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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO E ENGENHARIA CIVIL

INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS

Caderno de Conteúdo e Exercícios da disciplina de


Instalações Hidrosanitárias do Curso de Arquitetura e
Urbanismo e Engenharia Civil da UCDB, Unigran e
Facsul.

Professor: Eng. Civil Esp. Talles Mello


www.tallesmello.com.br
eng.tallesmello@gmail.com

Acadêmico:

Campo Grande – MS
1ª Edição
Solicita-se aos usuários deste trabalho a
apresentação de sugestões que tenham por
objetivo aperfeiçoa-lo ou que se destinem à
supressão de eventuais incorreções.

As observações apresentadas, mencionando a


página, o parágrafo e a linha do texto a que se
referem, devem conter comentários
apropriados para seu entendimento ou sua
justificação.

A correspondência deve ser enviada


diretamente ao autor, por meio do e-mail:
eng.tallesmello@gmail.com

Ficha Catalográfica

Mello, Talles.
Instalações Hidrosanitárias / Talles Taylor dos Santos Mello – Campo
Grande, MS, 2019.
51 p. : il. color. – (Material didático)

Caderno de aula de exercícios da disciplina de Instalações Hidrosanitárias


da UCDB, Unigran e Facsul, de Campo Grande/MS.

1. Engenharia Civil – composição, proporção, etc. 2. Estruturas. 3.


Apostila.I. UCDB. Unigran. Facsul. Curso de Engenharia Civil.II.Título.

CDD (20) 720.7

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Sumário

1. ÁGUA FRIA.............................................................................................................................. 4

1.1. TERMINOLOGIA ...................................................................................................................... 4


1.2. SISTEMA DE ABASTECIMENTO .......................................................................................................... 6
1.3. SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO............................................................................................................... 6
1.4. DIMENSIONAMENTO ................................................................................................................ 8
1.4.2. DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO .................................................................................... 9
1.4.2.1. CRITÉRIO DO CONSUMO MÁXIMO POSSÍVEL ............................................................................. 9
1.4.2.2. CRITÉRIO DO CONSUMO MÁXIMO PROVÁVEL ......................................................................... 11
1.4.3. DIMENSIONAMENTO DO CONJUNTO ELEVATÓRIO ............................................................... 17
1.5. INCÊNDIO .............................................................................................................................. 19
1.6. MODELO DE PROJETO ISOMÉTRICO ...................................................................................... 20
1.7. EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 21

2. ESGOTO ................................................................................................................................. 26

2.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 26


2.2. DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 26
2.3. TRATAMENTO ....................................................................................................................... 31
2.3.1. FOSSA SÉPTICA .............................................................................................................................. 31
2.3.2. SUMIDOURO ................................................................................................................................... 34
2.4. MODELO DE PROJETO ........................................................................................................... 35
2.5. EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 36

3. ÁGUA PLUVIAL .................................................................................................................... 38

3.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 38


3.2. CALHAS ................................................................................................................................ 39
3.3. DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 40
3.4. EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 44

4. ÁGUA QUENTE ..................................................................................................................... 45

4.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 45


4.2. DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 46
4.3. EXERCÍCIOS .......................................................................................................................... 48

5. GÁS ......................................................................................................................................... 49

5.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 49

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1. Água Fria

Norma pertinente: NBR 5626:1998 – Instalação predial de água fria (ABNT, 1998).

1.1. Terminologia

Reproduz-se abaixo algumas das definições apresentadas na NBR 5626 (ABNT, 1998):
• Água fria: água à temperatura dada pelas condições do ambiente;
• Água potável: água que atende ao padrão de potabilidade determinado pela Portaria no 36 do
Ministério da Saúde;
• Alimentador predial: tubulação que liga a fonte de abastecimento a um reservatório de água de
uso doméstico;
• Aparelho sanitário: componente destinado ao uso da água ou ao recebimento de dejetos líquidos
e sólidos. Incluem-se nessa definição aparelhos como bacias sanitárias, lavatórios, pias, lavadoras de
roupa, lavadoras de prato, banheiras etc;
• Barrilete: tubulação que se origina no reservatório e da qual derivam as colunas de distribuição,
quando o tipo de abastecimento é indireto. No caso de abastecimento direto, pode ser considerado como a
tubulação diretamente ligada ao ramal predial ou diretamente ligada à fonte de abastecimento particular;
• Coluna de distribuição: tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais;
• Diâmetro nominal (DN): número que serve para designar o diâmetro de uma tubulação e que
corresponde aos diâmetros definidos nas normas específicas de cada produto;
• Dispositivo de prevenção ao refluxo: componente, ou disposição construtiva, destinado a
impedir o refluxo de água em uma instalação predial de água fria, ou desta para a fonte de abastecimento;
• Duto: espaço fechado projetado para acomodar tubulações de água e componentes em geral,
construído de tal forma que o acesso ao seu interior possa ser tanto ao longo de seu comprimento como
em pontos específicos. Inclui também o shaft que é normalmente entendido como um duto vertical;
• Fonte de abastecimento: sistema destinado a fornecer água para a instalação predial de água fria.
Pode ser a rede pública da concessionária ou qualquer sistema particular de fornecimento de água. No
caso da rede pública, considera-se que a fonte de abastecimento é a extremidade à jusante do ramal
predial;
• Instalação elevatória: sistema destinado a elevar a pressão da água em uma instalação predial de
água fria, quando a pressão disponível na fonte de abastecimento for insuficiente, para abastecimento do
tipo direto, ou para suprimento do reservatório elevado no caso de abastecimento do tipo indireto;
• Metal sanitário: expressão usualmente empregada para designar peças de utilização e outros
componentes utilizados em banheiros, cozinhas e outros ambientes do gênero, fabricados em liga de
cobre. Exemplos: torneiras, registros de pressão e gaveta, misturadores, válvulas de descarga, chuveiros e
duchas, bicas de banheira;

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• Nível de transbordamento: nível do plano horizontal que passa pela borda do reservatório,
aparelho sanitário ou outro componente. No caso de haver extravasor associado ao componente, o nível é
aquele do plano horizontal que passa pelo nível inferior do extravasor;
• Plástico sanitário: expressão usualmente empregada para designar peças de utilização e outros
componentes utilizados em banheiros, cozinhas e outros ambientes do gênero, fabricados em material
plástico. Exemplos: torneiras, registros de pressão e gaveta, misturadores, válvulas de descarga, chuveiros
e duchas;
• Ponto de utilização da água: extremidade à jusante do sub-ramal a partir de onde a água fria
passa a ser considerada água servida. Qualquer parte da instalação predial de água fria, a montante desta
extremidade, deve preservar as características da água para o uso a que se destina;
• Ramal: tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-ramais;
• Ramal predial: tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento de água e a
extremidade a montante do alimentador predial ou de rede predial de distribuição. O ponto onde termina o
ramal predial deve ser definido pela concessionária;
• Rede predial de distribuição: conjunto de tubulações constituído de barriletes, colunas de
distribuição, ramais e sub-ramais, ou de alguns destes elementos, destinado a levar água aos pontos de
utilização;
• Refluxo de água: escoamento de água ou outros líquidos e substâncias, proveniente de qualquer
outra fonte, que não a fonte de abastecimento prevista, para o interior da tubulação destinada a conduzir
água desta fonte. Incluem-se, neste caso, a retrossifonagem, bem como outros tipos de refluxo como, por
exemplo, aquele que se estabelece através do mecanismo de vasos comunicantes;
• Registro de fechamento: componente instalado na tubulação e destinado a interromper a
passagem da água. Deve ser utilizado totalmente fechado ou totalmente aberto. Geralmente empregam-se
registros de gaveta ou de esfera. Em ambos os casos, o registro deve apresentar seção de passagem da
água com área igual à da seção interna da tubulação onde está instalado;
• Registro de utilização: componente instalado na tubulação e destinado a controlar a vazão da
água utilizada. Geralmente empregam-se registros de pressão ou válvula-globo em sub-ramais;
• Retrossifonagem: refluxo de água usada, proveniente de um reservatório, aparelho sanitário ou
de qualquer outro recipiente, para o interior de uma tubulação, devido à sua pressão ser inferior à
atmosférica;
• Sub-ramal: tubulação que liga o ramal ao ponto de utilização;
• Tubulação de extravasão: tubulação destinada a escoar o eventual excesso de água de
reservatórios onde foi superado o nível de transbordamento;
• Tubulação de limpeza: tubulação destinada ao esvaziamento do reservatório para permitir sua
limpeza e manutenção.

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1.2. Sistema de abastecimento

O abastecimento de água pode ser público (concessionária), privado (nascentes, poços etc) ou
misto.

1.3. Sistema de distribuição

O sistema de distribuição pode ser direto, indireto, hidropneumático ou misto.

a) Sistema direto

A água provém diretamente da fonte de abastecimento, como exemplificado na Figura 1.1. A


distribuição direta normalmente garante água de melhor qualidade devido à taxa de cloro residual
existente na água e devido à inexistência de reservatório no prédio. O principal inconveniente da
distribuição direta no Brasil é a irregularidade no abastecimento público e a variação da pressão ao longo
do dia provocando problemas no funcionamento de aparelhos como os chuveiros. O uso de válvulas de
descarga não é compatível com este sistema de distribuição.

Figura 1.1. Sistema de distribuição direta.

b) Sistema indireto

A água provém de um ou mais reservatórios existentes no edifício. Este sistema pode ocorrer com
ou sem bombeamento. Quando a pressão for suficiente, mas houver descontinuidade no abastecimento, há
necessidade de se prever um reservatório superior e a alimentação do prédio será descendente (Figura
1.2). Quando a pressão for insuficiente para levar água ao reservatório superior, deve-se ter dois
reservatórios: um inferior e outro superior. Do reservatório inferior a água é lançada ao superior através
do uso de bombas de recalque (moto-bombas). O sistema de distribuição indireto com bombeamento é
mais utilizado em grandes edifícios onde são necessários grandes reservatórios de acumulação. Esse
sistema é mostrado na Figura 1.3.

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Figura 1.2. Sistema de distribuição indireta sem bombeamento.

Figura 1.3. Sistema de distribuição indireta com bombeamento.

c) Sistema misto

O sistema de distribuição misto é aquele no qual existe distribuição direta e indireta ao mesmo
tempo, como pode-se perceber na Figura 1.4.

Figura 1.4. Sistema de distribuição misto.

d) Sistema Hidropneumático

O sistema hidropneumático de abastecimento dispensa o uso de reservatório superior, mas sua


instalação é cara, sendo recomendada somente em casos especiais para aliviar a estrutura.

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1.4. Dimensionamento

Projetos de uma Instalação Predial de Água Fria devem atender as exigências e recomendações
estabelecidas pela norma NBR 5626/1998 e pelo decreto N° 9369/88 DMAE-PMPA. Para se
dimensionar a estrutura de instalações hidro sanitárias, inicia-se pelo consumo diário.

1.4.1. Consumo Diário


Para se estimar o consumo diário de água é necessário que se conheça a quantidade de pessoas
que ocupará a edificação. Para o setor residencial, Creder (1995) recomenda que se considere cada quarto
social ocupado por duas pessoas e cada quarto de serviço, por uma pessoa.

Tabela 1.1. Taxa de ocupação para prédios públicos ou comerciais

Local Taxa de Ocupação


Bancos Uma pessoa por 5,00 m² de área
Escritórios Uma pessoa por 6,00 m² de área
Pavimentos Térreos Uma pessoa por 2,50 m² de área
Lolas (pavimentos superiors) Uma pessoa por 5,00 m² de área
Museus e Bibliotecas Uma pessoa por 5,50 m² de área
Salas de hotéis Uma pessoa por 5,50 m² de área
Restaurantes Uma pessoa por 1,40 m² de área
Salas de operação (hospital) Oito pessoas
Teatros, cinemas e auditórios Uma cadeira por 0,70 m² de área

Conhecida a população do prédio, pode-se calcular o consumo de água. Para efeitos didáticos,
pode-se utilizar os dados apresentados na Tabela 1.2.

Tabela 1.2. Consumo específico em função do tipo de prédio

Prédio Consumo (litros/dia) Unidade


Serviço Doméstico
Apartamentos 200
Apartamentos e residências de luxo 300 a 400
Residência média 150 Per capita
Residência popular 120 a 150
Alojamento provisório de obra 80

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Serviço Publico
Edifício de escritório 50 a 80 Ocupante efetivo
Escola (internato) 150 Per capita
Escola (externato) 50 Aluno
Hospitais e casas de saúde 250 Leito
Hotéis com cozinha e lavanderia 250 a 350 Hóspede
Hotéis sem cozinha e lavanderia 120 Hóspede
Quartéis 150 Per capita
Restaurantes e Similares 25 Refeição
Mercados 5 m²
Postos de serviços 100 Automóvel
150 Caminhão
Cinemas e Teatros 2 Lugar
Igrejas e Templos 2 Lugar
Creches 50 Per capita

1.4.1.1. Capacidade dos Reservatórios

A NBR 5626:1998 estabelece que o volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no
mínimo, o necessário para atender 24 horas de consumo normal do edifício, sem considerar o volume de
água para combate a incêndio.
Em virtude das deficiências no abastecimento público de água em praticamente todo o país,
Creder (1995) recomenda que se adote reservatórios com capacidade “suficiente para uns dois dias de
consumo” e que o reservatório inferior armazene 60% e o superior 40% do consumo.

1.4.2. Dimensionamento da tubulação

Para se garantir a suficiência do abastecimento de água, deve-se determinar a vazão em cada


trecho da tubulação corretamente. Isso pode ser feito através de dois critérios: o do consumo máximo
possível e o do consumo máximo provável.

1.4.2.1. Critério do consumo máximo possível

Este critério se baseia na hipótese que os diversos aparelhos servidos pelo ramal sejam utilizados
simultaneamente, de modo que a descarga total no início do ramal será a soma das descargas em cada um
dos sub-ramais. O uso simultâneo ocorre em geral em instalações onde o regime de uso determina essa

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ocorrência, como por exemplo em fábricas, escolas, quartéis, instalações esportivas etc. onde todas as
peças podem estar em uso simultâneo em determinados horários. Macintyre (1990) recomenda que se
utilize esse critério para casas em cuja cobertura exista apenas um ramal alimentando as peças dos
banheiros, cozinha e área de serviço, pois é possível que, por exemplo, a descarga do vaso sanitário, a pia
da cozinha e o tanque funcionem ao mesmo tempo.
O dimensionamento é feito através do Método das Seções Equivalentes, que consiste em
expressar o diâmetro de cada trecho da tubulação em função da vazão equivalente obtida com diâmetros
de 15mm (1/2 polegada). A Tabela 1.3 apresenta os diâmetros nominais mínimos dos sub-ramais de
alimentação para diferentes aparelhos sanitários e a Tabela 1.4 apresenta os diâmetros equivalentes para
aplicação deste critério.

Tabela 1.3. Diâmetro mínimo dos sub-ramais de alimentação

Tabela 1.4. Correspondência de tubos de diversos diâmetros com o equivalente de 15mm

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1.4.2.2. Critério do consumo máximo provável

Este critério se baseia na hipótese de que o uso simultâneo dos aparelhos de um mesmo ramal é
pouco provável e na probabilidade do uso simultâneo diminuir com o aumento do número de aparelhos.
Este critério conduz a diâmetros menores do que pelo critério anterior.
Existem diferentes métodos que poderiam ser utilizados para a determinação dos diâmetros das
tubulações através desse critério. O método recomendado pela NBR 5626:1998, e que atende ao critério
do consumo máximo provável, é o Método da Soma dos Pesos. Este método, de fácil aplicação para o
dimensionamento de ramais e colunas de alimentação, é baseado na probabilidade de uso simultâneo dos
aparelhos e peças.
O método da soma dos pesos consiste nas seguintes etapas:
1º - Verificar o peso relativo de cada aparelho sanitário conforme indicado na Tabela 1.5.
2º - Somar os pesos dos aparelhos alimentados em cada trecho de tubulação.

3º - Calcular a vazão em cada trecho da tubulação através da equação = , .√


A vazão também pode ser obtida do ábaco mostrado na Figura 1.5.
4º - Determinar o diâmetro de cada trecho da tubulação através do ábaco mostrado na Figura 1.5.

Tabela 1.5. Vazão e peso relativo nos pontos de utilização identificados em função do aparelho
sanitário e da peça de utilização

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5º - Verificar se a velocidade atende ao limite estabelecido por norma.
O ruído proveniente de tubulação é gerado quando suas paredes sofrem vibração pela ação do
escoamento da água. O ruído de escoamento não é significativo para velocidade média da água inferior a
3m/s. Portanto, a NBR 5626:1998 recomenda que as tubulações sejam dimensionadas de modo que a
velocidade da água não atinja valores superiores a 3m/s em nenhum trecho da tubulação.
Conhecendo-se o diâmetro e a vazão da tubulação, a velocidade pode ser calculada através da

equação =
Onde:
V é a velocidade da água (m/s);
3
Q é a vazão (m /s);
2
A é a área da seção transversal da tubulação (m ).

Figura 1.5. Diâmetros e vazões em função dos pesos.

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6º - Verificar a perda de carga.
A perda de carga deve ser verificada nos tubos e também nas conexões.
a) Nos tubos
Para determinação da perda de carga em tubos, a NBR 5626:1998 estabelece que podem ser
utilizadas as expressões de Fair-Whipple-Hsiao.
No caso de tubos rugosos (tubos de aço-carbono, galvanizado ou não), utiliza-se a equação:
,
= 0,00202 ,

No caso de tubos lisos (tubos de plástico, cobre ou liga de cobre), utiliza-se a equação 1.
,
= 0,0008 ,

Onde:
J é a perda de carga unitária (mca/m);
Q é a vazão estimada na seção considerada (litros/s);
D é o diâmetro interno do tubo (mm).

Observação: Tanto a velocidade quanto a perda de carga podem ser determinadas através da
utilização dos ábacos de Fair-Whipple-Hsiao, mostrados nas Figuras 1.6 e 1.7.

b) Nas conexões
A perda de carga nas conexões que ligam os tubos, formando as tubulações, deve ser expressa em
termos de comprimento equivalente desses tubos. A Tabela 1.6 apresenta esses comprimentos
equivalentes para diferentes conexões em função do diâmetro nominal de tubos rugosos (tubos de aço-
carbono, galvanizado ou não). A Tabela 1.7 apresenta esses comprimentos equivalentes para diferentes
conexões em função do diâmetro nominal de tubos lisos (tubos de plástico, cobre ou liga de cobre).

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Figura 1.6. Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para tubulações de aço galvanizado e ferro fundido.

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Figura 1.7. Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para tubulações de cobre e plástico.

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Tabela 1.6. Perda de carga em conexões – comprimento equivalente para tubos lisos (PVC
rígido ou cobre)

o
1 Joelho 90 ;
o
2 Joelho 45 ;
o
3 Curva 90 ;
o
4 Curva 45 ;
5 Tê de passagem direta;
6 Tê de saída de lado;
7 Tê de saída bilateral;
8 Entrada normal;
9 Entrada de borda;
10 Saída de canalização;
11 Válvula de pé e crivo;
12 Válvula de retenção tipo leve;
13 Válvula de retenção tipo pesado;
14 Registro de globo aberto;
15 Registro de gaveta aberto;
16 Registro de ângulo aberto.

7º - Verificar se a pressão se situa dentro dos limites estabelecidos por norma.


A NBR 5626:1998 estabelece que a pressão estática (quando não há escoamento) em qualquer
ponto de utilização da rede predial de distribuição seja inferior a 400kPa (40mca) para proteger a
tubulação contra pressão e golpe de aríete. Com relação à pressão dinâmica (com escoamento), a NBR
5626:1998 estabelece que seja superior a 5kPa (0,5mca). A Tabela 1.7 apresenta as pressões dinâmicas
mínimas para as peças de utilização conforme recomendações da NBR 5626:1998.

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Tabela 1.7. Pressão dinâmica mínima nos pontos de utilização identificados em função do
aparelho sanitário e da peça de utilização

Tabela 1.8. Altura recomendada para os pontos de utilização


Aparelho Altura do ponto (cm)
Válvula de descarga 110
Vaso sanitário com caixa acoplada 20 (e 15 cm à esquerda do eixo)
Caixa de descarga 200
Banheira 30
Bidê 30
Chuveiro 200 a 220
Lavatório 60
Máquina de lavar roupa 75
Máquina de lavar louça 75
Tanque 90
Pia de cozinha 100

1.4.3. Dimensionamento do conjunto elevatório

Uma instalação elevatória consiste no bombeamento de água de um reservatório inferior para um


reservatório superior ou para um reservatório hidropneumático. A NBR 5626 recomenda que, no caso de
grandes reservatórios, o tempo de enchimento pode ser de até 6 horas dependendo do tipo de edifício. As
recomendações são de 4 horas de funcionamento para prédios de escritórios, 5 horas para prédios de
apartamentos e 6 horas para hospitais e hotéis.
As instalações elevatórias devem possuir no mínimo duas moto-bombas independentes para
garantir o abastecimento de água no caso de falha de uma das unidades.

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a) Dimensionamento da tubulação de recalque
Para o dimensionamento da tubulação de recalque, recomenda-se o uso da fórmula de
Forschheimmer, representada pela equação

= 1,3. Q . √
DR é o diâmetro da tubulação de recalque (m);
3
Q é a vazão de recalque (m /s);
h é o número de horas de funcionamento da moto-bomba (horas/dia).

b) Tubulação de sucção

A tubulação de sucção não é dimensionada. Adota-se simplesmente o diâmetro comercialmente


disponível, imediatamente superior ao diâmetro de recalque.

c) Extravasores

Os extravasores, tanto do reservatório superior quanto do inferior, não precisam ser


dimensionados. Deve-se adotar um diâmetro comercial imediatamente superior ao diâmetro da
alimentação dos reservatórios.

d) Potência da moto-bomba

A potência da moto-bomba é determinada através da equação:


"#$%
!
75(
Onde:
P é a potência necessária para a moto-bomba (CV);
Q é a vazão de recalque (litros/s);
Hman é a altura manométrica dinâmica (m);
R é o rendimento da moto-bomba (adimensional).

As faixas de rendimento das moto-bombas são indicadas na tabela 1.9.

Tabela 1.9. Rendimento da moto-bomba em função da potência.

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A altura manométrica é dada pela equação: Hman = Hman(rec) + Hman(suc)

Hman é a altura manométrica (m);


Hman(rec) é a altura manométrica do recalque (m);
Hman(suc) é a altura manométrica da sucção (m);

As alturas manométricas de recalque e sucção são dadas, respectivamente, pelas equações abaixo.
Hman(rec) = Hest(rec) + J(rec)

Onde:
Hman(rec) é a altura manométrica do recalque (m);
Hest(rec) é a altura estática do recalque (m);
Jrec é a perda de carga no recalque (m).

Hman(suc) = Hest(suc) + J(suc)

Onde:
Hman(suc) é a altura manométrica da sucção (m);
Hest(suc) é a altura estática da sucção (m);
Jsuc é a perda de carga na sucção (m).

1.5. Incêndio

A prevenção contra incêndio é um dos tópicos abordados mais importantes na avaliação e


planejamento da proteção de uma coletividade. O termo “prevenção de incêndio” expressa tanto a
educação pública como as medidas de proteção contra incêndio pânico em um edifício.
O fogo pode ser definido como um fenômeno físico-químico onde se tem uma reação de oxidação
com emissão de calor e luz.
Devem coexistir 4 componentes para que ocorra o fenômeno do fogo:
a. combustível;
b. comburente (oxigênio);
c. calor;
d. reação em cadeia.
Os meios de extinção se utilizam deste princípio, pois agem por meio da inibição de um dos
componentes para apagar um incêndio.
O combustível pode ser definido como qualquer substância capaz de produzir calor por meio da
reação química.

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O comburente é a substância que alimenta a reação química, sendo mais comum o oxigênio.
O calor pode ser definido como uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro
em virtude de uma diferença de temperatura. Ele se distingue das outras formas de energia porque, como
o trabalho, só se manifesta num processo de transformação. Podemos, ainda, definir incêndio como sendo
o fogo indesejável, qualquer que seja sua dimensão.
A NT 14: Cargas de Incêndio visa estabelecer valores característicos de carga de incêndio nas
edificações e áreas de risco, conforme a ocupação e uso específico.
A NT 21: Extintores visa estabelecer critérios para proteção contra incêndio em edificações,
ocupações temporárias, instalações e áreas de risco por meio de extintores de incêndio (portáteis ou
sobrerrodas), para o combate a princípios de incêndios.
A NT 22: Hidrantes e Mangotinhos fixa as condições necessárias exigíveis para
dimensionamento, instalação, manutenção, aceitação e manuseio, bem como as características, dos
componentes de sistemas de hidrantes e/ou de mangotinhos para uso exclusivo de Combate a Incêndio em
edificações. Ela ainda, fixa para residências com menos de 2500m², do tipo 2, uma reserva técnica para
incêndio de 8m³ de água.

1.6. Modelo de Projeto Isométrico

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1.7. Exercícios

Exercício 1.1. Determinar a capacidade do reservatório de uma residência de 4 quartos (3 com área
2 2
de 12,5 m e 1 com 11,0 m ) e 1 quarto de empregada. Considerar residência de médio valor.

Exercício 1.2. Determinar as capacidades dos reservatórios superior e inferior de um edifício com 12
pavimentos que tenha 2 apartamentos cada pavimento. Cada apartamento tem 3 dormitórios com
2
área de 9,0 m e 1 quarto de empregada. Prever 10000 litros para reserva técnica de incêndio.

Exercício 1.3. Determinar as capacidades dos reservatórios superior e inferior de uma edificação que
2 2
abriga 1 cinema de 200m , um restaurante que serve 500 refeições por dia, 900m de lojas (metade
2
no térreo) e 1 supermercado de 300m . Prever 12000 litros para reserva técnica de incêndio.

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Exercício 1.4. Dimensionar a coluna de água fria AF1, de PVC, que alimenta em cada pavimento um
banheiro privativo com 1 vaso sanitário com válvula de descarga, 1 lavatório e 1 chuveiro elétrico.

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Exercício 1.5. Dimensionar o conjunto elevatório e os extravasores para a instalação abaixo
sabendo-se que a mesma atende um hotel cujo consumo de água tratada é de 40000 litros por dia.

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Exercício 1.6. Determinar o diâmetro da tubulação do ramal predial de um edifício com 100 pessoas
com consumo diário de 20.000 l/dia com distribuição indireta.

) 20000
= → = → = 0,23 -//
86400 86400
Utilizando os limites da velocidade da água, que está compreendida entre 0,6 e 1,0 m/s para
distribuição indireta, ou seja, a água que irá completar e encher a caixa dágua não pode estar fora
desses valores, analisamos conforme ábaco:

Portanto 20 mm

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Exercício 1.7. Dimensionar o ramal predial de uma residência com distribuição direta, com cozinha,
lavanderia e dois banheiros, com as seguintes peças de utilização.

0 ! = 3,6 → = ) 10 ! → 0,3 3,6 → = 0,57 -//

Utilizando os limites da velocidade da água, que está compreendida entre 0,6 e 1,0 m/s para
distribuição direta, ou seja, a água que irá completar e encher a caixa dágua não pode estar fora desses
valores, analisamos conforme ábaco:

Portanto 32 mm

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2. Esgoto

2.1. Introdução

O esgoto doméstico é formado a partir do uso da água potável. Uma vez tento sido feito nossos
procedimentos de higienização e produção alimentícia com a utilização da água tratada, produzimos o
esgoto doméstico.
De uma forma geral as edificações geram o esgoto, porém de acordo com a função e ocupação
destas edificações. Neste caso temos os esgotos domésticos, industriais, comerciais, institucionais, etc...
Nas edificações onde há a presença humana sempre será gerado o que denominamos de esgoto
doméstico, porém conforme acima mencionado há edificação poderá ter outros tipos de esgoto como as
indústrias, as lavanderias, os hospitais que além dos esgotos domésticos geram o esgoto proveniente da
atividade que é desenvolvida em seu processo de produção.
O conteúdo de desta disciplina tem como objetivo o estudo do esgoto doméstico, os demais
devem ser vistos em disciplinas especificas.
Conforme o código de obras, do município de Campo Grande/MS, lei de nº1866, de 26/12/1979:
Art . 134 – Serão permitidos somente o uso de fossas, nas construções
não servidas por rede de esgotos.
Parágrafo Único – Para a abertura das fossas será exigido o afastamento
de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) de qualquer edificação bem como
o mesmo afastamento quanto à divisas e alinhamento do lote.

2.2. Dimensionamento

Segundo a NBR 8160, o dimensionamento deverá ser feito pelas Unidades Hunter de
Contribuição (UHC).
1 UHC = vazão de 28 l / min

Ramais de Descarga:
Os ramais de descarga são dimensionados usando a tabela 2.1 ou a tabela 2.2.
Unidades HUNTER de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal dos
ramais de descarga.

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Tabela 2.1

Observações:
Na NBR 8160 esta tabela é bem mais extensa.
(*) - Para o ramal de descarga foi adotado um diâmetro mínimo de 40mm.
(**) - O diâmetro mínimo do vaso sanitário é de 100mm.
Os ramais de descarga ligados a um mesmo desconector devem ter o mesmo diâmetro, porque as
entradas no desconector têm o mesmo diâmetro.

Unidades HUNTER de contribuição para aparelhos não relacionados na tabela 2.1.

Tabela 2.2

Ramais de Esgoto
Somam-se as UHC dos ramais de descarga que contribuem para o ramal de esgoto, e recorre-se
então à tabela 2.3 para dimensionar o ramal de esgoto.
Tabela 2.3

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Tubos de Queda
Na medida do possível devem se manter na mesma linha vertical, mas quando necessário, podem
sofrer desvios horizontalmente. O desvio deve ser feito com curva longa, provida de visita, e o ângulo Ø
deve ser inferior a 90°.

D1 e D3 - são obtidos através da tabela 2.4.


D2 - se Ø < 45o , obtêm-se D2 na tabela 2.4 .
- se Ø > 45o , obtêm-se D2 na tabela 2.5 .

Observação: Qualquer tubulação ligada a vaso sanitário terá diâmetro mínimo de 100mm.
Dimensionamento de tubo de queda
TABELA 2.4

COLETORES E SUBCOLETORES
São dimensionados através da tabela 2.5.
Dimensionamento de coletores prediais e subcoletores
TABELA 2.5

RAMAIS DE VENTILAÇÃO
O diâmetro dos ramais de ventilação é obtido diretamente na tabela 2.6.

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Ramais de ventilação
TABELA 2.6

COLUNA DE VENTILAÇÃO
O diâmetro da coluna de ventilação é obtido diretamente na tabela 2.7
Dimensionamento de colunas e barrilete de ventilação
TABELA 2.7

O acesso à tubulação e a fácil desobstrução são viáveis através dos seguintes dispositivos:
- caixas de gordura, caixas de inspeção, desconectores, sifões, visitas.
A NBR 8160 estabelece ainda:

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⇒ Todo trecho de tubulação deve ser acessível.
⇒ Os sifões devem ser inspecionáveis.
⇒ Entre duas inspeções só podem haver uma deflexão, obrigatóriamente menor que 90o e
executada com curva longa.
⇒ A distância entre duas inspeções deve ser menor que 25 m.
⇒ A distância entre o coletor público e a primeira inspeção deve ser menor que 15m.
⇒ A distância entre o vaso sanitário e a primeira inspeção deve ser menor que 10 m.
⇒ Em prédios com mais de 5 andares a distância máxima do tubo de queda até a primeira
inspeção deve ser de 2 m.

Detalhes construtivos da caixa de inspeção

Detalhes construtivos da caixa de gordura


Função: Separar a gordura da água antes de lançar a água na rede do esgoto primário.

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2.3. Tratamento

O tratamento coletivo de esgoto nas cidades é feito em estações de tratamento e despejado nos
mananciais.
Embora seja necessário o tratamento de todo o esgoto gerado nas cidades, ainda é precário estes
sistemas no Brasil. Não temos cidades totalmente atendidas por rede coletora e tratamento de esgoto.
No tratamento individualizado, que será abordado nessa apostila, o sistema mais utilizado é o
conjunto fossa séptica e sumidouro.

2.3.1. Fossa Séptica

As fossas sépticas são unidades de tratamento primário nos esgotos domésticos, nas quais são
feitas a separação e transformação de matéria sólida contida no esgoto. Nessas fossas, os esgotos sofrem a
ação das bactérias e, durante o processo, a parte sólida (lodo) é depositada no fundo da fossa, enquanto
que na superfície forma-se uma camada de escuma, constituída de substâncias insolúveis mais leves. A
fase líquida segue para o sumidouro ou para as valas de infiltração e os sólidos ficam retidos no fundo da
fossa. A localização das fossas sépticas e sumidouros devem atender as seguintes condições:

1 - Afastamento mínimo de 15 metros de poços de abastecimento de água e de corpos de água de


qualquer natureza.
2 - Possibilidade de fácil ligação ao futuro coletor público
3 - Facilidade de acesso, tendo em vista a necessidade de remoção periódica do lodo.
4 - O sistema deve ser construído com afastamento mínimo de 1,5 metros de construções, limites
de terreno e ramal predial de água.
5 - Deverá obedecer ao afastamento mínimo de 3,0 metros de árvores e de qualquer ponto da
Rede Pública de Abastecimento de Água.

A fossa deve ter volume que permita a lenta passagem dos líquidos e a acumulação do volume de
lodo. As fossas sépticas deverão ser construídas em concreto, alvenaria ou outro material que atenda as
condições de segurança, durabilidade e resistência.
Existem modelos pré-moldados que podem ser comprados em lojas de materiais de construção. É
importante que possuam retentores de escuma na entrada e na saída. O volume da fossa deve ser adotado
em função do número de pessoas que irão utilizá-la.
Recomenda-se que na tubulação de entrada da fossa seja colocada uma caixa de passagem (caixa
construída antes da fossa).
É vedado o lançamento das águas pluviais na fossa séptica.
O volume de fossa séptica não deve ser inferior a 1.250 litros. A face inferior da laje de cobertura
deve ter 30cm de altura em relação ao nível da água no interior da fossa séptica (volume destinado à

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escuma). O esgoto das pias de cozinha deve passar por caixa de gordura antes de entrar na fossa séptica
ou sumidouro. A fossa séptica deve ter pelo menos uma tampa para inspeção e limpeza. Essa tampa deve
ficar próxima à entrada. Para ventilar a fossa séptica, utiliza-se a própria tubulação de entrada e o sistema
de ventilação da instalação predial. Recomenda-se que somente devem ser direcionadas a fossa séptica, as
águas imundas (com excrementos). As águas servidas (lavatório, chuveiro, pia da cozinha, tanque e etc.)
devem ser desviadas da fossa, pois, os detergentes e sabões contidos nestas águas servidas eliminam parte
das bactérias dificultando o processo de digestão que ocorre no interior das fossas.
As paredes das fossas devem ter 10cm de espessura se construídas em concreto, ou 20cm no caso
de alvenaria, com o fundo devendo ser de concreto com 15cm de espessura. Quando construídas em
alvenaria as paredes devem ser revestidas com argamassa de cimento-areia com aplicação de material
impermeabilizante.
A saída da fossa deve situar-se no mínimo a 5cm abaixo da tubulação de entrada, devendo esta ter
diâmetro mínimo de 100m.
É recomendado o uso de ventilação em qualquer tipo de fossa séptica.
Abaixo, quadro com informação das dimensões mínimas para fossas retangulares e circulares:
Fossa séptica retangular Fossa séptica circular
• Largura mínima = 0,70m • Diâmetro mínimo = 1,10m
• Profundidade máxima = 2,50m • Diâmetro máximo não poderá
• Profundidade mínima = 1,10m ser maior que 2 vezes a
• Comprimento máximo é de 4 vezes a medida da largura profundidade
• Comprimento mínimo é de 2 vezes a medida da largura • Profundidade máxima = 2,50m
• Largura não poderá ser maior que 2 vezes a • Profundidade mínima = 1,10m
profundidade
Abaixo, quadro indicativo com informações sobre as dimensões da fossa em relação ao número
de pessoas.

Observação:
Recomenda-se acompanhamento técnico na construção das fossas, especialmente na moldagem das tampas, pois quanto maior o
tamanho, maiores serão os riscos de acidentes com desabamentos. Com o objetivo de aumentar a segurança, nunca deixar de colocar ferragem
adequada no momento da concretagem da tampa.

O volume útil do tanque séptico deve ser calculado pela fórmula:

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3ú567 = 1000 + 9 () . ; + <. -= )
Onde:
3ú567 = volume útil (Vu mínimo de 1250 litros)
N = número de pessoas ou unidades de contribuição
C = contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litros/unidade x dia (ver tabela)
T = período de detenção, em dias (ver tabela)
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação de lodo fresco (ver
tabela)
-= =contribuição de lodo fresco, em litros/pessoa x dia eu em litros/unidade x dia (ver tabela)

Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante

Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária

Taxa de acumulação de lodo (K), em dias, por intervalo de limpeza e temperatura média do mês
mais frio.

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2.3.2. Sumidouro

O sumidouro tem a função de permitir a infiltração da parte líquida dos esgotos no solo. Para
tanto, as paredes devem ser vazadas e o fundo permeável. O tamanho do sumidouro vai depender do
número de pessoas que utilizam o sistema e da capacidade de infiltração do terreno. Terrenos arenosos
têm boa capacidade de infiltração e o sumidouro tende a ser pequeno. Terrenos argilosos ao contrário
necessitam de sumidouros grandes. Nos casos que o lençol d´água esteja em profundidade conveniente,
de modo a não haver risco de contaminação, e o solo sendo permeável, é recomendável adotar o
sumidouro. Os sumidouros podem ser construídos em alvenaria de tijolo comum, furado ou anéis de
concreto. Para o uso do tijolo comum, estes devem ser colocados afastados entre si, com argamassa só na
horizontal. Existem no mercado anéis de concreto furados, que facilitam a construção de sumidouros. A
laje de cobertura deve ser de concreto armado dotado de abertura de inspeção. As paredes não devem ser
revestidas e o fundo será na própria terra batida, tendo apenas uma camada de brita n°. 04 variando entre
50 e 70 centímetros de. Conforme necessidade deve ser construída mais de um sumidouro em local
afastado um do outro, com distância “D” entre sumidouro equivalente a três vezes o diâmetro interno do
sumidouro, não sendo permitido ser inferior a distância mínima de 6 metros.
Em muitos locais, o tipo de terreno não é favorável à infiltração no solo, acontecendo o
extravasamento do sumidouro. Nesse caso, o dimensionamento do sumidouro não foi adequadamente ou
pode ter ocorrido perda da capacidade de infiltração (colmatação) do solo. Recomenda-se construir um
maior número de sumidouros ou optar por vala de infiltração com a finalidade de melhorar a área de
absorção para o esgotamento.
Como o sumidouro tem a função de infiltrar o esgoto no solo, não interessa seu volume, mas
interessa a área de contato entre o solo e as paredes do sumidouro. Então:
3
?=
)6
Onde:
A = Area de infiltração necessária em metros quadrados, para sumidouro ou vala de infiltração.
V = Volume de contribuição diária em litros/dia.
Ci = Coeficiente de infiltração em Litros/metro quadrado x dia. Obtido na tabela.

Observações:
- A altura útil do sumidouro deve ser determinada de modo a manter distância vertical mínima de
1,50m entre o fundo do poço e o nível máximo do lençol freático.

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2.4. Modelo de Projeto

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2.5. Exercícios

Exercício 2.1. Determinar os diâmetros do ramal de ventilação, da coluna de ventilação, dos ramais
de descarga, dos ramais de esgoto, a declividade dos ramais de descarga e de esgoto do BWC
residencial abaixo:

Exercício 2.2. Dimensionar um tanque séptico de câmara única e um sumidouro para um


restaurante em Florianópolis, que serve 100 refeições por dia, sabendo que a temperatura ambiente
em situações normais é de 28º C, prevendo uma limpeza do tanque a cada 3 anos e o solo faixa 3
(adotar 50 L/m².dia).

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Exercício 2.3. Dimensionar os tubos de queda, o tubo de gordura, as colunas de ventilação do
esquema vertical abaixo representado, sabendo que o pé direito é de 2,95m:

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Exercício 2.4. Dimensionar o sistema de esgoto sanitário para o banheiro de um edifício residencial
com 12 pavimentos tipo, contendo 01 lavatório, 01 vaso sanitário, 01 chuveiro e 01 bidê. Considerar
pé direito de 2,80 m..

1. Ramais de descarga (TABELA 1)


Lv - 1 UHC → D = 40 mm
Bi - 1 UHC → D = 40 mm
Ch - 2 UHC → D = 40 mm
BS - 6 UHC → D = 100 mm

2. Ramal de esgoto (TABELA 3)


Aparelho UHC
1 Lv 1
1 Bi 1 4 UHC → D = 50mm
1 Ch 2

3. Tubo de Queda (TABELA 4)


Aparelho UHC
1 BS 6
1 Lv 1 → 10 UHC x 12 Pav. = 120 UHC → D = 100 mm
1 Bi 1
1 Ch 2

4. Ramal de ventilação (TABELA 7)


10 UHC → D = 50mm

5. Coluna de ventilação (TABELA 8)


UHC = 12 x 10 = 120 → DCV = 75 mm
H = 12 x 2,80 = 33,60 m

3. Água Pluvial

3.1. Introdução

Os objetivos específicos que se pretende atingir com o projeto de instalações de águas pluviais
são os seguintes:
• Permitir recolher e conduzir as águas da chuva até um local adequado e permitido;
• Conseguir uma instalação perfeitamente estanque;
• Permitir facilmente a limpeza e desobstrução da instalação;
• Permitir a absorção de choques mecânicos;
• Permitir a absorção das variações dimensionais causadas por variações térmicas bruscas;
• Ser resistente às intempéries e à agressividade do meio (Ex. maresia da orla marítima);
• Escoar a água sem provocar ruídos excessivos;
• Resistir aos esforços mecânicos atuantes na tubulação;
• Garantir indeformabilidade através de uma boa fixação da tubulação.

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Segundo CREDER (1995), os códigos de obras dos municípios, em geral, proíbem o caimento
livre da água dos telhados de prédios de mais de um pavimento, bem como o caimento em terrenos
vizinhos. Tal água deve ser conduzida aos condutores de águas pluviais, ligados a caixas de areia no
térreo; daí, podendo ser lançada aos coletores públicos de águas pluviais.
Aplica-se a drenagem de águas pluviais em coberturas, terraços, pátios, etc.
Apresentam-se abaixo algumas das definições associadas aos conceitos de hidrologia e hidráulica:
• Altura pluviométrica: é o volume de água precipitada (em mm) por unidade de área, ou é a
altura de água de chuva que se acumula, após um certo tempo, sobre uma superfície horizontal
impermeável e confinada lateralmente, desconsiderando a evaporação.
• Intensidade pluviométrica: é a altura pluviométrica por unidade de tempo (mm/h).
• Duração de precipitação: é o intervalo de tempo de referência para a determinação de
intensidades pluviométricas.
• Período de retorno: número médio de anos em que, para a mesma duração de precipitação, uma
determinada intensidade pluviométrica é igualada ou ultrapassada apenas uma vez.
• Área de contribuição: soma das áreas das superfícies que, interceptando chuva, conduzem as
águas para determinado ponto da instalação.
• Tempo de concentração: intervalo de tempo decorrido entre o início da chuva e o momento em
que toda a área de contribuição passa a contribuir para determinada seção transversal de um condutor ou
calha.
• Calha: canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a conduz a um ponto de
destino.
• Condutor horizontal: canal ou tubulação horizontal destinada a recolher e conduzir águas
pluviais até locais permitidos pelos dispositivos legais.
• Condutor vertical: tubulação vertical destinada a recolher águas de calhas, coberturas, terraços e
similares e conduzí-las até a parte inferior do edifício.
• Perímetro molhado: linha que limita a seção molhada junta as paredes e ao fundo do condutor
ou calha.
• Área molhada: área útil de escoamento em uma seção transversal de um condutor ou calha.
• Raio hidráulico: é a relação entra a área e o perímetro molhado.
• Vazão de projeto: vazão de referência para o dimensionamento de condutores e calhas.

3.2. Calhas

As calhas apresentam geralmente as seções em forma de V, U, semicircular, quadrada ou


retangular. Diversos tipos de calhas podem ser instaladas. A Figura 3-1. Calha de beiral ilustra a calha
instalada em beiral; a Figura 3-2 ilustra a calha instalada em platibanda e a Figura 3-3 ilustra a calha
instalada no encontro das águas do telhado (água-furtada).

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Figura 3.1. Calha de beiral Figura 3.2. Calha de platibanda Figura 3.3. Calha água furtada

3.3.Dimensionamento
O sistema de esgotamento das águas pluviais deve ser completamente separado da rede de
esgotos sanitários, rede de água fria e de quaisquer outras instalações prediais. Deve-se prever dispositivo
de proteção contra o acesso de gases no interior da tubulação de águas pluviais, quando houver risco de
penetração destes.

Fatores meteorológicos
Para se determinar a intensidade pluviométrica (I) para fins de projeto, deve ser fixada a duração
da precipitação e do período de retorno adequado, com base em dados pluviométricos locais.

Duração da precipitação
Deve ser fixada em 5 minutos.

Período de retorno
A NBR 10844 fixa os seguintes períodos de retorno, baseados nas características da área a ser
drenada:
• T = 1 ano: para áreas pavimentadas onde empoçamentos possam ser tolerados;
• T = 5 anos: para coberturas e/ou terraço;
• T = 25 anos: para coberturas e áreas onde empoçamentos ou extravasamentos não possam ser
tolerados.

Intensidade de precipitação
A intensidade de precipitação (I) a ser adotada deve ser de 150mm/h quando a área de projeção
horizontal for menor que 100m². Abaixo a formula de precipitação da chuva do municipio de Campo
Grande/MS.

2575,12468 ; A,
@=
: B 8 19,87315>A,D E

Sendo: i em mm/h; T em anos e t em minutos

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Área de Contribuição
O vento deve ser considerado na direção que ocasionar maior quantidade de chuva interceptada
pelas superfícies consideradas. A área de contribuição deve ser tomada na horizontal e receber um
incremento devido à inclinação da chuva. Estes incrementos são calculados de acordo com a NBR 10844.
Alguns exemplos estão apresentados nas Figura

Vazão de projeto
A vazão de projeto é determinada pela fórmula:
F .?
=
60
onde:
Q = vazão de projeto (l/min);
I = intensidade pluviométrica (mm/h);
A = área de contribuição (m²).

Dimensionamento das calhas


As calhas podem ser dimensionadas pela fórmula de Manning-Strickler:
I
< . G. (H . √@
J
onde:
Q = vazão da calha (l/min);
S = área molhada (m²);
RH = raio hidráulico = S/P (m);
P = perímetro molhado (m);
i = declividade da calha (m/m);
n = coeficiente de rugosidade;
K = 60000 (coeficiente para transformar a vazão em m³/s para l/min).

A tabela 3.1 indica os coeficientes de rugosidade dos materiais normalmente utilizados na


confecção de calhas.

Tabela 3.1 – Coeficientes de rugosidade.

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Dimensionamento dos condutores verticais

Os condutores deverão ser instalados, sempre que possível, em uma só prumada. Quando houver
necessidade de desvios devem ser utilizadas curvas de 90º de raio longo ou curvas de 45º, sempre com
peças de inspeção. Dependendo do tipo de edifício e material dos condutores, os mesmos poderão ser
instalados interna ou externamente ao edifício.
O diâmetro interno mínimo dos condutores verticais de seção vertical é de 75mm e devem ser
dimensionados a partir dos seguintes dados:
• Q = vazão de projeto (l/min);
• H = altura da lâmina de água na calha (mm);
• L = comprimento do condutor vertical (m).

A partir dos dados deve-se consultar os ábacos das Figura 3.4 e Figura 3.5, da seguinte maneira:
levantar uma vertical por Q até interceptar as curvas de H e L correspondentes. No caso de não haver
curvas dos valores de H e L, interpolar entre as curvas existentes. Transportar a interseção mais alta até o
eixo D. Deve-se adotar um diâmetro nominal interno superior ou igual ao valor encontrado no ábaco.

Figura 3.4 – Dimensionamento dos condutores verticais para calha com saída em aresta viva.

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Figura 3.5 – Dimensionamento dos condutores verticais para calha com funil de saida.

Caixa de areia

Devem ser previstas inspeções nas tubulações aparentes e caixas de areia nas tubulações nos
seguintes casos:
- conexão com outra tubulação;
- mudança de declividade e/ou de direção;
- a cada trecho de 20 metros nos percursos retilíneos.
Em ambos os casos, em cada descida (condutor vertical) ou no pé do tubo condutor vertical
deverá ser instalada uma caixa de areia. De acordo com a 10844, a ligação entre os condutores verticais e
horizontais é sempre feita por curva de raio longo com inspeção caixa de areia. A Figura 4-8 indica um
modelo desta caixa.

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Dimensionamento dos condutores horizontais

Utilizando-se a fórmula de Manning-Strickler e considerando uma altura de lâmina igual a 2/3 do


diâmetro, confeccionou-se a Tabela 3.2. Nesta tabela, o diâmetro é determinado a partir da rugosidade, da
declividade adotada e da vazão necessária.

Tabela 3.2 – Capacidade dos condutores horizontais de seção circular (vazões em l/min).

3.4.Exercícios

Exercício 3.1. Dimensionar a vazão da calha abaixo. O material a ser utilizado é o plástico e a
inclinação é de 0,5%.

Exercício 3.2. Dimensionar o condutor vertical de uma instalação de águas pluviais com base nos
seguintes dados: Q = 650 l/min; H = 50mm, L = 6m, utilizando os ábacos

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4. Água Quente

4.1.Introdução

Há situações em que a disponibilidade de água quente sempre foi imprescindível, como em


hospitais, hotéis, motéis, lavanderias, restaurantes etc. Paralelamente houve também uma evolução nas
exigências de conforto nas próprias residências, consequentemente a instalação de água quente é fato
corriqueiro na maioria das residências de padrão médio a alto e praticamente indispensável em qualquer
prédio. Este fato não poderá ser olvidado pelos profissionais da área de instalações nem nos cursos de
engenharia, que deverão abordar o assunto com a devida ênfase. As exigências técnicas mínimas a serem
atendidas pela instalação de água quente estão na norma NBR 7198/82 - "Instalações Prediais de Água
Quente".
A temperatura mínima com que a água quente deve ser fornecida depende do uso a que se
destina. Nos pontos de consumo poderá ser feita uma dosagem com água fria, para obter temperaturas
menores.
Hospitais e laboratórios: 100°C ou mais
Lavanderias: 75° a 85°C
Cozinhas: 60° a 70°C
Uso pessoal e banhos: 35° a 50°C

a) Modalidades de Fornecimento
Como não há fornecimento público ou natural de água quente, a mesma terá que ser produzida
dentro da edificação. Há três modalidades de produção de água quente:
INDIVIDUAL: se produz água quente para um único aparelho, ou, no máximo, para aparelhos
do mesmo ambiente. São os aparelhos localizados no próprio BWC ou na área de serviço.
CENTRAL PRIVADO: Se produz água quente para todos os aparelhos de uma unidade
residencial (casa, apartamento). Esta deve ser a modalidade preferida em prédios de apartamentos em
vista da dificuldade do rateio na conta de energia e da manutenção, que será de responsabilidade de cada
condômino.
CENTRAL COLETIVA: Se produz água quente para todos os aparelhos ou unidades da
edificação. Normalmente situada no térreo ou no sub-solo, para facilitar a manutenção e o abastecimento
de combustível. É recomendada quando não há rateio da conta, como em: hotéis, hospitais, motéis,
clubes, indústrias, etc.

b) Pressão
- A pressão estática não deve ultrapassar 40mca e as pressões dinâmicas mínimas não devem
ser inferiores a 5 kPa (0,5 mca) no sistema de distribuição.

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- Em edificações de altura superior a 40m, devem ser previstos dispositivos para redução de
pressão.
- Nos pontos de consumo, aas pressões da água fria e água quente devem estar praticamente
equilibradas.

c) Uso da Energia Solar


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O Sol envia uma quantidade fabulosa de energia para a Terra. Anualmente chegam 10 KWh de
13
energia enviados pelo Sol. Isto equivale a 10 toneladas de carvão, que é a reserva total de carvão
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disponível. A humanidade consome aproximadamente 10 KWh por ano, ou seja, 1/10000 da energia que
o Sol envia. O Sol envia por hora a energia que a humanidade consome por ano. A energia solar, apesar
da quantidade fabulosa, tem aproveitamento muito limitado por causa das seguintes características:
- Apresenta-se na forma disseminada, não concentrada, portanto de difícil captação.
- Apresenta disponibilidade descontínua ( dia e noite, inverno e verão).
- Apresenta variações casuais (céu nublado ou claro).
Assim, além do ônus da captação, também há necessidade de instalação de acumulação, para os
períodos ou momentos de carência. Entretanto o uso da energia solar vai se difundido aos poucos em todo
mundo, porque ela apresenta algumas vantagens, cada vez mais importantes:
- Não é poluidora.
- é auto-suficiente.
- é completamente silenciosa
- é uma fonte alternativa de energia.
- Geralmente disponível no local do consumo.

4.2. Dimensionamento
a) Consumo Diário
consumo diário de água quente pode ser feito com auxílio da tabela da Norma:

Observações:
- No caso de apartamento ou casa com central privada, considerar 2 pessoas por dormitório +
empregados.

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- é indispensável que o acumulador (depósito de água quente) tenha pelo menos capacidade igual
à da banheira, (de 150 a 180 litros).
- No caso de apartamentos com central coletiva, considerar 2 pessoas por dormitório, mais
empregados, mais 150 litros por máquina de lavar roupa e mais 180 litros por banheira instalada.
Para aquecedores elétricos de acumulação (Boilers)a norma recomenda os valores da tabela
abaixo:

Para aquecimento com caldeira a óleo ou gás procede-se da seguinte forma:


a) calcula-se o Consumo Diário - CD
b) Considerando que t2 -t1 = 50°C, onde: t2 = temperatura no reservatório | t1 = temperatura natural
Calcula-se a capacidade teórica do reservatório (V), usando uma fração do CD:
Grandes residências: V = 1/3 CD | Apartamentos de 5 pessoas: V = 1/5 CD
Grandes apartamentos: V = 1/7 CD
c) toma-se para o reservatório um volume real (VR) = 1,33 V
d) Com CD e V entra-se no gráfico:

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Entra-se nas abcissas com o valor de CD. Sobe-se até a linha correspondente a V.
Horizontalmente à direita se lê o volume de água aquecida necessária por hora e à esquerda, a capacidade
da caldeira em Kcal/hora.

b) Dimensionamento da Tubulação
Adota-se o critério do CONSUMO MÁXIMO PROVÁVEL e o método de dimensionamento da
SOMA DOS PESOS, tal qual no dimensionamento da tubulação de água fria.

Área: A área necessária de coletores é calculada pela fórmula:

G=
F. (
Onde:
S = área dos coletores – m²
Q = calor necessário - Kcal/dia
I = intensidade de radiação solar - KWh/m²x dia ou Kcalxh/m²
R = rendimento dos coletores - geralmente = 50%

Quantidade de Calor:
K . L . ∆N
Q= calor necessário - J ou cal
m = massa de água, kg
∆N = variação de temperatura, ºC
c é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1,0 kg de água em 1º C (c = 1,0
kcal/kg.ºC)
A relação entre Watts·h e cal é 1,0 w·h = 860 cal, ou 1,0 kWh = 860 kcal

4.3. Exercícios

Exercício 4.1. Quantos m² de placa coletora são necessários para suprir uma família de 6
pessoas com água quente?

Consumo diário: CD = 6 pessoas x 45 litros = 270litros


Calor necessário para elevar a água de 20°C para 60°C:
Q = m x c x ( t2 - t1 ) = 270 x 1 x (60 - 20) = 10 800Kcal.
2
Insolação de 1 cal/cm /min durante 7 horas por dia.
2 2
I = 1 x 10000 x 60 x 7 = 4200000 cal/m /dia = 4200 Kcal/m /dia.
10800
S 5,14m²
4200 x 0,5
2
Isto equivale então a aproximadamente 0,8 m de coletor por pessoa.

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Exercício 4.2. Dimensionar o sistema de produção de água quente para um prédio de 12 pavimentos,
com 4 apartamentos de 3 dormitórios por pavimento.

Consumo Diário: CD = 12 pav. x 4 apart. x 3 dorm. x 2 pess. x 60litros = 17280 litros.


No sistema elétrico:
Consumo de pico CP = 1/7 CD = 17280/7 = 2468 litros/hora
Capacidade do reservatório - VR = CD/5 = 17280/5 = 3456litros
Capacidade de aquecimentos = CC/7 = 17280/7 = 2468litros/h
Energia necessária: Q = m x c x (t2 - t1) = 2468 x 1 x (65 - 15) = 123400 Kcal

Potência: P = Q/t = 123400Kcal/ 1hora = 123400Kcal


Energia elétrica: 860Kcal = 1KWh
E = 123400Kcal/860KWh = 143,5 KWh
Potência elétrica: P = E/t → 143,5KWH/1hora = 143,5KW
No sistema
sistema a óleo ou gás:
Volume teórico do reservatório: V = 1/5 CD = 17280/5 = 3456litros
Volume real: VR = 1,33xV = 1,33 x 3456 = 4596 litros
Pelo gráfico: Água aquecida por hora = 1650litros | Capacidade da Caldeira = 82000kcal.
Poderes Caloríficos: Óleo:10000Kcal/ Kg | GLP: 11000Kcal/Kg | Eletricidade: 860Kcal/KWh
Consumo de óleo: O poder calorífico do óleo é de 10000Kcal/ Kg e o rendimento das caldeiras
em torno de 85%. Assim: Óleo = 82000/(10000 x 0,8) = 10,25 Kg

5. Gás
5.1.Introdução

O gás natural (GN) é proveniente da decomposição de matéria orgânica como plantas e animais
marinhos que morreram há mais de 200 milhões de anos, onde neste processo o material foi sendo
coberto por mais e mais camadas de sedimentos, gradualmente comprimidos pelo próprio peso das
camadas superiores e mais recentes, transformando-se em rochas sedimentares, arenitos, xistos e dolomita
e pode ser encontrado em formações rochosas subterrâneas ou em reservatórios de hidrocarbonetos em
camadas de carvão através de jazidas de petróleo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do
interior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos.
Diante das questões mundialmente discutidas em torno da sustentabilidade e manuseio das
reservas naturais de forma racional e a crescente demanda pelo combustível no meio industrial,
comercial, residencial e incentivos fiscais a instalação em automóveis, faz com que o gás natural tenha
grande relevância na política energética do país.
O gás de petróleo liquefeito (GLP) é uma mistura de gases de hidrocarbonetos utilizados como
combustível em aplicações de aquecimento como em fogões e veículos, sendo um dos subprodutos do

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petróleo como a gasolina, diesel e os óleos lubrificantes, sendo retirado do mesmo através de refino em
uma refinaria de petróleo, tornando-se liquefeito apenas quando é armazenado em botijões ou tanques de
aço

5.2.Dimensionamento

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Col1: Denominação do trecho
Col2: C= Soma das potências do ramal
Col3: F= Fator de Simultaneidade (da curva)
Col4: A= Potência adotada = CxF
Col5: Q = Vazão do gás (Q) = (A) / (PCI), onde devemos adotar PCI (Poder Calorífico Inferior)
do GLP como sendo 24.000kcal/m3.
Se adota um diâmetro para a tubulação
Col6: L = Comprimentos dos tubos
Col7: Lequi = Comprimento equivalente das singularidades (curvas,reduções)
Col8: Ltotal=Comprimento Total
Col9: Pressão inicial – Depois do regulador
Col10: Perda de pressão no trecho: Não pode ser maior que 15kPa

Rede primária: Trecho da instalação situado entre o regulador de primeiro estágio.


Rede secundária: Trecho da instalação situado entre o regulador de segundo estágio ou estágio
único e os aparelhos de utilização.
Col11:Pressão final: não pode ser inferior a 2,5kPa em redes secundárias (Aumentar o diâmetro).

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