Você está na página 1de 5

FACULDADE VIA SAPIENS

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ROSELY ROCHA BRANDÃO FROTA

FILME - ILHA DO MEDO


BREVE ANÁLISE E RESUMO

TIANGUÁ/CE
2019
ILHA DO MEDO – Breve Análise e Resumo

A trama do aclamado autor Martin Scorsese, baseada no livro “O


Paciente 67”, de Dennis Lehane, passa-se no ano de 1954, quando o Policial
Federal Teddy Daniels chega, juntamente com seu parceiro, Chuck Aule, às Ilhas
Boston Harbor, para onde foram chamados com o intuito de investigar o
desaparecimento de uma paciente psiquiátrica considerada perigosa,
denominada Rachel Solando. A referida paciente, conseguiu fugir do Hospital
Aschcliffe, Instituição Psiquiátrica de Segurança Máxima, que abrigava em suas
Alas, Doentes Mentais Criminosos de alta periculosidade.
Já no início das investigações, percebe-se um certo medo por parte
de alguns funcionários do Hospital e desdém por meio de outros, o que leva o
expectador a crer que algo muito grave e estranho ocorre dentro dos muros da
instituição. É válido salientar a presença de muitos policiais, o que se torna
avesso ao tratamento que deve ser dado em um Hospital, já que os pacientes
não deveriam estar inseridos no sistema prisional e sim no sistema de tratamento
para as comorbidades ali existentes.
Diante de tanta segurança, como cercas eletrificadas, policiais por
todos os lados e profissionais de saúde constantemente em vigília, se tornava
difícil acreditar que a Paciente Rachel houvesse realmente fugido. Essa
afirmativa se torna mais presente quando os investigadores encontram dois
pares de sapato da paciente em seu quarto, levando-os acreditar que a mesma
saiu de lá descalça, o que seria praticamente impossível.
A preocupação com o sumiço da paciente tornava-se cada vez maior,
pois ela havia matado os três filhos, o que a tornava de alta periculosidade, bem
como era avessa à qualquer situação ali já ocorrida, já que a fuga havia se dado,
mas a porta do quarto de Rachel estava trancada por fora e as grades de suas
janelas estavam intactas.
Todas essas incertezas e discrepâncias, foram se acumulando e se
tornaram mais presentes a partir do momento em que Teddy encontra um bilhete
no chão do quarto de Rachel que dizia: “A Lei dos 4. Quem é o 67?”. Entrevistas
foram feitas com funcionários e pacientes, mas de nada adiantava, pois ninguém
estava disposto a colaborar com as investigações e sempre repetiam as mesmas
palavras, o que leva Teddy a crer que os Diretores da Instituição escondiam algo
e que treinaram todos a falarem o que eles queriam que fosse dito.
Durante as investigações, Teddy, que era um ex-combatente da 2ª
Guerra Mundial, começa a ser atormentado por visões de momentos passados
por ele nos campos de concentração e das mortes que ali havia praticado e
presenciado. Em paralelo, ele passou a ter sonhos aterrorizantes com sua
Esposa, que havia sido morta, segundo ele, por um incendiário de nome Andrew
Laeddis.
Diante de toda a estranheza da equipe do Hospital, que não
colaborava com os Investigadores, Teddy passou a crer que ali se passavam
experiências médicas com os pacientes, da mesma forma como se passava nos
Campos de Concentração da Guerra. Ele tende então a investigar isto, crendo
que todos ao seu redor estão lhe escondendo algo pois o mesmo havia sido
atraído para lá e deveria ser um dos pacientes testados naquele local.
Em meio a todo esse emaranhado de informações, Rachel Solando
aparece, de início bem assustada com a presença de Teddy e sem saber o que
estava acontecendo, pois em seu delírio, a mesma não havia matado seus filhos
e ainda estava morando em sua casa, com seu esposo. A situação reforça as
especulações de Teddy, que decide investigar o Farol do Hospital, local onde,
segundo ele, eram realizados os experimentos com os pacientes da instituição.
Uma grande tempestade ocorre e Teddy passa a ser acometido por
severas dores de cabeça e tremores. Os médicos do local lhe dão medicamentos
e o mesmo “apaga”, tendo mais uma vez sonhos bizarros com sua esposa
falecida. No seu pensamento, a esposa lhe diz que seu assassino, Andrew
Laeddis, está na instituição e o mesmo decide ir atrás dele. Em sua busca, Teddy
descobre que o mesmo não está mais lá e que pode ter sido transferido para o
Farol, para ser estudado.
Mesmo por entre pedras e com seu constante e aparente pavor diante
da água, Teddy decide mergulhar e ir nadando até o Farol. Ao chegar lá, nada
encontra. Sobe escadas e abre portas, tendo suas expectativas frustradas ao
encontrar somente um dos Psiquiatras da instituição sentado em uma mesa, mas
nada de experimentos sendo realizados.
A história, a partir desse momento, toma um rumo completamente
inesperado, pois vê-se um Teddy assustado e atormentado diante do médico
que ali se encontrava. Desenrola-se então, que na verdade, a paciente Rachel
Solando nunca existiu, que ela foi fruto e criação da mente delirante de Teddy,
que criou uma personalidade paralela à sua, para não ter que encarar sua
realidade.
Na verdade, Teddy se chamava Andrew Laeddis. Ele era sim um ex-
policial federal e combatente de guerra, que não estava mais na ativa, mas sim,
internado na instituição por ter assassinado sua esposa Dolores Chanal
(anagrama de Rachel Solano), por não aceitar que a mesma havia tirado a vida
e jogado no lago, seus três filhos. Ele também descobre que seu parceiro Chuck,
é na verdade seu psiquiatra Dr. Sheehan. O que ocorreu durante toda a trama,
foi algo chamado de Psicodrama, que nada mais é do que uma Terapia
Psicológica feita por meio de encenação, sendo a mesma uma tentativa de
tratamento para Andrew, que não aceitava sua realidade. Os médicos queriam,
a partir desta, fazer Andrew perceber por si mesmo, que tudo não passava de
um delírio e que o mesmo tinha que aceitar e conviver com seus problemas.
Andrew desmaia e ao acordar, a realidade de que sua esposa matou
seus filhos e que por isso ele a assassinou, já era visível. Ao fim, em conversa
com seu psiquiatra, Andrew novamente começa a ter delírios, o que faz o médico
acreditar que o mesmo ainda não estava livre de seus traumas. Andrew então
faz a seguinte indagação: “O que seria melhor: Viver como um monstro ou morrer
como um homem bom?” e levanta-se, levando todos a entenderem que o mesmo
havia aceitado seu destino, de que só a lobotomia poderia curá-lo.
Ao fim de toda a trama, pode-se analisar que Andrew era incapaz de
aceitar sua realidade e que a partir dessa não aceitação, o mesmo acaba criando
um personagem, onde ele estaria mais confortável e longe da realidade,
acreditando que sua esposa não era uma maníaco-depressiva que em surto,
havia assassinado seus filhos, mas sim alguém que havia sido morta por um
incendiário, o qual ele teria ido procurar na ilha. Suas dores, tremores e
alucinações presentes em todo o filme, eram nada mais do que efeitos de sua
abstinência, causada pela retirada de seu medicamento, a Clorpromazina. A
água também, assume papel importante em seus delírios, já que o mesmo
possuía um certo pavor, o que pode ser entendido, já que seus filhos morreram
afogados por sua esposa. Por ter treinamento militar, Andrew é considerado um
dos pacientes mais perigosos da ilha, bem como por sua capacidade de criar
histórias mirabolantes e se ligar tão fortemente a seus delírios, que faz com que
suas alucinações sempre tornem tudo real e conciso. É uma pessoa
provavelmente possuidora de um stress pós-traumático (por conta de suas
experiências na guerra), o que veio a ser possivelmente agravado por seu
aparente alcoolismo (mostrado em algumas passagens e sonhos com sua
esposa). Tudo isso tende a piorar, quando o mesmo apresenta uma
esquizofrenia paranoide, após a morte de seus filhos e esposa.
Trazendo minha opinião à tona, creio que ao final de todo o
Psicodrama, Andrew estava curado, porém, o mesmo finge ainda estar doente,
tendo como objetivo final, a lobotomia (retirada de parte do cérebro), na
esperança de não ser mais assombrado pela sua história e pelo seu destino, já
que o mesmo não conseguia lidar de forma assertiva com a realidade e o peso
da culpa que carregava e o impedia de seguir adiante. Ao fim, entende-se o
Bilhete encontrado no chão de um dos quartos, Andrew, na realidade, era o
paciente 67.

Você também pode gostar