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1 SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume 1

ARTE
Linguagens
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR

ARTE
ENSINO MÉDIO – 1a SÉRIE
VOLUME 1

Nova edição

2014 - 2017

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretário-Adjunto
João Cardoso Palma Filho
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Ana Leonor Sala Alonso
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Senhoras e senhores docentes,

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.

Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.

Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu


trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.

Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.

Bom trabalho!

Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
SUMÁRIO
Encontros escritos com professores de Arte 5
Arte, cidade e patrimônio cultural 10
Proposição para sondagem – Uma conversa sobre arte, cidade e
patrimônio cultural 12
Situação de Aprendizagem 1 – Artes visuais 17
Situação de Aprendizagem 2 – Música 23
Situação de Aprendizagem 3 – Dança 27
Situação de Aprendizagem 4 – Teatro 32
Situação de Aprendizagem 5 – Conexão com o território de processo
de criação e mediação cultural 37
Síntese e avaliação 39
In[ter]venção em arte: Projetos poéticos na escola 41
Proposição para sondagem – Uma conversa sobre a intervenção em arte 43
Situação de Aprendizagem 6 – Artes visuais 44
Situação de Aprendizagem 7 – Música 49
Situação de Aprendizagem 8 – Dança 59
Situação de Aprendizagem 9 – Teatro 62
Situação de Aprendizagem 10 – Conexões entre os territórios de linguagens
artísticas, processo de criação e mediação cultural 66
Síntese e avaliação 67
Nutrição estética 68
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a
compreensão dos temas 69
Glossário 72
Artistas e obras 78
Quadro de conteúdos do Ensino Médio 83
Gabarito 84
Arte – 1a série – Volume 1

ENCONTROS ESCRITOS COM PROFESSORES DE ARTE


São muitos os encontros que ajudam a ma- De posse do entendimento de que esse con-
terializar os escritos deste Caderno do Profes- ceito de rizoma pertence à Filosofia, importa
sor de Arte. São encontros de várias naturezas: compreender quais são as relações possíveis
o encontro entre nós, professores autores, gerou entre um conceito filosófico e a Educação. Para
conversas que cultivam a necessária abertura tanto, é preciso ter ciência sobre o que é a Fi-
para pensar possíveis processos educativos em losofia e o que é a Educação. Então, para sim-
arte; o encontro com a arte e suas linguagens; plificar e, ao mesmo tempo, provocar reflexão,
o encontro com as linguagens da arte e suas pode-se considerar que a Filosofia é a busca do
paisagens distintas com olhos que observam saber sobre a essência das coisas e a Educação,
as artes visuais, a dança, a música e o teatro; o a vida em desenvolvimento.
encontro com o texto de Gilles Deleuze sobre
o rizoma, que inspira a concepção do pensa- São afirmações aparentemente simples, po-
mento curricular em Arte imaginado para o rém trata-se de um sistema rizomático de en-
andamento da composição deste Caderno. tendimento de movimento em multiplicidade.

Gilles Deleuze e Félix Guattaria desenvol- Nesse movimento, é possível trazer para a
veram o conceito teórico de rizoma como um Educação uma transposição do pensamento
sistema aberto de relações semióticas, intrín- filosófico, aproveitando, assim, uma parte do
secas, cujos princípios de conexão, heteroge- seu todo, no intuito de provocar reflexão sobre
neidade, multiplicidade, ruptura, cartografia questões da contemporaneidade, que permeiam
e decalcomania estabelecem uma antigenealo- os processos de ensino e aprendizagem da arte.
gia, rompendo com a estrutura de procedên-
cia, com a cadência hierárquica e com todas A arte e a educação têm por natureza a
as ordenações tradicionais da relação sujeito/ condição de serem agentes promotores de
objeto, inclusive o conhecimento. processos exploratórios do saber. Tal condi-
ção torna possível a relação entre o rizoma e o
O nome rizoma, emprestado da Botânica ensino da Arte na Educação Básica, que cul-
por se referir a ramificações que ocorrem, por mina em um pensamento curricular irradiado
exemplo, no processo de desenvolvimento das no mapa dos territórios artísticos, compreen-
gramíneas, aplica-se à construção do conhe- dendo esses territórios como mobilidades de
cimento, enquanto conceito filosófico, quan- construção dos saberes sobre a produção do
do tal construção é compreendida como um conhecimento humano em arte.
processo em que não há início preestabelecido
tampouco fim, em um constante sistema de Um mapa posiciona a localização no es-
relações que permeia o sensível e o cognitivo paço e no tempo, tornando-se um instru-
do sujeito cognoscente. Assim, em um rizoma, mento imprescindível para traçar rotas que
o conhecimento se expande em rede de liga- levem ao destino desejado. No caso do Mapa
ções contínuas entre “mil platôs”b, entendidos dos “Territórios da Arte”, é possível utilizá-
como territórios elevados. -lo para traçar caminhos que permitam co-

a
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia. v. 1. São Paulo: Editora 34,
1995. p. 10-37.
b
Ibidem, p. 10-37.

5
nhecer outros territórios antes mesmo de se f materialidade;
alcançar o destino a que se objetiva, pois ele
também possibilita a mudança de rota, por f forma-conteúdo;
outros interesses despertados, para ampliar
conhecimentos de novos destinos que se jul- f mediação cultural;
gar importantes.
f patrimônio cultural;
A cada exploração nos territórios haverá
novas descobertas imbuídas de implicações se- f saberes estéticos e culturais.
mióticas, estimulando o sujeito que vivencia o
processo de conhecer e reconhecer os saberes Nesse movimento de dimensão cartográ-
estéticos e sensíveis da prática artística na Edu- fica, como seria possível desenhar um mapa,
cação. Assim, em um rizoma, sua condição criando um espaço para esses territórios?
antigenealógica propicia liberdade para partir Como tornar mais visível o entendimento
e chegar de quaisquer territórios mapeados, desse novo pensamento curricular? Como tra-
como também para agregar descobertas de ou- çar um desenho sem núcleo central, capaz de
tros territórios (platôs). mostrar que o mapa dos territórios oferece
múltiplas entradas e direções móveis, com li-
Esse conceito se faz presente no Caderno nhas variadas que podem se encontrar com
do Professor, não para definir ou delimitar outras linhas, fazendo conexões múltiplas e
ideias, mas para provocar o professor de Arte arranjos heterogêneos?
a encontrar os próprios percursos, que o con-
duzirão na ampliação e no aprofundamento Do encontro com a obra Estudo para su-
dos seus saberes estéticos e sensíveis. perfície e linha, da artista Iole de Freitas,
avistamos uma forma. Na obra, superfícies
Como pensamento curricular em Arte, ima- de policarbonato e linhas tubulares se re-
ginamos a possibilidade de pensar as lingua- tesam ou se descomprimem em generosos
gens (artes visuais, dança, música e teatro) por arqueamentos que nos levam a experiên-
meio da composição de um mapa que possuísse cias sensoriais de interior e exterior, leve e
a capacidade de criar um encontro entre elas pesado, contínuo e descontínuo. Essas cons-
por diferentes ângulos de visão. tantes mutações sensoriais provocadas pela
obra nos dão a sensação de uma arquitetura
Em um exercício de pensar sobre a arte mole, na qual o curso da linha nos põe em
na cultura e pinçar do próprio sistema de movimento, a bailar no espaço em superfí-
arte diferentes ângulos de visão sobre ela, cies múltiplas.
é que avistamos e delineamos o mapeamen-
to que chamamos de “Territórios da Arte”, A obra nos faz imaginar. E, por proxi-
como sendo: midade, o curso da linha nos faz pensar em
caminhos, em veredas, em uma imaginação
f linguagens artísticas; fluida que abre passagem ao exercício de in-
venção de outra configuração para o curso
f processo de criação; dessa linha.

6
Arte – 1a série – Volume 1

© Sérgio Araújo

© Sérgio Araújo
Figura 1 – Iole de Freitas. Estudo para superfície e linha, 2005. Figura 2 – Linhas para a configuração do Mapa dos
Instalação. Policarbonato e aço inox, 4,2 × 30,0 × 10,6 m. ‘‘Territórios da Arte’’ a partir da obra de Iole de Freitas.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (RJ).

Dessa outra configuração é que se tornou Na composição do Caderno do Professor de


visível a imagem do Mapa dos “Territórios da Arte, cada volume tem como ênfase de estudo
Arte”c para esta proposta de pensamento cur- conceitos e conteúdos da Arte que são vistos em
ricular em Arte. conexão com diferentes territórios. Os caminhos
investigativos em sala de aula são lançados por:

f Proposição para sondagem – traz imagens


de obras ou ações expressivas relaciona-
das ao tema e às linguagens da arte. A
sondagem possibilita que os aprendizes
conversem, a partir de seu repertório
pessoal, sobre os conceitos que serão
estudados no volume. Ao professor, a es-
cuta da conversa dos alunos possibilita
planejar o encaminhamento das Situa-
ções de Aprendizagem sugeridas;

f Situações de Aprendizagem – problematizam


Mapa dos ‘‘Territórios da Arte’’.
o conceito e o conteúdo da Arte do ponto de
vista dos territórios abordados e no contex-
to particular de cada uma das linguagens ar-
O mapa ajuda a visualizar os “Territórios da tísticas: artes visuais, dança, música e teatro;
Arte” como formas móveis de construção e orga-
nização de outro modo de estudo dessa disciplina f Nutrição estética – diante do tempo das
no contexto escolar. O mapa, assim, é utilizado aulas, da realidade de sua escola, dos in-
como um desenho, entre muitos outros possíveis, teresses de seus alunos, uma ou mais lin-
ligado ao conceito de rede, mostrando uma for- guagens poderão ser retomadas com o
ma no tempo e no espaço de conduzir o estudo objetivo de ampliar o repertório artísti-
das artes visuais, da dança, da música e do teatro. co e estético dos educandos. Nesse caso,

c
Imagem criada por Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque que apresenta a criação e composição do pensamento
curricular em Arte para mapeamento de conceitos e conteúdos direcionados aos segmentos da 5a série/6o ano do
Ensino Fundamental à 2a série do Ensino Médio, para a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2007.

7
propomos a Nutrição estética para explo- f investir na formação cultural dos alunos,
rar, com mais profundidade, as imagens e potencializando o repertório dos aprendi-
ideias contidas nas proposições apresen- zes, seja por meio da sondagem que o in-
tadas, retomando os conceitos enfocados vestiga, seja pela Nutrição estética que o
nas linguagens artísticas. expande.

Que o caminhar pelos “Territórios da Arte”


aqui indicados encontre paisagens ainda não Avaliação
vistas, envolvendo professores e aprendizes em
processos educativos com desdobramentos ins- Portfólio dos estudantes
tigantes sobre arte, tal qual o artista quando
mergulhado em sua criação. O conhecido portfólio, prática comum en-
tre artistas, parece ser ainda uma forma inte-
Boa caminhada! ressante de os aprendizes recontextualizarem
para si e para o outro (professor e grupo-clas-
se) a investigação dos conteúdos estudados. O
Notas para processos educativos em portfólio pode vir a ser um modo de o apren-
Arte: metodologia e estratégias diz pensar e apresentar seu trajeto de estudo
por meio da construção de uma forma visual,
como um “livro de artista”, por exemplo.
f Manejar as Situações de Aprendizagem
oferecidas como modos de provocar em Nesse sentido, o Caderno do Aluno é um
sala de aula a experiência com e sobre a suporte para registros que compõem o portfó-
arte, entendendo que “é experiência aqui- lio. Nele, há espaços para o estudante registrar
lo que ‘nos passa’, ou que nos toca, ou suas respostas às proposições que são ofere-
que nos acontece, e ao passar-nos nos cidas no Caderno do Professor, apresentadas
forma e nos transforma”, como diz Jor- nas seguintes seções:
ge Bondíad. Isso implica, em sala de aula,
deslocar o foco da informação para a
problematização, isto é, antes de dar res- f O que penso sobre arte? – ações sobre o re-
postas prontas, é melhor compartilhar pertório cultural dos alunos;
experiências de problematização com os
aprendizes; f Ação expressiva – ações que desencadeiam
o fazer artístico nas diferentes linguagens
f privilegiar a construção de conceitos por de acordo com as proposições do Caderno
meio de conexões entre os “Territórios da do Professor;
Arte”, praticando um modo de fazer pe-
dagógico que mova os aprendizes à maior f Apreciação – ações de leitura de obras de
proximidade com o pensamento da/sobre arte nas diferentes linguagens artísticas;
arte em suas diferentes linguagens;
f Pesquisa de campo – ações que orientam o
f valorizar a percepção estética e a imaginação aluno no planejamento, na realização e na
criadora dos aprendizes. Isso significa obser- discussão de pesquisa proposta no Cader-
var e escutar o que eles fazem, falam, comen- no do Professor;
tam, tanto no fazer artístico como na leitura
de seus códigos, cuidando para não silenciar f Pesquisa individual e/ou em grupo – ações
sua poética pessoal; que orientam o aluno para aprofundar seu

d
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Disponível em: <http://www.miniweb.
com.br/Atualidade/INFO/textos/saber.htm>. Acesso em: 9 ago. 2013.

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Arte – 1a série – Volume 1

nível de conhecimento sobre um ou mais expressão à sua aprendizagem, criando for-


assuntos, realizadas individualmente ou mas para mostrar suas produções artísticas,
em grupo, e relacionadas às proposições textos escritos, fotografias de momentos das
do Caderno do Professor; aulas e pesquisas realizadas.

f Lição de casa – ações que sistematizam


o estudo, impulsionando a produção do Diário de bordo do professor
portfólio do aluno para além do Caderno;
O registro do percurso vivido nos Cader-
f Você aprendeu? – questões objetivas e/ou nos também tem se mostrado uma ferramen-
abertas para reflexão sobre os conteúdos ta importante para o professor avaliar seu
trabalhados nas Situações de Aprendiza- próprio processo de trabalho e buscar no-
gem de cada Caderno; vos caminhos para desenvolvê-lo. Por isso,
sugerimos a elaboração permanente de um
f Aprendendo a aprender – algumas dicas diário de bordo como um espaço reflexivo
para o aluno, ampliando possibilidades de para tratar da abordagem das Situações de
aproximação com a Arte; Aprendizagem, das dificuldades encontra-
das, das adequações necessárias, das obser-
f Para saber mais – indicações de livros, sites, vações realizadas no desenvolvimento das
filmes, vídeos e CDs. diferentes proposições.

O Caderno do Aluno, como parte do port- Além disso, avaliar seu diário de bordo
fólio passível de ser complementado por ou- pode ser um momento importante de reflexão
tros modos de registro que podem gerar uma sobre todo o caminho trilhado e de aqueci-
elaboração criativa, permite que o aprendiz dê mento e planejamento.

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ARTE, CIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL
Cidade. Espaço feito, refeito, reinventado são mantidas de geração em geração são bens
constantemente por um sem-número de tra- culturais, materiais e imateriais, que se ofere-
ços, linhas, cores, sinais gráficos, sons, sota- cem ao nosso olhar e à nossa escuta. O estudo
ques, letras, roupas, números, cheiros, frases, da Arte, tendo como viés a ideia de patrimô-
massas, volumes, movimentos... Lugar onde nio cultural na cidade, independentemente do
convivem diferentes culturas, diferentes prá- número de seus habitantes e de sua história,
ticas culturais. Espaço-lugar que produz, que oportuniza a ampliação do olhar sobre:
abriga e faz a circulação de diferentes formas
de arte. Arte urbana. Arte pública. Arte na f heranças culturais; patrimônio cultural
rua. Arte da rua. O encontro da arte como imaterial e material; estética do cotidiano;
patrimônio cultural da cidade ajuda a olhar tradição e ruptura; ligação arte e vida; arte
com mais atenção a arte e as práticas culturais contemporânea;
no contexto urbano, movendo os jovens do
Ensino Médio à invenção de projetos poéticos f preservação e restauro; políticas culturais;
e ao exercício de mediação cultural como um educação patrimonial;
modo de habitar, uma forma de participar e
um jeito de se expressar na pólis. f arte pública; intervenções urbanas; grafite;
pichação; monumentos históricos;

Conhecimentos priorizados f paisagem sonora; músicos da rua; videocli-


pe; música contemporânea;
Temas e conteúdos
f carnaval; tambor de crioula; jongo; roda
Cidade, cultura e práticas culturais no de samba; frevo; forró; dança contemporâ-
território de patrimônio cultural nea; dança popular;

Patrimônio cultural. Obras de arte que ha- f artes circenses; circo tradicional; famílias
bitam a rua, que vivem em museus; obras de circenses; circo contemporâneo; escolas de
arte efêmeras que são registradas em diferentes circo; clown e a tradição cômica; folia de reis;
mídias; manifestações artísticas do povo que palhaços de hospital.

Arte, cidade e
patrimônio cultural

10
Arte – 1a série – Volume 1

e de artistas, nas diferentes linguagens da


arte.

Mediação cultural. Aproximação, contato,


patrimônio
cultural
diálogo e ampliação de repertório pessoal e
cultural por meio de experiências estéticas
provocadas no campo da arte e da cultura.
A ligação entre processo de criação e media-
ção cultural acontece na pesquisa e na ex-
perimentação por meio de projetos poéticos
individuais ou colaborativos que intencionam
Cultura urbana e práticas culturais no território provocar a experiência estética e o exercício
de processo de criação e mediação cultural da mediação cultural como modo de olhar
para a pólis.

Competências e habilidades
processo
de criação
f Investigar a arte e as práticas culturais
como patrimônio cultural no contexto da
cultura urbana;

f valorizar o patrimônio cultural, a memó-


ria coletiva, os bens simbólicos materiais e
imateriais;

mediação f operar com imagens, ideias e sentimentos


cultural por meio da especificidade dos processos
de criação em arte, gerando sua expressão
em artes visuais, dança, música e teatro;

f operar com esboços de projetos indivi-


Processo de criação. Criação, repertório duais ou colaborativos, visando à inter-
pessoal, cultural e procedimentos criativos venção e à mediação cultural na escola
constroem poéticas pessoais, de estudantes e na cidade.

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PROPOSIÇÃO PARA SONDAGEM
UMA CONVERSA SOBRE ARTE, CIDADE E
PATRIMÔNIO CULTURAL

A junção entre patrimônio cultural, cidade arte?”, algumas questões são propostas para
e cultura urbana traz para a sala de aula um mobilizar a escrita de uma carta a um colega
olhar antropológico sobre a arte. Certamen- da sala de aula.
te, seus alunos, como são jovens com mais de
15 anos, já possuem mais autonomia e, por Na escrita da carta, o aluno pode contar
isso mesmo, percorrem com mais frequência ao colega sobre: os artistas que estudou; o que
a cidade ou o bairro onde moram. Pode ser ficou de mais significativo das aulas de Arte;
até que eles façam parte de alguma forma de as exposições que visitou; os espetáculos de
“cultura juvenil”a, como os straight edges, que dança e de teatro aos quais assistiu; se conhe-
têm um modo de vida associado à música ceu alguma sala de concerto; se lembra de ter
punk/hardcore; os grafiteiros, que desenham escutado alguma música nova ou diferente; ou
em muros e paredes da cidade; os “japas”, qualquer outra coisa que lembre sobre as aulas
que são adeptos da street dance; os “manos”, de arte. Nessa escrita, o aluno também pode
do breakdance; os instrumentistas; os de roda usar desenhos se quiser. Em seguida, produz
de samba; os forrozeiros; os que pertencem a um envelope com desenho, colagem ou letras
uma escola de samba; os que fazem fanzine; desenhadas para anunciar o nome do desti-
os que jogam capoeira; os que atuam em tea- natário e entrega sua carta. Após a leitura da
tro amador, entre outros. Enfim, como toda carta recebida, o aluno faz um registro sobre
cultura, a juvenil constrói formas de expressão que experiências diferentes eles percebem que
artístico-estética, reconstruindo a cultura ur- o colega viveu.
bana local num movimento que trafega entre
a tradição e a ruptura; entre a reinvenção e a Para o professor, a escuta sobre as experiên-
herança cultural. cias vividas é uma oportunidade de saber mais
sobre o repertório dos alunos e o que da lingua-
É confiando e apostando nos jovens, e na gem da arte é pouco próximo deles, sensibili-
produção da cultura juvenil, que são apresen- zando-os para os conteúdos previstos.
tados percursos educativos que cercam a cida-
de e a arte como patrimônio cultural.
Proposição II – Movendo a apreciação
Proposição I – O que penso sobre arte? Essa é uma curadoria educativa que tem
como foco práticas culturais urbanas. A ideia é
Começo do ano letivo. Para o professor, o promover uma conversa que possa provocar um
encontro com novas turmas. Para os alunos, olhar sobre a arte na cidade, a fim de aguçar os
um novo trajeto, o Ensino Médio. Neste mo- sentidos para a investigação acerca do patrimô-
mento, é interessante conversar com eles sobre nio cultural. Para mover a “Apreciação”, pro-
o que guardam na memória do que conhece- ponha aos alunos que se organizem em grupo
ram sobre arte no Ensino Fundamental. No para conversar sobre as problematizações que
Caderno do Aluno, em “O que penso sobre estão no Caderno do Aluno.

a
Para saber mais sobre cultura juvenil: MAGNANI, José Guilherme Cantor; SOUZA, Bruna Mantese (Orgs.).
Jovens na metrópole: etnografias de circuitos de lazer, encontro e sociabilidade. São Paulo: Terceiro Nome, 2007.

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Arte – 1a série – Volume 1

© Marcello Casal Jr/ABr


© Fernando Favoretto
3 4

© Adriana Elias/Prefeitura da Cidade de São Paulo


© Paulo Barbuto
5 6
© Acervo das autoras

© Adriana Elias/Prefeitura da Cidade de São Paulo


7 8

Figura 3 – Street dance. Figura 4 – Dança de salão. São Paulo (SP). Figura 5 – Grupo Namakaca. É nóis na xita, projeto Mostra Lino
Rojas, 2010. Vale do Anhangabaú, São Paulo (SP). Figura 6 – Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo. Neuropolis. Direção
musical: Livio Tragtenberg. São Paulo (SP). Figura 7 – Forró. Figura 8 – Z’África Brasil. Show de inauguração do Projeto Vertentes,
2004. Sala Olido, São Paulo (SP).

13
© Fefe Talavera

Figura 9 – Fefe Talavera. Graffiti, 2007. Grafite. Exposição A conquista do espaço: novas formas da
arte de rua, 2007. Sesc Pinheiros, São Paulo (SP).

A socialização do que vai sendo f O que faz o grafite de Fefe Talavera em


apreciado e comentado pelos alunos um espaço expositivo? Grafite é só na rua?
deve ser ágil, com apontamentos na Você conhece alguém que seja grafiteiro?
lousa para que todos acompanhem o que
está sendo falado. O registro dos aspectos f Você já viu um espetáculo de circo?
observados pelos alunos é também impor-
tante para iniciar seu diário de bordo, profes- f Você conhece os B-boys Muxibinha e Pe-
sor. Nele, algumas reflexões são importantes: lezinho e seus movimentos de breakdance?
os alunos têm familiaridade com as práticas Conhece outros grupos de breakdance ou
culturais presentes nas imagens? Sobre qual street dance?
prática cultural desejam saber mais?
f Como você percebe a presença do público
nessas imagens?
f O que é ou não é familiar nas imagens?
O que chama mais a atenção? Que ima- f Poderíamos dizer que essas práticas cul-
gens provocam vontade de saber mais turais pertencem ao nosso patrimônio
sobre elas? cultural? Por quê?

f O que um espetáculo chamado Neuropolis


pode indicar? Esse espetáculo é apresen- Proposição III – Uma pequena
tado pela Orquestra de Músicos das Ruas expedição cultural
de São Paulo, formada por músicos de co-
munidades de migrantes e imigrantes que Para aquecer a pequena expedição cultu-
atuam nas ruas da cidade. Você conhece ral, podemos partir da apreciação da obra do
alguém que seja músico de rua? argentino Jorge Macchi. Esse artista provoca
a desfamiliarizaçãob do olhar: o cotidiano
f Quais ritmos de salão você conhece? Seus revisto por um olhar que não torna tudo
pais dançam ou dançavam? Quais ritmos? familiar, já visto. Ao olhar a obra e ler a ci-

b
Desfamiliarização é um conceito formalista utilizado pela primeira vez pelo russo Victor Shklovsky (1893-1984) em 1917
que significa tornar as coisas estranhas ou efeito de alienação. Esse conceito usa estratégias para revigorar a percepção.

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Arte – 1a série – Volume 1

tação do artista: O que os alunos leem a partir fias (se for viável) etc. podem trazer para a
de seus próprios repertórios? Percebem o dese- classe a oportunidade de conversar e apren-
nho do vidro sobre o mapa da cidade de Buenos der sobre a cidade, a cultura e as práticas
Aires? culturais. Como numa expedição, cada alu-
no pode também ter uma função específica,
Depois das primeiras impressões, profes- por exemplo: o que registra com fotografias,
sor, amplie com algumas informações sobre o que fica atento especialmente a sons, co-
a obra do artista. Ele colocou uma placa de res, formas, arquitetura, aos movimentos
vidro sobre um mapa de Buenos Aires e a que- dos transeuntes, ao meio ambiente; o que
brou. O acidente provocado criou caminhos presta atenção na forma de andar (como ca-
que foram percorridos por ele e por dois cola- minham as pessoas ao redor, como pisam, se
boradores, a poeta María Negroni e o compo- andam rápida ou lentamente etc.). Funções
sitor Edgardo Rudnitzky. A experiência vivida que não devem ser estanques, mas que ali-
resultou na obra Buenos Aires tour, um livro- mentem o grupo para que suas observações
-objeto. Produzido em 2003, apresenta oito sejam mais apuradas.
itinerários com 46 pontos escolhidos. Textos,
fotografias e sons subvertem o que esperaría- Nessa expedição, a ideia é suspender uma
mos de um guia, pois inclui o que inesperada- atitude natural como se os alunos estivessem
mente se encontra nas ruas. em um passeio, transformando a qualidade da
atenção que busca o que reconhece, o que já
A ação inventiva de Macchi, a cuidadosa sabe ou que já viu, para uma atenção que en-
coleta sensorial e o trabalho expressivo sobre contra, que se torna disponível e aberta a aco-
o que foi encontrado alimentam uma nova lher o imprevisível.
proposição aos alunos a partir do mapa das
proximidades da escola: uma pequena expe- Se, na sua realidade, for difícil propor essa
dição pelas ruas próximas a ela. Pode parecer expedição em grupo, pode-se propor uma ex-
estranho restringir a pesquisa às ruas próxi- pedição individual no caminho para a escola,
mas se considerarmos que o bairro ou a cida- mas sempre em um pequeno trecho, para que
de podem possuir monumentos importantes o aluno fique com a atenção concentrada no
para a história local. O objetivo, entretanto, é que pode parecer insignificante.
descobrir aspectos que passam despercebidos
no cotidiano, ou que podem parecer insigni- O objetivo da expedição é desco-
ficantes. O primeiro movimento é localizar a brir aspectos que, em determina-
escola no mapa e os trajetos que os alunos dos trajetos, não são observados
fazem para chegar até ela. Quais são as ruas pelas pessoas em seu cotidiano e, para tan-
próximas que os alunos pouco utilizam em seus to, as imagens e os questionamentos conti-
trajetos? dos no Caderno do Aluno poderão ajudar
no seu encaminhamento.
Para essa ação, os grupos podem ser di-
vididos em alunos que pouco se conhecem
ou alunos que moram em regiões distantes f Qual é o pequeno trajeto delimitado para
entre si. No mapa das proximidades da es- essa expedição?
cola, os alunos delimitam pequenos traje-
tos (apenas um quarteirão de uma rua, por f Quem são os parceiros de sua expedição? Há
exemplo) para serem percorridos a pé, com funções específicas para cada integrante?
olhos muito atentos, tal qual Jorge Macchi e
seus dois parceiros. No Caderno do Aluno, f Faça suas anotações, registre sons, ges-
anotações, registros de sons, gestos, movi- tos, movimentos, palavras dos transeun-
mentos e palavras dos transeuntes, fotogra- tes etc.

15
© Jorge Macchi
© Jorge Macchi
© Jorge Macchi

Figuras 10, 11 e 12 – Jorge Macchi. Buenos Aires tour, 2004. Livro. Jorge Macchi em
colaboração de María Negroni (textos) e Edgardo Rudnitzky (sons). Edições Turner Libros,
Madri, Espanha. Fotos Francisca Lopez.

[...] apenas ao concentrarmos o olhar sobre algo que parece insignificante é que o seu significado
cósmico e a sua capacidade de desestabilizar expectativas ganham vida.

Jorge Macchi. Apud PÉREZ-BARREIRO, Gabriel. Jorge Macchi: exposição monográfica. Porto Alegre: Fundação Bienal do
Mercosul, 2007. p. 37.

16
Arte – 1a série – Volume 1

No retorno à sala de aula, para mexer Depois que cada grupo apresentar suas
com os conteúdos da coleta sensorial, o anotações e as respostas individuais às ques-
primeiro movimento cerca o próprio ato de tões propostas, o momento é de classificação,
pesquisa, de sair a campo com olhos/ouvi- agrupando os elementos da coleta sensorial
dos/corpos sensíveis, para que cada grupo para, em seguida, criar uma cartografia de ob-
apresente seus achados. Algumas questões a jetos, sons, falas, arquiteturas etc., no Caderno
ser respondidas no Caderno do Aluno po- do Aluno, em “Ação expressiva”.
dem problematizar o relato e a análise do
que recolheram. Sugerimos um mapa expressivo que pode ser
realizado de muitas maneiras. Ideias podem
ser levantadas e depois negociadas para a cons-
f Como foi sua experiência? Você realizou trução do mapa coletivo, ou de um fôlder, relem-
uma coleta sensorial? brando Macchi, cuja produção remete não para
guias de turismo, mas aponta a vida correndo
f O que o seu grupo encontrou? Algumas he- nas ruas. Que título os alunos darão a ele?
ranças culturais da cidade? O que chamou
a atenção em relação à estética do cotidia- O mapa ou fôlder deve ser colado no Ca-
no? Como é possível classificar os elemen- derno, e a análise de todos os trabalhos pode
tos encontrados? revelar o repertório cultural da turma.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
ARTES VISUAIS
Jorge Macchi abre a possibilidade de ver o arte na rua, mas que tem ganhado espaço nas
trabalho do artista inserido na experiência de galerias, como vimos com a obra de Fefe Ta-
vida. E o pequeno trajeto dos estudantes pe- lavera, ou mesmo participado de projetos ou-
las ruas do bairro pode ter estimulado muitas sados, como o que envolveu os brasileiros Os
ideias para seguir adiante em suas pesquisas e Gêmeos, Nina Pandolfo e Nunca, convidados
em produções artísticas. a grafitar o Castelo de Kelburn, em Ayrshire,
na Escócia, construído no século XIII.
Entre os possíveis focos de estudo, dentro
da proposição, sugerimos aprofundar dois Em trabalho recente, Alexandre Órion trans-
conceitos que geram outros: a arte pública formou em arte urbana a poluição de túneis da
e os monumentos históricos. Como pano de cidade de São Paulo. Durante 13 madrugadas
fundo, estão as questões do patrimônio cultu- de trabalho intenso com dezenas de pedaços de
ral e as políticas culturais que procuram dar pano, desenhou caveiras limpando as paredes in-
acesso aos bens da cultura para todos. ternas do túnel Nove de Julho, por exemplo. São
mais de 3 mil delas em 250 metros de extensão.

Proposição I – Movendo a apreciação Depois de observarem as imagens de


trabalhos do Grupo OPNI e de Ale-
Na pequena expedição cultural, os alunos en- xandre Órion, os alunos responde-
contraram pichações e/ou grafites? O que dizem rão às seguintes questões:
das obras do Grupo OPNI e de Alexandre Órion?

O grafite, que alguns preferem denomi- f Quais relações você pode fazer entre os
nar com o nome de origem (graffiti), muito trabalhos de Órion e do Grupo OPNI e
presente nas cidades, é uma manifestação de os grafites que você vê em sua região?

17
f Como são feitos esses e outros grafites? O preocuparam-se com uma arte que pudesse fa-
que você conhece sobre seus procedimen- lar às multidões. Na década de 1950, Portinari,
tos? Qual teria sido sua origem? Di Cavalcanti, Clóvis Graciano, entre outros,
marcaram a história da arte brasileira e univer-
f Que outras obras em sua cidade podem ser sal com seus murais: um passo para o grafite,
consideradas arte pública? que também sofre influência da pop art.

O grafite aponta a liberdade de expressão. Murais e grafites provam que a arte sempre
No lado ocidental do Muro de Berlim, por foi desejosa do contato com o público. Sem ele,
exemplo, ele imperava, enquanto o lado orien- a obra não se realiza. Entretanto, o termo arte
tal ostentava paredes limpas, livres de qualquer pública, criado na década de 1970, tem sido
marca. Pichação e grafite têm pontos comuns, utilizado para indicar obras que estão fora
mas diferem em relação a uma intencionalida- dos espaços tradicionais de exposição, sendo
de também estética. O desafio do grafite não é expostas ou acontecendo em lugares públicos,
pichar lugares proibidos, difíceis ou quase ina- em caráter transitório ou perene. Para Teixeira
cessíveis, mas dialogar com a cidade. Coelhoa, “[...] um dos traços necessários à ple-
na caracterização da arte pública é o fato de
Sua origem remonta às paredes das grutas oferecer-se como possibilidade de contato di-
pré-históricas, aos murais da Antiguidade. No reto, físico, afetual com o público”. Também
século XX, os pintores mexicanos Diego Rivera, indica a tendência da arte contemporânea de
José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros se voltar para o espaço, qualquer que seja ele.
© Mateus Silva/Grupo OPNI

Figura 13 – Grupo OPNI. Grafite. Projeto Os muros têm vida. Vale do Anhangabaú (23 de Maio/Terminal Bandeira), 2012. São Paulo (SP).

a
TEIXEIRA COELHO, José. Dicionário crítico de política cultural. São Paulo: Iluminuras, 1999. p. 50.

18
Arte – 1a série – Volume 1

© ALEXANDRE ORION OSSÁRIO 2004-2006


© ALEXANDRE ORION OSSÁRIO 2004-2006

Figuras 14 e 15 – Alexandre Órion. Ossário, 2004-2006. Intervenção urbana realizada por meio da limpeza seletiva da
fuligem depositada nas paredes de túneis da cidade de São Paulo (SP).

19
Muitos projetos têm sido realizados no cultural da cidade de São Paulo. Como exem-
sentido de gerar intervenções urbanas. Entre plo, há duas imagens da Estação da Luz.
eles, cabe destacar Arte/Cidade, organizado
por Nelson Brissac Peixoto, que ocupa áreas Para o assessor internacional da Unesco,
críticas da cidade com obras de arte desen- Hugues de Varine-Boham, o patrimônio cul-
volvidas especialmente para esses espaços. tural está dividido em três grandes categorias de
Destaca-se também o projeto Cow parade, elementos: a natureza e o meio ambiente; o co-
que tem percorrido o mundo inteiro. Criado nhecimento, as técnicas, o saber e o saber fazer;
na Suíça, em 1998, envolve a comunidade e e os bens culturais (objetos, artefatos e constru-
gera renda para projetos de responsabilida- ções). É sobre esses artefatos que a disciplina Arte
de social. Em 2005, o projeto esteve presente poderá ampliar o conhecimento dos estudantes,
em São Paulo e, em 2007, no Rio de Janeiro, partindo da primeira expedição realizada.
sempre com artistas locais.
Os estudantes conhecem quais são os monu-
A land art também é considerada uma arte mentos e as cidades brasileiras considerados patri-
pública, pois é uma instalação ou intervenção mônios culturais da humanidade? E na sua cidade?
em sítios naturais. Entre os artistas da land Sabem que há patrimônios materiais e imateriais?
art, Christo e Jeanne-Claude formam uma
dupla que tem feito as mais divulgadas in- Festas, costumes, tradições e outras mani-
tervenções públicas nas paisagens urbanas e festações populares e eruditas também cons-
rurais, contornando, embrulhando, rodeando tituem o patrimônio cultural de uma nação,
ilhas, cobrindo edifícios inteiros, criando no- como a capoeira e o pão de queijo, recentemen-
vas paisagens em parques. te declarados patrimônios culturais do Brasil.

Nem sempre o estudo da História da Arte, que Há escolas que já têm uma grande preo-
tem sido objeto da escola, oferece a oportunidade cupação com o patrimônio cultural. Várias
de olhar a arte como patrimônio, retirando-a dos escolas paulistas estão localizadas em pré-
períodos e dos “ismos” em que foi criada, para dios que mostram sua história, o contexto
vê-la presente na vida da comunidade. da época em que foram criadas. Mas, por
mais nova que seja a escola ou a cidade,
Para levantar essa questão, é oferecida a sempre haverá patrimônios culturais a ser
leitura de algumas imagens do patrimônio preservados.
© Casa Garaux

© Rubens Chaves/Folhapress

Figuras 16 e 17 – Estação da Luz, São Paulo (SP). À esquerda, em 1948. À direita, vista da estação restaurada. Além da estação de
trem, o prédio abriga o Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006.

20
Arte – 1a série – Volume 1

Há diferença entre reformar e restaurar? Os o grande hall, em uma das mais belas, moder-
alunos podem lembrar de alguns restauros na nas e completas salas de concerto do mundo:
sua região? Qual será a casa mais antiga que a Sala São Paulo.
encontraram na expedição feita perto da es-
cola? Haverá outros prédios na região? Escul- Outros exemplos de restauração podem
turas nas praças ou nas entradas dos prédios? ser aqui lembrados, como a Pinacoteca do
Murais? Consideram patrimônios culturais ou Estado, a Catedral da Sé, o Mercado Muni-
esse conceito está distante para eles? cipal da Cantareira, o Centro Cultural Ban-
co do Brasil, entre outros. Muitas cidades
Uma abordagem para a educação patrimo- do interior e do litoral também têm passado
nial é compreender a diferença entre reforma por restaurações, como o centro da cidade
e restauro, nem sempre clara para os mora- de Santos. Elas dependem sempre de políti-
dores da cidade e seus dirigentes. Moderniza- cas culturais que valorizem o patrimônio. O
dos por reformas, prédios se descaracterizam que você e seus alunos podem se lembrar de
sem cuidado, mas muitas obras podem ser sua região?
lembradas por restaurações recentes. Entre
elas, pode-se citar, na cidade de São Paulo: Não só prédios são restaurados, mas tam-
a estação ferroviária da Luz, aberta ao pú- bém obras que continuam a requerer mui-
blico em 1901, que hoje abriga, além da esta- to cuidado e técnica. Há exemplos recentes,
ção, o Museu da Língua Portuguesa e a atual como o caso da restauração da obra Os ban-
Estação Pinacoteca (desde 2004), cujo prédio deirantes, de Henrique Bernardelli, pintada
foi projetado por Ramos de Azevedo, inau- no final do século XIX, e que pertence ao
gurado em 1914 e que abrigava armazéns e acervo do Palácio dos Bandeirantes. A restau-
escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana. radora Adriana Pires encontrou três persona-
Hoje, totalmente reformado pelo arquiteto gens que estavam escondidos sob camadas
Haron Cohen, recebe parte do extenso pro- de tinta de restauros anteriores. O processo
grama de exposições temporárias da Pinaco- é demorado. A descoberta aconteceu após
teca do Estado, além de abrigar o Centro de oito meses de trabalho, quando apenas 65%
Documentação e Memória da Pinacoteca do da obra havia sido restaurada. Um restauro
Estado (Cedoc), a Biblioteca Walter Wey e a exige estudo, paciência e muita pesquisa para
Coleção Nemirovsky, um dos mais importan- que a obra reviva em suas cores e formas.
tes acervos de arte moderna do país. No tér- Muitas delas espantaram o mundo, como o
reo, está instalado o Memorial da Resistência teto da Capela Sistina, no Vaticano, pintado
de São Paulo, que surgiu com a musealização por Michelangelo, escurecido pelos anos em
do edifício que sediou, também, o Departa- que, antes da invenção da luz elétrica, as ve-
mento Estadual de Ordem Política e Social las o iluminavam. Entretanto, nem sempre os
de São Paulo (Deops/SP), entre os anos 1940 restauros são feitos com todo o cuidado que
e 1983. O Memorial se dedica a preservar as merecem.
memórias da resistência e da repressão po-
lítica do Brasil republicano, principalmente
durante a ditadura militar (1964-1985); e Proposição II – Ação expressiva
o prédio da Estação Júlio Prestes (antiga São
Paulo), projetado pelo arquiteto Christiano Inúmeras ações expressivas podem ser
Stockler das Neves, abriga desde julho de provocadas a partir da conversa gerada pela
1999 a sede da Orquestra Sinfônica do Esta- apreciação das imagens. Que encomendas
do de São Paulo. As dependências do prédio você poderia fazer aos alunos, fruto dessa
foram transformadas em escola de música, e conversa? Sugerimos duas ações:

21
f Uma parede especial na escola para grafitar. f Registros expressivos do patrimônio cultural
da cidade.
Há muitos procedimentos técnicos no fa-
zer do grafite. Alguns se utilizam de más- Os alunos conhecem os monumentos histó-
caras ou estêncil (escola vallauriana, resso- ricos? Há edifícios tombados? Sabem o que
nâncias da obra do artista Alex Vallauri), é um tombamento? Já ouviram falar do Ins-
outros usam a mão livre, como os precurso- tituto do Patrimônio Histórico e Artístico
res Keith Haring e Jean-Michel Basquiatb, Nacional (Iphan)? Talvez poucos saibam
grafiteiros do metrô nova-iorquino que da história de suas construções.
ganharam fama. Mas a inventividade faz
criar outros procedimentos. Fefe Talavera, Podemos propor que os alunos criem re-
por exemplo, cria seus animais com cola- gistros expressivos do patrimônio cultural
gem de letras extraídas dos cartazes de rua de sua comunidade. Pode ser por meio de
encontrados com frequência na cidade de grafites ou, ainda, pela criação de jogos,
São Paulo. Órion, outro exemplo, em vez coleção de postais com fotografias ou dese-
de colocar tinta, retira a fuligem das pare- nhos, folhetos semelhantes aos de turismo.
des internas do túnel usando panos.
Esses registros poderiam mobilizar a co-
Além deles, é possível também analisar os munidade a lutar por sua preservação?
desenhos de letras que estão presentes nas Poderíamos continuar gerando um projeto
pichações e que se abrem para novas pes- de educação patrimonial? Para onde pode
quisas pessoais. Os “pichos”, assinaturas seguir esse projeto? Essas são algumas das
de pichadores ou de grupos, têm sido até ideias possíveis.
alvo de coleções. Explorar assinaturas ou
fazer experiências com máscaras também
são algumas possibilidades. Estudos po-
dem ser realizados de modo muito simples, Cidade, cultura e
utilizando-se, em vez de spray, o antigo artes visuais no território de
procedimento com tinta a guache, escova
de dente e uma peneira, ou mesmo a late- patrimônio
ral de uma régua para que a tinta seja es- cultural
pargida sobre ela. Essas experiências com
arte pública;
máscaras podem impulsionar a invenção intervenções urbanas;
de desenhos e pinturas que dialoguem com Jra¿te;
a cidade e que falem de seus anseios e con- pichação;
monumentos históricos;
flitos. Uma pesquisa das temáticas presen- políticas culturais;
tes pode ser instigante e provocadora. Para educação patrimonial.

onde ela levará esse projeto?

b
É possível conhecer mais sobre Basquiat em sua cinebiografia. Todavia, dada a classificação do filme, é necessá-
ria uma seleção prévia de trechos caso se resolva utilizá-lo no trabalho com os alunos. DVD Basquiat – traços
de uma vida (Basquiat). Direção: Julian Schnabel. EUA, 1996. 106 min. 18 anos.

22
Arte – 1a série – Volume 1

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
MÚSICA

O ambiente sonoro em que vive um com- Proposição II – Ação expressiva:


positor interfere diretamente em sua produção invenção de uma paisagem sonora
musical. A escuta das músicas de determina-
da época pode nos fazer imaginar as interfe- Professor, você pode propor outro modo
rências de sons e ruídos que cercavam seus de escuta da paisagem sonora: um estudo
compositores. Esses sons e ruídos que se ma- comparativo a partir de um documento histó-
nifestam em um campo de 360º ao redor do rico – uma pintura, um poema, a descrição de
ouvinte compõem o que Murray Schafer de- um evento, uma fotografia –, listando todos os
nomina “paisagem sonora”. O termo é uma sons potenciais contidos nele.
interpretação da expressão em inglês landscape
(paisagem visual) para o que seria o seu equiva- Um dos alunos de Schafer apresentou os
lente sonoro (soundscape). sons de uma paisagem urbana holandesa do
século XVI, imaginada a partir da obra A ba-
Para mover a relação entre música e patri- talha entre o Carnaval e a Quaresma, de Pieter
mônio cultural, professor, você pode começar Brueghel, o Velho. Outro apresentou os sons de
com um exercício de apreciação sobre a paisa- uma cidade industrial do norte da Inglaterra
gem sonora do ambiente onde vivemos. do século XIX, a partir de um trecho de um ro-
mance. Outro, os sons de uma aldeia indígena.

Proposição I – Movendo a Para mover essa interessante ação de “escu-


apreciação de paisagens sonoras ta expressiva imaginária”, você pode utilizar,
por exemplo, fotografias de povos indígenas,
Murray Schafer propôs a seus alunos que imagens de obras de arte que apresentam pai-
ouvissem diariamente, por dez minutos, os sagens brasileiras do tempo da colonização ou
sons ao seu redor. Os alunos descobriram que de hoje, cenas do metrô ou da estação rodo-
podiam classificar os sons produzidos pela na- viária. O que você vai escolher para dar im-
tureza, por seres humanos e por engenhocas pulso à imaginação sonora de seus alunos?
elétricas ou mecânicas. Você pode propor à
sua turma o mesmo que Murray Schafer pro- Essa “Ação expressiva” é realizada em gru-
pôs à dele. pos com dois ou três alunos, em três momentos:

No Caderno do Aluno, em “Apreciação”, 1. Após você apresentar o material escolhido


há o espaço para que os alunos possam regis- para provocar a interpretação sonora, al-
trar sua “paisagem sonora” a partir de ques- gumas questões podem ser desencadeadas:
tões como: O que ouvimos no nosso cotidiano? Como soaria a paisagem sonora desse lugar?
Quais sons ouvimos nas ruas? Dentro dos ôni- Haveria som de televisor? De carro? De ce-
bus? Em casa? Qual é a sonoridade do ambiente lular? De pássaros? De folhas de árvores? De
onde vivemos? Quais sons são agradáveis? Quais usina? De crianças brincando? Quais sons
sons são desagradáveis? O que poderia ser feito que nunca ouviu você acha que poderiam
para diminuir a lista dos sons desagradáveis e existir nesse lugar?
aumentar a dos sons agradáveis?
2. Realização de um planejamento e roteiro
Após os registros realizados, proponha da materialização da paisagem sonora in-
uma conversa para socializar a escuta e a refle- ventada: Quais sons serão ouvidos primei-
xão sobre a paisagem sonora dos ambientes. ro? Quais sons se sobrepõem? Há algum

23
som mais fraco? Para isso, os alunos podem Afirmação 1
usar todos os materiais presentes ao seu re-
dor: as carteiras, o conteúdo do estojo, os Os argumentos que convencionalmente
cadernos, a voz, o próprio corpo. descrevem o que é a música, na contempora-
neidade, não são suficientes para alcançarmos
3. Apresentação da paisagem sonora inventa- a sua definição, principalmente pelo profuso
da. Na apresentação de cada grupo, pode-se estudo e experimentação dos músicos sobre o
problematizar a escuta, perguntando: Con- som. Dessa forma, pensar que todos os sons
seguiram imaginar e simular sonoridades di- que ouvimos são música parece ser uma defi-
ferentes das atuais? Houve produção de sons nição mais adequada.
inusitados? Quais foram os mais comuns?

O Caderno do Aluno traz espaço para o re-


gistro das impressões sobre a produção da classe.
Afirmação 2

Proposição III – O que penso sobre Música são sons que existem ao redor. As-
música? sim sendo, a música produzida em alguns am-
bientes contemporâneos com excesso de sons
Em continuidade à leitura das produções pode poluir nossos ouvidos, causando como
dos alunos, pode-se perguntar: Mas isso é reação o ímpeto de procurar ambientes me-
música? O compositor e educador musical nos sonoros para que as composições sejam
Murray Schafer abre o capítulo “A nova pai- mais sucintas nas sonoridades.
sagem sonora”, de seu livro O ouvido pensan-
te, com questões que buscavam resposta a
essa pergunta, de modo a provocar em seus
alunos curiosidade por uma definição sobre Afirmação 3
o sentido da música, pois as usuais não incor-
poravam todas as possibilidades.
Os ambientes que frequentamos são so-
Schafer conta que a pergunta rendeu noros. Cientes disso, é tempo de nos preocu-
dois dias inteiros de discussões. Ofereceu a parmos com a incidência desses sons na nossa
seus alunos músicas de Beethoven, Wagner, saúde, discernindo o som saudável do nocivo.
Stravinsky, Varèse e o som de um avião a Este último deverá ser combatido.
jato, para estimular o pensar se o que ou-
viam poderia ser definido como música.

E como nossos alunos definem música? Eles


também fariam a mesma pergunta depois de Afirmação 4
ouvir Beethoven, Wagner, Stravinsky, Varèse,
um avião a jato? Para melhorarmos a qualidade de vida,
será mais produtivo discutirmos políticas pú-
Depois de uma rodada de possíveis respos- blicas e sociais para a diminuição dos ruídos
tas, proponha um jogo, dividindo a classe em produzidos na contemporaneidade, em vez de
cinco grupos e escolhendo para cada um deles nos prendermos à discussão conceitual daqui-
uma das afirmaçõesa a seguir, reproduzidas no lo que define música.
Caderno do Aluno.
a
As afirmações foram inspiradas na obra O ouvido pensante, de Raymond Murray Schafer (2012, p. 107-126).

24
Arte – 1a série – Volume 1

Afirmação 5 f Bossa nova: o nascimento da MPB – em


2008, a bossa nova completou 50 anos. O
que os alunos podem descobrir sobre o mo-
Podemos entender o ruído como som que vimento da bossa nova? Como ela nasceu?
aparece sem que se deseje. Ele é indesejado quan- Qual é o instrumental utilizado? Como era
do interfere em uma produção sonora, que não antes, e como é hoje? Onde é possível ouvi-
intenciona utilizá-lo como elemento estético; no -la ao vivo? Qual é o espaço que tem nos
entanto, quando a incidência de um ruído é pro- meios de comunicação? Quais os composi-
posital em uma criação sonora, ele deixa de ser tores mais representativos? Como a bossa
indesejado. Para entendermos essa concepção nova contribuiu para a música brasileira?
flexível sobre o ruído, podemos nos imaginar em O que propôs como mudança? A bossa
uma audição de concerto musical, prejudicada nova pode ser considerada patrimônio cul-
por ruídos do trânsito do lado de fora da sala de tural? Por quê?
concerto, ao passo que o mesmo ruído, quando
usado intencionalmente como elemento sonoro f Frevo – em 2007, foi a vez de o frevo com-
na composição apresentada, deixa de ser uma in- pletar 100 anos. O que seus alunos sabem
terferência prejudicial. sobre o frevo? Como ele nasceu? Quais são
os compositores mais representativos? Como
se dança o frevo? Quais são os instrumentos
utilizados? Qual é a função do frevo? Nesses
A partir da leitura, cada grupo deve apre- 100 anos, a música mudou ou permaneceu
sentar uma defesa ou uma oposição às ideias a mesma? E a dança? Onde acontecem as
contidas no texto, como se fosse um progra- apresentações? É possível encontrar notícias
ma político, com um minuto para a sua defesa nos meios de comunicação sobre os músicos
ou oposição. Réplicas ou tréplicas podem ser e dançarinos ligados ao frevo? Qual seria a
concedidas com tempo limitado. Essa dinâmi- paisagem sonora dos grupos musicais que
ca pode exercitar a síntese de ideias e a comu- produziam frevo no século passado? Os alu-
nicação condensada. nos encontram relação entre essa paisagem
e o instrumental da época? O que acontece
Depois das apresentações, converse a res- com a paisagem sonora e o instrumental dos
peito do que perceberam, dos conteúdos abor- dias de hoje? Por que o frevo foi escolhido
dados e das opiniões decorrentes do jogo. Após como forma de expressão que pertence ao
a experiência, no Caderno do Aluno, há um patrimônio imaterial brasileiro? O que é pa-
espaço para que possam registrar o que pen- trimônio imaterial?
sam agora sobre a pergunta: O que é música?
f Restauro de obras musicais – O que os
Como professor, no seu diário de bordo, o alunos podem descobrir sobre restauro de
que você registra dessa experiência? obras musicais? Como se preserva o patri-
mônio musical de obras das quais não há
registros em gravação (fitas, discos, filmes
Proposição IV – Pesquisa em grupo etc.)? Ainda existem discos de 78 rpm, LPs
e K7s? Há diferença de fidelidade na repro-
Como ampliação do repertório dos alu- dução do áudio nessas diferentes mídias? O
nos sobre a relação entre música e patri- que é masterização? Há softwares para a
mônio cultural, a ideia é encomendar uma restauração de material sonoro? Com cer-
pesquisa em grupo. Para isso, a divisão da teza seus alunos devem conhecer e usar
sala de aula pode ser feita formando grupos alguns dos softwares, principalmente
a partir da distribuição de temas. A fim de aqueles que transformam faixas de discos
que a pesquisa tenha foco, oferecemos al- ou CDs em arquivos MP3. Mas como res-
guns temas para investigação. pondem às demais questões?

25
Para este tema, a proposta é que os alunos O restauro para a preservação de obras mu-
pesquisem nas casas de seus pais, parentes sicais ocorre tanto nas partituras (o traba-
e vizinhos para saber da existência de par- lho é similar ao que se faz com documentos
tituras, discos e gravações antigas e em que históricos) como nas gravações em cilindros
estado de conservação estão. A pesquisa de metal, fitas magnéticas de áudio e vídeo,
pode se estender para as rádios e escolas, materiais cinematográficos, discos 78 rpm,
bibliotecas, escolas de música, igrejas, ban- LPs e compactos simples e duplos. Agora,
da de música e outros aparelhos culturais. entram também as fitas de vídeo (em vários
De que ano são? Qual será a mais antiga formatos) e os diversos tipos de CD, DVD e
encontrada? No caso de discos e de outros HD (hard disk de computadores), além das
suportes de gravação encontrados, há apare- redes virtuais que armazenam músicas, como
lhos para a reprodução do áudio? MySpace, Hi5, Gizmo, entre outras. Todas as
mídias que registram as obras musicais preci-
Com as partituras descobertas, podemos sam de um constante trabalho de conservação.
propor que usem scanner para digitalizar
as imagens das partituras e algum soft- Finalizada a pesquisa, oriente seus alunos
ware para melhorar e limpar a imagem. Isso para organizarem em grupos a apresentação para
pode ser feito com a ajuda do professor ou a classe. É interessante, se possível, fazer essa
por um aluno que domine esse tipo de equi- apresentação em PowerPoint ou até mesmo
pamento e de software. Pode ser uma boa criar um blog, com pequenos textos, imagens
contribuição para o patrimônio local. e sonoridades encontradas durante a pesquisa.
No Caderno do Aluno, em “Pesquisa em gru-
A produção musical tem o tempo da exis- po”, eles poderão criar a capa e a contracapa de
tência do ser humano. Muito se perdeu um CD ou LP. Na capa, com palavras, colando
por falta de registro. Inicialmente, tudo imagens ou fazendo desenhos coloridos, a ideia
se preservava pela transmissão oral. De- é mostrar os conceitos que foram mais signifi-
pois, pelo registro gráfico, em partituras cativos na pesquisa feita sobre a relação entre
que eram lidas e interpretadas pelas pes- música e patrimônio cultural. Na contracapa, a
soas que tinham o privilégio de conhecer proposta é que os conceitos inspirem nomes de
a linguagem musical escrita. Como não músicas criados pelos alunos.
havia registro sonoro dessas obras feito
pelos seus compositores, aos músicos ca- Como professor, finalizando essa proposi-
bia reproduzir o que estava nas partitu- ção, o que você pode escrever em seu diário de
ras, em salas de concerto, teatros, praças, bordo sobre as suas experiências pedagógicas
para que o público pudesse ouvi-las. Até desenvolvidas em música?
o século XVIII barroco, os executantes
tinham certa liberdade de interpretação,
acrescentando ideias e ornamentações a
partir do que havia sido escrito pelo com- Cidade, cultura e
positor. A partir do neoclassicismo musi- música no território de
cal (segunda metade do século XVIII), a
fidelidade à partitura começou a se tornar patrimônio
cada vez mais exigida. cultural

paisagem sonora;
No início do século XX, com o surgi- músicos da rua;
videoclipe;
mento do gravador, do disco, do rádio, música contemporânea;
da televisão, o registro sonoro passou a patrimônio cultural imaterial e material;
preservação;
ser possível e, hoje, é facilitado pela digi- restauro.
talização.

26
Arte – 1a série – Volume 1

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
DANÇA

O patrimônio cultural, conjunto de todos os brasileiras, observaremos que suas temá-


bens materiais e imateriais, é de fundamental im- ticas no contexto atual trazem à cena um
portância para a memória, a identidade, a criati- patrimônio imaterial artístico-cultural de
vidade dos povos e a riqueza das culturas. Esses significativa importância. Refletem a dinâ-
bens, que formam o patrimônio cultural do mica da sociedade, que historicamente vem
povo, são os modos específicos de criação que cumprindo um papel de organização, de
abrangem diversas áreas e que determinam as espaço de manutenção e recriação de tra-
descobertas na ciência, na arte e na tecnologia. dições herdadas das diferentes etnias que
Quando se preserva legalmente e na prática o constituem o povo brasileiro. Ao mesmo
patrimônio cultural de um povo, conservam-se a tempo, expressam um jeito de ser, agir e ver
memória e a identidade de um país. Patrimônio o mundo, simbolizado por meio da lingua-
significa, etimologicamente, “herança paterna”, gem corporal.
a riqueza comum que os cidadãos herdaram e
que transmitirão de geração em geração. A dança popular é, na maioria das ve-
zes, uma manifestação coletiva que obede-
Para dar início à investigação sobre a relação ce a fatores e influências encontrados em
entre dança e patrimônio, é proposta uma leitura determinado grupo social. Essa manifes-
de imagens. tação, por sua vez, recebe influências do
entorno onde acontece e se reelabora, cru-
zando-se com elementos que outras vezes
Proposição I – Movendo a apreciação serão relidos e tramados com elementos
provenientes dos mais variados tipos de
Centrando nosso pensamento no recorte dança, formando vocábulos para a dança
das danças realizadas em diferentes regiões contemporânea.
© Ismar Ingber/Pulsar Imagens

© Ismar Ingber/Pulsar Imagens

Figura 18 – Carnaval. Figura 19 – Mestre-sala e porta-bandeira (carnaval).

27
© Marco Antônio Sá/Pulsar Imagens
© Wilson Dias/ABr

Figura 20 – Tambor de crioula. Figura 21 – Jongo.


© Antonio Cruz/ABr

© Renata Gonçalves

Figura 22 – Frevo. Figura 23 – Samba de roda do Recôncavo Baiano.

As imagens movem um jogo de apre- f Quais foram as manifestações de dança


ciação sobre manifestações de dan- que você conseguiu identificar?
ças populares. No Caderno do
Aluno, propõe-se que os estudantes conver- f Olhando as cenas apresentadas nas ima-
sem sobre quais manifestações de dança po- gens, como você imagina que sejam as mú-
pular eles identificam nas imagens e, depois, sicas que embalam os passos dessas danças?
relacionem a imagem com o nome. Em conti-
nuidade, converse com os alunos sobre quais f E a movimentação em si, de onde surge?
correspondências figura/manifestação eles De danças originárias de manifestações
identificaram e volte a problematizar as ima- populares brasileiras? Ou pode ser também
gens com as questões presentes no Caderno que tenham influência de manifestações
do Aluno. populares de outros países?

28
Arte – 1a série – Volume 1

f Será que toda e qualquer dança é patrimô- f tambor de crioula, jongo, frevo e samba de
nio cultural? roda – investigação sobre essas manifesta-
ções populares consideradas patrimônio
Em “O que penso sobre arte?”, converse acer- imaterial pelo Iphan. Onde há, no Brasil,
ca de quais manifestações de dança popular os cada uma dessas modalidades de dança?
alunos conhecem e, se algum aluno souber uma Por que elas foram escolhidas como formas
dessas danças, incentive-o a apresentá-la e, quem de expressão que pertencem ao patrimônio
sabe, até a ensinar alguns passos para os colegas. imaterial brasileiro? O que é patrimônio
imaterial?
Os alunos devem redigir um peque-
no texto no Caderno do Aluno com Caso a comunidade, o bairro ou a cidade
base nas seguintes perguntas: onde vivem os alunos tenha escolas de sam-
ba ou grupos que dançam tambor de criou-
f Para você, o que é dança regional? O que la, jongo, frevo ou samba de roda, a pesquisa
você conhece sobre forró? E sobre dança pode acontecer por meio de entrevista com
de salão? Maracatu? Frevo? Você sabe os participantes dessas manifestações populares.
passos de alguma dessas danças? Conhece Caso contrário, pode ser realizada pela inter-
alguém que saiba dançá-las? net ou por consulta a livros na biblioteca.

Essa conversa permite um mapeamento so- Para apresentação dos resultados da pesqui-
bre os conhecimentos dos alunos e, também, sa em sala de aula, os alunos podem produzir
sobre os conceitos equivocados que talvez te- um jornal, um catálogo com textos e fotos, um
nham a respeito da relação entre dança e patri- painel ilustrado ou, até mesmo, um blog. No
mônio, apontando, assim, possíveis caminhos Caderno do Aluno, a proposta é finalizar a pes-
para investigar. Para isso, oferecemos algumas quisa escrevendo uma síntese sobre o que desco-
proposições que podem contribuir para a am- briram de mais significativo na própria pesquisa
pliação do conhecimento sobre o tema. e na pesquisa de seus colegas, dando continuida-
de à frase: “No passo a passo...”.

Proposição II – Pesquisa em grupo


Proposição III – Ação expressiva:
Como ampliação dos saberes dos alunos um fraseado coreográfico
sobre essas manifestações de dança popular, a
proposta é encomendar uma pesquisa em gru- Pensando em organizar uma “Situação de
po. Para isso, divida a classe em cinco grupos Aprendizagem” que envolva um fazer e um
e distribua os cinco temas: carnaval, tambor dançar, foi proposto, no Caderno do Aluno,
de crioula, jongo, frevo e samba de roda. A uma “Ação expressiva”. A partir de imagens
fim de que a pesquisa mantenha o foco nos de obras que fazem referência à dança ou de
temas, proponha aos grupos os seguintes ro- músicas regionais, os alunos devem realizar
teiros de investigação: um fraseado coreográfico, ou sequência co-
reográfica, que se aproprie da tradição e, a
f carnaval – investigação sobre como se dá partir de suas vivências pessoais e pesquisas,
a criação artística de um desfile de carna- adicionar novos elementos à criação.
val, a partir de seus elementos: a bateria, o
samba-enredo, o samba no pé/passistas, a Para isso, peça aos alunos que escolham
velha guarda, o mestre-sala e a porta-ban- uma obra ou uma música sobre a qual de-
deira, a ala das baianas, a ala das crianças, sejem trabalhar. No Caderno do Aluno, as
o destaque principal, a rainha da bateria. obras Dança dos tapuias, de Albert Eckhout, e
Qual a importância da dança na cultura do Frevo, de Heitor dos Prazeres, são apresenta-
carnaval como festa popular? das como possibilidades de escolha.

29
© Albert van der Eckhout/The Bridgeman Art Library/Getty Images

Figura 24 – Albert Eckhout. Dança dos tapuias, c. 1610-1666. Óleo sobre tela, 172 × 295 cm. Nationalmuseet,
Copenhague, Dinamarca.
© Heitor dos Prazeres

Figura 25 – Heitor dos Prazeres. Frevo, 1966. Óleo sobre tela, 46 × 55 cm.

30
Arte – 1a série – Volume 1

Aqui, sugerimos duas músicas que também Para os alunos que escolherem uma dessas
podem ser oferecidas aos alunos para que sir- músicas, lembre-os de que:
vam como estímulo sonoro à criação:
f o frevo surgiu dos movimentos dos capoei-
ristas que saíam à frente dos blocos no car-
Frevo mulher naval de Recife fazendo acrobacias. Da ca-
Zé Ramalho
poeira dançada no ritmo do frevo, nasceram
Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé! os passos. Há mais de 120 passos cataloga-
Quantos elementos amam aquela mulher...
Quantos homens eram inverno outros verão... dos. Entre os mais conhecidos, temos as fle-
Outonos caindo secos no solo da minha mão! xões com as pernas, subidas e descidas, as
Gemeram entre cabeças a ponta do esporão rasteiras de pernas no chão e as acroba-
A folha do não-me-toque cias com uma sombrinha;
E o medo da solidão
Veneno, meu companheiro f o pezinho é uma dança típica originária do
Desata no cantador Estado do Rio Grande do Sul. Dança-se
E desemboca no primeiro açude do meu amor aos pares, um diante do outro, engatando
É quando o tempo sacode a cabeleira e desengatando os braços e, também, fa-
A trança toda vermelha zendo movimentos com os pés, que ficam
Um olho cego vagueia
Procurando por um! próximos e frente a frente. É a única dan-
ça popular do Rio Grande do Sul em que
© Warner Chappell Edições Musicais Ltda. Todos os
direitos reservados.
todos os participantes devem obrigatoria-
mente cantar, não se limitando somente à
execução da coreografia. Essa é uma carac-
terística que distingue esse estilo.
Pezinho
J. C. Paixão Côrtes e L. C. Barbosa Lessa Depois, peça aos alunos que se dividam em
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho grupos de quatro ou cinco colegas para elaborar,
O teu pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho usando o recurso visual e/ou sonoro, o estudo
O teu pezinho, o teu pezinho ao pé do meu coreográfico.
E depois, não vá dizer
Que você já me esqueceu As danças populares brasileiras são expres-
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho sões de movimentos, passos, gestos, ritmos, co-
O teu pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho reografias, sentimentos, formas, simbologias e
O teu pezinho, o teu pezinho ao pé do meu traços específicos do jeito de ser de um grupo
E no chegar, desse teu corpo, social, presente em grandes e pequenos povoa-
Um abraço quero eu dos ou metrópoles. Dependendo do contexto
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho em que estão inseridas, atuam em um ritmo de
O teu pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho manutenção/perda/recriação, “continuidade”
O teu pezinho, o teu pezinho ao pé do meu e “descontinuidade”, o que desmistifica a tese de
Agora que, estamos juntinhos, que a tradição é algo “velho”, “estático”, “de-
Dá cá um abraço e um beijinho satualizado” – estigmas geralmente atribuídos
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho à cultura popular em todas as suas expressões.
O teu pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho Essas danças têm como fundamento preservar
O teu pezinho, o teu pezinho ao pé do meu tradições dos antepassados, crenças, filosofias,
Agora que estamos juntinhos, particularidades, segredos. Levam, às atuais ge-
Dá cá um abraço e um beijinho. rações, saberes que são um legado, uma relíquia,
© by 1957 Irmãos Vitale S.A. Indústria e Comércio. apreendidos no seio familiar e no âmbito comu-
Todos os direitos autorais reservados para todos os nitário, possuindo uma organização própria,
países. All rights reserved. International Copyright
Secured.
uma ética entre seus membros e uma hierarquia,
que não significa dominação ou imposição.

31
No Caderno do Aluno, para mate- Que a sutileza da passagem de uma dan-
rializar um olhar sobre a experiência ça popular para um fraseado coreográfico
de criação, são propostas duas ações: seja uma ampliação de trabalho corporal
para seus alunos. O que você pode escrever
sobre isso em seu diário de bordo?
f um desenho do fraseado coreográfico
inventado, ou seja, sua notação gráfica;
Cidade, cultura e
f um relato sobre a incorporação dos ele- dança no território de
mentos da dança popular na invenção
coreográfica de seu grupo. O que esses patrimônio
cultural carnaval;
elementos propuseram como limites e tambor de crioula;
possibilidades? jongo;
roda de samba;
frevo;
forró;
dança popular;
patrimônio cultural imaterial.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
TEATRO

O que vem ao pensamento quando relacio- hoje pode parecer uma linguagem menor no
namos artes cênicas e patrimônio cultural? mundo dos espetáculos e, até mesmo, uma
linguagem em extinção: o circo. A ideia é
Uma das associações pode ser com a me- lançar um olhar diferente sobre a especifi-
mória artística sobre o ofício de ator no Brasil, cidade estética do espetáculo circense como
mergulhando na história teatral brasileira para patrimônio cultural e sobre a particularida-
trazer à cena nomes como Sérgio Cardoso, Ca- de da arte do palhaço, tanto nos picadeiros
cilda Becker, Gianfrancesco Guarnieri, Raul como em outros palcos.
Cortez, Paulo Autran, entre outros. Outra pos-
sibilidade é remexer no baú de ideias estéticas de
companhias que inovaram a linguagem teatral Proposição I – O que penso sobre o
no Brasil, como Asdrúbal Trouxe o Trombone, circo?
Teatro de Arena, Teatro Oficina, entre outras.
É possível, ainda, estabelecer relações com a Circo. Para muitos, a palavra tem o dom
memória dos espaços cênicos brasileiros (edifí- de evocar a fantasia, o sonho e as lembranças
cios teatrais e sua arquitetura), dos quais J. C. da infância, em que se mesclam o riso e o des-
Serroni soube tão bem realizar um mapeamen- lumbramento.
to. Enfim, muitos podem ser os caminhos de in-
vestigação sobre a memória e a herança teatral, Para começar a conversa, no Caderno do
que, por si só, já se configuram como patrimô- Aluno, na proposição “O que penso sobre
nio cultural. Para onde os alunos levariam essa arte?”, a pergunta aos alunos é sobre qual lem-
investigação? O que poderiam conhecer? brança vem à mente quando eles pensam em
circo, pedindo a resposta em forma de desenho.
A escolha da relação entre artes cênicas
e patrimônio cultural recai sobre outro ca- Na leitura dos desenhos produzidos: O
minho, um modo de produção cênica que que eles mostram? O que foi mais lembrado?

32
Arte – 1a série – Volume 1

A lona colorida do circo? O mágico? O equi- f A legenda diz “Circo Roda Brasil”. O que
librista? O domador de leão? O malabarista? esse nome lhe sugere?
O contorcionista? O palhaço? A memória re-
gistrada veio da experiência de ter assistido a f Para você, são imagens de um circo tra-
um espetáculo circense? Os alunos se lembram dicional ou contemporâneo? Qual seria a
do nome de alguma companhia de circo? Esse diferença?
tipo de espetáculo fez ou faz parte da vida cul-
tural dos alunos? Na conversa sobre as imagens, é impor-
tante chamar a atenção dos alunos sobre
A escuta atenta dessa conversa com os as diferenças que hoje existem entre o circo
alunos sobre o circo pode oferecer um ma- tradicional e o contemporâneo.
peamento sobre a prática e a significação
cultural do circo na vida deles. O que esse É nomeado circo tradicional aquele forma-
mapeamento revela? O circo é uma lingua- do por grupos familiares. A relação de traba-
gem artística próxima ou distante dos alu- lho que se estabelece é tal que, mesmo com
nos? Sobre isso, o que você pode registrar em apresentações individuais no espetáculo, a or-
seu diário de bordo? ganização familiar é a base de sustentação do
circo. A transmissão do saber circense faz des-
se mundo particular uma escola única e per-
Proposição II – Movendo a apreciação manente. O conteúdo desse saber é suficiente
para ensinar a armar e desarmar o circo, a
Muitas lembranças de infância dos alu- preparar os números ou peças de teatro, além
nos talvez aqueçam o traço dos dese- de treinar as crianças e os adultos para execu-
nhos e a conversa sobre o circo. Mas, tá-los. Esse conteúdo trata também de ensinar
hoje, os alunos têm qual referência de espetáculos sobre a vida nas cidades, as primeiras letras,
circenses? No Caderno do Aluno, algumas ques- as técnicas de locomoção do circo. É por meio
tões movem a “Apreciação”: desse saber transmitido coletivamente às gera-
ções seguintes que se garantiu a continuidade
de um modo particular de trabalho e de uma
f O que chama a atenção nas imagens? maneira específica de montar o espetáculo.
© Luiz Doroneto

© Luiz Doroneto

Figuras 26 e 27 – Circo Roda Brasil. Stapafúrdyo, 2007.

O espetáculo do circo tradicional é, assim, No Brasil, temos renomadas famílias cir-


o resultado de um longo, rigoroso e complexo censes: Pery, Ozon, Carlo, Casali, Seyssel,
processo de formação, socialização e aprendi- François, Chiarini, Temperani, entre outras. O
zagem artística de geração em geração. Iphan vem desenvolvendo um trabalho para o

33
reconhecimento do circo de tradição familiar se? O que os alunos podem descobrir sobre
como dimensão do patrimônio cultural de na- a formação profissional circense, pesqui-
tureza imaterial. O que os alunos podem des- sando, por exemplo, sobre a Escola de Cir-
cobrir pesquisando sobre essas famílias? co Picolino, a Escola Nacional de Circo da
Funarte, o Galpão do Circo, entre outros?
No circo contemporâneo, a aprendizagem
não acontece pela dinastia familiar, mas pelas f Circo de tradição familiar – O que é o cir-
escolas de circo, que ganham espaço na cultura co-família? A que se deve o quase desapa-
urbana. A linguagem do circo contemporâneo é recimento do circo-família? Por que, no
tecida por saltimbancos urbanos, gente que não passado, de modo ofensivo, a sociedade
é de circo, formada por escolas de circo e/ou tea- dizia que “gente de circo não presta”? Há
tro e que, a partir das décadas de 1980 e 1990, alguma família circense radicada na sua
no Brasil, fazem a interação entre as técnicas cidade? O que é possível descobrir sobre:
circenses e os elementos teatrais. A introdução Circo Zanchettini, As famílias Ferreira Re-
da teatralidade faz a linguagem circense ter um zende e Simões, Circo Real Moscou? O que
fio condutor, seja temático ou estético, desenvol- faz que o circo-família possa vir a ser reco-
vido em sequência lógica durante o espetáculo. nhecido pelo Iphan como patrimônio cultu-
Outra característica é que os animais somem de ral imaterial?
cena. Em festivais de novo circo, inclusive, um
dos pré-requisitos para a inscrição é o não uso Esses temas e questões suscitam vários
de animais em cena. O que mais os alunos po- aspectos que podem ser pesquisados em um
dem descobrir sobre a linguagem contempo- encontro marcado na sala de informática.
rânea do circo? São vários os sites indicados ao final do Ca-
derno, além de outros que os alunos podem
encontrar. Caso haja algum circo com a lona
Proposição III – Pesquisa em grupo montada em sua cidade, será uma excelente
oportunidade para uma pesquisa de campo,
A aproximação com a linguagem contem- que pode ser feita por meio de um roteiro de
porânea do circo e a ampliação de repertório perguntas para uma entrevista.
dos alunos podem acontecer por meio da en-
comenda de uma pesquisa em grupo. Para isso, Para a apresentação dos resultados da pes-
a divisão da sala de aula pode ser feita forman- quisa à classe, cada grupo pode montar um
do grupos a partir da distribuição de temas. A PowerPoint, ou até mesmo criar um blog, apre-
fim de que a pesquisa tenha foco, oferecemos sentando o que descobriram para a classe. No
alguns temas para investigação: Caderno do Aluno, um espaço está reservado
para que eles possam criar palavras-chave, co-
f Companhias contemporâneas de circo – Pia lar imagens ou fazer desenhos coloridos, for-
Fraus; Teatro de Anônimos; Acrobáti- mando um mapa que apresente o que foi mais
cos Fratelli; Intrépida Trupe; Nau de Íca- significativo na pesquisa deles sobre o circo e
ros; Parlapatões, Patifes e Paspalhões; La sua linguagem artística.
Mínima; Circo Zanini; entre outras. Qual o
perfil dessas companhias? Qual o repertó-
rio? Quais técnicas circenses desenvolvem? Proposição IV – Movendo uma
Nessas companhias, há fusão das lingua- apreciação sobre o personagem palhaço
gens de artes visuais, dança, música e tea-
tro às artes circenses? Palhaço. Nariz vermelho, roupas largas,
sapatos grandes e um eterno sorriso. Será que
f Escolas de circo – Quais os cursos ofereci- é essa a imagem do palhaço que os alunos guar-
dos? Há pesquisa sobre a linguagem circen- dam na memória?

34
Arte – 1a série – Volume 1

Para aproximar os alunos desse per- pecialistas em besteiras que visitam os hospi-
sonagem, no Caderno do Aluno é tais, levando alegria às crianças internadas, aos
proposta uma “Apreciação” movida pais e aos profissionais da saúde que atuam no
por questões como: local. No Caderno do Aluno, ainda na “Apre-
ciação”, são lançadas as questões:

f O que você percebe na caracterização dos


palhaços? Como é a maquiagem? O que ela f Você conhece a trupe Doutores da Alegria?
realça no rosto? Por que o nariz é ressaltado? O que ela faz? A trupe é formada por ar-
tistas que se apresentam para uma plateia
Na arte do palhaço, a criação de uma per- de doentes ou por “médicos” que visitam
sonagem é o mais delicado dos problemas. seus “pacientes”? Qual “tratamento” é mi-
Para a criação de uma personagem do cine- nistrado aos pacientes?
ma ou do teatro, os dados, em geral, estão no
texto, enquanto o palhaço é o próprio autor Para aprofundar o conhecimento
de seu personagem. Sua personalidade, suas dos alunos sobre a arte desses pa-
roupas e a maneira de se comportar devem es- lhaços, é proposta uma “Pesquisa
tar de acordo com certo sentimento: tristeza, individual” a partir da seguinte questão:
alegria, malandragem etc.

Ao conceber a maquiagem, o palhaço pro- f O que mais você pode descobrir sobre os
cura ressaltar o traço do rosto mais propício Doutores da Alegria e outros projetos,
para despertar o riso e, assim, marcar a singu- como o Plantão Sorriso, de Londrina, no
laridade de sua personagem como a sua pró- Paraná; a Enfermeira do Riso, da UniRio,
pria. Cada palhaço constrói sua maquiagem no Rio de Janeiro; e a UTI Riso, de Araca-
de acordo com o que acha mais expressivo em ju, em Sergipe?
seu rosto. Alguns ressaltam os olhos, outros
ressaltam a boca. Mas todos usam a menor Seja como for a caracterização, a criação
máscara do mundo: o nariz vermelho, seja da personagem palhaço tem o objetivo de des-
grande, como o de Torresmo, seja pequeno, pertar a alegria, o riso, a ingenuidade. Para
como o de Pimentinha. isso, a arte clownesca inicia-se por encontrar
o nosso lado ridículo, que pode ter como base
É importante situar os alunos sobre a ori- a comicidade corpórea presente em cada pes-
gem do palhaço. Personagem inspirado no soa. É isso que será investigado a seguir.
bobo shakespeariano e influenciado pela com-
media dell’arte italiana, surgiu no século XVIII
© Acervo da família

© Luizinho Coruja/Editora Abril S/A


para subverter a apresentação dos equilibristas
nos espetáculos do inglês Philip Astley, um dos
fundadores do circo moderno. Conta a histó-
ria que Astley inventou o picadeiro e montou
espetáculos de equilíbrio e malabarismo com
cavalos. O palhaço surgiu para ridicularizar as
atrações oficiais. Enquanto o equilibrista e o
trapezista lidam com o sublime, o palhaço traz
à cena o grotesco, o estúpido.

Fora do picadeiro, há também uma arte do


palhaço que se faz presente em hospitais, como
no trabalho dos Doutores da Alegria. A trupe
se apresenta como besteirologistas, ou seja, es- Figura 28 – Palhaço Pimentinha. Figura 29 – Palhaço Torresmo.

35
© Nina Jacobi

Figura 30 – Doutores da Alegria.

Proposição V – Ação expressiva sonolento; da girafa comilona; do javali do


Japão –, buscando, com isso, que os alunos
Para mover a comicidade corpórea presen- deixem de simplesmente imitar o que conhe-
te em cada pessoa, como um modo de aproxi- cem, levando-os a inventar outra forma para
mar os alunos da arte dos palhaços, podemos os animais. A proposta é provocar, com a imi-
provocar uma experimentação do ridículo, tação, o riso nos participantes. Se a imitação
por meio, por exemplo, dos seguintes exercí- provocar o riso, o participante permanecerá
cios: na brincadeira; se não conseguir, ele sairá e
levará consigo uma cadeira. Quem ficar por
último terá de mostrar uma dança da felici-
f Dança das cadeiras – Para jogar é preciso, dade, por exemplo, na forma de um elefante
primeiro, dispor as cadeiras em círculo. O nú- da França. As sugestões de nomes de bichos
mero de cadeiras deve ser definido de forma e coisas não são fixas, nascem das imagens
que um dos participantes fique sem ter onde que o coordenador do jogo vai inventan-
sentar. Enquanto toca a música, todos os do de imediato na brincadeira. Finalizado
participantes dançam ao redor das cadeiras. o jogo, a partir das impressões que cada alu-
Quando a música acaba, todos se sentam. no escreveu no Caderno do Aluno, é impor-
Quem fica sem a cadeira deve imitar um ani- tante propor uma conversa: O que faz certas
mal. A ideia é propor qualidades dos bichos pessoas provocarem o riso imediatamente e
– por exemplo, a imitação da Orca, a baleia por que algumas não conseguem isso? O que
assassina; do golfinho Fliper; do dinossauro é esse tempo da surpresa? O que é surpreender

36
Arte – 1a série – Volume 1

e ser surpreendido pelo inesperado? É impor- observar o outro e a ajudar na observação


tante, também, conversar sobre o exercício do movimento corporal. Este exercício revela
como uma ação na qual ninguém perde ou o próprio andar de forma dilatada. Esse é o
ganha, uma vez que a tentativa é de fazer andar de base ou básico e, a partir dele, são
algo mais importante: brincar. desenvolvidos outros, com outras dinâmicas,
velocidades, tamanhos. Quando dilatamos o
f O andar dilatado – Sentados em roda, cada jeito de andar, isto é, quando aumentamos a
aluno se levanta e caminha normalmente, maneira natural de andar, esse exagero algu-
dentro do círculo, em todas as direções, como mas vezes provoca o riso nos espectadores.
se estivesse na rua, indo a um banco ou pas- Outras vezes, a própria pessoa observada ri
seando com velocidades variadas, permitin- de si mesma, pois descobre que a sua manei-
do que os outros alunos observem seu modo ra de andar dilatada é muito estranha e dife-
de andar. Cada um de nós tem um modo pes- rente do que ela imaginava.
soal de andar, que é basicamente a forma de
a pessoa posicionar sua postura. Por exem- fA partir da criação de um jeito
plo, uma mão balança mais que a outra, a ca- básico do andar do clown, qual
beça está sempre mais à frente do pescoço, o roupa você escolhe para caracteri-
pé abre apontando para fora, há um gingado zar seu personagem palhaço? Qual será seu
diferente etc. Todos observam o andar do ou- nome? Que esquetes você pode inventar as-
tro, ressaltando essas qualidades expostas no sim que ganhar seu nariz vermelho?
sentido de ver, no corpo do observado, aqui-
lo que pode ser dilatado. Este é um exercício
em que todos ajudam na observação do cor- Cidade, cultura e
po, abrindo um caminho para que se reflita teatro no território de
sobre a corporeidade do outro. Analisando
todos juntos como é a maneira de cada pes- patrimônio
soa andar, o exercício é repetido a partir de cultural
sugestões para que se dilatem essas formas;
por exemplo: uma pessoa que anda apoiando artes circenses;
os pés mais na parte de dentro do calcanhar circo tradicional;
famílias circenses;
pode aumentar isso; aquela que anda proje- circo contemporâneo;
tando o peito para a frente, as nádegas para escolas de circo;
palhaço/clown e a tradição cômica;
trás etc. Esse é um processo de observação palhaços de hospital.
muito detalhado, em que todos começam a

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
CONEXÃO COM O TERRITÓRIO DE PROCESSO DE CRIAÇÃO E
MEDIAÇÃO CULTURAL

Movendo projetos poéticos de esboço para a construção de um projeto que


intervenção na escola será escrito ao longo do Caderno. Novas pro-
posições ampliarão repertórios e oferecerão
As proposições sugeridas até aqui podem subsídios para essa escrita. Esperamos que os
gerar ideias para projetos de intervenção na projetos se realizem durante o volume 2.
escola nas várias linguagens da arte. Para isso,
sugerimos percorrer dois territórios: processo Para isso, você pode provocar uma con-
de criação e mediação cultural. Caminhar em versa a partir das seguintes questões: Qual é o
suas trilhas pode ajudar os alunos a iniciar um caminho de uma ideia em arte? A ideia já nas-

37
ce pronta num insight? Ou nasce de uma coleta f Que público teria acesso a essa interven-
sensorial, da vigília criativa, de esboços que vão ção?
apurando ideias?
f Para concretizar as ideias registradas, você
É importante que os alunos possam ampliar pretende desenvolver um projeto poético
o conhecimento sobre processos de criação, já individual ou colaborativo?
que há muitos mitos cercando os artistas. O ta-
lento e a inspiração são muitas vezes percebi- Após a escrita do esboço pelos alunos,
dos como centrais nos processos de invenção. sugira que eles apresentem e discutam suas
Agora, instigados a produzir um projeto de ideias de intervenção na escola. Você pode
intervenção na escola, podem se conscientizar fazer uma leitura dessas ideias, problemati-
desses mitos e superá-los. zando: No que as várias ideias diferem? Há
esboços para as várias linguagens artísticas?
O território de mediação cultural pode dei- São ideias viáveis? Se não são, como viabi-
xar os estudantes mais atentos às relações entre lizá-las? O que os alunos percebem de seus
a arte e o público. Considerando que qualquer próprios processos de criação? O que lhes in-
projeto de intervenção espera gerar um [con] teressa provocar no público? Eles têm claro
tato com o público – seja pelo impacto cau- o conceito de relação arte-público como con-
sado pelo ato de desfamiliarizar o olhar, obri- ceito de mediação cultural? Este pode ser um
gando a um olhar como se fosse o primeiro, conceito muito novo na escola, mas trazê-lo
seja pelo estranhamento ou pela proximidade à tona aponta outros modos de olhar as ma-
–, deve também levar em conta o público a que nifestações culturais.
se destina. E pensar formas de dar acesso a to-
dos à arte e à cultura, não esquecendo aqueles Depois da apresentação e discussão, pro-
que têm baixa visão ou que são cegos ou, ain- ponha que os alunos registrem três ideias que
da, os que têm dificuldade de audição ou de considerem viáveis realizar como projeto de
locomoção. intervenção na escola.

Depois da conversa sobre os territó- Em proposições futuras, os esboços dos


rios de processo de criação e media- projetos serão ampliados com outras proble-
ção cultural, os alunos podem matizações.
esboçar, no Caderno do Aluno, suas ideias e
expectativas sobre a realização de projetos de
intervenção na escola. Peça então que regis-
esboço em várias versões;
trem o esboço de um projeto próprio, tendo coleta sensorial;
como roteiro as seguintes questões: processo vigília criativa.
de criação

f Para você, é interessante realizar um proje- Projetos de


to de intervenção na escola? intervenção
na escola
f O que você gostaria de realizar? Faça uma
lista de ideias, sem se preocupar se sua mediação relação arte-público;
realização é possível ou não. Quanto mais cultural desfamiliarizar o olhar;
gerar impacto; dar acesso.
ideias você registrar, melhor será no mo-
mento da escolha.

38
Arte – 1a série – Volume 1

SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos en- tados como possibilidades de estudo da
volve diferentes aspectos, entre os quais relação entre a arte e o território de patri-
a ampliação de conceitos e a percepção e mônio cultural, assim como o início da tri-
expressão sobre/na arte. Os mapas a seguir lha pelo território de processo de criação e
mostram os conteúdos potenciais apresen- mediação cultural.

heranças culturais;
patrimônio cultural;
estética do cotidiano;
tradição e ruptura;
ligação arte e vida;
arte contemporânea.
artes circenses;
circo tradicional;
Arte, cidade e famílias circenses;
patrimônio circo contemporâneo;
cultural escolas de circo;
palhaço/clown e a tradição cômica;
palhaços de hospital.

arte pública;
intervenções urbanas;
gra¿te; pichação;
monumentos históricos; carnaval;
paisagem sonora;
políticas culturais; tambor de crioula;
músicos da rua;
educação patrimonial. jongo; roda de samba;
videoclipe; música
contemporânea. frevo; forró;
dança popular.

processo
de criação
esboço em várias versões;
coleta sensorial;
vigília criativa.

Projetos de
intervenção
na escola

relação arte-público;
mediação
desfamiliarizar o olhar;
cultural
gerar impacto; dar acesso.

39
Avaliando os portfólios mória coletiva, os bens simbólicos mate-
riais e imateriais?
Partindo desses mapas e das experiên-
cias estéticas e artísticas realizadas em sala f Operaram com imagens, ideias e sentimen-
de aula e registradas pelo aluno em seu tos por meio da especificidade dos processos
portfólio – Caderno do Aluno e em outros de criação em arte, gerando sua expressão
modos de registro realizados –, você pode em artes visuais, dança, música e teatro?
avaliar o seu percurso com a turma.
f Operaram com esboços de projetos indivi-
Para isso, no Caderno do Aluno, na se- duais ou colaborativos, visando à ação de
ção “Você aprendeu?”, é proposta a criação intervenção e mediação cultural na escola
de um glossário sobre arte, cidade e patri- e na cidade?
mônio cultural. Ou seja, a organização de
verbetes a partir de palavras e seus signifi-
cados no contexto dos estudos realizados Refletindo sobre o seu diário de
até o momento. bordo
A partir do glossário e da leitura do port- Pensando sobre o seu percurso com os alu-
fólio, você percebeu como os alunos: nos, como você percebe suas ações pedagógi-
cas? O modo como você escolheu e reinventou
f Investigaram a arte e as práticas culturais as possibilidades sugeridas foi adequado? O
como patrimônio cultural no contexto da que você faria de modo diferente? Quais ou-
cultura urbana? tras conexões poderiam ter sido feitas? Para
onde você pode caminhar com seus alunos a
f Valorizaram o patrimônio cultural, a me- partir de agora?

40
Arte – 1a série – Volume 1

IN[TER]VENÇÃO EM ARTE: PROJETOS POÉTICOS NA


ESCOLA

In[ter]venção. Intervenção. Interferên- Conhecimentos priorizados


cia em um lugar, em um espaço. Um jeito
criativo, poético, de chamar a atenção das
pessoas para questões artísticas, ecológicas,
geográficas, sociais, políticas, pedagógi-
cas... Geralmente, são efêmeras. Isto é, du-
ram o tempo de um deslocamento do ritmo
cotidiano para um ritmo poético. Pequenos
incidentes estéticos que rompem o dia a dia
da escola. É na intervenção em arte que é
pensada a segunda parte do Caderno, ins- Intervenção em arte
tigando os jovens do Ensino Médio à cria-
ção de projetos poéticos de in[ter]venção na
escola, como um modo de aguçar o olhar
familiarizado com o lugar-espaço-escola.

Temas e conteúdos
Intervenção em arte no território das
linguagens artísticas e mediação cultural

41
Linguagens artísticas. Artes visuais e audio- Processo de criação. Invenção, repertórios
visuais, dança, música e teatro constroem-se pessoal e cultural e procedimentos criativos
com códigos que se fazem signos artísticos. No constroem poéticas pessoais, de estudantes e
estudo das produções artísticas, entramos em de artistas, nas diferentes linguagens da arte. A
contato com a singularidade do modo de pro- ligação entre processo de criação e mediação
dução da linguagem da arte, seja como fazedor cultural para mover projetos de intervenção na
ou leitor de práticas artísticas. escola possibilita, neste Caderno, a ampliação
do olhar sobre:
Mediação cultural. Aproximação, contato,
diálogo e ampliação de repertórios pessoal f intervenção em arte;
e cultural por meio de experiências estéticas
provocadas no campo da arte e da cultura. A f modos de leitura-sondagem de espaços po-
ligação, neste Caderno, entre linguagens artís- tenciais para intervenção;
ticas e mediação cultural para materializar os
projetos de intervenção na escola possibilita a f formas de mediação cultural para diferen-
ampliação do olhar sobre: tes públicos;

f artistas e coletivos de artistas que traba- f ideias de intervenção no lugar-espaço-escola.


lham com ações de intervenção;

f modos de intervenção artística e seus pro- Competências e habilidades


cessos de criação em artes visuais, dança,
música e teatro; f Compreender a ideia de intervenção em
arte;
f ações de intervenção e mediação cultural
por meio de projetos poéticos individuais f articular imagens, ideias e sentimentos por
ou colaborativos. meio da especificidade dos processos de
criação nas linguagens das artes visuais, da
Projetos de intervenção em arte no território dança, da música e do teatro, gerando pro-
de processo de criação e mediação cultural jetos de intervenção na escola;

f observar o lugar-espaço-escola como modo


de fazer uma leitura-sondagem detonado-
ra de questões propositoras para a inter-
venção;

f apresentar a ideia da intervenção em artes


visuais, dança, música e teatro na escola
por meio de projetos individuais ou cola-
borativos, visando à mediação cultural na
escola.

42
Arte – 1a série – Volume 1

PROPOSIÇÃO PARA SONDAGEM


UMA CONVERSA SOBRE A INTERVENÇÃO EM ARTE

A ideia aqui começa por levar os alunos f Para você, o que é uma sala de aula? Existe
a uma experiência de intervenção para, de- uma padronização do espaço sala de aula?
pois, conversando sobre ela, discutir a ideia Explique.
de intervenção em arte e os desdobramentos
possíveis para a elaboração de projetos de in- f Quais aspectos da sala de aula você gostaria
tervenção na escola. de modificar? Como seria essa mudança?

Para isso, sem falar ou conceituar sobre O levantamento das respostas oferece
intervenção, comece propondo aos alunos uma visão geral sobre o espaço da sala de
que olhem atentamente para a sala de aula aula para os alunos. Será interessante for-
com um olhar estrangeiro: um olhar que vê mar grupos de alunos pela última resposta,
como se fosse pela primeira vez, estranhando agrupando-os por aspectos que sejam co-
o que é familiar, percebendo detalhes e ângu- muns. Então, aos grupos, pergunte: Como
los que um olhar apressado não vê. Os alunos eles imaginam que poderiam fazer uma in-
já se perceberam olhando algo desse modo? tervenção visual, sonora ou corporal para
provocar o olhar das pessoas sobre o aspecto
Essa conversa inicial prepara para que da sala de aula que gostariam de modificar?
olhem, ouçam as sonoridades e percebam a Qual será a intenção de uma intervenção? A
sala de aula de diferentes pontos de vista: escola pode ser um lugar não instituído para
do lugar onde sentam, da porta de entrada a arte? Nos espaços da escola, é possível a
da sala, do fundo da sala, dos quatro can- intervenção de imagens poéticas – visuais,
tos da sala, olhando o teto, olhando o chão, sonoras, corporais – sem aviso prévio? Quem
olhando as carteiras, olhando a lata de lixo, autoriza?
a lousa, a cor das paredes, a luz artificial da
sala, a luz natural que entra na sala; enfim, Com essas questões colocadas como desa-
olhar atentamente para a sala de aula. Peça fios, peça que os alunos esbocem o projeto no
que ouçam os sons que vêm das janelas, das Caderno do Aluno. Antes que o apresentem
portas, das salas vizinhas, do andar de cima para a turma, peça também que retomem o
e de baixo (se houver) e de todos os pontos esboço do projeto realizado anteriormente e
possíveis da sala. que comparem os dois. O que se modificou no
modo de pensar uma intervenção? Que outras
Depois, peça que respondam no questões teriam de ser pensadas para realizar
Caderno do Aluno: uma intervenção?

A conversa sobre esses projetos vai sub-


f Qual a sensação que a sala de aula provo- sidiar o pensar/criar intervenções na esco-
ca quando se olha para ela como se fosse la. O fazer também é projetar e pode ser
pela primeira vez? O que é interessante ampliado pelas Situações de Aprendizagem
na sala? O que é desagradável? propostas.

43
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
ARTES VISUAIS

O que acontece se subvertemos a função ou Essa conversa inicial pode preparar a


a imagem de um objeto e o disponibilizamos em “Apreciação”.
outros locais sem avisar ninguém?

O que poderia provocar, por exemplo, vários Proposição I – Movendo a apreciação


apagadores de lousa enfiados em diversos va-
sos de plantas ou uma folha de papel sulfite em Ideias geram ideias, e é nesse sentido que a
branco nos quadros de avisos? O que isso pode ampliação do repertório cultural nos move para
provocar? Deixaria as pessoas curiosas, inquie- caminhos ainda não percorridos. Entre muitas
tas? Não veriam a intervenção? Se não a veriam, possíveis, apresentamos uma curadoria de ima-
por que não? Que hipóteses levantamos? gens. Que leituras elas provocam?
© Projeto Jamac

Figura 31 – Jardim Miriam Arte Clube (Jamac). Coordenação: Mônica Nador. Barraca da Dona Maria, 2006. Pintura e estêncil. Jardim
Miriam, São Paulo (SP).

44
Arte – 1a série – Volume 1

© Projeto Jamac

Figura 32 – Jardim Miriam Arte Clube (Jamac). Coordenação: Mônica Nador. Montagem da instalação no Sesc Pompeia, São Paulo (SP).

45
© Projeto Jamac

Figura 33 – Jardim Miriam Arte Clube (Jamac). Coordenação: Mônica Nador. Instalação, 2007. Pintura e estêncil. Sesc Pompeia, São
Paulo (SP).
© Henk Nieman © Azevedo, Néle/Licenciado por
AUTVIS, Brasil, 2013

Figura 34 – Néle Azevedo. Monumentos mínimos (detalhe), 2007.


Instalação. 500 figuras feitas em gelo. Praça Carlos Gomes,
Ribeirão Preto (SP).

46
Arte – 1a série – Volume 1

O que os estudantes interpretam a partir dura militar, foi morto em outubro de 1975,
das imagens? Percebem procedimentos diferen- sendo declarada como causa oficial de sua
tes em locais diversos? Percebem que as inter- morte o suicídioa. A obra de Cildo reforça a
venções se inserem no cotidiano ou onde não questão pelo fluxo da arte, que se intromete
são esperadas? Que projetos e quais recursos no curso da vida.
imaginam que teriam sido planejados por
Mônica Nador e Néle Azevedo? No Projeto Coca-Cola, de 1970, Cildo re-
velou outros “circuitos ideológicos”. Nas em-
Paredes e muros de casas transformam balagens de vidro retornáveis, Meirelles gravou
o Jardim Miriam, um bairro na periferia de informações e opiniões críticas e devolveu-as
São Paulo. Lá, a artista Mônica Nador tem à circulação. Com silkscreen, a tinta branca
oferecido máscaras de motivos ornamentais vitrificada não aparecia quando a garrafa es-
a moradores para que adornem suas casas. tava vazia, mas apenas quando cheia, tornan-
Nador pinta paredes, propõe reformas, orga- do visível a inscrição contra o fundo escuro do
niza lideranças locais, realiza ateliês para jo- líquido da bebida. Por que esse refrigerante foi
vens, tudo por meio do Jardim Miriam Arte escolhido? Por que esse título? Por que o artis-
Clube (Jamac), que ela fundou e dirige. ta escolheu objetos que operam em sistema de
circulação, sejam as notas de dinheiro, sejam
Néle Azevedo faz intervenções em espaços as garrafas retornáveis?
públicos com seus Monumentos mínimos – pe-
quenas figuras de gelo que se derretem delica- Cildo Meirelles pulveriza pela arte um pen-
da e morosamente aos olhos dos transeuntes. sar reflexivo, já que cria uma oposição entre
E já percorreu o mundo fazendo essas inter- consciência (inserção), como função da arte, e
venções, que sempre encantam e provocam anestesia (circuito), como função da indústria.
estranhamentos nos passantes.
Hoje há muitos artistas que fazem inter-
Certas intervenções estão tão inseridas no venções. O Grupo Poro é formado por dois
cotidiano que podem passar despercebidas. artistas que criam interferências em arte.
Cildo Meirelles, na década de 1970, em pleno Interferem em espaços públicos, fotografam
tempo da repressão e da ditadura, criou bre- ralos, tampas de bueiro, caixas de inspeção
chas de denúncia e reflexão a partir de seus que se tornam adesivos colados no chão da
objetos, como Inserções em circuitos ideológi- galeria onde expõem. Jenny Holzer trabalha
cos: carimbou, em cédulas de 1 cruzeiro (moe- com a palavra, intervindo em espaços como
da corrente no Brasil à época), “Quem matou para-choques de caminhão e painéis lumino-
Herzog?”. Os alunos já ouviram falar do jorna- sos ou fazendo projeções sobre o mar, mon-
lista Vladimir Herzog? tanhas, prédios. Regina Silveira, em Super X
(night and day), de 1999, fez que a imagem de
Novas pesquisas e estudos podem ser um Super-Homem fosse projetada com raio
feitos com o professor de História, pois o laser sobre prédios e muros da cidade de São
jornalista, preso político na época da dita- Paulo.

a
A Justiça, em 1978, responsabilizou a União pela prisão ilegal, tortura e assassinato do jornalista. A Comissão
Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu, em 1996, que Herzog foi assassinado no DOI-Codi de São
Paulo e indenizou sua família. Em sua homenagem, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
São Paulo criou, em 1979, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Em parceria
com o professor de História, pode-se investigar sobre: prisão, tortura e morte no período da ditadura; os desa-
parecidos políticos no Brasil; o movimento para a abertura dos arquivos da ditadura; os objetivos do Prêmio
Vladimir Herzog; a morte do jornalista Tim Lopes, assassinado pelos traficantes no Rio de Janeiro em 2001 etc.

47
Intervenções, quando têm duração cur- Esse levantamento pode ampliar ideias
ta, podem ser definidas na categoria de arte para a criação de projetos a ser realizados no
efêmera. volume 2.

A publicidade encontra meios de penetrar


no cotidiano das pessoas de muitos modos, Proposição III – Ação expressiva
mas como podemos instigar reflexão e crítica
por meio de inserções/intervenções sem perder Viver a experiência de criar é importante
o caráter singular da arte? Que objetos nos para o desenvolvimento de ideias que nas-
convidam a apropriações para criá-las? Como cem também no próprio fazer. O que po-
o público da escola reagiria às potenciais in- demos encaminhar para que experiências
tervenções? Essas são questões que estarão estéticas sejam vividas, preparando para o
presentes neste e no Caderno seguinte. futuro projeto de intervenção?

Abrir espaço para essa intervenção ex-


Proposição II – Lição de casa perimental exige, além do tempo do buscar
materiais e do fazer, espaço também para
Quando olhamos as várias obras, nem uma boa conversa sobre os resultados, tanto
sempre percebemos que elas apresentam um no sentido das ideias geradoras quanto das
modo singular de linguagem dentro das artes reações e interpretações de seus fruidores,
visuais. A intervenção é uma delas, mas quais sejam os colegas da classe ou aqueles que
modalidades das artes visuais os alunos conse- circulam pela escola.
guem identificar?
Para uma intervenção experimental em
Como lição de casa, é proposta, no Cader- artes visuais, pode-se retomar o que foi
no do Aluno, uma cartografia no território das planejado na sondagem ou pensar em uma
linguagens artísticas em artes visuais a partir pequena intervenção usando imagens, pa-
das obras apresentadas, ampliando também lavras, pequenos poemas ou mesmo proje-
com outras que os estudantes conheçam. ções com lanternas ou retroprojetor. Setas
podem ser colocadas no chão para levar os
Em classe, depois, amplie a cartografia fruidores até a intervenção. O que as pala-
do território das linguagens artísticas em vras ou os poemas podem gerar nas pessoas
artes visuais, fazendo um registro na lousa. que passam pela escola quando ocupam um
Quais modalidades foram lembradas? Quais lugar inusitado e são produzidas com preocu-
outras foram acrescidas? pações estéticas?

O mapeamento pode revelar, além das No Caderno do Aluno, há espaço para


mais conhecidas – como desenho, pintura e planejar a intervenção experimental e co-
escultura –, outras modalidades, como inter- mentar a reação do público, pois é muito
venção, instalação, grafite ou graffiti, objeto, importante percebê-la como um espaço de
livro-objeto ou livro de artista, projeção, site mediação cultural. Entrevistas podem evi-
specific, fotografia, gravura, assemblage, cola- denciar quanto as intervenções provocaram
gem, videoarte, web art, land art, arte postal, o público. Lembramos aqui a proposição de
body art, performance, happening. Cildo Meirelles, para quem a arte é também

48
Arte – 1a série – Volume 1

um processo de tornar o público consciente.


De que aspectos os alunos querem tornar o
linguagens artísticas
público consciente? Quais experiências esté-
ticas gostariam de provocar?
Intervenções em artes visuais
O acompanhamento das pequenas inter- intervenções urbanas;
venções experimentais, o seu registro e a aná- provocações estéticas convocando
lise compartilhada das respostas do público, o público.
registradas no Caderno do Aluno, podem ali- mediação
cultural
mentar o posterior planejamento de interven-
ções, que será realizado no volume 2.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7
MÚSICA

A música está presente no nosso cotidiano, Deus, do compositor renascentista Thomas


seja na sonoridade da vida da natureza, seja pe- Tallis. É possível escutar a música on-line por
las rádios, TVs, MP3 players, toques de celular. meio de pesquisa na internet. A forma como
as vozes são agrupadas é bem diferente de
Nos caminhos possíveis de se pensar sobre Palco, já que as vozes cantam de modo quase
intervenções em música na escola, é sugerida independente. Nessa música, há quatro vozes,
a exploração do canto coral nas proposições duas femininas e duas masculinas, que po-
que se seguem. dem ser identificadas já no começo da música:
cada uma entra em seu tempo, primeiro a gra-
ve masculina (baixo), depois a grave feminina
Proposição I – Movendo a (contralto), seguida pela aguda masculina (te-
apreciação nor) e, por fim, pela aguda feminina (sopra-
no). Além disso, Sancte Deus foi composta
Quais as referências dos alunos sobre o can- para ser cantada a cappella, diferentemente de
to coral? Para levantar as percepções iniciais Palco, que foi arranjada com acompanhamen-
dos alunos, sugerimos começar com a audi- to de instrumentos musicais.
ção da música Palco, de Gilberto Gil (arran-
jo completo), faixa 5 do CD Educação em O texto da música está em latim. Os alu-
Arte: música, v. 2. Sem dar nenhuma infor- nos já tiveram a experiência de ouvir uma
mação anterior, podemos convidar os alunos música nessa língua?
a ouvir a gravação. Conhecem a música? Já
a ouviram? O que percebem de diferente nesta
gravação? Reconhecem as três vozes? Sancte Deus, Sancte Fortis, Sancte et
[Immortalis, miserere nobis.
Sugerimos, no Caderno do Aluno, que o
Nunc, Christe, te petimus, miserere, quaesumus.
aluno realize um desenho da escuta de Palco.
Os instrumentos musicais e as diferentes vozes Qui venisti redimere perditos, noli damnare
aparecem no registro visual do aluno? [redemptos:

Podemos oferecer, também, a escuta de Quia per crucem tuam redemisti mundum. Amen.
outra peça de canto coral. Sugerimos Sancte

49
No Caderno do Aluno, é solicitado que canto gregoriano era feita, inicialmente, por
ele faça o registro em forma de desenho da sinais colocados sobre o texto que indicavam
segunda peça ouvida. Quais característi- os movimentos das mãos do regente e, poste-
cas aparecem nos desenhos? As diferentes riormente, por desenhos de notas ou agrupa-
entradas das vozes? A língua latina? Os mentos de notas quadradas (neumas) sobre
caminhos autônomos percorridos pelas vo- quatro linhas. O monge beneditino Guido
zes? O fato de haver momentos de destaque D’Arezzo (991/2-c.1050) foi um dos respon-
para cada voz? As sensações de sons e fra- sáveis pelo estabelecimento do uso de linhas
ses subindo e descendo, ficando fortes ou para registrar graficamente os movimentos
fracos? Quais imagens foram construídas de ascendência e descendência dos sons, ori-
pelos alunos? ginando a estrutura moderna da pauta e da
escrita.
Os alunos podem comparar os registros
de Palco e de Sancte Deus e tentar encon- Nos séculos seguintes, o modelo de ensi-
trar as diferenças existentes entre as duas no de canto praticado na Schola Cantorum
músicas. multiplicou-se em diversas igrejas da Europa.
No século XV, na basílica de São Marcos, em
Para apurar o ouvir do canto coral, propõe- Veneza, por exemplo, havia galerias situadas
-se uma nova escuta. Que outras problemati- em ambos os lados da nave para o coro e dois
zações podem ser feitas por você, professor, e grandes órgãos. Isso deu aos compositores a
pelos estudantes? Eles sabem quando se inicia o ideia de criar obras policorais, para ser can-
canto coral? Já viram algum grupo coral? tadas por mais de um coro, criando um efei-
to que hoje se conhece como estéreo. Uma
Historiadores apontam que, de 12 000 voz ou um coro vindo de um dos lados era
a.C. a 7 000 a.C., existiam apenas as manifes- respondido pelo coro do outro lado e vice-
tações musicais rústicas, como o bater de pés -versa. (Consulte o Caderno da 5 a série/
e mãos, sons de vozes, instrumentos de per- 6o ano, volume 1, para novas informações
cussão e até um tipo de gaita de um só som. sobre a propagação do som.) Esse ponto
A não sobrevivência dos textos musicais é um poderá se tornar uma boa pesquisa para os
fato que dificulta levantar essa história, mas alunos.
sabe-se que Confúcio, na China, por volta de
500 a.C., restaurou o cancioneiro Chi-King, De lá para cá, muita coisa mudou. A
que data de 1 500 a.C. Na Grécia Antiga, por prática do canto coral difundiu-se como
volta de 500 a.C., versos eram compostos atividade lúdica, de lazer e de acompa-
com melodias tocadas na lira (daí o termo nhamento de variadas ações e momentos
lirismo) ou na flauta, cantados e dançados. da vida cotidiana. Há corais amadores e
Por volta de 900 a.C., com os reis Davi e Sa- profissionais de alto nível musical, infantis,
lomão, desenvolveu-se um modelo de entoa- juvenis e adultos. Entre os grupos juvenis
ção dos salmos que se tornou modelo para a mais famosos, há Os Meninos Cantores de
música religiosa de culto. O papa Gregório Viena e os Canarinhos de Petrópolis. Pode-
Magno (590-604) foi o grande responsável mos lembrar também de pequenos grupos
pela organização do canto litúrgico cristão musicais. Há algum tipo de coro ou coral na
(daí o nome “canto gregoriano”) estabeleci- região em que os alunos moram?
do na Schola Cantorum, na qual se ensinava
e se aprimorava o canto religioso – sempre Essas primeiras ações poderão motivar
a capella, em uníssono, com linha melódica os alunos para a criação de projetos de in-
austera sem muitos saltos (por isso o nome tervenção utilizando o canto coral. Para
cantochão – do latim cantus planus) e ritmo que possamos criar projetos em que o can-
baseado na prosódia do texto. A escrita do to coral possa também se tornar uma inter-

50
Arte – 1a série – Volume 1

venção na escola, ou fora dela, precisamos Articulação Faixa 27 – Vocalise 21


criar Situações de Aprendizagem específi-
cas. É possível formar coros? Quais são os Flexibilidade Faixa 28 – Vocalise 24
passos? Qual é o repertório desejado?
Projeção Faixa 29 – Vocalise 32
Foram aqui escolhidas quatro canções,
mas outras poderão ser trabalhadas, de-
pendendo de suas possibilidades como pro- Extensão Faixa 30 – Vocalise 35
fessor. Vamos cantar?
Quadro 1 – Preparando a voz.

Proposição II – Ação expressiva Outros vocalises podem ser escolhidos,


sem que se esqueça das seis formas de pre-
Aquecendo a musicalidade das vozes parar as vozes. Os alunos podem também
pesquisar como os cantores que eles gos-
Antes de começar a cantar, é necessá- tam de ouvir aquecem a voz. No Caderno
rio fazer alguns exercícios com a voz para do Aluno, há espaço para registrar a pes-
aquecer as cordas vocais, chamados voca- quisa ou a criação de outros vocalises.
lises. Assim como no trabalho corporal,
em que temos de fazer alguns exercícios Na educação musical, um grande desafio
de aquecimento, a voz também precisa se é cantar afinado. Outro é escutar em
aquecer. silêncio. Quem não aprende a escutar
em silêncio, concentrado, não consegue
Há muito pouco tempo, só havia ma- aprender as alturas da melodia, o ritmo da
terial para trabalhar vocalises no canto melodia, o cenário harmônico e, portanto,
erudito e com base no som de línguas euro- tem mais dificuldades para conseguir
peias (alemã, inglesa e italiana). Atualmen- cantar afinado.
te, há materiais disponíveis para preparar
vozes na música popular, como o método Desenvolver a afinação das vozes é um de-
Por todo canto, de Diana Goulart e Malu safio ainda maior e constante no canto coral.
Cooper. O interessante é trabalhar as seis Na nossa proposição, damos início ao proces-
etapas de preparação vocal: aquecimen- so da construção da afinação do coro a partir
to, ressonância, articulação, flexibilidade, do trabalho com vocalises. Por um lado, ele
projeção e extensão. As frases melódicas de prepara a voz para o canto e, por outro, exer-
cada vocalise são curtas e cantadas apenas cita melodias em vários tons, ascendentes e
com vogais, e serão acompanhadas pelos descendentes.
alunos por meio do CD Educação em Arte:
música, v. 2. Outra estratégia é a utilização de gravações
com as vozes e o acompanhamento instru-
Vocalises sugeridos mental, fazendo uma parte do papel do regen-
Preparando a te ou preparador de coros. Quando à frente
(CD Educação em Arte:
voz do trabalho com um coro há um regente ou
música, v. 2)
um professor que saiba música e que tenha
experiência em construir a afinação, no início
Aquecimento Faixa 25 – Vocalise 8
de cada canção a primeira nota de cada voz é
cantada para cada um dos naipes. É uma re-
Ressonância Faixa 26 – Vocalise 13 ferência importante para os participantes do
coro cantarem a cappella ou acompanhados
de instrumentos musicais. No caso do canto

51
a cappella, essa referência é mais importan- the saints go marching in, London bridge
te ainda, para que cada naipe possa iniciar e Merrily we roll along. Elas foram espe-
a sua melodia com a afinação exata da nota. cialmente gravadas em diversas faixas de
Depois, cada naipe vai desenvolvendo a sua áudio para melhor percepção auditiva dos
melodia presente no arranjo. alunos. Para cada uma delas foi preparado
um arranjo a três vozes, adequado para to-
Há uma recomendação importante que dos os tipos de vozes femininas e masculinas
fazemos para o professor e que também vale (soprano, mezzo soprano, contralto, tenor,
para os alunos: não se preocupem com o canto, barítono e baixo) e dentro da tessitura dos
apenas dediquem-se a cantar! Ouvindo as gra- naipes, para que todos possam cantar. A di-
vações e cantando, cantando e ouvindo o que ferença está na região onde soa cada uma
se está cantando e, depois, ouvindo o que as delas (uma oitava acima ou abaixo). Por
outras vozes estão cantando na melodia do isso, professor, ajude os alunos a acharem
seu naipe é que se aprende essa atividade me- o naipe vocal mais confortável para eles,
lhor. ouvindo-os com naturalidade (não preci-
sa fazer teste classificatório neste primeiro
É importante, também, lembrar que a momento). Observe se suas vozes estão com
voz dos adolescentes sofre mudanças no um timbre suave, se a voz sai com facilidade,
seu timbre e na afinação, entre 10 e 15 anos sem rouquidão, sem sonoridades guturais
de idade, aproximadamente. Cada adoles- ou forçadas. Caso encontre algum aluno
cente tem o seu estágio. Isso significa que cuja qualidade vocal esteja muito diferente
em um grupo de meninos os estágios esta- das demais do naipe, convide-o a integrar
rão em diferentes fases de mudança vocal. outro naipe, como experiência. Diga-lhes
Essa mudança também acontece com as que eles próprios devem se observar e tomar
meninas, no entanto a percepção desse pro- consciência, pouco a pouco, de qual é a sua
cesso na voz feminina é menor. A melhor zona de maior conforto para o canto. Se,
forma de lidar com essa situação, sem privá- após a atividade de canto, eles saem roucos,
-los do canto, é incentivá-los a cantar em uma é preciso prestar atenção, pois isso é sinal de
postura que não obstrua a entrada e a saída que as vozes estão sendo forçadas a cantar
do ar e do som, preferencialmente em pé, com de maneira errada e isso pode acarretar pro-
o olhar para o horizonte, priorizando os exer- blemas futuros.
cícios de respiração e em uma altura e intensi-
dade que lhes sejam confortáveis. Alguns passos estão indicados para que
você e seus alunos possam compreender
Aprendendo a cantar em coro melhor o canto coral depois de aquecerem
as cordas vocais. Sugere-se iniciar pela mú-
Os alunos já ouviram a música Palco, sica que já ouviram (Palco) e, depois, por
composta por Gilberto Gil, e já registraram When the saints go marching in, cuja parti-
a sua escuta por meio de um desenho. Agora tura foi editada no Caderno do Aluno. Se
é o momento de cantá-la. Além dela, você en- houver possibilidade, você poderá traba-
contra, no CD Educação em Arte: música, v. lhar com as demais aqui apresentadas ou
2, três músicas do folclore americano: When com outras que você selecionar.

52
Arte – 1a série – Volume 1

Músicas

Passos para aprender a cantar cada voz When the


London Merrily we
Palco saints go
bridge roll along
marching in

Escutar a música cantada em um arran- Faixa 5 Faixa 10 Faixa 15 Faixa 20


jo a duas vozes acompanhadas de uma (completa (completa (completa (completa
banda instrumental. cantada) cantada) cantada) cantada)

Aprender a cantar a melodia da música: Faixa 6 Faixa 11 Faixa 16 Faixa 21


voz principal com a gravação. (1a voz) (1a voz) (1a voz) (1a voz)

Faixa 7 Faixa 12 Faixa 17 Faixa 22


Aprender a 2a voz e depois cantá-la com
e depois a e depois a e depois a e depois a
a 1a voz.
Faixa 6 Faixa 11 Faixa 16 Faixa 21

Faixa 8 Faixa 13 Faixa 18 Faixa 23


Aprender a 3a voz e depois cantá-la com
e depois a e depois a e depois a e depois a
a 1a voz.
Faixa 6 Faixa 11 Faixa 16 Faixa 21

Dividir a classe em três grupos: um para a 1a voz (melodia principal), outro para a 2a voz e mais
um para a 3a voz.

É importante que os grupos cantem


Faixa 5 Faixa 10 Faixa 15 Faixa 20
juntos, acompanhando a gravação e
(completa (completa (completa (completa
observando auditivamente quando as
cantada) cantada) cantada) cantada)
outras vozes começam e o que fazem.

Agora é hora de os três grupos canta-


Faixa 9 Faixa 14 Faixa 19 Faixa 24
rem a três vozes, acompanhados somen-
(playback) (playback) (playback) (playback)
te do playback.

Se os alunos se sentirem seguros, pode-se propor que cantem a cappella: somente as vozes, sem
o acompanhamento do playback.

Quadro 2 – Passos para aprender a cantar cada voz.

53
Figura 35 – Canção folclórica. When the saints go marching in (Quando os santos vão marchando). Partitura para três
vozes.

54
Arte – 1a série – Volume 1

© G4 Editora

55
© G4 Editora

Figura 36 – Canção folclórica. London bridge (Ponte de Londres). Partitura para três vozes.

56
Arte – 1a série – Volume 1

© G4 Editora

Figura 37 – Canção folclórica. Merrily we roll along (Alegremente nós seguimos). Partitura para três vozes.

57
A experiência de cantar When the saints Se houver alunos que saibam tocar ins-
go marching in com a partitura em mãos pode trumentos musicais (violão, guitarra, bateria,
ser inédita para os alunos. Eles conhecem par- percussão, contrabaixo, sopros etc.) e consigam
tituras? Há mais informações sobre elas no ler as cifras das partituras ou tocar “de ouvido”,
Caderno da 6a série/7o ano (volume 1), cujo muito bom, pois podem ser incentivados a to-
conteúdo centrou-se nas partituras conven- car com o coral. Essa experiência os ajudará a
cionais e não convencionais. perceber que há diferença entre ter um suporte
instrumental ao vivo para o coro e uma grava-
Podemos supor que eles consigam ler algu- ção. Ao vivo, podem mudar a forma de tocar
mas das características de uma partitura, o de- e acompanhar as vozes, sugerindo alterações
senho das notas musicais no pentagrama, onde de andamento (velocidade) da música, acom-
aparece também a letra ritmicamente dividida, panhando os trechos fortes e fracos, experi-
enquanto ouvem a gravação completa e, tam- mentando entradas diferentes, acompanhando
bém, a gravação de cada voz. mudanças repentinas de execução musical, fa-
zendo novos arranjos para o acompanhamento.
Essa forma de aprender a cantar as melo- A gravação, por mais bem-feita e elaborada que
dias de cada voz, pela imitação da gravação, é seja, não tem os recursos de um acompanha-
o que chamamos de memorização melódica. mento ao vivo. Depois de praticar bem com o
É assim, também, na grande maioria dos co- playback, os ensaios podem ir por esse caminho,
ros brasileiros, cujos participantes não sabem com a participação dos instrumentistas, mas,
ler música. nesse caso, é fundamental que os instrumentos
respeitem o volume do som das vozes, tocando
Ao aprender as melodias ouvindo as gra- em volume mais baixo do que o coro.
vações e acompanhando o desenho (melódi-
co e rítmico) das notas nos grupos de cinco Algumas questões podem ampliar a refle-
linhas de cada voz, muitas pessoas (alunos e xão sobre a experiência vivida pelos alunos:
professores leigos) acabam por decifrar mini- Qual foi a sensação de cantar em conjunto, sem
mamente o código musical. Partem sempre da gritar? Conseguiram cantar ao mesmo tempo
referência sonora da primeira nota da melodia que prestavam atenção nas vozes dos colegas?
e vão seguindo as outras. A isso chamamos de Qual é a sensação quando as vozes se afinam?
leitura relativa: uma nota percebida e cantada O que você precisou fazer para cantar afinado?
a partir de uma referência anterior. Acompa-
nhar a letra e a música certamente abrirá no- Guiando-se pela sensibilidade, você pode
vos momentos de aprendizagem para todos. realizar mais perguntas, ajudando os alunos a
refletir sobre as descobertas, as dificuldades e os
Cantar com o apoio do playback é importan- prazeres do fazer musical, preparando-os para
te para aprender a cantar as vozes do arranjo, uma primeira intervenção experimental.
manter o ritmo e respeitar as esperas. Cantar a
cappella, sem o apoio do playback, é um desafio Intervenção experimental
que deve ser testado, pois só assim a afinação se
desenvolve e se internaliza na memória dos can- Certamente, muitos aspectos podem ser
tores. ainda pesquisados com relação ao canto co-
ral. Há corais que se apresentam com túnicas
Se em apresentações o playback for usado, e perfilados com pouco ou nenhum movimen-
é fundamental observar seu volume, para que to corporal. Outros se movem pelo palco. Há
fique equilibrado e um pouco mais fraco do também o coro cênico, que se utiliza de alguns
que o som das vozes dos alunos. É apenas um elementos da linguagem cênica, como expres-
apoio, não o som principal. O som do coro é o são corporal, cenários, adereços, figurinos e
mais importante. iluminação.

58
Arte – 1a série – Volume 1

Quais são as possibilidades de desenvolver a reação do público, pois é muito importante


uma pequena intervenção experimental com percebê-la como um espaço de mediação cul-
canto coral ou coro cênico? Em que lugar po- tural. Entrevistas podem evidenciar quanto as
deria ser, dentro ou fora da escola? E quando? intervenções provocaram o público.
Qual reação você espera do público?
O acompanhamento das pequenas inter-
Também é possível inserir efeitos cênicos venções experimentais e a análise comparti-
em seus coros. Para isso, a escolha do lu- lhada das respostas do público, registradas no
gar é fundamental. Será em um espaço com Caderno do Aluno, podem alimentar o poste-
muita poluição sonora, como o recreio ou a rior planejamento de intervenções que serão
entrada dos alunos, por exemplo? Ou é para realizadas no volume 2.
ter a escuta da natureza, se a escola tem um
bosque ou um mar ou... Poderiam ser cria-
dos arranjos vocais em outras músicas que
conheçam e gostem? linguagens artísticas

É preciso também checar a possibilidade


de que alguns alunos façam parte de grupos Intervenções em música
vocais ou coros em suas atividades fora da
canto coral;
escola. Eles podem trazer as partituras que produção musical em grupo;
usam e trabalhar com seus colegas. leitura musical.
mediação
cultural
No Caderno do Aluno, há espaço para pla-
nejar a intervenção experimental e comentar

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8
DANÇA

A intervenção é uma possibilidade de Proposição I – O que penso sobre


criação que faz que os envolvidos questio- dança coral?
nem por meio das ações, levantem dúvidas,
recriem, se reposicionem, sejam surpreen- Para pensar-sentir-fazer dança tam-
didos e surpreendam, fazendo que a vida bém é importante conversar sobre
circule de maneira diversa. Dessa forma, ela. No Caderno do Aluno, as se-
sugere-se que a intervenção em dança, na guintes questões movem a conversa:
escola, consista principalmente da realiza-
ção de uma performance cênica que tenha
o lúdico como ponto central, na qual seja f Para você, qualquer pessoa dança? Justifi-
criada uma expectativa entre o público e que sua resposta.
os dançarinos, proporcionando, nos envol-
vidos, reflexões a respeito dos temas que f É possível inventar uma dança em que
aparecerão na performance, de modo a rela- muitas pessoas dançam juntas? Comente.
cioná-los com fatos da vida e do cotidiano.
Para tanto, é sugerido que o professor tra- f Como você imagina que seja uma dança
balhe com elementos da dança coral neste coral? Você pode responder desenhando
período. se quiser.

59
Na conversa, o importante é que os alu- Bertazzo se identificaram com essa forma
nos possam expor suas ideias, suas hipóteses, de trabalho e criaram obras que exigiam um
compartilhando o repertório e a construção grande grupo de pessoas se movimentando
de significados coletivamente. Como profes- em cena.
sor, mediando a conversa, você vai oferecen-
do informações e questões para aproximar As coreografias que originam o coral
os alunos do conceito de dança coral. de movimentos normalmente propõem que
um grande grupo de pessoas se mova junto,
Quando muitas pessoas se movem juntas, segundo uma coreografia preestabelecida,
elas formam um coral de movimento. Quem com estrutura simples, porém instigante,
primeiro trabalhou com essa forma de mo- permitindo a dançarinos dançarem juntos
ver pessoas juntas, artisticamente, foi o hún- de forma colaborativa. A dança acontecerá,
garo Rudolf von Laban. Laban trabalhou então, como processo de autoconhecimento
inicialmente com projetos criativos, com a do corpo, de seus limites e possibilidades,
análise da dança, e criou também uma escri- efetivando relações sociais e levando os in-
ta da dança: a labanotação (labanotation), divíduos a experimentar novas possibilida-
que é uma maneira de registrar os passos des quando da criação e integração grupal.
de dança encontrados em uma coreografia, Atuará como elemento transformador, por
possibilitando que outras pessoas possam promover aos participantes a aceitação de
realizar os passos por meio da leitura dos si mesmos e uma maior abertura na relação
símbolos empregados pela labanotação. La- com o próximo.
ban dirigiu alguns rituais de dança coral no
Monte Verità, na Suíça, em 1917.

Laban, vendo o corpo a partir de uma Proposição II – Ação expressiva


perspectiva sociocultural, percebeu que ele
expressa a relação do indivíduo com o seu Percursos para um projeto de
meio. Sendo o corpo veículo e conteúdo intervenção: dança coral na escola
do indivíduo nas relações que estabelece
no trabalho, no lazer, nas ações orgânicas, Seria possível fazer uma intervenção na
o ser humano possui um repertório gestual sua escola com a linguagem da dança coral?
que significa o seu elo social. Laban fez O que os alunos pensam sobre isso? Onde a in-
uma clara distinção entre movimento coral tervenção poderia acontecer? Quando aconte-
e dança-teatro. Enquanto na dança-teatro ceria? Como não é uma "apresentação", qual
dançarinos profissionalmente preparados seria a intenção da intervenção? Os alunos
apresentavam a forma de arte da dança, o gostariam de chamar a atenção sobre algum
movimento coral servia para dar uma expe- aspecto da escola, do espaço, do ambiente es-
riência de dança aos leigos e também contava colar?
com dançarinos experientes. Era uma dança
que preservava a movimentação espontâ- Essas questões podem dar início à con-
nea do grupo, organizava sistematicamente versa que vai puxar o grupo de alunos para
grandes massas ao ar livre e era realizada a participação na intervenção. Lembrando
com roupas leves. Laban diferenciava isso que a dança coral propõe coreografias para
de acordo com sua estrutura, como orques- um grande número de pessoas, é interessan-
tra, dança coral ou câmara, incluindo ou- te que a classe seja dividida no máximo em
tras danças, como sonata ou canção. dois grupos. Em continuidade, para entrar
em processo de criação, pode-se encaminhar
No Brasil, coreógrafos ou educadores um percurso focalizando os aspectos a se-
como Maria Duchenes, J. C. Violla e Ivaldo guir.

60
Arte – 1a série – Volume 1

Para procurar um tema decidirem juntos em que espaços poderiam


apresentar intervenções que se apropriem da
No Caderno do Aluno é indicado um jogo “formação” da dança coral.
com associação de palavras para que juntos
descubram caminhos que os levem a encon-
trar um tema para a intervenção que está sen- Por que uma intervenção?
do proposta.
A intervenção na escola não deve priorizar
Os alunos sentam em círculo. Um aluno a execução de movimentos corretos e perfeitos
começa o jogo falando aleatoriamente uma dentro de um padrão técnico imposto, gerando
palavra. Digamos que a primeira palavra que a competitividade entre os alunos. É impor-
venha à cabeça dele seja “sala”. O próximo tante chamar a atenção deles sobre isso, pois
aluno deverá falar uma palavra que tenha li- a ideia é partir do pressuposto de que o movi-
gação com sala, por exemplo: “espaçosa”. O mento é uma forma de expressão e comunica-
próximo aluno deverá falar uma palavra que ção do aluno, objetivando torná-lo um cidadão
tenha ligação com espaçosa, por exemplo: capaz de se expressar em variadas linguagens,
“aberta”. O próximo aluno deverá falar uma desenvolvendo sua expressão e aprendendo a
palavra que tenha ligação com aberta, por pensar em termos de movimento.
exemplo: “porta”. O próximo aluno deverá fa-
lar uma palavra que tenha ligação com porta, Antes de fazer acontecer, não é possível sa-
por exemplo: “ingresso”. O próximo aluno de- ber o que a intervenção em dança pode pro-
verá falar uma palavra que tenha ligação com vocar no espaço da escola e nas pessoas que
ingresso, por exemplo: “estádio”. O próximo assistem a ela.
aluno deverá falar uma palavra que tenha li-
gação com estádio, por exemplo: “grama”. É importante que você lembre aos alunos
O próximo aluno deverá falar uma palavra que, além do grupo ou grupos que vão atuar,
que tenha ligação com grama, por exemplo: provavelmente seja necessário um grupo de
“verde”. O próximo aluno deverá falar uma alunos que se ocupe de determinadas orga-
palavra que tenha ligação com verde, e assim nizações, como operar o som, montar e des-
sucessivamente... montar determinado cenário etc., para que a
intervenção aconteça em sua plenitude.
Dentro da espontaneidade com que os alu-
nos dirão as palavras, sempre em associação E por último, como professor, é im-
com a palavra que foi dita anteriormente, talvez portante acompanhar o processo e
seja possível achar caminhos a seguir até mon- observar o desenrolar da intervenção
tar com eles um tema em comum para a impro- para ter elementos que gerem uma conversa
visação e as pesquisas de movimento em grupo, com os alunos sobre a experiência realizada. Al-
a fim de chegar a uma coreografia em que todos guns pontos podem ser focalizados: as impres-
se movam juntos. sões dos alunos sobre a experiência; a prática de
aluno-dançante em espaços inusitados; o regis-
tro no Caderno do Aluno:
Para pensar um espaço
Converse com os alunos sobre os espaços f Como foi para você a realização da inter-
da escola, como: espaços externos, corredores, venção?
escadarias etc. No Caderno do Aluno, eles po-
derão listar os locais que julguem indicados f Como foi a reação de quem assistiu?
para a intervenção. Em um segundo momen-
to, você poderá fazer uma grande lista na f Você faria alguma alteração na forma como foi
lousa a partir das sugestões dos alunos, para realizada a intervenção? Qual(ais)? Por quê?

61
Na seção “Você aprendeu?”, os alu-
nos devem fazer um registro sobre
sua compreensão da dança coral, linguagens artísticas

respondendo:
Intervenções em dança
dança coral; coral de movimentos;
f Com o fazer da intervenção, sua compreen- improvisação de movimentos em grupo;
são de dança coral mudou? Explique. espaços inusitados para formação da
dança coral.
mediação
cultural

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 9
TEATRO

Intervenção: nem apresentação, nem re- Portanto, a provocação é desconstruir


presentação. In[ter]venção: a palavra assim nos alunos a ideia de teatro como algo de-
grafada traz dentro de si a ideia de invenção. finido a priori, a partir do questionamento
Intervenção cênica como tática de invenção dos seguintes elementos: a forma dramáti-
exercida no ambiente escolar, como explica ca fechada, o palco italiano, as personagens
Carminda Mendes Andréa ao dizer que a táti- naturalistas, os conflitos particulares. Ou
ca da invenção depende do jogo que se estabe- seja, o estudo vai cercar a intervenção cêni-
lece entre propositores e participantes dentro ca e o teatro pós-dramático para construir
do espaço. outra ideia de teatro, mais próxima da con-
temporaneidade.
Por isso mesmo é que teatro pós-dramáti-
co não é apresentação nem representação. Ou
seja, é o oposto de um teatro dramático, tea- Proposição I – O que penso sobre
tro interpretativo baseado no discurso orató- intervenção cênica?
rio dos atores e no texto literário como fator
predominante. O teatro pós-dramático se faz A proposta é iniciar conversando
de sinestesias, performances e diálogo entre as sobre intervenção cênica. Para isso,
linguagens da arte, gerando novas possibili- no Caderno do Aluno, estão lança-
dades poéticas e dramatúrgicas. Por assim ser, das algumas questões:
o teatro pós-dramático é mais experimental,
sem a preocupação com uma narrativa linear,
com começo, meio e fim. Juntam-se a essas f Você já viu uma intervenção cênica? Co-
características a transgressão dos gêneros, a mente.
negação da fábula, a presença no lugar da re-
presentação, a recusa da síntese em troca da f O que você imagina que seja uma interven-
busca de uma densidade em momentos inten- ção cênica? Você pode responder escreven-
sos, entre outros aspectos. do ou desenhando.

a
ANDRÉ, Carminda Mendes. O teatro pós-dramático na escola. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br>. Acesso em: 16 jul.
2013.

62
Arte – 1a série – Volume 1

f Para você, em que condições e lugares pode Para ajudar na busca das imagens, alguns
ocorrer uma intervenção cênica? dos espetáculos já realizados pelo grupo
são: San Jorge: el viaje (2007); OBIT (2005);
f Você já ouviu falar alguma coisa sobre a ØBS (2000-2002); Manes (1996-1998); MTM
quarta parede do teatro? Que parede é (1994-1996); Noun (1990-1992); Tier Mon
essa? (1988-1990); Suz-O-Suz (1985-1992); e Accions
(1983-1987).
f Em uma intervenção, há a quarta parede?
Comente. Diante das imagens, uma conversa com os
alunos pode ser provocada por meio de ques-
Depois da conversa, os alunos devem res- tões como: O que chama a atenção? O que cau-
ponder por escrito: O que mais você gostaria sa estranhamento? Essas imagens mostram algo
de saber sobre intervenção cênica? Justifique de diferente como espetáculo teatral?
por que você gostaria, ou não, de fazê-la.
Algumas pistas úteis para a compreensão da
Mais do que propriamente “acertar” as estética do La Fura dels Baus podem ser ofereci-
respostas a essas questões, o importante é que das por você aos alunos conforme o andamento
os alunos possam conversar sobre suas hipó- da conversa. Para isso, podemos abordar as ca-
teses. Como professor e mediador cultural, racterísticas dos espetáculos do grupo e por que
sua escuta atenta da conversa possibilita uma esses são considerados teatro pós-dramático.
leitura do repertório dos alunos, para ser am-
pliado com a continuidade das proposições. Vejamos. Uma característica é que as apre-
sentações desses espetáculos acontecem em
espaços encontrados fora dos edifícios cons-
Proposição II – Pesquisa em grupo truídos e convencionalmente utilizados como
teatros. São montagens que La Fura dels Baus
Na paisagem teatral das últimas décadas, o realiza em hangares, fábricas, locações indus-
grupo catalão La Fura dels Baus, que já teve triais, edifícios abandonados, espaços poliva-
passagens marcantes pelo Brasil, é um bom lentes, ginásios, subterrâneos, funerárias etc.
exemplo do modo estético teatral que, desde ou em teatros que possam tirar sua plateia ou
as duas últimas décadas do século XX, vem poltronas, para que atuantes e espectadores
sendo nomeado de teatro pós-dramático, tea- sejam performadores ativos.
tro performance e/ou dramaturgias de imagens.
A segunda característica é que o proces-
Investigar o La Fura dels Baus abre o re- so de criação do grupo La Fura dels Baus
pertório dos alunos para olhar uma prática se desenvolve a partir dos autores, diretores,
teatral que age na subversão da forma teatral encenadores, produtores e intérpretes de suas
e na abolição do palco italiano. obras. Não há, portanto, o dramaturgo, o di-
retor, o encenador, os atores.
Essa investigação será na sala de informá-
tica, com a proposta de que os alunos aces- As formas criadas pelo grupo fogem do
sem um site de busca para encontrar imagens modo tradicional de se contar uma história ou
de espetáculos do grupo La Fura dels Baus. da dinâmica da história e da personagem. Desse
Sendo possível, os alunos fazem a impressão modo, a poética da linguagem de La Fura dels
de diferentes imagens encontradas e com Baus questiona os cânones e os dogmas estéti-
elas montam um painel para ser trabalhado cos do teatro dramático. Outra característica é o
na aula seguinte. Não sendo possível, esco- interesse e a troca artística interdisciplinar com
lha duas imagens para ser trabalhadas na diferentes linguagens e mídias na composição e
própria sala de informática. na apresentação de suas obras.

63
A quarta característica é a falta da quar- vocando a bruta e adormecida força dos
ta parede ou de qualquer outra barreira entre sentidos do espectador. Em Fuerzabruta,
espectadores, atuantes e obra. Essa caracte- há uma total desconstrução da tradicional
rística relacional do La Fura parece ser sua forma de teatro: há a boa música eletrôni-
singularidade. O público tem uma experiên- ca; os deslocamentos de público; a rejeição
cia única de um teatro que é vivenciado, não de um palco convencional; as performances
apenas assistido. La Fura, com a quebra da atléticas; e, sobretudo, o desafio à gravidade.
quarta parede, parece buscar uma alteração Vale, por isso, pesquisar e saber mais sobre
da percepção habitual ou uma mudança nas Fuerzabruta como um modo de estender o
fórmulas de percepção que estão dadas em olhar ao teatro pós-dramático e à sua mate-
uma sociedade capitalista e midiática. rialidade cênico-corpórea.

Como os alunos reagem diante do trabalho Outros grupos que também podem ser pes-
teatral do La Fura dels Baus? Conhecer a expe- quisados:
riência do grupo modifica a compreensão deles
sobre o que é teatro? Quais são as características Internacionais
da estética do La Fura dels Baus que oferecem
uma compreensão sobre intervenção cênica? f de Barcelona: La Cubana, Sêmola Teatre,
Marcellí Antunez Roca, Simona Levi;
Havendo interesse e aula disponível para
continuar a pesquisa, os alunos podem buscar f de Montreal: Robert Lepage;
imagens e também pesquisar outros grupos que
desenvolvem poéticas que podemos nomear de f de Copenhague, Bruxelas, Amsterdã: Jan
teatro pós-dramático, teatro performance e/ou Fabre, Alain Platell e Arne Sirens, Michel
dramaturgias de imagens. Laub;

Em 2008, por exemplo, em uma tenda es- f de Paris: Royal de Luxe;


pecialmente construída no Parque Villa-Lobos,
na cidade de São Paulo, aconteceu a apresen- f de Buenos Aires: Periféricos de Objetos,
tação do grupo argentino Fuerzabruta. No es- Organización Negra/De la Guarda;
petáculo, não há texto, não há palavras. Há a
materialidade do corpo dos atores que faz a dra- f de Nova Iorque: Wooster Group, Karen
maturgia das imagens de um teatro físico e per- Finley;
formático. Fuerzabruta é teatro pós-dramático
que envereda por outro caminho de criação f de Londres: DV8, Forced Entertainment;
cênico-corpórea. Para o público, é uma expe-
riência estética em que a fábula é construída na f de Tóquio: Shankai Juku, Min Tanaka.
sua cabeça. É um espetáculo que não mostra
símbolos a ser decifrados, apenas afecções. É Nacionais
um teatro físico que trabalha com sensações e
sentidos, não com significados. É um teatro que f de Brasília: Hugo Rodas, Udigrudi;
expõe o grito, a respiração e o corpo do homem
como lugar primordial do ato teatral. f de São Paulo: Ópera Seca, XPTO, Cristia-
ne Paoli Quito, José Celso, Antunes Filho,
A agilidade e a grandiosidade com que Márcio Aurélio, Antonio Nóbrega, Anto-
as cenas são montadas, com uma profusão nio Abujamra;
de linguagens, cores, texturas, sons, dança,
performance, técnica, convocam a matéria- f do Rio de Janeiro: Companhia dos Atores,
-corpo do espectador em Fuerzabruta, pro- Armazém.

64
Arte – 1a série – Volume 1

Proposição III – Ação expressiva algum tempo enquanto encaram de diferentes


modos – relaxado, agressivo, provocativo, sono-
Um jogo intervencionista: a tática de lento – o público. Ou os corpos ficam parados
in[ter]venção na escola em posturas provocativas? Ou o corpo realizará
ações (modo de andar, de ficar parado, de se
Depois de os alunos conhecerem o traba- levantar, de sentar etc.) desacelerando, fazendo
lho do grupo La Fura dels Baus e saberem os movimentos em câmera lenta? Essas são al-
mais sobre teatro pós-dramático, a proposta gumas possibilidades para a invenção de uma
é a invenção de uma ação intervencionista no cena, mas não são as únicas. É importante
espaço-escola. O que pensam dessa proposta? permitir que os alunos proponham e façam as
Gostariam de experimentar uma atitude artísti- improvisações de diferentes cenas até chegar à
ca contemporânea? escolha de uma para a intervenção.

Para realizar essa experiência e gerar A riqueza dessa experiência está justamen-
a cena que se inventa, os alunos, di- te no processo da construção da intervenção
vididos em grupos, podem registrar para que seja um acontecimento de provoca-
no Caderno do Aluno a discussão sobre a in- ção, de despertar quem vê, de deixar a cena
tervenção no espaço-escola, questionando-se: mobilizar, e não imobilizar.

f Para que é a intervenção cênica? Em outras Após a realização da intervenção, retoman-


palavras, qual é o objetivo da intervenção? do com os alunos os momentos que costuraram
a invenção da intervenção, pergunte: O que foi
f Para quem é a intervenção cênica? mais problemático durante o processo? Quais fo-
ram suas impressões sobre a experiência? Como
f Em que lugar acontecerá a intervenção? Em foi realizar a intervenção no lugar escolhido? Há
que momento? diferença entre uma intervenção e uma apresen-
tação? Há quarta parede na intervenção? O lu-
Os alunos podem escolher um lugar na es- gar escolhido para a intervenção ganhou outro
cola que seja importante para a vida de cada significado? Quais modificações você faria e por
um e para o qual gostariam de chamar a aten- quê? Como foi a reação do público?
ção. Os grupos podem eleger cinco lugares,
por exemplo. A intervenção será em um único Enfim, a conversa permite a organização
lugar ou em lugares diferentes na escola? O que da experiência, ao mesmo tempo que provoca
significa para os alunos investigar o espaço an- um distanciamento para se falar dela, apon-
tes de intervir? Quais as especificidades do lu- tando outros modos de fazer, ver, pensar e
gar/espaço? Há marcas importantes e visíveis comunicar-se na linguagem teatral; outros
no lugar? O que está faltando no lugar que seria modos de ver e conviver nos lugares da escola.
interessante ter na intervenção? Há necessidade
de demarcar o lugar para a intervenção? Como
isso será feito? Fita-crepe no chão?
linguagens artísticas

f Com quem? Como? Intervenções em teatro


jogo intervencionista como tática de
Improvisação de cenas. Como será a cena? in[ter]venção na escola;
escultura viva; exploração de
Que jogos podem ser propostos entre atuantes e movimentos em câmera lenta;
público? Uma cena em que os alunos/atuantes mediação
ressigni¿cação de lugares da escola;
cultural
se transformam em escultura viva? Por exem- teatro dramático e
teatro pós-dramático.
plo, o corpo dos atuantes permanece parado por

65
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 10
CONEXÕES ENTRE OS TERRITÓRIOS DE LINGUAGENS
ARTÍSTICAS, PROCESSO DE CRIAÇÃO E MEDIAÇÃO CULTURAL

As diferentes formas de intervenção ex- Lembre aos alunos que não se esqueçam de
ploradas neste Caderno podem ter revelado colocar no storyboard o processo de criação
aos alunos uma das funções da arte e do vivido, as ações que antecederam a realiza-
artista contemporâneo: despertar múltiplos ção da intervenção, a reação do público e o
olhares sobre lugares, em busca da produ- que foi feito no final.
ção de sentidos e ressignificação da vida em
ambientes diversos, inventando para isso Que esses storyboards provoquem frutífe-
possibilidades estéticas por meio de projetos ras ideias para a criação de um projeto de in-
de intervenção. tervenção a ser realizado no volume 2!

A ideia aqui é retomar o processo vivido


ampliando a percepção das etapas de tra- processo
de criação
balho por meio de um roteiro comentado,
uma espécie de storyboard a. Muito utilizado
linguagens artísticas
na publicidade, na animação e no cinema, o
storyboard parece uma história em quadri-
nhos, pois divide a ação em quadros, mas, Projetos de intervenção em
artes visuais, dança,
nele, não há balões e ele não se destina à pu- música e teatro
blicação. O storyboard, entendido aqui como
um roteiro visual da intervenção realizada, roteiros das etapas de trabalho da
facilita a visualização de cada etapa e pode mediação
cultural
intervenção realizada.
ser feito com desenhos esboçados e palavras-
-chave que intensifiquem as ações vividas.

a
Exemplos podem ser vistos no site <http://www.famousframes.com/website/index.php>. Acesso em: 16 jul. 2013.

66
Arte – 1a série – Volume 1

SÍNTESE E AVALIAÇÃO
A formação cultural dos alunos envolve tados nas possibilidades de estudo do tema
diferentes aspectos, entre os quais a am- “In[ter]venção em arte: Projetos poéticos na
pliação de conceitos, da percepção e da ex- escola”, focalizando os territórios de lingua-
pressão sobre/na arte. Os mapas a seguir gens artísticas, processo de criação e media-
mostram os conteúdos potenciais apresen- ção cultural.

em artes visuais
intervenções urbanas e outras
modalidades das artes visuais; In[ter]venção
provocações estéticas convocando o
público.

linguagens artísticas

em dança
em música dança coral; coral de movimentos;
canto coral; improvisação de movimentos em grupo;
produção musical em espaços inusitados para formação da
grupo; dança coral.
leitura musical relativa;
“mímica melódica". em teatro
jogo intervencionista como tática de in[ter]venção na escola;
mediação escultura viva; exploração de movimentos em câmera lenta;
cultural ressigni¿cação de lugares da escola;
teatro dramático e teatro pós-dramático.

processo
de criação

linguagens artísticas

Projetos de intervenção em
artes visuais, dança,
música e teatro

mediação roteiros das etapas de trabalho da


cultural intervenção realizada.

67
Avaliando os portfólios
Partindo desses mapas e das experiências cessos de criação nas linguagens das artes
estéticas e artísticas realizadas em sala de visuais, da dança, da música ou do teatro,
aula, e registradas pelo aluno em seu portfólio gerando projetos de intervenção na escola?
– Caderno do Aluno e outros modos de regis-
tro realizados –, você, professor, pode avaliar f Investigaram e observaram o lugar-espa-
o percurso realizado com a turma. ço-escola, como modo de fazer uma lei-
tura-sondagem detonadora de questões
Além disso, no Caderno do Aluno, em propositoras para a intervenção?
“Você aprendeu?”, propõe-se a continuidade da
criação do glossário iniciado. Para isso, os alu- f Apresentaram a ideia da intervenção em
nos organizam uma lista de palavras que pos- artes visuais, dança, música ou teatro na
sam representar o que foi importante para sua escola por meio de esboços de etapas para
aprendizagem da arte e das linguagens artísticas, a realização de projetos individuais ou co-
priorizando especialmente a intervenção. Cada laborativos visando à ação intervencionis-
palavra vai compor um verbete do glossário, ta na escola para o volume 2?
complementado pelo significado no contexto do
estudo realizado.
Refletindo sobre o seu diário de bordo
A partir da socialização das respostas dos
alunos e da leitura do portfólio, você percebeu Pensando sobre o percurso realizado pelos
como os alunos: alunos, como você percebe suas ações pedagó-
gicas? O modo como você escolheu e reinven-
f Compreenderam a ideia de intervenção em tou as possibilidades sugeridas foi adequado?
arte? O que você faria de modo diferente? Quais ou-
tras conexões poderiam ter sido feitas? Para
f Operaram com imagens, ideias e sentimen- onde você pode caminhar com seus alunos a
tos por meio da especificidade dos pro- partir de agora?

NUTRIÇÃO ESTÉTICA

Quais foram os caminhos traçados neste de forma diferente à mesma questão. Essa
volume 1? ação é importante para que fique clara a re-
lação existente entre as linguagens da arte e o
Peça aos alunos que releiam, atentamente, patrimônio cultural. Em seguida, retomando
o que registraram no Caderno do Aluno du- o tema In[ter]venção em arte: Projetos poé-
rante os estudos realizados sobre o tema Arte, ticos na escola, pergunte: Quais intervenções
cidade e patrimônio cultural e respondam à foram realizadas?
questão: As práticas culturais pertencem ao
patrimônio cultural? Solicite aos alunos que revejam as Situa-
ções de Aprendizagem que tratam do tema e
Depois de lerem suas respostas, proponha conversem sobre o que há em comum entre as
que observem novamente as imagens utiliza- questões e as respostas das proposições. A par-
das na abordagem do tema e discutam se, a tir dessa conversa, proponha que cada aluno
partir dessa nova observação, responderiam faça uma intervenção nas páginas 73 e 74 do

68
Arte – 1a série – Volume 1

Caderno do Aluno, deixando as páginas ante- lápis sobre texturas diversas), desenhada, pin-
rior e posterior como suporte. Assim, essa folha tada, colada e complementada com palavras-
pode ser cortada, furada, dobrada, amassada, -síntese do que foi discutido sobre intervenção
vincada, trabalhada com frottage (esfregando nas várias linguagens artísticas.

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E


DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DOS TEMAS

Livros COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil


1950-2000: movimentos e meios. São Paulo:
ANDRÉ, Carminda Mendes. O teatro pós-dra- Alameda, 2004.
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2007. GITAHY, Celso. O que é graffiti. São Paulo:
Brasiliense, 1999. (Coleção Primeiros Passos.)
BLASS, Leila Maria da Silva. Desfile na ave-
nida, trabalho na escola de samba: a dupla GOULART, Diana; COOPER, Malu. Por
face do carnaval. São Paulo: Annablume, todo canto: método de técnica vocal – 40
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GLOSSÁRIO

Arte pública – De modo geral, é um termo que qual, em lugar do antigo isolamento que lhe basta-
se refere às obras expostas em espaços públicos, va nos limites da nação brasileira, se tornou cada
abertos ou fechados. São, portanto, obras fisi- vez mais universal. A bossa nova transformou as
camente acessíveis ao público, que modificam a matérias-primas fruto das influências culturais eu-
paisagem circundante, de modo temporário ou ropeias do Brasil Colônia, indígenas e africanas em
permanente, fugindo do caráter elitista ou restrito produto de exportação de alta qualidade. A músi-
(como museus e galerias). O termo entrou para o ca brasileira, que até então disputava o mercado
vocabulário da crítica de arte na década de 1970, internacional como latin american rhythm, passou
conectada às políticas de financiamento criadas a ser bossa nova. É o mais conhecido movimento
para a arte em espaços públicos. Projetos de inter- musical brasileiro em todo o mundo, comparado
venções urbanas e grafites são alguns exemplos. ao jazz, ambos marcados pela influência moderna
do impressionismo europeu.
Bossa nova – Movimento musical brasileiro que
surge no final dos anos 1950, com a música de Canto a cappella – Canto sem acompanhamen-
Tom Jobim, as letras de Vinicius de Moraes e o to de instrumentos musicais. É uma expressão de
violão e a voz de João Gilberto. Inicialmente pa- origem italiana, como grande número de termos
recia apenas um novo jeito de cantar ou de tocar usados na linguagem musical. No início, signifi-
o samba de forma estilizada, restrito à zona sul do cava a música sacra cantada nas capelas da antiga
Rio de Janeiro. Anos depois, reconhece-se na bos- Europa, onde era proibido o canto acompanha-
sa nova uma renovação sem volta da música brasi- do por instrumentos musicais.
leira, caracterizada pela complexidade harmônica
e rítmica. Do Beco das Garrafas (um bar no Rio Canto coral – Canto em conjunto, designação
de Janeiro) chegou às faculdades de todo o país e, para coro. Pode ser um conjunto de vozes infantis,
depois, ao rádio, ao disco e à televisão. O caráter femininas ou masculinas, distintamente, e tam-
universal que a música popular brasileira adquiriu bém todas essas vozes em um único coro. Em um
com a bossa nova estabeleceu uma nova fase na coral, geralmente separam-se as vozes, conforme

72
Arte – 1a série – Volume 1

as extensões graves e agudas do cantor, por exem- Curadoria educativa – Seleção de imagens que
plo: tenor (masculina) e soprano (feminina), as lida com ênfases e exclusões, combinações e
vozes agudas; barítono (masculina) e mezzo (femi- recortes, e é comprometida com um foco que
nina), as vozes intermediárias; baixo (masculina) e desvela pontos de vista e conceitos eleitos para
contralto (feminina), as vozes graves. exploração com os estudantes. O [con]tato com
as obras, quando socializado em um grupo, pro-
Cantochão ou canto gregoriano – Coro em unís- move a ampliação de pontos de vista que prolife-
sono, em ritmo declamatório, de sons idênticos ram em múltiplos sentidos. Envolve a mediação
em duração e intensidade, majestoso e solene. A cultural do professor, que provoca um processo
forma inicial de registro gráfico feito por letras instigante de interpretações, decifrações, desco-
e neumas (sinais) sobrepostas às palavras cau- bertas e estranhamentos. Indo além do simples
sava certa deturpação das composições. Guido reconhecimento de autorias, a curadoria educa-
d’Arezzo (995-1050), monge italiano, desenvol- tiva desperta a fruição e propõe conexões não
veu o uso de uma pauta de quatro linhas para restritas às imagens apresentadas, mas centradas
notação das melodias do canto gregoriano que, em uma experiência, um processo que leva a pen-
mais tarde, se transformou na pauta musical. sar a linguagem da arte e a vida. Uma curadoria
Depois foram acrescentadas outras vozes ao educativa cuidadosa se preocupa em oportunizar
cantochão, criando-se as primeiras composições o [con]tato com obras de diferentes épocas, luga-
em estilo coral. res, etnias, culturas etc. O termo foi inicialmente
utilizado por Luiz Guilherme Vergara e adotado
Clown – Termo usado para designar o palhaço e ampliado pelo Grupo de Pesquisa Mediação:
teatral, que usa as linguagens verbal e não verbal arte/cultura/público, coordenado por Mirian Ce-
para expressar o cômico. Os termos clown e pa- leste Martins no Instituto de Artes/Unesp.
lhaço têm origens diferentes, mas, na linguagem
do espetáculo, as duas palavras confluem em es- Dança de salão – Pode-se dizer que é “toda a dan-
sências cômicas, à criança interior que, no espetá- ça social, ou seja, que se dança a dois. Os mais
culo, se torna arte. variados ritmos são englobados pela dança de
salão. Segundo historiadores, as danças de casais
Cômico – Não se limita ao gênero da comédia, tornaram-se populares no início do século XIX,
mas abarca toda a capacidade humana de apreen- embora tenham surgido no século XIV, e evoluí-
são de aspectos insólitos e ridículos da realidade do nos séculos seguintes (apenas entre os nobres).
física e social ao gosto do homem pelo jogo e pelo A dança de salão foi introduzida no Brasil em
riso. Nessa direção, compreende vários aspectos, 1914, a princípio com a valsa e a mazurca”a.
como o humor (ação intencional de provocar o
riso), a ironia (intenção de dizer o que se pensa Desenho (do latim designáre, que significa “mar-
dizendo exatamente o oposto) e a sátira (ridicu- car, indicar”, conecta-se também com o termo
larização de um tema ou situação com objetivo desígnio, “intenção, propósito”) – Expressão
social, político ou moral). com caráter singular em sua forma de comunicar
uma ideia, um pensamento, uma emoção. O de-
Coro – Grupo musical composto de diversas senho se apresenta como possibilidade de conhe-
vozes. Um coro formado por vozes femini- cimento artístico e estético desde seu significado
nas e masculinas é chamado de coro misto e é mágico para o homem das cavernas até os dese-
composto de sopranos (vozes femininas mais nhos em grandes formatos e as linguagens híbridas
agudas); mezzo sopranos (vozes femininas não contemporâneas, abarcando ainda as produções
tão agudas); contraltos (vozes femininas mais ilustrativas e as formas construtivas e técnicas da
graves); tenores (vozes masculinas mais agu- Arquitetura e do Design. Com enfoque artístico,
das); barítonos (vozes masculinas mais graves); científico, lúdico, industrial, arquitetônico, publi-
e baixos (vozes masculinas bem mais graves). citário etc., a linguagem do desenho se faz pre-
Cada um desses seis grupos de vozes é chama- sente: é comunicação e expressão. Está presente
do de naipe. em pintura, gravura, escultura, ilustração, cinema
a
PACIEVITCH, Thais. Dança de salão. Disponível em: <http://www.infoescola.com/artes-cenicas/danca-de-
salao/>. Acesso em: 28 out. 2013.
73
(storyboard), partitura musical, poesia visual, es- Shore, músico que trabalhava com o compositor
quemas de coreografia, moda, plantas arquite- alemão Georg Friedrich Handel. Para ouvir me-
tônicas, esquemas matemáticos, ilustrações de lhor o som produzido pelo diapasão, é necessá-
Biologia, Química, Física, mapas e cartografias, rio encostá-lo, logo após ser golpeado, em uma
entre outros, configurados a partir de propostas caixa de ressonância (como o corpo do violão,
projetadas e desenhadas por alguém. por exemplo). Os regentes encostam o diapasão
na caixa craniana para ouvir a nota produzida.
Diapasão – Instrumento feito de metal no forma- Com essa mesma finalidade, há outros tipos de
to de uma forquilha que serve para dar a referên- diapasões: os de sopro, que são pequenas gaitas
cia de uma nota musical de determinada altura (o que produzem desde os sons de cada uma das seis
mais usual é o lá 440 Hz). É usado pelos regentes cordas do violão ou guitarra, até as notas de uma
e músicos para afinar instrumentos e vozes. O escala cromática. Há ainda, o afinador eletrôni-
diapasão produz seu som pela vibração das for- co, que tanto emite sons como recebe os emitidos
quilhas ao ser golpeado contra a mão ou uma su- pelo canto ou as notas tocadas em um instrumen-
perfície. Foi criado em 1711 pelo trompetista John to e indica se estão afinadas ou não.
© Jaqueline Spezia/Conexão Editorial

© Jaqueline Spezia/Conexão Editorial

Figura 38 – Diapasão de metal (forquilha). Figura 39 – Diapasão de sopro (bolacha).


© G4 Editora
© Jaqueline Spezia/Conexão Editorial

Figura 40 – Diapasão de sopro. Figura 41 – Afinador eletrônico.

Disco de 78 rpm – Mídia de gravações sono- Brasil, esses discos foram gravados aproxi-
ras feita em discos de goma-laca com 25 a 30 madamente entre as décadas de 1910 e 1970.
cm de diâmetro. A gravação era feita em dois
lados do disco, com duração de 4 a 5 minutos Disco LP (abreviatura do inglês long play) – Mí-
cada lado. A velocidade da reprodução é de dia de gravações sonoras surgida em 1948, feita
78 rotações por minuto, daí o nome 78 rpm. em vinil, com 31 cm de diâmetro. A velocidade
Os sons eram gravados em sulcos e reprodu- de reprodução é de 33 1/3 rpm, com capacidade
zidos por agulhas, inicialmente nos gramo- de gravação, em cada lado, de 20 minutos. O re-
fones, depois nos toca-discos elétricos. No sultado da reprodução sonora é muito melhor

74
Arte – 1a série – Volume 1

que o do 78 rpm. São também mais flexíveis e de “escrita da luz”, pois a imagem é obtida pela
resistentes ao impacto de quedas. Na gravação, ação direta da luz sobre um material a ela sen-
os sons são registrados em sulcos em ambos os sível. O material fotossensível podem ser chapas
lados dos discos e reproduzidos por agulhas mais metálicas (como no início da fotografia) ou de
sofisticadas que às dos 78 rpm, reproduzidos em vidro ou película (filmes) tratadas com compos-
toca-discos. Esses discos você consegue ouvir tos químicos e, mais modernamente, os cartões e
mesmo com as caixas de som desligadas, só com disquetes de máquinas digitais computadoriza-
a vibração da agulha no sulco (ranhuras da repre- das (em que a informação visual é descrita por
sentação frequencial do áudio). Ainda hoje se fa- valores numéricos).
bricam LPs e toca-discos, com muito baixo nível
de ruído, consumidos por audiófilos entusiastas Frevo – Termo popular do início do século XX,
que preferem o seu tipo de reprodução sonora à originário da transformação do verbo ferver, no
do CD e DVD, pois acham mais fiéis às grava- sentido de festa animada, quente. Há vários tipos
ções. O CD – e, mais recentemente, o DVD-áudio de frevo, como frevo-de-rua, frevo-canção e fre-
– tomou o lugar dessas mídias. vo de bloco. Como gênero musical tipicamente
pernambucano, mistura dois ritmos (marcha do-
Educação patrimonial – Forma de mediação cul- brada e maxixe) e, na década de 1930, assumiu ca-
tural que estimula o contato do público com a racterísticas mais próximas às que apresenta hoje,
obra de arte, valorizando o patrimônio cultural como o fato de definir letra (frevo-canção), antes
material e imaterial. Seu objetivo é o exercício da inexistente. Já a dança surge dos movimentos dos
cidadania e da responsabilidade social, comparti- capoeiristas que iam à frente dos blocos no car-
lhando e cuidando da preservação e valorização naval de Recife, em disputa com blocos rivais. Os
das heranças culturais. passos (hoje, mais de 120 catalogados), portanto,
nascem da capoeira dançada no ritmo do frevo.
Escultura – Arte que consiste em esculpir ou ta-
lhar materiais sólidos, modelar materiais maleá- Grafite ou graffiti (do italiano graffiti, plural de
veis ou compor materiais e/ou objetos diversos, graffito, “inscrição ou desenho de épocas antigas,
dando-lhes formas tridimensionais. toscamente riscado com objetos pontiagudos
ou carvão em rochas e paredes”) – Inscrições ou
Forró – “Na Zona da Mata nordestina, o forró desenhos feitos em muros ou lugares públicos,
se evidenciou nos terreiros das usinas, nas come- também tidos como arte urbana. Desde a década
morações dos festejos juninos e nos fins de sema- de 1980, é considerado linguagem artística, ten-
na, durante o plantio e nos cortes da cana. Já no do a cidade e, principalmente, seus muros, como
sertão dessa mesma região, ele se manifestou nos principais suportes. Entre os temas abordados,
bailes de pé-de-serra e, na maioria das vezes, em geralmente estão a crítica social e cenas bem-hu-
casas de família, para comemorar a chegada das moradas.
chuvas e as boas colheitas. E assim se expandiu,
tanto pelas cidades do interior quanto nas zo- Instalação – Modalidade de arte contemporânea
nas do baixo meretrício, também no litoral, em (o termo surge na década de 1960) que se carac-
arraiais improvisados, com os foles ou mesmo as teriza, em linhas gerais, pela construção de certo
sanfonas, às vezes de oito baixos, o zabumba e ambiente em diferentes espaços. Os materiais e
o triângulo, fazendo o nordestino divertir-se no objetos diversos, de natureza plástica ou concei-
bate-coxa até o dia clarear”b. tual, relacionam-se tanto com o espaço e a cons-
trução nos quais a instalação é realizada quanto
Fotografia – O advento da fotografia, na primeira com o próprio espectador (seu corpo e seu pon-
metade do século XIX, revolucionou as possibi- to de vista). Para a apreensão da obra, é preciso
lidades de registro de imagens e liberou as artes percorrê-la, interagir com ela.
visuais do peso da representação. Tornou-se ela
mesma uma expressão artística, indo além de seu Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na-
caráter documental. O nome surge literalmente cional (Iphan) – Órgão federal responsável pela
b
CÂMARA, Renato Phaelante da. Forró: identidade nordestina. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/
geral/folclore/forroidentidade.pdf>. Acesso em: 28 out. 2013.
75
preservação dos bens culturais no Brasil. Criado Maracatu – O maracatu surgiu durante o pe-
no governo de Getúlio Vargas, em 1937, atual- ríodo da escravidão, provavelmente entre os
mente está ligado ao Ministério da Cultura e atua séculos XVII e XVIII, onde hoje é o Estado de
na identificação, no registro, no tombamento, na Pernambuco. É uma manifestação da cultura
fiscalização, na conservação, na restauração e popular brasileira, afrodescendente, e, como a
na promoção do patrimônio cultural brasileiro. maioria das manifestações populares do país, é
uma mistura de culturas ameríndias, africanas
Jongo – Dança de origem africana, ancestral e europeias que demonstra uma aproximação
do samba, que envolve canto e percussão de entre vários folguedos populares como: reisado,
tambores, também caracterizados pela reverên- pastoril, cavalo-marinho, bumba meu boi, cabo-
cia aos antepassados. Na realização do jongo clinhos, entre outros. A explicação mais difun-
forma-se uma roda de dançarinos. No centro, dida acerca da origem do maracatu é a de que
um solista (jongueiro) entoa os cantos, res- ele teria surgido a partir das coroações e autos
pondidos em coro pelos demais participantes. do Rei do Congo, prática implantada no Brasil
Também é conhecido como tambu, tambor e pelos colonizadores portugueses. O instrumen-
caxambu, entre as comunidades afro-brasilei- tal tradicional dos grupos, também chamados
ras que o praticam. O jongo é fruto da herança de nação, varia de acordo com sua formação e
cultural dos negros do Reino do Congo, que é geralmente composto por alfaia, tarol, gonguê,
vieram escravizados para o Brasil para traba- cuíca e instrumentos de sopro, que são comanda-
lhar nas fazendas de café e de cana-de-açúcar dos pela figura do mestre, que trabalha improvi-
do Vale do Rio Paraíba (Região Sudeste). No sando versos e músicas. O cortejo é formado por
Iphan, o jongo do Sudeste é registrado como rei, rainha, príncipes, princesas, nobres, catirinas,
patrimônio cultural imaterial desde 15 de de- baianas, lanceiros, porta--estandarte, porta-lan-
zembro de 2005 no Livro de Registro das For- terna, damas-buquê, dama do passo (portadora
mas de Expressão. da calunga – boneca negra que representa um
orixá), porta-pálio, caboclos e batuqueiros. O
Labanotação – Sistema desenvolvido por Rudolf cortejo desenvolve uma marcha, com certa ginga
von Laban para a notação do movimento, com- que vai para frente e para trás, em que os braços,
posto de sinais gráficos que simbolizam direções levemente flexionados, se deslocam no sentido
e níveis e especificam que movimento cada parte contrário da passada, enquanto o tronco man-
do corpo deve realizar. tém uma postura imponente. Durante o desloca-
mento, giros também podem ser realizados.
Land art – Surgida no final da década de
1960, é também conhecida como Earth art Masterização – Técnica de apurar e corrigir de-
ou Earthwork (arte da Terra). Na land art, a ficiências sonoras e eliminar ruídos em grava-
obra integra-se à natureza. Pelas dificuldades ções. Algumas falhas que são percebidas após
de realização, muitas delas ficam apenas em mixagem (equilíbrio de volumes de vários sons
projeto, tendo afinidades com a arte conceitual. de uma gravação) nas gravações sonoras podem
Alguns exemplos: Plataforma espiral (Spiral ser diminuídas e até eliminadas com a masteri-
jetty), de Robert Smithson, as intervenções de zação. É indispensável na produção de materiais
Christo & Jeanne-Claude, as obras de Walter sonoros musicais. Algumas ações feitas na mas-
de Maria, Dennis Oppenheim e Richard Long. terização: equalização de graves e agudos; com-
pressão para estreitar diferenças de sinais fortes
Livro de artista, livro-arte ou livro-objeto – Ma- e fracos; de-essing para redução de sibilância
nifestação da arte contemporânea que, mesmo (pronúncia muito acentuada de s); ajuste de ní-
que remotamente, tem o livro como referente. veis para equilibrar volumes de picos; propor-
Pode não ser um livro propriamente dito, po- cionalidade entre faixas e correções (read-ahead
dendo ganhar o estatuto de escultura ou objeto. digital limiter); edição para nivelar partes da
Alguns deles são produzidos como exemplares gravação que estão mais fortes ou mais fracas
únicos ou com tiragens muito pequenas. que outras.

76
Arte – 1a série – Volume 1

Mediação cultural – Envolve processos de diferen- práticas, representações, expressões, conheci-


tes naturezas que atuam, investigam e promovem mentos e técnicas, instrumentos, objetos, ar-
a aproximação entre indivíduos (ou a coletivida- tefatos e lugares associados a comunidades,
de na vida escolar ou social), a arte e a cultura. grupos e, em alguns casos, indivíduos. É trans-
Para além dos espaços dos museus, a mediação mitido de geração a geração, que o transforma
cultural envolve todas as linguagens artísticas, o de acordo com sua interação com a natureza e
patrimônio cultural, os profissionais, os produ- com sua história. Constitui-se, assim, como a
tores culturais, curadores, críticos de arte, histo- identidade de um povo.
riadores, professores, educadores de museus e as
mídias, além dos materiais produzidos para essa Samba de roda – Expressão musical, coreográ-
aproximação, como catálogos, materiais educa- fica, poética e festiva das mais importantes e
tivos, programas de dança, música, teatro, con- significativas da cultura brasileira, que teve in-
versas antes e depois dos espetáculos e desenhos fluência de diferentes ritmos tribais africanos,
museográficos, entre outras atividades que têm em especial o semba, de Angola. É executado
como objetivo acolher e aproximar o público e com instrumentos de percussão e corda, como
que, quando feitas de modo não cuidadoso, po- pandeiro, atabaque, berimbau, viola e choca-
dem afastá-lo. A mediação cultural implica uma lho, acompanhado por canto, palmas e dança,
ação fundamentada e que se aperfeiçoa na cons- relacionada à capoeira. Exerceu influência no
ciente percepção da atuação do mediador, que samba carioca e até hoje é uma das referências
“está entre muitos”, sem considerá-la uma ponte do samba nacional. No Iphan, o samba de
entre dois. O “estar entre muitos” da mediação roda do Recôncavo Baiano é registrado como
cultural não pode desconhecer seus interlocuto- patrimônio cultural imaterial desde 5 de outu-
res e a especificidade do público, inclusive o que bro de 2004 no Livro de Registro das Formas
necessita de cuidados especiais. O seu desafio de Expressão.
maior é potencializar a experiência estética e es-
tésica em contato com o outro, ou seja, a arte, a Site specific ou sítio específico – Obras criadas
cultura e os parceiros da experiência. de acordo com o ambiente e com um espaço
determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos
Objeto (nas artes visuais) – Uso de objetos planejados, muitas vezes fruto de convites,
prontos em trabalhos artísticos, podendo ser para um certo local, em que os elementos es-
considerado uma categoria dentro da arte. As culturais dialogam com o meio circundante
assemblages cubistas de Picasso, os ready-mades para o qual a obra é elaborada.
de Marcel Duchamp e os objects trouvés (obje-
tos encontrados) são referências das ressonân- Tambor de crioula – Dança afro-brasileira
cias dessa proposta de arte. praticada especialmente no Maranhão. Ca-
racteriza-se por um círculo em que dançari-
Patrimônio cultural – Conjunto de bens móveis nos se revezam individualmente no centro da
e imóveis, materiais e imateriais. Envolve produ- roda. Sua coreografia tem como característica
tos artísticos, artesanais e técnicos, expressões marcante a umbigada. O ritmo que embala
literárias linguísticas e musicais, usos e costumes essa dança é produzido por tambores afuni-
de todos os povos e grupos étnicos, do passado lados, de diferentes tamanhos, pendurados à
e do presente, além de espaços naturais como cintura dos tocadores ou apoiados no chão, e
bosques, matas, reservas de água, fauna etc. Pre- pela matraca (instrumento de percussão feito
servação, restauro e incentivo às formas contem- de madeira e uma argola que se move rapi-
porâneas de cultura (considerados patrimônios damente em torno de um eixo, provocando o
culturais) têm sido exigidos às políticas públicas. som). O canto aborda o trabalho, a devoção, o
amor etc. É principalmente uma dança de di-
Patrimônio cultural imaterial – Definido pela vertimento, mas também é usada em festivida-
Organização das Nações Unidas para a Edu- des religiosas em homenagem a São Benedito,
cação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como padroeiro dos negros do Maranhão.

77
Teatro pós-dramático – Termo formulado 1960, que coloca novos paradigmas da cena
pelo crítico e professor de teatro alemão e da dramaturgia, como a valorização da au-
Hans-Thies Lehmann. Trata-se de formas tonomia da cena e a recusa de qualquer tipo
criadas a partir de diretores, grupos e expe- de textocentrismo.
rimentos teatrais que não se satisfaziam mais
com o modo tradicional de se contar a histó- Vocalise – A rigor, o vocalise é uma frase me-
ria ou de tratar o real a partir de uma dessas lódica cantada apenas com vogais, sem o uso
formas tradicionais. Caracteriza-se por um de texto e acompanhado pelo piano. Sua fi-
teatro que não está na dinâmica da história nalidade é ajustar a afinação, desenvolver o
e do personagem. Partindo da hipótese de solfejo e preparar a voz para o canto. Embora
que, desde os anos 1970, ocorre uma profun- não aceito por regentes especialistas em can-
da ruptura no modo de pensar e fazer teatro, to coral, o termo começou a ser usado como
o teatro pós-dramático seria uma extensão sinônimo de “exercícios de técnica vocal, de
do teatro da estética pós-moderna dos anos aquecimento e de preparação vocal”.

ARTISTAS E OBRAS
Albert Eckhout (Holanda, 1612-1665) – Dos tando personagens do porto. Em 1978, foi um
artistas trazidos ao Brasil pelo conde Mau- dos primeiros a realizar grafites em espaços
ricio de Nassau na época da invasão holan- públicos de São Paulo, com tinta spray sobre
desa ao Nordeste do país, Albert Eckhout moldes de papelão (estêncil e composição à
figura entre os mais significativos. O conjun- mão livre). Entre suas criações estão: mulheres
to de sua obra, de quantidade desconhecida, misteriosas, cupidos, bruxas e panteras, per-
preconiza duas características pictóricas: sonagens de histórias em quadrinhos, como o
o naturalismo e o realismo. Os retratos dos Mandrake, e outros símbolos da comunicação
brasileiros daquela época (ameríndios ou in- de massa, como televisões e telefones. Paredes,
dígenas brasileiros, negros, mulatos ou mesti- camisetas, adesivos, telas ou papéis são seus
ços e mamelucos) constituem um importante suportes. A série A rainha do frango assado
registro para o entendimento da formação e tornou-se também tema de instalação apre-
da identidade do povo brasileiro. Do mesmo sentada na 18a Bienal Internacional de São
modo, os registros de animais e plantas locais Paulo, em 1985.
documentam a diversidade da fauna e da flora
brasileiras. As naturezas-mortas, registradas Alexandre Órion (São Paulo/SP, 1980) – Artis-
com riqueza de detalhes, têm uma importân- ta plástico. Formado em Artes Visuais, desde
cia singular dentro da obra eckhoutiana. Re- 1995 trabalha com grafite e outros tipos de
fletem a influência da pintura holandesa do intervenção urbana, envolvendo-se também
século XVII, marcada pela descrição detalha- com fotografia. Em Ossário, de 2006, inova
da das coisas e dos seres. Dança dos tapuias no uso de materiais ao desenhar caveiras por
(c. 1610-1666) pode ser considerada um dos meio da “limpeza” da fuligem impregnada em
primeiros registros etnográficos de um ato ce- alguns túneis da capital paulista.
rimonial indígena brasileiro, no caso, um ceri-
monial de preparação para a guerra. Arte/Cidade – Projeto que reúne artistas,
arquitetos brasileiros e estrangeiros que se
Alex Vallauri (Etiópia, 1949 – São Paulo/SP, dedicam a estudar soluções artísticas e ur-
1987) – Grafiteiro, artista gráfico, pintor, de- banísticas para situações urbanas complexas
senhista, cenógrafo e gravador. Teve formação que atingem a cidade de São Paulo. Teve iní-
em Comunicação Visual, Desenho, Litografia cio em 1994, com as seguintes intervenções:
e Grafite. Em 1965, residiu em Santos, onde antigo matadouro municipal (Cidade sem
iniciou seu trabalho com xilogravura retra- janelas, 1994); três edifícios da zona central

78
Arte – 1a série – Volume 1

(A cidade e seus fluxos, 1994); a Estação da e teatro de bonecos. O projeto ganhou vida
Luz, um trecho ferroviário indo até os silos do graças à política cultural da Companhia de
antigo Moinho Central e os galpões e chami- Concessões Rodoviárias (CCR), denominada
nés que restam das Indústrias Matarazzo (A CCR Cultura nas Estradas, por intermédio da
cidade e suas histórias, 1997); e uma área de Lei Rouanet. Stapafúrdyo foi seu espetáculo
aproximadamente 10 km2 na zona leste pau- de lançamento, em 2006. Inovou pela produ-
listana (Zona Leste, 2002). ção de lona sem mastro interno com apenas
dois arcos que dão sustentação externa, per-
Cildo Meirelles (Rio de Janeiro/RJ, 1948) – mitindo visibilidade privilegiada da plateia e
Artista multimídia que encara a arte como ampliando as evoluções dos números aéreos.
uma forma de pensar, transformando obje- Com produção elaborada, roteiro e direção de
tos mundanos em reflexão. Em 1967, cursou profissionais renomados no cenário artístico,
a Escola Nacional de Belas-Artes no Rio de palhaços parlapatões, além de performance
Janeiro e frequentou o ateliê de gravura do musical ao vivo e linguagem jovem, atraem di-
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. ferentes públicos com gêneros da palhaçaria
Do desenho passou a uma produção concei- universal, números acrobáticos, street dance e
tual voltada à crítica aos meios e suportes das saltos na cama elástica com voos inusitados.
linguagens artísticas tradicionais. Residiu em Conferem inovações nos recursos circenses,
Nova Iorque entre 1971 e 1973. No Brasil dos pois mescla outras linguagens corporais, cul-
anos 1970 e 1980, Cildo arquitetou uma sé- tura de rua (hip-hop) e elementos da capoeira.
rie de trabalhos (Inserções) que faziam uma O cenário revela imagens fantásticas feitas em
severa crítica à ditadura militar, tocando em grafite, com figuras humanas caricatas, esta-
questões sociopolíticas de maneira potente e, pafúrdias, incluindo efeitos de iluminação.
ao mesmo tempo, trabalhou engenhosamen- Parte do visual do espetáculo, inspirada em
te e de maneira inédita com alguns materiais, uma maneira felliniana de ver o mundo e os
recriando as relações tempo-espaço. Herdei- seres humanos, é realizada com bonecos, pa-
ro da atitude de experimentação, do interes- lhaços e acrobatas, reunindo um universo de
se pela investigação sensorial do corpo e da possibilidades dentro do espetáculo circense.
preocupação com a interação entre a obra
e o espectador presentes em Hélio Oiticica e Fefe Talavera (São Paulo/SP, 1980) – Artis-
Lygia Clark, Cildo provoca reflexões. Entre ta plástica e grafiteira. Cursou Artes Plásti-
suas obras destacam-se Inserções e Desvio para cas. Utiliza como suporte dos seus trabalhos
o vermelho, de 1967 (reinstalada na 24a Bienal o espaço público, onde compõe grafites com
de São Paulo). Nela, a cor vermelha funciona adesivos e colagens, em cores fortes e letras
como símbolo das torturas sangrentas e guar- criativas.
da a memória das sensações dos tristes anos
de ditadura. Gilberto Gil (Salvador/BA, 1942) – Compo-
sitor, cantor e músico. Gilberto Passos Gil
Circo Roda Brasil – Surgiu da união de dois Moreira iniciou sua carreira como músico da
grupos teatrais – Parlapatões, Patifes e Paspa- bossa nova, mas logo passou a compor mú-
lhões e Pia Fraus –, com o objetivo de renovar sicas com um novo foco de preocupação po-
o conceito da atividade circense. Essa junção lítica e ativismo social, ao lado do parceiro
compõe uma unidade no que diz respeito à Caetano Veloso, sendo um dos fundadores
comunicação direta com a plateia, utilização do Tropicalismo. Ficou conhecido nacional-
de recursos circenses, constante pesquisa cê- mente como compositor nos anos 1960. Na
nica, além da manutenção de seus respectivos década seguinte, Gil acrescentou, ao seu já
repertórios. O Circo Roda Brasil contempla vasto repertório, elementos novos das músi-
os artistas que sempre sonharam em seguir cas africana e estadunidense e lançou álbuns
pelas estradas levando às cidades brasileiras como Realce e Refazenda. Exerceu o cargo de
suas variadas linguagens cênicas: teatro, circo ministro da Cultura do Brasil.

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Grupo Poro (Belo Horizonte/MG) – Formado música. Apropria-se dos elementos cotidianos
pela dupla Brígida Campbell e Marcelo Ter- abordando de modo sutil as questões políticas
ça-Nada! em 2002, tem como focos principais e as informações veiculadas pelos jornais. Foi
o espaço público, as manifestações efêmeras e artista residente em diversos países e tem seus
as mídias de comunicação de massa. trabalhos presentes em grandes exposições e
em coleções de importantes museus. Partici-
Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro/RJ, 1898- pou da 27a Bienal de São Paulo, em 2006, sen-
1966) – Compositor, cantor e pintor auto- do dele os cartazes dessa Bienal e da 6a Bienal
didata brasileiro. Dominava o clarinete e o do Mercosul, em 2007, entre outras.
cavaquinho. Seus sambas e marchinhas fica-
ram conhecidos nacionalmente. Um dos pio- La Fura dels Baus (Barcelona, Espanha) –
neiros do samba carioca, compôs seu maior Grupo catalão de teatro formado em 1979,
sucesso, Pierrô apaixonado, em parceria com La Fura passou por uma fase inicial de quatro
Noel Rosa. Iniciou nas artes plásticas após a anos de teatro em espaços públicos da nação
morte de sua esposa. Obteve êxito no Brasil e catalã – que, por sua vez, passou por inten-
no exterior, expondo em diversos eventos. so processo de normalização linguística e de
resgate da identidade catalã. Nesse primeiro
Jardim Miriam Arte Clube (Jamac) (São Pau- período, firmou-se uma composição estável de
lo/SP) – Misto de espaço de experimentação nove homens, que também são os responsáveis
artística e local de convivência e de debates pelo salto artisticamente interdisciplinar que
políticos e culturais, é uma espécie de ateliê o grupo realizou com Accions: Alteraciò Físi-
aberto à população local. Nasceu em 2004 de ca d'un Espai, em 1983-1984, apresentado até
um desdobramento de propostas artísticas da 1987 em diversos países da Europa e na Ar-
artista Mônica Nador, que se reuniu a outros gentina. Accions mescla elementos estéticos de
artistas e moradores do Jardim Miriam, bair- concertos de rock e de performance com festas
ro da zona sul de São Paulo. populares catalãs e espanholas, com um resul-
tado artisticamente interdisciplinar, realizan-
Jenny Holzer (Estados Unidos da América, do instalações fora de teatros convencionais,
1950) – Holzer iniciou sua carreira como pinto- com atuantes, espectadores, palco, plateia,
ra abstrata. A partir de 1970, começou seus ex- obra, recepção, sujeito e objeto se misturando
perimentos com arte em espaços públicos, em física e espacialmente em performances simul-
grandes dimensões, e com a linguagem entre tâneas e cambiantes.
arte e mídia. Seu trabalho se dá com a palavra,
realizada em diferentes suportes e materiais, Maria Duschenes (Hungria, 1922) – Pionei-
desde adesivos e anúncios de TV, projeções em ra da dança moderna no Brasil, destacou-se
grande escala sobre obras arquitetônicas ou como educadora e coreógrafa, sendo uma
montanhas, instalações com painéis eletrôni- das principais responsáveis pela difusão do
cos até inscrições em ossos. Exposta em espa- método Laban no país. Dos 11 aos 15 anos,
ços públicos, sua obra, por meio da linguagem frequentou uma escola que trabalhava com
da cultura de massa, traz reflexões ao observa- a metodologia do músico suíço Emile Jaques
dor quanto a questões da contemporaneidade. Dalcroze (1865-1950), sob a direção de Olga
Szent Pál. Nessa época, também aprendeu
Jorge Macchi (Argentina, 1963) – Artista dança clássica com Aurélio Miloss durante
multimídia, estudou Arte e, em 1987, recebeu um ano. Aos 15 anos foi estudar Dança na
o título de Professor Nacional de Pintura. Os Dartington Hall School, escola de Arte situa-
temas de suas obras articulam a cidade, o co- da em Devonshire, no sul da Inglaterra, onde
tidiano, a violência e o destino, lidando com permaneceu de 1937 a 1939. Lá foi aluna de
a informação de jornais e mapas em diversas Rudolf von Laban (1879-1958), autor do con-
mídias: instalações, pinturas, vídeos e fotogra- ceito de dança coral, de Kurt Jooss (1901-1979)
fias, aproximando-se também da escrita e da e de Sigurd Leeder (1902-1981).

80
Arte – 1a série – Volume 1

Mônica Nador (Ribeirão Preto/SP, 1955) – mundo. Seus desenhos são elaborados. Os
Pintora, desenhista e gravadora formada em personagens são representados com estampas
Artes Plásticas. Realizou sua primeira expo- marcantes, ora parecem ter saído de sonhos,
sição individual no Museu de Arte Contem- ora retratam a dura realidade brasileira. Entre
porânea da Universidade de São Paulo, em outros projetos e exposições, participaram do
1983. Em 1994, estudou nos Estados Unidos filme Ginga – a alma do futebol brasileiro, com
da América e, em 1999, de volta ao Brasil, re- produção do cineasta Fernando Meirelles.
cebeu a Bolsa Vitae de Artes, desenvolvendo o
projeto Paredes pinturas. No mesmo ano, rea- Philip Astley (Inglaterra, 1742-1814) – Cria-
lizou o projeto Paredes pintadas, em conjunto dor do circo moderno em 1768, em Londres.
com os moradores da Vila Rhodia, em São Astley era ex-sargento auxiliar de cavalaria e
José dos Campos, com desenhos em máscaras hábil treinador de cavalos. Em seus experimen-
de acetato pintados nas casas do bairro. Em tos com o circo, foi o primeiro a descobrir que,
2004, criou o Jamac. se galopasse em círculos, de pé sobre o dorso
nu do cavalo, teria o equilíbrio facilitado pela
Néle Azevedo (Santos Dumont/MG, 1950) – força centrífuga. Assim, surgiu o picadeiro.
Mestre em Artes Visuais, iniciou em 2000 a Seus primeiros espetáculos foram apresenta-
pesquisa plástica e teórica denominada Mo- ções equestres com saltadores e palhaços.
numentos mínimos, em que revê o conceito de
monumento, subvertendo-o com a redução Raymond Murray Schafer (Canadá, 1933) –
de escalas, com uma homenagem singela ao Compositor, escritor, pedagogo. Ganhou re-
cidadão comum, em vez dos ilustres perso- putação internacional pelas suas composições
nagens, e com o tempo e o espaço pauta- musicais e teorias educacionais inovadoras,
dos pelas pequenas figuras feitas em gelo e aplicadas em várias partes do mundo, como
pelas performances em lugares públicos de América do Sul, Japão e Escandinávia. Após
muitos países. viver na Áustria e na Inglaterra, de 1956 a
1961, voltou ao seu país de origem. Suas ex-
Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo – periências radicais em educação musical nos
Orquestra com concepção e direção musical de anos 1960 resultaram em materiais educacio-
Livio Tragtenberg. Formada por 16 músicos, nais imaginativos e várias composições ela-
desde anônimos que atuam nas ruas de São boradas para orquestras jovens e coros. Em
Paulo até vindos de comunidades de imigran- 1997, publicou A afinação do mundo, livro tra-
tes importantes na história da cidade de São duzido em oito idiomas.
Paulo (japoneses, paraguaios, bolivianos, nor-
destinos etc.) e que ainda praticam suas tra- Regina Silveira (Porto Alegre/RS, 1939) –
dições musicais com melodias e instrumentos Pintora, gravadora, desenhista, artista mul-
típicos. Neuropolis é um projeto com entrevis- timídia, curadora, professora e estudiosa
tas e depoimentos dos participantes, que busca da linguagem da arte. Autora de uma vasta
representar em forma de música a mistura de produção artística, suas obras se projetam
culturas de São Paulo, a cidade dos nervos. a partir de diferentes suportes e formas de re-
presentação, ora pela distorção da perspecti-
Os Gêmeos (São Paulo/SP, 1974) – Otávio va (em séries de trabalho relacionadas a essa
e Gustavo Pandolfo, gêmeos idênticos, ini- ideia), ora pela utilização de determinadas
ciaram como grafiteiros no final da década matérias e técnicas, como site specific, insta-
de 1980, no bairro do Cambuci (zona sul de lação etc., conferindo-lhe grande projeção em
São Paulo), onde nasceram. Participaram do exposições nacionais e internacionais.
auge do movimento hip-hop, fazendo grafites
e apresentações de break, um tipo de dança de Rudolf von Laban (Eslováquia, 1879 – Ingla-
rua. Hoje, distanciados daquele movimento, terra, 1958) – Dançarino e coreógrafo conside-
continuam com seus grafites espalhados pelo rado o maior teórico da dança do século XX.

81
Dedicou sua vida ao estudo e à sistematização dade que possibilita ao homem se expor por
da linguagem do movimento, em seus diversos seus movimentos e encontrar a autossuficiên-
aspectos: criação, notação, apreciação e edu- cia no próprio corpo.
cação. Ao mesmo tempo, dedicou-se ao estudo
do movimento humano em seus significados e Thomas Tallis (Inglaterra, 1505-1585) – Com-
relações com o meio, resgatando os atos es- positor inglês do período renascentista, foi um
pontâneos pela dança e considerando a rotina dos primeiros a escrever para a nova liturgia
de movimentos como restrição à expressivi- anglicana. Sua obra é focada na produção vo-
dade do homem. Sua proposta de dança não cal, tendo, contudo, realizado arranjos corais
considera apenas a graciosidade e beleza das para teclado. É o autor do moteto Spem in
linhas e a leveza dos movimentos, mas a liber- alium, para quarenta vozes.

82
Arte – 1a série – Volume 1

QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO


1a série 2a série
Arte, cidade e patrimônio cultural O encontro entre arte e público
r)FSBOÉBTDVMUVSBJTQBUSJNÔOJPDVMUVSBMJNBUFSJBM r&TQBÉPTFYQPTJUJWPT NPEPTEFFYQPS TBM×FTEFBSUF 
e material; estética do cotidiano; tradição e ruptura; bienais e feiras de arte
ligação arte e vida; arte contemporânea r'FTUJWBJTEFUFBUSP FTQBÉPTQSPNPUPSFTEFMFJUVSB
r1SFTFSWBÉÈPFSFTUBVSPQPMÎUJDBTDVMUVSBJTFEVDBÉÈP dramática, mostra universitária
patrimonial r'FTUJWBJTEFEBOÉB NPTUSBVOJWFSTJUÃSJB FTQBÉPT
r"SUFQÙCMJDBJOUFSWFOÉ×FTVSCBOBTHSBàUFQJDIBÉÈP alternativos de dança
monumentos históricos r'FTUJWBJTEFNÙTJDB FTQBÉPTQBSBDPODFSUP FTQBÉPT
r1BJTBHFNTPOPSBNÙTJDPTEFSVBWJEFPDMJQFNÙTJDB alternativos de música: coretos, ruas
contemporânea
r$BSOBWBMUBNCPSEFDSJPVMBKPOHPSPEBEFTBNCB
Poéticas pessoais e/ou de processos colaborativos
Volume 1

frevo; forró; dança contemporânea; dança popular


r"QPUFODJBMJEBEFFBTJOHVMBSJEBEFQPÊUJDBOBT
r"SUFTDJSDFOTFTDJSDPUSBEJDJPOBMGBNÎMJBTDJSDFOTFT
linguagens artísticas
circo contemporâneo; escolas de circo; palhaço clown e
r%FTEPCSBNFOUPTEBTMJOHVBHFOTEBBSUF
a tradição cômica; folia de reis; palhaços de hospital
r"PQFSBÉÈPQPÊUJDBEFMFWBOUBNFOUPEFIJQÓUFTFT 
escolha e testes de elementos da gramática das linguagens
In[ter]venção em arte: Projetos poéticos na escola artísticas
r.PEPTEFJOUFSWFOÉÈPBSUÎTUJDBFTFVTQSPDFTTPTEF r0SFWFMBSEBTUFNÃUJDBT
criação em artes visuais, dança, música e teatro r1SPKFUPTEFQPÊUJDBQFTTPBMPVDPMBCPSBUJWB
r"É×FTEFJOUFSWFOÉÈPFNFEJBÉÈPDVMUVSBMQPSNFJP
de projetos poéticos individuais ou colaborativos

In[ter]venção na escola: Arte e ação Tempo de fazer, gestando o mostrar


r4VQPSUFT GFSSBNFOUBTFQSPDFEJNFOUPTUÊDOJDPTF r"DPOTUSVÉÈPEFjingles
inventivos r0EFTFOIPEFBOJNBÉÈP
r0DPSQPDPNPTVQPSUFGÎTJDPOBEBOÉBFOPUFBUSP r"JNQSPWJTBÉÈPUFBUSBM
r0DPSQPEPUFBUSPPDPSQPEPBUPSEBBUSJ[FN r"EBOÉBFTVBTNPEBMJEBEFT
expressão cênica r0GFTUJWBMFPTBMÈPDPNPNPEPEFNPTUSBSBQSPEVÉÈP
r.BUÊSJBTPOPSBFTJHOJàDBÉÈPPTPNEBQBMBWSB
música coral; o som dos textos e das bandas na escola;
O mostrar anunciado: A produção poética na escola
parâmetros sonoros, timbre
r"NPTUSBQPÊUJDBGFTUJWBM TBMÈP
r$PSQPFTQFUBDVMBSJOUFSWFOÉÈPFNFTQBÉPTOÈP
r.PEPTEFEJWVMHBÉÈPFNBSUFDBSUB[ GÔMEFS QSPHSBNB
Volume 2

convencionais; texto/escritura/temas de
r$PODFJUPT QSPDFEJNFOUPTFDPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPTFN
intervenção cênica
arte durante o ano letivo
r7JTVBMJEBEFEBGPSNBDPOUFÙEPFNDPOFYÈPDPNB
materialidade e os processos de criação

In[ter]venção: Instantâneos poéticos na escola


r"JOUFSWFOÉÈPFTFVSFHJTUSPDPNPEPDVNFOUBÉÈP
r.PEPTEFEPDVNFOUBÉÈPFNBSUF
r$PODFJUPT QSPDFEJNFOUPTFDPOUFÙEPTJOWFTUJHBEPT
durante o ano letivo

83
GABARITO
0$"%&3/0%0"-6/0&""¬«0%0 t 0RVFQFOTPTPCSFBSUF as respostas às questões espe-
130'&4403 cíficas deste item instigam os alunos a se posicionar sobre o
assunto, cercando, de certo modo, seu repertório cultural. O
Caderno do Professor. Caderno do Aluno. São Cadernos importante é socializar as respostas, mapeá-las na lousa, analisá-
que, tal qual a rosa dos ventos, mostram um rumo, uma dire- -las com eles para ver o que pensam sobre o tema, tendo como
ção a seguir para viajar nos “Territórios da Arte”. Esses Cader- meta a ampliação de seus conhecimentos;
nos são, assim, como coordenadas, movimentos. “Cadernos
rosa dos ventos” que articulam mapas de diferentes linguagens t "ÎÍP FYQSFTTJWB as ações propostas, muitas vezes deno-
da arte, oferecendo proposições-ações que, antes de serem minadas encomendas, para dar mais abertura ao professor,
apenas capazes de referendar um mundo da arte já sabido, po- têm por objetivo desencadear o fazer artístico nas diferentes
dem ser um movimento potente para a criação de diferentes linguagens, sem perder de vista os conteúdos e as compe-
mundos da arte. tências a serem trabalhados;

Em especial, o Caderno do Aluno se faz registro de viagem, t "QSFDJBÎÍPas perguntas colocadas na Apreciação, que se
como parte de um portfólio, como lugar específico para pen- ampliam no Caderno do Professor, são apenas impulsos para
sar e escrever sobre arte, fazer reflexões e produções pensadas e estimular a conversa dos alunos sobre as obras. As ampliações
emocionadas a partir das provocações geradas pelas proposições propostas pelo professor e por suas boas e instigantes per-
oferecidas no Caderno do Professor. Em especial, o Caderno do guntas comporão o texto que será registrado pelo aluno no
Aluno se faz lugar para olhar imagens das linguagens artísticas, Caderno, apontando o que ficou de mais significativo para
que nos incitam a pensar e conversar sobre arte. ele a partir da Apreciação oferecida;

Mais do que respostas acertadas ou adequadas, já que em t 7PDÐ BQSFOEFV  questões objetivas e/ou abertas para
arte as respostas, por muitas vezes, são expressões de pontos de reflexão sobre os conteúdos trabalhados nas Situações de
vista singulares, as questões do Caderno do Aluno pretendem Aprendizagem de cada Caderno, reveladoras do que foi pos-
ser uma provocação para que o aluno pense e expresse seus sível ativar como conteúdo ou competência. As respostas in-
conhecimentos e suas opiniões sobre arte. Em muitos casos, dividuais tornam-se material de reflexão para os professores,
as respostas devem ser pessoais e também referendadas pelo indicando o que ficou além ou aquém em sua ação docente,
contexto cultural de cada grupo, de modo a mover diálogos, no contexto da escola e na própria proposta;
instigar reflexões pessoais e fornecer material para que o pro-
fessor possa promover trocas entre os alunos , ampliando seus t 1FTRVJTBJOEJWJEVBMFPVFNHSVQP 1FTRVJTBEFDBN-
repertórios culturais sobre as linguagens artísticas. QPF-JÎÍPEFDBTBas ações que orientam o aluno no pla-
nejamento, na realização e na discussão da pesquisa ou da ação
Por ser esse o contorno do Caderno do Aluno, é impos- proposta no Caderno do Aluno tampouco têm resposta única,
sível a construção de um gabarito que dê conta de prever pois dependem das escolhas e do que foi possível pesquisar de
as muitas respostas possíveis, determinando o que é certo acordo com a realidade e com o contexto das diferentes escolas.
ou errado. Em contrapartida, o Caderno do Professor con- Consideramos importante a valorização do que foi pesquisado
tém potenciais encaminhamentos e ampliações, ao mesmo e, especialmente, o modo como a pesquisa foi apresentada. Há
tempo que insere o professor no conteúdo que está sendo várias sugestões no Caderno do Professor em relação a isso.
proposto, oferecendo informações que enriquecem suas re-
ferências culturais e ajudam-no a ampliar as possíveis respos- Consideramos que o Caderno do Aluno, como parte do
tas dos alunos. portfólio, é complementado por outros modos de registro,
que podem gerar uma elaboração criativa que permita ao
Para o Caderno do Aluno, foram pensadas propostas específi- aprendiz dar expressão à sua aprendizagem, inventando for-
cas que abarcam produção, análise, leitura, pesquisa etc., reapre- mas para mostrar suas produções artísticas, seus textos escritos,
sentadas a seguir: fotografias de momentos das aulas e pesquisas realizadas.

84
Arte – 1a série – Volume 1

Como processos, esses “Cadernos rosa dos ventos” são tros com a arte, à busca da experiência estética no pensar, no
potências nas mãos de alunos, alunas, professoras e professo- fazer, no escrever, no apreciar, no navegar pelos “Territórios
res atentos à qualidade do trajeto, à ousadia de novos encon- da Arte”.

85
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências Humanas Área de Ciências da Natureza
Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora
Teônia de Abreu Ferreira.
Maria Elizabete da Costa Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Santana da Silva Alves.
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Fernandez. de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Luís Prati.
Valéria Tarantello de Georgel Almeida e Tony Shigueki Nakatani.

Coordenadora Geral do Programa São Paulo PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
faz escola PEDAGÓGICO Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno,
Valéria Tarantello de Georgel Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Área de Linguagens
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel
Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque BomÅm e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali
Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da
EQUIPES CURRICULARES Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes,
Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves
C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz.
S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Ventrela. Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Nogueira. Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
e Sonia Maria M. Romano.
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Aparecido Cornatione. Sílvia Regina Peres. Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Área de Ciências da Natureza Área de Matemática
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Rodrigo Ponce. Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Maria da Graça de Jesus Mendes. Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, CTP, Impressão e acabamento
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Esdeva Indústria GráÅca Ltda.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
EDITORIAL 2014-2017 CONTEÚDOS ORIGINAIS Martins e Renê José Trentin Silveira.

COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu


FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS Sérgio Adas.
Presidente da Diretoria Executiva CADERNOS DOS ALUNOS
Antonio Rafael Namur Muscat Ghisleine Trigo Silveira História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
CONCEPÇÃO
Vice-presidente da Diretoria Executiva Raquel dos Santos Funari.
Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo,
Alberto Wunderler Ramos Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
coordenadora! e Ruy Berger em memória!.
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
À EDUCAÇÃO AUTORES
Schrijnemaekers.

Direção da Área Linguagens


Coordenador de área: Alice Vieira. Ciências da Natureza
Guilherme Ary Plonski
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Coordenação Executiva do Projeto
Makino e Sayonara Pereira. Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana,
Gestão Editorial
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso
Denise Blanes
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo.
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
Equipe de Produção
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina
Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina Fidalgo. Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão,
Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel
Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia
Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb González.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol,
Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti,
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell
José Luís Marques López Landeira e João
Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e
Henrique Nogueira Mateos.
Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Yassuko Hosoume.
Tiago Jonas de Almeida. Matemática
Coordenador de área: Nílson José Machado. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse
Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Matemática: Nílson José Machado, Carlos Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe
Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa
Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda
Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião.
Vanessa Leite Rios. Walter Spinelli.
Caderno do Gestor
Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design Ciências Humanas Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Coordenador de área: Paulo Miceli. Felice Murrie.

Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; arte, ensino médio,
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços 1a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Geraldo de Oliveira Suzigan,
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é Gisa Picosque, Jéssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins, Sayonara Pereira. - São Paulo : SE, 2014.
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites v. 1, 88 p.
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de
Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos ISBN 978-85-7849-568-8
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
1. Ensino médio 2. Arte 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Suzigan, Geraldo de Oliveira. III.
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no
Picosque, Gisa. IV. Makino, Jéssica Mami. V. Martins, Mirian Celeste. VI. Pereira, Sayonara. VII. Título.
Caderno do Professor para apoiar na identificação das
atividades. CDU: 371.3:806.90
Validade: 2014 – 2017

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