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Verão Ardente
(Tidewater Lover)
Janet Dailey
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CAPITULO I
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maior delas, havia consumido todas as suas economias. Mas era orgulhosa
demais para confessar isso à prima.
— Por que pergunta? — tentava mais uma vez apressar Margo.
— Estive preocupada com nossa casa e as coisas lindas que estão lá.
Situada onde está, na praia, isolada e sem vizinhos, nunca se sabe o que
poderá acontecer, Especialmente quando a praia fica repleta de turistas no
verão. Alguém poderia entrar na casa e roubar tudo que temos no momento
em que percebesse que ela está sem ninguém. Estive pensando no que
poderia fazer a respeito. Você sabe muito bem que temos muitas coisas
valiosas, Lacey.
— Sei — concordou ela. Há um mês, Margo a levara lá para exibir sua
casa.
— Eu estava hoje de manhã pensando no que poderia acontecer
enquanto Bob e eu estivéssemos fora, quando me lembrei que Sally dissera
que você não tinha planos definidos para as férias. Encontrei então a
solução! Você poderia tomar conta da casa enquanto estivessemos fora.
Lacey hesitou — Ê. . . talvez eu possa.
Rapidamente imaginou que seria um plano perfeito para suas férias.
Passá-las numa luxuosa mansão à beira-mar. Era algo que não sonharia
mesmo que ganhasse o dobro do seu salário.
— Sabia que poderia contar com você! — exclamou Margo.
— Terei muito prazer — respondeu Lacey sinceramente, já imaginando
longos dias preguiçosos ao sol. Talvez até se desse ao luxo de comprar um
maio novo!
— Mas há uma coisa — disse Margo depois de uma pausa. — Como eu
disse, partimos amanhã. Bem, detesto a idéia de deixar a casa sozinha por
um dia que seja. Você poderia chegar aqui amanhã à noite?
Respirando profundamente. Lacey imaginou se a prima percebia bem o
que estava pedindo. Fazer o trajeto da praia até Newport News significava,
com o trânsito intenso, ter que se levantar muito cedo. Mas amanhã já era
quinta-feira. Se conseguisse ter livre a manhã de sábado, teria que fazer o
sacrifício apenas uma vez.
— Está bem — concordou Lacey finalmente. — Arrumarei minhas
coisas e estarei aí depois do trabalho amanhã.
— E eu ficarei eternamente grata por isso — disse Margo efusiva. —
Não se preocupe, pois a despensa está cheia de comida. Vou deixar a chave
da porta da frente no vaso de plantas do terraço.
— Está bem.
— Esteja à vontade, a casa é sua, Lacey. Oh, agora preciso correr, pois
ainda tenho mil coisas por fazer! A gente se vê quando eu voltar das
Caraíbas. Até a volta!
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dela.
— Meus planos mudaram de repente — esclareceu ela. — Minha prima
me pediu que ficasse em sua casa na praia da Virgínia enquanto ela e o
marido viajam de férias. Eles partem amanhã, o que quer dizer que deverei
estar lá à noite. Claro que virei na sexta-feira... e no sábado, a menos que
me dê a dispensa do ponto. Assim poderei viajar sossegada.
— Por que não?
— Obrigada! Trabalharei até mais tarde na sexta para deixar tudo em
ordem — prometeu Lacey.
— Será melhor que deixe esta casa de loucos às cinco horas na sexta,
senão posso me arrepender e adiar suas férias — ameaçou-a brincando. —
Então sua prima terá que encontrar outra pessoa para tomar conta da casa!
Por falar nisso, quem vai substituí-la aqui?
— Donna.
Um brilho cético iluminou os olhos dele ao ouvir o nome mencionado. —
É melhor deixar seu endereço e o número de telefone da casa de sua prima
com Jane. Só para o caso de Donna se sentir desorientada e perdida ao
descobrir que não pode encontrar algum coisa. . . Onde mesmo você disse
que era? Na praia de Virgínia?
— Sim. A casa dá para a praia, com o mar bem na frente! E juro, Mike,
que se você me chamar para trabalhar durante minhas férias, eu... — Lacey
não teve chance de terminar sua ameaça.
— De frente para a praia, você disse? Diabos! Eu bem que poderia
tirar minhas férias e lhe fazer companhia. Seria um paraíso! Sabe o que
dizem os prospectos de propaganda? Que a praia de Virgínia foi feita para o
amor! Talvez pudéssemos nas duas próximas semanas provar que eles têm
razão. Eu aguentaria perfeitamente ficar longe do escritório durante esse
tempo! E muito principalmente tendo você ao meu lado.
— Se você não tem nada para fazer no domingo, por que não vai até lá?
— sugeriu ela, sabendo que era exatamente isso o que ele estava querendo.
— Está combinado! — replicou sem hesitação, trocando rapidamente a
idéia de duas semanas por um dia. — Levarei carne e faremos um churrasco
na, areia.
— Magnífica idéia — concordou ela.
O telefone interno tocou e Lacey se encaminhou para atendê-lo. Jane,
a recepcionista, perguntou imediatamente: — O sr. Bowman está aí, Lacey?
— Está.
— Ótimo! O sr. Whitfield está na unha um. Já chamou diversas vezes!
— Não se deu ao trabalho de acrescentai que o sr. Whitfield era um homem
impaciente. O tom de sua voz já dizia tudo.
— Obrigada, Jane. — Lacey repôs o fone no aparelho e olhou hesitante
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— Pense somente nas duas semanas que você vai passar longe de tudo
isso — sugeriu Mike tentando acalmá-la, enquanto se dirigia para sua sala.
Tão rápida quanto havia surgido, sua raiva desapareceu. — De vez em
quando, vou sentir pena de você neste inferno, enquanto eu estiver estirada
na areia apanhando sol... — riu Lacey.
Na quinta-feira, ao entardecer, com seu pequeno bagageiro repleto de
malas e outros pertences, Lacey se viu na estrada, a caminho da casa de
Margo Richards. Lá chegando, olhou com prazer a elegante casa de praia,
pintada de branco e creme e ouviu o marulhar das ondas se quebrando nas
dunas.
Só um tolo poderia lastimar ter que tomar conta de uma casa como
aquela e tê-la duas semanas só para si e Lacey não era boba. Um suave
sorriso entreabriu seus lábios.
Pegando sua frasqueira de cosméticos e uma pequena mala, Lacey
encaminhou-se distraída para a porta da frente, pretendendo encontrar o
vaso onde Margo dissera que deixaria a chave. Não prestou atenção no que
estava diante de seus pés e deu uma topada no capacho. Isso fez com que
levasse um tombo, derrubando sua frasqueira que se abriu com a queda,
espalhando seus cosméticos pelo chão. Felizmente não se machucou.
Levantou-se e começou a catar suas coisas.
— Por que não presta atenção por onde anda, Lacey? — recriminou-se.
O brilho de um metal fez com que ela levantasse um pouco o capacho,
encontrando ali uma chave. Estudou-a por um segundo e resolveu
experimentá-la na fechadura. A porta se abriu na primeira tentativa.
— Bem típico de Margo — murmurou alto, deixando a porta aberta
enquanto catava o resto das coisas e repunha na frasqueira. — Esqueceu
onde disse que poria a chave e a colocou no primeiro lugar que lhe veio à
cabeça.
Depois de entrar na casa, Lacey parou. Lembrava-se que da primeira e
única vez que estivera ali, Margo lhe mostrara que ao rés do chão ficavam
um estúdio, um quarto de depósito e a garagem.
A parte social da casa era no andar de cima e a escada ficava à
esquerda. O vão da escada era aproveitado por um armário que ia até o chão
do andar superior. Pintado de branco e azul, mostrava, pelos vidros de suas
portas, coleções de livros, de enfeites e de estatuetas decorativas.
Com a frasqueira e a mala nas mãos, Lacey subiu as escadas. Tudo era
silêncio. O ruído de seus passos pareceu-lhe alto demais e ela resistiu ao
desejo de andar nas pontas dos pés.
Entrou na sala de estar, também toda decorada em azul e branco. Um
enorme tapete azul era parcialmente coberto por sofás brancos e uma
lareira de tijolos pintados de branco completava o ambiente. Almofadas
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erro.
CAPITULO II
Lacey achava uma coisa quase impossível estar ali, preguiçosa como um
gato. A noite não estava muito fria e ela mantinha as janelas abertas e o
fogo na lareira. Uma brisa soprava do mar, trazendo o cheiro de maresia, e
o barulho das ondas se misturava com a música suave do estéreo. Às chamas
do fogo pareciam dançar na lareira.
Depois do estafante dia no escritório, do irritante telefonema de
Whitfield e do longo e difícil caminho de volta para a casa de Margo, Lacey
praticamente desmaiou na cama, naquela noite, dormindo quase até o meio-
dia. À tarde, um banho de mar foi o único exercício que se permitiu, e
depois um jantar italiano, com massas e muitas calorias.
Agora, com o luar prateando o oceano e a luz das chamas dourando a
sala, tudo o que desejava era ficar enrodilhada no sofá, lendo.
O pijama de fazenda fina mal lhe escondia as formas, mas ela não se
preocupou com isso. Não havia vizinhos por perto e, mesmo que houvesse
precisariam ser gigantes para enxergar pela janela do segundo andar. Além
disso, ali no litoral da Virgínia não havia montanhas.
O abajur azul ao lado do sofá derramava um foco de luz nas páginas do
livro que ela lia. Reclinada nas macias almofadas,
ajeitou-se confortavelmente e começou a leitura. Mas logo começou a
cabecear e o livro lhe caiu das mãos, quando adormeceu.
Uma hora mais tarde alguma coisa a acordou. Preguiçosamente, olhou
ao redor, achando que tinha sido uma acha da lareira. Fechando o livro,
colocou-o na mesinha lateral e apagou a luz.
Sonolenta como estava, sabia que deveria ir se deitar, mas ali estava
tão confortável que não resistiu à tentação de ficar mais um pouco.
Escorregou, afundando-se mais nas almofadas, e ficou olhando as chamas
amarelas lambendo as toras na lareira.
Ouviu um ruído na porta da frente e imediatamente todo o sono se foi
e seus nervos ficaram alerta. Alguém estava entrando na casa e ela estava
ali sozinha, sem vizinhos por perto que pudessem ouvir seus gritos!
Seus pés descalços não fizeram nenhum ruído no tapete floreado,
quando ela se aproximou do telefone. Mas este estava mudo, quando ela
tirou o fone do gancho. Um terrível pânico tomou conta dela. Era muito
tarde para correr e tentar fugir. A porta da frente fora aberta e agora
ouvia passos subindo as escadas. O instinto fez com que ela se aproximasse
da lareira e pegasse um atiçador.
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fazenda de seu pijama se rasgando sob a pressão das mãos dele. Fora um
acidente, mas o contato daqueles dedos em sua pele nua fez com que o
sangue lhe gelasse nas veias.
Seu corpo quente a impressionava. Ouviu-o praguejar baixinho, quando
ela abafou um soluço de medo, mordendo o lábio inferior.
Sentiu um cheiro de álcool, uísque talvez, no hálito dele, junto a seu
rosto. .
— Quer parar de lutar? — propôs rudemente. — Não quero
machucá-la!
Essa observação fez com que ela se lembrasse de ter lido ou ouvido
alguém dizer que uma mulher nunca deve incitar um homem a luta, pois
facilmente ele se toma violento.
Foi cedendo gradualmente, embora seus músculos e nervos
permanecessem tensos, sempre esperando uma oportunidade de escapar.
Sua respiração era pesada.
— Assim é melhor — disse ele, sem contudo se descuidar, pois sabia
que ela aproveitaria a primeira oportunidade para fugir.
— Solte-me! — Lacey sabia que ele não faria isso, mas precisava, de
alguma forma, demonstrar que não estava submissa.
— Ainda não!
Sob a tênue luz, ela viu uns dentes brancos e soube que ele estava
rindo. . . rindo dela! Achou que se divertia com a sua impotência diante da
força dele.
Ao vê-lo se inclinar para ela, afundou-se ainda mais nas almofadas. Mas
seu braço simplesmente passou por sobre sua cabeça para alcançar e
acender a lâmpada do abajur ao lado do sofá.
Lacey piscou, sob a súbita luminosidade, intimidada com a inspecção
daqueles olhos azuis. Não pôde suportar por muito tempo o olhar dele. Era
estranhamente perturbador, fazendo-a sentir-se culpada.
— Agora, vamos a algumas explicações — começou ele, sem deixar de
examiná-la atentamente. — O que você está fazendo nesta casa?
— Eu. .. eu estou morando aqui — respondeu Lacey, confusa. A dúvida
estampou-se no rosto dele. — Esta casa é sua?
— Bem, não exatamente. — Imaginava por que aquelas perguntas a
faziam sentir-se embaraçada. Tinha o direito de estar ali.
Sua mão esquerda estava livre e ela a levantou para tirar uma mecha
de cabelo que teimava em incomodar-lhe os olhos. Percebendo seu
movimento e imaginando que ela iria atacá-lo novamente, ele lhe agarrou a
mão.
— Não exatamente. — Ele repetiu suas palavras. — E quanto a seu
marido? Você disse que ele estaria aqui num minuto. No entanto, seu dedo
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pouco para estudar se não lhe deixara marcas no braço, que acabara de
soltar.
— Pediu.
— E Bob me pediu a mesma coisa — disse ele.
— O quê? — Por um segundo, seus pensamentos se confundiram, mas
logo se refez. — Não espera que eu acredite nisso, não?
— Acreditando ou não, essa é a verdade. — Procurando nos bolsos,
achou um maço de cigarros, tirou um e o acendeu com toda calma, enquanto
Lacey ainda o fitava desconfiada. —- Não conheço sua prima Margo muito
bem — soprou uma baforada de fumaça —, mas a família de Bob e a minha
são amigas há muitos anos.
— Pode provar isso? — desafiou-o ela. — Bob está com seus pais
agora. Por que não lhe telefona?
— Já lhe expliquei que o telefone está desligado temporariamente,
durante as férias. Essa foi uma das razões pelas quais aceitei ficar aqui:
para descansar de telefonemas.
— Mas então não pode provar que conhece Bob! — concluiu Lacey.
Ele estudou longamente a brasa de seu cigarro. — Sabe onde eles
passaram a lua-de-me!?
— Sei — disse Lacey, alerta para não se deixar apanhar. — E você
sabe?
— No Havaí. No primeiro dia, Bob ficou tempo demais no sol e teve que
passar dois dias no hospital se refazendo de insolação.
— Então ele lhe pediu que ficasse na casa!
— É isso o que estou tentando lhe dizer.
— E quer me convencer de que passou aqui as duas últimas noites? —-
Não quero convencê-la. Passei mesmo aqui, no quarto de hóspedes!
— Mas eu também! — Passou a mão pelos cabelos em desalinho. Agora
as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar! Rapidamente os dois
começavam a se entender. — Oh, meu Deus! — murmurou ela, fitando-o —,
Bob lhe deu a chave pessoalmente?
— Não, deixou-a escondida aqui.
— Onde? Onde exatamente ele disse que estaria?
— Debaixo do capacho, mas. . .
— Você a encontrou no vaso de plantas, certo? — terminou ela.
— Sim. Mas como sabe?
— Porque foi exatamente onde Margo disse que deixaria a chave. Mas
eu tropecei no capacho e vi sua chave, e por isso não me preocupei em
procurar no vaso — explicou, lembrando-se de outra coisa. — Eu o ouvi um
carro sair na manhã de sexta-feira. . .
— Saí mais ou menos às seis e quarenta — admitiu ele.
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CAPITULO III
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— Acho muito bom. Boa noite — disse Lacey sorrindo e passando por
ele em direção a seu quarto.
Três quartos de hora depois, deitada em sua cama, cansadíssima, não
conseguia dormir. Tentava em vão permanecer quieta e não se remexer
tanto na cama.
Nas duas noites anteriores,. quando não sabia que ele estava no quarto
pegado, dormira perfeitamente bem. Mas agora, sabendo-o ali peno, não
estava tão segura de si como supunha. Meu Deus! Podia até ouvir o barulho
da cama dele quando se movia!
Você está sendo imatura, Lacey, pensou, e fechou os olhos com força,
determinada a mantê-los assim.
Passou-se um bom tempo, até que ela conseguisse ignorar a presença
dele na casa e adormecesse. Já passava das dez horas quando abriu os
olhos, vagamente irritada por não ter acordado mais cedo. Pegou o roupão
dos pés da cama, vestiu-o e rapidamente se encaminhou para o banheiro. No
corredor encontrou um Cole sonolento e descabelado que também se dirigia
para o banheiro. Ele examinou-a de alto a baixo e ela se sentiu aliviada por
ter trocado seu leve pijama da véspera por um outro mais quente. Pelo
menos não poderia dizer que estava mal vestida e acusá-la de provocante.
O mesmo não podia dizer dele, pensou ela quando viu que ele usava
somente um calção e seu peito moreno e queimado de sol aparecia em toda
sua masculinidade. Estava acostumada a ver seus dois irmãos mais velhos
vestidos assim, mas não era a mesma coisa que ver Cole Whitfield.
Com uma irônica risada e um gesto em direção ao banheiro, disse
simplesmente: — As senhoras primeiro. — E voltou para seu quarto.
Lacey entrou no banheiro com o rosto em fogo como uma colegial
apanhada em falta. A água fria foi mais eficaz do que as palavras de
recriminação que ele dirigiu. Com o rosto lavado, dentes escovados e uma
leve maquilagem aplicada, saiu do banheiro.
Deu uma rápida olhadela para o quarto dele e viu-o sentado na beirada
da cama desfeita, com a cabeça apoiada nas mãos.
— Pronto — disse-lhe, agora muito mais equilibrada do que antes —, é
todo seu. Vou pôr água para fazer um café.
— Isso é bom — observou, tirando as mãos do rosto antes de se
levantar.
Na cozinha, pôs água para ferver e o café no coador. Ouviu a água do
chuveiro correndo. Teria bastante tempo para se vestir até que Cole ficasse
pronto, então encheu seu copo de suco de laranja e sentou-se num dos
bancos para bebê-lo.
Assim que terminou, ouviu que o correr da água do chuveiro parara.
Rapidamente desceu do banco e se dirigiu para seu quarto. Atravessava a
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moça pronta para explodir. Era como se de repente soprasse um vento frio.
Atrás dela o rapaz murmurou calma, mas cinicamente:
— Você estava procurando problemas com essa pergunta. Mônica. -—
Cale a boca! — foi a pronta resposta.
Na sala, Lacey parou junto do sofá. Estava a ponto de sugerir ao par
que se sentasse enquanto ela ia chamar Cole e dizer que estavam ali.
Naquele instante ouviu a porta do banheiro se abrir.
— Lacey! — Era um tanto rude a maneira como ele a chamava. Virou a
cabeça na direção da voz e ouviu passos que se encaminhavam para a sala. —
Você esteve usando minha lâmina de barbear?— perguntou zangado e parou
repentinamente ao perceber as três pessoas que olhavam para ele, com uma
toalha amarrada na cintura e outra menor pendurada no pescoço, cabelo
molhado do banho e sabão de barba no rosto, menos num lugarzinho onde ele
tentara barbear-se e se via uma manchinha de sangue que indicava que ele
se cortara com a lâmina.
Além de sua súbita parada ao entrar na sala, nenhum outro sinal
demonstrava que as inesperadas visitas o tinham aborrecido. Seus olhos
azuis estreitaram-se um pouco enquanto iam da moça para o rapaz e para
Lacey.
Segurando uma ponta da toalha que lhe pendia do pescoço, comprimiu o
corte do queixo. Sua atitude era de quem esperava uma resposta à pergunta
que fizera a Lacey.
— Se você usou o aparelho que estava na prateleira junto da pia, é o
meu. O seu está no armário.
Essa observação dele teve o dom de acabar com a paciência da moça e
fazê-la perder o controle. — Cole, quero saber quem é essa moça e o que
está fazendo aqui! — explodiu ela.
— Ê um bom-dia para você também, Mônica. Sim, o dia está lindo! —
Cole divertia-se sorrindo sarcasticamente. Tirou a toalha do pescoço e
começou a limpar o rosto.
— Creio que é melhor me darem licença — disse Lacey, uma vez que
satisfizera sua curiosidade, pois só pretendia ver a primeira reação da
explosiva loura.
— O café está feito? — perguntou Cole. — Bem que eu tomaria uma
xícara!
— Eu também — admitiu Lacey.
Pensou que pedir-lhe o café era um pretexto para afastá-la da sala
para poder explicar particularmente o que acontecera, mas se enganou.
— Alô, Vic. Como tem passado? — Cole se dirigia calmamente ao
homem enquanto Lacey deixava a sala, ignorando por completo a loura.
— Não tão bem quanto você, Cole, não tão bem. ..
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Lacey podia perceber que ele estava se contendo para não rir. Não
tinha a menor idéia do parentesco dele com a loura, mas sabia que ele estava
achando tudo muito engraçado e ironizando a posição dela.
Enquanto se preparava para encher a xícara de café, um estranho
pensamento lhe ocorreu. Fosse quem fosse, aquela moça se achava no direito
de pedir uma explicação a Cole. Lacey nem ao menos sabia se ele era casado
ou não!
Meu Deus! E se aquela mulher fosse esposa dele? Quase derrubou a
cafeteira, sentindo as cores lhe fugirem do rosto.
— Você ainda não respondeu a minha pergunta! — A loura, a quem Cole
chamara de Mônica, falava em tom ácido e irritado de quem está furiosa.
— Não creio que você realmente espere que eu responda — replicou
em voz baixa. — Pensei que já tivesse desistido sozinha.
A xícara tremia, fazendo um barulhinho no pires, quando Lacey se
dirigia para a sala, levando o café para Cole. Sua face estava pálida, ainda
não refeita do choque que a idéia de ele ser casado lhe causara.
Os três estavam ainda de pé, Cole e Mônica se olhando com visível
hostilidade. Lacey aproximou-se de Cole, oferecendo-lhe a xícara de café,
que parou de trepidar assim que a tomou de suas mãos para pô-la em cima da
mesa.
— Não vai nos apresentar, Cole? — perguntou o rapaz, olhando
intencionalmente para Lacey.
Um braço musculoso rodeou a cintura dela, delicada, mas posses-
sivamente. Lacey retesou o corpo, oferecendo alguma resistência ao contato
de Cole e, olhando-o, encontrou seu olhar sorridente.
Ele ouviu a respiração profunda da moça, que mais parecia o rosnar de
uma gata feroz, com o ódio estampado nos lindos olhos verdes. Cole estava
deliberadamente espicaçando a moça com essa atitude, em vez de procurar
acalmá-la.
— Ainda não foram formalmente apresentados a minha companheira
de quarto? — Seus olhos azuis iam alternadamente da moça para o rapaz,
enquanto apertava com mais firmeza a cintura de Lacey, que procurava se
esquivar daquela situação extremamente desagradável.
Referira-se a ela como companheira de quarto na noite anterior, mas
em tom de brincadeira; fazê-lo agora era pura provocação. Sempre com mão
firme, obrigou-a a dar uns passos na direção deles.
— Lacey, gostaria que conhecesse Mônica Hamilton e seu irmão, Vic
Hamilton — identificava a ambos somente pelo nome, sem explicar seu
relacionamento com nenhum deles. — Esta é Lacey Andrews.
Mônica lançou-lhe apenas um olhar carregado de ódio, mas seu irmão
veio lhe apertar a mão.
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fez com que ela parasse e se virasse para encará-lo. — Creio que agora
compreende exatamente o que eu quis dizer. Não me telefone. Eu ligo
qualquer dia.
Os lindos olhos verdes lançaram um olhar de ressentimento para Lacey.
Logo depois, Mônica descia as escadas, com um Vic sorridente andando
rapidamente para alcançá-la.
Nem Lacey, nem Cole se moveram ou disseram alguma coisa antes de
ouvir a porta da frente bater.
— Você deveria. , . — começou Lacey reprovativamente.
Mas o som de uma profunda e gostosa gargalhada fê-la calar-se, A
mão, que repousava delicadamente em sua cintura, repentinamente exerceu
uma pressão, fazendo-a ficar em frente dele.
— Você é uma dádiva de Deus! — exclamou rindo.
No segundo seguinte, baixou a cabeça e seus lábios procuraram os dela
num beijo firme e possessivo que lhe tirou o fôlego. Quando se afastou para
estudá-la, pôde ver que sua reação era de espanto.
A pressão firme de seus lábios em sua boca e um ligeiro gosto de sabão
de barba a incomodavam. Seu coração batia descompassado, incapaz de
reencontrar seu ritmo normal. Além disso, a rápida mudança da atitude, fria
para com Mônica e alegre e divertida para com ela, a confundia.
Ele cruzou as mãos atrás das costas dela. Os dedos de Lacey, apoiados
em mudo protesto no peito dele, sentiam o contato daquela pele quente. Por
um longo momento, ambos se olharam profundamente, olhos nos olhos, cada
qual procurando descobrir o que passava pela cabeça do outro.
— Estive tentando tirar aquele corvo de minha costas durante meses a
fio — explicou ele. — Espero que agora, ao vê-la, tenha desistido para
sempre. Por ter feito isso, você merece minha eterna gratidão.
— Quem é ela?
— Há alguns anos, eu inadvertidamente fiquei noivo dela. Mas logo
verifiquei meu erro e Mônica não é do tipo que desiste facilmente. Na
verdade, tem tentado me persuadir a voltar atrás e mudar de idéia desde
que rompemos o noivado.
O rosto dele estava tão perto do dela, que Lacey podia reparar no
másculo contorno de suas feições, acentuado pela sombra da barba.
— Então foi por isso que deliberadamente a fez acreditar que
tínhamos passado a noite juntos... intimamente ligados — disse Lacey meio
acusando, meio concluindo.
— Exatamente. Ela não teria acreditado se eu tivesse querido
convencê-la de outro modo — afirmou Cole calmamente. — Sabendo o modo
como sua mente funciona, se houvesse uma câmara escondida na casa para
filmar o que aconteceu... ou quase aconteceu na noite passada, ainda assim
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mudando de assunto.
— Bacon. .. frito — sorriu, sabendo perfeitamente que ela tentava
mudar de assunto —, três ovos quentes e uma torrada.
— Perguntei o que preferia e não lhe ofereci um cardápio — disse ela
divertida.
Rindo, Cole entrou no banheiro, fechando a porta. Lacey foi para seu
quarto.
Cole Whitfield.. , era um homem muito diferente do que imaginara ao
ouvir aquela voz áspera e mal-educada no telefone. Desse Cole Whitfield ela
gostava.
CAPITULO IV
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Projeto Romances 32
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ainda mais confuso se Mike não estivesse preparado para entender o que
acontecera. A situação piorava a cada segundo.
— É um lugar e tanto! — exclamou Mike quando chegou na sala.
— Sim, é lindo — concordou distraidamente e continuou. — Mike, eu...
Avaliava a sala, examinando a construção.
— Foi mandada construir, não?
— Creio que sim. Eu...
— Mas é claro que foi construída sob encomenda! Não vejo nada que
não seja cuidadosamente planejado. Esta lareira é uma obra de arte! —
Sorriu para ela. — Não me admiro agora que você aceitasse tão depressa o
convite de sua prima para passar as férias aqui. Oh! — Subitamente
lembrou-se de qualquer coisa. — Aqui estão os bifes que lhe prometi. Fiz
com que o açougueiro os cortasse especialmente para nos. Ele garantiu que
são tão macios que poderão ser cortados com garfo. Também trouxe uma
garrafa de vinho — estendeu um saco com as coisas para Lacey. —
Provavelmente saberá o que fazer com isso.
— Sim, claro. — Dirigiu-se para a cozinha certa de que ele a seguia. —
Mike, há uma coisa que quero lhe dizer.
Pôs o saco em cima da mesa esperando que ele lhe perguntasse o quê.
Mas ao olhar para trás, não o viu em parte alguma.
— Mike? — Tirou a garrafa de vinho do saco e a abriu. Olhando
novamente, viu que a porta do terraço estava aberta e correu para lá.!
— Que vista maravilhosa! — comentou ele, virando-se à sua
aproximação.
— é espetacular — Lacey continuou a falar depressa antes que ele a
interrompesse novamente. — Há uma coisa que tenho que lhe explicar.
— Olhe! — apontava para o oceano. — Vê aquele navio lá longe?
Lacey olhou rapidamente o navio ao longe no horizonte. Depois
relanceou a vista pela praia e pelo caminho que Cole devia percorrer. Não o
viu em parte alguma. Sentia-se como se estivesse sentada em cima de uma
bomba-relógio, pronta para explodir a qualquer segundo.
— E impressionante — disse Mike olhando a paisagem. — é como se
você tivesse tudo isto só para si.
— Não exatamente — afirmou Lacey. — Eu...
— É muito isolada — continuou ele. — Isso não a preocupa? Quero
dizer, ficar sozinha aqui?
Essa era a sua oportunidade. — Nem um pouco, porque eu não estou.. .
— Lacey! — A voz de Cole interrompeu-a. Gelou ao ver que Mike
olhava curioso para o interior da casa. — Remexendo no depósito,
encontrei a churrasqueira de Bob. — Ele se aproximava cada vez mais de
onde estavam. — Daí decidi que já que você fez o café da manhã, é mais que
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Projeto Romances 36
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— Não, claro que não. — Era verdade. — Mike sempre foge de qualquer
relacionamento que comece a se tornar mais sério. Creio que é mesmo um
solteirão inveterado — terminou ela rindo.
— E isso não a incomoda? — perguntou curioso.
— Não. Gosto de trabalhar com Mike e fora do escritório ele é uma
boa companhia. Nada mais que isso.
Uma brisa fresca levantava a fina cortina e fazia o cabelo dela se
despentear.
Com o rabo dos olhos, Lacey percebeu que Cole disfarçava um bocejo
com as costas da mão. Sentiu uma pontada de remorso. Estivera fora o
tempo todo para dar a ela e Mike a oportunidade de ficarem sozinhos,
quando provavelmente desejaria estar descansando tranquilamente em casa.
— É melhor que você vá dormir — sugeriu ela. — Amanhã terá que se
levantar cedo para ir trabalhar.
— Está dando a noite por terminada? — perguntou, esfregando a nuca
com a mão, num gesto de cansaço.
— Eu não — respondeu sorrindo, pois não estava com sono. — Não
estou nem um pouquinho cansada e, como estou de férias, poderei dormir
até mais tarde amanhã. Acho que ainda ficarei um pouco no terraço
aproveitando o frescor da noite.
Cole não se moveu quando ela se dirigiu para o terraço. Lá, apoiando as
mãos no gradil, deixou que seu olhar passasse pelas ondas prateadas do mar
e pela lua cheia que a tudo dava um toque de magia.
Era uma noite quente e sentia-se no ar o cheiro de maresia. Ouviu
passos e, olhando por cima do ombro, surpreendeu-se ao ver Cole junto dela.
Pensava que já se retirara para seu quarto.
— O que está acontecendo, Lacey? — perguntou calmamente.
— O que está acontecendo? — repetiu sem entender e deu uma risada.
— Nada de errado.
— Não mesmo? — insistiu Cole.
Os olhos dele estavam brilhantes e misteriosos como as estrelas.
Pareciam penetrantes e era desconcertante para Lacey ver que sondavam
seu rosto.
— Não sei o que está querendo dizer — desviou seu olhar do dele.
— Não sabe? — Seus olhos pegaram seu queixo, obrigando-a a encará-
lo. — Quando cheguei essa noite, sabia que alguma coisa a estava
aborrecendo. A princípio pensei que você e Bowman tivessem discutido, mas
você disse que não. Então deve ser alguma outra coisa que a está
preocupando e gostaria de saber o que é.
— Não é nada que se relacione com você. — Lacey tentou esquivar o
rosto, mas Cole segurou firme, impedindo-a.
Projeto Romances 37
Verão Ardente Janet Dailey
— Creio que tem alguma coisa a ver comigo — afirmou calma-v mente.
— Indiretamente, talvez, mas posso jurar que tem algo a ver com nosso
acordo. Acertei?
Lacey suspirou desistindo. Podia jurar que ele era capaz de ler seus
pensamentos e não estava certa se gostava disso ou não.
— É uma bobagem — protestou.
— Por que não me diz do que se trata? — Cole largou seu queixo para
pousar a mão negligentemente em seu ombro.
— É que estou começando a perceber que não sou tão liberal e livre-
pensadora quanto supunha — disse Lacey. — Nunca achei que a opinião de
outras pessoas pudesse me afetar, uma vez que estava certa de estar
agindo corretamente. Estou descobrindo que sou mais tradicional e
antiquada do que supunha.
— Por causa da reação de Mônica e Vic ao saberem que estamos
dividindo a casa e da desaprovação de Bowman também — concluiu Cole.
— Mais ou menos — assentiu ela, e seus cabelos captavam e refletiam
o brilho do luar. — Sei perfeitamente que não há nada de mal em ficarmos
aqui juntos.
— Mas agora está vendo a situação com outros olhos — terminou Cole
por ela.
— Não, não estou! — disse Lacey rindo meio hesitante. — Garanto que
era isso que você esperava que eu dissesse, para então ter essa lua enorme
só para você! — Mostrou a lua brilhando sobre o oceano.
— Pode parecer estranho — uma profunda ruga formou-se entre suas
sobrancelhas —, mas eu acharia a casa muito vazia sem você por aqui.
As palavras dele ainda pairavam no ar, imobilizando-a. Sua respiração
se tornou difícil e a contração na boca do estômago aumentou.
A mão em seu ombro começou a exercer uma pressão quase
imperceptível, aproximando-se de seus olhos e lábios. Apanhada de
surpresa, não lhe ocorreu resistir e nem Cole lhe deu oportunidade .A
audaciosa boca de Cole desceu lentamente à procura da sua.
Com uma firmeza delicada, ele explorou cada canto de seus lábios
macios. Sua mão, no pescoço de Lacey, podia sentir o correr apressado do
sangue em suas veias.
Ele levantou a cabeça e a essência de tabaco de seu hálito quente lhe
acariciava a pele.
— Cereja, não é? — murmurou.
— O quê? — Lacey abriu lentamente os olhos.
— Seu batom, é de cereja, não? — repetiu Cole suavemente, enquanto
saboreava o que permanecera em seus próprios lábios.
— Sim — murmurou ela, inconscientemente apoiada nele.
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CAPITULO V
Projeto Romances 40
Verão Ardente Janet Dailey
barulho da água do chuveiro, caindo com toda a força, irritou tanto quanto o
alarme do despertador.
— Quero dormir! — queixou-se ela em voz alta, sentindo pena de si
mesma. No entanto, alguns minutos depois, outro som veio juntar-se ao do
som da água do chuveiro. — Oh, não! — murmurou ela — ele não pode... —
Escutou com atenção. — Mas está! Está cantando no banho! É impossível!
As cobertas da cama foram jogadas longe novamente. Sem dúvida ela
não conseguiria dormir novamente! De mau humor, foi até as cozinha. Abriu
a porta da geladeira, pegou a jarra de suco de laranja e bateu a porta com
força.
Enquanto se servia, viu a máquina elétrica de fazer café. Encheu-a de
água fria, esperando que, ao abrir bastante tempo a torneira, Cole se
queimasse com a água quente do chuveiro. Depois de ligar a máquina, sentou-
se num dos bancos altos da cozinha.
Um quarto de hora depois, a cafeteira emitia um leve assobio, quando
Cole entrou, vindo da sala. Um cigarro preso nos lábios, enquanto com as
mãos livres dava o nó da gravata. Viu Lacey sentada no banquinho e franziu a
testa.
— Pensei que fosse dormir até mais tarde hoje, como prometeu —
disse ele. — O que está fazendo de pé?
— É preciso coragem para me fazer essa pergunta! — exclamou Lacey
com um olhar exasperado.
Cole fez uma careta divertida. — Meu despertador a acordou, foi?
— Seu despertador, o barulho do chuveiro e sua linda canção — disse
ela causticamente, enumerando as causas de seu mau humor. Cole parou
junto à mesa para pôr o cigarro no cinzeiro. Um brilho divertido brincava em
seus olhos.
— A cereja está verde e ácida esta manhã, não?
— Você também estaria irritado se estivesse em meu lugar —
respondeu ela, menos agressiva.
— Ainda temos suco?
— Na geladeira. E também já fiz café. Cole viu o copo dela vazio e
perguntou:
— Quer que lhe sirva uma xícara de café?
— Quero, por favor. — Afinal de contas, já estava acordada mesmo e
o café estava com um aroma delicioso.
Primeiro, Cole serviu-se de um pequeno copo de suco e depois de pôr a
jarra na geladeira pegou as xícaras do armário. Encheu-as e as colocou lado
a lado na mesa, dando depois a volta para se sentar ao lado dela.
Tateando o nó da gravata perguntou: — Não está certo, está?
— Não — admitiu Lacey. Quando ele recomeçou a fazê-lo, disse:
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Projeto Romances 42
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que não sentia e folheando uma revista como se estivesse interessada nela.
— Mais ou menos — respondeu, atirando-se no sofá à sua frente,
— Já jantou?
— O quê? — Cole parecia absorto, mas depois se deu conta do que ela
lhe perguntara. Oh. sim. Parei no caminho e comi qualquer coisa.
Lacey pensou no jantar que guardara quentinho para ele no fomo mas
nada disse. Cole abriu a pasta e tirou uma porção de papéis e documentos.
Lacey teve vontade de sugerir que relaxasse e descansasse um pouco
em vez de trabalhar mais, porém se conteve. Ficou calada, reconhecendo
que não era de sua conta se ele trabalhasse até morrer.
Cole não lhe deu atenção pelo resto da noite. Ela e uma almofada
atirada no sofá eram exatamente a mesma coisa para ele. Tentou se
convencer de que não se importava, mas era mentira. Importava- se e muito.
Finalmente, às dez e meia atirou a revista em cima da mesa e levantou-
se. Cole olhou-a com uma expressão interrogativa no rosto.
— Já é tarde. Acho que vou dormir — ela disse rapidamente. — Boa
noite.
— Boa noite — respondeu e voltou sua atenção aos papéis.
Comprimindo os lábios com força, sentia as lágrimas umedecendo-lhe os
olhos em um gosto amargo na boca, mas em passos rápidos pretendeu deixar
a sala.
— Oh, quase me esqueci de lhe dizer, .. — e ela parou para olhá-lo. —
Os aparelhos sanitários foram encontrados hoje.
— Foram?
— Parece que estavam na cidade há duas semanas, num depósito
errado — explicou, demonstrando impaciência. — Foi uma pena que ninguém
se lembrasse de procurá-los ali antes — concluiu com raiva.
Lacey notou que ele estava prestes a continuar a descarregar a raiva e
culpar a incompetência do escritório, mas, para sua surpresa, ele
simplesmente baixou a cabeça, concentrando-se novamente nos papéis. Teve
vontade de responder à altura, imaginando se de se esquecera que ela
trabalhava para Mike Bowman, mas, em vez disso, levantou altivamente a
cabeça e, pisando duro, saiu da saia e foi para seu quarto.
Os dois dias que se seguiram foram uma repetição da segunda-feira,
com Lacey acordando com o alarme do despertador e Cole voltando tarde da
noite para trabalhar ainda mais em seus papéis. Lacey perambulava sozinha
pela casa, quando não estava na praia.
Na quinta-feira foi para a cama como de costume, pouco depois das
dez, deixando Cole mergulhado em seu trabalho na sala. Adormeceu em
seguida, mas foi um sono agitado e sem descanso. Terminou por acordar no
meio da noite. Sua boca estava amarga e seca. Saiu da cama e andou
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Projeto Romances 44
Verão Ardente Janet Dailey
Deixou que a água corresse até que o vapor subisse da pia e então
encheu o copo com ela. Apoiou-se no balcão onde estava Lacey, como se
estivesse muito cansado para suportar d peso do próprio corpo. Esfregou o
rosto e o queixo com uma mão, enquanto com outra pegava uma colher para
mexer o café, mas escapando de seus dedos ela caiu no chão, fazendo ruído
no silêncio da casa.
Lacey abaixou-se para apanhá-la e os seus dedos pegaram a colher ao
mesmo tempo que ele. Levantaram-se juntos, cada qual pegando um lado da
colher, e a tensão de Lacey aumentou. À noite, os olhos dele pareciam de
veludo, o que fez acelerar ainda mais seu coração.
— Foi tolice minha deixar cair essa colher — disse ele — e só então
ela se deu conta de que continuava segurando com força a outra ponta.
— Você está muito cansado. — Esforçava-se para dar à sua voz um tom
despreocupado. — Deveria ir para a cama.
— Isso é um convite? — Apesar dele estar rindo e haver um tom
brincalhão em sua voz, Lacey percebeu algo de sério em suas palavras e seu
coração deu um salto.
— Você sabe perfeitamente o que quero dizer. — Tomou o copo, Levou
aos lábios e solveu um grande gole.
— Hummm. . .
Lacey não sabia se aquele resmungo queria dizer sim ou não e encarou-
o para ver se descobria. Mas ele continuava a fitá-la enervantemente, sem
dizer uma palavra. Seus olhos contemplavam seu rosto, indo de seu cabelo
para as sobrancelhas, para as linhas finas do queixo e as curvas suaves dos
lábios.
Seu olhar sonhador não parou aí, mas desceu pelo pescoço delgado para
contornar a curva suave dos seios, que apareciam intumescidos, sob a seda
do pijama que usava, sentindo a carícia quase física daquele olhar.
A sensação que crescia dentro dela era provocante. Sentia-se possuída
pela necessidade urgente de se lançar em seus braços e comprimir seu
esplêndido corpo contra o dele cm toda sua extensão. Dentro de seu
cérebro, ouviu campainhas de alarme quando o olhar dele desceu para seu
estômago, fazendo-a sentir o delicioso apelo do sexo.
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CAPITULO VI
Projeto Romances 49
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as risadas.
Lacey virou-se de repente e viu-o parado no vão da porta, com o nó da
gravata desfeito e o botão do colarinho desabotoado. Parecia tão cansado e
muito irritado quanto sua voz demonstrara.
— O escritório foi avisado de que eu saíra quando o deixei há uma hora
— explicou Mike calmamente.
— Não foi o que sua secretária disse — replicou Cole, seus olhos
mostrando um brilho metálico semelhante ao aço.
— Donna novamente! — disse Mike suspirando desalentado. Lacey
imaginou que sua substituta achara de melhor política dizer a um cliente
que Mike estava trabalhando fora do que confessar que saíra mais cedo.
— Foi uma decisão inteligente da secretária de Mike lhe dizer isso em
vez da verdade — disse Lacey em defesa da moça pela sua iniciativa.
— E você — disse Cole se dirigindo a Lacey — como uma secretária
eficiente, não perde tempo em defender seu patrão.
Lacey levantou a cabeça desafiante. — Estou simplesmente querendo
que você encare os fatos!
— É mesmo? — riu cinicamente.
— E por falar em trabalho, o que está fazendo aqui, Cole? Não devia
estar em seu escritório neste momento? — acusou Lacey.
— Caso tenha esquecido, passei praticamente a noite toda
trabalhando!
— Então decidiu sair um pouco mais cedo — concluiu ela, erguendo a
cabeça e encarando-o nada amistosamente. — Pode ter a certeza de que foi
exatamente isso que sua secretária disse às pessoas que tenham lhe
telefonado? Ou terá ela dado, como a secretária de Mike, uma desculpa
mais gentil para explicar sua ausência?
— Isso me parece plausível. — Cole respondeu com certa ironia.
— A verdade sempre é!
Com um olhar gelado, Cole olhou-a ostensivamente da cabeça aos pés,
no seu maio azul-brilhante, que mostrava perfeitamente as atraentes curvas
de seu corpo.
— Mas não posso me impedir de ficar imaginando quantas vezes,
durante esta semana, Mike Bowman esteve aqui, quando dizia que estava
trabalhando fora. — Dizendo isso, Cole girou rapidamente nos calcanhares,
voltando para a sala.
A arrogante visão de seus ombros largos agiu em Lacey como se fosse
a capa vermelha de um toureiro na frente de um touro e ela dispôs-se a ir
atrás dele. Mike segurou-a pelo braço.
— Deixe, Lacey — sugeriu, reconhecendo os alarmantes sinais de
perigo, pois conhecia seu temperamento.
Projeto Romances 50
Verão Ardente Janet Dailey
Num gesto brusco, livrou seu braço das mãos dele e seguiu Cole,
alcançando-o ainda na sala. No ato de tirar a gravata foi surpreendido por
ela e olhou-a friamente.
Lacey desabafou sua fúria com palavras ácidas; — Não é absolu-
tamente de sua conta quantas vezes Mike esteve aqui esta semana, se é que
esteve, e. - . além disso é meu convidado e. . .
— Talvez — interrompeu-a Cole bruscamente — se tiver a delicadeza
de me dizer onde vão se divertir esta noite, poderei fazer planos para não
perturbá-los e ir a outro lugar qualquer, deixando-os sozinhos.
— Agora me acusa de não ser delicada? — Com as mãos na cintura, sua
voz tremia de raiva e ela o olhava desafiadoramente. — E o que me diz de
você? De sua absoluta falta de cortesia?
— Minha? Só porque tratei Mike rudemente? — perguntou com um
sorriso irritante.
— Além de outras coisas — afirmou Lacey,
Cole atirou a cabeça para trás, estudando-a acintosamente. — Que
outras coisas? — perguntou.
— Todo santo dia desta semana, seu despertador me acordou,
enquanto você dormia calmamente — Lacey respondeu com certa raiva.
— Já lhe pedi desculpas por isso — lembrou-lhe Cole visivelmente
irritado.
— Isso não me faz recuperar as horas de sono perdidas — replicou
sarcástica.
— Se não está gostando de nosso acordo, por que não vai embora?
— Eu não! Vá você! — contestou feroz.
— Para quê? Para que Bowman possa se instalar aqui? Isso seria bem
mais cômodo, não?
Lacey por instantes se sentiu impotente para responder, mas logo
declarou: — A companhia dele seria muito mais agradável do que a sua!
— Aposto que sim! Sem acordos ou tratados- Sem quartos separados.
Sem camas separadas. — Cole proferia as palavras rapidamente como
chicotadas.
— Sua mente é tão suja quanto suas palavras! Devia se casar com
Mônica. São iguaizinhos!
— Eu vou embora — disse Mike da porta do terraço. — Não vim aqui
para dar início a uma luta-livre.
Lacey virou-se admirada. Esquecera por alguns segundos que Mike
estava ali.
— Não se vá, Mike. Cole já vai embora — insistiu ela.
— Vou coisíssima nenhuma! Vocês dois podem se divertir à vontade
comigo na casa ou então ir a algum outro lugar. Mas não sairei daqui!
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Projeto Romances 56
Verão Ardente Janet Dailey
ela como mulher. Essa atração mútua era parte do perigo de se dividir uma
casa. Lacey sabia que nunca poderia aceitá-lo como um amante temporário.
Uma lágrima rolou-lhe pelas faces, surpreendendo-a quando atingiu o
queixo. Limpou-a com a mão e começou a se despir para ir para a cama, com
movimentos rápidos e nervosos.
Outra lágrima se seguiu, depois outra e mais outra. Quando já tinha
vestido seu pijama, seu rosto estava molhado e uma profunda tristeza fazia
seu coração doer.
Estava prestes a apagar sua luz de cabeceira, quando a porta se abriu
de repente. Paralisada, seus dedos permaneceram no botão da luz, incapazes
de se mover. Cole estava parado no vão da porta, sua figura máscula
obstruindo a passagem. A brutalidade estampada em seu rosto em
implacáveis linhas podia ser percebida pela suave luz do abajur dela. O
volume rico de seu cabelo parecia quase negro. Seus olhos estavam de um
azul ainda mais profundo, inflamado por um ardente desejo. Uma onda de
prazer percorreu Lacey que se apressou em reagir.
— Cole, estou indo para a cama — declarou sacudindo negativamente a
cabeça.
— Eu sei — afirmou, entrando no quarto e com largas passadas se
aproximando dela. — Mas para a minha cama. .. onde deveria estar!
Quando o viu se aproximando, pensou em protestar, mas sabia que
palavras não o fariam mudar de idéia. Agarrou um dos travesseiros da cama
e o atirou nele, esperando escapar de suas mãos. Mas num gesto rápido do
braço, ele pegou o travesseiro e agarrou-a pela cintura, antes que ela
pudesse pular para o outro lado da cama.
Sem esforço algum, colocou-a no ombro, como fazem os bombeiros ao
salvar alguém de um incêndio. Seus pés descalços se sacudiam inutilmente no
ar. Entretanto, com os punhos cerrados, socava-lhe os ombros e as costas,
gritando em protesto pela sua tática de homem das cavernas.
— Grite um pouco mais alto — berrou. — Ninguém poderá ouvi-la e
ainda não conseguiu me deixar surdo.
— Ponha-me no chão!
A porta do quarto dele estava entreaberta e com o pé acabou de
escancará-la, atravessando o quarto com facilidade e jogando-a sem
cerimônia sobre a cama.
Seu grito foi abafado por um travesseiro que sentiu no rosto. atônita,
levou alguns segundos para reagir.
Virando-se de lado, viu Cole tirar a camisa. Fazendo isso, parecia não
saber mais a tênue diferença entre o homem civilizado e a besta humana.
Seu estômago se contraiu ante a visão daquele peito nu, forte e musculoso.
Quando começou a desafivelar o cinto, ela se recobrou da momentânea
Projeto Romances 57
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Projeto Romances 58
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grande carrossel.
As mãos dele sabiam exatamente onde tocar e despertar nela
deliciosas sensações. Seu corpo feminino e cheio de curvas sensuais
amoldava-se perfeitamente às mãos de Cole que deslizavam por ele numa
suave pressão.
No instante em que percebeu que ia perder por completo o controle,
deu-se conta de que jamais ousaria ir até o fim.
— Cole, não faça isso, por favor — murmurou num ardente protesto,
esquivando-se de mais um beijo que ela sabia ser um entorpecente para ela.
— Lacey, pelo amor de Deus — murmurou procurando seus lábios —,
você me deseja tanto quanto eu a desejo... e vou fazer com que admita isso...
Sim, ela queria desesperadamente que ele a amasse, mas não somente
pelo físico. O espanto dele confirmava suas suspeitas. Ela continuou a
resistir.
— Você sempre possui suas mulheres à força? — Sua pergunta era
como uma acusação.
Cole respirou profundamente, deixando-a em paz, apoiando-se num
cotovelo, com um brilho profundo em seu olhar.
— Você é uma peste, Lacey! — exclamou finalmente, deitando-se de
costas ao lado dela e puxando-a para junto de si.
Pressionava sua cabeça de encontro ao seu peito nu, que arfava com
sua respiração ofegante. Lacey ouvia o bater apressado do coração dele,
sentindo que o seu batia no mesmo ritmo.
Fechou os olhos suavemente, permitindo que o círculo de seus braços
continuasse envolvendo-a, e apoiou-se confortavelmente em seu peito.
Ele simplesmente a segurava, sem fazer mais nenhuma tentativa para
acariciá-la e levar avante sua ameaça de fazê-la desejá-lo tanto quanto ele a
desejava. E Lacey estranhamente não temia mais a proximidade que aquele
abraço trazia. A magia da sedução desaparecera subitamente.
Mas foi somente muito tempo depois que seu pulso retomou o ritmo
normal e ambos se sentiram relaxados e calmos. A felicidade de ficar ali em
seus braços era quase tão boa quanto a satisfação de não ter permitido que
se consumasse o ato de amor.
Aquele calorzinho gostoso e o adiantado da hora combinaram para
fazer com que seus olhos quisessem se fechar sonolentos. Mesmo sem
querer isso, ela percebia que precisava abandonar o conforto de seus
braços, mas assim que começou a querer se desprender deles, Cole a
apertou, impedindo-a de sair.
— Fique aqui, cerejinha. — Sua voz era rouca e sonolenta, mas tão
suave que ela não se sentiu com coragem de discutir.
Cole adormeceria em poucos minutos, pensou ela, com o firme propósito
Projeto Romances 59
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de que, quando ele dormisse, sairia devagar, sem acordá-lo e voltaria para
seu quarto.
Como não protestasse, Cole suspirou e encostando sua cabeça na dela,
ficou respirando calmamente.
Não era fácil se manter acordada. A única coisa que ajudava era que a
janela do quarto ficara aberta e por ela entrava uma brisa fresca que
soprava em sua pele, fazendo-a ficar pensando e relembrando o que
acontecera.
A um sopro mais forte dela, Lacey estremeceu. Imediatamente Cole,
afastando-se dela, puxou as cobertas sobre ambos, antes de aninhá-la
novamente em seus braços. Tudo se tornou quentinho e ela se sentiu
relaxada e segura.
— Durma, cerejinha — murmurou, beijando de leve seus cabelos. Havia
naquela caricia casual de boa noite algo de íntimo e familiar.
— Sim — concordou Lacey.
Mas, naturalmente, ela não ia dormir. Somente fingia concordar.
Quando Cole dormisse, sairia devagarinho, pensou ela. Suas pálpebras
cansadas se fecharam e ela resolveu descansar os olhos por uns minutos. O
braço dele pesava em sua cintura, possessivo e gentil.
CAPITULO VII
Projeto Romances 60
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Projeto Romances 66
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Neste momento, Lacey pôde ver o atraente homem louro parado a seu
lado. Cole, tendo-o chamado pelo nome, fez com que ela lembrasse tratar-se
do irmão de Mônica.
— Alô, Cole! — Saudou-o em primeiro lugar e depois virou-se sorrindo
cinicamente para Lacey: — Novamente nos encontramos, srta. Lacey.
— Como vai, sr. Hamilton? — Devolveu-lhe o cumprimento com
estudada formalidade, não gostando de sua atitude arrogante de agora
como não gostara quando de seu primeiro encontro com ele.
— Vic — corrigiu sempre sorrindo, o que não o tornava mais simpático.
— Minha irmã ficou rangendo os dentes por sua causa a semana inteira.
Realmente, Cole — afirmou ele desviando sua atenção para Cole —, acho que
você poderia ter lhe dado o fora mais gentilmente.
— Estive lhe dando o fora gentilmente nos últimos dois anos —
replicou Cole secamente. — Já era mais do que tempo de ela se dar conta
disso!
— Creio que ela se convenceu de que ainda se casará com você —
comentou distraidamente. — Mônica sempre foi muito liberal, desculpando-o
pelas suas eventuais distraçõezinhas... ou amigas no turistas... — Olhou para
Lacey, que estava vermelha, não sabendo se de raiva ou de embaraço.
A expressão de Cole fechou-se. — Foi Mônica quem disse isso?
— Foi e sugeriu que eu lhe dissesse, se por acaso o encontrasse —
admitiu Vic.
— Pois considere a mensagem recebida — disse Cole com aparente
indiferença.
— Agora, presumo que desejem que eu me vá, para que ambos fiquem
sozinhos, não? Pois bem, aproveitem bem a noite!
Quando Vic estava longe bastante para não poder ouvir, Lacey
perguntou indignada: — Por que não o corrigiu? Ele não é Mônica.
Erguendo as sobrancelhas, Cole caçoou: — Negar que você é minha
amiga noturna? Queria que eu negasse que dormimos juntos?
— Você sabe que foi tudo muito inocente! — retorquiu. Largando sua
mão, Cole se recostou na cadeira, estudando sua expressão um tanto
pensativa. — Você parece muito ansiosa para negar qualquer relacionamento
entre nós, quando Vic está por perto. Está interessada nele?
— Claro que não! — Lacey negou a insinuação veementemente. - Os
Hamilton são muito ricos e, segundo algumas pessoas, Vic pode ser
considerado um rapaz atraente, é um bom partido.
— Tenho certeza de que a mesma coisa pode ser dita de Mônica! Não é
verdade?
— É verdade. -concordou —, mas não estamos falando de Mônica
— E eu não estou interessada em Vic. Mas talvez seja bom você
Projeto Romances 67
Verão Ardente Janet Dailey
— Falei com ela algumas vezes — disse Cole, sem contudo emitir uma
opinião.
— Então pode imaginar o que Mike tem passado durante esta semana?
— perguntou sorrindo.
— Mas isso não explica por que estava tirando você da grade do
terraço.
Projeto Romances 68
Verão Ardente Janet Dailey
Projeto Romances 69
Verão Ardente Janet Dailey
— É a primeira vez que acompanho uma moça até seu quarto de dormir
para dizer boa noite, sabe disso? — perguntou rindo.
— Para mim, também é a primeira vez que um homem me acompanha
até a porta de meu quarto — replicou se esforçando para dar a mesma
entonação de voz da dele, mas sem muito sucesso.
Sua larga mão acariciou-lhe um lado do rosto, de uma maneira gentil e
quase paternal.
— É melhor você ir diretamente para a cama — disse ele. — Depois
destas duas noites maldormidas, precisa de uma boa noite de sono.
Alguma coisa na maneira como ele disse isso fez Lacey perguntar
rapidamente: — E você? Não vai já para a cama?
— Não — afirmou sacudindo negativamente a cabeça. — Acho que vou
dar um longo passeio pela praia antes de dormir.
— Mas eu... — Lacey estava a ponto de sugerir que poderia ir também,
mas ele lhe impôs silêncio, comprimindo-lhe os lábios com um dedo.
— Não — retrucou bruscamente, fitando os lábios dela. — Eu sei o que
Projeto Romances 70
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Projeto Romances 71
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CAPÍTULO VIII
Projeto Romances 72
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luz do sol se foi com ele. A manhã não parecia mais tão brilhante nem tão
clara. Lacey foi para a cozinha e pós a água para ferver, servindo-se, em
seguida, de um copo de suco de laranja. Dirigiu-se depois para o terraço.
Procurou Cole nas ondas e finalmente o encontrou. Era um bom nadador,
como desconfiava que fosse. Ficou observando-o por um bom tempo, mas
depois lembrou-se de que precisava se vestir.
Tomou uma boa ducha e vestiu um short de fazenda xadrez e uma
blusa branca decotada. O café estava pronto quando ela voltou à cozinha.
Serviu-se de uma xícara e voltou ao terraço, automaticamente procurando
Cole na praia.
Duas figuras atraíram sua atenção. Uma era Cole, que, saindo da água,
estendia a mão cumprimentando uma segunda pessoa. Essa segunda pessoa
era simplesmente a velha senhora que catava conchas na praia quando Lacey
a encontrou.
Lacey empalideceu ligeiramente ao ver Cole conversando com ela. Seu
corpo moreno brilhava como Se fosse uma figura "de bronze, molhado pela
água e batido de sol.
Lacey não fazia a menor idéia do que estariam falando, mas Cole a ouvia
com atenção. Uma vez olhou rapidamente para a casa, vendo Lacey no
terraço. Sentiu um arrepio de apreensão percorrer-lhe a pele. A mulher
certamente não mencionaria o fato de achar que ela e Cole estavam
morando juntos. Não seria tão audaciosa.
Logo depois, Cole se despedia dela e em largas passadas cruzou o que
restava da praia e começou a subir as escadas. Lacey se sentiu tentada a
abandonar o terraço e entrar em casa, mas reagiu e ficou calmamente
esperando por ele.
— O mergulho estava bom?
— Maravilhoso! — Seu cabelo molhado parecia negro e sem esforço
subiu os degraus dois a dois, chegando até ela. — Ah, o café está pronto! —
disse ele aspirando o aroma e vendo a xícara na mão de Lacey.
— Vou lhe buscar uma xícara — ofereceu-se rapidamente, ansiosa por
sair de sua presença.
— Posso esperar — respondeu, apoiando as mãos na grade do terraço e
olhando indefinidamente para o mar.
Então subitamente se virou para ela com uma expressão meio irônica no
olhar. Ali estava, forte e másculo, como se a estátua de bronze que vira na
praia de repente tivesse tornado à vida. Seu coração começou a bater mais
apressado.
— Acabei de ter uma conversa multo esquisita com aquela senhora na
praia — disse ele. — E a sra. Carlyle e mora a algumas casas daqui. Você a
conhece?
Projeto Romances 73
Verão Ardente Janet Dailey
Alguma coisa em seu tom de voz lhe disse que ele já sabia a resposta,
possivelmente reconhecera a mulher com quem conversara na véspera.
— Falei com ela alguns minutos ontem — admitiu Lacey —, mas nem
sabia seu nome. — Sentia-se um tanto embaraçada e sabia que um ligeiro
rubor lhe tingia as faces. Rapidamente tomou um gole de seu café morno,
fingindo que estava muito quente. — Ela procura conchas na praia com as
quais faz artesanato; colares, brincos e coisas assim.
— Ela me contou. . . entre outras coisas. — Deu uma risada sem
contudo desviar o olhar caçoísta dela. — Estou curioso para saber o que foi
que você lhe disse.
— Eu não falei nada de especial! — Lacey engoliu em seco, nervosa.
— Você deu a sra. Carlyle a impressão de que estamos morando juntos
de um jeito imoral?
— Receio que ela tenha interpretado desta maneira — admitiu Lacey
depois de alguma hesitação.
— O que foi que lhe disse? — perguntou sorrindo.
— Ela pensou que éramos casados e eu automaticamente lhe disse que
você não era meu marido. Ela deve ter tirado as conclusões daí— explicou.
— E você não tentou corrigir essa conclusão? — Ele voltou a indagar.
— Seria uma história muito longa e ela era apenas uma estranha —
respondeu ela apertando as mãos em torno de sua xícara. — O que foi que
ela lhe disse?
— Fui obrigado a ouvir um prolongado sermão. — Seu sorriso se
converteu em franca risada ao ver o total embaraço de Lacey.
— Oh! — Foi o único comentário que encontrou para fazer, enquanto
fitava sua xícara meio vazia.
Cole tirou-lhe a xícara das mãos e colocou-a sobre a mesinha ao lado.
Antes que ela pudesse prever sua intenção, Cole passava os braços ao redor
dela, atraindo-a para si. Suas mãos se viram de encontro aos pêlos molhados
de seu peito.
— Ela estava tentando me convencer de que, se eu sentisse algum
respeito por você, deveria fazer de você uma mulher honesta! — Sorria para
ela, suas pernas encostadas nas dela e provocando uma deliciosa sensação. —
E eu ainda não descobri quão desonesta você pode chegar a ser. . .
— Oh, Cole, por favor! — As palavras lhe saíam com dificuldade pela
garganta apertada.
Abaixou a cabeça tocando de leve a suave curva de seu queixo com os
lábios. O cheiro de mar que saia de sua pele chegava a suas narinas,
despertando seus sentidos e atordoando-a. Sentia o calor da pele de Cole na
sua e a respiração quente no pescoço.
— Será que vou fazer de você uma mulher honesta, Lacey? —
Projeto Romances 74
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Projeto Romances 75
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Projeto Romances 76
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Projeto Romances 77
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de Assateague.
Declarada reserva nacional, a ilha era o refúgio de pôneis selvagens que
se acreditava terem vindo num galeão da Espanha centenas de anos atrás e
que descendiam dos cavalos árabes. Pela ilha corriam livres, tal como faziam
seus ancestrais, bebendo da água fresca das fontes e comendo a tenra erva
dos gramados. Através dos anos os pôneis conservaram as linhas perfeitas
dos cavalos dos quais descendiam.
Para suprir a alimentação que a pequena ilha produzia, havia anualmente
uma coleta entre os moradores e vizinhos, para que nunca diminuísse o
número de cabeças de pôneis. As doenças e possíveis ferimentos deles eram
tratados por uma equipe assalariada de homens.
Embora houvesse uma ponte ligando as ilhas de Assateague e
Chincoteague, mandava a tradição que os pôneis atravessassem a nado a
curta distancia entre elas. Isso acontecia em julho e atraía milhares de
curiosos.
Não havia ninguém por perto quando Cole e Lacey pararam para vê-los
melhor. O pônei malhado conservava um olho muito vivo neles, que tomaram
todo o cuidado para não assustá-lo. Tolerava a presença deles à distância,
permitindo que vissem um par de potrinhos brincando mais adiante.
Se dessem mais um passo, não toleraria a invasão de seus domínios.
Com a cabeça abaixada para o chão, relinchava suavemente, fazendo com
que os dois bebês obedecessem a seu comando.
— São lindos! — disse Lacey quando, trotando, os três desapareceram.
— Está feliz por ter vindo?
— Claro! — respondeu sem perceber quanto seus olhos brilhavam.
— Eu também — concordou ele e olhou o relógio. — Hoje não dá mais
tempo de ver nada. Não sei quanto a seu estômago, mas o meu me diz que já
se passou muito tempo desde o desjejum. Vamos voltar para Chincoteague e
achar um lugar onde possamos comer antes de voltarmos para essa.
O sol já se punha quando reiniciaram o caminho de volta. Seu brilho
dourado emprestava um Era sereno a uma tarde relaxante e amena. Em
algum lugar da longa estrada, Lacey fechou os olhos e esqueceu de abri-los.
A próxima coisa que percebeu foi uma mão gentil, procurando acordá-la.
— Estamos em casa. — A voz de Cole chegava até ela como numa
névoa.
Abrindo os olhos, viu que ele se inclinava em sua direção, pela porta
aberta do carro. Sorriu para ele, sem saber que seu rosto tinha uma
expressão sonhadora.
— Já? — murmurou.
— Já sim! — caçoou e com uma mão ajudou-a a sair do carro. Ainda não
de todo acordada, aproveitou-se do auxilio que lhe oferecia, apoiando-se
Projeto Romances 78
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Projeto Romances 79
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CAPÍTULO IX
Projeto Romances 80
Verão Ardente Janet Dailey
gastava o resto da noite remexendo papéis. Não houve mais contatos físicos
nem encontros, pois ambos cuidavam para que isso não acontecesse.
Para Lacey se iniciara uma contagem regressiva. Cinco noites para ir
embora, antes que sua prima Margo voltasse, depois quatro, depois três.
Agora era quinta-feira e faltavam apenas dois dias.
A agonia de estar junto dele já quase passara, mas ela temia o que
ainda estava por vir. Achava impossível acreditar que no curto período de
pouco mais de uma semana, um homem pudesse ter perturbado tanto sua
mente e sua vida como Cole o fizera.
Sua pequena estúpida e idiota!, disse para si mesma. Ele nunca pediu
que se apaixonasse por ele; portanto, é tudo culpa sua! Continuou
resmungando, mesmo depois de ter descido de seu carro.
— Você está falando sozinha, Lacey. Isso é um mau sinal! — brincou
Mike, caminhando a seu lado. — Contra o que ou contra quem estava
resmungando?
Recompondo-se da surpresa inicial, Lacey balançou a cabeça. — Contra
nada em especial. Contra o mundo!
— Deixei passar alguns dias sem perceber, ou hoje é segunda-feira e
você está voltando ao trabalho? — perguntou ele, olhando o enorme edifício
à frente deles, onde ambos trabalhavam.
— Você não deixou passar dia algum — tranquilizou-o Lacey, sorrindo.
— Então não conseguiu ficar muito tempo longe daqui, não foi? — Deu
uma risada.
— Mais ou menos isso — concordou ela.
— Deixando as brincadeiras de lado, o que está fazendo aqui? Deveria
estar tomando banho de sol enquanto ainda tem chance. — Seus olhos
inquiridores começavam a examiná-la de perto, notando que ela evitava
encará-lo e que tinha uma expressão tensa e preocupada.
— Fui até meu apartamento para ver se tudo estava em ordem e pegar
a correspondência — explicou Lacey, temendo que ele descobrisse que era
ficar sozinha o que queria evitar. — Como está quase na hora do almoço,
pensei em convidar Maryann para comer comigo.
— Receio que esteja sem sorte. — Sorria de modo estranho. —
Maryann saiu mais cedo para ir ao dentista. Eu a convidaria para almoçar, se
não estivesse voltando dele. — Olhou o relógio e continuou: — Tenho um
encontro com uns arquitetos daqui a vinte minutos. ..
— Não tem importância, Mike — disse Lacey, voltando para seu carro.
— Eu mereço almoçar sozinha. Deveria ter telefonado para Maryann de meu
apartamento, em vez de vir até aqui. — Não desejava prolongar sua conversa
com Mike. — Eu o vejo na segunda-feira, não antes disso!
— Não se atrase! — avisou Mike, acenando-lhe um adeus. Sem pressa
Projeto Romances 81
Verão Ardente Janet Dailey
para voltar à casa da praia, Lacey dirigia devagar. Ao passar por um dos
muitos hotéis de veraneio, olhou-o distraída. Cedendo a um impulso e
reagindo à maneira como se sentia, resolveu dar a volta e tomar o caminho
do hotel.
Projeto Romances 82
Verão Ardente Janet Dailey
mão.
— Se está preocupada por Cole poder se zangar, vendo-a comigo, tire
isso da cabeça. — Havia alguma coisa de divertido em seu olhar, como se
soubesse de algo secreto. — Além disso, por que duas pessoas precisam
ocupar duas mesas em vez de uma? Se preferir, cada um paga sua refeição.
O que poderia fazer para se ver livre daquele homem que não lhe era
nem um pouco simpático nem lhe interessava? Lacey pensava,
impacientemente, que talvez ele nunca tivesse ouvido um não a suas
vontades.
— Eu... — começou ela, quando o som da risada de Cole, vinda de algum
lugar, interrompeu-a.
Aquela risada rica e gostosa era facilmente reconhecível. Olhando na
direção dele, viu sua figura inconfundível, usando um terno de verão cinza.
Como de costume, ela experimentou uma ligeira falta de ar, ao vê-lo. Tão
queimado do sol, tão vigorosamente masculino, Cole parecia encher de vida o
ambiente e tomar conta dos sentimentos de Lacey.
Alguém recebia aquele sorriso luminoso e cheio de charme. Fazendo um
esforço, Lacey desviou os olhos dele para ver quem o acompanhava.
Seus olhos se arregalaram, ao ver uma loura de olhos verdes, apóiada
em seu braço. Era Mônica Hamilton, que ria para ele. Tudo o que a moça
dizia parecia ser realmente divertido, pois Cole ria sem fingimento.
— Você não sabia que Cole estaria aqui, não? — murmurou Vic. Lacey
começou a tremer violentamente. Não se dava conta de que usava as mãos
de Vic como apoio, apertando-as, quando, segundos atrás, queria se ver livre
delas.
— Não — respondeu com voz estrangulada —, eu não sabia.
— Nem que estaria acompanhado de minha irmã Mônica? — continuou
Vic.
Vendo que Vic sorria satisfeito, Lacey só tinha realmente consciência
de uma forte pressão no peito que parecia querer sufocá-la. A dor era tão
intensa, que ela pensou que ia morrer. A qualquer momento, esperava que
suas costelas se partissem, ante a insuportável pressão.
— Não. — Novamente sua resposta soava como um grito estrangulado.
Suas mãos continuavam a apertar as de Vic, como um único apoio sólido
por perto. Livrando uma das suas, Vic passou-lhe o braço por cima dos
ombros e virou-se de costas para a cena. Lacey leve a impressão de ver dois
olhos azuis que a fitavam atônitos, antes de ser forçada a se virar noutra
direção.
Completamente atordoada e incapaz de raciocinar, Lacey não se
lembrava de ter subido os degraus que os levaram a um canto escuro do bar.
Vic gentilmente ajudou-a a se sentar a uma mesa.
Projeto Romances 83
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Projeto Romances 84
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Projeto Romances 85
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Projeto Romances 86
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Projeto Romances 87
Verão Ardente Janet Dailey
controle estava no limite e ela reconheceu os sinais. Sabia que seria capaz
de lhe bater à menor provocação.
— Agirei como achar melhor no que diz respeito a Vic Hamilton ou a
qualquer outra pessoa — afirmou Lacey em voz baixa, embora trêmula, para
melhor definir sua independência.
Foi então que ele se descontrolou. Pegando-a pelos ombros, sacudiu-a
como se ela fosse uma boneca de pano.
— Será que preciso sacudi-la para que entre algum juízo nessa
cabeça? — perguntou furioso.
— Você já sacudiu — disse rindo amargamente e sentindo seus nervos
em frangalhos.
— Então, ouça o que eu digo e se afaste dele! — disse determinado.
Com um supremo esforço, Lacey empurrou-o, desvencilhando-se dele.
— Não sou obrigada a ouvi-lo! — gritou zangada, com o coração
batendo forte e seus nervos prontos a explodir. — Você não tem direito
algum de me dizer o que devo ou não fazer! Eu não lhe digo quem pode ou
não ter por amigos e não admito que se meta com os meus!
Seu olhar sombrio afastou-se dela por instantes.
— Você não precisa gritar, Lacey — reprovou-a em tom baixo.
Automaticamente ela olhou por cima do ombro, numa reação
inconsciente e viu o que lhe distraíra a atenção. Uma mulher, usando um
enorme chapéu de sol, estava na praia junto da linha do mar. Lacey
reconheceu-a imediatamente. Era a sra. Carlyle, que regularmente procurava
conchinhas pela praia e que olhava admirada para a casa deles, certamente
por ouvir suas vozes alteradas.
— Eu grito quanto quiser — mas baixara o tom de voz — e, se não
gostar, vá embora!
— Já passamos por isto antes, Lacey.
— Sim, já passamos. — Levantou a cabeça desafiadoramente. — Creio
que gostará de saber que finalmente ganhou a batalha: eu vou embora.
Cole franziu a testa visivelmente surprendido por suas palavras. Lacey
não esperou para ouvir mais nada e, andando rapidamente, atravessou a
casa, indo diretamente para seu quarto. A decisão fora tomada num impulso,
mas ela sabia que era o único recurso que lhe restava.
Abafando os soluços, pegou suas malas e as abriu em cima da cama.
Começou a tirar as roupas do armário e a atirá-las sem se preocupar com
ordem. Hesitou por uns instantes, quando viu Cole aparecer não vão da
porta, antes de continuar sua tarefa.
Um nervo pulsava convulsivamente em seu queixo. Os lábios eram uma
linha fina, mas em seus olhos pairava um ar de arrependimento.
— Lacey, eu.. — começou inseguro.
Projeto Romances 88
Verão Ardente Janet Dailey
— Nada mais temos a nos dizer — interrompeu ela, não sem reparar aa
sua esplêndida figura parada ali na porta. — Ainda tenho tres dias inteiros
de férias, e não vou permitir que ninguém os estrague.
Impacientemente, ele replicou: — Por Deus, Lacey, eu não estou
querendo estragar nada para você. Eu.. ,
— Você fez um servicinho muito bem-feito para quem não deseja isso!
— exclamou, com as mãos cheias de roupas que atirou na mala, controlando a
voz para que ele não percebesse sua emoção.
— Você não compreende — murmurou Cole.
— Já não é tempo de você voltar a seu escritório? — perguntou Lacey,
pegando os vidros de cosméticos e atirando-os na frasqueira.
— Sim, é, mas primeiro...
Ela lhe deu as costas, tentando desesperadameute esconder a per-
turbação que a presença dele lhe causava.
— Já estou indo embora! A casa é toda sua! Não era isso o que mais
queria?
Sua expressão endureceu e os lábios se comprimiram até quase
desaparecerem.
— Sim, é! — disse depois de um segundo de hesitação. — é exatamente
isso o que mais desejo!
No instante seguinte, ele a deixou. Pesados passos se ouviram quando
atravessou a sala. Lacey voltou sua atenção para o trabalho de arrumar suas
coisas. Ouviu, então, a porta bater com estrondo, indicando que ele se fora.
Uma hora e meia depois ela estava carregando suas últimas coisas para
dentro do apartamento. Pousando a mala no chão, deixou-se cair numa
poltrona, cobrindo o rosto com as mãos.
Não chorou. Parecia não haver mais lágrimas dentro dela. Sentia-se
completamente vazia por dentro, como se partes vitais lhe tivessem
arrancadas e sabia que nunca mais seria a mesma, dali por diante.
O telefone tocou. Passou-se uma eternidade até que ela ouvisse! o som
de sua campainha. Ficou olhando-o sem ver, até que se levantou
automaticamente e atendeu.
— Alô — disse numa voz cansada e inexpressiva. .
— Lacey?
Era Cole. A voz dele teve o efeito de uma lâmina afiada
transpassando-lhe o peito. Lacey desligou o telefone para não sofrer mais.
Dali a poucos minutos o telefone tocava novamente. Estava se decidindo se
atenderia ou não, quando sua mão involuntariamente pegou o fone e o
colocou no ouvido.
— Não desligue, Lacey. — O restante de sua zanga ainda era
perceptível, pelo tom irritado de sua voz. — Estou em meu escritório,
Projeto Romances 89
Verão Ardente Janet Dailey
portanto não tenho tempo para discussões. Vamos nos encontrar hoje à
noite para conversarmos sobre tudo o que aconteceu. Estarei livre lá pelas
oito e meia...
Depois de jantar com Mônica, pensou Lacey. — Deixe-me em paz! —
interrompeu-o irritada. — Saia de minha vida e fique fora dela! Não quero
mais vê-lo ou ouvir falar de você... nunca mais!
Desligou rapidamente, cortando a ligação, mas sabia que Cole era tão
teimoso quanto ela. Tremendo, pegou novamente o fone, hesitou e depois
discou um número.
Quando atenderam, perguntou: — Jane? Aqui é Lacey. Posso falar com
Maryann?
— Claro — respondeu a moça. — Como vai de férias?
— Muito bem — mentiu Lacey e a ligação foi completada — Maryann?
— Alô, Lacey! — foi a resposta carinhosa. — Mike me disse que você
passou por aqui para almoçarmos juntas. Só lastimei não ter sabido antes
que você vinha... teria uma boa desculpa para faltar ao dentista!
— Eu deveria ter-lhe telefonado de manhã, mas, para ser franca, nem
pensei nisso.
— Está aproveitando bastante o sol?
— É por isso que estou lhe telefonando — começou meio hesitante. —
Não estou mais na casa da praia. Vim embora.
— Meu Deus, o que houve? — perguntou Maryann imediatamente
curiosa.
— É uma longa história. — Sua amiga já sabia parte dela, pois Lacey
havia lhe contado quando estivera em sua casa na sexta-feira à noite. —
Estava imaginando se poderia dormir em seu apartamento por algumas
noites.
— Claro que pode! — foi a resposta rápida, embora admirada. — Mas
pensei que você passaria uns dias com seus pais em Richmond.
— Eu ia, mas mudei de idéia.
Ter que explicar tudo o que acontecera a seus pais lhe parecia muito
doloroso e sabia que não conseguiria esconder-lhes a verdade. Eles a
conheciam bem demais para que conseguisse. Também não podia ficar em
seu apartamento. Cole continuaria telefonando e poderia até aparecer por
lá.
— O que aconteceu, Lacey? Será que.. .
— Eu lhe conto tudo logo mais à noite — prometeu ela. — A que horas
você sai daí?
— Não teria problema algum eu sair às cinco horas, mas tenho que
passar no banco e no supermercado. — Maryann fez uma pausa. — Por que
não passa por aqui e eu lhe dou a chave de meu apartamento? Assim, você
Projeto Romances 90
Verão Ardente Janet Dailey
CAPÍTULO X
— Você parece estar precisando de um café. Quer que lhe sirva um? —
ofereceu Mike, parando ao lado de sua escrivaninha e se dirigindo para a
garrafa térmica.
— Quero, por favor — respondeu Lacey, procurando a borracha para
apagar um erro de datilografia que fizera.
Mike encheu dois copos plásticos e estendeu-lhe um, sentandos na
beira da mesa.
— São apenas dez horas da manhã e você já parece exausta! Crek que
isso é um sintoma sério de uma doença chamada primeiro dia de trabalho
depois das férias. — brincou, olhando para ela afetuosamente.
— Provavelmente — concordou, e tirando da máquina a carta corrigida,
juntou-a a outras e estendeu-as a ele. — Aqui estão as cartas que me pediu
para hoje de manhã.
— Ótimo — disse Mike entre dois goles de café. Apanhando a pilha de
papéis, dirigiu-se para sua sala particular, mas parou no vão da porta e
virou-se para ela. — Lacey, é muito bom tê-la de volta.
— Obrigada — disse com um sorriso triste.
Assim que ele fechou a porta, ela apoiou os cotovelos na mesa. Seus
ombros se encurvaram, como se o esforço para manter as aparências fosse
demais quando não havia ninguém por perto.
Com a ponta dos dedos, esfregou um ponto da testa entre as
sobrancelhas. Piscou com força para tirar as lágrimas que inesperadamente
lhe vieram aos olhos.
A porta principal do escritório se abriu e ela imediatamente se
recompôs, numa postura ereta. O sorriso forçado de boas-vindas morreu-
lhe nos lábios ao ver Cole à sua frente.
Parecia abatido e desfigurado, mas havia uma determinada obstinação
em seu rosto. Seus olhos pareciam ainda mais azuis. Refeita do choque
inicial, Lacey pegou o telefone interno e discou o número de Mike.
— Cole Whitfield está aqui para vê-lo — disse ela assim que ele
atendeu.
Projeto Romances 91
Verão Ardente Janet Dailey
— O quê? — Peta sua reação ela viu que Cole não era esperado.
Lacey começou a sentir seu coração bater mais apressado em sinal de
alerta.
— Eu vou. . .
Inclinando-se sobre a escrivaninha, ele apertou o botão que
interrompia a ligação.
— Não estou aqui para ver Bowman — disse. — É com você que eu
quero falar, Lacey.
Bruscamente ela repôs o fone no aparelho e apanhou alguns papéis da
cesta, pondo-os em ordem com mãos nervosas. Levantou-se rapidamente,
pretendendo arquivar alguma coisa e para se distanciar o mais possível de
Cole.
— Margo e Bob chegaram bem? — perguntou, tentando dar a sua voz
um tom de naturalidade e abrindo uma das gavetas do arquivo.
Cole estava bem atrás dela e com um empurrão fechou a gaveta. O
coração dela batia descompassadamente e seus nervos à flor da pele
clamavam por alívio, A situação era insustentável.
— Para dizer a verdade, chegaram — disse distraidamente —, mas não
é por isso que estou aqui e você sabe.
A porta de comunicação com a sala de Mike se abriu e ele apareceu,
olhando atônito para Cole.
— Desculpe a confusão, Cole, mas a substituta de Lacey deve ter
esquecido de marcar sua visita esta manhã. Sobre o que desejava me falar?
Cole lançou um olhar impaciente para Mike, aborrecido pela
interrupção.
— Não vim falar com você. Quero trocar algumas palavras com Lacey,
se é que não se importa.
A última frase era somente um gesto de polidez. Lacey tinha impressão
de que ele ficaria se Mike permitisse ou não.
— Nada temos a nos falar — disse ela suavemente e passou por ele
para retornar à escrivaninha.
— É aí que você se engana — replicou Cole. — Temos um porção de
coisas a discutir.
— Isso me parece particular — murmurou Mike voltando para sua sala
e fechando a porta.
Lacey virou-se para chamá-lo de volta, mas deu de cara com Cole.
Todos os seus sentidos estavam alerta pela proximidade de sua presença
perturbadora.
— Por que não vai embora e me deixa em paz de uma vez? Não percebe
que estou trabalhando?
— Você escolheu a hora e lugar. Não fui eu — replicou calmamente. —
Projeto Romances 92
Verão Ardente Janet Dailey
Sabia que eu queria falar com você. O fim de semana todo estive tentando
localizá-la, mas você se escondeu não sei onde!
— Eu não estava me escondendo — mentiu, repondo os papéis na cesta.
— Não? — Ergueu as sobrancelhas num ar de incredulidade. — E como
você chama isso?
— Eu estava aproveitando o que me restava de férias — afirmou
Lacey, novamente se afastando dele.
Sua mão segurou-lhe o braço numa suave, mas segura pressão.
— Quer fazer o favor de ficar quieta um pouco? — disse meio
exasperado.
O toque de sua mão queimou-a como ferro em brasa e Lacey tentou se
libertar, mas ele simplesmente aumentou a pressão.
— Solte-me! — pediu ela, sabendo-se pateticamente vulnerável a seu
contato.
Desesperada, procurou em cima de sua mesa alguma coisa que pudesse
usar como arma de defesa. Pegou o grampeador. Levantou-o para atirar nele,
mas Cole agarrou seu pulso, antes que ela pudesse esboçar o movimento.
— Foi assim que nos conhecemos — observou ironicamente —, so que,
da outra vez, você pretendia atingir minha cabeça com um atiçador de
lareira!
— Eu o odeio, Cole! — Sua voz era trêmula. — Você é o mais arrogante,
o mais rude...
— Também já disse algo parecido antes. — Tirou o grampeador de
suas mãos e recolocou-o na mesa. — Agora, acha que poderemos conversar
como dois seres civilizados?
Afastando sua cabeça da perigosa proximidade daquela boca bem
desenhada, concordou relutante: — Sim.
— Sente-se. — Cole a fez sentar e puxou outra cadeira, acomodando-
se em frente dela.
— Ainda não vejo nada sobre o que temos a conversar — insistiu ela,
porém mais calma.
— Para começar — os olhos azuis dele a estudavam curiosamente —,
por que não me disse que não tinha ido ao hotel para se encontrar com Vic?
— Porque você não estava em condições de me escutar e também
porque não via motivos para lhe explicar. — Depois dessa resposta
defensiva, hesitou e perguntou: — Como descobriu?
— Vic me afirmou logo depois — respondeu Cole rindo. — Sorte dele
estar preocupado em manter seu encantador rosto em ordem. Aproveitei-
me disso e ameacei-o. Zangado como estava, teria lhe amassado a cara para
conseguir a verdade!
— Mas não era absolutamente de sua conta — disse Lacey, desviando
Projeto Romances 93
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Projeto Romances 94
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O que a faz pensar que eu tenha alguma coisa a ver com ela?
— Não sei. — Sentia-se confusa e incerta sobre as conclusões que
tirara sobre o relacionamento deles. — Você jantou com ela a semana
passada inteira, não foi?
— Com os pais dela, e ela estava à mesa. Mas era com o pai dela meu
encontro e não com ela — explicou divertido. — Quem lhe contou isso? Vic,
suponho.
— Sim — concordou Lacey, suspirando quando os braços dele rodearam
sua cintura.
— Eu devia ter imaginado isso — concluiu, baixando-se para encostar
os lábios na pele macia do rosto de Lacey, e depois encontrar sua boca
delicada. — Eu tenho negócios a tratar com Carter Hamilton, o pai dela. Era
esse o único motivo de estar lá.
As mãos dela pousavam junto ao colarinho de sua camisa.
— Eu não sabia. Pensei... no hotel você parecia tão feliz ao lado dela. . .
não como da outra vez, quando você foi tão, ..
— Rude, é a palavra que está procurando, não? — Cole deu uma risada.
— No domingo, na casa da praia, Mônica apareceu sem ser convidada. Não vi
razão alguma para ser delicado com uma pessoa que não era bem-vinda
minha casa. E se você teve a impressão de que eu estava feliz em companhia
dela no hotel, então sou melhor ator do que pensava. Não importando como
eu parecesse, estava simplesmente sendo gentil com a filha de um homem
com quem tenho interesses comuns. Ela é apenas uma gralha velha!
— Mas ela é linda! — protestou Lacey.
— Isso somente aos olhos de um observador que não a conheça bem —
disse ele, afastando-se um pouco para vê-la melhor. — Quando é que vai
parar de falar para que eu possa beijá-la de verdade?
— Agora.
Suas mãos rodearam o pescoço dele, enquanto se punha nas pontas dos
pés, para ir ao encontro de seus lábios ardentes. Alegria e felicidade a
envolveram, tomando luminoso cada cantinho escuro de seu mundo...
O sabor daqueles lábios possessivos cobrindo os seus era como o de um
doce vinho subindo-lhe à cabeça e Lacey se sentiu inebriada peta volta do
amor perdido. Quando o beijo terminou, meio relutante, ela descansou sua
cabeça no ombro dele, permanecendo quieta e feliz.
— Você ainda não respondeu se quer se casar comigo ou não —
observou ele.
— Não respondi? — perguntou levemente surpresa. Jogando a cabeça
para trás, sorrindo, respondeu: — Quero!
— Alguma objecão de que seja breve?
— Nenhuma — sacudiu a cabeça negativamente. Com a ponta dos
Projeto Romances 95
Verão Ardente Janet Dailey
dedos, tocava de leve o contorno másculo de seu rosto. — Por que me deixou
ir embora na terça-feira? Parecia contente por me ver ir.
— E estava! — Pegando sua mão, beijava um por um de seus dedos. —
Não aguentava mais a tortura de ficar em minha cama a noite, sabendo-a no
quarto pegado. Se você tivesse ficado mais uma noite que fosse, sei que
teria perdido o controle e atirado aquelas regras estúpidas pela janela.
Quando se decidiu ir embora, nunca pensei que fosse desaparecer. Piorou
muito as coisas não saber onde você estava ou com quem.
— Fiquei em casa de uma amiga — respondeu Lacey a sua silenciosa
pergunta.
— Enquanto eu ficava quase louco — acrescentou Cole secamente.
— Sinto muito.
— Devia sentir mesmo!
A porta de comunicação se abriu e Mike entrou, parando de repente ao
ver os dois abraçados.
— Desculpem. Estava tudo tão quieto que pensei que já tivesse ido
embora, Whitfield — desculpou-se e fez menção de se retirar.
— Não precisa se retirar, Bowman — disse Cole. — Lacey e eu já
estamos de saída.
— O quê? — Mike franziu a testa e Lacey olhou-o completamente
aturdida.
— Em meia hora vou lhe enviar alguém para tomar o lugar dela —
continuou Cole. — Ela vai ter muito o que fazer nos próximos dias. E, depois
de casados, se ela quiser ser ainda secretária de alguém, prefiro que seja
minha.
— Mas... — Lacey não sabia o que objetar, pois concordava com os
planos dele.
— Por enquanto tenho — Cole interrompeu-se —, tenho uma coisa que
quero mostrar a Lacey.
— O quê? — perguntou com a curiosidade feminina aguçada.
— Pegue sua bolsa e vamos, que eu lhe mostro — disse ele sorrindo
misteriosamente.
— Felicidades! — gritou Mike aos dois que saíam correndo pelo
escritório.
Quando Cole a ajudou a entrar no carro, Lacey repetiu a pergunta.
— O que tinha para me mostrar?
— Você descobrirá — respondeu simplesmente.
— Mas pelo menos me-dê uma pista — insistiu ela.
Mas sua única resposta foi um sorriso, enquanto ligava o motor e,
tirando o carro do estacionamento, seguia pela rua.
Dentro de pouco tempo ela percebeu que estavam indo pela estrada da
Projeto Romances 96
Verão Ardente Janet Dailey
praia de Virgínia, cruzando a baía. Quando viu que ele abandonava a estrada
principal e tomava uma secundária, reconheceu que estavam indo para a casa
de Margo. Ficou realmente confusa.
— Por que estamos indo para a casa da praia? — perguntou
preocupada.
Cote pôs a mão sobre a dela e apertou-a carinhosamente. — Paciência!
Ao parar o carro em frente da casa, Cole se virou sorrindo para ela e
perguntou: — A futura sra. Whitfield gostaria de ver sua casa nova? Seu
futuro lar?
— O quê? — lançou-lhe um olhar incrédulo e ele riu francamente.
— Quando Bob e Margo chegaram do cruzeiro, disseram-me que
estavam resolvidos a se mudar para a Flórida e que o fariam assim que
vendessem a casa e arranjassem tudo por aqui. — Procurou no bolso e dele
tirou uma chave que estendeu a ela. — Comprei a casa para nós. Depois de
tantas noites de frustração que passei aqui, achei que merecia passar o
resto da vida com noites compensadoras a seu lado.
— Você comprou a casa? — Lacey olhava a chave na palma da mão dele,
sem querer acreditar no que ouvira.
— Você gosta da casa, não gosta? — perguntou um tanto preocupado,
estudando de perto sua expressão.
— Eu adoro a casa! — declarou enfaticamente. — Só que não consigo
acreditar que ela seja minha.. . quer dizer.. . nossa.
— Pode acreditar, meu amor.
Um som, misto de risada e grito, irrompeu de sua garganta, enquanto
ela, passando os braços pelo pescoço dele, sentia a felicidade jorrar como
uma fonte eterna. Cole dispensou-a das palavras. Atituldes eram muito mais
agradáveis.
Projeto Romances 97
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FIM
Projeto Romances 98