identificar-se e tentar acalmar a vítima
• Dará instruções para que se posicione de costas*

Física
• Fornecer algo em que a
• Vítima possa se apoiar
• Aproximar-se fisicamente e
• Segurar a vítima

"O SOCORRISTA NÃO PODE PERMITIR QUE A VÍTIMA O AGARRE"

FASE DO REBOQUE
Conduzir a vítima para a porção mais rasa.
Transporte até um local seguro

74

18. QUEIMADURA
As queimaduras são consideradas feridas traumáticas causadas, em sua
maioria, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Esses
agentes são capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos
corporais e acarreta a morte celular, causando a destruição parcial ou total
da pele e de seus anexos, acometendo inclusive as camadas mais
profundas, como tecido subcutâneo, músculos, tendões e ossos.
De acordo com diretrizes do ministério da saúde, as queimaduras podem
ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, conforme descrito
abaixo:

75

A “REGRA DOS NOVE” é uma maneira rápida para estimar a extensão de
queimaduras em adultos. O sistema divide o corpo em múltiplos de nove. A soma
total dessas partes é igual à área de superfície corporal total e é uma importante
medida de gravidade da lesão. Crianças apresentam proporções diferentes dos
adultos, visto que suas cabeças são proporcionalmente maiores que as dos
adultos. Algumas literaturas não recomendam a adoção da “regra dos nove” para
crianças devido às diferenças em cada fase de crescimento, tornando essa
classificação imprecisa.

GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS


Pequeno queimado (leve): ocorre lesão de primeiro grau em qualquer
extensão; as lesões de segundo grau atingem menos de 10% da superfície
corporal do adulto e 5% da criança;

76
Médio queimado (médio): ocorrem queimaduras de segundo grau, que
acometem 5 a 10% da superfície corporal da criança e de 10 a 20% do
adulto; e de terceiro grau com até 10% em adultos, sem comprometer face,
mão, períneo e pé, além de qualquer queimadura que envolva mão, pé,
face, pescoço ou axila;

Grande queimado (grave): ocorrem queimaduras de segundo grau, sendo


mais de 15% em crianças e 20% em adultos; de terceiro grau com mais de
5% em crianças e 10% em adultos; queimadura no períneo em qualquer
idade; queimadura por eletricidade e de terceiro grau também em mão, pé,
face, pescoço ou axila.

18.1 O MÉTODO DE ATENDIMENTO AO TRAUMA ABCDE É APLICADO A


VÍTIMA DE QUEIMADURAS:

A: Manter as vias aéreas desobstruídas. Em casos de incêndios, retirar a


vítima para evitar a inalação de monóxido de carbono. Pode haver
estreitamento da traqueia pelo edema da mucosa e também dificuldade de
intubação.

B: São avaliadas as necessidades de intubação e nebulização pela


verificação da frequência e profundidade respiratórias, e ausculta. É
prudente administrar oxigênio a 100% em todos os pacientes com
queimaduras acima de 20% da superfície corporal queimada. Queimaduras
circunferenciais da parede torácica podem enrijecer e se contrair, sendo
necessária a realização de escarotomia (é um procedimento cirúrgico
utilizado para remover tecidos duros e desvitalizados) imediata;

C: Deverão ser estabelecidos dois acessos venosos calibrosos para


reposição volêmica com ringer lactato. A instalação de cateter vesical de
demora para avaliar a diurese também se faz necessário;

D: Deve-se avaliar quanto à presença de déficits neurológicos, pois podem

77
estar relacionados ao efeito de toxinas inaladas;

E: Exposição total da vítima, com a retirada de todas as roupas e joias. Por


outro lado, vítimas de queimadura estão em risco de hipotermia. Logo,
deve-se preservar a sua temperatura com o uso de mantas térmicas.

REPOSIÇÃO DE FLUIDOS
A administração de grandes volumes de fluidos por via intravenosa se faz
necessária para impedir que o doente entre em choque hipovolêmico.
Desta forma, o objetivo do tratamento é calcular e repor os fluidos que já
foram perdidos, assim como repor o volume que o socorrista espera que
seja perdido nas primeiras 24 horas após a lesão.
A mais notável fórmula utilizada para calcular o volume de fluidos a ser
infundido é a fórmula de parkland, que determina a administração de 4 ml x
kg x % da área queimada. Metade deste fluido precisa ser administrada nas
primeiras oito horas após a lesão, e a outra metade entre a 8ª e a 24ª hora.

MEDIDAS GERAIS IMEDIATAS E TRATAMENTO DA FERIDA


Por ser um trauma de grande complexidade e requerer tratamento eficaz,
adequado e de caráter imediato, acidentes com vítimas por queimaduras
apresentam alta taxa de morbidade e mortalidade.
¬ Limpe a ferida com água e clorexidinadergermante a 2%. Na falta desta,
use água e sabão neutro;
¬ Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente,
pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se
houver lesão em pilares axilares;
¬ Curativo exposto na face e no períneo;
¬ Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido
sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%),
gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe;

78

INFECÇÃO DA ÁREA QUEIMADA SINAIS E SINTOMAS DE INFECÇÃO
EM QUEIMADURA:
1- Mudança da coloração da lesão
2- Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado;
3- Aprofundamento das lesões;
4- Mudança do odor (cheiro fétido);
5- Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara
úmida;
6- Coloração hemorrágica sob a escara;
7- Celulite ao redor da lesão;
8- Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados);
9- Aumento ou modificação da queixa dolorosa.

19. EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS:

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE/AVC)


Acidente vascular encefálico ou acidente vascular cerebral é definido pela
interrupção do fluxo Sanguíneo cerebral, ocasionado pelo acometimento da
vasculatura cerebral, pela alteração do fluxo sanguíneo, ou do sistema de
coagulação, para uma determinada região encefálica. Pode ser isquêmico ou
hemorrágico.

A etiologia do AVCI (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico) pode ser


secundária a: aterotrombose ou aterosclerose de grandes artérias, embolia de
origem cardíaca, infartos lacunares ou doenças de pequenas artérias.

A etiologia do AVCH (Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico) é causada pelo


sangramento dentro do tecido cerebral, dos ventrículos ou do espaço
subaracnóide. Cerca de 80% dos casos estão relacionados a hipertensão não
controlada. Os sintomas são produzidos quando uma hemorragia primária,
aneurisma ou malformação arteriovenosa (MAV) pressionam os nervos

79

cranianos ou o tecido cerebral vizinho ou, mais seriamente, quando um
aneurisma ou MAV se rompe causando hemorragia.

FATORES DE RISCO: Os fatores de risco podem ser divididos em não


modificáveis e modificáveis

FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS:


• Idade avançada: > 55 anos;
• Sexo: masculino;
• Raça: afrodescendente.

FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS:


• Hipertensão (seu controle é a chave para a prevenção do AVC);
• Hiperlipidemia;
• Diabetes melito (associada a aterogênese acelerada);
• Tabagismo;
• Estenose carotídea assintomática;
• Obesidade;
• Consumo elevado de bebidas alcoólicas.

80

• Fibrilação atrial(o ritmo dos batimentos cardíacos é rápido e irregular.).

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Os acidentes vasculares encefálicos podem gerar uma ampla diversidade de
déficits neurológicos, dependendo da localização da lesão, tamanho da área de
perfusão inadequada e quantidade de fluxo sanguíneo colateral. O paciente
pode apresentar-se com um dos seguintes sinais ou sintomas

• Dormência ou fraqueza da face, braço, perna, especialmente de um


lado do corpo;
• Confusão mental ou alteração do estado mental;
• Déficits verbais: afasia expressiva, afasia receptiva e afasia global;
• Déficits do campo visual: hemianopsia, perda da visão periférica e
diplopia;
• Déficits motores: hemiparesia, hemiplegia, ataxia, disartria e disfagia;
• Cefaleia intensa súbita;
• Dificuldade de interpretar estímulos visuais, táteis e auditivos.

ESCALA DE AVC PRÉ-HOSPITALAR DE CINCINNATI:


Com o nome devido à localidade onde foi desenvolvida, a escala de Cincinnati
utiliza a avaliação de 3 achados físicos em menos de um minuto:

1. Queda facial
2. Debilidade dos braços
3. Fala anormal
Paciente com aparecimento súbito de 1 destes 3 achados tem 72% de
probabilidade de um AVC isquêmico, se os 3 achados estiverem presentes a
probabilidade é maior que 85%.

TRATAMENTO CLÍNICO:
Os pacientes que sofrem AVCI devem seguir tratamento clínico para prevenção
terciária. Aqueles com fibrilação atrial ou avccardioembólicos devem ser

81

tratados com varfarina e quando for contra indicada o ácido acetilsalicílico é
a melhor opção.

Os agentes trombolíticos são usados para tratar AVCI pela dissolução do


coágulo sanguíneo e o mais Comum efeito colateral é o sangramento.

As metas do tratamento clínico são permitir ao cérebro se recuperar da


agressão inicial (sangramento), prevenir ou reduzir o risco de ressangramento
e prevenir e tratar complicações. O tratamento pode consistir em repouso no
leito com sedação para evitar agitação ou estresse, tratamento do
vasoespasmo e tratamento clínico ou cirúrgico para evitar o ressangramento.

INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA DO AVE:


• Exames de sangue (glicemia (açúcar) e testes de coagulação.
• Eletrocardiograma
• Raio x de tórax
• Exames de doppler:
• Exames de neuroimagem
• Ressonância magnética do crânio*
• Angiorressonância ou angiotomografia dos vasos extra ou
intracranianos*
• Arteriografia digital*

ASSISTÊNCIADE ENFERMAGEM
O paciente que sofreu um AVE encontra-se em risco de múltiplas
complicações, incluindo descondicionamento e outros problemas
musculoesqueléticos, dificuldade de deglutição, disfunção intestinal e vesical,
incapacidade de realizar o autocuidado, ruptura da pele.

• Avaliação do paciente por meio do histórico, exame físico e neurológico


para auxiliar na determinação exata do início do quadro (se o paciente
está ou não na janela terapêutica).

82

• Encaminhamento do paciente para o setor de exames diagnósticos de
neuroimagem;
• Monitoração hemodinâmica contínua do paciente;
• Estabelecimento de acessos venosos calibrosos;
• Avaliação periódica do nível de consciência, pupilas e força motora, cuja
finalidade é detectarprecocemente sinais de deterioração neurológica;
• Avaliação do padrão respiratório devido ao risco de o paciente
necessitar de intubação orotraqueal;
• Monitoração da glicemia: deve ser mantida entre 80 a 150 mg/dl;
• Checar e avaliar os resultados de exames laboratoriais junto à equipe
médica;
• Assistência na mobilidade e posicionamento corporal adequado;
• Realização de mudança de decúbito periodicamente (pelo menos a cada
2h);
• Assistência no autocuidado e higiene corporal;
• Auxílio durante a alimentação e, a depender do caso, realização de
sondagem nasoenteral;
• Manutenção da pele limpa e seca com hidratação e massagem (nas
áreas não avermelhadas).

EMERGÊNCIAS TRAUMATOLÓGICAS

Prehospital Trauma Life Support (PHTLS)


É um programa de formação de técnicos de saúde que atuam ao nível Pré-
hospitalar, desenvolvido pela NationalAssociationofEmergency Medical
Technicians (NAEMT) em parceria com o Comité do Trauma do Colégio
Americano de Cirurgiões (ACS/COT). O PHTLS desenvolve e divulga material
e informação científica, assim como promove a excelência na prestação de
cuidados à vítima de trauma.

83

O POLITRAUMATIZADO

Trauma em emergência é um tipo de danofísico que ocorre no corpo humano


como resultado de um algum acontecimento brusco. Pressupõe uma
experiência de dor e sofrimento.
• Considerar para efeito de atendimento, a vítima de trauma como um paciente
grave.
• considerar sempre toda vítima de acidente como uma vítima de trauma.
Atendimento sistematizado, coordenado e disciplinado, o atendimento destas
vítimas deve ser iniciado no local onde ocorreu o trauma - prosseguir durante o
transporte e completar-se no hospital. *
• Estudos demonstram que 20% das pessoas mortas em acidentes de
trânsitoapresentavam lesões que se tratadas em tempo hábil evitariam a morte.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRAUMA


Avaliação da cena: assegurar-se de que a cena é segura para equipe e para a
vítima, bem como considerar cuidadosamente a natureza exata da situação. É
importante salientar que a avalição da segurança começa desde a central de
regulação médica ou no trajeto com base nas informações transmitidas pelo
médico regulador. Antes de atender a vítima, o socorrista pode avaliar a cena
obtendo uma impressão geral da situação local, verificar a causa e os
resultados do incidente e observar familiares e testemunhas. O atendimento a
vítima deve ser adiado até que a cena esteja segura.

Os riscos para a segurança da equipe e da vítima são: fios elétricos caídos,


explosivos, materiais perigosos incluindo sangue ou fluidos corporais, tráfego
de veículos, inundações, armas (revólveres, facas) e condições ambientais.

A ANÁLISE DA SITUAÇÃO PODE ENVOLVER OS SEGUINTES


QUESTIONAMENTOS:
A) O que realmente aconteceu?
B) Por que foi solicitada ajuda?

84

C) Qual foi o mecanismo do trauma (cinemática ou biomecânica)?
D) Quantas pessoas foram envolvidas e qual a idade de cada uma delas?
E) Serão necessárias mais unidades para tratamento ou transporte?
F) São necessários mais recursos ou mais pessoal (bombeiros, IML, polícia,
companhia elétrica)?
G) É necessário equipamento especial para salvamento ou retirada das
ferragens?
H) É necessário transporte aéreo?
I) O fator que levou ao trauma pode ter sido um problema clínico?

AVALIAÇÃO DE CADA VÍTIMA: inclui uma forma inicial de triagem, de modo


que as vítimasmais graves sejam avaliadas primeiro, com ênfase em:
condições que possam resultar em perdas de vida e/ou de membros.

SITUAÇÕES DE CATÁSTROFE OU INCIDENTE DE MÚLTIPLAS VÍTIMAS:


em uma situação de desastre a prioridade muda. Em vez de dirigir todos os
recursos para a vítima mais grave, deve-se dirigi-los para o salvamento do
maior número de vítimas.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E ATENDIMENTO Á VÍTIMA


Após a análise da situação e segurança da cena, a avaliação da vítima se faz
presente, visto que esse é um fator fundamental para o melhor tratamento das
vítimas de trauma. Condições que ameacem a vida são rapidamente avaliadas,
e a intervenção de urgência e reanimação são iniciadas. Caso haja tempo,
realiza-se uma avaliação secundária, para identificar lesões que ameacem os
membros ou que não estão comprometendo a vida.

Ressalta-se que um paciente traumatizado grave que não responde ao


tratamento inicial, está provavelmente com hemorragia interna e deve ser
levado ao centro cirúrgico no menor tempo possível para um tratamento
definitivo. As principais preocupações para avaliação e atendimento do
paciente traumatizado são resumidas no famoso mnemônico (relativo à

85

memória)ABCDE do trauma, de acordo com a prioridade. Vale salientar que a
avaliação primária só é prosseguida se a etapa anterior for Corrigida

ABCDE DO TRAUMA

A – Vias aéreas (airway)


B – Respiração (breathing)
C – Circulação (circulation)
D – Disfunção neurológica (disablity)
E – Exposição (exposure)

ETAPAA – ATENDIMENTO DA VIA AÉREA E CONTROLE DA COLUNA


CERVICAL
A via aérea é rapidamente checada para garantir que esteja permeável e que
não existe perigo de obstrução. Em caso de comprometimento da via aérea,
esta precisa ser aberta por métodos manuais como a elevação do mento no
trauma ou tração da mandíbula no trauma. Próteses, dentes, aparelhos
ortodônticos, materiais orgânicos, dentre outros corpos estranhos devem ser
removidos. Caso haja necessidade e disponibilidade de equipamento, uma via
aérea avançada pode ser instalada. Quando se permeabiliza a via aérea, existe
a possibilidade de lesionar a coluna cervical, pois o movimento excessivo pode
tanto causar quanto agravar lesões neurológicas. A solução é ter certeza que
de que o pescoço foi manualmente mantido em posição neutra durante a
abertura da via aérea e a realização de ventilação necessária

ETAPA B – VENTILAÇÃO
A primeira medida consiste em administrar oxigênio eficazmente aos pulmões
da vítima. Uma vez que a via aérea esteja permeável, a qualidade e quantidade
da ventilação devem ser avaliadas:

86

• Verificar se a vítima está ventilando; caso não esteja em apneia, iniciar
imediatamente a ventilação assistida com bolsa-valva-máscara (ambu)
com oxigênio suplementar antes de continuar a avaliação;
• Assegurar que o ar inspirado contenha ao menos 85% de oxigênio;
vítimas com ventilação anormal devem ter seu tórax exposto, observado
e palpado rapidamente. Em seguida, devem-se auscultar os pulmões
para identificar murmúrio vesicular anormal, diminuído ou ausente.

ETAPA C – CIRCULAÇÃO (HEMORRAGIA E PERFUSÃO)


A oxigenação das hemácias sem que sejam encaminhadas às células do tecido
não traz nenhum benefício à vítima. Logo, deve-se identificar e tratar a
hemorragia externa na avaliação primária, porque se uma hemorragia não for
controlada de imediato, o potencial de morte do doente aumenta
consideravelmente. Deve sempre ser lembrado que cada hemácia é
importante.

O controle da hemorragia inicia-se durante a avaliação primária e deve ser


mantido durante o transporte. O socorrista, geralmente, precisa de ajuda para
manter a ventilação e controlar a hemorragia simultaneamente. Pode-se
controlar a hemorragia de acordo com as seguintes etapas: - pressão direta:
aplicar pressão no local da hemorragia por meio da um curativo com uma gaze
ou uma compressa cirúrgica sobre a lesão e aplicando pressão manual; caso
não exista pessoal suficiente, o socorrista deve lançar mão de um curativo
compressivo (bandagem elástica ou atadura); - torniquetes: são utilizados e
extremidades como último recurso. Deve ser usado apenas se as primeiras
medidas não forem resolutivas.

Pode-se obter uma avaliação geral do estado circulatório da vítima ao se


verificar: - pulso: presença, qualidade e regularidade; - pele: coloração (cianose
indica oxigenação incompleta), temperatura (pele fria indica hipoperfusão),
umidade (pele úmida indica hipoperfusão) e tempo de enchimento capilar (> 2
segundos indica que os leitos capilares não recebem perfusão adequada).

87

ETAPA D – DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
A avaliação da função cerebral é uma medida indireta da oxigenação cerebral,
cujo objetivo é determinar o nível de consciência e inferir o potencial de hipóxia.
Vítimas agressivas, combativas ou que não cooperam devem ser consideradas
em hipóxia até prova em contrário.

UM NÍVEL DE CONSCIÊNCIA DIMINUÍDO DEVE ALERTAR PARA QUATRO


POSSIBILIDADES:

1. Oxigenação cerebral diminuída (hipoperfusão ou hipóxia);


2. Lesão cerebral traumática;
3. Intoxicação por álcool ou outras drogas;
4. Distúrbio metabólico.

ESCALA DE COMA DE GLASGOW


A escala de coma de Glasgow é uma ferramenta simples e de aplicação rápida
para avaliar o nível de consciência, sendo preditiva da sobrevida do paciente. É
dividida em três ações: abertura ocular, melhor resposta verbal e melhor
resposta motora. Um escore (número de pontos)> 8 indica lesão grave; 9 a 12
lesão moderada; e 13 a 15 lesão mínima. Um escore igual ou menor que 8 é
indicação para consideração de tratamento ativo da via aérea do paciente.

ETAPA E – EXPOSIÇÃO E AMBIENTE


Retirar as roupas da vítima é fundamental para a exposição de outras lesões.
Quando todo o corpo do paciente tiver sido visto, deve ser coberto para
conservar o calor corporal. Em ambiente externo, somente as partes
necessárias devem ser expostas. Uma vez dentro da viatura, o exame pode ser
completado e recobrir o paciente o mais rápido possível.

A reanimação descreve as etapas de tratamento para corrigir problemas com


risco de vida identificados na avaliação primária. Tais manobras devem ser
precisas e sistemáticas seguindo as prioridades citadas, além de que o

88

transporte para o centro de trauma não deve ser retardado. A reposição
volêmica consiste na restauração do sistema cardiovascular por meio de
volume adequado de perfusão tão logo possível. Como o sangue e soluções
coloides geralmente não estão disponíveis no cenário pré-hospitalar, a solução
preferencial para reanimação no trauma é o ringer lactato, uma solução
cristaloide que além de sódio e cloreto, contém pequenas quantidades de
potássio, cálcio e lactato.

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
Esta avaliação consiste na avaliação cefalocaudal (da cabeça aos pés) da
vítima, sendo somente realizada após o término da avaliação primária e
tratamento de todas as lesões que ameacem a vida.
Seu objetivo é a identificação de lesões ou problemas não observados durante
a avaliação primária. A abordagem “ver, ouvir e sentir” é utilizada para avaliar a
pele e tudo que ela contém:

1. Examine toda a pele de cada região; estar atento para qualquer


hemorragia externa e sinais de hemorragia interna, como distensão
abdominal, tensão exagerada em uma extremidade ou hematoma
expansivo,
2. Observe a presença de lesões de pele, como escoriações, queimaduras,
contusões, hematomas, lacerações e ferimentos penetrantes;
3. Observar se há alguma massa, edema ou deformidade de ossos;
4. Observar se a pele tem entalhes anormais e sua coloração;
5. Observar se há algum som incomum quando o paciente inspira ou expira;
6. Observar se existe algum som anormal na ausculta torácica;
7. Verificar se o murmúrio vesicular é igual e normal em ambos os pulmões;
8. Auscultar as carótidas e em outros vasos;
9. Mover cuidadosamente cada osso na região. Observar se isso produz
crepitação, dor ou movimento incomum; palpe com firmeza todas as partes
da região.

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10. Deve ser obtido e registrado um conjunto completo de sinais vitais a cada 3
a 5 minutos, tanto quanto possível, ou a cada mudança na condição ou
problema clínico.
11. Um histórico rápido do paciente deve ser coletado através das vítimas que
estão conscientes ou parentes e transeuntes que estejam próximos,
documentado e repassado para a central de regulação.
12. O método mnemônico sampla.

MÉTODO SAMPLASERVE COMO LEMBRANÇA DE SEUS COMPONENTES-


CHAVE:

S - Sintomas: de que o paciente se queixa? Dor? Dificuldade respiratória?


dormência? Formigamento? ⎫
A -Alergias: principalmente a medicamentos.
M - Medicações: medicamentos prescritos ou não que o paciente usa
regularmente.
P -Passado médico e antecedente cirúrgico: problemas clínicos importantes
para os quais o paciente recebe tratamento; inclui cirurgias prévias.
L -Líquidos e alimentos: a alimentação recente pode aumentar o risco de
vômito e aspiração durante a indução da anestesia.
A - Ambiente: eventos que levaram ao trauma.

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)


Define-se TCE como quaisquer lesões decorrentes de um trauma externo na
região da cabeça que possa gerar alterações anatômicas do crânio,
comprometimento funcional das meninges, encéfalo ou seus vasos.

A lesão cerebral traumática (LCT) ou traumatismo cranioencefálico (TCE)


contribui significativamente para a morte de cerca de 50% de todas as vítimas
de trauma. Colisões automobilísticas continuam sendo a principal causa de
LCT em pessoas com idade entre 5 e 65 anos, e as quedas são a principal

90

causa dessas lesões em pacientes pediátricos de até 4 anos e em pessoas
idosas.
Constitui um sério problema de saúde pública que acarreta em um elevado
ônus individual, familiar e social. Atinge predominantemente indivíduos do sexo
masculino em idade produtiva, estando frequentemente associado a múltiplos
traumas. Geralmente, sequelas irreversíveis e incapacitantes são
desenvolvidas após TCE.

ETIOLOGIA:
Suas principais etiologias são: colisões automobilísticas (5 a 65 anos); quedas
(menores de 4 anos e idosos); agressões / violência interpessoal; acidentes
ocorridos em esportes e atividades recreativas.

CLASSIFICAÇÃO:O TCE pode ser classificado de diferentes formas:


Quanto ao mecanismo do trauma:
CONTUSO (fechado)ou PENETRANTE.

CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA (gravidade ou severidade)


♣TCE LEVE: ECGL 13 - 15;
♣ TCE MODERADO: ECGL 9 - 12;
♣ TCE GRAVE: ECGL ≤ 8.

CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA
Tipo de lesão: couro cabeludo, fraturas de crânio, lesões faciais; lesões
laríngeas e lesões cerebrais.
No que diz respeito à fisiopatologia, as lesões cerebrais podem ser
classificadas em:

• Lesões cerebrais primárias: resultante do trauma direto no


encéfalo associado a estruturas vasculares e ocorre no momento da
agressão inicial como laceração, lesões por cisalhamento
(deformações do corpo),esmagamentos, contusões e hemorragias.

91

• Lesões cerebrais secundárias: processos contínuos de lesão
(causas intracranianas e extracranianas) que incluem os seguintes
mecanismos:

Efeito de massa, herniação e elevação da pressão intracraniana (↑pic) –


consequente manifestação de síndromes clínicas de herniação: dilatação ou
lentidão na resposta da pupila a estímulo ipsilateral, fraqueza contralateral,
postura de decorticação ou de descerebração, respiração de cheyne-stokes e
fenômeno de cushing (uma combinação fatal de aumento acentuado da
pressão arterial com a bradicardia resultante que pode ocorrer com aumentos
acentuados da pic).

• Hipóxia, edema, isquemia, hipotensão e fluxo sanguíneo cerebral


inadequado: 4 a 6 minutos de anóxia podem gerar dano cerebral
irreversível e pressão arterial sistólica (PAS) < 90 mmhg pode levar a
um prognóstico mais reservado.

• Mecanismos celulares - insuficiência de energia, inflamação e cascatas


“suicidas”.

• Edema cerebral: ocorre frequentemente no local da lesão primária,


caracterizado por acúmulo de líquido intracelular. Pode causar resposta
inflamatória e ocorrer associado ou como resultado de hematomas.

• Hematomas intracranianos: epidurais(lesões puramente expansivas,


resultantes de lesão de baixo impacto na região temporal e laceração
da artéria meníngea média, caracterizadas por um intervalo
lúcido);subdurais(resulta de hemorragias venosas, possui
apresentações aguda e crônica, frequentes em pacientes que fazem
uso de anticoagulantes e tem como manifestações clínicas: cefaleia,
distúrbios visuais, alterações da personalidade, disartria e hemiparesia
ou hemiplegia);subaracnoidese intracerebrais.

92

ASSISTÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR AO TCE

Tem como foco o aporte apropriado de oxigênio e nutrientes, além da


identificação rápida dos pacientes com risco de herniação e com pic elevada.
Uma rápida avaliação da biomecânica e eficiente análise primária ajudará a
identificar problemas com potencial risco de morte. Segue abaixo um resumo
dos pontos mais importantes a serem observados na avaliação primária:

Ainda durante a avaliação primária, os problemas que conferem risco de morte


devem ser resolvidos pela equipe, de acordo com a ordem de prioridade:

Via aérea:
• Aspiração intermitente;
• Intubação traqueal (ecgl ≤ 8);
• Pode-se postergar a colocação do colar cervical;
• Monitorar a saturaçãodurante a intubação;
• Imobilização da coluna cervical;
• Cricotireoidostomia pode ser necessária.

VENTILAÇÃO
• A saturação deve ser mantida ≥ 95%;
• Deve-se manter frequência respiratória normais: 10, 20 e 25 ipm
(inspiração por minuto) para adultos, crianças e bebês respectivamente.
• Atentar que a hiperventilação é prejudicial para a o fluxo sanguíneo
cerebral, sendo indicada somente em casos de sinais de herniação e
fenômeno de cushing até a cessação das manifestações clínicas.

CIRCULAÇÃO
• Controle da hemorragia (couro cabeludo);
• Não usar curativo compressivo em afundamento de crânio;
• Assegurar acesso venoso calibroso e reposição volêmica em
velocidade não superior a 125 ml/h;

93

• Solução hipertônica não é recomendada: não existem evidências
robustas que sustentem essa prática.
A solução cristaloide de escolha é o ringer lactato.

DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
• Monitorar a (ECG) seriamente (5-10 min);
• Administração de benzodiazepínicos em caso de convulsões.
• A avaliação secundária deve ser realizada após resolvidos os problemas
da avaliação primária e os principais pontos que devem ser atentados
são:
• Cabeça e face devem ser palpados cuidadosamente à procura de
ferimentos, depressões ou crepitações;
• “Halo” amarelo no chumaço de algodão, sinal de battle (equimose
retroauricular) e “olho de guaxinim” (equimose periorbital): sinais
indicativos de fratura de base de crânio;
• Exame do pescoço - dor e deformidades: possibilidade traumatismo
raquimedular;
• Déficits neurológicos e sinais de lateralização;
• Histórico sampla (sintomas, alergias, medicações, passado mórbido,
líquidos e última refeição, ambiente).

Em casos de transporte prolongado, a equipe de saúde deve verificar


glicemia em paciente anormal; garantir reposição volêmica com objetivo de
PAS > 90 mmhg; observar sinais de alerta de possível ↑pic e de herniação:

• Perda de 2 pontos ou + na ecgl;


• Pupilas não reativas ou com pouca reação à luz;
• Desenvolvimento sinais de lateralização;
• Fenômeno de cushing.

94

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM)
Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa
externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou as raízes nervosas.
O trauma raquimedular, se não for reconhecido e atendido adequadamente no
local do trauma, pode resultar em lesão irreparável à medula espinhal e deixar
a vítima paralisada para sempre.
Algumas vítimas de trauma da coluna vertebral podem evoluir com lesão
medular, em consequência do movimento da coluna.
A imobilização inadequada da coluna fraturada pode produzir resultado muito
pior do que a imobilização inadequada do fêmur fraturado.

Os efeitos da lesão raquimedular afetam de maneira significativa a vítima,


acarretando um elevado ônus social, familiar e individual, afastando-os das
atividades laborativas precocemente com mudanças nas atividades da vida
diária e no nível de independência.

A ação repentina de forças violentas sobre o corpo pode mover a coluna para
além da amplitude normal de movimento, seja por impacto na cabeça ou no
pescoço, seja pelo deslocamento do tronco da sua posição abaixo do pescoço.

FISIOPATOLOGIA
Existem vários tipos de lesões da coluna vertebral que causam lesões
medulares:

• Fraturas por compressão que produzem achatamento total do corpo


vertebral ou compressão em cunha;
• Fraturas que produzem pequenos fragmentos de osso, que podem
alojar-se no canal espinhal, próximo à medula;
• Subluxação, que é o deslocamento parcial de uma vértebra do seu
alinhamento normal na coluna espinhal;

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• Superestiramento ou laceração dos ligamentos e músculos produzindo
uma relação instável entre as vértebras.

Existem alguns mecanismos específicos de trauma que causam lesão


vertebromedular, como Hiperflexão, hiperextensão, hiper-rotação, inclinação
lateral repentina e tração excessiva (superalongamento da coluna).

Assim como no TCE, existem dois mecanismos de lesão do tecido nervoso:


lesões primárias e Secundárias.

Lesão primária é decorrente do impacto ou aplicação da força pode causar


compressão medular, lesão direta (geralmente por fragmentos ósseos instáveis
ou projéteis) e/ou interrupção da oferta de sangue para a medula.

Lesões secundárias ocorrem após a injúria inicial e pode incluir edema,


isquemia ou movimento de fragmentos ósseos.
A concussão medular resulta da interrupção temporária das funções da medula
espinhal distal à lesão.

Choque medularé um fenômeno neurológico que ocorre durante um período


variável e imprevisível após a lesão da medula, resultando e perda temporária
de toda a função sensitiva e motora, flacidez e paralisia e perda dos reflexos
abaixo do nível da lesão.

A compressão da medulaé a pressão sobre causada por inchaço, mas pode


também ser causada por ruptura traumática de disco e presença de fragmentos
ósseos. Já a laceraçãoocorre quando o tecido medular é cortado ou lacerado.

Na transecção medular completa todos os tratos espinhais são interrompidos,


diferentemente da transecção incompleta.

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AVALIAÇÃO:
As prioridades ABCDE são mantidas, dando-se importância substancial na
etapa A, na qual a coluna cervical deve ser adequadamente contida
manualmente e imobilizada. A menos que seja contraindicado, a cabeça deve
ser trazida a uma posição alinhada neutra.

O socorrista deve considerar a biomecânica do trauma e que toda vítima que


apresenta trauma pelos mecanismos a seguir deve ser considerado um
potencial portado de TRM:

• Qualquer mecanismo contuso que produza um impacto violento na


cabeça, pescoço, tronco ou pelve;
• Qualquer incidente que produza aceleração ou desaceleração
repentinas ou impactos laterais que forcem o pescoço ou o tronco;
• Qualquer queda, especialmente em idosos; em pacientes pediátricos
quedas de lugares altos (geralmente duas a três vezes a altura do
paciente), de triciclo ou bicicleta, e atropelamento por veículo automotor;
• Ejeção ou queda de qualquer veículo motorizado ou acionado por outro
mecanismo de movimentação;
• Qualquer vítima de acidente de mergulho em águas rasas.

SINAIS E SINTOMAS DE TRAUMA DA COLUNA:


• Dor no pescoço ou nas costas;
• Dor ao mexer o pescoço ou as costas;
• Dor à palpação da região posterior do pescoço ou da linha média das
costas;
• Deformidade da coluna vertebral;
• Defesa ou contratura da musculatura do pescoço ou das costas;
• Paralisia, paresia, dormência ou formigamento nas pernas ou braços,
em qualquer momento após o incidente;
• Sinais e sintomas de choque neurogênico;
• Priapismo (excitação sexualem homens).

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INDICAÇÕES PARA IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA
O ponto chave é uma boa avaliação e, em caso de dúvida, imobilizar. No caso
de vítimas de traumas penetrantes (ferimentos por arma de fogo ou arma
branca), na cabeça, pescoço e tórax, deve-se suspeitar de mecanismo de
lesão preocupante quando houver unção motora ou sensitiva, ou, ainda, perda
de consciência.Se não houver nenhum dos sintomas citados, não existe
necessidade de imobilização da coluna.

Algumas condições no trauma contuso apontam para a necessidade de


imobilização espinhal:
• Alteração do nível de consciência, com escore na escala de coma de
Glasgow menor do que 15.
• Dor ou sensibilidade na coluna.
• Déficit ou sintoma neurológico
• Deformação anatômica da coluna.

TRATAMENTO
O tratamento da coluna possivelmente instável é composto pela imobilização
da vítima, alinhada em posição neutra, geralmente em prancha longa. A
cabeça, o pescoço, o tronco e a pelve devem serimobilizados alinhados em
posição neutra, impedindo qualquer movimento da coluna instável que
possaresulta em dano medular. A imobilização da coluna segue a regra geral: a
imobilização da articulação acima(cabeça) e da articulação abaixo da lesão
(pelve).

Quanto à estabilização manual da cabeça, deve ser feita segurando-a e


movendo-a até uma posição neutra e alinhada, sem tração significativa na
cabeça e no pescoço. Movimentar a cabeça para uma posição neutra alinhada
apresenta menos risco do que transportar a vítima com a cabeça em posição
angulada.

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Caso a movimentação cuidadosa da cabeça e do pescoço em direção a uma
posição alinhada e neutra provoque qualquer uma das seguintes reações, ela
deve ser imediatamente interrompida:
• Resistência ao movimento;
• Espasmos dos músculos do pescoço;
• Aumento da dor;
• Início ou aumento de déficit neurológico, como adormecimento,
formigamento ou perda de motricidade;
• Comprometimento da via aérea ou da ventilação.

No que diz respeito aos colares cervicais rígidos, de maneira isolada, não
imobilizam adequadamente, apenas ajudam a sustentar o pescoço e impedir
movimentos. Limitam a flexão em quase 90% e a extensão, flexão lateral e
rotação em cerca de 50%. Devem sempre ser utilizados com estabilização
manual ou imobilização mecânica.

Sua finalidade principal é proteger a coluna cervical de compressão. É


importante que o colar cervical seja o tamanho correto e que não esteja
apertado demais ao ponto de comprimir as veias do pescoço e causar elevação
da pressão intracraniana. Ademais, não devem impedir a abertura da boca da
vítima, espontânea ou realizada pelo socorrista caso ocorra vômito; e não
devem obstruir ou dificultar a ventilação.

O tronco deve ser imobilizado antes da cabeça ao dispositivo (prancha) rígido e


fixado com tiras para que a cabeça e o pescoço fiquem apoiados e
imobilizados quando presos a ele.

Em algumas vítimas, a colocação da cabeça no nível da prancha pode levar à


hiperextensão acentuada e, para evitá-la, é necessário colocar um coxim entre
a prancha e a cabeça. Já em crianças pequenas (menores de 7 anos), o
tamanho da cabeça é proporcionalmente maior com relação ao restante do
corpo. Isso associado ao menor desenvolvimento da musculatura posterior do

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tórax faz com que a cabeça fique em hiperflexão, quando a criança é posta em
prancha longa. Para prevenir essa hiperflexão, é necessário colocar um coxim
sobre os ombros e o tronco da criança.

TRAUMAS TORÁCICOS
Uma força contusa aplicada à caixa torácica em colisões automobilísticas,
quedas de grandes alturas, agressões ou lesões por esmagamento podem
causar ruptura da anatomia e da fisiologia normais dos órgãos torácicos. Da
mesma forma, feridas penetrantes produzidas por armas de fogo, armas
brancas ou objetos empalados, como vigas de aço, podem ferir o tórax.

A maioria dos pacientes é tratada com intervenções relativamente simples


como oxigênio suplementar, suporte ventilatório, analgesia e toracotomia com
drenagem. Poucos casos possuem como tratamento definitivo a toracotomia.

Hipóxia, hipercapnia, acidose e choque podem ser consequências de


tratamento inicial inadequado de lesões torácicas.

FISIOPATOLOGIA
Lesões penetrantesno tórax podem gerar feridas que criam uma comunicação
entre a cavidade torácica e o meio externo. Assim, o ar tende a penetrar no
espaço pleural pela ferida durante a inspiração quando a pressão intratorácica
é menor do que a pressão externa.

O ar no espaço pleural (pneumotórax) rompe a aderência entre as pleuras,


permitindo que o pulmão sofra colabamento. Os ferimentos pulmonares por
objetos penetrantes também permitem a saída de ar do pulmão para o interior
do espaço pleural. De ambas as formas, a vítima apresenta respiração rápida e
esforço respiratório. Tecidos lacerados e vasos sanguíneos lesionados podem
causar hemorragia no interior do espaço pleural (hemotórax), impedindo a
expansão pulmonar do lado afetado.

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Em relação aos traumas fechados (lesões contusas), a onda de energia
transmitida no impacto pode lesionar o tecido pulmonar, causando hemorragia
no interior dos alvéolos (contusão pulmonar). Se a força aplicada lesionar a
pleura parietal, ar pode escapar do pulmão para o espaço pleural.
Pode também causar fraturas de costelas, com subsequente laceração do
tecido pulmonar, hemotórax e pneumotórax, ruptura degrandes vasos e
instabilidade da caixa torácica.

AVALIAÇÃO
Como em toda cena de trauma, primeiro verifica-se a situação e a segurança
da cena. Durante a avaliação primária as prioridades ABCDE são seguidas.
Um breve histórico sampla pode ser coletado com familiares ou com o próprio
paciente, caso esteja consciente e em condições de verbalizar.

Quanto à avaliação secundária, é importante estar atento às seguintes


recomendações:

OBSERVAÇÃO: palidez cutânea, sudorese, cianose, apreensão (sinais de


evidente hipóxia avançada). Frequência ventilatória e sinais de dificuldade
respiratória (dispneia, uso de musculatura acessória, batimentos de asas de
nariz). Alinhamento da traquéia, simetria da parede torácica, distensão de veias
jugulares,equimoses, abrasões e lacerações na pele do tórax.

AUSCULTA: diferenças dos murmúrios vesiculares entre os hemotórax,


crepitações, bulhas cardíacas abafadas, sopros.

PALPAÇÃO: presença de pontos dolorosos, crepitações, enfisemas


subcutâneos, instabilidade da parede torácica.

PERCUSSÃO: dificilmente utilizado no pré-hospitalar. Um som abafado pode


indicar hemotórax ou contusão pulmonar. Um som timpânico pode indicar
pneumotórax.

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OXIMETRIA DE PULSO: verificar a resposta do paciente frente à terapia
instituída.

TRATAMENTO DE LESÕES ESPECÍFICAS


FRATURAS DE COSTELAS
A localização mais comum é a face lateral das costelas 4 e 8, que são finas e
menos protegidas pela musculatura. A ponta quebrada da costela pode
lesionar o músculo, pulmões, vasos sanguíneos, podendo causar contusão
pulmonar. Fraturas de costelas inferiores podem ser associadas a lesões
esplênicas e hepáticas.

Os pacientes queixam-se de dor torácica e dispneia. Podem ser observados


sinais de dificuldade respiratória, sensibilidade da parede torácica e crepitação.
Devem ser feitas avaliações frequentes dos sinais vitais, com especial atenção
à frequência respiratória.

O tratamento inicial consiste no alívio da dor, obtenção de um acesso venoso


calibroso. A vítima é estimulada a manter inspirações profundas e a tossir para
evitar atelectasia. A administração de oxigênio e assistência ventilatória podem
ser necessárias.

TÓRAX INSTÁVEIS (RETALHO COSTAL MÓVEL)


A instabilidade do tórax acontece quando duas ou mais costelas adjacentes
são fraturadas em pelo menos dois lugares. Geralmente associado à contusão
pulmonar, o que aumenta o comprometimento da ventilação e troca gasosa.

À inspeção, quando os músculos respiratórios se contraem para elevar as


costelas e abaixar o diafragma, o seguimento contundido se move,
paradoxalmente, para dentro, em resposta à pressão negativa criada no interior
da caixa torácica. A vítima de queixa de dor intensa, não consegue respirar
profundamente, a frequência respiratória se eleva, apresenta sensibilidade e
potencialmente crepitação sobre o segmento afetado.

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O tratamento inicial pode incluir alívio da dor, acesso venoso calibroso, suporte
ventilatório (CPAP, bolsa-valva-máscara, intubação endotraqueal, ventilação
com pressão positiva) e monitoramento da oximetria de pulso e dos sinais de
agravamento.

PNEUMOTÓRAX SIMPLES
É causado pela presença de ar no espaço pleural e os achados são
semelhantes aos de uma fratura de costelas. O paciente se queixa de dor
pleurítica e os achados clássicos são diminuição de murmúrio vesicular do lado
da lesão e timpanismo à percussão. Pode evoluir rapidamente para um
pneumotórax hipertensivo, por isso é preferível que seja transportado por uma
viatura de suporte avançado. O socorrista administra oxigênio suplementar,
institui acesso venoso calibroso, monitora a oximetria e se prepara para tratar o
choque.

PNEUMOTÓRAX ABERTOS (“FERIMENTO TORÁCICO SOPRANTE”)


Envolve um pneumotórax associado a um defeito na parede torácica que
permite que o ar proveniente do exterior entre e saia do espaço pleural com
esforço ventilatório. Quando o paciente tenta inspirar, o ar atravessa a ferida e
penetra no espaço pleural devido à pressão negativa. A passagem do ar cria
um ruído característico.

A ventilação eficaz é inibida, tanto pelo colapso pulmonar do lado afetado,


quanto pelo fluxo de ar preferencial para o espaço pleural em vez dos alvéolos.
O paciente geralmente revela sinais de insuficiência respiratória evidente,
apresentando-se ansioso, taquipnéico e taquisfigmo (frequência da pulsação
aumentada).

O tratamento inicial envolve o selamento do defeito na parede torácica com um


curativo de três pontos (permite o escape de ar para o meio externo durante a
expiração) e administração de oxigênio suplementar. Casos essas medidas

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não funcionem, a intubação endotraqueal e ventilação com pressão positiva
podem ser necessárias.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVOS
Ocorre quando o ar continua a entrar no espaço pleural e é aprisionado, com
gradual aumento da pressão intratorácica, piora do comprometimento
ventilatório e redução do retorno venoso ao coração, resultando em profundo
choque. A maior pressão do lado acometido pode empurrar as estruturas
mediastinais para o outro lado da cavidade.

Doentes com probabilidade de pneumotórax apresentam risco aumentado de


pneumotórax hipertensivo. As vítimas podem manifestar apreensão e
desconforto, queixam-se de dor torácica e dificuldade para respirar, exibem
agitação crescente e sofrimento respiratório.

Os achados clássicos são desvio traqueal em direção contrária à lesão,


diminuição dos murmúrios vesiculares e percussão timpânica no lado da lesão.
Outros achados são a turgência venosa jugular, crepitação da parede torácica
e cianose. A taquicardia e taquipnéia ficam cada vez mais acentuadas à
medida que a pressão intratorácica se eleva, culminando em hipotensão e
choque descompensado.

A prioridade do tratamento é a descompressão do pneumotórax hipertensivo,


sendo realizada na presença de três achados: piora do desconforto respiratório
ou dificuldade de ventilação com bolsa-valva máscara; ausência ou redução
unilateral dos sons respiratórios e choque descompensado (pressão arterial
sistólica < 90 mmhg). A administração de oxigênio a 85% é imperativo e a
assistência ventilatória com pressão positiva só é indicada se o paciente não
responder à suplementação de oxigênio.

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HEMOTÓRAX
Consiste na presença de sangue no espaço pleural e pode representar uma
fonte de perda sanguínea importante, pois pode acomodar de 2.500 a 3.000 ml.
A hemorragia pode ter origem na parede da musculatura torácica, nos vasos
intercostais, no parênquima pulmonar, nos vasos pulmonares ou nos grandes
vasos do tórax.
As manifestações clínicas são dor torácica, dispneia, desconforto respiratório,
sinais de choque (taquicardia, taquipnéia, confusão, palidez e hipotensão) e
percussão abafada do lado da lesão.

O tratamento inicial inclui a instituição de acessos venosos calibrosos para


reposição volêmica adequada e a administração de altas concentrações de
oxigênio. O transporte rápido para um hospital equipado é imprescindível, para
intervenção cirúrgica imediata.

CONTUSÃO CARDÍACA
Causada frequentemente pela aplicação de força na região anterior do tórax,
sobretudo num evento de desaceleração. Isto posto, o coração é comprimido
entre o esterno e a coluna vertebral, aumentando à pressão abruptamente nos
ventrículos, podendo causar, às vezes, lesões valvulares e, raramente, ruptura
cardíaca.

Algumas consequências da contusão cardíaca são: arritmias cardíacas


(taquicardia sinusal, extra-sístoles ventriculares, taquicardia ventricular e
fibrilação ventricular); distúrbios da condução ventricular, queda do débito
cardíaco e choque. Por outro lado, na vigência de lesões valvulares, as vítimas
podem manifestar sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, como taquipnéia,
estertores, turgência de jugular e aparecimento de sopro cardíaco.

O socorrista deve estar atento à presença de coluna de direção distorcida,


quando da avaliação da biomecânica, pois sugere mecanismos causadores

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dessas lesões. O afundamento de esterno é um dos sinais mais preocupantes
e sugestivos.

O tratamento inicial consiste na administração de oxigênio em alta


concentração, estabelecimento de acesso venoso calibroso para reposição
volêmica, monitorização cardíaca, terapia antiarrítmica de acordo com o
protocolo e, caso necessário, suporte ventilatório.

TAMPONAMENTO CARDÍACO
Ocorre quando um ferimento cardíaco permite o acúmulo agudo de fluido entre
o saco pericárdico e o coração, que pode acomodar até 300 ml de líquido.
Devido ao saco pericárdico ser inelástico, a pressão do fluido acumulado se
eleva rapidamente, dificultando o retorno e débito cardíacos.
A cada contração cardíaca, mais líquido pode extravasar para dentro do saco
pericárdico. Isso pode se agravar até precipitar uma atividade elétrica sem
pulso(AESP). Cabe salientar que a causa mais comum é ferimento por arma
branca.

Logo, qualquer vítima com ferimento penetrante na região do coração deve ter
suspeita de tamponamento cardíaco. A tríade de becké um conjunto de
achados indicativos de tamponamento cardíaco: bulhas cardíacas abafadas ou
distantes, turgência jugular e hipotensão.

O tratamento consiste em transporte rápido e monitorado até um hospital,


administração de oxigênio em alta concentração, obtenção de acesso venoso e
reposição volêmica criteriosa. A drenagem de parte do fluido pericárdico por
pericardiocentese geralmente é uma manobra eficaz para ganhar tempo.

RUPTURAS DE DIAFRAGMA
Pode ocorrer por traumas contusos ou penetrantes. Qualquer penetração
abaixo dos mamilos ou no nível da ponta escapular ou aplicação de força
suficiente para aumentar abruptamente a pressão abdominal podem romper o

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diafragma. Pode ocorrer associado a disfunção respiratória, fraturas das
costelas, hemotórax, pneumotórax.

A ruptura diafragmática pode causar uma herniação do intestino ou de outras


estruturas através da laceração, produzindo uma compressão parcial do
pulmão. À avaliação, o paciente revela esforço respiratório agudo, pode estar
ansioso, taquipnéico e pálido. Pode apresentar contusões da parede torácica,
crepitação óssea ou enfisema subcutâneo. Os murmúrios vesiculares no lado
afetado podem estar diminuídos, ou os ruídos hidroaéreos podem ser
auscultados sobre o tórax.

O transporte imediato para um centro de trauma é prioridade máxima e o


tratamento inicial inclui administração de oxigênio suplementar em alta
concentração e deve ser feito suporte ventilatório.

TRAUMAS ABDOMINAIS
As lesões abdominais não reconhecidas são uma das principais causas de
morte em vítimas de trauma. As mortes precoces resultam tipicamente de
perda maciça de sangue, por isso, todo do paciente com choque inexplicado
deve ser considerado com hemorragia intra-abdominal até que se prove o
contrário. Quando lesionados, os órgãos sólidos e vasculares (fígado, baço e
veia cava) sangram, ao passo que os órgãos ocos (intestino, vesícula biliar e
bexiga) derramam seu conteúdo dentro da cavidade peritoneal ou no espaço
retroperitoneal. Adicionalmente, a liberação de ácidos, enzimas digestivas ou
bactérias do trato gastrointestinal (TGI) para o interior da cavidade peritoneal
resultam em peritonite e sepse, quando prontamente não tratada por
intervenção cirúrgica.

Ferimentos torácicos penetrantes abaixo do diafragma podem lesar órgãos


abdominais. Já os traumas contusos resultam de forças de compressão ou de
cisalhamento, a qual rompe órgãos sólidos ou vasos sanguíneos da cavidade
abdominal, em virtude da tração exercida sobre os ligamentos de fixação.

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Vale lembrar que o aumento da pressão intra-abdominal decorrente da
compressão pode romper o diafragma e causar herniação dos órgãos
abdominais para a cavidade torácica.

AVALIAÇÃO
Deve ser garantida a segurança da cena e mantidas as prioridades ABCDE.
Além da coleta dos dados relacionados ao histórico sampla, outras perguntas
podem ser feitas, a depender do mecanismo da lesão:

Tipo de colisão e posição da vítima no veículo.


• Extensão do dano ao veículo, deformidade do volante e necessidade de
retirada prolongada.
• Uso de dispositivos de segurança, incluindo cinto de segurança,
acionamento de air bagse a presença de cadeirinhas de criança.
• Tipo de arma utilizada.
• Número de vezes que a vítima foi atingida por arma de fogo ou arma
branca.
• Quantidade de sangue no local.

As alterações encontradas possuem correlação com o grau de choque


apresentado pela vítima. O indicador mais confiável de sangramento intra-
abdominal é a presença de choque de origem inexplicada. Por isso, o
socorrista deve notar sinais sutis como leve ansiedade ou agitação, ao passo
que vítimas com hemorragias severas apresentam depressão acentuada do
nível de consciência. Cabe lembrar que gestantes, devido ao aumento do
volume e débito cardíacos, podem não manifestar sinais clássicos de choque.

As habilidades propedêuticas mais utilizadas durante o exame físico abdominal


no cenário pré-hospitalar são a inspeção e a palpação. O abdome deve ser
exposto e examinado à procura de lesões de partes moles (contusões,
abrasões, ferimentos por arma de fogo e ferimentos por arma branca) e

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distensão. Os sinais de grey-turner(equimose que acomete os flancos) e de
cullen(equimose periumbilical) indicam sangramento retroperitoneal.

A palpação é feita para identificar áreas dolorosas e deve ser iniciada por uma
área na qual a vítima não se queixe de dor. A bacia também deverá ser
cuidadosamente palpada para pesquisar instabilidade e dor. Ademais, alguns
achados sugerem diagnóstico de peritonite como: dor abdominal significativa à
palpação ou com a tosse, defesa involuntária, dor à percussão e ruídos
hidroaéreos diminuídos ou ausentes.

O abdome não deve ser palpado nem percutido em vítimas com objetos
encravados, pois isso pode provocar mais lesão orgânica pela ponta distal do
objeto.

Em casos de vítimas gestantes, não se deve perder tempo tentando auscultar


os batimentos cardiofetais. Porém, a genitália deve ser examinada para
verificação de evidências de sangramento vaginal. Perda de tampão mucoso e
contrações indicam que o trabalho de parto prematuro foi iniciado.

TRATAMENTO
Vítimas de trauma contuso precisam ser imobilizadas adequadamente. No caso
de gestantes, se houver indicação de imobilização da coluna, a prancha deve
ser elevada em 10 a 15 cm do lado direito para prevenir a compressão
aortocava que diminui o retorno venoso, o débito cardíaco e, por conseguinte, o
fluxo úteroplacentário.

A intervenção cirúrgica precoce é a chave para a sobrevida do paciente


instável com trauma abdominal.

Administra-se oxigênio suplementar para manter a saturação em 95% ou mais


e faz-se suporte ventilatório conforme o necessário. A hemorragia externa é
controlada por compressão direta ou por curativo compressivo.

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Obtêm-se dois acessos venosos calibrosos para reanimação volêmica
parcimoniosa. Na ausência de lesão cerebral traumática, a pressão arterial
sistólica deve ser mantida entre 80 a 90 mmhg. A calça pneumática antichoque
(pasg) pode ser considerada para transportes prolongados e na ausência de
objetos empalados (encravados), ruptura diafragmática, gravidez e
evisceração.

O socorrista não deve mover nem remover objetos encravados, visto que são
retirados apenas noCentro cirúrgico. A extremidade distal do objeto pode estar
contendo ativamente um sangramento. OSocorrista deve estabilizá-lo e
imobilizá-lo manual ou mecanicamente. Se houver sangramento em volta, deve
ser feita compressão direta em volta do ferimento.

Não se deve tentar colocar o tecido eviscerado de volta na cavidade


abdominal. Deve-se protegê-lo para que não sofra mais lesão, cobrindo-o com
curativo limpo ou estéril umedecido com solução salina. Esses curativos devem
ser periodicamente reumedecidos para evitar que sequem.

TRAUMAS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS
As lesões musculoesqueléticas raramente representam uma condição de risco
imediato à vida.
O socorrista deve ter três considerações primárias ao tratar de lesões de
extremidades:

1. Manter as prioridades de avaliação, isto é, não se distrair com lesões


dramáticas que não conferem risco de morte.

2. Reconhecer lesões potencialmente fatais.

3. Reconhecer a cinemática que produziu as lesões musculoesqueléticas e a


possibilidade de outras lesões com risco de morte.

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AVALIAÇÃO
As lesões musculoesqueléticas podem ser classificadas em três tipos:

• Lesões associadas a risco de morte resultantes de trauma


musculoesqueléticos (TME), tais como a hemorragia externa ou a
hemorragia interna associada a fraturas pélvicas ou femorais com perda
sanguínea fatal.
• TME que não acarreta risco de morte, associado a trauma
multissistêmico com risco de morte.
• TME isolado, que não acarreta risco de morte (fraturas isoladas em
membros).

Deve-se sempre atentar que a avaliação primária está focada na identificação e


resolução dos principais problemas que possuem risco para a vida (ABCDE).
Cumpre ressaltar que o entendimento da cinemática pode propiciar um alto
índice de suspeita das lesões que a vítima pode ter sofrido.

Durante a avaliação secundária, a exposição do corpo da vítima é de extrema


importância para identificação de lesões não detectadas na avaliação primária.
A vítima deve ser questionada sobre presença de dor nos membros.

A avaliação das extremidades também inclui:

• Ossos e articulações: inspeção à procura de deformidades ósseas que


possam representar fraturas ou luxações. Presença de dor ou crepitação
à palpação.
• Lesões de tecidos moles: inspeção à procura de aumento de volume,
lacerações, abrasões, hematomas, ferimento e observação da cor da
pele.
• Perfusão: avaliada pela palpação dos pulsos distais e observação do
tempo de enchimento capilar.

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• Função neurológica: avaliação da função motora e sensitiva dos
membros, por meio de perguntas sobre se o doente sente alguma
fraqueza ou sobre a presença de quaisquer sensações anormais de
formigamento ou dormência.

TRATAMENTO
O tratamento geral da suspeita de lesão em membros inclui as seguintes
etapas:

1. Tratar quaisquer lesões que ameacem a vida, encontradas na avaliação


primária.
2. Interromper quaisquer sangramentos e tratar o paciente em choque.
3. Avaliar a função neurovascular distal.
4. Sustentar a área da lesão.
5. Imobilizar o membro ferido, incluindo a articulação acima e a articulação
abaixo do sítio de lesão.
6. Reavaliar o membro ferido após a imobilização, para verificação de
alterações na funçãoneurovascular distal.
7. Tratar adequadamente a dor.

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20. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia: Os termos foram retirados do: ”PEQUENO DICIONÁRIO DE


TERMOS MÉDICOS”.
Ministério da saúde. Brasil. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de
atenção especializada. Manual de rotinas para atenção ao avc. Brasília.
Ministério da saúde, 2013.

Ministério da saúde. Brasil. Secretaria de ciência, tecnologia e insumos


estratégicos. Departamento de assistência farmacêutica e insumos
estratégicos. Relação nacional de medicamentos essenciais: rename 2013/
ministério da saúde, secretaria de ciência, tecnologia. 8ª ed. Brasília: ministério
da saúde, 2013.

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Secretaria municipal da saúde de são Paulo. Divisão técnica de fiscalização,


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hospitalar em suporte básico de vida. 7a rev. 2011.

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http://www20.anvisa.gov.br/
segurancadopaciente/images/documentos/livros/livro1-assistencia_segura.pdf.

Conselho federal de medicina. Resolução nº 1.480, de 08 de agosto de 1997. A


morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e

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