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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ${processo_cidade}

COM PEDIDO DE TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL

${cliente_nomecompleto}, já cadastrado eletronicamente, vem com o devido respeito


perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE
RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL AO IDOSO
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos fundamentos
fáticos e jurídicos que passa a expor:

FATOS

A parte Autora requereu, em ${data_generica}, junto à Autarquia Previdenciária, a


concessão de Benefício Assistencial ao Idoso. Foi-lhe concedido o benefício postulado, a
partir de (DIB) ${data_generica}, conforme extrato do INFBEN acostado nos autos.

Ocorre que, vários anos depois, por entender o INSS pela existência de suposta
irregularidade no recebimento do mencionado benefício, a Autarquia suspendeu o
benefício do Demandante, lhe facultando a apresentação de defesa administrativa, para
fins de descaracterizar a alegada irregularidade.

Neste sentido, muito embora tenha sido apresentada a defesa e expressamente


demonstrada a inexistência de irregularidade na benesse auferida pelo Requerente, o
INSS manteve a decisão que suspendeu o benefício assistencial, por entender a Autarquia
que “não houve prova suficiente” à manutenção do mesmo.

Entretanto, diante da situação de extrema miséria em que vive o Autor, tem-se indevida a
decisão administrativa que suspendeu/cessou a benesse (DCB – ${data_generica}), eis
que o Demandante dependia do referido benefício para proporcionar sua mínima
mantença.

Logo, é pertinente o ajuizamento da presente demanda.

Dados sobre o requerimento administrativo:


Benefício concedido
Benefício Assistencial ao Idoso
Número do benefício
${informacao_generica}
Data do início do benefício
${data_generica}
Data da cessação
${data_generica}
Razão da cessação
Não enquadramento no art. 20, § 3º da Lei. 8.742/93.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A pretensão do Autor vem amparada no art. 203, inciso V, da Constituição Federal de
1988, na Lei 8.742/93 e demais normas aplicáveis. Tais normas dispõem que para fazer
jus ao Benefício Assistencial, o Requerente deve estar incapacitado para o trabalho ou ser
pessoa com mais de 65 anos de idade, além de comprovar a impossibilidade de ter seu
sustento provido pelo seu núcleo familiar.

Neste sentido, cumpre salientar que a satisfação dos critérios legais inerentes ao
benefício pretendido é matéria incontroversa, eis que já reconhecidos quando do
requerimento administrativo realizado em ${data_generica}.

E registre-se que não há razões que justifiquem a (indevida) cessação administrativa da


benesse auferida há anos pelo Autor, conforme se demonstrará a seguir.

Do Critério “Etário”
No caso dos autos, o Autor, nascido em ${data_generica} (vide documento de identidade
anexo), conta com ${informacao_generica}, de modo a satisfazer um dos requisitos
necessários ao restabelecimento de seu benefício assistencial.

E no que consta a Lei 8.742/93:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à


pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por
sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (grifei)

Logo, tendo sido demonstrada a satisfação do critério “etário”, necessário se faz a análise
da condição socioeconômica do Demandante.

Da Miserabilidade
De outra banda, se encontra igualmente satisfeito, no caso em apreço, o requisito “renda”.
Isto, pois o grupo familiar do Requerente é composto por duas pessoas: o Autor e sua
esposa. A renda familiar provém unicamente do benefício por incapacidade percebido pela
Sra. ${informacao_generica} (concedido judicialmente), esposa do Autor, no valor de um
salário mínimo, conforme documentos em anexo.

Aliás, as notas fiscais referentes à compra de mantimentos em anexo elucidam a situação


de vulnerabilidade vivenciada pela família, eis que os gastos do casal consistem na
aquisição daqueles produtos de menor custo, os quais buscam preservar a mínima
mantença do Autor e sua esposa.

Ademais, inobstante já se faça inconteste prova acerca da miserabilidade do grupo


familiar, as receitas médicas arroladas nos autos denotam gastos na aquisição daqueles
medicamentos que não são obtidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, os quais,
devido à grande diversidade, certamente consomem parte significativa da renda familiar.

Dito isso, não pairam dúvidas acerca das miseráveis condições de vida do grupo familiar,
uma vez que a renda total, muito embora seja ínfima para adquirir produtos de
alimentação, é utilizada, também, para a compra de medicamentos.
Nesta toada, vide os precedentes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região sobre o
assunto:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO


CONTINUADA. REQUISITOS. PREENCHIMENTO. MANUTENÇÃO DA TUTELA DE
URGÊNCIA. 1. No exame dos requisitos para concessão do amparo assistencial ao idoso
ou deficiente, é imprescindível considerar o contexto em que o(a) peticionário(a) está
inserido(a). 2. O núcleo familiar, na hipótese em tela, é composto por 6 pessoas (a
requerente, sua filha e esposo e os três filhos desta, menores, havendo a percepção de R$
1.200,00 como renda familiar, proveniente da atividade laborativa informal da filha e do
companheiro). A família tem gastos com medicação (de R$ 50 a 80,00). A autora, por sua
vez, recebe valores relativos ao Bolsa-Família, no valor de R$ 122,00, por ser tutora de um
de seus netos. 3. In casu, a situação de vulnerabilidade social da autora parece estar
evidenciada com base no contexto documental dando conta de que a renda familiar
é composta da forma descrita acima, somada à relação de gastos com a
subsistência e medicamentos. 4. Eventual circunstância de a parte autora ser
beneficiária e perceber renda proveniente do Programa Bolsa Família, não só não impede
a percepção do benefício assistencial do art. 203, V, da Constituição Federal, como
constitui forte indicativo de que a unidade familiar se encontra em situação de risco social.
(TRF4, AG 5020017-27.2017.4.04.0000, SEXTA TURMA, Relator ARTUR CÉSAR DE
SOUZA, juntado aos autos em 17/10/2017, com grifos acrescidos)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E PARA A VIDA


INDEPENDENTE. SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS.
CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO. (...) 4. Sempre que os necessários cuidados
com a parte autora, em decorrência de sua deficiência, incapacidade ou avançada
idade, acarretarem gastos - notadamente com medicamentos, alimentação especial,
fraldas descartáveis, tratamento médico, psicológico e fisioterápico, entre outros -, tais
despesas podem ser levadas em consideração na análise da condição de miserabilidade
da família do demandante. 5. In casu, considerando o número de membros da família da
parte autora e a renda mensal familiar e operada a exclusão dos valores referentes às
despesas mensais com medicamentos, consultas e exames para o demandante, a renda
mensal per capita é superior ao limite estabelecido pelo art. 20, § 3º, da Lei n.º 8.742/93. Não
obstante isso, a situação de risco social está, in casu, demonstrada por outros meios de prova,
o que é possível. Precedente do STJ (REsp 1112557/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 20/11/2009) 6. Comprovado o
preenchimento dos requisitos legais, deve ser concedido o benefício em favor da parte autora,
desde a data do requerimento administrativo (09-11-2006). 7. Determinado o cumprimento
imediato do acórdão no tocante à implantação do benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos
termos do art. 461 do CPC. (TRF4, AC 2008.72.99.000448-4, Sexta Turma, Relator Paulo Paim
da Silva, D.E. 28/01/2013, com grifos acrescidos)

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS


- DEFICIÊNCIA E MISERABILIDADE - CASO CONCRETO. COMPROVAÇÃO. 1. O laudo
médico pericial do evento 30 foi conclusivo ao determinar que o Autor está incapacitado
para o trabalho de forma definitiva e multiprofissional desde fevereiro de 2007. 2. Assim,
fica evidente que a renda familiar bruta é baixa, girando a renda per capita em torno
de ½ salário mínimo, que deve custar todas as despesas de água, luz, gás,
alimentação, vestiário, remédios não obtidos junto ao SUS, pelo que concluo pela
efetiva carência financeira da família. (TRF4, APELREEX 5013486-14.2012.404.7108,
Sexta Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Paim da Silva, juntado aos autos em 27/03/2014,
com grifos acrescidos)
Logo, tem-se a situação de RISCO E MISERABILIDADE em que inserido o grupo familiar,
onde a renda total é (claramente) insuficiente para garantir seu sustento com dignidade.

Por outro lado, vale referir que o auxílio-doença auferido pela


Sra. ${informacao_generica} não constitui óbice ao restabelecimento do benefício em
comento ao Demandante. Isto, pois, face ao caráter alimentar dos benefícios
previdenciários, a benesse que a Sra. ${informacao_generica} recebe é destinada única e
exclusivamente à sua mantença, visando prover as necessidades básicas de sua
subsistência, não devendo ser computado no cálculo de renda familiar.

Portanto, exigir que o benefício ora percebido pela


Sra. ${informacao_generica} proveja o sustento de todo o grupo familiar é desviá-lo
de sua função primordial, qual seja: o sustento do próprio beneficiário!

Neste sentido, em consonância com o que vem sendo explanado, é o entendimento já


consolidado nos Tribunais especializados na matéria, veja:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA FAMILIAR PER CAPITA.


EXCLUSÃO DA RENDA MENSAL DA APOSENTADORIA, EM VALOR MÍNIMO,
TITULADA POR OUTRO MEMBRO DO GRUPO. No cálculo da renda familiar per capita,
para fins de concessão do benefício de prestação continuada ao idoso ou portador de
deficiência, deve ser excluída a renda mensal titulada por membro da família, no valor
de um salário mínimo, independentemente da natureza previdenciária ou
assistencial do benefício. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos
portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da
assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de
até um salário mínimo. Declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 34, parágrafo
único, da Lei 10.741/2003 reconhecida pelo STF, sem pronúncia de nulidade. (TRF4
5009433-28.2014.404.7202, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão (auxílio Lugon) Taís
Schilling Ferraz, juntado aos autos em 27/02/2015, com grifos acrescidos)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL DE JURISPRUDÊNCIA.


PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. EXCLUSÃO DA RENDA DE MEMBRO
NÃO IDOSO. 1. Precedente desta TRU permitindo a exclusão de benefício mínimo
recebido por outro membro do grupo familiar, não idoso, somente quando
deficiente, e detentor de benefício por incapacidade (IUJEF 2009.70.95.000526-0/PR,
relatora Juíza Federal Luísa Hickel Gamba, D.E. 10/02/2011), o qual também fica
excluído para fins de cálculo da renda familiar per capita. 2. Incidente provido para se
reafirmar os seguintes entendimentos: a) é possível a exclusão, do cálculo da renda per
capita, de benefício de valor mínimo recebido por membro não idoso do grupo familiar,
desde que deficiente, o qual também fica excluído para fins de cálculo da renda familiar
per capita; b) o fato de a incapacidade ser parcial e/ou temporária não constitui óbice à
concessão do benefício assistencial. 3. Se a incapacidade temporária não constitui óbice à
concessão do benefício assistencial, não deve impedir também a exclusão do benefício de
valor mínimo do membro não idoso do grupo familiar. 4. Devolução à Turma de origem
para readequação. (5003822-90.2011.404.7108, Turma Regional de Uniformização da 4ª
Região, Relator p/ Acórdão Guy Vanderley Marcuzzo, juntado aos autos em 14/10/2014,
com grifos acrescidos)

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. CONCESSÃO. IDADE E ESTADO DE


MISERABILIDADE COMPROVADOS. SENTENÇA MANTIDA. TUTELA
ESPECÍFICA. 1. "Para fins de aferir a renda familiar nos casos de pretensão à
concessão de benefício assistencial, os valores de benefícios decorrentes de
incapacidade (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez) devem ser
considerados distintamente se comparados aos valores referentes aos outros
benefícios previdenciários, porquanto aqueles, via de regra, devem fazer frente às
necessidades geradas pela incapacidade que ensejou a concessão do benefício, não
se podendo dar-lhes a dimensão, à vista do princípio da razoabilidade, de também
atender a todas as demais exigências do grupo familiar." (TRF4, EI Nº
2004.04.01.017568-9, 3ª Seção, Juiz Federal João Batista Lazzari, por unanimidade,
D.E.) (omissis) (TRF4, AC 0021588-36.2013.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista
Pinto Silveira, D.E. 04/02/2014, com grifos acrescidos)

Assim, prudente seja restabelecido o benefício de prestação continuada ao


Demandante, pois, não somente ele seja pessoa idosa nos termos da legislação
relacionada à matéria, também vive em estado de profunda e lastimável miséria,
carecendo do devido amparo estatal.

Ademais (e a título meramente argumentativo), prudente ressaltar que a renda per


capta superior a ¼ do salário mínimo não constitui óbice à concessão do benefício
assistencial, conforme entendimento jurisprudencial pacífico. Veja-se:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.


RENDA PER CAPITA SUPERIOR AO LIMITE LEGAL. CONCESSÃO. POSSIBILIDADE.
EXAME DAS CONDIÇÕES PESSOAIS. NECESSIDADE. 1. A simples superação de
renda máxima legal per capita não obsta, por si só, a concessão de benefício
assistencial se outras circunstâncias pessoais puderem demonstrar o estado de
miserabilidade em que vive o requerente. 2. Incidente do autor provido. ( 5001143-
90.2011.404.7117, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão
Leonardo Castanho Mendes, juntado aos autos em 09/06/2014, com grifos acrescidos)

Sendo assim, após a instrução processual, restará plenamente comprovado que o Autor
satisfaz todos os requisitos necessários à percepção do benefício pleiteado.

TUTELA DE URGÊNCIA
ENTENDE O AUTOR QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER
MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA.

O Demandante necessita da concessão do benefício em tela para custear a própria vida,


tendo em vista que não reúne condições de prover seu sustento, nem de tê-lo provido por
sua família.

Por outro lado, vale ressaltar que os requisitos exigidos para a concessão do benefício se
confundem com os necessários para o deferimento desta medida antecipatória, motivo
pelo qual, em sentença, se tornará imperiosa a sua concessão.

Assim, após a realização da perícia pertinente ao caso, ficará claro que o Requerente
preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da antecipação de tutela,
tendo em vista que o laudo socioeconômico fará prova inequívoca do estado de
miserabilidade, tornando, assim, todas as alegações verossímeis. O periculum in mora se
configura pelo fato de que se continuar privado do recebimento do benefício, o Autor terá
seu sustento prejudicado, tendo em vista o caráter alimentar do benefício.

PEDIDO

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, por ser o Autor pobre na


acepção legal do termo;
2. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como a
concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei 10.741/03
(Estatuto do Idoso), tendo em vista que o Autor conta com mais de 60 anos;
3. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, para, querendo,
apresentar defesa;
4. A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental e a pericial;
5. O deferimento da antecipação de tutela, com a apreciação do pedido de
implantação do benefício em sentença;
6. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1. restabelecer o benefício assistencial ao Autor desde a sua cessação,


pagando as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do efetivo pagamento.
2. em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios,
eis que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei
9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Dá à causa o valor[1] de R$ ${processo_valordacausa}.

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}

[1] Valor da causa = ${processo_calculo_valordacausa}

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