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MARTINS - 2016. Estudos Sobre Material Didático e Formação de Professores.
MARTINS - 2016. Estudos Sobre Material Didático e Formação de Professores.
Andréia Martins
Faculdade Sumaré
E-mail: andreia.martins@sumare.edu.br
RESUMO: Neste artigo apresentamos um balanço dos trabalhos publicados cujo tema está
relacionado com a formação de professores no Brasil e os usos dos materiais didáticos. A
pesquisa foi realizada no banco de dados do Scielo, a partir desta busca pudemos concluir que
ainda são incipientes os trabalhos nesta área. Percebemos assim que o investimento no
tratamento minucioso do assunto é de grande importância para a formação inicial dos futuros
profissionais do ensino.
INTRODUÇÃO
Este texto tem como objetivo problematizar como andam as pesquisas sobre material
didático e formação de professores a partir da base de dados do Scielo, Muito se discute sobre os
usos de materiais didáticos e livros didáticos em sala de aula, sempre realizando um olhar
negativo para o uso dos livros pelos professores, mas como andam as pesquisas sobre o processo
de formação de professores e o uso de materiais didáticos em sala de aula? Como esta discussão
tem se feito presente na arena educacional? A partir destas indagações nos propomos à
realização de um levantamento bibliográfico. Utilizamos para a pesquisa a base de dados do
SCIELO que é uma biblioteca digital, desenvolvida pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São
Paulo (FAPESP) que possui um amplo acervo digital de artigos científicos de diversas áreas do
conhecimento. Para realizar a pesquisa bibliográfica, utilizamos os seguintes descritores:
“formação de professores”, “material didático” e “livros didáticos”.
Para melhor entendimento sobre o conceito de material didático e livro didático nos
fundamentaremos na autora Circe Bittencourt (2004). Podemos descrever material didático como
todo artefato utilizado pela escola, que tem como função o ensino. Então, tudo o que compõe o
espaço escolar pode ser caracterizado como material didático: as carteiras, o giz, a lousa, a mesa
do professor, os quadros na parede, a exposição das atividades dos alunos, cadernos, lápis,
caneta, livros e tudo mais.
Uma concepção mais ampla e atual parte do princípio de que os materiais didáticos são
mediadores do processo de aquisição de conhecimento, bem como facilitadores da
apreensão de conceitos, do domínio de informações e de uma linguagem específica da
área de cada disciplina – no nosso caso a história. (p. 296)
A autora afirma que os materiais didáticos podem ser divididos em duas categorias: a
primeira são os suportes informativos; a segunda, o grupo de materiais didáticos constituídos
pelos denominados documentos.
Os livros didáticos são objetos culturais muito complexos. Constituem um material que
mantém uma coisa chamada de “tradição escolar”, que faz parte do cotidiano escolar há, pelo
menos, dois séculos. É um objeto construído com o objetivo direto de ensinar determinado
conteúdo, mas não é de fácil definição. Temos que analisá-lo a partir de vários pontos, como
produção, circulação e consumo.
A autora estrutura seu texto da seguinte maneira: em um primeiro momento realiza uma
discussão sobre os livros didáticos, e analisa as respostas das entrevistas acima descritas,
colocando que o professor que trabalha com foco fechado no material didático não é o
profissional desejado para a realização de uma educação emancipatória, no segundo momento a
autora se propõe a analisar o processo de formação de professores utilizando a tese da
proletarização docente de Apple (1995) e o conceito de "nova ordem mundial" de (MAGNOLI,
1993). A autora conclui seu texto apontando o seguinte:
Pode-se perceber que o livro didático é apontado como o grande responsável pelo mau
trabalho docente, e o uso dele é visto como um limitador da ação do professor. Essa visão é
carregada de estereótipos sobre os usos do livro didático. E não discute a utilização do mesmo no
processo de formação de professores. Poderia problematizar, por exemplo, se existe ou não uma
disciplina intitulada avaliação e produção de materiais didáticos na formação inicial.
O segundo artigo encontrado foi escrito pelos autores Kelly Priscilla Lóddo Cezar,
Geiva Carolina Calsa e Edson Carlos Romualdo, e tem como título: Livro didático: seu papel nas
aulas de acentuação gráfica. O mesmo foi publicado no periódico Educação e Revista de 2009 e
traz o seguinte resumo:
O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados de uma investigação sobre o
uso do livro didático na prática pedagógica de dois professores - um de 4.ª e outro de 5.ª
séries do ensino fundamental - sobre os conteúdos de acentuação gráfica e tonicidade.
Considerou-se, como hipótese da pesquisa, que os professores continuam vinculados à
uma abordagem pedagógica algorítmica e mnemônica, embora estudos anteriores
mostrem que este tipo de ensino não seja o mais adequado para a aprendizagem da língua
falada e da língua escrita. Para o desenvolvimento do estudo realizaram-se observações de
aulas sobre os conteúdos investigados e análise dos livros didáticos utilizados pelos
professores. As observações evidenciaram privilegiamento do uso do livro didático e
tempo reduzido para exposição desses conteúdos, enquanto os livros didáticos mostraram
não diferenciar os dois aspectos linguísticos (fala e escrita), priorizando o ensino de
acentuação gráfica por meio da visualização e memorização de vocábulos acentuados
graficamente. Nos dois casos, constatou-se confusão conceitual: não há clareza de que a
sílaba tônica refere-se a aspectos da fala, enquanto a acentuação gráfica está diretamente
vinculada à escrita. Os dados sugerem que a acentuação gráfica pode ser ensinada como
um algoritmo gramatical desde que acompanhado de um processo de tomada de
consciência dos conceitos envolvidos nas normas gramaticais.
O terceiro artigo tem como título “O livro didático de ciências no ensino fundamental
proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico”, dos autores Simão dias Vasconcelos e
Emanuel Souto, foi publicado em 2003 na Revista Ciência e Educação de Bauru. Os autores
pontuam que:
Ao utilizar o descritor “material didático”, foram elencados onze artigos, que seguem
listados abaixo:
4 - A física nas séries iniciais (2ª a 5ª) do ensino fundamental: desenvolvimento e aplicação de
um programa visando à qualificação de professores.
9 - Análise comparativa do conteúdo Filo Mollusca em livro didático e apostilas do ensino médio
de Cascavel, Paraná.
Como podemos perceber o único texto que discute de maneira direta a questão do
material didático é o trabalho “Materiais didáticos para a educação de jovens e adultos” de
autoria de Osmar Fávero. O autor analisa os materiais didáticos utilizados na Educação de
Jovens e Adultos (EJA) livros que são trabalhados por vários movimentos que alfabetizam
jovens e adultos trabalhadores, como a Central Única dos Trabalhadores, o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra e o Sistema de Educação de Jovens e Adultos (SEJA) de Porto Alegre.
Neste artigo o autor apresenta a proposta pedagógica de cada movimento e o material didático
produzido por eles. Não há nenhuma análise ou crítica ao uso do material didático, visto que este
não é o objetivo do trabalho, apenas são apresentadas as propostas e evidenciados os pontos
comuns entre as mesmas.
Podemos perceber ao ler os títulos dos trabalhos elencados que não foi encontrado
estudos que estabelecem relação entre o processo de formação de professores e usos dos livros
didáticos e, nas análises das pesquisas, os livros aparecem sempre como conjunto de conteúdos
aos alunos e, uma crítica ao uso que os professores e professoras fazem destes livros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste levantamento inicial pode-se perceber que ainda são poucos os
trabalhos que tratam da temática formação de professores e material didático. Percebemos que
ainda serão necessários esforços metodológicos para a compreensão deste tema por
pesquisadores e educadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTO, Carlota. Aprender a ler entre cartilhas: civilidade, civilização e civismo pelas lentes
do livro didático. Educ. Pesquisa, Dez 2004, v.30, n.3, p.493-511.
CEZAR, Kelly Priscilla Lóddo; CALSA, Geiva Carolina; ROMUALDO, Edson Carlos. Livro
didático: seu papel nas aulas de acentuação gráfica. Educ. rev., 2009, n.34, p.215-230.
FÁVERO, Osmar. Materiais didáticos para a educação de jovens e adultos. Cad. CEDES,
Abr 2007, v.27, n.71, p.39-62.
GATTI JÚNIOR, Décio. Estado e editoras privadas no Brasil: o papel e o perfil dos editores
de livros didáticos (1970-1990). Cad. CEDES, Dez 2005, v.25, n.67, p.365-377.
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Unidos (do século XIX ao começo do século XX). Educ. Soc., Mar 2011, v.32, n.114, p.121-
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