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2011
Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de

Visão geral
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BANCO MUNDIAL Conflito, Segurança e Desenvolvimento


2011
Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de

Conflito, Segurança
e Desenvolvimento
2011
Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de

Conflito, Segurança
e Desenvolvimento

Visão geral

BANCO MUNDIAL
© 2011 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial
1818 H Street NW
Washington D.C. 20433
Telefone: 202-473-1000
Internet: www.worldbank.org

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1 2 3 4 14 13 12 11

Esse documento resume o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011. É um produto do


pessoal do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial. As cons-
tatações, interpretações e conclusões expressas neste volume não refletem necessariamente as
opiniões dos Diretores Executivos do Banco Mundial nem dos governos que representam.
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Design da capa: Chefes de Estado


Fotocomposição: Barton Matheson Willse e Worthington

O manuscrito desta edição de visão geral divulga as constatações do trabalho em andamento


para incentivar a troca de ideias acerca das questões de desenvolvimento.

Ao analisar a natureza, as causas e as consequências do conflito violento da atualidade,


bem como os sucessos e fracassos das respostas a ele, este Relatório do Desenvolvimento
Mundial tem por objetivo intensificar a discussão acerca do que pode ser feito para ajudar
as sociedades que lutam para evitar ou enfrentar a violência e o conflito. Parte do tema
que o Relatório aborda está fora do mandato tradicional de desenvolvimento do Banco
Mundial, um reflexo do crescente consenso sobre políticas internacionais de que tanto o
tratamento do conflito violento quanto a promoção do desenvolvimento econômico exige
um entendimento mais profundo da estreita relação que existe entre política, segurança e
desenvolvimento. Ao estudar essa área, o Banco Mundial não pretende extrapolar o seu
campo de atuação definido no seu Convênio Consultivo, mas sim aumentar a eficácia
das intervenções de desenvolvimento em locais ameaçados ou afetados pela violência em
larga escala.
iv
Prefácio

Em 1944, delegados de 45 países reuniram-se em Bretton Woods para analisar as causas econômicas
da Guerra Mundial, que ainda estava acirrada naquele momento, e como poderiam conseguir
a paz. Eles concordaram em criar o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD), a instituição original do que se tornou o Grupo Banco Mundial. Como ressaltaram os
delegados, “Os programas de reconstrução e desenvolvimento acelerarão o progresso econômico
em toda parte, contribuirão para a estabilidade política e promoverão a paz.” O BIRD aprovou seu
primeiro empréstimo para a França em 1947, para ajudar na reconstrução daquele país.
Mais de 60 anos depois, a letra “R” da sigla BIRD tem um novo significado: a reconstrução
do Afeganistão, Bósnia, Haiti, Libéria, Ruanda, Serra Leoa, Sul do Sudão e outras terras em
conflito ou Estados divididos. O livro de Paul Collier, The Bottom Billion (O bilhão de baixo),
destacou os recorrentes ciclos de governança frágil, pobreza e violência que assolaram essas terras.
Nenhum dos países de baixa renda que enfrentam esses problemas conseguiu ainda alcançar um
único Objetivo do Desenvolvimento do Milênio (ODM). E os problemas dos Estados frágeis
disseminam-se rapidamente: prejudicam o progresso dos vizinhos com a violência que ultrapassa
fronteiras porque os conflitos alimentam-se de narcóticos, pirataria e violência de gênero e deixam
em seu rastro refugiados e infraestrutura fragmentada. Seus territórios podem transformar-se em
incubadoras de redes de grande alcance de radicais violentos e de crime organizado.
Em 2008 fiz uma palestra intitulada “Assegurando o Desenvolvimento” no Instituto
Internacional para Estudos Estratégicos. Escolhi aquele fórum para enfatizar as inter-relações
entre segurança, governança e desenvolvimento e afirmar que as disciplinas separadas não estão
bem integradas para abordar problemas inter-relacionados. Descrevi o desafio: unir segurança
e desenvolvimento para fincar raízes com profundidade suficiente para quebrar os ciclos de
fragilidade e conflito.
Como vemos novamente agora no Oriente Médio e Norte da África, a violência no século
XXI foge aos padrões do século XX de conflito entre Estados e de métodos para abordá-los.
Órgãos governamentais separados não têm sido adequados para enfrentar a situação, mesmo
quando os interesses ou valores nacionais instam os líderes políticos a agir. Rendas baixas,
pobreza, desemprego, choques de renda como aqueles provocados pela volatilidade dos preços
de alimentos, rápida urbanização e desigualdade entre grupos: todos esses elementos aumentam
os riscos de violência. Tensões externas, como tráfico de drogas e fluxos financeiros ilegais, podem
aumentar esses riscos.
O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011 examina disciplinas e experiências extraídas
de todo o mundo para oferecer algumas ideias e recomendações práticas sobre como transpor os
conflitos e a fragilidade e assegurar o desenvolvimento. As principais mensagens são importantes
para todos os países — de renda baixa, média e alta — bem como para as instituições regionais
e globais.
Em primeiro lugar, a legitimidade das instituições é a chave para a estabilidade. Quando as
instituições do Estado não protegem adequadamente os cidadãos, elas não evitam a corrupção
nem fornecem acesso à justiça; quando os mercados não oferecem oportunidades de trabalho; v
vi P R E FÁ C I O

ou quando as comunidades já não têm coesão social — a probabilidade de conflitos violentos


aumenta. Nos estágios iniciais, os países muitas vezes precisam recuperar a confiança da
população na ação coletiva básica antes mesmo que se possa transformar as instituições. As
vitórias preliminares — ações capazes de gerar resultados rápidos e tangíveis — são fundamentais.
Segundo, é essencial investir em segurança cidadã e empregos para reduzir a violência. Mas
existem grandes lacunas estruturais na nossa capacidade coletiva para apoiar essas áreas. Há
lugares onde os Estados frágeis podem buscar ajuda para construir um exército, mas ainda não
dispomos de recursos semelhantes para criar forças policiais ou sistemas de correção. Precisamos
dar mais ênfase aos projetos preliminares de criação de empregos, especialmente por intermédio
do setor privado. O Relatório apresenta percepções sobre a importância da participação das
mulheres nas coalizões políticas, reforma da segurança e da justiça e empoderamento econômico.
Terceiro, o confronto efetivo desses desafios significa que as instituições precisam mudar. Os
órgãos internacionais e parceiros de outros países devem adaptar seus procedimentos para
poderem responder com agilidade e rapidez, a uma perspectiva de longo prazo e maior poder de
permanência. A assistência precisa ser integrada e coordenada; os fundos fiduciários de múltiplos
doadores demonstraram ser úteis no alcance desses objetivos ao mesmo tempo em que diminuem
o ônus dos novos governos com pouca capacidade. Precisamos de uma melhor conexão entre
os órgãos humanitários e os órgãos de desenvolvimento. E precisamos aceitar um nível maior
de risco: Se as legislaturas e os inspetores esperarem somente os bons momentos e se limitarem
a punir os fracassos, as instituições se afastarão dos problemas mais difíceis e se sufocarão em
procedimentos e comitês para evitar a responsabilidade. Este Relatório sugere algumas ações
específicas e maneiras de medir os resultados.
Quarto, precisamos adotar uma abordagem em camadas. Alguns problemas podem ser
tratados no nível nacional, mas outros precisam ser abordados no âmbito regional, tais como
os mercados em desenvolvimento que integram áreas de insegurança e o compartilhamento de
recursos para formular a capacidade. São necessárias algumas ações de âmbito global, tais como
a geração de novas capacidades para apoiar a reforma da justiça e a geração de empregos; a
criação de parcerias entre os países produtores e países consumidores para conter o tráfico ilegal
de drogas; e a ação para reduzir as tensões causadas pela volatilidade dos preços dos alimentos.
Quinto, ao adotar essas abordagens, precisamos ter consciência de que o panorama global está
mudando. As instituições regionais e os países de renda média estão desempenhando um papel
maior. Isso significa que devemos prestar mais atenção às trocas sul-sul e sul-norte e às recentes
experiências de transição dos países de renda média.
Os riscos são elevados. Um conflito civil custa a um país em desenvolvimento típico cerca de
30 anos de crescimento do PIB e os países que enfrentam crises prolongadas podem perder mais
de 20 pontos percentuais no combate à pobreza. É fundamental para a segurança e o desenvolvi-
mento globais que encontremos maneiras eficazes de ajudar as sociedades a escaparem de novos
ataques ou de ciclos repetidos de violência — mas, para tanto, é preciso reformular o pensamento
inclusive sobre como avaliamos e administramos o risco.
Qualquer uma dessas mudanças deve estar fundamentada num roteiro claro e iniciativas
fortes. Espero que este Relatório ajude outras pessoas e nós mesmos a desenhar esse roteiro.

Robert B. Zoellick
Presidente
Grupo Banco Mundial
Sumário

Preâmbulo 1

Parte 1: O desafio de ciclos repetidos de violência 2


Os conflitos e a violência do século XXI são um problema de
desenvolvimento que não se encaixa no molde do século XX 2
Ciclos viciosos de conflito: Quando tensões de segurança, justiça
e de emprego se deparam com instituições deficientes 6

Parte 2: Roteiro para interromper os ciclos de violência


no nível estatal 8
Recuperação da confiança e transformação das instituições
que proporcionam segurança cidadã, justiça e empregos 8
Ferramentas práticas de políticas e programas para os atores
dos países 16

Parte 3: Redução dos riscos de violência — orientações


da política internacional 23
Medida 1: Prestar assistência especializada para prevenção por meio
de segurança cidadã, justiça e empregos 28
Medida 2: Transformando procedimentos e gestão de riscos e resultados
em agências internacionais 31
Medida 3: Atuar regional e globalmente para reduzir as tensões externas
sobre os Estados frágeis 34
Medida 4: Organização do apoio dos países de renda baixa, média e alta
e das instituições globais e regionais para refletir o panorama
em evolução da assistência e das políticas internacionais 36

Notas 39
Referências 45
Agradecimentos 53
Nota bibliográfica 55
Sumário de Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011 58
vii
Visão geral
VIOLÊNCIA
e FRAGILIDADE

Preâmbulo violência política e criminal estão sendo

O
s esforços para manter a segu- deixadas bem atrás, ficando com o cresci-
rança coletiva estão no âmago mento econômico comprometido e indica-
da história humana: desde os dores humanos estagnados.
tempos antigos, o reconheci- Para as pessoas que atualmente vivem em
mento de que a segurança humana depende localidades mais estáveis, pode parecer incom-
de colaboração tem sido um fator de moti- preensível como a prosperidade nos países de
vação para a formação de comunidades de alta renda e uma economia global sofisticada
aldeias, cidades e Estados-nação. O século XX podem coexistir com extrema violência e
foi dominado pelo legado de guerras globais miséria em outras partes do globo. Os piratas
devastadoras, lutas coloniais e conflitos ideo- que atuam próximo à costa da Somália e que
lógicos, e por esforços para o estabelecimento atacam os navios no Golfo de Aden ilustram o
de sistemas internacionais que promoveriam a paradoxo do sistema global existente. Como é
paz global e a prosperidade. Até certo ponto, possível que a prosperidade combinada com
esses sistemas foram bem-sucedidos; isto é, as a capacidade dos Estados-nação modernos
guerras entre Estados são bem menos comuns em todo o mundo não possa impedir um
do que no passado e as guerras civis estão problema da antiguidade? Como é possível,
diminuindo em número. quase uma década depois da participação
Contudo, além de a insegurança continuar, internacional renovada com o Afeganistão,
ela se tornou um grande desafio de desen- as perspectivas de paz parecerem distantes?
volvimento do nosso tempo. Um bilhão e Como é possível comunidades urbanas
meio de pessoas vivem em áreas afetadas por inteiras serem aterrorizadas por traficantes
fragilidade, conflitos ou violência criminal de drogas? Como é possível que países no
organizada, em larga escala, e nenhum Oriente Médio e Norte da África enfrentem
país frágil de baixa renda ou afetado por explosões de ressentimentos populares apesar
conflitos ainda alcançou um único Objetivo de, em alguns casos, haver um elevado índice
de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) das de crescimento sustentado e melhoria nos
Nações Unidas. Novas ameaças — criminali- indicadores sociais?
dade organizada e tráfico de drogas, agitação Este Relatório sobre o Desenvolvimento
civil devido aos choques econômicos globais, Mundial pergunta o que impulsiona os riscos
terrorismo — têm complementado preocu- de violência, por que a prevenção de conflitos
pações contínuas com a guerra convencional e a recuperação demonstraram ser tão difíceis
entre e dentro dos países. Apesar de grande de abordar, e o que pode ser feito pelos líderes
parte do mundo ter progredido rapidamente nacionais e parceiros de desenvolvimento, de
na redução da pobreza nos últimos 60  anos, segurança e diplomáticos para ajudar a resta-
áreas caracterizadas por repetidos ciclos de belecer um caminho de desenvolvimento
2 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

estável nas áreas mais frágeis e devastadas pela uma controvérsia aumentar e houver hostili-
violência. A mensagem central do Relatório dades em larga escala, um término eventual
é a de que o fortalecimento da governança das hostilidades (tanto por meio de vitória e
e instituições legítimas para fornecer segu- derrota ou por meio de um trato negociado)
rança cidadã, justiça e empregos é crucial será seguido por uma pequena fase “pós-
para quebrar os ciclos de violência. O restabe- -conflito”, que levará à paz. O sistema global é
lecimento da confiança e a transformação das amplamente criado ao redor desse paradigma
instituições de segurança, justiça e economia de conflito, com funções claras para os atores
são possíveis dentro de uma geração, mesmo nacionais e internacionais no desenvolvi-
em países que sofreram graves conflitos. Mas mento da promoção da prosperidade e capa-
isso requer uma liderança nacional determi- cidade do Estado-nação (mas saindo durante
nada e um sistema internacional “readap- o conflito ativo), na diplomacia da prevenção
tado” para tratar dos riscos do século XXI: e mediação de controvérsias entre Estados e
novo enfoque da assistência na prevenção entre o governo e movimentos rebeldes, na
de violência política e criminal, reforma dos manutenção da paz que segue ao conflito,
procedimentos de órgãos internacionais, e no humanitarismo do fornecimento de
resposta a um nível regional, e renovação dos assistência.
esforços cooperativos entre os países de baixa, A violência do século XXI1 não se encaixa
média e alta rendas. O Relatório prevê uma no molde do século XX. A guerra interes-
abordagem estratificada para a ação global tatal e a guerra civil são ainda ameaças em
eficaz, com funções locais, nacionais, regio- algumas regiões, mas têm diminuído nos
nais e internacionais. últimos 25  anos. As mortes decorrentes da
Por causa da natureza do tópico, este guerra civil, apesar de ainda cobrarem um
Relatório foi desenvolvido de um modo inusi- preço inaceitável, representam um quarto
tado — desde o início, envolveu o conheci- do que foram na década de 1980 (Recurso 1,
mento de reformadores nacionais e o trabalho Figura F1.1).2 A violência e os conflitos não
em estreita colaboração com as Nações Unidas foram banidos: uma em cada quatro pessoas
e as instituições regionais com perícia em no planeta, mais de 1,5 bilhão, vive em Estados
questões políticas e de segurança, baseando-se frágeis e afetados por conflitos ou em países
no conceito de segurança humana. Há espe- com níveis bastante elevados de violência
rança de que essa parceria motive um esforço criminal.3 Mas por causa dos sucessos na
contínuo para aprofundarmos juntos o nosso redução da guerra interestatal, as formas
entendimento dos vínculos entre segurança e remanescentes de conflito e violência não se
desenvolvimento, além de promover uma ação encaixam nitidamente na “guerra” ou na “paz,”
prática sobre as conclusões do Relatório. ou na “violência criminal” ou na “violência
política” (ver Recurso 1, Figuras F1.1-1.2 e
Tabela F1.1).
Muitos países e áreas subnacionais agora
PARTE 1: O DESAFIO enfrentam ciclos de violência repetida, gover-
DE CICLOS REPETIDOS nança deficiente e instabilidade. Primeiro, os
conflitos geralmente não são eventos únicos,
DE VIOLÊNCIA mas são contínuos e repetidos: 90% das
guerras civis da última década ocorreram em
Os conflitos e a violência do países que já haviam sofrido uma guerra civil
século XXI são um problema de nos últimos 30 anos.4 Segundo, novas formas
desenvolvimento que não se encaixa de conflitos e violência ameaçam o desen-
no molde do século XX volvimento: muitos países que negociaram
com sucesso acordos políticos e de paz após
Os sistemas globais no século XX foram conflitos políticos violentos, como El Salvador,
criados para abordar as tensões interestatais e Guatemala e África do Sul, agora enfrentam
episódios únicos de guerra civil. A guerra entre altos níveis de crimes violentos, restringindo
os Estados-nação e a guerra civil têm uma seu desenvolvimento. Terceiro, diferentes
determinada lógica e sequência. Os atores, formas de violência são vinculadas entre si. Os
Estados soberanos ou movimentos rebeldes movimentos políticos podem obter recursos
claramente definidos, são conhecidos. Se financeiros das atividades criminosas, como na
Visão geral 3

RECURSO 1 Como a violência está mudando

F I G U R A F1.1 As mortes decorrentes de guerras civis estão diminuindo


Uma vez que o número de guerras civis diminuiu, o total de mortes anuais desses conflitos (mortes em batal-
has) caiu de mais de 200.000 em 1988 para menos de 50.000 em 2008.
300 000 60

250 000 50
Mortes em combate nas guerras civis

Número de países em guerra civil


200 000 40

150 000 30

100 000 20

50 000 10

0 0
1960 1968 1976 1984 1992 2000 2008

Total de mortes em combate por ano em todas as guerras civis


(de pequena e grande importância)
Número total de países em guerra civil (de pequena e grande importância)

Fontes: Conjunto de dados de Conflitos Armados de Uppsala/PRIO (Harbom e Wallensteen, 2010; Lacina e Gleditsch,
2005); Gleditsch e outros, 2002; Sundberg, 2008; Gleditsch e Ward, 1999; Projeto do Relatório de Segurança Humana,
2010 - a ser lançado.
Nota: as guerras civis são classificadas por escala e tipo no conjunto de dados sobre Conflito Armado de Uppsala/PRIO
(Harborn e Wallensteen 2010; Lacina e Gleditsch 2005). O limite mínimo para monitoramento é uma pequena guerra
civil a partir de 25 dias de batalha por ano. As estimativas mais baixas, mais altas e as melhores estimativas sobre
mortes em combate por conflito em cada ano estão em Lacina e Gleditsch (2005, atualizado em 2009). Ao longo deste
Relatório, são utilizadas as melhores estimativas, exceto quando elas não estão disponíveis. Nesse caso, são utilizadas
as médias das estimativas mais baixas e mais altas.

TA B E L A F 1.1 Violência torna a aparecer com frequência


Poucos países estão verdadeiramente na fase “pós-conflito.” A taxa de início da violência nos países com
histórico de conflito tem aumentado desde a década de 1960, e cada guerra civil iniciada desde 2003 ocorreu
em um país que já havia sofrido uma guerra civil anterior.

Inícios da violência em países Inícios da violência em países Número


Década sem histórico de conflito (%) com conflito anterior (%) de inícios

1960 57 43 35

1970 43 57 44

1980 38 62 39

1990 33 67 81

2000 10 90 39

Fontes: Walter, 2010; Cálculos da equipe do WDR.


Nota: conflito anterior inclui qualquer conflito importante desde 1945.

(continuaçao de Recurso na página seguinte)


4 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

RECURSO 2 Como a violência está mudando(continuação)

F I G U R A F 1.2 Violência criminal organizada ameaça processos de paz


Os homicídios têm aumentado em todos os países da América Central desde 1999, incluindo os países que
haviam progredido bastante no tratamento de conflitos políticos, e isso não é exclusivo; os países como
a África do Sul enfrentam semelhantes desafios de segunda geração.
40
de homicídios relativa a 1999

30
Mudança absoluta na taxa

20

10

–10
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

El Salvador Honduras Guatemala Belize


Panamá Nicarágua Costa Rica

Fontes: Cálculos da equipe do WDR baseados em UNODC, 2007; UNODC e América Latina e Região do Caribe do Banco
Mundial, 2007; e fontes nacionais.
Nota: Ano base para taxa de homicídios é 1999 = 0.

Como a violência afeta o desenvolvimento

F I G U R A F 1.3 A desigualdade da pobreza está se ampliando entre os países afetados pela


violência e outros
Novos dados sobre a pobreza mostram que ela está diminuindo em grande parte do mundo, mas os países
afetados pela violência estão ficando para trás. Para cada três anos em que um país é afetado por um alto
índice de violência (as mortes em batalhas ou o excesso de mortes decorrentes de homicídios equivalem a
uma grande guerra), a redução da pobreza fica para trás em 2.7 pontos percentuais.

Fontes: Cálculos da equipe do WDR baseados nos dados sobre a pobreza de Chen, Ravallion e Sangraula, 2008
(disponíveis em POVCALNET (http://iresearch.worldbank.org).
Nota: pobreza é o percentual da população que vive com menos de US$ 1.25 por dia.
Visão geral 5

República Democrática do Congo e na Irlanda é estimada em um custo de US$ 1.3 a 2 bilhões


do Norte.5 As gangues criminosas podem anualmente, mais custos adicionais incorridos
apoiar a violência política durante os períodos ao redirecionar os navios e aumentar os prêmios
eleitorais, como na Jamaica e no Quênia.6 Os de seguros.16 Esforços por parte dos domicílios
movimentos ideológicos internacionais aderem e empresas para proteger a si próprios contra a
à causa comum de ressentimentos locais, violência de longo prazo impõem pesados ônus
como no Afeganistão e Paquistão. Portanto, a econômicos: 35% das empresas na América
grande maioria dos países que se defrontam Latina, 30% na África e 27% no Leste Europeu
com a violência a enfrenta de várias formas. e Ásia Central identificam o crime como o
Quarto, os ressentimentos podem se trans- principal problema para suas atividades comer-
formar em demandas agudas por mudança — ciais. O ônus é mais elevado nos domicílios e
com riscos de conflitos violentos — em países empresas menos capazes de arcar com o custo:
onde a mudança política, social ou econômica as empresas na África Subsaariana perdem uma
fica abaixo das expectativas, como no Oriente percentagem maior das vendas para o crime
Médio e Norte da África. e gastam um percentual maior de vendas em
Repetidos e interligados, esses conflitos têm segurança do que em qualquer outra região.17
repercussões regionais e globais. A morte, a Nenhum país frágil de baixa renda ou
destruição e o desenvolvimento tardio devido afetado por conflito já alcançou um único
ao conflito são ruins para os países afetados ODM. As pessoas nos Estados frágeis e afetados
por conflitos, e seus impactos repercutem por conflitos têm mais de duas vezes a probabi-
em termos regionais e globais. Um país que lidade de estarem subnutridas do que as pessoas
avança em matéria de desenvolvimento, como em outros países em desenvolvimento, mais de
a Tanzânia, perde cerca de 0,7% de PIB a cada três vezes a probabilidade de serem incapazes
ano para cada vizinho em conflito.7 Os refu- de enviar seus filhos à escola, duas vezes a
giados e as pessoas deslocadas internamente probabilidade de verem seus filhos morrerem
aumentaram cerca de três vezes nos últimos antes dos 5 anos de idade, e mais de duas vezes
30  anos.8 Cerca de 75% dos refugiados do a probabilidade de carecerem de água potável.
mundo são recebidos por países vizinhos.9 Em média, um país que apresentou um grande
As novas formas de conflitos políticos locais período de violência entre 1981 e 2005 tem
interligados à violência, criminalidade orga- uma taxa de pobreza de 21 pontos percentuais
nizada e controvérsias internacionalizadas a mais do que um país que não sofreu nenhuma
indicam que a violência é um problema para os violência (Recurso  1, Figura  F1.3).18 Uma
ricos e os pobres: mais de 80% das fatalidades imagem semelhante surge das áreas subna-
dos ataques terroristas na última década ocor- cionais afetadas pela violência em países mais
reram em alvos não ocidentais,10 mas um estudo ricos e mais estáveis — áreas onde o desenvol-
de 18 países da Europa Ocidental mostrou vimento fica para trás.19
que cada incidente terrorista transnacional Esses ciclos repetidos de conflito e violência
adicional reduziu seu crescimento econômico têm outros custos humanos, sociais e econô-
em até 0,4 ponto percentual por ano.11 Os micos que duram gerações. Altos níveis de
ataques em uma região podem impor custos violência criminal organizada impedem o
em todos os mercados globais — um ataque desenvolvimento econômico. Na Guatemala, a
no Delta do Níger pode custar aos consumi- violência custou ao país mais de 7% do PIB em
dores globais de petróleo bilhões de dólares em 2005, mais de duas vezes o prejuízo do Furacão
aumentos nos preços.12 Nas quatro semanas Stan no mesmo ano — mais de duas vezes o
que se seguiram ao início da revolta na Líbia, orçamento combinado para agricultura, saúde
os preços do petróleo aumentaram em 15%.13 e educação.20 O custo médio da guerra civil
A interdição das remessas de cocaína para a equivale a mais de 30  anos do crescimento
Europa aumentou quatro vezes desde 2003,14 do PIB de um país em desenvolvimento de
até mesmo em áreas como a África Ocidental, tamanho médio.21 Os níveis de comércio após
agora seriamente afetadas pela violência asso- grandes episódios de violência demoram
ciada a drogas.15 20 anos para uma recuperação completa.22
As tentativas de conter a violência são Em outras palavras, um grande episódio de
também extremamente dispendiosas. Por violência, diferente dos desastres naturais ou
exemplo, a operação naval de combate à pira- ciclos econômicos, pode destruir toda uma
taria no Chifre da África e no Oceano Índico geração de progresso econômico.
6 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

Esses números têm consequências humanas Ainda assim, é difícil desemaranhar as causas e
(Figura F1.4). Nas sociedades altamente os efeitos da violência (Recurso 2, figura F2.1).
violentas, muitas pessoas passam pela morte de Um PIB mais baixo per capita é associado, de
um filho ou filha antes da hora: quando os filhos forma robusta, tanto a conflitos políticos em
voltam tarde para casa, os pais têm um bom larga escala quanto a elevadas taxas de homi-
motivo para temer por suas vidas e segurança cídios.28 O desemprego entre os jovens é cons-
física. As experiências do dia a dia, como ir à tantemente citado nas pesquisas de percepção
escola, ao trabalho ou ao mercado, tornam-se dos cidadãos como um motivo para a união
ocasiões de medo. As pessoas hesitam em cons- tanto dos movimentos rebeldes quanto das
truir casas ou investir em pequenos negócios, gangues urbanas (Recurso 2, Figura F2.2).29 A
uma vez que podem ser destruídos em questão sensação de mais proteção e poder é também
de minutos. O impacto direto da violência citada como um importante estímulo entre os
recai principalmente sobre os homens jovens países, confirmando a pesquisa existente que
— a maioria das forças de luta e membros de mostra que a dinâmica de emprego tem a ver
gangues — mas as mulheres e as crianças geral- não apenas com a renda, mas também com
mente sofrem desproporcionalmente com os respeito e status, envolvendo coesão social e
efeitos indiretos.23 Os homens constituem 96% oportunidade econômica. A exclusão política e
dos detentos e 90% dos ausentes; as mulheres e a desigualdade que afetam os grupos regionais,
as crianças ficam perto dos 80% de refugiados religiosos ou étnicos estão associadas a riscos
e dos deslocados internos.24 E a violência gera mais elevados de guerra civil30 (e também são
violência: as crianças do sexo masculino que mencionados em pesquisas com cidadãos
presenciam abusos têm maior tendência de como os impulsores-chave do conflito, ao lado
perpetrar a violência futuramente na vida.25 da pobreza - ver figura F2.1), enquanto a desi-
Contudo, quando a segurança é restabele- gualdade entre os mais ricos e os mais pobres
cida e mantida, essas áreas do mundo podem está estritamente associada a riscos mais
obter maiores ganhos em termos de desenvol- elevados de crimes violentos (Tabela 1.1).
vimento. Diversos países emergentes de longos Os fatores externos podem acentuar os
legados de violência política e criminal têm riscos da violência. As principais tensões
progredido mais rapidamente em termos de de segurança externa, como ocorre com os
ODMs:26 novos padrões de tráfico de drogas, podem
• A Etiópia mais do que quadruplicou o sobrecarregar as capacidades institucionais
acesso a melhor abastecimento de água, de (ver Recurso 2). Os choques de renda podem
13% da população em 1990 para 66% entre também aumentar os riscos da violência. Um
2009 e 2010. trabalho sobre choques pluviométricos na
África Subsaariana conclui que a ocorrência
• Moçambique mais do que triplicou sua taxa de um conflito civil é mais provável nos anos
de conclusão do ensino fundamental em seguintes à redução do volume de chuva.
apenas oito anos, de 14% em 1999 para 46% Usando a variação de pluviosidade como um
em 2007. substituto para choques de renda em 41 países
africanos entre 1981 e 1999, Satyanath, Miguel
• Ruanda reduziu a prevalência de subnu-
e Sergenti (2004) concluíram que um declínio
trição de 56% da população em 1997 para
no crescimento econômico de 5% aumentou a
40% em 2005.
probabilidade de conflito pela metade no ano
• A Bósnia-Herzegóvina, entre 1995 e 2007, seguinte.32 A corrupção — que geralmente tem
aumentou as imunizações contra o sarampo vínculos internacionais por meio de tráfico
de 53% para 96%, em crianças entre 12 e ilícito, lavagem de dinheiro e a obtenção de
23 meses. renda a partir das vendas de recursos nacio-
nais ou contratos e concessões internacionais
Ciclos viciosos de conflito: Quando — tem impactos duplamente perniciosos nos
tensões de segurança, justiça e de riscos de violência, alimentando os ressen-
emprego se deparam com institui- timentos e prejudicando a eficácia das insti-
ções deficientes tuições nacionais e normas sociais.33 Novas
tensões externas da mudança climática e da
Causas internas de conflito surgem de dinâ- competição por recursos naturais poderiam
micas políticas, de segurança e econômica.27 acentuar todos esses riscos.34
Visão geral 7

TA B E L A 1.1 Tensões de segurança, econômicas e políticas


Tensões Internas Externas

Segurança • Legados de violência e trauma • Invasão, ocupação


• Apoio externo a rebeldes nacionais
• Efeitos secundários de conflitos
transfronteiriços
• Terrorismo transnacional
• Redes internacionais de crimes

Econômicas • Baixa renda, baixo custo • Choques econômicos, incluindo


e sociais de oportunidade de rebelião preços dos alimentos
• Desemprego entre os jovens • Mudança climática
• Impactos sociais de violência sexual
• Riqueza de recursos naturais
• Corrupção grave
• Rápida urbanização

Políticas • Competição étnica, religiosa ou regional • Percepção de injustiça e desigualdade


• Discriminação real ou percebida global no tratamento de grupos
• Abusos de direitos humanos diferentes

Fonte: Equipe do WDR.


Nota: Esta tabela, apesar de não exaustiva, contém os principais fatores na literatura acadêmica sobre as causas e correlações de
conflitos, e levantados nas consultas e pesquisas do WDR.33

Contudo, muitos países enfrentam um alto • Em algumas áreas — como nas regiões
índice de desemprego, desigualdade econô- periféricas da Colômbia antes da virada do
mica ou pressão das redes de crimes organi- século XXI38 ou da República Democrática
zados, mas não sucumbem repetidamente do Congo39 hoje — o Estado está presente,
à violência disseminada e, ao contrário, a mas ausente de muitas partes do país, e os
controlam. A abordagem do WDR enfatiza violentos grupos armados dominam as
que o risco de conflitos e violência em qual- disputas locais em termos de poder e
quer sociedade (nacional ou regional) é a recursos.
combinação da exposição às tensões internas
• A maioria das áreas afetadas pela violência
e externas e do poder do “sistema imune”, ou
enfrenta déficits em suas capacidades cola-
da capacidade social de lidar com a tensão
borativas40 para mediar os conflitos pacifi-
presente nas instituições legítimas.35 Tanto as
camente. Em alguns países, as instituições
instituições estatais quanto as não estatais são
não englobam as divisões étnicas, regionais
importantes. As instituições incluem normas
ou religiosas, e as instituições estatais têm
sociais e comportamentos — como a capa-
sido consideradas partidárias — do mesmo
cidade dos líderes de transcender diferenças
modo que em décadas atrás antes do
sectárias e políticas e de desenvolver nego-
acordo de paz na Irlanda do Norte.41 Em
ciações e da sociedade civil de defender uma
algumas comunidades, as divisões sociais
maior coesão nacional e política — assim
têm restringido a colaboração eficaz entre
como regras, leis e organizações.36 Onde os
os Estados dominados pelas elites e as
Estados, os mercados e as instituições sociais
comunidades pobres no tratamento das
deixam de fornecer segurança básica, justiça e
fontes de violência.
oportunidades econômicas para os cidadãos,
os conflitos podem aumentar gradativamente. • Uma urbanização rápida, conforme ocor-
Em resumo, os países e as áreas subna- rida anteriormente na América Latina e
cionais com a governança e a legitimidade hoje na Ásia e África, enfraquece a coesão
institucional mais deficientes são os mais social.42 O desemprego, as desigualdades
vulneráveis à violência e à instabilidade e estruturais e o maior acesso aos mercados
os menos capazes de responder a tensões para obtenção de armas de fogo e drogas
internas e externas. A capacidade institucional ilícitas quebram a coesão social e
e a responsabilização são importantes para a aumentam a vulnerabilidade a redes e
violência política e criminal (ver Recurso 2).37 gangues criminosas.
8 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

• Os países com capacidade institucional quando não adaptadas às condições locais —


deficiente tiveram maior probabilidade de os mecanismos de verdade e reconciliação,
sofrer uma agitação social durante as crises anticorrupção e direitos humanos que pres-
de alimentos entre 2008 e 2009.43 taram serviços de modo admirável em alguns
• Alguns Estados tentaram manter a estabili- países nem sempre funcionaram em outros.
dade por meio de coerção e das redes de Existem ganhos com o compartilhamento
paternalismo, mas os Estados com altos do conhecimento, conforme expresso no
níveis de corrupção e abusos de direitos Relatório — mas somente quando adaptado
humanos aumentam seus riscos de às condições locais. As instituições “mais bem
irrupção de violência no futuro (ver ajustadas” são cruciais para o Relatório.
Recurso 2).
As instituições deficientes são particular-
mente importantes na explicação do motivo PARTE 2: ROTEIRO PARA
pelo qual a violência se repete em diferentes INTERROMPER OS CICLOS
formas nos mesmos países ou regiões subna- DE VIOLÊNCIA NO NÍVEL
cionais. Até mesmo sociedades com institui-
ções mais deficientes têm explosões periódicas ESTATAL
de paz. A parte sudeste da Somália tem tido
intervalos de poucos conflitos durante os Recuperação da confiança
últimos 20 anos, com base em tratos por parte e transformação das instituições
de algumas elites.44 Mas os pactos provisórios que proporcionam segurança cidadã,
de elite, na Somália e em outros lugares, não justiça e empregos
fornecem as bases para uma situação de segu- Para romper os ciclos de insegurança e reduzir
rança e desenvolvimento sustentada, exceto o risco da sua recorrência, os reformadores
quando acompanhados pelo desenvolvimento nacionais e seus parceiros internacionais
de um Estado legítimo e de instituições da precisam construir instituições legítimas
sociedade.45 Esses pactos geralmente têm curta capazes de proporcionar um nível sustentável
duração porque são personalizados e restritos de segurança cidadã, justiça e empregos —
demais para acomodar tensões e ajustes de oferecendo uma participação na sociedade
mudança. Novas tensões internas e externas para grupos que, de outra maneira, poderiam
surgem — a morte de um líder, choques receber mais respeito e reconhecimento pela
econômicos, a entrada de redes de tráfico de participação em violência armada do que em
crimes organizados, novas oportunidades ou atividades legais, e punindo as infrações de
rendimentos, ou interferência na segurança forma mais competente e justa.
externa — e não existe capacidade susten- Mas a transformação das instituições —
tada para resposta.46 Sendo assim, a violência sempre complexa — é particularmente difícil
ocorre periodicamente. em situações frágeis. Em primeiro lugar,
O foco nas instituições legítimas não nos países com um histórico de violência e
significa uma convergência para as institui- desconfiança, as expectativas são excessiva-
ções ocidentais. A história fornece muitos mente baixas de modo que ninguém acre-
exemplos de modelos institucionais estran- dita nas promessas do governo, consideradas
geiros que demonstraram ser pouco úteis ao inexequíveis, o que torna inviável a ação
desenvolvimento nacional, principalmente cooperativa — de modo que os momentos
via legados coloniais,47 por terem enfatizado de transição geram expectativas de mudança
a forma e não a função. O mesmo ocorre rápida que as instituições existentes não
hoje. No Iraque, a Autoridade Provisória da podem oferecer.49 Segundo, várias mudanças
Coalizão estabeleceu comissões sobre cada institucionais que poderiam produzir maior
assunto, desde turismo ao meio ambiente, em capacidade de recuperação de longo prazo
paralelo com ministérios implementadores contra a violência frequentemente envolvem
empenhados, e legislações modelo foram riscos de curto prazo. Qualquer mudança
aprovadas quando tinham pouca relação com importante — realização de eleições, desman-
as realidades sociais e políticas nacionais.48 telamento de redes de clientelismo, atribuição
Até transferências de formas organizacionais de novas funções aos serviços de segurança,
entre os países no Sul podem ser improdutivas descentralização da tomada de decisões,
Visão geral 9

RECURSO 2 Grandes tensões e instituições deficientes = riscos de violência

Justiça, empregos e violência

F I G U R A F 2.1 Quais são as opiniões dos cidadãos sobre os impulsores dos conflitos?
Nas pesquisas realizadas em seis países e territórios afetados pela violência, envolvendo uma mistura de
amostras representantes do nível nacional e sub-regional, os cidadãos levantaram questões vinculadas ao
bem-estar econômico individual (pobreza, desemprego) e à injustiça (incluindo desigualdade e corrupção)
como os principais impulsionadores de conflitos.

Fonte: Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010.

F I G U R A F 2.2 O que impulsiona as pessoas a fazerem parte de movimentos rebeldes e gangues?


As mesmas pesquisas concluíram que os principais motivos citados para os jovens se tornarem
rebeldes ou membros de gangues são bastante semelhantes — o desemprego predomina nos
dois casos. Isso não é necessariamente o caso de recrutamento ideológico militante (capítulo 2).

Fonte: Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010.


10 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

Jorge Montaño, Membro, Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes; ex-Embaixador do México nos Estados
Unidos; Membro do Conselho Consultivo do WDR.

O papel das tensões externas


Tráfico de drogas e de seres humanos, lavagem de dinheiro, exploração ilegal de recursos naturais e vida selvagem, falsificação e violações
dos direitos de propriedade intelectual são atividades criminosas lucrativas, que facilitam a penetração pela criminalidade organizada nas já
vulneráveis estruturas sociopolíticas, judiciais e de segurança dos países em desenvolvimento.
Na América Central, por exemplo, diversos países que recuperaram a estabilidade política há duas décadas estão agora enfrentando o
declínio do Estado, cujas instituições carecem da força para enfrentar esse ataque violento. A criminalidade organizada transnacional trans-
formou alguns países do Caribe em corredores para o movimento de drogas ilegais e de pessoas rumo à Europa e América do Norte. A Bolívia,
a Colômbia e o Peru continuam a ser os principais produtores globais de cocaína, enquanto o México está enfrentando uma onda sem prece-
dentes de violência, devido à sua fronteira apresentar o maior número de imigrantes e ser o maior mercado de produção de armas e de
consumo de drogas. A África Ocidental tornou-se a mais nova passagem das drogas provenientes da América do Sul rumo à Europa. Vários
países africanos sofrem com a exploração ilegal de seus recursos naturais, enquanto a Ásia passou a ser um centro para toneladas de opiatos
originários do Afeganistão. A escalada sem precedentes da criminalidade organizada poderia significar o colapso de muitos Estados frágeis,
uma vez que suas instituições tornam-se vítimas da violência a ela associada. O desenvolvimento econômico precário observado em muitas
regiões do mundo fornece um estímulo para a consolidação dessas atividades ilegais, que continuarão a prosperar como consequência da
impunidade que encontram nos países em desenvolvimento.

Nota do WDR: Instituições deficientes são um fator comum na explicação do ciclo repetido de violência
Com base no recente trabalho de Collier e outros, Fearon, Goldstone e outros, North, Wallis e Weingast, os cientistas políticos Jim Fearon e
Barbara Walter usaram técnicas econométricas para o WDR para testar se a regra geral do Estado de direito e eficácia do governo, baixo nível
de corrupção, e forte proteção dos direitos humanos está vinculada a um risco menor do início e da volta da guerra civil e de altos índices de
homicídios decorrentes de violência criminal. Fearon conclui que os países com indicadores de governança acima da média em relação ao
seu nível de renda têm um risco consideravelmente menor da explosão do conflito civil dentro dos próximos 5 a 10 anos — entre 30 e 45%
mais baixo — e que a relação também permanece válida para os países com altos índices de homicídios. Esse trabalho confirma as orien-
tações anteriores da comunidade política, como a ênfase da Rede Internacional sobre Conflitos e Fragilidade nos vínculos entre a consoli-
dação da paz e a consolidação do Estado.
As medidas de responsabilização são tão importantes quanto as medidas de capacidade nesse cálculo. Fearon conclui que altos níveis de
terror político em períodos passados aumentam as chances de um conflito atual. Walter conclui que reduções significativas no número de
prisioneiros políticos e nas execuções extrajudiciais tornam a renovação da guerra civil com duas a três vezes menos probabilidade de
ocorrência do que nos países com níveis mais altos de abuso de direitos humanos. Ela ressalta que “Uma interpretação razoável destes resul-
tados é a de que uma maior repressão e abuso por parte de um governo cria ressentimentos e sinaliza que esses governos (sic) não dependem
das partes em negociação; isto sugere que abordagens menos coercitivas e mais responsáveis reduzem significativamente o risco de conflitos
civis.” Outras medidas de responsabilização também são importantes: as medidas de Estado de direito e corrupção são tão importantes
quanto ou ainda mais importantes do que as medidas de qualidade burocrática.

empoderamento de grupos desfavorecidos processo de transformação de instituições


— produz vencedores e perdedores. Os foi consideravelmente acelerado no final do
perdedores são geralmente bem organizados século XX, com o aumento da demanda dos
e resistem à mudança. Terceiro, as tensões cidadãos por boa governança e os avanços
externas podem prejudicar o progresso. das tecnologias que podem ajudar a supri-la.
A criação de instituições legítimas, capazes Na realidade, progredir em uma geração é
de impedir a repetição da violência é, em algo de fato muito rápido: o progresso a essa
linguagem clara, lenta. Leva uma geração. velocidade representaria hoje imensos ganhos
Mesmo os países de transformação mais em desenvolvimento para países como o
rápida levaram de 15 a 30 anos para melhorar Afeganistão, Haiti, Libéria e Timor Leste.
seu desempenho institucional do que seria A estrutura básica do WDR enfoca o que
comparável ao de um Estado frágil hoje — o aprendemos sobre a dinâmica da ação para
Haiti, por exemplo — ao desempenho de um prevenir ciclos repetidos de violência — no
Estado institucionalizado que funciona, como curto prazo e durante o tempo necessário para
Gana (Tabela 2.1).50 A boa notícia é que este se alcançar um nível sustentado de resiliência.
Visão geral 11

TABEL A 2.1 Avanço mais rápido em transformação institucional — um


cálculo de intervalos realistas
A tabela apresenta os intervalos de tempo históricos que os transformadores mais rápidos
do século XX levaram para obter transformações básicas de governança.

Anos até o limiar no ritmo de:


Indicator
20 mais rápidos Mais rápidos acima do limiar

Qualidade da burocracia (0–4) 20 12

Corrupção (0–6) 27 14

Militares na política (0–6) 17 10

Eficácia da governabilidade 36 13

Controle da corrupção 27 16

Estado de direito 41 17

Fonte: Pritchett e de Weijer 2010.

Nosso conhecimento sobre como romper internacional para conter as tensões externas.
esses ciclos é apenas parcial: o Relatório apre- Em quarto está a natureza especializada do
senta lições extraídas de pesquisas, estudos apoio externo necessário.
de países e consultas a reformadores nacio- A transformação institucional e a boa
nais. As experiências da Bósnia-Herzegóvina, governança, essenciais para esses processos,
Chile, Colômbia, Gana, Indonésia, Libéria, trabalham de formas diferentes em situações
Moçambique, Irlanda do Norte, Serra Leoa, de fragilidade. O objetivo é mais concentrado
África do Sul e Timor Leste, entre outras, — transformar instituições que ofereçam
são utilizadas com frequência no Relatório segurança cidadã, justiça e empregos — já que
porque, embora todas essas áreas ainda sem um nível básico de segurança cidadã, não
enfrentem desafios e riscos, essas sociedades podem existir avanços em desenvolvimento
obtiveram êxito considerável em impedir a socioeconômico.51 As dinâmicas da mudança
escalada da violência ou em recuperar-se de institucional também são diferentes. Uma boa
suas consequências. Essas e outras experi- analogia é uma crise financeira causada por
ências no Relatório abrangem também uma uma combinação de tensões externas e fragi-
série de países de renda alta, média e baixa, lidades nos freios e contrapesos das institui-
uma série de ameaças de violência política e ções. Numa situação como essa, são necessá-
criminal e contextos institucionais diversos, rios esforços excepcionais para se recuperar a
que variam desde situações nas quais insti- confiança na capacidade dos líderes nacionais
tuições fortes enfrentaram desafios à sua de administrarem a crise — por meio de ações
legitimidade devido a problemas de inclusão que indiquem um rompimento real com o
e responsabilização até situações nas quais a passado, mediante a garantia dessas ações e a
maior barreira foi a limitada capacidade. demonstração de que não haverá retrocesso.
Existem algumas diferenças fundamentais A geração da confiança — um conceito
entre situações frágeis e violentas e contextos utilizado na mediação política e nas crises
em desenvolvimento estável. Em primeiro financeiras, mas raramente nos círculos de
lugar está a necessidade de restabelecer a desenvolvimento52 — é um prólogo para uma
confiança na ação coletiva antes de empre- mudança institucional mais permanente em
ender uma transformação institucional mais face da violência. Por quê? Porque o baixo
ampla. Em segundo lugar está a prioridade de nível de confiança significa que as partes inte-
transformar as instituições que forneçam ressadas que precisam contribuir para o apoio
segurança cidadã, justiça e empregos. Em político, financeiro ou técnico somente darão
terceiro lugar vem a função da ação regional e sua colaboração depois que acreditarem que
12 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

F I G U R A 2 .1 Passando da fragilidade e violência para a resiliência institucional na


segurança cidadã, justiça e empregos.

SEGURANÇA
CIDADÃ,
JUSTIÇA
E EMPREGOS

TENSÃO
EXTERNA
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VIOLÊNCIA APOIO EXTERNO


e FRAGILIDADE E INCENTIVOS

Fonte: Equipe do WDR.

existe a possibilidade de um resultado posi- se baseie em êxitos de um ciclo virtuoso. Para


tivo.53 Mas a geração de confiança não é, por cada volta do espiral, as mesmas etapas se
si só, uma finalidade. Tal como numa crise repetem: gera-se confiança de que a mudança
financeira, o progresso só será sustentado positiva é possível antes da intensificação
quando as instituições que forneçam segu- da transformação institucional e do
rança cidadã, justiça e um interesse econô- fortalecimento dos resultados da governança.
mico na sociedade forem transformadas para
impedir a volta da violência. Geração de confiança — coalizões
Da mesma forma que a violência se suficientemente inclusivas e resultados
repete, os esforços para construir a confiança preliminares
e transformar as instituições geralmente
seguem um espiral de repetição. Os países que O Estado não pode, por si só, restabelecer
deixaram a fragilidade e o conflito geralmente a confiança. A geração de confiança em
não o fizeram num momento decisivo de situações de violência e fragilidade exige o
“tudo ou nada” — mas por meio de muitos esforço deliberado para construir coalizões
momentos de transição, como ilustra a suficientemente inclusivas, como fez a Indonésia
trajetória em espiral da Figura 2.1. Os líderes ao tratar a violência em Aceh, o Timor Leste em
nacionais tiveram de gerar confiança no sua recuperação após a retomada de violência
Estado e transformar as instituições ao longo em 2006 ou o Chile em sua transição política.
do tempo, como ocorreu nas transições da As coalizões são “suficientemente inclusivas”
República da Coreia nas esferas de segurança, quando compreendem as partes necessárias à
política e de economia após a Guerra da implementação das etapas iniciais da geração
Coreia ou nas transições de Gana, Chile de confiança e transformação institucional.
e Argentina após seus regimes militares, Não precisam ser completas.55 As coalizões
o que incluiu repetidas disputas internas suficientemente inclusivas funcionam de duas
relacionadas às normas e à governança da maneiras: (1) em nível amplo, construindo o
sociedade.54 Um processo repetido oferece apoio nacional para a mudança e incluindo
espaço para o desenvolvimento de normas e os grupos interessados relevantes, mediante a
capacidades colaborativas e para que o sucesso colaboração entre o governo e outros setores
Visão geral 13

da sociedade bem como de vizinhos regionais, somente são implementadas com êxito após
doadores ou investidores; e (2)  no nível um aumento de confiança e capacidade. O
local, ao envolver a participação dos líderes equilíbrio entre a ação de transformação
comunitários para identificar as prioridades “rápida demais” e “lenta demais” é crucial e
e implementar programas. Coalizões algumas lições básicas surgem das transições
suficientemente inclusivas aplicam-se, tanto de países bem-sucedidos.
à violência política quanto à penal, mediante Primeiramente, é fundamental priorizar a
a colaboração com os líderes comunitários, ação preliminar quanto à reforma das insti-
empresas e a sociedade civil em áreas afetadas tuições responsáveis pela segurança cidadã,
pela violência criminal. A sociedade civil justiça e empregos, como no desenvolvimento
— inclusive a organização de mulheres — pós-independência de Cingapura (Consultar
geralmente exerce funções importantes na Recurso 3). A contenção de fluxos financeiros
recuperação da confiança e manutenção do ilegais de dinheiro público ou do tráfico de
ímpeto para a recuperação e transformação, recursos naturais é importante para fortalecer
demonstrado pelo papel desempenhado pela essas iniciativas. Serão necessárias abordagens
Iniciativa das Mulheres Liberianas ao fazer pragmáticas de “melhor ajuste” adaptadas às
pressão pelo progresso contínuo no acordo de condições locais. Por exemplo: o Líbano resta-
paz.56 beleceu a eletricidade necessária para a recu-
A persuasão de grupos interessados para peração econômica durante a guerra civil por
trabalharem de forma colaborativa requer intermédio de pequenas redes de fornecedores
sinais de um rompimento real com o passado do setor privado apesar dos elevados custos
— por exemplo: o fim da exclusão política unitários.57 As bem-sucedidas reformas poli-
ou econômica de grupos marginalizados, da ciais do Haiti no período de 2004 a 2009 enfo-
corrupção ou abusos de direitos humanos caram a expulsão dos transgressores da tropa e
— bem como mecanismos para “assegurar” a recuperação da disciplina básica.58
essas mudanças e para demonstrar que Em segundo lugar, o foco na segurança
não haverá retrocesso. Em momentos de cidadã, justiça e empregos significa que a
oportunidade ou de crise, resultados rápidos maioria das outras reformas precisará ser
e visíveis também ajudam na recuperação da sequenciada e ter seu ritmo controlado ao
confiança na capacidade dos governos de lidar longo do tempo, inclusive reforma política,
com ameaças de violência e implementar a descentralização, privatização e mudança de
mudança institucional e social. Parcerias entre atitude com relação aos grupos marginali-
o Estado e a comunidade, Estado e ONGs, zados. A implementação sistemática dessas
Estado e comunidade internacional e Estado reformas requer um emaranhado de institui-
e setor privado podem ampliar a capacidade ções (a democratização, por exemplo, requer
do Estado de cumprir o prometido. As ações muitos freios e contrapesos além das eleições)
em um campo podem apoiar os resultados e mudanças em comportamentos sociais.
em outro. As operações na área da segurança Várias transições políticas bem-sucedidas,
podem facilitar o comércio seguro e o trânsito, tais como a descentralização de poderes que
além da atividade econômica geradora de sustenta a paz na Irlanda do Norte e as tran-
empregos. Os serviços prestados aos grupos sições democráticas no Chile, Indonésia ou
marginalizados podem contribuir para a Portugal, ocorreram mediante uma série de
percepção de justiça. Abordagens de apoio etapas durante uma década ou mais.
a coalizões suficientemente inclusivas estão Existem exceções — onde a exclusão
descritas em detalhes na seção a seguir sobre de grupos da participação democrática
políticas e programas práticos para os atores é claramente uma fonte predominante
nacionais. de ressentimento, a ação rápida nas elei-
ções tem sentido; e quando diminuem os
Transformação de instituições que interesses que anteriormente impediam a
oferecem segurança cidadã, justiça e reforma, como é o caso da reforma agrária
empregos no pós-guerra do Japão ou da República
da Coreia, 59 a ação rápida pode beneficiar-
Existe um limite para o volume de mudanças -se de uma janela de oportunidade. Mas na
que as sociedades podem absorver de uma só maioria das situações, a ação sistemática e
vez e, em situações frágeis, muitas reformas gradual parece funcionar melhor.
14 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

RECURSO 3 Experiências dos países com a construção de confiança e transformação das


instituições para a segurança cidadã, justiça e empregos — reflexões dos Membros
do Conselho Consultivo do WDR

Geração de confiança na África do Sul


Jay Naidoo, Presidente da Aliança Global para Melhoria da Nutrição; ex-Secretário Geral do Congresso dos
Sindicatos da África do Sul; Ministro da Reconstrução e Desenvolvimento da África do Sul; e Presidente do
Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Membro do Conselho Consultivo do WDR.
(Resumo do Capítulo 3 do WDR)

Na África do Sul o “momento” de transição em 1994 foi Além dos êxitos, houve também carência de oportuni-
precedido de várias transições pontuais que exigiram dades, o que pode ser útil quando outros países levarem em
esforços dos protagonistas para mudar o debate e que conta a experiência da África do Sul. Estas incluíram muito
conferiram credibilidade ao processo. Por parte da Aliança pouca atenção à criação de empregos para os jovens e os riscos
do Congresso Nacional Africano (ANC), incluiu-se a mudança de violência criminal. Isso quer dizer que não tratamos integral-
para uma abordagem mais ampla e mais inclusiva e o enten- mente a necessidade crucial de assegurar que a nova geração,
dimento da necessidade de assegurar incentivos para o que não tinha passado pelo apartheid já na idade adulta,
partido nacional e a população branca. Por parte do Partido tivesse uma participação importante — e oportunidades
Nacional, incluiu-se a mudança de pensamento em termos econômicas — no novo Estado democrático.
de direitos dos grupos e proteção das minorias para o pensa- Acreditou-se demais na premissa de que 1994 havia
mento em termos de direitos individuais e de que a maioria marcado o auge de um processo de democratização e reconci-
decide. Certos sinais que eram considerados irreversíveis liação. Foi dada atenção relativamente pequena ao verdadeiro
(notadamente a libertação incondicional de Nelson Mandela sentido da transformação para um Estado constitucional: o
e a suspensão da luta armada da ANC) foram fundamentais papel contínuo da sociedade civil no aprofundamento não
para a manutenção da confiança entre as partes. Após as apenas da democratização e da responsabilização, mas
eleições de 1994, a implementação de projetos com resul- também da prestação de serviços. E houve necessidade de um
tados preliminares positivos — entre os quais a saúde debate contínuo mais completo sobre racismo, desigualdade e
materno-infantil e o uso das estruturas comunitárias para a exclusão social.
melhoria do abastecimento de água — foram importantes
para manter a confiança no nosso novo governo.

Toda a política é local e atenção preliminar à segurança cidadã, justiça e empregos


George Yeo, Ministro de Relações Exteriores de Cingapura; Membro do Conselho Consultivo do WDR.
(Resumos dos Capítulos 4 e 5 do WDR)

As iniciativas de sucesso devem começar no nível local. Sem sucesso então cria as condições para mais sucesso. Sem uma
ênfase nos resultados locais, os cidadãos perdem a confiança abordagem prática, as novas instituições não podem lançar
na capacidade dos seus governos de lhes oferecer uma vida raízes nos corações e mentes das pessoas comuns. Em
melhor. As ações para recuperar a segurança, construir Cingapura nos primeiros anos, a prioridade era a segurança, lei
confiança, gerar empregos e prestar serviços nas comuni- e ordem, e a criação de condições favoráveis para investimentos
dades locais são a base do progresso nacional. Não é e crescimento econômico. A confiança era tudo. O Serviço
suficiente gerar resultados em cidades grandes. Em casos de Nacional foi lançado em um ano. As sociedades secretas e
conflitos étnicos e religiosos, nos quais a insegurança de outras atividades criminosas foram suprimidas. A corrupção foi
ambas as partes é capaz de se autoalimentar, uma autoridade sendo aos poucos erradicada. Para promover o investimento e
local que seja considerada justa e imparcial por todos os a criação de empregos, as leis trabalhistas e de aquisição de
grupos é essencial antes que ocorra o processo de cura e propriedade foram logo reformadas. Na contramão do
recuperação. Essa foi a experiência de Cingapura quando pensamento convencional em muitos países em
tivemos tumultos por causa de racismo na década de 1960. desenvolvimento, rechaçávamos o protecionismo e incentivá-
Um líder em quem as pessoas confiam pode fazer uma vamos as multinacionais a investirem. A gestão da política da
diferença decisiva. mudança sempre foi um desafio.
Leva tempo para se construir instituições. Fazer o que é A chave estava em conquistar a confiança das pessoas. As
urgente em primeiro lugar, particularmente a melhoria da instituições que persistem são apoiadas pelo respeito e a
segurança e a geração de empregos, ajuda as pessoas a se afeição da população. É um processo que leva no mínimo
sentirem mais esperançosas com relação ao futuro. O uma geração.
Visão geral 15

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

RECURSO 3 Experiências dos países com a construção de confiança e transformação das


instituições para a segurança cidadã, justiça e empregos — reflexões dos
Membros do Conselho Consultivo do WDRs (continuação)

Recuperação da confiança no trânsito seguro na Colômbia


Marta Lucia Ramirez de Rincon, Diretora da “Fundacion Ciudadania en Accion”; ex-Senadora e Presidente da
Comissão de Segurança da Colômbia; ex-Ministra da Defesa e ex-Ministra de Comércio Exterior da Colômbia,
Membro de Conselho Consultivo do WDR.
(Resumo do Capítulo 5 do WDR)

O desafio que enfrentamos em 2002 foi impedir que a O Meteoro tinha o objetivo de retomar o controle das ruas e
Colômbia se tornasse um Estado fracassado. Isso exigiu a estradas de todo o país que se encontravam nas mãos de
proteção de nossos cidadãos contra sequestros e terrorismo. grupos armados sem legitimidade que infligiam medo à
Exigiu também a proteção da nossa infraestrutura, estradas e população. O governo convidou a população colombiana a
instituições democráticas contra os ataques das guerrilhas, pegar seus carros e viajar pelo país sem medo. Ao mesmo
dos paramilitares e traficantes de drogas. Esses grupos tempo iniciava uma importante operação militar, de inteli-
roubavam carros e sequestravam as pessoas que viajavam gência e de polícia para proteger as ruas e garantir a segurança
pelo país. Como esse problema havia piorado nos anos que da população. Por intermédio desse plano, o governo procurou
se seguiram às eleições de 2002, o governo definiu a recupe- devolver o país à população e a reativar o comércio e o turismo.
ração da segurança nas ruas e estradas como prioridade- Acima de tudo, esse plano, implementado numa etapa bastante
chave na sua agenda. O governo concebeu o programa inicial do novo governo, provocou um grande avanço na
Meteoro amplamente conhecido como “Vive Colombia, Viaja recuperação da confiança e esperança na sociedade
por ella” (Viva a Colômbia, viaje por ela). colombiana.

Não confundir rapidez com pressa nos processos políticos


Lakhdar Brahimi, ex-Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas no Iraque e no
Afeganistão, Membro do Conselho Consultivo do WDR
(Resumo do Capítulo 5 do WDR)

É importante não confundir rapidez com pressa nos As opções não são mutuamente excludentes — existe uma
processos políticos: abordagens excessivamente apressadas grande demanda mundial por governança mais inclusiva e
podem precipitar o efeito oposto naquele de quem mais ágil e as eleições podem ser um meio crucial de atender a
esperamos apoio. A grande esperança da comunidade inter- essa demanda. Mas seu sentido de oportunidade exige muita
nacional com relação à experiência do Iraque com atenção. Na maioria dos países, as tradições democráticas
democracia eleitoral proporcional em 2005 produziu uma levaram um tempo considerável para se desenvolverem. Da
disputa de poder que aumentou em vez de amainar a mesma forma, os atuais esforços de democratização exigem
violência sectária e a constituição, que foi apressadamente atenção às heranças históricas e às divergências políticas
produzida depois, demonstra ser de difícil implementação. existentes e devem ser vistos como um processo contínuo de
Da mesma forma, as eleições de 2009 no Afeganistão transformação social e o desenvolvimento de uma ampla gama
demonstraram prejudicar em vez de reforçar as percepções de instituições que proporcionam freios e contrapesos em vez
de legitimidade institucional no futuro próximo. de um “evento” identificável. A democratização não começa
nem termina com eleições.

Tratamento de tensões externas são geralmente ineficazes. Se não forem abor-


e mobilização do apoio internacional dadas, ou se aumentarem, elas podem preju-
Tensões externas como a infiltração da crimi- dicar os esforços de prevenção e recuperação
nalidade organizada e redes de tráfico, conse- pós-violência. Muito mais do que em ambientes
quências de conflitos em países vizinhos e de desenvolvimento estável, o tratamento de
choques econômicos são fatores importantes tensões externas precisa, portanto, ser uma
no aumento do risco de violência. Em situações parte essencial das estratégias nacionais e dos
frágeis, muitas dessas tensões externas já estarão esforços de apoio internacional à prevenção da
presentes e as instituições para responder a elas violência e à recuperação dos seus efeitos.
16 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

A assistência internacional também precisa empregos em prazo mais longo. O Relatório


ser diferente em situações frágeis. O requisito apresenta primeiro as ferramentas básicas e
de gerar resultados rápidos da construção de depois examina como diferenciar as estratégias
confiança confere importância particular à e a programação para as diferentes circunstân-
velocidade. O foco na construção de coalizões cias dos países, usando avaliações de riscos e
colaborativas e suficientemente inclusivas, oportunidades específicas para os países.
bem como na segurança cidadã, justiça e
empregos reúne uma gama maior de capaci- Sinais políticos e de políticas
dades internacionais que precisam trabalhar para construir coalizões colaborativas
em harmonia — por exemplo, para mediação, e suficientemente inclusivas
direitos humanos e assistência à segurança,
além de ajuda humanitária e ao desenvolvi- Existe uma semelhança surpreendente entre
mento. Nos lugares onde a situação política os países no que se referem aos sinais que com
é frágil e a capacidade dos sistemas locais de maior frequência constroem a confiança e as
garantir a responsabilização é insuficiente, coalizões colaborativas (Consultar Recurso 4).
as iniciativas internacionais — tais como Podem incluir ações imediatas em nomea-
mecanismos de reconhecimento e sanção ções nacionais ou locais confiáveis, em trans-
— também desempenham um papel signi- parência e, em alguns casos, na remoção dos
ficativo. Tomemos como exemplo um dos fatores considerados negativos, tais como
menores países da África Ocidental que recen- leis discriminatórias. As forças de segurança
temente passaram por golpes de estado. Os podem ser redistribuídas como um sinal posi-
mecanismos locais para solucionar a situação tivo de atenção a áreas de insegurança, mas
de forma pacífica são limitados e a pressão também como um sinal de que o governo reco-
da União Africana (UA) e da Comunidade nhece onde determinadas unidades têm um
Econômica dos Estados da África Ocidental histórico de falta de confiança ou abuso com
(ECOWAS) para o retorno a um caminho as comunidades e as substitui. Medidas para
constitucional é crucial. Portanto, o reconhe- aumentar a transparência das informações e
cimento regional e global de uma liderança os processos de tomada de decisão podem ser
responsável pode ser importante para reforçar importantes na construção da confiança, bem
os incentivos e sistemas de responsabilização como para fixar a base para a transformação
no âmbito nacional. institucional sustentada.
Os sinais podem ser também anún-
Ferramentas práticas de políticas cios de ações futuras — a seleção de dois ou
e programas para os atores dos países três resultados preliminares-chave; o foco
do planejamento militar e policial sobre as
O WDR apresenta uma maneira diferente metas de segurança cidadã; ou a definição
de pensar as abordagens de prevenção da de abordagens e cronologia para a reforma
violência e de recuperação em situações política, descentralização ou justiça tran-
frágeis. Ele não tem a intenção de ser um “livro sicional. A garantia de que os sinais polí-
de receitas” — cada país tem um contexto ticos e de políticas tenham uma abrangência
político diferente e não há uma solução que realista e possam ser aplicados é importante
atenda a todos. Embora a opção de medidas para administrar as expectativas — fixando-
de geração de confiança e de abordagens de -os ao planejamento nacional e aos processos
construção de instituições precise ser adap- orçamentários e discutindo antecipadamente
tada a cada país, um conjunto de ferramentas com parceiros internacionais qualquer apoio
básicas que surge da experiência pode servir externo necessário.
de base para essa adaptação. Essas ferramentas Quando os sinais estão relacionados à ação
essenciais incluem as opções por sinais e futura, sua credibilidade será aumentada pelos
mecanismos de compromisso para construir mecanismos de compromisso que convencem
coalizões colaborativas, demonstrando um as partes interessadas de que eles serão real-
rompimento com o passado e construindo a mente implementados e não haverá retro-
confiança com resultados positivos. Incluem cesso. Exemplos são as agências executoras
também uma descrição do programa capaz multissetoriais independentes da Colômbia
de oferecer resultados rápidos e fornecimento e Indonésia e monitores terceirizados, tais
institucional de segurança cidadã, justiça e como a missão conjunta de monitoramento
Visão geral 17

Recurso 4: Ferramentas essenciais


RECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA
SEGURANÇA Sinais: Políticas e Sinais: Mecanismos
CIDADÃ,
JUSTIÇA
E EMPREGOS
prioridades futuras Ações imediatas de compromisso Ações de apoio
• Objetivos de segurança • Nomeações confiáveis • Independência dos órgãos • Avaliações de riscos
TENSÃO
EXTERNA RE
cidadã • Transparência nas despesas executores e prioridades
CU
P • Princípios-chave e • Alocações de recursos para • Monitoramento de terceiro • Comunicação dos custos

ER
TRA

cronogramas realistas áreas prioritárias independente da inércia


ÃO
N S F O R M AÇ ÃO

para a reforma política, • Redistribuição das forças de • Sistemas nacionais- • Planos simples e medições
D A CO
RE
CU
descentralização, corrupção, segurança internacionais com duas do progresso em 2-3
NFIANÇ A
PE
TRA

RA

justiça transicional • Remoção das políticas autoridades resultados preliminares


ÇÃ
N S F O R M AÇ ÃO

O DA

DE

RE
CU • Mescla de Estado, discriminatórias • Execução internacional de • Comunicação estratégica
CO N F I A N Ç A

P
IN

TI
ER
TRA

S

TU comunidade, ONG e uma ou mais funções-chave


ÃO
N S F O R M AÇ ÃO

I ÇÕ
D A CO

DE

ES
capacidade internacional
IN
NF I ANÇ A

TI
S

TU
I ÇÕ
DE

ES
IN

TI
S

TU
I ÇÕ
ES

VIOLÊNCIA APOIO EXTERNO


e FRAGILIDADE E INCENTIVOS TRANSFORMANDO INSTITUIÇÕES
Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
Reformas de fundamentos e abordagens de “melhor ajuste”
SEGURANÇA
CIDADÃ,
JUSTIÇA Reforma do setor de segurança: Reforma do setor judiciário: Programas multissetoriais de empoderamento da
E EMPREGOS
• Projetada para proporcionar independência e vínculo com as reformas comunidade: associação de segurança cidadã, emprego,
TENSÃO benefícios da segurança cidadã de segurança, fortalecimento do processa- justiça, educação e infraestrutura
EXTERNA • Aumentos de capacidade vincu- mento dos números de casos básicos; Programas de emprego: simplificação normativa e recupe-
lados à repetição de resultados de ampliação dos serviços de justiça; uso de ração da infraestrutura para a criação de empregos para o
TRA

desempenho realistas e funções de mecanismos tradicionais/comunitários setor privado, programas públicos de longo prazo,
N S F O R M AÇ ÃO

justiça Divisão em etapas e medidas de combate expansão de ativos, programas de cadeia de valor, apoio ao
• Desmantelamento de redes crimi- à corrupção: demonstrar que os recursos setor informal, migração da mão de obra, empoderamento
TRA

nosas mediante a supervisão por


N S F O R M AÇ ÃO

nacionais podem ser utilizados para o bem econômico das mulheres e expansão de ativos.
DE

civis, avaliações e transparência público antes de desmantelar os sistemas


IN

TI
TRA

Prestação de serviços humanitários e de proteção social:


S

TU
das despesas do orçamento
N S F O R M AÇ ÃO

I ÇÕ
de arrendamento; captura do controle de
DE

ES com a transição planejada do suprimento internacional.


IN

TI
• Uso de sistemas de pouco dispen-
S

TU
I ÇÕ aluguéis e uso de mecanismos de respon-
DE

ES
IN

TI
diosos para o policiamento rural Política macroeconômica: foco na volatilidade do preço ao
S

TU
I ÇÕ
ES
sabilização social
VIOLÊNCIA e comunitário consumidor e emprego
APOIO EXTERNO
e FRAGILIDADE
E INCENTIVOS

Programas graduais e sistemáticos


• Capacidade em etapas e responsa- • Reforma política e eleitoral • Reformas econômicas estruturais, tais como a privatização
bilização em funções de segurança • Descentralização • Reformas da educação e saúde
especializada • Justiça transicional • Inclusão de grupos marginalizados
• Reformas abrangentes de combate
à corrupção
CITIZEN
SECURITY,
JUSTICE,
AND JOBS
AÇÃO NACIONAL PARA GERENCIAR A TENSÃO EXTERNA
TENSÃO Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
EXTERNA
• Cooperação nas fronteiras • Respostas coordenadas dos lados da • Capacidade administrativa complementar conjunta
• Polícia militar e inteligência oferta e da procura • Elaboração de programas de desenvolvimento
financeira • Investigações conjuntas e litígios nas transnacional
jurisdições
• Criação de vínculos entre os sistemas
formal e informal

INDICADORES DE RESULTADOS VIÁVEIS PARA SE DEMONSTRAR


VIOLÊNCIA APOIO EXTERNO
O PROGRESSO GERAL
e FRAGILIDADE E INCENTIVOS
Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
Curto • Mortes violentas • Pesquisas de percepção por grupos (étnicos, • Percepção sobre o aumento ou não das
prazo • Pesquisa de percepções sobre geográficos, religiosos, de classe) acerca oportunidades de emprego
os aumentos/diminuições da do aumento ou não de seu bem-estar com • Pesquisas de preço (para implicações
segurança. o tempo e em relação com outros. sobre rendimentos reais)
• Pesquisa de percepção sobre confiança nas
instituições e sobre corrupção

Prazo • Pesquisas com vítimas • Indicadores de governança redirecionados para • Dados de domicílios acerca de emprego
mais resultados para resultados e grau de progresso e participação da força de trabalho
longo dentro de cronogramas historicamente realistas
• Dados de pesquisas de domicílios sobre
desigualdades verticais e horizontais e acesso
o a serviços de justiça
18 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

de Aceh ASEAN-EU (Associação das Nações • Os líderes precisam apoderar-se das


do Sudeste da Ásia — União Europeia).60 A oportunidades antes que a violência
adoção de uma autoridade única ou duas cresça ou recrudesça.
autoridades (dual-key) sobre uma ou mais
Estrutura de programa nacional
funções que envolvam órgãos internacio-
para restabelecer a confiança
nais — como ocorre com o Programa de
e transformar as instituições
Governança e Gestão Econômica na Libéria,
de administração conjunta,61 a Comissão As ferramentas essenciais do programa que
Internacional Contra a Impunidade na emergem das diferentes experiências dos
Guatemala (CICIG),62 ou com as missões países são mantidas em pequeno número deli-
de paz da ONU que têm responsabilidade beradamente para refletir as lições dos países
executiva de policiar — também é um meca- relacionadas ao foco e às prioridades. Todas
nismo de compromisso quando a capaci- elas são projetadas para serem implementadas
dade institucional e a responsabilização são em etapas, em grandes programas nacionais
frágeis. ou subnacionais em vez de em pequenos
Uma vigorosa comunicação estratégica projetos. Incluem programas multissetoriais
acerca desses sinais de mudança é sempre que vinculam as estruturas comunitárias
importante — as ações e mudanças de polí- ao Estado; reforma do setor de segurança;
ticas não podem influenciar os comporta- reforma da justiça; política e programas
mentos a menos que as pessoas saibam que nacionais de emprego; serviços correlatos que
elas ocorreram e como elas se inserem em apoiam a segurança cidadã, justiça e criação
uma visão mais ampla. Quando os riscos de de empregos, tais como eletricidade e proteção
aumento da crise não são completamente social; e abordagens escalonadas contra a
reconhecidos por todos os líderes nacionais, a corrupção. Incluem ainda programas que
divulgação de uma mensagem precisa e irre- podem ser cruciais para a prevenção contínua
futável acerca das consequências da ausência da violência: reforma política, descentra-
de ação pode ajudar a estimular o ímpeto por lização, justiça transicional e reforma da
progresso. Essa narrativa pode ser acompa- educação, em que a atenção sistemática se faz
nhada por análises socioeconômicas — que necessária depois que as reformas prelimi-
demonstrem de que modo o aumento da nares na segurança cidadã, justiça e empregos
violência e o fracasso das instituições estão começaram a progredir.
fazendo com que áreas nacionais ou subna- As cinco principais lições do que funciona
cionais fiquem muito atrasadas com relação na estrutura dos programas são:
aos seus vizinhos no avanço do desenvolvi- • Programas que apoiem as relações entre o
mento; ou que mostrem como outros países Estado e a sociedade em áreas de insegu-
que não trataram o aumento das ameaças rança. Eles incluem programas comunitá-
enfrentaram consequências graves e dura- rios para a prevenção da violência, emprego
douras para o desenvolvimento. A análise do e prestação de serviços associados e acesso
WDR oferece algumas mensagens claras: à justiça e à solução de controvérsias locais.
Entre os exemplos estão: policiamento
• Nenhum país ou região pode se permitir
comunitário em uma ampla variedade de
ignorar áreas onde ciclos repetidos de
países de renda alta, média e baixa, o
violência prosperam e os cidadãos estão
Programa Nacional de Solidariedade do
distanciados do Estado.
Afeganistão e os programas multissetoriais
• Desemprego, corrupção e exclusão de prevenção da violência na América
aumentam os riscos de violência — ao Latina.63
passo que as instituições legítimas e a
• Programas complementares para trans-
governança que conferem a todos uma
formação institucional nas áreas prioritá-
parcela de participação na prosperidade
rias de segurança e justiça. Os programas
nacional são o sistema imune que protege
preliminares de reforma devem enfocar
contra os diferentes tipos de violência.
funções básicas simples (como o processa-
• A segurança cidadã é um objetivo priori- mento do número de atendimentos penais,
tário em situações de fragilidade, apoiada investigação básica adequada e procedi-
por justiça e empregos. mentos de detenção); incluem a supervisão
Visão geral 19

por civis, avaliações e transparência das por meio desses programas incluem a liber-
despesas orçamentárias para desbaratar dade de movimento pelas rotas de trânsito,
redes secretas ou criminosas; e harmo- o fornecimento de eletricidade, o número
nizar o ritmo da reforma entre a polícia e de empresas registradas e dias de emprego
os sistemas civis de justiça para evitar situ- criados, o processamento de casos judiciais e
ações em que o aumento da capacidade a redução da impunidade mediante avaliações
policial resulte em detenções prolongadas ou processo judicial. O crucial aqui é que os
ou na liberação de delinquentes de volta à resultados preliminares aumentem a moti-
comunidade sem o devido processo. vação das instituições nacionais e estimulem
• Programas de criação de empregos “De as iniciativas corretas para a criação de insti-
volta ao básico”. Esses programas incluem tuições futuras.
obras públicas em grande escala baseadas Por exemplo: se as forças de segurança
na comunidade, tais como as que a Índia e receberem metas baseadas no número de
a Indonésia utilizam em todo o país, inclu- combatentes rebeldes mortos ou capturados
sive em comunidades marginalizadas e ou, ainda, de criminosos presos, elas poderão
afetadas pela violência; simplificação utilizar abordagens coercitivas, sem qualquer
normativa do setor privado e tratamento incentivo à geração de confiança no longo
dos gargalos na infraestrutura (particular- prazo com as comunidades que evitarão que
mente eletricidade, que é a principal limi- a violência recrudesça. As metas baseadas na
tação para as empresas em áreas frágeis e segurança cidadã (liberdade de movimento
violentas); e acesso ao financiamento e aos etc.), por outro lado, criam incentivos de
investimentos para unir produtores e longo prazo para a função das forças de segu-
mercados, como nas iniciativas de café, rança na sustentação da unidade nacional e na
laticínios e turismo no Kosovo e em eficácia das relações entre o Estado e a socie-
Ruanda.64 dade. Da mesma forma, se os serviços e as
• A participação das mulheres em programas obras públicas forem prestados somente por
de segurança, justiça e empoderamento intermédio de programas nacionais ditados
econômico, tais como as reformas na de cima para baixo, haverá poucos incentivos
Nicarágua, Libéria e Serra Leoa para intro- para as comunidades assumirem a responsa-
duzir funcionárias do sexo feminino e bilidade pela prevenção da violência ou para
serviço específico de gênero na força poli- as instituições nacionais se responsabilizarem
cial; e iniciativas de empoderamento pela proteção de todos os cidadãos vulne-
econômico no Nepal, que abordou as ques- ráveis, homens e mulheres. Uma mistura de
tões das funções de gênero — que haviam abordagens estatais e não-estatais, de baixo
sido motivo de discórdia em áreas de inse- para cima e de cima para baixo, é a melhor
gurança — com o fornecimento de finan- base para a transformação institucional de
ciamento e treinamento empresarial para longo prazo.
grupos de mulheres.65 O escalonamento das transições a partir
• Iniciativas focadas no combate à corrupção da ajuda humanitária também é uma parte
que demonstram que iniciativas novas importante da transformação das instituições.
podem ser bem administradas. As ferra- Nos países em que as tensões atuais esmagam
mentas incluem o uso da capacidade do em grande parte a capacidade das instituições
setor privado para monitorar funções nacionais, os reformadores nacionais geral-
vulneráveis à grande corrupção, como na mente recorrem à capacidade humanitária
inspeção florestal na Libéria e na arreca- internacional para oferecer resultados preli-
dação alfandegária de Moçambique, asso- minares. Esses programas podem ser eficazes
ciado aos mecanismos de responsabili- para salvar vidas, gerar confiança e ampliar
zação social que utilizam a publicação a capacidade nacional. Mas é difícil decidir
transparente das despesas e o monitora- acerca do tempo necessário para passar essas
mento da comunidade/sociedade civil para funções para as instituições nacionais. Para
garantir que os recursos cheguem aos seus os programas de alimentos isso geralmente
destinos.66 significa a redução do fornecimento antes
Alguns dos resultados preliminares da das colheitas locais e a mudança de distri-
geração de confiança que podem ser enfocados buição geral para programas direcionados em
20 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

coordenação com os órgãos de proteção social Mobilização do apoio internacional


do governo, quando possível. Para as áreas Algumas restrições ao apoio internacional vêm
da saúde, educação, água e saneamento, isso de políticas e sistemas estabelecidos nas sedes
significa a redução gradual das funções inter- de órgãos multilaterais e países doadores. As
nacionais enquanto a capacidade das institui- ações relativas a essas questões são discutidas
ções nacionais ou locais aumenta — como na na Parte 3, sob o título Orientações para a
transição da prestação de serviços de saúde de Política Internacional. Os líderes nacionais e
estrangeiros para nacionais no Timor Leste, seus parceiros nesse campo não podem definir
que passaram da execução internacional para individualmente essas mudanças mais amplas
a contratação de ONGs internacionais pelo no sistema internacional, mas podem maxi-
governo e depois para a gestão do próprio mizar os benefícios do apoio existente.
governo.67 É de grande valia quando os líderes nacio-
nais e seus parceiros internacionais nesse
Iniciativas regionais e transnacionais campo apresentam prioridades claras do
As sociedades não se podem dar ao luxo de programa relacionadas a segurança, justiça e
transformar suas instituições isoladamente desenvolvimento. As experiências dos países
— precisam ao mesmo tempo administrar as indicam que as iniciativas precisam focar em
tensões externas, quer geradas por choques somente dois ou três resultados rápidos para
econômicos, que pelo tráfico e corrupção gerar a confiança e na construção de insti-
internacionais. Muitas dessas questões estão tuições restritas e realistas. As prioridades
além do controle de cada Estado-nação e a são mais bem apresentadas em um número
última seção do Relatório analisa a política bastante limitado de programas claros — tais
internacional para reduzir as tensões externas. como intervenções baseadas na comunidade
Os líderes nacionais podem desempenhar em áreas sem segurança, segurança de desloca-
um papel significativo no incentivo à ampla mento nas principais vias — como na Libéria69
cooperação regional ou global acerca de ques- após a guerra civil e na Colômbia70 diante da
tões como o tráfico de drogas e a cooperação violência da criminalidade em 2002. O uso do
bilateral. As possíveis iniciativas incluem: processo de orçamento nacional para decidir
• Abertura para discutir segurança e coope- acerca dos programas prioritários coordena
ração para o desenvolvimento entre regiões mensagens e desenvolve a cooperação na
fronteiriças sem segurança, baseadas em implementação entre os ministérios envol-
metas compartilhadas de segurança vidos com segurança e desenvolvimento.
cidadã, justiça e empregos em vez de Os líderes nacionais também podem
unicamente em operações militares. produzir resultados melhores a partir da
Programas de desenvolvimento transfron- assistência externa ficando alertas às necessi-
teiriço podem envolver simplesmente dades de parceiros internacionais para apre-
acordos especiais para compartilhar lições. sentar resultados e administrar os riscos. Os
Mas pode também transformar-se em parceiros internacionais têm suas próprias
acordos formais conjuntos para planejar e tensões internas — demonstrar que a assis-
monitorar programas de desenvolvimento tência não está sendo utilizada erradamente e
em áreas de fronteira sem segurança e atribuir resultados aos seus empreendimentos.
transformar-se em disposições específicas Uma conversa sincera sobre os riscos e resul-
para ajudar áreas sem costa marítima a tados ajuda a encontrar maneiras de transpor
obterem acesso aos mercados. as diferenças. Na Indonésia, após o tsunami
e o acordo de paz de Aceh, por exemplo, o
• Processos conjuntos para investigar e governo acordou com os doadores que a assis-
processar incidentes de corrupção capazes tência recebida teria uma “marca conjunta” da
de alimentar a violência, como fizeram o Agência de Reconstrução da Indonésia e dos
Haiti e a Nigéria (com os Estados Unidos e doadores, como medida especial de trans-
o Reino Unido) no combate à corrupção e à parência para permitir que ambas as partes
lavagem de dinheiro.68 Esses processos demonstrassem resultados visíveis e adminis-
podem gerar capacidade em jurisdições trassem os riscos ao mesmo tempo em que
mais frágeis e fornecer resultados que não consolidavam a legitimidade das relações entre
poderiam ser obtidos por uma jurisdição o Estado e a sociedade após a crise. Um “pacto
isoladamente. duplo” entre os governos e seus cidadãos e
Visão geral 21

entre os Estados e seus parceiros internacio- essa lacuna.72 O países de renda média e
nais, proposto inicialmente por Ashraf Ghani alta utilizam pesquisas o tempo todo para
e Clare Lockhart, é outra forma de adminis- fornecer feedback aos governos acerca do
trar as diferentes perspectivas sobre o risco, a progresso e dos riscos, mas elas são pouco
velocidade da resposta e o compromisso com utilizadas em países frágeis e de renda baixa.
instituições nacionais — tornando explícita A mensuração direta de melhorias na segu-
a responsabilização dupla dos recursos dos rança também pode demonstrar progresso
doadores.71 rápido, mas embora os dados sobre mortes
violentas sejam bastante fáceis de coletar, eles
Monitoramento de resultados não estão disponíveis para os países que mais
Para avaliar o êxito dos programas e adaptá-los se beneficiariam deles: Estados frágeis de
quando surgem problemas, os reformadores baixa renda.
nacionais e seus parceiros internacionais no
país também precisam de informações acerca Diferenciação entre estratégia
dos resultados gerais da redução da violência e programas para o contexto
e acerca da confiança dos cidadãos nas metas de cada país
de segurança, justiça e empregos em intervalos Embora exista um conjunto básico de
regulares. Para a maioria dos países em desen- ferramentas que emergem da experiência,
volvimento, os Objetivos de Desenvolvimento cada país precisa avaliar suas circunstâncias
do Milênio (ODMs) e as metas e indicadores e adaptar as lições de outros ao contexto
associados a eles são a estrutura internacional político local. Cada país enfrenta tensões
dominante. Os ODMs elevaram o perfil do diferentes, diferentes desafios às instituições,
desenvolvimento humano abrangente e conti- diferentes grupos interessados que precisam
nuam a ser importantes objetivos de longo ser envolvidos para fazer diferença e diversos
prazo para os países que enfrentam a fragi- tipos de oportunidades de transição. As dife-
lidade e a violência. Mas eles têm inconve- renças não são preto ou branco, mas ocorrem
nientes quanto a sua importância direta para em um espectro — cada país terá diferentes
o progresso na prevenção e recuperação da manifestações de violência, diferentes combi-
violência. Não cobrem a segurança cidadã, nações de tensões internas e externas e dife-
justiça ou empregos. Eles se movem lenta- rentes desafios institucionais — e esses fatores
mente e, portanto, não oferecem aos reforma- irão mudar com o tempo. Mas todos os países
dores nacionais ou a seus parceiros interna- enfrentam alguns aspectos dessa mescla.
cionais as espirais de feedback rápido capazes O Relatório cobre algumas das principais dife-
de demonstrar áreas de progresso e identificar renças nas circunstâncias dos países mediante
riscos novos ou remanescentes. a diferenciação simples demonstrada acima.
Um complemento útil para os ODMs Os reformadores nacionais e seus inter-
seriam indicadores que medissem mais dire- locutores nos países precisam tomar dois
tamente a redução da violência, a geração tipos de decisão em cada etapa da geração de
de confiança bem como a segurança cidadã, confiança e reforma institucional, levando em
justiça e emprego (Recurso 4). Os dados conta o contexto político local. A primeira é
de pesquisas com cidadãos, notoriamente decidir os tipos de sinais — ações imediatas e
ausentes em muitos países frágeis e afetados divulgações dos resultados iniciais, bem como
por conflitos poderiam ajudar a preencher políticas de longo prazo — que podem ajudar

Espectros de desafios e oportunidades em situações específicas


Tipos de violência: Civil e/ou criminal e/ou transfronteiriça e/ou subnacional e/ou ideológica

Oportunidade de transição: Gradual/limitada Principais partes interessadas: Partes interessadas


a espaço imediato/importante para a mudança internas versus externas; partes interessadas estatais
vs. não-estatais; partes interessadas de baixa renda
vs. de renda média-alta

Principais tensões: Tensões internas vs. externas; Desafios institucionais: Grau de capacidade,
níveis elevados vs. níveis baixos de divisões entre responsabilização e inclusão
os grupos
22 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

a construir coalizões colaborativas “suficiente- qualquer é menos importante do que os défi-


mente inclusivas”. O segundo é decidir sobre cits institucionais subjacentes que permitam
o desenho dos programas prioritários para ciclos repetidos de violência — e que aborda-
iniciar a transformação institucional. gens de sucesso para tratar da violência polí-
Na diferenciação entre os sinais polí- tica, comunitária e criminal tenham muito em
ticos e de políticas, fazem diferença o tipo de comum. Mas a mescla de diferentes tipos de
tensões enfrentadas e os grupos interessados violência não afeta a estratégia. A desigualdade
cujo apoio é mais necessário para a ação entre grupos étnicos, religiosos ou geográficos
eficaz. Quando cisões étnicas, geográficas ou é importante como um risco de conflito civil
religiosas estiverem associadas ao conflito e — programas de emprego e serviços focariam
quando a cooperação entre esses grupos for então a igualdade e oportunidades de ligação
crucial para o progresso, a credibilidade das entre esses grupos. Mas para a violência
indicações poderá depender de as pessoas criminal organizada, a desigualdade entre
gozarem ou não de respeito entre os grupos. ricos e pobres importa mais (independente de
Quando a corrupção representar uma tensão identidades étnicas ou religiosas). A violência
grave, a credibilidade das principais indica- com fortes ligações internacionais — crimi-
ções poderá depender da reputação de inte- nalidade organizada, recrutamento interna-
gridade dos indivíduos. cional em movimentos ideológicos — exige
O tipo de momento de transição também maior cooperação internacional.
faz diferença. No final das guerras do Japão As circunstâncias do país também fazem
e da República da Coreia, no nascimento diferença para o desenho do programa,
da nova nação do Timor Leste, na primeira exigindo as condições políticas locais “mais
eleição pós-guerra da Libéria, na vitória bem ajustadas”. Por exemplo, as aborda-
militar na Nicarágua e após o genocídio de gens comunitárias multissetoriais podem ser
Ruanda, havia mais espaço para anúncios eficazes em contextos tão diferentes quanto
rápidos de mudança política, social e institu- os da Costa do Marfim, Guatemala e Irlanda
cional de longo prazo do que existe hoje para do Norte — mas seria necessário mais atenção
o governo de coalizão no Quênia ou outras na Costa do Marfim e Irlanda do Norte para
situações de reforma negociada. garantir que essas abordagens não fossem
Capacidade institucional, responsabili- vistas como direcionadas a um grupo étnico
zação e confiança entre os grupos também ou religioso mas, em vez disso, como cria-
afetam as escolhas e o calendário dos anún- doras de vínculos entre grupos. A Colômbia e
cios políticos preliminares. Em países com o Haiti estão considerando a reforma no setor
instituições fortes mas que foram conside- de justiça, mas os problemas de responsabili-
radas ilegítimas porque são excludentes, zação e capacidade são um grande desafio no
abusivas ou irresponsáveis (como em algumas Haiti e as reformas teriam sido concebidas em
transições a partir de regimes autoritários), conformidade.75 Nos países de renda média
a ação relativa à transparência, participação com instituições sólidas que enfrentam desa-
e justiça pode ser mais importante para a fios de exclusão e responsabilização, lições
geração de confiança de curto prazo do que sobre o desenho do programa, sucessos e
o fornecimento de bens e serviços. Quando oportunidades perdidas virão principalmente
a coesão social está dividida em facções, dos países que enfrentaram circunstâncias
pode ser necessário tempo para construir a similares, tais como as transições democrá-
confiança entre os grupos antes de tentar-se ticas na América Latina, Indonésia, Europa
uma reforma mais ampla. Na África do Sul, Ocidental ou África do Sul. Portanto, os refor-
por exemplo, os líderes sabiamente deram madores nacionais e seus parceiros interna-
tempo para a reforma constitucional e o cionais precisam refletir sobre a economia
desenvolvimento de confiança entre grupos política de intervenções e adaptar o desenho
antes da primeira eleição pós-apartheit.73 E na do programa a esse contexto (Recurso 5).
Irlanda do Norte a transferência das funções Cada país precisa de sua própria avaliação
de segurança e justiça para o governo local de riscos e prioridades para desenhar a estra-
foram retardadas até que a confiança e a tégia e os programas mais adequados ao seu
responsabilização aumentassem.74 contexto político. As ferramentas de avaliação
Uma mensagem essencial é que a manifes- internacional, tais como as avaliações das
tação particular de violência em um momento necessidades pós-conflito/pós-crise, podem
Visão geral 23

identificar os riscos e as prioridades. Essas Especificamente, embora existam processos


avaliações poderiam ser intensificadas com: para prestar a assistência pós-guerra típica
• A adaptação periódica e frequente das dos paradigmas do século XX, dispensa-se
avaliações em diferentes momentos de pouca atenção no que se refere a ajudar países
transição, inclusive quando os riscos são que lutam para impedir ciclos repetidos de
maiores, e não somente após uma crise. violência política e criminosa (Recurso  6,
Figura 6.1) e aos desafios envolvidos na trans-
• A identificação das características especí- formação de instituições para fornecer segu-
ficas de oportunidades de transição, pres- rança cidadã, justiça e empregos. Os processos
sões, desafios institucionais, partes interes- internos dos organismos internacionais são
sadas e instituições que fornecem muito lentos, muito fragmentados, muito
segurança cidadã, justiça e empregos. dependentes de sistemas paralelos e muito
• Identificação das prioridades a partir da rápidos para deixar o cenário, e há divisões
perspectiva do cidadão e das partes interes- significativas entre os atores internacionais.
sadas por meio de grupos de interesse ou O conjunto de ferramentas preventivas
pesquisas de opinião, como fez a África do no sistema internacional tem melhorado,
Sul ao desenvolver suas prioridades de com aumentos na capacidade de mediação
reconstrução ou como fez o Paquistão ao global e regional78 e nos programas que
avaliar as fontes de violência nas regiões apoiam esforços de colaboração locais e
fronteiriças.76 nacionais para mediar a violência. Os exem-
• A análise explícita do histórico de inicia- plos incluem os comitês da paz de Gana
tivas passadas, como fez a Colômbia ao apoiados pelo Programa das Nações Unidas
revisar pontos fracos e fortes de iniciativas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo
anteriores para solucionar a violência no Departamento de Assuntos Políticos das
início dos anos 2000.77 Nações Unidas (UNDPA)79 e pelos projetos
comunitários do Banco Interamericano de
• Com uma abordagem mais realista a Desenvolvimento (BID) para a segurança
respeito do número de prioridades identifi- cidadã. Esses programas geralmente apoiam
cadas e dos cronogramas, assim como com atividades relacionadas à segurança cidadã,
as mudanças recomendadas para a justiça e empregos, mas elas não integram as
avaliação conjunta das necessidades pós- principais tendências sobre desenvolvimento,
-crise das Nações Unidas –Banco Mundial– diplomacia e segurança. A mediação sob os
União Europeia. auspícios da ONU, de mecanismos regional
e de ONGs tem tido um papel significativo
em uma gama de casos — desde a mediação
UA-ONU-ECOWAS na África Ocidental para
PARTE 3: REDUÇÃO DOS a facilitação das Nações Unidas do Acordo
RISCOS DE VIOLÊNCIA — de Bonn do Afeganistão, até iniciativas não
ORIENTAÇÕES DA governamentais, tais como o Centro para o
POLÍTICA INTERNACIONAL Diálogo Humanitário e a Iniciativa de Gestão
da Crise em Aceh.80
A ação internacional proporcionou grandes Mas esses programas ainda não são desen-
benefícios para o progresso da segurança e volvidos em grande escala. Para os países é
da prosperidade. É difícil imaginar como muito mais difícil obter assistência interna-
os líderes comprometidos da Europa do cional para apoiar o desenvolvimento de suas
pós-Segunda Guerra Mundial, Indonésia, forças policiais e judiciárias do que de suas
República da Coreia, Libéria, Moçambique, forças militares. Assistência internacional para
Irlanda do Norte ou Timor-Leste teriam esta- o desenvolvimento econômico tende a apoiar
bilizado seus países sem a ajuda de outros mais facilmente a política macroeconômica e
países. Muitos indivíduos que trabalham capacidades de saúde ou educação do que a
em Estados frágeis e afetados por conflitos criação de empregos. A capacidade policial, o
são profissionais dedicados tentando apoiar desenvolvimento doutrinário e o treinamento
esforços nacionais. Mas eles são limitados da ONU melhoraram, mas não estão inteira-
por estruturas, ferramentas e processos proje- mente vinculados a capacidades de justiça.
tados para diferentes contextos e finalidades. Embora alguns órgãos bilaterais forneçam
24 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

RECURSO 5 Adaptando o desenho do programa do nível comunitário ao contexto do país

Países: Afeganistão, Burundi, Camboja, Colômbia, • No Burundi, a falta de progresso na descentralização geral e
Indonésia, Nepal, Ruanda as dificuldades no monitoramento dos fundos por meio de
estruturas comunitárias significavam que a responsabilidade
O s elementos básicos de um programa de desenvolvimento
comunitário pós-conflito são simples e podem ser adap-
tados a uma ampla série de contextos nacionais. Todos os
pela gestão dos fundos era das ONGs parceiras.
• No Programa Nacional de Solidariedade do Afeganistão, as
programas comunitários sob os auspícios do Estado consistem, ONGs também assumiram a responsabilidade inicial pela
essencialmente, em mecanismos de tomada de decisões pela gestão dos fundos enquanto os conselhos eram treinados em
comunidade para determinar prioridades bem como o forneci- escrituração contábil, mas em um ano os subsídios em bloco
mento de fundos e ajuda técnica para implementá-las. Neste começaram a ser transferidos diretamente para os
modelo há uma grande discrepância que pode ser adaptada a conselhos.
diferentes tipos de pressões e capacidades institucionais assim
• Na Colômbia, onde os principais desafios institucionais eram
como a diferentes oportunidades de transição. As três impor-
aproximar o Estado das comunidades e superar a descon-
tantes fontes de discrepância dizem respeito à forma como é
fiança entre as agências governamentais civis e as de segu-
realizada a tomada de decisões pela comunidade, quem controla
rança, os fundos eram mantidos por cada ministério do
os fundos e que lugar os programas ocupam no governo.
governo, mas as aprovações de atividades eram dadas por
Diferentes pressões, capacidade e responsabilização institu-
equipes multissetoriais nos escritórios de representação.
cional afetam a tomada de decisão pela comunidade. Em muitas
áreas violentas, os conselhos comunitários foram destruídos ou • No Nepal, os programas comunitários mostram o conjunto
estão desacreditados. Uma primeira etapa importante é reesta- completo: alguns programas delegam a principal responsabi-
belecer formas participativas de representação confiáveis. Em lidade pela supervisão dos fundos para as ONGs parceiras;
Burundi, por exemplo, uma ONG local organizou eleições para em outros programas, tais como o amplo programa de escolas
comitês representativos para lidar com desenvolvimento comu- de aldeia, as comissões de escolas comunitárias são os
nitário das comunas participantes, que englobavam diferentes proprietários legais das instalações das escolas e podem usar
grupos étnicos. Do mesmo modo, o Programa Nacional de os fundos do governo para contratar e formar seu pessoal.
Solidariedade do Afeganistão deu início a eleições no nível das
O tipo de momento de transição afeta a forma como as estru-
aldeias para formar um conselho de desenvolvimento comuni-
turas de tomada de decisão da comunidade se alinham com a
tário. Mas os programas da Indonésia para as áreas afetadas por
administração formal do governo. Muitos países que estão
conflitos de Aceh, Maluku, Sulawesi e Kalimantan não reali-
saindo do conflito também passarão por importantes reformas
zaram novas eleições comunitárias. Os conselhos comunitários
constitucionais e administrativas ao mesmo tempo em que os
estavam basicamente intactos e as leis nacionais haviam provi-
programas comunitários de resposta rápida serão lançados.
denciado eleições democráticas locais nas aldeias. A Indonésia
Pode ser difícil alinhar os conselhos comunitários com as estru-
também tentou separar subsídios para aldeias de muçulmanos e
turas emergentes do governo. No Programa Nacional de
cristãos para minimizar tensões intercomunitárias, mas acabou
Solidariedade do Afeganistão, por exemplo, os Conselhos de
por usar fundos e conselhos comuns para superar as divisões
Desenvolvimento Comunitário, embora constituídos sob uma
entre essas comunidades.
lei vice-presidencial de 2007, ainda estão sob revisão para inte-
Os diferentes desafios institucionais também afetam aqueles
gração formal na estrutura administrativa nacional. No
que detêm os fundos. Os programas devem pesar as compensa-
Programa Seila do Camboja, os conselhos foram lançados sob os
ções entre o primeiro objetivo de geração da confiança com os
auspícios do Programa das Nações Unidas para o
riscos da perda de dinheiro ou a apropriação dos recursos por
Desenvolvimento (PNUD) e depois passaram para a estrutura
parte da elite, conforme mostrado nos seguintes exemplos:
da comuna do governo recentemente formada. Em Ruanda,
• Na Indonésia, onde a capacidade local era muito sólida, os uma maior oportunidade de mudança após o genocídio signi-
conselhos subdistritais estabeleceram unidades de gestão ficou que os conselhos podiam ser integrados aos planos de
financeira que são periodicamente auditadas, mas têm total descentralização do governo desde o início.
responsabilidade em todos os aspectos do desempenho
financeiro. Fonte: Guggenheim 2011.
Visão geral 25

assistência especializada para reforma da assistência.84 Em uma pesquisa recente da


segurança e justiça, suas capacidades são Comissão Europeia sobre a assistência para
relativamente novas e pouco desenvolvidas o Camboja, mais de 35% de todos os projetos
em comparação a outras áreas. Instituições tinham uma duração inferior a um ano e 66%
financeiras internacionais e assistência econô- duravam menos de três anos. Apesar da neces-
mica bilateral tendem a focar principalmente sidade de uma assistência mais consistente e
o crescimento e não na geração de empregos. sustentada, a ajuda para Estados frágeis é
Segurança cidadã, justiça e empregos não são muito mais volátil do que a ajuda para Estados
mencionados nos ODMs. não frágeis — na verdade, duas vezes mais
Todos os programas descritos acima volátil, com uma perda em eficiência estimada
exigem ação vinculada de atores da diplo- em 2,5% do PIB para Estados beneficiários
macia, da segurança e do desenvolvimento (Recurso 6, Figuras F6.2 e F6.3).85
e, às vezes, atores humanitários. No entanto, A ação regional e global sobre as tensões
esses atores geralmente avaliam prioridades externas é uma parte importante da redução
e desenvolvem seus programas separada- de riscos, mas a assistência ainda é focada
mente, com esforços para ajudar reformadores principalmente no nível de cada país.
nacionais a desenvolver programas unificados Alguns processos inovadores contra o tráfico
como exceção e não como regra. As “missões combinam incentivos de oferta e demanda
integradas” da ONU e várias iniciativas de e os esforços de várias partes interessadas
“governo integral” e “sistemas integrais”, em países desenvolvidos e em desenvolvi-
tanto bilaterais como regionais, surgiram mento86 — um é o Esquema de Certificação
para superar o desafio de unificar estratégias do Processo Kimberley para conter a venda de
e operações de desenvolvimento, segurança diamantes ligados ao conflito.87 No entanto,
e diplomacia.81 Mas diferentes disciplinas ainda está faltando um princípio geral de
trazem com elas diferentes objetivos, prazos co-responsabilidade, combinando ações de
de planejamento, processos de tomada de oferta e demanda e cooperação entre regiões
decisão, fluxos de financiamentos e tipos de desenvolvidas e em desenvolvimento. Os
cálculo de risco.82 esforços atuais sofrem com a deficiência e
De modo geral, a assistência costuma ser a fragmentação nos sistemas financeiros
lenta para chegar apesar dos esforços da ONU usados para “seguir o dinheiro” que flui de
e das instituições financeiras internacionais, e transações corruptas. E são restritos por uma
os doadores bilaterais para estabelecer meca- multiplicação de iniciativas multinacionais
nismos rápidos de desembolsos e implemen- fracas e conflitantes no lugar de abordagens
tação. A ajuda é fragmentada em pequenos regionais sólidas e bem dotadas de recursos.
projetos, tornando difícil para os governos Apesar de algumas exceções — os programas
concentrar esforços em alguns resultados regionais de  longa duração do Banco de
chave. A Organização para a Cooperação Desenvolvimento Asiático e da União
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) Europeia, os escritórios do Departamento
pesquisou em 2004 que em 11 países frágeis de Assuntos Políticos da ONU e aumentos
havia uma média de 38 atividades por doador, recentes nos empréstimos regionais feitos pelo
cada projeto com um montante médio de Banco Mundial — a maioria dos doadores de
apenas US$ 1.1 milhão — muito pouco para ajuda para o desenvolvimento focam princi-
a maior parte ter algum impacto sobre os palmente no apoio nacional, em vez de focar
desafios de transformação institucional.83 Os no apoio regional.
doadores de ajuda geralmente operam em O panorama internacional está se tornando
países frágeis por meio de sistemas paralelos mais complexo. O fim da Guerra Fria teve o
às instituições nacionais — com unidades de potencial para antecipar uma nova era de
projeto separadas para ajuda ao desenvolvi- consenso no apoio internacional à violência
mento e com programas humanitários imple- e áreas afetadas por conflitos. Na verdade, a
mentados por meio de ONGs internacionais. última década tem presenciado um aumento
Apesar do progresso na ampliação dos hori- na complexidade e problemas contínuos de
zontes temporais das missões de manutenção coordenação. Os atores políticos, de segurança,
da paz e de alguns tipos de assistência, o sistema humanitários e de desenvolvimento, presentes
é restrito por um foco de curto prazo em opor- no contexto de cada país, tornaram-se mais
tunidades pós-conflito e alta volatilidade em numerosos. Acordos legais que estabelecem
26 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

padrões para uma liderança nacional muito sensíveis aos riscos de uma crítica
responsável se tornaram mais complicados interna sobre desperdício, abuso, corrupção
com o decorrer do tempo: A Convenção das e falta de resultados em programas de
Nações Unidas contra o Genocídio, de 1948 doadores. Os atores internacionais precisam
, tem 17 parágrafos em vigor; a Convenção ser responsabilizados por seus cidadãos e
contra a Corrupção, de 2003, tem 455. Nos contribuintes, assim como pelas necessidades
países da OCDE, há opiniões divididas nacionais de seus parceiros e essas
sobre o papel relativo da assistência para expectativas podem estar em conflito (figura
segurança e desenvolvimento e sobre a 3.1).
ajuda dada pelas instituições nacionais. O O lento progresso na mudança do
aumento na assistência proveniente de países comportamento dos doadores é proveniente
de renda média, com um histórico de apoio desses incentivos subjacentes. Por exemplo,
solidário, não somente traz nova energia, realizar pequenos projetos por meio de
recursos e ideias valiosos, mas também sistemas paralelos, focando na “forma e
novos desafios nas diferentes visões dos não na função” da mudança (com ênfase
atores internacionais. As consultas da WDR nas eleições, leis-modelo de aquisições e
frequentemente revelam opiniões divididas comissões de combate à corrupção e defesa
entre os atores nacionais, órgãos regionais, dos direitos humanos) e evitar compromissos
países de renda média e doadores da OCDE com o reforço de instituições de maior risco
sobre o que é realista esperar de uma — tudo isso ajuda os doadores a gerenciarem
liderança nacional ao melhorar a governança, as expectativas internas de resultados e a
sobre que período e sobre as “formas” versus crítica pelo insucesso. No rigoroso ambiente
as “funções” de uma boa governança (eleições fiscal de hoje de muitos doadores, o dilema
versus práticas e processos democráticos é se tornar mais proeminente, e não menos.
mais amplos; minimizar a corrupção na As pressões internas também contribuem
prática versus estabelecer leis de aquisições e para divisões entre doadores, pois alguns
comissões anticorrupção). doadores enfrentam muito mais pressão
A responsabilização dupla está no âmago interna do que outros sobre corrupção,
do comportamento internacional. Os atores igualdade de gêneros ou a necessidade de
internacionais sabem que é necessário uma mostrar benefícios econômicos em seu
participação mais rápida, mais inteligente país resultantes da ajuda além-mar. A
e de longo prazo por meio de instituições responsabilização em favor de contribuintes
nacionais e regionais para ajudar sociedades é uma faceta desejável da ajuda de doadores
a se fortalecerem. Mas como foi destacado — mas o desafio é ajustar as expectativas
pela Rede Internacional sobre Conflito e internas às necessidades e realidades da
Fragilidade da OCDE88, eles também são assistência no terreno.

F I G U R A 3 .1 O dilema da responsabilização dupla para doadores


comprometidos com ambientes frágeis e em conflito

Responsabilização
Atores Atores
Nacionais Internacionais
Responsabilização
Responsabilização

Responsabilização

Diferentes perspectivas
de riscos e resultados

Grupos de representantes Grupos eleitorais internos


nacionais e órgãos deliberativos.

Fonte: Equipe do WDR.


Visão geral 27

RECURSO 6 Padrões de assistência internacional para países afetados pela violência


F I G U R A F 6.1 Apoio internacional desigual na África Ocidental — pós-conflito supera a prevenção
Um conceito isolado de progresso e as dificuldades de prevenção levaram a um foco excessivo nas transições pós-conflito.
A quantidade de verba para ajuda e para a manutenção da paz direcionada aos países após o fim de uma guerra civil
ultrapassa bastante o que é fornecido a países que lutam para impedir um agravamento do conflito.

450
e manutenção da paz (em US$ corrente)

400
Despesa total, per capita, da ajuda

350
300
250
200
150
100
50
0
Libéria (período Serra Leoa Guiné Guiné-Bissau Togo (período Média global
em destaque: (período em (período em (período em em destaque: para países
2004 a 2008) destaque: destaque: 2008) destaque: 2005 a 2008) de baixa renda
2000 a 2003) 2002 a 2005)

África Ocidental, países selecionados (2000 a 2008)

Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados em OECD 2010d.

F I G U R A F 6.2 A volatilidade da ajuda aumenta FIGURA F6.3 Ajuda com períodos de restrições
com a duração da violência e incentivos: A volatilidade nos Estados
frágeis selecionados
Nos últimos 20 anos, os países que sofreram períodos mais longos de
fragilidade, violência ou conflito experimentaram mais volatilidade em Os quatro países abaixo fornecem uma ilustração. Não raramente
sua ajuda. Figura 6.2 mostra que o coeficiente de variação da assistência a ajuda total para Burundi, República Centro-Africana, Guiné-Bissau
oficial ao desenvolvimento(ODA, do inglês “official development
e Haiti caía de 20 a 30% em um ano e aumentava até 50% no ano
assistance”), total líquida, excluindo o perdão da dívida, é mais alto em
seguinte (ajuda humanitária e perdão da dívida, excluídos dessas
países que sofreram violência prolongada desde 1990. Esta relação,
estatísticas, aumentariam ainda mais a volatilidade).
refletida pela linha de tendência de crescimento, é estatisticamente
Variação do % anual da ajuda per capita

150
significativa e sugere que, em média, um país que sofreu 20 anos de
violência experimentou duas vezes mais volatilidade na ajuda do que
100
um país que não sofreu violências. A volatilidade das receitas tem custos
consideráveis para todos os governos, mas especialmente em situações
frágeis nas quais ela pode sabotar esforços de reforma. 50

–50

–100
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Burundi República Centro-Africana
Guiné-Bissau Haiti

Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados em OECD 2010d.

Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados na OCDE 2010d.


28 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

As respostas multilaterais também são Medida 1: Prestar assistência


restritas por acordos históricos adequados especializada para prevenção
a ambientes mais estáveis. Por exemplo, os por meio de segurança cidadã,
procedimentos de aquisições de instituições justiça e empregos
fi nanceiras foram baseados na suposição
Os vínculos entre o desenvolvimento e a segu-
de uma segurança contínua, em um nível
rança são aplicados em todas as áreas empe-
razoável de capacidade institucional estatal
nhadas em prevenir a violência política ou
e em mercados competitivos. Portanto, eles
criminosa em larga escala. Tanto a violência
têm dificuldade de se adaptar a situações em política como a violência criminal precisa de
que as condições de segurança mudam entre um enfoque inovador, que vá além do para-
a elaboração e a licitação de um projeto, digma de desenvolvimento tradicional. Os
onde um pequeno número de interlocu- problemas da segurança cidadã e das queixas
tores qualificados dos governos lutam para sobre justiça e empregos não são periféricos
gerenciar uma complexa documentação de para “integrar” a dimensão do desenvolvi-
aquisições e onde o número de empreiteiros mento. Elas são de várias formas um problema
qualificados preparados para concorrer para os países maiores e mais prósperos que
e mobilizar é muito limitado. Da mesma enfrentam violência subnacional urbana e
forma, o Secretariado da ONU desenvolveu rural, para os países que estão emergindo de
originalmente sistemas de aquisições proje- conflito e fragilidade que precisam prevenir
tados para sua função, como o serviço de a recorrência e para regiões que enfrentam
assessoramento na sede e no secretariado da ameaças novas ou ressurgentes de protesto
Assembleia Geral. Mas quando as operações e instabilidade social. O fortalecimento de
de manutenção da paz foram lançadas, esses instituições que proporcionam segurança
sistemas foram ampliados com relativamente cidadã, justiça e empregos é crucial para a
pouca adaptação, apesar da diferença nos prevenção da violência e instabilidade tal ação
contextos e objetivos. não é uma “fórmula mágica” capaz de impedir
Para alcançar uma mudança real nas todo episódio de violência, mas é crucial para
abordagens que podem restaurar a confiança mudar as probabilidades de violência e para
e evitar a recorrência de riscos, os atores uma redução contínua dos riscos.
internacionais podem considerar quatro Uma lição importante sobre prevenção
medidas para melhorar as respostas globais bem-sucedida e a recuperação pós-violência
para segurança e desenvolvimento, como a é que a segurança, a justiça e as pressões
figura a seguir: econômicas estão vinculadas: abordagens
que tentam resolvê-las por meio de soluções
• Medida 1: Prestar assistência mais espe- ligadas exclusivamente ao militar, à justiça ou
cializada, e mais integrada, para a segu- ao desenvolvimento irão fracassar. É neces-
rança cidadã, justiça e empregos — sário um conjunto de programas especia-
voltada para a prevenção de situações lizados em ambientes frágeis, combinando
imediatas de pós-confl ito e aumento de elementos de transformação na segurança,
riscos. justiça e economia. Mas como essas áreas são
cobertas por diferentes órgãos internacionais,
• Medida 2: Reformar os sistemas internos tanto bilaterais como multilaterais, é raro
dos organismos para permitir que uma obter uma ação combinada em um contexto
ação rápida restaure a confiança e de programa global. Um conjunto especiali-
promova um reforço institucional de zado de programas combinados de segurança-
longo prazo em apoio aos esforços -justiça-desenvolvimento precisa visar um
nacionais. efeito catalítico, apoiando esforços colabora-
• Medida 3: Atuar regional e globalmente tivos nacionais para vencer esses desafios. As
sobre as tensões externas. mudanças nas abordagens dos organismos
• Medida 4: Reunir o apoio dos países de internacionais para apoiar tais programas
incluiriam (figura 3.2):
renda baixa, média e alta e de instituições
globais e regionais, para refletir o pano- • Passar de um esporádico alerta antecipado
rama em transformação da política e para uma avaliação de risco contínua
assistência internacionais. sempre que uma legitimidade institucional
Visão geral 29

F I G U R A 3.2 Ação combinada nas esferas de segurança, desenvolvimento e humanitária para os atores externos
apoiarem as transformações institucionais nacionais
SEGURANÇA
CIDADÃ,
JUSTIÇA
E EMPREGOS

TENSÃO
EXTERNA RE
CU
P

ER

TR

ÃO
A N S F O R M AÇ ÃO

DA C
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ONFIANÇ A
CU
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ÃO
NS

DE
F O R M AÇ Ã

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CU A CO N F I A N Ç A
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TI UMA NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS
ER
TRAN

S
TU
ÃO

I ÇÕ
S F O R M AÇ Ã

OD
D
A CONFIANÇ A

ES Passando de alerta antecipado para avaliação


EI

TI
NS

TU contínua do risco.
OD

I ÇÕ
ES
EI

ST
Apoio orçamentário e assistência técnica para
N

IT
UI
ÇÕ
ES
segurança cidadã e justiça em equipes conjuntas
VIOLÊNCIA APOIO EXTERNO
e FRAGILIDADE Recursos financeiros no apoio aos acordos
E INCENTIVOS
colaborativos e mediados
Processos de planejamento unificado
Programas Estado-comunidade, Estado-ONG,
esfera diplomática desenvolvimento
Estado-setor privado para a prestação de serviços
e prevenção da violência multissetorial
segurança esfera humanitária
Apoio humanitário para sistemas de proteção
do Estado
Fonte: Equipe do WDR.

precária e tensões internas e externas indi- e justiça, enquanto parceiros com


carem a necessidade de atenção à prevenção conhecimento especializado em segu-
e a capacidades de processos de reformas rança e justiça podem contribuir para
pacíficas. a geração de capacidades técnicas,
como foi feito no Timor-Leste durante
• Simplificar os mecanismos atuais de
a preparação para a independência.89
avaliação e planejamento para prestar aos
países um processo que apoie um planeja- ➢ Programas comunitários multissetoriais
mento nacional que inclua as áreas polí- que envolvem policiamento e justiça,
ticas, humanitárias, de justiça, segurança e além de atividades de desenvolvimento,
desenvolvimento. tais como as iniciativas na América
• Passar da retórica de coordenação para Latina para prestar serviços locais de
programas de apoio combinados de segu- justiça e solução de controvérsias, poli-
rança, justiça e empregos locais e serviços ciamento comunitário, emprego e trei-
associados, cada qual dentro de seus namento, espaços comerciais e públicos
respectivos mandatos e sua respectiva seguros, programas socioculturais que
técnica. Duas prioridades de programas promovam a tolerância.
combinados são:
• Criar instalações para mediadores e
➢ Assistência técnica e financiamento enviados especiais (internos e internacio-
para reformas na segurança e justiça nais) para aproveitar uma perícia mais
apoiadas por equipes combinadas. apoiada por órgãos internacionais, tanto
Entidades de desenvolvimento, por para informar sobre acordos de transição
exemplo, podem apoiar medidas para como para estimular recursos para ativi-
abordar processos de orçamento e dades integradas identificadas colaborati-
despesas nas funções de segurança vamente pelas partes diferentes de um
30 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

conflito. Isso deve incluir esforços especí- entre a gestão das finanças públicas e o reforço
ficos para apoiar a função cada vez mais institucional, administração jurídica, desen-
importante de instituições regionais e volvimento de sistemas de justiça e aborda-
subregionais, tais como UA e ECOWAS, gens multissetoriais no âmbito da comuni-
fornecendo-lhes vínculos específicos com a dade que combinam serviços comunitários
técnica de desenvolvimento. de policiamento e justiça com programas de
• Considerar quando a ajuda humanitária coesão social, desenvolvimento e criação de
pode ser integrada aos sistemas nacionais empregos. Mas as IFIs não são equipadas para
sem comprometer os princípios humanitá- liderar o apoio internacional especializado
rios — com base na boa prática atual do nessas áreas. Uma clara liderança no sistema
PNUD, Fundo das Nações Unidas para a da ONU ajudaria nessa iniciativa.
Infância (UNICEF), Organização Mundial Agências com competência econômica
de Saúde (OMS), Programa Mundial de precisam prestar mais atenção à questão dos
Alimentos (PMA) e outros, ao combinar empregos. Programas nacionais de obras
ajuda humanitária com geração de capaci- públicas baseadas na comunidade devem
dades, usando pessoal local e estruturas da receber um apoio maior e prazo mais longo
comunidade e comprando alimentos em situações frágeis, em reconhecimento ao
localmente. tempo necessário para que o setor privado
absorva o desemprego de jovens. Outros
Para implementar esses programas seriam
programas prioritários para a criação de
necessárias mudanças na capacidade interna-
empregos incluem investimentos para o apoio
cional. A segurança cidadã e a justiça requerem
da infraestrutura, em particular, eletricidade
capacidades novas e interligadas para lidar
e trânsito. Um terceiro grupo de programas
com as repetidas ondas de violência política e
é aquele que investe em aptidões e experi-
criminal. O ponto inicial para uma capacidade
ência de trabalho; desenvolve vínculos entre
mais profunda nesta área é o investimento do
governo em pessoal treinado de prontidão produtores, comerciantes e consumidores; e
para ocupar uma série de funções de polícia expande o acesso a financiamentos e ativos,
executiva e de aconselhamento, funções corre- por exemplo, por meio de habitação de baixa
cionais e de justiça. Os Estados precisarão de renda. As atuais instituições financeiras inter-
reservas da polícia e da justiça para responder nacionais e as iniciativas da ONU focadas na
com eficácia à violência contemporânea, utili- criação de empregos devem abordar explici-
zando pessoal aposentado, voluntários em tamente as necessidades específicas das áreas
atividade e unidades constituídas de polícia de afetadas pela fragilidade, conflito e violência,
alguns países. Em segundo lugar, essas capaci- reconhecendo que a criação de empregos
dades devem ser treinadas e implantadas, sob nessas situações pode ir além dos benefícios
uma doutrina compartilhada para vencer os materiais ao fornecer uma função produtiva e
desafios de coerência apresentados por dife- uma ocupação para os jovens, e ao avaliar e
rentes modelos nacionais de policiamento.90 expandir os exemplos de políticas de emprego
Um maior investimento por meio da ONU e mais bem ajustadas para as situações frágeis
de centros regionais no desenvolvimento de apresentadas neste Relatório. A iniciativa
uma doutrina conjunta e treinamento prévio global de empregos deve incluir o redirecio-
de capacidades do governo aumentaria a namento para os riscos representados pelo
eficácia e reduziria a incoerência. emprego de jovens.
Por último, a responsabilidade pelo Essas abordagens ajudariam. Mas é
trabalho de reforma da justiça deve ser provável que haja uma pressão contínua das
esclarecida na estrutura internacional para grandes populações jovens desempregadas,
permitir que órgãos multilaterais e bilaterais a menos que seja criada uma iniciativa inter-
invistam no desenvolvimento das capacidades nacional mais significativa. Uma abordagem
e especializações necessárias. Há áreas onde, a mais arrojada poderia reunir capacidades
pedido do governo, o Banco Mundial e outras de entidades de desenvolvimento, do setor
IFIs podem considerar o desempenho de privado, fundações e ONGs em uma nova
uma função mais ampla em apoio à base do parceria global para estimular investimentos
desenvolvimento na prevenção da violência em países e comunidades onde o alto desem-
em seus mandatos — tais como os vínculos prego e a desocupação social contribuem para
Visão geral 31

os riscos de um conflito. Ao focar principal- • Esperar um certo grau de falhas nos


mente na criação de empregos por meio de programas que requerem inovação e parti-
financiamento de projetos, serviços de assesso- cipação de instituições precárias em
ramento, treinamento, colocação no emprego ambientes de risco e adaptá-los de modo
e garantias para apoiar pequenas e médias apropriado.
empresas, a iniciativa também poderia apoiar
iniciativas socioculturais que promovem uma A gestão de riscos de doadores também
boa governança, capacidades colaborativas em depende basicamente dos controles na sede e
comunidades, tolerância social e reconheci- não de mecanismos de prestação “mais bem
mento do papel socioeconômico dos jovens. ajustados” às condições locais. Esta abor-
As capacidades do setor privado a serem dagem pode gerenciar riscos de doadores, mas
aproveitadas incluiriam grandes empresas limita o progresso real no reforço institucional
que negociam e investem em áreas inseguras disponível. Uma alternativa é adotar uma
(criando vínculos com os empresários locais), participação mais rápida por meio de institui-
assim como empresas de tecnologia que ções nacionais, mas variar as formas como a
podem ajudar com conectividade e treina- ajuda é prestada para gerenciar riscos e resul-
mento em áreas inseguras remotas. tados. Alguns doadores têm uma tolerância
mais alta a riscos e serão capazes de escolher
Medida 2: Transformando modos que passam mais diretamente pelos
procedimentos e gestão de orçamentos nacionais e instituições; outros
precisarão de uma maior supervisão ou envol-
riscos e resultados em agências
vimento não estatal na prestação. Três opções
internacionais
complementares:
Para implementar programas rápidos, susten-
tados e integrados para a segurança cidadã, • Variar os mecanismos de supervisão e
justiça e empregos, as entidades internacionais implementação quando participar por meio
precisam de reformas internas. Para o grupo de instituições nacionais. Mecanismos de
de líderes de Estados frágeis do G-7+, que supervisão para adaptação ao risco incluem
começou a se reunir regularmente como parte mudar de apoio orçamentário para despesa
do Diálogo Internacional sobre Consolidação “rastreada” por meio de sistemas do
da Paz e Fortalecimento do Estado, reformar governo92 e de relatórios regulares e meca-
os procedimentos internos da entidade, espe- nismo de controle interno para agentes de
cialmente os procedimentos de aquisições, monitoramento financeiro independente,
foi a sugestão número um para a reforma monitoramento independente de reclama-
internacional.91 As agências internacionais ções e agentes técnicos independentes.
não conseguem responder rapidamente para Variações nos mecanismos de implemen-
restaurar a confiança ou prestar apoio insti- tação incluem estruturas comunitárias,
tucional profundo se seu orçamento, pessoal, sociedade civil, setor privado, ONU e outros
procedimentos de aprovação e contratação órgãos executores internacionais nos
levarem meses e definirem pré-requisitos programas de prestação, conjuntamente
irreais para a capacidade institucional. com instituições governamentais.
Sistemas de agências internacionais exigiriam • Em situações de risco extremo, quando os
mudanças fundamentais para implementar doadores normalmente se desligariam,
esses programas de maneira eficaz, com base cumpre tomar medidas para que a capaci-
nos quatro princípios a seguir (como abordar dade executiva complemente os sistemas
essa implementação é tratado no Recurso 7): de controle nacionais, como  em
• Aceitar os vínculos entre a segurança e os mecanismos de “chave dupla”, onde a capa-
resultados do desenvolvimento. cidade de gestão de linhas internacionais
trabalha junto com participantes nacionais
• Basear os processos fiduciários no mundo e processos de entidades regidas por dire-
real de situações frágeis e afetadas pela torias conjuntas nacionais e internacionais.
violência: insegurança, falta de mercados Nem todos os governos desejarão consi-
competitivos e instituições precárias. derar essas opções. Quando é assim, usar as
• Equilibrar os riscos de ação com os riscos estruturas locais de pessoal e comunidade
de inação. para fornecer programas humanitários,
32 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

RECURSO 7 Reformas de agências internas


Reflexões de Membros do Conselho Consultivo do WDR: Ação rápida? Gana ajuda
a restaurar a eletricidade na Libéria
Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria; Membro do Conselho Consultivo do WDR
Após a eleição de 2005 na Libéria, o novo governo anunciou A experiência liberiana assinala duas importantes lições.
um plano de 100 dias que incluiu a reparação da eletricidade Primeiro, a necessidade de uma consulta antecipada entre os
para determinadas áreas da capital, para ajudar a restaurar a governos nacionais e os parceiros internacionais sobre o
confiança no Estado e dinamizar a recuperação nas atividades realismo na produção de resultados rápidos e na demonstração
econômicas e serviços básicos. Com o apoio da ECOWAS, o de progresso para as populações locais. Segundo, o desafio das
governo da Libéria contatou vários doadores para obter ajuda, inflexibilidades dos sistemas dos doadores incapazes de prestar
uma vez que o novo governo estava sem recursos e determinados tipos de assistência rápida. Na realidade, a UE, a
capacidade institucional de implementação. Nenhum dos USAID e o Banco Mundial foram capazes de prestar outros tipos
doadores tradicionais, formados pela ONU, Banco Mundial, de apoio (combustível, restauração das linhas de transmissão)
Banco Africano de Desenvolvimento, União Europeia e USAID, para o sistema de eletricidade em 100 dias, mas nenhum dos
foram capazes de fornecer os geradores necessários para este doadores pôde atender à necessidade específica de geradores.
empreendimento dentro do prazo desejado e de acordo com De fato, é preciso reconsiderar as políticas e processos atuais
seus sistemas regulares. O governo da Libéria foi eventual- para modificar o que chamo de conformismo procedimental
mente bem-sucedido em garantir a ajuda do governo de para países em situações de crise.
Gana, que forneceu dois geradores que ajudaram a restaurar a
eletricidade em algumas áreas urbanas.

Opções de aplicação dos princípios do WDR para a reforma de agências internas em


diferentes contextos
Aceitar os As intervenções socioeconômicas em situações de insegurança podem ser justificadamente
vínculos entre criadas para contribuir para resultados relacionados a segurança cidadã e a justiça (no programa
segurança e os de eletricidade da Libéria acima, um aumento da confiança do cidadão no governo teria sido uma
resultados do medida apropriada para o sucesso do programa, em vez da sustentabilidade do fornecimento
desenvolvimento de eletricidade). Os programas de segurança também podem ser criados para contribuir para os
resultados do desenvolvimento (um aumento no comércio, por exemplo). Isso exigiria que as agências
usassem indicadores de resultados fora de seus domínios “técnicos” tradicionais e trabalhassem juntos
nos contextos dos programas combinados descritos acima.

Processos Quando a insegurança é alta, tanto os custos quanto os benefícios das intervenções podem mudar
orçamentários dramaticamente em um período curto. Isso argumenta em favor de uma maior flexibilidade no
e fiduciários orçamento administrativo e planejamento de pessoal. Nos orçamentos dos programas, isso significa
básicos no mundo um cuidadoso sequenciamento no qual alguns programas serão mais benéficos em uma data
real: insegurança, posterior, mas também implica em dar um grande peso à velocidade (sobre algumas preocupações
falta de mercados com a economia e a qualidade) na contratação onde os benefícios de uma ação rápida são altos.
perfeitamente Quando os mercados competitivos são muito restritos e não são transparentes, diferentes controles
competitivos de aquisições — tais como pré-licitação internacional de acordo com contratos com quantidade
e instituições variável ou processos de contratação que permitem negociações diretas com o conhecimento de
precárias mercados regionais — podem ser apropriados. Quando a capacidade institucional é insuficiente, os
procedimentos precisam ser refinados para o nível mais simples do devido processo, juntamente com
mecanismos flexíveis para realizar algumas atividades em nome de instituições beneficiárias.

Equilibrar os Fora do plano dos desastres naturais, os atores internacionais geralmente tendem a ser mais sensíveis
riscos de ação ao risco de que seu apoio seja um tiro pela culatra nas críticas sobre desperdícios ou abusos do que
com os riscos ao risco de que atrasos em seu apoio aumentem o potencial para violência ou sabotem iniciativas de
de inação reformas promissoras. Ao descentralizar uma maior responsabilidade e responsabilização para uma
equipe internacional no terreno, pode-se aumentar a receptividade aos riscos da inação. A publicação
transparente dos resultados em relação aos cronogramas previstos para a liberação dos fundos de
doadores — e razões para atrasos — também ajudaria.

Esperar um Como os retornos de programas bem-sucedidos são altos, a assistência internacional pode arcar
grau de falhas com uma taxa de falhas mais alta em situações violentas. Não é como a maioria dos trabalhos de
nos programas assistência, contudo: os doadores esperam certo grau de sucesso em ambientes de risco assim
em ambientes como em ambientes seguros. Uma melhor abordagem é adaptar os princípios do setor privado ao
de riscos e investimento do capital de risco para apoiar situações frágeis e afetadas por conflitos: conduzir vários
adaptar de modo tipos diferentes de abordagens para ver qual funciona melhor; aceitar uma taxa de falhas mais alta;
apropriado avaliar rigorosamente e adaptar rapidamente; e ampliar as abordagens que estão funcionando.
Visão geral 33

econômicos e sociais ainda mantém algum desde lentidão até falta de gerenciamento de
foco na capacidade institucional local, expectativas, passando pelo sucesso variável
atenuando a fuga de cérebros para de se trabalhar por meio de sistemas nacio-
o exterior. nais.94 Os programas combinados de segu-
• Aumentar as contingências nos orça- rança-justiça-desenvolvimento e as reformas
mentos, de acordo com premissas de plane- de agências internas descritas acima ajuda-
jamentos transparentes. Quando a gover- riam a atenuar esse.
nança é volátil, os orçamentos de programas As agências internacionais precisam
de desenvolvimento, assim como os orça- pensar cuidadosamente em como estender
mentos para missões políticas e de manu- a duração da assistência para conhecer as
tenção da paz, se beneficiariam com realidades da transformação institucional
medidas de maior contingência de modo no decorrer de uma geração, sem elevar os
que mecanismos de implementação e ativi- custos. Nos programas humanitários em
dades sejam ajustados quando novos riscos crises prolongadas, aproveitar as iniciativas
e oportunidades surgirem, sem prejudicar o existentes para apoiar a contratação de pessoal
apoio geral. As premissas de planejamento local, compras locais e produção na comu-
para tais contingências — por exemplo, nidade pode aumentar o impacto sobre o
esses mecanismos de supervisão adicionais reforço institucional e reduzir os custos unitá-
serão adotados se determinadas medidas de rios. Para a manutenção da paz, há potencial
governança estabelecidas se deteriorarem para uma maior utilização de acordos mais
— devem ser transparentes tanto para os flexíveis, incluindo garantias de segurança de
governos beneficiários quanto para os longo prazo, onde forças fora do país comple-
órgãos deliberativos de entidades mentam as forças locais durante períodos
internacionais. tensos ou ampliam a alavancagem da manu-
tenção de paz externa após a conclusão das
Para alcançar resultados em larga escala, missões — conforme sugerido nas contribui-
a reunião de recursos em fundos fiduciários ções fornecidas pela UA e pelo Departamento
de vários doadores (MDTFs, do inglês multi- de Operações de Manutenção da Paz da ONU
donor trust funds) também é uma opção para este Relatório. A melhor obtenção de
eficaz, uma vez que ela oferece aos governos recursos para mediação e facilitação diplomá-
beneficiários maiores programas individuais tica também é uma vitória fácil, uma vez que
e parceiros internacionais como forma de têm custo baixo e podem reduzir as probabili-
apoiar programas que ultrapassam bastante dades de conflito.
sua própria contribuição nacional. Também Para as agências de desenvolvimento,
pode ser uma forma eficaz de reunir riscos, a redução da volatilidade de fluxos para
passando a carga da responsabilidade pelos programas que geram resultados na segurança
riscos de desperdício, abuso ou corrupção cidadã, justiça e empregos — ou simples-
dos ombros de cada doador individual para mente preservar a coesão social e a capacidade
o sistema multilateral. Fundos fiduciários humana e institucional — pode aumentar o
com múltiplos doadores produziram exce- impacto sem aumentar o custo geral. Como
lentes resultados em algumas situações — já foi descrito, a volatilidade reduz bastante
financiando, por exemplo, um conjunto de a eficácia da ajuda e é duas vezes mais alta
programas de alto impacto no Afeganistão por para países frágeis e afetados por conflitos do
meio do Fundo Fiduciário para a Reconstrução que para outros países em desenvolvimento,
do Afeganistão (ARTF) e o Fundo para a Lei apesar de sua maior necessidade de persis-
e Ordem do Afeganistão (LOTFA), apoiando tência em criar instituições sociais e governa-
custos iniciais essenciais e de manutenção do mentais. Há opções para a redução da volati-
sistema para a incipiente Autoridade Nacional lidade, incluindo a prestação de um volume
da Palestina sob o Fundo Holst em meados limitado de assistência com base em moda-
da década de 1990 na Cisjordânia e Gaza, lidades apropriadas (conforme descrito pelo
ou servindo como financiamento catalítico membro do Conselho Consultivo Paul Collier,
no Nepal sob os auspícios da Comissão de no capítulo 9), complementando as alocações
Consolidação da Paz (PBC)93. Mas o desem- da ajuda para os Estados mais frágeis quando
penho dos fundos fiduciários de múltiplos tipos específicos de programas tiverem
doadores é variável, com críticas que variam demonstrado a capacidade de cumprir os
34 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

objetivos com eficácia e em larga escala (como oferta e interdição por si sós são limitadas
proposto em um recente trabalho realizado nessas circunstâncias e a concorrência entre
pelo Centro de Desenvolvimento Global)95, e gangues e cartéis produzem altos níveis de
dedicar uma percentagem destinada à assis- violência nos países produtores e de trânsito.
tência para programas maiores e de prazo Explorar os custos e benefícios de diferentes
mais longo em Estados frágeis e afetados combinações de medidas de oferta e demanda
por conflitos de acordo com o contexto da seria uma primeira etapa para sustentar ações
Comissão de Assistência ao Desenvolvimento. de demanda mais decisivas.
Para fechar o ciclo nas reformas de agên- Seguir o dinheiro, ou seja, o tráfico de fluxos
cias internas, os indicadores de resultados financeiros ilícitos, está no âmago da ação
devem ser mais direcionados às prioridades contra o tráfico ilícito de drogas e de recursos
em situações frágeis e afetadas pela violência. naturais. Para áreas seriamente afetadas pelo
As principais ferramentas dos atores nacionais tráfico ilícito e pela corrupção, tais como
e seus interlocutores internacionais incluem a América Central e a África Ocidental, a
indicadores propostos para melhor capturar maioria dos países não tem nada para lidar
tanto o progresso de curto prazo como o de com a capacidade nacional necessária para
longo prazo, complementando os ODMs reunir e processar informações sobre transa-
(consulte o Recurso  4). O uso desses indica- ções financeiras sofisticadas ou para investigar
dores por agências internacionais — em todas e processar criminosos. Junto com iniciativas
as divisões diplomáticas, de segurança e ajuda que apóiam a comunidade global a solu-
— aumentaria os incentivos para respostas cionar problemas de corrupção, tais como a
mais integradas. Aliança dos Caçadores de Corrupção Global
e a Iniciativa para a Recuperação de Bens
Roubados (STAR), as duas seguintes medidas
Medida 3: Atuar regional chave poderiam ajudar nesse esforço:
e globalmente para reduzir as tensões • Fortalecer a capacidade de conduzir
externas sobre os Estados frágeis análises estratégicas desses fluxos em um
A ação eficaz contra o tráfico ilegal requer a grande volume de países, com a maioria
corresponsabilidade de países produtores e das transferências financeiras globais.
consumidores. Para conter o impacto de longo Cerca de 15 mercados e centros financeiros
alcance do tráfico ilegal, é preciso reconhecer importantes desempenham esse papel.
que uma ação eficaz realizada por um único Esforços concentrados para intensificar a
país simplesmente empurrará o problema transparência e as capacidades dos centros
para outros países e que são necessárias abor- financeiros e dos centros de inteligência
dagens regionais e globais. Para o tráfico no financeira, assim como a análise pró-ativa
qual o abastecimento, o processamento e os de fluxos suspeitos e a troca de informa-
mercados varejistas são concentrados e facil- ções poderiam aumentar bastante a capaci-
mente monitorados — tal como o tráfico de dade global para detectar fluxos financeiros
diamantes — os esforços de interdição combi- ilícitos e para recuperar bens roubados.
nados com campanhas de produtores e consu- Instituições financeiras globais também
midores de vários grupos interessados podem poderiam realizar análises estratégicas e
ser eficazes. Além do Processo Kimberley para disponibilizá-las para os países afetados.
diamantes e da Iniciativa de Transparência Para respeitar a privacidade, essas análises
das Indústrias Extrativas, o novo Convênio poderiam ser baseadas em mudanças nos
de Recursos Naturais e uma recente iniciativa fluxos agregados e não em informações de
do Banco Mundial/ Conferência das Nações contas individuais.
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento • Expandir compromissos de Estados desen-
(UNCTAD)/Organização para a Alimentação volvidos e centros financeiros com investi-
e Agricultura (FAO) sobre as normas para gações conjuntas com autoridades da
compras de terras internacionais tem poten- segurança pública em países frágeis e
cial semelhante. Para o tráfico de drogas, a afetados pela violência. Como parte desse
situação é complicada devido aos locais de compromisso, eles também poderiam
produção e instalações de processamento implementar programas de desenvolvi-
ilegal altamente fragmentados. Ações de mento de capacidades com autoridades da
Visão geral 35

segurança pública em Estados frágeis — político local e a legitimidade das institui-


como os nos exemplos da Nigéria e do ções regionais, juntamente com a capacidade
Haiti fornecidos acima.96 técnica e financeira das agências globais.
Fornecido por meio de instituições regionais
A ação regional também pode gerar opor-
em colaboração com organismos globais, esse
tunidades positivas. Os doadores poderiam
esforço poderia adaptar as lições das inicia-
aumentar seu apoio financeiro e técnico para
tivas que já utilizaram com sucesso a capa-
a infraestrutura internacional e regional — e
cidade regional. Também poderia aproveitar
várias formas de cooperação administrativa
lições da cooperação internacional existente,
e econômica regionais — dando prioridades
como da sub-região do Grande Mekong98, as
a regiões afetadas pela violência. Esse tipo de
iniciativas da África Ocidental sobre tráfico
apoio poderia assumir as seguintes formas:
e integração econômica99, e os programas da
• Programas de desenvolvimento transfron- União Europeia100 para as regiões fronteiriças
teiriço. Os atores internacionais poderiam anteriormente afetadas por conflitos. Poderia
apoiar mais diretamente as oportunidades apoiar iniciativas políticas de instituições
de atividades transfronteiriças que inte- regionais (como o Programa de Fronteiras da
gram ação sobre segurança cidadã, justiça e União Africana101 e as iniciativas sub-regio-
empregos. Mesmo quando a colaboração nais da ASEAN)102, com os conhecimentos
política regional ou internacional é bem técnicos e financeiros dos parceiros globais.
menos estabelecida, o apoio internacional Pesquisas adicionais também são neces-
para a programação através de fronteiras sárias para acompanhar os impactos da
ainda será capaz de apoiar e responder aos mudança climática sobre o tempo, a disponi-
esforços bilaterais do governo, usando bilidade de terras e os preços dos alimentos,
questões de desenvolvimento tais como que, por sua vez, podem ter impacto no risco
infraestrutura de comércio e transporte ou de conflitos. A pesquisa atual não sugere que
programas de saúde entre fronteiras para a mudança climática por si só possa causar
apoiar o aumento gradual da confiança. A conflitos, a não ser talvez que uma rápida dete-
provisão de serviços financeiros especiais rioração da disponibilidade de água acenda as
para que regiões frágeis sem saída para o tensões existentes e enfraqueça as instituições.
mar acessem mercados, como foi recente- Mas uma série de problemas interligados —
mente acordado pelas estruturas adminis- modificando os padrões globais de consumo
trativas do Banco Mundial, é outra forma de energia e recursos escassos, aumentando
de encorajar a cooperação para o desenvol- a demanda por alimentos importados (que
vimento transfronteiriço. consomem insumos energéticos, terra e
• Capacidade administrativa regional água), e a realocação da terra para adaptação
compartilhada. A reunião de capacidades climática — estão aumentando as pressões
administrativas subregionais pode ajudar nos Estados mais frágeis. Esses precisam de
os Estados a desenvolver capacidades insti- pesquisas adicionais e atenção das políticas.
tucionais que não conseguiriam gerenciar
por conta própria. Já existem bons exem- Medida 4: Organização do apoio
plos de tribunais compartilhados no Caribe dos países de renda baixa, média
e capacidade de banco central comparti- e alta e das instituições globais
lhado na África Ocidental.97 Embora essas
e regionais para refletir o panorama
iniciativas levem tempo para serem estabe-
em evolução da assistência
lecidas, elas complementam difíceis trans-
formações institucionais nacionais e e das políticas internacionais
merecem a assistência de instituições de
desenvolvimento regional e internacional. O cenário da assistência internacional nos
países frágeis e afetados pela violência mudou
Em vez dessas abordagens um tanto nos últimos 20 anos, com mais ajuda e polí-
graduais para determinadas iniciativas inter- ticas dos países de renda média com um histó-
nacionais, os doadores internacionais deve- rico de apoio solidário. Várias instituições
riam dar um passo maior na direção das regionais também têm um maior papel nas
abordagens regionais. O princípio dessa questões de segurança e desenvolvimento.
iniciativa seria aumentar o conhecimento Apesar disso, as discussões sobre violência
36 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

e conflitos globais, as normas de liderança Estado de 15 na década de 1990 para 5  nos


responsável para responder a esses conflitos e anos 2000;103 e, apesar do aumento dos golpes
a forma da assistência internacional têm sido nos últimos cinco anos, a ação continental
direcionada mais pelos atores do Norte do para restaurar o governo constitucional tem
que do Sul. O Diálogo Internacional sobre a sido sempre forte.
Consolidação da Paz e a Fortalecimento dos
Algumas ações modestas poderiam forta-
Estados foi criado para ajudar a abordar essa
lecer a colaboração entre os países de renda
deficiência.
mais alta, média e mais baixa para problemas
A equipe do WDR realizou diversas
comuns de violência e desenvolvimento,
consultas com países afetados pela violência,
globais e locais, tais como:
formuladores de políticas regionais e institui-
• Aumentar os intercâmbios Sul-Sul e
ções regionais, bem como com doadores tradi-
Sul-Norte. Os intercâmbios Sul-Sul têm
cionais parceiros. Foram encontradas várias
enorme potencial para fornecer capaci-
áreas de concordância — tais como o foco
tação e lições relevantes nas atuais situa-
na criação e governança de instituições e na
ções frágeis e afetadas pela violência.104 Os
segurança cidadã, justiça e empregos — mas
países de renda média e baixa que tiveram
também algumas áreas de diferenças. Como
experiências próprias e recentes de tran-
já foi descrito anteriormente, essas diferenças
sição têm muito a oferecer às suas contra-
incluíram o que é possível esperar em termos
partes — conforme foi demonstrado neste
de liderança nacional responsável, por quanto
Relatório, segundo o qual os países da
tempo, e questões sobre as “formas” versus
América Latina ofereceram perspectivas
“funções” da boa governança. Os interlocu-
sobre prevenção da violência urbana e
tores do WDR também criticaram alguns
reformas da segurança e da justiça, a China
padrões duplos que foram percebidos, que
sobre a geração de empregos, a Índia sobre
refletiam um sentimento de que os países e as
obras públicas locais e práticas democrá-
organizações doadoras que enfrentaram suas
ticas, os países da África e do sudeste
próprias dificuldades internas de governança
Asiático sobre desenvolvimento voltado
poderiam abordar as deficiências dos Estados
para a comunidade em áreas de conflito.
em desenvolvimento com mais humildade.
Mas os intercâmbios Sul-Norte também
Os países desenvolvidos não estão imunes
são importantes. Embora as capacidades
a corrupção, suborno, abusos dos direitos
institucionais possam diferir, muitos
humanos ou falhas no controle adequado das
países, províncias e cidades dos países do
finanças públicas. Assim, a implementação
Sul enfrentam algumas tensões seme-
eficaz das normas de boa governança também
lhantes. Os enfoques do programa —
é um desafio nos países mais avançados, prin-
como a abordagem do tráfico, a reinte-
cipalmente onde a comunidade internacional
gração de antigos membros de gangues e
teve uma função executiva ou de segurança nas
jovens desocupados, e a promoção da tole-
áreas afetadas pela violência.
rância e de laços sociais entre as comuni-
A falta de apoio coordenado das normas
dades divididas por questões étnicas ou
de liderança responsável é uma preocupação,
religiosas — terão lições relevantes para
uma vez que o progresso das normas globais é
outros. Esses intercâmbios aumentariam a
fundamental para reduzir o risco de violência.
compreensão de que os desafios de
Os padrões regionais e globais, bem como
violência não são exclusivos dos países em
os mecanismos de reconhecimento e sanção
desenvolvimento e que os países em desen-
em constitucionalidade, direitos humanos e
volvimento não estão sozinhos na luta para
corrupção, forneceram apoio e incentivos para
encontrar soluções.
os reformadores nacionais, principalmente
quando a capacidade do sistema nacional para • Adaptar melhor a assistência interna-
fornecer recompensas e responsabilização é cional de acordo com os esforços regionais
fraca. Por exemplo, a Declaração de Lomé de governança. Quando as instituições
em 2000, que estabeleceu os padrões afri- regionais tomam a iniciativa, como a UA
canos e um mecanismo regional de resposta sobre constitucionalidade ou a ASEAN em
às mudanças inconstitucionais no governo, certas situações de conflitos e desastres
foi associada com uma redução nos golpes de naturais (Recurso  8), elas têm grande
Visão geral 37

vantagem comparativa nos atritos com os necessários indicadores que enfoquem se os


Estados membros. O papel aglutinador países estão no rumo certo para fazer melho-
potencial das instituições regionais também rias institucionais e de governança dentro dos
foi amplamente reconhecido nas consultas cronogramas geracionais realistas que os
do WDR feitas por interlocutores de países reformadores mais rápidos conseguiram e
semelhantes de renda alta, média ou baixa. como os cidadãos percebem as tendências na
O apoio às plataformas regionais para legitimidade e no desempenho das institui-
discutir a aplicação de normas de gover- ções nacionais em todos os domínios de segu-
nança é uma forma eficaz de se aumentar a rança política e desenvolvimento. Os indi-
participação. A adoção de estruturas mais cadores apresentados no Recurso  4 seriam
claras para debater respostas para as princi- uma maneira simples, como sugere Louise
pais melhorias ou deteriorações na gover- Arbour (Recurso 8), de comparar progresso,
nança (como golpes de Estado) entre os estagnação ou deterioração. Assegurar que
atores bilaterais e multilaterais também tais indicadores meçam os resultados e não
melhoraria a troca de informações e o apenas a forma das instituições (leis apro-
potencial de respostas coordenadas, sem vadas, comissões anticorrupção formadas)
criar obrigações inaceitáveis para os atores também é importante para garantir que
internacionais.105 eles incentivem e não que suprimam a ação
nacional inovadora, e que promovam o
• Expandir as iniciativas para reconhecer a
aprendizado entre as instituições dos países
liderança responsável. Embora sempre
de renda baixa, média e alta. A Comissão
exista lugar para as críticas francas e trans-
para a Consolidação da Paz da ONU, que
parentes, as abordagens do Norte que são
reúne os Estados frágeis, doadores, países
vistas como excessivamente direcionadas
que contribuem com tropas e organismos
para a crítica em situações frágeis podem
regionais, tem um potencial inexplorado de
ser desagregadoras. As iniciativas como o
aconselhar sobre um melhor acompanha-
Prêmio Ibrahim para a liderança africana
mento do progresso e dos riscos, bem como
poderiam ser imitadas para o reconheci-
cronogramas realistas para transformação da
mento de diferentes tipos de líderes (por
governança (Recurso 8).
exemplo, ministros que tenham um
No início desta “Visão Geral”, pergun-
impacto duradouro na corrupção ou
tamos como a pirataria na Somália, a
líderes militares que implementem com
violência contínua no Afeganistão ou as novas
sucesso a reforma do setor de segurança).
ameaças de tráfico de drogas nas Américas ou
As iniciativas com várias partes interes-
conflitos decorrentes de protestos sociais no
sadas, como a Iniciativa de Transparência
Norte da África podem acontecer no mundo
nas Indústrias Extrativas, poderiam consi-
de hoje. A resposta pronta é que essa violência
derar dispositivos para premiar os líderes
não pode ser contida por soluções de curto
individuais ou as equipes que melhoraram
prazo que não geram as instituições capazes
a transparência das receitas e despesas dos
de fornecer às pessoas o direito a segurança,
recursos, seja no governo, na sociedade
justiça e perspectivas econômicas. As socie-
civil ou nas empresas.
dades não podem ser transformadas de fora
Expectativas mais direcionadas e realistas para dentro, nem da noite para o dia. Mas o
dos cronogramas para melhorias na gover- progresso é possível com um esforço consis-
nança também ajudariam a preencher as tente e coordenado por parte dos líderes
lacunas nas perspectivas entre os países nacionais e dos seus parceiros internacionais
que recebem assistência internacional, seus para fortalecer as instituições locais, nacio-
parceiros internacional de renda média ou nais e globais que apoiam a segurança cidadã,
alta, e as instituições regionais e globais. a justiça e empregos.
Isso é particularmente importante diante Todas as recomendações deste Relatório
dos recentes protestos que demonstram têm em seu âmago o conceito de risco global
fortes reclamações e expectativas quanto à compartilhado. Os riscos estão em evolução,
mudança de governança — que não foram com o surgimento de novas ameaças do
identificadas pelas análises padrão de segu- crime organizado internacional e de insta-
rança e de progresso do desenvolvimento. São bilidade econômica global. O panorama das
38 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

RECURSO 8 Iniciativas, normas e padrões regionais

Experiência da ASEAN em prevenção e recuperação de crises


Surin Pitsuwan, Secretário-Geral da ASEAN; Membro do Conselho Consultivo do WDR
Existem muitos conflitos fervilhando no panorama da de convocação política e as capacidades técnicas de
ASEAN. Mas a região não está totalmente destituída de outros parceiros podem ser úteis. Nosso trabalho de
experiências próprias em mediação e resolução de apoio à recuperação após o Ciclone Nargis foi apoiado
conflitos. A ASEAN teve um papel importante nesses por equipes técnicas do Banco Mundial e realizado em
esforços. O Triunvirado da ASEAN no conflito do conjunto com as Nações Unidas. Na Missão de
Camboja de 1997–99, a operação de manutenção da Monitoramento de Aceh, trabalhamos juntamente com
paz no Timor-Leste a partir de 1999, a Reconciliação de colegas da União Europeia que trouxeram conheci-
Aceh de 2005 e a catástrofe do ciclone Nargis em mentos técnicos valiosos.
Mianmar em maio de 2008 foram casos de mediação e A terceira é que quanto mais operações desse tipo
eventual resolução nos quais as regiões e alguns realizarmos, maior será a nossa capacitação. No Timor-
Estados membros da ASEAN fizeram contribuições Leste, os longos anos de treinamento e exercícios
valiosas e aprenderam lições do processo. Foi sempre militares conjuntos entre as Filipinas, a República da
como juntar as peças de um quebra-cabeça diplo- Coreia e a Tailândia, apoiadas por parceiros fora da região
mático, tecer o tapete da paz, improvisar a melhor como os Estados Unidos, foram recompensados. As
modalidade e o melhor padrão com os materiais tropas no terreno podiam se comunicar, cooperar e
disponíveis e adequados. conduzir operações conjuntas sem nenhum atraso —
Uma lição importante para nós é que nossas estru- mas sua experiência no Timor-Leste também contribuiu
turas da ASEAN podem ter um importante papel de para a sua capacidade. Em Mianmar, o papel da ASEAN
convocação política quando ocorrem suscetibilidades incluiu a participação de pessoas de vários dos nossos
entre os Estados membros. Havia um nível mais alto de Estados membros, tais como Indonésia, Cingapura e
confiança mútua entre a Indonésia e os Estados da Tailândia, que têm grande experiência de gestão de
ASEAN que participaram da operação do Timor-Leste. recuperação pós-desastre, e também a capacitação
Contornamos o rígido princípio de “não interferência” interna na nossa Secretaria. Vinculadas aos programas de
oferecendo tropas sob um comando conjunto com um capacitação de longo prazo com alguns de nossos
líder militar da “ASEAN” com a função de liderança doadores parceiros, essas experiências nos deixam mais
ativa. E a Indonésia facilitou para todos os parceiros aptos a enfrentar novos desafios no futuro. Os resultados
ASEAN enviando um convite para que eles partici- cumulativos desses esforços de gestão de conflitos
passem. Em Mianmar, a ASEAN desempenhou um políticos e alívio após catástrofes ajudaram a ASEAN a
papel central no diálogo com o governo após o Ciclone aumentar sua capacidade de coordenar nossas estra-
Nargis, ajudando a desobstruir as áreas afetadas para tégias de cooperação para o desenvolvimento.
permitir a ajuda internacional, onde mais de Aprendemos a conter manifestações esporádicas de
130.000 homens, mulheres e crianças morreram e violência e tensão na região e não permitimos que elas
muitos outros enfrentaram condições traumáticas. desviassem nossos esforços de desenvolvimento
Uma segunda lição é que as combinações de comunitário visando a segurança comum e a prospe-
capacidades entre nosso conhecimento local e o papel ridade sustentável do nosso pessoal.

relações de poder também está mudando, principais obstáculos ao desenvolvimento, e


à medida que os países de renda média e eles não estão mais confinados às áreas pobres
baixa aumentam sua parcela de influência e remotas ou aos arredores das cidades. Esta
econômica global e suas contribuições ao década acompanhou um aumento da insta-
pensamento político global. Essa mudança bilidade na vida global — o terrorismo, a
exige uma reformulação fundamental das expansão do comércio de drogas, impacto
abordagens dos atores internacionais para nos preços de produtos básicos e os números
gerenciar coletivamente os riscos globais crescentes de refugiados movimentando-se
e como parceiros iguais. A mudança real em âmbito internacional. Quebrar os ciclos
exige uma forte base lógica. Mas existe uma de violência repetida é, portanto, um desafio
lógica dupla: a fragilidade e a violência são os compartilhado que exige uma ação urgente.
Visão geral 39

REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE


O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011

Reafirmar o consenso sobre normas e padrões internacionais – o papel das


organizações regionais
Louise Arbour, Presidente, Grupo de Crise Internacional (ICG); ex-Alta Comissária das Nações Unidas
para Direitos Humanos; Membro do Conselho Consultivo do WDR

Sejam baseadas em valores universais, como a invio- No setor da justiça, por exemplo, a uniformidade dos
labilidade da vida humana, ou em regras legais inter- modelos e procedimentos institucionais pode encobrir
nacionais, existem algumas normas universalmente diferenças radicais na execução real da justiça. Mas a
aceitas — refletidas na Carta das Nações Unidas e em decisão judicial sobre controvérsias com base nos
outros instrumentos internacionais. princípios de justiça, imparcialidade, transparência,
Essas normas não têm implementação automática integridade, compaixão e, finalmente, responsabilização
e, como incluem o direito à diversidade cultural, sua pode adotar muitas formas.
interpretação deve refletir a diversidade local, Na sua assistência ao desenvolvimento, os atores
nacional e regional. A resistência à exportação de internacionais devem resistir à exportação da forma
“valores ocidentais” pode não ser mais do que a sobre a substância e aceitar a regionalização de normas
rejeição de um modo diferente de expressar uma que aumentem, e não que impeçam, seu verdadeiro
norma específica do que uma rejeição à norma em si. caráter universal. No mesmo espírito, os atores regionais
As instituições regionais podem reduzir a distância devem traduzir, de maneira culturalmente relevante, as
entre as normas universais e os costumes locais. Esses normas internacionais e repudiar as práticas que não
costumes ou práticas, em essência, devem estar em estiverem em conformidade.
conformidade com os mais relevantes princípios E todos devem admitir que os padrões definidos
internacionais nos quais a comunidade internacional pelas normas universais são aspirações. As medidas de
baseia a sua coesão. Caso contrário, a diversidade desempenho devem refletir o progresso, a estagnação
cultural pode simplesmente invalidar, e prejudicar, o ou a regressão em um determinado país, em direção a
contexto internacional. um ideal universal comum.

Notas

1. O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011 define a violência organizada como o uso ou
a ameaça de força física por parte de grupos, incluindo ações do Estado contra outros Estados
ou contra civis, guerras civis, violência eleitoral entre lados opostos, conflitos comunitários
motivados por identidade regional, étnica, religiosa ou outra identidade coletiva, ou por inte-
resses econômicos conflitantes, violência relacionada a gangues e criminalidade organizada, bem
como movimentos armados não estatais, internacionais, com objetivos ideológicos. Embora
estes também sejam tópicos importantes para o desenvolvimento, o WDR não aborda violência
nacional ou interpessoal. Às vezes nos referimos à violência ou conflito como uma abreviação
de violência organizada, compreendida nestes termos. Muitos países tratam certas formas de
violência, tais como ataques terroristas por movimentos armados não estatais, como assunto da
competência de seu direito penal.
2. Banco de Dados de Conflitos Armados de Uppsala/PRIO (Harbom e Wallensteen, 2010; Lacina
e Gleditsch, 2005); Sundberg, 2008; Gleditsch e Ward, 1999; Projeto do Relatório de Segurança
Humana - a ser lançado; Gleditsch e outros, 2002.
3. Países afetados por fragilidade, conflitos e violência incluem os países com: (1) taxas de homi-
cídios maiores que 10 para cada 100.000 pessoas por ano; (2)  grandes conflitos civis (mortes
em batalhas maiores que 1.000 por ano), (3) missões de consolidação ou manutenção da paz
em cumprimento de mandatos das Nações Unidas ou de regiões; e (4) países de baixa renda
com níveis institucionais de 2006 a 2009 (CPIA do Banco Mundial menor que 3,2), vinculados
a altos riscos de violência e conflitos. Ver Banco de Dados de Conflitos Armados de Uppsala/
PRIO (Lacina e Gleditsch, 2005; Harbom e Wallensteen, 2010); Departamento de Operações de
Manutenção da Paz das Nações Unidas, 2010a; Departamento de Operações de Manutenção da
Paz das Nações Unidas, 2010b; Banco Mundial, 2010c.
4. Para fins de discussão das tendências sobre o início e o término das guerras civis, ver Hewitt,
Wilkenfeld e Gurr, 2010; Sambanis 2004; Elbadawi, Hegre e Milante, 2008; Collier e outros, 2003.
40 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

5. Demombynes 2010; Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010a;


6. Leslie, 2010; Harriott, 2008; Harriott, 2004; Grupo Crise Internacional, 2008; Ashforth, 2009.
7. Bayer e Rupert, 2004. Baker e outros, 2002, concluíram que o efeito do conflito equivale a
barreiras tarifárias de 33%. Para uma discussão atualizada da metodologia para determinar os
efeitos de crescimento dos conflitos bem como da teoria e nova análise baseada nos vizinhos
primários e secundários, ver De Groot, 2010; Murdoch e Sandler, 2002.
8. Comitê Americano para Refugiados e Imigrantes, 2009; Centro de Monitoramento de
Deslocamento Interno, 2008.
9. Gomez e Christensen, 2010; Harild e Christensen (2010).
10. Banco de Dados de Terrorismo Global, 2010; Centro Nacional de Contraterrorismo, 2010;
Cálculos da equipe do WDR.
11. Gaibulloev e Sandler 2008.
12. Davies, von Kemedy e Drennan, 2005.
13. Cálculos da equipe do WDR baseados no preço Europe Brent spot FOB (dólares por barril) rela-
tados pela Administração de Informações sobre Energia 2011
14. Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010b.
15. Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010b.
16. Hanson, 2010; Bowden, 2010.
17. Banco Mundial, 2010a.
18. Cálculos da equipe do WDR baseados nos dados de pobreza de Chen, Ravallion e Sangraula,
2008 (disponíveis em POVCALNET (http://iresearch.worldbank.org)).
19. Narayn e Petesch, 2010.
20. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2006.
21. Para obter uma visão geral dos custos de conflitos e violência, ver Skaperdas e outros, 2009.
Estimativas específicas dos custos econômicos associados a conflitos são encontradas em Hoeffler,
von Billerbeck e Ijaz, 2010; Collier e Hoeffler, 1998; Cerra e Saxena, 2008; Collier, Chauvet e
Hegre, 2007; Riascos e Vargas, 2004; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
2006.
22. Martin, Mayer e Thoenig, 2008.
23. Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2004; Fundo de População das Nações Unidas, 2002;
Anderlini, 2010.
24. Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, 1995; Comissão para Mulheres Refugiadas, 2009;
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2004.
25. Associação Americana de Psicologia, 1996; Dahlberg, 1998; Verdú e outros, 2008.
26. Cálculos da equipe do WDR.
27. As teorias das causas de conflitos são abordadas no capítulo 2 do texto principal. Dentre a lite-
ratura abordada nesse capítulo, as leituras recomendadas selecionadas incluem: Gurr, 1970;
Hirshleifer, 1995; Skaperdas, 1996; Grossman, 1991; Fearon, 1995; Collier e Hoeffler, 2004;
Satyanath, Miguel e Sergenti, 2004; Blattman e Miguel, 2010; Keefer, 2008; Besley e Persson,
2009; Toft, 2003; Murshed e Tadjoeddin, 2007; Arnson e Zartman, 2005. Os vínculos entre as
dinâmicas política, de segurança e econômica também são reconhecidos no círculo de políticas.
Ver Zoellick 2010b.
28. Para obter informações sobre a relação entre desigualdade de renda e o risco de conflitos civis,
ver Fearon, 2010a. Para obter informações sobre a relação entre desigualdade de renda e violência
criminal, ver Loayza, Fajnzylber, and Lederman, 2002a; Loayza, Fajnzylber e Lederman, 2002b;
Messner, Raffalovich e Shrock, 2002.
29. Fearon, (2010b); Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010; Neumayer, 2003; Loayza, Fajnzylber e Lederman,
2002a; Loayza, Fajnzylber e Lederman, 2002b; Messner, Raffalovich e Shrock, 2002; Cálculos da
equipe do WDR.
30. Stewart, 2010.
31. Além disso, existem fatores estruturais e incrementais que aumentam o risco de conflitos. Entre
eles, existem recursos do campo físico que tornam as rebeliões mais fáceis. Esses recursos não
causam a guerra no sentido comum da palavra, eles simplesmente a tornam mais viável. Já se
demonstrou que o terreno montanhoso aumenta riscos, porque aumenta a viabilidade de rebe-
lião. Assuntos de vizinhança também: existem tanto os efeitos negativos da proximidade com
outras guerras ou países com elevadas taxas de crime violento e tráfico ilícito, quanto os efeitos
positivos de uma vizinhança em grande parte em paz. Ver Buhaug e Gleditsch, 2008; Gleditsch
e Ward, 2000; Salehyan e Gleditsch, 2006; Goldstone, 2010. Sobre os efeitos de vizinhança em
guerras civis, ver Hegre e Sambanis, 2006 e Gleditsch, 2007.
32. Satyanath, Miguel e Sergenti, 2004.
33. Para obter informações sobre a relação entre deficiências institucionais e conflitos de violência,
ver Fearonver Fearon 2010, 2010b; Johnston2010; Walter 2010.
Visão geral 41

34. McNeish 2010; Ross 2003


35. Isso está de acordo com a literatura recente sobre a consolidação de Estados, principalmente
North, Wallis e Weingast, 2009; Dobbins e outros, 2007; Fukuyama, 2004; Acemoglu, Johnson e
Robinson, 2005; Acemoglu, Johnson e Robinson, 2001. Esse aprendizado é refletido nos recentes
documentos das políticas e também: OCDE 2010a; OCDE 2010g; OCDE 2011; Acemoglu e
Robinson 2006.
36. As instituições são definidas no WDR como as “regras do jogo” formais e informais, que incluem
regras formais, leis escritas, organizações, normas informais de comportamento e crenças
compartilhadas, bem como as formas organizacionais existentes para viabilizar a implementação
e garantir o cumprimento dessas normas (tanto as organizações estatais como as não estatais).
As instituições moldam os interesses, os incentivos e os comportamentos que podem facilitar
a violência. Ao contrário dos pactos de elite, as instituições são impessoais — continuam a
funcionar a despeito da presença de determinados líderes e, portanto, oferecem mais garantias
de resiliência em relação à violência. As instituições operam em todos os níveis da sociedade –
local, nacional, regional e global.
37. Fearon, 2010a; Fearon, 2010b; Walter, 2010.
38. Arboleda (2010); Consultas da equipe do WDR com autoridades governamentais, representantes
da sociedade civil e pessoal de segurança na Colômbia em 2010.
39. Gambino 2010
40. Uma reunião em 2010 dos delegados de idioma inglês e francês no Quênia, convocada pelo
PNUD, criou a frase “capacidades colaborativas” e ainda definiu as instituições relevantes
à prevenção e à recuperação da violência como “redes dinâmicas de estruturas, mecanismos,
recursos, valores e aptidões interdependentes que, por meio de diálogo e consulta, contribuem
para a prevenção de conflitos e a consolidação da paz em uma sociedade.” Estrutura Americana
Interagências para Coordenação de Ações Preventivas, 2010, 1.
41. Barron e outros, 2010.
42. Banco Mundial, 2010c; Buhaug e Urdal, 2010.
43. Ver Schneider, Buehn e Montenegro, 2010. Os dados dos protestos contra as crises de alimentos
são provenientes de relatórios da imprensa; os dados de eficácia sobre governança são prove-
nientes de Kaufmann, Kraay e Mastruzzi, 2010.
44. Menkhaus, 2010; Menkhaus, 2006.
45. Para o papel das instituições no crescimento econômico e desenvolvimento, consulte Acemoglu,
Johnson e Robinson 2005. Veja também Zoellick 2010.
46. North, Wallis e Weingast, 2009.
47. Para o impacto do colonialismo sobre o desenvolvimento de instituições atuais nos países que já
foram colônias, consulte Acemoglu, Johnson e Robinson 2010.
48. Inspetor Geral Especial para a Reconstrução do Iraque, 2009.
49. Segundo Margaret Levi, “A confiança é, na realidade, uma palavra que encerra diversos fenô-
menos que permitem às pessoas assumirem riscos ao lidar com outras, solucionar problemas
de ação coletiva ou agir de maneira que pareçam contrárias às definições-padrão de interesse
próprio.” Ademais, Levi ressalta que “está em debate o empreendimento cooperativo, que indica
que aquele que confia acredita de modo sensato que a confiança bem colocada produzirá frutos
positivos e está disposto a agir de acordo com a sua crença.” (Braithwaite e Levi 1998, 78).
50. Pritchett e de Weijer 2010.
51. A interligação entre segurança e desenvolvimento tem sido discutida dentro da noção de segu-
rança humana, que abrange a libertação do medo, a libertação da carência e a liberdade para
viver com dignidade. Ao colocar a segurança e a prosperidade dos seres humanos no centro da
discussão, a segurança humana aborda uma ampla gama de ameaças, tanto de pobreza quanto
de violência, e suas interações. Embora reconheça a importância da segurança humana e da
sua ênfase em colocar as pessoas no centro do foco, este Relatório utiliza o termo “segurança
cidadã” com mais frequência para intensificar o nosso foco na libertação da violência física e
libertação do medo da violência. Desejamos complementar a discussão acerca do aspecto
da libertação do medo dentro do conceito de segurança humana. Com base no Relatório da
Comissão de Segurança Humana de 2003, a importância da segurança humana foi reconhecida
pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2005 adotada na Cúpula Mundial de
2005, no relatório da Assembleia Geral da ONU de 2009 e na Resolução da Assembleia Geral da
ONU de 2010, bem como em outros fóruns tais como a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico,
G8 e Fórum Econômico Mundial. Veja Comissão sobre Segurança Humana 2003; Assembleia
Geral da ONU 2005b, 2009b, 2010.
52. “Geração de confiança” em terminologia de mediação significa gerar a confiança entre adver-
sários; num contexto financeiro, o termo “confiança” indica confiança por parte dos atores do
42 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

mercado em que os governos estejam adotando políticas sólidas e sejam capazes de implementá-
-las. O WDR define o termo como a geração de confiança entre grupos de cidadãos que foram
divididos pela violência, entre cidadãos e o Estado e entre o Estado e outros grupos interessados
importantes (vizinhos, parceiros internacionais, investidores) cujo apoio político, comporta-
mental ou financeiro seja necessário para um resultado positivo.
53. Sobre geração de confiança e mudança de expectativas, consulte Hoff e Stiglitz 2008.
54. Bedeski 1994; Cumings 2005; Kang 2002; Chang e Lee 2006.
55. Consultar Stedman 1996; Nilsson e Jarstad 2008. Para negociações da elite, acordos políticos e
inclusão, consulte Di John e Putzel 2009.
56. Anderlini 2000.
57. Banco Mundial 2008f; Banco Mundial 2009; Ministério do Meio Ambiente da República do
Líbano 1999.
58. UN DPKO (Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas) (2010).
59. Para as reformas agrárias japonesas, consulte Kawagoe 1999. Para as reformas agrárias coreanas,
consulte Shin 2006.
60. Braud e Grevi 2005.
61. O Programa de Assistência à Governança e à Gestão Econômica (GEMAP) lançado na corrida
eleitoral de 2005 na Libéria fornece autoridade “dupla” (dual key) nas áreas de obtenção de rendi-
mentos e despesas. Administrado em conjunto pelo governo e pela comunidade internacional,
foi projetado especificamente para devolver a confiança a uma população cética e a doadores de
que os anos de roubos oficiais e corrupção acabaram e que os serviços seriam prestados de forma
confiável. Dwan e Bailey 2006; Residência Oficial do Governo da República da Libéria 2009.
62. Para combater a corrupção e o crime, a Guatemala criou a Comissão Internacional contra a
Impunidade, conhecida pela sua sigla em espanhol, CICIG, por intermédio de um acordo com
a ONU em 2007. Seu mandato é de “apoiar, fortalecer e auxiliar as instituições do Estado da
Guatemala responsáveis por investigar e processar os crimes cometidos supostamente relacio-
nados às atividades de forças de segurança ilegais e organizações de segurança clandestinas.”
Consulte Organização das Nações Unidas 2006a.
63. Para ler sobre o Programa Nacional de Solidariedade do Afeganistão, consulte Christia e outros
2010; Ashe e Parott 2001; Missão da ONU de Assistência no Afeganistão e UNOHCHR 2010.
Para os programas multissetoriais de prevenção contra a violência na América Latina, consulte
Alvarado e Abizanda (2010); Beato 2005; Fabio 2007; Centro Internacional de Prevenção da
Criminalidade 2005; Duailibi e outros 2007; Peixoto, Andrade e Azevedo 2007; Guerrero 2006;
Llorente e Rivas 2005; Formisano 2002.
64. Para a Índia, consulte Ministério do Desenvolvimento Rural da Índia 2005; Ministério do
Desenvolvimento Rural da Índia (2010). Para a Indonésia, consulte Barron (2010); Guggenheim
(2011). Para o Kosovo, consulte GRYGIEL (Agência de Desenvolvimento Internacional dos
Estados Unidos) 2007; Instituto para a Eficácia do Estado 2007. Para Ruanda, consulte Boudreaux
2010.
65. Para a Nicarágua, consulte Bastick, Grimm e Kunz 2007. Para o Nepal, consulte Ashe e Parott 2001.
66. Para a Libéria, consulte Blundell 2010. Para Moçambique, consulte Crown Agents 2007.
67. Para os programas de saúde do Timor Leste, consulte; Rohland e Cliffe 2002; Baird 2010.
68. Messick 2011.
69. Giovine e outros 2010;
70. Guerrero 2006; Mason 2003; Presidência da República da Colômbia 2010.
71. Em Fixing Failed States, (Consertando os Estados fracassados), Ashraf Ghani e Clare Lockhart
analisam a questão da criação de legitimidade e do preenchimento da lacuna da soberania nos
Estados frágeis e afetados pelo conflito através da lente do “pacto duplo”. O pacto duplo enfoca a
“rede de direitos e obrigações que servem de base para a reivindicação do Estado por soberania” e
refere-se primeiro ao “pacto entre um Estado e seus cidadãos inserido em um conjunto de regras
coerente e, segundo, “entre um Estado e a comunidade internacional para garantir a adesão às
normas e padrões internacionais de responsabilização e transparência.” Ghani e Lockhart 2008, 8.
72. Agoglia, Dziedzic e Sotirin 2008.
73. Consulta do WDR a ex-negociadores-chave da Aliança ANC e o Partido nacional da África do
Sul 2010
74. Baron e outros 2010
75. Equipe de consulta do WDR no Haiti, 2010; UNDPKO 2010.
76. Para África do Sul, ver Kambuwa e Wallis 202; Consulta do WDR a ex-negociadores-chave da
Aliança ANC e o Partido nacional da África do Sul 2010.
77. Consultas da equipe do WDR com representantes do governo, representantes da sociedade civil
e pessoal da segurança na Colômbia 2010.
Visão geral 43

78. Estas ferramentas incluem a unidade de mediação do Departamento de Assuntos Políticos da


ONU (UNDPA), AU e outras capacidades de mediação regional; “recurso II– mediação,” tais
como o Centro de Diálogo Humanitário.
79. Ojielo 2007; Odendaal 2010; UNDPA (Departamento de Assuntos Políticos da ONU) 2010a.
80. A Iniciativa de Gestão da Crise (CMI) é uma organização não lucrativa independente finlan-
desa que trabalha para resolver conflitos e gerar paz sustentável. Em 2005, o Presidente da
CMI, ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, facilitou um acordo de paz entre o Governo da
República da Indonésia e o Movimento Aceh Livre em Aceh, Indonésia. Consulte a Iniciativa de
Gestão da Crise2011.
81. Para “missões integradas”, consulte Eide e outros 2005. Para abordagens de “governo inte-
gral”, consulte Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comitê de
Assistência ao Desenvolvimento (OCDE–DAC) 2006; Departamento de Desenvolvimento
Internacional 2010; Departamento de Desenvolvimento Internacional 2009. Para abordagens de
“sistemas integrais” consulte Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OCDE-DAC 2007a. Para ferramentas regionais, consulte União Africana 2006; União Africana
2007b.
82. Stewart and Brown 2007.
83. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comissão de Assistência ao
Desenvolvimento (OCDE-DAC) 2008.
84. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comissão de Assistência ao
Desenvolvimento (OCDE-DAC) 2010a.
85. Um estudo recente examinou o custo da volatilidade da ajuda para os países, que induz volatili-
dade nas receitas públicas e nos programas de desenvolvimento.A perda em eficiência da volati-
lidade da ajuda oficial para o desenvolvimento, líquida, foi duas vezes mais alta nos estados fracos
do que nos estados fortes, em 2,5 versus 1,2% do PIB (consulte Kharas 2008).
86. O tráfico é intrinsecamente regional e global por natureza, com impactos indiretos entre países
produtores, consumidores e de trânsito. As ações da Colômbia contra os cartéis da droga afetam
a América Central, o México e até mesmo a África Ocidental; o recente debate político da
Califórnia sobre a legalização das drogas afeta potencialmente os países produtores. Efeitos simi-
lares ocorrem com outros produtos básicos: restrições à extração em um país podem aumentar a
demanda em outros países que não possuam políticas similares, resultando assim em uma maior
vulnerabilidade à corrupção e violência.
87. O Processo Kimberley é realizado conjuntamente por grupos da sociedade civil, indústria e
governos para diminuir o fluxo de “diamantes de conflito” usados para abastecer rebeliões em
países como a República Democrática do Congo. O processo tem seu próprio esquema de certifi-
cação de diamantes que impõe várias exigências aos seus 49 membros (representando 75 países)
para garantir que os diamantes brutos enviados não tenham financiado violência. Consulte o
Esquema de Certificação do Processo Kimberley 2010.
88. Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento — Comissão de Assistência ao
Desenvolvimento (OECD-DAC) 2010a.
89. Consulta da equipe do WDR à equipe nacional do Timor Leste em 2010.
90. Escritório do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos 2006.
91. O G-7+ é um fórum independente e autônomo de países e regiões frágeis e afetados pro conflitos
que se uniram para formar uma voz coletiva no cenário global.” O G-7+ foi criado em 2008 e
inclui: Afeganistão, Burundi, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, República
Democrática do Congo, Haiti, Libéria, Nepal, Ilhas Salomão, Serra Leoa, sul do Sudão e Timor-
Leste. Consulte o “Diálogo Internacional sobre Consolidação da Paz e Fortalecimento do
Estado” 2010.
92. Um exemplo prático desse tipo de mudança é a Etiópia em 2005, quando o governo e doadores
concordaram em mudar de apoio orçamental regular para um programa de transferências
para os governos locais e municipais. O programa incluiu medidas para garantir que todas as
regiões do país, independentemente de como votaram nas eleições, receberam apoio contínuo
do governo central.
93. Ver Garassi 2010. Para Afeganistão, veja Atos Consulting 2009. Para Cisjordânia e Gaza, consulte
Banco Mundial 1999a. Para Nepal, veja UNOHCHR (Escritório do Alto Comissariado das
Nações Unidas para Direitos Humanos) 2010; Governo do Nepal, PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento) e UNDG (Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas)
2010.
94. Consulte Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) 2010i;
Scanteam 2010.
95. Gelb 2010.
44 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

96. Messick 2011.


97. Consulte Favaro 2008; Favaro 2010.
98. Os países da Sub-região do Grande Mekong (GMS) — Camboja, China, República Democrática
Popular do Laos, Mianmar, Tailândia e Vietnã — implementaram uma ampla série de projetos
regionais que englobam transportes, energia, telecomunicações, gestão ambiental, desenvolvi-
mento de recursos humanos, turismo, comércio, investimento no setor privado e agricultura. A
GMS é reconhecida por ter incrementado o comércio internacional e, ao mesmo tempo, redu-
zido os níveis de pobreza e criado interesses compartilhados em relação à paz e à estabilidade
econômica.
99. A Iniciativa para a Costa da África Ocidental (WACI) é um programa conjunto entre o Escritório
de Drogas e Crime das Nações Unidas, o Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental, o
Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas e a INTERPOL para combater problemas
de tráfico de drogas ilícitas, crime organizado e abuso de drogas na África Ocidental. A iniciativa
compreende um conjunto abrangente de atividades voltadas para a capacitação, tanto no nível
nacional como regional, nas áreas de segurança pública, forense, gestão de fronteiras, combate
à lavagem de dinheiro e fortalecimento das instituições de justiça criminal, contribuindo para
iniciativas de consolidação da paz e reformas do setor de segurança.
100. A “Eurorregião” começou como uma forma inovadora de cooperação transfronteiriça (entre dois
ou mais Estados que compartilham uma região fronteiriça comum) no fim da década de 1959.
Com o propósito de incentivar a cooperação transfronteiriça econômica, sociocultural e de lazer,
o modelo da Eurorregião cresceu e foi impulsionado com a criação de uma mercado comum
europeu e recentes transições democráticas. Atualmente há mais de 100 eurorregiões espalhadas
em toda a Europa e o modelo foi recentemente replicado nos territórios da Europa Oriental e
Europa Central. A cooperação não deixou de ter problemas em áreas previamente afetadas por
conflitos, mas também há bons exemplos de programas transfronteiriços de desenvolvimento,
sociais e de segurança que envolvem áreas em que vivem minoridades étnicas em vários Estados
ou em áreas que têm sofrido o trauma da guerra interestatal e civil. Ver Greta e Lewandowski
2010; Otocan 2010; Council of Europe 1995; Council of Europe and Institute of International
Sociology of Gorizia 2003;Bilcik e outros 2001.
101. Reconhecendo que as fronteiras inseguras têm abrigado conflitos de forma recorrente, a União
Africana criou em 2007 o Programa de Fronteiras da União Africana para delimitar e demarcar
áreas fronteiriças sensíveis e prover a cooperação através das fronteiras e comércio como ferra-
menta de prevenção de conflitos. Este programa tem quatro componentes. Primeiro, propõe a
demarcação de fronteiras terrestres e marítimas, uma vez que menos de 25% das fronteiras foram
formalmente demarcadas e acordadas e as controvérsias provavelmente continuarão com as
futuras descobertas de petróleo. Segundo, promove a cooperação transfronteiriça para lidar com
atividades criminosas itinerantes. Terceiro, apoia programas de fortalecimento da paz através
das fronteiras. Quarto, consolida ganhos na integração econômica por meio de comunidades
econômicas regionais. O primeiro projeto-piloto foi lançado na região de Sikasso no Mali e em
Bobo Dioualasso em Burkina Faso — reunindo atores locais, privados e públicos para reforçar a
cooperação. Ver African Union 2007a.
102. A ASEAN desempenha um papel importante na mediação e resolução de conflitos na região do
Sudeste da Ásia. Entre os exemplos estão sua assistência no conflito do Camboja de 1997-99, a
operação de manutenção da paz do Timor Leste de 1999 em diante, A Reconciliação de Aceh em
2005 e a catástrofe provocada pelo Ciclone Nargis em Mianmar em maio de 2008.
103. Cálculos da equipe do WDR com base no conjunto de dados em Powell e Thyne (A ser lançado
em breve).
104. Entre as diversas formas adotadas pela cooperação Sul-Sul, a assistência técnica foi a mais
comum. Embora muitos projetos de assistência técnica enfoquem o desenvolvimento econô-
mico e social, os países do hemisfério sul também desenvolveram capacidades especializadas
na construção da paz pós-conflito. Exemplos disso são o apoio da África do Sul à capacitação
estrutural do serviço público por meio de aprendizado entre pares com Burundi, Ruanda e sul
do Sudão. A cooperação entre 45 municípios em El Salvador, Guatemala e Honduras ajuda a
administrar bens públicos regionais, tais como a água na região do Trifinio. O Banco Africano de
Desenvolvimento também tem um mecanismo específico para a cooperação sul-sul em Estados
frágeis. Ver Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) (2010e).
105. Nos países da África Ocidental que passaram recentemente por golpes de Estado, o ponto de
vista da União Africana era de que o apoio dos doadores aos programas sociais e de redução
da pobreza deveria continuar nesses países, mas que o apoio em maior escala deveria ser espe-
cífico para auxiliar o retorno a um caminho constitucional. Na prática, os doadores foram divi-
didos entre os que suspenderam totalmente a assistência e os que continuaram o auxílio sem
modificações.
Visão geral 45

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Zoellick, Robert. 2010. “Keynote Speech at the International Institute for Strategic Studies Sixth Global
Strategic Review Conference.” International Institute for Strategic Studies, Washington, D.C.
Agradecimentos

Este Relatório foi preparado por uma equipe central liderada por Sarah Cliffe e Nigel Roberts
e composta por Erik Alda, David Andersson, Kenneth Anye, Holly Benner, Natalia Cieslik, Ivan
Crouzel, Markus Kostner, Daniel Maree, Nicholas Marwell, Gary Milante, Stephen Ndegwa,
Nadia Selim, Pia Simonsen, Nicholas van Praag, Suranjan Weeraratne e Nikolas Win Myint. Bruce
Jones foi Auditor Externo Sênior da equipe e fez importantes contribuições, assim como James
Fearon, Jack Goldstone e Lant Pritchett.
Bruce Ross-Larson foi o editor-chefe.
Relatório do Desenvolvimento Mundial 2011 é copatrocinado pela Economia do
Desenvolvimento (DEC) e Política Operacional e Serviços aos Países (OPC). O trabalho foi reali-
zado sob a orientação geral de Justin Yifu Lin na DEC e Jeffrey Gutman e Joachim von Amsberg
na OPC. Caroline Anstey, Hassan Cisse, Shahrokh Fardoust, Varun Gauri, Faris Hadad-Zervos,
Ann Harrison, Karla Hoff, Phillip Keefer, Anne-Marie Leroy, Rui Manuel de Almeida Coutinho,
Alastair McKechnie, Vikram Raghavan e Deborah Wetzel também prestaram valiosa orientação.
A equipe do WDR estende um agradecimento especial ao Grupo do Banco Mundial para Países
Frágeis e Afetados por Conflitos (OPCFC) e à Equipe de Peritos Globais para Países Frágeis e
Afetados por Conflitos (FCS GET) por suas amplas contribuições e feedback ao longo do processo
de desenvolvimento do WDR.
Um Conselho Consultivo formado por Madeleine Albright, Louise Arbour, Lakhdar Brahimi,
Mohamed Ibn Chambas, Paul Collier, Nitin Desai, Carlos Alberto dos Santos Cruz, Martin
Griffiths, Mohamed “Mo” Ibrahim, H.E. Paul Kagame, Ramtane Lamamra, Shivshankar Menon,
Louis Michel, Jorge Montaño, Jay Naidoo, Kenzo Oshima, Surin Pitsuwan, Zeid Ra’ad Al-Hussein,
Marta Lucía Ramírez de Rincón, H.E. Ellen Johnson Sirleaf, Dmitri Trenin, Wu Jianmin e George
Yeo fornecu ampla e excelente consultoria.
O Presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, contribuiu com orientação e comentários.
Muitas outras pessoas de dentro e de fora do Banco Mundial colaboraram com comentários
e sugestões. O Grupo de Dados sobre o Desenvolvimento contribuiu para os dados anexos e foi
responsável pelos Indicadores Selecionados de Desenvolvimento Mundial.
A equipe foi amplamente beneficiada por uma grande variedade de consultas. Foram reali-
zadas reuniões no Afeganistão, Áustria, Austrália, Bélgica, Canadá, China, Colômbia, República
Democrática do Congo, Dinamarca, Egito, Etiópia, França, Alemanha, Haiti, Índia, Indonésia,
Iraque, Itália, Japão, Quênia, Líbano, Mali, México, Nepal, Holanda, Noruega, Paquistão,
Ruanda, Arábia Saudita, África do Sul, Espanha, Sudão, Suécia, Suíça, Timor Leste, Reino Unido,
Estados Unidos, Cisjordânia e Gaza, Iêmen. A equipe deseja agradecer aos participantes desses
workshops, videoconferências e debates on-line que incluíram formuladores de política, autori-
dades governamentais e representantes de organizações não-governamentais, da sociedade civil
e do setor privado.
A equipe gostaria de agradecer o generoso apoio da União Africana, Associação das Nações
do Sudeste da Ásia, União Europeia, Governo da Austrália, Governo do Canadá, Governo da
China, Governo da Dinamarca, Governo da Finlândia, Governo da Alemanha, Governo do Japão,
Governo do México, Governo da Holanda, Governo da Noruega, Governo da Suécia, Governo da
Suíça, Governo do Reino Unido, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
e Nações Unidas.
53
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A equipe deseja estender seus agradecimentos ao incansável apoio da Equipe de Produção


do WDR: Jessica Ardinoto, Nga (Ty) Lopez, Bertha Medina, Brónagh Murphy, e Jason Victor.
O apoio de gestão de recursos de Irina Sergeeva e Sonia Joseph também é muito bem-vindo,
além do excelente apoio prestado pelo Escritório do Editor e GSDTR à produção, publicação,
tradução e divulgação, além de agradecimento especial a Mary Fisk, Stephen McGroarty,
Nancy Lammers, Santiago Pombo-Bejarano, Denise Bergeron, Janet Sasser, Cécile Jannotin e
Hector Hernaez por suas contribuições. Debra Naylor e Gerry Quinn contribuíram com sua
perícia para o desenho e os gráficos. Agradecemos ainda Ivar Cederholm, Jean-Pierre Djomalieu,
Sharon Faulkner, Vivian Hon, Gytis Kanchas, Rajvinder Kaur, Alexander Kent, Esabel Khoury,
Nacer Megherbi, Thyra Nast, Jimmy Olazo, Nadia Piffaretti, Carol Pineau, Jean Gray Ponchamni,
Swati Priyadarshini, Janice Rowe-Barnwell, Merrell Tuck-Primdahl e Constance Wilhel por seu
gentil apoio à equipe. Muitos agradecimentos também a Jeffrey Lecksell pela excelente elaboração
de mapas. Reconhecemos os esforços do Escritório do Banco Mundial em Nova York, inclusive
Dominique Bichara e Tania Meyer, bem como os colegas que auxiliaram nas consultas do WDR
em todo o mundo — entre os quais aqueles que trabalham nos escritórios do Banco Mundial no
Afeganistão, Bélgica, China, Colômbia, República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Haiti,
Índia, Indonésia, Iraque, Itália, Japão, Quênia, Líbano, Mali, México, Nepal, Paquistão, Ruanda,
Arábia Saudita, África do Sul, Sudão, Timor Leste, Cisjordânia e Gaza e Iêmen.
Nota bibliográfica

Este relatório baseia-se em uma ampla série de documentos do Banco Mundial e em inúmeras
fontes externas. Contribuíram para a análise de antecedentes: Beatriz Abizanda, Rede de
Desenvolvimento Aga Khan, Nathalie Alvarado, Sanam Naraghi-Anderlini, Matthew Andrews,
Jairo Arboleda, Paul Arthur, Claus Astrup, Alexandra Avdeenko, Kathryn Bach, Mark Baird,
Patrick Barron, Peter Bartu, Christina Biebesheimer, Arthur G. Blundell, Morten Bøås, Saswati
Bora, James Boyce, Henk-Jan Brinkman, Tilman Brück, Rex Brynen, Iride Ceccacci, Brian Center,
Pinki Chaudhuri, Asger Christensen, James Cockayne, Blair Glencorse, Tara Cooper, Maria C.
Correia, David Craig, Christopher Cramer, Martha Crenshaw, Olivia D’Aoust, Victor A.B. Davies,
Pablo de Greiff, Alex de Waal, Dimitri F. De Pues, Frauke de Weijer, Christopher Delgado, Gabriel
Demombynes, Deval Desai, Peter Dewees, Sinclair Dinnen, Le Dang Doanh, Barry Eichengreen,
Gregory Ellis, Sundstøl Eriksen, FAFO, Alexander Evans, Doug Farah, Edgardo Favaro, James D.
Fearon, Ministério das Relações Exteriores da Finlândia, Hedda Flatø, Shepard Forman, Paul
Francis, Anthony Gambino, Esther Garcia, Scott Gates, Alan Gelb, Luigi Giovine, Jack A.
Goldstone, Margarita Puerto Gomez, Sonja Grimm, Jean-Marie Guehenno, Scott Guggenheim,
Debarati Guha-Sapir, Paul-Simon Handy, Bernard Harborne, Niels Harild, Emily Harwell, Håvard
Hegre, Cullen S. Hendrix, Anke Hoeffler, Karla Hoff, Richard Horsey, Fabrice Houdart, Yasheng
Huang, Elisabeth Huybens, Banco Interamericano do Desenvolvimento, Syeda S. Ijaz, Horst
Intscher, Kremena Ionkova, Michael Jacobson, Prashant Jha, Agência de Cooperação Internacional
do Japão (JICA), Michael Johnston, Patricia Justino, Tarcisius Kabutaulaka, Gilbert Khadaglia,
Anne Kielland, Robert Krech, Christof P. Kurz, Sarah Laughton, Constantino Lluch, Norman V.
Loayza, Clare Lockhart, Megumi Makisaka, Alexandre Marc, Keith Martin, Omar McDoom,
Mike McGovern, John-Andrew McNeish, Pratap Bhanu Mehta, Kenneth Menkhaus, Richard
Messick, Nadir Mohammed, Hannah Nielsen, Håvard Mokleiv Nygård, David Pearce, Mary
Porter Peschka, Nicola Pontara, Douglas Porter, Ministry of Foreign Affairs of Portugal, Monroe
Price, Habib Rab, Clionadh Raleigh, Martha Ramirez, Anne Sofie Roald, Paula Roque, Narve
Rotwitt, Caroline Sage, Yezid Sayigh, Mark Schneider, Richard Scobey, Jake Sherman, Sylvana Q.
Sinha, Judy Smith-Höhn, Joanna Spear, Anna Spenceley, Radhika Srinivasan, Frances Stewart,
Håvard Strand, Scott Straus, Nicole Stremlau, Naotaka Sugawara, Deepak Thapa, Åge Tiltnes,
Monica Toft, Robert Townsend, Bakary Fouraba Traore, Keiichi Tsunekawa, Programa das Nações
para o Desenvolvimento(PNUD), Departamento de Operações da Missão de Paz das Nações
Unidas (UNDPKO), Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas (UNDPA), Bernice
van Bronkhorst, Philip Verwimp, Joaquin Villalobos, Sarah von Billerbeck, Henriette von
Kaltenborn-Stachau, Barbara F. Walter, Jusuf Wanandi, Xueli Wang, Clay Wescott, Teresa
Whitfield, Alys Willman, Michael Woolcock, Michael Wyganowski, Kohei Yoshida.
Os documentos de referência do Relatório estão disponíveis na Internet, no endereço www.
worldbank.org/wdr2011 ou por intermédio do escritório do Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial. As opiniões expressas nestes documentos não refletem necessariamente aquelas do
Banco Mundial ou deste Relatório.
Muitas pessoas de dentro e de fora do Banco Mundial contribuíram com comentários para a
equipe. Comentários, orientação e contribuições foram fornecidas por Patricio Abinales, Ségolène
Adam, James W. Adams, Douglas Addison, Ozong Agborsangaya-Fiteu, Sanjeev S. Ahluwalia,
Ahmad Ahsan, Bryant Allen, Noro Andriamihaja, Edward Aspinall, Laura Bailey, Bill Battaile,
55
56 R E L AT Ó R I O D O D E S E N V O LV I M E N T O M U N D I A L 2 0 1 1

Ferid Belhaj, Eric Bell, Christina Biebesheimer, Anna Bjerde, Brian Blankespoor, Chris Blattman,
Edith H. Bowles, Mike Bourke, Sean Bradley, Cynthia Brady, Anne Brown, Gillie Brown, Colin
Bruce, Paola Buendia, Roisín de Burca, William Byrd, Charles Call, Otaviano Canuto, Michael
Carnahan, Francis Carneiro, Paloma Anos Casero, Mukesh Chawla, Judy Cheng-Hopkins, Fantu
Cheru, Punam Chuhan-Pole, Laurence Clarke, Kevin Clements, Cybèle Cochran, Departamento
Nacional de Planeación (DNP) da Colômbia, Daniele Conversi, Louise Cord, Pamela Cox, Jeff
Crisp, Geoffrey Dabelko, Beth Daponte, Monica Das Gupta, Elisabeth David, Martin David,
John Davidson, Scott Dawson, Shanta Devarajan, James Dobbins, Joost Draaisma, Gregory
Keith Ellis, Ibrahim Elbadawi, Obiageli Kathryn Ezekweli, Kene Ezemenari, Judith Fagalasuu,
Oscar Fernandez-Taranco, Ezzedine Choukri Fishere, Cyprian F. Fisiy, Ariel Fiszbein, Robert
L. Floyd, Verena Fritz, Francis Fukuyama, Ivor Fung, Varun Gauri, Madhur Gautam, Germany’s
Deutscher Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ), Coralie Gevers, Indermit S. Gill,
Chiara Giorgetti, Giorgia Giovannetti, Edward Girardet, Jack Goldstone, Kelly Greenhill, Pablo de
Greiff, Scott E. Guggenheim, Tobias Haque, Bernard Harborne, David Harland, Jenny Hedman,
Joel Hellman, Bert Hofman, Virginia Horscroft, Elisabeth Huybens, Elena Ianchovichina,
Patchamuthu Illangovan, Sana Jaffrey, Martin Jelsma, Emmanuel E. Jimenez, Hilde Johnson, Mary
Judd, Sima Kanaan, Alma Kanani, Phil Keefer, Caroline M. Kende-Robb, Homi Kharas, Young
Chul Kim, Mark Kleiman, Steve Knack, Sahr Kpundeh, Aart Kraay, Keith Krause, Aurélien Kruse,
Arvo Kuddo, Sibel Kulaksiz, Julien Labonne, Tuan Le, Theodore Leggett, René Lemarchand,
Anne-Marie Leroy, Brian Levy, Esther Loening, Ana Paula Fialho Lopes, Chris Lovelace, Andrew
Mack, Charles Maier, Sajjad Malik, David Mansfield, Alexandre Marc, Roland Marchal, Ernesto
May, Alastair McKechnie, Dave McRae, Pratap Mehta, Piers Merrick, Jeffrey Miron, Peter
Moll, Mick Moore, Adrian Morel, Edward Mountfield, Robert Muggah, Izumi Nakamitsu, Eric
Nelson, Carmen Nonay, Antonio Nucifora, Liam O’Dowd, the OECD/International Network
on Conflict and Fragility (OECD/INCAF), Adyline Waafas Ofusu-Amaah, Patti O’Neill, Robert
Orr, Marina Ottaway, Phil Oxhorn, Kiran Pandey, Andrew Parker, Martin Parry, Borany Penh,
Nadia Piffaretti, Nicola Pontara, Rae Porter, Ben Powis, Giovanna Prennushi, Gérard Prunier,
Vikram Raghavan, Bassam Ramadan, Peter Reuter, Joey Reyes, Dena Ringold, David Robalino,
Michael Ross, Mustapha Rouis, Jordan Ryan, Joseph Saba, Abdi Samatar, Nicholas Sambanis,
Kirsti Samuels, Jane Sansbury, Mark Schneider, Colin Scott, John Sender, Yasmine Sherif,
Janmejay Singh, David Sislen, Eduardo Somensatto, Radhika Srinivasan, Scott Straus, Camilla
Sudgen, Vivek Suri, Agência Suíça de Desenvolvimento e Cooperação (SDC), Almamy Sylla,
Stefanie Teggemann, Thomas John Thomsen, Martin Tisné, Alexandra Trzeciak-Duval, Anne
Tully, Carolyn Turk, Oliver Ulich, Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino
Unido (DFID), Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos(USAID), Peter
Uvin, Manuel Vargas, Antonius Verheijen, Thierry Vircoulon, M. Willem van Eeghen, Axel van
Trotsenburg, Juergen Voegele, Femke Vos, Tjip Walker, John Wallis, El Ghassim Wane, Dewen
Wang, Achim Wennmann, Alys Willman, Andreas Wimmer, Susan Wong, Rob Wrobel, Tevfik
Yaprak e Philip Zelikow.
Somos gratos a pessoas de lugares de todo o mundo que participaram e forneceram seus
comentários. Além disso, agradecemos a blogueiros convidados e ao público em geral que se
conectaram ao nosso blog: http://blogs.worldbank.org/conflict/.
Apesar dos esforços para elaborar uma lista abrangente, é possível que algumas pessoas que
colaboraram tenham sido inadvertidamente omitidas. A equipe pede desculpas por quaisquer
equívocos e reitera sua gratidão a todos os que contribuíram para este relatório.
Sumário de Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial de 2011
Prefácio
Contexto e estrutura
Glossário
Nota sobre metodologia
Abreviações e notas sobre dados

Visão Geral

PARTE 1: O DESAFIO DE CICLOS REPETIDOS DE VIOLÊNCIA


1 A Violência Recorrente Ameaça o Desenvolvimento
2 Vulnerabilidade à violência

PARTE 2: LIÇÕES OBTIDAS DAS RESPOSTAS NACIONAIS


E INTERNACIONAIS
3 Da violência à resiliência: Recuperando a confiança e transformando
as instituições
4 Recuperando a confiança: Afastando-se da iminência
5 Transformando instituições para fornecer segurança justiça e
empregos
6 Apoio internacional para a geração de confiança e transformação
das instituições
7 Ação internacional para mitigar as tensões externas

PARTE 3: OPÇÕES PRÁTICAS E RECOMENDAÇÕES


8 Orientações para a ação nacional
9 Novas orientações para o apoio internacional

Nota bibliográfica
Referências
Indicadores selecionados
Indicadores Selecionados do Desenvolvimento Mundial
Índice
58
Four easy ways to order

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Online: Fax:
+1-703-661-1580 or P.O. Box 960
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AUDITORIA ECOLÓGICA
Declaração de Benefícios Ambientais

O Banco Mundial está comprometido Foram salvos:


com a preservação das florestas ameaçadas
de extinção e dos recursos naturais. • 40 árvores
O Escritório do Editor decidiu imprimir a • 13 milhões de BTUs de energia total
versão em inglês e as traduções do Relatório • 1729,5 quilogramas líquidos de gases
sobre o Desenvolvimento Mundial 2011: causadores do efeito estufa
Visão geral em papel reciclado com 50% • 69.511,5 litros de águas servidas
de fibra pós-consumo, em conformidade • 505,7 quilos de resíduos sólido
com os padrões recomendados para o uso
de papel, estabelecidos pela Iniciativa da
Imprensa Verde, um programa sem fins
lucrativos que apoia editores no uso de fibra
que não provenha de florestas ameaçadas
de extinção. Para obter informações mais
detalhadas favor consultar o website
www.greenpressinitiative.org
Com mais de 1,5 bilhão de pessoas vivendo em países afetados por conflitos,
o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011 (WDR) investiga a mudança
da natureza da violência no século XXI. As guerras interestatal e civis
caracterizaram os conflitos violentos no século passado, e hoje, de modo mais
pronunciado, a violência está vinculada a controvérsias locais, repressão política
e criminalidade organizada. O Relatório ressalta o impacto negativo de conflitos
duradouros nas perspectivas de desenvolvimento de um país ou região,
e observa que nenhum Estado de baixa renda, afetado pelo conflito ainda
alcançou um único Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (MDG).

O risco de alto índice de violência é maior quando altos níveis de tensão são
associados a instituições nacionais deficientes e ilegítimas. As sociedades são
vulneráveis quando suas instituições são incapazes de proteger os cidadãos de
abusos, ou de garantir acesso equitativo à justiça e à oportunidade econômica.
Essas vulnerabilidades são exacerbadas em países com grandes populações
jovens, desigualdade de renda crescente e injustiça perceptível. Os eventos
provocados por fatores externos, como infiltração de combatentes estrangeiros,
a presença de redes de tráfico ou choques econômicos, intensificam as tensões
que podem provocar a violência.

O WDR 2011 aproveita a experiência dos países que conseguiram fazer, com
sucesso, a transição da violência repetitiva, apontando para uma necessidade
específica de priorizar ações que gerem a confiança entre os Estados e o cidadãos
e desenvolver instituições que possam garantir segurança, justiça e empregos.
A capacidade do governo é crucial, mas a competência técnica sozinha é
insuficiente: as instituições e os programas devem ser responsáveis por seus
cidadãos, para terem legitimidade. A impunidade, a corrupção e os abusos de
direitos humanos claramente prejudicam confiança entre Estados e cidadãos e
aumenta os riscos de violência. A construção de instituições duradouras ocorre
em várias transições ao longo de uma geração e não significa convergir para
modelos institucionais do ocidente.

O WDR 2011 reúne as lições dos reformadores nacionais que fogem dos
repetitivos ciclos de violência. Ele defende um maior enfoque na ação preventiva
de modo contínuo, equilibrando uma concentração às vezes excessiva na
reconstrução pós-conflito. O Relatório baseia-se em novas pesquisas, estudos
de caso e consultas extensas com líderes e outros atores em todo o mundo. Ele
propõe um kit de ferramentas de opções para tratar da violência que pode ser
adaptado aos contextos locais, bem como às novas orientações da política
internacional, destinado a melhorar o apoio aos reformadores nacionais e a
enfrentar as tensões que emanam das tendências globais ou regionais para além
do controle de um país.

32566
BANCO MUNDIAL

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