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Métrica
3 Quintilhas. Em cada uma delas os primeiros quatro versos são
heptassilábicos e o último é tetrassilábico.
Esquema rímico
Rima cruzada em esquema ababa.
Número de versos
15
Observações
Carácter silogístico dedutivo do poema (1.ª estrofe é a premissa maior,
a 2.ª a premissa menor e a 3.ª a conclusão); discurso na 3.ª pessoa; uso de
exemplos; uso do tempo verbal presente na 1.ª e 3.ª estrofes; uso do tempo
verbal pretérito na 2.ª estrofe; uso de oxímoros, paradoxos e antíteses (por
ex. 1.º verso da 1.ª estrofe); uso de metonímia (Lisboa é Portugal); uso de
símiles (por ex. entre o Sol e Deus) e metáforas (por ex. “lenda se escorre”).
Primeira estrofe
Segunda estrofe
2
Vejamos como é clara nesta estrofe a essência do mito: a contradição.
“Este, que aqui aportou” (Ulisses) “foi por não ser existindo”, ou seja,
chegou e fundou Lisboa por ser um mito. Ele “não (…) existindo”, existiu e
“não (…) vindo foi vindo”, ou seja, existiu sem existir e veio sem vir – era a
realidade ainda por acontecer.
Isto porque o mito é em si mesmo potência e acto, existência e não-ser.
Contém em si mesmo os elementos necessários para criar, mesmo sem existir
(“sem existir nos bastou”), sendo assim fundamento irreal da realidade,
paradoxo e matéria-prima dos criadores de civilizações.
Há claro, uma ironia subjacente a este texto, que é própria de Pessoa.
Se por um lado ele justifica a existência e a importância dos mitos, ele critica
aqueles que não dão importância aos mitos e que os categorizam como meras
lendas sem sentido. Afinal como pode uma lenda antiga, cheia de pó, sem
sequer existir, vir criar aqui uma cidade? – “Por não ter vindo foi vindo / E
nos criou”.
Terceira estrofe