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Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ
Técnico Administrativo
Auxiliar em Administração -
Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações
Edital Nº 455 de 17 de Julho de 2017

JL137-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Cargo: Técnico Administrativo


Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

(Baseado no Edital Nº 455 de 17 de Julho de 2017)

• Língua Portuguesa
• Legislação
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Natália Maio

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Compreensão e interpretação de textos verbais e não verbais............................................................................................................. 01


Análise de discursos no plano das relações entre Linguagem, Comunicação e Sociedade....................................................... 01
Produção e recepção textuais nas práticas sociais. ................................................................................................................................... 01
Usos da linguagem. ................................................................................................................................................................................................ 01
Reconhecimento crítico das linguagens como elementos integradores dos sistemas e processos de comunicação. ... 18
Elementos da Comunicação................................................................................................................................................................................. 18
Variedades linguísticas. ......................................................................................................................................................................................... 20
Gêneros e Tipologia textuais e seus elementos constituintes................................................................................................................ 24
Coesão e coerência textuais. ............................................................................................................................................................................... 46
Equivalência e transformação de estruturas. ................................................................................................................................................ 50
Relações de sinonímia e antonímia. ................................................................................................................................................................. 55
Classe e emprego de palavras. ........................................................................................................................................................................... 60
Frase, oração e período. Período composto (coordenação e subordinação). ................................................................................. 95
Regência nominal e verbal. ................................................................................................................................................................................103
Concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................110
Colocação pronominal. .......................................................................................................................................................................................115
Ortografia, acentuação gráfica e pontuação...............................................................................................................................................116

Legislação

Lei Federal nº 12.527/2011. ................................................................................................................................................................................. 01


Decreto Federal nº 7.724/2012. ......................................................................................................................................................................... 07
Decreto nº 1.171/1994. ......................................................................................................................................................................................... 17
Lei Federal nº 8.666/1993. ................................................................................................................................................................................... 19
Lei Federal nº 9.784/1999. ................................................................................................................................................................................... 45
Constituição Federal de 1988: Título I. Título II. Título III, capítulo I e capítulo VII (Seções I e II). Título VIII, capítulo III
(Seção I). ...................................................................................................................................................................................................................... 50
Princípios Constitucionais Explícitos. ............................................................................................................................................................... 62
Princípios Constitucionais Implícitos. .............................................................................................................................................................. 62
Administração Pública Direta e Indireta.......................................................................................................................................................... 67

Conhecimentos Específicos

Estudos de público em museus no Brasil: perfil e opinião dos visitantes.......................................................................................... 01


Acessibilidade em museus: ABNT NBR N° 9050: 2004,............................................................................................................................. 01
ABNT NBR N° 15599:2008, acessibilidade atitudinal.................................................................................................................................. 81
Estatuto de Museus: Lei nº 11.904. Trajetória dos museus de ciência e tecnologia no Brasil.................................................... 97
Noções de técnicas de preservação e conservação de bens culturais. Lei de incentivo a cultura n 8.313.........................102
Ética na administração publica decreto 1.171/1994 atualizada/Lei N° 12.840 de 9/07/2013..................................................107
Noções de Administração em museus...........................................................................................................................................................109
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos verbais e não verbais............................................................................................................. 01


Análise de discursos no plano das relações entre Linguagem, Comunicação e Sociedade....................................................... 01
Produção e recepção textuais nas práticas sociais. ................................................................................................................................... 01
Usos da linguagem. ................................................................................................................................................................................................ 01
Reconhecimento crítico das linguagens como elementos integradores dos sistemas e processos de comunicação. ... 18
Elementos da Comunicação................................................................................................................................................................................. 18
Variedades linguísticas. ......................................................................................................................................................................................... 20
Gêneros e Tipologia textuais e seus elementos constituintes................................................................................................................ 24
Coesão e coerência textuais. ............................................................................................................................................................................... 46
Equivalência e transformação de estruturas. ................................................................................................................................................ 50
Relações de sinonímia e antonímia. ................................................................................................................................................................. 55
Classe e emprego de palavras. ........................................................................................................................................................................... 60
Frase, oração e período. Período composto (coordenação e subordinação). ................................................................................. 95
Regência nominal e verbal. ................................................................................................................................................................................103
Concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................110
Colocação pronominal. .......................................................................................................................................................................................115
Ortografia, acentuação gráfica e pontuação...............................................................................................................................................116
LÍNGUA PORTUGUESA

Condições básicas para interpretar

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Fazem-se necessários:


TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS. - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
ANÁLISE DE DISCURSOS NO PLANO literários, estrutura do texto), leitura e prática;
DAS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM, - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE. texto) e semântico;
PRODUÇÃO E RECEPÇÃO TEXTUAIS NAS
PRÁTICAS SOCIAIS. Observação – na semântica (significado das palavras)
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
USOS DA LINGUAGEM.
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, Interpretar X compreender
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
de responder às questões relacionadas a textos. Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - Através do texto, infere-se que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - É possível deduzir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - O autor permite concluir que...
e decodificar ). - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Compreender significa


Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
está escrito.
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con-
- o texto diz que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
- é sugerido pelo autor que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
ção...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
- o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial.
Erros de interpretação
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
na prova. entendimento do tema desenvolvido.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- cadas e, consequentemente, errando a questão.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa
definem o tempo). prova de concurso, o que deve ser levado em consideração
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança é o que o autor diz e nada mais.
ou de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
com uma realidade, opinando a respeito. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
dárias em um só parágrafo. pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vras. vai dizer e o que já foi dito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque-
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
cedente. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que reduzido no qual o menino detém sua atenção é
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, (A) fresta.
a saber: (B) marca.
(C) alma.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- (D) solidão.
te, mas depende das condições da frase. (E) penumbra.
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois PE/2012)
o objeto possuído. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
- como (modo) totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
- onde (lugar) cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
quando (tempo) que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
quanto (montante) de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
Exemplo: mundo.
Falou tudo QUANTO queria (correto) Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
aparecer o demonstrativo O ). Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).

Dicas para melhorar a interpretação de textos Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-
tual “O riso”.
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do ( ) CERTO ( ) ERRADO
assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa 3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
a leitura; Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
pelo menos duas vezes; uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
- Inferir; generalizado de energia no final de 2009.
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
autor; tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
compreensão; Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
cada questão; produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. buição de energia do país desde o traumático racionamento
de 2001.
Fonte: Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- ções).
gues/como-interpretar-textos Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas
QUESTÕES do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tão, considere o texto abaixo.
A marca da solidão 4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a — Carta para o 9.326!!!
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
penumbra na tarde quente. em

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LÍNGUA PORTUGUESA

branco, e um outro pergunta: Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
— Quem te mandou essa carta? tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
— Minha irmã. mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
— Mas por que não está escrito nada? numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! própria vida.
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adap- E eu vou para a Ilha do Nanja.
tações). Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto aci- cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
ma decorre tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
A) da identificação numérica atribuída ao louco. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta ilha.
no hospício. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a Adaptado)
carta.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
*fissuras: fendas, rachaduras
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.

5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV 6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO


PROJETOS/2010) – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a
maneira como se preparam para suas férias, a autora mos-
Painel do leitor (Carta do leitor) tra que seus amigos estão
(A) serenos.
Resgate no Chile (B) descuidados.
(C) apreensivos.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (D) indiferentes.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (E) relaxados.
de uma mina de cobre e ouro no Chile.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com suces- 7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
so, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
seus companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda que, assim como seus amigos, a autora viaja para
técnica e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofe- (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
receram à equipe chilena de salvamento, num gesto humani- (B) escapar do lugar em que está.
tário que só enobrece esses países. E, também, dos dois médicos (C) reencontrar familiares queridos.
e dois “socorristas” que, demonstrando coragem e desprendi- (D) praticar esportes radicais.
mento, desceram na mina para ajudar no salvamento. (E) dedicar-se ao trabalho.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
nel do leitor – 17/10/2010) 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
– VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem gere que viajará para um lugar
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO:
(A) repulsivo e populoso.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
(B) sombrio e desabitado.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma
mina de cobre e ouro no Chile.” (C) comercial e movimentado.
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (D) bucólico e sossegado.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” (E) opressivo e agitado.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desce- 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
ram na mina...” Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
questões de números 6 a 8. justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
Férias na Ilha do Nanja (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)

Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as ma- Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
las nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, dágio urbano.
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre ( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... porte público e estender as ciclovias.

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LÍNGUA PORTUGUESA

( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida- 5-)


des, que não resolveu os problemas do trânsito. Em todas as alternativas há expressões que represen-
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun- tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro. Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio- enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.
namento, revisão....e agora mais o pedágio? RESPOSTA: “B”.
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
investido no transporte público. 6-)
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa- “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
gue pelo privilégio! fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
urbano melhorou. nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
RESPOSTA: “C”.
A ordem obtida é:
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N) 7-)
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S) Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S) da própria autora!
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N) RESPOSTA: “B”.
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)
8-)
10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que RESPOSTA: “D”.
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex-
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se 9-)
você está na rua, não pode entrar”. (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”. porte público e estender as ciclovias.
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. (N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas ci-
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”.
dades, que não resolveu os problemas do trânsito.
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”.
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
(N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
Resolução
namento, revisão....e agora mais o pedágio?
1-) (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- investido no transporte público.
do cabe numa fresta. (S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
RESPOSTA: “A”. gue pelo privilégio!
(S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
2-) urbano melhorou.
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie- S - N - S - N - N - S - S
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos RESPOSTA: “B”.
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “CERTO”. 10-)
Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a
3-) ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é:
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo “Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua,
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por não pode entrar”.
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora- RESPOSTA: “A”.
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”); O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
delimita a informação – como no caso do exercício). não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas,
RESPOSTA: “CERTO’. mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comuni-
camos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
4-) Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar
aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo
porque nós brigamos e não estamos nos falando”. fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é a
RESPOSTA: “D”. que utiliza palavras quando se fala ou quando se escreve.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal,


não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O objeti-
vo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer
dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros
meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos,
cores, ou seja, dos signos visuais.
Vejamos:
- um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entre-
vista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um
bilhete? = Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de fu- Imagem indicativa de “silêncio”.
tebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o
aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação
de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do
banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem não verbal!
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários.

Observe alguns exemplos:

Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.

Fonte: http://www.brasilescola.com/redacao/lingua-
gem.htm

INTERTEXTUALIDADE
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
A Intertextualidade pode ser definida como um diálo-
go entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note
como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de
Gonçalves Dias (século XIX):

Canção do Exílio  

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Placas de trânsito – “proibido andar de bicicleta” Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário Mais prazer encontro eu lá;
masculino”. Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Não permita Deus que eu morra, Pode-se definir então a intertextualidade como sendo
Sem que eu volte para lá; a criação de um texto a partir de um outro texto ja existente.
Sem que desfrute os primores Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções di-
Que não encontro por cá; ferentes que dependem muito dos textos/contextos em que
Sem qu’inda aviste as palmeiras, ela é inserida.
Onde canta o Sabiá.” Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está
ligado ao “conhecimento do mundo”, que deve ser compar-
(Gonçalves Dias) tilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Canção do Exílio Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor
barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cin-
Minha terra tem macieiras da Califórnia dy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de
onde cantam gaturamos de Veneza. Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho
Os poetas da minha terra fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatro-
são pretos que vivem em torres de ametista, centos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o mesmo am-
os sargentos do exército são monistas, cubistas, biente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um
os filósofos são polacos vendendo a prestações. conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o con-
gente não pode dormir traste entre claro e escuro, a sensualidade do ombro nu etc.
com os oradores e os pernilongos. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio
Os sururus em família têm por testemunha a e, portanto, é um tipo de intertextualidade na pintura.
                                                       [Gioconda Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anún-
cios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se fosse
Eu morro sufocado
a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era “Mon
em terra estrangeira. Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse enun-
Nossas flores são mais bonitas ciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a rou-
nossas frutas mais gostosas pa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira
mas custam cem mil réis a dúzia. obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso
pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de
Ai quem me dera chupar uma carambola de  não só persuadir o leitor como também de difundir a cultura,
                                        [verdade uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
e ouvir um sabiá com certidão de idade!  escultura, literatura etc).
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracteri-
(Murilo Mendes) zada por um citar o outro.

Nota-se que há correspondência entre os dois textos. Tipos de Intertextualidade


Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
A paródia piadista de Murilo Mendes é um exemplo de in-
- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória.
tertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando - Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias. - Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a pa-
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualida- lavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o au-
de é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário tor deixa claro sua intenção e a fonte.
ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. - Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar
Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em ou- de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou
tros textos é exemplo de intertextualização. abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando a ironia
A intertextualidade está presente também em outras ou a crítica.
áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa - Pastiche: uma recorrência a um gênero.
pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa: - Tradução: está no campo da intertextualidade porque
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503. implica a recriação de um texto.
Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919. - Referência e alusão.
Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exemplo
Mona Lisa, propaganda publicitária. de intertextualidade na literatura. Às vezes, a superposição
de um texto sobre outro pode provocar uma certa atuali-
zação ou modernização do primeiro texto. Nota-se isso no
livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, que retoma, por
exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do
Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Camões. Ocorre
como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns ca-
sos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poe-
ma “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro
“Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e
assim se refletiu no seguinte poema:

6
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim como Bandeira Meus oito anos


Oh! Que saudade que tenho
O que amo em ti Da aurora da minha vida,
não são esses olhos doces Da minha infância querida
delicados Que os anos não trazem mais
nem esse riso de anjo adolescente. Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
O que amo em ti À sombra das bananeiras
não é só essa pele acetinada Debaixo dos laranjais!
sempre pronta para a carícia renovada (Casimiro de Abreu)
nem esse seio róseo e atrevido
a desenhar-se sob o tecido. “Meus oito anos”

O que amo em ti Oh! Que saudade que tenho


não é essa pressa louca Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
de viver cada vão momento
Que os anos não trazem mais
nem a falta de memória para a dor.
Naquele quintal de terra
Da rua São Antonio
O que amo em ti Debaixo da bananeira
não é apenas essa voz leve Sem nenhum laranjais!
que me envolve e me consome
nem o que deseja todo homem A intertextualidade acontece quando há uma referên-
flor definida e definitiva cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também
a abrir-se como boca ou ferida pode ocorrer com outras formas além do texto, música,
nem mesmo essa juventude assim perdida. pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alu-
são à outra ocorre a intertextualidade.
O que amo em ti Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o
enigmática e solidária: objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo,
É a Vida! o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o co-
Flâmula, 2004, p. 37) nhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e
identificar quando há um diálogo entre os textos. A inter-
Madrigal Melancólico textualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da
obra citada ou contestando-as. Vejamos duas das formas:
O que eu adoro em ti a Paráfrase e a Paródia.
não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe. Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
A beleza é um conceito. do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre
E a beleza é triste. para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do
Não é triste em si, texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito.
mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna
em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” :
Texto Original
(...)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
O que eu adoro em tua natureza,
As aves que aqui gorjeiam
não é o profundo instinto maternal Não gorjeiam como lá.
em teu flanco aberto como uma ferida.
nem a tua pureza. Nem a tua impureza. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida. Paráfrase
(Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
José Olympio, 1980, p. 83) Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no Eu tão esquecido de minha terra…
texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus Ai terra que tem palmeiras
oito anos”, quando este cita o poema , do século XIX, de Onde canta o sabiá!
Casimiro de Abreu, de mesmo nome. (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
Bahia”)

7
LÍNGUA PORTUGUESA

Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é mui- Entre os variadíssimos tipos de referências, há provér-
to utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui bios, ditos populares, frases bíblicas ou obras / trechos de
o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto pri- obras constantemente citados, literalmente ou modifica-
mitivo conservando suas ideias, não há mudança do senti- dos, cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos
do principal do texto que é a saudade da terra natal. interlocutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira
adotou o slogan: “Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és”.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar Voltada fundamentalmente para um público de uma de-
outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas terminada classe sociocultural, o produtor do menciona-
e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da lín- do anúncio espera que os leitores reconheçam a frase da
gua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, Bíblia (“Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”). Ao
a voz do texto original é retomada para transformar seu adaptar a sentença, a intenção da propaganda é, eviden-
temente, angariar a confiança do leitor (e, consequente-
sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas ver-
mente, a credibilidade das informações contidas naquele
dades incontestadas anteriormente, com esse processo
periódico), pois a Bíblia costuma ser tomada como um livro
há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma de pensamentos e ensinamentos considerados como “ver-
busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e dades” universalmente assentadas e aceitas por diversas
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo comunidades. Outro tipo comum de intertextualidade é
dessa arte, frequentemente os discursos de políticos são a introdução em textos de provérbios ou ditos populares,
abordados de maneira cômica e contestadora, provocando que também inspiram confiança, pois costumam conter
risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada mensagens reconhecidas como verdadeiras. São aprovei-
pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante- tados não só em propaganda mas ainda em variados textos
riormente, teremos, agora, uma paródia. orais ou escritos, literários e não-literários. Por exemplo, ao
iniciar o poema “Tecendo a manhã”, João Cabral de Melo
Texto Original Neto defende uma ideia: “Um galo sozinho não tece uma
Minha terra tem palmeiras manhã”. Não é necessário muito esforço para reconhecer
Onde canta o sabiá, que por detrás dessas palavras está o ditado “Uma andori-
As aves que aqui gorjeiam nha só não faz verão”. O verso inicial funciona, pois, como
Não gorjeiam como lá. uma espécie de “tese”, que o texto irá tentar comprovar
através de argumentação poética.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou
construídas) e de alusões muito sutis que só são compar-
Paródia
tilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de
Minha terra tem palmares referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos
onde gorjeia o mar (Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em
os passarinhos daqui obras literárias, prosa ou poesia, que às vezes remetem
não cantam como os de lá. a uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico(s),
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”) percebido(s) apenas por um leitor/interlocutor muito bem
informado e/ou altamente letrado. Na literatura, podem-
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs- se citar, entre muitos outros, autores estrangeiros, como
titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social James Joyce, T.S. Eliot, Umberto Eco.
e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por A remissão a textos e para-textos do circuito cultural
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido (mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produ-
do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi- tos etc.) é especialmente recorrente em autores chamados
dão existente no Brasil. pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre ou-
Na literatura relativa à Linguística Textual, é frequente tros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa ca-
apontar-se como um dos fatores de textualidade a refe- rioca, que usa e “abusa” da intertextualidade em seus tex-
rência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados tos, a tal ponto que, sem a identificação das referências, o
estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - ar- poema se torna, constantemente, ininteligível e chega a ser
considerado por algumas pessoas como um “amontoado
tes plásticas, cinema - , música, propaganda etc.) A esse
aleatório de enunciados”, sem coerência e, portanto, des-
“diálogo”entre textos dá-se o nome de intertextualidade.
provido de sentido.
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “co- Os teóricos costumam identificar tipos de intertextuali-
nhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou dade, entre os quais se destacam:
seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. - a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jor-
A intertextualidade pressupõe um universo cultural nalísticas que se reportam a notícias veiculadas anterior-
muito amplo e complexo, pois implica a identificação / o mente na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou
reconhecimento de remissões a obras ou a textos / trechos não-literários que se referem a temas ou assuntos contidos
mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor em outros textos etc.). Podem ser explícitas (citações entre
a capacidade de interpretar a função daquela citação ou aspas, com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (pará-
alusão em questão. frases, paródias etc.);

8
LÍNGUA PORTUGUESA

- a que se associa ao caráter formal, que pode ou não mas acaba por sustentar a satisfação e se abre num sorriso.
estar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos O autor termina a crônica, parafraseando o verso de Ma-
que “imitam” a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de nuel Bandeira: “Assim eu quereria a minha última crônica:
relatório etc. ou que procuram imitar o estilo de um autor, que fosse pura como esse sorriso”. O verso de Bandeira não
em que comenta o seriado da TV Globo, baseado no livro pode ser considerado, nessa crônica, um mero pretexto.
de Guimarães Rosa, procurando manter a linguagem e o A intertextualidade desempenha o papel de conferir uma
estilo do escritor); certa “literariedade” à crônica, além de explicar o título e
- a que remete a tipos textuais (ou “fatores tipológi- servir de “fecho de ouro” para um texto que se inicia sem
cos”), ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas um conteúdo previamente escolhido. Não é, contudo, im-
e superestruturas ou a aspectos formais de caráter linguís- prescindível à compreensão do texto.
tico próprios de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de O que parece importante é que não se encare a in-
texto: tipologias ligadas a estilos de época. Por superestru- tertextualidade apenas como a “identificação” da fonte e,
tura entendem-se, entre outras, estruturas argumentativas sim, que se procure estudá-la como um enriquecimento da
(Tese anterior), premissas - argumentos (contra-argumen- leitura e da produção de textos e, sobretudo, que se tente
tos - síntese), conclusão (nova tese), estruturas narrativas mostrar a função da sua presença na construção e no(s)
(situação - complicação - ação ou avaliação – resolução), sentido(s) dos textos.
moral ou estado final etc.; Como afirmam Koch & Travaglia, “todas as questões
Um outro aspecto que é mencionado muito superfi- ligadas à intertextualidade influenciam tanto o processo de
cialmente é o da intertextualidade linguística. Ela está liga- produção como o de compreensão de textos”.
da ao que o linguista romeno, Eugenio Coseriu, chama de Considerada por alguns autores como uma das condi-
formas do “discurso repetido”: ções para a existência de um texto, a intertextualidade se
- “textemas” ou “unidades de textos”: provérbios, dita- destaca por relacionar um texto concreto com a memória
dos populares; citações de vários tipos, consagradas pela textual coletiva, a memória de um grupo ou de um indiví-
tradição cultural de uma comunidade etc.; duo específico.
- “sintagmas estereotipados”: equivalentes a expressões Trata-se da possibilidade de os textos serem criados
idiomáticas; a partir de outros textos. As obras de caráter científico re-
- “perífrases léxicas”: unidades multivocabulares, em- metem explicitamente a autores reconhecidos, garantindo,
pregadas frequentemente mas ainda não lexicalizadas (ex. assim, a veracidade das afirmações. Nossas conversas são
“gravemente doente”, “dia útil”, “fazer misérias” etc.). entrelaçadas de alusões a inúmeras considerações arma-
zenadas em nossas mentes. O jornal está repleto de refe-
A intertextualidade tem funções diferentes, dependen- rências já supostamente conhecidas pelo leitor. A leitura
do dos textos/contextos em que as referências (linguísticas de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer
ou culturais) estão inseridas. Chamo a isso “graus das fun- obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes
ções da intertextualidade”. de forma implícita.
Didaticamente pode-se dizer que a referência cultural A nossa compreensão de textos (considerados aqui da
e/ou linguística pode servir apenas de pretexto, é o caso de forma mais abrangente) muito dependerá da nossa expe-
“epígrafes” longinquamente vinculadas a um trabalho e/ou riência de vida, das nossas vivências, das nossas leituras.
a um texto. Sem dizer com isso que todas as epígrafes fun- Determinadas obras só se revelam através do conhecimen-
cionem apenas como pretextos. Em geral, o produtor do to de outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso
texto elege algo pertinente e condizente com a temática de conhecimento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos
que trata. Existam algumas, todavia, que estão ali apenas com certas obras.
para mostrar “conhecimento” de frases famosas e/ou para A noção de intertextualidade, da presença contínua de
servir de “decoração” no texto. Neste caso, o “intertexto” outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a
não tem um papel específico nem na construção nem na respeito da individualidade e da coletividade em termos
camada semântica do texto. de criação. Já vimos anteriormente que a citação de outros
Outras vezes, o autor parte de uma frase ou de um textos se faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que
verso que ocorreu a ele repentinamente (texto “A última objetivo?
crônica”, em que o autor confessa estar sem assunto e tem Um texto remete a outro para defender as ideias nele
de escrever). Afirma então: contidas ou para contestar tais ideias. Assim, para se definir
diante de determinado assunto, o autor do texto leva em
“Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo consideração as ideias de outros “autores” e com eles dia-
meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembran- loga no seu texto.
ça: assim eu quereria meu último poema.” Ainda ressaltando a importância da intertextualidade,
remetemos às considerações de Vigner: “Afirma-se aqui a
Descreve então uma cena passada em um botequim, importância do fenômeno da intertextualidade como fator
em que um casal comemora modestamente o aniversário essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de
da filha, com um pedaço de bolo, uma coca cola e três todos os outros textos. O texto não é mais considerado só
velinhas brancas. O pai parecia satisfeito com o sucesso da nas suas relações com um referente extra-textual, mas pri-
celebração, até que fica perturbado por ter sido observado, meiro na relação estabelecida com outros textos”.

9
LÍNGUA PORTUGUESA

Como exemplo, temos um texto “Questão da Objetivi- Os cientistas são engraçados: bons para inventar e pés-
dade” e uma crônica de Zuenir Ventura, “Em vez das células, simos para prever. Primeiro, descobrem; depois se assus-
as cédulas” para concretizar um pouco mais o conceito de tam com o risco da descoberta e aí então passam a gritar
intertextualidade. “cuidado, perigo”. Fizeram isso com quase todos os inven-
tos, inclusive com a fissão nuclear, espantando-se quando
Questão da Objetividade “o átomo para a paz” tornou-se uma mortífera arma de
guerra. E estão fazendo o mesmo agora.
As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço (...) Desde muito tempo se discute o quanto a ciên-
mental. Até parece que nossa cultura assinou um contrato cia, ao procurar o bem, pode provocar involuntariamente
com tais disciplinas, estipulando que lhes compete resolver o mal. O que a Arquitetura da destruição mostra é como
tecnicamente boa parte dos conflitos gerados pela acelera- a arte e a estética são capazes de fazer o mesmo, isto é,
ção das atuais mudanças sociais. É em nome do conheci- como a beleza pode servir à morte, à crueldade e à des-
mento objetivo que elas se julgam no direito de explicar os truição.
fenômenos humanos e de propor soluções de ordem ética, Hitler julgava-se “o maior ator da Europa” e acredita-
política, ideológica ou simplesmente humanitária, sem se va ser alguma coisa como um “tirano-artista” nietzschiano
darem conta de que, fazendo isso, podem facilmente con- ou um “ditador de gênio” wagneriano. Para ele, “a vida era
verter-se em “comodidades teóricas” para seus autores e em arte,” e o mundo, uma grandiosa ópera da qual era diretor
“comodidades práticas” para sua clientela. Também é em e protagonista.
nome do rigor científico que tentam construir todo o seu O documentário mostra como os rituais coletivos, os
campo teórico do fenômeno humano, mas através da ideia grandes espetáculos de massa, as tochas acesas (...) tudo
que gostariam de ter dele, visto terem renunciado aos seus isso constituía um culto estético - ainda que redundante
apelos e às suas significações. O equívoco olhar de Narciso, (...) E o pior - todo esse aparato era posto a serviço da per-
fascinado por sua própria beleza, estaria substituído por um versa utopia de Hitler: a manipulação genética, a possibi-
olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador: e as lidade de purificação racial e de eliminação das imperfei-
disciplinas humanas seriam científicas! ções, principalmente as físicas. Não importava que os mais
(Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu. ilustres exemplares nazistas, eles próprios, desmoralizas-
São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90) sem o que pregavam em termos de eugenia.
O que importava é que as pessoas queriam acreditar
Comentário: Neste texto, temos um bom exemplo do na insensatez apesar dos insensatos, como ainda há quem
que se define como intertextualidade. As relações entre continue acreditando. No Brasil, felizmente, Dolly provoca
textos, a citação de um texto por outro, enfim, o diálogo mais piada do que ameaça. Já se atribui isso ao fato de que
entre textos. Muitas vezes, para entender um texto na sua a nossa arquitetura da destruição é a corrupção. Somos
totalidade, é preciso conhecer o(s) texto(s) que nele fora(m) craques mesmo é em clonagem financeira. O que seriam
citado(s). nossos laranjas e fantasmas senão clones e replicantes vir-
No trecho, por exemplo, em que se discute o papel das tuais? Aqui, em vez de células, estamos interessados é em
Ciências Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão manipular cédulas.
ocupando, é trazido à tona o mito de Narciso. É preciso, (Zuenir Ventura, JB, 1997)
então, dispor do conhecimento de que Narciso, jovem do-
tado de grande beleza, apaixonou-se por sua própria ima- Comentário: Tendo como ponto de partida a alusão ao
gem quando a viu refletida na água de uma fonte onde foi documentário Arquitetura da destruição, o texto mantém
matar a sede. Suas tentativas de alcançar a bela imagem sua unidade de sentido na relação que estabelece com ou-
acabaram em desespero e morte. tros textos, com dados da História.
O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado, Nesta crônica, duas propriedades do texto são facil-
demonstra que, dado o modo como as Ciências Humanas mente perceptíveis: a intertextualidade e a inserção histó-
são vistas hoje, até o olhar de Narciso, antes “fascinado rica.
por sua própria beleza”, seria substituído por um “olhar O texto se constrói, à medida que retoma fatos já co-
frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador”, ou seja, nhecidos. Nesse sentido, quanto mais amplo for o repertó-
o olhar de Narciso perderia o seu tom de encantamento rio do leitor, o seu acervo de conhecimentos, maior será a
para se transformar em algo material, sem sentimentos. A sua competência para perceber como os textos “dialogam
comparação se estende às Ciências Humanas, que, de hu- uns com os outros” por meio de referências, alusões e ci-
manas, nada mais teriam, transformando-se em disciplinas tações.
científicas. Para perceber as intenções do autor desta crônica, ou
seja, a sua intencionalidade, é preciso que o leitor tenha
Em vez das células, as cédulas conhecimento de fatos atuais, como as referências ao do-
cumentário recém lançado no circuito cinematográfico, à
Nesses tempos de clonagem, recomenda-se assistir ao ovelha clonada Dolly, aos “laranjas” e “fantasmas”, termos
documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen. A que dizem respeito aos envolvidos em transações econô-
fantástica história de Dolly, a ovelha, parece saída do filme, micas duvidosas. É preciso que conheça também o que foi
que conta a aventura demente do nazismo, com seus so- o nazismo, a figura de Hitler e sua obsessão pela raça pura,
nhos de beleza e suas fantasias genéticas, seus experimen- e ainda tenha conhecimento da existência do filósofo Niet-
tos de eugenia e purificação da raça. zsche e do compositor Wagner.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocabulário utilizado aponta para campos semân- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verda-
ticos relacionados à clonagem, à raça pura, aos binômios de de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadei-
arte/beleza, arte/destruição, corrupção. ro o que o enunciador está propondo.
- Clonagem: experimentos, avanços genéticos, ovelhas, Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumen-
cientistas, inventos, células, clones replicantes, manipula- tação. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja,
ção genética, descoberta. pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessaria-
- Raça Pura: aventura, demente do nazismo, fantasias mente das premissas propostas, que se deduz obrigatoria-
genéticas, experimentos de eugenia, utopia perversa, ma- mente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as
nipulação genética, imperfeições físicas, eugenia. conclusões não dependem de crenças, de uma maneira de
- Arte/Beleza - Arte/Destruição: estética, sonhos de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas e
beleza, crueldade, tirano artista ditador de gênio, nietzs- conclusões.
chiano, wagneriano, grandiosa ópera, diretor, protagonista,
espetáculos de massa e tochas acesas. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte enca-
- Corrupção: laranjas, clonagem financeira, cédulas, deamento:
fantasmas.
A é igual a B.
Esses campos semânticos se entrecruzam, porque en- A é igual a C.
globam referências múltiplas dentro do texto. Então: C é igual a A.

Argumentação Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigato-


riamente, que C é igual a A.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma Outro exemplo:
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma
imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujei- Todo ruminante é um mamífero.
to educado, ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja A vaca é um ruminante.
que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, Logo, a vaca é um mamífero.
tem a intenção de convencer, ou seja, tem o desejo de que
o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a con-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comuni- clusão também será verdadeira.
cação, todo texto contém um componente argumentativo. No domínio da argumentação, as coisas são diferentes.
A argumentação é o conjunto de recursos de natureza lin- Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por
guística destinados a persuadir a pessoa a quem a comu- isso, deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais pro-
nicação se destina. Está presente em todo tipo de texto vável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma pro-
e visa a promover adesão às teses e aos pontos de vista paganda dizendo-se mais confiável do que os concorrentes
defendidos. porque existe desde a chegada da família real portuguesa ao
As pessoas costumam pensar que o argumento seja Brasil, ele estará dizendo-nos que um banco com quase dois
apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora
para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é não haja relação necessária entre a solidez de uma institui-
mais que isso: como se disse acima, é um recurso de lin- ção bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumenta-
guagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo tivo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto
que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que está é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais
sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa
recursos de linguagem. quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos
Para compreender claramente o que é um argumento, para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso,
é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do sécu- é importante entender bem como eles funcionam.
lo IV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são Já vimos diversas características dos argumentos. É pre-
úteis quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. ciso acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e o auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisa- mais fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo
mos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se
de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a ri- pode convencer um auditório pertencente a uma dada cul-
queza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre tura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais fácil con-
qual das duas é mais desejável. O argumento pode então vencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No
ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência associa-
mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no do- da ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
mínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a ou- futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O
tra, mais possível que a outra, mais desejável que a outra, poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que
é preferível à outra. é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos de Argumento Argumento de Existência

Já verificamos que qualquer recurso linguístico desti- É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil
nado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enun- aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo
ciador é um argumento. Exemplo: que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria
popular enuncia o argumento de existência no provérbio
Argumento de Autoridade “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas docu-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reco- mentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou
nhecidas pelo auditório como autoridades em certo domí- provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação
nio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador genérica. Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jor-
está propondo. Esse recurso produz dois efeitos distintos: nais diziam que o exército americano era muito mais podero-
revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do so do que o iraquiano. Essa afirmação, sem ser acompanhada
de provas concretas, poderia ser vista como propagandísti-
assunto de que está tratando; dá ao texto a garantia do
ca. No entanto, quando documentada pela comparação do
autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um
número de canhões, de carros de combate, de navios, etc.,
amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ganhava credibilidade.
verdadeira. Exemplo:
Argumento quase lógico
“A imaginação é mais importante do que o conhecimen- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
to.” causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. dos raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer re-
Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, lações necessárias entre os elementos, mas sim instituir re-
não há conhecimento. Nunca o inverso. lações prováveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando
se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”,
Alex José Periscinoto. estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto,
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” não se
institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais fa-
mais importante do que o conhecimento. Para levar o audi- cilmente aceito do que um texto incoerente. Vários são os
tório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto
cientistas do mundo. Se um físico de renome mundial disse de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em contradição,
isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade. tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apre-
sentados, ilustrar afirmações gerais com fatos inadequados,
Argumento de Quantidade narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas.

É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo Argumento do Atributo


maior número de pessoas, o que existe em maior núme-
ro, o que tem maior duração, o que tem maior número É aquele que considera melhor o que tem propriedades
típicas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exem-
de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de argumento
plo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refina-
é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argu-
do é melhor que o que é mais grosseiro, etc.
mento de quantidade.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequên-
cia, celebridades recomendando prédios residenciais, pro-
Argumento do Consenso dutos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato
de que o consumidor tende a associar o produto anunciado
É uma variante do argumento de quantidade. Funda- com atributos da celebridade.
menta-se em afirmações que, numa determinada época, Uma variante do argumento de atributo é o argumento
são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam com- da competência linguística. A utilização da variante culta e
provações, a menos que o objetivo do texto seja compro- formal da língua que o produtor do texto conhece a norma
var alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo linguística socialmente mais valorizada e, por conseguinte,
que equivocado, corresponde ao indiscutível, ao verdadei- deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse sen-
ro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta tido é que se diz que o modo de dizer dá confiabilidade ao
dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as que se diz.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
e de que as condições de vida são piores nos países sub- saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo
desenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria
o risco de passar dos argumentos válidos para os lugares infinitamente mais adequada para a persuasão do que a
comuns, os preconceitos e as frases carentes de qualquer segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria
base científica. uma imagem de competência do médico:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e le- Convém ainda alertar que não se convence ninguém
vando em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equi- com manifestações de sinceridade do autor (como eu,
pe médica houve por bem determinar o internamento do que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza
governador pelo período de três dias, a partir de hoje, 4 de expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio fir-
fevereiro de 2001. memente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e por- certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, sincerida-
que alguns deles são barrapesada, a gente botou o governa- de e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
dor no hospital por três dias. construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas
qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função ar- A argumentação é a exploração de recursos para fazer
gumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso,
sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que
ato de comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais ele diz.
neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orien- Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e ex-
tação argumentativa.
pressa um ponto de vista, acompanhado de certa funda-
A orientação argumentativa é uma certa direção que
mentação, que inclui a argumentação, questionamento,
o falante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista,
com o objetivo de persuadir. Argumentar é o processo pelo
ao falar de um homem público, pode ter a intenção de cri-
ticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com
grandeza. base em premissas. Persuadir é um processo de conven-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu cimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamen-
certos episódios e revelando outros, escolhendo determi- to e seu comportamento.
nadas palavras e não outras, etc. Veja: A persuasão pode ser válida e não válida. Na persua-
são válida, expõem-se com clareza os fundamentos de
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar
trocavam abraços afetuosos.” cada passo do raciocínio empregado na argumentação. A
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos,
noras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria apelos subliminares, chantagens sentimentais, com o em-
escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria prego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mímica e
utilizado o termo até, que serve para incluir no argumento até o choro.
alguma coisa inesperada. Alguns autores classificam a dissertação em duas mo-
Além dos defeitos de argumentação mencionados dalidades, expositiva e argumentativa. Esta, exige argu-
quando tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos mentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que
citar outros: a outra é informativa, apresenta dados sem a intenção de
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sen- convencer. Na verdade, a escolha dos dados levantados,
tido tão amplo, que serve de argumento para um ponto a maneira de expô-los no texto já revelam uma “tomada
de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
que, paradoxalmente, pode ser usada pelo agressor e pelo ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumen-
agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, jus- tos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida
tiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas de valor como discussão, debate, questionamento, o que implica a
negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou
injustiça, corrupção).
concordar parcialmente. A liberdade de questionar é fun-
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derru-
damental, mas não é suficiente para organizar um texto
badas por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos
dissertativo. É necessária também a exposição dos funda-
os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de políti-
mentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
co honesto para destruir o argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, vista.
fora do contexto adequado, sem o significado apropriado, Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitu-
vulgarizando-as e atribuindo-lhes uma significação subje- de argumentativa. A argumentação está presente em qual-
tiva e grosseira. É o caso, por exemplo, da frase “O imperia- quer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que
lismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, ela melhor se evidencia.
em que o termo imperialismo é descabido, uma vez que, a Para discutir um tema, para confrontar argumentos
rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros e posições, é necessária a capacidade de conhecer ou-
à sua dependência política e econômica”. tros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma
discussão impõe, muitas vezes, a análise de argumentos
A boa argumentação é aquela que está de acordo com opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade
a situação concreta do texto, que leva em conta os compo- aprende-se com a prática. Um bom exercício para aprender
nentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
se dirige a comunicação, o assunto, etc). ver as seguintes habilidades:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- argumentação: anotar todos os argumentos a favor Todo homem é mortal (premissa maior = geral, univer-
de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a sal)
posição totalmente contrária; Fulano é homem (premissa menor = particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate Logo, Fulano é mortal (conclusão)
e quais os argumentos que essa pessoa imaginária pos-
sivelmente apresentaria contra a argumentação proposta; A indução percorre o caminho inverso ao da dedução,
- refutação: argumentos e razões contra a argumen- baseiase em uma conexão ascendente, do particular para o
tação oposta. geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis
gerais, ou seja, parte de fatos particulares conhecidos para
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portan- os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se
to, argumentar consiste em estabelecer relações para tirar faz do efeito para a causa. Exemplo:
conclusões válidas, como se procede no método dialético.
O método dialético não envolve apenas questões ideoló- O calor dilata o ferro (particular)
gicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de O calor dilata o bronze (particular)
investigação da realidade pelo estudo de sua ação recípro- O calor dilata o cobre (particular)
ca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da O ferro, o bronze, o cobre são metais
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês,
criou o método de raciocínio silogístico, baseado na dedu- Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser
ção, que parte do simples para o complexo. Para ele, ver- válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas
dade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio tor- premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na
na-se possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que apreciação dos fatos, pode-se partir de premissas verdadei-
o assunto seja pesquisado em partes, começando-se pelas ras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo,
proposições mais simples até alcançar, por meio de dedu- o sofisma. Uma definição inexata, uma divisão incompleta,
ções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção delibera-
ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os da de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
seus elementos e determinar o lugar de cada um no con- essas intenções propositais, costuma-se chamar esse pro-
junto da dedução. cesso de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes
propôs quatro regras básicas que constituem um conjunto - Você concorda que possui uma coisa que não per-
de reflexos vitais, uma série de movimentos sucessivos e deu?
contínuos do espírito em busca da verdade: - Lógico, concordo.
- evidência; - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
- divisão ou análise; - Claro que não!
- ordem ou dedução; - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
- enumeração.
Exemplos de sofismas:
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a
omissão e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração Dedução
pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável Todo professor tem um diploma (geral, universal)
para o processo dedutivo. Fulano tem um diploma (particular)
A forma de argumentação mais empregada na reda- Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
ção acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras
cartesianas, que contém três proposições: duas premis- Indução
sas, maior e menor, e a conclusão. As três proposições são O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da (particular)
maior por intermédio da menor. A premissa maior deve ser Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor.
universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracte- (particular)
riza a universalidade. Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedu- Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Reden-
ção (silogística), que parte do geral para o particular, e a tor. (geral – conclusão falsa)
indução, que vai do particular para o geral. A expressão Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a con-
formal do método dedutivo é o silogismo. A dedução é clusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diplo-
o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão ma são professores; nem todas as cidades têm uma estátua
descendente (do geral para o particular) que leva à con- do Cristo Redentor. Comete-se erro quando se faz genera-
clusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias ge- lizações apressadas ou infundadas. A “simples inspeção” é
rais, de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou a ausência de análise ou análise superficial dos fatos, que
determinação de fenômenos particulares. O percurso do leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos senti-
raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: mentos não ditados pela razão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não modo mais ou menos convencional. A classificação, no rei-
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou com- no animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros
provação da verdade: análise, síntese, classificação e defini- e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
ção. Além desses, existem outros métodos particulares de características comuns e diferenciadoras. A classificação
algumas ciências, que adaptam os processos de dedução dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos
e indução à natureza de uma realidade particular. Pode-se caótica é artificial.
afirmar que cada ciência tem seu método próprio demons- Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata,
trativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassil-
classificação a definição são chamadas métodos sistemáti- go, queijo, relógio, sabiá, torradeira.
cos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
sistematizar a pesquisa. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas in- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
terligados; a análise parte do todo para as partes, a sín- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torra-
tese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, deira.
porém, de certo modo, uma depende da outra. A análise Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recom-
põe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, que o Os elementos desta lista foram classificados por ordem
todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabele-
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que cer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela
reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de ordem de importância, é uma habilidade indispensável
partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem or- para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto
ganizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem faz que a ordem seja crescente, do fato mais importante
de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria para o menos importante, ou decrescente, primeiro o me-
reconstruído. nos importante e, no final, o impacto do mais importante;
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do é indispensável que haja uma lógica na classificação. A ela-
todo por meio da integração das partes, reunidas e relacio- boração do plano compreende a classificação das partes e
nadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstru- subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem obede-
ção, pressupõe a análise, que é a decomposição. A análise, cer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
no entanto, exige uma decomposição organizada, é pre- Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo
ciso saber como dividir o todo em partes. As operações na introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois,
que se realizam na análise e na síntese podem ser assim para expressar um questionamento, deve-se, de antemão,
relacionadas: expor clara e racionalmente as posições assumidas e os
argumentos que as justificam. É muito importante deixar
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. claro o campo da discussão e a posição adotada, isto é,
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de
vista sobre ele.
A análise tem importância vital no processo de cole- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
ta de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdo- linguagem e consiste na enumeração das qualidades pró-
bramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese prias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o
também é importante na escolha dos elementos que farão elemento conforme a espécie a que pertence, demonstra: a
parte do texto. característica que o diferencia dos outros elementos dessa
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser for- mesma espécie.
mal ou informal. A análise formal pode ser científica ou Entre os vários processos de exposição de ideias, a de-
experimental; é característica das ciências matemáticas, fí- finição é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito
sico-naturais e experimentais. A análise informal é racional das ciências. A definição científica ou didática é denotativa,
ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou consensual,
atenção os elementos constitutivos de um todo, os diferen- enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de
tes caracteres de um objeto ou fenômeno. sentido figurado. Segundo a lógica tradicional aristotélica,
A análise decompõe o todo em partes, a classificação a definição consta de três elementos:
estabelece as necessárias relações de dependência e hie- - o termo a ser definido;
rarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se inti- - o gênero ou espécie;
mamente, a ponto de se confundir uma com a outra, con- - a diferença específica.
tudo são procedimentos diversos: análise é decomposição
e classificação é hierarquisação. O que distingue o termo definido de outros elementos
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e da mesma espécie. Exemplo:
fenômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das
ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio Na frase: O homem é um animal racional classifica-
de um processo mais ou menos arbitrário, em que os ca- se:
racteres comuns e diferenciadores são empregados de

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LÍNGUA PORTUGUESA

contradição. Para isso é que se aprende os processos de


raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
Elemento especie diferença raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um
a ser definido específica tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão.

É muito comum formular definições de maneira defei- Procedimentos Argumentativos: Constituem os pro-
tuosa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o cedimentos argumentativos mais empregados para com-
todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente provar uma afirmação: exemplificação, explicitação, enu-
incorreto; quando é advérbio de tempo, não representa o meração, comparação.
gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequa-
da à redação acadêmica. Tão importante é saber formular Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista
uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para por meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expres-
determinar os “requisitos da definição denotativa”. Para ser sões comuns nesse tipo de procedimento: mais importan-
exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: te que, superior a, de maior relevância que. Empregam-se
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe também dados estatísticos, acompanhados de expressões:
em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que considerando os dados; conforme os dados apresentados. Fa-
‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instru- z-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de causas e
mento ou ferramenta ou instalação”; consequências, usando-se comumente as expressões: por-
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa
todos os exemplos específicos da coisa definida, e suficiente- de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
mente restrito para que a diferença possa ser percebida sem Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo
dificuldade; é explicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados.
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em ver- Pode-se alcançar esse objetivo pela definição, pelo teste-
dade, definição, quando se diz que o “triângulo não é um munho e pela interpretação. Na explicitação por definição,
prisma”; empregamse expressões como: quer dizer, denomina-se,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons- chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos tes-
titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um temunhos são comuns as expressões: conforme, segundo,
homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no en-
- deve ser breve (contida num só período). Quando a tender de, no pensamento de. A explicitação se faz também
definição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (sé- pela interpretação, em que são comuns as seguintes ex-
ries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e pressões: parece, assim, desse ponto de vista.
também definição expandida;d Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma se-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o ter- quência de elementos que comprovam uma opinião, tais
mo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) como a enumeração de pormenores, de fatos, em uma se-
+ adjuntos (as diferenças). quência de tempo, em que são frequentes as expressões:
primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em se-
As definições dos dicionários de língua são feitas por guida, então, presentemente, antigamente, depois de, antes
meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação me- de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, respecti-
talinguística que consiste em estabelecer uma relação de vamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
equivalência entre a palavra e seus significados. espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, aco-
A força do texto dissertativo está em sua fundamen- lá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal,
tação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de Comparação: Analogia e contraste são as duas manei-
vista deve ser demonstrada com argumentos válidos. O ras de se estabelecer a comparação, com a finalidade de
ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns
valor, se não estiver acompanhado de uma fundamentação as expressões: da mesma forma, tal como, tanto quanto, as-
coerente e adequada. sim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empre-
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a gam-se as expressões: mais que, menos que, melhor que,
lógica clássica, que foram abordados anteriormente, auxi- pior que.
liam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a ar-
gumentação é clara e pode reconhecer-se facilmente seus Entre outros tipos de argumentos empregados para
elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as aumentar o poder de persuasão de um texto dissertativo
conclusões organizam-se de modo livre, misturando-se encontram-se:
na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender
a reconhecer os elementos que constituem um argumen- Argumento de autoridade: O saber notório de uma
to: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar autoridade reconhecida em certa área do conhecimento
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se tra-
avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há zer para o enunciado a credibilidade da autoridade citada.
coerência e adequação entre seus elementos, ou se há Lembre-se que as citações literais no corpo de um texto

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LÍNGUA PORTUGUESA

constituem argumentos de autoridade. Ao fazer uma ci- Desqualificar dados concretos apresentados: consis-
tação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na te em desautorizar dados reais, demonstrando que o enun-
linha de raciocínio que ele considera mais adequada para ciador baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumen-
argumento tem mais caráter confirmatório que comproba- tação afirmou-se, por meio de dados estatísticos, que “o
tório. controle demográfico produz o desenvolvimento”, afirma-se
que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em uma
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispen- relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con-
sam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é acei- traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvol-
to como válido por consenso, pelo menos em determinado vimento é que gera o controle demográfico”.
espaço sociocultural. Nesse caso, incluem-se
- A declaração que expressa uma verdade universal (o Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possí-
homem, mortal, aspira à imortalidade); veis para desenvolver um tema, que podem ser analisadas
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos e adaptadas ao desenvolvimento de outros temas. Elege-
postulados e axiomas); se um tema, e, em seguida, sugerem-se os procedimentos
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de que devem ser adotados para a elaboração de um Plano
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que de Redação.
a própria razão desconhece); implica apreciação de ordem
estética (gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da
aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo). evolução tecnológica

Comprovação pela experiência ou observação: A - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação,


verdade de um fato ou afirmação pode ser comprovada responder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar
por meio de dados concretos, estatísticos ou documentais. o porquê da resposta, justificar, criando um argumento bá-
sico;
Comprovação pela fundamentação lógica: A com- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento
provação se realiza por meio de argumentos racionais, ba- básico e construir uma contra-argumentação; pensar a for-
seados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condi- ma de refutação que poderia ser feita ao argumento básico
ção/ocorrência. e tentar desqualificá-la (rever tipos de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As decla- ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema
rações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que ex- (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas
pressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua como causa e consequência);
validade comprovada, e só os fatos provam. Em resumo - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e
toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião pessoal com o argumento básico;
só terá validade se fundamentada na evidência dos fatos, - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhen-
ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argu- do as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias
mentos, porém, pode ser contestada por meio da contra transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e
-argumentação ou refutação. São vários os processos de corroboram a ideia do argumento básico;
contra-argumentação: - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando
uma sequência na apresentação das ideias selecionadas,
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação de- obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que
monstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico poderia ser mais ou menos a seguinte:
é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula
“O lobo e o cordeiro”; Introdução

Refutação por exclusão: consiste em propor várias hi- - função social da ciência e da tecnologia;
póteses para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela - definições de ciência e tecnologia;
que se julga verdadeira; - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.

Desqualificação do argumento: atribui-se o argu- Desenvolvimento


mento à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restrin-
gindo-se a universalidade da afirmação; - apresentação de aspectos positivos e negativos do
desenvolvimento tecnológico;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autori- - como o desenvolvimento científico-tecnológico mo-
dade: consiste em refutar um argumento empregando os dificou as condições de vida no mundo atual;
testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecno-
apresentada; logicamente desenvolvida e a dependência tecnológica
dos países subdesenvolvidos;

17
LÍNGUA PORTUGUESA

- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira
social; pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de
vida do passado; apontar semelhanças e diferenças; fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos
- analisar as condições atuais de vida nos grandes cen- de discurso e as duas vozes se fundem. Ex.
tros urbanos; “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desani-
humanizar mais a sociedade. mado. Que pena! Houve um momento em que esteve qua-
se... quase!”
Conclusão “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. En-
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ tretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Macha-
consequências maléficas; do)
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argu- “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário.
mentos apresentados. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos ir-
mãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano
de redação: é um dos possíveis. FONTE:
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discur-
Discurso Direto, Indireto e Livre so/

Discurso é a prática humana de construir textos, sejam


eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma RECONHECIMENTO CRÍTICO DAS
prática social. A análise de um discurso deve, portanto, LINGUAGENS COMO ELEMENTOS
considerar o contexto em que se encontra, assim como as INTEGRADORES DOS SISTEMAS E
personagens e as condições de produção do texto. PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três ti-
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO.
pos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o
discurso indireto livre. Não necessariamente estes três dis-
cursos estão separados, eles podem aparecer juntos em
um texto. Dependerá de quem o produziu. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
Vejamos cada um deles: portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
penhar as suas funções de influência. A sua importância é
Discurso Direto: Neste tipo de discurso as persona- tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
gens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diá- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
logos. Isso permite que traços da fala e da personalidade essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
das personagens sejam destacados e expostos no texto. O cação efetiva ser possível:
discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
para que as falas das personagens sejam introduzidas e os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
elas ganhem vida, como em uma peça teatral. não apenas os interesses da organização, mas também os
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são mui- interesses de todos os seus membros.
to comuns durante a reprodução das falas. Ex. - Definir e dar a conhecer, com a participação de
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de a estrutura organizacional, quer ao nível do desenho or-
guaxinim do banhado!...” ganizacional, quer ao nível da distribuição de autoridade,
“- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!” responsabilidade e tarefas.
- Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
Discurso Indireto: O narrador conta a história e repro- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
duz fala e reações das personagens. É escrito normalmen- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
te em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador utiliza-se de respeitadas por todos os membros da organização.
palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela per- - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
sonagem. Ex. dos os membros da organização.
“Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
Assis) permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
e mesmo se o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barre- a aumentar a sua motivação.
to) Elementos do Processo de Comunicação

18
LÍNGUA PORTUGUESA

Para perceber desenvolver políticas de comunicação Comunicação Escrita


eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim, A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje
fazem parte do processo de comunicação o emissor, um predomina, nas organizações burocráticas que seguem
canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos, os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max
um receptor e ainda o feedback do receptor. Weber. A principal característica é o fato do receptor estar
- Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente
representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por
seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se torna-
da mensagem pode ser feita transformando o pensamento rem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e as
que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos novas explicações para melhor compreensão após a sua
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem. transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
entre o emissor e o receptor e representa o meio através pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
variedade de canais de transmissão, cada um deles com e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, prever as reações/feedback à sua mensagem.
a televisão, entre outros. Como principais vantagens da comunicação escrita,
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção registro e de permitir uma maior atenção à organização
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tores para a mesma mensagem. análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
feedback imediato, não permite correções ou explicações
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em
adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter-
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco-
Comunicação Oral
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
de transmissão utilizado e consoante as características do
rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité- comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
tipo de codificação. cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
missão. permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
  rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em Como principais desvantagens da comunicação oral
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre quer registro e, consequentemente, não se adequando a
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
como suporte e apoio à comunicação oral. do receptor.
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica-
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na Gêneros Escritos e Orais
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser con-

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LÍNGUA PORTUGUESA

siderados exemplos de gêneros textuais: anúncios, con- Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons-
vites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, trução de saberes.
comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, Aspectos tipológicos: Expor.
entrevistas, contratos, decretos, discursos políticos, histó- Capacidade de linguagem dominante: Apresentação tex-
rias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, tual de diferentes formas dos saberes.
notícias. São textos que circulam no mundo, que têm uma Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
função específica, para um público específico e com ca- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
racterísticas próprias. Aliás, essas características peculiares palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos
da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, im- expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, rela-
pessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos tório oral de experiência.
pertinentes ao gênero em questão.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por ções.
Aspectos tipológicos: Descrever ações.
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc.
Capacidade de linguagem dominante: Regulação mútua
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes
de comportamentos.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- uso, comandos diversos, textos prescritivos.
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa
sociedade.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los VARIEDADES LINGUÍSTICAS.
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais.
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic- VARIEDADES LINGUÍSTICAS
cional.
Aspectos tipológicos: Narrar. “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói;
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da
através da criação da intriga no domínio do verossímil. idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- (...)”
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his-
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance Todas as pessoas que falam uma determinada língua
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento
nha, piada. podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fa-
Domínios sociais de comunicação: Documentação e tores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e
memorização das ações humana. outras vezes bastantes evidentes, recebem o nome genérico
Aspectos tipológicos: Relatar. de variedades ou variações linguísticas.
Capacidade de linguagem dominante: Representação Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos
os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação.
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo.
Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe-
traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contex-
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho,
to. Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir:
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia,
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. tempo.
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- anos.
mas sociais controversos. Qualquer falante do português reconhecerá que os dois
Aspectos tipológicos: Argumentar. enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sen-
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- tido, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exem-
futação e negociação de tomadas de posição. plo, que o segundo é de gente mais “estudada”.
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem sa-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, ber dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), teóricos chamam de variações linguísticas.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, As variações que distinguem uma variante de outra
ensaio. se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico,
morfológico, sintático e lexical.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Variações Fônicas Variações Sintáticas

São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons Dizem respeito às correlações entre as palavras da fra-
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica se. No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não
são abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os são tantas as diferenças entre uma variante e outra. Como
domínios em que se percebe com mais nitidez a diferen- exemplo, podemos citar:
ça entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos - o uso de pronomes do caso reto com outra função
citar: que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o)
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na lin- na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve
guagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de entre tu (em vez de ti) e ele.
curtir), compô. - o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem - a ausência da preposição adequada antes do prono-
clássica, hoje frequentes na fala caipira. me relativo em função de complemento verbal: são pes-
soas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o me-
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
lhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na
que (em vez de em que) eu mais confio.
linguagem oral coloquial.
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pro-
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis nome “que” no início da frase mais a combinação da pre-
(Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas for- posição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo
mam típicas de pessoas de baixa extração social. que eu já conhecia a família dele (em vez de ...cuja família
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maio- eu já conhecia).
ria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo
Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a
pastel; faróu, farór, farol. sua (em vez de tua) voz me irrita.
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles
preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou
extração social. naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.

Variações Morfológicas Variações Léxicas

São as que ocorrem nas formas constituintes da pa- É o conjunto de palavras de uma língua. As varian-
lavra. Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não tes do plano do léxico, como as do plano fônico, são
são tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não muito numerosas e caracterizam com nitidez uma va-
são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: riante em confronto com outra. Eis alguns, entre múlti-
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para plos exemplos possíveis de citar:
criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico - a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito
da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em para formar o grau superlativo dos adjetivos, características
vez de humaníssimo), uma prova hiper difícil (em vez de da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior le-
dificílima), um carro hiper possante (em vez de possantís- gal; maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.
simo). - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas
e, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos
piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de
regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver),
cueca aquilo que no Brasil chamamos de calcinha; o que
se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha;
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de café da manhã em Portugal se diz pequeno almoço; cami-
irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). sola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter,
- uso de substantivos masculinos como femininos ou malha, camiseta.
vice-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a
champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), Designações das Variantes Lexicais:
mistura do cal (da cal).
- a omissão do “s” como marca de plural de substanti- - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso
vos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as e, por isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e
amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publi-
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Es- citário; na década de 60, o rapaz chamava a namorada de
pero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um ho-
últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava mem bonito era um pão; na linguagem antiga, médico era
acontecer; Não é possível que ele esforçou (tenha se esfor- designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de
çado) mais que eu. coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo
muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de - Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico ex-
palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem es- cessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em
traram para os dicionários. A moderna linguagem da com- vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar
putação tem vários exemplos, como escanear, deletar, prin- (em vez de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); ob-
tar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são nubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em
mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização. vez de casamento); chufa (em vez de caçoada, troça).

- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras - Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja,


emprestadas de outra língua, que ainda não foram apor- o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É
tuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, o caso de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem ju- de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-
rídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco,
corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso secreção do nariz).
facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis lit-
Tipos de Variação
teris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo
(“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para
escrito”), data venia (“com sua permissão”). as variantes linguísticas um sistema de classificação que
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight seja simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de
(compreensão repentina de algo, uma percepção súbita), todas as diferenças que caracterizam os múltiplos modos
feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal
(conjunto de informações básicas), jingle (mensagem pu- problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se su-
blicitária em forma de música). perpõem, em vez de atuarem isoladamente.
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que As variações mais importantes, para o interesse do
ainda não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors- concurso público, são os seguintes:
concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios),
tête-à-tête (palestra particular entre duas pessoas), esprit - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser per-
de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (car- cebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a se-
dápio), à la carte (cardápio “à escolha do freguês”), phy- guinte frase:
sique du rôle (aparência adequada à caracterização de um
personagem). “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
(frase 1)
- Jargão: é o lexo típico de um campo profissional
como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jorna- Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira?
lismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um
que não devem ser ingeridos), apneia (interrupção da res- advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um
piração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cere- médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão?
bral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou E quem usaria a frase abaixo?
caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma
letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os la-
notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o drões.” (frase 2)
assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes perten-
muito prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia
centes a grupos sociais economicamente mais pobres.
dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi
Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola
uma barriga. Entre os jornalistas é comum o uso do verbo primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não
repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia adequadas.
de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes
normativa). que tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e
puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com
- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamen- a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural
te de marginais) que não deseja ser entendido por outros mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo
grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio de utilização da língua.
da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação fei-
grupos jovens e de segmentos sociais de contestação, so- ta acima está bastante simplificada, uma vez que há diver-
bretudo quando falam de atividades proibidas. A lista de sos outros fatores que interferem na maneira como o fa-
gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no lante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo,
sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir pro a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal
brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremedia- de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não
velmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homos- significa que ele não possa usá-la numa situação informal
sexual masculino), levar um lero (conversar). (conversando com alguns amigos, por exemplo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir (...) Embora sem saber da missa a metade, os presun-
que as condições sociais influem no modo de falar dos in- çosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso
divíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se
usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava
socioculturais. sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo,
insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às
- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pi-
facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguís- tar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros
tico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som cromos, umas teteias.
(altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas (...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os
marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjun- meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam
to das características da pronúncia de uma determinada ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos,
região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sota- mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
que nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida
no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sen- Texto II
tidos diferentes que algumas palavras podem assumir em
diferentes regiões do país. Entre Palavras
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho
abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, re- Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras
cria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas: – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de
há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo mo-
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado mento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e
Mangolô!]. combinações de.
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar ne-
Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu
nhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem regis-
era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui,
trá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar
de noite, foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é
com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz.
novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje,
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Ve-
não, estou percurando é sossego...”
maguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone,
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutá-
a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em
veis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso.
1940?
Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis,
sentido delas. Essas alterações recebem o nome de varia-
ções históricas. a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o anti-
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de biótico, o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta le-
Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, gal, a apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura.
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro
I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o
palavras de hoje. bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a
mixagem.
Texto I Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o ser-
vomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurolo-
Antigamente gia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o
Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e Estão reclamando, porque não citei a conotação, o con-
eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; comple- glomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
tavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a gui-
sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, tarra elétrica.
mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra
tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster,
outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo,
quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela carnet da girafa, poluição.
de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao ani- Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos
matógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrra-
de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de nhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super
pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV
calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. Rodoviária. Argh! Pow! Click!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não havia nada disso no Jornal do tempo de Vences- um artigo, lê?! Um menino lá que faiz pós-graduação na,
lau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas na GV, ele me, nóis ficamo até duas hora da manhã ele me
começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na explicando toda a matéria de economia, das nove da noite.
esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é
uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos Como se pode notar, não há preocupação com a pro-
os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e pa- núncia nem com a continuidade das ideias, nem com a es-
lavras somos, finalmente, mas com que significado? colha das palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, trecho da gravação de uma aula de português de uma pro-
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988) fessora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro
de Dinah Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas al- de Janeiro. As pausas são marcadas com reticências.
terações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
comunicação. Um modo de falar compatível com determi- ...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma frag-
nada situação é incompatível com outra: mentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo...
e fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que
Ô mano, ta difícil de te entendê. ele não sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma...
isto é válido também para a faculdade de letras... ou seja...
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em né? há uma série... de conceitos teóricos... que têm nomes
situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o bonitos e sofisticados... mas que... na hora de serem em-
professor em situação de aula. pregados... deixam muito a desejar...
Assim, um único indivíduo não fala de maneira unifor-
me em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o
da linguagem culta, que servem invariavelmente de uma grau de formalidade e planejamento típico do texto escrito,
linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados mas trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o
excessivamente formais ou afetados. da menina ao telefone.
São muitos os fatores de situação que interferem na
fala de um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele
discorre (em princípio ninguém fala da morte ou de suas GÊNEROS E TIPOLOGIA TEXTUAIS E SEUS
crenças religiosas como falaria de um jogo de futebol ou ELEMENTOS CONSTITUINTES.
de uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico em
que se dá um diálogo (num templo não se usa a mesma
linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre
os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um GÊNEROS TEXTUAIS
colega de mesmo nível, é outra), o grau de comprometi-
mento que a fala implica para o falante (num depoimento Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-
para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num rela- nadas entre si, formando um todo significativo capaz de
to de uma conquista amorosa para um colega fala-se com produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
menos preocupação). e decodificar).
As variações de acordo com a situação costumam ser
chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de Contexto – um texto é constituído por diversas frases.
estilo e são classificadas em duas grandes divisões: Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de refle- ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con-
xão sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
formalidade é mais tenso. o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
com despreocupação e espontaneidade, em que o grau de paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral inicial.
íntima e familiar que esse estilo melhor se manifesta.
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pe- rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-
queno trecho da gravação de uma conversa telefônica en- tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
tre duas universitárias paulistanas de classe média, trans-
crito do livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. AS Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma
reticências indicam as pausas. interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias,
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espíri- ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
to, tem dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
rachada? Fica assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê na prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Textos Ficcionais e Não Ficcionais Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O
único entre tantos que ficou livre da maldição que passara de
Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os geração em geração. Diferente de todos, era muito ágil e, ao
ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos crescer, saiu em busca de uma solução. Encontrou pelo ca-
ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da minho bruxas de olhar feroz, gigantes de três, cinco e sete
história. cabeças, noites escuras, dias de chuva, sol intenso. Zim tudo
enfrentou.
Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de folhas,
viu ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhantes. Era o
em Quadrinhos.
mago que havia sido roubado pelo pirata muitos anos antes.
Zim ficou apreensivo. Mas o velho mago (que tudo sabia) deu-
Não Ficcionais: lhe um frasco. Nele havia um antídoto e Zim compreendeu
o que deveria fazer. Despejou o líquido no rio de sua cidade.
- Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e tex- Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo de
tos de divulgação científica. água aqui, um banho ali e eram novamente braços que se
mexiam, pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança das
- Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos, sapatilhas cor-de-rosa.
índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas (Carla Caruso)
de embalagens.
CRÔNICA
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas for- Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados
mais. por um escritor de ficção ou por uma pessoa especializada em
determinada área (economia, gastronomia, negócios, entre
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc. outras) que escreve com periodicidade para uma seção (por
exemplo, todos os domingos para o Caderno de Economia).
FICCIONAIS Esses textos, conhecidos como crônicas, são curtos e em geral
predominantemente narrativos, podendo apresentar alguns
trechos dissertativos. Exemplo:
CONTO
A luta e a lição
É um gênero textual que apresenta um único conflito, Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Ti-
tomado já próximo do seu desfecho. Encerra uma história bete após escalar pela segunda vez o ponto culminante do
com poucas personagens, e também tempo e espaço reduzi- planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um
do. A linguagem pode ser formal ou informal. É uma obra de cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e úl-
ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de tima), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que
fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o era considerado ótimo. As façanhas dele me emocionaram, a
conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vis- bem sucedida e a malograda. Aqui do meu canto, temendo e
ta e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar,
pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o fico meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se
romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve superarem. Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo.
uma história e tem apenas um clímax. Exemplo: Quis provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio
suplementar. O que leva um ser humano bem sucedido a ven-
Lépida cer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a huma-
Tudo lento, parado, paralisado. nidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solida-
- Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor mente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda esta-
ríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, comendo
corredor daquele lugar.
animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena baila-
os trogloditas - se é que os trogloditas faziam isso. Somos o
rina, olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa. que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco.
Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de
passado fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus prático ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda
habitantes. Todos muito fortes, andavam, corriam e nada- planície da segurança.
vam pelos seus limpos canais. Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de
Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar mar-
do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um cas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que
elixir paralisante e despejou no principal rio. Após beberem ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar.
a água, os habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é uma lição de luta,
não conseguiram impedir a maldade do terrível pirata. Seu mesmo sendo uma luta perdida.
povo nunca mais foi o mesmo. Lépida foi roubada em seu (Autor: Carlos Heitor Cony.
maior tesouro e permaneceu estagnada por muitos anos. Publicado na Folha Online)

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LÍNGUA PORTUGUESA

ROMANCE HISTÓRIA EM QUADRINHOS


As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literá- surgiram no começo do século XX, na busca de novos meios
rios. O primeiro deles é uma composição poética popular, de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primei-
histórica ou lírica, transmitida pela tradição oral, sendo ge- ros autores das histórias em quadrinhos estão o suíço Rudol-
ralmente de autor anônimo; corresponde aproximadamen- ph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o
te à balada medieval. E como forma literária moderna, o brasileiro Ângelo Agostini. A origem dos balões presentes nas
termo designa uma composição em prosa. Todo Romance histórias em quadrinhos pode ser atribuída a personagens,
se organiza a partir de uma trama, ou seja, em torno dos observadas em ilustrações europeias desde o século XIV.
acontecimentos que são organizados em uma sequência As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no
temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como
variável, vai depender de quem escreve, de uma boa dife- cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabelece-
renciação entre linguagem escrita e linguagem oral e prin- ria com as populares tiras. A publicação de revistas próprias
cipalmente do tipo de Romance. de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: século XX também. Atualmente, o estilo cômicos dos super
Urbano, Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à -heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo
época ou Escola Literária, o Romance pode ser: Romântico, espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos
Realista, Naturalista e Modernista. japoneses (conhecidos como Mangá).
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, as-
POEMA sim como de charges, requer uma construção de sentidos
que, para que ocorra, é necessário mobilizar alguns proces-
Um poema é uma obra literária geralmente apresen- sos de significação, como a percepção da atualidade, a re-
tada em versos e estrofes (ainda que possa existir prosa presentação do mundo, a observação dos detalhes visuais
poética, assim designada pelo uso de temas específicos e e/ou linguísticos, a transformação de linguagem conota-
de figuras de estilo próprias da poesia). Efetivamente, exis- tiva (sentido mais usual) em denotativa (sentido amplifi-
te uma diferença entre poesia e poema. Segundo vários cado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em
autores, o poema é um objeto literário com existência ma- suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos
terial concreta, a poesia tem um carácter imaterial e trans- linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, as-
cendente. Fortemente relacionado com a música, beleza e sim, sentidos alternativos a partir de situações extremas.
arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de Exemplo:
acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média,
os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separa- Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:
do do acompanhamento musical. Tal como na música, o
ritmo tem uma grande importância. Um poema também
faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para
expressar artes, canções, poemas, poesias etc). Obra em
verso em que há poesia. Exemplo:

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado


Com olhos que contêm o olhar antigo O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho
Sempre comigo um pouco atribulado de sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele
E como sempre singular comigo. optou por valorizar o desenho, mostrando todas as habi-
Um bicho igual a mim, simples e humano lidades conquistadas para conseguir produzi-lo. O pai, no
Sabendo se mover e comover último quadrinho, reconhece o empenho do filho, utilizan-
E a disfarçar com o meu próprio engano. do-se de um conector de concessão (“Ainda assim”), valo-
rizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma que
O amigo: um ser que a vida não explica não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim, filho,
Que só se vai ao ver outro nascer foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”).
E o espelho de minha alma multiplica... A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso
“maduro” em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e
Vinicius de Moraes motor nos dois primeiros quadrinhos e, somente depois,
ficar claro para nós, leitores, que toda a força argumenta-

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LÍNGUA PORTUGUESA

tiva foi em prol da cobrança pelo desenho que ele mes- Cidade paraibana é exemplo ao País
mo fez. Em outras palavras, o personagem empenha-se
na construção de um raciocínio em prol de uma finalidade Em tempos em que estudantes escrevem receita de
absurda – o que nos faz sorrir no último quadrinho, já que macarrão instantâneo e transcrevem hino de clube de fu-
é somente nele que conseguimos “completar” o sentido. tebol na redação do Exame Nacional do Ensino Médio e
Claro, se você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que ainda obtém nota máxima no teste, uma boa notícia vem
ele tem apenas 6 anos, o que torna tudo ainda mais hilário, de uma pequena cidade no interior da Paraíba chamada
mas a falta deste conhecimento não prejudica em nada a Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da Escola
interpretação textual. Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque
nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática
NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS das Escolas Públicas.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é
NOTÍCIA a professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Ma-
temática através de atividades do cotidiano, como fazer
O principal objetivo da notícia é levar informação atual compras na feira ou medir ingredientes para uma receita.
a um público específico. A notícia conta o que ocorreu, Com essas ações práticas, na edição de 2012 da Olimpíada,
quando, onde, como e por quê. Para verificar se ela está a escola conquistou nada menos do que cinco medalhas de
bem elaborada, o emissor deve responder às perguntas: ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções honro-
O quê? (fato ou fatos); Quando? (tempo); Onde? (local); sas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia triste com
Como? (de que forma) e Por quê? (causas). A notícia apre- a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de
senta três partes: pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproxi-
mando-os da disciplina.
- Manchete (ou título principal) – resume, com obje- O que parecia ser um grande desafio tornou-se rea-
tividade, o assunto da notícia. Essa frase curta e de impac- lidade e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos
to, em geral, aparece em letras grandes e destacadas. campeões olímpicos. Os estudantes paraibanos devem ser
- Lide (ou lead) – complementa o título principal, exemplo para todo o País, que anda precisando, sim, de
fornecendo as principais informações da notícia. Como a modelos a se inspirar. O Programa Internacional de Ava-
manchete, sua função é despertar a atenção do leitor para liação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) – o mais
o texto. sério teste internacional para avaliar o desempenho esco-
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e de- lar e coordenado pela Organização para a Cooperação e
talhado dos fatos. Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável
com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece
A notícia usa uma linguagem formal, que segue a nor- na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados.
ma culta da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Lei-
de ação e as frases curtas permitem fluir as ideias. É pre- tura e Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e
ferível a linguagem acessível e simples. Evite gírias, termos perdemos para países como Colômbia, Tailândia e México.
coloquiais e frases intercaladas. Já passa da hora de as autoridades melhorarem a gestão
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impes- de nossa Educação Pública e seguir o exemplo da pequena
soal e escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função Paulista.
referencial, já que esse texto visa à informação. Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informa- editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais
ções mais relevantes, vocabulário preciso e termos espe-
cíficos que o ajudem a compreender melhor os fatos. Em ARTIGOS
jornais ou revistas impressos ou on-line, e em programas
de rádio ou televisão, a informação transmitida pela notícia É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas re-
precisa ser verídica, atual e despertar o interesse do leitor. vistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição
por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o
EDITORIAL autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema
em questão através do artigo (texto jornalístico).
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteú- Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem
do expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,
de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialida- precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
de ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam verdades e opiniões. O artigo de opinião é fundamentado
um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são
mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os bo- fáceis de contestar.
xes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados O artigo deve começar com uma breve introdução, que
com uma borda ou tipografia diferente para marcar cla- descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais im-
ramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. portantes. Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara
Exemplo: sobre o assunto e o conteúdo do artigo ao ler apenas a

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LÍNGUA PORTUGUESA

introdução. Por favor tenha em mente que embora este- NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
ja familiarizado com o tema sobre o qual está a escrever,
outros leitores da podem não o estar. Assim, é importante DIDÁTICOS
clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em vez Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas
de escrever: ideias fundamentais. Um texto didático é um texto con-
Guano é um personagem que faz o papel de mascote ceitual, ou seja, não figurativo. Nele os termos significam
do grupo Lily Mu. Seria mais informativo escrever: exatamente aquilo que denotam, sendo descabida a atri-
Guano é um personagem da série de desenho anima- buição de segundos sentidos ou valores conotativos aos
do Kappa Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily termos. Num texto didático devem se analisar ainda com
Mu. todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se observar
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opi- a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
niões diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de entender bem o texto.
eufemismos e de calão ou gíria, e explique o jargão. No fi- O entendimento do texto didático de uma determina-
nal do artigo deve listar as referências utilizadas, e ao longo
da disciplina requer o conhecimento do significado exato
do artigo deve citar a fonte das afirmações feitas, especial-
dos termos com que ela opera. Conhecer esses termos sig-
mente se estas forem controversas ou suscitarem dúvidas.
nifica conhecer um conjunto de princípios e de conceitos
CARTAS sobre os quais repousa uma determinada ciência, certa
Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção desti- teoria, um campo do saber. O uso da terminologia científi-
nada a cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor ca dá maior rigor à exposição, pois evita as conotações e as
elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer suges- imprecisões dos termos da linguagem cotidiana. Por outro
tões. Os comentários podem referir-se às ideias de um tex- lado, a definição dos termos depende do nível de público
to, com as quais o leitor concorda ou não; à maneira como a que se destina.
o assunto foi abordado; ou à qualidade do texto em si. É Um manual de introdução à física, destinado a alunos
possível também fazer alusão a outras cartas de leitores, de primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por
para concordar ou não com o ponto de vista expresso ne- conseguinte, vai definindo paulatinamente os termos espe-
las. A linguagem da carta costuma variar conforme o perfil cíficos dessa ciência. Num livro de física para universitários
dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se não cabe a definição de termos que os alunos já deveriam
o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse saber, pois senão quem escreve precisaria escrever sobre
tipo de carta apresenta formato parecido com o das cartas tudo o que a ciência em que ele é especialista já estudou.
pessoais: data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do
texto, despedida e assinatura. RESUMOS
Resumo é uma exposição abreviada de um aconteci-
TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA mento. Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo
Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de de forma sintética, destacando as informações essenciais
conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando- do conteúdo de um livro, artigo, argumento de filme, peça
se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio teatral, etc. A elaboração de um resumo exige análise e in-
educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e terpretação do conteúdo para que sejam transmitidas as
verbetes de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já te- ideias mais importantes.
mos a ideia do caráter condizente à linguagem, uma vez Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a
que esta se perfaz de características marcantes - a obje- desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e
tividade, isentando-se de traços pessoais por parte do
clareza: três fatores que serão muito importantes ao lon-
emissor, como também por obedecer ao padrão formal da
go da vida escolar. Além de ser um ótimo instrumento de
língua. Outro aspecto passível de destaque é o fato de que
no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de nos estudo da matéria para fazer um teste. Resumo é sinônimo
deparar com determinadas terminologias e conceitos pró- de “recapitulação”, quando, ao final de cada capítulo de
prios da área científica a que eles se referem. um livro é apresentado um breve texto com as ideias chave
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são:
em jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, comparti- sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio.
lham-se com uma gama de interlocutores. Razão esta que
incide na forma como se estruturam, não seguindo um RECEITAS
padrão rígido, uma vez que este se interliga a vários fa- A receita tem como objetivo informar a fórmula de um
tores, tais como: assunto, público-alvo, emissor, momento produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalha-
histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e damente sobre seu preparo. É uma sequência de passos
segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, sendo para a preparação de alimentos. As receitas geralmente
representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos vêm com seus verbos no modo imperativo, para dar ordens
que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito de como preparar seu prato seja ele qual for. Elas são en-
da ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados contradas em diversas fontes como: livros, sites, programas
em fontes verdadeiramente passíveis de comprovação - (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e panfletos. A
comparações, dados estatísticos, relações de causa e efei- receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos típicos
to, dentre outras. e saudáveis e até sobremesas deliciosas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CATÁLOGOS BULAS

Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas Bula pode referir-se a:


com descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de
livro, guia ou sumário que contém informações sobre lu- Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé.
gares, pessoas, produtos e outros. Têm o objetivo de dar Refere-se não ao conteúdo e à solenidade de um docu-
opções para uma melhor escolha. mento pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma
externa do documento, a saber, lacrado com pequena bola
ÍNDICES (em latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral, chumbo. As-
sim, existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em for-
Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pes- ma ou não de bula e também Constituição Apostólica em
soas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a indi- forma de bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munificen-
cação de sua localização no texto. tissimus Deus”, bem como as Constituições Apostólicas de
criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é
LISTAS do Papa Agapito I (535), conservada apenas em desenho.
O mais antigo original conservado é do Papa Adeodato I
Enumeração de elementos selecionados do texto, tais (615-618).
como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de
sua ocorrência. Bula (medicamento) - folha com informações sobre
medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de informa-
VERBETES EM GERAL ções sobre um medicamento que obrigatoriamente os la-
boratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem
O verbete é um tipo de texto predominantemente des- de seus produtos vendidos no varejo. As informações po-
critivo. A elaboração reflete o conflito seminal que define dem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos
profissionais de saúde ou a ambos.
a elegância científica: a negociação constante entre síntese
e exaustividade. Os padrões do gênero valorizam tanto a
NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS
brevidade e a abordagem direta dos temas quanto o deta-
lhamento e a completude da informação.
As notas explicativas servem para que o fabricante do
É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a
produto esclareça ou explique aspectos da composição,
explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemá-
nutrição, advertências a respeito do produto.
ticos, determinados pela obra de referência da qual faz par-
te: mais comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O
NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES
verbete é essencialmente destinado a consulta, o que lhe
impõe uma construção discursiva sucinta e de acesso ime- BILHETES
diato, embora isso não incorra necessariamente em curta
extensão. Geralmente, os verbetes abordam conceitos bem O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pes-
estabelecidos em algum paradigma acadêmico-científico, soas, para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar
ao invés de entrar em polêmicas referentes a categorias ou perguntar. O bilhete é composto normalmente de: data,
teóricas discutíveis. nome do destinatário antecedido de um cumprimento,
Por sua pretensão universalista e pela posição respei- mensagem, despedida e nome do remetente. Exemplo:
tável que ocupa no sistema de valores da cultura raciona-
lista, espera-se que todo verbete siga as normas padrão de Belinha,
uso da língua escrita, em um nível elevado de formalidade. Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo
Por sua natureza sistemática e por ser destinado à consul- ontem à noite.
ta, espera-se que a linguagem do verbete seja também o Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudi-
mais objetiva possível. As consequências gramaticais desse nho para você!
princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos ter- Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013
mos e ausência de palavras que expressem subjetividade
(opiniões, impressões e sensações); no nível sintático, sim- CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
plificação das construções; e no nível estilístico, denotação
(ausência de ornamentos e figuras de linguagem). A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações
É comum a presença de terminologia especializada na diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação.
construção do verbete, embora sua frequência varie confor- Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do
me o público consumidor da obra de referência em que se tratamento, por exemplo, se começamos a carta no trata-
insere o texto. Elementos de linguagens não verbais (espe- mento em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira
cialmente pictóricos) são tradicionalmente agregados ao pessoa, seguindo também os pronomes e formas verbais
verbete com função de esclarecimento. na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas, o formato da
carta depende do seu conteúdo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamen-
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que to à direita. Exemplo:
assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são
escritas de uma maneira particular. Brasília, 20 de maio de 2013
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e segu- - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
ro de comunicação dentro de uma organização. A lingua-
gem deve ser clara, simples, correta e objetiva.  Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa-
A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem dores.
analisada em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-
se observar a concordância, a pontuação e a maneira de - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é
escrever com início, meio e então o fim, contendo tam- dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluí-
bém um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter do também o endereço.
pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e
por fim a finalização da carta que deve conter somente um - Texto. Nos casos em que não for de mero encami-
cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus nhamento de documentos, o expediente deve conter a se-
etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na guinte estrutura:
carta, a mesma deverá ser colocada em um envelope para
ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do Introdução: que se confunde com o parágrafo de
envelope deve-se conter alguns dados muito importantes abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
tais como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
cidade) e por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a “Tenho o prazer de”, “Cumpreme informar que”, empregue
carta), também deve inserir na carta os mesmos dados que a forma direta;
o do destinatário, que devem ser escritos na parte da fren- Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se
te do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
mencionada. maior clareza à exposição;
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente rea-
NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS presentada a posição recomendada sobre o assunto.

REQUERIMENTOS Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto


É o instrumento por meio do qual o interessado requer nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
a uma autoridade administrativa um direito do qual se jul- títulos e subtítulos.
ga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), TIPOLOGIA TEXTUAL
ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do re- Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As
querente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qua- únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis-
lificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documen- sertação ou exposição, informação e injunção. É impor-
to de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins tante que não se confunda tipo textual com gênero textual.
de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei
10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos
da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol-
deve ser colocado o número do registro funcional e a lo- vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do
tação); Exposição do pedido, de preferência indicando os mundo real ou fictício. Possui uma relação de anterioridade
fundamentos legais do requerimento e os elementos pro- e posterioridade. O tempo verbal predominante é o pas-
batórios de natureza fática. sado.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”. - expõe um fato, relaciona mudanças de situação,
- Local e data. aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge-
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo. ralmente);
- é um tipo de texto sequencial;
OFÍCIOS - relato de fatos;
O Ofício deve conter as seguintes partes: - presença de narrador, personagens, enredo, cenário,
tempo;
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do - apresentação de um conflito;
órgão que o expede. Exemplos: - uso de verbos de ação;
Of. 123/2002-MME - geralmente, é mesclada de descrições;
Aviso 123/2002-SG - o diálogo direto é frequente.
Mem. 123/2002-MF

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e
por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Pre-
objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção visões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de
é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abor- remédio, convenções, regras e eventos.
dagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio- Narração
ridade. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da
personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as A Narração é um tipo de texto que relata uma história
coisas acontecem ao mesmo tempo. real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto
- expõe características dos seres ou das coisas, apre- narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo
senta uma visão; e em um espaço, organizados por uma narração feita por
- é um tipo de texto figurativo; um narrador. É uma série de fatos situados em um espa-
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; ço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
- predomínio de atributos; segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não
- uso de verbos de ligação; simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre
- frequente emprego de metáforas, comparações e os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre es-
outras figuras de linguagem; ses indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que ana- o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
lisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra-
tipo textual requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
e a postura crítica em relação ao que se discute têm grande ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem
importância. O texto dissertativo é temático, pois trata de esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de
análises e interpretações; o tempo explorado é o presente ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história
que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en-
no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução
redo.
onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido por
As ações contidas no texto narrativo são praticadas
uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do au-
pelas personagens, que são justamente as pessoas en-
tor sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a
volvidas no episódio que está sendo contado. As persona-
expressão das ideias, valores, crenças são claras, evidentes,
gens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos
pois é um tipo de texto que propõe a reflexão, o debate
substantivos próprios.
de ideias. A linguagem explorada é a denotativa, embora o
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes-
uso da conotação possa marcar um estilo pessoal. A obje- mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) 
tividade é um fator importante, pois dá ao texto um valor as ações do enredo foram realizadas pelas personagens.
universal, por isso geralmente o enunciador não aparece O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de
porque o mais importante é o assunto em questão e não espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar.
quem fala dele. A ausência do emissor é importante para Além de contar onde, o narrador também pode es-
que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas clarecer “quando” ocorreram as ações da história. Esse
pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural elemento da narrativa é o tempo, representado no texto
- nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo. narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações
- é um tipo de texto argumentativo. no texto narrativo: é ele que indica ao leitor “como” o fato
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese narrado aconteceu.
que será defendida; desenvolvimento ou argumentação; A história contada, por isso, passa por uma introdução
fechamento; (parte inicial da história, também chamada de prólogo),
- predomínio da linguagem objetiva; pelo desenvolvimento do enredo (é a história propria-
- prevalece a denotação. mente dita, o meio, o “miolo” da narrativa, também cha-
mada de trama) e termina com a conclusão da história (é o
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de final ou epílogo). Aquele que conta a história é o narrador, 
persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia im- que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou impes-
posta pelo texto. É o tipo textual mais presente em ma- soal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
nifestos e cartas abertas, e quando também mostra fatos Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por ver-
para embasar a argumentação, se torna um texto disserta- bos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de
tivo-argumentativo. lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens,
que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que
Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma
uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimen- rede: a própria história contada.
tos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e sim- Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que
ples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo conta a história.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos Estruturais (I): situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em
outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia caso
- Personagens: são seres que se movimentam, se re- nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que o me-
lacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. nino passava de uma situação de não ser terno com o ani-
Revelam-se por meio de características físicas ou psicológi- malzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se
cas. Os personagens podem ser lineares (previsíveis), com- a passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
plexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), junto de mudanças de situação. É isso que define o que se
heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
- Narrador: é quem conta a história. é uma mudança de estado pela ação de alguma persona-
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: personagem não apareça no texto, ela está logicamente
o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um
tempo interior, subjetivo. porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi-
nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele
Elementos Estruturais (II): em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a
ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le-
Acontecimento - O quê? Fato vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato e de privação.
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Existem três tipos de foco narrativo:
Resultado - previsível ou imprevisível.
Final - Fechado ou Aberto. - Narrador-personagem: é aquele que conta a his-
tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam- personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª
se de tal forma, que não é possível compreendê-los iso- pessoa.
ladamente, como simples exemplos de uma narração. Há - Narrador-observador: é aquele que conta a história
uma relação de implicação mútua entre eles, para garantir como alguém que observa tudo que acontece e transmite
coerência e verossimilhança à história narrada. Quanto aos ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa.
elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o
sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e
fato a ser narrado. sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas
vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona-
Exemplo: gens (discurso indireto livre).

Porquinho-da-índia Estrutura:

Quando eu tinha seis anos - Apresentação: é a parte do texto em que são apre-
Ganhei um porquinho-da-índía. sentados alguns personagens e expostas algumas circuns-
Que dor de coração me dava tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! se desenvolverá.
Levava ele pra sala - Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro-
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
Ele não gostava: conduzindo ao clímax.
Queria era estar debaixo do fogão. - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na- - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas
morada. ações dos personagens.

Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Tipos de Personagens:


Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
Os personagens têm muita importância na constru-
Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans- ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser
formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é principais ou secundários, conforme o papel que desem-
passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in-
-lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da diretamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A apresentação direta acontece quando o personagem Festa


aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís-
ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental
dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha-
vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro
ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do mais novo, mas ambos com menos de dez anos.
modo como vai fazendo. Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso-
lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde
- Em 1ª pessoa: há seis mesas desertas.
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O
Personagem Principal: há um “eu” participante que homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara-
conta a história e é o protagonista. Exemplo: nás e dois pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam- O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora. __Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi- __ Como?
zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito
para amparar-me, e andava outra vez e estacava.” mais gostoso.
(Machado de Assis. Dom Casmurro) O homem olha para os meninos.
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode __ Está certo.
acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo: Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes-
tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre vida.
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e,
em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a
olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice
cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado
se retira.
da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru-
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene
gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que
o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu
ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
guaraná e morde o primeiro bocado do pão.
perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser-
(...)
vando criteriosamente o menino mais velho e o menino
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento
mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida.
dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me-
desde muito tempo. (...) ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutí-
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório veis, sentados naquela mesa.
na matança dos leitões e no tiramento dos assados com (Wander Piroli)
couro.
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) Tipos de Discurso:

- Em 3ª pessoa: Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamen-


te para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo:
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
pessoa. Exemplo: Caso de Desquite

“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan- __ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na
tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto
saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor- casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-
rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an- vergonha.
tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa __ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só
para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.” não me pise, fico uma jararaca.
(Ilka Laurito. Sal do Lírico) __ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de ma-
como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: mar no primeiro mês.
__Você desempregado, quem é que fazia roça?

33
LÍNGUA PORTUGUESA

__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guer-
Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no ra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em
mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está
dia o hominho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado, dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País...
está bom? Abraçá-la no alto de uma colina...
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende? (Aníbal Machado)
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém
morre só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre. Sequência Narrativa:
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
__ Eu arranjo. Uma narrativa não tem uma única mudança, mas vá-
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem rias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma
dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de me- subordina-se a outra.
lhor. Vai me deixar sem nada? A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a - uma em que uma personagem passa a ter um que-
potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um rer ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer
prato de comida e roupa lavada. algo);
__ Para onde foi a lavadeira? - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
__ Quem? competência para fazer algo);
__ A mulata. - uma em que a personagem executa aquilo que queria
(...) ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) - uma em que se constata que uma transformação se
deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às
Discurso Indireto: o narrador conta o que o persona- personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e
gem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: os castigos, para os maus).

Frio Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se


O menino tinha só dez anos. pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e
Quase meia hora andando. No começo pensou num
ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou
bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem fei-
deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um
to que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo
apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato
uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, po-
de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e
deriam roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é
querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar
que diria a Paraná?)
de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as despejado, por exemplo).
vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Algumas mudanças são necessárias para que outras se
Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar
olhar muito para nada. um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter
__ Olho vivo – como dizia Paraná. um carro, é preciso antes conseguir o dinheiro.
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das
ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava Narrativa e Narração
um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narra-
mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à tividade é um componente narrativo que pode existir em
noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela textos que não são narrações. A narrativa é a transforma-
lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, ção de situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da
mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos
chegar em casa. Os bondes passavam. um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um com-
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço) ponente narrativo, pois contém uma mudança de situação:
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do não incentivo ao incentivo da imigração européia.
do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati- Se a narrativa está presente em quase todos os tipos
vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do de texto, o que é narração?
século XX. Exemplo: A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três carac-
terísticas:
A Morte da Porta-Estandarte - é um conjunto de transformações de situação (o tex-
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra- to de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vi-
ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é mos, preenche essa condição);
preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens
se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não e fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche
sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga também esse requisito);

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LÍNGUA PORTUGUESA

- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira Exemplo - Espaço


tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anterio- Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re-
ridade e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco
fato de ganhar o animal é anterior ao de ele estar debai- de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe
xo do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino a insipidez.”
levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao de o (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann.
porquinho-da-índia voltar ao fogão). Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sem- Exemplo - Tempo
pre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequên-
cia linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-
exemplo, no romance machadiano Memórias póstumas de
se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua mor-
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
te para em seguida relatar sua vida, a sequência temporal
foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo
da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade. Tipologia da Narrativa Ficcional:
Resumindo: na narração, as três características expli-
cadas acima (transformação de situações, figuratividade e - Romance
relações de anterioridade e posterioridade entre os episó- - Conto
dios relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um - Crônica
texto que tenha só uma ou duas dessas características não - Fábula
é uma narração. - Lenda
- Parábola
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto - Anedota
narrativo: - Poema Épico

- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:


que aconteceu, quando e onde.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - Memorialismo
personagens. - Notícias
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Relatos
- Conclusão: consequências do fato. - História da Civilização

Caracterização Formal: Apresentação da Narrativa:


Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspec-
to narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetivi- - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em
dade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão quadrinhos) e desenhos.
em função da individualidade e do estilo do narrador. De- - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e
pendendo do enfoque do redator, a narração terá diver-
discos.
sas abordagens. Assim é de grande importância saber se
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisiona-
o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
das.
primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há
uma inferência do último através da onipresença e onis-
ciência. Descrição
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans- É a representação com palavras de um objeto, lugar,
gredindo o aspecto linear e constituindo o que se deno- situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais
mina “flashback”. O narrador que usa essa técnica (carac- particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer
terística comum no cinema moderno) demonstra maior elemento que seja apreendido pelos sentidos e transfor-
criatividade e originalidade, podendo observar as ações mado, com palavras, em imagens. Sempre que se expõe
ziguezagueando no tempo e no espaço. com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a
alguém, está fazendo uso da descrição. Não é necessário
Exemplo - Personagens que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do obser-
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. vador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa
Amâncio não viu a mulher chegar. forma, o que será importante ser analisado para um, não
- Não quer que se carpa o quintal, moço? será para outro. A vivência de quem descreve também in-
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face fluencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre
escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emo-
do passado, os olhos).” ção vivida ou sentimento.
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
Mercado Aberto, p. 5O)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem
perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to-
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon- marmos uma descrição como As flores manifestavam
da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver-
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al-
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu
o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu- esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or-
grande demais.” dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis- mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la
pector) com o anafórico elas na segunda.
Por todas essas características, diz-se que o fragmento
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas
texto em que se expõem características de seres concretos
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin-
(pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re-
quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fa-
lação de anterioridade e de posterioridade.
zer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai.
Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava
alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. Características:
O mestre era mais severo com ele do que conosco.
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. - Ao fazer a descrição enumeramos características,
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) comparações e inúmeros elementos sensoriais;
- As personagens podem ser caracterizadas física e psi-
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro- cologicamente, ou pelas ações;
fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: - A descrição pode ser considerada um dos elementos
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas constitutivos da dissertação e da argumentação;
(ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui- - É impossível separar narração de descrição;
lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai- - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes,
mundo tinha grande medo ao pai); mas sim a capacidade de observação que deve revelar
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser aquele que a realiza.
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exem-
de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na plo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais ve-
escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní- lha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnu-
vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é da, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares exces-
indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte- sivos do sexo que parecem conformados expressamente
rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações); para esposas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu)
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava- - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo,
se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica não existe relação de anterioridade e posterioridade entre
concomitância em relação a um marco temporal instalado seus enunciados.
no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre- - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível,
quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota que se usem então as formas nominais, o presente e o pre-
nenhuma transformação de estado;
tério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferên-
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
cia aos verbos que indiquem estado ou fenômeno.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
- Todavia deve predominar o emprego das compara-
ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido
meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola ao texto.
depois do pai e retirava-se antes...
A característica fundamental de um texto descritivo é
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun- essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apre-
ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na sentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento,
ordem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem desde que eles sejam sempre simultâneos, não indicando
em que os elementos são descritos produz determinados progressão de uma situação anterior para outra posterior.
efeitos de sentido. Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o
Quando alteramos a ordem dos enunciados, preci- predomínio de verbos no presente ou no pretérito imper-
samos fazer certas modificações no texto, pois este con- feito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
tém anafóricos (palavras que retomam o que foi dito an- relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um
tes, como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que marco temporal pretérito instalado no texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para transformar uma descrição numa narração, basta- Recursos:


ria introduzir um enunciado que indicasse a passagem de
um estado anterior para um posterior. No caso do texto II - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér-
inicial, para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Re- micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
unia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se alegre do sol.
desse medo... - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exa-
tas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um
Características Linguísticas: céu sereno, uma pureza de cristal.
- As sensações de movimento e cor embelezam o po-
O enunciado narrativo, por ter a representação de um der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde
acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tem- transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
poralidade, na relação situação inicial e situação final, en- - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez
quanto que o enunciado descritivo, não tendo transforma- do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O
ção, é atemporal. pessoal, muito crente.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintá-
tico-semânticas encontradas no texto que vão facilitar a A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou in- Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
dicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados passagem são apresentadas como realmente são, concre-
principalmente no presente e no imperfeito do indicativo tamente. Exemplo:
(ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
é descrito; ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
los negros e lisos”.
Exemplo:
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.
Exemplo:
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço
entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei-
“A casa velha era enorme, toda em largura, com por-
xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
ta central que se alcançava por três degraus de pedra e
amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de
outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto
pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos
lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin-
tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora,
da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Ca-
despegadas do crânio.” minho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).”
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa- (Pedro Nava – Baú de Ossos)
rações, sinestesias). Exemplo:
Descrição Subjetiva: quando há maior participação
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai-
muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve,
Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo:
buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca- “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso
sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.” ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
(José de Alencar - Senhora) como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo
era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: de um rei...”
(“O Ateneu”, Raul Pompéia)
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa ve-
lha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra
depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem,
uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; aí você par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso,
entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido mandando por lei, de sobregoverno.”
de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a co- (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
zinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...” Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele-
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) mentos descritivos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como se disse anteriormente, do ponto de vista da - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri- todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso,
ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades textura, cor e brilho.
ou características que ocorrem simultaneamente. No en- - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do objeto em sua totalidade.
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
de sentido distintos. Descrição de ambientes:
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, - Introdução: comentário de caráter geral.
de Bocage: - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumi-
Magro, de olhos azuis, carão moreno, nosidade e aroma (se houver).
bem servido de pés, meão de altura, - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
triste de facha, o mesmo de figura, objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros,
nariz alto no meio, e não pequeno. esculturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira
Incapaz de assistir num só terreno, no ambiente.
mais propenso ao furor do que à ternura;
Descrição de paisagens:
bebendo em níveas mãos por taça escura
- Introdução: comentário sobre sua localização ou
de zelos infernais letal veneno.
qualquer outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex-
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. plicação do que se vê ao longe).
497. - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
O poeta descreve-se das características físicas para as próximos do observador - explicação detalhada dos ele-
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter-
seria o mesmo, pois as características físicas perderiam minada ordem.
qualquer relevo. - Conclusão: comentários de caráter geral, concluin-
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi- do acerca da impressão que a paisagem causa em quem
sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de a contempla.
um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas característi-
cas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), Descrição de pessoas (I):
ou suas características psicológicas e até emocionais (des- - Introdução: primeira impressão ou abordagem de
crição subjetiva). qualquer aspecto de caráter geral.
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad- - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, - Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos, nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações,
acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma postura, objetivos).
locução adjetiva. - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
caráter geral.
Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
Descrição de pessoas (II):
- Introdução: observações de caráter geral referentes à - Introdução: primeira impressão ou abordagem de
procedência ou localização do objeto descrito. qualquer aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: análise das características físicas,
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com-
associadas às características psicológicas (1ª parte).
paração com figuras geométricas e com objetos semelhan-
- Desenvolvimento: análise das características físicas,
tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro associadas às características psicológicas (2ª parte).
etc.) - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, caráter geral.
cor/brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação.
sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o É uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais
objeto como um todo. predominam. Porque toda técnica descritiva implica con-
Descrição de objetos constituídos por várias partes: templação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o
- Introdução: observações de caráter geral referentes à redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensi-
procedência ou localização do objeto descrito. bilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentá- interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza
rios das partes que compõem o objeto, associados à expli- cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
cação de como as partes se agrupam para formar o todo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros
maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre- subordinando a maioria do senado, ou grande conselho,
cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de- e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja
notação. natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres-
tações de contas e retiram-se da vida pública carregados
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica com os despojos da nação.
é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usan- Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
do uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as
peças que os compõem, para descrever experiências, pro- Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho-
cessos, etc. Exemplo: mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe
discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor-
Folheto de propaganda de carro rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que:
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida-
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um
incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-
acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos
Passat e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar para atingir o poder);
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
climatização perfeita do ambiente. mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até - a progressão temporal dos enunciados não tem im-
1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. portância, pois o que importa é a relação de implicação
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, depois da nomeação para primeiro-ministro).
para evitar a deformação em caso de colisão.
Características:
Textos descritivos literários: Na descrição literária
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto
temático;
de associações conotativas que podem ser exploradas a
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si-
partir de descrições de pessoas; cenários, paisagens, espa-
tuação;
ço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm
em verso.
maior importância - o que importa são suas relações ló-
gicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, cor-
Dissertação respondência, implicação, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpre- de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos-
tação de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar al- suem características próprias a cada tipo de texto.
gum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica,  
raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição, São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi-
um planejamento de trabalho e uma habilidade de expres- mento / Conclusão.
são. É em função da capacidade crítica que se questionam
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mun- Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre-
do e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
no seu significado diz respeito a um tipo de texto em que senvolvimento. Tipos:
a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita
com a finalidade de desenvolver um conteúdo científico, - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis-
doutrinário ou artístico. Exemplo: cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi-
go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar fora para dentro...”
a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona
como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início
irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices
o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup- de inflação que a década colecionou, agravou vários dos
ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência,
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná- principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien- identificada pela população brasileira.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Proposição: o autor explicita seus objetivos. - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
- Convite: proposta ao leitor para que participe de al- prováveis resultados.
guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não apresentar questionamento e reflexão.
entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des- - Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei-
de a escolha desse momento! tos, valores, juízos.
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. - Causa e Consequência: estruturar o texto através
Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de dos porquês de uma determinada situação.
fogo não é a solução no combate à insegurança.” - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
- Características: caracterização de espaços ou aspec- - Exemplificação: dar exemplos.
tos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
“Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque
de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar
programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
sinais recebidos). (...)” - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as- de quem lê.
sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota
encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das Exemplo:
normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o
espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, Direito de Trabalho
pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer
e de suas necessidades.” Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século
que compõem o texto. XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas-
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se sou a agir por meio da exclusão. (A)
faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu- A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo
siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
o trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a
necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca
curiosidade do leitor.
- Comparação: social e geográfica. o desemprego. Outro fator que também leva ao desempre-
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à go de um sem número de trabalhadores é a contenção de
distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, despesas, de gastos. (B)
triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e Segundo a Constituição, “preocupada” com essa cri-
das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa- se social que provém dessa automatização e qualificação,
rece a verdadeira doença do século...” obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta
- Narração: narrar um fato. garantia aos trabalhadores, de que, mesmo que as empre-
sas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de trabalho. (C)
de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais Não é uma utopia?!
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na
formas: colheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnoló-
gico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova meio ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para
com este tipo de abordagem. a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desem-
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar prega milhares deles. (D)
a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão
definição.
cursos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não per-
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar si-
derem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a
tuações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta classe de trabalhos informais.
pontos favoráveis e desfavoráveis. Como ficam então aqueles trabalhadores que passa-
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ram à vida estudando, se especializando, para se diferen-
ou descrever uma cena. ciarem e ainda estão desempregados?, como vimos no úl-
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es- timo concurso da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”,
tatísticos. havia até advogado na fila de inscrição. (E)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra-
que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve
para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
doente, miserável e desigual, não compete a tão sonhada
modernidade. (G) O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre-
sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear)
1º Parágrafo – Introdução e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada
A. Tema: Desemprego no Brasil. (ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen-
Contextualização: decorrência de um processo histó- te graves. (ideia secundária)”.
rico problemático. Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba-
tida urgentemente.
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele-
remetem a uma análise do tema em questão. mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató-
dado da realidade. rios:
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade
de quem propõe soluções. - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. levado muita gente ao vício.
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni-
7º Parágrafo: Conclusão cação criados pelo homem.
F. Uma possível solução é apresentada. - A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser
modernidade. resolvido apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opi- atualmente.
nar sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a
é um dos recursos que permite uma segurança maior no sociedade brasileira.
momento de dissertar sobre algum assunto. Debater e pes-
quisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
no desenvolvimento de um texto dissertativo.
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma
Ainda temos: série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de
características, funções, processos, situações, sempre ofe-
Tema: compreende o assunto proposto para discus- recendo o complemente necessário à afirmação estabele-
cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os
são, o assunto que vai ser abordado.
critérios de importância, preferência, classificação ou alea-
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
toriamente.
discutido.
Exemplo:
Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin-
guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for- várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma sistemáticos e demasiada permanência diante de compu-
determinada tese. tadores e aparelhos de Televisão.
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
mente. 2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran-
de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro-
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: gramação à veiculação de programas religiosos de crenças
variadas.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi-
dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu- 3-
mentação; - A Santa Missa em seu lar.
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao - Terço Bizantino.
tema; - Despertar da Fé.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; - Palavra de Vida.
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; - Igreja da Graça no Lar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4- Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue prove-


- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o niente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese- umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas
quilíbrios sociológicos e poluição. as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigena-
- Existem várias razões que levam um homem a enve- do. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais
redar pelos caminhos do crime. escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pul-
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, mões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua so- Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação,
brevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer. deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po-
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo,
em várias categorias. o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a
partir das seguintes ideias:
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver
através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenô- - A violência contra os povos indígenas é uma constan-
menos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança. te na história do Brasil.
Exemplo: - O surgimento de várias entidades de defesa das po-
pulações indígenas.
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicida- - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio
de; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e brasileiro.
persistente sentimento de dor, porque já estamos nos con- - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
vencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofri-
mento é real”. Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver,
(Arthur Schopenhauer) deve fazer a estruturação do texto.

Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
encontra no seu desenvolvimento um segmento causal
(fato motivador) e, em outras situações, um segmento in- Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen-
dicando consequências (fatos decorrentes). volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura
Exemplos: do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar
a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanida- plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema,
de que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser
em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. defendida.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
numa sociedade fria e inamistosa. causa e da consequência, das definições, dos dados esta-
tísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos mar- citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos
cam temporal e espacialmente a evolução de ideias, pro- quantos forem necessários para a completa exposição da
cessos. ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
Exemplos: maneiras expostas acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que ago-
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma ra deve aparecer de forma muito mais convincente, uma
lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De- vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento
pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma
inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação
passou à comunicação de massa. da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas empregada no desenvolvimento.
úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma
forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transfor- Texto Argumentativo
mação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões
temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pou- Texto Argumentativo é o texto em que defendemos
co profunda. (Melhem Adas) uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procuran-
do (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem-
conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las se três componentes: a tese, os argumentos e as estraté-
mais compreensíveis. gias argumentativas.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces- de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es-
sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver- túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos
gência de opinião. poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão,
Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar- ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”.
gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro Na atualidade, é grande o número de educadores, filó-
é “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, logos e linguistas de reconhecido saber que negam a rela-
“argúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facil- ção entre o estudo intencional da gramática e a melhora do
mente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta desempenho linguístico do usuário. Entre esses especialis-
por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese). tas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft
Por que... (argumentos). com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova concepção
Estratégias argumentativas são todos os recursos de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995). Com efeito,
(verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ou- o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua,
vinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística,
persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc. reúne numa mesma obra convincente fundamentação para
seu combate veemente contra o ensino da gramática em
A Estrutura de um Texto Argumentativo
sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas:
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez
A argumentação Formal
abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co- de querer ensinar a língua por definições, classificações,
municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas.
obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha- Já seria um grande benefício”.
ma de argumentação formal: Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre,
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida acima referida suponha-se que se deva recuperar linguisti-
e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argu- camente um jovem estudante universitário cujo texto apre-
mento. sente preocupantes problemas de concordância, regência,
Análise da proposição ou tese: definição do sentido colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular,
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, esti-
mal-entendidos. mando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia?
estatísticos, testemunhos, etc. Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta?
Conclusão. O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na
Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subor-
Observe o texto a seguir, que contém os elementos re- dinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E de-
feridos do plano-padrão da argumentação formal. corasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos,
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de
Gramática e desempenho Linguístico compostos, todas regras de concordância, regências... os
casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es- todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho
tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi- do jovem estudante na produção de um texto. A melhora
cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena
língua. melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os
estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea-
mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja
lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a
porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis-
memorização de regras (de concordância, regência e colo-
mos que presidem à construção do texto.
cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís-
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape-
tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como
sendo o processo de atualização da competência na pro- nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco
dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
reais de comunicação. de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório,
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re-
antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi- sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo
ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no
de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida-
sua importância para a prática da língua. São da mesma tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%.
época também as primeiras críticas, como se pode ler em Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto
Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça que pode ser considerado bom.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem- Considerações sobre justiça e equidade
brando que são os gramáticos, os linguistas - como es-
pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca-
fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís- dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os
ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
influência do conhecimento teórico da língua sobre o de- deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis- equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in-
tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a conflitos submetidos à sua apreciação.
tese que se vem defendendo. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra-
significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de-
teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entan- terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le-
to, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quan- gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade
do estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito nacional.
provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Macha- Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura
do de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente,
havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes
saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi-
os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de derações sobre os perigos da generalização desse enten-
Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os dimento.
senhores da língua!). Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
recuperar linguisticamente os alunos, como promover um contra os princípios da legalidade e da separação de pode-
melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de-
da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro. mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
Gilberto Scarton Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o
insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios: português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so-
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en-
enuncia claramente a tese a ser defendida. carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de- previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o
finem as expressões “estudo intencional da gramática” e caso é omisso”.
“desempenho lingüístico”, citadas na tese. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte
Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania
e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos. popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci-
- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu- da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
mentação. situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria,
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. na condição de legislador.
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti-
hipotética. tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados es- mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao
tatísticos. sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em De nada adiantariam as eleições, eis que os represen-
fatos. tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen- maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
ta a conclusão. Desapareceriam também os juízes de conveniência e
oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na
A Argumentação Informal medida em que sempre poderiam ser afastados por uma
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já esfera revisora excepcional.
referida. A argumentação informal apresenta os seguintes A própria independência do parlamento sucumbiria in-
estágios: tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des-
- Citação da tese adversária. consideração de suas deliberações.
- Argumentos da tese adversária. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos-
- Introdução da tese a ser defendida. sa civilização.
- Argumentos da tese a ser defendida. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete
- Conclusão. fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos
demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como
Flores Lenz, Promotor de Justiça. proceder.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien-
dessa concepção. tar por escrito o modo de realizar determinados procedi-
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades
sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por
conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
in adjecto. quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando-
Isto porque, e como magistralmente o salientou o in- se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
superável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca-
no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader-
é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor- no de questões, verificar o número de alternativas...). Não
midade com o direito constituído, independentemente da apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz
correspondente com a justiça social”. o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim,
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios torna-se possível substituir um determinado procedimento
concretos de efetivação da Justiça social compete, funda- em função de outro, como é o caso do que ocorre com
mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São
membros são indicados diretamente pelo povo. exemplos dessa modalidade:
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, - A mensagem revelada pela maioria dos livros de au-
adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui- toajuda;
ção e da Legislação. - O discurso manifestado mediante um manual de ins-
Luís Alberto Thompson Flores Lenz truções;
- As instruções materializadas por meio de uma receita
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; culinária.

Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de
a tese adversária. texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamen-
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita te apresentar orientações ao receptor para que ele realize
um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile- determinada atividade. Como as palavras do texto serão
mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea- transformadas em ações visando a um objetivo, ou seja,
algo deverá ser concretizado, é de suma importância que
lidade nacional”.
nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se
Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro-
trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações
duz a tese a ser defendida.
em que estejam elencados os materiais a serem utilizados,
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que
bem como os itens de determinados objetos que serão
se apresentam os argumentos.
manipulados. Por conta dessas características, é necessário
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que
um título objetivo. Quanto à pontuação, frequentemente
se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É
ficou dito ao longo da argumentação. possível separar as orientações por itens ou de modo coe-
so, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais pos-
Texto Injuntivo/Instrucional suem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta
reparar nas bulas de remédios, manuais de instruções e
No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien- receitas. Pelo fato de o espaço destinado aos textos instru-
tações precisas no sentido de efetuar uma transformação. cionais geralmente não ser muito extenso, recomenda-se o
É marcado pela presença de tempos e modos verbais que uso de períodos. Leia os exemplos.
apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue-
se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito Texto organizado em itens:
responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des- Para economizar nas compras
critiva pela transformação desejada.
Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime Quem deseja economizar ao comprar deve:
uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe- - estabelecer um valor máximo para gastar;
cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas - escolher previamente aquilo que deseja comprar an-
frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das tes de ir à loja ou entrar em sites de compra;
formas do injuntivo. - pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se
possível;
Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta- - não se deixar levar completamente pelas sugestões
gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos dos vendedores nem pelos apelos das propagandas;
que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem - optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem
instruções. São orientados para um comportamento futuro se esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa
do destinatário. cautela e planejamento.
Do mais, é só ir às compras e aproveitar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto organizado em períodos: Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de


um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
Para economizar nas compras quada relação semântica, que se manifesta na compatibi-
Para economizar ao comprar, primeiramente estabe- lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa
leça um valor máximo para gastar e então escolha pre- com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).
viamente aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo
entrar em sites de compra. Se possível, pesquise os preços do texto, numa linha de sequência e com os quais se es-
em diferentes lojas e sites; não se deixe levar completa- tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo
mente pelas sugestões dos vendedores nem pelos apelos coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical.
das propagandas e opte pela forma de pagamento mais Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical.
cômoda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito Coerência
exige certa cautela e planejamento.
Do mais, aproveite as compras!
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
texto;
Observe que, embora ambos os textos tratem do mes-
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
mo assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro:
tanto o modo verbal quanto a pontuação sofreram alte- conceitual;
rações; além disso, algumas palavras foram omitidas e ou- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o
tras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto instru- todo, com o aspecto global do texto;
cional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se - estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra-
perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, ses.
passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
Coesão

- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;


COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS.
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão
sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
Coesão e Coerência partes componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra- das frases.
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res- deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra- e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos
sais e ao emprego do vocabulário. significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de
comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para
cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções,
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor- ção e outras.
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um “Nosso direito é frisado na Constituição.”
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas, Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável estar exposta.”
pela hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
tem origem nas estruturas profundas, no conhecimento do estar sujeita. = correta
mundo de cada pessoa, aliada à competência linguística.
Deduz-se que é difícil ensinar coerência textual, intima- “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
mente ligada à visão de mundo, à origem das ideias no A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão lin- cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam
guística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto. tais notícias. = correta
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:

46
LÍNGUA PORTUGUESA

“Retomada das rédeas da programação.” O mau emprego dos pronomes relativos também pode
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, em-
que diz respeito à programação. = correta prega-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo
da clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessá-
O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui- rio ou inadequado.
tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi- “Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para
gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en-
enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci- velope que (o qual) estava sem remetente).
mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
significado de determinada palavra, mas não sabe empre- “Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da
gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o sensibilidade...”
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas delas (palavras cheias de sensibilidade).
nominais no interior das frases e que as conjunções ligam
Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação
frases dentro do período; é necessário empregar adequa-
das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges-
damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na
tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos
maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos (conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções
remete aos problemas de regência verbal e nominal. conjuntivas).
Exemplos: - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-
lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in- mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po-
teração. dem também ser empregadas as conjunções concessivas
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
dos fatos, estar informada. aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de,
ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obs-
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. tante.
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. - A articulação sintática de causa pode ser feita por
meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque,
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também
ideias” significa a liberdade não é ameaça; podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a,
ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada. em consequência de, por motivo de, por razões de.
- O principal articulador sintático de condição é o “se”:
Quanto à regência verbal, convém sempre consul- Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
tar um dicionário de verbos, pois muitos deles admitem expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso,
duas ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
um significado específico. Lembre-se, a propósito, de que - O emprego da preposição “para” é a maneira mais
as dúvidas sobre o emprego da crase decorrem do fato comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta-
de considerar-se crase como sinal de acentuação apenas, xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a
quando o problema refere-se à regência nominal e verbal. economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam
Exemplos:
finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de,
com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o
O verbo assistir admite duas regências:
intuito de.
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar - A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
assistência (O médico assiste o doente): dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
ao jogo da seleção). Para introduzir mais um argumento a favor de determinada
conclusão emprega- -se ainda. Os articuladores aliás,
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear além do mais, além disso, além de tudo, introduzem um ar-
(Pedi o jornal do dia). gumento decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo,
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu para justificar de forma incontestável o argumento contrá-
que fizessem silêncio). rio.
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas- - Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de-
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu-
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A
pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de-
-lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa-
pedem aumento de salário). ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura
repetição e deve ser evitada.

47
LÍNGUA PORTUGUESA

- Alguns articuladores servem para estabelecer uma futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati-
gradação entre os correspondentes de determinada escala. vo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.
No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no
plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo. pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito
do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.
Correlação Verbal pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo +
futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse
Damos o nome de correlação verbal à coerência que, feito o dever, eu teria lido suas respostas.
em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articu- futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati-
lação temporal entre os verbos, que eles se correspondam, vo: Quando você fizer o dever, dormirei.
de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e mo-
dos verbais devem, portanto, combinar entre si. futuro do subjuntivo + futuro do presente composto
Vejamos este exemplo: do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido.
Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a
Atividades
lição.
1-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO
No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, vê deze-
do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvi- nas de caminhões parados”, revelou o analista ambiental
da, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que Geraldo Motta.
tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha-
que o período tenha lógica? dos devem sofrer as seguintes alterações:
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (A) entrar − vira
(aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias, (B) entrava − tinha visto
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quan- (C) entrasse − veria
do esta se refere a fatos que não se realizaram e que, pro- (D) entraria − veria
vavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está (E) entrava − teria visto
correto, já que a ideia transmitida por dormisse é exata-
mente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não 2-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
temos certeza se ocorrerá. TIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas verbais
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo está correta em:
exemplo, mas sem correlação verbal: (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o pla-
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a neta não resistiu.
lição. (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prová- torções patológicas, não haverá vícios.
veis. (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais apren- tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas.
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
deremos a lição, pois o ato de aprender está condiciona-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
do não a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir.
3-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA –
VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche ade-
Correlações verbais corretas quadamente e de acordo com a norma culta a lacuna da
frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe faria a
A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais pergunta mais deliciosa de todas.
são concordantes: (A) entrasse
presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo (B) entraria
que você faça o dever. (C) entrava
(D) entrar
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito (E) entrou
do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever.
4-) (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
presente do indicativo + pretérito perfeito composto FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada vez
do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever. mais...
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfei- Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso a
to composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o tendência”, a continuação que mantém a correção e o sen-
dever. tido da frase original é:

48
LÍNGUA PORTUGUESA

a) se mantenha, teremos cada vez mais... (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
b) fosse mantida, teríamos cada vez mais... o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
c) se manter, teremos cada vez mais... torções patológicas, não haverá = haveria
d) for mantida, teremos cada vez mais... (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
e) seja mantida, teríamos cada vez mais... tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
teriam ficado)
5-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP - (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
AGENTE OPERACIONAL – VUNESP/2012 - ADAPTADA) cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
Assinale a alternativa que apresenta o trecho – ... o dou- crescerá
torando enviou seu estudo para a Sociedade Britânica de RESPOSTA: “B”.
Psicologia para apreciação e não esperava que houvesse 3-)
tanta publicidade. – reescrito de acordo com a norma-pa- O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in-
drão, com indicação de ação a se realizar e correta corre- dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou-
lação verbal. tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se
(A) ... o doutorando enviaria seu estudo para a Socieda- ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço...
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperava RESPOSTA: “A”.
que haveria tanta publicidade.
(B) ... o doutorando envia seu estudo para a Sociedade 4-)
Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará que Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos o
houvesse tanta publicidade. verbo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A trans-
(C) ... o doutorando enviara seu estudo para a Socieda- formação será: Caso a tendência se mantenha, teremos
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperara cada vez mais...
que haverá tanta publicidade. RESPOSTA: “A”.
(D) ... o doutorando enviará seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará 5-)
que haja tanta publicidade. O exercício quer que conjuguemos o verbo no futuro
do presente (ação a se realizar). Como o enunciado é es-
pecífico (quer determinado tempo verbal), não fiz as cor-
6-) (METRÔ/SP – ENGENHEIRO JÚNIOR CIVIL –
reções nas demais alternativas, pois, em um concurso, per-
FCC/2012) Está plenamente adequada a correlação entre
deríamos tempo consertando os itens que não nos interes-
tempos e modos verbais na frase:
sam. Vamos à construção: o doutorando enviou (enviará)
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca-
seu estudo para a Sociedade Britânica de Psicologia para
das rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do
apreciação e não esperava (esperará) que houvesse (haja)
ar fresco da manhã.
tanta publicidade. = enviará / esperará / haja.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô
RESPOSTA: “D”.
satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimen-
tando. 6-)
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel- (A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca-
mente não terão reclamado por as expormos à luz do dia. das rolantes, logo me encontraria (encontrei) diante da luz
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo- do sol e do ar fresco da manhã.
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de (B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô
nossas viagens urbanas. satisfizesse (satisfaria) plenamente as expectativas que ve-
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens nho alimentando.
de trem com estas que realizássemos por meio de túneis (C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel-
entre estações subterrâneas? mente não terão (teriam) reclamado por as expormos à luz
do dia.
RESOLUÇÃO (D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de
1-) nossas viagens urbanas.
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- (E) Como haveremos de comparar as antigas viagens
ria = entrasse / veria. de trem com estas que realizássemos (realizamos) por
RESPOSTA: “C”. meio de túneis entre estações subterrâneas?
RESPOSTA: “D”.
2-)
Fiz as correções necessárias:
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.

49
LÍNGUA PORTUGUESA

Afixos: são elementos secundários (geralmente sem


EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para
ESTRUTURAS. formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do
morfema “-mente”, por exemplo, cria uma nova palavra a
partir de “certo”: certamente, advérbio de modo. De ma-
neira semelhante, o acréscimo dos morfemas “a-” e “-ar”
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS à forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar
são morfemas capazes de operar mudança de classe gra-
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formado- matical na palavra a que são anexados.
res das palavras. Assim, compreendemos melhor o signifi- Quando são colocados antes do radical, como aconte-
cado de cada uma delas. As palavras podem ser divididas ce com “a-”, os afixos recebem o nome de prefixos. Quan-
em unidades menores, a que damos o nome de elementos do, como “-ar”, surgem depois do radical, os afixos são
mórficos ou morfemas. chamados de sufixos. Exemplo: in-at-ivo; em-pobr-ecer;
Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”. Nessa pala- inter-nacion-al.
vra observamos facilmente a existência de quatro elemen-
tos. São eles: Desinências: são os elementos terminais indicativos
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, das flexões das palavras. Existem dois tipos:
aquele que contém o significado. - Desinências Nominais: indicam as flexões de gêne-
inh - indica que a palavra é um diminutivo ro (masculino e feminino) e de número (singular e plural)
a - indica que a palavra é feminina dos nomes. Exemplos: aluno-o / aluno-s; alun-a / aluna-s.
s - indica que a palavra se encontra no plural
Só podemos falar em desinências nominais de gêne-
ros e de números em palavras que admitem tais flexões,
Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.
como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo,
Existem palavras que não comportam divisão em unida-
telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal
des menores, tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos
de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência
mórficos:
nominal de número.
- Raiz, Radical, Tema: elementos básicos e significa-
tivos
- Desinências Verbais: indicam as flexões de número
- Afixos (Prefixos, Sufixos), Desinência, Vogal Te-
e pessoa e de modo e tempo dos verbos. A desinência
mática: elementos modificadores da significação dos pri-
meiros “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número pes-
- Vogal de Ligação, Consoante de Ligação: elemen- soal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do
tos de ligação ou eufônicos. singular; “-va”, de “ama-va”, é desinência modo-temporal:
caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do in-
Raiz: É o elemento originário e irredutível em que se dicativo, na 1ª conjugação.
concentra a significação das palavras, consideradas do ân-
gulo histórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum Vogal Temática: é a vogal que se junta ao radical, pre-
às palavras da mesma família etimológica. Exemplo: Raiz parando-o para receber as desinências. Nos verbos, distin-
noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral guem-se três vogais temáticas:
de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, - Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: buscar, bus-
as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, cavas, etc.
etc. - Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: romper,
rompemos, etc.
Uma raiz pode sofrer alterações: at-o; at-or; at-ivo; aç - Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: proibir, proi-
-ão; ac-ionar; birá, etc.

Radical: Tema: é o grupo formado pelo radical mais vogal te-


mática. Nos verbos citados acima, os temas são: busca-,
Observe o seguinte grupo de palavras: livr-o; livr-inho; rompe-, proibi-
livr-eiro; livr-eco. Você reparou que há um elemento co-
mum nesse grupo? Você reparou que o elemento livr serve Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e con-
de base para o significado? Esse elemento é chamado de soantes de ligação são morfemas que surgem por motivos
radical (ou semantema). Elemento básico e significativo das eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a
palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. pronúncia de uma determinada palavra. Exemplos: pari-
É encontrado através do despojo dos elementos secundá- siense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i); gas
rios (quando houver) da palavra. Exemplo: cert-o; cert-eza; -ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira,
in-cert-eza. cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

50
LÍNGUA PORTUGUESA

Formação das Palavras: existem dois processos bá- Não devemos confundir derivação parassintética, em
sicos pelos quais se formam as palavras: a Derivação e a que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente
Composição. A diferença entre ambos consiste basica- simultâneo, com casos como os das palavras desvaloriza-
mente em que, no processo de derivação, partimos sempre ção e desigualdade. Nessas palavras, os afixos são acopla-
de um único radical, enquanto no processo de composição dos em sequência: desvalorização provém de desvalorizar,
sempre haverá mais de um radical. que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor.
É impossível fazer o mesmo com palavras formadas
Derivação: é o processo pelo qual se obtém uma pa- por parassíntese: não se pode dizer que expropriar provém
lavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, de “propriar” ou de “expróprio”, pois tais palavras não exis-
chamada primitiva. Exemplo: Mar (marítimo, marinheiro, tem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo
marujo); terra (enterrar, terreiro, aterrar). Observamos que acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.
«mar» e «terra» não se formam de nenhuma outra palavra, - Derivação Regressiva: ocorre derivação regressiva
mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas
meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e por redução: comprar (verbo), compra (substantivo); beijar
terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas.  (verbo), beijo (substantivo).

Para descobrirmos se um substantivo deriva de um


Tipos de Derivação
verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte
orientação:
- Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acrés-
- Se o substantivo denota ação, será palavra derivada,
cimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significa- e o verbo palavra primitiva.
do alterado: crer- descrer; ler- reler; capaz- incapaz. - Se o nome denota algum objeto ou substância, veri-
- Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acrésci- fica-se o contrário.
mo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo in-
de significado ou mudança de classe gramatical: alfabetiza- dicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não
ção. No exemplo, o sufixo -ção transforma em substantivo ocorre, porém, com a palavra âncora, que é um objeto.
o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do subs- Neste caso, um substantivo primitivo que dá origem ao
tantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar. verbo ancorar.

A derivação sufixal pode ser: Por derivação regressiva, formam-se basicamente


Nominal, formando substantivos e adjetivos: papel – substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome
papelaria; riso – risonho. de substantivos deverbais. Note que na linguagem popu-
Verbal, formando verbos: atual - atualizar. lar, são frequentes os exemplos de palavras formadas por
Adverbial, formando advérbios de modo: feliz – feliz- derivação regressiva. o portuga (de português); o boteco
mente. (de botequim); o comuna (de comunista); agito (de agitar);
amasso (de amassar); chego (de chegar)
- Derivação Parassintética ou Parassíntese: Ocorre
quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâ- O processo normal é criar um verbo a partir de um
neo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em
parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos) sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.
e verbos. Considere o adjetivo “triste”. Do radical “trist-”
formamos o verbo entristecer através da junção simultâ- - Derivação Imprópria: A derivação imprópria ocorre
nea do prefixo  “en-” e do sufixo “-ecer”. A presença de quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acrésci-
apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma mo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical.
Neste processo:
nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras
Os adjetivos passam a substantivos: Os bons serão
“entriste”, nem “tristecer”. Exemplos:
contemplados.
emudecer
Os particípios passam a substantivos ou adjetivos:
mudo – palavra inicial
Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso.
e – prefixo Os infinitivos passam a substantivos: O andar de Ro-
mud – radical berta era fascinante; O badalar dos sinos soou na cidade-
ecer – sufixo zinha.
Os substantivos passam a adjetivos: O funcionário fan-
desalmado tasma foi despedido; O menino prodígio resolveu o pro-
alma – palavra inicial blema.
des – prefixo Os adjetivos passam a advérbios: Falei baixo para que
alm – radical ninguém escutasse.
ado – sufixo Palavras invariáveis passam a substantivos: Não enten-
do o porquê disso tudo.

51
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos próprios tornam-se comuns: Aquele Prefixos de Origem Grega


coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)
a-, an-: afastamento, privação, negação, insuficiência,
Os processos de derivação vistos anteriormente fazem carência: anônimo, amoral, ateu, afônico.
parte da Morfologia porque implicam alterações na forma ana-: inversão, mudança, repetição: analogia, análise,
das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basi- anagrama, anacrônico.
camente com seu significado, o que acaba caracterizando anfi-: em redor, em torno, de um e outro lado, duplici-
um processo semântico. Por essa razão, entendemos o mo- dade: anfiteatro, anfíbio, anfibologia.
tivo pelo qual é denominada “imprópria”. anti-: oposição, ação contrária: antídoto, antipatia, an-
tagonista, antítese.
apo-: afastamento, separação: apoteose, apóstolo,
Composição: é o processo que forma palavras com-
apocalipse, apologia.
postas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem
arqui-, arce-: superioridade hierárquica, primazia, ex-
dois tipos: cesso: arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário.
cata-: movimento de cima para baixo: cataplasma, ca-
- Composição por Justaposição: ao juntarmos duas tálogo, catarata.
ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética: di-:  duplicidade: dissílabo, ditongo, dilema.
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor. Em «giras- dia-: movimento através de, afastamento: diálogo, dia-
sol» houve uma alteração na grafia (acréscimo de um «s») gonal, diafragma, diagrama.
justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra. dis-: dificuldade, privação: dispneia, disenteria, dispep-
sia, disfasia.
- Composição por Aglutinação: ao unirmos dois ou ec-, ex-, exo-, ecto-: movimento para fora: eclipse,
mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou êxodo, ectoderma, exorcismo.
mais de seus elementos fonéticos: embora (em boa hora); en-, em-, e-:  posição interior, movimento para dentro:
fidalgo (filho de algo - referindo-se a família nobre); hi- encéfalo, embrião, elipse, entusiasmo.
drelétrico (hidro + elétrico); planalto (plano alto). Ao agluti- endo-: movimento para dentro: endovenoso, endocar-
narem-se, os componentes subordinam-se a um só acento po, endosmose.
tônico, o do último componente. epi-: posição superior, movimento para: epiderme, epí-
logo, epidemia, epitáfio.
eu-: excelência, perfeição, bondade: eufemismo, eufo-
- Redução: algumas palavras apresentam, ao lado de
ria, eucaristia, eufonia.
sua forma plena, uma forma reduzida. Observe: auto - por
hemi-: metade, meio: hemisfério, hemistíquio, hemi-
automóvel; cine - por cinema; micro - por microcomputa- plégico.
dor; Zé - por José. Como exemplo de redução ou simpli- hiper-: posição superior, excesso: hipertensão, hipér-
ficação de palavras, podem ser citadas também as siglas, bole, hipertrofia.
muito frequentes na comunicação atual. hipo-: posição inferior, escassez: hipocrisia, hipótese,
hipodérmico.
- Hibridismo: ocorre hibridismo na palavra em cuja meta-: mudança, sucessão: metamorfose, metáfora,
formação entram elementos de línguas diferentes: auto metacarpo.
(grego) + móvel (latim). para-: proximidade, semelhança, intensidade: paralelo,
parasita, paradoxo, paradigma.
- Onomatopeia: numerosas palavras devem sua ori- peri-: movimento ou posição em torno de: periferia,
gem a uma tendência constante da fala humana para imi- peripécia, período, periscópio.
tar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são pro-: posição em frente, anterioridade: prólogo, prog-
vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as nóstico, profeta, programa.
vozes dos seres: miau, zumzum, piar, tinir, urrar, chocalhar, pros-: adjunção, em adição a: prosélito, prosódia.
cocoricar, etc. proto-: início, começo, anterioridade: proto-história,
protótipo, protomártir.
poli-: multiplicidade: polissílabo, polissíndeto, politeís-
Prefixos: os prefixos são morfemas que se colocam
mo.
antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sin-, sim-: simultaneidade, companhia: síntese, sinfo-
sentido; raramente esses morfemas produzem mudança de nia, simpatia, sinopse.
classe gramatical. Os prefixos ocorrentes em palavras por- tele-: distância, afastamento: televisão, telepatia, telé-
tuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que grafo.
funcionavam como preposições ou advérbios, logo, como
vocábulos autônomos.  Alguns prefixos foram pouco ou Prefixos de Origem Latina
nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tive-
ram grande vitalidade na formação de novas palavras: a- , a-, ab-, abs-: afastamento, separação: aversão, abuso,
contra- , des- , em-  (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , abstinência, abstração.
anti-. a-, ad-: aproximação, movimento para junto: adjun-
to,advogado, advir, aposto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ante-: anterioridade, procedência: antebraço, antessa- Sufixos: são elementos (isoladamente insignificativos)
la, anteontem, antever. que, acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua
ambi-: duplicidade: ambidestro, ambiente, ambiguida- principal característica é a mudança de classe gramatical
de, ambivalente. que geralmente opera. Dessa forma, podemos utilizar o
ben(e)-, bem-: bem, excelência de fato ou ação: bene- significado de um verbo num contexto em que se deve
fício, bendito. usar um substantivo, por exemplo. Como o sufixo é coloca-
bis-, bi-:  repetição, duas vezes: bisneto, bimestral, bi- do depois do radical, a ele são incorporadas as desinências
savô, biscoito. que indicam as flexões das palavras variáveis. Existem dois
circu(m)-: movimento em torno: circunferência, cir- grupos de sufixos formadores de substantivos extrema-
cunscrito, circulação. mente importantes para o funcionamento da língua. São
cis-: posição aquém: cisalpino, cisplatino, cisandino. os que formam nomes de ação e os que formam nomes
co-, con-, com-: companhia, concomitância: colégio, de agente.
cooperativa, condutor.
contra-: oposição: contrapeso, contrapor, contradizer. Sufixos que formam nomes de ação: -ada – caminha-
de-: movimento de cima para baixo, separação, nega- da; -ança – mudança; -ância – abundância; -ção – emoção;
ção: decapitar, decair, depor. -dão – solidão; -ença – presença; -ez(a) – sensatez, beleza;
-ismo – civismo; -mento – casamento; -são – compreen-
de(s)-, di(s)-: negação, ação contrária, separação: des-
são; -tude – amplitude; -ura – formatura.
ventura, discórdia, discussão.
e-, es-, ex-: movimento para fora: excêntrico, evasão, Sufixos que formam nomes de agente: -ário(a) – se-
exportação, expelir. cretário; -eiro(a) – ferreiro; -ista – manobrista; -or – luta-
en-, em-, in-: movimento para dentro, passagem para dor; -nte – feirante.
um estado ou forma, revestimento: imergir, enterrar, em-
beber, injetar, importar. Sufixos que formam nomes de lugar, depositório:
extra-: posição exterior, excesso: extradição, extraordi- -aria – churrascaria; -ário – herbanário; -eiro – açucareiro;
nário, extraviar. -or – corredor; -tério – cemitério; -tório – dormitório.
i-, in-, im-: sentido contrário, privação, negação: ilegal,
impossível, improdutivo. Sufixos que formam nomes indicadores de abun-
inter-, entre-: posição intermediária: internacional, in- dância, aglomeração, coleção: -aço – ricaço; -ada – pa-
terplanetário. pelada; -agem – folhagem; -al – capinzal; -ame – gentame;
intra-: posição interior: intramuscular, intravenoso, in- -ario(a) - casario, infantaria; -edo – arvoredo; -eria – cor-
traverbal. reria; -io – mulherio; -ume – negrume.
intro-: movimento para dentro: introduzir, introverti-
do, introspectivo. Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciên-
justa-: posição ao lado: justapor, justalinear. cia:
ob-, o-: posição em frente, oposição: obstruir, ofuscar, -ite - bronquite, hepatite (inflamação), amotite (fós-
ocupar, obstáculo. seis).
per-: movimento através: percorrer, perplexo, perfurar, -oma - mioma, epitelioma, carcinoma (tumores).
perverter. -ato, eto, Ito - sulfato, cloreto, sulfito (sais), granito
pos-: posterioridade: pospor, posterior, pós-graduado. (pedra).
pre-: anterioridade: prefácio, prever, prefixo, prelimi- -ina - cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais).
nar. -ol - fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto).
pro-: movimento para frente: progresso, promover, -ema - morfema, fonema, semema, semantema (ciên-
cia linguística).
prosseguir, projeção.
-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)
re-: repetição, reciprocidade: rever, reduzir, rebater,
reatar.
Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas fi-
retro-: movimento para trás: retrospectiva, retrocesso, losóficas, sistemas políticos: - ismo: budismo, kantismo,
retroagir, retrógrado. comunismo.
so-, sob-, sub-, su-: movimento de baixo para cima,
inferioridade: soterrar, sobpor, subestimar. Sufixos Formadores de Adjetivos
super-, supra-, sobre-: posição superior, excesso: su-
percílio, supérfluo. - de substantivos: -aco – maníaco; -ado – barbado;
soto-, sota-: posição inferior: soto-mestre, sota-voga, -áceo(a) - herbáceo, liláceas; -aico – prosaico; -al – anual;
soto-pôr. -ar – escolar; -ário - diário, ordinário; -ático – problemá-
trans-, tras-, tres-, tra-: movimento para além, movi- tico; -az – mordaz; -engo – mulherengo; -ento – cruento;
mento através: transatlântico, tresnoitar, tradição. -eo – róseo; -esco – pitoresco; -este – agreste; -estre –
ultra-: posição além do limite, excesso: ultrapassar, ul- terrestre; -enho – ferrenho; -eno – terreno; -ício – ali-
trarromantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta. mentício; -ico – geométrico; -il – febril; -ino – cristalino;
vice-, vis-: em lugar de: vice-presidente, visconde, vi- -ivo – lucrativo; -onho – tristonho; -oso – bondoso; -udo
ce-almirante. – barrigudo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- de verbos: 03. Que item contém somente palavras formadas por


-(a)(e)(i)nte: ação, qualidade, estado – semelhante, justaposição?
doente, seguinte. a) desagradável – complemente
-(á)(í)vel: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação b) vaga-lume - pé-de-cabra
– louvável, perecível, punível. c) encruzilhada – estremeceu
-io, -(t)ivo: ação referência, modo de ser – tardio, afir- d) supersticiosa – valiosas
mativo, pensativo. e) desatarraxou – estremeceu
-(d)iço, -(t)ício: possibilidade de praticar ou sofrer uma
ação, referência – movediço, quebradiço, factício. 04. “Sarampo” é:
-(d)ouro,-(t)ório: ação, pertinência – casadouro, prepa- a) forma primitiva
ratório. b) formado por derivação parassintética
c) formado por derivação regressiva
Sufixos Adverbiais: Na Língua Portuguesa, existe ape- d) formado por derivação imprópria
nas um único sufixo adverbial: É o sufixo “-mente”, derivado e) formado por onomatopéia
do substantivo feminino latino mens, mentis que pode sig-
nificar “a mente, o espírito, o intento”.Este sufixo juntou-se 05. Numere as palavras da primeira coluna conforme
a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, os processos de formação numerados à direita. Em segui-
especialmente a de modo. Exemplos: altiva-mente, bra- da, marque a alternativa que corresponde à sequência nu-
va-mente, bondosa-mente, nervosa-mente, fraca-mente, mérica encontrada:
pia-mente. Já os advérbios que se derivam de adjetivos ter- ( ) aguardente     1) justaposição
minados em –ês (burgues-mente, portugues-mente, etc.) ( ) casamento     2) aglutinação
não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora ( ) portuário         3) parassíntese
uniformes. Exemplos: cabrito montês / cabrita montês. ( ) pontapé         4) derivação sufixal
( ) os contras     5) derivação imprópria
Sufixos Verbais: Os sufixos verbais agregam-se, via ( ) submarino     6) derivação prefixal
de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para for- ( ) hipótese
mar novos verbos. Em geral, os verbos novos da língua
formam-se pelo acréscimo da terminação-ar. Exemplos: a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1
esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; tele- b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6
fon-ar; (a)portugues-ar. c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6
d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6
Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6
ação.
-ar: cruzar, analisar, limpar 06. Indique a palavra que foge ao processo de forma-
-ear: guerrear, golear ção de chapechape:
-entar: afugentar, amamentar a) zunzum
-ficar: dignificar, liquidificar b) reco-reco
-izar: finalizar, organizar c) toque-toque
d) tlim-tlim
Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação re- e) vivido
petida.
Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer 07. Em que alternativa a palavra sublinhada resulta de
ou causar. derivação imprópria?
Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pou- a) Às sete horas da manhã começou o trabalho princi-
co intensa. pal: a votação.
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto
Exercícios secreto... Bobagens, bobagens!
01. Assinale a opção em que todas as palavras se for- c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições con-
mam pelo mesmo processo: tinuariam sendo uma farsa!
a) ajoelhar / antebraço / assinatura d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se en-
b) atraso / embarque / pesca tenderam.
c) o jota / o sim / o tropeço e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando
d) entrega / estupidez / sobreviver de raiva.
e) antepor / exportação / sanguessuga
08. Assinale a série de palavras em que todas são for-
02. A palavra “aguardente” formou-se por: madas por parassíntese:
a) hibridismo a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer
b) aglutinação b) solução, passional, corrupção, visionário
c) justaposição c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente
d) parassíntese d) biografia, macróbio, bibliografia, asteróide
e) derivação regressiva e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo

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LÍNGUA PORTUGUESA

09. As palavras couve-flor, planalto e aguardente são Polissemia e homonímia


formadas por:
a) derivação A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
b) onomatopeia comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
c) hibridismo cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
d) composição quando duas ou mais palavras com origens e significados
e) prefixação distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
monímia.
10. Assinale a alternativa em que uma das palavras não A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
é formada por prefixação: significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
a) readquirir, predestinado, propor polissemia porque os diferentes significados para a palavra
b) irregular, amoral, demover manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
c) remeter, conter, antegozar
uma entrada no dicionário.
d) irrestrito, antípoda, prever
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
e) dever, deter, antever
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou
a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
Respostas: 1-B / 2-B / 3-B / 4-C / 5-E / 6-E / 7-D / 8-A diferentes significados estão interligados porque remetem
/ 9-D / 10-E / para o mesmo conceito, o da escrita.

Polissemia e ambiguidade
RELAÇÕES DE SINONÍMIA E ANTONÍMIA.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
Consideremos as seguintes frases: ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
Vamos! Coloque logo a mão na massa! uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
As crianças estão com as mãos sujas. alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
o mesmo significado? pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
Existe uma parte da gramática normativa denominada pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor-
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significa- tante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
dos que uma mesma palavra apresenta de acordo com o Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
contexto em que se insere. la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
Sentido Próprio e Figurado das Palavras
com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo
dicionário.
Pela própria definição acima destacada podemos per-
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi-
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significado é de: participação, interação mediante a uma significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa. Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- dem-se assim:
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em - Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
consideração as situações de aplicabilidade. do comum que costumamos dar a uma palavra.
Há uma infinidade de outros exemplos em que pode-
mos verificar a ocorrência da polissemia, como por exem- - Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
plo: do”, que podemos dar a uma palavra.
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta. Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. contextos:
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua 1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
sobrevivência 2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra-
O passarinho foi atingido no bico. dável, que adota condutas pouco apreciáveis)

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co- (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- dela.
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado (C) adotar como referência de qualidade.
em sentido figurado. (D) julgar de acordo com normas legais.
Podemos então concluir que um mesmo significante (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos).
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
Denotação e Conotação LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
com o seu significado primitivo e original, com o sentido Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para dêmica,
que não voasse mais. ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido analogia e associação...
próprio, comum, usual, literal. Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a
ideia de hipertexto...
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di- ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti-
lizado em seu sentido dicionarístico. As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
são:
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra (A) algo, especialmente e Quando.
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou (B) Desde, especialmente e algo.
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua- (C) especialmente, Quando e depois.
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: (D) Desde, Quando e depois.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes (E) Desde, algo e depois.
que seja tarde demais.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo-
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen- vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois
to. grandes nomes...
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem
Fonte: prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs-
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- tituído por:
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- (A) contrastada.
rado-das-palavras.html (B) confrontada.
Questões sobre Denotação e Conotação (C) ombreada.
(D) rivalizada.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (E) equiparada.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
vras ígneo e pétreo. do em sentido figurado.
(A) De corda; de plástico. Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
(B) De fogo; de madeira. continua sendo empregado em sentido figurado.
(C) De madeira; de pedra. (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(D) De fogo; de pedra. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(E) De plástico; de cinza. dor.
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 casa.
- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a se- (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
guinte passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereoti-
pando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
tão, considere o texto abaixo.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de

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LÍNGUA PORTUGUESA

A marca da solidão 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-


DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de sentido é:
penumbra na tarde quente. (A) O menino leva o material adequado para a escola.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- (B) João levou uma surra da mãe.
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a a prova.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- RESOLUÇÃO
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido 1-)
figurado é Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
(A) menino. sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
(B) chão. fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
(C) testa. ta?
(D) penumbra.
(E) tenda. RESPOSTA: “D”.

7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- 2-)


NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
questão. firmadas se verdadeiras.

RESPOSTA: “E”.
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci-
3-)
dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi-
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per-
desde, quando e depois.
correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas
onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve, RESPOSTA: “D”.
com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em 4-)
ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via Ao participar de um concurso, não temos acesso a di-
pública como a casa da sogra. cionários para que verifiquemos o significado das palavras,
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os por isso, caso não saibamos o que significam, devemos
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas analisá-las dentro do contexto em que se encontram. No
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, exercício acima, a que se “encaixa” é “equiparada”.
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban- RESPOSTA: “E”.
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo 5-)
com ele. Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empre-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão gado em seu sentido denotativo. No item C, conotativo
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum (“abrir a mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
motivo, parecem querer levar ao colapso.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis- RESPOSTA: “C”.
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade,
resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos 6-)
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. Novamente, responderemos com frase do texto: seu
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. rosto formando uma tenda.
Adaptado)
RESPOSTA: “E”.
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de 7-)
(A) progresso. Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção
(B) descaso. do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se
(C) vitória. à queda, ao fim, à ruína da cidade.
(D) tédio.
(E) ruína. RESPOSTA: “E”.

57
LÍNGUA PORTUGUESA

8-) Questões sobre Significação das Palavras


No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o
sentido de “duração/tempo” 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
(A) O menino leva o material adequado para a escola. as lacunas da frase abaixo:
= carrega Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
direciona a) imigraram - emigram - migram
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a b) migraram - imigram - emigram
prova = duração/tempo c) emigraram - migram - imigram.
RESPOSTA: “E”. d) emigraram - imigram - migram.
e) imigraram - migram – emigram
- Sinônimos
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável - Leia o texto para responder às questões de números 02
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver- e 03.
sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he-
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu
- Antônimos celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem. – Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre- ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- eletrônico.
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
ticomunista; simétrico e assimétrico. constroem carros com sensores de movimento que respon-
O que são Homônimos e Parônimos: dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
- Homônimos baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen- mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
tes na pronúncia: robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
rego (subst.) e rego (verbo); aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
colher (verbo) e colher (subst.); jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
jogo (subst.) e jogo (verbo); que comprar tudo, não seria viável”, completou.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo); Em uma época em que celebridades do mundo digital
providência (subst.) e providencia (verbo). fazem campanha a favor do ensino de programação nas es-
colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
ferentes na escrita:
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
acender (atear) e ascender (subir);
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
cela (compartimento) e sela (arreio); interessando”, disse.
censo (recenseamento) e senso ( juízo); (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
paço (palácio) e passo (andar). Adaptado)

c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São 02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
palavras iguais na escrita e na pronúncia: sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... –
caminho (subst.) e caminho (verbo); pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa-
cedo (verbo) e cedo (adv.); gem, pela seguinte expressão:
livre (adj.) e livre (verbo). A) Pelo menos
B) A contar de
- Parônimos C) Em substituição a
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e cou- D) Com exceção de
ro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede e cede; E) No que se refere a
comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; autuar e atuar;
degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir; suar e soar. 03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an- para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu
tonimos,-homonimos-e-paronimos achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A) Estimulante. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-


B) Cansativo. chentes. (afim- a fim).
C) Irritante. B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
D) Confuso. C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (in-
E) Improdutivo. flingirem - infringirem).
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. (concelhos - conselhos).
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cer-
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- ca de - acerca de).
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta- direita de cada palavra há um sinônimo.
ção. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. – c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
do”, sem alterar o sentido do texto. e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
está correto o que se afirma em GABARITO
A) I, II e III.
B) III, apenas. 01. A 02. D 03. A 04. A
C) I e III, apenas. 05. D 06. E 07. E 08. A
D) I, apenas. RESOLUÇÃO
E) I e II, apenas.
05. Leia as frases abaixo: 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra-
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
Marte. de uma vida melhor; internamente, migram para o
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas Sul, pelo mesmo motivo.
de humor.
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
comprar, é tudo reciclagem”...
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta
de vocábulos para as lacunas existentes: 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das
a) concerto – há – a – cessões – há; aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me interes-
b) conserto – a – há – sessões – há; sando”
c) concerto – a – há – seções – a; “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
d) concerto – a – há – sessões – há; depois fui me interessando”
e) conserto – há – a – sessões – a .
4-)
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res- por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
ponder à questão. do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans- reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não ção. = correta
lhes impuseram limites de disciplina. III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
trecho, é: do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
A) de desprendimento.
B) de responsabilidade. 5-)
C) de abnegação. 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
D) de amor. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
E) de egoísmo. vida em Marte.
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser gramas de humor.
preenchida com a primeira alternativa da série dada nos 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
parênteses: tempo passado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
não lhes impuseram limites de disciplina. Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse Observe alguns deles:
trecho, é de egoísmo Estados e cidades brasileiros:
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado Alagoas alagoano
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações Amapá amapaense
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filantro- Aracaju aracajuano ou aracajuense
pia. No sentido comum do termo, é muitas vezes percebida, Amazonas amazonense ou baré
também, como sinônimo de solidariedade. Esse conceito
Belo Horizonte belo-horizontino
opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações es-
Brasília brasiliense
pecífica e exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas).
Cabo Frio cabo-friense
7-) Campinas campineiro ou campinense
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in- Adjetivo Pátrio Composto
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos) Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru-
arreio no cavalo) dita. Observe alguns exemplos:
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen- África afro- / Cultura afro-americana
to. (inflingirem = aplicarem a pena) Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve- -inglesas
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa América américo- / Companhia américo-africana
de um distrito). Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. China sino- / Acordos sino-japoneses
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
8-)
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italia-
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
nas
significados invertidos
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi- Grécia greco- / Filmes greco-romanos
cados invertidos Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi- Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
cados invertidos Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
significados invertidos Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.


CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS.
Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se


Adjetivo referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
característica do ser e se relaciona com o substantivo.
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa,
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
mau e má, judeu e judia.
cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso, Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
moça bondosa, pessoa bondosa. feminino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
Já com a palavra bondade, embora expresse uma quali- norte-americano, a moça norte-americana.
dade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portan-
to, não é adjetivo, mas substantivo. Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
Morfossintaxe do Adjetivo feliz.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito político-social.
ou do objeto).

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Número dos Adjetivos Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Plural dos adjetivos simples comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão.
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli- rioridade Analítico
zes, ruim e ruins boa e boas No comparativo de superioridade analítico, entre os
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que” ou “mais...que”.
que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se rioridade Sintético
estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
cinza. perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
Veja outros exemplos: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior,
Motos vinho (mas: motos verdes) grande/maior, baixo/inferior.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Observe que:
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
Adjetivo Composto pectivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
o último elemento concorda com o substantivo a que se se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran-
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso
de e mais pequeno. Por exemplo:
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica-
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente
mentos.
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen-
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala-
duas qualidades de um mesmo elemento.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará
invariável. Por exemplo: Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Camisas rosa-claro. ferioridade
Ternos rosa-claro. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Olhos verde-claros. Superlativo
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
invariáveis. um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha senta-se nas formas:
têm os dois elementos flexionados. Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala-
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo:
Grau do Adjetivo O secretário é muito inteligente.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci-
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten- mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
o comparativo e o superlativo. Observe alguns superlativos sintéticos:
benéfico beneficentíssimo
Comparativo bom boníssimo ou ótimo
comum comuníssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- cruel crudelíssimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- difícil dificílimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de doce dulcíssimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe fácil facílimo
os exemplos abaixo: fiel fidelíssimo

61
LÍNGUA PORTUGUESA

Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
Essa relação pode ser: quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. de todo, de muito, por completo.
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Note bem: doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata-
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
antepostos ao adjetivo. vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, tempos em tempos, em breve, hoje em dia
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo ra- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
dical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A for- abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
ma popular é constituída do radical do adjetivo português adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter-
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariís- cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
simo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desa- de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
gradável hiato i-í. de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
Advérbio de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis- tavelmente (=sem dúvida).
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. As- de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
sim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia mente, simplesmente, só, unicamente
de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz refe- de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
rência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, ou bém
seja, indicando as circunstâncias em que esse processo se de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
desenvolve. de designação: Eis
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti- de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan-
do de caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois para quê? (finalidade)
também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem Locução adverbial
alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad-
você está até bem informado. vérbio. Exemplo:
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad- Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
jetivo alheio, representando uma qualidade, característica. Maria saiu à tarde. (indicando tempo)

O artista canta muito mal. Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos apressadamente.
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar modo são flexionados, sendo que os demais são todos in-
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos de categoria dos advérbios é a de grau:
locução adverbial, representada por algumas expressões, Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
algum, entre outras. inconstitucionalissimamente, etc.;
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
expressas por:
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas,
às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pou- Artigo
cos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a
frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
que terminam em -”mente”: calmamente, tristemente, pro- indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
positadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
escandalosamente, bondosamente, generosamente gênero e o número dos substantivos.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Artigos - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma


ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter
Artigos Definidos: determinam os substantivos de é uns vinte anos.
maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de - O artigo também é usado para substantivar palavras
maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
um animal. tudo isso.
Combinação dos Artigos - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re-
lativo cujo (e flexões).
É muito presente a combinação dos artigos definidos Este é o homem cujo amigo desapareceu.
e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por Este é o autor cuja obra conheço.
essas combinações:
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
Preposições Artigos
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme),
o, os
a ao, aos a menos que venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
na, nas num, nuns numa, numas mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
pela, pelas - - excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.

- As formas à e às indicam a fusão da preposição a - Não se une com preposição o artigo que faz parte do
com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
conhecida por crase. Estado de S. Paulo.
Constatemos as circunstâncias Morfossintaxe
em que os artigos se manifestam
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal
das olimpíadas. do substantivo a que se refere. Tal função independe da
função exercida pelo substantivo:
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso A existência é uma poesia.
do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, Uma existência é a poesia.
A Bahia...

- Quando indicado no singular, o artigo definido pode


Conjunção
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
- No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
do artigo: O Pedro é o xodó da família. exemplo:
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
- No caso de os nomes próprios personativos estarem amiguinhas.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- as amiguinhas
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- ções:
dos. (qualquer classe) 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
facultativo: a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe: Gosto de natação e de futebol. - CONFORMATIVAS


Nessa frase as expressões de natação, de futebol são Principais conjunções conformativas: como, segundo,
partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra conforme, consoante
“e” está ligando termos de uma mesma oração. Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor-
Morfossintaxe da Conjunção midade.

As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- - CONSECUTIVAS


cem propriamente uma função sintática: são conectivos. Expressam uma ideia de consequência.
Classificação Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
- Conjunções Coordenativas “tanto”, “tão”, “tamanho”).
- Conjunções Subordinativas Falou tanto que ficou rouco.
Conjunções coordenativas - FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Dividem-se em:
Todos trabalham para que possam sobreviver.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex.
Principais conjunções finais: para que, a fim de que,
Gosto de cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas porque (=para que),
também, não só...como também.
- PROPORCIONAIS
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo- Principais conjunções proporcionais: à medida que,
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. quanto mais, ao passo que, à proporção que.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu- À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
do, todavia, no entanto, entretanto.
- TEMPORAIS
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. logo que.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, Quando eu sair, vou passar na locadora.
quer...quer, já...já. Diferença entre orações causais e explicativas
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de-
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. paramos com a dúvida de como distinguir uma oração
causal de uma explicativa. Veja os exemplos:
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá atropelado”:
fora. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati-
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior.
(antes do verbo), porquanto. b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen-
dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as
Conjunções subordinativas orações que vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CAUSAIS
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
(Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo,
uma vez que, como (= porque).
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. ela será explicativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im-
- COMPARATIVAS perativo)
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...
como, mais...do que, menos...do que. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra
Ela fala mais que um papagaio. cidade porque não havia cemitério no local.”
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
- CONCESSIVAS (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
mesmo que, apesar de, se bem que. colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de os mortos em outra cidade.
estar cansada) b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
Apesar de ter chovido fui ao cinema. dependentes uma da outra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Interjeição 2) Sintetizar uma frase apelativa


Cuidado! Saia da minha frente.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
ções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir As interjeições podem ser formadas por:
sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comporta- - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
mento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de es- - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
truturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo: - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! Ora bolas!

No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve-
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim- ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga! exemplo:
As sentenças da língua costumam se organizar de for- Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra-
ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e riedade)
os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in- Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um Classificação das Interjeições
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Bravo! Bis! - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi Atenção!, Olha!, Alerta!
muito bom! Repitam!” - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten- - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!,
que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação Boa!
particular, um momento ou um contexto específico. Exem- - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
plos: - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! - Desculpa: Perdão!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
ção Oh!, Eh!
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
O significado das interjeições está vinculado à maneira Epa!, Ora!
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex- Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
to de enunciação. Exemplos: Cruz!, Putz!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
chamando! Ei, espere!” - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
são em um hospital; significado da interjeição (sugestão): Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-
“Por favor, faça silêncio!” me, Deus!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
tristeza, dor, etc. gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter
Você faz o que no Brasil? claro, neste caso, que não se trata de um processo natural
Eu? Eu negocio com madeiras. dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
Ah, deve ser muito interessante. linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
até loguinho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Locução Interjetiva Numeral

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Numeral é a palavra que indica os seres em termos
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os
bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! situa em determinada sequência.
Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
Alto lá! Muito bem! [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]

Observações: Eu quero café duplo, e você?


- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! =
Peço-lhe que me desculpe. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên-
cia de “fila”]
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
gramaticais podem aparecer como interjeições. os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
Viva! Basta! (Verbos) a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
Fora! Francamente! (Advérbios) trata de numerais, mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra- ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto! proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
dúzia, par, ambos(as), novena.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita-
tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bum- Classificação dos Numerais
ba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!,
etc. Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com sico: um, dois, cem mil, etc.
a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac) divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas da: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Leitura dos Numerais
Obrigadinho!
Separando os números em centenas, de trás para fren-
te, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas
Interjeições, leitura e produção de textos
e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses
conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela con-
Usadas com muita frequência na língua falada informal,
junção “e”.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos- 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos
tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali- e vinte e seis.
dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem Flexão dos numerais
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro-
conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter- centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
jeições presença constante nos textos publicitários. em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
são invariáveis.
Fonte: Os numerais ordinais variam em gênero e número:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. primeiro segundo milésimo
php primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sen-
tido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos

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LÍNGUA PORTUGUESA

sessenta sexagésimo - sessenta avos


setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor
de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância
em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

1. Combinação: A preposição não sofre alteração.


preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma
De + umas = dumas
Em + o(s) = no(s)
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num
Em + uma = numa
Em + uns = nuns
Em + umas = numas
A + à(s) = à(s)
Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposição + Pronomes Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.


De + ele(s) = dele(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + ela(s) = dela(s) tamento.
De + este(s) = deste(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + esta(s) = desta(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + esse(s) = desse(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + essa(s) = dessa(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + aquele(s) = daquele(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquela(s) = daquela(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + isto = disto Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isso = disso Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquilo = daquilo Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aqui = daqui Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aí = daí
De + ali = dali Fonte:
De + outro = doutro(s) http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s) Pronome
Em + esse(s) = nesse(s)
Em + aquele(s) = naquele(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
Em + aquela(s) = naquela(s) a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + isto = nisto de alguma forma.
Em + isso = nisso
Em + aquilo = naquilo A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus so-
A + aquele(s) = àquele(s)
nhos!
A + aquela(s) = àquela(s)
[substituição do nome]
A + aquilo = àquilo
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bo-
Dicas sobre preposição
nita!
[referência ao nome]
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Essa moça morava nos meus sonhos!
seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
para determiná-lo como um substantivo singular e femi- [qualificação do nome]
nino.
A dona da casa não quis nos atender. Grande parte dos pronomes não possuem significados
Como posso fazer a Joana concordar comigo? fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro- têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
curar um tratamento adequado. curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o os pronomes apresentam uma forma específica para cada
lugar e/ou a função de um substantivo. pessoa do discurso.
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
parte da família Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
/ Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se
das preposições: fala]
Destino = Irei para casa.
Modo = Chegou em casa aos gritos. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Lugar = Vou ficar em casa; [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. se fala]
Tempo = A prova vai começar em dois minutos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Pronome Oblíquo


variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
através do pronome seja coerente em termos de gênero sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, direto ou indireto) ou complemento nominal.
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
sa escola neste ano. variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância indica a função diversa que eles desempenham na oração:
adequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
[neste: pronome que determina “ano” = concordância marca o complemento da oração.
adequada] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
dância inadequada] tônicos.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Pronome Oblíquo Átono

Pronomes Pessoais São chamados átonos os pronomes oblíquos que não


são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
São aqueles que substituem os substantivos, indicando fraca: Ele me deu um presente.
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, figurado:
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e - 1ª pessoa do singular (eu): me
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou - 2ª pessoa do singular (tu): te
às pessoas de quem fala. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 1ª pessoa do plural (nós): nos
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 2ª pessoa do plural (vós): vos
ou do caso oblíquo. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Pronome Reto Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en-
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
Nós lhe ofertamos flores. acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a diretos como objetos indiretos.
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi- objetos diretos.
gurado: Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi-
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for-
- 1ª pessoa do singular: eu mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha,
- 2ª pessoa do singular: tu lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:
- 1ª pessoa do plural: nós - Trouxeste o pacote?
- 2ª pessoa do plural: vós - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 3ª pessoa do plural: eles, elas - Não contaram a novidade a vocês?
- Não, no-la contaram.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
como complementos verbais na língua-padrão. Frases como No português do Brasil, essas combinações não são
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego
aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas é muito raro.
na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. especiais depois de certas terminações verbais. Quando o
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro- lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal
nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró- é suprimida. Por exemplo:
prias formas verbais marcam, através de suas desinências, fiz + o = fi-lo
as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos fazeis + o = fazei-lo
boa viagem. (Nós) dizer + a = dizê-la

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na
tem + as = tem-nas

Pronome Oblíquo Tônico

Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por
esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As de-
mais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto.
Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.

Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, de-
verá ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco
e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
Ele carregava o documento consigo.

- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são
reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Pronome Reflexivo

São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da
oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

71
LÍNGUA PORTUGUESA

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.
A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso inter-
locutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em rela-
ção à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

72
LÍNGUA PORTUGUESA

NÚMERO PESSOA PRONOME Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar


singular primeira meu(s), minha(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer-
singular segunda teu(s), tua(s) sidade destinatária).
singular terceira seu(s), sua(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em parti-
plural primeira nosso(s), nossa(s) cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi-
plural segunda vosso(s), vossa(s) dade que envia a mensagem).
plural terceira seu(s), sua(s) No tempo:
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa refere ao ano presente.
gramatical a que se refere; o gênero e o número concor- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
dam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con- refere a um passado próximo.
tribuição naquele momento difícil. Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
está se referindo a um passado distante.
Observações:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resul- - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, invariáveis, observe:
seu José. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam Invariáveis: isto, isso, aquilo.
posse. Podem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
anos. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem que te indiquei.)
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, que o procuraram ontem.
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência
trouxe sua mensagem? - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram
o problema.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
anotações.
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir- Note que:
lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
Pronomes Demonstrativos salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex- é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de
espaço, no tempo ou discurso. - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
No espaço: tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
carro está perto da pessoa que fala. cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o pressentiam.
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da
pessoa que fala. - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
quem falo. faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
ela o fizesse.
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
pode causar ambiguidade. solteiro, aquele casado]

73
LÍNGUA PORTUGUESA

- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Indefinidos Sistemáticos


irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
= naquilo) sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Pronomes Indefinidos afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando e qualquer, que generaliza.
quantidade indeterminada. Essas oposições de sentido são muito importantes na
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
-plantadas. vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma de que fazem parte:
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- prático.
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- pessoas quaisquer.
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- Pronomes Relativos
guém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? São aqueles que representam nomes já mencionados
Quem avisa amigo é. anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade um grupo racial sobre outros.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
Cada povo tem seus costumes. tros = oração subordinada adjetiva).
Certas pessoas exercem várias profissões. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
ora pronomes indefinidos adjetivos: O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), me demonstrativo o, a, os, as.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, Não sei o que você está querendo dizer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), expresso.
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Quem casa, quer casa.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
riáveis e invariáveis. Observe: quantas.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne- Note que:
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
outras, quantas. tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, antecedente for um substantivo.
algo, cada. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= quais)
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
Cada um escolheu o vinho desejado. quais)

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi- impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, (e variações), quanto (e variações).
o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
geraria ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas preferes.
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e tos passageiros desembarcaram.
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou Sobre os pronomes
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, quando desempenha função de complemento. Vamos en-
dos quais, das quais. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. frase e que função exerce. Observe as orações:
(antecedente) (consequente) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- lhe ajudar.
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Emprestei tantos quantos foram necessários. Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
(antecedente) exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
Ele fez tudo quanto havia falado. reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
(antecedente) exercendo função de complemento, e, consequentemente,
é do caso oblíquo.
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
precedido de preposição. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
É um professor a quem muito devemos. a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
(preposição) devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).

- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- Importante: Em observação à segunda oração, o em-
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
casa onde morava foi assaltada. bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
ou em que. Eu desejo lhe perguntar algo.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Eu estou perguntando-lhe algo.
no exterior.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
lavras: diferentemente dos segundos que são sempre precedidos
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo de preposição.
como você agiu semana passada. - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po- eu estava fazendo.
díamos jogar videogame. - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim
o que eu estava fazendo.
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. Questões sobre Pronome
O futebol é um esporte.
O povo gosta muito deste esporte. 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
e da água faça em si diferença, as companhias não podem

75
LÍNGUA PORTUGUESA

suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por (A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se
tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto, que eles sejam sempre trazidos junto ao corpo.
elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém (B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa-
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada- ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas (C) Nos sentimos impotentes quando não consegui-
de crescimento verde sempre será a segunda opção. mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe
que abrisse a bolsa que encontrara.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re- (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma
ferem- -se, respectivamente, a tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
(A) dúvidas e preços. nos.
(B) dúvidas e insumos básicos.
(C) companhias e insumos básicos.
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
(D) companhias e preços do carbono e da água.
2013).
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
2013- adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o tre- prazo.
cho grifado está corretamente substituído por um prono- Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
me em: e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo A) a que … acaba … à
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo- B) com que … acabam … à
lhes desalentado C) de que … acabam … a
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem D) em que … acaba … a
de conhecê-lo? E) dos quais … acaba … à
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia ser-lhe 08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP
E) incomodaram o general... − incomodaram-no – 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e
respectivamente, as lacunas do trecho.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013- ______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava
correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada sujeito de forma cômica.
de modo INCORRETO em: A) Fazem... a ... de que
A) mostrando o rio= mostrando-o. B) Faz ...a ... que
B) como escolher sítio= como escolhê-lo. C) Fazem ...à ... com que
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes. D) Faz ...à ... que
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = E) Faz ...à ... a que
nada lhes acrescentariam.
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas. 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013).
lantes.
Assinale a alternativa em que o pronome destacado está
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
posicionado de acordo com a norma-padrão da língua.
beça...
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. grifados acima foram corretamente substituídos por um
pronome, na ordem dada, em:
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
alternativa cujo emprego do pronome está em conformi- (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
dade com a norma padrão da língua. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
lada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(D) Conformado, se rendeu às punições. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronomi- ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
nal, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. substituem, corretamente, os termos em destaque são:

76
LÍNGUA PORTUGUESA

A) os comprovam … ajudá-la. (D) O homem indignou-se quando lhe propuseram


B) os comprovam …ajudar-la. que abrisse a bolsa que encontrara.
C) os comprovam … ajudar-lhe. (E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
E) lhes comprovam … ajudá-la. nos.

GABARITO 7-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro-
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C dutos de que não necessitam e acabam tendo de
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A pagar tudo a prazo.

RESOLUÇÃO 8-)
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma
1-) jovem fazia referência à violência a que o brasileiro
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, estava sujeito de forma cômica.
não está claro até onde pode realmente chegar uma po- Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin-
lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade- gular
quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos 9-)
preços do carbono e da água faça em si diferença, as com- devoravam - verbo terminado em “m” = pronome
panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di- oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som- “lhe” é para objeto indireto
bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire-
to; “lhe” é para objeto indireto
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
sempre será a segunda opção.
10-)
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimen-
2-)
tos felizmente comprovam os acontecimentos, e testemu-
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
nhas vão ajudar a polícia na investigação.
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
felizmente os comprovam ... ajudá-la
desalentado
(advérbio)
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-las ?
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não Substantivo
parecia sê-lo
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
3-) tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
transpor [...] as matas espessas= transpô-las denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
nos, os substantivos também nomeiam:
4-) -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. -sentimentos: raiva, amor...
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. -estados: alegria, tristeza...
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. -qualidades: honestidade, sinceridade...
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança -ações: corrida, pescaria...

5-) Morfossintaxe do substantivo


(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba- Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
lada. geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
(D) Conformado, rendeu-se às punições. bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
(E) Todos querem que se combata a corrupção. bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva.
Pode ainda funcionar como núcleo do complemento no-
6-) minal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito,
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontra-
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. mos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. penhadas por grupos de palavras.

77
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Substantivos 3 - Substantivos Coletivos

1- Substantivos Comuns e Próprios Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou-
tra abelha, mais outra abelha.
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
(no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
uma cidade (em oposição aos bairros). Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas mais outra abelha...
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plu-
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo ral.
comum. No terceiro caso, empregou-se um substantivo no
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de singular (enxame) para designar um conjunto de seres da
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, mesma espécie (abelhas).
homem, mulher, país, cachorro. O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Estamos voando para Barcelona. Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es- da mesma espécie.
pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie Substantivo coletivo Conjunto de:
de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
2 - Substantivos Concretos e Abstratos acervo livros
antologia trechos literários selecionados
LÂMPADA MALA arquipélago ilhas
banda músicos
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com bando desordeiros ou malfeitores
existência própria, que são independentes de outros seres. banca examinadores
São substantivos concretos. batalhão soldados
cardume peixes
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que caravana viajantes peregrinos
existe, independentemente de outros seres. cacho frutas
cáfila camelos
Obs.: os substantivos concretos designam seres do cancioneiro canções, poesias líricas
mundo real e do mundo imaginário. colmeia abelhas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, chusma gente, pessoas
Brasília, etc. concílio bispos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- congresso parlamentares, cientistas.
ma, etc. elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
Observe agora: enxoval roupas
Beleza exposta falange soldados, anjos
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. fauna animais de uma região
feixe lenha, capim
O substantivo beleza designa uma qualidade. flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que girândola fogos de artifício
dependem de outros para se manifestar ou existir. horda bandidos, invasores
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser junta médicos, bois, credores, examina-
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa dores
ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para júri jurados
se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo legião soldados, anjos, demônios
abstrato. leva presos, recrutas
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- malta malfeitores ou desordeiros
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser manada búfalos, bois, elefantes,
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), matilha cães de raça
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral

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LÍNGUA PORTUGUESA

ninhada pintos Flexão de Gênero


nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos,
etc.) Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
penca bananas, chaves sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há
pinacoteca pinturas, quadros dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero
quadrilha ladrões, bandidos masculino os substantivos que podem vir precedidos dos
ramalhete flores artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
rebanho ovelhas O velho e o mar
récua bestas de carga, cavalgadura Um Natal inesquecível
repertório peças teatrais, obras musicais Os reis da praia
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
revoada pássaros podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
sínodo párocos A história sem fim
talha lenha Uma cidade sem passado
tropa muares, soldados As tartarugas ninjas
turma estudantes, trabalhadores
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
vara porcos
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no-
Formação dos Substantivos
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas for-
Substantivos Simples e Compostos mas, uma para o masculino e outra para o feminino. Obser-
ve: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a - prefeita
terra.
O substantivo chuva é formado por um único elemento Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam
ou radical. É um substantivo simples. uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:
Substantivo Simples: é aquele formado por um único
elemento. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- fêmea.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
Substantivos Primitivos e Derivados soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista.
Meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá... Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou sistema, o sintoma, o teorema.
de nenhum outro dentro de língua portuguesa. - Existem certos substantivos que, variando de gêne-
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor)
e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
(cidade)
substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão.
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou-
tra palavra. - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
- aluna.
Flexão dos substantivos - Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
masculino: freguês - freguesa
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por de três formas:
exemplo, pode sofrer variações para indicar: - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Plural: meninos Feminino: menina - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão A distinção de gênero pode ser feita através da análise
- sultana do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
- Substantivos terminados em -or: - uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora cês - repórter francesa
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz - A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros.
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn- a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
- duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini-
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não
final por -a: elefante - elefanta aceitam a personagem.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi- fotográfico Ana Belmonte.
no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca Observe o gênero dos substantivos seguintes:

- Substantivos que formam o feminino de maneira es- Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
czar – czarina réu - ré maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
Epicenos: cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso - São geralmente masculinos os substantivos de ori-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
para indicar o masculino e o feminino. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver ma, o hematoma.
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades

Sobrecomuns: Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.


Entregue as crianças à natureza. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- A acolhedora Porto Alegre.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Uma Londres imensa e triste.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se Maria.
Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
Outros substantivos sobrecomuns: no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
criatura. em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
Marcela faleceu marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi-
Comuns de Dois Gêneros: dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma

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LÍNGUA PORTUGUESA

(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de Plural dos Substantivos Compostos
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa que formam o composto e da relação que estabelecem en-
(recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva queres.
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala O plural dos substantivos compostos cujos elementos
(poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa- são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
voga (remador), a voga (moda, popularidade).
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados
Flexão de Número do Substantivo de:
Em português, há dois números gramaticais: o singular, substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica feitos
do plural é o “s” final. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
Plural dos Substantivos Simples numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon formados de:
- cânones. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
em “ns”: homem - homens. alto- -falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
de-colônia e águas-de-colônia
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara- substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul lo-vapor e cavalos-vapor
e cônsules. substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
duas maneiras: -relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
ca-rolhas
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
duas maneiras: - Casos Especiais
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o o louva-a-deus e os louva-a-deus
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- o bem-me-quer e os bem-me-queres
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural Plural das Palavras Substantivadas


de três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: O aluno errou na prova dos noves.
o látex - os látex. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou osso (ô) ossos (ó)


“z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui- ovo ovos
tos seis e alguns dez. poço poços
Plural dos Diminutivos porto portos
posto postos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final tijolo tijolos
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
pãe(s) + zinhos = pãezinhos sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne),
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
flore(s) + zinhas = florezinhas - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
mão(s) + zinhas = mãozinhas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
papéi(s) + zinhos = papeizinhos - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
funi(s) + zinhos = funizinhos - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
pai(s) + zinhos = paizinhos bom nome) e honras (homenagem, títulos).
pé(s) + zinhos = pezinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
pé(s) + zitos = pezitos com sentido de plural:
Aqui morreu muito negro.
Plural dos Nomes Próprios Personativos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
improvisadas.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
sempre que a terminação preste-se à flexão. Flexão de Grau do Substantivo
Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres. Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-
do normal. Por exemplo: casa
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce- do ser. Classifica-se em:
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
jazz. tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- cador de aumento. Por exemplo: casarão.
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, do ser. Pode ser:
os réquiens. Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
Observe o exemplo: que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Este jogador faz gols toda vez que joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. cador de diminuição. Por exemplo: casinha.

Plural com Mudança de Timbre Verbo

Certos substantivos formam o plural com mudança de Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa,
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
fonético chamado metafonia (plural metafônico). processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
Singular Plural ocorrência (nascer); desejo (querer).
corpo (ô) corpos (ó) O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
esforço esforços os seus possíveis significados. Observe que palavras como
fogo fogos corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
forno fornos ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
fosso fossos porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
imposto impostos possuem.
olho olhos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Estrutura das Formas Verbais ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Era primavera quando a conheci.
apresentar os seguintes elementos: Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói,
(radical fal-) “Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal
fala-r para ser pessoal.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (fa- Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
lar), 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
- I - (partir). Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: ** São impessoais, ainda:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) tempo: Já passa das seis.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de- 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin- de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas-
gular ou plural): fêmias.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda,
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação,
se, tais verbos, então, pessoais.
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente
apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
de “ser possível”. Por exemplo:
algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento plural.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por A fruta amadureceu.
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai As frutas amadureceram.
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende-
rão, nutriríamos. Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
Classificação dos Verbos receu bastante.

Classificam-se em: Entre os unipessoais estão os verbos que significam


- Regulares: são aqueles que possuem as desinências vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte- lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
rações no radical: canto cantei cantarei cantava
cantasse. Os principais verbos unipessoais são:
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse. (preciso, necessário, etc.):
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais bastante.)
e pessoais: Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são: 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- dos da conjunção que.
zar-se ou fazer (em orações temporais). Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) fumar.)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento
e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

84
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

85
LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula inte-
grante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia
reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

86
LÍNGUA PORTUGUESA

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o obje- 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
to representado por pronome oblíquo da mesma pessoa 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou tran- Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma
sitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os boa colocação.
pronomes mencionados, formando o que se chama voz
reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ou advérbio. Por exemplo:
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
Maria penteou-me. vérbio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de
Observações: adjetivo)
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
função sintática. curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
- Há verbos que também são acompanhados de pro- plo:
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- - Particípio: quando não é empregado na formação
plo: dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular nero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Modos Verbais
Quando o particípio exprime somente estado, sem
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis- função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
tem três modos: aluna escolhida para representar a escola.
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu
sempre estudo. Tempos Verbais
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade:
Talvez eu estude amanhã. Tomando-se como referência o momento em que se
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
agora, menino. tempos. Veja:

Formas Nominais 1. Tempos do Indicativo

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, colégio.
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
nominais. Observe: num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver- tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função rompido.
de substantivo. Por exemplo: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
Viver é lutar. (= vida é luta) momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) Ele estudou as lições ontem à noite.

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato


te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
exemplo: tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
É preciso ler este livro. posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Era preciso ter lido este livro. (forma simples).

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- atual: Ele estudará as lições amanhã.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:

87
LÍNGUA PORTUGUESA

- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu ti-
vesse dinheiro, viajaria nas férias.
2. Tempos do Subjuntivo

- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o
jogo.

Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por
exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

88
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

89
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

90
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Verbo 05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO


SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O
01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o crescimento econômico, se associado à ampliação do empre-
trecho a seguir. go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”,
É comum que objetos ___________ esquecidos em locais se passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as do indicativo, teremos a forma:
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, A) puder.
conservando-os junto ao corpo. B) poderia.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti- C) pôde.
vamente, as lacunas do texto. D) poderá.
(A) sejam … mantesse E) pudesse.
(B) sejam … mantivessem
06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al-
(C) sejam … mantém
ternativa em que todos os verbos estão empregados de
(D) seja … mantivessem acordo com a norma- -padrão.
(E) seja … mantêm (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da
impressão definitiva.
02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adapta- (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
da) silêncio.
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra-
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a balhar no feriado.
uma exigência de concordância. Assinale a alternativa cor- (D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
reta em relação ao emprego desse mesmo verbo. (E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. ra a seu superior.
b) O jovem têm um grande desafio pela frente.
c) As pessoas tem muitos planos. 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.)
d) A mentira tem perna curta. Assinale a alternativa que substitui, corretamente e sem al-
terar o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem criança se perder, quem encontrá-la verá na pulseira ins-
querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um truções para que envie uma mensagem eletrônica ao gru-
po ou acione o código na internet.
ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante
(A) Caso a criança se havia perdido…
da pergunta “débito ou crédito?”.
(B) Caso a criança perdeu…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (C) Caso a criança se perca…
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. (D) Caso a criança estivera perdida…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido (E) Caso a criança se perda…
dela.
(C) adotar como referência de qualidade. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
(D) julgar de acordo com normas legais. 2013-adap.). Assinale a alternativa em que o verbo desta-
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. cado está no tempo futuro.
A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- B) … somente eles podem decidir se irão ou não com-
ternativa contendo a frase do texto na qual a expressão prar.
verbal destacada exprime possibilidade. C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces-
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- sidades”…
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras D) … de onde vem o produto…?
literárias... E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa-
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/
2017-adaptada)
arquivo virtual.
A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares,
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por
pode causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha
associação, e não mais por sequências fixas previamente mãe sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sen-
estabelecidas. tido, assinale a alternativa em que se indica INCORRETA-
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse MENTE a sua flexão.
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- a) queres – Presente do Indicativo.
dade... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... d) queira – Presente do Subjuntivo.
e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.

91
LÍNGUA PORTUGUESA

10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN- 6-)


CIÁRIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir. (B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- silêncio.
deira no animal. (C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a
II. Existiam muitos ferimentos no boi. trabalhar no feriado.
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida (D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
movimentada. (E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re-
Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este queira a seu superior.
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
A) Existia – Haviam – Existiam 7-)
B) Existiam – Havia – Existiam Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve
C) Existiam – Haviam – Existiam uma grande perda salarial...)
D) Existiam – Havia – Existia
E) Existia – Havia – Existia 8-)
A) Os consumidores são assediados pelo marketing =
GABARITO presente
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi-
01. B 02. D 03. E 04. B 05. B dades”… = pretérito do Subjuntivo
06. A 07. C 08. B 09. B 10. D D) … de onde vem o produto…? = presente
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… =
RESOLUÇÃO pretérito perfeito

1-) 9-)
É comum que objetos sejam esquecidos em locais Vamos aos itens:
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu que-
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus res - correta.
b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu que-
pertences, conservando-os junto ao corpo.
reria, tu quererias, ele quereria - incorreta.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo =
2-)
eu quisera, ele quisera – correta.
Analisemos:
d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira,
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a so-
que tu queiras, que ele queira - correta
ciedade tem (verbo no singular)
e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o
quisesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
jovem tem (verbo no singular)
RESPOSTA: B
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm
(verbo no plural) 10-)
d) A mentira tem perna curta. = correta I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de
RESPOSTA: D madeira no animal.
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
3-) III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- movimentada.
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. existir = variável. Portanto, temos:
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de I – Existiam onze pessoas...
classificar segundo ideias preconcebidas. II – Havia muitos ferimentos...
III – Existia muita gente...
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Vozes do Verbo
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo
para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente
5-) da ação. São três as vozes verbais:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes- Ele fez o trabalho.
soa do singular (ele) = poderia. sujeito agente ação objeto (paciente)

92
LÍNGUA PORTUGUESA

- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la-
ação expressa pelo verbo. Por exemplo: tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
O trabalho foi feito por ele. nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem
sujeito paciente ação agente da passiva o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen- elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: e AGENTE DA PASSIVA.
O menino feriu-se.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com
a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
outro) tancialmente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Formação da Voz Passiva Sujeito da Ativa objeto Direto

A voz passiva pode ser formada por dois processos: A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
analítico e sintético. siva)
1- Voz Passiva Analítica Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-
pio do verbo principal. Por exemplo: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
A escola será pintada. sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
O trabalho é feito por ele. assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Observe mais exemplos:
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado
nos.
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda-
mestres.
dos.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
- Eu o acompanharei.
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. Ele será acompanhado por mim.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma- Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
ção das frases seguintes: não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
cativo) Saiba que:
- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) xivos, são chamados neutros.
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) O vinho é bom.
Aqui chove muito.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. cido.)
Observe a transformação da frase seguinte: És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) - Inversamente, usamos formas ativas com sentido
passivo:
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva ana- Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
lítica com outros verbos que podem eventualmente funcionar Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença.
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
2- Voz Passiva Sintética cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com sujeito é paciente.
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Chamo-me Luís.
Por exemplo: Batizei-me na Igreja do Carmo.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Operou-se de hérnia.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Vacinaram-se contra a gripe.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
sintética. morf54.php

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Vozes dos Verbos a) se constituiu.


b) chegou a ser constituído.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- c) teria chegado a constituir.
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados d) chega a se constituir.
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é e) chegaria a ser constituído.
(A) adjunto adnominal. 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
(B) sujeito paciente. CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis-
(C) objeto indireto. tintamente as músicas produzidas no interior do país...
(D) complemento nominal. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
(E) agente da passiva. ma verbal resultante será:
(A) vinham indicadas.
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS- (B) era indicado.
TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela (C) eram indicadas.
raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva, (D) tinha indicado.
a forma verbal resultante será: (E) foi indicada.
(A) era abatido.
(B) fora abatido. 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
(C) abatera-se. PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
(D) foi abatido. adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
(E) tinha abatido em:
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di-
... valores e princípios que sejam percebidos pela socie- nheiro”
dade como tais. (C) “enviar o brinquedo por sedex”
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas- (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de
sará a ser, corretamente, Defesa do Consumidor”
(A) perceba. (E) “A empresa fez campanha para recolher”
(B) foi percebido.
(C) tenham percebido. 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010)
(D) devam perceber. Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde
(E) estava percebendo. vim a entender a tradução completa, a forma verbal resul-
tante será:
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
(A) veio a ser entendida.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas
(B) teria entendido.
pela multidão...
(C) fora entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci-
(D) terá sido entendida.
ma para a voz ativa é:
(E) tê-la-ia entendido.
(A) ocupava-se.
(B) ocupavam.
10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(C) ocupou.
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAP-
(D) ocupa.
TADA)
(E) ocupava.
... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) Mulheres.
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
está em: ma verbal resultante será:
(A) Quando Rodolfo surgiu... (A) foi empreendida.
(B) ... adquiriu as impressoras... (B) são empreendidos.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. (C) foi empreendido.
(D) ... acolheu-o como patrono. (D) é empreendida.
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do (E) são empreendidas.
Recife ...
GABARITO
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a 01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ... 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
ma verbal resultante é:

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 10-)
ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
1-) Mulheres.
No enunciado temos uma oração com a voz passiva A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira
do verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto quase clandestina.
Sou da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz”
funciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua
função é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO. PERÍODO
dados”. COMPOSTO (COORDENAÇÃO E
2-) SUBORDINAÇÃO).
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele
foi abatido...
Frase, período e oração:
3-)
... valores e princípios que sejam percebidos pela so- Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, esta-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza
princípios... emoções.
Normalmente a frase é composta por dois termos – o
4-) sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tem-
na passiva, um verbo na ativa: po que não chove.
A multidão ocupava as ruas.
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela
5-) entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais
B = as impressoras foram adquiridas... de pontuação.
C = família numerosa é sustentada... Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
verbais e nominais, feita a partir de seus elementos consti-
D – foi acolhido como patrono...
tuintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
global:
- frases interrogativas: o emissor da mensagem formu-
6-) la uma pergunta: Que queres fazer?
O engajamento moral e político não chegou a consti- - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois ordem ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, sair!
um deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado
infinitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) fi- afetivo: Que dia difícil!
cará no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual - frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já
de Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... chegou.

7-) Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem


’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produ- verbo (oração) são estruturadas por dois elementos essen-
zidas no interior do país. ciais: sujeito e predicado. O sujeito é o termo da frase que
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo concorda com o verbo em número e pessoa. É o “ser de
sertanejo, indistintamente. quem se declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
O predicado é a parte da frase que contém “a informação
nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema, constituindo a
8-)
declaração do que se atribui ao sujeito.
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome,
nheiro” = voz ativa teremos um predicado nominal:
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de de opinião.
Defesa do Consumidor” = voz passiva A existência é frágil.
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa
A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período
9-) (simples) quando encerra um pensamento completo e vem
Mais tarde vim a entender a tradução completa... limitada por ponto-final, ponto de interrogação, ponto de
A tradução completa veio a ser entendida por mim. exclamação e por reticências.
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Acima temos três orações correspondentes a três pe- Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos:
ríodos simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do
é frase: “convém que te apresses” apresenta duas orações, sujeito.
mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que Um sujeito é determinado quando é facilmente iden-
traduz um pensamento completo. tificável pela concordância verbal. O sujeito determinado
Outra definição para oração é a frase ou membro de pode ser simples ou composto.
frase que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
sempre um verbo (ou locução verbal), que implica na exis- possível identificar claramente a que se refere a concor-
tência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte-
um sujeito. ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um Estão gritando seu nome lá fora;
verbo. Dessa forma: Trabalha-se demais neste lugar.
Rua! = é uma frase, não é uma oração.
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfei- O sujeito simples é o sujeito determinado que possui
tar a noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: um único núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou
As duas últimas orações não são frases, pois em si mesmas no plural; pode também ser um pronome indefinido.
não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto, Nós nos respeitamos mutuamente;
membros de frase. A existência é frágil;
Ninguém se move;
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída O amar faz bem.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- O sujeito composto é o sujeito determinado que pos-
tido completo. O período pode ser simples ou composto. sui mais de um núcleo.
Período simples é aquele constituído por apenas uma Alimentos e roupas andam caríssimos;
oração, que recebe o nome de oração absoluta. Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
Chove. O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma
A existência é frágil. moeda.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
opinião. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
referência ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo
Período composto é aquele constituído por duas ou do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
mais orações: pela desinência verbal ou pelo contexto.
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” Abolimos todas as regras. = (nós)
Cantei, dancei e depois dormi.
O sujeito indeterminado surge quando não se quer
Termos essenciais da oração: ou não se pode identificar claramente a que o predicado
da oração refere--se. Existe uma referência imprecisa ao
O sujeito e o predicado são considerados termos es- sujeito, caso contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
senciais da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos Na língua portuguesa o sujeito pode ser indetermina-
indispensáveis para a formação das orações. No entanto, do de duas maneiras:
existem orações formadas exclusivamente pelo predicado. - com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o
O que define, pois, a oração, é a presença do verbo. sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
O sujeito é o termo que estabelece concordância com Bateram à porta;
o verbo. Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.” nistro.
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.
- com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. do pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos
Minha e primeira referem-se ao conceito básico expresso que não apresentam complemento direto:
em lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, Precisa-se de mentes criativas;
sendo, por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do Vivia-se bem naqueles tempos;
sujeito relaciona-se com o verbo, estabelecendo a concor- Trata-se de casos delicados;
dância. Sempre se está sujeito a erros.
A função do sujeito é basicamente desempenhada por
substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora- O pronome se funciona como índice de indetermina-
ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras ção do sujeito.
palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
dem exercer a função de sujeito. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
Ele já partiu; cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
Os dois sumiram; sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
Um sim é suave e sugestivo. sos de orações sem sujeito com:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- os verbos que indicam fenômenos da natureza: Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Amanheceu repentinamente; isto é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao
Está chuviscando. predicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
do sujeito:
- os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam “Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
geral: Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por
Está tarde. estar, andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando
Ainda é cedo. como elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
Já são três horas, preciso ir; relacionadas.
Faz frio nesta época do ano; A função de predicativo é exercida normalmente por um
Há muitos anos aguardamos mudanças significativas; adjetivo ou substantivo.
Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predi-
dada oração contém a informação nova para o ouvinte. cado verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito
Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enun- ou ao complemento verbal.
cia um fato qualquer: O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signifi-
Chove muito nesta época do ano; cativo, indicando processos. É também sempre por intermé-
Houve problemas na reunião. dio do verbo que o predicativo se relaciona com o termo a
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se refere.
que se declara a respeito desse sujeito. O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte,
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu predi-
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
cado.
ção. Esse predicado poderia ser desdobrado em dois, um
Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predica-
verbal e outro nominal:
do);
O dia amanheceu;
Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo
O dia estava ensolarado.
pensamento (predicado).
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se complemento homens como o predicativo inconstantes.
seu núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se consi-
derar também se as palavras que formam o predicado re- Termos integrantes da oração:
ferem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
mulheres de opinião. complemento nominal são chamados termos integrantes da
oração.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
direta ou indiretamente ao verbo. Esses verbos podem se relacionar com seus complementos
A existência (sujeito) é frágil (predicado). diretamente, sem a presença de preposição ou indiretamen-
te, por intermédio de preposição.
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao O objeto direto é o complemento que se liga direta-
sujeito da oração. O verbo atua como elemento de ligação mente ao verbo.
entre o sujeito e a palavra a ele relacionada. Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo Dou-lhes três.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano;
Senti seu toque suave; O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
O velho prédio foi demolido. - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro- Amar a Deus;
cessos. Adorar a Xangô;
Estimar aos pais.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; esse nome atribui uma qualidade - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo tratamento:
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro Não excluo a ninguém;
nome da oração por meio de um verbo. Não quero cansar a Vossa Senhoria.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- para evitar ambiguidade: O adjunto adnominal é o termo acessório que deter-


Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função
seria outra) adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
O objeto indireto é o complemento que se liga indire- atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e
tamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. os pronomes adjetivos.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres; O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
Os homens pedem-lhes amor sincero; amigo de infância.
Gosto de música popular brasileira.
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substan-
O termo que integra o sentido de um nome chama-se tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
complemento nominal. O complemento nominal liga-se cativo do objeto liga-se ao objeto por meio de um verbo.
ao nome que completa por intermédio de preposição: O poeta português deixou uma obra originalíssima.
Desenvolvemos profundo respeito à arte; O poeta deixou-a.
A arte é necessária à vida; (originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
Tenho-lhe profundo respeito. junto adnominal)
O poeta português deixou uma obra inacabada.
Termos acessórios da oração e vocativo: O poeta deixou-a inacabada.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do
Os termos acessórios recebem esse nome por serem objeto)
acidentais, explicativos, circunstanciais. São termos acessó- Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um
rios o adjunto adverbial, adjunto adnominal, o aposto e o substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal rela-
vocativo. ciona-se apenas ao substantivo.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida num termo
ca uma circunstância do processo verbal, ou intensifica o
que exerça qualquer função sintática.
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalen-
te ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
adverbial são:
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. lor na oração, em:
- afirmação: Sim, realmente irei partir. a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
- assunto: Falavam sobre futebol. nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… mundo.
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro coisas: amor, arte, ação.
dia. c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. tudo isso forma o carnaval.
- dúvida: Talvez nos deixem entrar. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- fim: Estudou para o exame. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- frequência: Sempre aparecia por lá.
- instrumento: Fez o corte com a faca. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- intensidade: Corria bastante. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. A função de vocativo é substantiva, cabendo a subs-
- lugar: Vou à cidade. tantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. tantivadas esse papel na linguagem.
- meio: Viajarei de trem. João, venha comigo!
- modo: Foram recrutados a dedo. Traga-me doces, minha menina!
- negação: Não há ninguém que mereça.
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbi- PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
tantes.
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por O período composto caracteriza-se por possuir mais
privilégios econômicos. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Estou comprando um protetor solar, depois irei à Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
praia. (Período Composto =locução verbal, verbo, duas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
orações) seja...seja.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras
ções). diferentes.
Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quar-
Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma to.
oração. Isso implica que o primeiro exemplo é um perío-
do simples, pois tem apenas uma oração, os dois outros
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
exemplos são períodos compostos, pois têm mais de uma
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
entre as orações de um período composto: uma relação de Passei no concurso, portanto irei comemorar.
coordenação ou uma relação de subordinação. Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de A situação é delicada; devemos, pois, agir
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am-
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
(Período Composto) de, pois (anteposto ao verbo).
Podemos dizer: Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
1. Estou comprando um protetor solar. Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
2. Irei à praia. Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Separando as duas, vemos que elas são independentes. mingo.
É esse tipo de período que veremos agora: o Período
Composto por Coordenação. PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
Sindéticas.
“Eu sinto que em meu gesto existe o
Coordenadas Assindéticas teu gesto.”
São orações coordenadas entre si e que não são liga- Oração Principal Oração Subordinada
das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
tas. Observe que na oração subordinada temos o verbo
“existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Coordenadas Sindéticas do presente do indicativo. As orações subordinadas que
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en- apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tem-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor- pos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são
denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas.
uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são Podemos modificar o período acima. Veja:
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna- Eu sinto existir em meu gesto o teu
tivas, conclusivas e explicativas. gesto.
Oração Principal Oração Subordinada
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu
só... como, assim... como. sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
Não só cantei como também dancei.
subordinada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que
Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo.
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan- surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão. não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzi-
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. das ou implícitas.
Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan- Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por
çando. conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à mente, introduzidas por preposição.
praia.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub-


jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes-
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- soa do singular.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte-
grante (que, se). b) Objetiva Direta
Suponho que você foi à biblioteca hoje. A oração subordinada substantiva objetiva direta exer-
Oração Subordinada Substantiva ce função de objeto direto do verbo da oração principal.
Todos querem sua aprovação no concurso.
Você sabe se o presidente já chegou? Objeto Direto
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
querem isso)
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
como). Veja os exemplos: Objetiva Direta
O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Subs- As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
tantiva desenvolvidas são iniciadas por:
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Não sabemos por que a vizinha se mudou. “se”: A professora verificou se todos alunos estavam presen-
Oração Subordinada Substantiva tes.
Classificação das Orações - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
Subordinadas Substantivas vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
De acordo com a função que exerce no período, a ora-
ção subordinada substantiva pode ser: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
a) Subjetiva Eu não sei por que ela fez isso.
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito
do verbo da oração principal. Observe:
c) Objetiva Indireta
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
A oração subordinada substantiva objetiva indireta
Sujeito
atua como objeto indireto do verbo da oração principal.
É fundamental que você compareça à reunião. Vem precedida de preposição.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto
Atenção:
Observe que a oração subordinada substantiva pode Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai in-
ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um pe- siste nisso)
ríodo simples: Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exerce- na oração.
rá a função de sujeito Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração Oração Subordinada Substantiva Objetiva
principal: Indireta
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do
d) Completiva Nominal
tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
A oração subordinada substantiva completiva nominal
claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa. completa um nome que pertence à oração principal e tam-
bém vem marcada por preposição.
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se Sentimos orgulho de seu comportamento.
- Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado Complemento Nominal
- Ficou provado
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Sentimos orgulho de que você se comportou. (Senti-
mos orgulho disso.)
- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - Oração Subordinada Substantiva Completiva No-
importar - ocorrer - acontecer minal
Convém que não se atrase na entrevista.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- Esta foi uma redação que fez sucesso.
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
que orações subordinadas substantivas completivas nomi-
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen- jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
o segundo, um nome. função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
seria exercido pelo termo que o antecede.
e) Predicativa Obs.: para que dois períodos se unam num período
A oração subordinada substantiva predicativa exerce composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi- Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reco-
nhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser subs-
pal e vem sempre depois do verbo ser.
tituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência.
Refiro-me ao aluno que é estudioso.
Predicativo do Sujeito
Essa oração é equivalente a:
Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo
era isso) Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Oração Subordinada Substantiva Predica-
tiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
“de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
fui bem na prova. reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
f) Apositiva (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
A oração subordinada substantiva apositiva exerce verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
função de aposto de algum termo da oração principal. particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.) jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
Oração Subordinada Substantiva dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re-
Apositiva lativo e seu verbo está no infinitivo.
reduzida de infinitivo
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos!
Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
(:)
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa,
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As também orações que realçam um detalhe ou amplificam
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem dados sobre o antecedente, que já se encontra suficien-
a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe temente definido, as quais denominam-se subordinadas
o exemplo: adjetivas explicativas.
Exemplo 1:
Esta foi uma redação bem-sucedida. Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
Substantivo Adjetivo (Adjunto Ad- homem que passava naquele momento.
nominal) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo Nesse período, observe que a oração em destaque res-
adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa- se de um homem específico, único. A oração limita o uni-
pel. Veja: verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento.

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo 2: Circunstâncias Expressas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age pelas Orações Subordinadas Adverbiais
animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa a) Causa
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido provoca um determinado fato, ao motivo do que se declara
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar acontecimento”.
contida no conceito de “homem”. Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, introduzido na oração anteposta à oração principal), pois,
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pon- pois que, já que, uma vez que, visto que.
tuação seja indicada como forma de diferenciar as orações
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sem-
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al-
pre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
ternativa a não ser cancelá-lo.
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS Já que você não vai, eu também não vou.

Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce b) Consequência


a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. As orações subordinadas adverbiais consecutivas ex-
Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, primem um fato que é consequência, que é efeito do que
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, se declara na oração principal. São introduzidas pelas con-
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas junções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
(com exclusão das integrantes). Classifica-se de acordo com que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...
a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz. que.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Oração Subordinada Adverbial É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa
dor.)
Observe que a oração em destaque agrega uma cir- Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
cunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração su- cretizando-os.
bordinada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi-
termos acessórios que indicam uma circunstância referente, da de Infinitivo)
via de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
bial depende da exata compreensão da circunstância que c) Condição
exprime. Observe os exemplos abaixo: Condição é aquilo que se impõe como necessário para
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de a realização ou não de um fato. As orações subordinadas
minha vida. adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor-
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres-
minha vida. so na oração principal.
Principal conjunção subordinativa condicional: SE
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que,
adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
segundo período, esse papel é exercido pela oração “Quan-
do vi a estátua”, que é, portanto, uma oração subordina- sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
da adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, pois é Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e certamente o melhor time será campeão.
apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, ob- contrato.
tendo-se: Caso você se case, convide-me para a festa.
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de
minha vida. d) Concessão
As orações subordinadas adverbiais concessivas in-
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma dicam concessão às ações do verbo da oração principal,
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). quebra de expectativa.
Obs.: a classificação das orações subordinadas adver- Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
biais é feita do mesmo modo que a classificação dos ad- Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu-
juntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos-
oração. to que, apesar de que.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Só irei se ele for. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-


A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” nal: À PROPORÇÃO QUE
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
Compare agora com: que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Irei mesmo que ele não vá. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
cessiva. tões.
Observe outros exemplos: Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Embora fizesse calor, levei agasalho. Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me-
tade da população continua à margem do mercado de con- i) Tempo
sumo. As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embo-
centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
ra não estudasse). (reduzida de infinitivo)
principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
terioridade ou posterioridade.
e) Comparação
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
As orações subordinadas adverbiais comparativas es-
tabelecem uma comparação com a ação indicada pelo ver- Outras conjunções subordinativas temporais: enquan-
bo da oração principal. to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Ele dorme como um urso. Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo: Mal você saiu, ela chegou.
Agem como crianças. (agem) Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Oração Subordinada Adverbial Comparativa nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

No entanto, quando se comparam ações diferentes,


isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
(comparação do verbo falar e do verbo fazer).

f) Conformidade
As orações subordinadas adverbiais conformativas in- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re- que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
gra, um modelo adotado para a execução do que se decla- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
ra na oração principal. vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
Principal conjunção subordinativa conformativa: CON- mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
FORME
Outras conjunções conformativas: como, consoante e Regência Verbal
segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Termo Regente: VERBO
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
direitos iguais.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
g) Finalidade
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração adverbiais).
principal. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a conhecermos as diversas significações que um verbo pode
locução conjuntiva para que. assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos. posição. Observe:
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
entrasse. contentar.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
h) Proporção agrado ou prazer”, satisfazer.
As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex- Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao “agradar a alguém”.
expresso na oração principal.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido do que se está sendo Amam aquele rapaz. / Amam-no.
dito. Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- adnominais).
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín- reira)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns mor)
verbos, e a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Verbos Transitivos Indiretos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de Os verbos transitivos indiretos são complementados
diferentes formas em frases distintas. por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
Verbos Intransitivos regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re-
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos
- Chegar, Ir
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
lhe, lhes.
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
indicar destino ou direção são: a, para.
- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
tos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
- Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Eles desobedeceram às leis do trânsito.
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
último jogo. posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.
Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao em- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
pregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pro- siva analítica. Veja:
nomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas O questionário foi respondido corretamente.
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e te.
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando- - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad- tos introduzidos pela preposição “com”.
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, Antipatizo com aquela apresentadora.
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, nam para uma minoria privilegiada.
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos licença estiver subentendida.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos: Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Objeto Indireto Objeto Direto tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Paguei o débito ao cobrador. - A construção “dizer para”, também muito usada po-
Objeto Direto Objeto Indireto pularmente, é igualmente considerada incorreta.

- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Preferir


com particular cuidado. Observe: Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Prefiro trem a ônibus.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Paguei minhas contas. / Paguei-as. vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. prefixo existente no próprio verbo (pre).
Informar Mudança de Transitividade X Mudança de Signifi-
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto cado
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os novos preços aos clientes. dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
preços) guístico muito importante, pois além de permitir a correta
- Na utilização de pronomes como complementos, veja interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
as construções: expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais,
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. estão:
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so- AGRADAR
bre eles) - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
nhos, acariciar.
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, pre- quando o revê.
venir. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
introduzido pela preposição “a”.
indireto.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
O cantor não lhes agradou.
criança.
ASPIRAR
Pedir - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
Objetiva Direta (s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)

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LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR b) Ter como consequência, trazer como consequência,


- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure-
tar assistência a, auxiliar. Por exemplo: cimento político de um povo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. - Como transitivo direto e indireto, significa compro-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- econômicas.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
Não assisti às últimas sessões. sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Essa lei assiste ao inquilino. quem não trabalhasse arduamente.

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é PROCEDER


intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
conturbada cidade. agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
de adjunto adverbial de modo.
CHAMAR As afirmações da testemunha procediam, não havia
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, como refutá-las.
solicitar a atenção ou a presença de. Você procede muito mal.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
má-la. - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
O delegado procederá ao inquérito.
cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
QUERER
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
vontade de, cobiçar.
CUSTAR
Querem melhor atendimento.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Queremos um país melhor.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
Frutas e verduras não deveriam custar muito. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Quero muito aos meus amigos.
ou transitivo indireto. Ele quer bem à linda menina.
Muito custa viver tão longe da família. Despede-se o filho que muito lhe quer.
Verbo Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva VISAR
Intransitivo Reduzida de Infinitivo - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O homem visou o alvo.
atitude. O gerente não quis visar o cheque.
Objeto Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
Indireto Reduzida de Infinitivo objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado público.
por pessoa. Observe:
Custei para entender o problema. ESQUECER – LEMBRAR
Forma correta: Custou-me entender o problema. - Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (prono-
IMPLICAR minal)
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
implicavam um firme propósito. exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve altera-
ção de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de

107
LÍNGUA PORTUGUESA

Análogo a Fácil de Preferível a


Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).


... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí...
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador...

04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).


... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da frase acima se encontra em:
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo latino dirigere...
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades...
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento de justiça.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter- C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa criar logotipos e negociar.
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência D) O taxista levou o autor a indagar no número de
nominal e à pontuação. tomadas do edifício.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço parasse a um prédio na marginal.
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
do que em outros. 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um língua e sem alteração de sentido.
exemplo!, do que em outros. Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- direitos dos trabalhadores domésticos.
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o A) da
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um B) na
exemplo, do que em outros. C) pela
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- D) sob a
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço E) sobre a
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
– do que em outros. GABARITO
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan- 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem- 06. A 07. C 08. A 09. C
plo) do que em outros. RESOLUÇÃO
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina- 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em outras ciências ...
destaque. Facilitar – verbo transitivo direto
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de li-
responsabilidade pelo problema. gação
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo
se perdido.
de ligação
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran-
de um índio na porta do prédio.
sitivo direto e indireto
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro =
perdido de sua família.
verbo transitivo indireto
(E) A família toda se organizou para realizar a procura
à garotinha.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale nos filhos do sueco.
a alternativa que completa, correta e respectivamente, as Pedir = verbo transitivo direto e indireto
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência. A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran-
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já sitivo direto
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia. ligação
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que C) ...compareceu em companhia da mulher à delega-
a mídia pode exercer sobre os jovens. cia... =verbo intransitivo
A) dos … na E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi-
B) nos … entre a mento. =transitivo direto
C) aos … para a
D) sobre os … pela 3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
E) pelos … sob a em partes desiguais...
Constar = verbo intransitivo
08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha-
Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão do nos troncos mais robustos. =ligação
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta- C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal. rientam, não raro, quem... =transitivo direto
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
de dez mil tomadas. na serra de Tunuí... = transitivo direto
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto

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LÍNGUA PORTUGUESA

4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...


Lidar = transitivo indireto CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
sociedades... =transitivo direto
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
pela justiça. =ligação Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- nos referindo à relação de dependência estabelecida entre
ções da justiça... =transitivo direto e indireto um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o feita, os agentes principais desse processo são representa-
sentimento de justiça. =transitivo direto dos pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante;
e o verbo, o qual desempenha a função de subordinado.
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- Dessa forma, temos que a concordância verbal carac-
teriza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os que-
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
sitos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifi-
gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
cando, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe-
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon- rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como
tuação) poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
à pontuação) Casos referentes a sujeito simples
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi-
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
exemplo) do que em outros.
6-) 2) Nos casos referentes a sujeito representado por
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pes-
ter se perdido. soa do singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de Observação:
um índio na porta do prédio. - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per- adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
dido de sua família. poderá ir para o plural:
(E) A família toda se organizou para realizar a procura Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
pela garotinha. Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.

7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re- 3) Quando o sujeito é representado por expressões
portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte
imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela de, a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto
mídia. pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol-
que a mídia pode exercer sobre os jovens. veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar.

4) No caso de o sujeito ser representado por expres-


8-)
sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
o verbo concorda com o substantivo determinado por elas:
ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso.
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
criar logotipos e negociar. 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
tomadas do edifício. de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re- Observação:
parasse em um prédio na marginal. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de necessariamente, deverá permanecer no plural:
direitos dos trabalhadores domésticos. Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram
na campanha de doação de alimentos.
Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
dades de formatura.

6) Quando o sujeito for composto da expressão “um


dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
um dos que atuaram na Copa América.

110
LÍNGUA PORTUGUESA

7) Em casos relativos à concordância com locuções Casos referentes a sujeito composto


pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no tando relacionado a dois pressupostos básicos:
plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
o receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexio-
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- nar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- primos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa dois filhos compareceram ao evento.
do singular ou poderá concordar com o antecedente desse
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. com mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no
singular: Meu esposo e grande companheiro merece toda a
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- felicidade do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de
Observações: meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre-
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- miação é fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- demais termos da oração para que concordem em gênero
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire- e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan-
toria. to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. me concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre-
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade regra geral mostrada acima.
agradeceu o convite. a) Um adjetivo após vários substantivos
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver-
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis. - Ela tem pai e mãe louros.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe loura.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po-
tência mundial. - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que mente para o plural.
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados - O homem e o menino estavam perdidos.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

111
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos j) Menos, alerta


- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o - Em todas as ocasiões são invariáveis.
mais próximo. Preciso de menos comida para perder peso.
Comi delicioso almoço e sobremesa. Estamos alerta para com suas chamadas.
Provei deliciosa fruta e suco.
k) Tal Qual
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. com o consequente.
Estavam feridos o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Estava ferido o pai e os filhos. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo l) Possível
- antecede todos os adjetivos com um artigo. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me-
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex-
pressões.
- coloca o substantivo no plural.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em-
d) Pronomes de tratamento presa.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. As piores situações possíveis são encontradas nas fave-
Vossa Santidade esteve no Brasil. las da cidade.

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado m) Meio


- Concordam com o substantivo a que se referem. - Como advérbio: invariável.
As cartas estão anexas. Estou meio (um pouco) insegura.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios. - Como numeral: segue a regra geral.
Obrigado, disse o rapaz. Comi meia (metade) laranja pela manhã.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) n) Só


- Após essas expressões o substantivo fica sempre no - apenas, somente (advérbio): invariável.
singular e o adjetivo no plural. Só consegui comprar uma passagem.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. - sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre- Fonte:
cedido de artigo ou outro determinante. http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-
Canja é bom. / A canja é boa. verbal.htm
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en- Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
trada é proibida.
h) Muito, pouco, caro
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
- Como adjetivos: seguem a regra geral.
cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim. frase:
Os sapatos estavam caros. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
lores que determinam as escolhas dos governantes, para
- Como advérbios: são invariáveis. conferir legitimidade a suas decisões.
Comi muito durante a viagem. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. vem ser embasados na percepção dos valores e princípios
Comprei caro os sapatos. que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadei-
i) Mesmo, bastante ro regime democrático, em que se respeita tanto as liber-
- Como advérbios: invariáveis dades individuais quanto as coletivas.
Preciso mesmo da sua ajuda. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimi-
nadas de um único poder central.
- Como pronomes: seguem a regra geral. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. niões existentes na sociedade.

112
LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con- (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
em: cos ser quantificados.
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo- até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au- sicos sejam quantificado.
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
B) Obras que se considera clássicas na literatura sem- trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
pre delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o mos básicos seja quantificado.
leitor ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-pri- trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ma. os insumos básicos.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega-
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
tiva...
leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi-
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
ficação do continente americano (2,0)...
tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. exemplos, em:
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o
constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
responder à questão. (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti- (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados também existem umas que não merecem nossa atenção.
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
carbono e da água em si ___________diferença, as compa- 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara- peregrinação.
ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra. O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu-
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira ral caso o segmento grifado seja substituído por:
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem (A) Há folheteiros que
eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre (B) A maior parte dos folheteiros
___________ a segunda opção. (C) O folheteiro e sua família
(Carta Capital, (D) O grosso dos folheteiros
27.06.2012. Adaptado) (E) Cada um dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
pectivamente, com:
em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(B) Resta… faz… será sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
(C) Restam… faz... serão dessas criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
(E) Resta… fazem… será atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
nas melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
drão da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
insumos básicos. representatividade.

113
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – RESOLUÇÃO


FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
cordância verbal e nominal em: 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica- lores que determinam as escolhas dos governantes, para
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias conferir legitimidade a suas decisões.
de hoje. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões valores e princípios que regem a prática política.
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
escreveram. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
menos de terem alguma trégua.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
que admiradores. 2-)
e) No final do século XX já não se via muitos intelec- A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
que corajosamente assumiam. tor, mediante palavras, sua matéria-prima. = correta
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem-
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan-
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos- tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural, vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua
está em: matéria-prima.
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla- lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per-
neta) sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
consumo mundial de barris de petróleo) D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
climáticas) constituem leitura obrigatória e se tornam referências por
seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de épo-
ca.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi-
3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas ver-
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da
água em si __faça __diferença
língua. a maioria das políticas de crescimento verde sempre
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie- ____será_____ a segunda opção.
nização subterrânea. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan-
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há
trabalhadores da área de limpeza. “restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ções adequadas.
riscos de se contrair alguma doença.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era 4-)
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção insumos básicos.
de seus funcionários. (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
GABARITO cos serem quantificados.
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C mos básicos sejam quantificados.

114
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
mos básicos sejam quantificados. ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- que admiradores.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem e) No final do século XX já não se via (viam) muitos
os insumos básicos. = correta intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos posições que corajosamente assumiam.
aos itens:
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém 9-)
tem (singular) (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) “há” permaneceria no singular
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla-
ram (plural) neta) = “sabe” permaneceria no singular
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
umas (plural) consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas ceria no singular
as formas estão no plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re-
6-) flete” passaria para “refletem-se”
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
“folheterios”) forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
10-) Fiz as correções:
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
riscos
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
sete da manhã = eram
zes de fruir dessas criações poéticas tão originais. (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status começou = começaram
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
nas melhores universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva- Colocação Pronominal
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- A colocação pronominal é a posição que os prono-
nhecimento. mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
à falta de representatividade. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo:
8-) Fiz as correções entre parênteses: 1. próclise: pronome antes do verbo
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como 2. ênclise: pronome depois do verbo
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis- 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns
(comum) nos dias de hoje. Próclise
b) A importância de intelectuais como Edward Said e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros - Palavras com sentido negativo:
que escreveram. Nada me faz querer sair dessa cama.
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- Não se trata de nenhuma novidade.
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem - Advérbios:
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) Nesta casa se fala alemão.
alguma trégua. Naquele dia me falaram que a professora não veio.

115
LÍNGUA PORTUGUESA

- Pronomes relativos:
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. ORTOGRAFIA, ACENTUAÇÃO GRÁFICA E
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. PONTUAÇÃO.
- Pronomes indefinidos:
Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
ORTOGRAFIA
- Pronomes demonstrativos:
Isso me deixa muito feliz! A ortografia é a parte da língua responsável pela gra-
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão
culto da língua.
- Preposição seguida de gerúndio: As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
indicado à pesquisa escolar. do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
- Conjunção subordinativa: do latim, significa música vocal). As palavras homônimas
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo
Ênclise gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
lácio ou passo, movimento durante o andar).
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- se observar as seguintes regras:
nos. A ênclise vai acontecer quando:
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: O fonema s:
Amem-se uns aos outros.
Sigam-me e não terão derrotas. Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan-
tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
- O verbo iniciar a oração: corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão /
Diga-lhe que está tudo bem. ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
Chamaram-me para ser sócio. / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
posição “a”: - consensual
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-
vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
- O verbo estiver no gerúndio: prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
cupada. ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
Despediu-se, beijando-me a face. regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
compromisso / submeter - submissão
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
mesmo instante. trico / re + surgir - ressurgir
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
plos: ficasse, falasse
Mesóclise
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado de origem árabe: cetim, açucena, açúcar
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: *os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela Juçara, caçula, cachaça, cacique
se realizará) *os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
proposta a você) esperança, carapuça, dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r):
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção

116
LÍNGUA PORTUGUESA

O fonema z: Observação: Exceção: quando a palavra de origem


não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- Escreve-se com CH e não com X:
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
tamorfose.
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, As letras e e i:
quiseste.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
empresa / difundir - difusão *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
*após ditongos: coisa, pausa, pouso - atenção para as palavras que mudam de sentido
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su-
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan-
dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
Escreve-se com Z e não com S: estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
tivo: macio - maciez / rico - riqueza Fonte:
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con- tografia
cretizar
*como consoante de ligação se o radical não terminar Questões sobre Ortografia
com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alter-
inho - lapisinho
nativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
do trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
O fonema j:
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenôme-
Escreve-se com G e não com J:
no da corrupção e das fraudes.
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
(A) a … concenso … acerca
gesso. (B) há … consenso … acerca
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. (C) a … concenso … a cerca
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com (D) a … consenso … há cerca
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. (E) há … consenço … a cerca
Observação: Exceção: pajem 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alter-
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, nativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo
litígio, relógio, refúgio. com a norma- -padrão.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
gir. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
*depois da letra “a”, desde que não seja radical termi- cal.
nado com j: ágil, agente. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Escreve-se com J e não com G:
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP –
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji- 2013). Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para
boia, manjerona. informar os usuários sobre o festival Sounderground.
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. Prezado Usuário
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
O fonema ch: metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
Escreve-se com X e não com CH: começa o Sounderground, festival internacional que presti-
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba- gia os músicos que tocam em estações do metrô.
caxi, muxoxo, xucro. Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): tarão e divirta-se!
xampu, lagartixa. Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
*depois de ditongo: frouxo, feixe. preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. expressões

117
LÍNGUA PORTUGUESA

A) A fim ...a partir ... as RESOLUÇÃO


B) A fim ...à partir ... às
C) A fim ...a partir ... às 1-) O exercício quer a alternativa que apresenta cor-
D) Afim ...a partir ... às reção ortográfica. Na primeira lacuna utilizaremos “há”, já
E) Afim ...à partir ... as que está empregado no sentido de “existir”; na segunda,
“consenso” com “s”; na terceira, “acerca” significa “a res-
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de peito de”, o que se encaixa perfeitamente no contexto. “Há
ortografia: cerca” = tem cerca (de arame, cerca viva, enfim...); “a cerca”
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. = a cerca está destruída (arame, madeira...)
B) O governador poderá ter seu mandato caçado.
C) Os espectadores aplaudiram o ministro. 2-)
D) Saiu com descrição da sala. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta-
beliães
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
escrita? = cidadãos
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou- (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
pansa. cal. = certidões
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupan- (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de-
ça. graus
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
sa. 3-) Prezado Usuário
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou- A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
pansa. metrô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, co-
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- os músicos que tocam em estações do metrô.
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
do programa 5inco Minutos. tarão e divirta-se!
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado;
antes de horas: há crase

4-)
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. =
cassado
D) Saiu com descrição da sala. = discrição

5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
pansa. = mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
sa. = mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança
propaganda, adaptada, assume a seguinte redação:
(A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não ma- 6-) A questão envolve colocação pronominal e orto-
tem-na porisso. grafia. Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra
(B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ma- “por isso” é escrita separadamente. Assim, já descartamos
tem-na por isso. duas alternativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronomi-
(C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a nal, temos a presença do advérbio “não”, que sabemos ser
matem por isso. um “ímã” para o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a
(D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe regra da próclise (pronome antes do verbo). Então, a for-
matem por isso. ma correta é “mas não A matem” (por que A e não LHE?
(E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a Porque quem mata, mata algo ou alguém, objeto direto.
matem porisso. O “lhe” é usado para objeto indireto. Se não tivéssemos a
conjunção “mas” nem o advérbio “não”, a forma “matem-
GABARITO na” estaria correta, já que, após vírgula, o ideal é que utili-
zemos ênclise – pronome oblíquo após o verbo).
01. B 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C

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LÍNGUA PORTUGUESA

HÍFEN - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu-


dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre-
para ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor, verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na
ex-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe- linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas
receram-me; vê-lo-ei). as linhas).
Serve igualmente para fazer a translineação de pala-
vras, isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em Não se emprega o hífen:
duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
tográfica: “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
1. Em palavras compostas por justaposição que formam microrradiografia, etc.
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem
para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro. vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e cola, infraestrutura, etc.
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-
menina, erva-doce, feijão-verde. 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu-
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém mano, inábil, desabilitar, etc.
e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa-
do, aquém- -fiar, etc. 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu- brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir,
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo etc.
uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará. 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- ta, etc.
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al- to, benquerer, benquerido, etc.
sácia-Lorena, etc.
Questões sobre Hífen
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é iniciado 01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o
por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. novo Acordo, está sendo usado corretamente:
A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, B) Ela é muito mal-educada.
ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito. C) Ele tomou um belo ponta-pé.
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- hífen:
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que
faria uma superalimentação.
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun- B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada.
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, ele- C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido.
tro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano, D) Nossos antepassados realizaram vários anteproje-
semi-hospitalar, super- -homem. tos.
E) O autodidata fez uma autoanálise.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo
termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on- 03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego
das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc. do hífen, respeitando-se o novo Acordo.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. do campeonato.

119
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
D) O recém-chegado veio de além-mar. prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. competências, e logo nos adequamos à forma padrão.

04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro Regras básicas – Acentuação tônica
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório: A acentuação tônica implica na intensidade com que
A) em nenhuma delas. são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá
B) na segunda palavra. de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.
C) na terceira palavra. As demais, como são pronunciadas com menos intensida-
D) em todas as palavras. de, são denominadas de átonas.
E) na primeira e na segunda palavra. De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como:
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
Qual alternativa completa corretamente as lacunas? última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
A) sobreumano/interregional
B) sobrehumano-interregional Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
C) sobre-humano / inter-regional na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
D) sobrehumano/ inter-regional – passível
E) sobre-humano /interegional
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica
GABARITO está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím-
pano – médico – ônibus
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais
RESOLUÇÃO de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com
1-) uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que,
A) autocrítica quando pronunciados, apresentam certa diferenciação
C) pontapé quanto à intensidade.
D) supermercado Tal diferenciação só é percebida quando os pronun-
E) infravermelhos ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como
podemos observar no exemplo a seguir:
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom- “Sei que não vai dar em nada,
brada. Seus segredos sei de cor”.
3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de-
4-) mais, como átonos (que, em, de).
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo-
leque (doce) Os acentos
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não
apresentam elementos de ligação. acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i»,
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé- «u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras
cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, representam as vogais tônicas de palavras como Amapá,
raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além
c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di-
elementos de ligação. tongos abertos)

5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam- acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
peonato inter-regional. “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.:
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
letra com que se inicia a outra palavra acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles

ACENTUAÇÃO trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total-


A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com- em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.:
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar mülleriano (de Müller)
atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
linguagem escrita. gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã

120
LÍNGUA PORTUGUESA

Regras fundamentais: O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi


abolido. Ex.:
Palavras oxítonas: Antes Agora
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, crêem creem
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci- lêem leem
pó(s) – armazém(s) vôo voo
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: enjôo enjoo
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se- que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com- acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
pô-lo
Repare:
Paroxítonas: 1-) O menino crê em você
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
Os meninos creem em você.
- i, is : táxi – lápis – júri
2-) Elza lê bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
Todas leem bem!
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax –
fórceps 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos Esperamos que os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo!
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para Eles veem tudo!
quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações
das paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua * Cuidado! Há o verbo vir:
UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memo- Ele vem à tarde!
rização! Eles vêm à tarde!

-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
não de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru
-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
Regras especiais:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
palavras paroxítonas. precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são “e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.:
acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu. Antes Depois
apazigúe (apaziguar) apazigue
Antes Agora averigúe (averiguar) averigue
assembléia assembleia
argúi (arguir) argui
idéia ideia
geléia geleia
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
paranóico paranoico vir)

Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom- A regra prevalece também para os verbos conter, ob-
panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca ter, reter, deter, abster.
– baú – país – Luís ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
Observação importante: ele retém – eles retêm
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando ele convém – eles convêm
hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
Antes Agora Não se acentuam mais as palavras homógrafas que
bocaiúva bocaiuva antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme-
feiúra feiura lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas
Sauípe Sauipe exceções, como:

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LÍNGUA PORTUGUESA

A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do 06. “O episódio aconteceu em plena via pública de
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen- Assis. Dez mulheres começaram a cantar músicas pela paz
do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa mundial. A partir daquele momento outras pessoas que
do singular do presente do indicativo). Ex: passavam por ali decidiram integrar ao grupo. Rapidamen-
Ela pode fazer isso agora. te, uma multidão aderiu à ideia. Assim começou a forma-
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... ção do maior coral popular de Assis”. O vocábulo subli-
nhado tem sua acentuação gráfica justificada pelo mesmo
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da motivo das palavras:
preposição por. A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co- B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio
locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto: C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério
Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? 07. Assinale a opção CORRETA em que todas as pala-
vras estão acentuadas na mesma posição silábica.
Questões sobre Acentuação Gráfica A) Nazaré - além - até - está - também.
B) Água - início - além - oásis - religião.
01. “Cadáver” é paroxítona, pois: C) Município - início - água - século - oásis
A) Tem a última sílaba como tônica. D) Século - símbolo - água - histórias - missionário
B) Tem a penúltima sílaba como tônica. E) Missionário - símbolo - histórias - século – município
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
D) Não tem sílaba tônica. 08. Considerando as palavras: também / revólver / lâm-
pada / lápis. Assinale a única alternativa cuja justificativa de
02. Assinale a alternativa correta. acentuação gráfica não se refere a uma delas:
A palavra faliu contém um: A) palavra paroxítona terminada em - is
A) hiato B) palavra proparoxítona terminada em - em
B) dígrafo C) palavra paroxítona terminada em - r
C) ditongo decrescente D) palavra proparoxítona - todas devem ser acentua-
D) ditongo crescente das

03. Em “O resultado da experiência foi, literalmen- 09. Assinale a alternativa incorreta:


te, aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada A) Os vocábulos sábio, régua e decência são paroxíto-
pelo mesmo motivo que: nos terminadas em ditongos crescentes.
A) túnel B) O vocábulo armazém é acentuado por ser um oxíto-
B) voluntário no terminado em em.
C) até C) Os vocábulos baú e cafeína são hiatos.
D) insólito D) O vocábulo véu é acentuado por ser um oxítono
E) rótulos terminado em u.

04. Assinale a alternativa correta. GABARITO


A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
paroxítonas terminadas em ditongo. 01. B 02. C 03. B 04. A 05. E
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamen- 06. A 07. A 08. B 09. D
te, encontro consonantal e hiato.
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as RESOLUÇÃO
palavras grifadas são paroxítonas.
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as par- 1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima
tes destacadas são dígrafos. sílaba é a tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúl-
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p- tima sílaba tônica = paroxítona
si-có-lo-ga” e “a-ci-o-na”.
2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sí-
05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO: laba, portanto: ditongo. É decrescente porque apresenta
A) saúde uma vogal e uma semivogal. Na classificação, ambas são
B) cooperar semivogais, mas quando juntas, a que “aparecer” mais na
C) ruim pronúncia será considerada “vogal”.
D) creem
E) pouco 3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em
ditongo crescente (semivogal + vogal)

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LÍNGUA PORTUGUESA

a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L Ponto e Vírgula ( ; )


b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em ditongo 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
c-) A - té – oxítona importância.
d-) in – só – li – to : proparoxítona - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
e-) ró – tu los – proparoxítona pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
4-)
a-) correta 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim vírgulas.
DÍGRAFO - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta-
c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona nhas, frio e cobertor.
d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som
do U, portanto não é caso de dígrafo 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga tivos, decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado;
5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im /
- Pegar as crianças na escola;
cre - em / pou - co (ditongo)
- Caminhada na praia;
6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em di- - Reunião com amigos.
tongo
a-) ok Dois pontos
b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item 1- Antes de uma citação
c-) chi – nês : oxítona, idem - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
d-) sa – bi – á : idem
2- Antes de um aposto
7-) - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
a-) oxítona – TODAS tarde e calor à noite.
b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona –
não acentuada 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paro- - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven-
xítona do a rotina de sempre.
d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem
e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparo- 4- Em frases de estilo direto
xítona – paroxítona Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
8-) tam – bém: oxítona / re – vól – ver: paroxítona / lâm
– pa – da: proparoxítona / lá – pis :paroxítona Ponto de Exclamação
a-) é a regra do LÁPIS 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
b-) todas as proparoxítonas são acentuadas, indepen- susto, súplica, etc.
dente de sua terminação - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
c-) regra para REVÓLVER 2- Depois de interjeições ou vocativos
d-) relativa à palavra lâmpada - Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
9-) As alternativas A, B e C contêm afirmativas corretas.
Na D, há erro, pois véu é monossílabo acentuado por ter-
Ponto de Interrogação
minar em ditongo aberto.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
PONTUAÇÃO “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual, além Reticências
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve- 1- Indica que palavras foram suprimidas.
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co- - Comprei lápis, canetas, cadernos...
nhecidos pelo uso da língua portuguesa.
2- Indica interrupção violenta da frase.
Ponto “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
que se encontra. - Este mal... pega doutor?
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. - Deixa, depois, o coração falar...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vírgula (C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,


Não se usa vírgula embora experimentasse a sensação de violar uma intimida-
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li- de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar
gam-se diretamente entre si: algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
- entre sujeito e predicado. (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
Todos os alunos da sala foram advertidos. embora experimentasse a sensação de violar uma intimi-
Sujeito predicado dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
- entre o verbo e seus objetos. dona.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
V.T.D.I. O.D. O.I. embora, experimentasse a sensação de violar uma intimi-
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en-
Usa-se a vírgula:
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
- Para marcar intercalação:
dona.
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
02. Assinale a opção em que está corretamente indica-
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão pro- da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher
duzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. as lacunas da frase abaixo:
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica
abrir mão dos lucros altos. que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa
ter.
- Para marcar inversão: A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982. 03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os
sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos A) Duas explicações, do treinamento para consultores
em enumeração): iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons-
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. metas de vendas associadas aos dois temas.
B) Duas explicações do treinamento para consultores
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das
- Para isolar: metas de vendas associadas aos dois temas.
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, C) Duas explicações do treinamento para consultores
possui um trânsito caótico. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
metas de vendas associadas aos dois temas.
Fontes:
D) Duas explicações do treinamento para consulto-
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
res iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.
htm a construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou
falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
Questões sobre Pontuação E) Duas explicações, do treinamento para consulto-
res iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna- construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de das metas, de vendas associadas aos dois temas.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- 04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alter-
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. nominal e à pontuação.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. do que em outros.

124
LÍNGUA PORTUGUESA

(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o concurso, em fila.
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
exemplo!, do que em outros. tado do concurso.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o 08. A frase em que deveria haver uma vírgula é:
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde.
exemplo, do que em outros. B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- usou um vestido azul.
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço C) Ela tem lábios e nariz vermelhos.
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo D) Não limparam a sala nem a cozinha.
– do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida- GABARITO
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E
plo) do que em outros.
06. B 07. B 08. B
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.).
RESOLUÇÃO
Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
após o acréscimo das vírgulas.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô- (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
nica ao grupo ou acione o código na internet. embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
onde o código foi acionado. encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra- sua dona.
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa
que a criança foi encontrada. e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
primeiro às, areias do Guarujá. encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te- sua dona.
lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re- (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa
ferência e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti-
midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X)
06. Assinale a série de sinais cujo emprego correspon- encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
de, na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: sua dona.
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará- (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in-
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente ( timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando ,
) Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mos- (X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era
trou seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”. a sua dona.
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interro-
gação, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga- devem ser consideradas : uma é a contribuição teórica
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
que o trabalho oferece ; a outra é o valor prático que
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final,
possa ter.
travessão, travessão, ponto final, ponto final
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, tra-
vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
vessão, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interroga-
ção, vírgula, vírgula, travessão, interrogação 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
quadas
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está A) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
pontuada corretamente: tores iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o re- PPD e a construção de tabelas Price; mas por outro lado,
sultado do concurso. faltou falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o re- C) Duas explicações do treinamento para consultores
sultado do concurso. iniciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o re- construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou
sultado do concurso. falar das metas de vendas associadas aos dois temas.

125
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Duas explicações do treinamento para consultores


iniciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a
ANOTAÇÕES
construção de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou
falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consul- __________________________________________________
tores iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito
de PPD e a construção de tabelas Price , (X) mas por outro ___________________________________________________
lado, faltou falar das metas , (X) de vendas associadas aos
dois temas.
___________________________________________________

___________________________________________________
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
quadas ___________________________________________________
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X)
rapidamente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda ___________________________________________________
que o avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é ___________________________________________________
um exemplo, do que em outros.
(B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) am- ___________________________________________________
pliam rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X)
ainda que o avanço seja mais notável , (X) em alguns paí- ___________________________________________________
ses, o Brasil é um exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam
___________________________________________________
rapidamente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ain- ___________________________________________________
da que o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o
Brasil é um exemplo, do que em outros. ___________________________________________________
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
mente , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) ___________________________________________________
o avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
exemplo) do que em outros.
___________________________________________________

___________________________________________________
5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
quadas ___________________________________________________
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem ___________________________________________________
eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. ___________________________________________________
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os
pais de onde o código foi acionado. ___________________________________________________
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem ___________________________________________________
dizendo que a criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) che-
___________________________________________________
ga primeiro às , (X) areias do Guarujá. ___________________________________________________
6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pa- ___________________________________________________
rágrafo
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o ___________________________________________________
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente
___________________________________________________
(? ) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - )
ou mostrou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os res- ___________________________________________________
tantes ( ? )
___________________________________________________
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o
resultado do concurso. ___________________________________________________

___________________________________________________
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha
irmã usou um vestido azul. ___________________________________________________
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- ___________________________________________________
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode
ser prejudicada pela ausência da pontuação.
___________________________________________________

126
LEGISLAÇÃO

Lei Federal nº 12.527/2011. ................................................................................................................................................................................. 01


Decreto Federal nº 7.724/2012. ......................................................................................................................................................................... 07
Decreto nº 1.171/1994. ......................................................................................................................................................................................... 17
Lei Federal nº 8.666/1993. ................................................................................................................................................................................... 19
Lei Federal nº 9.784/1999. ................................................................................................................................................................................... 45
Constituição Federal de 1988: Título I. Título II. Título III, capítulo I e capítulo VII (Seções I e II). Título VIII, capítulo III
(Seção I). ...................................................................................................................................................................................................................... 50
Princípios Constitucionais Explícitos. ............................................................................................................................................................... 62
Princípios Constitucionais Implícitos. .............................................................................................................................................................. 62
Administração Pública Direta e Indireta.......................................................................................................................................................... 67
LEGISLAÇÃO

I - informação: dados, processados ou não, que podem


LEI FEDERAL Nº 12.527/2011. ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento,
contidos em qualquer meio, suporte ou formato; 
II - documento: unidade de registro de informações,
qualquer que seja o suporte ou formato; 
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. III - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; 
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa na-
216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de tural identificada ou identificável; 
dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de V - tratamento da informação: conjunto de ações refe-
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; rentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
e dá outras providências. reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquiva-
mento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- controle da informação; 
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sis-
CAPÍTULO I temas autorizados; 
DISPOSIÇÕES GERAIS VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem minado indivíduo, equipamento ou sistema; 
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, VIII - integridade: qualidade da informação não modifica-
com o fim de garantir o acesso a informações previsto no in- da, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
ciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37e no § 2º do IX - primariedade: qualidade da informação coletada na
art. 216 da Constituição Federal.  fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modi-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:  ficações. 
I - os órgãos públicos integrantes da administração dire- Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à
ta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de informação, que será franqueada, mediante procedimentos
objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em lingua-
Contas, e Judiciário e do Ministério Público; 
gem de fácil compreensão. 
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas pú-
blicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
CAPÍTULO II
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Dis-
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
trito Federal e Municípios. 
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que cou-
Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
ber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis,
para realização de ações de interesse público, recursos públi- assegurar a: 
cos diretamente do orçamento ou mediante subvenções so- I - gestão transparente da informação, propiciando am-
ciais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acor- plo acesso a ela e sua divulgação; 
do, ajustes ou outros instrumentos congêneres.  II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibi-
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as lidade, autenticidade e integridade; e 
entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos III - proteção da informação sigilosa e da informação pes-
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das pres- soal, observada a sua disponibilidade, autenticidade, integri-
tações de contas a que estejam legalmente obrigadas.  dade e eventual restrição de acesso. 
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei com-
a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e preende, entre outros, os direitos de obter: 
devem ser executados em conformidade com os princípios I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
básicos da administração pública e com as seguintes diretri- de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon-
zes:  trada ou obtida a informação almejada; 
I - observância da publicidade como preceito geral e do II - informação contida em registros ou documentos, pro-
sigilo como exceção;  duzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, reco-
II - divulgação de informações de interesse público, inde- lhidos ou não a arquivos públicos; 
pendentemente de solicitações;  III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi-
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com
tecnologia da informação;  seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa- cessado; 
rência na administração pública;  IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; 
V - desenvolvimento do controle social da administração V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos
pública.  e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:  e serviços; 

1
LEGISLAÇÃO

VI - informação pertinente à administração do patrimô- (internet). 


nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra- § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
tos administrativos; e  regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: 
VII - informação relativa:  I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, clara e em linguagem de fácil compreensão; 
bem como metas e indicadores propostos;  II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to- matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das in-
e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios formações; 
anteriores.  III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não com- ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
preende as informações referentes a projetos de pesquisa e quina; 
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para es-
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.  truturação da informação; 
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à infor- V - garantir a autenticidade e a integridade das informa-
mação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o aces- ções disponíveis para acesso; 
so à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
com ocultação da parte sob sigilo.  acesso; 
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às informa- VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
ções neles contidas utilizados como fundamento da tomada sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
de decisão e do ato administrativo será assegurado com a órgão ou entidade detentora do sítio; e 
edição do ato decisório respectivo.  VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a aces-
§ 4o A negativa de acesso às informações objeto de pe- sibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos ter-
dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, mos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi- e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.  Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de
§ 5o Informado do extravio da informação solicitada, po- julho de 2008. 
derá o interessado requerer à autoridade competente a ime- § 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil)
diata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na
da respectiva documentação.  internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o divulgação, em tempo real, de informações relativas à execu-
responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no ção orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos
prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de
que comprovem sua alegação.  2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado
independentemente de requerimentos, a divulgação em local mediante: 
de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de infor- I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos ór-
mações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou gãos e entidades do poder público, em local com condições
custodiadas.  apropriadas para: 
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere a) atender e orientar o público quanto ao acesso a infor-
o caput, deverão constar, no mínimo:  mações; 
I - registro das competências e estrutura organizacional, b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de respectivas unidades; 
atendimento ao público;  c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de informações; e 
recursos financeiros;  II - realização de audiências ou consultas públicas, incen-
III - registros das despesas;  tivo à participação popular ou a outras formas de divulgação. 
IV - informações concernentes a procedimentos licitató-
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a CAPÍTULO III
todos os contratos celebrados;  DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, Seção I
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e  Do Pedido de Acesso
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. 
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido
e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instru- de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no
mentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a di- art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedi-
vulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores do conter a identificação do requerente e a especificação da
informação requerida. 

2
LEGISLAÇÃO

§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có-
identificação do requerente não pode conter exigências que pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
inviabilizem a solicitação.  supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabi- outro meio que não ponha em risco a conservação do docu-
lizar alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por mento original. 
meio de seus sítios oficiais na internet.  Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos moti- decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. 
vos determinantes da solicitação de informações de interesse
público.  Seção II
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou Dos Recursos
conceder o acesso imediato à informação disponível. 
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessa-
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:  do interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a con- a contar da sua ciência. 
sulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;  Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hie-
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total rarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada,
ou parcial, do acesso pretendido; ou  que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. 
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá
ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no
cientificando o interessado da remessa de seu pedido de in- prazo de 5 (cinco) dias se: 
formação.  I - o acesso à informação não classificada como sigilosa
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por for negado; 
mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou
cientificado o requerente.  parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autori-
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor- dade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem
mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; 
entidade poderá oferecer meios para que o próprio requeren- III - os procedimentos de classificação de informação si-
te possa pesquisar a informação de que necessitar.  gilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e 
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro-
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá cedimentos previstos nesta Lei. 
ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e con- § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido
a autoridade competente para sua apreciação.  à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen-
§ 5o A informação armazenada em formato digital será te superior àquela que exarou a decisão impugnada, que de-
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.  liberará no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú- § 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a
blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou enti-
meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por dade que adote as providências necessárias para dar cumpri-
escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter mento ao disposto nesta Lei. 
ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que § 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-
desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão
fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35. 
de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.  Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassi-
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação ficação de informação protocolado em órgão da administra-
é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos ção pública federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro
pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que de Estado da área, sem prejuízo das competências da Comis-
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao res- são Mista de Reavaliação de Informações, previstas no art. 35,
sarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.  e do disposto no art. 16. 
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre- § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
vistos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da famí- apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
lia, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, no
1983.  caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando. 
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha
em documento cuja manipulação possa prejudicar sua integri- como objeto a desclassificação de informação secreta ou ul-
dade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certifica- trassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação
ção de que esta confere com o original.  de Informações prevista no art. 35. 

3
LEGISLAÇÃO

Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões dene- Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades
gatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin-
de classificação de documentos sigilosos serão objeto de re- dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser
gulamentação própria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. 
Ministério Público, em seus respectivos âmbitos, assegurado ao § 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor-
solicitante, em qualquer caso, o direito de ser informado sobre mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a
o andamento de seu pedido.  partir da data de sua produção e são os seguintes: 
Art. 19. (VETADO).  I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; 
§ 1o (VETADO).  II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público in- III - reservada: 5 (cinco) anos. 
formarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional § 2o As informações que puderem colocar em risco a
do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e
recurso, negarem acesso a informações de interesse público.  respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como re-
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei servadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. 
trata este Capítulo.  § 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, pode-
rá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso
CAPÍTULO IV a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO antes do transcurso do prazo máximo de classificação. 
Seção I § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
Disposições Gerais o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
se-á, automaticamente, de acesso público. 
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação neces- § 5o Para a classificação da informação em determinado
sária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.  grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
Parágrafo único. As informações ou documentos que ver- informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
sem sobre condutas que impliquem violação dos direitos hu- considerados: 
manos praticada por agentes públicos ou a mando de autori-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socieda-
dades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. 
de e do Estado; e 
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de se-
que defina seu termo final. 
gredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade
econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada
Seção III
que tenha qualquer vínculo com o poder público. 
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
Seção II
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Pra- Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulga-
zos de Sigilo ção de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e
entidades, assegurando a sua proteção. (Regulamento)
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que te-
informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:  nham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a inte- credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das atri-
gridade do território nacional;  buições dos agentes públicos autorizados por lei. 
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações § 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria
ou as relações internacionais do País, ou as que tenham sido a obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. 
fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medi-
internacionais;  das a serem adotados para o tratamento de informação sigi-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;  losa, de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida,
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econô- acesso, transmissão e divulgação não autorizados. 
mica ou monetária do País;  Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estra- necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarqui-
tégicos das Forças Armadas;  camente conheça as normas e observe as medidas e proce-
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e de- dimentos de segurança para tratamento de informações si-
senvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, gilosas. 
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;  Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que,
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou  atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como providências necessárias para que seus empregados, prepostos
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas ou representantes observem as medidas e procedimentos de se-
com a prevenção ou repressão de infrações.  gurança das informações resultantes da aplicação desta Lei. 

4
LEGISLAÇÃO

Seção IV § 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da infor-


Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação mação, o novo prazo de restrição manterá como termo inicial
e Desclassificação a data da sua produção. 
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e des-
administração pública federal é de competência:  (Regulamento) tinado à veiculação de dados e informações administrativas,
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:  nos termos de regulamento: 
a) Presidente da República;  I - rol das informações que tenham sido desclassificadas
b) Vice-Presidente da República;  nos últimos 12 (doze) meses; 
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prer- II - rol de documentos classificados em cada grau de sigi-
rogativas;  lo, com identificação para referência futura; 
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e  III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi-
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanen- dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
tes no exterior;  como informações genéricas sobre os solicitantes. 
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso § 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da
I, dos titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e publicação prevista no caput para consulta pública em suas
sociedades de economia mista; e  sedes. 
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos in- § 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista
cisos I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou de informações classificadas, acompanhadas da data, do grau
chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Asses- de sigilo e dos fundamentos da classificação. 
soramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo
com regulamentação específica de cada órgão ou entidade, ob- Seção V
servado o disposto nesta Lei.  Das Informações Pessoais
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser
pela autoridade responsável a agente público, inclusive em mis- feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida
são no exterior, vedada a subdelegação.  privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberda-
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo ultrasse- des e garantias individuais. 
creto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo,
I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 
prazo previsto em regulamento. 
I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
§ 3o A autoridade ou outro agente público que classificar
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a
informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de
contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmen-
que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
te autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e 
ções, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento. 
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de
sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no míni- terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
mo, os seguintes elementos:  da pessoa a que elas se referirem. 
I - assunto sobre o qual versa a informação;  § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que tra-
II - fundamento da classificação, observados os critérios es- ta este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. 
tabelecidos no art. 24;  § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou exigido quando as informações forem necessárias: 
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
previstos no art. 24; e  estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e
IV - identificação da autoridade que a classificou.  exclusivamente para o tratamento médico; 
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
no mesmo grau de sigilo da informação classificada.  evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela vedada a identificação da pessoa a que as informações se re-
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente ferirem; 
superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e pra- III - ao cumprimento de ordem judicial; 
zos previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação IV - à defesa de direitos humanos; ou 
ou à redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. V - à proteção do interesse público e geral preponderante. 
24.  (Regulamento) § 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá conside- privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada
rar as peculiaridades das informações produzidas no exterior por com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu-
autoridades ou agentes públicos.  laridades em que o titular das informações estiver envolvido,
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos his-
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibi- tóricos de maior relevância. 
lidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação da § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
informação.  tratamento de informação pessoal. 

5
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO V § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada so-


DAS RESPONSABILIDADES mente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão
ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam respon- da sanção aplicada com base no inciso IV. 
sabilidade do agente público ou militar:  § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de compe-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos tência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade
desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo pro-
fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta cesso, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista. 
ou imprecisa;  Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem dire-
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, tamente pelos danos causados em decorrência da divulgação
inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas
informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha ou informações pessoais, cabendo a apuração de responsabi-
acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribui- lidade funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o res-
ções de cargo, emprego ou função pública;  pectivo direito de regresso. 
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa
acesso à informação;  física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qual-
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou per- quer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a infor-
mitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação mação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. 
pessoal; 
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal CAPÍTULO VI
ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometi- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
do por si ou por outrem; 
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen- Art. 35. (VETADO). 
te informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de In-
prejuízo de terceiros; e  formações, que decidirá, no âmbito da administração pública
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos federal, sobre o tratamento e a classificação de informações
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por sigilosas e terá competência para: 
parte de agentes do Estado.  I - requisitar da autoridade que classificar informação como
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas integral da informação; 
no caput serão consideradas:  II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Ar- secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa inte-
madas, transgressões militares médias ou graves, segundo os ressada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos
critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei desta Lei; e 
como crime ou contravenção penal; ou  III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezem- como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto
bro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à
deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo soberania nacional ou à integridade do território nacional ou
os critérios nela estabelecidos.  grave risco às relações internacionais do País, observado o pra-
§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar zo previsto no § 1o do art. 24. 
ou agente público responder, também, por improbidade ad- § 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única
ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de renovação. 
abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.  § 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o de-
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver in- verá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a rea-
formações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o valiação prevista no art. 39, quando se tratar de documentos
poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará ultrassecretos ou secretos. 
sujeita às seguintes sanções:  § 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista
I - advertência;  de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3o im-
II - multa;  plicará a desclassificação automática das informações. 
III - rescisão do vínculo com o poder público;  § 5o Regulamento disporá sobre a composição, organiza-
IV - suspensão temporária de participar em licitação e ção e funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de
impedimento de contratar com a administração pública por Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos para seus
prazo não superior a 2 (dois) anos; e  integrantes e demais disposições desta Lei.  (Regulamento)
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de
com a administração pública, até que seja promovida a reabi- tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e
litação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.  recomendações constantes desses instrumentos. 
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito Institucional da Presidência da República, o Núcleo de Segu-
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo rança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos:  (Re-
de 10 (dez) dias.  gulamento)

6
LEGISLAÇÃO

I - promover e propor a regulamentação do credenciamen- Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nes-
to de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades ta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data
para tratamento de informações sigilosas; e  de sua publicação. 
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de
aquelas provenientes de países ou organizações internacionais dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: 
com os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tra- “Art. 116. ...................................................................
tado, acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem ............................................................................................ 
prejuízo das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
dos demais órgãos competentes.  do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
organização e funcionamento do NSC.  outra autoridade competente para apuração;
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de .................................................................................” (NR) 
novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990,
jurídica, constante de registro ou banco de dados de entidades passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: 
governamentais ou de caráter público.  “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autorida-
reavaliação das informações classificadas como ultrassecretas e de superior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo ta, a outra autoridade competente para apuração de informa-
inicial de vigência desta Lei.  ção concernente à prática de crimes ou improbidade de que
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reava- tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício
liação prevista no caput, deverá observar os prazos e condições de cargo, emprego ou função pública.” 
previstos nesta Lei.  Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a reavalia- cípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais es-
ção prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela tabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente
Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observados os quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II do Capítulo III. 
termos desta Lei. Art. 46. Revogam-se: 
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação pre- I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e 
visto no caput, será mantida a classificação da informação nos II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991. 
termos da legislação precedente.  Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
após a data de sua publicação.
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultrasse-
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência
cretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão conside-
e 123o da República.
radas, automaticamente, de acesso público. 
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigên-
cia desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da
administração pública federal direta e indireta designará autori- DECRETO FEDERAL Nº 7.724/2012.
dade que lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do
respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições: 
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a DECRETO Nº 7.724, DE 16 DE MAIO DE 2012
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; 
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre- Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de
sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;  2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementa- inciso XXXIII do caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37
ção e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos neces- e no § 2o do art. 216 da Constituição.
sários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e  A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da
cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.  Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 12.527, de
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da admi- 18 de novembro de 2011, 
nistração pública federal responsável:  DECRETA: 
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de
fomento à cultura da transparência na administração pública e CAPÍTULO I
conscientização do direito fundamental de acesso à informação;  DISPOSIÇÕES GERAIS
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere
ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na Art. 1o Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder
administração pública;  Executivo federal, os procedimentos para a garantia do acesso
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da à informação e para a classificação de informações sob restri-
administração pública federal, concentrando e consolidando a ção de acesso, observados grau e prazo de sigilo, conforme o
publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;  disposto na Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de rela- dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
tório anual com informações atinentes à implementação desta do caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do
Lei.  art. 216 da Constituição. 

7
LEGISLAÇÃO

Art. 2o Os órgãos e as entidades do Poder Executivo fe- CAPÍTULO II


deral assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito DA ABRANGÊNCIA
de acesso à informação, que será proporcionado mediante
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara Art. 5o Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os órgãos da
e em linguagem de fácil compreensão, observados os princí- administração direta, as autarquias, as fundações públicas, as
pios da administração pública e as diretrizes previstas na Lei empresas públicas, as sociedades de economia mista e as de-
no 12.527, de 2011. mais entidades controladas direta ou indiretamente pela União.
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: § 1o A divulgação de informações de empresas públicas,
I - informação - dados, processados ou não, que podem sociedade de economia mista e demais entidades controla-
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, das pela União que atuem em regime de concorrência, sujei-
contidos em qualquer meio, suporte ou formato; tas ao disposto no art. 173 da Constituição, estará submetida
II - dados processados - dados submetidos a qualquer às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a
operação ou tratamento por meio de processamento eletrô- fim de assegurar sua competitividade, governança corporati-
va e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários.
nico ou por meio automatizado com o emprego de tecnolo-
§ 2o Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as infor-
gia da informação;
mações relativas à atividade empresarial de pessoas físicas
III - documento - unidade de registro de informações,
ou jurídicas de direito privado obtidas pelo Banco Central do
qualquer que seja o suporte ou formato;
Brasil, pelas agências reguladoras ou por outros órgãos ou
IV - informação sigilosa - informação submetida tempo- entidades no exercício de atividade de controle, regulação
rariamente à restrição de acesso público em razão de sua im- e supervisão da atividade econômica cuja divulgação possa
prescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado, representar vantagem competitiva a outros agentes econô-
e aquelas abrangidas pelas demais hipóteses legais de sigilo; micos.
V - informação pessoal - informação relacionada à pessoa Art. 6o O acesso à informação disciplinado neste Decreto
natural identificada ou identificável, relativa à intimidade, vida não se aplica:
privada, honra e imagem; I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fis-
VI - tratamento da informação - conjunto de ações refe- cal, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais,
rentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça; e
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquiva- II - às informações referentes a projetos de pesquisa e
mento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
controle da informação; imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na for-
VII - disponibilidade - qualidade da informação que pode ma do §1o do art. 7o da Lei no 12.527, de 2011.
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sis-
temas autorizados; CAPÍTULO III
VIII - autenticidade - qualidade da informação que tenha DA TRANSPARÊNCIA ATIVA
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
minado indivíduo, equipamento ou sistema; Art. 7o É dever dos órgãos e entidades promover, inde-
IX - integridade - qualidade da informação não modifica- pendente de requerimento, a divulgação em seus sítios na In-
da, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; ternet de informações de interesse coletivo ou geral por eles
X - primariedade - qualidade da informação coletada na produzidas ou custodiadas, observado o disposto nos arts.
fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem modi- 7o e 8o da Lei no 12.527, de 2011.
ficações; § 1o Os órgãos e entidades deverão implementar em seus
sítios na Internet seção específica para a divulgação das infor-
XI - informação atualizada - informação que reúne os da-
mações de que trata o caput.
dos mais recentes sobre o tema, de acordo com sua natureza,
§ 2o Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos ór-
com os prazos previstos em normas específicas ou conforme
gãos e entidades, conforme padrão estabelecido pela Secre-
a periodicidade estabelecida nos sistemas informatizados que
taria de Comunicação Social da Presidência da República:
a organizam; e I - banner na página inicial, que dará acesso à seção es-
XII - documento preparatório - documento formal utiliza- pecífica de que trata o § 1o; e
do como fundamento da tomada de decisão ou de ato admi- II - barra de identidade do Governo federal, contendo fer-
nistrativo, a exemplo de pareceres e notas técnicas. ramenta de redirecionamento de página para o Portal Brasil e
Art. 4o A busca e o fornecimento da informação são gra- para o sítio principal sobre a Lei no 12.527, de 2011.
tuitos, ressalvada a cobrança do valor referente ao custo dos § 3o Deverão ser divulgadas, na seção específica de que
serviços e dos materiais utilizados, tais como reprodução de trata o § 1o, informações sobre:
documentos, mídias digitais e postagem. I - estrutura organizacional, competências, legislação
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos dos ser- aplicável, principais cargos e seus ocupantes, endereço e tele-
viços e dos materiais utilizados aquele cuja situação econômi- fones das unidades, horários de atendimento ao público;
ca não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio II - programas, projetos, ações, obras e atividades, com
ou da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de indicação da unidade responsável, principais metas e resulta-
agosto de 1983. dos e, quando existentes, indicadores de resultado e impacto;
III - repasses ou transferências de recursos financeiros;

8
LEGISLAÇÃO

IV - execução orçamentária e financeira detalhada; IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas externos
V - licitações realizadas e em andamento, com editais, em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
anexos e resultados, além dos contratos firmados e notas de V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para es-
empenho emitidas;  truturação da informação; 
VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupante de VI - garantir autenticidade e integridade das informações
cargo, posto, graduação, função e emprego público, incluin- disponíveis para acesso; 
do auxílios, ajudas de custo, jetons e quaisquer outras van- VII - indicar instruções que permitam ao requerente co-
tagens pecuniárias, bem como proventos de aposentadoria municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou
e pensões daqueles que estiverem na ativa, de maneira in- entidade; e 
dividualizada, conforme ato do Ministério do Planejamento, VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas
Orçamento e Gestão; com deficiência. 
VII - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade;
(Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de 2015) CAPÍTULO IV
VIII - contato da autoridade de monitoramento, designa- DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA
da nos termos do art. 40 da Lei nº 12.527, de 2011, e telefone Seção I
e correio eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão - Do Serviço de Informação ao Cidadão
SIC; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de 2015)
IX - programas financiados pelo Fundo de Amparo ao Art. 9o Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de In-
Trabalhador - FAT. (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015) formações ao Cidadão - SIC, com o objetivo de:
§ 4o As informações poderão ser disponibilizadas por meio I - atender e orientar o público quanto ao acesso à informação; 
de ferramenta de redirecionamento de página na Internet, II - informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e 
quando estiverem disponíveis em outros sítios governamentais. III - receber e registrar pedidos de acesso à informação.
§ 5o No caso das empresas públicas, sociedades de eco- Parágrafo único. Compete ao SIC: 
nomia mista e demais entidades controladas pela União que I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que
atuem em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. possível, o fornecimento imediato da informação;
173 da Constituição, aplica-se o disposto no § 1o do art. 5o. II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrônico
§ 6o O Banco Central do Brasil divulgará periodicamente específico e a entrega de número do protocolo, que conterá a
informações relativas às operações de crédito praticadas pe- data de apresentação do pedido; e
las instituições financeiras, inclusive as taxas de juros mínima, III - o encaminhamento do pedido recebido e registra-
máxima e média e as respectivas tarifas bancárias. do à unidade responsável pelo fornecimento da informação,
§ 7o A divulgação das informações previstas no § 3o não quando couber. 
exclui outras hipóteses de publicação e divulgação de infor- Art. 10. O SIC será instalado em unidade física identifica-
mações previstas na legislação. da, de fácil acesso e aberta ao público. 
§ 8º Ato conjunto dos Ministros de Estado da Controla- § 1o Nas unidades descentralizadas em que não houver
doria-Geral da União, do Planejamento, Orçamento e Gestão SIC será oferecido serviço de recebimento e registro dos pe-
e do Trabalho e Emprego disporá sobre a divulgação dos didos de acesso à informação. 
programas de que trata o inciso IX do § 3º, que será feita, § 2o Se a unidade descentralizada não detiver a informa-
observado o disposto no Capítulo VII: (Incluído pelo Decreto ção, o pedido será encaminhado ao SIC do órgão ou entidade
nº 8.408, de 2015) central, que comunicará ao requerente o número do protoco-
I - de maneira individualizada; (Incluído pelo Decreto nº lo e a data de recebimento do pedido, a partir da qual se inicia
8.408, de 2015) o prazo de resposta. 
II - por meio de informações consolidadas disponibiliza-
das no sítio na Internet do Ministério do Trabalho e Emprego; Seção II
e (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015) Do Pedido de Acesso à Informação
III - por meio de disponibilização de variáveis das bases
de dados para execução de cruzamentos, para fins de estudos Art. 11. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá for-
e pesquisas, observado o disposto no art. 13. (Incluído pelo mular pedido de acesso à informação. 
Decreto nº 8.408, de 2015) § 1o O pedido será apresentado em formulário padrão,
Art. 8o Os sítios na Internet dos órgãos e entidades de- disponibilizado em meio eletrônico e físico, no sítio na Inter-
verão, em cumprimento às normas estabelecidas pelo Mi- net e no SIC dos órgãos e entidades.
nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão, atender aos § 2o O prazo de resposta será contado a partir da data de
seguintes requisitos, entre outros:  apresentação do pedido ao SIC. 
I - conter formulário para pedido de acesso à informação; § 3o É facultado aos órgãos e entidades o recebimento de
II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per- pedidos de acesso à informação por qualquer outro meio le-
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, gítimo, como contato telefônico, correspondência eletrônica
clara e em linguagem de fácil compreensão;  ou física, desde que atendidos os requisitos do art. 12.
III - possibilitar gravação de relatórios em diversos for- § 4o Na hipótese do § 3o, será enviada ao requerente co-
matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais municação com o número de protocolo e a data do recebi-
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das in- mento do pedido pelo SIC, a partir da qual se inicia o prazo
formações;  de resposta. 

9
LEGISLAÇÃO

Art. 12. O pedido de acesso à informação deverá conter: Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou en-
I - nome do requerente; tidade desobriga-se do fornecimento direto da informação,
II - número de documento de identificação válido; salvo se o requerente declarar não dispor de meios para con-
III - especificação, de forma clara e precisa, da informação sultar, obter ou reproduzir a informação.
requerida; e Art. 18. Quando o fornecimento da informação implicar
IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para rece- reprodução de documentos, o órgão ou entidade, observado
bimento de comunicações ou da informação requerida.  o prazo de resposta ao pedido, disponibilizará ao requerente
Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: Guia de Recolhimento da União - GRU ou documento equiva-
I - genéricos; lente, para pagamento dos custos dos serviços e dos materiais
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou utilizados.
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpre- Parágrafo único. A reprodução de documentos ocorrerá
tação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de no prazo de dez dias, contado da comprovação do pagamen-
produção ou tratamento de dados que não seja de competên- to pelo requerente ou da entrega de declaração de pobreza
cia do órgão ou entidade. por ele firmada, nos termos da Lei no 7.115, de 1983, ressalva-
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o ór- das hipóteses justificadas em que, devido ao volume ou ao es-
gão ou entidade deverá, caso tenha conhecimento, indicar o tado dos documentos, a reprodução demande prazo superior.
local onde se encontram as informações a partir das quais o Art. 19. Negado o pedido de acesso à informação, será en-
requerente poderá realizar a interpretação, consolidação ou viada ao requerente, no prazo de resposta, comunicação com:
tratamento de dados. I - razões da negativa de acesso e seu fundamento legal;
Art. 14. São vedadas exigências relativas aos motivos do II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da au-
pedido de acesso à informação. toridade que o apreciará; e
III - possibilidade de apresentação de pedido de desclas-
Seção III sificação da informação, quando for o caso, com indicação da
Do Procedimento de Acesso à Informação autoridade classificadora que o apreciará.
§1o As razões de negativa de acesso a informação classi-
Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação dispo- ficada indicarão o fundamento legal da classificação, a autori-
nível, o acesso será imediato. dade que a classificou e o código de indexação do documento
§ 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou classificado.
entidade deverá, no prazo de até vinte dias: § 2o Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário pa-
I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico in- drão para apresentação de recurso e de pedido de desclassi-
formado; ficação.
II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informa-
informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à in- ção nele contida, utilizados como fundamento de tomada de
formação; decisão ou de ato administrativo, será assegurado a partir da
III - comunicar que não possui a informação ou que não edição do ato ou decisão.
tem conhecimento de sua existência; Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Cen-
IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade tral do Brasil classificarão os documentos que embasarem de-
responsável pela informação ou que a detenha; ou cisões de política econômica, tais como fiscal, tributária, mo-
V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso. netária e regulatória.
§ 2o Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar
manuseio de grande volume de documentos, ou a movimen- Seção IV
tação do documento puder comprometer sua regular tramita- Dos Recursos
ção, será adotada a medida prevista no inciso II do § 1o.
§ 3o Quando a manipulação puder prejudicar a integridade Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de
da informação ou do documento, o órgão ou entidade deverá não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o
indicar data, local e modo para consulta, ou disponibilizar có- requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado
pia, com certificação de que confere com o original. da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior
§ 4o Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de
o § 3o, o requerente poderá solicitar que, às suas expensas e cinco dias, contado da sua apresentação.
sob supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata
outro meio que não ponha em risco a integridade do docu- o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de
mento original. dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima
Art. 16. O prazo para resposta do pedido poderá ser pror- do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias
rogado por dez dias, mediante justificativa encaminhada ao re- contados do recebimento do recurso.
querente antes do término do prazo inicial de vinte dias. Art. 22. No caso de omissão de resposta ao pedido de
Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público acesso à informação, o requerente poderá apresentar recla-
em formato impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso mação no prazo de dez dias à autoridade de monitoramento
universal, o órgão ou entidade deverá orientar o requerente de que trata o art. 40 da Lei no 12.527, de 2011, que deverá se
quanto ao local e modo para consultar, obter ou reproduzir manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento
a informação. da reclamação.

10
LEGISLAÇÃO

§ 1o O prazo para apresentar reclamação começará trinta Art. 27. Para a classificação da informação em grau de si-
dias após a apresentação do pedido. gilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
§ 2o A autoridade máxima do órgão ou entidade poderá utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: 
designar outra autoridade que lhe seja diretamente subordi- I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade
nada como responsável pelo recebimento e apreciação da re- e do Estado; e 
clamação. II - o prazo máximo de classificação em grau de sigilo ou o
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo úni- evento que defina seu termo final.
co do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, Art. 28. Os prazos máximos de classificação são os seguin-
poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, tes:
contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos; 
que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do II - grau secreto: quinze anos; e
recebimento do recurso. III - grau reservado: cinco anos. 
§ 1o A Controladoria-Geral da União poderá determinar Parágrafo único. Poderá ser estabelecida como termo final
que o órgão ou entidade preste esclarecimentos. de restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, ob-
§ 2o Provido o recurso, a Controladoria-Geral da União fi- servados os prazos máximos de classificação.
xará prazo para o cumprimento da decisão pelo órgão ou en- Art. 29. As informações que puderem colocar em risco a
tidade. segurança do Presidente da República, Vice-Presidente e seus
Art. 24. No caso de negativa de acesso à informação, ou cônjuges e filhos serão classificadas no grau reservado e ficarão
às razões da negativa do acesso de que trata o caput do art. sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último
21, desprovido o recurso pela Controladoria-Geral da União, o mandato, em caso de reeleição.
requerente poderá apresentar, no prazo de dez dias, contado Art. 30. A classificação de informação é de competência: 
da ciência da decisão, recurso à Comissão Mista de Reavalia- I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades: 
ção de Informações, observados os procedimentos previstos a) Presidente da República; 
no Capítulo VI. b) Vice-Presidente da República; 
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prer-
CAPÍTULO V rogativas; 
DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáutica; e
SIGILO e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanen-
Seção I tes no exterior; 
Da Classificação de Informações quanto ao Grau e II - no grau secreto, das autoridades referidas no inciso I
Prazos de Sigilo do caput, dos titulares de autarquias, fundações, empresas pú-
blicas e sociedades de economia mista; e 
Art. 25. São passíveis de classificação as informações consi- III - no grau reservado, das autoridades referidas nos inci-
deradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Esta- sos I e II do caput e das que exerçam funções de direção, co-
do, cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: mando ou chefia do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a inte- riores - DAS, nível DAS 101.5 ou superior, e seus equivalentes.
gridade do território nacional;  § 1o É vedada a delegação da competência de classificação
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações nos graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
ou as relações internacionais do País; § 2o O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá dele-
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas em gar a competência para classificação no grau reservado a agente
caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;  público que exerça função de direção, comando ou chefia.
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da popu- § 3o É vedada a subdelegação da competência de que trata
lação;  o § 2o.
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econô- § 4o Os agentes públicos referidos no § 2o deverão dar ciên-
mica ou monetária do País;  cia do ato de classificação à autoridade delegante, no prazo de
VI - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estra- noventa dias.
tégicos das Forças Armadas; § 5o A classificação de informação no grau ultrassecre-
VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a siste- do caput deverá ser ratificada pelo Ministro de Estado, no prazo
mas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacio- de trinta dias.
nal, observado o disposto no inciso II do caput do art. 6o;  § 6o Enquanto não ratificada, a classificação de que trata o §
VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas 5o considera-se válida, para todos os efeitos legais.
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
IX - comprometer atividades de inteligência, de investiga- Seção II
ção ou de fiscalização em andamento, relacionadas com pre- Dos Procedimentos para Classificação de Informação
venção ou repressão de infrações. 
Art. 26. A informação em poder dos órgãos e entidades, Art. 31. A decisão que classificar a informação em qual-
observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à quer grau de sigilo deverá ser formalizada no Termo de Clas-
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada sificação de Informação - TCI, conforme modelo contido no
no grau ultrassecreto, secreto ou reservado.  Anexo, e conterá o seguinte: 

11
LEGISLAÇÃO

I - código de indexação de documento; I - o prazo máximo de restrição de acesso à informação,


II - grau de sigilo; previsto no art. 28;
III - categoria na qual se enquadra a informação; II - o prazo máximo de quatro anos para revisão de ofício
IV - tipo de documento;  das informações classificadas no grau ultrassecreto ou secre-
V - data da produção do documento; to, previsto no inciso I do caput do art. 47;
VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta a clas- III - a permanência das razões da classificação;
sificação;  IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes da
VII - razões da classificação, observados os critérios esta- divulgação ou acesso irrestrito da informação; e
belecidos no art. 27; V - a peculiaridade das informações produzidas no exte-
VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me- rior por autoridades ou agentes públicos.
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, obser- Art. 36. O pedido de desclassificação ou de reavaliação
vados os limites previstos no art. 28; da classificação poderá ser apresentado aos órgãos e enti-
IX - data da classificação; e dades independente de existir prévio pedido de acesso à
X - identificação da autoridade que classificou a informa- informação.
ção. Parágrafo único. O pedido de que trata o caput será en-
§ 1o O TCI seguirá anexo à informação. dereçado à autoridade classificadora, que decidirá no prazo
§ 2o As informações previstas no inciso VII do caput de- de trinta dias.
verão ser mantidas no mesmo grau de sigilo que a informação Art. 37. Negado o pedido de desclassificação ou de rea-
classificada. valiação pela autoridade classificadora, o requerente poderá
§ 3o A ratificação da classificação de que trata o § 5o do apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência
art. 30 deverá ser registrada no TCI.  da negativa, ao Ministro de Estado ou à autoridade com as
Art. 32. A autoridade ou outro agente público que classi- mesmas prerrogativas, que decidirá no prazo de trinta dias.
ficar informação no grau ultrassecreto ou secreto deverá en- § 1o Nos casos em que a autoridade classificadora esteja
caminhar cópia do TCI à Comissão Mista de Reavaliação de vinculada a autarquia, fundação, empresa pública ou socieda-
Informações no prazo de trinta dias, contado da decisão de de de economia mista, o recurso será apresentado ao dirigen-
classificação ou de ratificação. te máximo da entidade.
Art. 33. Na hipótese de documento que contenha in- § 2o No caso das Forças Armadas, o recurso será apresen-
tado primeiramente perante o respectivo Comandante, e, em
formações classificadas em diferentes graus de sigilo, será
caso de negativa, ao Ministro de Estado da Defesa.
atribuído ao documento tratamento do grau de sigilo mais
§ 3o No caso de informações produzidas por autoridades
elevado, ficando assegurado o acesso às partes não classifi-
ou agentes públicos no exterior, o requerimento de desclas-
cadas por meio de certidão, extrato ou cópia, com ocultação
sificação e reavaliação será apreciado pela autoridade hierar-
da parte sob sigilo.
quicamente superior que estiver em território brasileiro.
Art. 34. Os órgãos e entidades poderão constituir Co-
§ 4o Desprovido o recurso de que tratam o caput e os
missão Permanente de Avaliação de Documentos Sigilo-
§§1  a 3o, poderá o requerente apresentar recurso à Comissão
o
sos - CPADS, com as seguintes atribuições:
Mista de Reavaliação de Informações, no prazo de dez dias,
I - opinar sobre a informação produzida no âmbito de sua contado da ciência da decisão.
atuação para fins de classificação em qualquer grau de sigilo; Art. 38. A decisão da desclassificação, reclassificação ou
II - assessorar a autoridade classificadora ou a autoridade redução do prazo de sigilo de informações classificadas de-
hierarquicamente superior quanto à desclassificação, reclas- verá constar das capas dos processos, se houver, e de campo
sificação ou reavaliação de informação classificada em qual- apropriado no TCI. 
quer grau de sigilo;
III - propor o destino final das informações desclassifica- Seção IV
das, indicando os documentos para guarda permanente, ob- Disposições Gerais
servado o disposto na Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e
IV - subsidiar a elaboração do rol anual de informações Art. 39. As informações classificadas no grau ultrassecre-
desclassificadas e documentos classificados em cada grau de to ou secreto serão definitivamente preservadas, nos termos
sigilo, a ser disponibilizado na Internet. da  Lei no 8.159, de 1991, observados os procedimentos de
restrição de acesso enquanto vigorar o prazo da classificação.
Seção III Art. 40. As informações classificadas como documentos de
Da Desclassificação e Reavaliação da Informação guarda permanente que forem objeto de desclassificação serão
Classificada em Grau de Sigilo encaminhadas ao Arquivo Nacional, ao arquivo permanente do
órgão público, da entidade pública ou da instituição de caráter
Art.  35. A classificação das informações será reavaliada público, para fins de organização, preservação e acesso.
pela autoridade classificadora ou por autoridade hierarquica- Art. 41. As informações sobre condutas que impliquem
mente superior, mediante provocação ou de ofício, para des- violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos
classificação ou redução do prazo de sigilo. ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto de classificação em qualquer grau de sigilo nem ter seu aces-
no caput, além do disposto no art. 27, deverá ser observado: so negado.

12
LEGISLAÇÃO

Art. 42. Não poderá ser negado acesso às informações VIII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
necessárias à tutela judicial ou administrativa de direitos fun- da República;
damentais. IX - Advocacia-Geral da União; e
Parágrafo único. O requerente deverá apresentar razões X - Controladoria Geral da União.
que demonstrem a existência de nexo entre as informações Parágrafo único. Cada integrante indicará suplente a ser
requeridas e o direito que se pretende proteger. designado por ato do Presidente da Comissão.
Art. 43. O acesso, a divulgação e o tratamento de infor- Art. 47. Compete à Comissão Mista de Reavaliação de In-
mação classificada em qualquer grau de sigilo ficarão restritos formações:
a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que se- I - rever, de ofício ou mediante provocação, a classifica-
jam credenciadas segundo as normas fixadas pelo Núcleo de ção de informação no grau ultrassecreto ou secreto ou sua
Segurança e Credenciamento, instituído no âmbito do Gabi- reavaliação, no máximo a cada quatro anos;
nete de Segurança Institucional da Presidência da República, II - requisitar da autoridade que classificar informação no
sem prejuízo das atribuições de agentes públicos autorizados grau ultrassecreto ou secreto esclarecimento ou conteúdo,
por lei. parcial ou integral, da informação, quando as informações
Art. 44. As autoridades do Poder Executivo federal ado- constantes do TCI não forem suficientes para a revisão da
tarão as providências necessárias para que o pessoal a elas classificação;
subordinado conheça as normas e observe as medidas e pro- III - decidir recursos apresentados contra decisão profe-
cedimentos de segurança para tratamento de informações rida:
classificadas em qualquer grau de sigilo. a) pela Controladoria-Geral da União, em grau recursal,
Parágrafo único. A pessoa natural ou entidade privada pedido de acesso à informação ou de abertura de base de
que, em razão de qualquer vínculo com o Poder Público, exe- dados, ou às razões da negativa de acesso à informação ou de
cutar atividades de tratamento de informações classificadas, abertura de base de dados; ou (Redação dada pelo Decreto
adotará as providências necessárias para que seus empre- nº 8.777, de 2016)
gados, prepostos ou representantes observem as medidas e b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a mesma
procedimentos de segurança das informações. prerrogativa, em grau recursal, a pedido de desclassificação
Art. 45. A autoridade máxima de cada órgão ou entida- ou reavaliação de informação classificada;
de publicará anualmente, até o dia 1° de junho, em sítio na IV - prorrogar por uma única vez, e por período determi-
Internet: nado não superior a vinte e cinco anos, o prazo de sigilo de
I - rol das informações desclassificadas nos últimos doze informação classificada no grau ultrassecreto, enquanto seu
meses; acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à so-
II - rol das informações classificadas em cada grau de si- berania nacional, à integridade do território nacional ou grave
gilo, que deverá conter: risco às relações internacionais do País, limitado ao máximo
a) código de indexação de documento; de cinquenta anos o prazo total da classificação; e
b) categoria na qual se enquadra a informação; V - estabelecer orientações normativas de caráter geral a
c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a clas- fim de suprir eventuais lacunas na aplicação da Lei no 12.527,
sificação; e de 2011.
d) data da produção, data da classificação e prazo da Parágrafo único. A não deliberação sobre a revisão de ofí-
classificação; cio no prazo previsto no inciso I do caput implicará a desclas-
III - relatório estatístico com a quantidade de pedidos de sificação automática das informações.
acesso à informação recebidos, atendidos e indeferidos; e Art. 48. A Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
IV - informações estatísticas agregadas dos requerentes. ções se reunirá, ordinariamente, uma vez por mês, e, extraor-
Parágrafo único. Os órgãos e entidades deverão manter dinariamente, sempre que convocada por seu Presidente.
em meio físico as informações previstas no caput, para con- Parágrafo único. As reuniões serão realizadas com a pre-
sulta pública em suas sedes. sença de no mínimo seis integrantes.
Art. 49. Os requerimentos de prorrogação do prazo de
CAPÍTULO VI classificação de informação no grau ultrassecreto, a que se
DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE INFOR- refere o inciso IV do caput do art. 47, deverão ser encami-
MAÇÕES CLASSIFICADAS nhados à Comissão Mista de Reavaliação de Informações em
até um ano antes do vencimento do termo final de restrição
Art. 46. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, de acesso.
instituída nos termos do § 1o do art. 35 da Lei no 12.527, de Parágrafo único. O requerimento de prorrogação do pra-
2011, será integrada pelos titulares dos seguintes órgãos: zo de sigilo de informação classificada no grau ultrassecreto
I - Casa Civil da Presidência da República, que a presidirá; deverá ser apreciado, impreterivelmente, em até três sessões
II - Ministério da Justiça; subsequentes à data de sua autuação, ficando sobrestadas,
III - Ministério das Relações Exteriores; até que se ultime a votação, todas as demais deliberações da
IV - Ministério da Defesa; Comissão.
V - Ministério da Fazenda; Art. 50. A Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
VI - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; mações deverá apreciar os recursos previstos no inciso III
VII - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da do caput do art. 47, impreterivelmente, até a terceira reunião
República; ordinária subsequente à data de sua autuação.

13
LEGISLAÇÃO

Art. 51. A revisão de ofício da informação classificada no Art. 58. A restrição de acesso a informações pessoais de
grau ultrassecreto ou secreto será apreciada em até três ses- que trata o art. 55 não poderá ser invocada:
sões anteriores à data de sua desclassificação automática. I - com o intuito de prejudicar processo de apuração de
Art. 52. As deliberações da Comissão Mista de Reavalia- irregularidades, conduzido pelo Poder Público, em que o titular
ção de Informações serão tomadas: das informações for parte ou interessado; ou
I - por maioria absoluta, quando envolverem as compe- II - quando as informações pessoais não classificadas es-
tências previstas nos incisos I e IV do caput do art.47; e tiverem contidas em conjuntos de documentos necessários à
II - por maioria simples dos votos, nos demais casos. recuperação de fatos históricos de maior relevância.
Parágrafo único. A Casa Civil da Presidência da República Art. 59. O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá,
poderá exercer, além do voto ordinário, o voto de qualidade de ofício ou mediante provocação, reconhecer a incidência da
para desempate. hipótese do inciso II do caput do art. 58, de forma fundamen-
Art. 53. A Casa Civil da Presidência da República exercerá tada, sobre documentos que tenha produzido ou acumulado,
as funções de Secretaria-Executiva da Comissão Mista de Rea- e que estejam sob sua guarda.
§ 1o Para subsidiar a decisão de reconhecimento de que
valiação de Informações, cujas competências serão definidas
trata o caput, o órgão ou entidade poderá solicitar a univer-
em regimento interno.
sidades, instituições de pesquisa ou outras entidades com
Art. 54. A Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
notória experiência em pesquisa historiográfica a emissão de
ções aprovará, por maioria absoluta, regimento interno que
parecer sobre a questão.
disporá sobre sua organização e funcionamento. § 2o A decisão de reconhecimento de que trata o caput será
Parágrafo único. O regimento interno deverá ser publica- precedida de publicação de extrato da informação, com descri-
do no Diário Oficial da União no prazo de noventa dias após ção resumida do assunto, origem e período do conjunto de
a instalação da Comissão. documentos a serem considerados de acesso irrestrito, com
antecedência de no mínimo trinta dias.
CAPÍTULO VII § 3o Após a decisão de reconhecimento de que trata o §
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS 2o, os documentos serão considerados de acesso irrestrito ao
público.
Art. 55. As informações pessoais relativas à intimidade, § 4o Na hipótese de documentos de elevado valor histórico
vida privada, honra e imagem detidas pelos órgãos e enti- destinados à guarda permanente, caberá ao dirigente máximo
dades: do Arquivo Nacional, ou à autoridade responsável pelo arquivo
I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmente au- do órgão ou entidade pública que os receber, decidir, após seu
torizados e a pessoa a que se referirem, independentemente recolhimento, sobre o reconhecimento, observado o procedi-
de classificação de sigilo, pelo prazo máximo de cem anos a mento previsto neste artigo.
contar da data de sua produção; e Art. 60. O pedido de acesso a informações pessoais obser-
II - poderão ter sua divulgação ou acesso por terceiros vará os procedimentos previstos no Capítulo IV e estará condi-
autorizados por previsão legal ou consentimento expresso da cionado à comprovação da identidade do requerente.
pessoa a que se referirem. Parágrafo único. O pedido de acesso a informações pes-
Parágrafo único. Caso o titular das informações pessoais soais por terceiros deverá ainda estar acompanhado de:
esteja morto ou ausente, os direitos de que trata este artigo I - comprovação do consentimento expresso de que trata
assistem ao cônjuge ou companheiro, aos descendentes ou o inciso II do caput do art. 55, por meio de procuração;
ascendentes, conforme o disposto no parágrafo único do art. II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58;
20 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e na Lei no 9.278, III - demonstração do interesse pela recuperação de fatos
históricos de maior relevância, observados os procedimentos
de 10 de maio de 1996.
previstos no art. 59; ou
Art. 56. O tratamento das informações pessoais deve ser
IV - demonstração da necessidade do acesso à informação
feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida
requerida para a defesa dos direitos humanos ou para a prote-
privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberda-
ção do interesse público e geral preponderante.
des e garantias individuais. Art. 61. O acesso à informação pessoal por terceiros será
Art. 57. O consentimento referido no inciso II do caput do condicionado à assinatura de um termo de responsabilidade,
art. 55 não será exigido quando o acesso à informação pes- que disporá sobre a finalidade e a destinação que fundamen-
soal for necessário: taram sua autorização, sobre as obrigações a que se submeterá
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa o requerente.
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização exclusi- § 1o A utilização de informação pessoal por terceiros vin-
vamente para o tratamento médico; cula-se à finalidade e à destinação que fundamentaram a au-
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de torização do acesso, vedada sua utilização de maneira diversa.
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, vedada a § 2o Aquele que obtiver acesso às informações pessoais de ter-
identificação da pessoa a que a informação se referir; ceiros será responsabilizado por seu uso indevido, na forma da lei.
III - ao cumprimento de decisão judicial; Art. 62. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de
IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, natu-
V - à proteção do interesse público geral e preponde- ral ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de
rante. órgãos ou entidades governamentais ou de caráter público.

14
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO VIII § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla


DAS ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput serão consideradas:
Art. 63. As entidades privadas sem fins lucrativos que rece- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Ar-
berem recursos públicos para realização de ações de interesse madas, transgressões militares médias ou graves, segundo os
público deverão dar publicidade às seguintes informações: critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei
I - cópia do estatuto social atualizado da entidade; como crime ou contravenção penal; ou 
II - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de de-
III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de zembro de 1990, infrações administrativas, que deverão ser
parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres rea- apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios
lizados com o Poder Executivo federal, respectivos aditivos, e estabelecidos na referida lei. 
relatórios finais de prestação de contas, na forma da legisla- § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
ção aplicável. ou agente público responder, também, por improbidade ad-
§ 1o As informações de que trata o caput serão divulga- ministrativa, conforme o disposto nas Leis no 1.079, de 10 de
das em sítio na Internet da entidade privada e em quadro de abril de 1950, e no 8.429, de 2 de junho de 1992. 
avisos de amplo acesso público em sua sede. Art. 66. A pessoa natural ou entidade privada que detiver
§ 2o A divulgação em sítio na Internet referida no §1o po- informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com
derá ser dispensada, por decisão do órgão ou entidade públi- o Poder Público e praticar conduta prevista no art. 65, estará
ca, e mediante expressa justificação da entidade, nos casos de sujeita às seguintes sanções: 
entidades privadas sem fins lucrativos que não disponham de I - advertência; 
meios para realizá-la. II - multa; 
§ 3o As informações de que trata o caput deverão ser pu- III - rescisão do vínculo com o Poder Público; 
blicadas a partir da celebração do convênio, contrato, termo IV - suspensão temporária de participar em licitação e
de parceria, acordo, ajuste ou instrumento congênere, serão impedimento de contratar com a administração pública por
atualizadas periodicamente e ficarão disponíveis até cento e prazo não superior a dois anos; e 
oitenta dias após a entrega da prestação de contas final.  V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
Art. 64. Os pedidos de informação referentes aos convê- com a administração pública, até que seja promovida a reabi-
nios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou ins- litação perante a autoridade que aplicou a penalidade.
trumentos congêneres previstos no art. 63 deverão ser apre-
§ 1o A sanção de multa poderá ser aplicada juntamente
sentados diretamente aos órgãos e entidades responsáveis
com as sanções previstas nos incisos I, III e IV do caput.
pelo repasse de recursos.
§ 2o A multa prevista no inciso II do caput será aplicada
sem prejuízo da reparação pelos danos e não poderá ser:
CAPÍTULO IX
I - inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) nem superior a R$
DAS RESPONSABILIDADES
200.000,00 (duzentos mil reais), no caso de pessoa natural; ou
II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem superior
Art. 65. Constituem condutas ilícitas que ensejam respon-
sabilidade do agente público ou militar:  a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso de entidade
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos privada.
deste Decreto, retardar deliberadamente o seu fornecimento § 3o A reabilitação referida no inciso V do caput será auto-
ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incomple- rizada somente quando a pessoa natural ou entidade privada
ta ou imprecisa;  efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos
II - utilizar indevidamente, subtrair, destruir, inutilizar, des- resultantes e depois de decorrido o prazo da sanção aplicada
figurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação com base no inciso IV do caput.
que se encontre sob sua guarda, a que tenha acesso ou sobre § 4o A aplicação da sanção prevista no inciso V do caput é
que tenha conhecimento em razão do exercício das atribui- de competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou
ções de cargo, emprego ou função pública;  entidade pública.
III - agir com dolo ou má-fé na análise dos pedidos de § 5o O prazo para apresentação de defesa nas hipóteses
acesso à informação;  previstas neste artigo é de dez dias, contado da ciência do ato. 
IV - divulgar, permitir a divulgação, acessar ou permitir
acesso indevido a informação classificada em grau de sigilo CAPÍTULO X
ou a informação pessoal;  DO MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal Seção I
ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometi- Da Autoridade de Monitoramento
do por si ou por outrem; 
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen- Art. 67. O dirigente máximo de cada órgão ou entidade
te informação classificada em grau de sigilo para beneficiar a designará autoridade que lhe seja diretamente subordinada
si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e  para exercer as seguintes atribuições:
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos ob-
parte de agentes do Estado.  jetivos da Lei no 12.527, de 2011;

15
LEGISLAÇÃO

II - avaliar e monitorar a implementação do disposto nes- CAPÍTULO XI


te Decreto e apresentar ao dirigente máximo de cada órgão DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
ou entidade relatório anual sobre o seu cumprimento, enca-
minhando-o à Controladoria-Geral da União; Art. 71. Os órgãos e entidades adequarão suas políticas
III - recomendar medidas para aperfeiçoar as normas e de gestão da informação, promovendo os ajustes necessários
procedimentos necessários à implementação deste Decreto; aos processos de registro, processamento, trâmite e arquiva-
IV - orientar as unidades no que se refere ao cumprimen- mento de documentos e informações.
to deste Decreto; e Art. 72. Os órgãos e entidades deverão reavaliar as infor-
V - manifestar-se sobre reclamação apresentada contra omis- mações classificadas no grau ultrassecreto e secreto no prazo
são de autoridade competente, observado o disposto no art. 22. máximo de dois anos, contado do termo inicial de vigência
da Lei no 12.527, de 2011.
Seção II § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da
Das Competências Relativas ao Monitoramento reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
condições previstos neste Decreto.
Art. 68. Compete à Controladoria-Geral da União, obser- § 2o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
vadas as competências dos demais órgãos e entidades e as previsto no caput, será mantida a classificação da informação,
previsões específicas neste Decreto: observados os prazos e disposições da legislação precedente.
I - definir o formulário padrão, disponibilizado em meio fí- § 3o As informações classificadas no grau ultrassecreto
sico e eletrônico, que estará à disposição no sítio na Internet e e secreto não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
no SIC dos órgãos e entidades, de acordo com o § 1o do art. 11; consideradas, automaticamente, desclassificadas.
II - promover campanha de abrangência nacional de fomen- Art. 73. A publicação anual de que trata o art. 45 terá ini-
to à cultura da transparência na administração pública e cons- cio em junho de 2013.
cientização sobre o direito fundamental de acesso à informação; Art.  74. O tratamento de informação classificada resul-
III - promover o treinamento dos agentes públicos e, no tante de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
que couber, a capacitação das entidades privadas sem fins normas e recomendações desses instrumentos.
lucrativos, no que se refere ao desenvolvimento de práticas
Art. 75. Aplica-se subsidiariamente a Lei no 9.784, de 29 de
relacionadas à transparência na administração pública;
janeiro de 1999, aos procedimentos previstos neste Decreto.
IV - monitorar a implementação da Lei no 12.527, de 2011,
Art. 76. Este Decreto entra em vigor em 16 de maio de
concentrando e consolidando a publicação de informações
2012.
estatísticas relacionadas no art. 45; 
Brasília, 16 de maio de 2012; 191º da Independência e
V - preparar relatório anual com informações referentes à
124º da República.
implementação da Lei no 12.527, de 2011, a ser encaminhado
ANEXO 
ao Congresso Nacional;
VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especialmente o GRAU DE SIGILO:
cumprimento dos prazos e procedimentos; e (idêntico ao grau de sigilo do documento) 
VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidên-
cia da República, diretrizes e procedimentos complementares TERMO DE CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO
necessários à implementação da Lei no 12.527, de 2011.
ÓRGÃO/ENTIDADE:
Art. 69. Compete à Controladoria-Geral da União e ao Mi-
nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão, observadas as CÓDIGO DE INDEXAÇÃO:
competências dos demais órgãos e entidades e as previsões
GRAU DE SIGILO:
específicas neste Decreto, por meio de ato conjunto:
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de divul- CATEGORIA:
gação de informações ao público, fixando prazo máximo para TIPO DE DOCUMENTO:
atualização; e  DATA DE PRODUÇÃO:
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, estru-
turação e prestação de informações no âmbito do SIC. FUNDAMENTO LEGAL PARA CLASSIFICAÇÃO:
Art. 70. Compete ao Gabinete de Segurança Institucional da RAZÕES PARA A CLASSIFICAÇÃO:
Presidência da República, observadas as competências dos de- (idêntico ao grau de sigilo do documento)
mais órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto:
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à classi- PRAZO DA RESTRIÇÃO DE ACESSO:
ficação de informação; DATA DE CLASSIFICAÇÃO:
II - expedir atos complementares e estabelecer procedi-
Nome:
mentos relativos ao credenciamento de segurança de pes- AUTORIDADE CLASSIFICADORA
soas, órgãos e entidades públicos ou privados, para o trata- Cargo:
mento de informações classificadas; e AUTORIDADE RATIFICADORA Nome:
III - promover, por meio do Núcleo de Credenciamento (quando aplicável)
de Segurança, o credenciamento de segurança de pessoas, Cargo:
órgãos e entidades públicos ou privados, para o tratamento
de informações classificadas.

16
LEGISLAÇÃO

DESCLASSIFICAÇÃO em Nome: DECRETA:


  ____/____/________ Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servi-
Cargo: dor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.
(quando aplicável)
Nome: Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-
RECLASSIFICAÇÃO em deral direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as provi-
  ____/____/_________ Cargo: dências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive
(quando aplicável) mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integra-
Nome: da por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo
REDUÇÃO DE PRAZO em ou emprego permanente.
  ____/____/_______ Cargo: Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será
(quando aplicável) comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência
Nome: da República, com a indicação dos respectivos membros titulares
PRORROGAÇÃO DE PRAZO em e suplentes.
  ___/ ____/_____ Cargo: Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
(quando aplicável) Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°
da República.
  ITAMAR FRANCO
_____________________________________________________ Romildo Canhim
ASSINATURA DA AUTORIDADE CLASSIFICADORA Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.

ANEXO
_______________________________________________________ Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
______ Poder Executivo Federal
ASSINATURA DA AUTORIDADE RATIFICADORA CAPÍTULO I
(quando aplicável) Seção I
_________________________________________________________ Das Regras Deontológicas
_______________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por DES- I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência
CLASSIFICAÇÃO (quando aplicável) dos princípios morais são primados maiores que devem nortear
  o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora
_________________________________________________________ dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder es-
_____________________ tatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por RE- para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.
CLASSIFICAÇÃO (quando aplicável) II - O servidor público não poderá jamais desprezar o ele-
_________________________________________________________ mento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente
______________________ entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o in-
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por RE- conveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente en-
DUÇÃO DE PRAZO (quando aplicável) tre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
_________________________________________________________ 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
______________________ III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de
PRORROGAÇÃO DE PRAZO (quando aplicável) que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalida-
de e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá
consolidar a moralidade do ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tri-
DECRETO Nº 1.171/1994. butos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele pró-
prio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade
administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável
de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conse-
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 quência, em fator de legalidade.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
Civil do Poder Executivo Federal. bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições VI - A função pública deve ser tida como exercício profis-
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vis- sional e, portanto, se integra na vida particular de cada servi-
ta o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. dor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do
116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o
arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, seu bom conceito na vida funcional.

17
LEGISLAÇÃO

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante
Pública, a serem preservados em processo previamente de- de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
clarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição
ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralida- essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade
de, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o a seu cargo;
bem comum, imputável a quem a negar. e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfei-
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não çoando o processo de comunicação e contato com o público;
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. cípios éticos que se materializam na adequada prestação dos
Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder serviços públicos;
corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos
os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de pre-
mais a de uma Nação.
conceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade,
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo de-
religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa for-
dicados ao serviço público caracterizam o esforço pela dis-
ma, de causar-lhes dano moral;
ciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma representar contra qualquer comprometimento indevido da
forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimô- estrutura em que se funda o Poder Estatal;
nio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às insta- contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer
lações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
seus esforços para construí-los. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
de solução que compete ao setor em que exerça suas fun- l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua
ções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer ou- ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo ne-
tra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza gativamente em todo o sistema;
apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as
públicos. providências cabíveis;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
legais de seus superiores, velando atentamente por seu cum- seguindo os métodos mais adequados à sua organização e dis-
primento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repeti- tribuição;
dos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às ve- o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem
zes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo
no desempenho da função pública. a realização do bem comum;
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas
de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o ao exercício da função;
que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estru- serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas
funções;
tura organizacional, respeitando seus colegas e cada concida-
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instru-
dão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua
ções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quan-
atividade pública é a grande oportunidade para o crescimen-
to possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo
to e o engrandecimento da Nação. sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
Seção II quem de direito;
Dos Principais Deveres do Servidor Público t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcio-
nais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contraria-
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: mente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função e dos jurisdicionados administrativos;
ou emprego público de que seja titular; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren- poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse pú-
dimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver blico, mesmo que observando as formalidades legais e não co-
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou metendo qualquer violação expressa à lei;
de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu
dano moral ao usuário; integral cumprimento.

18
LEGISLAÇÃO

Seção III XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos orga-


Das Vedações ao Servidor Público nismos encarregados da execução do quadro de carreira dos
servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito
XV - E vedado ao servidor público; de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem- procedimentos próprios da carreira do servidor público.
po, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
para si ou para outrem; de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do res-
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros ser- pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com
vidores ou de cidadãos que deles dependam; ciência do faltoso.
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co- XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao entende-se por servidor público todo aquele que, por força
Código de Ética de sua profissão; de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer- de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
dano moral ou material; indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
seu mister; em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-
chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no
trato com o público, com os jurisdicionados administrativos LEI FEDERAL Nº 8.666/1993.
ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doa-
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993
ção ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou
qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
influenciar outro servidor para o mesmo fim;
institui normas para licitações e contratos da Administração
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
Pública e dá outras providências.
encaminhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
atendimento em serviços públicos;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
j) desviar servidor público para atendimento a interesse
particular;
Capítulo I
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
Seção I
patrimônio público; Dos Princípios
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âm-
bito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e
de amigos ou de terceiros; contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclu-
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele ha- sive de publicidade, compras, alienações e locações no âm-
bitualmente; bito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente dos Municípios.
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa hu- Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
mana; além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais,
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. as sociedades de economia mista e demais entidades con-
troladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
CAPÍTULO II Federal e Municípios.
DAS COMISSÕES DE ÉTICA Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, com-
pras, alienações, concessões, permissões e locações da Ad-
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração ministração Pública, quando contratadas com terceiros, serão
Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipó-
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições dele- teses previstas nesta Lei.
gadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se con-
Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética pro- trato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
fissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o Administração Pública e particulares, em que haja um acordo
patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamen- de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de
te de imputação ou de procedimento susceptível de censura. obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

19
LEGISLAÇÃO

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do § 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta estabelecida com base em estudos revistos periodicamente,
mais vantajosa para a administração e a promoção do de- em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em consi-
senvolvimento nacional sustentável e será processada e jul- deração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto
gada em estrita conformidade com os princípios básicos da nº 7.546, de 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) (Vide De-
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, creto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756, de 2012)
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos 12.349, de 2010)
que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e
2010) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
§ 1o É vedado aos agentes públicos: III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo- no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído
ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de pela Lei nº 12.349, de 2010)
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dis- V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
tinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacio-
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica
irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o
realizados no País, poderá ser estabelecido margem de pre-
disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no8.248,
ferência adicional àquela prevista no § 5o. (Incluído pela Lei nº
de 23 de outubro de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.349, 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
de 2010) § 8o As margens de preferência por produto, serviço, gru-
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co- po de produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não po-
entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se dendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e
refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo cinco por cento) sobre o preço dos produtos manufaturados
quando envolvidos financiamentos de agências internacio- e serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
nais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991. § 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo
§ 2o Em igualdade de condições, como critério de de- não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos produção ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela Lei
bens e serviços: nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010) I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (Incluí-
II - produzidos no País; do pela Lei nº 12.349, de 2010)
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do art.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam 23 desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº 12.349,
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. de 2010)
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 10. A margem de preferência a que se refere o § 5o po-
V - produzidos ou prestados por empresas que compro- derá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços
vem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para originários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul -
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Mercosul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas nº 7.546, de 2011)
na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) § 11. Os editais de licitação para a contratação de bens,
serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da au-
§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessí-
toridade competente, exigir que o contratado promova, em
veis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao
favor de órgão ou entidade integrante da administração pú-
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
blica ou daqueles por ela indicados a partir de processo iso-
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
nômico, medidas de compensação comercial, industrial, tec-
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci- nológica ou acesso a condições vantajosas de financiamento,
da margem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder
13.146, de 2015) (Vigência) Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais Decreto nº 7.546, de 2011)
que atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela § 12. Nas contratações destinadas à implantação, manu-
Lei nº 13.146, de 2015) tenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de
II - bens e serviços produzidos ou prestados por em- informação e comunicação, considerados estratégicos em ato
presas que comprovem cumprimento de reserva de cargos do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para rea- bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e pro-
bilitado da Previdência Social e que atendam às regras de duzidos de acordo com o processo produtivo básico de que
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº trata a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001. (Incluído pela
13.146, de 2015) Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)

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LEGISLAÇÃO

§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financei- ção, conserto, instalação, montagem, operação, conservação,
ro, a relação de empresas favorecidas em decorrência do dis- reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de
posto nos §§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
volume de recursos destinados a cada uma delas. (Incluído pela III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para
Lei nº 12.349, de 2010) fornecimento de uma só vez ou parceladamente;
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a
normas de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento terceiros;
diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pe- V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas
queno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o
nº 147, de 2014) limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta Lei;
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem so- VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum-
bre as demais preferências previstas na legislação quando estas primento das obrigações assumidas por empresas em licita-
forem aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros. (In- ções e contratos;
cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entida-
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida des da Administração, pelos próprios meios;
pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade con-
público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento trata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Re-
estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a per- a) empreitada por preço global - quando se contrata a
turbar ou impedir a realização dos trabalhos. execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a
lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades
qualquer esfera da Administração Pública. determinadas;
Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas li- c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
citações terão como expressão monetária a moeda corrente d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque-
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
materiais;
cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações
e) empreitada integral - quando se contrata um empreen-
relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras
dimento em sua integralidade, compreendendo todas as eta-
e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada
pas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira
de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigi-
responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra-
bilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse
tante em condições de entrada em operação, atendidos os
público e mediante prévia justificativa da autoridade competen-
requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições
te, devidamente publicada. de segurança estrutural e operacional e com as características
§ 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus valo- adequadas às finalidades para que foi contratada;
res corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e
lhes preservem o valor. suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar
§ 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo pa- a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto
gamento será feito junto com o principal, correrá à conta das da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) adequado tratamento do impacto ambiental do empreendi-
§ 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos de- mento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a de-
correntes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite de finição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter
que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu os seguintes elementos:
parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a for-
dias úteis, contados da apresentação da fatura. (Incluído pela Lei necer visão global da obra e identificar todos os seus elemen-
nº 9.648, de 1998) tos constitutivos com clareza;
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privi- b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemen-
legiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas te detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de refor-
e empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei mulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
Complementar nº 147, de 2014) projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de ma-
Seção II teriais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
Das Definições especificações que assegurem os melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se: sua execução;
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de
ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta; métodos construtivos, instalações provisórias e condições or-
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada ganizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo
utilidade de interesse para a Administração, tais como: demoli- para a sua execução;

21
LEGISLAÇÃO

e) subsídios para montagem do plano de licitação e ges- I - projeto básico;


tão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia II - projeto executivo;
de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados ne- III - execução das obras e serviços.
cessários em cada caso; § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente pre-
f) orçamento detalhado do custo global da obra, funda- cedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competen-
mentado em quantitativos de serviços e fornecimentos pro- te, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do
priamente avaliados; projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido concomi-
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos neces- tantemente com a execução das obras e serviços, desde que
sários e suficientes à execução completa da obra, de acordo também autorizado pela Administração.
com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor- § 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados
mas Técnicas - ABNT; quando:
XI - Administração Pública - a administração direta e in- I - houver projeto básico aprovado pela autoridade com-
direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- petente e disponível para exame dos interessados em partici-
cípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade par do processo licitatório;
jurídica de direito privado sob controle do poder público e II - existir orçamento detalhado em planilhas que expres-
das fundações por ele instituídas ou mantidas; sem a composição de todos os seus custos unitários;
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade admi- III - houver previsão de recursos orçamentários que asse-
nistrativa pela qual a Administração Pública opera e atua con- gurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou
cretamente; serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso,
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da de acordo com o respectivo cronograma;
Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas me-
União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da
o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada pela Lei Constituição Federal, quando for o caso.
nº 8.883, de 1994) § 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua
instrumento contratual; origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de explorados sob o regime de concessão, nos termos da legisla-
contrato com a Administração Pública;
ção específica.
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, cria-
§ 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de
da pela Administração com a função de receber, examinar e
fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quanti-
julgar todos os documentos e procedimentos relativos às lici-
dades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões
tações e ao cadastramento de licitantes.
reais do projeto básico ou executivo.
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos ma-
§ 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua
nufaturados, produzidos no território nacional de acordo com
bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características
o processo produtivo básico ou com as regras de origem es-
tabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecni-
12.349, de 2010) camente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas materiais e serviços for feito sob o regime de administração
condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluí- contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.
do pela Lei nº 12.349, de 2010) § 6o A infringência do disposto neste artigo implica a nuli-
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comuni- dade dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de
cação estratégicos - bens e serviços de tecnologia da infor- quem lhes tenha dado causa.
mação e comunicação cuja descontinuidade provoque dano § 7o Não será ainda computado como valor da obra ou
significativo à administração pública e que envolvam pelo serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a
menos um dos seguintes requisitos relacionados às informa- atualização monetária das obrigações de pagamento, desde
ções críticas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e con- a data final de cada período de aferição até a do respectivo
fidencialidade. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios estabe-
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, lecidos obrigatoriamente no ato convocatório.
insumos, serviços e obras necessários para atividade de pes- § 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administração
quisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia Pública os quantitativos das obras e preços unitários de deter-
ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de pes- minada obra executada.
quisa aprovado pela instituição contratante. (Incluído pela Lei § 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que
nº 13.243, de 2016) couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve progra-
Seção III mar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual
Das Obras e Serviços e final e considerados os prazos de sua execução.
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado da
Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se existente
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, previsão orçamentária para sua execução total, salvo insufi-
em particular, à seguinte sequência: ciência financeira ou comprovado motivo de ordem técnica,

22
LEGISLAÇÃO

justificados em despacho circunstanciado da autoridade a V - facilidade na execução, conservação e operação, sem


que se refere o art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
8.883, de 1994) VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de seguran-
Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da ça do trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimen- de 1994)
to de bens a eles necessários: VII - impacto ambiental.
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
ou jurídica; Seção IV
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o
autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços téc-
de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto nicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra- executivos;
tante ou responsável pela licitação. II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou da III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias finan-
empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de ceiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, ex- ou serviços;
clusivamente a serviço da Administração interessada. V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou adminis-
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou trativas;
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
previamente fixado pela Administração. VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do dis- § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação,
os contratos para a prestação de serviços técnicos profissio-
posto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natu-
nais especializados deverão, preferencialmente, ser celebra-
reza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista
dos mediante a realização de concurso, com estipulação pré-
entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante
via de prêmio ou remuneração.
ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluin-
§ 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se,
do-se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários.
no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos mem-
§ 3o A empresa de prestação de serviços técnicos espe-
bros da comissão de licitação.
cializados que apresente relação de integrantes de seu corpo
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas
técnico em procedimento licitatório ou como elemento de
seguintes formas: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará
I - execução direta; obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem pes-
II - execução indireta, nos seguintes regimes:  (Redação soal e diretamente os serviços objeto do contrato.
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a) empreitada por preço global; Seção V
b) empreitada por preço unitário; Das Compras
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
d) tarefa; Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada ca-
e) empreitada integral. racterização de seu objeto e indicação dos recursos orçamen-
Parágrafo único. (Vetado).  (Redação dada pela Lei nº tários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e
8.883, de 1994) responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Regu-
terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, lamento) (Regulamento) (Regulamento) (Vigência)
exceto quando o projeto-padrão não atender às condições I - atender ao princípio da padronização, que imponha
peculiares do local ou às exigências específicas do empreen- compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
dimento. nho, observadas, quando for o caso, as condições de manu-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de tenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
obras e serviços serão considerados principalmente os se- II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
guintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento
I - segurança; semelhantes às do setor privado;
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces-
III - economia na execução, conservação e operação; sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- economicidade;
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos ór-
execução, conservação e operação; gãos e entidades da Administração Pública.

23
LEGISLAÇÃO

§ 1o O registro de preços será precedido de ampla pes- a) dação em pagamento;


quisa de mercado. b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou
§ 2o Os preços registrados serão publicados trimestral- entidade da administração pública, de qualquer esfera de go-
mente para orientação da Administração, na imprensa oficial. verno, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação dada
§ 3o O sistema de registro de preços será regulamentado pela Lei nº 11.952, de 2009)
por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observa- c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
das as seguintes condições: constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
I - seleção feita mediante concorrência; d) investidura;
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualiza- e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
ção dos preços registrados; de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - validade do registro não superior a um ano. f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
§ 4o A existência de preços registrados não obriga a Ad- de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
ministração a firmar as contratações que deles poderão advir, imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente
ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regula-
a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao bene- rização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos
ficiário do registro preferência em igualdade de condições. ou entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral de nº 11.481, de 2007)
preços, quando possível, deverá ser informatizado. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
preço constante do quadro geral em razão de incompatibili- iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
dade desse com o preço vigente no mercado. em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
indicação de marca; de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250
II - a definição das unidades e das quantidades a serem
m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja
âmbito de programas de regularização fundiária de interesse
estimativa será obtida, sempre que possível, mediante ade-
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
quadas técnicas quantitativas de estimação;
pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
III - as condições de guarda e armazenamento que não
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
permitam a deterioração do material.
onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde in-
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao li-
cidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei
mite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização
convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, fundiária, atendidos os requisitos legais; e (Redação dada pela
3 (três) membros. Lei nº 13.465, 2017)
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo aces- licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
so público, à relação de todas as compras feitas pela Admi- a)  doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
nistração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a identi- interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conve-
ficação do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade niência socioeconômica, relativamente à escolha de outra for-
adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação, ma de alienação;
podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas com dis- b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou en-
pensa e inexigibilidade de licitação. (Redação dada pela Lei nº tidades da Administração Pública;
8.883, de 1994) c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos observada a legislação específica;
casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art. 24. d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) e) venda de bens produzidos ou comercializados por ór-
gãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de
Seção VI suas finalidades;
Das Alienações f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos
ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsí-
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, su- vel por quem deles dispõe.
bordinada à existência de interesse público devidamente jus- § 1o Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I
tificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação,
normas: reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa sua alienação pelo beneficiário.
para órgãos da administração direta e entidades autárquicas § 2o A Administração também poderá conceder título de
e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraesta- propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada
tais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modali- licitação, quando o uso destinar-se: (Redação dada pela Lei nº
dade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: 11.196, de 2005)

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LEGISLAÇÃO

I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário
qualquer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela Lei nº necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a
11.196, de 2005) cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento hipoteca em segundo grau em favor do doador. (Incluído pela
ou ato normativo do órgão competente, haja implementado Lei nº 8.883, de 1994)
os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou glo-
exploração direta sobre área rural, observado o limite de que balmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23,
trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009; inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração poderá permitir o
(Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017) leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas § 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
de autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a
condicionamentos: (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009) fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimen-
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção to de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da ava-
por particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezem- liação.
bro de 2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - vedação de concessões para hipóteses de explora- Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
ção não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de da-
de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas ção em pagamento, poderão ser alienados por ato da autori-
de zoneamento ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei nº dade competente, observadas as seguintes regras:
11.196, de 2005) I - avaliação dos bens alienáveis;
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis- II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
pensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade
necessidade pública ou interesse social. (Incluído pela Lei nº de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
11.196, de 2005) 1994)
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (Incluído
Capítulo II
pela Lei nº 11.196, de 2005)
Da Licitação
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujei-
Seção I
to a vedação, impedimento ou inconveniente a sua explora-
Das Modalidades, Limites e Dispensa
ção mediante atividades agropecuárias; (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, des-
a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público,
de que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dis-
devidamente justificado.
pensa de licitação para áreas superiores a esse limite; (Redação Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
dada pela Lei nº 11.763, de 2008) habilitação de interessados residentes ou sediados em outros
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decor- locais.
rente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. (Incluí- concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos lei-
do pela Lei nº 11.196, de 2005) lões, embora realizados no local da repartição interessada, de-
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) verão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Re- vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
dação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou to-
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca talmente com recursos federais ou garantidas por instituições
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% federais; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
(cinquenta por cento) do valor constante da alínea “a” do in- II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quan-
ciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) do se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou
falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, III - em jornal diário de grande circulação no Estado e tam-
desde que considerados dispensáveis na fase de operação bém, se houver, em jornal de circulação no Município ou na re-
dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversí- gião onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido,
veis ao final da concessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instru- conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de
mento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de divulgação para ampliar a área de competição. (Redação dada
seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulida- pela Lei nº 8.883, de 1994)
de do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse § 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em
público devidamente justificado; (Redação dada pela Lei nº que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
8.883, de 1994) edital e todas as informações sobre a licitação.

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LEGISLAÇÃO

§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
da realização do evento será: interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei nº administração ou de produtos legalmente apreendidos ou pe-
8.883, de 1994) nhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art.
a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado con- avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
templar o regime de empreitada integral ou quando a licita- § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais
ção for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
pela Lei nº 8.883, de 1994) para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a,
II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastra-
1994) dos não convidados nas últimas licitações. (Redação dada pela
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” Lei nº 8.883, de 1994)
do inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto de-
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me- sinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número
lhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei nº 8.883, mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circuns-
de 1994) tâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não pena de repetição do convite.
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; (Reda- § 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) ou a combinação das referidas neste artigo.
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela Lei § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administra-
nº 8.883, de 1994) ção somente poderá exigir do licitante não cadastrado os docu-
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão mentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação
contados a partir da última publicação do edital resumido ou compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital. (In-
da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade cluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os in-
data que ocorrer mais tarde. (Redação dada pela Lei nº 8.883, cisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos
de 1994) seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contrata-
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação ção:
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o
I - para obras e serviços de engenharia: Redação dada pela
prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestiona-
Lei nº 9.648, de 1998)
velmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
Art. 22. São modalidades de licitação:
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
I - concorrência;
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
II - tomada de preços;
quinhentos mil reais); ( Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
III - convite;
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
IV - concurso;
V - leilão. nhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação pre- (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
liminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifi- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação
cação exigidos no edital para execução de seu objeto. dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cin-
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a quenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
todas as condições exigidas para cadastramento até o tercei- c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cin-
ro dia anterior à data do recebimento das propostas, observa- quenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
da a necessária qualificação. § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administra-
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessa- ção serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem
dos do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, no mercado e à ampliação da competitividade sem perda da
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais economia de escala. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
cadastrados na correspondente especialidade que manifesta- § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens,
rem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e qua- parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou
tro) horas da apresentação das propostas. conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corres-
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer ponder licitação distinta, preservada a modalidade pertinente
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou para a execução do objeto em licitação. (Redação dada pela Lei
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração nº 8.883, de 1994)
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital pu- § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível,
blicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
(quarenta e cinco) dias. alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,

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LEGISLAÇÃO

como nas concessões de direito real de uso e nas licitações in- as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
ternacionais, admitindo-se neste último caso, observados os prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou cala-
entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores midade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou ser- V - quando não acudirem interessados à licitação anterior
viço no País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condi-
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a ções preestabelecidas;
concorrência. VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
§ 5o É vedada a utilização da modalidade “convite” ou nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
“tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma VII - quando as propostas apresentadas consignarem
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da preços manifestamente superiores aos praticados no mer-
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa-
seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação,
“concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, ex- será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por
ceto para as parcelas de natureza específica que possam ser valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos
executadas por pessoas ou empresas de especialidade diver- serviços; (Vide § 3º do art. 48)
sa daquela do executor da obra ou serviço. (Redação dada VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito pú-
pela Lei nº 8.883, de 1994) blico interno, de bens produzidos ou serviços prestados por
§ 6o As organizações industriais da Administração Federal órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limi- tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à
tes estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compa-
compras e serviços em geral, desde que para a aquisição de tível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº
materiais aplicados exclusivamente na manutenção, reparo 8.883, de 1994)
ou fabricação de meios operacionais bélicos pertencentes à IX - quando houver possibilidade de comprometimento
União. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Na-
não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida cional; (Regulamento)
a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital atendimento das finalidades precípuas da administração,
fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de esca- cujas necessidades de instalação e localização condicionem a
la. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela
dos valores mencionados no caput deste artigo quando forma- Lei nº 8.883, de 1994)
do por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando for- XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
mado por maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde
Art. 24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, de que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
2.010) Vigência aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vence-
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% dor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gê-
do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de neros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamen-
da mesma natureza e no mesmo local que possam ser reali- te com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
zadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei de 1994)
nº 9.648, de 1998) XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do ar- desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
tigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, recuperação social do preso, desde que a contratada detenha
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
de uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Na-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, cional, quando as condições ofertadas forem manifestamente
quando caracterizada urgência de atendimento de situação vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei nº
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança 8.883, de 1994)
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, pú- XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte
blicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.

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LEGISLAÇÃO

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários XXVII - na contratação da coleta, processamento e comer-
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas cialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizá-
oficiais, bem como para prestação de serviços de informáti- veis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados
ca a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por
entidades que integrem a Administração Pública, criados para pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público
esse fim específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equi-
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de ori- pamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e
gem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de de saúde pública. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de 2007).
equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao (Vigência)
fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzi-
de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; dos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas- de comissão especialmente designada pela autoridade máxi-
tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e ma do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).
seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas atender aos contingentes militares das Forças Singulares bra-
sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestra- sileiras empregadas em operações de paz no exterior, neces-
mento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprome- sariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do forne-
ter a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu cedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008).
23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXX - na contratação de instituição ou organização, pú-
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Ar- blica ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação
madas, com exceção de materiais de uso pessoal e administra- de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito
tivo, quando houver necessidade de manter a padronização do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência
decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do dis-
XX - na contratação de associação de portadores de defi- posto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro
ciência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela
por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, des- XXXII - na contratação em que houver transferência de
de que o preço contratado seja compatível com o praticado no tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pes- 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS,
quisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as
de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a etapas de absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715,
alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela Lei nº de 2012)
13.243, de 2016) XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lu-
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de crativos, para a implementação de cisternas ou outras tecno-
energia elétrica e gás natural com concessionário, permissioná- logias sociais de acesso à água para consumo humano e pro-
rio ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; dução de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa
(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) renda atingidas pela seca ou falta regular de água. (Incluído
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou so- pela Lei nº 12.873, de 2013)
ciedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito pú-
para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção blico interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos
de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutaria-
o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) mente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pú-
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de ser- blica direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino,
viços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão admi-
no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) nistrativa e financeira necessária à execução desses projetos,
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS,
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explo- nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada
ração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004) para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei,
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
da Federação ou com entidade de sua administração indireta, no mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
para a prestação de serviços públicos de forma associada nos § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput des-
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em te artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e
convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de

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LEGISLAÇÃO

economia mista, empresa pública e por autarquia ou funda- I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa
ção qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. que justifique a dispensa, quando for o caso;
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade III - justificativa do preço.
que integre a administração pública estabelecido no inciso IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou enti- aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648,
dades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no de 1998)
âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme
elencados em ato da direção nacional do SUS. (Incluído pela Seção II
Lei nº 12.715, de 2012) Da Habilitação
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI
do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamenta- interessados, exclusivamente, documentação relativa a:
ção específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) I - habilitação jurídica;
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I II - qualificação técnica;
do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. III - qualificação econômico-financeira;
(Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação dada pela
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilida- Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
de de competição, em especial: V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêne- Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)
ros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica,
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de conforme o caso, consistirá em:
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita I - cédula de identidade;
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do co- II - registro comercial, no caso de empresa individual;
mércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor,
devidamente registrado, em se tratando de sociedades co-
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
merciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado
ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
de documentos de eleição de seus administradores;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou
civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
para serviços de publicidade e divulgação;
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de
III - para contratação de profissional de qualquer setor ar-
registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
tístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, des-
órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
de que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
pública. trabalhista, conforme o caso, consistirá em: (Redação dada
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes es-
de outros requisitos relacionados com suas atividades, permi- tadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede
ta inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. com o objeto contratual;
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou ou-
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o forne- tra equivalente, na forma da lei;
cedor ou o prestador de serviços e o agente público respon- IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e
sável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demons-
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 trando situação regular no cumprimento dos encargos sociais
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigi- instituídos por lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
bilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante
o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
8odesta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das
autoridade superior, para ratificação e publicação na impren- Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1ode
sa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) Art.  30. A documentação relativa à qualificação técnica
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilida- limitar-se-á a:
de ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, I - registro ou inscrição na entidade profissional compe-
no que couber, com os seguintes elementos: tente;

29
LEGISLAÇÃO

II - comprovação de aptidão para desempenho de ativi- § 8o No caso de obras, serviços e compras de grande
dade pertinente e compatível em características, quantidades vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração
e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avalia-
e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e dispo- ção, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre
níveis para a realização do objeto da licitação, bem como da à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por cri-
qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que térios objetivos.
se responsabilizará pelos trabalhos; § 9o Entende-se por licitação de alta complexidade téc-
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que nica aquela que envolva alta especialização, como fator de
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser
conhecimento de todas as informações e das condições locais contratado, ou que possa comprometer a continuidade da
para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; prestação de serviços públicos essenciais.
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de
especial, quando for o caso. comprovação da capacitação técnico-profissional de que tra-
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do ta o inciso I do § 1o deste artigo deverão participar da obra ou
“caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras serviço objeto da licitação, admitindo-se a substituição por
e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas ju- profissionais de experiência equivalente ou superior, desde
rídicas de direito público ou privado, devidamente registrados que aprovada pela administração. (Incluído pela Lei nº 8.883,
nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigên- de 1994)
cias a: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do lici- § 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
tante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômi-
para entrega da proposta, profissional de nível superior ou co-financeira limitar-se-á a:
outro devidamente reconhecido pela entidade competente, I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do últi-
detentor de atestado de responsabilidade técnica por execu- mo exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
ção de obra ou serviço de características semelhantes, limita- que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada
das estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e va- a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, po-
dendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há
lor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências
mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;
de quantidades mínimas ou prazos máximos; (Incluído pela
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida
Lei nº 8.883, de 1994)
pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução
II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previs-
b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
tos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor
cento) do valor estimado do objeto da contratação.
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão defi-
§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração
nidas no instrumento convocatório. (Redação dada pela Lei da capacidade financeira do licitante com vistas aos compro-
nº 8.883, de 1994) missos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o con-
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão trato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento
através de certidões ou atestados de obras ou serviços simi- anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. (Redação
lares de complexidade tecnológica e operacional equivalente dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ou superior. § 2o A Administração, nas compras para entrega futura e
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a com- na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no ins-
provação de aptidão, quando for o caso, será feita através de trumento convocatório da licitação, a exigência de capital mí-
atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou nimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias
privado. previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de atividade comprovação da qualificação econômico-financeira dos lici-
ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda tantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato
em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta a ser ulteriormente celebrado.
Lei, que inibam a participação na licitação. § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de can- que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10%
teiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especiali- (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a
zado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto comprovação ser feita relativamente à data da apresentação
da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de re- da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta
lação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade, data através de índices oficiais.
sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e § 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromis-
de localização prévia. sos assumidos pelo licitante que importem diminuição da ca-
§ 7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) pacidade operativa ou absorção de disponibilidade financei-
I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) ra, calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado
II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) e sua capacidade de rotação.

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LEGISLAÇÃO

§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empre- Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de
sa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
contábeis previstos no edital e devidamente justificados no I - comprovação do compromisso público ou particular
processo administrativo da licitação que tenha dado início ao de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que
não usualmente adotados para correta avaliação de situação deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente
financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decor- fixadas no edital;
rentes da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efei-
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação pode- to de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada
rão ser apresentados em original, por qualquer processo de consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira,
cópia autenticada por cartório competente ou por servidor o somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de
da administração ou publicação em órgão da imprensa ofi- sua respectiva participação, podendo a Administração estabele-
cial. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) cer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cen-
to) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta
acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por
Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de
micro e pequenas empresas assim definidas em lei;
convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega
IV - impedimento de participação de empresa consorcia-
e leilão. da, na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o isoladamente;
§ 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos
28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sistema praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na
informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigan- de execução do contrato.
do-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a superve- § 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a
niência de fato impeditivo da habilitação. (Redação dada pela liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, ob-
Lei nº 9.648, de 1998) servado o disposto no inciso II deste artigo.
§ 3o A documentação referida neste artigo poderá ser § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, an-
substituída por registro cadastral emitido por órgão ou enti- tes da celebração do contrato, a constituição e o registro do
dade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I
sido feito em obediência ao disposto nesta Lei. deste artigo.
§ 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no
País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter- Seção III
nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante Dos Registros Cadastrais
documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos
consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
ter representação legal no Brasil com poderes expressos para Administração Pública que realizem frequentemente licita-
receber citação e responder administrativa ou judicialmente. ções manterão registros cadastrais para efeito de habilitação,
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este ar- na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. (Re-
tigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os gulamento)
referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com § 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulga-
os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo do e deverá estar permanentemente aberto aos interessados,
efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida. obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no
mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal
§ 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e no
diário, a chamamento público para a atualização dos registros
§ 2  do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a
o
existentes e para o ingresso de novos interessados.
aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-
o produto de financiamento concedido por organismo finan- se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
ceiro internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência Administração Pública.
estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização
com empresa estrangeira, para a compra de equipamentos deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os elemen-
fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso tos necessários à satisfação das exigências do art. 27 desta Lei.
tenha havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, Art.  36. Os inscritos serão classificados por categorias,
nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru-
unidades administrativas com sede no exterior. pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada pe-
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este los elementos constantes da documentação relacionada nos
artigo poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no arts. 30 e 31 desta Lei.
todo ou em parte, para a contratação de produto para pes- § 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável
quisa e desenvolvimento, desde que para pronta entrega ou sempre que atualizarem o registro.
até o valor previsto na alínea “a” do inciso II do caput do art. § 2o A atuação do licitante no cumprimento de obriga-
23. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) ções assumidas será anotada no respectivo registro cadastral.

31
LEGISLAÇÃO

Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de or-
ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer dem em série anual, o nome da repartição interessada e de
as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da
classificação cadastral. licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia
e hora para recebimento da documentação e proposta, bem
Seção IV como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obriga-
Do Procedimento e Julgamento toriamente, o seguinte:
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a II - prazo e condições para assinatura do contrato ou reti-
abertura de processo administrativo, devidamente autuado, rada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para
protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, execução do contrato e para entrega do objeto da licitação;
a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a III - sanções para o caso de inadimplemento;
despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o básico;
caso; V - se há projeto executivo disponível na data da publica-
II - comprovante das publicações do edital resumido, na ção do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e
forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; adquirido;
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloei- VI - condições para participação na licitação, em conformi-
ro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; dade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação
IV - original das propostas e dos documentos que as ins- das propostas;
truírem; VII - critério para julgamento, com disposições claras e pa-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; râmetros objetivos;
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a lici- VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de co-
tação, dispensa ou inexigibilidade; municação à distância em que serão fornecidos elementos, in-
formações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua
para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento
homologação;
de seu objeto;
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitan-
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas
tes e respectivas manifestações e decisões;
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais;
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação,
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e glo-
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente;
bal, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, con-
e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou
forme o caso;
faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado
XI - outros comprovantes de publicações; o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48; (Redação dada pela
XII - demais documentos relativos à licitação. Lei nº 9.648, de 1998)
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efe-
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem tiva do custo de produção, admitida a adoção de índices espe-
ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria ju- cíficos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da
rídica da Administração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a
1994) data do adimplemento de cada parcela; (Redação dada pela Lei
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação nº 8.883, de 1994)
ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, in- XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização
ciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será inicia- para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente
do, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas;
pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15 XIV - condições de pagamento, prevendo:
(quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edi- a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado
tal, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias a partir da data final do período de adimplemento de cada par-
úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a cela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas b) cronograma de desembolso máximo por período, em
as informações pertinentes e a se manifestar todos os inte- conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros;
ressados. c) critério de atualização financeira dos valores a serem pa-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se gos, desde a data final do período de adimplemento de cada
licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com parcela até a data do efetivo pagamento; (Redação dada pela
realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias Lei nº 8.883, de 1994)
e licitações sucessivas aquelas em que, também com objetos d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais
similares, o edital subsequente tenha uma data anterior a cen- atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de paga-
to e vinte dias após o término do contrato resultante da lici- mentos;
tação antecedente. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) e) exigência de seguros, quando for o caso;

32
LEGISLAÇÃO

XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei; § 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação. licitante brasileiro.
§ 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado em § 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual-
todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, mente contratado em virtude da licitação de que trata o pa-
permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se rágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à taxa de
cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e forneci- câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior à data do
mento aos interessados. efetivo pagamento. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte in- § 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro se-
tegrante: rão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas § 4o Para fins de julgamento da licitação, as propostas
partes, desenhos, especificações e outros complementos; apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e gravames consequentes dos mesmos tributos que oneram ex-
preços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) clusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação final
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Adminis- de venda.
tração e o licitante vencedor; § 5o Para a realização de obras, prestação de serviços ou
IV  -  as especificações complementares e as normas de aquisição de bens com recursos provenientes de financiamen-
execução pertinentes à licitação. to ou doação oriundos de agência oficial de cooperação es-
§ 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como trangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil
adimplemento da obrigação contratual a prestação do servi- seja parte, poderão ser admitidas, na respectiva licitação, as
ço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela des- condições decorrentes de acordos, protocolos, convenções ou
tes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja ocor- tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional,
rência esteja vinculada a emissão de documento de cobrança. bem como as normas e procedimentos daquelas entidades,
§ 4o Nas compras para entrega imediata, assim enten- inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais van-
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data
tajosa para a administração, o qual poderá contemplar, além
prevista para apresentação da proposta, poderão ser dispen-
do preço, outros fatores de avaliação, desde que por elas exi-
sadas: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
gidos para a obtenção do financiamento ou da doação, e que
I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído pela Lei
também não conflitem com o princípio do julgamento objeti-
nº 8.883, de 1994)
vo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor
II  -  a atualização financeira a que se refere a alínea “c”
do contrato, despacho esse ratificado pela autoridade imedia-
do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período com-
tamente superior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
preendido entre as datas do adimplemento e a prevista para
o pagamento, desde que não superior a quinze dias.(Incluído § 6o As cotações de todos os licitantes serão para entrega
pela Lei nº 8.883, de 1994) no mesmo local de destino.
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas Art. 43. A licitação será processada e julgada com obser-
e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. vância dos seguintes procedimentos:
§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar I - abertura dos envelopes contendo a documentação re-
edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, lativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes
da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que
devendo a Administração julgar e responder à impugnação não tenha havido recurso ou após sua denegação;
em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos
no § 1o do art. 113. concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem
§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa,
de licitação perante a administração o licitante que não o fizer ou após o julgamento dos recursos interpostos;
até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelo- IV - verificação da conformidade de cada proposta com
pes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços cor-
com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, rentes no mercado ou fixados por órgão oficial competente,
ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que vi- ou ainda com os constantes do sistema de registro de pre-
ciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá ços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de
efeito de recurso. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas
§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante desconformes ou incompatíveis;
não o impedirá de participar do processo licitatório até o trân- V  -  julgamento e classificação das propostas de acordo
sito em julgado da decisão a ela pertinente. com os critérios de avaliação constantes do edital;
§ 4o A inabilitação do licitante importa preclusão do seu VI - deliberação da autoridade competente quanto à ho-
direito de participar das fases subsequentes. mologação e adjudicação do objeto da licitação.
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edi- § 1o A abertura dos envelopes contendo a documentação
tal deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do para habilitação e as propostas será realizada sempre em ato
comércio exterior e atender às exigências dos órgãos com- público previamente designado, do qual se lavrará ata circuns-
petentes. tanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela Comissão.

33
LEGISLAÇÃO

§ 2o Todos os documentos e propostas serão rubricados IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
pelos licitantes presentes e pela Comissão. ção de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído pela
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em Lei nº 8.883, de 1994)
qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destina- § 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e
da a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a clas-
vedada a inclusão posterior de documento ou informação sificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público,
que deveria constar originariamente da proposta. para o qual todos os licitantes serão convocados, vedado qual-
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no quer outro processo.
que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao § 3o No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre os
convite. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) licitantes considerados qualificados a classificação se dará pela
§ 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso
(incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe des- de empate, exclusivamente o critério previsto no parágrafo an-
classificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo terior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a
julgamento. administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de
§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especifi-
proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superve- cados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamento o tipo
niente e aceito pela Comissão. de licitação “técnica e preço”, permitido o emprego de outro
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Exe-
em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou cutivo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não
estabelecidos por esta Lei. previstos neste artigo.
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério § 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas
ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quan-
ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre tidade demandada na licitação. (Incluído pela Lei nº 9.648, de
os licitantes. 1998)
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de nature-
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem basea- za predominantemente intelectual, em especial na elaboração
da nas ofertas dos demais licitantes. de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços glo- de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a ela-
bal ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incom- boração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e
patíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. (Re-
acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convo- dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
catório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, § 1o Nas licitações do tipo “melhor técnica” será adotado o
exceto quando se referirem a materiais e instalações de pro- seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento
priedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a par- convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administra-
cela ou à totalidade da remuneração. (Redação dada pela Lei ção se propõe a pagar:
nº 8.883, de 1994) I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técni-
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também cas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e fei-
às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou im- ta então a avaliação e classificação destas propostas de acordo
portações de qualquer natureza.(Redação dada pela Lei nº com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, de-
8.883, de 1994) finidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- e que considerem a capacitação e a experiência do proponente,
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con- a qualidade técnica da proposta, compreendendo metodologia,
vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório nos trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a serem mo-
e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, bilizadas para a sua execução;
de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se
órgãos de controle. -á à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de lici- atingido a valorização mínima estabelecida no instrumento
tação, exceto na modalidade concurso: (Redação dada pela convocatório e à negociação das condições propostas, com a
Lei nº 8.883, de 1994) proponente melhor classificada, com base nos orçamentos de-
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da talhados apresentados e respectivos preços unitários e tendo
proposta mais vantajosa para a Administração determinar como referência o limite representado pela proposta de menor
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de preço entre os licitantes que obtiveram a valorização mínima;
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar III - no caso de impasse na negociação anterior, procedi-
o menor preço; mento idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais
II - a de melhor técnica; proponentes, pela ordem de classificação, até a consecução
III - a de técnica e preço. de acordo para a contratação;

34
LEGISLAÇÃO

IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo an-
licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou que terior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta
não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a pro- por cento) do menor valor a que se referem as alíneas «a» e
posta técnica. «b», será exigida, para a assinatura do contrato, prestação de
§ 2o Nas licitações do tipo “técnica e preço” será adotado, garantia adicional, dentre as modalidades previstas no § 1º do
adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo
procedimento claramente explicitado no instrumento convo- anterior e o valor da correspondente proposta. (Incluído pela
catório: Lei nº 9.648, de 1998)
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no todas as propostas forem desclassificadas, a administração
instrumento convocatório; poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
II  -  a classificação dos proponentes far-se-á de acordo apresentação de nova documentação ou de outras propos-
com a média ponderada das valorizações das propostas téc- tas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada,
nicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no caso de convite, a redução deste prazo para três dias
no instrumento convocatório.
úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos nes-
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
te artigo poderão ser adotados, por autorização expressa e
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade
da Administração promotora constante do ato convocatório, de interesse público decorrente de fato superveniente devi-
para fornecimento de bens e execução de obras ou prestação damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar
de serviços de grande vulto majoritariamente dependentes tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou
de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi-
atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualifica- damente fundamentado.
ção, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções § 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo
alternativas e variações de execução, com repercussões sig- de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o
nificativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem § 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do
ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório. desta Lei.
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
quando for adotada a modalidade de execução de empreita- § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
da por preço global, a Administração deverá fornecer obriga- aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
toriamente, junto com o edital, todos os elementos e informa- de licitação.
ções necessários para que os licitantes possam elaborar suas Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato
propostas de preços com total e completo conhecimento do com preterição da ordem de classificação das propostas ou
objeto da licitação. com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena
Art. 48. Serão desclassificadas: de nulidade.
I - as propostas que não atendam às exigências do ato Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
convocatório da licitação; cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
II - propostas com valor global superior ao limite esta- serão processadas e julgadas por comissão permanente ou
belecido ou com preços manifestamente inexequiveis, assim especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos
considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua
2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos qua-
viabilidade através de documentação que comprove que os
dros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis
custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que
pela licitação.
os coeficientes de produtividade são compatíveis com a exe-
cução do objeto do contrato, condições estas necessariamen- § 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, excep-
te especificadas no ato convocatório da licitação.  (Redação cionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser subs-
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo tituída por servidor formalmente designado pela autoridade
consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de lici- competente.
tações de menor preço para obras e serviços de engenharia, § 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento,
cento) do menor dos seguintes valores: (Incluído pela Lei nº será integrada por profissionais legalmente habilitados no
9.648, de 1998) caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
a) média aritmética dos valores das propostas superiores § 3o Os membros das Comissões de licitação responderão
a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela administra- solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
ção, ou (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) salvo se posição individual divergente estiver devidamente
b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei nº fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que
9.648, de 1998) tiver sido tomada a decisão.

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LEGISLAÇÃO

§ 4o A investidura dos membros das Comissões perma- IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclu-
nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da são, de entrega, de observação e de recebimento definitivo,
totalidade de seus membros para a mesma comissão no perío- conforme o caso;
do subsequente. V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação
§ 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por uma da classificação funcional programática e da categoria eco-
comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada nômica;
e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena exe-
públicos ou não. cução, quando exigidas;
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 desta Lei VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as pe-
deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos nalidades cabíveis e os valores das multas;
interessados no local indicado no edital. VIII - os casos de rescisão;
§ 1o O regulamento deverá indicar: IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em
I - a qualificação exigida dos participantes; caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio
III - as condições de realização do concurso e os prêmios a
para conversão, quando for o caso;
serem concedidos.
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
§ 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante
a Administração a executá-lo quando julgar conveniente.
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a vencedor;
servidor designado pela Administração, procedendo-se na for- XII - a legislação aplicável à execução do contrato e espe-
ma da legislação pertinente. cialmente aos casos omissos;
§ 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação. a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga-
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no percentual ções por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cento) e, após a qualificação exigidas na licitação.
assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão, imediatamen- § 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
te entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do § 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública
restante no prazo estipulado no edital de convocação, sob pena de com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domicilia-
perder em favor da Administração o valor já recolhido. das no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusu-
§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela la que declare competente o foro da sede da Administração
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. (Redação para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, prin- § 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de con-
cipalmente no município em que se realizará. (Incluído pela Lei tabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecada-
nº 8.883, de 1994) ção e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município,
Capítulo III as características e os valores pagos, segundo o disposto
DOS CONTRATOS no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.
Seção I Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada
Disposições Preliminares caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, po-
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações de
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei obras, serviços e compras.
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito pú- § 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
blico, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria
modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
geral dos contratos e as disposições de direito privado.
1994)
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, de-
as condições para sua execução, expressas em cláusulas que de-
finam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em vendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante
conformidade com os termos da licitação e da proposta a que registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia
se vinculam. autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigi- valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fa-
bilidade de licitação devem atender aos termos do ato que os zenda; (Redação dada pela Lei nº 11.079, de 2004)
autorizou e da respectiva proposta. II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que 1994)
estabeleçam: III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
I - o objeto e seus elementos característicos; 8.6.94)
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; § 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, da- excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
ta-base e periodicidade do reajustamento de preços, os crité- valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o
rios de atualização monetária entre a data do adimplemento previsto no parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei
das obrigações e a do efetivo pagamento; nº 8.883, de 1994)

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LEGISLAÇÃO

§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vul- § 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por
to envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros escrito e previamente autorizada pela autoridade competente
consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamen- para celebrar o contrato.
te aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia § 3o É vedado o contrato com prazo de vigência indeter-
previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até minado.
dez por cento do valor do contrato. (Redação dada pela Lei § 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e
nº 8.883, de 1994) mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que
§ 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada ou trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado
restituída após a execução do contrato e, quando em dinhei- por até doze meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
ro, atualizada monetariamente. Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
§ 5o Nos casos de contratos que importem na entrega de instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
bens pela Administração, dos quais o contratado ficará de- eles, a prerrogativa de:
positário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação
desses bens. às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei fica- contratado;
rá adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados
exceto quanto aos relativos: no inciso I do art. 79 desta Lei;
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas III - fiscalizar-lhes a execução;
metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
prorrogados se houver interesse da Administração e desde parcial do ajuste;
que isso tenha sido previsto no ato convocatório; V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoria-
II - à prestação de serviços a serem executados de for- mente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao
ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar
iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado,
e condições mais vantajosas para a administração, limitada bem como na hipótese de rescisão do contrato administra-
a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) tivo.
III - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro- contratos administrativos não poderão ser alteradas sem pré-
gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo via concordância do contratado.
prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vi- § 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas eco-
gência do contrato. nômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e se mantenha o equilíbrio contratual.
XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administra-
120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administra- tivo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que
ção. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de con- os já produzidos.
clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as de- Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administra-
mais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de ção do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum executado até a data em que ela for declarada e por outros
dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo: prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe
I - alteração do projeto ou especificações, pela Adminis- seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem
tração; lhe deu causa.
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente Seção II
as condições de execução do contrato; Da Formalização dos Contratos
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição
do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Adminis- Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
tração; nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cro-
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no nológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
contrato, nos limites permitidos por esta Lei; extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que
V - impedimento de execução do contrato por fato ou se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas,
ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu- de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.
mento contemporâneo à sua ocorrência; Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Admi- verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
nistração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não
resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe- superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art.
cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de adianta-
aos responsáveis. mento.

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LEGISLAÇÃO

Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das par- postas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços
tes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que auto- atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou re-
rizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da vogar a licitação independentemente da cominação prevista
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às no art. 81 desta Lei.
normas desta Lei e às cláusulas contratuais. § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento propostas, sem convocação para a contratação, ficam os lici-
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que tantes liberados dos compromissos assumidos.
é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada
pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao Seção III
de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela Da Alteração dos Contratos
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, res-
salvado o disposto no art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser al-
nº 8.883, de 1994) terados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos ca- I - unilateralmente pela Administração:
sos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas a) quando houver modificação do projeto ou das especi-
dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreen- ficações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
didos nos limites destas duas modalidades de licitação, e fa- b) quando necessária a modificação do valor contratual
cultativo nos demais em que a Administração puder substituí em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de
-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou or- II - por acordo das partes:
dem de execução de serviço. a) quando conveniente a substituição da garantia de exe-
§ 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o edi- cução;
tal ou ato convocatório da licitação. b) quando necessária a modificação do regime de execu-
§ 2o Em “carta contrato”, “nota de empenho de despesa”, ção da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento,
“autorização de compra”, “ordem de execução de serviço” ou em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos
outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o dis- contratuais originários;
posto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, c) quando necessária a modificação da forma de paga-
de 1994) mento, por imposição de circunstâncias supervenientes, man-
§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e tido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do paga-
demais normas gerais, no que couber: mento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo con- execução de obra ou serviço;
teúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
privado; inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição
II - aos contratos em que a Administração for parte como da administração para a justa remuneração da obra, serviço
usuária de serviço público. ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
§ 4o É dispensável o “termo de contrato” e facultada a econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de so-
substituição prevista neste artigo, a critério da Administração brevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conse-
e independentemente de seu valor, nos casos de compra com quências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da exe-
entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais cução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica. fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório 8.883, de 1994)
e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, § 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
mediante o pagamento dos emolumentos devidos. condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
Art. 64. A Administração convocará regularmente o inte- fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco
ressado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições es- particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o
tabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. § 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação
vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
pela Administração. II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado os contratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o § 3o Se no contrato não houverem sido contemplados
instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classifica- mediante acordo entre as partes, respeitados os limites esta-
ção, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições pro- belecidos no § 1o deste artigo.

38
LEGISLAÇÃO

§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re-
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou
local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administra- em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios,
ção pelos custos de aquisição regularmente comprovados e defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de mate-
monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por riais empregados.
outros danos eventualmente decorrentes da supressão, des- Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados
de que regularmente comprovados. diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, altera- sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou
dos ou extintos, bem como a superveniência de disposições reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompa-
legais, quando ocorridas após a data da apresentação da pro- nhamento pelo órgão interessado.
posta, de comprovada repercussão nos preços contratados, Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra-
implicarão a revisão destes para mais ou para menos, confor- balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
me o caso. execução do contrato.
§ 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que au- § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos
mente os encargos do contratado, a Administração deverá encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Ad-
restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-finan- ministração Pública a responsabilidade por seu pagamento,
ceiro inicial. nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a re-
§ 7o (VETADO) gularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante
§ 8o A variação do valor contratual para fazer face ao rea- o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de
juste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, 1995)
compensações ou penalizações financeiras decorrentes das § 2o A Administração Pública responde solidariamente
condições de pagamento nele previstas, bem como o empe- com o contratado pelos encargos previdenciários resultan-
nho de dotações orçamentárias suplementares até o limite tes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei
do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº
podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a 9.032, de 1995)
celebração de aditamento.
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem pre-
Seção IV 
juízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá sub-
Da Execução dos Contratos
contratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite
admitido, em cada caso, pela Administração.
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
I - em se tratando de obras e serviços:
desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua
inexecução total ou parcial. a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, as-
2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, sinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação
durante todo o período de execução do contrato, a reserva escrita do contratado;
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou b) definitivamente, por servidor ou comissão designada
para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras pela autoridade competente, mediante termo circunstancia-
de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº do, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de obser-
13.146, de 2015) (Vigência) vação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cum- termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei;
primento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos II - em se tratando de compras ou de locação de equi-
ambientes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) pamentos:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da
e fiscalizada por um representante da Administração espe- conformidade do material com a especificação;
cialmente designado, permitida a contratação de terceiros b)  definitivamente, após a verificação da qualidade e
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa quantidade do material e consequente aceitação.
atribuição. § 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de grande
§ 1o O representante da Administração anotará em regis- vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circunstancia-
tro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do e, nos demais, mediante recibo.
do contrato, determinando o que for necessário à regulariza- § 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui
ção das faltas ou defeitos observados. a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do
competência do representante deverão ser solicitadas a seus contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas con- contrato.
venientes. § 3o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em
Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no
na execução do contrato. edital.

39
LEGISLAÇÃO

§ 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verifi- XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
cação a que se refere este artigo não serem, respectivamente, serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini-
lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-ão cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65
como realizados, desde que comunicados à Administração desta Lei;
nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos. XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
nos seguintes casos: salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da or-
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; dem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que
II - serviços profissionais; totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, in- obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmen-
ciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de te imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previs-
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação tas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar
de funcionamento e produtividade. pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento que seja normalizada a situação;
será feito mediante recibo. XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edi- devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
tal, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados,
provas exigidos por normas técnicas oficiais para a boa execu- salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da or-
ção do objeto do contrato correm por conta do contratado. dem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com que seja normalizada a situação;
o contrato. XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área,
local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimen-
Seção V to, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos naturais especificadas no projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, re-
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a gularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.
sua rescisão, com as consequências contratuais e as previstas Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
em lei ou regulamento. formalmente motivados nos autos do processo, assegurado o
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: contraditório e a ampla defesa.
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especifi- XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27,
cações, projetos ou prazos; sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela Lei nº
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, es- 9.854, de 1999)
pecificações, projetos e prazos; Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administra- I - determinada por ato unilateral e escrito da Administra-
ção a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do ção, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo
serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados; anterior;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou for- II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo
necimento; no processo da licitação, desde que haja conveniência para a
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, Administração;
sem justa causa e prévia comunicação à Administração; III - judicial, nos termos da legislação;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a as- IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
sociação do contratado com outrem, a cessão ou transferên- § 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser pre-
cia, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, cedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade
não admitidas no edital e no contrato; competente.
VII - o desatendimento das determinações regulares da § 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua exe- XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será
cução, assim como as de seus superiores; este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, houver sofrido, tendo ainda direito a:
anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; I - devolução de garantia;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insol- II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a
vência civil; data da rescisão;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con- III - pagamento do custo da desmobilização.
tratado; § 3º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da § 4º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato; § 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do
XII - razões de interesse público, de alta relevância e am- contrato, o cronograma de execução será prorrogado automa-
plo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima ticamente por igual tempo.
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior
o contratante e exaradas no processo administrativo a que se acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das san-
refere o contrato; ções previstas nesta Lei:

40
LEGISLAÇÃO

I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e § 2o A pena imposta será acrescida da terça parte, quando
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração; os autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipa- cargo em comissão ou de função de confiança em órgão da
mentos, material e pessoal empregados na execução do con- Administração direta, autarquia, empresa pública, sociedade
trato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do de economia mista, fundação pública, ou outra entidade con-
art. 58 desta Lei; trolada direta ou indiretamente pelo Poder Público.
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem
da Administração, e dos valores das multas e indenizações a às licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados,
ela devidos; Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, empre-
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o sas públicas, sociedades de economia mista, fundações públi-
limite dos prejuízos causados à Administração. cas, e quaisquer outras entidades sob seu controle direto ou
§ 1o A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II indireto.
deste artigo fica a critério da Administração, que poderá dar
continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou in- Seção II
direta. Das Sanções Administrativas
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concordata
do contratado, manter o contrato, podendo assumir o contro- Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato su-
le de determinadas atividades de serviços essenciais. jeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista no
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá instrumento convocatório ou no contrato.
ser precedido de autorização expressa do Ministro de Estado § 1o A multa a que alude este artigo não impede que a
competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme Administração rescinda unilateralmente o contrato e aplique
o caso. as outras sanções previstas nesta Lei.
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior § 2o A multa, aplicada após regular processo administrati-
permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida pre- vo, será descontada da garantia do respectivo contratado.
vista no inciso I deste artigo. § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
Capítulo IV sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos even-
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA tualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o
JUDICIAL caso, cobrada judicialmente.
Seção I Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Ad-
Disposições Gerais ministração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao con-
tratado as seguintes sanções:
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar I - advertência;
o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, den- II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório
tro do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o ou no contrato;
descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o III - suspensão temporária de participação em licitação e
às penalidades legalmente estabelecidas. impedimento de contratar com a Administração, por prazo
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos não superior a 2 (dois) anos;
licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta Lei, que IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
não aceitarem a contratação, nas mesmas condições propos- com a Administração Pública enquanto perdurarem os mo-
tas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e tivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
preço. reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penali-
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos dade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a
em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frus- Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o
trar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das res- § 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia
ponsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simples- sua diferença, que será descontada dos pagamentos eventual-
mente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores mente devidos pela Administração ou cobrada judicialmente.
públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, empre- § 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
go, função ou mandato eletivo. poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, faculta-
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta da a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no
Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem prazo de 5 (cinco) dias úteis.
remuneração, cargo, função ou emprego público. § 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraes- Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do
tatal, assim consideradas, além das fundações, empresas pú- interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
blicas e sociedades de economia mista, as demais entidades da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida
sob controle, direto ou indireto, do Poder Público. após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art 109 inciso III)

41
LEGISLAÇÃO

Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação
anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias,
profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta Lei: ou contrato dela decorrente:
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, I - elevando arbitrariamente os preços;
por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quais- II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
quer tributos; falsificada ou deteriorada;
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os ob- III - entregando uma mercadoria por outra;
jetivos da licitação; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar mercadoria fornecida;
com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados. V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
onerosa a proposta ou a execução do contrato:
Seção III Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Dos Crimes e das Penas Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com em-
presa ou profissional declarado inidôneo:
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades perti- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, de-
nentes à dispensa ou à inexigibilidade: clarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Admi-
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. nistração.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, ten- Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a ins-
do comprovadamente concorrido para a consumação da ile- crição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou
galidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancela-
para celebrar contrato com o Poder Público. mento de registro do inscrito:
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedi- Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 des-
mento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, ta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
auferível pelo agente.
vado perante a Administração, dando causa à instauração de
§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser
licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a
inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco
ser decretada pelo Poder Judiciário:
por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
§ 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, confor-
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em
favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos ce- me o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.
lebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato
convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos Seção IV
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem Do Processo e do Procedimento Judicial
cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art.
121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público pro-
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) movê-la.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efei-
tendo comprovadamente concorrido para a consumação da tos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-
ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injus- lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem
tamente, das modificações ou prorrogações contratuais. como as circunstâncias em que se deu a ocorrência.
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, man-
qualquer ato de procedimento licitatório: dará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresen-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. tante e por duas testemunhas.
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co-
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
de devassá-lo: Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes veri-
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de ficarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remeterão
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta- ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários
gem de qualquer tipo: ao oferecimento da denúncia.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da
além da pena correspondente à violência. pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código de
ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida. Processo Penal.

42
LEGISLAÇÃO

Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o § 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por
prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita, intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá re-
contado da data do seu interrogatório, podendo juntar do- considerar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou,
cumentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado,
superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo
produzir. de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso,
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da de- sob pena de responsabilidade.
fesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou or- § 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido
denadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do pro-
(cinco) dias a cada parte para alegações finais. cesso estejam com vista franqueada ao interessado.
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos den- § 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modali-
tro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para dade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos
proferir a sentença. I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no pra- (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
zo de 5 (cinco) dias.
Art. 108. No processamento e julgamento das infrações Capítulo VI
penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidia-
riamente, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta
Penal. Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento,
e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for
Capítulo V explicitamente disposto em contrário.
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos refe-
ridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na en-
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da apli- tidade.
cação desta Lei cabem: Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, pre-
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da miar ou receber projeto ou serviço técnico especializado des-
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: de que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e
a) habilitação ou inabilitação do licitante; a Administração possa utilizá-lo de acordo com o previsto no
b) julgamento das propostas; regulamento de concurso ou no ajuste para sua elaboração.
c) anulação ou revogação da licitação; Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra ima-
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro ca- terial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a ces-
dastral, sua alteração ou cancelamento; são dos direitos incluirá o fornecimento de todos os dados,
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. documentos e elementos de informação pertinentes à tec-
79 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) nologia de concepção, desenvolvimento, fixação em suporte
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tempo- físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
rária ou de multa; Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da in- de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, pe-
timação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou rante a entidade interessada, responder pela sua boa execu-
do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; ção, fiscalização e pagamento.
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro § 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação da
de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o qual, nos termos do edital, decorram contratos administrati-
caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 vos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da Federa-
(dez) dias úteis da intimação do ato. ção consorciados. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas “a”, § 2o É facultado à entidade interessada o acompanha-
“b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a advertência mento da licitação e da execução do contrato. (Incluído pela
e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante publi- Lei nº 11.107, de 2005)
cação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos dos licitantes no tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
ato em que foi adotada a decisão, quando poderá ser feita pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
por comunicação direta aos interessados e lavrada em ata. pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
§ 2o O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade
I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem
competente, motivadamente e presentes razões de interesse prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos § 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
demais recursos. jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos ór-
§ 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais gãos integrantes do sistema de controle interno contra irre-
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias gularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto
úteis. neste artigo.

43
LEGISLAÇÃO

§ 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do damentais de Administração Pública nas contratações e demais
sistema de controle interno poderão solicitar para exame, até atos praticados na execução do convênio, ou o inadimplemento
o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das do executor com relação a outras cláusulas conveniais básicas;
propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigan- III - quando o executor deixar de adotar as medidas sa-
do-se os órgãos ou entidades da Administração interessada neadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos
à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno.
desse exame, lhes forem determinadas. (Redação dada pela § 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, se-
Lei nº 8.883, de 1994) rão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré- de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for
qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação finan-
sempre que o objeto da licitação recomende análise mais de- ceira de curto prazo ou operação de mercado aberto lastreada
tida da qualificação técnica dos interessados. em títulos da dívida pública, quando a utilização dos mesmos
§ 1o A adoção do procedimento de pré-qualificação será verificar-se em prazos menores que um mês.
feita mediante proposta da autoridade competente, aprovada § 5o As receitas financeiras auferidas na forma do pará-
pela imediatamente superior. grafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito
§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as exigências do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos interessa- finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que
dos, ao procedimento e à analise da documentação. integrará as prestações de contas do ajuste.
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir § 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção
normas relativas aos procedimentos operacionais a serem do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanes-
observados na execução das licitações, no âmbito de sua centes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das apli-
competência, observadas as disposições desta Lei. cações financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30
após aprovação da autoridade competente, deverão ser pu- (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de to-
blicadas na imprensa oficial. mada de contas especial do responsável, providenciada pela au-
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que cou- toridade competente do órgão ou entidade titular dos recursos.
ber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos con- Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações reali-
gêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração. zados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
§ 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de couber, nas três esferas administrativas.
prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
pela organização interessada, o qual deverá conter, no míni- as entidades da administração indireta deverão adaptar suas
mo, as seguintes informações: normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
I - identificação do objeto a ser executado; Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e
II - metas a serem atingidas; fundações públicas e demais entidades controladas direta ou
III - etapas ou fases de execução; indiretamente pela União e pelas entidades referidas no artigo
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; anterior editarão regulamentos próprios devidamente publi-
V - cronograma de desembolso; cados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
assim da conclusão das etapas ou fases programadas; artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de enge- pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados
nharia, comprovação de que os recursos próprios para com- os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser pu-
plementar a execução do objeto estão devidamente assegu- blicados na imprensa oficial.
rados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre Art.  120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
a entidade ou órgão descentralizador. anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará
§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassa- publicar no Diário Oficial da União, observando como limite
dor dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câ- superior a variação geral dos preços do mercado, no perío-
mara Municipal respectiva. do. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua vi-
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o gência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1o, 2o e
saneamento das impropriedades ocorrentes: 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o disposto no
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regu- «caput» do art. 5o, com relação ao pagamento das obrigações
lar aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da na ordem cronológica, podendo esta ser observada, no prazo
legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de fisca- de noventa dias contados da vigência desta Lei, separadamen-
lização local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão te para as obrigações relativas aos contratos regidos por legis-
descentralizador dos recursos ou pelo órgão competente do lação anterior à Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação
sistema de controle interno da Administração Pública; dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do pa-
recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas trimônio da União continuam a reger-se pelas disposições
ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fun- do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas

44
LEGISLAÇÃO

alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
externo celebrados pela União ou a concessão de garantia do I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura
Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação pertinen- da Administração direta e da estrutura da Administração in-
te, aplicando-se esta Lei, no que couber. direta;
Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-á II - entidade - a unidade de atuação dotada de persona-
procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no Có- lidade jurídica;
digo Brasileiro de Aeronáutica. III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrati- poder de decisão.
vas, as repartições sediadas no exterior observarão as pecu- Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
liaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma de aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
regulamentação específica. dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contradi-
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para tório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos Parágrafo único. Nos processos administrativos serão ob-
desta Lei que não conflitem com a legislação específica sobre servados, entre outros, os critérios de:
o assunto. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) I - atuação conforme a lei e o Direito;
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a IV II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renún-
do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para con- cia total ou parcial de poderes ou competências, salvo auto-
cessão de serviços com execução prévia de obras em que não rização em lei;
foram previstos desembolso por parte da Administração Pú- III - objetividade no atendimento do interesse público,
blica concedente. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
ção. (Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei nº coro e boa-fé;
8.883, de 1994) V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalva-
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, espe- das as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
cialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o art. 83 estritamente necessárias ao atendimento do interesse públi-
da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966.(Renumerado por co;
força do disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994) VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e determinarem a decisão;
105  da República.
o
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia
ITAMAR FRANCO dos direitos dos administrados;
Rubens Ricupero IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar
Romildo Canhim adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 22.6.1993 dos administrados;
e republicado em 6.7.1994 e retificado em de 6.7.1994 X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação
de alegações finais, à produção de provas e à interposição de
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
LEI FEDERAL Nº 9.784/1999. situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, res-
salvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
Regula o processo administrativo no âmbito da Adminis- melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
tração Pública Federal. vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- CAPÍTULO II


gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

CAPÍTULO I Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam asse-
gurados:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o proces- I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servido-
so administrativo no âmbito da Administração Federal direta res, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cum-
e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos primento de suas obrigações;
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi-
II - ter ciência da tramitação dos processos administra-
nistração.
tivos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos
autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no de-
sempenho de função administrativa. as decisões proferidas;

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LEGISLAÇÃO

III - formular alegações e apresentar documentos antes Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo,
da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em
competente; ato normativo próprio.
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, sal-
vo quando obrigatória a representação, por força de lei. CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
Art. 4o São deveres do administrado perante a Adminis- os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
I - expor os fatos conforme a verdade; não houver impedimento legal, delegar parte da sua compe-
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; tência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe se-
III - não agir de modo temerário; jam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente,
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômi-
colaborar para o esclarecimento dos fatos. ca, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-
CAPÍTULO IV se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
DO INÍCIO DO PROCESSO respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício  I - a edição de atos de caráter normativo;
ou a pedido de interessado. II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por autoridade.
escrito e conter os seguintes dados: Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; publicados no meio oficial.
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e pode-
III - domicílio do requerente ou local para recebimento
res transferidos, os limites da atuação do delegado, a dura-
de comunicações;
ção e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de
conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
seus fundamentos;
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo
V - data e assinatura do requerente ou de seu represen-
pela autoridade delegante.
tante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencio-
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imo-
tivada de recebimento de documentos, devendo o servidor nar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão edita-
orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais das pelo delegado.
falhas. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por mo-
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão tivos relevantes devidamente justificados, a avocação tem-
elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos porária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
que importem pretensões equivalentes. inferior.
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interes- Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão
sados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando con-
ser formulados em um único requerimento, salvo preceito veniente, a unidade fundacional competente em matéria de
legal em contrário. interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro-
CAPÍTULO V cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade
DOS INTERESSADOS de menor grau hierárquico para decidir.

Art. 9o São legitimados como interessados no processo CAPÍTULO VII


administrativo: DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo
de representação; o servidor ou autoridade que:
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm di- I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
reitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a II - tenha participado ou venha a participar como perito,
ser adotada; testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem
III - as organizações e associações representativas, no to- quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o ter-
cante a direitos e interesses coletivos; ceiro grau;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o
quanto a direitos ou interesses difusos. interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

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LEGISLAÇÃO

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedi- § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três
mento deve comunicar o fato à autoridade competente, abs- dias úteis quanto à data de comparecimento.
tendo-se de atuar. § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no proces-
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o im- so, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou
pedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhe-
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com cidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efe-
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, tuada por meio de publicação oficial.
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem obser-
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição pode- vância das prescrições legais, mas o comparecimento do ad-
rá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. ministrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o
CAPÍTULO VIII reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a di-
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO reito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen- garantido direito de ampla defesa ao interessado.
dem de forma determinada senão quando a lei expressamen- Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do proces-
te a exigir. so que resultem para o interessado em imposição de deveres,
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por es- ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e ativida-
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a des e os atos de outra natureza, de seu interesse.
assinatura da autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma so- CAPÍTULO X
mente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. DA INSTRUÇÃO
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
poderá ser feita pelo órgão administrativo. Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas se- e comprovar os dados necessários à tomada de decisão reali-
quencialmente e rubricadas. zam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na propor atuações probatórias.
qual tramitar o processo. § 1o O órgão competente para a instrução fará constar
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário nor- dos autos os dados necessários à decisão do processo.
mal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos in-
regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à teressados devem realizar-se do modo menos oneroso para
Administração. estes.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do ór-  Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
gão ou autoridade responsável pelo processo e dos adminis- provas obtidas por meios ilícitos.
trados que dele participem devem ser praticados no prazo de  Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assun-
cinco dias, salvo motivo de força maior. to de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser despacho motivado, abrir período de consulta pública para
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferen- houver prejuízo para a parte interessada.
cialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divul-
outro for o local de realização. gação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou
jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para
CAPÍTULO IX oferecimento de alegações escritas.
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS § 2o O comparecimento à consulta pública não confere,
por si, a condição de interessado do processo, mas confere
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o o direito de obter da Administração resposta fundamentada,
processo administrativo determinará a intimação do interes- que poderá ser comum a todas as alegações substancialmen-
sado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. te iguais.
§ 1o A intimação deverá conter:  Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autori-
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entida- dade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada
de administrativa; audiência pública para debates sobre a matéria do processo.
II - finalidade da intimação;  Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em maté-
III - data, hora e local em que deve comparecer; ria relevante, poderão estabelecer outros meios de participa-
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fa- ção de administrados, diretamente ou por meio de organiza-
zer-se representar; ções e associações legalmente reconhecidas.
V - informação da continuidade do processo indepen-  Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e
dentemente do seu comparecimento; de outros meios de participação de administrados deverão
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. ser apresentados com a indicação do procedimento adotado.

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LEGISLAÇÃO

Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a au- Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
diência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro
ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titu- prazo for legalmente fixado.
lares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Públi-
a respectiva ata, a ser juntada aos autos. ca poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha sem a prévia manifestação do interessado.
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão compe- Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e
tente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e docu-
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da- mentos que o integram, ressalvados os dados e documentos
dos estão registrados em documentos existentes na própria de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacida-
Administração responsável pelo processo ou em outro órgão de, à honra e à imagem.
administrativo, o órgão competente para a instrução prove- Art. 47. O órgão de instrução que não for competente
rá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pe-
cópias. dido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formu-
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes lará proposta de decisão, objetivamente justificada, encami-
da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, reque- nhando o processo à autoridade competente.
rer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referen-
tes à matéria objeto do processo. CAPÍTULO XI
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados DO DEVER DE DECIDIR
na motivação do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
fundamentada, as provas propostas pelos interessados quan- emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicita-
do sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelató- ções ou reclamações, em matéria de sua competência.
rias. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo,
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informa- a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
ções ou a apresentação de provas pelos interessados ou ter- salvo prorrogação por igual período expressamente motiva-
ceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionan- da.
do-se data, prazo, forma e condições de atendimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá CAPÍTULO XII
o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir DA MOTIVAÇÃO
de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva-
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicita-
dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
dos ao interessado forem necessários à apreciação de pedido
quando:
formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Adminis-
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
tração para a respectiva apresentação implicará arquivamen-
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
to do processo.
III - decidam processos administrativos de concurso ou
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou dili-
seleção pública;
gência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis,
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
mencionando-se data, hora e local de realização.
licitatório;
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
V - decidam recursos administrativos;
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo má- VI - decorram de reexame de ofício;
ximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
necessidade de maior prazo. questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e re-
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser latórios oficiais;
emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou con-
a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der validação de ato administrativo.
causa ao atraso. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de podendo consistir em declaração de concordância com fun-
ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosse- damentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
guimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda-
ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos adminis- mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
trativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinala- garantia dos interessados.
do, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou
técnica equivalentes. de termo escrito.

48
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO XIII Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso adminis-
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO trativo:
DO PROCESSO I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no
processo;
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação es- II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta-
crita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, mente afetados pela decisão recorrida;
ainda, renunciar a direitos disponíveis. III - as organizações e associações representativas, no to-
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renún- cante a direitos e interesses coletivos;
cia atinge somente quem a tenha formulado. IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou in-
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o teresses difusos.
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Ad- Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
ministração considerar que o interesse público assim o exige. prazo para interposição de recurso administrativo, contado a
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da de- § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso ad-
cisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato su- ministrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta
perveniente. dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão compe-
tente.
CAPÍTULO XIV § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por de reexame, podendo juntar os documentos que julgar con-
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os di- venientes.
reitos adquiridos. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
tem efeito suspensivo.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difí-
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
cil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro paga-
dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
mento.
que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
medida de autoridade administrativa que importe impugna- I - fora do prazo;
ção à validade do ato. II - perante órgão incompetente;
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem III - por quem não seja legitimado;
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos IV - após exaurida a esfera administrativa.
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalida- § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente
dos pela própria Administração. a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para
recurso.
CAPÍTULO XV § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Admi-
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO nistração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocor-
rida preclusão administrativa.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso po-
face de razões de legalidade e de mérito. derá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcial-
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a mente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua compe-
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, tência.
o encaminhará à autoridade superior. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso admi- puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deve-
nistrativo independe de caução. rá ser cientificado para que formule suas alegações antes da
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa decisão.
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autorida- Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado
de prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o re-
explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade supe- curso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilida-
rior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmu- de da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417,
la, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). de 2006). Vigência
Vigência Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a recla-
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por mação fundada em violação de enunciado da súmula vincu-
três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. lante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão com-

49
LEGISLAÇÃO

petente para o julgamento do recurso, que deverão adequar contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência
as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da
pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, adminis- medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido con-
trativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência traída após o início do processo. (Incluído pela Lei nº 12.008,
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem de 2009).
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, jun-
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias tando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção administrativa competente, que determinará as providências
aplicada. a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá re- § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identifica-
sultar agravamento da sanção. ção própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
CAPÍTULO XVI § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
DOS PRAZOS § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do co-
meço e incluindo-se o do vencimento. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia TÍTULO I. TÍTULO II. TÍTULO III,
útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver CAPÍTULO I E CAPÍTULO VII (SEÇÕES I E II).
expediente ou este for encerrado antes da hora normal. TÍTULO VIII, CAPÍTULO III (SEÇÃO I).
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de
data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equi- TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
valente àquele do início do prazo, tem-se como termo o últi-
mo dia do mês.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
provado, os prazos processuais não se suspendem.
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
CAPÍTULO XVII
I - a soberania;
DAS SANÇÕES
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em V - o pluralismo político.
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o di- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
reito de defesa. exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.
CAPÍTULO XVIII Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
Art. 69. Os processos administrativos específicos conti- Federativa do Brasil:
nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
subsidiariamente os preceitos desta Lei. II - garantir o desenvolvimento nacional;
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que desigualdades sociais e regionais;
figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
de 2009). gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) criminação.
anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (In- relações internacionais pelos seguintes princípios:
cluído pela Lei nº 12.008, de 2009). I - independência nacional;
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). II - prevalência dos direitos humanos;
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose III - autodeterminação dos povos;
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e IV - não-intervenção;
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espon- V - igualdade entre os Estados;
diloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, VI - defesa da paz;
estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), VII - solução pacífica dos conflitos;

50
LEGISLAÇÃO

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e res-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu- guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
manidade; profissional;   
X - concessão de asilo político. XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele en-
a integração econômica, política, social e cultural dos povos trar, permanecer ou dele sair com seus bens;
da América Latina, visando à formação de uma comunidade XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
latino-americana de nações. em locais abertos ao público, independentemente de autori-
zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
TÍTULO II convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
Dos Direitos e Garantias Fundamentais aviso à autoridade competente;
CAPÍTULO I XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a in-
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran- terferência estatal em seu funcionamento;
geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju-
termos seguintes: dicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
ções, nos termos desta Constituição; permanecer associado;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algu- XXI - as entidades associativas, quando expressamente
ma coisa senão em virtude de lei; autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento judicial ou extrajudicialmente;
desumano ou degradante; XXII - é garantido o direito de propriedade;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado  XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
o anonimato;   XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, res-
salvados os casos previstos nesta Constituição;
imagem; 
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
competente poderá usar de propriedade particular, assegura-
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ga-
da ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
rantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
liturgias;  
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de as-
nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
sistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o
coletiva;   seu desenvolvimento;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utili-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se zação, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, a) a proteção às participações individuais em obras cole-
científica e de comunicação, independentemente de censura tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
ou licença; atividades desportivas;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo das obras que criarem ou de que participarem aos criadores,
dano material ou moral decorrente de sua violação;    aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e as-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela sociativas;
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
ou, durante o dia, por determinação judicial;   às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comu- de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
nicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni- interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômi-
cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e co do País;
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação crimi- XXX - é garantido o direito de herança;
nal ou instrução processual penal;   XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favo-
estabelecer;    rável a lei pessoal do “de cujus”;

51
LEGISLAÇÃO

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis-
consumidor; tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos do apenado;
informações de seu interesse particular, ou de interesse cole- XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
tivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena física e moral;
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im- L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
prescindível à segurança da sociedade e do Estado; possam permanecer com seus filhos durante o período de
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do amamentação;
pagamento de taxas: LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de zado, em caso de crime comum, praticado antes da naturali-
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; zação, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse LII - não será concedida extradição de estrangeiro por cri-
pessoal; me político ou de opinião;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá- LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
rio lesão ou ameaça a direito; pela autoridade competente;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
jurídico perfeito e a coisa julgada; sem o devido processo legal;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a orga- e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
nização que lhe der a lei, assegurados: ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
a) a plenitude de defesa; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
b) o sigilo das votações; meios ilícitos;
c) a soberania dos veredictos; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos julgado de sentença penal condenatória;
contra a vida; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Re-
pena sem prévia cominação legal; gulamento).
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação públi-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos ca, se esta não for intentada no prazo legal;
direitos e liberdades fundamentais; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; o exigirem;
 XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entor- por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores propriamente militar, definidos em lei;
e os que, podendo evitá-los, se omitirem;   (Regulamento) LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação tre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem consti- família do preso ou à pessoa por ele indicada;
tucional e o Estado Democrático; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assis-
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do tência da família e de advogado;
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
patrimônio transferido; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela au-
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, toridade judiciária;
entre outras, as seguintes: LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
a) privação ou restrição da liberdade; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
b) perda de bens; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res-
c) multa; ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
d) prestação social alternativa; obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
e) suspensão ou interdição de direitos; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
XLVII - não haverá penas: sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos ter- sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
mos do art. 84, XIX; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
b) de caráter perpétuo; teger direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-
c) de trabalhos forçados; pus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
d) de banimento; abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
e) cruéis; jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

52
LEGISLAÇÃO

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impe- CAPÍTULO II


trado por: DOS DIREITOS SOCIAIS
a) partido político com representação no Congresso
Nacional; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a se-
ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo gurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
ou associados; Constituição.   (Redação dada pela Emenda Constitucional
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que nº 90, de 2015)
a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; I - relação de emprego protegida contra despedida ar-
LXXII - conceder-se-á habeas data: bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complemen-
a) para assegurar o conhecimento de informações re- tar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou direitos;
bancos de dados de entidades governamentais ou de cará- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego invo-
ter público; luntário;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira III - fundo de garantia do tempo de serviço;
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unifi-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor cado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú- às de sua família com moradia, alimentação, educação, saú-
blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralida- de, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his- com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisi-
tórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, tivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
dade do trabalho;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em con-
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
venção ou acordo coletivo;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judi-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
ciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado
os que percebem remuneração variável;
na sentença;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
integral ou no valor da aposentadoria;
bres, na forma da lei:   (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
a) o registro civil de nascimento;
diurno;
b) a certidão de óbito; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo cri-
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha- me sua retenção dolosa;
beas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
da cidadania. da remuneração, e, excepcionalmente, participação na ges-
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são tão da empresa, conforme definido em lei;
assegurados a razoável duração do processo e os meios XII - salário-família pago em razão do dependente do
que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun- XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
damentais têm aplicação imediata. horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- compensação de horários e a redução da jornada, mediante
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos prin- acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei
cípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em nº 5.452, de 1943)
que a República Federativa do Brasil seja parte. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação co-
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa letiva;
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às aos domingos;
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitu- XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
cional nº 45, de 2004)  (Atos aprovados na forma deste pa- no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del
rágrafo) 5.452, art. 59 § 1º)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (In- nos, um terço a mais do que o salário normal;
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
salário, com a duração de cento e vinte dias;

53
LEGISLAÇÃO

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; II - é vedada a criação de mais de uma organização sin-
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- dical, em qualquer grau, representativa de categoria profis-
diante incentivos específicos, nos termos da lei; sional ou econômica, na mesma base territorial, que será de-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sen- finida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não
do no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; podendo ser inferior à área de um Município;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses co-
de normas de saúde, higiene e segurança; letivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judi-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades peno- ciais ou administrativas;
sas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tra-
XXIV - aposentadoria; tando de categoria profissional, será descontada em folha, para
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde custeio do sistema confederativo da representação sindical res-
o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré pectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
-escolas;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
de 2006) a sindicato;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coleti- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas nego-
vos de trabalho; ciações coletivas de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do nas organizações sindicais;
empregador, sem excluir a indenização a que este está obri- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
gado, quando incorrer em dolo ou culpa; partir do registro da candidatura a cargo de direção ou repre-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das rela- sentação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos ter-
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos mos da lei.
após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucio- atendidas as condições que a lei estabelecer.
nal nº 28, de 25/05/2000) Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucio- trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e so-
nal nº 28, de 25/05/2000) bre os interesses que devam por meio dele defender.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
cor ou estado civil; comunidade.
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às pe-
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de nas da lei.
deficiência; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, téc- empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
nico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insa- de discussão e deliberação.
lubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores  Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de é assegurada a eleição de um representante destes com a fina-
quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº lidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com
20, de 1998) os empregadores.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. CAPÍTULO III
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba- DA NACIONALIDADE
lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, Art. 12. São brasileiros:
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em I - natos:
lei e observada a simplificação do cumprimento das obriga- a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
ções tributárias, principais e acessórias, decorrentes da rela- de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
ção de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos seu país;
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à pre- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
vidência social.   (Redação dada pela Emenda Constitucional sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
nº 72, de 2013) Federativa do Brasil;
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, obser- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
vado o seguinte: brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a ra competente ou venham a residir na República Federativa
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão compe- do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
tente, vedadas ao Poder Público a interferência e a interven- maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela
ção na organização sindical; Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

54
LEGISLAÇÃO

II - naturalizados: § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:


a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
sileira, exigidas aos originários de países de língua portugue- II - facultativos para:
sa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade a) os analfabetos;
moral; b) os maiores de setenta anos;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos inin- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros
terruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a e, durante o período do serviço militar obrigatório, os cons-
nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Consti- critos.
tucional de Revisão nº 3, de 1994) § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
§ 1º   Aos portugueses com residência permanente no I - a nacionalidade brasileira;
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão II - o pleno exercício dos direitos políticos;
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos III - o alistamento eleitoral;
previstos nesta Constituição.  (Redação dada pela Emenda IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) V - a filiação partidária; Regulamento
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi- VI - a idade mínima de:
leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
Constituição. da República e Senador;
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Es-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; tado e do Distrito Federal;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Es-
III - de Presidente do Senado Federal; tadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; d) dezoito anos para Vereador.
V - da carreira diplomática; § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
VI - de oficial das Forças Armadas. § 5º O Presidente da República, os Governadores de Es-
tado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver su-
VII - de Ministro de Estado da Defesa  (Incluído pela
cedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
reeleitos para um único período subsequente. (Redação dada
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasi-
pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
leiro que:
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Re-
seis meses antes do pleito.
dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
1994) cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governa-
estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão dor de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
nº 3, de 1994) de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição reeleição.
para permanência em seu território ou para o exercício de § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão condições:
nº 3, de 1994) I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repúbli- tar-se da atividade;
ca Federativa do Brasil. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamen-
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. te, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode- § 9º  Lei complementar estabelecerá outros casos de ine-
rão ter símbolos próprios. legibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger
a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
CAPÍTULO IV mandato considerada vida pregressa do candidato, e a nor-
DOS DIREITOS POLÍTICOS malidade e legitimidade das eleições contra a influência do
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
todos, e, nos termos da lei, mediante: § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
I - plebiscito; Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo-
II - referendo; mação, instruída a ação com provas de abuso do poder eco-
III - iniciativa popular. nômico, corrupção ou fraude.

55
LEGISLAÇÃO

§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em § 1º Brasília é a Capital Federal.


segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua cria-
temerária ou de manifesta má-fé. ção, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja per- origem serão reguladas em lei complementar.
da ou suspensão só se dará nos casos de: § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
em julgado; novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
II - incapacidade civil absoluta; população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto Congresso Nacional, por lei complementar.
durarem seus efeitos; § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembra-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou mento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do pe-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; ríodo determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
4º. dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vi- Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da
gor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993) e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná
CAPÍTULO V -los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles
DOS PARTIDOS POLÍTICOS ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção II - recusar fé aos documentos públicos;
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
mentais da pessoa humana e observados os seguintes precei- CAPÍTULO VII
tos: Regulamento DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
I - caráter nacional;
DISPOSIÇÕES GERAIS
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a es-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
tes;
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida-
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
de, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguin-
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
te:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coliga- aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
ções eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou mu- dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
nicipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de dis- II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
ciplina e fidelidade partidária.  (Redação dada pela Emenda de de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
Constitucional nº 52, de 2006) provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tri- nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
bunal Superior Eleitoral. nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Consti-
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo tucional nº 19, de 1998)
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma III - o prazo de validade do concurso público será de até
da lei. dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de or- IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
ganização paramilitar. convocação, aquele aprovado em concurso público de provas
ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
TÍTULO III novos concursados para assumir cargo ou emprego, na car-
Da Organização do Estado reira;
CAPÍTULO I V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em co-
missão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos
Art. 18. A organização político-administrativa da Repúbli- casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, des-
ca Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o tinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assesso-
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos ter- ramento;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
mos desta Constituição. de 1998)

56
LEGISLAÇÃO

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela
associação sindical; Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos li- b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
mites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda científico;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 19, de 1998) 19, de 1998)
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá sionais de saúde, com profissões regulamentadas;  (Reda-
os critérios de sua admissão; ção dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos
determinado para atender a necessidade temporária de ex- e funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú-
cepcional interesse público; blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo po-
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados der público;   (Redação dada pela Emenda Constitucional
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privati- nº 19, de 1998)
va em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na XVIII - a administração fazendária e seus servidores fis-
mesma data e sem distinção de índices;   (Redação dada pela cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)  (Regulamento) ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- na forma da lei;
gos, funções e empregos públicos da administração direta, XIX – somente por lei específica poderá ser criada au-
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Po- tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluí- de 1998)
das as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no in-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como ciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados em empresa privada;
e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Esta- as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
duais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio mediante processo de licitação pública que assegure igual-
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a no- dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
venta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsí- que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
dio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitu- obrigações. (Regulamento)
cional nº 41, 19.12.2003) XXII - as administrações tributárias da União, dos Esta-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e dos, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essen-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos ciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores
pelo Poder Executivo; de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- realização de suas atividades e atuarão de forma integrada,
quer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração inclusive com o compartilhamento de cadastros e de infor-
de pessoal do serviço público;   (Redação dada pela Emenda mações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela
Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, servi-
público não serão computados nem acumulados para fins ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela educativo, informativo ou de orientação social, dela não
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de car- terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
gos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o dis- públicos.
posto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade res-
Constitucional nº 19, de 1998) ponsável, nos termos da lei.
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos pú- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
blicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, usuário na administração pública direta e indireta, regulan-
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Reda- do especialmente: (Redação dada pela Emenda Constitu-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) cional nº 19, de 1998)

57
LEGISLAÇÃO

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços  § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela Emenda ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal
Constitucional nº 19, de 1998) dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
informações sobre atos de governo, observado o disposto no cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribu-
art. 5º, X e XXXIII;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, nal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo
de 1998) aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos
III - a disciplina da representação contra o exercício ne- Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- 2005)
nistração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
de 1998) autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
cabível. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem sua remuneração;
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de res- III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
sarcimento. patibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será apli-
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei- cada a norma do inciso anterior;
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
nos casos de dolo ou culpa. exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e por merecimento;
indireta que possibilite o acesso a informações privilegia- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
das. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) afastamento, os valores serão determinados como se no
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos exercício estivesse.
órgãos e entidades da administração direta e indireta pode-
rá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus Seção II
administradores e o poder público, que tenha por objeto a DOS SERVIDORES PÚBLICOS
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitu- de 1998)
cional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato; Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, nicípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; jurídico único e planos de carreira para os servidores da ad-
III - a remuneração do pessoal.” ministração pública direta, das autarquias e das fundações
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públi- públicas.  (Vide ADIN nº 2.135-4)
cas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito nicípios instituirão conselho de política de administração e
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de remuneração de pessoal, integrado por servidores desig-
pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda Cons- nados pelos respectivos Poderes.       (Redação dada pela
titucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 19, de 1998)       (Vide ADIN nº
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de 2.135-4)
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, componentes do sistema remuneratório observará: (Reda-
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constitui- ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
em lei de livre nomeação e exoneração.  (Incluído pela Emen- xidade dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído
da Constitucional nº 20, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites re- II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emen-
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, da Constitucional nº 19, de 1998)
as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) Constitucional nº 19, de 1998)

58
LEGISLAÇÃO

§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao


escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei com-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facul- plementar;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
tada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre 88, de 2015)
os entes federados. (Redação dada pela Emenda Constitucio- III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo
nal nº 19, de 1998) de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo públi- anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, ob-
co o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, servadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos Constitucional nº 20, de 15/12/98)
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exi- a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição,
gir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de con-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, tribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais nal nº 20, de 15/12/98)
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Consti-
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o dis- tucional nº 20, de 15/12/98)
posto no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
nº 19, de 1998) ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remunera-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ção do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda de 15/12/98)
Constitucional nº 19, de 1998) § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica- ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunera-
rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos ções utilizadas como base para as contribuições do servidor
cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitu- aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art.
cional nº 19, de 1998)
201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
nal nº 41, 19.12.2003)
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia-
provenientes da economia com despesas correntes em cada
dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvi-
regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos defi-
mento de programas de qualidade e produtividade, treina-
nidos em leis complementares, os casos de servidores: (Reda-
mento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento
ção dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de
adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Cons-
Constitucional nº 19, de 1998) titucional nº 47, de 2005)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda
em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído Constitucional nº 47, de 2005)
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III cujas atividades sejam exercidas sob condições espe-
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Incluí-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, do pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no 
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ati- § 1º, III, «a», para o professor que comprove exclusivamen-
vos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto nes- educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação
te artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
19.12.2003) § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdên- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
cia de que trata este artigo serão aposentados, calculados os percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-
seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ me de previdência previsto neste artigo. (Redação dada pela
3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
19.12.2003) § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor- são por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de Constitucional nº 41, 19.12.2003)
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,

59
LEGISLAÇÃO

acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela disposto nos  §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) tiver ingressado no serviço público até a data da publicação
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor do ato de instituição do correspondente regime de previdên-
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite cia complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de 20, de 15/12/98)
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta § 17. Todos os valores de remuneração considerados para
por cento da parcela excedente a este limite, caso em ativida- o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente
de na data do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitu-
41, 19.12.2003) cional nº 41, 19.12.2003)
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor- tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este
me critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emen- artigo que superem o limite máximo estabelecido para os
da Constitucional nº 41, 19.12.2003) benefícios do regime geral de previdência social de que tra-
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou mu- ta o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o tem- servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda
po de serviço correspondente para efeito de disponibilida- Constitucional nº 41, 19.12.2003)
de. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com-
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de pletado as exigências para aposentadoria voluntária estabe-
contagem de tempo de contribuição fictício.  (Incluído pela lecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total sua contribuição previdenciária até completar as exigências
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime
próprio de previdência social para os servidores titulares de
geral de previdência social, e ao montante resultante da adi-
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do res-
ção de proventos de inatividade com remuneração de cargo
pectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de car- 41, 19.12.2003)
go eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidi-
15/12/98) rá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previ- e de pensão que superem o dobro do limite máximo esta-
dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo ob- belecido para os benefícios do regime geral de previdência
servará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o
o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapa-
Constitucional nº 20, de 15/12/98) citante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda
público, aplica-se o regime geral de previdência social. (In- Constitucional nº 19, de 1998)
cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Re-
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cípios, desde que instituam regime de previdência comple- I - em virtude de sentença judicial transitada em julga-
mentar para os seus respectivos servidores titulares de car- do; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e II - mediante processo administrativo em que lhe seja
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitu-
artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do cional nº 19, de 1998)
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (In- III - mediante procedimento de avaliação periódica de
cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
§ 15. O regime de previdência complementar de que tra- ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
ta o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo 1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pa-
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
rágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fecha-
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direi-
das de previdência complementar, de natureza pública, que
to a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
somente na modalidade de contribuição definida. (Redação serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 1998)

60
LEGISLAÇÃO

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o Art. 208. O dever do Estado com a educação será efeti-
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração vado mediante a garantia de:
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado apro- I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
veitamento em outro cargo.  (Redação dada pela Emenda aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
Constitucional nº 19, de 1998) oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
missão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emen- II - progressiva universalização do ensino médio gratui-
da Constitucional nº 19, de 1998) to; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portado-
CAPÍTULO III res de deficiência, preferencialmente na rede regular de en-
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO sino;
Seção I IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian-
DA EDUCAÇÃO ças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui-
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Esta-
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
do e da família, será promovida e incentivada com a cola-
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
boração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
dições do educando;
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
qualificação para o trabalho. educação básica, por meio de programas suplementares de
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos se- material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência
guintes princípios: à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59,
I - igualdade de condições para o acesso e permanên- de 2009)
cia na escola; § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar público subjetivo.
o pensamento, a arte e o saber; § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Po-
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, der Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; da autoridade competente.
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimen- § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
tos oficiais; no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
V - valorização dos profissionais da educação escolar, aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres- Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
so exclusivamente por concurso público de provas e títulos, seguintes condições:
aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Cons- I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
titucional nº 53, de 2006) II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú-
VI - gestão democrática do ensino público, na forma blico.
da lei; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o en-
VII - garantia de padrão de qualidade. sino fundamental, de maneira a assegurar formação básica
VIII - piso salarial profissional nacional para os profis- comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais
sionais da educação escolar pública, nos termos de lei fe- e regionais.
deral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de tuirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de
trabalhadores considerados profissionais da educação bá- ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
sica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou ade-
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
quação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos
também a utilização de suas línguas maternas e processos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela
próprios de aprendizagem.
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá- nicípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas
tico-científica, administrativa e de gestão financeira e pa- de ensino.
trimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
entre ensino, pesquisa e extensão. o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, federais e exercerá, em matéria educacional, função redistri-
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído butiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportu-
pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996) nidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do en-
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições sino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao
de pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 11, de 1996) Constitucional nº 14, de 1996)

61
LEGISLAÇÃO

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensi- res da rede pública na localidade da residência do educando,
no fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente
Emenda Constitucional nº 14, de 1996) na expansão de sua rede na localidade.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo
mente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emen- e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
da Constitucional nº 14, de 1996) instituições de educação profissional e tecnológica poderão
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, receber apoio financeiro do Poder Público.   (Redação dada
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
de colaboração, de modo a assegurar a universalização do Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educa-
ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucio- ção, de duração decenal, com o objetivo de articular o siste-
nal nº 59, de 2009) ma nacional de educação em regime de colaboração e definir
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino
de 2006) em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esfe-
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte ras federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda
e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impos- Constitucional nº 59, de 2009)
tos, compreendida a proveniente de transferências, na manu- I - erradicação do analfabetismo;
tenção e desenvolvimento do ensino. II - universalização do atendimento escolar;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida III - melhoria da qualidade do ensino;
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, IV - formação para o trabalho;
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é conside- V - promoção humanística, científica e tecnológica do
rada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do País.
governo que a transferir. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» públicos em educação como proporção do produto interno
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino fede- bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
ral, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do
art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prio- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS.
ridade ao atendimento das necessidades do ensino obriga- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS.
tório, no que se refere a universalização, garantia de padrão
de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de
educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59,
A autora Di Pietro nos ensina que: a Administração Públi-
de 2009)
ca pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou a
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e as-
regime jurídico de direito público. A opção por um regime ou
sistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados
outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela lei. Exempli-
com recursos provenientes de contribuições sociais e outros ficando: o artigo 173, §1º, da Constituição, prevê lei que esta-
recursos orçamentários. beleça o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de economia mista e de suas subsidiárias que explorem ati-
de financiamento a contribuição social do salário-educação, vidade econômica de produção ou comercialização de bens
recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela ou de prestação de serviços, dispondo, entre outros aspectos,
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) sobre “a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas pri-
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da vadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comer-
contribuição social do salário-educação serão distribuídas ciais, trabalhistas e tributários”. Não deixou qualquer opção à
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na Administração Pública e nem mesmo ao legislador; quando
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.(In- este instituir, por lei, urna entidade para desempenhar ativida-
cluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) de econômica, terá que submetê-la ao direito privado.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas Já o artigo 175 outorga ao Poder Público a incumbência
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, con- de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo diretamente ou
fessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: sob regime de concessão ou permissão; e o parágrafo único
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus deixa à lei ordinária a tarefa de fixar o regime das empresas
excedentes financeiros em educação; concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o ca-
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra ráter especial de seu contrato, de sua prorrogação, bem corno
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder as condições de execução, fiscalização e rescisão da conces-
Público, no caso de encerramento de suas atividades. são ou permissão. Vale dizer que a Constituição deixou à lei a
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser opção de adotar um regime ou outro.
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e Isto não quer dizer que a Administração Pública não par-
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiên- ticipe da decisão; ela o faz à medida que, detendo o Poder
cia de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regula- Executivo grande parcela das decisões políticas, dá início ao

62
LEGISLAÇÃO

processo legislativo que resultará na promulgação da lei con- Garrido Falla (1962:44-45) acentua esse aspecto. Em suas
tendo a decisão governamental. Normalmente, é na esfera palavras, “é curioso observar que fosse o próprio fenômeno
dos órgãos administrativos que são feitos os estudos técnicos histórico-político da Revolução Francesa o que tenha dado
e financeiros que precedem o encaminhamento de projeto de lugar simultaneamente a dois ordenamentos distintos entre
lei e respectiva justificativa ao Poder Legislativo. si: a ordem jurídica individualista e o regime administrativo. O
O que não pode é a Administração Pública, por ato pró- regime individualista foi se alojando no campo do direito civil,
prio, de natureza administrativa, optar por um regime jurídico enquanto o regime administrativo formou a base do direito
não autorizado em lei; isto em decorrência da sua vinculação público administrativo”.
ao princípio da legalidade. Assim, o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se
Não há possibilidade de estabelecer-se, aprioristicamen- baseado em duas ideias opostas: de um lado, a proteção aos
te, todas as hipóteses em que a Administração pode atuar sob direitos individuais frente ao Estado, que serve de fundamento
regime de direito privado; em geral, a opção é feita pelo pró- ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito;
prio legislador, como ocorre com as pessoas jurídicas, contra- de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses
tos e bens de domínio privado do Estado. Como regra, aplica- coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios
se o direito privado, no silêncio da norma de direito público. para a Administração Pública, quer para limitar o exercício dos
O que é importante salientar é que, quando a Adminis- direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder
tração emprega modelos privatísticos, nunca é integral a sua de polícia), quer para a prestação de serviços públicos.
submissão ao direito privado; às vezes, ela se nivela ao parti- Daí a bipolaridade do Direito Administrativo: liberda-
cular, no sentido de que não exerce sobre ele qualquer prer- de do indivíduo e autoridade da Administração; restrições e
rogativa de Poder Público; mas nunca se despe de determina- prerrogativas. Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se a Ad-
dos privilégios, como o juízo privativo, a prescrição quinque- ministração Pública à observância da lei e do direito (incluindo
nal, o processo especial de execução, a impenhorabilidade de princípios e valores previstos explícita ou implicitamente na
seus bens; e sempre se submete a restrições concernentes à Constituição); é a aplicação, ao direito público, do princípio da
competência, finalidade, motivo, forma, procedimento, publi- legalidade. Para assegurar-se a autoridade da Administração
cidade. Outras vezes, mesmo utilizando o direito privado, a Pública, necessária à consecução de seus fins, são-lhe outor-
Administração conserva algumas de suas prerrogativas, que gados prerrogativas e privilégios que lhe permitem assegurar
derrogam parcialmente o direito comum, na medida neces- a supremacia do interesse público sobre o particular.
Isto significa que a Administração Pública possui prer-
sária para adequar o meio utilizado ao fim público a cuja con-
rogativas ou privilégios, desconhecidos na esfera do direito
secução se vincula por lei.
privado, tais como a autoexecutoriedade, a autotutela, o po-
Por outras palavras, a norma de direito público sempre
der de expropriar, o de requisitar bens e serviços, o de ocu-
impõe desvios ao direito comum, para permitir à Administra-
par temporariamente o imóvel alheio, o de instituir servidão,
ção Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o or-
o de aplicar sanções administrativas, o de alterar e rescindir
denamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo, preservar
unilateralmente os contratos, o de impor medidas de polícia.
os direitos dos administrados, criando limitações à atuação Goza, ainda, de determinados privilégios como a imunidade
do Poder Público. tributária, prazos dilatados em juízo, juízo privativo, processo
A expressão regime jurídico da Administração Pública é especial de execução, presunção de veracidade de seus atos.
utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de di- Segundo Cretella Júnior (Revista de Informação Legisla-
reito público e de direito privado a que pode submeter-se a tiva, v. 97:13), as prerrogativas públicas são “as regalias usu-
Administração Pública. Já a expressão regime jurídico admi- fruídas pela Administração, na relação jurídico-administrativa,
nistrativo é reservada tão somente para abranger o conjunto derrogando o direito comum diante do administrador, ou, em
de traços, de conotações, que tipificam o Direito Administra- outras palavras, são as faculdades especiais conferidas à Ad-
tivo, colocando a Administração Pública numa posição privile- ministração, quando se decide a agir contra o particular”.
giada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Basicamen- Mas, ao lado das prerrogativas, existem determinadas
te, pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a restrições a que está sujeita a Administração, sob pena de
duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições. nulidade do ato administrativo e, em alguns casos, até mes-
É o que decorre do ensinamento de Rivera (1973:35), mo de responsabilização da autoridade que o editou. Dentre
quando afirma que as particularidades do Direito Administra- tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública,
tivo parecem decorrer de duas ideias opostas: «as normas do bem como os princípios da moralidade administrativa e da
Direito Administrativo caracterizam-se, em face das do direito legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos ad-
privado, seja porque conferem à Administração prerrogativas ministrativos e, como decorrência dos mesmos, a sujeição à
sem equivalente nas relações privadas, seja porque impõem à realização de concursos para seleção de pessoal e de concor-
sua liberdade de ação sujeições mais estritas do que aquelas rência pública para a elaboração de acordos com particulares.
a que estão submetidos os particulares”. Ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a
O Direito Administrativo nasceu sob a égide do Estado Administração em posição de supremacia perante o particu-
liberal, em cujo seio se desenvolveram os princípios do in- lar, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletivi-
dividualismo em todos os aspectos, inclusive o jurídico; pa- dade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade
radoxalmente, o regime administrativo traz em si traços de a determinados fins e princípios que, se não observados, im-
autoridade, de supremacia sobre o indivíduo, com vistas à plicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da
consecução de fins de interesse geral. Administração.

63
LEGISLAÇÃO

O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujei- A ponderação de princípios, portanto, é a técnica de
ta a Administração e que não se encontram nas relações entre solução de conflitos nessa espécie normativa: o intérprete
particulares constitui o regime jurídico administrativo. deve precisar quais princípios estão em jogo naquela situação
Muitas dessas prerrogativas e restrições são expressas concreta e buscar um ponto intermediário (que às vezes não
sob a forma de princípios que informam o direito público e, será possível) em que se preserve a máxima incidência de to-
em especial, o Direito Administrativo. dos os princípios em jogo. Por exemplo, ao ponderar, de um
Já o professor Aragão nos ensina que: dentre as várias lado, a liberdade de expressão e de reunião de manifestantes
definições de princípio jurídico, podemos aludir à clássica que desejam fazer uma passeata, e, de outro, a liberdade de ir
formulação de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO, que o e vir dos demais cidadãos e a ordem urbana, a Administração
considera como “mandamento nuclear de um sistema, ver- Pública não deve nem proibir de forma absoluta a passeata,
dadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia nem permiti-la de maneira indiscriminada, devendo, ao revés,
sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito e servin- por exemplo, admiti-la, mas apenas em metade das pistas da
do de critério para sua exata compreensão e inteligência, avenida onde se deseja fazer a manifestação.
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do siste-
ma normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido São cinco os princípios constitucionais básicos da Ad-
harmônico”. As regras jurídicas possuem hipóteses de inci- ministração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade,
dência abstratas, que dizem respeito a situações hipotéticas, publicidade e eficiência.
que, concretizando-se na vida prática, acarretam determina-
das consequências jurídicas. - Princípio da Legalidade: É o princípio basilar do Esta-
Trata-se do conhecido esquema “preceito – sanção”, do de Direito. É a atuação da Administração Pública (órgãos/
pelo qual, ocorrendo o fato previsto na regra, a ele devem agentes) dentro dos parâmetros definidos em lei, sendo ve-
suceder os efeitos jurídicos nela também já preestabeleci- dada sua atuação sem prévia e expressa permissão legislativa.
dos. Num exemplo de regra de Direito Administrativo, se o
servidor público federal deixar injustificadamente de compa- - Princípio da Impessoalidade: O princípio da impessoali-
recer à repartição por mais de trinta dias consecutivos – este dade é estudado sob três óticas diferentes: finalidade, impu-
é o preceito –, haverá cometido a infração funcional grave tação e isonomia.
conhecida como “abandono de cargo” (subsunção), para a Sob a ótica da finalidade, é a atuação impessoal e genéri-
qual é cominada a penalidade (a consequência) da demissão ca da Administração Pública, visando à satisfação do interes-
(cf. art. 132, II, c./c. art. 138, ambos da Lei n. 8.112/90). se coletivo, sem corresponder ao atendimento do interesse
O mecanismo de aplicação dos princípios é mais com- exclusivo do administrado. Se aproveitar da publicidade go-
plexo do que o esquema binário característico das regras vernamental, custeado pelo erário público, para fazer promo-
(se o fato ocorreu, se aplica a regra; se não ocorreu, não ção pessoal é ato de improbidade administrativa, pois viola
se aplica). Os princípios não preveem situações determina- o princípio da impessoalidade (Lei nº 8.429/92). Os símbolos
das e, muito menos, efeitos jurídicos específicos que delas que são utilizados durante o período de campanha eleitoral
decorreriam. É claro que normatizam situações e que po- não podem ser empregados durante o governo, pois serve
dem acarretar efeitos jurídicos, mas, devido a seu caráter de promover a figura individualizada do gestor, e não a ins-
fluido, suas consequências, além de não poderem ser pre- tituição pública. Sob a ótica da imputação, o ato praticado é
viamente estabelecidas, dependem das características de atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não ao agente público
cada caso concreto e dos demais princípios que forem em (pessoa física). Desta forma, a responsabilidade civil recairá
tese aplicáveis. sob a entidade no qual o agente público emprega sua força
É comum que mais de um princípio seja aplicável à mes- de trabalho. Porém, o direito de regresso oferece a possibili-
ma situação. O intérprete, contudo, deverá adotar metodo- dade de a pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano.
logia diferente da que emprega diante de (meras) regras Sob a ótica da isonomia, é o tratamento igualitário dispensa-
contraditórias entre si, quando a aplicação de uma deve, ne- do a todos os administrados, independentemente de qual-
cessariamente, implicar a exclusão da outra. Para a solução quer interesse político.
dos conflitos entre regras, há classicamente o emprego dos
critérios da hierarquia (vale a regra de maior hierarquia), da - Princípio da Moralidade: É a atuação administrativa
especialidade (a regra especial prevalece sobre a geral) e da baseada na boa fé, em conformidade com a moral, os prin-
cronologia (a regra posterior revoga a anterior), via de regra cípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons
nessa ordem. Em se tratando de conflitos entre princípios, costumes, a honestidade e os deveres de boa administração.
devem eles ser ponderados, buscando-se, sempre que pos- O princípio da moralidade não se refere a moral comum, mas
sível, alcançar solução que não exclua por completo nenhum aquela moral tirada da conduta interna da Administração Pú-
deles. “Assim, é possível que um princípio seja válido e per- blica. A moralidade comum é o certo e o errado, o correto e
tinente a determinado caso concreto, mas que suas conse- o incorreto, é o senso comum; já a moralidade administrativa
quências jurídicas não sejam deflagradas naquele caso, ou é mais rigorosa, é a boa-fé da administração, é a melhor es-
não o sejam inteiramente, em razão da incidência de outros colha possível, é uma administração eficiente. Logo, a moral
princípios também aplicáveis. Há uma ‘calibragem’ entre os relacionada ao princípio não é a moral subjetiva, mas a moral
princípios, e não a opção pela aplicação de um deles”. jurídica, ligada a outros princípios da própria Administração

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LEGISLAÇÃO

como também aos princípios gerais do direito. Quando a - Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CF): O
doutrina administrativista menciona a imoralidade adminis- devido processo legal é aquele estabelecido em lei, configu-
trativa na forma qualificada ela está se referindo ao ato imoral rando uma verdadeira garantia para ambas as partes, onde
configurado como ato de improbidade (art. 37, § 4°, CF; Lei visualizam um processo administrativo tipificado e determi-
n° 8.429/92). Todo ato imoral é também ato de improbidade, nado, sem supressão de atos essenciais.
porém nem todo ato de improbidade é um ato imoral (art. 11,
Lei n° 8.429/92). - Princípio do Contraditório: Contraditório é a ciência, é a
O controle jurisdicional dos atos que violem a moralidade bilateralidade, é o conhecimento de todos os atos praticados
administrativa também pode ocorrer via promoção da ação no processo administrativo. Deve ser dada a possibilidade das
popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou contrário partes influírem no convencimento do magistrado (binômio:
à moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65). ciência e participação). Para toda alegação fática ou apresen-
O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio da tação de prova, feito no processo por uma das partes, gera
isonomia, já o princípio da moralidade está ligado ao princípio para o adversário o direito de se manifestar, ocasionando um
da lealdade e da boa-fé. Por isso o princípio da moralidade equilíbrio entre a força imperativa do Estado e a manutenção
rege o comportamento não só dos agentes públicos, mas de do estado de inocência.
todos aqueles que de qualquer forma se relacionam com a
Administração Pública. Desta forma, os particulares também - Princípio da Ampla Defesa: Ampla defesa é dar a chan-
deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também ce, a oportunidade para a outra parte envolvida no litígio se
responder por ato que violem tal preceito. defender das alegações realizadas. Deve ser assegurada a
ampla possibilidade de defesa, lançando-se mão dos meios e
- Princípio da Publicidade: É a atuação transparente dos recursos disponíveis. A doutrina mais abalizada costuma fazer
atos da Administração Pública, facilitando seu controle. O uma divisão didática do assunto: determina a ampla defesa
princípio constitucional oferece a oportunidade das pessoas como o gênero, e nomeia a defesa técnica e autotutela como
de obterem informações, certidões e atestados da Adminis- espécies.
tração Pública, além de apresentarem petição sem o paga-
mento de taxas. Tais informações deverão se prestadas dentro - Princípio da Vedação da Prova Ilícita: Assim como na
do prazo estipulado sob pena de responsabilidade. esfera jurisdicional, a produção probatória na área adminis-
O princípio da publicidade também determina que todos trativa também deve ser obtida de forma lícita, seguindo as
os julgamentos realizados pelo Poder Judiciário sejam públi- normas previamente estabelecidas.
cos. Mesmo que a publicidade seja a regra, existem algumas
informações que, mesmo possuindo um caráter coletivo, - Princípio da Presunção de Inocência: Na esfera adminis-
não podem ser prestadas à população em geral. Tais situa- trativa também somos todos presumivelmente inocentes até
ções podem ser consideradas como verdadeiras exceções ao o trânsito em julgado da decisão final acusatória. Vale ressal-
princípio da publicidade, permitindo a manutenção do sigilo. tar que, mesmo exaurido a via administrativa, após o trânsito
São alguns exemplos: em nome da segurança da sociedade em julgado da decisão, ainda é possível invocar a esfera ju-
e do estado, poderá ser negada a publicidade (art. 5º, XXXIII, risdicional, nos termos do princípio da inafastabilidade desta
CF); atos processuais correm em sigilo na forma da lei, logo, esfera. A presunção de inocência não significa afirmar intan-
o processo administrativo também pode ser sigiloso (art. 5º, gibilidade dos investigados e cerceamento de medidas acau-
LX, CF). telatórias. Certos atos administrativos podem ser tomados a
- Princípio da Eficiência: Mesmo o Princípio da Eficiência fim de melhor conduzir o processo investigativo no intuito de
tenha sido oficialmente inserido no texto constitucional pela alcançar um julgamento mais justo.
EC 19/98, denominada de reforma administrativa, os gesto- - Princípio da Razoável Duração do Processo O princípio
res públicos já utilizavam sua premissa como vetor na con- da razoável duração do processo, também denominado de
dução do interesse público. Vale ressaltar que o art. 2º da Lei princípio da celeridade processual, foi introduzido pela EC
nº 9.784/99, responsável pela regulamentação do processo 45/04. A agilidade e a desburocratização do processo devem
administrativo na seara federal, também traz a previsão da caminhar sempre juntas com a manutenção das garantias
eficiência como princípio a ser necessariamente observado. fundamentais do cidadão.
Sob a ótica do agente público, significa afirmar que deve bus-
car a consecução do melhor resultado possível. Sob a ótica da - Princípio do Concurso Público: O princípio do concur-
forma de organização, significa afirmar que deve a Adminis- so público tem por escopo preservar a moralidade pública,
tração Pública atentar para os padrões modernos de gestão pois através do sistema de mérito, com critérios objetivos e
ou administração, vencendo o peso burocrático, atualizando- técnicos, seleciona aqueles candidatos mais preparados para
se e modernizando-se. melhor desempenhar a função administrativa.

Já em relação aos Princípios Constitucionais Explícitos, - Princípio da Licitação: A licitação pública tem conteú-
estes ao longo do texto constitucional também podem ser do principiológico na medida em que, através da escolha da
encontrados diversos princípios explícitos ligados a Adminis- proposta mais vantajosa para a administração, assegurando
tração Pública, auxiliando na boa condução da res coletiva. oportunidades iguais a todos os interessados, garante a ob-
servância da isonomia constitucional.

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LEGISLAÇÃO

- Princípio da Participação Popular: O princípio da par- A doutrina mais abalizada e jurisprudência dos tribunais
ticipação popular é inerente ao próprio Estado Democrático superiores costuma fazer uma distinção entre interesse pú-
de Direito, pois através de inúmeras ferramentas colocadas blico primário e interesse público secundário. Enquanto o
à disposição da sociedade, o administrado exerce um maior primeiro representa o interesse da coletividade, o segundo
controle sobre a condução do interesse público. Dentre eles reproduz o interesse da pessoa jurídica. O ideal é que os in-
estão o direito de denunciar irregularidades às ouvidorias e teresses primários e secundários coincidam, andem sempre
corregedorias junto aos órgãos públicos, o acesso às infor- juntos, fazendo com que as pretensões da população sejam
mações sobre atos do governo, a representação contra atos de fato materializadas pelo gestor público.
irregulares doas agentes públicos.
- Princípio da Hierarquia: Os órgãos da Administração
- Princípio da Motivação das Decisões Administrativas: Os Pública estão organizados com atribuições definidas em lei,
atos administrativos devem ser motivados. Como as decisões gerando entre eles uma relação de coordenação e subordi-
exaradas na seara administrativa nada mais são do que atos nação. Como consequência, surge a possibilidade de revisão
administrativos dotados de caráter resolutivo, também neces- dos atos subordinados, delegação e avocação de atribuições,
sitam ser motivados. aplicação de penalidades administrativas, dentre outros. Essa
relação de hierarquia é encontrada apenas na seara adminis-
Em relação aos Princípios Constitucionais Implícitos, estes trativa, não havendo sua incidência nas esferas legislativas e
podem ser encontrados no decorrer do texto constitucional jurisdicionais quando exercidas suas funções típicas.
e conforme o professor Marco Antonio Praxedes de Moraes
Filho são: - Princípio da Presunção de Legitimidade: Os atos admi-
nistrativos gozam de uma presunção de legitimidade, ou seja,
- Princípio da Isonomia: Este princípio está disciplinado de que foram praticados em conformidade com o ordena-
no art. 5º, caput da Constituição Federal. Na esfera adminis- mento jurídico. A fundamentação reside no fato de que os
trativa, significa afirmar a existência de um dever geral de atos da seara administrativa existem para aplicar a lei, dar ma-
prestar tratamento uniforme para todos aqueles que se en- terialidade e concretude à norma em abstrato. Desta forma,
contrem em uma situação de igualdade e equivalência. Pode- tendo em vista seu caráter exclusivamente de execução, tais
mos encontrar a incidência do princípio da isonomia servindo atos são dotados do benefício democrático da legitimidade.
de fundamento valorativo para diversos institutos administra-
tivos, tais como o concurso público e a licitação pública. - Princípio da Especialidade: Com a evolução das socieda-
Todavia, seguindo as premissas aristotélicas, há inúmeras des modernas e a complexidade das relações verticalizadas, o
situações onde o princípio da isonomia recomenda um trata- Estado vem se desobrigando de uma série de obrigações, re-
mento diferenciado entre certos administrados, dependendo passando tais incumbências para órgãos públicos especializa-
das condições pessoais destes. Por exemplo, reserva de vagas dos ou para a iniciativa privada. O princípio da especialidade
para portadores de deficiência em concursos públicos, tempo pode ser facilmente detectado no art. 37, XIX da Constituição
de aposentadoria diferenciado para mulheres, preferência no Federal de 1988 com a criação das autarquias, fundações, em-
tratamento processual para idosos, dentre outros. presas públicas e sociedades de economia mista.
A verdadeira igualdade consiste em tratar-se igualmente
os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que se - Princípio da Autotutela: Também denominado de prin-
desigualem.(Aristóteles). cípio da sindicabilidade, significa afirmar que a Administração
Igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desi- Pública tem o poder de regular e verificar seus próprios atos
gualmente os desiguais. (Rui Barbosa). sem a necessidade da provocação jurisdicional. Esta possibi-
No que tange a temática dos concursos públicos existem lidade conferida ao Estado de rever e corrigir seus próprios
diversos verbetes publicados onde são firmados os entendi- atos administrativos pode ocorrer mediante um controle de
mentos já pacificados dos tribunais superiores trazendo como legalidade, ocasionando a anulação do ato,ou um controle de
pano de fundo o princípio da isonomia. mérito, ocasionando uma revogação do ato.
- Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Assegura a pos-
sibilidade de revisão das decisões judiciais, através do sistema Porém, entende-se que não se trata de uma simples fa-
recursal, onde as decisões do Juízo a quo podem ser reapre- culdade, mas de uma obrigação, tendo em vista ao interes-
ciadas pelo juízo ad quem. É o direito que possui a parte de se público em análise. Desta forma, o princípio da autotutela
buscar o reexame da causa por órgão jurisdicional de instân- contém, na verdade, um poder-dever de verificar e rever seus
cia superior. próprios atos.

- Princípio do Interesse Público: A principal finalidade da - Princípios Infraconstitucionais Explícitos: O ordenamen-


lei é a satisfação do interesse público. Cada norma tem por to jurídico administrativo revela inúmeros princípios explíci-
escopo a satisfação de um determinado interesse público. tos, servindo para regulamentar aquela temática em especial,
Podemos conceituar interesse público como sendo aquele como também funciona de vetor interpretativo para a Admi-
resultante do conjunto de interesses dos indivíduos que com- nistração Pública.
põe determinada sociedade.

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LEGISLAÇÃO

- Princípios Infraconstitucionais Implícitos: O ordenamen- A administração direta é formada por um conjunto de


to jurídico administrativo também revela inúmeros princípios núcleos de competências administrativas, os quais já foram
implícitos, servindo para regulamentar aquele assunto em espe- tidos como representantes do poder central (teoria da repre-
cial, como também funciona de vetor interpretativo para a Ad- sentação) e como mandatários do poder central (teoria do
ministração Pública. Dentre eles podemos citar dois em especial, mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke,
o princípio da supremacia do interesse público e o princípio da segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos
indisponibilidade do interesse público, pois mesmo sendo im- criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser
plícitos funcionam de referência para todos os demais. organizados por decretos autônomos do Executivo (art. 84,
VI, CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria.
- Princípio da Supremacia do Interesse Público: O princípio Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
da supremacia do interesse público retrata que os interesses da patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
coletividade possuem uma carga de importância maior do que próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser au-
os interesses dos particulares. Esta superioridade do interesse tor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de mandado
estatal em face dos interesses privados é plenamente justificá- de segurança – tanto como impetrante como quanto impe-
vel em decorrência da função coletiva das ações dos agentes trado). Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
públicos. cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. Logo,
A fim de legitimar a desigualdade jurídica entre o exercício órgãos e agentes públicos são impessoais quando agem no
da função estatal e a esfera privada, o ordenamento jurídico estrito cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
prevê uma série de prerrogativas inerentes ao Poder Público, tamente por seus atos e danos.
tais como a presunção de legitimidade dos atos administra- Esta impossibilidade de se imputar diretamente a respon-
tivos, a desapropriação, a requisição de bens, os prazos pro- sabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que estejam
cessuais diferenciados, as cláusulas exorbitantes em contratos exercendo atribuições da Administração direta é denominada
administrativos, dentre outros. teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que institui o
Há uma necessidade existencial da inafastabilidade desta princípio da impessoalidade.
supremacia para a convivência harmônica em sociedade. Um Quanto se faz desconcentração da autoridade central
dos elementos que compõe a formação do Estado é o poder – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
soberano, ou seja, não basta o mero poder formal, ele preci- diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
sa se alocar em uma posição diferenciada para fazer valer sua simples ou complexos (simples se possuem apenas uma es-
vontade. Desta forma, a existência de uma força superior con- trutura administrativa, complexos se possuem uma rede de
duzindo a vontade coletiva é inerente à própria estrutura origi- estruturas administrativas) e em unitários ou colegiados (uni-
nária do estado. tário se o poder de decisão se concentra em uma pessoa, co-
O exercício do poder de polícia é uma das mais claras ma- legiado se as decisões são tomadas em conjunto e prevalece
nifestações da supremacia da vontade do Estado e do interesse a vontade da maioria):
coletivo. a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es-
trutura do Estado, gozando de independência para agir e
- Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: O não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as
princípio da indisponibilidade do interesse público retrata que políticas que serão implementadas. É o caso da Presidência
o interesse da coletividade não pode ser afastado em decor- da República, órgão complexo composto pelo gabinete, pela
rência do interesse dos gestores estatais. O interesse público Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da República, pelo
é indisponível, é obrigado a ser seguido, não podendo ser dis- Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente da Repúbli-
pensado em face do proveito alheio. No exercício da função ca é o único que toma as decisões).
pública os agentes públicos agem não em nome próprio, mas b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do po-
em nome da coletividade, fazendo valer o interesse coletivo. der, com autonomia funcional, porém subordinados politica-
Por exemplo, não pode deixar de realizar concurso quando ne- mente aos independentes. É o caso de todos os ministérios
cessário, não pode deixar de licitar quando necessário, dentre de Estado.
outros. c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia ou
independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos au-
tônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada ao
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da Polícia
INDIRETA. Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
Administração Pública Direta do MTE.
Administração Pública direta é aquela formada pelos entes ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas e
integrantes da federação e seus respectivos órgãos. Os entes as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, sen-
políticos são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- do órgãos independentes constitucionais. Em verdade, para
cípios. À exceção da União, que é dotada de soberania, todos Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos não per-
os demais são dotados de autonomia. tencem nem mesmo aos três poderes.

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LEGISLAÇÃO

Administração Pública Indireta Agrária (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
A Administração Pública indireta pode ser definida como Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER),
um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou privado, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE),
criadas ou instituídas a partir de lei específica, que atuam pa- Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC),
ralelamente à Administração direta na prestação de serviços Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Instituto
públicos ou na exploração de atividades econômicas. Em que Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
pese haver entendimento diverso registrado em nossa doutri- váveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen).
na, integram a Administração indireta do Estado quatro espé- Fundações
cies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, as Fundações, As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um
as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas. Ao patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor
lado destas, podemos encontrar ainda entes que prestam para atingir uma finalidade específica, denominadas, em la-
serviços públicos por delegação, embora não integrem os tim, universitas bonorum.
quadros da Administração, quais sejam, os permissionários, Essa definição serve para qualquer fundação, inclusi-
os concessionários e os autorizados. ve para aquelas que não integram a Administração indireta
Essas quatro pessoas integrantes da Administração indi- (não-governamentais). No caso das fundações que integram
reta serão criadas para a prestação de serviços públicos ou, a Administração indireta (governamentais), quando forem
ainda, para a exploração de atividades econômicas, como no dotadas de personalidade de direito público, serão regidas
caso das empresas públicas e sociedades de economia mista, integralmente por regras de direito público. Quando forem
e atuam com o objetivo de aumentar o grau de especialidade dotadas de personalidade de direito privado, serão regidas
e eficiência da prestação do serviço público ou, quando ex-
por regras de direito público e direito privado.
ploradoras de atividades econômicas, visando atender a rele-
vante interesse coletivo e imperativos da segurança nacional.
Sociedades de economia mista
Com efeito, de acordo com as regras constantes do ar-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas
tigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só poderá
explorar atividade econômica a título de exceção, em duas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços públi-
situações, conforme se colhe do caput do referido artigo, a cos ou para a exploração de atividade econômica, contando
seguir reproduzido: com capital misto e constituídas somente sob a forma em-
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Consti- presarial de S/A.
tuição, a exploração direta de atividade econômica pelo Esta- As sociedades de economia mista são: pessoas jurídicas
do só será permitida quando necessária aos imperativos de de Direito Privado, exploradoras de atividade econômica ou
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, confor- prestadoras de serviços públicos, empresas de capital misto,
me definidos em lei. constituídas sob forma empresarial de S/A.
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras consti- Alguns exemplos de sociedade mista:
tucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao Poder - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta deferida ao e Banespa.
setor privado. Assim, apenas explora atividades econômicas - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
nas situações indicadas no artigo 173 do Texto Constitucional. Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Quando atuar na economia, concorre em grau de igualdade Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços,
com os particulares, e sob o regime do artigo 170 da Consti- empresa responsável pelo gerenciamento da execução de
tuição, inclusive quanto à livre concorrência, submetendo-se contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado
ainda a todas as obrigações constantes do regime jurídico de de São Paulo).
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis, co- Empresas públicas
merciais, trabalhistas e tributárias. Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Priva-
do, criadas para a prestação de serviços públicos ou para a
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades exploração de atividades econômicas, que contam com capi-
de economia mista tal exclusivamente público, e são constituídas por qualquer
modalidade empresarial, após autorização legislativa do ente
Autarquias federativo criador.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito públi-
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços
co, de natureza administrativa, criadas para a execução de
públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda
serviços públicos, antes prestados pelas entidades estatais
que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Pri-
que as criam. Contam com patrimônio próprio, constituí-
vado. Se a empresa pública é exploradora de atividade eco-
do a partir de transferência pela entidade estatal a que se
vinculam, portanto, capital exclusivamente público. Logo, as nômica, estará submetida a regime jurídico denominado pela
autarquias são regidas integralmente pelo regime jurídico doutrina como semi público, ante a necessidade de obser-
de direito público, podendo, tão-somente, ser prestadoras vância, ao menos em suas relações com os administrados,
de serviços públicos, contando com capital oriundo da Ad- das regras atinentes ao regime da Administração, a exemplo
ministração direta. A título de exemplo, citamos as seguin- dos princípios expressos no “caput” do artigo 37 da Consti-
tes autarquias: Instituto Nacional de Colonização e Reforma tuição Federal.

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LEGISLAÇÃO

Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas 2) A emenda constitucional nº 19/98, conhecida como
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o Banco emenda da reforma administrativa, dispôs sobre os princípios
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); da Administração Pública incluindo entre os anteriormente
a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (EMURB); constitucionalizados o princípio da:
a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa a) impessoalidade.
Econômica Federal (CEF). b) publicidade.
Agências reguladoras c) legalidade.
São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju- d) eficiência.
rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com capa- 3) Do princípio da publicidade decorre o direito à infor-
cidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras das mação, interesse que o administrado tem como garantia ju-
autarquias. risdicional. Para garantir esse direito o administrado poderá
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de valer-se do:
serviços públicos. Elas não executam o serviço propriamente, a) habeas corpus.
elas o fiscalizam. b) habeas data.
c) mandado de segurança.
Entidades Paraestatais
d) mandado de injunção.
Entidades paraestatais “são aquelas pessoas jurídicas que
atuam ao lado e em colaboração com o Estado. [...] Há juris-
4) A Administração Pública tem direito de modificar, uni-
tas que entendem serem entidades paraestatais aquelas que,
tendo personalidade jurídica de direito privado (não incluídas, lateralmente, relações jurídicas estabelecidas, em face:
pois, as autarquias), recebem amparo oficial do Poder Público, a) da supremacia do interesse público sobre o privado.
como as empresas públicas, as sociedades de economia mista, b) do princípio da moralidade.
as fundações públicas e as entidades de cooperação governa- c) do princípio da continuidade dos serviços públicos.
mental (ou serviços sociais autônomos), como o SESI, SENAI, d) do princípio da legalidade.
SESC, SENAC etc. Outros pensam exatamente o contrário: en-
tidades paraestatais seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, 5) Se a autoridade competente declara de utilidade públi-
só enquadram nessa categoria as pessoas colaboradoras que ca para fins de expropriação bem de inimigo político, visando
não se preordena a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as afrontá-lo, embora invocando motivo de interesse público,
empresas públicas e as sociedades de economia mista. Para caracteriza-se:
outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de direito priva- a) o exercício de poder discricionário.
do integrantes da Administração Indireta, excluindo-se, por b) desvio de poder ou de finalidade.
conseguinte, as autarquias, as fundações de direito público e c) exercício de poder político, insuscetível de controle ju-
os serviços sociais autônomos. Por fim, já se considerou que dicial.
na categoria se incluem além dos serviços sociais autônomos d) excesso de poder.
até mesmo as escolas oficializadas, os partidos políticos e os
sindicatos, excluindo-se a administração indireta. Na prática, 6) Se o ato administrativo estiver viciado pelo desvio de
tem-se encontrado, com frequência, o emprego da expressão poder, por falta do elemento relativo à finalidade de interesse
empresas estatais, sendo nelas enquadradas as sociedades de público, atingirá o princípio da:
economia mista e as empresas públicas. Há também autores a) publicidade.
que adotam o referido sentido” . Para o autor que se toma b) moralidade.
como referencial teórico, “deveria abranger toda pessoa jurí- c) legalidade.
dica que tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, d) impessoalidade.
de forma a receber desta os mecanismos estatais de controle.
Estariam, pois, enquadradas como entidades paraestatais as
7) O ato administrativo é imposto ao administrado, inde-
pessoas da administração indireta e os serviços sociais autô-
pendente da sua anuência, pela prerrogativa da Administra-
nomos” .
ção da:
a) presunção de legitimidade.
Exercícios
b) auto executoriedade.
1) A Administração Pública deve obediência ao que lhe c) exigibilidade.
é prescrito, sendo-lhe vedada aplicação retroativa de nova d) legalidade.
interpretação de uma norma administrativa. O disposto é es-
tabelecido pelo princípio da: 8) A administração pode anular seus próprios atos, quan-
a) razoabilidade. do eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
b) segurança jurídica. se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniên-
c) proporcionalidade. cia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
d) impessoalidade. salvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Tal prerroga-
tiva da Administração decorre do princípio da:

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LEGISLAÇÃO

a) autotutela. 5) B
b) auto executoriedade. Comentário: O princípio da finalidade impõe que o ad-
c) finalidade. ministrador, ao manejar as competências postas a seu en-
d) motivação. cargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de cada
qual. Cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria
9) Quando a autoridade remove servidor para localidade de todas as leis, que é o interesse público, mas também à
remota, com o intuito de puni-lo: finalidade específica abrigada na lei a que esteja dando exe-
a) age dentro de suas atribuições. cução. Se utilizar uma lei como suporte para a prática de ato
b) não está obrigada a instaurar processo administrativo. desconforme com sua finalidade é desvio de poder ou desvio
c) utiliza-se do poder hierárquico. de finalidade, ensejando a nulidade do ato.
d) incorre em desvio de poder.
6) C
10) A prerrogativa atribuída à Administração Pública Comentário: O princípio da finalidade é uma inerência
para invadir materialmente a esfera jurídica dos particulares, ao princípio da legalidade, aquele está contido neste, pois
sem ir previamente ao Poder Judiciário é característica da: corresponde à aplicação da lei nos seus exatos termos.
a) presunção de validade.
b) imperatividade. 7) C
c) auto executoriedade. Comentário: Da supremacia do interesse público sobre
d) exigibilidade. o privado resulta, em prol da Administração, a possibilida-
de, nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações
GABARITO mediantes atos unilaterais. Tais são atos imperativos como
quaisquer atos do Estado e trazem consigo a decorrente exi-
1) B gibilidade, traduzida na previsão legal de sanções ou provi-
Comentário: Pelo princípio da segurança jurídica firmou- dências indiretas que induzam o administrado a acatá-los.
se o correto entendimento de que orientações firmadas pela
Administração em dada matéria não podem, sem prévia e 8) A
pública notícia, ser modificadas em casos concretos para fins Comentário: Também por força desta posição de supre-
de sancionar, agravar a situação dos administrados ou dene- macia do interesse público reconhece-se à Administração a
gar-lhes pretensões. possibilidade de revogar os próprios atos inconvenientes ou
inoportunos, conquanto dentro de certo limites (princípio da
2) D autotutela).
Comentário: A EC nº 19/98 veio acrescentar o princípio
da eficiência ao art. 37 da Constituição Federal. Tal princípio 9) D
estabelece à Administração o dever de agir de acordo com a Comentário: A hierarquia observada na Administração
lei da melhor forma possível na busca da satisfação do inte- não confere ao administrador a utilizar a lei como melhor
resse público. reputar. Deve, portanto, utilizá-la para o alcance de seus fins.

3) B 10) C
Comentário: O art. 5º, LXXII, da CF, garante o habeas Comentário: A auto executoriedade é a qualidade pela
data para assegurar judicialmente o conhecimento de infor- qual o Poder Público pode compelir materialmente o admi-
mações relativas ao impetrante que constem de registros ou nistrado, sem precisar buscar previamente as vias judiciais, ao
banco de dados de entidades governamentais ou de âmbito cumprimento da obrigação que impôs.
público, bem como para retificação de dados que neles este-
jam armazenados. Fonte: http://www.direitonet.com.br/testes/exibir/112/
resultados
4) A
Comentário: Da supremacia do interesse público sobre
o privado resulta, em prol da Administração, a possibilida-
de, nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações
mediantes atos unilaterais. Tais são atos imperativos como
quaisquer atos do Estado e trazem consigo a decorrente exi-
gibilidade, traduzida na previsão legal de sanções ou provi-
dências indiretas que induzam o administrado a acatá-los.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

Estudos de público em museus no Brasil: perfil e opinião dos visitantes.......................................................................................... 01


Acessibilidade em museus: ABNT NBR N° 9050: 2004,............................................................................................................................. 01
ABNT NBR N° 15599:2008, acessibilidade atitudinal.................................................................................................................................. 81
Estatuto de Museus: Lei nº 11.904. Trajetória dos museus de ciência e tecnologia no Brasil.................................................... 97
Noções de técnicas de preservação e conservação de bens culturais. Lei de incentivo a cultura n 8.313.........................102
Ética na administração publica decreto 1.171/1994 atualizada/Lei N° 12.840 de 9/07/2013..................................................107
Noções de Administração em museus...........................................................................................................................................................109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

ESTUDOS DE PÚBLICO EM MUSEUS NO ACESSIBILIDADE EM MUSEUS: ABNT NBR N°


BRASIL: PERFIL E OPINIÃO DOS VISITANTES. 9050: 2004,

O Programa Ibermuseus, por meio do Observatório Ibe- Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
ro-Americano de Museus (OIM), lança a publicação Estudos equipamentos urbanos
de Público de Museus na Ibero-América, com a finalidade 1 Objetivo
de obter informações sobre as características e hábitos do 1.1 Esta Norma estabelece critérios e parâme-
público dos museus. A obra faz parte da linha de ação nº 4, tros técnicos a serem observados quando do projeto,
dedicada à “construção de instrumentos de segmento e ava- construção, instalação e adaptação de edificações, mo-
liação da gestão dos museus, tais como o estudo de público, biliário, espaços e equipamentos urbanos às condições
censos dos museus e indicadores”. de acessibilidade.
 Ao abordar um projeto como este, responde-se simul- 1.2 No estabelecimento desses critérios e parâme-
taneamente a vários dos objetivos expressos no instrumento tros técnicos foram consideradas diversas condições de
de constituição do OIM: mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a
 – Estabelecer critérios que possibilitem a comparação ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos
de conceitos, metodologias, indicadores, dados e informa- de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento,
ções relativas à área dos museus. sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que
– Criar um espaço de diálogo, intercâmbio e difusão do venha a complementar necessidades individuais.
conhecimento e experiências na Ibero-América. 1.3 Esta Norma visa proporcionar à maior quantidade
– Desenvolver e sintetizar processos de avaliação profis- possível de pessoas, independentemente de idade, estatu-
sional e avaliação de políticas e práticas na área dos museus. ra ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização
Com este projeto pretende-se, a princípio, elaborar um de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações,
diagnóstico do estado e do desenvolvimento dos estudos mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.
de público na Ibero-América, testando o grau de institucio- 1.3.1 Todos os espaços, edificações, mobiliário e
nalidade que têm tais estudos no setor e o seu uso como equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, cons-
ferramenta de gestão e melhoria do serviço que os museus truídos, montados ou implantados, bem como as reformas
oferecem à sociedade. Por um lado, quis-se verificar o grau e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, de-
de implantação dos estudos nas estruturas administrativas vem atender ao disposto nesta Norma para serem consi-
competentes em matéria de museus (recursos atribuídos, derados acessíveis.
periodicidade, resultados consultáveis, etc.) e, por outro, ex- 1.3.2 Edificações e equipamentos urbanos que ve-
plorar até que ponto estão sendo utilizados os resultados nham a ser reformados devem ser tornados acessíveis. Em
obtidos e quais são as suas aplicações, bem como a melho- reformas parciais, a parte reformada deve ser tornada aces-
ria ou reorientação da gestão dos museus e do projeto ou sível.
do planejamento de políticas gerais dessas instituições. 1.3.3 As edificações residenciais multifamiliares,
O Programa Ibermuseus se destina a estimular o fomen- condomínios e conjuntos habitacionais devem ser aces-
to às políticas públicas dos países ibero-americanos e a pu- síveis em suas áreas de uso comum, sendo facultativa a
blicação é uma tentativa de apresentar um panorama sobre aplicação do disposto nesta Norma em edificações unifa-
este assunto, antes limitado ao âmbito dos governos nacio- miliares. As unidades autônomas acessíveis devem ser lo-
nais de cada país. Sendo assim, o primeiro passo foi a com- calizadas em rota acessível.
pilação das iniciativas realizadas no âmbito da gestão dos 1.3.4 As entradas e áreas de serviço ou de acesso
museus e seus recursos, que na ocasião estavam disponíveis restrito, tais como casas de máquinas, barriletes, passagem
na internet, com a intenção de elaborar um marco concei- de uso técnico etc., não necessitam ser acessíveis.
tual comum para subsidiar futuros estudos de público.
Realizada a consulta aos 22 países no âmbito do Pro- 2 Referências normativas
grama e compilados os dados apresentados neste relatório, As normas relacionadas a seguir contêm disposi-
constata-se, mais uma vez, a variedade de situações do pa- ções que, ao serem citadas neste texto, constituem
norama museológico ibero-americano. prescrições para esta Norma. As edições indicadas es-
As respostas a essas perguntas ilustram muitos dos pos- tavam em vigor no momento desta publicação. Como
síveis estados de evolução e desenvolvimento dos estudos toda norma está sujeita a revisão, recomenda-se àqueles
de público, e esse é o foco desta publicação: a apresenta- que realizam acordos com base nesta que verifiquem a
ção de uma amostra ampla de experiências, tendo o público conveniência de se usarem as edições mais recentes
como elemento, mais ou menos decisivo na gestão destas das normas citadas a seguir. A ABNT possui a informação
instituições. São experiências que vão do atendimento ao das normas em vigor em um dado momento.
visitante, como mero indicador quantitativo, até a preocu- Lei Federal nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, in-
pação com o não visitante, para orientar projetos que con- cluindo decretos de regulamentação e resoluções comple-
sigam a sua inclusão. mentares - Código de Trânsito Brasileiro
Fonte: http://www.ibermuseus.org/noticias/estudos- ABNT NBR 9077:2001 – Saídas de emergência em edi-
de-publico-de-museus-na-ibero-america/ fícios – Procedimento

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

ABNT NBR 9283:1986 – Mobiliário urbano – Classifi- 3.13 circulação externa: Espaço coberto ou des-
cação coberto, situado fora dos limites de uma edificação,
ABNT NBR 9284:1986 – Equipamento urbano – Classi- destinado à circulação de pedestres. As áreas de circula-
ficação ção externa incluem, mas não necessariamente se limitam
ABNT NBR 10283:1988 – Revestimentos eletrolíticos de a, áreas públicas, como passeios, calçadas, vias de pedes-
metais e plásticos sanitários - Especificação tres, faixas de travessia de pedestres, passarelas, caminhos,
ABNT NBR 10898:1999 – Sistema de iluminação de passagens, calçadas verdes e pisos drenantes entre outros,
emergência bem como espaços de circulação externa em edificações e
ABNT NBR 11003:1990 – Tintas – Determinação da conjuntos industriais, comerciais ou residenciais e centros
aderência – Método de ensaio comerciais.
ABNT NBR 13994:2000 – Elevadores de passageiros – circulação externa em edificações e conjuntos indus-
Elevadores para transporte de pessoa portadora de defi- triais, comerciais ou residenciais e centros comerciais.
ciência 3.14 deficiência: Redução, limitação ou inexistência
das condições de percepção das características do ambien-
3 Definições te ou de mobilidade e de utilização de edificações,
Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos,
definições:
em caráter temporário ou permanente.
3.1 acessibilidade: Possibilidade e condição de al-
3.15 desenho universal: Aquele que visa atender à
cance, percepção e entendimento para a utilização com
maior gama de variações possíveis das características an-
segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,
tropométricas e sensoriais da população.
equipamento urbano e elementos.
3.2 acessível: Espaço, edificação, mobiliário, equipa- 3.16 elemento: Qualquer dispositivo de coman-
mento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acio- do, acionamento, comutação ou comunicação. São
nado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive exemplos de elementos: telefones, intercomunicadores,
aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível impli- interruptores, torneiras, registros, válvulas, botoeiras, pai-
ca tanto acessibilidade física como de comunicação. néis de comando, entre outros.
3.3 adaptável: Espaço, edificação, mobiliário, 3.17 equipamento urbano: Todos os bens públicos
equipamento urbano ou elemento cujas características e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de
possam ser alteradas para que se torne acessível. serviços necessários ao funcionamento da cidade, implan-
3.4 adaptado: Espaço, edificação, mobiliário, equi- tados mediante autorização do poder público, em espaços
pamento urbano ou elemento cujas características origi- públicos e privados.
nais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis. 3.18 espaço acessível: Espaço que pode ser perce-
3.5 adequado: Espaço, edificação, mobiliário, equi- bido e utilizado em sua totalidade por todas as pessoas,
pamento urbano ou elemento cujas características foram inclusive aquelas com mobilidade reduzida.
originalmente planejadas para serem acessíveis. 3.19 faixa elevada: Elevação do nível do leito car-
3.6 altura: Distância vertical entre dois pontos. roçável composto de área plana elevada, sinalizada com
3.7 área de aproximação: Espaço sem obstáculos faixa de travessia de pedestres e rampa de transposição
para que a pessoa que utiliza cadeira de rodas possa ma- para veículos, destinada a promover a concordância entre
nobrar, deslocar-se, aproximar-se e utilizar o mobiliário ou os níveis das calçadas em ambos os lados da via.
o elemento com autonomia e segurança. 3.20 faixa livre: Área do passeio, calçada, via ou rota
3.8 área de resgate: Área com acesso direto para destinada exclusivamente à circulação de pedestres.
uma saída, destinada a manter em segurança pessoas por- 3.21 faixa de travessia de pedestres: Sinalização
tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, en- transversal às pistas de rolamento de veículos, desti-
quanto aguardam socorro em situação de sinistro. nada a ordenar e indicar os deslocamentos dos pedestres
3.9 área de transferência: Espaço necessário para para a travessia da via - Código de Trânsito Brasileiro.
que uma pessoa utilizando cadeira de rodas possa se po-
3.22 fatores de impedância: Elementos ou con-
sicionar próximo ao mobiliário para o qual necessita trans-
dições que possam interferir no fluxo de pedestres.
ferir-se.
São exemplos de fatores de impedância: mobiliário urbano,
3.10 barreira arquitetônica, urbanística ou am-
biental: Qualquer elemento natural, instalado ou edificado entradas de edificações junto ao alinhamento, vitrines jun-
que impeça a aproximação, transferência ou circulação no to ao alinhamento, vegetação, postes de sinalização, entre
espaço, mobiliário ou equipamento urbano. outros.
3.11 calçada: Parte da via, normalmente segregada e 3.23 foco de pedestres: Indicação luminosa de
em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, permissão ou impedimento de locomoção na faixa
reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à apropriada - Código de Trânsito Brasileiro.
implantação de mobiliário, sinalização, vegetação e outros 3.24 guia de balizamento: Elemento edificado ou
fins - Código de Trânsito Brasileiro. instalado junto aos limites laterais das superfícies de piso,
3.12 calçada rebaixada: Rampa construída ou im- destinado a definir claramente os limites da área de circula-
plantada na calçada ou passeio, destinada a promover a ção de pedestres, perceptível por pessoas com deficiência
concordância de nível entre estes e o leito carroçável. visual.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

3.25 impraticabilidade: Condição ou conjunto de travessia de pedestres, rampas, etc. A rota acessível interna
condições físicas ou legais que possam impedir a adap- pode incorporar corredores, pisos, rampas, escadas, eleva-
tação de edificações, mobiliário, equipamentos ou elemen- dores etc.
tos à acessibilidade. 3.38 rota de fuga: Trajeto contínuo, devidamente
3.26 linha-guia: Qualquer elemento natural ou edi- protegido proporcionado por portas, corredores, ante-
ficado que possa ser utilizado como guia de balizamento câmeras, passagens externas, balcões, vestíbulos, escadas,
para pessoas com deficiência visual que utilizem bengala rampas ou outros dispositivos de saída ou combinações
de rastreamento. destes, a ser percorrido pelo usuário, em caso de um in-
3.27 local de reunião: Espaço interno ou externo que cêndio de qualquer ponto da edificação até atingir a via
acomoda grupo de pessoas reunidas para atividade de la- pública ou espaço externo, protegido do incêndio.
zer, cultural, política, social, educacional, religiosa ou para 3.39 superfície de trabalho: Área para melhor mani-
consumo de alimentos e bebidas. pulação, empunhadura e controle de objetos.
3.28 mobiliário urbano: Todos os objetos, elementos 3.40 tecnologia assistiva: Conjunto de técnicas, apa-
e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, relhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visam
auxiliar a mobilidade, percepção e utilização do meio am-
de natureza utilitária ou não, implantados mediante auto-
biente e dos elementos por pessoas com deficiência.
rização do poder público em espaços públicos e privados.
3.41 uso comum: Espaços, salas ou elementos exter-
3.29 orla de proteção: Elemento edificado ou
nos ou internos que são disponibilizados para o uso de um
instalado, destinado a constituir barreira no piso para grupo específico de pessoas (por exemplo, salas em edifí-
proteção de árvores, áreas ajardinadas, espelhos d’água e cio de escritórios, ocupadas geralmente por funcionários,
espaços similares. colaboradores e eventuais visitantes).
3.30 passarela: Obra de arte destinada à transposição 3.42 uso público: Espaços, salas ou elementos ex-
de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres -Código ternos ou internos que são disponibilizados para o público
de Trânsito Brasileiro. em geral. O uso público pode ocorrer em edificações ou
3.31 passeio: Parte da calçada ou da pista de rola- equipamentos de propriedade pública ou privada.
mento, neste último caso separada por pintura ou ele- 3.43 uso restrito: Espaços, salas ou elementos in-
mento físico, livre de interferências, destinada à circulação ternos ou externos que são disponibilizados estritamente
exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas - para pessoas autorizadas (exemplos: casas de máquinas,
Código de Trânsito Brasileiro. barriletes, passagem de uso técnico e espaços similares).
3.32 pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, 3.44 visitável: Parte de unidade residencial, ou de
temporária ou permanentemente, tem limitada sua capa- unidade para prestação de serviços, entretenimento, co-
cidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Enten- mércio ou espaço cultural de uso público que contenha
de-se por pessoa com mobilidade reduzida, a pessoa com pelo menos um local de convívio social acessível e um sa-
deficiência, idosa, obesa, gestante entre outros. nitário unissex acessível.
3.33 piso cromo-diferenciado: Piso caracterizado
4 Parâmetros antropométricos
pela utilização de cor contrastante em relação ás áreas ad-
Para a determinação das dimensões referenciais, foram
jacentes e destinado a constituir guia de balizamento ou consideradas as medidas entre 5% a 95% da população
complemento de informação visual ou tátil, perceptível por brasileira, ou seja, os extremos correspondentes a mulhe-
pessoas com deficiência visual. res de baixa estatura e homens de estatura elevada.
3.34 piso tátil: Piso caracterizado pela diferenciação Nesta Norma foram adotadas as seguintes siglas com
de textura em relação ao piso adjacente, destinado a cons- relação aos parâmetros antropométricos: M.R. – Módulo de
tituir alerta ou linha guia, perceptível por pessoas com de- referência;
ficiência visual. P.C.R. – Pessoa em cadeira de rodas; P.M.R. – Pessoa
3.35 rampa: Inclinação da superfície de piso, longitu- com mobilidade reduzida;
dinal ao sentido de caminhamento. Consideram-se rampas P.O. – Pessoa obesa;
aquelas com declividade igual ou superior a 5%. L.H. – Linha do horizonte.
NOTA As dimensões indicadas nas figuras são expres-
3.36 reforma: Intervenção física em edificação, mo-
sas em metros, exceto quando houver outra indicação.
biliário, equipamento urbano ou elemento que implique a 4.1 Pessoas em pé
modificação de suas características estruturais e funcionais. A figura 1 apresenta dimensões referenciais para des-
3.37 rota acessível: Trajeto contínuo, desobstruído locamento de pessoas em pé.
e sinalizado, que conecta os ambientes externos ou inter-
nos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de
forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive
aquelas com deficiência. A rota acessível externa pode in-
corporar estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

4.2 Pessoas em cadeira de rodas (P.C.R.)


4.2.1 Cadeira de rodas
A figura 2 apresenta dimensões referenciais para cadeiras de rodas manuais ou motorizadas.
NOTA Cadeiras de rodas com acionamento manual pesam entre 12 kg a 20 kg e as motorizadas até 60 kg.

Figura 2 — Cadeira de rodas

4.2.2 Módulo de referência (M.R.)


Considera-se o módulo de referência a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso, ocupada por uma pessoa utilizando
cadeira de rodas, conforme figura 3.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

4.3 Área de circulação


4.3.1 Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas
A figura 4 mostra dimensões referenciais para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeiras de rodas.

4.3.2 Largura para transposição de obstáculos isolados


A figura 5 mostra dimensões referenciais para a transposição de obstáculos isolados por pessoas em cadeiras de rodas.
4.3.2.1 A largura mínima necessária para a transposição de obstáculos isolados com extensão de no máximo 0,40 m
deve ser de 0,80 m, conforme figura 5.
4.3.2.2 A largura mínima para a transposição de obstáculos isolados com extensão acima de 0,40 m deve ser de 0,90 m.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

4.3.3 Área para manobra de cadeiras de rodas sem deslocamento


As medidas necessárias para a manobra de cadeira de rodas sem deslocamento, conforme a figura 6, são:
a) para rotação de 90° = 1,20 m x 1,20 m;
b) para rotação de 180° = 1,50 m x 1,20 m;
c) para rotação de 360° = diâmetro de 1,50 m.

4.3.4 Manobra de cadeiras de rodas com deslocamento


A figura 7 exemplifica condições para manobra de cadeiras de rodas com deslocamento.

4.4 Área de transferência


A área de transferência deve ter no mínimo as dimensões do M.R., conforme 4.2.2.
4.4.1 Devem ser garantidas as condições de deslocamento e manobra para o posicionamento do M.R. junto ao local
de transferência.
4.4.2 A altura do assento do local para o qual for feita a transferência deve ser semelhante à do assento da cadeira
de rodas.
4.4.3 Nos locais de transferência, devem ser instaladas barras de apoio, nas situações previstas nesta Norma (ver
seções 7 e 9).

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4.4.4 Para a realização da transferência, deve ser garantido um ângulo de alcance que permita a execução adequada
das forças de tração e compressão (ver 4.6.4).
NOTA Diversas situações de transferência estão ilustradas nas seções 7, 8 e 9.
4.5 Área de aproximação
Deve ser garantido o posicionamento frontal ou lateral da área definida pelo M.R. em relação ao objeto, avançando sob
este entre 0,25 m e 0,55 m, em função da atividade a ser desenvolvida (ver 4.3 e 4.6).
NOTA Diversas situações de aproximação estão ilustradas nas seções 7, 8 e 9.

4.6 Alcance manual


4.6.1 Dimensões referenciais para alcance manual
As figuras 8 a 10 exemplificam as dimensões máximas, mínimas e confortáveis para alcance manual frontal.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A3 = Altura do centro da mão com antebraço formando 90º com o tronco


I 3 = Altura do centro da mão com o braço estendido, formando 30o com o piso = alcance máximo
confortável
B3 = Altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo
J3 = Altura do centro da mão com o braço estendido formando 60o com o piso = alcance máximo eventual
C3 = Altura mínima livre entre a coxa e a parte inferior de objetos e equipamentos
L3 = Comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão
D3 = Altura mínima livre para encaixe dos pés M3 = Comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro
da mão)

E3 = Altura do piso até a parte superior da coxa N3 = Profundidade da superfície de trabalho necessária para aproxi-
mação total
F3 = Altura mínima livre para encaixe da cadeira de rodas sob o objeto
O3 = Profundidade da nádega à parte superior do joelho
G3 = Altura das superfícies de trabalho ou mesas P3 = Profundidade mínima necessária para encaixe dos pés
H3 = Altura do centro da mão com braço estendido paralelo ao piso
Figura 10 — Alcance manual frontal com superfície de trabalho - Pessoa em cadeira de rodas
4.6.2 Aplicação das dimensões referenciais para alcance lateral de pessoa em cadeira de rodas
A figura 11 apresenta as aplicações das relações entre altura e profundidade para alcance manual lateral para pessoas
em cadeiras de rodas.

4.6.3 Superfície de trabalho


As superfícies de trabalho necessitam de altura livre de no mínimo 0,73 m entre o piso e a sua parte inferior, e altura de
0,75 m a 0,85 m entre o piso e a sua superfície superior. A figura 12 apresenta no plano horizontal as áreas de alcance em
superfícies de trabalho, conforme abaixo:
a) A1 x A2 = 1,50 m x 0,50 m = alcance máximo para atividades eventuais;
b) B1 x B2 = 1,00 m x 0,40 m = alcance para atividades sem necessidade de precisão;
c) C1 x C2 = 0,35 m x 0,25 m = alcance para atividades por tempo prolongado.

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

4.6.4 Ângulos para execução de forças de tração e compressão


As figuras 13 e 14 mostram ângulos e dimensões para execução adequada de forças de tração/compressão.

Ângulos para execução de forças de tração e compressão – Plano horizontal

4.6.5 Empunhadura
Objetos tais como corrimãos e barras de apoio, entre outros, devem ter seção circular com diâmetro entre 3,0 cm e 4,5
cm e devem estar afastados no mínimo 4,0 cm da parede ou outro obstáculo. Quando o objeto for embutido em nichos
deve-se prever também uma distância livre mínima de 15 cm, conforme figura 15. São admitidos outros formatos de seção,
desde que sua parte superior atenda às condições desta subseção.
Dimensões em centímetros

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

4.6.6 Controles (dispositivos de comando ou acionamento)


Os controles, botões, teclas e similares devem ser acionados através de pressão ou de alavanca. Recomenda-se
que pelo menos uma de suas dimensões seja igual ou superior a 2,5 cm, conforme figura 16.
Dimensões em centímetros

4.6.7 Altura para comandos e controles


A figura 17 mostra as alturas recomendadas para o posicionamento de diferentes tipos de comandos e controles.

4.7 Parâmetros visuais


4.7.1 Ângulos de alcance visual
As figuras 18 e 19 apresentam os ângulos visuais nos planos vertical (pessoa em pé e sentada) e horizontal.
NOTA Na posição sentada o cone visual apresenta uma inclinação de 8º para baixo

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Linha do horizonte visual – relacionada com a altura dos olhos.


CV = Cone visual correspondente à área de visão apenas com o movimento inconsciente dos olhos.
Figura 18 — Ângulo visual - Plano vertical
Figura 19

Aplicação dos ângulos de alcance visual


As figuras 20 a 22 exemplificam em diferentes distâncias horizontais a aplicação dos ângulos de alcance visual para
pessoas em pé, sentadas e em cadeiras de rodas.
NOTA Foi considerada a seguinte variação de L.H.: para pessoa em pé, entre 1,40 m e 1,50 m; para pessoa sentada,
entre 1,05 m e 1,15 m; para pessoa em cadeira de rodas, entre 1,10 m e 1,20 m. sentada, entre 1,05 m e 1,15 m; para pessoa
em cadeira de rodas, entre 1,10 m e 1,20 m.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4.8 Alcance auditivo


Os alarmes sonoros devem emitir sons com intensidade de no mínimo 15 dB acima do ruído de fundo, conforme 5.15.2.

5 Comunicação e sinalização
5.1 Formas de comunicação e sinalização
As formas de comunicação e sinalização adotadas são estabelecidas em 5.1.1 a 5.1.3.
5.1.1 Visual
É realizada através de textos ou figuras.
5.1.2 Tátil
É realizada através de caracteres em relevo, Braille ou figuras em relevo.
5.1.3 Sonora
É realizada através de recursos auditivos.
5.2 Tipos de sinalização
Os tipos de sinalização adotados são estabelecidos em 5.2.1 a 5.2.4.
5.2.1 Permanente
Sinalização utilizada nas áreas e espaços cuja função já esteja definida, identificando os diferentes espaços ou elemen-
tos de um ambiente ou de uma edificação. No mobiliário, deve ser utilizada para identificar os comandos.
5.2.2 Direcional
Sinalização utilizada para indicar a direção de um percurso ou a distribuição espacial dos diferentes elementos
de um edifício. Na forma visual, associa setas indicativas de direção, conforme figura 23, a textos, figuras ou símbolos, con-
forme exemplo descrito em 5.5.6. Na forma tátil, utiliza recursos como linha-guia ou piso tátil, conforme 5.14.2.

Figura 23 — Seta indicativa de direção — Exemplo

5.2.3 De emergência
Sinalização utilizada para indicar as rotas de fuga e saídas de emergência das edificações, dos espaços e do ambiente
urbano, ou para alertar quanto a um perigo iminente.
5.2.4 Temporária
Sinalização utilizada para indicar informações provisórias ou que podem ser alteradas periodicamente.
5.3 Informações essenciais
As informações essenciais aos espaços nas edificações, no mobiliário, nos espaços e equipamentos urbanos devem ser
sinalizadas de forma visual, tátil ou sonora, no mínimo conforme tabela 1.

5.4 Símbolos
Representações gráficas que, através de uma figura ou de uma forma convencionada, estabelecem a analogia entre o
objeto ou a informação e sua representação. Todos os símbolos podem ser associados a uma sinalização direcional.
5.4.1 Símbolo internacional de acesso
5.4.1.1 Representação
A indicação de acessibilidade das edificações, do mobiliário, dos espaços e dos equipamentos urbanos deve ser feita
por meio do símbolo internacional de acesso. A representação do símbolo internacional de acesso consiste em pictograma
branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente, ser re-
presentado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), conforme
figura 24. A figura deve estar sempre voltada para o lado direito, conforme figura 25. Nenhuma modificação, estilização ou
adição deve ser feita a este símbolo.

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5.4.1.2 Finalidade
O símbolo internacional de acesso deve indicar a acessibilidade aos serviços e identificar espaços, edificações,
mobiliário e equipamentos urbanos onde existem elementos acessíveis ou utilizáveis por pessoas portadoras de defi-
ciência ou com mobilidade reduzida.

5.4.1.3 Aplicação
Esta sinalização deve ser afixada em local visível ao público, sendo utilizada principalmente nos seguintes locais, quando
acessíveis:
a) entradas;
b) áreas e vagas de estacionamento de veículos;
c) áreas acessíveis de embarque/desembarque;
d) sanitários;
e) áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio, saídas de emergência;
f) áreas reservadas para pessoas em cadeira de rodas;
g) equipamentos exclusivos para o uso de pessoas portadoras de deficiência.
Os acessos que não apresentam condições de acessibilidade devem possuir informação visual indicando a localização do
acesso mais próximo que atenda às condições estabelecidas nesta Norma.

5.4.2 Símbolo internacional de pessoas com deficiência visual (cegueira)

5.4.2.1 Representação
A representação do símbolo internacional de pessoas com deficiência visual (cegueira) consiste em um pictograma bran-
co sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente ser representado
em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), conforme figura 26. A
figura deve estar sempre voltada para a direita, conforme
figura 27. Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a este símbolo.

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5.4.2.2 Finalidade
O símbolo internacional de pessoas com deficiência visual deve indicar a existência de equipamentos, mobiliário e
serviços para pessoas com deficiência visual.

5.4.3 Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva (surdez)


5.4.3.1 Representação
A representação do símbolo internacional de pessoa com deficiência auditiva (surdez) consiste em pictograma
branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B 5/10 ou Pantone 2925C). Este símbolo pode, opcionalmente ser represen-
tado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), conforme figura
28. A figura deve estar sempre representada na posição indicada na figura 29. Nenhuma modificação, estilização ou adição
deve ser feita a este símbolo.

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5.4.3.2 Aplicação
O símbolo internacional de pessoa com surdez deve ser utilizado em todos os locais, equipamentos, produtos, proce-
dimentos ou serviços para pessoa com deficiência auditiva (surdez).

5.4.4 Símbolos complementares


Os símbolos complementares devem ser utilizados para indicar as facilidades existentes nas edificações, no mobiliário,
nos espaços e equipamentos urbanos e serviços oferecidos. Os símbolos complementares são compostos por figuras que
podem ser inseridas em quadrados ou círculos.

5.4.4.1 Símbolos internacionais de sanitários


Todos os sanitários devem ser sinalizados com o símbolo internacional de sanitário, de acordo com cada situação,
conforme figuras 30 a 33.

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5.5 Sinalização visual


5.5.1 Condições gerais
Informações visuais devem seguir premissas de textura, dimensionamento e contraste de cor dos textos e das figuras
para que sejam perceptíveis por pessoas com baixa visão. As informações visuais podem estar associadas aos caracteres
em relevo.
5.5.2 Legibilidade
A legibilidade da informação visual depende da iluminação do ambiente, do contraste e da pureza da cor (ver tabela 2).
5.5.2.1 Deve haver contraste entre a sinalização visual (texto ou figura e fundo) e a superfície sobre a qual ela está
afixada, cuidando para que a iluminação do entorno - natural ou artificial - não prejudique a compreensão da informação.
5.5.2.2 Os textos e figuras, bem como o fundo das peças de sinalização, devem ter acabamento fosco, evitando-se o
uso de materiais brilhantes ou de alta reflexão.
5.5.2.3 A visibilidade da combinação de cores pode ser classificada de forma decrescente em função dos contrastes.
Recomenda-se utilização de cor contrastante de 70% a 100% (claro sobre escuro ou escuro sobre claro). sobre claro).

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5.5.2.4 Quando a sinalização for retroiluminada, o fundo deve ter cor contrastante, a figura e o texto devem ser trans-
lúcidos e a luz deve ser branca.
5.5.2.5 Quando for necessária a adaptação a pouca luz pelo observador, deve ser utilizado texto ou figura clara sobre
fundo escuro, mantendo-se o contraste.
5.5.3 Textos de orientação
5.5.3.1 Redação
Os textos contendo orientações, instruções de uso de áreas, objetos ou equipamentos, regulamentos e normas de
conduta e utilização devem:
a) conter as mesmas informações escritas em Braille;
b) conter apenas uma oração – uma sentença completa, com sujeito, verbo e predicado, nesta ordem;
c) estar na forma ativa e não passiva;
d) estar na forma afirmativa e não negativa;
e) estar escritos na sequência das ações, enfatizando a maneira correta de se realizar uma tarefa.
5.5.3.2 Representação
As informações dirigidas às pessoas com baixa visão devem utilizar texto impresso em fonte tamanho 16, com traços
simples e uniformes e algarismos arábicos, em cor preta sobre fundo branco.
Recomenda-se a combinação de letras maiúsculas e minúsculas (caixas alta e baixa), exceto quando forem destinadas
à percepção tátil.
Recomenda-se a utilização de letras sem serifa, evitando-se padrões ou traços internos, fontes itálicas, recortadas, ma-
nuscritas, com sombras, com aparência tridimensional ou distorcidas (aparentando ser excessivamente largas, altas
ou finas).

5.5.3.3 Distâncias

5.5.4 Letras e números - Dimensionamento


A dimensão das letras e números deve ser proporcional à distância de leitura, obedecendo à relação 1/200. Recomen-
da-se que textos e números obedeçam às seguintes proporções, conforme figura 50.
a) largura da letra = 2/3 da altura;
b) espessura do traço = 1/6 da altura (caractere escuro sobre fundo claro) ou 1/7 da altura (caractere claro sobre fundo
escuro);
c) distância entre letras = 1/5 da altura;
d) distância entre palavras = 2/3 da altura;
e) intervalo entre linhas = 1/5 da altura (a parte inferior dos caracteres da linha superior deve ter uma espessura de
traço distante da parte superior do caractere mais alto da linha de baixo);
f) altura da letra minúscula = 2/3 da altura da letra maiúscula.

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5.5.5 Figura
5.5.5.1 Representação
O desenho das figuras deve atender às seguintes condições:
a) contornos fortes e bem definidos;
b) simplicidade nas formas e poucos detalhes; c) forma fechada, completa, com continuidade; d) estabilidade da
forma;
e) simetria.
5.5.5.2 Dimensionamento
Para a sinalização interna dos ambientes, a dimensão mínima das figuras deve ser de 15 cm, considerando a legibili-
dade a uma distância máxima de 30 m. Para distâncias superiores deve-se obedecer à relação entre distância de leitura e
altura do pictograma de 1:200.
5.5.6 Composições de sinalização visual
As figuras 51 e 52 exemplificam composições de sinalização visual. Eventuais informações em texto, caracteres
em relevo ou em Braille devem ser posicionadas abaixo da figura.

5.6 Sinalização tátil


5.6.1 Braille
5.6.1.1 As informações em Braille não dispensam a sinalização visual com caracteres ou figuras em relevo, exceto quan-
do se tratar de folheto informativo.
5.6.1.2 As informações em Braille devem estar posicionadas abaixo dos caracteres ou figuras em relevo.

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5.6.1.3
O arranjo de seis pontos e o espaçamento entre as celas Braille, conforme figura 53, devem atender às seguintes con-
dições:
a) diâmetro do ponto na base: 2 mm;
b) espaçamento vertical e horizontal entre pontos – medido a partir do centro de um ponto até o centro do próximo
ponto: 2,7 mm;
c) largura da cela Braille: 4,7 mm;
d) altura da cela Braille:7,4 mm;
e) separação horizontal entre as celas Braille: 6,6 mm;
f) separação vertical entre as celas Braille: 10,8 mm;
g) altura do ponto: 0,65 mm.

5.6.2 Texto e figuras


5.6.2.1 Os textos, figuras e pictogramas em relevo são dirigidos às pessoas com baixa visão, para pessoas que ficaram
cegas recentemente ou que ainda estão sendo alfabetizadas em Braille. Devem estar associados ao texto em Braille.
5.6.2.2 As figuras em relevo devem atender às seguintes condições:
a) contornos fortes e bem definidos;
b) simplicidade nas formas e poucos detalhes; c) figura fechada, completa, com continuidade; d) estabilidade da
forma;
e) simetria.
5.6.2.3 Os caracteres em relevo devem atender às seguintes condições, conforme exemplificado na figura 54:
a) tipos de fonte, conforme 5.5.4;
b) caracteres grafados em maiúsculas;
c) altura do relevo: 0,8 mm a 1,0 mm;
d) altura dos símbolos: mínimo 150 mm;
e) altura dos caracteres: 16 mm a 51 mm ;
f) distância entre caracteres: 5 mm;
g) distância entre linhas: 45 mm.

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5.7 Sinalização sonora


5.7.1 A sinalização sonora deve ser associada à sinalização visual para os casos indicados na tabela 1, conforme 5.3.
5.7.2 Toda mensagem sonora deve ser precedida de um prefixo ou de um ruído característico para chamar a atenção
do ouvinte.
5.7.3 Os alarmes sonoros, bem como os alarmes vibratórios, devem estar associados e sincronizados aos alarmes
visuais intermitentes, de maneira a alertar as pessoas com deficiência visual e as pessoas com deficiência auditiva (surdez).
5.7.4 Informações sonoras verbais podem ser digitalizadas ou sintetizadas, e devem ter as seguintes características:
a) conter apenas uma oração - uma sentença completa, com sujeito, verbo e predicado, nesta ordem;
b) estar na forma ativa e não passiva;
c) estar na forma imperativa.
5.7.5
Nas salas de espetáculos, os equipamentos de informações sonoras e sistemas de tradução simultânea, quando
houver, devem permitir o controle individual de volume e possuir recursos para evitar interferências.
5.8 Língua brasileira de sinais – Libras
O local determinado para posicionamento do intérprete de Libras deve ser identificado com o símbolo internacional de
pessoas com deficiência auditiva (surdez), visando orientar os expectadores. Deve ser garantido um foco de luz posicionado
de forma a iluminar o intérprete de sinais, desde a cabeça até os joelhos. Este foco não deve projetar sombra no plano atrás
do intérprete de sinais.
5.9 Sinalização vertical
5.9.1 Sinalização visual
A sinalização visual vertical deve atender aos requisitos de espaçamento, proporção e altura do texto, acabamento e
contraste, conforme 5.5. A altura da sinalização visual deve estar em conformidade com os alcances e cones visuais estabe-
lecidos em 4.7.2. A sinalização visual em áreas de circulação, quando suspensa, deve ser instalada a uma altura livre mínima
de 2,10 m do piso.
5.9.2 Sinalização tátil
A sinalização tátil vertical deve atender aos requisitos de espaçamento, proporção e altura do texto, acabamento
e contraste, conforme 5.6. Os símbolos em relevo devem ser instalados entre 1,40 m e 1,60 m do piso. A sinalização vertical
em Braille ou texto em relevo deve ser instalada de maneira que a parte inferior da cela Braille ou do símbolo ou do texto
esteja a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m do piso. A sinalização vertical deve ter a respectiva correspondência com o piso
tátil.
5.10 Sinalização de portas
Nas portas deve haver informação visual (número da sala, função etc.) ocupando área entre 1,40 m e 1,60 m do piso,
localizada no centro da porta ou na parede adjacente, ocupando área a uma distância do batente entre 15 cm e 45 cm.
A sinalização tátil (em Braille ou texto em relevo) deve ser instalada nos batentes ou vedo adjacente (parede, divisória ou
painel), no lado onde estiver a maçaneta, a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m, conforme figura 55.

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5.11 Planos e mapas táteis


5.11.1 As superfícies horizontais ou inclinadas (até 15% em relação ao piso) contendo informações em
Braille, planos e mapas táteis devem ser instaladas à altura entre 0,90 m e 1,10 m, conforme figura 56.
5.11.2 Os planos e mapas devem possuir um reentrância na sua parte inferior com no mínimo 0,30 m de altura e 0,30
m de profundidade, para permitir a aproximação frontal de uma pessoa em cadeira de rodas.

5.12 Sinalização tátil de corrimãos


É recomendável que os corrimãos de escadas e rampas sejam sinalizados através de:
a) anel com textura contrastante com a superfície do corrimão, instalado 1,00 m antes das extremidades, conforme
figura 57;
b) sinalização em Braille, informando sobre os pavimentos no início e no final das escadas fixas e rampas, instalada na
geratriz superior do prolongamento horizontal do corrimão.

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5.13 Sinalização visual de degraus


Todo degrau ou escada deve ter sinalização visual na borda do piso, em cor contrastante com a do acabamento,
medindo entre 0,02 m e 0,03 m de largura. Essa sinalização pode estar restrita à projeção dos corrimãos laterais, com no
mínimo 0,20 m de extensão, localizada conforme figura 58.

Figura 58 — Sinalização visual no piso dos degraus - Exemplo


5.14 Sinalização tátil no piso
A sinalização tátil no piso pode ser do tipo de alerta ou direcional. Ambas devem ter cor contrastante com a do piso
adjacente, e podem ser sobrepostas ou integradas ao piso existente, atendendo às seguintes condições:
a) quando sobrepostas, o desnível entre a superfície do piso existente e a superfície do piso implantado deve ser
chanfrado e não exceder 2 mm;
b) quando integradas, não deve haver desnível.

5.14.1 Sinalização tátil de alerta


5.14.1.1 A textura da sinalização tátil de alerta consiste em um conjunto de relevos tronco-cônicos conforme tabe-
la 3, dispostos conforme figura 59. A modulação do piso deve garantir a continuidade de textura e o padrão de informação.

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5.14.1.2 A sinalização tátil de alerta deve ser instalada perpendicularmente ao sentido de deslocamento nas seguin-
tes situações:
a) obstáculos suspensos entre 0,60 m e 2,10 m de altura do piso acabado, que tenham o volume maior na parte supe-
rior do que na base, devem ser sinalizados com piso tátil de alerta. A superfície a ser sinalizada deve exceder em 0,60 m a
projeção do obstáculo, em toda a superfície ou somente no perímetro desta, conforme figura 60;

b) nos rebaixamentos de calçadas, em cor contrastante com a do piso, conforme figuras 61 e 62;

c) no início e término de escadas fixas, escadas rolantes e rampas, em cor contrastante com a do piso, com largura
entre 0,25 m a 0,60 m, afastada de 0,32 m no máximo do ponto onde ocorre a mudança do plano, conforme exemplifica a
figura 63;

d) junto às portas dos elevadores, em cor contrastante com a do piso, com largura entre 0,25 m a 0,60 m,
afastada de 0,32 m no máximo da alvenaria, conforme exemplifica a figura 64;

e) junto a desníveis, tais como plataformas de embarque e desembarque, palcos, vãos, entre outros, em cor contras-
tante com a do piso. Deve ter uma largura entre 0,25 m e 0,60 m, instalada ao longo de toda a extensão onde houver risco
de queda, e estar a uma distância da borda de no mínimo 0,50 m, conforme figura 65.

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5.14.2 Sinalização tátil direcional


5.14.2.1 A sinalização tátil direcional deve:
a) ter textura com seção trapezoidal, qualquer que seja o piso adjacente;
b) ser instalada no sentido do deslocamento;

c) ter largura entre 20 cm e 60 cm;


d) ser cromodiferenciada em relação ao piso adjacente.
NOTA Quando o piso adjacente tiver textura, recomenda-se que a sinalização tátil direcional seja lisa.
5.14.2.2 A textura da sinalização tátil direcional consiste em relevos lineares, regularmente dispostos, conforme
tabela 4 e figura 66.

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5.14.2.3
A sinalização tátil direcional deve ser utilizada em áreas de circulação na ausência ou
interrupção da guia de balizamento, indicando o caminho a ser percorrido e em espaços amplos.
5.14.3 Composição da sinalização tátil de alerta e direcional
Para a composição da sinalização tátil de alerta e direcional, sua aplicação deve atender às seguintes condições:
a) quando houver mudança de direção entre duas ou mais linhas de sinalização tátil direcional, deve haver uma área
de alerta indicando que existem alternativas de trajeto. Essas áreas de alerta devem ter dimensão proporcional à largura da
sinalização tátil direcional, conforme figura 67;
b) quando houver mudança de direção formando ângulo superior a 90°, a linha-guia deve ser sinalizada com piso tátil
direcional, conforme figura 68;
c) nos rebaixamentos de calçadas, quando houver sinalização tátil direcional, esta deve encontrar com a sinalização
tátil de alerta, conforme figuras 69 e 70;
d) nas portas de elevadores, quando houver sinalização tátil direcional, esta deve encontrar a sinalização tátil de alerta,
na direção da botoeira, conforme figura 71;
e) nas faixas de travessia, deve ser instalada a sinalização tátil de alerta no sentido perpendicular ao deslocamento,
à distância de 0,50 m do meio-fio. Recomenda-se a instalação de sinalização tátil direcional no sentido do deslocamento,
para que sirva de linha-guia, conectando um lado da calçada ao outro, conforme figuras 72 e 73;
f) nos pontos de ônibus devem ser instalados a sinalização tátil de alerta ao longo do meio fio e o piso tátil direcional,
demarcando o local de embarque e desembarque, conforme figura 74.

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5.15 Sinalização de emergência


5.15.1 Condições gerais
5.15.1.1 As rotas de fuga e as saídas de emergência
devem ser sinalizadas com informações visuais e sonoras.
5.15.1.2 Nas escadas que interligam os diversos
pavimentos, inclusive nas de emergência, junto à porta cor-
ta-fogo, deve haver sinalização tátil e visual informando o
número do pavimento, conforme figura 55. A mesma sina-
lização pode ser instalada nos corrimãos, conforme figura
57. 6 Acessos e circulação
5.15.1.3 Em saídas de emergência devem ser insta- 6.1 Circulação - Condições gerais
lados alarmes sonoros e visuais. 6.1.1 Pisos
5.15.1.4 Os alarmes sonoros, bem como os alarmes Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável
vibratórios, devem estar associados e sincronizados aos e antiderrapante sob qualquer condição, que não provo-
alarmes visuais intermitentes, para alertar as pessoas por- que trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras
tadoras de deficiência visual e as pessoas com deficiência de rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação
auditiva. transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3%
5.15.1.5 Os mecanismos e dispositivos de emer- para pisos externos e inclinação longitudinal máxima de
gência devem conter informações táteis e visuais, repre- 5%. Inclinações superiores a 5% são consideradas rampas
sentadas através de símbolos, conforme 5.9.1. e, portanto, devem atender a 6.4. Recomenda-se evitar a
5.15.1.6 Recomenda-se que em quartos e sani- utilização de padronagem na superfície do piso que possa
tários de hotéis, instituições de idosos e hospitais sejam causar sensação de insegurança (por exemplo, estampas
instalados telefones, campainhas e alarmes de emergência que pelo contraste de cores possam causar a impressão de
visuais, sonoros e vibratórios. tridimensionalidade).
5.15.2 Alarmes sonoros 6.1.2 Piso tátil de alerta
Os alarmes sonoros devem atender às seguintes con- Este piso deve ser utilizado para sinalizar situações que
dições: envolvem risco de segurança. O piso tátil de alerta deve ser
a) ter intensidade e frequência entre 500 Hz e 3 000 cromodiferenciado ou deve estar associado à faixa de cor
Hz; contrastante com o piso adjacente, conforme 5.14.1.
b) frequência variável alternadamente entre som gra- 6.1.3 Piso tátil direcional
ve e agudo, se o ambiente tiver muitos obstáculos sonoros Este piso deve ser utilizado quando da ausência ou
(colunas ou vedos); descontinuidade de linha-guia identificável, como guia
c) intermitência de 1 a 3 vezes por segundo; de caminhamento em ambientes internos ou externos, ou
d) intensidade de no mínimo 15 dBA superior ao ruído quando houver caminhos preferenciais de circulação, con-
médio do local ou 5 dBA acima do ruído máximo do local. forme 5.14.2.
Recomenda-se adotar em ambientes internos valores 6.1.4 Desníveis
entre 35 dBA e 40 dBA e em ambientes externos, valores Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em
entre 60 dBa a 80 dBA, sendo recomendado utilizar o valor rotas acessíveis. Eventuais desníveis no piso de até 5 mm
de 60 dBA. não demandam tratamento especial. Desníveis superiores
5.15.3 Alarmes visuais a 5 mm até 15 mm devem ser tratados em forma de ram-
Os alarmes visuais devem atender às seguintes carac- pa, com inclinação máxima de 1:2 (50%), conforme figura
terísticas: 76. Desníveis superiores a 15 mm devem ser considerados
a) aparência intermitente; como degraus e ser sinalizados conforme figura 63.
b) luz em xenônio de efeito estroboscópico ou equi-
valente;
c) intensidade mínima de 75 candelas;
d) taxa de flash entre 1 Hz e 5 Hz;
e) ser instalados a uma altura superior a 2,20 m acima
do piso, ou 0,15m inferior em relação ao teto mais baixo;
f) ser instalados a uma distância máxima de 15 m; po-
dem ser instalados num espaçamento maior até o máximo
de 30 m, quando não houver obstrução visual.
5.15.4 Sinalização de áreas de resgate
A porta de acesso às áreas de resgate deve ser iden- 6.1.5 Grelhas e juntas de dilatação
tificada com sinalização em material fotoluminescente ou As grelhas e juntas de dilatação devem estar prefe-
ser retroiluminada. A área de resgate deve ser sinalizada rencialmente fora do fluxo principal de circulação. Quan-
conforme figura 75, junto à demarcação do M.R. no piso, do instaladas transversalmente em rotas acessíveis, os
conforme 0. Devem ser afixadas instruções sobre a utiliza- vãos resultantes devem ter, no sentido transversal ao mo-
ção da área de resgate, atendendo a 5.5.3. vimento, dimensão máxima de 15 mm, conforme figura 77.

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6.1.6 Tampas de caixas de inspeção e de visita


As tampas devem estar absolutamente niveladas com o piso onde se encontram e eventuais frestas devem possuir
dimensão máxima de 15 mm. As tampas devem ser firmes, estáveis e antiderrapantes sob qualquer condição e a eventual
textura de sua superfície não pode ser similar à dos pisos táteis de alerta ou direcionais, conforme 5.14.1 e 5.14.2.

6.1.7 Capachos, forrações, carpetes e tapetes


6.1.7.1 Os capachos devem ser embutidos no piso e nivelados de maneira que eventual desnível não exceda 5 mm.
6.1.7.2 Os carpetes e forrações devem ter as bordas firmemente fixadas ao piso e devem ser aplicados de maneira a
evitar enrugamento da superfície.
6.1.7.3 A altura da felpa do carpete em rota acessível não deve ser superior a 6 mm. Deve ser evitado o uso de manta
ou forro sob o carpete. Deve-se optar por carpetes com maior resistência a compressão e desgaste, que devem ser confec-
cionados em felpa laçada com fios bem torcidos, com no mínimo, 10 tufos por cm².
6.1.7.4 Tapetes devem ser evitados em rotas acessíveis.

6.2 Acessos - Condições gerais


6.2.1 Nas edificações e equipamentos urbanos todas as entradas devem ser acessíveis, bem como as rotas de inter-
ligação às principais funções do edifício.
6.2.2 Na adaptação de edificações e equipamentos urbanos existentes deve ser previsto no mínimo um acesso,
vinculado através de rota acessível à circulação principal e às circulações de emergência, quando existirem. Nestes casos a
distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser superior a 50 m.
6.2.3 O percurso entre o estacionamento de veículos e a(s) entrada(s) principal(is) deve compor uma rota acessível.
Quando da impraticabilidade de se executar rota acessível entre o estacionamento e as entradas acessíveis, devem ser
previstas vagas de estacionamento exclusivas para pessoas com deficiência, interligadas à(s) entrada(s) através de
rota(s) acessível(is).
6.2.4 Quando existirem catracas ou cancelas, pelo menos uma em cada conjunto deve ser acessível. A passagem por
estas deve atender a 4.3.3 e os eventuais comandos acionáveis por usuários devem estar à altura indicada em 4.6.7.
6.2.5 Quando existir porta giratória ou outro dispositivo de segurança de ingresso que não seja acessível, deve ser
prevista junto a este outra entrada que garanta condições de acessibilidade.
6.2.6 Deve ser prevista a sinalização informativa, indicativa e direcional da localização das entradas acessíveis de
acordo com a seção 5.
6.2.7
Acessos de uso restrito, tais como carga e descarga, acesso a equipamentos de medição, guarda e coleta de lixo e ou-
tras com funções similares, não necessitam obrigatoriamente atender às condições de acessibilidade desta Norma.

6.3 Rotas de fuga – Condições gerais


6.3.1 As rotas de fuga devem atender ao disposto na ABNT NBR 9077.
6.3.2 Quando em ambientes fechados, as rotas de fuga devem ser sinalizadas conforme 5.11 e iluminadas com dis-
positivos de balizamento de acordo com a ABNT NBR 10898.
6.3.3 Quando as rotas de fuga incorporarem escadas de emergência, devem ser previstas áreas de resgate com
espaço reservado e demarcado para o posicionamento de pessoas em cadeiras de rodas, dimensionadas de acordo com o
M.R. A área deve ser ventilada e fora do fluxo principal de circulação, conforme exemplificado na figura 78. Os M.R. devem
ser sinalizados conforme 5.15.4.

32
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6.3.4 Nas áreas de resgate deve ser previsto o espaço para um M.R. a cada 500 pessoas ou fração.

6.4 Áreas de descanso


Recomenda-se prever uma área de descanso, fora da faixa de circulação, a cada 50 m, para piso com até
3% de inclinação, ou a cada 30 m, para piso de 3% a 5% de inclinação. Para inclinações superiores a 5%, ver 6.5. Estas
áreas devem estar dimensionadas para permitir também a manobra de cadeiras de rodas. Sempre que possível devem ser
previstos bancos com encosto nestas áreas.

6.5 Rampas
6.5.1 Dimensionamento
6.5.1.1 A inclinação das rampas, conforme figura 79, deve ser calculada segundo a seguinte equação:
×1
c
i
h × 100
i=
onde:
i é a inclinação, em porcentagem;
h é a altura do desnível;
c é o comprimento da projeção horizontal.

33
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6.5.1.2
As rampas devem ter inclinação de acordo com os limites estabelecidos na tabela 5.
Para inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser previstas áreas de descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso.

6.5.1.5 A projeção dos corrimãos pode incidir dentro da largura mínima admissível da rampa em até
10 cm de cada lado, exceto nos casos previstos em 0.
6.5.1.6 A largura das rampas (L) deve ser estabelecida de acordo com o fluxo de pessoas. A largura livre mínima reco-
mendável para as rampas em rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m, conforme figura 80.
6.5.1.7 Quando não houver paredes laterais as rampas devem incorporar guias de balizamento com altura mínima de
0,05 m, instaladas ou construídas nos limites da largura da rampa e na projeção dos guarda-corpos, conforme figura 80.
guarda-corpos, conforme figura 80.

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6.5.1.8 Em edificações existentes, quando a construção de rampas nas larguras indicadas ou a adaptação da
largura das rampas for impraticável, podem ser executadas rampas com largura mínima de
0,90 m com segmentos de no máximo 4,00 m, medidos na sua projeção horizontal.
6.5.1.9 Para rampas em curva, a inclinação máxima admissível é de 8,33% (1:12) e o raio mínimo de
3,00 m, medido no perímetro interno à curva, conforme figura 81.

6.5.2 Patamares das rampas


6.5.2.1 No início e no término da rampa devem ser previstos patamares com dimensão longitudinal mínima recomen-
dável de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m, além da área de circulação adjacente, conforme figura 82.

6.5.2.2 Entre os segmentos de rampa devem ser previstos patamares com dimensão longitudinal mínima de
1,20 m sendo recomendável 1,50 m. Os patamares situados em mudanças de direção devem ter dimensões iguais à largura
da rampa.
6.5.2.3 A inclinação transversal dos patamares não pode exceder 2% em rampas internas e 3% em rampas externas.
6.6 Degraus e escadas fixas em rotas acessíveis
Degraus e escadas fixas em rotas acessíveis devem estar associados à rampa ou ao equipamento de transporte vertical.

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6.6.1 Características dos pisos e espelhos


Nas rotas acessíveis não devem ser utilizados degraus e escadas fixas com espelhos vazados. Quando for utilizado
bocel ou espelho inclinado, a projeção da aresta pode avançar no máximo 1,5 cm sobre o piso abaixo, conforme figura 83.

6.6.2 Dimensionamento de degraus isolados


A dimensão do espelho de degraus isolados deve ser inferior a 0,18 m e superior a 0,16 m. Devem ser evitados espelhos
com dimensão entre 1,5 cm e 15 cm. Para degraus isolados recomenda-se que possuam espelho com altura entre 0,15 m
e 0,18 m.
6.6.3 Dimensionamento de escadas fixas
As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a escada, atendendo às seguintes condições:
a) pisos (p): 0,28 m < p < 0,32 m;
b) espelhos (e) 0,16 m < e < 0,18 m;
c) 0,63 m < p + 2e < 0,65 m.
Para saber o grau de inclinação de uma escada, aplicar o ábaco da figura 84.

6.6.4 Escadas fixas


6.6.4.1 Escadas fixas com lances curvos ou mistos devem atender ao disposto na ABNT NBR 9077.
6.6.4.2 A inclinação transversal não deve exceder 1%.
6.6.4.3 A largura das escadas deve ser estabelecida de acordo com o fluxo de pessoas, conforme ABNT NBR 9077. A
largura mínima recomendável para escadas fixas em rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m.
6.6.4.4 O primeiro e o último degraus de um lance de escada devem distar no mínimo 0,30 m da área de circulação
adjacente e devem estar sinalizados de acordo com o disposto na seção 5, conforme demonstrado na figura 77.
6.6.5 Patamares das escadas
6.6.5.1 As escadas fixas devem ter no mínimo um patamar a cada 3,20 m de desnível e sempre que houver mudança
de direção.
6.6.5.2 Entre os lances de escada devem ser previstos patamares com dimensão longitudinal mínima de
1,20 m. Os patamares situados em mudanças de direção devem ter dimensões iguais à largura da escada.
6.6.5.3 A inclinação transversal dos patamares não pode exceder 1% em escadas internas e 2% em escadas externas.
6.7 Corrimãos e guarda-corpos
Os corrimãos e guarda-corpos devem ser construídos com materiais rígidos, ser firmemente fixados às paredes, barras
de suporte ou guarda-corpos, oferecer condições seguras de utilização, ser sinalizados conforme 5.11.
6.7.1 Corrimãos

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6.7.1.1 Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados dos degraus isolados, das escadas fixas e das rampas.
6.7.1.2 Os corrimãos devem ter largura entre 3,0 cm e 4,5 cm, sem arestas vivas. Deve ser deixado um espaço livre de no
mínimo 4,0 cm entre a parede e o corrimão. Devem permitir boa empunhadura e deslizamento, sendo preferencialmente de
seção circular, conforme figura 85. deslizamento, sendo preferencialmente de seção circular, conforme figura 85.

6.7.1.3 Quando embutidos na parede, os corrimãos devem estar afastados 4,0 cm da parede de fundo e
15,0 cm da face superior da reentrância, conforme demonstrado na figura 15.
6.7.1.4 Os corrimãos laterais devem prolongar-se pelo menos 30 cm antes do início e após o término da rampa ou
escada, sem interferir com áreas de circulação ou prejudicar a vazão. Em edificações existentes, onde for impraticável pro-
mover o prolongamento do corrimão no sentido do caminhamento, este pode ser feito ao longo da área de circulação
ou fixado na parede adjacente, conforme figura 86. feito ao longo da área de circulação ou fixado na parede adjacente,
conforme figura 86.

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6.7.1.5 As extremidades dos corrimãos devem ter acabamento recurvado, ser fixadas ou justapostas à parede ou piso,
ou ainda ter desenho contínuo, sem protuberâncias, conforme figuras 87 a 89.
6.7.1.6 Para degraus isolados e escadas, a altura dos corrimãos deve ser de 0,92 m do piso, medidos de sua geratriz su-
perior. Para rampas e opcionalmente para escadas, os corrimãos laterais devem ser instalados a duas alturas: 0,92 m e 0,70
m do piso, medidos da geratriz superior. instalados a duas alturas: 0,92 m e 0,70 m do piso, medidos da geratriz superior.

6.7.1.7 Os corrimãos laterais devem ser contínuos, sem interrupção nos patamares das escadas ou rampas, conforme
exemplos ilustrados na figura 88.

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6.7.1.8 6.8.1.3 Quando houver equipamento eletromecânico


Quando se tratar de escadas ou rampas com lar- com utilização assistida ou acompanhada, deve ser previs-
gura superior a 2,40 m, é necessária a instalação de cor- to dispositivo de comunicação para solicitação de auxílio.
rimão intermediário. Os corrimãos intermediários somen- Deve ser informada a disponibilidade de acessibilidade as-
te devem ser interrompidos quando o comprimento do sistida.
patamar for superior a 1,40 m, garantindo o espaçamento 6.8.2 Elevador vertical ou inclinado
mínimo de 0,80 m entre o término de um segmento e o 6.8.2.1 O elevador vertical deve atender integralmente
início do seguinte, conforme figura 89. ao disposto na ABNT NBR 13994, quanto à sinalização, di-
mensionamento e características gerais.
6.8.2.2 Externamente ao elevador deve haver sinaliza-
ção tátil e visual informando:
a) instrução de uso, fixada próximo à botoeira;
b) indicação da posição para embarque;
c) indicação dos pavimentos atendidos.
6.8.2.3 Em elevadores verticais ou inclinados deve ha-
ver dispositivo de comunicação para solicitação de auxílio
nos pavimentos e no equipamento.
6.8.2.4 Nos elevadores verticais ou inclinados deve
haver sinalização tátil e visual, conforme sinalização tátil e
visual estabelecida na seção 5, informando:
a) instrução de uso do equipamento, fixada próximo
à botoeira;
b) indicação da posição para embarque;
c) indicação dos pavimentos atendidos.
6.8.2.5 Em reformas, quando a dimensão dos poços
de elevadores tornar a adaptação impraticável, a cabina do
elevador pode ter dimensões mínimas conforme 5.2.7 da
ABNT NBR 13994:2000, com espelho na face oposta à por-
ta e condições de sinalização conforme descritas na seção
5.
6.8.3 Plataforma elevatória de percurso vertical
6.8.3.1 A plataforma deve vencer desníveis de até 2,0
6.7.2 Guarda-corpos m em edificações de uso público ou coletivo e desníveis de
As escadas e rampas que não forem isoladas das áreas até 4,0 m em edificações de uso particular, para platafor-
adjacentes por paredes devem dispor de guarda-corpo mas de percurso aberto. Neste caso, devem ter fechamento
associado ao corrimão, conforme figura 90, e atender ao contínuo, sem vãos, em todas as laterais até a altura de 1,10
disposto na ABNT NBR 9077. m do piso da plataforma.
6.8.3.2 A plataforma deve vencer desníveis de até 9,0
m em edificações de uso público ou coletivo, somente com
caixa enclausurada (percurso fechado).
6.8.3.3 A plataforma deve possuir dispositivo de co-
municação para solicitação de auxílio nos pavimentos
atendidos para utilização acompanhada e dispositivo de
comunicação para solicitação de auxílio nos equipamen-
tos e nos pavimentos atendidos para utilização assistida.
6.8.4 Plataforma elevatória de percurso inclinado
6.8.4.1 A plataforma elevatória de percurso inclinado
pode ser utilizada em edificações de uso público ou coleti-
vo, desde que haja parada programada nos patamares ou
pelo menos a cada 3,20 m de desnível. Deve ser previsto
assento escamoteável para uso de pessoas com mobilida-
de reduzida.
6.8 Equipamentos eletromecânicos 6.8.4.2 Na área de espera para embarque da platafor-
6.8.1 Condições gerais ma elevatória de percurso inclinado deve haver sinalização
6.8.1.1 Na inoperância de equipamento eletromecâni- tátil e visual informando a obrigatoriedade de acompanha-
co de circulação deve ser garantida a segurança na circu- mento por pessoal habilitado durante sua utilização.
lação da pessoa com deficiência ou com mobilidade redu- 6.8.4.3 Nas plataformas de percurso inclinado deve ha-
zida. Para tal, deve-se dispor de procedimentos e pessoal ver sinalização visual demarcando a área para espera para
treinado para auxílio. embarque e o limite da projeção do percurso do equipa-
6.8.1.2 Quando da inoperância de equipamento mento aberto ou em funcionamento, conforme figura 91.
eletromecânico de circulação, este deve estar sinalizado. conforme figura 91.

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6.8.4.4
Na área de espera para embarque dos pavimentos atendidos pela plataforma de elevação inclinada deve haver dis-
positivo de comunicação para solicitação de auxílio quando da utilização do equipamento.
6.8.5 Esteira rolante horizontal ou inclinada
6.8.5.1 Na esteira rolante deve haver sinalização visual e tátil informando as instruções de uso.
6.8.5.2 Nas esteiras rolantes com inclinação superior a 5%, deve haver sinalização visual informando a obrigatoriedade
de acompanhamento por pessoal habilitado durante sua utilização por pessoas em cadeira de rodas.
6.8.5.3 Nos pavimentos atendidos pela esteira rolante deve haver dispositivo de comunicação para solicitação de au-
xílio.
6.8.6 Escada rolante
6.8.6.1 Na escada rolante deve haver sinalização visual com instruções de uso.
6.8.6.2 Nas escadas rolantes com plataforma para cadeira de rodas deve haver sinalização visual e tátil informando as
instruções de uso e sinalização visual informando a obrigatoriedade de acompanhamento por pessoal habilitado durante
sua utilização por pessoa em cadeira de rodas.
6.8.6.3 Nos pavimentos atendidos pelas escadas rolantes com plataforma para cadeira de rodas deve haver dispositivo
de comunicação para solicitação de auxílio para utilização por pessoas em cadeira de rodas.
6.8.7 Dispositivos complementares de acessibilidade
Equipamentos cuja utilização seja limitada, tais como plataformas com assento fixo, ou ainda que necessitem de as-
sistência de terceiros para sua utilização, tais como transportador de cadeira de rodas com esteira, somente podem ser
utilizados em residências unifamiliares.
6.9 Circulação interna
6.9.1 Corredores
6.9.1.1 Os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo de pessoas, assegurando uma faixa livre de
barreiras ou obstáculos, conforme 6.10.8. As larguras mínimas para corredores em edificações e equipamentos urbanos são:
a) 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;
b) 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m; e 1,50 m para corredores com extensão superior
a 10,00 m;
c) 1,50 m para corredores de uso público;
d) maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas, conforme aplicação da fórmula apresentada em 6.10.8.
6.9.1.2 Em edificações e equipamentos urbanos existentes onde a adequação dos corredores seja impraticável, devem
ser implantados bolsões de retorno com dimensões que permitam a manobra completa de uma cadeira de rodas (180°),
sendo no mínimo um bolsão a cada 15,00 m. Neste caso, a largura mínima de corredor em rota acessível deve ser de 0,90 m.
6.9.1.3 Para transposição de obstáculos, objetos e elementos com no máximo 0,40 m de extensão, a largura mínima do
corredor deve ser de 0,80 m, conforme 4.3.2. Acima de 0,40 m de extensão, a largura mínima deve ser de 0,90 m.

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6.9.2 Portas
As figuras 92 e 93 exemplificam espaços necessários junto às portas, para sua transposição por P.C.R.

6.9.2.1 As portas, inclusive de elevadores, devem ter um vão livre mínimo de 0,80 m e altura mínima de 2,10 m. Em
portas de duas ou mais folhas, pelo menos uma delas deve ter o vão livre de 0,80 m.
6.9.2.2 O mecanismo de acionamento das portas deve requerer força humana direta igual ou inferior a 36 N.
6.9.2.3 As portas devem ter condições de serem abertas com um único movimento e suas maçanetas devem ser do
tipo alavanca, instaladas a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m. Quando localizadas em rotas acessíveis, recomenda-se que
as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por bengalas,
muletas e cadeiras de rodas, até a altura de 0,40 m a partir do piso, conforme figura 94.
6.9.2.4 As portas de sanitários, vestiários e quartos acessíveis em locais de hospedagem e de saúde devem ter um
puxador horizontal, conforme a figura 94, associado à maçaneta. Deve estar localizado a uma distância de 10 cm da face
onde se encontra a dobradiça e com comprimento igual à metade da largura da porta. Em reformas sua utilização é reco-
mendada quando não houver o espaço exigido nas figuras 92 e 93.

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6.9.2.5
As portas do tipo vaivém devem ter visor com largura mínima de 0,20 m, tendo sua face inferior situada entre 0,40 m e
0,90 m do piso, e a face superior no mínimo a 1,50 m do piso. O visor deve estar localizado entre o eixo vertical central da
porta e o lado oposto às dobradiças da porta, conforme figura 95.

6.9.2.6 Quando as portas forem providas de dispositivos de acionamento pelo usuário, estes devem estar instalados à
altura entre 0,90 m e 1,10 m do piso acabado. Quando instalados no sentido de varredura da porta, os dispositivos devem
distar entre 0,80 m e 1,00 m da área de abertura.
6.9.2.7 Quando as portas forem acionadas por sensores ópticos, estes devem estar ajustados para detectar pessoas de
baixa estatura, crianças e usuários de cadeiras de rodas. Deve também ser previsto dispositivo de segurança que impeça o
fechamento da porta sobre a pessoa.
6.9.2.8 Em portas de correr, recomenda-se a instalação de trilhos na sua parte superior. Os trilhos ou as guias inferiores
devem estar nivelados com a superfície do piso, e eventuais frestas resultantes da guia inferior devem ter largura de no
máximo 15 mm.
6.9.2.9 O vão livre de 0,80 m, previsto em 0, deve ser garantido também no caso de portas de correr e sanfonadas, onde
as maçanetas impedem seu recolhimento total, conforme figura 96.

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6.9.2.10 Quando instaladas em locais de prática de esportes, as portas devem ter vão livre mínimo de 1,00 m.

6.9.3 Janelas
6.9.3.1 A altura das janelas deve considerar os limites de alcance visual conforme 4.8, exceto em locais onde deva pre-
valecer a segurança e a privacidade.
6.9.3.2 Cada folha ou módulo de janela deve poder ser operado com um único movimento, utilizando apenas uma das
mãos. Os comandos devem atender ao disposto em 4.6.

6.10 Circulação externa


Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem ter piso conforme 6.1.

6.10.1 Inclinação transversal


A inclinação transversal de calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres não deve ser superior a 3%. Eventuais ajus-
tes de soleira devem ser executados sempre dentro dos lotes.

6.10.2 Inclinação longitudinal


A inclinação longitudinal de calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres deve sempre acompanhar a inclinação
das vias lindeiras. Recomenda-se que a inclinação longitudinal das áreas de circulação exclusivas de pedestres seja de no
máximo 8,33% (1:12).

6.10.3 Inclinação
Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres que tenham inclinação superior a 8,33% (1:12) não podem compor
rotas acessíveis.

6.10.4 Dimensões mínimas de faixa livre


Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem incorporar faixa livre com largura mínima recomendável de
1,50 m, sendo o mínimo admissível de 1,20 m e altura livre mínima de 2,10 m.

6.10.5 Interferências na faixa livre


As faixas livres devem ser completamente desobstruídas e isentas de interferências, tais como vegetação, mobiliário
urbano, equipamentos de infra-estrutura urbana aflorados (postes, armários de equipamentos, e outros), orlas de árvores
e jardineiras, rebaixamentos para acesso de veículos, bem como qualquer outro tipo de interferência ou obstáculo que
reduza a largura da faixa livre. Eventuais obstáculos aéreos, tais como marquises, faixas e placas de identificação, toldos,
luminosos, vegetação e outros, devem se localizar a uma altura superior a 2,10 m.

6.10.6 Acomodação transversal de circulação


A acomodação transversal do acesso de veículos e seus espaços de circulação e estacionamento deve ser feita exclusi-
vamente dentro do imóvel, de forma a não criar degraus ou desníveis abruptos nos passeios, conforme exemplo da figura
97.

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6.10.7 Obras sobre o passeio


As obras eventualmente existentes sobre o passeio devem ser convenientemente sinalizadas e isoladas, assegurando-
se a largura mínima de 1,20 m para circulação. Caso contrário, deve ser feito desvio pelo leito carroçável da via, providen-
ciando-se uma rampa provisória, com largura mínima de 1,00 m e inclinação máxima de 10%, conforme figura 98.

6.10.8 Dimensionamento das faixas livres


Admite-se que a faixa livre possa absorver com conforto um fluxo de tráfego de 25 pedestres por minuto, em ambos
os sentidos, a cada metro de largura. Para determinação da largura da faixa livre em função do fluxo de pedestres, utiliza-se
a seguinte equação:

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F
L = + ∑ i
K
≥ 1,20
onde:
L é a largura da faixa livre;
F é o fluxo de pedestres estimado ou medido nos horários de pico (pedestres por minuto por metro);
K = 25 pedestres por minuto;
Σ i é o somatório dos valores adicionais relativos aos fatores de impedância.
Os valores adicionais relativos a fatores de impedância ( i ) são:
a) 0,45 m junto a vitrines ou comércio no alinhamento;
b) 0,25 m junto a mobiliário urbano;
c) 0,25 m junto à entrada de edificações no alinhamento.
6.10.9 Faixas de travessia de pedestres
6.10.9.1 As faixas devem ser executadas conforme o Código de Trânsito Brasileiro – Lei n.º 9.503, de 23 de setembro
de 1977, anexo II item 2.2.2 – Marcas transversais, alínea c.
6.10.9.2 As faixas devem ser aplicadas nas seções de via onde houver demanda de travessia, junto a semáforos,
focos de pedestres, no prolongamento das calçadas e passeios.
6.10.9.3 A largura da faixa de travessia de pedestres é determinada pelo fluxo de pedestres no local, segundo a
seguinte equação:
F
L= >4
K
onde:
L é a largura da faixa, em metros;
F é o fluxo de pedestres estimado ou medido nos horários de pico (pedestres por minuto por metro);
K = 25 pedestres por minuto.

6.10.10 Faixas elevadas


6.10.10.1 A faixa elevada, quando instalada no leito carroçável, deve ser sinalizada com faixa de travessia de pedes-
tres conforme 6.10.9 e deve ter declividade transversal de no máximo 3%.
6.10.10.2 O dimensionamento da faixa elevada é feito da mesma forma que a faixa de travessia de pedestres, acres-
cida dos espaços necessários para a rampa de transposição para veículos conforme figura 99. A faixa elevada pode
estar localizada nas esquinas ou no meio de quadras.

6.10.10.3 A sua utilização é recomendada nas seguintes situações:


a) em travessias com fluxo de pedestres superior a 500 pedestres/hora e fluxo de veículos inferior a 100 veículos/hora;
b) travessia em vias com largura inferior a 6,00 m.

6.10.11 Rebaixamento de calçadas para travessia de pedestres


6.10.11.1 As calçadas devem ser rebaixadas junto às travessias de pedestres sinalizadas com ou sem faixa, com ou
sem semáforo, e sempre que houver foco de pedestres.

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6.10.11.2 Não deve haver desnível entre o término do rebaixamento da calçada e o leito carroçável.
6.10.11.3 Os rebaixamentos de calçadas devem ser construídos na direção do fluxo de pedestres. A inclinação
deve ser constante e não superior a 8,33% (1:12), conforme exemplos A, B, C e D da figura 100.
6.10.11.4 A largura dos rebaixamentos deve ser igual à largura das faixas de travessia de pedestres, quando o fluxo
de pedestres calculado ou estimado for superior a 25 pedestres/min/m.
6.10.11.5 Em locais onde o fluxo de pedestres for igual ou inferior a 25 pedestres/min/m e houver interfe-
rência que impeça o rebaixamento da calçada em toda a extensão da faixa de travessia, admite-se rebaixamento da calçada
em largura inferior até um limite mínimo de 1,20 m de largura de rampa.
6.10.11.6 Quando a faixa de pedestres estiver alinhada com a calçada da via transversal, admite-se o rebaixamento
total da calçada na esquina, conforme figura 100 – rebaixamento C.
6.10.11.7 Onde a largura do passeio não for suficiente para acomodar o rebaixamento e a faixa livre (figura 100 –
rebaixamentos A e B), deve ser feito o rebaixamento total da largura da calçada, com largura mínima de 1,50 m e com
rampas laterais com inclinação máxima de 8,33%, conforme figura 100 – rebaixamento D.
6.10.11.8 Os rebaixamentos das calçadas localizados em lados opostos da via devem estar alinhados entre si.
6.10.11.9 Deve ser garantida uma faixa livre no passeio, além do espaço ocupado pelo rebaixamento, de no mínimo
0,80 m, sendo recomendável 1,20 m (ver figura 100 - rebaixamento A).
6.10.11.10 As abas laterais dos rebaixamentos (ver figura 100 - rebaixamento A) devem ter projeção horizontal
mínima de 0,50m e compor planos inclinados de acomodação A inclinação máxima recomendada é de 10%.
6.10.11.11 Quando a superfície imediatamente ao lado dos rebaixamentos contiver obstáculos, as abas laterais podem
ser dispensadas. Neste caso, deve ser garantida faixa livre de no mínimo 1,20 m, sendo o recomendável 1,50 m, conforme
figura 100 – rebaixamento B.
6.10.11.12 Os rebaixamentos de calçadas devem ser sinalizados conforme figura 61.
6.10.11.13 Os rebaixamentos de calçadas podem ser executados conforme exemplos A, B, C e D da figura 100.

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6.10.12 Posicionamento dos rebaixamentos de calçada


Os rebaixamentos de calçada podem estar localizados nas esquinas, nos meios de quadra e nos canteiros divisores de
pistas.

6.10.12.1 Esquina
As figuras 101 a 103 demonstram alguns exemplos de rebaixamento de calçada nas esquinas.

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6.10.12.3 Canteiro divisor de pistas


6.10.12.3.1 Deve-se manter uma distância mínima de 1,20 m entre os dois rebaixamentos de calçadas, conforme figura
106.

6.11 Passarelas de pedestres


6.11.1 As passarelas de pedestres devem ser providas de rampas ou rampas e escadas ou rampas e elevadores ou
escadas e elevadores para sua transposição. As rampas, escadas e elevadores devem atender integralmente ao disposto
nesta Norma.
6.11.2 A largura da passarela deve ser determinada em função do volume de pedestres estimado para os horários de
maior movimento, na forma estabelecida em 6.10.8.

6.12 Vagas para veículos


6.12.1 Sinalização e tipos de vagas
As vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência devem:
a) ter sinalização horizontal conforme figura 108;
b) contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20 m de largura, quando afastada da faixa de
travessia de pedestres. Esse espaço pode ser compartilhado por duas vagas, no caso de estacionamento paralelo, ou per-
pendicular ao meio fio, não sendo recomendável o compartilhamento em estacionamentos oblíquos;

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c) ter sinalização vertical para vagas em via pública, conforme figura 109, e para vagas fora da via pública, conforme
figura 110;
d) quando afastadas da faixa de travessia de pedestres, conter espaço adicional para circulação de cadeira de rodas e
estar associadas à rampa de acesso à calçada;
e) estar vinculadas a rota acessível que as interligue aos pólos de atração;
f) estar localizadas de forma a evitar a circulação entre veículos.

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6.12.2 Outros tipos de vagas


Podem ser ainda previstas providências adicionais, tais como:
a) construção de baia avançada no passeio se a largura deste e o volume de pedestres permitirem (figura 111);
b) rebaixamento total do passeio junto à vaga, conforme figura 112, observando que a área rebaixada coincida com a
projeção da abertura de porta dos veículos.

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6.12.3 Previsão de vagas


O número de vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência
deve ser estabelecido conforme tabela 7.

6.12.3.1
As vagas nas vias públicas devem ser reservadas e estabelecidas conforme critérios do órgão de
trânsito com jurisdição sobre a via, respeitado o Código de Trânsito Brasileiro.
7 Sanitários e vestiários
7.1 Tolerâncias dimensionais
Os valores identificados como máximos e mínimos nesta seção devem ser considerados absolutos. Demais dimensões
devem ter tolerâncias de mais ou menos 10 mm.
7.2 Condições gerais
Os sanitários e vestiários acessíveis devem obedecer aos parâmetros desta Norma no que diz respeito à instalação de
bacia, mictório, lavatório, boxe de chuveiro, acessórios e barras de apoio, além das áreas de circulação, transferência, apro-
ximação e alcance, conforme seção 4.
7.2.1 Localização e sinalização
Os sanitários e vestiários acessíveis devem localizar-se em rotas acessíveis, próximos à circulação principal, preferencial-
mente próximo ou integrados às demais instalações sanitárias, e ser devidamente sinalizados conforme 5.4.4.2.
Em sanitários acessíveis isolados é necessária a instalação de dispositivo de sinalização de emergência ao lado da bacia
e do boxe do chuveiro, a uma altura de 400 mm do piso acabado, para acionamento em caso de queda.
7.2.2 Quantificação
Os sanitários e vestiários de uso comum ou uso público devem ter no mínimo 5% do total de cada peça instalada
acessível, respeitada no mínimo uma de cada. Quando houver divisão por sexo, as peças devem ser consideradas separa-
damente para efeito de cálculo. Recomenda-se a instalação de uma bacia infantil para uso de crianças e de pessoas com
baixa estatura.

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7.2.3 Sanitários familiares ou unissex


Em função da especificidade do local ou natureza de seu uso, recomenda-se prever, além dos já determi-
nados, mais um sanitário acessível que possa ser utilizado por uma pessoa em cadeira de rodas com acompanhante, de
sexos diferentes. Este sanitário deve possuir entrada independente e ser anexo aos demais sanitários. Recomenda-se que
tenha uma superfície para troca de roupas na posição deitada, de dimensões mínimas de 0,80 m de largura por 1,80 m de
comprimento e 0,46 m de altura, provida de barras de apoio, conforme 7.4.3.
7.2.4 Barras de apoio
Todas as barras de apoio utilizadas em sanitários e vestiários devem suportar a resistência a um esforço mínimo de
1,5 KN em qualquer sentido, ter diâmetro entre 3 cm e 4,5 cm, e estar firmemente fixadas em paredes ou divisórias a uma
distância mínima destas de 4 cm da face interna da barra. Suas extremidades devem estar fixadas ou justapostas nas pa-
redes ou ter desenvolvimento contínuo até o ponto de fixação com formato recurvado. Quando necessários, os suportes
intermediários de fixação devem estar sob a área de empunhadura, garantindo a continuidade de deslocamento das mãos
(figura 113). O comprimento e a altura de fixação são determinados em função de sua utilização, conforme 7.3.1.2, 7.3.4.4,
7.3.5.4, 7.3.6.4, 7.3.7.4 e 7.4.3.1

Quando executadas em material metálico, as barras de apoio e seus elementos de fixação e instalação devem ser de
material resistente à corrosão, e com aderência, conforme ABNT NBR 10283 e ABNT NBR 11003.

7.2.5 Piso
O piso dos sanitários e vestiários deve seguir as condições especificadas em 6.1.1.

7.3 Sanitários

7.3.1 Bacia sanitária


7.3.1.1 Áreas de transferência
Para instalação de bacias sanitárias devem ser previstas áreas de transferência lateral, perpendicular e diagonal, confor-
me figura 114. A figura 115 demonstra exemplos de transferência.

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7.3.1.2 Localização das barras de apoio

A localização das barras de apoio deve atender às seguintes condições:


a) junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo, devem ser colocadas barras horizontais para apoio e transferência,
com comprimento mínimo de 0,80 m, a 0,75 m de altura do piso acabado (medidos pelos eixos de fixação). A distância entre
o eixo da bacia e a face da barra lateral ao vaso deve ser de 0,40 m, estando esta posicionada a uma distância mínima de
0,50 m da borda frontal da bacia. A barra da parede do fundo deve estar a uma distância máxima de 0,11 m da sua face
externa à parede e estender- se no mínimo 0,30 m além do eixo da bacia, em direção à parede lateral, conforme figura 116;

b) na impossibilidade de instalação de barras nas paredes laterais, são admitidas barras laterais articuladas ou fixas
(com fixação na parede de fundo), desde que sejam observados os parâmetros de segurança e dimensionamento estabele-
cidos conforme 7.2.4, e que estas e seus apoios não interfiram na área de giro e transferência. A distância entre esta barra
e o eixo da bacia deve ser de 0,40 m, sendo que sua extremidade deve estar a uma distância mínima de 0,20 m da borda
frontal da bacia, conforme figura 117;

c) no caso de bacias com caixa acoplada, deve-se garantir a instalação da barra na parede do fundo, de forma a se
evitar que a caixa seja utilizada como apoio. A distância mínima entre a face inferior da barra e a tampa da caixa acoplada
deve ser de 0,15 m, conforme figura 118.

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7.3.1.3 Altura de instalação


As bacias sanitárias devem estar a uma altura entre 0,43 m e 0,45 m do piso acabado, medidas a partir da borda supe-
rior, sem o assento. Com o assento, esta altura deve ser de no máximo 0,46 m, conforme figuras 119 a 121.

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7.3.1.4 Bacia com altura inferior

Quando a bacia tiver altura inferior à estipulada em 7.3.1.3, deve ser ajustada de uma das seguintes formas:
a) instalação de sóculo na base da bacia, devendo acompanhar a projeção da base da bacia não ultrapassando
em 0,05 m o seu contorno, conforme figura 121;
b) utilização de assento que ajuste a altura final da bacia para a medida estipulada em 7.3.1.3.

7.3.1.5 Acionamento da descarga


O acionamento da descarga deve estar a uma altura de 1,00 m, do seu eixo ao piso acabado, e ser preferencialmente do
tipo alavanca ou com mecanismos automáticos, conforme figura 122. Recomenda-se que a força de acionamento humano
seja inferior a 23 N.

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7.3.2 Boxe para bacia sanitária comum


Os sanitários e vestiários de uso público devem permitir a uma pessoa utilizar todas as peças sanitárias atendendo às
medidas das figuras 123 e 124.

7.3.3 Boxe para bacia sanitária acessível


7.3.3.1 Os boxes para bacia sanitária devem garantir as áreas para transferência diagonal, lateral e perpendicular, bem
como área de manobra para rotação de 180º, conforme figura 125.
Quando houver mais de um boxe acessível, as bacias sanitárias, áreas de transferência e barras de apoio devem estar
posicionadas de lados diferentes, contemplando todas as formas de transferência para a bacia, conforme 7.3.1.1.

7.3.3.2
Em caso de reformas, quando for impraticável a instalação de boxes com as dimensões que
atendam às condições acima especificadas, são admissíveis boxes com dimensões mínimas, de forma que atendam
pelo menos uma forma de transferência, ou se considere área de manobra externamente ao boxe, conforme figura 126.
Neste caso, as portas devem ter 1,00 m de largura.

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7.3.3.3 Deve ser instalado um lavatório dentro do boxe, em local que não interfira na área de transferência.
7.3.3.4 Quando a porta instalada for do tipo de eixo vertical, ela deve abrir para o lado externo do boxe.
7.3.3.5 Quando instalado em locais de prática de esportes, as portas dos boxes devem atender a 6.9.2.10.
7.3.3.6 Recomenda-se a instalação de ducha higiênica ao lado da bacia, dotada de registro de pressão para regulagem
da vazão.

7.3.4 Boxes para chuveiro e ducha


7.3.4.1 Área de transferência
Para boxes de chuveiros deve ser prevista área de transferência externa ao boxe, de forma a permitir a aproximação pa-
ralela, devendo estender-se no mínimo 0,30 m além da parede onde o banco está fixado, sendo que o local de transposição
da cadeira de rodas para o banco deve estar livre de barreiras ou obstáculos, conforme figura 127. Quando houver porta no
boxe, esta não deve interferir na transferência da cadeira de rodas para o banco e deve ser de material resistente a impacto.

7.3.4.2 Dimensões mínimas

As dimensões mínimas dos boxes devem ser de 0,90 m por 0,95 m.


Os boxes devem ser providos de banco articulado ou removível, com cantos arredondados e superfície antiderrapante
impermeável, ter profundidade mínima de 0,45 m, altura de 0,46 m do piso acabado e comprimento mínimo de 0,70 m,
conforme figuras 128 a 130. Recomenda-se banco do tipo articulado para cima. O banco e os dispositivos de fixação devem
suportar um esforço de 1,5 kN.

7.3.4.3 Comandos
O chuveiro deve ser equipado com desviador para ducha manual e o controle de fluxo (ducha/chuveiro) deve ser na
ducha manual. Os registros ou misturadores devem ser do tipo alavanca, preferencialmente de monocomando, e ser insta-
lados a 0,45 m da parede de fixação do banco e a uma altura de 1,00 m do piso acabado. A ducha manual deve estar a 0,30
m da parede de fixação do banco e a uma altura de 1,00 m do piso acabado, conforme figuras 128 a 130.

7.3.4.4 Barras de apoio


Os boxes para chuveiros devem ser providos de barras de apoio verticais, horizontais ou em “L”.
Na parede de fixação do banco deve ser instalada uma barra vertical com altura de 0,75 m do piso acabado e compri-
mento mínimo de 0,70 m, a uma distância de 0,85 m da parede lateral ao banco.
Na parede lateral ao banco devem ser instaladas duas barras de apoio, uma vertical e outra horizontal ou, alternativa-
mente, uma única barra em “L”, obedecendo aos seguintes parâmetros:
a) barra vertical – com comprimento mínimo de 0,70 m, a uma altura de 0,75 m do piso acabado e a uma distância
de 0,45 m da borda frontal do banco;
b) barra horizontal – com comprimento mínimo de 0,60 m, a uma altura de 0,75 m do piso acabado e a uma distância
máxima de 0,20 m da parede de fixação do banco (figuras 128 a 130);
c) barra em “L” – em substituição às barras vertical e horizontal, com segmentos das barras de 0,70 m de comprimento
mínimo, a uma altura de 0,75 m do piso acabado no segmento horizontal e a uma distância
de 0,45 m da borda frontal do banco no segmento vertical, conforme figuras 128 a 130.

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7.3.4.5 Desnível
Admite-se que o piso do boxe para chuveiro tenha um desnível máximo de 1,5 cm do restante do sanitário. Quando
superiores a 0,5 cm e até 1,5 cm, os desníveis devem ser tratados como rampa, com inclinação máxima de 1:2 (50%), de
acordo com 6.1.4.

7.3.5 Banheira
7.3.5.1 Deve ser prevista área de transferência lateral, de forma a permitir aproximação paralela à banheira, devendo
estender-se 0,30 m mínimo além da parede da cabeceira. A transferência pode ser feita das seguintes formas:
a) plataformas fixas niveladas com sua cabeceira, com profundidade mínima de 0,40 m e comprimento igual à exten-
são total da cabeceira. É aconselhável a existência de parede ao fundo desta plataforma, para servir como encosto;
b) plataformas móveis para transferência (figuras 131 e 132).

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7.3.5.2 A altura da banheira deve ser de 0,46 m do piso acabado.


7.3.5.3 Os registros ou misturadores devem ser do tipo alavanca, preferencialmente de monocomando, e estar a uma
altura de 0,75 m do piso acabado. Recomenda-se que estejam posicionados na parede lateral à banheira.
7.3.5.4 A banheira deve ser provida de duas barras de apoio horizontais e uma vertical. A barra vertical deve estar fixa-
da a uma altura de 0,10 m da borda, com comprimento mínimo de 0,70 m, alinhada à face externa da banheira e do mesmo
lado da plataforma. As barras horizontais devem ter comprimento mínimo de 0,80 m e ser fixadas na parede de fundo. A
barra horizontal inferior deve estar alinhada à cabeceira da banheira, com altura de 0,10 m da borda, e a superior deve es-
tender-se 0,10 m além da cabeceira (sobre a plataforma), com altura de 0,30 m da borda, conforme figura 133.plataforma),
com altura de 0,30 m da borda, conforme figura 133.

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7.3.5.5 A plataforma para transferência, bem como o fundo da banheira, devem ter superfície antiderrapante,
não devendo ser excessivamente abrasiva.
7.3.5.6 A existência da banheira acessível não elimina a necessidade do boxe acessível para chuveiro.
7.3.6 Lavatório
7.3.6.1 Deve ser prevista área de aproximação frontal para P.M.R., conforme figura 134, e para P.C.R., conforme figura
135, devendo estender-se até o mínimo de 0,25 m sob o lavatório.

7.3.6.2 Os lavatórios devem ser suspensos, sendo que sua borda superior deve estar a uma altura de 0,78 m a 0,80 m do piso
acabado e respeitando uma altura livre mínima de 0,73 m na sua parte inferior frontal. O sifão e a tubulação devem estar situados
a no mínimo 0,25 m da face externa frontal e ter dispositivo de proteção do tipo coluna suspensa ou similar. Não é permitida a
utilização de colunas até o piso ou gabinetes. Sob o lavatório não deve haver elementos com superfícies cortantes ou abrasivas.
7.3.6.3 As torneiras de lavatórios devem ser acionadas por alavanca, sensor eletrônico ou dispositivos equivalentes.
Quando forem utilizados misturadores, estes devem ser preferencialmente de monocomando.
O comando da torneira deve estar no máximo a 0,50 m da face externa frontal do lavatório, conforme figura 136.
7.3.6.4 Devem ser instaladas barras de apoio junto ao lavatório, na altura do mesmo, conforme exemplos da
figura 136. exemplos da figura 136.
No caso de lavatórios embutidos em bancadas, devem ser instaladas barras de apoio fixadas nas paredes laterais aos
lavatórios das extremidades, conforme figura 137.

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7.3.7 Mictório
7.3.7.1 Deve ser prevista área de aproximação frontal em mictório para P.M.R., conforme figura 138, e para P.C.R.,
conforme figura 139.

7.3.7.2
Os mictórios suspensos devem estar localizados a uma altura de 0,60 m a 0,65 m da borda
frontal ao piso acabado, conforme figura 140. O acionamento da descarga, quando houver, deve estar a uma altura de
1,00 m do seu eixo ao piso acabado, requerer leve pressão e ser preferencialmente do tipo alavanca ou com mecanismos
automáticos. Recomenda-se que a força de acionamento humano seja inferior a 23 N.

7.3.7.3 Para mictórios de piso devem ser seguidas as mesmas recomendações dos mictórios suspensos, conforme
figura 140.

7.3.7.4 O mictório deve ser provido de barras verticais de apoio, fixadas com afastamento de 0,60 m, centralizado pelo
eixo da peça, a uma altura de 0,75 m do piso acabado e comprimento mínimo de 0,70 m, conforme figura 140.

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7.3.8 Acessórios para sanitários


Os acessórios para sanitários, tais como cabides, saboneteiras e toalheiros, devem ter sua área de utilização dentro da
faixa de alcance confortável estabelecida na seção 4, conforme figura 141.

7.3.8.1 Espelhos
A altura de instalação dos espelhos deve atender às seguintes condições:
a) quando o espelho for instalado em posição vertical, a altura da borda inferior deve ser de no máximo 0,90 m e a da
borda superior de no mínimo 1,80 m do piso acabado, conforme figura 142-a);
o
b) quando o espelho for inclinado em 10 em relação ao plano vertical, a altura da borda inferior deve ser de no má-
ximo 1,10 m e a da borda superior de no mínimo 1,80 m do piso acabado, conforme figura 142-b). no máximo 1,10 m e a
da borda superior de no mínimo 1,80 m do piso acabado, conforme figura 142-b).

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7.3.8.2 Papeleiras
As papeleiras embutidas ou que avancem até 0,10 m em relação à parede devem estar localizadas a uma altura de 0,50
m a 0,60 m do piso acabado e a distância máxima de 0,15 m da borda frontal da bacia, conforme figura 143-a). No caso de
papeleiras que por suas dimensões não atendam ao anteriormente descrito, devem estar alinhadas com a borda frontal da
bacia e o acesso ao papel deve estar entre 1,00 m e 1,20 m do piso acabado conforme figura 143-b).

7.3.8.3 Cabide
Deve ser instalado cabide junto a lavatórios, boxes de chuveiro, bancos de vestiários, trocadores e boxes de bacia sani-
tária, a uma altura entre 0,80 m a 1,20 m do piso acabado, conforme figura 141. Recomenda-se que não seja instalado atrás
de portas e que não crie saliência pontiaguda.

7.3.8.4 Porta-objetos
Deve ser instalado um porta-objetos junto aos lavatórios e dentro do boxe de bacia sanitária, a uma altura entre 0,80
m e 1,20 m, com profundidade máxima de 0,25 m, em local que não interfira nas áreas de transferência e manobra e na
utilização das barras de apoio.

7.3.8.5 Puxador horizontal


Puxadores horizontais do tipo gaveta devem ser instalados junto às dobradiças no lado interior das portas, para facilitar
o fechamento de portas por P.C.R. ou P.M.R., conforme 6.9.2.4.

7.4 Vestiários
7.4.1 Bancos
Os bancos devem ser providos de encosto, ter profundidade mínima de 0,45 m e ser instalados a uma altura de 0,46 m
do piso acabado. Recomenda-se espaço inferior de 0,30 m livre de qualquer saliência ou obstáculo, para permitir eventual
área de manobra, conforme figura 144. Deve ser reservado um espaço de 0,30 m atrás do banco para garantir a transfe-
rência lateral, conforme figura 144.
Os bancos devem estar dispostos de forma a garantir as áreas de manobra, transferência e circulação, conforme seção 4.

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7.4.2 Armários
A altura de utilização de armários deve estar entre 0,40 m e 1,20 m do piso acabado. A altura de fixação dos puxadores
e fechaduras deve estar em uma faixa entre 0,80 m e 1,20 m. As prateleiras devem ter profundidade máxima que
atenda aos parâmetros estabelecidos em 4.6.
A projeção de abertura das portas dos armários não deve interferir na área de circulação mínima de 0,90 m e as prate-
leiras, gavetas e cabides devem possuir profundidade e altura que atendam às faixas de alcance manual e visual, conforme
seção 4.
7.4.3 Cabinas
Os vestiários em cabinas individuais acessíveis devem ter dimensões mínimas de 1,80 m x 1,80 m, com uma superfície
para troca de roupas na posição deitada, de dimensões mínimas de 0,80 m de largura, 1,80 m de comprimento e altura de
0,46 m, providos de barras de apoio, espelhos e cabides. Deve ser garantida a área de transferência, podendo as áreas
de circulação e manobra estarem externas às cabinas, conforme figura 145.
7.4.3.1 As barras de apoio em cabinas de vestiários devem ser horizontais, com comprimento mínimo de
0,80 m. Devem ser fixadas junto à superfície de troca de roupas, a uma altura de 0,75 m do piso acabado. Uma delas
deve estar na parede da cabeceira, a 0,30 m de distância da parede lateral, e a outra na parede lateral, a 0,40 m da parede
da cabeceira.
7.4.3.2 A porta da cabina deve atender a 6.9.2, tendo sentido de abertura para o lado externo à cabina.
7.4.4 Espelhos
Os espelhos devem ter sua borda inferior a uma altura de 0,30 m e a superior a uma altura máxima de 1,80 m do piso
acabado.
7.4.5 Cabides
Os cabides devem ser instalados em altura dentro da faixa de alcance entre 0,80 m e 1,20 m do piso acabado. Reco-
menda-se que não sejam instaladas atrás de portas e que não criem saliência pontiaguda.

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8 Equipamentos urbanos
8.1 Bens tombados
8.1.1 Todos os projetos de adaptação para acessibilidade de bens tombados devem obedecer às condições
descritas nesta Norma, porém atendendo aos critérios específicos a serem aprovados pelos órgãos do patrimônio histórico
e cultural competentes.
8.1.2 Nos casos de áreas ou elementos onde não seja possível promover a adaptação do imóvel para torná-lo acessí-
vel ou visitável, deve-se garantir o acesso por meio de informação visual, auditiva ou tátil das áreas ou dos elementos cuja
adaptação seja impraticável.
8.1.3 No caso de sítios considerados inacessíveis ou com visitação restrita, devem ser oferecidos mapas, maquetes,
peças de acervo originais ou suas cópias, sempre proporcionando a possibilidade de serem tocados para compreensão
tátil. tocados para compreensão tátil.

8.2 Locais de reunião


8.2.1 Cinemas, teatros, auditórios e similares
Os cinemas, teatros, auditórios e similares devem possuir, na área destinada ao público, espaços reservados para P.C.R.,
assentos para P.M.R. e assentos para P.O., atendendo às seguintes condições:
a) estar localizados em uma rota acessível vinculada a uma rota de fuga;
b) estar distribuídos pelo recinto, recomendando-se que seja nos diferentes setores e com as mesmas condições de
serviços;
c) estar localizados junto de assento para acompanhante, sendo no mínimo um assento e recomendável dois assentos
de acompanhante;
d) garantir conforto, segurança, boa visibilidade e acústica;
e) estar instalados em local de piso plano horizontal;
f) ser identificados por sinalização no local e na bilheteria, conforme 5.4.1;
g) estar preferencialmente instalados ao lado de cadeiras removíveis e articuladas para permitir ampliação da área de
uso por acompanhantes ou outros usuários (P.C.R. ou P.M.R.)
NOTA Em edifícios existentes, os espaços para P.C.R. e os assentos para P.M.R. podem ser agrupados, quando for im-
praticável a sua distribuição por todo o recinto. Sempre que possível os espaços devem ser projetados de forma a permitir
a acomodação de P.P.D com no mínimo um acompanhante.

8.2.1.1 Quantidade dos espaços para P.C.R. e assentos para P.M.R. e P.O.
A quantidade dos espaços deve estar de acordo com a tabela 8.

8.2.1.2 Localização dos espaços para P.C.R. e assentos para P.M.R. e P.O.
8.2.1.2.1 Em cinemas, a distância mínima para a localização dos espaços para P.C.R. e os assentos para P.M.R. deve
ser calculada traçando-se um ângulo visual de no máximo 30º a partir do limite superior da tela até a linha do horizonte
visual com altura de 1,15 m do piso conforme figura 146. até a linha do horizonte visual com altura de 1,15 m do piso
conforme figura 146.

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8.2.1.2.2
Em teatros, auditórios ou similares, a localização dos espaços para P.C.R. e dos assentos para
P.M.R. deve ser calculada de forma a garantir a visualização da atividade desenvolvida no palco, conforme figura 147.

8.2.1.2.3 A localização dos espaços deve ser calculada traçando-se um ângulo visual de 30º a partir do limite superior
da boca de cena até a linha do horizonte visual (L.H.), com a altura de 1,15 m do piso. A altura do piso do palco deve ser
inferior à L.H. visual com altura de 1,15 m do piso da localização do espaço para P.C.R. e assentos para P.M.R., conforme
figura 147.
8.2.1.2.4 Quando existir anteparo em frente aos espaços para P.C.R., sua altura e distância não devem bloquear o
ângulo visual de 30º medido a partir da linha visual padrão com altura de 1,15 m do piso até o limite inferior da tela ou local
do palco onde a atividade é desenvolvida, conforme figura 148. limite inferior da tela ou local do palco onde a atividade é
desenvolvida, conforme figura 148.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

8.2.1.2.5 Os assentos para P.M.R. e P.O. devem estar localizados junto aos corredores e de preferência nas fileiras
contíguas às passagens transversais, sendo que os apoios para braços no lado junto aos corredores devem ser do tipo
basculantes ou removíveis, conforme figura 152.
8.2.1.3 Dimensões dos espaços para P.C.R. e assentos para P.M.R. e P.O.
8.2.1.3.1 O espaço para P.C.R. deve possuir as dimensões mínimas de 0,80 m por 1,20 m, acrescido de faixa de no
mínimo 0,30 m de largura, localizada na frente, atrás ou em ambas posições. Os espaços para P.C.R. devem estar desloca-
dos 0,30 m em relação à cadeira ao lado para que a pessoa em cadeira de rodas e seus acompanhantes fiquem na mesma
direção. Quando os espaços para P.C.R. estiverem localizados em fileiras intermediárias, devem ser garantidas faixas de no
mínimo 0,30 m de largura atrás e na frente deles, conforme figuras 149 a 151.
conforme figuras 149 a 151.

8.2.1.3.2 Os assentos para P.M.R. devem possuir um espaço livre frontal de no mínimo 0,60 m, conforme figura 152.
8.2.1.3.3 Os assentos para P.O. devem ter largura equivalente à de dois assentos adotados no local e possuir um
espaço livre frontal de no mínimo 0,60 m, conforme figura 152. Estes assentos devem suportar uma carga de no mínimo
250 kg.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

8.2.1.4 Palco e bastidores


Uma rota acessível deve interligar os espaços para P.C.R. ao palco e aos bastidores.
8.2.1.4.1 Quando houver desnível entre o palco e a platéia, este pode ser vencido através de rampa com as seguintes
características:
a) largura de no mínimo 0,90 m;
b) inclinação máxima de 1:6 (16,66%) para vencer uma altura máxima de 0,60 m;
c) inclinação máxima de 1:10 (10%) para vencer alturas superiores a 0,60 m;
d) ter guia de balizamento, não sendo necessária a instalação de guarda-corpo e corrimão.
8.2.1.4.2 Esta rampa pode ser substituída por um equipamento eletromecânico, conforme 6.8.2 e 6.8.3. Sempre que
possível, rampa ou equipamento eletromecânico de acesso ao palco devem se situar em local de acesso imediato, porém
discreto e fora do campo visual da platéia.
8.2.1.4.3 O desnível entre o palco e a platéia deve ser indicado com sinalização tátil de alerta no piso, conforme
5.14.1.
8.2.1.4.4 O local no palco destinado a intérprete de Libras deve atender a 5.8.

8.2.1.5 Camarins
Pelo menos um camarim para cada sexo deve ser acessível. Quando somente existir um camarim de uso unissex, este
deve ser acessível, conforme seção 7.

8.2.1.6 Dispositivos de tecnologia assistiva


Devem ser disponibilizados dispositivos de tecnologia assistiva para atender no palco as pessoas com deficiência visual
e pessoas com deficiência auditiva.

8.2.2 Locais de exposições


Todos os elementos expostos para visitação pública devem estar em locais acessíveis.
8.2.2.1 Os elementos expostos, títulos e textos explicativos, documentos ou similares devem atender a 4.8.
8.2.2.2 Os títulos, textos explicativos ou similares devem também estar em Braille.

8.2.3 Restaurantes, refeitórios, bares e similares


Os restaurantes, refeitórios e bares devem possuir pelo menos 5% do total de mesas, com no mínimo uma, acessíveis
a P.C.R., conforme 9.3.
8.2.3.1 As mesas devem ser distribuídas de forma a estar integradas às demais e em locais onde sejam oferecidos todas
as comodidades e serviços disponíveis no estabelecimento.
8.2.3.2 Nos locais em que as refeições sejam feitas em balcões, estes devem atender a 9.5.
8.2.3.3 Nos locais em que são previstos balcões de auto-serviço, deve-se atender a 9.5.3.
8.2.3.4 Quando o local possuir cardápio, recomenda-se que pelo menos um exemplar esteja em Braille.

8.3 Locais de hospedagem


8.3.1 Condições específicas
Em hotéis, motéis, pousadas e similares, os auditórios, salas de convenções, salas de ginástica, piscinas, entre outros,
devem ser acessíveis.
8.3.1.1 Pelo menos 5%, com no mínimo um do total de dormitórios com sanitário, devem ser acessíveis. Estes dor-
mitórios não devem estar isolados dos demais, mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de serviços e
localizados em rota acessível. Recomenda-se, além disso, que outros 10% do total de dormitórios sejam adaptáveis para
acessibilidade.
8.3.1.2 As dimensões do mobiliário dos dormitórios acessíveis devem atender às condições de alcance manual e visual
previstos na seção 4 e ser dispostos de forma a não obstruírem uma faixa livre mínima de circulação interna de 0,90 m de
largura, prevendo área de manobras para o acesso ao sanitário, camas e armários. Os armários devem atender a 7.4.2. Deve
haver pelo menos uma área com diâmetro de no mínimo
1,50 m que possibilite um giro de 360°, conforme figura 153. A altura das camas deve ser de 0,46 m.
1,50 m que possibilite um giro de 360°, conforme figura 153. A altura das camas deve ser de 0,46 m.

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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8.3.1.3 Quando forem previstos telefones, interfones ou similares, estes devem ser providos de sinal luminoso e con-
trole de volume de som, conforme 9.2.2.
8.3.1.4 Os dispositivos de sinalização e alarme de emergência devem alertar as pessoas com deficiência visual
e as pessoas com deficiência auditiva, conforme 5.7.3.
8.3.1.5 O sanitário deve possuir dispositivo de chamada para casos de emergências, conforme 7.2.1.
8.3.2 Cozinhas
Quando nas unidades acessíveis forem previstas cozinhas ou similares, deve ser garantida a condição de circulação,
aproximação e alcance dos utensílios, conforme seção 4. As pias devem possuir altura de no máximo 0,85 m, com altura
livre inferior de no mínimo 0,73 m, conforme figura 154.

8.4 Serviços de saúde


8.4.1 Nos locais de serviços de saúde que comportem internações de pacientes, pelo menos 10%, com no mínimo
um dos sanitários em apartamentos devem ser acessíveis. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam
adaptáveis.
8.4.2 Os ambulatórios, postos de saúde, pronto-socorros, laboratórios de análises clínicas, centros de diagnósticos,
entre outros, devem ter pelo menos 10% de sanitários acessíveis, sendo no mínimo um por pavimento, conforme seção 7.
Pelo menos uma das salas para cada tipo de serviço prestado deve ser acessível e estar em rota acessível.
8.4.3 Quando houver local para espera com assentos fixos, este deve atender a 9.4.
8.5 Locais de esporte, lazer e turismo
8.5.1 Esporte
8.5.1.1 Todas as portas existentes na rota acessível, destinadas à circulação de praticantes de esportes que utilizem
cadeiras de rodas do tipo “cambadas”, devem possuir vão livre de no mínimo 1,00 m, incluindo as portas dos sanitários e
vestiários.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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8.5.1.2 Nas arquibancadas deve haver espaços para P.C.R. e assentos para P.M.R. e P.O., conforme 8.2.
8.5.1.3 Uma rota acessível deve interligar os espaços para P.C.R. e os assentos para P.M.R. e P.O. às áreas de apresen-
tação, incluindo quadras, vestiários e sanitários.
8.5.1.4 As áreas para prática de esportes devem ser acessíveis, exceto os campos gramados, arenosos ou similares.
8.5.1.5 Os sanitários e vestiários acessíveis devem estar localizados tanto nas áreas de uso público quanto nas áreas
para prática de esportes, conforme seção 7.
8.5.1.6 As cabinas acessíveis dos vestiários para praticantes de esportes devem atender a 7.4.3.
8.5.2 Piscinas
8.5.2.1 O piso no entorno das piscinas não deve ter superfície escorregadia ou excessivamente abrasiva. As bordas
e degraus de acesso à água devem ter acabamento arredondado.
8.5.2.2 O acesso à água deve ser garantido através de degraus, rampas submersas, bancos para transferência ou equi-
pamentos de transferência, conforme figuras 155 e 156.
8.5.2.3 A escada ou rampa submersa deve possuir corrimãos em três alturas, de ambos os lados, nas seguintes alturas:
0,45 m, 0,70 m e 0,92 m. A distância livre entre os corrimãos deve ser de no mínimo 0,80 m e no máximo 1,00 m.
8.5.2.4 Os degraus submersos devem ter piso de no mínimo 0,46 m e espelho de no máximo 0,20 m, conforme figura
156.
8.5.2.5 Quando o acesso à água for feito por banco de transferência, este deve atender ao seguinte:
a) ter altura de 0,46 m;
b) ter extensão de no mínimo 1,20 m e profundidade de 0,45 m;
c) garantir área para aproximação e manobra, sendo que a área para transferência junto ao banco não deve interferir
com a área de circulação;
d) o nível da água deve estar no máximo a 0,10 m abaixo do nível do assento do banco.
8.5.2.6 Quando da utilização de banco de transferência, este deve estar associado à rampa ou escada.

Figura 155 — Banco de transferência em piscinas — Exemplo


Vista superior Vista lateral
Figura 156

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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8.5.2.7 O piso e a inclinação das rampas de acesso à 8.6.4 Pelo menos 5% dos sanitários, com no mínimo
água devem atender a 6.5. um sanitário para cada sexo, de uso dos alunos, devem ser
8.5.2.8 Recomenda-se a instalação de barras de apoio acessíveis, conforme seção 7. Recomenda-se, além disso,
nas bordas internas das piscinas, na altura do nível da água, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para aces-
em locais que não interfiram com o acesso à água, confor- sibilidade.
me 7.2.4. 8.6.5 Pelo menos 5% dos sanitários, com no míni-
mo um sanitário para cada sexo, de uso de funcionários e
8.5.3 Parques, praças e locais turísticos professores, devem ser acessíveis, conforme seção 7. Reco-
8.5.3.1 Sempre que os parques, praças e locais menda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam
turísticos admitirem pavimentação, mobiliário ou equi- adaptáveis para acessibilidade.
pamentos edificados ou montados, estes devem ser aces- 8.6.6 Todos os elementos do mobiliário interno
síveis. devem ser acessíveis, garantindo-se as áreas de apro-
8.5.3.2 Nos locais onde as características ambientais ximação e manobra e as faixas de alcance manual, visual e
sejam legalmente preservadas, deve-se buscar o máximo auditivo, conforme seções 4 e 9.
grau de acessibilidade com mínima intervenção no meio 8.6.7 Nas salas de aula, quando houver mesas in-
ambiente. dividuais para alunos, pelo menos 1% do total de mesas,
8.5.3.3 O piso das rotas acessíveis deve atender às es- com no mínimo uma para cada duas salas de aula, deve ser
pecificações contidas em 6.1.1. acessível a P.C.R. Quando forem utilizadas cadeiras do tipo
8.5.3.4 Pelo menos 5%, com no mínimo uma, do total universitário (com prancheta acoplada), devem ser dispo-
das mesas destinadas a jogos ou refeições devem atender nibilizadas mesas acessíveis a P.C.R. na proporção de pelo
a 9.3. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros menos 1% do total de cadeiras, com no mínimo uma para
10% sejam adaptáveis para acessibilidade. cada duas salas, conforme 9.3.
8.5.3.5 Quando se tratar de áreas tombadas deve-se 8.6.8 As lousas devem ser acessíveis e instaladas a
atender a 8.1. uma altura inferior máxima de 0,90 m do piso. Deve ser ga-
rantida a área de aproximação lateral e manobra da cadeira
8.5.4 Praias de rodas, conforme 4.3 e 4.5.
8.5.4.1 Quando da adaptação em praias o desnível en- 8.6.9 Todos os elementos do mobiliário urbano da
tre o passeio e a areia deve ser realizado através de rampa, edificação como bebedouros, guichês e balcões de atendi-
conforme 6.5. mento, bancos de alvenaria, entre outros, devem ser aces-
8.5.4.2 Estas rampas devem estar vinculadas a um piso síveis, conforme seção 9.
fixo ou removível que se prolongue em direção ao mar, 8.6.10 As escadas devem ser providas de corrimãos
com no mínimo 0,90 m de largura. em duas alturas, conforme 6.7.1.6.
8.5.4.3 Estes acessos devem estar sinalizados com o
símbolo internacional de acesso, conforme 5.4.1. 8.7 Bibliotecas e centros de leitura
8.5.4.4 Recomenda-se que, junto a cada área de aces- 8.7.1 Nas bibliotecas e centros de leitura, os locais de
so adaptado à praia, exista um sanitário unissex acessível, pesquisa, fichários, salas para estudo e leitura, terminais de
conforme 7.2.3. consulta, balcões de atendimento e áreas de convivência
devem ser acessíveis, conforme 9.5 e figura 157.
8.6 Escolas 8.7.2 Pelo menos 5%, com no mínimo uma das mesas
8.6.1 A entrada de alunos deve estar, preferencial- devem ser acessíveis, conforme 9.3. Recomenda- se, além
mente, localizada na via de menor fluxo de tráfego de veí- disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para
culos. acessibilidade.
8.7.3 A distância entre estantes de livros deve ser de
8.6.2 Deve existir pelo menos uma rota acessível in-
no mínimo 0,90 m de largura, conforme figura 158. Nos
terligando o acesso de alunos às áreas administrativas, de
corredores entre as estantes, a cada 15 m, deve haver um
prática esportiva, de recreação, de alimentação, salas de espaço que permita a manobra da cadeira de rodas. Reco-
aula, laboratórios, bibliotecas, centros de leitura e demais menda-se a rotação de 180°, conforme 4.3.
ambientes pedagógicos. Todos estes ambientes devem ser rodas. Recomenda-se a rotação de 180°, conforme 4.3.
acessíveis.
8.6.3 Em complexos educacionais e campi univer-
sitários, quando existirem equipamentos complementares
como piscinas, livrarias, centros acadêmicos, locais de
culto, locais de exposições, praças, locais de hospeda-
gem, ambulatórios, bancos e outros, estes devem ser aces-
síveis.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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conforme 4.6 e 4.7.

8.7.5 Recomenda-se que as bibliotecas possuam publicações em Braille, ou outros recursos audiovisuais.
8.7.6 Pelo menos 5% do total de terminais de consulta por meio de computadores e acesso à internet devem ser
acessíveis a P.C.R. e P.M.R. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade.

8.8 Locais de comércio e serviços


8.8.1 Comércio
8.8.1.1 Nos corredores de compras, a cada 15 m, deve haver um espaço para manobra da cadeira de rodas. Recomen-
da-se a rotação de 180°, conforme 4.3. e 9.5.6.
8.8.1.2 Quando existirem vestiários ou provadores para o uso do público, pelo menos um deve ser acessível, prevendo
uma entrada com vão livre de no mínimo 0,80 m de largura e dimensões mínimas internas de 1,20 m por 0,90 m livre de
obstáculo. Quando houver porta de eixo vertical, esta deve abrir para fora.
8.8.1.3 Pelo menos 5% das caixas de pagamento, com no mínimo uma do total de local de caixas, devem atender a 9.5.

8.8.2 Estabelecimento bancário


8.8.2.1 Quando da existência de áreas de bloqueio ou dispositivos de segurança para acesso, deve ser prevista outra
entrada vinculada a uma rota acessível.
8.8.2.2 Os balcões e os equipamentos de auto-atendimento devem atender a 9.5 e 9.6.

8.8.3 Atendimento ao público


8.8.3.1 Nos locais em que o atendimento ao público for realizado em balcões, estes devem ser acessíveis,
conforme 9.5.
8.8.3.2 Nos locais em que o atendimento ao público for realizado em mesas, pelo menos 5% do total de mesas, com no
mínimo uma, devem ser acessíveis, conforme 9.3. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis.
8.8.3.3 Quando houver local para espera com assentos fixos, deve-se atender a 9.4.
8.8.3.4 Quando houver bilheterias, deve-se atender a 9.5.5.

8.9 Delegacias e penitenciárias


8.9.1 Condições específicas
O acesso, circulação e utilização dos elementos e espaços permitidos ao público em geral nas delegacias, penitenciárias
ou locais similares devem ser acessíveis.

8.9.2 Instalações penitenciárias


8.9.2.1 Pelo menos uma cela deve ser acessível e estar em rota acessível. As camas e elementos do mobiliário devem
atender a 8.3.
8.9.2.2 Pelo menos um sanitário e banho deve ser acessível (ver seção 7).
8.9.2.3 O refeitório deve ser acessível, conforme 8.2.3.
8.9.2.4 Pelo menos 5% dos parlatórios, com no mínimo um, deve ser acessível tanto para os detentos quanto para os
visitantes, conforme 9.3. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis.
8.9.2.5 As áreas para atividades de lazer ou trabalho dos detentos devem ser acessíveis, conforme especificações des-
critas nesta Norma. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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9 Mobiliário 9.2.2.3 Estes telefones devem estar sinalizados confor-


9.1 Bebedouros me 5.4.4.4.
9.1.1 Condições gerais 9.2.3 Telefone com texto (TDD)
Deve ser prevista a instalação de 50% de bebedouros 9.2.3.1 Em edificações de grande porte e equipa-
acessíveis por pavimento, respeitando o mínimo de um, e mentos urbanos, tais como centros comerciais, aero-
eles devem estar localizados em rotas acessíveis. portos, rodoviárias, estádios, centros de convenções, entre
9.1.2 Altura e localização da bica outros, deve ser instalado pelo menos um telefone por pa-
9.1.2.1 A bica deve estar localizada no lado frontal do vimento que transmita mensagens de texto (TDD). Reco-
bebedouro, possuir altura de 0,90 m e permitir a utilização menda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam
por meio de copo, conforme figura 159. adaptáveis para acessibilidade.
9.1.2.2 Os controles devem estar localizados na frente 9.2.3.2 Estes telefones devem estar sinalizados confor-
do bebedouro ou na lateral próximo à borda frontal (ver me 5.4.4.4.
4.6.7).
9.1.3 Área de aproximação 9.2.4 Área de aproximação
9.1.3.1 O bebedouro acessível deve possuir altura livre Deve ser garantido um M.R., posicionado para as apro-
inferior de no mínimo 0,73 m do piso. Deve ser garantido ximações tanto frontal quanto lateral ao telefone, sendo
um M.R. (ver 4.2.2) para a aproximação frontal ao bebedou- que este pode estar inserido nesta área, conforme figura
ro, podendo avançar sob o bebedouro até no máximo 0,50, 160.
conforme figura 159.
9.1.3.2 O acionamento de bebedouros do tipo garra- 9.2.5 Altura de instalação
fão, filtros com célula fotoelétrica ou outros modelos, assim 9.2.5.1 A parte operacional superior do telefone aces-
como o manuseio dos copos, devem estar posicionados na sível para P.C.R. deve estar à altura de no máximo 1,20 m.
altura entre 0,80 m e 1,20 m do piso acabado, localizados de 9.2.5.2 O telefone deve ser instalado suspenso, com
modo a permitir a aproximação lateral de uma P.C.R. altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do piso acabado.
9.1.3.3 Quando houver copos descartáveis, o local para
retirada deles deve estar à altura de no máximo 1,20 m do
9.2.6 Comprimento do fio
piso.
O comprimento do fio do fone do telefone acessível
para P.C.R. deve ser de no mínimo 0,75 m.

9.2.7 Anteparos
Nos telefones acessíveis para P.C.R., quando houver
anteparos superiores de proteção, estes devem possuir al-
tura livre de no mínimo 2,10 m do piso, para que também
ofereça conforto de utilização por pessoas em pé.

9.2.8 Cabinas
A cabina telefônica acessível para P.C.R. deve atender
ao seguinte:
a) deve ser garantido um M.R., posicionado para a
aproximação frontal ao telefone, sendo que o telefone
pode estar contido nesta área. O telefone deve ser instala-
9.2 Telefones do suspenso, na parede oposta à entrada conforme figura
9.2.1 Condições gerais 160;
9.2.1.1 Em espaços externos, pelo menos 5% dos tele- b) a entrada deve estar localizada no lado de menor
fones, com no mínimo um do total de telefones, devem ser dimensão. Deve possuir um vão livre de no mínimo
acessíveis para P.C.R. 0,80 m e quando houver porta de eixo vertical, seu sen-
9.2.1.2 Em edificações, deve haver pelo menos um te- tido de abertura deve ser para fora;
lefone acessível para P.C.R. por pavimento. Quando houver c) o piso da cabina deve estar em nível com o piso
instalação de conjuntos de telefones, o telefone acessível externo ou, se houver desnível, deve atender a 6.1.4;
para P.C.R. deve estar localizado junto a eles. junto a eles. d) quando existir superfície para apoio de objetos
9.2.2 Amplificador de sinal pessoais, esta deve ser instalada a uma altura entre 0,75
9.2.2.1 Em espaços externos, pelo menos 5% do total m e 0,85 m, com altura livre inferior de no mínimo 0,73
de telefones, com no mínimo um, deve dispor de amplifi- m do piso e com profundidade mínima de 0,30 m;
cador de sinal. e) recomenda-se a instalação de barras de apoio ver-
9.2.2.2 Em edificações, deve haver pelo menos um te- ticais.
lefone com amplificador de sinal por pavimento. Quando
houver instalação de conjuntos de telefones, o telefone
com amplificador de sinais deve estar localizado junto a
eles.

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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9.3 Mesas ou superfícies para refeições ou trabalho

9.3.1 Condições gerais


Quando mesas ou superfícies para refeições ou trabalho são previstas em espaços acessíveis, pelo menos 5% delas,
com no mínimo uma do total, deve ser acessível para P.C.R. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam
adaptáveis para acessibilidade.

9.3.2 Distribuição
As mesas ou superfícies devem estar localizadas junto às rotas acessíveis e, preferencialmente, distribuídas por todo o
espaço.

9.3.3 Área de aproximação


9.3.3.1 As mesas ou superfícies devem possuir altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do piso, conforme figura 161.
9.3.3.2 Deve ser garantido um M.R. posicionado para a aproximação frontal, possibilitando avançar sob as mesas ou
superfícies até no máximo 0,50 m, conforme figura 161.
9.3.3.3 Deve ser garantida uma faixa livre de circulação de 0,90 m e área de manobra para o acesso às mesmas, con-
forme 4.3.

9.3.4 Altura
Deve estar entre 0,75 m e 0,85 m do piso.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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,9.4 Assentos fixos


9.4.1 Ao lado dos assentos fixos em rotas acessíveis deve ser garantido um M.R., sem interferir com a faixa livre de
circulação, conforme figura 162.
9.4.2 Este espaço deve ser previsto ao lado de pelo menos 5%, com no mínimo um do total de assentos fixos no local.
Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade.

9.5 Balcões
9.5.1 Condições gerais
Os balcões de vendas ou serviços devem ser acessíveis a P.C.R., devendo estar localizados em rotas acessíveis.
9.5.2 Área de aproximação
9.5.2.1 Uma parte da superfície do balcão, com extensão de no mínimo 0,90 m, deve ter altura de no máximo 0,90 m
do piso. Deve ser garantido um M.R. posicionado para a aproximação frontal ao balcão, conforme figura 163.
9.5.2.2 Quando for prevista a aproximação frontal, o balcão deve possuir altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do
piso e profundidade livre inferior de no mínimo 0,30 m. Deve ser garantido um M.R., posicionado para a aproximação fron-
tal ao balcão, podendo avançar sob o balcão até no máximo 0,30 m, conforme figura 163.
conforme figura 163.

9.5.3 Balcões de auto-serviço


9.5.3.1 Quando balcões de auto-serviço são previstos em restaurantes ou similares, pelo menos 50% do total, com no
mínimo um para cada tipo de serviço, deve ser acessível para P.C.R., conforme 8.2.3.
9.5.3.2 As bandejas, talheres, pratos, copos, temperos, alimentos e bebidas devem estar dispostos dentro da faixa de
alcance manual, conforme 4.6.
9.5.3.3 Os alimentos e bebidas devem estar dispostos de forma a permitir seu alcance visual, conforme 4.7.
9.5.3.4 Deve-se prever passa-pratos, com altura entre 0,75 m e 0,85 m do piso, conforme figura 164.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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9.5.4 Balcão de caixas para pagamento


Quando houver balcões de caixas para pagamento, pelo menos 5% deles, com no mínimo um do total, devem ser
acessíveis para P.C.R. conforme figura 166. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para
acessibilidade.

9.5.5 Bilheterias
9.5.5.1 Condições gerais
As bilheterias e atendimentos rápidos, exclusivamente para troca de valores, devem ser acessíveis a P.C.R., devendo
estar localizados em rotas acessíveis. O guichê deve ter altura máxima de 1,05 m do piso.

9.5.5.2 Área de manobra e de aproximação


Deve ser garantida área de manobra com rotação de 180°, conforme figura 6. Deve ser garantido um M.R. posicionado
para a aproximação lateral à bilheteria, conforme figura 165.

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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9.5.6 Corredores
Os corredores junto a balcões de auto-serviço, balcões de caixas para pagamento, bilheterias ou similares, acessíveis
para P.C.R., devem estar vinculados a rotas acessíveis, garantindo-se as áreas de circulação e manobra no seu início e tér-
mino, conforme 4.3. Estes corredores devem ter largura de no mínimo 0,90 m, conforme figura 166.

9.6 Equipamentos de auto-atendimento


9.6.1 Condições gerais
Nos locais em que forem previstos equipamentos de auto-atendimento, pelo menos um equipamento para cada tipo
de serviço, por pavimento, deve ser acessível para P.C.R., junto às rotas acessíveis.
9.6.2 Área de aproximação
9.6.2.1 Nos equipamentos acessíveis para P.C.R. deve ser garantido um M.R. posicionado para a aproximação lateral.
9.6.2.2 Quando for prevista a aproximação frontal, o equipamento acessível deve possuir altura livre inferior de no
mínimo 0,73 m, com profundidade livre inferior de no mínimo 0,30 m. Deve ser garantido um M.R., posicionado para a
aproximação frontal, podendo avançar sob o equipamento até no máximo 0,30 m, conforme figura 167.
9.6.3 Controles
9.6.3.1 Os controles devem estar localizados à altura entre 0,80 m e 1,20 m do piso, com profundidade de no máximo
0,30 m em relação à face frontal externa do equipamento.
9.6.3.2 Os dispositivos para inserção e retirada de produtos devem estar localizados à altura entre 0,40 m e 1,20 m do
piso, com profundidade de no máximo 0,30 m em relação à face frontal externa do equipamento, conforme figura 167.
9.6.3.3 As teclas numéricas devem seguir o mesmo arranjo do teclado de telefone, com o número um no canto supe-
rior esquerdo e a tecla do número cinco deve possuir um ponto em relevo no centro.
9.6.4 Instruções e informações
9.6.4.1 Pelo menos um dos equipamentos acessíveis por tipo de serviço deve providenciar instruções e informações
visuais e auditivas ou táteis, conforme seção 5.
9.6.4.2 Deve-se garantir privacidade para a troca de instruções e informações a todos os indivíduos que utilizam o
equipamento acessível, através da disponibilização de equipamentos de tecnologia assistiva como, por exemplo, fones de
ouvido.

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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9.7 Cabinas de sanitários públicos


As cabinas de sanitários públicos acessíveis devem ABNT NBR N° 15599:2008, ACESSIBILIDADE
atender à seção 7. ATITUDINAL.
9.8 Abrigos em pontos de embarque e desembar-
que de transporte coletivo
9.8.1 Condições gerais 1 Escopo
9.8.1.1 Todos os abrigos em pontos de embarque e Esta Norma fornece diretrizes gerais a serem obser-
desembarque de transporte coletivo devem ser acessíveis vadas para acessibilidade em comunicação na prestação
para P.C.R, conforme seção 6. de serviços, consideradas as diversas condições de per-
9.8.1.2 Nos abrigos devem ser previstos assentos cepção e cognição, com ou sem a ajuda de tecno-
fixos para descanso e espaço para P.C.R., conforme logia assistiva ou outra que complemente necessidades
9.4. Estes assentos não devem interferir com a faixa livre individuais.
de circulação. Esta Norma, desenvolvida segundo os preceitos do
9.8.1.3 Quando houver desnível em relação ao pas- Desenho Universal, se propõe a atender à maior gama
seio, este deve ser vencido através de rampa, conforme 6.5. possível de capacidades da população, para a emissão e
recepção de mensagens. São também beneficiários da
9.8.2 Anteparos Acessibilidade em Comunicação na Prestação de Servi-
Quando houver anteparo vertical, este não deve inter- ços os idosos que vão perdendo a visão e a audição com a
ferir com a faixa livre de circulação. idade, bem como as pessoas que não dominam o idioma
português, sejam elas estrangeiras ou analfabetas.
9.8.3 Sinalização Esta Norma aplica-se às informações e troca de
Quando se tratar de ponto de ônibus elevado, a bor- mensagens necessárias na prestação de serviços. Para
da do desnível entre o ponto e o leito carroçável deve ser tanto, está fundamentada no princípio da redundância
sinalizada com sinalização tátil de alerta, conforme 5.14.1. que requer múltiplos meios de transmissão, vias alter-
nativas e atalhos, para a recepção da mensagem.
9.9 Semáforos ou focos de pedestres Esta Norma de maneira alguma esgota as possibili-
9.9.1 Condições gerais dades de combinação dos diferentes tipos de comunica-
Onde houver semáforo ou focos de acionamento ma- ção - sonora, visual, tátil, olfativa e gustativa- úteis na
nual para travessia de pedestres, o dispositivo de aciona- prestação de serviços.
mento deve situar-se à altura entre 0,80 m e 1,20 m do 2 Referências normativas
piso. Os documentos relacionados a seguir são indis-
pensáveis à aplicação deste documento Técnico ABNT.
9.9.2 Sinalização sonora Para referências datadas, aplicam-se somente as edi-
Os semáforos ou focos para pedestres instalados em ções citadas. Para referências não datadas, aplicam-se as
vias públicas com grande volume de tráfego ou concentra- edições mais recentes do referido documento (incluindo
ção de passagem de pessoas com deficiência visual devem emendas).
estar equipados com mecanismos que emitam um sinal Lei Federal nº 8160, de 08.01.1991, Dispõe sobre o uso
sonoro entre 50 dBA e 60 dBA, intermitente e não da Lei do Símbolo Internacional de Surdez
estridente, ou outro mecanismo alternativo, que sirva de ABNT NBR 9050:2004, Acessibilidade a edificações,
auxílio às pessoas com deficiência visual, quando o semá- mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
foro estiver aberto para os pedestres. ABNT NBR 10152:1987, Níveis de ruído para conforto
acústico
9.10 Vegetação ABNT NBR 12179:1992, Tratamento acústico em recin-
9.10.1 Os elementos da vegetação tais como ramos tos fechados
pendentes, plantas entouceiradas, galhos de arbustos e de ABNT NBR 13434-1:2004, Sinalização de segurança
árvores não devem interferir com a faixa livre de circulação. contra incêndio e pânico- Parte 1: Princípios de projeto
9.10.2 Muretas, orlas, grades ou desníveis no entorno ABNT NBR 13434-2:2004, Sinalização de segurança
da vegetação não devem interferir na faixa livre de circu- contra incêndio e pânico- Parte 2: Símbolos e suas for-
lação. mas, dimensões e cores
9.10.3 Nas áreas adjacentes à rota acessível não ABNT NBR 13434-3:2005, Sinalização de segurança
são recomendadas plantas dotadas de espinhos; pro- contra incêndio e pânico- Parte 3: Requisitos e métodos
dutoras de substâncias tóxicas; invasivas com manutenção de ensaio
constante; que desprendam muitas folhas, flores, frutos ou ABNT NBR 15250:2005, Acessibilidade em caixas de
substâncias que tornem o piso escorregadio; cujas raízes auto-atendimento bancário
possam danificar o pavimento. ABNT NBR 15290:2005, Acessibilidade em comunica-
9.10.4 O dimensionamento e o espaçamento entre os ção na televisão
vãos das grelhas de proteção das raízes das árvores devem ABNT NBR NM 313:2007, Elevadores de passageiros-
atender a 6.1.5. Requisitos de segurança para construção e instalação­

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Requisitos particulares para a acessibilidade das pes- 3.8 guia de balizamento


soas, incluindo pessoas com deficiência elemento edificado ou instalado junto aos limites das
superfícies de piso, destinado a definir claramente os li-
3 Termos e definições mites da área de circulação de pedestres, perceptível por
Para os efeitos desta Norma, aplicam-se os seguintes pessoas com deficiência visual
termos e definições.
3.1 Acessibilidade 3.9 legenda detalhada
possibilidade e condição de alcance para utilização do inclui, além das falas dos personagens em cena, in-
meio físico, meios de comunicação, produtos e serviços, formações e falas de personagens em off (fora de cena)
por pessoa com deficiência e a transcrição de sons não literais, desapercebidos sem o
uso da audição
3.2 barreiras à comunicação
Qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou im- 3.10 leitura de tela
possibilite a expressão ou o recebimento de mensa- sistema que capta todas as informações textuais exi-
gens por intermédio dos meios ou sistemas de comunica- bidas na tela do computador e as transmite através de
ção, sendo ou não de massa voz sintetizada. Utiliza equipamentos da informática, como
software e hardware específicos
3.3 braille
sistema, inventado por Louis Braille (1809-1852), de re- 3.11 leitura orofacial
presentação das letras do alfabeto, sinais matemáticos e conhecida como leitura labial ou leitura da fala, con-
de pontuação, números, notas musicais, simbologia quí- siste na interpretação visual da comunicação de um falante
mica etc., formado por arranjos de pontos em relevo, através da decodificação dos movimentos dos lábios e das
dispostos em duas colunas de três pontos na Cela Braille. expressões fornecidas pela contração dos músculos da
face. É utilizada por uma parcela dos surdos e surdo-cegos
3.4 comunicação
sistema de troca de mensagens que envolva pelo me- 3.12 língua brasileira de sinais
nos um emissor e outro, receptor LIBRAS
3.4.1 comunicação sonora língua de natureza visual-espacial, com estrutura
comunicação que acontece por meio de sons e requer gramatical própria, que constitui o sistema linguístico
a percepção auditiva para sua recepção de comunidades surdas do Brasil
3.4.2 comunicação tátil
aquela que se dá, principalmente, por meio de símbo- 3.13 linha-guia
los gráficos com texturas diferenciadas e/ou em relevo ou qualquer elemento natural ou edificado que possa
pela emissão de impulsos vibratórios e requer a percepção ser utilizado como guia de balizamento para pessoas com
tátil para sua recepção deficiência visual que utilizem bengala de rastreamento
3.4.3 comunicação visual
comunicação que se dá por meio de imagens e requer 3.14 rota acessível
a percepção visual para sua recepção trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que
conecte os ambientes externos ou internos de espaços
3.5 deficiência sensorial e edificações, e que possa ser utilizado de forma autôno-
perda da capacidade de receber mensagens por um, ma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com
ou mais de um, dos órgãos de percepção (visão, audição, deficiência. A rota acessível externa pode incorporar esta-
olfato, paladar, tato); inclui a deficiência auditiva/surdez, a cionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de
deficiência visual, a surdo-cegueira, a deficiência tátil e a pedestres, rampas etc. A rota acessível interna pode
múltipla deficiência sensorial incorporar corredores, pisos, rampas, escadas, eleva-
dores etc.
3.6 desenho universal
forma de conceber produtos, meios de comunicação, 3.15 tecnologia assistiva
serviços e ambientes para serem utilizados por todas as conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos, pro-
pessoas, o maior tempo possível, sem a necessidade de dutos e procedimentos que visem auxiliar a mobilidade,
adaptação, beneficiando pessoas de todas as idades e a percepção e a utilização do meio ambiente e seus ele-
capacidades. O conceito de desenho universal tem como mentos por pessoa com deficiência
pressupostos:
a) equiparação nas possibilidades de uso; 3.16 usabilidade
flexibilidade no uso; uso simples e intuitivo; captação medida da experiência e satisfação de um usuário ao inte-
da informação; tolerância para o erro; ragir com um produto ou um sistema, seja um site, um softwa-
dimensão e espaço para uso e interação. re ou todo dispositivo operado por um usuário. A usabilidade
é uma combinação dos fatores que afetam a experiência
3.7 dificuldade de fala do usuário com o produto ou o sistema, quais sejam: facili-
dificuldade de coordenação da respiração, voz e ar- dade de aprendizagem, eficiência do uso, memorização,
ticulação das palavras que prejudique a expressão oral frequência de erros e severidade, satisfação subjetiva

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4 Abreviaturas 5.1.1.3 As instituições públicas e empresas presta-


CAS doras ou concessionárias de serviços públicos devem
CC divulgar amplamente os locais, dias e horários do serviço
CD-ROM de informação, para orientação e instrução adequadas,
DVD especialmente destinado ao cidadão usuário de LIBRAS.
FAX 5.1.1.4 Toda informação visual em texto deve
IP atender às necessárias condições para entendimento
K-7 e legibilidade da redação, como especificado na ABNT
LIBRAS NBR 9050:2004, 5.5. 5.1.1.5 Toda informação tátil deve
OCR SAP SISO TPS atender às necessárias condições para entendimento, de
TS acordo com a ABNT NBR 9050:2004, 5.6. Deve haver si-
TV nalização tátil no piso, como especificado na ABNT NBR
Central de Atendimento ao Surdo (ver Anexo A) 9050:2004,
Cfosed Caption ou legenda oculta 5.14, para orientação até o local de atendimento.
Disco compacto para gravação e reprodução em 5.1.1.6 Toda informação sonora e verbal deve atender
computador às condições para entendimento da oração, de acordo com
Digital Versatile Discou Disco Digital Versátil
a ABNT NBR 9050:2004, 5.7. Estas condições devem
Linha telefônica com aparelho reprodutor de docu-
ser aplicadas às informações sonoras faladas, gravadas,
mento impresso
digitalizadas ou sintetizadas.
Internet Protocolou Protocolo Internet
5.1.2 Informação com redundância
Fita magnética para gravação de áudio e/ou vídeos
Língua Brasileira de Sinais (ver Anexo A) 5.1.2.1 Toda informação exibida pela TV deve con-
Optical Character Recognition ou Reconhecimento templar as formas de comunicação visual e sonora.
Ótico de Caracteres Por exemplo, voz para informações em texto e legenda em
Secondary Audio Program ou Programa Secundário de texto para informações orais.
Áudio 5.1.2.2 Informações essencialmente sonoras, como
Serviço de Intermediação Surdo Ouvinte entrevistas disponíveis em arquivos de áudio, devem estar
Telefone público para surdo (ver Anexo A) também disponíveis em texto, possibilitando sua edição
Telefone para surdo ou Telecommunicatíon Device for em tipos ampliados, braille e caracteres em relevo.
the Deaf- TDD I TTY 5.1.2.3 Informações essencialmente visuais ou não
Redes televisivas textuais (gráficos, tabelas, imagens, legendas gráficas etc.)
devem estar disponíveis nas versões:
5 Diretrizes para a comunicação na prestação de a) visual- com o conteúdo alternativo textual indis-
serviços pensável para a compreensão;
5.1 Informação b) sonora- por locução (uso da voz);
5.1.1 Atendimento para informação c) tátil- em texturas diferenciadas, mapas táteis, ca-
5.1.1.1 Toda informação deve ser prestada direta- racteres em relevo etc.
mente à pessoa com deficiência interessada, mesmo 5.1.2.4 Informações textuais constantes de material
que a pergunta tenha vindo de seu acompanhante (guia gráfico devem estar disponíveis nas versões:
intérprete, intérprete de LIBRAS ou outro). As orienta- a) visual- com tipos ampliados;
ções devem ser dirigidas ao real solicitante, não ao inter- b) sonora- em meio magnético (fita k-7, disquetes,
mediário ou acompanhante. CO etc.)
5.1.1.2 Os serviços para informação direta ao c) tátil -braille e caracteres em relevo.
usuário, disponíveis em balcões, boxes, quiosques ou Quando em meio digital, as informações devem ser
similares, localizados em ambientes com grande fluxo processáveis por sistemas de leitura e ampliação de tela e
de público (embarque e desembarque de terminais
outros que a tecnologia permitir.
de transporte, ou entrada e saída de feiras, exposições e
5.1.2.5 Sistemas informatizados, para informação di-
eventos turísticos etc.), devem incluir o atendimento:
reta ao usuário, devem ter disponíveis:
a) na língua portuguesa, em locução clara e sufi-
a) programa de ampliação de tela;
cientemente articulada que permita a leitura orofacial,
sendo a informação gentilmente repetida até que seja b) sistema composto por leitor de tela, sintetizador
compreendida; de voz e display braille.
b) em LIBRAS, devidamente identificado com o Sím- 5.1.2.6 Painéis eletrônicos, monitores de vídeo ou
bolo Internacional de Surdez , de acordo com 6.1.3; qualquer dispositivo utilizado para transmitir informações
c) em LIBRAS tátil ou LIBRAS em campo visual textuais devem:
reduzido, por surdo-cego ou guia intérprete apto a a) estar associados a sinais de luz, para alertar pes-
informar sobre o entorno e o contexto, devidamente soas com deficiência auditiva/surdez e surdo-cegos;
identificado com o símbolo de surdo-cegueira, de b) estar sincronizados com informação sonora verba-
acordo com 6.1.4. lizada, para atender às pessoas com deficiência visual.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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5.1.2.7 A sinalização indicativa de atendimento priori- 5.2.4.3 Quando houver a possibilidade de preenchi-
tário ou uso preferencial deve indicar os beneficiários des- mento do formulário nas próprias empresas prestadoras
se direito por meio de símbolos de acordo com 6.1.1. ou concessionárias do serviço, os equipamentos de-
5.1.2.8 A sinalização de orientação e os procedimen- vem dispor da tecnologia assistiva específica para que
tos para utilização dos equipamentos de segurança e das as pessoas com deficiência possam utilizá-los com auto-
facilidades existentes em situações de emergência devem nomia. Por exemplo: teclados e mouses alternativos, am-
estar de acordo com 5.12.2.5. pliadores de tela, sistemas de inversão de cores e leitor de
tela com síntese de voz, programa tradutor de texto para
5.2 Serviços ao público impressão em braille, entre outras.
5.2.1 Campanhas 5.2.5 Centrais de atendimento de emergência
Campanhas institucionais de prevenção de doenças e Toda central de atendimento de serviços de emergên-
cia deve:
acidentes e de promoção da cidadania devem utilizar os
a) receber ligações telefônicas provindas de TS e de
recursos de acessibilidade em comunicação, com redun-
telefones celulares com mensagem de texto;
dância, como mostrado no Anexo A. b) ter pessoal com noções de LIBRAS e de LIBRAS
5.2.2 Atendimento direto ao público tátil, de modo a se comunicar e interagir com o usuário
5.2.2.1 Todo atendimento direto ao público deve ser de LIBRAS, em atendimento de emergência. Por exemplo:
prestado por pessoas que tenham o domínio das neces- pedido de resgate ou ambulância.
sidades das pessoas com deficiência e das especifici- 5.2.6 Atendimento ao consumidor
dades dos surdos oralizados. Pelo menos um atendente 5.2.6.1 Para reclamação, consulta e resposta ao consu-
deve ter articulação orofacial que permita a leitura labial. midor, devem estar disponíveis múltiplos meios de comu-
5.2.2.2 Todo atendimento que disponha de intérprete nicação, como correio eletrônico, fax, telefone, TS, CAS ou
de LIBRAS deve: SISO, Internet on fine ou outros, devidamente identificados
a) estar identificado com o símbolo internacional de no local do serviço e nos meios de divulgação, de acordo
surdez, de acordo com 6.1.3; com a Seção 6.
b) ter os locais, dias e horários do atendimento divul- 5.2.6.2 Todo serviço de atendimento ao consumidor,
gados. via Internet, deve estar em formato digital que possa ser
5.2.2.3 É recomendado que empresas prestadoras processado por sistemas de leitura e ampliação de tela.
ou concessionanas de serviços públicos tenham dispo- 5.2.6.3 Todo serviço de atendimento ao consumidor
nível atendimento por meio do tefetouch, para o cidadão (serviços 0800 e 0300) com TS instalado deve estar sinali-
zado, com o símbolo internacional de telefone para surdo,
surdo-cego.
de acordo com 6.2.2, no aparelho, na lista telefônica e em
5.2.3 Atendimento ao público por meio de equi-
outros meios de divulgação.
pamentos 5.2.6.4 Todo serviço de atendimento ao consumidor
5.2.3.1 Os serviços de atendimento ao público, seja (serviço 0800) deve estar apto a fornecer informações e
via telefone, equipamento de auto-atendimento ou In- esclarecimentos, para pessoas com deficiência visual ou
ternet, de empresas prestadoras ou concessionárias do ser- auditiva.
viço devem: 5.2.6.5 Todo serviço de atendimento direto ao con-
a) propiciar tempo, segundo os critérios da usabili- sumidor, por meio de funcionário com conhecimento de
dade, para que as pessoas com deficiência possam utilizar LIBRAS, deve estar identificado e ser divulgado com o sím-
esses serviços com autonomia; bolo internacional de surdez, de acordo com 6.1.3.
b) ter disponíveis, para consulta e resposta ao cida- 5.2.6.6 Os conteúdos de rótulos, manuais de utilização,
dão, múltiplos meios de comunicação: correio eletrônico, bulas ou qualquer outro material em texto - contas, fa-
fax, telefone, TS, CAS, SISO, videophone, atendimento on-li- turas e cobranças de cartão de crédito, multas, impostos,
ne via Internet etc. taxas e outros - devem estar disponíveis em braille, dis-
5.2.3.2 Todo atendimento ao cidadão através de quetes ou fitas k-7 ou outros meios eletrônicos (páginas na
linha telefônica com TS deve estar identificado com o Internet, correio eletrônico etc.) em formato digital, que
símbolo de telefone para surdo, de acordo com 6.2.2, na possam ser processados por sistemas de leitura e amplia-
ção de tela.
lista telefônica e em outros meios de divulgação.
5.2.7 Serviços Jurídicos
5.2.4 Atendimento ao público por meio de formu-
Audiências jurídicas e processos judiciais, em geral,
lários devem promover a explicitação dos termos de qualquer
5.2.4.1 Os formulários impressos devem oferecer documento:
o recurso do “tipo ampliado” (para baixa visão). Os a) em LIBRAS, antes deste ser firmado por pessoa
formulários digitais devem estar em formato que possa ser surda usuária de LIBRAS;
processado por sistemas de leitura e ampliação de tela. b) em LIBRAS tátil, Tadoma, escrita na palma da mão
5.2.4.2 A orientação para o preenchimento de formu- ou alfabeto datilológico, conforme o uso preferencial, an-
lários deve estar disponível nas formas visual, sonora e tátil tes deste ser firmado por pessoa surdo-cega;
(no próprio local ou via Internet) e, quando em formato c) em braille, antes deste ser firmado por pessoa
digital, deve permitir o processamento por sistemas de lei- cega, com baixa visão ou surdo-cega, usuária do sistema
tura e ampliação de tela. braille;

84
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d) em tipologia ampliada, seguindo a preferência de e) ser fluente em LIBRAS e/ou LIBRAS Tátil;
uso, antes de ser firmado por pessoa com baixa visão. f) viabilizar aulas em LIBRAS, na educação infantil e
5.3 Educação no ensino fundamental. g) viabilizar aulas para surdo-ce-
5.3.1 Estabelecimentos de ensino gos e alunos com múltiplas deficiências;
5.3.1.1 Os ambientes de ensino devem prover: h) interpretar em LIBRAS as aulas do ensino médio e/
a) mapas táteis, com a descrição de seus espaços (ver ou superior.
Tabela A.1 no Anexo A); 5.3.2 Acervo bibliográfico e recursos didáticos
b) espaços construídos e sinalizados, como especifi- 5.3.2.1 O acervo bibliográfico deve contemplar versões
cado na ABNT NBR 9050; para os diversos sentidos de percepção:
c) salas de aula devidamente iluminadas; a) material didático e lúdico que estimule o tato, ol-
d) salas de aula com conforto acústico para fato, paladar, visão e/ou audição;
viabilizar a comunicação, com ou sem amplificação b) programas educativos com recursos de acessi-
sonora, como especificado nas ABNT NBR 10152 e ABNT bilidade, como especificado na ABNT NBR 15290:2005,
NBR 12179; Seção 8;
e) segurança e conforto ao aluno, inclusive nos brin- c) gravações sonoras correspondentes ao programa
quedos e mobiliário; em estudo;
f) alarmes sonoros e visuais como especificado na d) recursos de apoio em LIBRAS, tais como fitas VHS,
ABNT NBR 9050:2004, 5.15; CD-Rom interativos, DVD, dicionários ilustrados e outros.
g) sinalização luminosa intermitente (tipo flash) , 5.3.2.2 O acervo bibliográfico das escolas infantis, de
para avisos de: intervalo e de mudança de professor, na nível médio ou superior deve ter disponíveis livros digita-
cor amarela; lizados, em formato digital, que possa ser processado por
incêndio ou perigo, em vermelho e amarelo, com fla- sistemas de leitura e ampliação de tela.
shes mais acelerados. 5.3.2.3 Os recursos didáticos, instrucionais e meto-
NOTA A cor amarela é necessária para dar condições dológicos devem contemplar todas as formas de co-
de visualização às pessoas com baixa visão. municação: visual, oral, descritiva, gestual, sonora etc., com
5.3.1.2 As escolas devem prover recursos materiais e uso de material concreto e tangível sempre que necessário.
tecnologias assistivas que viabilizem o acesso ao conheci- 5.3.2.4 A produção editorial deve estar também dis-
mento, tais como: ponível:
a) recursos óticos para ampliação de imagens (lu- a) em exemplares gravados em formato digital que
pas eletrônicas, programa de ampliação de tela, circuito possa ser processado por sistemas de leitura e ampliação
fechado de TV); de tela, com as devidas proteções tecnológicas (codifica-
b) sistema de leitura de tela, com sintetizador de voz ção, cifragem ou outras);
e display braille; b) em braille e em alfabeto Moon, utilizado pelos
c) computadores com teclado virtual, mouse adapta- surdo-cegos (ver Tabela A.1 no Anexo A).
do e outras tecnologias assistivas da informática; 5.3.2.5 Desenhos, imagens, gráficos e outros materiais
d) máquinas de escrever em braille à disposição dos em tinta devem ter sua versão ampliada e em relevo, para
alunos; viabilizar a escolarização de alunos com baixa visão.
e) gravadores de fita, máquinas para anotação em 5.3.2.6 Escolas, bibliotecas e demais espaços educati-
braille, computador com software específico, scanners, vos devem prover equipamentos e programas de compu-
impressoras em braille; tador com interfaces específicas, como ampliadores de
f) aparelhos de TV, com dispositivos receptores de tela, sintetizadores de voz, impressoras e conversores
legenda oculta e audiodescrição e tela com dimensão braille, entre outras possibilidades.
proporcional ao ambiente, de modo a permitir a identifica- 5.3.2.7 Toda programação de TV, com cunho educa-
ção dos sinais, sejam das personagens, do narrador ou do tivo, deve ter recursos de acessibilidade em comunicação,
intérprete de LIBRAS, nas aulas coletivas; como especificado na ABNT NBR 15290:2005, Seção 4, Se-
g) aparelhos de vídeos, CO-Ram e OVO; ção 6 e Seção 7.
h) sistema de legendas em texto, por estenotipia, re- 5.4 Lazer e cultura
conhecimento de voz, ou outro, para aulas do ensino mé- 5.4.1 Museus, exposições e espaços culturais
dio e/ou superior. Os museus, espaços de exposição e espaços culturais
5.3.1.3 O setor educacional deve prover as necessi- devem ter disponíveis e oferecer:
dades de alunos com deficiência de comunicação a) espaço livre de barreiras que impeçam o aces-
(sensorial, cognitiva, dificuldade de fala e coordenação so aos equipamentos ou tornem o caminho inseguro
motora). A equipe de profissionais deve: ou perigoso, construído e sinalizado como especificado na
a) ler e escrever braille; ABNT NBR 9050;
b) conhecer e utilizar algum sistema de leitura de tela; b) atendimento especializado em LIBRAS e por
c) passar os textos para a forma sonora adequada meio de articulador orofacial, devidamente sinalizado e
(magnética ou digital acessível); divulgado em todo material promocional;
d) anotar as aulas para alunos que necessitem desse c) planos ou mapas táteis ou maquetes com a descri-
apoio; ção de seus espaços (ver Tabela A.1 no Anexo A);

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d) gravações com a descrição dos ambientes, dos a) em locução ou uso da voz;


percursos e roteiros dos pontos de interesse e das obras; b) em sistema de áudio com a descrição das imagens
e) exemplares de libretos e programas, de eventos e e sons; ou
exposições, em braille e em tipos ampliados; c) em impressos em braille.
f) etiquetas e textos com versões em braille e em ti- 5.4.4.2 . Em espetáculos musicais, devem estar dis-
pos ampliados, fixados de forma a poderem ser lidos tanto poníveis exemplares do programa com resumo da narrati-
por pessoas que estejam em pé, como por pessoas senta- va (sinopse) ou letra das músicas.
das, de acordo com a ABNT NBR 9050:2004, 4.7 e Seção 5; 5.4.4.3 Em peças teatrais, é recomendada a utili-
g) serviço especializado de acompanhante para servir zação de recursos e tecnologia assistiva como telões
de guia a pessoas com deficiência visual e surdo-cegos legendados ou outro sistema de legendas em texto.
devidamente divulgado, em meio sonoro ou tátil, e si- 5.4.4.4 A exibição de filmes em salas de cinema
nalizado de acordo com 6.1.2 e 6.1.4; · h) outras formas deve atender às condições de acessibilidade em comu-
de interação e conhecimento das obras de arte expostas, nicação, com a utilização dos recursos de:
tais como réplicas em escala reduzida ou a descrição dos a) legenda detalhada em português, com carac-
trabalhos em locução. terísticas especificadas na ABNT NBR NBR 15290:2005,
Seção 4;
5.4.2 Bibliotecas e centros de informática de uso b) dublagem para o português, quando o idioma ori-
público ginal for estrangeiro;
As bibliotecas, centros de informática e similares de c) sistema de áudio para descrição de imagens e sons
uso público devem dispor de: incompreensíveis ou desapercebidos, sem o uso da visão.
a) espaço construído e sinalizado como especificado 5.4.4.5 A programação de filmes exibidos pela TV
na ABNT NBR 9050; deve atender às condições de acessibilidade na comu-
b) pessoal capacitado para atendimento de pessoas nicação e oferecer as opções de: idioma original e versão
com deficiência; dublada, com os recursos de legenda oculta (CC) e audio-
c) acervo com versões de obras em meio sonoro e descrição, como especificado na ABNT NBR 15290:2005,
visual, ou serviços para que a versão alternativa seja obtida Seção 4 e Seção 6. Filmes falados em português devem
e utilizada, tais como: dispor de CC com legenda detalhada, em português.
programa de ampliação de tela;
5.4.4.6 Programas infantis exibidos pela TV, como de-
sistema de leitura de tela, sintetizador de voz e display
senhos, histórias, contos e outros, educativos ou não, desti-
braille;
nados a crianças não alfabetizadas, devem ter recursos
thermoform e impressora braille ou sistema de leitura
de acessibilidade em comunicação, como especificado
de tela que tenha interação com linhas braille;
na ABNT NBR 15290:2005, Seção 4, Seção 6 e Seção 7, com
scanner, com sistema para reconhecimento ótico de
o intuito de:
caracteres;
a) privilegiar a interpretação de LIBRAS para crianças
outros dispositivos facilitadores e adaptados para
surdas ainda sem fluência na leitura da língua portuguesa;
pessoa com deficiência, como resenhas gravadas em
b} oferecer legenda detalhada em língua portuguesa,
vídeo ou OVO, com a informação cultural e social;
- obras da literatura interpretadas em LIBRAS, para estimular a leitura pelas crianças surdas;
braille ou formato Oaisy. c) oferecer sistema de áudio com descrição de ima-
gens e sons, para atender às crianças cegas.
5.4.3 Publicações e impressos 5.4.4.7 A programação veiculada pela TV deve ter
5.4.3.1 Toda publicação literária deve estar disponível: recursos de acessibilidade em comunicação, como es-
a) em exemplares gravados em meio magnético (dis- pecificado na ABNT NBR 15290:2005, Seção 4, Seção 6 e
quetes, CO etc.); ou Seção 7.
b) em formato digital que possa ser processado por 5.4.4.8 As vídeo-locadoras devem ter disponíveis e
sistemas de leitura e ampliação de tela, com as devidas oferecer:
proteções tecnológicas (codificação, cifragem ou outras). a) exemplares em sistemas VHS e OVO, com os
5.4.3.2 Os impressos em papel Uornais, revistas, livros, diferentes recursos de acessibilidade em comunicação de
folhetos etc.) devem ter versão: acordo com a ABNT NBR 15290:2005, Seção 8;
a) sonora em formato magnético; ou b} listagem do seu acervo em formato digital que
b) digital que possa ser processado por sistemas de possa ser processado por sistemas de leitura e ampliação
leitura e ampliação de tela. de tela.
5.4.4 Espetáculos e programação envolvendo sons 5.5 Saúde
e imagens 5.5.1 Estabelecimentos de saúde
5.4.4.1 Nos espetáculos de sons e imagens realizados 5.5.1.1 Os estabelecimentos de saúde devem prover
em ambientes abertos, ao ar livre ou em ambientes fecha- ambientes de uso público, construídos e sinalizados como
dos, como teatros, cinemas e pavilhões, deve ser fornecida especificado na ABNT NBR 9050 e mapas táteis com a des-
a descrição resumida das imagens: crição dos espaços (ver Tabela A.1 no Anexo A).

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

5.5.1.2 Hospitais, clínicas e demais instituições de as- 5.6.1.2 Todo estabelecimento de hospedagem deve
sistência à saúde devem possibilitar a marcação de consul- ter disponíveis no mínimo:
tas e outras informações por múltiplos meios de comuni- a) marcação em braille nas portas dos quartos e de-
cação, devidamente identificados na lista telefônica e em mais ambientes de uso dos hóspedes;
outros meios de divulgação: b) lista telefônica interna e informações sobre servi-
a) Internet, correio eletrônico, fax, telefone, TS, video- ços em braille, tipologia ampliada (lupa eletrônica ou cir-
phone; cuito fechado de TV) e meios eletrônicos sonoros (fitas k-7
b) CAS - Central de Atendimento ao Surdo; ou outros).
c) SISO- Serviço de Intermediação Surdo Ouvinte. 5.6.1.3 O sistema magnético de tranca das portas dos
quartos deve permitir autonomia ao usuário com deficiên-
5.5.1.3 Hospitais, clínicas e demais instituições de as- cia visual ou surdo-cego. Informações em relevo, ranhuras
sistência à saúde devem utilizar sistemas distintos para ou cortes devem ser utilizadas nos escaninhos de leitura
chamada do paciente para atendimento, visando atender e nos cartões magnéticos, para possibilitar tal autonomia.
ao princípio da redundância na informação: 5.6.1.4 Estabelecimentos que dispuserem de eleva-
a) placas de comunicação visual, eletrônicas ou não, dores devem atender à ABNT NBR NM 313.
onde conste a senha ou o nome do paciente, para chama- 5.6.1.5 Todo estabelecimento de hospedagem
da de pessoas surdas e surdo-cegas; deve prover sistema de comunicação para situações
b) painel eletrônico provido de dispositivo de áudio de emergência nos elevadores e demais dependências de
ou sistema sonoro, informando a senha ou o nome do uso do público. Este sistema deve ser acessível a pessoas
paciente, para chamada de pessoas com deficiência visual. surdas, surdo-cegas e com dificuldade de fala.
5.5.2 Atendimento em estabelecimentos de saúde 5.6.1.6 As unidades habitacionais de estabelecimen-
5.5.2.1 Hospitais, clínicas e demais instituições de as- to de hospedagem, acessíveis a pessoas com deficiência
sistência à saúde devem: sensorial ou dificuldade de fala, devem oferecer:
a) prover a seus médicos, enfermeiras e atendentes, a) aparelho de TV com dispositivos receptores de
conhecimentos sobre as necessidades e limitações na co- legenda oculta e audiodescrição;
municação de pessoas com deficiência visual, auditiva/ b) telefone com disp/ay braille ou com tipologia am-
surdez, surdo-cegueira, deficiência múltipla ou dificul- pliada; ou c) TS, telefone com amplificador de sinal ou
dade de fala, e devem fazer constar as necessidades do vídeophone; e
paciente, nas fichas e demais listagens; d) sinalização luminosa intermitente (tipo flash) para:
b) identificar o atendimento especial em LIBRAS com
batidas na porta ou campainha, em amarelo;
o símbolo internacional de surdez, de acordo com 6.1.3, na
alarme de emergência (incêndio ou perigo) na cor
edificação, nos materiais de divulgação e no uniforme dos
vermelha.
atendentes;
NOTA A cor amarela é necessária para dar condições
c) prover atendimento com apoio de intérprete de
de visualização às pessoas com baixa visão.
LIBRAS e guia intérprete para surdo-cegos, em consultas,
5.6.1.7 A comunicação entre o quarto acessível à
internações e atendimento de emergência por convênio,
pessoa com deficiência auditiva/surdez ou com dificul-
plantão ou meios eletrônicos.
5.5.2.2 Médicos, enfermeiras e atendentes devem dade de fala e os demais setores do estabelecimento
permitir e aguardar que receitas e orientações sejam deve ser viabilizada por sistema que transmita e re-
registradas pela pessoa com deficiência visual (em braille ceba mensagem em texto.
ou gravadas em meio magnético ou eletrônico). 5.6.2 Atendimento em estabelecimentos de hos-
5.5.2.3 As páginas da Internet (sites) de fabricantes de pedagem e turismo
remédios devem estar em formato digital que possa ser 5.6.2.1 Agências de viagem e turismo, redes ho-
processado por sistema de leitura e ampliação de tela teleiras, locadoras de automóveis, restaurantes, pon-
e ter disponíveis para consulta as bulas dos medica- tos turísticos, postos de informações turísticas e demais
mentos. prestadores de serviços turísticos (eventos, museus, tea-
5.5.2.4 tros etc.) devem dispor de meios de comunicação aces-
contendo: síveis a pessoas com deficiência sensorial, para consul-
Toda embalagem de medicamentos e/ou de produtos ta, reserva e resposta. Devem possibilitar no mínimo a
farmacêuticos deve ter inscrição em braille comunicação visual e sonora, via voz (ver Tabelas A.2
a) nome comercial e/ou princípio ativo; e A.3 no Anexo A).
b) dosagem e data de validade; 5.6.2.2 Agências de turismo devem prestar in-
c) número do serviço de atendimento ao consumidor formações sobre as condições de acessibilidade
(serviço 0800). em comunicação, encontradas nos estabelecimentos de
hospedagem e viagens de turismo.
5.6 Hospedagem e turismo 5.6.2.3 Todo serviço de atendimento e de informa-
5.6.1 Estabelecimentos de hospedagem e turismo ções prestado por empresas que atuem com o turismo,
5.6.1.1 Os ambientes dos estabelecimentos de hos- via Internet, deve ser apresentado em formato digital que
pedagem e turismo devem prover mapas táteis do espaço possa ser processado por sistema de leitura e ampliação
de uso do público (ver Tabela A.1 no Anexo A). de tela.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

5.6.2.4 Os serviços de turismo devem prover treina- b) intérprete de LIBRAS para atender a pessoas com
mento de seus funcionários em LIBRAS e LIBRAS tátil. deficiência auditiva.
5.6.2.5 Todo serviço turístico e serviço de recepção e 5.7.2.2 Nos eventos esportivos em que haja a parti-
de guia turístico deve estar identificado e ser divulgado: cipação de atletas, surdos ou surdo-cegos, usuários de
a) com o símbolo internacional de surdez, de acordo LIBRAS, os árbitros, técnicos e outros profissionais afetos
com 6.1.3, quando viabilizado por meio de LIBRAS; devem ter os conhecimentos básicos de LIBRAS. A sinali-
b) com o símbolo da surdo-cegueira, de acordo com zação por apitos deve ser complementada ou substituída
6.1.4, quando houver atendimento por meio de LIBRAS por sinais com bandeira vermelha.
tátil; 5.8 Serviços bancários
c) com o símbolo internacional de pessoas com 5.8.1 Estabelecimentos bancários e instituições fi-
deficiência visual, de acordo com 6.1.2, quando forem nanceiras
viabilizadas informações por braille, tipologia ampliada, 5.8.1.1 Os ambientes dos estabelecimentos bancários
descrição em áudio (de imagens, sons e outras) e instituições financeiras devem prover mapas táteis do es-
5.6.2.6 Para que o hóspede ou turista surdo paço de uso público, atendendo aos critérios de acessibili-
ou surdo-cego usuário de LIBRAS possa identificar dade (ver Tabela A.1 no Anexo A).
os funcionários com conhecimento de LIBRAS, estes 5.8.1.2 Os equipamentos de auto-atendimento de-
funcionários devem estar identificados com o símbolo vem prover recursos específicos de comunicação e in-
internacional de surdez de acordo com 6.1.3. formação para as pessoas com deficiência visual e auditiva,
internacional de surdez de acordo com 6.1.3. como especificado na ABNT NBR 15250.
5.8.2 Atendimento em estabelecimentos bancá-
5.6.2.7 Hotéis e restaurantes devem treinar os seus rios e instituições financeiras
funcionários para a comunicação com pessoas com defi- 5.8.2.1 Estabelecimentos bancários e instituições fi-
ciência, principalmente no que diz respeito aos serviços de nanceiras devem capacitar funcionários, contratados e
quarto, restaurante e recepção. prestadores de serviços para atendimento às pessoas com
5.6.2.8 Hotéis, restaurantes e salas de refeição de- deficiência.
vem dispor de no mínimo um exemplar atualizado, 5.8.2.2 Os serviços de atendimento ao público,
impresso em braille e em tipologia ampliada: seja via telefone, caixas automáticos ou Internet, de
a) do cardápio; empresas bancárias devem propiciar tempos adequados,
b) das facilidades e serviços oferecidos. segundo critérios da usabilidade, para que os clientes com
deficiência possam utilizar esses serviços com autonomia,
5.7 Eventos esportivos como especificado na ABNT NBR 15250.
5.7.1 Edificações e espaços destinados a eventos 5.8.2.3 Estabelecimentos bancários e instituições fi-
esportivos nanceiras devem oferecer às pessoas com deficiência:
5.7.1.1 Espaços para espetáculos desportivos e outras a) tecnologias que permitam a compreensão de cláu-
atrações devem, para atender à demanda, dispor de recur- sulas contratuais, abertura e movimentação de contas e
sos de acessibilidade em comunicação (ver Tabelas A.1, A.2 investimentos e o uso de cartões magnéticos;
, A.3 e A.4, no Anexo A), tais como: b) múltiplos meios de comunicação, para consulta
a) planos ou mapas táteis ou maquetes com a descri- e resposta ao cliente usuário, tais como: Internet, correio
ção de seus espaços; eletrônico, fax, telefone, TS, videophone, CAS ou SISO;
b) gravações com percursos e roteiros; c) mediante solicitação, cópia do documento em meio
c) placas, eletrônicas ou não, de comunicação visual eletrônico, braille e tipologia ampliada e conceder prazo
para todas as informações transmitidas por alto-falantes; para que os contratantes (principalmente surdos usuários
d) telefones, TPS e videophone, devidamente identi- de LIBRAS) possam tomar pleno conhecimento das cláusu-
ficados e sinalizados; las, antes dos contratos serem firmados;
e) sistema de legendas em texto (por meio de telão, d) formas de atendimento personalizado que propor-
sistema de transcrição de fala eletrônico ou outro). cione autonomia, segurança e sigilo das informações, sem
5.7.1.2 Os programas e outros impressos informativos, utilização de intermediário.
como tabelas de campeonato e informações sobre os ti- 5.9 Comércio
mes, devem ser impressos em braille, em tipologia amplia- 5.9.1 Centros de compras, hipermercados e simi-
da ou estar disponíveis em meios eletrônicos sonoros, ou lares
estar disponíveis em terminal com microcomputador dota- 5.9.1.1 Centros de Compras, hipermercados e
do de sistema de leitura e ampliação de tela. demais estabelecimentos comerciais que contenham
5.7.2 Atendimento em eventos esportivos diversos ambientes internos de circulação de público
5.7.2.1 Os espetáculos desportivos e outras atrações devem prover mapas táteis do espaço utilizado (ver
devem dispor de: Tabela A.1 no Anexo A).
a) serviço especializado de acompanhante para ser- 5.9.1.2 Os equipamentos de auto-atendimento de-
vir de guia a pessoas com deficiência visual e surdo-cegos, vem prover recursos específicos de comunicação e
com ou sem agendamento, devidamente divulgado e sina- informação para pessoas com deficiência visual e auditiva,
lizado de acordo com 6.1.2 e 6.1.4; como especificado na ABNT NBR 15250.

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

5.9.1.3 Centros de compras, hipermercados e similares c) a audição da tradução de LIBRAS para a língua por-
devem prover: tuguesa, quando houver a participação de ouvintes;
a) informações sobre as ofertas, em meio visual e d) a atuação do guia intérprete junto ao surdo-cego.
sonoro; 5.10.1.2 Auditórios e salões para eventos devem
b) informações sobre data de validade dos produtos oferecer correta disposição e a reserva de lugares, de modo
em meio tátil e visual; a atender às necessidades da platéia quanto às condições
c) equipamento para leitura do código de barras em de luminosidade e de acústica e propagação do som, de
meio tátil e visual. forma a permitir:
5.9.1.4 Os equipamentos utilizados para transferência a) a visualização do articulador orofacial ou da legen-
eletrônica de fundos, nos pontos de pagamento das com- da em texto, pelos interessados;
pras, devem permitir seu uso com autonomia, segurança e b) a atuação do intérprete de LIBRAS, com segurança
privacidade, por pessoa com deficiência. e desenvoltura;
5.9.2 Atendimento em estabelecimentos comer- c) a visualização do intérprete de LIBRAS, pelos usuá-
ciais rios surdos;
5.9.2.1 Os supermercados, centros comerciais e si- d) a visualização dos gestos do guia intérprete (LI-
milares devem ter disponíveis pessoas treinadas e habili- BRAS em campo reduzido), pelos surdo-cegos;
tadas nos procedimentos necessários para auxiliar pessoas e) que a apresentação seja vista e ouvida pelo intér-
com deficiência para: prete de LIBRAS e pelo guia intérprete;
a) acompanhar pessoas cegas e surdo-cegas até o t) que a tradução de LIBRAS para a língua portugue-
local onde estão os produtos, atentando para informar a sa seja ouvida e entendida pelo público.
direção dos deslocamentos (direita, esquerda, frente, atrás); 5.10.1.3 Nas reuniões, palestras, seminários, progra-
b) informar sobre características e preços de produ- mas de auditório, cultos religiosos entre outros, devem ser
tos; utilizadas tecnologias assistivas, segundo as necessidades
c) alcançar eventuais produtos que estejam fora da da platéia:
área de alcance manual. a) sistema de transcrição simultânea das falas em
5.9.2.2 O atendimento realizado por meio de LI- texto (por estenotipia, estenografia computadorizada, soft-
BRAS, em estabelecimentos comerc1a1s, hipermercados, ware
shoppings e outros, para vendas, crediário, reclamações e de reconhecimento da fala ou outro);
informações, deve ser adequadamente identificado, sinali- b) sistema de áudio com descrição de imagens e sons
zado e divulgado com o símbolo internacional de surdez, por fones de ouvido (como em tradução simultânea).
de acordo com 6.1.3. Filmes, fotos, tabelas, gráficos e imagens outras devem
5.9.2.3 Para que o consumidor surdo ou surdo-cego ser descritos por meios eletrônicos sonoros;
usuário de LIBRAS possa identificar os funcionários com c) telões com intérprete de LIBRAS;
conhecimento de LIBRAS, estes funcionários devem portar d) telões com articulador orofacial;
o símbolo iternacional de surdez em seus uniformes. e) reserva de lugares para a atuação do guia intérpre-
5.9.2.4 Em transações comerciais e na hipótese de te que utilize LIBRAS tátil ou fala ampliada junto ao ouvido
surgir a necessidade de auxílio, deve ser permitido à pes- do surdo-cego.
soa com deficiência visual eleger seu ajudante entre 5.10.2 Atendimento em palestras, seminários,
quem quer que seja (um guarda, um parente, um se- programas de auditório, cultos religiosos e outros
cretário, um ledor etc.). 5.10.2.1 Eventos como reuniões, palestras, fóruns,
5.9.2.5 Os serviços de telecompras devem: encontros, oficinas, depoimentos, entre outros, devem dis-
a) possibilitar o atendimento de chamadas feitas a por e oferecer:
partir de TS, videophone ou CAS (deve ser divulgada a a) informações sobre o conteúdo da apresentação,
existência de número específico para atendimento de TS simultaneamente, em texto e locução;
ou CAS); b) intérprete de LIBRAS para as pessoas surdas usuá-
b) ser compatíveis com sistemas de leitura e amplia- rias de LIBRAS;
ção de tela. c) articulador orofacial para os surdos oralizados.
5.10.2.2 O conteúdo ou resumo dos temas que
5.1O Eventos outros serão apresentados, com vocabulário específico, novos ter-
5.10.1 Estabelecimentos destinados a eventos mos, siglas e abreviaturas, deve ser fornecido aos intérpre-
5.10.1.1 Os espaços destinados à realização de tes e articuladores, em tempo hábil, para que seja estudado
palestras, seminários, programas de auditório, cultos antes do decorrer do evento.
religiosos, entre outros, devem oferecer condições de lu- 5.10.2.3 Programas de auditório e cultos que acolham
minosidade, acústica e propagação do som, com ou sem em sua assistência, ou em seus púlpitos, palcos etc., pes-
amplificação sonora, bem como correta disposição dos lu- soas surdas, surdo-cegas, usuárias de LIBRAS ou oralizadas
gares, de forma a permitir: devem ter disponíveis e oferecer:
a) a visualização da interpretação do português oral a) sistema de legendas em texto;
para LIBRAS; b) articulador orofacial, quando necessário;
b) a visualização da articulação orofacial ou da legen- c) intérprete de LIBRAS;
da em texto; d) guia intérprete.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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5.10.2.4 Conteúdos das apresentações disponíveis 5.11.2.2 A demarcação e a sinalização das vagas para
em texto devem estar também disponíveis em braille, em estacionamento de veículo que conduza ou seja conduzido por
meio magnético ou eletrônico sonoro (fita k-7, disquete, CO pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida devem es-
etc.), em formato digital que possa ser processado por siste- tar de acordo com o especificado na ABNT NBR 9050:2004, 6.12.
ma de leitura e ampliação de tela. 5.11.2.3 Os espaços, equipamentos, mobiliário e sina-
5.10.2.5 Em eventos cobertos por fotógrafos e cine- lização devem atender aos requisitos de acessibilidade espe-
grafistas, a movimentação e atuação destes profissionais não cificados na ABNT NBR 9050:2004, Seção 9.
deve interromper o contato visual entre as pessoas surdas e 5.11.2.4 Deve haver sinalização de alerta e direcional,
o intérprete de LIBRAS ou articulador orofacial, seja pela ilu- como especificado na ABNT NBR 9050:2004, 5.14, orientando
minação, ofuscamento por flashes ou pelo próprio posiciona- o deslocamento nos percursos:
mento do profissional. a) desde o acesso principal ao local de atendimento
preferencial para compra de passagens;
5.11 Transporte de passageiros b) desde o acesso principal ao local de atendimento es-
5.11.1 Geral pecial para embarque;
Os serviços prestados pelo sistema de transporte de pas- c) do local de desembarque ao local de atendimento
sageiros, inclusive aqueles especialmente destinados à pes- especial para saída do terminal.
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida, devem ser 5.11.2.5 Deve haver sinalização visual e linha-guia,
divulgados, com redundância, de forma visual, sonora e tátil. orientando as circulações de embarque e saída.
5.11.1.1 5.11.2.6 Em um conjunto de várias plataformas des-
existentes: tinadas a diferentes linhas de transporte, a comunicação e a
Deve haver informação precisa e atualizada, de acordo sinalização devem informar o esquema de distribuição das
com 5.1, para orientar quanto às facilidades linhas pelas plataformas, com redundância, de forma visual,
a) atendimento preferencial; sonora e tátil.
b) para aquisição e pagamento de bilhete ou de créditos 5.11.2.7 Os serviços para informação direta ao usuário,
de viagem; disponíveis em balcões, boxes ou quiosques, devem estar de
c) identificação da linha; acordo com 5.1.1.2.
tipo de veículo; 5.11.2.8 Os serviços de auto-atendimento disponíveis
itinerário; devem atender aos requisitos de acessibilidade como especi-
tarifa; ficado na ABNT NBR 15250.
tempo de viagem; 5.11.3 Ponto de parada para embarque ou desembarque
locais de embarque e desembarque; 5.11.3.1 A rota acessível até o ponto de parada deve
serviços de auxílio para embarque e desembarque; estar sinalizada como especificado na ABNT NBR 9050.
locais de parada; 5.11.3.2 A sinalização da área reservada para embar-
tempo de parada; que e desembarque de passageiro com deficiência ou com
serviço de transporte de bagagens; mobilidade reduzida deve ser como especificado na ABNT
serviço de transporte de tecnologia assistiva: cadeira de NBR 9050:2004, 5.4.1, 5.9 e 6.12.
rodas, muletas, andador, outros; 5.11.3.3 Informações que identifiquem linhas, destinos
acesso e transporte de cão-guia; e itinerários dos veículos devem estar disponíveis de forma
procedimentos em situações de emergência. visual, tátil e sonora, como especificado na ABNT NBR 9050.
5.11.1.2 Toda e qualquer informação sonora deve 5.11.3.4 Quando pontos de parada estiverem localiza-
estar sincronizada com equivalente informação visual. dos em sequência e atenderem a trajetos distintos
5.11.1.3 As informações visual em texto, tátil ou so- (partindo de diferentes pontos, para diferentes destinos),
nora e verbal devem estar de acordo com 5.1.1.4, 5.1.1.5 e as informações devem incluir:
5.1.1.6, respectivamente. a) a identificação e o itinerário das linhas que param
5.11.1.4 O atendimento prioritário ou uso preferencial naquele ponto de parada;
deve ser sinalizado de acordo com 6.1.1. b) a que distância se encontram os pontos de parada
5.11.1.5 A sinalização de orientação e os procedimen- anterior e posterior;
tos para utilização dos equipamentos de segurança e das fa- c) qual o marco referencial do trajeto das linhas que
cilidades existentes em situações de emergência devem estar param nos pontos anterior e posterior.
de acordo com 5.12.2.5. 5.11.4 Veículo
5.11.1.6 A necessidade de atendimento especial para 5.11.4.1 O nome ou marco referencial do próximo pon-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida durante to de parada deve ser informado, simultaneamente, de forma
a viagem deve ser: sonora (locução) e visual (texto ou símbolo).
a) informada na aquisição de passagem; 5.11.4.2 As informações e dizeres internos devem ter
b) repassada para o pessoal operacional; dimensões e cores que possibilitem a legibilidade e visibi-
c) monitorada durante a viagem, para que seja efetivado lidade, inclusive, às pessoas com baixa visão, como especifi-
o atendimento necessário por pessoal habilitado. cado na ABNT NBR 9050:2004, 5.5.
5.11.2 Terminais de passageiros 5.11.5 Casos específicos
5.11.2.1 Os terminais de passageiros devem pro- 5.11.5.1 Serviços de táxi, vans e carros de aluguel
ver mapas táteis com a descrição do espaço utilizado para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
pelo público (ver Tabela A.1 no Anexo A). devem dispor de:

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

a) sistema de reservas e chamadas por telefone, videophone, CAS, SISO, ou Internet on fine em formato que possa
ser processado por sistema de leitura ou ampliação de tela;
b) motoristas treinados para atendimento; e
c) informações sobre o acesso (por rampa ou elevador), espaço e fixação da cadeira de rodas, de forma sonora
(locução) e visual (texto e ilustração).
5.11.5.2 Outras situações e casos específicos de sinalização e comunicação nos serviços de transporte coletivo
(rodoviário, aquaviário, metroviário ou ferroviário e aéreo) devem atender às respectivas normas de acessibilidade.
NOTA A ABNT possui a informação das normas em vigor em um dado momento.

5.12 Locais de trabalho


5.12.1 Estabelecimentos e postos de trabalho
5.12.1.1 Nos locais de trabalho, convém que os recursos de comunicação estejam adequados às novas tecno-
logias, tais como:
a) sistema de som para transmissão de informes de interesse coletivo;
b) descrição, em locução (uso de voz), da imagem e do texto escrito;
c) texto escrito com o conteúdo da locução;
d) computadores com sistema de leitura e ampliação de tela.
5.12.1.1 Nos postos de trabalho, convém haver disponível:

a) aparelho de fax, computador com acesso à Internet, TS, videophone, Intranet, SMS (short message service)
etc.;
b) sinalização sonora e visual para entrada, saída, intervalo e troca de turno;
c) sinalização sonora, visual e tátil de emergência.
5.12.2 Atendimento nos estabelecimentos e postos de trabalho
5.12.2.1 Em local de trabalho onde exista a movimentação de veículos, máquinas carregadeiras, guindastes ou
similares, é recomendado que o funcionário com deficiência auditiva, visual, ou surdo-cegueira esteja visivelmente
identificável, por meio de algum elemento em seu uniforme (capacete ou outro equipamento), visando informar aos de-
mais que ele pode não estar ouvindo a aproximação das máquinas ou pode não estar vendo a sinalização de alerta.
5.12.2.2 É recomendado aos locais de trabalho que recebam pessoas com deficiência, clientes ou funcionários, si-
mular o resgate e o escape para esse público, em situações de emergência.
5.12.2.3 É recomendado que a sinalização de orientação e os procedimentos de utilização dos equipamentos de
segurança e das facilidades existentes, para situações de emergência, estejam como especificados na ABNT NBR
9050:2004, Seção 5, e na ABNT NBR 13434 (todas as partes).

6 Diretrizes para identificação da acessibilidade


A identificação da acessibilidade é realizada por meio de símbolos gráficos que, através de uma figura con-
vencionada, informam a existência de ambientes, serviços e produtos com condições de uso por pessoa com deficiência.
Todos os símbolos podem ser associados a uma sinalização direcional.

6.1 Símbolos de identificação da acessibilidade


6.1.1 Atendimento preferencial
A sinalização indicativa de atendimento prioritário ou uso preferencial deve indicar os beneficiários desse direito por
meio de símbolos como o mostrado na Figura 1.

6.1.2 Acessibilidade a pessoas com deficiência visual


6.1.2.1 A representação do símbolo internacional de pessoas com deficiência visual consiste em um pictograma
inserido em um quadrado, apresentando uma pessoa em pé e de perfil, segurando uma bengala, voltada para a direita.
6.1.2.2 O símbolo internacional de pessoas com deficiência visual deve ser representado em branco sobre fundo azul
(referência Munsell 1085/1O ou Pantone 2925 C). Quando em material gráfico em preto e branco, o símbolo internacional
de pessoas com deficiência visual pode, opcionalmente, ser representado em branco sobre fundo preto ou preto sobre
fundo branco, como mostrado na Figura 2.

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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6.1.3 Acessibilidade a pessoas com surdez e usuárias de LIBRAS


6.1.3.1 A representação e o uso do Símbolo Internacional de Surdez estão estabelecido na Lei Federal
nº 8160/91.
6.1.3.2 O símbolo internacional de surdez consiste em um pictograma que apresenta o desenho de uma orelha es-
tilizada, disposta como se a face estivesse voltada para a esquerda e, supostamente, cortada por uma tarja que desce do
canto superior direito para o canto inferior direito do retângulo, no qual está inserido (a tarja não se sobrepõe ao desenho
da orelha).
6.1.3.3 O símbolo internacional de surdez deve ser representado em branco sobre fundo azul (referência Munsell
1085/1O ou Pantone 2925 C). Quando em material gráfico em preto e branco, o símbolo internacional de surdez pode, op-
cionalmente, ser representado em branco sobre fundo preto ou preto sobre fundo branco, como mostrado na Figura 4.
como mostrado na Figura 4.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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6.1.4 Acessibilidade a pessoas surdo-cegas


6.1.4.1 A representação do símbolo de surdo-cegueira, para identificação da acessibilidade a pessoas com surdo-ce-
gueira, consiste em um pictograma sobreposto a uma base retangular, branca e ao alto, apresentando:
a) fundo azul escuro de forma retangular, na horizontal, com uma fonte de luz em destaque no canto superior esquerdo;
b) ondas sonoras (quatro) que se expandem para a direita e ultrapassam o fundo azul escuro na parte superior;
c) uma bengala (especial para surdo-cegos) com as cores simbólicas internacionais, vermelha e branca, que atravessa
diagonalmente, do alto esquerdo para baixo, ultrapassa o fundo azul-escuro e conduz o olhar para a palavra surdo-cegueira, que
sobressai ao longo da base do retângulo branco;
d) o símbolo internacional da comunicação, na cor amarela, que une os elementos: fonte de luz, ondas sonoras e bengala;
e) a palavra Surdo-cegueira, em fonte Avantgarde bk bt e com a inicial, letra “S”, aumentada e deslocada para baixo, dando
destaque à composição.
6.1.4.2 o símbolo de surdo-cegueira deve ser representado a cores ou em preto e tons de cinza sobre a base retangular
branca.

6.2 Acessibilidade por meio de equipamentos


6.2.1 Acessibilidade por meio de telefone com amplificador sonoro
6.2.1.1 A representação do símbolo de telefone com amplificador sonoro consiste em um pictograma, inserido em um
quadrado, apresentando um fone de telefone tradicional, em vista lateral, com desenho simbólico de ondas sonoras sendo
emitidas.
6.2.1.2 O símbolo de telefone com amplificador sonoro deve ser: utilizado para:
indicar a direção e o local onde são encontrados aparelhos com esse dispositivo;
identificar o aparelho telefônico que disponha desse dispositivo;
representado em branco sobre fundo azul (referência Munse/1 1085/10 ou Pantone 2925 C). Quando em material
gráfico, pode ser representado em branco sobre fundo preto ou preto sobre fundo branco.
A Figura 8 mostra exemplo de representação de telefone com amplificador sonoro.

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6.2.2 Acessibilidade por meio de telefone para surdos b) representado como mostrado na Figura 11;
6.2.2.1 Os símbolos que identificam a existência de c) conter, quando utilizado na sinalização de rodo-
acessibilidade por meio de telefone especialmente desti- vias, o texto: TELEFONE PÚBLICO PARA SURDOS’, seguido
nado à pessoa surda ou com dificuldade de fala podem es- da informação da sua localização, por exemplo: “No próxi-
tar associados ao símbolo internacional de surdez e devem mo posto de pesagem” ou “Na próxima praça de pedá-
estar representados em branco sobre fundo azul (referência gio” ou outro, como mostrado nas Figuras 12 e 13.
Munse/11 085/1O ou Pantone 2925 C).
6.2.2.2 O símbolo do SISO- serviço de intermediação
surdo ouvinte- deve:
a) estar associado à informação textual: SERVIÇO 142,
ou VIA Celular; ou VIA Videophone;
b) constar em toda divulgação realizada pela empresa
de serviços de telefonia que ofertar esse serviço, como mos-
trado na Figura 9.

6.2.2.3 O símbolo de atendimento ao consumidor surdo


porCAS deve:
a) constar:
nas embalagens, junto ao número do telefone CAS da
empresa fabricante do produto;
na publicidade, junto ao número do telefone CAS da
prestadora de serviços que atenda ao surdo; 7.1.1.4 Para os serviços de interpretação de LIBRAS:
junto ao número do telefone CAS das instituições públi- a) a participação do intérprete de LIBRAS deve ser
cas e empresas prestadoras ou concessionárias de serviços prevista e programada com antecedência;
públicos que atendam ao cidadão surdo por esse sistema; b) deve ser fornecido ao intérprete, com antecedên-
b) ser representado como mostrado na Figura 1O. cia, o conteúdo em texto com informações e detalhes;
c) durante sua atuação o intérprete deve receber de
forma visual e sonora o objeto, mensagem ou informação
a ser transmitida.
7.1.2 Requisitos do profissional intérprete de LI-
BRAS
7.1.2.1 O intérprete de LIBRAS deve ser:
conhecedor dos aspectos relacionados com a cultura
surda;
capacitado nas duas línguas: LIBRAS e língua portu-
guesa;
c) capacitado, quando possível, na interpretação
de outro idioma, diferente do português, para LIBRAS, e
6.2.2.4 O aparelho de telefone fixo com mensagem de na tradução de LIBRAS para esse outro idioma, visando à
texto, TS ou TPS deve ser instalado em linha telefônica con- atuação em eventos internacionais.
vencional de residências, hotéis, escritórios, clínicas, empresas 7.1.2.2 O intérprete de LIBRAS deve ser habilitado na
prestadoras ou concessionárias de serviços públicos, escolas interpretação:
etc., para viabilizar a troca de mensagens digitadas como a) da língua portuguesa, oral e escrita, para LIBRAS;
especificado na ABNT NBR 9050:2004, 9.2.3.1. b) de LIBRAS para a língua portuguesa, oral e escrita.
6.2.2.5 O símbolo de TS ou TPS deve ser: 7.1.2.3 O intérprete de LIBRAS deve ter:
a) utilizado para indicar: a) conhecimento e fluência no uso de LIBRAS;
a direção e o local onde são encontrados aparelhos TS ) conhecimento aprofundado sobre a gramática das
ou TPS; duas línguas: língua portuguesa e LIBRAS;
a existência de linhas telefônicas com aparelhos TS c) domínio das técnicas de interpretação;
conectados, em listas telefônicas, embalagens e outros d) boa dicção e voz agradável, para transmissão clara do
meios de divulgação; que for dito por pessoas surdas.

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7.2 Articulador orofacial a) estar atento e disponível 24 h por dia, substituindo a


7.2.1 Serviços de articulador orofacial bengala ou a ajuda de pessoas videntes;
7.2.1.1 Os serviços de articulador orofacial devem garantir: b) memorizar trajetos usuais, facilitando o deslocamento
a) fidedignidade (o articulador não altera a informação); da pessoa cega ou surdo-cega, desviar de obstáculos, mesmo
b) imparcialidade (o articulador não interfere com opi- aéreos, como orelhões e outros, atravessar ruas e reconhecer
niões próprias); um lugar novo em poucos dias;
c) impessoalidade (o articulador é um instrumento im- c) ignorar a ordem que ponha em risco a pessoa cega
pessoal); ou surdo-cega;
d) a mediação da comunicação da pessoa surda-oraliza- d) não receber alimento quando estiver com o arreio.
da com as pessoas ouvintes, quando necessário. 7.4.2 Guia vidente de cegos
7.2.1.2 O articulador orofacial deve: 7.4.2.1 A pessoa que vier a atuar como guia vidente de
a) colocar-se de frente para o interlocutor com a ilumi- uma pessoa cega ou com baixa visão, nas diversas situações
nação incidindo sobre si; do dia-a-dia, deve:
b) estar a uma distância máxima de 2 m para que tenha a) dar uma pista sonora de sua aproximação e apre-
liberdade de movimentos e permita que a visibilidade seja sentar-se;
eficiente e suficiente, posicionar-se próximo e de frente para b) oferecer ajuda para orientação ou como guia para
o interlocutor surdo. locomoção;
7.2.2 Requisitos do articulador orofacial c) saber que a ajuda pode ser recusada e receber a re-
O articulador orofacial deve: cusa com naturalidade;
a) apresentar boa conformação bucal, sem barba e sem d) ser discreta na ajuda;
bigodes; e) descrever e dar orientação sobre o ambiente e des-
b) realçar com batom o contraste entre os lábios e a face; pedir-se, antes de se afastar.
c) articular bem as palavras, em velocidade normal, sem 7.4.2.2 Ao ser solicitado a ajudar, o guia vidente deve
exagerar; perguntar como a pessoa deve ser conduzida e:
d) ter conhecimentos fonéticos da língua que está usando; a) deixar que a pessoa a ser guiada segure seu braço
e) contextualizar o assunto em pauta para o interlocutor na altura do cotovelo (posição básica do guia vidente), ou no
surdo; ombro ou no pulso, dependendo da preferência e da diferen-
f) falar com voz normal e não gritar quando o interlo- ça de estatura entre ambos;
b) caminhar meio passo à frente;
cutor não entender.
c) descrever o ambiente e o percurso de maneira breve e clara;
7.3 Guia intérprete
d) permitir a efetiva participação da pessoa que está
7.3.1 Serviços de guia intérprete
sendo guiada nas decisões sobre o que ocorrer durante o
O profissional guia intérprete deve:
deslocamento.
a) servir de canal de comunicação e visão entre a pessoa
7.4.2.3 Para acompanhar mais de uma pessoa cega, o
surdo-cega e o meio no qual ela está interagindo guia vidente deve:
(o mundo); a) no caso de duas pessoas cegas- posicionar uma de cada
b) contextualizar o sentido, na língua de destino (inter- lado, permitir que segurem em seu braço direito e braço esquer-
pretação) ou na mesma língua e em outro sistema de comu- do, respectivamente, e caminhar meio passo à frente das duas;
nicação, no sistema utilizado pela pessoa surdo-cega (transli- b) no caso de quatro pessoas- posicionar as duas
teração ou tradução); primeiras como o descrito anteriormente e as duas outras
c) transmitir todas as informações de modo fidedigno e imediatamente atrás das primeiras, segurando no braço ou
compreensível à pessoa surdo-cega; ombro interno da pessoa que estiver a sua frente, em contato
d) descrever o que ocorre em torno da situação de co- direto com o guia;
municação a qual inclui, tanto o espaço físico em que esta se c) em grupos maiores - para as quatro primeiras, o
apresenta, como as características e atividades das pessoas posicionamento descrito anteriormente deve se repetir e os
nela envolvidas. Esta habilidade denomina-se descrição visual; demais devem tomar posição alternada, à direita e à esquer-
e) facilitar o deslocamento e a mobilidade da pessoa da, segurando sempre no braço ou ombro interno da pessoa
surdo-cega no meio, habilidade que é chamada de guia. que estiver à sua frente;
7.3.2 Requisitos do guia intérprete d) em situação de emergência - a partir do guia viden-
a) O guia intérprete deve compreender a mensagem em te, deve ser adotada a fila indiana, com cada pessoa segu-
uma língua e extrair o sentido através das informações: rando no braço ou ombro da pessoa que estiver à sua frente.
b) linguísticas, por meio de palavras, orações, aspectos 7.4.2.4
como intensidade, tom, timbre, entonação, acentuação, ritmo Em passagem por fluxo intenso de pessoas, entre
e pausa; mobílias e objetos, por corredores estreitos
c) extralinguísticas, por meio de pistas sonoras ou vi- a) o guia vidente deve dar uma pista verbal ou com
suais provenientes do emissor e da situação comunicativa. o movimento do próprio corpo (cinestésica) de que há
7.4 Guia de cegos e de surdo-cegos passagem estreita;
7.4.1 Cão-guia b) as pessoas cegas devem ser orientadas a se posi-
7.4.1.1 No exercício de sua função, o cão-guia deve cionar atrás do guia, em fila indiana, ao pressentimento de
ter o direito de entrar em qualquer ambiente, público ou uma passagem estreita;
privado de uso público. c) o posicionamento inicial deve ser reassumido ao
7.4.1.2 O cão-guia deve estar treinado para: ser ultrapassada a passagem estreita.

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7.4.2.5 deve: a) dar uma pista visual e sonora de sua aproximação;


Para permitir à pessoa cega utilizar um assento, com na- b) apresentar-se dizendo seu nome e gentilmente en-
turalidade e independência, o guia vidente. costar a mão na mão da pessoa a ser guiada;
a) conduzir a pessoa até a proximidade do assento e c) saber que esta é a indicação para a pessoa surdo-ce-
relatar verbalmente sua posição e características; ga pegar em seu braço;
b) auxiliar no contato inicial, levando a mão da pessoa d) ser segura e cortês durante toda a ajuda;
cega até o espaldar ou braço do assento; e) fornecer informações sobre o contexto e dados sobre
c) auxiliar no momento de levantar, estabelecendo con- o ambiente, ajudando o surdo-cego a ser ativo no processo
tato ou dando uma pista verbal. e curtir a experiência.
7.4.2.6 Para conduzir pessoas cegas por desníveis, de- 7.4.3.2 Ao perceber que uma pessoa surdo-cega deseja
graus e escadas, o guia vidente deve: ou precisa ser guiada, o guia intérprete deve:
a) estabelecer a posição básica do guia vidente, como a) perguntar primeiro e, em seguida, oferecer o braço;
especificado em 7.4.2.2 a); b) deixar que a pessoa surdo-cega adote a posição que
b) estar sempre um degrau à frente da pessoa cega; preferir, para ser guiada: segurando o braço do guia, próximo
c) fazer uma breve pausa em frente ao degrau, ao iniciar do cotovelo; ou de braços dados, segurando levemente o ante-
a subida ou a descida; braço do guia; ou de mãos dadas e braços unidos; ou colocan-
d) fazer uma breve pausa ao final das subidas, das des- do a mão no ombro do guia, geralmente, quando é mais alta.
cidas, ao final das escadas e nos patamares; 7.4.3.3 Durante o trajeto, a postura deve ser confortável
e) dar preferência de uso do corrimão à pessoa cega. para ambas as pessoas:
7.4.2.7 Para permitir a busca de objetos e contribuir a) a pessoa surdo-cega deve posicionar-se de acordo
sua exploração e utilização independente por uma pessoa com sua vontade, em termos de conforto, e do lado que pu-
cega, o guia vidente deve: der melhor aproveitar seus resíduos auditivos;
a) posicionar a pessoa em frente ao objeto a ser ex- b) o guia intérprete deve manter ambos os braços bem
plorado (balcões, gôndolas, bilheterias, bloqueios, bancos de próximos da lateral do corpo e o braço de apoio bem relaxa-
espera, portas, portões e outros); do e flexionado a mais ou menos 90° ;
b) deixar que a pessoa cega busque o contato inicial c) a pessoa surdo-cega deve caminhar meio passo atrás
com o objeto, tendo o dorso de suas duas mãos voltado para do guia e o ritmo da caminhada deve ser confortável para ela;
cima, aplicar um dos modelos de busca e pesquisa; d) o guia intérprete deve evitar apressar-se ou correr, pois
pode ser extremamente assustador para a pessoa surdo-cega.
c) aguardar que todas as características do objeto ou
7.4.3.4 Passando por lugares estreitos, o guia intérprete deve:
equipamento sejam conhecidas, assim como seu uso e função.
a) direcionar o cotovelo do braço de apoio para o centro
7.4.2.8 Para permitir que uma pessoa cega se familiarize
de suas costas;
com um ambiente específico, o guia vidente deve:
b) deixar que a pessoa guiada estenda o braço e possa
a) orientar a pessoa na utilização das linhas-guias ou
andar, em fila única, um passo atrás do guia;
guias de balizamento naturais, presentes no ambiente (roda- c) caminhar com cuidado, informando à pessoa surdo-
pé, parede, mureta, grelha de escoamento de águas, linhas de cega sobre o ambiente;
grama, pedriscos, corrimãos, correntes usadas em fechamen- d) retornar à posição normal de caminhada, tão logo
to de áreas etc.); tenha ultrapassado a passagem estreita.
b) orientar a pessoa para o uso eficaz dos componentes 7.4.3.5 Abrindo portas, o guia intérprete deve:
de acessibilidade existentes no ambiente (pisos táteis, de aler- a) posicionar-se de modo que a pessoa surdo-cega fi-
ta ou direcionais, sinalização e comunicação tátil); que do mesmo lado da dobradiça da porta;
c) orientar a pessoa cega para os obstáculos aéreos b) informar à pessoa ou indicar para que lado a porta
existentes nas suas rotas de deslocamento (orelhões, caixas abre, se abre para dentro ou para fora;
de correio, placas de sinalização no nível do rosto, vegetação c) caso a pessoa guiada não seja capaz de abrir a porta
agressiva, postes, árvores, jardineiras, lixeiras, desníveis etc.). sozinha, o guia intérprete deve fazê-lo.
7.4.2.9 Para auxiliar uma pessoa cega no embarque e de- 7.4.3.6 Diante de um meio-fio, o guia intérprete deve:
sembarque de um meio de transporte, a pessoa que atuar a) parar brevemente; e
como guia vidente deve: b) levantar ou abaixar o braço de apoio, conforme seja
a) no embarque- levar a mão da pessoa cega a con- o próximo movimento, de subida ou de descida.
tatar a alça, corrimão ou balaústre junto à porta e orientá-la a 7.4.3.7 Utilizando escadas, o guia intérprete deve: avisar à
ocupar o assento mais próximo ou preferencial; pessoa que estão se aproximando da escada e que vão subir
b) no desembarque - aguardar que a pessoa cega ou descer;
faça o desembarque com independência, após ter feito uma se dirigir perpendicularmente para a escada e parar no
varredura com a bengala para verificação de vãos, obstáculos canto do primeiro degrau;
e alturas a transpor; posicionar a mão sob a mão da pessoa surdo-cega e se-
c) no terminal- conduzir a pessoa cega para a saída por gurar o corrimão de forma que os dedos da pessoa façam
ela indicada e solicitada. contato com o corrimão; retirar lentamente a mão para que a
pessoa surdo-cega segure o corrimão; caminhar na frente ou
7.4.3 Guia intérprete de surdo-cegos ao lado da pessoa, oferecendo seu braço como apoio; con-
7.4.3.1 A pessoa que for atuar como guia intérprete tinuar no mesmo ritmo até que alcance o topo ou a base da
na orientação e mobilidade de uma pessoa surdo-cega em escada; parar brevemente ao final da escada; e retornar à po-
situações do dia-a-dia deve: sição normal de caminhada.

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7.4.3.8 Buscando um assento, o guia intérprete deve: Art. 2o  São princípios fundamentais dos museus: 
a) conduzir a pessoa até a proximidade do assento; I – a valorização da dignidade humana; 
b) descrever o tipo de assento e, colocando sua mão II – a promoção da cidadania; 
sob a mão da pessoa surdo-cega, explorar o assento, levan- III – o cumprimento da função social; 
do ambas as mãos até o encosto ou banco, de modo que IV – a valorização e preservação do patrimônio cultural e
os dedos da pessoa surdo-cega façam contato e ela possa ambiental; 
reconhecer a posição e o tipo de assento; V – a universalidade do acesso, o respeito e a valorização
c) deixar que a pessoa surdo-cega sente-se, quando se à diversidade cultural; 
sentir pronta para tal. VI – o intercâmbio institucional. 
7.4.3.9 Entrando em um carro, o guia intérprete deve: Parágrafo único.  A aplicação deste artigo está vinculada
a) colocar sua mão sob a mão da pessoa surdo-cega aos princípios basilares do Plano Nacional de Cultura e do
e tatilmente mostrar a altura e o tipo de maçaneta do carro; regime de proteção e valorização do patrimônio cultural. 
b) permitir que a pessoa abra a porta e entre no veículo Art. 3o  Conforme as características e o desenvolvimento
por si só; caso a pessoa surdo-cega não seja capaz de abrir a de cada museu, poderão existir filiais, seccionais e núcleos ou
porta do carro sozinha, o guia intérprete deve fazê-lo e indicar anexos das instituições. 
que a porta está aberta e qual a altura do teto do carro; Parágrafo único.  Para fins de aplicação desta Lei, são definidos: 
c) saber que, desta forma, a pessoa é capaz de identifi- I – como filial os museus dependentes de outros quanto
car a altura do teto e entrar, evitando bater a cabeça. à sua direção e gestão, inclusive financeira, mas que possuem
plano museológico autônomo; 
7.5 Descrição de imagens e sons II – como seccional a parte diferenciada de um museu
7.5.1 Serviços de descrição de imagens e sons que, com a finalidade de executar seu plano museológico,
A descrição de imagens e sons deve transmitir, de forma ocupa um imóvel independente da sede principal; 
sucinta, o que não pode ser entendido sem a visão. Devem ser III – como núcleo ou anexo os espaços móveis ou imóveis
evitados monotonia e exageros. que, por orientações museológicas específicas, fazem parte
7.5.2 Requisitos da descrição de imagens e sons de um projeto de museu.  
7.5.2.1 A descrição deve ser compatível com o programa: Art. 4o  O poder público estabelecerá mecanismos de fomen-
a) deve ser objetiva na programação para adultos e mais to e incentivo visando à sustentabilidade dos museus brasileiros.  
poética em programas infantis; Art. 5o  Os bens culturais dos museus, em suas diversas
b) em eventos de época devem ser fornecidas informa- manifestações, podem ser declarados como de interesse pú-
ções que facilitem a compreensão do programa; blico, no todo ou em parte. 
c) a descrição subjetiva deve ser evitada. § 1o  Consideram-se bens culturais passíveis de musea-
7.5.2.2 É recomendado que narradores e locutores te- lização os bens móveis e imóveis de interesse público, de
nham boa dicção. natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência ao ambiente natural, à
ESTATUTO DE MUSEUS: LEI Nº 11.904. identidade, à cultura e à memória dos diferentes grupos for-
TRAJETÓRIA DOS MUSEUS DE CIÊNCIA E madores da sociedade brasileira. 
TECNOLOGIA NO BRASIL. § 2o  Será declarado como de interesse público o acervo
dos museus cuja proteção e valorização, pesquisa e acesso à
sociedade representar um valor cultural de destacada impor-
tância para a Nação, respeitada a diversidade cultural, regio-
LEI Nº 11.904, DE 14 DE JANEIRO DE 2009. nal, étnica e linguística do País. 
Institui o Estatuto de Museus e dá outras providências. § 3o  (VETADO) 
Art. 6o  Esta Lei não se aplica às bibliotecas, aos arquivos,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- aos centros de documentação e às coleções visitáveis. 
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  Parágrafo único.  São consideradas coleções visitáveis os con-
juntos de bens culturais conservados por uma pessoa física ou jurí-
CAPÍTULO I dica, que não apresentem as características previstas no art. 1o des-
Disposições Gerais ta Lei, e que sejam abertos à visitação, ainda que esporadicamente. 

Art. 1o  Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, CAPÍTULO II


as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, Do Regime Aplicável aos Museus
comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação,
estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjun- Art. 7o  A criação de museus por qualquer entidade é livre,
tos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico independentemente do regime jurídico, nos termos estabele-
ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a cidos nesta Lei.  
serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.  Art. 8o  A criação, a fusão e a extinção de museus serão
Parágrafo único.  Enquadrar-se-ão nesta Lei as institui- efetivadas por meio de documento público.  
ções e os processos museológicos voltados para o trabalho § 1o  A elaboração de planos, programas e projetos mu-
com o patrimônio cultural e o território visando ao desen- seológicos, visando à criação, à fusão ou à manutenção dos
volvimento cultural e socioeconômico e à participação das museus, deve estar em consonância com a Lei no 7.287, de
comunidades.   18 de dezembro de 1984. 

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§ 2o  A criação, a fusão ou a extinção de museus deverá Subseção I


ser registrada no órgão competente do poder público.   Da Preservação, da Conservação, da Restauração e
Art. 9o  Os museus poderão estimular a constituição de da Segurança 
associações de amigos dos museus, grupos de interesse es- Art. 21.  Os museus garantirão a conservação e a segu-
pecializado, voluntariado ou outras formas de colaboração e rança de seus acervos. 
participação sistemática da comunidade e do público.   Parágrafo único.  Os programas, as normas e os proce-
§ 1o  Os museus, à medida das suas possibilidades, facul- dimentos de preservação, conservação e restauração serão
tarão espaços para a instalação de estruturas associativas ou elaborados por cada museu em conformidade com a legis-
de voluntariado que tenham por fim a contribuição para o lação vigente.  
desempenho das funções e finalidades dos museus.  Art. 22.  Aplicar-se-á o regime de responsabilidade so-
§ 2o  Os museus poderão criar um serviço de acolhimento, lidária às ações de preservação, conservação ou restaura-
formação e gestão de voluntariado, dotando-se de um regu- ção que impliquem dano irreparável ou destruição de bens
lamento específico, assegurando e estabelecendo o benefício culturais dos museus, sendo punível a negligência.  
mútuo da instituição e dos voluntários. 
Art. 23.  Os museus devem dispor das condições de
Art. 10.  (VETADO) 
segurança indispensáveis para garantir a proteção e a inte-
Art. 11.  A denominação de museu estadual, regional ou
gridade dos bens culturais sob sua guarda, bem como dos
distrital só pode ser utilizada por museu vinculado a Unidade
da Federação ou por museus a quem o Estado autorize a uti- usuários, dos respectivos funcionários e das instalações. 
lização desta denominação.  Parágrafo único.  Cada museu deve dispor de um Pro-
Art. 12.  A denominação de museu municipal só pode ser grama de Segurança periodicamente testado para prevenir
utilizada por museu vinculado a Município ou por museus a e neutralizar perigos. 
quem o Município autorize a utilização desta denominação.  Art. 24.  É facultado aos museus estabelecer restrições
à entrada de objetos e, excepcionalmente, pessoas, desde
Seção I que devidamente justificadas.  
Dos Museus Públicos Art. 25.  As entidades de segurança pública poderão
Art. 13.  São considerados museus públicos as instituições cooperar com os museus, por meio da definição conjunta
museológicas vinculadas ao poder público, situadas no terri- do Programa de Segurança e da aprovação dos equipa-
tório nacional.  mentos de prevenção e neutralização de perigos. 
Art. 14.  O poder público firmará um plano anual prévio, Art. 26.  Os museus colaborarão com as entidades de
de modo a garantir o funcionamento dos museus públicos e segurança pública no combate aos crimes contra a proprie-
permitir o cumprimento de suas finalidades.  dade e tráfico de bens culturais. 
Art. 15.  Os museus públicos serão regidos por ato nor- Art. 27.  O Programa e as regras de segurança de cada
mativo específico.  museu têm natureza confidencial. 
Parágrafo único.  Sem prejuízo do disposto neste artigo, o Parágrafo único.  (VETADO) 
museu público poderá estabelecer convênios para a sua gestão. 
Art. 16.  É vedada a participação direta ou indireta de pes- Subseção II
soal técnico dos museus públicos em atividades ligadas à co- Do Estudo, da Pesquisa e da Ação Educativa
mercialização de bens culturais. 
Parágrafo único.  Atividades de avaliação para fins comer- Art. 28.  O estudo e a pesquisa fundamentam as ações
ciais serão permitidas aos funcionários em serviço nos mu- desenvolvidas em todas as áreas dos museus, no cumpri-
seus, nos casos de uso interno, de interesse científico, ou a mento das suas múltiplas competências. 
pedido de órgão do Poder Público, mediante procedimento § 1o  O estudo e a pesquisa nortearão a política de
administrativo cabível.  aquisições e descartes, a identificação e caracterização dos
Art. 17.  Os museus manterão funcionários devidamente bens culturais incorporados ou incorporáveis e as ativida-
qualificados, observada a legislação vigente.  des com fins de documentação, de conservação, de inter-
Parágrafo único.  A entidade gestora do museu público pretação e exposição e de educação.  
garantirá a disponibilidade de funcionários qualificados e em § 2o  Os museus deverão promover estudos de público,
número suficiente para o cumprimento de suas finalidades.  diagnóstico de participação e avaliações periódicas objeti-
vando a progressiva melhoria da qualidade de seu funcio-
Seção II namento e o atendimento às necessidades dos visitantes.  
Do Regimento e das Áreas Básicas dos Museus Art. 29.  Os museus deverão promover ações educa-
Art. 18.  As entidades públicas e privadas de que depen- tivas, fundamentadas no respeito à diversidade cultural e
dam os museus deverão definir claramente seu enquadra- na participação comunitária, contribuindo para ampliar o
mento orgânico e aprovar o respectivo regimento.  acesso da sociedade às manifestações culturais e ao patri-
Art. 19.  Todo museu deverá dispor de instalações ade- mônio material e imaterial da Nação. 
quadas ao cumprimento das funções necessárias, bem Art. 30.  Os museus deverão disponibilizar oportunida-
como ao bem-estar dos usuários e funcionários.  des de prática profissional aos estabelecimentos de ensino
Art. 20.  Compete à direção dos museus assegurar o que ministrem cursos de museologia e afins, nos campos
seu bom funcionamento, o cumprimento do plano museo- disciplinares relacionados às funções museológicas e à sua
lógico por meio de funções especializadas, bem como pla- vocação.  
nejar e coordenar a execução do plano anual de atividades. 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

Subseção III Parágrafo único.  No caso de extinção dos museus, os


Da Difusão Cultural e Do Acesso aos Museus seus inventários e registros serão conservados pelo órgão ou
entidade sucessora.  
Art. 31.  As ações de comunicação constituem formas de Art. 41.  A proteção dos bens culturais dos museus se
se fazer conhecer os bens culturais incorporados ou deposita- completa pelo inventário nacional, sem prejuízo de outras
dos no museu, de forma a propiciar o acesso público.   formas de proteção concorrentes. 
Parágrafo único.  O museu regulamentará o acesso públi- § 1o  Entende-se por inventário nacional a inserção de da-
co aos bens culturais, levando em consideração as condições dos sistematizada e atualizada periodicamente sobre os bens
de conservação e segurança.  culturais existentes em cada museu, objetivando a sua identi-
Art. 32.  Os museus deverão elaborar e implementar pro- ficação e proteção. 
gramas de exposições adequados à sua vocação e tipologia, § 2o  O inventário nacional dos bens dos museus não terá
com a finalidade de promover acesso aos bens culturais e es- implicações na propriedade, posse ou outro direito real. 
timular a reflexão e o reconhecimento do seu valor simbólico.  § 3o  O inventário nacional dos bens culturais dos museus
Art. 33.  Os museus poderão autorizar ou produzir publi- será coordenado pela União. 
cações sobre temas vinculados a seus bens culturais e peças § 4o  Para efeito da integridade do inventário nacional, os
publicitárias sobre seu acervo e suas atividades.  museus responsabilizar-se-ão pela inserção dos dados sobre
§ 1o  Serão garantidos a qualidade, a fidelidade e os pro- seus bens culturais.  
pósitos científicos e educativos do material produzido, sem
prejuízo dos direitos de autor e conexos.   Subseção V
§ 2o  Todas as réplicas e demais cópias serão assinaladas Do Uso das Imagens e Reproduções dos Bens Cultu-
como tais, de modo a evitar que sejam confundidas com os rais dos Museus
objetos ou espécimes originais. 
Art. 34.  A política de gratuidade ou onerosidade do in- Art. 42.  Os museus facilitarão o acesso à imagem e à re-
gresso ao museu será estabelecida por ele ou pela entidade produção de seus bens culturais e documentos conforme os
de que dependa, para diferentes públicos, conforme disposi- procedimentos estabelecidos na legislação vigente e nos re-
tivos abrigados pelo sistema legislativo nacional.  gimentos internos de cada museu. 
Art. 35.  Os museus caracterizar-se-ão pela acessibilidade Parágrafo único.  A disponibilização de que trata este ar-
universal dos diferentes públicos, na forma da legislação vigente.  tigo será fundamentada nos princípios da conservação dos
Art. 36.  As estatísticas de visitantes dos museus serão en- bens culturais, do interesse público, da não interferência na
viadas ao órgão ou entidade competente do poder público, atividade dos museus e da garantia dos direitos de proprie-
na forma fixada pela respectiva entidade, quando solicitadas.  dade intelectual, inclusive imagem, na forma da legislação
Art. 37.  Os museus deverão disponibilizar um livro de su- vigente. 
gestões e reclamações disposto de forma visível na área de Art. 43.  Os museus garantirão a proteção dos bens cul-
acolhimento dos visitantes.  turais que constituem seus acervos, tanto em relação à qua-
lidade das imagens e reproduções quanto à fidelidade aos
Subseção IV sentidos educacional e de divulgação que lhes são próprios,
Dos Acervos dos Museus na forma da legislação vigente. 

Art. 38.  Os museus deverão formular, aprovar ou, quando Seção III
cabível, propor, para aprovação da entidade de que dependa, Do Plano Museológico
uma política de aquisições e descartes de bens culturais, atua-
lizada periodicamente.  Art. 44.  É dever dos museus elaborar e implementar o
Parágrafo único.  Os museus vinculados ao poder público da- Plano Museológico. 
rão publicidade aos termos de descartes a serem efetuados pela Art. 45.  O Plano Museológico é compreendido como
instituição, por meio de publicação no respectivo Diário Oficial.   ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido
Art. 39.  É obrigação dos museus manter documentação global e integrador, indispensável para a identificação da vo-
sistematicamente atualizada sobre os bens culturais que inte- cação da instituição museológica para a definição, o ordena-
gram seus acervos, na forma de registros e inventários.   mento e a priorização dos objetivos e das ações de cada uma
§ 1o  O registro e o inventário dos bens culturais dos mu- de suas áreas de funcionamento, bem como fundamenta a
seus devem estruturar-se de forma a assegurar a compatibili- criação ou a fusão de museus, constituindo instrumento fun-
zação com o inventário nacional dos bens culturais.  damental para a sistematização do trabalho interno e para a
§ 2o  Os bens inventariados ou registrados gozam de pro- atuação dos museus na sociedade. 
teção com vistas em evitar o seu perecimento ou degradação, Art. 46.  O Plano Museológico do museu definirá sua
a promover sua preservação e segurança e a divulgar a res- missão básica e sua função específica na sociedade e poderá
pectiva existência.  contemplar os seguintes itens, dentre outros: 
Art. 40.  Os inventários museológicos e outros registros I – o diagnóstico participativo da instituição, podendo ser
que identifiquem bens culturais, elaborados por museus realizado com o concurso de colaboradores externos; 
públicos e privados, são considerados patrimônio arqui- II – a identificação dos espaços, bem como dos conjun-
vístico de interesse nacional e devem ser conservados nas tos patrimoniais sob a guarda dos museus; 
respectivas instalações dos museus, de modo a evitar des- III – a identificação dos públicos a quem se destina o
truição, perda ou deterioração.  trabalho dos museus; 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar em Administração - Atividades Culturais de Divulgação Científica e Publicações

IV – detalhamento dos Programas:   recimentos que lhes forem solicitados, além de serem obri-
a) Institucional;  gadas a remeter-lhes anualmente cópias de balanços e dos
b) de Gestão de Pessoas;  relatórios do exercício social. 
c) de Acervos;  Art. 53.  As associações de amigos, no exercício de suas
d) de Exposições;  funções, submeter-se-ão à aprovação prévia e expressa da ins-
e) Educativo e Cultural;   tituição a que se vinculem, dos planos, dos projetos e das ações. 
f) de Pesquisa;  Art. 54.  As associações poderão reservar até dez por cen-
g) Arquitetônico-urbanístico;  to da totalidade dos recursos por elas recebidos e gerados
h) de Segurança;  para a sua própria administração e manutenção, sendo o res-
i) de Financiamento e Fomento;  tante revertido para a instituição museológica. 
j) de Comunicação. 
k) de acessibilidade a todas as pessoas. (Incluído pela Lei Seção II
nº 13.146, de 2015)  (Vigência) Dos Sistemas de Museus
§ 1o  Na consolidação do Plano Museológico, deve-se le- Art. 55.  O Sistema de Museus é uma rede organizada de
var em conta o caráter interdisciplinar dos Programas.  instituições museológicas, baseado na adesão voluntária, confi-
§ 2o  O Plano Museológico será elaborado, preferencial- gurado de forma progressiva e que visa à coordenação, articula-
mente, de forma participativa, envolvendo o conjunto dos ção, à mediação, à qualificação e à cooperação entre os museus. 
funcionários dos museus, além de especialistas, parceiros so- Art. 56.  Os entes federados estabelecerão em lei, de-
ciais, usuários e consultores externos, levadas em conta suas nominada Estatuto Estadual, Regional, Municipal ou Distrital
especificidades.  dos Museus, normas específicas de organização, articulação e
§ 3o  O Plano Museológico deverá ser avaliado permanen- atribuições das instituições museológicas em sistemas de mu-
temente e revisado pela instituição com periodicidade defini- seus, de acordo com os princípios dispostos neste Estatuto. 
da em seu regimento.   § 1o  A instalação dos sistemas estaduais ou regionais, dis-
Art. 47.  Os projetos componentes dos Programas do tritais e municipais de museus será feita de forma gradativa,
Plano Museológico caracterizar-se-ão pela exequibilidade, sempre visando à qualificação dos respectivos museus. 
adequação às especificações dos distintos Programas, apre- § 2o  Os sistemas de museus têm por finalidade: 
sentação de cronograma de execução, a explicitação da me- I – apoiar tecnicamente os museus da área disciplinar e
todologia adotada, a descrição das ações planejadas e a im- temática ou geográfica com eles relacionada; 
plantação de um sistema de avaliação permanente.  II – promover a cooperação e a articulação entre os mu-
seus da área disciplinar e temática ou geográfica com eles
CAPÍTULO III relacionada, em especial com os museus municipais; 
A Sociedade e os Museus III – contribuir para a vitalidade e o dinamismo cultural
Seção I dos locais de instalação dos museus; 
Disposições Gerais IV – elaborar pareceres e relatórios sobre questões relati-
Art. 48.  Em consonância com o propósito de serviço à vas à museologia no contexto de atuação a eles adstrito; 
sociedade estabelecido nesta Lei, poderão ser promovidos V – colaborar com o órgão ou entidade do poder públi-
mecanismos de colaboração com outras entidades.  co competente no tocante à apreciação das candidaturas ao
Art. 49.  As atividades decorrentes dos mecanismos previs- Sistema Brasileiro de Museus, na promoção de programas e
tos no art. 48 desta Lei serão autorizadas e supervisionadas pela de atividade e no acompanhamento da respectiva execução. 
direção do museu, que poderá suspendê-las caso seu desenvolvi- Art. 57.  O Sistema Brasileiro de Museus disporá de um
mento entre em conflito com o funcionamento normal do museu.  Comitê Gestor, com a finalidade de propor diretrizes e ações,
Art. 50.  Serão entendidas como associações de amigos bem como apoiar e acompanhar o desenvolvimento do setor
de museus as sociedades civis, sem fins lucrativos, constituí- museológico brasileiro. 
das na forma da lei civil, que preencham, ao menos, os se- Parágrafo único.  O Comitê Gestor do Sistema Brasileiro de
guintes requisitos:  Museus será composto por representantes de órgãos e entida-
I – constar em seu instrumento criador, como finalidade des com representatividade na área da museologia nacional. 
exclusiva, o apoio, a manutenção e o incentivo às atividades Art. 58.  O Sistema Brasileiro de Museus tem a finalidade
dos museus a que se refiram, especialmente aquelas destina- de promover:  
das ao público em geral;  I – a interação entre os museus, instituições afins e pro-
II – não restringir a adesão de novos membros, sejam fissionais ligados ao setor, visando ao constante aperfeiçoa-
pessoas físicas ou jurídicas;   mento da utilização de recursos materiais e culturais; 
III – ser vedada a remuneração da diretoria.  II – a valorização, registro e disseminação de conheci-
Parágrafo único.  O reconhecimento da associação de mentos específicos no campo museológico; 
amigos dos museus será realizado em ficha cadastral elabo- III – a gestão integrada e o desenvolvimento das insti-
rada pelo órgão mantenedor ou entidade competente.  tuições, acervos e processos museológicos;  
Art. 51.  (VETADO)  IV – o desenvolvimento das ações voltadas para as
Art. 52.  As associações de amigos deverão tornar públi- áreas de aquisição de bens, capacitação de recursos hu-
cos seus balanços periodicamente.  manos, documentação, pesquisa, conservação, restaura-
Parágrafo único.  As associações de amigos de museus ção, comunicação e difusão entre os órgãos e entidades
deverão permitir quaisquer verificações determinadas pe- públicas, entidades privadas e unidades museológicas que
los órgãos de controle competentes, prestando os escla- integrem o Sistema; 

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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V – a promoção da qualidade do desempenho dos mu- § 1o  O prazo para o exercício do direito de preferência é
seus por meio da implementação de procedimentos de ava- de quinze dias, e, em caso de concorrência entre os museus
liação.   do Sistema, cabe ao Comitê Gestor determinar qual o museu
Art. 59.  Constituem objetivos específicos do Sistema Bra- a que se dará primazia.  
sileiro de Museus:  § 2o  A preferência só poderá ser exercida se o bem cultu-
I – promover a articulação entre as instituições museo- ral objeto da preferência se integrar na política de aquisições
lógicas, respeitando sua autonomia jurídico-administrativa, dos museus, sob pena de nulidade do ato.  
cultural e técnico-científica; 
II – estimular o desenvolvimento de programas, projetos CAPÍTULO IV
e atividades museológicas que respeitem e valorizem o patri- Das Penalidades
mônio cultural de comunidades populares e tradicionais, de
acordo com as suas especificidades;  Art. 64.  (VETADO) 
III – divulgar padrões e procedimentos técnico-científi- Art. 65.  (VETADO) 
cos que orientem as atividades desenvolvidas nas instituições Art. 66.  Sem prejuízo das penalidades definidas pela
museológicas;  legislação federal, estadual e municipal, em especial os
IV – estimular e apoiar os programas e projetos de incre- arts. 62, 63 e 64 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, o
mento e qualificação profissional de equipes que atuem em não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
instituições museológicas;  correção dos inconvenientes e danos causados pela degrada-
V – estimular a participação e o interesse dos diversos ção, inutilização e destruição de bens dos museus sujeitará os
segmentos da sociedade no setor museológico;   transgressores:  
VI – estimular o desenvolvimento de programas, projetos I – à multa simples ou diária, nos valores corresponden-
e atividades educativas e culturais nas instituições museoló- tes, no mínimo, a dez e, no máximo, a mil dias-multa, agra-
gicas;  vada em casos de reincidência, conforme regulamentação
VII – incentivar e promover a criação e a articulação de específica, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido
redes e sistemas estaduais, municipais e internacionais de aplicada pelo Estado, pelo Distrito Federal, pelos Territórios ou
museus, bem como seu intercâmbio e integração ao Sistema pelos Municípios; 
Brasileiro de Museus;  II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais
VIII – contribuir para a implementação, manutenção e concedidos pelo poder público, pelo prazo de cinco anos; 
atualização de um Cadastro Nacional de Museus;  III – à perda ou suspensão de participação em linhas de
IX – propor a criação e aperfeiçoamento de instrumentos financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito, pelo
legais para o melhor desempenho e desenvolvimento das ins- prazo de cinco anos;  
tituições museológicas no País;  IV – ao impedimento de contratar com o poder público,
X – propor medidas para a política de segurança e prote- pelo prazo de cinco anos; 
ção de acervos, instalações e edificações;  V – à suspensão parcial de sua atividade.  
XI – incentivar a formação, a atualização e a valorização § 1o  Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
dos profissionais de instituições museológicas; e  neste artigo, é o transgressor obrigado a indenizar ou reparar
XII – estimular práticas voltadas para permuta, aquisição, os danos causados aos bens musealizados e a terceiros pre-
documentação, investigação, preservação, conservação, res- judicados. 
tauração e difusão de acervos museológicos.  § 2o  No caso de omissão da autoridade, caberá à entida-
Art. 60.  Poderão fazer parte do Sistema Brasileiro de Mu- de competente, em âmbito federal, a aplicação das penalida-
seus, mediante a formalização de instrumento hábil a ser fir- des pecuniárias previstas neste artigo.  
mado com o órgão competente, os museus públicos e priva- § 3o  Nos casos previstos nos incisos II e III do caput des-
dos, instituições educacionais relacionadas à área da museo- te artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou suspensão
logia e as entidades afins, na forma da legislação específica.   será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que
Art. 61.  Terão prioridade, quanto ao beneficiamento por concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento.  
políticas especificamente desenvolvidas, os museus integran- § 4o  Verificada a reincidência, a pena de multa será agra-
tes do Sistema Brasileiro de Museus.  vada. 
Parágrafo único.  Os museus em processo de adesão po- CAPÍTULO V
dem ser beneficiados por políticas de qualificação específicas.  Disposições Finais e Transitórias
Art. 62.  Os museus integrantes do Sistema Brasileiro de
Museus colaboram entre si e articulam os respectivos recur- Art. 67.  Os museus adequarão suas estruturas, recursos e
sos com vistas em melhorar e potencializar a prestação de ordenamentos ao disposto nesta Lei no prazo de cinco anos,
serviços ao público.  contados da sua publicação. 
Parágrafo único.  A colaboração supracitada traduz-se no Parágrafo único.  Os museus federais já em funcionamen-
estabelecimento de contratos, acordos, convênios e proto- to deverão proceder à adaptação de suas atividades aos pre-
colos de cooperação entre museus ou com entidades pú- ceitos desta Lei no prazo de dois anos. 
blicas ou privadas.  Art. 68.  Resguardados a soberania nacional, a ordem pú-
Art. 63.  Os museus integrados ao Sistema Brasileiro de blica e os bons costumes, o governo brasileiro prestará, no
Museus gozam do direito de preferência em caso de venda que concerne ao combate do tráfico de bens culturais dos
judicial ou leilão de bens culturais, respeitada a legislação museus, a necessária cooperação a outro país, sem qual-
em vigor.  quer ônus, quando solicitado para: 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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I – produção de prova;  § 1o  Os incentivos criados por esta Lei somente serão
II – exame de objetos e lugares;  concedidos a projetos culturais cuja exibição, utilização e cir-
III – informações sobre pessoas e coisas;  culação dos bens culturais deles resultantes sejam abertas,
IV – presença temporária de pessoa presa, cujas declara- sem distinção, a qualquer pessoa, se gratuitas, e a público pa-
ções tenham relevância para a decisão de uma causa;  gante, se cobrado ingresso.(Renumerado do parágrafo único
V – outras formas de assistência permitidas pela legisla- pela Lei nº 11.646, de 2008)
ção em vigor pelos tratados de que o Brasil seja parte.  § 2o  É vedada a concessão de incentivo a obras, produtos,
Art. 69.  Para a consecução dos fins visados nesta Lei e eventos ou outros decorrentes, destinados ou circunscritos a
especialmente para a reciprocidade da cooperação interna- coleções particulares ou circuitos privados que estabeleçam
cional, deverá ser mantido sistema de comunicações apto a limitações de acesso. (Incluído pela Lei nº 11.646, de 2008)
facilitar o intercâmbio internacional, rápido e seguro, de infor- § 3o   Os incentivos criados por esta Lei somente serão
mações sobre bens culturais dos museus.  concedidos a projetos culturais que forem disponibilizados,
Art. 70.  Esta Lei entra em vigor cento e vinte dias após a sempre que tecnicamente possível, também em formato
data de sua publicação.  acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigên-
cia)
NOÇÕES DE TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E Art. 3° Para cumprimento das finalidades expressas no art.
CONSERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS. LEI DE 1° desta lei, os projetos culturais em cujo favor serão captados
INCENTIVO A CULTURA N 8.313. e canalizados os recursos do Pronac atenderão, pelo menos,
um dos seguintes objetivos:
I - incentivo à formação artística e cultural, mediante:
a) concessão de bolsas de estudo, pesquisa e trabalho, no
LEI Nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991. Brasil ou no exterior, a autores, artistas e técnicos      brasileiros
Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de ou estrangeiros residentes no Brasil;
1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pro- b) concessão de prêmios a criadores, autores, artistas,
nac) e dá outras providências. técnicos e suas obras, filmes, espetáculos musicais e de artes
cênicas em concursos e festivais realizados no Brasil;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- c) instalação e manutenção de cursos de caráter cultural
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: ou artístico, destinados à formação, especialização e aperfei-
çoamento de pessoal da área da cultura, em estabelecimen-
CAPÍTULO I tos de ensino sem fins lucrativos;
Disposições Preliminares II - fomento à produção cultural e artística, mediante:
a) produção de discos, vídeos, obras cinematográficas de
Art. 1° Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à curta e média metragem e filmes documentais, preservação
Cultura (Pronac), com a finalidade de captar e canalizar recur- do acervo cinematográfico bem assim de outras obras de re-
sos para o setor de modo a: produção videofonográfica de caráter cultural; (Redação dada
I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre aces- pela Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001)
so às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais; b) edição de obras relativas às ciências humanas, às letras
II - promover e estimular a regionalização da produção e às artes;
cultural e artística brasileira, com valorização de recursos hu- c) realização de exposições, festivais de arte, espetáculos
manos e conteúdos locais; de artes cênicas, de música e de folclore;
III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifesta- d) cobertura de despesas com transporte e seguro de
ções culturais e seus respectivos criadores; objetos de valor cultural destinados a exposições públicas no
IV - proteger as expressões culturais dos grupos forma- País e no exterior;
dores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo e) realização de exposições, festivais de arte e espetáculos
da cultura nacional; de artes cênicas ou congêneres;
V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural
modos de criar, fazer e viver da sociedade brasileira; e histórico, mediante:
VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimô- a) construção, formação, organização, manutenção, am-
nio cultural e histórico brasileiro; pliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e
VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito outras organizações culturais, bem como de suas coleções e
aos valores culturais de outros povos ou nações; acervos;
VIII - estimular a produção e difusão de bens culturais de b) conservação e restauração de prédios, monumentos,
valor universal, formadores e informadores de conhecimento, logradouros, sítios e demais espaços, inclusive naturais, tom-
cultura e memória; bados pelos Poderes Públicos;
IX - priorizar o produto cultural originário do País. c) restauração de obras de artes e bens móveis e imóveis
Art. 2° O Pronac será implementado através dos seguin- de reconhecido valor cultural;
tes mecanismos: d) proteção do folclore, do artesanato e das tradições po-
I - Fundo Nacional da Cultura (FNC); pulares nacionais;
II - Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart); IV - estímulo ao conhecimento dos bens e valores cultu-
III - Incentivo a projetos culturais. rais, mediante:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espe- § 6o  Os recursos do FNC não poderão ser utilizados para
táculos culturais e artísticos; despesas de manutenção administrativa do Ministério da Cul-
b) levantamentos, estudos e pesquisas na área da cultura tura, exceto para a aquisição ou locação de equipamentos e
e da arte e de seus vários segmentos; bens necessários ao cumprimento das finalidades do Fun-
c) fornecimento de recursos para o FNC e para fundações do. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999)
culturais com fins específicos ou para museus, bibliotecas, ar- § 7° Ao término do projeto, a SEC/PR efetuará uma ava-
quivos ou outras entidades de caráter cultural; liação final de forma a verificar a fiel aplicação dos recursos,
V - apoio a outras atividades culturais e artísticas, mediante: observando as normas e procedimentos a serem definidos no
a) realização de missões culturais no país e no exterior, regulamento desta lei, bem como a legislação em vigor.
inclusive através do fornecimento de passagens; § 8° As instituições públicas ou privadas recebedoras de
b) contratação de serviços para elaboração de projetos recursos do FNC e executoras de projetos culturais, cuja ava-
culturais; liação final não for aprovada pela SEC/PR, nos termos do pa-
c) ações não previstas nos incisos anteriores e considera- rágrafo anterior, ficarão inabilitadas pelo prazo de três anos
das relevantes pelo Ministro de Estado da Cultura, consultada ao recebimento de novos recursos, ou enquanto a SEC/PR
a Comissão Nacional de Apoio à Cultura. (Redação dada pela não proceder a reavaliação do parecer inicial.
Lei nº 9.874, de 1999) Art. 5° O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo in-
determinado de duração, que funcionará sob as formas de apoio
CAPÍTULO II a fundo perdido ou de empréstimos reembolsáveis, conforme
Do Fundo Nacional da Cultura (FNC) estabelecer o regulamento, e constituído dos seguintes recursos:
I - recursos do Tesouro Nacional;
Art. 4° Fica ratificado o Fundo de Promoção Cultural, cria- II - doações, nos termos da legislação vigente;
do pela Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986, que passará a de- III - legados;
nominar-se Fundo Nacional da Cultura (FNC), com o objetivo IV - subvenções e auxílios de entidades de qualquer natu-
de captar e destinar recursos para projetos culturais compatí- reza, inclusive de organismos internacionais;
veis com as finalidades do Pronac e de: V - saldos não utilizados na execução dos projetos a que
I - estimular a distribuição regional equitativa dos recursos se referem o Capítulo IV e o presente capítulo desta lei;
a serem aplicados na execução de projetos culturais e artísticos; VI - devolução de recursos de projetos previstos no Ca-
II - favorecer a visão interestadual, estimulando projetos que pítulo IV e no presente capítulo desta lei, e não iniciados ou
explorem propostas culturais conjuntas, de enfoque regional; interrompidos, com ou sem justa causa;
III - apoiar projetos dotados de conteúdo cultural que en- VII - um por cento da arrecadação dos Fundos de Inves-
fatizem o aperfeiçoamento profissional e artístico dos recur- timentos Regionais, a que se refere a Lei n° 8.167, de 16 de
sos humanos na área da cultura, a criatividade e a diversidade janeiro de 1991, obedecida na aplicação a respectiva origem
cultural brasileira; geográfica regional;
IV - contribuir para a preservação e proteção do patrimô- VIII - Três por cento da arrecadação bruta dos concursos de
nio cultural e histórico brasileiro; prognósticos e loterias federais e similares cuja realização estiver
V - favorecer projetos que atendam às necessidades da sujeita a autorização federal, deduzindo-se este valor do montante
produção cultural e aos interesses da coletividade, aí conside- destinados aos prêmios; (Redação dada pela Lei nº 9.999, de 2000)
rados os níveis qualitativos e quantitativos de atendimentos IX - reembolso das operações de empréstimo realizadas
às demandas culturais existentes, o caráter multiplicador dos através do fundo, a título de financiamento reembolsável, ob-
projetos através de seus aspectos socioculturais e a priori- servados critérios de remuneração que, no mínimo, lhes pre-
zação de projetos em áreas artísticas e culturais com menos serve o valor real;
possibilidade de desenvolvimento com recursos próprios. X - resultado das aplicações em títulos públicos federais,
§ 1o  O FNC será administrado pelo Ministério da Cultura obedecida a legislação vigente sobre a matéria;
e gerido por seu titular, para cumprimento do Programa de XI - conversão da dívida externa com entidades e órgãos
Trabalho Anual, segundo os princípios estabelecidos nos arts. estrangeiros, unicamente mediante doações, no limite a ser fixa-
1o e 3o. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) do pelo Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento, obser-
§ 2o   Os recursos do FNC somente serão aplicados em vadas as normas e procedimentos do Banco Central do Brasil;
projetos culturais após aprovados, com parecer do órgão téc- XII - saldos de exercícios anteriores; XIII recursos de ou-
nico competente, pelo Ministro de Estado da Cultura. (Reda- tras fontes.
ção dada pela Lei nº 9.874, de 1999) Art. 6° O FNC financiará até oitenta por cento do custo
§ 3° Os projetos aprovados serão acompanhados e ava- total de cada projeto, mediante comprovação, por parte do
liados tecnicamente pelas entidades supervisionadas, caben- proponente, ainda que pessoa jurídica de direito público, da
do a execução financeira à SEC/PR. circunstância de dispor do montante remanescente ou estar
§ 4° Sempre que necessário, as entidades supervisiona- habilitado à obtenção do respectivo financiamento, através
das utilizarão peritos para análise e parecer sobre os projetos, de outra fonte devidamente identificada, exceto quanto aos
permitida a indenização de despesas com o deslocamento, recursos com destinação especificada na origem.
quando houver, e respectivos pró-labore e ajuda de custos, § 1° (Vetado)
conforme ficar definido no regulamento. § 2° Poderão ser considerados, para efeito de totali-
§ 5° O Secretário da Cultura da Presidência da República zação do valor restante, bens e serviços oferecidos pelo
designará a unidade da estrutura básica da SEC/PR que fun- proponente para implementação do projeto, a serem devi-
cionará como secretaria executiva do FNC. damente avaliados pela SEC/PR.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Art. 7° A SEC/PR estimulará, através do FNC, a compo- Parágrafo único. Ficam excluídos da incidência na fonte de
sição, por parte de instituições financeiras, de carteiras para que trata este artigo, os rendimentos distribuídos a beneficiá-
financiamento de projetos culturais, que levem em conta o rio pessoas jurídica tributada com base no lucro real, os quais
caráter social da iniciativa, mediante critérios, normas, garan- deverão ser computados na declaração anual de rendimentos.
tias e taxas de juros especiais a serem aprovados pelo Banco Art. 16. Os ganhos de capital auferidos por pessoas físi-
Central do Brasil. cas ou jurídicas não tributadas com base no lucro real, inclusive
isentas, decorrentes da alienação ou resgate de quotas dos Fi-
CAPÍTULO III cart, sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda, à mes-
Dos Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) ma alíquota prevista para a tributação de rendimentos obtidos
na alienação ou resgate de quotas de fundos mútuos de ações.
Art. 8° Fica autorizada a constituição de Fundos de Inves- § 1° Considera-se ganho de capital a diferença positiva
timento Cultural e Artístico (Ficart), sob a forma de condo- entre o valor de cessão ou resgate da quota e o custo mé-
mínio, sem personalidade jurídica, caracterizando comunhão dio atualizado da aplicação, observadas as datas de aplicação,
de recursos destinados à aplicação em projetos culturais e resgate ou cessão, nos termos da legislação pertinente.
artísticos. § 2° O ganho de capital será apurado em relação a cada
Art.  9o   São considerados projetos culturais e artísticos, resgate ou cessão, sendo permitida a compensação do pre-
para fins de aplicação de recursos do FICART, além de outros juízo havido em uma operação com o lucro obtido em outra,
que venham a ser declarados pelo Ministério da Cultura: (Re- da mesma ou diferente espécie, desde que de renda variável,
dação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) dentro do mesmo exercício fiscal.
I - a produção comercial de instrumentos musicais, bem § 3° O imposto será pago até o último dia útil da primeira
como de discos, fitas, vídeos, filmes e outras formas de repro- quinzena do mês subsequente àquele em que o ganho de
dução fonovideográficas; capital foi auferido.
II - a produção comercial de espetáculos teatrais, de dan- § 4° Os rendimentos e ganhos de capital a que se referem
ça, música, canto, circo e demais atividades congêneres; o caput deste artigo e o artigo anterior, quando auferidos por
III - a edição comercial de obras relativas às ciências, às investidores residentes ou domiciliados no exterior, sujeitam-
letras e às artes, bem como de obras de referência e outras se à tributação pelo imposto sobre a renda, nos termos da
de cunho cultural; legislação aplicável a esta classe de contribuintes.
IV - construção, restauração, reparação ou equipamen- Art. 17. O tratamento fiscal previsto nos artigos prece-
to de salas e outros ambientes destinados a atividades com dentes somente incide sobre os rendimentos decorrentes de    
objetivos culturais, de propriedade de entidades com fins lu- aplicações em Ficart que atendam a todos os requisitos pre-
crativos; vistos na presente lei e na respectiva regulamentação a ser
V  -  outras atividades comerciais ou industriais, de inte- baixada pela Comissão de Valores Mobiliários.
resse cultural, assim consideradas pelo Ministério da Cultu- Parágrafo único. Os rendimentos e ganhos de capital au-
ra. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) feridos por Ficart, que deixem de atender aos requisitos espe-
Art. 10. Compete à Comissão de Valores Mobiliários, ou- cíficos desse tipo de fundo, sujeitar-se-ão à tributação previs-
vida a SEC/PR, disciplinar a constituição, o funcionamento e ta no artigo 43 da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988.
a administração dos Ficart, observadas as disposições desta
lei e as normas gerais aplicáveis aos fundos de investimento. CAPÍTULO IV
Art. 11. As quotas dos Ficart, emitidas sempre sob a for- Do Incentivo a Projetos Culturais
ma nominativa ou escritural, constituem valores mobiliários
sujeitos ao regime da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Art. 18.  Com o objetivo de incentivar as atividades cultu-
Art. 12. O titular das quotas de Ficart: rais, a União facultará às pessoas físicas ou jurídicas a opção
I - não poderá exercer qualquer direito real sobre os bens pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título
e direitos integrantes do patrimônio do fundo; de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos
II - não responde pessoalmente por qualquer obrigação culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoas ju-
legal ou contratual, relativamente aos empreendimentos do rídicas de natureza cultural, como através de contribuições ao
fundo ou da instituição administradora, salvo quanto à obri- FNC, nos termos do art. 5o, inciso II, desta Lei, desde que os
gação de pagamento do valor integral das quotas subscritas. projetos atendam aos critérios estabelecidos no art. 1o desta
Art. 13. A instituição administradora de Ficart compete: Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999)
I - representá-lo ativa e passivamente, judicial e extraju- § 1o   Os contribuintes poderão deduzir do imposto de
dicialmente; renda devido as quantias efetivamente despendidas nos pro-
II - responder pessoalmente pela evicção de direito, na jetos elencados no § 3o, previamente aprovados pelo Ministé-
eventualidade da liquidação deste. rio da Cultura, nos limites e nas condições estabelecidos na
Art. 14. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos pe- legislação do imposto de renda vigente, na forma de: (In-
los Ficart ficam isentos do imposto sobre operações de cré- cluído pela Lei nº 9.874, de 1999)
dito, câmbio e seguro, assim como do imposto sobre renda e a) doações; e (Incluída pela Lei nº 9.874, de 1999)
proventos de qualquer natureza. (Vide Lei nº 8.894, de 1994) b) patrocínios. (Incluída pela Lei nº 9.874, de 1999)
Art. 15. Os rendimentos e ganhos de capital distribuí- § 2o  As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
dos pelos Ficart, sob qualquer forma, sujeitam-se à inci- real não poderão deduzir o valor da doação ou do patrocí-
dência do imposto sobre a renda na fonte à alíquota de nio referido no parágrafo anterior como despesa operacio-
vinte e cinco por cento. nal.(Incluído pela Lei nº 9.874, de 1999)        

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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§ 3o  As doações e os patrocínios na produção cultural, a que § 2o  Da decisão a que se refere o parágrafo anterior, ca-
se refere o § 1o, atenderão exclusivamente aos seguintes segmen- berá pedido de reconsideração ao Ministro de Estado da Cul-
tos: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001) tura, a ser decidido no prazo de sessenta dias.(Redação dada
a) artes cênicas; (Redação dada pela Medida Provisória nº pela Lei nº 9.874, de 1999)
2.228-1, de 2001) § 3° O Tribunal de Contas da União incluirá em seu pare-
b) livros de valor artístico, literário ou humanístico; (Reda- cer prévio sobre as contas do Presidente da República análise
ção dada pela Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001) relativa a avaliação de que trata este artigo.
c)  música erudita ou instrumental;  (Redação dada pela Art. 21. As entidades incentivadoras e captadoras de que
Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001) trata este Capítulo deverão comunicar, na forma que venha a
d) exposições de artes visuais; (Redação dada pela Medi- ser estipulada pelo Ministério da Economia, Fazenda e Plane-
da Provisória nº 2.228-1, de 2001) jamento, e SEC/PR, os aportes financeiros realizados e recebi-
e) doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, dos, bem como as entidades captadoras efetuar a comprova-
arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento de ção de sua aplicação.
pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção Art. 22. Os projetos enquadrados nos objetivos desta lei
desses acervos;  (Redação dada pela Medida Provisória nº não poderão ser objeto de apreciação subjetiva quanto ao
2.228-1, de 2001)        seu valor artístico ou cultural.
f) produção de obras cinematográficas e videofonográ- Art. 23. Para os fins desta lei, considera-se:
ficas de curta e média metragem e preservação e difusão I - (Vetado)
do acervo audiovisual; e (Incluída pela Medida Provisória nº II - patrocínio: a transferência de numerário, com finalida-
2.228-1, de 2001) de promocional ou a cobertura, pelo contribuinte do imposto
g) preservação do patrimônio cultural material e imate- sobre a renda e proventos de qualquer natureza, de gastos,
rial. (Incluída pela Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001) ou a utilização de bem móvel ou imóvel do seu patrimônio,
h) construção e manutenção de salas de cinema e teatro, sem a transferência de domínio, para a realização, por outra
que poderão funcionar também como centros culturais co- pessoa física ou jurídica de atividade cultural com ou sem fi-
munitários, em Municípios com menos de 100.000 (cem mil) nalidade lucrativa prevista no art. 3° desta lei.
habitantes. (Incluído pela Lei nº 11.646, de 2008) § 1o  Constitui infração a esta Lei o recebimento pelo pa-
Art.  19.   Os projetos culturais previstos nesta Lei serão trocinador, de qualquer vantagem financeira ou material em
apresentados ao Ministério da Cultura, ou a quem este dele- decorrência do patrocínio que efetuar.
gar atribuição, acompanhados do orçamento analítico, para § 2o   As transferências definidas neste artigo não estão
aprovação de seu enquadramento nos objetivos do PRONAC. sujeitas ao recolhimento do Imposto sobre a Renda na fonte.
(Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) Art. 24.  Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doa-
§ 1o  O proponente será notificado dos motivos da deci- ções, nos termos do regulamento:
são que não tenha aprovado o projeto, no prazo máximo de I  -  distribuições gratuitas de ingressos para eventos de
cinco dias. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) caráter artístico-cultural por pessoa jurídica a seus emprega-
§ 2o  Da notificação a que se refere o parágrafo anterior, dos e dependentes legais;
caberá pedido de reconsideração ao Ministro de Estado da II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com
Cultura, a ser decidido no prazo de sessenta dias. (Redação o objetivo de conservar, preservar ou restaurar bens de sua
dada pela Lei nº 9.874, de 1999) propriedade ou sob sua posse legítima, tombados pelo Gover-
§ 3° (Vetado) no Federal, desde que atendidas as seguintes disposições:
§ 4° (Vetado) a) preliminar definição, pelo Instituto Brasileiro do Patri-
§ 5° (Vetado) mônio Cultural - IBPC, das normas e critérios técnicos que de-
§ 6° A aprovação somente terá eficácia após publicação verão reger os projetos e orçamentos de que trata este inciso;
de ato oficial contendo o título do projeto aprovado e a insti- b) aprovação prévia, pelo IBPC, dos projetos e respectivos
tuição por ele responsável, o valor autorizado para obtenção orçamentos de execução das obras;
de doação ou patrocínio e o prazo de validade da autorização. c) posterior certificação, pelo referido órgão, das despe-
§ 7o  O Ministério da Cultura publicará anualmente, até 28 de sas efetivamente realizadas e das circunstâncias de terem sido
fevereiro, o montante dos recursos autorizados pelo Ministério da as obras executadas de acordo com os projetos aprovados.
Fazenda para a renúncia fiscal no exercício anterior, devidamente dis- Art. 25.  Os projetos a serem apresentados por pessoas
criminados por beneficiário. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) físicas ou pessoas jurídicas, de natureza cultural para fins de
§ 8o  Para a aprovação dos projetos será observado o princípio incentivo, objetivarão desenvolver as formas de expressão, os
da não-concentração por segmento e por beneficiário, a ser aferi- modos de criar e fazer, os processos de preservação e prote-
do pelo montante de recursos, pela quantidade de projetos, pela ção do patrimônio cultural brasileiro, e os estudos e métodos
respectiva capacidade executiva e pela disponibilidade do valor de interpretação da realidade cultural, bem como contribuir
absoluto anual de renúncia fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.874, 1999) para propiciar meios, à população em geral, que permitam o
Art. 20. Os projetos aprovados na forma do artigo anterior conhecimento dos bens de valores artísticos e culturais, com-
serão, durante sua execução, acompanhados e avaliados pela preendendo, entre outros, os seguintes segmentos:
SEC/PR ou por quem receber a delegação destas atribuições. I - teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres;
§ 1° A SEC/PR, após o término da execução dos projetos II - produção cinematográfica, videográfica, fotográfica,
previstos neste artigo, deverá, no prazo de seis meses, fazer uma discográfica e congêneres;
avaliação final da aplicação correta dos recursos recebidos, po- III - literatura, inclusive obras de referência;
dendo inabilitar seus responsáveis pelo prazo de até três anos. IV - música;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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V - artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filate- Parágrafo único.  A contratação de serviços necessários
lia e outras congêneres; à elaboração de projetos para a obtenção de doação, pa-
VI - folclore e artesanato; trocínio ou investimento, bem como a captação de recursos
VII - patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, ou a sua execução por pessoa jurídica de natureza cultural,
arqueológico, bibliotecas, museus, arquivos e demais acervos; não configura a intermediação referida neste artigo. (Redação
VIII - humanidades; e dada pela Lei nº 9.874, de 1999)
IX  -  rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter Art. 29.  Os recursos provenientes de doações ou patro-
não-comercial. cínios deverão ser depositados e movimentados, em conta
Parágrafo único.  Os projetos culturais relacionados com bancária específica, em nome do beneficiário, e a respectiva
os segmentos do inciso II deste artigo deverão beneficiar prestação de contas deverá ser feita nos termos do regula-
exclusivamente as produções independentes, bem como as mento da presente Lei.
produções culturais-educativas de caráter não comercial, rea- Parágrafo  único.   Não serão consideradas, para fins de
lizadas por empresas de rádio e televisão. (Redação dada pela comprovação do incentivo, as contribuições em relação às
Lei nº 9.874, de 1999) quais não se observe esta determinação.
Art.  26.   O doador ou patrocinador poderá deduzir do Art. 30.  As infrações aos dispositivos deste capítulo, sem
imposto devido na declaração do Imposto sobre a Renda os prejuízo das sanções penais cabíveis, sujeitarão o doador ou
valores efetivamente contribuídos em favor de projetos cultu- patrocinador ao pagamento do valor atualizado do Imposto
rais aprovados de acordo com os dispositivos desta Lei, tendo sobre a Renda devido em relação a cada exercício financeiro,
como base os seguintes percentuais: (Vide arts. 5º e 6º, Inciso além das penalidades e demais acréscimos previstos na legis-
II da Lei nº 9.532 de, 1997) lação que rege a espécie.
I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doa- § 1o  Para os efeitos deste artigo, considera-se solidaria-
ções e sessenta por cento dos patrocínios; mente responsável por inadimplência ou irregularidade verifi-
II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no cada a pessoa física ou jurídica propositora do projeto. (Renu-
lucro real, quarenta por cento das doações e trinta por cento merado do parágrafo único pela Lei nº 9.874, de 1999)
dos patrocínios. § 2o  A existência de pendências ou irregularidades na exe-
§ 1o  A pessoa jurídica tributada com base no lucro real po- cução de projetos da proponente junto ao Ministério da Cul-
derá abater as doações e patrocínios como despesa operacional. tura suspenderá a análise ou concessão de novos incentivos,
§ 2o   O valor máximo das deduções de que trata até a efetiva regularização. (Incluído pela Lei nº 9.874, de 1999)
o caput deste artigo será fixado anualmente pelo Presidente § 3o  Sem prejuízo do parágrafo anterior, aplica-se, no que
da República, com base em um percentual da renda tributável couber, cumulativamente, o disposto nos arts. 38 e seguintes
das pessoas físicas e do imposto devido por pessoas jurídicas desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.874, de 1999)
tributadas com base no lucro real.
§ 3o  Os benefícios de que trata este artigo não excluem CAPÍTULO V
ou reduzem outros benefícios, abatimentos e deduções em DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
vigor, em especial as doações a entidades de utilidade pública
efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas. Art. 31.  Com a finalidade de garantir a participação co-
§ 4o  (VETADO) munitária, a representação de artista e criadores no trato ofi-
§ 5o  O Poder Executivo estabelecerá mecanismo de pre- cial dos assuntos da cultura e a organização nacional sistêmi-
servação do valor real das contribuições em favor de projetos ca da área, o Governo Federal estimulará a institucionalização
culturais, relativamente a este Capítulo. de Conselhos de Cultura no Distrito Federal, nos Estados, e
Art. 27.  A doação ou o patrocínio não poderá ser efetua- nos Municípios.
da a pessoa ou instituição vinculada ao agente. Art. 31-A.  Para os efeitos desta Lei, ficam reconhecidos
§ 1o  Consideram-se vinculados ao doador ou patrocinador: como manifestação cultural a música gospel e os eventos a
a) a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas. (In-
titular, administrador, gerente, acionista ou sócio, na data da cluída pela Lei nº 12.590, de 2011)
operação, ou nos doze meses anteriores; Art. 32.  Fica instituída a Comissão Nacional de incentivo
b) o cônjuge, os parentes até o terceiro grau, inclusive os à Cultura - CNIC, com a seguinte composição:
afins, e os dependentes do doador ou patrocinador ou dos I - o Secretário da Cultura da Presidência da República;
titulares, administradores, acionistas ou sócios de pessoa ju- II - os Presidentes das entidades supervisionadas pela SEC/PR;
rídica vinculada ao doador ou patrocinador, nos termos da III - o Presidente da entidade nacional que congregar os
alínea anterior; Secretários de Cultura das Unidades Federadas;
c) outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador IV - um representante do empresariado brasileiro;
seja sócio. V - seis representantes de entidades associativas dos se-
§ 2o  Não se consideram vinculadas as instituições cultu- tores culturais e artísticos de âmbito nacional.
rais sem fins lucrativos, criadas pelo doador ou patrocinador, § 1o  A CNIC será presidida pela autoridade referida no
desde que devidamente constituídas e em funcionamento, inciso I deste artigo que, para fins de desempate terá o voto
na forma da legislação em vigor. (Redação dada pela Lei nº de qualidade.
9.874, de 1999) § 2o  Os mandatos, a indicação e a escolha dos represen-
Art.  28.   Nenhuma aplicação dos recursos previstos tantes a que se referem os incisos IV e V deste artigo, assim
nesta Lei poderá ser feita através de qualquer tipo de in- como a competência da CNIC, serão estipulados e definidos
termediação. pelo regulamento desta Lei.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Art. 33.  A SEC/PR, com a finalidade de estimular e valorizar


a arte e a cultura, estabelecerá um sistema de premiação anual ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
que reconheça as contribuições mais significativas para a área: DECRETO 1.171/1994 ATUALIZADA/LEI N°
I - de artistas ou grupos de artistas brasileiros ou residen- 12.840 DE 9/07/2013.
tes no Brasil, pelo conjunto de sua obra ou por obras indivi-
duais;
II - de profissionais da área do patrimônio cultural;
III  -  de estudiosos e autores na interpretação crítica da DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
cultura nacional, através de ensaios, estudos e pesquisas. Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público
Art. 34.  Fica instituída a Ordem do Mérito Cultural, cujo Civil do Poder Executivo Federal.
estatuto será aprovado por Decreto do Poder Executivo, sen-
do que as distinções serão concedidas pelo Presidente da O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vis-
República, em ato solene, a pessoas que, por sua atuação
ta o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts.
profissional ou como incentivadoras das artes e da cultura,
116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos
mereçam reconhecimento. (Regulamento)
arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,
Art. 35.  Os recursos destinados ao então Fundo de Pro- DECRETA:
moção Cultural, nos termos do art. 1o, § 6o, da Lei no 7.505, de Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
2 de julho de 1986, serão recolhidos ao Tesouro Nacional para Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
aplicação pelo FNC, observada a sua finalidade. este baixa.
Art. 36.  O Departamento da Receita Federal, do Minis- Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
tério da Economia, Fazenda e Planejamento, no exercício de Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as
suas atribuições específicas, fiscalizará a efetiva execução des- providências necessárias à plena vigência do Código de Ética,
ta Lei, no que se refere à aplicação de incentivos fiscais nela inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de
previstos. Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares
Art.  37.   O Poder Executivo a fim de atender o dispos- de cargo efetivo ou emprego permanente.
to no art. 26, § 2o, desta Lei, adequando-o às disposições da Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será
Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviará, no prazo de 30 dias, comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presi-
Mensagem ao Congresso Nacional, estabelecendo o total da dência da República, com a indicação dos respectivos mem-
renúncia fiscal e correspondente cancelamento de despesas bros titulares e suplentes.
orçamentárias. Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publi-
Art. 38.  Na hipótese de dolo, fraude ou simulação, inclu- cação.
sive no caso de desvio de objeto, será aplicada, ao doador e Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e
ao beneficiário, multa correspondente a duas vezes o valor da 106° da República.
vantagem recebida indevidamente. ITAMAR FRANCO
Art. 39.  Constitui crime, punível com a reclusão de dois Romildo Canhim
a seis meses e multa de vinte por cento do valor do projeto, Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.
qualquer discriminação de natureza política que atente contra
a liberdade de expressão, de atividade intelectual e artística, ANEXO
de consciência ou crença, no andamento dos projetos a que Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal
se refere esta Lei.
CAPÍTULO I
Art. 40.  Constitui crime, punível com reclusão de dois a
Seção I
seis meses e multa de vinte por cento do valor do projeto, Das Regras Deontológicas
obter redução do imposto de renda utilizando-se fraudulen- I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência
tamente de qualquer benefício desta Lei. dos princípios morais são primados maiores que devem nortear
§ 1o  No caso de pessoa jurídica respondem pelo crime o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora
o acionista controlador e os administradores que para ele te- dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder es-
nham concorrido. tatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados
§ 2o  Na mesma pena incorre aquele que, recebendo re- para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.
cursos, bens ou valores em função desta Lei, deixa de promo- II - O servidor público não poderá jamais desprezar o ele-
ver, sem justa causa, atividade cultural objeto do incentivo. mento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir so-
Art. 41. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, Re- mente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente
gulamentará a presente lei. e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principal-
Art. 42. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. mente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras
Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário. contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia
de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é
que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos Seção II


tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele Dos Principais Deveres do Servidor Público
próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a mo-
ralidade administrativa se integre no Direito, como elemento XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
como consequência, em fator de legalidade. ou emprego público de que seja titular;
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público peran- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren-
te a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu dimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da socie- situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou
dade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços
maior patrimônio. pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar
VI - A função pública deve ser tida como exercício profis- dano moral ao usuário;
sional e, portanto, se integra na vida particular de cada servi- c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a in-
dor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do tegridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver
dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o
seu bom conceito na vida funcional. bem comum;
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condi-
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração ção essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da cole-
Pública, a serem preservados em processo previamente de- tividade a seu cargo;
clarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfei-
ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralida- çoando o processo de comunicação e contato com o público;
de, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
bem comum, imputável a quem a negar. cípios éticos que se materializam na adequada prestação dos
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não serviços públicos;
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos
Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de pre-
corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que conceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade,
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
mais a de uma Nação. forma, de causar-lhes dano moral;
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo de- h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
dicados ao serviço público caracterizam o esforço pela dis- representar contra qualquer comprometimento indevido da
ciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta estrutura em que se funda o Poder Estatal;
ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos,
forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimô- de contratantes, interessados e outros que visem obter quais-
nio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, quer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrên-
não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às insta- cia de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
lações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
seus esforços para construí-los. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo
de solução que compete ao setor em que exerça suas fun- negativamente em todo o sistema;
ções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer ou- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
tra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo
apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas as providências cabíveis;
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
públicos. seguindo os métodos mais adequados à sua organização e
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens distribuição;
legais de seus superiores, velando atentamente por seu cum- o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
primento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repeti- nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por
dos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às ve- escopo a realização do bem comum;
zes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas
no desempenho da função pública. ao exercício da função;
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estru- truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto
tura organizacional, respeitando seus colegas e cada concida- quanto possível, com critério, segurança e rapidez, man-
dão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois tendo tudo sempre em boa ordem.
sua atividade pública é a grande oportunidade para o cres- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
cimento e o engrandecimento da Nação. quem de direito;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun- de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo con- profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com
trariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamen-
público e dos jurisdicionados administrativos; te de imputação ou de procedimento susceptível de censura.
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos orga-
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse nismos encarregados da execução do quadro de carreira dos
público, mesmo que observando as formalidades legais e não servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito
cometendo qualquer violação expressa à lei; de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe procedimentos próprios da carreira do servidor público.
sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
integral cumprimento. de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do res-
pectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com
Seção III ciência do faltoso.
Das Vedações ao Servidor Público XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
XV - E vedado ao servidor público; entende-se por servidor público todo aquele que, por força
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem- de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços
po, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
para si ou para outrem; que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros ser- indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
vidores ou de cidadãos que deles dependam; autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co- as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
Código de Ética de sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-
cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO EM MUSEUS.
dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri- A segurança de sua apresentação deixa transparecer uma
chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no intimidade muito grande com a questão do planejamento
trato com o público, com os jurisdicionados administrativos que, certamente, vem de sua larga experiência como profis-
ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; sional e com uma especial capacidade reflexiva sobre a situa-
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer ção dos museus na Espanha. A meu ver, indica, também, uma
tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doa- preocupação, do ponto de vista do Estado, quanto ao desen-
ção ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou volvimento de uma política oficial para os museus.
qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para Importando essa discussão para a realidade brasileira, para
influenciar outro servidor para o mesmo fim; a qual a conferência contribui, fica a impressão bastante acen-
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva tuada de que a ‘naturalidade’ ou ‘casualidade’ com a qual os
encaminhar para providências; gestores de instituições museológicas e afins lidam tanto com
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do as questões referentes ao cotidiano dos museus quanto com
atendimento em serviços públicos; questões de estratégia indicam uma carência na formação dos
j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; profissionais de museus já que disciplinas como administração
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au- e gestão não fazem, necessariamente, parte de sua formação.
torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao Nesse sentido, cabe destacar que, tanto a Política Nacio-
patrimônio público; nal de Museus quanto uma nova forma de gestão por meio
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âm- de parcerias público-privado vem demandando que as insti-
bito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, tuições museológicas revejam seu posicionamento frente à
de amigos ou de terceiros; questão da gestão, sobretudo quanto a maneira por meio da
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele ha- qual apresentam o resultado de seu trabalho para o público.
bitualmente; A metodologia do Plano Museológico indicada pelo Instituto
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente con- Brasileiro de Museus vem permitindo que muitas instituições se
tra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; percebam, algumas pela primeira vez, na sua vocação enquanto
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu instituições públicas. Há museus que ainda não possuem orga-
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. nogramas definidos tampouco estruturas de funcionamento
claras com indicação de políticas e programas de ação. Muitos
CAPÍTULO II museus de médio e pequeno porte não tem, sequer, defini-
DAS COMISSÕES DE ÉTICA ção de cargos e funções. Essa carência se nota em uma ação
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração pública carregada de equívocos, ainda que bem intencionada.
Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou Considerando mais particularmente a experiência paulista
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições de- de gestão compartilhada público-privada, o ingresso de pro-
legadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão fissionais da área de administração nos quadros dos museus

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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e nos seus conselhos gestores e o processo de treinamento e 02) Considerando as disposições do Decreto n.º 1.171/1994
intervenção do Sistema Estadual de Museus vêm gerando mo- e as resoluções da Comissão de Ética Pública da Presidência da
dificações bastante acentuadas no cotidiano das instituições. República (CEP), julgue os itens a seguir. Suponha que a CEP,
Sobretudo, mudanças conduzidas por uma gestão que utiliza após procedimento regulamentar, tenha apurado a prática de
modelos advindos de outras áreas, precisaram ser assimiladas infração grave por determinada autoridade. Nessa hipótese, é
e adaptadas para as necessidades do trabalho com cultura em possível o encaminhamento de sugestão de exoneração dessa
espaços públicos associado a um raciocínio que inclui valores autoridade a autoridade hierarquicamente superior, não po-
‘estranhos’ a esse universo tais como, entre outros, produtivi- dendo a penalidade ser aplicada diretamente pela CEP.
dade, avaliação de desempenho e plano de metas. C. Certo
De qualquer maneira, a ideia de implementação de um E. Errado
plano museológico que gere tanto o plano diretor quanto o Resposta: Certo
planejamento estratégico, a implementação de programas e a
gestão modular por meio de projetos indica que os museus, de 03) Consoante o Código de Ética Profissional do Servidor
um ponto de vista externo, estão cada vez mais inseridos no dis- Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n.º 1.171/1994),
curso de uma economia global que o tem transformado em um julgue os itens seguintes. A advertência e a suspensão estão en-
espaço público qualificado e no qual se fundem as necessidades tre as penas aplicáveis pelas Comissões de Ética ao servidor.
de acesso democrático e inclusivo à cultura, educação, lazer e so- C. Certo
cialização. No que diz respeito à gestão interna, vem aumentan- E. Errado
do a preocupação com a profissionalização das relações e com a Resposta: Errado
qualidade dos serviços prestados ao público – interno e externo.
Muitos museus lidam com ‘passivos’ expressos, por 04) Acerca da ética no serviço público, assinale a opção correta.
exemplo, na falta de políticas claras no que diz respeito ao A. Os servidores do TRE/PE podem estabelecer livre in-
processo colecionista, às exposições, às ações educativas, etc. terlocução com seus superiores, podendo expor ideias e opi-
e que derivaram em acervos cujo perfil é difuso, em exposi- niões, desde que não seja para discutir aspecto controverso
ções protocolares e em atendimento precário do público. A em instrução processual.
diferença entre os museus que já vêm praticando princípios B. Os atos, comportamentos e atitudes dos servidores te-
de gestão baseados nos planos museológicos demonstram rão de incluir, sempre, uma avaliação de natureza ética, em-
uma diferença de resultados perceptível em relação aos que bora não se exija uma harmonia entre os valores institucionais
ainda trabalham de maneira intuitiva e amadora. e as práticas pessoais.
Concordamos com Bernís no que diz respeito à necessi- C. O servidor do TRE/PE pode prestar consultoria técnica a
dade de apoiar as relações transversais e de estimular as alian- empresas licitantes ou que prestem serviços a esse tribunal, des-
ças com o público e com eventuais patrocinadores também. de que elas não estejam envolvidas com o processo eleitoral.
Se o museu é uma mídia que tem contornos específicos, D. Os princípios e normas de conduta ética são aplicáveis
então suas características devem ser ressaltadas e respeitadas aos servidores efetivos e aos que, mesmo pertencendo a ou-
nesse processo. Acreditamos que a ideia central do Plano Mu- tra instituição, prestem serviços ao TRE/PE, desde que desen-
seológico e que pode ser estimulada, por meio da aplicação de volvam atividade de natureza permanente.
uma metodologia segura, deva ser criar as possibilidades para E. Tanto os termos de compromisso dos estagiários como os
que as instituições discutam em plenitude sobre o que são e contratos administrativos de prestação de serviço firmados com o
como pensam inserir-se nas comunidades. A partir de uma só- TRE/PE devem observar as normas de natureza ética desse tribunal.
lida definição conceitual, do que é o museu, qual sua finalidade Resposta: E
social e sue alcance, as questões de natureza executiva terão
maior chance de ocorrerem de maneira mais fluida e efetiva. 05) Constitui regra deontológica do Código de Ética Pro-
Fonte: http://www.forumpermanente.org/event_pres/en- fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
contros/encontros-paulista-de-museus/iv-encontro-paulista- A. o dever do servidor de prestar toda a sua atenção às
de-museus/relatos/planejamento-e-gestao-de-museus-e-a- ordens legais de seus superiores, velando atentamente por
democratizacao-da-cultura seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente.
B. a vedação ao servidor público de usar do cargo ou fun-
Exercícios ção, facilidades, amizades, tempo, posição e influências para
obter qualquer favorecimento para si ou para outrem.
01) Considerando as disposições do Decreto n.º C. a vedação ao servidor público de prejudicar delibe-
1.171/1994 e as resoluções da Comissão de Ética Pública da radamente a reputação de outros servidores ou de cida-
Presidência da República (CEP), julgue os itens a seguir. dãos que deles dependam.
Em observância aos princípios da publicidade e da trans- D. o dever do servidor de tratar cuidadosamente os
parência, as comissões de ética instituídas pelo Decreto usuários dos serviços aperfeiçoando o processo de comu-
n.º 1.171/1994 deverão, a partir da instauração de pro- nicação e contato com o público.
cedimento para a apuração de infração ética, dar ampla E. o dever do servidor de jamais retardar qualquer pres-
publicidade aos expedientes adotados em todas as fases tação de contas, condição essencial da gestão dos bens,
processuais. direitos e serviços da coletividade a seu cargo.
C. Certo
E. Errado Resposta: A
Resposta: Errado

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