Você está na página 1de 438

o

1 Simpósio Sudeste
da ABHR
o
1 Simpósio Internacional
da ABHR

Diversidades e
(in)tolerâncias religiosas

Programação e
Resumos

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº


Talita Sene (orgs.).

São Paulo, 2013


Caderno de Programação e Resumos do
1º Simpósio Sudeste da ABHR /
1º Simpósio Internacional da ABHR

Tema: Diversidades e (in)tolerâncias religiosas


Local: FFLCH/USP, 29 a 31 de outubro de 2013
São Paulo, São Paulo, Brasil
Versão online do Caderno de Programação e Resumos:
www.abhr.org.br/?page_id=1593

A Comissão Editorial do evento se responsabilizou pela revisão da


formatação dos textos de acordo com as normas de edição do mesmo.
Eventuais erros ortográficos, assim como o conteúdo dos textos, são de
inteira responsabilidade dos/as autores/as. Foram acolhidos aqui resumos
de Conferências, Mesas, Minicursos (MCs), apresentadores/as de pôsteres e
de comunicações em Grupos de Trabalho (GT) e de lançamentos de
publicações.

Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque; Sene, Talita (orgs.).


2013
Caderno de Programação e
Resumos do 1º Simpósio Sudeste
da ABHR / 1º Simpósio
Internacional da ABHR –
Diversidades e (in)tolerâncias
religiosas / Eduardo Meinberg de
Albuquerque Maranhão Fº; Talita
Sene (orgs.); 454 p.

1. 1º Simpósio Sudeste da
ABHR / 1º Simpósio
Internacional da ABHR.
2. Diversidades e
(in)tolerâncias religiosas.
I. Maranhão Fº, Eduardo
Meinberg de Albuquerque;
Sene, Talita (orgs.). Título.
Associação Brasileira de História
das Religiões – ABHR

Presidente Secretário de divulgação


• Daniel Rocha, UFMG
Wellington Teodoro da Silva,
PUC/MG Tesoureiro
• Ítalo Santirocchi, UFRRJ
Secretário Geral
• Vasni de Almeida, UFT

Universidade de São Paulo – USP


Reitor Diretor da Faculdade de Filosofia,
João Grandino Rodas Letras e Ciências Humanas –
FFLCH
Vice-reitor Sérgio França Adorno de Abreu
Hélio Nogueira da Cruz
Vice-diretor da FFLCH
Pró-reitora de Cultura e Extensão João Roberto Gomez de Faria
Universitária
Maria Arminda do Nascimento Chefe do Departamento de
Arruda Antropologia
Vagner Gonçalves da Silva

Chefe do Departamento de História


Maurício Cardoso
Organização do evento
Coordenação Organização Geral

Vagner Gonçalves da Silva , USP Eduardo Meinberg de Albuquerque


Maranhão Fo, USP

Comissões
Comissão Organizadora Comissão Editorial

• Helena Morais Manfrinato, USP Editor-chefe


• Jacqueline Moraes Teixeira, USP Eduardo Meinberg de Albuquerque
• Jacqueline Ziroldo Dolghie, UMESP Maranhão Fo, USP
• João Enicelio da Silva, Mackenzie
• Joelma Santos da Silva, UFMA Editores/as Assistentes
• Rosenilton Silva de Oliveira, USP • Daniel Rocha, UFMG
• Sandra Duarte de Souza, UMESP • Ítalo Santirocchi, UFRRJ
• Talita Sene, UFSC • Joelma Santos da Silva, UFMA
• Kate Rigo, EST
• Sandra Duarte de Souza, UMESP
• Talita Sene, UFSC

Fazendo Arte

• Andrea Gomes Santiago Tomita,


Messiânica (coordenação)
• Juliana Graciani, Messiânica
• Ricardo Vital, USP
Comissão Científica

• Lauri Emilio Wirth, UMESP


• Adone Agnolin, USP
• Leonildo Silveira Campos, UMESP
• Andréa Gomes Santiago Tomita,
• Lyndon de Araújo Santos, UFMA
Messiânica
• Marcelo Tavares Natividade, UFC
• Antonio Máspoli de Araujo Gomes,
• Magali do Nascimento Cunha,
Mackenzie
UMESP
• Airton Luis Jungblut, PUC/RS
• Maria Luisa Tucci Carneiro, USP
• Artur César Isaia, UFSC
• Maria José Fontelas Rosado-Nunes,
• Edgard Leite Ferreira Neto, UERJ
PUC/SP
• Edin Sued Abumanssur, PUC/SP
• Mundicarmo Maria Rocha Ferretti,
• Edlaine Campos Gomes, UniRio
UFMA
• Eduardo Gusmão de Quadros, UEG
• Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA
• Eliane Moura da Silva, UNICAMP
• Silas Guerriero, PUC/SP
• Elizete da Silva, UEFS
• Solange Ramos de Andrade, UEM
• Elton Nunes, Messiânica
• Sônia Weidner Maluf, UFSC
• Émerson José Sena da Silveira,
• Wellington Teodoro da Silva,
UFJF
PUC/MG
• Ênio Brito, PUC/SP
• Zwinglio Motta Dias, UFJF
• Etienne Higuet, UMESP
• Fernando Torres-Londoño, PUC/SP
• Flávio Augusto Senra Ribeiro,
PUC/MG Comissão de Seleção de Pôsteres
• Frank Usarski, PUC/SP
• Gedeon Freire de Alencar, ICEC • Lauri Emílio Wirth, UMESP
• Gisele Zanotto, UPF • Leonildo Silveira Campos, UMESP
• João Marcos Leitão Santos, UFCG • Lyndon de Araújo Santos, UFMA
• José Guilherme Cantor Magnani, • Mundicarmo Maria Rocha Ferretti,
USP UFMA
• Paula Montero, USP • Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA
• Karina Kosicki Bellotti, UFPR • Solange Ramos de Andrade, UEM
Realização
Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR

Patrocínio
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

Apoio
• Universidade de São Paulo – USP • PLURA, Revista de Estudos de
• Faculdade de Filosofia, Letras e Religião da ABHR
Ciências Humanas – FFLCH
• Casa de Cultura Japonesa – • Fonte Editorial
CCJ/FFLCH/USP • Editora do Mackenzie
• Departamento de Antropologia – • Editora Arché
DA/FFLCH/USP • Korin
• Departamento de Geografia –
DG/FFLCH/USP • Centro de Estudos de Religiosidades
• Departamento de História – Contemporâneas e das Culturas
DH/FFLCH/USP Negras – CERNe
• Grupo de Estudos em Gênero,
• Faculdade de Teologia Umbandista – Religião e Política – GREPO –
FTU PUC/SP
• Faculdade Messiânica • Grupo de Estudos de Gênero e
• Programa de Pós-graduação em Religião Mandrágora – UMESP
Ciëncias da Religiáo – UMESP • Núcleo de Antropologia Urbana da
USP – NAU
Créditos
Caderno de Programação e Webdesign
Resumos Carlos Gutierrez, UNICAMP
Talita Sene, UFSC
Organização
Eduardo Meinberg de Albuquerque
Design do material do evento
Maranhão Fo, USP
Neon Cunha
Talita Sene, UFSC
Arte do evento
Diagramação Alexandra Abdala, Arché Editora
Eduardo Meinberg de Albuquerque
Maranhão Fo, USP
Talita Sene, UFSC Financiamentos

Design da capa Livro Religiões e religiosidades em


Neon Cunha (con)textos (conferências e mesas do
evento) e subsídio do Caderno de
Programação e Resumos impresso
Créditos gerais do evento Fonte Editorial

Secretário Bolsas
Cleto Junior Pinto de Abreu, USP Faculdade de Teologia Umbandista

Coordenação da leitura de história CDs


de vida religiosa Faculdade Messiânica
Marcela Boni Evangelista,
NEHO/USP Canetas
Mychelle Aguinel, Troupe Drao Editora do Mackenzie

Coquetel de abertura
Korin

Apoio financeiro
GREPO
Sumário
Apresentação . . . . . . . 15

Credenciamento . . . . . . 17

Programação geral . . . . . . 19

Programação do Fazendo Arte . . . . . 20

Sessão de abertura . . . . . . 25
Mesa de abertura . . . . . . 25
Nas encruzilhadas das religiões . . . . . 25

Sessão de encerramento . . . . . . 26
Conferência de encerramento . . . . . 26
Premiação de pôsteres e mesa de encerramento . . . 26

Reunião da ABHR . . . . . . 27

Lançamento de publicações . . . . . 29

Homenagens . . . . . . . 43

Leituras de história de vida religiosa . . . . 44

Mesas . . . . . . . . 45
29/10
M1 – A Paz na Terra: os 60 anos da encíclica Pacem in Terris . 47
M2 – Teoria e metodologia dos estudos de religião . . 49
M3 – “Religiosidades” ameríndias . . . . 53
M4 – Políticas e religiosidades . . . . . 57
M5 – Festas, artes e religiosidades . . . . 61
30/10
M6 – Itinerários, percursos e narrativas do sagrado. . . 63
M7 – O que é História das Religiões? . . . . 67
M8 – Convivência inter-religiosa . . . . 69
M9 – Religiosidades, gênero e política . . . . 71
M10 – Religião, patrimônio e tradição . . . . 75
M11 – Islamismos . . . . . . 81

31/10
M12 – Judaísmos . . . . . . 83
M13 – Religiosidades no (do) ciberespaço . . . 85
M14 – Violência e religião . . . . . 89
M15 – Religião e espaço público: novas vozes e conflitualidades . 93
M16 – Religiosidades e espiritualidades “orientais” . . 97
Minicursos . . . . . . . 101
MC1 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas
associativas (1889-1964)
................. ....... . . . . . 103
MC2 – Direito e liberdade religiosa: teoria, litígios e perspectivas . 105
MC3 – Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites,
conflitos e convergências . . . . . 107
MC4 – Fundamentos da arquitetura islâmica . . . 109
MC5 – Fundamentos da filosofia-teológica de Mokiti Okada para
o Despertar da Cidadania Universal . . . . 111
MC6 – História e religiões: teoria e metodologia . . . 113
MC7 – Religiosidade indiana: diversidades e (in)tolerâncias
sociais, animais sagrados e a mulher no hinduísmo e budismo . 115
MC8 – Santos patronos e a política católica: sécs. XVI-XVIII . 117
MC9 – Iconografia budista . . . . . 119
MC10 – A Fé Bahá’í: incompreendida e perseguida . . 121
MC11 – Práticas nativas ancestrais – Xamanismo: a religião do
culto à natureza . . . . . . 123
MC12 – Asé: A musicalidade corpórea poética do tambor e da
Dança . . . . . . . 125
Grupos de Trabalho . . . . . . 127
GT1 – Bruxaria à brasileira: a presença da Wicca no Brasil . . 129
GT2 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas
religiosas associativas (1889-1964) . . . . 135
GT3 – Corpo, cultura e religião . . . . . 145
GT4 – Dietrich Bonhoeffer: ética e teologia a serviço da vida . 159
GT5 – “Edificando para Deus”: a arquitetura do sagrado nas
suas diferentes manifestações . . . . . 165
GT6 – Escolas das religiões afro-brasileiras e diálogos . . 175
GT7 – Escolas públicas e (in)tolerância religiosa . . .` 192
GT 8 – Estados Unidos: religião e sociedade . . . 202
GT9 – Fundamentalismos religiosos . . . . 212
GT10 – Gênero e religião . . . . . 225
GT11 – Hereges, judeus e infiéis e a intolerância religiosa no decorrer
.

da Idade Média . . . . . . 241


GT12 – História cultural das religiões . . . . 252
GT13 – História e historiografia do protestantismo no Brasil . 249
GT14 – Igrejas inclusivas LGBTT e a luta contra a intolerância
religiosa
.. . . . . . . 277
GT15 – (In)tolerância, gênero e religião . . . . 285
GT16 – Marketing, espetáculo e ciberespaço: entre diversidades
e.(in)tolerâncias religiosas . . . . . 291
GT17 – “No templo, no quartel e no porão”: os protestantes e a
ditadura militar brasileira . . . . . 307
GT18 – O Oriente e suas diversidades religiosas . . . 317
GT19 – Pentecostalismos brasileiros: novas perspectivas . . 325
GT20 – Religião e ciência: tensão, diálogo e experimentações . 339
GT21 – Religião e hierofania: história, espaços e símbolos . . 355
GT22 – Religião e política . . . . . 369
GT23 – Religião e violência . . . . . 385
GT24 – Religiosidade, identidade e intolerância: (novas) ........ ............ ............ ............ 444444 44iug ............ ............ ............ ............ ............ ............ ......llllllllll.... .......40 5.......... .

re-configurações da religião . . . . . 395


GT25 – Representações, (re)leituras e relações entre religiões e.......40003. .........

(in)tolerâncias religiosas no cinema . . . . 413


GT26 – Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir das práticas
terapêuticas culturais e religiosas . . . . 419
GT27 – Universos simbólicos de religiosidades no Japão . . 429
Apresentação
Sejam bem vindas/os ao 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio
Internacional da ABHR – Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas. Este
evento é uma promoção da Associação Brasileira de História das Religiões
(ABHR) e realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

A ABHR tem realizado simpósios nacionais anualmente desde sua fundação em


1999 em Assis, São Paulo. Em 2000 realizou seu primeiro evento na Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP). Em todos os simpósios há participação
significativa de pesquisadores/as das religiões e religiosidades, provenientes de
áreas como História, Antropologia, Sociologia, Ciências da Religião, Teologia,
Psicologia, Letras e outras.

A produção científica destes eventos é demonstrada em Anais com comunicações


em GTs e em coletâneas com conferências e palestras em Mesas. A produção
acadêmica da ABHR se estende ao seu periódico, a PLURA – Revista de Estudos
de Religião, disponível no endereço: www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/plura/
about.

Durante o 12º Simpósio Nacional, em Juiz de Fora (2011), percebeu-se a


importância de se (re)estruturar a associação a partir da criação de seções e eventos
regionais que considerassem as especificidades locais nos campos religioso e
acadêmico. Em maio de 2012 foi realizado o 13º Simpósio Nacional, na
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). No evento a direção da ABHR
sondou o interesse de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em

15
sediar a primeira edição do Simpósio Sudeste. Percebeu-se a possibilidade de
ampliação do evento através do diálogo com pesquisadores/as de outros países,
estimulando o evento a se tornar concomitantemente regional sudeste e
internacional.O tema escolhido foi Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas,
dada a urgência em se aprofundar os estudos sobre as diferentes (im)possibilidades
e obstáculos à livre manifestação religiosa de sujeitos na sociedade do tempo
presente.

O 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR


pretende apresentar e aprofundar temas associados à (in)tolerância, discriminação
e/ou violência a diversas pessoas, como os/as fiéis de religiões afro, afro-
brasileiras, orientais e de novos movimentos religiosos (NMR), a crentes e a
descrentes. As reflexões também incidirão sobre a discriminação em razão de
marcadores sociais como identidades de gênero e orientações sexuais, imbricações
da religião com a política, deslocamento físico e identitário de fiéis e instituições e
teoria e metodologia dos estudos sobre religiões e religiosidades.

A direção da ABHR e a organização do evento, da qual participa o CERNe (Centro


de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras do DA-USP)
gostariam de reforçar nossas boas-vindas e desejar que o compartilhamento de
experiências durante o evento vise, antes de tudo, um mundo mais acolhedor a
todos/as. Vamos fazer um bom evento juntas/os.

Wellington Teodoro da Silva Eduardo Meinberg de Vagner Gonçalves da Silva


Albuquerque Maranhão Fo
Presidente da ABHR Organizador Geral do Evento Coordenador do evento

16
Credenciamento
O credenciamento será feito nos seguintes dias, horário e local:

Dia 29/10 30/10 31/10

Horário 09h às 18h

Local Saguão do Departamento de História


Av. Prof. Luciano Gualberto, 315
FFLCH, Cidade Universitária, USP

As mesas de recepção serão divididas em:

Credenciamento de pessoas isentas de pagamento de inscrição


• Coordenadores/as e comentadores/as de GTs,
• Conferencistas, participantes de Mesas,
• Ministrantes de minicursos e
• Participantes do Fazendo Arte (FA).
OBS: O credenciamento só será feito mediante apresentação de documento oficial
com foto.

Credenciamento de pagantes
• Participantes de GTs,
• Participantes de Minicursos e
• Ouvintes com direito a certificado.
OBS: O credenciamento só será feito mediante apresentação do comprovante de
pagamento e de documento oficial com foto.

17
18
Programação geral
29/10 30/10 31/10
Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira

Minicursos Reunião ABHR Minicursos


09h às 10h 09h às 10h 09h às 10h

Minicursos
09h às 10h
Manhã
Grupos de Trabalho Grupos de Trabalho Grupos de Trabalho
10h às 13h 10h às 13h 10h às 13h

Pausa para almoço Pausa para almoço Pausa para almoço


13h às 14h 13h às 14h 13h às 14h

Leitura de história de vida Leitura de história de Leitura de história de


religiosa vida religiosa vida religiosa
14h às 14h15 14h às 14h15 14h às 14h15

Tarde Mesas Mesas Mesas


14h15 às 17h15 14h15 às 17h15 14h15 às 17h15

Cofee break Cofee break Cofee break


17h15 às 18h 17h15 às 18h 17h15 às 18h

Sessão de abertura Lançamento de Sessão de encerramento


publicações
Mesa de abertura 18h às 19h30 Conferência
Noite Nas encruzilhadas das Homenagens Mesa de encerramento
religiões 19h30 18h às 19h30
18h às 19h30

Programação cultural Programação cultural Programação cultural


20h 20h
Festa de encerramento
20h
19
Programação do Fazendo Arte –
FA
29, 30 e 31 de outubro na Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Performances

Atividade Artista Dia e horário

“My Sweet Ricardo Vital 29 de outubro, 18h


Lord” de George Harrison

Música / Duração: 5 minutos

Elegbara Genilson Leite da Silva 29 de outubro, 20h


Dança / Duração: 10 minutos
Coordenação de Programas
Culturais da Sub-Reitoria de
Desenvolvimento e Extensão /
UFRJ

Brazil Carlkiss Dance 29 de outubro, 20h30


Dança / Duração: 20 minutos
Companhia de Dança Negra
Contemporânea

M’Borai João José de Félix Pereira 30 de outubro, 18h30

Música tradicional indígena /


Duração: 20 minutos

Músicas do autor Arnaldo Huff 30 de outubro, 19h

Música / Duração: 20 minutos

20
Aqualtune: a Princesa do Luana Tavares da Silva 30 de outubro, 19h30
Quilombo dos Palmares
Grupo Subverso
Dança com Poesia / Duração:
10 minutos

Tribal Fusion Karina Oliveira Bezerra 30 de outubro, 20h

Dança / Duração: 10 minutos

Pedacinho de Mulambo Mayara Souza de Assis 31 de outubro, 20h

Dança com Teatro / Duração: GP Africanidade na Dança-


20 minutos Educação / UFRJ

Rosa Vermelha Tulani Pereira da Silva e Ivy 31 de outubro, 20h30


Marins Brum Viana de Souza
Expressão corporal / Duração:
10 minutos Projeto de Pesquisa em
Africanidade na Dança-
Educação / UFRJ

Iansã Andreza Jorge e Simonne 31 de outubro, 20h45


Alves
Duração: 20 minutos
Dança Licenciatura em Dança / UFRJ

Show de encerramento Noise Pop Rock 31 de outubro, 21h15

Duração: 60 minutos

21
Exposições

Atividade Artista Dia e horário

Através dos Olhos Julius Mack, Wagner Cria e 29 de outubro, das 14h às
Marco Antonio de Oliveira 22h
30 fotos Felippe (Org.)
30 a 31 de outubro, das 09h
Universidade Comunidade de às 22h
Terreiro

Desenhos e aquarelas Tiago Gualberto Idem

Exposição de Pinturas / 2 telas Escola de Belas Artes UFMG,


Museu Afro Brasil

Etnografia de um terreiro Bruna Amaro e Paula Montes Idem


paulista
Instituto de Artes da UNESP e
7 fotos USP

Os pecados de São Tomás de Albert Drummond Idem


Aquino na pós-modernidade:
as mazelas de ser humano Historiador e mestrando em
Ciências da Religião pela PUC/
Exposição de quadros / 7 MG
quadros

Os vícios de Aristóteles na pós- Albert Drummond Idem


modernidade: as delícias de
ser humano Historiador e mestrando em
Ciências da Religião pela PUC/
Exposição de quadros / 7 MG
quadros

22
Paraíso Terrestre em Andrea Tomita e Juliana Idem
Perspectiva Graciani

7 fotos Faculdade Messiânica e


PUC/SP

“Pausa Reflexiva” no quadro Bruno Cezarini e Silvia Idem


(In)Tolerâncias religiosas Silveira

Exposição de Pintura / 1 tela Graduandos em Ciências das


Religiões pela UFPB

Salamandra – onde ciganos se Cleiton Machado Maia Idem


encontram
Mestrando – UFRRJ
10 fotos

Um olhar da presença e o Alexandre Carvalho e Marco Idem


poder feminino no Candomblé Antonio de Oliveira Felippe
no Brasil (Org.)

Pintura Acrílica / 10 telas Pesquisa em Africanidade na


Dança-Educação – Projeto de
Extensão da UFRJ

Um olhar sobre a Jaqueline Vilas Boas Idem


religiosidade de matriz
africana
Universidade Federal de
20 banners Uberlândia

23
Vivência Ikebana

Atividade Artista Dia e horário

Vivência de Arte Ikebana Andrea Tomita e Juliana 31 de outubro, das 09h às


10h
Sanguetsu Graciani

Minicurso 5 Faculdade Messiânica e


PUC/SP

Filme

Atividade Artista Dia e horário

Portunhol Anne Feingold Conceição 30 de outubro, 20h30


Peceniski
7min
Escola de Cinema Darcy Ribeiro
e UFF

24
Sessão de abertura
Terça-feira, 29 de outubro, das 18h às 19h30
Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Mesa de abertura
Wellington Teodoro da Silva Eduardo Meinberg de Albuquerque
Presidente da ABHR Maranhão F0
Organizador Geral do Evento
Andréa Gomes Santiago Tomita
Coordenadora do Fazendo Arte Vagner Gonçalves da Silva
Coordenador do evento
Arnaldo Érico Huff Júnior
Editor-chefe da PLURA

Nas encruzilhadas das religiões

Vagner Gonçalves da Silva


Professor livre docente e chefe do Departamento de
Antropologia da USP. Doutor e mestre em Antropologia
Social. Coordenador do CERNe – Centro de Estudos de
Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras.

Nas encruzilhadas das religiões trata-se de uma discussão sobre as transformações


pelas quais passa o orixá Exu num diálogo de longa duração que envolve
comunidades religiosas da África e das Américas, enfatizando sob a perspectiva da
circularidade cultural alguns conteúdos desse encontro religioso entre concepções
cristãs e africanas que se transformam mutuamente. A mediação e os conflitos que
a figura de Exu sintetiza nesse diálogo em termos de aproximações e
distanciamentos (nesse caso de intolerância religiosa) será um dos pontos centrais
da discussão proposta.
25
Sessão de encerramento
Quinta-feira, 31 de outubro, das 18h às 19h30
Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Il monoteismo e il fondamentalismo del pensiero

Nicola Gasbarro

Professor da Universitá degli Studi di Udine.

O pensamento antropológico e a prática política da


modernidade destacam o “choque” de civilizações
(Huntington) e o conflito interno destas (Nussbaum),
caracterizados pelo valor da religião como um código fundamental do pensamento
e da vida social. Se a estrutura da civilização está sujeita ao domínio do significado
da religião, todos os outros códigos culturais das relações dos homens entre si (da
política à lei, da economia à ética), e as relações dos homens com a natureza (da
magia à ciência, da tecnologia à pesquisa) estão subordinados a, e/ou ordenados
hierarquicamente por relações entre homens e deuses. Esta apresentação abordará
as relações entre monoteísmo e fundamentalismo, ressaltando que o monoteismo é
uma espécie de fundamentalismo do pensamento e da imaginação, daí a
necessidade urgente de questionar historicamente a relação entre religião e
política, monoteísmo e violência (texto traduzido por Adone Agnolin).

Mediação: Adone Agnolin, USP

Premiação de pôsteres e mesa de encerramento


Eduardo Meinberg de Albuquerque Wellington Teodoro da Silva
Maranhão Fo Presidente da ABHR
Organizador Geral do evento

26
Reunião da ABHR
Quarta-feira, 30 de outubro, das 9h às 10h
Anfiteatro de História, FFLCH

Prezados/as sócios/as e amigos/as da ABHR,

Todos/as estão convidadas/os para participar da reunião que acontecerá no dia 30


de outubro, das 9h às 10h. A pauta proposta é:
1) apresentação da ABHR para os não sócios
2) a ABHR e os estudos das religiões no Brasil e
3) avaliação do processo de transição pelo qual a associação está passando.
Até lá!

Coordenação: Wellington Teodoro da Silva,


presidente da ABHR

27
28
Lançamento de publicações
Quarta-feira, 30 de outubro, a partir das 18h
Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

A grande onda vai te pegar: marketing, espetáculo e


ciberespaço na Bola de Neve Church

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

De que maneiras gerenciamento da fé e do mercado se


articulam numa igreja de surfistas? Em A grande onda vai te
pegar. Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de
Neve Church, Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº apresenta algumas
das formas como a Bola de Neve, agência evangélica de características
majoritariamente neopentecostais, se promove no mercado religioso a partir de
discursos congelados e derretidos – em que inovações e permanências vão sendo
disponibilizadas aos/às fiéis através de um marketing de guerra santa que tem
como principais características a utilização das teologias da batalha espiritual, do
domínio e da prosperidade, bem como a divulgação da agência através do
ciberespaço. Inicialmente, ficam as perguntas: você já foi a um culto da Bola de
Neve? A grande onda já te pegou?

A invenção das devoções: crenças e formas de expressão


religiosa

Mara Regina do Nascimento, Mauro Passos (orgs.)


Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2013.

A invenção das devoções – crenças e formas de expressão


religiosa é um livro em que a poesia inerente a toda religião,
como dizia o demiurgo Durkhein, brota a cada linha,
convidando o leitor a vivenciar as variadas modulações da
experiência religiosa popular, em sua pujança tecida de mosaicos de crenças e de
formas de expressão que inventam mundos de devoção aqui e agora, mas eis ao
longo curso da duração.
29
A primeira igreja protestante do Brasil: Igreja reformada
potiguara (1625-1492)

Jaquelini de Souza
São Paulo: Editora Mackenzie, 2013.

Neste livro, Jaquelini de Souza relata o surgimento da primeira


igreja protestante em solo brasileiro, fruto da ocupação
holandesa no Ceará (1630-1654). Ao resgatar as valiosas
informações sobre a atuação dos cristãos reformados, holandeses e brasileiros no
Nordeste, traz uma contribuição notável para a historiografia brasileira nos
aspectos social, político, cultural e religioso.

A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras

Nilza Menezes
João Pessoa: UFPB, 2012.

O trabalho de Nilza Menezes vem preencher de modo


corajoso, com audácia e rigor cientifico essa lacuna.
Conseguiu demonstrar, através da sua pesquisa, que há
violência de gênero também no âmbito das religiões
afrobrasileiras, uma violência simbólica, silenciosa. Demonstra ainda, articulando
cuidadosamente gênero, violência e poder, que no universo das religiões
afrobrasileiras, inicialmente marcado por lideranças femininas, se repetem as
mesmas violências de gênero observadas na sociedade em geral (Profa. Dilaine
França\PPGCR-UFPB).

Afinal, o que é Macumba?

Michelle E. Soares
São Paulo: Arché Editora, 2013.

As discussões em torno da temática Macumba perpassam


vários olhares disciplinares e religiosos. Além disso, ainda hoje
essa nomenclatura, quando pronunciada, causa estranhamento,
aversão, medo, curiosidade, atração. Mesmo com todo o
cenário diverso de sociedade contemporânea, Macumba traz à
tona uma série de sentimentos. A opção de Michelle E. Soares, nesta obra, foi
explorar os fatos históricos a partir do acompanhamento da terminologia
30
Macumba, seus usos e abusos no campo religioso brasileiro. Fez uso dos métodos
históricos para abordar aspectos fundamentais de uma velha, porém com novas e
amplas possibilidades: a teologia afro-brasileira. A Macumba Afro-brasileira, seus
personagens, aspectos mágicos e míticos são os temas desta obra!

Anais do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio


Internacional da ABHR – Diversidades e (in)tolerâncias
religiosas
Comissão Editorial do evento
São Paulo, 2013.

Em conjunto com o livro Religiões e religiosidades em


(con)textos, seleção de escritos de conferências e mesas do
evento, os Anais do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da
ABHR representam parte importante da produção bibliográfica do mesmo.

Assembleia de Deus: ministérios, carisma e exercício


de poder

Marina Correa
São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Nada mais distante da realidade do já centenário movimento


pentecostal assembleiano no Brasil do que uma imagem de unidade,
de idênticas características, de uma identidade singular. Este livro trata das
complexidades, do pluralismo interno, dos interesses divergentes, dos traços
singulares que cercam uma “nebulosa assembleiana”, formada por centenas de
ministérios, mais de 12 milhões de fiéis, várias convenções, que competem entre si
pelo controle dos mitos fundantes, pela reprodução de uma história considerada
comum, mas, enquadrados dentro de uma “lógica” que procura dividir internamente,
mas sem revelar os mecanismos de poder, que produzem conflitos e cisões, contínua
e crescentemente. O texto de Marina Correa ajuda o leitor a desvendar parte do
aparente intrincado universo das Igrejas das Assembleias de Deus brasileiras.

31
Budismo e filosofia

Deyve Redyson (org.)


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Para muitos o budismo é mais do que uma religião, psicologia ou


filosofia, é uma prática, um caminho. O que aqui chamamos de
filosofia do budismo é na verdade a relação entre os
ensinamentos do Buda Shakyamuni e dos grandes mestres de todas as tradições e
linhagens que podem ser aqui compreendidas enquanto filosofia. Esta publicação tem
uma característica muita importante dentro das atuais pesquisas que estão sendo
elaboradas e que envolvem o budismo dentro do Brasil. Este, muito provavelmente, é
o primeiro trabalho que envolve os mais diversos pesquisadores do budismo no
Brasil em suas mais diversas tradições e línguas, sejam dentro do budismo
Theravāda, Māhāyana e Vajrayana, especialistas que já vem desenvolvendo trabalhos
acadêmicos e que também estão envolvidos com a prática budista. Este trabalho
também veicula uma mensagem de paz e harmonia para que mais pessoas possam
entender e praticar o Buddha-Dharma e compreender que o benefício de todos os
seres é tarefa nossa dentro desta era afortunada de mil budas.

Compêndio de Ciência da Religião

João Décio Passos, Frank Usarski (orgs.).


São Paulo: Paulinas/Paulus 2013

Marco na história da pesquisa no Brasil, o Compêndio de


Ciência da Religião sai no momento em que a nova área de
Ciência da Religião e Teologia conquista sua autonomia acadêmica (Capes,
Mec). Organizado em cinco seções temáticas - Epistemologia da Ciência da
Religião, Ciências Sociais da Religião, Ciências Psicológicas da Religião, Ciências
das Linguagens Religiosas e Ciência da Religião Aaplicada - o Compêndio tem
como objetivo contribuir para a discussão sobre a posição institucional, as
especificidades e as conquistas intelectuais da Ciência da Religião. Organizado por
professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP,
reúne reflexões de dezenas de autores, do Brasil e de outros países, que atuam e
pesquisam essa área de conhecimento.
32
Educação nos terreiros: e como a escola se relaciona com
crianças do candomblé

Stela Guedes Caputo


Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

O livro Educação nos terreiros – e como a escola se


relaciona com crianças do candomblé é resultado de 20 anos
de pesquisa onde a jornalista e professora Stela Guedes Caputo
acompanhou o crescimento de um grupo de crianças de 4
terreiros na Baixada Fluminense/Rio de Janeiro. A pesquisa é
inédita e enveredou por dois caminhos: o primeiro foi perceber os terreiros de
candomblé como redes de conhecimentos e significações. Ali, as crianças
aprendem a língua, as danças, os mitos, a culinária sagrada, os toques de atabaques,
as cantigas. O segundo caminho verificou como as escolas se relacionam com as
crianças de candomblé. A constatação foi a existência de muito preconceito e
discriminação contra crianças e jovens candomblecistas.

Frei Damião - o santo popular e a edificação do ícone: a fé


na modernidade e o catolicismo popular no santuário de
Frei Damião

José Honório das Flores Filho


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Ao longo da modernidade ocidental o cristianismo católico mostrou-se


particularmente sensível às mudanças religiosas exigidas pela sociedade urbana
secularizante. Até poucos anos atrás era difícil imaginar alguma relação entre
turismo, e religião; entre lazer e fé. Provavelmente eram os pesquisadores que não
percebiam como a devoção popular aproximava esses polos aparentemente opostos.
O mundo moderno desencantado, no sentido forte weberiano, explicou muitas coisas
sobre a natureza. Tirou-lhe o mistério. No mundo contemporâneo os lugares de
peregrinação, míticos, fascinantes, inexplicáveis, e ao mesmo tempo belos pela sua
natureza, recuperam o mistério, mas, agora apoiados fortemente na divulgação de
práticas de turismo que, agentes seculares escancaradamente, usufruem da
religiosidade histórica de belos lugares. A Igreja Católica, necessitada de recuperar a
catolicidade perdida, não deixa de “ganhar” com essas práticas “econômicas”,
“mundanas”. Essas questões são discutidas de maneira brilhante neste livro.
33
História das religiões: perspectiva histórico-comparativa

Adone Agnolin
São Paulo: Paulinas, 2013.

História das Religiões é uma síntese abrangente e inédita para


o público brasileiro da perspectiva histórico-religiosa realizada
pela Escola Italiana de História das Religiões. Na primeira
parte do livro, são oferecidos os fundamentos dessa disciplina
e sua metodologia por meio da análise, tradução e comentário de alguns textos
basilares. Na segunda, são aprofundadas algumas problemáticas do “religioso” ao
longo da Antiguidade tardia, Idade Média, Renascimento e Idade Moderna, bem
como conceitos que estruturaram o caminho universalizante e inclusivo do
Ocidente (Direito, Religião, Civilização e Antropologia). No interior desse
percurso, destaca-se a articulação entre Antropologia e História, a qual fez surgir
tanto uma comparação sistemática entre culturas, quanto a História das Religiões.

Islã e Antropologia
Revista de Estudos da Religião (REVER), v. 13, n. 1
(2013)

Francirosy Campos Barbosa Ferreira (org.)


São Paulo: Paulinas e PUC/SP, 2013.

Pesquisas sobre o Islã vem crescendo desde o final da década


de 1990, sobretudo, após o 11 de Setembro. As questões em
torno da construção de identidade, do pertencimento islâmico,
da conversão, assim como os relacionamentos entre homens e mulheres no Islã,
questões sobre estética cinematográfica, vem ganhando destaque no cenário de
pesquisas em contextos não islâmicos. Este número da REVER traz uma pequena
amostra de pesquisas sobre o Islã que vem sendo realizadas em comunidades
islâmicas.

34
Marketing Religioso
Revista de Estudos da Religião (REVER), v. 12, n.2 (2012)

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, Frank


Usarski (orgs.)
São Paulo: Paulinas e PUC/SP, 2012.

Esta edição da REVER apresenta trabalhos que demonstram,


através de perspectivas generosas e sensíveis, diferentes
compreensões sobre algumas das articulações entre sujeitos, coletivos e
instituições, relacionadas a desdobramentos diversos, advindos de diferentes usos,
(re) apropriações e (re) significações do marketing religioso – atravessado, de
modo geral, pela associação entre ofertas e demandas.

Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus -


1911-2011

Gedeon Freire de Alencar


Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2013.

As Assembleias de Deus são mais Brasileiras ou mais de


Deus? Com essa provocação característica, Gedeon Freire de
Alencar nos apresenta à maior igreja pentecostal brasileira em
sua pluralidade e historicidade. Atravessada por diferentes
contradições, originária do inusitado encontro de
pentecostalismos de ethos sueco, americano e brasileiro, as Assembleias de Deus
resistem à classificação fácil: moderna, mas conservadora; feminina, mas machista;
urbana, mas periférica; comunitária, mas hierarquizada. Uma igreja híbrida, como
o autor prefere. A Matriz Pentecostal Brasileira subsiste em modelos diferentes,
estruturas desiguais, disparidades em todos os aspectos: nas formas de
implantação, nas alterações dos sistemas eclesiásticos, nas hierarquias, nas
músicas, nas liturgias, nas adesões e exclusões dos membros, nos modelos
evangelísticos, nos usos ou proibições de meios eletrônicos. De uma pequena
comunidade de vinte pessoas em Belém, em 1911, que a partir de uma experiência
mística se organiza anárquica e solidariamente, produz um grande espaço de
voluntariado, incentiva a leitura e consequentemente o estudo, promovendo, assim,
ascensão social. Cem anos depois, se transforma em um grupo de milhões de
pessoas.

35
Missa, Culto e Tambor: os espaços das religiões no Brasil

Gamaliel da Silva Carreiro, Lyndon de Araújo Santos,


Sergio Figueiredo Ferretti (orgs.)
São Luís, EDUFMA, 2012.

O livro Missa, Culto e Tambor reúne dezessete artigos


escritos pelas mãos habilidosas de investigadores das
ciências humanas. Discorre não somente sobre os rituais ou
as liturgias de cada segmento, mas sobre os sentidos destas
vivências religiosas no cotidiano dos sujeitos sociais, sob diferentes olhares,
apontando para os espaços ocupados por estas vivências tão próximas e tão
distantes umas das outras, tão distintas e tão sincretizadas ao mesmo tempo.

Nkisi da diáspora: raízes bantu no Brasil

Janaína de Figueiredo (org.)


Acubalin, 2013.

O livro e o documentário Nkisi na Diáspora: raízes


religiosas bantu no Brasil fazem parte do Programa do
Ministério da Cultura chamado Cultura Viva (responsável
pelos Pontos de Cultura). Esse livro e documentário partem de dois eixos
fundamentais, a saber: as contribuições das religiões de matrizes africanas,
particularmente, do candomblé angola na constituição da cultura brasileira e os
desafios da implementação da Lei 10639/03, em seus dez anos de promulgação.
Se, por um lado, o desafio da Lei consiste em repensar o currículo e as políticas de
educação do país em prol de uma igualdade racial; por outro, abrir espaço nessa
luta às religiões afro-brasileiras têm exigido refletir sobre as particularidades desse
universo religioso e a sua exclusão na História oficial.

O Mito de Origem: uma revisão do ethos umbandista no


discurso histórico

Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas


São Paulo: Arché, 2013.

O Mito de Orígem: uma revisão do ethos umbandista no


discurso histórico problematiza o uso do mito de fundação da
umbanda a partir do referencial de Escolas Umbandistas.
Trata-se de uma crítica acadêmica sobre os usos do discurso
único para uma religião que sempre se constituiu pela
36
diversidade de formações e contextos culturais religiosos. Maria Elise Rivas já é
autora conhecida nas discussões acerca da iniciação na(s) umbanda(s) e agora
apresenta uma obra de cunho teológico sobre as (não) origens dessa religião.

O Rosto Ecumênino de Deus

Claudio Ribeiro e Magali Cunha


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

O diálogo ecumênico, a ação conjunta das Igrejas, entendem


Magali Cunha e Claudio Ribeiro, tem sua origem no
Evangelho de Jesus de Nazaré. Esta mensagem é uma "boa
nova"; anuncia a chegada do Reino de Deus. Os sinais que
apontam o Reino são atuais e devem ser compreendidos nas
coordenadas históricas do nosso tempo. Esta afirmação nos leva a dizer também
que o ecumenismo de que falam Magali Cunha e Claudio Ribeiro não é um
"ecumenismo de cristandade", formal, que pode ser advertido somente quando
compromete as instituições. Isto faz necessária a discussão sobre a tensão que
muitas vezes existe entre a fé em Jesus Cristo e o Pluralismo cultural e Religioso.

Os laços entre igreja, governo e economia solidária

André Ricardo de Souza


São Carlos: EDUFSCar, 2013.

A Igreja Católica é matriz de alguns movimentos sociais, entre


eles o da economia solidária, resgatante de valores e práticas
cooperativistas do século XIX que tinham sido também
vividos por padres nos anos de 1950 e 60, como parte da
“terceira via cristã”. Vários empreendimentos solidários atuais
foram formados com o apoio de pastorais sociais e organismos católicos, sobretudo
da Cáritas. Tal como boa parte da igreja no Brasil, essa entidade foi reorientada
pela Teologia da Libertação, de modo a substituir práticas assistencialistas por
outras que aliam auxílio e mobilização política. Economia solidária e catolicismo
progressista se fizeram presentes nos governos de Lula e Dilma Rousseff com
implicações relevantes. Esse proceso se deu em face do conservadorismo católico
mundial. Esta obra trata da relação ideológica e prática entre igreja, governo e
economia solidária.

37
Oporai Guata Porã: Awaju Poty

João José de Felix Pereira

O CD Oporai Guata Porã: Awaju Poty foi gravado no


ano de 2000. É o resultado de 10 anos de pesquisa junto a
comunidades Guarani dos estados de São Paulo e Paraná e
contém 13 músicas (oporai) que são cantos sagrados
tradicionais. Participei do CD com uma orquestra formada por 24 índios Guarani
tocando instrumentos tradicionais e cantando em um coro formado por homens,
mulheres e crianças.

Pentecostalismos e transformação social

David Mesquiati (org.)


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
Um livro de pentecostais analisando o pentecostalismo de
forma autocrítica. São diferentes perspectivas construídas a
muitas mãos. Uma enriquecedora contribuição ao campo
religioso de grande interesse no Brasil e no mundo:
“pentecostalismo e sociedade”.

Religião e Direitos Humanos


PLURA – Revista de Estudos de Religião da
ABHR, v. 4, n.1 (2013)

Comissão de Redação da ABHR

A PLURA - Revista de Estudos de Religião é o periódico da Associação


Brasileira de História das Religiões (ABHR). Trata-se de uma publicação
eletrônica destinada à divulgação da pesquisa acadêmica na área dos estudos de
religião. São publicados artigos originais, traduções, documentos históricos,
entrevistas e resenhas produzidos nos diferentes campos das ciências humanas. As
publicações comportam, assim, tanto abordagens e perspectivas teórica e
metodologicamente plurais, quanto temas diversos relacionados ao universo das
religiões e religiosidades. A edição n° 1 de 2013 traz uma seção temática dedicada
ao tema “Religião e Direitos Humanos”, contendo seis estudos que tratam da
questão em perspectivas sócio-histórica, filosófica e teológica. A edição conta
38
ainda com as seções “Artigos” e “Resenhas”. O periódico recebe submissões de
artigos e resenhas em fluxo contínuo.

Protestantes, evangélicos e (neo)pentecostais: história,


teologias, igrejas e perspectivas

Zwinglio Mota Dias, Elisa Rodrigues, Rodrigo Portella


(Orgs.)
São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

O conjunto de ensaios reunidos neste volume pretende oferecer aos seus leitores e
leitoras uma visão do campo religioso protestante/evangélico no Brasil, numa
perspectiva ampla e por meio de uma abordagem crítico-interpretativa de caráter
multidisciplinar. A iniciativa desta publicação partiu da constatação de que ainda
persiste uma grande carência de divulgação de estudos mais abrangentes sobre o
mundo protestante/evangélico. Ao lado da literatura apologética produzida pelos
diferentes grupos religiosos, que são na sua maioria autolaudatórias, existe um
conjunto de estudos e pesquisas realizados nas últimas décadas que infelizmente se
ocupam de aspectos parciais do mundo protestante/evangélico.

Protestantismo e História: Brasil e França na visão de


Émile Léonard

Marcone Bezerra Carvalho


São Paulo: Editora Mackenzie, 2013.

Com prefácio do Dr. João Baptista Borges Pereira, o livro é


uma coletânea com 17 textos: 16 de Émile-G. Léonard e 1 de
Roger Bastide sobre É.-G. Léonard. Destes 17 textos, 8 são
inéditos no Brasil, 4 jamais foram publicados em qualquer lugar e 5 reaparecem
entre nós depois de décadas desde sua publicação em periódicos brasileiros. Os
artigos versam principalmente sobre o protestantismo no Brasil e na França, mas
também abordam temas como teoria da história, cultura francesa e messianismo.
Na introdução do organizador, a vida e a obra do historiador francês são
apresentadas.

39
(Re)conhecendo o sagrado: reflexões teórico-
metodológicas dos estudos de religiões e religiosidades

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.)


São Paulo: Fonte Editorial, 2013

Por que estudar religiões e religiosidades e como pesquisar


um assunto tão complexo? Este livro nasceu da percepção da
necessidade de (mais) análises que apresentem perspectivas
teórico-metodológicas que respondam – parcialmente – estas
questões, auxiliando novas pesquisas e análises sobre os agenciamentos de sujeitos,
coletivos e instituições religiosas.

Religiões e religiosidades em (con)textos


Conferências e mesas do Simpósio Sudeste da ABHR /
Simpósio Internacional da ABHR, USP, 2013 (Volume 1)

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.)


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Esta seleção de textos de mesas e conferências do Simpósio


Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da ABHR
apresenta diferentes reflexões sobre as crenças e sacralidades, esperando contribuir
para o florescimento de novas pesquisas e diálogos. Os/as autores/as desta
coletânea desejam ótimas leituras a todos/as.

Religiões e religiosidades no (do) ciberespaço

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.)


São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

A proposta principal deste livro é a de adensar as discussões


teórico-metodológicas acerca das religiões e religiosidades no
(do) ciberespaço. A partir de textos de caráter etnográfico
digital perguntamos: o que caracteriza uma igreja do
ciberespaço ou no ciberespaço? O que o “ciber” nos diz a
respeito de diferentes deslocamentos religiosos subjetivos,
coletivos e institucionais? Instituições religiosas que não estejam na rede
conseguem atrair e atender seus públicos?

40
Repensando o sincretismo

Sérgio Figueiredo Ferretti


São Paulo: Arché/EDUSP, 2013.

Este livro traz uma investigação sobre o sincretismo afro-


brasileiro a partir do estudo realizado por Sérgio Ferretti na
Casa das Minas, em São Luís do Maranhão. Assim, a obra
percorre as práticas ritualísticas e o dia a dia de Vodúnsis e Ogãs, com seus
Voduns e suas cerimônias festivas, de luto, entre outras, como Festa do Divino e o
Arrambam, para compreender como se processam as relações entre sujeitos e o
sagrado no Tambor de Mina.

Todas as águas vão para o mar: poder, cultura e devoção


nas religiões

Gamaliel da Silva Carreiro, Lyndon de Araújo Santos,


Sérgio Figueiredo Ferretti, Thiago Lima dos Santos (orgs.)
São Luís: EDUFMA, 2013.

A presente obra é mais uma contribuição do XIII Simpósio


Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR - 2012).
Composta por treze artigos a obra é um apanhado de quatro tradições religiosas
importantes na configuração religiosa do Brasil, a saber: Religiões Afro-brasileiras,
Espiritismo, Catolicismo e Protestantismo, que plasmam o imaginário cultural do
país. Por diferentes caminhos e de diferentes formas, essas tradições escorrem para
o mar do numinoso e ali se enfrentam.

U m b a n d a e Te o l o g i a d a F e l i c i d a d e

F e r n a n d a L . R i b e i ro
São Paulo: Arché, 2013.

Teologia em seu sentido original, tomado dos gregos pelo


cristianismo significa “discurso sobre as coisas divinas”. Apesar
41
do hermetismo e do proselitismo aos quais a teologia esteve vinculada por tanto
tempo, na atualidade ela se depara com a necessidade de dialogar com a ciência e
com as diversas religiões. Inserida nesse contexto, a Teologia da Felicidade,
baseada nas idéias do pesquisador e sacerdote Francisco Rivas Neto, se propõe a
pensar que a experiência espiritual na Umbanda se constitui na concepção de uma
relação de continuidade entre realidade transcedente e realidade imanente e na
complementariedade entre experiência individual e coletiva. Assim, a felicidade se
apresenta como estado de bem-estar e capacidade de realizações, resultante da
unidade entre estes aspectos, considerados complementares entre si.

42
Homenagens
30 de outubro, quarta-feira, 19h30
Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

A ABHR e a organização do evento rendem homenagens a duas pessoas que tem


contribuído de forma ímpar, não somente com a Associação, mas com os estudos
sobre religiões e religiosidades brasileiras: Sérgio Figueiredo Ferretti e
Mundicarmo Maria Rocha Ferretti.

Mundicarmo Maria Rocha Ferretti

Professora emérita e titular aposentada na UEMA. Professora


adjunta IV aposentada na UFMA. Doutora em Antropologia
Social pela USP. Mestre em Ciências Sociais pela UFRN e em
Administração Pública (Pessoal) pela FGV – RJ. Sub-
coordenadora do GP Religião e Cultura Popular (GPMINA - DESOC/UFMA).

Sérgio Figueiredo Ferretti

Professor Emérito na UFMA. Doutor em Antropologia Social


pela USP. Mestre em Ciências Sociais pela UFRN.

Condução: Lyndon de Araújo Santos, UFMA

A cerimônia de homenagem será realizada após o Lançamento de Publicações


do evento, e será seguida de atividade cultural do Fazendo Arte.

43
Leituras de história de vida
religiosa
29 a 31 de outubro, das 14h às 14h15
Auditórios e anfiteatros da FFLCH

Esta atividade consiste na leitura de narrativas de história de vida que dialoguem


com o tema do evento e/ou da mesa, e serão apresentadas pelos integrantes do
coletivo Troupe Drao como abertura das mesas do evento.

Coordenação: Marcela Boni Evangelista, NEHO/USP e


Mychelle Aguinel, Troupe Drao

44
Mesas
45
46
M1 – A Paz na Terra: os 60 anos
da encíclica Pacem in Terris
29 de outubro, Anfiteatro de Geografia, FFLCH

Coordenação
Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG

No dia 11 de abril de 1963 foi publicada a carta encíclica Pacem in Terris pelo
papa João XXIII. Essa publicação aconteceu meses após a crise dos mísseis em
Cuba, um dos momentos de maior tensão da guerra fria. Seu impacto no Brasil
aconteceu de maneira forte. Foi um dos documentos que criaram condições de
diálogo entre católicos e marxistas. Ajudou a dar legitimidade para a organização
do setor do catolicismo conhecido como Esquerda Católica e, em larga medida, da
Teologia da Libertação. Essa mesa discutirá as repercussões desse documento e sua
defesa do diálogo quando foi publicada e sua influência na Igreja nos últimos 60
anos.

Participantes
Frei Carlos Josaphat
Professor emérito na Universidade de Friburgo, Suiça. Autor do
livro Ética Mundial. Frei dominicano.

Encíclica Pacem in Terris nos contextos da guerra fria

Tratar-se-á da encíclica Pacen in Terris como documento


publicado no contexto da guerra fria como uma tentativa de distencionar as duras
lides entre os blocos capitalistas e socialistas. Ela insere-se em um dos momentos
mais tensos entre esses dois blocos, imediatamente após a crise dos mísseis em
Cuba. A figura do papa João XXIII como ator da abertura política da Igreja
Católica para o diálogo com o mundo moderno. O reposicionar-se da Igreja
Católica diante das questões modernas.

47
Wellington Teodoro da Silva
Presidente da ABHR. Professor do PPGCR da PUC/MG. Doutor
em Ciência da Religião pelo PPCIR da UFJF.

Repercussão da Encíclica Pacem in Terris no


Brasil

A encíclica Pacem in Terris causou grande repercussão nas culturas religiosa e


política brasileiras em meados da década de 1960. Ela causou desembaraços para o
setor conhecido como esquerda católica que compreendeu ter sido legitimado em
suas propostas e práticas no espaço público. Nossa fala abordará o diálogo com o
comunista promovido pela encíclica. Esse setor do catolicismo já havia encontrado
com o marxismo no teatro da operosidade política e via sentido em suas
compreensões sobre a natureza das questões sociais, políticas e econômicas que se
impunham. O anticomunismo não era total entre os católicos do período.

Patrícia Carla de Melo Martins


Professora do Centro Universitário Barão de Mauá. Doutoranda
em História pela UNESP. Doutora em Ciências da Religião pela
PUC/SP. Mestre em História pela UNESP.

Direito Natural na encíclica Pacem in Terris de João XXIII

O Direito Natural na Pacem in Terris estabelece um diálogo entre o poder temporal


e o poder espiritual da Igreja Católica. A referência é à necessidade de constituição
de uma democracia solidária mundial, que ultrapasse o interesse das fronteiras
nacionais. Colocada como ponto reflexivo da condição humana e das suas
possibilidades de realização espiritual sobre a História, a existência coletiva se
apresenta como realização pessoal. A questão desta abordagem é o caminho do
tempo histórico da Humanidade e sua interlocução com o presente.

48
M2 – Teoria e metodologia nos
estudos de religião
29 de outubro, Anfiteatro de História, FFLCH

Coordenação
Adone Agnolin, USP

Esta mesa se propõe enfocar a importância de entrecruzar a perspectiva histórico-


religiosa com as problemáticas missionárias ligadas à tradução de culturas outras e
à consequente reprodução de saberes compartilhados. Nicola Gasbarro analisa a
relação entre religião e poder (englobando o problema do sentido e do direito), para
verificar a comunicação entre diferentes cosmologias enquanto ligada à relação
entre direito e ritual: pressuposto das ações missionárias e instrumento de reflexão
teórica e metodológica sobre a história missionária e a pesquisa de campo. Na
interação estabelecida entre alguns povos indígenas e missionários salesianos no
Brasil, na primeira metade do século XX, Paula Montero tem em vista pensar
concepções como as de ‘autoria’ e ‘tradução cultural’ para desvendar a gramática e
a leitura do olhar missionário sobre seu nativo, bem como suas modificações ao
longo do tempo. O programa de fundação da escola italiana de História das
Religiões é apresentado, enfim, por Elton Nunes na base do método comparativo
de Pettazzoni: da ‘autonomia (toda) histórica’ desses estudos, até a comparação
diferencial entre culturas, nascida de qualquer forma e a priori no interior da
comparação analógica propriamente missionária.

Participantes
Nicola Gasbarro
Professor da Universitá degli Studi di Udine.

Missões: a religião como linguagem para um possível


entendimento?

A partir da problemática própria da História das Religiões, esta


49
apresentação pretende tratar da relação entre religião e poder no interior de um
paradigma mais amplo, isto é, aquele do sentido e do direito. Nessa direção, trata-
se de analisar a comunicação entre diferentes cosmologias para que possa ser
reconduzida à relação entre direito (que é um pressuposto, demasiado esquecido,
dos próprios missionários) e ritual: a análise do ritual permite inserir um justo
realismo no interior da narração missionária que foge a qualquer interpretação em
termos de narração e até mesmo à codificação cristã (pense-se ao demônio que
encarna os códigos rituais irredutíveis), mas permite individuar seja a ordem do
sentido cristão, seja a arqueologia da cosmologia de uma alteridade em relação que
entre em uma outra história e contribua, assim, a constituir algumas de suas
coordenadas. No interior dessa perspectiva, acreditamos que possam emergir
frutíferos estímulos de reflexão teórica e metodológica, assim como relativos à
história missionária e à pesquisa de campo.

Adone Agnolin
Professor no Departamento de História da USP. Doutor em
Sociologia pela USP. Especialização em História das Religiões na
Università degli Studi di Padova.

Idade Moderna: Genealogia da História das Religiões entre


Civitas e Religio

A História das Religiões se propõe enquanto análise histórica das formações


“religiosas”: é um saber histórico desenvolvido na base de uma comparação
sistemática. Categoria toda ocidental, o “religioso” se constrói, historicamente, ao
redor de um monoteísmo inscrito em um anterior universalismo cívico: a res
publica da antiguidade romana. Esse trabalho se propõe apontar para a diferente
relação que se estabelece entre “civilização” e “religião” em três diferentes
contextos do começo da Idade Moderna: 1) a específica identificação de
“civilização” e “religião” na Modernidade ocidental; 2) a alternativa que emerge
entre os dois conceitos, conforme interpretações das quais derivam diferentes
estratégias missionárias, no contexto oriental; 3) e a prioridade atribuída ao
processo civilizador como passo fundamental para a construção de uma “religião”
para as populações “selvagens” americanas.

50
Paula Montero
Professora no departamento de Antropologia da USP. Doutora em
Antropologia Social pela USP. Mestre em Antropologia Social
pela Universite de Paris VII. Presidente do Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento.

Saberes Missionários: da autoria à tradução

Trata-se nessa apresentação de pensar concepções como autoria e tradução cultural


na interação estabelecida entre alguns povos indígenas e missionários salesianos no
Brasil, na primeira metade do século XX. Para além da reconstrução histórica do
projeto salesiano no Brasil, pretendo aqui pensar algumas das narrativas
antropológicas de missionários acerca dos índios com quem conviveram nas
aldeias missionárias. Tais narrativas foram estrategicamente escolhidas por retratar
três momentos distintos da atividade missionária católica no Brasil e da conjuntura
política nacional. Comparar esses casos tornou mais perceptível a gramática e a
leitura do olhar missionário sobre seu nativo, bem como suas modificações ao
longo do tempo. Permitindo também compreender como os diversos contextos
políticos ideológicos afetaram a observação missionária acerca da interação com os
índios e do cotidiano nas missões. Tais narrativas são tratadas aqui como produto
da interação entre trajetórias desses personagens e dos enunciados produzidos a
partir das posições sociais em que se encontravam situados.

Elton Nunes
Professor na Faculdade Messiânica. Pós-doutor em História pela
PUC/SP, doutor e Mestre em Ciencias da religião pela UMESP

A Escola Italiana de História das Religiões: A constituição de


um espaço historiográfico

Trata-se nesta proposta, apresentar em linhas gerais as escola


italiana a partir do seu programa fundacional. A partir da análise do cotidiano para
o entendimento dos processos de relacionamento e mútua influência, Pettazzoni
antecipa diversas linhas de pesquisa que entendem que a prática cotidiana retém a
realidade última para o pesquisador. O método comparativo de Pettazzoni busca a
singularidade a partir da base fornecida pelas nossas pressuposições de origem,
nossa cultura, conceitos e civilização. Ao analisar outra cultura, encontramos

51
outros conceitos, distinguimos outra civilização. Dessa maneira, o processo
comparativo busca a diferença e a singularidade, não o igual ou o supostamente
mesmo entre culturas e civilizações diferentes.

52
M3 – “Religiosidades”
ameríndias
29 de outubro, Auditório sala 24 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Talita Sene, UFSC

Esta mesa tem como propósito discutir o que disciplinas como a antropologia e a
história entendem pelo termo “religiosidades” ameríndias, com especial interesse
nos segmentos católicos e evangélicos no que tange às questões de conversão
indígena.

Participantes
Maria Cristina Pompa
Professora do curso de Ciências Sociais da Unifesp. Doutora em
Ciências Sociais pela UNICAMP. Mestre em Antropologia Social
pela UNICAMP.

Dizer mítico e fazer ritual: o rito como instrumento de


construção da história

A partir dos rituais descritos na documentação jesuítica referentes às “Aldeias dos


Tapuia”, florescidas no sertão nordestino entre os séculos XVII e XVIII, e da
perspectiva teórica oferecida pela Antropologia e pela História das Religiões,
proponho uma reflexão sobre o papel do ritual na construção de novos horizontes
simbólicos em situação de conflito e mudança social, qual é o caso do processo de
evangelização dos índios no Brasil Colonial. Com efeito, os dados mostram que,
alguns elementos cristãos foram absorvidos, porque significativos, no universo
simbólico indígena, assim como, especularmente, a simbologia católica sofreu um
processo de ressignificação. Os sacramentos e, mais em geral, o cerimonial
cristão, foram o ponto alto da catequese nas aldeias: isso mostra que missionários e
indígenas utilizaram a prática, mais do que a crença, o ato mais do que a palavra,
como plano de comunicação. A linguagem do diálogo foi uma linguagem gestual e

53
o rito se tornou, dos dois lados, o lugar de incorporação da mudança, constituindo o
espaço privilegiado da compreensão da alteridade e da construção da história.

João Azevedo Fernandes


Professor do PPGH da UFPB. Doutor em História pela UFF.
Mestre em Antropologia pela UFPB.

O gênero da conversão: mutações das religiosidades indígenas

Esta comunicação tem por objetivo analisar o lugar das mulheres e


das relações de gênero nos processos históricos de mudança cultural, provocados
pela conversão, ou tentativas de conversão, das sociedades nativas. Para além dos
problemas colocados pelo uso do termo “religiosidade” quando aplicado às
sociedades indígenas (problemas que devem ser discutidos), a comunicação propõe
uma reflexão sobre a agência feminina nos processos de transformação originados
da ação missionária. Com um olhar privilegiado sobre a experiência colonial dos
Tupinambá, tal como percebida na documentação histórica, pretende-se fazer aqui
uma discussão acerca do impacto de um discurso religioso totalizante sobre
sociedades que vivem a religiosidade a partir de experiências de caráter
xamanístico, e como as diferenças de gênero podem se expressar nas “zonas de
contato” e nos processos de transculturação.

Artionka Manuela Góes Capiberibe


Professora de Antropologia do Curso de Ciências Sociais da
Unifesp. Doutora em Antropologia Social pelo Museu
Nacional/UFRJ. Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP.

O lugar do transcendente nas igrejas cristãs palikur

Os Palikur, população ameríndia localizada na região da fronteira


Brasil/ Guiana francesa, falante de uma língua arawak-maipure, possuem hoje duas
Igrejas cristãs estabelecidas entre si: a Igreja Evangélica Assembleia de Deus e a
Igreja Adventista do Sétimo dia. Esta apresentação pretende mostrar - por meio de
uma combinação de dados históricos e, principalmente, etnográficos - como se
assentam estas religiões cristãs palikur, apresentando as principais influências que
concorrem em sua formação, a saber: uma religião católica de missões jesuítas;
54
visitações de padres até o século XX; o xamanismo, a cosmologia e a centralidade
do corpo entre os palikur; diversas missões religiosas transculturais de cunho
evangélico e, por fim, as presentes denominações religiosas. Dentre os resultados
desta confluência de elementos diversos, destaca-se o modo pelo qual esta
população indígena constituiu um espaço próprio para o transcendente na relação
com as Igrejas nela instituídas. A presente abordagem tem por objetivo central
apontar uma espécie de transformação cultural de mão dupla provocada neste
processo, que incide concomitantemente sobre os Palikur e sobre as Igrejas cristãs
presentes entre eles.

Aramis Luis Silva


Colaborador do Cebrap. Doutor e mestre em Antropologia Social
pela USP.

A aldeia de Meruri em resgate: entre a sacralização do rito no


museu missionário e a invenção da religiosidade bororo

Surgida em 1902 a partir de uma missão dos padres salesianos


entre os índios Bororo à sudeste do Estado do Mato Grosso, a aldeia indígena de
Meruri é hoje palco de uma das tantas tramas de objetificação cultural em curso no
Brasil. Após mais de um século de ação evangelizadora na qual cristianização foi
equiparada à civilização, missionários católicos e índios Bororo continuam ainda
hoje em relação, agora, desta vez, em nome de um dito processo de “revitalização
cultural”. Ora juntos, ora separados (ora em parceria, ora em um ambíguo conflito
discursivo), padres e lideranças indígenas locais há mais de década desenvolvem
projetos edificados em nome desse mesmo fim. Porém, a despeito de todas as
diferenças dos seus meios, uma semelhança se impõe como desafio aos analistas:
processos de “revitalização cultural” no quais as categorias religião e cultura
ganham sinonímia em função daquilo que é reconhecido como “sagrado”.

João José de Felix Pereira


Pós-doutorando em Ciências da Religião pela UMESP.

História de vida

Dos aspectos de minha vida mais importantes com relação a todos

55
os outros que me dizem respeito são a espiritualidade Guarani e a música. A
espiritualidade teve um aspecto conflitante até a minha maturidade, devido a outras
influências, minha decisão religiosa foi tardia e casual. Deu-se no ano de 1991
quando morava em Itanhaém, por ocasião da minha pesquisa de mestrado em
Comunicação e Semiótica na PUC/SP. Nas imediações dessa cidade do litoral
paulista há diversas comunidades Guarani. Passei a frequentar essas comunidades e
rezar no Opy (casa de reza), devido a facilidade de relacionamento por falar a
língua, gostar de tomar Ka’ayu (chimarrão), fumar petym e praticar o Jeroky
(dança) assim como de cantar os mborai. Por questões afetivas tomei naquela
ocasião a determinação de me dedicar ao resgate e à pesquisa da música e da
espiritualidade do meu povo paterno, já que minha mãe é de origem italiana. Hoje
já somam 22 anos de dedicação exclusiva ao povo Guarani.

56
M4 – Políticas e religiosidades
29 de outubro, no Auditório sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Jacqueline Moraes Teixeira, USP

Esta mesa pretende circundar alguns temas relacionados à constituição da religião


no Brasil e sua relação com a produção do estado democrático. O intuito é discutir
os meios pelos quais diferentes religiosidades constituíram, a partir de seus
discursos, práticas e valores, alguns sentidos considerados essenciais à formulação
da identidade política nacional. Nesse contexto, analisar as práticas discursivas e as
categorias operacionalizadas nos processos de distinção e identificação dos
indivíduos e de algumas agências religiosas possibilita compreender a
(re)configuração dos espaços públicos em torno das disputas políticas
contemporâneas.

Participantes
Ricardo Mariano
Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da
PUC – RS. Doutor em Sociologia pela USP.

Ativismo político pentecostal

A apresentação tem por objetivo analisar o crescente ativismo


político partidário e eleitoral de pentecostais no Brasil. Discorre
sobre conflitos e polêmicas recentes envolvendo seus representantes parlamentares
no Congresso Nacional. Enfoca, especialmente, sua acirrada disputa com grupos
homossexuais em torno da união civil de pessoas de mesmo sexo, do projeto
122/2006 que criminaliza a homofobia e do comando da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

57
Arnaldo Érico Huff Júnior
Professor no Departamento de Ciência da Religião da UFJF.
Doutor em Ciência da Religião pela UFJF e em História Social
pela UFRJ.

Políticas de protestantes e pentecostais em três modos

Proponho acercar, nesta breve análise, tendo como referência o Brasil, três modos
de ação política de protestantes e pentecostais, a partir de um esforço comparativo
principalmente interessado nas ideias religiosas em circulação. O primeiro,
cronologicamente, é aquele comumente chamado de conservador, percebido em
diversas denominações, cuja característica mais marcante é a de uma retirada do
mundo político ante o horizonte do celeste porvir. O segundo, geralmente
caracterizado como progressista, é aquele que captura a esperança escatológica
para a história e aparece de modo especial em movimentos e organizações
paraeclesiásticas e ecumênicas. Por fim, e mais recentemente, tem-se a atividade de
setores evangélicos na esfera política através das bancadas evangélicas, recebendo
em alguma medida a influência de ideias religiosas advindas da teologia da
prosperidade.

Daniel Rocha
Doutorando em História pela UFMG.

Entre o paraíso perdido e o milênio aguardado: escatologia,


política e identidade nacional no fundamentalismo norte-
americano

O objetivo desta apresentação é fazer uma breve reflexão sobre as


relações que se estabeleceram entre identidade nacional e perspectivas
escatológicas na construção do discurso do fundamentalismo protestante norte-
americano durante as décadas de 1970 e 1980. Inicialmente, trataremos da
permanência, ao longo da história norte-americana, da “herança” dos Pais
Peregrinos na construção de um imaginário político marcado pela noção de
excepcionalidade dos EUA, uma nação fundada em determinados valores e
virtudes, que possui uma missão a desempenhar no mundo e um compromisso com
seus valores “fundacionais”. Em seguida, abordaremos como tal discurso foi
apropriado pelo conservadorismo protestante norte-americano, em especial nas
discussões sobre qual seria o papel dos EUA no fim dos tempos presentes nos best
58
sellers escatológicos de Hal Lindsey. Por fim, faremos uma breve menção sobre as
relações entre escatologia e política no pentecostalismo brasileiro a partir da
década de 1980.

Eduardo Dullo
Doutor e mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional –
UFRJ. Pesquisador associado ao CEBRAP.

Política secular e intolerância religiosa nas eleições municipais


de São Paulo

O texto parte da denúncia pública feita pela Igreja Católica, por meio do
Arcebispo de São Paulo, envolvendo o coordenador da campanha de Celso
Russomanno para prefeito de São Paulo. A partir da acusação de “intolerância
religiosa” feita contra o pastor licenciado da IURD, analiso como os agentes se
apresentam na esfera pública e como disputam as delimitações de “religião” e
“política”. Esse caso empírico é particularmente instrutivo na medida em que
facilita nossa compreensão sobre as polêmicas recentes a respeito de religião,
política e laicidade. Tal análise permite explicitar a posição bifronte da Igreja
Católica: por um lado ela se apresenta como o paradigma de religião liberal
moderna retirada da política e, por outro lado, como agente constituinte dessa
democracia secular. A conclusão é a de
que, embora a predominância histórica da Igreja Católica tenha se
reatualizado, um novo paradigma (cristão, não-católico) de articulação entre
religião e política vem ganhando força.

59
60
M5 – Festas, artes e
religiosidades
29 de outubro, no Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Coordenação
Geslline Giovana Braga, USP

Esta mesa visa promover uma reflexão sobre a importância das religiões afro-
brasileiras na construção da identidade nacional por meio da produção artística.
Como se sabe, essa religiosidade influenciou fortemente a música popular
brasileira (com gêneros musicais como o samba), as manifestações festivas
nacionais (como o carnaval, maracatus, afoxés, festas de largo), a literatura (sendo
Jorge Amado seu grande divulgador), o cinema e as artes visuais, entre outros
campos.

Participantes

Dilma de Melo Silva


Professora da USP. Doutora em Sociologia pela USP. Mestre em
Sociologia pela Uppsala Universitet.

Arte e religiosidade de matriz africana

Atravessada a Calunga Grande, – o Atlântico Negro que nos une -


a força vital constituinte do (a) MUNTU africano(a) penetrou no território
americano em séculos de lutas,resistências,reelaborações, ressignificações. Na
atualidade, seus (suas) herdeiros mantêm a sabedoria milenar vindas com os
malungos e desabrochada em mocambos e senzalas. Passados 125 anos,da
Abolição, seus valores se perpetuam nas vitórias cotidianas frente à arrogância das
elites míopes,cegas ao reacender do ideário de princípios civilizatórios solidários e
estruturantes. Por toda parte, de Cafundó a Serra da Barriga, passando pelos
quartos escuros e insalubres das áreas de serviço verticalizadas das metrópoles os
(as) MUNTU arrancados (as) de suas comunidades de origem mantém acesa a
61
certeza da supervivência em terras estrangeiras, hoje, transmutadas em posses e
não-lugares antropofagicamente conquistadas. Séculos de história, espaços
luminosos, espaços opacos, cores, contrastes, penumbras, símbolos e significados
construídos minuto a minuto de luta/resistência/supervivência. Muitos exemplos
poderão ser dados, por exemplo, no campo da Arte/Religiosidade. É o que
pretendemos.

Yumei de Isabel Morales Labañino

Pesquisadora do Centro Cubano de Antropologia. Doutoranda em


Antropologia Social. Mestre em Antropologia pela Universidade de
Havana.

Os objetos contam a história: uma aproximação da coleção "Fernando Ortiz"

A coleção "Fernando Ortiz" de objetos relacionados com a prática das religiões


afro-cubanas, constitui um dos acervos mais importante da chamada etnografia
afro-cubana. Mediante a analise dela pode-se observar uma parte importante da
história destas religiões do final do século XIX até princípios do XX, assim como a
evolução da concepção da cultura material ligada a elas.

Marcelo Mendes Chaves


Mestre em História e Historiografia pela USP.

A estética afro-brasileira de Carybé

O presente trabalho trata da plástica de Carybé, especificamento


do período compreendido entre 1950 e 1980, dedicado para a elaboração do Livro
Os Deuses Africanos no Candomblé da Bahia. A pesquisa desenvolvida sobre essa
temática considera a mitologia e a ritualistica negro-africana iorubá como uma das
poéticas do artista, aproxima sua imagética, em diferentes momentos, à
manifestação do sistema religioso do candomblé Queto por uma maior visibilidade
e inclusão social e procura, desse modo, pontuar os principais aspectos da
contribuição de Carybé para a história da arte afro-brasileira no século XX.

62
M6 – Itinerários, percursos e
narrativas do sagrado
30 de outubro, no Anfiteatro de Geografia, FFLCH

Coordenação
Artur Cesar Isaia ,UFSC

Em um momento em que a História e as Ciências Sociais valorizam, cada vez


mais, as experiências religiosas como objetos de pesquisa, esta Mesa Redonda tem
por objetivo discutir as mobilidades do sagrado, consubstanciadas em “itinerários,
percursos e narrativas”. Ela pretende discutir, não só a espacialidade e a
temporalidade das experiências coletivas, mas as mobilidades narrativas desses
fenômenos, valorizando também os percursos individuais de busca do sagrado, das
religiões e das religiosidades. Este último aspecto apresenta particular interesse em
nossos dias, especialmente marcados por processos de individualização das crenças
e por acentuados trânsitos religiosos.

Participantes

Artur Cesar Isaia


Professor no PPGH da UFSC. Doutor em História Social pela
USP. Mestre em História pela PUC/RS.

Os “Franciscanos de Umbanda”: trajetória de uma


experiência peculiar no campo mediúnico porto-alegrense

Surgida em Porto Alegre, a no início dos anos 1930, a


"Congregação dos Franciscanos de Umbanda" foi profundamente marcada pela
figura de seu fundador, Laudelino Manoel de Souza Gomes. Localizando-se por
muito tempo na "Cidade Baixa", a casa compartilhava um espaço urbano
extremamente próximo da memória afrodescendente. Localizada em um dos
63
espaços historicamente ocupados pela população negra, a casa fundada por
"Padrinho Laudelino" ancorava-se em nichos da memória ancestral africana ainda
muito presentes em nossos dias, bem como em uma apreensão da realidade muito
próxima daquela propalada pelos setores intelectualizados da umbanda na primeira
metade do século XX. Por outro lado, a biografia do seu fundador foi
profundamente marcada por deslocamentos espaciais, que emprestaram à casa
elementos religiosos inusitados frente à umbanda da época .

Solange Ramos de Andrade


Professora no PPGH da UEM. Coordenadora do Curso de
Especialização em História das Religiões do DHI/UEM.
Coordenadora do GT Nacional de Religiões e Religiosidades da
ANPUH. Doutora e mestre em História pela UNESP.

As romarias como manifestações da religiosidade católica

A religiosidade católica se caracteriza pela necessidade de buscar a proximidade do


sagrado num plano mais humano, mais próximo de sua realidade, de suas paixões e
de seus sentimentos oportunizando ao devoto solicitar a alguém que tenha
experimentado uma existência humana, interceda a seu favor junto a uma
divindade distante. As principais manifestações da religiosidade católica estão
associadas a três aspectos complementares: o primeiro aspecto é o culto aos santos.
O segundo aspecto é caracterizado pelo binômio peregrinação/romaria.
Finalmente, o terceiro aspecto encontra-se no conjunto de ritos e cerimônias. Esses
aspectos ocorrem num espaço concreto e tem lugar em momentos precisos do
calendário devocional. Nesta apresentação abordo o binomio peregrinação/romaria
e qual o seu lugar na religiosidade católica. Uso os como sinônimos, pois as
discussões etimológicas relacionadas a eles distanciar-me-iam da abordagem sobre
suas práticas. Independente da nomenclatura, para o devoto, peregrinação ou
romaria pressupõem o “caminhar sagrado”, o “caminhar sacrificial”, o “caminhar
penitente” em direção ao santuário.

64
Ronaldo Almeida
Professor no PPGCSO da UNICAMP. Doutor em Antropologia
Social pela USP e mestre em Antropologia Social pela UNICAMP.

Comunidade, congregação e conexão: sobre os vínculos


religiosos

Há algumas décadas acelera-se no Brasil a circulação de fiéis entre diferentes religiões


ou a prática simultânea de algumas delas. Da mesma forma, conteúdos simbólicos e
práticas rituais também circulam entre as alternativas religiosas, que cada vez são mais
numerosas. Neste cenário de múltiplos percursos e pertencimentos, os laços sociais
agenciados pelas religiões são variáveis, o que coloca em questão as categorias
analíticas clássicas por meio das quais eles foram pensados. A proposta desta
comunicação é refletir sobre tais categorias à luz da dinâmica religiosa contemporânea
e os vínculos sociais que ela tem produzido.

José Guilherme C. Magnani


Professor Titular no Departamento de Antropologia da USP.
Doutor em Antropologia Social pela USP.

Mystica Urbe: o circuito neoesotérico na cidade

Os integrantes do “circuito neoesotérico”, tal como foi denominado no


livro Mystica Urbe, distinguem-se pela busca de novas modalidades de cultivo de
seu mundo interior que inclui, para muitos deles, as dimensões da espiritualidade e
do sagrado: suas fontes de inspiração são filosofias e sistemas religiosos orientais,
antigos saberes ocultistas, correntes espiritualistas, cosmologias indígenas,
propostas ecológicas. Não se trata, contudo, de uma busca individual e isolada.
Essas pessoas – com diferentes graus de compreensão e envolvimento – têm seus
lugares de encontro, compartilham hábitos e padrões de consumo, cultivam
valores, crenças e gostos semelhantes. Desenvolvem, em suma, um “estilo de vida”
perfeitamente discernível no ambiente cosmopolita da metrópole, presente na
mídia e sustentado por uma extensa rede de espaços que oferecem cursos, práticas
corporais, terapias alternativas, literatura especializada e até ritos e celebrações em
determinadas datas. Desta forma, práticas que muitas vezes são consideradas como
produto de escolhas meramente pessoais, resultando num bricolage de crenças e
atividades das mais variadas origens, têm sua lógica e exibem regularidades nas
formas de implantação e funcionamento no contexto urbano.

65
66
M7 – O que é História das
Religiões?
29 de outubro, Anfiteatro de História, FFLCH

Coordenação
Eliane Moura da Silva, UNICAMP

Como falar da religião ou das religiões hoje? Submetida à demarcação intelectual


das críticas racionalistas, no decorrer dos séculos XIX e XX, a religião no singular
e os estudos sobre religião, com diferentes chaves hermenêuticas e procedimentos
metódicos, foram submetidos a análises que deveriam permitir que sua verdade,
finalidade e sentido fossem finalmente revelados. A história cultural das religões,
das práticas e representações religiosas deve entender a formação da categoria
generalizante “a religião” como códigos de sentidos variados, investigando
empréstimos, cruzamentos, difusões, hibridações e mestiçagens da(s)
religião/religiões como construções culturais. Essa discussão é o objetivo central
dessa mesa redonda.
Participantes
Eliane Moura da Silva
Professora e coordenadora do PPGH da UNICAMP. Doutora e
mestre em História pela UNICAMP.

Entre Religião, Cultura e História

O objetivo da apresentação é o de fazer uma análise crítica visando ampliar a


proposta de um campo conceitual e metodológico de uma História Cultural das
Religiões. As evidências que nos levam a identificar o “religioso” nas mais
variadas experiências históricas não tornam mais simples a tarefa de definir o que é
“religião” ou seu campo de estudo. A despeito disso, nas últimas duas décadas a
História das Religiões floresceu. Uma História das Religiões menos devedora de
conceitos universais convive hoje com uma História Cultural e está submetida pela
crítica bem sucedida ao enquadramento exclusivamente institucional que a marcou
no passado. A discussão teórica e metodológica entre diferentes perspectivas
67
historiográficas coloca o problema da aproximação entre estas duas vertentes e
permite estabelecer um diálogo entre os resultados a que chegaram ao abordarem
problemas em comum.

Antonio Paulo Benatte


Professor do PPGH da UEPG. Doutor em História pela
UNICAMP, mestre em História pela UFPR.

História das religiões: um campo historiográfico em constante


mutação

Nas últimas décadas, a pesquisa em história das religiões tem


crescido e se renovado, especialmente no âmbito da história cultural. A formação e
o desenvolvimento desse campo são extremamente complexos, atrelados que estão
à configuração e às mudanças mais gerais do saber histórico contemporâneo. O
objetivo dessa comunicação é contribuir, do ponto de vista da história da
historiografia, para uma resposta adequada à questão formulada pela proposição da
mesa redonda: O que é história das religiões? Pretende-se retomar autores e
tendências que marcaram, no século XX, a concepção, a pesquisa e a escrita da
história das religiões. Como recorte, enfatiza-se especialmente a historiografia
francesa dos Annales e da Nova História, uma das principais matrizes da história
cultural das religiões.

Karla Denise Martins


Professora na UFV. Doutora e mestre em História Cultural pela
UNICAMP.

Biografias episcopais e o uso de método prosopográfico

Os estudos biográficos de personalidades eclesiásticas,


especialmente epíscopos, estão relacionados às circunstâncias das pesquisas no
Brasil que tendem à história das elites de uma parte e ao processo representacional
de figuras que traduzem ações coletivas e generalizantes de outra parte. A escolha
pelas histórias individuais, de indivíduos representativos tem aumentado e isso
requer uma nova leitura de uma história das elites. A proposta do nosso trabalho é
pensar os usos de métodos biográficos e prosopográficos nas análises de epíscopos
e demais figuras religiosas da vida eclesiástica brasileira na segunda metade do
século XIX.

68
M8 – Convivência inter-religiosa
30 de outubro, no Auditório sala 24 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Milton Bortoleto, USP

Esta mesa visa promover uma reflexão sobre o crescente processo de intolerância
religiosa verificado em todo o Brasil e promovido, sobretudo, pelas denominações
neopentecostais contra as religiões afro-brasileiras. Também falaremos das
transformações positivas que esse processo acarretou entre os quais a maior
aproximação das instituições religiosas entre si, rompendo muitas vezes rivalidades
históricas (entre a umbanda e o candomblé, por exemplo), a formação de
movimentos de conscientização e articulação entre religiosos e setores do poder
público, bem como aspectos da atuação social de religiosos.

Participantes
Jocélio Teles dos Santos
Professor e chefe do Departamento de Antropologia da UFBA.
Doutor e mestre em Antropologia Social pela USP.

A política afro-religiosa no espaço público: tensões e


articulações

As religiões afro-brasileiras tem sido alvo de ataque por parte de


igrejas neopentencostais e representantes do legislativo. Pretende-se nessa
comunicação apontar as tensões com essas igrejas, no cotidiano, assim como a
reverberação de estratégias dos terreiros no espaço público que vão de articulação
com entidades públicas dos operadores do direito à criação de manifestações no
espaço público, como as "caminhadas", que se tornaram eventos nacionais
ritualizados.

69
Eva Lenita Scheliga
Professora na UFPR. Doutora em Antropologia Social pela USP.
Mestre em Antropologia Social pela UFSC.

Gramáticas da convivência: reflexões a partir da assistência


social evangélica

A assistência social põe em jogo, em múltiplos níveis de ação, diferentes


significados e, por meio deles, associa e dissocia um diversificado número de
agentes e de práticas. Ela enfeixa, portanto, múltiplas relações e constitui, assim,
objeto privilegiado para a reflexão sobre os processos contemporâneos de produção
de visibilidade, legitimidade e argumentação na esfera pública. Tendo por base os
dados de uma pesquisa etnográfica sobre a ação social evangélica, busca-se discutir
nesta comunicação em que termos, no contexto brasileiro, o debate em torno da
assistência social tem possibilitado a construção de diferenças religiosas tanto
quanto tem facultado convergências entre agentes diversos.

Rachel Rua Baptista Bakke


Doutora e mestre em Antropologia Social pela USP.

Na escola tem orixá? - as religiões afro-brasileiras e o ensino


de história e cultura afro-brasileira a partir da lei 10.639

A Lei n° 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de História da África e Cultura


Afro-brasileira nos estabelecimentos escolares do país. A partir disso, as religiões
afro-brasileiras começaram a ser abordadas em sala de aula, como parte de um
conjunto de práticas e valores de origem africana importante no desenvolvimento
da população negra no Brasil. Este trabalho tem como objetivo apresentar as
reflexões desenvolvidas durante o doutorado a respeito do modo como essas
manifestações religiosas passaram a aparecer nos materiais didáticos, cursos de
formação continuada de professores e, por vezes, na própria sala de aula a partir
dessa Lei, assim como procurou identificar as tensões e negociações verificadas
quando essas religiões saem de seus espaços de manifestação próprios, os terreiros,
e adentram a escola.

70
M9 – Religiosidades, gênero e
política
30 de outubro, no Auditório Sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Sandra Duarte de Souza, UMESP

A mesa se propõe a discutir a presença da religião no espaço público, com especial


interesse nos segmentos católico e evangélico no que tange às questões de gênero e
sexualidade. As discussões se orientarão a partir de perguntas pelas continuidades
e/ou rupturas dos discursos e práticas religiosos em relação a gênero e sexualidade;
pela emergência de novos sujeitos na política; pela pauta moral, basicamente
sexual, que orienta a atuação de políticos religiosos; e pelas implicações dessa
atuação para os direitos das mulheres e das chamadas “minorias” sexuais.

Participantes

Maria José Fontelas Rosado-Nunes


Professora da PUC/SP. Coordenadora da área de Religião e
Sociedade do PPGCR da mesma instituição. Doutora pela École des
Hautes Études em Sciences Sociales, Paris. Mestra em Ciências
Sociais pela PUC/SP e pela Université Catholique, Louvain La
Neuve, Bélgica.

Religiosidades públicas, direitos restritos?

Nos últimos anos, tem se colocado em pauta na sociedade brasileira discussões que
retomam a questão da legitimidade de intervenção das religiões na esfera pública.
Essa questão ganha relevância particular quando estão em jogo direitos
recentemente conquistados no campo da sexualidade e da reprodução humana.
Embates no Congresso Nacional e episódios de violência contra homossexuais,
amplamente divulgados pela mídia, evidenciam a atualidade do debate e sua

71
complexidade. A retomada da cena política pela religião atinge muito
particularmente a agenda feminista e dos movimentos de diversidade sexual que,
no contexto de Estados democráticos e laicos, encontrou um campo favorável ao
seu desenvolvimento. Daí a atualidade da discussão em torno dessa
“inevitabilidade” da ação política de grupos religiosos e de seus efeitos sobre as
mudanças culturais e legais conquistadas pela ação dos movimentos de mulheres e
dos grupos LGBTT.

Sandra Duarte de Souza


Professora do PPG/CR da UMESP. Coordenadora da área de
Religião, Sociedade e Cultura do mesmo programa. Doutora e
mestre em Ciência da Religião pela UMESP.

Evangélicos e política: a religião como freio moral da


sociedade?

A participação evangélica na política partidária brasileira tem evidenciado a


predominância de posturas mais conservadoras e tradicionalistas por parte de seus
representantes políticos, além de significativas manifestações de intolerância dos
mesmos em relação às reivindicações que envolvem o tema da sexualidade. É claro
que é preciso relativizar o nível de engajamento religioso de alguns parlamentares,
que por oportunismo político, “viram” evangélicos ou “voltam a ser” evangélicos
depois de anos de afastamento desse segmento religioso. De qualquer forma, o fato
é que esses parlamentares estabeleceram como pauta política a luta contra as
demandas relativas aos direitos reprodutivos e à diversidade sexual. Não se pode
correr o risco de entender os parlamentares evangélicos como um grupo coeso,
como parte de um movimento uniforme com atuação política uniforme, porém, no
que tange aos temas mais diretamente ligados à sexualidade, se verificará uma
maior propensão ao conservadorismo moral, sendo essa também a tendência de
parte do eleitorado. Em nossa apresentação nos debruçaremos especialmente sobre
o posicionamento de políticos evangélicos quanto ao tema dos direitos
reprodutivos e quanto ao tema da diversidade sexual, objetivando entender as
tensões entre a afirmação política de uma moral sexual religiosa e a proposição de
um Estado laico, voltado para os interesses de seus cidadãos e cidadãs a despeito
de sua confissão religiosa.

72
Marcelo Tavares Natividade
Professor de Antropologia na UFC. Doutor em Antropologia
Social pela UFRJ. Mestre em Ciências Sociais pela UERJ.

As novas guerras sexuais no Brasil: identidades LGBT e


poder religioso

Há décadas pesquisadores diagnosticaram a presença da religião na política, na


mídia, no espaço público. A realização de eventos reunindo multidões, o
surgimento de novos movimentos religiosos, a formação de redes ecumênicas e a
participação de lideranças religiosas nas instâncias decisórias do país sugerem a
pluralização de identidades, pertencimentos e experiências. Esse cenário indica a
vitalidade religiosa de nosso país, que se expressa em pluralismos. Por outro lado,
cresce a importância das discussões sobre cidadania e direitos das minorias, do
exercício autônomo da sexualidade, da legitimidade das identidades coletivas e do
lugar da religião na construção de uma agenda de direitos. O espaço público tem
sido agitado por controvérsias no campo das expressões da diversidade sexual e de
gênero e de suas relações com políticas do Poder Público no combate à homofobia
e outras expressões de intolerância. O objetivo é discutir entrecruzamentos entre
religião e construção da diferença

73
74
M10 – Religião, patrimônio e
tradição
30 de outubro, no Auditório sala 8 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Rosenilton Silva de Oliveira, USP

Esta mesa visa promover uma reflexão sobre as relações entre as comunidades de
terreiro e a sociedade mais ampla. Como se sabe, entre as várias políticas públicas
adotadas pelos governos, sobretudo dos últimos 20 anos, estão o atendimento às
demandas das comunidades negras em torno de melhoria das condições de vida
relacionadas à saúde, à visibilidade social, ao combate à discriminação sócio racial
etc. Com isso, as comunidades de terreiro têm sido fortemente chamadas a atuar
como agentes políticos por ser importantes centros de construção de identidade
voltados à memória e pratica de valores cognitivos de origem africana.
Tombamentos de terreiro e de manifestações culturais de influência religiosa têm
mostrado a presença e importância destas comunidades neste processo.

Participantes

Emmanuelle Kadya Tall


Professora no IRD/EHESS, Paris.

O candomblé de Bahia, espelho barroco das melancolias pós-


coloniais

Inserindo o candomblé numa história de longa duração, EKT


propõe analisar o candomblé como um culto refletindo a história do Brasil i.e. o
Trato atlântico, a contra reforma católica, a colonização das terras indígenas, e um
etos barroca definido pelo filosofo equatoriano Bolívar Echeverría como uma
maneira de encarar as dificuldades da vida real através da ficção.

75
John F. Collins
Professor e diretor do Latin American Studies. Queens College
& the Graduate Center/CUNY.

Sistemas de Objetos e Sistemáticas da Objetivação

Dentro dum contexto atual caracterizado por agressões, varias


pesquisadores tem enfatizado as divergências entre práticas
religiosas afro-brasileiras e neo-pentecostais. Contudo, um numero significativo de
estudiosos tem enfatizado certas convergências sociológicas e históricas entre as
práticas religiosas afro-brasileiras e neo-pentecostais. Nesta mesa, nós pretendemos
investigar a crescente pluralização das adesões religiosas e as possibilidades e
obstáculos à livre manifestação destas adesões no Brasil contemporâneo atraves
dum olhar comparativo das formas em que as diferentes tradições religiosas
manuseam os objetos. Tal relacionamento entre sujeito e objeto e uma base para
compreender o poder religioso e a sociedade moderna. Desta forma, ele
proporciona uma base para evaluar como, e porque, as religioes se distinguem
duma forma tão violenta. Mas também oferece a posibilidade dum olhar
etnográfico que se enfoque na forma dos praticantes manusear os objetos. E isto
nos leva a acreditar que haja espaço para traçar novos caminhos capazes de
superarem tais divisões.

Tomás Fernández Robaina


Pesquisador e Professor da Biblioteca Nacional de Cuba.

Sobrevivencia, Resistencia, Expansión Histórica y Actual de la


Regla de Ifá en Cuba

La presente ponencia persigue el objetivo de explicar la trascendencia de la


religiosidad yoruba en la actualidad, como consecuencia del largo proceso
mediante el cual los esclav@s, en general, y en particular los de origen yoruba,
resistieron los intentos colonialistas de deculturación histórica y
cultura, logrando en virtud de esa actitud, mantener sus culturas, creencias,
y convertirlas en una fuerza profunda y sólida, de vital importancia en la
formación de nuestras identidades culturales y nacionales. Lo anterior fue el
resultado de un complejo proceso de las influencias reciprocas entre las
diferentes culturas de los pueblos esclavizados, aborígenes o africanos, y entre

76
estos y los integrantes de los poderes coloniales español, inglés, francés,
portugués y holandés. Se subrayan los diferentes momentos de ese quehacer, y el
avance particular de la readecuación de la religiosidad yoruba, conocida en Cuba
como santería, y como candomblé en Brasil. Se puntualizan las peculiaridades de
esa práctica desde el siglo xix hasta el presente. Se llama la atención acerca
de la evolución del papel desempeñado por la iyalocha, el babalocha y el
babalao, como una forma para comprender las diferentes tendencias que se
observan en su ejercicio, y la relevancia cada vez mayor de los babalaos. Se
ofrece una valoración analítica de las fuentes orales escritas manuscritas,
grabadas, impresas, o filmadas, para patentizar la importancia de la Regla de
Ifá en nuestro país y su expansión actual como consecuencia de la diáspora
cubana de los creyentes en la religiosidad Yoruba, así como su aceptación por
su espiritualidad y pragmatismo. Se emiten conclusiones y pronósticos a partir
del estudio efectuado.

Ileana Hodge Limonta


Professora no Departamento de Estudios Sociorreligiosos Del
(Centro de Investigaciones Psicológicas y Sociológicas, CITMA.
Membro do l Comité Cubano del Proyecto UNESCO ―La ruta
Del esclavo‖).

Ilé Tuntún, nuevo movimiento religioso en Cuba

Ilé Tuntún es una organización que tiene como objetivo la custodia de la cultura
yoruba, fue creada bajo el liderazgo del doctor Wande Abimbola, babalawo y
Awise (vocero de la cultura yoruba en el mundo). Surge con la realización de los
Congresos de las Tradiciones Yoruba y la Cultura celebrado por primera vez en
Lagos, Nigeria, en 1981. Como movimiento religioso se constituyó en Cuba en
1997, con el apoyo de Frank Cabrera Suárez (Okambí), con el propósito de
rescatar, perfeccionar y enriquecer el corpus de Ifá.
El trabajo se centra en algunas de las particularidades manifiestas en la
organización religiosa cubana, a partir de las observaciones participante realizadas
en el local que funciona como su casa-templo, lugar que se ha convertido en
escenario de encuentros para la celebración de reuniones, festividades y rituales,
transmitidos por líderes nigerianos, como muestra de las “auténticas” tradiciones
yorubas; momento utilizado para la enseñanza, aprendizaje y debate de
concepciones de la cultura religiosa yoruba.

77
78
M11 – Islamismos
30 de outubro, no Auditório LISA do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenadora
Francirosy Ferreira, USP/RP

A mesa Islã e (in)tolerâncias tem por objetivo apresentar algumas temáticas que
vem tomando espaço na mídia e nas redes sociais, quando o tema é islam. Em abril
deste ano, ativistas do Femen Brasil e Internacional encabeçaram o que chamaram
de “jihad do topless” em apoio a ativista tunisiana, Amina. No Brasil, mulheres
tiraram suas peças de roupa frente à mesquita xiita, no bairro do Brás, em São
Paulo, rapidamente esta manifestação ganhou a rede social, principalmente levada
por mulheres muçulmanas brasileiras, que se autodenominam feministas e contra
este tipo de abordagem. Segundo elas, o Femen não as representa, e muito menos a
“salvam” de qualquer estigma ou subjugação social e religiosa, como é comum nos
discursos proferidos por essas ativistas. No dia 20 de abril, mulheres muçulmanas
brasileiras fizeram uma pequena manifestação no vão Livre Masp, palco frequente
de manifestações na capital paulista contra a forma de atuação do Femen no Brasil.
O fato ocorrido trouxe à luz a existência do movimento feminista islâmico e a voz
das mulheres muçulmanas que se apresenta destoante em relação ao estereótipo
largamente divulgado pela mídia em geral em relação a elas, além de mostrar uma
disparidade entre a realidade do Islam enquanto religião e a imagem desta religião
propagada pelos meios de comunicação até hoje no Brasil, que alimentam a
islamofobia no país.

Participantes

Erica Renata Paiva


Professora na UNICID.

Preconceito e racismo: uma experiência religiosa

79
A proposta desta comunicação é desenvolver os significados de preconceito e
racismo, tendo em vista a minha reversão ao Islã há 6 anos. Minha experiência
religiosa contribuiu para a reflexão do que seriam esses termos e como os mesmos
são disseminados quando se trata da religião islâmica.

Kelen Pessuto
Doutoranda em Antropologia Social pela USP. Mestre em Artes
pela UNICAMP.

O cinema norte-americano e a construção do estereótipo


islâmico

Discussão sobre como o estereótipo negativo e homogêneo do mundo islâmico tem


sido construído pelo cinema norte-americano ao longo do tempo, a partir de sua
política do medo, enquanto muitas produções realizadas dentro do próprio contexto
islâmico (árabe, iraniano ou africano) são plurais e originais, atentas às
transformações ocorridas nas sociedades a partir dos movimentos populares,
principalmente após a chamada Primavera Árabe.

Sheik Jihad Hassan Hammadeh


Membro da WAMY – Assembleia Mundial da Juventude Islâmica.

Religião e intolerância

Apresentação dos principais aspectos que envolvem o debate sobre


a presença do islamismo no mundo contemporâneo.

80
M12 – Judaísmos
31 de outubro, no Anfiteatro de Geografia, FFLCH

Coordenação
Carlos Gutierrez, UNICAMP

A presente mesa se propõe a debater a diversidade e pluralidade existente dentro do


judaísmo e a disputa entre agentes distintos em torno da tentativa de imposição de
um regime de verdades acerca do que é permitido no que se entende por judaísmo e
a operacionalização da categoria “intolerância”. Diversos movimentos vêm
questionando o que se entende acerca de identidade judaica e colocando em xeque
posições estabelecidas. Aliás, ante a extensa pluralidade de expressões de
religiosidade e cultura, parece-nos mais apropriado o termo “judaísmos”, pois
expõe a heterogeneidade e conflitos existentes. Grupos passam a reivindicar sua
“judaicidade” pela apropriação de um passado histórico, assim como evangélicos
passam a utilizar bens simbólicos até então restritos ao que se entende por
“tradição judaica”. O objetivo é trabalhar tanto os conflitos em torno do
pertencimento a uma dita ancestralidade judaica quanto à questão de gênero dentro
do campo aqui delineado.

Participantes

Edgard Leite
Professor de História da UERJ e UNIRIO. É Doutor e mestre em
História pela UFF. É membro titular da Academia Brasileira de
Filosofia.

Uriel da Costa e a defesa dos direitos individuais na


comunidade judaica de Amsterdã (1616-1640)

Trata-se de um estudo sobre o significado da obra de Uriel da Costa, produzido no


interior na comunidade judaica de Amsterdã, notadamente “Propostas contra a
Tradição”, “Exame das Tradições Farisaicas” e “Exemplar Humanae Vitae”. Como
81
pensador, Uriel da Costa traduziu, pela primeira vez de forma expressiva entre os
judeus holandeses, as crescentes tendências individualistas então em
desenvolvimento na Europa. Pretende-se situar suas teses centrais tanto diante do
universo judaico da época quanto no âmbito maior do pensamento europeu.

Marta Francisca Topel


Professora no Departamento de Línguas Orientais da USP.
Doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP. Mestre em
Antropologia Social pela Hebrew University of Jerusalem.

Intolerância por lei: o fundamentalismo religioso judaico

O ressurgimento dos fundamentalismos religiosos têm sido alvo de


numerosas pesquisas em diferentes contextos nacionais. Contudo, no Brasil são
muito poucos os estudos que discutem o fundamentalismo religioso em geral e
aqueles que se transplantaram ou foram criados no País. Assim, a maioria das
pesquisas refletem sobre “o mercado brasileiro de bens religiosos”, expressão que
tem, entre outros traços, a abertura a todos os interessados em participar de uma
determinada religião ou grupo religioso. E se bem é certo que um grande número
de religiões e formas de religiosidade no Brasil se caracterizam pelo nomadismo da
fé e a bricolagem religiosa, há, também, grupos que defendem uma pureza que
consideram autêntica e, como decorrência disso, a única verdade religiosa.
Neste trabalho meu objetivo é analisar a ortodoxia judaica, focando a atenção nos
princípios que apontam a uma intolerância com o alheio –judeu e não-judeu- que
lhe é intrínseca. Na medida do possível serão trazidos dados sobre a ortodoxia
brasileira.

Wagner Lins Arieh


Doutor e mestre pelo Programa de Língua Hebraica, Cultura e
Literatura Judaica da USP.

A emergência de identidades judaicas no Estado da Paraíba.


Novas percepções sobre o judaísmo

Em 1970 no Nordeste brasileiro iniciou um movimento pela busca de uma


ancestralidade judaica suprimida durante o Período Colonial. Diversos grupos

82
afirmam que são descendentes dos cristãos-novos que povoaram a região,
sobretudo durante o período da ocupação holandesa na Capitania de Pernambuco.
Atualmente em diversos Estados nordestinos com base na prerrogativa do passado
judaico da região, aumenta consideravelmente o número de indivíduos e
organizações que adotaram o judaísmo como prática religiosa, e pleiteiam ser
reconhecidos e incorporados nas fileiras do judaísmo normativo.Esta comunicação
tentara ensejar a partir da abordagem sobre a emergência de identidades judaicas
no Estado da Paraíba uma reflexão sobre uma nova percepção dos judeus e do
judaísmo no Nordeste Brasileiro. Observando como ocorreu a criação de uma
imagem positiva da figura judaica que difere da visão medieval e estigmatizada do
judaísmo, ainda recorrente na região. E como esta positivação da imagem judaica
além de ser um fator preponderante na busca pelo passado judaico nordestino,
muitas vezes se expressa através da utilização de símbolos e rituais judaicos por
outros segmentos religiosos, como os grupos neo-pentecostais. Ou ainda,
acarretando uma mudança na condição do judaísmo enquanto uma religião étnica,
para mais uma opção de credo no plural cenário religioso brasileiro.

Carlos Gutierrez
Doutorando em Antropologia Social pela UNICAMP.

Judaísmos e (in)tolerâncias: identidade, disputa e


controvérsias

O judaísmo, apesar de ser pensado no senso comum como uma


“religião” coesa e monolítica, apresenta uma grande pluralidade de expressões,
contando com grande heterogeneidade de manifestações ditas religiosas e culturais.
Por isso, acredito que o termo judaísmos seja mais adequado para referir-se a
fenômenos tão diversos relacionados, de alguma forma, ao universo simbólico
judaico. Dessa maneira, evitarei a essencialização do judaísmo, seja como religião
ou cultura. A extensa pluralidade existente aumenta as possibilidade de conflito
ante a tentativa de imposição de um significado final, único à noção de “judaísmo”.
Identidade, religião, cultura? Grupos distintos operacionalizam essas categorias
conforme sua percepção acerca do que é judaísmo. Em diversos países do
continente latino americano e na Península Ibérica, grupos passam a reivindicar o
status de judeu, colocando ainda mais em xeque o monopólio da classificação de
quem é ou não judeu. Essa busca pela ancestralidade também compreende grupos
evangélicos que tomam para si o “Israel mítico” como seu passado, assim como a
incorporação de ritos e bens simbólicos ditos judaicos à liturgia. Essas experiências
de judaísmo são duramente criticadas por agentes que podemos definir como

83
estabelecidos no campo judaico, o que leva a uma série de controvérsias e disputas
em torno da identidade judaica.

84
M13 – Religiosidades no (do)
ciberespaço
31 de outubro, no Auditório sala 8 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Leonildo Silveira Campos, UMESP

As formas de ser e de estar no mundo – e de percebê-lo – são a cada dia, mais


caracterizadas pela reverberação das diversas formas de mídia. As lógicas e
tecnologias midiáticas atravessam o(s) cotidiano(s) e fazem morada em memórias,
discursos e práticas. As religiões e religiosidades, como parte deste contexto,
acompanham as novas maneiras de se midiatizar. A internet, como componente do
ciberespaço, é uma das formas utilizadas pelas agências, sujeitos e coletivos
religiosos para se divulgarem, compartilharem experiências e se posicionarem no
mundo.

Participantes

Stewart M. Hoover
Professor e diretor do Center for Media, Religion, and Culture, da
Universidade do Colorado, EUA.
M.A e Ph.D na Annenberg School of Communications da
University of Pennsylvania.

Religious Authority in the Digital Age

Digital media are changing everything. They have had major effects on the state,
the economy, education, and healthcare. Their effects on religion are less known.
Many Religious institutions and movements have begun to use digital media
extensively, while others have held back. New networks and movements have
emerged as individuals have begun to use the digital and social media for spiritual
and religious purposes. These religious and spiritual uses of digital media have
drawn the attention of journalists and various publics. While discussions about
85
digital religion have drawn much attention, there remain many questions. These
new forms are, first, new forms of text and image and of the practices that produce
and consume texts and images. They are also new forms of “audiences” or of
reception, consumption, and circulation, with whole new “publics” emerging as
new ways of thinking about and practicing religion and spirituality are made
possible by these media. In contexts such as Brazil, these new media emerge as a
layer in a media landscape that already contains extensively mediatic expressions
of religion. These expressions are both historical—as in the publicity efforts of the
traditional religions—and diverse in their sources and contexts. They are also
layered in relation to their cultural exchange values, with things such as the
television programs of the Pentecostal churches and popularized mediations of
Afro-Brazilian traditions each having identity in the media landscape. Perhaps the
least-understood, but most important effect of the emergence of digital media is in
the area of religious authority. The layered mediatic religious marketplace contains
many significant “players” whose roles are in many ways settled. The digital media
and digital practice have powerful capacities to break up these settled relations of
cultural and institutional power. This paper will explore the extents and limits of
such potential impacts on religious authority in the digital age.

Heidi Campbell
PhD, Professora do Departamento de Comunicação da Texas
University.

Analyzing the rise of networked religion

Rather than simply transforming religion the Internet highlights shifts occurring
within broader Western culture. The concept of “networked religion” is introduced
as a way to encapsulate how religion functions online and suggests that online
religion exemplifies several key social and cultural changes at work in religion in
general society. Networked religion is defined by five key traits—networked
community, storied identities, shifting authority, convergent practice, and a
multisite reality—that highlight central research topics and questions explored
within the study of religion and the internet. Studying religion on the internet
provides insights not only into the common attributes of religious practice online,
but helps explain current trends within the practice of religion and even social
interactions in networked society.

86
Jorge Miklos
Professor no PPG em Comunicação da UNIP. Doutor em
Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Mestre em Ciência da
Religião pela PUC/SP.

A Ciber-Religião: a midiatização do sagrado e a sacralização


da mídia

Estamos em um mundo e em uma época cujas relações são pautadas e mediadas


pelas tecnologias comunicacionais. Atualmente, várias pessoas, ligadas ou não a
instituições religiosas, lançam mão dos meios de comunicação eletrônicos
interativos como mediação para experiências religiosas. Trata-se da ciber-religião
ou da ciberreligiosidade. Velas, terços, velórios, e peregrinações virtuais são alguns
exemplos recentes, mas já conhecidos dessa migração da experiência religiosa para
o cyberspace. Contrapondo a idéia do cyberspace como o lugar de novas formas
culturais propomos pensar que cyberspace é o lugar da reprodução do capital nesta
fase de financeirização planetária. Longe da celebração do cyberspace no âmbito
corporativo e da tendência majoritariamente descritiva e/ou legitimadora que
preside o tratamento da questão nas ciências humanas e sociais, este comunicação
altera tendência da discussão internacional em curso. O corpo, o espaço e o tempo,
elementos centrais e tradicionais do ritual religioso são apagados quando migram
para o cyberspace. Trata-se de violência invisível vinculada ao imperativo da
comunicação em tempo real. Não há como prever os resultados, porém há como
atestar o fenômeno no presente. Nesse contexto, as religiões, em suas diversas
denominações, são um foco especial para o estudo comunicacional das sociedades
contemporâneas.

Gedeon Freire de Alencar


Professor no ICEC e Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Mestre em Ciências
da Religião pela UMESP.

Pentecostalismo Hitech: uma janela aberta, algumas portas


fechadas

87
Majoritariamente refratárias à mudança, algumas igrejas são mais radicais quanto a
adesão aos valores modernos, algumas, no entanto, extremamente suscetíveis.
Todas aderiram a algum tipo de tecnologia hitech, mas não necessariamente aos
seus valores. A Igreja Pentecostal Deus é Amor proíbe – dentre muitas coisas – sua
membresia de possuir ou assistir TV, mas tem um portal na internet. Aderiu à
modernidade tecnológica exercendo um controle absoluto sobre a vida dos
membros em total isolamento de qualquer manifestação cultural moderna. É uma
das igrejas mais fechadas do universo pentecostal, mas está na web.

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº.


Doutorando em História pela USP. Mestre em História pela
UDESC. Especialista em Marketing e Comunicação Social pela
Cásper Líbero.

Entre surfistas e transexuais: notas sobre religiões e


religiosidades no (do) ciberespaço

Através de um passeio etnográfico digital pelo Facebook, apresento alguns


agenciamentos e deslocamentos subjetivos de pessoas religiosas. Tais pessoas são
apresentadas a partir de dois grupos: membros da Bola de Neve Church (BDN),
dentre eles, líderes, surfistas, remadores/as e corredores/as; e pessoas entre-gêneros
que fazem parte de fóruns que discutem trânsitos de gênero – dentre estas,
travestis, transexuais femininas e masculinos, drag queens/kings e crossdressers.
Tais deslocamentos se linkam a um contexto on+offline de religiões/religiosidades
no ciberespaço e religiões/religiosidades do ciberespaço.

88
M14 – Violência e religião
31 de outubro, no Auditório Sala 24 do Prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Edin Abumanssur, PUC/SP

Esta mesa levantará a discussão sobre as formas como as diferentes religiões


reagem e interagem com o campo da criminalidade. A legibilidade da paisagem
social nos espaços urbanos periféricos não pode deixar de levar em conta o papel e
o lugar que hoje a criminalidade ocupa. Embora os estudos sobre a criminalidade e
seu modus operandi, a violência, já possuam alguma tradição nas academias, as
suas interações com o campo religioso são ainda carentes de pesquisas e debates.
Ambos os fenômenos, religião e crime, são componentes fundantes da vida na
periferia e esta é o resultado da conversação diária dos agentes sociais que, por
necessidade, devem partilhar o mesmo território.

Participantes

Antonio Máspoli de Araújo Gomes


Professor no PPG do Mackenzie. Doutor em Ciências Sociais e
Religião pela UMESP. Mestre em Psicologia Social pela
Universidade Gama Filho. Pós-doutor em História das Idéias pelo
Instituto de Estudos Avançados da USP.

A religião, violência e resiliência na conversão de comunidades


indígenas e quilombolas

A conversão de negros e índios no Brasil até os dias de hoje e em todas as


vertentes do cristianismo, sinaliza a cultura brasileira como algo abominável.
Alguns católicos elegem como modelo de paraíso para a conversão a cultura
europeia. Já os protestantes elegem a cultura norte-americana como
paradigma. Jesuítas e protestantes rejeitaram a cultura de índios e
89
negros. A cultura desses povos foi tratada como algo que também
deveria ser crucificado (GAMBINI, 2000, pp. 74-175).

Vagner A. Marques
Professor na Faculdade de Teologia IBATEL. Mestre em Ciência
da Religião pela PUC/SP.

O irmão que virou irmão: a conversão de membros do PCC ao


pentecostalismo nas favelas de São Paulo

Esta apresentação visa problematizar a conversão ao pentecostalismo nas favelas


de São Paulo. Iremos discutir algumas inquietações verificadas em campo de
pesquisa durante a realização de minha dissertação de mestrado. Os registros
apresentados são resultados de entrevistas com Kadu (pseudônimo) e membros de
sua família. O objetivo central encontra-se em questionar a conversão ao
pentecostalismo, sobretudo o binômio conversão = rupturas que se sustentou por
décadas na sociologia da religião e nos estudos sobre o pentecostalismo. Em
análises de campo constatou-se a ineficiência do uso deste binômio nas conversões
na Vila Leste. Ao se converter, Kadu não deixou de ser “irmão” do PCC para
tornar-se “irmão” da igreja e essa dupla irmandade em sua trajetória é o foco
principal da apresentação. Ser pentecostal na Vila Leste, não pressupõe rupturas,
pelo contrário, a trajetória de Kadu, demostrou a possibilidade de ser irmão de dois
lados (irmão da igreja e irmão do PCC). O que aparentemente parece ser
antagônico, na Vila Leste constitui uma realidade pouco explorada na sociologia da
religião.

Valéria Cristina Vilhena


Doutoranda em Educação, História da Cultura e Artes pelo
Mackenzie. Mestra em Ciências da Religião pela UMESP.

Violência doméstica entre mulheres evangélicas

Mulheres evangélicas também sofrem violência doméstica, como


constatado em nosso campo de pesquisa. Quase 40% das atendidas declaravam-se
evangélicas. As mulheres representam a maioria no meio evangélico, portanto,
analisar as motivações pelas quais tantas mulheres se convertem e questionar a

90
respeito dos efeitos dessas conversões, bem como papeis definidos por uma
religião masculinizada, torna-se pertinente já que até então a conversão fora
considerada diretamente ligada à opressão econômica. Todavia, entre as mulheres
seria esta a principal motivação? A pesquisa traz novas contribuições dando voz a
essas mulheres. A partir da perspectiva de gênero, vamos compreender um pouco
mais por que a violência doméstica está sendo enfrentada, muitas vezes, pelo
‘poder’ da oração.

Ana Letícia de Fiori


Doutoranda e mestre em Antropologia Social pela USP.

Demônios em jogo – evangélicos, jogadores de RPG e suas


arenas narrativas

Abordo a controvérsia acerca dos jogos de interpretação de papeis (RPGs)


promovida por agentes evangélicos brasileiros, a partir de crimes de repercussão
nacional vinculados aos jogos pela investigação policial e mídia. Discuto como o
imaginário fantástico dos RPGs entra em narrativas evangélicas como prova de
influência satânica, engendrando uma cruzada moral e esforços legislativos para
sua proibição. Emergem diferentes contradiscursos de apelos à laicidade do Estado
e à promoção do potencial pedagógico dos jogos.

91
92
M15 – Religião e espaço público:
novas vozes e conflitualidades
31 de outubro, no Auditório Sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação
Christina Vital Cunha, UFF

Atualmente o imbricamento entre esferas pública e religiosa tem se mostrado mais


pronunciado no Brasil, principalmente devido ao crescimento dos grupos
evangélicos e sua entrada na arena pública, que tem colocado em xeque uma
concepção retilínea e evolutiva do processo de laicização do país. No entanto, o
surgimento da “bancada evangélica” no Congresso Nacional Constituinte em 1986,
bem como sua consolidação como uma força política nas eleições posteriores, não
pode ser tomada, sem problematização, como um refluxo no processo de laicização
da esfera pública brasileira, iniciado pela Constituição de 1891. A religião –
institucional ou não – continuou ocupando lugar de destaque tanto na cultura
quanto na política brasileira, do Cardeal Leme à Teologia da Libertação, do Cristo
Redentor às festas religiosas populares. No entanto, quando assistimos a embates
entre movimentos organizados da sociedade civil e líderes religiosos a respeito do
lugar da religião na esfera pública, pensamos que algo possa ter mudado desde que
o catolicismo ocupava o centro dessas discussões. Assim, essa mesa tem como
foco central avaliar as possíveis mudanças no lugar da religião na esfera pública a
partir da entrada dos evangélicos e católicos carismáticos na cena religiosa
nacional.

Participantes

Émerson José Sena da Silveira


Professor e coordenador do PPCIR da UFJF. Doutor e mestre em
Ciências da Religião pelo PPCIR da UFJF.

93
Vozes e discursos religiosos no Espaço Público: tensões, dissonâncias e busca
da autenticidade

A presença e circulação de atores e discursos religiosos no espaço público tende a


aumentar, por um lado, as dissonâncias culturais, e, por outro, a produzir efeitos de
busca da autenticidade, da diferença, acionando uma pletora de retóricas e práticas
que dissemina controvérsias, ressignificando eventos, identidades e trajetórias
individuais e coletivas. Partindo da livre apropriação de alguns conceitos de
Deleuze e Guattari pretende-se interpretar o significado de vozes e discursos
religiosamente orientados presentes no espaço público, bem como seus
desdobramentos para dentro e para fora das instituições sociais e da esfera pública.

Christina Vital Cunha


Professora no PPGCULT e no Departamento de Artes e Estudos
Culturais da UFF. Doutora em Ciências Sociais pela UERJ. Mestre
em Sociologia e Antropologia pela UFRJ.

Conflitos religiosos no Congresso Nacional: política, religião e


direitos humanos em questão

Nesta comunicação tenho como objetivo refletir sobre os modos de operação


política dos parlamentares que compõem as Frentes Parlamentares religiosamente
orientadas com vistas a analisar como o comportamento desses atores se relaciona
com a democracia hoje em contraposição a atuação que tinha em décadas passadas.
A base empírica das análises propostas resultam das pesquisas “Religiões no
Espaço Público: uma análise socioantropológica da Frente Parlamentar em Defesa
das Comunidades Tradicionais de Terreiros”, financiada pela FAPERJ 2012-2013,
sob minha coordenação e que conta com a participação de bolsista PIBIC/CNPq e
da pesquisa realizada em parceria entre ISER e Fundação H. Boll e que resultou no
livro de minha autoria com o também pesquisador Paulo Victor Leite Lopes
intitulado “Religião e Política: uma análise da atuação de parlamentares
evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil”.

94
Fabrício Roberto da Costa Oliveira
Professor na UFV. Doutor em Ciências Sociais e em
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela UFRRJ. Mestre em
Extensão Rural pela UFV.

De lideranças religiosas a lideranças políticas: reflexões sobre


um PT rural e eclesiástico em Minas Gerais

Lideranças religiosas católicas do Movimento da Boa Nova se engajaram na


militância em Sindicatos de Trabalhadores Rurais e na política partidária,
sobretudo no Partido dos Trabalhadores (PT), na década de 1980. O contexto de
redemocratização, a visibilidade adquirida pelas lideranças religiosas leigas - pelos
trabalhos em suas Comunidades Eclesiais de Base - e a concepção religiosa que
enfatizava a mobilização social pela melhoria da sociedade, emanada pelo Mobon
e grupos religiosos considerados combativos contribuíram para tal faceta. Defendo
que a atuação das lideranças religiosas na política partidária foi um desdobramento
do engajamento religioso. A lógica argumentativa de aproximação entre ideais
religiosos, sindicais e petistas foi fundamental para a mobilização dos
trabalhadores rurais. Serão problematizados os desafios, conflitualidades e
potencialidades da relação entre religião e política neste contexto específico

95
96
M16 – Religiosidades e
espiritualidades “orientais”
31 de outubro no Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Coordenação
Andrea Tomita, Messiânica

A visão do orientalismo como imaginário e campo de estudos construídos pelo


ocidente nos leva à opção pelo uso das aspas no título desta mesa. O uso do termo
“orientais”para fins de delimitação da abrangência das religiões não se restringe ao
aspecto geográfico; ao contrário, procura apontar para a complexidade da noção de
fronteiras, sobretudo, nas pesquisas a cerca de diferentes expressões religiosas e
espirituais. Nosso objetivo é reunir pesquisadores que abordem sobre a temática da
(in) tolerância religiosa que, ao longo da história, se concretiza em os contatos
conflituosos ou harmônicos no campo de espiritualidades e grandes religiões
“orientais”, a exemplo da islâmica, hinduísta, budista, xintoísta entre outras.

Participantes

Dilip Loundo
Professor da PPCIR da UFJF. Doutor em Filosofia Indiana pela
Universidade Mumbai, Índia. Mestre em Filosofia da Ciência e da
Técnica pela UFRJ.

O Hinduísmo na Índia: Religião como práxis espiritual e como


ideologia política

A comunicação tem por objetivo analisar, sob a óptica do ‘tradicionalismo crítico’


de Ashish Nandy, as articulações complexas entre religião e política na Índia
moderna. Para tanto, analisaremos o processo de consolidação dos conceitos de
‘Hinduísmo’ e ‘Hindutva’ à luz de uma dinâmica dialogal, plena de criatividades e
reatividades, com a noção ocidental de ‘secularismo’ e suas pretensões
97
universalizantes. A antinomia vigente entre esses dois conceitos aponta para uma
dualidade de interpretações no que tange à postura da comunidade hindu
majoritária com relação às demais comunidades religiosas da Índia: a tolerância
ancestral do ‘hinduísmo’ enquanto religião ‘genuína’; e a intolerância
circunstancial do ‘hindutva’ enquanto religião ‘politizada’.

Silas Guerriero
Professor de Ciências da Religião na PUC – SP. Doutor e Mestre
em Ciências Sociais pela PUC/SP.

Discriminações às religiosidades orientais num país tolerante

O Brasil recebe a fama de país tolerante aos povos estrangeiros e


às mais diferentes práticas religiosas. No entanto, a realidade é que discriminações
e manifestações de intolerância não deixam de existir, muitas vezes em situação de
incremento preocupante. A fala procura refletir como que a intolerância religiosa
no Brasil para com as religiões de cunho oriental aparece muitas vezes
escamoteada, mas profundamente enraizada.

Andrea Gomes Santiago Tomita


Doutora em Ciências da religião pela UMESP. Mestre em Letras
(Língua, Literatura e Cultura Japonesa) pela USP. Coordenadora
Acadêmica da Faculdade Messiânica.

Perspectivas para o estudo das Novas Religiões Japonesas no


Brasil: implicações da noção de Caminho (道) e interfaces com
espiritualidade

A imigração japonesa para o Brasil trouxe consideráveis contribuições à


sociedade brasileira no campo sócio-econômico. Juntamente com os imigrantes
japoneses, um legado religioso-cultural foi trazido através das Novas Religiões
Japonesas (NRJ), mas que ainda carece de pesquisas mais aprofundadas. Desde
meus estudos no mestrado, com a colaboração de estudiosos sobre religiões
orientais, venho me debruçando sobre este tema que apresentarei suscintamente,
sobretudo com foco no encontro intercultural e na perspectiva da espiritualidade

98
própria do Japão que inclui, dentre outros pontos, a noção de Caminho (em
japonês, Do道) que é mais ampla que a religião tal qual conhecemos no ocidente.

Peter Robert Demant

Professor associado no Departamento de História e Instituto de


Relações Internacionais da USP. Doutor e mestre em História
Moderna e Contemporânea pela Universiteit van Amsterdam,
Holanda.

É possível criticar o islã? A “Inocência dos Muçulmanos” e a guerra das


representações no espelho da fronteira islã-ocidente

Discussões politicas, produções artísticas e midiáticas, e estudos científicos que aos


moldes do ocidente representam críticas legítimas, muitas vezes são recebidos no
mundo muçulmano como insulto, atiçando conflitos religiosos. A partir dos
incidentes em 2012 acerca do filme norteamericano “Innocence of Muslims”
exploramos as questões da diferença entre livre expressão e discurso de ódio, e a
responsabilidade de autores pelas suas expressões. O islã é mais sensível à crítica
do que outras religiões? Porque as lutas pela “correta” representação do islã são
dominadas por vozes islamofóbicas e islamistas radicais?

99
100
Minicursos
101
102
MC1 – Catolicismo brasileiro:
neocristandade e práticas religiosas
associativas (1889-1964)
Coordenador/a

Diego Omar da Silveira Mabel Salgado Pereira


Professor da UEA. Mestre em Professora da PUC/MG. Doutora em
História pela UFOP e doutorando em História pela UFMG.
História pela UFMG.

Resumo

Da última década do século XIX aos anos que antecederam o Concílio Vaticano II,
a Igreja Católica no Brasil passou por importantes transformações, que, de uma
forma geral, dialogaram com as oscilações políticas, econômicas e culturais que se
processavam na sociedade brasileira. De modo especial,mudaram as relações entre
a Igreja e o Estado,assim como mudaram as formas organizativas e associativas
pela qual a Igreja promoveu sua afirmação institucional. O presente minicurso visa
apresentar um panorama dessas questões,bem como de suas principais abordagens
historiográficas. As aulas tratarão, respectivamente, da separação oficial entre
Igreja e Estado e suas consequências, da reaproximação entre os dois poderes e do
regime de Neocristandade a partir de dom Leme e de Getúlio Vargas e, por fim, do
estreitamento de laços entre o governo e a elite eclesiástica que culminou em
projetos comuns nos anos 1950 e 1960.

Metodologia

Aulas expositivas.

103
Conteúdo programático

29/10
Igreja Católica e República: reação ao rompimento oficial e as etapas de
aproximação entre os dois poderes.

30/10
Neocristandade: dom Leme e Getúlio Vargas, os anos 1930 e 1940.

31/10
Relacionamento entre a Igreja e o Estado e os projetos comuns, do final da década
de 1940 a 1964.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

AZZI, Riolando. A Neo-cristandade: um projeto restaurador. São Paulo: Paulus,


1994.

BEOZZO, José Oscar. A Igreja entre a Revolução de 1930, o Estado Novo e a


redemocratização. In: FAUSTO, Boris (dir.). História Geral da Civilização
Brasileira. Tomo III: O Brasil Republicano – 4º vol.: Economia e Cultura (1930-
1964). São Paulo: DIFEL, 1984, pp. 271-341.

PEREIRA, Mabel Salgado. Dom Helvécio Gomes de Oliveira, um salesiano no


episcopado: artífice da neocristandade (1888-1952). Tese (Doutorado em História):
Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010.

RICHARD, Pablo. Morte das cristandades e nascimento da Igreja: análise


histórica e interpretação teológica da Igreja na América Latina. 2º ed. São Paulo:
Paulinas, 1982.

RODRIGUES, Ana Maria Moog (org.). A Igreja na República. Brasília: UnB:


Câmara dos Deputados, 1891. (Biblioteca do Pensamento Político Republicano,
vol. 4).

104
MC2 – Direito e liberdade
religiosa: teoria, litígios e
perspectivas
Coordenador

Nilton Azambuja de Loreto


Mestre em Ciência da Religião pela UFJF e Doutorando em Ciências Jurídicas pela
UCA. Advogado, membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da
OAB/SP. Professor UNIBR de São Sebastião.

Resumo

O curso introduz e instrumentaliza o aluno para compreender a diversidade de


interesses relativos à liberdade religiosa, oferecendo fundamentos metodológicos
do estudo dos campos científicos da religião e do direito. O aluno compreenderá a
história do pensamento religioso (mitologias primitivas às contemporâneas) e a
origem (natureza) religiosa do direito pré e pós-positivista; a secularização e as
identidades no processo de formação dos estados nacionais modernos; o campo
religioso mundial e brasileiro (pluralismo e conflitos); as teorias filosóficas do
direito e o avanço das teorias não positivistas com o processo de reintrodução da
moral no direito. Por fim, dominará o panorama dos vários aspectos da religião
(fenômeno e instituições) frente as garantias (liberdades) individuais e
transindividuais. Por fim, estudando litígios judiciais em trâmite, será possível
visualizar o ambiente jurídico da (in)tolerância religiosa no Brasil.

Metodologia

Aulas expositivas presenciais, preparadas a partir da revisão da literatura e estudo


de casos.

105
Conteúdo programático

29/10
Fundamentos da ciência da religião – introdução e desenvolvimento de conceitos;
Experiência Religiosa; Tipos de conhecimento; A teoria da construção social da
realidade.

Este tópico aborda a construção do conceito fenomenológico de religião,


confrontando com conceitos funcionalistas. Introduz à metodologia da ciência da
religião e à delimitação de seu campo de conhecimento, posicionando o conteúdo
da ciência da religião entre os quatro tipos gerais de conhecimento: empírico,
filosófico, teológico e científico. Introdução à teoria de Peter Berger.

30/10
Identidades na pós-modernidade e Estado; Pluralidade e campo religioso brasileiro
Evolução histórica do pensamento religioso e a formação das identidades coletivas
e individuais. Manifestações religiosas no Brasil e sincretismo. Conflitos de
legitimidade. Comportamento.

31/10
Crise do Direito positivo e a reintrodução da moral no sistema; Direito e liberdade
religiosa. Neste dia será abordada a religião sob a perspectiva do direito, o modo
como a moral religiosa dialoga com a legislação e com as decisões judiciais. Será
analisada a liberdade ao exercício das religiosidades sob a perspectiva da garantia
constitucional ao lado do estudo de casos contemporâneos de litígios inter-
religiosos. Temas polêmicos: aborto, exercício da sexualidade, atuação política de
instituições religiosas; Temas de direito público e privado.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

NEGRÃO, Lísias Nogueira. Trajetórias do Sagrado, Tempo Social. vol.20 n.2.


São Paulo, Nov. 2008. <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702008000200006>
disponível em 30 de abril de 2013.

OLIVEIRA, Isabel de Assis Ribeiro de. Sociabilidade e direito no liberalismo


nascente. Lua Nova. n.50 São Paulo, 2000. <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
64452000000200009> disponível em 30 de abril de 2013.

106
MC3 – Direito, Estado laico e
religião no Brasil: limites, conflitos
e convergências
Coordenadores

Carlos Augusto Lima Campos David Carlos Santos Sarges


Mestrando em Ciências da Religião Mestrando em Ciências da Religião
pela UEPA. Especialista em Direito pela UEPA. Especialista em
Penal e Processual Penal pelo Centro Ciências da Religião pela
Universitário de Ribeirão Preto/SP. Universidade Cândido Mendes/RJ.

Resumo

A afirmação de que o Brasil é um Estado laico geralmente é produzida como mero


argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de laicidade
encampado. E o sentido de tal declaração nem sempre fica claro para o
interlocutor, já que há uma enorme distância entre afirmar que o Brasil é um
Estado laico e compreender os contornos dessa laicidade. O presente minicurso se
propõe a analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de credo, bem
como as emblemáticas relativas à influência da religiosidade judaico-cristã nos
institutos do direito pátrio, perpassando a seara de temas atuais vinculados às
expressões políticas da religiosidade brasileira, enquanto marcos no Estado e na
esfera pública, com destaque para o (A) Direito de Família, (B) a Liberdade de
Expressão e Manifestação do Pensamento Religioso, bem como (C) as perspectivas
de Laicidade e Confessionalidade Estatal, por meio de exposição teórica e
apresentação de estudos de casos, que subsidiarão os debates promovidos.

Metodologia

O minicurso será ministrado por meio de exposição oral, buscando contemplar –


com o auxílio de recursos audiovisuais – o conteúdo do objeto problematizado.
107
Buscar-se-á extrair dos estudos de casos apresentados situações que possibilitem
identificar, nas mais diversas conjunturas jurídico-sociais, os limites, os conflitos e
as convergências da interface Direito-Estado-Religião no cenário nacional

Conteúdo programático

29/10
Da Caverna de Platão ao Emílio de Rousseau: Uma abordagem epistemológica da
Religião a partir da concepção kantiana de Aufklärung

30/10
Perspectivas de Laicidade no Brasil e no Mundo, Estudos de Casos

31/10
A Religião e os Tribunais: Um diálogo possível?, Direitos e Garantias
Constitucionais acerca da Liberdade de Expressão e da Manifestação do
Pensamento Religioso

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

Deus e o Direito. pauloqueiroz.net. Disponível em < http://pauloqueiroz.net/deus-


e-o-direito/>. Acesso em 06 abril 2013.

O Estado Laico e a Democracia. CONAMP. Disponível em


<http://www.conamp.org.br/Lists/artigos/DispForm.aspx?ID=176>. Acesso em 08
abril 2013.

108
MC4 – Fundamentos da
arquitetura islâmica
Coordenador

João Henrique dos Santos


Professor no departamento de História e Teoria da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, UFRJ. Coordenador do GP “Todos os tempos, todos os templos”
(UFRJ).

Resumo

Este Minicurso visa propiciar um panorama sobre a Arquitetura Islâmica, desde o


seu alvorecer, na primeira metade do século VII, até a contemporaneidade. Neste
sentido, serão abordados os fundamentos teológicos que têm influenciado a
Arquitetura Islâmica e sua evolução histórica, considerando-se os seus marcos
referenciais que sirvam como balizadores do recorte temporal em questão.

Metodologia

A metodologia serão aulas expositivas e discussão de textos. Recomenda-se aos


alunos a leitura dos textos online indicados.

109
Conteúdo programático

29/10
 Religiões e Religiosidades. Conhecimento histórico e produção arquitetônica.
A topia, a utopia e a eutopia na arquitetura religiosa.
 O surgimento do Islã; sua teologia e suas prescrições quanto à espacialidade.
 Em busca das origens das formas: a Casa do Profeta como protótipo das
Mesquitas.

30/10
 Do Profeta aos Califas: a expansão do Islã ao Magreb e à Península Ibérica.
 O esplendor de Damasco e de al-Andalus.
 A expansão ao Oriente: da Anatólia à Índia.
 A peculiaridade da Arquitetura Islâmica do Irã.
 O apogeu do Cairo.

31/10
 O Império Otomano e a arte da “Sublime Porta”: a expansão do Islã sob os
“Senhores dos Horizontes”.
 O Islã no Extremo Oriente e na África.
 O Islã nos séculos XX e XXI.Metodologia do curso: aulas expositivas, com
leituras de textos e debates.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

AFONSO, Sonia. Seminário Arquitetura Islâmica: Análise segundo o método de


Pause & Clark. Florianópolis, agosto de 2011. Disponível em
http://soniaa.arq.prof.ufsc.br/arq1101/20112/rafael_cartana/seminario05.pdf .
Acesso em 09 maio 2013.

BARREIROS, ANA. Arte Islâmica. s/l, 08/03/2012. Disponível em


http://www.slideshare.net/abaj/arte-islamica-11921568 . Acesso em 09 maio 2013.

110
MC5 – Fundamentos da filosofia-
teológica de Mokiti Okada para o
Despertar da Cidadania Universal
Coordenadora

Juliana Santos Graciani


Doutoranda em Psicologia Social pela PUC/SP. Professora da Graduação em
Pedagogia na PUC/SP e Graduação em Teologia na Faculdade Messiânica.

Resumo

Introduzir de forma informativa e formativa os cinco principais conceitos da


Filosofia-Teológica de Mokiti Okada, a partir da cultura oriental Messiânica.
Vivenciar de forma teórica-prática uma experiência de desenvolvimento
ultrareligioso, a partir da arte da Academia Ikebana Sanguetsu. Refletir sobre os
valores que fundamentam a tolerância religiosa.

Metodologia

Aula expositiva e vivências.

111
Conteúdo programático

29/10
Exposição dialogada sobre os três conceitos que fundamentam Filosofia-Teológica
de Mokiti Okada (Método Izunome, Daijo e Shojo) e vivência da Circunferência da
Vida.

30/10
Fundamentos da tolerância ultrareligiosa, a partir da construção da Cultura Su e
desenvolvimento do Ser Universal, Pragmático e do Presente.

31/10
Transversalidade da cultura de paz intrapessoal, interpessoalmente e na
humanidade, realizada através da vivificação da Flor de Luz, com o objetivo de
desenvolver a apreciação da arte estética e ética Divina e humana.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

SAMA, Meishu. A Cultura de Su. In: SAMA, Meishu. Meishu-Sama e o Johrei.


Vol. 1, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2007, p.88 – 90. Disponível
em <http://www.astrologia-
esoterica.com.br/A%20CULTURA%20DE%20SU.htm> Acesso em 12 maio 2013.

SAMA, Meishu. Sejam Sempre Homens do Presente. In: SAMA, Meishu. O


Homem, a Saúde e a Felicidade. Vol. 3, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti
Okada, 2008, p. 22 – 23. Disponível em <http://www.astrologia-
esoterica.com.br/SEJAM%20SEMPRE%20HOMENS%20DO%20PRESENTE.ht
m > Acesso em 12 maio 2013.

SAMA, Meishu. Segredo da Felicidade. In: SAMA, Meishu. O Homem, a Saúde e


a Felicidade. Vol. 3, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2008, p. 38–
40. Disponível em
<http://www.astrologiaesoterica.com.br/SEGREDO%20DA%20FELICIDADE.ht
m> Acesso em 12 maio 2013.

112
MC6 – História e religiões: teoria
e metodologia
Coordenador

Élton de Oliveira Nunes


Doutor em Ciências da Religião e Pós-Doutor em História das Religiões pela
PUC/SP. Professor na Faculdade Messiânica.

Resumo

Os estudos das diversas manifestações religiosas nas áreas que compõem as


ciências sociais vêm, ao longo das décadas, transformando o entendimento de
como essas manifestações influenciaram e ainda influenciam o Brasil. Os estudos
sobre temas ligados às religiões crescem nas diversas áreas, notadamente na área
de História. Por este motivo, necessário se faz buscar o embasamento teórico
metodológico para análise desses fenômenos, visto serem transdiciplinares e
tratarem de diversas matrizes importantes para os historiadores e cientistas sociais.
A proposta desse mini-curso é apresentar e discutir as linhas teórico-metodológicas
para a análise e produção de trabalhos científicos dentro do âmbito da História das
Religiões. Iniciando pelos clássicos nas áreas de Antropologia e Sociologia como
Durkheim e Mauss até os atuais teóricos das Escolas Inglesa e Francesa, em
especial relevo à Escola Italiana de História das Religiões.

Metodologia

Aula expositiva

113
Conteúdo programático

29/10
Introdução: História e Religiões – revisitando os clássicos.

30/10
As Escolas de estudos teóricos-metodológicos:

 A Escola Francesa
 A Escola Inglesa
 A Escola Italiana

31/10
Metodologias de Abordagem:

 A Escolha sobre o tema e sua interação entre o propriamente histórico-religioso


 O trabalho de campo
 O levantamento estatístico
 A análise filológica
 As questões correlatas: o discurso institucional e a prática cotidiana. O trânsito
religioso e o discurso midiático. A classificação das fontes históricas e religiosas.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf2/texto%204.pdf - CONFLITO E
EXCLUSÃO: O CONCEITO DE PÓS MODERNIDADE E SUA RECEPÇÃO
NO MEIO PROTESTANTE BRASILEIRO.

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/view/26527 - TEORIA E
METODOLOGIA EM HISTÓRIA DAS RELIGIÕES NO BRASIL: O ESTADO
DA ARTE.

114
MC7 – Religiosidade indiana:
diversidades e (in)tolerâncias
sociais, animais sagrados e a
mulher no hinduísmo e budismo
Coordenador/a

Arilson Oliveira Gisele Oliveira


Doutor em História pela USP, Pós- Mestre em História pela USP,
doutorando em Religião e Sociedade Doutoranda em Letras pela
pela PUC/SP e Prof. Adjunto da UNESP/Assis.
UFCG.

Resumo

Os discursos modernos e recheados de orientalismos diversos, em torno das


religiões mundiais indianas, nos leva a propor o presente minicurso, tendo como
objetivo uma análise sócio-histórica (antiga e moderna) da indologia religiosa, suas
inquietações, embates e legados; os quais serão “olhados” pelo viés da
transvaloração dos valores humanos (Nietzsche), ímpares visões de mundo e
impulsos de espíritos livres que, quase sempre, incomodam os valores ocidentais
vigentes. Para tanto, discutir-se-á a diversidade das castas, a posição da mulher e o
valor dos animais no Hinduísmo e Budismo.

Metodologia

Apresentação descritiva, comentada e comparada.

115
Conteúdo Programático

29/10
A divisão tradicional das castas indianas e seu legado religioso.
As castas no hinduísmo e budismo: origens míticas, desenvolvimento e
diversidades.

30/10
A posição e tolerância mítico-religiosa dos animais no hinduísmo e budismo

31/10
As diversidades da mulher no hinduísmo e budismo.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

OLIVEIRA, Arilson. Brahmacharya: a vida escolar hinduísta na Índia Antiga.


Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. V. 4, n. 8. 2012.

________________. A sacralidade das castas indianas sob o olhar dumontiano.


Revista ANTHROPOLÓGICAS. V. 19(2). 2008.

________________. Os mentores intelectuais do confucionismo, do taoísmo e do


hinduísmo na perspectiva weberiana. Horizonte. V. 5, n. 10. 2007.
OLIVEIRA, Gisele Pereira de. As Faces da Devī: a mulher na Índia antiga em
sacrifício, ritos de passagem e ordem social na literatura sânscrita. Orientação de
Adone Agnolin. Dissertação de Mestrado em História Social, USP, São Paulo,
2010.

116
MC8 – Santos patronos e a política
católica: sécs. XVI-XVIII
Coordenador

Vinicius Miranda Cardoso


Doutorando em História Social pela UFRJ. Membro do Laboratório Sacralidades
(UFRJ).

Resumo

Apesar de ser tema bastante discutido no exterior, o problema dos usos político-
religiosos de santos patronos instituídos por poderes e corporações citadinas ou
monárquicas ainda não foi objeto de análise sistemática pela historiografia luso-
brasileira. Este mini-curso propõe uma incursão introdutória pela temática,
enfocando os impérios ibéricos entre os sécs. XVI e XVIII, sugerindo fontes,
problemas, conceitos e abordagens que visem à desnaturalização da história dos
cultos a santos patronos na América portuguesa.

Metodologia

Leituras prévias dos textos disponibilizados; slides em data-show contendo


sínteses, citações e transcrições de fontes ou textos etc.; debates e atividade.

117
Conteúdo Programático

29/10
Santos patronos e o pensamento teológico-político moderno.

30/10
Santos patronos, rituais e a gestão sacro-política da Res publica.

31/10
Possibilidades de investigação para a América portuguesa.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

HANSEN, João Adolfo. Representações da cidade de Salvador no século XVII.


Disponível em http://www.sibila.com.br/index.php/mapa-da-lingua/941-
representacoes-da-cidade-de-salvador-no-seculo-xvii; acesso em 26 jan. 2012.

RAGON, Pierre. Los santos patronos de las ciudades del México central (siglos
XVI y XVII). In: Historia Mexicana, v. 52, n. 2, pp.361-389, 2002. Disponível em
http://codex.colmex.mx:8991/exlibris/aleph/a18_1/apache_media/3N9ALPC6F8VI
RADPMIRD7X8E44FP97.pdf; acesso em: 29 abr. 2013.

RAWLINGS, Helen. Saint and Nation: Santiago, Teresa of Avila, and Plural
Identities in Early Modern Spain (book review). In: The American Historical
Review, v.118, n.1, p.264, Feb.2013.

SOUZA, George Evergton Sales. Entre vênias e velas: disputa política e construção
da memória do padroeiro de Salvador (1686-1760). In: História. São Paulo, n.162,
jun.2010. Disponível em
http://revhistoria.usp.br/images/stories/revistas/162/Rh_162_-_05_-
_Evergton_Sales_Souza.pdf ; acesso em: 29 abr. 2013.

ZORRAQUINO, José Ignácio Gómez. Los santos patronos y la identidad de las


comunidades locales en la España de los siglos XVI e XVII. In: Jerónimo Zurita.
Revista de Historia, n.85, pp.39-74, 2010. Disponível em
http://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/30/76/04gomezzorraquino.pdf ; acesso em:
29 abr. 2013.
118
MC9 – Iconografia budista
Coordenador

Fernando Carlos Chamas.


Mestre em Língua, Literatura e Cultura Japonesa com enfoque em Cultura Budista
pela USP.

Resumo

O Budismo abarca influências culturais de meio mundo, ou como se acostumou


dizer, “mundo oriental”. Nasceu na Índia como um fruto que se opõe ao
bramanismo, e de lá é então “empurrado” para fora. Acompanhando a Rota da
Seda, abraça as religiões nativas dos reinos que acolheram a intensa atividade de
monges. Juntou-se ao xamanismo tibetano, ao taoismo e confucionismo da China,
entra na península coreana e, depois de mil anos desde suas origens, chega ao
Japão e se junta ao xintoísmo. Considerando que a arte, foi, inicialmente, sua
principal força de expansão, este minicurso objetiva expor algumas obras artísticas
principais, entre pinturas e esculturas cujas formas arquetípicas sugerem discussões
tanto religiosas quanto psicológicas em suas interrelações, soteriologia e
escatologia.

Metodologia

Aula expositiva.

119
Conteúdo programático

29/10
Exemplos de obras artísticas que mostram a inter-relação do Budismo com o
Bramanismo, o Taoísmo e o Xintoísmo e a perspectiva crescente do estilo “zen”.

30/10

Análise da Samsara ou Roda da Vida: sua amplitude psicológica.

31/10
Conceito de Vazio; Soteriologia e Escatologia budista.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

SILVA, Georges da; HOMENKO, Rita. Budismo: Psicologia do


autoconhecimento. São Paulo: Editora Pensamento. 2001.

CHAMAS, Fernando Carlos. A Escultura Budista Japonesa. A Arte da Iluminação,


Tomos I e II, Tese de Mestrado pela Universidade de São Paulo, SP, 2006.
Disponível no Banco de Teses e Disertações da USP:
(http://www.teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=17&Itemid=160&la
ng=pt-br&id=67A18880DBC6)

120
MC10 – A Fé Bahá’í:
incompreendida e perseguida
Coordenadora

Cristina Angelini Melchior


Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Resumo

A Fé Bahá’í é um sistema religioso que nasceu no Irã do século XIX. De acordo


com dados divulgados pela Comunidade Internacional Bahá’í, existem mais de 7
milhões de adeptos representados em 178 países e 46 territórios do mundo, com
seus textos traduzidos para mais de 800 idiomas. No Brasil, o número de Bahá’ís
chega a 57 mil residentes em aproximadamente 1.215 cidades e municípios em
todas as regiões. O objetivo é delinear os fundamentos desta que é hoje a quarta
religião mundial em número de adeptos, e sua origem dentro do Islã Xiita.
Relataremos os desafios que seus adeptos enfrentam tanto em relação à
perseguição por eles sofrida no Irã e as razões para essa perseguição, além dos
desafios da proposição de ser uma religião mundial.

Metodologia

Aulas expositivas.

121
Conteúdo programático

29/10
Abordagem histórica da Fé Bahá’í e a origem islâmica xiita de seus fundadores.

30/10
Análise comparativa entre as doutrinas do Islã e da Fé Bahá’í, bem como os
conceitos simbólicos introduzidos por Bahá’ú’lláh, inclusive do Jesus cristão, que
determinam suas orientações doutrinárias e prática.

31/10
No terceiro dia, chegaremos aos motivos pelos quais os bahá’ís são perseguidos no
Irã, sua estratégia de disseminação da doutrina pelo mundo, a ausência de clero e o
funcionamento da Casa Universal de Justiça.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

Estatísticas do Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível em:


http://news.bahai.org/media-information/statistics/. Acesso em: 26 de junho de
2009.

Livraria Digital Bahá’í. Disponível em: http://www.h-


net.org/~bahai/rg/rg.writings.html#2. Acesso em: 26 de junho de 2009.

Fotos do Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível em:


http://www.media.bahai.org/subjects/locations. Acesso em: 09 de março de 2010.

Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível em:


http://www.media.bahai.org/. Acesso em: 26 de junho de 2009.

Bahá’í Reference Library. Disponível em: http://reference.bahai.org/en/t/se/UD/ud-


647.html. Acesso em: 07 de junho de 2010.

122
MC11 – Práticas nativas
ancestrais – Xamanismo: a religião
do culto à natureza
Coordenadora

Ana Felipe Ferreira


Nutricionista, Acupunturista e Terapeuta Holística. Graduação pela PUC – CAMP
Pós Graduação em Bioquímica, Fisiologia e Nutrição Desportiva pelo LABEX –
UNICAMP.

Resumo

O curso de xamanismo tem o objetivo de iniciar o participante em como os antigos


se comunicavam com a natureza, em como faziam a leitura dos acontecimentos
naturais, e como respeitavam e honravam a tudo que tem vida. Focado nas crenças
dos índios americanos em geral, temos uma frase SIOUX que resume bem a
filosofia xamânica: MITAKUYE OYASSIN – que significa “Por todas as minhas
relações”. Essa frase diz respeito a todo tipo de relação que temos, não só com
outros indivíduos, mas também com animais, plantas, pedras, montanhas, planetas,
o sol, a lua, a chuva e os ventos etc. Tudo que temos ao nosso entorno faz parte de
nossas relações, e por isso devemos respeitar essa relações e mantê-las saudáveis,
buscando aprender e ensinar a cada uma delas. Ao dizer essa frase estamos pedindo
ao criador que zele por essas relações, e permita que realmente essa troca aconteça
para a evolução de cada ser.

Metodologia

Aula expositiva e vivências.

123
Conteúdo Programático

29/10
 Entendimento da vida através das manifestações naturais
 Roda sagrada da vida - Práticas de relacionamento com objetos da natureza

30/10
 Roda das idades

31/10
 Práticas de limpeza: defumação, práticas de cura com instrumentos – maracá,
tambor, pau de chuva.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online)

SEATLE, Chief. Os filhos da Terra. Special Collection of Washington University.


Número NA 1511, 1854. Disponível em
http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm. Sem data de acesso.

BORGES, Wagner D. Filhos de Manitu I. Sem mídia de publicação específica.


Disponível em http://www.vozdoselementos.com.br/textos/wagner-borges/48-
filhos-de-manitu-i. Acesso em 29 de julho de 1998.

124
MC12 – Asé: A musicalidade
corpórea poética do tambor e da
dança
Coordenadora

Kiusam de Oliveira
Doutora em Educação e Mestre em Psicologia/USP. Pedagoga e pesquisadora,
especialista na temática das relações étnico-raciais, de gênero, candomblé de ketu e
educação e em Educação Inclusiva (Deficiência Intelectual). Bailarina, coreógrafa
e contadora de histórias. Orientadora espiritual e ialorixá.

Resumo

Sons. Ritmos. Batuques. Poemas. Versos. Frases. Corpos. Corporeidades. Gestos.


Ancestralidades. Orixás. Dança dos Orixás. Dança afro-brasileira. O contra-saber
não é um saber contra, mas sim um saber que se constrói na contra mão daquilo
que é considerado como norma. Refletir o poema, o som, o corpo e o gesto dentro
da Pedagogia da Ancestralidade, é enxergar novas formas de se construir saberes e
conhecimentos diversos.

Metodologia

Aula prática a partir do trabalho com a Corporeidade Ancestral, Dança Mítica dos
Orixás e a Intencionalidade do Empoderamento Feminino. Aos interessados, a
roupa, própria para o movimento, será fundamental nestes dias, assim como uma
toalha e uma garrafa de água. O conhecimento que visa ser de corpo inteiro é ato
de convivência. É revolucionário porque se afirma no encontro poético com a sua e
a minha natureza. Venha preparado para doar seu corpo e sua energia.

125
Conteúdo Programático

29/10
Introdução teórica e prática sobre a Dança Mítica dos Orixás e contexto geral das
danças afro-brasileiras e mitologia iorubana.

30/10
Corpos dançantes a partir da Dança Mítica dos Orixás Masculinos, energias Terra e
Fogo e mitos referentes a elas.

31/10
Corpos dançantes a partir da Dança Mítica dos Orixás Femininos, energias Ar,
Água, Terra e Fogo e mitos referentes a elas.

Textos recomendados aos discentes

OLIVEIRA, Kiusam Regina de. Candomblé de Ketu e Educação: Estratégias para


o empoderamento da mulher negra. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação.
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.

_________________________. Duas histórias de autodeterminação: a construção


da identidade de professoras afrodescendentes. Dissertação (Mestrado). Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.

_________________________. Um mito de presente a você: tecendo reflexões


sobre a ancestralidade feminina afro-brasileira. In: Diadema – Programa
Diversidade na Escola – Escola de Todas as Cores. Secretaria Municipal de
Educação. Diadema, 2008.

126
Grupos de Trabalho
127
128
GT1 – Bruxaria à brasileira: a
presença da Wicca no Brasil
Coordenadores

Celso Luiz Terzetti Filho Janluis Duarte de Oliveira


Doutorando em Ciências da Religião Doutorando e mestre em História
pela PUC /SP. pela UnB.

Resumo

Desde sua formação na Inglaterra na década de 40 até hoje a Wicca, religião mais
conhecida dentro da miríade de religiosidades e espiritualidades presentes no
moderno (neo) Paganismo, vem cada vez mais se fazendo presente em solo
brasileiro. Uma religião legitimamente britânica que se espalhou por muitos países
em um pouco mais de meio século, como afirma o historiador Ronald Hutton. A
Wicca é uma religião em constante mudança, que dialoga de uma forma geral não
só com a modernidade do qual é fruto, mas com a sociedade específica que a
acolheu. Nos Estados Unidos ganhou seus contornos de maior ênfase: a
valorização do feminino e o culto a natureza, tendo sido descrita como “Religião
da Natureza”. No Brasil, atualmente, a Wicca passa a ser mais estudada, tanto em
seus aspectos históricos, de permanência e dissidência dos adeptos, quanto em
relação aos aspectos de diálogo com a sociedade brasileira. Neste sentido este GT
propõe reunir trabalhos que tratem sobre a Wicca, sua história e seu
desenvolvimento.

129
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

A Wicca no Recife: uma


história
Comunic. Sem atividades
Karina Bezerra Oliveira
UNICAP

O papel da recepção
literária e da invenção de
tradições na criação da
bruxaria moderna Pamella
Louise Camargo
UEPG

A Construção da
Identidade Masculina na
Wicca

Welington Pinheiro
UERJ

O queijo e as bruxas

Janluis Duarte
UNB

O Coven – Múltiplas
pertenças e legitimação de
um discurso histórico

Celso Luiz Terzetti Filho


PUC/SP

130
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

A Wicca no Recife: uma história

Karina Bezerra Oliveira1

O artigo pretende traçar uma pequena história da Wicca na Região Metropolitana


do Recife, tanto da atuação do movimento como da vida dos adeptos. Pretende-se
contar como se deu o início e o desenvolvimento do movimento e de seus
membros. Para fazer isso, realizamos entrevistas com membros de caráter
significativo no movimento, e aplicamos questionários a quarenta integrantes.
Além de pesquisa documental na internet e em documentos referentes à época
analisada, tais como panfletos, e apostilas. Também realizamos observação
participante em atividades e grupos.
Palavras-chave: bruxaria moderna; neopaganismo; História Oral; novas
religiões.

***
O papel da recepção literária e da invenção de tradições na criação da
bruxaria moderna

Pamella Louise Camargo2

A wicca, uma forma de expressão mágico- religiosa, surgiu no século XX com


Gerald Gardner, entretanto só foi possível existir graças a recepção de diversos
traços, ideias, concepções e ideologias que ganharam força principalmente no
século XIX, o que no pós guerras inglês permitiu sua estruturação. Muitos desses
traços dizem respeito a obras literárias e acadêmicas que obtiveram grande
1
Graduada em História e mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Professora de Filosofia
e Ética, e Sociologia na Fauldade. Joaquim Nabuco. Membro do GP Religiões, Identidades e
Diálogos, da UNICAP. Contato: karina@cliografia.com.
2
Graduanda em História pela UEPG. Membro do GE de História das Religiões (GEHR).
Estagiária do PET e bolsista do MAC/SESU. Orientada pelo Prof. Dr. Antonio Paulo Benatte.
Contato: pamellalouisecamargo@hotmail.com.
131
repercussão como “O Ramo de Ouro” do Antropólogo Sir James Frazer e “O culto
das bruxas na Europa Ocidental” da egiptóloga Margaret Murray, além das obras
relacionadas às sociedades iniciáticas do século XIX, como a O.T.O e a Golden
Dawn. A partir de uma análise bibliográfica, e estudo contextual, duas questões
levantadas devem ser respondidas, a primeira diz respeito ao como a estrutura da
crença e seu cerimonial foram construídos, a partir das influências das correntes
esotéricas do XIX, da invenção de tradições do pós-guerras inglês e da repercussão
de obras literárias e acadêmicas. E a segunda a como a wicca em seu processo
constitutivo foi relacionada à bruxaria e como a partir disso se constituiu a
formação de uma identidade wiccaniana relacionada às bruxas da inquisição, cujo
culto teria suas origens no paleolítico.

***
A Construção da Identidade Masculina na Wicca

Welington Pinheiro3

A pesquisa se baseia em dados coletados em 2012 e 2013 através de observações


de um coven composto principalmente por homens heterossexuais. Dada a
valorização do feminino na Wicca em nossa sociedade patriarcal, investiga-se as
motivações desses homens por ela. A Wicca possui em si uma crítica à cultura o
que faz certos indivíduos sentirem-se atraídos por ela como forma de contestarem a
sociedade e com isso, construírem para si uma identidade relacionada com esta
crítica. A identidade masculina aparece vinculada à imagem do guerreiro, que é
aquele que luta pela Mãe Terra, contestador da cultura que a agride e construtor de
uma sociedade onde os valores de sua comunidade possam se estabelecer.
Palavras-chave: Wicca; masculinidade; identidade.

***

3
Mestrando em Ciências Sociais pela UERJ. Orientada pela Profa. Dra. Cecília Mariz. Contato:
welpinsil@yahoo.com.br.
132
O queijo e as bruxas

Janluis Duarte4

Sistematizada na Inglaterra do pós-guerras, a moderna bruxaria neopagã, ou Wicca,


é uma das religiões que mais cresce no Ocidente. Ao implantar-se no Brasil, no
início da década de 1990, assumiu feições próprias, além de reforçar características
já presentes, especialmente, nas vertentes norte-americanas. Uma dessas
características é a circularidade dos textos, ou seja: wiccanos escrevem para
wiccanos, sobre uma quantidade limitada de temas, o que serve para solidificar
representações e identidades no grupo de praticantes. Essa comunicação pretende
explorar uma exceção nessa circularidade: a constante alusão à obra O queijo e os
vermes, de Carlo Ginzburg, pelos wiccanos brasileiros, como apoio aos “mitos
formadores” da Wicca, conforme definidos pela antropóloga Sabina Magliocco, a
saber: o mito da origem paleolítica e o mito do tempo das fogueiras.
Palavras-chave: bruxaria; neopaganismo; identidades; representações.

***
O Coven: múltiplas pertenças e legitimação de um discurso histórico

Celso Luiz Terzetti Filho5

Resumo: O presente trabalho busca abordar a principal forma de pertença da


Wicca, o coven através de uma leitura que compreenda o discurso histórico
legitimador presente na literatura wiccana. Para isso, buscamos relacionar a
questão do coven não apenas como um conceito apropriado por Gerald Gardner,
principal divulgador da Wicca, através das obras de Margaret Murray, mas também
identificar uma certa influência do Movimento Católico da Inglaterra nesse
formato de grupo. Este enfoque é parte de minha pesquisa de doutorado que
trabalha com essa forma de pertença entre os adeptos da Wicca.
Palavras-chave: Coven; organização religiosa; paganismo moderno; Wicca.

4
Doutorando em História Cultural pela UnB e mestre em História Social. Professor de História
Contemporânea da Faculdade JK/DF. Contato: jan@janduarte.com.br.
5
Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Membro do Centro de Estudos de
Religiões Alternativas (CERAL). Contato: clterzetti@gmail.com.
133
134
GT2 – Catolicismo brasileiro:
neocristandade e práticas
religiosas associativas (1889-
1964)
Coordenador/a

Mabel Salgado Pereira Diego Omar da Silveira


Doutora em História pela UFMG Doutorando em História pela UFMG
Professora da PUC/MG. e mestre em História pela UFOP.
Professor da UEA.

Resumo

O contexto de implantação da República no Brasil representou um novo momento


nas relações entre Igreja Católica e Estado. Ao prescrever o ideal de laicidade, os
governos da primeira República produziram nova ambientação social, política e
cultural para os grupos religiosos. A partir dos primeiros anos do século XX, no
entanto, o processo de reaproximação entre os dois poderes foi demarcando um
novo modelo de relação entre os católicos e a política: a Neocristandade. Do auge
dos governos populistas até os anos do Concílio Vaticano II, transformações se
processaram no campo das atividades religiosas do clero e dos leigos, com a
implantação de modelos associativos cada vez mais direcionados pela Santa Sé. O
presente grupo acolhe trabalhos dedicados à investigação das práticas e
imaginários católicos situados nesse contexto. Trocar experiências de pesquisa,
debater fontes,discutir marcos teóricos e metodológicos sobre esses movimentos no
interior do catolicismo são os principais objetivos.

135
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Educadores católicos e as Um bispo na convergência de dois


reformas educacionais em São mundos: as reflexões de dom
Paulo, na década de 1920 Helder Câmara sobre a Igreja no
pré-Concílio
Ana Regina Pinheiro
UNICAMP Diego Omar da Silveira
UEA,UFMG

Uma abordagem comparativa A Igreja Católica e os


entre quatro autores cariocas mecanismos de atuação no meio
da década de 1920: rural brasileiro (1955-1964)
Jackson de Figueiredo,
Jônathas Serrano, Hamilton Bruna Marques Cabral
Nogueira e Leonel Franca UFRRJ

Guilherme Ramalho Arduini


USP

Alceu e Corção: dois Aggiornamento x continuidade:


intelectuais chestertonianos o choque entre a modernidade e
a tradição
Alessandro Garcia da Silva nas representações e visões de
UFRJ mundo de três padres conciliares

Alfredo Moreira da Silva Júnior


UENP , PUC/SP

Congadeiros e hierarquia Os museus de arte sacra da


Católica na primeira metade Arquidiocese de Mariana:
do século XX em Minas Gerais projetos eclesiásticos (1926-1964)

Sueli do Carmo Oliveira Riler Barbosa Scarpati


UFJF UFOP

Notas sobre a atuação da Vice-


Província Redentorista de
Aparecida na Revolução
Constitucionalista de 1932

José Tadeu de Almeida


USP

Pôsteres São José Operário: história e O Crimen Sollicitationis e a


memórias de uma comunidade pedofilia na Igreja Católica
católica
Luis Felipe Machado de Genaro
Júlio César Santos UEPG
UFOP

136
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações
Educadores católicos e as reformas educacionais em São Paulo na década de
1920

Ana Regina Pinheiro1

A presente comunicação tem como objetivo abordar a relação entre o movimento


dos educadores católicos e a reforma educacional em São Paulo, na década de
1920. Busca-se correlacionar a profissão docente com a formação da Liga dos
Professores Católicos, abordando o papel desta instituição na construção de escolas
públicas e seculares em São Paulo, na década de 1920 e 1930. São considerados
ainda as relações entre o corpo docente desta associação e a hierarquia da Igreja
Católica. Utilizamos documentos que compõem a produção escolar, como o jornal
da escola, correspondências e autobiografias, bem como os meios de comunicação
não confessionais e católicos para compreender as fronteiras e mediações que
compõem o campo educacional no período. A partir das fontes mencionadas
parece-nos possível ampliar a compreensão acerca das associações católicas,
relendo a produção dos educadores e o seu lugar de ação e intervenção na educação
secular e católica.
Palavras-chave: escola pública; educadores católicos; reformas educacionais.

***
Uma abordagem comparativa entre quatro autores cariocas da década de
1920: Jackson de Figueiredo, Jônathas Serrano, Hamilton Nogueira e Leonel
Franca

Guilherme Ramalho Arduini2

O objetivo da pesquisa é comparar as trajetórias de quatro autores cariocas da


década de 1920, selecionados por apresentarem algumas características em
comum: estavam nos anos iniciais de suas vidas profissionais nesse período, eram
migrantes na capital federal e conciliavam uma carreira de profissionais liberais
1
Doutora em Educação pela UNICAMP. Contato: aregin@uol.com.br.
2
Doutorando em Sociologia pela USP. Contato: guilherme.arduini@gmail.com.
137
com a ocupação de cargos públicos nas áreas de saúde e educação. Conviveram em
grupos de leigos interessados na divulgação de ideias religiosas, como o Centro
Dom Vital. Seus escritos partilhavam de uma necessidade sentida por todos eles de
traduzir suas convicções católicas nas suas produções a respeito da estética,
política ou ciência. Diante dos critérios utilizados, destacam-se os nomes de
Jackson de Figueiredo, Jônathas Serrano, Hamilton Nogueira e Leonel Franca, esse
último com algumas singularidades. Trata-se de um estudo comparado da trajetória
destes personagens, cruzando as vidas familiares, seus estudos universitários e o
processo de afirmação profissional, com intuito de constituir com maior nitidez
uma leitura de suas obras.
Palavras-chave: Igreja Católica; intelectuais católicos; Centro Dom Vital.

***
Alceu e Corção: dois intelectuais chestertonianos

Alessandro Garcia da Silva3

O objetivo deste trabalho é apresentar as especificidades das leituras de Chesterton


feitas por Gustavo Corção e Alceu Amoroso Lima. Estes autores possuem
trajetórias intelectuais e políticas bastante distintas, mas ambos foram
comprometidos com o projeto de cristianização da sociedade brasileira elaborado
pelo Centro Dom Vital. Apesar das diferenças, Corção e Amoroso Lima
possuíram, nos anos em que elaboraram suas primeiras obras, referências
intelectuais parecidas. Os dois beberam bastante na tradição intelectual do
catolicismo francês, com autores como Maritain e Bernanos. Mas não ficaram
restritos a este ambiente, tendo sido leitores de autores anglófonos. Chesterton foi
com toda certeza a principal referência inglesa de ambos. Tanto Alceu quanto
Gustavo Corção tributam suas conversões, entre outras causas, à leitura da obra de
G. K. Chesterton. A voz católica que ouviram foi chestertoniana. Mas para além
desse fato, os dois continuamente dialogam com Chesterton em suas obras. Tais
diálogos, no entanto, não são meras repetições, mas reelaborações criativas.
Entender tais reelaborações é bastante importante para entender dois grandes
intelectuais brasileiros e seus projetos para o Brasil.
Palavras-chave: Igreja Católica, intelectuais católicos, Centro Dom Vital.
***
3
Doutorando em Sociologia pela UFRJ. Contato: algasi3@hotmail.com.
138
Congadeiros e hierarquia católica na primeira metade do século XX em Minas
Gerais

Sueli do Carmo Oliveira4

As festas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário constituíram-se como o


principal evento devocional organizado pelas Irmandades Negras no Brasil
Colonial. Diretamente ligadas ao catolicismo leigo, essas irmandades, em ocasião
das festas do Rosário, promoviam cerimônias nas quais reis e rainhas negros eram
entronizados e celebrados ao som de músicas, cânticos e bailados. Esse modo de
vivência religiosa manteve-se enraizado na vida dos devotos da “Mãe do Rosário”
que ainda hoje a louvam de modo singular em várias partes do Brasil. Mas, esse
catolicismo africanizado vivenciado pelos congadeiros, não raras vezes, provocou
tensões e disputas entre congadeiros e a hierarquia católica. Buscamos mapear
nessa contextura a ação dos grupos e indivíduos envolvidos nesse processo, de
modo a delinear a diversidade das experiências mobilizadas e as peculiaridades da
implementação das diretrizes do ultramontanismo no âmbito paroquial, em
Itaúna/MG, no que tange à proibição do Reinado.
Palavras-chave: congadeiros; século XX; Nossa senhora do Rosário.

***
Notas sobre a atuação da Vice-Província Redentorista de Aparecida na
Revolução Constitucionalista de 1932

José Tadeu de Almeida5

O presente trabalho visa estender considerações a respeito da atuação assumida


pela Igreja Católica no Brasil ao longo da crise política que culminou no
movimento armado conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932.
Pretende-se realizar, como forma de desdobramento destas reflexões, um estudo
mais aprofundado do envolvimento da comunidade católica da cidade de
Aparecida (SP), liderada pelos sacerdotes da Congregação do Santíssimo Redentor
(Redentoristas) no desenrolar do referido conflito. Buscamos assim efetuar uma
análise sobre os desdobramentos da Revolução de 1932 na região do Vale do

4
Mestre em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: sueliufop@yahoo.com.br.
5
Doutorando em História Econômica pela USP. Membro da Academia Marial de Aparecida.
Contato: josetadeu_almeida@yahoo.com.br.
139
Paraíba, recorrendo a documentos de época e fontes primárias em geral. A seguir,
analisar-se-á com mais detalhe a posição da Igreja em Aparecida neste contexto, no
que diz respeito ao papel desempenhado pelos sacerdotes redentoristas ao longo
dos acontecimentos. Verificar-se-á, neste sentido, que sua atuação junto à
Revolução, ainda que pontuada por uma equidistância pragmática em relação aos
grupos conflitantes, denota a importância que o Santuário de Aparecida possuía
durante o período, dentro do modelo de ‘Igreja da Neocristandade’ que se verifica
no meio católico brasileiro até a década de 1960.
Palavras-chave: Igreja Católica; Revolução Constitucionalista; padres
redentoristas; neocristandade.

***
Pôsteres
São José Operário: história e memórias de uma comunidade católica

Júlio César Santos6

O trabalho proposto tem como temática de estudo a Comunidade São José


Operário, localizada na Vila Antônio Pereira, outrora Vila Samarco, situada na
cidade de Ouro Preto – Minas Gerais. O núcleo populacional onde se insere a
Comunidade foi criado por um projeto da Mineradora Samarco, que desejava que
seus funcionários residissem próximos ao Setor da Mina da Alegria. Dessa
maneira, desde o final da década de 1970, os trabalhadores se dirigiram para a Vila,
muitos com suas famílias. Desse agrupamento inicial surgiu a Comunidade
religiosa. O principal objetivo do trabalho proposto consiste, portanto, em analisar
as transformações que ocorrerem no seio dessa Comunidade, sua relação com a
mineradora que é a principal provedora de mão de obra da região, mas também,
atua de forma depredatória ao meio ambiente e à qualidade de vida local e,
sobretudo, suas escolhas no tocante às linhas pastorais e de espiritualidade.
Palavras-chave: historiografia religiosa; memoriais; comunidade.

6
Graduando em História pela UFOP. Contato: julioita2010@yahoo.com.br.
140
31 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Um bispo na convergência de dois mundos:


as reflexões de dom Helder Câmara sobre a Igreja no pré-Concílio

Diego Omar da Silveira7

Dom Helder Câmara esteve profundamente envolvido nas mudanças do


catolicismo brasileiro de meados do século XX. Ainda padre, assistiu a
reorganização institucional da Igreja e auxiliou a reaproximação entre a hierarquia
católica e o Estado. Já nos anos 1950, alçado ao posto de bispo auxiliar do Rio de
Janeiro, teve papel fundamental na criação da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (1952) e do Conselho Episcopal Latino Americano (1955), tornando-se uma
das principais lideranças do episcopado latino-ameri-cano às vésperas do Concílio
Vaticano II. Situado na convergência entre dois mundos que se fundiam e se
entrechocavam, produziu, nas duas décadas que se seguiram a Segunda Guerra
Mundial, uma análise profunda sobre as tarefas e os desafios da Igreja naquele
momento histórico. Esta comunicação busca apresentar as reflexões de dom Helder
nesse período, situando o contexto de produção dos muitos discursos e textos
produzidos pelo bispo nordestino nos anos pré-conciliares.
Palavras-chave: Dom Helder Câmara; CNBB; igreja no Brasil.

***
A Igreja Católica e os mecanismos de atuação no meio rural brasileiro (1955-
1964)

Bruna Marques Cabral8

O presente trabalho busca analisar os mecanismos e as estratégias políticas


elaboradas pela Igreja Católica, para manter a sua hegemonia no meio rural

7
Doutorando em História e Cultura Política pela UFMG. Professor no Centro de Estudos
Superiores de Parintis da UEA. Contato: diegomarhistoria@yahoo.com.br.
8
Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: brunaclio@uol.com.br.
141
brasileiro, entre 1955-1964. Além disso, iremos demonstrar como a Igreja Católica
se inseriu nos debates sobre a reforma agrária, no período em que setores da
sociedade brasileira se radicalizavam e o problema agrário encontrava-se no âmago
das disputas de então. Destarte, analisaremos os discursos produzidos por
intelectuais católicos brasileiros referentes às suas preocupações com o campo.
Assim, examinaremos a Revista Eclesiástica Brasileira como principal fonte de
compreensão dos discursos supracitados.
Palavras-chave: Igreja Católica; reforma agrária; estratégia de hegemonia; Revista
Eclesiástica Brasileira.

***
Aggiornamento x continuidade: o choque entre a modernidade e a tradição
nas representações e visões de mundo de três padres conciliares

Alfredo Moreira da Silva Júnior9

Análise de visões de mundo conflitantes no Concílio Vaticano II a partir de fontes


produzidas por dois bispos brasileiros defensores do integrismo, quais sejam: D.
Geraldo de Proença Sigaud e D. Antonio de Castro Mayer. As ideias de ambos se
chocaram com as ideias de bispos progressistas cujo maior expoente era D. Hélder
Câmara. Procuraremos entender a partir dos posicionamentos desses três religiosos
o embate entre as teses defendidas que envolveram ao longo do Concílio Vaticano
II os seguintes dilemas: modernidade x tradição, progressismo x conservadorismo,
aggiornamento x continuidade.
Palavras-chave: conservadorismo; progressismo; visões de mundo.

***

9
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor na UEMP/CJ. Membro do Núcleo
de Pesquisa em História das Religiões NPHR/UENP. Contato: professor.alfredo@ibest.com.br.
142
Os museus de arte sacra da Arquidiocese de Mariana:
projetos eclesiásticos (1926-1964)

Riler Barbosa Scarpati10

A Arquidiocese de Mariana, ao longo do século XX, criou dois museus de arte


sacra para enaltecer as glórias e o pioneirismo de seu passado em Minas Gerais.
Esses projetos de memória social em espaço museal tiveram amplo respaldo de um
grupo de letrados fora dos âmbitos eclesiásticos. Contudo, também houve respaldo
dos membros da Igreja Católica atuantes não apenas no espaço da Arquidiocese, de
modo a colocar as instituições efetivamente em funcionamento. O modo como se
deu esse processo é o alvo de nossa comunicação. Procuraremos evidenciar quais
as especificidades desses dois projetos eclesiásticos de memória social, tendo em
vista as mudanças pelas quais a própria Igreja Católica no Brasil passava. Para
fazê-lo, trabalharemos, em termos metodológicos, com a análise das cartas trocadas
entre os prelados, atentando, de acordo com as lições de Michel de Certeau, para o
caráter fragmentário da escrita e procurando identificar quem era o Outro.
Palavras-chave: museus de Arte Sacra; Arquidiocese de Mariana; memória social;
catolicismo brasileiro.
***
Pôster

O Crimen Sollicitationis e a pedofilia na Igreja Católica

Luis Felipe Machado de Genaro11

Nos últimos anos a sede do catolicismo romano, a Santa Sé, foi exposta pela mídia
e posta no banco dos réus. Isso impôs o tabu da pedofilia, e consigo a do celibato
sacerdotal, de volta aos debates e análises. O ato pedofílico no âmbito clerical se
alastrou para diversas localidades, em diferentes períodos, envolvendo milhares de
pessoas: acusados, vitimados, denunciantes e silenciados. A cultura do silêncio
envolto do fenômeno pedofílico permaneceu arraigada às estruturas da Igreja
Católica há séculos, assim como os círculos de confidência e confissão estão
presentes desde os momentos precedentes ao fim do Império Romano. Perante os
casos de pedofilia, o Vaticano conciliar de João XXIII emite uma estratégica e
confidencial legislação embasada no Código de Direito Canônico, denominado De

10
Mestrando em História pela UFOP. Membro do GP em Historiografia Religiosa. Contato:
riler.scarpati@hotmail.com.
11
Graduando em História pela UEPG. Contato: lfgenaro@hotmail.com.
143
Modo Procedendi in Causis Solicitationis, jamais publicado nos anais apostólicos.
Ornamentado juridicamente e redigido pelo Santo Ofício em 1962, o documento
foi enviado para todos os bispados do mundo, ordenando a possível transferência
de clérigos acusados e o total sigilo eclesiástico.
Palavras-chave: Santa Sé; Código Direito Canônico; Causis Solicitationis;
pedofilia.

144
GT3 – Corpo, cultura e religião
Coordenador/a

Anaxsuell Fernando da Silva Ana Carolina Rigoni


Doutorando em Antropologia pela Doutora em Educação Física pela
UNICAMP. UNICAMP.

Comentadores

Ronaldo Almeida
Pós-doutor pela École des Hautes Amurabi Pereira de Oliveira
Études en Sciences Sociales de Paris. Doutor em Sociologia pela UFPE.
Doutor em Ciências Social pela Professor permanente do Programa
USP. Professor do PPGAS de Pós-Graduação em Educação da
UNICAMP. UFAL.

Resumo

O corpo posiciona o indivíduo em um espaço de experiência e sociabilidade, de


modo que, este pode ser compreendido como parte importante do processo pelo
qual o conhecimento religioso é integrado a certas disposições corporais e modos
de orientação. Propomos com este GT fomentar a discussão que se estabelece
entre a dimensão corpórea e o sagrado, compreendendo o corpo não como mero
receptáculo do sagrado, ou mesmo como apenas expressão deste, mas como
elemento fundamental para se compreender o universo religioso. Ao se
presentificar no encontro sudeste da ABHR, este GT dá continuidade aos esforços
empreendidos na etapa nacional do encontro desta associação ocorrido no ano
anterior, bem como em outras etapas regionais ao longo deste ano e se consolida
como um espaço aberto às mais o sagrado: gênero, saúde, festa, rituais etc.

145
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Crianças e psicoativos: a Corpo e sexualidade no “Agora eu canto assim...”:


ingestão e a relação protestantismo brasileiro: afrofagia neopentecostal e
Comunic. corpo/saúde nos rituais do um espelho de bronze Música Popular Brasileira.
Santo Daime O caso Bezerra da Silva e o
Antônio Máspoli de Araújo CD “Caminho de Luz”
Theresa Jaynna de Sousa Gomes
Feijão Mackenzie Patrício Carneiro Araújo
UFPI PUC/SP

Francisca Verônica Maria Célia Barros Virgolino


Cavalcante UFPA,UEPA
UFPI

Corpo e religiosidade: Linguagem e gestos na A influência do corpo na


binômio indissociável na glossolália: observações em religião católica
construção da história da uma comunidade da
enfermagem Renovação Carismática Claúdio Henrique Caldas
Católica Mattos
Maria Helena L. Alves UFPE
PUC/PR Detian Machado de Almeida
UNEB
Tania Mara da Silva
PUC/PR

“Vadeia dois dois, Vadeia Êxtase religioso e sua Renascimento iniciatório


no mar, manifestação: o corpo como revelado nos adornos e
A casa é sua dois dois, um instrumento divino pinturas da muzenza
Quero ver dois dois
vadear” Claúdia Neves da Silva Ivete Miranda Previtalli
UEL PUC/SP
Francy Eide Nunes Leal
UFG Fabio Lanza
UEL

A renovação do sacrifício Um “ballet do Espírito”: Corpo, cultura e religião nas


de Cristo: ritual, práticas breve reflexão sobre obras com o tema “as
corporais e experiências corporeidade e tentações de Santo Antão”
afetivas na Santa Missa do pentecostalismo das produções pictóricas de
Opus Dei Bosch, Cézanne e Dalí
Valdevino de Albuquerque
Asher Grochowalski Brum Junior América de Oliveira Costa
Pereira UFJF Mackenzie
UNICAMP

146
Corporeidade: entre os O grito da Cruz ou o grito
conhecimentos da educação da Cultura?
física e os ensinamentos
religiosos Marcos Teixeira de Souza
IUPERJ
Ana Carolina Rigoni
UFSJ

O corpo como locus da


espiritualidade: a erotização
na busca do divino

Anaxsuell Fernando
UEM

147
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Crianças e psicoativos: a ingestão e a relação corpo/saúde nos rituais do Santo


Daime

Theresa Jaynna de Sousa Feijão1


Francisca Verônica Cavalcante2

A comunicação proposta é parte da pesquisa “Gira gira criancinha: um olhar


antropológico sobre as crianças do Santo Daime no espaço religioso ‘Céu de Todos
os Santos em Teresina – PI’” em andamento no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia da UFPI. O problema é compreender a ingestão de substâncias
psicoativas por crianças e como a relação corpo/saúde é significada pelos adeptos e
pelas crianças nos rituais de festa do espaço pesquisado. O objetivo é compreender
como o corpo e o cuidado com a saúde são significados pelos adeptos e pelas
próprias crianças nos rituais em que há a ingestão da bebida sagrada (ayahuasca)
por todos os participantes. Diálogo teórico com os seguintes autores: Corsaro
(2005); Belloni (2009); Toren (2000); Macrae (1992); Mauss (2003); Le Breton
(2003); Geertz (1978); Cavalcante (2009); Amaral (2002); Cavalcante e Feijão
(2011). A metodologia utilizada: etnografia, observação participante, caderno de
campo, oficinas, imagens fotográficas e fílmicas.
Palavras-chave: corpo; criança; religiosidade.

***
Corpo e religiosidade: binômio indissociável na construção da história da
enfermagem

Maria Helena L. Alves3


Tania Mara da Silva4

1
Mestranda em Antropologia pela UFPI. Contato: jay_feijao@hotmail.com.
2
Doutora em Antropologia pela UFPI. Contato: fv.cavalcante@uol.com.br.
3
Mestre em Educação pela PUC/PR. Professora nos Cursos de Enfermagem e Medicina da
PUC/PR. Membro do Grupo de Pesquisa Processos de Educação, Cuidado e Gerenciamento de
Enfermagem (GESEG). Contato: mlenna.leviski@gmail.com.
4
Mestranda em Bioética pela PUC/PR. Contato: taniamasilva@ibest.com.br.
148
Estudo bibliográfico que tem como tema o corpo e a religiosidade, delimitado na
história da enfermagem e tem como objetivo identificar a importância e a
influência do binômio corpo e religiosidade na construção da enfermagem
enquanto profissão. Os locais institucionais onde o cuidado era desenvolvido se
transformaram em campo fértil para o desenvolvimento dos dogmas cristãos e
estes ideais também marcaram profundamente os espaços de ensino desta nova
profissão, que exigia das pessoas que por ela optassem comportamento, perfil e
moralidade, muito semelhante aos das ordens religiosas, mesmo quando a
enfermagem já era considerada uma atividade laica (GUSSI; DYST, 2008).
Resultados preliminares desta pesquisa apontam para a importância e
expressividade do corpo e da religião na organização da enfermagem como
profissão, visto que até hoje, mesmo com um crescer para a autonomia e
cientificidade a enfermagem ainda é vista por muitos e vivenciada por alguns dos
seus profissionais com marcas profundas de religiosidade, subserviência e
empirismo.
Palavras- chave: enfermagem; História; corpo; religiosidade.

***
“Vadeia dois dois, vadeia no mar, a casa é sua dois dois, quero ver dois dois
vadear”

Francy Eide Nunes Leal5

Neste resumo utilizo da perspectiva etnográfica para apreender e compreender a


realidade social da comunidade quilombola Terra Dura, situada no sertão Norte
Mineiro, considero a religiosidade como fator fundamental da realidade social que
pode desvelar as sócio-dinâmicas da comunidade. A religião vivenciada individual
e coletivamente pela interação com os pares e com os membros dos grupos sociais
da circunvizinhaça, resulta da articulação entre o catolicismo popular e a umbanda.
E a religiosidade é vivida por meio de um conjunto de ritos em que há o manuseio
de símbolos sustentados por crenças que dão fundamento à cosmologia dessa
comunidade.A gramática social desse grupo é transmitida no cerne da família pela
oralidade e pelas práticas corporais, conhecimentos, crenças e valores, que são
incorporados pelos homens, mulheres e crianças de Terra Dura em seus processos

5
Mestranda em Antropologia Social pela UFG. Contato: francyeide@hotmail.com.
149
de socialização. No ato de celebrarem seus Guias espirituais e santos protetores
essa comunidade negra se recria e se reafirma em suas relações intercomunitárias.
Palavras-chave: quilombo; religiosidade; batuque.

***
A renovação do sacrifício de Cristo: ritual, práticas corporais e experiências
afetivas na Santa Missa do Opus Dei

Asher Grochowalski Brum Pereira6

Proponho uma interface entre práticas corporais e ritual por meio do estudo da
Santa Missa e do seu significado para os indivíduos do Opus Dei. O objetivo é
demonstrar como esse ritual – que representa a atualização diária da crucifixão de
Cristo e, portanto, a Redenção do mundo – é capaz de provocar experiências
afetivas por meio da relação entre os indivíduos e Deus. A Santa Missa, de fato, é
um ritual extremamente performático e composto por padronizações corporais
específicas, onde cada gesto é um símbolo que metaforiza pedidos de perdão a
Deus e a vida (e morte) de Cristo. Portanto, para compor esse trabalho, parto da
seguinte hipótese: as práticas corporais padronizadas que compõem a Santa Missa
(tanto as do padre como as da assembleia) tornam os indivíduos sensíveis a
experiências afetivas e, desse modo, criam sujeitos e subjetividades.
Palavras-chave: Opus Dei; práticas corporais; rito.

***
Corporeidade: entre os conhecimentos da educação física e os ensinamentos
religiosos

Ana Carolina Rigoni7

Esta pesquisa se ancora no pressuposto de que a religião evangélica influencia na


educação do corpo e de que as diferenças decorrentes desta forma de educação
podem ser percebidas nas aulas de Educação Física (EF). Percebendo o fato de que
os evangélicos estabelecem negociações e/ou acomodações entre seus costumes

6
Doutorando em Ciências Sociais pela UNICAMP. Contato: asherbrum@gmail.com.
7
Doutora em Educação Física pela UNICAMP. Professora na UFSJ. Contato:
anacarolinarigoni@yahoo.com.br.
150
religiosos e suas práticas cotidianas, a intenção desta pesquisa foi compreender
como este movimento acontece, transformando as experiências religiosas e
principalmente as experiências escolares relacionadas às aulas de EF. Meu
interesse foi compreender como e em que medida os conteúdos da EF tensionam
ou podem tensionar estes movimentos de acomodação. Neste sentido, o objetivo
foi analisar a trajetória das meninas pesquisadas para compreender como cada uma
constrói suas ações partindo da relação entre a educação religiosa que recebem e
outras formas de educação relacionadas ao corpo, neste caso, especificamente o
conhecimento produzido na e pela EF. Mais do que isso, busquei entender como
cada uma relacionava um tipo de “conhecimento religioso” com aqueles
produzidos e veiculado nas aulas de EF. Para tanto, a etnografia foi realizada com
cinco meninas pertencentes a Congregação Cristã no Brasil e a igreja evangélica
Assembleia de Deus e que estavam cursando os anos finais do Ensino Médio. As
acompanhei durante o ano letivo de 2011, particularmente durante as aulas de
Educação Física.
Palavras-chave: educação física escolar; corpo; religião; igrejas evangélicas.

151
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Corpo e sexualidade no protestantismo brasileiro: um espelho de bronze

An tô n io Ma sp o l i d e A ra ú jo Go me s 8

O corpo e a sexualidade tem sido objeto de pesquisa em sua dimensão psicológica


e em suas relações com a religião. Destacamos, neste trabalho, as contribuições
para o estudo do corpo e da sexualidade, numa perspectiva protestante, dos
pesquisadores Zenon Lotufo Júnior, Corpo e dimensão espiritual; Prócoro
Velasques Filho, Sobre comportamento protestante; Jaci C. Maraschin,
Fragmentos, harmonias e dissonâncias do corpo Tolentino Rosa, Religião e
sexualidade e; mais recentemente, o trabalho de Robinson Cavalcanti, Libertação e
Sexualidade. esta pesquisa busca explicitar as representações sociais sobre o corpo
e a sexualidade veiculadas no protestantismo brasileiro, através da literatura
publicada sobre este tema para o consumo dos membros de Igrejas. Inicialmente
foram traçados dois objetivos para este trabalho: a) Explicitar as representações
sobre o corpo e a sexualidade na patrística bem como no protestantismo de
Martinho Lutero e João Calvino e; b) Demonstrar como as representações do corpo
e da sexualidade têm sido representadas na produção editorial e acadêmica na
pedagogia sexual do protestantismo.
Palavras-chave: Religião; protestantismo; corpo; sexualidade.

***
Linguagem e gestos na glossolália: observações em uma comunidade da
Renovação Carismática Católica

Detian Machado de Almeida9

O falar em línguas estranhas é um fenômeno que pode ser encontrado em diversas


comunidades religiosas. Neste estudo, a glossolalia é entendida como linguagem e
8
Doutor em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: maspolipeixe@yahoo.com.br.
9
Mestranda em Educação e Contemporaneidade pela UNEB. Contato: detian@gmail.com.
152
gesto, onde o corpo participa ativamente da aprendizagem do fenômeno e da
experiência vivenciada da pessoa. A cultura é definida como pertencente ao corpo.
Objetivo: descrever a cena de uma manifestação do falar em línguas em um grupo
da Renovação Carismática Católica da Paróquia Nossa Senhora do Resgate, no
Bairro Cabula. O fenômeno descrito ocorre durante uma reunião do grupo de
oração anunciação do Senhor. Método: para a descrição da cena, foram observadas
as disposições corporais que constituíam a cena no momento da glossolalia.
Também foram percebidos o habitus presente no grupo, bem como a descrição
fonética – fonológica. Resultados: foram percebidas disposições corporais que
demarcavam a hierarquia dos atores presentes nas cenas. Havia gestos similares,
que constituíam um habitus do grupo.
Palavras-chave: glossolalia; corpo; gesto; Renovação Carismática Católica.

***
Êxtase religioso e sua manifestação: o corpo como um instrumento divino

Claúdia Neves da Silva10


Fabio Lanza11

Ao falar de êxtase religioso, logo vem à mente a idéia de uma experiência religiosa
vivenciada por aqueles que se entregam a um ritual e crença religiosa. A partir de
observações de celebrações religiosas e entrevistas com membros de igrejas
evangélicas pentecostais e movimento carismático, algumas indagações surgiram:
qual é o significado do êxtase religioso para estes membros? Por que ele ocorre?
Para os líderes religiosos, documentos e discursos não são considerados
importantes na relação daquele que crê em Deus, porque ele e seu filho Jesus
Cristo se tornaram presentes de forma real e ativa na vida do novo crente mediante
o Espírito Santo, dando-se destaque assim, à emoção individual e coletiva, que se
revelaria no corpo de cada pessoa. Uma espiritualidade reelaborada por meio do
sentimento de que a sociedade, e nela as relações sociais, comerciais e de trabalho,
não poderia ser transformada, mas reconstruída a partir de alternativas variadas de
viver e pensar, as quais possibilitariam ao indivíduo compreender qual o seu lugar
nesta sociedade.
Palavras-chave: êxtase religioso; movimento pentecostal; corpo.
10
Doutora em História pela UNESP. Professora na UEL. Contato:
claudianeves@sercomtel.com.br.
11
Doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP . Professor no Departamento de Ciências Sociais da
UEL. Contato: lanza1975@gmail.com.
153
***
Um “ballet do Espírito”: breve reflexão sobre corporeidade e pentecostalismo

Valdevino de Albuquerque Junior12

A cosmogonia bíblica enxerga, no corpo, uma criação divina. No Pentecostalismo,


observa-se essa relevância conferida ao corpo, tanto em termos da metafórica
linguagem cristã, já que “Cristo é a cabeça do corpo” (e o corpo, a Igreja) quanto
no comprometimento ritual do crente, para que santifique seu corpo,
“apresentando-o a Deus como sacrifício vivo”. Esse mesmo “corpo-sacrifício” é o
sangue que trabalha e sofre, mas também é o ente que dança, salta e canta
evidenciando, na religiosidade explícita da performance pentecostal, os nexos que
fazem da fé a razão de ser dos “comportamentos consagrados” (Geertz). Gestos
cultuais que refletem a herança cultural da “matriz religiosa brasileira”. Nesta
proposta, compartilhamos alguns pontos de uma etnografia em curso, onde se
observa que as formas expressivas recorrentes em certos pentecostalismos revelam
o corpo como fronteira semântica, onde os sentidos são afetados pelo sagrado e a
prática ritual é legitimada na sinestesia do grupo.
Palavras-chave: pentecostalismo; música; corporeidade; experiência religiosa;
ritual.

12
Mestrando em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: jr.albuquerque@gmail.com.
154
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

“Agora eu canto assim...”: afrofagia neopentecostal e Música Popular


Brasileira. O caso Bezerra da Silva e o CD “Caminho de Luz”

Patrício Carneiro Araújo13


Maria Célia Barros Virgolino14

Quase sempre o encontro entre o proselitismo neopentecostal e as religiões afro-


brasileiras resulta em conflitos. O dossiê organizado por Vagner Gonçalves da
Silva sob o título Intolerância religiosa: impactos do neopentecostalismo sobre o
campo religioso afro-brasileiro, dá seguras pistas desses fatos. O universo
religioso afro-brasileiro mantém uma relação estreita com a Música Popular
Brasileira, exemplo disso é a história dos afro-sambas para a configuração de uma
identidade nacional. Isso tem mudado muito com a ascensão das religiões
neopentecostais que possuem grande influência na produção musical dos artistas
que a elas se convertem. Analisaremos o caso do sambista Bezerra da Silva e sua
trajetória antes e depois da adesão à IURD. Veremos um bom exemplo de como a
conversão às igrejas neopentecostais provoca um efeito afrófago, no que se refere à
produção desses artistas.
Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; música popular brasileira; cultura;
neopentecostalismo.

***

13
Doutorando em Ciências Sociais pela PUC/SP. Contato: patricionisoji@hotmail.com.
14
Doutoranda em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professora na UFPA e UEPA. Contato:
celiaabpv@bol.com.br
155
A influência do Corpo na religião católica

Claúdio Henrique Caldas Mattos15

Este artigo tem por objetivo a análise da ligação de exercícios espirituais típicos do
universo da religião católica que estão atrelados a penitências do corpo como
forma de desapego do carnal e aproximação do que do Espírito Santo. O foco do
estudo é no catolicismo francês do século XIX. Esse século que ficou conhecido
por ser um período de desencantamento no mundo, quando a prática religiosa
masculina da Igreja Católica torna-se bastante minoritária. O corpo como
“tabernáculo” do cristão é centro de vários ritos sacramentais das quais o artigo se
propõe a trabalhar evidenciando sua crucial importância no processo de
permanência e resistência da Igreja Católica em uma época de declínio. O estudo
mostra como o corpo está atrelado a vida do católico dando significação à sua
crença no processo de adoração de Deus, inclusive pelas definições do Bispo de
Mans que diz que o corpo está ligado à igreja justamente pela necessidade de sua
abstinência.
Palavras-chave: Corpo; catolicismo; adoração.

***
Renascimento iniciatório revelado nos adornos e pinturas da muzenza

Ivete Miranda Previtalli16

É na festa de “saída do santo”, em que o recém iniciado será apresentado para a


comunidade religiosa, que podemos perceber nas cores das vestimentas e das
pinturas do corpo da muzenza o significado dos diversos processos a que o neófito
foi submetido e que fazem parte do simbolismo do renascimento místico. Para a
compreensão do sentido da iniciação no candomblé, é preciso entender que o
adepto do candomblé não se considera “acabado”. Por isso, ele deve morrer para a
primeira vida (natural) e renascer para a vida superior, que é ao mesmo tempo
religiosa e cultural. Assim, na nação angola, a utilização das cores branca,vermelha
e preta em seus rituais também pode estar relacionada ao “mundo dos mortos” e ao

15
Graduando em História pela UFPE. Contato: claudihc.mattos@gmail.com.
16
Doutora em Antropologia pela PUC/SP. Contato: ogunilori@hotmail.com.

156
“mundo dos vivos”, tal qual a encontramos na cosmologia bakongo. Para
podermos entender “essa magia”, devemos ter em mente a ideia do duplo que se
processa na imagem.
Palavras-chave: candomblé angola; corpo; iniciação; festa;bakongo.

***
Corpo, cultura e religião nas obras com o tema “as tentações de Santo Antão”
das produções pictóricas de Bosch, Cézanne e Dalí

América de Oliveira Costa 17

O presente trabalho pretende recuperar a trajetória e lugar do corpo nas


representações da figura lendária e histórica de Antão, fundador do movimento
Pais e Mães do deserto, que viveu entre os séculos III e IV (c. 251-356), e teve sua
história narrada pela primeira vez por Atanásio de Alexandria em Vida e Conduta
de S. Antão. Analisando e comparando três representações com o tema “as
tentações de Santo Antão”, dos quadros, de Bosch (145? – 1516), Cézanne (1839 -
1906) e Dali (1904 -1989), buscando uma leitura da representação do corpo,
cultura e religião nas três obras. A ideia que perpassa a pesquisa é de que as
culturas são conjuntos complexos nos quais a perspectiva sobre a vida, ou o
"espírito" da época, é expressa na arte que traz codificada a cosmovisão subjacente
da cultura na qual foi produzida. A pesquisa tem um caráter histórico e
bibliográfico e a metodologia usada é a da pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: corpo; cultura; religião; representação; cosmovisão.

***
O grito da Cruz ou o grito da Cultura?

Marcos Teixeira de Souza18

Por detrás do ato de levar as mãos à boca, no intuito de potencializar um grito –


para afastar supostos espíritos maus da Natureza – haveria um corpo em disputa, ao
problematizar a religiosidade de pomeranos luteranos em Santa Maria de Jetibá.
17
Mestranda em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: americadiamanso@gmail.com.
18
Doutorando em Sociologia pelo IUPERJ. Contato: prof1marcos@hotmail.com.

157
Principal evento da cidade, a Festa Pomerana torna-se epicentro desta
problemática, de encontros entre o sagrado e o profano, em que pomeranos
luteranos caminham para a experiência de reviver, no corpo, a land perdida, a
Pomerânia, como locus de memória coletiva, em que valores de ancestralidade e
religiosidade se fazem presentes como ritual, mas que contracenam no presente
com o Cristo das igrejas luteranas da localidade, irmanadas Fé e Cultura. Neste
sentido, compreender fenômenos religiosos na festa supracitada contribui para
refletir o sincretismo religioso.
Palavras-chave: pomeranos; luteranos; corpo; Santa Maria de Jetibá.

***
O corpo como locus da espiritualidade: a erotização na busca do divino

Anaxsuell Fernando da Silva19

Nesta comunicação será apresentada uma discussão acerca dos termos Erotismo e
Religião presentes na obra do filósofo francês Georges Bataille – autor que expõe a
dimensão epistemológica da experiência erótica e seu fundamento religioso
estabelecidos sobre as interdições e transgressões – e do teólogo brasileiro Rubem
Alves, para quem o corpo e a experiência erótica são pré-condições para a
comunhão. A abordagem utilizada é problematizadora e aproximativa, na qual a
finalidade é descobrir o sentido da erótica batailliana, produzindo-lhe uma
compreensão da categoria “Religião” e a possível apropriação que Rubem Alves
faz dessa concepção associando-a a possibilidade de liberdade (e a experiência de
poder). Assim, num segundo momento, a partir deste diálogo entre os autores
discutimos o encontro entre espiritualidade e sexualidade, evidenciando o ato da
continuidade e descontinuidade humana, que supera e condena o ser. Com este
cenário teórico configurado, advogaremos que a experiência religiosa se encontra
no desvendar do erotismo, sendo este para ambos os autores a substância da vida
interior do homem.
Palavras-chave: religião; erotismo; Rubem Alves; Bataille.

19
Doutorando em Antropologia pela UNICAMP. Professor na UEM. Contato:
anaxsfernando@uol.com.br.

158
GT4 – Dietrich Bonhoeffer: ética e
teologia a serviço da vida

Coordenador Comentador

Carlos Caldas Ricardo Gouvea


Doutor em Ciências da Religião pela Doutor em Teologia pelo
UMESP. Professor do IBAD. Westminster Theological Seminary.
Professor do Mackenzie.

Resumo

Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), pastor luterano e teólogo alemão notabilizou-se


não apenas por sua contribuição à reflexão teológica no século XX como também
por sua postura ecumênica e sua resistência ousada e comprometida até às últimas
consequências ao governo nazista em seu país. Bonhoeffer é um dos poucos
teólogos contemporâneos que é respeitado e estudado por pessoas em todo o
espectro teológico, desde círculos evangelicais conservadores a liberais abertos,
por protestantes, evangélicos, pentecostais e católicos. Bonhoeffer, sem embargo
de sua confessionalidade luterana convicta, foi ativo integrante do movimento
ecumênico protestante (que depois da guerra seria organizado como o Conselho
Mundial de Igrejas). Quanto à sua trajetória de vida, vale lembrar que se valendo
de sua posição de integrante da Abwehr, a inteligência militar alemã da época,
ajudou a salvar a vida de judeus. A radicalidade de sua atitude eventualmente o
levou à morte. Daí pode-se afirmar que em Bonhoeffer ética e teologia estão a
serviço da vida.Pode-se afirmar ainda que tanto sua reflexão teológica como sua
prática de vida são exemplos de tolerância e aceitação das diversidades religiosas.
Daí o presente GT acolher propostas que tratem do tema da tolerância e da
diversidade religiosa a partir de textos de Dietrich Bonhoeffer.

159
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Nadando contra a
correnteza - ação a favor
Comunic.
da vida na prática pastoral Não haverá atividades
de Dietrich Bonhoeffer

Sivanildo Ribeiro Martins


IBAD

Experiência de fé e o
seguimento de Cristo em
Dietrich Bonhoeffer

Anderson Lima
PUC/RS

Interfaces entre o
pensamento do humano em
Zygmunt Bauman e
Dietrich Bonhoeffer

José Nilberto de Oliveira


Junior
IBAD

Diálogo entre Bonhoeffer e


Nietzsche

Manoel Alexandre Ferreira


IBAD

Secularização no
pensamento de Dietrich
Bonhoeffer

Renato Kirchner
PUC/Camp

A questão da verdade na
ética de Dietrich
Bonhoeffer

Josadaque Martins da Silva


UNIFESP

160
29 de outubro, terça-feira
Comunicações
Nadando contra a correnteza - ação a favor da vida na prática pastoral de
Dietrich Bonhoeffer

Sivanildo Ribeiro Martins1

O século XX foi marcado por grandes eventos que provocaram transformações


econômicas, políticas, sociais e religiosas. Na Alemanha um fato que chamou aa
atenção do mundo foi o Holocausto, conduzido por Adolf Hitler, que matou
milhões de judeus numa clara demonstração de racismo e intolerância. Na época a
igreja poderia ter sido uma voz em defesa dos inocentes, lutar contra a opressão,
combater a injustiça e proteger os mais fracos. Mas foi em grande parte conivente
com o governo e assistiu “aos irmãos” morrerem, sem piedade alguma por parte do
exercito nazista. O pastor e teólogo Dietrich Bonhoeffer foi um personagem que
neste contexto surge profeticamente como uma voz que protesta e exige que a
atuação da igreja seja traduzida pelo conteúdo do Evangelho, gerador da vida, de
tal modo que através da Igreja Cristo esteja presente no mundo. A vida e o
testemunho de Bonhoeffer são desafio à igreja de nossos dias. Uma análise da vida
e da teologia de Dietrich Bonhoeffer permitirá identificar a possibilidade de uma
igreja voltada para o mundo, que se envolva com o mundo servindo-o e que, em
semelhança a Cristo, promova a justiça.
Palavras-chave: ética; Dietrich Bonhoeffer; evangelho; eclesiologia.

***
Experiência de fé e seguimento de Cristo em Dietrich Bonhoeffer

Anderson Lima2

O presente tem por objetivo, analisar a relação entre a Experiência de Fé e o


Seguimento de Cristo, no pensamento de Dietrich Bonhoeffer. Na diversidade das
Religiões e Credos, justifica-se a necessidade de uma releitura da importância de

1
Bacharelando em Teologia pelo IBAD. Contato: siva.martins@hotmail.com.
2
Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Contato: anderson@ctfnovohamburgo.com.
161
uma genuína experiência de Fé para um correto seguimento das verdades pregadas
por Cristo. Como objetivos específicos busca-se delimitar o que é Experiência;
reforçar a necessidade de um real encontro com Cristo para um genuíno
seguimento de seus ensinamentos; analisar na experiência de fé de Bonhoeffer e
em sua produção teológica.
Palavras-chave: experiência; fé; Cristo; seguimento; Bonhoeffer.

***
Interfaces entre o pensamento do humano em Zygmunt Bauman e Dietrich
Bonhoeffer

José Nilberto de Oliveira Júnior3

O presente trabalho tem por objetivo verificar as interfaces entre o pensamento do


humano em Zygmunt Bauman e Dietrich Bonhoeffer e propor o discipulado deste,
teólogo alemão, como paradigma ao homem contemporâneo. Para isso, será
apresentada uma breve biografia dos autores mencionados e apresentado o
contexto histórico no qual teve início o pensamento desenvolvido por ambos. Em
seguida, será apresentada a visão do humano de Zygmunt Bauman, concentrando-
se no ser humano líquido, individualizado e consumista; posteriormente verificar-
se-á a visão do ser humano compromissado, que vive em comunhão e que vive
para o outro na perspectiva bonhoefferiana.
Palavras-chave: contemporaneidade; discipulado; consumo; líquido;
compromissado.

***
Diálogo entre Bonhoeffer e Nietsche

Manoel Alexandre Ferreira4

Na pré-modernidade a teologia era rainha das ciências: Deus estava acima de tudo.
Na modernidade a teologia perde o seu trono e Deus é colocado em questão. O
homem moderno coloca o mundo e a história sobre o razão da autodeterminação

3
Graduando em Teologia pelo IBAD. Contato: nilbertojr@gmail.com.
4
Graduando em Teologia pelo IBAD. Contato: alexandre-ferreira88@hotmail.com.
162
sem Deus. Nietsche propõe para o homem moderno que Deus está morto, e quem o
matou? Nós. As ciências tomaram o trono da rainha, colocando em cheque o
absoluto. Nietsche apresenta a teoria do ubermensch, o super-homem, o que
significa aceitar a possibilidade de viver de maneira radical a finitude e a morte
sem precisar de consolo metafísico. Foi neste cenário que surgiu Hitler. Ele nunca
condenou Deus em público, pois sabia que havia um pensamento em muitos
cristãos de que a autoridade real só poderia vir de Deus. Hitler utilizou uma base
filosófica nietscheana para embasar seus conceitos totalitários. Neste mesmo
cenário se vê um teólogo que foi capaz de fazer uma teologia para o seu contexto:
Dietrich Bonhoeffer, um contraponto ao ambiente intelectual influenciado pela
filosofia nietscheana. A presente comunicação pretende apresentar diálogo entre a
filosofia de Nietsche e a teologia de Bonhoeffer.
Palavras-chave: Dietrich Bonhoeffer; Nietsch; ubermensch.

***
Secularização no pensamento de Bonhoeffer

Renato Kirchner5

A secularização, segundo Dietrich Bonhoeffer, pode ser compreendida como um


processo histórico com implicações científicas e sociais, mas principalmente
religiosas. Há duas atitudes negativas do cristianismo em relação à secularização às
quais o teólogo luterano se opõe: a primeira utiliza-se da apologética em sentido
defensivo; a segunda usa do Deus ex machina como instrumento de acomodação.
Contudo, para abordar convenientemente a temática proposta, faz-se necessário
entender o processo de secularização a partir do senhorio de Jesus Cristo, uma vez
que o fundamento da compreensão do mundo pressupõe a presença de Deus como
Criador, Reconciliador e Redentor do mundo. O que se espera do cristão é uma
ação totalmente livre e responsável. Diante disso, a presente pesquisa tem como
objetivos principais responder às perguntas seguintes: a) De que maneira
desenvolve Bonhoeffer o tema da secularização? b) Em que sentido pode a
secularização ser vista com um elemento de purificação da fé cristã?
Palavras-chave: cristianismo; mundo; secularização; fé cristã; Dietrich
Bonhoeffer.
***
5
Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor na PUC/Camp.Contato: renatokirchner@puc-
campinas.edu.br.
163
A questão da verdade na ética de Dietrich Bonhoeffer

Josadaque Martins da Silva6

Procurar-se-á por meio desta comunicação expor direções para uma análise da
questão da verdade na Ética de Dietrich Bonhoeffer. Num excerto de Ética
intitulado “Que significa dizer a verdade?”, Bonhoeffer ressalta que o ser humano,
desde o momento em que passa a dominar a linguagem, é ensinado que suas
palavras devem corresponder à verdade. Mas o que é “falar a verdade”? Ora, ao
perguntar-se pela natureza do “falar a verdade”, Bonhoeffer se dá conta de que
significa algo diferente, dependendo da realidade situacional em que a verdade é
proferida. Sendo assim, sob essa perspectiva bonhoefferiana, é imprescindível
ponderar os respectivos contextos situacionais, pois há relação intrínseca entre o
“falar a verdade” e o mundo real. Nesse aspecto, dizer a verdade denota expressar a
realidade em palavras. Contudo, consoante Bonhoeffer, toda manifestação obedece
a certas condições, por conseguinte, o “falar a verdade” possui os seus limites, pois
tem seu lugar, sua hora e sua tarefa. Portanto, esta comunicação terá como objetivo
analisar o sentido atribuído por Dietrich Bonhoeffer à verdade, bem como expor as
condições pelas quais a palavra expressa se torna verdadeira.
Palavras-chave: ética; Dietrich Bonhoefer; realidade; verdade.

6
Mestrando em Filosofia pela UNIFESP. Contato: josadaquemartins@hotmail.com.
164
GT5 – “Edificando para Deus”: a
arquitetura do sagrado nas suas
diferentes manifestações
Coordenador

João Henrique dos Santos


Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor do Departamento de História
e Teoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Resumo

Ao longo de sua história, o homem construiu muito mais para Deus do que para si
próprio. As construções religiosas, desde os menires sagrados aos grandes templos
contemporâneos, para muito além do testemunho da fé, são marcos arquitetônicos
referenciais sobre o modo de perceber a maneira pela qual se deveria edificar a
Casa do Senhor sobre a terra, muitas vezes, espelho da morada que o homem
deseja para si próprio na eternidade. Desta forma, a presente proposta de GT visa
aprofundar a troca de experiências e percepções sobre essa importante temática na
História das Religiões, buscando acolher todas as propostas de comunicações sobre
a temática da arte e arquitetura religiosas, que abranjam todas as manifestações
religiosas, da Antiguidade à contemporaneidade, de qualquer matriz religiosa.
Valorizar-se-ão, de modo especial, as comunicações sobre a Arquitetura Religiosa
no Brasil.

165
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Projeto moderno de O significado da luz em


Comunic. globalização Companhia templos religiosos – uma
de Jesus: reflexos na análise da influência da Sem atividades
arquitetura religiosa da luz na arquitetura
América Portuguesa religiosa

Fernanda Santos Alfredo Damian Pacher


UFSC Majul
UFRJ
Camila Szczerbacki Costa
UFRJ
Mariana Campos Lima
Rocha
UFRJ

A presença dos anjos na Patrimônio religioso,


Capela de Nossa Senhora arquitetura e preservação
das Necessidades cultural na região
de Nova Iguaçu (RJ)
Fernanda Maria Trentini
Carneiro Luiza Georgia Viana Cunha
FURB UFRJ

Nathalia Borghi Tourino


Marins
UFRJ

Mística e devoção O significado da luz na


carmelita: a arquitetura Catedral de Brasília
religiosa dos terceiros em (Oscar Niemeyer), na
Minas Gerais Capela de Santo Ignacio
(Steven Holl) e Igreja da
Nívea Maria Leite Luz (Tadao Ando)
Mendonça
UFJF Ana Carolina de Meirelles
Lagden Muratori de Senna
UFRJ

A Catedral A arquitetura religiosa,


Metropolitana do Rio de entre paradoxos e
Janeiro. possibilidades
Uma Via Crucis de 300
anos João Henrique dos Santos
UFRJ
Estela Maris de Souza
UFRJ

166
Arquitetura e religião: o A religião como engano: a
caso da Igreja da visão da religiosidade
Irmandade do Santíssimo japonesa a partir da
Sacramento percepção dos jesuítas
Francisco Xavier, Cosme
Claudia Barbosa Teixeira de Torres e João
UERJ Fernandes nos primeiros
anos das missões no
Japão

Jorge Henrique Cardoso


Leão
UFF

167
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Projeto moderno de globalização Companhia de Jesus: reflexos na


arquitetura religiosa da América Portuguesa

Fernanda Santos7

Uma das primeiras tentativas de criar redes globais de ensino está associada aos
colégios dependentes de congregações religiosas. Neste sentido, é pioneira e
emblemática a rede de colégios intercontinental dos Jesuítas, com um conceito
arquitetural mimeticamente reproduzido nas diferentes paragens do globo onde
implantavam os edifícios colegiais, embora com as devidas adaptações à cultura
das regiões onde se instalavam. O objetivo da pesquisa é mostrar as semelhanças
entre os seus colégios e igrejas, na América Portuguesa, através de uma escolha
cuidada dos espaços de construção, bem como dos arquitetos, escolha que
geralmente assentava no currículo e na experiência de construção na Europa.
Tratando-se de uma ordem nova, no século XVI, detinha uma situação
particularmente favorável para se deixar impregnar, logo de início, do espírito
moderno, pós-renascentista e barroco.
Palavras-chave: globalização; arquitetura religiosa; jesuítas.

***
A presença dos anjos na Capela de Nossa Senhora das Necessidades

Fernanda Maria Trentini Carneiro8

Este artigo propõe apresentar a imagem do anjo presente na pintura do altar-mor da


Capela de Nossa Senhora das Necessidades, localizada na Freguesia de Santo
Antonio de Lisboa, na cidade de Florianópolis. Tal pintura encontra-se em tábuas
que cobriam o pano de fundo do nicho do altar-mor e estas, atualmente, estão
guardadas em um depósito nos fundos da capela. Pretende-se comparar a imagem

7
Doutoranda em História pela UFSC. Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia de
Portugal. Contato: fercris77@gmail.com.
8
Mestre em Artes Visuais pela UDESC. Professora de Artes na FURB. Membro do GP História
da arte: imagem e acontecimento, da UDESC. Contato: fetrentini@gmal.com.
168
destes anjos com obras da história da arte, especialmente a influência da arte
barroca, que caracterizou um ponto forte da Igreja Católica na representação de
imagens divinas, como referência e importante fator na construção do repertório
visual e artístico. A comparação sugere a significativa aparição do anjo, bem como
a valorização destas pinturas como memória artística local.
Palavras-chave: anjo; pintura; memória; arquitetura religiosa.

***
Mística e devoção carmelita: a arquitetura religiosa dos terceiros em Minas
Gerais

Nívea Maria Leite Mendonça9

No período colonial, a capitania de Minas Gerais foi fortemente marcada pelos


preceitos tridentinos, esses preceitos só foram possíveis de serem vivenciados
graças à atuação de leigos que se uniram em torno de associações religiosas como
as irmandades e Ordens Terceiras. Nosso objetivo é refletir sobre os templos dos
terceiros que envolvia toda uma arte que predominou neste período, isto é, o
barroco-rococó. Esta religiosidade barroca recorria nas artes plásticas toda forma
de simbolismo, já que o aparato cenográfico das igrejas servia para mexer com o
modo de ver e pensar da população, cuja principal preocupação era com a morte.
Nessa perspectiva, muitos irmãos ingressavam em uma associação religiosa que
visava garantir, após a morte, uma vida eterna no paraíso, além de sepultamento
digno dentro dos templos, uma vez que, estes espaços eram revestidos de
sacralidade, assim, os irmãos eram sempre lembrados durante as celebrações.
Palavras-chave: Ordem Terceira; arte barroca; Minas Gerais.

***
A Catedral Metropolitana no Rio de Janeiro: uma Via Crucis de 300 anos

Estela Maris de Souza10

9
Mestranda em História pela UFJF. Contato: niveajf@hotmail.com.
10
Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Orientada pela Profa. Dra. Maria Cristina
Cabral e coorientada pelo Prof. Dr. João Henrique dos Santos. Bolsista da CAPES. Contato:
emaris711@gmail.com.

169
O tema em questão aborda um assunto pouco discutido e mesmo esquecido pela
cidade do Rio de Janeiro. Como uma cidade que já foi Sede do Governo Geral
passou 300 anos com sua catedral itinerante? A Catedral de São Sebastião levou
300 anos para se estabelecer num espaço sagrado próprio, sendo abrigada por
várias igrejas de irmandades da cidade após o desmonte do Morro do Castelo onde
teve sua primeira fundação. O trabalho em questão remonta essa itinerância da
Catedral desde o Morro do Castelo até sua construção em definitivo na Esplanada
de Santo Antônio. São 300 anos de tipologias que vão desde o período colonial até
a expressão modernista da atual Catedral. As cidades em suas origens sempre
tiveram a representação do sagrado. Sejam elas ermidas, capelas, igrejas, templos,
sinagogas, catedrais, etc. No princípio a expressão do sagrado acontecia dentro das
casas em frente aos altares individuais. Conforme os núcleos sociais foram
crescendo, fez-se necessário a construção de espaços que congregassem pessoas no
entorno de uma mesma representação religiosa.
Palavras-chave: Rio de Janeiro; história urbana; Catedral Metropolitana;
Esplanada de Santo Antônio; catedral.

***
Arquitetura e religião: o caso da igreja Irmandade do Santíssimo Sacramento

Claudia Barbosa Teixeira11

As marcas da religiosidade dos portugueses que chegaram às terras cariocas estão


presentes na paisagem arquitetônica do centro da cidade do Rio de Janeiro até hoje.
Através das Irmandades religiosas os leigos puderam manifestar seu sentimento
religioso nas construções de seus templos e, dessa forma exercer um importante
papel na manutenção da fé católica. Este trabalho tem como objetivo apresentar na
paisagem urbana da cidade a construção da igreja da Irmandade do Santíssimo
Sacramento no ano de 1816. Buscou-se apontar, igualmente, as características
construtivas da mesma verificando se houve influência das disposições eclesiais da
época sobre a tipologia da construção executada.
Palavras-Chave: arquitetura religiosa; Irmandade do Santíssimo Sacramento;
Rio de Janeiro.

11
Doutoranda em História pela UERJ. Contato: claudiabarbosa@ibest.com.br.

170
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

O significado da luz em templos religiosos – uma análise da influência da luz


na arquitetura religiosa

Alfredo Damian Pacher Majul12


Camila Szczerbacki Costa13
Mariana Campos Lima Rocha14

Passando por diversos exemplos de templos religiosos no espaço e no tempo,


dentre eles a Catedral de Notre Dame de Paris e Igreja da Luz de Tadao Ando, no
Japão, o estudo tem como foco analisar o modo como a luz, principalmente a
natural, é usada como elemento central e como ela pode alcançar os objetivos aos
quais um templo se propõe de forma mais eficaz e sucinta que outros adornos
construtivos. Neste trabalho poderá ser observada a oposição entre a arquitetura
que situa o fiel através elementos palpáveis (a coisa é o que realmente é) e a
arquitetura que faz o mesmo, porém de forma metafórica. Neste caso a luz é a
metáfora que pode ter diversos significados. O estudo mostra que a arquitetura
religiosa, ao contrário do que se acreditava, pode ser renovada e atualizada sem
perder a tradição, sem perder o significado.
Palavras-chave: templo; luz natural; luz artificial; arquitetura religiosa.

***

12
Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: pasher_alfredo27@hotmail.com.
13
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: camilaszczerbacki.gmail.com.
14
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: marianacamposlr@gmail.com.
171
Patrimônio religioso, arquitetura e preservação cultural na região de Nova
Iguaçu (RJ)

Luiza Georgia Viana Cunha15


Nathalia Borghi Tourino Marins16

A presente comunicação deriva do Projeto de Extensão desenvolvido entre março


de 2012 e março de 2013 sobre a avaliação do estado preservacional de templos
católicos tombados pelo INEPAC no âmbito da Diocese de Nova Iguaçu (RJ). A
reflexão que se propõe é a da necessidade de implementar-se intervenções de modo
a integrar a microrregião de Nova Iguaçu a projetos turísticos, inclusive os de
turismo religioso, não subordinando-se ao centro maior de turismo, que é a cidade
do Rio de Janeiro. O estado de preservação bastante deteriorado de algumas igrejas
impõe a necessidade de intervenção arquitetônica, sendo esta limitada pelo
tombamento feito pelo INEPAC.
Palavras-chave: patrimônio religioso; arquitetura; preservação cultural; turismo;
Nova Iguaçu.

***
O significado da luz na Catedral de Brasília (Oscar Niemeyer) , na Capela de
Santo Ignácio (Steven Holl) e Igreja da Luz (Tadao Ando)

Ana Carolina de Meirelles Lagden Muratori de Senna17

A luz é um elemento essencial em qualquer ambiente religioso. Ao longo da


história, tanto a ausência quanto a presença de luz têm desenvolvido um papel
primordial, auxiliando, inclusive, no desenvolvimento de elementos e na
organização espacial que compõem esses espaços. Nota-se isso claramente fazendo
uma retrospectiva de igrejas medievais, passando pelo bizantino, românico, gótico
e até os dias atuais. Entretanto, há uma grande generalização quanto à significação
desse fator. Somente são captados seus aspectos que têm algum tipo de relação
com o divino. Essa associação não é errônea ou precipitada, e não pode, em

15
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Bolsista do PIBEX-UFRJ. Contato:
luiza.gviana@gmail.com.
16
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Bolsista do PIBEX-UFRJ. Contato:
nathaliabtmartins@gmail.com.
17
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: muratori.ana@gmail.com.
172
nenhuma hipótese, ser descartada, até pelo fato de que estamos nos referindo a
espaços que têm como principal questão a reflexão e/ou contato, seja ele em
qualquer grau, com algum tipo de ser sagrado. Essa experiência é tão sublime e
intensa que acaba por nos privar de uma análise mais aprofundada sobre outros
aspectos importantes que a iluminação pode proporcionar; intencionalmente ou
não.
Palavras-chave: Igreja da Luz; Capela de Santo Ignácio; Catedral de Brasília;
arquitetura religiosa; luz.

***
A arquitetura religiosa: entre paradoxos e possibilidades

João Henrique dos Santos18

A edificação dos espaços sagrados em todas as civilizações reveste-se das


características de um paradoxo epistemológico. Por um lado, o espaço sagrado
representa, na conceituação de Juan Antonio Ramírez, uma fronteira tênue entre a
utopia (o “não-lugar”) e a eutopia (o “bom-lugar”, o “lugar verdadeiro”). Nada
obstante, a Arquitetura dá-se no topos, no lugar. Desta forma, cria-se o paradoxo
de construir o não-lugar dentro do espaço. E foi a busca da resolução dessa
contradição que tem possibilitado aos construtores/arquitetos ao longo do tempo,
em todas as civilizações e em todas as manifestações religiosas, lançar-se à busca
da perfeição edificada.
Palavras-chave: arquitetura religiosa; teoria da arquitetura; utopia.

***

18
Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor no Departamento de História e Teoria da
FAU/UFRJ. Contato: santosjh@uol.com.br.
173
A religião como engano: a visão da religiosidade japonesa a partir da
percepção dos jesuítas Francisco Xavier, Cosme de Torres e João Fernandes
nos primeiros anos das missões no Japão

Jorge Henrique Cardoso Leão19

A presente comunicação tem por objetivo analisar a impressão que os primeiros


jesuítas, que chegaram ao Japão em 1549, tiveram da religiosidade nipônica. Como
de costume no Império Português, para decodificar os códigos culturais e religiosos
daquelas sociedades, por meio de um olhar etnocêntrico, os inacianos recorriam as
representações do catolicismo na tentativa de transpor para essas religiões os
ensinamentos do que consideravam como a verdadeira doutrina, em detrimento do
que também consideravam como os enganos da fé produzidos pelos gentios.
Almejava-se, contudo, com esta transposição etnocêntrica, estabelecer uma via de
contato com os autóctones para lançar as bases do Evangelho sobre essas
populações, através da catequese. No entanto, por conta da falta de compreensão
que os jesuítas tinham da cultura religiosa japonesa, os erros de associação foram a
causa dos choques culturais ocorridos entre ambas as civilizações.
Palavras-chave: jesuítas; Japão; religiosidade japonesa.

19
Doutorando em História pela UFF. Membro do GEHJA/UFF e NEJAP/UFSC. Bolsista
CAPES. Contato: jorgehcleao@msn.com.

174
GT6 – Escolas das religiões afro-
brasileiras e diálogos
Coordenador/a

Érica Jorge João Luiz Carneiro


Mestranda em Ciências Sociais pela Doutorando em Ciências da Religião
UFABC e Teóloga pela FTU. pela PUC/ SP e mestre em Filosofia
pela UGD / RJ.

Comentadora

Maria Elise Rivas


Mestranda em Ciências da Religião pela PUC / SP e Teóloga pela FTU.

Resumo

GT “Escolas das Religiões Afro-brasileiras e Diálogos” abordará projetos de


pesquisa que têm em comum a recorrência de demandas advindas da sociedade
quando se trata de pensar a formação, transformação do diálogo entre ciência e
religião sobre a construção identitária das religiões afro-brasileiras. O conceito de
Escolas traduz as possibilidades de compreender e vivenciar o Sagrado no universo
afro-brasileiro. Cada Escola é formada por um corpo de conhecimento
(Epistemologia), uma conduta (Ética) e uma forma de transmissão (Metodologia).
Para entender o processo de identificação das Escolas Afro-brasileiras torna-se
necessário compreender a linguagem, a simbologia utilizada e realizar um
meticuloso processo de pesquisa, considerando a gama de metodologias existentes
para analisar os vários templos-terreiros. São bem vindas neste GT pesquisas que
investiguem essas temáticas nas áreas das Ciências Sociais, Ciências da Religião,
História e Teologia.

175
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Entre linhas e falanges: a Ifaísmo na web 2.0: Meu dendezeiro é no angola:


diversidade da umbanda na embates digitais entre as o caboclo no candomblé de
Comunic. contemporaneidade escolas cubana e nigeriana inkisi J
de culto de Ifá anaina de Figueiredo
Saulo Conde Fernandes PUC/SP
UFGD Patricia Ferreira e Silva
USP

Entre dois mundos: Aprendendo yorubá no Ilè A moeda dos orixás


entre o pragmatismo da Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá
umbanda e o Salvacionismo Antonio Carlos Mendonça
Espírita – Marta Ferreira Viana
um estudo de caso UERJ UFF

Ana Maria Valias Andrade Stela Caputo


Silveira UERJ
UFGD

O conceito de “Escolas” Corpo e saúde: uma Tambor de mina: uma


como garantidor da perspectiva comparada abordagem a partir de seus
diversidade sem prejuízo entre religiões afro- elementos visuais
do “fundamento”: brasileiras e neopentecostais
esoterismo e exoterismos Wgercilene Machado Martins
nas tradições espirituais Ana Keila Mosca Pinezi UFMA
afro-brasileiras UFABC

Thomé Sabbag Neto Érica Ferreira da Cunha


UFPR Jorge
UFABC
Rafael Gapski Moreira
UFPR

A diversidade das Religiões Inclassificáveis: arcaísmos


Afro-Brasileiras em nos estudos das religiões Ciclo do marabaixo: uma
Curitiba/PR: afro-brasileiras das expressões da
o "mito do religiosidade
embranquecimento" Antonio José Vieira da Luz afrodescendente no Amapá
revisitado PUC/SP
Alysson Brabo Antero
Camila B. C. Martins UEPA
UFPR

Renata Issa Gomes


PUC/RJ

Ana Paula Farias


PUC/PR

176
Símbolos e sinais sagrados Tem arruda? Tem guiné e A dinâmica religiosa do
da umbanda: o ponto espada? Tem magia e candomblé em Goiânia a
riscado poder! partir da hermenêutica da
Abordagem etnobotânica de ação humana
Osvaldo Olavo Ortiz três espécies vegetais na rito
PUC/RS liturgia das religiões afro Rodolfo Ferreira Alves Pena
brasileiras UFPR

Wandir Vieira Leal


FTU

Novo som do ensino Transe, possessão e êxtase O catimbó de ontem não é


superior brasileiro: a religioso nas religiões afro- apenas a jurema de hoje:
Faculdade de Teologia brasileiras (in)visibilidade da tradição
Umbandista no campo em um culto das religiões
teológico e no universo Jociane Neves Negrão afro-brasileiras
sacerdotal FTU
João Luiz Carneiro
Maria Elise Rivas PUC/SP
PUC/SP, FTU

Pôsteres Panorama histórico da Orin de Elegbara- Estudo A presença de valores


formação do campo comparativo de um ponto culturais africanos iorubás
religioso e estabelecimento cantando, de origem jeje nas nas religiões afro-brasileiras
das religiões afro brasileiras religiões afro- brasileiras e
na sociedade na santeria cubana Fernanda Leandro Ribeiro
PUC/SP
Silvino Paixão da Silva Lais Verderame Silva
FTU FTU

177
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

A diversidade da umbanda na contemporaneidade

Saulo Conde Fernandes1

O presente trabalho visa debater a diversidade doutrinária e ritualística inerente à


religião umbandista. Para tanto, apresento primeiramente o mito fundador
umbandista numa perspectiva crítica, apontando as contradições nele presentes, e
mostrando que tal mito representa, de forma não homogênea, apenas uma parcela
dos umbandistas, aqueles praticantes da umbanda linha branca. Em seguida, para
evidenciar o caráter múltiplo e heterogêneo da umbanda, discuto algumas teorias
que sociólogos, antropólogos e historiadores utilizaram para se analisar a religião
(continuum religioso, hibridismo, rizoma). Por fim, descrevo, através da
etnografia, alguns exemplos recolhidos durante pesquisa de campo realizada no
local onde resido (Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul), mostrando
casos bem diferenciados de tendas e terreiros que se auto-intitulam como que de
umbanda.
Palavras-chave: umbanda; diversidade; mito fundador; teoria; etnografia.

***
Entre dois mundos:
entre o pragmatismo da umbanda e o Salvacionismo Espírita –
um estudo de caso

Ana Maria Valias Andrade Silveira2

O continuum religioso afro descendente compõe o conjunto das religiões de


possessão, do qual a Umbanda e o Espiritismo fazem parte. Tal continuidade torna
possível um diálogo, tendo em vista a manutenção/transformação ao promover

1
Mestrando em Antropologia Sócio-cultural pela UFGD. Licenciado em História pela UFMS.
Bolsista CNPq. Contato: saulo_microphonia@yahoo.com.br.
2
Mestranda em Antropologia pela UFGD. Contato: ana_vallias@hotmail.com.

178
resignificações para sobreviver dentro de um mercado de bens. Pretende-se analisar
duas casas religiosas, as quais estão localizadas em bairros periféricos do
município de Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul. Uma das casas se
aproxima mais do modelo Umbandista e a outra mais do modelo Espírita. Se por
um lado estes espaços se posicionam de formas diferentes, nas práticas, é possível
detectar similaridades, considerando o diálogo existente entre elas. Observar-se-á
um conflito existente entre aproximação e afastamento, mudanças e continuidades.
Assim, através de um trabalho etnográfico pretende-se contribuir com um
entendimento do dinamismo que representa o campo religioso, correspondente a
um continuum o qual, estes espaços religiosos serão contemplados.
Palavras–chave: diálogo; continuum religioso; dinamismo; sincretismo; mercado
simbólico.

***
O conceito de “Escolas” como garantidor da diversidade sem prejuízo do
“fundamento”: esoterismo e exoterismos nas tradições espirituais afro-
brasileiras

Thomé Sabbag Neto3


Rafael Gapski Moreira4

A diversidade formal de doutrinas e ritos (exoterismos) não compromete a unidade


substancial das tradições espirituais (esoterismo), apenas a adapta às circunstâncias
concretas do tempo e do lugar. Corretamente entendida à luz do conceito de
“Escolas” (F. Rivas Neto), a diversidade afasta o extremo do dogmatismo
intolerante às diferenças (ao permitir que a mesma verdade seja transmitida de
formas diferentes), mas também o do relativismo complacente com o erro (ao
exigir doutrina, ética e método de todas as Escolas). Além do domínio estritamente
religioso, a cultura da diversidade põe em relação dialógica a religião, a arte, a
ciência e a filosofia, buscando o ideal esotérico da síntese do conhecimento, pelo
que o esoterismo tradicional (presente, v. g., na Escola da Umbanda Esotérica) não
é elitista e tem na diversidade seu método mais eficaz. A Umbanda é
estruturalmente vocacionada a esse ideal, tendo aptidão privilegiada aos diálogos
intrarreligioso, inter-religioso e interdisciplinar.
Palavras-chave: diversidade; Escolas; esoterismo; exoterismo; diálogos.

3
Graduado em direito pela UFPR. Contato: tsabbagneto@yahoo.com.br.
4
Graduado em Engenharia Civil pela UFPR. Contato: rgapskim@gmail.com.
179
***
A diversidade das religiões afro-brasileiras em Curitiba/PR:
o "mito do embranquecimento" revisitado

Camila B. C. Martins5
Renata Issa Gomes6
Ana Paula Farias7

É bastante difundida a crença de que, em Curitiba, a religiosidade afro-brasileira é,


senão inexistente ou estatisticamente insignificante, pelo menos fortemente
reduzida às Escolas mais influenciadas pelas religiões do homem branco e
integrante das classes mais abastadas. Porém, essa crença na “limpeza” étnica-
social dos Terreiros decorre da mera camuflagem que torna socialmente invisíveis
as Escolas e Terreiros em que as influências negras e indígenas não são renegadas
ou atenuadas, que são em muito maior número do que o indicado pelos dados
oficiais e pelo senso comum. O “embranquecimento” da religiosidade afro-
brasileira é desvantajoso por implicar o esquecimento das origens ancestrais
(indígenas, africanas e indoeuropeias) comuns a todas as Escolas e que deram
origem à rica diversidade de seus ritos e doutrinas. A comunicação demonstrará,
por fotos de Terreiros e entrevistas a seus Dirigentes, que Curitiba contempla
amplíssimo espectro das Religiões Afro-brasileiras e suas Escolas.
Palavras-chave: diversidade; Escolas; mito; embranquecimento; religiosidade.

***

Símbolos e sinais sagrados da umbanda: o ponto riscado

Osvaldo Olavo Ortiz8

O símbolo designa um tipo de signo em que o significante (realidade concreta)


representa algo abstrato por força de convenção, semelhança ou contiguidade
semântica. Este artigo tem como objetivo estudar os símbolos e sinais riscados da

5
Doutora em Entomologia pela UFPR. Contato: camilabcmartins@gmail.
6
Pós-graduada em Design pela PUC/RJ. Contato: issarenata@gmail.com.
7
Graduada em Publicidade e Propaganda pela PUC/R. Contato: anafarias@anafarias.com.
8
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: olavosolera@uol.com.br.
180
Umbanda Esotérica e a Umbanda Mista ou Traçada e que são denominados de
Sinais de Pemba. O estudo comparativo destes sinais demonstrou a existência de
símbolos comuns às três matrizes formadoras do povo brasileiro: o europeu, o
indígena e o africano. E foi na Umbanda por meio do Sinal de Pemba, que esta
realidade multicultural se fez mais explícita.
Palavras-chave: inconsciente coletivo; ponto riscado; símbolos sagrados; Sinal de
Pemba; umbanda.

***
Novo som do ensino superior brasileiro: a Faculdade de Teologia Umbandista
no campo teológico e no universo sacerdotal

Maria Elise Rivas9

A proposta deste trabalho é compreender a presença de uma nova voz no campo


teológico no ensino superior brasileiro: a Faculdade de Teologia Umbandista. Esta
instituição que, recentemente, recebeu reconhecimento do Ministério de Educação
propôs o bacharelado em teologia com ênfase nas religiões afro-brasileiras. O
objetivo principal é coletar informações com os pais, mães e filhos(as)-de-santo
que cursam atualmente o bacharelado na expectativa de compreender as razões
que os motivaram. Além disso, pretende-se analisar como é estabelecida a relação
entre o saber religioso afro-brasileiro (vivente no interior de suas comunidades
religiosas) e o saber acadêmico (experiências compartilhadas a partir dos
componentes curriculares do bacharelado). O artigo resgata, portanto, dois
momentos. A incorporação dessa instituição do cenário teológico acadêmico e a
experiência dos adeptos cursantes.
Palavras-chave: Faculdade de Teologia Umbandista; teologia afro-brasileira;
saber acadêmico; saber religioso.

***

9
Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: maria.eliserivas@gmail.com.

181
Pôster

Panorama histórico da formação do campo religioso e estabelecimento das


religiões afro brasileiras na sociedade

Silvino Paixão da Silva10

Tem este o objetivo de contextualizar o panorama histórico na formação do campo


religioso brasileiro, e o estabelecimento das religiões afro-brasileiras na sociedade.
As religiões afro-brasileiras preservam a cultura, a memória e um conjunto de
saberes que a sociedade tentou eliminar por puro desconhecimento e medo, frutos
de ignorância imputados desde o descobrimento do país. Utilizamos como ponto de
partida para nossos estudos os livros: O Animismo Fetichista dos Negros Bahianos
de Nina Rodrigues, 1935; As religiões Africanas no Brasil de Roger Bastide, 1971;
“Raízes do Brasil” de Sergio Buarque de Holanda, 1963; O documentário “O Povo
Brasileiro” de Darcy Ribeiro, entre outros.
Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; orixás; povo brasileiro; Igreja Católica.

10
Graduando em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: silvinops2@gmail.com.

182
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Ifaísmo na web 2.0:


embates digitais entre as escolas cubana e nigeriana de culto de Ifá

Patrícia Ferreira e Silva11

Ao longo de nossa pesquisa de mestrado, ainda em andamento, deparamo-nos com


um instigante fenômeno, fruto da transnacionalização das religiões dos orixás,
potencializada pelos meios digitais: a atuação de religiosos de Ifá que se dá entre
internautas afro-religiosos brasileiros, em especial nas principais redes sociais,
como o Facebook, tanto de modo transversal, em espaços voltados amplamente às
religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé, como em espaços voltados
especificamente à divulgação e discussão dos ensinamentos do culto de Ifá. Trata-
se de uma valiosa oportunidade para a análise tanto de discursos voltados à
reconstrução de tradições religiosas afro-brasileiras, como de polêmicas e conflitos
entre diferentes escolas do culto de Ifá - nigeriana e cubana - que parecem fornecer
um contraste relevante entre distintos tipos de discurso que se alternam para
destacar a supremacia da verdade de Ifá e na busca por novos adeptos: o
ecumenismo e proselitismo afro-religiosos.
Palavras-chave: Ifá; Cuba; Nigéria.

***
Aprendendo yorubá no Ilè Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá

12
Marta Ferreira
13
Stela Caputo

Os terreiros abrigam modos de vida singulares, constituídos de saberes específicos.


Saberes que percebem, sentem, intuem, interpretam e narram o mundo. Há uma
epistemologia, uma maneira de conhecer própria nesses lugares de saberes que

11
Mestranda em Antropologia pela USP. Contato: sociologiaemcena@hotmail.com.
12
Mestranda em Educação pela UERJ/PROPED. Contato: ferreira-martasilva@hotmail.com.
13
PhD em Educação pela UERJ. Docente na UERJ/PROPED. Contato: stelauerj@gmail.com.
183
difere dos modelos epistemológicos dominantes. Pesquisamos possíveis redes
educativas estabelecidas neste espaço. Redes tecidas por danças, cantos, comidas,
rezas, folhas, mitos, artefatos, gestos, segredos. O yorubá perpassa todos esses
saberes, como um fio de linguagem que acende, organiza a comunicação dos
praticantes do culto. Neste ensaio apresentaremos reflexões iniciais sobre o Ilè Aşé
Omi Laare Ìyá Sagbá, Duque de Caxias - RJ. Nesse terreiro, todos possuem um
caderno/diário que começa a ser construído a partir da sua iniciação, onde
registram rituais, mitos, vocabulário, rezas, sonhos. Simultaneamente, a oralidade
continua sendo praticada em yorubá. Como se aprende e se ensina a língua; como
se vivencia e se recria a tradição nesse terreiro?
Palavras-chave: cultura; candomblé; Yorubá; educação.

***
Corpo e saúde: uma perspectiva comparada entre religiões afro-brasileiras e
neopentecostais

Ana Keila Mosca Pinezi14


Érica Ferreira da Cunha Jorge15

A proposta deste artigo é revisitar os conceitos de corpo e saúde para as religiões


afro-brasileiras e neopentecostais a fim de que possa ser estabelecida uma análise
comparativa entre as mesmas. Sabe-se que o atual arranjo do campo religioso
brasileiro, identificado, por exemplo, pelo IBGE no último censo aponta para o
vertiginoso crescimento das religiões neopentecostais, declínio de religiões
tradicionais (como o catolicismo) e estagnação do número de adeptos das religiões
afro-brasileiras. Pensando nessas questões, nossa proposta tem por objetivo
apresentar os conceitos de corpo e saúde para essas vertentes de maneira a refletir
sobre as semelhanças e diferenças entre elas. Em última instância, discutiremos as
estratégias de disseminação de seus saberes e de retroalimentação religiosa partir
dessas concepções.
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras; religiões neopentecostais; corpo;
saúde.

14
Doutora em Ciências Sociais pela USP. Professora adjunta IV da UFABC. Coordenadora do
PPGCHS – UFABC. Contato: ana.pinezi@ufabc.edu.br.
15
Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC: Contato: ericafcj@gmail.com.

184
***
Inclassificáveis: arcaísmos nos estudos das religiões afro-brasileiras

Antônio José Vieira16

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre alguns aspectos da
cultura africana iorubá (África ocidental) como noção de terra e de propriedade,
incluindo o que consistia o processo de “tornar pessoas cativas” que se difere do
processo escravagista empreendido pelos europeus. Alguns valores e modos de
viver dos iorubás podem ser encontrados na cultura brasileira, em especial, nas
religiões afro-brasileiras, devido ao grande número de iorubás que vieram para o
Brasil e devido ao fato de que a vida social e a vida religiosa na África não se
separam. Só recentemente os estudos têm mostrado o que de fato eram as
estruturas sociais africanas e aspectos éticos destas sociedades. Isto porque, por
muito tempo a produção de conhecimento sobre a África era tendenciosa. Esta
discussão será realizada a partir de uma análise histórica e a partir de estudos
antropológicos sobre oralidade.
Palavras-chave: África; iorubás; estruturas sociais; propriedade; religiões afro-
brasileiras.

***
Tem arruda? Tem guiné e espada? Tem magia e poder!
Abordagem etnobotânica de três espécies vegetais na rito liturgia das religiões
afro brasileiras

Wandir Vieira Leal Santos17

Procuramos com o presente trabalho investigar a simbologia e a representatividade


da Ruta graveolens L., Petiveria alliacea L. e Sansevieria trifasciata Hort.ex
Pran., plantas que integram o campo religioso brasileiro de forma singular e
particularmente ás religiões afro brasileiras. Buscamos em sua historicidade o elo
que as une desde o período colonial, momento em que a mescla cultural se
instaurou no país. Para conhecermos algumas de suas particularidades no âmbito

16
Especialista em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: aratish@uol.com.br.
17
Pós-graduada em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: wavileal@yahoo.com.br.
185
religioso e no social no que se refere à presença destas plantas em alguns espaços
públicos, realizamos pesquisa visando a obtenção de resultados de ordem
qualitativa e quantitativa. Com a anuência de algumas lideranças espirituais da
Umbanda e do Candomblé, por nós solicitadas, levantamos importantes
informações a respeito das referidas plantas. A partir dos depoimentos colhidos,
prosseguimos para uma análise anatomofisiológica das referidas espécies vegetais,
o que nos possibilitou estabelecer o diálogo entre os saberes teológicos e conceitos
da biologia vegetal.
Palavras-chave: etnobotânica; religiões afro-brasileiras; diagrama flora.

***
Transe, possessão e êxtase religioso nas religiões afro-brasileiras

Jociane Neves Negrão18

No Brasil dos séculos XIX e XX, o transe foi considerado patológico, merecedor
de intervenção medicamentosa, internação e repressão policial. Após inúmeros
embates, a Medicina e a Antropologia já concordam que transe e possessão não
estão relacionados à doença mental. O objetivo deste artigo é compreender a
importância do transe, possessão e êxtase religiosos nas religiões afro-brasileiras, e
promover uma reflexão sobre a maneira como se deu a interação entre as diferentes
culturas.
Palavras-chave: medicina; preconceito; religiões afro-brasileiras; transe.

***

18
Graduanda em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: jn.negrao@uol.com.br.
186
Pôster

Orin de Elegbara – Estudo comparativo de um ponto cantado, de origem jeje


nas Religiões Afro- Brasileiras e na Santeria Cubana

Lais Verderame Silva19

O objetivo desta pesquisa é estudar o Orin (canto ritual) de Elegbara “Imbarabô”,


comumente tocado nos ritos da Santeria Cubana- Tradição Lucumi e no rito de
Tambor de Mina do Maranhão. Através do documentário "A rota dos Orixás", de
Renato Barbieri , me chamou a atenção este orin, tocado no rito da casa de Pai
Euclides, no Maranhão. Pesquisando em sítios eletrônicos encontrei este mesmo
orin sendo cantado em todos esses rituais. A proposta é fazer uma pesquisa
comparada entre os ritos de dois terreiros que utilizam esse Orin e que
disponibilizaram visualizações destes ritos na rede sendo um deles de Cuba e o
outro do Maranhão.
Palavras-chave: orin; elegbara; tambor de mina; santeria cubana.

19
Graduanda em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: lalaverderame@gmail.com.

187
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Meu dendezeiro é no angola: o caboclo no candomblé de inkisi

Janaina de Figueiredo20

O culto ao caboclo está presente em diversas manifestações religiosas afro-


brasileiras e assumiu, ao longo da história, conotações diferenciadas na umbanda,
no candomblé e no candomblé de caboclo. A sua origem, segundo Prandi (1998),
parece estar ligada aos grupos negros bantos, que ao chegaram no Brasil foram
forçados a remodelar e reelaborar as crenças centradas nos seus antepassados,
elegendo a figura emblemática da nova e distante terra brasileira, o índio. Assim,
nessa comunicação pretende-se discutir a forma como, originalmente, a figura do
caboclo foi construída penetrando não apenas no imaginário popular brasileiro,
mas nos estudos sobre o candomblé angola. Se, por um lado, pode-se dizer que o
caboclo constitui como uma das chaves explicativas para compreender a nação
angola; por outro, tornou-se, no passado, o elemento que desarticulou e
deslegitimou essa nação e, no presente, fonte de legitimidade e diferenciação.
Palavras-chave: banto; angola; candomblé; caboclo.

***
A moeda dos orixás

Antonio Carlos Mendonça Viana21

Reflexão sobre o ensaio “A moeda dos orixás”, de Arno Vogel, Marco Antonio da
Silva Mello e José Flávio Pessoa de Barros. Fazendo uma analogia entre a
categoria dos “Fatos Sociais Totais” do “Ensaio sobre a Dádiva” de Marcel Mauss
e as despesas ocorridas com as Iniciações e coroações que ocorrem com o “Povo
de Santo” nas Tradições Religiosas Afro-brasileiras, relacionando esses fatos com

20
Doutoranda em Antropologia pela PUC – SP. Contato: janaacubalin@gmail.com.
21
Graduando em Antropologia pela UFF. Contato: antoniocarlosviana@yahoo.com.br.
188
as teorias de Georg Simmel sobre a importância e a centralidade do dinheiro nos
grandes centros urbanos e como ele afeta as relações sociais nessas cidades
influenciando nas decisões de seus habitantes.
Palavras-chave: moeda; orixás; dádiva; dinheiro; cidades.

***
Tambor de mina: uma abordagem a partir de seus elementos visuais

Wgercilene Machado Martins22

Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa sobre o Tambor de Mina que é a


denominação da religião de origem africana surgida em São Luís no séc. XIX,
iniciada por africanos vindos como escravos para o Brasil. O trabalho visa
contribuir com outras pesquisas realizadas, mas é importante enfatizar que essa
pesquisa está focada em um aspecto mais estético dessa religião, especificamente
em seus elementos visuais, considerando que cada entidade que no terreiro (casa de
culto) desce sobre as cabeças dos iniciados, tanto divindades africanas (orixás e
voduns), quanto fidalgos e caboclos; possui cores, acessórios, indumentárias e
objetos rituais específicos, assim como o comportamento no geral. A pesquisa está
sendo feita através de visitas aos terreiros assim como por observações e
entrevistas; com pai, mãe, filhos de santo e algumas entidades. A pesquisa está em
andamento e está sendo realizada na casa Ilê Ashê Obá Izô (casa do rei do fogo),
em São Luís.
Palavras-chave: Tambor de Mina; religião; elementos visuais.

***

22
Graduanda em Artes Visuais pela UFMA. Bolsista PIBID/UFMA. Contato:
wgercilene@hotmail.com.
189
Ciclo do marabaixo: uma das expressões da religiosidade afrodescendente no
Amapá

Alysson Brabo Antero23

O presente artigo versa sobre uma das mais expressivas manifestações culturais e
religiosas do Amapá: o ciclo do Marabaixo. Com o objetivo de analisar a
religiosidade de matriz africana em Macapá, a partir dessa manifestação, buscando
compreender a gênese, a expansão e a ressignificação desse fenômeno, optou-se
conceituar religião enquanto sistema simbólico (GEERTZ, 1978) e movimentos
religiosos de matriz africana enquanto formas de manifestações afrodescendentes
que comunica, perpetua e desenvolve as tradições herdadas de nossos
antepassados. A partir das leituras de Pereira (1989), Canto (1998) e Videira
(2009) será feita uma revisão bibliográfica das pesquisas já realizadas sobre o
Marabaixo. A elaboração de estudos a cerca dessa expressão religiosa, representará
um passo a mais em direção ao respeito à diversidade religiosa no Amapá.
Palavras-chave: Marabaixo; religiosidade; afrodescendentes.

***
A dinâmica religiosa do candomblé em Goiânia a partir da hermenêutica da
ação humana

Rodolfo Ferreira Alves Pena24

O Candomblé, no contexto das Religiões de Matriz Africana, é vivenciado a partir


do seu cotidiano prático e materializado em suas formas simbólicas. Muitas vezes,
sua comunicação e sua expressão não obedecem à lógica formal ocidental,
ocorrendo através de diversas manifestações de linguagem, sejam elas os
elementos sagrados, como os búzios, sejam elas as ações, como a dança e os
ritmos. O objetivo da presente comunicação é estabelecer uma proposição de
estudo do Candomblé em Goiânia a partir dos aportes filosóficos de Paul Ricoeur
(1913-2005), com base em uma metodologia que vise estabelecer uma

23
Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Membro do GP Religiões de Matriz Africana
na Amazônia/GERMAA. Contato: alysson.edu@gmail.com.
24
Mestrando em Geografia da Religião pela UFPR. Graduado em Geografia pela UEG. Contato:
pena.geografia@gmail.com.
190
hermenêutica da ação humana. Essa se conforma como uma expressão religiosa,
trazendo consigo suas dinâmicas e sensações, que permeiam o imaginário e os
sentidos. Tal hermenêutica configurar-se-á a partir das ações, que se promulgam
enquanto linguagem e por intermédio dos símbolos, dos signos e dos textos.
Palavras-chave: candomblé; Goiânia; hermenêutica.

***
O catimbó de ontem não é apenas a Jurema de hoje:
(in)visibilidade da tradição em um culto das religiões afro-brasileiras

João Luiz Carneiro25

Catimbó vem sendo pesquisado desde meados do século XX como uma tradição
afro-brasileira marcadamente nordestina. Inicialmente, sua prática ritual
influenciou a Jurema e, com o passar do tempo, a segunda praticamente incorporou
a primeira. A presente pesquisa busca apresentar outras manifestações do catimbó
em práticas religiosas afastadas da região nordeste do país, e que não
necessariamente estão ligados à Jurema; levando em consideração os elementos
rituais e sociais que o catimbó enseja nestes cultos hodiernos sob a perspectiva da
umbandização e do conceito teológico de escolas.
Palavras-chave: catimbó; religiões afro-brasileiras; Escolas.

***
Pôster

A presença de valores culturais africanos iorubás nas religiões afro-brasileira

Fernanda Leandro Ribeiro26

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre alguns aspectos da
cultura africana iorubá (África ocidental) como noção de terra e de propriedade,
incluindo o que consistia o processo de “tornar pessoas cativas” que se difere do
processo escravagista empreendido pelos europeus. Alguns valores e modos de
25
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: joao.carneiro@ftu.edu.br.
26
Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: fernandal_10@yahoo.com.br.

191
viver dos iorubás podem ser encontrados na cultura brasileira, em especial, nas
religiões afro-brasileiras, devido ao grande número de iorubás que vieram para o
Brasil e devido ao fato de que a vida social e a vida religiosa na África não se
separam. Só recentemente os estudos têm mostrado o que de fato eram as
estruturas sociais africanas e aspectos éticos destas sociedades. Isto porque, por
muito tempo a produção de conhecimento sobre a África era tendenciosa. Esta
discussão será realizada a partir de uma análise histórica e a partir de estudos
antropológicos sobre oralidade.
Palavras-chave: África; iorubás; estruturas sociais; propriedade; religiões afro-
brasileiras.

192
GT7 – Escolas públicas e
(in)tolerância religiosa

Coordenador/a

Janayna de Alencar Lui Nilton Rodrigues Junior


Doutora em Antropologia Cultural Doutor em Antropologia Cultural
pelo PPGSA/IFCS da UFRJ. pelo PPGSA/IFCS da UFRJ.
Professor da Faculdade Cenecista da
Ilha do Governador.

Resumo

As relações entre escolas públicas e religiões podem ser entendidas a partir de dois
modelos. Primeiro, a laicidade é entendida como a prática da ausência de símbolos
e rituais religiosos na administração pública. Segundo, pela prática dos grupos
religiosos se expressarem livremente no espaço público. A escola pública tornou-
se uma importante arena de disputa entre os diferentes atores sociais, resultando
em tensões que evidenciam diferentes visões de mundo, na qual estão mobilizadas
as agendas pedagógicas, dos Movimentos Sociais e dos grupos religiosos. Nossa
proposta é reunir trabalhos que tenham como objetivo analisar as relações entre as
religiões e escolas públicas buscando investigar se estas relações interferem no
processo de ensino-aprendizado e metodológico, na construção ou desconstrução
da tolerância e intolerância religiosa e na possibilidade ou impedimento de novos
desenhos tanto da estrutura pedagógica como das relações de
tolerância/intolerância religiosa.

193
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5a feira)

A (in)diferença e Ensino Religioso:


(in)tolerância em escolas assertivas e incertezas nas
Sem atividades
Comunic.
públicas escolas públicas

Sueli Martins Jacirema Maria Thimoteo


UFJF dos Santos
PUC/RJ

Uma história de combate O sagrado como objeto de


ao racismo no Marajó estudo no ensino religioso

Maria do Carmo Pereira José Antonio Correa Lages


Maciel UMESP
EMEIF

Rodrigo Oliveira dos Santos


UFPA

Identidades religiosas na Crença, adesão, aliança


escola pública: uma análise divina: percepções sobre
etnográfica do cotidiano “religião” entre alunos de
escolar escolas públicas paulistas

Bóris Maia Milton Silva dos Santos


UFF UNICAMP

Patrícia Marys
UFF

A escola e suas devoções Ensino religioso: ciência e


religião na atuação de
Nilton Rodrigues Junior professores
UFRJ
Kellys Regina Rodio
Saucedo
UNIOESTE

Vilmar Malacarne
UNIOESTE

Em travessia de Interfaces entre educação


[des]lugares: o corpo que escolar e saberes
dança “o diferente”, religiosos na Amazônia
incorpora-si e faz poesia
Maria Betânia Barbosa
Pedro Vitor Guimarães Albuquerque
Rodrigues Vieira UEPA
UFRJ

194
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

A (in)diferença e (in)tolerância em escolas públicas

Sueli Martins1

O discurso de professores de escolas públicas sobre a laicidade, ambíguo e


revelatório, podem ser divididos em dois módulos: os que dizem não se importar
com a presença da religião em espaços públicos e os que defendem a retirada dos
símbolos religiosos desse espaço. Esta comunicação pretende, a partir de estudo
etnográfico, enfocar como professores, da Rede Municipal de ensino da cidade de
Juiz de Fora - objeto de pesquisa sobre a Religião no Espaço Público -, tratam com
discursos distintos as manifestações e presenças de signos religiosos no espaço
escolar. A discussão sobre laicidade é necessária para compreender realidades
escolares específicas, antagônicas, conflituosas, mostrando uma intolerância
ocultada, escamoteada, pelo jogo de forças exercido pelo catolicismo, religião há
séculos majoritária no campo religioso brasileiro.
Palavras-chave: escola pública; intolerância; laicidade; espaço público.

***
Uma história de combate ao racismo no Marajó

Maria do Carmo Pereira Maciel2


Rodrigo Oliveira dos Santos3

1
Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Orientada pelo Prof. Dr.
Marcelo Ayres Camurça. Contato: suelimartins2009@gmail.com.
2
Co-autora. Professora responsável na EMEIF Tito Leão de Paula e professora de Ensino
Religoso na EMEF Prof. Oscarina Santos em Salvaterra, ilha de Marajó. Contato:
carminhaprofessoa@yahoo.com.
3
Autor. Mestrando em Educação pela UFPA (PPGED/ICED/UFPA) na Linha de Pesquisa
Educação: Currículo, Epistemologia e História. Líder do GP em Educação e Religião na
Amazônia (GPERA). Membro do GP em Filosofia, Ética e Educação (GPFEE/UFPA) e
Hermenêutica, Antropologia e Educação (GPHAE/UFPA). Bolsista da CAPES.Contato:
naumamos@yahoo.com.br.
195
Após a promulgação da Lei nº 10.639/2003, seguida pela Lei nº 11.645/2008,
muitas ações na educação e na escola brasileira passam a acontecer de forma mais
significa no que consiste a abordagem dos conteúdos de história e cultura africana,
afro-brasileira e indígena. Essas ações são monitoradas por diversos educadores
que nem sempre podem contar com poder público como deveria, já que este não
poderia demonstrar preferência ou vinculação, mas sim em assegurar os direitos e
deveres de todo e qualquer cidadão, de forma igualitária, prezando pelas diferenças
étnico-culturais. Nesse sentido, o presente trabalho busca traçar a história de
combate ao racismo numa cidade do Marajó, iniciada em 2008 e desenvolvida em
várias escolas públicas, sendo marcada por injúrias e perseguições, mas exaltada
por seus protagonistas, que não sua maioria é formada por alunos do ensino
fundamental, médio e técnico.
Palavras -chave: racismo; escola pública; cultura afro-brasileira; cultura indígena.

***
Identidades religiosas na escola pública: uma análise etnográfica do cotidiano
escolar

Bóris Maia4
Patrícia Marys5

A presente proposta está voltada a discutir resultados de pesquisas etnográficas


realizadas desde o ano de 2010 em duas escolas públicas do Estado do Rio de
Janeiro. O objetivo é mostrar como as identidades religiosas dos alunos aparecem
no ambiente escolar, assim como entender em que medida ela é (re)construída na
própria escola. Inicialmente focados nas aulas de ensino religioso, pudemos
perceber como uma gramática de valores religiosos, em especial, de matriz cristã,
tem sido introduzida na escola pública, a partir da observação de como esses
conteúdos têm sido apresentados em salas de aula e como o público majoritário das
escolas – os alunos – reage a esse processo, marcado por diferentes tipos de
resistência escolar. Assim, é parte do trabalho a apresentação dos conflitos

4
Mestrando em Antropologia pela UFF. Membro do Instituto de Estudos Comparados em
Administração Institucional de Conflitos e do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas.
Bolsista CNPq. Contato: boris.maia@globo.com.
5
Graduanda em Ciências Sociais pela UFF. Membro do Instituto de Estudos Comparados em
Administração Institucional de Conflitos e do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas.
Bolsista PIBITI/UFF. Contato: patriciamaarys@gmail.com.

196
identificados no ambiente escolar relacionados às formas de expressão de uma
identidade religiosa, tendo em vista que tais momentos evidenciam a vinculação
dos atores a determinadas grupos e crenças religiosas.
Palavras-chave: identidade; escola pública; religião.

***
A escola e suas devoções

Nilton Rodrigues Junior6

As escolas públicas no Rio de Janeiro são organizadas a partir do modelo segundo


o qual a religião é afirmada no espaço escolar por meio da profissão de fé
individual. Diretores, professores e alunos posicionam-se no ambiente escolar a
partir de suas crenças e pertencimentos religiosos. As relações entre os indivíduos
no interior das escolas são muitas das vezes conflitantes. Neste caso, os conflitos
ocorridos no espaço escolar são vistos como embrionários de uma situação
generalizada de intolerância religiosa, pois as escolas ora são espaços sociais de
desconstrução das intolerâncias, ora são espaços privilegiados de construção e
perpetuação dos comportamentos intolerantes. Observar a variabilidade das
relações entre as religiões e as escolas permitirá compreender as maneiras por meio
das quais o Estado laico constrói a inserção de diferentes segmentos religiosos no
espaço escolar. Meu objetivo é analisar as relações que possam existir entre escolas
públicas cariocas e as religiões.
Palavras-chave: escola; religião; identidade.

***
Em travessia de [des]lugares: o corpo que dança “o diferente”, incorpora-si e
faz poesia

Pedro Vitor Guimarães Rodrigues Vieira7

6
Doutor em Antropologia pela UFRJ. Professor da Rede CNEC e da Fundação CECIERJ.
Contato: niltonjunior@globo.com.
7
Mestre em Ciências da Arte pela UFF. Professor no Curso de Dança da UFRJ e de Artes
Cênicas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Contato:
pedraoufrj@yahoo.com.br.
197
Em travessia nos enfrentamos, em travessia nos aproximamos. Perdemo-nos,
reencontramo-nos uns com os outros, dos outros. Em travessia nos deparamos com
abismos que criamos para nos mantermos afastados daquilo que somos e
[des]conhecemos. O [des]lugar, assim, é como uma ponte entre dois mundos, que
precisa ser instaurada na procura pelo diálogo, pelas aproximações, pelas
inquietações. O [des]lugar é onde o diferente habita, onde falam o Si mesmo de
Merleau-Ponty e o Para não esquecer, de Lispector. Este artigo é parte do projeto
artístico-pedagógico Cia Arte in Cena – Núcleo de Artes, cujas produções e
articulações se estendem desde 2007, em diferentes Cidades do Rio de Janeiro.
Através deste, podemos articular problemáticas enraizadas nos processos culturais
e de formação, aos processos criativos, na escola, tendo em vista a apropriação do
espaço cênico, a própria arte, como lugar de mediação de conflitos (aspectos
sóciopolíticos, étnicos e, sobretudo, religiosos).
Palavras-chave: arte-educação; [des]lugar; mediação de conflitos; cultura;
religião.

198
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Ensino Religioso: assertivas e incertezas nas escolas públicas


Jacirema Maria Thimoteo dos Santos8

O presente trabalho tem como proposta delinear a questão da (in)tolerância


religiosa nas escolas públicas por meio da disciplina de Ensino Religioso. A
mesma é um componente curricular obrigatório como as demais disciplinas,
fazendo parte de uma das Áreas de Conhecimento citadas na Resolução nº 7/2010.
Seu objetivo principal é proporcionar ao aluno uma consciência crítica dentro da
pluralidade religiosa existente no Brasil, percebendo o outro como um outro
semelhante a ele. Porém, no Estado do Rio de Janeiro temos o Ensino Religioso
Confessional desde a promulgação da Lei nº 3459/2000 que oferece um Ensino
Religioso catequético onde a religião tramita livremente pelas escolas. Sendo
assim, o trabalho está delimitado em apontar a relevância desta disciplina como um
instrumento para trabalhar o princípio antropológico de pessoa enquanto
possuidora de uma dimensão religiosa e não de uma religião.
Palavras-chave: ensino religioso; escolas públicas; pluralidade religiosa;
dimensão religiosa.

***
O sagrado como objeto de estudo no ensino religioso

José Antonio Correa Lages9

Esta comunicação apresenta os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado


sobre o Ensino Religioso na Escola Pública, com um estudo de caso do projeto do
Paraná. Este projeto propõe o Sagrado como objeto de estudo. Seus fundamentos

8
Doutoranda em Teologia na PUC/RJ. Orientada pelo Prof. Dr. Joel Portella Amado. Contato:
jacirema@igeo.ufrj.br.
9
Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Mestre em História pela UNESP. Orientado
pelo Prof. Dr. Lauri Emílio Wirth. Contato: professorlages@gmail.com.

199
teórico-metodológicos podem ou não justificar sua inclusão como componente
curricular. A pesquisa busca investigar em que medida o Sagrado pode ter relação
com teorias e práticas de dominação, seja com possibilidades concretas de
construção de uma sociedade solidária e humanizadora. Desta maneira, é
imprescindível que no “Ensino do religioso”, na concepção de Régis Debray, os
desdobramentos do Sagrado sejam tratados de modo a serem percebidos pelos
educandos não apenas como conteúdos, mas, sobretudo, relações de poder dentro
de um campo religioso, na concepção de Bourdieu. Somente assim ficaria
garantido um papel fundamental desta disciplina para o reconhecimento da
aceitação do outro numa sociedade plural e diversa.
Palavras-chave: sagrado; dominação; solidariedade; alteridade.

***
Crença, adesão, aliança divina: percepções sobre “religião” entre alunos de
escolas públicas paulistas

Milton Silva dos Santos10

Através de levantamento recente realizado junto ao Portal Capes, foi possível


localizar 51 registros de pesquisas sobre o Ensino Religioso - ER em escolas
públicas brasileiras. Dos trabalhos consultados, nota-se que a maioria privilegia
questões em torno da formação docente; da implementação do ER nos sistemas
públicos de ensino; da sua historicidade e abordagem na atual legislação
educacional e nas Constituições brasileiras; dos debates entre defensores da
laicidade e os que aprovam o ER público; e suas variadas concepções vigentes no
país (confessional, interconfessional, história das religiões, etc.). São quase
inexistentes pesquisas que tratem, por exemplo, do momento da recepção dos
conteúdos de ER. Daí o propósito deste texto, que visa discutir algumas percepções
sobre o que é religião e a importância atribuída ao ER entre grupos de estudantes
do 9º ano que, em 2012, foram automaticamente matriculados no ER “oferecido”
em duas escolas estaduais da capital paulista.
Palavras-chave: religião; ensino religioso (Brasil); ensino religioso em escolas
públicas paulistas.

***
10
Doutorando em Antropologia Social pela UNICAMP. Bolsista CNPq. Contato:
miltonrpc@gmail.com.
200
Ensino religioso: ciência e religião na atuação de professores

Kellys Regina Rodio Saucedo11


Vilmar Malacarne12

Este artigo tem a intenção de apresentar algumas reflexões sobre a disciplina de


Ensino Religioso, suas origens e seu papel na escola. O objetivo do trabalho é o de
contribuir, inicialmente, com os professores de Ensino Religioso e com os demais
professores que, de alguma forma, abordam aspectos da religiosidade em sala de
aula. O texto, entre outras coisas, problematiza o processo de formação e de
contratação dos professores que ensinam religião no Ensino Fundamental; as
relações entre Ciência e Religião e como essas tem implicações no processo de
ensino-aprendizagem e na construção de encaminhamentos metodológicos. Os
resultados indicam a necessidade de que políticas para a área sejam pensadas e
aplicadas, sob pena de uma descaracterização destes conhecimentos. Aponta-se,
também, para a relevância em se repensar a construção de um currículo de Base
Nacional que norteie os conteúdos estruturantes e específicos do Ensino Religioso.
Palavras-chave: ensino religioso; formação de professores, ciência e religião.

***
Interfaces entre educação escolar e saberes religiosos na Amazônia

Maria Betânia Barbosa Albuquerque13

O texto faz um mapeamento dos saberes que perpassam a vida religiosa na ilha de
Colares, no Pará, e das formas como tais saberes são vivenciados em uma escola
formal de ensino. Tem como objetivo analisar como a escola dialoga com a
diversidade de saberes religiosos que entrecortam o cotidiano dessa ilha conhecida
como lugar sagrado, mágico ou portal da Amazônia. Pesquisa de campo de
natureza qualitativa, baseada em narrativas orais e na análise documental.

11
Graduanda em Pedagogia pela UNIOESTE. Membro do GP em Formação de Professores de
Ciências e Matemática. Bolsista CAPES. Contato: gildone@hotmail.it.
12
Professor no Programa de Pós-Graduação em Educação/Mestrado/CECA e da Área de Ciências
Humanas/CECA da UNIOESTE. Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Formação de Professores
de Ciências e Matemática. Contato: vilmar.malacarne@unioeste.br.
13
Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA. Contato:
mbetaniaalbuquerque@uol.com.br.
201
Teoricamente, inspira-se nos estudos sobre o catolicismo popular (BRANDÃO,
2007); religiosidade Amazônica (MAUÉS,1995) e as práticas xamânicas de
Colares (VILLACORTA, 2000). Com base nos pressupostos de uma educação
intercultural, indaga sobre como a educação escolar, nomeadamente, a disciplina
Ensino Religioso, configura-se, ou não, como espaço de construção de
subjetividades em consonância com a cultura local marcada pela diversidade
religiosa e pelo hibridismo cultural.
Palavras-Chave: religião; saberes; cultura; educação escolar, Amazônia.

202
GT 8 – Estados Unidos: religião e
sociedade
Coordenador

Daniel Rocha
Doutorando em História pela UFMG. Bolsista CAPES.

Resumo

O objetivo deste GT é reunir pesquisadores que trabalham, a partir de diferenciadas


abordagens e metodologias, as relações entre religião e sociedade na história dos
Estados Unidos da América. Entre os temas que interessam diretamente à
discussão podemos citar: polêmicas relativas às relações entre Igreja e Estado;
relações entre cristianismo e identidade nacional; transformações na teologia e na
prática do protestantismo norte-americano; diversidade e conflitos religiosos;
polêmicas nas relações entre ciência e religião; religião e política; entre outros.

203
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Religião e Progresso: Fundamentalismo X


a presença da religião no Neo-Ateísmo: eixos da guerra
livro Brazil and The de culturas nos Estados
Brazilians - portrayed in Unidos
historical and descriptive
sketches de Daniel Parish Roney de Seixas Andrade
Kidder e James Cooley UFJF
Fletcher, 1857
Ivan Dias da Silva
Débora Villela de Oliveira UFJF
USP

O legado fundamentalista Religião, política e a ‘guerra


do Seminário Teológico de cultural’ pelos jovens e entre
Westminster: reformistas x os jovens nos EUA
reconstrucionistas
Ariel Finguerut
Andréa Silveira de Souza UNICAMP
UFJF

Teologia da Libertação na A Jeremiad fundamentalista:


terra do dólar política, identidade nacional e
escatologia no
Jorge Claudio Ribeiro fundamentalismo norte-
PUC/SP americano (1970-1989)

Daniel Rocha
UFMG

A religiosidade e o direito Relações entre a ciência e a


norte-americano à luz das religião depois do onze de
contribuições de Ronald setembro
Dworkin
Paulo Donizéti Siepierski
Carlos Augusto Lima UFRPE
Campos
UEPA

As representações dos
missionários norte-
americanos na implantação
do projeto educacional
batista em Minas Gerais
(1897-1920)

Éder Aguiar Mendes de


Oliveira UFMG

204
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Religião e Progresso: a presença da religião no livro Brazil and The Brazilians


- portrayed in historical and descriptive sketches de Daniel Parish Kidder e
James Cooley Fletcher, 1857

Débora Villela de Oliveira14

Pretendo apresentar a forma como os autores do livro Brazil and The Brazilians -
portrayed in historical and descriptive sketches, publicado em 1857 nos Estados
Unidos, que tinha como tema principal a condição brasileira da época,
contemplaram o tema da religião nesse material. Embora os autores do livro
fossem pastores, esse tema acabou sendo secundário à narrativa, que tratava com
mais abrangência da política, da economia e da sociedade em geral. Todavia,
pretendo trazer a presença da religião na fala a fim de não apenas expor o modo
como entendiam e apresentavam as comparações entre catolicismo e
protestantismo a seus leitores, mas, sobretudo, observar como que, para os autores,
os temas da política e da religião se articulavam (e como essas articulações tinham
seus pontos de tensão), além do fato de também carregarem, consigo, traços de um
excepcionalismo e de uma cultura imperial norte-americana que já se desenvolvia
no período em questão.
Palavras-chave: livro; representações; Cultura Imperial; religião;
protestantismo.

***

14
Mestra em História Social pela USP. Membro do GE “Trânsito nas Américas: Viagens e
Viajantes”. Orientado pela Prof. Dra. Mary Anne Junqueira. Contato:
deboravilleladeoliveira@yahoo.com.br.
205
O legado fundamentalista do Seminário Teológico de Westminster:
reformistas x reconstrucionistas

Andréa Silveira de Souza15

A presente comunicação tem o intuito de apresentar um dos estudos que vem sendo
desenvolvido no grupo de pesquisas em fundamentalismo evangélico norte-
americano no Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade
Federal de Juiz de Fora. Destacamos que a pesquisa encontra-se em andamento,
portanto, apresentamos aqui apontamentos que não se pretendem conclusivos, são
resultados parciais e, sobretudo, hipóteses de uma pesquisa em curso. Observamos
que no contexto cultural norte-americano existem atualmente duas tendências
fundamentalistas opostas que também contribuem para delinear o conflito cultural,
religioso e político nos Estados Unidos, a saber, a reformista e a reconstrucionista.
O objetivo de nossa pesquisa é o estudo destas correntes, resultantes do legado de
um dos importantes expoentes no cenário religioso evangélico dos Estados Unidos,
o Seminário Teológico de Westminster, assim como do pensamento de um dos
seus fundados e um dos grandes nomes da teologia evangélica norte-americana, o
holandês radicado nos Estados Unidos, Cornelius Van Til. Nosso objetivo nesta
comunicação é apresentar apontamentos sobre este complexo cenário de conflito
cultural.
Palavras-chave: fundamentalismo evangélico norte-americano; reformistas;
reconstrucionistas; Seminário Teológico de Westminster; conflito cultural.

***
Teologia da libertação na terra do dólar

Jorge Claudio Ribeiro16

A Teologia da Libertação (TL), tendência que une religião e luta por justiça social,
surgiu na América Latina, a partir da década de 1960, no âmbito do catolicismo,
15
Doutoranda em Ciências da Religião pela UFJF. Mestre em Filosofia pela UFG e graduada em
Filosofia pela UFU. Bolsista da CAPES. Orienta pelo Prof. Dr. Wilmar do Valle Barbosa.
Contato: andrea_silveira@yahoo.com.
16
Professor titular e livre-docente em Ciências da Religião na PUC/SP. Doutor em Ciências
Sociais: Antropologia pela PUC/SP. Professor-pesquisador visitante na Columbia University em
Nova York pela Capes/Fulbright. Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 pelo CNPq.
Contato: jorgeclaudio@pucsp.br.
206
mas tem inspirado inúmeros movimentos, ações e reflexão e nos Estados Unidos.
O estudo da Teologia da Libertação (TL) nos EUA atende a dois objetivos
principais. O primeiro é conhecer uma face mais madura e solidária da religião
naquela sociedade. A vertente mainstream é mais conhecida por seu estilo
midiático, emocional e fundamentalista e contribuiu diretamente para as
manifestações mais ruidosas do pentecostalismo brasileiro. Segundo objetivo é
apontar confluências e diferenças na teologia da libertação na AL e nos EUA. Por
exemplo, nesse país, a TL se enraíza principalmente em solo protestante, que é
descentralizado e confere uma liberdade desconhecida no campo católico.
Palavras-chave: teologia; libertação; Estados Unidos.

***
A religiosidade e o direito norte-americano à luz das contribuições de Ronald
Dworkin

Carlos Augusto Lima Campos17

O universo jurídico norte-americano vem atravessando transformações no modo


como vem lidando com questões que, outrora, eram relegadas, convenientemente,
ao âmbito da vida privada, o que reduzia o cenário religioso pátrio à penumbra de
igrejas, lares e congregações. Tais transformações vêm adquirindo um caráter
sintomático na medida em que passam a constituir um marco no Estado e, por
conseguinte, no espaço público – como é possível verificar em alguns países
europeus, notadamente na França. Neste panorama, de expressivas
ressignificações, é válido questionar: o Direito norte-americano vem
acompanhando os fenômenos efervescentes no âmago social ou se constitui um
mero expectador? A presente investigação se propõe a estabelecer limites,
convergências e conflitos no diálogo travado entre a religião e as cortes
estadunidenses, de modo a delinear de maneira clarividente a influência de Ronald
Dworkin na sedimentação jurisprudencial de temáticas relacionadas à interface
direito e religiosidade.
Palavras-chave: direito norte-americano; religiosidade; Ronald Dworkin.

***
17
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto.
Graduado e mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Contato:
prof.carloscampos@gmail.com.
207
As representações dos missionários norte-americanos na implantação do
projeto educacional batista em Minas Gerais (1897-1920)

Éder Aguiar Mendes de Oliveira18

A presente comunicação busca compreender os motivos pelas quais os


missionários batistas norte-americanos escolheram a Nova Capital como espaço
por excelência do campo educacional mineiro a partir das representações de cidade
e/ou educação do projeto republicano em Belo Horizonte. O recorte temporal
delimita-se no ano da fundação do segundo educandário batista na capital mineira
em 1897 até o ano de 1920, marcado pela compra do terreno no bairro Floresta.
Para tais objetivos, analisarei as cartas enviadas pelos missionários à Junta de
Richmond (EUA) e os periódicos digitalizados pela Junta, localizados no banco de
dados virtual da “International Mission Board’s”, órgão da Convenção Batista do
Sul dos Estados Unidos. Dentre os títulos das revistas, destaco: “Southern Baptist
Missionary Jornal”, “Home and Foreign Fields” (1916-1937) e “The Foreign
Mission Journal” (1877-1916).
Palavras-chave: missionário batista; educação confessional; República.

18
Mestrando em História da Educação pela UFMG. Contato: ederaguiar@gmail.com.
208
31 de outubro, quinta-feira
Fundamentalismo x Neo-Ateísmo:
eixos da guerra de culturas nos Estados Unidos

Roney de Seixas Andrade19


Ivan Dias da Silva20

Nos estudos que temos realizado, sobre os atuais debates acerca das relações entre
religião e política no âmbito da sociedade norte-americana, uma importante chave
de leitura para uma efetiva aproximação dessas análises é a que decorre do
conceito de “guerras de cultura” apresentado pelo sociólogo da cultura James D.
Hunter, em seu livro Culture War: the struggle to define America, publicado em
1991. Com base nas considerações delineadas por James D. Hunter, nos propomos
a verificar o atual movimento neo-ateísta como um dos atores desta guerra de
culturas em curso. Nesta perspectiva, somos da opinião de que a perspectiva
cultural neo-ateísta, com suas próprias concepções de autoridade moral, de
apreensão da realidade e do ordenamento das experiências, opõe-se justamente a
uma moralidade de extração religiosa, em especial aquela fundada em uma
perspectiva fundamentalista, a qual tem comprovadamente influenciado o espaço
público norte-americano em seus aspectos culturais e políticos.
Palavras-chave: religião; política; Estados Unidos; fundamentalismo; neo-
ateísmo.

***
Religião, política e a ‘guerra cultural’ pelos jovens e entre os jovens nos EUA

Ariel Finguerut21
O trabalho percorre a trajetória dos três principais pastores do evangelismo
estadunidense contemporâneo (Billy Graham, Jerry Falwell e Pat Robertson).

19
Doutorando e Mestre em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Contato:
roneyseixas@yahoo.com.br.
20
Doutorando e Mestre em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Contato:
privandias@hotmail.com.
21
Doutorando em Ciência Política pela UNICAMP. Bolsista Fapesp. Contato:
arielfing@gmail.com.
209
Destacando o “despertar religioso” que eles suscitaram e sobretudo, o fato de que,
a partir de diferentes agendas e estratégias, eles se envolveram com a política e
demostraram interesse em mobilizar os jovens para suas causas tanto religiosas
como políticas. Nesse sentido, enfatizaremos o envolvimento de Billy Graham com
as “cruzadas” de evangelização (buscavam “salvar” os jovens de um modo de vida
“liberal” e “secular”), a criação da Liberty University em 1971 por Jerry Falwell e
da Regent University, um desdobramento da Christian Broadcast Network (CBN) -
criada em 1978 por Pat Robertson. Nosso objetivo concentra-se em entender suas
trajetórias que nasceram em um discurso religioso, se envolveram com a política
eleitoral e culminaram se voltando aos jovens discutindo as semelhanças e
diferenças entre cada um desses projetos.
Palavras-chave: evangelismo; guerra cultural; EUA; juventude.

***
A Jeremiad fundamentalista: política, identidade nacional e escatologia no
fundamentalismo norte-americano (1970-1989)

Daniel Rocha22

A presente comunicação busca fazer uma breve análise das relações que se
estabeleceram entre identidade nacional e perspectivas escatológicas na construção
do discurso do fundamentalismo protestante norte-americano durante as décadas de
1970 e 1980. Inicialmente, trataremos da permanência, ao longo da história norte-
americana, da “herança” dos Pais Peregrinos na construção de um imaginário
político marcado pela ideia de que os Estados Unidos seriam um povo eleito por
Deus, uma nação excepcional, fundada em determinados valores e virtudes, que
possui uma missão a desempenhar no mundo e um compromisso com seus valores
“fundacionais”. Em seguida, abordaremos como tal discurso foi apropriado pelo
conservadorismo protestante norte-americano, especialmente a partir da década de
1970, e traduzido numa espécie de Jeremiad: condenação da degradação moral e
da apostasia da Nation Under God com o anúncio do castigo iminente e, de outro
lado, o chamado para um retorno aos valores “fundacionais” e à “fé de nossos
pais”, retomando o caminho rumo a seu destino luminoso. Por fim, analisaremos o
impacto de tal discurso e do contexto da Guerra Fria nas formulações escatológicas

22
Doutorando em História pela UFMG. Bolsista da CAPES. Orientado pela Prof. Dra. Kátia
Gerab Baggio. Contato: danielrochabh@yahoo.com.br.

210
dispensacionalistas de autores fundamentalistas que fizeram muito sucesso nas
décadas de 1970 e 1980, como Hal Lindsey e Tim LaHaye, enfocando,
especialmente, qual seria o papel destinado aos EUA nas profecias relativas ao
final dos tempos.
Palavras-chave: Estados Unidos; fundamentalismo; milenarismo; puritanismo.

***
Relações entre a ciência e a religião depois do onze de setembro

Paulo Donizéti Siepierski23

O atentado terrorista de 11/09/2002 fez ressurgir o antigo estado de beligerância na


relação entre religião e ciência nos Estados Unidos. Há muito que ciência e religião
vinham se afastando, mas foi com o surgimento da biologia evolucionista
darwiniana que esse conflito se estabelecera em definitivo. No final da Segunda
Guerra Mundial houve a recuperação da credibilidade da religião, por causa da
perseguição dos nazistas aos judeus e também porque a guerra foi vista como
desdobramento do progresso científico. Uma vez que o atentado foi atribuído ao
fundamentalismo religioso, surgiram reações condenando a religião, sendo a mais
conhecida a vertente denominada Novo Ateísmo advogando que a religião deve ser
criticada e combatida pela ciência e eventualmente, erradicada da vida pública.
Ainda que alguns teólogos e pastores venham respondendo às críticas apresentadas
pelo Novo Ateísmo, suas tentativas até o presente não alcançaram aclamação geral.
De fato, a maior defesa da religião vem do âmbito da própria biologia
evolucionista darwiniana, percebendo a religião como um traço da evolução
humana. Esta comunicação tem como objetivo explorar essa possibilidade.
Palavras-chave: onze de setembro; religião e ciência; Novo Ateísmo; religião e
evolução.

23
Ph.D em Church History pela The Southern Baptis Theological Seminary. Professor no
Departamento de História da UFRPE. Contato: siepierski@dlch.ufrpe.br.

211
212
GT9 – Fundamentalismos
religiosos
Coordenadores

Cleber A. S. Baleeiro
Doutorando em Ciências da Religião Emerson Roberto da Costa
pela UMESP. Professor no curso de Doutorando em Ciências da Religião
Teologia (EaD) da UMESP pela UMESP. Bolsista CAPES.

Resumo

A proposta do GT “Fundamentalismos Religiosos” é reunir pesquisadores/as das


mais diversas áreas interessados/as no tema, especialmente em sua relação com a
diversidade religiosa que caracteriza o momento em que vivemos. Os
fundamentalismos religiosos surgem como uma reação interna à modernidade,
caracterizando-se, sobretudo, como portadores de uma verdade a partir da qual
interpretam e resignificam seus textos e tradições e por eles se legitimam. A partir
desse pressuposto esse GT pretende discutir temas como: a caracterização dos
diversos grupos fundamentalistas, a história dos grupos fundamentalistas, as
possíveis relações entre fundamentalismo e violência, modernidade, estado laico,
política e intolerância.

213
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Fundamentalismo Fundamentalismo e
protestante e pluralismo religioso
Sem Atividades
Comunic. pentecostalismo –
distanciamento e Lilian Araújo Baleeiro
proximidade UMESP

Osiel Lourenço de Carvalho


UMESP

Usos do passado na
Fundamentalismo ou legitimação da intolerância
fundamentalismos? Uma religiosa:
análise da problemática tradições a serviço da
conceitual e sociocultural violência simbólica
que transcendeu o seu
sentido e razão social Luciano José de Lima
UMESP
José Honório das Flores Filho
UMESP

Intolerância religiosa no O uso do corão como


espaço público: estudos de justificativa para ações de
casos violência urbana

Isabella de Oliveira Menezes Magno Paganelli de Souza


PUC/RJ Mackenzie

Fundamentalismos Fundamentalismos
religiosos e a política religiosos e violência
brasileira
Cleber Baleeiro
Emerson Roberto da Costa UMESP
UMESP

Fundamentalismo religioso Nova tolerância intolerante:


nas Testemunhas de Jeová: mudanças de relações de
observação participante em gênero nas Assembleias de
uma congregação Deus

João Daniel de Lima Simeão Otávio Barduzzi Rodrigues da


UFRN Costa
UNESP

214
Solus Christus: O Belo como proposta de
exclusivismo cristão e Evangelização para os
tolerância religiosa Arautos do Evangelho

Alceu Lourenço de Souza Murilo Alexandre dos Santos


Junior PUC/SP
Mackenzie

Pôsteres Vozes silenciadas da


liberdade

Rosana Castro de Luna


Rezende
UFJF

Claudilene Christina de
Oliveira
UFJF

215
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Fundamentalismo protestante e pentecostalismo: distanciamento e


proximidade

Osiel Lourenço de Carvalho1

Enquanto os fundamentalistas consideravam os dogmas a base do cristianismo, os


pentecostais não se preocupavam com doutrinas. Para eles a essência cristã estaria
além da dogmática, pois o encontro com Deus seria intermediado não pelo texto
bíblico, mas sim pela experiência com o Espírito Santo; além disso, não se
explicaria a realidade pelos conceitos e pela razão. Essa espiritualidade dos
pentecostais foi interpretada pelos fundamentalistas como uma afronta e
desrespeito às Escrituras “cientificamente comprovadas”. Não demorou muito para
que os pentecostais fossem acusados de fanáticos e supersticiosos pelos grupos
fundamentalistas. É interessante notar que nesse período os pentecostais se
aproximaram dos protestantes liberais, os quais tinham maior preocupação com
questões sociais. No entanto, posteriormente os pentecostais se alinharam aos
grupos e discursos fundamentalistas. Objetivos: Apresentar a origem do
fundamentalismo protestante e do pentecostalismo norte-americano. A partir daí,
demonstrar que fundamentalistas e pentecostais, inicialmente possuíam muitas
diferenças e distanciamentos; e que posteriormente esses dois grupos se alinharam
em seus discursos fundamentalistas.
Palavras-chave: fundamentalismo; protestantismo; pentecostalismo.

***

1
Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Mestre em Teologia pela UMESP. Membro
do GP Teologia no Plural . Bolsista CAPES. Contato: osiel_carvalho@yahoo.com.br.
216
Fundamentalismo ou fundamentalismos? Uma análise da problemática
conceitual e sociocultural que transcendeu o seu sentido e razão social

José Honório das Flores Filho2

A modernidade tem dessa dinâmica de transformação, adaptação, ressignificação,


elasticidade, flexibilidade, liquidez, transitividade, reflexividade etc. Onde os
conceitos pulam do seu sentido original e se adaptam, transformam-se, interagem,
fragmentam-se em várias outras concepções e noções. Tendo em vista que a língua
é dinâmica, no entendimento saussuriano linguístico e semiótico, evolui; algumas
se solidificam enquanto outras caem no desuso e tornam-se arcaísmos. Também
seus conceitos evoluem, mudam e se adaptam as novas realidades e sentidos. Nesse
entendimento esta proposta pretende analisar os conceitos de fundamentalismos e
seus usos acadêmicos e populares consensuais do termo. Existe fundamentalismo
anterior à modernidade? Um conceito concebido na modernidade, mas com
indícios pretéritos? É possível falar em fundamentalismo anterior a modernidade?
Essas são questões abordadas que pretendemos analisar nesta proposta.
Palavras-chave: fundamentalismo; conceito; modernidade.

***
Intolerância religiosa no espaço público: estudos de casos

Isabella de Oliveira Menezes3

A liberdade religiosa e o livre exercício dos cultos religiosos são direitos


garantidos pela Constituição Federal de 1988, e embora esses direitos sejam
assegurados por lei o cenário religioso brasileiro nas últimas décadas aponta para
um horizonte diferente: a intolerância religiosa. Ao passo que a diversidade
religiosa foi se alargando no Brasil, cresceram também os números de grupos
religiosos a fim de combater outras religiões; o exemplo mais expressivo é a
investida dos neopentecostais contra as religiões afro-brasileiras. Casos desse tipo

2
Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP, mestre em Ciências das Religiões pela
UFPB. Pesquisador do GP Religião e Periferia na América Latina – REPAL. Bolsista CNPq.
Contato: honoriomagister.floresfilho@yahoo.com.br.
3
Graduanda em Ciências Sociais pela PUC – RJ. Bolsista PIBIC/CNPq no Projeto Mapeamento
de Casas de Religiões de Matriz Africana no Rio de Janeiro: Visibilidade e Intolerância
Religiosa. Contato: isabellamenezes14@hotmail.com.

217
vêm sendo noticiados nos meios de comunicação, muitos deles ocorridos em
espaços públicos. Esse trabalho tem como objetivo analisar alguns destes eventos,
procurando identificar o discurso dos agressores e o embasamento teórico - a
teologia da batalha espiritual - a que esses recorrem para legitimarem suas ações.
Palavras-chave: intolerância religiosa; espaço público; teologia da batalha
espiritual.

***
Fundamentalismos religiosos e a política brasileira

Emerson Roberto da Costa4

As fortes desigualdades que ainda marcam as relações sociais no Brasil exigem


não apenas o incremento de políticas de inserção econômicas como também que
questões do âmbito da sexualidade, gênero, etnia e geracional sejam contempladas
nas políticas públicas. No entanto, tem-se verificado uma forte presença de atores
evangélicos no espaço público brasileiro fato que marca fortemente o cenário
político, principalmente pela pressão que esses grupos com posturas
fundamentalistas exercem em questões de seu interesse. O recrudescimento dessas
intervenções contra a promulgação de leis tais como a regulamentação do aborto,
da criminalização da homofobia e da união estável de homossexuais, tanto suscita
o questionamento acerca dos limites da laicidade no Brasil, quanto do processo de
secularização e da fidelidade aos preceitos religiosos, bem como impedem ações -
inclusive aquelas de caráter educativo – que reconheçam e favoreçam a pluralidade
e a diversidade. Assim, o propósito dessa análise é contribuir para a reflexão acerca
desses discursos fundamentalistas adotados como subsídio para legitimar o
posicionamento de representantes políticos evangélicos.
Palavras-chave: fundamentalismos; política; religião; gênero.

***

4
Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GP Mandrágora.
Bolsista CAPES. Contato: emerson_roberto_costa@yahoo.com.br.
218
Fundamentalismo religioso nas Testemunhas de Jeová: observação
participante em uma congregação

João Daniel de Lima Simeão5

Este trabalho é fruto de uma experiência etnográfica, realizada em uma


congregação das testemunhas de Jeová na cidade de Ceará-Mirim, no Rio Grande
do Norte. Utilizando-se de uma observação participante, teve anseios de
descontruir uma representação preconceituosa e simplista da religião.
Relativizando seu fundamentalismo religioso, que está impregnado em seus
costumes e regras, buscando uma ressignificação de suas práticas doutrinárias.
Palavras-chave: antropologia da religião; Testemunhas de Jeová; relativismo;
fundamentalismo; ressignificação.

***
Solus Christus: exclusivismo cristão e tolerância religiosa

Alceu Lourenço de Souza Junior6

No mundo contemporâneo tem sido urgente que as religiões (re)elaborem suas


relações inter-religiosas visando a preservação tanto de suas identidades e
existência, quanto do próprio tecido e paz social.O Cristianismo, religião de um
terço da humanidade,não tem ficado imune a esta pressão; entretanto, o seu
discurso fundante é o ensino claramente exclusivista de Jesus de Nazaré e seus
apóstolos. O problema que se apresenta, então, é como articular a tolerância
religiosa sem abrir mão dos fundamentos cristãos nem comprometer sua identidade
histórica própria. Este trabalho investiga o exclusivismo do Cristo e sua relação
com a intolerância religiosa no Cristianismo, materializada em inúmeros e
conhecidos episódios da História da Igreja, e propõe uma base para a tolerância
religiosa a partir do próprio exclusivismo do Cristo sustentado ainda hoje pelas alas
fundamentalistas do Cristianismo.
Palavras–chave: intolerância religiosa; exclusivismo cristão; fundamentalismo
protestante; soteriologia.

5
Graduando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: daniells16@hotmail.com.
6
Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Bacharel em Teologia pela EST, UPM.
Contato: alceujmc@hotmail.com.
219
***
Pôster

Vozes silenciadas da liberdade

Claudilene Christina de Oliveira7


Rosana Castro de Luna Rezende8

A tensão entre fundamentalistas e direitos humanos continua desafiando a


sociedade contemporânea. Prevalece em algumas religiões o desrespeito aos
direitos humanos e à dignidade, principalmente quando os temas remetem à
juridicização da sociedade civil. Dogmas religiosos repressivos sobrepõem-se ao
interesse coletivo e aos direitos de categorias essenciais, como os das mulheres,
que, no caso em tela, são oprimidas e têm negado o pleno direito da cidadania.
Diante desse contexto, este pôster tem como objetivo propor uma reflexão crítica
sobre a fala do guru indiano, Asharam: ancorado numa postura fundamentalista,
segundo a qual, conforme as escrituras sagradas, Deus sempre socorre aquele que
crê e a mulher fiel, ele afeta as esferas psíquicas e emocionais da mulher crente.
Insensíveis ao processo histórico cambiante, vozes fundamentalistas levantam-se e
desencadeiam um impasse no momento em que a sociedade indiana se insurge
contra o desrespeito às liberdades individuais das mulheres.
Palavras-chave: sociedade; fundamentalistas; direitos humanos; mulher.

7
Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: claudilene_christina@yahoo.com.br.
8
Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: rosacalure10@yahoo.com.br.

220
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Fundamentalismo e pluralismo religioso

Lilian Araújo Baleeiro9

Minha comunicação trata das perspectivas da relação dos três paradigmas


teológicos sobre a salvação, exclusivismo, inclusivismo e pluralismo. Assim vou
tentar explicar porque compreendo que os fundamentalistas cristãos geralmente são
exclusivistas, ou seja, a possibilidade de salvação se dá somente pelo
conhecimento explícito de Jesus Cristo e a pertença à igreja. Depois tratarei do
paradigma inclusivista e sua dificuldade de superar o exclusivismo
fundamentalista. Por fim, pretendo apresentar a teologia do pluralismo religioso
como reação a eles e como opção ao exclusivismo fundamentalista.
Palavras-chave: fundamentalismo; exclusivismo; inclusivismo; pluralismo.

***
Usos do passado na legitimação da intolerância religiosa:
tradições a serviço da violência simbólica

Luciano José de Lima10

É mais do que notório para a atual pesquisa historiográfica a apropriação do


passado clássico por regimes totalitários, alimentando uma ideia de continuidade
entre os mesmos, de modo que legitime o estado de coisas de tal regime. Assim
como também é observável na pesquisa histórica, a exclusão de determinados
grupos com base em argumentos históricos, apresentados como neutro e objetivo.
As múltiplas formas de apropriação do passado também podem ser observadas em

9
Mestranda em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GP Teologia no Plural. Bolsista
CAPES. Contato: lilianbaleeiro@gmail.com.
10
Mestre em História Comparada pela UFRJ. Bacharel em Teologia pela UMESP. Membro do
GP Expressões Religiosas Minoritárias de Cristianismo na Galiléia e Egito – UMESP e Grupo
Arqueologia História – UNICAMP. Contato: lvcivs@hotmail.com.

221
discursos de grupos religiosos para legitimarem a depreciação, quando não a
demonização de determinados grupos sociais. Tomando como pressuposto de
pesquisa que a história tem seu lugar de produção do passado no presente do
historiador, ou seja, que a investigação produz um discurso sobre o passado
representativo da visão de mundo no qual foi concebido, problematizamos as
apropriações de um passado cristão primevo e de um mundo bíblico mítico como
instrumento legitimador ou mesmo fabricador de construções identitárias que
excluem determinados grupos e sujeitos, alimentando assim a intolerância
religiosa, entendida como uma forma de violência simbólica sobre os mesmos.
Palavras-chave: apropriação; cristianismo; passado bíblico; identidade; usos
do passado.

***
O uso do Corão como justificativa para ações de violência urbana

Magno Paganelli de Souza11

Através desta pesquisa realizada por meio de revisão bibliográfica, procurarei


identificar reflexões de teóricos contemporâneos que trabalharam com a temática
da violência urbana e apontar um conceito de violência que seja minimamente
aceito por diferentes culturas e sociedades nas duas últimas décadas. Feito isso,
procurar reconstruir a genealogia do pensamento modelador de grupos extremistas
islâmicos e entender se as recentes ações terroristas realizadas por esses grupos
possuem qualquer vinculação a alguma interpretação radical do Corão que leve à
prática de ações que têm sido atribuídas pela mídia ocidental como característica
do Islã como um todo.
Palavras-chave: Islã; Corão; islamistas; violência; terror.

***

11
Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Bacharel em Teologia pela Unida de
Vitória – ES, com especialização em Novo Testamento. Membro do GE do Pentecostalismo –
Mackenzie. Bolsista CAPES. Contato: paganelli.magno@gmail.com.

222
Fundamentalismos religiosos e violência

Cleber Baleeiro12

Os fundamentalismos são um fenômeno típico da modernidade e só podem ser


compreendidos a partir dela. Mas quando falamos de modernidade queremos
destacar um momento específico, o que foi chama de modernidade tardia, alta
modernidade e até mesmo de pós-modernidade. A esse período, caracterizado
especialmente pela fragilização dos fundamentos e crise das identidades, os
fundamentalismos reagem retrocedendo a momentos idealizados das tradições
religiosas, construindo, dessa forma, sentido e estabilidade nas comunidades
religiosas. Essas tradições idealizadas ao mesmo tempo em que servem de chaves
interpretativas do mundo e modelo para a reconstrução das sociedades modernas
que, segundo os fundamentalismos, está distante dos projetos divinos. A partir
disso podemos afirmar que os fundamentalismos são violentos e que essa violência
acontece de duas maneiras: na defesa da tradição, como uma maneira de assegurar
segurança diante de um mundo inseguro; e na reconstrução da sociedade a partir da
tradição, quando valores caros às sociedades modernas são compreendidos como
contrários aos desígnios divinos.
Palavras-chave: fundamentalismo; violência; modernidade; religião.

***
Nova tolerância intolerante: mudanças de relações de gênero nas Assembleias
de Deus

Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa13

A intenção deste artigo é mostrar as mudanças ocorridas no cenário Pentecostal


Brasileiro em especial as Assembleias de Deus. Para ser mais especifico há de se
mostrar aqui as mudanças diversas relacionadas aos costumes, teologia, ética e
rituais que as Assembleias de Deus e algumas igrejas que se espelham nelas estão
passando. Em especial enfocar-se-á nesse trabalho as mudanças em relação a

12
Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professor no curso de Teologia
(EaD) da UMESP. Membro da Sociedade Paul Tillich do Brasil e do GP Paul Tillich de Teologia
e Cultura. Contato: cleber.baleeiro@metodista.br.
13
Antropólogo, jurista, doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Professor da
UNESP/FAAC – Bauru. Contato: adv.otavio@ymail.com.

223
gênero, tais como ordenação de pastoras, mudanças no sentido familiar do papel da
mulher, mudança nos sentido midiático, mudanças no discurso, na valorização da
mesma dentre outros apontamentos de gênero do que era há 15 anos atrás e de
como é agora. O objetivo é apontar as diversas mudanças que esse grupo tem
passado e mostrar as causas e influencias tais como a mídia e a teologia da
prosperidade tem se infiltrado em organizações religiosas que antes não aceitavam
tais influencias. Ocorre que tais influencias tiveram um impacto grande nas
relações de gênero que pretendem ser apontadas, mas não esgotadas. A
metodologia usada foi a da observação participante visto que o autor tem transito
sobre tais denominações religiosas visto ser presbítero da AD alem de antropólogo.
Palavras-chave: pentecostalismo; tolerância; gênero

***
O belo como proposta de evangelização para os Arautos do Evangelho

Murilo Alexandre dos Santos14

Esse trabalho é de minha dissertação no Mestrado em Ciências da Religião e tem


como objetivo elaborar revisão bibliográfica a respeito das bases teóricas da
religião, focando os preceitos relacionados à evangelização, a fim de propor
delineações referentes à relevância da temática do belo para os Arautos do
Evangelho como também discorrer acerca de delineações que foquem o belo como
estratégia de evangelização. O procedimento metodológico em que a pesquisa
acadêmica está envolta consiste em avaliar as bases teóricas relacionadas aos
fundamentos da evangelização, procurando analisar informações referentes à
temática, analisando os aspectos desta com os Arautos do Evangelho, bem como de
dados relativos à contextualização para a fundamentação do belo. Sendo uma
pesquisa que atua com um papel qualitativo, irá centrar-se a partir de concepções
teóricas acerca do objeto de estudo, levantando informações pertinentes às
estruturas discutidas durante todo o processo de pesquisa.
Palavras-chave: belo; Arautos do Evangelho; evangelização.

14
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC – SP. Contato: muriale@bol.com.br.
224
GT10 – Gênero e religião
Coordenadoras

Naira Pinheiro dos Santos


Doutora em Ciências da Religiãopela Sandra Duarte de Souza
UMESP. Professora da Escola Doutora em Ciências da Religião
Paulista de Direito. pela UMESP. Professora da mesma
instituição.
Nilza Menezes
Doutora em Ciências da Religião
pela UMESP.
.

Resumo

O GT objetiva discutir pesquisas que envolvam a articulação entre gênero e


religião, buscando analisar as implicações de gênero dos sistemas simbólico-
religiosos que informam as/os fiéis e as instituições sociais de maneira geral. A
religião, mesmo em um contexto secularizado, ainda se mostra como um
importante sistema de sentido na conformação das subjetividades masculinas e
femininas. Seu poder normatizador e regulador tem sido frequentemente discutido
no âmbito dos estudos feministas. Por outro lado, as ortodoxias religiosas se
deparam com a heterodoxia da vida cotidiana dos sujeitos religiosos, o que
relativiza significativamente o poder regulador das instituições e dos sistemas de
sentido religiosos. O GT acolherá propostas de comunicações que discutam
aspectos teórico-metodológicos dos estudos de gênero e religião, bem como
propostas que analisem os câmbios ou continuidades do discurso religioso acerca
dos papéis sociais de sexo num contexto de redefinição das identidades de gênero.

225
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (3ª feira) 31/10 (3ª feira)

Sexualidade feminina no A Sociedade de Vila Do Axé ao Aleluia: um rosto


Comunic. terreiro de candomblé Apostólica “Beneficência feminino do pentecostalismo
Hùnkpàmé Alairá Izó em Popular”: gênero e
Maceio/AL religiosidade através dos Lizandra Santana da Silva
discursos de religiosas UEFS
Amanda Patrícia Santos (1946-1988)
Lorena de Menezes
UFPE Clarissa Milagres Caneschi
UFOP

Morte, Sexo e o não sabido: Representações de gênero Novas configurações das


o que se revela na permeadas por violência famílias contemporâneas:
intolerância por femininos simbólico-religiosa no rupturas e/ou continuidades
“subversivos” do sagrado discurso midiático nos discursos e práticas de
paraibano metodistas e luteranos
Mariana Leal de Barros acerca do divórcio e novos
USP Silvia Silveira casamentos
UFPB
Noeme de Matos Wirth
Fernanda Lemos UMESP
UFPB

Erotismo e religião numa Festejo de Nossa Senhora Participação de lideranças


perspectiva feminista Mãe dos Homens – femininas na construção de
identidades, sincretismo, políticas públicas para
Ofir Maryuri Mora Grisales- religião e poder na afrorreligiosos em Belém,
UMESP Comunidade Remanescente Pará
Quilombola de Jaçatuba
Daniela Cordovil
Flávia Leite Gomes Faculdade UnB
Santa Fé

Homossexualidade e O patriarcalismo e a Representações de gênero


vocações em discernimento categoria de gênero ao longo nos interstícios do religioso
da história dos estudos de e do secular
Renan Rossi religião
UFSCar Naira Pinheiro dos Santos
Patrícia Garcia Costa UMESP
UMESP

A roda das donas: a mulher Representações de gênero Violência de gênero nas


negra do candomblé no Espiritismo: como se dá a religiões afro-brasileiras
distribuição dos papéis, ali?
Vanessa Soares da Silva Nilza Menezes
UERJ Roger Bradbury UMESP
UMESP

226
Levanta a mão e dá glória – Evangélicas e feministas: A “estragada” Raquel:
abuso sexual e violência sentidos da experiência gênero e (in)tolerância
doméstica na ADUD Sarah de Roure religiosa entre os Baré do
UnB Alto Rio Negro
Marcio de Carvalho Sampaio
UFRRJ Talita Sene
UFSC

Pôsteres As mulheres protestantes


também fazem gênero

Eliana A. Amancio Cerqueira


UniNove

227
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Sexualidade feminina no terreiro de candomblé Hùnkpàmé Alairá Izó em


Maceio\AL

Amanda Patrícia Santos Lorena de Menezes1

As casas de culto de religiões afro-brasileiras figuram como locais de resistência e


que vem se reelaborando sem descartar a sua relação com seu passado. Na
literatura especializada (Birman 1995; Segato 1995; Rios 2004) fica evidente que
os terreiros de candomblé são vistos como lugares com grande adesão de
homossexuais. O que nos faz pensar que as religiões afro-brasileiras, em
detrimento a outras religiões, são mais receptivas a pessoas com práticas
homossexuais. Porém, a maioria dos estudos que abordam a interface
homossexualidade e religião afro-brasileira trata da inserção e prática de homens
homossexuais nos terreiros. Assim, meu objetivo, no desenvolver dessa pesquisa é
pensar a interface entre sexualidade feminina e religião afro-brasileira, a partir da
análise da trajetória de vida das interlocutoras, a fim de compreender como essas
mulheres significam experiências pertinentes à sexualidade e como estas podem ser
entendidas dentro da dinâmica de um grupo religioso.
Palavras-chave: antropologia brasileira; sexualidade feminina; candomblé.

***
Morte, sexo e o não sabido: o que se revela na intolerância por femininos
“subversivos” do sagrado

Mariana Leal de Barros 2

As pombagiras, entidades femininas do panteão umbandista, são alvos


privilegiados de ataques de neopentecostais que utilizam a sua imagem de feminino
subversivo para demonizá-las. O objetivo é discutir o que faz com que ocupem
1
Mestranda em Antropologia pela UFPE. Contato: amanda.lorena@ymail.com.
2
Pós-doutoranda e doutora pela USP. Contato: marilealbarros@yahoo.com.br.

228
estes lugares de ataque, já que para a população umbandista a pombagira assume
posição reverenciada no sagrado. Pretendo, assim, apresentar os dados de trabalho
de campo realizado com mulheres médiuns de umbanda que contam com a
“presença” de suas pombagiras em suas vidas e, em contraponto ao discurso
neopentecostal, apresentam imagens de feminino que transcendem o prostituído e
demoníaco - que se revela tão e somente caricato destas entidades a depender do
interlocutor. A hipótese de análise contará, ainda, com uma perspectiva
psicanalítica que aborda como o aquilo que não se conhece, como costuma ser o
lugar do feminino, assume interpretações da ordem do “horror”, que se relacionam,
ainda, com o sexo e a morte, significantes emblemáticos destas figuras.
Palavras-chave: intolerância; feminino; umbanda; psicanálise; gênero.

***
Erotismo e religião numa perspectiva feminista

Ofir Maryuri Mora Grisales3

A experiência erótica foi geralmente tergiversada pelos usos restritivos que


historicamente se fizeram dela. Por causa disso as mulheres estão longe de
considerar o erótico como fonte de poder e realização. Diante da alienação material
e simbólica do erótico, e contra a fixação dos corpos em fórmulas estereotipadas,
sejam religiosas, culturais e/ou econômicas, reivindica-se o erótico como dimensão
criadora e positiva; como contestação ao individualismo das sociedades
contemporâneas. Nessa comunicação analisaremos o erótico na teologia latino-
americana. Primeiro apontaremos para uma possível definição do erótico, situando-
o dentro da reflexão teológica do continente, assim como mostrando sua
marginalidade. Em seguida chamamos a atenção para o resgate que alguns
autores/as têm feito desta categoria. E finalmente exploramos as potencialidades
que uma discussão feminista do erótico pode ter no sentido de abrir caminhos de
diálogo e ação transformadora.
Palavras-chave: erotismo; mulheres; teologia feminista; ética.

***

3
Doutoranda em Ciências da Religião pela UMESP. Contato:maryumora20@hotmail.com.

229
Homossexualidade e vocações em discernimento

Renan Rossi 4

Por muito tempo, inclusive no Brasil, o seminário católico foi associado à


concepção de um espaço de refúgio para homossexuais, que tinham a necessidade
de dar uma resposta às suas famílias e às suas comunidades de origem dentro de
um repertório restrito possibilidades. Tal resposta visava uma preservação
individual, assim como do todo comunitário, avesso a certo conjunto de indivíduos,
práticas e disposições. Já num contexto atual de alargamento e difusão dos direitos
civis, certas necessidades que antes respondiam como motivações para o ingresso
de jovens católicos no seminário, acabam por perder ao menos parte da sua
significação: outras fontes de repertórios e estratégias passam a ser consideradas
por estes atores sociais. Coadunando o referencial teórico da Teoria Queer com o
resultado de entrevistas realizadas com "vocacionados", seminaristas e ex-
seminaristas, proponho-me abordar a questão da homossexualidade no meio
católico, em especial entre membros e futuros membros do clero.
Palavras-chave: homossexualidade; vocação sacerdotal; formação presbiteral;
clero.

***
A roda das donas: a mulher negra do candomblé

Vanessa Soares da Silva 5

O presente estudo tem como objetivo apresentar a pesquisa realizada sobre as


mulheres negras, especificamente da religião do Candomblé. Buscou-se
compreender, a partir da análise dos conceitos de gênero, estereótipo e cultura, o
papel desempenhado por elas nas religiões de matrizes africanas, para a
manutenção dos saberes e fazeres. Trazendo para o interior desta cena a discussão
do cotidiano um grupo de mulheres que vivenciam suas religiosidades (re)
significando, seus papéis sociais inspiradas pelos mitos femininos da cultura
ioruba. Discutiremos a religiosidade como forma modelar de subjetividades,

4
Mestrando em Sociologia pela UFSCar. Contato: rossi.cso@gmail.com.
5
Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ. Contato:
nessadamatta4@gmail.com.
230
contextualizando as condições políticas, sociais e educacionais desta mulher na
construção de uma rede de sociabilidades.
Palavras-chave: mulheres negras; candomblé; gênero; cotidiano.

***
Levanta a mão e dá glória: abuso sexual e violência doméstica na ADUD

Marcio de Carvalho Sampaio6

A recente prisão de Marcos Pereira da Silva, Pastor-Presidente da Igreja


Assembléia de Deus dos Últimos Dias – Adud, acusado de abuso sexual
continuado de mulheres fiéis de sua igreja, fez emergir, no meu campo de pesquisa
junto à ADUD, onde, através de uma observação participante, pesquiso sobre:
“Masculinidades, Religiosidades e Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher”, uma nova questão analítica: a necessidade de se discutir abuso sexual
contra a mulher desatrelado da Violência Doméstica.
Pretende-se discutir os sentidos em que as categorias abuso sexual e violência
doméstica mantém aproximações e distanciamentos empíricos, discursivos,
históricos e analíticos. Objetiva-se problematizar os modos como a religião é
significada para 1) reconfiguração de masculinidades, pela contribuição para o fim
da violência doméstica e familiar contra a mulher; ou 2) para legitimar o abuso
sexual contra mulheres da ADUD.
Palavras-chave: religião; violências; gênero; masculinidades.

6
Mestrando em Ciências Sociais pela UFRRJ. Contato: mvale@centroin.com.br.

231
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A sociedade de Vila Apostólica “Beneficência Popular”: gênero e religiosidade


através dos discursos de religiosas (1946-1988)

Clarissa Milagres Caneschi7

Esta pesquisa volta-se à reconstituição dos discursos (manuscritos e impressos)


proferidos pelas mulheres integrantes da Sociedade de Vida Apostólica de
Beneficência Popular, acerca da trajetória institucional de sua Congregação e das
práticas sociais e pastorais que vieram a desenvolver como religiosas entre 1946-
1988. O intuito principal desta pesquisa é o de refletir sobre o processo de
constituição dessas mulheres como sujeitos da história a partir de sua ação junto
com os segmentos socialmente empobrecidos da Arquidiocese de Mariana e de sua
experiência de fé, mediada por suas práticas de escrita.
Palavras-chave: religiosidade feminina; discurso; cotidiano; práticas sociais.

***
Representações de gênero permeadas por violência simbólico-religiosa no
discurso midiático paraibano

Silvia Silveira8
Fernanda Lemos9

Segundo o entendimento socioantropológico, as religiões são estruturadas por


sistemas simbólicos capazes de prover sentidos e disposições às relações em
sociedade, estruturantes na medida em que incutem nos indivíduos a internalização
deste capital cultural de bens religiosos, materiais e simbólicos. Busca-se aqui,
através da análise de discurso de programa popular veiculado pela TV paraibana,
desvelar as representações sociais de gênero permeadas por este capital cultural.
Entre imagens e opiniões que reproduzem históricas relações de poder entre os
7
Pós-graduanda em História pela UFOP. Contato: clarissamilagres@uahoo.com.br.
8
Graduanda em Ciências da Religião pela UFPB. Contato: sas.ufpb@gmail.com.
9
Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: somel_ad@yahoo.com.br.
232
sexos, o discurso midiático mostra-se portador e propagador da normalização e
plausibilidade da violência simbólica na cultura paraibana. Tacitamente veículo de
transferência e de comunicação diacrônica do habitus de classe e sua moral
dominante, o discurso midiático de cunho religioso repercute uma divisão entre o
mundo natural e o mundo social, cuja ordem recobre antagonismos conservadores
dos papéis dos atores sociais nesta realidade.
Palavras-chave: campo religioso; gênero; mídia; violência simbólica.

***
Festejo de Nossa Senhora Mãe dos Homens: identidades, sincretismo, religião
e poder na Comunidade Remanescente Quilombola de Jaçatuba

Flávia Leite Gomes10

A pesquisa objetiva analisar e discutir as relações existentes entre os acionamentos


identitários e o poder discursivo exercidos pelas mulheres negras que lideram no
local pré, durante e pós- festejo, refletir sobre a existência entre os elementos
tradicionais e modernos no festejo, além do sincretismo religioso presente na
comunidade secular de Juçatuba, desde as gerações “antigas” às contemporâneas.
Palavras-chave: festejo; identidade; sincretismo; religião e poder.

***
O patriarcalismo e a categoria de gênero ao longo da história dos estudos de
religião

Patrícia Garcia Costa 11

A proposta para este estudo é entender como o patriarcalismo foi introjetado na


nossa cultura, e de que forma ele se faz presente até os dias de hoje,
especificamente nas igrejas tidas como protestantes, e mais particularmente nas
pentecostais. Faremos uma descrição teórico-metodológica da categoria gênero,
primeiramente, para entender como, quando e por que surgiu a palavra gênero
como categoria de análise, e posteriormente entender o papel da mulher no século
10
Especialista em Literatura Brasileira e Portuguesa pela Faculdade Santa Sé. Contato:
orquidiazul_fla@hotmail.com.
11
Mestranda em Comunicação Social pela UMESP. Contato: patriciagarcia_30@hotmail.com.
233
XXI e as profundas transformações que ela vem sofrendo ao longo das últimas
décadas, uma vez que esta nova realidade destaca a mulher e, consequentemente, a
categoria de gênero. O trabalho busca mostrar que o discurso religioso interfere de
maneira muito pontual nesta relação entre os sexos e constitui um corpo de análise
fundamental para os estudos de religião.
Palavras-chave: gênero; discurso religioso; igrejas pentecostais.

***
Representações de gênero no espiritismo: como se dá a distribuição dos
papéis, ali?

Roger Bradbury12

Esta pesquisa bibliográfica investigou as relações de gênero como condicionantes


da distribuição desigual de papéis e ocupações no Espiritismo, que embora sempre
mantivesse um discurso de igualdade dos sexos, baseado na reencarnação, produz
grande o número de mulheres médiuns e raríssimas pesquisadoras e líderes
femininas. Buscou-se compreender a divisão sexual dos cargos na hierarquia dos
(as) trabalhadores (as) espíritas a partir das representações de gênero do imaginário
espírita. O estudo mostra que os homens espíritas, entendidos como mais racionais,
dominam a produção doutrinária e a liderança administrativo-religiosa. Enquanto
que às mulheres sobra um papel mais passivo como médium ou evangelizadoras da
infância e juventude. Levantou-se a possibilidade do Espiritismo, enquanto
microssistema social estar atuando no sentido de reforçar e reproduzir a
desigualdade de gênero do macrossistema da sociedade ocidental, a qual é
claramente misógina.
Palavras-chave: espiritismo; representações de gênero; hierarquia.

***
Evangélicas e feministas: sentidos da experiência

Sarah de Roure13

12
Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: seararoger@gmail.com.
13
Mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional pela Universidad del Pais Vasco.
Contato: sarah.roure@gmail.com.
234
A experiência de mulheres evangélicas que se engajaram no movimento de
mulheres é o objeto desse artigo. Feministas têm afirmado que as mulheres em sua
diversidade constroem práticas de liberdade e emancipação, mesmo em contextos
adversos. Ao observar grupos do movimento de mulheres por todo o país, é
possível encontrar mulheres de diversas origens sociais e religiosas e entre elas
muitas cristãs evangélicas. Na maioria das vezes essa relação não é simples, seja na
igreja, no movimento, ou mesmo na vida dessas mulheres. O texto é, portanto, uma
primeira aproximação acerca dos sentidos e sínteses geradas a partir do cruzamento
do religioso e do político na vivência de indivíduos que transitam entre os dois
campos a partir do seu lugar de gênero. Para isso se utilizaram duas histórias de
vida como ponto de partida da análise desses dois campos que, em suas esferas
macro parecem cindidos, mas que, ao se materializarem no indivíduo ganha novos
contornos e explicações.
Palavras-chave: protestantismo; gênero; feminismo; movimento social.

***
Pôster
As mulheres protestantes também fazem gênero

Eliana A. Amancio Cerqueira 14

Este trabalho procura descortinar fatos importantes para a historiografia da mulher


protestante no Brasil, nos primeiros anos da década de 1930, mostrando sua
participação como importante fator para o fortalecimento e crescimento do
protestantismo brasileiro e mostrar a cultura como fator que tem servido de
fundamento para a construção dos gêneros. Esta orientada pelos postulados da
História Cultural. Escolhemos trabalhar com as mulheres protestantes nas
comunidades Batistas, Metodistas e Presbiterianas, por possuírem organização
feminina estruturada com registros nos jornais Batistas, Correio Doutrinal, Monitor
Cristão e O Estandarte e nas atas das reuniões das igrejas locais.
Palavras chave: mulher protestante; protestantes; gênero e cultura.

14
Graduada em História pela UNINOVE. Contato: elianacerqueira@yahoo.com.br.
235
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Do axé ao aleluia: um rosto feminino do pentecostalismo

Lizandra Santana da Silva15

A pluralidade religiosa do campo religioso brasileiro é um dos fatores que têm


provocado uma maior circulação de fiéis por diferentes grupos religiosos. A fluidez
dos adeptos entre as distintas religiões permite afirmar que os símbolos e as
práticas religiosas estão sendo intensamente apropriadas e ressignificadas, o que
favorece a permanência de laços identitários e simbólicos, ou seja, “o fiel” não
precisa necessariamente romper bruscamente com suas tradições religiosas.
Pretendemos nesta comunicação analisar as motivações pelas quais mulheres
adeptas do Candomblé se converteram às denominações protestantes na cidade de
Cachoeira-Ba, entre 1980 e 2007. A finalidade é compreender o protagonismo
feminino nos processos de trânsito religioso. Para tanto, utilizaremos as fontes
orais e os livros O Perfil da Mulher de Deus, O Perfil do Homem de Deus e O
Perfil da Família de Deus, do bispo Edir Macedo.
Palavras-chave: conversão; gênero; trânsito religioso; pentecostalismo;
Cachoeira-BA.

***
Novas configurações das famílias contemporâneas: rupturas e/ou
continuidades nos discursos e práticas de metodistas e luteranos
acerca do divórcio e novos casamentos

Noeme de Matos Wirth16

Na contemporaneidade, a família tradicional (pai, mãe, filhos) passou por uma


mudança de paradigmas gerando novas configurações familiares, mais flexíveis e
plurais. Nas novas configurações o elemento de constituição não é só a partir dos
15
Mestranda em História pela UEFS. Contato: sansi_escritora18@yahoo.com.br.
16
Mestranda em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: noemeklaus@luteranos.com.br.

236
laços de parentesco de natureza biológica e civil, mas principalmente, o da
afetividade. Nessa comunicação pretende-se analisar as rupturas e/ou
continuidades dos discursos institucionais religiosos no protestantismo histórico
mais especificamente nas Igrejas Metodista e Luterana acerca dos divórcios e
novos casamentos. Através da análise documental e da pesquisa de campo
pretende-se identificar qual o impacto que as novas configurações familiares
causam sobre o discurso institucional e sobre a prática eclesial. Nosso objetivo é
observar de que forma o posicionamento institucional religioso e a prática das
comunidades de fé são coerentes ou dissonantes diante das transformações
experimentadas pela instituição família na contemporaneidade.
Palavras chave: religião; família; divórcio; novos casamentos.

***
Participação de lideranças femininas na construção de políticas públicas para
afrorreligiosos em Belém, Pará

Daniela Cordovil17

Esta comunicação visa debater o papel que as mulheres, sacerdotisas de religiões


africanas, assumem na luta política dos afrorrreligiosos e em seu diálogo com o
Estado. A pesquisa se baseia em dados coletados a partir de entrevistas e
observação participante junto aos militantes afrorreligiosos de Belém, Pará. Foi
constatado que existe um número expressivo de lideranças femininas envolvidas na
construção de políticas públicas para afrorreligiosos, no entanto, a maioria dessas
mulheres tende a assumir um papel secundário na ocupação dos espaços de
militância. Muitas delas ainda necessitam do apoio de um afrorreligioso do sexo
masculino, seja ele sacerdote ou ogã da casa, para ocupar o espaço público
enquanto outras, apesar do seu envolvimento com a causa, têm seus esforços
menos reconhecidos do que o das lideranças do sexo masculino.
Palavras-chave: mulheres; gênero; religiões de matriz africana; políticas
públicas.

***

17
Doutora em Antropologia Social pela UnB. Contato: daniela.cordovil@gmail.com.

237
Representações de gênero nos interstícios do religioso e do secular

Naira Pinheiro dos Santos 18

O mundo moderno caracteriza-se pela diferenciação, pela progressiva separação e


delimitação de fronteiras entre o campo de ação da religião e aquele das demais
instâncias sociais, ditas seculares. As fronteiras, contudo, não se mostram tão
rígidas quanto fariam supor os paradigmas modernos. Ao invés de linearidade e
rigidez, a confusão e fluidez entre elas é que é constitutiva das diversas dimensões
da vida social no mundo contemporâneo. Secular e religioso se interpenetram,
confundem-se e se diferenciam. Preceitos religiosos são mobilizados no espaço
público, na política; mundo do trabalho, anúncios publicitários, produções
cinematográficas apropriam-se de referenciais mágico-religiosos. Não raro,
questões de gênero colocam-se no centro ou na interseção desse movimento.
Trataremos de analisar aqui, com base em pesquisa bibliográfica e de campo, o
lugar que o gênero e as representações de gênero ocupam na articulação do
mágico-religioso nas e pelas instâncias seculares.
Palavras-chave: gênero; religião; secularização.

***
Violência de gênero nas religiões afro-brasileiras

Nilza Menezes19

Resumo: A nossa proposta é de fazer algumas abordagens sobre os lugares de


gênero nas práticas religiosas denominadas afro-brasileiras. Caracterizadas pelo
importante papel feminino dentro desse modelo religioso, observamos que apesar
do grande numero de mulheres e do papel exercido pelas mesmas, a violência de
gênero naturalizada que dá lugares para homens e mulheres, se manifesta de
maneira sutil e ambiguamente costurada no tecido social dificultando a sua
identificação. Nossas observações são resultado de pesquisa realizada em terreiros,
templos, casas, Ilês na cidade de Porto Velho, Rondônia. Essas abordagens que
esbarram em fundamentos religiosos, por isso polemicas, tornam-se importante por
possibilitar visibilizar as construções de gênero no campo religioso afro-brasileiro.

18
Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: nairapinheiro@gmail.com.
19
Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: nilzamenezes@hotmail.com.
238
Palavras-chave: gênero; violência; religiões afro-brasileiras.

***
A “estragada” Raquel: gênero e (in)tolerância religiosa entre os Baré do Alto
Rio Negro
Talita Sene20

“Raquel, você gosta de ir à igreja?” “Huhum. Quando eu estava grávida, eu era


desviada”. “Mas quando você estava grávida, podia ir aos cultos?” “Não podia não,
o pastor não deixava. Mas agora eu não estou mais desviada, já posso ir.” “Por que
no culto de domingo você estava sentada sozinha na última fileira?” “Não sei.”
“Você gosta de sentar lá?” “É, eu gosto”. Dessa forma começou um de meus
diálogos com Raquel, indígena da etnia Baré, falante de nheengatu e português, e
moradora da comunidade Amiú/Betel, Alto Rio Negro, NE do Amazonas. A
história de Raquel é carregada de tensões, já que a mesma vive em uma
comunidade indígena evangélica e é mãe solteira. Por tal motivo é considerada por
seus parentes como “estragada”, fadada a viver sozinha (e excluída), a não ser que
se torne “abençoada” pelo casamento. Levando tais aspectos em consideração, este
texto visa refletir sobre como os Baré de Amiú/Betel vivenciam as relações de
gênero e as relacionam com a religiosidade evangélica. Tal pesquisa tem como
método a observação participante e faz parte de um projeto maior sobre a
concepção indígena a respeito da conversão ao cristianismo, realizada em parceria
com Eduardo Meinberg de A. Maranhão Fo.
Palavras-chave: gênero; intolerância; Alto Rio Negro; indígenas evangélicos.

***
Pôsteres

Candomblé em território porteño: identidade, gênero e resistência

Roseli Araujo21
A comunicação terá por objetivo expor reflexões das articulações de sacerdotisas e
adeptos do Candomblé para manter e propagar a religião dita afro-brasileira na
capital Argentina, reconhecida e idealizada nos últimos séculos como a mais

20
Mestranda em Antropologia Social pela UFSC. Contato: talitasene@gmail.com.
21
Granduanda em História pela UEFS. Contato: roseliaraujolima@gmail.com.
239
"europeia e branca" da América Latina. Quais as formas de resistência encontradas,
de que modo os ritos tornaram-se elementos propagadores para manutenção e
visibilidade, e/ou re/construção da identidade negra na capital argentina. O enfoque
será para as relações de gênero, hierarquia e papéis sociais vinculantes entre o
grupo de devotos. Utilizo para aporte teórico-metodológico das formulações de
Bourdieu para campo religioso, Chartier em representações sociais e Certeau para
compreender as re-significações dadas ao novo contexto territorial. Pensando do
lugar inicial de ter havido a "expansão do Candomblé" aos demais países latino
americanos, acredito que esta pesquisa auxiliará para redução dos processos de
xenofobias e ignorâncias hora produzidas e veiculadas na sociedade brasileira e
argentina, na medida que fomenta respeito às práticas e ritos religiosos da cultura
negra.
Palavras-chave: religião afro-brasileira; resistência; sacerdotisas; identidade.

240
GT11 – Hereges, judeus e infiéis e
a intolerância religiosa no
decorrer da Idade Média
Coordenadores

Adailson José Rui Marcus Cruz


Doutor em História pela UNESP. Doutor em História Social pela
Profesor na UFAL. UFRJ. Professor na UFMG.

Resumo

Este GT tem por objetivo reunir e discutir trabalhos relativos à questão


religiosa existente no mundo medieval, especialmente na Península Ibérica.
Nos interessam pesquisas nas quais sejam tratadas questões relativas à
diversidade e à (in)tolerância religiosa presentes no decorrer da Idade Média.
Dentre as questões que podem ser objeto de estudo e discussão destacamos: a
implantação do cristianismo; as resistências e permanências pagãs no âmbito
da religião cristã; a convivência e os enfrentamentos entre as
diferentes formas de viver o cristianismo; as relações entre poder e religião no
processo de construção dos reinos; as relações entre a Igreja de Roma e as
igrejas locais; as relações de (in)tolerância entre cristãos, judeus e
muçulmanos; as formas institucionais ou não de combate às heresias, as
diferentes fontes e o estudo de temáticas relacionadas com as religiões
medievais.

241
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Heresias e Hereges nas Eulógio de Córdoba: a Adversus Iudaeos – a


Comunic. Histórias Eclesiásticas da intolerância cristã frente criação do antissemitismo
Antiguidade Tardia (séculos à progressiva islamização no pensamento cristão
IV-VI) de Al-Andalus
Saul Kirschbaum
Marcus Silva da Cruz Adailson José Rui USP
UFMT UNIFAL

Eusébio de Cesaréia e a nova O Conceito de Jihad à luz O paradigma de Iudas-


História Eclesiástica do Corão e da tradição Iudei: Judas Iscariotes como
muçulmana representação do judeu no
Daniel Sleder Juízo Final e a Missa de São
UFMT Michele Rosado de Lima Gregório (MASP 428P)
Castro
UFOP Doglas Morais Lubarino
USP

O Venerável Beda e o Conflitos entre A doutrina do Pecado, fé,


combate ao paganismo na monarquia e o Clero no obras e o paradoxo do
Grâ-Bretanha do século VIII processo de aceitação do antissemitismo em Lutero
rito romano na Igreja
Itajara Rodrigues Joaquim Compostelana Filipe de Oliveira Guimarães
UFMT UMESP
Jordano Viçose
UNIFAL

Status Quaestionis sobre o A Investigação das Sobre a controvérsia entre


movimento donatista: religiões e a formação Martim Lutero e os Judeus
heresia, cisma ou resistência à políticocultural do na reforma do século XVI
romanização? principado Rus´ de Kiev.
Diversidade religiosa e Marcos Jair Ebeling
Emilson José Bento trocas culturais UMESP
USP
Fabrício de Paula Gomes
Moreira
UFOP

A representação A carta de Conrad Grebel


simbólica do Inferno na (1498-1526) para Thomas
Divina Comédia Müntzer (1490-1525)

Daniel Lula Costa João Oliveira Ramos Neto


UEM UFG

Duas Baleias na rede de


pesca: a terceira via hussita
de Petr Chelcicky

Thiago Borges de Aguiar


UNIMEP

242
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Heresias e hereges nas Histórias Eclesiásticas da Antiguidade Tardia (séculos


IV-VI)

Marcus Silva da Cruz1

A história do cristianismo é marcada desde seus primórdios pela heresia e pela


presença da figura do herético. Entendido, pela tradição teológica cristã, como o
desvio ou erro doutrinal os termos heresia e herético não indicam nada mais do que
concepções professadas por grupos que em relação ao desenvolvimento dogmático
cristão foram colocados à margem que apontam para tendências divergentes ou
movimentos separatistas. No objetivo é discutir as questões relativas às heresias e
as heréticos apresentadas nas Histórias Eclesiásticas de Eusébio de Cesaréia,
Sozomeno e Evragio Escolástico. Obras produzidas entre os séculos IV e VI e que
contribuem para o estabelecimento da “ortodoxia” cristã.
Palavras-chave: heresia; historiografia; Antiguidade Tardia.

***
Eusébio de Cesaréia e a Nova História Eclesiástica

Daniel Sleder2

O Século IV vive ainda sob a sombra da Anarquia Militar. As reformas intentadas


para resolver seus conflitos, tais como as crescentes burocratização e militarização,
continuam em curso. A aristocracia é alargada e assume novas formas. O
cristianismo, recentemente perseguido, agora é geralmente favorecido pelos
imperadores. Mas sua vitória não é certa, o Imperador Juliano “Apóstata”, nos dá
provas disso. Constantino o via como fator de unificação, mas possuía conflitos
internos, atestados pelo Arianismo e Donatismo, era heterogêneo. Eusébio de
Cesaréia insere-se neste contexto. Bispo, favorecido por Constantino, homem
culto. Inovando ao fundamentar-se em textos escritos e na autoridade, e não no

1
Doutor em História pela UFMT.Contato: emarcuscruz@uol.com.br.
2
Graduando em História pela UFMT. Contato: danielsleder@hotmail.com.
243
livre juízo dos autores pagãos, escreve uma história da nação cristã, suas lutas
contra as perseguições e heresias, antiguidade e autoridade através da sucessão
apostólica, municiando os cristãos na luta contra o paganismo.
Palavras-chave: cristianismo; História; Eusébio de Cesaréia.

***
O Venerável Beda e o combate ao paganismo na Grã-Bretanha do século VIII

Itajara Rodrigues Joaquim3

Com o abandono dos Romanos do território da Grã-Bretanha e a chegada da


migração Anglo-Saxônica nos séculos V e VI os costumes e as leis romanas
enfraqueceram. O povo Anglo-Saxões tinha seus costumes, lendas, religiões e
cultos pagãos, mas um clero cristão que já havia sido constituído na Grã-Bretanha,
tinha à necessidade de combater ao paganismo e obter a conversão desse povo ao
cristianismo, principalmente de seus lideres. Venerável Beda, monge, estudioso de
origem saxônica nascido em 672, entregue para ser criado pela igreja aos sete anos
de idade. Em seu livro Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum, um de seus escritos
mais importantes, ele trata desde os primeiros missionários enviados por Roma no
século V até as condições do clero no século VIII. A forma com que Beda
descrevia os fatos ocorridos, ele não queria apenas contar as histórias eclesiásticas
de sua nação, ele escreveu com o intuito de ajudar os outros clérigos a combater o
paganismo e obter a conversão do povo.
Palavras-chave: cristianismo; paganismo; Venerável Beda.

***
Status Quaestionis sobre o movimento donatista: heresia, cisma ou resistência
à romanização?

Emilson José Bento4

Esta pesquisa tem como objeto treze sermões da obra Tractatus In Iohannes
Evangelium de Agostinho de Hipona (354-430), que permitem ter acesso à sua
polêmica com o donatismo, movimento que floresce no início do século IV após a

3
Graduanda em História pela UFMT. Contato: itajara1@hotmail.com.
4
Mestrando em Filologia, Língua Portuguesa pela USP. Contato: emilson@usp.br.
244
liberdade de religião concedida pelo Imperador Constantino. Esta polêmica
acompanha praticamente todos os quase quarenta anos do ministério eclesiástico de
Agostinho. Nas últimas décadas, se procurou investiga-la não só como fenômeno
religioso ou querela teológica, mas principalmente como reflexo de condições
culturais, econômicas e políticas da Província Africana (cf. diversos autores),
objetivo desta comunicação, portanto, é apresentar os resultados alcançados na
busca do status quaestionis destas mais recentes hipóteses de investigação,
resultados estes que contribuirão para a análise dos sermões que constituem o
corpus que se buscou construir para esta pesquisa. Em um segundo momento, será
apresentada uma análise da construção da imagem dos donatistas, feita por
Agostinho, em dois de seus sermões.
Palavras-chave: Status Quaestionis; movimento donatista; Tractatus In Iohannes
Evangeliun; Agostinho de Hipona.

245
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Eulógio de Córdoba: a intolerância cristã frente à progressiva islamização de


Al-Andalus

Adailson José Rui5

Em meados do século IX, em Al-Andalus, foi iniciado um processo de intolerância


cristã frente ao Islã. Não se tratou de uma reação relacionada ao domínio territorial,
pois reações desse tipo ocorreram desde o princípio da entrada dos muçulmanos
em terras ibéricas. Tratou-se de uma reação no campo da espiritualidade. A
entrada dos muçulmanos em 711, na Península Ibérica, seguiu a prática adotada
por eles em todas as partes: a submissão das áreas conquistadas. No entanto, essa
submissão estava relacionada ao campo administrativo. Não tinham como meta
forçar a conversão dos vencidos, condição que possibilitou a permanência da
religião cristã em terras dominadas pelo Islã. As consecutivas transformações na
comunidade islâmica de Al-Andalus, quanto à forma de vida, fez com que a
comunidade cristã começasse a perceber e a sentir um processo de amplo e rápido
decréscimo. Diante dessa situação, no princípio da segunda metade do século IX,
começou em Córdoba, o movimento voluntário de cristãos que buscava alcançar o
martírio e, com isso, exaltar os ânimos e revigorar a fé das comunidades cristãs em
terras de Al-Andalus.
Palavras- chave: Eulógio de Córdoba; Moçárabes; Al-Andalus.

***
O Conceito de Jihad à luz do Corão e da tradição muçulmana

Michele Rosado de Lima Castro6

A palavra Jihad é comumente traduzida como “guerra santa” muçulmana. Sabemos


que esta tradução não é razoável, já que se trata de um conceito muito mais
complexo e remete a outros tantos esforços que não somente o de guerra armada,

5
Doutor em História pela UNIFAL Contato: aj.rui@terra.com.br.
6
Graduanda em História pela UFOP. Contato: michelerosado1@hotmail.com.
246
como a tradução sugere. Ademais, é comum que o termo apareça associado à
justificativa do terrorismo e, por conseguinte, associado a atos de violência conta
outros estados. Assim, além de ser uma tradução que resulta de uma análise
bastante superficial, ainda é uma explicação que diz muito mais sobre os
desentendimentos entre Ocidente e Oriente ao longo do tempo do que
propriamente soluciona a dúvida do que vem a ser o Jihad. Dessa forma, o objetivo
desse trabalho é fazer uma profunda análise nos escritos base da jusrisprudência
Islâmica, o Corão, os hadith e a sunnah, a fim de buscar compreender e caracterizar
o conceito de Jihad.
Palavras-chave: Jihad; Corão; hadith; sunnah.

***
Conflitos entre monarquia e o clero no processo de aceitação do rito romano
na Igreja Compostelana

Jordano Viçose7

O século XII é um período crucial para a uniformidade litúrgica do cristianismo.


Tendo como pressuposto o território ibérico, nosso objetivo centra-se em verificar
a transição do rito toledano, ou moçárabe, ao romano, na Igreja de Santiago de
Compostela. Transição que gerou resistências por parte do clero compostelano em
relação a atuação da monarquia castelhana sob o reinado de Alfonso VI (1039-
1109). Para a realização de tal estudo utilizaremos como fonte a Historia
Compostelana, obra produzida nas primeiras décadas do século XII que possui
como foco registrar os feitos do bispado de Dom Diego Gelmírez de 1101 a 1140.
Palavras-chave: Igreja de Santiago de Compostela; romanização; século XII.

***

A investigação das religiões e a formação políticocultural do principado Rus´


de Kiev: diversidade religiosa e trocas culturais

Fabrício de Paula Gomes Moreira 8

7
Graduando em História pela UNIFAL. Contato: jordanovicose@gmail.com.
8
Mestrando em História pela UFOP. Contato: fabrício.moreirahis@gmail.com.
247
Este trabalho tem como objetivo mapear o ambiente de trocas culturais no contexto
que precedeu a cristianização do principado Rus´ de Kiev, no final do século X,
com o príncipe Vladimir. Às vésperas de sua escolha pelo cristianismo, o príncipe
foi abordado por representantes de diversas religiões do período, cada um deles
recomendando que ele adotasse sua religião. Nesse sentido, investigaremos a partir
da sociologia e da história da religião, alguns aspectos da percepção cultural dos
Rus´ sobre o que era a experiência religiosa e qual seu papel na sociedade e na
política. Nossas principais fontes são a Crônica dos tempos passados, compilação
dos Rus´ elaborada no começo do século XII d.C.; o Sermão sobre a Lei e a Graça,
do metropolita Hilário de Kiev, de meados do século XI d.C.; além de outros
relatos contemporâneos que perceberam o batismo do príncipe sob outros pontos
de vista.
Palavras-chave: diversidade religiosa; trocas culturais; Rus’de Kiev; século X.

***
A representação simbólica do Inferno na Divina Comédia

Daniel Lula Costa9

Escrita no início do século XIV e dividida em três partes, a Divina Comédia narra a
jornada do personagem Dante pelos três ambientes do pós-morte cristão. Sua
temática e história nos permitem pensar por meio de imagens devido a erudição de
Dante e sua visão de mundo. Na primeira parte da obra, intitulada Inferno, são
descritos os nove círculos infernais, caracterizados por monstros mitológicos e
ambientes construídos e sonhados por Dante. O modo como Dante apropriou-se
das ideias que circulavam em seu contexto histórico permitiu que ele imaginasse os
aspectos característicos do Inferno, representando-o em sua obra. Entenderemos o
conceito de maravilhoso enquanto gênero literário (TODOROV, 1981) e como
uma categoria de estudo para compreendermos o cotidiano do homem medieval.
Nesse sentido compreenderemos o Inferno dantesco como um ambiente
representado coletivamente e entendido pela sociedade medieval enquanto uma
realidade possível (CHARTIER, 2002).
Palavras-chave: representação; símbolo; inferno.

9
Mestre em História pela UEM. Contato: daniellcosta23@yahoo.com.br.
248
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Adversus Iudaeos: a criação do antissemitismo no pensamento cristão

Saul Kirschbaum10

O antissemitismo religioso, que em São Paulo e nos padres da Igreja tinha caráter
“defensivo”, buscando diferenciar o cristianismo do judaísmo e permitir-lhe
sobreviver à animosidade do Império Romano, a partir da Alta Idade Média passa a
servir aos interesses do estado, na construção de uma identidade nacional.
Esta construção foi instrumentalizada por meio de uma ampla literatura, conhecida
genericamente como Adversus Iudaeos.
Neste sentido, a obra de Isidoro, arcebispo de Sevilha, recentemente traduzida para
o espanhol com o título Sobre la fe católica contra los judíos, marcará o ponto de
virada e irá exercer forte influência sobre os pensadores cristãos da Idade Média,
chegando até Tomás de Aquino.
Esta comunicação examinará os principais argumentos utilizados para a construção
do judeu como o outro, visando a consolidação, por exclusão, da cristandade.
Palavras-chave: antissemitismo religioso; literatura Adversus Iudaeos; Isidoro de
Sevilha.

***
O paradigma de Iudas-Iudei: Judas Iscariotes como uma representação do
judeu no Juízo Final e a Missa de São Gregório (MASP 428P)

Doglas Morais Lubarino11

A representação de Judas como figura emblemática do povo hebreu é um topos


comum em algumas imagens medievais. Nessas representações a figura do
apóstolo traidor tem uma fisionomia característica e porta um conjunto de
significados que vão além da intenção de representar a ojeriza cristã à traição que

10
Doutor em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela USP. Contato:
saul.kirschbaum@gmail.com.
11
Mestrando em História pela USP. Contato: dmlubarino@yahoo.com.br.
249
resultou no sacrifício de Cristo. Trata-se de uma representação negativa do povo
judaico como culpado e herdeiro desse deicídio. Propomos neste trabalho um
estudo sobre essa iconografia no final do século XV. Para tanto, analisaremos a
representação de Judas enforcado na Obra O Juízo Final e a Missa de São
Gregório, uma pintura tardo-medieval atualmente conservada no acervo do MASP.
Palavras-chave: Iudas-Iudei; Judas Iscariotes; juízo final; missa de São Gregório.

***
A doutrina do pecado, fé, obras e o paradoxo do antissemitismo em Lutero

Filipe de Oliveira Guimarães12

Lutero foi uma das principais mentes do movimento que ficou conhecido como
Reforma Protestante. Seu pensamento continua influenciando o meio teológico até
os dias de hoje. A principal doutrina enfatizada por ele foi a da “justificação pela
fé” que, em um primeiro momento, parece ser uma negação da importância das
obras. Porém, uma breve leitura de alguns de seus escritos dão a entender que a
doutrina das obras ocupava um lugar relevante em seu pensamento. Mas a grande
questão é: como poderia um homem falar de fé, obras e graça e se tornar uma dos
mentores do nazismo? Apesar da importância de Lutero para a teologia no fim da
idade média, a ironia, ou paradoxo, é que este escritor que defende a prática de
boas ações para com os inimigos, como se lê no Catecismo Menor, é autor de
textos anti-semitas que nos faz pensar que, para ele, posicionar judeus como
inimigos seria atribuir um título honroso demais para este povo. O objetivo geral
deste trabalho é compreender o pensamento de Lutero em relação a temática do
pecado, fé e obras. Os objetivos específicos são: analisar alguns posicionamentos
de fé de Lutero frente ao seu incentivo à práticas anti-semitas e entender os
desdobramentos de suas reflexões, contra os judeus, na história moderna.
Palavras-chaves: Lutero; pecado; fé; obras; antissemitismo.

***

12
Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: filipeoligui@gmail.com.
250
Sobre a controvérsia entre Martim Lutero e os judeus na reforma do século
XVI

Marcos Jair Ebeling13

O texto apresenta a controvérsia entre Martim Lutero e os judeus em meio ao


movimento reformatório do século XVI. Apresenta, de forma sucinta, o contexto
histórico da reforma, sobretudo na relação entre a fé luterana emergente e o
judaísmo. Também de forma sucinta apresenta os dois principais textos de Martim
Lutero acerca dos judeus, sendo um favorável e outro contrário a eles: “Que Jesus
Cristo nasceu judeu” (1523) e “Acerca dos judeus e de suas mentiras” (1542/43). O
texto analisa possíveis motivações para a mudança de postura por parte de Martim
Lutero. A controvérsia é iluminada com a peça teatral de Lessing (1779) intitulada
“Nathan der Weise”. Esta, no contexto do conflito entre a fé luterana e o
iluminismo alemão acerca da religião verdadeira declara: religião verdadeira é a
que pratica o amor.
Palavras-chave: Martim Lutero; judeus; religião verdadeira; tolerância.

***
A carta de Conrad Grebel (1498-1526) para Thomas Müntzer (1490-1525)

João Oliveira Ramos Neto14

Considerando que a História é feita por meio de documentos, como selecioná-los


para estudar os anabatistas? Nossa comunicação pretende apresentar algumas
fontes primárias cuja análise permitirá ao historiador conhecer melhor a
denominada ala radical da Reforma Protestante. A Reforma Protestante muitas
vezes é estudada por meio dos tratados teológicos produzidos no período,
desprezando outros documentos muito importantes, como as cartas que os diversos
líderes escreveram entre eles. Na ocasião, enfatizaremos a carta que Conrad Grebel
(1498-1526) escreveu para Thomas Müntzer (1490-1525) em 1524. A análise
deste, e outros documentos, permite ao historiador corrigir alguns equívocos da
historiografia, como associar Thomas Müntzer aos anabatistas.
Palavras-chave: heurística; Reforma Protestante; anabatistas.

13
Bacharelado em Teologia pela UMESP. Contato: marcos.ebeling@luteranos.com.br.
14
Doutorando em História pela UFG. Bolsista da CAPES. Orientado pela Prof. Dr. Dulce
Oliveira Amarante dos Santos. Contato: joaooliveiraramosneto@gmail.com.

251
***
Duas Baleias na rede de pesca: a terceira via hussita de Petr Chelčický

Thiago Borges de Aguiar15

Após a morte de Jan Hus em 1415, destacaram-se dois grupos religiosos: os


Utraquistas, ligados à Universidade de Praga e às igrejas locais e os Taboritas,
mais “milenaristas”, lutadores das Guerras Hussitas, propunham fundar o reino de
Deus na Terra. Em torno de 1440, surge uma terceira via, proposta por Petr
Chelčický, oposto a ambos, propondo uma vida de isolamento e paz. Sua obra
“Rede da Fé Verdadeira” (Siet Vierý Práve) foi o escrito inspirador da criação do
Unitas Fratrum, grupo que permaneceu marginalizado por toda a sua existência. O
objetivo desta comunicação é explorar a metáfora de Chelčický da rede de Pedro,
que pesca os peixes (fiéis) ao longo da história, mas que também pescou duas
baleias (o papa e o imperador). Contextualizaremos os dois grupos hussitas acima
citados para compreendermos a crítica desse autor aos seus pares e analisaremos
seu escrito “Rede da Fé Verdadeira”, em diálogo com bibliografia especializada,
como Atwood (2010), Molnár (1947) e Spinka (1943).
Palvras-chave: heresias medievais; século XV; hussitismo; Petr Chelčický.

15
Doutor em História da Educação e Historiografia pela USP. Professor na Universidade
Metodista de Piracicaba. Contato: tbaguiar@unimep.br.
252
GT12 – História cultural das
religiões
Coordenador/a

Carlos André Silva de Moura


Doutorando em História pela
UNICAMP. Comentador

Paulo Julião da Silva


Doutorando em História pela
Eliane Moura da Silva UNICAMP. Bolsista FAPESP.
Livre docente MS-5 em História pela
UNICAMP.

Resumo

Depois da virada cultural da década de 1970, novos objetos e abordagens foram


criadas por historiadores de todo o mundo. Sob o impacto dessas reflexões, a
análise cultural da história das religiões também tem sido reformulada. Os estudos
em história cultural comportam novas perspectivas sobre o papel que as religiões
desempenham na construção de identidades e nas diferentes relações sociais de
gênero, etnicidade e classes que estabelecem parâmetros com forte influência nas
práticas cotidianas, espaços, atitudes e representações. O GT pretende receber
comunicações sobre os seguintes temas: 1. Questões teóricas e metodológicas
sobre história das religiões; 2. História de instituições e confissões religiosas; 3.
Gênero e religião; 4. Missionarismos, colonialismos e cristianização; 5. Diálogos
religiosos na América Luso-espanhola; 6. História das teologias e da construção de
crenças, devoções e discursos religiosos nas sociedades modernas, pluralistas,
cristãs, não-cristãs e multiculturais.

253
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

O rosto ambíguo do Congreganismo e Reflexos da União Prussiana


monoteísmo: libertação e anticongreganismo: a na formação de
Comunic. violência na instituição do situação eclesiástica em luteranismos no Rio Grande
monoteísmo no antigo Portugal entre 1820 e 1834 do Sul: das comunidades
testamento livres até a fundação de
Gustavo de Souza Oliveira sínodos confessionais
Luiz José Dietrich UNICAMP evangélico-luteranos
PUC/PR
Renato Rodrigues Farofa
ULBRA

O cristianismo na África A Emperie católica como Protestantismo e culturas


agostiniana em Peter parte de uma filosofia populares tradicionais:
Brown ultramontana: as missões arranjos, rearranjos e
capuchinhas no nordeste interações
Adailson Nascimento Souza mineiro (1873-1889)
PUC/SP Lauana Ananias Flor
Tatiana Gonçalves de Oliveira UMESP
UFV

Disseminação de ideias no Comer o tatu antes ou Cândidas palavras:


Milieu esotérico: depois da comunhão? As literatura e missões
comentários sobre a manifestações religiosas dos protestantes no romance
influência de Gurdjieff no brasileiros e o conhecimento “Candida” de Mary Hoge
movimento gnóstico de das normas católicas Wardlaw
Samael Aun Weor (segunda metade do séc.
XIX) Sergio Willian de Castro
Marcelo Leandro de Campos Oliveira Filho
PUC/Camp José Leandro Peters UNICAMP
UFJF

A produção conflituosa e Entre a modernidade e a A África lusófona no


controversa do aspecto barbárie: o discurso período de descolonização:
religioso do espiritismo nos redentorista acerca do missões e alteridades na
tempos de Allan Kardec progresso em Goiás (1894- Revista O Campo é o Mundo
(1857-1869) 1930)
Harley Abrantes Moreira
Alexandre Ramos de Robson Rodrigues Gomes UEPE
Azevedo Filho
UERJ UEG, UnU/Morrinhos

254
Desencantamento do As representações do O Anticatolicismo norte-
mundo e imaginação bispado brasileiro nos americano como bandeira
transcendental no mundo debates sobre a Lei da protestante na luta pelo
moderno separação do Estado das Estado laico no Brasil
Igrejas em Portugal (1910 –
Lauri Emilio Wirth 1911) Paulo Julião da Silva
UMESP UNICAMP
Carlos André Silva de Moura
UNICAMP

Rumos da historiografia Vida urbana e morte A lavagem de Santana:


das religiões no Brasil católica: cemitérios, serviços disputas e expressões de fé
póstumos e projetos
João Miguel Teixeira de civilizatórios: Uberlândia Rennan Pinto de Oliveira
Godoy (1810-1980) UEFS
PUC/Camp
Mara Regina do Nascimento
UFU

255
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

O rosto ambíguo do monoteísmo: libertação e violência na instituição do


monoteísmo no Antigo Testamento

Luiz José Dietrich1

Esta comunicação trata dasambiguidades na instituição do monoteísmo como


religião oficial em Israel. Segundo aexegese histórico crítica da bíblia e a
arqueologia da região, a diversidade politeísta milenarsó foi suplantada com muita
imposição, intolerância,e violência, e o monoteísmosomente se viabilizou por volta
dos anos 400 a.C., associado a projetos políticos de dominação. Isso abafa os
aspectos libertadores e faz o monoteísmo ser raiz de culturas intolerantes e
violentas que perduram até hoje.A teologia monoteísta e as violências a ela
vinculadas foram inscritas nos textos bíblicos, cuja elaboração é parte importante
do processo. Sendo que tais textos fundamentam intolerância, discriminação
cultural, religiosa, sexual e outras violências, em nome de Deus, a desconstrução e
a descolonização do monoteísmo do AT quer evidenciar pistas hermenêuticas para
uma concepção monoteísta que respeite as diversidades e não seja intolerante,
excludente e homogeneizadora.
Palavras-chave: monoteísmo; intolerância; discriminação; violência em nome
de Deus.

***
O cristianismo na África agostiniana em Peter Brown

Adailson Nascimento Souza2

Esta proposta de comunicação tem como finalidade desenvolver uma pesquisa


relacionado a contextualização do cristianismo ocidental do século IV e V, dentro
desse contexto propomos estudar a influencia da fé cristã no contexto africano
1
Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Contato:
luizdietrich@ig.com.br.
2
Mestrando pela PUC/SP. Membro do GP NEMES. Bolsista da CAPES/PROSUP. Contato:
adailson_adorador@hotmail.com.
256
onde Aurelius Augustinus ou o Bispo de Hipona foi um dos maiores contribuintes
para a evangelização, estaremos fazendo tal analise dentro do pensamento de um
dos maiores pesquisadores do hiponense Peter Brown. Dentro do contexto cristão
ocidental vivenciado por Agostinho vemos uma grande influência da cultura
africana e é essa influencia que pretendemos discorrer nesse trabalho. A partir daí
analisaremos o desenvolvimento da religião cristã na África agostiniana. Dentro
dessas perspectivas abordaremos os desafios que Agostinho teve de catequizar os
africanos dentro de uma sociedade totalmente pluralista e as influências da cultura
cristã para os africanos.
Palavras-chave: cristianismo; Agostinho; África; Peter Brown; cultura.

***
Disseminação de idéias no Milieu Esotérico: comentário sobre a influência de
Gurdjieff no Movimento Gnóstico de Samael Aun Weor

Marcelo Leandro de Campos3

Nosso objetivo é analisar estratégias discursivas de legitimação doutrinária e


identitária no milieu do moderno esoterismo ocidental, identificando processos de
apropriação e construção de representações a partir da metodologia proposta por
Roger Chartier e Sandra Pesavento. Para tanto escolhemos como estudo de caso a
análise da influência do pensamento do ocultista armênio George Ivanovich
Gurdjieff (1866-1949) sobre o corpo doutrinário do Movimento Gnóstico Cristão
criado pelo esoterista colombiano Samael Aun Weor (1917-1977), em especial
sobre o conjunto de práticas conhecidas como Magia Sexual (sahaja maithuna).
Em nossa abordagem o esoterismo é estudado enquanto campo específico de
pesquisa, a História do Esoterismo Ocidental; a metodologia utilizada é a história
das idéias religiosas proposta por historiadores como Kocku von Stuckrad, Willian
Goodrick-Clark e Wouter Hanegraaf.
Palavras-chave: gnose samaeliana; Gurdjieff; magia sexual; movimento
gnóstico; Samael Aun Weor

***

3
Graduando em História pela PUC/Camp. Contato: mlcampos_2005@hotmail.com.
257
A produção conflituosa e controversa do aspecto religioso do espiritismo nos
tempos de Allan Kardec (1857-1869)

Alexandre Ramos de Azevedo4

O aspecto religioso do Espiritismo tem sido uma questão controversa entre


osespíritas desde o seu início na França em meados do século XIX. Allan
Kardecchegou a apresentá-locomo “uma ciência de observação e uma doutrina
filosófica” e a afirmar, em diferentes momentos, que não se tratava de uma
religião.Alguns espíritas, por isso, irão defender que a transformação do
Espiritismo em religião se deu no Brasil, em fins do século XIX,quando o seu
movimento passa a ser dominado pelos chamados “místicos”. Este trabalho,
resultado de uma pesquisa referenciada no campo da história cultural e realizada
nos livros e na revista publicados por Kardec entre os anos de 1857 e 1869, conclui
e defende que o aspecto religioso da doutrina espírita está presente e vai ganhando
cada vez maior relevo nos textos de Kardec,na medida em que estes avançam na
discussão dos dogmas ou princípios que constituem a teologia católica, bem
comoem que cresce o combate ao Espiritismo por parte da Igreja.
Palavras-chave: Espiritismo; aspecto religioso; controvérsia; história cultural.

***
Desencantamento do mundo e imaginação transcendental no Mundo Moderno

Lauri Emilio Wirth5

Uma das características centrais da modernidade madura anglo-saxônica é o que se


convencionou chamar de secularização. Isto significa, de forma resumida, que os
poderes instituídos, (na econômica, na política, na gestão da cultura etc.) já não
necessitam da religião como referência legitimadora e como instância que confere
credibilidade. Este pressuposto perpassa o debate atual sobre a religião e se
expressa, entre outros, na tese do desencantamento do mundo. A comunicação irá
discutir o contexto histórico que deu viabilidade acadêmica a esta tese e propor seu
questionamento a partir de outra hipótese: de que toda civilização tem como
fundamento último um imaginário mítico, um referencial transcendente que dá
sentido à vida cotidiana e orienta a imaginação em relação ao futuro. Na
modernidade madura, contudo, este imaginário mítico assume formas múltiplas,

4
Mestre em Educação pela UERJ. Contato: somaralex@gmail.com.
5
Docente no PPG em Ciências da Religião da UMESP. Líder do GP Religião e Vida Cotidiana.
Contato: lauri.wirth@metodista.br.
258
mas secularizadas. Caso a hipótese se sustente, a História das Religiões estaria
diante da tarefa de discernir as divindades que disputam os sentidos dos humanos
modernos.
Palavras-chave: religião; secularização; cotidiano.

***
Rumos da Historiografia das Religiões no Brasil

João Miguel Teixeira de Godoy6

O trabalho é resultado de investigação acerca do processo de constituição,


estruturação e dinâmica do campo de estudos em história das religiões na
historiografia brasileira. A pesquisa desenvolveu-se a partir da análise da trajetória
dos periódicos: a Revista Brasileira de História e Revista Brasileira de História
das Religiões. Dentre os objetivos do trabalho destacamos a identificação das
tendências inscritas no campo de estudos e a recomposição das temáticas
mobilizadoras. Procurou-se ainda entender a dinâmica do campo, o
esquadrinhamento das posições, disputas, relações de poder, filiações intelectuais,
disposições teóricas, relações de preferências e afinidades, ocupação de posições
institucionais estratégicas, definição de cânones, genealogias, linhagens
intelectuais e tudo que diz respeito à administração dos bens simbólicos
acumulados.
Palavras-chave: historiografia; história das religiões; Brasil.

6
Professor Pesquisador na PUC/Camp. Contato: joaomigueltgo@yahoo.com.br.
259
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Congregacionismo e anticongregacionismo: a situação eclesiástica em


Portugal entre 1820 e 1834

Gustavo de Souza Oliveira7

As congregações religiosas masculinas sofreram um grande golpe em Portugal no


ano de 1834. Elas foram obrigadas a abandonar seus bens, sair de seus prédios e
deixar suas funções. Seu patrimônio foi entregue ao governo que posteriormente
vendeu ou utilizou seus estabelecimentos. As disputas entre o modelo político
absolutista e liberal relacionava-se aos confrontos entre os irmãos D. Miguel e D.
Pedro IV. O papa reconheceu o primeiro como rei português e o clero congregado
também se mostrou favorável àquele. Em 1833, com o advento da Monarquia
Constitucional liberal, rompem-se as relações com a Santa Sé. Todavia, essa
medida não delimitava um anticlericalismo, mas um “anticongreganismo”. O
objetivo desse trabalho é investigar a situação religiosa em Portugal entre os anos
de 1820 e 1834, enfatizando a valorização do clero secular em contraposição ao
clero regular. Para esta pesquisa utilizamos documentos coletados no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca Nacional de Portugal e Arquivo Secreto
do Vaticano.
Palavras-chave: Portugal; liberalismo; congreganismo; anticongreganismo.

***
A emperia católica como parte de uma filosofia ultramontana: as missões
capuchinhas no nordeste mineiro (1873-1889)

Tatiana Gonçalves de Oliveira8

As missões católicas na Europa entre os séculos XVII e XIX foram importantes


para a difusão de princípios do Concílio de Trento (1545 e 1563). Louis
Chântellier, ao estudá-las percebeu como seus representantes utilizavam

7
Doutorando em História Cultural pela UNICAMP. Contato: gso_vicosa@yahoo.com.br.
8
Licenciada em História pela UFV. Contato: tatiana.oliveira@ufv.br.
260
conhecimento e método para se inserir nas comunidades e levar a cabo o processo
de evangelização. À exemplo das ações jesuítas, os missionários capuchinhos Frei
Serafim de Gorízia e Ângelo de Sassoferrato fundaram em 1873 e deram
seguimento ao Aldeamento de Itambacuri no nordeste mineiro. Autores da
CEHILA como Eduardo Hoornaert apostavam nos aldeamentos como o rincão da
preservação de uma “consciência católica” preservada ao veneno do padroado.
Nosso objetivo, porém, é pensar nesses missionários como agentes de uma Igreja
reformista, que buscavam, na prática, formar as bases dos fundamentos católicos
tão apregoados pelos ultramontanos em níveis intelectuais.
Palavras-chave: missões; capuchinhos; Minas Gerais; Segundo Reinado;
ultramontanismo.

***
Comer o tatu antes ou depois da comunhão? As manifestações religiosas dos
brasileiros e o conhecimento das normas católicas (segunda metade do Séc.
XIX)

José Leandro Peters9

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise de alguns relatos dos
padres da Congregação do Santíssimo Redentor sobre as manifestações religiosas
dos brasileiros. Procuro, através da leitura desses documentos, perceber o
conhecimento e a aplicação das regras religiosas pelos indivíduos observados pelos
padres redentoristas nessas cartas. Enquanto os redentoristas compreendem as
manifestações desse catolicismo popular como o resultado de um desconhecimento
das regras da Igreja Católico, procuro observar o outro lado, ou seja, compreendo
que o comportamento desses devotos deixa transparecer um significativo
conhecimento das normas do catolicismo.
Palavras-chave: religiosidade popular; cartas redentoristas; normas religiosas.

***
Entre a modernidade e a barbárie: o discurso redentorista acerca do
progresso em Goiás (1894-1930)

Robson Rodrigues Gomes Filho10

9
Doutorando em História pela UF JF. Contato: joseleandropeters@yahoo.com.br.
261
Embora comumente despercebido, a presença de religiosos europeus alemães em
Goiás (como o caso dos Redentoristas a partir de 1894), em boa parte do tempo
transitando entre as casas goiana e paulista, acentuou – seja na imprensa escrita,
seja no próprio discurso religioso – as disparidades entre uma Europa industrial,
um estado de São Paulo em marcha de industrialização e “progresso”, e um estado
de Goiás ainda ruralizado e comumente vinculado às imagens de “atraso” e
“decadência”. Em face disso, o presente trabalho tem como proposta uma análise
dos elementos relacionados às ideias de “progresso”, “modernidade”, “atraso” e
“barbárie”, no discurso dos religiosos redentoristas, especialmente através da
imprensa escrita em Goiás, tomando como ponto de partida a alteridade de tempo e
espaço possivelmente experienciada por tais religiosos através de seu trânsito
cronoespacial.
Palavras-chave: redentoristas; progresso; civilização; Goiás.

***
As representações do bispado brasileiro nos debates sobre a Lei da Separação
do Estado das Igrejas em Portugal (1910 – 1911)

Carlos André Silva de Moura11

As leis de secularização do Estado no Brasil (1890) e em Portugal (1911)


apresentaram recepções diferenciadas entre o clero e a população de cada país.
Enquanto no Brasil as reações dos religiosos se voltaram principalmente para
garantir o ensino religioso, o combate ao pensamento moderno e a politização dos
eclesiásticos; no país ibérico os debates se concentraram em temáticas contra o
anticlericalismo de membros do recém instalado governo republicano e de parte da
população. Entre as inspirações que colaboraram com a formação dos discursos
dos membros da Igreja Católica portuguesa estavam as representações do bispado
brasileiro, como uma instituição que mesmo em um país laico, mantinha parcerias
com o poder civil instituído. Em nosso trabalho, analisaremos como as atividades
dos representantes da Igreja romana no Brasil colaboraram com a reação católica
em Portugal no período de divulgação da Lei da Separação do Estado das Igrejas.

10
Mestre em História pela UFOP. Professor efetivo no curso de História da UEG e UnU
Morrinhos. Contato: robson.educacao@yahoo.com.br.
11
Doutorando em História pela UNICAMP. Bolsista FAPESP. Contato:
casmcarlos@yahoo.com.br.
262
Palavras-chave: Lei de Separação entre o Estado e a Igreja; Brasil / Portugal;
Restauração Católica.

***
Vida urbana e morte católica: cemitérios, serviços póstumos e projetos
civilizatórios - Uberlândia (1810-1980)

Mara Regina do Nascimento12

Amparado em dois principais eixos – práticas da inumação católica e projetos para


a vida urbana – este texto busca problematizar as transformações urbanas e as
representações sociais da morte na cidade de Uberlândia, ao longo dos séculos XIX
e XX [de 1810 a 1980]. Focalizam-se mais detidamente, primeiro, os momentos de
formação do núcleo do arraial, em segundo, os períodos de forte expressão dos
projetos de modernização do espaço urbano, seu reordenamento e planejamento
para, em terceiro, refletir, na análise da contemporaneidade, as formas de
representação da morte. A intenção é perceber a constituição/configuração que
tomam as marcas do religioso – cemitérios e espaços mortuários – em diferentes
tempos e contextos, objetivando compreender as transformações e as tonalidades
das reformas para o ideário de civilização moderna e urbanizada. Sob este aspecto,
toma-se também o devido cuidado com a aplicação do conceito de secularização, já
que sustentamos que a presença dos lugares de sepultamento, ou de velório, produz
marcas do religioso na cidade e faz-se hoje imersa e unida à paisagem cotidiana, a
tal ponto que dela não pode mais se desligar.
Palavras-chave: morte católica; serviços póstumos; Uberlândia.

12
Doutora em História pela UFRS. Professora na UFU. Contato: mara.regina10@gmail.com.

263
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Reflexos da União Prussiana na formação de luteranismos no Rio Grande do


Sul: das comunidades livres até a fundação de sínodos confessionais-
evangélicos-luteranos

Renato Rodrigues Farofa13

Este trabalho apresenta os reflexos da União Prussiana na constituição do


luteranismo no Rio Grande do Sul. Ao questionar a respeito da influência da União
Prussiana, o trabalho analisa fatores externos e internos na formação de
luteranismos em solo gaúcho. Como elemento externo, o que realmente esta união
provocou antes da chegada da imigração alemã ao Brasil, ou seja, no
protestantismo evangélico alemão? Como esta união contribuiu para o
ressurgimento de um luteranismo estritamente confessional? E dentro dos
elementos internos, que tradição eclesiástica, que luteranismo os imigrantes
alemães construíram ao chegarem ao estado do Rio Grande do Sul a partir de
1824? Assim, o trabalho mostra como o luteranismo se desenvolveu, com ou sem a
influência da União Prussiana, desde as comunidades livres até a formação de
sínodos evangélico-luteranos no Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: União Prussiana; imigração alemã; comunidades livres;
luteranismo unido; luteranismo estrito.

***
Protestantismo e culturas populares tradicionais: arranjos, rearranjos e
interações

Lauana Ananias Flor14

No Brasil o protestantismo de forma geral teve rarefeitas aparições nos tempos


coloniais e imperiais. Somente na segunda metade do séc. XIX se efetiva como
proposta religiosa e ganha considerável relevância no cenário de predomínio do
catolicismo. Assim, a historiografia protestante dá conta de grandes embates e

13
Bacharel em Teologia pela ULBRA. Contato: renatofarofa@yahoo.com.br.
14
Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: lauana_correa@yahoo.com.br.
264
polêmicas, ao mesmo tempo em que se concentra em registrar grandes eventos e
personagens ilustres de seu segmento. Mas como vasculhar e fazer uma leitura
longe deste contexto que privilegia os agentes e os emissores religiosos? Tendo
como foco o presbiterianismo, este artigo busca desvencilhar-se desta abordagem
e privilegiar personagens esquecidos na história institucional, usando todo o rico
debate da história cultural para sustentar tal proposta, tendo por base o pensamento
de Michel de Certeau e Roger Chartier.
Palavras-chave: presbiterianismo; culturas populares tradicionais; história
cultural.

***
Cândidas palavras: literatura e missões protestantes no romance “Candida”
de Mary Hoge Wardlaw

Sergio Willian de Castro Oliveira Filho15

No fim do século XIX um casal de missionários presbiterianos advindos dos


Estados Unidos foram responsáveis pela implantação de uma congregação
protestante na cidade de Fortaleza, tratava-se do Reverendo DeLacey Wardlaw e
de sua esposa Mary Hoge Wardlaw. Após passarem cerca de vinte anos no Brasil
(1880-1901), a maioria destes anos em Fortaleza, os missionários retornam aos
Estados Unidos com quatro filhas, todas nascidas no Brasil. De volta à sua terra
natal a missionária Mary Hoge Wardlaw publica um romance bastante confessional
intitulado “Candida; or, by a way she knew not. A story from Ceara”, cuja trama
propõe-se a perceber o desenvolvimento de uma missão protestante na Província
do Ceará durante a década de 1880. O presente trabalho visa analisar tal romance
como uma fonte histórica na qual discussões acerca de missões protestantes e
questões de gênero possam ser levantadas. Tal enfoque dispõe-se dentro de uma
reflexão que leve em consideração as percepções de mundo geradas a partir do
contato entre diversos repertórios culturais propiciados pelos encontros culturais
forjados pelas missões protestantes estadunidenses no Brasil do século XIX.
Palavras-chave: protestantismo; missões; romance.

***

15
Doutorando em História pela UNICAMP. Contato: sergiowfilho@ig.com.br.
265
A África lusófona no período de descolonização: Missões e alteridades na
Revista O Campo é o Mundo

16
Harley Abrantes Moreira

Esse trabalho tenta realizar algumas reflexões preliminares de pesquisa acerca das
missões protestantes brasileiras na África Lusófona. Nessa investigação, importa
discutir a percepção dessas igrejas e suas agências missionárias sobre as regiões
africanas de colonização portuguesa, seus contextos socioculturais e suas religiões
tradicionais. Para isso, será analisada a possibilidade de trabalho com a revista O
Campo é o Mundo, durante o período de descolonização, com ênfase em duas
colônias: Moçambique e Angola.

***
O anticatolicismo norte-americano como bandeira protestante na luta pelo
Estado laico no Brasil (1930 – 1945)

Paulo Julião da Silva17

Durante os anos de 1930 a 1945, foi intensa a luta protestante contra a participação
católica no Governo de Getúlio Vargas. Os evangélicos cobravam a manutenção do
Estado Laico, constitucionalmente reconhecido desde 1891. Para isso, citavam o
exemplo dos Estados Unidos, no qual a Carta Magna garantia liberdade de culto a
todas as religiões. Apesar de a luta contra a Igreja Católica ter tido outro sentido na
América do Norte, esta foi usada como bandeira, na tentativa de mostrar para a
população que o projeto de recristianização do Brasil era sinônimo de atraso.
Analisar-se-á as construções das representações anticatólicas no país por parte dos
protestantes no período proposto, as quais possuíam base no que era feito pelas
igrejas nos Estados Unidos. Para isso, serão usados documentos e bibliografias
coletadas em arquivos norte-americanos e brasileiros. Espera-se, portanto,
contribuir com as discussões em torno da temática no campo da História Cultural
das Religiões.
Palavras-Chave: protestantismo; Brasil; Estados Unidos; Era Vargas.

***
16
Mestre em História pela UFRN. Professor de História na UFPE, unidade Petrolina. Contato:
Harleyabrantes@hotmail.com.
17
Doutorando em História pela UNICAMP. Bolsista FAPESP. Contato: pauloemac@gmail.com.
266
A lavagem de Santana: disputas e expressões de fé

Rennan Pinto de Oliveira18

A Festa de Santana, que acontecia em Feira de Santana-BA se destacou, entre os


anos de 1960 e 1987, pelos diversos fatos e acontecimentos que levaram ao fim das
manifestações populares, restringindo-se à parte litúrgica. A pesquisa foca
compreender entre as diversas etapas da festa, a Lavagem de Santana, por ser uma
manifestação de caráter popular e profano, agregador de uma miríade de
expressões políticas e religiosas, além da produção de diversas práticas culturais.
Representadas por seus participantes durante suas apropriações dos festejos, muitas
vezes, apresentavam choques de representações entre os ideais dos seus
participantes e da Igreja Católica, desejosa pelo fim dessas práticas. Entre os
diversos choques de representação se destacam os conflitos entre os
candomblecistas organizadores da Lavagem e a Igreja Católica e disputas internas
entre esses candomblecistas. Busca-se também compreender as disputas no campo
religioso entre os candomblecistas e a Igreja Católica.
Palavras chaves: festa de Santana; lavagem de Santana; candomblecistas;
práticas culturais.

18
Mestrando em História pela UEFS. Contato: rennanoliveira5@gmail.com.
267
268
GT13 – História e historiografia
do protestantismo no Brasil
Coordenadora

Francisca Jaquelini de Souza Viração


Mestre em Ciências da Religião. Professora da Faculdade Vale do Salgado em Icó,
CE.

Resumo

O grupo de trabalho pretende discutir a História e a Historiografia do


protestantismo no Brasil, desde o Brasil Colonial até os dias atuais. O espaço para
debates e discussões vem em tempo oportuno para se pensar sobre o
protestantismo no Brasil não apenas o que se sabe dele, mas o como se sabe dele.
A criticidade sobre a temática é imperativa em nossos dias, já que ainda existem
inúmeras lacunas historiográficas a serem preenchidas, como o protestantismo no
Brasil Colonial, tanto França Antártica, Equinocial como o Brasil Holandês. Além
de proporcionar o diálogo mais aguçado sobre o protestantismo indígena, as mais
variadas formas de manifestação desta religião no Brasil (Histórico, Pentecostal e
Neopentecostal) e discutir sobre sua historiografia para propor novas formas de ver
esta religião em nosso país.

269
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Pensamento político do A ignorância de um Sem atividades


Comunic. metodismo em Belém do pensar: a história da
Pará: registros históricos do ausência do pensamento
jornal O Apologista Christão protestante sobre a
Brazileiro na transição questão social no Brasil
republicana do Brasil (1890-
1891) José Edson do Carmo Lima
FVS
Tony Welliton da Silva Vilhena
UEPA Wagner Pinheiro da Silva
FVS

Educação protestante em A “saga” de Eurico


perspectiva na imprensa Nelson em Belém do
batista Pará: retratos de outra
história
Anna Lúcia Collyer Adamovicz
USP Ezilene Ribeiro
FTBE

Erasmo Braga: um ator


polivalente Émile-G. Léonard e seu
lugar na historiografia
Julia Maria Junqueira de Barros protestante brasileira
UFJF
Marcone Bezerra Carvalho
Mackenzie

História e historiografia da Religião no mundo do


imprensa presbiteriana no trabalho: notas teóricas
segundo reinado de uma pesquisa histórica

Pedro Henrique Medeiros Lyndon de Araújo Santos


UFRRJ UFMA

O protestantismo e
historografia no Brasil:
crise conceitual

João Marcos Leitão


UFCG

270
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Pensamento político do metodismo em Belém do Pará: registros históricos do


jornal O Apologista Christão Brazileiro na transição republicana do Brasil
(1890-1891)

Tony Welliton da Silva Vilhena19

Hodiernamente, pesquisadores vêm vasculhando a história intelectual do país,


elaborando uma série de subsídios teóricos que auxiliam a renovação dos
conhecimentos dos padrões e dilemas fundamentais da sociedade e da política
brasileira, este campo de pesquisa vem sendo chamado de pensamento social no
Brasil ou pensamento político brasileiro. Neste sentido, perscrutar os dilemas
ideológicos contidos num jornal “religioso” como O Apologista Christão
Brazileiro, editado pelo missionário metodista Justus Henry Nelson, em Belém do
Pará, a partir de 1890, tem o objetivo de investigar, a partir da ótica de um
segmento religioso minoritário, as tensões e conflitos que rondaram transformações
sociais verificadas na transição do Império para a República, constatando a
tentativa deste grupo em influenciar na elaboração da Primeira Constituição
Republicana.
Palavras-chave: Pensamento político brasileiro; metodismo; protestantismo na
Amazônia.

***
Educação protestante em perspectiva na imprensa batista

Anna Lúcia Collyer Adamovicz20

A comunicação proposta pretende focalizar a maneira como a Imprensa Batista


realizou entre os anos de 1901-1930 uma produção jornalística profícua e uma
19
Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA, Cientista Social da Secretaria de Educação do
Pará. Contato: tonysvilhena@hotmail.com.
20
Doutora em História Social pela USP. Membro do GEHER da USP. Contato:
adamovicz@usp.br.
271
literatura instrutiva compromissada em noticiar os descompassos e os progressos
alcançados pelos movimentos sociais, políticos e culturais da época, conferindo
destaque para as discussões sobre o panorama geral da Educação formal e religiosa
na nação. A pesquisa emprega o instrumental teórico-metodológico da Nova
História Cultural, utilizando o Jornal Batista como fonte principal, a partir da
investigação privilegiada das questões relativas aos avanços do projeto batista na
área de Educação. Um de seus objetivos centrais é examinar como este periódico
de alcance nacional viria a favorecer o desenvolvimento do trabalho missionário e
da obra educacional desta denominação protestante em terras brasileiras, ao
viabilizar a difusão de seus preceitos religiosos e de seus valores culturais.
Palavras-chave: protestantismo; imprensa; educação.

***
Erasmo Braga: um ator polivalente

Julia Maria Junqueira de Barros21

O trabalho visa apresentar a trajetória biográfica de Erasmo Braga em seus anos de


formação no final do século XIX, e a influência destes em suas atuações futuras.
Durante sua adolescência, Erasmo assistiu às diferenças internas da Igreja
Presbiteriana sobre a questão da educação teológica e do envolvimento de
presbiterianos brasileiros nas atividades missionárias da Igreja. Os frutos desses
movimentos que fizeram parte da estruturação da Igreja Presbiteriana no Brasil em
1892 e o Instituto Teológico em 1893. Sua observação do contexto histórico, o
envolvimento político de seu pai e sua proximidade com figuras importantes dentro
da Igreja Presbiteriana somados a personalidade ativa de Erasmo contribuíram para
formar um teólogo engajado em diversos meios. Além de dedicar sua vida a
expansão e manutenção da fé protestante no Brasil, o autor também se dedicou à
defesa da legitimação da América Latina como território protestante. Trabalhou em
favor do ecumenismo e foi grande entusiasta da educação.
Palavras-chave: Erasmo Braga; presbiterianismo; protestantismo; História.

***

21
Mestranda em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: juliamjunqueira@gmail.com.
272
História e historiografia da imprensa presbiteriana no segundo reinado

Pedro Henrique Cavalcante de Medeiros22

O presente artigo pretende discutir a ação missionária dos presbiterianos norte-


americanos através da imprensa religiosa no segundo reinado. A principal fonte de
análise é o jornal Imprensa Evangelica, publicado a partir de 1864. Discutiremos
questões concernentes a importância da publicação desta folha, apontando para
seus redatores, principais temas debatidos e principais interlocutores. Ao mesmo,
pretendemos abordar brevemente como a historiografia abordou essa história das
missões presbiterianas no Brasil, indicando o que novas pesquisas têm descoberto
sobre este tema. Como referencial teórico, partimos dos apontamentos de Pierre
Bourdieu a respeito da teoria do campo religioso. Como suporte metodológico,
procuraremos trabalhar com as reflexões de John Pocock.
Palavras-chave: presbiterianismo; política; imprensa.

22
Mestrando em História pelo pela UFRRJ. Licenciado em História pela UFRRJ.
Orientado pelo Prof. Dr. Marcello Otávio Néri de Campos Basile. Contato:
phcmedeiros@yahoo.com.br.
273
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A ignorância de um pensar: a história da ausência do pensamento protestante


sobre a questão social no Brasil

José Edson do Carmo Lima 23


Wagner Pinheiro da Silva24

O presente trabalho tem como objetivo principal abordar a ausência da influencia


do pensamento protestante no processo histórico de formação da assistência social
no Brasil, bem como sua prática de atuação, no quesito ao seu contexto
objetivando uma transformação e melhoria da sociedade. Ao analisar o tema
supracitado encontramos pouca ênfase nos trabalhos, movimentos e articulações
que vem sendo produzidos ao longo da história, sua real importância para a
informação e possível contribuição na construção da emancipação dos indivíduos
na sociedade, concatenando no campo dos direitos e garantias do ser humano. O
trabalho também busca enfatizar como os protestantes brasileiros lidaram ao longo
do séc. XX com a Questão Social, focando a Conferência do Nordeste de 1962 e as
reações que o Pacto de Lausanne de 1974 causou nas igrejas brasileiras. A
relevância deste trabalho está em mostrar que o pensamento do Serviço Social
brasileiro ignora completamente essa forma de pensar a Questão Social.
Palavras-chave: ausência; História; questão social.

***
A “saga” de Eurico Nelson em Belém do Pará: retratos de outra história

Ezilene Ribeiro25

Proponho nesta comunicação apresentar alguns aspectos que favoreceram a


chegada do cristianismo batista em Belém do Pará nos idos do século XIX e XX,

23
Graduando em Serviço Social pela FVS. Contato: edsoncl.lc@hotmail.com.
24
Graduando em Serviço Social pela FVS. Contato: wagnerumierd@gmail.com.
25
Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professora da Faculdade Teológica Batista
Equatorial de Belém do Pará. Contato: grutabel@yahoo.com.br.
274
apontando alguns fatores que possibilitaram a imigração de Eurico Nelson, um
sueco batista que veio “viver pela fé” numa cidade visivelmente adensada pelo
processo de exploração da borracha e que permitia em seu cenário a movimentação
de várias pessoas de diferentes nacionalidades. Far-se-á um recorte dos seis
primeiros anos da atuação de Eurico Nelson na cidade, analisando suas atividades
religiosas nesse contexto cultural tão diferente do seu, pois se suspeita que os
batistas de Belém do Pará na história da implantação desta igreja possuem
características pouco contempladas por sua historiografia tradicional, que
provavelmente decorrem da dinâmica de inserção neste contexto urbano.
Palavras-chave: Eurico Nelson; batistas; Pará.

***
Émile-G. Léonard e seu lugar na Historiografia Protestante Brasileira

Marcone Bezerra Carvalho26

Durante o período em que esteve no Brasil (1948-1950) como professor da


Universidade de São Paulo (USP), o historiador francês Émile-G. Léonard analisou
a presença protestante no país e escreveu uma obra que, passadas seis décadas,
ainda se constitui na principal interpretação do movimento evangélico brasileiro.
Influenciado pela Escola dos Annales - particularmente por Lucien Fevbre -, o
catedrático da Sorbonne foi o primeiro historiador ligado ao movimento a tomar o
Brasil como objeto de estudo. Nossa comunicação demonstrará como sua obra “O
Protestantismo Brasileiro” exerceu uma influência inigualável nos estudiosos que
se debruçaram sobre a temática, servindo ainda como fonte de leitura para
pesquisadores de outras áreas quando estes necessitaram analisar ou entender o
protestantismo em nosso país. Por fim, destacaremos a pertinência do debate e da
crítica da obra “brasileira” de Léonard.
Palavras-chave: Léonard; historiografia; protestantismo brasileiro.

***
Religião no mundo do trabalho: notas de uma pesquisa histórica

Lyndon de Araújo27

26
Mestre em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: rev.mbc@gmail.com.
27
Doutor em Históripa pela UMESP. Professor do Departamento de História e Diretor do Centro
de Ciências Humanas da UFMA. Contato: lyndon@terra.com.br.
275
A comunicação apresentará apontamentos teóricos e metodológicos da pesquisa de
pós-doutorado em andamento sobre religião no mundo da produção. O Objetivo é
verificar a presença do protestantismo nas relações sociais e étnicas, de trabalho e
de gênero numa fábrica de chapéus no Rio de Janeiro (1868 – 1965). Os seus
proprietários, a partir da ética e da visão de mundo protestante, acionaram códigos,
gestos, discursos, práticas, estratégias e representações religiosas no mundo da
produção. A fábrica teve importante participação na configuração do
protestantismo nas primeiras décadas da república, sendo orgânica no seu processo
de institucionalização. A pesquisa levanta algumas questões de fundo a serem
contempladas para a História das Religiões e para a História do protestantismo: as
relações entre religião e mundo do trabalho; a abordagem da presença da religião
fora dos espaços oficiais e tradicionais do religioso na modernidade; como a
religião atuou nas relações e nos conflitos entre capital e trabalho no universo fabril
específico.
Palavras-chave: religião; mundo do trabalho; História das Religiões;
protestantismo.
***
O protestantismo e historiografia no Brasil: crise conceitual

João Marcos Leitão Santos28

A partir da segunda metade dos anos 80 sob influência de autores, hoje clássicos, o
tratamento da historiografia no Brasil foi submetida a um processo revisionista.
Ganhou lugar a tese de “protestantismos”, para realçar a pretensa pluralidade
irreconciliável da presença histórica do protestantismo no Brasil. Nesta
comunicação o autor se propõe a mapear fragilidades nas teses hegemônicas,
sugerindo que os estudos em geral se recentem de precisão conceitual, o que
permite que o heterogêneo, o diverso, seja elevado a condição de ícone, em
detrimento de outras possibilidades explicativas para o fenômeno protestante
brasileiro, que preterem elementos propriamente históricos em favor de análise de
fundamento sociológico. A noção de conceito, permeia a discussão, como pauta p
ossibilitadora de ampliação das categorias analíticas para a historiografia
protestante no Brasil.
Palavras-chave: protestantismo; historiografia; crise conceitual.

28
Doutor em História Social pela USP. Professor Adjunto II na UFCG. Contato:
tmejph@bol.com.br.
276
GT14 – Igrejas inclusivas
LGBTT e a luta contra a
intolerância religiosa
Coordenadores

Luiz Carlos Avelino da Silva Renan Antônio Silva


Doutor em Psicologia Escolar e do Mestrando em Desenvolvimento
Desenvolvimento Humano pela Regional pela Uni-FACEF.
USP. Professor na UFU.

Resumo

A emergência de grupos que discutem as relações entre religiões cristãs e


homossexualidade só pode ser entendida dentro de condições sócio-históricas
específicas. No Brasil, transformações sociais insufladas pela atuação e pela
organização política dos movimentos homossexuais se intensificam desde a década
de 1990, relacionadas aos direitos civis, à reivindicação da despatologização, à luta
contra a violência e a discriminação e, principalmente, ao enfrentamento da
epidemia de AIDS no país. Encaradas pelas minorias como um refúgio para a livre
prática da fé, as igrejas “inclusivas” – voltadas predominantemente para o público
gay – vêm crescendo a um ritmo acelerado no Brasil, à revelia da oposição de alas
religiosas mais conservadoras. O grupo temático agregará trabalhos que reflitam
sobre pensamento sobre sexualidade, preconceito, fé e inclusão dos homossexuais
brasileiros em igrejas “diferenciadas”, criadas para um público visto como
“diferenciado”.

277
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Sem atividades Sem atividades A diferença se tornando


Comunic. unidade: análise dos “temas
da semana” nos grupos de
discussão na Igreja
Missionária Inclusiva em
Maceió

Niara Oiara da Silva


Aureliano
UFAL

Espaços religiosos de
inclusão e diversidade
sexual: um estudo sobre
uma igreja inclusiva
paulistana e os elementos
sagrados e profanos em
torno da noção de
sexualidade

Marina Santi Lopes Garcia


UFABC

ICM-SP, o perfil de uma


comunidade inclusiva

Aramis Luis Silva


CEBRAP

Igreja Cidade de Refúgio:


movimento LGBTTIS ou
pentecostal?

Regiane Ap. de Lima


UEL

Igrejas Inclusivas: novo


movimento religioso ou mais
uma igreja cristã
emergente?

Cosme Alexandre Ribeiro


Moreira
UMESP

278
Evangélicos e as relações de
gênero na implantação de
uma Igreja Inclusiva em
Campinas

Livan Chiroma Veiga


UMESP

A pomba-gira sou eu –
aspectos de identidade da
religiosidade Afro com a
transexualidade

Tássio Acosta Rodrigues


USP, Santa Cecília

279
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

A diferença se tornando unidade: análise dos “temas da semana” nos grupos


de discussão na Igreja Missionária Inclusiva em Maceió

Niara Oiara da Silva Aureliano1

Este artigo pretende analisar os temas debatidos nos grupos de discussão realizados
no ambiente da Igreja Missionária Inclusiva, localizada em Maceió, Alagoas. Faz-
se necessário entender a construção do ser social a partir do ambiente religioso em
que se está inserido. Nesse sentido, analisar-se-á os temas escolhidos e os debates
levantados acerca. A temática se mostra importante por se tratar de uma questão
objetiva: os diálogos são na sede da I.M.I. levantados para ajudar na autoaceitação
e retirada de dúvidas dos jovens gays cristãos, que ainda vivem em um ambiente
duplamente hostil: o preconceito religioso, por ser a Igreja Missionária Inclusiva
atacada por cristãos conservadores, e a homofobia.
Palavras-chave: religião; igreja inclusiva; homofobia; preconceito.

***
Espaços religiosos de inclusão e diversidade sexual: um estudo sobre uma
igreja inclusiva paulistana e os elementos sagrados e profanos em torno da
noção de sexualidade

Marina Santi Lopes Garcia2

As “igrejas inclusivas” surgiram no Brasil na década de 1990 e crescem em razão


de adeptos homossexuais excluídos de igrejas tradicionais e outros que desejam
viver sua sexualidade livremente e participar de um grupo religioso. Essas igrejas
se caracterizam pela capacidade de flexibilizar valores cristalizados em igrejas
tradicionais, pela adoção de diferentes condutas morais e por formular uma

1
Graduanda em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela UFAL. Contato:
niaraaureliano@hotmail.com.
2
Graduanda em Ciências e Humanidades pela UFABC. Bolsista JTC/CAPES. Orientada pela
Profa. Dra. Ana Keila Mosca Pinezi. Contato: marina.santilopesgarcia@gmail.com.
280
teologia que rompe com o estigma atribuído ao grupo LGBTT. Esta pesquisa
investigou a inserção de indivíduos nessa esfera religiosa, como são pensados
sagrado e profano em relação à sexualidade e qual o arsenal simbólico da doutrina
dessa igreja. A pesquisa foi realizada em uma igreja inclusiva, a Comunidade
Cristã Nova Esperança, em Santo André. Foram feitas entrevistas com membros
desse grupo e observação participante nos cultos dessa igreja. A análise se centrará
na questão da identidade de gênero e da homossexualidade em relação ao
pertencimento a esse grupo religioso autodenominado cristão.
Palavras-chave: religião; homossexualidade; Igreja.

***
ICM-SP, o perfil de uma comunidade inclusiva

Aramis Luis Silva3

Como parte de um projeto de pesquisa direcionado a analisar de que modo a


participação das igrejas cristãs em torno da controvérsia sobre “o casamento gay”
(união civil entre pessoas do mesmo sexo) estão reconfigurando os significados das
práticas homoafetivas na cena pública brasileira, nos propomos traçar o perfil da
Igreja da Comunidade Metropolitana de São Paulo (ICM-SP), uma das
denominações religiosas inclusivas da cidade e um dos possíveis lugares de
observação desta vasta rede de instituições e agentes que participam dessa
controvérsia. Para irmos além de uma descrição etnográfica da instituição,
assumimos como missão responder as seguintes questões: como e por que a ICM-
SP se concebe e é percebida como uma igreja inclusiva distintas das demais? Quais
são os marcadores dessa diferença? Que implicações isso traz para a sua pauta de
reivindicações políticas?
Palavras-chave: religião; inclusão; homossexualidade.

***

3
Doutor e mestre em Antropologia pela USP. Colaborador do Cebrap, membro do GE sobre
Mediação e Alteridade (GEMA) e do Grupo Religião e Esfera Pública. Contato:
aramisluis@uol.com.br.
281
Igreja Cidade de Refúgio: movimento LGBTTIS ou pentecostal?

Regiane Ap. de Lima4

O estudo pretende investigar o processo de religiosidade e socialização dentro da


igreja inclusiva de Londrina intitulada Cidade de Refúgio, instituição cristã
pentecostal que tem como foco a inclusão de gays, lésbicas, transexuais. Os
objetivos que norteiam a observação buscam identificar entre os sujeitos se existe
uma perspectiva de reivindicação política, de quebra ao tradicionalismo moral
evangélico ou se apenas a procura de espaço religioso. Nesse sentido, observar
como acontece as práticas da teologia inclusiva já que se trata de um ramo que
explica a inclusão seja ela de negros, mulheres e homossexuais.
Palavras-chave: sociologia das religiões; homossexualidade; movimento
LGBTTIS; Comunidade Cidade de Refúgio.

***
Igrejas inclusivas: novo movimento religioso ou mais uma igreja cristã
emergente?

Cosme Alexandre Ribeiro Moreira 5

A luta pelos direitos do público LGBT tem gerado calorosos debates nas
instituições educacionais, na política, nas mídias sociais e na imprensa falada e
escrita. União civil entre pessoas do mesmo sexo, “casamento gay”, Estatuto da
Diversidade Sexual, PL 122/06, adoção de crianças por casais homossexuais,
dentre outros assuntos ligados ao universo homossexual tem sido exaustivamente
trabalhados por diversos setores sociais, o religioso não poderia ser excluído
desse processo social. A criação de comunidades religiosas cristãs inclusivas é
uma realidade na maior metrópole do Brasil. Como classificar essa nova
conformação religiosa, que transcende aos moldes postos e impostos social e
religiosamente? Novo Movimento Religioso ou mais uma igreja evangélica que
emerge nesse mar de denominações que povoam o espaço religioso brasileiro?
4
Graduanda em Ciências Sociais pela UEL. Membro do PROIC/UEL. Contato:
tuti34@bol.com.br.
5
Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GE de Gênero e Religião
Mandrágora/NETMAL/UMESP. Graduado em Ciências Jurídicas pela UNICID, especialista em
Direito Penal pela ESMP, graduado em Teologia pela UMESP. Bolsista CAPES/CNPQ,
modalidade Bolsa Flexibilizada. Contato: arquivocosme@gmail.com.

282
Esse trabalho fará uma análise sócio-político-religiosa a respeito do assunto,
buscando subsídios que permitam ao menos, uma visão mais ampla a respeito do
que seja essa nova conformação religiosa que ganha força no cenário político e
religioso brasileiro na atualidade.
Palavras-chave: homoafetividade; homossexuais; seitas; igrejas; religiões.

***
Evangélicos e as relações de gênero na implantação de uma Igreja Inclusiva
em Campinas

Livan Chiroma Veiga6

Nesta, preretendo analisar o trânsito religioso existente durante o processo de


implementação de uma igreja inclusiva na cidade de Campinas – SP. As Igrejas
Inclusivas tem se multiplicado no Brasil à partir da década de 90 e crescem
aceleradamente. Inúmeras denominações, divisões e movimentos incluem-nas
como a mais nova protagonista no mapa dos estudos das religiões, trânsito, gênero
e sexualidade no Brasil. As construções de gênero apesar da polissemia,
proporciona abertura e capilaridade do cotejo gênero e religião. A cidade de
Campinas oferece uma oportuna avaliação de interpretações das representações.
Localizada no interior de São Paulo, no folclore popular é considera “cidade dos
gays”. A comunicação pretende avaliar qualitativamente diversas construções das
representações de gênero, analisando o discurso de outras comunidade evangélicas
em relação à esta versão, inclusiva. O lócus do trânsito religioso, como disciplina
aderida às ciências humanas, pretende analisar as mobilidades, as fusões
simbólicas entre os indivíduos religiosos e suas instituições, criando um campo de
visão privilegiada destas representações. Embora o campo da religião no Brasil
seja intensamente plural, a inclusão de homossexuais nas dinâmicas internas das
comunidade religiosas ainda é tabu.
Palavras-chave: evangélicos; igreja inclusiva; trânsito religioso;
fundamentalismos.
***

6
Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Graduado em Comunicação Social pela
UNIP e bacharel em Teologia pela FTBC, graduando em Ciências Sociais pela UNICAMP.
Filiado ao GIPESP - Grupo Interdisciplinar de pesquisa da Sociologia do Protestantismo. Bolsista
CNPQ. Contato: livanveiga@gmail.com.
283
A pomba-gira sou eu – aspectos de identidade da religiosidade Afro com a
transexualidade

Tássio Acosta Rodrigues7

A identidade de Gênero das pombas-giras, independente do médium que a recebe,


traz a possibilidade do debate sobre como a imposição de gênero dicotômico
através da heteronormatização de Warner (1991) engessa a subjetividade da
sexualidade por intermédio dos dispositivos históricos de Foucault (1988).
Discursos esses que normatizam, regulamentam e instauram saberes sobre o Corpo.
Partindo deste principio, a identidade das pessoas transexuais femininas para com
as pomba-giras não apenas foi imediata como também o pertencimento de
identidade com aquela entidade. John Money (1973) afirmou a respeito da
possibilidade de separação entre o “sexo-real” biológico e a subjetividade de
gênero, estabelecido através das influências culturais Castel (2003). A partir de
entrevistas qualitativas e análises discursivas com transexuais femininos
objetivando o entendimento de sua própria identidade de gênero, o trabalho passa a
analisar de acordo com Ceccarelli (2008) que, assim como a pomba-gira, a
transexual é “inquilino no próprio corpo, ‘em trânsito’ em um corpo estrangeiro,
posto que não reconhecido como seu, o transexual testemunha um arranjo pulsional
singular: a cartografia erógena que constitui de seu corpo apresenta certas partes
que, do ponto de vista da economia libidinal, são como inexistentes”.
Palavras-chave: transexualidade, religião afro, umbanda, candomblé, identidade de
gênero.

7
Cursando especializações em Ética, Valores e Cidadania na Escola, pela USP, e
em Patrimônio Histórico, Memória e Preservação pela Universidade Santa Cecília,
graduado em História pela Universidade Católica de Santos. Contato:
tassiocosta@gmail.com.

284
GT15 – (In)tolerância, gênero e
religião
Coordenadoras

Maria José Fontelas Rosado Nunes Josefa Buendia Gómez


Doutora em Ciências da Religião Doutora em Literatura Espanhola e
pela PUC/SP. Professora na Hispano-Americana pela USP.
PUC/SP. Pesquisadora do CNPQ. Professora na Faculdade Sumaré.

Comentador/a

Breno Martins Campos Paula Leonardi


Doutor pela PUC/Camp. Doutora em Educação pela USP.
Professora na Universidade São
Francisco.

Resumo

O Brasil tem sido considerado um país de fácil convivência entre diferentes,


inclusive no campo das religiões. Nos últimos anos, porém, à medida em que a
sociedade se torna cada vez mais plural em termos religiosos, temos assistido a
manifestações públicas de intolerância. Tais manifestações dão-se em um contexto
político novo de investimento de setores religiosos conservadores na sociedade e
no Estado, seja disputando lugares de poder no Executivo, seja conquistando
espaços cada vez maiores no Parlamento ou ainda, ampliando as possibilidades de
incidência social pelo uso das mídias e do trabalho de assistência. A ampliação do
poder político desses grupos expressa-se, entre outros, nas tentativas de reverter
avanços em relação a direitos nos campos da sexualidade e da reprodução, afetando
diretamente a população LGBTTI e, particularmente, as mulheres. O GT propõe a
discussão de questões que dizem respeito às articulações entre liberdade religiosa,
democracia e a efetivação dos direitos de cidadania em um Estado
constitucionalmente laico.

285
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Intolerância religiosa no Sem atividades


Brasil: características,
estratégias de
enfrentamento e tendências
no Serviço Social

Graziela Ferreira Quintão


UFF

Comunidades de Terreiro:
relatos da intolerância

Lucas de Deus da Silva


PUC/RJ

Da Ortodoxia ao
Clericalismo: Igreja, Estado
e as tentativas de influência
eclesiástica no poder
público

Guilherme Borges Ferreira


Costa
USP

“Eu amo os homossexuais


como eu amo os bandidos”:
o pensamento religioso de
Silas Malafaia

Andrew Feitosa do
Nascimento
FMS

Discurso, poder e mulheres


na cibercultura: uma
análise das consequências
sócio-políticas do conceito
de coporeidade difundido
no ciberespaço por adeptas
das novas espiritualidades
femininas e formação de
capital simbólico e social

Sabrina Alves
PUC/SP

286
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Intolerância religiosa no Brasil: características, estratégias de enfrentamento


e tendências no Serviço Social

Graziela Ferreira Quintão1

Historicamente, as religiões têm desempenhado papel importante nas relações


sociais, políticas e econômicas na sociedade brasileira. A ampliação dos direitos ao
exercício da liberdade religiosa tem se destacado como importante fenômeno na
democracia no Brasil. Na sociedade civil e nos movimentos sociais em particular, a
religião vem ocupando um espaço diferenciado, o que têm levado a ações de
movimentos sociais, e à luta por uma política pública específica, o Plano Nacional
de Combate à Intolerância Religiosa. Considerando a importância deste tema para
a comunidade do Serviço Social, apresentaremos dados de um levantamento de
estudos produzidos em programas de pós-graduação na área de Serviço Social e
dos posicionamentos políticos de sua principal entidade representativa - o
Conselho Federal de Serviço Social - em relação a discussões e ações de
movimentos sociais acerca da liberdade e intolerância religiosa no Brasil
Palavras-chave: liberdade religiosa; intolerância religiosa; Serviço Social.

***
Comunidades de Terreiro: relatos da intolerância

Lucas de Deus da Silva2

O presente trabalho tem por finalidade analisar os dados coletados através do


questionário aplicado durante a pesquisa do “Mapeamento das Casas de Religiões
de Matriz Africana do Rio de Janeiro” realizada pela PUC-Rio, com o intuito de
identificar a maneira pela qual a intolerância religiosa se manifesta no Rio de
Janeiro, a fim de dar visibilidade às manifestações de preconceito e discriminação a
1
Assistente Social do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Política Social
pela UFF. Contato: grazielaquintao@yahoo.com.br.
2
Bacharelando em Ciências Sociais pela PUC/RJ. Bolsista PIBIC/CNPq. Orientado pela Profa.
Dra. Sonia Maria Giacomini. Contato: dedeuslucas@yahoo.com.br.
287
que estão sujeitos os indivíduos praticantes das religiões de matriz africana. Com a
análise desses questionários foi construída uma base de dados que nos permitiu
classificar, tipificar e quantificar as práticas discriminatórias do universo
pesquisado. Baseado em uma reflexão antropológica acerca dos dados produzidos
na pesquisa, parece-nos vir à tona a necessidade de se construir políticas públicas
efetivas que combatam as discriminações sofridas pelas Comunidades de Terreiro
do Rio de Janeiro, fortalecendo a democracia e os direitos de cidadania
reconhecidos em um Estado laico.
Palavras-chave: intolerância religiosa; religiões de matriz africana; discriminação.

***
Da Ortodoxia ao Clericalismo: Igreja, Estado e as tentativas de influência
eclesiástica no poder público

Guilherme Borges Ferreira Costa3

A exposição toma como ponto de partida a observação dos embates múltiplos


entre representantes do poder federal e clero católico desencadeados pela
divulgação oficial do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). A
ideia é fazer uma análise do possível prestígio daquele discurso religioso
marcadamente conservador e do seu potencial de persuasão, tanto no interior das
fileiras institucionais eclesiásticas, quanto no que concerne às esferas propriamente
estatais. A partir de um feixe de episódios recentes, procura-se observar a quantas
anda o poderio político da hierarquia clerical, tendo como locus teórico a
problemática dos direitos sexuais e reprodutivos. A hipótese de trabalho se
apresenta, por sua vez, no feitio de uma constatação em duas bandas: o mesmo
conservadorismo que galga cada vez mais posições dentro das fronteiras estreitas
da Igreja solene, está gradativamente a perder espaço na execução e manutenção da
forma da Lei que rege nossa sociedade brasileira.
Palavras-chave: direitos sexuais e reprodutivos; Igreja Católica; esfera pública;
modernidade.

***

3
Mestrando em Sociologia pela USP. Graduado em Ciências Sociais pela USP. Orientado pela
Profa. Dra. Maria Helena Oliva Augusto. Bolsista CAPES. Contato: guibc@uol.com.br.
288
Eu amo os homossexuais como eu amo os bandidos”: o pensamento religioso
de Silas Malafaia

Andrew Feitosa do Nascimento4

Nas tradições religiosas de origem abraâmica, representaram, no transcurso da


história, muito bem o papel de normalizadoras da conduta, com seus processos
específicos de controle e repressão. No Brasil, a tradição religiosa cristã, própria do
processo colonizador, construiu bases sólidas para manutenção de sua hegemonia.
A partir da segunda metade do séc. XX, o espaço somente ocupado pela Igreja
Católica, começou a ser dividido pelo crescente avanço dos pentecostalismos e
neo-pentecostalismos. Na passagem do século, figuras religiosas ocupam espaços
em programas televisivos e em outras mídias. Destes, destacamos a atuação do
pastor Silas Malafaia e sua construção discursiva acerca da homossexualidade. A
partir do levantamento no portal eletrônico mídiagospel.com, delimitado nas
entrevistas e na coluna deste pastor e na seção comentários, ambicionamos
compreender a justificação religiosa contra a população LGBT, destacando um dos
principais polemistas evangélicos em atividade no país
Palavras-chave: religião; homossexualidade; gênero; estudos LGBT;
heteronormatividade.

***
Discurso, poder e mulheres na cibercultura: uma análise das consequências
sócio-políticas do conceito de corporeidade difundido no ciberespaço por
adeptas das novas espiritualidades femininas e formação de capital simbólico
e social

Sabrina Alves5

Interessa-nos averiguar as consequências da forma, do conteúdo e sócio-políticas


das mensagens produzidas pelas mulheres adeptas dos “círculos de mulheres” no
ambiente do ciberespaço, quando utilizam autonomamente as ferramentas

4
Graduado em Educação Física pela UCDB. Graduando em Turismo pela UFMS. Membro do
diretório de pesquisa “Universo Dialógico, do GP em Cultura, Política & Diversidade” (UFMS) e
da equipe do projeto de pesquisa “Homossexualidade & Homofobia, Representações & Mídia no
Brasil Contemporâneo”. Orientado pelo Prof. Dr. Miguel Rodrigues de Sousa Neto. Contato:
andrew_ufms.ucdb@hotmail.com.
5
Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP. Mestre em Ciências da Religião e
graduada em Comunicação. Contato: alves.sabrina@gmail.com.
289
disponibilizadas pela comunicação em rede, como computadores e sinal de internet
em casa sempre à disposição, para fomentar e reproduzir suas concepções e
expressões espiritualizadas sobre seus corpos com relação à natureza.
Tal pesquisa se dará em torno das consequências sócio-políticas da incomunicação
dos grupos “círculos de mulheres” para outros grupos de mulheres que não se
reconhecem nos discursos sobre o corpo produzidas em ambiente web por esses
grupos. Será trabalhada a suposição preliminar de que, tais membras dos grupos
“círculos de mulheres” ao viabilizarem seus conceitos espiritualizados sobre seus
corpos ora abririam espaços para novas formas de espiritualidade e capital
simbólico na rede, ora, ao não reconhecerem seus privilégios, reforçariam
estereótipos de gênero, sexistas, morais e conservadores, incorrendo na
incomunicação e estruturas biopolíticas, para alguns, e tendo um grande potencial
de adesão, por outros.
Palavras-chave: cibercultura; corpo; gênero; novas-religiões.

290
GT16 – Marketing, espetáculo e
ciberespaço: entre diversidades e
(in)tolerâncias religiosas
Coordenador/a

Eduardo Meinberg de
Albuquerque Maranhão Filho Jacqueline Ziroldo Dolghie
Doutorando em História Social pela Doutora em Ciências da Religião
USP. Mestre em História pela pela UMESP.
UDESC.

Comentadores

Emerson Sena da Silveira do Programa de Pós-Graduação em


Doutor em Ciência da Religião pela Ciências da Religião pela mesma
UFJF. Professor no Programa de instituição.
Pós-Graduação da mesma
instituição. Stewart M. Hoover
Professor da University of Colorado.
Leonildo Silveira Campos
Diretor do Center of Media, religion
Doutor em Ciências da Religião pela
UMESP. Professor e Coordenador and Culture da mesma instituição.

Resumo

De que maneiras mercado, marketing, espetáculo e ciberespaço se articulam às


múltiplas formas de (in) tolerâncias e diversidades religiosas? Inspirado por esta
questão, este GT propõe-se a analisar trabalhos que envolvam produções como
megacultos, corpo, moda, canção, dança e outras manifestações artísticas,
relacionados a diferentes formas de mídia, como a impressa, a radiofônica, a
televisiva e a cibernética – e preferencialmente, associados à (in) tolerância a
pessoas que se identificam através de marcadores sociais diversos (identidade de
gênero, orientação sexual, cor, geração, etc.). Serão bem vindos trabalhos que
apresentem análises e suscitem diálogos a partir de etnografias, etnografias digitais,
histórias orais, narrativas pessoais, análises de imagens, discursos e outras
possibilidades teórico-metodológicas.

291
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

O marketing eletrônico como O que dizem os Religião e Ciberespaço:


instrumento de manipulação evangélicos sobre o cultura do imaterial e
Comunic. da fé incêndio na boate Kiss: elementos da estética
lazer e (in) tolerância classicista no portal dos
José Wagner Ribeiro cultural Arautos do Evangelho
UFAL
Waldney de Sousa Flávia Gabriela da Costa
Rodrigues Costa UNIP
UFJF

A mão de Deus está aqui e na Catolicismo renovado nas Comunidades religiosas


televisão: análise etnográfica mídias sociais: o discurso nas redes sociais virtuais:
dos cultos da Igreja Mundial mercadológico de um conexão técnica ou
do Poder de Deus (IMPD), na popstar da fé vínculo comunitário?
Sede Regional, em São Luís -
MA Karla Regina Macena Jorge Miklos
Pereira Patriota Bronsztein UNIP
Jaciara Fonseca dos Santos UFPE
UFMA
Adriana do Amaral Freire
UFPE

Anjos, demônios sociais e Nichos cibernéticos de O Testemunho Religioso


canções de amor performance religiosa: a no ciberespaço: uma
conversação em chats da forma (cri)ativa de
Claudefranklin Monteiro Santos Canção Nova interpelar o outro
UFS
Emerson Sena da Silveira Ronivaldo Moreira de
UFJF Souza
Unida/ES

“Juntos outra vez”: canção, Lápides, flores e velas E quando Deus vira
espetáculo e marketing virtuais: os cemitérios on- Google? O adolescente e
religioso no Louvor Norte line (1990-2013) sua percepção sobre Deus
no Facebook
Giovana dos Anjos Ferreira Julia Massucheti Tomasi
UEPA UFSC Kate Fabiani Rigo
EST

Análise de discurso da marca Mercado, música e Narrativas digitais nas


da igreja Bola de Neve espetáculo: novos espaços diversas redes educativas
e legitimações religiosas que atravessam as
Anna Maria Salustiano aprendizagens em
UFPE Jacqueline Ziroldo Dolghie terreiros de Candomblé
UMESP no Brasil

Máira Conceição Alves


Pereira
IBMR

292
A grande onda vai te pegar: Mborai: o canto sagrado A Internet e seus
marketing, espetáculo e guarani perigos: individualismo e
ciberespaço na Bola de Neve poder
Church João José de Felix Pereira entre as Testemunhas de
UMESP Jeová
Eduardo Meinberg de
Albuquerque Maranhão Fº Suzana Ramos Coutinho
USP Mackenzie

A propagação da fé através do A espetacularização do Imagens intolerantes:


e-mail numa visão da Mística culto: uma análise dos proselitismo neoateu no
Pôsteres e do Sagrado shows gospel a partir da Facebook
Marcha para Jesus
Valter Luís de Avellar Rogério Fernandes da Silva
UCP Gabriel de Melo Pontes PUC/SP
Mackenzie

293
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

O marketing eletrônico como instrumento de manipulação da fé

José Wagner Ribeiro1

Este texto propõe uma análise da utilização de técnica do marketing eletrônico


pelas Igrejas, principalmente pela IURD – “Igreja Universal do Reino de Deus”,
analisa também o caráter mercantil da religião, características estas que apesar de
sempre existente na história das religiões, acirrou-se de sobremaneira com o
advento da televisão e do espírito capitalista, sobretudo recentemente com as
igrejas constitui-se um grande exemplo de eficácia na utilização de estratégias de
marketing eletrônico televisivo, sendo este um dos principais motivos de sucesso
no “mercado religioso”.
Palavras-chave: marketing; televisão; religião.

***
A mão de Deus está aqui e na televisão: análise etnográfica dos cultos da
Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), na Sede Regional, em São Luís -
MA

Jaciara Fonseca dos Santo 2

A IMPD apresenta um crescimento vertiginoso em seus 15 anos de atuação no


cenário religioso brasileiro. Deve-se tal fato ao seu discurso religioso basear-se na
ênfase do milagre de cura, do uso dos testemunhos, na realização de megacultos,
da figura carismática embutida na imagem de seus líderes e do recurso ao universo
midiático? Empreenderemos aqui uma tentativa de compreensão da
instrumentalização desses elementos, na dinâmica de atuação da única igreja
neopentecostal que atualmente impõe-se como maior concorrente da já

1
Professor associado III na UFAL. Pós-doutor pela Universidade do Minho (Braga), Doutor pela
UFRJ e Mestre pela USP. Coordenador do NEPEC, Vice Coordenador do Intermídia. Contato:
josewagnerribeiro@bol.com.br .
2
Graduada em História pela UFMA. Membro do GP História e Religião. Orientada pela Prof. Dr.
Lyndon de Araújo Santos. Contato: jaciara_jc@hotmail.com.
294
estabelecida e maior representante do neopentecostalismo no Brasil, a Igreja
Universal do Reino de Deus, da qual o líder e fundador da IMPD, o autointitulado
Apóstolo Valdemiro Santiago foi bispo. A IMPD em São Luís e o papel por ela
exercido na configuração religiosa brasileira serão analisados através da articulação
de categorias de análise como o carisma, discurso, dentre outros, e do ritual- o
culto enquanto espaço de atuação, como também da utilização da mídia enquanto
instrumento de proselitismo e propaganda. Utilizamos como metodologia de
pesquisa abordagens etnográficas por meio da observação participante dos rituais,
dos discursos, das posturas, da estética e dos usos simbólicos de artefatos sagrados
em cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Luís – MA.
Palavras-chave: IMPD; São Luís-MA; televisão.

***
Anjos, demônios sociais e canções de amor

Claudefranklin Monteiro Santos 3

Criada em 1982, na cidade de Brasília, a banda Legião Urbana alcançou sucesso e


popularidade, sobretudo entre os jovens. Empunhando um rock de protesto e sob a
liderança de Renato Russo, se transformou numa bandeira de luta social para uma
juventude carente de liberdade e ainda aprendendo a viver com uma democracia
muito tênue. Ao passo em que seus componentes amadureciam frente à conjuntura
histórica, seu líder vivia às voltas com um drama pessoal que o levou a óbito em 11
de outubro de 1996: a AIDS. De Faroeste Caboclo a Pais e Filhos, entre demônios
sociais e canções de amor, a Banda Legião Urbana apresenta um repertório rico de
possibilidades para os estudiosos das religiosidades no mundo contemporâneo,
revelando um sentimento que ultrapassa, ao tempo em que também atravessa, o
institucionalmente estabelecido. O presente trabalho quer mergulhar nesse
potencial analítico e procurar entender o universo social e religioso do Brasil dos
anos oitenta e noventa do século XX, à luz de uma discussão historiográfica.
Palavras-chave: história social do rock brasileiro; Legião Urbana; religiosidade.

***

3
Doutorando em História pela UFPE. Professor do DHI – UFS. Membro do GPCIR (GP Cultura,
Identidades e Religiosidades), da Academia Sergipana de Letras, Academia Lagartense de Letras
(ALL) e Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). Contato:
franklinmonteiro@oi.com.br.
295
“Juntos outra vez”: canção, espetáculo e marketing religioso no Louvor Norte

Giovana dos Anjos Ferreira4

A partir da pluralidade dos estudos sobre o gospel e o crescente espaço que o


mesmo continua alcançando nas mídias, a presente produção busca compreender a
sua configuração no contexto paraense, especificamente, na Região Metropolitana
de Belém. Refletindo sobre as diversas formas que o gospel apresenta na
contemporaneidade e como esse novo estilo de adoração ao sagrado vem se
adaptando e adequando as especificidades locais, ou seja, como interfere na, e sofre
interferências da cultura brasileira, tomo como exemplo o Louvor Norte, festival de
canções gospel – evento já tradicional na cidade e que ocorre desde 1987. A
comunicação será construída por meio de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de
campo.
Palavras-chave: gospel; mídia, Louvor Norte; espetáculo.

***
Análise de discurso da marca da igreja Bola de Neve

Anna Maria Salustiano5

Inserida na ideia de sociedade do espetáculo a religião, para continuar produzindo


sentido, alia-se à lógica proposta pelo consumo e fabrica conteúdo coerente com os
meios de comunicação. A marca pensada aqui como uma das formas de
sobrevivência da instituição eclesiástica faz o fiel acreditar e incorporar
simbolicamente novas regras ditas no espaço sagrado, atribuindo a esse seguidor
um novo papel nesse campo, que antes era pensado apenas da ótica publicitária. O
presente artigo aborda as estratégias discursivas utilizadas da Igreja Bola de Neve,
como marca, visando o fortalecimento da crença e a confiança dos seguidores, em
sua maioria jovens e praticantes de algum esporte radical. As soluções híbridas
causadas pelo entrelaçamento das ações publicitárias evidenciam as funções de
anúncios religiosos ligados ao entretenimento e à nova comunicação estabelecida
entre pastor e fiel.
4
Graduada em Ciências da Religião pela UEPA. Membro do GE Musicais da Amazônia
(GEMAM) e do GP Movimentos, Instituições e Culturas Evangélicas na Amazônia (MICEA).
Orientada pela Prof. Dr. : Denise de Sousa Simões Rodrigues (UEPA) e Eduardo Meinberg de
Albuquerque Maranhão Fº (USP) . Contato: giovanadosanjos@hotmail.com.
5
Mestranda em Comunicação pela UFPE. Especialista em Assessoria de Comunicação.
Orientada pelo Prof. Dr. Rogério Covaleski. Contato: annasalustiano@gmail.com.
296
Palavras-chave: religião; publicidade; discurso; marca.

***
A grande onda vai te pegar: marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de
Neve Church

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F º6

Apresento aqui, sinteticamente, algumas das relações entre o marketing de guerra


santa empreendido pela Bola de Neve Church e seus discursos (congelados e
derretidos), identificados através de seus esforços de midiatização e
espetacularização – e tendo como principal plataforma midiatizadora o ciberespaço
(mais especificamente, a internet).
Palavras-chave: Bola de Neve Church; marketing; espetáculo; ciberespaço;
internet.

***
Pôster

A propagação da fé através do e-mail numa visão da Mística e do


Sagrado

Valter Luis de Avellar 7

Nesses tempos pós-modernos, o uso da Internet, em especial o e-mail, vem se


popularizando cada vez mais como um novo meio de comunicação para a propagação
da fé, através de mensagens relacionadas à atitude, valores positivos, otimismo,
sabedoria e espiritualidade, sem haver menção a quaisquer dogmas, ritos ou crenças
religiosas. No artigo são apresentados alguns conceitos que podem ser aplicados a esse
fenômeno do e-mail como a Espiritualidade, a Mística, o Sagrado, a Ética, a Moral e os
Valores. Em nosso entender, uma das motivações dos internautas, ao enviarem
mensagens humanísticas e espirituais, tem conexão com a propagação da experiência
mística pessoal. Quanto aos efeitos, o fenômeno pode proporcionar o encontro com o
Sagrado e suas conseqüências éticas.
Palavras-chave: internet, propagação da fé, Sagrado, Mística.

6
Doutorando em História pela USP. Mestre em História pela UDESC e especialista em Marketing
e Comunicação Social pela Cásper Líbero. Contato: edumeinberg@gmail.com.
7
Mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Contato: avellar@unicap.br.
297
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

O que dizem os evangélicos sobre o incêndio na boate Kiss: lazer e (in)


tolerância cultural

Waldney de Sousa Rodrigues Costa 8

O evento “Aglomerados” em Santa Maria - RS culminou no incêndio da boate Kiss


que gerou grande comoção pública, incitando diversos atores a se pronunciarem
sobre o caso. Este trabalho visa problematizar declarações e discursos de
evangélicos sobre o ocorrido. Analisando falas coletadas em pesquisa etnográfica e
em sites e redes sociais, o objetivo principal é apresentar como, apesar de vários
destes sujeitos se envolverem em atividades de lazer aparentemente semelhantes,
algumas características do evento em que se originou o incêndio são vistas como
pecaminosas e condenadas. Pretende-se desta forma destacar a relação ambígua
dos evangélicos com o lazer. Se por um lado se abrem a combinações que dão
origem a eventos como megacultos, shows e espetáculos gospel, por outro mantêm
um repto a algumas formas comuns de lazer, o que neste trabalho é entendido
como (in) tolerância cultural.
Palavras-chave: evangélicos; incêndio na boate Kiss; Santa Maria – RS; lazer;
intolerância cultural.

***

Catolicismo renovado nas mídias sociais: o discurso mercadológico de um


popstar da fé

Karla Regina Macena Pereira Patriota Bronsztein9


Adriana do Amaral Freire10

8
Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Bacharel em Ciências Humanas pela UFJF e em
Teologia pela Fac. Unida de Vitória – ES. Bolsista CAPES. Orientado pelo Prof. Dr. Emerson
Sena da Silveira. Contato: dnney@ibest.com.br.
9
Pós-doutoranda na University of Cambridge. Doutora em Sociologia pela UFPE, Professora
Adjunta 2 de Publicidade e Propaganda na UFPE e no PPGCOM – UFPE. Coordenadora do GP
Publicidade nas Novas Mídias. Contato: k.patriota@gmail.com.
298
O artigo propõe, como objetivo, analisar usos e discursos atribuídos ao Padre Fábio
de Melo, personalidade midiática do catolicismo, numa perspectiva mercadológica
e espetacular, classificando-o como um popstar da fé. Como base teórica que
fundamentou a pesquisa, contamos com referências como Debord (1997), Campos
(1997), Guerra (2003) e Souza (2005). Na construção do percurso teórico,
conceitual e analítico, descrevemos as relações e investidas da Igreja Católica na
mídia, principalmente nas últimas décadas, e o perfil profissional, artístico e
midiático do personagem principal desta análise, o Padre Fábio de Melo. Para a
efetivação da análise discursiva coletamos conteúdos dos seus perfis nas redes
sociais Twitter e Facebook. Tais observações nos levaram a ponderar que a
dimensão espetacular e mercadológica das ações do Padre Fábio se constituem
como respostas ao contínuo imperativo que as diversas organizações religiosas –
incluída a Igreja Católica – tem para responder às demandas dos fiéis-
consumidores, o que solicita, por conseguinte, a modelagem no conteúdo
discursivo, a oferta de produtos atrativos (muitos de cunho espetacular) e a
instauração de um novo tipo de diálogo.
Palavras-chave: Padre Fábio de Melo; mídias sociais digitais; análise do discurso;
marketing; espetáculo.

***

Nichos cibernéticos de performance religiosa: a conversação em chats da


canção nova11

Emerson José Sena da Silveira12

No Brasil, a partir dos anos 2000, a Internet cresceu rapidamente. Esse novo
mundo cibernético afetou as religiões e as relações sociais que os adeptos de
grupos e movimentos religiosos travam entre si e entre outros não adeptos.
Espalhando-se a partir das religiosidades evangélicas, o catolicismo aprofundou
sua presença nesse espaço, principalmente a partir do movimento carismático
10
Doutoranda pelo PPGCOM /UFPE, mestra em Extensão Rural e Desenvolvimento Local pela
UFRPE, especialista em Administração com Ênfase em Marketing. Bolsista Capes. Contato:
adfreire2@hotmail.com.
11
Este texto foi desenvolvido a partir dos dados contidos no relatório de pós-doutoramento em
Antropologia, desenvolvido no PPCIR – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião
(PPCIR), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), entre 2008 e 2009, com bolsa
financiada pelo CNPQ.
12
Antropólogo. Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor Adjunto no Departamento
de Ciência da Religião e do PPCIR da UFJF. Contato: emerson.silveira@ufjf.edu.br.
299
católico, que passou a investir intensivamente nos novos meios de comunicação.
Para exemplificar essa nova dinâmica identitária, escolheram-se, como “campo
etnográfico virtual”, as salas de bate-papo on-line de uma das mais importantes
comunidades católico-carismáticas: a Canção Nova. Essas salas, conhecidas
como chats ou sistemas de comunicação eletrônica, simulam um ambiente em que
pessoas conversam entre si. A pesquisa estendeu-se por quatro meses entre 2008 e
2009, em horários alternados, e permitiu identificar alguns padrões de interação.
Foram pesquisados dois tipos de chats: o dirigido, com a presença de uma
personalidade convidada e conduzido por um chat-master(“supervisor” da sala); e
o livre, em que se conversa de forma espontânea. Constatou-se que a conversação é
dinâmica, mas seu desenho mantém algumas configurações básicas, como a intensa
troca de frases, simulação e mimese de identidades e símbolos linguísticos. Essa
atividade, apesar da força da tradição religiosa, torna-se “um enorme jogo sem
fim” ou uma “festa linguística” para onde se leva a “língua”, ao invés de “bebida”,
e onde a identidade religiosa torna-se um processo linguístico-religioso, ao invés
reificar-se como pureza dogmática.
Palavras-chave: identidade religiosa; espaço cibernético; chats católico-
carismáticos.

***
Lápides, flores e velas virtuais: os cemitérios on-line (1990-2013)

Julia Massucheti Tomasi13

No decorrer do século XX, em muitos países ocidentais, e principalmente nas


zonas urbanas, observam-se variadas modificações nos ritos fúnebres, de forma
que a morte acabou sendo, em muitos casos, “reprimida”. Entre esses rituais que
sofreram alterações está o luto, tornando-se geralmente uma prática solitária,
individual, introspectiva e silenciada. Juntamente com essas transformações dos
rituais de morte, percebem-se novas formas em lidar com a perda no mundo
virtual. Diversificadas práticas de luto são encontradas na internet, como nos sites
de cemitérios on-line, que são criados para preservar a memória do falecido.
Existentes desde meados da década de 1990, os cemitérios on-line têm como
principal objetivo disponibilizar páginas com memoriais de pessoas mortas.
Procura-se então mostrar com este artigo, como em tempos de morte interdita e
introspectiva, a internet tornou-se um ambiente para demonstrar a dor e a saudade
do ente falecido.
Palavras-chave: Luto; ritos fúnebres; morte contemporânea; cemitérios on-line;
internet.

13
Doutoranda em História pela UFSC. Contato: juliamtomasi@hotmail.com.
300
***
Mercado, música e espetáculo: novos espaços e legitimações religiosas

Jacqueline Ziroldo Dolghie 14

Há muito o mercado fonográfico brasileiro vem sendo estudado e sua expansão e


solidificação mostram que tal fenômeno não foi ou é meramente um “modismo” do
campo evangélico. Objeto de nosso estudo, a canção evangélica de adoração tem
tomado boa parte do mercado religioso e possibilitado que novas experiências
religiosas sejam vivenciadas em espaços não-institucionais e de formas não
convencionais por muitas igrejas/denominações evangélicas. Assim, propomos
problematizar a vivência institucional frente a força do mercado na criação de
novos espaços e novas formas de legitimação da experiência religiosa, que agora
não carece mais do reconhecimento das igrejas/instituições, nem tampouco está
submetida ao seu controle.
Palavras-chave: mercado; adoração; experiência religiosa; denominação.

***
Mborai: o canto sagrado guarani

João José de Félix Pereira15

Mborai: O Canto Sagrado Guarani, forma com Mimby: A Arte de Fazer e Tocar
Flautas de Bambu e Mborayu: Um Conceito da Espiritualidade Guarani, uma
trilogia sobre a música e a espiritualidade Guarani. Entre 1991 e 1995 escrevi a
dissertação de mestrado Mimby: A Arte de Fazer e Tocar Flautas de Bambu. Essa
dissertação foi defendida em 1995 no programa de Comunicação e Semiótica da
PUC/SP. Entre 2008 e 2010 escrevi a tese de doutorado Mborayu: Um Conceito
Da Espiritualidade Guarani, essa tese foi defendido em 2010, no programa de
Ciências da Religião da UMESP. O estudo que apresento, agora, faz parte da
minha pesquisa de pós-doutorado, nela me detive especificamente na poética do
Mborai, Canto Guarani, cujo conteúdo tem cunho religioso, linguagem afetiva que

14
Doutora e mestre em Ciências Sociais e Religião pela UMESP. Líder do GP “Cultura,
Sociedade e Representações”. Contato: jzdolghie@terra.com.br.
15
Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor de Composição Musical na
Universidade do Estado do Paraná/UNESPAR. Membro do grupo de pesquisa NETMAL da
UMESP. Orientado pela Profa. Dra. Sandra Duarte de Souza. Contato: awajupoty@ig.com.br.
301
é compartilhada reciprocamente por todos que tem em si o sentimento de pertença
a esse liame social.

***
Pôster

A espetacularização do culto: uma análise dos shows gospel a partir da


Marcha para Jesus

Gabriel de Melo Pontes16

Este projeto objetiva uma descrição de como as instituições religiosas têm


adaptado seus recursos simbólicos com a finalidade de assegurar sua
sobrevivência, expansão e legitimação no cosmo sagrado atual. Partindo-se de uma
análise da Marcha para Jesus, evento realizado anualmente em São Paulo pela
Igreja Renascer em Cristo, a pesquisa mostra, mediante compreensão do contexto
histórico-sociológico, que o fenômeno da espetacularização do culto observado nos
shows gospel neopentecostais está relacionado a um processo de dessacralização
religiosa e à inserção do evento litúrgico à lógica do mercado e dos eventos
comerciais. O estudo, portanto, propõe uma reflexão elucidativa à proposta de que
a religião no mundo atual apresenta um processo de esvaziamento institucional,
pluralidade, dessacralização e individualismo e de que sua manifestação dá-se
atualmente em cultos mais apropriados aos novos tempos (CAMPOS, 1997, p. 31).
Palavras-chave: marcha; espetacularização; dessacralização; gospel.

16
Bacharelando em Teologia pelo Mackenzie. Membro do GP Espetacularização do Sagrado,
Orientado pela Profa. Dra. Lídice Meyer Pinto Ribeiro. Contato: gabriel_jmp@hotmail.com.
302
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações
Religião e Ciberespaço: cultura do imaterial e elementos da estética classicista
no portal dos Arautos do Evangelho

Flávia Gabriela da Costa Rosa17

A pesquisa investiga as relações entre cibercultura e religião frente às novas


tecnologias digitais de comunicação. Elegemos a vertente católica denominada
Arautos do Evangelho e sua presença no cyberspace. O objetivo foi analisar a
transformação da linguagem dos Arautos do Evangelho e os recursos utilizados
para se relacionarem com seu público no cyberspace e a tentativa de criação de um
ambiente para um sujeito não corpóreo. Nossas hipóteses consideraram que o
movimento religioso busca estimular a cultura do imaterial por meio de elementos
da estética classicista. Para a análise estabelecemos como corpus o portal do
movimento na internet (www.arautos.org) no período de fevereiro de 2011 a
dezembro de 2012. No referencial teórico utilizamos os estudos de Mircea Eliade,
Joseph Campbell e Vilém Flusser. Sobre a intersecção Mídia/Religião, os estudos
de Alberto Klein e Jorge Miklos. Malena Segura Contrera contribui com seus
estudos sobre mediosfera e seu lugar no imaginário religioso.
Palavras-chave: imaginário midiático; cibercultura; ciber-religião; arautos do
evangelho.

***
Comunidades religiosas nas redes sociais virtuais: conexão técnica ou vínculo
comunitário?

Jorge Miklos18

17
Mestre em Comunicação pela UNIP. Membro do GP Mídia e Estudos do Imaginário (UNIP).
Orientada pela Profa. Dra. Malena Contrera. Contato: jornalista.gabriela@gmail.com.
18
Doutor em Comunicação e Semiótica e Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP.
Professor titular no PPG em Comunicação e Cultura Midiática da UNIP. Pesquisador do GP
Mídia e Estudos do Imaginário (UNIP). Diretor Presidente do Centro Interdisciplinar de
Semiótica da Cultura e da Mídia da PUC – SP. Contato: jorgemiklos@gmail.com.
303
Atualmente grupos religiosos engendram o associativismo religioso por meio da
conexão midiática nas redes cibernéticas. Grupos religiosos celebram as “redes”
com um novo ambiente de comunicação reticular capaz de promover laços sociais
entre os indivíduos que envolvem-se nesse nova ambiência de pertencimento. Que
implicações essa midiatização do campo religioso sinaliza? Esta comunicação tem
por objetivo desmistificar o discurso ufanista acerca da cultura digital. A despeito
do clima otimista que assenta na tecnologia de comunicação digital a esperança de
uma interação livre, a cibercultura é um cenário mais avançado da cultura de
massas e da indústria cultural. O que há nas redes é conexão técnica, fluxo
informacional, espetacularização do ritual, transformação do sagrado em
mercadoria, transformação dos líderes religiosos em celebridades, reprodução do
individualismo e intolerância.
Palavras-chave: cibercultura; comunidades religiosas; redes sociais virtuais;
espetáculo; intolerância.

***
O Testemunho Religioso no ciberespaço: uma forma (cri)ativa de interpelar o
outro

Ronivaldo Moreira de Souza19

A proposta desta pesquisa é investigar o gênero de discurso que ocupa o centro da


liturgia nas igrejas neopentecostais constituindo-se como um dos principais
gêneros religiosos de persuasão midiática e promoção institucional: o Testemunho
Religioso. Recorrendo aos pressupostos teóricos da Escola Francesa de Análise do
Discurso, esta pesquisa investiga como a Igreja Universal do Reino de Deus utiliza
este misto testemunho-publicidade para interpelar o enunciatário em uma mídia
caracterizada pela diversidade e alcance das mensagens, considerando-se ainda a
natureza diversificada da audiência na mídia digital e sua maneira dispersa de
buscar informação. Como foco investigativo a pesquisa analisa o acervo de
testemunhos da Universal postados no endereço eletrônico
www.eucreioemmilagres.com.br.
Palavras-chave: Testemunho Religioso; Igreja Universal do Reino de Deus; mídia
digital.

***
19
Mestrando em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória. Contato:
Kawai150@hotmail.com.
304
E quando Deus vira Google? O adolescente e sua percepção sobre Deus no
Facebook

Kate Fabiani Rigo20

O adolescente virtualizado do século XXI não está tendo oportunidade dentro do


espaço escolar e nem religioso de refletir sobre as questões que a sua religiosidade
e sua visão sobre a figura de Deus. A internet o ouve, o vê, o informa e o acolhe,
assim é possível entender que muitos adolescentes acabam associando Google a
figura de Deus. O estudo foi realizado a partir da pesquisa etnográfica virtual
usando páginas do Facebook com o objetivo de perceber a visão de Deus que o
adolescente compartilha no espaço virtual.
Palavras-chave: adolescente; Facebook; Deus.

***
Narrativas digitais nas diversas redes educativas que atravessam as
aprendizagens em terreiros de Candomblé no Brasil

Máira Conceição Alves Pereira 21

Este trabalho tem o objetivo de analisar as narrativas digitais construídas por meio
de imagens, vídeos, textos e interações em redes sociais digitais compartilhados
por praticantes dos terreiros de Candomblé. O eixo da análise recai sobre as
diversas redes educativas que se entrelaçam cotidianamente nesses terreiros,
alcançando o ciberespaço, e inspira-se em Caputo (2012), cuja pesquisa de vinte
anos com crianças de Candomblé revela que elas escondem sua fé na escola por se
sentirem discriminadas, tanto religiosa quanto racialmente. O papel das narrativas
digitais será analisado em sua potência criadora de novos significados para os
praticantes do Candomblé, conferindo mais visibilidade para a religião e
contribuindo para a superação do preconceito, viabilizando novas aprendizagens e
fortalecendo identidades de forma alinhada com a concepção de que as redes se
inserem em todas as fibras do cotidiano.
Palavras-chave: candomblé; narrativas digitais; redes educativas; redes sociais.

***
20
Doutoranda em Religião pela EST. Contato: kate@novaformacultural.com.
21
Mestre em Administração Pública e Empresarial pela FGV/RJ. Professora de Psicologia do
Centro Universitário IBMR. Pesquisadora nível I CAPES. Participante do GP Ilè Obà Òyó do
PPGE/UERJ. Contato: mairapereira@uol.com.br.
305
A Internet e seus perigos: individualismo e poder entre as Testemunhas de
Jeová

Suzana Ramos Coutinho22

A prática missionária das Testemunhas de Jeová é resultado de uma série de ações


que as encaminham ao proselitismo. O principal modo de comunicação para o seu
contato com o mundo, dado através do diálogo pessoal e da distribuição de suas
publicações escritas, destaca o fato de não utilizarem a Internet enquanto espaço
proselitista, em contraste com diversos outros grupos religiosos. Esta comunicação
visa discutir os diferentes elementos utilizados pelo grupo em sua prática
missionária levando em consideração que sua ação proselitista e de comunicação é
elaborado sob padrões diferenciados daqueles da comunicação no mundo atual.
Palavras-chave: Testemunhas de Jeová; comunicação; missão.

***
Pôster

Imagens intolerantes: proselitismo neoateu no Facebook

Rogério Fernandes da Silva23

Este trabalho visa discutir como a intolerância antirreligiosa é apresentada nas


redes sociais. Podemos perceber a divulgação de imagens que apóiam uma visão
contra as religiões a como são importantes nas redes sociais justificando a
intolerância nas redes sociais. O movimento neoateu vem se destacando no
combate às religiões e o meio mais visível dessa militância é a internet. Este
trabalho reflete sobre a outra face da intolerância, e é pouco comentada, a
antirreligiosa e como ela acontece num dos meios modernos de comunicação.
Como não é possível falar sobre as diversas redes sociais comentaremos, neste
caso, o Facebook, onde as imagens têm um papel predominante, pois acabam
atingindo muitas pessoas graças a sua alta interatividade. Diversas comunidades
surgiram e desenvolveram suas atividades criando um proselitismo ateu que atinge
uma camada muito jovem da população.
Palavras-chaves: imagem; neoteísmo; intolerância.

22
Ph.D. em Estudos da Religião (Lancaster, Inglaterra). Contato: sucoutinho@gmail.com.
23
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: prof_rfernandes@yahoo.com.br.
306
GT17 – “No templo, no quartel e
no porão”: os protestantes e a
ditadura militar brasileira
Coordenadores/a

Leonildo Silveira Campos


Doutor em Ciências da Religião pela Luciane Silva de Almeida
UMESP. Professor e coordenador no Doutoranda em História pela
PPCIR da mesma Universidade UFMG. Professora Substituta do
IFMG – Ouro Preto.
Leandro Seawright Alonso
Doutorando em História Social pela
Universidade de São Paulo.
.

Resumo

“No templo, no quartel e no porão” pretende remontar as diferentes análises


históricas, sociológicas e políticas da relação dos protestantes com a ditadura
militar brasileira (1964 – 1985), nos espaços múltiplos de atuações. Perguntamo-
nos pelas dessemelhantes performances políticas dos protestantes na ditadura
militar brasileira e pelas documentações que abrangem os arquivos públicos,
institucionais e pessoais. Relatos sobre apoio, resistência e colaboração não apenas
com o Regime Militar, mas com os grupos resistentes ou com a luta armada
brasileira são fundamentais para a composição de determinados corpus
documentais. Documentações distintas e narrativas criativamente produzidas por
meio da história oral ou de outras metodologias são registros analíticos desejáveis
nos textos submetidos. Na busca por políticas públicas, “ad extremum”, todos os
trabalhos aceitos e encaminhados para este GT, serão apreciados por dois dos
responsáveis pela área na Comissão Nacional da Verdade, CNV e uma convidada.

307
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Protestantes e a ditadura Ditadura militar brasileira -


militar: O contexto teológico Igreja Metodista, Cidadania,
como agente influenciador Cultura. A luta pela tolerância
de mudanças cultural e pelo direito à
cidadania antes da ditadura:
Cristiane Coimbra Aurora documentos, movimentos e
UFRRJ vozes da Igreja Metodista do
Brasil (1960-1962)

Helmut Renders
UMESP

O Protestantismo Histórico Presbiterianos e apoio governo


de missão brasileiro e o militar: reação e intolerância
processo de secularização no internas
período da ditadura militar
Silas Luiz de Souza
Daniel Augusto Schmidt Mackenzie
UMESP

Nadando contra a A retórica protestante durante


corrente”: a atuação da o período da ditadura militar
juventude protestante (1964-1985): O caso da Igreja
através da juventude batista Presbiteriana Independente do
baiana (1960-1970) Brasil

Luciane Silva de Almeida Leonildo Silveira Campos


UFMG UMESP

O cristão frente às “Caminhos diferentes”:


autoridades civis: a delação na Igreja
mentalidade dos Presbiteriana do Brasil
protestantes
pernambucanos no Golpe Leandro Seawright Alonso
Militar de 1964 USP

Zilma Adélia Soares Lopes


UFPE

308

“No Brasil vivemos numa
democracia”: os batistas e
os direitos humanos nos
anos derradeiros da
ditadura militar e início da
redemocratização brasileira
(1978-1988)

Adriano Henriques Machado


PUC/SP

309
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Protestantes e a ditadura militar: o contexto teológico como agente


influenciador de mudanças

Cristiane Coimbra Aurora1

O presente trabalho corresponde à pesquisa em desenvolvimento no curso de


mestrado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, intitulada
por Participação de Metodistas e Presbiterianos em Movimentos de Resistência à
Ditadura Militar entre os anos de 1969 e 1971 no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Objetivamos refletir sobre o que motivou os protestantes do seguimento metodista
e presbiteriano, que assim como os católicos, participaram de movimentos de
resistência, à Ditadura Miliar. Demonstrando também que não houve um
engajamento oficial da Igreja, mas sim um envolvimento de alguns leigos, pastores
e presbíteros que pretendiam levar à comunidade religiosa uma consciência
política. Pretendemos também pensar o contexto teológico protestante e a
preocupação em refletir sobre questões políticas. Para, além disso, caracterizar o
que condicionou o discurso teológico bem como a mudança de postura e a
militância política de protestantes como Willie Humphereys (“Billy”) Gammon,
Zwuinglio Mota Dias e Anivaldo Padilha que foram reprimidos por suas igrejas e
pelo Regime Ditatorial.
Palavras-chave: ditadura militar; contexto teológico; protestantes.

***
O protestantismo histórico de missão brasileiro e o processo de secularização
no período da ditadura militar

Daniel Augusto Schmidt2

Os anos da ditadura militar foram marcados por uma crise no protestantismo


brasileiro. Setores progressistas entraram em choque com grupos conservadores
coniventes com o regime militar instalado. Porém, por que este conflito

1
Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: cristiane.historia@yahoo.com.br.
2
Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: daniel34@uol.com.br.
310
aconteceu? Nossa hipótese é de que ele foi fruto de uma busca de relevância da
Religião num ambiente secularizado. No Brasil da época, a fé havia sido
colocada em segundo plano, num processo que já vinha desde os tempos
coloniais. A ele se acrescia agora um desafio : a urbanização e o refluxo do
desenvolvimentismo que levou a uma crise social. Para os protestantes
progressistas, ser relevante era exercer uma fé engajada por vezes flertando com
Marx. Para os conservadores era manter sua teologia e apoiar o governo.
Palavras chaves: protestantes e ditadura; secularização; protestantismo.

***
“Nadando contra a corrente”: a atuação da juventude protestante através da
juventude batista baiana (1960-1970)

Luciane Silva de Almeida3

No contexto político do Brasil das décadas de 1960 e 1970 existiram entre os


evangélicos grupos que buscavam uma maior atuação social e formas de criticar o
autoritarismo do governo. A juventude protestante surge como maior representante
desse setor que mesmo não conseguindo se organizar em um grupo que atingisse
todo o território nacional teve um importante engajamento nas questões sociais.
Neste sentido o trabalho proposto pretende estudar a participação da Juventude
Batista Baiana (JBB) tendo por principal objetivo entender como se organizou e
qual teria sido a atuação desse grupo, que, mesmo atuando a nível regional
conseguiu gerar inquietações e um sentimento revolucionário em estudantes
protestantes, que comumente são associados ao conservadorismo, e incômodos
suficientes pra levar as lideranças de suas Igrejas a tomar reações extremas para
contê-los.
Palavras-chave: juventude evangélica; juventude batista; juventude baiana.

***
O cristão frente às autoridades civis: a mentalidade dos protestantes
pernambucanos no Golpe Militar de 1964

Zilma Adélia Soares Lopes4


3
Doutoranda em História pela UFMG. Mestra em História pela UEFS. Contato:
luhistoria2004@yahoo.com.br.
311
No contexto do Golpe Militar, os evangélicos tomaram posições diferentes. Alguns
apoiaram os líderes militares, que salvariam a pátria do perigo comunista.
Entendiam que a Igreja não deveria envolver-se em assuntos políticos, mas apenas
em evangelização. Mas, o que isso simbolizava? Acabaram contribuindo para o
regime? Enquanto isso, outros grupos, já antes do Golpe, engajaram-se em
discussões sobre a atuação do cristão na sociedade política. Sendo assim, propõe-se
fazer uma reflexão acerca das mentalidades de tais grupos ideologicamente
discrepantes e entender como se deram suas relações com as autoridades civis,
relembrando referências bíblicas que deram suporte a esses comportamentos.
Palavras-chave: autoridade civil; protestantes; golpe militar.

***
“No Brasil vivemos numa democracia”: os batistas e os direitos humanos nos
anos derradeiros da ditadura militar brasileira (1978-1988)

Adriano Henriques Machado5

O presente trabalho busca compreender como os batistas brasileiros relacionaram-


se com a problemática dos direitos humanos nos últimos anos da ditadura civil-
militar brasileira. Busca-se também analisar quais foram os discursos e
posicionamentos tomados por esse grupo para com o último governo autoritário e
em relação aos atos e ao próprio legado produzido por essa ditadura, no momento
em que o dito governo perdia apoio e legitimidade devido a emergência, em
diversos setores da sociedade, de pessoas, grupos e instituições que clamavam pelo
fim das arbitrariedades e pela volta das liberdades democráticas, no período
conhecido como abertura política. A pesquisa tem como ponto central de análise o
semanário “O Jornal Batista”, órgão oficial da Convenção Batista Brasileira (CBB)
e principal veículo de comunicação dos batistas brasileiros, a partir dos editoriais e
artigos publicados no jornal entre os anos 1978 e 1988, além da historiografia e dos
trabalhos já produzidos sobre a temática.
Palavras-chave: igreja batista; ditadura; protestantismo; direitos humanos; Jornal
Batista.

4
Graduanda em Historia pela UFPE. Contato: zilma_adelia@yahoo.com.
5
Doutorando em História pela PUC/SP. Contato: bozo.rqop@gmail.com.
312
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Ditadura militar brasileira - Igreja Metodista, Cidadania, Cultura. A luta pela


tolerância cultural e pelo direito à cidadania antes da ditadura:
documentos,movimentos e vozes da Igreja Metodista do Brasil (1960-1962)

Helmut Renders6

Como entrou a Igreja Metodista do Brasil na ditadura militar? Qual era a sua
atitude quanto à questão da tolerância religiosa e cultural? Como ela relaciona a
pergunta da tolerância com a garantia do direito? Para responder estas perguntas,
investigamos como é que os temas “cultura” e “cidadania” aparecem nas
publicações da Igreja Metodista do Brasil dos anos 1960-1964. Consideramos seus
Credos Sociais (1930 e 1960), seu jornal mensal, o Expositor Cristão, e a revista
da juventude, a Cruz de Malta. Concentrar-nos-emos nos anos antes da ditadura
militar e investigamos como se discutiu na Igreja Metodista do Brasil os temas
Igrejas, cultura brasileira e cidadania. Propomos esta dupla abordagem por quatro
razões: Primeiro, consideremos estes dois temas chaves da presença pública
protestante no Brasil; segundo, propomos contribuir para a tese dupla da ausência
cultural e da presença cidadã do protestantismo no Brasil; terceiro, acreditamos que
se precisa ainda explorar mais esta relação entre cultura e cidadania em si.
Palavras- chave: ditadura militar brasileira; Igreja Metodista; tolerância;
cidadania; cultura.

***
Presbiterianos e apoio governo militar: reação e intolerância internas

Silas Luiz de Souza7

A Igreja Presbiteriana do Brasil apoiou o governo militar. Isso era parte da disputa
no campo religioso. Pensava-se em participar das transformações do país para o
6
Doutor em Ciências da Religião, Professor no PPG em Ciências da Religião da UMESP.
Contato: helmut.renders@metodista.br.
7
Doutor em História, Professor no Mackenzie e Seminário Presbiteriano de Campinas. Contato:
silasluizdesouza@gmail.com.
313
progresso. Nesse sentido, a aprovação aos militares é resultado de sua herança
fundamentalista e liberal. A sustentação e o aplauso estiveram presentes nas
páginas do jornal oficial, o Brasil Presbiteriano, e em decisões conciliares. Houve,
porém, um grupo de oposição ao governo eclesiástico cuja linha teológica e
ideológica teria outra conduta. Suas ideias aparecem nas críticas que o jornal
oficial fazia ao trabalho deles, nas decisões conciliares e, principalmente, no jornal
criado para debate e oposição, o Jornal Presbiteriano. Ecumenismo,
responsabilidade social da igreja e missão integral eram conceitos correntes do
grupo. Assim, recebiam a acusação de esquerdismo e comunismo, sujeitos a
processos eclesiásticos e expulsões.
Palavras-chave: presbiterianismo no Brasil; governo militar; religião e política

***
A retórica protestante durante o período da ditadura militar (1964-1985): o
caso da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

Leonildo Silveira Campos8

O golpe militar de 1964 foi um divisor de águas na sociedade brasileira, pois, ele
marcou o início de uma retomada conservadora dos mecanismos de Estado e do
estabelecimento de um regime de intolerância e discriminatório. Diante dele, os
religiosos brasileiros, neste caso os presbiterianos independentes (uma Igreja
organizada em 1903), elaboraram uma retórica que superava a simples omissão
diante da violência do regime para ser tornar um apoio explícito de uma maioria de
seus integrantes, em especial de seu jornal oficial (O Estandarte). Por outro lado,
esse grupo de evangélicos agiu exatamente como outros protestantes brasileiros no
esforço de legitimação e de apoio a ditadura cívico-militar. Sustentamos que esses
atos retóricos devem ser interpretados à luz de um contexto histórico, cultural,
econômico e sociológico, que levou grupos protestantes e católicos a agirem de
formas diferenciadas quanto a ditadura instaurada no País com o Golpe e mantida
ao longo dos 21 anos seguintes. O material usado na investigação vem do jornal
oficial da IPI, livros de atas, e relatórios que estão se tornando públicos nos
arquivos dos antigos órgãos de repressão do País, decorrente das atuais iniciativas
de se buscar a verdade histórica sobre esse importante período da história do
Brasil.

8
Doutor em Ciências da Religião e Docente na UMESP. Contato: leocamps@uol.com.br.
314
Palavras-chave: evangélicos e ditadura; retórica religiosa e ditadura; ditadura
militar e igrejas cristãs.

***
“Caminhos diferentes”: delação na Igreja Presbiteriana do Brasil

Leandro Seawright Alonzo9

Com fulcro no livro intitulado O Evangelho Social e a Igreja de Cristo, de abril


1965, Alcides Nogueira (pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil) tomou parte da
construção imagética do herói protestante durante os primeiros anos da ditadura
civil-militar brasileira. Tratou-se, pois, da concepção textual de um anticomunismo
protestante alinhado à ideologia de Segurança Nacional e à prática de delação ante
aos órgãos de repressão. O livro supracitado recebeu uma resposta imediata, em
maio de 1965, por meio da publicação do livro de Domicio Pereira de Mattos
(pastor presbiteriano delatado por Alcides Nogueira), que sustentou
comparativamente os pressupostos da Posição Social da Igreja. Tencionei tomar
por corpus documental os textos de Alcides Nogueira e de Domicio Pereira de
Mattos. Propus uma análise introdutória das iniciativas dos pastores mencionados
com cruzamentos de propostas e de fragmentos documentais encontrados em
pesquisas nos arquivos regulares.
Palavras-chave: História; religião; protestantismo; ditadura; anticomunismo.

9
Doutorando em História Social pela USP. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP.
Contato: leandroneho@usp.br.
315
316
GT18 – O Oriente e suas
diversidades religiosas
Coordenadores

Silas Guerriero Arilson Oliveira


Doutor em Ciências Sociais. Doutor em História. Professor na
Professor no Departamento de UFCG.
Ciências da Religião da PUC/SP.

Resumo

O GT “O Oriente e Suas Diversidades Religiosas” busca como objetivo principal


abordar analiticamente os contextos sociais, políticos e intelectuais das religiões
orientais (antigas e atuais), tais como: Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo,
Confucionismo, Taoísmo, Islamismo etc. E na busca de nossos objetivos, quais
sejam: discutir suas diversidades, divergências, aproximações e possíveis
sincretismos. Por conseguinte, abarcaremos vários períodos sócio-históricos dessas
religiões em comparação com a contemporaneidade e os novos movimentos
religiosos, seus imaginários, seus tabus, ecumenismos, diversidades objetivas e
subjetivas, participação no movimento Nova Era e maneiras de ser e agir.
Lembrando que, para tanto, faz-se importante também analisarmos o olhar das
religiões de origem oriental, mas ocidentalizadas, frente às orientais e das religiões
orientais sobre si mesmas.

317
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Max Weber e o budismo

Arilson Oliveira
UFCG

A dor que não cala e a


fugaz felicidade: Duhkha e
Sukha no hinduísmo, no
budismo e para Cecília
Meireles

Gisele Pereira de Oliveira


UNESP

A prática do Dzochen e a
tradição Vajrayana no
budismo tibetano

Igohr Gusmão de Góes


Brennand
UFJF

Maria Lucia Abaurre Gnerre


UFPB

A Arte sacra indiana na era


Gupta

Paulo Ferreira Cavalcante


UFPB

Lugares e dimensões do
sagrado: Religiosidade, culto
aos ancestrais e cultura
material entre Nikkeis em
Londrina (1929 – 2013)

Richard Gonçalves André


UEL

Diversidade étnica e
dificuldades de integração no
catolicismo contemporâneo
Japonês

Antonio Genivaldo C. de
Oliveira
PUC/SP

318
Divulgação do taoísmo no
Brasil: apontamentos a partir
da tradução do Daodejing por
Wu Jyh Chering

Matheus Oliva da Costa


PUC/SP

A mesquita da luz: uma


abordagem do Islã Sunita no
Rio de janeiro

Janoí Joaquim Mamedes


Mackenzie

319
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Max Weber e o budismo

Arilson Oliveira1

Em relação ao budismo, Max Weber explica que, apesar de não ter uma
importância definitiva na Índia atual, seu grande êxito na Índia antiga, radicado em
seu desenvolvimento – hoje, bem mais ampliado – na China, Tibete, Coréia, Japão
etc., o qualifica como religião universal, sendo ela uma das maiores religiões
missionárias da terra. Segundo Weber, o budismo não se vincula a um mero
conhecimento especulativo, senão a um estado de paz e tranquilidade que se
alcança renunciando ao mundo mediante a autorrealização; o que se busca não é a
libertação para a vida eterna, mas uma tranquilidade para a morte. Não obstante, o
nosso objetivo, aqui, é apresentar o quão Weber estava envolto dessa indologia
para concretizar seus parâmetros metodológicos, tendo o budismo como divisor de
águas na história da Índia.
Palavras-chave: Max Weber; budismo; indologia; antiguidade.

***
A dor que não cala e a fugaz felicidade: Duhka e Sukha no hinduimo, no
budismo e para Cecília Meireles

Gisele Pereira de Oliveira2

Uma das premissas fundamentais tanto do hinduísmo como do budismo é que a


dor (duhkha) é algo inerente a este mundo. Assim como a escuridão é a realidade
subjacente e iminente da luz, o contraponto de duhkha é shukha (ou felicidade), de
forma que se alternam continuamente, constituindo a dinâmica à qual todos estão

1
Pós-doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Doutor em História Social pela USP.
Professor Adjunto no Departamento de Ciências Sociais da UFCG. Pesquisador do GE em
Sociologia da Religião GESR (UFCG) e do Laboratório de Estudos da Ásia (LEA/USP).
Contato: arilsonpaganus@yahoo.com.br.
2
Doutoranda em Literatura pela UNESP/Assis. Contato: gisele_usp@yahoo.com.br.
320
sujeitos ao estar no mundo. O ponto axial entre estes opostos correlatos é o desejo,
enquanto a meta do transcendentalista seria libertar-se do desejo, mas apenas
daquele pelo fruto das ações, e buscar a equanimidade perante a dualidade através
do conhecimento. Estas noções sobre o maior fardo humano e seu maior bem, ou
seja, a dor e a felicidade, foram captadas, a partir dos pressupostos filosófico-
religiosos do hinduísmo e do budismo e tecidas magistralmente na poesia de
Cecília Meireles. O objetivo deste trabalho é apresentar a teoria de sukha e duhkha
conforme as duas vertentes religiosas e na lírica ceciliana, considerando essa
literatura como afetuoso instrumento de exercício e autorrealização e aprendizado.
Palavras-chave: Duhkha; Sukha; hinduísmo; budismo; Cecília Meireles.

***
A prática do Dzochen e a tradição Vajrayana no Budismo Tibetano

Igohr Gusmão de Góes Brennand3


Maria Lucia Abaurre Gnerre4

Vamos analisar, em nossa apresentação, alguns aspectos pontuais do complexo


sistema de práticas do budismo tibetano. Iremos nos deter especificamente à
tradição do Dzogchen, pratica de fundamental importância dentro de diversas
escolas do Budismo Tibetano que seguem os preceitos do Vajrayana - termo que
pode ser traduzido como “Veículo de diamante”, e que designa um complexo
sistema budista, que, de acordo com suas escrituras, se configura como um dos três
caminhos para a iluminação, junto do Theravada e do Mahayana. Em termos
filosóficos e históricos, o Vajrayana encontra-se intrinsecamente ligado a este
segundo “veículo” e pode ser considerado uma extensão dele, porém, justamente
em função de seu sistema de práticas e técnicas de iluminação, oferece elementos
novos a esta tradição.
Palavras-Chave: budismo tibetano; tantra; vajrayana.

***

3
Discente em Ciências das Religiões pela UFPB. Participante do GP Padma. Contato:
igohr_brennand@hotmail.com.
4
Pós-doutora em Ciências das Religiões pela UFJF. Doutora e mestre em História pela
UNICAMP. Líder do GP Padma. Contato: marialucia.ufpb@gmail.com.
321
A Arte Sacra indiana na Era Gupta

Paulo Ferreira Cavalcante5

Neste artigo, nos propomos a apresentar e analisar o contexto histórico e as


representações artísticas relacionadas ao sagrado do período Gupta. Este reino foi
fundado por Candra Gupta I, estima-se que no ano 320 d.C. Posteriormente
tornando-se império estendeu-se por grande parte do subcontinente indiano, onde
várias cidades foram erigidas e avanços ocorreram principalmente na arte e
literatura. Na sociedade preponderou o sistema das quatro varnas ou castas e
verificamos uma forte presença do budismo. Esta é uma era conhecida como sendo
de ouro. A arte deste período é classificada como clássica. A principal escola
representante da arte Gupta foi a de Mathura, destacando-se pelo primor na técnica
de estatuária com imagens belíssimas do Buda.
Palavras-chave: arte-sacra; Gupta; mathura; budismo; sociedade.

***
Lugares e dimensões do sagrado: religiosidade, culto aos ancestrais e cultura
material entre Nikkeis em Londrina (1929 – 2013)

Richard Gonçalves André6

Esta comunicação aborda a pesquisa homônima em estágio inicial de


desenvolvimento na Universidade Estadual de Londrina, que objetiva analisar o
culto mortuário em torno dos butsudan, relicários de devoção no Budismo
nipônico, entre japoneses e descendentes em Londrina (PR) no período de 1929 e
2013. Serão enfocados três lugares de devoção: a casa, o templo budista e o
cemitério, que remetem a apropriações específicas da religiosidade no Brasil, na
medida em que o rito mórbido no Japão assumia caráter doméstico. As fontes serão
registradas fotograficamente para a constituição de fichas detalhadas, buscando-se
identificar as famílias que disponham desses objetos. Os butsudan são concebidos
como artefatos de cultura material, investidos de significação pelos produtores e
usuários. Espera-se sugerir, como resultados, que essas práticas religiosas operam

5
Bacharelando em Ciências das Religiões pela UFPB. Membro do GP Padma. Bolsista Probex
UFPB. Contato: paulocavalcantecrufpb@gmail.com.
6
Doutor em História pela UNESP. Pprofessor na UEL . Membro do Laboratório de Estudos das
Religiões e Religiosidades (LERR) da UEL.
322
em níveis não necessariamente institucionais, remetendo a manifestações religiosas
que foram reconstruídas na sociedade receptora.
Palavras-chave: religiosidade; nikkeis; butsudan; culto aos ancestrais; cultura
material.

***
Diversidade étnica e dificuldades de integração no Catolicismo
Contemporâneo Japonês

Antonio Genivaldo C. de Oliveira7

A comunicação mostrará as transformações da comunidade católica no Japão nas


últimas duas décadas, resultantes do fenômeno migratório contemporâneo para
mostrar as dificuldades de integração de diferentes expressões de uma mesma
religião forçadas a dividir o mesmo espaço.O Japão tem sido afetado por este
contato entre pessoas de diferentes lugares, culturas, línguas e religiões. A minoria
católica do país tem sido apontada como um dos pontos críticos desta situação uma
vez que a maioria destes imigrantes vêm das Filipinas, Brasil e Peru, países de
maioria católica. Em algumas regiões o número de fiéis de origem estrangeira
ultrapassa enormemente o número de fiéis japoneses. A Igreja tentou promover
uma igreja multicultural, porém esta diretriz resultou em comunidades paralelas e
conflitantes. Esta situação põe em xeque o mito da homogeneidade japonesa, e os
fiéis estrangeiros acabam sendo vistos como ameaça à comunidade local gerando
situações de resistências e de (in)tolerâncias.
Palavras-chave: migração; catolicismo; Japão; diversidade étnica;
multiculturalismo.

***
Divulgação do Taoísmo no Brasil: apontamentos a partir da tradução do
Daodejing por Wu Jyh Cherng

Matheus Oliva da Costa8

7
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Mestre em Pensamento Cristão pela
Universidade Nanzan em Nagoya, Japão. Contato: genomijp@hotmail.com.
8
Mestrando pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. Frank Usarski. Contato:
matheusskt@hotmail.com.
323
Houve um desejo explícito de divulgação da tradição taoísta (Robinet, 1997) no
Brasil pelo sacerdote taoísta Wu Jyh Cherng (1958-2004). Observamos que este
desejo se materializou, entre outras formas, na tradução e comentários em
português de uma das mais importantes obras sagradas da tradição taoísta: o
daodejing (Tao Te Ching). Dessa forma, a tradução de um clássico taoísta
diretamente do chinês por um sacerdote taoísta pode ser visto como uma estratégia
de divulgação dessa tradição religiosa no Brasil. Assim, o objetivo desse ensaio é
tecer alguns apontamentos sobre o processo de divulgação do taoísmo no Brasil a
partir da tradução do daodejing pelo sacerdote Wu Jyh Cherng. Para tanto,
utilizamos informações do site da Sociedade Taoísta do Brasil (fundada por esse
sacerdote) e uma análise da tradução do daodejing sob a luz de Peter Burke (2003)
e da teoria da transplantação religiosa.
Palavras-chave: daojiao; textos sagrados; transplantação.

***
A Mesquita da Luz: uma abordagem do Islã Sunita no Rio de Janeiro

Janoí Joaquim Mamedes9

A presente pesquisa procura apresentar uma breve introdução sobre o nascimento


do Islamismo. A chegada do Islã ao Brasil especialmente no Rio de Janeiro, com o
“Islã Afro”; o Islã dos imigrantes, limitando-se ao estudo de caso da SBMRJ
(Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro). Procurando identificar o
nascedouro da entidade com os imigrantes árabes no ano de 1951 e o movimento
que transformou a SBMRJ de uma entidade “sectária” que funcionava em uma sala
para uma divulgadora do Islã com objetivo de conquistar novos adeptos. Um
movimento diferenciado, se comparado com as demais instituições islâmicas do
Brasil; sinalizando uma influência do meio às praticas da entidade. Os sermões das
sextas-feiras são proferidos em português e aos sábados existem encontros de lazer
como futebol para os homens e ginástica para as mulheres, além de curso da língua
árabe para adeptos e não adeptos.
Palavras-chave: islamismo; SBMRJ; Mesquita; Sunismo; imigrantes.

9
Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Membro do GP Núcleo de Estudos das
Manifestações Religiosas no Brasil (NEMAR). Orientado pela Prof. Dra. Lídice Meyer Pinto
Ribeiro. Contato: revjanoi@hotmail.com.
324
GT19 – Pentecostalismos
brasileiros: novas perspectivas
Coordenadores

Gedeon Freire de Alencar Marina Aparecida Oliveira dos


Doutor em Ciências da Religião pela Santos Correa
PUC/SP. Professor no ICEC. Doutora em Ciências da Religião
pela PUC/SP.

Resumo

Em 2010, o fenômeno pentecostal fez cem anos no Brasil. Em 1910, eram apenas
40 pessoas, atualmente são mais de 25 milhões de brasileiros. Surgiu na região
sudeste a partir de uma igreja étnica e calvinista a Congregação Cristã no Brasil,
mas também na região norte com um grupo miscigenado e arminianista
as Assembleias de Deus, ambas fundadas por migrantes europeus vindos dos EUA,
mas sem vínculos institucionais com os pentecostalismos norteamericanos. Os
grupos se fracionaram acompanhando os processos migratórios internos e externos
do país, estando atualmente pulverizados em milhares de grupos diversos e
divergentes numa polissemia religiosa nas mais diferentes configurações. Qual
conceito, taxonomia ou hipótese é capaz de dar conta de tão imensa complexidade?
Esse GT pretende promover o diálogo com pesquisas em desenvolvimento sobre o
fenômeno dentro de uma problematização ampla que evita leituras exclusivistas a
partir de um único marco teórico e hipótese generalizante e se abre para novas
etnografias e abordagens. Os pentecostalismos (sim, no plural), em diálogo com a
cultura brasileira, ainda estão se inventando e sendo reinventados em suas práticas.

325
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

O diálogo inter-religioso nas A confissão positiva: o A religião, a racionalidade


Assembleias de Deus: desafios movimento de cura no protestante e a sociedade
Comunic. e possibilidades Brasil e suas de Fausto
fundamentações
Adriano Lima Bacharel teológicas Carlos Antonio Carneiro
PUC/RS Barbosa
Emmanuel Roberto Leal PUC/SP
Athayde
PUC/SP

Estevam Ângelo de Souza: A teologia da Pentecostalismos e


pastor, escritor e liderança prosperidade na Igreja questão social: novas
carismática no maranhão Universal do Reino de formas de enfrentamento?
(1957-996) Deus
Edson Elias de Morais
Elba Fernanda Marques Mota Fernanda Vendrami Gallo UEL
UERJ UEL
Luiz Ernesto Guimarães
UEL

Neopentecostalismo e as O neopentecostalismo A estrutura ritualística do


mudanças na concepção brasileiro sob a ótica de culto adventista realizado
escatológica Michel Foucault: o caso na comunidade
da Igreja Universal do quilombola Dezidério
Ismael de Vasconcelos Ferreira Reino de Deus Felippe de Oliveira em
UFJF Dourados/MS
Marina Fazani Manduchi
UEL Gabrielly Kashiwaguti
Saruwatari
UFGD

Terceira Face do A Igreja Presbiteriana


Pentecostalismo no Brasil Renovada e a sua inserção
no campo
Samuel Valério religioso brasileiro
PUC/SP
José Rômulo de Magalhães
Filho
UFRN

Um diálogo católico- Pentecostais na periferia:


pentecostal sobre “Tornar-se um estudo de caso
cristão”
Maxwell Fajardo
Maria Teresa de Freitas UNESP
Cardoso
PUC/RJ

326
Atuação dos evangélicos na Os protestantes da
Pôsteres cidade templária de Romaria- Amazônia: Uma análise
MG da onda evangélica na
cidade de Juína no
Anna Carolina Alves Cruz Noroeste do Estado do
UFU Mato Grosso

Marina Silveira Lopes


AJES

327
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

O diálogo inter-religioso nas Assembléias de Deus: desafios e possibilidades

Adriano Lima1

Neste, objetivo analisar os desafios e possibilidades do diálogo inter-religioso na


maior denominação evangélica do Brasil. Segundo o Censo de 2010, as ADs têm
12.314.410 membros, ou pouco mais de 6% da população brasileira. O campo
religioso brasileiro tem passado por profundas transformações nas últimas décadas,
as quais por sua importância social, religiosa, midiática, econômica e política,
demandam investigações e elucidações acadêmicas. A expressão da fé cristã no
Brasil acontece num contexto de pluralismo religioso e cultural que se apresenta
como um grande desafio para a missão que a Igreja Assembléia de Deus tem de
proclamar o Evangelho. Nesse contexto, o relacionamento entre a Assembléia de
Deus e as outras tradições religiosas assume formas que se contradizem como, de
um lado, o denominacionalismo, o fundamentalismo, o sectarismo, o fechamento e,
de outro lado, a busca de aproximação, de diálogo e de cooperação. Constitui uma
importante tarefa verificar em que medida esse comportamento possibilita ou não o
surgimento de uma abertura dessa denominação ao diálogo inter-religioso que
favoreça a vida pacífica em comum com todas as religiões que convivem no
Brasil. Usando a teoria do teólogo alemão Joachim Jeremias, do Reino de Deus
como tema central da mensagem de Jesus, estabelecemos o fundamento do diálogo
inter-religioso nas Assembléias de Deus tomando como base o paradigma
emergente do pluralismo religioso.
Palavras-chave: Assembleia de Deus; pluralismo; reino de Deus.

***

1
Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Bacharel em Teologia pela FAECAD. Orientado pelo
Prof. Dr. Luis Carlos Susin. Contato: adriano.lima.66@hotmail.com.
328
Estevam Angelo de Souza: Pastor, escritor e liderança carismática no
Maranhão (1957-1996)

Elba Fernanda Marques Mota2

A problemática central desta pesquisa consiste na análise das obras e dos artigos
escritos por Estevam Ângelo de Souza, pastor da Igreja Assembleia de Deus, no
Estado do Maranhão. O recorte temporal data do ano de 1957 ao ano de 1996,
período em que o mesmo esteve à frente da Convenção Geral desta denominação,
ocupando o cargo de pastor presidente por 39 anos. Por ser um sujeito histórico
com grande participação na estrutura interna e externa assembleiana maranhense,
Estevam é considerado o mais importante líder da igreja durante o século XX. O
que contribuiu para isto foi a sua marcante atuação religiosa, carismática e política,
resultando em uma liderança centralizadora. Todas estas características
articularam-se á sua vivência como estudioso, principalmente, escritor, tendo em
vista a publicação de doze obras ao longo de sua vida. Partindo-se destas fontes,
temos como objetivo analisar o território maranhense enquanto espaço de
implantação e expansão do pentecostalismo assembleiano, na
perspectiva de uma análise das ações e discursos de Estevam Ângelo de Souza.
Entendemos a construção deste enquanto estratégia social, com a produção do
discurso religioso e moral a ser seguido pelos fiéis e que contribuiu para sua
legitimação como principal liderança da igreja ao longo do período republicano no
estado do Maranhão.
Palavras- chaves: Estevam Ângelo de Souza; Assembleia de Deus; obra; discurso.

***

Neopentecostalismo e as mudanças na concepção escatológica das


Assembléias de Deus

Ismael de Vasconcelos Ferreira3

A crença pentecostal na iminente volta de Jesus Cristo à terra a fim de resgatar seu
povo para estar consigo nos céus (parusia) pode ser facilmente identificada através
da literatura teológica pentecostal (livros e periódicos) e ainda em algumas

2
Mestra em História Social pela UERJ. Contato: lbamota22@yahoo.com.br.
3
Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Membro do NE em Protestantismos e Teologias
(NEPROTES). Orientado pelo Prof. Dr. Arnaldo Érico Huff Junior. E-mail:
ismaelvasconcelos@yahoo.com.br.
329
prédicas comumente feitas nos templos que abrigam a denominação mais
proeminente do pentecostalismo clássico brasileiro: as Assembleias de Deus. Faz-
se questão de ressaltar o termo “algumas”, pois tais prédicas vêm sendo
paulatinamente substituídas por discursos de afirmação do tempo presente e de
identificação com o mundo. A breve descrição e problematização dessas mudanças
é a proposta desta comunicação que, a partir de um embasamento teórico acerca da
relação entre oralidade e escrita, irá comparar o que é dito nos púlpitos da referida
denominação com o que está registrado em seus códigos teológico-doutrinários. A
partir dessa comparação, será possível constatar a dinâmica do processo de
neopentecostalização que as Assembleias de Deus vêm passando atualmente.
Palavras-chave: Assembleias de Deus; pentecostalismo; neopentecostalismo;
escatologia.

***

Terceira Face do Pentecostalismo no Brasil

Samuel Valério4

Temos em vista que o Pentecostalismo é um dos maiores fenômenos religiosos do


século XX. Gostaríamos de apresentar a Terceira face do Pentecostalismo no
Brasil. O Pentecostalismo chega ao Brasil em 1910, em São Paulo - SP, com o
italiano Luigi Francescon, e, em 1911, em Belém – PA, com Gunnar Virgen e
Daniel Berg. No ano de 1912, nasce no sul do Brasil, em Guarani das Missões –
RS, a Igreja Batista Filadélfia, fundada pelo missionário suéco Erik Jonsson. Esta
terceira igreja, apesar de centenária, não tem sua história muito divulgada. Trata-se
de uma igreja pentecostal, e, portanto, é contemporânea, e consequentemente, uma
das fundadoras do pentecostalismo brasileiro. A Missão de Orebrö
(Orebrömission), hoje Interact, foi responsável pelo envio do missionário Jonsson
ao Brasil, e em 1919, nasce, enfim, a Convenção das igrejas Batistas Rio
Grandense do Sul. Nossa proposta é mostrar historicamente o seu envolvimento
com o pentecostalismo, sua chegada ao Brasil, e a formação da Convenção em
1919.

***

4
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Membro do Grupo de Estudo de
Protestantismos e Pentecostalismos da PUC/SP (GEPP). Contato: samuelpv@ig.com.br.
330
Um diálogo católico-pentecostal sobre “Tornar-se cristão”

Maria Teresa de Freitas Cardoso5

Estudo de aspectos do relatório conclusivo da quinta fase do diálogo teológico


internacional católico-pentecostal ( do pentecostalismo clássico), no tema “Tornar-
se cristão”. Observam-se no documento elementos do método, de temas abordados
e de alguns resultados. No final do estudo, levantam algumas perguntas sobre
possíveis sugestões que tiraríamos para o discutir o convívio, o diálogo e a reflexão
a respeito das relações de católicos com pentecostais, particularmente sobre a
opção e a experiência de ser cristão.
Palavras-chave: diálogo; diálogo católico-pentecostal; iniciação cristã; cristão.

***
Pôster

Atuação dos evangélicos na cidade templária de Romaria – MG

Anna Carolina Alves Cruz6

O trabalho aborda a presença e atuação dos evangélicos em uma cidade templo do


catolicismo, Romaria, em Minas Gerais, o mais importante núcleo de peregrinação
do catolicismo devocional na região do Triângulo Mineiro que, todo ano, recebe
milhares de romeiros pagadores de promessas a Nossa Senhora da Abadia. Tem-se
por objetivo analisar se os evangélicos sofrem intolerância religiosa na cidade, em
especial os neopentecostais, tendo em vista suas práticas fortemente ativas de
proselitismo para conversão. Os dados obtidos durante a pesquisa etnográfica são
tomados como representações das práticas dos sujeitos envolvidos e permitiram
analisar o problema colocado.
Palavras-chave: romaria; intolerância religiosa; evangélicos; neopentecostais.

5
Doutora em Teologia pela PUC/Rio. Contato: mteresacardoso@wnetrj.com.br.
6
Graduanda em Ciências Sociais pela UFU. Orientada pelo Prof. Dr. João Marcos Alem.
Contato: a.alvescruz@gmail.com
331
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A confissão positiva: o movimento de cura no Brasil e suas


fundamentações teológicas

Emmanuel Roberto Leal de Athayde7

No século passado surgiu um movimento oriundo da perspectiva cristã pentecostal


que ficou conhecido como Confissão Positiva, popularmente chamado de Teologia
da Prosperidade, que tem como discurso chefe a prosperidade financeira de seus
adeptos, como consequência das ofertas que são dispensadas às suas igrejas, como
forma de demonstrar seu amor e fidelidade à Deus, além de tratar de curas
milagrosas, um tipo de manifestação necessariamente presente nos cultos que
aderem à Confissão Positiva. Esse grupo aporta no Brasil e desde então tem ganho
força e vem se resignificando em diversos grupos ao longo dos anos, trazendo no
seu discurso entre outros assuntos, a necessidade de manifestações de curas como
requisito legitimador para os seus líderes pregadores. Devido então a uma
sociedade carente, de maioria necessitada, esses discursos ganham a massa e
acabam se propagando facilmente, além de tudo, de se valerem da mídia como uma
ferramenta poderosa de propagação. As vistas disso, essa reflexão visa tratar
especificamente do movimento de cura dentro da Confissão Positiva, de sua
história e das fundamentações teológicas que sustentam tal crença.
Palavras-chave: curas; confissão positiva; teologia; milagres.

***

A teologia da prosperidade na Igreja Universal do Reino de Deus

Fernanda Vendrami Gallo8

O trabalho consiste em um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus,


denominação do segmento protestante neopentecostal cujo crescimento é um dos

7
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. João Décio Passos.
Contato: emmanuel.junior@gmail.com.
8
Mestranda pela UEL. Orientada pelo Prof. Dr. Fábio Lanza. Contato: nanda-
gallo@hotmail.com.
332
mais significativos no Brasil. O estudo foi realizado na cidade de Londrina
mediante análise dos dados coletados em campo, uso de material bibliográfico e
entrevista com o Bispo da Universal desta cidade. Sob o pressuposto que as
diversas modificações no campo religioso brasileiro, como a desmonopolitização
da Igreja Católica, a conquista da liberdade religiosa e sua acentuada pluralidade,
permitiram a outras organizações religiosas se expandirem e buscarem legitimidade
social e estabelecimento de uma presença institucional. A pesquisa buscou
entender, por meio de analises e interpretações sobre a construção do discurso
iurdiano e a Teologia da Prosperidade, a atuação desta instituição religiosa que ao
se adequar a sociedade de consumo conquista mais fiéis e torna-se mais atraente
dentro do quadro da diversidade religiosa brasileira.
Palavras-chave: Sociologia das Religiões; Igreja Universal do Reino de Deus;
teologia da Prosperidade.

***

O neopentecostalismo brasileiro sob a ótica de Michel Foucault: o caso da


Igreja Universal do Reino de Deus

Marina Fazani Manduchi9

O presente trabalho tem por objetivo, à luz de Michel Foucault, analisar de que
maneira as subjetividades dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus são
construídas. Diante da multiplicidade da Igreja Universal, optei por explorar uma
de suas campanhas, denominada “Jejum de Daniel”. A campanha faz alusão ao
Daniel bíblico, que jejuou por 21 dias se sacrificando em nome de Deus, dessa
forma, a campanha também propõe aos fiéis da Igreja que jejuem por 21 dias. No
entanto, o “sacrifício” proposto não é alimentício e sim, midiático, ou seja,
abstinência de qualquer tipo de mídia com o objetivo de ser batizado com o
Espírito Santo. O que mais chama atenção são os resultados, que são amplamente
divulgados por meio de testemunhos dos fiéis. São esses discursos, o institucional e
do fiel, que pretendo abordar com base em conceitos do filósofo francês: discurso,
poder e em especial, o cuidado de si explorado nos seus últimos cursos no Collège
de France.
Palavras-chave: História Cultural; Michel Foucault; neopentecostalismo;
Igreja Universal do Reino de Deus.

***

9
Mestranda em História Social pela UEL. Contato: marinamanduchi@hotmail.com.
333
A Igreja Presbiteriana Renovada e a sua inserção no campo religioso
brasileiro

José Rômulo de Magalhães Filho10

A Igreja Presbiteriana Renovada é uma igreja evangélica de origem brasileira que


surge da união de grupos dissidentes de duas igrejas protestantes históricas
brasileiras. Com base na documentação histórica disponível, em documentos
publicados, bibliografia específica e em entrevista realizada com a liderança da
Igreja Presbiteriana Renovada, esta comunicação se propõe a descrever o cenário
sócio-religioso em que a Igreja Presbiteriana Renovada (IPR) surge. E também em
buscar na origem do presbiterianismo brasileiro os elementos fundamentais de sua
existência. Além de apontar como ela se estabelece no campo religioso brasileiro e
especificamente na cidade de Aracaju, tornando-se referência de igreja evangélica
à população aracajuana. A partir deste resgate histórico, entender a construção de
um projeto ético-político com base em um estilo de vida renovado, denominado de
vida renovada.
Palavras-chave: pentecostalismo; igreja renovada; presbiterianismo.

***

Pentecostais na periferia: um estudo de caso

Maxwell Fajardo11

O bairro de Perus, noroeste da cidade de São Paulo é um dos que apresentam a


maior concentração de pentecostais em toda a cidade. 20,9% de sua população
declarou-se com esta opção religiosa no Censo 2000, quase o dobro do índice da
cidade de São Paulo (11%). Com crescimento associado à primeira fábrica de
Cimento do país, a Cia de Cimento Portland Perus, o bairro foi o endereço de
chegada de milhares de migrantes desde as primeiras décadas do século XX, a
princípio originários do interior do estado de São Paulo e de Minas Gerais. No
entanto, mesmo com o fechamento da fábrica, o bairro continua a receber
migrantes de outras regiões, como o Nordeste do país e mesmo moradores de
outros bairros da cidade de São Paulo. Assim, este trabalho pretende detectar como
as redes religiosas pentecostais, existentes em uma multiplicidade de

10
Doutorando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: jrmf.pro@gmail.com.
11
Doutorando em História pela UNESP/Assis. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP.
Contato: max.fajardo@yahoo.com.br.
334
denominações, se fazem presentes no processo de acolhida e adaptação do
migrante em sua chegada ao bairro e em que medida a filiação religiosa ganha
importância neste processo de movimento e circulação populacional no espaço
urbano.
Palavras-chave: Redes religiosas pentecostais; migração; pentecostais na
periferia.

***

Os protestantes da Amazônia: uma análise da onda evangélica na cidade


de Juína no Noroeste do Estado do Mato Grosso

Marina Silveira Lopes12

A colonização efetiva do Noroeste do Mato Grosso se deu entre os anos 1970 e


1980 pelo fluxo migratório, em sua maioria, da população sulista, processo
implementado pelo governo militar. Junto com esses imigrantes, chegaram,
também, A as igrejas protestantes, entre elas: a Presbiteriana, Batista e Luterana,
entre outras. Ao passar das décadas assentaram-se na região as pentecostais e
neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus entre outras. Pretendemos
nessa pesquisa entender o processo histórico inserção dessas denominações,
especificamente no Município de Juína, cidade polo dessa microrregião. Para tal,
buscaremos subsídios bibliográficos e posteriormente pesquisa de campo junto aos
primeiros fundadores evangélicos da cidade e efetuar o mapeamento dessas igrejas.
Palavras-chave: Juína; noroeste do Mato Grosso; evangélicos.

12
Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Profa. de Antropologia e História do Direito na
AJES. Contato: marinaslopes@terra.com.br.
335
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

A religião, a racionalidade protestante e a sociedade de Fausto

Carlos Antônio Carneiro Barbosa13


Prenhe de simbolismo, o pentecostalismo contemporâneo coleciona grande número
de práticas rituais executado unicamente com a finalidade de provocar
deliberadamente o efeito do numinoso em que, mediante certos artifícios mágicos,
a opulência passa a ser um dos principais motivos de culto e celebração. Diante do
jogo de imagens e performances envolvendo sinais, o fiel não sabe para onde deve
“olhar”: se para o céu e as catedrais e templos majestosos que se propõe a
intermediá-lo; se para a terra remota em que é chamado à aventura ritualística.
Diante dos conteúdos instintivos da libido despertos nessa viagem discursiva,
resolve resolutamente atender ao chamado das terras remotas e oferecer o seu
sacrifício, não se apercebendo da transformação energética pela qual passou a sua
libido. Delimitando-se à interpretação dada ao mito do Fausto, conforme
contribuição da escola junguiana e às suas interfaces fenomenológica e
sociodiscursiva em Ciências da Religião, o presente texto objetiva comparar o mito
do Fausto com o modelo da racionalidade protestante proposto por Max Weber;
avaliar o mito do Fausto em suas relações com a religião contemporânea de
opulência e relacionar o mito do Fausto com a ética do consumo na sociedade tal
qual expresso no discurso religioso do fundador e líder da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD), Bispo Edir Macedo Bezerra, por ocasião do início dos
trabalhos de construção do Novo Templo de Salomão, na cidade de São Paulo, com
inauguração prevista para junho de 2014.
Palavras-chave: Fausto; arquétipo; racionalidade protestante; pentecostalismo;
ética do consumo.

***

13
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. Edin Sued
Abumanssur. Contato: pastorcarlosantonio@terra.com.br.
336
Pentecostalismo e questão social: Novas formas de enfrentamento?

Edson Elias de Morais14


Luiz Ernesto Guimarães15

Em decorrência do êxodo rural que marcou o século XX no Brasil, o agravamento


da situação econômica e social dos trabalhadores urbanos e rurais sem condições
de acesso a bens e serviços públicos ocorreu a formação de uma urbanização com
ampla área de periferia. Nesse contexto emergiu a Questão Social brasileira com
seus problemas correlatos, a população vivenciou a busca de novos valores morais
e espirituais, exigindo das Igrejas Pentecostais respostas que se diferenciaram
conforme suas doutrinas e teologias. Essa pesquisa apresenta como estas igrejas
enfrentaram a problemática, com ênfase na elaboração de um discurso Pentecostal
ou vinculado a Teologia da Prosperidade. Assim, procuramos entender como elas
responderam à questão social, gerando em seus líderes a adoção de diferentes
discursos. Atualmente as igrejas Pentecostais ou Neopentecostais promovem o
reforço de uma espiritualidade na qual a experiência da fé e da emoção são
centrais, regulando comportamentos e valores morais frente à realidade social
brasileira.
Palavras-chave: Sociologia das Religiões; pentecostalismos; teologia da
prosperidade; questão social.

***

A estrutura ritualística do culto adventista realizado na comunidade


quilombola Dezidério Felippe de Oliveira em Dourados – MS

Gabrielly Kashiwaguti Saruwatari16

Na zona rural da cidade de Dourados - MS existe uma comunidade quilombola


com um histórico religioso bem singular. Anteriormente católicos e devotos de
São Sebastião realizaram por anos uma festa em homenagem ao santo padroeiro da
comunidade. Atualmente, quase todos aqueles que vivem no território frequentam
igrejas com denominações pentecostais. Dentre estas, a que mais se destaca é a
Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujos cultos são realizados por um grupo familiar
extenso dentro da comunidade. Há vários anos este grupo familiar realiza os cultos

14
Mestrando em Ciências Sociais pela UEL. Membro do LE sobre as Religiões e as
Religiosidades (LERR). Contato: edson_londrina@hotmail.com.
15
Mestre em Ciências Sociais pela UEL. Membro do LERR. Contato: pr.ernesto@gmail.com.
16
Mestranda em Antropologia pela UFGD. Contato: gabbi_ks@yahoo.com.br.
337
de maneira peculiar, sem a presença de pastores, já que o mesmo é realizado na
varanda das casas e presidido pelos próprios participantes. Portanto, através dos
elementos obtidos pelo trabalho etnográfico, o que se objetiva aqui é mostrar a
forma singular de realização desse culto e como essa prática surte efeito para
coesão e união não só deste grupo familiar, mas que também perpassa toda a
comunidade.
Palavras-chave: quilombolas; religiosidade; pentecostalismo.

338
GT20 – Religião e ciência:
tensão, diálogo e
experimentações
Coordenadores

Carlos Eduardo Marotta Leila Marracha Bastos de


Peters Albuquerque
Doutor em História Social pela Doutora em Ciências Sociais
UNESP/Assis. Professor no Centro pela PUC/SP. Professora da
Universitário Toledo de Araçatuba e UNESP/Rio Claro
na Faculdade Metodista de Birigui

Comentadora

Paula Rondinelli
Doutora em Ciências pelo PPG em Integração da América Latina da USP. Técnica
Desportiva pela UFABC.

Resumo

Ciência e Religião são os dois grandes sistemas de organização do pensamento no


ocidente moderno em disputa pela hegemonia das definições de verdade desde o
Renascimento. A nossa proposta se fundamenta na História Cultural, linha
multifacetada que abandonou o viés evolucionista-positivista e problematizou a
ciência como discurso e veículo para o exercício do poder na modernidade. O pós-
guerra alterou este jogo de forças, deslegitimando versões científicas da realidade e
estimulando a busca de novos fundamentos do conhecimento para explicar o
homem e o mundo. Neste processo, as religiosidades passaram a desempenhar
papel destacado. Esperamos acolher estudos que abordem esta questão e sugerimos
alguns caminhos: Cientização da vida. Contracultura e Nova Era. A ciência e as
religiões do oriente. As narrativas religiosas e a ciência pós-moderna. Holismos.
Misticismo ecológico. Etno-ciências. Curas religiosas e medicinas não oficiais.
Evolucionismo X criacionismo. Religião, ciência e ética.

339
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Plantas utilizadas nas A produção de crenças sob a


Comunic. religiões afro-brasileiras: perspectiva semiótica de Peirce Teatro da ciência, espetáculo
ciência e crença do sobrenatural: as
Ricardo Gião Bortolotti sonâmbulas e seus
José Luis Rojas Vuscovich UNESP magnetizadores nos palcos
FTU do século XIX

Michelle Veronese
PUC/SP

Reflexões sobre a noção A religiosidade como fator Estados alterados de


de eficácia simbólica em estruturante do novo espírito consciência na fronteira
Levi-Strauss, no contexto do capitalismo entre ciência e religião
da Etnofarmacobotânica
Maroni João da Silva Diogo F. Tenório
Maria Thereza Lemos de PUC/SP UFRJ
Arruda Camargo
USP, PUC/SP
UNIRIO

In Partibus Fidelium: Os A contracultura e a emergência Espiritismo e Medicina:


Artigos do Pe. João da idéia de saúde como interfaces entre ciência,
Alfredo Rohr, S. J., na integração corpo e mente saúde e espiritualidade
Revista Eclesiástica
Brasileira e na Revista de Maria Regina Cariello Moraes Gustavo Ruiz Chiesa
Cultura Vozes (1967- USP UFRJ
1979)

Alfredo Bronzato da Costa


Cruz

Umberto Eco, Carlo Novo Pensamento e Cura Religião e ciência entre


Maria Martini, Jacques kardecistas e messiânicos
Derrida: Saber e Fé no Monica Bernardo Schettini
Deserto do Deserto Marques Leila Marrach Basto de
USP Albuquerque
Alexandre de Oliveira UNESP
Fernandes
UFRJ

Verdade, Realidade e Crenças e Experiências Médicos e kardecistas:


Conhecimento no Religiosas dos "Sem Religião" disputas simbólicas e
Contexto do Ateísmo nas Comunidades Virtuais jurídicas acerca da doença
Contemporâneo: Diálogo no início do século XX
entre as Ciências da Rafael Lopez Villasenor.
Natureza e as Ciências PUC/SP Carlos Eduardo Marotta Peters
Humanas CUTA, FMB

Clarissa De Franco
UFABC

340
Teísmo, ateísmo e
cenários de evolução no A ciência espiritual da Bhakti-
multiverso yoga: epistemologia e revelação

Osame Kinouchi Rafael Grigorio Reis Barbosa


USP UEPA

Vivência das religiosidades


através da ioga

Leticia Rocha Duarte


UNESP

341
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Plantas utilizadas nas religiões afrobrasileiras

José Luís Rojas Vuscovich1

Dentro dos estudos que se relacionam às plantas, encontra-se a etnobotânica, que


procura entender e valorizar o saber-fazer popular ou autóctone; adotando posturas
teórico-práticas de natureza interdisciplinar, que possibilitem entender as razões do
uso dessas plantas. A abordagem dos estudos
botânicos, que inclui as ligações materiais e imateriais entre as plantas e o homem
ainda é pouco utilizada em pesquisas sobre as plantas presentes em defumações,
banhos, ornamentos, oferendas, etc.nas religiões afro-brasileiras de tradição oral.
Esse conhecimento sobre plantas presentes nessas religiões está ligado à própria
formação destas, uma vez que plantas vieram e pertencem a diferentes naturezas e
tradições. Neste trabalho, selecionaram-se algumas das plantas do mundo que são
utilizadas nas religiões afro-brasileiras, para conhecermos alguns de seus aspectos
botânicos, etnobotânicos e sagrados. Assim, a ciência etnobotânica e a crença nos
poderes religiosos das plantas são imprescindíveis para os estudos das plantas das
religiões afro-brasileiras.
Palavras chave: plantas; ciência etnobotânica; religiões afro-brasileiras.

***
Reflexões sobre a noção de eficácia simbólica em Levi-Strauss no contexto da
Etnofarmacobotânica

Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo2

Etnofarmacobotânica, é a área de estudos que visa entre outras abordagens, analisar


e explicar o papel das plantas medicinais nas terapias da medicina popular,

1
Ecólogo Paisagista. Licenciado em Ciências y Artes Ambientais. Mestre em Ciências. Professor da FTU.
Contato: jose-vuscovich@ftu.edu.br.
2
Pesquisadora associada da Sociedade Latinoamerica de Farmacobotânica. Pesquisadora e
membro diretor do Centro de Estudos da Religião “Duglas Teixeira Monteiro” USP, PUC/SP.
Contato: mariatherezac@terra.com.br.
342
considerando seu vínculo com diferentes sistemas de crença, os quais emprestam
aos rituais de cura um caráter nitidamente mágico-religioso. O presente trabalho
propõe uma reflexão sobre a eficácia simbólica atribuída a certas práticas mágicas,
proposta por Lévi-Strauss, ao tratar de cura xamânica, admitindo que a eficácia
assenta-se na crença da magia, sem, contudo, considerar o valor de todos os
elementos de que compõem os procedimentos de caráter mágico envolvidos com o
resultado final, responsável pela eficácia.. Em contraposição, a eficácia das terapias
médico-populares contemporâneas, de cunho mágico-religioso, a qual busca, para
sua interpretação, incorporar a ritualística e a crença à materialidade da
farmacobotânica, esta, através da interatividade dos papeis: sacral e funcional das
plantas, no conjunto ritual de cura, resultando em sua eficácia perante o doente e
seu grupo familiar, social e religioso.
Palavras chave: etnofarmacobotânica; medicina popular; medicina mágico-
religiosa; plantas rituais.
***
In Partibus Fidelium: os artigos do Pe. João Alfredo Rohr, S.J., na Revista
Eclesiástica e na Revista de Cultura Vozes (1967 – 1979)

Alfredo Bronzato da Costa Cruz3

João Alfredo Rohr (1908-1984), além de padre jesuíta, foi estudioso da pré-história
do Estado de Santa Catarina e reconhecido pioneiro das iniciativas de defesa de
seus sítios arqueológicos. Em seu envolvimento com tais questões influiu sua
posição no campo religioso, já que ele se deu em um quadro social onde as
agências governamentais responsáveis pela proteção do patrimônio nacional
mantinham relações de apoio mútuo com o clero católico. O presente trabalho
considera esta circunstância como uma chave para interpretar os artigos sobre
arqueologia pré-histórica e preservação do patrimônio arqueológico publicados por
Pe. Rohr na Revista Eclesiástica Brasileira e na Revista de Cultura Vozes nas
décadas de 1960 e 1970. Na leitura destes textos, produzidos para publicações não
acadêmicas, voltadas para diferentes tipos de fiéis católicos, busca-se cartografar
possíveis pontos de contato entre a pesquisa científica e a trajetória religiosa de Pe.
Rohr.
Palavras-chave: Pe. João Alfredo Rohr, S. J.; história da arqueologia; patrimônio
arqueológico; Igreja e Estado; ciência e religião.

3
Mestre em História pela UNIRIO. Bacharel e Licenciado em História pela PUC/Rio. Bolsista no
Programa de Capacitação Institucional da Coordenação de História da Ciência do Museu de
Astronomia e Ciências Afins (PCI/CHC-MAST/MCTI). Contato: bccruz.alfredo@gmail.com.
343
***
Umberto Eco, Carlo Maria Martini, Jacques Derrida: saber e Fé no Deserto
do Deserto

Alexandre de Oliveira Fernandes4

Oito cartas trocadas entre Umberto Eco e Carlo Maria Martini serão analisadas,
utilizando-nos da desconstrução de Jacques Derrida, principalmente, suas reflexões
em “Fé e Saber: As duas fontes da “religião’ nos limites da simples razão”.
Publicadas no livro “Em que creem os que não creem?”, as missivas do filósofo
italiano e do cardeal de Roma, fornecem material para refletir acerca de princípios
morais, tanto laicos como transcendentes que envolvem a questão do Saber e da Fé
– o aborto, a presença das mulheres na Igreja, a sacralidade, a liberdade da ciência,
o Outro, a Ética –, demonstrando-nos que para além do pensamento dicotômico e
hierárquico, fé e ciência, religiosidade e saber, estão presentes em domínios
diversos não devendo ser compreendidos separadamente. Este estudo nos lança ao
deserto do deserto, numa aporia da alteridade, caminho penoso e complexo,
marcado por questões de violência, injustiça, dor e fundamentalismos, mas também
de amor, sacralidade e fé.
Palavras – Chave: fé; saber; alteridade.

***
Verdade, Realidade e Conhecimento no Contexto do Ateísmo
Contemporâneo: diálogo entre as ciências da Natureza e as Ciências Humanas

Clarissa De Franco5

A proposta desta reflexão é expor conceitos como verdade, realidade e


conhecimento no debate entre ciências naturais e humanas, considerando como
foco o ateísmo expresso por Richard Dawkins. Autores do campo da sociologia do
4
Doutorando em Ciência da Literatura pela UFRJ, Professor de Língua Portuguesa e Literatura
no Instituto IFBA/Porto Seguro. Coordenador do GP em Diversidade – IFBA (Gruped). Membro
do Pesquisador do Grupo de Estudos Transdisciplinares da Herança Africana/UNIP, e do GE
Educação e Relações Étnicas :saberes e praticas dos Legados Africano, Indígena e Quilombolas –
UESB. Orientado pela Profa. Dra. Helena Parente Cunha. Bolsista pela Capes. Contato:
alexandre.pro@gmail.com.
5
Doutoranda e mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Psicóloga pela UFABC, Recebe
apoio da FAPESP e CAPES. Contato: clarissadefranco@hotmail.com.
344
conhecimento serão colocados em diálogo com a perspectiva evolucionista da qual
Dawkins faz parte, indicando como a “verdade”, quando tomada univocamente,
como ocorre na discussão sobre a existência de Deus, associada ao status da
ciência, tem feito chegar ao público leigo que o ateísmo tem provas científicas. Isso
reformula a discussão em torno do ateísmo, que sempre esteve pautada em
argumentos de ordem filosófica. A partir de tais observações, cabe-nos a reflexão
sobre o papel da(s) ciência(s), uma vez que não seria função desta emitir
julgamentos sobre a realidade em bases do tipo “benéfica ou maléfica”, tampouco
destruir mitos, mas sim, tentar explicar os mecanismos que tornam os mitos
necessários. À ciência caberia ampliar o debate e não fechá-lo.
Palavras-chave: ateísmo; verdade; conhecimento; realidade; ciência.

***
Teísmo, ateísmo e cenários de evolução no multiverso

Osame Kinouchi6

Ideias sobre evolução e desenvolvimento surgidas no contexto da Biologia têm


sido aplicadas recentemente no contexto Cosmológico. Após uma breve descrição
do problema do Ajuste Fino em Cosmologia e as principais propostas para sua
solução, fazemos uma revisão do cenário de Seleção Natural Cosmológica de
Smolin e sua extensão para cenários onde a vida inteligente desempenha um papel
dentro de um Multiverso Biofílico. Consideramos as vantagens e desvantagens do
cenário de Seleção Artificial Cosmológica proposto por pesquisadores ligados à
temática de Universo EVO DEVO. Finalmente, descrevemos em que sentido tais
especulações científicas podem ser testadas em um futuro próximo.
Palavras chave: cosmologia; seleção natural; multiverso.

6
Doutor em Física pelo IF/USP. Professor associado no Departamento de Física da FFCLRP-
USP. Coordenador do Laboratório de Física Estatística e Biologia Computacional e do
Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria. Membro do Center for Natural and
Artificial Information Proccessing Systems (CNAIPS/USP). Contato:okinouchi@gmail.com.
345
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A produção de crenças sob a perspectiva semiótica de Pierce

Ricardo Gião Bortolotti7

A semiótica peirceana fornece amplo material para o estudo da experiência em


geral, uma vez que a finalidade do processo sígnico está na produção de hábitos de
conduta. Ora, o que é o homem, a não ser um signo de si mesmo? Em outros
termos, pertencemos ao mundo enquanto signos, pois compreendemo-nos dessa
forma, e não enquanto reações passageiras. A consciência, assim determinada, dá
lugar aos interpretantes, os quais geram hábitos ou crenças. Ao conhecimento
conceitual correspondem os interpretantes lógicos. Entretanto, se o contato com os
fenômenos revela apenas a mediação emocional, a experiência futura poderá ser
recorrente do ato de origem. Neste caso, um crente fervoroso poderia estar
determinado somente ao que o conduz àquelas sensações. Esclarecer os
interpretantes, ou as crenças produzidas, é o objetivo desta comunicação.
Palavras-chave: crença; signo; interpretante.

***
A religiosidade como fator estruturante do novo espírito do capitalismo

Moroni João da Silva8

O trabalho consiste na pesquisa de doutorado, dando continuidade à dissertação


Mestrado que envolveu um estudo de caso sobre o impacto da cultura na gestão do
Magazine Luiza. Agora estudo a Religiosidade presente em rituais de perfil
religioso apresentados pela empresa, como fator de motivação. Vejo a religiosidade
como fator estruturante de um ethos que busca construir uma modus operandi
voltado para o “poder da mente”, segundo o qual, prosperidade e bem estar social

7
Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Professor no Departamento de História da
UNESP – Assis. Contato:bortho@uol.com.br.
8
Doutoranda e mestre em Antropologia pela PUC/SP. Membro do Núcleo de Pesquisa Religião e
Sociedade da PUC/ SP. Bolsista da Capes, Orientado pela Profa. Dra. Eliane Hojaij Gouveia.
Contato: textocon@textocon.com.
346
são parte da mesma moeda, ou seja, o lucro. Tal abordagem se caracteriza como o
“novo espírito” que se apresenta para fortalecer e diversificar as relações
capitalistas contemporâneas. Meu objetivo é desvendar o papel da crença e da fé,
principalmente religiosas, conectados a suas ações sociais voltadas para a
construção do “Jeito Luiza de Ser”. Para tanto, as semelhanças entre os estudos
sobre autoajuda, teologia da prosperidade e práticas cristãs serão examinados para
auxiliar na análise da função da religiosidade.
Palavras-chaves: cultura; religiosidade; crença; gestão.

***
A contracultura e a emergência da idéia de saúde como integração corpo e
mente

Maria Regina Cariello Moraes9

A contracultura foi um ponto de inflexão para a modificação dos costumes e da


moralidade com relação ao corpo, não apenas no tocante à revolução sexual, mas
também no que diz respeito a valores religiosos e sanitários. Após as contestações
sociais dos anos 1960 emergiram paralelamente: um individualismo radical voltado
para o autocuidado corporal e mental; uma cosmovisão integrativa ecoreligiosa;
uma cultura terapêutica direcionada para libertação do eu através do corpo. Todos
esses elementos estão fortemente presentes na concepção de saúde enquanto bem-
estar, difundida a partir de meados dos anos 1970, que ainda vigora nos discursos
contemporâneos. O objetivo deste texto é resgatar o processo de construção do
ideário terapêutico pós-psicanalítico configurado pela contracultura, no âmbito da
contestação à ciência e do reavivamento místico, bem como sua absorção no
campo institucional da saúde mental, dentro da lógica científica.
Palavras-chave: novos movimentos religiosos; contracultura; terapias
alternativas.

***
Novo pensamento e cura

Monica Bernardo Schettini Marques10

9
Doutoranda em Sociologia pela USP. Contato: reginacariello@uol.com.br.
10
Pós-doutoranda em Sociologia pela USP. Contato: monicaschettini@uol.com.br.
347
Este paper se insere em uma pesquisa mais ampla que se detém em dois
fenômenos de origem estadunidense, bastante expressivos no Brasil
contemporâneo - a teologia da prosperidade, pregada pelos neopentecostais, e a
literatura de autoajuda, centrada no “poder da mente” ou no “poder do pensamento
positivo”. Os dois fenômenos em questão deitam raízes no Novo Pensamento,
movimento norte-americano significativo entre a segunda metade do século XIX e
as primeiras décadas do século XX, que combinava uma vasta gama de ideias e
práticas, incluindo-se influências oriundas do mesmerismo, do cristianismo e do
idealismo filosófico. Ao longo da comunicação, procuraremos apresentar as
principais características do movimento, destacando, especialmente, o projeto de
cura de doenças através do “poder da mente”, perseguido por seus expoentes, numa
relação com as ciências de seu tempo que parece ter sido de tensão, como também
de valoração.
Palavras-chave: novo pensamento; cura; literatura de autoajuda, teologia da
prosperidade.

***
Crenças e experiências religiosas dos “sem religião” nas comunidades virtuais

Rafael Lopez Villasenor11

As mudanças rápidas e profundas da religião institucionalizada são fruto da


secularização em três níveis: cognitivo, institucional e de comportamento. Em
termos cognitivos significou o processo de racionalização das explicações da
realidade e o uso do ciberespaço como nova fronteira religiosa. Na instituição
representou a substituição das funções institucionais para formas autônomas de
práticas religiosas desinstitucionalizadas. No comportamento significou a
privatização da própria experiência religiosa de maneira subjetiva e individualista.
Não há extinção da religião, mas seu deslocamento para a esfera do sujeito, que se
auto declara "sem religião". O trabalho demonstra que os "sem religião" no
contexto da secularização, não constituem um único grupo e não devem ser
interpretados como uma massa homogênea. As diferenciações estão relacionadas
com a trajetória religiosa subjetiva do indivíduo e por determinadas práticas nas
formas de conceber a religião.

11
Doutor em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pela PUC/SP. Mestre em Ciências da
Religião pela PUC/SP. Contato: rafamx@uol.com.br.
348
Palavras Chaves: secularismo; sem religião; comunidades virtuais; postagens;
Orkut.

***
A ciência espiritual da Bakti-yoga: epistemologia e revelação

Rafael Grigorio Reis Barbosa12

O presente artigo problematiza o estatuto epistêmico da ciência espiritual da


Bhakti-yoga tal como é apresentada por A.C Bhaktivedanta Swami Prabhupada,
fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna - ISKCON,
chamada popularmente como Movimento Hare Krishna, seguidora da tradição
monoteísta da Índia conhecida como Vaishnavismo. Swami Prabhupada (2006)
define a Bhakti-yoga como a ciência da consciência de Deus, Consciência de
Krishna, e também como ciência da autorrealização espiritual. Nosso objetivo
consiste em analisar a noção de ciência espiritual e suas práticas no processo de
Bhakti-yoga a partir de sua própria epistemologia – cuja centralidade encontra-se
no processo de revelação do conhecimento divino – e em diálogo com as reflexões
das Epistemologias do Sul, destacando-se as análises de Boaventura de Sousa
Santos e Enrique Dussel.
Palavras-chave: bhakti-yoga; ciência espiritual; epistemologia; revelação.

***
Vivência das religiosidades através da ioga

Letícia Rocha Duarte13

Esta comunicação tem como objeto os diálogos entre a experiência da ioga e a


religião. O ponto de referência é a iogaterapia do Professor Hermógenes, observada
a partir da sua bibliografia. A análise desse corpus revelou mediações culturais
voltadas para sua presença no cenário atual como outra maneira de vivenciar as

12
Mestrando em Educação pela UEPA. Educador, pedagogo, especialista em Movimentos
Sociais, Membro do NE Educação Popular Paulo Freire e do GP História da Educação na
Amazônia. Contato: grigorioreis@yahoo.com.br.
13
Mestra em Pedagogia da Motricidade Humana pela UNESP - Rio Claro. Membro do NE
Corpo e Sociedade UNESP/CNPQ. Professora da Secretaria Estadual da Educação do Estado de
São Paulo. Contato: eticiarochaduarte@gmail.com.
349
religiosidades. O objetivo é descrever, a partir do discurso de Hermógenes, a
experiência com o divino através da ioga. Seria uma nova maneira de vivenciar a
religiosidade ancorada na valorização do encontro entre Oriente e Ocidente. Sugere
uma pluralidade de caminhos como o sincretismo, mas também uma aproximação
com o campo da saúde, num movimento que se propõe a conquistar a plenitude do
ser em busca da divindade, mas que não descarta o corpo. Enfim, a manutenção
dos signos tradicionais cristãos, aliada à introdução dos elementos da cultura
oriental traz uma nova forma de vivenciar a religiosidade. Ao mesmo tempo em
que a religião legitima a experiência da ioga.
Palavras-chave: religião; ioga; Pluralidade.

350
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Teatro da ciência, espetáculo do sobrenatural: as sonâmbulas e seus


magnetizadores nos palcos do século XIX

Michelle Veronese14

Quando o físico alemão Anton Mesmer, em fins do século XVIII, defendeu que o
universo e todos os seres vivos eram perpassados por um fluido invisível, que
animava os corpos e poderia ser controlado por indivíduos treinados, não imaginou
que suas ideias iriam repercutir tão longe e por tanto tempo. No Brasil, por volta de
1850, a crença no magnetismo animal continuava a atrair curiosos, inspirando
praticantes e levando multidões para os grandes teatros. Nos palcos de cidades
como Rio de Janeiro e Salvador, os seguidores de Mesmer, chamados de
magnetizadores, exibiam seus talentos ao lado das sonâmbulas, mulheres que se
acreditava serem dotadas de dons especiais. As apresentações tinham um tom
científico, mas o conteúdo sobrenatural também estava presente e ecoava nas
profecias e adivinhações realizadas pelas sonâmbulas. Neste trabalho, apresento
essas figuras ainda pouco conhecidas da história das religiões no Brasil, discutindo
como estes homens e mulheres encantaram plateias ao combinar elementos da
ciência e da religião e, ao mesmo tempo, despertaram a ira daqueles que não
aceitavam ver borrada essa fronteira.
Palavras-chave: ciência; religião; magnetismo; mesmerismo.

***
Estados alterados de consciência na fronteira entre ciência e religião

Diogo F. Tenório15

14
Doutoranda em Ciências Sociais pela PUC – SP. Membro do GP Religião e Sociedade.
Bolsista do CNPQ. Orientado pela Profa. Dr.a Eliane Hojaij Gouveia.
Contato:mverone@gmail.com.
15
Graduado em Ciências Sociais pelo IFCS/UFRJ. Contato: diogotenorio@uol.com.br.
351
Pretendo neste trabalho debater as fronteiras, controvérsias e diálogos entre ciência
e religião que envolvem os chamados “estados alterados de consciência” (EACs),
ou estados de transe, em particular as experiências religiosas ocorridas em terreiros
de umbanda e centros espíritas. Irei analisar o contexto onde se desdobram tais
vivências e em que medida contribuem para a formação da pessoa do “sensitivo”,
ao expressarem símbolos, valores e crenças compartilhados pelo grupo. Gostaria
também de fazer uma (re)leitura da teoria antropológica brasileira, na qual foi de
certo modo dominante, a princípio, uma visão dos EACs como um certo tipo de
“distúrbio mental”. Esta visão presente na fundação da disciplina será debatida,
assim como a própria definição de “estados alterados”, ainda muito influenciada
pelo paradigma dualista da ciência biomédica (normalidade vs. patologia), e como
podemos articulá-la com os debates recentes da antropologia sobre as relações
entre natureza e cultura.
Palavras-chave: experiência religiosa; estados de transe; paradigma biomédico;
ciência; espiritualidade.

***
Espiritismo e medicina: interfaces entre ciência, saúde e espiritualidade

Gustavo Ruiz Chiesa16

Neste trabalho pretendo refletir sobre a ideia de uma “medicina espírita” e suas
controvérsias. Trata-se de um modelo médico e científico? Se sim, qual o lugar que
ele pode ocupar frente aos demais modelos estabelecidos? Seria uma prática
terapêutica alternativa ou complementar, uma superação da biomedicina, ou uma
nova especialidade médica? Tais questões surgem no interior do próprio
movimento espírita que desde a sua origem tem apresentado interessantes reflexões
sobre as práticas e epistemologias médicas, propondo modos diferenciados de
pensar certas dicotomias caras à medicina e à ciência ocidental, tais como, espírito
e matéria, mente e corpo, saúde e doença, vida e morte. Apoiados nas investigações
da ciência contemporânea ou recuperando concepções médicas derrotadas pelo
atual modelo hegemônico, os médicos e cientistas espíritas afirmam que a
medicina espírita ou espiritual é a “medicina do futuro” precisamente porque
consegue perceber e tratar o ser humano em sua totalidade.

16
Doutorando em Antropologia pelo PPGSA/UFRJ, Mestre em Sociologia (com concentração
em Antropologia) pela mesma instituição. Pesquisador do Laboratório de Etnografia e Interfaces
de Conhecimento (LEIC/UFRJ). Orientado pelo Prof. Dr. Octavio Bonet. Contato:
gustavorchiesa@gmail.com.
352
Palavras-chave: medicina; ciência; espiritualidade; saúde.

***
Religião e ciência entre kardecistas e messiânicos

Leila Marrach Basto de Albuquerque17

Este estudo visa a discutir a dinâmica entre religião e ciência nos procedimentos de
cura de duas expressões religiosas: o Espiritismo kardecista e a Igreja Messiânica.
Ambas se valem da imposição das mãos e de concepções vitalistas, mas
apresentam posições próprias quanto ao conhecimento científico derivadas das suas
trajetórias históricas: num caso, em harmonia com uma ciência progressista e, no
outro, em oposição a uma ciência ameaçadora, que precisa ser reinventada. Os
dados foram coletados em fontes escritas, orais e observação participante.
Palavras-chave: passe; johrei; energia.

***
Médicos e kardecistas: disputas simbólicas e jurídicas acerca da doença no
início do século XX

Carlos Eduardo Marotta Peters18

Este estudo analisa os embates jurídicos e simbólicos travados entre médicos e


espíritas kardecistas acerca de práticas curativas no interior paulista na primeira
metade do século XX. O trabalho utiliza como fontes processos e documentos
policiais produzidos num período marcado por intensa perseguição às práticas que
destoavam da medicina científica. Enfoca o universo simbólico da medicina e do
kardecismo e a legislação produzida no período acerca da questão.
Palavras-chave: espiritismo; medicina; legislação.

17
Doutora em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professora da UNESP/Rio Claro. Líder do NE
Corpo e Sociedade (UNESP/CNPq). Contato: leilamarrach@uol.com.br.
18
Doutor em História Social pela UNESP/Assis. Professor do Centro Universitário Toledo de
Araçatuba e da Faculdade Metodista de Birigui. Contato: marottapeters@yahoo.com.br.
353
354
GT21 – Religião e hierofania:
história, espaços e símbolos
Coordenador

Sérgio Gonçalves de Amorim


Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Resumo

A hierofania, por ser produção humana e coletiva, necessita de suportes que lhe dê
materialidade, daí sua proximidade com a palavra, a arquitetura, a cidade e o
ambiente, compondo um espaço simbólico, físico e imaginário, e promovendo, ao
longo de um percurso histórico específico, mitos, ritos, literaturas e músicas
sagradas, templos, santuários naturais, e outros suportes sujeitos à manifestação do
divino, como o corpo humano, plantas, animais. Mesmo o processo de
secularização promove “seus deuses”, seja na forma de um Leviatã, ou no fetiche
da mercadoria, que no contexto da cidade fomenta uma determinada cidadania,
indicando o “lugar da fé” em um correlato sistema político. Este GT pretende
reunir pesquisas que se relacionem às complexas temáticas que envolvem as
relações entre religião e hierofania. A história da materialidade religiosa, e de seus
significados no contexto de outras materialidades, permite compreender o “lugar da
religião” em uma dada sociedade.

355
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Hierofania e (In)tolerância: o Espaço das representações O santuário da pedra do


espaço religioso na história da morte: arte tumular menino em Cuité:
Comunic. das cidades como expressão da cultura etnografia de uma
romaria
Sérgio Gonçalves de Amorim Thiago Nicolau de Araújo
PUC/SP EST Manoel Pedro Ferreira Neto
UFPB

Entre a história, o mito e o Nos muros, os secretos: Sob o signo do sagrado:


símbolo: Dom Manoel é o rei iconografia nos muros dos fragmentos do
do mundo terreiros de candomblé, pensamento católico nos
mina e umbanda em dizeres sobre o urbano no
Taissa Tavernard de Luca Santanrém/PA Maranhão nas décadas de
UEPA 30 e 40 do século passado
Carla Ramos
UFOPA Miriam Ribeiro Reis
UFMA

O tempo e o espaço Epistemologia da Todo ano tem:


“sagrados” na umbanda controvérsia e seu diálogo levantamento do mastro
com o inefável da hierofania na cultura campesina
Claudio Pereira Noronha maranhense
UMESP José Altran
PUC/SP Keliane da Silva Viana
UFMA

Ronilson de Oliveira Sousa


UFMA

Barroco: arte e educação no A oração como cultura:


universo colonial luso- observando o papel da
brasileiro hierofania entre os
membros da comuniade
Andrea Gomes Bedin de vida da comunidade
PUC/SP católica Shalom

José Germano Neto


UFRN

Espaço sagrado da memória


de migrantes em Ouro Preto
Oeste – RO

Amanda Rayery de Aguiar


Soares
UNIR

Eduardo Servo Ernesto


UNIR

356
Pôsteres A “religião” de Borges: o Santos pagãos: o
labirinto e o tigre como sincretismo e a
metáforas-mitos religiosidade cristã nos
anos da antiguidade
Rogério Gonçalves de Carvalho tardia
PUC/SP
Valquíria Velasco
UVA

Daime de guarda: Religião e educação no


o santo de casa da doutrina do ensino fundamental e médio
Santo Daime a partir da lei 10639/03

Cláudio Alvarez Ferreira Wisley Ferreira do


PUC/SP Nascimento
Unimontes

357
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Hierofania e (in)tolerância – o espaço religioso na história das cidades

Sérgio Gonçalves de Amorim1

O espaço é uma categoria filosófica e existencial, e tal como o tempo, envolve a


totalidade da experiência humana e social, sendo produto e agente de uma época. A
partir da existência das cidades e sua história, estas sempre foram marcadas pela
hierofania de deuses e deusas, aos quais espaços religiosos foram dedicados.
Entretanto, deve-se considerar o caráter contraditório e paradoxal da cidade, e neste
contexto, de seus espaços religiosos: as cidades sempre foram proclamadas como
sendo um espaço de liberdade, quando, na realidade se constituem em formas
necessárias à exploração do ser humano pelo ser humano, pela via do trabalho. Os
espaços religiosos, neste contexto das cidades, tornam-se ópio e agente
revolucionário, catalisando emoções e produzindo sentidos, tecendo junto às
políticas, significados para a vida.
Palavras-chave: história; cidade; espaço religioso; hierofania; (in)tolerância.

***
Entre a história, o mito e o símbolo: Dom Manoel é o rei do mundo

Taissa Tavernard de Luca2

O presente trabalho tem por objetivo analisar o panteão da Mina-Nagô em Belém


do Pará enfocando, mais especialmente uma categoria de entidades de alto status,
denominada de “senhores de toalha” ou “nobres gentis nagôs”. Trata-se de reis e
nobres europeus que possuem ligação com a história luso-brasileira e que foram
“divinizados” pelos adeptos dessa religião de matriz africana. Dentre eles abordarei
especialmente a trajetória de D. Manuel, rei português da dinastia de Avis,
responsável direto pelo processo expansão marítima e descoberta do Brasil.
1
Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: amorimsjc@hotmail.com.
2
Doutora em Antropologia pela UFPA, Professora Adjunta 1 do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Religião da UFPA. Coordenadora do GP Religiões de Matriz Africana na
Amazônia. Contato: taissaluca@gmail.com.
358
Recupero parte da história de vida desse personagem na tentativa de entender o
processo de divinização do homem público bem como a construção dos símbolos e
mitos ligados a ele. Procuro também, apontar valores que estão subjacentes a todas
as narrativas míticas, dentre os quais destaco o simbolismo da branquidade.
Palavras-chave: História; mito; símbolo; branquidade.

***
O tempo e o espaço “sagrados” na Umbanda

Claudio Pereira Noronha3

Tempo e Espaço são duas categorias importantes para a compreensão de como, na


Religião, o sagrado se constrói. Se o “sagrado”, em determinadas circunstâncias,
opõe-se ao “profano” – embora na realidade social podem misturar-se – o “tempo”
e o “espaço” sagrados também rompem com a cotidianidade e remete-nos a um
tempo e um espaço míticos, extraordinários. O objetivo dessa comunicação é
refletir sobre como essas categorias são tecidas na Umbanda, cujos elementos
sagrados e profanos, a nosso ver, se separam e se misturam “constantemente” sem,
tampouco, deixar de produzir sentido aos seus participantes.
Palavras-chave: tempo; espaço; umbanda.

***

Pôsteres

A "religião" de Borges: o labirinto e o tigre como metáforas-mitos

Rogério Gonçalves de Carvalho4

Na tensa relação entre religião e literatura, principalmente entre teologia e


literatura, poucas foram as incursões que, por um lado evitassem tornar as obras
literárias servas da teologia, e por outro lado indicassem um espaço onde as obras
literárias se “com-fundem” com a religião. Nosso objetivo é apontar e analisar uma

3
Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. membro do GP Religião e Periferia na
América Latina (REPAL/UMESP). Bolsista CAPES. Contato: clpnoronha@yahoo.com.br.
4
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor da Faculdade de Teologia
Metodista. Contato: rogeriogcarvalho@gmail.com.
359
delas, que confortavelmente se põe no campo do símbolo, do mito e da metáfora,
que sempre gozaram de privilégios na linguagem religiosa. Diante disso, tomamos
Gilbert Durand, antropólogo do imaginário e mitólogo, como um dos pensadores
que tentaram devolver à metáfora o seu poder imaginário pelo viés do símbolo e do
mito. Mais especificamente aplicadas nos contos de Jorge Luis Borges, um mestre
na perseguição de metáforas narrativas, que não negam sua ancestralidade
simbólica e mítica. Nesse caso, duas metáforas, dentre várias, são recorrentes em
seus contos e nos dão a dimensão hierofânica e quase religiosa que permeiam toda
a obra borgeana: o labirinto e o tigre.
Palavras-chave: religião; literatura; antropologia do imaginário; Jorge Luis
Borges.

***
Daime de Guarda: o santo de casa da Doutrina do Santo Daime

Cláudio Alvarez Ferreira5

O movimento religioso brasileiro, conhecido como Santo Daime, nasceu na década


de 30, do século XX, tendo como eixo central de sua ritualística a ingestão de uma
bebida sagrada conhecida como Santo Daime. Na sua formação foram sendo
fundidas e reelaboradas diferentes matrizes religiosas, como o cristianismo, o
xamanismo amazônico, correntes esotéricas, o espiritismo kardecista e as religiões
afro-brasileiras. Boa parte dos trabalhos acadêmicos sobre o tema interpreta o
Santo Daime como um movimento xamânico. Entretanto, existe um eixo central
cristão que norteia todo o processo de reelaboração simbólica do Santo Daime,
profundamente influenciado pelas práticas e símbolos do catolicismo popular
brasileiro. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo apresentar o Daime
de Guarda, uma categoria particular de utilização privada da bebida sagrada, como
uma manifestação hierofânica que se aproxima amplamente do culto doméstico aos
santos nas práticas católicas populares do Brasil.
Palavras-chave: Santo Daime; catolicismo popular; Daime de Guarda.

5
Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: caf250771@yahoo.com.br.
360
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Espaço das representações da morte: arte tumular como expressão da cultura

Thiago Nicolau de Araújo6

Percebemos diferentes maneiras das sociedades expressarem o sentimento sobre a


morte, mas sempre mantendo a ideia de conservar a memória do morto pela
imagem, numa tentativa de manter viva sua identidade, através das obras
funerárias. Assim, partindo da interpretação de Edgar Morin em O Homem e a
Morte, analisamos as construções tumulares dentro dos cemitérios públicos e
privados, verificando de que forma se preserva essa memória, através da estatuária,
simbologia e textos tumulares. Dessa forma, o túmulo é uma representação de uma
identidade cultural individual ou coletiva, inserida num modelo de discurso urbano.
É na diversidade de adereços que compões a arte funerária que se torna possível
identificar as concepções religiosas presentes no cemitério e sua relação com a
finitude. Analisamos as obras funerárias como uma forma de narrativa, pois
quando uma família insere outros elementos de sua fé, está reafirmando sua crença
religiosa ou da comunidade em que vive.
Palavras-chave: cemitérios; arte tumular; religiosidade.

***
Nos muros, os secretos: iconografia nos muros dos terreiros de Candomblé,
Mina e Umbanda em Santarém (PA)

Carla Ramos7

Esta pesquisa envolve o mapeamento dos terreiros/casas de religiões de matriz


Afro-brasileira, na cidade de Santarém, no Pará, com o objetivo de estabelecer, no
interior da Universidade Federal do Oeste do Pará um espaço para o tema das

6
Doutorando em Teologia e História pela Faculdades EST. Bolsista CNPq. Contato:
thiago@novaformacultural.com.
7
Mestre em Sociologia e Antropologia pela UFRJ. Professora no Programa de Antropologia e
Arqueologia da OFOPA. Membro do NP e Documentação das Expressões Afro-religiosas no
oeste do Pará e Caribe da UFOPA (NPDAFRO). Contato: carlotarramos@gmail.com.
361
relações raciais em seu aspecto mais amplo. Como foi colocado por Abdias
Nascimento, historicamente as práticas religiosas afro-brasileiras sofrem um
processo de genocídio físico e epistemológico por parte de vastos segmentos e
instituições no mundo pós-colonial. Diante disso, são muito variadas as estratégias
de resistência e de afirmação empreendidas a partir desses espaços. Em meio à
dinâmica de silenciamentos e publicização desses espaços, estamos interessados
em apresentar um debate sobre as expressões da identidade religiosa que podem ser
vistas nos muros dos terreiros de casas de Mina, Candomblé e Umbanda na cidade
de Santarém, a partir de uma abordagem ligada à antropologia visual. Para tanto,
faremos uma análise dos registros fotográficos.
Palavras-chave: iconografia; candomblé; mina; umbanda; Santarém (PA).

***
Epistemologia da controvérsia e seu diálogo com o inefável da hierofania

José Altran8

A epistemologia da controvérsia, em especial como colocada por Marcelo Dascal,


pretende alcançar um caminho investigativo coeso acrescentando às ideias lançadas
por Thomas Kuhn e Karl Popper acerca dos fazeres científicos e do que pode,
afinal, ser tomado por "conhecimento", dando especial ênfase à função da
contestação sobre o estabelecido. Neste contexto, tão conturbado por
posicionamentos intelectuais que se polarizam, cabe a igualmente acirrada
discussão em Ciências da Religião acerca do suposto sui generis inefável da
religião, que se desdobraria em "sagrado", "hierofania" e diversas afirmativas tão
instigantes quanto arriscadas. A presente apresentação procura aproximar a
epistemologia da controvérsia desta antiga porém persistente discussão
fenomenológica: intermédio que, espera-se, contribua na lapidação desta tão
polêmica mas crucial investigação.
Palavras-chave: controvérsia; epistemologia; numinoso; hierofania.

***

8
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Bolsista CNPq. Contato: altran@gmail.com.
362
Barroco: arte e educação no universo colonial luso-brasileiro

Andrea Gomes Bedin9

Este artigo resulta da pesquisa bibliográfica e de campo do Barroco brasileiro,


“movimento artístico” característico do século XVII, que também alcançou
proeminência no primeiro quartel do século XVIII em toda a Europa, e pretende
analisar o barroco sob o enfoque não apenas artístico, mas, levando em conta o
contexto histórico no qual foi produzido, compreender sua relevância no campo
educacional, portador de todo um sentido catequético aliado ao contexto sócio-
religioso colonial luso-brasileiro. O descortinar do sentido real do barroco a partir
da visão de mundo dos artistas que o produziram, tem o intuito de trazer à tona
algo que vai além da tradução genuína da palavra barroco, visto como pedra de
“esfericidade irregular, rústica”, para um verdadeiro “estado de espírito” da
sociedade a partir da qual foi gestado.
Palavras-chave: barroco; educação; arte; sociedade; catequese.

***
Espaço sagrado: a construção da memória de migrantes em Ouro Preto do
Oeste (RO)

Amanda Rayery de Aguiar Soares 10


Eduardo Servo Ernesto11

Nesta proposta de trabalho procuramos fazer algumas considerações a respeito de


representações culturais de agricultores na linha LC 80 na zona rural de Ouro Preto
do Oeste - Rondônia. Tais representações estão ligadas a práticas religiosas deste
grupo, que ao serem recriada em seu novo convívio social, contribuem para
manutenção da identidade de grupos que passam pela experiência da migração,
mais especificamente a Comunidade de Nossa Senhora Da Guia, onde este espaço
sagrado mantém uma continudadade de práticas de representações ligadas à
religiosidade presente no antigo espaço destes migrantes.
Palavras-chave: migração; Ouro Preto do Oeste (RO); Nossa Senhora da Guia.

9
Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Bolsista CAPES. Contato:
andribedin@yahoo.com.br.
10
Mestranda em História e Estudos Culturais pela UNIR. Contato:
amanda_rayery_@hotmail.com.
11
Mestrando em História e Estudos Culturais pela UNIR. Contato: edu_ardo1010@hotmail.com.
363
***
Pôsteres
Educação religiosa: tensão ética em sala de aula

Amanda Silva Leal12

Este artigo tem como objetivo discutir a Educação Religiosa desde a colonização
até o presente. Educação que tinha como ênfase na doutrina da religião oficial do
Império, a religião Cristã. Proclamada a República em 1889, há à separação entre
Igreja e Estado. A partir da constituição de 1988, a Educação Religiosa se constitui
como disciplina escolar. Com a Lei de Diretrizes e Bases nº. 9.475 de 1997, o
Ensino Religioso torna-se parte integrante da formação básica do cidadão,
assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, sendo vedadas
quaisquer formas de proselitismo, tornando assim, o Estado laico. Como método de
pesquisa, utilizamos revisão bibliográfica, tendo como base Edgar Morin e
pesquisa de campo na Escola Estadual Professora Dulce Sarmento. Concluímos
que a prática da Educação Religiosa perpassa por uma questão ética, desde sua
inserção no Brasil, a forma de ser aplicada em sala de aula, até as questões que
dizem respeito à diversidade religiosa existente.
Palavras-chave: LDB; educação religiosa; ética; diversidade religiosa.

***
Religião e educação no ensino fundamental e médio a partir Lei 10639/03

Wisley Ferreira do Nascimento13

O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância e significado do ensino


religioso nas escolas de ensino fundamental e médio a partir da Lei 10639
sancionada em Janeiro de 2003, tornando obrigatório o ensino sobre a História e
Cultura Afro-brasileira e africana. A primeira constatação da qual partiremos é que
religião é uma realidade universal do ser humano, experimentada por ele no
12
Graduanda em Pedagogia pela UNIMONTES. Bolsista Capes/Pibid/Subprojeto – Educar para
a Complexidade: Formação de Habilidades Cognitivas e Sociais (UNIMONTES). Contato:
amand.inhaleal100@hotmail.com.
13
Graduando em Filosofia pela UNIMONTES. Bolsista Capes/Pibid/Subprojeto – Educar para a
Complexidade: Formação de Habilidades Cognitivas e Sociais (UNIMONTES). Contato:
wisleynascimento@hotmail.com.
364
decorrer de sua vida desde tenra idade, sendo essencial para humanização e
apresentando-se não apenas como um enigma no sentido teórico, mas também em
sentido ético. Pensar e estudar sobre a religião é de suma importância, uma vez que
age como formadora social, política e humana, indiferente da cultura. Nesse
sentido pensaremos a prática do Ensino Religioso nas escolas de ensino
fundamental e médio por entendermos a importância e o alcance da lei 10.639 na
medida em nos leva a pensar e responder sobre nossas origens, nossa realidade,
nossa existência e nossa relação com o sagrado.
Palavras-chave: educação; ensino religioso; cultura afro-brasileira; história afro-
brasileira; Lei 10.639/03

365
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

O Santuário da Pedra do Menino em Cuité: etnografia de uma romaria

Manoel Pedro Ferreira Neto14

O presente trabalho é parte de minha dissertação de mestrado em curso intitulada


“A religiosidade popular da Pedra do Menino em Cuité: Fé e devoção na região do
Curimataú paraibano”. Caracteriza-se pela transformação de um espaço
pertencente a um sítio nas redondezas da referida cidade, no Santuário da Pedra do
Menino, em honra ao São Manuel da Paciência, não canonizado pela Igreja, porém
aclamado pelo povo. Pretendo fazer uma etnografia desta romaria, enfocando
aspectos elencados referentes ao trajeto, concentração dos fiéis, comportamento
durante a caminhada, e o respeito ao local sagrado. Através da análise de
entrevistas com o Pároco da Cidade, a irmã do santo popular, do organizador, e das
falas de dois fiéis, buscarei mostrar como se construiu, em seu discurso, essa
devoção, como está sendo praticada nos dias atuais e como os habitantes dessa
pequena área da zona rural de Cuité reconheceram a ação do sagrado e
converteram a parte mais alta do sítio num lugar de oração e paz.
Palavras-chave: Pedra do Menino; romaria; religiosidade popular.

***
Sob o signo do sagrado: fragmentos do pensamento católico nos dizeres sobre
o urbano no Maranhão nas décadas de 30 e 40 do século passado

Mirian Ribeiro Reis15

Resumo: Segundo Daniele Hervieu Leger (2005), os estudos voltados hoje, para o
que é considerada uma sociologia da vida religiosa, na sua maioria tem como pano
de fundo o que se considera como sendo a teoria da secularização, segundo o qual
um dos traços mais característicos da modernidade seria o progressivo
enfraquecimento da religião como um referencial produtor de sentido para o

14
Mestrando em Ciências das Religiões pela UFPB. Contato: pedronetojp@gmail.com.
15
Mestranda em História Social pela UFMA. Bolsista Capes. Contato: mirian.reis@hotmail.com.
366
homem. Objetivo deste trabalho é traçar uma análise sobre como o imaginário
religioso é capaz de informar uma concepção de cidade, de sujeitos e práticas. Ou
seja, como elementos da simbologia e das práticas católicas podem influenciar e
até mesmo formar uma postura citadina, onde os valores morais, as regras de
sociabilidades, e até mesmo as concepções de espaço são pensados a partir de um
referencial religioso. O recorte espaço-temporal é a pequena cidade de Caxias no
Estado do Maranhão nas décadas de 30 e 40 do século passado.
Palavras-chave: religião; cidade; simbologia católica; modernidade.

***
Todo ano tem: o levantamento do mastro na cultura campesina maranhense

Keliane da Silva Viana16.


Ronilson de Oliveira Sousa17

Este trabalho tem como objetivo central analisar as transformações, significados e


funções da festa de levantamento do mastro na cultura campesina maranhense. O
foco recai aqui sobre a festa tradicional da puxada do mastro que ocorre todos os
anos na cidade de São Bernardo-MA, localizada na microrregião do Baixo
Parnaíba. A metodologia pauta-se na pesquisa documental, bibliográfica,
etnográfica e entrevistas realizadas com moradores mais antigos e organizadores
dessa festividade. Parte-se do ponto de vista de que a manifestação popular da
puxada do mastro permite a conexão entre diferentes dimensões da sociabilidade
local: experiências, sentimentos e valores herdados; (re)construção das identidades
sociais vivenciadas no tempo da festa. Resgatando as origens desse ritual, sua
simbologia e as suas transformações, conclui-se que a festa do mastro se apresenta
como uma manifestação ritualística que se atualiza a cada ano mediante os usos e
interpretações desse encontro festivo.
Palavras-chave: mastro; religiosidade; história; tradição.

***
A oração como cultura: observando o papel da hierofania entre os membros
da comunidade de vida da Comunidade Católica Shalom

José Germano Neto18

16
Graduanda em Ciências Humanas pela UFMA. Contato: kelianepib@hotmail.com.
17
Graduando em Ciências Humanas pela UFMA. Contato: ronilsonos@hotmail.com.
367
Este trabalho é fruto de uma pesquisa etnográfica entre os membros da
Comunidade de Vida (missionários em tempo integral) da Comunidade Católica
Shalom de Natal (RN). Foi utilizado o método de observação participante com o
objetivo de compreender mais sobre o papel da hierofania na vivência desse grupo,
como eles se enxergam nesse grupo e como sentido da realidade pode ser
construído, mantido e transformado nesse meio. Vendo que no olhar do nativo, a
experiência e intimidade com o Divino através da oração é a força mantenedora da
cultura, na verdade, a oração é a própria cultura, tendo em vista que, para eles, a
união com Deus é o sustento e fator compreensor de sua realidade.
Palavras-chave: etnografia; Sociologia da Religião; hierofania; cultura;
Comunidade Católica Shalom.

***
Pôster

Santos pagãos: o sincretismo e a religiosidade cristã nos anos da antiguidade


tardia

Valquíria Velasco19

Este trabalho abordará o sincretismo presente nas mais variadas formas de culto
Cristão. Santos, datas sagradas e as relíquias santas, algumas das formas
encontradas por essa Igreja de tornar suas doutrinas mais atraentes, esta que visava
o poder consolidado através da conversão verdadeira de toda a população. No ano
392 o Cristianismo viria a ser oficialmente a religião do Império. Uma conversão
forçada não garantia uma fé verdadeiramente popular. Se apenas uma pequena
parcela da aristocracia enfrentava os cristãos para manter viva sua tradição. Foi, no
entanto através das superstições, e da vivência religiosa dos mais humildes, que se
perpetuaram características marcantes de seus variados deuses. A forte
religiosidade desse povo obriga a instituição Católica a adotar sinais, símbolos e
festejos que, anteriormente, pertenceram aos inúmeros deuses do panteão Greco-
romano, sendo ainda mais evidente após as invasões bárbaras a Roma.
Palavras-chave: sincretismo; cristianismo; paganismo; religiosidade.

18
Graduando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: josegermano@outlook.com.
19
Graduanda em História pela Universidade Veiga de Almeida. Contato:
valvelasco@terra.com.br.
368
GT22 – Religião e política
Coordenadores

Sandro Amadeu Cerveira Wellington Teodoro da Silva


Doutor em Ciência Política pela Doutor em Ciência da Religião pela
UFMG. Professor na UFAL. UFJF. Professor no PPGCR da
PUC/MG.

Comentador

Anderson Claytom Ferreira


Brettas
Doutor e mestre em Educação pela
UFU. Professor no IFTM/Uberaba.

Resumo

Esse grupo de trabalho espera reunir pesquisadores e estudantes de graduação e


pós-graduação que estejam desenvolvendo atividades de pesquisa sobre o tema
religião e política em suas múltiplas possibilidades de coexistência e
relacionamento. Por seu lado, a política é compreendida por esse grupo em seu
percurso moderno e em suas referências às várias formas de poder e de ação no
espaço público; adensa-se e refere-se, sobretudo, à natureza do Estado, associação
especificamente política e portadora de formidáveis monopólios de poder. A
religião, por sua vez, será tratada como realidade estruturante do estar humano no
mundo que se existe tanto no espaço privado quando no público. Nesse segundo
lugar, ela orienta compreensões e ações que permeiam todos os gradientes
políticos.

369
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

A Igreja Católica e a questão Religião e política: uma A participação político –


da hegemonia via de mão dupla partidária dos carismáticos
Comunic. católicos no Brasil
Elza S. Cardoso Soffiatti Cínthia A. P. Ferreira
Centro Universitário Claretiano UFRRJ Marcos V. F. Reis
UNIFAP

A disputa pela coroa do rei do Direito natural e Poder e religião:


candomblé em Alagoas no moralidade cristã no possibilidades de análise
período de 1970 a 1990 império brasileiro historiográfica das
constituições eclesiásticas do
Alicia Poliana Ferreira Patrícia Martins Império Português (século
UFAL UNESP XVI)

Durval S. D. Paula
UFU

Interações entre Estado e Religião, política e Republicanismo e


religião na regulação da memória nos escritos de cristianismo: intersecções e
ayahuasca no Brasil D. Luciano Mendes de rupturas
Almeida
Janaína Alexandra Sandro Amadeu
UFRN Virgínia Buarque UNIFAL
UFOP
Gleyton Trindade
UNIFAL

Intelectuais católicos em Doutrina social da igreja “Ai de quem tiver a audácia


diálogos com o facismo no católica como de falar injustiça”:
Brasil do início dos anos 1930 fundamentos históricos do espionagem militar na
serviço social no Brasil Igreja Católica no
Alexandre J. G. Costa Maranhão
CEFET/BH Jefferson Pinto Batista
PUC/MG Camila da Silva Portela
UFMA

O ideal católico progressista Ensinai o respeito à A bancada religiosa e o “Kit


na ditadura militar (1964- ordem! O Papel da igreja Gay”: elementos de um
1985) nas cartas de Dom católica na consolidação fazer-político cristão
Fragoso de Crateús do Império Brasileiro
Yuri Galvão Sabino
Anderson P. Brito Ítalo Domingos Santirochi UEL
UEL UFRRJ

José Wilson Neves Jr


UEL

370
Louvar e protestar: eventos Igreja e religião na A política religiosa
políticos e culturais do “povo Constituinte de 1823 “evangélica”: o
de santo” comportamento das
Joelma Santos da Silva lideranças protestantes e seu
Jaqueline V. B. Talga IFMA engajamento no processo
UFU político eleitoral nas eleições
de 2010

Rogério da Costa
UEL

371
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

A igreja católica e a questão da hegemonia

Elza S. Cardoso Soffiatti1

A Igreja foi desde o século XVI e efetivamente no XIX perdendo para a sociedade
civil o espaço hegemônico, e ficou cada vez mais reduzida à sacristia, sem poder de
influência e comando da sociedade e na sociedade civil. Ao fazer referência ao
“hegemônico”, a faz ao posicionamento de Raymund William, que supõe o
“hegemônico” e não a “hegemonia”, que propõe o dominante, e não a dominação.
Para compreender o processo é necessário levar em consideração o espaço
hegemônico que a Igreja ocupou por longos séculos, durante toda a Idade Média,
período em que possuía o poder hegemônico, o discurso hegemônico. No entanto,
as mudanças, a partir do século XVI e o acirramento dessas mudanças no XIX, no
qual podemos destacar o liberalismo e a laicização da sociedade, vista pelos Papas
daquele século como um dos grandes males da modernidade – acompanhados por
outros, como o evolucionismo e o socialismo, para citar alguns –, demarcaram um
posicionamento de fechamento e não aceitação da Igreja em relação à sociedade
que se constituiu ao longo do século XIX. A discussão teórica acerca da hegemonia
é um fundamento teórico essencial para as discussões do tema, pois o alicerça de
forma a fazer compreender o posicionamento da instituição Igreja Católica. Para
esse “alicerce”, vamos nos apoiar em Gramsci e em suas considerações acerca da
Igreja em relação ao poder hegemônico.
Palavras Chave: Igreja Católica; séculos XIX e XX; política; hegemonia.

***
A disputa pela coroa de rei do candomblé em Alagoas no período de 1970 a
1990

Alicia Poliana Ferreira2

1
Doutoranda em História e Cultura Social pela UNESP. Contato: elzasoffiatti@gmail.com.
2
Graduanda em História pela UFAL. Membro do Laboratório de História Afro Brasileira
(LAHAFRO). Contato: aliciapoliana@hotmail.com.
372
O objetivo deste artigo é analisar as motivações geradoras da disputa pela coroa de
rei do candomblé em Alagoas que teve como um de seus principais elementos de
combustão a visita de João Ribeiro sucessor do lendário Babalorixá Joãozinho da
Goméia. No entanto, concentraremos nosso estudo noutro sujeito o alagoano José
Mendes Ferreira intitulado rei do candomblé que com suas interações sociais,
políticas e religiosas provocou a ira dos Babalorixás alagoanos ao se declarar
conhecedor do “legitimo” candomblé ao passo que os demais sacerdotes locais não
passavam de “vigaristas” sem o conhecimento “verdadeiro”.
Palavras-chave: José Mendes; candomblé alagoano; João Ribeiro; Rei do
candomblé.

***
Interações entre Estado e religião na regulação da ayahuasca no Brasil

Janaína Alexandra Capestrano da Costa3

Durante o século XX, a presença e o crescimento das chamadas religiões


ayahuasqueiras brasileiras, o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal,
implicaram desafios de convivência social que demandaram do Estado
posicionamentos relativos à legitimidade desses grupos. A ayahuasca é um chá
psicoativo, de origem indígena, oriundo da cocção de duas espécies vegetais e
consumido como um sacramento nos rituais de ditas religiões; seu uso constitui-se
no principal elemento gerador de controvérsias. Num primeiro momento, as
interações entre o Estado e as religiões ayahuasqueiras foram marcadas pela
regulação indireta, onde a experiência religiosa era associada a costumes
incivilizados como a feitiçaria, o charlatanismo e o curandeirismo. Posteriormente,
a gramática da guerra contra as drogas foi determinante nos posicionamentos
assumidos pelo aparato estatal, que formalizou um processo de regulamentação
com a participação dos interessados que teve como resultado uma normativa que
autoriza e estabelece limitações ao consumo da ayahuasca. Essa problemática
enseja reflexões sobre o exercício da liberdade religiosa e sobre a laicidade do
Estado.
Palavras-chave: religião e Estado; ayahuasca; religião e direito.

3
Doutoranda em Ciências Sociais Pela UFRN. Professora Assitente do curso de Ciências Sociais
da UFT. Contato: janacapis@yahoo.es

373
***
Intelectuais católicos em diálogo com o facismo no Brasil do início dos anos
1930

Alexandre José Gonçalves Costa4

Na nossa comunicação pretendemos expor algumas conclusões de nosso estudo


sobre alguns artigos e notícias publicados na revista A Ordem nos primeiros anos
da década de 1930. Seus editores, que representam neste momento a elite católica
leiga brasileira, e que se autonomeiam como “reacionários”, realizam um diálogo
com o fascismo italiano marcado pela aproximação e pelo distanciamento, pela
atração e pelo receio. É sobre o conceito de “reação” que elaboram, e as reflexões
que desenvolvem acerca das relações entre a chamada sociologia cristã e o regime
corporativo implantado na Itália por Mussolini, que faremos nossas considerações.
Palavras-chave: catolicismo; fascismo; reação.

***
O ideal católico progressista na ditadura militar (1964 – 1985) nas cartas de
Dom Fragoso de Cratéus5

Anderson Pereira Brito6


José Wilson Neves Jr7

Na atualidade não há uma produção, acerca da vida do bispo Antônio Batista


Fragoso, durante os anos a ditadura militar (1964-85). O que já se produziu sobre
sua vida tende a tratar de forma romantizada sua atuação na diocese de Crateús-
CE, e não dá o devido destaque e ênfase em sua atuação política, motivada por um
ideal progressista de Igreja católica. A Esta pesquisa reflete sobre o ideal cristão
católico de parte da Igreja que contestava a ditadura militar (1964-1985). Para tal,
apoiou-se em dois padrões de documentos: as cartas da Diocese do bispo Fragoso

4
Doutor em História Social do Trabalho Pela UNICAMP. Professor no CFET/BH.
5
O trabalho a seguir foi elaborado de forma coletiva, a partir dos estudos e pesquisas de autoria
do Prof. Fabio Lanza e do Laboratório de Estudos sobre Religiões e Religiosidades da UEL.
6
Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Contato: Anderson_salto@hotmail.com.
7
Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Vinculado ao projeto 07868 – Estudo sobre
religiosidades e mídia religiosa, bolsista pelo CNPq. Membro do Laboratório de Estudos sobre as
Religiões e as Religiosidades (LERR). Contatol: zehf_66@hotmail.com.
374
que foram interceptadas quando o mesmo estava na Europa, e as matérias vetadas
do jornal O São Paulo, meio de comunicação oficial da Arquidiocese de São Paulo,
que permitiu demonstrar parcialmente o papel da Igreja Católica de Crateús CE
durante a ditadura e a repercussão das cartas de dom Fragoso. Como resultado
parcial, foi possível perceber como os membros progressistas da corrente ligada a
Teologia da Libertação atuou por meio das cartas e d’O São Paulo frente ao grupo
católico conservador que apoiava o catolicismo mais ligado às tradições e à moral
cristã aliada dos militares no poder executivo. Sendo assim o ideal católico
progressista, é um item importante, que deve ser considerado, ao abordar atores
político da Igreja Católica dentro de um cenário nebuloso que foi o período da
ditadura militar.
Palavras-chave: sociologia das religiões; religião e modernidade; política e ideal
católico progressista.

***
Louvar e protestar: eventos políticos e culturais do “povo de santo”

Jaqueline Vilas Boas Talga8

Direcionamos nosso olhar para os eventos pertinentes as manifestações políticas e


culturais promovidas pelas religiosidades de matriz africana em várias localidades
do Brasil. Percebemos que em determinadas práticas religiosas prevalecem
manifestações culturais e em outras as reivindicações políticas. Prevalece o
cultural e religioso nas festas de Iemanjá, que ocorre todos os anos desde a década
de 1960, na cidade litorânea de Praia Grande-SP, e também ocorrem em várias
outras cidades pelo Brasil. E por outro lado temos as caminhadas intituladas, hora
denominadas “contra a intolerância religiosa”, ora “pela liberdade religiosa”, que
ocorrem em algumas das principais capitais do País, que prevalece o político e
religioso. Compreendemos que esses eventos são frentes de luta, dão visibilidade
ao problema da discriminação para com os grupos religiosos minoritários e força
para muitos agentes, sejam eles religiosos ou lideranças de movimentos negros,
para reivindicar e implementar leis e ações que contribuam para a grande parcela
marginalizada da população brasileira, os afro-descentes e aqueles que estão
ligados.
Palavras-chave: manifestações políticas; manifestações culturais; religiosidades
de matriz africana.

8
Mestre em Ciência Sociais pela UFU. Contato: jtalga@yahoo.com.br.
375
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Religião e política: uma via de mão dupla

Cínthia Annie de Paula Ferreira9

Apresenta-se um estudo do processo de construção da carreira de um político


evangélico, a partir da aquisição de competências necessárias para a prática
política. Optou-se pelo mapeamento deste percurso, pois abre caminho para
pensarmos certas formas possíveis de justaposição entre as normas do universo
político e do religioso. Assim, refletimos acerca das relações estabelecidas entre
diversos campos sociais, quando os indivíduos convertem capitais entre eles. É no
próprio campo que suas regras são formuladas, pelos “profissionais”, pois
competentes para fazer política. Contudo, a legitimação dessas regras resulta da
aceitação, por desconhecimento, dos “profanos”, aqueles que são excluídos do
campo político exatamente por ignorarem suas normas. O diálogo entre os valores
que norteiam as práticas eleitorais no Brasil e a lógica própria dessas instituições
representativas se estabelece através das redes tecidas por estes indivíduos. Por
meio da análise das interpretações a respeito das práticas adotadas por um político
evangélico na construção de sua carreira, decodificamos esses sistemas de
percepções e de ações.
Palavras-chave: política; pentecostalismo; conversão de capitais.

***
Direito natural e moralidade cristã no Império Brasileiro

Patrícia Martins10

A secularização, comumente circunscrita pelos teóricos sociais como um


movimento filosófico cultural do século XIX, encontra sua variações na
contingência do ordenamento político e cultural que forma neste mesmo período.

9
Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: cinthiarural@yahoo.com.br.
10
Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP. Doutoranda em História pela UNESP/Franca.
Membro do NE Memória e Cultura (NEMEC). Contato: martins.pesquisa@gmail.com.
376
No caso específico do Brasil, os manuais de Direito Natural utilizados nas
Faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais de São Paulo e Pernambuco, indicam
que a constante presença da moralidade cristã como elemento constitutivo da
unidade da Nação promovida pela construção do Estado Monárquico
constitucional. O objetivo desta comunicação é fazer uma breve exposição
estrutura das matrizes teológicas que vigoraram no processo de construção, auge e
declínio do Império. Fator que coloca o cristianismo dentre entre os elementos que
constituem uma cultura política de longa duração no Brasil.
Palavras-chave: Direito Natural; moralidade cristã; teologia; império.

***
Religião, política e memória nos escritos de D. Luciano Mendes de Almeida

Virgínia Buarque11

A comunicação visa interpretar as interrelações promovidas por Dom Luciano


Mendes de Almeida, bispo-auxiliar de São Paulo (1976-1988) e arcebispo de
Mariana (1988-2006), entre sua memória biográfica como cristão, jesuíta e prelado,
o ato de crer e o exercício da autoridade político-religiosa. Como fundamentação
teórica, recorre-se à reflexão desenvolvida pelo teólogo e historiador jesuíta Michel
de Certeau, que longe de definir o religioso como um repertório de crenças,
contextualizadas em sistemas sócio-históricos, o abordava como um ato de crer, ou
seja, o “[...] investimento das pessoas em uma proposição, o ato de enunciá-la
considerando-a verdadeira – noutros termos, uma ‘modalidade’ da afirmação e não
seu conteúdo”. Em termos documentais, a pesquisa priorizou a interpretação dos
escritos de D. Luciano de perfil autobiográfico, dispersos por entrevistas, anotações
de retiro e alguns artigos.
Palavras-chave: Dom Luciano Mendes de Almeida; Arquidiocese de Mariana;
memória; poder eclesiástico; Michel de Certeau.

***
Doutrina social da igreja católica como fundamentos históricos do serviço
social no Brasil

Jefferson Pinto Batista12

11
Doutora em História Social pela UFRJ. Professora na UFOP. Contato:
virginiacastrobuarque@gmail.com.
377
Um diálogo a partir da perspectiva social de mudança fazendo um resgate histórico
da formação do Assistente Social brasileiro a partir da influência da igreja católica
nos fundamentos históricos do serviço social. Vamos compreender como como
constituíram um paradigma na formação do Assistente Social, estudando fatores
históricos dessa formação baseados na Doutrina Social da Igreja Católica. A
referência teórica que interliga a religião e o Serviço Social no Brasil está
vinculada diretamente a estes fatos a partir do final do século XIX. Através da
“Rerum novarum”, uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII, a igreja católica
demonstrou o pensar no social debatendo as condições das classes trabalhadoras.
Em 1920 o Papa Pio XI, buscando com a missão da Igreja frente à questão social,
estimulou a "Ação Católica", às mudanças acarretadas pelo processo de
urbanização e industrialização no período entre-guerras.
Palavras chave: doutrina social da igreja; fundamentos; serviço social.

***
Ensinai o respeito à ordem! O papel da igreja católica na consolidação do
Império Brasileiro

Ítalo Domingos Santirocchi13

A construção do Estado Imperial já foi, e continua sendo, objeto de vários estudos


e pesquisas. No entanto, um aspecto parece continuar sendo negligenciado. O
Império do Brasil era um Estado Confessional, existindo a união entre os poderes
secular e espiritual. Surge, então, quase espontânea, a pergunta: qual o papel da
Igreja católica na construção do Estado no Brasil imperial? Está comunicação não
tem a pretensão de esclarecer totalmente a questão, mas apenas apresentar alguns
resultados e indicar algumas possibilidades de pesquisas que permitam avançar no
esclarecimento desta problemática. O texto será dividido em duas partes. Na
primeira será feita uma analise geral sobre a importância do corpo burocrático da
Igreja na fase de instauração e legitimação do Império, e uma reflexão sobre a
participação do clero nos cargos eletivos e nas revoltas políticas, com seu posterior
afastamento. Na segunda parte serão analisados os motivos que levaram o Estado a

12
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/MG. Membro do GP Cristianismo, Política e
Educação no Brasil Republicano. Assistente Social de Base da Comissão de Orientação e
Fiscalização do CRESS 6ª Região - MG. Contato:jefim100@hotmail.com.
13
Pós-doutorando em História pela UFRRJ. Contato: italosantirocchi@hotmail.com.
378
nomear os bispos ultramontanos, a partir da década de 1840, e quais as suas
expectativas em relação a eles, ou em relação à função ordenadora de uma diocese.
Palavras-chave: Estado; Império; Igreja.

***
Igreja e religião na Constituinte de 1823

Joelma Santos da Silva14

O período inicial de consolidação da independência do Brasil é marcado pelo início


da sua vivência parlamentar, sendo realizada a primeira Assembleia Geral
Constituinte e Legislativa no ano de 1823. A grande presença numérica de clérigos
católicos entre os parlamentares pode ser considerada indício de uma íntima
ligação entre as esferas política e religiosa no período constituição do Estado do
Brasil. Entre os diversos debates daquela constituinte, a relação do novo Império
com os outros Estados Nacionais e a Cúria Romana passou a ser questionada, bem
como demandas diversas ligadas a religião, subordinação, soberania e projetos de
Igreja foram pautas entre os parlamentares. Nesse sentido, este trabalho busca
entender o posicionamento dos membros do clero que compuseram essa
Assembleia, analisando as concepções por ele defendidas ou rejeitadas em relação
às questões ligadas a Igreja e religião, identificando os seus determinantes,
pertencimentos diversos e ações.
Palavras-chave: Igreja; religião; política; clero.

14
Mestra em Ciências Sociais pela UFMA. Contato: joelmasantos@gmail.com
379
31de outubro, quinta-feira
Comunicações

A participação político-partidária dos carismáticos católicos no Brasil

Marcos Vinicius de Freitas Reis15

O objetivo deste trabalho é analisar o projeto político partidário dos candidatos


apoiados pela Renovação Carismática Católica (RCC) no Brasil. Pretende-se
pesquisar como este movimento tem se organizado internamente para participação
nas eleições e no acompanhamento de seus representantes. A influência de bispos e
padres na participação política dos carismáticos e a sua relação com os partidos
políticos. A escolha dos políticos com essa filiação religiosa deu-se em razão do
número expressivo de adeptos, apoio da Igreja Católica e a visibilidade de seus
eventos em nível nacional. Para isso, serão analisados: entrevistas, discursos de
parlamentares e gestores públicos, lideranças e membros da RCC, materiais de
propaganda eleitoral, documentos oficiais da RCC sobre as diretrizes políticas,
fotografias e documentos impressos.
Palavras-chave: Renovação Carismática Católica; religião e política;
representação política.

***
Poder e Religião: possibilidades de análise historiográfica das constituições
eclesiásticas do Império Português (século XVI)

Durval Saturnino Cardoso de Paula16

A presente comunicação visa trazer ao conhecimento da comunidade acadêmica o


conteúdo de pesquisa de mestrado iniciada no ano de 2013 no Programa de Pós-
graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. Visa-se, trazer
algumas das inúmeras possibilidades de estudo, interpretação e análise

15
Professor no Curso de Graduação em Relações Internacionais da UNIFAP. Contato:
marcosvinicius5@yahoo.com.br.
16
Mestrando e bacharel em História pela UFU. Pesquisador do NE sobre Escravidão em Minas
Gerais (NEEMG) e do Centro de Estudos da Religião Pierre Sanchis/UFMG. Contato:
Durvalsaturnino@hotmail.com.
380
historiográfica das constituições eclesiásticas do império português no século XVI,
bem como, estimular reflexão sobre o contexto histórico em que se inserem, em
especial, sobre algumas das relações complexas e dinâmicas existentes entre essas
constituições e as diretrizes tridentinas. A pesquisa que origina esta comunicação
possui por objetivo principal compreender, analisar e interpretar por meio da
análise comparativa das Constituições de Bispados e Arcebispados das sedes dos
tribunais eclesiásticos do Império Português (séculos XVI) as imagens de uma
sociedade, que no plano da disciplina, da ordem e dos sacramentos se almejava ter
e possuir. Vale ressaltar que tal pesquisa recebe financiamento do Programa de
Bolsas de Pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES).
Palavras-chave: catolicismo; poder; controle.

***
Republicanismo e cristianismo: intersecções e ruptura

Sandro Amadeu Cerveira17

Os estudos sobre a tradição política republicana, ou republicanismo, tem sido alvo,


nos últimos anos, de considerável investimento teórico e historiográfico. Dentre os
principais autores dedicados a essa temática destacam-se nomes como Quentin
Skinner e Phillip Pettit. Esse conhecidos autores tem se destacado por sublinhar as
especificidades da tradição republicana em relação ao liberalismo e o cristianismo.
Por outro lado outros autores como Cary Nederman tem chamado a atenção para as
intercessões e convergências entre o republicanismo e outras vertentes, em especial
algumas formas de teologias políticas desenvolvidas no campo cristão. O presente
trabalho tem como objetivo fazer um breve balanço crítico dessa polêmica
contrastando autores e argumentos. A hipótese inicial desse trabalho é de que a
perspectiva sustentada por Petit e Skinner, de uma especificidade “forte”, deve ser
matizada levando em conta as intercessões com algumas das tradições cristãs.
Palavras chaves: republicanismo; cristianismo; religião; política; teoria.

***

17
Doutor em Ciência Política pela UFMG. Professor na UNIFAL. Contato:
sandroamadeu@yahoo.com.br.
381
“Ai de quem tiver a audácia de falar de injustiça”: espionagem militar
Igreja Católica no Maranhão

Camila da Silva Portela18

Na análise da documentação do período do Regime Militar (1964-1985) é possível


perceber os interesses dos militares e a busca por possíveis indícios de subversão
no ideário e nas ações políticas de parte do clero católico. O presente trabalho tem
como objetivo apresentar aquilo que os órgãos de informação da Delegacia de
Ordem Política e Social (DOPS-MA) entendiam como comunização da Igreja
Católica, a partir da análise do discurso de Dom Hélder Câmara durante a
comemoração do tricentenário da Arquidiocese de São Luís do Maranhão em 1977.
Em seu sermão – gravado e transcrito por um agente de informação presente na
missa – o bispo trabalha com as noções de opção pelos pobres, justiça social entre
outros elementos que estão no centro do choque ideológico entre setores do clero
católico e do regime militar.
Palavras-Chave: Hélder Câmara; vigilância; ditadura militar.

***
A Bancada Religiosa e o “Kit Gay”: elementos de um fazer-político cristão

Yuri Galvão Sabino19

O presente trabalho busca investigar as práticas e discursos presentes nos


parlamentares da “Bancada Religiosa”, deputados ligados a denominações
religiosas de matriz cristã, e seus embates com projetos de políticas afirmativas,
sobretudo as de gênero. Para tanto, tal análise partirá das críticas deste referido
grupo, ao projeto elaborado em 2011 pelo Ministério da Educação, intitulado
“Escola Sem Homofobia” (recebendo a alcunha de Kit Gay por estes
parlamentares), contendo uma cartilha a ser distribuída nas escolas públicas do
país, a fim de conscientizar e promover a igualdade de gênero, que, devido à
pressão politica desses parlamentares, fora vetado pela presidente Dilma Rouseff.
Valendo deste caso, buscarei compreender e problematizar uma prática marcada
pela hibridização entre a esfera religiosa e o campo político, caracterizada por uma

18
Mestranda em História pela UFMA. Bolsista CAPES. Membro do GP História e Religião.
Contato: camilaportela6@yahoo.com.br.
19
Graduando em Ciências Social pela UEL. Contato: yurigsabino@gmail.com.
382
formação discursiva baseada em preceitos morais, onde a posição política deste
grupo se apresenta sob a forma de um dever moral-cristão.
Palavras-chave: kit gay; bancada religiosa; política.

***
A política religiosa “evangélica”: o comportamento das lideranças
protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de
2010

Rogério da Costa20

A presença de representantes religiosos evangélicos no cenário político nacional


demonstram a força desse segmento junto à população e reforça a sua posição de
ator político considerável na atual conjuntura política. Esse segmento em suas
tipologias e interpretações de mundo não apresentam mais somente um quadro
espiritual. Partindo desta constatação, este trabalho se propõe a realizar uma
reflexão do atual contexto político e social referente à relação entre os religiosos na
política, buscando compreender: a que ponto estes em sua práxis movida pela sua
visão de mundo, pelo discurso de seus líderes religiosos e segundo seus interesses
particulares, corroboram para a conquista ou não de um representante político em
determinado pleito. Tomaremos por base, o ocorrido nas eleições de 2010, onde,
houve um grande levantamento de religiosos (evangélicos e Católicos)
demonizando a postulante Dilma Rousseff ao pleito de presidente do Brasil por
uma série de posicionamentos que, segundo eles; ferem os ensinamentos bíblicos.
As principais questões em debate foram: “a legalização do aborto” e a “união civil
entre homossexuais”, pontos amplamente discutidos e divulgados pela mídia. O
texto apresenta parte da trajetória do PT procurando mostrar o trajeto de conquista
do voto religioso, onde em 2002 com apoio de denominações com forte poder
midiático no Brasil; IURD e Assembléia de Deus.
Palavras-chave: religião; política; estado laico.

20
Mestrando em Ciêncis Sociais pela UEL. Contato: ipbrogerio@yahoo.com.br.
383
384
GT23 – Religião e violência
Coordenadores

Edin Sued Abumanssur Vagner Aparecido Marques


Doutor em Ciências Sociais. Mestre em Ciências da Religião pela
Professor na PUC/ SP. PUC/SP.

Resumo

Nas grandes cidades, em especial em suas periferias, o ordenamento local é


produto das relações de diferentes grupos, instituições e indivíduos. Entre eles
estão os comerciantes, a polícia, o trabalhador, as igrejas, os traficantes, os crentes.
A violência, e a maneira como ela é experimentada pelos diferentes grupos e
agentes sociais, podem ser esclarecedoras das dinâmicas de sociabilidade das
populações que compartilham o mesmo território nas cidades. Nesses territórios
urbanos, periféricos ou não, a religião e as religiões têm olhado a violência de
frente e mantêm com ela relações de enfrentamento, de confronto, de convivência
ou conivência. Este GT acolherá as comunicações que procuram esclarecer e
desvelar as relações entre religião, violência e crime, bem como as diversas
maneiras como as igrejas enfrentam, convivem, negociam ou se aproveitam da
violência e do crime para construírem suas identidades e de que forma essas
relações cooperam ou não para viabilizar a vida nas metrópoles.

385
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Intolerância religiosa e Em Busca da Palavra:


religiões afro-brasileiras exemplo e ressignificação nas
dinâmicas de uma igreja do
Celia Morgado Vaz pentecostalismo tradicional
PUC/GO em um contexto de favela

Evandro Cruz Silva


UFSCar

Yorubás e Males: conflito e Sobre armas e orações:


aliança no Brasil religião e crime a partir de
escravocrata uma pesquisa etnográfica

Lidice Meyer Pinto Ribeiro Evelyn Louyse Godoy Postigo


USP, Mackenzie UFSCar

A superação da violência Cosmologia, crime e violência:


angolana nos ritos culturais uma perspectiva teológica dos
de morte Racionais MC’S

Francisco José Barbosa Henrique Yagui Takahashi


PUC/SP UFSCar

Missa dos quilombos:


encruzilhada diaspórica “Se o irmão falou, meu irmão
é melhor não duvidar”:
Augusto Marcos Fagundes políticas estatais e políticas
Oliveira criminais referentes a
UESC, UFSC homicídios na cidade de Luzia
(2001 – 2013)

José Douglas dos Santos Silva


UFSCar

O universo religioso do A violência de Lars Von Trier


povo indígena como forma em Anticristo
de superação da violência
sofrida ao longo da história Flávia Santos Arielo
PUC/SP
Luiz Alberto Sousa Alves
PUC/SP

386
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Intolerância religiosa e religiões afro-brasileiras

Celia Morgado Vaz1

O trabalho em apreço trata do preconceito, da intolerância religiosa e da violência a


que são acometidos os terreiros de umbanda ainda no Brasil de hoje. Apesar de
termos leis defendendo a liberdade religiosa, cenas de depredação e violência
contra os símbolos religiosos africanos são muito comuns entre nós. É feito um
apanhado teórico dentro do tema em autores como Leonardo Boff, Eduardo Arens,
Irene Oliveira, Aldo Terrin, para então se analisar um caso de intolerância
religiosa. O caso apresentado refere-se às agressões ao terreiro de umbanda “Pai
Benedito de Angola das Almas Purificadas” localizado na periferia de Brasília.
Palavras-chave: violência religiosa; preconceito; intolerância religiosa;
fundamentalismo.

***
Yorubás e Malês: conflito e aliança no Brasil Escravocrata

Lidice Meyer Pinto Ribeiro2

No período escravocrata brasileiro, diversas etnias africanas foram trazidas


indiscriminadamente para o país. Dentre estas, algumas apresentavam já em solo
africano sinais de rivalidade política, social e religiosa. Este é o caso das nações
Yorubás e Malês, que foram as mais representativas em solo brasileiro. Este
trabalho tem como objetivo verificar como, apesar das diferenças, estas duas
nações superaram as distâncias que as separavam e se juntaram em prol de uma
luta em comum: a conquista da liberdade. Através de diversos autores historiadores
e antropólogos, procura-se resgatar os encontros e desencontros das duas
religiosidades representadas por estas nações: o candomblé e o islamismo.
Palavras-chave: Yorubás; Malês; Brasil Escravocrata.

1
Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/GO. Contato: celiamvaz@uol.com.br.
2
Pós-doutoranda em Antropologia pela USP. Contato: lidicemeyer@gmail.com.
387
***
A superação da violência angolana nos tiros culturais de morte

Francisco José Barbosa3

Esse artigo é um recorte de uma pesquisa em andamento no curso de doutorado em


Ciências Sociais na PUC-SP que tem por questão investigativa abordar as marcas
sociais herdadas pelo sofrimento como resultado da violência gerada pela
descolonização portuguesa e sua possível relação com o rito de morte em tempo
pós-colônia, tornando o principal meio de arrefecer o sofrimento social. Para o
desenvolvimento da pesquisa qualitativa aborda-se a metodologia etnográfica e
observação participante não estruturada, pois o pesquisador participa do cotidiano
do objeto pesquisado. Dentre os resultados investigados na pesquisa, identificamos
que a descolonização de Portugal não conseguiu acabar com as desigualdades
sociais corroborando ainda mais para a redução do sujeito, gerando baixo alto
estima. No entanto, todo esse sofrimento que foi causado ao povo, era arrefecido
pelo rito de morte, sendo uma forma usada para se aproximar da sua ancestralidade
e de amenizar o sofrimento das agruras no período da guerra civil, sendo este
método a principal conexão para chegar ao paraíso.
Palavras-chave: colonização; violência; sofrimento; ritos.

***
Missa dos Quilombos: encruzilhada diaspórica

Augusto Marcos Fagundes Oliveira4

Missa proibida pelo Vaticano de ser executada enquanto eucaristia, esta se


recompôs em teatro. Sua primeira execução ocorreu em novembro de 1981, nela
aflui o drama social da diáspora negra, polifônica nos convida a pensar as relações
interétnicas como tensões, como hybris ela mesma. A Missa é zona onde transitam
e protagonizam Quilombos, novos e velhos, seja enquanto texto missal, seja como
montagem cênica dimensionada historicamente, o seu enunciado é revisitado e ao
longo de três décadas se permite em atualizações num conjunto de discursos, da

3
Doutorando em Ciências Sociais pela PUC/SP. franciscojose_04barbosa@hotmail.com
4
Mestrando em Educação pela UFBA. Professor na UESC. Contato:
augustofagundeso@yahoo.com.br
388
fidelidade ao texto original e sua contextualização. Indago como esta missa se põe
e se desloca ao descortinar vozes subalternas como expressão estética e política,
através de cicatrizes da colonização, confrontos de tradições, como reconhecimento
de conflitos e agência. Objetivo relacionar memória da escravidão e os processos
de ressemantização do quilombo; e analisar esta encruzilhada de expressão estética
e política.
Palavras-chave: diáspora; dogma; subalternidade; resistência.

***
O universo religioso do povo indígena como forma de superação da
violência sofrida ao longo da história

Luiz Alberto Souza Alves5

Este trabalho aborda os processos de violência contra a identidade, etnia, religião e


preconceitos sofridos pelos povos indígenas, com ênfase ao povo Guarani Mbya,
ao longo da história do Brasil. Uma das maneiras de superação das várias formas
de violências cometidas contra os povos indígenas é superação pela utilização de
um dos princípios religiosos, chamado de jeguatá, que entre (principalmente ) os
Guarani Mbya, significa: o ato de andar; viagem e deslocar-se não somente no
espaço físico, como também no sentido de uma viagem xamânica, com o objetivo
de receber do mundo espiritual, formas/ idealizações de lutas para superar os
problemas. O jeguatá é também uma forma de caminhar em busca da terra sem
males, que é um espaço onde não existe o mal que impede a plenitude da vida, e da
mesma forma por um ideal de terra, onde possa ser construído o tekoa, o território
ocupado, que nós juruás (não índios) chamamos de aldeia. Teko se refere ao modo
de ser, o sistema, as leis e os costumes, a cultura do povo. Tekoa é o território, em
que acontecem as condições de possibilidades do modo de ser guarani, sem tekoha
não existe teko. O caminhar é também uma maneira de acumular conhecimentos,
cuidar da saúde e dos meios de produção que garantam a existência neste mundo.
O procedimento metodológico utilizado é o da pesquisa bibliográfica
fundamentando-se em autores como, Melià, Pradella, Gehlen, Litaiff, Lima. A
conclusão pretendida é a de demonstrar a importância dos elementos religiosos
como ferramentas na superação da violência.
Palavras-chave: religião; violência; preconceito.

5
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor Adjunto 03 do Curso de Teologia
da PUC/PR. Vice Líder do GP Educação e Religião (GPER). Contato: salves@gmail.com.
389
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Em Busca da Palavra: Exemplo e ressignificação nas dinâmicas de uma


igreja do pentecostalismo tradicional em um contexto de favela

Evandro Cruz Silva6

O artigo se insere no âmbito das pesquisas sobre igrejas em relação com contextos
de violência. Neste sentido, pouco tem-se estudado sistematicamente sobre as
dinâmicas de igrejas tradicionais que se localizam em ambientes estigmatizados
pela violência como favelas. Para tanto, acompanho os cultos da Congregação
Cristã no Brasil em uma favela da cidade de São Vicente/SP desde outubro de
2012 estudando as formas de como o mundo, categoria utilizada pelos membros da
Congregação designam os componentes que não fazem parte da Congregação,
interferi nas dinâmicas e nas significação dos irmãos da igreja. São estudados
especificamente 1) Como as dinâmicas da CCB criam uma relação de
cristianização das coisas do mundo CCB 2) como a violência urbana é utilizada
como exemplo de reafirmação do poder da palavra de deus
Palavras- chave: pentecostalismo tradicional, violencia urbana, ressignificação,

***
Sobre armas e orações: religião e crime a partir de uma pesquisa
etnográfica

Evelyn Louyse Godoy Postigo7

A cidade do Rio Janeiro passou por significativas mudanças nas duas últimas
décadas, as quais explicitam que o conflito social tem sido cada vez mais entendido
pela chave da violência. Tendo em vista este cenário, o objetivo deste artigo é
refletir, a partir de uma pesquisa etnográfica realizada na Cidade de Deus - Rio de
Janeiro (uma das primeiras favelas a receber o projeto Unidade de Polícia

6
Graduando em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: evandro.nash@gmail.com.
7
Graduanda em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: evelyn.cso.ufscar@gmail.com.
390
Pacificadora - UPP), como a religião, mais especificamente as igrejas Assembleias
de Deus, atuam, negociam e assumem um papel central na regulação do conflito
dentro deste contexto. Antes de discutir diretamente religião ou crime, o objetivo é
explicitar como estas instâncias são experienciadas cotidianamente. Argumenta-se
que, se no âmbito do discurso, religião e crime podem estar em conflito, no nível
das relações capilares, as fronteiras entre estas instâncias são borradas, sendo
vivenciadas de forma fluída. Tensionam-se, mas não são excludentes entre si.
Palavras-chave: violência; crime; religião; Assembleia de Deus; tráfico de
drogas.

***
Cosmologia, crime e violência: uma perspectiva teológica dos Racionais
MC’S

Henrique Yagui Takahashi8

Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise estético-musical das músicas
dos Racionais MC’s, grupo de rap de São Paulo. De modo que as músicas seriam
cosmovisões a respeito do cotidiano das periferias urbanas. O enfoque analítico
será realizado em dois álbuns: Sobrevivendo no inferno (1997) e Nada como um
dia após o outro dia (2002). Período de expansão do rap na mídia, e,
simultaneamente, um período de expansão e gestão do “mundo do crime”. Assim,
os enunciados produzidos pelos Racionais MC’s além de serem descrições (ficções
reais) do cotidiano nas periferias, seriam, narrativas de perspectiva cosmológica
que abordariam temas como: violência, crime, opressão policial, racismo, pobreza,
religiosidade, entre outros. Esse conjunto de álbuns seriam reatualizações bíblicas
nas periferias,e que a partir de três matrizes discursivas: “crime”, “crente” e
“negro”, comporiam uma “escritura cosmológica dos Racionais MC’s”.

***
“Se o irmão falou, meu irmão é melhor não duvidar”: políticas estatais e
políticas criminais referentes a homicódios na cidade de Luzia (2001-2013)

José Douglas dos Santos Silva9

8
Mestrando em Sociologia pela UFSCar. Contato: henrique.takahashi@hotmail.com.
9
Graduando em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: douglascaos@yahoo.com.br.
391
No período entre 2001 e 2011 ocorreu uma significativa redução das taxas de
homicídios no Estado de São Paulo. Há uma polêmica no campo das Ciências
Sociais em torno das causalidades múltiplas e dos pressupostos analíticos que
explicariam esse fenômeno, uma especificidade paulista no quadro nacional. Em
2001 a cidade a ser aqui estudada, localizada na Região Metropolitana de São
Paulo (RMSP), apresentou taxa de homicídio de 51,57/100 mil habitantes; em
2010 chegou a 5,53/ 100 mil habitantes, um décimo do valor inicial. Contudo, no
ano de 2011, houve um novo aumento significativo, para 18,11/100 mil habitantes
no município. O objetivo deste projeto é estudar as causalidades que condicionam a
variação nas taxas de homicídios, entre 2001 e 2011. Estudar os fatores que,
combinados, entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a queda das taxas
de homicídios entre 2001 e 2010 e analisar as causalidades que, também
combinadas entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a elevação recente
(2011). Os dados têm sido coletados pela atuação profissional do pesquisador em
diversas organizações locais. Cabe ressaltar o dialogo do pesquisador em uma
Igreja “evangélica” com um ex-traficante e atual pastor desta Igreja. Ainda assim,
será realizada nova pesquisa documental em 2013, além de pesquisa qualitativa no
território.
Palavras-chave: criminalidade; etnografia; PCC; periferia; políticas; São Paulo.

***
A violência de Lars Von Trier em Anticristo

Flávia Santos Arielo10

O filme Anticristo, do diretor dinamarquês Lars von Trier, apresenta um enredo e


estética pouco comerciais para os gostos mais sensíveis. O enredo trata da perda de
um filho e do luto intransponível da mãe. O pai e marido, um terapeuta
comportamental, busca cercar a esposa com seus tratamentos racionais, que cabem
à situação. Mas fatos que ultrapassam a racionalidade acometem o casal, imersos
numa cabana de um lugar chamado Éden. A ideia de um casal habitando um Éden
em particular, faz remeter diretamente ao repertório cristão, e o diretor Lars von
Trier não poupa recursos lúdicos, estéticos e narrativos para conduzir sob essa ótica
o desenlace do filme. A história do filme gira em torno de vários tipos de
violências diferentes: 1. A morte inesperada e traumática de um filho; 2. O luto
incessante e infindável da mãe; 3. A violência do mundo natural; 3. A relação

10
Graduada em História pela UEL. Contato: flarielo@yahoo.com.br.
392
brutal da natureza com o homem e da natureza do homem. Estes são apenas alguns
de muitos fatores que podem ser debatidos a partir desse filme, que, analisado sob
a ótica da religião, especificamente do gnosticismo, leva a caminhos tortuosos e
pouco conhecidos. Essa comunicação abordará, portanto, o universo criado pelo
cinema de Lars von Trier, um Éden particular, com seu Adão e Eva tão singulares
quanto o lugar, e, inseridos no contexto gnóstico de um mundo criado por Satã,
tentar esmiuçar as relações de violência presentes nesse mundo paralelo.
Palavras-chaves: cinema; gnosticismo; mal; violência.

393
394
GT24 – Religiosidade, identidade
e intolerância: (novas) re-
configurações da religião
Coordenadores

Milton José Bortoleto Rosenilton Silva de Oliveira


Mestrando em Antropologia Social Doutorando em Antropologia Social
pela USP. pela USP.

Comentador

Lucas Lopes de Moraes


Mestrando em Antropologia Social pela USP.

Resumo

O objetivo desse GT é fomentar o diálogo entre pesquisadores de diferentes áreas,


cujos trabalhos versem sobre diálogos inter-religiosos configurados por meio de
processos de mediação, ataques ou reações na esfera pública. Daremos ênfase às
contribuições que apresentem contextos etnográficos com novas formações
religiosas, como por exemplo: a relação entre religião e identidade, a interlocução
entre o daime e a umbanda, os diálogos entre o catolicismo e as religiões afro-
brasileiras, a presença de evangélicos na África, os embates públicos entre grupos
religiosos distintos (os ataques de algumas igrejas pentecostais às religiões afro e
suas respectivas reações) ou a presença de grupos que acionam em seus discursos e
práticas símbolos religiosos (p.ex., os adeptos do Black Metal). Tal ênfase centra-
se na busca do afinamento de subsídios teórico-metodológicos que permitam
discutir perspectivas de interpretação sobre as configurações da religião na esfera
pública.

395
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Evangélicos Divergentes: uma A folclorização das Entrei numa batalha: o


nova sexualidade cristã religiões afro- processo de legitimação
Comunic. brasileiras em Alagoas das religiões da
Evanway Sellberg Soares (1970-1980) Ayahuasca
UNESP
Gabriela Torres Luciane Ferreira de Melo
UFAL UNIR

Uma análise da religiosidade Religião tradicional Distintos e Invisíveis:


dos sem religião no Brasil: africana e filosofia perspectivas sobre a
uma nova forma de crer? Bantu entre os Umbanda no espaço
Nyungwe e Dema de público de Teresina
Ronaldo Robson Luiz Moçambique
UFRN Ariany Maria Farias de
Antonio Alone Maia Souza
José Roberto de Souza USP UFPI
UNICAP Maria Luisa Lopes
Chicote Robson Rogério Cruz
USP UFPI

Louvores a Jah/Jesus: reggae Identidade, política e Intolerância religiosa na


e espaços de fronteira ritual: algumas notas percepção dos adeptos das
religiosa sobre a configuração do religiões afro-brasileiras
campo afro-religioso
Thiago de Menezes Machado em Santarém-PA Lana Lage da Gama Lima
UFJF UENF
Telma Bemerguy
UFOPA Leonardo Vieira Silva
UENF

Cruzadas Satânicas: Religião e A religiosidade e o direito


concepções sobre o Satanismo modernidade: uma entre o ateísmo e a
e a Quimbanda entre os análise da presença (a)confessionalidade:
adeptos do Black Metal religiosa no meio ressignificando os
estudantil da parâmetros de laicidade
Lucas Lopes de Moraes Universidade Estadual estatal
USP de Londrina
(2011-2012) Marina Lima Campos
UNISEB
Pedro Vinicius Rossi
UEL David Carlos Santos Sarges
UFPA

396
Diversidade religiosa e ação Uso religioso da "Não Sacrificarás" -
social - práticas de uma Ayahuasca Esfera pública e conflito
comunidade no bairro do como patrimônio religioso entre
Coque na cidade do Recife nacional: repercussões pentecostais e afro-
e análises brasileiros
Bruna Albuquerque de Souza
UFRPE Maíra de Oliveira Dias Milton Bortoleto
UFPB USP
Cássio Raniere Ribeiro da Silva
UFRPE

Paz e Comunhão: uma leitura Identidade étnico-racial


cristã para o futuro do e religião: o vai-e-vem
pluralismo religioso das categorias

Jeferson Ferreira Rodrigues Rosenilton Silva de


PUC/RS Oliveira
USP

A construção da
Pôsteres identidade em grupos
pentecostais e
neopentecostais

Flavia Tortul Cesarino


UNESP

397
29 de outubro, terça-feira
Comunicações

Evangélicos Divergentes: uma nova sexualidade cristã

Evanway Sellberg Soares318

Com a crescente diversificação e expansão dos discursos sobre a sexualidade, os


evangélicos contemporâneos tem se mostrado divergentes dos dogmas tradicionais
da evangélicos contemporâneos tem se mostrado divergentes dos dogmas
tradicionais da igreja, porém, para eles, a divergência dogmática não altera sua
identidade enquanto cristãos, de modo que não são somente cristãos nominais,
mas realmente veem o cristianismo como parte importante da sua vida. Com isso,
busca-se compreender como a identidade cristã pode ser preservada, mesmo com a
renúncia de dogmas, no meio evangélico. Assim, por meio de entrevistas com
divergentes foi-se analisada a relação do sexo e sexualidade com a fé, para por
meio dos resultados obtidos, tentar compreender como se constitui a nova
sexualidade evangélica, e com isso, foi possível também perceber como o
evangélico divergente transita no meio tradicional, e responde às técnicas e
mecanismos de controle religiosos.
Palavras-chave: sexualidade; reflexividade; pós-modernidade; identidade.

***
Uma análise da religiosidade dos sem religião no Brasil: uma nova forma de
crer?

Ronaldo Robson Luiz319


José Roberto de Souza320

O campo religioso brasileiro nunca foi caracterizado, segundo estudiosos da


religião, pela constituição de “fronteiras rígidas” entre as diversas formas de crer e

318
Graduando em Ciências Sociais pela UNESP. Bolsista FAPESP. Contato:
evanways@yahoo.com.br.
319
Doutorando e mestre em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: ronaldo_rrl@hotmail.com.
320
Mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Pesquisador do GP Religiões, identidade e
diálogos.
398
de ser religioso. Para além dessa dinâmica do trânsito religioso no Brasil e do
surgimento de novas identidades religiosas, encontramos no Brasil, através dos
dados do Censo do IBGE – 2010 , a existência de 12 milhões de pessoas religiosas
que não fazem parte das religiões instituídas e tradicionalmente conhecidas. Sãos
os sem religião do Brasil. As informações do Censo também sinalizam para o
crescente quantitativo desse grupo específico que é contabilizado em cerca de 7,4%
da população brasileira. Estes, de acordo com Pierucci (2004) podem ser definidos
como os que estão desencaixados de qualquer religião, desfiliados de toda e
qualquer autoridade religiosamente constituída. O objetivo desse artigo é analisar
a(s) religiosidade(s) dos sem religião a partir das contribuições teóricas de Peter
Sloterdijk (2009; 2012) e Simmel (2010; 2011), este último, de uma forma
específica, sobre sua obra Religião: ensaios, publicada em dois volumes. O
presente texto se constitui como fruto de um esforço teórico e metodológico que
teve seu início no âmbito do grupo de pesquisa Religiões, Identidades e
diálogos,ligado ao programa de pós-graduação em Ciências da Religião da
UNICAP e que está em desenvolvimentocomo parte integrante de uma pesquisa de
doutorado no âmbito das Ciências Sociais da UFRN.
Palavras-chave: novas religiosidades; censo IBGE; identidade religiosa.

***
Louvoresa Jah/Jesus: Reggae e espaços de fronteira religiosa

Thiago de Menezes Machado321

O objetivo deste trabalho é analisar relações entre juventude e religião, lançando


um olhar antropológico sobre elementos religiosos em shows de reggae em Alto
Paraíso de Goiás. Conduzidos como espetáculo e expressão de espiritualidade, eles
incorporam orações, músicas religiosas que exaltam a Jah/Jesus e promovem uma
conduta de vida segundo princípios religiosos.Paineis com versículos bíblicos e a
proibição do comércio de bebidas alcoólicas marcam a consagração do
espaço.Atravésdo louvor e da espirtualidade bíblica, os eventos atraem rastas e
evangélicos, sendo espaço de fronteiras religiosas. Este trabalho se fundamenta na
etnografia e nas contribuições de pesquisadores que ajudam a compreender as
contaminações religiosas (Sanchis), e as características do movimento rasta
(Chevannes). Verifica-se que os eventos oferecem a ocasião para a construção de
identidades religiosas e fortalecem laços comunitários entre rastas e cristãos.

321
Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: thiago.machado16@hotmail.com.
399
Palavras-chave: reggae; espetáculo; rastafarianismo; cristianismo.

***
Cruzadas Satânicas: concepções sobre o Satanismo e a Quimbanda entre os
adeptos do Black Metal

Lucas Lopes de Moraes322

O trabalho aqui apresentado é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada


junto ao PPGAS da USP e ao LabNAU. Inicialmente o foco de análise estava
voltado para as práticas coletivas e estratégias de ocupação dos espaços urbanos
dos atores sociais auto-denominados como adeptos do Black Metal, um estilo
musical derivado do gênero heavy metal. Contudo, no decorrer da coleta de dados
e das observações de campo na cidade de São Paulo as apropriações de elementos
da Quimbanda, como também a elaboração de noções específicas de satanismo
chamaram a atenção para uma dimensão relacionada ao campo dos estudos da
religião. Entre os adeptos do Black metal, tanto os discursos como as performances
musicais são elaborados no sentido de estabelecer um posicionamento contrário às
religiões judaico-cristãs. Dessa forma, através dos dados etnográficos recolhidos e
da bibliografia relacionada ao tema, pretende-se analisar como esses atores sociais
se apropriam de elementos ligados às religiões afro-brasileiras, assim como aqueles
referentes aos mais diversos "cultos satânicos" no sentido de definir um
posicionamento "religioso" e "político".
Palavras-chave: black metal; satanismo; quimbanda; intolerância religiosa; música.

***
Diversidade religiosa e ação social: práticas de uma comunidade no bairro do
Coque na cidade do Recife

Cássio Raniere Ribeiro da Silva323


Bruna Albuquerque de Souza324

322
Mestrando em Antropologia Social pela USP. Membro do Laboratório de Antropologia
Urbana (LabNAU/USP). Contato: lucasmakhno@yahoo.com.br.
323
Graduando em Ciências Sociais pela UFRPE. Pesquisador do projeto Diversidade e tolerância
religiosa nas práticas de uma comunidade no bairro do Coque na cidade de Recife (PE). Contato:
cassiorani@hotmail.com.
324
Graduanda em Ciências Sociais pela UFRPE. Membro do GE Sobre a Diversidade Religiosa e
Intolerância (GEDRI). Contato: bruna_ciranda@yahoo.com.br.
400
A presente pesquisa percebe as reorientações da fé junto à construção das
identidades promovidas pela experiência sócio religiosa no cenário contemporâneo
brasileiro. Neste sentido, identificam-se nas práticas religiosas experimentadas
pelos integrantes do NEIMFA (Núcleo Educacional Irmãos Menores de São
Francisco de Assis) apontamentos sobre as transformações da fé vinculados a
projetos de caráter social. Através de entrevistas semiestruturadas feitas com os
envolvidos e a observação participante das atividades religiosas, percebe-se o
universo particular do NEIMFA, localizado na comunidade do Coque no bairro de
Joana Bezerra – PE. Na esfera do sagrado, encontram-se tendências religiosas
como Jurema, Catolicismo, Budismo, Hinduísmo e Espiritismo associados às
práticas de ação social comunitária. Fora proposto a análise das diversas práticas
religiosas do NEIMFA como o mote principal de ação social da instituição,
permitindo e reforçando laços com a comunidade do Coque.
Palavras-chave: diversidade; religião; identidade; sagrado; comunidade.

***
Paz e Comunhão: uma leitura cristã para o futuro do pluralismo religioso

Jeferson Ferreira Rodrigues325

Esta pesquisa busca refletir as categorias de paz e comunhão como leitura cristã
para o futuro do pluralismo religioso. A leitura cristã é a partir da perspectiva de
Hans Küng “não haverá paz entre as nações sem paz nas religiões e não haverá paz
nas religiões sem diálogo inter-religioso”. Essa leitura não é exclusiva nem
excludente, mas permite compor um novo horizonte para a vivência do pluralismo
religioso. O foco é a paz e o conhecimento mútuo, resultado de um diálogo inter-
religioso. O novo cenário religioso brasileiro é marcado por uma multiplicidade de
expressões religiosas. É um valor que precisa ser melhor explorado. Para isso, não
basta permanecer nas afirmações em torno de declínios e elevações de religiões,
mas permitir um profundo encontro entre todas as religiões. sociedade é religiosa.
Isso pode ser constatado nos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística a cada década, pois a maioria dos brasileiros professam uma
fé ou crença. Desta forma, as religiões assumem um compromisso privilegiado na
promoção da paz, mesmo sendo constatado que inúmeras vezes elas promoveram
ou promovem violências em âmbitos internos e externos. Isso não deverá ser
empecilho para um futuro diferente e compromissado com a promoção da paz,

325
Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Contato: jeferson.ferreira@acad.pucrs.br.
401
justiça e fraternidade. Diante desse paradoxo original de paz e de violência pode
surgir uma interrogação: a origem da violência e da paz está nas religiões
(instituições) ou no ser humano religioso? A experiência com o sagrado humaniza
ou desumaniza? Qual é o real sentido da religião para o ser humano?
Palavras-chave: paz; comunhão; pluralismo religioso.

402
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A folclorização das religiões afro-brasileiras em Alagoas (1970-1980)

Gabriela Torres Dias326

Na década de 1970 o título de “Rei do Candomblé”, a ser conferido ao babalorixá


Benedito Maciel provocou imensas divergências entre o povo de santo de Alagoas.
Neste contexto analisa-se a visão folclorizante atribuída às religiões afro-
brasileiras, sua aceitação entre religiosos e as repercussões que ela possibilitou a
essa vertente religiosa do ponto de vista social. Assim, busca-se compreender as
problemáticas e a dinâmica de tais religiões na sociedade alagoana e na sociedade
brasileira. Pretende-se, então, contribuir para os estudos referentes ao elemento
afro-brasileiro na historiografia de Alagoas, sendo utilizadas fontes da imprensa
alagoana com auxílio da bibliografia complementar.
Palavras-chave: “Rei do Candomblé”; folclorização; religiões afro-brasileiras.

***
Religião tradicional africana e filosofia bantu entre os nyungwe e dema de
Moçambique

Antonio Alone Maia327


Maria Luisa Lopes Chicote328

Esta pesquisa é fruto de um mergulho contextualizado na reflexão sobre Religiões


Tradicionais Africanas e seus fundamentos intrínsecos diante da crescente onda de
religiões de matriz cristã, que de alguma forma vem se apropriando de certas
práticas que dizem respeito as Religiões Tradicionais Africanas. Neste sentido,

326
Graduanda em História pela UFAL. Membro do LAHAFRO. Contato:
gabitorres_dias@hotmail.com.
327
Doutorando em Antropologia Social pela USP. Contato: domaia05@yahoo.co.uk.
328
Doutoranda em Psicologia pela USP. Membro do GP El@dis- USP, Ribeirão Preto. Contato:
mluisachicote@gmail.com.

403
pretendemos trazer à tona o que é específico das Religiões Tradicionais Africanas.
O objetivo principal é tratar sobre tais as religiões no universo Bantu e
especificamente, na filosofia Bantu dos povos Dema e Nyungwe de Moçambique.
A experiência humana mostra que diante de situaões existenciais tais como a falta
de saúde, insônias, mortes, acidentes, esterilidade ou infertilidade, emerge uma
questão filosófica intrínseca sobre: por quê eu e não outro? Nesse dilema, qual tem
sido o papel da Religião Tradicional entre os Dema e Nyungwe de Moçambique
para dar resposta a estas questões de fundo? Este trabalho resulta de um estudo de
caso entre os Dema e Nyungwe, onde estivemos como observador participante
num ritual específico. Os resultados deste estudo revelam que a Religião
Tradicional Africana, entre os Dema e Nyungwe, se configura como sendo, a
priori, uma Religião de Família e que tem o ancestral como mediador entre a
comunidade e o Ser Supremo.
Palavras-chave: religião tradicional; família; médico tradicional; profeta; ser
supremo.

***
Identidade, política e ritual: algumas notas sobre a configuração do campo
afro-religioso em Santarém-PA

Telma de Souza Bemerguy329

A partir da análise da atuação da Federação Espírita Umbandista e dos cultos afro-


brasileiras do Estado do Pará (FEUCABEP) na organização do espaço afro-
religioso da cidade de Santarém-PA na década de 80 buscarei compreender como
os mecanismos de regulação social, erigidos em função da interatividade de
agentes múltiplos – religiosos e não religiosos -, atuam na configuração de
identidades neste campo particular.Segundo os informantes, a Federação introduziu
no campo um discurso que propunha a legitimação e legalização das práticas afro-
religiosas já existentes a partir da adesão ao movimento federativo e da realização
de “rituais de feitura” segundo os preceitos do Candomblé. A partir daí, construo
as seguintes indagações: os “rituais de feitura” se consolidam enquanto elemento
de legitimação no campo das práticas afro-religiosas de Santarém? Por que a
FEUCABEP estabelece a “feitura” no Candomblé enquanto mecanismo de

329
Graduanda em Antropologia pela UFOPA. Membro do NP e documentação das religiões afro-
brasileiras do oeste do Pará e Caribe (NPD-AFRO). Orientada pelo Prof. Msc. Carla Ramos.
Contato: telminha_bemerguy@hotmail.com.
404
regulação do campo?Através de análise de entrevistas e de revisão bibliográfica,
buscarei refletir sobre essas questões.
Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; identidade; regulação social.

***
Religião e Modernidade: Uma análise da presença religiosa no meio estudantil
da Universidade Estadual de Londrina (2011-2012)

Pedro Vinicius Rossi330

A investigação objetivou criar um estudo que relacionasse os processos de


secularização e proselitismo no espaço público correspondente a Universidade
Estadual de Londrina. A pesquisa elaborada tencionou questionar, compreender e
analisar como os valores religiosos são reproduzidos no meio acadêmico aos
graduandos dos diversos cursos ofertados pela universidade. Por meio de pesquisa
bibliográfica, observação de campo e coleta de materiais de origem proselitista, foi
possível desenvolver a reflexão acerca da relação entre o individuo e os ideais
religiosos contrapostos aos valores modernos dentro da esfera acadêmica. A
pesquisa possibilitou a percepção de como ideais e valores religiosos encontram
dentro dos muros da universidade – no individuo e nos aspectos modernos de sua
interação social – meios que permitem a propagação de uma moral apaziguadora,
sólida, e como os meios para essa difusão agem direta e abertamente para com o
indivíduos presentes na investigação.
Palavras-chave: Sociologia das Religiões; religiosidade; religiões e modernidade;
secularização e proselitismo.

***
Uso religioso da Ayahuasca como patrimônio nacional: repercussões e análises

Maíra de Oliveira Dias331

Em 2008 representantes da Barquinha, do Santo Daime e da União do Vegetal


oficializaram ao Ministério da Cultura o pedido de reconhecimento do uso da
330
Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Esta pesquisa está vinculada ao projeto de pesquisa
07868 - Estudos sobre religiosidades e mídia religiosa. Orientado pelo Prof. Dr. Fabio Lanza..
Contato: pedroviniciusrossi@gmail.com.
331
Mestranda em Ciências das Religiões pela UFPB. Contato: maira.dias@yahoo.com.br.
405
Ayahuasca em rituais religiosos como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira.
Este chá, conhecido, entre outros, por Vegetal e Daime, tradicionalmente utilizado
por indígenas, feito de um cipó e das folhas de um arbusto, é o sacramento
fundamental dessas novas expressões religiosas nascidas na floresta amazônica
brasileira no século XX, hoje presentes em todo Brasil e em muitos países. Este
pedido, que hoje é processo na fase de inventário no Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, levantou questionamentos que costumam
direcionar-se sobre os limites e as controvérsias de entendermos o uso religioso da
Ayahuasca, uma bebida psicoativa, enquanto patrimônio nacional. Objetivamos
cartografar as repercussões deste pedido na mídia, na academia e na sociedade, e
analisar o panorama teórico desta discussão nestes quatro anos.
Palavras-chave: ayahuasca; religião; patrimônio imaterial; cultura.

***
Identidade étnico-racial e religião: o vai-e-vem das categorias

Rosenilton Silva de Oliveira332

Os crescentes movimentos de afirmação de identidades étnico-raciais observados


nos últimos anos, em várias partes do mundo, bem como a implementação de
políticas públicas de ação afirmativa, no Brasil, têm colocado em questão a forma
como são definidas essas identidades. Neste contexto, analisar as práticas
discursivas e as categorias operacionalizadas nos processos de distinção e
identificação dos indivíduos e seus grupos possibilita compreender a
(re)configuração dos espaços públicos em torno das disputas políticas de cunho
identitário. Além dos organismos públicos e dos movimentos sociais, as religiões
têm se mostrado como importantes agentes neste debate, sobretudo porque, no
Brasil, elas exercem grande papel na conformação de valores raciais e morais.
Nota-se que a visibilidade de lideranças religiosas manifestando-se sobre as
categorias “identidade negra” e “cultura negra” aumentou nos últimos anos,
provocando rearranjos conceituais bastante interessantes. Desta forma, este texto
tem por objetivo apresentar o mapeamento da produção antropológica sobre
“identidade e cultura negra”, desenvolvida a partir da promulgação da lei
10.639/2003 (que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade
da temática "História e Cultura Afro-Brasileira") e refletir como alguns líderes

332
Doutorando em Antropologia Social pela USP. Pesquisador do Centro de Estudos das
Religiosidades e Culturas Negras da USP (NERNe/USP) e membro do Laboratório de
Antropologia Urbana (LabNAU/USP). Bolsista FAPESP. Contato:
roseniltonoliveira@yahoo.com.br.
406
católicos apropriam-se dessa produção e a utilizam, a partir de suas orientações
dogmáticas, na promoção de atividades sociais e religiosas.
Palavras-chave: identidade étnico-racial; catolicismo; inculturação; religiões afro-
brasileiras.
***
Pôsteres

A construção da identidade em grupos pentecostais e neopentecostais

Flavia Tortul Cesarino333

O pentecostalismo e o neopentecostalismo têm crescido muito no Brasil, o que


representa a construção de uma identidade específica em ambos os casos, pois
influenciam no comportamento dos indivíduos. A princípio, cabe definir o que é
pentecostalismo e neopentecostalismo e como surgiram, e para isto, são utilizados
os autores Antonio G. Mendonça e Ricardo Mariano. Caracterizando assim ambos
os grupos: os pentecostais com uma clara rejeição ao mundo, e os neopentecostais
com uma postura de afirmação do mundo. Posteriormente é possível embasá-los a
partir de conceituações antropológicas de identidade, tendo Paula Montero como
referência, quanto sociológicas, com Stuart Hall como referência. Logo, o objetivo
deste trabalho é, através de breve revisão bibliográfica acerca das temáticas
referentes ao pentecostalismo, neopentecostalismo e identidade, analisar como são
construídas as identidades específicas de ambos os grupos, tomando como exemplo
um ritual comum entre os dois: o batismo.
Palavras-chave: identidade; construção; batismo; pentecostalismo;
neopentecostalismo.

333
Mestranda em Ciências Sociais, na Linha Cultura, Identidade e Memória pela UNESP Marília.
Contato: flaviacesarino@yahoo.com.br.
407
31 de outubro, quinta-feira
Comunicações

Entrei numa batalha: o processo de legitimação das religiões da ayhuasca

Luciane Ferreira Melo334

O presente trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo em relação ao


processo de legitimação do uso do chá ayahuasca em rituais religiosos no Brasil.
Para isso, serão analisados os aspectos culturais e legais/jurídicos envolvendo o
tema. As três principais religiões da ayahuasca existentes no Brasil são: Daime,
União do Vegetal e Barquinha. Existem, também, grupos ‘independentes’, os
chamados neo-ayahuasqueiros. Atualmente, tais grupos devem seguir a resolução
nº 1, de 26 de janeiro de 2010, do CONAD. Em relação aos aspectos jurídicos,
podemos dizer que o objeto em questão ainda não está totalmente explorado,
motivo pelo qual o presente estudo pretende realizar a análise acerca dos aspectos
históricos e culturais que permearam o caminho da legitimação do uso do chá
acima citado. Pretendemos, com isso, contribuir à pesquisa bibliográfica de futuros
estudos acadêmicos.
Palavras-chave: ayahuasca; Santo Daime; religião; CONAD.

***
Distintos e invisíveis: perspectivas sobre a Umbanda no espaço público de
Teresina

Ariany Maria Farias de Souza335

As religiões afro-brasileiras surgem no Brasil sob o estigma da diferenciação sendo


“julgadas” diferentes de outras tradições religiosas, fato defendido por Nina
Rodrigues no século XIX. A invisibilidade religiosa dos cultos afro-brasileiros em
alguns casos mostra uma idéia que coloca esta religiosidade junto do “diferente” e,
334
Mestranda em História e Estudos Culturais pela UNIR. Bolsista da CAPES. Contato:
lucianeferreira01@gmail.com.
335
Mestranda em Antropologia pela UFPI. Licenciada em História pela UESPI, especialista em
Estado, Movimentos Sociais e Cultura pela UESPI. Contato: arianymaria@hotmail.com.
408
portanto invisível para a sociedade. O propósito deste estudo é apontar possíveis
explicações e questionamentos que venham a esclarecer a invisibilidade da
religiosidade umbandista observada em pesquisas na Tenda Espírita Umbandista
de Santa Bárbara em Teresina PI. Para tanto, utilizaremos o conceito de “teoria da
ação social” Souza (2006) para entendermos porque as práticas sociais cotidianas
desta tenda são de certa forma “encobertas”, além de pensar sobre o núcleo de
poder e distinção que comanda uma rede de conexões simbólicas e materiais
capazes de separar o visível do invisível neste contexto. Partiremos de narrativas
orais, textuais e imagéticas.
Palavras-chave: invisibilidade; umbanda; espaço público.

***
Intolerância religiosa na percepção dos adeptos das religiões afro-brasileiras

Leonardo Vieira Silva336


Lana Lage da Gama Lima337

O trabalho visa analisar as formas de administração de conflitos religiosos


passíveis de enquadramento Art. 20 da Lei nº 7.716/89 – denominada, Lei Caó, a
qual criminaliza, entre outros atos discriminatórios, a intolerância religiosa.
Focalizamos particularmente os conflitos que têm como principais agressores os
membros da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD e como agredidos os
adeptos das religiões afro-brasileiras ocorridas no município de Campos dos
Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro. Em pesquisa anterior, foi possível
ter a perceber que o chamado “povo de santo” se mostra descrente das instituições
policiais e judiciárias como instancias de administração desses conflitos,
procurando formas alternativas para enfrentarem as manifestações de intolerância
religiosa, apesar da existência da Lei. A intenção desse trabalho é verificar como os
adeptos das religiões afro-brasileiras percebem e atuam nesses conflitos.
Palavras-chave: paz; comunhão; pluralismo religioso.
***
336
Graduando em Ciências Sociais pela UENF. Pesquisador em formação do Instituto de Estudos
Comparados em Administração Institucional de Conflitos – INCT/ InEAC e do NE da Exclusão e
da Violência – NEEV/UENF. Contato: leo.vieira2210@gmail.com.
337
Doutora em Historia Social pela USP. Professora do Laboratório de Estudos da Sociedade
Civil e do Estado – LESCE/ UENF. Pesquisadora Sênior do Instituto de Estudos Comparados em
Administração Institucional de Conflitos – INCT/ InEAC e coordenadora do NE da Exclusão e da
Violência – NEEV/UENF. Contato: lage.lana@gmail.com.
409
A religiosidade e o Direito entre o ateísmo e a (a)confessionalidade:
ressignificando os parâmetros de laicidade Estatal

Marina Lima Campos338


David Carlos Santos Sarges339

A asseveração de que o Brasil é um Estado Laico é produzida, na maioria das


vezes, como um argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de
laicidade encampado. E o sentido desta afirmação nem sempre é claro para os
“interlocutores”, já que há uma grande diferença entre afirmar que o Brasil é laico
e compreender os contornos desta laicidade. Inicialmente, e ciente das dificuldades
oriundas da forte carga emocional que permeia todos os debates relacionados à
livre manifestação do pensamento religioso, não é perceptível, para o sentido
comum, que inexiste um modelo universal de laicidade. E em um sentido mais
superficial, quando a ideia de laicidade tangencia a de aconfessionalidade – isto é,
o fato de que um determinado Estado não adota oficialmente uma crença religiosa
–, o conceito de laicidade estatal serve para identificar a experiência constitucional
da maioria dos países ocidentais. Neste contexto, a presente proposta objetiva
analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de culto, à luz dos institutos
do direito brasileiro.
Palavras-chave: aconfessionalidade; laicidade; liberdades.

***
"Não Sacrificarás": Esfera pública e conflito religioso entre pentecostais e
afro-brasileiros

Milton Bortoleto340

Fruto do relatório de qualificação de mestrado junto ao programa de pós-graduação


em antropologia social da USP (PPGAS-USP) este trabalho busca observar alguns
aspectos do conflito religioso que envolve atores ligados as religiões pentecostais e

338
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto.
Mestranda em Ciênciass da Religião pela UEPA. Contato: marinalimacampos@gmail.com.
339
Mestrando e graduando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Ciências da
Religião pela Universidade Cândido Mendes/RJ. Contato: davidsarges.sarges@gmail.com.
340
Mestrando em Antropologia Social pela USP. Pesquisador do CEBRAP e membro do Centro
de Estudos das Religiosidades e Culturas Negras da USP (CERNe-USP). Contato:
miltonbortoleto@hotmail.com.
410
afro-brasileiras na esfera pública política brasileira. Especificamente, detenho-me
em dois casos de intolerância religiosa, um na cidade de São Paulo e outro na
cidade do Rio de Janeiro, problematizando-os a luz da noção de esfera pública e
esfera privada presente no pensamento de Jürgen Habermas. Dois casos que
envolvem uma polifonia de discursos sobre liberdade religiosa/intolerância
religiosa e até mesmo direitos animais, assim como uma caminhada na orla de
Copacabana (RJ) que reuniu cerca de 200 mil pessoas pedindo liberdade religiosa
no ano de 2011.
Palavras-chave: esfera pública; sistema religioso afro-brasileiro; sistema religioso
pentecostal; intolerância religiosa; controvérsia pública.

411
412
GT25 – Representações,
(re)leituras e relações entre
religiões e (in)tolerâncias
religiosas no cinema
Coordenador

Geovano Moreira Chaves


Doutorando em História e Culturas Política pela UFMG. Professor Estágio
Docente na UFMG. Bolsista CAPES.

Resumo

Representando situações de religiosidades em contextos específicos, ou mesmo


produzindo releituras de manifestações religiosas no decurso do tempo histórico, o
cinema, desde o início do século XX, fez usos das religiões e das (in)tolerâncias
religiosas como fontes de suas narrativas, em suas mais variadas linguagens. Por
outro lado, é sabido que também as religiões utilizaram o cinema, sobretudo,
quando as próprias religiões procuraram apropriarem-se do cinema enquanto
aparato de intenso alcance social, difusor de representações e imaginários
coletivos. Também nota-se a existência de filmes que visam promover ou
questionar as doutrinas e práticas religiosas, causando polêmicas por entrarem em
contradição e conflito com os dogmas das mesmas. Assim sendo, diante da
abrangente possibilidade de abordagens e (re)leituras acerca desta temática, este
GT tem como objetivo reunir trabalhos que dialoguem e/ou problematizem as
relações entre religiões e (in)tolerâncias religiosas no cinema.

413
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades Sem atividades


Os Sete Pecados Capitais e a
dicotomia entre a moral
católica medieval e a moral
católica pós-moderna no
filme “Seven” de David
Fincher

Albert Drummond
PUC/MG

Representações da fé em
Dexter: entre a ação doentia
e a doação ao totalmente
outro

Lucila Jenille Moraes Vilar


UEPA

Transcendência,
transitoriedade e
transgressão:
o indivíduo entre tradição e
modernidade na
cinematografia brasileira

Joe Marçal Gonçalves dos


Santos
UFRGS

Martinho Lutero no Brasil


na década de 1950: entrada
permitida ou não?

Geovano Moreira Chaves


UFMG

S(C)em Sertões: Canudos e


Conselheiro nas telas do
cinema

Amauri Araujo Antunes


IFSC

Anahy Sobenes
UFSC

414
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

Os Sete pecados capitais e a dicotomia entre a moral católica medieval e a


moral católica pós-moderna no filme “Seven” de David Fincher

Albert Drummond1

Tratar dos pecados capitais significa, com efeito, sustentar uma discussão sobre a
boa ordem da sociedade. O sucesso da lista dos sete pecados capitais na
historiografia é explicado por sua notável eficácia e por sua capacidade de adaptar-
se às realidades sociais em permanente transformação. O pecado e o seu papel
como instrumento de reorientação social permite indicar os processos e caminhos
percorridos pelos diversos setores dentro da sociedade medieval e pós-moderna.
Em 1995 David Fincher dirigiu o filme Seven, que trata dos reflexos de uma
doutrina moral católica em decadência, dentro de uma sociedade que inverte a
condição dos pecados e os elevam à categoria de virtude. O antagonista do filme
revela, através de seus crimes, a necessidade da retomada do discurso dos sete (...)
capitais em um mundo auto-destrutivo consolidado em seu imaginário.
Trabalhando com autores como São Tomás de Aquino, Jacques Le Goff, Jerome
Baschet, Eric Hobsbawm, Jean Delumeau e Perry Anderson pretendo compreender
a dicotomia entre a moral católica medieval e pós-moderna no filme de Fincher.
Palavras-chave: sete pecados capitais; Seven; moral católica medieval; moral
católica pós-moderna; inversão de valores.

***
Representações da Fé em Dexter: entre a ação doentia e a doação ao
totalmente outro

Lucila Jenille Moraes Vilar 2

1
Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/MG. Bolsista PROSUP. Contato:
a_drummond@hotmail.com.
2
Pós-graduanda em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: lucilavilar@yahoo.com.
415
Tomando como pré-suposto que a linguagem cinematográfica está para além das
telas do cinema e que as narrativas seriais ficcionais televisivas podem ser
consideradas como produtos com características de películas, o presente artigo
analisa como é representado o ato de ter Fé na sexta temporada da série televisiva
norte americana Dexter. Tendo como pano de fundo interpretações sociológicas e
teológicas para a ação em uma sociedade dita ‘pós-moderna’ e ‘secularizada’. Para
tal análise destacamos dois personagens da temporada: Brother Sam e o Assassino
do Apocalipse, utilizando-os como possíveis representações distintas de um mesmo
processo. Para desenvolver o estudo tomou-se como referencial teórico as
discussões feitas por Paul Tillich em sua obra Dinâmica da Fé e por Jürgen
Moltmann em Teologia da esperança: estudos sobre os fundamentos e as
conseqüências de uma escatologia cristã.
Palavras-chave: Dexter; fé; pós-modernidade; secularização.

***
Transcendência, transitoriedade e transgressão:
o indivíduo entre tradição e modernidade na cinematografia brasileira

Joe Marçal Gonçalves dos Santos3

O estudo propõe analisar comparativamente aspectos da relação entre tradição e


modernidade marcados pelo elemento religioso na construção de personagens
centrais dos filmes O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962), Central do
Brasil (Walter Salles, 1998) e Amarelo Manga (Claudio Assis, 2003). O objetivo é
traçar características, analisar e desenvolver uma hermenêutica teológica da
representação moderna do indivíduo correlacionada a aspectos tradicionais
religiosos presentes no desenvolvimento dramático destes personagens. O estudo
parte da concepção da experiência cinematográfica como constitutiva de uma
antropologia do imaginário (E. Morin) tão relativa à modernidade quanto a esta
resistente, em razão de sua constituição mítico-simbólica e apelo à uma ontologia
direta própria da imagem em movimento (A. Tarkovksi). Para desenvolver a
análise interpretativa recorremos a teologia da cultura de P. Tillich em diálogo com
conceitos da estética da forma e da linguagem cinematográfica de G. Deleuze.
Palavras-chave: Tradição; Modernidade; Religião; Indivíduo.

***
3
Pós-doutorando em Antropologia Social pela UFRGS. Contato: jmgsantos@yahoo.com.br.
416
Martinho Lutero no Brasil na década de 1950: entrada permitida ou não?

Geovano Moreira Chaves4

Em 1953, sob patrocínio da Lutheran Church Productions e Luther Film


G.M.B.H, Irving Pichel dirigiu o filme “Martinho Lutero” (Martin Luther), que
inclusive, foi concorrente ao Oscar daquele ano. No entanto, pode-se perceber que
a recepção deste filme no Brasil, sobretudo pelas comunidades de interpretação
fílmica de Belo Horizonte, formadas por dirigentes e integrantes de cineclubes e
críticos de orientações políticas e morais divergentes, foi marcada por uma
polêmica que se encontra nas páginas da “Revista de Cinema” publicada no
contexto. Tal polêmica gira em torno da questão de saber se o filme deveria ser
censurado ou não, e quais os motivos para a defesa ou negativa desta censura,
assim como quem autorizaria ou não a liberação para a exibição deste filme em
território nacional. É sabido que, em meados da década de 1950, os cineclubes da
capital mineira tiveram papel de destaque na crítica de cinema nacional por meio
das revistas de cinema por eles publicadas.
Palavras-chave: História; crítica de cinema; censura.

***
S(C)em Sertões: Canudos e Conselheiro nas telas do cinema

Amauri Araujo Antunes5


Anahy Sobenes6

O objetivo do trabalho é promover uma leitura sobre a questão da intolerância


religiosa a partir de três obras cinematográficas que abordam, direta ou
indiretamente, o tema da “Guerra de Canudos”, ocorrida no final do século XIX.
Discorre-se sobre aspectos históricos e sociais que envolveram o episódio,
contrapondo a tais aspectos a interpretação dos filmes: “Guerra de Canudos”, de
Sérgio Rezende (1997); e “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, de Antonio
Olavo (1993). Como uma terceira referência, o filme “Deus e o Diabo na Terra do
Sol”, de Glauber Rocha (1964), que explora com maior liberdade narrativa o
episódio. O estudo proposto considera que há uma unidade temática, que
envolve forças sociais, políticas, econômicas e religiosas em torno da figura de
4
Doutorando em História e Culturas Políticas pela UFMG. Contato: geovanochaves@gmail.com.
5
Professor do IFSC. Contato: amauantunes@yahoo.com.br.
6
Mestranda em História pela UFSC. Contato: anahy_historia@yahoo.com.br.
417
Antonio Conselheiro (representada por Sebastião, na obra de Glauber Rocha) que
acreditava ser um enviado de Deus, um profeta destinado a guiar o povo para a
salvação. Apesar de as três obras partirem de uma mesma temática, as abordagens
são extremamente distintas. Distinções que transcendem aspectos financeiros,
revelando questões ideológicas subjacentes.
Palavras-chave: Canudos; História e Cinema; intolerância religiosa.

418
GT 26 – Saúde, religião e
cultura: um diálogo a partir das
práticas terapêuticas culturais e
religiosas
Coordenador/a

Márcio Luiz Mello Simone Oliveira


Professor na Fundação Oswaldo Professora na Fundação Oswaldo
Cruz/Instituto Oswaldo Cruz. Cruz/Escola Nacional de Saúde
Doutorando em Ciências/Saúde Pública. Doutora em Ciências/Saúde
Pública. Pública.

Resumo

Atualmente, a diversidade é um dos aspectos mais relevantes em se tratando do


acesso e da prestação de cuidados de saúde. Por outro lado, a complexidade dos
problemas de saúde não pode ser vista apenas pela perspectiva do modelo
biomédico, o que exige análises que incorporem as ciências sociais como uma
forma ampliada de se pensar a atenção integral, buscando conjugar conhecimentos
biológicos, psicológicos, sociais e culturais na compreensão do processo
saúde/doença; sobretudo no Brasil, que possui uma ampla variedade cultural, de
crenças e orientações religiosas disseminadas na sua população. Neste GT,
buscamos discutir a possível complementaridade entre o sistema de saúde oficial e
as terapêuticas culturais e/ou religiosas, considerando especialmente as inscritas no
campo afro-brasileiro. Aceitaremos comunicações que reflitam sobre terapias,
crenças, ritos, espíritos e religiões praticadas no Brasil e que atuam para a
promoção da saúde.

419
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

A cura espiritual kardecista A pajelança maranhense: Sem atividades


um fenômeno cultural na pós- elementos para a
Comunic.
modernidade compreensão de uma
religião ilegal
Cristiane Martins Gomes
PUC/SP Thiago Lima dos Santos
UFMA

Cura na Umbanda: Reflexões sobre práticas


caminhos complementares de cura em um Terno de
entre saúde e religião Moçambique de
Itapecerica – MG
Maria do Amparo Lopes
Ribeiro Talita Viana e Clarissa
UFPI Ulhoa
UNB

A cultura como paciente e Práticas terapêuticas


como promotora da saúde: a populares na Amazônia:
vivência em grupo do rito e curandeirismo e plantas
do sagrado nas grandes poderosas
cidades brasileiras por meio
das danças tradicionais e Dayana Dar’c da Silva e
contemporâneas em círculo Silva
UEPA
Tânia Pessoa de Lima
PUC/SP, USP

A Cultura e as Práticas Ayahuasca: o transe


Terapêuticas Alternativas na multidimensional da
Busca pela Cura floresta presente na
contemporaneidade
Adrielle M. Fernandes
IOC/FIOCRUZ Tarik Ganizev Jimenez
PUC/SP

Cultura, Religiosidade e
Saúde no Brasil

Márcio Luiz Mello


IOC/FIOCRUZ

Simone Santos Oliveira


ENSP/FIOCRUZ

420
Pôsteres As influências da religião cristã Memória do Santo Daime
na promoção da saúde integral: na Paraíba: História, ritos
uma abordagem cognitivo e cura
comportamental
Dávila Maria da Cruz
Paula Bianchi Romer UFPB
Mackenzie

421
29 de outubro, terça-feira
Comunicações
A cura espiritual kardecista: um fenômeno cultural na pós-modernidade

Cristiane Martins Gomes1

A Religião tendo como base a condição imanente de harmonizar o ser em sua


totalidade, traz em si a cultura religiosa da cura espiritual, tendo em vários credos
religiosos sua análise e o desenvolvimento segundo seus ritos. A curiosidade pelos
fenômenos espirituais kardecista abre novos entendimentos na religiosidade
Brasileira. Pessoas buscam nas práticas mediúnicas a cura espiritual. Questionamos
se é possível identificar dentro do contexto plural religioso esse fenômeno? Será
possível identificar o fenômeno da cura espirita inserido no panorama da pós-
modernidade? Através da incerteza e levadas pela confusão e a possibilidade do
tudo é possível, pessoas passam pelo cenário de frustrações, instabilidade e são
tomadas de novas oportunidades no campo da fé, buscam abrir o caminho para a
diversidade do modo de viver e agir na vida humana. Entender essa necessidade
vem a vontade de compreender a respeito da multiplicidade de evidências do
caráter natural pela busca da cura espiritual kardecista.
Palavras-chave: cura espiritual; fenômeno; kardecista; pós-modernidade.

***
Cura na Umbanda: caminhos complementares entre saúde e religião

Maria do Amparo Lopes Ribeiro 2

Na Umbanda as práticas de saúde são consideradas em termos do acolhimento


prestado a quem a procura, possuindo um grande potencial de complementariedade
entre o sistema de saúde oficial e suas práticas terapêutico religiosas. O objetivo
desta pesquisa é analisar seus rituais de cura, procurando pensar sobre a questão do
binômio saúde-doença, em termos dos sentidos que permeiam o adoecer e a cura.

1
Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professora no curso de Ciências da Religião
da Unimontes. Contato: cristiane.unimontes@yahoo.com.br.
2
Mestranda em Antropologia e Arqueologia pela UFPI. Contato: amparo_ribeiro@ymail.com.
422
O estudo se dará por meio de observação participante e entrevistas semi-
estruturadas. Espera-se analisar as representações que os participantes (adeptos e
não-adeptos) dos rituais observados conferem às suas experiências, os sentidos e
quais discursos advêm destas práticas.
Palavras-chave: religião; umbanda; processo; saúde-doença.

***
A cultura como paciente e como promotora da saúde: a vivência em grupo do
rito e do sagrado nas grandes cidades brasileiras por meio das danças
tradicionais e contemporâneas em círculo

Tânia Pessoa de Lima 3

Quando pensamos em saúde na atualidade das grandes cidades não podemos mais
nos ater à visão que problematiza e responsabiliza apenas os indivíduos em seus
comportamentos e hábitos. A psicologia tem sido considerada como uma ciência
que cuida de indivíduos, nascida a partir do modelo médico. A partir das
contribuições da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, em parceria com os
estudos antropológicos, sociológicos e das ciências da religião, a psicologia pode
voltar o olhar para seu mais novo paciente: a civilização urbana. A cultura produz
símbolos destinados a restaurar seu equilíbrio, tais como as danças circulares dos
povos e sagradas que chegaram ao Brasil e vem se expandindo por parques, praças
e eventos, mais rapidamente e intensamente que em outros países. Pesquisa em
andamento mostra que seu rito, formato, foco na vivência do sagrado e sua prática
promovem a saúde bio psíquico social, a qual engloba a religiosidade. Experiências
significativas são relatadas.
Palavras-chave: cultura; religiosidade; saúde; dança; vivência em grupo.

***
A cultura e as práticas terapêuticas alternativas na busca pela cura

Adrielle M. Fernandes4

3
Doutoranda em Ciências da Religião pela PUC/SP, Mestre em Educação pela USP. Psicóloga
no Instituto de Psicologia da USP. Membro do GP Traços Religiosos na Atividade Científica
Contemporânea. Contato: taniapl@usp.br.
4
Egressa do Programa de Vocação Científica/EPJV Fiocruz. Graduanda em enfermagem pela
UERJ. Contato: adrielle-1995@hotmail.com.
423
A cultura influência em diversos aspectos, no modo de viver, de se relacionar e
além disso direciona também nas terapêuticas utilizadas para a obtenção da cura.
A cada ano que passa, o modelo biomédico se torna cada vez mais tecnológico e
cheio de novidades, porém muitas pessoas ainda encontram na religião e na fé, o
principal conforto para tratar suas enfermidades.
Nesta pesquisa foi possível conhecer rituais e aspectos das religiões
afrodescendentes, Umbanda e Candomblé,procuradas por muitos com o objetivo
curativo. Realizou-se através de fichamentos e leitura de artigos e transcrições de
entrevistas feitas com líderes religiosos.Os principais objetivos são:conhecer sobre
as formas que os indivíduos relacionam o processo saúde/doença e como buscam a
cura e relacionar os aspectos psicológicos, culturais e sociais com as terapêuticas
utilizadas. A partir dos conhecimentos obtidos, foi possível entender mais sobre o
valor da religiosidade e da cultura no processo saúde/doença.
Palavras-chave: cura; práticas terapêuticas alterinativas; religiosidade.

***
Pôsteres

As influências da religião cristã na programação da saúde integral: uma


abordagem cognitivo comportamental

Paula Bianchi Romer5

Este trabalho trata da religião cristã (protestante histórico e pentecostal),


configurando o grupo pesquisado e as crenças religiosas associadas à sua fé.
Observaremos qual o apoio dessas crenças na formação dos fieis, o uso delas na
vida prática e sua influência na promoção ou não da saúde integral dos
pesquisados, relacionando as crenças religiosas com o enfrentamento da doença.
Atentaremos na contribuição que a terapia cognitivo comportamental oferece na
prática psicológica ao valorizar e respeitar os aspectos religiosos dos pacientes da
pesquisa, onde associam sua espiritualidade nos processos de cura ou agravo da
saúde. O objetivo geral do projeto é verificar o quanto essas crenças religiosas tem
significado e são usados na resolução de dificuldades, enfrentamento de doença e
saúde; e finalmente, o quanto essa convergência entre psicologia e religião
cooperam para a saúde integral do individuo.

5
Graduanda em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: paulab.romer@uol.com.br.
424
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A pajelança maranhense: elementos para a compreensão de uma religião


ilegal

Thiago Lima dos Santos6

A pajelança é um fenômeno religioso característico do Maranhão que engloba


elementos do catolicismo, tambor de mina, das culturas indígenas e da medicina
não oficial. Sua origem é atribuída aos índios, mas os registros históricos também
confirmam a prática pela população afrodescendente forma pela qual teria se
expandido e se sincretizado com outros elementos culturais. Por considerar que
doenças tenham origens espirituais e que devem ser tratadas por meio de uma
farmacologia própria e de rituais oficiados por um curandeiro, a pajelança sempre
foi alvo de críticas e perseguições, como é possível perceber nos jornais do século
XIX e XX. Este trabalho pretende compreender a partir da análise de fontes
históricas a relação entre a saúde pública e as práticas religiosas em um contexto
em que a demanda pela cura fortaleceu a prática da pajelança, ainda hoje criticada
e combatida pelo modelo biomédico de tratamento.
Palavras-chave: pajelança; práticas religiosas; perseguição.

***
Reflexões sobre práticas de cura em um Terno de Moçambique de Itapecerica
– MG

Talita Viana7
Clarissa Ulhoa8

Apresentamos reflexões sobre o trabalho de cura desenvolvido por membros de um


Terno de Moçambique do Congado de Itapecerica, MG. Os trabalhos acontecem
semanalmente na casa do Capitão e envolvem a participação de integrantes do
6
Mestrando em Ciências Sociais pela UFMA. Membro do GP Religião e Cultura Popular e do GP
História e Religião. Contato: thiagolima.santos@yahoo.com.br.
7
Mestranda em Antropologia Social pela UNB. Contato:talitaviana@gmail.com.
8
.Mestre em História. Contato:clarissau@gmail.com.
425
terno e familiares, ademais de entidades, guias e espíritos de pessoas que já
morreram. As cosmologias e saberes que norteiam os trabalhos, igualmente cantos,
objetos rituais e a presença de espíritos e entidades, estão intimamente
relacionados ao universo do Congado.
Os congados são festas de coroação de rei congo em festividades de devoção a
Nossa Senhora do Rosário e outros santos de devoção notadamente negra que
tiveram origem nas Irmandades dos Homens Pretos. Trata-se de festa híbrida em
louvor a santos católicos, com marcantes elementos de matriz africana.
Apontamos para noções ampliadas de saúde, enfermidade e cura e que só fazem
sentido se pensadas dentro de um conjunto maior de concepção e compreensão de
mundo.
Palavras-chave: congado; saúde popular; religião; práticas de cura; festa.
.

***
Práticas terapêuticas populares na Amazônia: curandeirismo e plantas
poderosas

Dayana Dar’c da Silva e Silva 9

As plantas são usadas para diversas finalidades, entre elas estão as práticas
terapêuticas populares que envolvem um conjunto de crenças, costumes, métodos e
usos dos recursos vegetais. Embora a medicina oficial tenha avançado no combate
das doenças, os seres humanos ainda buscam nos recursos da natureza os auxílios
para suas necessidades cotidianas, entre as quais podemos destacar, por exemplo, a
proteção do indivíduo e do meio em que vive. Para tanto, esta pesquisa realizou um
estudo com uma curandeira amazônica, suas práticas de cura e saberes acerca das
plantas poderosas, ou seja, plantas que possuem o poder de proteger, atrair sorte,
felicidade, dinheiro, afastar inveja e curar doenças espirituais. Tem como objetivo
analisar as práticas terapêuticas que solucionam problemas de doenças
sobrenaturais, contextualizando a doença na sua dimensão mágico-religiosa e
identificar as formas elementares de preparações das receitas usadas para
demandas variadas (proteção, amor, negócios, afastar os males espirituais).
Palavras-chave: curandeirismo; plantas poderosas; Amazônia.

***

9
Graduanda em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: darc.dayana@yahoo.com.br.
426
Ayahuasca: o transe multidimensional da floresta presente na
contemporaneidade

Tarik Ganizev Jimenez10

A relação dos homens com substâncias psicoativas é comum na História, sendo o


uso da Ayahuasca um dos mais recorrentes, possuindo relatos de uso datados de
300 a.C por tribos da Amazônia Peruana, contudo acredita-se que seu uso é muito
anterior a esta data. Sua alquimia é realizada através do uso do fogo, da água e de
duas plantas: a Banisteriopsis caapi e a Psychotria viridis, ambas de origem
amazônica. A primeira corresponde ao Cipó-Mariri e a segunda a Chacrona, um
arbusto da família Rubiaceae. Apesar de contarmos com uma vasta bibliografa
científica quanto aos ritos culturais e religiosos onde a Ayahuasca é utilizada como
sacramento, muita dúvida permanece quanto a sua utilização com fins terapêuticos.
Minha pesquisa, além de contar com um relato preciso sobre as religiões
ayahuasqueiras e sobre a história da ayahuasca no Brasil, abordará também o papel
terapêutico que esta tem com a saúde biopsicosocial e espiritual do indivíduo
através de uma análise fenomenólogica do transe.
Palavras-chave: ayahuasca; Santo Daime; religiões ayahuasqueiras; Porta do Sol,
União do Vegetal.

***
Cultura, Religiosidade e Saúde no Brasil

Márcio Luiz Mello11


Simone Santos Oliveira12

O modelo biomédico de atenção à saúde não é capaz de lidar isoladamente com a


complexidade dos problemas de saúde da população brasileira. A análise desse
modelo produz um interesse maior pela aplicação das ciências sociais ao campo da
saúde. Para pensar a saúde de forma integral, é necessário conjugar os
conhecimentos biológicos, psicológicos, sociais e culturais na compreensão das

10
Graduando em Psicologia pela PUC/SP. Contato: tarik.jimenez@gmail.com.
11
Doutor em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. Pesquisador e Professor na Fundação Oswaldo
Cruz/ Instituto Oswaldo Cruz. Membro do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e
Bioprodutos, do GP Ciência, Arte e Cultura na Saúde e do Pesquisa e Intervenção em Atividade
de Trabalho, Saúde e Relações de Gênero (PISTAS). Contato: mello@fiocruz.br.
12
Doutora em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. Pesquisadora e professora na Fundação Oswaldo
Cruz e ENSP. Membro do PISTAS. Contato: não informado.
427
doenças, sobretudo no Brasil, que possui uma ampla variedade de crenças e
orientações religiosas, disseminadas na sua população.
Palavras-chave: saúde e doença; cultura; religião; Brasil; integralidade.

***
Pôsteres
Memória do Santo Daime na Paraíba: história, ritos e cura

Dávila Maria da Cruz Andrade13

Conhecida como a Religião da Floresta, o Santo Daime que faz uso da Ayahuasca,
bebida que há séculos é usada pra fins de cura pelos povos nativos das Américas,
em seus rituais, nasceu por volta de 1930, no Acre. Foi fundada pelo maranhense
Raimundo Irineu Serra, que como outros tantos nordestinos foram em busca do
sonho seringueiro durante o ciclo da borracha. Aqui refletiremos como o Santo
Daime de raízes e costumes fortemente influenciados pela cultura nordestina,
somada a cultura vegetalista da floresta amazônica, que hoje leva pessoas de várias
partes do Brasil e do Mundo a migrarem para a floresta por motivos religiosos, está
presente onde tem tão claras raízes: no Nordeste. O Santo Daime chega a região
Sudeste a 30 anos e ao Nordeste a 20 anos, através do Encontro da Nova
Consciência que acontece no período do carnaval na cidade de Campina Grande na
Paraíba e depois se estendeu aos demais estados nordestinos. Buscamos mapiar o
campo das religiões ayahuasqueiras na Paraíba, sua história e memória, relatos de
curas e como vem se formando o povo daimista paraibano, suas particularidades e
tendências.
Palavras-chave: campo religioso; Santo Daime; Paraíba.

13
UFPB. Contato: davilamariaandrade@hotmail.com.
428
GT27 – Universos simbólicos de
religiosidades no Japão
Coordenadoras

Andréa Gomes Santiago Tomita Edileia Diniz Motta


Doutora em Ciências da Mestre em Ciências da
Religião. Coordenadora da Religião. Docente na Faculdade
Faculdade Messiânica. Messiânica

Comentador

Claudio Domingues Moreno


Mestre em Artes Visuais. Docente da Faculdade Messiânica

Resumo

Se tudo que o homem produz, de alguma forma, é simbólico; se ele constrói


símbolos continuamente, então a compreensão e/ou interpretação dos símbolos
torna-se imprescindível para a análise de determinados campos, em especial, o
religioso. Neste sentido, Trias (2000:122-123) toma o símbolo como palavra-
chave para refletir sobre a religião. Mais do que este ou aquele símbolo (que não é
uma coisa ou objeto, preferencialmente), pensemos o simbólico em todas as suas
dimensões. Este GT pretende reunir propostas de estudos sobre religiosidades do
Japão (tradicionais ou novas) a partir da perspectiva teórica das ciências da
religião com enfoque na linguagem religiosa, suas características e modalidades
(gestos, imagens, mito e narrativa, gêneros literários, símbolo, metáfora, rito,
doutrinas).
(TRIAS, E. "Pensar a religião - o moderno e o sagrado". In: VATTIMO, G. &
DERRIDA, J et al. A religião: seminário de Capri. SP: Estação Liberdade, 2000)

429
Dia 29/10 (3ª feira) 30/10 (4ª feira) 31/10 (5ª feira)

Comunic. Sem atividades A sucessão do carisma nas Sem atividades


Novas Religiões Japonesas:
uma perspectiva de gênero

Ediléia Mota Diniz


UMESP, Messiânica

Felicidade, amor, empatia


no Instituto de Moralogia do
Brasil: sentimentos
envolvidos na manutenção
da identidade e da cultura
japonesa

Letícia Nagao
USP

A interação de múltiplas
tendências religiosas: a
religião messiânica no Japão
e no Brasil

Andréa Tomita
UMESP, Messiânica

A procura do sagrado: a
metáfora nas expressões
linguísticas dos textos do
Fundador da Igreja
Messiânica Mundial

Emilson Soares dos Anjos


PUC/SP, Messiânica

Johrei e Reiki: o universo


simbólico de técnicas de
imposição de mãos de
origem japonesa na
promoção de saúde e
espiritualidade

Ricardo Monezi
UNIFESP/ Faculdade
Messiânica

430
O ato purificador do Johrei
e as diferentes concepções
de Cura e Doença

Renato Müller Pinto


UNIFESP

Pôsteres Solo Sagrado de


Guarapiranga e suas
possíveis relações com
espiritualidade e qualidade
de vida

Rodrigo Mostacatto Sampaio


de Andrade
Messiânica

Lilia Dineli
Messiânica

431
30 de outubro, quarta-feira
Comunicações

A sucessão do carisma nas Novas Religiões Japonesas: uma perspectiva de


gênero

Ediléia Mota Diniz1

Um elemento importante na organização religiosa em que a Seicho-No-Ie se tornou


é a orientação familiar na composição do poder, liderança e sucessão. Em todas
essas dimensões nota-se a presença da tradição japonesa. O mesmo ocorreu quando
da sucessão do “mestre”, forma como Masaharu Taniguchi é carinhosamente
chamado. Uma solução não-japonesa implicaria na ascensão à posição de mando
por sua filha, mas predominou o arranjo japonês. Nesse sentido, a questão da
sucessão de Masaharu Taniguchi é um importante elemento que demonstra o estilo
de dominação instituído pelo fundador em todas as suas instâncias. Apesar de
Taniguchi ter atribuido a escolha do genro como seu sucessor a uma inspiração ou
“um murmúrio de Deus”, podemos observar neste modelo, uma forma de
reprodução e manutenção da ordem alicerçada na cultura japonesa.
Palavras-chave: carisma; Seicho-No-Ie; patriarcado.

***
Felicidade, amor, empatia no Instituto de Moralogia do Brasil: sentimentos
envolvidos na manutenção da identidade e da cultura japonesa

Letícia Nagao2

Tendo como base pesquisas etnográficas e relatos de membros do Instituto de


Moralogia, a presente comunicação busca partilhar descobertas importantes sobre a
criação de vínculos com o Japão. Nesse sentido, o que acreditamos que tenha sido
descoberto não são elementos da cultura japonesa e nem mesmo novos conceitos,
mas sim uma nova maneira de compreender os sentimentos e vínculos que ligam

1
Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professora na Faculdade Messiânica. Contato:
edileiadiniz@gmail.com.
2
Mestranda em Letras pela USP. Contato: leticianagao@uol.com.br.
432
descendentes de japoneses entre si e permitem que cada um continue vivendo da
maneira que sempre desejou - admirando e experimentando modos de empatia e
sensibilidade que nem sempre são compreendidos (por brasileiros). De muitas
maneiras, o tema desta comunição pertimite que a análise do papel de religiões e
instituições na manutenção da identidade japonesa seja feita sob um ponto de vista
diferente. Por conseguinte, esta comunicação é um convite para que nós, que
vivemos e estudamos cultura japonesa, possamos por alguns momentos olhar e
sentir vínculos, sobre os quais pesquisamos e escrevemos, de modos diferentes. No
caso em questão, o modo diferente é constituído por diversos sentimentos e pelas
“empatias” que foram observadas e vividas no Instituto de Moralogia.
Palavras-chave: Instituto de Moralogia; felicidade; identidade cultural; japoneses
no Brasil.

***
Interação de múltiplas tendências religiosas: a religião messiânica no Japão e
no Brasil

Andréa Gomes Santiago Tomita 3

A proposta desta comunicação é apresentar o contexto sócio-histórico do


surgimento de uma nova religião japonesa conhecida no Brasil como Igreja
Messiânica. Seu fundador Mokiti Okada (cujo nome religioso é Meishu-Sama) foi
adepto de uma religião de raízes xintoístas conhecida como Omoto-kyo e,
posteriormente, fundou sua própria religião que mescla tendências tanto de crenças
populares quanto de outras religiosidades presentes em seu país de origem. Serão
abordados aspectos relativos à sua teologia e práticas religiosas além da sua
integração no Brasil através de análises de suas recomposições identitárias.
Palavras-chave: Nova religião japonesa; religião messiânica; teologia; identidade.

***
A procura do sagrado: a metáfora nas expressões linguísticas dos textos do
Fundador da Igreja Messiânica Mundial

Emilson Soares dos Anjos 4

3
Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Professora na Faculdade Messiânica. Contato:
atomita@fmo.org.br.
433
Este artigo aborda questões relacionadas às transladações de textos de
MokitiOkada, Fundador da Igreja Messiânica Mundial (IMM), como expressões
metafóricas, vistas e analisadas a partir de seu alcance e limites no campo
religioso.Na minha hipótese, a IMM do Brasil não sofre alteração na sua doutrina e
nem sempre nas traduções. Pelo contrário, há um esforço na tradução literal ou em
metáforas para manter o sentido pregado pelo que foi ensinado pelo Fundador.É
possível que na falta desses elementos, as pessoas não sintam atraídas para lerem
nas entrelinhas a beleza da linguagem propriamente dita à mensagem original do
fundador.Portanto, na IMM e na IMMB há divergências na linguagem, e a tradução
para o idioma português utilizando metáforas é uma possibilidade de garantir o
crescimento da Igreja no país. A compreensão dos aspectos metafóricos translada
por intermédio da leitura dos textos acima estudados, cujas palavras singulares
substituem as palavras literais por razões poéticas. Nesse sentido, as metáforas vão
além (deslocamento), substituição e suas filosofias.
Palavras-chave: Mokiti Okada; Igreja Messiânica Mundial; metáforas.

***
Johrei e Reiki: o universo simbólico de técnicas de imposição de mãos de
origem japonesa na promoção de saúde e espiritualidade

Ricardo Monezi5

Intervenções de cuidado baseadas na imposição de mãos e transmissão de energias


não qualificadas pela física atual são descritas através da história, onde existem
registros de que Hipócrates (460 a.C.) referia a provável existência de um campo
bioenergético presente nos seres vivos, sendo que o bloqueio de seu fluxo poderia
desencadear doenças. Acredita-se que as técnicas de imposição de mãos e
transmissão de energia podem exibir propriedades terapêuticas, estando presentes
em muitas culturas, especialmente no Japão, onde foram sistematizadas, entre
outras, o Reiki e o Johrei. O objetivo deste trabalho é discutir o papel destas
técnicas no desenvolvimento da saúde integral do ser humano, levando-se em conta
que ambas consideram o cuidado humano como o contato dos mundos subjetivos
do cuidador e do cuidado, o qual tem o potencial de ir além do físico-material ou

4
Doutorando em Ciências da Religião pela PUC – SP. Professora na Faculdade Messiânica.
Contato: emilson.anjos@messianica.org.br.
5
Doutor em Psicobiologia pela UNIFESP. Pesquisador na Faculdade Messiânica. Contato:
ricardomonezi@gmail.com.
434
do mental-emocional, já que entram em conexão e tocam o mais alto senso
espiritual do self, da alma e do espírito.
Palavras-chave: Johrei; Reiki; imposição de mãos; Japão; saúde.

***
O ato purificador do Johrei e as diferentes concepções de Cura e Doença

Renato Müller Pinto6

O presente trabalho está sendo realizado no Solo Sagrado da Igreja Messiânica


Mundial, às margens da Represa Guarapiranga e tem como objetivo central
identificar e analisar,no contexto do ritual de cura do Johrei, a maneira pela qual as
diferentes formulações dos conceitos de Cura e Doença interagem na formação de
um campo simbólico específico. A metodologia utilizada consiste em revisão
bibliográfica, entrevistas periódicas com os líderes religiosos, devotas e turistas,
bem como observação participante.
Palavras-chave: Johrei; Solo Sagrado; religião e cura.

***
Pôsteres
Solo Sagrado de Guarapiranga e suas possíveis relações com espiritualidade e
qualidade de vida

Rodrigo Mostacatto Sampaio de Andrade7


Lilia Dineli8

Há décadas, o tema da espiritualidade vem se tornando alvo de atenção de


profissionais de saúde que buscam estabelecer uma relação entre espiritualidade e
qualidade de vida. A proposta deste trabalho foi investigar e desenvolver uma
reflexão acerca da espiritualidade e a importância da mesma para a promoção da
saúde daqueles que a praticam no seu cotidiano, possibilitando, assim, uma melhor
qualidade de vida. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma pesquisa que

6
Graduando em Ciências Sociais pela UNIFESP . Contato: renato.muller@unifesp.br.
7
Graduando em Teologia pela Faculdade Messiânica. Contato: sampaio.johrei@hotmail.com.
8
Professor no curso de Teologia na Faculdade Messiânica. Contato: não informado.
435
avaliou frequentadores do Solo Sagrado de Guarapiranga (SSG), o maior templo da
Igreja Messiânica Mundial do Ocidente, onde fiéis de todas as partes do mundo se
reúnem para orar a Deus e a seus antepassados que se encontram assentados no
sagrado altar. Através dessa pesquisa, pode-se deduzir que o SSG é
predominantemente frequentado por pessoas que buscam vivenciar ou praticar a
espiritualidade, ou, ainda, por pessoas, que em contato com o local, acabam
desenvolvendo de alguma forma o que se entende por espiritualidade.
Palavras-chave: espiritualidade; qualidade de vida; Solo Sagrado de
Guarapiranga; Igreja Messiânica Mundial.

436

Você também pode gostar