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Aprendizagem e controle

motor

Aula 10 - Medida e avaliação psicomotora e de


desempenho motor
INTRODUÇÃO

Os critérios de avaliação de um ato motor devem tentar interpretar os seguintes fatores: O QUE, COMO, QUANDO, ONDE,
QUANTO e POR QUE se faz.

O exame psicomotor conjuga o subjetivo e o objetivo, e precisa analisar o movimento em todos os seus aspectos, quais
sejam: desejo, investimento afetivo, iniciativa, projeto mental, qualidade da realização e valor relacional.

Para isso, qualquer competência não deve ser julgada isoladamente, mas sempre como a expressão de várias características
do indivíduo integradas entre si.
Nesta aula, trataremos da realização dos testes psicomotores: bateria e proficiência motora.

OBJETIVOS

Reconhecer a bateria de teste.

Explicar o teste de proficiência motora.

Bateria Psicomotora (BPM)

I - Extensibilidade
a) Membros superiores: 4 3 2 1

Na avaliação dos membros superiores, observa-se a extensibilidade dos deltoides anteriores e peitorais, por meio da
medição (com uma fita métrica) da aproximação máxima dos cotovelos atrás das costas (segurados pelo avaliador), bem
como a extensibilidade do punho.

Em seguida, mede-se a flexão máxima da mão sobre o antebraço (ângulo do punho) por meio da pressão leve que o
observador faz do polegar em direção ao punho.

Observação dos deltoides anteriores e peitorais – aproximação máxima dos cotovelos atrás das costas.
b) Membros inferiores: 4 3 2 1

Na avaliação dos membros inferiores, observa-se a extensibilidade dos músculos adutores e extensores da coxa.

Na observação dos adutores, o indivíduo deve manter-se sentado, com as pernas afastadas lateralmente e estendidas o
máximo possível.

Nesse caso, analisam-se a amplitude do afastamento de ambas as pernas e o grau de resistência por simples e suave
palpação.

Observação dos adutores – afastamento máximo de ambas as pernas.


Na observação dos extensores da coxa, avalia-se a extensibilidade do ângulo poplíteo, quando o indivíduo se deita
dorsalmente e eleva as pernas até fletir as coxas sobre a bacia, realizando a extensão máxima das pernas.

Nesse caso, deve-se analisar a amplitude da extensão das pernas, bem como o grau de resistência e de consistência dos
músculos posteriores da coxa e da perna.

Observação dos extensores da coxa (ângulo poplíteo).


II - Equilibração
a) Equilíbrio estático

Apoio retilíneo: 4 3 2 1

O equilíbrio estático é observado por meio da avaliação do apoio retilíneo.

Nesse caso, o indivíduo deve colocar um pé no prolongamento exato do outro, estabelecendo o contato do calcanhar de um
pé com a ponta do pé contrário, de olhos fechados, mãos apoiadas nos quadris, permanecendo assim por 20 segundos.

Observação do equilíbrio estático. Manutenção do equilíbrio durante 20 segundos.

b) Equilíbrio dinâmico: 4 3 2 1

Prova da marcha controlada


O indivíduo deve evoluir no solo, em cima de uma linha de 3 metros de comprimento, de modo que o calcanhar de um pé
toque na ponta do pé contrário, permanecendo sempre com as mãos nos quadris.

Observação do equilíbrio dinâmico. Deslocamentos controlados do corpo numa distância de 3 metros.

III - Lateralidade
4321

Inata ( ) Adquirida ( )

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a) Ocular (D) (E)
Para avaliar a lateralidade ocular, pede-se ao indivíduo que pegue um tubo ou canudo de papel disposto
sobre uma mesa a sua frente e, depois, que olhe por este, anotando o olho que utilizou.
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b) Auditiva (D) (E)
Pedir para que o indivíduo simule o atendimento de um telefone, anotando o ouvido preferencial.
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c) Manual (D) (E)
Anotar a mão que o indivíduo utiliza para escrever.
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d) Pedal (D) (E)
Pede-se que o indivíduo, partindo da posição estática, simule o chute de uma bola disposta a sua frente,
anotando o pé utilizado.
IV - Noção de corpo
a) Autoimagem (face): 4 3 2 1

O indivíduo deve permanecer de pé, com os olhos fechados, braços em extensão lateral, mãos fletidas e os respectivos
dedos indicadores estendidos.

É necessário realizar essa tarefa 4 vezes: 2 com cada mão. O avaliador pode fazê-lo uma vez para demonstrar a atividade.

Noção do corpo no seu componente facial dentro do espaço próprio.

b) Sentido cinestésico: 4 3 2 1

O indivíduo deve permanecer de pé, de olhos fechados. O avaliador pede que ele nomeie os vários pontos do corpo tocados
tatilmente, tais como:
• Nariz;
• Queixo;
• Olhos;
• Orelhas;
• Ombro;
• Cotovelo;
• Mão e pé.

Sentido posicional e o sentido do movimento fornecido pelos proprioceptores.

V - Estruturação espaçotemporal
a) Organização (espacial): 4 3 2 1

O indivíduo deve contar o número de passos que realizou dentro do espaço destinado para seu deslocamento, retê-los e
realizar simples operações de cálculo mental no ajuste de suas passadas.

Pede-se que ele ande normalmente de um lado para o outro dentro de um espaço de 5 metros, previamente delimitado,
contando em voz alta o número de passos realizados para essa travessia.

Uma vez realizado o percurso, pede-se que o faça novamente, mas, agora, com mais três passos. Depois, solicita-se que o
realize com menos três passos do que foi feito anteriormente.
Capacidade espacial concreta de calcular as distâncias e os ajustamentos de planos motores necessários para os percorrer, pondo
em jogo as funções de análise espacial, processamento e julgamento da distância e da direção, planificação motora e verbalização
simbólica da experiência.

b) Estruturação rítmica (temporal): 4 3 2 1

Sugere-se que o indivíduo ouça com muita atenção a sequência de batimentos apresentada pelo avaliador.

Pede-se que ele ande normalmente de um lado para o outro dentro de um espaço de 5 metros, previamente Em seguida,
pede-se que ele reproduza exatamente a mesma estrutura e o mesmo número de batimentos, com o auxílio de um lápis
sobre a mesa.

As estruturas rítmicas são:


VI - Praxia global
a) Coordenação oculomanual: 4 3 2 1

Pede-se que o indivíduo, na posição de pé, lance uma bola de tênis para dentro de um cesto de papéis colocado em cima de
uma cadeira a uma distância de 2,50 metros.

Durante o lançamento, devem ser observados:

• A postura ereta do tronco;


• A orientação da base de sustentação;
• O tipo de lançamento;
• A velocidade;
• A força;
• O autocontrole.

Capacidade de coordenar movimentos manuais com referências perceptivo-visuais. Envolve planejamento motor, avaliação de
distância e precisão de lançamento.
b) Coordenação oculopedal: 4 3 2 1

Pede-se que o indivíduo, na posição de pé, chute uma bola de tênis por entre as pernas de uma cadeira colocada a uma
distância de 2,50 metros.

Durante o chute, devem ser observados:

• A postura ereta do tronco;


• A orientação da base de sustentação;
• O tipo de chute;
• A velocidade;
• A força;
• O autocontrole.

Compreende a capacidade de coordenar movimentos pedais com referências perceptivo-visuais.


VII - Praxia fina
a) Tamborilar: 4 3 2 1

O avaliador deve demonstrar a movimentação dos dedos, que têm de realizar um círculo na transição dedo para dedo –
desde o indicador até o mínimo – e, em seguida, na direção inversa (2, 3, 4, 5 e 5, 4, 3, 2), sendo permitida uma tentativa para
treino.

Logo após, pede-se que o indivíduo permaneça sentado, de olhos fechados, e que realize os movimentos – primeiro, três
sequências separadas e, depois, uma simultânea.

Dissociação digital sequencial que envolve a localização tátil-cinestésica dos dedos e sua motricidade independente e harmoniosa.

b) Coordenação dinâmica manual

Pede-se que o indivíduo, na posição sentada, componha e, em seguida, desmonte, o mais depressa possível, uma pulseira
com 10 clipes.
Compreende a destralidade bimanual e a agilidade digital, visando o estudo da coordenação fina das mãos e dos dedos.

TESTE DE PROFICIÊNCIA MOTORA DE BRUININKS-OSERETSKY (TBO)


O objetivo principal do TBO é fornecer informações a respeito da motricidade de um indivíduo por meio de seu desempenho
em determinadas habilidades motoras.

Em outras palavras, o TBO permite estimar o padrão de desenvolvimento motor de uma criança em comparação a seus
pares.

Esse teste pode ser administrado tanto em indivíduos normais quanto naqueles que apresentam atrasos em seu
desenvolvimento motor, retardamento mental suave ou moderado, nas idades de 4 ½ a 14 ½ anos (BRUININKS, 1978;
HAUBENSTRICKER et al, 1981; GALLAHUE, 1982; VERDERBER; PAYNE, 1987).

Teste de proficiência motora Bruininks-Oseretsky, 2ª Edição (TBO-2).


Fonte:http://www.pearsonclinical.com/therapy/products (http://www.pearsonclinical.com/therapy/products/100000648/bruininks-
oseretsky-test-of-motor-proficiency-second-edition-bot-2.html). Acesso em: 05 set. 2017.
O TBO é um instrumento classificado como um teste referenciado a normas (VERDUCCI, 1980; SAFRIT, 1986; BARROW,
1989) ou de produto orientado (GALLAHUE, 1982), pois utiliza tabelas padronizadas em uma população como referência para
comparar o desempenho obtido pelo indivíduo testado.

Atenção
, No caso do TBO, existem tabelas que indicam a pontuação média (escore padrão) em cada subteste
representativo das áreas motoras que o teste verifica., , São fornecidas, também, tabelas que indicam a
ordem percentil, o estanino e a idade equivalente derivada da média, o que possibilita uma melhor
interpretação dos desempenhos obtidos., , Essas tabelas foram construídas com base nos dados obtidos
da população dos Estados Unidos e de parte do Canadá, por ocasião do processo de validação do TBO.

ESTRUTURA DO TBO
O TBO apresenta-se sob duas formas:

• Forma longa ou bateria completa – composta por 46 itens (tarefas);


• Forma curta – composta por 14 itens derivados da anterior.

As duas formas são constituídas de 8 subtestes, que, em seu conteúdo, representam aspectos importantes da motricidade e
de seu desenvolvimento no indivíduo.

São eles:

Subteste 1: Velocidade de corrida e agilidade

Teste que mensura a velocidade de corrida e a agilidade durante uma corrida rápida em uma distância de 13,7
metros.

Subteste 2: Equilíbrio

Teste que mede o equilíbrio dinâmico e estático, propondo tarefas como sustentar-se sob uma perna, e
caminhadas sobre uma linha e uma trave.

Subteste 3: Coordenação bilateral

Teste que mede a coordenação sequencial e simultânea de membros superiores e inferiores.

Subteste 4: Força

Teste que verifica a força dos braços e ombros, bem como a força abdominal e das pernas.

Subteste 5: Coordenação dos membros superiores

Teste que mede a coordenação do acompanhamento visual com movimentos do braço e das mãos, bem como
movimentos precisos de braços, mãos e dedos.

Subteste 6: Velocidade de resposta

Teste que mede a capacidade de responder rapidamente a um estímulo visual.

Subteste 7: Controle visuomotor

Teste que mede a capacidade de coordenar movimentos precisos das mãos.

Subteste 8: Destreza e velocidade dos membros superiores

Teste que mensura a destreza das mãos e dos dedos, bem como a velocidade dos braços e das mãos
(BRUININKS, 1978; KRUS; BRUININKS; ROBERTSON, 1981; BRUININKS; STEFFENS; SPIEGEL, 1989).

A estrutura do TBO – tanto da forma longa (glossário) quanto da curta (glossário) – possui o mesmo número de subtestes,
isto é, apresenta a mesma configuração, que engloba os seguintes compostos:
Composto motor amplo

Aquele que fornece a estimativa relativa à motricidade ampla (subtestes 1 a 4).

Composto motor fino

Aquele que fornece o índice da motricidade fina (subtestes 5 a 8).

Composto da bateria

Aquele que fornece o índice da proficiência motora geral da criança (soma do resultado obtido
em todos os subtestes – 1 a 8).

Atenção
, Para a aplicação de cada subteste, existem materiais específicos., , O TBO é comercializado em um estojo
que contém os equipamentos necessários, os formulários para o registro dos dados e um manual de
instrução., , Entretanto, os equipamentos do teste podem ser naturalmente reproduzidos, o que permite o
fácil acesso a esse instrumento (VERDERBER; PAYNE, 1987)., , Cabe ao examinador providenciar
cronômetros, mesas e cadeiras adequadas ao tamanho da criança – materiais imprescindíveis para o
teste.

Os desempenhos obtidos nos itens de cada subteste são interpretados com base em um protocolo em que os escores
brutos (glossário) são convertidos em pontos escore, os quais unificam a forma de registrar.

A partir dos somatórios desses pontos escore, são obtidos os escores padrão de cada subteste dos compostos das formas
longa e curta.

A análise do resultado é facilitada com o auxílio de tabelas, que indicam a ordem percentil, o estanino e a idade equivalente
com referência ao grupo padrão.
ATIVIDADE PROPOSTA
Explique a importância da avaliação motora e como os resultados obtidos podem direcionar o trabalho do professor de
Educação Física, considerando os elementos que são avaliados.

Resposta Correta
EXERCÍCIOS
1. Na BPM, que aspectos são avaliados na praxia global?

Resposta Correta

2. Qual são os objetivos principais do TBO?

Resposta Correta

3. Nas duas formas de aplicabilidade, o TBO é constituído de 8 subtestes, que, em seu conteúdo, representam aspectos
importantes da motricidade e de seu desenvolvimento no indivíduo. Quais aspectos motores os subtestes avaliam?

Resposta Correta

Glossário
FORMA LONGA
A forma longa fornece índices dos compostos aqui descritos, ou seja, a bateria completa e os compostos
podem ser administrados separadamente, a fim de que se obtenham informações dos aspectos motores a
que se referem.

Essa forma é utilizada quando se desejam dados mais específicos de um indivíduo.

FORMA CURTA

A forma curta, que é derivada da forma longa, fornece apenas um índice referente à estimativa da
proficiência motora geral, apesar de ter a mesma estrutura da forma anterior.

A forma curta foi desenvolvida para fornecer rapidamente informações quando se tem um grande número
de indivíduos a serem testados.

ESCORES BRUTOS

Medida direta que expressa o desempenho da criança em determinado item.

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