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Série

PROTEÇÃO DA SAÚDE DOS


TRABALHADORES - Nº 6

Conscientização sobre
o Estresse no Trabalho nos
Países em Desenvolvimento

Um risco moderno
em um ambiente de
trabalho tradicional

Recomendações
para empregadores
e representantes
dos trabalhadores

A INDÚSTRIA ESTÁ EM TUDO


Série
PROTEÇÃO DA SAÚDE DOS
TRABALHADORES - Nº 6

Conscientização sobre
o Estresse no Trabalho nos
Países em Desenvolvimento

Um risco moderno em um
ambiente de trabalho tradicional

Recomendações para empregadores


e representantes dos trabalhadores

A INDÚSTRIA ESTÁ EM TUDO


Publicado pela Organização Mundial da Saúde em 2007 sob o título Raising Awareness of Stress at
Work in Developing Countries: a Modern Hazard in a Traditional Working Environment: Advice to
Employers and Worker Representatives. Organização Mundial da Saúde 2007. A Organização Mundial
da Saúde concedeu direitos de tradução e publicação de uma edição em português para o Serviço Social
da Indústria do Rio Grande do Sul - SESI/RS, que é o único responsável pela qualidade e fidelidade
desta tradução em português. Em caso de divergência entre as edições em inglês e português, a edição
original em inglês será a edição vinculativa e autêntica. Conscientização sobre o Estresse no Trabalho
nos Países em Desenvolvimento - Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul - SESI/RS, 2018

Série Proteção da Saúde dos Trabalhadores - nº 6

Autores
Irene Houtman
Karin Jettinghoff

TNO Work & Employment


Polarisavenue 151
2130 AS Hoofddorp
Holanda

Leonor Cedillo
Pesquisadora de Saúde Ocupacional
Caballocalco 35 – 7
Coyoacán, 04000, D.F.
México

Editores Técnicos e Colaboradores


Evelyn Kortum, Saúde Ocupacional, Saúde Pública e Meio Ambiente, Organização Mundial da Saúde
(Genebra, Suíça)
Stavroula Leka, Instituto do Trabalho, Saúde e Organizações, Universidade de Nottingham (Reino
Unido)
Jane Bowring, Saúde Corporativa e Trabalho - Vida Pessoal (Genebra, Suíça)

Layout da capa
Tuula Solasaari - Pekki
Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional

Layout
Linda Puiatti
www.lindapuiatti.com

Outros livros da Série Proteção da Saúde dos Trabalhadores:


Nº 1: Prevenção de riscos para a saúde decorrentes do uso de pesticidas na agricultura
Nº 2: Compreender e realizar avaliações econômicas ao nível da empresa
Nº 3: Organização do trabalho e estresse no trabalho
Nº 4: Conscientização sobre o assédio psicológico no trabalho
Nº 5: Prevenção de distúrbios músculo-esqueléticos no ambiente de trabalho
Nº 7: Um guia prático para o uso de informações de pesquisas para melhorar a qualidade da prática da
saúde ocupacional

www.who.int/occupational_health
PREFÁCIO

Este livro sobre estresse relacionado ao trabalho em países em desenvolvimento integra a


série “Proteção da Saúde dos Trabalhadores”. Ele é publicado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) no âmbito da Equipe de Saúde Ocupacional. Agradecemos ao TNO Work
& Employment (Holanda), um Centro Colaborador da OMS em Saúde Ocupacional, pela
autoria do livro como parte do Plano de Trabalho Global dos Centros Colaboradores da
OMS em Saúde Ocupacional.

A finalidade deste livro é conscientizar empregadores e representantes de trabalhadores


sobre o estresse relacionado ao trabalho em países em desenvolvimento. O estresse
relacionado ao trabalho é um problema de crescente preocupação nos países em
desenvolvimento devido aos avanços significativos no mundo moderno, sendo os dois
mais importantes a globalização e a natureza variável do trabalho. A conscientização
em um estágio inicial parece ser ainda mais importante porque o estresse relacionado ao
trabalho também é um problema que está longe de ser resolvido em países desenvolvidos
e industrializados.

Embora o foco deste livro seja os países em desenvolvimento, o problema do estresse


relacionado ao trabalho também é importante em países em transição, os quais estão
sujeitos a rápidas e drásticas mudanças econômicas e sociais (por exemplo, na Rússia),
onde há uma demanda crescente pela adaptação dos trabalhadores, pelo questionamento
de valores tradicionais, pela reorientação do sistema de saúde ocupacional e das condições
de trabalho geralmente precárias. Tradicionalmente, o foco das iniciativas em Segurança
e Saúde Ocupacional está nas exposições físicas, biológicas e químicas, enquanto que
os riscos psicossociais no trabalho ainda são amplamente negligenciados e suas causas e
consequências ainda são insuficientemente entendidas, uma vez que pertencem ao contexto
de países em desenvolvimento. A atual divisão entre as condições de trabalho e o ambiente
de trabalho (físico) torna mais difícil a identificação da presença dos riscos psicossociais no
trabalho por parte da maioria dos profissionais de Segurança e Saúde Ocupacional.

-1-
Agradecemos aos seguintes especialistas por suas importantes
contribuições para esta publicação:

Akhat B. Bakirov, Instituto de Pesquisa em Saúde Ocupacional e Ecologia Humana de Ufa


(Bashkortostan, Federação Russa)

Dudan Bohdan, Instituto Nofer de Medicina do Trabalho (Lodz, Polônia)

Michael Ertel, Instituto Federal de Segurança e Saúde Ocupacional (Berlim, Alemanha)

Alexandra Fleischmann, Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental, Organização


Mundial da Saúde (Genebra, Suíça)

David Gimeno, Centro para a Saúde Ocupacional e Ambiental do Sudoeste, Escola de


Saúde Pública da Universidade do Texas (EUA)

Margaret Grigg, Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental, Organização Mundial da


Saúde (Genebra, Suíça)

Emilia Ivanovich, Centro Nacional de Higiene, Ecologia Médica e Nutrição (Sofia,


Bulgária)

R. Srinivasa Murthy, STP - Saúde Mental e Reabilitação de Serviços Psiquiátricos (Cidade


de Naser, Egito)

Stephen Palmer, Centro de Gestão do Estresse (Londres, Inglaterra)

Julietta Rodriguez-Guzmán, Universidade El Bosque (Bogotá, Colômbia)

Johannes Siegrist, Universidade de Düsseldorf, Departamento de Sociologia Médica


(Alemanha)

-2-
ÍNDICE

Capítulo 1:
INTRODUÇÃO AO PROBLEMA ..................................................................................... 4

Capítulo 2:
EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO E A NATUREZA VARIÁVEL DO TRABALHO ......... 7

Capítulo 3:
UMA DEFINIÇÃO DE ESTRESSE RELACIONADO AO TRABALHO ...................... 13

Capítulo 4:
UM MODELO SOBRE O ESTRESSE RELACIONADO AO TRABALHO ................. 15

Capítulo 5:
GESTÃO DO ESTRESSE RELACIONADO AO TRABALHO:
UMA ABORDAGEM POR ETAPAS ............................................................................. 23

Capítulo 6:
PENSAR GLOBALMENTE - AGIR LOCALMENTE .................................................... 35

Capítulo 7:
O PAPEL DE UM EMPREGADOR E/OU REPRESENTANTE
DOS TRABALHADORES ............................................................................................. 37

Capítulo 8:
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 39

Capítulo 9:
INFORMAÇÕES ADICIONAIS ..................................................................................... 41

Capítulo 10:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 42

-3-
Capítulo 1
INTRODUÇÃO AO PROBLEMA
O estresse relacionado ao trabalho é um padrão de reações psicológicas, emocionais,
cognitivas e comportamentais a alguns aspectos extremamente exigentes do conteúdo, da
organização e do ambiente de trabalho. Quando as pessoas sofrem estresse relacionado ao
trabalho, frequentemente elas se sentem tensas e angustiadas e sentem que não são capazes
de lidar com isso. Devido à globalização e a mudanças na natureza do trabalho, as pessoas
nos países em desenvolvimento precisam lidar com um aumento no estresse relacionado
ao trabalho. Nos países industrializados, as pessoas estão se familiarizando mais com o
que é estresse relacionado ao trabalho e como lidar com isso (por ex., OMS, 2005; OMS,
2003); entretanto, nos países em desenvolvimento, talvez não seja esse o caso. Embora
algumas pesquisas tenham sido realizadas nos países em desenvolvimento, especialmente
na América Latina, ainda não há estudos aprofundados o suficiente para analisar de modo
completo diferenças culturais e comportamentos, que podem variar de um país para outro.
Juntamente com as dificuldades existentes para controlar outros riscos ocupacionais bem
conhecidos, há pouca conscientização sobre o estresse relacionado ao trabalho e falta de
recursos para lidar com isso.

Deve-se prestar atenção aos aspectos culturais quando lidamos com estresse relacionado ao
trabalho nos países em desenvolvimento. Por exemplo, a espiritualidade e a religião, juntas
de rituais comunitários, muitas vezes são mais importantes do que a aquisição de bens
materiais ou dinheiro. Para as mulheres trabalhadoras, os recursos sociais para cuidarem de
suas famílias normalmente estão disponíveis nos setores da economia formal. Entretanto,
os recursos para a logística do dia a dia não são atualizados com a tecnologia aplicada aos
serviços públicos e privados na maioria dos países desenvolvidos, tais como pagamento
de contas por correio, telefone ou internet. Mesmo quando esse tipo de serviço existe em
alguns países, a maioria dos trabalhadores não possui acesso a eles. Portanto, as tarefas da
rotina diária podem ser demoradas e desanimadoras.

O nível de desenvolvimento na maioria dos países em desenvolvimento implica em


diferenças drásticas entre as áreas urbanas e rurais quanto à disponibilidade de recursos,
renda e empregos. A globalização e os acordos comerciais com países desenvolvidos e
as normas do Banco Mundial têm resultado em uma diminuição nos investimentos em
atividades agrícolas. Como consequência, juntamente com o aumento da população,
cresceu bastante a oferta de mão de obra em áreas urbanas e suburbanas, onde a indústria
-4-
e os serviços se estabeleceram. Por outro lado, a desregulamentação também foi uma
exigência do processo de globalização, que se traduziu em uma menor proteção aos direitos
dos trabalhadores, especialmente nos benefícios da saúde e da aposentadoria, bem como
em uma menor segurança de emprego. Como resultado, há um aumento no desemprego e
subemprego e as pessoas aceitam empregos com condições de trabalho inferiores.

Além disso, frequentemente o poder nas instituições e nas empresas é distribuído de


forma desigual. Mais ainda, para as pessoas nos países em desenvolvimento, o contexto
geralmente desempenha um papel importante na determinação de sua percepção, atribuição
e comportamento e, muitas vezes, acredita-se que a causa e o controle dos resultados é
determinado por circunstâncias externas. Esses aspectos culturais influenciam aquilo que
as pessoas percebem como boas condições de trabalho. Quando a única opção é aceitar
a autoridade ou perder o emprego, os trabalhadores geralmente aceitam condições de
trabalho abaixo do padrão porque eles sabem que o mercado é regido pelos empregadores.

Nos países em desenvolvimento, a maior parte da força de trabalho é autônoma, trabalha


em pequenas empresas ou em casa, e pertence ao “setor informal” da economia. Essas
empresas ou pessoas frequentemente carecem de recursos e infraestrutura para proteger

-5-
seus trabalhadores ou a si próprios do estresse relacionado ao trabalho, e é difícil acessar os
grupos de trabalhadores dessas empresas para divulgar informações e prestar assistência a
eles. Além disso, a falta de desenvolvimento de políticas com relação aos riscos psicossociais
e ao estresse relacionado ao trabalho torna difícil para empresas de todos os portes colocar
em prática estratégias de controle eficazes para lidar com essas questões. A situação piora
com a falta de cobertura dos serviços de saúde ocupacional. A OMS estima que, em todo
o mundo, apenas 5-10% dos trabalhadores em países em desenvolvimento e 20-50% dos
trabalhadores em países industrializados (com poucas exceções) possuem acesso a serviços
de saúde ocupacional adequados (OMS, 2003). Os problemas psicossociais relacionados ao
trabalho raramente são tratados por esses serviços, mesmo quando eles estão disponíveis.

O estresse relacionado ao trabalho nos países em desenvolvimento é frequentemente


agravado por um amplo espectro de fatores fora do ambiente de trabalho, que vão desde
desigualdade de gênero, poucas formas ou meios de participação e uma fraca gestão
ambiental da poluição industrial até o analfabetismo, doenças infecciosas e parasitárias,
higiene e saneamento precários, desnutrição, condições de vida deficientes, sistemas de
transporte inadequados e pobreza geral. Problemas preocupantes ligados à globalização são
desemprego, subemprego e autoemprego, precariedade das condições de trabalho devido
a novos sistemas de organização do trabalho e à liberalização das relações industriais. A
globalização tem levado a uma crescente desigualdade e a uma diminuição da priorização
dos aspectos sociais em muitas partes do mundo.

Como mencionado no Prefácio, a finalidade deste livro é conscientizar empregadores e


representantes de trabalhadores sobre o estresse relacionado ao trabalho nos países em
desenvolvimento, que é uma questão de preocupação crescente devido aos avanços
significativos no mundo moderno, sendo os dois mais importantes a globalização e a
natureza variável do trabalho.

O foco deste livro está:


• nos efeitos dos processos da globalização e na natureza variável do trabalho;
• em um modelo e definição do estresse relacionado ao trabalho;
• em como administrar o estresse relacionado ao trabalho;
• em considerar possibilidades de ação para as partes interessadas (empregadores e
empregados).

-6-
Capítulo 2

EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO E A NATUREZA


VARIÁVEL DO TRABALHO
A globalização é definida como “um aumento na atividade econômica mundial total como
consequência da liberalização do comércio e a eliminação dos obstáculos à transferência de
capitais, bens e serviços através das fronteiras nacionais” (Rantanen, 2000).

Os efeitos da globalização são visíveis a nível internacional e nacional, como a seguir:

A nível internacional:
• aumento das transações econômicas;
• aumento dos investimentos estrangeiros;
• aumento do comércio mundial - multinacionais gigantes, como no setor de seguros e
bancos, manufatura, produtores de petróleo e matérias-primas, têm um papel-chave neste
processo de globalização.

A nível nacional:
• empresas fragmentadas e unidades descentralizadas independentes menores;
• atividades terceirizadas para unidades menores;
• organização do trabalho mais flexível;
• relações industriais mais flexíveis (especificamente os acordos de contratação).

“A globalização levou a crescentes desigualdades e uma diminuição da priorização das


dimensões sociais em muitas partes do mundo” (Rantanen, 2000). Em outras palavras,
a globalização e a desregulamentação resultaram em um aumento na diferença entre os
ricos e os pobres, e na exclusão e marginalização dos trabalhadores menos qualificados,
especialmente nos países em desenvolvimento.

Teoricamente, a globalização pretende proporcionar mais empregos para trabalhadores de


baixa renda nos países em desenvolvimento, e esse trabalho, em troca, contribui para a
renda nacional do país, que, por sua vez, financia serviços sociais e de saúde, treinamento e
educação, pesquisa, serviços culturais e outras atividades nacionais. No entanto, os países
em desenvolvimento enfrentam o desafio de lidar com a natureza variável do trabalho,
tal como a crescente fragmentação do mercado de trabalho, a demanda por contratos
-7-
flexíveis, o aumento da insegurança no emprego, um alto ritmo de trabalho, jornadas de
trabalho longas e irregulares, baixo controle do conteúdo e processo do trabalho e baixo
salário, juntamente com novos riscos ocupacionais que acompanham as antigas e as novas
indústrias e tecnologias.

A vida laboral moderna também muda constantemente devido aos rápidos avanços
científicos e tecnológicos. Consequentemente, ocorrem mudanças rápidas nos sistemas de
produção. Isso significa que os trabalhadores têm que lidar com:

• aumento das exigências de aprender novas habilidades;


• a necessidade de adotar novas formas de trabalhar;
• a pressão por maior produtividade;
• exigências de aumento da qualidade do trabalho;
• maior pressão de tempo e trabalhos agitados;
• maior concorrência pelos empregos;
• maior insegurança no emprego e menos benefícios;
• menos tempo para colegas de trabalho e socialização.

-8-
Algumas consequências de altas exigências no emprego, baixo controle do trabalho e baixo
apoio de colegas de trabalho são ilustradas abaixo:

Quadro 1:
Riscos do estresse relacionado ao trabalho para a saúde: qual pode ser o grau
de risco?
Alguns resultados de pesquisas:

• As altas exigências do trabalho podem resultar em risco de exaustão emocional 7


vezes maior (Houtman et al, 1998).

• O baixo apoio dos colegas de trabalho pode resultar em risco 2 vezes maior de
problemas nas costas, no pescoço e nos ombros (Ariens et al, 2001; Hoogendoorn
et al, 2000).

•. O baixo controle do trabalho pode resultar em risco de mortalidade cardiovascular 2


vezes maior (Kivimäki et al, 2002).

• Uma tensão elevada pode resultar em risco de morbidade hipertensiva 3 vezes maior
(Belkic et al, 2004)

(Altas exigências - Baixo controle) Karasek e Theorell, 1990.

Essas diversas mudanças globais e locais levam a exigências cada vez maiores a um
número crescente de trabalhadores. Quando os trabalhadores não conseguem lidar com
essas exigências, pode surgir o estresse relacionado ao trabalho como resultado. Quando
o estresse persiste ou ocorre repetidamente, ele pode ter vários efeitos negativos nos
trabalhadores e nas empresas para as quais eles trabalham.

• Efeitos nos trabalhadores: o estresse relacionado ao trabalho pode levar a diversos


problemas de saúde de ordem fisiológica e psicológica, bem como a cognição e
os comportamentos do trabalhador. Não se deve cometer o erro de pensar em riscos
psicossociais e organizacionais apenas como riscos para a saúde psicológica (Cox, 1993).
As consequências podem ir desde o absenteísmo por doença devido a problemas de saúde
mental, musculoesqueléticos ou cardiovasculares até a incapacidade para o trabalho ou
a morte.

-9-
• Efeitos nas empresas: o estresse relacionado ao trabalho pode afetar o desempenho
das empresas devido aos custos associados a um maior absenteísmo e rotatividade de
pessoal, menor desempenho e produtividade, aumento das práticas de trabalho inseguras
e índices de acidentes, aumento das reclamações de clientes, substituição de trabalhadores
ausentes, treinamento de trabalhadores substitutos, e assim por diante.

Embora agora possamos documentar uma série de pesquisas sobre a magnitude das
causas e consequências do estresse relacionado ao trabalho nos países desenvolvidos e
industrializados, o estresse no trabalho ainda é um problema que está longe de ser resolvido.
Por sua vez, muito poucos dados estão disponíveis nos países em desenvolvimento.
No entanto, tem-se demonstrado que, em um “país em transição”, como na Rússia, as
mudanças nos chamados riscos “tradicionais” (químicos, biológicos e físicos) resultam
em aumento do estresse relacionado ao trabalho (Kuzmina et al, 2001). A exposição a
solventes orgânicos pode ter um efeito psicológico na pessoa através dos seus efeitos
diretos no cérebro, devido ao seu odor desagradável ou pelo medo de que tal exposição
possa ser prejudicial (Levi, 1981). Os riscos físicos e psicossociais podem afetar a saúde
tanto através de vias psicofisiológicas quanto psicoquímicas (Levi, 1984).

Como indicado anteriormente, para os países em desenvolvimento, bem como para os


países “em transição”, muitas vezes não há dados nacionais específicos sobre o estresse
relacionado ao trabalho devido a mecanismos de registro precários e ao não reconhecimento
dos resultados relacionados na maioria desses países. Os seguintes dados brutos e globais
listados abaixo (ver Quadro 2) ressaltam a importância e os desafios futuros:

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Quadro 2: Dados estatísticos
Sobre o trabalho e a saúde nos países em desenvolvimento e industrializados

• Cerca de 75% da força de trabalho mundial (que conta com cerca de 2,4 bilhões de
pessoas) vivem e trabalham em países em desenvolvimento.

• 20-50% dos trabalhadores nos países industrializados podem estar sujeitos a


exposições perigosas no local de trabalho, e espera-se que essa taxa seja maior nos
países em desenvolvimento e recentemente industrializados.

• 50% dos trabalhadores nos países industrializados julgam que seu trabalho é
"mentalmente exigente".

• A cada ano, há cerca de 120 milhões de acidentes de trabalho com 200 mil mortes
e 68-157 milhões de casos de doença ocupacional entre a força de trabalho global.

• Mais de 80% da população ativa trabalha em pequenas e médias empresas. Nos


países em desenvolvimento, estima-se que seja ainda maior e que a maior força de
trabalho seja encontrada no setor informal. As pequenas e médias empresas, em
particular, bem como o setor informal, têm pouco acesso aos serviços de saúde e
segurança do trabalho e a outras formas de apoio externo. Com frequência, eles não
têm conhecimento sobre saúde ocupacional em geral.

• A saúde ocupacional precária e uma menor capacidade de trabalho dos trabalhadores


podem causar perdas econômicas de até 10-20% do Produto Interno Bruto de um
país. Mundialmente, as mortes e doenças ocupacionais representam uma perda
estimada de 4% do Produto Interno Bruto.

Fonte: http://www.who.int/occupational_health/en/oehstrategy.pdf

A maioria dos países em desenvolvimento tem investido muito pouco em pesquisa, embora
ainda tenham muitos problemas não resolvidos. Essas são, talvez, as principais causas
que explicam a dificuldade na geração de dados adequados e na avaliação do impacto das
mudanças no trabalho. Entretanto, foram realizados alguns estudos transversais específicos
que mostram a importância da pressão arterial elevada e das doenças cardiovasculares na
população no México, no Brasil e na Colômbia, e a distribuição diferencial entre grupos
de trabalhadores expostos e não expostos a condições psicossociais negativas, tais como
a tensão no trabalho, o excesso de comprometimento e a insegurança no emprego. Alguns
estudos também destacam o interesse nos setores econômicos crescentes, tais como os
serviços e a economia informal (Conferência da ICOH sobre Doenças Cardiovasculares,
2005).

- 11 -
Há, no entanto, dados relacionados à prevalência de hipertensão na maioria dos países
da América Latina. A hipertensão e outras morbidades e mortalidades cardiovasculares
apresentam uma alta prevalência entre a população adulta na maioria dos países latino-
americanos. Esses números só podem estar associados a condições de trabalho estressantes
através de pesquisas e estudos de coorte nesses países. Embora, até o momento, não existam
estudos longitudinais nos países em desenvolvimento, um estudo que inclui o Questionário
sobre Conteúdo do Trabalho, na cidade de Hermosillo, no México (Cedillo e Grijalva,
2005), relatou que a taxa de prevalência de Trabalhos de Alta Tensão (Altas exigências
do trabalho – Baixo controle) em setores econômicos é de 26%. Resultados de diferentes
estudos em outros países mostraram que o risco de hipertensão poderia aumentar entre 2 a
3 vezes devido a trabalhos de alta tensão. Utilizando esses dados, estimou-se que ter altas
exigências e baixo controle na América Latina representava uma faixa de 21% a 32% da
hipertensão presente nesses países (risco atribuível à população).

Nos países industrializados, as pessoas estão cada vez mais familiarizadas com o que é o
estresse relacionado ao trabalho e como administrá-lo, embora o problema persista e até
pareça aumentar na União Europeia (Iavicoli, S. et al, 2004). No entanto, em alguns países
em desenvolvimento, as pessoas podem não ter conhecimento sobre esse assunto e não
estar cientes da importância de lidar com o estresse relacionado ao trabalho.

Na América Latina, por exemplo, o estresse relacionado ao trabalho já é reconhecido


como uma das grandes epidemias da vida profissional moderna. Ao mesmo tempo,
muitos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho dessa região pensam que um bom
ambiente psicossocial e uma boa ergonomia estão relacionados ao “conforto” e estão além
da fase de “controle de risco” de exposições químicas, físicas e biológicas. De acordo
com essa ideia, o foco da regulamentação ainda está na definição e revisão de valores de
exposição permitidos para ruídos e produtos químicos, estabelecendo medidas de proteção
de segurança e controlando condições perigosas associadas a acidentes. Infelizmente, no
momento, não há interesse em regulamentar ou desenvolver guias de boas práticas com foco
em ergonomia e exposição a riscos psicossociais, tais como ritmos alucinantes de trabalho,
longas jornadas de trabalho e insegurança no emprego nos países latino-americanos. Isso
significa que a maioria das regulamentações para proteger a saúde dos trabalhadores é a
adoção de limites de exposição ocupacional somente para riscos de saúde e segurança
ocupacional “tradicionais”, tais como substâncias químicas, ruído, vibração, radiação,
calor e frio. Os prédios e as condições de infraestrutura que possam causar acidentes estão
incluídos na maioria das regulamentações dos países.

- 12 -
Capítulo 3

UMA DEFINIÇÃO DE ESTRESSE RELACIONADO


AO TRABALHO

O estresse relacionado ao trabalho é um padrão de reações que ocorre quando os


trabalhadores recebem exigências de trabalho que não são compatíveis com seus
conhecimentos, habilidades ou competências e que desafiam sua capacidade de lidar com
a situação. Quando há um desequilíbrio percebido entre as exigências do trabalho e os
recursos ambientais ou pessoais, as reações podem incluir:

• respostas fisiológicas (por exemplo, aumento da frequência cardíaca, pressão arterial,


hiperventilação, bem como secreção de hormônios do “estresse”, tais como adrenalina e
cortisol);
• respostas emocionais (por exemplo, sentir-se nervoso ou irritado);
• respostas cognitivas (por exemplo, redução ou limitação da atenção e percepção,
esquecimento);
• reações comportamentais (por exemplo, comportamento agressivo, impulsivo, cometer
erros).

Quando em estado de estresse, frequentemente, a pessoa se sente tensa, preocupada, menos


vigilante e menos eficiente na realização de tarefas (ver Capítulo 4 para mais detalhes).

O estresse ocorre em muitas circunstâncias diferentes, mas é particularmente forte


quando a capacidade de uma pessoa controlar as demandas no trabalho está ameaçada.
As preocupações com o desempenho exitoso e o medo das consequências negativas
resultantes do fracasso no desempenho evocam fortes emoções negativas de ansiedade,
raiva e irritação. A experiência do estresse é intensificada se não houver nenhum apoio ou
ajuda por parte dos colegas de trabalho ou chefia. Portanto, o isolamento social e a falta
de cooperação aumentam o risco de estresse prolongado no trabalho, bem como os efeitos
negativos na saúde relacionados e ao aumento do risco de acidentes.

Por outro lado, as tarefas que requerem um alto grau de controle pessoal e várias habilidades,
juntamente com um ambiente de trabalho que inclui relações sociais solidárias, podem
contribuir positivamente para o bem-estar e a saúde dos trabalhadores. Quando as exigências

- 13 -
superam as habilidades e os conhecimentos, e o indivíduo ou seus superiores conseguem
perceber isso, pode surgir uma oportunidade para mudar essa situação para um estado de
equilíbrio e uma situação desafiadora e motivadora de aprendizagem e crescimento através
de discussões e ações tomadas pelo empregador e/ou trabalhador ou o representante do
trabalhador.

É importante destacar que, como “a saúde não é apenas a ausência de doença, mas
um estado de bem-estar físico, mental e social positivo” (OMS, 1986), um ambiente de
trabalho saudável se caracteriza não apenas pela ausência de condições prejudiciais, mas
também pela presença de ações que promovam a saúde.

- 14 -
Capítulo 4

UM MODELO SOBRE O ESTRESSE RELACIONADO


AO TRABALHO

O processo de estresse pode ser resumido em um modelo que ilustra as causas do estresse,
reações de estresse, consequências a longo prazo do estresse e características individuais,
bem como suas inter-relações.

Condições
de vida
Nível de
desenvol-
vimento do
país Reações
Condições Consequências
ao
de trabalho a longo prazo
estresse

Características
individuais

Figura 1: Modelo contextualizado sobre as causas e consequências do estresse relacionado ao trabalho

As reações de estresse podem se manifestar quando as pessoas estão expostas a fatores de


risco no trabalho. As reações podem ser de natureza emocional, comportamental, cognitiva
e/ou fisiológica. Quando as reações de estresse persistem durante um longo período de
tempo, elas podem se traduzir em efeitos permanentes e irreversíveis na saúde, tais como
fadiga crônica, problemas musculoesqueléticos ou doenças cardiovasculares.

Características individuais, tais como personalidade, valores, objetivos, idade, gênero,


nível de educação e situação familiar, influenciam na capacidade de um indivíduo enfrentar

- 15 -
as exigências que lhe são impostas. Essas características podem interagir com fatores de
risco no trabalho e exacerbar ou atenuar seus efeitos. As características físicas e psicológicas,
tais como aptidão física ou um alto nível de otimismo, podem ter um efeito precursor ou
atenuador no desenvolvimento de reações de estresse e problemas de saúde mental. Por
um lado, se os trabalhadores puderem lidar com condições de trabalho ruins, eles terão
mais experiência e autoconfiança para superar condições semelhantes na próxima vez que
tiverem de lidar com elas. Por outro lado, quando ocorrem reações de estresse, como fadiga
e problemas de saúde a longo prazo, frequentemente, elas reduzirão a capacidade de uma
pessoa desempenhar bem suas tarefas e, assim, agravarão a experiência do estresse. Isso
acabará resultando em exaustão e colapso nervoso ou burnout.

Condições de vida e de trabalho


Em situações de trabalho da vida real, os trabalhadores têm de lidar e interagir com
situações da sua vida familiar (e social). Os recursos para assumir adequadamente suas
responsabilidades familiares e sociais e assegurar uma boa qualidade do tempo de recuperação
do trabalhador dependem do nível de alfabetização, nível de renda e nível de infraestrutura
social, dados pelo nível de desenvolvimento de qualquer país, bem como o entendimento e
as providências tomadas pelos empregadores para lidar com questões familiares. Por outro
lado, a qualidade do trabalho também é determinada pelo nível de desenvolvimento do
país. Por exemplo, é comum que os países em desenvolvimento busquem investimentos
estrangeiros para melhorar sua oferta de empregos e os países desenvolvidos tendam a
transferir processos industriais obsoletos e, muitas vezes, maquinário inseguro para
países em desenvolvimento, seja como investimentos estrangeiros ou para vender essas
tecnologias diretamente a investidores locais que pagam menos por máquinas usadas do
que pelas novas. Portanto, fatores contextuais em diferentes níveis são importantes para a
qualidade do trabalho e as condições de vida.

A situação regional e/ou nacional estabelece normas e valores que também afetam o
trabalho e a situação familiar, e não apenas refletem valores culturais, mas incluem outras
questões, como desenvolvimentos demográficos e a situação econômica refletida pelo grau
de emprego, desenvolvimentos tecnológicos e questões legislativas. Embora o indivíduo
possa influenciar a organização, e a organização possa influenciar o nível setorial ou
nacional, o nível “mais alto” será, muitas vezes, mais poderoso que o nível “mais baixo”.
E o nível individual é o mais baixo nessa hierarquia.

Causas do estresse relacionado ao trabalho


Embora as características individuais e organizacionais desempenhem um papel no
desenvolvimento do estresse relacionado ao trabalho, a maioria concordará que o estresse
relacionado ao trabalho resulta da interação entre o trabalhador e as condições de trabalho.
No entanto, as opiniões diferem quanto à importância das características do trabalhador

- 16 -
em comparação com as condições de trabalho como a principal causa do estresse. Essas
diferenças são importantes, uma vez que sugerem e conduzem a diferentes maneiras de
prevenir a origem do estresse no trabalho.

Um ponto de vista defende que as diferenças individuais do trabalhador, tais como


personalidade, idade, educação, experiência e forma de enfrentar as situações, são mais
importantes para prever se certas condições do trabalho resultarão em estresse. Essas
diferenças individuais exigem estratégias de prevenção complementares que foquem o
indivíduo e promovam formas de lidar com condições de trabalho exigentes.

No entanto, a visão predominante com base em evidências é que certas condições de


trabalho são estressantes para a maioria das pessoas. As condições de trabalho estressantes
estão relacionadas a riscos psicossociais, tais como exigências de trabalho muito altas ou
muito baixas, um ritmo de trabalho rápido ou pressão de tempo, falta de controle sobre a
carga de trabalho e os processos de trabalho, falta de apoio social de colegas e/ou chefia,
discriminação, isolamento, assédio psicológico, falta de participação na tomada de decisões,
falta de comunicação ou informação, insegurança no emprego, falta de oportunidades de
crescimento, ausência de promoção, horário de trabalho irregular (especialmente trabalho
em turnos) e estar exposto a condições físicas desagradáveis ou perigosas e não poder
controlá-las. Aqui, as estratégias de prevenção enfocam a mudança das condições de
trabalho ou o redesenho do trabalho.

As condições de trabalho parecem ser piores para os trabalhadores empregados em pequenas


empresas, trabalhadores autônomos, trabalhadores temporários e trabalhadores no setor
informal. Os riscos que eles enfrentam são geralmente de natureza crônica e duradoura,
implicando consequências negativas para a saúde. Além disso, recursos limitados e
sobrecarga de trabalho podem agravar a exposição a condições de trabalho estressantes e
afetar negativamente a vida familiar.

O estresse relacionado ao trabalho pode, adicionalmente, resultar de um desequilíbrio na


interface casa-trabalho, com consequências particularmente graves quando a pobreza, o risco
de desemprego e as condições de vida precárias convergem. Isso afetaria particularmente
as mulheres em países onde as disparidades de gênero são fortes e o envolvimento das
mulheres na força de trabalho é recente. As responsabilidades profissionais podem entrar
em conflito com as responsabilidades familiares, tais como cuidados com uma criança
doente ou um parente idoso, ou compromissos com familiares e amigos. As interferências
entre as responsabilidades familiares e as responsabilidades profissionais mostraram ser um
dos melhores preditores de tensão psicológica entre as mulheres trabalhadoras, qualquer
que seja o nível hierárquico ou o setor de atividade (Cedillo e Scarone, 2005).

- 17 -
Esses problemas requerem estratégias de prevenção que promovam o equilíbrio entre o
trabalho e a vida (social e familiar) e enfoquem em prestar apoio às pessoas, permitindo
que elas conciliem o trabalho com as responsabilidades familiares sem prejuízo de outros
direitos. Outros fatores indiretos podem influenciar no grau de estresse relacionado ao
trabalho, tais como o acesso a um clínico geral, um médico de saúde ocupacional ou
outros profissionais relevantes, e também na situação econômica no país de residência, na
legislação e regulamentações mais informais de um determinado país ou setor de atividade.

As mulheres nos locais de trabalho geralmente sofrem e expressam problemas relacionados


ao estresse mais do que os homens (por exemplo, Kauppinen et al, 2003, Giuffrida et al,
2001). As causas do estresse relacionado ao trabalho que são mais frequentes e específicas
para as mulheres nos países industrializados e em desenvolvimento são as seguintes:

1. o duplo papel que elas têm que desempenhar tanto em casa quanto no trabalho, e a
dificuldade em equilibrar esses papéis;
2. os papéis de gênero na sociedade e a necessidade de um papel independente contrapondo-
se à necessidade de se adequar às expectativas sociais;
3. o assédio sexual no trabalho, cujas vítimas principais são as mulheres;
4. a discriminação baseada em gênero, que se traduz em salários mais baixos e um nível de
exigência mais alto para as mulheres.

Além desses aspectos adversos no trabalho, as mulheres são frequentemente expostas à


violência doméstica. A prevalência da violência doméstica nos países latino-americanos
é de 30% em média (Pallito, 2002) e, embora o desempenho no trabalho seja afetado e
possa parecer um conflito casa → trabalho, existem exemplos de políticas trabalhistas que
colocam a violência doméstica como um problema relacionado ao trabalho e desenvolvem
algumas intervenções a nível organizacional (U.S. Department of Labor, 1996; OPAS,
2003).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em um relatório sobre violência e saúde (Krug,


2002), o percentual de mulheres que foram agredidas por um companheiro ou parceiro nos
últimos doze meses variou de 3% ou menos entre as mulheres na Austrália, Canadá e Estados
Unidos, a 27% das mulheres que alguma vez tiveram parceria íntima (ou seja, mulheres
que nunca tiveram uma parceria sexual estável) em León, na Nicarágua, 38% das mulheres
atualmente casadas na República da Coreia, e 52% das mulheres palestinas atualmente
casadas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Para muitas dessas mulheres, a agressão física
não foi um evento isolado, mas parte de um padrão contínuo de comportamento abusivo.
Pesquisas sugerem que em Monterrey, no México, 52% das mulheres agredidas fisicamente
também foram abusadas sexualmente por seus parceiros. Além desses dados, o Relatório
Mundial da Saúde descreve também como as mulheres e meninas pobres podem correr
mais risco de estupro no decurso de suas tarefas diárias do que aquelas que estão em

- 18 -
melhores níveis socioeconômicos, por exemplo, quando elas voltam do trabalho para casa
caminhando sozinhas tarde da noite ou quando estão no campo trabalhando sozinhas na
colheita ou recolhendo lenha.

Pesquisas afirmam que “o custo humano em termos de sofrimento e dor, logicamente, não
pode ser calculado. De fato, grande parte dele é quase invisível. Embora a tecnologia dos
satélites tenha tornado certos tipos de violência – terrorismo, guerras, tumultos e distúrbios
civis – visíveis para o público televisivo diariamente, muito mais violência ocorre fora da
vista em casas, locais de trabalho e até mesmo nas instituições médicas e sociais criadas
para cuidar de pessoas. Muitas das vítimas são jovens, fracas ou doentes demais para se
proteger. Outras são forçadas por convenções ou pressões sociais para manter o silêncio
sobre suas experiências” (Krug, 2002; OMS, 2003).

O Relatório Mundial sobre Violência e Saúde afirma ainda que “entre 1996 e 1997, o Banco
Interamericano de Desenvolvimento patrocinou estudos sobre a magnitude e o impacto
econômico da violência em seis países da América Latina (Buvinic e Morrison, 1999). Cada
estudo examinou os gastos, como resultado da violência, em serviços de saúde, serviços de
segurança pública (policiais) e judiciais, bem como prejuízos intangíveis e prejuízos com a
transferência de ativos. Expresso em termos de percentual do Produto Interno Bruto (PIB),
em 1997, os gastos com cuidados de saúde decorrentes da violência foram de 1,9% do PIB,
no Brasil; 5,0%, na Colômbia; 4,3%, em El Salvador; 1,3%, no México; 1,5%, no Peru; e
0,3%, na Venezuela” (Krug, 2002).

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Quadro 3: Causas do estresse relacionado ao trabalho:
Resumo

Trabalho
• Alto ritmo de trabalho, pressão de tempo
• Falta de controle (ritmo de trabalho, mas também relacionado a riscos físicos)
• Pouca participação
• Pouco apoio de colegas e chefia
• Falta de possibilidades de desenvolvimento de carreira
• Insegurança no emprego
• Longas jornadas de trabalho
• Baixa renda
• Assédio sexual e/ou psicológico

Interface casa-trabalho
• Conflito de responsabilidades e papéis, especialmente para mulheres
• A casa é o local de trabalho
• Família exposta a riscos relacionados ao trabalho
• Violência doméstica, agressão física, estupro
• Dificuldades na logística do dia a dia

Pessoa
• Competitiva, hostil
• Excesso de comprometimento
• Falta de autoconfiança

- 20 -
Consequências do estresse relacionado ao trabalho

Consequências para o trabalhador: o estresse relacionado ao trabalho pode desencadear


uma série de reações fisiológicas, emocionais, cognitivas e comportamentais.

Quadro 4:
Reações FISIOLÓGICAS ao estresse:
• aumento da frequência cardíaca
• aumento da pressão arterial
• aumento da tensão muscular
• sudorese
• aumento da produção e secreção de adrenalina
• respiração superficial em frequências mais altas

As reações EMOCIONAIS podem incluir:


• medo
• irritação
• humor depressivo
• ansiedade
• raiva
• motivação diminuída

As reações COGNITIVAS podem incluir:


• diminuição da atenção
• redução do campo de percepção
• esquecimento
• pensamento menos eficaz
• redução da capacidade de solução de problemas
• redução da capacidade de aprendizagem

As reações COMPORTAMENTAIS podem incluir:


• diminuição da produtividade
• aumento do tabagismo
• aumento do consumo de drogas e/ou álcool
• cometer erros
• absenteísmo-doença

- 21 -
Quando a exposição ao estresse não diminui e persiste por períodos prolongados, os
trabalhadores não têm tempo suficiente para se recuperar. O estresse pode, consequentemente,
causar distúrbios mentais e físicos e prejudicar o sistema imunológico, resultando em
doença, absenteísmo e incapacidade para o trabalho.

Existem alguns riscos a longo prazo que reduzem a saúde e desencadeiam doenças
para o trabalhador, as quais podem ser expressos em:

• pressão arterial alta


• queixas de angina
• transtornos afetivos e burnout
• depressão1
• alterações do metabolismo (risco de diabetes tipo II)
• dependência de álcool
• distúrbios musculoesqueléticos

Quadro 5: Claramente, os empregadores e suas empresas, por sua vez, terão


consequências negativas:
Condições de trabalho persistentes e estressantes estão associadas aos
seguintes efeitos:

• aumento do absentismo
• aumento dos atrasos
• aumento da rotatividade de pessoal
• redução do desempenho e da produtividade
• diminuição das taxas de crescimento e dos lucros
• redução da qualidade do trabalho e dos produtos
• aumento de práticas de trabalho inseguras e índices de acidentes
• aumento de reclamações de clientes
• aumento de eventos violentos
• aumento de doenças ocupacionais e aumento dos custos devido a todos os itens
acima

1
A depressão tem sido associada ao estresse relacionado ao trabalho (Tenant, 2001; Roos & Sluiter, 2004) e,
mundialmente, 8% dos casos de depressão têm sido atribuídos a fatores ambientais, particularmente o estresse
relacionado ao trabalho (Prüss-Űstün, Corvalan, 2006).

- 22 -
Capítulo 5

GESTÃO DO ESTRESSE RELACIONADO AO


TRABALHO: UMA ABORDAGEM POR ETAPAS
Embora não seja possível fornecer uma receita específica para prevenir o estresse relacionado
ao trabalho, é possível oferecer diretrizes para a prevenção do estresse nas organizações.

Como fundamento básico de uma força de trabalho com desafios para a sua saúde, os
trabalhadores devem estar motivados, sentir-se seguros em seu emprego, estar satisfeitos e
perceber que têm controle do seu trabalho. A prevenção do estresse relacionado ao trabalho
é, portanto, uma medida importante e propomos que ela envolva um processo por etapas
(ver também OMS, 2004)2:

1. Detectar sinais de estresse


relacionado ao trabalho e
tomar medidas preparatórias
5. Avaliar a(s) 2. Analisar os fatores de
intervenção(ões) risco e grupos de risco

4. Implementar um 3. Elaborar um
plano de ação plano de ação

Figura 2: Processo de Prevenção do Estresse

2
Para mais informações sobre esse assunto, nos referimos ao livro "Work Organization and Stress" (Organização
do Trabalho e Estresse). Ele foi escrito por Stavroula Leka, Amanda Griffiths e Tom Cox, do Instituto de
Trabalho, Saúde e Organizações, de Nottingham, no Reino Unido, um Centro Colaborador da OMS em Saúde
Ocupacional, e é publicado pela Organização Mundial da Saúde na série Proteção da Saúde dos Trabalhadores
(nº. 3) (www.who.int/occupational_health/publications/stress/en/).

- 23 -
1ª Etapa: Ações preparatórias e detecção de sinais de estresse
relacionado ao trabalho

A primeira etapa no processo de gestão do estresse é uma fase preparatória na qual são
tomadas as seguintes medidas:

• Assegurar o compromisso da direção e o apoio de toda a empresa para tratar do estresse


relacionado ao trabalho no nível organizacional e no local de trabalho. Isso é absolutamente
necessário para que os resultados sejam exitosos.

• Conscientizar sobre o estresse relacionado ao trabalho. É importante que os trabalhadores


e os empregadores entendam exatamente o que é o estresse relacionado ao trabalho
(causas, consequências, custos, soluções). Isso pode ser feito através de campanhas de
conscientização que forneçam informações escritas e verbais.

• Visto que o apoio da família e da comunidade é importante, particularmente nos países


em desenvolvimento, elas também devem ser incluídas no processo de gestão do estresse
relacionado ao trabalho, particularmente abordando a interface casa-trabalho.

• Colher evidências de sinais de estresse relacionado ao trabalho na empresa. O uso das


mesmas abordagens padronizadas permitirá uma comparação entre diferentes grupos de
trabalhadores com diferentes tarefas.

• Envolver os membros da Comissão Conjunta de Segurança e Saúde no Trabalho onde ela


existir. Essas comissões são exigidas por lei na maioria dos países latino-americanos e
estão incluídas na Convenção 155 da OIT que alguns países latino-americanos assinaram.
Embora essas comissões não sejam tão capacitadas e treinadas como seria desejável,
a maioria delas está ciente das normas nacionais de saúde e segurança. Contudo, elas
não sabem nada ou muito pouco sobre fatores psicossociais adversos no trabalho. Seria
útil disponibilizar informações a esses grupos, a fim de que os trabalhadores e seus
representantes tomem conhecimento desses fatores de risco.

• O feedback e o envolvimento dos trabalhadores são essenciais em todas as etapas do


processo de gestão do estresse, pois são eles que conhecem melhor o seu trabalho.

• Definir metas e prazos para um ou mais itens listados no Quadro 5 mostrado anteriormente.

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2ª Etapa: Analisar os fatores e grupos de risco

Nesta fase, ocorre uma análise mais detalhada da situação. Novas informações permitem
conhecer melhor as condições de trabalho e as características individuais dos trabalhadores,
de modo que as fontes de estresse relacionado ao trabalho e os trabalhadores em risco
possam ser identificados. Existem vários métodos que podem ser utilizados para coletar
essas informações (por exemplo, usando questionários, checklists, entrevistas e análise de
números de absenteísmo). Um questionário, como o exemplo mostrado no Quadro 6, pode
ser usado para se obter informações sobre as condições de trabalho que podem causar
estresse relacionado ao trabalho. Ele pode ser completado com perguntas adicionais que
são específicas à atividade, ao local de trabalho ou às condições do ambiente.

Quadro 6: Questionário para os Trabalhadores


Abordando as causas do estresse relacionado ao trabalho
Exigências da atividade e condições de trabalho:
Você tem tempo suficiente para fazer seu trabalho Sim, Não ou
corretamente? geralmente às vezes
Você está exposto a condições físicas desfavoráveis no seu Sim, Não ou
trabalho (por exemplo, clima desfavorável, ruído, radiação, geralmente às vezes
produtos químicos, objetos perfurocortantes ou em movimen-
to, superfícies escorregadias, trabalho repetitivo constante,
levantamento de cargas pesadas ou trabalho extenuante)?
Participação e controle:
Você pode escolher seus próprios métodos, ritmo e/ou ordem Sim, Não ou
de trabalho? geralmente às vezes
Você pode decidir quando fazer um intervalo? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você está envolvido na tomada de decisões? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Há reuniões regulares para discutir o trabalho? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você pode melhorar as cargas físicas desfavoráveis em seu Sim, Não ou
trabalho? geralmente às vezes
Relações interpessoais:
Você recebe apoio da sua chefia e/ou colegas? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você fica isolado dos outros durante o trabalho? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você é tratado de forma diferente, por exemplo, devido a sua Sim, Não ou
raça, gênero, origem étnica ou deficiência? geralmente às vezes
Você sofre violência por parte de clientes, pacientes ou Sim, Não ou
pessoas do público? geralmente às vezes

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Desenvolvimento de carreira e segurança no emprego:
Você tem boas perspectivas de carreira? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você é capaz de desenvolver suas habilidades e intelecto no Sim, Não ou
seu trabalho? geralmente às vezes
A segurança do seu emprego é boa? Sim, Não ou
geralmente às vezes
É provável que, nos próximos dois anos, você esteja exer- Sim, Não ou
cendo o mesmo trabalho de agora e na mesma empresa? geralmente às vezes
Horário de trabalho:
Você trabalha longas horas? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você trabalha à noite e/ou nos fins de semana (trabalho em Sim, Não ou
turnos)? geralmente às vezes
Você tem um horário de trabalho irregular? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Papel na empresa e informações:
Em geral, suas tarefas de trabalho são claras para você? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você tem tarefas/papéis conflitantes? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Você recebe informações suficientes para fazer seu trabalho Sim, Não ou
corretamente? geralmente às vezes
Você recebe feedback sobre o seu desempenho? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Rendimentos:
Os seus rendimentos são suficientes para sustentar você e Sim, Não ou
sua família? geralmente às vezes
Interface casa-trabalho: Sim, Não ou
O seu trabalho interfere nas suas responsabilidades geralmente às vezes
familiares ou nas atividades de lazer?
A sua casa também é o seu local de trabalho? Sim, Não ou
geralmente às vezes
Se sim:
Os membros da sua família estão protegidos contra Sim, Não ou
condições de trabalho físicas desfavoráveis (ver pergunta 2)? geralmente às vezes
Você considera sua casa como um lugar adequado para você Sim, Não ou
trabalhar? geralmente às vezes

Uma vez identificadas as fontes de estresse relacionado ao trabalho e os trabalhadores em


risco, os objetivos estabelecidos na 1ª Etapa podem ser especificados.

- 26 -
3ª Etapa: Elaborar um plano de ação

a) Decida quais ações devem ser tomadas para reduzir o estresse relacionado ao trabalho,
estabelecendo um inventário de possíveis soluções para as causas do estresse relacionado
ao trabalho, como identificado na 2ª Etapa. Para essa ação, consulte os exemplos no
Quadro 7 de ações para prevenir o estresse relacionado ao trabalho.

b) Isso deve ser seguido por um plano que priorize as várias ações necessárias. Identifique
quem será responsável por qual ação, defina os prazos (por exemplo, 3-6 meses) e
atualize o seu objetivo, como identificado na 1ª Etapa.

Quadro 7: Exemplos de ações para prevenir o estresse relacionado ao trabalho


Problemas: Possíveis ações:
Sobrecarga de trabalho • Redistribuição de trabalho entre colegas
• Priorizar trabalho/tarefas
• Oferecer um curso de treinamento (por exemplo, de gestão
de estresse ou tempo)
Trabalho monótono e rotineiro • Certificar-se de que, sempre que possível, os trabalhadores
tenham algum controle do ritmo de trabalho
• Certificar-se de que haja intervalos/pausas suficientes
• Rotação de trabalho (passando para várias tarefas diferentes
geralmente de acordo com um plano de rotação)
• Ampliação do trabalho (adicionar mais tarefas da mesma
dificuldade)
• Enriquecimento do trabalho (adicionar tarefas mais difíceis)
• Quando necessário, oferecer treinamento ou formação
adicional

- 27 -
Riscos físicos no local de • Substituir as máquinas ou dispositivos que produzam risco
trabalho por outros que produzam menos risco
• Proteger a fonte de risco (ruído ou outro)
• Informar aos trabalhadores sobre os efeitos negativos da
exposição a esses riscos
• Oferecer aos trabalhadores equipamentos de proteção in-
dividual (protetores de ouvido, luvas para proteger as mãos
de superfícies quentes, etc.)
Tarefas ou funções • Fazer uma descrição clara da função com exigências in-
conflitantes ou pouco claras teligíveis e apropriadas
Experiência de trabalho • Fornecer treinamento adequado, quando necessário
insuficiente para a função • Designar um mentor/tutor pessoal no trabalho
• Oferecer ajuda e incentivar a ajuda de colegas
• Deixar as tarefas mais difíceis para outros colegas mais
experientes
Falta de apoio social do • Oferecer aos gestores treinamento para aprender a como
gestor e/ou colegas tratar seus subordinados
• Organizar atividades periódicas que estimulem o espírito
de equipe (jantar após o trabalho, excursões em equipe ou
outras atividades sociais)
• Almoços e intervalos para o café juntos
• Estimular e recompensar o trabalho em equipe
• Organizar reuniões periódicas nas quais os problemas de
trabalho possam ser discutidos e resolvidos (juntos)
Interface casa-trabalho • Apoiar ou disponibilizar serviços de creche
• Horários de trabalho flexíveis, como trabalho temporário e/
ou meio-turno
• Teletrabalho/trabalho em casa
• Levar em conta as necessidades da família e dos filhos
(crianças), além de cuidar do trabalhador
• Oferecer transporte para o trabalhador, quando necessário

As ações e soluções devem se concentrar principalmente nas mudanças na cultura


organizacional e na organização do trabalho, tais como:

• redistribuir o trabalho entre colegas;


• introduzir a rotação de trabalho (passando para várias tarefas diferentes geralmente de
acordo com um plano de rotação);
• introduzir a ampliação do trabalho (acrescentando mais tarefas da mesma dificuldade);
• introduzir o enriquecimento do trabalho (acrescentando tarefas mais difíceis);
• melhorar a capacidade gerencial (por exemplo, através de treinamento de habilidades de
gestão);

- 28 -
• melhorias ergonômicas no local de trabalho3;
• melhorar os horários de trabalho, bem como os períodos de trabalho e de descanso (por
exemplo, do ponto de vista da saúde, a rotação direta ou de sentido horário de turnos é
preferida em comparação com a rotação inversa ou de sentido anti-horário);
• implementar a consulta direta com os trabalhadores;
• melhorar a comunicação entre os grupos de trabalhadores, ou entre o cliente e o(s)
trabalhador(es), ou entre os trabalhadores e as chefias;
• fornecer descrições de funções ou tarefas claras;
• fornecer regras e caminhos claros de promoção.

Obs.: a vantagem dessa abordagem é que ela lida diretamente com as causas do estresse
no ambiente de trabalho e pode ter um efeito positivo em toda a força de trabalho de uma
empresa.

As ações para prevenção ou redução do estresse relacionado ao trabalho podem incluir


melhorar as habilidades, competências e capacidade de adaptação individual dos
trabalhadores através de treinamento e formação, tais como cursos de:

• gerenciamento de tempo;
• lidar com clientes agressivos;
• levantamento de cargas pesadas;
• uso de máquinas ou equipamentos adequados;
• gerenciamento de estresse e treinamento de assertividade;
• busca de apoio da família, comunidade, religião e espiritualidade.

Obs.: essa abordagem focada no indivíduo tem duas desvantagens quando existem grandes
problemas no local de trabalho:

1. os efeitos benéficos nos sintomas de estresse, geralmente, são de curta duração;


2. importantes causas de estresse no ambiente de trabalho são ignoradas e continuarão
causando estresse relacionado ao trabalho.

Como regra geral, as estratégias organizacionais para evitar o estresse relacionado ao trabalho
devem receber alta prioridade. No entanto, até mesmo os esforços mais conscienciosos

3
Para mais informações sobre este assunto, nos referimos ao livro ‘Preventing Musculoskeletal Disorders
in the Workplace’ (Prevenção de distúrbios músculo-esqueléticos no local de trabalho). Ele foi escrito por
Alwin Luttman, Matthias Jäger e Barbara Griefahn, do Instituto de Fisiologia Ocupacional da Universidade de
Dortmund, um Centro Colaborador da OMS em Saúde Ocupacional, e é publicado pela Organização Mundial
da Saúde na série Proteção da Saúde dos Trabalhadores (nº. 5) (www.who.int/occupational_health/publications/
muscdisorders/).

- 29 -
para melhorar as condições de trabalho não seriam suficientes para eliminar o estresse
completamente para todos os trabalhadores. Por essa razão, uma combinação de abordagem
organizacional e individual é, muitas vezes, a maneira mais útil de prevenir o estresse
relacionado ao trabalho e, ao mesmo tempo, manter o foco nas medidas organizacionais
e nas medidas de trabalho-organização. Se estiverem disponíveis, o serviço de saúde
ocupacional, psicólogos profissionais ou profissionais com conhecimentos especializados
relacionados poderão informar ao empregador sobre medidas de prevenção ou intervenções
que sejam melhor indicadas para as situações de risco identificadas.

4ª Etapa: Implementar um plano de ação

Antes de iniciar a fase de implementação, é importante discutir como o plano de ação pode
ser implementado e como diferentes parceiros da organização, bem como seus trabalhadores
ou pessoas de fora da organização, serão envolvidos.

É essencial informar aos trabalhadores e envolvê-los nas mudanças que ocorrerão. Eles
precisam saber quem deve estar envolvido no processo de mudança. A participação dos
trabalhadores é crucial, pois eles são os que melhor compreendem o seu trabalho e, muitas
vezes, têm ideias sobre como melhorá-lo. É somente através da participação que qualquer
eventual resistência a mudanças nas organizações será reduzida. Às vezes, pessoas de fora
da organização podem facilitar o processo de mudança.

- 30 -
Quadro 7: Estudo de Caso:
Um exemplo de implementação bem-sucedida de soluções para reduzir o estresse
relacionado ao trabalho em organizações em duas cidades vietnamitas
(fonte: OMS/WPRO, 1999)

Com a ajuda da OMS, um Programa de Locais de Trabalho Saudáveis foi iniciado


no Vietnã, em 1998-1999. O programa foi introduzido através da iniciativa de Cidades
Saudáveis e foi direcionado a pequenas e médias empresas em duas cidades vietnamitas.

Como primeiro passo, foi criado um comitê organizador local. Muitas agências e órgãos
públicos a nível distrital, incluindo o Departamento de Saúde, o Departamento de Assuntos
Sociais, o Escritório Comercial e da Indústria, sindicatos e grupo de mulheres, participaram.
A título de orientação, o grupo diretivo do projeto participou de uma oficina de três dias
sobre locais de trabalho saudáveis, e dois cursos de capacitação foram realizados para
representantes de agências e pessoal dos locais de trabalho para prepará-los para o
gerenciamento de projetos. Foi oferecido um curso para gestores multidisciplinares a nível
distrital para introduzi-los às normas de saúde e segurança do trabalho e à avaliação
de riscos para a saúde no ambiente de trabalho. Um segundo curso foi fornecido aos
representantes dos trabalhadores e aos empregadores sobre o princípio de melhorar as
condições de trabalho.

Posteriormente, foi realizada uma pesquisa para avaliar as necessidades dos trabalhadores
em termos de proteção e promoção da saúde. Essa pesquisa revelou uma variedade
de queixas relacionadas a problemas de saúde e segurança e um número limitado de
intervenções de saúde existentes.

Com base nos resultados da pesquisa, um abrangente plano de ação de trabalho saudável
foi desenvolvido e implementado nas organizações participantes, incluindo modificações
nas condições de trabalho, exames de saúde e atividades relacionadas a um estilo de vida
saudável. Para incentivar um alto rendimento entre os locais de trabalho participantes, foi
estabelecido um sistema de premiação competitivo com base em 100 critérios realistas.
Embora os administradores de pequenas empresas inicialmente tenham reagido de
forma negativa com relação ao programa, eles começaram a apoiar depois de observar
os benefícios. O programa resultou em uma mudança na cultura do local de trabalho
nas organizações participantes, incluindo um ambiente de trabalho mais descontraído.
Os trabalhadores também se beneficiaram de melhorias no ambiente de trabalho físico
e nas informações recebidas sobre diversos tópicos de saúde. Uma análise da relação
custo-benefício revelou ganhos financeiros pelo aumento da produtividade em relação aos
investimentos em saúde e segurança feitos pela administração.

- 31 -
Quadro 8: Estudo de Caso:

Programa de formação de multiplicadores no México

Uma colaboração de três anos entre a OIT (Programa Trabalho Seguro) e a CTM,
uma das principais centrais sindicais do México, iniciou um programa de "formação de
multiplicadores". Foi incluído um capítulo sobre o estresse relacionado ao trabalho, que foi
replicado por alguns dos sindicatos, os quais elaboraram seus próprios slides e folhetos
a partir desse material. Isso será usado para conscientizar os trabalhadores sobre esse
assunto.

5ª Etapa: Avaliar a(s) intervenção(ões) realizada(s)

A avaliação é uma etapa essencial no programa de prevenção do estresse no trabalho e


determina se o processo de implementação foi bem-sucedido na produção dos efeitos
desejados. As seguintes questões devem conduzir esse processo:

a) Os objetivos foram atingidos?


Procure reavaliar e reanalisar as situações em que o estresse relacionado ao trabalho é
persistente.
Avalie até que ponto foram atingidos os objetivos previamente estabelecidos (1ª e 2ª
Etapas); por exemplo, uma redução nos problemas de saúde ou na taxa de absenteísmo.

b) O plano de ação tem efeitos inesperados?


É possível que o plano de ação tenha outros efeitos inesperados, tais como: quando se
tenta diminuir a carga de trabalho de um determinado grupo de trabalho, isso pode levar
a um aumento da carga de trabalho para outros grupos de trabalho.

c) Quais são os custos e benefícios financeiros do plano de ação?


As soluções para reduzir o estresse relacionado ao trabalho podem acarretar custos
específicos. No entanto, tais medidas irão beneficiar o trabalhador e a empresa a longo
prazo (ver Quadro 5). Portanto, é muito útil avaliar criteriosamente os custos a curto
prazo e os benefícios a longo prazo das medidas introduzidas.

- 32 -
d) As pessoas envolvidas estão satisfeitas com seus novos arranjos ou formas de trabalhar?
Pergunte aos trabalhadores diretamente ou circule um questionário para analisar a nova
situação e comparar os novos números e resultados com aqueles obtidos anteriormente
(consulte o questionário no Quadro 6).
Através da avaliação, pode-se determinar se as soluções precisam ser alteradas e outras
medidas devem ser tomadas para gerenciar o estresse relacionado ao trabalho. Isso pode
levar a um plano de ação revisado.

É aconselhável realizar a avaliação em duas fases:

1. Uma avaliação pode ser feita logo após a implementação do plano de ação (após cerca
de três meses) para determinar se o processo de implementação foi bem-sucedido e se há
algum efeito a curto prazo do programa.

2. Após um período mais longo (cerca de 1 ou 2 anos), para determinar se os objetivos


planejados foram alcançados, se os custos foram reduzidos e se os benefícios
organizacionais aumentaram com a implementação do programa.

Atenção: a prevenção do estresse relacionado ao trabalho não termina com a avaliação.


Pelo contrário, a prevenção do estresse deve ser vista como um processo contínuo que
utiliza dados da avaliação para refinar ou redirecionar a estratégia de intervenção.

- 33 -
Quadro 9: Estudo de Caso:

Custo-efetividade da gestão do estresse relacionado ao trabalho na força policial

Na Holanda, o Ministério dos Assuntos Sociais e do Emprego incentivou e subsidiou


ativamente uma abordagem setorial do gerenciamento de riscos, entre outros, sobre o
estresse no trabalho. Um dos motivos são os altos custos de absenteísmo e incapacidade
a longo prazo devido ao estresse relacionado ao trabalho. Esses custos são estimados
em quatro bilhões de euros por ano, ou seja, cerca de 1,5% do PIB. O objetivo geral foi
alcançar uma redução na exposição a riscos psicossociais específicos do setor de cerca
de 10% durante um período de aproximadamente três anos, o que acabaria por levar a
uma redução no absenteísmo e nas incapacidades devido ao estresse relacionado ao
trabalho. Esses projetos setoriais de gerenciamento de riscos foram chamados de Pactos
de Saúde e Segurança. O pacto pode ser descrito como um "acordo de cavalheiros"
entre os empregadores e os representantes de trabalhadores de um setor, os quais - na
presença do conselho do Ministério - concordam sobre quais riscos tratar, a abordagem
ou medidas a serem adotadas e quais objetivos específicos devem ser formulados a nível
setorial.
Resumo em inglês disponível: www.eurofound.eu.int/ewco/2005/12/NL0512NU01.htm

Na polícia, os riscos psicossociais parecem ter diminuído em 10% ou mais ao longo de um


período de 4 anos. Os cursos para lidar com a agressão e a violência foram percebidos
como medidas mais eficazes, embora a forma como esses cursos foram oferecidos,
bem como a sua eficácia percebida, diferiu por departamento. A abordagem do pacto foi
diferente para diferentes departamentos, mas foram incluídas abordagens organizacionais
e individuais. Durante esse período do pacto, o absenteísmo diminuiu mais de 3%. Só isso
já resultou em um benefício de 40 milhões de euros. Os benefícios superaram, de longe,
os custos do investimento realizado para desenvolver e implementar os projetos que eram
apenas cerca de 3 milhões de euros.

Embora esse caso não seja um caso de um país em desenvolvimento, ele mostra o
benefício de trabalhar em conjunto com um grupo de organizações que têm um perfil de
risco psicossocial semelhante e que parecem ter sido bem-sucedidas no gerenciamento
dos riscos através de intervenções eficazes em termos de custo.

- 34 -
Capítulo 6

PENSAR GLOBALMENTE – AGIR LOCALMENTE


Embora a maioria das soluções apresentadas se concentre principalmente nas grandes
organizações e nas relações de trabalho formais, a maior parte dessas medidas também
pode ser adotada nas pequenas e médias empresas. A globalização está aumentando o
número de pequenas e médias organizações, e muitas das quais servem como fornecedoras
de terceirização para essas grandes organizações. Além disso, há um número considerável
de trabalhadores informais nos países em desenvolvimento. Entretanto, esses trabalhadores
são de difícil acesso e representam um verdadeiro desafio para os especialistas internacionais
em Saúde e Segurança do Trabalho.

O princípio que orienta o desenvolvimento de locais de trabalho saudáveis em geral,


incluindo o gerenciamento do estresse relacionado ao trabalho, deve “ser abrangente,
participativo e capacitador, e deve estimular a cooperação multissetorial e multidisciplinar,
promover a justiça social e ser sustentável” (OMS, 1999). Nos países em desenvolvimento,
a ênfase deve ser nos trabalhadores menos favorecidos, bem como nas pequenas e médias
empresas e no setor informal. A criação de "redes" e "governos locais que apoiem" são
aspectos fundamentais no desenvolvimento de locais de trabalho saudáveis nos países
em desenvolvimento (Relatório da Reunião da OMS-OIT, 2000). O objetivo é promover
empresas locais e internacionais socialmente responsáveis que estendam seus programas
de Saúde e Segurança do Trabalho aos seus fornecedores ou exijam que eles tenham
programas semelhantes.

Os países são estimulados a estabelecer redes nacionais e regionais de locais de trabalho


saudáveis para facilitar o compartilhamento das boas práticas de gestão, tais como
conhecimentos para organizar de maneira eficaz uma redução estrutural do estresse
relacionado ao trabalho, bem como reduzir outros riscos para a saúde que muitas vezes estão
presentes no local de trabalho, e oferecer apoio mútuo, resultando em locais de trabalho mais
saudáveis com trabalhadores motivados. Essas redes podem incluir os vários facilitadores
de iniciativas para a criação de locais de trabalho saudáveis, tais como gestores da indústria
dos setores público e privado, representantes sindicais, órgãos públicos, pessoal do serviço

- 35 -
de saúde, bem como especialistas em condicionamento físico e nutricionistas. A Figura 3
abaixo representa a estrutura de uma rede de apoio para pequenas e médias empresas.

Serviço de saúde ocupacional

Pequenas
empresas

Rede específica Serviços comunitários


do setor e governo local

Figura 3: Rede de apoio para pequenas e médias empresas (OMS, 1999)

A rede fornece uma série de benefícios potenciais, que incluem:


• intercâmbio de informações, conhecimentos e experiências;
• apoio aos esforços nacionais e regionais para reduzir o estresse relacionado ao trabalho;
• reforço do conceito de ambiente de trabalho saudável; um mecanismo contínuo para
monitorar o progresso em termos de locais de trabalho com programas de gerenciamento
do estresse, e uma força de trabalho saudável e motivada que é capaz de "crescer" e se
desenvolver no local de trabalho.

- 36 -
Capítulo 7

O PAPEL DE UM EMPREGADOR E/OU


REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES
De acordo com a OMS, “todos os trabalhadores têm direito a um trabalho saudável e seguro
e a um ambiente de trabalho que lhes permita viver uma vida social e economicamente
produtiva” (OMS, 1994). A legislação nacional pode incluir a obrigação de os empregadores
tomarem medidas para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores. Entretanto,
certificar-se de que são tomadas medidas suficientes para proteger a saúde e a segurança
dos trabalhadores provará ser benéfico tanto para os trabalhadores quanto para a empresa.
A continuidade das medidas de proteção e uma força de trabalho saudável garantem que
a produção continue, os investimentos deem retorno e o reconhecimento de que o recurso
humano é um investimento importante para a empresa. É do interesse dos trabalhadores e
seus representantes ganhar a vida e também chegar à terceira idade em condições saudáveis.
Esses interesses não são contraditórios, mas complementares aos interesses das empresas.
Um exemplo de uma intervenção setorial eficaz em termos de custos é descrito no Quadro
10, abaixo, e as cinco etapas para prevenir o estresse relacionado ao trabalho propostas
nesta publicação descrevem a aplicação prática desse processo.

Portanto, os empregadores e os representantes dos trabalhadores devem estar cientes e


prevenir ou, pelo menos, reconhecer sinais de estresse relacionado ao trabalho nos
trabalhadores. Os empregadores e os trabalhadores estão em melhores condições de
gerenciar o estresse relacionado ao trabalho, agindo sobre suas causas estruturais na
empresa ou na rede. O papel dos trabalhadores e seus representantes deve ser o de alertar
a administração da empresa quando, ou idealmente antes de, o estresse relacionado ao
trabalho se tornar um problema.

- 37 -
Quadro 10: Os 10 principais fatores para o sucesso na ação preventiva:

• reconhecer um problema relacionado à saúde ou ao trabalho;


• tratar o estresse no trabalho como qualquer outro problema;
• agir sobre o problema;
• envolver os trabalhadores na intervenção, já que eles conhecem melhor a situação;
• reconhecer os trabalhadores como "especialistas";
• entender que a administração deve atuar sobre mudanças na estrutura organizacional;
• utilizar uma abordagem por etapas;
• utilizar uma estrutura clara de tarefas e responsabilidades e um cronograma;
• utilizar diferentes tipos de soluções para o sucesso a curto e a longo prazo;
• acompanhar: assegurar que a organização e os seus trabalhadores recebam a atenção
necessária durante o processo, bem como após a primeira rodada.

Alterado a partir de Kompier et al, 1998.

- 38 -
Capítulo 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estresse relacionado ao trabalho é uma questão de crescente preocupação nos países em
desenvolvimento, pois inevitavelmente terá consequências negativas futuras para a saúde,
a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, e a produtividade e a relação custo-benefício
das empresas para as quais eles trabalham. A crescente globalização e a transferência
de práticas de trabalho insalubre e tecnologias inseguras fazem com que isso se torne
facilmente um grande desafio, e requer empregadores e representantes de trabalhadores
dedicados cujo objetivo é proteger a força de trabalho. O quadro acima descreve alguns
fatores de sucesso para esses esforços.

A hipertensão e as doenças cardiovasculares são uma das principais doenças crônicas nos
países em desenvolvimento, consumindo uma proporção importante de seu orçamento de
saúde pública. Os trabalhos ou atividades profissionais que têm um alto nível de tensão
contribuem com 21% a 32% da prevalência de hipertensão. Isso significa que o redesenho
dos trabalhos seria uma medida eficaz em termos de custos para evitar uma proporção
considerável dessa doença, além de todos os esforços realizados para controlar os fatores
de risco tradicionais (químicos, biológicos e físicos, incluindo aspectos de promoção da
saúde que tratem, por exemplo, do sobrepeso e da nutrição).

Os programas de educação e capacitação contínua direcionados aos profissionais de Saúde


e Segurança do Trabalho, formuladores de políticas, empregadores, gestores, trabalhadores
e seus representantes devem adotar uma abordagem abrangente que inclua fatores de riscos
psicossociais, além dos riscos mais tradicionais, para iniciar uma série de ações integradas
para melhorar as condições de trabalho e prevenir o estresse relacionado ao trabalho,
apoiadas por uma estrutura de redes, entre outras organizações e agências regionais. À
medida que as organizações e os locais de trabalho mudam constantemente para acompanhar
os desenvolvimentos da globalização, as causas do estresse relacionado ao trabalho também
podem mudar. Portanto, é necessário monitorar de forma contínua e consistente a organização
e o local de trabalho para identificar as causas do estresse relacionado ao trabalho, juntamente
com outros riscos para a saúde. Pesquisas e outras ferramentas de coleta de dados, conforme
propostas nesta publicação, são necessárias para realizar essa tarefa. Deve ser dada especial
atenção às circunstâncias contextuais prevalecentes, que caracterizam a natureza do trabalho
e a vida cotidiana nos países em desenvolvimento.

- 39 -
Se os empregadores, os trabalhadores, os seus representantes e as agências regionais fizerem
tudo o que puderem para minimizar o estresse relacionado ao trabalho, e trabalharem em
conjunto para melhorar a "qualidade de vida no trabalho", isso não só garantirá uma força de
trabalho saudável e produtiva, mas também assegurará benefícios econômicos sustentáveis
para a empresa e a nação como um todo. É muito importante que os empregadores e os
representantes dos trabalhadores promovam as pesquisas e as coletas de dados através
de levantamentos nacionais e regionais. Isso fornecerá dados reais sobre a prevalência
da exposição ao estresse relacionado ao trabalho, que poderão ser usados em análises de
custo-benefício, os quais, por sua vez, apoiarão as medidas a serem tomadas nas empresas
e até mesmo a nível nacional.

A OMS gostaria de convidar profissionais e pesquisadores de países em


desenvolvimento que atuam com questões psicossociais no trabalho e
estresse relacionado ao trabalho, em particular, para fornecer comentários,
sugestões de melhoria, bem como informações adicionais sobre esse
fenômeno nos países em desenvolvimento.

Favor entrar em contato através do e-mail ochmail@who.int, aos cuidados


de Evelyn Kortum.

- 40 -
Capítulo 9

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Acreditamos que esta publicação ajudará a conscientizar sobre o estresse relacionado ao


trabalho. Mais informações sobre esse assunto estão disponíveis nos seguintes endereços
e/ou sites:

Organização Mundial da Saúde (OMS) Instituto Nacional de Segurança e Saúde


Intervenções para Ambientes Saudáveis Ocupacional (NIOSH)
Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente 4676 Columbia Parkway
Avenue Appia 20 Cincinnati, OH 45226-1998
CH-1211 Genebra EUA
Suíça Tel.: +1-0800-533-6847
Tel.: +41 22 791 35 31 Site: www.cdc.gov/niosh/homepage.html
ochmail@who.int
Site: www.who.int/occupational_health Fundação Europeia para a Melhoria
das Condições de Vida e de Trabalho
Organização Internacional do Trabalho (EFILWC)
(OIT) Wyattville Road, Loughlinstown, Co Dublin,
4, route des Morillons Irlanda
CH-1211 Genebra 22 Tel.: +353 1 2043100
Suíça Fax: +353 1 2826456/2824209
Tel.: +44 22 799 61 11 Site:
Site: www.ilo.org www.eurofound.ie/themes/health/index.html

Health and Safety Executive (HSE) Agência Europeia para a Segurança e a


Room 518, Daniel House, Trinity Road Saúde no Trabalho
Bootle, Merseyside L207HE Gran Via 33
Reino Unido E-48009 Bilbao, Espanha
Tel.+ 151 951 3864 Tel.: + 34 944-794-360
Site: www.hse.gov.uk Fax: + 34 944-794-383
Site: http://agency.osha.eu.int

- 41 -
Capítulo 10

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