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A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas em

10 de Novembro de 1937, mesmo dia em que foi implanta a ditadura do Estado


Novo, é a quarta Constituição do Brasil e a terceira da república. Foi redigida
por Francisco Campos, jurista e político mineiro, que posteriormente se tornaria
o Ministro da Justiça do governo Vargas. Vinte e poucos anos depois seria ele
também o principal redator dos Atos Institucionais do regime ditatorial de 1964.
A constituição de 37 ficou conhecida como Polaca, por seu redator ter se
inspirado na Carta Magna do governo fascista da Polônia, do ditador Jósef
Pilsudski.

A característica principal dessa constituição era a grande concentração de


poderes nas mãos do chefe do Executivo. O documento previa entre outros
tópicos o fechamento do Poder Legislativo nos três níveis (Congresso
Nacional, Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais). Seu conteúdo era
fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da República a
nomeação das autoridades estaduais, os interventores e a esses, por sua vez,
cabia nomear as autoridades municipais.

Com a Constituição de 1937, o poder do presidente atingiu seu ápice


centralizador. Em cerimônia simbólica, no Rio de Janeiro, foram queimadas as
bandeiras estaduais, proibidos os hinos regionais e os partidos políticos locais.

Da Constituição de 1937 pode-se destacar que:


 Concentra os poderes executivo e legislativo nas mãos do Presidente da
República;
 Estabelece eleições indiretas para presidente, com mandato de seis
anos;
 Acaba com o liberalismo;
 Admite a pena de morte;
 Retira dos trabalhadores o direito de greve;
 Previu a realização de um plebiscito para referendá-la, o que nunca
ocorreu.

Contexto Histórico
Em 1937, Getúlio Vargas concretizou um golpe de estado que iniciaria um
período de ditadura de oito anos, que se estendeu até 1945: o Estado Novo.
Curiosamente, essa ditadura estava prevista na Constituição, que legitimava os
poderes absolutos do ditador, enquanto direitos humanos eram
recorrentemente violados pelo aparelho repressor do Estado – a Polícia
Especial.

Os principais fatores que contribuíram para que Vargas buscasse fortalecer seu
poder pessoal através de uma ditadura foram o apoio da elite a esse
fortalecimento, bem como a radicalização dos grupos de esquerda (ANL) e de
direita (AIB) no período de 1934-37. As razões políticas para esse apoio da
elite se resumiam, tanto por parte dos cafeicultores quanto dos industriais, ao
medo da “ameaça comunista” e ao receio em relação aos possíveis
resultados de um maior engajamento político do operariado e da classe média.

Em 1934, surgiu no Brasil uma organização política de caráter ultranacionalista


denominada Ação Integralista Brasileira (AIB). O comando desse movimento
estava nas mãos de Plínio Salgado, político e intelectual, e suas propostas de
Estado forte, governo autoritário e sociedade militarizada foram inspiradas nos
governos nazifascistas da Itália, Alemanha, Espanha e Portugal. Em reação ao
integralismo, foi formada, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Compunham esse movimento comunistas, socialistas e líderes sindicais que
desejavam o governo popular, a proteção aos pequenos proprietários, a
nacionalização das empresas estrangeiras, entre outras coisas. Diante disso,
poucos meses depois e sob influência das classes mais conservadoras, a
Câmara aprovou a Lei de Segurança Nacional. Esse foi respaldo legal que
permitiu a Vargas fechar a ANL. A ANL tentou reagir através de um levante
armado – a Intentona Comunista –, que falhou por ter tido pouca adesão de
seus membros.

Em resposta ao levante, Vargas decretou estado de sítio e a Polícia Especial


iniciou uma repressão sistemática e violenta. A partir de então, quaisquer
elementos que oferecessem resistência ao governo, além dos comunistas,
foram perseguidos, presos, torturados e mortos. A decretação do Estado Novo
veio após os jornais anunciaram que o Exército havia descoberto um plano
comunista para a tomada do poder. Situação forjada por militares integralistas
pertencentes ao Exército, com o nome de Plano Cohen. Aproveitando-se
dessa falsa acusação e argumentando que era preciso defender a liberdade,
Vargas outorgou a Constituição de 1937, fechando o Congresso Nacional.

A Constituição de 1937: Principais Tópicos


 Fechamento do Poder Legislativo nos três níveis (Congresso Nacional,
Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais);
 Poder Judiciário subordinado ao Executivo;
 Total liberdade de ação à Polícia Especial;
 Propaganda a favor do governo no rádio mediadas pelo DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda);
 Eliminação do direito de greve;
 Reintrodução da pena de morte;
 Estados seriam governados por interventores nomeados por Vargas.
 Criação da justiça do trabalho (1934)

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