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No final do século XIX, a Bolívia buscava ansiosamente uma alternativa para a perda de seus
territórios marítimos da costa do Pacífico para o Chile, a fim de ter como escoar sua produção
para os países compradores. No noroeste boliviano, o rio Madeira era alternativa que já estava
sendo usada como corredor de importação e exportação navegando pelos rios Beni e Madre
de Dios, pertencentes ao território boliviano, e Guaporé e Mamoré, na fronteira desses país
com o Brasil, atingia-se a o Madeira e, superando seu trecho encachoeirado, navegava-se em
direção ao rio Amazonas e daí ao Oceano Atlântico.
Em função de necessidade versas tanto do Brasil, quanto da Bolívia, foi criada em 1871, sob a
direção de George Earl Church, a Madeira-Mamoré Railway Co. Ltd. , sendo que a primeira
equipe de engenheiros aportou em Santo Antônio em 1872. Dificuldades diversas ocasionaram
a desistência da empreitada de construção da ferrovia pela empresa ingle Public Works, firma
construtora contratada por Church, em 1871. Naquele mesmo ano foi contratada a firma
norte-americana P. & T. Collins, da Filadélfia, que contratou serviços de trabalhadores
especializados e não especializados, de diversas partes do mundo, enviando-os para santo
Antônio. No entanto, devido a diversos fatores a empreiteira Collins abandonou a obra em
1879, após ter assentado apenas 7km de ferrovia.
As duas comissões enviadas pelo Governo Imperial, uma em 1883, comandada pelo
Engenheiro Carlos Morsing que ficou em Santo Antônio durante seis meses e outra em 1884
comandada pelo Engenheiro Júlio Pinkas, terminaram também desastrosamente.
A questão do Acre ( 1899 – 1902), que foi resolvida com a assinatura do tratado de Petrópolis,
entre Brasil e Bolívia ( 17/11/1903), retornou à discussão sobre viabilização da construção da
ferrovia Madeira-Mamoré. As obras foram reiniciadas em 1907, após a concessão para
construção de ferrovia ter sido vendida pelo Engenheiro Joaquim Catramby para norte-
americano Percival Farquhar, que fundou a Madeira-Mamoré Railway Co. , subsidiária da Brasil
Railway Co. Em 1907 chega a santo Antônio a empreiteira May, Jekyll & Randolph Co. Ltd. Que
deu início as obras concluindo-as em 1912.
A força de trabalho
Para que fosse construída uma ferrovia em plena selva, eram necessários os trabalhadores, Na
Amazônia do auge do ciclo borracha, todo o insuficiente volume de mão-de-obra estava
alocado na produção látex. A expansão das zonas de produção era abastecida pela exploração
do silvícola e pelo aliciamento de mão-de-obra em outras regiões do Brasil, principalmente do
Nordeste que, na Amazônia, preso ao endividamento, se via impossibilitado de escolher outra
ocupação. Esses fatores dificultavam o recrutamento local de um contingente de
trabalhadores que fosse suficiente para a construção da ferrovia e também impossibilitava um
fluxo constante de trabalhadores durante toda a fase de construção, para repor as baixas
ocasionadas por ataques de indígenas, feras, acidentes de trabalho e, principalmente, pelas
doenças epidêmicas da região, previsíveis em face das tentativas anteriores de construção da
ferrovia.
Esse último dado é uma evidencia do predomínio desses trabalhadores no contingente que
construiu a ferrovia Manuel Rodrigues Ferreira (A ferrovia do diabo) informa a seguinte
composição dos “importados” durante o ano de 1910: 1633 brasileiros e portugueses, 2211
antilhanos e barbadianos, 1450 espanhóis mais 299 pessoas de nacionalidades desconhecidas
totalizando 5596 trabalhadores não qualificados, a predominância dos barbadianos, sobre as
demais nacionalidades confere com as informações tradicionais, contudo não apresenta dados
sobre os demais anos de construção. Conforme o mesmo autor a M.M.R.C.L recrutou, entre os
anos de 1907 e 1912, 21.783 trabalhadores de vários partes do mundo. Em 1907, ano do início
da construção, a ferrovia importou 446 e no ano seguinte 2.460 trabalhadores, mas não
discrimina a nacionalidade dos mesmos. Em 1910 a formação de trabalho de origem antilhana
correspondeu a aproximadamente um terço do total, percentual significativo de que reforça a
ideia de predominância desses trabalhadores, dentre os importados pela ferrovia.
RE
Referencias
Livro- História Regional de Rondônia 4º edição