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AITAIR T'OGUN

ELEGUN
Iniciação no Candomblé

Feitura d e Íyàwó, Ogân e e k é j I



ALTAIR T'ÒGÚN

E LÉ GÜN
V I

iniciação no Candomblé
Feitura de lyàwój Ogán e Ekéji

2�Edição

Rio de Janeiro
1998
Copyright© 1995,
by Altair tí. Oliveira (T'Ògún)
Editor:
Cristina l*emandes Warth
Coordenação Editorial:
Heloisa Brown
Copydesk:
Elisabeth Spaltemberg Mo D ú p é - Eu agradeço
Revisão Tipográfica:
Sílvia Sc hwi ngel Dias
Capa:
L eonardo Carvalho
Editoração Eletrônica:
Cid Barrtw Neste espaço, presto agradecimentos àqueles q ue muito tÊm
me auxiliado nesta jornada.
Primeiramente, como não poderia deixar de ser, mo dvípç
Olí ò ni n àri Orf mi (agradeço a Deus e à minha cabeça) por ilu¬
minar minha mente para que eu pudesse realizar este novo tra¬
CIP-BRASIL CATALOGAÇAO-NA-FONTE. balho, e espero com suas ajudas que seja do agrado de todos que
SINDICATO NAaONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. dele tomarem conhecimento, como o meu primeiro livro "Can¬
tando para os Orixás — Nkorin s'awon Orijà", que foi elogiado
pelos cem por cento de pessoas que o adquiriram e que sc en¬
045e Oliveira, Altair B., 194&- cantaram muito mais ainda com as fitas das gravações das canti¬
2. ed. ELÉGÜN: inidação no candomblé: feitura de
gas nele contidas. Isso nos levou, a mim c a minha família, para
iyàwó, Ogán e Ekéjí / Altair B. Oliveira (T'Ògún). -2. ed,
- Kio de Janeiro: Faltas, 1998. aiém das fronteiras do país, posto que o nosso trabalhit através
124p, do livro e das fitas já foi para outros países como a França, Portu¬
Inclui bibliografia. gal, Estados Unidos e, uma grata surpresa, ate para a Ucrânia,
ISBN 85-347-0137-7
adquirido por um estudante da Universidade de Kiev.
1. Candomblés. 2. Cultos afro-brasileiros - É muito gratificante ter nosso trabalho reconhecido e vaíori-
cerimônias c práticas. I. Título.
95-1020 CDD-299 67 zado, e nesse aspecto s6 tenho a agradecer a Olóõrun àti Orí mi.
C D U-299.6.3
Agradeço-lhes também por este novo trabalho ora apresentado,
no qual, peia experiência do anterior, seguirei a mesma linha de
Pallas Editora e Di s t rib ui d ora l.tda.
Run Frederico de Albuquerque, 44 - HigienópoUs ação cm esclarecer o máximo qitc me for possível, até mesmo
CEP 21050-840 - Rio di? Janeiro - RJ como no "Cantando para os Orixás", cora as fitas gravadas das
Tel.: (021) 270-Ü1S6 Fax; (021) 590-6996
cantigas e rezas aqui co nudas e espero que tenha o mes mo
Homepage: http;//www.editoTasi -com/pallns/afrobrasil
E-mail: pallasfãnx.apc.org Róa.iAb
nrc viu <í\ toUoh vocês cu ugnidc� o, apresen[!i os mens rcspcitíts
c o m uni abriiçd c niuiin curinhti dü umifío Ah i i r dc Ogúii).
Êxito anterior. Mo dúpé Olâèron bàbá wa àd Orí mi fí gbogbo
rerc ki won sé ftln wa {Agradeço a Deus, nosso Pai, c à minha A////ir 'fÒgtín
cabeça por ttido üe bom que cies tem feito por nós).
Agradeço à minha família, à esposa Wanderly {Ekéji de
Omolú àti omo Oya), aíis metis fiJJios Aline, Wagtier e Altair
FiJho, qtie são os meus colaboradores diretos, de quem sem a
ajuUa eu nào teria alcançado o sucesso no trabalho artcerior e
com certeza tambcm neste. Mo dúpç pèlú ife gbogbo fí Uôn-
lówtí si mi {Agradeço com todo carinlio pela ajuda a mim).
Agradeço à Editora Pallas pela confiança em lançar-me, ura
üustre desconhecido, e pelo apiiio, inccntivo e confiança em
mim depositados, o que muito me tem estimulado a prosseguir.
Mo dúpç gbogbo yin b�fí 1'agbára fiin mi {Agradeço a todos
vocês também pela força que me têm dado),
Não poderia jamais esqueccr-mc dc agradecer aqui a codas as
pessoas que adquiriram o nosso livro "Cantando para os Orixás"
e nossas fita.s, o que nos trouxe uma boa ajuda para a retomada
da construção do nosso lie Òrisa (casa de Orixá). Essa está,
graças a eles, sendo tocada devagar, mas com esperanças de que
conseguiremos o nosso objetivo, pois o nosso trabalho encantra-
se airída no início e temos multo chão pela dianteira. Mo dupé
won gbogbo yin òré mi íí Uònlowá wa ko ilc Orisà wa (Agradeço
a todos vocês, meus amigos, pela ajuda a nós concedida para
con.stniir nossa casa ilc Orísà).
Quero agradecer também aos omo Orlsà ilc àti won oré mi
(aos filhos-de-santo da casa e aos meus amigos) que nos estão
dando forças, ajuda e incentivo para que concretizcmos nossos
projetos. Dentre eles, e» gostaria dc citar como uma homenagem
especial o amigo Sr. Hélcio (Bàbálóòsónyín), os orno Orísà ilé Al¬ No TA: As fi:as com as cantigas c rezas contidas neste hvrct e
berto dc Òòsãàlà, Jandira de OyÁ c Adelaide de Omolu, o òré mi iiíi lj\ ro "(,aiuaiHlií jMra os f�riííás" poderão ser cncciniradas com
Ivanil Monteiro (Jorge)-e ainda o Ogán Mário de Ògíin que foi o aniiir im tckfone (()«J) l� T�ZhW.
para mim uma grata revelação de amizade e carinho. Won
gbogbo yin mo ddpé, mo júbà pèlú apá-ara kon àti ifé púpò d

Vil
Prefácio

Qualquer pessoa que se interesse por religião africana Jio


Brasil encontrará� nfis tilas atuais, um vasto e lietcrogêneo accrvo
à sua disposição. São obras das mais variadas tcmãticas. Hi
aquelas gerais�dc cunha histórico ou antíopolâgico. Há as que
versam sobre casos mais específicos, tais corri» história de uma
casA-de-santo, depoimentos pessoais, usos das folhas, dcscti�o
de itens, cantigas�c as que dcr&lham partes dos antigos rimais. O
Candomblé serviu, também, como pano de fundo para obras de
ficção, camo as de Zora e Antônio Olinto, c as antológicas� de
Jorge Amado, Dc algum tempo para cí, vêm surgindo as teses e
monografias universitárias, principalmente na Bahia, no Rio dc
Janeiro c em São Paulo» A variedade, portanto� é grande.
Acredito que o Brasi! supere qualquer oütro país cm obras sobre
essa área.
Essa volumosa produção levanta opiniões antagônicas. Uns
não concordam com à revelação de segredos da seita c outros
acreditam que sua divulgação tem um lado pedagógico que não
deve ser despre7�do, O GafidombJé, diferentemente do Cris¬
tianismo� com a Bíblia, e do Islamismo, com o Corão, não tem
um livro sagrado revelado por Deus, para servir dc guia aos seus
fiéis. Esta diferença é crucial, posto que sendo o (Candomblé Percebe-se que há grande heterogeneidade e modernismci
uma religião de transmissão oral (ate hoje), não tem como im¬ em algumas casa.s. Paralelamente, há uma preocupação em se
pedir tjue, ao iongo dos anos, apareçam dessemelhanças. Nor¬ registrar o conhecimento através dos livros, como forma de sc
malmente, as casas seguem preceitos deixados e ensinados por compensar a diversidade. Cada livro publicado reflete a visão do
seus fundadores. Nos tempos maís antigos, havia troca de infor¬ seu autor, dentro do que ele aprendeu. È assim que vemos a
obra do Sr. Altair B. Oliveira que ora publica a Editora Pallas.
mações entre os pais-de-santo c ajuda mútua. Hoje, tal prática 6
mais rara, o que contribui para trilharem as casas, às vezes, Sem entrar no mérito da polêmica acerca do que deva ou não ser
cul¬
caminhos diversos, até mesmo entre as que têm uma origem publicado, saudamos mais esta contribuição aos estudos da
comum. tura e religiões africanas no Brasil.
Para aumentar esta diá-spora, há a questão da forma de trans¬
missão do conhecimento sagradii. Sendo oral, somente alguns A� or Miranda Rocha
detinham o domínio dos preceitos mais fundamentais, que pas¬
savam aos escolhidos por suas qualidades ou aos designados
pelos Orixás. Não era o fato de fazer santo que habilitava a pes¬
soa a ser pai ou mãe-de-santo ou a ocupar um cargo na casa. Os
segredos eram ensinados por quem os tinha para quem os mere¬
cia receber. Era, no entanto, um outro tempo. Tempo em que
religião era caso de polícia, tempo em que através do segredo e
da transmissão do saber a pessoas de confiança preservava-se a
própria religião. Foi assim que ela atravessou os séculos e che¬
gou até os tempos atuais. Atualmente, como os segredos são apro-
priadüs com mais facilidade, é de se prever que as divergências se
acentuem.
A contribuir, também, para diferenças está a questão das ín-
terinfluôncias entre as várias nações africanas que vieram para o
Brasil. Convivendo, às vezes, em espaços geográficos próximos,
sacerdotes c filhos de nações distintas estabeleceram contatos,
chegando a ocorrer, ate mesmo, a incorporação de cultos de
Orixás que não faziam parte do panteão original. Ketu, Angola,
Jeje, Grunci, Mina etc, forneceram, cada uma, parcelas do que
hoje conhecemos no Brasil como Candomblé. Em algumas
regiões, uma nação pode predominar, mas, se olharmos bem,
descobriremos traços incorporados de outras que não se tor¬
naram dominantes no universo religioso local.
Sumário

írUraduçrio ...... . 1
O Klü� ün ( o Métíiun;) n a inicUiç�So im ( ]ímdijn�blé 3

lihki
y %
í.)iiílc w * 24
>

Ijíbá iísu 27
libo Oniidun (Hb/i de áfíua docc),.,.... ., .,., ., -., .,-, .... 29
libo Oniicyò ( RlWi i\c ii� ua salí� iiiiu) 30

\Vò Ariíise ( Hniibo lííís loMnis d o s Orlsâ.) 31


StnMíi dc()� sín(»ii lik cj i Oinsà.......� 1

iniciação dti [Noviço...........S


I>

Introdução

At> 'ij.ircsentar este nfjVíj [rtibíilha c�tí:lU iliiplüjTierite íeliz.


p ri mc i m per ter rec:cbick> ütr OJtó ru m e dos Orisà a rniuiçãii pura
direcionar e apresentar uni trabítiho que, imo d e s ta me n te, ctm-
r�idej ü bom. S c g n n d o , p o rq u e sei q u e esce tmbalhü vai ao e n c u n -
ifíi do descjü d e iniJmcros indivídnoíí, a juíg�r pelas consultas e
pedidos reccbídns d<�outras pessoas�aigiimaN até ctmi alerta
ha alguns anos, mas que sofriam com dilvidas e atd nicsmo c o m o
descf� nhecimentü de g rand e parte dos rituais q u e aqui descrevo.
um prol� lenia pelo qual eu t a mb c m ja passei e .mcÍ u q u an r o é
constran,p;edor você reuorrer à ajuda d e alguém uviis velho, su¬
postamente crudic-o n o a wo ( c u l t o ) , ma s que, ou fica lhe
cozinhando em "banho-maria� ,, sem dar o que você neces¬
sita, mas que c a mb e m não nega� até q u e você '� se manque�'
c parta para outra. On tjne d c cam íhe hnmilhc e lhe ponhu
para correr com Mois c[uentcy e trÊs fervendo". fJu�ainda, que
lhe estcirque levando o jseu owó (dinheiro) fingindo lhe ensinar
íUj ajudar cm alj�jma coisa qu ando , na verdade, aj[idam-se a si
próprios,
Aqin, tive o cuidado de Rão infringir o awo e passar seg reJos
do eulto, coloco tao -somenre detalhes importantes das praticas
rituais às quais me reporto, tpje tem o objetivo dc ilustrar c ín-

1
ftiniiar aw pessoas que us executuni mecânica e auromiticamente
sem, ctm[utio, sibcr o porciuê daqueles atos realizados, ou
aqueias qiic, embora tendo ccmpo de iniciação c übrigaçães, não
têni (1 cíinliecimento para executar aqijílo fioc, em tese, C'stariam
aptas a reali?.ar, com o aval dos sens zeladores. Esses, em sua
grande maioria, por motivds variados, resolvem entregar o
"Deká" aof, flllitis, ctim direitíi a císte ou não, e o fa/em indis¬
O Elégún (o Médium) e
criminadamente, entregandtí uma parafernália nas niãos de pes-
ííoas cm sua maitiriíi inexperienteíí e sem o mínimo de
a Iniciação no Candomblé
conhecimentos básicos para desmcnnibirem-se da tarefa para a
qual estão se pro]jondo, como já disse, com o ava[ dos seus
zeladores. Puis quantlo nm zelador entrega a um filho um
"Dek-j" si�tiit'n-a que clc, o zelador, endossa tudo o C|ue aquele
ti lho fizer doravante. Mas nào é bem issu í[Uc acontece. A
maiíiria f|uc não pode pagar, e miiiio bem pago, para obter a
Dentro da liturgia do Candomblé brasileiro, eonio nós conhe¬
"ajíida" nn início, Uca c mesmo perdida "num rnato setii cemos, existem alguns homens e mulheres que se transformam
cachorro".
A essas pessoas (.lesejosas de aprender e entender os rituais possuídos pelos Òrisà durante os rituais, esses sao chamados d e
lyàwíí òrísà (filho do Orixá), Oyàwó - esposa) ou Elégíin Onsà
da religião dos Òrisà, dedico este tjrabalho com tndo àse.
(aquele qite 6 muntado pelo Òrisà) ou ainda, simplesmente, por
médium, na terminologia afro-brasileira. Essa possessão e iias-
AlSãtr T'Ògüft tante notável durante as festas públicas nas cajas de Candom¬
blé, quando se exibem os toques, as dançis e as cantigas rituais
para criar um clima que possa produzir um estado de êxtase
quando os Éllhos são possuídos e acredita-se que as divindades
incorporaram neles, quando então elas se manifestam dire¬
tamente na ptssoa incorporada.
Nessas ocasiões, as pessoas até dizem ou fazem coisas que
normalmente nào diriam ou fariam, transformando-se assim
numa ou ira "pessoa". Então, elas cantam, dançam de maneira
diferente, expressam-se verbalmente e os íiéis recebem suas
men.íagens como vindas daquele Orlsà, que agora está personifi¬
cado no "médium".
Mas, para receber oii ter esta capacidade d e incorporar o
Orisà, essas pessoas têm de passar por certos ritmls de purifi-

2 3
caçãü e iniciação pani, aí sim�cumpridos os rituais, tcrern o hém de outras pessoas que, títmo eu, também tem vontade üe
privilégio de serem t:(.uisidcra«.las especiais, não importar�do o aprcTider pelo menus o básico e enconrrain grandes diticuldides
sexu, a idade, ou o tempo de iniciação. Pois uma pessoa que pos¬ L' {il>s[áLulos por nuitivos diver-íos c ulgiin'' dos quais não devo
suir capacidade de incorporar n fJrisà é vista como um escolhido comentar p;ira nÍo siisciiar ftolémicas e ctmtranar interesses, o
c não existe honraria maior para um adepto do culto do que a ca¬ que me daria "pano para as mangas". Ponanto, (.jiiero deixar claro
pacidade de incorporar uni Ofísi, emprestandíi seu Orí àti ara t|iie não sou doutor nem professor de ,iada, son apenas uni çg-
(sua cabeça e cíirpo) para tornar-se um meio tic comunicação di- bón (irmio mais vciho) que afirenden alguma coisa e rpicr di-
retià do Orisà com os demais fiéis do culto. vnlir coii'i os àhiírò (irmãos mais novos), [lorque eu também
Neste trabalho, pretendo apresenuar e descrever alguns desejo e gosto de encontrar alguém q ue divida comigo seus
desses rituais pelos quais um Adósiiu (nome co mumente usado conhecimenros, [Í, graças üos Orisà, sem[)Te encontro atguértl
para designar as pessoas iniciadas, (nuito embora tenha -se para suprir alguma carência ou deíiciência que tenho, e, conio
co n h eci me nto de q ue esse termo s o me n t e é utilizado para cn gosto disso, ijiicro fazer o mesmo com outras pessoa� �que
os filhos de Sòngó na África, segundo Pierre Verger, mas aqui têm ranibém essas carências c espero fiue realmente seja lítil e
no Brasil é usado genericamente) torna-se aj.ii.(i a exercer este dtí agrado dessa faixa <Jc pessoas a quem me dirijo.
Quando fui iniciado, no ano de 1966, ainda novo, ouvia con¬
papel dentro tia comunidade que cultua os Orisà. Não posso e
versas de algumas [lesstias mais velhas dizendo entre si: "... mell
tampouco tenho pretensão de querer padronizar os rituais pfir
mim descritos, mesmo [jorquc cada casa tem o seu àsç pai-de-santo só assentou meü Exii na obrigação de sete anos,
específico e descende de àsç diferentes, onde certamente ,se en¬ por que laô tem [iressa em ter Exu a-ssentado.�" Isso me espan¬
contram inrimeras variações e nuances da forma de cultuar de tava, pois cu pensava que todo mundo tinha de ler logo o sen as¬
uma casa para outra e que devem ser respeitadas as tradições de sentamento. I loje, já não me es].ianta mais aquilo e tenho
cada uma. Meu desejo é tão-somente colocar os rituais básicos também outra idéia (maneira) de pensar, pnis, conforme fui
para poder sc processar a liturgia de uma maneira mais ou aprendenLlo, tomei conhecimento dos Ojubo (assentamentos de
menos parecida, pois percebe-se uma tliscrepâneia muito grande culto coletivo, ísf.o e, para nma família, vila, cidade, etc,, onde
todos da comunidade cultuavam juntos), o que me íez pensar
entre as casas de candomblé, inclusive da me-sma. nação, e até
entre casas de irmãos de um mesmo terreiro, cm termos de litur¬ questionando os assentamentos individuais, coisa que hoje eu
assimilo tranqüilamente. Mas, isso e coisa que demanda longa
gias internas ou públicas.
Essa idéia iicorrcii-me porque eu mesmo já tive grandes di¬ conversa e explicação para a .sua compreensão.
ficuldades em ter acesso a ensinamentos sobre a liturgia do (Can¬
domblé, pois é muko difícil encontrar alguém que saiba e sé
disponha a ensinar espalhando o conliecimer�to necessário aos
iniciados. Mas, ao contrário, negam-se e levam para o n'lmulo
IN[CIAQ]ÃO DO NOVIÇO
tudo o que aprenderam sem deixar o saber como herança e, sim, '\f> recolher um abígn, supõe-se de antemão que o bàbá ou
aumentando a ignorância geral, o que gera invenções e dis¬ lyálóòrísà já saiba tpial o Òrisà do noviço, por jogos anteriores e
torções das mais absurdas. Ademais, tenho confiecimentD tam-

4 S
por já terem sídü admitidos na casa, cic. Digti isso por achar que H) Wò ariàse (Ejanho das folhas consagradas do Òrisà a ser ini¬
um ibíon, afi chegai: numa casa, não deva ser logo imciado.
ciado).
t'enso tfuc ílcVL freqüentar a casa por algiim tempo, passar por
9) Fárí èkinní (primeira raspagem da cabeça).
rituais de Jijnpesca e propiciatórios, para ir verificando alguns
10) Ebo Èsíi (para o Eku da casa e o Exu que está sendo as¬
tópicoí importantes: tanto dentro dos rituais e m si, bem como sentado).
dc adaptação da pessoa à casa e vjce-versa; pois a jjcssftá pndc
11) El)t< Òrisà {èjè wè nu simdidc, banho de èjè da iniciação
gostar muito da ca.sa, mas não ser aceita por incomparibiJidade dfi lyàwo).
dc idéias ou comportamento, tamisem com a recíproca bem v-� er-
12) Ebíirí (oferenda ã cabeça).
dadeira, na qual a casa tem grande interesse naquela pessoa, qtie O ilbíon, antes dc recolher-se, já deve ter todas as coisas ne¬
aos poucos vai descobrindo coisas que nao lhe agradam e ter¬ cessárias |>ara a feitura, inclusive t>wó (dinheiro) para os animais
mina indo embora. E, íio caso, nãtj havendo empatia c en¬ dos sacrifícios, inuko en�bura algumas pessoas sejam do pen-
trosamento, a relação pode ser desfeita sem maiores problemas .samento de qne primeiro recolhe-se olyàwrt, depois então é que
ou traumas para ambas as partes. as coisas vão surgindo. Eu particularmente não concordo com
Mas, se houver d(ívidas quanto ao Orísà a ser iniciado por essa maneira de pen.sar, pois, assim sendo, ficará uma coisa im¬
ainda não estar definido, o procedimento antes do recolhimento
provisada e ao sabor do acaso dos acontecimentos. Sou da
deve ser: fazer um ebo para Èsíi na pessoa e despachar ná rua,
fipiujãi) i-le i|iie tudo já deve estar esquematizado e os materiais
e m seguida fazer um ebo ik(í, despachá-lo e, dar um obl à ca¬ necessários pmvii.lentíatlos com antecedência: animais, folhas,
beça da pessoa com ègbo (canjica cozida) c àkãsã brancos, e co¬ contas, etc.» c dc antemão saber tpiais os dias e quais obrigações
brir a cabeça com folhas de sai ao. Na manhã seguinte, bem serão feitas; nada de impro\'iso, para fazer coisa séria e bem-
cedo, antes do desjejum, o baba tiii íyá deve retirar a obrigação feita,
do orí d(.i noviço, pegar as folhas de saião que cobriram o orí, Gomo já disse anteriormente, não sou professor de nada e
colocar sobre o àlà e jügar os owó èrò (cauris) para assegurar-st não j�irctendo ensinar, mas sim dar algumits dicas aos que se m-
realmente de qual Otisà se apresentará no orí do noviço. Mas, teres sarem. Para a rdaí.'ão do.>i materiais necessários, cada um
caso não tenha qualquer impedimento desta ordem, o procedi¬ fará aquilo ([ue é de costume do seu pró]}íio ase. mas algLimas
mento é o seguinte: coisas são comuns a iodos e indispensáveis e não podem faltar;
1) Ebo Esíj ònòn (ebó de Kxu nti caminho)- nes.se sentido, darei uma pequena relação dc algumas coisas im¬
2) Ebo ikú (ebó para despachar a morte, doenças e outras ne- portantes e o restante cada um completará de acordo com o ase
gatividades). da sua casa ou até mes mu retirar, sc for o caso. Os materiais ne¬
3) Ebo Onílè (cbtí para o Senhor da Terra), cessários niirfiü obrigação de orí são:
4) Igbá Esii (assentamento de Exu), Obí (vários)
5) Ebo omidím (ebó das águas doces). Onígbó (vários)
6) Ebo omi íyò (ebó Uas águas saJgadas). Ataare (1 fava)
7) Ebo igbò (ebó das matas com oferendas para Ostínyín, 1 �andá-da-costa
Òsâòsl, Aginjíj e jyámi À]é). Aridòn (aridã-1 ima fava mi duas)

7
íkóodídç (uma pura cada iniciado) Aso fidrin (roupas da festa).
Contas (miçanfííííi dti Òrisà eni questão para os Todos os ingredientes necessários pari as comidas (oferendas
ilèkè, mais algiimsis [Jara os ílos do Orísã a screni feitas, a-s comidas sccas c comidas da fcsra).
Omlé (díino da casa) e Orlsà kcji (segundo Estando já tudo providenciado e à mão, prepara-se a casa
Orixá) e para Oòsãàlà para recober o àbínn, fazendo imia limpeza (s a i lídíracnto)- tâo
Ow6 cyn [.n1]>tj (niuiios cüuris para os asscniamentos e en- logo eJe seja recolhido não ocupa o runko antes d e ser sub¬
feires ncccssários) metido às limpezas rituais, a saben
PalhaHJa-custLi (pari fazer os con treguns c pari amarrar al- Eb o Bsíj õnòn (ebó de EsíJ do caminho).
giins apcirechos) Eb o Ikú (muito conhecido como o ebó "de tudo que a boca
Saworo (sc Òrisà pkíjnrin (niasciilint)),no tornozelo come").
direito, se Orisà obinrin (fcnunmo), no tnr- Algumas pes.íoas fãzcm o çbo iklS com grandes quantidades
iiítííclo esquerdo) dos diversos alimentos, mas isso não é rsecessári»; prepara-se .sjm
Àdó (cabacinJias de pcsco<;o na quantidade d c uma boa vancdade de alimentos, mas pouca quantidade de
acordo com a neccssidadc) cada, porque é sigo simbólico e o importante é a qualidade c não
Òrí (vegetal, verdadeiro) a qviantidade das oferendas. E após o ebo ikrt, eritâo, é que será
Ose dúdij {sabâo-da-ccista} dado o banho d e folhas que fora previamente preparado. Stí aí
Efiin então é que o àbíon é recolhido.
Osün Em minha casa�mesmo antes do aparecimento da AIDS,
Wájí adotei o costume de cada iniciado ter a sua navalha e sua
Abe (navalha, uma para cada iniciado) tesoura� porque sâo instrumentos particulares dc cada o ri (ca¬
AUimongàjí (tesoura, também uma para cada iniciado) beça); pois, assim como são necessários durante a feitura, tam¬
Sálilbàrã (1'unfíin {Ijrancos) —chinelos) bém serão necessários na ocasião do àsèsè de cada pessoa na
Qja (faixas para amarrar y OTÍ) preparação do òkú (corpo do defunto) para ser entregue à terra,
Asíj fimfun (roiipa>i brancas) então cada um deve ter os seus, e hoje em dia, alem dc medida
Eni (esieiras) de higiene, serve como precaução da contaminarão de doenças,
Asf> in ura (toalhas) inclusive a AIDS.
Ewé lisu (folhas de Èsíi) Faremos aqui um parêntese para dizer que nos dias em q ue
Ewc Òrisà (folhas dl) Orísà iniciado) se vai fazer ijualquer ttpo de culto io.s Òrisà, jogo dc cauris e,
E riiti pií (os animais paraiis sacritTcios) principalmente, quando se recolhe uma pessoa para obrigações
e necessário que o bàbá ou íyáláàse sc levante bem cedo, antes
Igbá Esfj (cm casio de assentamentos individuais)
de ü dia raiar,
Igbá Orisã (também em casrj dc as sen la meu tos itidi- para fazer os (�o (encantamentos) para pedir
viduais) forças, proteção e ajuda aos imonlè (espíritos). Começa-se com
Àketè (tiiapéii para usar após a saída, no caso dos urna saudação a Onilè (o Senhor da Terra), que pode ser uma
homens, e, se Ogán, já vestido para o onlko) cantiga pequenina como esta:

S 9
Ibá rè Orisà, É atiuele que, se não come, também ninguém come,
ibá (Snílè, E que, quem come é porque lhe deu a sua parte.
Onílç mo júbà awa A quem nós cumprimentamos sempre pela ajuda cm rirar-
(Sua bênção Orixá, no.s os males,
A bênção, Senhor da Terra, A quem nós saudamos alegres sempre por livrar-nos dos
Senhor da Terra, apresento-vos niaie.s.
meus respeitos cultuando-vos.) É aquele que tem o axé do tato, da percepção e da sensibili¬
Após a saudação para Onílè, saúda-se Èsü: dade.
Èsíi òüta Òrisà, Exu, pedra que é o filho cujo pai mora dentro de si.
Osçtura Tofuko íyá rd npè. Ele transforma a pedra cm sal.
Alágongon ijà l'orúk9 bàbã rç npè. Senhor poderoso e inflexível no céu, grande coletor de im¬
Èsü
,•
Òdàrà,
♦ omokfinrin
► ♦ ídó■ ló fí. postos das cidades.
O lé sóiísíí son, orí csè ciccsc. Ta mb é m faz o leite virar queijo sem talhá-lo.
Exu não mc faça mal, não faça mal aos meus filhos, à minha
� .
•**•••
O kòje, kòsi eni je,
Ki eni nje gbèe ní. esjiosa (ao meu marido),
A kíí 1'ówü lái mu t'Esii kúrò, Não faça mal aos meus amigos, aos meus filhos-de-santo, etc.
A kfi ráyò [ái mu t'Esi) kúrò. Assim seja!
Ase 6 tun sé ó si ni itijií. Então, após o ufü Èsü, passamos ao ofò Egúngún:
Esü àpáta sóomo, olóomo I'enun. Egún a yè, kíi sé bo òrun.
Ó tY òkúca dípò iyò. Mo júbà rè Egiin mònríwo
Lógcmon Òrun -a jílá káaJü. A kíí dé wa ó, a kfi ç Egilngún.
Pãpã wàrà atii ká másé sá. Won gbogbo ará asíwájú awo, won gbogbo
b su másé mi, másé won omo mi, másé aya mi, Aráalé asíwájú mi, mo pè gbogbo ènyin
{másé oko mi) Sí fún mi ààbò àti írònlówó.
Másé won Mo tu mb a babá Égún, àsçl
■ òré
■ ■ mi, másé■ won onioòrisà mi, etc.
Àsç! (O espírito para nós sobrevive, é a quem nós saudamos e cul¬
(Exu, oficial da guarda dos Orixás.) tuamos no céu.
Como aquele (jUc recebeu o axé ainda no ventre, sua mãe lhe Aprcfícnto-vos meus respeitos, ó Espí ri tos, ao ouvir o snm de
chama, vossas voTCíi.
Como aqticlc que tem grande velocidade nas pés dentro da Nós vos .saudamos quando chegais até nós, vos saudamos
briga, o seu pai lhe chama. Espíritos.
Exu Odara, filho homem, mas que tamijém usa clitóris. A tüdos os ancestrais lio culto, a todos
É aquele que tem a cabeça pontiaguda c que pode Os ancestrais da minha família, eu chamo a todos vós
caminhar de ponta cabeça (pés para o ar). Para � 'i�em dar-me proteção e ajuda.

10 11
Eu peço a. bÊnção.Fiis Kspíritos, e que assim seja!) 1.'� ) Kí ó rí béè fViii mi.
Logo a seguir, faz-se o ofò lyámi Òsôròngá: 14) E jòwó. máj<S kí òfiòn mi díi,
Mo jííbà ènyín lyámi Òsôròngá
i5) Nfitorí yií ònòn kõ dí mf� n ojíí,
O lònón çjè enun 1 6) Ònòn kò dí mòn oògím.
O tòokòn è]è çdõ- 1 7) Òliuntí a bá ti wí fítn Ògbà, l'Ògbà lígbà.
Mo júbà Ènyin lyámi Osòròrigá
18) Ti (lákòse ní sé láàwüjo Igbín,
O tnnón cjè entin
ly) Ti Ekesç ni se láàwíijo Owij.
O tòokón cjc cdí>.
*■ • mJ * * m 20) QJóojo" Oní kí (5 gbà òrò mi yèwò,
Ejè ó vÈ ní kálÈ o 21) Âjeí
O yíyè, yíyè, yèyé kõkò,
1) Senhor e dono do dia Ifá, ajjresento-vos meus respeitos.
O yíyc, yíyc, ycyé kòk6- Z) Senhor da terra, apresento-vos mens respeitos.
(Mel IS respeitos a vós�minha mãe Oxorongá� .1) Meus rcspeitíis aos mais jovens (novos).
Vos cjue seguíeis os rastros do sangue interior. 4) Metis respeitos aos mais velhos,
Vós t.]uc seguíeis os rastros do coração c do sangue do fígado. 5) Sc a minhoca vai à lerra respeitosamente,
Meus respeitos a vós minha m i c Oxorongá, 6) A terra abre a boca aceitando-a,
Vos qiie seguíeis os rastros do sangue interior. 7) Que a bênção me seja daila.
Vós que seguíeis os rastros do coração e do sangue do fígado, 8} Mtiis res [jeitos aos dezesseis mais velhos (Odíi âgbà).
O sangue vivo tiue é recolhido pela terra cobre-se de fungos, 9) Meus respeitos meu pai... (seu Orixá).
R ele sobrevive, sobrevive, ó mac muito velha. 10) Eu tomo a bcn�-ãa às minhas mães Senhoras dos pássaros.
O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-.se de fungos 11) Meus respDÍtos,Orimmílà, aquele que vive na tem e vive
E ele sobrevive, sobrevive, ó mãe muito velha.) no céu.
Por último,então, faz-se o ofo Olóojó Oní: 12) Qualquer coi-sa que eu tíiga no dia dc hoje,
1) Ofóüjó £»ní Ifá, mo jiíbà rè. 13) Que eu possa vê-la acontecer parü mim.
2) Oíií dáyé, mo júbà rè. 14) Por favor, não permita que meus caminhos se fechem,
3) Mo júbà omodc, 1.5) Porque os caminhos nao se fecham para quem entende o dia,
4) Mo júbà àgbà. 16) Os caminhos não se fecham para quem entend e a magia.
5) Bí èkòló bá júbà ilc, 17) Qualquer coisa que eu diga para Qgbà, que Ògbà aceite.
6) llè ó Ténun. 13) Ilákòse tornou-se o mais imptirtantc na assembléia dos
7) Kí Ibá mi se. caracóis,
S) Mo jribà àwon àgbààgbà mécrindínlogun. 19) Ekese tornou-se o mais importante na assembléia do al¬
9) Mo jtibà babá mi (... Òrisà rè). godão.
10) Mo turn ji'ibà àwon lyá mi eléeye. 20) Senhor e dono do dia�que você ajceitc minhas palavras c
11) Mo jóbà Oruninilà, ó gbáayt', 6 gbóòrun. verifique.
12) Ohuntí mo bá ví� í iMjó ôní 21) Que assim seja!

12 13
Esses podem ser feitos at'cndeniltJ-se velas para Lad a en¬ i4 gratis de atasrc (pimcnta-da-costa)
tidade, para tpjc o anianhoccr do dia as encontre acesas, entãfi 7 velas (brancas eomuos)
ncssL' dia você está preparado [i�ra realizar qiiaJfjuer ciiltn oü tra¬ 7 moedas (correntes)
balho e pnneipaiíiiente i>ar4 o jogo de cantis, l� e acordo com i 7 folhas de mamona (grandes)
o de eaiins só ser feito Com parte do e[nô (dendê) fazer num obcr<5 (alguidar)
traiJi�rãij Yoríjbá, jogo jiodc ciif|iJanto
hctnver a luz dci tlia, nias, durante o jicríodit Je reei>lhiinentu de pequeno uma vela africana cora qnacro pontas (pavios tie al¬
nm lyãw:;. d jogo fica periiiancntemente aberto noite e tlia e godão embebidos no epo) que são at:eaas. Acender iitn fogareiro
eortvéni ser techadíi dnrante esse periodci j� de carvão e fazer uma farofa dc d end ê bem püpa (vermelha),
ara as pessoas ilc íVira
e e.srraTibas à easu, muito embora a maioria não dê iniportâneia ü tendo ü cuidado de n5o deixar qiiejmar. O àbíon fica de pé e ao
issí). Mas deve ser feiici para c vi lar tjuaistjner nef�atividades seu redor faz-se um semicírculo com as folhas de mamona dc
modo que as folhas se toquem nas pontas, e de tíea de frente
datiuelas pessoas nu casa, (pie venham a perturbar o prrteessn de
inicíat�ão ejii curso, [durante a noite, se houver Tteeessidade de para a abertura enire a primeira e a última folha. Quando a fantfa
abrir o jugo num dos rituais, faz-sc uma lamparina tie demíê com estiver bem quente, o babá ou "iyá pÔe sete grãos de ataare na
boca e começa a mastigá-los. Lntão, pega a panela da farofa
pavios dc algodão em.
No of?j de l£sii. ipiando di/� iiiíis oinokiinno ídó lo tí" (".„ quente e divide mais ou menos igualmente pelas sete folhas dc
filho homem, maií <pie também usa clitiiris"), nao se ijiier thzer niamuna já recitandn o ufo fish (será dado a seguir). Ao terminar
com isso tjue Ksu seju antirójíeno, mas Mm ü sua condi�-ão de re¬ a divisão da farofa� o bàba ou iyá passa no jyàwó o trango, (jiic
deve ser sacrificado sob os pés cíini o primeiro çjè escorrendo
gente dos órjíãos e praiieres sexiims, (anrn tios liomens niiatito
das mulheres, e o ijiie rege jl rcjirodii�ão, portanto, comanda os sobre a primeira tolha com a farofa; em seguida, deve ser seguro
o frango tlc modo que ele não se delmta e regar o restante do èjè
nrp;ãos sexuais maseiilmos e femininos. I"., em outros tópicos, en¬
nas outras folKa.s. Ao chegar à última folha não se retorna. Deve-
fatiza-se prulcr infinito e inesgotável ilc íisíi, com proeftis fpie
se esperar ate □ frango morrer (isso ti ido recitando o ofò e
somente ele e e-jjia/ de realijíar e o ia/ jiara mosrrar a rrklos o seu
fazendo p ed ido s para a segurança e integridade do àbíon),
(loiler e suü magia e obier respeiio por issij. 1'jnibora haja am¬
bigüidade, esta é uma earacterísriea de Ksii. ser ambígiif.»: ser p ed i nd o abertura de caminhos para iniciar os rituais e renrar
as ncgatividEídes. Após a morte do frango, coíoqne-o muna bacia
Ixim, ser mau, excitar o mailio ou a fOmea, taaer coisas [lossíveis
e impossíveis é inerente T.sü. junto à primeira folha e comece a cortá-lo cm sete pedaços qiic
Kctornandí) aos nossos primeiros nniüis, temos ainda aJfio serão distribuídos lim para cada folha com farofa (inclusive os ór¬
gãos m tem os com as tripas são considerados uma das sete j.iar-
para etimpleiiieuiá-los. no caso do eb(_> Ksil C)nòii (cbó para cxii
mis eaminho--), um dos ijiic cu at ho fáceis e basiante eílcientes pois o früngo é cortado com penas e tndo pelas juntas nas
íisas rente ao jieito, são Unas partes; as cuxa�junto à carcaça, são
pira despachar ne;�auvidades, até mesmo a(|iiclas com inHiién-
íTiais duas; abrir o peito e renrá-lo m te iro com o pescoço c a ca¬
cias dn Odíi OkònrÈin, é ti se�iiinrer
1 kg de íannha de main.lioca ícruii) beça, com esta completam cinco, depois se retira tudo de den-
1 frango (ilc i jualijiier cor) já são seis; por óJtimo a carcaça inteira; e senipre recitando o
e fazendo jjeditios). Logo ajiós, lavam-se as mãos, então pegam-
\IZ litro de e|io |)ll])a (dendê)

14 15
st: as velas í�uc Jevtiii üt:r passaUas no c()r|i(> do àbíyn, iiiiia üc; y) Exii. Senhor poderoso c inflexível no òrun (céu).
cada vez, e ucendidas junio às tolhas, Jn primeira [jara a liitirna lí}) Não permita t|Uc cu (oti fulano) - veja a .sua briga.
nu mcMTia ordem. I.snçi tciu>, pc� � a-sc um grâíi dc ar.aarc c; dá-sc i 1) Exii iiio me taça mal,
jiara o àlm>n masiií�ar, juntamente com uniü moeda para qnc ele 12> Nüo faça mal a (fuUno.,.)
passe por tüdo o airpo, tJa cabeça ans pés. Quando terminar tlc 13) fJc-nos licença nos caminhos,
passá-ía, :i bàbá oi.í íyá levari ca o ptda�;!! ilo frango da primeira 14) Faça com que os caminhos dc (fulano...) sejam bons, etc,
foi ha c n kbíon coJüca a ni"c;da enterrada na fartifa c cospcr a sa¬
IS) Assim seja!
liva atii 111 n Ilda pela mistiga�.:ão d ti íitaarc, e ü-smÍtH .sutcssi- Ao terminar este ebtf, sc houver espaço si: fiei ente para fazer
varneiue stc a nltiiiia tolha. o cbo ikú, ertiza-se n àbíon com uma t|uartmha com á� ua e ti ra¬
O üto Èsfi é o .segiiincc; as velas acesas
se-o dü semicírcilio deixando enquanto faz-se o
1) Èsíj
■ Òdarà,
M ebo ikií, também concmuando � eesas as velas africanas (o d cndc
2) Onílc künfçiin-kiín� Jn òdc ônin. do oberp). Mas, .sc nãcj houver espaço suficiente, o próprio
3) O bá {ibmrin jç, àbíon, antes de ser retirado, ayiaga as velas com as pontas dos
4) tJ bá [ikflnrin mii. dedos lima a uma, da primeira jiara a líltima.
,5) Oníbodc õnin. í) ebo e recolhido folha por folha cuidadosamente para não
6) Ràbá oi
rasgar e entornar, e colocado mima bolsa ou saco para ser
7} \Va gbèèiiii 6! (no c-jsti, Wá ghc... nnmc do àbíun)
despaehiido p o ster io r me nt e j u n to com o outro çbo.
8) Ügá kl ó rí jé nínil ítiàni, Pariiodü~se da premissa de que o çbo ikú já csccja todo
'í) Esíi liigcnión òriin.
preparado, tudo deve ser passado pelo corpo do ibíon enq uanto
U)} Májé kí mu (fígbájá...) rín ijà rç. se canta:
1 1) Èsh másé mi, Sáárá rc ebo kú ònòn,
I Z) Másc (lá�bájií...) Sáárá rè ebo kií onòn ó!
13) Agò Tonòn Ti in wa, (Sacudo-lhe com ebó para pôr a morte no caminho (mandar
14) S onòn (la�hájá...) ní rcre, embora)
15)Asç!' Sacudo-lhe com cbó pata pôr a morte no caminho!)
I) E>í;ij ÒJara, O lyá gbálè lérí ó, ó iyá gbálè.
Z} Díino da easa cujas fronteiras estão aemia dft cetti i.lo céu Ó lyá gbálè lén ó, ó \yá gbálè.
(mtlnito) Gbálè, gbáiç kiní í;órí 6,
3) Voeê i|Tie come eoni a mulher, Ikii gbálè lérí ti, ikú gbálè ara ri lo.
4) \'i)eê (.|Lie IkiIjc como homem, (O mãe. varra sobre a cabeça dele, ó mae varra.
5) l�orteiro do eéti O mãe, varra sobre a cabeça dele, ó mãe varra.
b) i'ai! Varra, varra o que estiver sobre a cabeç~a dele,
7) Venha �dcorncr-me (nn casn: venha sfjtíurrcr... nome di> lyàwò) Varra ikri de sobre a cabeça dele, varra ikú para que ele vá
8) O chefe c|i:c é vjsro sempre e está dentro da confusão. embora do seu corpo.)

ify 17
o ebo ikú; o
Kssa c unia cantiga de O� a que c apropriiida para dcscarrc- Èsü, ia-se a um local fechado do igbó para se fazer
p;t»s. tendo uí ikíí o significado de morte, inüin-c�isos, caminhos ebo era feito em local da mata diferente para os Òrisà igbó
tc<.:hadu!>, má sorte, doenças, cic. Ikú - floresta dos mortos; Igbó Ò r í j à - floresta dos Orixás);
(Igbó
Ao rcrininar dc passar tudo pelo corpo do àhíon, risga-.se coda os ebo omidíin (água doce) eram feitos diretamente nos rios,
a sua rniipa ((|ut: dcvc ser velha c ter sido usadü por todo o di.i), onde logo após já eram banhados us lyàwó antes
do an is e
([lie tlcve ser também despachada junto com o çbo. Baic-sc o (banho das ervas). HS pessoas que ainda gostam de faac-lo as¬
SCO corpo todo com as folhas escolhidas para o sacodimento, de¬ sim, mas isso só é possível quando se tem uma grande área para
pois ele é envolvido num lençol branco e levado para o banho, a casa de candomblé, onde se encontram matas, nascentes de
estranhos ob¬
ap()s o <jiic ele receberá as roupas novas c será recolhido ao água e se tem privacidade para cultuar sem olhos
rnnko, significando cssc ato que ele está trocando a.s roupas servando. Como ne m sempre se pode ter o ideai, temos de tazer
mundanas pelas vestimentas do culto, onde ele renascerá peJa o possível no caso de q u em não tem a felicidade dc ter uma
força do Orisà. grande área para sua casa dc culto, o mais aconselhável, penso
Uma coisa tjue deve ser ainda observada é cjue antes de eu, é fazer os ebç em casa, passá-los todos no íyàwo e depois
preparar a ení (esteira), coloca-se sob ela as folhas jmpnrtantcs levá-los cada um ao seu lugar dc destino, evitando assim que ele
do Orisà do iniciando. Isso sj�nillca simbolicamente qtie ele se acabe de passar pelas limpezas e ao retornar passe por coisas de¬
recolhe ao igbó (mato) onde terá como cama as folhas do sen sagradáveis, como por exemplo: acontecer um acidente de es¬
Òrísà. Sa!>e-sc que antigamente era costume tanto na Africa trada com mortos, ou passar peJa porta do cemitério, ou mesmo
comu aqui no Brasil recolherem os lyàwó no mato püra os rimais uma brigíi c air»da outras coisas desagradáveis que podem vir a
de iniciação c, ijuando esse costume começou a ser abolido, invalidar toda a limpeza já feita, O indivíduo consciente, ao sc
aintia persistiu a prática de libertar o lyàwó "virado" no Kre (cri¬ deparar com uma dessas coisas, tem de tomar providências para
ança) jior alguns dias para recolher a.s folhas dti seu òrisà e sobre¬ afastar os efeitos que uma delas fatalmente terá sobre o íyàwó
viver no igbó por um determinado período, o tpie era futuramente.
considerado uma grande prova de <|ue se estava iniciando um Agora, voltando ao nosso íyàwó já recolhido ao runko, limpinho
Orisà verdadeiro c não um èké (mentira, falsidade). Mas, hoje e de banho tomado (ariàse), a providência inicial em seguida é dar-
em dia, não é mais possível fazer isso, pelo menos aqui entre lhe um obí à cabeça, que é a primeira e pequena obrigação q ue
nós, por causa de uma série de dificuldades iK�asionadas pelo o orí receberá e que necessita dc:
sistema de vida moderno e urbano vivido por nós; então, há que 1 obí idárin (obí dc quatro partes também conhecido como
.se fazer adaptações ao nosso tempo sem, contudo, mudar total¬ obí àbàtà)
mente a tradição, ficando pelo menos a representação dafjuilo 7 ou 10 àkàsà brancos {de acordo com o odíi que responder
que se fazia antigamente. para Oòsàâlà)
Outra coisa tjne também era feita antigamente era o eostiinie Egbü (canjica branca cozida)
de se fazerem os ebo em seus locais diretamente, ou seja, no 1 quartinha tie barrt)

próprio lyàwó, mas nos locais diretamente onde esses ebós se¬ Orí vegetai
riam despachados; então, saía-se para o caminho para fazer o ebo Efiin

18 ly
Dandá-da-cosca Em scguula, repetem-se os gestos e as palavras na mesma or-
Falhas do Orísà (para cobrir o orí, o mais comum é usar o detn, só que dcsTa vez passando efun com o atin de Ofisààlà so¬
saiãy, uma das fui lias de Òòsààlà para essa finalidade). bre os locais com òrí vegetal.
Òjá turihm (faixa branta para amarrar n cirí). Em scqüência, toma-se o obi cam as dua-s mãos, molhando-o
Esse ritual comcça com as saudações ao orí liuíyàwó: na água da quartinha, que deve ficar destampada por todo o
Agò fiin mi Orí, àgí) ffin mi Orisà. tempo, c diz-se:
Agò fim mi Òrisàrílá Kãbá Òkè. Orí ó, mo ripÈ èriyin, wá gbà obí, wá je ubi!
(Dc-me liccQ�a cabeça, dê-mc licença Orixá. fÓ cabeça, eu vos chamo, venha receber obí, venha comer obí!)
Dê-me litícnça Grande Orixá, Pai acima dc rod os í) Deve ser recitado seguranüo-sc o tibí sobre a parte superior
Orí mo kfj ç pçlç ó! do orí, onde já se tinha passado o òrí c atin e, e m seguida,
cruzando o orí naquele mesmo sen rido dc antes. O adn é o
Àgò yò Olorí, àgõ yÈ Eléèdá!
mesmo que a conhecida "peniba", só que n arin não c simples¬
(í�abeça cu vos safída ddicada c gi;n til mente!
Com licenga, satvc o Senhor da cabeça, com liccnça, mente aquela pemba branca raiada e que se compra nas casas de
Salve (t Senhor da Criação ÍCJlódfimarc.) erT. as, mas um preparado com er\'as c raízes secas d e Oòsààtà e
outros ingredientes. Terminada a invocação, parte-se o obi com
Essas síiUdações são feitas masrigando-sc o dandá-da-costa. os dentes e retira-se aquele pequeno talo que fica no seu inte¬
Após as saudações, pega-sc irni poiicu de òrf (manteiga vegetal) rior, também com os dentes. Juntam-se as partes, molha-sc no¬
e esfrcga-se na parte dianteira J o orí dizendo: vamente na água da quartinha, e então se joga para saber se ü ori
Àgò àsíwájú orí! respondeu e se podemos continuar o ritual.
(Dê-me licença frente da cabeça!) Sc caírem duas jjartes convexas para cima, é Obi í d á m é j í -
Depois na nu ta dizendo: significa sim.
Agò [çèhin orí! Se caírem três, é Obi ida ata—significa não.
(Dê-nie liccnça parte dc trás da cabeça!) Sc caírem quatro, é Obi itláarin (âláfíà) —significa sim.
A seguir, do lado direito dizendo: Ou, se cair apenas uma, é Obi kon (òkònròn)-significa nao.
Se cair uma das respostas negativas, deve-se rever o q ue foi
Agò òtnn orí!
( Dc -me licença Jado direito da Cíibeça!) íeito e tornar a chamar ü orí para então jogar novamente o obi.
Caindo alguma das respostas positivas, é sinal de ter sido aceito
Depuis do lado esquerdo dizendo: e consentir no prosseguimento. Toma-se, então, uma das partes
Agò fisí nrí!
dü obi, que deve ser dividida e m um pedaço para o babá ou iyá
(Dê-me licença ladu esquerdo da eabcça!)
e üutro para o iyàwó, que deve mastigá-los sem, entretanto en¬
E por ííktmo esfrega-se o òrí vegeta! no alto da cabeça, dizendo:
goli-los. Outra parte deve ser dividida entre as demais pessoas
Àgò òkè ori� ! ou Àgò ààrin orí!
(Oc-mc licença alto da cabeça, oil dê-me licença meio da ca¬ presentes, o restante vai para a quartinha. Enquanto se mastiga
o obi o babá ou iyá, que estiva com o dandá-Ja-costa na boca,
beça!)
continua fazendo pedidos de felicidades e tudo de bum para o

20 21
iyãwó. Depois iJc bem mastigado o obí, pcga-sc iim àkàsà Jc- todas as criaturas vivas
senrolutlo mas seguro ainda pela follia dc bananeira, recollic-sc a o Senhor Supremo da criação c que criou
da Terra), agradecendo-lhe por ter criado aquela crianira que agora
pane mastigada do àbíon sobre o àkàsà c, com a boca, «i bãbá ou da luz
lyá coloca a sua parte sobre o ponui alto do orí anteriormente está renascendo no Awo (culto). Saudamos a força e energia
do Sol, a força c energia da Lua (pois sabemos que atração lu¬
a
preparado, junta com a do àbíon no àkàsà, põe um pouco dc os mais
nar pode interferir nas marés, vulcões, etc., c, segundo
ègbo (canjica) c cobre tom as folhas de saião. Então, canta-sc o
seguinte: velhos, sobre o plantio e colheitas, deitar galinha para tirar ninhada
de pintinhos, etc.). Saudamos a chuva, cliuva que cai sobre a terra
Ajàlá orí, orírçwà. l'ewà, I'ewa. haver nascimentos
Ajàlá orí, orí I'cwa, Tewà, t çwà. propiciando-a e ferõlizando-a para que possa
Opé ènyin Edijmarè, wá orí e kú ó. e renascimentos das criaturas vivas por sobre e sob ela. E, enfim,
feliz e que estas forças to¬
Opç ènyin Edümarè, wá orí e kú ó. pedimos que o orf (a cabeça) acorde
E kú ó òrún. e kii ó Òsíipá, e kú Ojò, das despertem essa calieça interior dentro do culto. Esse desper¬
Òjò bò ilè. tar significa o nascimento no awo (culto), pois a cerimónia de
e
E kú ó oòríin, ç kií Osíipá. e kii ó (� jò, iniciação tem o significado do renascimento do nosso orí sua
Ojò bò ilè. comunhão com o Òrisà. .\í cntâo nos chamamos essa cabeça para
Ire orí ó jí, o jí ire orí. vir 30 awo para ser cultuada e para guiar aquela pessoa que até
Ire orí ó jí, ó jí ire orí- então era feito de uma maneira inconsciente e que de agora cm
(ürixá ([iic molda as cabeças, a cabci� -a está linda, linda, Imda. diante passa a ser dc maneira consciente e direta.
Orixá cpie molda as cabcça.s, a cabeça está linda, linda, linda. Terminadas a.s saudações, enrola-se u orí com o òjá funfun e põe-
Vos agradecemos, Senhor .Supremo, venha à cabeça, vos se o iyàwó para dormir e, junto ao seu orí, ficam a quartinha com o
saudamos. obí, as vasilhas com ègbo e kkàsà e uma vela de sete dias acesa.
Vos agradecemos, Senhor Sujiremo, venha à cabeça, vos Embora algumas pessoas tenham o costimie de, desse dia em
saudamos. diante, acordar o "iyàwó de madrugada para tomar o banho e
Saudamos o Sol, saudamos a I� ua, saudamos a t�hin a, fazer as rezas, cu particularmente acho que nesse dia deve-se
(� -huva i|ue cat sobre a terra. deixar o iyàwó dormir enquanto quiser, pois há pessoas que dor¬
Saudamos o Sol, saudamos a Lua. saudamos a (Miiiva, mem às vezes até dois dias seguidos, pois es.sa obrigação é muito
(jhiiva ijue cai sobre a terra. relaxante e deixa a pessoa cm estado de calma para reccbcr o
Feliz a cabeça, acorde, acorde feliz a cabeça! restante do ritual. E termina assim essa primeira obrigação
I'eli/ a cabeça, acorde, acorde feliz a cabeça!) para o ritual da iniciação. E tão logo o àbíon c recolhido, coloca-
líssa orin (cantiga) significa a satidação à Ajàlá i|iic e t> Orjsà se uma quartinha com água atrás do portão da ma para despachar
funfun que molda as cabeças no ònm (a cabeça interior, espiri¬ qualquer pessoa que chegue. Mesmo as da casa que esriverem
tual e (|Uc c moldada anies ilo nascimento ITsico na terra), que ajudando e que foram à rua, na volta tem de ser despachadas no
são esc(»lhidas jior cada um de nós antes da vinda para o ayé portão ou elas próprias despãcham-se e colocam a cjuartinha no¬
(mutido). Saudamos lülumarc. f> mesmo <|Ue Olódimiarè (Deus, vamente cheia d'agua no lugar.

22 2�
Tu d o deve ser preparado cedo, durante o dia, bem-feitos,
EBO
• ■ ONILE« àci edé (cxbola e camarões), iyò (sal)
temperados com àlíibósà
para aqueles Òrijà q u e
aceitam, epo (idem). Cedo, pela manhã,
Após o obi à cabeça, que já pode ter sido Icvantadci ou não, a E ainda, du¬
deve-se sacrificar para o Èsii ilé (o Exu da casa).
obrigação seguinte c o ebo Onílç (oferenda ao Senhor da Terra), ra nte o dia, devc-sc fazer um buraco nu m local do çgbé (terreno
(|ue deverá ser feita da scgiiiiice maneira, da casa) de tamanho suficiente para receber todas
as oferendas
Para o ebo Onílè tem-se de dar todas as oferendas Assim q ue anoitecer, o ritual pode ser reali¬
que serão que serão dadas.
entregues ao Orisà do iyàw6, inclusive, se houver possibilidade, zado. Traz-sc o lyàwd até o iocal onde foi cavado o buraco, o nd e
até mesmo ako ou abo ewúré (cabrito ou cabra) com os seu
quatro as oferendas já devem estar prontas. Tu d o é passado peio
galos c a etò (galinha-d'angola) e mais obl, orógbó, comidas se¬ os cie en¬
corpo, sendo primeiramente os animais; t|Uadn3pedes,
cas, epo, oyin, iyõ (se não for de Òòsààlà ou Sòngó, sendo q ue
costa o seu orí (cabeça) com o do animal, e as aves são pa.ssadas
os de Sòiigó não levam também o obi). Mas se, as aves,
por acaso, não nele. Após encostado o seu orí o» tendo sido passadas
for possível ao íyàwó ofercccr os quadrúpedes, pelo menos um buraco. Não
estas são sacrificadas, logo após, naquele esquecer
galo ou galinha c o etíi devem ser ofertados para Onílè. Vere¬ que o bàbá ou lyá deve estar mastigando os sete grãos
de ataare
mos uma p eq uena relação de algumas cojsas necessárias e in¬ Onílc a boa sorte
(pimenta-da-costa) e fazendo os pedidos a para
dispensáveis que devem ser complementadas, como já disse do lyàwó, cantando a segiiir
anteriormente, pelo ase da casa: Ibá rè Òrisà, ibá Onilç,
l àkükodie (galo) ou abo adie (galinha)
Onfle mo júbà aw� o!
1 etíi (galinha d'angola) Sua bênção, Òrisà (Orixá), sua bênção, Senhor da Terra!
1 obi (exceto para Sòngó)
Senhor da Terra, meus respeitos ao cultuar-vos!)
1 orógbó
Ibá, ibá, íbá Oníiç,
Epo pupa (deiitlê), exceto para Oòsààlà Onílè mo jljbàl
Oyin (mel), exceto jjara Osoòsi (A benção, a benção, a bênção, Senhor da Terra,
lyò (sal), exceto para Òòsààlà, Sòngó, Yemonja. (Sc o iyàwó Senhor da Terra, os meus respeitos!)
for de Oòsààlà, todas as oferendas E wá Onílè sére ló bò,
prescindirão do epo e iyò, isto
é, não levarão deride nem sal; serão,cnmo di/emos co mumente Onílè sére ó!
nas águas de Òòsàklà.) (Vinde, Senhor da Terra, cobri-lo de felicidades,
Egbo (canjica branca cozida, oferenda que não pode faltar). Senhor da 'Iberra, faça-o felizl)
Âkàsà (brancos e vermelhos; se for para Oòsààlà ou outro Cantam-se as cantiga-s re|)etidamentc até que acabem de pa.ssar
Ôrisà que recuse epo (dende) por ijualquer motivo, somente os todas as oferendas pelo corpo do í>'àwó e sejam colocadas no
brancos devem ser ofereci ti os). buraco, ao lado e em d ma dos animais. Ao terminar, coloca-sc o
[su (inhame). epo (JendÉ), observando-se sempre o èèwò de Oòsààlà e canta-se:

Omi (água). Kpo ní crò ní o ojú Olgojà
Gilgúru (pipocas) Kpo ní çrò ní ó ojrt Olóçjá!

24 25
(O azeite-de-dcndc 6 calma, o Senhor do mercado é teste¬
munha! IGBA ESU
O azeite-de-dendê é propiciação, o Senhor do mercado é
testemunha!) o próximo ritual agora é moldar o igbá Èsíi (moldar o assen¬
Em seguida, pôc-se o iyò e canta-sc; tamento de Exu), nas casas que fazem assentamentos indi¬
Kíkorò má wàyè iyò, viduais. Algumas pessoas podem estranhar por eu dizer isso,
Kíkorò má wàyè iyò. mas digo porqiie não 6 costume Yorííbá fazerem-se assentamen¬
O dim \và àwa iyò, tos de Èsii e Orisà Individuais. Eles costumam fazer um assen¬
O ní ayè fun wa iy6! tamento coletívo {Ojribo), onde todas as pessoas da casa cultuam
(Que a. vida não seja amarga com o sal, juntamente; ou ainda, numa vila ou cidade em cujas entradas fi¬
Que a vida não èsteja amarga com o sal. cam os Ojtibo Esii e em outros determinados locais os Ojúbo
Ela será gostosa para nós com o sal, Òrisà, onde todos os habitantes dt> lugar vão cultuar, fazer
Ele é vida para nós, o salí) oferendas, pedidos e pagar promessas por graças alcançadas.
Por último, coloca-sc o oyin e canta-sc: Embora estando aqui onde nasci e tendo aprendido à nossa
O dfin bá tí olà, maneira afro-brasileira, acho mais lógica e sensata a maneira dos
1 bá ó tí olà! Yorübá, mas isso é um assunto polêmico e vasto para explicar o
(Ela seja doce c com fortuna, porquê do meu ponto de vista, devendo ficar para outra ocasião.
Abençoe-a cora a fortuna!) Por ora, estamos supondo ser uma casa que faça Igbá indi¬
Nesse caso, como já disse anteriormente, não é meramente a viduais. Existem também várias maneiras e costumes ado¬
riqueza física financeira, mas um conjunto de coisas boas para as tados para fazer os assentamentos. Então, cada quaJ deve
nossas vidas, pois o oyin (mel) representa as coisas boas da vida. fazer à maneira de sua casa. Mas, seja qual for a maneira de cada
Isso terminado, cobrem-se as oferendas com a terra dire¬ casa, as coisas comuns a todas elas são:
tamente sobre elas, dcíxando-sc queimar no lugar uma vela afri¬ 1 ferramenta de EsCi (feita conforme o gosto da própria pes¬
cana (que deverá ser feita antes de começar o ritual e continuar soa)
queimando após o término deste. Faz-se uma de quatro pontas, .\mòn (barro)
com pavios de algodão num oberg com epo pupa — ticndê (o al¬ 17 ímãs
godão ideal para fazer as velas africanas c o algodão não-Índustri- 17 owó çyç (cauris)
alizado, pois este queima melhor e suavemente, ao passo que o 17 moedas (correntes)
industrializado faz um fogaréu que às vezes estoura o obero). 1 òkúta (pode ser da rua, rio, minério de ferro, etc.)
Isso feito, o íyàwó pode voltar ao runko, de onde só sairá no¬ l obe (faca, sem o cabo de madeira)
vamente na próxima madrugada para o ariàse (banho de ervas) e Ouro
retornar para as àdúrã (rezas); durante esse período, o ariàsç é Prata
feito com o àgbo da casa, o ãgbo do lyàwó só será feito às Chumbo (ou estanho)
vésperas do fárí ekinní (primeira raspagem da cabeça). Azouguc

26 27
51 ovos dc
panela barro, de ferro ou um vaso de barro isso faz com que a argamassa ao secar fique impermeável e não
(caquciro)
entranhe o èjè dos sacrifícios.)
Álcool
Na panela de barro, colocar o ferro, adicionar um pouco de ál¬
Aguardente
cool sobre o ferro c um pouco dentro da panela e acender o fogo
Ataarc (pimenta-da-costa)
e, enquanto isso, prepara-se uma brasa de carvão bem viva
Efim
Osfin (acesa); e assim que o fogo da ferramenta apagar, colocar junto à
sua base um dos ímãs c um pouco do bagaço das ervas do àgbo
Wáji de Esti; vai-se ouvir um chiado do f eno qiiente e, quando ces¬
Òrí (vegetal)
Adri (1 cabadnha dc sar, colocar em cima do bagaço de ervas a brasa bem acesa e cm
pescoço) seguida adicionar um pouco da argamassa ao redor da brasa e
Obí
por cima dela colocar o õkúta (pedra); então, termina-se d e co¬
Oróf� bó brir o òkúta. Por cima da argamassa distribuir o ouro, a prata, o
Agbo dc Esi) chumbo ou estanho, o azougue (tendo cuidado para não
Epo pupa (dendê) manusear, porque sendo mcrci'irio, é altamente tóxico), Í7 grãos
lyò (siii) de ataare, o obí (ãbàtà) e o orógbó. Após isso, cobrir tudo ate uns
Oyin (mel) três a cinco centímetros da borda da panela de barro. Acertar a
Eéd)1 (carvão vegetal)
argamassa (que deverá ser teita com uma colher de pau). O restante
As ervas para o
àgbo de Esü podem ser; dos ímãs deve ser espalhado uniformemente pela ferramenta- De¬
Cançaiição pois fincar à frente da ferramenta a faca, com a ponta para cima
I'rtiga (o sónsó çbe Esu - a faca pontiaguda de Exu) e colocar arru¬
Arrcbenta-cavalos madas ao redor as moedas e os owtí eyo, fixando-os no amòn
( kimi� o-ningucm-pfidc (barro). Então, prende-se o àdó (cabadnha) do lado esquerdo da
Fortuna ferramenta (olhando-a de frente é o nosso lado direito), por meio
Baba-de-boi dc uma trancinha de palha-da-costa. Ao terminar, deixa-se secar
Tiririca ao Sol para esperar o dia dos sacrifícios que serão feitos sobre
Saião ela. Enquanto isso, ao tempo em que o igbá seca, vão sendo fei¬
Picão tos os outros rituais. Durante rodo o tempo em que se confec¬
Ou, na falta d e alguma delas, pode-sc colocar outra ciona o igbá Esü recitam-se os ofô Esu.
substituí-la. para

Pfcpara-sc o àgbo eom as ervas, onde deverão ser lavados to¬


dos as objetos do assentamento. Faz-se
amòn (barro), os ovos, a
aguardente
uma argamassa com o
(um
EBO OMIDÜN iE6ó de água doce)
pouco), çfun, osiin,
wáji, òrí, ep o pupa, iyò, oyin c àgbo e reserva-sc. (A
não leva cimento industriai como argama.ssa Estamos ainda nos prcparaovos para tazer a obrigação princi¬
muitas pessoas cosDunam
pôr, pal, que é o ritual da iniciação propriamente dito; por isso, tere-

28 29
serem àiníyò (sem
mos de fazer oferendas aos imonlè
(espíritos) para pedirmos li¬ Chamo apenas a atengio para o detalhe de
levar cpo p up a
cença e ajuda para nós e o lyàwó; cntáü, agora, é a vez dos sal) as comidas de Yçmonja, q u e podem ou não
imonlè omi (o.s espíritos das águas). Essas oferendas são feitas Òrisà odò (Orixás dos rios), esses ele¬
(d end ê) e, para i|ualquer
o dc cada um,
com as ctimidas üos Onsà üdn (Orixás dos rios) mentos podem ou nào, de acordo com "carrego"
que sâo: Çlsún,
Oya, Yenrion}a e Obá, onde sào ofertadas comidas secas desses ser oferendados, ficando totalmente proibidos para aqueles que
nas águas d c
Orisà e que devem ser levadas até um local de rio de li verem ligação com Oõjààlã, que nesse caso serão
águas lim- no azeite
[)as, coisa difícil por aqui atualmente, mas não impossível c m lo¬ Òòsààlà ou feitas (cozidas) no òrf ou, na falta deste,
cais afastados. doce.

EBp OMIIYÒ {Ebó de água salgada) EBO IGBÓ {Ebó das matas)
e
Como no ebo anterior, esse elxj reverencia os imonlc omi
« ■ '
Esses ebo, como todos os outro,;, são para pedir licença,
r *
• *
desta feita aos Òri.sà Igbó (Orixás das matas) com oferendas para
(espíritos das águas), sendo que agora é de omi iyò (água sal¬
e não Agonjú da família dc
gada). Entãíi, nesses casos, as oferendas serão feitas para Oí<�üsí, Õsónyin, Agjnjü (Origà Igbó
mas q u e
Olóòkun que, segundo a
mitologia Yorubá. em alguns icòn Sòngó) e iyámi Àjé que não é propriamente Òrijà Igbó,
(histórias), é a mãe mitológica de Yçmonja, embora seja e cultuada nas cercanias das matas por serem locais afastados e,
elas de reunir-se nas
Vçmonja um Orisà odò (Orixá de no) das águas doces; isto expli¬ segundo lendas sobre as lyámi Ajé, gostam
caria o porque de sc cultuar florestas e m seus concílios.
Yemonja na foz do rio, q ue e o local
de encontro da.s águas dos nos com as Como os demais çbo, estes deverão ser passados no lyàwó e
águas do mar, isco é, o en¬
contro das águas doces com as águas salgadas, na
formarão das levados ao seu local de entrega com as comidas apropriadas para
espumas. Olóõkisn pode ser reverenciada de qualquer lugar cada um dos Orisà de acordo com o ase da casa.
possível de se atmgirem as águas do mar, mesmo que atirando as
oferendas do alto, dc uma
ponte, um penhasco, etc.. ou na ■ *«
própria praia. E por não sc terem muitos conhecimentos do
culto dc Olóòkun no Brasil, nós costumamt>s lhe oferecer as
WÈ ARIASE {Eatiho dasfolhas dos Ònsà)
comidas recebidas por Yemonja, sendo
que, no caso presente, Uma vez terminados os ebo àgò yc {ebó para coíicedimento
temperadas com iyò (sal), que é vetado às comidas de Yemçnja.
dc licença) c q u e se vai cuidar do àgbo do iyàwó. De ve mo s
Segundo alguns itòn (histórias) Olóòkun é Orisà feminino,
sendo a mãe de Yemonja, em outros é Orisà masculino chamado colher todas as ervas para aq uele Òrisà (já definidas anterior¬
de
Maloòkun, sendo um dos filhos de Agbonnjrègún. mente), faxem-sc oferendas para Esíi bem ccdo antes
deve ser feita n u m
Falando das oferendas, não as estou especificando, começar a quinar as ervas. Essa maceração
porque clima dc respeito e cantando-se os orin Òsónvin (eu, particuJar-
todos ou a maioria sabem como fazer as comidas
para oferendas dc Osónsin dividindo-
aos Orisà. cada um dc acordo com o àse de sua mentc, não faço distinção entre as cantigas
própria casa.

30 31
as cm "sassanhas" c cantigas dc "barracão", sinceramente
não sei onde está a diferença, postei que as cantigas dc Osónyin àkàsà funfun (acaçás brancos);
atin dc Oòsààlà;
são cantigas dc louvação a esse Orisà, que é o Òrísà ewé (Orixá
atin para os gbcrc (as incisões também chamadas de curas);
das folhas), então é o bastante vc>:c louvar o On� dax folhas revercn-
aljc (navalha);
ciando-<i respeitosamente) e fazendo a marcação do ritmo com uma
aliimongàjí (tesoura);
igbá sére (uma cabuv'A pescoço), cujo barulho representa o saworo (o guizo já preso na palha-da-costa de molho no àgbo);
barulho da chuva que é a Ijênção para as folhas e codas as plan¬
ose dúdú (sabão-ila-cosca);
tas. Depois dc maceradas, acrcscenta-se um obi (se não for tilho 4 * ■

de Sòngó) e um orógbó ralados, estando assim pronto o àgbu do aso inura (toalha);
ilekè (os fios-de-contas e o, aqui, chamado, quclc)
íyàwó. Km algumas casas é costume fazerem-se sacrifícios de
aves e ate colocar èjè dc animais maiores e ainda o restante dc contregims c umbiguciras (amarras de palha-da-costa);
òrí (manteiga vegetal);
oferendas, o que nao contesto como errado nem aplaudo como
certo, apenas penso diferente, o isç cwc (o axé das folhas) é o çfun;
osun;
q ue obtemos na confecção do àgbo, e não vejo por que qucrcr-
se acrescentar o àse do wájí;
çjç pupa (axe do sangue vermelho ani¬ obi;
o
mal), qual terá dc ser introduzido,sim, mas no seu mo menta
orógbó;
próprio, q ue c o das iifcrendas dos sacrifícios. Portanto, acho eu
dandá-da-costa;
que o àsç cwé (axé das folhas) deve estar puro, somente com o
qiianinha com ágiia (quartinha de barro);
cjè ewé (sangue das folhas). velas (de sete dias);
Uma vez pronto, o àgbo do íyàwó deve ser
guardado no pote ataare (pimenta-da-costa).
(porrão) para ser utilizado aos poucos, de acordo com a necessi¬ Tu d o isso é d'rix.adii preparado à noite. Por volta das duas
dade, a começar com a lavagem dos ílèkc (as contas c m fios) e
horas ou mais tardar às três da madriigada, deve-se levantar o
dc todas as tranças de palha-da-costa
que serão utilizadas nas bàbá ou íyá, pór os ataare e o dandá na boca e correr o egbç
amarrações do pescoço, braços, cintura e pernas do iniciado e fazendo os pfò (detalhe: sempre que sc fazem os oto deve-se
também aquela a .ser utilizada para amarrar o ikóodíde, colo¬
estar cm jejum c sem falar com qualquer pessoa antes). A seguir,
cando-os de molho enquanto se
prepara o çbo n com as comidas acordar o íyàwó jiara dar início ao ritual do fárí (raspagem da ca¬
sccas do Òrisà a ser iniciado, mais: ou ban¬
ègbo, àkàsà, um cycle beça).Tào logo ele acorde, senca-se-o numa àga (cadeira
(pombo); e deixando à mão os seguintes materiais para se reali¬ uma bacia branca com um pouco do àgbo
zar o fárí èkinní (pjimcira raspagem da quinho), ]>ega-sc
cabeça), uma vez já ter¬ tuntim (o à|í>o novo) e lava-sc-lhe o orí com o ose dútlú (sabâo-
mos terminado nossa série dc ebo de limpeza e
àgô (licença): da-cüsta), cnxugando-se um pouco para não ficar escorrendo. O
comidas sccas do Orisà a ser iniciado; ou sc
lyàwó deve estar sem camisa sc okiinrin (se for homem)
ctimidas secas (uma pelo menos) para os demais Orisà;
obínrin (sc for mulher) de seios amarrados com um òjá para ficar
comidas secas de Òòsààlà;
com as costas nuas. Fica-se dc trente para o lyàwó e fazem-se as
ègbo (canjica): saudações no seu orí, dizendo;

32 .�3
Àgõ tYin mi Orí, àgõ fún mÊ Òri.sà. E m seguida, começa-se a cortar o res tau te do srun (cabelo)
Àgò fim mi Òrísànlá Bãbá Òkc! com a àlíimon� jí (tesoura) colocando num pano branco aos pes
Agõ fim mi Õgún O risa Qióõbel doíyàwó (lu em seu colo, enquanto se canta:
(Dê - me litença�cabcça, dc-me ]icença,Ofíxá, lyàwó gèrun abe, abe gçrtm rè,
DÊ-mc licença Grande Orixá, Pai acima de todos!
Gçrun abçj g è mn rè!
Dê-me licença,Ogún Orixá,dono da faca!) (O íiihcMde-santo (oi) do Orixá) corta os cabelos com a navalha,
Orí, mo fcíi e pèlé 6\ a navalha corta o seu cabelo! (no caso é a tesoura - àlümongàjO
Àgõ yc Olón, àgò yè Eltódá! Corta o cabelo com a navalha, corta o seu cabelol)
Ago yè Àjàíá! Ao Terminar d e cortar tíido o cabelo bem baixinho, então sc
(Cabeça, eii vos saúdo delicada e gentilmente! molha um pouquinho e passa-se um pouco de ose dúdú pafa
Dê-mc liccnça�Senhor dono da cabeça, fazer um poue/i de espuma para auxiliar no deslizamento da abe
dc-me licença,Senhor da Criação! (Olódiimarè) (navalha). Então, canta-se o seguinte:
Dc-nie licença,Orixá que molda as cabeças!)
iyàwó fárí abe,
E costume entre ntí.s, no Brasil, termos uma pessoa para Abe fárí rç,
Fán abe, fárí rè!
segurar a vela, considerada como fjadrinJio ou madrinha, e outra
para segurar a tju ar tinha, também considerada como tal. Então, (O iaô raspa a cabeça eom a navalha,
um dos auxiliares segura a vela acesa c □ outro, a quartinha des¬ A navalha raspa sua cabeça,
campada. Primeiramente, pega-se a àlümongàjí (tesoura) e tira- Raspa com a navalha, raspa sua catieça!)
se um tufo dos irun (cabelos) nos diferences Ao terminar, iava-se a cabeça do íyàwó, enxuga-se e passa-se
lugares do orí,
um pouco de òrí para refrescar a cabeça. A seguir, eom a abe
dizendo, enquanto os coloca na quartinha:
(navalha) já limpa (eu sou a favor de límpá-la e esterilizá-la com
Àgò àsíwájví orí! álcool c algodão, porque limpeza não é contra-axé como dizem
(Com licença frente da cabeça!)
por aí), são feitas as incisões a começar pelo òkè orí (alto da ca¬
Àgò léèhín on! beça) cantando:
(Com licença parte de trás da cabeça!}
lyàwó gfcrí abe, orí gbéré rè,
Agò òtún orí! Orf ó gbè gbéré rè!
(Com licença lado direito da cabeçal) (laô corta a cabeça com a navalha, (faz incisões)
Àgò òsi orí! Ele recebe mcisões em sua cabeça,
(Com licença iado esquerdo da cabeça!) Ele recebe incisões em sua cabeçal)
Agò òkè on! É costume geral fazer sete incisões nos Òrisã okfmrin (mas¬
(Com licença alto da cabeça!) culinos) e e m número par, seis ou oito, nos Òrísà nbínrin (femini¬
Agò ààrin orí! nos). Alguns dizem cjue as incisões dos machos são na vertical
(Com licença meio-centro-da c:a.bcça!) (de pé) e das fÊmeas, nü horizontal (deitadas), para mim isso é
inclevante, pais o significado das incisões era, verdadeiramente, o

34 35
Jc tliCcrcTiflar u (jiie gnipti dc Yorfibá p e r t c n d a aijucla pessoa, Colocam-se duas folhas tlc saião com um pouco de mel sobre os
cram niartas rribais. liuje cm ilia, as � la�� ;u�iribai'i tnrnaram-ííc olhos do eyeié, d e ambos os lados dc sua cabcí�a, e sacriflca-se
fíbsoictas c m várias tribus. itrnUo sidn abolido esse cos tu me eni apenas com as mãos, deixando o èjè escorrer primeirarnentc no
boa parte iit;las. Mas. scK""ndn os nossos costumes aqiu. são fei¬ orí, depois passando sobre as detnais incisões c d cven d o -s e
tas essas iniantidades. I .nyo após, enloca-sc sobre as incisões o deixar cseorrer um pouco no llèkç no local onde foi amarrado;
ann gbcrç <» acin das mcisõcs). Depois, t azen vs e as incisões do ernzam-se tambcnl as mãos e os pés nas palmas c plantas Após
peito, os gbçré ãyà, tpic aig'.imas casas t a mb é m L-f)siiiiiiam ta/er isso, colocar algtimas penas do eyelc sobre os lugares onde foÍ
lios ilois lados do tórax, direito e cs<nicrdo, frente e costas; posto o çjc- Em seguida, coloca-sc sobre as penas um pouco d c
oiuras casas fazem nos niascniinos apenas do lado direito e nos çfun, o.sün e wàjl e depois sopra-se o atin de Oòsààlà sobre o
femininos do lado esquerdo. Cada imi segue o ritmo de siia casa iyàwó.
c -.cii àsç. Hmu coisa ijiie ensinaram-rnc sobre as mcisr>cs, os Isso terminado, toma-se do obi e joga.-sc, seginndo o inesmo
frliçfç, c i|iic elas significam as aberturas nos nossos cor[ios para ritual do obi à cabeça, isto é, pega-se n obl com a.s duas mãos
(.lespertur o Msíi (jue cada tini rem dentro de si (Ksh Kara —Kxi> molhantio-o na áglja da quartinha (essa quartinha p o d e ser a
do corpo), poripie c através deste lísíi i|nc nos imbiiím()s da ca¬ me s m a daquele primeiro obi) dizendo enq u an t o cruza o orí com
pacidade de incorporar o Orisà, pois o Rara i(iie cada iim tem e m o obi:
seu interior c o (pic ni>s jiossiliilita a transmuia�'ao d e seres hu¬ Orí ó, mo ripe ènyin,
manos c m Orisà. ele é o resipiício. aijiicle restinho dc Orisà (jiie Wá glíà obi, wá je obi!
lemos ilentro de nós. por isso al)rimos (t gbérç-ara (mcisôcs no (O cabeça, eu vos chamo,
corpo) para tra/ê-lo à tona, K o aim i|uc colocamos nas incisões Venha rcecbcr obi, venha co mer obi!)
sã(t ãse <)ne fimcninam cíimo fechamento do c(ir|>o lont ra <is líntão, joga-sc c as respostas p o dem ser aquelas já m e n -
males externos, bem conn) o arm (|ue c belíido dcstina-se à eitmadas e conhecidas:
scfíiirança interna, em caso dc se t o m er nlf�nma c(Msa de feitiço SC cair apenas uma das partes convexas para cima é Obi kon,
011 de doeni�'as adipiiritlas através desse ato, para tpie sejam ex¬ signiHca não;
pelidos lIu corpo pelo iitisso Hara (líxii do corpo), f) l� sh liara .SC caírem duas partes convexas para cima é Obi Idáméji, sig¬
traz c m si ile/,essete gbérç (incisões), talvez tosse esse niimero nifica sim;
íjiie mis d c \ ês s c mo s ter ramt>ém. mas isso não posso afirmar. se caírem três partes convexas para cima é Obi Idáata, signi¬
Loj�o após, d e \ c - s c pcf!;ar <» ilçké {<|iielê) e prendê-lo ao re¬ fica não;
dor do pescoço do iyà\\ó amarraniio-o f i rmemen te para (pie nãf) e se caírem quatro partes convexas para cin\a é Obi Idáarin
caia drirantc o período c m <|iic clc (tt Íyã\\ó) deverá usá-lo. ou àláàfíà, significa sim.
Amarra-se o saworo (Okíinriii no pé ilireiío. e obinrin no pé Depois disso, faz-se a mes ma coisa com o orógbó, só q u e esse
esi|ijerdo). < )s coiMrefíiins {não sei a pala\ra co rrespond ent e e m deve ser partido em quatro partes para se jogar, c as respostas
�oníbá, este é imi iionie nosso daijiii) são amarrados nos liraços são as mesmas dependendo da q u ant id ade de partes convexas
c iim f�randc na cintiira. 1'Ntando tudo amarrado, pei�a-se o eyelc q u e caírem para eima, isto é, voltadas para cinia. Então, segue-se
< pombo) »|ne será sacrificado no (tri do 'ivã«"ti solnc as incisões. o m e s m o ritual anterior do obi. onde imia das partes do obi e do

.�6 37
orágbó são divididas cncrc o lyàwó c o bàbá ou lyá, que devem Depois, canca-se em seguida com as mãos sobre o orí do
mastigá-]os conscrvando-os na boca engolindo aiíenas a sali¬ íyàwó:
vação, outra parte e dividida entre os demais <mas nesse caso os Mo júbà Agbónnírègún
padrinhos podem partilhar tJo mesmo pedaço com o bàbá e a Mo júbà Àgbónnlrègún,
lyàwó), enquanto o restante vai para a quartinha onde se encon¬ Awa pàdé j'onon ipòrün, ipòrün,
tram os tufos de cabelo do iyàwó, Outrí vez, desenrola-se um Wa pàdé Tònòn ipòrün, ípõríin,
dos àkãsà scguranüü-o na folha e recolhe-se a parte masd�da Awa mésòn òrun korin kí Orlínmilà
pelo lyàwó no àkàsà, e o bàbá ou lyá coloca a sua diretamente Awa tún wo tún wâ korin kí Orúnmilà.
sobre o orí com a boca em cima do gbéfé com o ejè do çyelé, co¬ Awa orí ofç, ofe Edümarè,
brindo com a parte do íyàwó no àkàsà c cambem com um pouco Àwa orí ofe, ofe Edümarè!
■ A • P u.

de cgbo e folhas de saião, cancando-se a saudação de Àjàlá: (Apre sen t o -V O S meus respeitos Agbónnírègún,
Ajálà orí, orí í� éwà Tewa 1'ewà. Apresento-vos meus respeitos Àgbónnírègiln,
Àjàlá orí, orí Cewâ Tçwà Tçwà, Vamos encontrar-vos nos caminhos do Vosso posto no céu,
Opé ènyín Rdíimarc, wá orí e kú ó. Vamos ene onerar-VOS nos caminhos do Vosso posto no céu.
Opé ènyin Edümarè, wá orí e kú ó. Nos cantamos nos nove espaços sagrados (céus) cumprimen¬
É kó ó Oôriin, e kú 6 Òsüpá, e kú ó Òjò, tando (.saudarjdo) Òrúnmilà,
Ójò bõ ilè, Pedimos que volteis os olhos para nús que cantamos
E kii ó oòrün, e kú ó Osüpá, ç kú ó Ojòj saudando (cumpnmentando) Orúnmilà,
Ojò bò ilè. Fazei nossas cabeças saltarem muito alto, até ao Senhor da
Ire orí 6 ]í, ó jí ire orí, Criação,
Ire orí ô jí, ó Jí ire orí! Fazei nossas cabeças saltarem muito alto, ate ao Senhor da
(Orixá que molda as cabeças, a cabeça está linda, linda, linda, Criação 1)
Orixá que molda as cabeças, a cabeça está linda, linda, linda. Em seguida, canta-se a terceira e última das saudações:
Vos agradecemos, Senhor Supremo, venha à cabeça. Vos Ifá se gbà rere òjò òrun orí wa,
saudamos. [fá sé gbà rere òjòorun orí wa,
Vos agradecemos. Senhor Supremo, venha à cabeça. Vos Òjôõrun Olúwa, òjò òrun orí wa,
saudamos. O sá yon Yorübá
Saudamos o Sol, saudamos a Loa, saudamos a Chuva, Mo tún, mo tumba re,
Chuva que cai sobre a terra. Ó sáyan Yorübá
Saudamos o Sol, saudamos a Lua, saudamos a Chuva, Mo tún,* mo tuiíiba rè1*
Chuva que cai sobre a terra, (Ifá, faça com que recebamos sobre nossas cabeças
Peliz a cabeça acorde, acordem felÍ2 a cabeça! a boa chuva do céu (no sentido de cobrir-nos de bênçãos).
Feliz a cabeça acorde, acordem feliz a cabeçal) ffá, faça com cjiie recebamos sobre nossas cabeças
a boa chuva do céu.

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Chuva do céu, meu Senhor, chuva do céu sobre nossas ca¬ várias cores, isso de acordo com o costume de àsc para àse, mas
beças. as cores fundamentais necessárias para a pintura do íyàwó são o
Faça-o (o iyàwó) ter o esforço c a perseverança dos Yoríjbá, branco (cfim), o vermelho (osím) e o azul (wájí)-
Eu peço, eu tomo a sua bênção. O efun representa o èjè funfun (sangue branco), o am on
Faça-o ter o esforço e a perseverança dos Yoríibá, (barro) que e o representante do reino mineral e material que,
Eu peço, cu tomo a sua bênção!) além dc lembrar-nos a nossa on� m (do barro), é a ho menagem
Então se enrola o &já no orí do lyàwó, "�suspendc-se o Õrísà" e aos Òrisà funfun como Àjàlá e Oõsààlà, sendo que Oòsààlà foi
deixa-se o Ere (criança) e ponha-o parn üormir. Agora sim que o aquele que recebeu a incumbência dc Olódümarè para moldar
iyàwé passa a fazer jus de ser assim chamado, porque a partir os seres humanos, e Àjàlá outro Òrisà funfun cujo ofício é
desse momento deixa de ser àbíon. somente moldar os orí (cabeças) para serem escolhidas pelos
Os majs antigos acreditam, eu também, na força da Lua para seres humanos antes dc virem do òrun para o ave (do céu para a
fazermos nos.sas oferendas, isto c, antes de uma oferenda de¬ terra), o que sc dá através do na.scimento do ser humano, e essa
vemos saber em que Lua esta será feita, sendo um costume não cabeça feita por Àjàlá é a cabeça interior (orí inú) de cada um de
se preparar nenhuma oferenda para receber àse na Lua min¬ nós, não aquela cabeça física a qual seria incumbência de
guante, a nào ser que sejam cbo de descarrego, que podem ser Õòsààià ao nos moldar fisicamente.
feitos c m qualquer Lua. No caso do recolhimento de um iyàwó, Inclusive, entre os Yortibá, liá a crença de cjue C)òsàà!à é o
eu acho (opinião minha) que seria melhor fazê-lo no final da Òttsà que molda os seres humanos, e as pessoas que nascem
Lua nova para cresecncc, porque nas primeiras duas semanas, com defeitos físicos são pessoas que Oosààlà escolheu para sj,
mais ou menos quinze ou dezesseis dias, poderemos fazer todos por isso marcou-as, fazendo-as diferentes das demais, não sendo
os ebo, obí â cabeça, assentar o igbá Èsü e a fárí ekinní (primeira vistas como um castigo ou provação divina, mas sim como al¬
raspagem da cabeça). Isso deverá acontecer já no finai da Lua guém particularmente escolhido por Oòsààlà sendo respeitadas
cheia, então teremos sete dia?i de Lu a rainguancc, que é o por isso.
espaço de tempo e m que eu "descanso", cuidando dos iJâkè Apds serem moldados por Òò.sààlà, os seres humanos rece¬
Òrtsà (fiusnle-contas), aso odrtn (roupas da festa), verifico os b e m o èé mí (o hálito dc Olódnmarè que é o Eléèdà - O Senhor
itens da grande obrigação final, os animais, comidas sccas das da Criação) em sua-f narinas e daí em diante passam a ter vida.
oferendas, comida do dia da festa, etc. e para preparar alguns O osün, elemento vegetal (Pterocarpus Erinaccous - R-C.
aiin e ensinar algumas coisas preliminares aos iyàwó. Abrahan, pág- 490), é pó de uma madeira avermelhada q ue é
O trabalho para sc "rirar" umlyàwó, se seguidü rigorosamente usada para tin� mento e tem o simboUsnio dc representar o èje
como manda o ritual, é muito estafante e são necessários alguns pupa (sangue vermelho) que faz parte do awo (segredos do
dias de marcha lenta para podermos partir para a tase final, culto); e o Wáji, outro elemento vegetal, o an�que também é
Nesse período, devemos aproveitar para fazer as tranças d e utilizado para tinturas (R.C. Abraham, pág. 64) tem a repre¬
palha-da-costa, amarras e contreguns, prepararmos o çfun, osün sentação simbólica do sangue preto-èjè dúdú, representado pelo
e wájí para a pintura do íyàwó. Algumas casas ou pessoas em verde u sangue vegetal das folhas, consideradas um elemento
grande número costumam pintar o lyàwó com "pembas" d c imprescindível em tjuaiquer rituah Isso é descrito por Juaiia El-

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e
bein dos Santos erti scii livro "Os nagô c a morte" págs. 41/42, lyiwò num determinado dia. Sacriíica-se para os Esü
quantio diz: preparam-se os seus çsé (partes) e as comidas secas dos Esü,
"1. O "sangue vermelho" compreende: deixando tudo pronto para no dia seguinte de madrugada fazer
a) o do reino animal: corrimento menstrual, sangue humano os sacrifícios dos Òrísà do lyàwó. Para o Èsíi da casa, oferenda-se
ou animal; o que for pedido por ele, para o do lyàwó costunia-se oferecer
b) o sangue vermelho" do reino vegetal: o epo, azeite-de- tudo o que for ofertado para o Òrisà, ou seja, "Èsü je i>èló Òrisà"
dcndê, o osün, pó vermelho extraído do Pterocarpus Erinaeeous (Exu come com o Orixá). Usualmente costuma-se oferecer-lhe:
(Abrahan, 1958:490), o mel, sangue das flores; 1 ako cwúré{1 cabrito)
c) "sangue vermelho" proveniente do reino mineril: cobre, 4 àkükodiç (4 galos)
bronze, etc. („.) Outros complementos pedidos:
2. O "sangue branco" compreende: àkàsi
a) o ".sangiie branco" do reino animal: o scmen, a saliva, o ègbo (canjica)
hálito, as secreções, o plasma (partieularmenbe o do igbín, cara¬ gúgCiru (pipocas)
col), etc. obí
b) o "sungue branca" do reino vegetal: a seiva, ü sumo, o ál¬ orógbó
cool e as bebidas brancas extraídas das palmeiras e de algtíns epo p up a(d e nd ê )
vegetais, o íyerosün, pó esbranquiçado extraído do kòsün (Eu- iyò (sal)
cleptes Franciscana P';} (Abrahan: 316), o òrí, manteiga vegetal oyin (mel)
<shea-butter), etc.; ataare (pimenta-da-costa)
c) o "sangue branco" proveniente do reino mineral: sais, giz, Mais tarde (dia seguinte), um pouco de cada comida servida
prata, chumbo, etc. para os Òti sàc das f|ue serão servidas na festa.
3. O "sangue preto" compreende: ,\marra-se o pescoço do ako ewúré (cabrito) com uma corda
a) o do reino anima!: cinzas de animais; (de sisal) e passeia-se com ele ao redor do iyàwo, conduzindo-
b) o do reino vegetal: o sumo escuro de certos vegetais: o ciú, llie ate o loéâl do i� á Èsíi. Ele deve ser atraído sentpre por galhos
índigo, extraído de diferentes tipos de árvores {Abrahan: 187) é dc folhas que lhe sejam agradáveis, embora se saiba que o cabrito
uma preparação à base do èlíi, pó azul-escuro chamado wáji; coma de tjuase tudo, às ve íts ele recusa uma determinada folha
c) o que provém do reino mineral: carvào, ferro, etc...." e devem-se ter outras à mão para atraí-lo ixé o igbá. As mais
Esíes elementos por si só quando misturados com água comuns são as folhas de cajá, aroeira, goiabeira, sào~gonçalinho,
(çfun, osiin, wâji) para a pintura costumam escorrer, então é etc. Ao chegar ao igbá EsÍJ, jogam-se as folhai sobre o igbá e es¬
co mum acrcsccntar-se ura pouco de "pembas" nas suas eores pera-se que o cabrito coma um pouco. Após ele ter comido um
apenas para encorpar a tinta evitando que ela escorra. pouco e estando ainda com algumas folhas na boca, segura-se-
Passados os sete dias da Lua mittguante (para quem segue Ihe a boca, e mais uma ou duas pessoas seguram-no para que
esse costume) e já às vésjx;ras do dia do orúko Òrisà (nome do seja sacrificado. Ele deve estar bem seguro para evitar que se
Orixá), são feitos os sacrifícios para o Esii da casa e para o Èsíi do debata na hora do sacrifício. Algumas casas tem o costume de

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amarrar a boca do ewúrc {cabrito) com cordas. A pessoa ou pes¬
soas que seguram-no devem fazê-lo firmemente prendendo para Exu matando no culto!)
bem a boca, segurando com a mão quem o sacrifica ou, como já fcjè sorò, sorò, èjè gbàlc
K'ara nVo!
disse, amarrando-a (quem o sacrifica é chamado Olópa — aquele
(Com sangue fazemos culto tradicional
que sacrifica), enquanto a segunda pessoa ou as outras duas pes¬
soas seguram um par de patas cada uma, tendo o cuidado i3e fademos culto tradicional, o sangue
recebido na terra (embaixo)
prender o animal bem junto aos seus corpos, para evitar que ele Onde o corpo escorre (a vida)!)
(ewúré) faça movimentos ou, sc o fizer, que sejam mínimos. O
Bírí ibí ròkc Ògún wá lé rí ó,
mesmo cuidado é tido cm relação às aves sacrificadas, segu-
Bírí ibí ròkè Ògún wá Ic ri ó!
rando-lhes os bicos, as asas e os pés. Em algumas casas costuma-
se segurar as asas abertas juntas uma contra a outra, enquanto (Exatamente aqvii em cima, que Ògiin venha supervisionar,
Exatamente aqui cm cima, que Ògún venha supervisionar!)
em outras casas as asas são esticadas e coJadas junto ao corpo da
ave e .seguras junto com os pés, ficando a ave, as s im, totalmente (Canta-sc para Ògiín saudando o (_)Ióõbe).
Birí ibí Tòkè a gè gç Esu ó,
imóvel.
Birí ibí ríikè a gè gç ló sí ó!
Esse costume é a reminiscência de um itòn (lenda) de Ògiín,
(Exatamente aqui em cima, nos cortamos, ííortamos para
que au matar um dos seus inimigos (Àp«urò Dçgbéahá), que o
Exu,
pragueja (Ògtin) na hora de sua morte, mesmo após a sua cabeça Exatamente aqui cm cima, nos cortamos, cortamos para ele.)
ter sido cortada. E para evitar possíveis pragas de suas vítimas,
ó ní yíyc ye!
Õgijn passou então a prender-lhes a boca, mãos e pés, pois as-. Bò orí wa ààbò odi
sim eles não poderiam gritar pragas contra si ou mesmo gesticu¬
A gè gè ló sí ó,
lar com esse intuito. Então, o que sc faz simbolicamente ao
Bò orí wa ààbò odi,
sacrificarmos os animais e imobiJiza-los é o mesmo que fez
A gè gç Èsü íí!
Ogún para evitar as conseqüências do praguejamento de suas
(Ele transforme cm vida!
vítimas, que às vezes eram feiticeiros poderosos, como no caso Cubra-nos cora proteção e fortificação,
de Aparo.
A nós que cortamos, cortamos para ele,
Os animais devem ser sacrificados sobre o igbá Èsü, que
(2ubra-nos com proteção c fortificação,
deve estar coberto por alguns àkàsà, tendo o cuidado de der¬
A nós que cortamos, cortamos para você Exu!)
ramar o primeiro èjè no chão (reverência a Onílè) enquanto se
canta: Após o sacrifício do ako cwíirè (cabrito), cxccuta-se o sacrifício
dos àkükudíe (galos) enquanto sc canta:
ÈJÇ a soro, Èsü npa awo,
Èjè ènyín ki ó je adie,
Èjè a sorò, Èsü npa awo! Olilwa ojú môn wa,
(Com sangue fazemos culto tradicional
Èjè ènyin ki ó je adie, �
para Exu matando no culto. Olúwa ojú mòn wa.
Com sangue fazemos culto tradicional
Àgà àwa ènyin ki a pa (bo) Tòní, ojú mòn wa.

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Àgò àwa Olóòrun ibáàse, ojú mòn wa, car primeirf» "S àkàsà c depois já temperar jiondo o cpti, lyò c
Àgò àwa Olóòmn ibáilse, ojú mòn wa. oyin, umbas as maneiras são usuais. An se t�olocar o epo canta-se:
(O sangue é para vós que comeis o frango, lípo ní èrò ní ó ojú Olóojà,
Senhor,olhe e rcLOnheça-nos. Epo ní èrò ní ri ojií Olóojà!
O sang\ie 6 para vós que comeis o frango, (O azeitc-de-dendê c calma, o Senhor do mercado e icstc-
Senhor, veja c rcconheça-nos. munha,
Pedimos licença a vós para ijueni matamus O azeile-de-dcndc c jiropiciação. o Senluir do mercado é
(a quem cultuamos) hoje, olhe e reconheça-nos. testemunha!)
Dê-nosi licença e Olóruni nos abençoe, olhe e reconhcça-nos. Em seguida, eanra-sc:
Dê-nos licença e Olúnim nos abençoe, olhe e reconheça-nos.) Kíkorò niá wáyc iyò,
Em seguida, pega-se uma quartinha com água e salpíca-se so¬ Kíkorò má wáyc iyò,
O dfm wíi à\\'a iyò,
bre os animais sacrificados e canta-se:
O ní ayè filii wa iyò!
Tç té omi òjòô n'bo òní pa ó,
Té té omi òjòò A*bo òní pa! (Que a vida nãt) seja amarga ii>m o sal,
(Espargir, espargir água é chuva caindo Que a vida não seja amarga com o -� al.
o Senhor, para quem nós matamos. líla estará gosti>sa para nós t-oin o sal.
Ele é vida para no-., o sal!)
Espargir, espargir água é chuva caindo,
o Senhor,para q uem nós matamos!) Ao coliicar-sc t» oyin (mel) canta-se:
Essa cantiga tem o simbolismo da chuva que cai, abençoando O (jfm bá rí olà,
e acalmando, trazendo paz e felicidade e que an mesmo tempo Ibá á rí olà!
(Qnc ela seja doee (gostosa) e farta com fortuna.
apazigua após o ato t|ijc não deixa de ser violento ou de violên¬
cia que e o sacrifício. ■\bcnç<ie-n(is com fortuna c riqoezast)
O sacrifício é um ato de violência, mas não uma violência gra¬ Signilicando fartura e tudo de bom, pois nesse caso a fortuna
tuita, ela tem o seu propósito de ser, no caso "um mal ne¬ significa todas as coisas boas e tut.l(t de bom para as nossas vidas.
cessário", pois o animal corresponde à vítima que 6 usada como Isso terminado, vamos então eortar as ])arte> (çsé) que tlcaràf)
"bode expiatóno", que deve ser sacrificado para que haja um no igbá, c levar o restante para ser retirado após e preparado. As
b em maior para uma pessoa ou uma comunidade. Esse sacrifício partes tpie fitarào no igbá são o orí (cabeça), esè (pés), íríi <rabo),
matará a sede e a fome dos deuses, o que propiciará ale mesmo epòii ãti okó (saco escrotal Cf»m os testículos e o pênis), tàbí òbò
o aplacamento de sua ira, que porventura exista. E o espargir da (ou a vagina), das aves também u orí (cabeça), esè, apá eye (pés
e asas) tpie podeni ou não serem retirados ali titi levados par:!
água é o simbolismo de que após o sacrifício a calma e o frescor
venham imperar. serem retirados após e co'/X"-líts. Eni�uunto são retirados os èsé
Terminada a parte dos sacrifícios começa a parte do tempero, canta-se;
I'�� ron gb"gbi> bò a yivè yç,~"
que é colocar epo, iyò e oyin (dendê, sal e mel) sobre o èjè no
Éron gbogbo l)ò a re, eron gbogbo!
igbá. Há também o costume variável de algumas casas de colo-

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Emn gbogbd I'lse ilé...!
Oti òibó (vinho — de preferência hcoro.so suave)
('i Vídos os animais cubram-nos e tornem-se sobrevivência,
rtKloü tis animais cubram-nos dc fclicidailes, todos os ani¬ [yò (sal, se não for filho de Òõsíiàlà, Sòngó ou Yenionja)
mais! Ept) pupa (exceto Oòsààlà)
Tíulos os animais são axé para a casa!..,) Oyin (me!, exceto (Jsónsf)
Obi àbàtà (exccto para Sòngá)
(E vãu-se fazendo os pedidos,.,)
Temiiníindo de tirar os èsé, parte-se o obí nos dentes para Orógbó
Kol hasdaciista
serem jogados para saber se está tudo ecrto; as caídas e respostas
são js dadas anccriíitnicnce. Siiponda-se estar tudo certo, isio é, Egbo (canjica)
íVküsà
Esü satisfeito e nada mais para pedir, eantam-.'íe alguns orin Esíi
Comidas secüs para lüdos os Òrisà, frutas diversas (para Ere)
enquanto se enfeita por sobre tudo (o èjè e os esc) com as penas c algumas bebidas suaves sào oferecidas também dc costume.
das aves sacrificatias, após o que todo o restante pode ser recolfiido
Os animais para o Orlsà kcji (o segundo Orixá, que costu¬
à cozinha para ser prep�ado. Eintio, preparam-se as extremidades,
mam chamar de "junto", talvez por quererem dizer "adjunto" e,
jjrincipalmente aqucla.s carrilagirvosas, costelas e os árgaos inter¬
segundo o AuTiéiiü, quer dizer junto com ou o próximo ou cíin-
nos, inclusive o àpòokun (estômago-bucho) c ifun (intestinos-
tíguo; e [lara Oòsààlà. Cada O risa a ser "assentado" deverá rece¬
tripas) qiic muitas pessoas costumam jogar íbra, mas tudo deve ber oferendas completas ou o mais comjileto [jossível em
ser lieni limpo e lavado para ser preparado para Esu, tieni como
comidas secas e animais, Oòsààíà sempre recebe oferendas, pois
para os f)risà. 6 um dos Orisà [jrimordíais e qüc participou da criaçào do aye
Depois de preparado c esfriado, tudo deve ser colocado aos
(mundo) e da criaçào dos seres humanos; pítrranto. mesmo não
pés dii igbá de Èsii. A/ estará tudo pronto para começar o sacrifício sendo fdhtj de Otisáàlà, este Orlsà deve ser muito bem culniaiio
para os Òrisà,
para podermos coroar dc todo êxito o rraballui e sacrifício t|Ue
A noite, na véspera da tárí ekéji (segunda raspagem), deve-se
deixar tudo pre para Jo para isso e para as nfbrcndas do çborí representa uma iniciação-
Sua relaçào é feita por cada um c deve-se seguir o ritual dos
principal ípie será feito também neste dia. Cada um tem sua sacrifícios jTcla ordem hierárquica, vindo em primeiro lugar (fora
própria relação de coisas ncccssíírias e, como antes, cito apenas o Òrlsa Oiiílé - Dono da casa) o Òrjsà do lyàwó, Orisà Kéjl
as fundamentais e comuns a todas as oferendas. Detalhes, cada
um sabe Cjuats serão os seus. Rntão, par� (segundo Orisà); Oòsààlà é sempre o ultimo.
i o Orisà do lyàwo: Outra coisa, em todas as oferendas, após terem sido feitas as
1 i'Xko ou abti ewúré (cabrito ou cabra, se Òrijà masculino ou
de Esfi, o primeiro (�risà sempre a receber oferendas 6 Ogtín,
se feminino)
mesmo t|ue o iniciado não seja filho de Ogím, porque ele é o
4 Akíikodíe ou abotlie (galos ou galinhas, idem)
àsíuájú (aquele que vem na frente) e o Oloòbe (o dono da faca)
1 Etu (galinha il'angola, ako tàbf abo — macho ou fêmea,
e é qtiem abrirá us caminhos para todo e qualquer riuial.
idem) Antes dc iniciar-sc prosjriarrierite o ritual dos sacrifícios, faz-
1 Eyelé funfun (pombo branco)
se no lyàwó a fárí ekéji (a segunda raspagem), deixando sua ei-
A.tin látj Tillm (pçí dc axé para beber)
beçu bem limpa para receber íjs sacrifícios.

4S 4�
(Começando o ritual dos sacrifícios, primeiro fazem-se os de Aiaiuiga para a prinicirn ntauiiça c:
Ògún e em seguida c que sc começam os sacrifícít}s para o Olóorí Kjè a.sorò, (Ori>â...) npa awu,
(dono da cabeçn). Repete-se o ritiia! como fora feito para Èsü, Kjè a stirò, (Orisà...) npa .uvo!
amarrando uma corda ao redor do pescoço do akg ewúré (cabrito), (('.OI11 sangue (a/A:iiios tiilui trudicmiiui para (í)rixii...)
costuma-se também amarrar um òjá ao redor do peito e corpo do matando iio ciiitu,
cabrito enfeitando-o com laços, etc., c passeia-sc com cic ao redor Com sangue ta/cruos ciiitu rcuiiu ional |uini ((ínxá...)
do íyàwó t|ue já deverá estar "virado" no Òiísà, cncosta-sc o orí do niaiandit ivo tiiiho!)
cwúré no do iyàwó para fazer os pedidos ao Orisà para o seu filho; Kjç sorò Mirò çjç gl)arí k ara nro!
então, ofereccm-se as folhas para o ewúré, que podem ser as mes¬ (('.(►m sangue la/A-nio>< rnlio rtaiiu ional,
mas de antes, oferecidas para o ewúrç Èsü, atraindo-o e jogando as tay.ciiK»; culio [r;idÍL ional. com �aiitítiL-
folhas sobre o igbá Onsà e aguardar que eie coma iim pouco e do recebido na cabeça e <íir- esiorre dii Krrpu!)
mesmo modo que o de Èsü, segiirando-lhe a boca com algumas (nma vida i|ue escorre para prtiporuouar \iiLi .1 niiiro ser).
folhas presas, enquanto uma ou duas pessoa-s seguram o corpo do O sigiiihcaJii sunbólico desse Ijaniio J e hje (>uiutide —acoi-
cabrito evitando que cic sc debata (há uma maneira especial dc tlar nu |e\;ui[ar lIm siino) é o Ja fransferêut ia tias \idiis ilos ani¬
segiirá-lo eficazmcntc conhecida pelas pessoas acostumadas a rituais mais para ns tibjero-. •sugrados. passantlo antes pejo on para
de sacrifTcias dc quadrúpedes, que é prendc-lo bem junto ao estabelecei a ligação qiie e eslrcira (ru" asepò) do orí, o Onsa in-
corpo). corporailo n iglni (asscnianienro! ijiic a pariir desse 1110-
O lyàwó deve estar sentado num banquinho, segurando o nienio reL'el>e a \iila e .1 niiibiliiLule, i;iirnaiuli>-se a rcpre.sentaçâ()
igbá Òrísà no colo e orí sílè (de cabeça baixa). Ao lado, ou nas física do Orisà, (i scii sannutrin. oiule ile\crá d(tra\aiite ser eiil-
mãos de um dos auxiliares, há uma vasilha com um pouco niadii, sem i|iie >ej;i necessário t| ic csrcja iiiL'orpfirado 11a cabeça
d'água (bacia ou obero) onde se deixará cair o primeiro èjè de do lilh[i.
todos os animais, do primeiro ao dirimo. Este èjè depois deverá A seguir a tiUEfa uatuiga:
ser entornado na terra para Ünílç, pois a primeira porção dos èjè, O iií \ f\ è yè!
mesmo os de Èsü, deve ser dada para Onílè. Em casas de chão Híirí á aàbò oJi
dc terra batida pode ser escorrido diretamente no chão. A gè gc lii sf ó.
Começa-se então a sacrificar o cabrito sobre o orí do lyàwó, liòrí wá ààlMt odi,
isto é, primeiramente deixar o èjè escorrer pelo fio da faca até \ gè gc ló si 6!
aquela vasilha com água segura pelo auxiliar ou diretamente no (Ivlc iranslornie-se eni s(ii)rc\uêiieia!
chão, depois deixá-lo escorrer no orí do lyàwó que, depois es¬ \ enha colirir a cabeça i 0111 |ir()rcçÍo e tnrtifieaçao.
correrá .sobre o igbá no colo do Orísà. Algumas casas costumam Nfis corraiiitis, coruiuuis para e!e (o (írisá),
fazer este sacrifício recolhendo o èjè numa grande bacia com \ enha colirir a Laljeça coin [uoteção e lortilicaçao,
um pouco d'água e àkàsà, enq uanto uma outra pessoa vai
■\ nós t|iie cttrtamos, cortamos para vós!)
batendo com as mãos para dissolver os àkàsà e misturar o èjè na
\pí)s o sacritTtm du akoeuTíre. o iliis akiikodie (galos), cuiifa-
água, evitando que sc coagule, sendo após os sacrifícios q ue se:
será dado o banho no lyàwó com este Èjè.

.=il
50
Ejè enyin ki 6 jç adk, Ifá tem
grandes. E dizjcni tambcm, segundo outras lendas, que
Olúwa üjií mfm wü. das dos animais. Então, nesse
predileção pelas carnes costas
Èjç çnyin ki n je adie, a ave símbolo de
caso, lhe é oferecido o eyelé (pombo) porque é
Olúwa ojú 111 òn wa.
Õrúnmilíi (ní àsepò Ifá), mas como diz a cantiga ofereceríamos
Ágò àwa çnyin ki a pa (bo) ròiií, (jjú mòn wa. Ifa é
qualquer outm ave para ele, e ele ficaria sarisfeito, porque
Ago àwü Olüurun iháàse, o j i 'i mi>n wa. o Onsà que recebe um animal dc sacrifício cada outro
para
Agíi àw:i Olóí>run ibáàsc, ojú mòn wa! de ave, ctc.
Õrisà, em assim sendo, qualquer espécie
(O é para vós
sangue (|Uc comeis o franga (galo), Orin pépéye (pato), caso seja necessário:
Scnhor,oJhc e rcmnheya-ruffi,
Pépéye ó ní a gbè,
O sangue é vós (|uc comeis ü
[lara frango (i� alo),
Pépéye ó ní a gbe,
Senhor oJhe e rectmlieça-iios. a
Pepéyç ó ní gbè,
Pedimos iiccnça a v6s parai a ) «Hicni mataniiis ont Ta gbè ól)
Pepéye ú ní a gbè o! (Pépéye
(i-uIiuainoN) hoje, olhe e rctionJiega-rifis,
(Nós lhe oferecemos pato,
Dc-no\ liccnça e f)lóiijm
aiíençfic-nDS, ülhc c reconheça-nos. Nós lhe afercccmüíi pato,
Dê-rios lícenya c Olónim
abençue-nos, olhe e rcconheça- Nós lhe nferecemos paio,
nos!) Nós the oferecemos pato!) (Nós hoje lhe oferecemos pato!)
A scgiiir, o orin
çtír í c a ni i ] f c ;a da galinha-U'angola): Oríki para oígbín, quando for sacrificá-lo;
Ejè a bí etn o,
igbín èro bàbá wa,
A bí e, a bí c eríi ó!
* » ♦ Ki àwa Táyò, fún èrò wa,
(Com o sangue nascemos da galinha-d'angola,
Ire èrò. Omi igbín sé ayè wa
Nascemos dt: vós, nasctniOí. de v6s ó
gallnha-d'angola!) Ní tútfi, bí ttJtíi wà ilé Igbín.
Em segiiitia o orin eyelé:
Tíín gbogbo ní rerewa, àsç!
Ryçlé Itáeye,
(O caracol é propiciação (caírna) nosso pai,
líyeié Ifá eyc, O caracol é propiciação (calma) nosso pai,
Ifu ki àwa awúre,
Que sejamos ale�es, propicie-nos,
K'àwa fún ó kmikriu!
Dê-nos a felicidade da propiciação.
(O ]>nmb{) d ivc de Ita,
Que a agua dt> caracol seja vida paia nós,
Ü pombo c ave de Ifá,
Seja fresca e suave como fresca
é a casa (casc-i) do caracol.
Ifá, que tenhamíjs axé c bfia sorte�
Dê-nos tudo de bom, assim sejâ!)
Para vós otercccmos
t|iiulqMcr ave!) Colocamos todas a s orin em seqüência somente para facilitai,
Segundo o.s iom Jfá ele, tal qual Esf), recebc todas as oferen¬ à obrigação do orí.
agora voltaremos, retornando
das e animais de sacrifícios destinados aos nvitros
Orísà, jjor isso O \yàwó toma literal mente uni banho de èjç e deve ser
lhe são ofert-adas de animais e aves, tendo e solas dos
qiiaist|Ucr espécies cruzado por todo o corpo nos j� éré, palmas das mãos
cie predileção de iivus e de h'gados
por galinhas gordas, prenhes
pés. De cada antroal
recollie-sc também um pout|uinlio numa

S3
vasilha (niciadc dc iimu cahai,'�) fnm um poiicc) di; vinlio, ijiic
Depois cobrcm-se todos os igbá com as penas das aves, can¬
deverá ser misturado com cpo fdeiidc). iyò (sal), oyin (nicl) e n tando os orin Orisà (cantigas dc Orixá) c põe-sc o lyàwó para
pó <Ío axc e dá-lo an lyàwn p;ira tomar. Al>re-se o obi e o orógbó dormir um pouco, de preferência "virado" no Otisà ou no Erc,
para serem lan(;ad(is e >»erem otcreciilos ao orú eottio das ve/es pois ele não deve se ver.
anteriores (não vou repetir pur<|ue o processo é o mesmo c can¬
tam-se as mesmas (irin) e eiifeita-se o lyãwó eoni as |)eniL'i da etíi Aqui fazemos um parêntese para falar de algiíns aspectos do
ritual acima.
e d(i eyelé eolinntio o cjc, enrola-se o seu orí com òjá e dcixa-o
C) ritual de iniciação dos Òrisà é sempre o mesmo, apenas
sentado eni|uant(i rcrmma-sc de tazer as oterenilas, agora, tem¬
com algumas variações dc nm CJrisà para outro, devido às suas
perando eom epn (dendê), ivò (sal) e oyin (mel); as orin são as
mesmas já citudas anteriormente. IX-pois de temperadas, colrjear ciracterÍNtjcas. Por exemplo: após retirar o ori do animal, este c
aijuelas panes (èsé) de pra\e e espar� �ir sohre as partes restan¬ apfeseniaUii aos quatro cantos d ri ayé (mundo) e ao òrun (ccu),
tes para resfriá-las, cantando; isto é, segura-se o orí nas duas mãos e virando-se para os quatro
'I é té omi òjòò ríbo òní pa ó, cantos dí) íyàrá (quario) e depois para o teto, diz-sc:
I é té oini òjòõ ríbo òní pa! Wà ibí uri àríwá!
(I',sparj;ir. espargir água é clitiva caindo Wà ibí orí gtjsíi!
ó Senhor, para ijiieni nós fazemos culto hoje e sacriticios. Wà ibí orí lià oòriin!
Espargir, esparispr ágiui é chuva eaindo. Wà ibí orí iwò oòrnn!
6 .Senhor para tpieni fa/em<is cult»» hoje e sacrifícios!) Wà ibí orí àjà ònm!
(por<)iie a chuva significa bêni,ãos e felicidades.) (Aqui está a cabeça. Norte!
I� ni sej�iiitla cortar lujueius panes tpie ficarão no igbá Orlsà, o Aqui está a cabeça. Sul!
Aqui está a eatjeça. Leste!
ori (eabeya), esè (pés), irii (rabo), epòn àti okó (saco escroral cum
os testículos e o jiénis), talu' òIjò (iiii a vagjna) e das aves tatii- Aqui está a cabeça. Oeste!
bém o tirí (ciibeí,ii). esè (jie.s), aftã eye íasas>: como nu casii dos Aqui está a cabeça, teto do céu!)
de P.sii, pés (11J asas jiodem ser tirados ali ou levados [lara serem Mas, segundo os mais antigos, para Ò.sóòsí não se apresenta o
C0/.H.I0S. O orin para retirá-los é u mesmo; orí, este deve ser enrolado em folhas de bananeiras c levado
para o igbó (mato) e imediatamente apresentado e entregue ao
Krcin �bogbü bò a yíyè yè,
igbó (Wà tbí orí igbó!; Aqui está a cabeça, floresta!). Õsóòsí é
íí�'"íí''*' L"' 11 Çron gbogbo! tamfjém o Òiísà que não recebe oyin (mel), que é um dos seus
Hron ayè!... èèwò (proibições, conhecidas comumente como kijilas, do kim-
( I (uios ()s animais cubram-nos e tornem-se sobrevivência, bunJu) ligado ao ítòn de Òtokonsósó (a histórta do caçador de
Todos os animais cubram-nos com feliciilades. todos us ani¬ uma flecha só). O Òrisà Sòngó tem também sua particularidade
mais! que é o èèwò do «fü, não pelo que dizem, de Sòngó ter-se enfor¬
Todos os animais sejam axé de vitia!...) cado num pé de obí, mas pela ligação que Sòngó tem com Ikú
(vão-se fazendo os ped!df>s vários pelolyàwci.) (morte) e Egtíngún (espíritos-altnas dos mortos).

SA SS
Sínigó era tiJho de Orisà, mas era humano e tornoii-sc Üilsà material para (�õsààià nioldar us seres hitmanos, comií contam os
somente após sna morte; ponaruo, tcruln sua torçn cie Orisà vinda Itòn nas lendas da criação, por isso Ikú foi taml:>cm incumbido
de sua condição de Egi'inji�'ui em seu estado de morre, após o que de devolvê-los no momentci propício. Assim, Oò.sààlà ao partici¬
se tornou um Orisà. O obl c uma fnita da
que, cmliora seja também par da criação da vida ficou também responsável pela criação
ofertada aos ancestrais (espíritos dos mortos antepassados), tem morte ao estipular que a matéria que ora moldava os seres hu¬
ligarão com a vida. Pois os Yorubá aereditam que os que mor¬ manos deveria voltar ao seu local de origem. E essa dubiedade é
tem li¬
reram apenas mudaram de mundo, foram-se do mundo dos vi¬ rejirescntada ritualmente <|uando ele recebe o obi, que
vos para u mtmdo dos mortíis onde eles continuam "vivendo" c o tem o serítjdo de
gação com a vida, nus q ue recusa .sal, que
velando pelos seus descendentes e a partilha do obí com os continuação da \ida, que cessa então com a chegada de Ikú
ancestrais c os viventes desse miiniJo (dos vivos), sif�nifica re¬ (morte) |)ara repor o ser humano de volta ao barro de onde fora
unir toda a família, com os viventes desse mundo e <Jo outro tirado.
mundo (dos mortos) num encontro festivo e iiriijiiciatório. Esse aspecto de (Jòsààlà é mais evitlente quando uma pessoa
A força da vida que e representada pelo obi entra c m an- É filho de Oò.sààlà. as oferendas dos demais Orisà do Varrego"
ragonismo com a força virai de Sònj;ó, c|ue é oriunda da morte dessa pessoa segucni Oòsààlà na proibição do sal e do dendê,
(Ikú), sendo sua fruta preferida o orój�bó, (|ue tem ligação com a excetuando-se apenas Esíi, Ògún c às vezes Omolú.
for�a de Ikú e também de Egúngún e dos ancestrais. Nós temos o hábito de fa�er os sacrifícios e rituais automática
Ova, embora tenha grande ligação com Sòng», o seu èèwõ é o e mecanicamente, sem sabermos o que significam ou simboli¬
àgiitòn (carneiro), que é o animal ]iredileto de Sòngó. zam em si. E, segundo os costumes Yorubá expressados por
�emonja é um Orisà odu ((�rixá do rio) e o seu èèwò é o (pmosade Awolalu, no seu livro Ymithá M i e fs antisacrífidal rites,
iyi)
(sal). O sai c nutro elemento que tem ligação com a força da vida esses rituais e sacrifícios são bem definidos cm seus propósitos,
e Yemonja é um CJrlsã que também está ligada a ikú (morte). cum a compreensão dos seus simbolismos no tjue nos baseamos
pois segundíi os itòn (lendas) ela é «lueni vem primeiro para re¬ para as explicações a seguir.
conhecer a pessoa que deverá ser levada por lki1 (pela morte), u Com respeito aos animais dos sacrifícios todos tem simbolis¬
guerreiro da morte. mos dentro dos rituais e do culto aos serem oferecidos- O princi¬
Oòsààlà c n (írisà (|ue tem váritis èèwò (tabus, proibições): pal .simbolismo acj se sacrificar um animal é o de transferir,
imi deles é a cor vermelha, que cic rejeita, por isso lhe é vetado através do èjè, a vida do animal para dar vida a outra coisa até
o dentic; também u dúdú (o preto), |.u)r isso também liie é re¬ então inanimada q ue a recebe e [lassa a tê-la daí j)or diante: diir
pugnante o carvão (cédií), [lorianto suas vestes j:imais devem ser vida ao Orisà que c "assentado" no igbá, que passa a viver efeti¬
sujas }>or coisas pretas que lembrem o carvão. /\jnda o sal é imi vamente ao receber a vida transferida para si no èjè; no orí, que
a trans¬
dos seus ècwò, muito embora tenha ligação com a vida. mas eje apesar de possuir vida latente, manifesta-se após receber
tamlíém tem ligação com a morte, pois quando Oòsààlà criou o ferência de vida que lhe dará a mobilidade e o despertar efetivo
ser humano dti barro estipulou que, após o uso. esse material de¬ para a vida no ayc (mundo visível).
veria ser dcvoividfí à rerra, lugar de on<.lc fora retirado, incum¬ As galinhas e galos são animais muito usados nas rituais como
bência esta dada a Ikii (morte), que foi quem trouxe este oferendas por serem mais fáceis de adquirir, mas também por

.■>6 .S7
F
terem signiticad���uístintos cm uma de suas parles nlili- os tropeços na vida. É o animal normalmente utilizado quando
Zadas dentro do,; ntuais. A caljc-�� a, t�uc leva o bico (s\ja boca), há necessidade de se fazer uma "troca de cabeças".
por exemplo, é quem irá relatar no òrun (céu) os nossos pedidos Eronlá (boi): o maior animal domestico a ser oferendado.
e necessidades; os pés são para que elas caminhem levando as
Segundo os costumes Yorübá, isso c feito em ocasiões de gran¬
mensagens; as asas 6 para que possam voar ate o ònin (ccu) e des desastres para toda a comunidade, para o país, ou ainda na
chegar aos destinatários das mensaficns; a cauda d e petias signi¬ iminência de que algo aconteça, ou então quando alguma coisa
fica o leme, a orientação, pois as caudas das aves cm vôo são os
oprime a comunidade; é uma oferenda de todos para neutralizar
seus lemes e as levam na direção que querem; as penas, princi¬ essas negatividailcs ou perigos iminentes.
palmente as do peito, têm o sentido da prole�ão quando cerimo- O igbín (caracol): também conhecido como Èrò (aquele que
nialmente usadas, como uma galinha prtitcgc os seus pintinhos abranda, suaviza); é identificado com a suavidade, calma, paz e
com o peito, agasa Ih ando-os nas penas, também têm o signifi¬ harmonia, e é oferecido visando a essas coisas. Na crença Yoriibá
cado de esconderem as nossas deficiências, nossos defeitos, e as quando Ògún está feroz, dentre as coisas oferecidas para acaímá-
penas os escondem ou pelo menos diminuem a sua exposição lo, inclui-se o ígbín (caracol) e o epo (dendê). Dentre os cos¬
piiblica para que não sejam conhecidos por todos e submetidos à tumes, também é utilizado quando uma criança está prestes a
execração ou piedade públicas. ser circuncidada, o (hiido do igbín 6 espargido nela e principal¬
O eyçlé (pombo), também largamente utilizado em sacritTcios, mente na parte a ser cortada e a faca utilizada e colocada num
é utilizado para aqueles que enfatizam a boa sorte e a longevidade; prato com alguma quantidade de epo (dendê). Além do que a
eJe é uma ave notada por sua serenidade em vôo. de aparência leveza, cuidado e calma d e movimentos do igbín são capazes de
limpa, rapidez e esperteza nos mo\imentos. Em qualquer evitar proi>lemas, fascinam o homem. Então, quando oferen¬
oeasião, qtiando são feitas oferendas ao orí, quase sempre um damos igbín estamos pedindo para que nossas vidas sejam sere¬
pombo é oferecido, c e desejado que possamos ser dotados com nas e livres de todos os tipos de perigos,
as habilidades do pombo que, alem de tudo, é capaz tie voar Obi (noz de kola): em quase todos os sacrifícios está pre¬
acima dos perigos e livrar-se deles, sente, além de ser uni dos meios de adivinhação comumentc re¬
Ejá (peixe): a algumas espécies de peixes são atribuídas carac- corrido. Os obi ideais para sacrifícios são os idíiarin (de quatro
tensticas simbólicas, comt) algims peixes de água doce, que sim¬ partes). RIes são oferecidos na intenção de carinho, entendi¬
bolizam a calma e a paz, que são vjstos e transmitidos e m seus mento, inter-relação dc amizade como um pacio de comunhão e
movimentos leves e graciosos na água. É oferecido e consi¬ lealdade entre as pessoas, além do seu significado dê vida, a vida
derado algumas vezes quase como olgbín, e acrcdita-sc que cie presente, mesmo daqueles que já se foram com a morle, íjue
pode minorar os sofrimentos e suavizar os problemas. Quando vêm partilhar com seus descendentes dos obi (jue lhes são
oferecemos um peixe, estamos desejando boa sorte e fortima em oferecidos pelos <]ue permaneceram nessa vida, onde eles retor¬
todos os nossos caminhos. nam como convidados especiais e de honra.
Àgfitòn (ovelha): é um animal notado por sua natureza mansa O epo (azeite-de-dendê): é um material de sacritTcio que
e dócil, representando a calma c a tranqüilidade para "cnfreiitar simboliza quase as mesmas coisas que o ígbín, ele diminui ou
suaviza aquilo que teria sido, dc outro modo, penoso e incon-

58 59
trolávcJ. Os Yorubá têm um ditado comum que diz: "Epo ní ao runko jiara fazer as àdúrà (rezas), ficando então liberado para
íròjij çbè" (o dendÊ 6 u elemento que acalma a sopa), isso denota o cafe da manhã.
que o azeite-dc-dcndê acua como um ageute que acalma a zanga As comidas secas que tinham sido prejiaradas, as frutas diver¬
das divindades, e ele é usado em oferendas feitas principal¬ sas e as bebidas, tão logo estejam prontos os èsé (partes) cozidos,
mente para acjueSes Orisà que são caracterizados peja vio36nda e sâo também oferecidas ao orí do iyàvvfó, inclusive as comidas dos
ira selvagem como Ògun, Sòngó ou Omolú/Sònpònnón. Tam¬ demais Òrisà, pois todas fazem parte do Eborí (oferenda à ca¬
bém é oferecido às lyâmi Ajç (fciticciras) que são ferozes e san¬ o
beça). Esta oferenda é feita durante as àdiirà (rezas), quando
com as
guinárias. Ainda quando colocado na terra para os imonlc lyàwó fica dòbálè (deitado de peito no chão, estendido
(espíritos tia terra), quando há ncccssidadc dc invocá-Íos, o epo mãos na altura da cabeça, se for okünrin-homem) ou ikúnlè t'ori
6 colocado para acalmá-los e evitar que eles nos cansem sofri¬ sílè (de joelhos, de cabeça abaixada e com as mãos estendidas se
mentos. for obirin - mulher), enquanto vão-se colocando uma a urna as
O ataare (pimenta-da-costa) é largamente utilizado para oferendas sobre o seu orí, cantando-st para este ou aquele Orisà.
quase qnc a totalidade dos rituais c sacrifícios, algumas vezes Ao terminar, essa comida deve ser repartida com todos os pre¬
acompanhados de obi, dandá ou orógbó, pois ele tem a pro¬ sentes numa refeição comunitária, começando por servir o
priedade de dar tor<j:a às palavras e facilitar a eficácia das prcccs demais pes¬
lyàwó, dos csé, comidas c frutas e, em seguida, as
on pragas, pois mastiga-se o ataare quando suplicamos em
soas, que só não serão servidas dos èsé.
oraij'io ou quando amaldiçoamos um inimigo. ser
E, por falar em àdúrà (rezas), é nma ontra coisa (jue deve
O mònriwò (folhas de palmeira - dendezeiro): a elas é a
feita diariamente peloíyàwd, fiiieni deve ser ensinado um oro
atribuída sacralidade, principalmente às folhas novas da pal¬ oro
(conjunto de cantigas sagradas). Cada casa tem um conjunto
meira, c são usadas para demarcar e consagrar as entradas dos (rezas), mas aqui estão algumas delas:
templos, o de Ògún c m particular, em se colocando folhas dc
palmeiras quer dizer que c a vestimenta dc Ògún, e quando Ghàdúrá tyàwó.
Ogim é cultuado o mòrínwò é utilizado larga c livremente.
Quando colocados nas entradas dos terreiros significa sacrali¬ Èmi omo Òrisà, ki tèmi e mòn,
dade, isto é, cjiie dali para diante o que está atrás do mònriwò é
Emi omo Orisà, ki tèmi e mòn.
considcra«.lo sagrado. ' -
�*

Por isso, antes do ritual de sacrifício é necessário ter-se ã mão lyàwd ki gbé e ó, ki temi e niòn,
todos os materiais e animais necessários no dia e hora marcados. lyàwó ki gbé c o, ki tèmi e mòn,
Voltando ao nosso ritual de feitura, log(> pela manhã ccdo íyàwó ki gbé e o, ki gbé e ó, ki gtsé e ó,
Ki gbé ç ü, ki gbé e ó, Òtisà t'ilé wa
acorda-se o iyàwo e, primeiramente, retira-se a obrigado do sen orí
Ilé ngbà àwa gbé, Orisà t'ile wa
(cabeça) como já disse, deve estar "virado" no Ere, e este deverá 1 le ngbà àwa gbé.
ser levado para o banho de àgbo para redrar todo o èjè e restos da
obrigação, esfregando-0 com um tufo de palha-da-costa, uma
bucha verde seca anteriormente. Após o banho, ele retorna

f)() 61
Reza f i e iauo ff ao) Gbàdúrà tyàwó

(Eu sou filho üc Orixá, que eu seja reconhecidci por vós, Omo ní ara ilé wa ó,
Eu sou filho dc Orixá, que eu seja reconhecido por vós. Òun dc ará ilé wa ó.
laô que vim morar uonvosco, que eu seja reconhecido por vós,
Qmo ní ará ilé wa ó,
laô que vim mnrar convosco, que eu seji rcconhccido pyr vos, Òun dé ará ilé wa ó.
[aô que vim míínu" convosco, que vim morar convosco, morur
convosco,
Reza de ú/ô
Que vim morar convosco, t|Mc vim morar convosco. Orixá da
nossa casa.
A casa aceita utís morarmos. Orixá da nossa casa (O filho é membro da nassa casa (parente),
Nós aceitamos morar,) Ele chegou e é membro da nossa casa (iiarentc)�
O filho e parente da nossa família (casa),
R;ie chegou e é parente da nossa casa.)
G(?àdúrà iyàwó

Gbàdúrà Ògitn
Orno ní ire □ ngbé a ilé,
O líj�bé a jfé, ire ó.
Omo ní ire o rigbc n ilÉ Oní ijà oní Ijà,
O A ilc ire □. Oní jjà oní ijà.
Séré ebílé wa ó, a lídé Afiò àgò meje e e,
Omo 1'ayò ire ó lídé Méje ü jé rín e jojo
A Fèríi. Órií ijà
L'ayij irc 6.
Oní Iré, oní ijà ó
O gogoro ará òun.
Wií gliélé gbc aláàkòro,
Reza fk iaò A yíri sm, a yin sín imonlè,

(O ti lho está fdií; cm morar em nossa casa,


Reza de Ògún
Ele mora cm nossa casa, cJc cstâ feliz,
O filho está teli;i cm murar tm nossa casa,
(Senhor lia luta, senhor da guerra,
Ele mura cm missa casa, ele está feliz.
Senhor da luta, senhor da guerra.
'I ornou feliz a ofissa família a sua chegada, Com licença, com licetíÇ4 3-os sete.
O filho contente e feliz em chegar até nos, Os sete andam e é extremo
Eie esrá contcnte c fehz.) O medo t|ue nos sentimos- Senhor da luta

62 63
Senhor de Irê, senhor da luta, Vigie-nos c guarde-nos,
O corpo dele é esguio. Vigie-nos, dono dos caminhos.
Veiihii morar e proteger a nossa casa Vigie-nos, dono dos tuíssos caminhos.
Senhor do acorn. Vigie-nos e guarde-nos,
Nós vos íscrvirenios, nós vos serviremos imanlc.) Vigíe-nos, dono dos caminhos.)

Gbàdúrà Ò g ú n Gbàdúrà Ò g ú n

Lóònòn sí pa e, lóunòn si' pa ç. Hktàkj Ògiín láé-lác.


Oní ki iwúre, onf ki ãwa pa. òg ú n ki a pèjó ç e mo ní wo
Ogiln Onílré, lófinòn sí pa e. L'õnòn le igbó, e Ogtín láé-lác,
Oloònòn ki àwúre- C>gíJn ki a ç gba,
ÒgiJn Unílré Tònon lé igbó ó ó.
• * t ■

(Para vós que nós nriaxamns no caminho,


Para�vós que nós niiitamos no cajninho. Pàtàki Ògún láé-lác,
Senhor que nos abençoii, Ogun ki a pçjó c e mo ní wo
Scnhnr para quem niatanios. L'onim lé igbó.
Ognin, Senhnr de Irê, püra quem sacrificamos na traminho, Ògún lác-láé,
Senhor que nos aliençoa.) Ògun ki a pèjó c oba.
E, ÒgiJn Q ní yiyè yç.
Gbàdúrà Ò� Ògún olüònòn
phi Olótjjú ki ü ní � íyÈ yè.
Ògún OrTsà ki íjà iwúrc, ÒgiJn onílji
li 16 ki ire gbc n, OIçònòn ki á ni' yíyic yè.
E ní oba fún wa ó.
Dajií e e c àwa.
Òlóòiyplri e wá ii lá dé lé,
Daju ç olóònnn o,
Olóògiín olütojú lííòde...
l� ajYi ç olóònon àwa.
Dajú ç üíóònòfi ó,
/ífíSíí df O g u m
Dajú c oRiímòn àwa.

(Ognni c sempre importante,


Reza de O g u m
Ogum a quem no.s unimos para suprir
nossas deficiências, s vós eu cultuo
(Ogunij Orixá que JuLa e nos abençoa, No caminho de Cisa e da floresta, 6 sempre Ogu
Sois aquele que mora em Irê. as nossas
Ogum a filiem nos unimos para suprir

&4 65
deficiências, sois iim rei. Reza dm comidas
Ogiim Senhor de Irê, dos caminhos, da casa c da floresta.
Oguni é sempre importante, (Juntos vamos comer a comida da tarde.
Oguni a tjuem nos unimos para suprir as nossas Juntos vamos comer a comida da tarde,
deficiências, a vós eu cultuo. Vamos comer a comida da tarde juntos.)
Nos camjnlios de casa c da floresta, é sempre Ogum.
Ogiuii a t|iicm nos unimos para suprir as nossas Gbàdúrà otíje
deficiências, sois um rei.
E Ogum sobreviveu, sobreviveu. PÍlbá ló a jeun oi�je alé,
Ogum Senhor dos caminhos, Mbá ló a jeun onje ale,
O guardião i|ue sobrevive, sobrevive.
A jçun orije alé mbá ló.
Sois um rei jiarü nós.
Senhtir Ogum, venha, chegue à nossa casa
Senhor Ogum. guardião do lado dc fora. Rezíi das comidas
Juntos vamos co mera comida da noite,
Ghàdúrà onje Juntos vamos cumcr a comida da noite,
\ Vamos comer a comida Ja noite juntos.
Mbá ló a jenn ojúmón,
Mbá ló a içun ojúintin.
Agradecemos,felizes, agradecemos felizes, agradecemos. Reza dos Orixás
Nós agradecemos pela nossa comida, agradecemos,
Nós agradecemos pela nossa comida.
(E Orixá venha supnr-nos,
l lüjc, felizes, agradcücmoí pcU noisa comidd,
Rrga-mc cu peço, s and and o-vos e cultuando-vos
Hüje, felizes, agradecemoiJ pela nossa comidi, tSobre a nossa casa, com licença,
Hoje, felizes. agraUcccmus pela nossa comida.) c cubra-ntíS sempre,
E Orixá t(ue nds sejaniiis snpridüs.
Gàdúrà Ymà Erga-nie en pcíjo, cultuaiido-vos no caminho,
Faça-nos felizes, faça-nos felizes
Pclc libo Ycwà, Yewà a níre o, l�ai da nnssa casa, vos serviremos
Orisà yin a nbo Vçwà, tírixá para quem fazemos culto tradicional hoje,
Yewà a mVe 6. Venha nos fazer felizes,
■f
Pai da nossa casa, nos vos serviremos.)

Rezã de leuá Ghàdúíii Ohàluwàryé

Br a sápaJà, bí a sápadà
(Deliçadamenoe cultuamos leyá,
Icuá csíiamcs íciizes. Dàgòlóonõn é. ó ó oní yè,
lí tíjí çdá
Orixá, estamos cultuandü-vüs, leui.
Mi l dára ãgcilóònòo é.
Icuá, estamos felizes.)

Reza de ()f>aiuai€
Gâà(/úrà Òrisá
(Se nós t'i>rrcrnios de volta, sc corrennos de volta
É Òrisà wá ní è]ó, l")e-nos licença nos caminhos, senhor da vida.
O dide mi so kí á líba c Vós i|iie aturdais as criaturas
Sórí a lé, àgò bõ láé-láé, Sc-dc bom para mim c dê-me liceníja nos caminhos
É tJrisà a ní cjo,
O dide mi so yin bo ònon.
O sé a, lore, ó a sé a lóre
Ghàdúrà Naná
Babá a ilc e sm.
A ire Nà ni, a ire Nàná a awo,
É Òrisà kl a oro ó Tòní,
Nàná a awf> pèlç-pçlé a ní íTibJ sí ]ó.
E wá sé a lore bàbá a ilé e sín.
i- • «
Àwa ni oní o Tawo,

68 69
Pèle-pçlç a ni' iVibá sf ió Ghàdúrà Oya
Awu n í orno 1'awu.
Tàwa Tewa uláadé
Çya dé wa e liítí ó,
Reza (k Nana O kl dé wa e láárí ü.
Sun Ica • �ò u n Ué ònm,
(P á<j-4-runí felizes. N a n a , Ecpàà Kiiy yèyé �íeeTe,
telizes rlós fjiJc a c(jJtiiamDS Nanã, Sun Ic■ k íiun lié n ni n .
N a n a , nós a c u l o j a mo s c i� uídadosametue
va mos c ml io r a juntos. Rez// de Oid
Nós so mos filhüs do cultíi NanJE,
Cuidadüüiimcíitje c M a mo s indti embora j u nto s, í N o s s a bela >:enhor;i da corna (dona)
Nós so mos tllhos dü cul to N a n ã , ) O i á chcgoii até nós, e U ]iossui aítd vahir,
Nós a sandaniíís quando chc�a até nós, ela possui alto valor.
KI lI p õ e fogo na terra «.juaniiti c h e ga do céu.
Ghàdürà Òsún S a u d a mo s i mà c que fjucima r e l u z e n t e ( b r i l h a n t e m e n t e ) ,
É É
Ek p õ e fog�j na terra quando c h e ga do céu.)
íyá ó ycyé ó O s u n a libo rí ó,
Kí yèyé so. kí yè yé sy riii,
L'o r i i n mojií Tonõn Ghàdúrà Oya
O a ya b a ki gb é Todò, omi cojú
O lüto jú. F�è è n yi n a bn Qya c,
Pè è n yi n í bo Oya.
Oya K àrá wo n lo,
Reza de Oxum Pc cnyin a bo Oya e l yálóòdc.

( M ã e , ó maniat Oxum, nós a c u l t u a mo s c a d m i r a mo s . Reza de Oiá


t lli i mpri mc nt a mo - vo s, mamãe, fale, c t i r np r l mc n t a mo - vo s ,
mamãe (Chamanio-vo� pura uultuar-vns, Oiá.
tale c o m i g o (cDnoscaj. Chamamo-vüs para cultuar-vos, CJiá,
Do c é u o l h e - m e nus camin htis Gii que leva os raios e mb o r a .
O rainha que mota n o rio, (|ue totm c o n t a (lhamamo-vns para cultuar->os, Oiá,
E é f��ardiã das águas.) A. p n m c i r u - d a m a da socicdattc,)

70 71
Ghàdúrà Yemonja Para os fi)ht>s da ca.sii s e r e m feli zes ,
O Ca ça do r é s i it l c i e nt e para a ncsssa eas a
ser felix.)
Yçmonja Inü gbé Todo dc s í ng bà
G bà ní u gbc wí (gbi ní o dò yin).
Yç m t m j a inn Todf) dé smgbà Ghàdúrà Òsónyhi
G b à m (agbÈ wí) iidn yin,
Tó b(i sínvl o dò yin Òrísà Òglnyón Kjín c jin ewc ó e jin,
G bã ní odfí yiji- Ejin ç jín ewé ti ç jin,
Tcí bo s ínú fidò yin tírisà Òginyón Ejin mere-mere Osónym wa ocjgím,
Gbã nf r)d(> yin. Ejin m e r é- ti i e r é O s ó n y i n w a le ó.
Míã li.j tíá i nó n riíigbri u i g b ó ;i bo,
Reza iü Iemanjá Má à lo bá ínrin iifigbó ti i g b ó à bo.
VVii lJc nmi máà lié i i i í n
( I e m a nj á v i v e ní) ria, chcga e retribui. M á à lo bá iiion nfig� ó ti i g bó a bo,
Receba-nüse protcjii-nos cm vo s s o tio.
I e m a nj á mora n o rio, chega c reirlbiij. Reza de Ossãnyhtn
Rcccba-nos c proteja-nos em vosío rio,
Cjultiiama -vos Nuticicn temente em \'nsso rio
(Vós d e s t e s , vós d e s t e s js follias, vós de s t e s .
(Jrixá dos i n h a m e s nov os V ó s d e s t e s , v ós de.stes as folhas, vós de s t e s .
Receba-nos em v ns s o rio. V ó s destes a riíís a magii h u bi l ni e nt e O s s à n y h i n .
C u l t u a m o - v o s . s u f i e i e n t c m e n t e em v os s o rio V ó s de s c es ii nós a magia habilmente O s s à ny h i n .
Orixá do s i ni i a m c s no v o s Nunca iremos com o fo g o às matas onde vos c ul t u a m o s ,
Re c e l j a - n us em v os s o rio.) Nunca i re m o s com o f og o às matas onde vos c u l n i a m o s .
Nós chegaremos com água, jamais com fogo,
Ghàdúrà Òsóòsi m * * '
Jam ais i re m os com o fogu às m i t a s onde vos c u l t u a m o s . )

O t l e tó wa s ílé, silé níre


Sí omon s í omon ilé ire
Ghàdúrà Osumàft ■f

Ode tó wa a sHé nírc.


n á j i i e òjü odõ,
n á j i i e üjô o dò s'awa.
Re%a de Oxôsú O s f i m à r è e wa d c õjo,
Awa gbè íó s i ng bà ojié wa, �
( O Ca ça dor c s i i f í e i e nt c para a noss a easa, K kiín òjò wa,
Para no s s a casa ser feliz,
Dajl'i e õjo odu.

72 73
Reztí de Oxumarê (ihàdúra ti Orísanlã
(Ctírtiirtienic vossa chuva é o rio, Orlsànlá fiin mi òjò orí ilè (ilc)
Ceriamcnte vossa chuva é a rio para nós. ()jò uri Ic ilç lè íilè e)
Oxumarê é t|iicin traz a nós a chuva, (}jò orí lé ilç Iç (ilè ç).
Nós a rt:ccl»cmí>s c retribuímos com nossos agradecimentos. Ojò orí ilè babá ekmní ko
o bastante a t huva jjara nós. Orisànlá. Awa fç rnvú,
('ertanitínte vossa chuva c o nu.) Onòn rere, àgò àwa,
A� õ àli a.

Ghndúrà ti Bàháláàse ke%a de Oríxnlá -O grande Orixá


Bàbáláàsc ní vè \va. ((irande Orixá dc-mc chnva sobre a terra (ou casa)
— (chuva de
Que cuia chuva sobre a terra (vossa terra)
• >

.Sojií HKin mon bàbáláàsc a e sín.


* ♦ ■ » •
Ff adósíui mi ní yc wa, lícn�ãos)-
- (chuva tic
lSoíú mòn omcm bibáláàse a e stn. Qnc caia chuva sobre a terra (vossa terra)
»*♦ ■*»
I'"í ikóõüíde mi ní yc wa, 1)ên(j'ãos).
Sojú mòn ymon bàbáláà.se a e .stn. C� huva sobre a terra, pai iple é o primeiro dentre todos,
O f Irandc Orixá. Nós amamos o alj�odão (i.juercnios)
Bons caminhos e licença para nós,
Reza do liahalaxé Liccn(,"a e protecção do vosso alá.)

(O Babalaxé deu-nos a vida, Ghàdúrà rí (Jòsàdld


Lance as olhos do conheci mento sobre os filhos
Babaíaxé e nós vos serviremos. Hàbá e pawó (atéwó)
Ele tornou-nos adôxn c com o oxú nos deu a vida, P ón nil kórè pò.
Lance os olhos do coniiecimento sobre os filhos Babá ç pawó (atéwó)
liabalaxc e nos o serviremos (cultuaremos) Fim mi kórè pò.
Pós em nós o icodidc e nos deu vida, Sáfé mi kí maa sin ç
Lanee os olhos dn conhecimento sobre os filhos E [tavvò (atéwó), c fnn mi
Babalaxé e nós o serviremos (cultuaremos).) Ase kórè, àse pè e o ti.
Esta gbàdórà pode ser mudada para lyáláàsc (oode se diz Sare mi k'omim sin c j>a\v�
bàbáliàse). Sirc mi k'oinon sin c atcwó.

74
Reza de Oxalá essas duas primeiras saídas em dias anteriores e, da mesma
forma, apenas com algumas pessoas mais íntimas presentes,
(Pai, batemos palmas para vós, Gomo já disse anienormente, costuma-se misoirar um pouco
dos
DÉ-me colheita ibiinUante. daquela "pemba branca'", bastante conhecida dos adeptos
Pai, batcmus palmas para vós, cultos afro, para incorporar aa soluções coloridas, evitando qiie
Dc-me colheita abundante. estas escorram e borreni a pele do jyàivó, aí é uma questão de
Faça-mc fdiz, o tíJho ([uc vos saúda, cultua gosto o fato de também acrescentarem ouiras cores ã pintura do
B ajíliiidt;, dê-mc íyàwó.
O asé de colher, peço-vos este axé, ô ô As roupas também ]í devem estar preparadas para as sautas
Faça-me feliz que sou o filho que vos satida e aplaude. em nflinero de três mais unia, cm que o Orísà após o nome \'etni
Faça-me feliz que sou o filho que vus saúda c aplaude. paramentado sí njó (para dança) conhecida comümente como
Kssas são algumas gbàdúrà (rezas) que podem ser feitas "tomar rum". Confesso que não sei de onde vem e o porquê
desse nome, talvez tenhü relação a "Ifun" de "Huntó", os to¬
diariamente ou em oro de oferendas.
cadores dt: stabaqiiCN da nação Jeje, mas tsso é especulação
Retornando à nossa gjandc oferenda, e uma "vez já tentld reali¬
mirvlia. É 'icmpre bom frisar tjiie determinadas casas, principal-
zado esta que é tãda como a principal, o lyàwó fit;a então aguar¬
mente as dc nação Jeje, dispensam a quarta saída e na terceira,
dando a odiín omko Orisà (a festa do nome do Orixá ou rniis
quando vêm para dar o nome, os Orisà já estão vestidos para o
popularmente conheci d» como a festa do nome do santo)- É "hun" (rum), que para nós de nação Kétu (Yorijbá) é sí njó (para
uma festa muito bonita e é na grande maioria das casas de Can¬
dançar).
domblé uma cerimônia pública, muito embora haja. casas e m
Ao descrever os ntuais anteriores falei dos atin (pós dc axé)
que os zeladores optam por chamar apenas algumas pessoas usados no lyiwií para ajilicar aos gbérç (incisões) e para tomar
mais velhas do culto e, no próprio runko ou às vezes no saião,
(l:>eber) para a segurança interna, lísses atin têm várias mancira.s
somente com as pessoas da e� sa, iJma das pessoas mais velhas é de serem preparados, tendo de casa para casa variações do
convidada a "tomar" o nome üo lyàwri (Òrisà), mas são poucas as número e qualidades dc ingredientes usados para isto determi¬
casas q ue ainda prcser\'am esse cosoime, FazenJo da mesma nados por cada àsc,
forma, de maneira reservada, a entrega do "Deká", na época da O Osüu é um dos .segredos do àsc de cada casa e tjiie deve
grande oferenda dos seic anos do fslho-de-�anto. Mas tio nosso ser passado por cada bàbíí ou iyálóòrisã na continuação dc seu
caso d festa c pública; portanto, tudo deve ser preparado para
àsç para os filhos que tornaram-se novos bãbâ ou Tyãióòrisà, para
esta festa nos mínimos detalhes para que nada de anormal, digo, a preservação e continuidade do seu àsc.
negativamente, acdnícça. O mesmo acontece com aqueles arin a serem colocados nos
Deve ser preparado o Osiitt (o cone preparado espeeialmente
gbere (incisões) ovi tomadt>s pelo iyàw� ó. Neste ponto, encontro-
para cobrir os gbéré-orf — as incisões da cabeça); as pinturas de me na diívitla se dou ou não o preparo tlcstes ingredientes, isso
cfun, osíin e wáji que serão feitas nas duas primeiras saídas, em¬
portjue sei que o que venho falando nescc tivr�i, embora nào
bora, como de co.stume já quase cm desuso, algumas casas façam ache nada demais, muitos que se dizem detentores do ase c das

76 77
[radições atliurão tjue estou "escancarando" como bcni me dis- Osijn
seran�algiiniíis ]it::isais Ja piiblicação do itieu prinieiro livro Wáji
Nkonn s'fmos Orísà — Cmtando para os Orixás, cnticando-mc l� findá-da-eosta
pois achavam ([ue eii deveria dar aquelas cantigas somente� para Lelekun
imi círculo fcchado de pessoas "mais velhas" e não "abrir gpral" Bcjtrrekrm
cüniü fizera. Ora, que me liesculpem aqueles tpie pensam assim, Obi
mas acho ijüt: os únicos àse c tradições que cies detÊm são os de Orógbó
manter a maioria das pessoas do ciiíto aos Ort,;à na ignorância e Ariüon (fava)
ahcnação para poderem manter o "staivis Cjíio" tSatiueles poiteos Alibá (fava)
r|uc dominam a maioria com um pseudo "grande conhccimcnto" [üilKas secas do Òrisà
acima da massa if;rnirante e submissa (isso parcLe até discurso de Orí çrfj ía cabeça da galinha d'angola)
sindicalista rcaciunárit>. Não stju sindicalisca, mas sou reacionário, N o z moscada
ainda bem). Bem eoiii" críticas de pessoas, aigumaí, até bem Komarií
conhecidas, dc querer "africanizar" o ritual, pois acham que nós, Abcre (tuva)
sendo brasileiros, deveniíts talar, cantar e rezar em jiortugiiês C� arvão (vegetal)
que é a nossa, línfíiia. Mintn Ixm, a esses eu responds que ao as¬ Igbín (caracol)
sumir a religião dos Orisà, con;io bem já di/jcm os nomes dos Kje {dos sacrifícios)
Òrisã (|ue eles sequer mudaram como Exu, Ogum, ele., isto c Ejki (dendê)
Yoríjbá "abrasileirado" mas é, L já que (;ssa,s pcsstjas querem [yò (sal)
tanto :� uc se fale o português e não o Voriibá, há uma solução Oyin (me!)
para elas: ê a limbanda, religião pela t]ual tcnhn respeito, mas Esses ingredientes nãci são todos misuirados. Para cada tlnaii-
tjuc e stib medida para os "nacionalistas" que fiiierem falar c oii- dadc ccrta quantidade dc alguns deles deverá ser utilizada. Aí,
louvores em poriiií� uês, que a procurem e aí ficaremos "cada novamente, cada um deve rccorrcr ao seu ãse (à tradição de sua
um na sua": quem gosta das tradições Yoriibá que llque no Can¬ casa) |iara obter detalhes mais profuntlos de como misturá-los e
domblé e quem gosta do "nacionali.smo" que fique na L]mbanda, quais serão os ingredienies. Mesmo porque existem variações de
"e todos nós viveremos felizes para sempre". elcmentíw que serão utilizados para um determinado Ortsà e
Ta m b é m nãtj posso fazer a maldade de deixar as pessoas eni para outro não, ate mes m o com substituições por alguns ele¬
suspense, roendo-se de curiosidade para saber uma f.iarrc tio im¬ mentos tjue não constam da hsta dada. I lá uma série de iitipli-
portante como esta dos atin e o Osüu, após tê-las instigado. Vou c ações na jj reparação do atin e Osíju para cada Orí sã, porriue
dizer alguns dos ingredientes necessários, tanto para os adn alem de í:ada Òrísà ter a sua particulariúade, cada Orí (cabeça)
quanto para o Os riu; entretanto, a composição cada um deve tamliém tem a sua c deve ser visto caso a ca.so. Por isso, tião
fazer de acordii C(jm a seu ase,1- 4 tenho condições de apresentar um padrão, porque assim pare¬
Orí vej� etal (vt;rdadciro) ceria uma "receita de bolo": "junte tais c tais ingredientes, mis¬
*
Efiin ture, espere tantos minuios e pronto". Nlo é bem assim. O

7R 79
r
mesma deve ser observado nos çbo pelo mesmo motivo de que quatro meses, a menos que ela não goste mais dele, duvido dc
não existe iim padrão, jjonjue cadíi Òrisà e cada Orí é quem de¬ que eja não fique nervosa ou cheia de carammholas na cabeça
terminarmos ingredientes que sei�d utilízadüü. por causa disso.
■'Vntes de passarmos aos rituais da saída de "(yàwó, preceitt) c E esse problema tem interferido dc maneira séria cm vários
tilada de Tlèkç (quelê)j eu gostaria dc falar um pouco a respeitíi casamentos, inclusive com separações defini d vas devido a com¬
do preceito (resguardo) do lyàwò. portamentos sexuais, após um dos dois ter "feito o santo" (se ini¬
Uma das coisas mais coinuns é a èèwò (pniibicões) cjue é ciado).
conhccido como "kizila" (ao certo 6 Kijüa-Kimbundu). Eni algu¬ Mesmo q ue sejam adolescentes, aí é que eu acho grande
mas casas de ancemão já existem relações de proibição aplicadas maídade, pois toei as as pessoas um poiíco e.sci areei das sabem o
indistrimmaijamcnte para todos. Mas, como disse anterior¬ que um ;idoJescente passa erji relação à recente descoberta do
mente, cada caso é um caso dc per si. Portanto, por eu ser de sexo e mesmo por ainda estar tentando ajustar-se às grandes car¬
Ògú n e ter alguns èèwò, os demais filhos dc Ogtin não são obri¬ gas hormonais às quais ele não está acostumado c qlte estão
gados a obsen.'� ar as minhas proibições. Nós somos filhos do acontecendo em seu corpo ainda cm desenvolvimento. Acho
mesmo Orisà, mas os nossos orí são diferentes; portanto, cada que, em virtude do longo período de absrinÈncia e do grande
um com suas parricularidadcs. AJém disso, observados alguns apelo sexual a que a pessoa 6 submetida, é que, volta c meia,
tabus clássjcos tie cada Orisà citado e devido ioí sctis mitos, os coínamos conhecimento de casos dos uiílÍS escabrosos em algu¬
èèwò (proibições) serão conhecidos aos poucos, quando cada um mas casas, ate mesmo de casas famosas, em relação às práticas
descobrirá as suas, que serâo aquilo qtje lhes fará mal com- sexuais. Não vou tecer detalhes de comentários, mas a maioria
provadamence. sabe do que estou falando. Acho que este costume de tão longa
Outra coisa é com respeito ao tempo d c ilçkc (tjUciê) que é abstinência sexual deve ser revisto e até mesmo modificado,
costumeiro nos nossos Candomblés, pois tenho uma visão muito pois o sexo para uma pessoa normaJ é uma necessidade fisio-
particular sobre este assunto. Não creio que seja necessário fi¬ Jógica Ian to q ti an to urinar ou defecar, isto e, guardadas as devi¬
car-se por tanto tempo lIc "prcceito" (resguardo), como o p eno d o das píoporçoes.
de recolhido, mais três meses dc llçkç (quelê). Acho que me u Após esse parêntese, voltamos então para a festa da saída do
ponto de vista é bastante polêmico quanto a esse assunto, por¬ iyàwó,
que, vejam vocês, é um suplício para uma pessoa adulta e sadia No dia da saída (nome do Òrisà do lyàwó) deve ser no¬
manter-se casta, isto e, sem manter relações sexuais, jjor ura vamente raspado o fári èketa (a terce ira raspagem da cabeça),
período de quatro tneses ou mais, principalmente em se tratando preparadas as roU]>as das saídas, as comidas q ue serão servidas
de umíi mtilher ou homem casadosj acostumados a terem sua vida aos convidados e, como disse anteriormente, uma porção dessa
sexual normal. De repente cessa por um longo período. O comida deverá também ser oferecida [jara Esü.
marido, por mais dedicado e fiel à sua esposa, com ela estando Chegado o momento de iniciar a festa, come�a-sc o si ré (os
proibida do sexo por tão longo tempo, terá de ser, ele sim, um cânticos e danças) louvando Èsíi. E m algumas casas, o pàdc d c
"santo" para também aguentar e não "pular a cerca". C) mesmo Esfi é despachado ainda cedò� " sendo teito dc maneim mais
com relação ã mulher, que ao ter o marido privado do sexo por elaborada, com cânricos aos ancestrais, às lyámi Àjé, aos Bàbá

81
Esá, com cândco.s espccíticns para cada um c para cada ele¬ l!c criar nm ser hnntíino, ivtn é, gerar, nutrir e manter a vida dn
mento das oferendai:, Mas isso não impede que no momento dií
ser hiinlano dentro de si e dá-lo pronto como i> próprio criador
início do sirc haja mais cânticos pam ÈsiJ.
(Eléêdá). Então, noikóòdíde, está o simlKilismo do resjicito e dy
Então, segue-se a ordem do sire como de costume. Na época
reverencia de Òòsààlà i maternidade e à mulher em si na figura
enn tjnc fui iniciado, em 1966, c ainUa até o final daquela
de C� sim, o Òrisà símbolo da maternidade, que tem o poder de
década, costuniava-se "tirar" o íyàwó antes da meia-noite eni to¬
re[irodii/ir a vida. Portanto, não concortlo cor;i fi ato tie se colo¬
das as easas que nós íamos.
car cjiial(|iicr pena no 1'V'à�'ó [>ara simbolizar o Ikóòdíde.
Quando era saída de lyàwó havia a preocupação das pessoas
Amarrado oíkóòdídè, começa-se a pint:ar o Òrisà ineoqiorado
que queriam assistir dc chegar cedo, por volta das vinte e duas com o cfim (;i pintura branca}, isso porque a primeirii siiída é
horas, para poderem assistir à saída dn lyàwó. Sc, por acaso,
feita eni ho menagem i Oõsààlà, o Orísà símbolo da criüçâo e o
chegássemos após a ícro horn, já não víamos o íyàwó, que já
tinhii Süído pelas três vezes e liado o orijko> ó tí njó (ele já tinha pai de todos. Há várias formas de sc pintar um iyàwó, cada
casa. fa/ ao seu mítdo: p[idc-se culocar o orí todo branco níi in¬
dançado); portanto, síl participávamos do restante do C�andom- terior do círculo formado |ie!a trança do ikóodíde mi um cír¬
blé. Eu aindít tosiumo fazer assim desse modo, gosto de fazer a
culo sonicntc ao redor do (�síui e em sua volta as jiinta.s
saída J u lyàwó antes da meia-noite como antigamente.
O bàbá (lu 1'� brancas, bem cimifp no rest'<inte d<i corpo e membros qiie ll-
� lóònsà decide em ("niais momentos se dará cada cam desnudos, sendo essa.�pin las bem pctjuenmas. Por sua
Saída, cm intervalos mais ou mcncs regiiíares.
vez, tamljém a pintura lem a rc[nescntaí.ão de simbolizar as
EntãOj já estando o íyàwó asseado, de ürí raspado ó si jóko ni
íkolà (os cortes das marcas tribais, que eram feitos no rosto.
iga kékeré (de é sentido numa cadeirinha ou banquinho),
fazem-se as rezas oii ofç para chaniar o Òrísà íiíi orf do ly�wó, corpo e lambem em circuncisões); hoje em dia. as marcas
tribais já não são tão usiiai.s, fazem parte (.la rradição (pie está
Uma vez estando o íyàwó incorporado, começa-se a vesti-lo para
sendo deixada de lado ou simjilesmente cs([uccida pelos no¬
a primeira íaída, que deve ser totalmente de funfun (branco).
vos costumes dos tempos modernos.
Dejiois de vestido o lyàwíí, o bãbá ou íyálóõrisà coloca-lhe o Terminada a pintura, está pronto o Òrísà para a saída dc
Osiiu no alto do orí sobre os gbéré-om
Se £1 Osüu tiver sido confeccionado com orí vegetal ver¬ Òòsààlà; então, tira-sc a primeira cantiga para a primeira saída:
Àlà rè k'onio àjò ki wá awo, ki wá àjò.
dadeiro, podem ter certeza de que este não cairí e nãti precisará
A bo ènyin ki wá awo, ki wá awo, ki wá àjò.
ser removido até o final da ccnmfinia da terceira saídi.
Ki wá awo, kl wá àjò, ki wá awo ki wá àjò lígbé lé.
Colocado ü Osiiu, prcndc-se ao redor do orí o ikóodíde (a
(,Sen alá saikla os filhos na viagem c|iie vem ao culto,
pena vermelha do papagaio odíde). Segundo um k ò n (história)
Yorübá sobre Oòsààlà, o Ikóodíde é o tinico ornamento vermelho que chegam de viagem,
ntrs cultuaniíis a vós i-|uc vindes afi culto, (|uc Vi ndes ao culto,
que Òòsààlà aceita. Isso em reverência à maternidade, repre¬
sentad a pelo ikóòdídç, [.nus significa a rejiresencíiçào da que chegiiis dc viagem,
Que vindes ao culto, que cjiegais de viagem, que vindes iio
menstrtiaçào da mulher, que possibilita o ato da gestação e
da procriação, um poder que é inerente .somente às mulheres: culto,
Que chegais dc viagem para morar (viver) cm nossa casa.)

82 N3
Nessa t-antiga, a íyámorò (mãe dws filhos na tradição do tiilto, ikúnlè ikàfórí sílè àti ípatéwó (de joelhos com a cabeça baixa e
também chamuda dt: mãe-triadeira, porque é ela quem cuida do batendo palmas, se feminino, saudando o àse da casa que ele
escolheu e do qual doravante fará parte). Saindo dali, o cortejo
lyàwó diirutite lodii o tempo de reclusão eiimo se fosse mesmo a
sua mãe, tendo para com ele o mesmo cuidado que sc tem para vai para os ilü (atabaques) e repete-se o mesmo ato. Ali eles
com um bebe recém-nascido, ou ainda, nesse caso, cm gestação) reverenciam os instrumentos sagrados do culto, que tem o poder
sai na frente cüeii a ení {esteira), que deve ser forrada de branco, de chamar os Òr� sà com seus toques e também aos OnuKi, os
enquanto e seguida [icln babá ou íyálóõrisà, qiic vem puxando o Ògans que nos percutem e fazem a comunicação com 05 Oiisà,
noviço pelas roupas (algumas pessoas puxam-no pelas tranças ,dc Ao saírem tiah, dão mais uma volta no salão c param no centro.
palha-iia-cosra. conhecidas por mokan) e todos cantam enquanto Então, cantam-se em homenagem à Oòsààlà algumas cantigas
eles circulam pelo salão ate [lararem no centro dt) mesmo. Aí, o para que o noviço dance para o Òrisàtllá (o Grande Orixá); aoial-
babá ou lyálóòrisà canta a segunda cantiga, que é aquela que mcnte esse é um ritual em desuso, mas eu continuo a fazê-lo.
homenageja a maternidade através de Oòsààlà: Terminando os cânticos de Òòsààlà, canta-se para recolher o
Odòtln ó dòbálè kíl obínrin Odòtln, iyàwó;
Odòfin ó dòbálè kíí obinrin Odòfin. A ní wà jéç-jèè
(CJdóhin (um oríkí de Oòsààlà) prosta-se ao chão lyàwó nbo lóònòn,
saudando a mulher ía maternidade), Òdófíni. Iyàwó nbo lóòní,
Odt'>ílm firoNta-se ao chão saudando a mulher lyàwó nlxi lóònòn.
ía maternidade), Odótlm.) (Nós estamos conduzindo calmamente
IJiirantc essa cantiga, a ivámorò estende a em' (esteira) na O iaô, cultuando nos caminhos,
laó cultuando hoje,
porta, o fírisà ndòbálè àti ipatçwó (jirostra-sc ao chão e bate pal¬
mas). iissa reverência na porta c jvara os Òrisà Onon Esü e Ògiin Iaô cultuando nos caminhos.)
(orixás dos caminhos), (|ue são os primeiros a serem reveren¬ Ao voltar ao runko, jóko ó Orisà ni àga kckeré (senta-se o
ciados no culto após Onííç, tjue tem imph'cjta a reverência tam¬ orixá num banquinho) enquanto lhes são tiradas as roupas c
bém a si no próprio ato do dòbálè. Segundo os costumes somente a pintura orí (cabeça), (|uando lhe são vestidas outras
brasileiros dessa rk:\'erencia, dizem que o dòbálc é o cumpri¬ roupas para a segunda saída (no caso dc ser çmo Oòsààlà, con¬
mento feminino e iká c o cumprimento masculino, Ma,s, de tinuam as roupas e pintura brancas e, diga-se de passagem, que
acordo com os cosi umes Yorííbá, é justamente o contrário, sendo as roupas para Oòsààlà, da primeira à última saída inclusive, são
o dòbálè o cumprimento para us filhos homens {ma.sculinn) c dc algodão. Nada de brilhos e lantejoulas, como estamos acostu¬
iktínlè (dc joelhos) e Ikàforí sílè (com a cabeça abaixada ou no mados a ver por aí.)
chão) para as filhas mulheres (feminino). Já vestido o iyàwó, faz-se a pintura do wáji no orí, dentro
Terminando ali na jiorta, o cortejo segue para o ãse central, daquele espaço delimitado pelo Ikóòdídc (essa pintura repre¬
tendo à frente a íyámorò, onde novamente é estendida a ení e senta a escuridão do interior do útero materno, de onde está
novamente o íyàvvò rídòbálè àti ípatéwó (prostra-se ao chão c prestes a sair o filho que c representado por Esii Císçtura (no ven¬
bate palmas, se homem, ou melhor, se Orísà masculino) ou tre de Osún, o Onsà que representa a maternidade), e no restante

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do corpo e membros junto turn a pintiira branta, coiocam-.sc as tajnbém o Osiiu, na minha pcrmariecc; o Osíiu é removido
pincufis de wájí e osun (como já disse, cm algumas casas pinta- somente após o orúko (nome).
se ainda lie outras cores, por motivos particiilarc?í di casa). Isso Alera das expliea�-õcs acinia a resi�ciui das pinturas, elas têm
feito, está pronto para a segunda saída. também o simbolismo de além de recordar as marcas tribais an-
Muitas pessoas têm o hábito de, assim que rccolher o iyàwó tiga-s, ([uc eram uma distinção entre os diferentes grupos
ao runkí) após a primeira saída, "suspender" o Orisà para trocar Yorübá, jíois através das marcas trazidas por uma pessoa podia-
as rt) IIpits e an [tinturas do íyàwó. Panicnl arm ente, não concordo se iJentillcar a t|i.ie grupo Vorijbá da pertencia, até mesmo seu
com essa prática í.Ic fazer o Orísà ticar no "sobe e dcscc, sobe c "stams" dentro da sua comtinitlade. E, como já dito, é um cos¬
desce", como um ioiô. Para mim "virou" da primeira, vez, vai ficar tume hoje eni dia quase que totalmente abolido entre eles, e
até o termino de todo o ri tu at. nós fazcmíis a representação disso também, através da pintura
E para a segunda canrig�, canta-se: na saída do iyãwó.
E íkóòdídç a d li pé íyàwó, a fç rc rç, Veste-se o iyàwó com as roujjas da terceira saída, se for o
IküüdfUç A dítpélyàwó, a te rc rè. caso, e estando pronto, o babá ou íyàlóorisà "ttra" a cantiga da
( üo m as penas de Odidé nóis af�radcccmos ao filho do Orixá, terceira saída:
nós queremos n seti bem. A bü ènvin, a bo ènvin,
Com as penas dc Odidé, nós agradecemos ao filho tio Orixá, A bíi« ènvin
■ •■ ■ ■
Olóòrun ki àwa dé.
nós queremos o seu licm.) A bo ènyin, a bo ènyin,
E, ütirantc essa cantiga, roda-se o salão c pára-se no centro, A bo4 cnxnn
* ' V V ki
4 Olóònm àwa dé.
cantando-se pelo menos três cantigas para o Òrisà Onílé (o Orixá {Nós vos cultuamos, nós vos cultuamos,
Dono da Gasa), outro costume também cm dcsu.so atualmente; Nós vos cuítuamos, tjue Detis vos traga até nós.
di;pois disso, canta-se para rccnlher n íyàwó; Nós vos cultuamos, nós vos cultuamos,
A ní wà jéé-jèè Nós vos cultuamos, tjiic o Senhor do Céu vos traga até nos.)
lyàwó ril>o lóònòn, Durante essa canriga, o cortejo dá algumas voltas pelo salão
lyàwó ritw Iriõní parando no centro, então dentre as pessoas presentes o babá ou
Ivàwó ribo■ lóònòn.
«4 t lyalnòrisà escolhe unia que seja antiga (èbgón - irmão mais
(Nós estamos conduzindo calmameníc velho) e pede-lhe que "tome" o orúko do Õiísã cntregando-lhe o
O iaô, ciiltuanUo nos caminhos, ààjá (adjá). Bssa pessoa escolhida saúda a rua indo até a porta,
Iftõ cultuando hoje, tocando o soio com a mão direita c levando-a à cabeça; .sailda o
la& cultuando nos caminhos.) àçç da casa nn centro do salão também tocando o solo com a mão
Durante os miervalos eniie uma saída e outra, os cânticos do direita depois tocando a própria cabeça; c saijda os atabaques
si ré continuam (prosseguem) normalmente, um a um tiazendo os mesmos gestos, isto é, tocantU) cada um
Desta feita, prepara-sc o íyàwó para a terceira saída, que será com a mão lI irei ta logo após tocando a própria cabeça; pede a
a do orúko (nome). Tiram-ííc-lhc as roupas da segunda saída ou bênção aos (Jgans, aos mai-srvelhos (ãgbÈt) e aas mais novos
não, limpa-se toda a pintura, Embora em muita.s casas tirem (omondé).

86 87
Então, eU o íyàwó pelo bmço e coineça a passear pelo A mòn rè ic, ãwa ilé ire
salão, entiuanto f a z pedidos ao Òrísà íjue diga i|cn c c l a r í i o fí cu E mòn yíyè Ic l è yõ.
orúko (nome) para que todos possam conhceê-lo pdo tiomc a
A mim yíyè i l e yò, a mõii yíyè.
pariir desse mojiienco. Das duas primeiras vezes o Òrlsà niiir- A mòn yíyè i l é yò, a mòn >'ívè-
miira baixinho ans ouvidos d i t seit então "paJrinliü ou madrinha
(Quem disse o nome em nossa casa. vó.s dissestes.
dc orúko" o seu iitmie. Mas, na terceira vez, e J a apela para que o
Nós vos entendemos em ntjssa casa, nossa casa está lehz.
Onsà grite alto para todos o seu orilkíi, pois estes lambém dese¬ Nós entcntiemos, sobrevive a easa na terra, alegre.
jam saber tiucni ele c , Nós entendemos, sobre\nvc a casa a l e ; 4 r e , nós entendemos,
(intão. calmamente, o Òrisà gira em torno de si u(Tja ou duas siibrcvi vc.)
vezes e rodu|iia mais rápido e num salto pprita bem alto n seu E todos também dançam e, logo ajiós, carna-sc íi quarta c
orúko (rtome). Então os presentes aplaudem (sé ípitéwó� , os última cantiga dessa seqüência:
"dobram" os couros e
Ãgòbò ó ní Ua íi awo, 6 l è yòj
atabaques alguns mieiüdos incorjtoram
seus Orísà, t|i<c vém dar as bo.w-vindai ito recém-chegado e
Àgòbò ó ní I fá n o dára, ó l è yò,
rccéni-nasieido Ortsà. Quando i s s n termina e tudo Sc acalma, c (1 .icença e prute��ão ele tenha líi no culto, e eie possa ser ale¬
são íeitos alguns segundos de silêncio, comcça-sc a cantar
gre.
A imòn imòn kúií.p su l ó õ r l í , Jo culto e
Liccnça e proteção de tenha I fa , tenha a beleza
Ki ibàsç Ülóòriin 6.
possa ser feliz (alegre).)
A imòn imòn kíní ó su lóòní, E todos dançam novamente. Após essa cantiga, canta-se "s í
Ki íbàse Olóôrun ó . wolé jyawó" (para levar o íyàwó para tlentro), aqucla� rliesma can¬
VP • V �

(Nós entendemos, entendemos o que cie disse hoje,


tiga das vezes anteriores:
Que o Senhor do Ceu o abcny:oc, A ní wà jçé-jèç
Nos cntendcfHus, entendemos o que cie disse hoje,
lyàwó libo lóònün,
Que o Senhor dn Céu o abetii� oeO
Eyàwó j í b í ) lóòní,
Enquanto o "p� � drinho ou madrinha", o bàbd ou lyálâòrísà lyàwó libo Igònòn.
dançam cüm o iyàwo ao som dessa cantiga. Ao pará-Ía, canca-se a (Nós estamos conduzindo calmamente
segunda: O iao CLi lu i aTu i o nos caminhos,
A imòn Êmòn e kú àbò õkè, O iaô cultuando hoje,
E k i í àbò. O l a ô ciiltuaiido nos caminhos do culto.)
{Nós entendemos, entendemos, .sede bem-vindii acima dc Aí entào termina a pane mais crítica em termos dc ner¬
tudo, vosismo e expectativas que causa uma feitura Jc Orisà, [Kits sc
Sede bem-vindo.)
as coisas não correrem todas bem, pode haver perturbações que
E novamente todos dam� am. Terminando esta, canta-se a não dará o seu oriíko
poderão provocar a mudez do Òrísà que
terceira; todoí da casa senrmientos de tristeza,
{nonie), provocando em
Eni sòrò orilko àwa Ué ènyin soro, nu
constrangimento e vergonha para o bii>á iyálóòrísà.

H8 sy
Daí parte-se para <j segmento mais alegre do rimai, f|ue é o
siré (lo Orlsà, é quando ele retorna todo paramentado para
dançar, desta feita sim, para si mesmo, as suas cantigas. Depois
de vc-stidu c pronto para sair, o bàbá ou Íyá[6òrísà "tira" a cantiga:
E a [íbo ki wá àjò,
O dúftS dé wa ióònõn ò,
E a nbçj ki wa àjò. Saída de Ogán ou Ekéji Orisà
(Nós estamos cultuando q uem veio (chegou) de viagem,
Ele ficou ao chegar a nás dos caminhos,
Nós estamos cultuando quem veio (chegou) de viagem.
Essa cantiga significa o júbilo por aquele Òrisà, representado
pelo orí do lyãwó, r£r completado a sua \iagem do tmin para o
ayé {do céu para a Terra) e ter chegado incólume aos percalços
encontrados durante essa viagem, segundo a lenda sobre a
escolha do Orí e o destino do homem no òrun e sua viagem pos¬ C)yè é uma posição, um cargo importante dentro de uma
comunidade e da casa de cuko aos Òrisà. E os Olóoyè são as
terior para ü ayé. Então, nes.sa cantiga dão-se as boas vindas ao
pc.ssoas que ocupam esses cargos. Os nomes utilizados por nós
recém-chegado do òrun.
I� odc ainda, se quiser, o bàbá ou lyálóòrisà "tirar" mais algu¬ aqui no Brasil para distinguir essas pessoas são de Ogán, para os
mas cantigas de júbilo, que são cantadas em ocasiões especiais homens, c de Ekéji, para as mulheres. No fundo, ambos o Ogán
e a Ekcji são na realidade Ekéji Òrijà {segunda pessoa para o
de festas na casa. antes de "tirar" í) siré do Òrisà recém-chegado,
Òrísà). No caso, a primeira pessoa do Òrisà é o bàbá ou lyálóòrisà
mas isso fica a seu critério, .� pós essas cantigas, canta-sc para g que e o i)àbá ou íyáláàse da casa. E quando é "confirmado" (ini¬
Orisà dançar, também a critério do bàbá ou lyálóòrisà, após o
ciado, no caso do Ogán ou Ekéjl) o Olóoye, cie passa a ser a
que ele é recolhido definitivamente au runko, sendo aí encer¬ segunda pessoa do bàbá ou lyáláàsc.
rado o ritual da saída do íyàwó. E a cantiga para recolher é a
Dentre os Oyè (cargos), temos os mais conhecidos que são os
mesma das vezes anteriores: Oníilü (os tocailores de atabaques) também chamados de
A ní wà jçç-jèè -
Aláagbé (alá - Senhor, ibugbé - casa, moradia Senhor da casa
Ivàwó libo lóònòn,
-V

• • ■ ■
ou da moradia) ou Aláagbé (alá - Senhor� comunidade -
~
lyàwó ábo lóòní, O Senhor da comiiiiidàde); Àsògún, muito conhecido entre nós
lyavt'o i1t>n lóònòn. e que é aquele que sacrifica para os Orisà; o Apájá, pouco
(Nós estancos conduzindo calmamente comum entre nós e que é aquele cpie sacrifica cachorro para
C) iaó cultuando rios caminhos,
Ògún; temos ainda o Pejigán, que é o encarregado de zelar e ser
O iaf) culniando hoje, o guardião do Pcji; o Asogbá ou Asogbánilé, que é aqueie (|ue
O iaô cultuando nos caminhos do cvjlto.) conserta (cose ou costura) cabaças (o consertador dc cabaças da
casa) e que é tido como o guardião do santuário de (Jbaluwàiye.

90 91
Pura as Ekcji tcnicis a lyámorò {a mãe dos tilhos do culto sendo prítica aceita como normal e com grande naiuraiidadc, é a
rrailicional),a mãe-cri:ideira; » A.láasè ou lyáláasè (a Senhora oii de nos dias atuais muitos Ogan ou Ekejj (grande parte dos quais
Mãe que cozáitliii purii os Orisi mi nt) culto) íjiic é cncarrcgüda foram somente suspensos, isto é. apenas escolhidos e pinçados
ainda não o são)
dc cozinhar para a casa dc culto; a K�átcbcsé, que é aquela en¬ para serem fiittiramentc eont1 miados, mas tjue
carregada dc puxar os taiitjco.'s sagrados da casa; a lyáaló, aquela raspam, inicsandoíyàwn pasmem, outros e
Ogán likéjl.
que 6 a assistente direta d<j bàbá ou lyálóòrisà, a segunda em co¬ A miciação tie um adósuu c atribuiçao exclusiva a outro
mando cm qualquer assiinto; a iyáláaso, aquela que c encarre¬ adósüu e no caso dc iniciação de mn Ogán ou Ekéji, alem de
gada de costurar e vestir os Orisà; a lyáçfun que é aquela adosüu, cie icm de ter o dom de mcorporar Orisà, nesse caso
esta
cncjirregada de prcjiarar e cuidar das pinturas dos lyàwó, lí as¬ específico, o Òrísà Onflé (Orixá dono dti casa) [iara quem
sim por diante, podcndo-se cor Olooyè para jrui meros cargos na sendo entronizado o Olóoyè.
casa. !í têm ocorri tio casos tjue do ponto dc vista tradicional do
Durante a confirmação do Ogán uu Ekéjí, eles podem ou não culto são Iiizarros, de Ogân ou Lkéji confirmando outros Ogán
ser raspados. Mas, um Ogan ou Rkéjl que será a segunda pessoa ou Ekéji e líomlíi outra pessoa pam incorporar eom o Orisà para
do AJáàsç deverá, iléui de ser raspado, passar dar o oníko (nome) do (írisà datpicSes Ogán ou Ükéji, ate
jjor todos os pre¬
ceitos de feitura inerentes a um Adósíut, inclusive em alguns ser mesmo pundo lyàwó paru desincunibircm-se de.sta tarefa impor¬
Adósfjti, por excm[ilo, quando são confirmados para À.jílgíin do tante.
Orisà do bàbá ou lyálntirfsà (bàbá iiu tyáláàse) ou quando são Quando peio menos eles forem confirmados por uni Ogán ou
confirmadas as Ekéjl íyialé (Mãe da casa), isso porijuc eles re¬ F�kéji adósíui, há ao mení>s o consolo de o terem sido [íor um
cebem esse Oyè ícargo) e a responsabilidade de xelar pelo Òriíà adósíui. Mas. em grande parcela desses casos, eles são confir¬
e ÍJrí do bàbá oii iyálííàsç (que são os bàbá ou Tyálóòrlsà da casa). mados por alguém íjue não é adosfiu ou fiue foram somente
li para ter-sc a jieniiissão dc colocar a mao num Orí adósíiu (ca¬ "suspensos" ou ainda, que confirmados, jamais deram as suas
beça que levou Òsüu) tem-se necessariamente de ser também obrigaçfies dc ano como as que os adósüu cêm de cum[)rir. Sem
um adósuii, Porque ninguém pndc transmitir falar ainda na íimção (|uc eles desempenham como OIrtwo (Senhor
aquilo que não
tem; portaiuo, quem não é aiiósíiu não pode fazer obrigações de tjue olha através de algum instrumento adivinhatârio no culto).
q ue m t) é. Lntão, esses fJgán ou Ekcji esjieciais são escolhidos Eles ])odeni desempenhar essa função desde que, para ela, te¬
pela confiança do bàbá ou tyálóòtrsà e assim confirmados para a nham sido especificamence preparados. � \í, eles ptidcm exercer a
finalidade de serem os guardiães de sctis Orí e de, na ausência função de Oliiwò, q ue é de jogar para saber e transmitir aos de¬
do l)àbá ou jyáloòrísà, do ;'\Jáàse da casa em caso d e ele necessi¬ mais adeptos d ti culto os desejos dos Orisà e dos ancestrais.
tar de tim eborí (oferenda à cabeça), esse Muito embora seja difícil, cm termos de tirasil, a consagração
Ogín ou Ekéjí AdósüiJ
.será quem fará esse eborí com total autonomia dentro do culto. de um Bàbá láwo (Sacerdote altamente gratinado no culto de Ifá)
Mesmo tendo autonomia totals cies não podem desvirtuar pela ausência de um Sacerdote de Ifá Icgituno, o que é difícil de
essa Tinalidadc para a (.|ual toram se conseguir [)or aqui e, tal e qual no easo dos adósfiu, someiue
preparados e saírem raspando
novos adosuu por af indiscriminadamente. o que é p io re está um Sacerdote de Ifá pode iniciar outros sacerdotes de Ifá, o que
ocorrentio em grande tjuanndade c o fjiic é mais gr�ve ainda, é. além dc muito demorado, o que levaria no mínimo doze anos

92 9.�
� Ic aprciidi/iiJd (s ecu ndo os próprios sacerdoces dc Ifá Yoríibá, Nã<i vnii repeti r aqui os rituais de iniciação do iyàwó, posto
SC a jitsstia tor nniíU) inteligente e tiver boa memória), e com dos Olóoyè, emb o ra a
q u e são os mes mo s para a iniciação
muitas n u mu i as . E. apesar disso, estamos vendo surgir [mr aí maioria ache q u e não; q u e ptjr serem (31óoyè já t e m prerrogati¬
\ iínos c r áritis "sacerdotes d e Ifú" confirmados co mo "onto Ifá" vas e mo rdomias d u ran t e a iniciação, o q u e não é verdade, por¬
(filhos dc Ifá), iruliisive niiiiliercs, a <juem é veJadii esse car�jo e d evem ter as
q u e eles são omo-Orlsà como outro qualquer
(>c>r trailií�âo. Mas esses são assuntos de ampla discussão bastante mesmas obrigaí�-ões e ol:>cdiência,s' aos Orisà co mo os demais filho.s.
polêmicos pi»r contrariarem muita j2;ente e que não caberiam O c|uc mu da é o ritual da saída do Olóoyè que e um pouco diferente
a(|ui por sua oxtensàd. fiz-lhes referência s o men t e co mo preâm- do dos lyàvvó.
Imlo para o assiinici i.la iniciatj-ãoe saída dos Ogán e Ekéji. Após realizadas todas as obrigações e rituais internos, chega-
(.�omo falei ilc ()assa;iciii anteriormente, u m Ogán oii u ma se à saída do Olóoyè. Os toques co meçam da mes ma forma de
Kkéjl, t|ne doravante iliamarei de "Oióoyè", ambos d e v e m ser sem[ire. can t ando -s e para Esíj e scguindo-se o siré normal¬
iniciados como os "iyàwií. com niais ou menos profuntlidadc no men t e. Num gran de n ú m ero de casas, s egu e -s c com o siré até
iiwt) <sef;redo du ciiko) (.Icpcndendo dos cargos q u e forem «cupir. chegar o momento e m q u e se canta para o Ofisa On í l é (o Orixá
Mkuu s serão somente siispens(»s e confirmados, embora receb endo dono da casa) q u an d o este incorpora e é levado para dentro,
todas as olin|;aeões necessárias não serão rasjiados. Outros, co mo onde será d e v i d a m e n t e paramen tado com suas roupas de festa c
taml)ém já disse, serão pin<;-ados entre os demais e escolhidos insígnias. Então, canta-se para o Orisà sair no "barracão" (salão) e
para os carijós de maior contian�a e autonomia lotais dentro da ele vem já de braços dados com o seu Olóoyè, e aí se desenrola o
casa. e d e v e m ser raspados e serem udósiiu. ritual do oríiko Orisà Olóoyè (n o me do C3rixá do oloiê).
1'jmbiira sejam Olórtyè, essas pessoas são t amb é m omo-Orisà C o mo eu t en ho a visão e maneira dc pensar qu e c m s endo o
(fillios do Orixá), eles s oment e não tem a capacitiade dc incor¬ Olóoyè um o mo —Orisà como outro qualquer, cm minha casa
porar o Orisã, mas foram escoltiidos pelo Orisã para m como filhos, faço a primeira saída dos (!)Iòoyé, q u e é a saída d e Oõsààlà e,
c é Lomt) tal ijiic eles se após essa saída, cpie será aguardada a incorporação do Orisà
apresentam o>i deveriam se apresentar
iiiinw casa de culto, íí, uma vez aceitos c entronizados n u ma Onílè para dÍ2eT o oriíko Orisà Olóo yè c m público. .'Vssim sendo,
casa d e culto, eles d e v e m eiu|uadrar-se na casa antes de iiido, a primeira cantiga é;
co mo omo-Orisà kon (mu filho do Orixá), depois é <|ue vêm as E Òrisà Toyè (fá Ò g b ó n í
prerrogativas e "siaius" do O yè (cargo (|iie lhe for designado). O E Òrisà Poyè Ifà Ògbóní,
"status" (pie o Olót)yè ocu[)a e as prerrogativas inerentes a ele Ogán babá keji aláàse Òrisà 1'oyc,
são. sobretudo, uma convcn<,-ão piiramcnre temporal nossa, acer- Ogán bàbá kéji aláàse Òrisà 1'oyè.
ratia para einiiiailrar na sociedade (egbé) tjue vê natpiele o <»cti- (El e t e m cargo do Orixá ÍJenhor Ifá
p au t e de um cargo de maior ou menor "siatns". lí isso é El e t em cargo do Orixá Senhor Ifá,
observado e rcspcuatlo crmi ccrte/.a ainda hoje, embo ra nniiros, Ogán é íi s egu n d o pai, S en h o r do axé
-SC não a grande maioria, extrapolem tias suas prerrogati\as e e recebeu g cargo do Orixá.
poderes inerentes aos cargos ipie ocupam, mas issd t amij ém já é Ogán 6 o s egu n d o pai, SêTihor do axé
caso para ourra história. e receb eu o cargo do Orixá.)

V4 9S
I'ara Olrtoyc binnn (}íké}í) .substitui-sc n iiunic Ogán por Para a segunda saída, i|Ue c a saída de gala, cm muitas casas,
r.kéjf e o Uc bãbá por lyá: senão na maioria, os Ogán saem dc temo, gravata, sajiatos, boné
E Òrisà Toyè Ifá Ògbóiií, ou chapcu branco e alguns ainda com luvas brancas, além da
E Òrísà ]'oyè Ifá Ògbííní faixa com os dizeres "Ogán de ..." (Orixá tal,..). A Ekéji saí de
Ekéji lyá kcjí aláàse Òrísíi J'oye, vestido branco (muitas de longo), sapatos altos, òjá amarrado
Ekcji lyá kéjl aláãse Oris-i l'nyè, com as pontas para cima (algumas ate dc adéXctc.
{Ria tem t:argí) dí> Orixá Senhor JfS,
Já eu gosto de Ogán vestido de agbdá branco, calças brancas,
Ela tem cargo do (írixá Scnli()r Jfá, chinelos brancos, boné branco, scus llèkç (contas) e ainda a faixa
E �segunda. Mãe Senhora iJo axc com referencias ao seu cargo. A Ekéjí eu gosto de bata branca,
c rceelíeii i> cargo do (,)nxá. baiana branca não muito comprida nem excess<i de roda,
E a fícgllnda Mãe Senhora do axé chinelos riu sandálias altas brancas, um pano-da-costa também
e reeeljeii o cargíi «-lo Orixá.) branco jogado por sobre os ombros e o òjá no orí dc pontas para
Rcpece-se o ritual do eortejo peJo salão como na saída dos cima e outro na cintura e claro, os ilèkc (contas) e a faixa com
lyàwó, dando algumas volcas e parandn no centro, quando se referência ao seu cargo.
cant� a segunda candga que é a rcvcrÊncsa dc Òòsààlà à ma¬ Sou sincero em dizer que essa maneira minha preferida é
ternidade; "xoxada" por muitos. Mas cu a pretiro porque acho mais com¬
Odpfin 6 Dòbilè kfi objnrin Òdòfín, patível com o culto aos Ònsà, bem mais do que a outra que por
Òdòfín ó I )òbálè kfi obmrin Òdòfín. minha parte acho mais compatível para um executivo ttiie tra¬
PB .k« y.
(Odófim prostra-se ao chão saudando a mulher, Ddófjm (à balhe en\ ambiente refrigerado ou uma "shíiw-wonian", pois até
maternidade). Ekcji de vestido transparente já se viu,..!
Ódófim prosira-se ao chãn saudando a mulher, Ódoílm (à Estando o Òrisã c o Olóoyè prontos para a segunda saída
maternidade.) canta-se:
E quando o olóoyè também cumpre o ritual de saudar a rua Awa ríbo Ogán ile, áwa nbo tJgán ilé.
(os cammhos), a ã.se central da casa e os lift (atabaques). Te n d o Awa nbo Ogán ilé, ãwa nbo Ogán ilé.
feito isso, parant no centro do salão e então se cantü em homenagem
Awa íé wã Tayò ire.
a Oõsààià e todos dançam. Ni Òrisi fun Ç foyè.
Te r m i n a d a a série de cantigas para Òòsààlà, o olóoyè c Àwa lé ó Toyè, orò, orò, Ogán ilé.
recolhido para trocar de roupas e colocar suas roupas d e �ala Àwa lé o i'oyè, orò, orò ó Aláagbé (À.sògun e).
aso odún (íoupas de festa). As roupas da primeira saída podem
(Estamo,s cisUuanUo o Ogán da casa, estamos cultuando o
.ser roupas brancas comuns ou um òjá funfun {faixa branca) bem
Ogán da casa.
amarrado no orí, uma calça branca, outro òjá fijnfun (faixa Estamos cultuando o Ogán da casa, estamos cultuando o
branca) amarrado no tórax, com o olóoyè usando ikóòdíde e sa-
Og� n da casa.
woro. No caso dc ser adósüu,u osíiu fica sob o ôjá. Para olóoyè Nossa casa está alegre e téüz,
blnrin as roupas devem ser compatíveis com o sexo feminino. Foi o Orixá quem lhe deu o cargo.

96 97
E m nossa casa ele tem cargo sagradu, sagratlo, é o Ogán da Deus o abençoe,
casa. Nós entendeuins, entendemos o que clc üisse hoje,
E m nossa casa cie cem cargo sagrado, sagrado, é o Ogan da tjiie o Senhor ilo céu o abcri� �oe.)
casa.) A segunda cantiga é:
Ou, e m sendo Ülóoyè binria, canta-se a mesma coisa, apenas A imòn mi nu e klí àbò òkè, e kú àbò,
trocandd as palavras íígán piir Ekcji c Aíáagbé por Ektji jlé: A imòn imòn ç kií àbò òkè, e kii àbò.
Àwa ribo Ekéjj ilc, àwa ribo Ekéjí ilé. (Nós encendeitiíJN, en rendem os, sc-de lK;m-\'indo, acima de
Àwa rtby Ekéji tlè àwa ribo Ekcji ilé. tudo, sê-de bem-vindo.
Àwa ít: wà ]'ãyò ire Nós entetidenios, entendemos, sê-de bcm-vinilo, íictma d c
Ní Òrisà fún E Toye, tudo, sê-de Liem-vindo,)
Àwa fé o Tovè, orò, oro, Ekéji ilé, A terceira é:
Àwa lé D Toyè, orò, orò, Ekéjl ilé. Eni sòrò oníko àwa ilc ènyin sòrõ,
(Estarrios cultuando a segunda mãe da casa, A iiiòn rè lé, àwa ilé ire
estamos cultuando a segunda mãe da casa. E mòn yívc lé lè vò
Estamos cultuando a scgtmda mãe da casa, A mòn yíyè ilé yò, a mòn yíyè.
c�tamoj cukuando a segunda mãe da casa. A mòn yíyè ilé yò, ü mòn yíyè.
Nossa casa está alegre e teliz, (Quem disse o nome em nossa casa, vós dissestes.
Foi o Orixá quem lhe deu o cargo. Nos Vos entendemos em nossi easii c rvossii casa está teli/,
E m nossa casa da tem cargo sagrado, sagrado, Nós entendemos, sobrevive a casa na terra, aicgrc.
E ü segunda mãe da casa. Nós ent.emJcmos, síibrcvjve a casa alegre, nós cnten�lemos,
E m nos� a casa da tem cargo sagrado, sagrado, sobrevive.)
E a segunda mãe da casa.) A. tjuartti cantiga é:
É quando o Òrísà íai dt branços dados com fi Olóoyc e Agòbò ó ní Itá n awo, ó lè yò.
dançam rodeando o salão parando no centro do mesmo, Todos Agòbò ó ní Ifá n ó tlára, ó lê yò.
ficam cm silêncio, quando então o Orísà segura o Olóoyè |>elo íLicenfjae proteção de ceiiha Ifi para cultuar
braço e começa a passear pdo salao em círculo, quando, de re¬ e ele possa ser alegre.
pente, cie rodopia rápido e mim salto grita uma línica vez o Licenva e prr>tet.ã<) de lenli� na be|e/a do culto Itá
orúkg Ôrisà Olóoyè (o nome do Orixá do Olôic). c ele possa ser aicgre (feliz).)
É quando todos aplaudem, "dobram" os couros e os demais A tpiinta cantiga e:
Orisà incorporam em seus filhos. Após alguns segimdos, já com Ogín ré wà ó jé èníõn
tudo calmo can ta-se: Ogán fé wà lé.
A imòn imòn kíní o so lóònú ki ibàse Oláòrun 6. Ogán Tçwà aláagbé ' "" (Àsügiin e)
• * •
A iíiiòn imòn kíní ó so lóònu ki ibàse Olóòrun ó.
• • *
Ogán ré wà lé.
{Nós entendemos, entendemtJS o que de disse hoje, (Ogan c uma iiessoa bonita,

98 yy
re¬
Ogan c a beleza da i� ossa casa, espécie de "tutor", a q ue m ele poderá numa eventualidade
Ogiii é a beieza do Scnhur tia comunidadc icasa) correr em auxílio. Já as casas de Kétu não fazem a "quitanda".
Ogan é a Ijclczy (Ju casa.) Após isso tudo, de preferência no dia seguinte, faz-sc o ritual
Para o Olóoyè bin ri n trt>cani-se algumas palavras: do P'ongn (Pè ònòn - pana - C h a n i a r o cammho - retornar) para
Rkcjl ewà ó jc èníòn os iyàwó. Esse ritual simbolicamente reensiuará ao lyàwó as
Ekcjl ewà lé. tarefas do cotidiano e a utilização dos utensílios em geraí, o que
Ekéji lyá ilé é feito de maneira descontraída e jocosa. Isso porque simboli¬
Ekcjl çwà lé. camente o lyàwó é um recém-nascido e terá de aprender tudo,
(Üquedi é pessoa bonita, mesmo porque esqueceu tudo o que sabia, quando de "era"
H(.|iicdi é u beleza da nosa casa. uma outra pessOü antes do seu renascimento para o Awo (culto).
E it segunda Mãe da casa, A partir desse ponto, o lyàwó irá cumprir uni determinado
f\ segunda Mae c a beleza da casaj tempo de ilêkè íquelê), que varia de casa para casa, sendo
Aprá cssa.s tanrigas, [jiidcm ser cantadas mais algumas dc tc� s- prática eomtim ser este período de crês meses. Para os Olóoyè
las (nrin odvin). Depois dissu, n Olóoyè tein de t;antar três canti¬ esse tempo 6 reduzidü para vinte e um dias. Eu acho que esse
gas pelo menos, para ti Orisà Onílé (Dono da Casa) para o cjuc p cno d o é o ideal para todifs, lyàwó e Otóoyè. pelo que já disse
ele foi confirmado c depois a mesma quantidade para ü seu antcri oimcníe.
próprio Orisã, dançandr; para ambos junto com o Òrisã. Após cumprido o tempo do ilèkè, tem o rimai da "caída do
Tcndt! terminado, d Olóoyè é levado pela Orisà títí àga rè quelÊ", sendo necessário para isso o batilio de àgbo, um egbü
(ate a sua cadeira), onde o Olóoyí: c s c n u d o e vai receber os para Òòsààlà e um eyelé que devera ser sacrificado sobre o ilekè
cumprimentos de iodos os jjresentes e o primeirn a cumpri- ipós retirado, numí�tigela branca ou (se tiver) sobre o igbá.
mentá-lo 6 u pi o]: ri o Òrísà Onílé para (|ijeni ele foi confirmado, Pode-se fazer, se assim desejar, uma festa com sirc, onde o
seguindo-se a ele os demajs Orisà incorporados, outros Ogán, Òrisà do lyàwó será novamente vesrido para o "Hun".
Ekéji, iHbálónrisà, lyálóòrisà, lyàwó, e visitantes presentes- FinJa aí o ritual da iniciação e o in[eiad<i (lyàwó ou Olóoyè)
E uma fesia, alím de bonita, de omita importância dentro da volta à sua vida normal sem maiores restrições, a não ser alguns
comunidade da religião lIüs Orlsã, por isso todos sc confraterni¬ èèwò (proibições) a que estarão sujeiros, o que embora se dêem
zam com o recém-entroniza d o. padrões não creio que seja possível padronizar pelo que disse dc
A testa prossegue normalmente com o Orísà dançando ]iara o cada orí ter sua.s particulariza d es e isso só será averigüado caso a
Òrisà do Olótiye nu (Qualquer uutro que ele queira e não tem caso.
hora para terminar. Essa é a maneira como aprendi e, ao passá-la aqui, náo estou
Nas casas de ,'\ngola-Congo cosníma-se fazer no dia seguinte dizendo que é a única e verdadeira, pois há muitas variantes
ao do onlko a "Quitantlu do lyàwó", onde o Erc dn lyàwó vende dentro dos rimais. Mas de uma coisa tenho tcrteza: c|uc é bem
(a preços absurdos) quitutes, doces e frutas diversas, tenninandf» cuidada e elaborada, muito mais do que a grande maioria tio que
com a venda sinlbúlica do ]}róprio lyàwó, que será leiloado e vemos por aí, o que eu considero uma brincadeira, levando-se
quem o arrematar será considerado seu padrinho e protetor, uma e m conta o verdadeiru culto.

101) 10]
Espero que tenha passado bons csclarccímcntos que, na ver¬
dade, são direcionados àquelas pessoas que já tendo recebido
"Dcká" c aberto casas necessitam complementar sevis conhecimen¬
tos e tenham dificuldades em obtê-los traduzidos cm informações
a respeito, de quem poderia ou deveria oferecê-las e, por mo¬
tivos sobejamente conhcuidos ptir nós, não o fazem c também
porque eu próprio já passei por isso, de querer aprender e só en¬
Bibliografia Consultada
contrar evasivas ou recusas diretas com desdém, e acho que de¬
vemos mudar essas e outras coisas q»e nos põem na contramão
do culto e dos rituais e que vêm há décadas os exterminando aos
poucos.

ABRAHAN. K.C� . iyiniomty of Mofífni Yonihu. lid. -,


Kt Olóòrurt gbè wa, 1981.
AWOLAI�II, J. Omosade. Yotjuhá Mtrfs and Sanifnal Riles,
Àsel Ed.-, 1'Í81.
JEJE, Olii Daramola àti Adcbáyò. Àtian Asv/ àíi Òrisà i/è
Yorid/ú, Ed.-. r>7().
rXXS SAN TOS, Juana Elbcin. Os Na� ô e u Mnrif� Editora
Vozes, 1977.

1()2 103
ELEGUN
INICIA Candomblé

Mais uma vez T'Ògún nos pre¬

senteia com sua sabedoria e expe¬

riência em um livro que, segundo

suas próprias palavras, é dedicado a

todas as pessoas desejosas de

aprender e entender os rituais da

religião dos òrisl

ISBN
9 7SS534 7Í 1372

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