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1
ÍNDICE
Introdução ..................................................................................................................................................... 3
1. Noção e objetivos do Aprovisionamento ................................................................................................ 4
2. A gestão de stocks.................................................................................................................................. 20
Conclusão .................................................................................................................................................. 3 8
Bibliografia ................................................................................................................................................. 3 9
2
Introdução
O presente manual destina-se à abordagem das principais técnicas e métodos de gestão de stocks,
no âmbito da função operacional de uma empresa.
Numa segunda fase, implica a definição de quais e em que quantidades os materiais que, por
diversas razões (quantidades mínimas de encomenda impostas pelos fornecedores, quantidades
económicas de encomenda, lead time dos fornecedores, oscilações de consumo/procura,
especulações de mercado, etc.), só permitem ao aprovisionamento colocar aqueles materiais à
disposição da empresa, em tempo útil, na quantidade e qualidade desejadas mediante a
constituição de stocks, o que implica, consequentemente, a sua gestão.
As Compras, como órgão dos Aprovisionamentos ao qual foi delegada a missão de negociar e
comprar bens ou serviços, tem como objetivo fundamental:
• Aprovisionar, nas melhores condições, as quantidades indicadas no pedido de compra
(requisição interna de compra), dos bens e serviços especificados, ao fornecedor
selecionado.
• Os materiais devem satisfazer integralmente todas as especificações, normas técnicas,
requisitos de qualidade, certificações de ensaios e garantias técnicas, explícitos nos pedidos
de compra;
• Os prazos de tratamento da encomenda, de fornecimento, de transporte, de
desalfandegamento e de receção (componentes do prazo de aprovisionamento indicado no
pedido de compra) devem ser estritamente respeitados, a fim das datas limites, indicadas
no plano mestre da produção, não serem ultrapassadas;
• Os preços de compra devem ser os melhores do mercado;
• As condições de pagamento negociadas com os fornecedores devem estar cobertas,
sempre que possível, pelas condições de recebimento dos clientes, acordadas pelas
Vendas.
leque de fornecedores para cada material, embora se opte por um fornecedor preferencial
cujo nível de serviço logístico seja o mais elevado;
• Manter atualizada a informação relativa aos itens de compra corrente, face à evolução e
desenvolvimento de novos materiais e técnicas.
A Estrutura de Compras
A estrutura orgânica das Compras pode apresentar diversos modelos, consoante os objetivos da
empresa, e pode, seguir critérios de subdivisão, tais como:
• Por material - equipas de compradores especializados por tipo de bem ou serviço;
• Por mercado - equipas de compradores especializadas no:
- Mercado Nacional;
- Mercado Estrangeiro.
(O Mercado Estrangeiro pode subdividir-se por regiões: União Europeia, América do
Norte, América do Sul).
Complementarmente, ainda podem coexistir os órgãos estruturais seguintes:
• Transportes - um órgão que se dedique exclusivamente à gestão dos transportes dos
materiais adquiridos, bem como à contratação de empresas transportadoras em regime de
outsourcing;
• Planeamento - um órgão que responda pelo planeamento de Compras, e que controle os
prazos de aprovisionamento versus prazos limites (definidos a partir do plano mestre da
produção).
Tipos de Compras
Fundamentalmente existem dois tipos de compras:
• As compras de bens tangíveis/materiais;
• As compras de serviços;
Contratos fechados
- Contratos fechados - encomendas a que correspondem uma ou mais entregas até à sua
liquidação dentro dos prazos limites;
Contratos abertos
Contratos abertos - encomendas a prazo, normalmente por períodos anuais, em que as
entregas são pré-definidas e programadas no período estabelecido ou a pedido na
quantidade necessária e no momento oportuno.
Compras de serviços
Compras de serviços - cujas encomendas, também, podem ser de dois tipos:
Fornecimento de bens intangíveis, tais como serviços de contabilidade, software, ...
Subfornecimentos ou subcontratos, isto é, adjudicações de parcelas de trabalho.
O processo de compra
O processo de compra tradicional desenvolve-se através de uma sequência de atividades, das
quais se destacam as seguintes:
1. Formalização das especificações;
2. Análise do pedido de compra;
3. Seleção de fornecedores;
4. Consulta a fornecedores;
5. Análise de propostas;
6. Adjudicação da encomenda;
7. Seguimento da encomenda;
8. Receção da encomenda;
9. Conferência de faturas;
10. Tratamento de reclamações;
11. Ordem de Pagamento.
A Formalização das Especificações
As especificações dos materiais e serviços a comprar devem ser formalizadas em pedidos de
compra pelos utilizadores com competência para o efeito.
Exemplos:
• Os materiais consumíveis na produção, tais como matéria-sprimas, devem ser
especificados pelos projetistas da engenharia do produto;
• Os materiais de utilização permanente, tais como o equipamento produtivo, devem ser
especificados pelos técnicos industriais da engenharia do processo;
• Os materiais utilizados no âmbito do sistema de informação dev em ser especificados
pelos especialistas das tecnologias da informação (hardware e software), mas os
consumíveis (suportes de informação) podem ser especificados pelos respetivos
utilizadores.
Na análise do pedido de compra, deve ser formada uma ideia global sobre todos os aspetos
técnico-económicos da(s) necessidade(s) e verificada a sua coerência. O pedido da compra deve
ser revisto e se necessário completado ou corrigido, pois vai desencadear a emissão das consultas
as quais devem estar isentas de erros e omissões, e ser este o momento exato para a última
retificação.
Uma cópia do documento final revisto e visada pelo comprador deve ser remetida para o emissor
do pedido de compra srcinal.
Seleção de Fornecedores
O comprador face à(s) necessidade(s) e com acesso aos ficheiros de materiais/serviços e de
fornecedores deve proceder à seleção dos fornecedores a quem dirigirá as consultas.
Classificação de fornecedores
Há empresas que, fazendo sistematicamente uma análise do nível de serviço logístico dos
fornecedores, os mantém classificados numa das três categorias:
• Qualificado;
• Qualificável;
• Rejeitado.
Neste caso, a seleção dos fornecedores está facilitada, podendo escolher-se os da categoria 1, cujo
nível de serviço está acima dos 80%, porque são esses que dão maior garantia de satisfação.
Consulta a Fornecedores
As consultas devem ser emitidas, indicando-se o prazo para receção das propostas dos
fornecedores e os critérios de seleção, em que o preço pode não ser o parâmetro decisivo.
Análise de Propostas
Recebidas as respostas às consultas, também designadas propostas dos fornecedores, deve
elaborar-se um mapa comparativo tipo matriz, onde se indicam todas as variáveis da consulta e se
interligam com as ofertas dos fornecedores, com a finalidade de serem comparadas e analisadas,
tendo em vista a adjudicação da encomenda ao fornecedor que formulou a melhor proposta,
segundo os critérios estabelecidos
Adjudicação da Encomenda
Antes de se decidir a adjudicação pode passar-se por uma fase de negociação.
É este documento, denominado encomenda ou nota de encomenda, que irá ser enviado para o
fornecedor.
Seguimento da Encomenda
Esta atividade é de crucial importância, no tratamento da compra, para que o objetivo, no que
concerne ao cumprimento do prazo de entrega, seja alcançado.
Receção da Encomenda
As Compras podem acompanhar a receção do fornecimento e através das cópias das guias de
entrada (provisórias e definitivas) ou através do acesso direto à informação introduzida pela
Receção no sistema informático, confirmam se o material foi entregue em conformidade com todos
os requisitos da encomenda (quantidade, qualidade, prazo, preço, ...).
Qualquer não-conformidade deve ficar registada e ser comunicada de imediato, pelo comprador ao
fornecedor.
Conferência de Faturas
O comprador, responsável pela encomenda, pode verificar se as faturas emitidas pelo fornecedor
condizem com as condições da encomenda e com as guias de entrada, no entanto, o mais normal é
esta atividade ser realizada na área financeira.
Em caso de extravio de uma fatura deve ser emitida uma nova fatura e anulada a anterior, mas,
nunca deve ser emitida uma 2ª via da fatura.
Tratamento de Reclamações
Qualquer não-conformidade detetada durante o processamento de uma encomenda deve ser
registada, para efeito de avaliação do nível de serviço logístico, e poderá srcinar uma reclamação
ao fornecedor.
As reclamações podem ter srcem nas atividades realizadas pelo comprador, mas também, nas
atividades inerentes à receção ou à área financeira, no entanto, deve competir exclusivamente a
Compras, apoiada pelo(s) órgão(s) detetor(es) da(s) não-conformidade(s), a ação de manifestar
formalmente ao fornecedor, através dos seus Serviços Comerciais ou da Assistência a Clientes, as
reclamações, com o objetivo de conseguir a resolução dos problemas.
Ordem de Pagamento
Depois de atendidas pelo fornecedor as eventuais reclamações, Compras deverá informar a área
financeira que ativará a tesouraria.
O documento é um registo que reproduz ou representa, uma coisa ou uma pessoa, podendo servir
de meio de prova ou de confirmação de um acontecimento, situação ou ocorrência.
Habitualmente escrito, pode também ter outro suporte material além do papel– registo em
disquete, CD, pen, microfilme, etc.
FunçõesRdeoprdeosecunm
taeçãnotod:e um facto ou situação;
Conservação (subsiste posteriormente ao facto que lhe deu srcem).
Ficheiro de artigos:
Um ficheiro de artigos deve poder registar, a todo o momento, a totalidade de artigos existente em
stock e, para cada um deles:
Nome do artigo
Nomenclatura
Formas comerciais do produto
Propriedades
Acondicionamento
Utilização na empresa
Produtos de substituição
Fornecedores possíveis
Encomendas passadas
Ficheiro de fornecedores:
Deve conter:
Nome do fornecedor
O seu código
Números de telefone e de fax
Nome do empregado a contactar
Principais produtos que fornece
Contactos anteriores
Informações diversas: encomendas realizadas, solidez financeira, etc.
No ficheiro de artigos
Acrescentar uma nova referência
Modificar as características que definem um produto (designação, preço, … )
Retirar um artigo que deixou de ser consumido/vendido
Solicitar ou responder à procura de qualquer artigo
Listar todos os artigos triados sob qualquer critério
No ficheiro de fornecedores
Juntar ou suprimir um fornecedor de determinado artigo
Introduzir ou alterar o preço do artigo apresentado por qualquer fornecedor
Introduzir outras informações relevantes.
Guia de entrada
A guia de entrada é preenchida em quadruplicado para distribuir pelos seguintes serviços:
Gestão de stocks;
Contabilidade;
Compras;
Armazém.
Guia de saída
A guia de saída é preenchida em quadruplicado destinada a:
Serviço requisitante;
Gestão de stocks;
Contabilidade;
Armazém.
Ficha de armazém
Alguns cuidados:
Guia de remessa
A guia de remessa constitui o documento de entrega dos bens a fornecer. Por vezes também se
fala em guias de entrega/receção; trata-se de documentos com a mesma função das guias de
remessa e que, portanto, deverão ter o mesmo conteúdo.
As guias de remessa devem conter, pelo menos, os seguintes elementos:
• Nome, firma ou denominação social, sede ou domicílio e número de identificação fiscal do
remetente;
• Nome, firma ou denominação social, sede ou domicílio e número de identificação fiscal do
destinatário ou adquirente;
• Número e data da guia;
• Especificação dos bens, com a indicação das quantidades;
• Locais de carga e descarga e data e hora de início do transporte, quando forem utilizadas
como documento de transporte.
As guias de remessa serão substituídas por guias ou notas de devolução, quando se trate de
devoluções de mercadorias anteriormente transacionadas entre as mesmas pessoas.
Fatura
Uma fatura é um documento comercial que representa a venda aos clientes. Em geral, a fatura só
é emitida para pagamentos ainda não efetuados (vendas a prazo).
Nela são discriminados todos os itens comprados na operação, e por isso, a fatura também é usada
como controle.
1.4.1. Armazenagem
A função armazenagem corresponde à gestão do espaço necessário para manter artigos em stock.
Envolve decisões sobre localização, dimensionamento, layout e configuração.
A Gestão de Infraestruturas procura definir o número, tipo e dimensão das infraestruturas nodais,
as tarefas a realizar em cada uma e o tipo e quantidade de stock que cada uma irá comportar, bem
como os tipos de ligações entre elas através das infraestruturas de transporte e comunicação.
Tem também como objetivo a gestão interna de cada uma das infraestruturas da rede, de forma a
que as tarefas atribuídas a cada uma sejam realizadas com o máximo de eficiência e rigor.
A armazenagem é uma atividade que existe enquanto existirem stocks. No entanto, com a
coordenação entre parceiros da Cadeia de Abastecimento e com a ajuda das Tecnologias de
Informação e Comunicação, que potenciam o fluir rápido da informação, a necessidade de deter
stocks torna-se cada vem mais ténue, e os armazéns transformam-se em pontos de separação,
consolidação ou simples transbordo.
O manuseamento de materiais sai reforçado. É nos armazéns, que passam a chamar-se centros de
distribuição, que se realizam as tarefas de receção, desagregação, reagregação e expedição de
produtos, sem esquecer algumas operações de transformação como o embalamento, a
etiquetagem, ou a montagem de kits promocionais.
Quanto maior o nível de serviço aos clientes (menor nível de ruturas), mais stock de segurança
importa deter. Um dado importante é a incerteza (da procura e do prazo de entrega dos
fornecedores) que a Gestão de Stocks enfrenta. Para fazer face a uma maior incerteza, o stock de
segurança tem que ser maior para o mesmo nível de serviço pretendido.
A manutenção do nível de stocks ótimo, por sua vez, compara-se ao efeito de uma válvula: ajusta
o fluxo de entrada ao fluxo que se verifica do lado da saída.
O agendamento das entregas é outro fator importante para o bom funcionamento de um armazém
e para o bom entendimento com os fornecedores. Não pode haver um bom relacionamento entre
uma organização e os seus fornecedores se esta sistematicamente obriga a que as viaturas deles
fiquem imobilizadas durante horas, ou, vice-versa, que eles não apareçam atempadamente e
obriguem ao desperdício de horas de recursos humanos de receção.
A tendência vai no sentido do fornecedor único e das parcerias a longo prazo, à medida que as
empresas se deslocam das relações baseadas em transações para as relações baseadas em
parcerias. Os contratos de longo prazo ou rolantes tornaram-se a norma, não só nas matérias-
primas compradas mas também no abastecimento de artigos finais, nos transportes, no aluguer de
armazéns e nos serviços de informações.
1.4.3. Transportes
A rodovia mantém-se como o modo principal de transporte, mas o impacto da legislação ambiental
e das normas de segurança irá moldar os desenvolvimentos futuros em transportes.
Três fatores determinam o desempenho do Transporte, e deverão ser tidos em conta aquando da
escolha do modo de transporte a utilizar: o custo, a velocidade e a consistência.
No que diz respeito aos custos, o Transporte deve ser gerido numa perspetiva de Custo Total, e
não apenas de minimização do custo do Transporte. Isto porque a opção por meios de transporte
mais económicos pode levar a que a empresa incorra noutros custos que sejam superiores à
poupança conseguida.
A velocidade do transporte resulta do tempo que leva realizar determinado movimento, e tem
impactes importantes na disponibilização do stock para satisfazer os clientes, e também nos custos
de posse de stock durante o trajeto.
A congestão de tráfico tenderá a ser cada vez mais grave, assegurando o crescimento das entregas
noturnas e mesmo uma reformulação radical das redes de armazéns centrais. O renascimento de
pequenos armazéns de transbordo (ordenação e não retenção) já está a acontecer em alguns
sectores. O renascimento do caminho-de-ferro também se prevê.
1.4.4. Inventários
A todo o momento o gestor deve conhecer a posição atualizada dos stocks para cada referência,
em quantidade e por local.
Para verificar a qualidade do estado dos stocks (diferença entre o stock real e o registo informático
do stock), é necessário efetuar inventários e evidentemente atualizar o registo informático.
Um inventário consiste numa operação de contagem física dos artigos nas prateleiras do armazém.
Tipos de inventários:
Inventário permanente;
Inventário intermitente;
Inventário rotativo
Inventário permanente:
Inventário intermitente:
É efetuado uma vez por ano e no final do ano contabilístico. Efetua-se para todos os artigos da
empresa o que implica uma apreciável carga de trabalho que pode perturbar a sua atividade.
Inventário rotativo:
Consiste em examinar o stock por grupos de artigos e verificar a sua exatidão em termos de
quantidades e localização desses artigos. A frequência de realização deste inventário é diferente
consoante o tipo/importância do artigo.
2. A gestão de stocks
• Rececionar os matera
i is aprovisionados;
• Armazenar e conservar os stocks;
• Aviar ou expedir os materiais armazenados.
As atribuições da gestão física dos stocks podem estar concentradas num único órgão estrutural ou
repartidas por vários órgãos ou serviços, como por exemplo os seguintes:
• Receção,
• Armazéns,
• Expedição.
Em empresas de maior dimensão podem existir vários órgãos responsáveis pela gestão física dos
stocks, devendo haver uma dependência hierárquica e funcional do responsável pela função
aprovisionamento.
Torna-se necessário, para gerir os stocks, ter um conhecimentoexato de cada “item” ou artigo das
existências não só em quantidade física, valor e qualidade, mas também em dimensão, forma,
Desenvolve-se a 2 Níveis:
No Armazém
No Departamento Administrativo
No armazém
Preenchendo guias de entrada e de saída e fichas de armazém.
No Departamento Administrativo:
Estes objetivos são concretizados para cada artigo do stock, que tem características específicas.
Os sistemas de gestão económica dos stocks (GES) são de dois tipos:
• Sistemas de reposição do nível de stock
• Sistemas de planeamento de necessidades
Planeamento de necessidades
Define-se planeamento de necessidades de materiais como o conjunto de procedimentos que visa
estabelecer uma calendarização de reaprovisionamentos.
O método ABC ou lei de Pareto, é recomendável pela sua simplicidade e eficácia, assegura a
manutenção de stocks médios reduzidos e conduz à incidência do esforço de gestão sobre os
materiais importantes, tornando mais económico o funcionamento associado.
Como não é possível nem aconselhável tratar todos os artigos da mesma forma, a análise ABC e
uma ferramenta de gestão muito simples, mas com grande eficácia na classificação correta dos
stocks, criando três níveis de prioridade distintos na gestão dos mesmos.
Assim, este método classifica os stocks em três grandes grupos, A, B ou C, de acordo com a
percentagem dos consumos anuais que cada grupo representa.
Classe B
Este e um grupo intermédio:20 a 25% do total de artigos representam 10 a 15% do valor do
consumo anual de todos os artigos.
Classe C
Este grupo de artigos possui o menor valor de consumo anual, embora represente um elevado
número de referências: 60 a 65% do número total de artigos correspondem a 5 a 10% do valor do
consumo anual de todos os artigos.
A gestão de cada grupo deve ser realizada da seguinte forma:
Esta realidade sugere que sejam lançadas frequentes encomendas de reposição para os itens do
grupo A (em alternativa, encomendas anuais com entregas escalonadas, quando possível) o que
permite:
Para o mesmo consumo anual, manter os níveis médios dos stocks em valores baixos;
Gerir cuidadosamente os 20% de itens, sabendo-se que se estão a concentrar os esforços
de gestão sobre 80% do valor total do consumo anual.
OmétodoABC comosuportededecisão
Naturalmente que a utilização do método ABC para o reaprovisionamento, não deve ser impeditiva
do cálculo do ponto de encomenda e de outros parâmetros da gestão dos stocks, que visam
prevenir as situações de rotura.
É habitual classificar os stocks segundo o lugar que ocupam ao longo do processo de produção.
Assim, teremos, de montante para jusante:
Analisemos agora uma classificação de stocks de acordo com a sua utilização ou função. Neste
contexto, consideremos cinco tipos diferentes de stocks, a saber:
Qualquer destas decisões extremas, ou outra intermédia, pode ser adotada pela empresa após
ponderar custos de armazenagem e custos resultantes de variações do nível de produção. Estes
custos dependem, evidentemente, da estrutura particular de custos de cada empresa para o
produto analisado.
Stocks de antecipação
O ciclo de produção, isto é, o tempo que decorre entre o lançamento em fabricação do produto e o
momento em que ele entra em stock de produtos acabados, é, frequentemente, de muitas
semanas ou, mesmo, de vários meses.
O cliente não se encontra disposto, a maior parte das vezes (quer se trate de um automóvel, de
um eletrodoméstico ou de um computador), a aguardar a entrega durante todo este tempo.
Então, mesmo para as empresas que trabalham por encomenda, torna-se necessário cobrir uma
parte do seu ciclo de produção fabricando antecipadamente peças e conjuntos que serão utilizados
em fases posteriores, com prioridade para os que possuem um ciclo mais longo.
Stocks de segurança
São os stocks que se constituem como resposta às incertezas:
• Da procura, por parte do mercado;
• Do prazo de entrega, por parte dos fornecedores.
Não se pode, contudo, esperar uma segurança total senão com custos proibitivos. Torna-se, pois,
necessário definir uma frequência de satisfação imediata da procura, ou seja, um nível de serviço.
O seu valor permitirá calcular o valor do stock de segurança correspondente.
Stocks em trânsito
Compreendem artigos que circulam entre as diferentes fases do processo de aprovisionamento,
produção e distribuição. Exemplos: produto acabado entre um armazém central e um armazém
regional; produtos em curso de fabricação entre postos de trabalhos sequenciais no processo de
produção.
Stocks de ocasião
O preço de certos materiais – sobretudo matérias-primas como o cobre, o café, o petróleo, etc. –
flutua consideravelmente em curtos espaços de tempo. As empresas decidem, então, comprar
grandes lotes sempre que o preço se encontra em queda.
3. Modelos e métodos de Aprovisionamento
Modelos de aprovisionamento
Com estreita relação com os Sistemas de Custeio, assume relevância particular a forma de
valorização dos fluxos de saída de produtos (ou fatores) de uma secção da empresa para outra.
Num determinado período de tempo é possível que entrem nos respetivos armazéns diversas
quantidade do mesmo fator ou produto a diferentes custos. Se assim for, no momento em que se
efetue a primeira saída de armazém do item em causa, por que valor é que ele deverá sair? Ou
seja, qual o custo a imputar à secção à qual ele se destina?
A sua utilização é adequada em situações de muito rápida rotação dos stocks, e em que se não
p
sirm idadveardiaeçaõpelsicasiçgãnoifpicraáttiivcas. nos custos. As principais vantagens são as suas objetividade e
evpêliecm
Como inconvenientes, são-lhe apontados o facto de subavaliar o custo das vendas, em períodos de
acentuada inflação, logo, sobrevalorizar as existências finais e o resultado, acontecendo
exatamente o contrário, em situações de descida dos custos de aquisição. Por estes motivos, é-lhe
imputada falta de rigor, na valorização.
A subvalorização das existências não permite o cálculo correto da taxa de rotação de stocks,
podendo penalizar a empresa, numa análise de rentabilidade, ou de performance. Por outro lado,
também será penalizante em caso de avaliação da empresa, para obtenção de crédito, operações
bolsistas, de fusão, etc.
O Custo Médio Móvel Ponderado, permite calcular um custo unitário após cada entrada, ou seja, a
Chamamos ainda a atenção para o facto de o valor unitário das existências em armazém após cada
saída (bem como após cada entrada) ser diferente, dependendo do critério valorimétrico adotado.
Métodos de aprovisionamento
Um dos grandes problemas na gestão de stocks reside na determinação da altura em que devera
ser feita uma nova encomenda de um determinado produto. A incerteza associada a esta decisão
prende-se essencialmente com o carácter incerto da procura.
Para além disso, também a incerteza residente nos fornecedores assume-se como um problema.
Esta incerteza revela-se nos produtos defeituosos entregues pelo fornecedor e pelo não
cumprimento dos prazos de entrega acordados.
Desta forma, como modo de proteção contra a incerteza, constituem-se stocks de segurança.
A quantidade boa de artigos entregues é aleatória, seguindo uma lei de distribuição de frequências
predefinidas.
N
dao elomcparleasdae.quado tem a ver com a correta movimentação e transporte dos stocks, dentro e fora
A quantidade certa:
O método do lote económico desenvolve-se a partir de alguns pressupostos:
• A procura é regular durante o ano;
• O preço unitário do artigo é conhecido e independente da quantidade selecionada;
• Não haverá ruturas dos stocks durante o ano;
• O custo de realização por encomenda é conhecido e constante;
• O custo de armazenagem do artigo é constante por unidade;
• O custo de armazenagem é proporcional ao valor do stock.
E de alguns custos:
O custo de compra do período é o produto do custo unitário do produto ( p ) pela quantidade
adquirida durante o período ( N ).
C1 = N x p
C2 = E x ( N L)
O custo de armazenagem de um item dos stocks envolve a taxa de posse dos stocks ( t ) e o
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capital associado ao valor dos stocks médios.
31 39
A taxa de posse dos stocks (t) é composta por três taxas.
t = D1+D2+D3
2. Os custos financeiros ou juros relativos ao capital que foi imobilizado para armazenar os stocks e
não foi aplicado no mercado financeiro que remuneraria este capital a uma taxa (D2).
3. Taxa de desvalorização do stock dada pelo rácio entre o valor da desvalorização e o capital
imobilizado com o stock médio (D3).
Como o stock médio é definido como a média aritmética das existências no período, o valor do
custo de armazenagem é dado por:
C3 = ( L 2)x(t)x(p)
O custo total envolvido com a atividade de gestão dos stocks e compras é dado por:
CT = C1 + C2 + C3
A fórmula de Wilson dá o valor do lote relativo ao menor custo total dos stocks - o lote económico:
As empresas nem sempre utilizam a análise do lote económico como suporte às decisões na área
da gestão de stocks e compras.
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Isto ocorre quer pela pouca informação disponível, fruto do pouco controlo implementado nos
processos da gestão, quer pela pouca formação e conhecimento dos gestores em gestão dos stocks
e compras.
De qualquer modo, conhecer o lote económico para um modelo de gestão dos stocks e compras
significa dispor de um padrão comparativo, capaz de indicar o limite entre o que é economicamente
viável e o que significa prejuízo numa negociação entre clientes e fornecedores.
O momento certo
Uma vez definido o lote económico por encomenda permanece a pergunta. Quando pedir?
Se deixássemos que os níveis dos stocks caíssem livremente mediante uma determinada taxa de
procura por unidade de tempo, os stocks iriam diminuir até que não houvesse mais nenhum stock
no armazém.
Para evitar a rutura dos stocks faríamos uma encomenda antes que os stocks atingissem o ponto
de rutura, ou seja: faríamos a encomenda um pouco antes dos stocks chegarem a zero pois
Como na prática isto não acontece, deve-se prever um stock de segurança ( Ss ) que funcione
como amortecedor das oscilações da taxa de procura ( K ) e do tempo de aprovisionamento ( ta ).
O ponto de encomenda ( Pe ) pode ser expresso como o valor dos stocks correspondente ao
consumo durante o prazo de aprovisionamento acrescido do stock de segurança considerado.
Pe = K ( ta ) + Ss
33 39
Onde : A = Existências no Armazém e G = Quantidade já encomendada e ainda não entregue pelo
fornecedor.
Os stocks de segurança devem ser calculados com base na procura e na perspetiva de variação no
período de aprovisionamento. Uma fórmula simples para o cálculo de Ss, considera o valor médio
da procura ( Cm ) e um período de tempo ( T ) durante o qual se quer garantir que não haja rutura
dos stocks.
Ss = ( Cm ) x ( P )
Convém lembrar que a implementação dos stocks de segurança num modelo de aprovisionamento,
por um lado trazem o benefício de reduzir a probabilidade de rutura dos stocks e, por outro lado,
representam capital imobilizado e acrescem o valor do custo de posse dos stocks. A decisão sobre
a dimensão dos stocks de segurança é de muita importância e deve ficar a cargo da gestão.
Determinação de consumos
O consumo previsto traduz uma quantidade correspondente à necessidade independente para um
determinado prazo (normalmente um ano) de um artigo concreto.
Consumo previsto (S) para um item do inventário é a previsão de utilização desse item, em
unidades físicas, para um determinado prazo (em princípio um ano), baseada na necessidade
independente derivada da procura nesse prazo.
O consumo S (em unidades físicas) corresponde à variação do stock desse artigo na unidade de
tempo (ano, mês, dia, hora, etc.) no sentido decrescente (variação negativa).
Se a variação do stock for crescente (variação positiva), tratar-se-á de uma entrada de material no
stock, em resultado da chegada a armazém de uma encomenda ou de uma remessa ao abrigo de
uma encomenda em aberto.
Se for S o consumo previsto, para um prazo p, então, o consumo médio - S - nesse prazo é dado
por:
33 39
Co-Financiado por:
Os stocks suportam, para além do custo de rutura, duas espécies de custo: custo de passagem de
encomendas para a constituição e reabastecimento a que vai somar-se o preço de compra artigos e
custo de posse inerente à sua existência e que vai agravar os preços de saída de armazém.
Custo de Passagem
O custo de passagem, que corresponde a 1% - 2% do montante total das encomendas,
compreende todos os gastos devidos ao procedimento de compra, como remunerações e encargos
com os agentes do aprovisionamento, estudos de mercado, despesas com negociações, redação
das encomendas, controlo dos prazos, relance aos fornecedores, controlo das entregas e
conferência das faturas.
Custo de Posse
O custo de posse do stock compreende duas categorias de despesas: o interesse financeiro dos
capitais imobilizados que se situa entre 10 e 15% e os gastos de armazenagem que podem atingir
5 a 10% do valor imobilizado.
Custo de Rutura
A rutura pode verificar-se nas duas atividades de produção:
Fabricação: falta de materiais para dar continuidade ao processo produtivo
Manutenção: falta de uma peça que srcina paragem de fabrico e cuja produção não pode
ser recuperada.
Por outro lado, o custo da rutura em manutenção é devido à falta de uma peça de substituição o
que dá srcem a um conjunto de consequências financeiras que depende da peça e da máquina, da
taxa de utilização da máquina e das possibilidades de reparação.
O custo de rutura tem em conta o tempo suplementar t entre o tempo de reparação t1 com a peça
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Co-Financiado por:
existindo no stock e o tempo t2 para arrancar a instalação quando a peça não existe no stock.
35 39
Co-Financiado por:
Durante este tempo (t2– t1), o custo da rutura integra, para além do custo de posse dos produtos
em curso de fabrico e do suplemento de desperdícios, a perda de produção rendível expressa em
margem bruta:
Em conclusão, para obter uma boa gestão de stocks é preciso minimizar os três fatores de custo:
custo de passagem das encomendas, custo dá posse do stock e custo de rutura. Gerir um stock
compreende a procura de uma solução otimizada em termos, físicos, administrativos e económicos.
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5.Elaboração de orçamentos
Os orçamentos são uma quantificação formal das operações de uma organização para um período
futuro, podendo também ser definidos como um sistema formal de previsão, planeamento,
monitorização e controlo de recursos no seio da organização.
Eles incluem os aspetos financeiros e não financeiros das atividades operacionais, constituindo uma
orientação para o desenvolvimento das operações e para a projeção das atividades operacionais de
um determinado período.
A orçamentação num sistema baseado nas atividades segue os seguintes passos: análise
estratégica, análise da cadeia de valor, avaliação do programa de vendas, planeamento da
envolvente externa, análise dos processos e das atividades, avaliação das medidas de output,
obtenção do custo do produto e cálculo do lucro orçamentado.
A análise estratégica implica a consideração dos fatores críticos da empresa, como por exemplo, a
baixa produtividade ou a insatisfação dos clientes. Se a estratégia da empresa passar pela
conquista de maior quota de mercado então deverá prosseguir uma política de redução de preços.
Por outro lado, se a estratégia já for a de penetrar em mercados mais exigentes, a aposta poderá
recair na qualidade ou na certificação. A análise da cadeia de valor permitirá identificar as
atividades que são mais importantes mediante a estratégia definida, assim como aquelas que
podem ser reduzidas ou eliminadas.
A orçamentação baseada nas atividades, sendo semelhante aos orçamentos tradicionais, apresenta
algumas diferenças a assinalar. Em primeiro lugar baseia-se na cadeia de valor e o programa de
vendas é obtido com base nas exigências dos consumidores e não com base na perspetiva da
empresa. Em segundo lugar, ao basear-se na análise das atividades, a orçamentação em
atividades classifica-as em função do seu potencial de criação de valor.
Todas as atividades relacionadas com o produto são analisadas de forma detalhada e não apenas
as de produção como acontece geralmente nos orçamentos tradicionais. A informação é utilizada
para diversos objetos de custo que não apenas o produto.
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Esta previsão deve também ter em conta fatores como o clima económico e as ações dos
concorrentes ao nível de políticas de marketing e de preços. Serve também de auxílio para
determinar o número de unidades a serem produzidas. Deste modo, o orçamento de produção só
se desenvolve depois do orçamento de vendas.
Este descreve o número de unidades a serem produzidas de modo a satisfazer o volume de vendas
orçamentado e as alterações nos níveis de stocks de produtos:
Deste modo, devem ser tidas em conta todas as utilizações esperadas dos diferentes tipos de
matérias-primas durante o processo produtivo bem como o stock de matérias-primas necessário à
realização das atividades da empresa:
Posteriormente devem ser elaborados os orçamentos de stocks finais de forma a fornecerem toda a
informação necessária para o balanço e servindo também de input importante para o orçamento de
gastos com mercadorias vendidas, que reflete os gastos esperados para as mercadorias vendidas.
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Conclusão
Numa primeira parte, foi abordada a função compras na empresa, respetivo funcionamento e
caraterização.
Esperamos que os conteúdos abordados tenham contribuído para um maior conhecimento desta
importante área operacional da empresa, no sentido de uma melhoria de desempenho de todos os
que nela intervêm.
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Bibliografia
Marques. A.; Vieira, P., Logística Operacional: Manualdoformando, Ed. Companhia própria, 2004
Veludo, M., Aprovisionamento egestãodeStocks: Guia doformando, Ed. ISG/ IEFP, 2004
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