Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013
HISTÓRICO:
Em 1877, Bilroth e Elrlich evidenciaram cocos com apresentação em cadeias de
feridas infectadas conhecidas como “erisipela” (erythros = vermelho) (pella = pele).
Em 1887, Nocard e Mollereau, na França, descreveram como Streptococcus da
mastite e depois batizado com o nome de Streptococcus agalactiae por Lehmann e
Neumann, em 1896. Pasteur observou microrganismos semelhantes que foram chamados
por Ogston de Streptococcus.
O nome genérico dos estreptococos foi utilizado, pela primeira vez, por Rosenbach
(1884) para descrever um microrganismo esférico que crescia em cadeias e que fora
isolado, de lesões supurativas no homem.
Em 1887/1888, Schutz isolou o S. equi (garrotilho) e pneumonia dos eqüinos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os estreptococos são Gram positivos, imóveis (poucas exceções), não formam
esporos, tem forma esférica e suas dimensões variam entre 0,2 a 1,2 µm. Formam longas
cadeias, mas podem formar pequenas cadeias de quatro células ou de cocos agrupados em
duas células. Esfregaços em meios sólidos formam cadeias curtas ou aos pares. No caldo,
as cadeias podem ser longas ou agrupadas. Algumas espécies possuem cápsula na fase de
Gênero Streptococcus spp
FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013
Gênero Streptococcus spp
FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013
HABITAT
Os estreptococos estão distribuídos na natureza como comensais (animais). Os
estreptococos causam uma série de enfermidades nos animais e no homem, sendo
importantes saprófitos do leite e produtos lácteos. As espécies potencialmente patogênicas
ou não patogênicas estão presentes na pele e mucosas do trato digestivo, genital e
respiratório, podendo em determinadas condições, causar doença.
CLASSIFICAÇÃO
Em 1933, Rebecca Lancefield, trabalhando com o teste de precipitação utilizaram
estas diferenças antigênicas para estabelecer seis grupos (A até E e N). Mais tarde, outros
grupos foram incorporados (F,G, H, K, L, M, O, P, Q, R, S, T, U e V), entretanto nenhuma
designação foi dada a esses novos grupos. Mais tarde, estranhou-se que estreptococos como
o S. bovis e o S. faecalis compartilhassem o mesmo grupo de antígenos, pois eram
fisiologicamente e taxonomicamente diferentes. A classificação dos estreptococos não pode
ser baseada, somente no grupamento sorológico, mas no critério fisiológico e bioquímico.
Os antígenos (polissacarídeo e carboidrato) utilizados no sistema de classificação de
Lancefield estão localizados na parede celular, especialmente os grupos: A, B, C, E, F, G,
H e K. Nos grupos D e N estes antígenos são ácidos teicóicos que se localizam entre a
parede e a membrana celular. No grupo B e C está contida a maioria dos estreptococos de
importância veterinária. Estudos recentes, utilizando hibridização de ADN indicaram que
os estreptococos do grupo C, G e L estavam intimamente relacionados, e que sua inclusão
sobre o mesmo nome específico poderia ser justificável. O S. zooepidemicus pode ser então
renomeado de S. equi subsp zooepidemicus.
IMPORTÂNCIA
Os estreptococos são importantes causa de mastites em bovinos, de garrotilho e de
outras doenças nos eqüinos; de meningoencefalites, artrites, endocardites e linfadenite em
suínos. Embora menos freqüente, eles estão relacionados com septicemia nas aves e
infecções respiratórias em gatos e cães novos.
FATORES DE VIRULÊNCIA
As amostras de estreptococos são classificadas, conforme o tipo de hemólise:
a) α (alfa): hemólise parcial de cor esverdeada;
b) β (beta): uma zona descorada devido à hemólise total e;
c) γ (gama): esta hemólise não é detectável.
Os fatores de virulência dos estreptococos envolvidos em enfermidades animais são
mostrados na tabela 1.
A grande maioria dos estreptococos são piogênicos, exceto o S. pneumoniae e o S.
suis. A comparação da seqüência dos genomas disponíveis dos estreptos piogênicos
evidenciou que 66% de seus genes são comuns para todos. A parte variável é formada por
genes associados aos: profagos, elementos conjugados de integração ou “integrative
conjugative elements” (ICEs), elementos de inserção (ISs), e outros genes adquiridos por
transferência horizontal (Beres et al. 2008).
A virulência dos estreptococos está baseada na secreção de proteínas de superfície e
nas estruturas que direta ou indiretamente impedem a fagocitose, incluindo àquelas
envolvidas na adesão e metabolismo de carboidratos ou induzindo a liberação de citocinas
pro-inflamatórias.
Os fatores de virulência mais conhecidos dos estreptococos são: cápsula de ácido
hialurônico; proteína M antifagocitária e exotoxinas pirogênicas. Outras moléculas
incluindo estreptolisinas, proteases, toxinas leucocidas, ativadores plasminogênio
(estreptoquinase) e possivelmente receptores da plasmina encontrados na superfície ou
1 2 4 5 6 7 10 12 13 14
Testes/Espécies
Hemólise β, α β β, α, β β β β, α ou - β β β
ou - ou -
Grupo de B G C, G C C C -, F, C, ou E, P, U, A -
Lancefield ou L G V, -
Inulinaa - - - - - - - - +b
Lactosea d +b d - + + d* d + +
Manitola - - - - - -b d** +b - -
d-Rafinosea - - - - - - d*** - - +b
Ribosea d + + - + + + - -
Salicinaa d + d + + +b + +b
Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14
1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi;
6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S.
constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico".
1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi;
6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S.
constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico".
Testes/Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14
Sorbitola - - d - d**** + - + - -
Trealosea d -b + - - -b + + + d
ADH + + + + + + + + + +b
Esculina - +b d +b - +b + +b d
Hipurato + - d - + -b - -c - +
VP + - - - - - + +b - -
Fosfatase + + + + + + + + +
alcalina
βglicuronidase d -b + + + + +b d +
PYR - - -b - - +d + -b
Testes/Espécies 1 2 4 5 6 7 10 12 13 14
1) S. agalactiae; 2) S. canis; 4) S. dysgalactiae (subsp dysgalactiae e subsp equisimilis); 5) S. equi subsp equi;
6) S. equi subsp ruminatorum; 7) S. equi subsp zooepidemicus; 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S.
constellatus, S. intermedius); 12) S. porcinus; 13) S. pyogenes e 14) S. suis biovar "capnofílico".
a
: Acidificação. b : Algumas linhagens podem ser exceção. c : As linhagens de origem animal são geralmente hipurato negativas, mas
cerca de 50% das cepas de origem humanas são hipurato positivas.
d
: Ao utilizar a galeria de identificação API 20 STREP ou Rapid ID 32 Strep, o teste da pirrolidonil-arilamidase (PYR) é muitas vezes
negativo. Outras técnicas (utilização de discos), o Streptococcus porcinus dá resultado PYR positivo. Cerca de 30 a 50% dessas linhagens
dão uma resposta positiva fraca.
* : S. anginosus e o S. intermedius acidificam a lactose enquanto que a acidificação é variável dependendo da cepas do S. constellatus.
** : Acidificação do manitol é geralmente negativa, mas algumas cepas do S. anginosus acidificam este açúcar. *** : S. constellatus e o
S. intermedius não acidificam a rafinose embora acidificação seja variável conforme as cepas do S. anginosus.
**** : Ao utilizar as galerias API Rapid ID 32 Strep, duas cepas dentre seis acidificaram o sorbitol. No entanto resposta positiva foi
obtida utilizando a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. 2004. A acidificação do sorbitol é uma característica notada
negativa na tabela 1 e uma característica positiva no protocolo.
Streptococcus dysgalactiae
HISTÓRICO
Vieira e colaboradores, em 1998, propuseram a descrição de duas subespécies do S.
dysgalactiae: S. dysgalactiae subsp dysgalactiae e o S. dysgalactiae subsp equisimilis.
O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae agrupa:
a) linhagens do grupo C,
b) alfa-hemolítico ou não hemolíticos;
c) não sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano;
d) isolado de mastite bovina, alem da boca, amídalas ou da vagina de bovinos.
O S. dysgalactiae subsp equisimilis agrupa
a) linhagens dos grupos C, G ou L,
b) beta-hemolíticos;
c) sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano;
d) isolado do homem e de animais.
Dentro dessa subespécie é possível distinguir: a) cepas de origem humana do grupo C
b) cepas de origem animal do grupo C; c) cepas de origem humana do grupo G e
d) cepas do grupo L.
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS
Resposta positiva aos testes de:
Fosfatase alcalina; ADH; β-glucuronidase; Leucina arilamidase; Acidificação do
Amido; Glicose; Maltose; Ribose; Sacarose e Trealose.
Linhagens Cepas animais do Cepas humanas Cepas animais Cepas humanas Cepas Grupo L
grupo C do grupo C do grupo C do grupo G
Hemólise α β β β β
Sorbitol* (+) - - - -
Glicogênio* - - + - +
Hidrólise do - - - - (+)
Hipurato
Bacitracina S R R R S
* : Acidificação.
(+) : 70 a 80 % são positivas.
+ : Ao menos 95 % são positivas.
- : Ao menos 95 % são negativas.
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS
A temperatura ótima de crescimento é de 37°C, mas não crescem entre 10°C ou a
45°C ou na presença de 6,5 % de Sal ou no pH de 9,6. O cultivo só é possível em meios
complexos ou no AS onde as colônias do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae não são
hemolíticas ou circundadas por uma zona de hemólise alfa enquanto que as colônias do S.
dysgalactiae subsp equisimilis são beta hemolíticas.
PATOGENICIDADE
O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae é isolado de bovinos, podendo estar presente na
boca, amígdalas e vagina. São responsáveis por lesões nos tetos, mastite subclínica e
clínica, tanto durante a lactação quanto no período seco. A sua freqüência de isolamento é
de 14 a 20 % de uma mesma cepa persistir sobre a outra lactação. São isoladas a partir de
moscas, sugerindo que esses artrópodes podem ter um papel na disseminação da bactéria.
Raramente este agente é responsável por lesões cutâneas assim como artrites e septicemias
em terneiros.
FATORES DE VIRULÊNCIA
Vários fatores de virulência são evidenciados nas cepas associadas às mastites:
a) Fatores que permitem adesão às células epiteliais, após depois da penetração e
sobrevivência dentro da célula;
b) Produção de fibrinolisina que age sobre a fibrina bovina, mas não sobre a fibrina
humana;
c) Produção de uma hialuronidase;
d) Produção de estreptoquinase que converte o plasminogênio em plasmina (a
plasmina exerce atividade proteolítica que permite a bactéria utilizar aminoácidos para
crescimento);
e) Fixação ao fragmento Fc das IgG;
f) Fixação à albumina,
g) Fixação à fibronectina;
h) Fixação ao fibrinogênio;
i) Fixação ao colágeno;
j) Fixação à vitronectina;
l) Fixação do plasminogênio e da alfa2-macroglobulina.
O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae é raramente isolado de pequenos ruminantes. É
capaz de provocar artrites e septicemias nos cordeiros e artrites nas cabras.
As cepas do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e G são causa de
infecções faringeanas, mas raramente causam glomerulonefrites pós-infecção e nunca
reumatismo articular agudo. Esses estreptococos dão origem a infecções diversas como
septicemias, meningites, endocardites, infecções dos tecidos moles, infecções osteo-
articulares e pneumopatias.
Carnívoros
As cepas isoladas de estreptococos do grupo G pertencem à espécie S. canis. As
amostras do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e L são albergadas pelos cães e
gatos, entretanto a infecção por linhagens do grupo C ainda não foram descritas em cães.
Os estreptococos do grupo L estão implicados nas pneumonias hemorrágicas e purulentas,
infecções urinárias, septicemias e casos de morte súbita. As cepas do grupo L são raramente
isoladas em cães e gatos; elas são implicadas em múltiplas infecções (abscessos, faringites,
otites, infecções umbilicais, artrites, dermatites, infecções genitais, abortamentos...). As
cepas do grupo L são isoladas de diversos órgãos de focas (Phoca vitulina e Halichoerus
grypus), vitimas de epizootia do Morbillivirus.
Cetáceos
As cepas do grupo L são responsáveis pela formação de abscessos,
broncopneumonias e septicemias em botos (Phocoena phocoena) do mar Báltico e Mar do
Norte. Os animais infectam-se pelo contato direto e essas infecções são, em parte,
responsáveis pela diminuição da população de botos, observadas depois do início do século
vinte.
Eqüídeos
O S. dysgalactiae subsp equisimilis causa infecções similares às infecções causadas
pelo S. equi subsp zooepidemicus, mas com freqüência média. São isolados de lesões
Suínos
O S. dysgalactiae subsp equisimilis é isolado de suínos. As cepas do grupo C estão
presentes na cavidade nasal, garganta, amídalas e secreção vaginal. As cepas do grupo L
são isoladas da pele, garganta, secreções vaginais e prepúcio.
As infecções são freqüentes em leitões de 1-3 semanas que se contaminam pelo
contato direto com as porcas. O agente penetra via cutânea, umbigo ou amídalas,
provocando bacteremia e septicemia. Os animais apresentam hipertermia, abatimento e
anorexia. Localizações secundárias em um ou vários órgãos são a origem de artrites
(levando a claudicação), endocardites e meningites. Evitar infecções é indispensável
conferir nos leitões a imunidade passiva (colostro) e, evitando lesões dos pés e membros
pelo uso de pisos não traumáticos. Utilização de bacterinas administradas nas porcas é
preconizada.
O S. dysgalactiae subsp equisimilis (cepas dos grupos C e L) são isoladas de
infecções cutâneas, abscessos subcutâneos, pneumonias, pleurisias, septicemias,
infertilidade, abortos ou agalaxia e implicada na “síndrome necrose das orelhas”. Esta
infecção tem origem nas lesões da orelha, principalmente pelas mordeduras ou pela
contensão dos animais. As lesões são contaminadas por estafilococos (S. hyicus), mas
podem ser igualmente colonizadas pelos estreptococos.
Ruminantes
As cepas do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e L são responsáveis por
septicemias, abscessos, artrites, abortamentos, mastite na vaca e mortalidade perinatal. Na
Inglaterra e País de Gales é a principal causa de artrite infecciosa em terneiros,
apresentando onfalites e artrites.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico tem como base o isolamento e identificação do agente. O número de
bactérias, algumas vezes, é pequeno, especialmente nos processos de inflamação
importante (mastite, artrite) e o inóculo deve ser importante.
O isolamento é realizado em AS isento de açúcares redutores que influenciam a
hemólise. Os meios utilizados são TSA e Columbia Agar com sangue ovino ou de cavalo
(sangue de cavalo permite uma melhor expressão da hemólise). A concentração do sangue
no meio e altura da lâmina do agar podem influenciar a hemólise, sendo conveniente
utilizar um AS com 4 mm de altura, contendo 5% de sangue. As placas são incubadas a
37°C em aerobiose ou numa atmosfera de anaeróbia ou microaeróbia (10% de CO2).
O cultivo em agar pode ser precedido de uma etapa de enriquecimento em meio
líquido, como o caldo de Todd-Hewitt incubado por 18h horas (overnight) a 37°C. O
isolamento deverá ser realizado, em paralelo, em um meio não seletivo e em meio seletivo
como o Agar Columbia ANC (ácido nalidíxico e colicina) e sangue.
A identificação provável do gênero Streptococcus tem como base: as características
morfológicas, culturais, ausência de catalase e tipo respiratório.
Hemólise
A colônia do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae são circundadas por uma hemólise
verde (hemólise α) ou não são hemolíticas. As colônias do S. dysgalactiae subsp equisimilis
são circundadas por uma hemólise total (hemólise βb).
Sorotipagem
A extração do antígeno de grupo pela técnica de Lancefield (tratamento pelo ácido
clorídrico a 100°C) ou de Fuller (tratamento pelo formol a 160° C) permite uma
caracterização pela técnica de precipitação em meio líquido (reação feita em tubos capilares
utilizando antissoros específicos) é raramente utilizado pelos laboratórios de diagnóstico
menos especializados. A maioria utiliza kits de reação (extração enzimática do antígeno e
identificação com ajuda de partículas de látex recobertas de anticorpos), permitindo a
caracterização dos antígenos do grupo A, B, C, D, F e G. O inconveniente é que esses kits
não permitem a caracterização de cepas do grupo L.
Características Bioquímicas
A maioria dos laboratórios utiliza testes comerciais, como as cartelas de diagnóstico
conhecidas como API 20 STREP. O estabelecimento do perfil por código de resultados e
pesquisa deste perfil dentro da base de dados do fabricante conduz a erros que pode ser
complementado pelo uso de tabelas clássicas de identificação.
As cepas do grupo G pertencem à espécie do S. dysgalactiae subsp equisimilis se
diferenciam do S. canis e do S. alactolyticus pelas características mencionadas no quadro I.
Cresc à 45° C - - +
ADH + + -
Quadro II. Diferenciação dentre Streptococcus estreptococos portadores do antígeno grupo C de Lancefield,
β-hemolíticos, isolados em Veterinária.
Testes/Espécies S. equi S. equi subsp S. equi subsp S. dysgalactiae subsp
subsp equi ruminatorum zooepidemicus equisimilis
Grupo de C ou L (cepas animais)
Lancefield C C C C, G ou L(cepas humanas)
Hidról. Esculina Geral m - Geral m Geral m
+ + -
Hidról. Hipurato - + - -
ADH + + + +
β-glicuronidase + + + +
Teste de CAMP - + - -
Glicogênio* + + + d
Lactose* - + + Geral m +
Manitol* - - Geral m - -
Metil β-D- + - + d
glicopiranosidio*
Ribose* - + - +
Sacarose* + - + +
Sorbitol* - d** + -
Trealose* - - Geral m - +
Testes/Espécies S. equi S. equi subsp S. equi subsp S. dysgalactiae subsp
subsp equi ruminatorum zooepidemicus equisimilis
* Acidificação.
** Utilizando a galeria API Rapid ID 32 Strep, 2 cepas dentre 6 acidificam o sorbitol, entretanto uma resposta positiva é obtida ao utilizar
a técnica clássica.
Na publicação de Fernández et al. 2004 a acidificação do sorbitol é uma característica negativa no tabela 1 e uma característica positiva
no protocolo !
Streptococcus agalactiae
Mastites
SINONIMIA Streptococcus difficilis foi o sinônimo anterior e heterotípico do
Streptococcus agalactiae.
GENERALIDADES
O S. agalactiae foi descrito por Nocard e Mollereau, em 1887, com o nome de
"Streptococcus da mastite" depois denominado de S. agalactiae por Lehmann e Neumann,
em 1896. Dentro dessa espécie encontram-se linhagens de origem humana e animal que se
diferenciam entre si, por características bacteriológicas. Muitos autores tentaram separar
diversas linhagens sob o ponto de vista taxonômico, mas os resultados de hibridização do
ADN/ADN, assim como as análises dos perfis eletroforéticos das proteínas mostraram que
todas as amostras pertenciam a uma única espécie.
O S. agalactiae é o único membro do grupo B de Lancefield, importante causa de
mastite crônica e infecciosa nos bovídeos; causa de mastite e doença invasiva em
camelídeos e, ocasionalmente doença em cães, gatos, peixes e hamsters. Este agente um
patógeno importante para os recém-nascidos, podendo causar septicemia e meningite
neonatais. O S agalactiae é distinto e comporta-se diferentemente entre as populações
humanas e bovinas, existindo um pequeno numero evidencias de transmissão interespécie
(Sukhanand et al. 2005). Entretanto o isolado humano clone hipervirulento “complexo 17”
tem origem de um ancestral bovino. A fermentação da salicina e da lactose; bacteriocinas e
fagotipagem são úteis na diferenciação das linhagens humanas e bovinas.
Há nove sorotipos baseados na cápsula de polissacarídeos que variam, conforme o
arranjo de quatro açúcares dentro de uma única unidade repetida. Transferência horizontal
Fatores de virulência
Muita informação sobre os fatores de virulência potenciais do S. agalactiae foram
derivados de estudos de cepas humanas em modelos animais (ratos e camundongos) e
devem ser interpretados com cuidado no contexto da mastite bovina. Os isolados de
bovinos geralmente tem propriedades diferentes das cepas humanas, perdendo em parte, o
conhecimentos obtidos em bons estudos sobre os fatores de virulência como ScpB, Lmb e
ligação da β proteína à IgA.
O Polissacarídeo capsular incluindo o seu antígeno tipo-específico é antifagocitário e
os anticorpos específicos são protetores nos camundongos e contribuem na resistência das
crianças à infecção.
O ácido siálico terminal do polissacarídeo capsular do tipo III inibe a ativação da via
alternativa do Complemento e bloqueia a deposição do C3 na superfície bacteriana. A
cápsula também aumenta a afinidade do controle do fator H do complemento para C3b
ligado a superfície para parede celular reduzindo tanto atividade da convertase C3 e
proteína da superfície celular Sas 97/104 (Wanger and Dunny 1987), o qual é
imunodominante para bovinos e presente em 50% das cepas bovinas. O sobrenadante do
cultivo contem uma proteína de tamanho similar BPS que junto com uma 5′-nucleotidase,
reage com a IgG no soro do leite de vacas infectadas (Trigo et al. 2008 ).
A presença ou ausência da Sas 97/104 não alterou a virulência bacteriana em cobaias.
A CspA, uma protease de serina possui homologia com às caseínases de bactérias ácido-
lácteas, clivam o fibrinogênio liberando a cadeia α adesiva (Harris et al. 2003). A cadeia α
liga-se a superfície bacteriana e impede opsonofagocitose.
A proteína BPS-105 kDa, antígeno de superfície protetora do grupo B dos
estreptococos é encontrada predominantemente com R1 nos isolados do tipo Ia sendo
imunogenicamente protetor para camundongos (Erdogan et al. 2002).
A proteína Sip-45 kDa é expressa na superfície polar de todos os sorovares do S.
agalactiae. A proteína Sip perdeu a sequência âncora e assim a sua aderência à superfície
bacteriana pode depender da interação com outra proteína bacteriana
A imunogenicidade da BPS ou da Sip para bovinos não foi relatada. Uma vez que a
Sip é conservada entre todos os sorovares, ela é uma forte candidata para avaliação como
vacina.
Fator CAMP é uma proteína (23,5 kDa) de ligação à ceramida do S. agalactiae que
potencializa a ação da esfingomielinase (β toxina) estafilocócica. As propriedades letais do
fator CAMP para o cultivo celular e para coelhos e camundongos sugerem que ele possui
uma ação citotóxica para o tecido mamário. A proteína liga-se a região Fc da IgM e IgG. A
inativação insercional do gene efb, gene que codifica esta proteína, aumenta a dose LD 50
em 50 vezes. A virulência desses mutantes para a glândula mamária não foi relatada.
Outros potenciais fatores de virulência do S agalactiae para a glândula mamária
incluem neuraminidase, hemolisina, toxina extracelular vasoativa e o ácido lipoteicóico
alanilado D.
AGENTE
CARACTERÍSTICAS MORFO-CULTURAIS
O S. agalactiae são cocos, Gram positivos, algumas vezes, ovóides, com tamanho de
0,6 a 1,2 µm de diâmetro; formam longas cadeias; imóveis; algumas vezes, capsulados;
aeróbios ou anaeróbios; catalase negativos; metabolismo fermentativo (fermentação de
açúcares produzindo principalmente ácido láctico); não resiste ao calor de 60ºC por 30
minutos.
O S. agalactiae apresenta-se em formas de cadeias longas na secreção de úberes
infectados. Em algumas amostras, os organismos são numerosos e facilmente encontrados;
em outras, o agente é escasso e localizado com grande dificuldade, mesmo no leite
aparentemente normal. O S. agalactiae é Gram positivo e facilmente corável.
O cultivo é facilmente obtido em AS e as colônias de pequeno tamanho são, algumas
vezes, pigmentadas de amarelo, laranja ou vermelho tijolo. A pigmentação é favorecida
pelo cultivo anaeróbico, utilizando meio contendo amido, de inibidores da síntese de folatos
como o metotrexato e pH superior a 7,3.
DISTRIBUIÇÃO
O S. agalactiae é causa comum de mastite infecciosa bovina com distribuição
mundial, podendo causar mastite em ovelhas e cabras.
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS
Resposta positiva aos testes de:
Hidrólise do hipurato (o teste pode ser efetuado a 30°C para as cepas isoladas de
animais ectotérmicos); ADH; VP; Fosfatase alcalina; Acidificação da glicose; Glicerol (só
em aerobiose); Maltose; Ribose (reação, algumas vezes, fraca e lentamente positiva) e
Sacarose.
RESISTÊNCIA
A maioria das linhagens pode crescer na presença de 40 % de bile, mas incapaz de se
cultivar a 45°C ou em pH 9,6. Algumas amostras podem não ser cultivadas a 10°C ou na
presença de 6,5 % de Sal.
HABITAT E PATOGENICIDADE
O S. agalactiae penetra, através do orifício do teto e a colonização da glândula é
facilitada pela adesão no epitélio dos seios glandulares (Frost et al. 1977).
O refluxo do leite contaminado contra o fundo do teto no momento da ordenha é um
fator importante na introdução da infecção pós-esfíncter do teto. A queratina associada aos
ácidos graxos de cadeia longa do canal do teto são barreiras à penetração física da camada
epitelial. A multiplicação é controlada pelo sistema de H2O2-tiocianato-lactoperoxidase,
pela lisozima e pelo fluxo do leite durante a ordenha. A multiplicação no epitélio do teto e
ductos dos seios resulta numa inflamação lenta, progressiva e fibrótica. Embora o S.
agalactiae raramente penetre o epitélio, algumas vacas podem adquirir uma invasão
passageira durante os primeiros dias em que o agente atinge os linfáticos e dirigem-se aos
linfonodos supramamários. A liberação de substancias quimioatrativas das bactérias
avariadas atraem leucócitos polimorfonucleares (PMNs) que ingerem e matam muitas
estreptos invasores. Uma vez que o leite normal tem baixa concentração de complemento e
assim por si só não serve como fonte de C3, mas a opsonização derivada do C3 no exsudato
inflamatório pode se fixar a superfície da bactéria seguindo a ativação pela via alternativa
do complemento.
A invasão inicial resulta na colonização da glândula mamária de vacas onde há um
atraso na chegada dos PMNs no local da invasão. A morte dos PMNs e a liberação de
enzimas lisossomais causam posteriormente lesão tecidual e inflamação. A formação de
fibrina obstrui os pequenos ductos, podendo levar a involução do tecido secretório e perda
na capacidade de produção de leite (agalaxia).
Sem o tratamento, o S agalactiae persiste apesar do sistema imune do hospedeiro, e a
infecção tornam-se crônica. O efeito antifagocitário do polissacarídeo capsular sializado
pode um importante fator de virulência bacteriana na persistência da infecção.
O S. agalactiae é um parasita obrigatório em bovinos e no homem. Contaminação do
homem pelo animal e do animal pelo homem é pouco documentada e, na maioria dos
autores, acha improvável e pouco freqüente.
Nos bovinos, o S. agalactiae é uma das principais causa de mamites subclínicas ou
crônicas. Antes do uso de ATMs, aproximadamente 90 % das mastites eram devido a este
agente. Este agente é incapaz de sobreviver muito tempo fora da glândula mamária, sendo
possível erradicar a infecção, através da profilaxia baseada na higiene e ATMs.
O habitat do S. agalactiae é a glândula mamária de vacas, ovelhas e cabras. A
infecção se transmite pelas mãos do ordenhador, pelo equipamento de ordenha e algumas
vezes, a boca do terneiro pode servir como via de transferência para a glândula mamária
imatura de suas companheiras quando uma mama na outra. O agente penetra, através do
esfíncter do teto; coloniza a glândula mamária, favorecendo a adesão ao epitélio.
O microrganismo provoca inflamação lenta e progressiva com fibrosamento das
áreas circunvizinhas. A doença começa insidiosamente e se desenvolve gradualmente.
Animais mais velhos são mais acometidos. A involução do parênquima secretor provoca
perda de produtividade que é causada pelo bloqueio do fluxo do leite e pelo processo
inflamatório.
IMUNIDADE
Muito da atividade protetora do colostro contra o S. agalactiae foi mostrado está
associado com IgA e IgM. Os anticorpos séricos têm pouco ou nenhum efeito protetor. As
aglutininas no leite de vacas infectadas assim como a falha no mecanismo bacteriano de
defesa do úbere sugere que a resposta imune adquirida não é suficiente no processo
monitoração da glândula.
Os anticorpos humorais têm pouca importância contra as infecções intramamárias;
além disso, anticorpos contra o antígeno celular têm sido encontrados no colostro de
novilhas de primeira cria, mesmo na ausência de qualquer sinal clínico da doença. É
provável que os microrganismos tenham entrado em contato antes de atingirem a
maturidade sexual. Aglutininas podem ser detectadas na secreção láctea de vacas infectadas
pelo S. agalactiae quando coradas pela hematoxilina. O teste de ELISA pode também ser
aplicado para quantificar o nível de anticorpos no leite e utilizado na detecção de portadores
latente e com infecção subclínica.
As aglutininas no leite de vacas infectadas e falhas no mecanismo de eliminação
bacteriana do úbere sugerem que a resposta imune adquirida não é suficiente no combate
bacteriano. Entretanto, imunoglobulinas específicas para o polissacarídeo capsular pode ter
um papel importante na melhoria da doença, uma conclusão que foi alcançada por Norcross
et al. (1968), que observaram que os sinais clínicos eram ausentes em vacas
experimentalmente infectadas e com anticorpos circulantes presentes. Eles concluíram que
este anticorpo neutralizava os produtos extracelulares do S. agalactiae envolvidos na
resposta inflamatória.
A BPS e a 5’nucleotidase são produtos antigênicos candidatos à produção de vacinas.
A antigenicidade do polissacarídeo do grupo B é muito aumentada pela conjugação
de proteínas como a ovalbumina. A imunização de vacas com este conjugado produziu
forte resposta de IgG1 e IgG2 específicas para a cápsula de polissacarídeos (Rainard 1992).
Outras abordagens na imunização de bovinos incluem o uso da proteína de superfície
COLHEITA DE AMOSTRAS
Uma grande variedade de agentes pode causar mastite. É importante, para o
diagnóstico laboratorial seguro e correto, que todas as amostras submetidas para exame
laboratorial sejam colhidas assepticamente e em frascos estéreis. A contaminação das
amostras de leite, por microrganismos localizados no canal ou orifício dos tetos, ou por
microrganismos do ambiente, é um problema para o diagnóstico. Antes de colher a amostra,
se deve descartar os primeiros jatos de leite e fazer a antissepsia dos tetos com algodão
embebido com álcool a 70%, iniciando pelos mais distantes. Quando os tetos estiverem
secos, inicia-se a coleta de leite pelos mais próximos.
Imediatamente após a coleta, as amostras devem ser colocadas em recipientes com
gelo (temperatura 4-8oC) e mantidas nestas condições por até 24-48 horas até serem
entregues no laboratório. A refrigeração impede o crescimento de contaminantes, pois as
diferenças existentes, no tempo de crescimento entre os gêneros e as espécies de
microrganismos, podem permitir que o contaminante se sobrepusesse ao agente de
interesse. Caso não se possa enviá-las para o laboratório neste período, podemos mantê-las
congeladas por períodos curtos de até quatro semanas antes do exame.
O congelamento pode afetar, em algum grau, o isolamento de E. coli, T. pyogenes e
espécies de Nocardia, mas não interfere com o isolamento de S. aureus e estreptococos,
incluindo S. agalactiae, S. dysgalactiae e S. uberis após 1-4 meses.
No laboratório, deve-se examinar primeiro o aspecto de cada amostra e, em seguida,
semear a mostra em meio de cultivo. O diagnóstico nas vacas com mastite pode ser
realizado facilmente. Uma amostra deve ser coletada antes do tratamento ou, em até, 5
horas após o tratamento. A secreção láctea é inoculada (0,1 mL da secreção láctea; leite ou
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Diagnóstico bacteriológico
Há meios comerciais que permitem um crescimento bacteriano inicial e, por
conseguinte, orientação laboratorial adequada. Alguns desses meios são destinados à
produção de pigmentos pelas linhagens do S. agalactiae, devendo ser cultivados em
anaerobiose.
Geralmente, as linhagens de origem animal não são pigmentadas e sua utilização
torna-se restritiva em veterinária.
1- Meio de Islam: Proteose peptona: 23,0 g; Agar: 10 g; Na2HPO4: 5,75 g; Amido solúvel:
5,0 g; NaH2PO4: 1,5 g e soro eqüino inativado: 50,0 mL
2- Meio de Granada (1 litro) Amido solúvel: 150,0 g ; Proteose peptona N° 3: 38,0 g; NaCl:
3,0 g; Lactato de trimetoprima: 0,015 g; Tampão fosfato (0,06M, pH 7,4): 900,0 mL e soro
eqüino inativado (adicionar a 90 °C para tornar o meio opaco): 100,0 mL
Outros meios seletivos podem ser utilizados, especialmente aqueles descritos por
Bouvet et al. 1994 ou Gil et al. 1999 tais como:
1-Caldo de Todd Hewitt, contendo 5 % de sangue, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 8 mg/L de
gentamicina.
Testes/Espécies
1 2 4 7 8
Hemólise β + + + + -
ADH + + d + +
β-galactosidase d d - - +
β-glucuronidase + - + + +
Ac. piroglutâmico - - + - d
arilamidase
L-arabinose****** - - - - -
Ciclodextrina****** - - d - -
Glicogênio****** - - + - - d
Manitol****** - - + + +
Pululane****** + + + + d
Ribose****** + + + + +
Sacarose****** + + + + +
Sorbitol****** - - - + +
Trealose****** d d + + +
Testes/Espécies
S.agalactiae S.canis S.iniae S.porcinus S.uberis.
* : Conforme os kits utilizados uma aglutinação pode ser observada com esferas de látex recobertas com Acs específicos
do grupo B.
** : Os Streptococcus iniae no entanto, parece conter um Ag específico, comparável a um Ag de grupo removível por um
ácido clorídrico ou por formamida (Ag de novo grupo?).
*** : Ao utilizar kits comerciais, algumas cepas reagem contra o Ag do grupo B. No entanto, a maioria das linhagens são
portadoras do Ag dos grupos E, P, L ou V de Lancefield. Outras estirpes não são grupáveisou portadoras de novos grupos
como grupo NG1 (New Group) ou C1 (Ag reagente ao um antissoro obtido a partir de uma cepa suína C1), NG2 e NG3.
**** : As linhagens do Streptococcus uberis reagem excepcionalmente com o soro anti grupo B. Geralmente as linhagens
não são grupáveis (metade das cepas) ou reagem com o soro anti grupo E de Lancefield (um terço das amostras), mais
raramente com o soro anti grupo C, D, G, P ou U e excepcionalmente com o soro anti grupo K. Algumas linhagens
reagem com antissoro de muitos grupos como o E e U.
****** : Acidificação.
Características bacteriológicas permitem distinguir o Streptococcus uberis sensu lato (Streptococcus uberis e
Streptococcus parauberis) do Streptococcus agalactiae e do Streptococcus dysgalactiae subsp dysgalactiae.
HISTÓRICO
Em 1932, Diernhofer descreveu, pela primeira vez, o Streptococcus uberis e esta
nomenclatura está na "Approved Lists of Bacterial Names". Nesta taxonomia, os
percentuais de homologia de DNA-DNA permitiram distinguir duas espécies genéticas: S.
uberis Tipo I e S. uberis Tipo II. Os estudos das sequencias do 16S rRNA mostraram que
os tipos são filogeneticamente distintos.
Em 1990, Williams e Collins propuseram reservar a designação de cepas de S. uberis
para o Tipo I e designar as linhagens do Tipo II dentro de uma nova espécie chamada S.
parauberis.
O S. uberis por ser alfa-hemolítico foi colocado no grupo "Streptococcus viridans".
No entanto, a comparação das seqüências de RNA ribossômico permitiu colocar o S. uberis
e o S. parauberis no grupo de "Streptococcus pyogenes".
É difícil diferenciar S. uberis e S. parauberis por suas características fenotípicas e
elas parecem ter patogenicidade similares. Além disso, a maioria dos laboratórios não faz a
distinção entre estas duas espécies.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
O S. uberis e o S. parauberis são fenotipicamente muito semelhantes, diferindo do
crescimento a 10°C que permite diferenciar; o S. parauberis é capaz de crescer (pouco) a
10°C, enquanto que o S. uberis não cresce. Esses microrganismos são cocos Gram
positivos, imóveis, algumas vezes capsulados, (metade das amostras desenvolve uma
cápsula composta de ácido hialurônico), agrupados aos pares ou formando pequenas
cadeias de pequeno tamanho, aeróbio-anaeróbios, catalase negativos, incapazes de resistir
ao aquecimento a 60°C por 30 minutos.
CLASSIFICAÇÃO
O S. parauberis não é enquadrada no esquema de classificação de grupo Lancefield
enquanto que somente 50% das linhagens do S. uberis são grupáveis; um terço das
amostras reage ao antissoro E do grupo de Lancefield; outras cepas raramente reagem com
os antissoros C, D, G, P ou U, e, excepcionalmente, com antigrupo B ou K. Algumas cepas
reagem com vários antissoros (por exemplo, E e U).
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS
Apresenta resposta positiva aos testes de:
Hidrólise da esculina; DHA (com exceção de algumas cepas); arilamidase leucina; a
acidificação do amigdalina; da arbutina; celobiose; frutose; β-gentiobiose; da galactose; da
glicose; da lactose (com exceção de algumas cepas); da maltose; da manose; do manitol; da
N-acetilglicosamina; da sacarose; da salicina; do sorbitol e da trealose.
A plasmina possui atividade proteolítica sobre proteínas do leite, tais como a caseína,
permitindo que as bactérias utilizem esses aminoácidos para o seu crescimento. Além disso,
a plasmina permite a degradação da matriz protéica extracelular a qual facilita a
colonização das células por bactérias.
DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
O diagnóstico bacteriológico deve levar em conta a origem da amostra e o critério de
hemólise; se alfa-hemolítico ou não hemolítico. A determinação do antígeno de grupo de
Lancefield não é útil para identificação do S. uberis ou S. parauberis, pois esses
estreptococos podem reagir com o antissoro contra o antígeno do grupo C Lancefield,
podendo confundir com S. dysgalactiae subsp dysgalactiae. No entanto, S. dysgalactiae
subsp dysgalactiae não acidifica o manitol e é pirrolidonil arilamidase negativo (com
poucas exceções) e DNase positiva, segundo Quadro 2. abaixo.
Quadro 2. Diferenças entre os S. uberis sensu lato (S. uberis e S. parauberis), o S. agalactiae e o S.
dysgalactiae subsp dysgalactiae.
β-glucuronidase 75 60 100
α-fucosidase 0 0 0
β-N-acetil-glicosaminidase 100 0 20
Tetrationato redutase 0 0 0
α-galactosidase 11 0 0
β-xilosidase 0 0 0
PROFILAXIA
As técnicas convencionais de profilaxia (higiene da ordenha, desinfecção das tetas e
terapia da vaca seca) têm pouco efeito sobre a prevenção da mastite causada pelo S. uberis
ou S. parauberis porque esses microrganismos podem infectar o úbere entre as ordenhas ou
durante o período seco.
IMUNOPROFILAXIA
Os estudos com imunógenos (injeção subcutânea de uma linhagem viva seguida pela
administração intramamária de extratos da parede celular do estrepto ou pela imunização
intramamária com uma cepa inativada) mostraram que é possível obter proteção contra a
infecção experimental. No entanto, essa proteção é satisfatória somente quando a mesma
cepa é utilizada para a preparação de vacinas e na infecção experimental.
As seqüências de genes pauA de diferentes linhagens são praticamente iguais (cerca
de 99% de homologia entre a seqüência genética pauA de uma linhagem americana e uma
cepa inglesa), sugerindo que a proteína PauA é bem conservada e poderia ser um bom
candidato para uma vacina. A administração por inoculação subcutânea da proteína PauA
parcialmente purificada e misturada a um adjuvante oleoso (SB62 adjuvante) confere
proteção contra uma cepa heteróloga.
Streptococcus equi
ANTÍGENOS
O S. equi pertence ao grupo C da classificação de Lancefield, possuindo antígenos
compostos de carboidratos bem como antígenos protéicos, incluindo antígenos R e M. O
antígeno R tem peso molecular em torno de 82.000 D, sendo encontrado também no S.
zooepidemicus.
O antígeno M é uma proteína termo e ácido resistente que existe em extratos ácidos
de uma série de fragmento cujos pesos moleculares principais são 29.000 –30.000, 37.000 e
41.000 D. A molécula do antígeno M ocorre em uma série de moléculas com peso entre
52.000 e 60.000 D. Existe um único tipo de proteína M nas amostras do S. equi. Ela tem
função antifagocítica, estimulando a opsonização de anticorpos.
ETIOPATOGENIA
O S. equi é um parasito obrigatório da família Equidae. A transmissão ocorre via oral
e nasal. A via oral se dá pela ingestão água e alimentos, sendo a via mais comum de
contaminação. A inalação de aerossóis ou perdigotos pode ocorrer. Potros com descargas
nasais, algumas vezes, infectam a glândula mamária da mãe durante o aleitamento,
causando mastite purulenta.
Os surtos atingem um grande número de animais, especialmente aqueles em
confinamento, iniciando com a introdução de um portador assintomático. O uso comum de
alimento e água facilita a transmissão bem assim como o número de insetos. As moscas se
alimentam de secreções nasais, podendo infectar novos hospedeiros. O S. equi persiste no
ambiente poucas semanas, sendo o cavalo infectado de maior importância na manutenção
da infecção.
O período de incubação é de três dias até três semanas. Alguns surtos são
caracterizados pelo extenso período de incubação e a infecção sem o aparecimento de sinais
clínicos nos animais infectados. Estes animais podem albergar o microrganismo na
nasofaringe por semanas, evidenciando uma discreta secreção nasal.
As colônias do S. equi estão associadas com a doença menos severa, muito embora
esta observação não esteja bem substanciada. Durante o curso da doença colônias do tipo
“matt” e “mucóides” podem ser produzidas no mesmo grupo de animais infectados,
parecendo que a gravidade das lesões não está relacionada com a forma colonial. As
colônias do tipo ”matt” e “mucóide” possuem os mesmos padrões de proteína M e são de
igual virulência.
O S. equi adere-se às células epiteliais após a entrada na orofaringe, sendo
interiorizado. Esta fase da etiopatogenia é pouco entendida. O organismo atravessa a
mucosa e atinge a drenagem linfática e dirige-se aos linfonodos submandibulares e
retrofaríngeos, onde se alojam e iniciam o processo de abscedação. O processo pelo quais
polimorfos nucleares (leucócitos) são atraídos em direção ao S. equi envolve a ativação da
via alternativa do Complemento pela parede celular de peptidoglicano e, em menor
extensão, pela proteína M da superfície do microrganismo. Os fatores quimiotáxicos do
Complemento são liberados (C3a e C5a), atraindo os leucócitos polimorfonucleares. Pode
ocorrer uma pequena fagocitose; entretanto é liberada uma poderosa citotoxina pelo agente
que destrói a maioria dos fagócitos, os quais degeneram rapidamente. Desse modo, o agente
é capaz de multiplicar-se extracelularmente e produzir longas cadeias.
Outros fatores de virulência e a habilidade de escapar-se da fagocitose são:
(a) proteína M; (b) cápsula de ácido hialurônico; (c) a taxa de sobrevivência intracelular
pelo efeito da citotoxina sobre os fagócitos.
Os animais perdem o apetite, apresentam febre e desenvolvem descarga nasal
mucopurulenta. A mucosa da nasofaringe torna-se inflamada, podendo desenvolver
pequenos abscessos nos folículos linfóides no palato mole. A área faríngea torna-se
dolorida impedindo que os animais elevem a cabeça. O envolvimento dos linfonodos
submandibulares está associado com edema e acúmulo de fluidos na porção anterior dos
linfonodos. A área intermandibular torna-se distendida e a pele pode exsudar fluido seroso.
O envolvimento do linfonodo retrofaríngeo pode resultar em obstrução da via aéreas
superiores, evidenciando dispnéia e respiração laboriosa.
O rompimento dos abscessos pode ocorrer em 1 a 2 semanas, após o início dos sinais
clínicos. Os animais recuperam-se rapidamente, após a drenagem do material purulento.
Algumas vezes, são formados abscessos em outras áreas do corpo, tais como, tórax e
abdômen (garrotilho bastardo). O rompimento deste, geralmente conduz para a morte.
Outros sinais incluem: doença debilitante, insuficiência cardíaca causada por
miocardite associada à infecção por S. equi. Hemiplegia laringeana é uma conseqüência da
abscedação do linfonodo cervical anterior e envolvimento do nervo laringeal recorrente.
Empiema das bolsas guturais pode ser uma complicação da abscedação do linfonodo
retrofaríngeo, muito embora os abscessos nesta área drenem diretamente na faringe
posterior e, mais raramente, atinjam as bolsas guturais. Púrpura hemorrágica é outra
complicação após um surto por garrotilho, iniciando com um número pequeno de animais
que se recuperaram da doença.
Os animais infectados desenvolvem febre e edemas em áreas do tronco, cabeça,
pernas, joelho e calcanhar. Hemorragias petequiais podem ser observadas na mucosa nasal
e intestino. A lesão primária é uma vasculite leucoplástica caracterizada por necrose da
parede dos vasos sangüíneos. Não há evidências de trombocitopenia. O soro de animais
afetados carrega complexos imunes de IgA e proteína M do S. equi. Os níveis de
complexos são elevados e, essa elevação parece envolver um super estímulo de um clone
de IgA específico, bem como altera a capacidade de depuração hepática para a
imunoglobulina IgA. A proteína M dos complexos imunes, provavelmente deriva-se dos
focos purulentos em que o S. equi e a sua proteína M podem estar presentes em grande
quantidade. A administração de bacterinas contra o S. equi desencadeia o processo de
púrpura, sugerindo que a proteína M, nesta forma, é capaz de selecionar e estimular o clone
produtor de IgA e, posteriormente formar complexos com o anticorpo produzido.
IMUNIDADE
A grande maioria (70%) dos animais torna-se imunes após adquirirem a primeira
infecção. Entretanto, uma proporção substancial de animais (30%) pode adquirir uma
segunda infecção e destes, somente uma pequena proporção adquirem pela terceira vez. A
proteção contra a doença é mediada por anticorpos da classe IgA e IgG, produzidos no
nasofaringe.
Vacinas comerciais consistem de bacterinas inativadas pelo calor ou extratos ricos em
proteína M. Elas têm sido utilizadas no campo, mas embora efetivas na produção de
anticorpos bactericidas, estes produtos, aparentemente não estimulam a produção de
anticorpos em altos títulos na nasofaringe e, portanto os níveis de proteção nas populações
são variáveis.
Recentemente, mostrou-se que a administração via intranasal de uma cepa avirulenta
e geneticamente transformada estimulou a produção de anticorpos locais (nasofaringe)
semelhantes àqueles encontrados na fase de convalescença. Bacterinas freqüentemente
evidenciam reações locais ou sistêmicas indesejáveis. Edema, endurecimento local, febre
passageira e neutropenia são provavelmente devido à parede celular de peptidoglicano.
TRATAMENTO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial do garrotilho pode ser evidenciado no Quadro2 abaixo
Quadro 1. Características dos estreptococos do grupo C de Lancefield ou portadores do antígeno de grupo C
de Lancefield, beta hemolíticos, isolados em veterinária.
Espécies S. equi S. equi subsp S. equi subsp S. dysgalactiae subsp
subsp. equi ruminatorum zooepidemicus equisimilis
Grupo de C C C C ou L cepas animais
Lancefield C, G ou L cepas homem
Hidról. Esculina Geralm - Geralm Geralm
+ + -
Hidról. Hipurato - + - -
ADH + + + +
Β-glucuronidase
+ + + +
CAMP - + - -
Glicogênio* + + + d
Lactose* - + + Geralm +
Manitol* - - Geralm - -
Metil β-D- + - + d
glicopiranosídio*
Ribose* - + - +
Sacarose* + - + +
Sorbitol* - d** + -
Trealose* - - Geralm - +
Espécies S. equi S. equi subsp S. equi subsp S. dysgalactiae subsp
subsp. equi ruminatorum zooepidemicus equisimilis
* : Acidificação
** : Utilizando a cartela API Rapid ID 32 Strep, 2 das 6 cepas acidificaram o sorbitol, orbitol, entretanto existe resposta positiva,
utilizando a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. a acidificação do sorbitol e uma característica negativa no quadro I e uma
característica notada positiva no prólogo
PROFILAXIA
Os animais devem ser submetidos à quarentena, durante duas a três semanas antes de
serem introduzidos no plantel. Nesse período, está indicado o isolamento do agente do
garrotilho, especialmente no lavado bronquial e bolsas guturais. Os animais doentes ou
suspeitos devem ser imediatamente isolados e fômites desinfetados. Esses animais devem
ser submetidos à quarentena de quatro semanas e não serão introduzidos no plantel após o
exame bacteriológico do lavado do fluido das bolsas guturais. Os campos freqüentados
pelos animais infectados ou utilizados por esses animais devem ser considerados como
contaminados por pelo menos um mês.
IMUNOPROFILAXIA
As vacinas inativadas (bacterinas) ou proteina SeM purificada estão disponíveis em
certos países, mas podem provocar efeitos secundários e sua eficácia não é absoluta, pois
sua proteção está baseada, essencialmente na imunidade local. O uso de amostra viva
(atenuada) administrada na mucosa do lábio superior parece eficaz e desprovida de efeitos
secundários a exceção de uma inflamação transitória.
INFECÇÃO NO HOMEM
Infecção humana causada pelo S. equi subsp equi, e o S. equi subsp zooepidemicus
inclui surtos de doenças transmitidas pelo leite inadequadamente pasteurizado e queijo de
cabra. Outros quadros como meningites, septicemia, artrites, pneumonia, glomerulonefrites,
Gênero Streptococcus spp
FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013
Gênero Streptococcus spp
FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013
Streptococcus canis
HISTÓRICO
O nome do S. canis foi utilizado, durante muito tempo em medicina veterinária, mas a
sua nomenclatura só foi validada, em 1986. O S. canis reúne um grupo de cepas que
formam colônias grandes, β-hemolíticas pertencentes ao grupo G de Lancefield e isoladas
de animais (bovinos, caninos e felinos).
Os estreptococos do grupo G formam um conjunto heterogêneo que pode ser dividido
em quatro grupos:
1) As linhagens do grupo G de origem humana formam colônias grandes (tamanho
superior a 0,5 mm de diâmetro depois de 24 horas de incubação) β-hemolíticas e incapazes
de serem cultivadas a 45°C;
2) As cepas do grupo G de origem animal formam grandes colônias β-hemolíticas,
incapazes de serem cultivadas a 45°C e diferentes das amostras humanas por sua atividade
fibrinolítica e outras características bacteriológicas.
3) As amostras do grupo G isoladas do intestino de suínos possuem colônias de
tamanhos variáveis, segundo as amostras; alfas-hemolíticas (Agar Columbia com sangue
ovino), urease positivas e capazes de serem cultivadas a 45°C.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
O S. canis se apresenta sob a forma de cocos Gram positivos, agrupados em dois ou
em cadeias; aeróbios ou anaeróbios; catalase negativo, sensíveis a bile (40 %) e ao NaCl
(6,5 %), pertencem ao grupo G de Lancefield.
No AS, as colônias são comparáveis aos S. pyogenes; são circulares; tamanho
superior a 0,5 mm; fortemente β-hemolíticas. O teste de CAMP é considerado por alguns
pesquisadores como positivo; outros consideram como negativo. No caldo, ele forma
depósito no fundo do tubo.
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS
Apresenta resposta positiva para os testes de:
Hidrólise da esculina (reação fraca no API 20 STREP); L-alanina aminopeptidase;
Fosfatase alcalina; Leucina Arilamilase; ADH, Acidificação da N-acetilglicosamina;
Amido; Arbutina; Frutose; Galactose; D-glicose; Maltose; D-manose; Ribose; Sacarose e
Salicina.
HABITAT E PATOGENESE
O S. canis é isolado da pele das vias respiratórias superiores e do aparelho genital de
cães e gatos e diversas espécies animais (bovinos, visons, coelhos, ratos, camundongos,
etc.).
Nos cães, o S. canis é responsável por infecções da pele, ferida, otites externas,
faringites, amidalites, infecções genitais (vaginites, metrites, abscessos prostáticos),
abortamentos, mamites, infecções urinárias, infecções respiratórias e, algumas vezes,
endocardites. Raramente há septicemia ou síndrome do choque tóxico acompanhado ou não
de fascite necrosante ou síndrome de Meleney.
A fascite necrosante é geralmente conseqüência de traumatismo, mesmo pequeno
acompanhado de dor intensa hipertermia superior ou igual a 40°C e caracterizada por
evolução rápida. Contrariamente a que é observada no homem com fascite necrosante, a
taxa de mortalidade é pequena e as cepas estudadas não são portadoras dos genes speA,
speB, speC, mf, ssa, scp, hasA, hasB et ska. Em compensação, o S. canis produz proteína M
e estreptolisina O.
Nos gatos, o S. canis está presente na vagina, especialmente em fêmeas jovens (taxa
de contaminação entre 50 a 100 % de gatos com menos de 2 anos), mas podem albergar na
amídalas, faringe e prepúcio. A infecção clínica pode atingir todas as faixas etárias, mas
principalmente de animais com menos de 2 semanas.
Nos gatinhos, a infecção se traduz por septicemia. Os animais ficam febris anoréxicos
e freqüentemente apresentam infecção umbilical e a morte pode ocorrer rapidamente. Casos
de morte súbita são observados com menos de três dias. O S.canis é responsável pelas
linfadenites cervicais em animais jovens (3 a 7 meses), conseqüência de uma faringite ou
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Diagnóstico Bacteriológico
O diagnóstico bacteriológico das infecções dos carnívoros não apresenta dificuldade.
Ela tem como base: a origem das amostras colhidas; as características culturais; sorológicas
com a aglutinação positiva para o grupo G de Lancefield (as amostras de S. dysgalactiae
subsp. equisimilis, isoladas de carnívoros, são desprovidas do Ag do grupo G).
TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (ATMs)
O S. canis é sensível à beta-lactâmicos e o tratamento, geralmente utiliza penicilina
G, ampicilina e amoxacilina. No TSA outros ATMS como a eritromicina, lincomicina,
clindamicina e cloranfenicol são ativos apesar da grande maioria das cepas serem
resistentes as sulfamidas.
Devriese e colaboradores, em 1986, mostraram que os resultados de uma TSA padrão
(método de difusão em agar Mueller-Hinton enriquecido com 5 % de sangue), comparando
trimetoprima, tetraciclina, neomicina, estreptomicina, gentamicina e novobiocina não são
reprodutíveis e de difícil interpretação.
Nos cães, o tratamento das infecções graves com enrofloxacina deu resultados
decepcionantes.
Streptococcus suis
INTRODUÇÃO
O S. suis está associado a uma gama de síndromes clínicas nos suínos e outras
espécies domésticas, alem de uma importante zoonose para o homem. O principal
hospedeiro é o suíno que alberga o agente nas amígdalas palatinas e a transmissão é por via
oral e respiratória. A infecção tonsilar pode ocorrer logo após o nascimento, envolvendo
quaisquer sorotipos capsulares. O sorotipo capsular 2 é o mais freqüentemente isolado de
septicemias, meningites, broncopneumonias e poli-artrites. A ocorrência da doença está
associada ao estresse e ao manejo intensivo.
A amígdala palatina é um dos principais locais onde o agente pode ser isolado tanto
de animais infectados quanto portadores. O uso de corantes na imunoistologia permitiu a
identificação de tipos celulares associados com a bactéria nas tonsilas de leitões gnobióticos
infectados O agente nunca foi associado com células T ou B, mas sempre associados com a
linhagem mielóide. A Expressão de CD 16 e CD 163 nesses leucócitos sugere associação
com macrófagos maduros nas amígdalas que podem levar a eliminação/controle da
bactéria.
A resposta inata envolve neutrófilos, macrófagos e células epiteliais foliculares que
limitar a infecção na amídala na qual o agente persiste.
Fatores bacterianos influenciam negativamente a imunidade inata, incluindo a
suilisina e o polissacarídeo capsular. Suilisina é tóxica para os neutrófilos e produz poros
enquanto que a cápsula reduz a fagocitose por inibir a fosforilação dependente da via de
sinalização. A penetração de cepas virulenta na amídala é rápida e envolve poucos
organismos, assim como acontece com o S. equi. È seguido pela bacteremia ou septicemia
com envolvimento de articulações, meninges e pulmões. O pulmão pode ser atingido pelo
trato respiratório superior. Entretanto é necessária uma alta bacteremia para o
Virulência
O S. suis existe numa multiplicidade de fenótipos caracterizados pelo tipo; pela
presença ou ausência de cápsula; pela superfície-exposta ou pelas proteínas secretadas. Esta
variação em combinação com via de entrada e estado imune dos suínos determina o
potencial de virulência de um isolado
A associação entre virulência e fenótipo do S. suis tipo 2 foi avaliada inoculando
suínos “germfree” com 10 cepas de S. suis tipo 2 conforme o seu fenótipo. Os fenótipos
foram diferenciados pela presença ou ausência da proteína liberada da muramidase ou MRP
e fator extracelular ou EF que foram designados MRP+ EF+, MRP+ EF- e MRP- EF-. Os
suínos foram pré-inoculados com Bordetella bronchiseptica para predispô-los à infecção
intranasal pelo estreptococo. Cepas com fenótipo MRP+ EF+ induziram febre e aumento no
número de polimorfonucleares sanguíneos. Sinais clínicos específicos como alterações do
SNC e claudicação foram observados. Cepas com fenótipo MRP+ EF- induziram sinais
clínicos não específicos como perda de apetite, decúbito, febre e discretas alterações
patológicas nas serosas. Cepas com fenótipo MRP- EF- não induziram sinais de doença.
Esses achados indicam que a EF com 110-kDa e em menor grau a MRP com 136 kDa
podem estar associadas com a virulência. O S. suis é um patógeno altamente versátil que
apresenta um conjunto de fatores de virulência que parece funcionar em diferentes
combinações para realizar a invasão e produção da lesão em uma variedade de condições.
A presença ou ausência de um fator de virulência específico não necessariamente
estabelece as condições de virulência ou avirulência. A disponibilidade das seqüências
genômicas do S. suis cresceu muito a lista de possíveis fatores de virulência, muitos dos
quais são aderidos à superfície ou secretados.
Os fatores associados à virulência mais bem estudados são: o polissacarídeo capsular,
proteína liberada muramidase (MRP), fator extracelular (EF) e a suilisina hemolítica e
citotóxica. Outros fatores menos estudados incluem o fator de opacidade sérica (OFS),
fibronectina, enolases ligadas ao plasminogênio (SsEno), antígeno de superfície 1 (SAO),
proteínas que fazem a D-alanilação do ácido lipoteicóico (LTA), proteases, adesinas,
incluindo proteína de ligação ao fibrinogênio (FBPS) e a lipoproteína de ligação ao zinco.
Polissacarídio Capsular
O polissacarídeo capsular rico em siálico torna-se antifagocitário pelo bloqueio a
deposição do C3 e ativação da via alternativa do complemento. Ele pode também ajudar a
sobrevivência intracelular em fagócitos e na adesão. O polissacarídeo é um polímero da
ramnose, glicose, galactose, N-acetilglicosamina e ácido siálico. Há pelo menos 35
variantes sorológicas diferentes, mas o mais freqüentes são os tipos 2, 3, 1/2, 8, e 4. A
distribuição dos sorotipos varia com o tempo e geografia. O tipo capsular 2 é mais
prevalente na Europa do que nos Estados Unidos. Anticorpos aos tipos capsulares são
opsonizantes, parcialmente protetores e produzidos em pequenas quantidades, durante a
convalescência Níveis mais altos de anticorpos estão associados com maior proteção.
Suilisina
A suilisina é uma hemolisina com 64 kDa, ativada pelo tiol com homologia à
pneumolisina, à estreptolisina O e à listeriolisina. Esta família de toxinas produz poros
transmembranosos nas células-alvo. Suilisina é termolábil. Ela é secretada ou está
frouxamente ligada à célula. As amostras isoladas de pulmão suíno somente 44% delas
expressam a toxina enquanto que 80 a 90% dos isolados de outros locais. Então a toxina
não é um fator de virulência essencial.
IMUNOPROFILAXIA
A procura de genes que podem estar envolvidos com virulência e proteínas que
pudessem ser aplicas no diagnóstico da doença ou como imunógeno na proteção de suínos
continua. A natureza autolimitante da doença nas populações de suínos confinados implica
no surgimento de uma resposta imune protetora adquirida. A inoculação endovenosa com o
cultivo vivo do S. suis tipo 2 estimulou uma forte resposta imune, após a prova de desafio.
Essa proteção foi transferida passivamente aos suínos suscetíveis pela inoculação do soro
desses animais protegidos. Uma forte resposta protetora também foi estimulada pela
repetida inoculação de cultivos vivos de isolados não patogênicos. A resposta imune
protetora não eliminou o S. suis tipo 2 já estabelecidos nas tonsilas e articulações nem
previne as infecções subclínicas.
Streptococcus porcinus
INTRODUÇÃO
O S. porcinus pertence aos grupos E, U, V e P de Lancefield e causa de linfadenite
cervical contagiosa dos suínos (garrotilho suíno) que acomete suínos jovens entre 2-3meses
de idade.
O S. porcinus é hospedeiro natural do suíno, embora tenha sido isolado de outras
infecções oportunistas em eqüinos, gatos e no homem.
O microrganismo, assim como outros estreptococos patogênicos, se alberga nas
amídalas e transmitida pelo com narina, água potável e fezes.
Alimentos suplementados com ATMs e mudanças no manejo reduziram a
prevalência do garrotilho suíno, nos Estados Unidos. Infecções experimentais resultaram no
aumento dos linfonodos mandibulares, parotídeos e retrofaríngeos em 2 semanas pós-
infecção. Os linfonodos abecedados fistularam na semana seguinte ou tornaram-se
capsulados.
Virulência
O S. porcinus é capsulado; produz estreptoquinase específica para o plasminogênio
suíno. Produz um fator antifagocitário semelhante à proteína M do S. pyogenes necessário à
virulência. Anticorpos para esta proteína pode ser detectada por suas características de
opsonização e cadeia longa. A resistência à fagocitose é aumentada quando o S. porcinus é
cultivado em 10% de soro suíno ou 2% de albumina sérica bovina.
potential for identification and subspecific typing. Epid. Infect., v. 118, p. 125-135,
1997.
De La Rosa, M.; Perez, M. ; Carado, C.; Pareja, L.; Peis, J.I. ; Hernandez, F. New Granada
medium for detection and identification of group B streptococci. J. Clin. Microbiol., v.
30, p. 1019-1021, 1992.
Devriese, L.A. Streptococcal ecovars associated with different animal species:
epidemiological significance of serogroups and biotypes. J. Appl. Bacteriol., v. 71, p.
478-483, 1991.
Devriese, L.A.; Hommez, J.; Kilpper-Bälz, R.; Schleifer, K.H. Streptococcus canis sp.
nov.: a species of group G streptococci from animals. Int. J. Syst. Bacteriol., v. 36, p.
422-425, 1986.
Dewinter, L.M.; Low, D.E.; Prescott, J.F. Virulence of Streptococcus canis from canine
streptococcal toxic shock syndrome and necrotizing fasciitis. Vet. Microbiol., v. 70, p.
95-110, 1999.
Dewinter, L.M.; Prescott, J.F. Relatedness of Streptococcus canis from canine streptococcal
toxic shock syndrome and necrotizing fasciitis. Can. J. Vet. Res., v. 63, p. 90-95, 1999.
Deynes, RA.; Armstrong, CH. An antiphagocytic factor associated with group E
streptococci. Infect. Immun., v. 7, N. 2, p. 298-304, 1973.
Dinsmore, R.P.; English, P.B.; González, R.N.; Sears, P.M.; Schulte, H.F. Evaluation of
methods for the diagnosis of S. agalactiae intramammary infections in dairy cattle. J.
Dairy Sci., v. 74, p. 1521-1526, 1991.
Efstratiou, A. Pyogenic streptococci of Lancefield groups C and G as pathogens in man. J.
Appl. Microbiol., v. 83, (Symposium Supplement), p. 72S-79S, 1997.
Efstratiou, A.; Colman, G.; Hahn, G.; Timoney, J.F.; Boeufgras, J.M.; Monget, D.
Biochemical differences among human and animal streptococci of Lancefield group C
or group G. J. Med. Microbiol., v. 41, p. 145-148, 1994.
Eldar, A.; Bejerano, Y.; Bercovier, H. Streptococcus shiloi and Streptococcus difficile : two
new streptococcal species causing a meningoencephalitis in fish. Current Microbiol.,
v. 28, p. 139-143, 1994.
Elliot, JA.; Facklam, RR.; Richter, C.B. Whole-cell protein patterns of nonhemolytic group
B, type Ib, streptococci isolated from humans, mice, cattle, frogs, and fish. J. Clin.
Microbiol., v. 28, p. 628-630, 1990.
Ellis, RP.; Armstrong, CH. Production of capsules, streptokinase and streptodornase by
streptococcus group E. Am. J. Vet. Res., v. 32, n. 2, p. 349-356, 1971.
Eloy, C. ; Flandrois, JP. Aspects cliniques et biologiques des infections humaines à
streptocoque du groupe B (Streptococcus agalactiae). Sci., Vét. Méd. Comp., v. 87, p.
3-18, 1985.
Erdogan, S.; Fagan, P.K.; Talay, S.R.; Rohde, M.; Ferrieri, P.; Flores, A.E.; Guzmán,
C.A.;Walker, M.J.; Chhatwal, G.S. Molecular analysis of group B protective surface
protein; a new cell surface protective antigen of group B streptococci. Infect. Immun.,
v. 70, p. 803-811, 2002.
Facklam, RR.; Washington II, J.A. Streptocccus and related catalase-negative Gram-
positive cocci. In : A. Balows, W.J. Hausler Jr., H.D. Isenberg et H.J. Shadomy :
MANUAL OF CLINICAL MICROBIOLOGY, 5th ed, American Society for
Microbiology, Washington DC, 1991, pp. 238-257.
Farrow, JAE.; Collins, MD. Taxonomic studies on streptococci of serological groups C, G
and L and possibly related taxa. Syst. Appl. Microbiol., v. 5, p. 483-493, 1984.
Fernández, E.; Blume, V.; Garrido, P.; Collins, MD.; Mateos, A.; Domínguez, L. &
Fernández-Garayzábal, JF. Streptococcus equi subsp. ruminatorum subsp. nov., isolated
from mastitis in small ruminants. Int. J. Syst. Evol. Microbiol., v. 54, p. 2291-2296,
2004.
Flanagan, J.; Collin, N.; Timoney, J.; Mitchell, T.; Mumford, JA.; Chanter, N.
Characterization of the haemolytic activity of Streptococcus equi. Microbial
Pathogenesis, v. 24, p. 211-221, 1998.
Garvie, EI.; Farrow, JAE.; Bramley, AJ. Streptococcus dysgalactiae (Diernhofer) nom. rev.
Int. J. Syst. Bacteriol., v. 33, p. 404-405, 1983.
Gil, EG.; Rodriguez, MC.; Bartolomé, R.; Berjano, B.; Cabero, L.; Andreu, A. Evaluation
of the Granada agar plate for detection of vaginal and rectal group B streptococci in
pregnant women. J. Clin. Microbiol., v. 37, p. 2648-2651,1999.
Gottschalk, M.; R. Higgins, R.; S. Quessy, S. Dilemma of the virulence of Streptococcus
suis strains. J. Clin. Microbiol., v. 37, n. 12, p. 4202-4203, 1999.
Greene, CE. Group G streptocccal infections of dogs. In : G.E. GREENE : Infectious
diseases of the dog and cat., W.B. Saunders company, Philadelphia, p. 605, 1990.
Greene, G.E. Groups A, B, and C streptococcal infections of dogs and cats. In : G.E.
GREENE : Infectious diseases of the dog and cat., W.B. Saunders company,
Philadelphia, p. 606, 1990.
Greene, GE. Group G and other streptococcal infections of dogs. In : G.E. GREENE :
Infectious diseases of the dog and cat., W.B. Saunders company, Philadelphia, p. 599-
602, 1990..
Greenstein, G.; Drozdowicz, CK.; Nebiar, F.; Bozik, R. Isolation of Streptococcus
equisimilis from abcessses detected in specific pathogen-free mice. Lab. Anim. Sci., v.
44, p. 374-376, 1994.
Harrington, DJ.; Greated, J.S.; Chanter, N. & Sutcliffe, I.C. Identification of lipoprotein
homologues of pneumococcal PsaA in the equine pathogens Streptococcus equi and
Streptococcus zooepidemicus. Infect. Immun., v. 68, p. 6048-6051,2000.
Harrington, DJ.; Sutcliffe, I.C. & Chanter, N. The molecular basis of Streptococcus equi
infection and disease. Microbes Infect., v. 4, p. 501-510, 2002.
Holt, M.; Enright, MR.; Alexander, TJL. 1988 . Immunization of pigs with live cultures of
Streptococcus suis type 2. Res. Vet. Sci., v. 45, n. 3, p. 349-352, 1988.
Höner, O.P.; Wachter, B.; Speck, S.; Wibbelt, G.; Ludwig, A.; Fyumagwa, R.D.; Wohlsein,
P.; Lieckfeldt, D.; Hofer, H.; East, M. Severe Streptococcus infection in spotted hyenas
in the Ngorongoro Crater, Tanzania. Vet Microbiol., v. 115, p. 223-228, 2006.
Höner, OP.; Wachter, B.; Speck, S.; Wibbelt, G.; Ludwig, A.; Fyumagwa, RD. Severe
Streptococcus infection in spotted hyenas in the Ngorongoro Crater, Tanzania. Vet
Microbiol., v. 115, p. 223–228,2006.
Immunization with rRecombinant Sao protein confers protection against Streptococcus suis
infection . Clin. Vaccine Immunol., v. 14, n. 8, p. 937-943, 2007.
infection. Clin. Vaccine Immunol., v. 14, n. 8, p. 937-943, 2007.
Jacobs, AAC.; Goovaerts, D.; Nuijten, PJM.; Theelen, RPH.; Hartford, OM.; Foster, TJ.
Investigations towards an efficacious and safe strangles vaccine: submucosal
vaccination with a live attenuated Streptococcus equi. Vet. Rec., v. 147, p. 563-567,
2000.
Jacobs, AAC.; Van den Berg, AJG.; Loeffen, PLW. Protection of experimentally infected
pigs by suilysin, the thiol-activated haemolysin of Streptococcus suis. Vet. Rec., v. 139,
n. 10, p. 225-228, 1996.
Jensen, N.E.; Aarestrup, FM. Epidemiological aspects of group B streptococci of bovine
and human origin. Epidemiol. Infect., v. 117, p. 417-422, 1996.
Jorm, LR.; Love, DN.; Bailey, GD.; Mckay, GM.; Briscoe, DA. Genetic structure of
populations of beta-haemolytic Lancefield group C streptococci from horses and their
association with disease. Res. Vet. Sci., v. 57, p. 292-299, 1994.
Kawamura, Y.; Itoh, Y.; Mishima, N.; Ohkusu, K.; Kasai, H. & Ezaki, T. High genetic
similarity of S. agalactiaeand Streptococcus difficilis: S. difficilis Eldar et al. 1995 is a
later synonym of s. agalactiae Lehmann and Neumann 1896 (approved lists 1980). Int.
J. Syst. Evol. Microbiol., v. 55, p. 961-965, 2005.
Kawata, K.; Minakami, T.; Mori, Y.; Katsumi, M.; Kataoka, Y.; Ezawa, A.; Kikuchi, N.;
Takahashi, T. rDNA sequence analyses of Streptococcus dysgalactiae subsp.
equisimilis isolates from pigs. Int. J. Syst. Evol. Microbiol., v. 53, p. 1941-1946, 2003.
Keefe, GP. S. agalactiae mastitis: A review. Can. Vet. J., v. 38, p. 429-437, 1997.
Korman, TM.; Boers, A.; Gooding, TM.; Curtis, N.; Visvanathan, K. Fatal case of toxic
shock-like syndrome due to group C Streptococcus associated with superantigen
exotoxin. J Clin Microbiol., v. 42,p. 2866–2869, 2004.
Kugi, M.; Tojo, H.; Haraga, I.; Takata, T.; Handa, K.; Tanaka, K. Toxic shock-like
syndrome caused by group G Streptococcus. J. Infect., v. 37, p. 308-309, 1998.
Kuusi, M.; Lahti, E.; Virolainen, A.; Hatakka, M.; Vuento, R.; Rantala, L. An outbreak of
Streptococcus equi subspecies zooepidemicus associated with consumption of fresh
goat cheese. BMC Infect Dis., v. 6, p. 36, 2006.
Lämmler, C.; Abdulmawjood, A. & Weiss, R. Properties of serological group B
streptococci of dog, cat and monkey origin. J. Vet. Med. B, v. 45, p. 561-566, 1998.
Li, Y.; Gottschalk, M.; Esgleas, M.; Lacouture, S.; Dubreuil, JD.; Willson, P.; Harel, J.
Immunization with rRecombinant Sao protein confers protection against Streptococcus
suis
Lindahl, G.; Stålhammar-Carlemalm, M.; Areschoug, T. Surface proteins of Streptococcus
agalactiae and related proteins in other bacterial pathogens. Clin. Microbiol. Rev., v.
18, p. 102-127, 2005.
Madsen, M.; Sørensen, GH.; Aalbaek, B. Summer mastitis in heifers: a bacteriological
examination of secretions from clinical cases of summer mastitis in Denmark. Vet.
Microbiol., v. 22, p. 319-328, 1990.
Malone, D.; Margarit, I.; Rinaudo, C.D.; Masignani, V.; Mora, M.; Scarselli, M.; Tettelin,
H.; Brettoni, C.; Iacobini, E.T.; Rosini, R.; D’Agostino, N.; Miorin, L.; Buccato, S.;
Mariani, M.; Galli, G.; Nogarotto, R.; Dei, VN.; Vegni, F.; Fraser, C.; Mancuso, G.;
Teti, G.; Madoff, L.C.; Paoletti, L.C.; Rappuoli, R.; Kaspaer, D.L.; Telford, J.L.;
Grandi, G. Identification of a universal Group B streptococcus vaccine by multiple
genome screen. Science, v. 309, p. 148-150, 2005.
Marchandin, H.; Jumas-Bilak, E.; Boumzebra, A.; Vidal, D.; Jonquet, O.; Corne, P. Fatal
Streptococcus equi subsp. ruminatorum infection in a Man. Emerg Infect Dis., v. 13,
n.12, p.1964-1965, 2007.
Marchandin, H.; Jumas-Bilak, E.; Boumzebra, A.; Vidal, D.; Jonquet, O.; Corne, P. Fatal
Streptococcus equi subsp. ruminatorum Infection in a Man. Emerging Infectious
Diseases, v. 13, n. 12, p. 1964-1966, 2007.
Marques, M.B.; Kasper, D.L.; Pangbum, M.K.; Wessels, M.R. Presentation of C3
deposition by capsular polysaccharide is a virulence mechanism of type III streptococci.
Infect. Immun., v. 62, p. 3986-3993, 1992.
Matthews, K.R. & Oilver, S.P. Encapsulation of streptococci isolated from bovine milk. J.
Vet. Med. B, v. 40, n. 9-10, p. 597-602, 1993.
Meehan, M.; Muldowney, AD.; Watkins, NJ. & Owen, P. Localization and characterization
of the ligand-binding domain of the fibrinogen binding protein (FgBP) of Streptococcus
equi subsp. equi. Microbiology, v. 146, p. 1187-1194, 2000.
Miller, CW.; Prescott, JF.; Mathews, KA.; Betschel, SD.; Yager, JA.; Guru, V.; Dewinter,
L.; Low, DE. Streptococcal toxic shock syndrome in dogs. J. Amer. Vet. Med.
Assoc.,v. 209, p. 1421-1426, 1996.
Molecular subtyping and characterization of bovine and human Streptococcus agalactiae
isolates. J. Clin. Microbiol., v. 43, p. 1177-1186, 2005.
Newton, JR.; Verheyen, K.; Talbot, NC.; Timoney, JF.; Wood, JL.; Lakhani, KH.; Chanter,
N. Control of strangles outbreaks by isolation of guttural pouch carriers identified using
PCR and culture of Streptococcus equi. Equine Vet. J., v. 32, p. 515-526, 2000.
Okwumabua, O.; Abdelmagid, O.; Chengappa, MM. Hybridization analysis of the gene
encoding a hemolysin (suilysin) of Streptococcus suis type 2: evidence for the absence
of the gene in some isolates. FEMS Microbiol. Lett., v.181, n. 1, p. 113-121, 1999.
Okwumabua, O.; Chinnapapakkagari, S. Identification of the gene encoding a 38-kilodalton
immunogenic and protective antigen of Streptococcus suis. Clin. Diagn. Lab.
Immunol., v. 12, p. 484-490, 2005.
Oliver, SP.; Gillespie, BE.; Jayarao, BM. Detection of new and persistent Streptococcus
uberis and Streptococcus dysgalactiae intramammary infections by polymerase chain
reaction-based DNA fingerprinting. FEMS Microbiol. Lett., v. 160, p. 69-73, 1998.
Oliver, SP.; González, RN.; Hogan, JS.; Jayarao, BM.; Owens, WE. Microbiological
procedures for the diagnosis of bovine udder infection and determination of milk
quality. 4 ed. Verona, WI: National Mastitis Council. 2004. 47p.
Popescu, GA.; Fuerea, R.; Benea, E. Meningitis due to an unusual human pathogen:
Streptococcus equi subspecies equi. South Med J., v. 99, n. 2, p.190–191, 2006.
Poutrel, B. Généralités sur les mammites de la vache laitière. Processus infectieux,
épidémiologie, diagnostic, méthodes de contrôle. Rec. Méd. Vét., v. 161, p. 497-511,
1985.
Prescott, JF.; Miller, CW.; Mathews, KA.; Yager, JA.; Dewinter, L. Update on canine
streptococcal toxic shock syndrome and necrotizing fasciitis. Can. Vet. J., 1997, v. 38,
n. 4, p. 241-242, 1997.
Rainard, P. Isotype antibody response in cows to Streptococcus agalactiae group B
polysaccharide- ovalbumin conjugate. J. Clin. Microbiol., v. 30, p. 1856-1862, 1992.
Rainard, P.; Boulard, C. Opsonization of Streptococcus agalactiae of bovine origin by
complement and antibodies against group B polysaccharide. Infect. Immun., v. 60, p.
4801-4808, 1992.
Ruoff, KL. Streptococcus. In: MURRAY, PR.; BARON, EJ.; PFALLER, MA.;
TENOVER, FC.; YOLKEN, RH. Manual of clinical microbiology, 6th ed, American
Society for Microbiology, Washington DC, p. 299-307, 1995.
Sanford, SE.; Higgins, R. Streptococcal dieases. In: LEMAN, AD.; STRAW, BE.;
MENGELING, WL.; S. D'ALLAIRE, S.; TAYLOR, DJ. Disease of swine, 7th edition,
Wolfe Publishing Ltd, Londres, p. 588-598, 1992.
Schenkman, DI.; Rahija, RJ.; Klingenberger, KL.; Elliott, JA.; Richter, CB. Outbreak of
group B streptococcal meningoencephalitis in athymic mice. Lab. Anim. Sci., v. 44, p.
639-641, 1994.
Schlegel, L. ; Bouvet, A. Streptocoques et genres apparentés : abiotrophes et entérocoques.
Bull. Soc. Fr. Microbiol., v. 13, p. 7-17, 1998.
Staats, JJ.; Plattner, BL.; Stewart, GC.; Chengappa, MM. Presence of the Streptococcus
suis suilysin gene and expression of MRP and EF correlates with high virulence in
Streptococcus suis type 2 isolates. Vet. Microbiol., v. 70, n. 3-4, p. 201-211, 1999.
Sukhanand, S.; Dogan, B.; Ayodele, M.O.; Zadoks, R.N.; Craver, M.P.J.; Dumas, N.B.;
Schukken, Y.H.; Boor, K.J.
Sweeny, RC.; Benson, CE.; Whitlock, RH.; Meirs, D.; Barningham, S.; Whitehead, S.
Streptococcus equi infection in horses. Part I. Comp. Cont. Educ. Vet. Pract., v. 9, p.
689-693, 1987.
Swenshon, M.; Lämmler, C.; Siebert, U. Identification and molecular characterization of
beta-hemolytic streptococci isolated from harbor porpoises (Phocoena phocoena) of the
North and Baltic Seas. J. Clin. Microbiol., v. 36, p.1902-1906, 1998.
Takai, S.; Anzai, T.; Fujita, Y.; Akita, O.; Shoda, M.; Tsubaki, S. & Wada, R.
Pathogenicity of Rhodococcus equi expressing a virulence-associated 20 kDa protein
(VapB) in foals. Vet. Microbiol., v. 76, p. 71-80, 2000.
Thurmond, MC.; Tyler, JW.; Luiz, DM.; Holmberg, CA.; Picanso, JP. The effect of pre-
enrichment on recovery of Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus and
mycoplasma from bovine milk. Epidemiol. Infect., v. 103, n.3, p. 465-474, 1989.
Timoney, JF. Strangles. Vet. Clin. North Amer. Equine Pract., v. 9, n. 2, p. 365-374,
1993.
Timoney, JF.; Atiushin, SC.; Boschwitz, JS. Comparison of the sequences and functions of
Streptococcus equi M-like protein SeM and SzPse. Infect. Immun., v. 65, p. 3600-
3605, 1997.
Trigo, G.; Ferreira, P.; Ribeiro, N.; Dinis, M.; Andrade, E.B.; Melo-Cristino, J.; Ramirez,
M.; Tavares, D. Identification of immunoreactive extracellular proteins of
Streptococcus agalactiae in bovine mastitis. Can. J. Microbiol., v. 54, p. 899-905,
2008.
USDA. Dairy 2007, Part II: Changes in the U.S. Dairy Cattle Industry, 1991-2007. Fort
Collins, 2007. 92 p. Disponível em: . Acesso em: 06 jan. 2010.
Wibawan, IWT.; Lämmler, C.; Smola, J. Properties and type antigen patterns of group B
streptococcal isolates from pigs and nutrias. J. Clin. Microbiol., v. 31, p. 762-764,
1993.
Wilkinson, HW.; Thacker, LG.; Facklam, RR. Nonhemolytic group B streptococci of
human, bovine and ichthyic origin. Infect. Immun., v. 7, p. 496-498, 1973.
Williams, AE. Relationship between intracellular survival in macrophages and
pathogenicity of Streptococcus suis type 2 isolates. Microb. Pathog., v. 8, n. 3, p. 189-
196, 1990.
Wilson, SM.; Norton, P.; Haverson, K.; Leigh, J.; Bailey, M. Interactions between
Streptococcus suis serotype 2 and cells of the myeloid lineage in the palatine tonsil of
the pig. Vet. Immunol. Immunopathol., v. 117, n. 1-2, p. 116-123, 2007.
Wisselink, HJ.; Stockhope-Zurwieden, N.; Hilgers, LAT.; Smith, HE. Assessment of
protective efficacy of live and killed vaccines based on a non-encapsulated mutant of
Streptococcus suis serotype 2. Vet. Microbiol., v. 84, n. 1-2, p. 155-168, 2002.
Ye, C.; Bai, X.; Zhang, J.; Jing, H.; Zheng, H.; Du, H.; Cui, Z.; Zhang, S.; Jin, D.; Xu, Y.;
Xiong, Y.; Zhao, A.; Luo, X.; Sun, Q.; Gottschalk, M.; Xu, J. Spread of Streptococcus
suis Sequence Type 7, China. Emerg. Infect. Dis., v. 14, n. 5, p. 787-791, 2008.
Norcross, N.L.; Oliver, N. The distribution and characterization of group B streptococci in New York State. Cornell Vet.,
v. 66, p. 240 – 248, 1976.