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Instituto de Terapia de Familia - RU. ENTREVISTA INTERVENTIVA: PARTE LIT PRETENDE FAZER PERGUNTAS LINEARES, CIRCULARES, ESTRATEGICAS OU REFLEXIVAS ? Karl Tomm M.D. Pam Proc 27: 1-15, 1988 Cada pergunta feita pelo terapeuta parece incorporar alguma intengao e partir de certas bases, Algumas perguntas tém 2_cbjetivo de orientar_o terapeuta sobre a situagdo > oxperiéacia do cliente: outras tém o objetivo de provocar mudangas terapéuti- cas. Algumas sao baseadas em hipdéteses Lineares sosre o fendmenc que est4 sendo observado: outras em hipdéteses circulares. Ss ai ferencas entre essas perguntas ndo sao triviais, clas tendem a causar efeitos diversos. Este artigo explora estes temas e ofere ce maneiras para se distinguir quatro grupos de perguntas. Pode ser usado vor terapeutas quando estes decidem que pergunta fazer, © nor vesquisadores para estudar os diferentes estilos de perqua- tas. Da perspectiva de um observador, terapias sido essenci- s. Conver almente conversas. Entretanto, nfo so conversas comu! das pelo desejo de aliviar a dor eo apeg sas terapéuticas si organ sofrimento mental e produgir a cura, Elas acontecem entre t2 apouta is tas e clientes num contexto onde esta acordado r4 contribuir intencionalmente para gerar mudancas nas emperiénci, A\pesar de que ou as © comportamentos problematicos dos clientes tras conversas possam ter um efeito terapéutico (por exomplo, dis pessoais entre membros da familia, amigos, colegas de tra conhecides e¢ até estranhos), n3o serian cc nderadas como ia" a ndo ser que houvesse um acordo de que um participante aceitasse 2 responsabilidade de guiar a conversa para que fosse rao outro, Portanto, um terapezta sempre assume verapéutico ¢ romisso de ajudar um papel para acura. Este papel inclui uu cc Rus Custodio Serrto. Fo. Sao se - Gc s0Ro23¢.c00427 po Instituto de Terapia de Familia - RU. as pessoas a lidar com seus problemas pessoais e dificuldades in- terpessoais. A posig&o do terapeuta numa conversa terapéutica 40 sé implica em responsabilidades especiais, mas tanbém confere pri vilégios especiais. Um exemplo deste tiltimo 6 que um terapeuta po de questionar o cliente sobre sua vida particular e pessoal. Ao fazer isso ele expde as vulnerabilidades do cliente. Consequentemente, existe um potencial para mais trauma paralelo ao da cura. A maneira pela qual este questionanento feito é que fard a diferenca. Alguns padrées da conversa podem ser mais terapéuticos do qae outros, Um dos fatores que contri em para esta variacio 4 a natureza da pergunta que ¢ feita. Durante uma conversa que tenha a pretensio de ser cura tiva, 0 terapeuta contribui com afirmagSes e perguntas. fm geral. afirmagdes apresentam temas, posigdes ou visées, enquanto pergun- tas chanam temas, posigSes ou visdes. Fm outras palavras, peraun tas chanam respostas, enquanto afirmagdes as fornccem. ao mesmo tempo, entretanto, estas caracte{sticas ndo 42 excludentes, per, rquntas poden ser guntas e afirmagdes se sobrepotm.Por exemp!o, + feitas em forma de afirmagées. “Vocé devo ter tido uma raz3o pa- ra vir me ver": "A waioria das pessoas vem porque algo as preocu- pa profundanente”, Alternadamente, afirmagde. podem surgir om for ma de perguntas: "Nao 6 interessante que vocé tenha chegado tarde “Por que vocé nfo saiu mais cedo, quando vocé sabia de novo ? que o tréfego estaria terrivel 2", Apesar disso, parece razodvel esperar que a forma Lingufstica dominante do terapeuta terd um e- feito importante na natureza e diregdo da conversa. Parece haver algumas vantagens para o terapeuta que u- sa mais perguntas, especialmente nas fases iniciais e no meio de uma entrevista. Uma delas é a naior garantia de uma conversa cen trada no cliente. As percepgées, experiéncias, reagSes, preccupa gdes, metas e planos do cliente tomam o palco central. Se o tera ue Custocio Serrao. <0 -2 Ta. ae: FoF ' 6.0.6 s0neaxe/c06197 - RJ Instituto de Terapia de ©. peuta responde as respostas do cliente com mais perguntas, as ox~ periéncias e crengas do terapeuta permanecem num papel de apoio na conversa. Portanto, quando o equilibrio favorece perguntas sobre afirmagdes, o "trabalho" da sesso 6 centrado naturalmente no cli ente e nao no terapeuta. Outra vantagem & que as perguntas, mais que as afirmagdes, cortituem um convite mais forte para que o cli ente se engaje na conversa. A forma gramatical de uma frase que gera uma pergunta levanta a expectativa de uma resposta. A cadén cia’, o tom e a pausa na fala do terapeuta aumentan a expectativa de uma resposta. Quando o terapeuta também passa um compromisso fica ‘com a escuta, ao ouvir a resposta do cliente, a expectativa ainda maior. Portanto, através de perguntas, o cliente é trazido para um didlogo com o terapeuta. Na verdade, até clientes reservados ou calados acham diffcil manter 0 siléncio quando perguntas sio feitas a eles. Mais uma vantagem em fazer perguntas 6 que os clientes sdo estimulados as @ pensar sobre seus problemas. Isto favorece sua autonomia e H x | Segura uma sensag%o de conquista pessoal quando ccorre uma mudan- ga terapéutica, em vez de induzir dependéncaa ao "conhecimento" \do terapeuta. Existem entretanto alguns limites na predominancia de perguntas sobre afirmagées. Um terapeuta pode se esconder atras 4 deste questionanento sem fim e no entrar na relag’o como uma pes | 80a real. Isto poderia ser uma grande desvantagem ao limitar 0 desenvolvimento de uma alianga terapéutica. 0s clientes necessi- tam ver o terapeuta como alguém coerente e integro para que possam confiar. Para isso, o terapeuta tem que fazer afirmagées de tem- pos em tempos, ¢ tomar posigdes sobre certos temas (mesmo que se- ja uma posig&o de nao tomar posi¢lo, tal como "o casal deve se separar ou continuar junto"). Ainda mais, a expectativa de uma resposta pode ser percebida como uma demanda, 2 se tornar uma im- posig3o, Algumas perguntas podem ser extremamente ameagadoras. Uma longa série de perguntas pode ser percebida como um interroga tério ou castigo. Estas possibilidades levantau a necessidade do -3- Run Custodio Sento. 48 Fou ao. ta? €.6.€ sonazze/o00 -7 (evapeuta monitorar constantemente a conversa, ¢ mudar para Waj#es quando suas perguntas se tornarem contra-terapéuticas. wutee lado, podemos lidar com estas dificuldades, mudando o tipo te pergunta que est4 sendo feita. © equilfbrio entre perguntas e afirmagées vari o Grupo de Mildo faz © Estrutural se ay diferentes fscolas, por exemplo, perguntas, enquanto que as linhas Estratégica Entre as variaveis que influenciam o eq. a crienta - an ais em afirmazées, 8 © afirmagées numa sessi> estdo Librie entre pergunt yan tedriea @ o estilo pessoal do terapeuta, o tipo de problema 20 pa erenga, expectativa e interagSes apresentadas pele cliente drao de interag’o que se desenvoive entre eles. .ité cnde sei, os efeitos deste equilfbrio ainda n’o foram explorados sistematica - mente na pesquisa de terapia de familia e casal. Apesar deste artigo se concentrar em perguntas e diferengas entre elas, nao tem a inteng3o de defender que o tera- Quando o cliente ndo se dé conta nas peuta a6 deva fazer perguntas. de informagées bésicas, ou ndo tem o conhecimento para responder estas. vom coeréncia, 6 apropriado que 9 terapeuta fornega resr Atirmagées do tipo "se-entio", qe clarificam o processo mental , podem contribuiy para a compreensdo de eventos importantes da fa- Por exemplo, se os pais exigem constantemente que o filho militia. « erianga conte tudo, eles ensinam as vezes a crianga a mentir. pode aprender a inventar qualquer resposta que satisfaga & neces- sidade dos pais de uma resposta imediata. As vezes o meio mais e ficaz de despertar questionamentos na mente do cliente © de apri- morar sua capacidade de fazer descobertas por si mesmo s&2 afirma dos irénicas e improvaveis do terapeuta. fun Cumosio Barrho, 40 Sarai Botanico” 2BA70 io da sanawo Tel, aan Ta 6.6 © 9000226/0001.77 Instituto de Terapia de Farnilia - RI. Cada pergunta incorpora alguma intengio. Tonsciente - mente ou néo, o terapeuta tem algum propésito ao fazer uma pergun Esta intengio ou propdsito parte da postura de "estrategizar” ta. A que quia o terapeuta a todo momento em sua tomada de decisio. intengao mais comum atr4s das perguntas feitas pelo terapeuta descobrir algo sobre os clientes ou a situag%o em que se encontran. Usando perguntas, o terapeuta convida 2 cliente a partilhar seus A intengio imediata em As perguntas problemas, experiéncias e expectativas. perguntar 6 desenvolver a compreensio do terapeuta. s& escolhidas para levantar respostas que permitan ao terapeuta “falar a nesma lingua" do cliente, entender sua experiéncias ¢ ge rar explicagées clinicas que possan ajudd-lo. As perguntas sao escolhidas para apoiar a postura conceitual do terapeuta quanto & Os membros da fanilia respondem de circularidade e a hipotetizar. No é esperado que eles mu acordo com a compreensdo que possuem. dem como resultado destas perguntas. este questionamento 0 foco de mudanga 6 0 terapeuta e nao a fani- A meta deste momento é que o terapeuta se oriente sobre a N medida © que Fm outras palavras, durante lja. situagao e as experiéncias dos membros da fanflia. © terapeuta obtém impressées e imagens a partir das respostas ver bais ¢ nao-verbais da famflia, mais perguntas sao feitas para pre encher os "buracos", clarificar anbiguidades e resolver dividas na mente do terapeuta. Portanto, na fase inicial de uma sesso, 0 terapeuta faz perguntas de orientagao. Entretanto, ao investigar a situagiio do cliente, apare cem oportanidades para intervengdes terapéuticas. O terapeuta en xerga am "bom momento" ou uma "abertura" na conversa para influen ciar as percepgdes ou crengas da familia. Em outras palavras, a situagao facilita uma ag&o do terapeuta que pode capacitar os mem bros da familia a mudarem seus pontos de vista e consequentemente seu comportanento. © terapeuta pode parar de fazer perguntas fue Custecio Serrto, <0 Jarom Goranice = 22470 6.6 ¢ son@22ej0001.77

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