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SILVA, ELIAS Manoel Da. Os Militares e o Golpe de 1937 A Estratégia Do Poder, 1991
SILVA, ELIAS Manoel Da. Os Militares e o Golpe de 1937 A Estratégia Do Poder, 1991
A Estrate^gía do Poder,
Prof Ani^ÿ^Ab^^l^^F^^cardi
F l o r i a nó p ol i s
19-91
ELIAS MANOEL DA SILVA
Florianópolis
1991
RESUMO
4-SKIDMORE,Thomás E. op.cit.,p 50
5-ALEXANDER,Robert J. op./::it., p 164
6-LEVINE,Robert M. op.cit.,p 282
Da fluidez dos dados e da m u l t i plicidade do
p a r t i c u ] a r ,estes autores apontam para conclusões comuns
embora partindo de pontos distintos em suas a n á l i s e s .Este
trabalho,em decorrencia da proliferação de emfoques dados,a
implantação do Estado N o v o ,pretendeu a partir de uraa análise
das clivagens internas no E x é r c i t o ,compreender em que medida
estes apoiaram Getulio Vargas no golpe de 1937 ou se Vargas
foi quem apoiou um golpe articulado pelos militares ? Também
pretendeu-se neste trabalho uma , análise da "hegeraònia
militar"na implantação do Estado Novo.
Buscou-se a partir do foco voltado para o
E x é r c i t o ,fazer uma análise dos padrões de idéias e
comportaraentos que eraergirara nesta i n s t i t u i ç ã o ,do golpe da
República ao golpe do Estado Novo. No período compreendido
entre I 889 e 1937 este estudo foi centralizado entre as
Constituições de 1934 e ’1937,com o objetivo de refletir o
porquê das clivagens internas no Exército se tornarem
tão frequentes no período,sua e v o l u ç ã o .e de como estas eram
tratadas pelas cúpulas militares. ■
.
0 objètivo central e específico deste estudo foi
analisar os aspectos históricos do golpe de 1937 para
desvencilhar-se das análises que apontara este acontecimento
como decorrente da vontade de um homem,corao afirmava Marx;
"Os homens fazem sua própria . h i s t ó r i a ,mas
não a fazem como querem;não a fazem sob
circunstancias- de sua escolha-, e sim sob
aquelas com que se defrontam
d i r e t a m e n t e ,legadas e transmitidas pelo
passado. ,
pois compreendemos que as análises centradas no político e
nas ações individuais sofrem limitações que 'gerara apreensão
✓
e tornara necessárias' reanálises da recente história
contemporânea brasi-leira,ou corao afirmava Florestan
Fernandes ao se referir a estes modelos de análise;
■"...elas imputam a uraa personagem histórica
feitos que não d e c o r r e r a m ,aparentemente da
ação p e s s o a l ,parecendo antes o produto de um
conjunto de' circunstancias e processos
' h i s t ó r i c o - s o c i a i s ,em que tal personagem se
29-Cf.COELHO,Edmundo Campos.op.cit.jpp.46-U9.-
30-CARVALHO,José Murilo de.op.cit.
31-Cf.CARVALHO,Estevão Leitão.op.cit.
• 21 ■ . ■
política brasileira.
Buscando manifestar seus objetivos de um rápido e
intenso aparelhamento railitar o novo ministro da- Guerra se
transformou num elemento político,nos jornais da
e p o c a .Defendendo uma "doutrina relativa à questão exército-
política"as declarações do ministro destinadas à publicidade
se tornavam cada vez mais .constantes
gerando apreensões
í •
segurança nacional".
As debilidades decorrentes das lutas internas no
Exército,bem como as lutas de facções desta dentro do
sistema político que vigorou no "governo p r o v i s ó r i o " ,eram
resultantes daS intabilidades que marcaram as instituições
militares desde o golpe que instalou a República.A tentativa
de reagregação destas facções desde então se constituiu na
í ■
vinham de c i m a . "9
Após as conspirações e a derrota do general Góis
Monteiro na sua candidatura à presidencia da República^^as
cúpulas militares começaram a se preocupar mais .
constantemente com a prática política de cooptação de seus
membros.A derrota de Góis que deu continuidade ao governo
Vargas demonstrou claramente a importancia que os políticos
ausentes do poder,davam aos militares;aproveitavam-se das
crises na instituição para utilizarem-se de seus elementos
para alcançar o poder e depois afastavam estes.
Com a -eleição de Vargas como . presidente
c o n s t i t u c i o n a l ,os quadros superiores do oficialato do
Exército voltaram às suas atividades m.ilitares .Este retorno
significou uma retomada da estruturação da instituição pelas
vias normais de administração militar e não mais pela via
p o l í t i c a ,como se pretendeu, em momentos a n t e r i o r e s .Denuncian-
do os políticos como responsáveis péla situação caótica em
que se encontrava os quartéis e a disciplina militar ,o
relatório do ministro da, Guerra de' 1936 é bastante
esclarecedor da situação do E x é r c i t o ,a f i r m a v a ;
"A luta das facções políticas jamais deixou
de procurar envolver e arrastar elementos
• do Exército para o 'terreno safáro de suas
conveniencias,nunca ' deixou de pensar np
exclusivo proveito doa interesses
■p a r t i d á r i o s ,em abala-lo em seus
f u n d a m e n t o s ,enfraquece-lo e até em . destri-
lo...Depois do colapso revolucionário de
1 9 3 0 ,a subversão h i e r a r q u i c a ,as atividades
p o l i t i c o - m i l i t a r e s ,o desmantelamento geral
do Exército chegaram , quase ao limite da-
dissolução ' completa...0 Exército
porém,sentiu o perigo do abismo que se abriu
■ a seu pés.Começou então a reagir no sentido
d e recompor seu organismo c o n v a l e s c e n t e ^ ^
0 ministro da Guerra avaliava assim,que as.
19-M0NTEIR0,GÓis.op.cit.,p 138.'
20-Ver,Relatório de general Góis Monteiro a Getulio Vargas,discor -r
rendo sobre as condições materiais e humanas do Exército em 18/1/1934 .
Cpdoc,GV.
85
transformou-se em conspiração p o l í t i c a . . . 0
Fontoura esteve em plena
c o n s p i r a ç ã o ,recebendo as visitas do
K l i n g e r ,Figueiredo e de mais alguns
elementos s u s p e i t o s ..."^3
As conspirações que eram articuladas pelos militares
e -que eram abortadas pelo governo,tem com a. LSN uma redução
s i g n i f i c a t i v a .A existencia de entidades onde militares e
civis se reuniam para discutir os problemas nacionais era
era si uraa anomalia,e representou um novo aspecto da
indisciplina railitar.Quando o acirramento das disputas
partidárias passaram a influenciar diretamente os militares
a LSN foi o instrumento vital para conte-los.
A dimensão dada pelas cúpulas militares ao
envolvimento de seus subordinados'na ANL e na AIB,era sob a
ótica destas distintas ,porque as pregações destas também
eram distintas.A ANL segundo estas cúpulas causava a
indisciplina e a insubordinação com mais intensidade porque
pregava o comunismo que era uma "ameaça à p a z " ,enquanto a
AIB por ter uma pregação anti-comunista não influiam nas
insubordinações .
Neste aspecto estas posições se justificam . porque a
-AIB tinha maior penetração junto ao alto
o f i c i a l a t o ,principalmente porque; pregava um sistema
-político disciplinado hierarquicamente e de cunho naciona e
l ista.0 relatório do Ministério da Guerra ao presidente da
República de 1935 traduz com rauita transparência a visão da
cúpula railitar em relação aos "inimigos" da o r d e m . N e s t e
relatório consta também a informação da expulsão ' de
diversos militares envolvidos com à propaganda comunista.
Em artigo publicado na revista A Defesa Nacional o
Major Magalhães J.B.traçando um paralelo entre
Hitlerisrao,Fascismo e Bolchevismo afirmava em sua
conclusão;
"A Russí-a é a campanha d e s o r g a n i z a d a ,a d i s
tribuição do pão por tamina, o trabalho
f o r ç a d o . A Alemanha é a .luta r e l i g i o s a , a
luta das raças,a ativa preparação para uma
nova guerra, A Itália é a ordem e a
p r o s p e r i d a d e ,não obstante faltarem-lhe os
recursos naturais que sobram àquelas
nações.Se alguma coisa há a copiar,é o
espirito do fascismo.
0 anti-çomunismo se mostrava patente nas mais diversas
declarações da alta hierarquia militar,daí a convivência
pacifica com os i n t e g r a l i s t a s ,anti-comunistas e defensores
do f a s c i s m o ,como sistema capaz de d a r .novos rumos para o
país.O contingente militar da AIB -se fazia principalmente
por oficiais . dos altos escalões do Exército e
principalmente da Marinha5§ enquanto a ANL tinha no baixo
oficialato o raaior núraero de filiados.
Com a extinção legal da ANL a gravitação da •AIB junto
as Forças Armadas se tornou mais constante,muito embora não
conseguindo arregimentar os oficiais subordinados para as
suas idéias.Os integralistas tornaram-se um suporte para-
militar . para a execução da LSN pelos motivos já
mencionados.Tais conclusões se assentam na disposição das
cúpulas militares de combaterem os cora-unistas e na ausência
de quaisquer hostilidade à AIB nos relatórios d o ’
Ministério
da Guerra e da Marinha durante todo o período analisado.
0 resultado imediato- do fechamento da ANL,com á
marginalização e a prisão de seus p r i n c i p a i s - d i r i g e n t e s ,foi
a conjugação das principais forças situadas a direita e que
se sentiam ameaçadas por esta organização e s q u e r d i s t a .A
aproximação entre o ■governo Vargas e o integralismo se
tornou aberta e pública já que a agitação política da ANL
havia sido dizimada.
Cora a extinção legal da ANL as medidas de repressão
foram abrandadas e • os militares descontentes na
instituição reiniciaram as insubordinações e agitações nas'
c o r p o r a ç õ e s .A questão dos vencimentos militares era um
64-A Liberdade,Natal,27/11/1935.AN
_.65-"0 quartel é urna espécie de telheiro ou estábulo,sem conforto
nem higiene...Os soladados nao tinham alvo nem munição".Depoimento de
um soldado do 212BC,citado por FILHO,João Café op.cit.,pp §3-84
66-Idem.p.84
103 '
-, * 67
os rebeldes na resistiram e foram dominados. '
A precipitação dos levantes de Natal e Recife^^não
atingiram as proporções que os revoltosos
d e s e j a v a m , s e r v i r a m .porém,para que o governo _e a cúpula do
Exército se preparassem para evitar novas rebeliões.Os
bilhetes trocados entre os revoltosos às vésperas dos
levantes de n o v e m b r o ,identificavam estes com- os movimentos
tenentistas dos anos vinte.^9
A falta de uma organização política que desse
prosseguimento externos aos l e v a n t e s ,tornaram estes inócuos
p o l i t i c a m e n t e .Aguardando a adesão popular os revoltosos de
Natal e do Recife reproduziram as falhas dos levantes
tenentistas .Por outro lado,a ação de- ex-aliàncistas que
h aviam se aliado ao governo'70 havia feito com que este se
armasse e saísse vitorioso e fortalecido nos embates com os
rebeldes.
• Os levantes que foram atrí.buidos ao PCB e à ANL pelo
governo e pelas cúpulas militares provocaram uma retomada
da repressão pela L S N .Relacionando os' levantes com ações
comunistas .o Ministro da Guerra.em seu. relatório ao governo
afirmava ;
" ...0 comando da 1 2 - região militar tinha
informações de -que nós quartéis seguidamente
apareciam panfleto-s de origerá
e x t r e m i s t a ,demonstrando uma ação lenta,porém
tenaz .de elementos d e s c o n h e c i d o s ,para
subversão . da ordem ' e modificação do
r e g i m e ,e x p l o r a n d o ' a boa fé dos nossos
soldados . As insurreições de Natal .e Recife
iniciaram um processo de levantes que prosseguiria também'
no Rio de Janeiro porém em nenhum deles se verificou a
presença de civis.
y
As insurreições que eclodiram no Rio de Janeiro,no 3^
8l
’
’estado de guerra" .
Como complemento à LSN foi criada em janeiro de 1936 a
Comissão de Repressão ao Comunismo(CRC)com autonomia para
investigar e punir qualquer indivíduo suspeito de
s u b v e r s ã o .Corao c o n s e q u e n c i a ,a repressão foi. intensificada
atingindo quaiquer indivíduo que haviam participado de
partidos ou organizações políticas de^ oposição a Getulio
Vargas no período pós-constituinte de 1934^?
Ao reforçarera os mecanismos de repressão,os militares
que não haviam conseguido se apossar do poder com as
conspirações de Góis Monteiro em 1934 e Guedes da Fontoura
em 1935 aproxiraam-se do governo V a r g a s .Envolvendo os
eleraentos pertencentes a'os grupos repre.ssivos,poli c i a ,g o v e r
n o,polícia e integralistas foi criado o . Tribunal de
Segurança N a c i o n a l (T S N )para julgarem os suspeitos.
0 TSN que tornou-se ura mecanismo de defesa da , pessoa
do p r e s i d e n t e ,influenciado pela. cúpula militar passou a
transformar situações militares em políticas e políticas era
militares nos seus julgaraentos,corao diria o embaixador
Osvaldo Aranha; . •
"As audiências do TSN haviara transforraado
simples levantes de ' caserna numa guerra
civil i d e o l ó g i c a ..."^3. . ■ , •■
Em decorrencia dos frequentes .prorrogamentos. do
"estado de sítio",a LSN,a CRC e o TSN toraaram para si
prerrogativas de afastarem do cenário político todos os
eleraentos que de alguraa forma faziara oposição ao
g o v e r n o ,civil ou militar.Era consequencia a oposição ao
governo foi restrita a algumas facç.ões r e g i o n a i s ,pois todos
as . lideranças de expressão foram alcançadas pela
prisão,tortura e p u n i ç â o .
Era 1936 o quadro político nacional se via resumido ao
i n t e g r a l i s m o ,ligado ao governo e àlguns políticos estaduais
que limitados pelos "estado de guerra"se mantinham, em
oposição,mas sem ameaçar politicamente o governo federal. A
Ministro da Guerra.86
A substituição do Ministro da Guerra era 1936 não
alterou a campanha anti-comunistá levada a efeito, pelo
Exército,e acrescentou a esta uma ação voltada para o
afastamento dos militares ligados a Flo.res da Cunha das
posições mais importantes da i n s t i t u i ç ã o .Prosseguia assim
.uma política de minar a oposição ao g o v e r n o ,enquanto o
Exército buscaya meios de criar uma unidade railitar.
Enquanto a cúpula do Exército exigia um aparelhamento
mais intensivo de seus quadros,a partir do pretexto de
combate ao comunismo,o goverho articulava-se com os
oligarcas estaduais no sentido de .conseguir o desarmaraento
da polícia gaúcha.
0 irapacto dos levantes railitares de 19 35 era
relembrado constantemente por militares e pelo governo,os
primeiros fazendo uso de tal para exigirem recursos do
g o v e r n o , e éste para manter as medidas repressivas que lhe
dava poderes ditatoriais contra uma suposta "ameaça
comunista" como o.próprio afirmava; . •
"A ação- demolidora do comunismo russo é
vária e m u l t i f o r m e .Na sua faina insidiosa
de levar a perturbáção a todos os
p o v o s ,engedrou uma técnica especializada do
crime contra a ordem social,em nada
semelhante aos processos dos conspiradores
c o m u n s ..." *
Através desta política de ganhos materiais pelo
Exército e político pelo g o v e r n o ,e s t e s ‘instalaram bases
bastante convincentes de que uma "investida
comunista"ocorreria no país a qualquer _ momento.Em
contrapartida os comunistas que embora não mantivessem uraa
estrutura organizada para uraa ação arraada,denunciavara os
probleraas nacionais- através.de seus orgãos de imprensa.
As denúncias comunistas que não tinham grande
penetração junto à opinião pública,raas que influenciavam o
articularam.
0 Ministro da Guerra e o Chefe do Estado Maior do
Exército,nio tinham por objetivo o exercício do poder com ò
golpe,mas sim extrairem do poder as condições que estes
vinham reinvindicando junto ao governo,qual s e j a ,m o d e r n i z a
ção e aparelhamento material e humano das instituições mi
litares.Para que os- membros da sociedade civil e mesmo os
militares não envolvidos com a ação golpista não
considerassem a ação militar com uma ditadura militar,os
generais golpistas ocultavam sua participação ao mesmo
tempo que exigiam suas reinvindicações com o° mesmo,como
descreveu o general Góis;
"...o General Newton Cavalcanti expôs ao
general Dutra . a a mim,umas tantas
dificuldades e sobre o que havia sido
combinado no Ministério da
G u e r r a ,terminando por propor,para
descarregar o ambiente e temeroso- de uma
ditadüra militar,que se declarasse que os
Chefes Militares de modo algum aceitariam
essa solução e que . pleiteariam apenas
reformas substanciais nas nossas
i n s t i t u i ç õ e s ,a fim de protege-las' contra os
perigos que as estavam a m e a ç a n d o . 0 General
. Dutra,no e n t a n t o ,julgou isso desnecessário
mas,como eu percebesse que o atual Marechal
Newton' Cavalcanti não ficara satisfeito e
sugerisse a permanencia do Sr.Getulio
V a r g a s ,provisóriamente^ no poder,não tive
dúvida em aceitar
Compenetradas em transformações políticas difusas e
i n d e f i n í v e i s ,pode-se afirmar que a cúpula golpista das
Forças Armadas não tinha um projeto político delineado para-
o país.As afirmações destes se prendiam muito mais em torno
de uma política de compromisso que lhes' garantissem as
reinvindicações do que própriamente a mudanças' de caráter
político mais amplo.
As' linhas mestras do golpe podem ser interpretadas com
muita transparência qu'ando analisa-se as entrelinhas da
mensagem dos ministros militares ao governo,solicitando a
37-COUTINHO,Lourival op-eit.,p.321
127
’
’organização nacional." como descrito na revista A Defesa
Nacional;
”Todo mundo reconhece o perigo que
representa para as Forças Armadas o vírus
p a r t i d á r i o .Nada mais prejudicial à sua
disciplina e à força ifloral. no- seio da
Nação. "57ou como os viam ò general Góis
Monteiro;
"Os partidos com os p r o g r a m a s ,o r g a n i z a ç õ e s ,
estrutura e finalidade que tinham e ainda
tem,tendera a d e s a p a r e c e r ,porque na
prática,só representam e promovem a
discórdia,a desunião,a exploração e a
i n j u s t i ç a . "5 , .
Sob esta ótica,as cúpulas militares fizeram inserir na
realidade pós-golpe,os dispositivos supressores dos
partidos p o l í t i c o s ,efetivados cpm o decreto dé 2 de
dezembro de 1937^5
A estratégia para se justificar uma intervenção direta
dos militares na política,alterando' o sistema político
partidário- e o regime político,é portanto bastante
abrangente .Atraindo para seu raio de ação as nuances do
liberalismo político à sombra das reinvindicações de
caráter material,os golpistas consubstanciaram a supressão
das liberdades organizacionais coletivas e minimizaram as
liberdades individuais. ' ' ' ,
.A criação de um Estado espelhado nas estruturas
organizacionais das Forças Armadas,com um' projeto
nacinalista e d e s e n v o l v i m e n t i s t a ,apresentava -na sua
formulação as idéias da doutrina . de desenvolvimento do
general Góis Monteiro. .
As invocações de um Estado nacionalista e
desenvolvimentista catalizou os apoios políticos e
✓
militares para que o Estado Novo fosse conduzido sem
provocar reação de quaisquer destes em sua fase inicial,de
c o n s o l i d a ç ã o .A supressão dos partidos e organizações
políticas ao deixarem o governo sem uma base de sustentação
política^transformou o Exército no principal suporte para a
manutenção do regime.
Embora capitalizando os rsultados políticos fundados
com o Estado Novo,o presidente Vargas manteve-se
fiscalizado e orientado pelás Forças A r m a d a s ,através de
seus ministros.No momento em que os generais golpistas
deliberararm intervir na política,sem quaisquer apoio de
segmentos civis e assume
a responsabilidade sobre o novo
í
r e g i m e ,comprova-se que embora beneficiando-se politicamente
deste r e g i m e ,Getulio Vargas manteve-se atado aos militares^
Mesmo que atraindo para si as vantagens políticas do
golpe de 1937,0 presidente Vargas mostra em seus discursos
que durante todo o período em que durou o regime
e s t a d o n o v i s t a ,o mesmo manteve -se em constante apreensão e
mesmo temeridade diante dos m i l i t a r e s ,para os quais t r a n s
feria a responsabilidade do geípe;
"0 Estado Novo foi' instituído por vós,e
para ' a sua manutenção está empenhada a
vossa r e s p o nsabilidade.0 governo instituido
por um movimento que. encontrou a maioE
ressonância na opinião' pública do país e na
a d e s ã o de suas classes p o p u l a r e s ,sente-se
cada vez mais apoiado nas fòrças
a r m a d a s ,reinvindicando como o seu mais alto
objetivo o de aparelha-las para que possam
exercer a sua grande missão cívica e
m o r a l ." ■ • .
Compreende-se assim que os interesses dos setores
militares representados por suas c ú p u l a s ,foram fatores de
importancia vital para que estes implantassem o Estado
Novo.As posições dos militares inseridas nas demandas das
corporações militares se tornou um componente . crucial
no complexo quadro de interesses embutidos na ação
golpista. ,
0 golpe com que os militares implantaram o estado
autoritário no país não se resumia portanto à supressão da
"ameaça c o m u n i s t a " .Ele significou entre outras coisas a ^
liquidação-de um processo político sucessório e a imputação
dos militares ao controle político da Nação.
Capítulo II
são crimes contra a ordem social,além de outros definidos em lei:
Art.14.Incitar diretamente o ódio entre as classes sociais.
Pena-De 5 meses a 2 anos de prisão celular. ■
Art.15.Instigar as classes sociais à luta pela violência.
Pena-De 6 meses a 2 anos de prisão celular. .
Art.16.Incitar luta religiosa pela violência.
Pena-De 6 meses a 2 anos de prisão celular.
Art.17.Incitar ou preparar atentado contra pessoa,ou bens,por
motivos doutrinários políticos ou religiosos.
Pena-De 1 a 3 anos de prisão celu.lar.
152
CAPITULO III .
CAPITULO IV
MENSAGEM AO GOVERNO.
Exposição de motivos dos Ministros da Guerra e da
Marinha,solicitando decretação de "estado de guerra",em 29 de. setembro
de 1937.* . ^ .
(a)Getulio Vargas.
ARQUIVOS E FONTES CONSULTADAS
I-Arquivos Públicos;
Arquivo do Exército,Rio de Janeiro (AE);
Arquivo do Estado de Sao Paulo,São Paulo(AESP);
Arquivo do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,São
Paulo ( A T J ESP); ‘
Arquivo do Supremo Tribunal Militar,Rio de J a n e i r o (A S T M R J );
Arquivo Nacional,Rio de Janeiro(AN):
1-Arquivo Góis M o n t e i r o (A N ,G M );
2-Arquivo Eurico Gaspar Dutra (AN ,G D )..
Museu Histórico Nacional (MHN):
I-Arquivo Gustavo B a r r o s o ( M H N , G B ) ,
Biblioteca Nacional do Rio de J a n e i r o (B N R J ); .
Biblioteca Municipal "Mário de Andrade",São Paulo(BMMA).
II-Arquivos Particulares
Centro de Pesquisas e Documentação em História
Contemporânea do B r a s i l ,Fundação .‘Getulio Vargas, Rio de
JaneiroíCPDOC);
1-Arquivo Antunes Maciel(AM); •
2-Arquivo Bertholdo Klinger(BK);
3-Arquivo .Getulio Vargas(GV);
4-Arquivo Osvaldo A r a n h a (O A ). .
IV-Jornai s Utilizados
168
A l e x a n d e r ,Robert J. 3,4
A m a d o ,J o r g e ,20
Américo,José de Almeida 45,59,158
Aragão,José Campos de 104
Aranha,Osvaldo 45,99,107,108,109,114,123,128,129
A r a r i p e ,Tristão de Alencar 26 •
Barata,Agildo 89,97,123,133
B a r c e l o s ,Cristovão 46,54 •
Barreto,Mena 12,29
Barros,João Alberto Lins de 15,25,48
Barros,Silva 55
B a r r o s o ,Gustavo 100
Basbaum,Leôncio 15,22,89 ■
B a s t o s ,Abguar 20,'104 •. .
Bello,José Maria 11
Benévolo 150
B e r g e r ,Harry 158
B e r n a r d e s ,Artur 15,69 . ’
Bilac,Olavo 36,37,39
B o r b a ,Antonio Firmino 160
B r a u d e l ,Fernand 6 ■ ■
C a l d a s ,Walfredo 150
C a l ó g e r a s ,Pandiá 14,17 ■'
C a m p e l l o ,Cleto 150 . '
Campos,Francisco 129,131,141
C a m p o s ,Siqueira 91,150 '
C a r d o s o ,Espirito Santo 35,40,43
Carone,Edgard 16,20,22,28,31,39,42,44,65,89,91,121
Carvalho,Estevão Leitão de 12,14,21,22,33,37,38,76,100,115
Carvalho,José Murilo de 16,21,25,29,30,31,37,44,84,118,141
C a r v a l h o ,Joaquim Nunes 77 , .
C a s c a r d o ,Hercolino 98
C a s t r o ,Fernando Leite de 35,38,45
C a v a l c a n t i ,Deschamps 160
Cavalcanti,Newton 96 , 1.1 1, 120, 121 , 124 , 126', 156, 157
C a v a l c a n t i ,Temístocles Brandão 45 .
Chaur,Marilena 89
Chermont,Midosi 150 . -
C l e m e n t i n o ,Quintino 102
C o e l h o ,Antonio J. 160 • .
C o e l h o ,Edmundo Campos 10,21,39,74,88,92
Connif,Michael L. .40 , '
C o n s e l h e i r o ,Antonio 14
Constant,Benjamin 10
Correa,Ana Maria Martinez 16 • •
C o r r e a ,Otávio 150 ■
Costa,Vanda Maria Ribeiro 29,96
Costa,Vilma Peres 11
Cortez,Lauro 102
Coutinho,Lourival 23,24,26,72,1 10,122,123,126,128,131 ,132,139
174
Cunha,Flores da 42,60,70,109,114
C u n h a ,Francisco Solano da 45
De Decca,Edgar 22
Dias ,Ferreira S. 20
D i a s ,Isidoro 19
D u l l e s , John W.F. 24
D u t r a ,Djalma 150
Dutra,Eurico Gaspar 97, 105, 1 1 1 , 121,122,124,126, 140,145,146
146,147,159,160,164,166
E r n e s t o ,Pedro 104 , '
F a l c ã o ,Negreiros 54 •
F a u s t o , Boris 22,25
F e r n a n d e s ,Florestan 6
Filho,Aluísio 42,52,62
F i l h o ,Daltro 55 .
Filho, João Café. 102,103,104 • • .
Filho,Paulo Nogueira 24,28
F i g u e i r e d o ,Euclides de Oliveira 37,99
F i g u e i r e d o ,Eurico de Lima 27,40,43,65 . ' •
F l y n n , Peter 40 •
F o n s e c a ,Deodoro da 10,13
Fonseca-.-.,Hermes da 12, 15
F o n t o u r a ,Guedes da 94,95,97,99,107
Fontoura, João Neves da ^‘ 1
Forjaz,Maria Cecília Spina 16
F r a g o s o ,Tasso 29
F r a n c o ,Afranio de Melo 26,45
F r a n c o ,Afonso Arinos de Melo 26 •
Galvão,João Batista 102 • ,
Gomes,Angela Maria de Castro 47 •
G o m e s ,Eduardo 145,146
G u i l h é h ,Aristides 164 _
G u i m a r ã e s ,Protógenes .35,45
H i l t o n ,Stanley 89 ' '
Kl i n g e r , Bertholdo 37,38,55,75,86,99 '
L e a l , Victor Nunes 23
Leite,Carlos da C o s t a . 150
L e v i n e ,Robert M. 3,4,89-
L i m a , Correia 84
L i m a ,Lourenço M o r e i r a ' 20
L i m a ,Valdomiro 61
L o p e s ,Theodorico 23 ' ■ ,
L u i z ,Washington 22,24,81
M a c h a d o ,Cristiano 58,60,67
■
M a c i e l ,Antunes 4^,71
Maciel F i l h o , J . s / 123 '
Macedo,José 102 • ■
M a g a l h ã e s ,João Batistá 15,38,44^83,89
M a g a l h ã e s ,Juracy 123
M a n g a b e i r a ,João 45
M a r i n h o ,Abelardo 47
Marx,Karl 7 ■ , .
M a s ç a r e n h a s ,João Batista de Moraes 14
175
M e d e i r o s ,Borges de 70 .
M e l o ,Custódio de 11,13
M o n t e i r o ,Manuel Góis 53,54,55
M o n t e i r o ,Pedro Aurélio de Góis 23,24,26,31 ,33,34,35,42,45..,
50,52,57,5 8,59,60,62,63,64,66,70,71,72,82,83,84,85,87,88,89
92,94, 106, 107, 1 12., 1 1 3 , 1 15 , 120 , 126, 127 , 128 , 1 30 , 1 3 1 , 1 34 , 1 37 ,
139,141,143,144,145,147,156,158,159,160
Moraes,João Quartin de 13,15
M o r a e s ,Prudente de 74
M o u r a ,Almério de 124,156
M o u r ã o ,Olimpio 121 •
M üller,Filinto 156,158
N e v e s ,Andrade 39
Neto,José Coelho 123,125, 156,157, 15.8, 159,160
N o r o n h a ,Isaías de 38 .
Osório,Amorety- 98 „ .
Peixoto,Adacto 48,49
P e i x o t o ,Alzira Vargas do Amaral 24,50,69,107,138
P e i x o t o ,Floriano 11 ' ■ .
Pessoa,'Pantaleão 92,96,1 1 1
P o p p i n o ,Rollie E, 145
P r a d o , Newton 150
P r A x e d e s ,José 102
Prestes,Luis Carlos 13 ,,19 ,24 ,89 ,90, 9 1 ,92, 98 , 103, 157
P r e t o ,Visconde de Ouro 10 '
Rabelo,Manuel 51,60,61,101,160
Ramos,Graciliano 143
Ramós,Nereu 1-23 ' , •
R a o ,Vicente 155 ■
.
R e s e n d e ,Delfino 55,56 .
Ribeiro F. 100
■Ribeiro,Joãp Gomes. 8 3 ,9 4 ,9 7 , 1 0 6 , 1 1 1
R o l l e m b e r g ,Antonio I50
Rollin,Moesi 150 ' ' ■'
S a l e s ,Armando 131 '.
Santa R o s a ,Virgínio 16
Seabra J.J. 52,53 ■
S c h w a r t z m a n ,Simon 139-
S i l v a ,Benicio da 159
S i l v a ,Faria e 19 '
Silva,Hélio Ribeiro da 16,27,28,49,89,97,101,131
S i m e ã o ,José 11 ’ • .
S i s s o n ,Roberto Henrique 98,150
Skidmore ,Tho-más E. 3,4,22
S o b r i n h o ,Barbosa Lima 36
Sodré, Nelson Werneck 31 ,89 ,90 ,1 19 , 1'4 1
T á v o r a ,Joaquim 150 • .
Távora ,Juarez 16 , 19 ,’ 2 1 ,45 ,9 1
T h i o l l i e r ,Renné 33
T o r r e s ,Alberto .36,37,39
T o r r e s ,Gentil 23
T o r q u a t o ,S .di Telia 80
T o u r i n h o ,P l í n i o .150
T r i n d a d e ,Hélgio 89
176
Valadares/Benedito 123
V a r g a s ,Getulio Dorneles 3,4,5,22,24,26,28,40,41,42,44,47,49
51,52,53,57,58,60,63,66,69,70,71,72,81,82,85,91,94,97,98,101
10
l U H4,, 1 0 (7, , 1l U08,110,111,114,
I U U , I l U , I I I , I I H , 1I 15, 1 1 6 , 1 1 7 , 1 2 2 ,126,128,131,132,1 38
142,145,146,147,148,155,168
Vasconcelos,Meira II 3
Villas Boas,João 48
W a n d e n k o l k ,Eduardo 11