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Neste resumo, falar-se-á da Geopolítica Clássica com base em alguns autores, bem como de teorias que
buscaram compreender a balança de poder mundial durante fins do século XIX e o início dos anos 1900.
Conceito de Geopolítica
Em termos gerais, geopolítica se trata do ramo da geografia política o qual
concebe a relação de poder entre territórios. Todavia, especificamente a
geopolítica clássica foi priorizada durante a aula, pois se refere aos períodos
Imperialista e pós-Primeira Guerra Mundial, nos quais foram elaboradas as
teorias geopolíticas que serão apresentadas. Por ter sido compulsoriamente
utilizada como justificativa para as ações imperialistas das potências da época
e para legitimar suas conquistas territoriais, os geopolíticos clássicos
acabaram denegridos posteriormente, acusados de estabelecer uma
geografia a serviço do Estado.
Segundo Johan Rudolf Kjellén, teórico da geopolítica clássica, esta é a
ciência que analisa as relações entre povo, Estado e território e concebe o
Estado como um organismo geográfico ou fenômeno no espaço, que se
“alimenta” de território em busca de recursos (da mesma forma que afirma
Friedrich Ratzel – os Estados são organismos vivos). Assim sendo, só admite a
dimensão física dos espaços delimitados: baseia-se na ideia de território-zona. Dentre as teorias formuladas no
contexto da geopolítica clássica, receberão enfoque a Teoria do Poder Marítimo, a Teoria do Poder Continental
e a Teoria do Rimland.
Vale salientar que a Teoria do Poder Marítimo de Mahan substituiu, no âmbito expansionista do Estados
Unidos, a doutrina Monroe de 1823. No contexto do Congresso de Viena (1815), logo após o fim das guerras
napoleônicas, diversas ex-colônias haviam conquistado independência de suas respectivas metrópoles. Além
da restauração da ordem na Europa e da ascensão do Reino Unido como potência hegemônica, outra
consequência dessa assembleia foi a decisão de empreender a recolonização da América Latina. A doutrina
Monroe (enaltecida pela frase “A América para os americanos”) foi a reação do EUA a esta cláusula do
Congresso de Viena, mostrando que o país rechaçava totalmente e se pronunciava abertamente contra a ideia
de recolonização de seus vizinhos latino-americanos. Não se deve, todavia, pensar que os norte-americanos
tomaram essa posição por uma causa comunitária: a verdadeira intenção do Estados Unidos da América era
resguardar para si o continente, de modo que pudesse exercer influência ou mesmo dominar os futuros países
nele localizados – já que não detinha potencial militar para fazer frente às potências europeias na época.
Quando o Almirante Mahan propôs sua teoria em fins do século XIX, o poderio americano sobre a américa latina
já estava consolidado – o EUA, com a teoria do Poder Marítimo, conseguiu a justificativa para começar a
expandir sua influência por outras regiões do mundo.
Teoria do Rimland
Criada por Nicholas John Spykman, a
teoria do Rimland é um meio termo entre as
duas teorias já apresentadas: partindo da
interpretação de Mackinder, a qual afirma
que o heartland é o pivô da história mundial
e das disputas de poder internacionais, chega
à tese de que não é o controle direto sobre o
“coração do mundo” que garantiria o poder
mundial, mas sim a posse ou influência sobre
o seu entorno. Logo, para Spykman, a região
essencial a qual garante o cerco à heartland e
a edificação de um grande poderio mundial é a Crescente Marginal ou Interior de Mackinder, renomeada como
Rimland. Essa área de orla marítima euroasiática (também chamada de região das fímbrias) seria mais
determinante que o coração do mundo porque é uma vasta zona-tampão de conflito entre o poder marítimo
e o poder terrestre, e dessa forma o seu controle equilibraria as instâncias navais e terrestres dos conflitos.
De nada adiantaria possuir a heartland se outro poder pudesse dominar a Rimland e “cercar” o pivô do
mundo. Spykman ainda revela que os oceanos não separam e protegem, mas aproximam e conectam – para
Resumo de Geografia Aluno 2012 Valeiko
ele tanto forças navais quanto terrestres seriam determinantes para o controle de anel marítimo da Rimland.
Saliente-se ainda a importância das áreas geoestratégicas – estreitos, golfos, canais e mares semifechados –
para o controle da região das fímbrias, visto que formam reentrâncias, as quais criam zonas de grande trânsito
comercial de embarcações nas áreas costeiras, essenciais para a comercialização e abastecimento de recursos
ao redor do mundo.
Essa tese foi posta em prática durante a Guerra Fria: o código da contenção do comunismo soviético é
considerado a oposição entre EUA (potência marítima do Crescente Exterior ou Insular que consolidou sua
influência sobre o Rimland e cercanias, expressa pelas alianças com os países da Europa Ocidental e Oceania,
e com alguns Estados do Oriente Médio, Sul e Sudeste
asiático) e União Soviética (grande potência continental
que dominava a heartland quase por completo, a qual
ficou isolada frente ao grande apoio dado pelos países da
orla euroasiática ao EUA). Dessa forma, segundo o antigo
Conselheiro de Segurança Nacional do EUA, o já
conhecido Brzezinski, o vácuo de poder nos “Bálcãs
euroasiáticos” (referência a orla marítima, Rimland) que
surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial foi o que permitiu
ao Estados Unidos consolidar, com ajuda dos planos
Marshall e Colombo, a sua influência sobre a “região das Mapa mostra cerco à Heartland.
fímbrias” e isolar a grande potência continental
soviética, detentora do coração do mundo.