Você está na página 1de 92

Teologia Pastoral

Brasília-DF.
Elaboração

Rita Estefânia Luz dos Passos Mattos


Rogério de Moraes Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação...................................................................................................................................... 5

Organização do caderno de estudos e pesquisa.................................................................................. 6

Introdução.......................................................................................................................................... 8

Unidade I
Ministério Pastoral.............................................................................................................................. 9

Capítulo 1
Chamada Ministerial.............................................................................................................. 11

Capítulo 2
Aconselhamento Pastoral..................................................................................................... 17

Capítulo 3
Funções Pastorais................................................................................................................. 20

Capítulo 4
Preparação ministerial e vida devocional............................................................................... 26

Capítulo 5
O sustento pastoral............................................................................................................. 28

Capítulo 6
Administração do tempo........................................................................................................ 33

Unidade II
Relacionamento Social....................................................................................................................... 41

Capítulo 7
Vida social e comunicação..................................................................................................... 43

Unidade III
Dimensão Ministerial.......................................................................................................................... 49

Capítulo 8
Ofícios ministeriais................................................................................................................ 51

Unidade IV
Administração Pastoral..................................................................................................................... 63
Capítulo 9
Práticas ministeriais.............................................................................................................. 65

Unidade V
Liturgia e Ordenanças........................................................................................................................ 83

Capítulo 10
Liturgia de culto e ordenanças.............................................................................................. 85

Para (não) Finalizar.......................................................................................................................... 90

Referências....................................................................................................................................... 92
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários
para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica
e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal,
adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a
serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente
e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios
que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua
caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como
instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do caderno
de estudos e pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma
didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão,
entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas,
também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática


da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre


sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar
seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você
reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e


sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

abc
Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua
contribuição pessoal.

6
Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de


fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

7
Introdução

A Bíblia, a Palavra de Deus, é o nosso único e perfeito manual. Nela nos inspiramos e dela aspiramos toda
gama de conhecimentos, informações, instruções e ordenanças de Deus simultaneamente reveladas com
a manifestação de Sua vontade a nosso respeito, como Igreja de Cristo e individualmente.

As Epístolas de Paulo a Timóteo e a Tito são denominadas pastorais, em virtude de abordarem


especificamente assuntos relacionados às referências ministeriais.

Entendemos bem a frase: “A liderança é uma poderosa combinação de estratégia e caráter. Mas se tiver
de passar sem um deles, que seja estratégia” para o Ministério cai como luva.

Comparando com o que o Apóstolo Paulo exortou a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Timóteo 2:15)

A postura do obreiro é indispensável para o êxito no ministério Cristão.

O ministério pastoral pode ser descrito de muitas maneiras e exercê-lo significa realizar
trabalhos diversificados.

Ser pastor é uma coisa e exercer o pastorado é realizar atividades variadas. O pastor deve projetar-se para
além do marco histórico de sua chamada. Ele avança rumo à sua realização profissional e vocacional, que
o coloca na posição de o “profissional” mais solicitado da sociedade contemporânea.

Este Caderno, portanto, tem o objetivo de proporcionar informações acerca da Teologia Pastoral, com
o compromisso de orientar os profissionais da área de Teologia, para que possam desempenhar suas
atividades com eficiência e eficácia.

Objetivos
»» Conhecer aspectos relevantes do Ministério Pastoral.
»» Identificar os aspectos do relacionamento Social Pastoral.
»» Conhecer os Ofícios Ministeriais Pastorais.
»» Identificar aspectos relevantes da Administração Pastoral.
»» Conhecer práticas de liturgia e ordenanças.

8
Unidade I
Ministério Pastoral
Capítulo 1
Chamada Ministerial

Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero
com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há
de revelar.

Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por
força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;

Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo
ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa
da glória.

(1 Pedro 5:1-4)

O que é Teologia Pastoral


É o estudo teológico sobre o ministério cristão abordando específica e detalhadamente o dom de pastor:
sua chamada, vida e ministério.

Teologicamente falando, poderíamos dividir a Teologia em seis perspectivas diferentes:

1. Teologia Exegética – procura estudar e interpretar os livros sagrados, como a Bíblia e o


Alcorão, por meio da exegese.

2. Teologia Histórica – descreve a história do desenvolvimento da interpretação doutrinária.

3. Teologia Dogmática – é o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos


apresentam nos credos e confissões da Igreja.

4. Teologia Bíblica – traça o progresso da verdade por meio dos diversos livros da Bíblia.
Ex.: Expiação em Levíticos, Efésios, Hebreus, o que Cristo, Paulo e Pedro dizem a
respeito etc.

5. Teologia Sistemática – estuda as doutrinas principais da Bíblia de forma ordenada,


tópica e sistemática.

6. Teologia Prática – abrange os cursos de Homilética, Organização e Administração


Eclesiástica, Liturgia, Educação Cristã e Missões.

11
UNIDADE I | minitério pastoral

A Teologia Pastoral ou do ministério cristão seria enquadrada no ramo da Teologia Prática, apesar de
podermos abordá-la em várias perspectivas diferentes (holística), dando maior relevância a perspectiva
bíblica e prática.

Chamada ministerial
O chamado ao ministério tem origem no próprio Deus que chama homens para exercerem as mais
distintas tarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seus desígnios, então, não existe um método
definido para a chamada divina ao ministério pastoral. Existe, sim, o método divino, soberano e poderoso.

Jesus afirmou em João 15:16: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto
que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”. 

E em João 20:21: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou,
também eu vos envio a vós”. 

A Bíblia registra a chamada de vários servos de Deus, e, por uma questão didática apenas, queremos
abordar alguns exemplos aqui.

A Chamada com o Método direto:

»» Noé – Gn 6:13
»» Abraão – Gn 12:1
»» Moisés – Êxodo 3:10
»» Samuel – I Sm 3:20
»» Isaias – Is 6:9
»» Os Apóstolos – Mc 1:17; Mt 4:18-22; Jo 1:35-42
»» Paulo – At 26:19
A Chamada com o Método indireto:

»» José – Gn 37:5-10 (Sonhos)


»» Josué – Nm 27:18; Nm 27:15-23; Dt 1:38; 3:21; 31:7-8.
»» Timóteo – At 16:21

12
minitério pastoral | UNIDADE I

Razão de Deus chamar ao ministério:

»» Declarar que o ministério, nunca foi uma profissão no antigo Testamento.


»» A garantia que a chamada divina faz o servo do Senhor superar obstáculos considerados,
pelo homem comum, insuperáveis ou além de qualquer possibilidade humana.

»» A chamada é acompanhada da missão.

A chamada ao Ministério da Pregação


A pregação continua sendo uma das maiores exigências do ministério pastoral. Mas é necessário salientar
que as Igrejas não esperam que o pastor seja grande pregador, orador excelente nem expositor excepcional,
mas simplesmente pregador.

No exercício da pregação, o pastor é o profeta de Deus, aquele que representa o seu Senhor diante do
povo, e o povo diante do seu Senhor. Seu lugar no púlpito não pode ser substituído por nenhum outro
pregador. Por ser o dirigente da Igreja e aquele que conhece as necessidades do rebanho, ele mesmo deve
servir o alimento que as ovelhas necessitam.

O pastor que se descuida do ministério da pregação ou que não gosta de pregar, exercerá um ministério
pastoral mudo em sua Igreja. Todavia, o pastor não deve usar o tempo de meia hora ou mais disponível
à pregação, para ralhar com os membros ou insultá-los. Deve ter cuidado para que a proclamação do
Evangelho não se converta em uma oportunidade para ele tratar de problemas pessoais.

A pregação deve ser o bálsamo que cura os ouvintes. Portanto, deve ser terapêutica em sua recepção e
aplicação. A finalidade divina é que ela edifique e console o povo de Deus. Os bons pregadores não ferem
com o sermão. Pelo contrário, eles curam as feridas dos ouvintes.

Mas há ocasiões em que a pregação necessita ser também um chicote usado como exortação. Porém, o
pastor jamais a deverá empregar de maneira negativa. Até o uso do chicote pode se transformar em algo
positivo. O pastor deve fazer uso da exortativa para criar consciência, corrigir, admoestar e consolar.

Mas é necessário estarmos atentos para o fato de existirem crentes «masoquistas», que se deleitam com
o castigo e a dor que os pregadores lhes podem infligir. Quanto mais rigorosamente pregar o pastor ou
o pregador convidado, mais eles gostarão da pregação. E existem também os pregadores que se sentem
satisfeitos quando castigam a congregação.

Muitos pastores são deficientes na pregação. As causas dessa deficiência são múltiplas, vejamos.

»» Não leem bons livros.


»» Não estudam homilética, nem estudam sermões nem de biografias de outros pregadores.
»» São preguiçosos na leitura sistemática da Bíblia.

13
UNIDADE I | minitério pastoral

»» Não têm o hábito de separar um dia da semana para preparar suas pregações. Seria
recomendável que eles na segunda-feira mesmo, começassem meditando na mensagem
que pregarão no domingo, e continuassem assim durante toda a semana.

»» Não dedicam um tempo para o enriquecimento da sua cultura teológica. O ministro do


Evangelho deve ser um estudante durante toda a sua vida. Uma boa formação teológica
ajuda no desenvolvimento de um ministério eficaz. Os cursos de homilética motivam o
pregador a corrigir-se e a superar-se.

»» Não dão à pregação a importância que ela merece. Para eles, orar, reunir-se com os
irmãos e fazer visitas pastorais é mais importante que a pregação. O certo é que tudo isso
é importante, mais a pregação é essencial. A mais importante avaliação que uma Igreja
evangélica pode fazer de um aspirante ao púlpito é ouvindo a sua pregação.

»» Existem também aquelas pessoas que são contrárias a toda preparação homilética. Pensam
que a homilética é um produto humano, intelectual, algo que o pregador inventa. Mas a
homilética é uma ferramenta que ajuda o pregador a organizar, preparar e entregar uma
mensagem que Deus lhe deu, de maneira que o sermão alcance eficazmente o ouvinte.

»» Alguns são inimigos dos esboços anotações, isso devido a sua incapacidade homilética.
Atacam o emprego dos esboços porque não sabem preparar um esboço, ou porque
necessitam da disciplina para investir algumas horas, às vezes dias ou semanas, em
colaboração com o Espírito Santo, na preparação da mensagem divina que receberam
de Deus.

Muitas ideias ou pensamentos recebidos pelo pregador podem ser sementes de sermões poderosos. Deus
dá as mensagens aos pregadores por intermédio de meios simples, normais e naturais. O pregador deve
estar sempre à espera de mensagens.

Muitos pregadores não gostam de pregar. Na vida, existem muitas coisas desagradáveis que temos de fazer.
Nenhum pastor gosta de trabalhar no orçamento de sua Igreja. Porém, ele se vê diante da necessidade
de prepará-lo em colaboração com uma comissão de finanças. Da mesma forma, pregar é um requisito
pastoral. Aquele que não gosta de pregar, que se dedique, então, a ser um bom membro da Igreja, e não
um mal pastor.

A homilética é uma arte que requer muita destreza. Fazer um esboço ou preparar notas para pregar é
uma capacidade que nem todos os pregadores possuem. Mas graças a Deus hoje em dia podem ser
encontrados nas livrarias muitos livros de esboços. Esses livros serão de muita ajuda para pregadores
que, por falta de experiência ou tempo, não podem preparar seus próprios esboços. É necessário salientar
que, ao empregar um esboço preparado por outro, o pregador deve colocar nele seu toque pessoal. Deve
adaptá-lo ao seu estilo, acrescentando ou eliminando algo. Os títulos, muitas vezes, podem ser substituídos
por outros do agrado do pregador.

O fato de o pregador não dominar a arte da homilética não o desobriga de pregar com certa organização.
O pastor que não souber nem entender a técnica de preparar um esboço bíblico, ou expor por escrito a
estrutura do sermão, não deve desanimar.

14
minitério pastoral | UNIDADE I

Esboço de pregação
Apresentaremos, a seguir, uma maneira simples por meio da qual ele poderá cumprir esse importante
aspecto de seu ministério.

»» Escolha um tema ou um assunto sobre o qual você gostaria de pregar. Esse tema pode
surgir de sua mente iluminada pelo Espírito Santo, da leitura de um texto bíblico, da
leitura de um livro evangélico, de uma reflexão que você fez, ou de uma observação
casual.

»» Depois de haver lido e refletido sobre o assunto que você escolheu, ou lido textos bíblicos
relativos a esse tema, escreva no canteiro do pregador (seu espaço de ideias para os
sermões) qualquer pensamento que lhe ocorrer relacionado ao tema.

»» Consulte comentários bíblicos, leia as passagens em diferentes versões bíblicas e escreva


qualquer ideia nova que você encontrar.

»» Explore de novo o texto ou os textos escolhidos, fazendo-lhes as seguintes perguntas,


que são de muita utilidade na homilética. Quem? Quando? O Quê? Por Quê? Como?
Qual? Onde? O doutor Cecílio Arrastía chama a este processo de a invasão do texto, e
comenta: “Já dissemos que do choque de uma invasão dupla – do texto e do contexto –
brota a luz. Esta luz produz o terceiro passo do processo, que é a iluminação, o clímax.
Nesse ponto, o pregador estará pousando em terra firme, pois a meta foi alcançada. O
pico mais alto e rebelde, o ‘Everest’ da Bíblia, foi alcançado e conquistado, produzindo-
se assim uma ampla iluminação.” (O Pregador Cristão e a Bíblia, A Bíblia de Estudo
Mundo Hispano, p. 112, 1977).

»» Pense agora em uma introdução que seja curta, atrativa e interessante. É hora de você
escrever a conclusão.

»» Isto que você já tem escrito é suficiente para a pregação. Agora só lhe resta orar muito
e deixar que o Espírito Santo lhe ajude. No momento da pregação e da mensagem, use
muito a imaginação e acrescente ação às notas escritas. Mas não fique muito preso as
notas; mantenha-se livre para usá-las com naturalidade. Pregue confiando que o Senhor
Jesus Cristo lhe ajudará enquanto você estiver pregando.

Nenhum pastor deve esquecer que a competição no púlpito é cada dia maior. Os pregadores do rádio
e da televisão podem tentar substituir o pregador que entrega sua mensagem ao vivo, mas jamais
poderão substituí-lo. O rebanho do Senhor sempre espera esse alimento espiritual que cada domingo
o seu pastor lhe dá.

O pastor e o seu preparo


Sendo a Igreja composta de indivíduos, é evidente que o seu êxito depende estritamente das atitudes
assumidas pelo indivíduo que o compõe. Principalmente do seu Pastor como o líder.

15
UNIDADE I | minitério pastoral

A melhor maneira de tratarmos os outros está no fato de dar-lhes o que exigimos


para nós mesmos (Mt 7:12).

É preciso um claro entendimento entre as pessoas, principalmente no que se refere ao trato do intelecto,
esclarecendo-se, então, as palavras sobre o seu real significado ou ainda a terminologia mais utilizada
no grupo. Difíceis conflitos surgem entre indivíduos que, em demoradas discussões, interpretam os
significados diferentes à mesma palavra ou termo. Assim, também a preocupação com o ponto de vista
psicossocial e o ponto de vista administrativo.

16
Capítulo 2
Aconselhamento Pastoral

Aconselhamento e relações interpessoais


O aconselhamento pastoral vem sendo desenvolvido durante séculos nas Igrejas. Milhares de pessoas,
ao redor do planeta, têm recebido ajuda e orientação como forma de superar momentos difíceis da vida.

Seu objetivo é dar estímulo e orientação às pessoas que estão enfrentando perdas,
decisões difíceis ou desapontamentos. Seu processo pode estimular o desenvolvimento
sadio da personalidade; ajudar pessoas a enfrentar melhor as dificuldades da vida,
os conflitos interiores e os bloqueios emocionais; auxiliar os indivíduos, famílias e
casais a resolver conflitos gerados por tensões interpessoais, melhorando a qualidade
de seus relacionamentos; e finalmente ajudar as pessoas que apresentam padrões de
comportamento autodestrutivos ou depressivos a mudar de vida.1

O papel dos pastores têm sido naturalmente o de conselheiros, já que sua posição e chamado lhes
permitem estar próximos das pessoas que enfrentam dificuldades no seu dia a dia.

De acordo com Wayne E. Oates:

Independente de qual tenha sido sua formação, o pastor não tem o privilégio de
escolher se vai ou não aconselhar os membros de seu rebanho, pois é inevitável que eles
levem seus problemas até ele, em busca de orientação e de uma palavra de sabedoria.

Pastor como conselheiro


Na sociedade moderna existe muita procura de conselheiros educativos, matrimoniais, financeiros, legais,
estudantis e clínicos. Até para tomar certas decisões é necessário a orientação de alguns conselheiros.

O aconselhamento é um amplo campo e oferece ao pastor oportunidades únicas. As razões pelas quais
muitos evangélicos procuram seus pastores em busca de conselho são:

»» Não se paga pelas consultas. Os pastores aconselham e orientam sabendo que isso faz
parte do seu ministério espiritual. Esta função não é trabalho remunerado, e sim um
serviço que ele presta.

1 COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: edição século 21 / Tradução Lucília Marques Pereira da Silva. – São Paulo: Vida Nova, 2004.

17
UNIDADE I | minitério pastoral

»» O pastor é um representante de Deus que inspira confiança. Ele aconselha com ética. A
ele vêm os amigos e irmãos na fé para derramar suas lágrimas.

»» Entre o pastor e os membros da Igreja existem fortes laços de amizade. O pastor é o


amigo de todos; é amado e estimado pelos membros que se sentem seguros ao entrar em
seu gabinete pastoral.

»» O pastor aplica seus conselhos dentro de um contexto cristão. Seu manual de


aconselhamento e terapia é a Bíblia; ele aconselha iluminado pelo Espírito Santo.

O pastor conselheiro pode oferecer seus serviços em muitas situações e de várias maneiras. Geralmente
ele é solicitado para aconselhar em situações pré- matrimoniais, matrimoniais em casos de falecimento e
em reuniões de jovens.

Conselhos a um rapaz e a uma moça que querem


se casar
Isto é chamado de aconselhamento pré-matrimonial. Os noivos geralmente procuram o pastor quando
querem traçar seus planos para casar-se. O pastor deve orientá-los a se conhecerem melhor antes do
casamento. É importante que eles conheçam o caráter um do outro, e seus deveres, interesses e motivações.
O pastor também deve incentivá-los a ler bons livros sobre o casamento. “O Ato Conjugal” (A beleza
do amor sexual ), escrito pelo casal La Hahaye normalmente é indicado para os noivos, se ainda não leu
este livro, leia-o.

Tão logo os noivos tenham uma data para o casamento, o pastor deve marcar datas para aconselhá-los
antes do grande dia. Duas ou três reuniões seriam muito benéficas ao casal de noivos. O aconselhamento
não deve ser deixado para a véspera do casamento.

Conselhos a um casal com problemas em seu


relacionamento matrimonial
Neste caso, a principal função do pastor será a de perguntar, observar, escutar e esclarecer.

O pastor nunca deve recomendar o divórcio nem a separação aos seus aconselhados. Eles deverão tomar
a decisão.

É bom, também, conversar com os cônjuges separadamente, e, finalmente, com ambos. O conselheiro
nunca deve tomar partido em favor de um dos cônjuges. Esse aconselhamento visa a levar o casal a iniciar
uma readaptação proveitosa.

O conselheiro deve ter muito cuidado quando estiver aconselhando uma mulher separada ou divorciada,
pois há o risco da chamada transferência psicológica. Alguns conselheiros envolvem-se tanto no problema
da aconselhada, que sem querer nem percebem, mas terminam envolvendo-se emocionalmente. Tem
havido casos em que o conselheiro foi seduzido pelo problema e a necessidade emocional da aconselhada.

18
minitério pastoral | UNIDADE I

Conselhos aos viúvos antes e depois do funeral de


algum membro da Igreja, ou de algum membro da
família destes
Esse aspecto do aconselhamento muitas vezes não recebe a devida atenção. Desde o momento em que o
pastor é avisado do falecimento de algum membro da Igreja, ou membro de algum parecido, seu dever
é se colocar imediatamente em contato com os parentes da pessoa falecida e fazer uma visita pastoral.
Seus serviços e orientação serão importantes na escolha da funerária, na resolução de outros detalhes do
funeral. Nesse momento de aflição, a ajuda do pastor é extremamente necessária.

Momento delicado e difícil é ter de identificar o cadáver de um ente querido, mas, muitas vezes, o pastor
tem de ir ao hospital ou ao necrotério com os parentes do falecido, para ajudá-los.

Conselhos à juventude
Enquanto houver adolescentes e jovens na Igreja, o pastor não deixará de ter trabalho como conselheiro.
A carga de aconselhar os jovens será menor se o pastor nomear para eles um conselheiro dos jovens. Deve
ler livros sobre essa faixa etária e sobre aconselhamento de jovens, e fazer cursos que lhe ajudem a tornar-
-se cada vez mais capaz.

Para que o pastor conselheiro tenha êxito em sua função, deve esforçar-se em conhecer a natureza, o
caráter, as atitudes e as filosofias dos jovens. Alguns aspectos sobre os quais os jovens necessitam de
conselhos são os seguintes.

»» A independência social e financeira.


»» O matrimônio.
»» Namoro e noivado.
»» O reconhecimento e o respeito.
»» O futuro.
»» Os relacionamentos familiares.

»» As experiências dos adultos.


»» As pressões do grupo.

19
Capítulo 3
Funções Pastorais

O pastor como dirigente


A imagem do pastor diante do rebanho revela o nível de sua liderança. Ser um bom dirigente não é fácil
nem difícil. Isso é determinado pela própria pessoa.

Qualidades de um dirigente:

»» Líder. Alguém já disse que para uma pessoa ser líder necessita ter seguidores. Portanto,
o líder é a pessoa que convence os outros de que podem confiar nela, segui-la, e que
sabe o que diz e faz. Todo líder genuíno influencia nas aptidões (capacidades) e atitudes
(motivações) dos demais.

»» Organizador. Todo bom dirigente é um líder que organiza. Nenhuma organização


alcançará seus objetivos se não tiver hierarquia. O pastor dirigente deve ser o primeiro
elo dessa cadeia de poder ou hierarquia. Ele permanecerá sempre atento para que todos
os departamentos da Igreja estejam devidamente organizados.

»» Supervisor. A organização sem a supervisão não consegue nada. Supervisionar significa


avaliar e cuidar para que as coisas sejam feitas como foram propostas.

»» Um bom dirigente está disposto a avaliar seu trabalho. Não é um perfeccionista,


mas busca sempre o melhor. Está disposto a escutar a crítica construtiva e positiva
dos demais.

»» O fracasso de muitos está baseado no fato de eles quererem fazer tudo e ser tudo.
Acreditam que, sem ele, nada se conseguirá. Isto é um erro. Na vinha do Senhor existe
trabalho para todos. Um líder aprende a dar o sinal para que o povo marche. É melhor
delegar responsabilidades aos outros e passar a supervisionar essas responsabilidades,
do que tomar tudo para si e finalmente perceber que não é capaz de dar conta de tão
grande responsabilidade.

»» Administrador
1. O termo bíblico para Administração

O termo significa “administração de uma casa”.

20
minitério pastoral | UNIDADE I

No Antigo Testamento o termo está centrado ao redor do oficio do mordomo de


uma casa e ainda a um administrador de palácios. As ocorrências deste termo
são poucas.

Encontramos, também, no Novo Testamento, referência ao termo administração:


em Lucas 16:1-17 na parábola do mordomo injusto. Lucas usa a palavra
intercambiavelmente em outro lugar “escravo, servo”, mas o significado é mais
provável a alguém que administra uma casa.

O apóstolo Paulo usa a palavra adaptando para a tarefa apostólica dele. A comunidade
de Deus, as pessoas de Deus são a casa dEle que Ele constrói pelo trabalho desses que
Ele chamou à tarefa, Deus delega e confia o cargo de despenseiro e mordomos da
casa. Eles não são chamados para olhar seus próprios negócios domésticos. O pastor
possui funções essenciais que, quando bem realizadas, evidenciam qualidades de um
bom administrador e um bom mordomo da causa do Senhor.

2. Modelo de Administração de Jesus

Tenha um plano – Jesus tinha um plano e obedeceu a ele fielmente.

Esteja preparado – Jesus ensina-nos eficientemente a respeito do preparo, tanto por


meio de seu próprio exemplo como de seu ensino.

Escolha seus próprios colaboradores – Jesus, cuidadosamente, escolheu seus


discípulos e fez isso de maneira atenciosa. Um dos doze o traiu, mas quem de nós
teria a capacidade de escolher o empregado certo onze vezes em cada doze?

Para preencher um cargo-chave, elimine todos os obstáculos.

Ensine – O ensino foi marco da sua administração.

Dirija-se a cada um em particular – Jesus investia tempo com a formação e preparo


dos seus liderados.

Não negocie com os princípios inegociáveis – Jesus investiu tempo ensinando o


modo certo, insistia na maneira correta.

Cuide de sua programação – Jesus era extremamente organizado.

Enfrente a corrupção imediatamente – Jesus foi enérgico com os que estavam


fazendo da casa de Deus de casa de negócio e covil de salteadores. Ele sabia o que
estava acontecendo. Ele viu. Analise os fatos e, em seguida, aja! Não adie sua ação.
Acabe com o problema, acabe com o mal pela raiz e vá em frente.

Deixe tudo e descanse – Jesus demonstrou a necessidade de reservar tempo a sós


para orar e refletir. Identificamos Jesus valorizando o horário de dormir. Havia
algumas ocasiões em que todos os discípulos estavam acordados, mas Jesus dormia.

21
UNIDADE I | minitério pastoral

Teste seu pessoal – Jesus investiu no treinamento do seu grupo.

Pratique boas relações públicas – obtenha um bom apoio logístico.

Exerça a humildade – Jesus nobremente servia aos liderados, nem por isso perdeu
sua autoridade.

Seja agradecido.

Cuidado com os bajuladores.

Desencoraje a competição por posição.

Avalie os resultados – elogie, quando necessário, mas mostre que sabe onde
quer chegar.

Motive seus liderados – reserve momentos para estarem em confraternização.


Relacionamento era forte na liderança de Jesus.

Conheças as famílias de sua Igreja – Jesus mostrou interesse por famílias. Curou a
sogra de Pedro, repousou em casa de Zaqueu, esteve com Mateus, hospedou-se em
casa de Marta, Maria e Lázaro. Sorriu e chorou com eles.

Estabeleça prioridades – percebemos que Ele tinha tempo para tudo.

O pastor como professor


Os novos convertidos, em especial, devem ser discípulos do pastor. Os pastores que têm conseguido êxito
no ministério o alcançaram porque alimentaram seus cordeirinhos recém-nascidos.

Antes de o pastor recomendar o novo convertido para o batismo em águas, ele deve ter dado as
instruções necessárias.

Além de o pastor ensinar aos novos convertidos de forma responsável e contínua, a Igreja também espera
que, pelo menos uma vez por semana, ele seja professor de todos. Não existe maior bênção para o membro
de uma Igreja que reconhece que seu pastor é professor e pregador.

»» O pastor ensina verbalmente. Para isso ele deve preparar-se bem. Na pregação, ele pode
improvisar, mas no ensino a improvisação revela falta de preparação. Os estudos bíblicos
têm que ter sequência e continuidade.

»» O pastor ensina com o seu exemplo. Os crentes aprenderão por meio do exemplo que o
pastor lhe der. A contradição de muitos pastores é devido ao fato de eles ensinarem uma
coisa e fazerem outra.

22
minitério pastoral | UNIDADE I

O pastor como profeta


Muitos pastores esperam convidar um evangelista para que Deus lhes revele as enfermidades que existe
sobre sue rebanho. O pastor que atua assim não está realizando um trabalho completo para Deus. Se
algo vai mal com sua congregação, ele deve procurar a Deus, e, certamente, Deus lhe dará a revelação
do problema.

Alguns pastores gostam quando um pregador convidado prega exortando em sua Igreja. O profeta fala a
Palavra de Deus orientado pelo Espírito Santo, fazendo menção de eventos futuros, com clareza, tocando
profundamente os ouvintes.

O pastor como pacificador


Jesus disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9). Em
toda Igreja existem conflitos, os líderes lutam pelo poder e autonomia. Por isso o pastor tem de ser um
pacificador.

A causa do conflito na Igreja é algumas vezes o confronto entre a família do pastor e outra família.
Também pode ser entre um líder e outro líder. O pastor deve ser sábio, não se colocando do lado de sua
família, mas no meio das duas famílias. Se ele se deixar influenciar pelo parentesco, terminará pagando
por toda a confusão.

O fogo não pode ser combatido com fogo, mas, sim, com água. Quando uma congregação está atravessando
uma crise de poder, onde uns querem exercer toda a autoridade e outros apresentam resistência, é
necessário que o pastor seja objetivo e realista.

O pastorado é uma vocação divina. O homem que Deus chamou para ser encarregado e colocado nesse
trabalho não pode se amedrontar. Mas, para isso, necessitará da convicção de que jamais estará sozinho.
Não quero limitar o ministério pastoral aos homens somente; sei que Deus também chamou mulheres
para cargos de liderança. O mesmo Senhor Jesus Cristo ajudará o pastor ou líder, homem ou mulher, o
desempenhar triunfalmente o ministério recebido.

O pastor como servo


O Evangelho de Marcos, há muitos séculos, vem sendo chamado popularmente de

Evangelho do servo. Com efeito, os quatro Evangelhos propõem-se apresentar uma visão panorâmica
da pessoa, obra e grandeza de Jesus Cristo. É particularmente importante o fato de que Jesus Cristo, o
Bem Amado Filho de Deus e Salvador do mundo, se permita ser chamado de servo. Ele não veio a este
mundo para ser servido, mas servir e dar sua vida em resgate de muitos. Ao mesmo tempo em que Pedro
proclamou, no Dia de Pentecoste o senhorio de Jesus Cristo (Deus o fez Senhor e Cristo, At 2:36), a Bíblia
dedica todo um capítulo (Is 42) a consideração do ministério de Jesus Cristo, “O Servo do Senhor”.

23
UNIDADE I | minitério pastoral

Isaías 42

Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha
alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.

Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça.

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade
trará justiça.

Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas
aguardarão a sua lei.

Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra,
e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos
que andam nela.

Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te


darei por aliança do povo, e para luz dos gentios.

Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que
jazem em trevas.

Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei,
nem o meu louvor às imagens de escultura.

Eis que as primeiras coisas já se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que
venham à luz, vo-las faço ouvir.

Cantai ao SENHOR um cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra;


vós os que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele; vós, ilhas, e seus habitantes.

Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita; exultem
os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes.

Deem a glória ao SENHOR, e anunciem o seu louvor nas ilhas.

O SENHOR sairá como poderoso, como homem de guerra despertará o zelo;


clamará, e fará grande ruído, e prevalecerá contra seus inimigos.

O verdadeiro pastor há de ser, primeiramente, um verdadeiro servo. Para ser líder ou senhor, é necessário,
em primeiro lugar, disposição para aprender obedecer, a ser servo.

Deus disse a Isaac que Abraão havia sido seu servo, (Gn 26:24). Eis uma razão porque o Pai da fé pode
ser chamado amigo de Deus (Is 41:8b). A vida tumultuada de Jacó permitiu-lhe aprender sérias lições
da parte de Deus. Jacó a princípio não deu importância a uma vida de obediência, no entanto, quando
os anos de aventura se passaram, ele amadureceu e começou a servir a Deus mais fielmente, pelo que
Deus também o chamou de seu servo (Is 41:8a). A primeira mensagem que encontramos no livro de

24
minitério pastoral | UNIDADE I

Josué (Js 1:1) é a menção de Moisés, servo do Senhor. O povo queria atravessar o Jordão, precisava
santificar-se e obedecer plenamente a Deus e Deus lhes deu Moisés como modelo de obediência
e serviço.

Eli perdeu os privilégios espirituais, mas quando Deus começou a chamar Samuel, ele ensinou uma
verdade da qual Samuel jamais se esqueceu. Eli disse a Samuel que quando Deus o chamasse, ele deveria
atender, dizendo: “Fala, Senhor, porque teu servo ouve”. O grande líder Samuel foi primeiro um grande
servo. Deus deu ordens expressas a Natã a respeito do templo, a fim de que ele as transmitisse a “Davi,
meu servo”. Ao apascentar as ovelhas no deserto distante da casa de seu pai e da comunhão de seus
irmãos, Davi foi recebendo a comunicação espiritual de Deus que se tornou seu Senhor por toda a
vida (Sl 23:6).

Outros homens que a Bíblia menciona como servo de Deus: Elias (2 Rs 9:36); Jonas (2 Rs 14:25); Ezequias
(2 Cr 32:16); Jó (Jó 1:8); Isaías (Is 20:3); Daniel (Dn 6:20); Zorobabel (Ag 2:23); Simeão (Lc 2:19); Pedro
(2 Pd 1:1) etc.

Quando Paulo estava na cidade de Corinto e enviou uma epístola por Febe à Igreja na cidade de Roma,
esta foi a sua identificação: “Paulo, servo de Jesus Cristo...” Esta maneira de apresentar-se identificava o
verdadeiro espírito do homem de Deus. Quando o pastor se esconde no senhorio de Jesus, Deus mesmo
o exalta como quer.

Comparando os textos de Efésios 6:5-8 e Colossenses 3:22-25, tomamos um paralelo do servo comum
e encontramos algumas recomendações que se adaptam aquele que milita ao ministério do Evangelho.

»» O servo deve obedecer a seu Senhor (Ef 6:5; Cl 3:33)


»» O servo deve ter consciência de suas funções (Ef 6:5b; Cl 3:22b).
»» O servo deve procurar agradar seu Senhor (Ef 6:6; Cl 3:23).
»» O servo deve ter confiança na recompensa de seu Senhor (Ef 6:9; 2 Co 5:10).
Existem várias palavras gregas que se traduzem por servo em língua portuguesa as principais são as
seguintes: oiketes – um empregado doméstico, um serviçal do lar; doulos – um escravo, que não tem
direitos legais, é possuído por seu senhor; huperetes – um subordinado, pessoa que recebe missões
inferiores; diakonos – um servente, atendente, ministro.

Pensar em Teologia Pastoral é refletir também na necessidade da humildade na vida do obreiro, para
que sirva bem e seja aceito todo o seu trabalho pelo Senhor. Um dia cada ministro do Evangelho
encerrará sua tarefa aqui na Terra. Terá sido aprovado? (Rm 16: 10a) “Se o faço de boa mente, terei
prêmio” (1 Co 9:17). Deus nos ajude a todos, para que recebamos porção multiplicada de Sua graça e
de Seu poder, a fim de realizarmos a Obra que nos está proposta e alcancemos o fim da jornada, para
o encontro final com o Rei.

25
Capítulo 4
Preparação ministerial e vida devocional

O pastor e sua preparação ministerial


»» Preparação espiritual – o pastor não pode ser neófito, deve ter maturidade espiritual e
um caráter tratado por Deus – I Tm 5:22; Tt 1:5; Mt 4:19-20.

»» Preparação teológica – mesmo os obreiros leigos devem ser treinados adequadamente


para manejar bem as Escrituras, tendo conhecimento básico dos fundamentos de
fé cristã e princípios de liderança para o exercício de um ministério equilibrado com
embasamento bíblico – II Tm 2:15; Jo 5:39; Mt 22:29; Tito 2:7. Os obreiros que têm
oportunidade de fazer um curso teológico devem esmerar-se na leitura, na pesquisa
e na reflexão para aprofundarem no conhecimento e na graça de Deus: Não devem
tratar a Teologia apenas como uma disciplina acadêmica, mas como uma ciência divina
fundamental para nossa formação ministerial. Sl 139:6; Cl 2:2-3; I Tm 4:14-16; II Pd
3:18; Sl 119:105.

»» Preparação intelectual – é importante, para o pastor que deseja alcançar a Igreja de


Cristo e os perdidos, um conhecimento geral de assuntos que dizem respeito ao homem
moderno: seus problemas, crises, necessidades e anseios existenciais. A leitura de bons
livros, jornais, enciclopédias, almanaque etc. Se possível cursos que habilitem o pastor
tecnicamente a exercer sua função como: Administração, Psicologia, Pedagogia etc.

O pastor e sua vida devocional


»» Meditação na Palavra – esse é um princípio indispensável e fundamental. Josué 1:8; Sl
119:99. Deve ser um prazer, não uma obrigação religiosa. O ativismo, a preguiça, a falta
de disciplina levará o pastor ao relaxamento e a secura espiritual por falta de meditação.

»» Oração e Jejum – os grandes homens de Deus na história de Israel, na história da Igreja


e na história de missões, foram homens que cultivaram uma vida profunda de oração e
dedicaram-se ao jejum sistematicamente para se humilharem, buscarem a Deus de todo
coração e confrontarem os poderes das trevas como também mortificarem sua natureza
depravada. Sl 55:17; Dn 6:10; Pv 8:17; Gn 32:24-30; I Sm 15:10-11; Tg 5:17-18; Nm 1:4; Sl
5:1-3; At 6:3; 13:1-2; I Tm 2:1; I Sm 12:23; Sl 69:9-13; 109:24; Ester 4:15; Dn 9:3; At 14:23.

26
minitério pastoral | UNIDADE I

Vigília de oração também deve ser um princípio encarnado no ministério pastoral – Lc


6:12; I Sm 15:10-11; I Ts 3:10; II Co 12:27. Os grandes avivamentos em Israel e na história
da Igreja são precedidos de muita oração, jejum e vigílias – II Cr 7:14; At 1:14.

“A oração é o nervo delgado que move o músculo da onipotência.”

(J. Edwin Hartill)

“A maneira mais correta de orar é continuar orando.”

(John Hyde)

27
Capítulo 5
O sustento Pastoral

O pastor e seu sustento

No Antigo Testamento
»» Deus fez uma aliança com Arão e seus filhos, chamando-os para o sacerdócio, e com os
levitas para servirem no Tabernáculo e prometeu supri-los com dignidade – Nm 18:1-7,
11-20, 21-24; Dt 18:1-8.

»» Não teriam campos para plantar ou criar animais, apenas pequenas propriedades para
morarem e cuidarem dos animais entregues pelo povo como dízimo e ofertas – Nm
35:1-8; Js 21. Deviam dedicar-se inteiramente ao sagrado ministério.

»» Em Israel, quando povo deixava de trazer seus dízimos e ofertas, então os levitas e
sacerdotes deixavam o altar do Senhor e partiam em busca de trabalho em outras tribos
– I Cr 31:4-11; Nm 13:10.

No Novo Testamento
A perfeita vontade de Deus é que seus ministros se dediquem inteiramente ao ministério e vivam do
ministério – II Tm 2:4; I Co 9:7-14. O sustento pastoral é ordem divina na nova aliança, sob o pacto da
graça – I Co 9:14; Gl 6:6; I Tm 5:17,18; II Co 11:8 (por inferência).

Há dois extremos que não devem servir de modelo para o sustento pastoral.

»» As Igrejas e os ministérios que podem remunerar bem seus pastores e explorarem o


serviço sacerdotal, maltratando e oprimindo o pastor e sua família, privando-os de uma
situação financeira condigna.

»» Pastores que exploram suas Igrejas, exigindo um alto padrão de vida, administrando
egoística e ambiciosamente as finanças da Igreja cujo dinheiro é sagrado; e, deixando de
ajudar os pobres, as viúvas e os órfãos, os deficientes físicos e a obra missionária.

O pastor poderá trabalhar profissionalmente se quiser, porém o ideal é que consagre todo seu tempo ao
ministério com disciplina e santidade, pois o “pastorado é um emprego atraente para homens preguiçosos”
– Jaime Kemp.

28
minitério pastoral | UNIDADE I

O direito que tem o pastor ao seu salário


Há quem argumente que o ministro não deve receber ordenado porque Jesus disse: “De graça recebestes,
de graça dai”. (Mt 10:8).

Querer aplicar essa passagem contra o sustento pastoral é, além de torcer o sentido da Palavra, sentido
dessas palavras de Jesus referia-se aos dons gratuitos de Deus que Pedro disse a Simão, quando este
entendeu que podia comprar o dom do Espírito Santo. “O teu dinheiro seja contigo para a perdição, pois
cuidaste que o dom de Deus se alcança com dinheiro. (At 8:20)”.

Há ainda quem argumente que Paulo, o apóstolo que maior trabalho evangélico fez, para extensão
do Reino de Deus, trabalhou com suas próprias mãos para ausentar-se; nunca recebendo ordenado
de Igreja alguma e há quem cite as seguintes passagens: “Vós mesmos sabeis que para o que me era
necessário e aos que estão comigo, estas mãos me serviram (At 20:34). “Porém, eu de nenhuma destas
coisas usei e não escrevi isto para que assim se faça comigo, porque melhor me fora morrer do que
alguém fazer vã esta minha glória. Porque, se anuncio o Evangelho não tenho de que me gloriar, pois,
me é imposta esta obrigação: e ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho”. (1 Co 9:15, 16). “Nem de
graça comemos o pão de nenhum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos
pesados a nenhum de vós”. (2 Ts 3:8).

Efetivamente, Paulo não recebia ordenado de Igreja alguma, se bem que algumas vezes recebeu auxílio
monetário de alguns irmãos, como ele mesmo declara nestes textos: “Porque os irmãos que vieram da
Macedônia supriram a minha necessidade”. (2 Co 11: 9). “Quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja
se comunicou comigo em razão de dar e receber, se vós somente. Porque vós me mandastes duas vezes
ainda a Tessalônica o que me era necessário”. (2 Ts 4:16).

Paulo escreve para mostrar o direito que o ministro da Palavra de Deus tem ao seu sustento: “Quem
jamais milita a sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o
gado e não bebe do seu leite? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque
na Lei de Moisés está escrito. Porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que trilha deve trilhar
com esperança de ser participantes. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós
recolhamos as coisas carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, porque não mais justamente
nós? Mas nós não usamos deste poder. Antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao
Evangelho de Cristo”.

“Não sabeis vós que os que administram as coisas sagradas comem do sagrado? E os que de contínuo
estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o Evangelho
que vivam do Evangelho”. (1 Co 9:7-14).

Na epístola a Timóteo 5:17-18, o mesmo apóstolo mostra o direito que o ministro tem ao seu salário:
“Os anciãos que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que
trabalham na Palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: “Não ligais a boca ao boi que debulha. Digno
é o obreiro do seu salário”.

Se lermos Gálatas 6:6 encontramos ainda o mesmo argumento de Paulo e o que é instruído na Palavra
reparta de todos os bens com o que o instruiu.

29
UNIDADE I | minitério pastoral

“Não resta a menor dúvida que o ministro da Palavra de Deus tem direito de ser sustentado pelo povo
a quem ele instrui. Nesse sentido, argumenta o apóstolo muito bem, quando diz: “Se vos semeamos as
coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?

Assim ordenou o Senhor aos que anunciam o Evangelho. (1 Co 9:11-14)”.

Deve ter sido uma grande vergonha para os Coríntios quando Paulo lhes escreveu:

“Outras Igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário e quando estava presente convosco e
tinha necessidade, a ninguém fui pesado, porque os irmãos da Macedônia supriram a minha necessidade.
E em tudo me guardei e guardarei de vos ser pesado e ainda me guardarei.” (2 Co 11:8-9).

De que modo deve ser sustentado o pastor


O ministro deve ganhar de forma a poder ter uma vida independente, sem ser forçado a tomar dinheiro
emprestado para satisfazer os compromissos urgentes da vida. Ele precisa manter a sua vida com decência,
até mesmo para a honra da Causa que representa.

Cada crente deve tomar parte na manutenção do seu pastor – o rico segundo a sua riqueza; o pobre
segundo a sua pobreza.

Na antiga dispensação, Deus determinou um meio prático para o sustento do ministro, de forma que o
rico e o pobre tinham de contribuir na exata proporção de seus recursos. Esse meio foi o dízimo, como se
vê em Lv 27:30-32. “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores são
do Senhor, no tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo
será santo do Senhor”.

Os levitas não tinham herança, para que se pudessem ocupar exclusivamente do trabalho de Deus, e,
por isso, recebiam os dízimos que lhes eram oferecidos pelos israelitas: “E eis que aos filhos de Levi
tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo seu ministério que administra, o ministério da
congregação... e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.” (Nm 18:21-23).

Se cada crente entregasse o dízimo, não haveria falta para o sustento pastoral em nenhuma Igreja
Evangélica, podendo ainda as Igrejas aumentar o número do seus pregadores. É claro que o dízimo não
tem apenas a função de remunerar os obreiros.

De onde o ministro deverá receber o seu salário, da Igreja e de subscrições promovidas para esse fim?
Da Igreja, evitando ainda que ele tenha maior consideração para com aquele que dá a maior parte do seu
salário, com receio de lhe ser cortada uma parte de seus vencimentos.

O fato de o pastor ser pago diretamente pela Igreja dá-lhe completa liberdade de agir para com todos os
membros igualmente.

30
minitério pastoral | UNIDADE I

As vantagens de a igreja sustentar o seu pastor


Além de um grande privilégio, deve ser também um grande ideal da Igreja manter o seu pastor. Isso, além
de ser um grande sinal de vida, dá-lhe verdadeira importância diante de outras Igrejas e até mesmo diante
de uma sociedade culta e inteligente.

Um pastor que é mantido pela Igreja dedica todo seu tempo a ela e serve de grande animação ao trabalho
que lhe está confiado. Muitos trabalhos evangélicos têm permanecidos fracos, sem o menor sinal de
progresso, alguns até tem se acabado, simplesmente por falta de um pastor que disponha do tempo
necessário para visitar o povo, pregar e, enfim, fazer tudo quanto é necessário para o seu desenvolvimento.

Uma Igreja que mantém o seu pastor sabe dar a maior importância ao seu trabalho e parece até que o ama
mais, pois é uma regra natural e geral que aquilo que nos custa sacrifício é que sabemos estimar melhor e
conservar. Tenhamos como exemplo a fortuna que é ganha com verdadeiro labor e a que não custa o suor
de seu dono. Enquanto aquele perdura por gerações sucessivas, esta parece que toma asas e voa.

Poderia enumerar muitas outras vantagens, mas, para concluir esta parte, basta dizer-lhe que a Igreja
que sustenta dignamente o seu pastor está garantida para manter o seu trabalho, pois ele, com os seu
espírito descansado das lutas para manutenção da vida material, consagra-se melhor a Deus para o
serviço de sua Igreja.

Há vantagens para o pastor em ser sustentado pela igreja


Como para a Igreja é um privilégio sustentar o pastor, para este deve ser igualmente um privilégio ser
sustentado por ela, pois isso deve dar-lhe a convicção de que seus serviços estão sendo apreciados e
estimados pela Igreja.

Não é desonroso para um pastor receber salário da Igreja, uma vez que, como diz Jesus: “digno é o
trabalhador do seu alimento”, Mt 10:10. Fica, portanto, estabelecido o equilíbrio da responsabilidade
mútua entre o pastor e a Igreja. A Igreja não lhe paga o salário como um favor, nem os serviços do pastor
podem ser tomados como um favor feito à Igreja.

Trabalhar é um dever do pastor, portanto, a Igreja lhe paga; pagar é um dever da Igreja porque o pastor
trabalha e consagra assim o seu tempo, a sua pessoa à Igreja.

Como seria uma humilhação para o pastor receber salário sem trabalhar, assim também deve ser uma
humilhação para a Igreja ter o serviço de um pastor sem lhe pagar o seu salário, salvo se a Igreja é muito
pobre. Nesse caso, não se trata de humilhação, estabelecendo-se em tão a gratidão recíproca.

Quando o pastor recebe seu salário da Igreja, compenetra-se mais de sua responsabilidade de trabalhar,
visto que a ideia de favor tem desaparecido. Ele não trabalha mais porque lhe pagam os seus serviços,
porém, porque a sua responsabilidade torna-se maior.

31
UNIDADE I | minitério pastoral

O pastor que é pago pela Igreja ficam com o tempo necessário para estudar e com o seu Espírito
descansado para consagrar-se melhor a Deus. Pode ainda gastar mais tempo em visitar e cuidar de todas
as necessidades de seu rebanho.

Concluímos, então, afirmando que o sustento pastoral, além de ser um direito do pastor é um dever e
privilégio da Igreja, é, ainda, uma grande bênção tanto para o pastor quanto para a Igreja.

32
Capítulo 6
Administração do tempo

O Pastor e a administração do tempo


É de fundamental importância que o pastor use seu tempo adequadamente com sabedoria e santidade –
Ef 5:14-17; Pv 24:30-34.

“A maneira como ele usa as horas disponíveis, destacadas horas de trabalho, de


sono, de refeições, fará dele uma pessoa medíocre, ou uma celebridade.”

“Minutos e horas podem ser transformadas em vida abundante e rica.”

(Oswald Sanders)

No século em que vivemos, é necessário um planejamento diário semanal, mensal e anual de atividades,
compromissos, folgas e férias para um melhor aproveitamento do tempo e das oportunidades.

Moisés considerava o tempo tão precioso, que orava no sentido de aprender a contá-lo dia a dia, e não
ano a ano (Sl 90:12).

Alguns inimigos da má administração do tempo:


»» Ativismo – Lc 10:38-42.
»» Falta de planejamento, alvos e ideias – Lc 14:28-32.
»» Preguiça e acomodação – Pv 6:6-11.
»» Relaxamento nos compromissos – Rm 12:11.
»» Compromissos assumidos fora da vontade de Deus – Pv 3:5-6.

Prioridades do uso do tempo


»» Devocional –por meio da leitura da Palavra, oração e a adoração.
»» Família – esposa e filhos
»» Ministério
»» Compras pessoais
»» Lazer
33
UNIDADE I | minitério pastoral

Administração do Tempo

“Ponha as primeiras coisas em primeiro lugar e teremos as segundas a seguir;


ponhas as segundas coisas em primeiro lugar e perdemos ambas.”

(C. S. Lewis.)

“Que insensatez temer o pensamento de desperdiçar a vida de uma só vez, mas


por outro lado, não ter nenhuma preocupação em jogá-la fora aos poucos.”

(John Howe)

Aspectos fundamentais
Bons administradores devem saber administrar o tempo.

São tarefas realizadas por um líder eclesiástico:

»» as inúmeras e cobradas visitas pastorais nos lares;


»» reuniões com os obreiros;
»» reuniões para discussões sobre os planos de trabalho;
»» tempo para a família;
»» quatro ou cinco sermões semanais;
»» estudos bíblicos, cada um com uma média de duas a três horas de preparação;
»» o boletim semanal;
»» compromissos para falar em outras Igrejas;
»» casamentos, funerais;
»» colocar em dia a leitura;
»» visitas aos hospitais, algumas prioritárias (especialmente os idoso) etc.
Existe uma grande diferença entre estar ocupado e ser produtivo, pois existem muitas pessoas se esgotando
de trabalhar e não conseguem progresso algum, enquanto outros, com menos esforço, atingem seus
objetivos e são bem sucedidos.

Muitas vezes para alcançarmos o sucesso, somos levados a sacrificar nossa família, o lazer e, às vezes, até
a saúde.

Normalmente, usa-se a palavra workaholic, expressão americana que teve origem na palavra alcoholic
(alcoólatra), que denota uma pessoa viciada em trabalho.

34
minitério pastoral | UNIDADE I

Características de um workaholic no ministério pastoral:

»» Trabalha mais que onze horas.


»» Almoça trabalhando.
»» Não tira férias de vinte dias, há três anos.
»» Encontra-se perpetuamente insatisfeito.
»» Acha que trabalha mais que os outros.
»» Fala ao telefone mais de uma hora por dia (13% do dia).
»» Avalia as pessoas pelo seu aspecto profissional e, depois, pelo pessoal.
Sintomas prováveis de um workaholic:

»» Ambiente tenso no lar.


»» Sensação de fracasso pessoal.
»» Dificuldades financeiras.
»» Exigência de um padrão de vida sempre superior, ou melhor.
Para vencermos o título de workalolic, necessitamos nos organizar melhor em relação ao tempo e, dessa
forma, conhecer os tipos de “ladrões ou desperdiçadores de tempo”, e como podemos resolvê-los.

Mas o que significa Tempo, segundo Jeremiah Burroughs:

Esteja certo de seu chamado para todo empreendimento que você tiver à frente. Mesmo
que seja o menor empreendimento, esteja certo de seu chamado. Então, com o que
for que se encontrar, você pode aquietar seu coração com isto: eu sei que onde Deus
gostaria que eu estivesse. Nada no mundo aquietará o coração tanto quanto isto: quando
me encontro com alguma cruz, eu sei que estou onde Deus gostaria que eu estivesse,
em meu lugar e em meu chamado: estou no trabalho que Deus estabeleceu para mim2.

Segundo Efésios 5:16, devemos caminhar “remindo o tempo” e “fazendo o melhor de cada oportunidade”.

Assim como a nossa vida pertence a Deus, nosso tempo também Lhe pertence.

Deus nos permite usar nosso tempo para ganharmos o nosso sustento, nosso descanso, para recreio e
todas as demais atividades da vida.

No entanto, Deus exige de nós para o Seu serviço um dia em sete, onde a guarda do domingo não é
coisa facultativa.

2 Em The Rare Jewek of Christian Contentment, Edinburgh, banner of Truth, reimpressão, 1964 (primeira publicação em
1648. p. 217.

35
UNIDADE I | minitério pastoral

Devemos observar o shabbath do Senhor e quem não o faz está usando um tempo que não lhe pertence.

Sempre quando o povo israelita quebrava o shabbath, entrava em outros pecados e caía em um período
de decadência.

No entanto, devemos nos organizar de modo que possamos dar o máximo possível do nosso tempo
às coisas espirituais e de valor permanente, e o mínimo indispensável às coisas materiais e de valor
transitório. Façamos de cada minuto disponível uma oportunidade para glorificar a Deus3.

Mitos sobre administração do tempo


»» Quem administra o tempo, torna-se escravo do relógio.
A verdade: quem administra o tempo coloca-o sob controle, torna-se senhor dele, e
quem não o administra torna-se escravo dele.

»» A gente só produz mesmo, ou então só trabalha melhor, sob pressão.


A verdade: a pressão serve para racionalizar a preguiça, a indecisão, a tendência à
procrastinação, mas quem se prepara ao longo do tempo, com calma e sem pressões,
colhe frutos melhores.

»» Administrar o tempo é algo que se aplica apenas à vida profissional.


A verdade: em nossa vida pessoal e familiar, existem muitas coisas que são deixadas de
lado por falta da administração de nosso tempo.

»» Ter tempo é questão de querer ter tempo.


A verdade: não basta somente querer ter tempo para ter tempo, mas é preciso também
querer o meio indispensável de obter mais tempo – e esse meio é a administração do tempo.

O tempo desperdiçado
Quem desperdiça o tempo prejudica a si mesmo, a sociedade, a Igreja, o meio em que vive, o seu próximo
e a sua família.

Provérbio antigo: “Não me tires aquilo que não me podes dar”.

Maneiras de esbanjar o tempo precioso que Deus nos entrega:

»» Falta de planejamento.
»» Telefonemas.
3 Cf. em Lições de Mordomia por Walter Kaschel – Editora Betânia.

36
minitério pastoral | UNIDADE I

»» Distrações.
»» Visitas inesperadas.
»» Tarefas inacabadas ou falta de disciplina no cumprimento da agenda.
»» Falta de definição clara de objetivos na execução das tarefas.
»» Falta de delegação ou centralização de poder.
»» Excesso de compromissos.
»» Incapacidade de dizer “não”.
»» Menosprezo de prioridades e cobranças em certas atividades.
»» Cobrança incompleta e descontínua.
»» Fragmentação e superficialidade.
»» Excesso de reuniões (algumas desnecessárias) e burocracia interna.
»» Indefinição de prioridades.
»» Má utilização dos recursos (telefone, fax, computador, internet).
»» Mesa entulhada ou desorganização pessoal.
»» Arquivamento ineficiente.
»» Procrastinação.
»» Conversas fúteis e inúteis (I Co 15:33; Pv 20:19).
»» Leituras sem proveito (Tm 4:13; Sl 119:18).
»» Atividades não essenciais: tempo demasiado em passeios, brinquedos, jogos e outras
atividades sociais.

»» Matando o tempo: sem fazer nada de útil e produtivo.

Otimização do tempo
Seguem algumas sugestões para atitudes e comportamentos para otimização de nosso tempo.

»» Planejamento – cada hora dedicada em planejamento eficaz poupa três ou quatro horas
na concretização.

»» Organização – manter as coisas em ordem e em dia.

37
UNIDADE I | minitério pastoral

»» Delegação – considerada a chave da administração eficaz, pois atribui tarefas para outras
pessoas, liberando o tempo para tarefas mais importantes (At 6).

Benefícios da delegação:
›› facilita o trabalho do pastor;
›› aumenta a produtividade;
›› dá oportunidade a outros de desenvolver a capacidade de liderança;
›› dá ao líder mais tempo de desenvolver sua vida espiritual;
›› permite ao líder se dedicar mais no ministério da oração e da Palavra.

»» Telefone – usado para minimizar deslocamentos desnecessários.


»» Comunicação – a linguagem simples, concisa e isenta de ambiguidade assegura uma
boa compreensão e evita mal-entendidos.

»» Tomada de decisões – deve ser precisa e baseada em informações seguras.


»» Concentração – deve buscar-se um tempo mínimo anterior à ação.

Soluções práticas para a economia do tempo

»» Estabeleça metas: anuais, mensais, semanais e diárias.

»» Programe suas tarefas e atividades da semana e do dia, em função


dessas metas.

»» Faça as coisas em ordem de prioridade.

»» Saiba onde seu tempo é realmente empregado.

»» Estabeleça data e hora para início e fim de cada atividade.


›› Elimine desperdiçadores de tempo.
›› Utilize uma agenda ou um calendário de reuniões.
›› Crie uma lista de afazeres.
›› Organize as tarefas.
›› Organize seu acesso com rapidez de informações usadas com frequência.

Outras recomendações para o bom uso do tempo


a. Seja Metódico – o indivíduo que tem métodos vive duas vezes mais.

b. Seja Pontual – a pontualidade faz parte da mordomia do tempo.

c. Seja Equilibrado – dar tempo às coisas na proporção do seu valor.

d. Sirva – o tempo mais bem empregado é aquele que gastamos em favor de outrem.

38
minitério pastoral | UNIDADE I

Dicas para a realização de reuniões criativas


»» Só convoque uma reunião quando totalmente indispensável.
»» Estabeleça os objetivos.
»» Elabore uma pauta, fixando tempo para cada assunto.
»» Coloque só as pessoas às quais o assunto interessa.
»» Mantenha o rumo da discussão.
»» Sintetize as conclusões.
»» Faça o acompanhamento de todas as decisões tomadas.

Critérios de classificação das tarefas e compromissos


São aspectos primordiais para evitarmos os desperdícios de tempo, pois existem tarefas importantes e não
urgentes; importantes e urgentes; nem importantes e nem urgentes.

Tabela: Critérios de Classificação:


URGENTE NÃO URGENTE
»» Crises maiores. »» Preparação.
»» Pressão dos projetos. »» Planejamento.
IMPORTANTE »» Limite crítico no projeto. »» Prevenção de crises.
»» Emergências familiares. »» Criando relacionamento.
»» Desastres naturais. »» Manutenção.
»» Interrupções. »» Dia a dia.
»» Alguns e-mails e »» Alguns e-mails e telefonemas.
telefonemas.
NÃO IMPORTANTE »» Algumas reuniões.
»» Algumas reuniões.
»» Pressão nos projetos devido à
»» Pressão nos projetos devido proximidade dos prazos.
à proximidade dos prazos.

Conforme Gn 5:22, a Bíblia afirma que Enoque “...viveu trezentos anos...” , sem desperdícios, mas investiu
tempo para andar com Deus.

39
Unidade II
Relacionamento Social
Capítulo 7
Vida social e comunicação

“O valor de uma vida não é calculada pela sua duração, mas por sua doação; não
importa quanto vivemos, mas, sim, a integralidade e a qualidade de nossa vida.”

(William James.)

“Todos fomos dotados com tempo suficiente para desempenhar integralmente a


vontade de Deus, e cumprir seus planos perfeitos para nossa vida.”

(J. Oswald Sanders)

O pastor e sua família


O ministério pastoral começa no lar, com a esposa e os filhos, esse pequeno rebanho é importantíssimo
aos olhos de Deus, da Igreja e da sociedade. Deus ama profundamente a todos os seres humanos, e a
família do pastor também é amada pelo Senhor da Igreja. Deus tem interesse não só no pastor, mas na
sua família. Quando o Senhor fez uma aliança com Abraão Ele prometeu abençoar “todas as famílias da
terra” – Gn 12:3.

O pastorado é um reflexo direto da vida familiar e deve ser levado a sério, com amor, abnegação e
sobriedade – I Tm 3:4-5; 5:8; I Sm 2:22-25, 27-30.

Há pastores que precisaram abandonar o ministério devido a problemas familiares. Outros, nas situações
mais difíceis e adversas do ministério, têm recebido apoio e ajuda de sua família e têm conseguido
sustentar-se.

Alguns pontos de tensão no lar:

»» Falta de atenção e diálogo do pastor com a esposa e os filhos – Dt 6:1-9; Cl 3:18-21;


Amós 3:3.

»» Sexo no lar – I Co 7:3-5; Ct 4:1-5,10-15; Hb 13:4.


»» Finanças – I Tm 6:7-12.
»» Relacionamento com os familiares – Ef 5:31; Hb 12:14-15.15; Rm 12:18.

»» Relacionamento com amigos e pessoas da Igreja, ciúmes – I Ts 5:22 (pode ser do mesmo
sexo ou do sexo oposto).

43
UNIDADE II | Relacionamento Social

»» Pressuposições Teológicas – Ef 4:1-6 (unidade do Espírito pelo vínculo da paz).


»» Influência da TV – Mt 6:22-23
»» Relaxamento no culto doméstico.
»» Falta de cooperação nas tarefas domésticas – Ec 4:9-12; Gl 6:2
»» Falta de perdão – Cl 3:13

O pastor e as relações humanas na família


»» Psicologia do homem e da mulher – para viver em harmonia com qualquer pessoa
a condição indispensável é conhecê-la bem, a fim de poder sentir como ela sente e
“colocar-se no lugar dela”.

»» Namoro e noivado – período para os candidatos se observarem e conhecerem melhor,


pois uma coisa é passear conversando e namorando, outra coisa é enfrentar as alegrias e
decepções de toda uma vida matrimonial.

»» Casamento e vida conjugal – é, às vezes, depois de muitas atritos e discussões que


o casal chega a uma situação de harmonia na qual há sacrifícios recíprocos, mas na
qual há também divisão de alegrias; infelizes são os que procuram fazer do casamento
eterna lua de mel; são, geralmente, moças que pensaram encontrar no noivo o Príncipe
Encantado; não poucos são os que, procurando encontrar uma Cinderela, percebem
que só conseguiram uma mulher com qualidades e defeitos. A verdadeira felicidade
consiste em aceitar a realidade e procurar adaptar-se a ele.

O pastor e as relações humanas na igreja


I Tm 4:12 nos diz: “Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.

Destacaremos quatro pontos importantes na nossa convivência na Igreja.

»» Nosso testemunho pessoal – qualquer trabalho sem testemunho não tem nenhum valor.
›› testemunho no comportamento dentro Igreja;

›› testemunho no traje – cristãos devem usar roupas em harmonia com o tempo e o


lugar. Suas roupas devem ser de bom gosto e não sujeitas a críticas de moral;

›› testemunho na atitude de serviço.

»» Nossa atitude para com o Pastor e os oficiais – não podemos esquecer que somos
apenas cooperadores e que o pastor é o líder. Devemos respeitá-lo e aceitar a sua direção.
Não desviar o respeito dos crentes e sua atenção para o nosso serviço.

44
Relacionamento Social | UNIDADE II

»» Nossa atitude para com os crentes em geral deve ser esta.


›› tratar todos com o mesmo sentimento de respeito e consideração, não fazendo
acepção de pessoas;

›› quando visitar os lares, tomar muito cuidado com o fuxico, até em ouvir pode haver
complicações;

›› cultivar o amor fraternal para com todos, ajudando sempre os mais necessários.

»» Postura na Igreja
›› Não devemos conversar, trocar impressões ou falar alto durante a cerimônia religiosa.

›› Aprenda a ser amável com os que visitam sua Igreja.

›› Seja receptivo aos novos integrantes ao rol de membros.

O pastor e as relações humanas na sociedade


Não podemos esquecer os preciosos ensinos do Senhor Jesus sobre a nossa sociedade. Atos l:8 –“Ser- me-
eis testemunhas”, Mt 5:13-14 – “Vós sois a luz do mundo”.

Na sociedade, devemos agir como testemunhas do Senhor Jesus Cristo, servindo de sal e iluminando por
meio da nossa vida o caminho para o pecador encontrar-se com o Senhor Jesus.

»» Para mantermos boas relações humanas na sociedade, devemos evitar:

›› namorar com pessoas descrentes;

›› participar de festividades fora do contexto cristão, onde o nosso testemunho vai ficar
obscurecido;

›› tomar dinheiro emprestado;

›› dar expansão ao nosso gênio na presença de pessoas descrentes;

›› comentar problemas de Igreja no meio das pessoas descrentes;

›› ferir a religião, zombando dos ensinos errados ou comentando algum erro da vida
dos chefes religiosos.

»» Como devemos agir na sociedade:


›› Manter sempre equilíbrio no nosso testemunho (no vestir, no andar, no falar).

›› Manter boas amizades, com o alvo de sempre guiar os amigos a conhecer o seu grande
amigo – O Senhor Jesus Cristo.

›› Participar de eventos cívicos com o cuidado, dando bom testemunho cristão.

45
UNIDADE II | Relacionamento Social

Comunicação

Objetivos para uma boa comunicação


»» Considere que os atos falam mais alto que as palavras; a comunicação não verbal é
geralmente mais poderosa que a verbal. Evite “mensagem dúbias” em que as mensagens
verbais e não verbais transmitam ideias contraditórias.

»» Defina o que é importante e enfatize; defina o que não é importante e tire a ênfase ou
ignore. Evite as críticas.

»» Cuidado ao falar: expresse-se de maneira a mostrar respeito pelo valor da outra pessoa
como um ser humano. Evite declarações que comecem com as palavras “Você nunca...”

»» Seja específico e claro em sua comunicação. Evite a indefinição.


»» Seja razoável e realista e em suas afirmações. Cuidado com os exageros e sentenças que
comecem com as palavras “Você sempre...”

»» Teste todas as suas suposições verbalmente, perguntando se estão corretas. Evite agir até
que tenha feito isto.

»» Reconheça que cada acontecimento pode ser visto de vários pontos de vista. Evite supor
que as outras pessoas veem as coisas do mesmo modo que você.

»» Reconheça que os membros de sua família e seus amigos o conhecem bem e ao


seu comportamento. Evite a tendência de negar as observações deles sobre você –
especialmente se não estiver certo.

»» Identifique que as dissensões podem ser uma forma significativa de comunicação. Evite
os argumentos depreciativos.

»» Seja sincero e aberto sobre os seus sentimentos e pontos de vista. Traga à luz todos os
problemas importantes mesmo que tema que isso possa perturbar outra pessoa. Fale a
verdade em amor. Evite o silêncio mal-humorado.

»» Preocupe-se mais com o efeito de sua comunicação sobre outros do que com aquilo que
pretendia comunicar. Evite ressentir-se no caso de ser mal compreendido.

»» Tenha tato, consideração e cortesia com relação aos outros. Evite tirar proveito dos
sentimentos alheios.

»» Faça perguntas e ouça atentamente. Evite pregar ou fazer palestras (na comunicação).
»» Não use de subterfúgios. Procure não cair nas desculpas dadas por outros.

»» Identifique o valor do humor e da seriedade. Cuidado com a zombaria destrutiva.

46
Relacionamento Social | UNIDADE II

Envolvimento
Para realizar um bom envolvimento, deve-se realizar as seguintes ações.

»» Mostrar respeito pelos aconselhados.


»» Compreender as posições sem tomar partido abertamente.
»» Apoiar as pessoas e dar-lhes esperança, caso sinta liberdade.
»» Encorajar a comunicação aberta e o interesse mútuo em ouvir.
»» Encorajar as pessoas a serem específicas.
»» Identificar as coisas que podem ser mudadas.
»» Cuidar para impedir que o conflito se agrave e que a comunicação seja interrompida.
»» Retomar com frequência a situação e as posições.
»» Caso a sua mediação não pareça estar dando resultado, encorajar a busca de ajuda de
outros profissionais.

Como impedir as relações interpessoais negativas

»» Os ensinos bíblicos relativos aos bons relacionamentos.


»» Um andar diário com Jesus Cristo, oração, estudo das Escrituras, confissão de pecado e
disposição para buscar e seguir a orientação divina.

»» Compreensão do conflito e prática das táticas que induzem a sua redução.


»» As diretrizes para a comunicação eficaz.
»» A redução, o impedimento ou a eliminação de pressões ambientais que produzam conflito.

47
Unidade III
Dimensão Ministerial
Capítulo 8
Ofícios ministeriais

Bispos, pastores e presbíteros


Da Terminologia: At 20:17,28; Tt 1:5-8; Tm 3:1-7; I Pd 5:1-4.

Bispos – episkopoi, episkopos – supervisores, superintendentes. Em I Pd 2:25 – bispo no sentido


etimológico é de: “alguém que olha por outros”, não denotando necessariamente um cargo numa estrutura
hierárquica. Aqui especificamente aplicado a Cristo, e ao lado de pastor, significa “guardião”, “aquele
que cuida e supervisiona”. Nas epístolas pastorais, a responsabilidade de um bispo é muito abrangente.
Como líderes cristãos são responsáveis pelas relações externas da Igreja, exercem ministério de ensino e
apascentamento, têm autoridade para disciplinar membros. Presidem sobre os negócios da Igreja como
um pai cuida de sua família e do seu lar.

Presbíteros – (anciãos – At 11:30; 15.2) presbyteroi. Os termos episkopoi e presbyteroi são parcialmente
intercambiáveis – At 20:17 e 28; 11:30 e 15:2; Tt 1:5 e 7; I Tm 3:1 e 5:17.

Pastores e mestres – Segundo Dewey M. Mulholland (s/d, p.92), esses dois termos referem-se à mesma
pessoa uma vez que no original aparece apenas um pronome para os dois. A gramática grega, portanto,
implica que o pastor seja também mestre. O pastor pode ter talentos para administrar a Igreja ou granjear
fundos para a obra de Deus, mas se não é “apto para ensinar” não tem autorização bíblica de reivindicar
o título de “pastor”.

Pastor – poimen. Ef 4:11, é usada 18 vezes no NT. João 10:11 (Hb 13:17 – vigiar). Apascentadores, guias,
líderes, guardião, supervisores.

Em Atos 20:28 – bispo... pastoreardes – I Pd 5:1-2 – Presbíteros... pastoreai. Bispos, Presbíteros e Pastores
são invariavelmente tratados como sendo o mesmo ofício.

Em Atos 20:28 – os presbíteros no verso 17, e os bispos do verso 28 são instruídos a pastorear (no grego
poimano) a Igreja de Deus.

Em I Pd 5:1-2 – Pedro exorta os presbíteros a pastorear o rebanho de Deus (apascentar na


versão Trinitariana).

Em Ef 4:11 – Paulo escreve para a Igreja de Éfeso que Cristo concedeu dons à Igreja (universal), e entre
esses dons está o de pastor (poimen), cujo propósito é aperfeiçoar os santos e edificar a Igreja.

51
UNIDADE III | Dimensão Ministerial

Portanto, Bispos, Presbíteros e Pastores são termos diversos para o mesmo ofício, assim como santos e
crentes e irmãos são termos diferentes para o mesmo corpo de cristãos.

Segundo Dr. Russel Shedd, há vários aspectos do pastorado no NT que podem ser percebidos com os
títulos usados para indicar o papel do líder humano da Igreja.

a. Pastorear – deve arrebanhar e não espalhar.

b. Atender ou cuidar, Bispo – deve reger como participante.

c. Ancião ou Presbítero, com ideia de patriarca, pai de família – I Tm 5:17-25, com ideia
de quem é experimentado e tem capacidade de admoestar ou encorajar – I Co 4:14-21.

d. Despenseiro, Administrador, deve ser fiel na sua função (no que não lhe pertence) – I
Co 4:1-5.

e. Líder, guia, responsável pelas almas daqueles que os seguem – Hb 13:7-17.

A Igreja e seus dirigentes


a. Presbíteros e Diáconos: as únicas funções na Igreja

1. Presbíteros – 1 Tm 3:1-7; Tt 1:5-9.

2. Diáconos – 1 Tm 3:8-13.

b. Presbíteros

1. Presbítero, ancião ou pastor são as mesmas pessoas – Fp 1:1; At 20:28; 1 Pd 5:2; At


20:17-28; Tt 1:5-7; Ef 4:11; At 20:28; 1 Pd 5:1-2.

2. Presbítero é título, supervisão é trabalho.

c. Deveres dos presbíteros

1. Alimentar o rebanho – 1 Pd 5:2; Hb 13:7.

2. Dirigir a Igreja – 1 Pd 5:1-3; 1 Tm 5:17, 35; Hb 13:17.

d. Pluralidade dos presbíteros

1. Obedecê-los.

2. Dar-lhes primazia.

3. Alguns fazem trabalhos especiais – Hb 13:17; At 20:28; 1 Pd 5.

52
Dimensão Ministerial | UNIDADE III

e. Qualificação dos presbíteros

1. Pessoal – Tt 1:6; 1 Tm 3:2-3.

»» Positiva – Tt 1:8 – de bom proceder, amigo do bem, moderado, paciente, justo,


irrepreensível, santo, temperado.

»» Negativa – 1 Tm 1:3; Tt 1:7 – não atrevido, não soberbo, não vingativo nem
espancador, não dado ao vinho, não cobiçoso, não ganancioso, não obstinado,
hábil a aconselhar e ser aconselhado.

2. Social – 1 Tm 3:2; Tt 1:6-8

»» Marido de uma esposa – a restrição tem caráter imperativo.


»» Governe bem a sua casa.
»» Mantenha sob controle os filhos.
»» Seja hospitaleiro.
»» Seja de boa fama (1 Tm 3:7).
3. Espiritual – 1 Tm 3:26; Tt 1:7-9

»» Amante do bem – homens e coisas.


»» Maduro – não neófito.
»» Santidade pessoal – Tt 1:8.
»» Bom conhecedor das Escrituras Sagradas.
»» Apto para ensinar.
4. Racional

»» De boa vontade.
f. Os presbíteros e o ministério dos dons – Ef 4

1. Todos os ministros são presbíteros 1 Pd 5:1-2.

2. Nem todos os presbíteros são ministros de dedicação de tempo integral. Daí a


pluralidade. Compare 1 Tm 5:17-20.

g. A ordenação dos presbíteros – 1 Tm 4:14; Tt 1:5

1. Feitos ministros pelo Espírito Santo At 20:28.

2. Reconhecidos pela Igreja.

53
UNIDADE III | Dimensão Ministerial

h. Diáconos – At 6:3

A palavra diácono é tradução da palavra grega diakonos, que é o termo comum que se
traduz por “servo”, quando usado em contextos não eclesiásticos.

Os diáconos são claramente mencionados em Filipenses 1:1: “... a todos os santos em


Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos”. Porém não há detalhes
de sua função, só a indicação de que são diferentes dos pastores. Os diáconos também
são mencionados em 1 Tm 3:8-13 em uma passagem mais extensa:

Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis,


de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida
ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também
sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis,
exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres [ou “esposas”; a
palavra grega pode ter um desses significado], é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja
marido de uma só mulher, e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois
os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa
preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus (1Tm 3:8-13).

“Diakono” que significa “servo”. Há várias maneiras e “administração”. Muitas vezes ela é
usada para designar funções e trabalhos relacionados com as atribuições de um diácono,
como, por exemplo, o trabalho dos anjos em Mt 4:11, ou de Jesus Cristo em Mt 20:28, ou
o ministério geral da Nova Aliança em 2 Co 3:3.

Observando as referências e citações bíblicas, vamos apresentar alguns versículos que


apontem os requisitos de um verdadeiro diácono:

1. Qualificação – At 6:3

2. Eleitos – escolha ou seleção pela imposição de mãos.

3. Apontado pelo ministério – para se saber quem deve ser escolhido e que trabalho
pode se esperar um diácono, vejamos 1 Tm 3:8-13.

h.1. Qualificações

1. Qualificações morais

»» não de língua dobre 1 Tm 3:8


»» não dado ao vinho 1 Tm 3:8
»» não ganancioso 1 Tm 3:8
»» irrepreensível 1 Tm 3:10
»» submetido a provas (não um neófito) 1Tm 3:10

54
Dimensão Ministerial | UNIDADE III

2. Qualificações domésticas

»» marido de uma esposa 1 Tm 3:12


»» governe bem sua casa e seus filhos 1 Tm 3:12
»» a esposa do diácono deve ser:
1. séria (reverente)
2. não caluniadora ou maldizente
3. sóbria
4. fiel em tudo

3. Qualificações espirituais

»» cheio do Espírito Santo – At 6:3


»» cheio de sabedoria – At 6:3
»» sério (reverente) – 1 Tm 3:8
»» retendo o ministério da fé em uma consciência pura – 1Tm 3:9
h.2. O trabalho dos diáconos

O nome já diz muita coisa acerca do que se espera do diácono, pois define o que significa
“servo”. Está claro em 1 Tm 3:13, que alguns farão bom uso de suas funções ampliando
o campo de seu trabalho conforme está plenamente evidenciado no relato de Atos 6 e 7
quanto ao diácono Estevão.

a. servir, a tônica do significado – “ Servo”.

b. governar, como dão a entender suas qualificações em 1 Tm 3:12.

c. aliviar os pastores de tarefas materiais, executando-as – At 6:3.

d. um ministério na Palavra de Deus – 1 Tm 3:13.

i. Qualificações dos Ministros

1. Em suas relações com Deus

a. Fiel – 1 Tm 1:12 – A Bíblia afirma que Deus é fiel, 2 Tm 2:13; A Palavra de Deus
é fiel, 1 Tm 3:1; 2 Tm 2:11; O obreiro deve ser fiel para com Deus, para com a
doutrina que prega, para com a Igreja a que serve e para consigo mesmo. Ap 2:10.
A fidelidade deve ser até a morte.

b. Irrepreensível – 1 Tm 3:2; Tito 1:6-7; palavra que vem do grego anepiletos, ou seja,
uma conduta perfeita. 1 Co 1:8; 2 Pd 3:14. À medida que o obreiro vai necessitando
ser repreendido, vai igualmente perdendo a sua autoridade de repreender.

55
UNIDADE III | Dimensão Ministerial

c. Cuidadoso – Deus puniu severamente os líderes de Israel no tempo do Velho


Testamento pelo pecado de haverem negligenciado seus deveres. A falta de
cuidado levou a nação inteira à ruína.

O cuidado do obreiro é tríplice: a) “tem cuidado da doutrina” (1 Tm 4:16); b)


“tem cuidado do rebanho” (At 20:28); c) “tem cuidado de ti mesmo” (1 Tm 4:16).

d. Conhecimento da Bíblia – O obreiro necessita manejar bem a Palavra da Verdade


(2 Tm 2:15). Como podemos manejar uma arma que desconhecemos? (Tt 1:9). A
recomendação principal de Deus a Josué dizia respeito à Palavra de Deus.

e. Justo – Além da justificação que tem recebido da parte de Deus (Rm 5:1), o obreiro
necessita de um senso de justiça, para aprender a reger sabiamente a obra de Deus
(Tt 1:8). A Bíblia afirma que toda injustiça é pecado, mas é justo todo aquele que
executa a justiça (1 Jo 3:7).

f. Santo – Nosso Senhor Jesus Cristo é apresentado na carta aos Hebreus como o
sacerdote SANTO. Os obreiros, que estão ao seu serviço, devem igualmente ser
santos. Santidade fala de separação, consagração e submissão (Tt 1:8).

2. Em suas relações com o próximo

a. Hospitaleiro (1 Tm 3:2) – a palavra que vem do grego “philozenon”, ou seja, amor


aos estrangeiros. Isto fala do senso de amabilidade que o obreiro deve ter para com
todos, não negando a habitação de seu próprio coração, primeiramente, a quantos
o procuram. Em sentido lato, ele deve exercer a hospitalidade, como Abraão (Tt
1:8; 1 Pd 4:9; Rm 12:13).

b. Apto para ensinar (1 Tm 3:2) – todos esperam ouvir do obreiro a palavra de


ensino, inspirada por Deus (2 Tm 2:24). Pedro e os demais apóstolos propuseram
em seus corações dedicar-se ao ministério da Palavra e à oração. Se alguém falar,
fale segundo as palavras de Deus (1Pd 4:11).

c. Não espancador (1 Tm 3:33) – o pastor que espanca suas ovelhas perderá cedo
seu rebanho.

Ele deve ter suficiente inteligência e equilíbrio para saber a ocasião certa de aplicar
a disciplina às ovelhas faltosas, sem, no entanto, necessitar de espancamento
muito semelhante aos tempos da velha inquisição. Em alguns lugares, a porta da
graça para salvação está como que fechada, pois a graça não concorda uma obra
ministerial de sucessivos espancamentos. Ao invés de espancar, o pastor deve
tratar suas ovelhas feridas com bálsamo de Gileade.

d. Não contencioso (1 Tm 3:3; Tt 3:2) – o obreiro deve reconhecer o direito que os


membros da Igreja têm de exporem a sua opinião sobre determinado assunto,
sem ser necessário o espírito de contenda. Ao final, ele deve usar a autoridade do
Espírito para ensinar ao rebanho a verdade de Deus.

56
Dimensão Ministerial | UNIDADE III

e. Bom testemunho dos que estão de fora – o pastor deve ter uma vida limpa. Ainda
que o verdadeiro modelo seja sempre Cristo e Sua Palavra, certo é que os crentes
(e os ímpios também) acompanham a vida do pastor pelo que este deve estar em
constante oração e severa vigilância para não ser atraído pelos laços do inimigo e
desonrar o sagrado ministério.

f. Não iracundo (Tt 1:7)

3. Em sua vida privada e familiar

a. Marido e mulher – o obreiro necessita ser casado e, sendo, deve ser de uma só
mulher. Este princípio monogâmico Jesus estabeleceu em Sua Palavra; reafirmando
o que Deus decretara desde o primeiro casal (1 Tm 3:2; Tt 1:6; Mt 19:5).

b. Vigilante (1 Tm 3:2; 1 Pd 5:8).

c. Sóbrio – Isto é, moderado, discreto. O ministro deve saber ouvir, saber falar e
saber agir (1 Tm 3:2; 2 Tm 3:5; 1 Ts 5:6-8; 1 Pd 4:7).

d. Honesto (1 Tm 3:2) – Deve realizar negócios sempre sadios e com lisura.

e. Não dado ao vinho (1 Tm 3:2) – Ao ensinar lições sobre temperança, o ministro


deve também pregar com sua própria vida (Tt 1:7).

f. Não cobiçoso de torpe ganância (1 Tm 3:3; Tt 1:7). Isto fala do perigo de desejar
lucros desonestos, excessivos. O obreiro não pode usar de métodos escusos para
auferir vantagens pessoais.

g. Moderado – quer dizer, extremamente paciente, não precipitado em suas


decisões (1 Tm 3:3).

h. Não avarento (1 Tm 3:3) A palavra que vem do grego “aphilarguros”, que não é
amigo do dinheiro (Hb 13:5; Lc 12:15).

i. Que governa bem a sua própria casa (1 Tm 3:14) – um ponto fraco na vida de
muitos obreiros tem sido o governo do lar. Satanás não perde ocasião de tentá-lo.
Muitas vezes, o ministério do pastor é ameaçado pela personalidade impulsiva
de sua esposa que se torna uma pastora na Igreja. Às vezes, ela deseja exercer o
governo sobre a Igreja ou pelo menos sobre ele, o que é condenado nas Escrituras.
A esposa do ministro precisa devotar-lhe muita ajuda, compreensão e submissão,
para que o seu ministério não sofra e o inimigo não triunfe.

j. Tendo seus filhos em sujeição – outro ponto muito visado pelo adversário é a
família do obreiro. Desde os tempos de Eli que os filhos prejudicam o ministério.
Os cuidados principais têm de ser tomados na infância, enquanto a personalidade
se está formando, mas a vigilância e a intercessão nunca podem ter fim.

57
UNIDADE III | Dimensão Ministerial

k. Ser o exemplo – a vida exemplar do obreiro está descrita em minúcias em 1


Tm 4:12.

l. Idôneos (2 Tm 2:2) – há crentes que nunca amadurecem. Os tais não podem ser
conduzidos ao ministério.

m. Conserva-te puro (1 Tm 5:22).

n. Sofredor (2 Tm 2:3) – o ministro que não está disposto a sofrer, pode fazer o
rebanho sofrer. Faz parte do ministério o sofrimento (2 Tm 3:13)

o. Perseverança – o ministro não pode cansar em sua longa estrada. Tem de


perseverar, como homem de Deus, até aos dias finais de sua carreira (2 Tm 3:14).
Quando o combate terminar, ele será recebido pelo Sumo Pastor que na sua vinda
lhe concederá a coroa da Glória e de justiça.

Sejamos fiéis e perseverantes em nosso ministério, pois perto está o Senhor.

j. Os conflitos no ministério pastoral

Perigos e Tentações

a. Acomodação – I Tm 14:14; II Tm 1:6 / Formalismo e relaxamento – Ml 1:5-9; 2:1-9.

b. Poder e posição eclesiástica – III Jo 1:9-10; Jo 3:27-30; Mt 23:1-12; Fp 2:21; Mc 10:35-44.

c. Profissionalismo – I Co 13:2 “... sem amor NADA serei” principalmente aqueles que
não têm qualificação profissional, cursos técnicos ou superiores, e grau de escolaridade,
ou têm e fazem do ministério mais um emprego ou abraçam o ministério com uma
perspectiva profissional e não sacerdotal.

d. Fama, sucesso – Lc 6:26; 16:15b “O que entre os homens é elevado, perante Deus é
abominação” (Jimmy Swaggart).

e. Sexo – temor a Deus – I Co 10:23; Gn 39:7-14 (José, mesmo sendo vendido pelos
irmãos e sofrendo como escravo, foi fiel a Deus). II Sm 11 – Davi e a síndrome da
tentação sexual.

f. Dinheiro – I Tm 6:10; Jd 1:16; Ap 3:14-17. O dinheiro pode ser uma bênção ou uma
maldição no ministério pastoral, dependendo da motivação e dos critérios com os
quais são usados. O pastor é mordomo do tesouro da casa do Senhor, e como tal deve
administrá-lo com retidão, pureza e muita prudência. Algumas tentações perigosas
para o pastor relacionadas com finanças são estas.

»» Canalizar recursos para construção de suntuosas propriedades particulares, em


detrimento das necessidades prediais da Igreja local, das congregações e da obra
social e missionária.

58
Dimensão Ministerial | UNIDADE III

»» Aplicações financeiras dos recursos da Igreja na (sua) conta pessoal para usufruir
dos lucros dessa aplicação.

»» Emprestar dinheiro da Igreja a juros – Ex 22:25; Dt 23:19-20; Lv 25:35-37


(Sonegação final, usura, extorsão = agiotagem = crime).

»» Desviar dinheiro da Igreja para suas necessidades pessoais e familiares (Ef 4:28).
»» Manipular os crentes pobres por meio de doações e favores financeiros.
»» Supervalorizar os crentes ricos ou de boa situação financeira e/ou tratar os pobres
com indiferença – Tg 2:1.

»» Medir o sucesso do seu ministério ou de sua Igreja local pelo orçamento financeiro,
bens móveis e imóveis, valorizando as finanças e os bens de consumo acima das
pessoas, das vidas a serem pastoreadas.

»» Desviar recursos levantados em campanhas para outros fins que não sejam os
propostos pela campanha.

»» Fazer compras para Igreja, ou despesas acima do seu orçamento, deixando-a com
dívidas sem condições de pagamento, denegrindo a imagem do Evangelho e da
denominação diante dos comerciantes e do comércio. E para sair dessa situação
fazer pressão dolosa sobre o povo de Deus para levantar fundos para se livrar
dessa situação. Passos de fé na área financeira devem ser dados com muito
discernimento, prudência e direção do Espírito para não usarmos o nome de
Deus em vão. (I Jo 3:20-22)

g. Clericalismo ou sacerdotalismo – A formação de uma casta sacerdotal é perigosa e


não tem fundamento bíblico no NT. O ministério araônico e levítico já foram extintos
e na nova aliança a escolha é soberana e independente da origem familiar – Jo 15:16; I
Co 1:27-29. Também há o perigo do isolamento ou elitização do ministério pastoral,
quando se torna uma classe separada do corpo – I Pe 2:9-10.

h. Púlpito

»» Autoexaltação – Mt 23:12.
»» Autossuficiência – II Co 3:5-6.
»» Mentir ou exagerar – Ef 4:25; Pv 12:19.
»» Pregar o que o povo quer ouvir e não o que o Espírito Santo nos ordena. Ez 2:1-8;
II Tm 4:1-2.

»» Exortar sem humildade e misericórdia.


»» Manipular emocionalmente – II Co 2:17.

59
UNIDADE III | Dimensão Ministerial

»» Desabafar problemas e frustrações.


»» Pregar o que não vive – Mt 23:1-3, 27-28.
»» Centralização do culto na pessoa do Pastor – Jo 4:22-23.
»» Idolatrar o púlpito – I Jo 5:21.
i. Consequências do pecado de Davi – II Sm 12:9-12:

»» Morte do seu filho – II Sm 1:8.


»» Amnom comete incesto com Tamar – II Sm 13.
»» Absalão mata Amnom – II Sm 13:23-31.
»» Absalão se rebela contra Davi – II Sm 15.
»» Davi é humilhado publicamente – II Sm 15:14-18.
»» Davi é enganado por Ziba e amaldiçoado por Simei – II Sm 16
»» Absalão é assassinado por Joabe – II Sm 18:5-18, 33 (Davi caiu em depressão).
»» A sedição de Seba – II Sm 20.
»» A conspiração de Adonias na velhice de Davi – I Rs 1.
j. Relações interpessoais

Toda a epístola de Timóteo pode ser estudada e vivida por nós como padrão de
relações interpessoais, especificamente I Timóteo.

Paulo, pai espiritual de Timóteo escreveu para animá-lo e orientá-lo a respeito a


assuntos práticos como a adoração pública, as qualificações dos oficiais da Igreja, e a
confrontação do ensino falso na Igreja. Também instrui Timóteo acerca de ligação
com diversos grupos da Igreja, incluindo as viúvas, os anciãos, os escravos e os
mestres falsos.

Pontos-chave da epístola que leva-nos a uma reflexão acerca da postura cristã,


principalmente no ministério:

»» A prática da oração por todos os homens – Um só mediador – 2:1-7.


»» Proceder conveniente no culto público – 2:8-l5.
»» As qualificações dos bispos e dos diáconos – 3:1-13.
»» A exortação à fidelidade e à diligência no ministério – 4:6-16.
»» Os deveres dos pastores para com várias classes de pessoas – 5:1-16.

60
Dimensão Ministerial | UNIDADE III

»» Acerca dos presbíteros – 5:l7-25.


»» Dos senhores e dos servos – 6:1-2.
»» Os falsos mestres e os perigos da riqueza – 6:3-1.
»» Apelo para Timóteo – 6:11-21.
k. A ética pastoral

Ética é a ciência dos deveres do homem; uma ciência que ensina como proceder
na sociedade.

A ética vem a ser, pois, um código de princípios ou de regras morais que dirigem a
conduta, considerando as ações dos homens com referência à sua justiça ou injustiça,
tendência ao bem ou ao mal.

Algumas dicas para atenção especial: aparência pessoal, a linguagem sã, amor e
respeito devido ao colega.

61
Unidade IV
Administração Pastoral
Capítulo 9
Práticas ministeriais

Apascentando o rebanho

Pregação e ensino
É a parte fundamental no ministério pastoral a pregação e o ensino da Palavra de Deus. É por meio da
pregação e do ensino que a Igreja é edificada, consolada e exortada (I Co 14:3). É por meio da pregação e
do ensino das Escrituras que a fé cristã é preservada e fortalecida (I Tm 3:16-17; I Pd 2:1-2). A pregação
e o ensino devem ser extraídos da própria Palavra de Deus, pois qualquer desvio desta perspectiva é
perigoso (Jr 1:13; Pv 30:5-6; Dt 4:1-2; 12:32 e Mt 22:29). Paulo exorta Timóteo a pregar e a ensinar a
Palavra com toda diligência, pois é esse o método divino de preservar a pureza espiritual e doutrinária de
sua Igreja (II Tm 4:1-4; I Tm 4:1-5,13-16).

A terça parte do ministério de Jesus foi gasta em pregações (Mt 4:23). A grande comissão descrita em
Marcos 16 dá ordens à pregação como forma de conquista do mundo sem Deus. Precisamos estar bem
atentos aos propósitos que movem a nossa pregação, para evitar os perigos descritos em Filipenses 1:15-
17. A pregação do Evangelho movia o coração do apóstolo Paulo (1 Co 9:16). Mas não basta pregar. É
necessário pregar bem. Pregar bem não significa em princípio pregar com erudição, com eloquência, nos
mais requintados padrões de cultura ou de homilética. Não. Pregar bem, para o Senhor Jesus significa:

»» Pregar o Evangelho – Há muitos que pregam filosofia, cultura, tecnologia, ciência,


gramática, literatura, botânica etc. Somente o Evangelho deve ser pregado pelo pastor
porque ele é o Evangelho de poder, poder de Deus para salvação de todo o que crê. Nem
mesmo um anjo deve ser ouvido, se ele vier a Terra pregar algo que não seja o Evangelho
(Gl 1:8).

»» Pregar com poder – Se a pregação não tiver poder, não produzirá resultados satisfatórios.
Jesus ordenou aos discípulos que ficassem em Jerusalém, a fim de que recebessem poder.

Somente depois deveriam pregar. Os que insistem em pregar sem poder não se admirem
se não alcançam fruto em seu trabalho. Somente depois que forem ungidos pelo Espírito
(At 10:38).

Jesus começou o seu ministério de pregação (Lc 4:18-19) após essa unção.

65
UNIDADE IV | Administração Pastoral

»» Pregar com simplicidade e paixão – Quando o coração do pastor ou pregador é apaixonado,


os ouvintes se deixam envolver pela mesma paixão e se constrangem e comovem. Foi
assim no Dia de Pentecostes (At 2:37). A simplicidade ajuda o coração do pregador.
Mensagens muito rebuscadas podem causar sérios transtornos, principalmente quando
pregada a gente simples de modo que nos faz entender que a pregação do Evangelho é a
trombeta que deve dar sonido certo (1 Co 14. 8).

»» Pregar a Cristo – Pregação que não aponta a Cristo e Sua cruz, o sangue de Cristo, o
sacrifício de Cristo, a ressurreição de Cristo, jamais conduzirão almas a Cristo. Para
que o mundo vá a Cristo, é necessário primeiramente mostrar Cristo ao mundo. O
instrumento dessa demonstração é o Evangelho.

»» Pregar inspiradamente – A Bíblia é um livro inspirado. Quem usá-la para pregar deve buscar
também inspiração para si. Muitos se inspiram apenas na Bíblia e por isso pregam vazios
e secos. A Bíblia é um livro inspirado e não deve ser ministrada por um pregador morto.

Para concluir esse tópico, inserimos aqui o pensamento do escritor John D. Wilder:

O púlpito deverá ser como o trono do pastor. É ele o lugar sagrado. Nenhum
outro lugar envolve maiores responsabilidades do que ele. A ele só deveriam ir
homens puros, diferentes dos do mundo, homens cujas vidas se pautassem de
ideias nobres e fossem dotados de ambição elevada. É que o púlpito pertence a
Deus. É o caminho por onde se levam almas a Deus. Se a mensagem não alcançar
o coração do homem, quem mais poderá fazê-lo?

Aconselhamento
É mais importante, profundo e valioso do que possamos imaginar. Aconselhamento não é apenas um
conselho sábio ou uma orientação criteriosa, é um processo terapêutico que pode durar horas, dias,
meses e até anos dependendo da gravidade do problema e suas consequências. É óbvio que a Palavra
de Deus é o alicerce, o fundamento, a fonte infalível para o aconselhamento cristão, porém para os
pastores que querem especializar-se nessa área por sentirem o chamado de Deus, é indispensável que
estudem para adquirirem conhecimentos no campo da Psicologia, Psicanálise e Psiquiatria e discernirem
as pressuposições científicas que vão de encontro à revelação divina, como também diagnosticarem
adequadamente pessoas com problemas dos mais diversos tipos. A unção do Espírito com o preparo
técnico é uma ferramenta preciosa nesse ministério.

Alguns cuidados nessa área:

»» Não dar conselhos precipitados ou inconsequentes – Pv 20:5; 19:21.


»» Ter um profundo discernimento espiritual – I Co 2:14-16.
»» Ser sensível ao sofrimento, à dor da pessoa que está se aconselhando sem, contudo,
absorver seu problema ou se envolver com ela e vice-versa.

»» Fugir de toda aparência do mal – I Ts 5:22.

66
Administração Pastoral | UNIDADE IV

Visitação
É importante para o pastor visitar os membros da Igreja que pastoreia para uma aproximação maior com
eles e um conhecimento mais íntimo dos seus problemas (Pv 27:23). É gratificante para o pastor esse
tipo de ação pastoral, como também para Igreja. No caso de Igrejas grandes, o pastor pode comissionar
equipes de visitação para fazer esse serviço e prestar-lhe relatório.

Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman:

Se vier a existir uma comunidade no mundo dos indivíduos, só poderá ser (e precisa
sê-lo) uma comunidade tecida em conjunto a partir do compartilhamento e do cuidado
mútuo; uma comunidade de interesse e de responsabilidade em relação aos direitos
iguais de sermos humanos e igual capacidade de agirmos em defesa desses direitos.
(BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p.134).

O termo visitação, devido a sua abrangência, antes de conceituá-lo, devemos entendê-lo como um
exercício não exclusivo ao âmbito eclesiástico, mas associado ao serviço prestado por qualquer pessoa
que tenha percepção empática do sofrimento e angustia dos outro.

De acordo com o Dicionário Aurélio (1988, p. 676) visitar, entre outras coisas, significa: Ir ver alguém em
casa ou em outro lugar onde esteja, por cortesia, dever ou afeição; significa revelar Deus a alguém em sua
cólera ou em sua graça.

Segundo o Dicionário Houaiss (2009) o termo “visitar”, significa “ir vê (alguém), por cortesia, dever,
afeição etc.; ir conhecer, ir rever, ou percorrer com determinada finalidade; ir (o médico) atender (o
doente) em seu domicílio ou leito hospitalar; percorrer fiscalizando; inspecionar, vistoriar; manifestar-se
a; aparecer em, assolar, surgir, revelar (Deus) ao homem, fazer visitas mutuamente, conviver, dar-se com”.

Podemos entender, dessa forma, que o termo visitar pode ser definido como ir ao encontro de alguém ou
de alguma coisa com objetivos e propósitos bem-definidos.

Segundo a Bíblia Sagrada (1994), visitar os necessitados é a expressão de uma religião pura e imaculada,
“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações
e guardar-se da corrupção do mundo” (Ti 1:27).

Jesus Cristo em seu ministério passou a fazer parte da realidade das pessoas, Ele tratou com pessoas que,
na realidade da época, estavam à margem do convívio social.

Cook afirma: Cristo sai ao nosso encontro no caminho de nosso viver diário. Este caminho – nossa
realidade – está cheio de poças e de lama; é infestado de ladrões e de opressores. Muitas vezes, é um
caminho solitário e sumamente aterrador. Por este caminho, multidões de homens e mulheres arrastam
suas correntes e gemem de dor.

Destacamos entre as classes de marginalizados republicanos, prostitutas, pagãos, enfermos (leprosos,


cegos, mudos, surdos, paralíticos, coxos), esmoleiros, servos, mulheres e possessos.

67
UNIDADE IV | Administração Pastoral

Jesus não hesitava em se aproximar das pessoas, em dirigir-lhes a palavra, em tocá-las, ou ainda sentar a
mesa com elas.

“E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinado nas sinagogas deles, pregando o Evangelho do
Reino e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E, vendo as multidões, teve grande
compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor”

Jesus nos ensina que não há mal em nos aproximarmos das pessoas independentemente de suas condições,
assim, Jesus quebra os protocolos impostos pela sociedade da época e prioriza a pessoa.

Jesus reconhecia o pecado e fraqueza das pessoas, mas não se afastava dos pecadores. Pelo contrário, ele os
procurava e não colocava condições para ter comunhão com eles. [...] Jesus não exigia uma mudança ética
antes de comunhão com as pessoas. As pessoas têm a necessidade de aproximação, tanto de se tornarem
próximas, quanto de receber aproximação. É nessa ação de se avizinhar que os relacionamentos são criados.

Relacionamento e aproximação são ações que quando feitas de forma comprometida têm como resultado
a comunhão, que num sentido mais amplo toma o aspecto de compartilhar.

Quando Cristo diz Vinde a mim (Mt 11:28), podemos sentir em suas palavras o profundo senso de
compartilhar – compartilhar a esperança, compartilhar a vida, compartilhar os pesos e as cargas da vida.

Por mais que nos esforcemos, sempre daremos o segundo passo, o primeiro passo sempre será de Deus,
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” (I Jo 4:19)

Ao nos conscientizarmos de que o Senhor é o sujeito da ação e que ele é quem nos trás para perto de si,
estaremos respondendo positivamente ao seu amor incondicional.

Deus visitando

As Escrituras Sagradas mostram-nos que Deus sempre buscou um relacionamento mais profundo com
o homem.

São incontáveis os exemplos bíblicos em que Deus realiza visitas e se revela pessoalmente a humanidade.

A Bíblia nos mostra muitos textos em que o próprio Deus ou seus representantes visita o povo. Podemos
destacar alguns textos bíblicos, entre os vários exemplos do Antigo Testamento, em que Deus se revela e
se relaciona com o povo por meio da visita.

»» Deus visita Adão e Eva no paraíso; (Gênesis 3:8)


»» Deus visita Nóe; (Gênesis 6:8-13)
»» Deus visita Abraão; (Gênesis 18:1-22)
»» Deus visita Jacó em Betel; (Gênesis 35:1-15)
»» Deus visita Moisés diante da sarça ardente no deserto. (Êxodo 3:2-4)

68
Administração Pastoral | UNIDADE IV

Jesus visitando

A visitação era uma prática de Jesus em seu ministério e demonstra que devemos imitar o que Ele deixou
como exemplo.

O Ministério de Jesus desenvolveu-se nos lares. Jesus visita os lares (as famílias em suas casas). Nas casas
Jesus curava, ensinava, pregava o Evangelho e realizava grandes milagres e maravilhas.

O primeiro milagre de Jesus se deu em um lar, no contexto familiar, quando foi convidado para um
casamento. (Jo 2:1-12). Em suas visitas, Ele tinha a oportunidade de demonstrar o seu amor, graça,
compaixão e misericórdia.

Jesus visitou Zaqueu na casa dele e nesta visita, o anfitrião encontrou sentido para sua vida e aceitou o
convite de salvação. (Lc 19:5)

Jesus visitou a casa de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, e trouxe vida num momento de dor e perda. (Lc 10:38)

Jesus visitou a casa de Pedro e curou a enfermidade de sua sogra. (Mt 8:14-15)

Jesus visitou a casa de Mateus (Levi) e sentou à mesa com ele e seus amigos pecadores, sem fazer qualquer
exigência ética. (Mc 2:15)

Jesus sabia que em cada cidade ou aldeia estavam ali pessoas “aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor” e sua visita era necessária. (Mt 9:35-36)

Quando lemos o texto do Evangelho de João “E era-lhe necessário passar por Samaria” (João 4:4), vemos
Jesus indo ao encontro de uma mulher que só pelo fato de ser samaritana era motivo de desprezo e
desafeto pelos Judeus.

A mulher samaritana como é chamada biblicamente necessitava receber uma visita, ainda que inesperada,
e foi a partir dessa visita e do diálogo com Jesus que pode refletir sobre a sua condição e vida.

Jesus tinha percepção das necessidades das pessoas expressa no cuidado que tinha no trato de assuntos
íntimos e pessoais.

Sua prática também era vivenciada por seus discípulos, na medida em que Jesus visitava, também ensinava
seus discípulos à prática da visitação.

Os primeiros Cristãos visitando

No contexto de toda a narrativa bíblica, o livro de Atos dos Apóstolos conta o começo da história da Igreja
estabelecida por Jesus, onde encontramos o registro de como a grande comissão começou a ser cumprida.

Os eventos narrados no livro de Atos dos Apóstolos expressam o trabalho realizado pelos apóstolos e
discípulos de Jesus Cristo, à medida que divulgavam o seu Evangelho.

E, assim, na medida em que cada pessoa ouvia a mensagem de salvação, Deus acrescentava à Igreja aqueles
que se haviam de salvar, onde cada um passava a fazer parte do Corpo de Cristo, a Igreja.

69
UNIDADE IV | Administração Pastoral

No coração daqueles homens e mulheres, os primeiros cristãos, pulsavam a esperança de que Cristo
voltasse muito em breve.

Os primeiros cristãos repartiam todos os bens (At 2:44-45), vendiam suas propriedades e apresentavam
aos pés dos Apóstolos que distribuíam entre a comunidade.

A comunidade era unida em um só sentimento (perseveravam unânimes) e a Igreja crescia rapidamente,


pois Deus acrescentava dia a dia.

Com o crescimento da comunidade surgiram necessidades entre os membros da comunidade e isso


fez com os apóstolos delegassem tarefas a homens devidamente separados a esse ofício. Quanto mais a
comunidade de fé crescia, mais complexa ficava a estrutura e as necessidades.

Portanto, podemos entender que ninguém se torna cristão sozinho, necessitamos do outro, do cuidado
mútuo e compartilhamento – Cristianismo é relacionamento.

Relacionamos alguns textos bíblicos que servem de exemplo da práxis da visitação dos primeiros cristãos.

»» Os primeiros cristãos visitavam de casa em casa (At 5:42).


»» O Apóstolo Pedro visitou Cornélio e anunciou o Evangelho (At 10:1-43).
»» O Apóstolo Paulo e Barnabé visitavam os discípulos, ensinado e pregando a palavra de
cada em casa (At 15:36).

»» Pedro visitou Tabita (Dorcas) em sua casa e a curou (At 9:36-40).

O método de visita de Jesus Cristo

A aproximação

A visita sugere aproximação, contato, relacionamento e comunicação, em que se estabelecem ou


restabelece relações.

Um dos grandes ensinamentos e exemplo bíblico de aproximação bem-sucedida está descrita no texto do
Evangelho de Lucas, “a caminhada para Emaús” (Lc 24:13-32).

Se realmente somos imitadores de Jesus (Ef 5:1) devemos entender que Deus está nos chamando o
conservar o propósito de edificar a sua Igreja.

À medida que prosseguimos na tarefa de edificar a comunidade, cumpre-nos em caminharmos. No


caminho é que se dão as experiências e contatos, em que passo a passo à comunidade enxerga que é
preciso caminhar em direção de alguém para poder crescer.

Ensinamentos práticos

A caminhada para Emaús, nos trás grandes ensinamentos, em que Cristo compartilha com aqueles
discípulos momentos de profundo sofrimento e desolação.

70
Administração Pastoral | UNIDADE IV

Aprendemos que se temos a possibilidade de consolar o aflito, ela resulta da lembrança daquilo que
também sofremos um dia, nisso reside nosso poder de compaixão.

O amor ao nosso irmão começa quando aprendemos escutá-lo. (DIETRICH, p. 85, 2009)

Na passagem de Emaús, Jesus preocupou-se em escutar aqueles discípulos, mesmos tendo ciência de
tudo, Ele demonstrou a preocupação em ouvir.

Diante dessa observação, podemos entender que Deus não nos deu somente a sua Palavra, mas seus
ouvidos que estão sempre atentos a ouvir nosso clamor.

Ao se aproximar Jesus teve a preocupação de gradativamente obter a confiança daqueles homens, a


narrativa não diz que estavam desesperados, mas tristes e conversando, talvez buscando consolar um ao
outro à medida que caminhavam.

Jesus, quando se aproxima, parece que está alheio aos últimos acontecimentos e é entendido até como
um forasteiro. Mesmo percebendo que naquele momento aqueles homens não enxergavam nada, Ele dá
espaço para que eles pudessem colocar seus sentimentos para fora.

O sentimento que nutria aqueles homens foi o que Jesus usou como ponto de partida. A preocupação
era o que é o que aqueles homens sentiam? Jesus começa o diálogo pelas suas realidades e os motivam a
falarem a partir de suas realidades e relações.

Considera-se que não foram apenas as palavras de Jesus, foram os gestos e o desejo de compartilhar que
fizeram aqueles homens reconhecerem a Cristo.

Nota-se que, logo depois que aqueles discípulos abriram seus olhos, Jesus desapareceu, não criou
dependência e agora eles saberiam como andar cheios de fé e esperança.

Nos exemplos de Jesus, encontramos lições de como a comunidade cristã deve utilizar o visitar, o servir, o
ouvir, o consolar, o buscar e o comunicar como instrumentos para edificação da comunidade.

Exemplo baseado no texto bíblico Lucas 24:13-32

Quais são os desafios atuais para prática de visitação?

Devem ser visitados principalmente os seguintes membros.

»» Novos convertidos e novos membros recém-chegados.


»» Enfermos.
»» Ausentes a Igreja ou fracos na fé.
»» Desviados.

71
UNIDADE IV | Administração Pastoral

»» Desempregados.
»» Idosos.
»» Disciplinados.
Cuidados especiais

»» Não sair para visitar acompanhado apenas com uma pessoa do mesmo sexo.
»» Visitar senhoras casadas, viúvas, divorciadas ou solteiras sem a presença da esposa e/ou
pelo menos duas irmãs maduras que acompanhem o pastor – I Co 9:5.

»» Agendar visita com a pessoa ou família em horário conveniente para elas.


»» Não acostumar a Igreja com visitas excessivas.
»» Não aproveitar a hospitalidade da Igreja para explorar a boa vontade dos irmãos.

Discipulado
Esse princípio foi ordenado pelo Senhor Jesus Cristo à sua Igreja. Ele próprio gastou 3 anos discipulando
12 homens que revolucionaram o mundo – Lc 6:12-16; Mt 28:18-20. O pastor, para formar discípulos de
Cristo, tem de ele mesmo ser um discípulo, caso contrário o discipulado não terá efeito (Jo 15:5).

Paulo discipulou Timóteo e o incentivou a fazer discípulos.

Paulo – Timóteo – homens idôneos – outros homens idôneos... (I Tm 2:1-2). A base


do discipulado é o amor a Cristo e à pessoa que se deseja discipular. Exige renúncia,
sacrifício, perseverança, visão, determinação, identificação (Lc 14:25-33; At 19:9-10).

Discipulado não é: Classe de catecúmenos, curso de liderança cristã, evangelismo ou educação religiosa,
tudo isso pode ser uma iniciação ao discipulado bíblico, todavia o discipulado requer:

»» tempo;
»» dedicação;
»» convivência e exemplo de vida.
O pastor que deseja discipular os membros de sua Igreja deve trabalhar com poucas pessoas, e, quanto
menos, melhor será o proveito do discipulado nunca deve discipular pessoas do sexo oposto, seria um
erro fatal, porém irmãs idôneas poderão discipular algumas moças ou mulheres da Igreja.

Ninguém deverá discipular outra pessoa sem que antes seja discipulado primeiro pelo pastor e por ele
orientado e comissionado para discipular outros. O discipulado reproduz-se com profundidade e raízes
que perduram e resistem ao tempo, às tentações e às duras provas, pois o alicerce do discipulado é o
conhecimento pessoal e íntimo com Deus e submissão ao senhorio de Cristo (Fm 1:10-19).

72
Administração Pastoral | UNIDADE IV

Para um pastor que lidera uma Igreja com base em certo programa tradicional, é mais difícil desenvolver
uma atividade que requer tanta dedicação. Contudo, é possível tentar e alcançar êxito.

Disciplina
A disciplina faz parte vital da ação pastoral para edificação e santificação da Igreja. É também um princípio
divino para a Igreja de Cristo (Mt 18:15-19; I Co 5:1-5, 11-15; II Ts 3:6-12; Rm 16:17-18). Dependendo do
tipo de governo de cada Igreja local a disciplina deve se processar de acordo com os princípios bíblicos e
a hierarquia eclesiástica da Igreja.

A disciplina é uma benção e uma necessidade na Igreja (At 5:1-11; 2 Ts 3:6-14; Rm.16:17-18; I Co 5).

Jesus falou sobre a disciplina (Mt 18:15-17).

Deus é um Deus de ordem.

Como o Pai disciplina os seus filhos na família, assim deve haver disciplina na Igreja. Apesar de a Igreja
não ter condições de obrigar a consciência do membro, ela tem de julgar sobre a observação dos ensinos
bíblicos e cristãos por parte dos que a ela pertencem (Hb. 12:5-11).

»» Propósito da Disciplina
A disciplina não deve ter um caráter negativo por parte da Igreja, e sim positivo. Seu
caráter é corrigir, restaurar e manter o bom testemunho da Igreja (2 Co 4:7-9 , Gl 6:1,
2 Tm 1:11). O propósito da disciplina é restaurar e conscientizar o faltoso a rever sua
conduta e trazê-lo de volta ao convívio da Igreja.

»» Motivos para Disciplina

›› Conduta desordenada ou desaprovada pela Igreja (2 Ts 3:11-15).

›› Imoralidade (1 Co 5).

›› Contenda – espírito divisionista (Rm 16:17-18; 2 Co 13:1; 1 Tm 3:1 5, 20).

›› Propagação de falsas doutrinas (Tt 3:10-11).

›› Filiação a organizações ou Igrejas incompatíveis com o cristianismo.

»» Categorias de Ofensas: Particulares e Públicas


»» Método e Procedimento na Disciplina
›› Na medida do possível, deve-se tratar o problema entre as pessoas afetadas.

›› Duas ou três testemunhas, modelo de Jesus (Mt 18:15-18).

Não se arrependendo o ofensor, ou se o caso tomar proporções maiores e chegar ao


conhecimento de muitos, deve ser levado ao conhecimento da Igreja. Caso se recuse
humildemente a reconhecer sua falta e a pedir perdão, deve o ofensor ser excluído do rol

73
UNIDADE IV | Administração Pastoral

de membros (Mt 18:18 , 2 Ts 13:14 , 1 Co 5:11). Arrependendo-se, que seja perdoado, se


a falta não for tal que exija exclusão imediata.

Se o caso for de flagrante escândalo para a Igreja, ao ser comprovado, deve ser
imediatamente disciplinado ou excluído da Igreja dependendo do caso, tudo porém
com justiça.

»» Como tratar a pessoa sob disciplina


Não devemos tratá-lo como inimigo, e sim com misericórdia (2 Ts 3:15)

Em vez disso, devemos ganhá-lo de novo (Tg 5:19-20). Esta é uma tarefa para pessoas
espirituais, o disciplinado poderá ser posteriormente restaurado, desde que se revele
realmente arrependido.

»» Casos de Defesa extrabíblica: advogado e Justiça comum.


»» Publicidade na Disciplina
›› Não deve ser aplicada em secreto.

›› Toda a Igreja (ou conselho) deve decidir.

›› Sendo público, o culpado sentirá melhor a desaprovação da sua conduta.

›› Ao voltar, tudo deve ser sanado; ninguém tem o direito de trazer à memória os
fatos perdoados.

»» Atitude do pastor ou líder diante do procedimento de disciplina

›› Deve ministrá-la com espírito de humildade e de amor (Gl. 6:1)

›› Ter a consciência que a disciplina não é um castigo, ela visa a redimir e a restaurar.

›› Não ter espírito de represália ou revanche, dificultando a submissão da pessoa.

»» A disciplina deve ser aplicada imparcialmente


›› O bom pastor dá a vida e deve estar ansioso pela volta da ovelha que se perdeu,
mesmo que seja em outra Igreja.

›› A disciplina nunca deve se transformar em arma nas mãos do pastor ou do dirigente,


como meio de impor a sua própria vontade. Nada há mais reprovável que amedrontar
membros com disciplina. Além do mais, pastor não é ditador, mas, sim, um guia e
exemplo do rebanho (1 Pe 5:1-3)

Alguns critérios gerais

»» É um processo que envolve exortação, repreensão, advertência e finalmente a disciplina


propriamente dita – Mt 18:15-19.

74
Administração Pastoral | UNIDADE IV

»» O objetivo é duplo – despertar temor de Deus na Igreja e corrigir a pessoa para promover
arrependimento e restauração – Tm 5:20; II Co 2:5-11; Hb 12:4.

»» A pessoa disciplinada deve saber porque foi disciplinada e que tipo de disciplina
ela sofreu.

»» A pessoa disciplinada deve aceitar passivamente a disciplina, – Rm 13:1-7; Hb 12:5-8.


»» O tempo da disciplina deve vigorar até que a pessoa se arrependa e dê sinais de mudança.
Deve ser acompanhada com oração, visitação, aconselhamento e supervisão sob
autoridade e orientação pastoral para não se sentir superprotegida e rebelar-se contra o
pastor e/ou ministério.

Evangelização
Um dos maiores desafios para a Igreja desta geração é apresentar o Evangelho de forma compreensível e
inteligível fazendo uso das mais diversas estratégias. O serviço prestado à comunidade no contexto atual
pode ser realizado com criatividade e diversidade, não obstante tenha a Teologia como termômetro, ou
seja, toda estratégia deve estar submissa à Teologia e esta deve atender ao caráter da “Missio Dei”.

A evangelização é fruto de um trabalho pastoral sério, consciente e perseverante, pois a Igreja tem como
vocação divina anunciar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (I Pe 2:9).

Um bom programa evangelístico requer planejamento, estratégias, organização e acima de tudo muita
oração. Cada um de nós, portanto, deve procurar alguma maneira de incorporar a sabedoria da estratégia
de Jesus em nosso contexto adequando o método preferido para evangelização. A variedade está
entretecida na própria estrutura da criação, e qualquer método que Deus tenha resolvido usar é um bom
método, embora isso não exclua a possibilidade de melhoramento em nossa maneira de fazer as coisas.

Está na hora de a Igreja brasileira confrontar a situação atual de modo realista e avançar com ousadia e
força aproveitando sua liberdade fazendo a diferença pelos quatro cantos dessa terra.

“A missão cristã deve orientar-se para a restauração de toda a pessoa e de todas as pessoas.” (Rene Padilla)

A função principal do ministério pastoral é:

»» Edificação da Igreja (Ef 4:12). “edificação” é, de fato, um antigo vocábulo que incorporou
significações modernas, em virtude da forte analogia com sua etimologia. A tarefa de
“edificação” assume o significado de promover crescimento em sabedoria, graça, virtude
e santidade original: ato de edificar, de construir, de fundar ou criar.

»» Aperfeiçoamento dos santos para o desempenho da obra do ministério (Ef 4:12).


»» Manter a unidade espiritual da Igreja (Ef 4:13).
»» Preservar a pureza e a unidade doutrinária da Igreja (Ef 4:14-15)
»» Apascentar o rebanho de Deus (I Pd 5.1-4).

75
UNIDADE IV | Administração Pastoral

A essência do ministério interno da Igreja consiste em acompanhar as pessoas desde a conversão à


maturidade cristã, dando-lhes condições de fazer o mesmo com outro. O ensino visa a atender às
necessidades dos membros e, desta maneira, fortalecer e edificar a Igreja.

O Crescimento é obra do Deus que também requer a participação da Igreja e de cada cristão. A nutrição
espiritual foi providenciada pelo próprio Deus: a Bíblia. Ela é o “leite espiritual puro” que dá crescimento.
Ela ilumina o caminho, guarda contra tentação, purifica do pecado. A Bíblia é toda útil.

Cabe ao pastor as seguintes ações:

»» Edificar a Igreja.
»» Equipar os crentes.
»» Despertá-los.
»» Treiná-los.
»» E enviá-los, acompanhando e supervisionando o trabalho de evangelização.
Isso significa que o pastor não possa evangelizar, nem participar da ação evangelizadora da Igreja local,
mas que ele deve exercer o pastorado de maneira sábia para não ser escravizado pela polivalência de
função e pelo ativismo.

Alguns conselhos práticos a serem seguidos:

»» Cursos sobre evangelismo pessoal.

»» Testemunhos sobre evangelismo.

»» Filmes, debates, pregações sobre evangelismo.

»» Trabalhos práticos de evangelismo pessoal no bairro ou localidades


próximas ao bairro da Igreja para incentivar e despertar o interesse e
amor por evangelismo.

»» Campanhas de oração e jejum, vigílias com objetivo específico de


despertamento espiritual da Igreja e evangelização do bairro/cidade
onde atua a Igreja.

»» Trabalho em hospitais, presídios, favelas etc., com membros maduros


para liderar essas equipes.

»» Trabalho com surdos, mudos e deficientes físicos, com pessoas devidamente


habilitadas para trabalhar com portadores de necessidades especiais.

»» Treinar uma equipe de assistência e integração aos novos convertidos.

76
Administração Pastoral | UNIDADE IV

Responsabilidade da ação social na perspectiva pastoral


No sermão do monte, o Senhor Jesus Cristo estabeleceu princípios de vida que expressam a vontade
de Deus para manifestação do seu reino. Os discípulos de Cristo, os líderes cristãos devem refletir e
posicionarem-se seriamente em relação a esses princípios.

Citações Bíblicas: Mt 5:6-7, 14a, 15a, 16.

“Bem-aventurados os que têm sede e fome de justiça, porque serão fartos...”.

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia...”

“Vós sois o sal da terra...” , “Vós sois a luz do mundo...”

“Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai que está nos céus”. Mt 5:6-7, 14a, 15a, 16.

A parábola do bom samaritano em Lucas 10:25-37 enfatiza com relevância o exercício da


misericórdia como expressão de amor ao próximo.

Verifique:

E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei
para herdar a vida eterna?

E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda
a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo
como a ti mesmo.

E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.

Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas
mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto.

E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou


de largo.

E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.

Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de


íntima compaixão;

E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre


a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;

E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe:


Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.

77
UNIDADE IV | Administração Pastoral

Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores?

E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da
mesma maneira.

Lucas 10:25-37

Nesta parábola o Senhor expõe o sacerdote e o levita como pessoas insensíveis ao sofrimento e a
necessidade do seu próximo mesmo sendo religiosas e líderes espirituais do judaísmo, e ele levanta um
questionamento sobre a atitude desses homens, e enfatiza imperativamente que o mandamento de amar a
Deus e amar ao próximo deve expressar-se em obras e em verdade: Vai, e faze da mesma maneira.

O apóstolo Paulo em Atos 20:35 também enfatiza a importância de socorrer os necessitados, os enfermos,
motivados pelas palavras do Senhor Jesus: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.”

Em Efésios 2:10, Paulo nos diz que as obras são frutos naturais da nossa fé cristã; e Tiago reforça essa ideia
quando afirma que a “fé sem obras é morta em si mesma” (Tg 2:17).

Portanto é responsabilidade da Igreja e, consequentemente, dos seus líderes, os pastores e suas equipes
ministeriais a ação social responsável bem direcionada e piedosa para glória de Deus.

Não há base bíblica para o Evangelho Social ou a Teologia da Libertação que partem de uma hermenêutica
tendenciosa e humanista tentando substituir as boas novas de salvação espiritual e eterna por uma
perspectiva ideológica de mudanças sociais e estruturais. Mas há forte base bíblica para a responsabilidade
social da Igreja e do ministério pastoral para com os aflitos, os necessitados, os enfermos e os oprimidos.

A partir do Pacto de Lausanne (1974), uma nova compreensão surgiu sobre a evangelização e a
responsabilidade social.

As conclusões sobre a relação entre a evangelização e a responsabilidade social estão escritas em


documento da série Lausane no 2, de onde citaremos três principais tipos de relação:

»» Em primeiro, a ação social é uma consequência da evangelização (Gl 5:6; Tg 2:18; I Jo


3:16-18).

»» Em segundo, a evangelização pode ser uma ponte para evangelização. Ela pode destruir
preconceitos e desconfianças, abrir portas fechadas e chamar a atenção do povo para o
Evangelho (Mt 5:13-16).

»» Em terceiro, a ação social não apenas vem em seguida à evangelização, como seu objetivo
e consequência, mas a precede, servindo de ponte para ela, e também acompanha, como
sua parceira. Essa relação pode ser vista claramente no ministério público do Senhor
Jesus, que não somente pregou o Evangelho, mas alimentou os famintos e curou os
enfermos (Mc 8:1-21; 6:30-44).

A Ação Social na perspectiva do ministério pastoral deve ter como seu alvo inicial a própria comunidade
local, e depois os não evangélicos (Gl 6:9-10; I Jo 3:16-18; Tiago 2:14-17; Atos 6:1-7).

78
Administração Pastoral | UNIDADE IV

A ação social é um trabalho que requer certa estrutura com pessoas vocacionadas nessa área para atender às
necessidades do trabalho, como escolas, orfanatos, asilos, casas de recuperação, cursos profissionalizantes,
creches, trabalhos com meninos de ruas, assistência à mendigos, sopa nas favelas, alfabetização de adultos
etc. É necessário que se tenha visão, amor e determinação, pois as pessoas e os recursos irão surgir, pois
essa também é uma obra de Deus que faz parte do Evangelho de Cristo.

A missão do pastor é administrar


Entende-se que é o ato de administrar com competência, dirigir negócios gerenciar; repartir, servir,
prover, dar; a arte ou prática de realizar uma política no governo, nos negócios ou nos assuntos públicos.

É razoável considerar ao tentar escrever sobre administração que se trata de um tema bastante amplo, mas
em todas as definições existem duas palavras-chave: gerenciamento e organização.

Administração é: “o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da


organização, e de usar todos os recursos disponíveis da organização para alcançar os objetivos definidos”.

Administração é uma ciência social que está relacionada a todas as atividades que envolvem planejamento,
organização, direção e controle.

[...] a tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização


e transformá-los em ação organizacional por meio de planejamento, organização,
direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis
da organização, a fim de alcançar tais objetivos de maneira mais adequada à situação.

O Senhor Jesus sempre procurou obter a ajuda de outras pessoas (Jo 2:7; Lc 11:39; Jo 6:12).

A realidade do trabalho do administrador é ajudar as pessoas a crescer, ajudá-las a fazer o trabalho, em


vez de executá-lo ele mesmo.

A missão principal do administrador é motivar outras pessoas para o trabalho. É ainda distribuir as
responsabilidades e fazer que todos participem das atividades. O administrador ajuda as pessoas crescerem
e fazerem o trabalho satisfatoriamente.

A função de garantir que a política e os procedimentos sejam adotados; a constante supervisão a fim de
que os alvos e os objetivos de curto e longo prazos de um determinado grupo, departamento, unidade ou
estrutura sejam compreendidos e os planos sejam eficazmente executados para atingir tais alvos e objetivos.

Administrar implica as seguintes ações.

»» Prever
»» Organizar
»» Comandar
»» Coordenar
»» Controlar

79
UNIDADE IV | Administração Pastoral

Prever – Preparar-se para o futuro e determinar um curso de ação (Planejamento).

Podemos considerar as seguintes fases do planejamento.

»» Previsão – Predeterminar um curso de ação.


»» Estabelecimento de objetivos
»» Programação
»» Cronograma
»» Orçamentos
»» Procedimentos a serem usados
»» Elaboração de políticas
Organizar – Reunir meios e recursos materiais e humanos necessários ao funcionamento da estrutura.
Criar, preparar e dispor convenientemente as partes de um organismo.

»» Desenvolvimento da Estrutura da Organização


»» Delegação de Responsabilidade e Competência
»» Estabelecimento de Relações
Comandar – Providenciar o funcionamento da organização. É determinar as providências, afim de que
toda a organização funcione de acordo com as normas estabelecidas.

»» Tomada de decisão
»» Comunicação
»» Motivação
»» Seleção de Material
»» Desenvolvimento do Pessoal
Coordenar:

»» Manter e supervisionar o funcionamento da organização.


Controlar:

»» submeter a exame e vigilância; fiscalizar; monitorar, gerir, reger.


»» Avaliação e regulagem do trabalho em andamento e acabado.
»» Estabelecimento de padrões de execução.
80
Administração Pastoral | UNIDADE IV

»» Medição do Desempenho.
»» Avaliação do Desempenho.
»» Correção do Desempenho.
Mary Parker Follet define administração como “a arte de fazer as coisas por meio de pessoas”.

Nemuel Kessler e Samuel Câmara declaram que a administração é fundamental em toda a cooperação
organizada incluindo a Igreja; é a ação de dirigir o bom andamento dos propósitos estabelecidos. Afirmam
eles, em nosso caso, como Igreja, o pastor, presbítero, tem de acompanhar os objetivos propostos pela
Igreja e transformá-los em ação por meio de planejamento, organização, direção e controle de inúmeros
esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis, a fim de atingir tais objetivos.

Portanto, administração eclesiástica é o estudo dos diversos assuntos envolvido no trabalho e na função
de um líder ou administrador principal de uma Igreja.

O Estudo de administração eclesiástica é relevante para três aspectos da Igreja: os aspectos espiritual,
social e econômico, tendo como alvo: facilitar os resultados dos trabalhos e simplificando-os.

A administração possui três grandes ramos:

»» Pessoal – Cuida das pessoas que compõe a empresa. Na Igreja esse setor é representado
pela Secretaria.

»» Financeiro– Analisa a receita e programa as despesas. Na Igreja este papel é


desempenhado pela Tesouraria.

»» Organização e Métodos – Estuda e pesquisa a maneira da empresa operar, estabelecendo


as sequências mais lógicas e o tempo preciso. Na Igreja, este é o ramo de ação da Secretaria
de Planejamento.

A missão do pastor é honrar


»» Honrar o ministério que Deus lhe confiou.
»» Honrar o nome de sua Igreja.
»» Honrar os seus antecessores no pastorado.
»» Honrar a palavra que prega, vivendo-a integral e irrepreensivelmente.

81
Unidade V
Liturgia e Ordenanças
Capítulo 10
Liturgia de culto e ordenanças

Ministério de Louvor
O ministério de louvor e adoração foi oficialmente instituído por Deus por meio de Davi no Velho
Testamento (I Cr 25:1-6; I Cr 15:16-17).

Os levitas foram separados para o ministério musical a fim de ministrarem adoração e louvor ao Senhor,
e também conduzirem o povo a uma participação dinâmica no culto judaico.

No culto cristão há uma trilogia básica: Louvor, Oração, Pregação ou ensino da palavra.

Porém há outros elementos que podem e devem fazer parte do culto cristão, como: Testemunhos de fé,
Edificação, Solos, Duetos, Coral de vozes, Intercessões, Deprecações, Ações de graças (I Tm 2.1-3).

Há também um aspecto carismático no culto cristão que é uma manifestação espontânea e autêntica do
Espírito Santo na Igreja (Ef 5:19; I Co 14:26). O louvor no NT também tem seu aspecto pedagógico que
ministra graça de Deus à Igreja por meio da comunhão compartilhada no momento do culto (Cl 3:16).

O Pastor deve ministrar à Igreja a importância do culto cristão, seus princípios básicos e a necessidade de
ordem e decência na liturgia, como também selecionar o ministério de louvor da Igreja local, para evitar
fogo estranho no altar, e pessoas sem vocação para essa área ou com a vida não reconciliável para exercer
esse ministério.

A pregação da Bíblia Sagrada e a administração e a supervisão desse ministério é responsabilidade pastoral,


porém são os membros que irão exercer seus dons e talentos conforme a vocação divina para a Igreja local.

Quanto à liturgia do culto e o hinário é variável de acordo com a visão e os princípios de cada Igreja e
denominação e cultura de cada povo.

Alguns conselhos práticos

»» O ministério de louvor da Igreja deve ser acompanhado pelo pastor ou líder por ele
comissionado para preservar a unidade, comunhão e santidade dos membros deste
ministério – Ef 4:1-3.

»» O Pastor deve incentivar o estudo técnico na área musical para aperfeiçoamento dos
membros vocacionados que não tenham experiência técnica.

85
UNIDADE V | Liturgia e Ordenanças

»» A Igreja local deve ter uma boa iluminação que viabilize o culto cristão e confraternização
dos crentes.

»» O louvor e a adoração não devem ocupar mais de 40% do tempo de culto, para que se
dê oportunidade às demais partes do culto e a ministração da Palavra de Deus que é a
parte mais relevante.

»» O culto é sempre a Deus, para agradá-lo, cultivá-lo, louvá-lo, adorá-lo e glorificá-lo – Jo


4:23-24; Rm 12:1-2; Cl 3:17; I Co 10:31.

Batismo e Ceia
São duas ordenanças bíblicas inegociáveis de serem passivas de execução, e indispensáveis para a vida
da Igreja.

Foram ordenadas por Cristo e, portanto, nenhuma instituição humana poderá revogá-las ou depreciá-las
pelo seu valor, santidade e expressão visível de fé cristã.

O Batismo e a Ceia apesar de sua importância como ordenanças de Cristo para a Igreja, tem sido ponto
de tensão, então, entre muitas denominações e ministérios devido as diferentes interpretações teológico-
exegéticas e suas implicações práticas.

A importância desses ritos reside, evidentemente, não nos atos e nos elementos materiais em si, e sim nas
realidades espirituais que simbolizam.

Ceia do Senhor
»» A ordem – I Co 11:23-26; Mt 26:29; Mc 12:14-26; Lc 2:.7-23
»» O significado:
›› É um memorial – I Cl 11:23-26 “... em memória de mim”

›› Consubstanciação (interpretação luterana) – o corpo e o sangue de Cristo misturados


aos elementos.

›› Transubstanciação (interpretação católico-romana) – os elementos transformam-se


no corpo e no sangue de Cristo.

›› Presença mística espiritual (interpretação calvinista).

»» Frequência – “todas às vezes”, dá ideia de repetição sistemática e ordenada, o que para


Igreja Primitiva, parece ter sido semanalmente – At 20:7. Porém, há flexibilidade entre
as diversas instituições e os ministérios de se indicar um dia específico a cada mês
ou semana.

86
Liturgia e Ordenanças | UNIDADE V

Batismo

»» A ordem – Mc 16:15,16; Mt 28:18-20; At 2:38; 8:12; 2:41.


»» A fórmula – Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo – Mt 28:19. Sob a autoridade
do Deus triuno.

»» Elemento – água – At 8:35-38.


»» Modo – imersão e aspersão.
A nova criatura regenerada pela graça de Deus mediante a fé em Cristo e pelo poder e atuação soberana
do Espírito Santo, torna-se membro do corpo místico de Cristo a Igreja universal invisível. Ao ser
batizado está obedecendo uma ordem expressa do Senhor Jesus Cristo e expressando publicamente seu
compromisso como o reino de Deus submetendo-se à vontade do seu Senhor e Salvador.

»» Imersão e Emersão – simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo. O


batizando identifica-se com Cristo por meio do batismo que descreve a regeneração com
a figura da morte, sepultamento e ressurreição – Rm 6:3-11; Cl 2:12-13. Unidos a Cristo
na semelhança de sua morte e ressurreição. É um ritual realista, em que algo do passado
passa a ser nossa realidade.

»» Aspersão – o batismo com água, simboliza o derramar do Espírito Santo operando a


obra do novo nascimento. Dá-nos a ideia de purificação. Essa ideia de purificação era
a coisa pertinente em todas as tradições da velha aliança (onde as purificações eram
efetuadas pela aspersão do sangue) e também no batismo de João Batista. Sl 51:7; Ez
36:25; Jo 3:25-26. Nesse sentido, o batismo simboliza a limpeza e a purificação espiritual
– At 2:38; 22:16; Tt 3:5; Hb 10:22; I Pe 3:21; Ap 1:5; I Pe 1:2.

Construção de templos,
reformas e administração predial
No NT não temos base bíblica e histórica para abordarmos essa área do ministério pastoral. A Igreja
Cristã dos primeiros séculos sobreviveu e expandiu-se em meio a uma forte e contínua perseguição do
Império Romano, por isso a construção e administração de templos e prédios não era tão comum naquela
época. Porém, nos dias atuais é importante que o pastor se dedique, quando necessário, a administração
predial, construções e reformas. Ele poderá supervisionar e presidir uma equipe responsável por essa área
na Igreja local, porém não é conveniente que se omita de participar dessa administração. Há casos em
que o pastor tem de se envolver diretamente com a obra de reformas e construções de prédios e templos.
A tarefa é árdua, desgastante, porém acrescentará experiência e maturidade ao pastor no desempenho do
seu ministério.

Há casos que na diretoria já tenha pastor administrador, que se dedica com mais afinco a parte
administrativa da Igreja.

87
UNIDADE V | Liturgia e Ordenanças

Como exemplo bíblico poderíamos citar:

Esdras caps. 3:1-3; 8-13; 6:13-16 – reconstrução do templo de Jerusalém sob a liderança de
Zorobabel e Josué em quatro anos.

Neemias cap. 6:1-19 – reconstrução dos muros de Jerusalém sob a liderança de Neemias em
52 dias (6:15).

I Reis cap. 6:1-38 – Salomão administra a construção do templo de Jerusalém, que durou 7
anos (6:38). Uma das 7 maravilhas do mundo antigo.

Alguns conselhos práticos

»» Conversar com outros pastores mais experientes antes de iniciar uma obra.
»» Visitar templos de outras Igrejas.
»» Examinar com cuidado os alvos ministeriais de sua comunidade, a fim de elaborar e
executar um projeto que tenha perspectivas para o presente e também para o futuro.

»» O prédio deve ter:


›› funcionalidade em todas as suas dependências;
›› acústica;
›› ventilação;
›› iluminação;
›› conforto sem ostentação;
›› boa divisão de sua área construída;
›› boa localização no bairro onde será construído;
›› se possível área livre;
›› O pastor deve nomear um conselho de patrimônio ou equipe de obras prediais para
administrar essa área do ministério da Igreja e supervisioná-los com o máximo
de prudência.

Como participar de uma reunião


»» Fale francamente – A reunião pertence aos participantes. Diga o que pensa. As ideias
de cada um sobre o assunto valem o que valem as de todos os demais, isto é, são
extremamente importantes.

»» Ouça cuidadosamente o que os outros dizem – Procure compreender os outros,


mesmo que discorde do que estão dizendo. Procure compreender quais os motivos que
os levam a fazer tal ou qual afirmação.

88
Liturgia e Ordenanças | UNIDADE V

»» Fique sentado durante todo o tempo – Orientador ou participante, nunca fale de pé.
»» Nunca interrompa quem estiver com a palavra – Espere que o outro termine
seu pensamento.

»» Não monopolize a discussão – Fale pouco. Fale coisas que tenham realmente
importância. Se a discussão esmorecer, faça perguntas que despertem novo interesse.

»» Não fuja da discussão – Não fique calado, apático ou indiferente se não entender alguma
coisa pergunte. Peça exemplos, fatos, casos concretos. Formule suas dúvidas. Procure
analisar o que ouve à luz da sua experiência.

»» Se discorda de alguma coisa – Faça-o com naturalidade sem ênfase com bom humor.
»» Não deixe sua observação para depois – Fale logo que sentir a necessidade de esclarecer
algum ponto obscuro ou de necessidade contribuir com sua experiência. Não espere que
o líder lhe peça para falar. Se muitas pessoas quiserem falar ao mesmo tempo, levante o
braço e aguarde que o líder lhe dê a palavra.

»» Traga perguntas para reunião – Traga material para o debate. Escreva notas, pontos
que não compreende bem do assunto, artigos de jornal, opiniões com que concorda ou
discorda, afirmações com que concorda ou discorda, afirmações que ouviu no rádio, em
conversa conferência etc.

»» Leve os problemas do grupo para casa – Estude. Reflita sobre eles. A discussão é a 1a
etapa de um longo progresso educacional que deve terminar no íntimo de cada um, pela
reflexão sobre o que foi dito.

»» Saber calar e saber falar – É com a palavra que nos comunicamos com o próximo. Uma
palavra pode agradar, ferir, convencer, estimular, entristecer, instruir, enganar, louvar,
criticar ou aborrecer as pessoas a quem for dirigida. É com a mesma que o trabalhador
se comunicam com os colegas. É por seu intermédio, também, que recebe instruções dos
seus superiores. Quando uma pessoa está numa reunião e o assunto foge completamente
à sua especialidade e, além disso, há técnicos entendidos na matéria em discussão, o
melhor é ouvir para aprender mais, ou então inquirir quando não entendeu algo.

89
Para (não) Finalizar

Como você tem administrado os talentos e os bens que


Deus confiou a você?
(Evangelho de Mateus cap. 25 vers. 14-29)

14. Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes
confiou os seus bens.

15. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um a cada um segundo a sua própria
capacidade; e, então, partiu.

16. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou
outros cinco.

17. do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.

18. Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.

19. Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles,

20. Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo:
Senhor , confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.

21. Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no pouco, sobre o muito te
colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.

22. E, aproximando-se também o que recebera dois talentos; disse:

23. Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei.

24. Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te
colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.

25. Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem
severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,

90
Para (não) Finalizar

26. receoso, escondi na terra o teu talento; aqui o que é teu.

27. Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não
semeei e ajunto onde espalhei?

28. Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar,
receberia com juros o que é meu.

29. Tirai-lhe, pois, o talento e daí-o ao que tem dez.

30. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao que não tem, até o
que tem lhe será tirado.

31. E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.

91
Referências
BARRIENTOS, Alberto. Trabalho Pastoral. 1. ed. São Paulo: Cristã Unida, 1991. 278 p.

BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado. 2. ed. São Paulo: Imprensa da fé, 1996. 200 p.

Bíblia Pentecostal – CPAD.

BÍBLIA SAGRADA, NT. Mateus. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Edição rev. e
atual. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1994. Cap. 9, versos 35-36.

CARLSON, Raymond e outros. O Pastor Pentecostal. 3. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembleias de Deus, 1999.

COOK, Guilherme. Evangelização é Comunicação. Belo Horizonte: Betânia, 1980.

CRABTREE, A. R. A doutrina bíblica do ministério. Juerp, 1991.

GONDIM, Ricardo. Fim do Milênio. Os Perigos e Desafios da Pós-Modernidade na Igreja. 1. ed. São
Paulo: Abba, 1996. 126 p.

GRENZ, S. J. Pós-modernismo. [S.l.]: Vida Nova, 1999.

HANSEN, David. A Arte de Pastorear. 1. ed. São Paulo: Shedd Publicações, 2001. 208 p.

KEMP, Jaime. Pastores em Perigo. 1. ed. São Paulo: Sepal, 1995. 95 p.

PETERSON, Eugene. Um Pastor Segundo o Coração de Deus. 1. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2001. 181 p.

LENSZ, César, K. M. Vocação – uma perspectiva bíblica. [S.l.]: Ultimato, 1997.

MENDES, José Deneval. Teologia Pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

SHEDD Russel – Bíblia Sagrada.

SILVA, Kittim; De pastor a pastor – como melhorar seu ministério pessoal. [S.l.] Vida Nova, 1995.

WILDER, John B. O jovem pastor. Casa Publicadora Batista, 1971.

VOIGT, Emílio. Jesus de Nazaré. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2008.

92

Você também pode gostar