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Controle e Remocao de Sulfetos em Reatores Anaerob PDF
Controle e Remocao de Sulfetos em Reatores Anaerob PDF
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Jéssyca de Freitas Lima* | José Tavares de Sousa | Dayane de Andrade Lima | Israel Nunes Henrique | DOI 10.4322/dae.2015.013
Elivânia Vasconcelos Moraes dos Santos
Resumo
A presente pesquisa objetivou avaliar o desempenho de sistemas anaeróbios quanto à concentração de sulfe-
tos presentes no efluente de reatores UASB. Foram utilizados dois reatores UASB para comparação; em um foi
inserido oxigênio na manta de lodo (0,6 a 1,2 mgO2.L-1) e o outro apresentava características de um UASB sem
modificações. Com os resultados obtidos, identificou-se que a adição de oxigênio na manta de lodo resultou em
uma diminuição de sulfeto no efluente de 81%, garantindo uma concentração final no efluente de 12,09±3,22
mgS-SO42-.L-1 e 2,54±1,92 mgS-S2-.L-1, inibindo o mau cheiro e diversos problemas relacionados com a formação
de sulfeto em reatores anaeróbios, além de remover uma parcela considerável do material orgânico em termos de
DQO, 54% e 52% na primeira fase e 58% e 59% na segunda, para o UASB – O2 e UASB – Controle, respectivamente.
Abstract
The present research aimed to evaluate the performance of anaerobic systems regarding the concentration of sul-
fides present in the effluent of Upflow Anaerobic Sludge Blanket reactors –UASB. Two UASB reactors were used to
be compared, in one of the reactors, oxygen was inserted in the sludge blanket (0,6 to 1,2 mgO2.L-1) and the other
presented UASB features with no modification. With the obtained results, it was identified that the addition of oxy-
gen in the sludge blanket resulted in a decrease of 81% of sulfide in the effluent, ensuring a final concentration of
12,09 ± 3,22 mgS-SO42-.L-1 and 2,54 ± 1,92 mgS-S2-.L-1, inhibiting the stench and several problems related to the
formation of sulfide on anaerobic reactors. Besides that, it has removed a considerable portion of the organic ma-
terial in terms of DQOtotal, 54 and 52% in the first round and 58 and 59% in the second round, to UASB - O2 and
UASB-control, respectively.
Jéssyca de Freitas Lima* – Tecnóloga em Saneamento Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE),
Campus Limoeiro do Norte. Mestra em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Doutoranda em
Engenharia Civil (Saneamento Ambiental) na Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: jessyca-11f@hotmail.com.
José Tavares de Sousa – Engenheiro Químico pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Metodologia do Ensino Superior
pela Fundação Universidade Regional do Nordeste. Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela UFPB. Doutor em Engenharia Civil pela
Universidade de São Paulo (USP). Professor da UEPB. E-mail: tavaresuepb@gmail.com.
Dayane de Andrade Lima – Tecnóloga em Saneamento Ambiental pelo IFCE, Campus Limoeiro do Norte. Mestra em Ciência e Tecnologia
Ambiental pela UEPB. Doutoranda em Engenharia Civil (Saneamento Ambiental) na UFC. E-mail: dayane_eld@hotmail.com.
Israel Nunes Henrique – Químico industrial pela UEPB. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo Prodema UEPB/UFPB. Doutor
em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Pós-Doutorado pelo Edital 028/PNPD/CNPq. Professor da
Universidade Federal do Oeste do Pará. E-mail: israelnunes@yahoo.com.br.
Elivânia Vasconcelos Moraes dos Santos – Tecnóloga em Gestão Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFETCE).
Mestra em Engenharia Civil e Ambiental pela UFCG. Doutora em Engenharia Ambiental pela UEPB. Professora do IFCE, Campus Limoeiro do
Norte. E-mail: elivania.ifce@yahoo.com.br.
*Endereço para correspondência: Avenida Cesar Cals, 939, Praia do Futuro, CEP 60182-035, Fortaleza, Ceará
A B C
operacionais dos dois reatores UASB estão apre- Hand-held Dissolved Oxygen Meter), semanalmente,
sentados no Quadro 1. pelo respirômetro Beluga modelo S32c, desenvol-
vido pelo Departamento de Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Quadro 1 – Parâmetros de dimensionamento dos dois
reatores. Atividade Metanogênica Específica (AME)
Parâmetro Medida dos reatores UASB O teste de AME foi realizado no fim da fase experi-
Volume útil (L) 4 mental, com o intuito de verificar o comportamento
Altura total (m) 0,64
da biomassa após a exposição ao oxigênio (UASB –
Altura útil (m) 0,54
O2), durante todo o período de operação, fazendo
Diâmetro (mm) 100
comparação com o lodo que não sofreu oxigena-
Material construtivo PVC
Tempo de detenção hidráulica (h) 8
ção (UASB – Controle).
Vazão efluente (L/d) 12
Diante das diversas metodologias propostas para
a realização dos testes de AME, adotou-se a me-
todologia sugerida por Aquino et al. (2007). As-
Análises realizadas nos afluentes e efluentes sim, para a realização do teste, foi retirado todo
dos reatores o lodo do reator e homogeneizado, para que, pos-
Foram realizadas, semanalmente, análises nos teriormente, fosse retirada uma alíquota de lodo
afluentes e efluentes dos parâmetros físicos e para a investigação da AME. Esse procedimento
químicos listados no Quadro 2. foi realizado para os dois reatores, em duplicata,
para uma maior segurança dos resultados. Foram
utilizados frascos de borossilicato de 500 mL, fe-
Quadro 2 – Parâmetros analisados no
acompanhamento do desempenho dos reatores. chados por septos de borracha e lacres de alumí-
nio, os quais foram previamente calibrados antes
Variável Método analítico Referência
de sua utilização. A concentração de biomassa em
Titulométrico Seção 5220 C. / APHA et al.
DQO
refluxação fechada (2012) cada frasco era em torno de 2,5 gSSV.L-1.
Método Seção 4500 E. / APHA et al.
Sulfato
turbidimétrico (2012) O substrato utilizado foi o acetato de sódio, por
Método iodométrico Seção 4500 B / APHA et al.
Sulfeto
(2012) ser fonte de matéria orgânica (DQO solúvel) e por
Potenciométrico Seção 4500 / APHA et al. permitir avaliar o consórcio microbiano existen-
pH
(2012)
te. Para que a comunidade microbiana tivesse um
Alcalinidade Kapp Seção BUCHAUER (1998)
bom desenvolvimento, foi acrescida aos frascos
uma solução contendo macro (N-NH4+, P-PO42-,
Mg, Ca) e micronutrientes (Fe, Ni, Zn, Co etc.), bem
Monitoramento do oxigênio no reator UASB – O2 como alcalinidade (NaHCO3) e um agente redutor
A vazão de ar injetado diariamente no reator UASB (Na2S.7H2) (AQUINO et al, 2007).
– O2 foi quantificada por meio de um medidor de
Antes de as amostras serem incubadas, foi me-
gás, marca LAO, aferido por um fluxômetro marca
dido o pH e constatou-se que ele permaneceu
Oxigiel, com escala de 0 a 15 L/min.
em uma faixa de 7,3 a 7,6. Foi realizado o acon-
A concentração de oxigênio dissolvido dentro do dicionamento térmico dos frascos em isopor de-
sistema, na manta de lodo, foi medida diariamen- vidamente lacrado, sob condições controladas de
te com um oxímetro (OAKLON – DO 6 – Economy temperatura (37 °C).
tivamente. Para esse tipo de apresentação gráfi- 1,95±1,92 mgS-S2-.L-1, reduzindo, assim, a forma-
ca, é correto afirmar que, quanto maior o boxplot, ção de sulfeto e, consequentemente, minimizando
maior a heterogeneidade da amostra, portanto o mau cheiro e diversos problemas relacionados
maior o desvio padrão. Para melhor visualização com a formação de sulfeto em reatores anaeró-
dos resultados, os afluentes e efluentes foram bios. Analisando os resultados do reator UASB
legendados da seguinte forma: EB = afluente do – Controle, identifica-se que produziu efluentes
esgoto bruto armazenado no tanque de equaliza- com concentrações médias de 4,60±2,87 mgS-S-
ção; UASB-O2 = efluente do UASB com baixa aera- 2-
.L-1 e 6,27±3,47 mgS-SO42-.L-1, caracterizando
ção; UASB = efluente do UASB – Controle. elevação de 58% a mais na forma de sulfetos.
Já na Etapa II, a concentração de ar foi injetada centração de oxigênio, a fim de garantir a oxidação
durante dois minutos a cada meia hora. Ao ana- parcial de sulfetos.
lisar os resultados dessa etapa, nas Figuras 2 e 3,
Para melhor visualização dos resultados, realizou-
observa-se que a concentração média de sulfato se um balanço de massa (Tabela 1) em termos das
e sulfeto para o reator UASB – O2 foi, respectiva- concentrações médias de enxofre, com estados
mente, de 12,09±3,22 mgS- SO42-.L-1 e 2,54±1,92 de oxidação +6 e –2, afluentes e efluentes aos
mgS-S2-.L-1 e para o reator UASB – Controle, de reatores UASB. As concentrações das espécies
1,57±0,68 mgS-SO42-.L-1 e 13,20±8,65 mgS-S2-.L-1, sulfato e sulfeto dissolvido foram determinadas
sendo possível afirmar que de fato a sulfetogêne- a partir das contribuições de cada composto pre-
se ocorreu de forma efetiva no reator de controle. sente na fase líquida.
Isso porque, em condições anaeróbias, as BRSs Na Etapa I, 67% das formas de enxofre foram recu-
reduzem compostos orgânicos simples como sul- peradas no UASB – O2 e 57%, no UASB – Controle.
fato e geram sulfeto e alcalinidade (JONG; PAR- Na Etapa II, a recuperação do enxofre foi de 69%
RY, 2003). No reator com adição de ar, o sulfeto no UASB – O2 e de 70% no UASB – Controle; con-
produzido foi oxidado a sulfato, inibindo, assim, o sequentemente, a perda foi de 31% e 30% para os
mau odor característico. reatores, respectivamente. Speece (1996) cita que
é muito difícil “fechar” o balanço de massa para
Entende-se que, mesmo com uma eficiência de re- o enxofre no processo anaeróbio, principalmente
moção de odores de 81% na forma de sulfetos, o devido ao problema de dispersão de sulfeto, que
sistema produziu sulfato; portanto, precisa-se apri- pode ser causado pela síntese microbiana de en-
morar uma metodologia para injetar menor con- xofre e precipitação interna do sulfeto produzido.
Os valores de DQO afluente e efluente aos reato- mente 1,0 g de DQO é necessário para a redução
res UASB estão apresentados na Figura 6. Na Eta- de 1,5 g de sulfato; assim, tanto DQO quanto SO42-
pa I, a remoção de matéria orgânica obtida foi de são removidos no processo.
54% no UASB – O2 e 52% no UASB – Controle, em
AME
termos de DQO. Na Etapa II, a DQO média afluente
foi de 501±88 mgO2.L-1, permitindo uma eficiência No fim da fase experimental, foi realizado um teste
de 58% no UASB – O2 e 59% no UASB – Controle. de AME (Figura 7), com o objetivo de verificar o efeito
Figura 6 – DQO.
da exposição do lodo ao oxigênio fornecido no reator neização retratou uma oscilação na leitura duran-
UASB – O2, comparando com o UASB – Controle. te os ciclos aplicados, não representando uma re-
petitividade nas medições. É possível verificar que
O resultado de AME obtido no lodo exposto à bai-
existem momentos em que aparecem variações
xa aeração (UASB – O2) foi de 0,087 gDQOCH4/gS-
entre 0,6 e 0,8 mgO2.L-1 e outros com variações de
SV.d, valor próximo do obtido no UASB – Controle
1,0 a 1,2 mgO2.L-1.
(0,088 gDQOCH4/gSSV.d), demonstrando, portan-
to, que a biomassa praticamente não foi afetada Essas concentrações de oxigênio dissolvido apli-
com a introdução intermitente de ar. cadas converteram as formas de enxofre em for-
mas mais oxidadas (S0 e SO42-), porém a concen-
O valor de AME encontrado para o lodo do UASB
tração de sulfato representou cerca de oito vezes
– Controle foi inferior quando comparado com
os testes realizados por Souto et al. (2010), que o valor encontrado no reator UASB – O2, compara-
obtiveram 0,11 gDQOCH4/gSSV.d, e por Chamy e do ao reator UASB – Controle (Tabela 1). Contudo,
Ramos (2011), que obtiveram AME de dois lodos o excesso de oxigênio dissolvido não favoreceu
distintos, com valores de 0,14 e 0,17 gDQOCH4/gS- a conversão parcial da oxidação de sulfetos (S0),
SV.d, respectivamente. pois não houve formação de enxofre no efluente
do reator.
Monitoramento do oxigênio
Segundo Oliveira et al. (2008), a aeração contínua
Na Figura 8, estão apresentadas duas situações,
por mais de nove horas a uma concentração de 1
um respirograma gerado por software, o qual ex-
a 3 mgO2.L-1 reduz significativamente a atividade
pressa a concentração de oxigênio ao longo do
metanogênica de lodos anaeróbios, porém perío-
dia, apresentando variação de 0,6 a 1,2 mgO2.L-1,
dos mais curtos de aeração têm apenas um efeito
enquanto, na parte inferior, tem-se a variação de
menor e transitório. Nesse sentido, nota-se que o
temperatura (19 a 21ºC) em um teste realizado.
oxigênio injetado não afetou a atividade metano-
A medição de oxigênio dissolvido na manta de gênica, com concentração máxima de 1,2 mgO2.L-1
lodo sem a presença de um processo de homoge- no intervalo de dois minutos a cada meia hora.
A B
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