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O DESPERTAR DA BORBOLETA

Reflexões sobre a passagem da vida terrena para a espiritual

Rubens Santini – agosto/2003 – Distribuição gratuita


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Índice Geral

I – A hora final .................................................. 3


II – Todos morrerão um dia ......................................... 4
III – Preparação para a morte ....................................... 5
IV – O despertar da borboleta ...................................... 7
V - Podemos morrer antes do prazo previsto? ....................... 9
VI – Morrer é fácil, difícil é desencarnar ........................ 10
VII – Desprendimento do Espírito do corpo material ................. 12
VIII – Cordão de Prata .............................................. 13
IX – Revisão Panorâmica ........................................... 14
X – Sono profundo ................................................ 15
XI – Nada podemos levar ........................................... 16
XII – Adaptação no Plano Espiritual ................................ 17
XIII – Sintonia entre os dois Planos ................................ 19
XIV – Um apelo dos desencarnados aos que ficam ..................... 20
XV – Como superar a saudade ....................................... 22
XVI – Esclarecimentos de Emmanuel .................................. 23
XVII – BIBLIOGRAFIA ................................................. 26
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I – A hora final

O que passa no momento da morte? Como se desprende o Espírito do


corpo material? Quais as impressões, as sensações que podemos ter nes-
ta hora? Para onde iremos após o desenlace da matéria? Por que temos
tanto medo da morte?

Lama Segyu Choepel Rimpoche, budista tibetano, fez um comentário


bastante interessante no livro “Morrer não se improvisa” (autoria de
Bel Cesar – Ed. Gaia):

“Os pequenos medos da vida escondem nosso maior medo: a morte.


Gostaríamos de não ter nenhuma referência sobre ela. Falar sobre o
assunto morte é um verdadeiro tabu. Até mesmo aqueles que estão envol-
vidos num caminho espiritual têm dificuldade de falar abertamente
sobre a morte. Temos dificuldades em lidar com a morte, porque ela
revela a impermanência da vida. Sabemos que ela é certa, mas como
desconhecemos quando ela ocorrerá, sentimos medo e não gostaríamos de
falar sobre isso. Mas é justamente falando sobre a morte, que iremos
compreender melhor a nós mesmos.”

As questões citadas acima e mais outras serão abordadas neste


presente trabalho, numa forma de trazer mais informações sobre o que
acontece no momento do desencarne, o que pode nos esperar na espiri-
tualidade e como podemos nos preparar para este momento que tanto te-
memos. O conhecimento das leis espirituais e do processo de
desencarnação é de grande importância como preparativa à morte. É
possível suavizar os nossos últimos momentos, proporcionando fácil
desprendimento, permitindo assim uma rápida adaptação no mundo novo
que nos espera.

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II – Todos morrerão um dia

Por intuição, todos sabem que morrerão um dia, mas evitam tocar
no assunto, achando que isto só poderá acontecer com o seu vizinho.
No entanto, muitos têm medo da morte porque desconhecem todo o
processo de passagem para o Plano Espiritual e quando isto poderá
acontecer. Temos a certeza que iremos morrer, mas não temos idéia que
quando isto irá acontecer.
O Espiritismo trouxe os devidos esclarecimentos, tirando as fan-
tasias criadas por outras religiões, mostrando os mistérios para o
retorno ao nosso verdadeiro lar, e que podemos encarar a morte com
serenidade, nos dando as devidas informações de como podemos no pre-
parar para este momento.
Emmanuel afirma que devemos cuidar do corpo humano como se ele
fosse viver eternamente, e do Espírito como se fosse desencarnar
amanhã.
Há uma frase muito famosa de Confúcio, antigo filósofo chinês,
que resume o que foi dito acima: “Aprende a bem viver e bem saberás
morrer!”
Em “Quem tem medo da morte” Richard Simonetti nos informa que “O
ideal é estarmos sempre preparados, vivendo cada dia como se fosse o
último, aproveitando integralmente o tempo que nos resta no esforço
disciplinado e produtivo de quem oferece o melhor de si em favor da
edificação humana. Então, sim, teremos um feliz retorno à pátria
espiritual.”

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III – Preparação para a morte

Em “Quem tem medo da morte”, de Richard Simonetti, há um trecho


que merece destaque, nos alertando sobre como devemos encarar a mor-
te:
“Compreensível, pois, que nos preparemos, superando temores e
dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, ao chegar nossa hora,
estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz. O primeiro
passo nesse sentido é o de tirar da morte o aspecto fúnebre, mórbido,
temível, sobrenatural. Há condicionamentos milenares nesse sentido.
Há pessoas que simplesmente recusam-se a conceber o falecimento de um
familiar ou o seu próprio. Transferem o assunto para um futuro remo-
to. (...) O Espiritismo nos oferece recursos para encarar a morte com
fortaleza de ânimo, inspirados igualmente na fé. (...) Uma fé inaba-
lável de quem conhece e sabe o que o espera, esforçando-se para que o
espere o melhor. (...) O despreparo para a morte caracteriza multi-
dões que regressam todos os dias, sem a mínima noção do que os espe-
ra, após decênios de indiferença pelos valores mais nobres. São pes-
soas que jamais meditaram sobre o significado da jornada terrestre:
de onde vieram, porque estão no mundo, qual o seu destino. Sem a bús-
sola da fé e a bagagem das boas ações, situam-se perplexas e confu-
sas.”

Vejamos um depoimento extraído de “A Vida Triunfa”, mensagem


ditada por Carlos Alberto Andrade Santoro, através de Chico Xavier:

“Acordei, achava-me num educandário-hospital dirigido por anti-


gos benfeitores de São José do Rio Preto. Meu bisavô Santoro me
afagava, minha tia Maria me falava com bondade, mas não precisaram
doutrinar-me quanto à Grande Renovação. (...) compreendi que, mesmos
nós Espíritas da mocidade e da madureza, o que penso, não nos achamos
assim tão preparados para a transferência de plano, como julgamos,
porque o choro do Antoninho Carlos me arrasava e as lágrimas do
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senhor e minha mãe caiam sobre minha alma como se fossem gotas de
algum ácido que me queimava por dentro todas as energias do coração.”

Este trecho desta carta de Carlos Alberto dirigida aos seus pais
relata claramente a falta de preparo, inclusive de nós Espíritas,
para entrar no outro lado da vida. Infelizmente este é o perfil da
grande maioria dos habitantes de nosso planeta.

Lama Guelek Rempoche, budista tibetano, fazendo um comentário no


livro de Bel Cesar (“Morrer não se improvisa”) disse que podemos nos
preparar para a morte, assim como quem se prepara para uma viagem. Se
nos prepararmos com antecedência, teremos mais chance de lembrar de
tudo que queremos levar. “O que vocês querem levar quando partir?
Quando eu for não quero ir com raiva, com insatisfação ou com arre-
pendimento, nem com apego. Eu quero ir como um pássaro, que levanta
vôo do topo de uma montanha. Não quero ninguém segurando meus pés.
Não quero nenhuma carga nas minhas costas. Quero ir como um Espírito
livre.”
Liane Camargo de Almeida Alves, jornalista especializada em
assuntos espirituais, editora da revista Bons Fluídos (Ed. Abril),
fez o seguinte comentário: “Morrer não se improvisa, dizem todas as
linhas espirituais do mundo. A preparação para o momento da morte
acontece em cada instante de nossa existência. Cada segundo em que
nos sentimos realmente vivos, com intensidade total, nos preparamos
para a morte. Nesses momentos de presença vibrante, em que vivemos o
aqui e agora do corpo e alma, entramos em contato com as vibrações
sutis que se armazenam na nossa memória, na nossa essência mais
profunda, aquela que continua depois da morte. O conjunto desses
momentos de alta vibração que podemos provar em nossas vidas condi-
cionará o nível de energia que poderemos alcançar no momento da
morte. É incrível, mas o viver condicionará o morrer.”
E é persistindo na prática diária da prece, da meditação, no
exercício constante do amor e da compaixão, com a mente calma e um
coração amoroso, teremos com certeza uma morte tranqüila.
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IV – O despertar da borboleta(1)

“Em 1958, o Espírito de André Luiz explicou, em “Evolução em dois


mundos” – através de Chico Xavier, o processo de morrer, comparando-o
a metamorfose de uma borboleta.
Acompanhando de perto esse processo, fica mais fácil entender o
que acontece a muitos pacientes em fase terminal, nesses momentos que
antecedem a morte.
No estágio final da metamorfose, a lagarta começa a diminuir os
seus momentos, até paralisá-los completamente. Sua digestão fica para-
lisada e ela não consome mais nenhum tipo de alimento. Ela permanece
imóvel, transformando-se em crisálida ou pupa. Fica, assim, dentro do
casulo, protegida das intempéries pelos fios que produz a secreção das
glândulas salivares e pelos tecidos vegetais, e pequenos gravetos do
meio ambiente. Nesse estado, pode ficar alguns dias e até meses.
Na posição de crisálida, o organismo da lagarta sofre modifi-
cações consideráveis, com a destruição de determinados tecidos (his-
tólise) e, ao mesmo tempo, a elaboração de órgãos novos (histogênese).
Os sistemas digestivos e musculares sofrem alterações de cunho
degenerativo, reconstruindo-se depois em bases novas. Nessa
reconstrução (histogênese), formam-se novo orifício bucal e trompas de
sucção e os músculos estriados são substituídos por órgãos novos.
Assim, um belo dia, uma linda borboleta deixa o casulo.
Na morte física a alma humana passa por um processo semelhante.
Com o esgotamento da força vital, em virtude da idade avançada, da
enfermidade ou por algum outro fator destrutivo externo, declinam as
forças fisiológicas, paralisam-se os movimentos corpóreos e o pacien-
te, em estado terminal, não mais tolera a alimentação. A imobilização
lembra o estágio de pupa ou crisálida.
E assim como a lagarta produz os filamentos com que se enovela no
casulo, também a alma envolve-se nos fios dos próprios pensamentos.
Nessa fase, há o predomínio das forças mentais, tecido com as próprias
idéias reflexas dominantes do Espírito, estabelecendo-se estado de

(1)
Texto extraído do livro “Nossa Vida no Além” de Marlene Nobre – Ed FE
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crisálida, por um período que varia entre minutos, horas, dias, meses
ou decênios.
Com a morte, há destruição dos tecidos corpóreos (histólise) e,
ao mesmo tempo, uma reconstrução (histogênese) de alguns tecidos do
corpo espiritual ou envoltório sutil. Este é em tudo semelhante ao
corpo físico, só que construído de outro tipo de matéria, ainda desco-
nhecido da Ciência, e que serve de vestimenta ao Espírito na outra di-
mensão da vida. Assim, durante o processo do morrer, há elaboração de
órgãos novos, resultantes de grandes alterações dos sistemas digestivo
e muscular, além de outras modificações nos sistemas circulatório,
nervoso ou genésico. Desse modo, pela histogênese espiritual, órgãos
novos recompões esse envoltório sutil, tornando-o um tanto diferente
do corpo físico, embora, na aparência, sejam idênticos. Por serem
externamente tão similares, os médiuns videntes descrevem os chamados
“mortos” tal com se apresentavam durante a existência física.
Somente ao término desse processo de reconstituição do corpo
espiritual, a borboleta abandona o casulo, isto é, o Espírito larga o
corpo físico, ao qual se uniu, temporariamente durante a existência
física e que lhe serviu de sagrado instrumento de aprendizado.
Como se vê, morrer é fácil, mas o processo de desencarnação é
mais difícil. Após a morte física o Espírito ainda tem um lapso de
tempo, mais ou menos longo, para desprender-se totalmente dos liames
da existência terrestre, segundo o estágio evolutivo em que se encon-
tra.”

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V - Podemos morrer antes do prazo previsto?

Temos aquela falsa imagem de que tudo tem o seu dia, até para
morrer. Só que na realidade, ocorre justamente o contrário. A grande
maioria dos seres humanos não cumpre o que foi “contratado” antes da
sua reencarnação, e acabam voltando antes do tempo previsto ao plano
espiritual, devido as diversos fatores.
Falando numa linguagem figurada, a título de exemplo, recebemos
um carro novo, com o tanque cheio de combustível, todo calibrado, para
que possamos fazer uma longa viagem. Quem nos forneceu o veículo, nos
orienta para andar a 80 km/hora, a frear nas curvas, não forçar o mo-
tor nas subidas, a fazer troca de óleo a cada 100 km, periodicamente
fazer revisão, ... Se obedecermos todas as regras estabelecidas,
chegaremos ao nosso destino. Agora, se começarmos a correr a 120
km/hora, não respeitar as “regras de trânsito”, fazer as curvas “can-
tando pneu”, ..., com certeza iremos desregular o motor, a gastar mais
combustível além do previsto e com certeza poderemos não chegar ao
nosso destino, devido a problemas no automóvel.
Fazendo uma analogia com o nosso corpo físico, podemos destruir o
nosso organismo de fora para dentro com o álcool, o cigarro, os tóxi-
cos, excessos alimentares, com a ausência de exercícios físicos, falta
de higiene, repouso físico inadequado. Tudo isto pode abreviar a nossa
vida física.
Também podemos lesar o nosso organismo de dentro para fora culti-
vando pensamentos negativos, sentimentos desequilibrados, pessimismo,
rancor, ódio, agressividade, irritação constante, podendo afetar o
nosso sistema imunológico, represando mágoas, ressentimentos, depres-
são, favorecendo a termos um infarto, tumores, câncer, ..., antecipan-
do o nosso desencarne, e por conseqüência a nossa adaptação no Plano
Espiritual, sendo considerado um caso de suicídio, onde teremos que
responder pelos prejuízos causados ao nosso corpo físico, e por
conseqüência, essas anomalias irá repercutir em nosso perispírito,
trazendo problemas em futuras reencarnações, originando deficiências
em nosso próximo corpo físico.
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VI – Morrer é fácil, difícil é desencarnar(2)

“As sensações que precedem e se seguem à morte são infinitamente


variadas e dependentes, sobretudo, do caráter, dos méritos, da elevação
moral do Espírito que abandona a Terra.
A separação é quase sempre lenta e o desprendimento da alma opera-se
gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e se
completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispí-
rito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada
quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensa-
ção e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaça-
mentos do corpo material.
Dolorosa, cheia de angústias para uns, a morte não é, para outros,
senão um sono agradável seguido de um despertar silencioso. O desprendi-
mento é fácil para aquele que previamente se desligou das coisas deste
mundo, para aquele que aspira aos bens espirituais e que cumpriu os seus
deveres. Há, ao contrário, luta, agonia prolongada no Espírito preso a
Terra, que só conheceu os gozos materiais e deixou de preparar-se para
esta viagem.
Entretanto, em todos os casos, a separação da alma e do corpo é
seguida de um tempo de perturbação, curto para o Espírito justo e bom, que
desde cedo despertou ante todos os esplendores da vida celeste; muito lon-
go, a ponto de abranger anos inteiros, para as almas culpadas, impregnadas
de fluidos grosseiros. Grande número destas últimas crê permanecer na vida
corpórea, muito tempo mesmo depois da morte. Para estas, o perispirito é
um segundo corpo carnal, submetido aos mesmos hábitos e, algumas vezes, as
mesmas sensações físicas como durante a vida terrena.
A hora da separação é cruel para o Espírito que só acredita no nada.
Agarra-se como desesperado a esta vida que lhe foge. Os Espíritos inferio-
res levam consigo para o além do túmulo os hábitos, as necessidades, as
preocupações materiais. Não podendo elevar-se acima da atmosfera terres-
tre, voltam a compartilhar a vida dos entes humanos, intrometem-se nas
suas lutas, trabalhos e prazeres. Suas paixões, seus desejos, sempre viva-

(2)
Texto extraído do livro “Depois da Morte” – Léon Denis – Ed FEB
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zes e aguçados pelo permanente contacto da humanidade, os acabrunham; a


impossibilidade de os satisfazerem torna-se para eles causa de constantes
torturas.
Pacífica, resignada, alegre mesmo, é a morte do justo, a partida da
alma que, tendo muito lutado e sofrido, deixa a Terra confiante no futuro.
Para esta, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraqueci-
dos que ligam à matéria, destacam-se docemente; sua perturbação não passa
de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono.”

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VII – Desprendimento do Espírito do corpo material

Em “Nossa Vida no Além”, Marlene Nobre cita uma passagem do livro


“The Spirit World”, de Florence Marryat, sobre a visão da médium Edith
acerca do processo de separação da alma de sua irmão do corpo físico:

“Foi então que Edith começou a percerber uma espécie de ligeira


nebulosidade, semelhante à fumaça que, condensando-se gradualmente
acima da cabeça, acabou por assumir as proporções, as formas e os
traços da irmã moribunda, de modo a se lhe assemelhar por completo.
Essa forma flutuava no ar, a pouca distância da doente. À medida que o
dia declinava, a agitação da enferma minorava, sendo substituída, à
tarde, por prostação profunda, precursora da agonia. Edith contemplava
avidamente a irmã: o rosto tornara-se lívido; o olhar se lhe obscure-
cera, mas, ao alto, a forma fluídica purpureava-se e parecia animar-se
gradualmente com a vida que abandonava o corpo. Um momento depois, a
moça jazia inerte e sem conhecimento sobre os travesseiros, mas a
forma transformara-se em Espírito vivo. Cordões de luz, no entanto,
semelhantes a florescências elétricas ligaram-se ainda ao coração, ao
cérebro e aos outros órgãos vitais.
Chegando o momento supremo, o Espírito oscilou algum tempo de um
lado para outro, para vir, em seguida, colocar-se ao lado do corpo
inanimado: ele era, em aparência, muito fraco e mal podia suster-se.
E enquanto Edith contemplava essa cena, eis que se apresentaram
duas formas luminosas, nas quais reconheceram seu pai e sua avó,
mortos ambos nessa mesma casa. Aproximaram-se do Espírito recém-
liberto, romperam os cordões de luz que ligavam aindo ao corpo e,
apertando-os nos braços, dirigiram-se à janela e desapareceram.”

Casos semelhantes são narrados por André Luiz, através de Chico


Xavier em “Obreiros da vida eterna” (ver casos: Dimas / Fábio /
Cavalcante / Adelaide).
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VIII – Cordão de Prata

O que é o cordão de prata? Qual a sua função? Analisando o caso


Dimas (“Obreiros da vida eterna”) André Luiz faz a seguinte observação:

“Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver,


apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a
sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cére-
bro de matéria rarefeita do organismo liberto. (...) Tive a nítida im-
pressão de que através do cordão fluídico, de cérebro morto ao cérebro
vivo, o desencarnado absorvia os princípios vitais restante do campo
fisiológico. (...) O apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica,
sustentando o fluxo e refluxo dos princípios vitais em readaptação.
Retirada a derradeira via de intercâmbio, o cadáver mostrou sinais quase
de imediato, de avançada decomposição.”

Este cordão de prata, geralmente não é cortado de imediato, logo


após o desencarne. Segundo Emmanuel, em “O Consolador”, a grande maioria
das criaturas humanas necessita de 50 a 72 horas para que este corte se
concretize.
Bezerra de Menezes, em “Voltei” (de Irmão Jacob, através de Chico
Xavier), esclarece que na maioria dos casos não seria possível libertar
os desencarnados tão apressadamente, que a rápida solução do problema
liberatório dependia, em grande parte, da vida mental e dos ideais a que
se liga o homem na experiência terrestre.

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IX – Revisão Panorâmica

Uma das etapas do processo de desencarnação consiste em contem-


plar o passado, dentro do campo interior, como se revisse um filme, com
todos os detalhes, da existência que está se encerrando.
Vejamos o que Irmão Jacob, em “Voltei”, descreve esse processo vi-
venciado por ele mesmo:

“(...) experimentei abalo indescritível na parte posterior do crâ-


nio. Não era uma pancada. Semelhava-se a um choque elétrico, de vastas
proporções, no intimo da substância cerebral. (...) Senti-me no mesmo
instante, subjugado por energias devastadoras. A que comparar o fenôme-
no? A imagem mais aproximada é a de uma represa, cujas comportas fossem
arrancadas repentinamente. Vi-me diante de tudo o que eu havia sonhado,
arquitetado e realizado na vida. Insignificantes idéias que emitira,
tanto quanto meus atos mínimos, desfilavam, absolutamente precisos, an-
te meus olhos aflitos, como se me fossem revelados de roldão, por es-
tranho poder, numa câmara ultra-rápida instalada dentro de mim. Trans-
formara-se-me o pensamento num filme cinematográfico misteriosa e ino-
pinadamente desenrolado, a desdobrar-se, com espantosa elasticidade,
para seu criador assombrado, que era eu mesmo.”

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X – Sono profundo

Baseado nos relatos de 500 (quinhentas) cartas post-mortem, Mar-


lene Nobre constatou que praticamente todos mencionam um sono pro-
fundo, difícil de se controlar, na passagem para o Além.
Vejamos, a título de exemplo, algumas declarações deixadas nas
mensagens psicografadas por Chico Xavier:

(1) “(...) Num lance veloz de tempo revi todo a minha vida curta
de rapaz e em seguida me arrojei num sono pesado de que só
despertaria dias depois, a fim de que conscientizei quanto
ao total da verdade, crente de que me achava em uma organi-
zação hospital” (extraído de “Eles Voltaram” – mensagem di-
tada pelo Espirito de Nestor Macedo Filho)
(2) “(...) irrestível desejo de dormir assaltou-me. Bezerra,
Andrade e Marta eram benfeitores e expressavam a vida diver-
sa em que eu penetraria doravante. Com certeza guardariam
mil informações preciosas que eu esperava, curioso e feliz,
mas, como vencer o sono a pesar-me no cérebro?” (extraído de
“Voltei”- Irmão Jacob através de Chico Xavier)

Espíritos muito ligados aos interesses da matéria, tem necessida-


de de ficar na quase total inconsciência após a morte. São seres pri-
mitivos que estão despreparados para a vida no Plano Espiritual. Eles
entram em sono profundo, outros em pesadelos torturantes... André Luiz
nos relata em “Os Mensageiros” que existem pavilhões inteiros onde
Espíritos dormem profundamente após a morte, por anos a fio: “São
criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador (...) os
que acreditavam convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de
tudo, o sono eterno.”

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XI – Nada podemos levar

Os Espíritos Superiores responderam a Allan Kardec que a alma


nada leva deste mundo a não ser a lembrança e o desejo de ir para um
mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso
que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futi-
lidade do que deixa na Terra.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Blaise Pascal ditou uma


mensagem que resume bem este aspecto:

“O homem não possui de seu senão o que pode levar deste


mundo. O que encontra ao chegar, e o que deixa ao partir, goza durante
sua permanência na Terra; mas, uma vez que é forçado a abandoná-lo,
dele não tem senão o gozo e não a posse real. Que possui ele pois?
Nada daquilo que é para uso do corpo, tudo o que é de uso da alma: a
inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais; eis o que traz e
o que leva, o que não está no poder de ninguém lhe tirar, o que lhe
servirá mais ainda no outro mundo do que neste; dele depende ser mais
rico em sua partida do que em sua chegada, porque daquilo que tiver
adquirido em bem depende sua posição futura.”

Portanto, compreendemos que o Espírito sofre as conseqüências


de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida terrena. A
alma traz dentro de si o inferno ou o paraíso, não importa onde se
encontre.
“A cada um segundo as suas obras, no Céu com na Terra: tal é a
Lei da Justiça Divina”, já dizia Allan Kardec.
Se durante a vida terrena, a Entidade Espiritual passou somente
preocupada em satisfazer o seu próprio egoísmo, após a morte pode não
ultrapassar os planos grosseiros, as zonas das trevas, as regiões mais
densas do mundo espiritual.

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XII – Adaptação no Plano Espiritual

Marlene Nobre, no seu excelente livro “Nossa Vida no Além”, nos


relata que “a adaptação ‘ao outro lado’ da vida varia de acordo com o
grau evolutivo do Espírito.
Para a imensa maioria dos desencarnados de evolução espiritual
mediana, ela não se faz senão lentamente, influenciada por inúmeros
fatores.
Para os de condição inferior, a permanência nos planos da sombra
representa sofrimento em graus diversos, vida desorganizada, sevícias
cruéis ou aprofundamento nos caminhos improdutivos da ignorância, com
requintes de maldade.
Os assuntos pendentes de toda ordem – financeiros, emocionais,
afetivos e, principalmente, o complexo de culpa – trazidos da crosta,
vão exercer papel preponderante no estado de ânimo dos convalescentes
espirituais, influindo, diretamente, na adaptação deles à Vida Nova”

Outros fatores que dificultam a adaptação do Espírito nesta fase


de transição no novo Plano, são a saudade dos entes queridos que fica-
ram e a sua formação religiosa.
A grande deficiência da maioria das religiões é que elas não
preparam seus fiéis para a morte.
Como ilustração, vamos relatar um trecho, extraído do livro “Car-
tas de Uma Morta”, ditadas por d. Maria João de Deus, mãe de Chico
Xavier, através do próprio médium, onde relata as impressões iniciais
da sua vida no Além:

“Para mim, meu caro filho, as últimas impressões da existência


terrena e os primeiros dias transcorridos depois da morte foram muito
amargos e dolorosos. Quero crer que a angústia, que naquele momento
avassalou a minh’alma, originou-se da profunda mágoa que me ocasionava
a separação do lar e dos afetos familiares, pois, apesar de crer na
imortalidade, sempre enchiam-me de pavor os aparatos da morte; e den-
tro do catolicismo, que eu professava fervorasamente, atemorizava-me a
perspectiva de uma eterna ausência. Lutei, enquanto me permitiram as
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forças físicas, contra a influência aniquiladora do meu corpo; mas foi


uma luta singular a que sustentei, como sói acontecer aos corações ma-
ternos, quando periga a tranqüilidade dos seus filhos. Unicamente esse
amor obrigava-me ao apego à vida, porque os sofrimentos, que já havia
experimentado, desprendiam-me de todo o prazer que ainda pudesse me
advir da coisa terrestres.”

Como podemos ver, a formação religiosa e os afetos deixados na


vida terrena, exercem uma influência muito grande na fase de adaptação
à nova vida na espiritualidade. No caso da mãe de Chico Xavier, tinha
forte influência da religião católica (“... a perspectiva de uma
eterna ausência...”) e a sua maior dor e preocupação era com os 9
(nove) filhos que deixou, todos eles na idade infanto-juvenil.

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XIII – Sintonia entre os dois Planos(3)

“No período que se segue à morte física, os habitantes dos dois


planos da vida continuarão a exercer influência recíproca acentuada,
em geral insuspeita pelos encarnados. É claro que esta influência
perdurará sempre, mas não terá o grau de intensidade dos primeiros
tempos de separação. É natural que seja assim porque nós nos alimenta-
mos do magnetismo das pessoas amadas. Quando a morte nos impõe a sepa-
ração provisória, sentimo-nos lesados no âmago do ser, necessitado de
recompor as energias básicas, de rearranjar o circuito de forças
magnéticas no qual nos equilibramos. Este raciocínio é válido para os
que se encontram nos dois planos da vida.
A influência dos pensamentos e ações dos que permanecem na crosta
é tão significativa que, muitas vezes, os desencarnados não conseguem
se adaptar à vida nova, vagando sem rumo, perturbados, sem condições
de assumir suas funções na verdadeira pátria.
Isso acontece porque há um despreparo generalizado diante da cri-
se da morte. Encarnados e desencarnados sofrem profundos desequilí-
brios psicológicos e espirituais, diante da separação que julgam
definitivas, porque para a imensa maioria, sem “olhos de ver”, somente
o silêncio dolorido responde aos apelos de parte a parte.
Tudo se passa como se os primeiros chorassem desesperadamente num
compartimento da casa, e os últimos em outro, mas incapazes de se en-
tenderem, apesar da proximidade, por absoluta falta de preparo em li-
dar com esse tipo de comunicação. Todos gritam, mas ninguém se
entende.”

(3)
Texto extraído de “Nossa Vida noAlém” – Marelene Nobre – Ed FE
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XIV – Um apelo dos desencarnados aos que ficam(4)

“Muitos encarnados clamam desesperadamente pelos que partiram,


vertendo lágrima de fel, quando não acalentando idéias de suicidio na
enganosa ilusão de reencontrá-los. (...)
Há muito desassossego na vida psíquica dos desencarnados, toda vez
que os familiares não aceitam a separação ou procuram vingança, nos ca-
sos de desencarnação por assassinato, alimentando os sentimentos infe-
riores muitas envolvidos nesse processo. (...)
Inúmeros outros comunicantes falam da dificuldade de adaptação ao
mundo espiritual por causa da perturbação dos familiares. “Esse
desequilíbrio, muitas vezes intenso, não lhes permite a própria
renovação no plano em que se encontram.”

Vamos destacar alguns trechos das cartas dos desencarnados nos


quais solicitam a compreensão dos familiares diante da separação. São
pontos muito úteis para o nosso próprio preparo diante da morte:

(1) “Vejo seu rosto sem parar, todo banhado em lágrimas sobre o
meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço
carregar ouvidos no coração. Ah, Mamãe! Eu não tenho o
direito de pedir ao seu carinho mais que sempre recebi, mas
se seu filho pode pedir mais alguma coisa à sua dedicação,
não chore mais.” (Alberto Teixeira através de Chico Xavier –
“Presença de Chico Xavier”)
(2) “As lágrimas com que me recordam, caem no meu coração por
chuva de fogo, (...), o pensamento é uma ligação, que ainda
não sabemos compreender. Quando estiverem com as nossas lem-
branças mais vivas, comemorando acontecimentos, não se pren-
dam à tristeza. (...) Posso, porém, dizer-lhes que estou com
vocês dois, assim como alguém que carregasse no ouvido um
telefone obrigatório. Não estou em casa, mas ouço e vejo
quanto se passa. Nossos amigos daqui me esclarece que isso
passará quando a saudade for mais limpa entre nós. Saudade

(4)
Texto extraído de “Nossa Vida noAlém” – Marelene Nobre – Ed FE
O DESPERTAR DA BORBOLETA 21

limpa!. Nunca pensei nisso! Mas dizem que a saudade que se


faz esperança no coração, é assim como um céu claro, mas a
saudade sem paciência e sem fé no futuro é semelhante a uma
nuvem que se prende com a sombra e tristeza aqueles que dão
alimento na própria alma.” (Marilda Menezes através de Chico
Xavier – “Novamente em Casa”)
(3) “Estou presente, rogando à senhora que me ajude com a sua
paciência. Tenho sofrido mais com as suas lágrimas do que
mesmo com a libertação do corpo. Isso porque a sua dor me
prende à recordação de tudo o que sucedeu. E quando a se-
nhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no si-
lêncio do seu desespero, sinto-me de novo na asfixia”.
(William José Guagliardi através de Chico Xavier – “Vida no
Além)

“Evidentemente que não vamos cultivar falsa tranqüilidade, consi-


derando natural que alguém muito amado parta para o plano espiritual.
Por maior que seja a nossa compreensão, com certeza sofreremos muito.
No entanto, devemos manter a serenidade, a confiança em Deus, não por
nós mesmos, mas, sobretudo, em benefício daquele que partiu. Mais do
que nunca ele precisa de nossa ajuda, e principalmente de nossas ora-
ções.”(5)

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(5)
Trecho extraído de “Quem tem medo da morte” – Ricnard Simonetti
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XV – Como superar a saudade

Sempre é bom sentir saudades. Significa que amamos alguém e que


esse alguém é importante para nós.
Existem diversas maneiras de cultuar a memória de um ser querido
que já partiu para o Plano Maior:
(1) Usemos as flores dentro de nossa própria casa, numa forma de
exaltar a Vida, e não indo ao cemitério para exaltar a Morte.
(2) Usando a prática constante das orações, para fazermos vibrações
de estima, e desejar sucesso na adaptação na Vida nova, procu-
rando demonstrar, também, o quanto o nosso Amor é infinito.

Existe um exemplo, muito bonito por sinal, que foi extraído de


“Violetas na Janela” (autora espiritual Patrícia, através de Vera
Lúcia M. Carvalho), onde a saudade pode ser superada, doando flores
mentalmente para o ser amado. Patrícia, no Plano Espiritual, chega na
casa de sua avó. Entra no seu quarto e olha para a janela:
“A janela estava aberta dando a visão bonita da parte direita do
jardim. A janela tem um delicado beiral de madeira clara e nela esta-
vam vários vasos de violetas. Vasos floridos, com violetas coloridas e
lindas. Lembranças vieram-me à mente. Recordei dos vasos de violetas
de minha mãe, que enfeitavam os vitrôs de nossa cozinha. Pareciam as
mesmas:
- E são! – disse a vovó. Anézia, [mãe de Patrícia], plasma com mui-
to amor as violetas para você. São réplicas que enfeitam a cozinha do
seu lar terreno.
- Vovó, como isto é possível? – indaguei admirada.
- Sua mãe muito lhe ama e tem muita saudade. Saudade esta que é um
amor não satisfeito pela ausência do ser amado. Ela não desejava ou
esperava sua partida. Está se esforçando para não prejudicá-la, assim
ela canaliza seu carinho e oferta as flores a você. É uma maneira que
ela encontrou para demonstrar o seu amor. É uma oferta contínua. Com
nossa pequena ajuda, de seus amigos aqui, estes fluídos foram e são
condensados e aí estão: maravilhosas violetas.”
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XVI – Esclarecimentos de Emmanuel(6)

Extraímos cinco questões (146, 147, 148, 149 e 152) do livro “O


Consolador”, autoria de Emmanuel, através de Chico Xavier, referente a
fase de transição da vida material para a espiritual, de muito valia
para o nosso aprendizado:

[146} É fatal o instante da morte?


R: Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são deter-
minados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade
do homem sobre a Terra. (...) Existem ainda os suicídios lentos e
gradativos provocados pela ambição ou pela inércia, pelo abuso ou pela
inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se
observam, de modo espetacular, entre as lutas do mundo. Essa a razão
pela qual tantas vezes se batem os Instrutores dos encarnados, pela
necessidade permanente de oração e de vigilância a fim de que os seus
amigos não fracassem nas tentações.

[147} Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações


rápidas, como será de desejar?
R: A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciên-
cia. Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de
uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as en-
fermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos ex-
teriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, com-
parando-se o plano terreno com a esfera de ação dos desencarnados.
Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna.
Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado
em face dos imperativos da sua nova vida? A comparação é pobre, mas
serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A
alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos.

(6)
Emmanuel foi o principal Mentor Espiritual de Chico Xavier em sua útlima encarnação.
O DESPERTAR DA BORBOLETA 24

[148} Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros


tempos da vida de além-túmulo?
R: A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram
prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins,
tal qual se verifica nas sociedades de vosso mundo. (...) O homem
desencarnado procura arduosamente no Espaço, as aglomerações afins com
o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandona-
do na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a
sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do di-
nheiro, do álcool, etc, obsessões que se tornam o seu martírio moral
de cada hora, nas esferas mais próximas da Terra. Daí a necessidade de
encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de prepa-
ração para a vida espiritual, sendo indispensável á nossa felicidade,
além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

[149} Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro mate-


rial pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no
além-túmulo?
R: Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do
amor a Deus, a transição do plano terrestre para a esfera espiritual
serã sempre suave. Nestas condições, poderá encontrar imediatamente
aqueles que foram objeto de sua afeição no mundo, na hipótese de se
encontrarem no mesmo nível de evolução. (...) Entretanto, aqueles que
se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas posses efêmeras
do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis, não en-
contram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultu-
ra. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos
e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do
reencontro.

[150} A morte violenta proporciona aos desencarnados sensações


diversas da chamada “morte natural”?
R: A desencarnação por acidentes, os casos fulminantes de desprendi-
mento proporcionam sensações muito dolorosas à alma desencarnada, em
vista da situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irre-
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mediáveis. Quase sempre, em tais circunstâncias, a criatura não se


encontra devidamente preparada e o imprevisto da situação lhe traz
emoções amargas e terríveis. Entretanto, essas surpresas tristes não
se verificam para as almas, no caso das enfermidades dolorosas e
prolongadas, em que o coração e o raciocínio se tocam das luzes das
meditações sadias, observando as ilusões e os prejuízos do excessivo
apego à Terra, sendo justo considerarmos a utilidade e a necessidade
das dores físicas, nesse particular, porquanto somente com o seu con-
curso precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas
o mundo, para penetrar tranquilamente os umbrais da vida no Infinito.

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XVII – BIBLIOGRAFIA

- “Depois da Morte” – Léon Denis – FEB


- “Morrer não se improvisa” – Bel Cesar – Ed. Gaia
- “Quem tem medo da morte” – Richard Simonetti
- “Violetas na Janela” – Patricia através Vera Lúcia M.
de Carvalho – Ed. Petit
- “Nossa Vida no Além” - Marlene Nobre – Ed. FE
- “O Consolador” – Emmanuel através de Chico Xavier
- “Evolução em dois mundos” – André Luiz através de Chico
Xavier
- “Voltei” – Irmão Jacob através de Chico Xavier
- “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec
- “Evangelho Segundo O Espiritismo” – Allan Kardec

Rubens Santini (rubens.santini@gmail.com)


Distribuição gratuita. Não é permitida a sua venda. A cópia é permitida para distribuição gratuita.
São Paulo, agosto de 2003.

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