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A biblioteca escolar, para além de ser um espaço que contém recursos documentais
organizados, tem vindo a constituir-se como uma estrutura transversal à escola,
particularmente pela dinâmica na motivação para a leitura. “[Desempenha] um papel
central no suporte às aprendizagens, no desenvolvimento de competências de
informação e na formação de leitores, as bibliotecas instaladas pela RBE têm deixado
uma marca de qualidade, reconhecida na maioria das escolas” (RBE, 2008, p. 2).
Para além deste papel, a biblioteca deparou-se nos últimos anos com um novo desafio
formativo. Ajudar professores e alunos a aprenderem através de recursos variados, em
papel, vídeo, e online. Saber pesquisar, avaliar a qualidade da informação encontrada
e sintetizar ideias, passaram a ser consideradas competências cruciais. No entanto, os
alunos têm particular dificuldade em sintetizar ideias, optando muitas vezes pelo
processo mais simples: copiar e colar a informação. Para além de os orientar nessa
tarefa, nenhum professor bibliotecário pode deixar que um aluno da sua escola
termine aí a escolaridade sem saber distinguir citar de plagiar1.
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URL sobre Plagiarism http://www.plagiarism.org/
Competências sócio-cognitivas básicas Descrição
Aprender a procurar informação e a Implica uma aprendizagem permanente,
aprender autónoma, auto-regulada, não formal e
estratégica.
Aprender a comunicar Inclui dominar a linguagem específica de cada
disciplina, utilizar simultaneamente
diferentes meios para comunicar e dar
primazia aos aspectos semânticos da
comunicação.
Aprender a colaborar Pressupõe uma série de estratégias que
facilitam o trabalho em equipa, aprendendo
de forma cooperativa e colaborativa2;
aprender em rede movimentando-se em
diferentes redes, desenvolver instituições
que aprendam.
Aprender a participar na sociedade Fazer do cidadão um elemento activo que
participa na vida pública, cria clima de
diálogo e respeito pela diversidade, tem uma
visão crítica e reflexiva perante a
comunicação social, os políticos, etc.
A biblioteca escolar, através dos professores bibliotecários tem assim um papel crucial
no desenvolvimento das literacias e na aquisição de competências de informação,
nomeadamente: “capacidade de entender suas necessidades de informação e de
localizar, seleccionar e interpretar informações, utilizando-as de forma crítica e
responsável” (Campello, 2009, p. 13).
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O autor só refere cooperativo, mas o colaborativo também é imprescindível.
Um dos aspectos que tem preocupado os bibliotecários é a pesquisa elaborada de
forma disciplinada, sendo um dos modelos de literacia informacional mais conhecidos
o Big63 da autoria de Michael Eisenberg e Robert Berkowitz, de 1987, que tem tido
grande aceitação e funciona como andaime metacognitivo (Campello, 2009). Este
modelo tem seis partes e encontra-se um exemplo online em português na Escola de
Alvide: Definição da tarefa, Estratégias para procurar a informação, Localização e
formas de acesso, Utilização da Informação, Síntese e Avaliação. Michael Marland, no
Reino Unido, também propôs um modelo com nove passos apresentados sob a forma
de questões (cf. Campello, 2009, p. 16-174). A AASL conjuntamente com a AECT
(Association for Educational Communications and Technology) no documento
Information Power, de 1998, destinado a alunos do ensino básico, definem nove
parâmetros de literacia informacional, que se apresentam em três segmentos:
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http://www.big6.com/ - Information and technology literacy model: Task definition, Info seeking,
strategies, Location and Access, Use of Info, Synthesis, and Evaluation.
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O modelo de Michael Marland inclui as seguintes nove questões: O que preciso fazer?, Aonde posso
ir?, Onde consigo a informação?, Que recursos devo usar?, Como devo usar os recursos?, O que devo
registar?, Tenho a informação de que preciso?, Como devo fazer a apresentação?, O que obtive?.
E se inicialmente o papel educativo do bibliotecário se centrava na promoção da
leitura, esse papel tem vindo a diversificar-se para um uso mais eficiente da variedade
de recursos educativos na aprendizagem, tendo como objectivo preparar os alunos
para se tornarem capazes de aprender autónoma e criticamente (Campello, 2009).
“School libraries can provide a flexible place for learning where project
work, individual study, group research, reading and the teaching of ICT
can all take place. By supporting and giving access to a broad range of
information sources, the school library can stimulate learning and motivate
pupils by providing the means to freely pursue subjects which engage
them.” (TeachersNet, School Libraries, s. p.)
Montiel-Overall (2005 apud Campello, 2009) definiu quatro níveis para caracterizar o
processo de colaboração entre o bibliotecário e os membros da equipa pedagógica:
coordenação, cooperação, instrução integrada e currículo integrado. Cada um dos níveis
se caracteriza por um nível de complexidade crescente.
A coordenação é o nível mais simples. Por exemplo, palestras para os alunos que estão
a ingressar na escola apresentando a biblioteca, localização dos materiais, regulamentos,
normas e os recursos disponíveis. A colaboração com os professores limita-se a (i)
estabelecer horários e organizar o esquema das palestras; (ii) combinar horários para os
alunos irem à biblioteca escolher livros, ouvir histórias ou procurar informação para um
trabalho escolar; ou ainda (iii) organizar exposições, encontros com escritores ou feiras
de livros.
Como documentam Bejeune & Ronan (2008) no estudo realizado, várias bibliotecas
estão a usar o software social, sobretudo o Facebook e o MySpace; para partilhar os
media outras bibliotecas usam o Flickr, YouTube, iTunes; os marcadores sociais usados
são o Connotea, Delicious e o LibraryThing. Existem bibliotecas que usam wikis,
blogues, chat/mensagens instantâneas para apoio ao aluno. Algumas têm sites com RSS,
outras já têm a biblioteca no Second Life e outras optam por integrar widgets, como o
Meebo5. Claro, que cada biblioteca escolhe as suas ferramentas, para os propósitos que
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É um widget para mensagens instantâneas.
se propõe ou para as actividades que está a desenvolver. E aos poucos vai enriquecendo
o seu espaço online com apontadores para recursos da Web. Deste modo, a biblioteca
online tornar-se-á apelativa para os alunos da chamada geração Net.
(Excerto incluído num módulo de formação produzido para a RBE pela Drª Ana Amélia
Cardoso – Universidade do Minho)