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OBJETIVOS
Você conhecerá os conceitos sobre dependência em diferentes fases da vida,
o que ocorre no corpo e na mente humana quando a síndrome de
dependência se instala. Assim, os objetivos principais do módulo são:
CARGA HORÁRIA
Carga horária: 10 horas.
CONTEUDISTA
Leonardo Gomes Moreira
Síndrome é uma palavra que vem do grego e seu significado é reunião. Esse
termo é bastante utilizado na medicina e na psicologia para caracterizar o
conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada doença, ou
condição.
Multifatorial, de forma quase redundante, reafirma que é uma reunião, ou
somatório de fatores, para desencadear a doença, ou condição.
Quando uma pessoa tem casos na família de doenças mentais, passa por
condições emocionais que a deixa vulnerável para a experimentação de
drogas, bem como possui outros fatores que colaboram para o consumo
repetitivo da substância – por exemplo, viver em locais onde a substância é
bastante disponível. Podemos dizer, então, que existem diversos fatores em
sua vida que podem levá-la a desencadear uma síndrome de dependência
química. Porém, é importante salientar que nenhum desses fatores é
determinístico, ou seja, nenhum deles isolado é a causa do desenvolvimento
do problema com drogas.
FATORES DE RISCO
A afirmação de que nenhum fator sozinho pode, de forma determinística, levar
ao desencadeamento da dependência química implica o conceito de risco.
Chama-se fator de risco todas as possíveis influências (biológicas,
emocionais, sociais, culturais ou genéticas) que, somadas, aumentam as
chances do desencadeamento do problema. Sendo assim, nenhum deles
sozinho pode ser considerado uma causa.
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
SOCIAIS PSICOLÓGICOS
SAIBA MAIS
Para conhecer mais profundamente sobre os fatores de risco que podem influenciar
na síndrome da dependência química, acesse o seguinte material
complementar: Gerenciamento de casos
FATORES DE PROTEÇÃO
No estudo da ciência de prevenção ao uso de drogas, discute-se muito o
conceito de fatores de proteção, que, inversamente aos fatores de
risco, diminuem as chances de ocorrência da experimentação e abuso de
drogas, ou do desenvolvimento da dependência química. Atividades
esportivas ou religiosas, ambiente familiar acolhedor e responsivo, alto
envolvimento com atividades escolares ou possuir habilidades
socioemocionais são exemplos de fatores de proteção nesse caso.
Por exemplo, caso uma gestante faça uso de alguma substância, o bebê
sofrerá diretamente o efeito, e isso irá torná-lo mais predisposto ao
desenvolvimento de transtornos mentais quando crescer. Assim, o cérebro de
uma criança, desde o seu nascimento até seus sete anos de idade, está
sendo moldado ao que serão os pilares para o funcionamento biológico de
sua futura personalidade, de suas habilidades cognitivas e de seus valores.
SAIBA MAIS
Por muito tempo, pensou-se que qualquer dano ao cérebro era irrecuperável;
entretanto, nas últimas décadas, observou-se a capacidade do cérebro de
ocupar as áreas lesadas com pedaços de neurônios que crescem das áreas
vizinhas à lesão. Isso se dá especialmente se a causa da lesão cessar e se
houver um estímulo para a reabilitação.
Tente refletir aqui sobre o tempo que cada acolhido passa na Comunidade
Terapêutica e como individualizar esse tempo para cada pessoa.
Conceitos básicos
Substâncias não produzidas pelo organismo que causam modificações ao seu
funcionamento são denominadas drogas. Quando agem diretamente no
sistema nervoso central, são denominadas psicoativas ou psicotrópicas.
Define-se que substâncias ou drogas psicoativas são aquelas que modificam
o estado de consciência do usuário.
Mas foi somente ao final do século XVIII e começo do XIX que o conceito de
beber excessivo como uma condição clínica apareceu na literatura.
Provavelmente alguns fatores contribuíram para esta mudança; após a
Revolução Industrial na Inglaterra, ocorreu uma maior concentração
populacional nas cidades, facilitando aos médicos observação pormenorizada
de pacientes com consumo excessivo de álcool. Um segundo fator foi o
desenvolvimento de tecnologias na fabricação de álcool, que ocasionou o
barateamento e maior oferta do produto.
Até a metade do século XIX três autores tiveram influência na literatura sobre
o álcool que extrapolaram seus respectivos países. Bruhl-Cramer, na Rússia,
desenvolveu o conceito de “Dipsomania”, considerado um ato anormal
involuntário, um desejo por álcool, à semelhança de desejo por sal em
algumas condições clínicas. Esquirol, na França, seguindo Morel dentro da
ideia de degeneração, considerava alcoolismo como uma monomania sem
delírio. Magnus Huss, na Suécia, talvez tenha sido o que exerceu maior
influência mundial, com a criação do conceito clínico de “Alcoolismo Crônico”.
Nos anos 1980, a saúde pública passou por uma reformulação, assumindo
esses programas de combate à dependência, com caráter primário e
epidemiológico, pois era crescente o número de casos de pacientes
alcoolistas, com tuberculose, envolvidos em acidentes de trânsito, detidos ou
reinternados.
SAIBA MAIS
Na animação Nuggets, você conhecerá o Kiwi. Ao ver a sua jornada, reflita sobre os
efeitos de qualquer substância psicotrópica e encontre nas metáforas os conceitos
de tolerância, riscos do uso e desenvolvimento da dependência.
Apesar destes dois critérios serem mais claros nos dependentes de maconha,
existem outros que devem ser observados. Por exemplo: sinais de
irritabilidade, inapetência, insônia como parte da síndrome de abstinência a
esta substância.
PARA PENSAR
E qual seria a definição de intoxicação? Existem aspectos comuns para intoxicação
independente da substância psicoativa (SPA) utilizada? É o que veremos a seguir!
Além disso, alguns indivíduos podem até usar do modelo teórico de “doença”
e de seu diagnóstico para justificar a manutenção de comportamentos que
alimentam sua dependência.
TÓPICO 4 - DEPENDÊNCIA QUÍMICA EM POPULAÇÕES
ESPECÍFICAS
Populações especiais ou específicas são objeto de capítulos e de livros
especializados, nos quais há a caracterização das diferenças e das
necessidades particulares de cada grupo. Entretanto, é importante ressaltar
que cada pessoa merecerá uma abordagem específica. A menor população
específica é o próprio indivíduo!
Mulheres
Dentro do contexto da organização dos serviços, veremos sobre a separação
de CTs masculinas, femininas, de adolescentes, de lactantes e outras.
SAIBA MAIS
Gestantes e perinatal
O uso de drogas na gravidez representa risco tanto para saúde da mulher
quanto do feto, estando relacionado a aborto espontâneo, bebê de baixo
peso, nascimento prematuro, descolamento de placenta e morte súbita.
Por exemplo, um único cigarro (droga lícita comum em algumas CTs) fumado
por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos os batimentos
cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre seu aparelho
cardiovascular. Além disso, filhos de mulheres que fumaram durante a
gravidez têm mais chance de se tornarem dependentes, caso experimentem
cigarro, do que filhos daquelas que não consumiram cigarros no período
gestacional. O fumo na gestação ainda está associado a problemas cognitivos
e de comportamento em crianças.
Uso de medicamentos.
Voltar
Você pode ter tido a experiência do acolhimento com pessoas com mais anos
de vida, na sétima ou até oitava década de vida, o que antigamente era uma
raridade. Essas pessoas comumente apresentam outros problemas de saúde
além da dependência química. Esses problemas devem ter seu
acompanhamento compartilhado entre o usuário, a CT e a rede de saúde
local.
Prevenção de quedas
Uso de medicações
Um ponto importante é a prevenção de quedas. Um tombo em um idoso pode desencadear uma
série de consequências graves.
Crianças e adolescentes
O consumo de substâncias psicotrópicas na infância ou adolescência gera
consequências profundas e permanentes no desenvolvimento neurológico.
Por ainda estar em desenvolvimento, o efeito das drogas no cérebro de
crianças e adolescentes afeta a forma como os sistemas que modulam as
emoções amadurecem, gerando um aumento significativo no risco de
desenvolver não só a própria dependência de drogas, mas uma série de
outros transtornos na vida adulta, principalmente ansiedade e depressão.
Sendo assim, é fundamental que o uso de substâncias, incluindo o álcool,
seja postergado o máximo possível.
Estudos mostram que o uso precoce de álcool, tão comum, e muitas vezes
banalizado, é um dos grandes fatores de risco para o desenvolvimento de
qualquer tipo de dependência, não só a do próprio álcool. Sendo assim, o
jovem que começou a beber muito cedo terá muito mais chances de
desenvolver dependência de maconha ou cocaína, mais tarde, caso
experimente essas substâncias.
Cabe destacar aqui que o Marco Regulatório das CTs e a RDC 29/2011 da
ANVISA proíbem o acolhimento de menores de idade.
Uso de medicações
A avaliação da rede de saúde deverá inclusive verificar a possibilidade de um
abuso das medicações prescritas, sendo comum a queixa de insônia e o uso
indiscriminado de medicamentos “para dormir”.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders. Third Edition. Washington, DC: APA
1980.
CHEN Y et al. Positive parenting improves multiple aspects of health and well-
being in young adulthood. Nature Human Behaviour, v. 3, p. 684-691, 2019.
Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41562-019-0602-x. Acesso
em: 10 jul. 2019.