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Aula 10

Sociologia p/ ENEM 2016


Professores: Rafael D. Ferreira, Sergio Henrique
Ciências Humanas e
suas tecnologias
Sociologia
Tema: Cultura e
choques culturais no Brasil.
Professor: Sérgio Henrique
SUMÁRIO
00. Bate papo inicial. Pág. 02
1. Cultura e ideologia. Pág. 03
2. Definições antrolopológicas de cultura. Pág. 07
3. Etnocentrismo e relativismo cultural. Pág. 09
4. Cultura, ideologia e indústria cultural. Pág. 11
5. Cultura erudita e popular. Pág. 15
6. Considerações finais. Pág. 22

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00. BATE PAPO INICIAL.
Olá amigo estudante. É com muita alegria que o recebo
novamente para falarmos de sociologia. Estudar as aulas anteriores, é
fundamental para que você possa compreender muitas das coisas que
vamos tratar aqui. Leia com atenção seu texto de apoio e assista as
vídeo-aulas. Leia e releia e pratique exercícios. Aos poucos o conteúdo
básico vai ficar retido na sua memória. Claro que para isso é muito
importante você fazer suas próprias anotações, ou em forma de
resumo ou anotações nos exercícios, não importa, você escolhe. O
importante é estudarmos bastante e nos concentrarmos nos estudos.
Estimule sua disciplina e procure motivação pensando em seus sonhos.
Bons estudos.

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1. CULTURA E IDEOLOGIA.
Quando se fala em Cultura, é comum ouvirmos que uma pessoa
é mais “culta” por ter aprendido vários idiomas, ou por ela ser muito
bem informada, ler livros, tem um alto grau de conhecimento, como
uma graduação, pós-graduação, conhecer obras literárias e de arte. E
uma pessoa considerada não “culta” é a que não domina tais
conhecimentos. Além disso, há também um pré-julgamento referente
a diferentes povos, quando consideramos que algumas sociedades são
mais desenvolvidas que outras. Essa forma de avaliar os indivíduos e
os diferentes povos parte de um juízo de valor que tem como base o
senso-comum, sendo construído através de elementos ideológicos
determinados através da relação de poder de determinados grupos
sobre outros.
Vamos entender um pouco sobre o conceito de Cultura e
Ideologia, e como eles se relacionam e influenciam a nossa sociedade.

Os diferentes conceitos de Cultura:


O Ser humano só se constitui em sociedade, e a partir disso ele
se torna um ser social com base nas relações que estabelece entre os
seus. Cultura é tudo aquilo que o indivíduo constrói através de seu
conhecimento, o modo de agir, de se comportar, de falar, de se
comunicar, ou seja, tudo que o ser humano vivencia, realiza e
transmite através da linguagem e símbolos.
A Cultura não é medida, ou indica superioridade em relação a
qualquer outra manifestação cultural, pois todos os grupos sociais
possuem cultura, sendo um conjunto de crenças, regras,
manifestações, técnicas, tradições, ensinamentos e costumes,

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produzidos numa sociedade, é toda a produção de conhecimento
humana.
Há diferentes pontos de vista sobre o Conceito de Cultura, e o
primeiro olhar sobre esse conceito está no significado do termo.
O sociólogo alemão Norbert Elias, através de uma pesquisa
etimológica expôs o significado da palavra Cultura, que derivou dos
termos em alemão Kultur e Zivilisation.
 Kultur: Termo usado para se referir aos aspectos não materiais
(intelectuais, artísticos, religiosos) da sociedade.
 Zivilisation: Termo usado para se referir aos aspectos materiais
de uma cultura (todo tipo de utensílios, ferramentas,
instrumentos, máquinas, hábitos alimentares, tipos de
habitação, etc.).
Os dois termos estabelecidos após a Primeira guerra mundial,
deu origem ao termo Cultura e reconheceu a civilização como um
processo, em plena transformação social.
Um segundo olhar sobre o conceito de Cultura é sobre a
compreensão da vida social e as diferentes sociedades, como se
organizam, os diferentes comportamentos e o modo de vida, sendo
assim, surgiram diversos estudos para entender as diferenças que
levaram a cada grupo social se estabelecer da forma que achasse
necessário, com isso surge conceitos como o determinismo biológico e
geográfico.

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Determinismo Biológico:
As diferenças entre os seres
humanos são explicadas
com base em
características biológicas
herdadas, que as
características culturais dos
povos, são influenciadas
pela herança genética.

Ex: Português é burro por ter nacionalidade portuguesa, japonês é


mais inteligente por ter nacionalidade japonesa.

Determinismo Geográfico: As
diferenças entre os seres humanos
são explicadas com base em
características geográficas, que o
meio ambiente e os aspectos
naturais influenciam a fisiologia e a
psicologia humana, ou seja, que a
natura determina a ação humana.
Ex: Os indivíduos que nasceram
numa região quente, como é o caso
dos brasileiros são mais
preguiçosos, e os que nasceram numa região fria, como é o caso dos
europeus são mais ativos.

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O ser humano distinguiu-se dos outros animais e demais
espécies, pois grande parte de seu comportamento não se desenvolve
naturalmente em relação ao mundo e não são determinados pelos seus
genes ou regiões, mas é necessário que se aproprie da realidade na
qual está inserido e aprenda para adquirir a maior parte de suas formas
de comportamento. Essa capacidade humana se deu a partir da
possibilidade de criar sistemas que constituem as linguagens, e através
disso nos comunicarmos e transmitirmos nossas experiências e visões
de mundo.
Nesse sentido fica muito claro a oposição aos determinismos
destacados a cima, o papel da Antropologia é tentar entender como
se estabelecem essas diferentes culturas e todos os aspectos e
transformações sociais ao longo da história, tendo como base a
capacidade humana de criar cultura.
Todo o conhecimento do mundo organizado, comunicado e
compartilhado como hoje está estabelecido, é decorrente de um legado
cumulativo fundamental para interpretar a realidade e agir sobre ela,
e assim transformá-la, é o que a Ciências Sociais afirmam como
Cultura Humana. O ser humano produz e reproduz a realidade tendo
como base seus próprios interesses e necessidades, a partir da
construção histórica de cada grupo social transmitindo toda a
construção de um povo sob a forma de conhecimento. A experiência
de cada grupo social, de cada povo gera diversas interpretações da
realidade que nos cerca, é por isso que encontramos padrões de vida,
de pensamentos tão diferentes, pois cada cultura tem raízes,
significados e características próprias.

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2. DEFINIÇÕES ANTROPOLÓGICAS DE CULTURA.
Uma das primeiras definições de cultura foi dada pelo
antropólogo inglês Edward B. Tylor (1832-1917). De acordo com Tylor
cultura é “o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade”. Trata-
se de uma definição universalista e evolucionista, isto é, Tylor
acreditava na ideia de progresso, analisando culturas e as colocando
dentro de uma escala evolucionista, avaliando-as como inferiores ou
superiores. Adotando o método comparativo Tylor considerava que as
diferenças culturais dos povos primitivos para os civilizados se davam
no grau de avanço no caminho da cultura. O antropólogo define que
cultura se apresenta como uma palavra neutra, que permite pensar
toda a humanidade, num sentido universal que trata de expressar a
totalidade da vida social humana.
Já o antropólogo alemão Franz Boas (1884-1942), naturalizado
norte-americano que desenvolveu a maior parte de seus trabalhos nos
Estados Unidos, tem uma visão diferente da de Tylor, Boas tinha uma
visão particularista, criticando a concepção de cultura do Tylor. Ele
pesquisou diferentes formas culturais, e apontando que a função da
Antropologia era estudar as diferentes culturas de forma histórica,
recusando qualquer generalização que não pudesse ser demonstrado
por pesquisa concreta. Boas estudava “culturas” e não cultura, levando
em conta as particularidades históricas e complexidades de cada
cultura, pois cada uma delas é especifica e única e cada cultura
representa uma totalidade singular.
Uma outra crítica ao evolucionismo cultural veio da análise
funcionalista de Bronislaw Malinowski (1884-1942), antropólogo

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inglês, afirmava que as culturas podem assumir diferentes formas, que
são explicadas pelas estruturas sociais necessárias à conservação da
dinâmica social, e que para fazer uma análise objetiva, era necessário
examinar as culturas em seu estado atual, sem preocupações com suas
origens. As culturas para Malinowski eram sistemas funcionais e
equilibrados, formados por elementos interdependentes que lhes
davam características próprias, e por serem interdependentes, as
necessidades básicas, como alimento, proteção e reprodução, ou seja,
os elementos considerados importantes para a constituição de uma
cultura não poderiam ser examinados de forma isolada.
O antropólogo Lévi-Strauss (1926-2006) elaborou uma outra
perspectiva para se analisar as culturas, chamada de Estruturalista,
ele vê a cultura como um conjunto de sistemas simbólicos, entre as
quais se inclui a linguagem, as regras matrimoniais, a arte, a ciência,
a religião e as normas econômicas que atuam de modo integrado e
constituem a totalidade social. Seu método tem por base analisar o
que era comum nas sociedades, ou seja, elementos universais na
cultura (estruturas), regras universais e os elementos indispensáveis
para a vida social. Através de seus estudos demonstrou a presença da
proibição do incesto (relações sexuais entre irmãos ou entre pais e
filhos), como elemento essencial que se encontram em todas as
sociedades ditas primitivas. Portando para Strauss as culturas
interagem entre si, influenciando-se mutuamente em diferentes graus
com base em relações datadas no tempo e no espaço.

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3. ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO CULTURAL.
A partir de tudo que já vimos e estudamos, fica clara a existência
de diversas culturas, com isso diferentes hábitos, costumes, regras,
padrões e religiões. Podemos perceber isso quando viajamos para
outro lugar que não conhecíamos, e nos deparamos com outra
realidade bem diferente da que estamos acostumados. No primeiro
momento temos uma sensação de estranheza, o que é normal, pois
estamos pré-julgando com base nos nossos valores e costumes, no que
estamos acostumados. Quando, no entanto, esse estranhamento se
transforma em repúdio e na dificuldade de aceitação das diversidades
em uma sociedade ou em sociedades diferentes, considerando que a
sua cultura é superior a todas as demais, estamos diante de um
comportamento denominado etnocentrismo.

Etnocentrismo: É a visão de
mundo característica de quem
considera sua cultura e grupo
étnico mais importante que os
demais. Essa visão é uma forma
preconceituosa e é responsável
pela intolerância cultural,
religiosa, ética e política. Ela se
manifesta por meio da ideologia
racista da supremacia do
branco, sobre o negro,
manifesta-se com a ideia de que
o ocidente é superior e os outros
povos são primitivos, selvagens.

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Ou seja, existem diversas formas de se aplicar a violência através do
etnocentrismo causando sérios problemas de convivência em
diferentes povos.

Relativismo Cultural: postura pela qual cada manifestação cultural é


considerada legítima, ou seja, toda e qualquer cultura é levada em
conta e respeitada, sendo resultado da experiência cotidiana de
determinado grupo e de suas relações com outros grupos. É necessário
que se reconheça o outro, visto como aquele que tem práticas,
saberes, valores e normas distintos dos nossos.

Houveram muitas críticas sobre a prática do etnocentrismo, a


partir disso a Antropologia desenvolveu o conceito chamado de
Relativismo Cultural.

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4. CULTURA, IDEOLOGIA E INDÚSTRIA CULTURAL.
No século XIX e XX, houveram grandes transformações políticas
e sociais, como o desenvolvimento das sociedades a partir do avanço
da industrialização e a urbanização, com isso começou a surgir nesse
contexto, novas tecnologias como os meios de transporte, o sistema
de correios, a telefonia, o rádio e o cinema. Automaticamente as
pessoas passaram a ter contato com outras culturas com maior
facilidade, e então o mundo passou a ser muito mais amplo, não se
restringindo apenas ao local. As pessoas começaram a ter outras
referências de mundo, as sociedades passaram a ter grandes trocas
culturais, assimilando valores vindos de outros povos e lugares, e o
que demonstra a influência dos meios de comunicação de massa em
diferentes regiões pelo mundo.
A cultura, pensada como o conjunto de crenças, de valores e de
significados, que o ser humano partilha com seu grupo, foi modificada
pela sociedade midiática, que possibilitou que povos de diferentes
lugares, independente da distância, trocassem informações e
conhecimentos. Elementos culturais que antes pouco se conhecia, hoje
podemos ter contato e estão presentes com força em muitos lugares.
O mundo globalizado que estabelece essa integração entre países
e pessoas desenvolveu um processo de homogeneização cultural. As
expressões culturais de países centrais, como Estados Unidos e
algumas nações da Europa proliferam-se por todo mundo através da
música, da pintura, do cinema, da literatura. Segundo o sociólogo Joost
Smiers “A questão central é a dominação cultural, e isso precisa ser
discutido com propostas alternativas para preservar e promover a
diversidade no mundo”.

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Ideologia:
Uma das primeiras ideias sobre ideologia, foi expressa por
Francis Bacon (1561-1626), mas ele não utilizava o termo ideologia,
recomendava um estudo baseado na observação, e que o
entendimento da verdade estava obscurecido por ídolos, por ideias
erradas e irracionais.
O termo ideologia foi utilizado pelo pensador Destutt de Tracy
(1754-1836), que procurou elaborar uma explicação para os
fenômenos sensíveis que interferem na formação das ideias, ou seja,
a vontade, a razão, a percepção e a memória.
No século XIX filósofos alemães explicavam o processo histórico
com o desenvolvimento da consciência coletiva, diziam que a realidade
material refletia o constante aperfeiçoamento e evolução da
consciência e da razão humana. Para combater essa perspectiva do
termo ideologia, o pensador Karl Marx apresenta outra definição de
ideologia, afirmando que ideias, representações da realidade,
pensamento e conceitos não são frutos espontâneos da consciência
humana, mas sim reflexões ideológicas das relações sociais concretas
entre os seres humanos. Para Marx, as ideias dominantes em qualquer
época são sempre as de quem domina a vida material e, portanto, a
vida intelectual. É necessário compreender que segundo o
materialismo histórico de Karl Marx, o movimento histórico e a
construção dinâmica social não são estáticos, que os acontecimentos
cotidianos não são somente resultados das ações individuais, mas sim
resultados complexos do movimento dinâmico entre as ações coletivas
e institucionais.
O Conceito de Ideologia na teoria de Karl Marx tem como base o
movimento entre a existência da Infraestrutura e Super estrutura. Ao

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refletirmos sobre essas duas categorias, passamos a desmistificar as
relações sociais apreendendo de onde vem e como a Ideologia se
constrói.

A partir da ideologia, os interesses da classe dominante se


transformam no interesse de toda a coletividade social o que constitui
a ideologia de uma época. Dessa forma, a ideologia acaba por construir
representações falsas da realidade, no sentido reflexo, como na
câmara fotográfica, em que a imagem aparece invertida. Toda essa
lógica ideológica, segundo Karl Marx, serve para garantir a
conformidade da classe trabalhadora aos valores estabelecidos pela
classe dominante, facilitando a manutenção do status quo (ordem
social).

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Antonio Gramsci procurou demonstrar em estudos que os


conceitos de Cultura e Ideologia não podem ser analisados
separadamente. Na visão do filósofo e político italiano, ideologias são
concepções de mundo, formas culturais compartilhadas por grupos
sociais que atribuem sentido às suas experiências de vida. Para ele, o
processo de dominação se dá nas relações culturais, pois há uma
disputa de influência e poder exercida por um grupo ou classe social.
Essa relação não se dá de forma coercitiva, mas pelo poder de
convencimento através da disputa por hegemonia.
Hegemonia é o processo pelo qual
uma classe dominante consegue fazer
que o seu projeto seja aceito pelos
dominados, desarticulando a visão de
mundo autônoma de cada grupo
potencialmente adversários. Isso é feito
por meio dos aparelhos de hegemonia,
que são práticas intelectuais e

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organizações no interior do Estado ou fora dele (livros, jornais, escolas,
música, teatro, etc.).

Para Gramsci, uma classe só se torna hegemônica quando ela, além do


poder coercitivo e policial, detém um sistema de ideias elaborados por
intelectuais a serviço do poder, para convencer os demais grupos
sociais utilizando a persuasão para se obter um consenso. Através
desse processo cria-se uma cultura dominante efetiva que deve
penetrar no senso comum de um povo, com o objetivo de demonstrar
que a forma como aquele que domina vê o mundo é a única possível.

5. CULTURA ERUDITA E CULTURA POPULAR.


Ao longo dos estudos, vimos que a sociedade é divida em classes
sociais de dominantes e dominados, e que a partir disso, existem
diferentes manifestações das diferenças sociais. Podemos então falar
na existência de uma cultura Popular e de uma cultura Erudita.
A cultura Erudita é identificada com as elites, abrange expressões
artísticas como música clássica de padrão europeu, as artes plásticas,
escultura e pintura, teatro e a literatura de cunho universal. São
práticas e valores que tiveram origens nas classes dominantes, é o
saber institucionalizado.

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A cultura Popular encontra expressões nos mitos e contos,


danças, música de sertanejo a caboclo, capoeira, literatura de cordel,
cantigas de roda, artesanato rústico de cerâmica ou de madeira e
pintura. Corresponde a manifestação genuína do povo. Inclui também
expressões urbanas, como os grafites, o hip-hop. A sua origem está
relacionada às classes dominadas ou populares, é o saber não
institucionalizado ou não dominante de uma determinada sociedade.

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Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, surge a


Cultura de Massa. Vamos entender um pouco como ela se
desenvolveu, como é produzida e qual sua relação com o conceito de
Industrial Cultural.

Cultura de Massa e Industrial Cultural:


Com a revolução Industrial as cidades passaram a atrair
populações das mais diferentes origens étnicas e culturais, essas
começaram a se relacionar compartilhando suas dificuldades e
misérias. Com isso as classes mais pobres se mantiveram distantes de
todo o desenvolvimento intelectual e tecnológico da época. Excluídos

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de toda a movimentação cultural passaram a desenvolver um estilo de
vida próprio, com uma maneira de falar, sobreviver, divertir-se e
comportar-se.
Sem um trabalho fixo e espaços dignos para socializarem, a
população se espalhava pelas ruas e pelas feiras desenvolvendo um
tipo de cultura diferente daquela imposta pela classe dominante, o que
automaticamente fazia uma crítica a sociedade que os excluía. A partir
disso o conflito era evidente, e a classe pobre passou a ser alvo de
preconceitos, sendo considerados povos que não tem educação,
“etiqueta”, e “bons modos”.
O termo “massa” era utilizado pela classe dominante para se
referir à população, considerada sem uma identidade definida que vivia
em cortiços dos grandes centros urbanos, parecendo estar abaixo da
condição humana.
O conceito de massa serve de complemento à ideia de
comunicação e cultura a partir do século XVIII que diz respeito a uma
população rebaixada, indiferenciada e pobre que habitava as ruas na
Europa em um processo de industrialização a todo vapor.
Com o advento dos meios de comunicação as massas tornaram-
se um assunto especial dentro das ciências sociais, e que não excluía
o preconceito de que sempre foram vítimas.
Há vários estudos em relação à comunicação e a cultura
midiática, sendo considerada uma nova forma de opressão ideológica
e de dominação das classes dominantes sobre as classes dominadas.
Esses estudos têm origem na Escola de Frankfurt com a teoria crítica,
que rejeita o conceito de Cultura de Massa, considerando que os
produtos veiculados pelos meios de comunicação não são produzidos
pelas massas, nem satisfazem suas necessidades, mas sim uma

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cultura voltada para o entretenimento de péssima qualidade para o
desenvolvimento humano e de sua cidadania.
O uso do conceito de cultura de massa está diretamente
associado ao conceito de Indústria Cultural. Em 1942 Horkheimer e
Adorno criam e desenvolvem o conceito de indústria cultural no texto
Dialética do esclarecimento, publicado em 1947, referindo-se aos
meios de comunicação homogeneizada de produção maciça, seriada e
tecnológica de bens simbólicos.
Para Horkheimer e Adorno a comunicação está voltada
unicamente para os interesses econômicos e financeiros da classe
dominante, visando essencialmente sua expansão e lucratividade,
então podemos ao invés de associarmos o conceito de Cultura ao de
Cultura de Massa, relacioná-lo ao conceito de consumo e consumismo.
O poema do Emerson Alcalde (A) Massa, faz uma síntese do sentido da
palavra massa a algo moldável, homogêneo e manipulável, o que é
bem característico para entendermos a passividade dos indivíduos
diante do consumo, ocasionado pela racionalidade da sociedade
industrial capitalista, na qual as relações sociais são mediadas pela
mercadoria, onde toda obra de criação se transforma em mercadoria e
é avaliada pelo seu valor de mercado.

(A) MASSA
M-A-S-S-A. Massa. Amassa. A massa. À massa!
Eu sou a massa. Volumosa. Pastosa. Máxima!
Pega, joga, passa o rolo ôôô
Aperta, eu cresço, apareço, pronta para o bolo
Quanto maior melhor. Com a farinha e o pó. Espalhada mais
fraca e mais fina

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Fácil pra ser cortada, moldada, modelada, dividida.
Consumida. Massifica. Amorfa sem cristalina.

Sou grande, mas não importante.


Sou igual ao barbante
Que serve pra amarrar e não é valorizado o bastante
Eu protejo o recheio que vai no meio
Fico na borda. Sou jogada pra escanteio
Pegam a uva passa, o argamassa na taça, ai que graça!

Massa. Amassa. A massa. À massa!


Eu sou da massa, vou ao estádio ver uma partida
Com a torcida é pinga é briga, pra ida economizo até na
comida
Meu time massacrado. Volto pra casa amassado na lotação
para um bairro amontoado
Exausto para o barraco
Sentado no sofá quebrado
Assisto à televisão, fico feliz, tenho a última distração
Pra mim existe uma comunicação!

Eu não sou cão, eu já disse que sou massa e vou deitar


Eu, como massa, preciso esfriar
Pra depois ser usada, se não acabo revoltada e aí não dá
Quem fica muito quente pode queimar e estourar
Mas não fui feita pra pensar, filosofar. Só amassar, rechear,
enrolar.
Amanhã é segunda e tudo há de continuar

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Massa. Amassa. A massa. À massa.
Emerson Alcalde.
In http://emersonalcalde.blogspot.com.br/2011/04/massa.html

Nessa perspectiva, a indústria cultural é o conjunto dos veículos


de comunicação de massa, como rádio, TV, internet, controlados pela
classe dominante, que consiste na produção cultural como mercadoria.
Transforma o lazer em um prolongamento das relações de trabalho e
o que prevalece é a lógica da mercadoria, da coisificação e da
mecanização que afasta a possibilidade de reflexão crítica e leva à
consolidação do capitalismo como sistema social hegemônico.

Glossário Sociológico:
- Pesquisa Etimológica: Etimologia é o estudo gramatical da origem e
história das palavras, de onde surgiram e como evoluíram ao longo dos
anos.
- Antropologia: É uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do
ser humano. É um termo de origem grega, formado por “anthropos”
(homem, ser humano) e “logos” (conhecimento).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Muito bem, querido estudante. Se chegou até aqui é um bom


sinal, o de que estudou bastante e se dedicou. Não se esqueça da
importância de ler a teoria completa e sempre consultá-la. Não esqueça
dos seus objetivos e dedique-se com toda a força para alcança-los.
Você sabe que com uma boa nota no ENEM poderá escolher uma ótima
universidade e também seu curso dos sonhos. Lembre-se sempre de
suas motivações: ter um bom emprego, estudar numa instituição de
prestigio e várias coisas mais, pois elas vão te dar a energia que você
precisa para encarar o desafio de estudar muito e fazer uma excelente
nota no ENEM. Sonhe alto, pois “quem sente o impulso de voar, nunca
mais se contentará em rastejar”. Te encontro na nossa próxima aula.
Bons estudos, um grande abraço e foco no sucesso.

Até logo...

Prof. Sérgio Henrique Lima Reis.

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