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FBN – TOLOGIA – ANTROPOLOGIA E RELIGIÃO – PROFª GENECI BETT DATA:

FEV/2020

História da Antropologia - A Antropologia é uma ciência que se encarrega do estudo da diversidade


cultural encontrada entre os seres humanos e estuda a relação entre indivíduos, e a relação de
indivíduos com os seus meios envolventes, tendo como foco o conceito de cultura.
A antropologia foi reconhecida recentemente (em termos históricos) como uma ciência autônoma.
Todavia, antes disso, era identificada como um ramo da história natural e narrava a evolução do
homem de acordo com o conceito civilizacional. Além disso, podemos dizer que este saber foi um
instrumento de dominação (principalmente europeia, à época), uma vez que legitimava a dominação
das metrópoles colonialistas sobre os povos conquistados. Esse fenômeno, chamamos de
"Etnocentrismo Eurocêntrico", pois tinha a civilização europeia como medida para todos os aspectos
civilizados. Destarte, foi assim que surgiu a classificação “primitivo, bárbaro e civilizado” para
determinar os estágios evolutivos das civilizações.

Resumo - Em termos historiográficos, podemos supor o nascimento da antropologia propriamente


dita com o advento das "Regras do Método Sociológico", em 1895, de Émile Durkheim, o qual define
o “Fato Social” e os métodos para sua apreensão. Curioso notar que foi com o surgimento da
sociologia que tivemos definido o campo antropológico. Ao definir o campo de atuação sociológico,
Durkheim delineia também, por exclusão metodológica, o que seriam os objetos de pesquisa da
antropologia. Ou seja, enquanto na sociologia se estudaria o “Fato Social” como um atributo da
grande coletividade, outros métodos teriam de surgir para estudar o homem numa posição mais
subjetiva e menos coletiva.
Foi assim que Marcel Mauss, sobrinho de Durkheim, buscou nas representações primitivas, "Algumas
formas primitivas de classificação", obra publicada em 1901 em conjunto com seu tio. Todavia, será
em 1903, com a obra “Esboço de uma teoria geral da magia”, que teremos, quiçá pela primeira vez,
o fazer etnológico e o surgimento do conceito de “Fato Social Total” com viés mais cultural. Outro
marco antropológico que vale citar, são as ações de Bronislaw Malinowski (1884-1942) nas Ilhas
Tobriand. Ao valorizar o trabalho de campo e a descrição minuciosa, ele rompe o ciclo de trabalhos
de gabinete, prática então usual na antropologia, e torna-se um marco para os trabalhos etnográficos,
fundando o Funcionalismo. Igualmente, nos Estados Unidos, Franz Boas irá enfatizar ainda mais a
importância do trabalho de campo e a formação histórica de cada povo, bem como as possibilidades
de difusão de traços culturais pelo Mundo. Em 1940, teremos uma nova guinada, quando Claude
Lévi-Strauss cria a Antropologia Estrutural, onde afirma haver regras estruturantes das culturas na
mente humana.
Alguns anos depois, outro antropólogo, Clifford Geertz, irá fundar, por meio de textos escritos
essencialmente sob a forma de ensaio, uma das vertentes da antropologia contemporânea: a
Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa. Nesse olhar, o importante é determinar o que as pessoas
de uma determinada cultura pensam sobre o que fazem.

As escolas Antropológicas - Evolucionismo, funcionalismo e estruturalismo. " A indulgência é a


maneira mais polida de desprezar alguém" Mário Quintana.

1. EVOLUCIONISMO - Com os governos tiranos e absolutistas dando sinais de que suas quedas
eram eminentes, o homem viu nascer uma nova era de descobrimentos teóricos e mentais em todos
os campos; na ciência, na filosofia, na matemática e principalmente nas áreas que tangenciavam o
homem na sua evolução. O Iluminismo foi um dos principais precursores para que isso acontecesse,
e a sede dos pensadores e cientistas era grande; esse período foi um tempo fabuloso para criação e
desenvolvimento do homem, pois saíam das trevas e entravam literalmente no mundo iluminado do
conhecimento.
O evolucionismo é um conjunto de pesquisas que ainda se encontra em movimento, iniciado no século
XIX pelo inglês Charles Darwin, onde iniciou seus estudos estabelecendo uma comparação das
espécies que habitavam lugares diferentes, e mais ainda a semelhança de animais extintos com os
atuais. Concluiu que os organismos estão em constantes mudanças e somente os que se adaptariam
em melhores condições sobreviveriam. Com essas afirmações, ele criou controvérsias que iam do
campo científico ao ideológico e religioso, batendo de frente com a igreja, detentora do poder na
época, e da doutrina do criacionismo (século XVIII) em que o homem descende diretamente de Deus
e não dos macacos batendo de frente com eles, onde na época, menos que isso era motivo para arder
na fogueira.

As ideias de Darwin quando foram lançadas eram um pouco confusas e seus estudos foram ajustados
e complementados por cientistas anos depois e foi conhecida como Neo-Darwinismo.
Jean Baptiste lamark negou esse postulado dizendo que o homem é criado pelas modificações do
ambiente e que o homem adquire as características por causa dos fatores ambientais, e isso seria
transmitido para as proles, outra ideia que foi “ao chão”, por outro cientista: Weissman na qual falou
que as características não são hereditárias.

O evolucionismo tenta formalizar o pensamento social com os pensamentos científicos conforme a


teoria da evolução, isso pareceu razoável, marcando o início do antropologismo, abandonando
completamente as ideias impostas pela igreja. Esse tipo de pensamento evolucionista ia contra alguns
pensadores que fizeram várias críticas, entre elas estão: - a teoria é etnocentrista, estudava culturas já
em desenvolvimento, igualava as culturas com culturas materiais, igualava a evolução com o
progresso e adaptação, era constantemente confrontada por evidências.

Boas era considerado o líder da rejeição antropológica ao evolucionismo social, e procurava abordar
assuntos modernos e procurava ser cauteloso para evitar especulações etnocêntricas, simpatizando
com a ideia de sociedades individuais coexistirem com seus contextos históricos. Até hoje ainda
sofremos com os preconceitos étnicos, linguagens e argumentos, por palavras como: primitivo,
civilizado, atrasado, avançado, com julgamentos de valores comuns do nosso dia a dia. Muitos foram
os antropólogos que se destacaram na luta do homem e seu modo de viver, dentre eles alguns merecem
uma atenção especiais junto com suas obras, são eles:

Charles Robert Darwin : publicou a Origem das Espécies: 1859


Jean Baptiste Lamark: publicou a lei do Uso e Desuso: 1809
Lewis Henry Morgan: publicou os Sistemas de Parentescos em Escala Global: 1871
Herbert Spencer: considerado o mentor e “pai” de Darwin

2. FUNCIONALISMO -O Funcionalismo atingiu seu apogeu a partir de 1930, porém teve seu início
com o antropólogo Malinowski e depois com Radcliffe Brown preocupando-se com as
transformações socioculturais; seus estudos estavam voltados em estudar o momento, não
interessando mais explicar o presente pelo passado, e sim o contrário. Outros nomes famosos também
compõem essa lista de funcionalistas como Emile Durkheim e Talkott Parsons onde falavam que a
sociedade e sua respectiva cultura formavam um sistema integrado de funções, sendo o responsável
pelas primeiras teorias antropólogas do século XX.

Estes estudos mereceram certa importância, pois eles se passavam no campo das pesquisas, e
procuravam explicar o ser em sua cultura e não na origem, pois os fundamentalistas acreditavam
conhecer uma cultura sem estudá-la na história. Originalmente o funcionalismo tentava explicar as
instituições sociais com os meios coletivos de satisfazer as necessidades biológicas individuais e mais
tarde nas instituições sociais especialmente a solidariedade social. O trabalho direto com os povos foi
uma das principais características desse sistema, pois modelava toda a análise funcional dos fatos e
estudava suas consequências.
No funcionalismo cada elemento tem um trabalho a desempenhar, dentro de uma aparelhagem
instrumental, na qual originam os princípios gerais que unem os seres humanos, também chamados
de princípios da de integração, obedecendo às normas do grupo como a reprodução, formadora de
instituições como a família e o clã e depois o território. A função surge como um papel evoluído na
vida social do grupo, contribuindo para um determinado elemento da estrutura, resultando o processo
de vida social em ações e interações do indivíduo ou do grupo.

Tudo isso funciona pela multifuncionalidade das estruturas, pois um só elemento pode fazer várias
coisas e uma só função pode ser feita por vários elementos, tornando possível a mudança social.
Dentre os antropólogos que mais se destacaram estão:

Branislaw Malinowsky: publicou as Ilhas Trobriand: 1915


Alfred Reginald Radcliffe: trabalhou nas Ilhas Andman entre 1906- 1908
Talcott Parsons: publicou A Estruturação da Ação Social: 1937
Emile Durkhei: publicou em 1839 Da Divisão Social do Trabalho.

3. ESTRUTURALISMO - O termo estruturalismo procura nomear um conjunto de elementos


solidários entre si, onde cada parte são funções de outras partes, e seguindo esse elo de componentes
chega-se a relação das demais com sua totalidade, daí pode-se dizer que uma estrutura se compõe
mais propriamente de membros do que de partes. Foi uma corrente de pensamento nas ciências
humanas que se inspirou nos modelos da linguística e que prende a realidade social como um conjunto
formal de relações, sendo visto como uma abordagem geral com muitas variações diferentes;
tornando-se um dos métodos mais utilizados para analisar o idioma, cultura e filosofias da
comunidade a ser estudada, porém este não se refere como uma escola, mas sim, como local de
trabalho.

O estruturalismo procura explorar as inter-relações através dos quais o significado é produzido dentro
de uma cultura, baseada na linguagem dos signos, da análise de seus componentes e das funções
cumpridas dentro de um todo. Essas estruturas assumem um caráter modificador nas relações do
conjunto, pois seguem a linha de pensamento contra o existencialismo e todos os pensamentos
historicistas. Nos trabalhos pesquisados, os grupos familiares eram encontrados em pares, ou grupos
emparelhados onde eles brigavam entre si e ao mesmo tempo não conseguiam viver separados.

Tinha como objetivo a descrição empírica dos elementos e a crença dos fenômenos da vida em
sociedade não seria inteligível se não vivessem em suas inter-relações, estruturando-se nas variações
locais dos fenômenos de superfície. Com isso, ganhavam suas identidades por meio das relações,
sendo influenciados pelos seus fonemas e sons da natureza, juntamente com a semântica, mostrando
as variabilidades das práticas no modo de pensar. O estruturalismo propôs transcender as
organizações primarias dos fatos, observando nas pesquisas para depois elaborar os estudos dos
elementos em cada nível, para depois se chegar a um modelo teórico do objeto. Foi também entendido
como corpo teórico e marcou o início das ideologias das ciências sociais, abordando a estrutura que
excluiria a práxis de Marx, estabelecendo critério supremo da verdade.

Os pensadores notórios do estruturalismo foram:

Ferdinand de Saussure: lançou paralelamente ao trabalho teórico mais tarde reunido na obra Curso
Geral de Linguística, Saussure realizou, entre 1906 e 1909, um outro estudo que é comumente
chamado de Os Anagramas de Saussure.
Leonard Bloomfield: publicou em 1933 seu principal trabalho - Linguagem é considerada por muitos
como o texto clássico de linguística estrutural, também tida com o próprio estruturalismo.
Claude Lévi-Strauss: sua principal obra foi Tristes Trópicos de 1955.
Jean Piaget: em 1967 lança o que foi considerada sua obra mais madura: Biologia e Conhecimento
Franz Boas: publicou A Mente do Homem Primitivo: 1938

Quadro comparativo:

EVOLUCIONISMO FUNCIONALISMO ESTRUTURALISMO


Início século XIX Década de 30 Década de 50
Principais.Evolucionistas: Principais.Funcionalistas Principais.Estruturalistas:
Charles.Robert.Darwin Branislaw.Malinowsky Ferdinand.de.Saussure:
Jean.Baptiste.Lamark Alfred.Reginald.Radcliffe Leonard.Bloomfield
Lewis.Henry.Morgan Talcott.Parsons Claude.Lévi.Strauss
Franz Boas Emile.Durkhei Jean.Paul.Sartre

Estudo baseado na evolução Estudo baseado em pesquisas Estudo baseado nas relações,
das espécies, e inspirado na diretas no campo interagindo baseados na linguagem social
realidade social, comparando- com a cultura a ser de cada grupo, procurava
as com outras de lugares pesquisada; explicava as explorar as culturas através
diferentes, apresentando necessidades individuais e das relações produzidas dentro
certas semelhanças. coletivas em um grupo, de uma determinada cultura.
Concluíram que as espécies trabalhavam com as Procuravam trabalhar as
evoluem para melhor se características do grupo nas ciências humanas em nosso
adaptarem ao meio, onde o áreas sociais. Foram século, valorizando as
mais forte por natureza criticados por não levarem em histórias tribais, pois estas
sobrevive e o mais fraco tende conta as transformações sócio assumiram papel de “matéria-
a desaparecer. culturais voltados para estudar prima antropológico”,
Com esse tipo de conclusão, o momento, não interessando examinandos a infra -
bateram de frente com a igreja mais explicar e estudar o estruturas inconscientes dos
que afirmava que o homem passado. Valorizava a fenômenos culturais,
descendia de Deus. Foi dinâmica das atividades considerando os elementos
criticada por ser etnocentrista, mentais, sendo seus métodos a relacionados ou não como
por dizer que as culturas introspecção e a elementos, procurando
tinham os mesmos objetivos, observação. estabelecer a coerência entre
igualavam os progressos não Procuraram abordar a genética os sistemas, e por fim deu sua
levando em conta que existiam aos problemas psicológicos. contribuição para as teorias
civilizações mais avançadas e Batiam de frente com o marxistas, pois apresentavam
atrasadas culturalmente contra Estruturalismo porque não relações da produção com o
dizendo as evidências. concordavam com a análise da trabalho- capital, já no campo
consciência em pensamentos, teórico permitiu a estruturação
imagens e sentimentos da realidade com a realidade
descritiva.

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