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Brasília - DF.
Autores
Carly MACHADO
Fabio MAIA
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Aula 1
Tecnologia e sociedade............................................................................................................................................... 7
Aula 2
Educação na sociedade da informação................................................................................................................24
Aula 3
Mídia impressa e Educação ....................................................................................................................................40
Aula
O uso dos recursos audiovisuais na Educação .................................................................................................54
Aula 5
Uso dos recursos digitais na Educação................................................................................................................69
Aula 6
Educação a distância ................................................................................................................................................. 89
Referências........................................................................................................................................................................ 108
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
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Introdução
Atualmente, muitas novidades surgem no cenário educacional apontando para a relação entre
educação e tecnologia: educação online, e-learning, teleconferências, diferentes inovações
tecnológicas invadem os ambientes educacionais propondo novos contextos de aprendizagem
dentro e fora das instituições educacionais tradicionais. No entanto, a relação entre educação e
inovações tecnológicas não é uma novidade: o rádio, a TV, o cinema, os computadores pessoais,
todos provocaram impactos na sociedade e nas práticas educativas. É nesse sentido que
orientamos esta disciplina: neste curso, estudaremos a influência das tecnologias em nossa vida
social e cultural e, em especial, na Educação. Falaremos sobre o papel das diferentes tecnologias
no processo educativo (impresso, audiovisuais, informática e internet). Discutiremos o texto, a
imagem, a multimídia, a informática, as redes de computadores e seus impactos na construção
de conhecimento orientada pela escola. Analisaremos, ainda, a abertura de novos espaços de
aprendizagem como o cenário contemporâneo da Educação a Distância. Orientando todo esse
trabalho, refletiremos juntos sobre o papel do professor nesse contexto educacional e as novas
competências profissionais que ele deve desenvolver. Espero que você goste deste estudo e se
envolva com os temas que discutiremos no curso.
Objetivos
»» discutir sobre a importância do material impresso, dos recursos audiovisuais, dos recursos
computacionais e digitais no contexto educacional e suas diferentes possibilidades de
uso nas práticas pedagógicas;
»» refletir sobre a história da EAD, o perfil de cada uma de suas gerações, a influência desta
história na atualidade da EAD e suas possibilidades educativas;
6
Tecnologia e Sociedade
Aula
1
Apresentação
O que será que vem à nossa cabeça quando falamos de “tecnologia”? O propósito desta aula é definir
com precisão o campo de estudos que estamos iniciando na disciplina Educação e Tecnologia, a
partir de uma análise cuidadosa dos conceitos de “técnica” e “tecnologia”, e a relação destas ideias
com as discussões básicas da vida social e cultural de todas as épocas. Procuraremos, também,
apresentar um histórico das Tecnologias de Informação e Comunicação, indicando aquelas que
são cruciais para o campo da educação, sempre lembrando que o “presente” está diretamente
articulado a mudanças técnicas que se deram ao longo do tempo. Por fim, analisaremos a relação
entre seres humanos e máquinas, discutindo sobre seu potencial e também seus limites e perigos.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
7
AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
Mas será que há tecnologia no passado? A vida humana sempre foi marcada por inovações técnicas
e tecnológicas. Este é o primeiro ponto que gostaríamos de deixar claro para você nesta aula.
identificamos um grupo cultural humano por sua LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico.
língua, por exemplo. A língua é um elemento simbólico Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2005.
Mas podemos dizer que esses aspectos “imateriais” da cultura são completamente abstratos? Se
analisarmos mais de perto, percebemos que o simbolismo que caracteriza tais aspectos “abstratos”
da cultura envolve também objetos concretos. As relações de parentesco, por exemplo, geralmente
se estabelecem pela troca de presentes, como no caso dos casamentos até hoje. Os “bens” das
famílias compõem sua estrutura. As famílias, em geral, são caracterizadas por objetos concretos,
como sua casa e outros objetos que contam sua memória – livros, fotos, relógios, joias. Muitas
vezes, a hierarquia entre os membros de uma família é revelada pela posse de um determinado
objeto: “o irmão mais velho vai ficar com o relógio de parede”, por exemplo.
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
Dicas de Leitura
Joias de Família, de Zulmira Ribeiro Tavares. Ed. Companhia das Letras.
Em Joias de Família (1990), a escritora Zulmira Ribeiro Tavares toma como metáfora da construção da
tradição familiar a história arquitetada por um juiz em torno de um anel de rubi dado de presente de
noivado à sua futura esposa. O referido anel passa a emblematizar o futuro núcleo familiar que ora
começa a se formar. A família Munhoz passa a se identificar na joia e a ser identificada socialmente por
ela. Vemos, portanto, que as tradições (principalmente as tradições familiares) são construções que
garantem a continuidade do grupo. Continuidade essa possibilitada pela memória e seus objetos. No
caso do romance em questão, esses objetos são corporificados, essencialmente, no rubi e em um cisne de
Murano, ostentados pela família desde seu princípio. Em suma: as tradições são como as joias de família,
que passam de geração a geração, cercadas de histórias.
O mesmo podemos falar acerca das religiões: o sistema simbólico sagrado das religiões é marcado
por objetos concretos: os textos sagrados, como a Bíblia e o Alcorão, por exemplo. Esses objetos
são tratados de forma diferente e são, inclusive, imbuídos de certo “poder”, como na imagem
da Bíblia aberta na sala como símbolo de proteção da casa. Os rituais religiosos são, também,
marcados por objetos concretos: a cruz, a água benta, as oferendas, os animais, entre outros.
Vamos analisar a necessidade de alimentação, por exemplo. A sociedade, para alimentar seus
indivíduos e grupos, aprimorou gradativamente suas práticas voltadas para esse objetivo. A caça,
a pesca, a agricultura e a pecuária mudaram muito ao longo da história do ser humano, não é
verdade? A forma de caçar, por exemplo, transformou-se gradativamente e diversas estratégias
foram criadas para tornar essa ação mais eficiente. Além de comportamentos diferentes, foram
criados instrumentos inovadores para facilitar a caça e ampliar seu potencial. O arco e a flecha,
as lanças e até as armas foram ferramentas muito importantes no desenvolvimento da caça. O
mesmo poderíamos dizer sobre a pesca, a agricultura e a pecuária. Para cada uma delas, foram
desenvolvidas estratégias de ação e também ferramentas (até a criação das máquinas) que
aumentaram a eficiência e a eficácia de tais práticas.
A caça, a pesca, a agricultura e a pecuária são exemplos de técnicas que compõem o cotidiano
da cultura. Podemos agora, portanto, definir a ideia de Técnica (é o procedimento ou o conjunto
de procedimentos que têm como objetivo obter determinado resultado, seja no campo da
Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra atividade). No ser humano, a técnica surge de
sua relação com o meio e se caracteriza por ser consciente, reflexiva e inventiva, tendo como
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AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
objetivo central a transformação de uma dada realidade. A palavra técnica se origina do grego
techné cuja tradução é arte.
A técnica diz respeito ao “modo de fazer”, e o modo de fazer as coisas envolve procedimentos,
métodos e objetos. Vamos pensar na culinária: a culinária é uma técnica, e cada grupo cultural
utiliza procedimentos, ingredientes e objetos diferentes para alcançar seu resultado final.
A dança é uma técnica corporal e também varia muito entre os diferentes grupos culturais. Educar
é uma técnica, sendo também marcada por diferenças na história e nas diversas culturas. As
técnicas, portanto, envolvem objetos, mas não se resumem aos objetos. Elas dizem respeito ao
modo de fazer, aos métodos e procedimentos envolvidos nas ações.
No entanto, como já foi possível perceber, as técnicas podem sempre ser aprimoradas por novos
elementos. É aí que entra a Tecnologia. A palavra Tecnologia vem do grego τεχνη — “ofício” — e
λογια — “estudo”, ou seja, é o estudo dos ofícios, das práticas, procurando aprimorá-las. Para
aprimorar as práticas, esses estudos da “lógica do ofício”, ou seja, tecnológicos, podem desenvolver
novas técnicas (novos modos de fazer) e/ou novas ferramentas e instrumentos (meios de fazer).
Sendo assim, a Tecnologia é o campo de criação de formas e meios de aprimorar as técnicas
humanas e ampliar a capacidade da sociedade de alcançar seus objetivos.
5. o termo tecnologia também pode ser usado para descrever o nível de conhecimento
científico, matemático e técnico de determinada cultura;
Isso posto, é possível concluir que as inovações tecnológicas não dizem respeito apenas à criação
de máquinas, mas também à criação de modos de realizar as ações humanas de maneira mais
eficiente e alcançando resultados mais eficazes.
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
Como o foco específico deste nosso estudo é a relação entre tecnologia e educação, analisaremos
um pouco mais de perto as inovações tecnológicas no campo de maior impacto no processo
educativo: as tecnologias de informação e de comunicação.
A imprensa, criação de Johannes Gutenberg, foi uma das maiores revoluções Johannes Gutenberg
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AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
Mas vale acentuar também que as inovações tecnológicas, na outra direção, provocam mudanças
na cultura. A imprensa, por exemplo, transformou hábitos, criou novos elementos na sociedade
e exigiu novas decisões políticas.
Essa mudança na sociedade não foi simples. “Acesso à informação” sempre implicou revoluções
de hábitos, mas também transformações políticas. Assim, a tecnologia do impresso mexeu na
cultura ampliando o poder pelo saber. A circulação de jornais nas cidades criava uma rede de
informações jamais imaginada, e com ela a possibilidade de saber sobre diferentes assuntos,
discutir sobre eles e formar opiniões.
Criou-se, ainda, uma outra estrutura econômica: surgiram os donos de jornais, as editoras de livros,
e também profissionais especializados nesses trabalhos. A regulação da profissão de jornalista,
por exemplo, por muito tempo foi habilitada aos que tinham experiência na área, e não apenas
àqueles com nível superior, afinal a formação superior em jornalismo surgiu exatamente para
atender a uma demanda prática já existente e exercida por diversas pessoas que aprenderam
na prática o ofício de jornalista.
Com o exemplo da imprensa, podemos perceber que, por um lado, as inovações tecnológicas
atendem às necessidades sociais, mas, por outro, transformam a própria sociedade em que elas
surgem.
Se a imprensa foi revolucionária, também o telégrafo no século XIX é uma inovação que não
pode ser esquecida. A possibilidade de transmitir informações a longas distâncias transformou
a sociedade e abriu possibilidades nunca antes imaginadas.
Com efeito, a comunicação entre as pessoas sempre foi uma necessidade, mas a comunicação a
distância apresentou problemas durante muito tempo2. Na Antiguidade, utilizavam-se métodos
naturais, como acender fogueiras no cimo dos montes, para comunicar a distância. É também
muito conhecida a utilização de um código de fumos pelos índios americanos, com a mesma
finalidade de transmitir mensagens. Outros processos usados durante muito tempo utilizavam
animais, como as carruagens a cavalo ou os cavaleiros, assim como navios e mais tarde o comboio.
Outro processo visual foi desenvolvido nos princípios da década de 1790 pelo engenheiro
francês Claude Chappe, que inventou a palavra telégrafo (do grego, “escrever a distância”. Tele
– distância – e grafia – escrita). Consistia em transmitir letras, palavras e frases por meio de um
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
código visualizado a partir de três réguas de madeira articuladas colocadas na parte alta de um
poste ou edifício
13
AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
a troca de informações entre dois ou mais assinantes. Para haver êxito nessa comunicação, os
aparelhos necessitam estar ligados a vários equipamentos, que formam uma central telefônica3.
pequeno porte e programações diversificadas, exerce a oferta, já que não poderia auxiliar no esforço
de guerra. Os projetos de Zuse ficariam
maior incidência na vida diária das pessoas, tanto
parados durante a guerra, dando a chance aos
em zonas urbanas quanto em rurais. Ele é rico em americanos de desenvolver seus computadores.
sugestão e sua capacidade de provocar a criação de
imagens mentais, estabelecer laços afetivos e suscitar uma cálida sensação de intimidade com
o ouvinte que recebe a mensagem em sua solidão facilita a adesão, a identificação afetiva – mais
que intelectual – ao rádio. Até hoje, essa é a tecnologia de maior penetração no Brasil, sendo
seguida pela televisão.
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
A última grande revolução no cenário das tecnologias da informação foi, sem dúvida, a criação
do computador e, posteriormente, a rede mundial de computadores, a internet. Denomina-se
computador uma máquina capaz de variados tipos de tratamento automático de informações
ou processamento de dados5. Um computador pode prover-se de inúmeros atributos, entre
eles, armazenamento de dados, processamento de dados, cálculo em grande escala, desenho
industrial, tratamento de imagens gráficas, realidade virtual, entretenimento e cultura.
Foi na 2ª Guerra Mundial que realmente nasceram os computadores atuais. A Marinha americana,
em conjunto com a Universidade de Harvard, desenvolveu o computador Harvard Mark I,
projetado pelo professor Howard Aiken. O Mark I ocupava 120 m³ aproximadamente, conseguindo
multiplicar dois números de dez dígitos em três segundos.
:: Guerra Fria
A Guerra Fria foi a designação atribuída ao conflito político-ideológico entre os Estados Unidos (EUA),
defensores do capitalismo, e a União Soviética (URSS), defensora do socialismo, compreendendo o período
entre o final da 2ª Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991).
É chamada “fria” porque não houve qualquer combate físico, embora o mundo todo temesse a vinda de
um novo conflito mundial, e por se tratar de duas superpotências com grande arsenal de armas nucleares.
Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esse período. Se
um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano via
aí logo uma ameaça aos seus interesses; se um movimento popular combatesse um governo aliado aos EUA,
logo receberia apoio soviético.
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AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
A Internet surgiu por vias militares nos períodos áureos da Guerra Fria6. Na década de 60,
quando dois blocos antagônicos política, social e economicamente exerciam enorme controle e
influência no mundo, qualquer mecanismo, qualquer inovação, qualquer ferramenta nova poderia
contribuir nessa disputa liderada pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Nessa perspectiva,
o governo dos Estados Unidos temia um ataque às suas bases militares pela URSS. Acontece que,
em caso de um ataque (deve-se levar em consideração o clima de tensão que permeia a década
de 60), informações importantes e sigilosas poderiam ser perdidas, não oferecendo aos EUA
condições de resistência e reação. Então, foi idealizado um modelo de troca e compartilhamento
de informações que permitisse a descentralização destas. Assim, se o Pentágono fosse atingido,
as informações armazenadas ali não estariam perdidas. Era preciso, portanto, criar uma rede, a
ARPANET, desenvolvida pela ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency, e foi assim que
se desenrolaram as primeiras estratégias de tráfego de informações entre diferentes localidades
por meio de uma rede de computadores.
Na década de 80, o interesse pela rede se ampliou e mais pesquisas foram realizadas. Em 1989,
a contribuição do cientista Sir Tim Berners-Lee do CERN, Conseil Européen pour la Recherche
Nucléaire (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), muda definitivamente a face da Internet,
até então uma rede fechada e com uma interface bastante diferente da que conhecemos hoje.
Tim Berners-Lee foi o responsável pela criação da World Wide Web, um sistema que inicialmente
interligava sistemas de pesquisas científicas e acadêmicas, conectando universidades. A rede
coletiva ganhou maior divulgação pública a partir de 1990.
Com o computador e a internet, a transmissão de texto, som e imagens finalmente foi integrada.
A essa combinação chamamos de multimídia. Define-se multimídia a combinação, controlada
por computador, de pelo menos um tipo de mídia estática (texto, fotografia, gráfico), com pelo
menos um tipo de mídia dinâmica (vídeo, áudio, animação). Quando se afirma que a apresentação
ou recuperação da informação se faz de maneira multissensorial, quer-se dizer que mais de
um sentido humano está envolvido no processo, fato que pode exigir a utilização de meios de
comunicação que, até há pouco tempo, raramente eram empregados de maneira coordenada.
Ao longo desta disciplina, teremos várias oportunidades de analisar cada uma das tecnologias de
informação e comunicação (TICs) sucintamente apresentadas no tópico anterior. No entanto,
a intenção desta aula é discutir a relação entre essas tecnologias e a vida em sociedade.
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
As TICs fazem parte do cotidiano das pessoas. Quase todos os brasileiros usam livros, jornais,
telefones e televisão em seu dia a dia, e um número significativo de pessoas faz uso do computador,
seja em instituições públicas, de negócios e comércios ou em suas casas.
Além das TICs (foco deste estudo), diversas outras tecnologias acompanham a vida de um indivíduo
em sociedade: as evoluções tecnológicas no campo da saúde, por exemplo, têm exercido grande
impacto em nossa cultura. Esse cenário da Biotecnologia é responsável por aprimoramento
de medicamentos, criação de intervenções na cura de doenças e desenvolvimento de técnicas
inovadoras no campo da vida e da morte, tais como as estratégias de reprodução assistida e as
pesquisas sobre a clonagem.
:: Comunicação de massa:
Os meios de comunicação de massa são veículos, sistemas de comunicação em um único sentido (mesmo
que disponham de vários feedbacks como índices de consumo ou de audiência, cartas dos leitores). Ou
seja, a mensagem dos meios de comunicação de massa é emitida por um ponto (TV, rádio, etc.), chega até
as pessoas, mas não permite que aquele que recebe a mensagem responda à informação recebida. Essa
característica distingue-os da comunicação pessoal, na qual o comunicador conta com imediato e contínuo
feedback da audiência, intencional ou não, e leva alguns teóricos da mídia a afirmar que aquilo que obtemos
mediante os meios de comunicação de massa não é comunicação, pois esta é via de dois sentidos e, portanto,
tais meios deveriam ser denominados veículos de massa.
Vamos ver outro exemplo: a televisão criou um mundo fascinante de imagens, sons, cores e
conteúdos voltados aos mais diversos temas. No entanto, no cotidiano das pessoas, suscitou
mudanças que provocaram impasses. Um dos grandes assuntos da década de 80 era “quantas horas
as crianças devem passar em frente à televisão”. As críticas à “babá eletrônica” eram infindáveis.
Além da educação das crianças, a televisão ameaçou, para alguns, a qualidade da informação.
Começou-se a se falar nos “alienados” que assistem à televisão e, no Brasil, principalmente, às
novelas. Mesmo hoje, “assistir à televisão” é um comportamento algumas vezes criticado por
aqueles que veem essa mídia como um “instrumento de alienação”.
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AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
Por que alienação? O debate acerca das mídias de massa leva à pergunta sobre a origem da
informação e da intenção da mensagem. O que lemos nos jornais e vemos na televisão são
reportagens criadas por empresas de comunicação. Sendo assim, a questão da divulgação de
uma informação tem, por um lado, um compromisso ético com a verdade, mas, por outro, tem
ainda relações com diversos outros interesses e ideologias, tanto dos donos das empresas de
comunicação quanto do mercado publicitário de anunciantes. Daí surge a pergunta: qual a
qualidade da informação difundida na mídia de massa?
Umberto Eco, em seu livro “Apocalípticos e Integrados”, de 1964, apresenta as duas principais
tendências presentes na sociedade diante do impacto da mídia de massa. Para Eco, existem
aqueles denominados “apocalípticos”, que consideram a mídia de massa um mal irremediável,
um instrumento não da cultura, mas da decadência da cultura, e os “integrados”, que analisam
os aspectos positivos desses veículos, os quais permitem a circulação dinâmica de informações:
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Tecnologia e Sociedade • AULA 1
da massa e dela não fazia parte. O integrado, por sua vez, convidava o leitor à
passividade ao aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa
(ECO, 1964 apud BIANCO, s/d, s/p)7.
debilitando-os, portanto, de sua capacidade coisa que não mostras, e talvez as piores manifestações,
dessa atitude autoritária de domínio sobre o outro.
de pensar de forma crítica e autônoma. De
inspiração marxista, essa corrente de análise
entendia a comunicação de massa como um meio de ideologia, um mecanismo de difusão de
ideias que promovia os interesses das classes dominantes. Esse grupo pode ser identificado
como de postura apocalíptica.
Entre os integrados, Bianco identifica uma outra explicação desenvolvida nos anos 50 e 60
pelos chamados “teóricos da mídia” (McLuhan e Innis), que identificavam na própria forma do
meio de comunicação o poder de influenciar a sociedade. Argumentavam esses teóricos que o
desenvolvimento da mídia eletrônica criava um novo ambiente cultural interacional e unificador,
interligado em redes globais de comunicação instantânea denominado por McLuhan como
“aldeia global”.
:: Marshall McLuhan:
Teórico dos meios de comunicação, foi precursor dos estudos sobre a mídia. Seu foco de interesse não são
os efeitos ideológicos dos meios de comunicação sobre as pessoas, mas a interferência deles nas sensações
humanas, daí o conceito de “meios de comunicação como extensões do homem” (título de uma de suas
obras) ou “prótese técnica”. Em outras palavras, a forma de um meio social tem a ver com as novas maneiras
de percepção instauradas pelas tecnologias da informação. Os próprios meios são a causa e o motivo das
estruturas sociais.
A discussão da relação entre os seres humanos e as tecnologias vai além da questão da mídia de
massa. A articulação entre homens e máquinas inquieta o imaginário da sociedade, esticando-o nas
duas direções indicadas por Eco: de um lado, aqueles que veem as máquinas como uma extensão
das potencialidades humanas, como instrumentos valiosos de ampliação das capacidades físicas
e cognitivas do ser humano. Poderíamos chamar essa perspectiva de “integrada”, no vocabulário
de Eco, ou de “utópica”.
7 BIANCO, Nélia R. Del. Elementos para pensar as tecnologias da informação na era da globalização. Disponível em: <http://
revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/rbcc/article/viewFile/731/517>. Data do acesso: 18/06/2008
19
AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
Os exemplos dessa extensão de possibilidades humanas são vários: o que um homem não é
capaz de derrubar com a força de seu corpo, um trator destrói sem dificuldade. O que a memória
humana não é capaz de armazenar, o computador registra. Se o ser humano não é capaz de voar,
pelos limites de seu corpo, ele o faz através da invenção do avião. Sendo assim, nessa perspectiva
utópica, as máquinas são grandes aliadas do ser humano e das expansões de sua vida social.
Podemos destacar, nesse sentido, o livro Vida Digital (1995), de Nicholas Negroponte, um dos
fundadores do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology. Negroponte desenvolve
previsões sobre o futuro digital, delineando o perfil do mundo que vê pela frente:
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações
e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na
verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita,
leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez
mais avançada. (...)
20
Tecnologia e Sociedade • AULA 1
Na época atual, a técnica é uma das dimensões fundamentais onde está em jogo a transformação
do mundo humano por ele mesmo (LÉVY, 2002, p. 7).
:: Matrix:
Matrix tem como tema a luta do ser humano, por volta do ano de 2200, para se livrar do domínio das
máquinas que evoluíram após o advento da inteligência artificial. Em um recurso extremo para derrotar as
máquinas, a humanidade cobriu a luz do sol para cortar o suprimento de energia elas, mas estas adotam uma
solução radical: como cada ser humano produz, em média, 120 volts de energia elétrica, começam a cultivá-
los em massa como fonte de energia. Para que o cultivo fosse eficiente, os seres humanos passaram a receber
programas de realidade virtual, enquanto seus corpos reais permaneciam mergulhados em habitáculos nos
campos de cultivo. Essa realidade virtual, que é um programa de computador ao qual todos são conectados,
chama-se Matrix e simula a humanidade do final do Século XX.
Os filmes de ficção científica retratam com muita força esse cenário catastrófico: 2001 – uma
Odisseia no espaço, Blade Runner, O Exterminador do Futuro, Jurassic Park, e mais recentemente
A. I. – Inteligência Artificial, Eu, Robô e, sobretudo, a trilogia MATRIX são exemplos de diferentes
preocupações sobre o futuro da humanidade diante dos desenvolvimentos tecnológicos.
21
AULA 1 • Tecnologia e Sociedade
A perspectiva “catastrófica” ajuda-nos a refletir sobre aspectos importantes dos impasses e mesmo
dos perigos relacionados à relação humano-tecnológica. Seriam as máquinas ampliadoras das
capacidades humanas ou, na verdade, veículos de restrição de seu potencial? A televisão informa
ou aliena? A memória do computador nos ajuda ou nos torna mais preguiçosos? A internet abre
campos de informação ou direciona interesses a partir de ideologias comerciais?
Nosso objetivo com este estudo não é a adoção “total e irrestrita” a uma perspectiva ou outra,
mas sim aprendermos a olhar a relação homens e máquinas por diferentes ângulos. Com os
utópicos, aprendemos acerca dos potenciais das tecnologias, vislumbrando futuros possíveis de
encantadora combinação entre pessoas e tecnologias. Com os catastróficos, acionamos nossa
preocupação ética, questionando os limites do desenvolvimento e mantendo-nos alertas aos
perigos que rondam a criação e a difusão das tecnologias na vida em sociedade.
Resumo
»» técnicas são modos de fazer ações humanas, estruturadas de acordo com as intenções
de cada sociedade;
»» as técnicas envolvem objetos que ganham sentido próprio dentro das culturas que
são compostas de elementos imateriais (abstratos) articulados a elementos materiais
(objetos);
22
Tecnologia e Sociedade • AULA 1
»» o rádio tem imensa penetração social e é um veículo importante até hoje em todos os
países;
»» do ponto de vista utópico, as máquinas são responsáveis pela ampliação das capacidades
e potencialidades humanas;
23
Aula
Educação na Sociedade
da Informação 2
Apresentação
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
24
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
Sociedade da Informação
Para alguns autores, tais mudanças foram tão importantes que transformaram o perfil dominante
da vida social contemporânea: se antes a sociedade era marcadamente uma “sociedade industrial”,
a segunda metade do século XX seria marcada por uma transformação na direção de um modelo
“pós-industrial”, que nos conduz a uma nova forma social, a chamada “sociedade da informação”
que teria superado a “sociedade industrial”. Mas vamos aos poucos. Quais as características da
sociedade industrial?
Ao longo do processo, a era agrícola (pré-industrial) foi superada, a máquina foi suplantando
o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre
nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
»» esse novo modelo de produção mudou a relação do homem com o trabalho: ele agora
era um trabalhador em fábricas – um operário;
25
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
deve ganhar mais? Aqueles que possuem as máquinas ou Horas de trabalho por semana
aqueles que trabalham nelas?;os trabalhadores passaram a para trabalhadores adultos nas
morar perto das fábricas, e com isso o cenário das cidades indústrias têxteis:
mudou bastante. Tem início o processo de concentração 1780 - em torno de 80 horas por
semana;
urbana;
1820 - 67 horas por semana;
»» a produção em larga escala transformou a dinâmica
1860 - 53 horas por semana;
econômica da sociedade, instaurando um novo modelo
2007 - 46 horas por semana.
de comércio, lucratividade, circulação de mercadorias e
consumo.
De acordo com Kumar (1997), o proponente mais conhecido da ideia de uma teoria da sociedade
pós-industrial foi Daniel Bell, em seu livro “The Coming of Post-Industrial Society” (1973). O
conceito de sociedade pós-industrial assenta na constatação de que se tornou predominante
uma economia de serviços, de que adquiriram preponderância as classes profissionais e técnicas,
de que o crescimento se tornou a referência quase exclusiva das políticas da sociedade, de que
o controle da inovação tecnológica é um dado estratégico e de que surge aquilo que se designa
por nova Tecnologia Intelectual (Silva, s.d.).
26
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
a ser chamada. O nascimento da informação Essas analogias tornam-se possíveis, na Cibernética, por
não só como conceito, mas também como esta estudar o tratamento da informação no interior desses
processos como codificação e decodificação, retroação ou
ideologia está inextricavelmente ligado ao
realimentação (feedback), aprendizagem. Segundo Wiener
desenvolvimento do computador durante os (1968), do ponto de vista da transmissão da informação, a
anos da guerra e no período imediatamente distinção entre máquinas e seres vivos, humanos ou não, é
mera questão de semântica.
posterior, conforme já vimos na aula anterior
(KUMAR, 1997).
A ideia básica que marcava a teoria de Bell acerca da sociedade pós-industrial era a evolução
para uma sociedade de serviços e o rápido crescimento de oportunidades de empregos para
profissionais liberais e de nível técnico, como exposto acima.
27
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
A nova esfera da comunicação opera em um contexto global. Uma rede mundial de bibliotecas,
de arquivos e de bancos de dados surgiu, teoricamente acessível a qualquer pessoa, em qualquer
lugar e a qualquer momento. A revolução da tecnologia da informação comprime espaço e tempo
em um novo ambiente mundial, orientado para o futuro.
A Sociedade da Informação, segundo seus teóricos, gera mudanças no nível mais fundamental
da sociedade. Inicia um novo modo de produção. Muda a própria fonte da criação de riqueza e
os fatores determinantes da produção. O trabalho e o capital, as variáveis básicas da sociedade
industrial, são substituídos pela informação e pelo conhecimento.
Toffler (1981 apud KUMAR, 1997) associa as mudanças na esfera da informação a mudanças na
esfera técnica, na esfera social, na esfera de poder, na esfera biológica e na esfera psicológica.
28
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
Essas mudanças, na perspectiva desses teóricos, são analisadas em tom otimista, apontando para
um novo estilo de vida completo, no qual a civilização pode ser tornada “mais sã, mais sensível e
sustentável, mais decente e mais democrática do que tudo que até agora conhecemos” (TOFFLER,
1981 apud KUMAR, 1997, p. 26). Assim, o ponto de vista utópico predomina entre aqueles que
apresentam a teoria da sociedade da informação. Esse novo modelo de vida social é apresentado
como revolucionário e amplificador das potencialidades da vida humana.
No que diz respeito ao trabalho na sociedade da informação, por exemplo, Dupas (2001) aponta
como o capital vem utilizando as novas tecnologias flexíveis e abertas para aproveitar a diversidade
do mercado de trabalho internacional em uma perspectiva exploradora. Dadas as possibilidades
29
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
Ainda de acordo com esse autor, o capital apossou-se por completo dos destinos da tecnologia,
libertando-a de amarras metafísicas e orientando-a única e exclusivamente para a criação de
valor econômico. A tecnologia, para Dupas, acabou se transformando basicamente em expressão
da competição global. A internet é um exemplo desse impasse: ao lado do ideal da rede de
computadores como um veículo público de socialização das informações, caminha seu inevitável
e revolucionário uso comercial.
Para Sorj, exclusão digital e desigualdade social são temas indissociáveis, e seu debate é
fundamental para uma reflexão eticamente comprometida acerca da Sociedade da Informação.
Segundo Sorj (2003, p. 63), a exclusão digital depende de cinco fatores que determinam a maior
ou menor universalização dos sistemas telemáticos:
30
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
Sendo assim, para minimizar a exclusão digital, percebemos que se fazem necessárias ações de
infraestrutura de acesso (2 primeiros tópicos), bem como estratégias de capacitação intelectual
do usuário (tópicos de 3 a 5). Esses dois vetores são fundamentais e não podem caminhar
separados. Para que ambos se realizem, é preciso investimento financeiro e vontade política de
que as mudanças possíveis aconteçam no cenário de uma sociedade da informação efetivamente
democrática.
No entanto, educar na sociedade da informação exige uma atitude ética bem fundamentada.
Pensar a educação na sociedade da informação exige considerar um leque de aspectos relativos
às tecnologias de informação e comunicação, a começar pelo papel que elas desempenham na
construção de uma sociedade que tenha a inclusão e a justiça social como uma das prioridades
principais. Diante do cenário da exclusão informacional, o papel da educação é antes de tudo
um papel político de conquista da igualdade e na construção da cidadania na sociedade da
informação.
31
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
A questão da exclusão digital já foi tratada no tópico anterior. Mas qual o papel da educação
diante da exclusão digital? Desenvolver junto com os cidadãos estratégias de luta na busca pela
igualdade de acesso às mídias digitais, a chamada “democracia digital” que envolve todos os
atores da sociedade em um conjunto de relações mais eficazes e transparentes.
Será que o papel da educação seria apenas a luta pelo acesso? De forma alguma, mesmo diante
da desigualdade, a Educação tem por função criar estratégias de democratização da informação,
e aí destaca-se o papel da escola. Por meio da instituição escolar, é possível democratizar o acesso
a todas as formas de mídias e, assim, à informação: a escola cidadã na sociedade da informação
deve ser equipada com bibliotecas, midiatecas, laboratórios de informática, sala de vídeos, enfim,
todos os recursos que poderão ser disseminados e compartilhados coletivamente no ambiente
escolar. Assim, a escola tem papel fundamental na democratização do acesso à informação.
Será que o acesso à informação basta? Claro que não. As pessoas precisam aprender a lidar com
a informação, a compreendê-la de forma crítica e contextualizada. Sendo assim, a educação
tem mais um papel na sociedade da informação: capacitar os indivíduos ao manejo crítico e
consciente da informação. É nesse momento que a informação torna-se conhecimento.
32
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
Já vimos a importância da escolha na luta pela igualdade de acesso à informação, seu papel na
democratização do acesso à informação, e também:
»» que não basta ter acesso à informação, o aluno deve ser preparado para compreendê-la
criticamente;
»» que, além de compreender a informação que lhe é oferecida, o indivíduo deve ser capaz
de pesquisá-la, desenvolvendo, assim, autonomia para construção de conhecimento.
sabedoria. Qual a diferença entre conhecimento e Internacional de Educação para o Século 21,
sabedoria? O conhecimento diz respeito aos saberes presidida por Jacques Delors, a educação deve ser
baseada nos quatro pilares do conhecimento:
e conteúdos de que trata um assunto, mas como
“aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender
decidir acerca da ética relacionada ao conhecimento?
a viver junto” e “aprender a ser”.
Essa é a dimensão da sabedoria. Quais os VALORES
SOCIAIS e HUMANOS voltados para uma sociedade
justa e democrática? Um conhecimento, a história nos mostra, pode ser utilizado para o “bem”
ou para o “mal” da sociedade. Para construí-la ou destruí-la, desenvolvê-la ou atrofiá-la. A escola
é o lugar de discussão sobre esses assuntos. A educação tem por papel colocar desafios éticos
em debate, para construir valores e não apenas conhecimentos frios e descontextualizados.
Percebemos, assim, que a Educação se confirma como elemento-chave na Sociedade da
Informação, participando decisivamente do desenvolvimento do cidadão informacional em
patamar de igualdade com seus semelhantes, capaz de aprender sempre, com autonomia, e
baseando-se em princípios éticos e solidários. No entanto, o desafio está apenas começando: se já
compreendemos o papel da educação na sociedade da informação, ainda nos falta pensar “como”
fazê-la. Como educar na sociedade da informação? Quais os melhores métodos e instrumentos?
Esse é o próximo e último tópico desta aula.
33
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
Educar, tal como discutido pelos construtivistas, continua sendo uma ação dinâmica e pautada
em princípios interacionistas. Com base em Piaget, Vygotsky e Wallon, continuamos reafirmando
uma educação baseada não na transmissão de informações, mas na construção ativa de
conhecimentos por parte do sujeito aprendente. Construção realizada colaborativamente e em
contextos sociais de aprendizagem. Aprender é aprender “com”: seja diretamente com pessoas
“presentes”, “ao vivo”, ou com “pessoas” presentificadas de formas diferentes, como nos livros
(onde estão suas ideias), nos filmes (que compartilham suas imagens e imaginações), entre
outras formas de “contato”.
Enquanto eu escrevo este material, penso em você(s), mesmo sem saber quem você(s) é (são).
Mas não escrevo sozinha. Escrevo com “você(s)”, para você(s), e com várias outras companhias,
como os autores com os quais dialogo em minha mente ao construir essas ideias. Você, quando
lê este texto, também está em contato comigo, mesmo sem estarmos próximos fisicamente. No
entanto, além de mim, você está conhecendo, lidando e reencontrando com outros autores que
também fazem parte dessa construção coletiva de conhecimento.
Sendo assim, educar na sociedade da informação é, sobretudo, “educar”. E isso é o mais importante:
ter princípios claros que norteiam sua prática educativa. Se tais princípios forem sólidos, eles
nortearão sua ação de maneira coerente, não importa os recursos de que você venha a fazer uso.
Mas será que não temos nada a dizer sobre a metodologia educativa na sociedade da informação?
Temos sim. O que há de específico neste contexto é o desafio de educar não apenas para a
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Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
sociedade da informação, mas “com” seus instrumentos, ou seja, com o uso das novas tecnologias
no contexto da relação ensino-aprendizagem.
E o quadro de giz? Nesse contexto tradicional, ele normalmente é usado para explicitar as ideias
do professor que fala. Isto é, o quadro reflete os pontos centrais das ideias pensadas pelo professor
(e só por ele). Na formação tradicional de professores e professoras, o treinamento para o uso
do quadro era indispensável: onde começar a escrever, como organizá-lo, como apagá-lo. Sendo
assim, a voz e o quadro do professor tradicional formavam uma dupla inabalável.
Voltemos à voz e ao quadro de giz da aula tradicional. Esses dois elementos podem ser usados
de forma muito diferente e absolutamente inovadora: a voz do professor pode dialogar com os
alunos em sua exposição, e o quadro pode expressar esse diálogo, essa conversa. Uma educação
dialógica (e não mais monológica) pode acontecer com qualquer tecnologia e em qualquer
método, mesmo em uma aula expositiva. Basta que se tenha como princípio a construção coletiva
e dinâmica do conhecimento.
35
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
A educação, nesse sentido, torna-se polifônica: poli – muitos; fonia – sons. Assim, na aula expositiva
polifônica, várias vozes se expõem, e não apenas a do professor. Várias ideias se cruzam, assim
como os sons das vozes. Ela não é mais um “solo”, mas um conjunto harmônico, como em um
coral, no qual, para que a beleza da música se realize, são necessárias várias vozes.
Vimos, por conseguinte, que a própria aula expositiva e seus elementos (a voz e o quadro de
giz) podem ser reinventados em uma educação dialógica e polifônica. Será que queremos o
predomínio da aula expositiva? Não. Novos métodos vêm sendo desenvolvidos há anos na sugestão
de uma educação não tradicional: trabalhos com grupos, dinâmicas, projetos, experimentações,
vivências, entre outros. Nossa sugestão aqui é a de pensar experiências educativas dialógicas
com o uso das novas tecnologias.
Nosso objetivo aqui não é “complicar” a vida do professor com mais uma “bola” para seu
malabarismo, como na crítica dos autores acima, mas apresentar novas possibilidades educativas
viáveis através da utilização de novas tecnologias no contexto educativo.
Um exemplo: vamos partir dos livros da série Harry Potter. A experiência da leitura das aventuras
desse pequeno bruxo adolescente fez crianças e adultos de todo o mundo imaginarem ruas, casas,
lojas, uma escola de magia, personagens, tudo isso a partir da experiência da leitura. O estilo do
autor, nesse caso, da autora, sugere perspectivas, modos de imaginar e conhecer a história que
invadem o leitor que, a partir de tal proposta – ou deste convite, poderíamos dizer – mergulha
36
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
no cinema as imagens são apresentadas ao e a Pedra Filosofal, em 1997, os livros ganharam grande
popularidade e sucesso comercial no mundo todo, e
espectador que desenvolve sua imaginação a deram origem a filmes, videogames e muitos outros itens.
partir das referências oferecidas pelo diretor:
as ruas têm certas características, bem como as
casas, a escola de magia e as personagens. No
cinema, o conhecimento se constrói através das
referências audiovisuais oferecidas à audiência,
e com elas novos caminhos de aprendizagem
do mundo se abrem.
aos filmes e outros só assistem aos filmes e não leem os livros, cada tecnologia
oferece ao enredo proposto por Rowling uma experiência inédita e repleta de potenciais criativos.
Assim como no caso de Harry Potter, podemos lembrar outros exemplos de histórias recriadas
em diversas mídias: O Senhor dos Anéis, Guerra nas Estrelas, Matrix e outros.
37
AULA 2 • Educação na Sociedade da Informação
Mas qual a importância desse exemplo para a área de educação? Podemos perceber que cada
mídia, cada tecnologia tem uma linguagem própria. Essas diferentes linguagens ativam diferentes
modos de pensar e conhecer, ou seja, diferentes modalidades de contato e processamento da
informação. Sendo assim, ao utilizarmos linguagens tecnológicas diferenciadas também na
educação, seremos capazes de estimular no aluno o desenvolvimento de modos diversificados
e criativos de construção de conhecimento.
No entanto, para tal, o educador também precisa ampliar seus modos de pensar e conhecer o
mundo, explorando as mediações diversificadas das novas tecnologias. Vocês que são alunos a
distância levam vantagem neste desafio! Ao longo do curso, foram convidados a lidar com mídias
diferentes e, com isso, experimentaram o potencial de diferentes linguagens. Assim sendo, já
possuem experiências que podem ser aproveitadas na prática educativa que desenvolvem ou
desenvolverão com seus alunos.
Resumo
38
Educação na Sociedade da Informação • AULA 2
39
Mídia impressa e educação
Aula
3
Apresentação
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
»» refletir sobre a importância do livro didático e apontar elementos para uma análise
crítica deste material central no cotidiano educacional;
40
Mídia impressa e educação • AULA 3
Conforme apresentado na Aula 1, a mídia impressa foi uma revolução cultural nas sociedades
ocidentais no momento de seu surgimento com Gutemberg. A possibilidade de registro e
disseminação de palavras e imagens em uma tecnologia de durabilidade considerável provocou
mudanças no cenário de circulação de ideias nos diversos contextos culturais.
A mídia impressa agrega hoje diversos recursos: livros, jornais, enciclopédias, atlas, histórias em
quadrinhos, entre outros. Nesta aula, discutiremos especificamente o papel da mídia impressa
no contexto educacional. Apesar do intenso debate contemporâneo sobre as tecnologias digitais
(computador e internet), o impresso continua sendo elemento primordial no cotidiano do
processo ensino-aprendizagem. Afirma Moreira (apud SANCHO, 1998):
41
AULA 3 • Mídia impressa e educação
começa pela luta pelo acesso aos livros: livros para professores, para alunos, bibliotecas para a
comunidade escolar, bibliotecas comunitárias, entre outros elementos fundamentais à cidadania.
Se a inclusão digital é tema relevante na Sociedade da Informação, e comitês como o CDI (ver Aula
2) lutam pela democratização do acesso à informática, precisamos pensar e discutir também a
“inclusão bibliográfica”, o acesso da sociedade aos livros, realidade que no Brasil, ainda, está longe
de ser universal. Muitas escolas hoje discutem a importância do laboratório de informática, e se
esquecem de lutar por melhores bibliotecas, maiores e melhores acervos de recursos impressos
para as comunidades escolares.
No entanto, o acesso ao livro não basta. Obtido o acesso, é preciso planejar a utilização do recurso.
Como utilizar o livro? Podemos responder simplesmente: “Basta lê-lo!”. Todavia, ensinar a ler
é muito mais do que instrumentalizar a decodificação de letras, sílabas e palavras. “Ler” é uma
habilidade básica para o manejo de praticamente todas as demais tecnologias da informação
e implica competências também de compreensão de contextos, interpretação das mensagens
implícitas e explícitas presentes no texto.
Para nos prepararmos melhor em relação ao uso do impresso, analisaremos o conceito de texto
e, a partir dele, a ideia de hipertexto.
Texto e hipertexto
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Mídia impressa e educação • AULA 3
O JORNAL é um dos exemplos nos quais o treinamento na tecnologia do texto é mais intensamente
desenvolvido. A formação jornalística implica rebuscado domínio de uma linguagem adequada
ao contexto jornalístico, bem como de um diálogo intenso entre o texto, a mensagem e o design
da página.
Com o livro didático não é diferente, pois exige uma linguagem própria, clara, explicativa, bem
como imagens significativas que participem de forma coerente do objetivo da aprendizagem
que orienta o texto, tudo isso dentro de um design gráfico agradável, equilibrado, que desperte
o interesse do aluno à leitura.
“Um texto é um objeto materializado numa dada língua natural, produzido numa situação concreta
e pressupondo os participantes locutor e alocutário” (MIRA MATEUS et al. apud COSCARELLI, 2002,
p. 68) – percebemos nessa definição que a produção de um texto implica o uso de uma língua e
suas possibilidades. É curioso pensarmos que as DIFERENTES LÍNGUAS POSSUEM DIFERENTES
POSSIBILIDADES TEXTUAIS. Além disso, Mira Mateus destaca a situação concreta em que um
texto é produzido como elemento importante em sua construção. A data de desenvolvimento de
um texto, seu contexto histórico e político são elementos fundamentais em sua compreensão.
E isso não vale apenas para romances e documentos literários. O período de produção de um
texto é também importante na compreensão de textos científicos e livros didáticos. Mesmo os
documentos de divulgação científica dialogam com contextos políticos e culturais e expressam
esses contextos. Além disso, Mira Mateus destaca a participação no texto daquele que produz o
texto (locutor) e aquele que o interpreta, o lê (alocutário).
“O texto é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor para fazer parte de seu trabalho” (ECO
apud COSCARELLI, 2002, p. 68). Graciosa essa frase de Eco, não acha? Esse autor nos chama à
atenção para a participação ativa do leitor na construção do texto. Um texto não está pronto
quando acaba de ser escrito. Ele se realiza e se completa cada vez que é lido. Por isso sua forma
está sempre aberta, fechando-se parcialmente a cada leitura.
“Vou entender o texto como um produto de uma interação, que pode ser do tipo ‘face a face’, como
na linguagem falada, ou do tipo ‘interação com um interlocutor invisível’, como na linguagem
43
AULA 3 • Mídia impressa e educação
escrita” (CASTILHO apud COSCARELLI, 2002, p. 68). Mesmo na produção do texto existe uma
interação, segundo Castilho. O autor sempre escreve para alguém, para um interlocutor que
está em sua mente, em seu imaginário. Produzindo este texto, nós, professores, escrevemos
para “você”, mesmo sem conhecê-lo(a), mas imaginando quem você pode ser. O interlocutor
invisível altera a produção do texto. Se estivéssemos escrevendo para um jornal, ou para uma
revista feminina, ou um site voltado para jovens, nosso texto seria outro. Dessa maneira, todo
texto é de certa forma resultado de uma interação.
Com o advento da internet, questiona-se o que vem mudando no texto. Fora da página impressa,
será que o texto transformou-se completamente? O texto online trouxe para a cena a integração
às palavras de outros recursos midiáticos, como o som, o vídeo, o movimento. Além disso, o
texto online é “navegável”. O que isso significa? Ao percorrer as palavras de um texto online,
geralmente o leitor encontra sinais de conexões externas a esse texto, indicações de “portas de
saída”, ou o que chamamos “links”. As palavras marcadas como “links” convidam o leitor a sair
do texto, e articular outras leituras a esse texto. Essa saída pode ser temporária, e implicar um
retorno, ou pode levar a uma rede de conexões que levam a caminhos que não foram previstos
anteriormente. É a esse evento que denominamos hipertexto.
De acordo com Coscarelli (2002, p. 73), o hipertexto é um texto que traz conexões, chamadas
links, com outros textos que, por sua vez, se conectam a outros, e assim por diante, formando
uma grande rede de textos.
É fácil visualizar o hipertexto em uma página da internet. Os links possuem uma linguagem visual
própria: geralmente as palavras “linkadas” encontram-se em azul e/ou sublinhadas. Quando
passamos com o mouse sobre um elemento da página da internet que traga um link, o sinal da
“setinha” torna-se uma “mão”, indicando que ali há algo mais a ser capturado pelo leitor.
Quando ouço uma palavra, isso ativa imediatamente em minha mente uma
rede de outras palavras, de conceitos, de modelos, mas também de imagens,
sons, odores, sensações proprioceptivas, lembranças, afetos etc. (LÉVY apud
COSCARELLI, 2002, p. 73).
Essa articulação entre uma palavra com outras ideias pode acontecer todo o tempo conosco, não
acha? Quando ouvimos ou lemos uma palavra, seja em uma conversa, em um livro impresso ou em
uma página da internet, diversas articulações entre aquela palavra e outras várias ideias invadem
a nossa mente e nossa imaginação, tal como descrito por Lévy. Mesmo quando não existem
links explícitos (como nas páginas da internet), existem “links” naturais da cognição humana.
Quando lemos um romance, por exemplo, imaginamos personagens, lugares, sentimentos, ou
44
Mídia impressa e educação • AULA 3
seja, compomos um conjunto de elementos criados a partir das palavras de uma forma que
podemos denominar “hipertextual”, em seu sentido mais amplo.
Pensando assim, todo texto é um hipertexto, pois suas palavras não têm por
finalidade encerrarem-se em si mesmas, mas visam a articular-se a outras
ideias, compondo uma “rede”, nos termos de Lévy, que conecta elementos
externos e internos ao leitor.
No entanto, existem elementos que fazem com que o leitor “quebre” essa ordem, criando uma
organização própria na leitura do material impresso: devem ser levados em consideração, nesse
contexto, o interesse do leitor, seu objetivo na leitura e seu conhecimento prévio do assunto,
por exemplo.
Alguns impressos são mais “abertos” a essa ação reorganizadora do leitor do que outros. O jornal,
por exemplo, apresenta na primeira página um “menu” que convida o leitor a lê-lo na sequência
que desejar. Se quiser ler a seção de esportes antes da de política, o leitor está livre para ordenar
sua leitura como desejar, e o próprio design do jornal facilita essa “navegação”. Os índices dos
livros, como o nome já diz, indicam diferentes pontos de entrada na leitura. Principalmente em
livros acadêmicos desenvolvidos por diferentes autores, a sequência da leitura dos capítulos não
implica uma ordenação lógica obrigatória, muito menos sua leitura do início ao fim. Pode-se ler
um ou dois capítulos, e mesmo todos, segundo a ordenação do interesse do leitor a cada momento.
45
AULA 3 • Mídia impressa e educação
Há quem diga, a partir dessas reflexões, que, na verdade, a realidade se inverte: na página da
internet, a leitura hipertextual seria mais limitada, pois os links estão sugeridos em alguns lugares,
e apenas naqueles. Já no impresso, a liberdade hipertextual é plena e depende exclusivamente
das conexões mentais produzidas pelo leitor, sem nenhum caminho traçado anteriormente.
A questão do hipertexto vai retornar ainda em diferentes momentos de nosso estudo, mas
acreditamos que já temos elementos para prosseguir. Vamos começar a analisar agora, com
esse olhar que desenvolvemos sobre textos e hipertextos, os diferentes recursos impressos que
participam do processo de ensino e de aprendizagem.
(...) De outro lado, temos um mundo ao qual sequer o livro chegou. Correspondendo
à maior parte da população mundial e envolvendo áreas como a África ao sul do
Saara e o Sul da Ásia, sem esquecer das desigualdades da América Latina, esse
é o mundo que luta para alcançar a Educação para todos, nos termos do Marco
de Ação de Dakar. Nessas regiões, o livro didático é uma preciosidade sonhada
por muitos, enquanto os professores lutam para reunir materiais escritos que
possam garantir processos mais ou menos convencionais de alfabetização, além
da pós-alfabetização, para que, num mundo analfabeto, as novas competências,
adquiridas com sacrifício não venham a regredir (WERTHEIN apud PORTELLA,
2003, p. 7).
Falar sobre o livro no contexto atual significa circular por uma área de tensão entre as duas posições
apresentadas na citação acima: por um lado, dúvidas sobre o futuro do livro e mesmo seu fim,
diante da ameaça da chamada era digital, na qual o importante seria a diversidade de fontes de
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Mídia impressa e educação • AULA 3
informação e a rapidez no acesso. Por outro lado, contextos socioculturais nos quais o livro nem
se tornou uma realidade concreta. Lugares onde predomina a escassez, e o livro (descartado nas
sociedades incluídas na era digital) é ele mesmo um luxo de difícil acesso, comprometendo o
desenvolvimento de todo processo educacional.
Livros didáticos
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AULA 3 • Mídia impressa e educação
1. existem professores autores que ESCREVEM os livros didáticos. Sua função é adaptar o
conteúdo científico a uma linguagem didática, apropriada a cada faixa etária;
2. todo professor deve ANALISAR os livros didáticos. Cada material educacional apresenta
uma perspectiva metodológica e didática de apresentação do conteúdo, e os educadores
devem participar da escolha do livro mais adequado ao seu trabalho. Além disso, os livros
didáticos são marcados por ideologias, pontos de vista, posições políticas, por vezes muito
sutis, mas certamente presentes. O educador deve estar atento a esse aspecto, mediante
uma leitura crítica e cuidadosa dos materiais educacionais impressos, selecionando
para o seu trabalho livros que promovam atitudes igualmente críticas em seus alunos,
baseados em valores democráticos, justos e igualitários;
3. todo professor deve ser criativo ao UTILIZAR o livro didático. Em algumas escolas, o livro
parece ditar os rumos da disciplina, definindo sua sequência e atividades obrigatórias.
Preencher todas as páginas do livro parece uma exigência de diretores e pais de alunos.
No entanto, o objetivo do processo de ensino e aprendizagem é muito mais amplo do
que o preenchimento dessas páginas. A sequência da apresentação dos conteúdos deve
ser definida pelo professor em função de suas escolhas didáticas, e não dos capítulos
do livro. Os exercícios a serem realizados devem ser também planejados pelo educador,
e não obrigatoriamente adotados em função de sua apresentação no livro. Outras
atividades, além dos livros, devem ser criadas pelo professor especialista no conteúdo,
oferecendo aos alunos outros caminhos de construção de conhecimento diferentes
daqueles padronizados nos livros didáticos.
De acordo com Moreira (apud SANCHO, 1998, p. 112), pode-se observar que o uso do livro didático
como instrumento de ensino tem sido sempre questionado. Essa crítica aos textos escolares não
tem sido feita apenas a partir da teoria, mas muitos grupos de professores progressistas têm
questionado a função e a utilidade desse material escolar, acusando-o, entre outras coisas, de
favorecer um processo de aprendizagem receptivo e passivo por parte dos alunos, “de manter o
status quo de uma metodologia tradicional de ensino e de ser um veículo para incutir a ideologia
da cultura dominante” (MOREIRA, apud SANCHO, 1998, p. 112). Por essas razões, é fundamental à
prática docente uma reflexão crítica sobre os livros didáticos: a fim de escaparmos dessa tendência
tradicionalista de sua utilização, inventando formas criativas e inovadoras de nos apropriarmos
dos recursos por ele oferecidos.
48
Mídia impressa e educação • AULA 3
Livros de consulta
Além do livro didático, existem outros livros com papel importante no contexto educacional.
Entre eles destacam-se os livros de consulta, como dicionários, enciclopédias, atlas, manuais,
entre outros. Esses livros não são elaborados com a finalidade de serem lidos do início ao fim,
mas como recursos ou fontes de consultas de uma informação específica. Contêm grande
quantidade de dados e informações organizadas de forma alfabética, cronológica ou temática
(MOREIRA apud SANCHO, 1998).
pedagógicas, já que são meios de comunicação de massa como a Mediante esse projeto, alunos
49
AULA 3 • Mídia impressa e educação
esportes. Sendo assim, essa mídia pode ser utilizada como recurso pedagógico no processo de
ensino e aprendizagem das mais diversas disciplinas, oferecendo conteúdo atualizado e dinâmico
para a construção de conhecimento escolar.
Tais mídias devem se tornar, ainda, objeto de estudo dos alunos, para que desenvolvam habilidades
e atitudes de consumidores críticos dos meios de comunicação de massa. Estudar esses periódicos
fará, assim, o aluno compreender o que é uma publicação periódica (seja diária, semanal ou
mensal), quais as funções sociais que desempenha, os processos de elaboração dela, os poderes
e interesses ideológicos, políticos e econômicos subjacentes à publicação, a análise e o contraste
das notícias, os elementos, as partes, a estrutura e os formatos próprios da imprensa escrita, o
conceito de liberdade de expressão e seu papel nas sociedades democráticas (MOREIRA apud
SANCHO, 1998).
História em Quadrinho
Caracteriza-se por ser um material impresso no qual é contada uma história por meio da
combinação de imagens (códigos icônicos) com textos, sendo a imagem sequencial o seu elemento
simbólico predominante. Considera-se que na escola a história em quadrinho apresenta inúmeras
vantagens, já que é facilmente manipulável, de baixo custo, motiva e atrai a atenção e interesse
dos alunos e, ao combinar texto com imagem, ajuda o aluno a desenvolver tanto os hábitos de
leitura como a capacidade de expressão em códigos icônicos. De acordo com Martin (Moreira
apud Sancho, 1998), a história em quadrinhos pode ser um excelente meio de iniciação à leitura
crítica da imagem, para sua análise e para a criação artística e literária.
O uso de diferentes mídias impressas no processo educacional só alcança seu sentido se for
orientado por objetivos claros. O principal sentido do trabalho crítico e diversificado com
mídias impressas é o desenvolvimento da leitura. Mesmo diante de um cenário complexo de
inovações tecnológicas, em termos cognitivos, a leitura e a escrita continuam sendo habilidades
indispensáveis e fundamentais para a inscrição do sujeito na sociedade. É a partir da leitura e da
escrita que as inovações digitais são possíveis. É a partir dos livros que surgem os computadores.
50
Mídia impressa e educação • AULA 3
Segundo Aymard (apud PORTELLA, 2003), a era eletrônica implica uma ruptura com a era de
Gutemberg. Na era eletrônica, o volume da informação que circula sob uma forma impressa
(problema concreto no modelo da imprensa) deixa de ser um limite à circulação do texto. Em
termos concretos, na mídia impressa existem limites de páginas para um livro, edições, tiragens,
aspectos que restringem a circulação da informação por sua quantidade. Para Aymard, na era
eletrônica, todo autor pode compor pessoalmente seu texto e escolher os destinatários.
[...] todo leitor tem a escolha de ler em sua tela ou imprimir, conservar, transmitir
a outros ou jogar fora a informação recebida e, é claro, responder, tornando-se,
por sua vez, autor (AYMARD apud PORTELLA, 2003, p. 174).
51
AULA 3 • Mídia impressa e educação
»» a ampla difusão de textos na Internet exige do leitor, por um lado, ampla capacidade
de leitura hipertextual que possibilite o desenvolvimento de uma leitura em aberto,
articuladora de diversas informações, ao mesmo tempo sem a perda de capacidade
sistematizadora e organizadora dessas informações. Além de saber ler (decodificar os
códigos da língua), o leitor na era digital precisa aprender a ler as informações online,
com sua linguagem, dinâmica, desafios e riscos, entre eles a perda do sentido;
de avaliar fontes, autorias, referências, a fim inventores ou responsáveis por qualquer produção
do intelecto (seja nos domínios industrial,
de lidar com o texto como objeto de estudo,
científico, literário e/ou artístico) o direito de
e não como fonte legítima de informações, auferir, ao menos por um determinado período de
independente de sua origem; tempo, recompensa pela própria criação. Segundo
definição da Organização Mundial de Propriedade
»» a autoria de textos está ainda mais aberta Intelectual (OMPI), constituem propriedade
intelectual as invenções, obras literárias e
na era digital. Além da leitura, a escrita
artísticas, símbolos, nomes, imagens, desenhos e
se reinventa diante das inovações da era
modelos utilizados pelo comércio.
eletrônica e convida o leitor a ocupar o lugar
de autor, respondendo às provocações do
texto. Um excelente exemplo dessa dinâmica são os blogs e todas as interfaces disponíveis
da Web 2.0, diante das quais os usuários são convidados a interagir com o texto, criar
respostas, reinventar o lido com novos textos, novas leituras e interpretações;
»» outra questão central nesse contexto diz respeito à ética da informação. Preocupação
sempre relevante, o tema da ética na produção, circulação, reprodução e apropriação
de informações se tornou ainda mais crucial na era digital. A facilidade de acesso a
um conjunto enorme de dados exige de leitores e autores um rigor ético que impeça
a apropriação indevida de informações, que preserve a propriedade intelectual dos
autores e garanta a fidedignidade das informações e suas origens. Todos sabemos da
facilidade do plágio na era digital, e o quão relevante se faz discutirmos tal assunto com
nossos alunos.
Chegamos ao final da Aula 3. Esperamos que você possa ter ampliado suas reflexões sobre a
importância do material impresso no cotidiano educacional. Além dos livros, didáticos ou de
consulta, pudemos analisar a possibilidade de utilização de outros recursos impressos, como
o jornal e a história em quadrinhos. Vale ressaltar, como aspecto fundamental desta aula, a
importância do desenvolvimento da leitura, seja do impresso “tradicional” ou de sua versão
52
Mídia impressa e educação • AULA 3
Resumo
›› o hipertexto é um texto que traz conexões, chamadas links, com outros textos que,
por sua vez, se conectam a outros, e assim por diante, formando uma grande rede
de textos;
›› ler é uma atividade obrigatória e cotidiana a todo educador, e antes de ser uma
ferramenta indispensável ao aluno, o livro é instrumento fundamental à formação
reflexiva do educador;
›› livros didáticos são livros muito estruturados, nos quais é apresentado o conteúdo
selecionado e organizado em um nível de elaboração pertinente aos seus destinatários,
juntamente com as atividades e os exercícios adequados ao alcance dos objetivos
de aprendizagem;
›› é fundamental à prática docente uma reflexão crítica sobre os livros didáticos: a fim
de escaparmos dessa tendência tradicionalista de sua utilização, inventando formas
criativas e inovadoras de nos apropriarmos dos recursos por ele oferecidos;
53
Aula
O uso dos recursos
audiovisuais na Educação 4
Apresentação
Nós discutiremos, nesta aula, sobre a influência que os meios de comunicação exercem sobre a
nossa visão e postura na sociedade.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
54
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
As mídias e a escola
Em uma manhã do dia 11 de setembro de 2001, uma série de ataques terroristas fez com que as
torres do World Trade Center, localizadas em Manhattan, na cidade de Nova Iorque, desabassem
após a colisão de dois aviões. Tal cena talvez ainda esteja guardada na memória dos habitantes
de Nova Iorque ou daqueles que, mesmo não estando na cidade, presenciaram o acontecimento,
quase que em tempo real, pelas telas dos televisores e das imagens transmitidas pela Internet.
Trago essa recordação para mostrar que, atualmente, a maioria dos fatos e dos acontecimentos
pode ser vista e mostrada quase que instantaneamente para um grande número de pessoas em
diferentes localidades do planeta. Isso mostra que vivemos em uma sociedade da comunicação
generalizada (sociedade mass media), na qual as imagens são produzidas a todo instante e
transmitidas quase que instantaneamente para inúmeras pessoas espalhadas pelo planeta. Essa
produção em massa faz com que vivamos em uma avalanche informacional, o que torna quase
impossível aprofundar-se em um determinado assunto diante do grande volume de informações
vinculado nos diferentes veículos de comunicação (PETTRO, 1996; MORAN, 2000).
Nesta sociedade, as diferentes mídias de massa como, por exemplo, a televisão, o rádio, o cinema
e o vídeo estão presentes e fazem parte do nosso cotidiano. Estamos em contato com elas desde
muito pequenos, antes mesmo de sermos alfabetizado. O que faz com que estabeleçamos uma
relação muito próxima com os meios de comunicação, em especial, no caso do Brasil, com a
televisão; uma relação quase sempre prazerosa, fácil e agradável. Já que as mídias, ao falar sobre
as histórias de desconhecimentos, o cotidiano e os sentimentos têm como capacidade nos seduzir
e nos emocionar (MORAN, 2000).
Sendo as instituições de ensino, sejam elas de educação básica ou superior, uma parte integrante
desta sociedade, não é de se espantar que as mídias também façam parte do cotidiano escolar.
Em alguns momentos, muitas vezes raros, pela utilização de artefatos tecnológicos como a
televisão, o videocassete e o dvd player, mais frequentemente pelos alunos, os quais, por meio
de suas experiências diárias com as mídias de massa, acabam levando os seus elementos para
dentro da sala de aula (PRETTO, 1996).
Para que isso ocorra de forma satisfatória, é importante que a incorporação dos recursos
audiovisuais no ambiente escolar vá além da simples utilização da televisão, do vídeo e do rádio
como mais um instrumento de apoio. Com efeito, a utilização dos recursos para reproduzir
55
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
informações, ilustrar situações, exemplificar conceitos e prender a atenção dos alunos reduz,
de forma significativa, as suas possibilidades pedagógicas (PRETTO, 1996).
Para que a incorporação dos recursos audiovisuais traga ganhos significativos ao processo de
aprendizagem, eles devem ser vistos como fontes de geração de conhecimentos que permitam
a reflexão e o pensamento crítico por parte dos alunos e dos professores (PRETTO, 1996). Essa
perspectiva, de acordo com Pretto (1996) e Guimarães (2004), exige do professor uma nova postura
diante da cultura audiovisual e do processo educativo, em que ele deve agregar as funções de
educador e de comunicador, assumindo o papel de EDUCOMUNICADOR. Você sabe o que é isso?
O educomunicador, segundo Belloni (2002, p. 40, apud GUIMARÃES, 2004, p. 69), “não é um
professor especializado, encarregado de um curso de educação em mídias; é um professor do século
21, que integra as diferentes mídias em suas práticas pedagógicas”.
As principais funções desse novo educador, segundo Costa (2003), estão relacionadas ao
desenvolvimento de estratégias que permitam o uso pedagógico da mídia escrita, falada e
televisiva nas práticas educativas, indo além da simples veiculação e exposição de informações.
Isso possibilita, assim, a construção do conhecimento de forma crítica e reflexiva por parte dos
educandos. Além disso, ele deve estimular a apropriação das mídias pelos alunos, permitindo
que eles utilizem as tecnologias de informação para o desenvolvimento das suas próprias formas
de expressão, como, por exemplo, programas de rádios e jornais escolares.
A seguir, discutiremos sobre como incorporar os meios de comunicação de massa nas nossas
práticas educativas na perspectiva do Educomunicador.
sociais (GONÇALVES; AZEVEDO, 2004). As rádios piratas são emissoras que não possuem licença do
Ministério das Comunicações para funcionar por não ocupar
De acordo com Ferraretto (2001) e Almeida uma frequência de transmissão regular. Muitas dessas
transmissões interferem nas comunicações entre a torre de
(2004 apud BALTAR et al., 2008), as emissoras
controle e os aviões; entre os hospitais e as ambulâncias;
de radiodifusão, atualmente, podem ser entre os carros de polícia e os do corpo de bombeiro.
divididas em quatro categorias: rádio
comercial, rádio comunitária, rádio educativa
e rádio escolar.
56
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
Rádio Comercial
As emissoras de radiodifusão comercial são mantidas por empresas com fins lucrativos e, por
causa dos grandes investimentos financeiros, atingem uma grande parcela da população. As
rádios comerciais têm como principal objetivo a obtenção de lucros por meio da veiculação de
peças publicitárias durante a sua programação. Geralmente, os seus programas são de cunho
informacional e de entretenimento.
Rádio Comunitária
As rádios comunitárias, por sua vez, diferente das rádios comerciais, não possuem fins lucrativos
e sua programação é mantida pelos moradores de determinada comunidade. Por causa da sua
potencial transmissão restrita somente a um raio de 10 km, sua programação atinge um número
restrito de ouvintes. Sua programação está voltada para a transmissão de noticiários, de assuntos
culturais e esportivos, de informações de utilidade pública, entre outros. O principal objetivo de
uma rádio comunitária é criar um espaço para valorização das comunidades.
Rádio Educativa
Rádio Escolar
57
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
No quadro a seguir, Lima (2006) nos apresenta as principais contribuições e os desafios a serem
superados durante a implementação de uma rádio escolar.
58
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
RÁDIO ESCOLAR
Contribuições Desafios
Melhoria no espaço de convivência; Desconfiança pedagógica do corpo
Aproximação e integração escola-aluno; docente e da coordenação;
Ampliação das possibilidades de práticas Reclamações em relação ao barulho, a
interdisciplinares e multidisciplinares; música, ao conteúdo, à saída de alunos,
entre outros;
Favorece o protagonismo juvenil;
Problemas técnicos;
Complementa o aprendizado, amplia a
capacidade intelectual e as habilidades Controle excessivo do espaço;
dos participantes; Gestão individualizada;
Dá voz a comunidade; Falta de planejamento operacional;
Cria condições para a melhoria da Conflitos multilaterais.
comunicação institucional.
A televisão, no nosso país, é considerada o maior veículo de comunicação e faz parte do cotidiano
de uma grande parcela da população. Entre todos os recursos audiovisuais, ela é que apresenta
a maior inserção em todas as camadas da população e que está presente em diferentes lugares
(dos grandes centros urbanos até pequenos vilarejos). Por isso, no Brasil, muitas vezes, a televisão
assume, para a maior parcela da população, o papel de principal meio de transmissão de
informação e define os padrões comportamentais, econômicos e sociais dos cidadãos. Por isso,
não podemos negar que a disseminação das informações pelas redes de televisão influencia, de
forma significativa, o contexto educacional. A escola não é mais considerada como a única fonte
de informação e poder cultural (MORAN, 2005; GUIMARÃES, 2001). Além disso, não é possível
negar que a tevê forma um canal indireto de informação e de aprendizagem, apesar de muitas
pessoas a considerarem como somente um instrumento de lazer e de entretenimento.
1. As histórias apresentadas por meio da televisão são contadas sob um determinado ponto
de vista. Elas são recortes da vida que ignora grande parte do cotidiano. Esses recortes
59
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
são realizados por diferentes planos e ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas,
câmera fixa ou em movimento, filmagens realizadas por várias ou por uma única câmera;
personagens parados ou em movimento, transmissões ao vivo ou previamente gravadas
e utilização de replay para recordar determinadas cenas.
3. As músicas e os efeitos sonoros utilizados nos programas televisivos servem para evocar
lembranças, ilustrar, criar expectativas, antecipar reações e sinalizar apresentação de
informações importantes.
4. A televisão não faz uso somente da linguagem visual para contar as suas histórias. Ela
utiliza um mix de linguagens falada, musical, escrita e visual que interage, se sobrepõe,
se interliga e se soma, permitindo, assim, atingir todos os sentidos dos telespectadores.
5. A narrativa utilizada na televisão para falar sobre situações, transmitir ideias e valores
é muito flexível. As associações são feitas por semelhança e por contraste de ideias
e também pelo estético. As temáticas se desenvolvem de acordo com o momento, o
impacto e a audiência, o que permite que a comunicação possa atingir um grupo vem
diversificado de pessoa, tanto crianças como adultos.
7. Na televisão algo só existe se pode ser mostrado. O ato de mostrar e de demonstrar está
logicamente ligado. Mostrar na televisão equivale a demonstrar, provar e comprovar.
paradigmáticas e universais. Tais situações têm a gravação de programas televisivos para serem
exibidos posteriormente para seus alunos.
proporcionado uma crise no ambiente escolar,
principalmente nas formas tradicionais de
educação. Os estudantes se tornam muito mais resistentes ao uso dos recursos educacionais
convencionais, como a fala e a escrita. A linguagem audiovisual faz uso da afetividade como
instrumento de mediação com o mundo, além de solicitar o uso contínuo da imaginação
60
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
(GUIMARÃES, 2001; MORAN, 2005). Enquanto a rigorosidade da escrita e da fala solicita, por
parte do indivíduo, a organização, a abstração e a análise lógica (MORAN, 2000).
Como discutimos anteriormente, além de entreter, a televisão funciona como canal de transmissão
de informação e de construção de conhecimento. Ademais, a linguagem de comunicação da
televisão possui grande potencial para mobilizar a atenção e para aguçar a curiosidade dos
telespectadores sobre diferentes temáticas. Diante do conhecimento dessas potencialidades
comunicacionais, é importante que o professor pense em novas metodologias que permitam a
inserção da televisão no processo educativo possibilitando uma aprendizagem mais dinâmica,
mobilizadora e mais significativa (MORAN, 2000).
a. Evite utilizar a televisão para suprir a ausência de um professor. Esse tipo de utilização desvaloriza o uso
desse recurso na sala de aula.
b. Não exibir programas televisivos que não tenham relação com o conteúdo a ser trabalhado com a turma.
c. Evite o uso exagerado desse recurso. Seu uso excessivo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
d. Toda vez que exibir um programa de tevê para uma turma, o professor não pode deixar de discuti-lo e de
relacioná-lo com o conteúdo da disciplina.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 2, n. 2, pp. 27-35, 1995.
Para que o professor alcance resultados positivos com a utilização da televisão em atividades
educativas, é importante, segundo Moran (2000), que se faça uso de materiais audiovisuais que
estejam bem próximos ao cotidiano dos alunos.
Para que isso ocorra, o professor pode utilizar material previamente gravado de programas de
entretenimento, de novelas, de séries de tevê e comerciais veiculados nos canais abertos ou por
assinatura. Mais à frente, o professor pode passar a utilizar materiais mais artísticos e elaborados
tanto do ponto de vista técnico como temático.
61
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
b. Ilustração
Neste caso, o material audiovisual pode ser utilizado para apresentar cenários que
permitam situar os alunos em um determinado tempo histórico e para mostrar realidades
distantes do cotidiano dos alunos. No primeiro caso, podemos citar como exemplo a
utilização de uma reportagem sobre a Revolução Francesa e, no segundo, a utilização
de programa que mostre os aspectos geográficos do continente africano.
c. Simulação
Neste caso, o material audiovisual seria utilizado para ilustrar determinada situação
que, se fosse realizada pelos alunos, teria uma demanda de tempo grande e consumiria
muitos recursos ou os colocaria em situação de perigo. Para poder exemplificar tais
situações, podemos imaginar programas que apresentam experiências com manuseio
de produtos altamente tóxicos ou que mostram o crescimento acelerado de um ser vivo,
como, por exemplo, plantas e árvores.
d. Conteúdo de Ensino
e. Produção
O uso da televisão como produção apresenta para o professor três tipos de possibilidades:
como documentação, como intervenção e como expressão.
62
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
f. Avaliação
g. Espelho
No caso dos alunos, o vídeo deve ser analisado conjuntamente pela turma, permitindo a
identificação da atuação do grupo e o papel que cada um assume durante o processo de
aprendizagem. O vídeo se torna um importante material para o acompanhamento da participação
e para incentivar a atuação mais ativa de alunos retraídos e inibidos. No caso do professor, o
vídeo pode ser utilizado para que ele examine a sua comunicação com a turma e identifique os
aspectos positivos e negativos da sua prática educativa.
Diante da grande aceitação e fascínio, segundo Netto (2001), que a utilização dos recursos
computacionais vem exercendo nos últimos anos no contexto educacional, pouco se discute
sobre as contribuições que o cinema pode oferecer para o processo de aprendizagem.
Desde o início das primeiras exibições cinematográficas realizadas pelos irmãos Lumière, no
final do século XIX, na cidade de Paris, o cinema teve um caráter educacional. Essas curtas e
63
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
rápidas exibições eram utilizadas para exibir filmes sobre cidades, pessoas famosas, paisagens,
trens, dançarinas, entre outras.
Cinematógrafo-Lumière (1895)
64
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
personalidades como Roquette-Pinto, Aloysio Castro, Agora pense de que forma esses filmes
Anísio Teixeira, entres outros, impulsionaram a produção podem ser utilizados no contexto escolar.
Desde o início do cinema, inúmeros pesquisadores e estudiosos, de acordo com Netto (2001) e
Silbiger (2005), realizaram pesquisas sobre a utilização dos filmes no contexto educacional. A
seguir, veremos as principais contribuições da utilização dos filmes educativos apontados por
essas pesquisas.
5. Os filmes podem ser utilizados para expor conceitos e informações e para demonstrar
procedimentos.
Ainda segundo essas pesquisas, para que os filmes possam contribuir de forma positiva para a
construção do conhecimento, é importante que os professores estejam atentos a dez aspectos
a serem considerados durante a seleção dos filmes a serem utilizados:
65
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
2. Quanto maior for o conhecimento do professor sobre o perfil da turma e dos objetivos
do filme a ser utilizado na prática educativa, maior será o aproveitamento do conteúdo
pelos alunos.
3. Quanto mais importante for a temática do filme para os alunos, maior será o seu alcance.
4. A reação dos alunos diante de um filme tem uma relação direta com fatores como a
alfabetização cinematográfica, a inteligência abstrata, a experiência prévia em relação
ao tema e os preconceitos.
6. Os alunos serão mais receptivos no caso da utilização de filmes em que o contexto das
imagens e das representações visuais veiculadas for significativo e familiar.
7. Os alunos responderão mais eficientemente quando o conteúdo visual dos filmes for
apresentado de forma mais subjetiva.O impacto educativo do filme tem relação indireta
ao seu ritmo. Quanto mais lento é o ritmo de um filme, maior é o seu impacto educativo.
9. A forma com que o professor apresenta o filme para os alunos pode comprometer a
eficácia do processo de aprendizagem.
Em um artigo publicado no portal Planeta Educação, João Luís de Almeida Machado apresenta
algumas dicas para auxiliar os professores na utilização de filmes como ferramenta de aprendizagem.
De acordo com Machado (2017), para que as aulas que irão fazer uso de filmes se tornem atraentes
e interessantes para os alunos, é importante que se organizem atividades que coloquem os alunos
de forma ativa no processo de construção do conhecimento. Uma dica é propor a formação de
66
O uso dos recursos audiovisuais na Educação • AULA 4
pequenos grupos para que o filme possa ser discutido e que essa discussão gere, por exemplo,
uma produção textual. Além disso, é importante que sejam previamente apresentados para os
grupos os detalhes necessários à realização das atividades.
A exibição do filme escolhido deve ser precedida ou acompanhada de aulas expositivas, de forma
a garantir a eficácia do processo educativo. Quando as aulas expositivas forem utilizadas antes
da exibição, elas têm como objetivo, por exemplo, permitir que seja apresentado um panorama
geral do período histórico estudado, essa apresentação pode ser enriquecida por informações
como textos complementares, livro didático, artigos de revistas especializadas, entre outros.
Já a exibição do filme antes das aulas expositivas tem como principal objetivo despertar os alunos
e introduzir as temáticas que serão tratadas nas aulas. Nessa perspectiva de uso, é interessante
que o professor indique aos alunos os aspectos da trama que merecem maior atenção. Se julgar
necessário, o professor pode até mesmo fazer intervenções durante a exibição do filme. Além
disso, o professor pode sugerir que os alunos não deixem de prestar atenção em detalhes como
cenário, figurinos e outros elementos representativos.
Nas aulas expositivas que se seguem depois da exibição do filme, o professor deve fazer referência
aos pontos importantes apresentados na trama, aprofundar a temática discutida no filme e
introduzir outros assuntos que tenham surgido, mas não foram aprofundados no decorrer do
filme. Como no caso anterior, o professor deve fazer uso de recursos complementares.
Como atividade, o professor deve propor que os alunos se dividam em pequenos grupos para que
os assuntos apresentados sejam debatidos e discutidos. O professor pode, por exemplo, sugerir
que o produto final do debate seja a elaboração de um texto com as principais ideias discutidas
e as conclusões do grupo. O professor pode, ainda, propor que se desenvolvam simulações que
aproximem as temáticas tratadas no filme com o cotidiano dos alunos e que essas simulações
sejam apresentadas para a turma. Durante a realização das atividades, os trechos mais importantes
podem ser novamente apresentados para auxiliar os alunos.
67
AULA 4 • O uso dos recursos audiovisuais na Educação
É necessário que se criem ações e propostas que permitam inserir o rádio, a televisão, o rádio e
o cinema no ambiente escolar. De acordo com Guimarães (2001), essa inserção deve ir além da
simples utilização desses recursos como ferramentas de apoio às aulas. Ao utilizar as mídias na
sua prática educativa, o professor deve criar espaços que permitam desenvolver o pensamento
crítico e reflexivo sobre os impactos e a influência das mass media na nossa vida cotidiana e
sobre os conteúdos veiculados pelos meios de comunicação.
Resumo
»» sobre como as mass media influenciam significativamente a forma que nós enxergamos
e agimos na sociedade e sobre a importância de a escola tentar estabelecer maior
aproximação com esses meios para formar cidadãos críticos, conscientes do poder e
do efeito das informações disponibilizadas;
»» que a aprendizagem mediada pelos meios de comunicação em massa vai além dos
aspectos cognitivos, favorecendo a transformação política e social dos alunos;
»» sobre as principais contribuições que o uso do rádio, da televisão, do cinema podem trazer
para o processo educativo. Além disso, conhecemos algumas propostas de utilização
dessas mídias para o desenvolvimento de práticas educativas;
»» que a inserção da mass media na educação deve ir além da simples utilização dessas como
ferramentas de apoio às aulas. A sua utilização deve favorecer a criação de espaços que
permita desenvolver o pensamento crítico e reflexivo dos alunos sobre os impactos e a
influência das mídias na nossa vida cotidiana e sobre os conteúdos veiculados por elas.
68
Aula
Uso dos recursos
digitais na Educação 5
Apresentação
Além disso, teremos a oportunidade de refletirmos sobre como a Internet pode contribuir no
planejamento de práticas educativas que favoreçam o desenvolvimento de um processo de
construção do conhecimento rico e significativo, assim como para a criação de novos espaços
de ensino-aprendizagem.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
69
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Informática e educação
no contexto educacional tinha como objetivo programa presente no equipamento, além de manter o
aluno atento e ativo.
armazenar informações que, posteriormente,
Fonte: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per07.htm
seriam transmitidas para os alunos. Pode-se
dizer que era uma tentativa de implementar a
máquina de ensinar idealizada por Burrhus Frederic Skinner (VALENTE, 2002).
70
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
A Informática aplicada à Educação se caracteriza pelo uso dos recursos computacionais para o
gerenciamento administrativo e acadêmico da instituição escolar, como em emissão de relatórios,
controle de pagamentos e confecção de avaliações (provas e testes).
Informática na educação
Informática educacional
Informática educativa
71
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
A utilização da informática como Objeto de Ensino tem sido a opção de muitas escolas para a
inserção do computador na prática escolar. Nesse caso, a principal preocupação é fazer com que
o aluno se “alfabetize em informática”, para que ele possa adquirir conhecimentos relativos à
informática, como o funcionamento do computador e a manipulação de programas existentes
no mercado. Entretanto, tal prática não traz ganhos, do ponto de vista educacional, ao processo
de ensino-aprendizagem, já que não se altera a forma como os conteúdos das disciplinas são
apresentados (VALENTE, 2002).Quando o computador é utilizado para o desenvolvimento de
atividades voltadas à aprendizagem do conteúdo das disciplinas, assume o papel de Ferramenta
de Ensino. Nesse contexto, de acordo com Valente (2002), a informática cria condições de o
aluno buscar informações para solução de problemas, refletir sobre os resultados obtidos e criar
suas próprias estratégias de aprendizagem, tornando o discente um agente ativo no processo de
construção do conhecimento.
Como nós vimos, a inserção do computador nas práticas educativas pode ser voltada tanto para a
alfabetização tecnológica ou para facilitar a aprendizagem dos conteúdos das disciplinas. Quando
72
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
A linguagem de programação LOGO foi desenvolvida por Seymour Papert na década de 1970. O
principal objetivo de Papert era desenvolver uma proposta de ensino em que os alunos utilizam
o LOGO para solucionar problemas por meio da criação de figuras geométricas; possibilitando
o desenvolvimento de diferentes conceitos, estratégias e estilos de resolução que poderiam ser
facilmente utilizados na resolução de problemas sem a presença do computador (PAPERT, 1985
apud GIORDAN, 2005; VALENTE, 2002).
Entretanto, alguns autores não concordam com a afirmativa acima. Para eles, as habilidades
cognitivas desenvolvidas só seriam úteis para solucionar problemas através da linguagem de
programação. Um outro ponto negativo seria a necessidade de domínio dos comandos da
linguagem de programação, já que, sem conhecer esses comandos, os alunos não conseguirão
realizar as atividades propostas (GIORDAN, 2005).
Sistemas Tutoriais
O sistema tutorial é programa que disponibiliza conteúdos, organizados, de acordo com uma
sequência lógica, para o aluno (VALENTE, 2002).
73
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Uma limitação para o uso dos tutoriais, segundo Valente (2002), é que as atividades educativas
desenvolvidas tendem a se restringir à mera memorização do conteúdo, o que dificultaria a
verificação da construção do conhecimento. Para que isso seja minimizado, o professor deve
criar situações-problema para que o aluno, de acordo com o conteúdo apresentado, possa chegar
a uma solução correta.
Caixas de Ferramenta
Um exemplo prático para o uso das caixas de ferramenta é a construção de gráficos usando a
planilha eletrônica para a identificação de regularidades e variações da propriedade física de
materiais, a fim de facilitar a compreensão sobre o comportamento da propriedade e o uso de
matérias (GIORDAN, 2005).
Simulação e Animação
Entretanto, Valente (2002) alerta que o simples uso de simulações e animações não é garantia
de aprendizagem. É importante a combinação de diferentes estratégias, como a realização
74
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
Jogos Educativos
A utilização de jogos eletrônicos tende a motivar e a desafiar o aluno a vencer desafios, envolvendo-o
em competições com o computador e/ou com os outros alunos. A realização de atividades
mediadas por jogos educativos possibilita a construção de hipóteses e estratégias, baseadas em
conhecimentos já existentes ou de novos conhecimentos elaborados, com o objetivo de vencer
o jogo (VALENTE, 2002).
José Valente (2002) alerta para o fato de o clima de competição gerado pelo uso de jogos
dificultar o processo educativo, já que ele pode levar o aluno a utilizar-se de conceitos e de
estratégias, inconscientemente, o que dificultaria a aprendizagem. Por isso, é necessário que
o professor discuta, posteriormente, as estratégias e os conceitos adotados pelos alunos com
o objetivo de permitir que eles compreendam o que estão fazendo.
Atualmente, não há como negar que a Internet faz parte do cotidiano de uma parcela significativa
dos brasileiros. Você não concorda?!
Dados divulgados em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que
mais da metade dos brasileiros estão conectados à internet. Segundo outros dados divulgados
pelo IBGE, a proporção de internautas no Brasil passou de 49,2%, em 2012, para 50,1%, em 2013,
do total da população.
Por que a Internet exerce tanta atração, principalmente em crianças e adolescentes? Talvez a
resposta, segundo Murachovsky (2005), seja porque ela oferece-nos uma diversidade de conteúdos,
permite-nos realizar diferentes atividades e possibilita-nos vincular informação de forma rápida
e simples. O interesse, também, pode estar relacionado às possibilidades que a Internet oferece
para a realização de atividades lúdicas, prazerosas e interativas (LUMA, 2006). Para Luma (2006),
os fatores que motivam as pessoas a utilizarem a internet são os mais diversificados, como o
estabelecimento de relações afetivas, (amizades e namoro), diversão e entretenimento, e realização
de atividades educativas e profissionais.
Como podemos perceber no nosso dia a dia, o advento da Internet ampliou as possibilidades de
acesso a informações e transformou as formas de comunicação e de interação, permitindo que
as pessoas se reúnam, independente das distâncias físicas e temporais que as separam, com o
objetivo de compartilhar informações e interesses comuns (KENSKI, 2003).
75
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
José Manuel Moran (1997), no seu artigo intitulado “Como utilizar a Internet na Educação”,
afirma que a adoção da Internet nas práticas educativas pode modificar significativamente o
processo educativo. O uso da rede mundial de computadores pode ampliar os espaços da sala
de aula na educação presencial, possibilitando que a escola abra as suas portas para que os
pais, a comunidade, outros profissionais e até mesmo outras escolas contribuam no processo
de aprendizagem.
A aplicação da Internet no contexto educacional presencial pode ser bastante variada (MORAN,
1997):
»» nas atividades de apoio ao ensino, possibilita o uso de textos, imagens, sons e vídeos
para enriquecer as aulas teóricas;
76
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
Até aqui discutimos sobre as diferentes formas de aplicação da Internet no contexto escolar e de
que maneira ela pode contribuir para o enriquecimento do processo educativo. A seguir, teremos
contato com diferentes ferramentas de comunicação da Internet e falaremos sobre algumas das
suas possibilidades de uso na educação.
Entre essas, podemos encontrar ferramentas mais tradicionais, como o e-mail, e outras mais
avançadas, como as ferramentas da Web 2.0. Por isso, o professor deve estar atento e conhecer
as funcionalidades e potencialidades desses recursos para que se possa elaborar um bom
planejamento das suas práticas educativas, de maneira que favoreça a aprendizagem dos alunos
(LONG; BAECKER, 1997).
Agora, vamos conhecer algumas ferramentas de Internet mais básicas e tradicionais e suas
possibilidades de uso pedagógico com base no artigo de autoria de Long e Baecker (1997),
intitulado A Taxonomy of Internet Communication Tools.
Mecanismos de busca
A internet pode ser considerada como um grande repositório de informações. Por isso, torna-se
extremamente necessário que estas estejam sistematicamente organizadas para que as pessoas
possam buscá-las, selecioná-las e consultá-las.
77
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Para localizar essas informações, faz-se necessário o uso de ferramentas denominadas mecanismos
de busca. Essas ferramentas realizam a busca sistemática de informações, de acordo com palavras-
chave digitadas pelo usuário. Os resultados da busca são apresentados de forma organizada, no
formato de links, com o intuito de garantir que os primeiros resultados sejam os que possuem
maior relevância.
Existem diferentes ferramentas de e-mail baseadas na Web. Elas podem ser pagas ou gratuitas.
Os webmails gratuitos mais utilizados são o Gmail (<http://gmail.com>) e o Yahoo Mail (<http://
br.mail.yahoo.com>).
Além de permitir a troca de mensagens, o webmail pode ser usado para a criação de listas de
discussão. As listas de discussão possibilitam a troca de mensagens de temáticas específicas entre
os membros de determinado grupo de pessoas. As mensagens trocadas na lista de discussão
são enviadas diretamente ao correio eletrônico (e-mail) dos participantes dessa lista. Para ter
acesso às mensagens, é necessário que se esteja devidamente cadastrado na lista de discussão.
Atualmente, existem diferentes ferramentas gratuitas para a criação das listas de discussão. Entre
elas, podemos citar Grupos do Google (<http://groups.google. com.br>); Yahoo! Grupos (<http://
br.groups.yahoo.com>) e Grupos (<http://www.grupos.com.br>).
78
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
a realização de videoconferência com duas ou mais pessoas. Uma das ferramentas de Mensagem
Instantânea mais conhecida é o Skype.
Anibal De la Torre (2006) também apresenta uma outra conceituação que nos ajuda a compreender
o que significa o termo Web 2.0. Segundo esse autor:
A Web 2.0 é uma forma de compreender a Internet que, com a ajuda de novas
ferramentas e tecnologias, promove a organização e o fluxo das informações
dependendo do comportamento das pessoas que a acessam, permitindo não
somente um acesso muito mais fácil e centralizado dos conteúdos, mas, também,
a participação do usuário tanto na classificação quanto na construção desses
conteúdos, por meio de ferramentas mais fáceis e intuitivas de serem utilizadas
(DE LA TORRE, 2006, s/p).
79
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Após a leitura das conceituações sobre a Web 2.0, podemos perceber que ela é constituída de
quatro características básicas: autoria, compartilhamento, interação e colaboração.
ferramentas.
Weblogs
O weblog, também conhecido como blog, é uma página da web que permite a inserção de
informações (chamada de postagem ou post) que ficam armazenadas e visualizadas em ordem
cronológica inversa, isto é, as informações mais recentes são mostradas na frente das mais
antigas. Qualquer pessoa pode criar um weblog, pois não é necessário possuir conhecimentos
avançados de informática para a criação desse tipo de página web.
Um weblog pode ser criado para atender a objetivos variados. Você pode criar um blog para tratar
de assuntos de interesse pessoal, tais como filmes, artistas, poesias e séries de televisão. Eles
também podem ser utilizados para divulgar assuntos relacionados à política, servir de canal de
comunicação entre determinada empresa, seus colaboradores e clientes, e servir como ambiente
de aprendizagem. Quando os weblogs são utilizados no contexto educacional, eles recebem o
nome de Edublogs.
80
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
Aplicativos Online
Os aplicativos online são ferramentas semelhantes aos aplicativos comerciais, tais como os
Microsoft Word, Microsoft Excel e Microsoft Power Point. A diferença entre esses dois tipos
de aplicativos se deve somente ao fato de que os online não precisam estar instalados no seu
computador para serem utilizados. Para que você possa utilizar esses aplicativo, basta ter um
computador com acesso à Internet, já que todas as operações serão realizadas por meio do
programa que você, normalmente, utiliza para navegar na Web.
Entre as inúmeras vantagens do Google Drive, podemos citar que não existe a necessidade de
armazenar os arquivos criados no seu computador, já que todos os materiais produzidos ficam
disponíveis na Internet e podem ser acessados a qualquer hora e em qualquer lugar. Exclui-se,
dessa forma, a necessidade de mídias de armazenamento como CDs e pendrives.
Além disso, cabe destacar que o Google Drive oferece um recurso que permite o compartilhamento
dos arquivos criados com diferentes pessoas, possibilitando, assim, a construção colaborativa
de documentos e arquivos.
81
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Ferramenta Wiki
O Wiki é uma página web que, diferente das páginas web comuns, possibilita que diversas
pessoas que estão separadas geograficamente construam de forma conjunta e colaborativa o
seu conteúdo. Tal possibilita permite que as pessoas que acessam esse tipo de página web sejam,
ao mesmo tempo, autores, editores e leitores do conteúdo disponibilizado. Isso quer dizer que,
quando você acessa uma página Wiki, além de ler as informações apresentadas, também tem a
possibilidade de inserir novas informações e/ou intervir nas já existentes.
Agora você deve estar perguntando: “Quem é responsável em garantir a qualidade e a idoneidade
das informações apresentadas nas páginas Wikis?” De acordo com Gomes (2006), os próprios
usuários da página Wiki supervisionam a produção do conteúdo. Além disso, o wiki possui
recurso que grava as últimas versões dos conteúdos inseridos (histórico da página), permitindo
a recuperação de informações, caso algum conteúdo tenha sido apagado acidentalmente ou por
alguma outra pessoa. Um exemplo de ferramenta Wiki é a Wikipédia, que funciona como uma
enciclopédia virtual construída colaborativamente.
Compartilhamento de arquivos
82
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
Por sua vez, o Flickr é o banco de imagens alimentado por diferentes pessoas. Nele, você pode
pesquisar e disponibilizar diversas imagens digitais. Outro banco de imagem bastante conhecido
é o Picasa.
Podcasts
Redes Sociais
As Redes Sociais são ferramentas que possuem como principal objetivo a criação de uma
rede de relacionamento ou uma comunidade virtual. Além disso, essas ferramentas permitem
o desenvolvimento de tarefas em grupo; a comunicação e a organização da informação; o
compartilhamento de ideias; o debate e a negociação das diferenças; e o registro da memória
coletiva de determinado grupo.
Uma das Redes Sociais mais utilizadas em todo o mundo é o Facebook. Atualmente, são mais
de 890 milhões de usuários cadastrados. O Brasil assume a terceira posição no ranking total de
usuários, ficando atrás dos Estados Unidos e da Índia.
83
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
Diante das possíveis aplicabilidades da Web 2.0 no contexto educacional, podemos perceber
que a utilização das ferramentas no processo de aprendizagem pode trazer contribuições
significativas à formação, uma vez que as suas ferramentas: favorecem a criação de comunidades
de aprendizagem, mediadas por tecnologias digitais, permitindo que os alunos realizem atividades
colaborativas e compartilhem recursos e conhecimento; proporcionam novas perspectivas para
o processo de aprendizagem por meio do envolvendo de diferentes sujeitos, professores, alunos e
profissionais de diferentes áreas de conhecimento, no processo de construção do conhecimento,
servem de apoio para consultas acadêmicas e capacitação de alunos que tenham restrição de
acesso aos centros acadêmicos.
As possibilidades de utilização das ferramentas da Web 2.0 no contexto educacional são bastante
variadas. O uso de weblogs como ferramenta pedagógica pode permitir a construção coletiva do
conhecimento e propiciar a aprendizagem ativa por meio da ampliação dos espaços de discussão,
permitindo a reflexão, a complementação de assuntos tratados na sala de aula, novas formas de
produção e compartilhamento de conhecimento. A utilização dos wikis e dos aplicativos online
em atividades de ensino permite criar uma nova relação dos alunos com a produção textual,
favorece a aprendizagem colaborativa e a construção cooperada do conhecimento.
84
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
As Redes Sociais podem ser utilizadas para a construção de comunidades de aprendizagem que
favoreçam a integração do grupo, a discussão de temáticas referentes ao curso e a realização de
trabalhos colaborativos.
Como vimos até este momento, as ferramentas de comunicação e informação da Web 2.0 trazem
contribuições significativas e favorecem novas formas de aprendizagem. Entretanto, devemos
observar que essas ferramentas são meios utilizados para facilitar e promover a construção do
conhecimento. Por isso, durante o desenvolvimento de atividades educacionais, é necessário ter
consciência de que os objetivos educacionais e as ferramentas da Web 2.0 serão apenas uma das
diferentes estratégias existentes para que objetivos que foram definidos a priori sejam atingidos.
recursos que denominamos objetos de aprendizagem. Você já Leia o livro, organizado por Carmem
ouviu falar em Objeto de aprendizagem? Não?! Então, vamos Lúcia Prata, intitulado “Objetos de
aprendizagem: uma proposta de
defini-lo.
recurso pedagógico”.
85
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
relacionado, regras de uso, propriedade intelectual e contexto de utilização e sugestões de uso. Esses
descritores são extremamente úteis, pois facilitam a localização e busca dos objetos e auxiliam o
professor no planejamento do curso, na criação dos materiais de estudo e no desenvolvimento
das atividades educativas.
Você pode criar os seus próprios objetos de aprendizagem, sabia?! Entretanto, cabe destacar
que já existem na Internet diferentes bancos de dados públicos ou privados, conhecidos como
repositórios educacionais, que armazenam e disponibilizam objetos de aprendizagem de alta
qualidade prontos para serem utilizados em diferentes contextos de aprendizagem. Os quadros a
seguir apresentam alguns exemplos de repositórios educacionais que disponibilizam gratuitamente
Objetos de Aprendizagem em português.
REPOSITÓRIOS EDUCACIONAIS
Descrição Endereço
CESTA http://www.cinted.ufrgs.br/CESTA/
PROATIVA http://www.proativa.vdl.ufc.br/
Outro tipo de recurso digital interessante, que pode auxiliar você no planejamento e no
desenvolvimento de estratégias e atividades de aprendizagem, é a Biblioteca Digital.
86
Uso dos recursos digitais na Educação • AULA 5
É importante destacar que as Bibliotecas digitais são mais do que simples acervos de materiais
disponíveis para consulta. Elas são consideradas como um importante suporte para o
desenvolvimento de atividades educacionais devido à possibilidade de tornar o processo de
aprendizagem muito mais estimulante e interativo por meio de conteúdos, que abrangem
diferentes áreas do saber, disponibilizados em diferentes mídias, tais como texto, imagens,
vídeos, sons e animações.
A seguir, você terá acesso a algumas Bibliotecas digitais que disponibilizam material na língua
portuguesa.
BIBLIOTECAS DIGITAIS
Descrição Endereço
Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa http://www.bibvirt.futuro.usp.br/
Não poderíamos finalizar esta aula sobre o uso dos recursos digitais na Educação sem falarmos
um pouco sobre o papel do professor nas práticas educativas que usam as ferramentas de
informática e a Internet.
Dentro desse contexto, o professor deve assumir o papel de facilitador do processo de construção
do conhecimento. Ele tem de sempre desafiar e estimular o aluno, visto ser impossível um software
por si só criar condições para que se aprenda. Além de estar preparado para utilizar o computador
e a Internet, o professor precisa ter condições de integrar os diferentes recursos digitais nas
práticas educativas e saber utilizá-los para favorecimento da aprendizagem (VALENTE, 2002).
87
AULA 5 • Uso dos recursos digitais na Educação
É necessário que o professor tenha consciência de que não é a informática que vai fazer o aluno
compreender determinado conceito. A compreensão depende de como o computador é utilizado
e dos desafios propostos ao aluno para se chegar à solução de um problema. A inserção da
informática no ambiente escolar não depende somente da compra de equipamentos sofisticados
e da montagem de salas de informática. Ela é muito mais complexa e possui enormes desafios,
como a formação docente (VALENTE, 2002).
RESUMO
»» o uso pedagógico da informática pode ser feito para atingir dois objetivos. O primeiro está
voltado à alfabetização tecnológica (objeto de ensino); o segundo, ao desenvolvimento de
atividades direcionadas para a aprendizagem dos conteúdos das disciplinas (ferramenta
de ensino);
»» não é a informática por si só que irá fazer que determinado conceito seja compreendido.
A compreensão de um conceito depende de como o computador é utilizado e dos desafios
propostos aos alunos para se chegar à solução de um problema.
88
Educação a distância
Aula
6
Apresentação
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
»» refletir sobre a história da EAD, analisando o perfil de cada uma de suas gerações e a
influência dessa história na atualidade da EAD;
89
AULA 6 • Educação a distância
»» definir Design Instrucional, sua importância na Educação Online e sua influência para
toda forma de planejamento educativo.
Falar sobre a Educação a Distância dentro de um curso a distância é uma experiência muito
especial. Nesta aula, discutiremos uma modalidade de ensino e de aprendizagem que você
vivencia em seu dia a dia. Com isso, este estudo se fará ainda mais rico e interessante.
contemporânea. Vamos analisar alguns desses aspectos (DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34)
que fazem o estudo da EAD relevante na formação docente: Art. 1o. As instituições de ensino
superior poderão introduzir, na
os cursos de nível superior oferecidos a distância vêm organização pedagógica e curricular de
mesmo de cursos presenciais, precisam ter ciência dos ou parcialmente, desde que essa
oferta não ultrapasse 20% (vinte por
fundamentos da EAD. Você, como educador(a), poderá
cento) da carga horária total do curso.
ser professor(a) universitário(a) em disciplinas online ou
responsável pela capacitação dessa equipe em EAD;
a educação corporativa (em empresas) faz uso extensivo de práticas a distância atualmente
em sua metodologia. A necessidade de planejamento de cursos a distância para treinamento e
desenvolvimento de funcionários vem ampliando significativamente a presença de educadores
nos contextos empresariais;
90
Educação a distância • AULA 6
didáticas das mídias educativas: impresso, audiovisual e digital. Sendo assim, o educador pode
ter um papel fundamental como desenvolvedor de conteúdos para EAD, compreendendo e
fazendo uso crítico e responsável das diferentes linguagens midiáticas, do texto impresso, aos
vídeos e à internet.
Essas são algumas das razões pelas quais o estudo da EAD é fundamental, atualmente, na
formação docente. Para compreender melhor essa metodologia, vamos analisar suas definições,
características e histórico.
Segundo Moore (2007), a ideia básica de educação a distância é muito simples: alunos e
professores estão em locais diferentes durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem e
ensinam. Estando em locais distintos, eles dependem de algum tipo de tecnologia para transmitir
informações e lhes proporcionar um meio para interagir.
Assim, podemos identificar como características centrais da EAD (MAIA; MATTAR, 2007):
Separação no espaço:
Em EAD, ocorre uma separação geográfica e espacial entre o aluno e o professor, e mesmo entre
os próprios alunos, ou seja, eles não estão presentes no mesmo lugar, como no caso do ensino
tradicional. A EAD prescinde, portanto, da presença física em um local para que ocorra a educação.
Em muitos casos, a EAD é mesclada com encontros presenciais.
Tecnologias da comunicação:
Para superar a distância entre alunos e professores, no tempo e no espaço, a EAD utiliza-se de
diversas ferramentas de comunicação. A relação entre alunos e professores, portanto, passa a ser
91
AULA 6 • Educação a distância
mediada pela tecnologia. Com isso, podem-se desenvolver projetos de EAD com vários suportes,
por exemplo, telefone, rádio, áudio, vídeo, CD, televisão, e-mail, tecnologias de telecomunicações
interativas, grupos de discussão na internet. O que mudou com as novas mídias é que alunos e
professores têm a possibilidade de interação, e não apenas de recepção de conteúdos.
Podemos perceber, por conseguinte, que a Educação a Distância envolve aspectos relacionados a:
»» planejamento educacional;
»» didática;
»» tecnologias educacionais;
»» gestão educacional.
Sendo assim, a EAD coloca-se como uma prática pedagógica que se relaciona aos fundamentos
de toda prática educacional. Mas será que atuar na EAD significa adaptar os métodos presenciais
à metodologia a distância?
Por um lado, como nossa herança é toda do ensino presencial, muitas adaptações são feitas,
mas, quando nos inserimos mais profundamente na EAD, percebemos que essa modalidade de
ensino e aprendizagem tem características próprias que exigem métodos novos e não apenas
adaptações.
O curioso nessa relação é que esse circuito acaba ganhando novas formas: se, inicialmente,
o ensino presencial influenciava a EAD, muitos educadores relatam o fato de que, após suas
92
Educação a distância • AULA 6
experiências na EAD, suas práticas no ensino presencial foram modificadas por novos paradigmas
aprendidos com a Educação a Distância. Você já havia pensado nisso?
Os métodos na EAD não são novos. Já tem uma história para contar. Vamos conhecer um pouco
mais dessa trajetória da Educação a Distância.
História da EAD
A EAD evoluiu ao longo de diversas gerações. Diferentes autores dividem a história da EAD em
quantidades diferentes de gerações. Para Moore (2007), existiram cinco gerações da Educação a
Distância, assim representadas:
Primeira geração:
Os cursos “por correspondência” datam da segunda metade do século XIX. Tornaram-se possíveis
em função do desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação (como trens e correio).
93
AULA 6 • Educação a distância
De acordo com Moore (2007), os serviços postais baratos e confiáveis e a grande expansão das
redes ferroviárias impulsionaram o desenvolvimento desse tipo de curso. Ainda de acordo com
esse autor, o motivo principal para os primeiros educadores por correspondência era a visão de
usar tecnologia para chegar até aqueles que de outro modo não poderiam se beneficiar dela.
Moore (2007) destaca ainda como marco da EAD o uso da teleconferência (considerada por
ele uma geração à parte na EAD). Segundo esse autor, a educação a distância que surgiu nos
EUA, nos anos de 1980, era baseada na tecnologia da teleconferência e, portanto, era elaborada
normalmente para o uso de grupos. Isso atraiu um número maior de educadores e formuladores
de políticas por ser uma aproximação mais adequada da visão tradicional da educação como
algo que ocorre nas classes, ao contrário dos modelos por correspondência ou da universidade
aberta, que eram direcionados a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente pelo estudo em
casa. Essa tecnologia evoluiu gradativamente. De início, a comunicação era apenas por áudio ou
áudio e imagem de forma bidirecional (apenas entre dois pontos) e com interatividade restrita.
Chegou-se, na era das tecnologias digitais, ao modelo da videoconferência interativa e com
multipontos, hoje amplamente utilizada tanto no contexto educacional quanto corporativo.
Terceira geração:
EAD online – A terceira geração da EAD é marcada pelo desenvolvimento das tecnologias de
informação e comunicação. Com o desenvolvimento da internet, surge um novo território para
a educação, o espaço virtual da aprendizagem, digital, baseado na rede (MAIA; MATTAR, 2007).
Para alguns educadores, a EAD online redefine as fronteiras desta educação que não mais deveria
ser denominada “a distância”. A interatividade da internet aproxima tanto alunos e professores
que a ideia de “separação no espaço e no tempo” pode ser questionada. A Educação Online
94
Educação a distância • AULA 6
Cada modelo educacional pressupõe uma relação professor–aluno. Na educação tradicional, por
exemplo, o professor ocupa a posição de detentor absoluto do saber e o aluno de “receptor” passivo
do saber desse professor. Na educação construtivista, alunos e professores constroem coletivamente
saberes oriundos de situações contextualizadas e a partir de contextos problematizadores. Assim
sendo, ocupam diferentes posições na relação de ensino e aprendizagem, mas sem a assimetria
radical do ensino tradicional.
E na EAD? Como pensar as características de alunos e professores, bem como sua relação? Vamos
começar pensando o aluno na EAD.
Aluno na EAD
Estudar a distância exige do aluno atitudes diferentes daquelas desenvolvidas para ser aluno
presencial. Na EAD, autonomia e autogestão são palavras-chave. Esse discente deve conduzir sua
aprendizagem com firmeza e, ao mesmo tempo, de maneira autônoma (individual) e colaborativa
(coletiva). Esse é o seu desafio. O aluno a distância convive, portanto, com uma dupla sensação:
por um lado, um sentimento de solidão e isolamento, pela ausência do cotidiano presencial na
sala de aula; por outro, uma extrema proximidade com seus professores/tutores, em função da
mediação das tecnologias de comunicação que aproximam docentes e discentes nos mais variados
momentos. Essa outra forma de proximidade, bem como a possibilidade de contato mediado por
tecnologias (principalmente as ferramentas da internet), faz com que os alunos a distância por
vezes apresentem muitas demandas de contato via e-mail e telefone, encaminhando mensagens
de ordens diversas e, em geral, com tom de urgência. O “tempo real” da mediação tecnológica
digital produz alunos que esperam atendimento também em tempo real.
1. nesta modalidade de ensino, o aluno não tem uma relação geográfica necessária com a
instituição que oferece o curso. Ele pode viver em outra cidade, outro estado, ou mesmo
em outro país, diferente daquele no qual se localiza a instituição que oferece o curso
que ele está realizando;
2. nesse sentido, o aluno a distância pode ser pensando como um aluno transnacional ou
transespacial. Parece ficção científica? Pare para pensar: o aluno que estuda a distância
abre possibilidades de estudo em diferentes localidades geográficas, mesmo sem sair do
lugar. “A EAD traz novas possibilidades e oportunidades de aprendizagem para os alunos,
95
AULA 6 • Educação a distância
5. ao mesmo tempo em que estuda com autonomia, o aluno a distância deve trabalhar
colaborativamente, elemento indispensável à aprendizagem. A interação entre alunos
e professores pode acontecer por meio de diversas ferramentas: e-mails, chats, fóruns,
encontros presenciais de grupos (quando possível), bate-papo online, entre outras.
O aluno a distância deve compreender que ele é responsável pela construção das
comunidades de aprendizagem de que participa e deve participar ativamente;
6. por fim, destacamos como elemento fundamental na EAD o gerenciamento do tempo por
parte do aluno. É essencial ter um plano de horários de estudo que seja bem distribuído.
É necessário que o aluno a distância se organize. Ao contrário do que muitas pessoas
pensam, o ensino a distância toma mais tempo do que os cursos presenciais. Deve-se
procurar evitar a sobrecarga a partir de um programa que inclua tempo de estudo,
folgas e lazer.
Professor na EAD
Assim como o aluno, o professor também deve assumir novos papéis na EAD. Para algumas
pessoas, a EAD representa uma “ameaça” à figura do professor, como se nela os professores
viessem a ser substituídos por máquinas ou cursos pré-programados. “No limite da economia
com que sonham os economistas da educação, a atividade do professor poderia ser desempenhada
por um software inteligente, sem a intervenção de um ser humano” (MAIA; MATTAR, 2007, p. 89).
No entanto, o que acontece no contexto da EAD é uma reformulação da função docente. Segundo
Moran (2005)8, o conceito de curso e de aula muda. Hoje, ainda, entendemos por aula um espaço
8 MORAN, José Manuel. O que é Educação a Distância. Texto publicado no site: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>,
acesso em 29/08/2005.
96
Educação a distância • AULA 6
e um tempo determinados. Mas esse tempo e esse espaço serão cada vez mais flexíveis. Nesse
processo, afirma ainda Moran, o papel do professor vem sendo redimensionado. Na EAD, ser
professor significa poder ocupar diferentes lugares e funções no processo ensino-aprendizagem.
Vamos analisar alguns deles:
Com sua prática voltada primordialmente para a educação Ainda nesta aula veremos com maiores
online (via internet), o designer instrucional planeja, detalhes o conceito de Design Instrucional.
Professor autor:
1. apenas TUTOR: quando um profissional especialista na área do curso (em geral, diferente
do professor autor) é convidado para acompanhar a turma de alunos em seu processo
de ensino e aprendizagem a distância. Neste caso, a nomenclatura “tutor” predomina
para todas as funções do docente a distância;
97
AULA 6 • Educação a distância
2. apenas PROFESSOR: mesmo caso acima, mas com a adoção do termo professor para
as funções docentes a distância;
›› TUTOR: pode não ser especialista na área do curso. Acompanha as ações do professor
como uma forma de “monitor”, promovendo a dinâmica do curso, incentivando
a pesquisa, garantindo a motivação dos alunos, a organização das atividades e o
cumprimento de prazos das ações pedagógicas de alunos e professores.
Atualmente, na maior parte das instituições, as funções de tutor e professor têm sido exercidas
através de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (Tutoria Online). De qualquer forma, além da
internet, todas as ferramentas de comunicação com o aluno podem ser utilizadas para essa
modalidade de acompanhamento discente: telefone, e-mail, correio, entre outras.
Uma das características, em geral, associadas à EAD é o fato de o professor ter deixado de ser
uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva (MAIA; MATTAR, 2007, p. 90).
O professor de cursos a distância pode ser considerado uma equipe, que incluiria o autor, um
técnico, um artista gráfico, o tutor, o monitor. Muito mais do que um professor, é uma instituição
que ensina a distância.
coletiva e arquiteto cognitivo. Vamos pensar social isolada, mas dos coletivos constituídos por estas
redes de saberes, pessoas e máquinas.
nessas duas ideias?
98
Educação a distância • AULA 6
Educação online
99
AULA 6 • Educação a distância
Entre todas as mídias, a internet é a que tem maior potencial de interatividade. O próprio conceito
de “navegação” implica a participação do usuário na definição de rotas de leitura e relação com
o conteúdo. Além disso, a internet permite comunicação entre usuários em tempo real ou de
forma assíncrona, tornando-se uma comunidade de trocas e interações entre pessoas através
das máquinas (ver Aula 1).
De acordo com Moran (apud SILVA, 2003, p. 39), pode-se definir Educação Online como o
conjunto de ações de ensino-aprendizagem desenvolvidas por meio de meios telemáticos,
como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. A Educação Online abrange desde
cursos totalmente virtuais até cursos presenciais com atividades complementares fora da sala de
aula, pela Internet. Como ação complementar, a Educação Online já atinge cursos de educação
básica. Na modalidade mais virtual, a Educação Online predomina nos cursos de nível superior
(graduação e pós-graduação) e na Educação Corporativa.
Ainda de acordo com Moran (apud SILVA, 2003), com a educação online, os papéis do professor
multiplicam-se, diferenciam-se e complementam-se, exigindo uma grande capacidade de
adaptação e criatividade diante de novas situações, propostas, atividades. O professor online
precisa aprender a trabalhar com tecnologias sofisticadas e tecnologias simples; com Internet
de banda larga e com conexão lenta; com videoconferência multiponto e teleconferência; com
softwares de gerenciamento de cursos comerciais e softwares livres.
Demo (apud SILVA, 2003, p. 84) aponta algumas vantagens da Educação Online através da Internet,
por ele denominada “nova mídia”:
b. oferta de cursos certificados, que mesclam presença física e virtual, primeiro no espaço
universitário e, depois, no espaço escolar;
c. a nova mídia detém poder enorme de motivação do aluno, porque pode proporcionar
ambientes mais atraentes e dinâmicos;
100
Educação a distância • AULA 6
h. a nova mídia oferece materiais didáticos variados e sugestivos que melhoram a forma,
o modo de aprensentar, organizar e discutir conhecimentos em construção;
101
AULA 6 • Educação a distância
A utilização dos AVAs em cursos na modalidade a distância pode trazer ganhos significativos ao
processo de construção do conhecimento, já que eles permitem a disponibilização de informações
em diferentes formatos (textos, imagens, sons e vídeo), ampliam as possibilidades de acesso fora
de horários estabelecidos e independentes das distâncias geográficas e criam novas possibilidades
de interação entre alunos, professores e tutores (ALMEIDA, 2003; TAROUCO; MEHLECKE, 2003).
Ferramentas síncronas:
a. Sala de bate-papo: ferramenta semelhante às salas de bate-papo presentes na internet
que possibilita que alunos, professores e tutores se comuniquem em tempo real;
b. Programa de Mensagem Interno: ferramenta que permite identificação dos usuários que
estão conectados ao AVA e à comunicação entre eles. A funcionalidade deste recurso é
de forma semelhante aos programas de mensagem instantânea, como o Skype.
Ferramentas assíncronas:
a. Fórum de discussão: ferramenta que permite que se proponham temas para serem
debatidos por alunos, tutores e professores;
b. Mural: funciona como um quadro de aviso e geralmente é utilizado para enviar informações
sobre eventos importantes, como avaliações, prazo de entrega de atividades, datas dos
encontros virtuais ou presenciais, entre outros;
d. Perfil: é uma página web interna na qual cada aluno disponibiliza seus dados pessoais,
nome, telefone, formação, experiência profissional, entre outras. O perfil é utilizado para
que todos os participantes do processo de aprendizagem, mesmo estando separados
fisicamente, possam se conhecer;
102
Educação a distância • AULA 6
a. Blackboard
O uso dos ambientes virtuais de aprendizagem
não está restrito somente à Educação a Distância, b. Web Aula
As ferramentas da Educação Online exigem uma ação cuidadosa de planejamento. Criar um curso
nessa modalidade exige do professor competências específicas que vêm sendo pesquisadas sob
a nomenclatura de “Design Instrucional”. Em geral, aplicado ao planejamento de cursos online,
a abordagem do Design Instrucional é, sobretudo, uma técnica de planejamento educacional
que, como veremos, pode ser aplicada a toda forma de planejamento didático.
Design instrucional
103
AULA 6 • Educação a distância
Percebemos, portanto, que o profissional que faz um plano educacional baseado nos princípios
do Design Instrucional (DI) deve levar em consideração os princípios subjetivos do aprendiz,
a infraestrutura tecnológica de processamento da aprendizagem e a gestão pedagógica e
administrativa do projeto formulado.
Procurando esmiuçar a ideia do DI, podemos descrevê-lo a partir das seguintes etapas:
Planejamento e análise
Toda ação educativa baseada no DI parte do levantamento das necessidades educativas específicas
do público-alvo. Essa é a etapa do diagnóstico: o que os aprendizes já sabem? O que precisam/
desejam saber? Ou seja, qual o ponto de partida do processo de ensino e aprendizagem? Sendo
assim, percebemos que todo processo desenvolvido com base no DI é contextualizado. Não
podem ser formulados cursos padronizados para diferentes realidades. Cada grupo apresenta
necessidades educativas específicas e para essas necessidades é que devem ser formulados os
projetos de curso. Dimensões dessa etapa (FILATRO, 2008, p. 10):
»» levantamento de necessidades;
Design e desenvolvimento
104
Educação a distância • AULA 6
»» projetar uma solução educacional que se adapte a diversos perfis de alunos ou grupos
de alunos;
Implementação e gestão
A primeira etapa do DI, como vimos anteriormente, é a análise do público-alvo. A partir dos
dados levantados, desenvolve-se o plano do curso e seu desenho (design). A terceira etapa é o
momento de implementação do curso, ou seja, sua execução. É nesse momento que o curso é
oferecido aos alunos e realizado por professores e gestores na prática. São dimensões desta etapa
(FILATRO, 2008, p. 10):
Avaliação
A fase de avaliação inclui considerações sobre a efetividade da solução proposta, bem como a
revisão das estratégias implementadas. Nela, avaliam-se tanto a solução educacional quanto
os resultados de aprendizagem dos alunos, que, em última instância, refletirão a adequação do
design instrucional (FILATRO, 2008).
A avaliação da solução educacional deve permear todo o processo de DI, desde a fase inicial de
análise. Um dos papéis do designer instrucional é avaliar, revisar e validar, os demais envolvidos,
os produtos resultantes de cada fase do DI. Assim, a avaliação aqui não diz respeito apenas à
105
AULA 6 • Educação a distância
avaliação da aprendizagem do aluno, mas, sim, da avaliação de todo processo desenvolvido, sua
eficácia, eficiência e necessidades de reformulação.
5. AVALIAÇÃO: esta é uma etapa indispensável a todo projeto educacional. É fundamental que
se avalie o plano educacional e todas as suas etapas. Só assim é possível o aprimoramento
de nosso trabalho como educadores.
106
Educação a distância • AULA 6
RESUMO
»» a EAD caracteriza-se pela separação no espaço, no tempo e pelo uso das tecnologias de
comunicação como mediação do processo ensino-aprendizagem;
»» a história da EAD pode ser caracterizada por três gerações: 1ª - dos cursos “por
correspondência”; 2ª – uso de novas mídias e universidades abertas; 3ª – educação online;
107
Referências
ALMEIDA, F. J.; ALMEIDA, M. E. B. B. Aprender Construindo: a informática se transformando com os professores.
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BERTOLETTI, M.; COSTA. Educar pela pesquisa: uma abordagem para o desenvolvimento e a utilização de Softwares
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