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Ricardo Baratella
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Diagramação
xxxx
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Baratella, Ricardo.
B231e Ecologia, volume 1 / Ricardo Baratella, Tiago Zanquêta de Souza. –
Uberaba: Universidade de Uberaba, 2017.
174 p. : il.
Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7777-689-4
CDD 577
Sobre os autores
Ricardo Baratella
Apresentação.................................................................................................. XI
Capítulo 2 A
s multidões fervilhantes de seres vivos e o ambiente:
uma comunicação irresistível.........................................................43
2.1 Ecologia, a ciência que estuda o ambiente..................................................................50
2.2 Níveis de organização dos seres vivos........................................................................56
2.3 Ecossistema.................................................................................................................61
2.3.1 Produtividade nos ecossistemas.........................................................................63
2.4 Subdivisões da ecologia...............................................................................................71
2.5 A noção de fator ecológico...........................................................................................73
2.6 As variações de temperatura........................................................................................75
2.7 As variações da pressão atmosférica...........................................................................78
2.8 Massas de ar................................................................................................................79
2.8.1 Principais massas de ar......................................................................................79
VI UNIUBE
2.9 Os ventos.....................................................................................................................80
2.9.1 Mecanismos dos ventos......................................................................................81
2.10 Umidade atmosférica.................................................................................................82
2.10.1 Avaliação da umidade.......................................................................................82
Caro(a) aluno(a),
Introdução
Olá!
Sugiro que você pare e pense! Tente lembrar o que sabe sobre os seres
vivos e suas relações, sobre o meio ambiente, enfim, sobre a vida. Mas não
deixe as ideias soltas na memória. Registre‑as em seu bloco de anotações.
Dessa forma, encontrará caminhos para, juntos, entendermos e descobrirmos
o que é ecologia.
saiba mais
importante!
Não confundir essa carta com outra sobre o mesmo tema e enfoque, escrita
por um chefe indígena Sioux.
6 UNIUBE
saiba mais
<http://projetoadao.blogspot.com/2009/08/carta‑do‑cacique‑seattle.html>.
O texto do artigo do Dr. Henry Smith, que foi traduzido pela equipe de Flo‑
resta Brasil diretamente do artigo original, publicado em inglês em 1887,
encontra‑se na seção em língua inglesa na página <http://www.florestabrasil.
org.br>.
Permaneça atento!
Bons estudos!
8 UNIUBE
Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
Esquema
• Quando surgiu?
• De que forma?
São várias as maneiras pelas quais se pode classificar erosão. Além da erosão ur‑
bana e rural, que se diferenciam tanto pelas causas como pelos efeitos, é comum
diferenciar a erosão geológica ou lenta da acelerada. A primeira processa‑se sob a
ação de agentes naturais; a segunda, como consequência da ação do homem no
solo. As partículas do solo são levadas pela água em função da pluviosidade e da
declividade do terreno e da proporção do tempo de replantio ou rebrota, assim como
da rarefação do cultivo de substituição implantado (BRAGA et al., 2005).
UNIUBE 11
Durante o século XIX e o início do século XX, diversas pesquisas realizadas por
Charles Elton e Louis Pasteur, Lamarck, Malthus, Charles Darwin e Alfred Russel
Wallace, Mendel, Raymond Lindeman, dentre outros, promoveram avanços que
contribuíram imensamente para a constituição da ecologia, enquanto disciplina
científica e saber acadêmico (ÁVILA‑PIRES, 1999).
Antoine‑Laurent de Lavoisier
Abiogênese
Foi o primeiro cientista a enunciar o princípio da conserva‑
Deriva do grego
ção da matéria. Além disso, identificou e batizou o oxigênio, a‑bio‑genesis, “origem
não biológica”; designa
refutou a teoria flogística e participou na reforma da nomen‑ de modo geral o
clatura química e ficou célebre pela sua frase “Na natureza estudo sobre a origem
da vida a partir de
nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” matéria não viva.
Pasteurização
Francesco Redi
Processo usado em
É conhecido pela sua experiência realizada em 1668 que alimentos para destruir
microrganismos
se considera um dos primeiros passos para a refutação patogênicos ali
existentes. Foi criado
da abiogênese. A teoria de Redi (Biogênese) generalizou em 1864, levando
suas conclusões afirmando que todos os seres vivos, vêm o nome do químico
francês que o criou:
sempre de outros seres vivos. Louis Pasteur.
A pasteurização
reside basicamente
Louis Pasteur no fato de se
aquecer o alimento
a determinada
Foi um cientista francês (Figura 8) e suas descobertas temperatura, e por
determinado tempo,
tiveram enorme importância na história da química e da
de forma a eliminar
medicina. A ele se deve a criação do processo conhecido os microrganismos
presentes no alimento.
como pasteurização.
Foi um zoólogo e ecólogo inglês. Seu nome está ligado ao estabelecimento dos
modernos conceitos de população e comunidade em ecologia, incluindo estudos
de organismos invasores. Charles Elton definiu que o nicho é o espaço físico
ocupado, onde as condições ambientais e as relações com outros organismos e
a posição trófica determinam o status da espécie na comunidade. Essa definição
pode ser ainda completada afirmando que as relações de alimentação ligam os
organismos em uma entidade funcional única, chamada comunidade biológica.
UNIUBE 15
O uso e desuso de
Foi um naturalista francês que desenvolveu a teoria partes do corpo, de
acordo com Lamarck,
dos caracteres adquiridos, uma teoria da evolução provocariam alterações
agora desacreditada. Lamarck personificou as ideias no organismo do
indivíduo. Essas
pré‑darwinistas sobre a evolução. Foi ele que, de fato, alterações podiam
ser transmitidas às
introduziu o termo biologia. gerações seguintes.
Por exemplo as crias
das girafas herdariam o
Thomas Robert Malthus pescoço comprido dos
pais que supostamente
o desenvolvem quando
Sua fama decorre dos estudos sobre população. Para ele, comem folhas das
o excesso populacional era a causa de todos os males da árvores mais altas.
Dessa forma surgiriam
sociedade – população crescia em progressão geométrica as novas espécies, que
na verdade nada tem
e alimentos, em progressão aritmética. de novo, são apenas
alterações das já
Charles Robert Darwin existentes, desvios na
linha evolutiva.
Raymond Lindeman
Nível trófico
Definiu níveis tróficos e visualizou uma pirâmide de
É o nível de nutrição
energia. a que pertence um
indivíduo ou uma
espécie, que indica a
Ávila-Pires (1999, p. 56-58) coloca que o processo de passagem de energia
entre os seres vivos
modernização da agricultura europeia, durante o século
num ecossistema.
XIX, foi contemporâneo ao início das preocupações com o
Pirâmide de energia
ambiente, quando foram realizados alguns experimentos
para a recuperação de solos degradados, com base na uti‑ Consiste em
representar
lização de fertilizantes orgânicos, provenientes de dejetos graficamente as taxas
de animais. Na mesma época, alguns pesquisadores se de fluxo energético
entre vários níveis
preocuparam com a contaminação das águas dos córre‑ tróficos. Ela sempre
possui uma base
gos e rios em razão do despejo dos esgotos urbanos. maior, que representa
os seres autótrofos e a
cada nível para cima,
O Brasil não ficou fora dessas preocupações do ponto de fica mais estreita, pois
vista da natureza, visto que José Bonifácio de Andrada representa um ser
heterótrofo distinto da
e Silva escreveu à Assembleia Geral Constituinte do Im‑ cadeia alimentar.
pério do Brasil, em 1825:
Ao longo dos anos, o homem modificou seu padrão de vida, utilizando a tecnolo‑
gia para viver mais e melhor. Por isso, houve aumento considerável no consumo
de energia (BRAGA et al., 2005).
A seguir, um texto apresentado por Braga et al. (2005) que ilustra bem a relação
do desenvolvimento com o consumo de energia, evidenciando uma sociedade
em plena crise energética, tentando enfrentar um grande desafio: como man‑
ter o padrão de vida do homem e um ambiente mais saudável, aumentando o
consumo de energia?
Depois de ler o texto de Braga et al. (2005), reflita sobre a pergunta que segue abaixo
e registre suas reflexões.
UNIUBE 19
Se você parar para analisar, perceberá que todos os problemas ou situações que
envolvem o meio ambiente e ecologia assumem, acima de tudo, um caráter de
cunho social, que nos inclina ao pré‑conceito de que a degradação ambiental é
resultado apenas do desenvolvimento econômico, político e tecnológico de uma
nação, fazendo‑nos acreditar que a razão para os problemas é o enfraquecimento
da relação homem versus natureza, e não homem versus homem.
Segundo Branco (1997, p. 22‑23), Humboldt não podia se satisfazer com as obser‑
vações de viajantes, distinguindo plantas do Saara ou da Floresta Amazônica,
Ainda de acordo com Branco (1997, p. 23), a partir de Humboldt, vários autores
tentaram correlacionar por meio da análise teórico‑científica as relações existentes
entre os organismos vivos tanto entre eles como com o ambiente onde viviam.
Destacam‑se, nesse aspecto, as obras de Ernest Haeckel (1866), de Warming, de
Cowles e de Clements.
Figura 11: Lixão a céu aberto em contato direto com o solo. Um dos tipos de poluição mais
comuns até hoje. Conquista – MG.
Fonte: Foto de Tiago Zanquêta de Souza (2009).
22 UNIUBE
Medicina
Arquitetura
História
Ecologia
Química
Geografia
Como se pôde perceber até agora, o estudo das relações dos seres vivos
entre si e com o meio ambiente difere das lutas de proteção aos seres vivos
e seus hábitats, nichos e culturas, característicos do movimento denominado
ecologismo.
saiba mais
Nicho: profissão do ser vivo no ambiente; função que desempenha para o equilíbrio
da natureza.
Após a leitura dos textos, analise‑os e compare‑os com o que você acredita, discuta
com seus colegas e com seu preceptor. Não se esqueça de registrar suas reflexões.
• o que caracteriza a organização dos sistemas vivos, que é, por sua vez, uma
característica dos ecossistemas.
Em 1750, foi desenvolvido por Needhan um caldo nutritivo (água com legumes
e carne) e colocado em um pote. Ele observou que, após alguns dias, o caldo
estava aparentemente diferente e com micróbios (provavelmente fungos e bac‑
térias). Refez o experimento aquecendo‑o rapidamente e resfriando‑o de forma
a matar os micróbios. Após alguns dias, o caldo estava novamente infectado por
micróbios. Concluiu daí que estes se desenvolvem dos caldos nutritivos.
Mais tarde, em torno de 1850, Louis Pasteur e John Tyndal propuseram um ex‑
perimento semelhante ao aquecerem prolongadamente os caldos nutritivos em
balões de vidro com gargalo curvo denominado pescoço de cisne (Figura 16). O
gargalo fino longo e curvo funcionou como um filtro das partículas de ar e, após
alguns meses, os caldos ainda estavam aparentemente intactos. Para não ter
dúvida, Pasteur quebrou o gargalo de um dos vidros deixando o caldo exposto
ao ar. Notou que, rapidamente, apareciam micróbios e fungos.
A partir desse experimento surge uma nova maneira de pensar a origem da vida,
a chamada biogênese, ou seja, a vida provém de outra preexistente.
experimentando
Para que você mesmo comprove a teoria da biogênese (bio – vida – e genesis –
formação), repita o experimento de Redi e registre suas observações, levando em
consideração o meio, o alimento disponível, o espaço e a disponibilidade de gases
para troca. Mostre ao seu preceptor.
trocando ideias!
Se o microscópio foi um objeto aperfeiçoado entre os séculos XVII e XVIII, como foi
que Lineu, ou até mesmo Aristóteles classificavam ou agrupavam os seres vivos? O
que eles consideravam? Pense nisso! Discuta com os colegas.
Na primeira década do século XIX é que o termo vida surgiu para diferenciar a
fisiologia dos processos físicos e mecânicos (ÁVILA‑PIRES, 1999).
Hoje, a maior parte da comunidade científica está convicta de que a vida surgiu
devido a uma prévia evolução química da crosta (Figura 17) e da atmosfera ter‑
restres. A partir de então, houve diversas possibilidades, umas permaneceram,
outras desapareceram.
Uma outra interpretação pode ser lida em Gonçalves (2001, p. 25‑33), que
compara os eventos de formação da Terra e origem da vida (aproximadamente
4,6 bilhões de anos) à história de uma família de quatro gerações: bisavô (75
anos), avô (50 anos), pai (25 anos) e filho recém‑nascido (1 dia). A Terra nasce
com o bisavô, que vai narrando os fatos até o dia do nascimento do bisneto
(origem do Homo sapiens).
sintetizando...
Romesin e Varela (2004, p. 46) explicam o que desde o início do século tem sido
reconhecido: o padrão de organização de um sistema vivo é sempre um padrão
de rede. Com relação à origem da vida, esclarecem que:
Por exemplo, o ser humano. Ele é um sistema completo formado por subsiste‑
mas (sistema endócrino, circulatório, respiratório, digestório, locomotor etc.) que,
por sua vez, são formados por subunidades menores (os órgãos), os quais, por
sua vez, são formados por unidades ainda menores (os tecidos), até as unidades
subdivisíveis que compõem o átomo.
pela família 1 e outras tantas), que é subsistema de outro maior, como a cidade
(conjunto dos sistemas vários: população, bairros, zona rural etc.), e assim por
diante, até chegar aos sistemas maiores, como a biosfera, o planeta, o sistema
solar, até o infinito, como mostra a Figura 18.
relembrando
1.2.3.2 Fluxo/Ciclos
Componentes Componentes
Lagoa
Bióticos Abióticos
Peixes PH,
Salinidade,
CO2 etc.
Rãs Químicos
1.2.3.3 Retroalimentação
saiba mais
Para saber mais, leia, no Capítulo 3 “Adaptação aos ambientes aquáticos e terrestres”,
do livro A economia da natureza, de Ricklefs, o item: “Os organismos mantêm um
ambiente interno constante”. Em seguida, responda às questões abaixo:
a. Abordagem de organismo
b. Abordagem de população
c. Abordagem de comunidade
d. Abordagem de ecossistema
e. Abordagem de biosfera
Por meio dos questionamentos abaixo, você terá oportunidade de refletir melhor sobre
a dinâmica dos sistemas ecológicos. Aproveite!
Você já percebeu quão amplos são os campos estudados pela ecologia. Assim,
para melhorar a sistematização da metodologia e dos objetivos trabalhados, fo‑
ram se formando subáreas dentro da ecologia e que hoje compõem disciplinas
em alguns cursos de ecologia ou de pós‑graduação, tais como:
Resumo
A ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio
ambiente.
A palavra ecologia tem origem no grego “oikos”, que significa casa, e “logos”,
estudo. Logo, seria o estudo da casa ou do lugar onde se vive. Foi o cientista
alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou esse termo para designar
o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além
da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta Terra.
Portanto, podemos dizer que o nível mais simples é o da célula, que é definida
como uma unidade morfofisiológica que compõe um organismo vivo. Assim, a
célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos.
cies que podem viver no mesmo hábitat. Por outro lado, os seres vivos também
alteram permanentemente o meio ambiente em que vivem.
Atividades
Atividade 1
Considere a afirmação: “As populações daqueles ambientes pertencem a dife‑
rentes espécies de animais e vegetais”. Que conceitos estão implícitos nessa
frase, se levarmos em consideração:
Atividade 2
Duas ilhas têm o mesmo potencial de produção agrícola. Uma das ilhas tem
uma população humana de hábito alimentar essencialmente vegetariano e na
UNIUBE 41
Atividade 3
Julgue os itens abaixo em certo ou errado, de acordo com as teorias mais aceitas
sobre a origem da vida:
Atividade 4
Levando em consideração o assunto proposto neste capítulo, que conselho
você daria às pessoas com relação à necessidade de preservação dos recur‑
sos naturais? Você acredita que o exercício da cidadania pode reverter a atual
situação do planeta? De que forma?
Referências
ACOT, Pascal. História da ecologia. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.
BRANCO, Samuel Murgel. Ecologia e ecologismos: como nasceu a ecologia. In: KUPSTAS,
Márcia (Org.). Ecologia em debate. São Paulo: Moderna, 1997. (Coleção Debate na Escola.)
42 UNIUBE
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. 6. ed. Rio de Janeiro: Cultrix, 2001. 256 p.
RAVEN, Peter et al. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Introdução
A ecologia é uma ciência nova, mas o pensa‑
mento ecológico é muito antigo. É uma ciência Ecologia
exemplificando!
… a Revolução Industrial.
saiba mais
Dinossauros
Sequoias
Qual a sua opinião sobre esse texto? Em que momento fica clara a ideia de
que a sociedade humana é também parte integrante da natureza? A quem
cabe a responsabilidade de preservação da natureza?
saiba mais
Apolo XIII
O texto nos faz refletir sobre como os seres humanos têm culturalmente
se visto e se relacionado no ambiente. Vivemos em uma era desafiadora,
competitiva e empolgante. A chegada da era atômica tornou o já vital
estudo do meio ambiente ainda mais excitante. Há uma conscientização
crescente de que durante este século precisamos fazer uma nova tran‑
sição cultural, na qual aprendemos a viver de forma mais sustentável
ao não degradar nosso sistema de suporte à vida.
Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
Esquema
2.1 Ecologia, a ciência que estuda o ambiente
2.2 Níveis de organização dos seres vivos
2.3 Ecossistema
2.3.1 Produtividade nos ecossistemas
2.4 Subdivisões da ecologia
2.5 A noção de fator ecológico
2.6 As variações de temperatura
2.7 As variações da pressão atmosférica
2.8 Massas de ar
2.8.1 Principais massas de ar
2.9 Os ventos
2.9.1 Mecanismos dos ventos
2.10 Umidade atmosférica
2.10.1 Avaliação da umidade
Mas, para a sua sobrevivência, a abelha não depende apenas dos alimentos
que as plantas fornecem.
A vida existe na Terra porque o nosso planeta dispõe de fatores físicos e quí‑
micos sem os quais ela não seria possível: a luminosidade, a temperatura, a
disponibilidade de água, o ar atmosférico e as substâncias químicas utilizadas
pelos organismos.
Nesse momento, reflita sobre a seguinte indagação: por que um jardim pode ser
considerado um modelo de vida na Terra? Lembre‑se de que nenhuma espécie de
ser vivo sobrevive isoladamente na natureza e diversos fatores físicos e químicos
influenciam nesse ambiente e na vida das espécies que ali, aos poucos, mudam a
paisagem do jardim. As relações entre as diferentes comunidades, mais as caracte‑
rísticas de clima e solo, conformam ecossistemas. A Terra é, na verdade, um grande
ecossistema, que usa a energia do Sol para gerar transformações bioquímicas que
permitem a vida.
saiba mais
Os seres vivos são numerosos e diversificados. Cada espécie possui suas pró‑
prias características morfológicas, fisiológicas e anatômicas.
saiba mais
Nicho ecológico
Assim, você pode perceber que cada espécie ocupa, portanto, no meio em
que vive, um lugar por seus comportamentos alimentar, reprodutor, territorial.
É o que os ecologistas chamam de nicho ecológico de um organismo; e duas
espécies, por mais próximas que sejam uma da outra no plano da sistemática,
não ocupam nunca o mesmo nicho.
saiba mais
Protoplasma
Conjunto de tudo o que tem vida ou atividade na célula, abrangendo desde a mem‑
brana plasmática até todo o complexo de material amorfo e figurado intracitoplas‑
mático e intranuclear (SOARES, 2004).
Amorfo
Qualidade do que não tem forma fixa ou determinada e que foge à forma comum;
deformidade, irregularidade na forma (SOARES, 2004).
saiba mais
Muitas populações de diferentes tipos que vivem no mesmo lugar formam uma
comunidade ecológica. As populações dentro de uma comunidade interagem de
várias formas. Por exemplo, muitas espécies são predadoras que comem outras
espécies de organismos; quase todas são elas próprias presas. Algumas, como
as abelhas e as plantas cujas flores elas polinizam, e muitos micróbios que vivem
junto com plantas e animais, entram em arranjos cooperativos nos quais ambas as
partes se beneficiam da interação. Todas essas interações influenciam o número
de indivíduos nas populações. Diferente dos organismos, mas semelhantes aos
ecossistemas, as comunidades não têm fronteiras rigidamente definidas; nenhum
invólucro perceptível separa uma comunidade daquilo que a rodeia. A interconecti‑
vidade dos sistemas ecológicos significa que as interações entre as populações se
espalham através do globo como os indivíduos e os materiais se movem entre os
hábitats e as regiões. Assim, a comunidade é uma abstração, representando um
nível de organização mais do que uma unidade discreta de estrutura na ecologia
(RICKLEFS, 2003).
importante!
E
C
O
S
S
Biocenose Biótopo
I
S
T
E
M
A
Por biótopo cumpre entender não somente o substrato (solo, água etc.), mas
também os fatores físicos e químicos (temperatura, iluminação, concentrações
iônicas etc.); a biocenose implica a coexistência de espécies animais e vege‑
tais que têm entre si relações pertencentes a diferentes tipos: comensalismo,
mutualismo, parasitismo etc.
Tomemos como exemplo uma lagoa: o biótopo, neste caso, é constituído pela
água e suas características físico‑químicas; a biocenose é constituída pelo fi-
toplâncton, pelo zooplâncton, pelos peixes etc., pelo conjunto dos seres que
vivem no biótopo lagoa.
saiba mais
Iônicas
Comensalismo
Mutualismo
Parasitismo
Fitoplâncton
Zooplâncton
É bem evidente que no fim a distinção entre biótopo e biocenose não é sempre
muito nítida. De fato, em um meio terrestre, se consideramos o solo ou a terra
como o biótopo, incluímos de uma só vez não somente o conjunto dos elementos
minerais e inorgânicos do solo, mas também os bilhões de microrganismos que
aí se encontram e que desempenham um papel extremamente importante na
elaboração e na reposição em circulação de numerosos elementos simples.
UNIUBE 61
2.3 Ecossistema
saiba mais
Os estuários se formam na foz de quase todos os rios, onde a água doce se mistura
à água salgada do mar e os sedimentos transportados pelo rio se depositam. Os ani‑
mais dos estuários são uma mistura de espécies de água doce e de água salgada.
Na maré baixa, essa lama fica exposta e facilita a alimentação das aves pernaltas.
saiba mais
Fotossíntese
Quimiossíntese
Exergônicas
explicando melhor
O que dissemos até o momento referiu‑se aos vários ecossistemas que ocorrem na
Terra, compondo a biosfera. Claro que o mesmo pode aplicar‑se, quanto à produtivi‑
dade, a um só ecossistema, a uma associação desse ecossistema, à população de
uma espécie dessa associação e, finalmente, a um só indivíduo dessa população.
66 UNIUBE
Agora, analise com muita atenção o Quadro 1. Segundo Philippi et al. (2006), as
causas que induzem a pressão antrópica sobre os ecossistemas, ocasionando
uma série de efeitos modificadores, exemplificando, em vários momentos, de‑
terminados fatores relevantes dessas inter‑relações.
Pressões antrópicas
Ecossistemas Causas da pressão
(efeitos sobre os ecossistemas)
• Crescimento da população.
• Pesca excessiva dos estoques. • Aumento da demanda por
• Conversão das áreas alagadas comida e turismo litorâneo.
e de outros hábitats litorâneos. • Urbanização e lazer.
• Poluição das águas de fontes • Subsídios governamentais para
agrícolas e industriais. pesca.
Ecossistemas
• Destruição de dunas, recifes e • Informação inadequada sobre
litorâneos
restingas. estoques dos recursos marinhos.
• Invasão de espécies • Pobreza e manejo inadequado
estrangeiras. do ecossistema.
• Potencial aumento do nível do • Políticas de uso da terra não
mar. coordenadas.
• Mudança de clima global.
UNIUBE 67
• Conversão (e fragmentação)
das terras de florestas para usos
urbanos e industriais. • Crescimento da população.
• Desflorestamento causando • Aumento de demanda por
perda de biodiversidade, madeira e outras fibras.
liberação de carbono estocado, • Subsídios governamentais para
Ecossistemas poluição da água e do ar. extração de madeira.
florestais • Chuva ácida pela poluição • Valoração inadequada dos
industrial. custos da poluição industrial do
• Invasão de espécies ar.
estrangeiras. • Pobreza e manejo inadequado
• Uso excessivo de água do ecossistema.
para fins agrícolas, urbanos e
industriais.
• Crescimento da população.
• Conversão (e fragmentação)
• Demanda crescente
dos campos naturais para usos
por produtos agrícolas,
agrícolas e urbanos.
especialmente carne.
Ecossistemas • Queimadas induzidas, resultando
• Informação inadequada sobre
de campos em perda de biodiversidade,
esses ecossistemas.
naturais liberação de carbono estocado e
• Pobreza e manejo inadequado
poluição do ar.
do ecossistema.
• Degradação do solo e poluição
• Ecossistema frágil (acesso e
das águas pelo gado.
transformação facilitados).
importante!
Todos os ecossistemas, inclusive a biosfera, são sistemas abertos: existe uma entrada
e saída de energia. É claro que os ecossistemas abaixo do nível da biosfera também
estão abertos, em vários graus, aos fluxos de materiais e à imigração e emigração de
organismos. Por conseguinte, representa uma parte importante do conceito de ecos‑
sistema reconhecer que existe tanto um ambiente de entrada quanto um ambiente
de saída, acoplados e essenciais para que o ecossistema funcione e se mantenha
(ODUM, 1988).
Origem dos
Primeiros mamíferos
vegetais terrestres
atmosférico atual de oxigênio
Rochas mais
antigas
dicas
Viaje pelas bacias dos rios da Índia e deslumbre‑se com as pessoas e animais que
convivem nessas sagradas terras úmidas.
A cidadela dos Robinsons (Swiss family Robinson. Estados Unidos, 1960, 126 min.
Direção de Ken Annakin.)
Essa é mais uma aventura clássica, em que uma família de náufragos procura se
adaptar às dificuldades de viver em uma ilha longe da civilização. Esse filme permite
uma análise sobre a exploração de recursos naturais e a adaptação do homem ao
meio ambiente.
A guerra do fogo (La guerre du feu. Canadá, França e Estados Unidos, 1981, 100
min. Direção de Jacques Annaud.)
Em seguida, responda aos questionamentos: qual é a sua opinião sobre esse assunto
que está representado na Figura 9? Como os cientistas explicam o desenvolvimento
da vida na Terra? O que é evolução biológica por seleção natural e como ela levou à
UNIUBE 71
Segundo Schroter (apud SILVA, 2009), quem estuda as relações de uma espé‑
cie individual, com o seu meio, estuda autoecologia. Esta é que estabelece os
limites de tolerância e a preferência de cada espécie em relação a cada fator
ecológico. Assim, autoecologia é, praticamente, sinônimo de ecologia fisiológica.
Alguns autores acentuam que a autoecologia despreza as interações da espécie
considerada, com as demais, isto é, a interferência dessa espécie com as ou‑
tras com as quais convive e vice‑versa. Não vemos como isso possa ser feito,
a não ser retirando a espécie de seu meio para estudá‑la, por exemplo, com
maior rigor, não no ambiente que lhe é peculiar, mas em outro, completamente
artificial. Ora, quem isso fizer, não estará, a nosso ver, estudando autoecologia,
72 UNIUBE
mas fisiologia. Se, depois, fizer ilações de natureza ecológica, estará, então,
estudando fisiologia ecológica.
dicas
Se tiver oportunidade não deixe de assistir ao filme Blinky Bill: o ursinho travesso
(Blinky Bill, Austrália, 1992, 97 min. Direção de Yoram Gross). Na realidade, Blink
Bill é personagem de uma série de filmes ecológicos, em que ele, um coala, e seus
amigos australianos, convivem com o desequilíbrio ecológico na floresta causado
pelo homem. Esse filme é muito utilizado para mostrar as interferências das ações
humanas no desequilíbrio ecológico, bem como comentar a necessidade de os ani‑
mais se adaptarem a um novo ambiente.
dicas
Todos nós já sentimos a variação da temperatura, quer durante o dia, quer nas
diversas épocas do ano ou quando nos deslocamos de um lugar para outro.
Podemos dizer que a temperatura é bastante variável no tempo e no espaço.
Essa variação decorre de diversos fatores:
60o
Transferência de energia re
50o ce
bid
a
40o
30o excesso
equador
20o
10o
Altura – a atmosfera terrestre não se aquece por meio dos raios solares inciden‑
tes, mas por meio das radiações refletidas pela Terra. Portanto, quanto mais nos
afastarmos da superfície de irradiação, menor será a temperatura. Em média,
para cada 200 m, haverá redução de 1º C na temperatura. Se um balão‑sonda
estiver a 1.000 m de altura, deverá acusar 5º C a menos que a temperatura da
superfície.
Como o hemisfério sul possui apenas 20% das terras emersas, a sua variação
térmica será menor que a do hemisfério norte, que possui 80% das terras emer‑
sas. Esse fenômeno ocorre também em áreas situadas próximas ao mar e em
áreas situadas no interior dos continentes.
Nas áreas próximas ao mar, as variações térmicas são mais amenas. Essas
áreas sofrem influência da maritimidade. Nas áreas situadas no interior dos con‑
tinentes, as variações térmicas são maiores. São áreas que sofrem a influência
da continentalidade.
pesquisando na web
Faça uma consulta aos sites a seguir e deslumbre‑se com a magia da ciência:
Cetesb – <http://www.cetesb.sp.gov.br>
Eletronuclear – <http://www.eletronuclear.gov.br>
saiba mais
Pressão atmosférica
Barômetro
Altitude – a pressão atmosférica varia com a altitude, pois quanto maior a pro‑
ximidade em relação ao nível do mar, maior será o volume de gases sobre a
superfície e, em consequência, a pressão atmosférica será maior. Portanto, a
pressão atmosférica diminui com a altitude.
UNIUBE 79
2.8 Massas de ar
Massas tropicais – ocupam latitudes próximas aos 30º nos dois hemisférios
(proximidades dos trópicos), podendo ser continentais ou marítimas. As massas
tropicais continentais são secas e as marítimas são úmidas.
2.9 Os ventos
saiba mais
As monções são ventos periódicos que, durante o inverno asiático, sopram da Ásia
para o oceano Índico (monções de inverno). São ventos frios e secos. Durante o verão
asiático, sopram do Índico para a Ásia (monções de verão). As monções de verão pro‑
piciam abundantes chuvas em vasta porção do sul e sudeste asiático. Podem dizer que
as monções de verão são fundamentais para os povos que vivem nessas áreas.
As brisas são ventos periódicos que sopram, durante o dia, do mar para o continente
(brisas marítimas) e, durante a noite, do continente para o mar (brisas terrestres).
UNIUBE 81
Os alísios são ventos constantes que sopram durante o ano todo dos trópicos para
o Equador, onde sofrem aquecimento, formando correntes convectivas. A zona de
convergência dos alísios chama‑se convergência intertropical (CIT) ou doldrum.
Devido ao movimento de rotação da Terra, os alísios sofrem desvio para o oeste (força
de Coriolis), sendo por isso chamados alísios de sudeste (hemisfério sul) e alísios de
nordeste (hemisfério norte).
Quando calculamos o peso do vapor de água por metro cúbico de ar, estamos
determinando a umidade absoluta, que é dada em gramas por metro cúbico.
Portanto:
Umidade absoluta é a quantidade de vapor de água
existente na atmosfera em um dado momento.
Agora, eu lhe faço a seguinte indagação: qual a diferença entre umidade atmosférica,
umidade absoluta e umidade relativa?
sintetizando...
O ponto de saturação não é igual para toda a atmosfera, pois varia em função
da temperatura.
Observe:
parada obrigatória
saiba mais
Muitas vezes, podemos perceber que, no decorrer da vida do organismo, seu papel
ecológico também faz com que ocupe espaços (nichos) diferentes, comporte‑se e se
UNIUBE 85
TEMPERATURA
Estenotérmico de estreito espectro de temperatura ou pouco resis‑
tente a grandes variações.
Euritérmico de largo espectro de temperatura ou muito resistente
a variações.
ÁGUA
Estenohídrico de estreito espectro de disponibilidade hídrica ou
pouco resistente a grandes variações.
Euriídrico de largo espectro de disponibilidade hídrica ou muito
resistente a variações.
SALINIDADE
Estenoalino de estreito espectro de variação de salinidade ou
pouco resistente a grandes variações.
Eurialino de largo espectro de variação de salinidade ou muito
resistente a variações.
ALIMENTO
Estenofágico de estreito espectro de disponibilidade de formas de
alimento ou pouco resistente a grandes variações.
Erifágico de largo espectro de disponibilidade de formas de
alimento ou muito resistente a variações.
Princípio dos fatores Segundo Miller (2007), diversos fatores podem afetar o
limitantes
número de organismos em uma população. Por vezes,
O excesso ou a falta um fator, conhecido como fator limitante, tem mais im‑
de um fator abiótico
pode limitar ou impedir portância que outros para o crescimento da população.
o crescimento de uma
Tal princípio ecológico, relacionado à lei de tolerância,
população, ainda que
todos os outros fatores denomina‑se princípio dos fatores limitantes.
estejam na faixa de
tolerância ideal ou
próximas a ela.
Lei de tolerância
O que determina a existência, a abundância e distribuição de uma espécie no
ecossistema é o fato de os níveis de um ou mais fatores físicos ou químicos
estarem situados na faixa tolerada por aquela espécie.
Um fator limitante pode existir não só por causa de uma insuficiência de algum
material, como também por um excesso, como no caso de fatores tais como
calor, luz e água.
Chegamos, assim, ao final deste capítulo. Esperamos que você tenha assimilado
todas as informações importantes e que possa, agora, dedicar‑se à realização
das atividades propostas.
Resumo
Cada organismo vivo tem um modo de vida particular que depende de sua estru‑
tura, fisiologia e ambiente que ocupa. A ação dos fatores abióticos produz uma
grande variedade de ambientes nas diversas partes da Terra. As condições são
bem constantes em algumas terras e mares tropicais, mas em grande extensão
da terra a temperatura, as relações de umidade e a luz solar variam muito nas
diferentes estações. Ao conjunto dessas influências denomina‑se clima. O ciclo
vital de cada espécie ajusta‑se intimamente às condições climáticas do ambiente.
Nenhum ser vivo sobrevive de modo inteiramente independente, mas, pelo con‑
trário, cada um é parte de uma comunidade vital integrada que inclui outros da
mesma espécie, além de muitos tipos diferentes de animais e plantas. A ecologia
é o estudo científico das inter‑relações entre os organismos e seus ambientes e
a distribuição, o estudo de sua ocorrência no espaço e no tempo.
88 UNIUBE
Neste capítulo, você iniciou os seus estudos sobre as relações entre os organis‑
mos e seu ambiente – os fatores físicos, químicos e biológicos que os afetam e
são influenciados por eles. A ecologia é tema de jornais, revistas, livros, rádio,
televisão e política, enfim, é assunto atual e comentado em todo o planeta. Diante
dos desastres e catástrofes ecológicos que ocorrem a cada dia no mundo, essa
ciência, que estuda as inter‑relações dos seres vivos uns com os outros e com
o ambiente, está se tornando cada vez mais importante. O conhecimento da
ecologia é uma questão de sobrevivência para o planeta.
Atividades
Atividade 1
Desde que a crosta terrestre se consolidou, a superfície do planeta sofreu pro‑
fundas modificações. Mas, desde que a vida se instalou no planeta, surgiu uma
profunda competição entre os seres vivos e uma permanente interdependência
destes com o meio ambiente. O relacionamento dos seres vivos entre si e com
o meio ambiente constitui o grande tema que criou a ecologia. O uso indiscri‑
minado da palavra ecologia tem levado acentuado desgaste de seu significado
original, às vezes por grupos interessados apenas em tirar proveito da situação,
sem interesse científico e sem a seriedade que o assunto requer. Dê o conceito
biológico da palavra ecologia e apresente um argumento favorável e outro con‑
trário às atividades dos grupos acima referidos.
Atividade 2
As espécies conquistam ambientes para manter suas vidas as mais ordenadas
e equilibradas possível. E lutam para que isso permaneça. Nessa luta, direta ou
indiretamente, as espécies relacionam‑se entre si. Segundo essas informações e
a leitura dos textos, responda aos questionamentos, a seguir: um aquário comum
sempre pode ser considerado um ecossistema? Justifique a sua resposta.
Atividade 3
A pele humana pode ser considerada um ecossistema constituído de milhares
de bactérias e fungos, além de alguns tipos de ácaros. Da mesma maneira, um
UNIUBE 89
( a ) comunidade
( b ) ecossistema
( c ) população
( d ) biosfera
IV Interação dos seres vivos de uma região com o ambiente físico e quí‑
mico ( ).
Atividade 4
Charles Darwin, em seu livro A origem das espécies, afirma:
“Mais espécies podem manter‑se numa mesma área, quanto mais elas divergi‑
rem em sua estrutura, hábitos e constituição [...].”
Referências
BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
90 UNIUBE
CHEIDA, Luis Eduardo. Biologia integrada. São Paulo: FTD, 2005.
PHILIPPI, Arlindo et al. Curso de gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2006.
Ricardo Baratella
Introdução
Cada ciência possui um código intrínseco, uma lógica interna, métodos
próprios de investigação que se expressam nas teorias, nos modelos
construídos para interpretar os fenômenos que se propõe a explicar.
Apropriar‑se desses códigos, dos conceitos e métodos relacionados
a cada uma das ciências, significa ampliar as possibilidades de com‑
preensão e participação efetiva nesse mundo.
Você sabe que a energia que um produtor, como uma árvore, recebe
do Sol é aplicada na síntese de matéria orgânica, que é armazenada
principalmente como glicose e amido. Essas substâncias podem ser
decompostas para fornecerem energia utilizável pelo produtor, sempre
que é preciso executar:
importante!
Quando uma energia muda de uma forma para outra, alguma quantidade
de energia útil sempre se degrada em energia de baixa qualidade, mais
dispersa e menos útil.
Observe na Figura 1, que cada vez que a energia muda de uma forma
para outra, alguma quantidade inicial de entrada da energia de alta
qualidade é degradada, geralmente em calor de baixa qualidade que é
disperso no ambiente.
Objetivos
Como você verificou na introdução do capítulo, todas as transforma‑
ções de energia obedecem às leis da termodinâmica. A primeira lei da
termodinâmica determina que a energia não pode ser criada nem des‑
truída; isto é, a quantidade total de energia no universo é constante. A
segunda lei da termodinâmica determina que, durante a conversão de
energia de um estado para outro, alguma energia torna‑se indisponível
para a realização de trabalho. Essa lei governa os padrões de fluxo
de energia através dos ecossistemas.
Esquema
3.1 Reciclagem de matéria e fluxo de energia
3.2 Energia e produtividade
3.3 A manutenção dos sistemas vivos demanda gasto de energia
3.4 Ecossistemas: bens e serviços
3.5 Reflexão e absorção
3.6 Vida no ambiente aquático
3.6.1 Água salgada
3.6.2 Água doce
pesquisando na web
curiosidade
Temperatura
Figura 2: Orquídea.
Fonte: Foto de Ricardo Baratella (2010).
Luz solar
Toda energia usada pelos organismos provém do sol. A energia pode ser transfor‑
mada de um tipo em outro; não pode, porém, ser criada, nem destruída. As plantas
absorvem energia radiante do sol e, pela ação fotossintética da clorofila de suas
células, produzem carboidratos a partir de dióxido de carbono e água; sintetizam,
também, proteínas e lipídios. A energia armazenada nesses compostos é a fonte pri‑
mária usada por todos os animais. Passa de organismo para organismo e é a única
fonte de energia para a manutenção e funcionamento de todos os sistemas vivos.
Relações energéticas encontram‑se na base de todos os processos físicos e bióticos
e determinam as atividades dos organismos.
Os seres vivos necessitam de energia para manter sua constituição interna, para
locomover‑se, para crescer etc. Essa energia provém da alimentação realizada
UNIUBE 99
Autótrofos
pelos seres vivos, que dividem em dois grandes grupos: Organismos que se
nutrem à própria custa,
os autótrofos e os heterótrofos. O grupo dos autótrofos
pois sendo clorofilados,
compreende os seres capazes de sintetizar seu próprio realizam a fotossíntese
e produzem matéria
alimento, sendo, portanto, autossuficientes. Esse grupo orgânica necessária ao
seu protoplasma celular
subdivide‑se ainda em dois subgrupos:
a partir de compostos
inorgânicos, como o
• os quimiossintetizantes, cuja fonte de energia é a oxi‑ dióxido de carbono
e a água.
dação de compostos inorgânicos; Fonte: Soares (2004).
Heterótrofos
• os fotossintetizantes (Figura 4), de grande importância
para a vida no planeta, os quais utilizam o sol como Tipo de nutrição
característico dos
fonte de energia (BRAGA et al., 2006). organismos que
revelam inteira
incapacidade
de produzir a
matéria orgânica
exclusivamente a
partir de compostos
inorgânicos.
Fonte: Soares (2004).
100 UNIUBE
saiba mais
importante!
A maior parte dos produtores (Figura 4) captura a luz solar para formar compos‑
tos complexos como a glicose (C6H1206), por meio da fotossíntese. Apesar da
ocorrência de centenas de reações químicas durante a fotossíntese, a reação
geral pode ser resumida da seguinte maneira:
dióxido de energia
carbono água solar glicose oxigênio
• produtores (autótrofos);
• consumidores (heterótrofos);
• decompositores (heterótrofos).
explicando melhor
Glicose
Monossacarídeo
O mesmo que oses. Os glicídios mais simples, com pequeno número de átomos
de carbono, que, por hidrólise, fornecem compostos não mais de natureza glicídica
(SOARES, 2004).
O Sol
saiba mais
Consumidores
São seres que, pela incapacidade de fabricar o próprio alimento, dependem, direta ou
indiretamente dos produtores. São chamados também de heterótrofos, pois, por não
sintetizarem o próprio alimento, utilizam substâncias produzidas pelos autótrofos.
importante!
Eles assumem papéis únicos no ecossistema devido à sua forma distinta de cresci‑
mento. A maioria dos fungos, como as plantas e os animais, são organismos multice‑
lulares (exceto para levedos e seus parentes). Mas, diferentemente das plantas e dos
animais, o fungo cresce a partir de um esporo microscópico sem passar pelo estágio
embrionário. A maioria dos organismos fúngicos é feita de estruturas filamentosas
chamadas de hifas, que só têm uma célula de diâmetro. Essas hifas podem formar
uma rede solta, que pode invadir os tecidos vegetais ou animais ou folhas e madeira
morta na superfície do solo, ou crescer para dentro das estruturas reprodutivas que
reconhecemos como cogumelos. Como os fungos podem penetrar profundamente,
eles rapidamente decompõem o material vegetal morto, finalmente tornando muitos
dos nutrientes contidos nele disponíveis para outros organismos. Os fungos digerem
seus alimentos externamente, secretando ácidos e enzimas em sua vizinhança ime‑
diata, cortando através da madeira morta e dissolvendo nutrientes resistentes dos
minerais do solo. Os fungos são os agentes principais da podridão – desagradável
aos nossos sentidos e sensibilidades, talvez, mas muito importantes para função do
ecossistema (RICKLEFS, 2003).
104 UNIUBE
Precipitação
Água
Decompositores
Apenas 5% da energia solar que chega à Terra são capturados pela fotossín‑
tese. A energia restante ou é irradiada de volta para a atmosfera como calor ou
é consumida pela evaporação da água das plantas ou de outras superfícies. A
energia que é capturada pela fotossíntese potencia os processos ecossistêmicos
(PURVES et al., 2005).
saiba mais
A planta utiliza parte de sua PPB para sobreviver, na sua própria respiração
(Figura 8). A energia remanescente fica disponível aos consumidores. Em outras
palavras, PPL = PPB – R, em que R significa a energia utilizada na respiração.
A PPL mede a velocidade na qual os produtores podem fornecer o alimento de
que os demais organismos necessitam.
saiba mais
Respiração
Mecanismo biológico que se faz notar pelas trocas gasosas patentes entre os seres
vivos e o meio mas que, íntima e primeiramente, visa a obtenção de energia pelas
células à custa de reações de oxidação dos materiais a ela incorporados através do
anabolismo (SOARES, 2004).
Anabolismo
Trófico
Você sabe explicar por que isso acontece? Em cada nível trófico há grande
consumo de energia para a execução das reações metabólicas. Há liberação
de energia sob a forma de calor, que é perdido pelo ecossistema. A energia
restante é armazenada nos tecidos. Portanto, a quantidade de energia disponí‑
vel é sempre menor, porque se deve descontar o que é gasto pelas atividades
próprias de cada nível trófico.
A maioria das plantas competem pelas mesmas coisas – luz solar, minerais do
solo e água – mas os animais são mais diversificados em suas necessidades.
O alimento dos animais, de qualquer tipo que seja, é obtido, finalmente, das
plantas. Cada espécie de animal necessita de quantidades determinadas dos
tipos apropriados de alimento. Os seres humanos, os ratos e a mosca‑doméstica
podem subsistir de grande variedade de alimentos e mudar de um para outro
quando necessário. Muitas espécies, contudo, são mais especializadas e só
podem existir onde e quando encontram seu tipo particular de alimento. O cas‑
tor alimenta‑se unicamente de casca interna de salgueiros e choupos; a larva
da borboleta‑da‑couve necessita de folhas de crucíferas; algumas cigarrinhas
sugam apenas a seiva de determinadas plantas e as mutucas necessitam de
sangue de mamíferos para se reproduzirem. Alguns alimentos são unicamente
disponíveis em certas épocas do ano e as espécies que deles dependem devem,
nas outras épocas, mudar de alimento, entrar em inatividade, migrar ou perecer
(STORER et al., 2002).
saiba mais
Crucíferas
Perianto
Plâncton
importante!
Para cima (Figura 11), existe cada vez menos energia disponível para o nível
trófico seguinte como é sugerido pelo tamanho diferente dos quadros.
pesquisando na web
Vamos pesquisar?
pesquisando na web
os ecossistemas, parece ser possível extrair leis particulares para cada um dos
dois grandes meios.
importante!
Vamos exercitar? Construa uma cadeia alimentar com os elos essenciais, servindo‑se
de exemplos brasileiros. Indique nessa cadeia, com uma seta, o gradiente decrescente
no fluxo de energia.
Como a vida é tão especial, sendo composta de moléculas que são raras ou
inexistentes no mundo inanimado, os organismos vivos existem fora de equilíbrio
com o ambiente físico. O que o organismo perde para o seu entorno, contudo,
não é retornado para o ambiente de graça. Se fosse, a vida seria o equivalente
de uma máquina de moto‑perpétuo. O organismo deve procurar energia ou ma‑
téria para substituir suas perdas. Para fazer isso, ele deve gastar energia. Assim,
a energia perdida como calor e movimento deve ser substituída pelo alimento
metabolizado, que o organismo captura e assimila a um certo custo. O preço de
manter um sistema vivo como um estado estacionário dinâmico é energia.
pesquisando na web
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Não deixe para amanhã, pesquise agora mesmo esses outros sites:
Recicloteca – <http://www.recicloteca.org.br>
Sabesp – <http://www.sabesp.com.br>
dicas
Canal Futura
dicas
TV Cultura
Vídeos dos programas realizados pela emissora podem ser comprados ou podem ser
copiados mediante pagamento de taxa – <http://www.tvcultura.com.br>.
TV Escola
• Uma outra parte da energia incidente é refletida pelas nuvens e por outras
partículas suspensas no ar, volta ao espaço e torna‑se perdida para a Terra. A
esse fenômeno dá‑se o nome de albedo, e é ele o responsável pela lumino‑
sidade observada em corpos celestes opacos, como Vênus. O albedo é uma
medida da capacidade de um dado material refletir a luz. Seu valor médio na
atmosfera externa da Terra é de aproximadamente 34%.
curiosidade
Embora os painéis solares atualmente custem mais por quilowatt‑hora que as turbinas
de vento, eles ainda podem ser lucrativos se integrados a prédios, economizando
o custo de material do telhado. Em cima dos tetos de grandes prédios comerciais,
122 UNIUBE
células solares podem ser competitivas mesmo sem subsídios, se combinadas com
uso eficiente que permita ao construtor do prédio revender o excesso de energia
quando estiver abundante e mais cara – nas tardes de sol. A energia solar também
é normalmente a forma mais barata de conseguir eletricidade para os 2 bilhões de
pessoas que não têm acesso a ela no mundo em desenvolvimento.
• Nécton. Animais que nadam livremente por atividade própria; inclui as lulas,
peixes, serpentes marinhas, tartarugas, aves marinhas, focas, baleias etc. Os
animais do plâncton e nécton do mar aberto são chamados pelágicos.
saiba mais
Tunicados
O mesmo que urocordados. Animais marinhos, fixos nas rochas do litoral, com o corpo
protegido por uma túnica (SOARES, 2004).
Diatomáceas
Caroteno
Xantofilas
Dinoflagelados
Pelágicos
Que diz respeito ao mar alto, porém numa faixa próxima à superfície, de até 200 m
de profundidade (SOARES, 2004).
124 UNIUBE
a. Litoral (intertidal). Desde a linha da maré mais alta até a da maré mais baixa;
vida animal e vegetal abundante.
explicando melhor
Nem todos os lagos do mundo são de água doce. Muitos lagos sem ligação com o
mar se tornaram muito salgados – alguns, como o mar Morto e o Grande Lago Sal‑
gado em Utah (EUA), têm uma concentração de sal muito maior que a dos oceanos,
UNIUBE 125
A água salgada é mortal para boa parte das plantas, mas algumas espécies,
chamadas halófitas, eliminam o excesso de sal através de poros nas raízes ou
nas folhas, ao passo que outras o diluem, mantendo água em seus tecidos.
saiba mais
importante!
As águas doces diferem dos mares por serem dispersas, de menor volume e
profundidade, mais variáveis quanto à temperatura, ao conteúdo de gases, à
penetração da luz, á turbidez, à movimentação e à flora. A água “pura” contém
apenas traços de sais, mas algumas águas salinas ou alcalinas contêm‑nos
em grandes quantidades. Os carbonatos (especialmente CaCO3) geralmente
são mais comuns que os outros sais. Alguns corpos de água doce têm volume
quase constante, mas os de regiões áridas flutuam desde condições de inun‑
dação até um volume muito pequeno ou de seca completa numa só estação
(STORER et al., 2002).
UNIUBE 127
saiba mais
A água parada contém muita matéria orgânica em suspensão (ao contrário dos rios)
e, em consequência, encontramos um maior número de microrganismos, principal‑
mente se a água estiver estagnada. Essas condições favorecem a procriação de
insetos, cujas larvas são numerosas. Há muitos caranguejos e peixes de pequeno
porte. Também ocorre intercâmbio terra‑água de sapos, rãs e cobras. Nos pântanos,
encontramos jacarés, cobras, sapos, rãs, aves e mamíferos que vão aí procriar e
buscar alimentos (FERNANDES, 1999).
As zonas de vida em água doce ocorrem onde a água, com uma concentração
de sal dissolvido menor que 1% por volume, acumula ou circula através dos
biomas terrestres. Os exemplos incluem os sistemas lênticos (água parada) de
água doce, como lagos, lagoas e áreas interiores alagadiças, e sistemas lóticos
(água corrente) como riachos e rios. Embora os sistemas de água doce cubram
menos de 1% da superfície terrestre, eles prestam vários serviços ecológicos e
econômicos importantes (MILLER, 2007).
Segundo Miller (2007), a precipitação que não penetra na terra nem evapora é
água de superfície. Ela se torna córrego quando flui para riachos. A área de
terra que fornece escoamento, sedimento e substâncias dissolvidas para um
riacho é chamada vertente ou bacia de drenagem. Pequenos riachos se juntam
para formar rios, que correm da montanha para o oceano. Os riachos recebem
grande parte de seus nutrientes dos ecossistemas terrestres que os circundam.
Tais nutrientes vêm de folhas caídas, fezes de animais, insetos e outras formas
de biomassa levadas para o riacho durante tempestades pesadas ou pela neve
derretida. Para evitar a entrada excessiva de nutrientes e poluentes em um
riacho ou rio, devemos proteger suas vertentes.
Resumo
Os ecólogos sabem que o ambiente age sobre os organismos vivos, mas que
também os organismos modificam o ambiente em que vivem.
Isso permite estabelecer uma regra básica: uma cadeia alimentar não pode ter
mais quatro ou cinco elos. Quanto mais curta a cadeia, maior a quantidade de
energia disponível para os níveis tróficos mais elevados.
Uma vez que a Terra está fechada para a entrada de quantidade significativa de
matéria vinda do espaço, sua quantia fixa de suprimento de nutrientes deve ser
UNIUBE 129
Atividades
Atividade 1
O esquema abaixo representa sucintamente o fluxo de energia e matéria entre
os seres vivos e o ambiente. Qual a principal diferença ente os dois fluxos?
energia luminosa
produção
(autótrofos)
matéria matéria
inorgânica orgânica
decomposição (respiração)
energia dispersa
Atividade 2
Há espécies de insetos cujos machos e fêmeas vivem no mesmo esconderijo;
porém, na hora de alimentar‑se, a fêmea busca o sangue de outros animais,
enquanto o macho se alimenta da seiva das plantas. Nessas circunstâncias,
podemos afirmar que:
e. a fêmea é carnívora.
130 UNIUBE
Atividade 3
Todos os organismos, vivos ou mortos, são fontes potenciais de alimentos para
outros organismos. Uma sequência de organismos, na qual um serve como fonte
de alimento para o próximo, recebe o nome de cadeia alimentar. Ela determina
como a energia e os nutrientes passam de um organismo a outro pelo ecos‑
sistema. Considerando os exemplos a seguir, cite um produtor, um consumidor
primário, um consumidor secundário e um decompositor entre os organismos:
vaca, eucalipto, onça, aranha, fungo, gafanhoto e cana‑de‑açúcar.
Atividade 4
O esquema abaixo sugere que:
Referências
BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
PHILIPPI, Arlindo et al. Curso de gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2006.
Ricardo Baratella
Introdução
Toda matéria, viva ou não viva, é feita de substâncias químicas. As me‑
nores unidades químicas são os átomos, que se unem em moléculas. Os
processos, moldando a vida, iniciaram aproximadamente há 4 bilhões
de anos com interações entre pequenas moléculas que guardavam
informações úteis.
saiba mais
Carboidratos
Lipídios
Proteínas
Ácidos nucleicos
saiba mais
Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
Esquema
4.1 Considerações iniciais
4.2 Propriedades emergentes
4.3 O que sustenta a vida na Terra?
4.4 A teoria da evolução
4.4.1 Charles Darwin e a adaptação
4.5 O que é uma espécie?
4.5.1 Como surgem novas espécies?
4.6 Do organismo à biosfera
4.7 Ecologia: como surgiu?
4.7.1 Ecologia de populações
4.7.2 Fatores que limitam o crescimento da população
4.7.3 Potencial biótico e resistência ambiental
4.7.4 Ecologia de comunidades
4.7.5 As interações bióticas influenciam as condições sob as
quais as espécies podem sobreviver
4.8 Pirâmides alimentares
4.8.1 Pirâmide de energia
4.9 Os ciclos biogeoquímicos
4.9.1 Ciclo do carbono
4.9.2 Ciclo do nitrogênio
4.9.3 Ciclo do oxigênio
4.9.4 Ciclo da água
4.9.5 Ciclo do enxofre
UNIUBE 137
A biologia não pode ser visualizada como uma hierarquia na qual as unidades,
desde a menor até a maior, incluem átomos, moléculas, células, tecidos, órgãos,
organismos, populações e comunidades.
138 UNIUBE
saiba mais
Evolução
• das Espécies: sucessão de etapas por que passaram os seres vivos, desde a
instalação da vida na Terra, com os primeiros unicelulares, até a situação atual,
com um imenso número de espécies e tipos já extintos (SOARES, 2004).
Para Miller (2007), a vida no nosso planeta depende da água líquida que domina
a superfície terrestre. A temperatura é um fator crucial, pois a maior parte da vida
na Terra necessita de temperaturas médias entre os pontos de fusão e ebulição
da água. A Terra também tem o tamanho certo: ela contém massa gravitacional
suficiente para manter seu núcleo de ferro e níquel liquefeito e para impedir que
suas moléculas de gases leves como N2, O2, CO2 e H2O presentes na atmosfera
escapem para o espaço.
importante!
Nas últimas cinco décadas, foi identificada a natureza química do gene; sabemos
hoje que ele corresponde a pedaços de DNA (Figura 1) e vem sendo estudado
ultimamente do ponto de vista bioquímico. Nos últimos anos, boa parte da
abordagem das ciências biológicas está sendo feita no nível da molécula; e o
fenômeno vida é considerado cada vez mais, como uma interação complexa de
processos físico‑químicos, ainda não totalmente compreendidas.
142 UNIUBE
importante!
A palavra espécie significa, literalmente, “tipo”, mas o que se quer dizer com
“tipo”? Um especialista em um determinado grupo de organismos, em orquí‑
deas ou lagartos, por exemplo, normalmente consegue distinguir as diferentes
espécies desse grupo em uma determinada área simplesmente examinando‑as
superficialmente. Os padrões de semelhanças e diferenças que unem os grupos
de organismos, separando‑os dos outros grupos, são familiares a todos nós. Os
populares guias de campo, usados para distinguir espécies de aves, mamíferos,
insetos ou flores, existem porque a maioria das espécies é uma unidade coesa
que muda em aparência apenas gradualmente e em grandes escalas geográficas
(PURVES et al., 2005).
Entretanto, nem todos os membros de uma espécie têm tal semelhança. Por
exemplo, machos, fêmeas e indivíduos jovens podem não se parecer uns com
os outros. Como podemos decidir se indivíduos semelhantes, mas distinguíveis
devem pertencer a diferentes espécies ou ser considerados membros de uma
mesma espécie? Durante muito tempo, o conceito que vem guiando essas de‑
cisões foi o de integração genética. Se indivíduos de uma mesma população
se intercruzam, mas não o podem com indivíduos de outras populações, eles
constituem um grupo distinto no qual os genes se recombinam; isto é, eles são
unidades evolutivas independentes. Essas unidades evolutivas independentes
são comumente chamadas espécies.
Segundo Purves et al. (2005), a especiação é o processo pelo qual uma es‑
pécie divide‑se em duas, que, então, evoluem em diferentes linhagens. Nem
todas as mudanças evolutivas resultam em novas espécies. Charles Darwin,
embora tenha intitulado seu livro de A origem das espécies, ele não chegou
a discutir como uma única espécie origina duas ou mais espécies‑filhas. Em
vez disso, ele demonstrou que as espécies são afetadas pela seleção natural
ao longo do tempo.
2– As populações divergem
geneticamente Espécie-filha A
Aumento 1– Uma barreira é
formada
Distância genética
3– A incompatibilidade
sexual se forma
População que se
intercruza (espécie-mãe)
Espécie-filha B
Aumento
Tempo
sintetizando...
importante!
Se uma comunidade for considerada junto com os fatores abióticos (não vivos) de
um rio, como temperatura da água, intensidade da luz que penetra nela, sais minerais
dissolvidos, teor de oxigênio e gás carbônico, teremos um ecossistema. Portanto, num
ecossistema existem, então, os fatores bióticos (comunidade) e abióticos.
importante
Para espécies cujos membros diferem em tamanho, como ocorre com a maioria das
plantas e alguns animais tais como moluscos, peixes (Figura 5) e répteis (Figura 6),
a massa total de indivíduos, sua biomassa, pode ser uma medida de densidade mais
útil do que o número de indivíduos (PURVES et al., 2005).
saiba mais
O tamanho de uma população pode ser estimado por meio da marcação e recap‑
tura de indivíduos. Por exemplo, se capturarmos e marcarmos 100 indivíduos em
uma população, podemos realizar outra amostra mais tarde e contar os indivíduos
nessa amostra que já estão marcados. Se 10% dos indivíduos em nossa segunda
amostra já estivessem marcados, concluiríamos que a população contém cerca
de 1.000 indivíduos. Essa estimativa é baseada na suposição matemática de que
o número de indivíduos capturados na primeira amostra representa a mesma
proporção da população total que a proporção de indivíduos marcados para o
número total capturado na segunda amostra (PURVES et al., 2005).
exemplificando!
Taxa de mortalidade
Por exemplo: se num país cuja população total é de 21.342.000, morreram 375.514
pessoas num ano, então:
Da mesma forma, o excesso de um fator abiótico pode ser limitante. Por exemplo,
o volume excessivo de água ou fertilizante pode matar a planta, erro bastante
comum cometido por muitos jardineiros iniciantes.
É evidente que isso não chega a ocorrer, pois a população de moscas, como a de
outras espécies, não cresce de acordo com o seu potencial biótico. Na verdade,
existem fatores que impedem esse crescimento (MARCONDES, 1998).
As espécies que vivem juntas em uma determinada área constituem uma comu-
nidade ecológica. Cada espécie interage de maneira única com outras espécies
em sua comunidade e com seu ambiente físico. Algumas dessas interações são
fortes e importantes; outras são fracas e afetam muito pouco o funcionamento
de uma comunidade. O estudo dessas interações e da maneira como elas in‑
fluenciam quais e quantas espécies vivem em um determinado local é o foco
da ecologia de comunidades (PURVES et al., 2005).
154 UNIUBE
• Pirâmide de números
Observe (Figura 9) que os últimos níveis tróficos sempre são mais numerosos.
UNIUBE 157
Esse tipo de pirâmide (Figura 12) ocorre, por exemplo, em uma cadeia alimentar
em que os produtores (fitoplâncton) possuem vida muito curta, multiplicação
rápida e, portanto, pequena acumulação de matéria orgânica.
A energia, uma vez utilizada por um organismo em seus processos vitais, não é
reaproveitada. Assim, não retorna aos produtores para ser novamente utilizada,
isto é, a energia possui um fluxo unidirecional.
Por essas conclusões observadas, fica evidente que a melhor posição trófica
para um consumidor, em termos de energia, é atuar o mais próximo possível dos
produtores, ocupando, de preferência, o nível de consumidor primário.
Com base nesses fatos, podemos representar a estrutura trófica por meio de uma
pirâmide, sendo a pirâmide energética a mais importante e representativa. Nela,
os produtores representam a base e os demais níveis vão se superpondo até o
cume. Definimos a relação de energia entre diferentes níveis da cadeia alimentar
como eficiência ecológica. Como uma média geral, adotamos, para os diversos
ecossistemas, o valor de 10%. Assim sendo, para energia incidente de 1.000
cal, a produção líquida dos vegetais será de 100 cal, e apenas 10 cal estarão
disponíveis para os herbívoros e 1 cal para carnívoros. Portanto, concluímos
que a pirâmide deve ter base larga e pequena altura (BRAGA et al., 2006).
160 UNIUBE
curiosidade
O porco é o melhor conversor de energia até agora estudado, uma vez que, da
energia consumida, 20% mantém‑se utilizável no próximo nível trófico. De modo
geral, a eficiência é maior nos invertebrados que nos mamíferos, pois os gastos de
manutenção para manter a temperatura constante são elevados nos homeotermos
(BRAGA et al., 2006).
Nitrogênio
Excreção
Bactérias nitrificantes Morte
convertem nitrito em Ureia e ácido
nitrato úrico
Decompositores agem
Bactérias nitrificantes sobre substâncias
convertem amônia nitrogenadas de
em nitrito excretas e cadáveres
Amônia (NH3)
2) amonificação;
3) nitrificação;
4) desnitrificação.
Quando esse nitrogênio orgânico entra na cadeia alimentar, ele passa a constituir
moléculas orgânicas dos consumidores primários, secundários e assim suces‑
sivamente. Atuando sobre os produtos de eliminação desses consumidores e
do protoplasma de organismos mortos, as bactérias mineralizam o nitrogênio
produzindo gás amônia (NH3) e sais de amônio (NH4+). Dessa maneira, completa
‑se a fase de amonificação no ciclo (BRAGA et al., 2006).
saiba mais
Pelo fato de a fotossíntese e a respiração serem cíclicas, uma parece contrabalançar
a outra, de modo a não haver alteração na quantidade de oxigênio na atmosfera.
para a vida. Por isso, vamos encontrá‑la num constante ciclo, passando ora pela
composição dos seres vivos ora circulando pelo meio abiótico (SOARES, 1999).
saiba mais
Embora o vapor de água represente apenas 0,03% da atmosfera, ele tem uma imensa
importância na manutenção da vida. Começando como vapor d’água na atmosfera,
as moléculas se unem formando gotas ou cristas de gelo que podem cair como al‑
guma forma de precipitação: neblina, chuva, neve etc. Essa precipitação pode ser
interceptada pela vegetação, cair sobre o solo, ou sobre cidades. Pode, portanto, ser
armazenada, infiltrar‑se no solo ou escoar superficialmente.
As plantas retiram água do solo através das raízes e perdem água por transpiração
através das folhas.
A precipitação que atinge o solo e nele se infiltra tende a penetrar até alcançar
a camada de rocha impermeável. Aí será formado o lençol subterrâneo ou
lençol freático. A água que permanece na superfície do solo ou sobre a vege‑
tação, assim como a água de rios, lagos e oceanos, evapora, retornando para
a atmosfera e constituindo as nuvens.
168 UNIUBE
Você sabia que sem o ciclo da água, os ciclos biogeoquímicos não poderiam
existir e a vida não poderia ser mantida?
importante!
Segundo Braga et al. (2006), a maior parte do enxofre que é assimilado é mine‑
ralizado em processo de decomposição. Entretanto, sob condições anaeróbias,
ele é reduzido a sulfetos, entre os quais o sulfeto de hidrogênio (H2S), composto
letal à maioria dos seres vivos, principalmente aos ecossistemas aquáticos em
grandes profundidades. Esse gás, tanto no solo como na água, sobe a camadas
mais aeradas onde então é oxidado, passando à forma de enxofre elementar,
quando, mais oxidado, ele se transforma, daí, em sulfato.
importante!
saiba mais
O Princípio de Gause
Isso quer dizer que, quando indivíduos de espécies diferentes ocupam nicho ecológico
semelhante, a competição entre eles, por um ou mais recursos do ambiente, é inevi‑
tável. E, se ocuparem o mesmo nicho, a competição será tão forte que não poderão
conviver e uma das espécies será excluída (exclusão competitiva).
Faça a leitura do capítulo, refletindo sobre o que lê, anotando os pontos principais
e as dúvidas que ficaram. A seguir, vamos lhe propor a realização de atividades.
Não tema esquecer algumas informações, releia os textos e pesquise constan‑
170 UNIUBE
Resumo
Para que isso ocorra, é necessário que seja mantida uma característica fun‑
damental dos ecossistemas: sua capacidade quase infinita de autorregulação
devida à reposição de seres. Essa reposição, base de seu equilíbrio, é feita
porque os seres têm capacidade de reproduzir e, desse modo, gerar descen‑
dentes que substituam aqueles que morrem. Os novos seres, uma vez introdu‑
zidos no meio, enfrentarão condições nem sempre favoráveis, e sobreviverão
apenas aqueles que possuírem características que lhes permitam adaptar‑se
ao ambiente onde vivem.
Com a matéria inorgânica isso não ocorre. As substâncias inorgânicas que parti‑
cipam dos ecossistemas não necessitam de um suprimento a partir de uma fonte
externa, porque são sempre reaproveitadas, estando em constante reciclagem:
ora são encontradas nos seres vivos, ora no meio ambiente externo.
UNIUBE 171
Alguns materiais retornam ao ambiente quase tão rapidamente quanto são re‑
movidos; alguns são armazenados durante algum tempo em reservatórios como
o corpo dos vegetais e animais ou o solo e os sedimentos de lagos; e alguns
podem ligar‑se quimicamente ou ser enterrados a grandes profundidades, numa
armazenagem de longa duração, antes de serem liberados e ficarem novamente
disponíveis para os organismos vivos.
Atividades
Atividade 1
A produtividade primária em um ecossistema pode ser avaliada de várias for‑
mas. Nos oceanos, um dos métodos para medir a produtividade primária utiliza
garrafas transparentes e garrafas escuras, totalmente preenchidas com água do
mar, fechadas e mantidas em ambiente iluminado. Após um tempo de incubação,
mede‑se o volume de oxigênio dissolvido na água das garrafas. Os valores obti‑
dos são relacionados à fotossíntese e à respiração. Explique por que o volume
de oxigênio é utilizado na avaliação da produtividade primária.
Atividade 2
Entre os vários argumentos apresentados contra a destruição da Floresta Ama‑
zônica, estão os seguintes:
Atividade 3
Leia o texto:
Atividade 4
Leia, atentamente, o fragmento de texto, a seguir:
Muitas espécies são introduzidas em um ambiente sem que haja uma avaliação
dos riscos associados a essa prática. Isso tem acontecido em larga escala com
peixes pelo mundo todo. A truta arco‑íris já foi introduzida em 82 países, uma
espécie de tilápia, em 66 países e a carpa comum, em 59 países (CIÊNCIA
HOJE, 1996).
UNIUBE 173
Referências
BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
PHILIPPI, Arlindo et al. Curso de gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2006.
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Anotações
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Anotações
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