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X SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente

18 a 21 de setembro de 2011
São João del-Rei - MG - Brasil

REDES NEURAIS ARTIFICIAS NA MONITORAÇÃO PROGNÓSTICA


DE ÍNDICES DE VIBRAÇÃO EM CONJUNTOS MOTO-REDUTORES

CELSO M. KAWAMURA, ALESSANDRO GOEDTEL, MARCOS B. R. VALLIM

Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR-CP)


Av. Alberto Carazzai, 1640, , Cornélio Procópio,PR, CEP 86300-000
E-mails: cmk@sercomtel.com.br, agoedtel@utfpr.edu.br, mvallim@utfpr.edu.br

Abstract  During the production process of traction machines for passenger elevators, the vibration measurement is one of the
main requirements to assure the quality and comfort in the final product. In this work, an alternative method is presented for the
traction machine’s evaluation, performed during the quality control, in a manufacturing line. By means of artificial neural net-
works based on Kohonen’s maps, this evaluation provides the possibility to determine, within the machines with excessive vi-
bration, those where the adjustment would not be possible, and should be machined again. Some experimental results are pre-
sented to validate the proposed method.

Keywords
 Artificial neural network, Kohonen maps, noise, vibration, traction machines.

Resumo  Durante o processo produtivo de máquinas de tração para elevadores de passageiros, a medição da vibração nas
mesmas é um dos principais quesitos na garantia da qualidade e conforto do produto final. Este trabalho apresenta um método
alternativo para a avaliação das máquinas de tração, realizado durante o controle de qualidade em uma linha de manufatura.
Com o uso de redes neurais artificiais baseadas nos mapas de Kohonen, a avaliação permite determinar, entre as máquinas que
apresentaram valores excessivos de vibração, os conjuntos onde o ajuste não seria possível, e que devem passar por um novo
processo de usinagem. Resultados experimentais são apresentados para validar o método proposto.

Palavras-chave
 Redes neurais artificiais, mapas de Kohonen, ruído, vibração, máquinas de tração.

tos com níveis de ruído e vibração adequados à ope-


ração, há uma preocupação crescente por parte das
1 Introdução empresas com relação ao controle na produção. Os
métodos convencionais de inspeção de grandezas em
Um dos principais itens de conforto para os usuários máquinas elétricas, como ruído, vibração, potência,
de elevadores de passageiros diz respeito ao ruído no torque, velocidade, etc., contam com equipamentos
interior da cabine. Esse ruído pode ter as mais diver- de medição e a comparação com valores limites pré-
sas causas, sendo uma das mais comuns, a que tem estabelecidos. Diversas pesquisas com a utilização de
origem no conjunto moto-redutor da máquina de tra- sistemas inteligentes têm sido realizadas para a avali-
ção. Esse conjunto possui uma polia montada na sua ação dessas grandezas, como em Goedtel et al.
extremidade, onde o cabo de tração é enrolado, e (2007), que utiliza as Redes Neurais Artificiais
qualquer vibração no seu interior é transmitida, para (RNA) para estimar a velocidade de rotação em mo-
o interior do poço onde a cabine está instalada. Essa tores de indução trifásicos, e Silva et al. (2007), que
vibração origina um ruído, que reverbera pelo poço, utiliza lógica Fuzzy para identificação de torque de
o qual, devido à sua forma construtiva, acaba funcio- carga em motores de indução conectados à rede.
nando como uma caixa de ressonância. Esforços para o desenvolvimento de métodos de
A vibração, além de causar o desconforto acústi- detecção de falhas com utilização de redes neurais
co, pode também prejudicar o funcionamento dos artificiais podem ser vistos nos trabalhos desenvolvi-
equipamentos e colocar em risco toda a estrutura do dos por Kankar et al. (2011) na diagnose de rolamen-
prédio (Pereira, 2006), além disso, a exposição pro- tos de esferas em máquinas rotativas, e em Li et al.
longada à vibração corporal total (whole body vibra- (2009) na detecção de falha em redutores em condi-
tion-WBV) pode até mesmo resultar em doenças ocu- ções de sobrevelocidade.
pacionais (McCallig et al., 2010). A proposta deste trabalho é apresentar um méto-
Com o intuito de se minimizar a incidência de do alternativo para avaliação de parâmetros de má-
tais efeitos patológicos, diversas normas regulamen- quinas elétricas, utilizando os mapas de Kohonen.
tadoras nacionais e internacionais foram criadas, li- Tal abordagem tem por objetivo o agrupamento dos
mitando os níveis de ruídos e vibrações em máquinas valores de medição de vibração e a classificação dos
e motores. Os procedimentos adotados para as medi- conjuntos moto-redutores segundo suas possibilida-
ções também são descritos nas normas, dentre as des de ajuste. Além disso, a redução do custo opera-
quais podem ser citadas: NBR NM 207 (1999) , NBR cional relacionado à necessidade de nova usinagem
10152 (2000), ISO 2372 (1974) e ISO 2954 (1975). das engrenagens, uma vez detectada a impossibilida-
Com o objetivo de atender aos requisitos das de ajuste, é uma das conseqüências do correto prog-
normas vigentes e manter as máquinas e equipamen- nóstico do conjunto de tração.

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 1007


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O presente artigo está organizado como segue: Tabela 1. Unidades de vibração conforme norma ISO 1000.
na Seção 2 são apresentados os métodos de medição Unidades de vibração (ISO 1000)
da vibração e seus conceitos. Na Seção 3 serão des- Deslocamento m, mm, µm
critos os procedimentos de ensaio realizados para a Velocidade m/s, mm/s (ou m.s-1, mm.s-1)
avaliação do método proposto. Na Seção 4 são apre- Aceleração m/s2 (ou m.s-2) → 1g = 9,81 m/s2
sentados a estrutura básica de uma rede neural artifi-
cial, a topologia do mapa de Kohonen e os resultados Sendo a vibração um subproduto da força cíclica
alcançados. Na Seção 5 serão apresentadas as con- transmitida aos componentes da máquina, a mesma
clusões obtidas com este trabalho. pode ser medida pelo seu lado externo, com o uso de
um transdutor. No processo onde o trabalho foi de-
senvolvido, o transdutor utilizado foi um acelerôme-
2 Métodos de Medição da Vibração tro piezoelétrico, conectado a um equipamento de
medição que contém um pré-amplificador, que indica
Um corpo é dito em vibração quando descreve um o nível RMS da aceleração ou da velocidade de des-
movimento oscilatório em torno de um eixo ou ponto locamento.
de referência, também chamado de ponto de equilí- Os instrumentos de monitoração de vibração po-
brio (Inman, 2001). Sua presença é inerente às má- dem medir os níveis globais de vibração em determi-
quinas rotativas, porém, quando em excesso, pode nadas faixas de freqüência, ou então fazer a análise
causar desgaste acelerado em mancais, causar fissu- do espectro de freqüência dos sinais de vibração por
ras, ou até mesmo danificar o isolamento elétrico dos transformada rápida de Fourier (Rao, 2008).
condutores (Rao, 2008). No presente artigo o instrumento utilizado foi
Uma máquina de tração em condições ideais de um medidor de vibração de nível global, que mede os
funcionamento deve, portanto, apresentar níveis bai- valores eficazes de velocidade e aceleração do sinal
xos de vibração. Para que o processo de fabricação medido. Os resultados são então comparados com
garanta que esses níveis não sejam ultrapassados du- normas e valores de referência estabelecidos para
rante a operação normal da máquina, vários métodos cada tipo de máquina.
de monitoração prognóstica podem ser utilizados.
Entre os métodos mais básicos estão os métodos au-
ditivos e visuais. Técnicas modernas de monitoração 3 Procedimento de Ensaio
incluem análise no domínio do tempo e análise no
domínio da freqüência (Rao, 2008). O procedimento de ensaio adotado estabelece três
Ao se realizar a análise no domínio do tempo, pontos de medição no conjunto máquina-redutor, em
um índice que pode ser utilizado está relacionado três sentidos: horizontal, vertical e axial totalizando
com a amplitude do sinal de vibração que, conforme então nove parâmetros de avaliação. Esse procedi-
Rao (2008), pode ser avaliado segundo: o nível de mento está descrito em normas internas da empresa
pico ou valor máximo de amplitude de onda; valor fabricante das máquinas, onde os ensaios foram reali-
médio quadrático (RMS - root mean square); ou en- zados. Após a medição dos pontos, os mesmos são
tão fator de crista. avaliados e comparados com valores de referência.
Como o nível de pico, ou valor de crista, ocorre Foram medidos os níveis de vibrações do con-
somente uma vez, não pode ser considerado um valor junto máquina, nos dois sentidos: subida e descida,
confiável para se detectar possíveis problemas. O utilizando o coletor portátil de dados SKF Microlog
fator de crista é a razão entre o nível de pico e valor CMVA7 no modo velocidade 10 Hz (mm/s – range I
RMS, porém existe a possibilidade de, em alguns - RMS - 1s) e modo de aceleração 3 Hz (g - range II
casos, não conseguir identificar as falhas. Por exem- – RMS - 1s). As medições foram feitas segundo as
plo, o valor RMS de um sinal pode estar subindo normas ISO 2372 (1974) e ISO 2954 (1975). O flu-
gradativamente, indicando uma vibração crescente, xograma do procedimento de medição é mostrado na
ao passo que, o fator de crista pode apresentar queda. Figura 1.
Assim, na maioria dos casos o índice utilizado Caso as medições obtidas não estejam de acordo
para a avaliação de vibração em máquinas girantes é com o desejado, a máquina deve ser desmontada,
o valor eficaz da velocidade de vibração (Rao, 2008). ajustada, remontada e novamente avaliada. Se, nessa
As unidades utilizadas em vibração, de acordo segunda avaliação os parâmetros ainda se encontrem
com o Sistema Internacional de Unidades (SI), e con- fora dos limites tolerados, a máquina deve ser envia-
forme a norma ISO 1000 (1992), são mostradas na da para o retrabalho, onde as engrenagens devem
Tabela 1. passar por novo processo de usinagem.
No caso de elevadores de passageiros, existem O objetivo deste trabalho é apresentar um méto-
basicamente duas normas brasileiras que regulamen- do para realizar a classificação dos parâmetros obti-
tam os níveis de ruídos e vibrações: a NBR NM 207 dos com a primeira medição, evitando que seja feito
(1999) e a NBR 10152 (2000). um desmonte desnecessário das máquinas, onerando
o processo fabril.

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 1008


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Figura 1. Fluxograma de medição de ruído em conjunto moto- Figura 2. Fluxograma de medição de ruído em conjunto moto-
redutor redutor, utilizando RNA

No método proposto apresentado na Figura 2,


após a execução da primeira medição, os valores
obtidos são avaliados. Caso estejam acima dos valo- 4 Redes Neurais Artificiais
res limites pré-estabelecidos, são submetidos à uma
RNA, cujo algoritmo, desenvolvido em um software Existem estudos com as mais diversas arquitetu-
de análise numérica, classifica e agrupa os mesmos. ras de redes neurais artificiais, porém pode-se verifi-
Tal classificação e agrupamento de dados são extre- car que os neurônios artificiais que compõem essas
mamente complexos de serem obtidos através de redes são compostos basicamente de sete elementos
métodos convencionais, devido à quantidade elevada (Silva et al., 2010), como proposto por McCullock e
de informações e o desconhecimento de possíveis Pitts em 1943, representados na Figura 3.
correlações e regularidades que possam existir.
Após a classificação dos dados, a RNA estima se
o ajuste da máquina em questão é possível ou não.
Caso não seja, a máquina é enviada diretamente para
um novo processo de usinagem, sem a necessidade de
uma segunda medição.
Sem a avaliação feita pela RNA, a máquina seria Figura 3. Elementos básicos de um neurônio artificial
desmontada, ajustada e remontada. Uma segunda
medição seria feita e somente então, se constataria onde: xj é o j-ésimo sinal de entrada;
que o ajuste não seria possível e a máquina deveria wij é o peso sináptico entre a j-ésima entrada
ser encaminhada pra o retrabalho. Todo esse proces- e o i-ésimo neurônio;
so demanda tempo e mão de obra especializada, cau-
Σ é o somador dos sinais de entrada;
sando atraso na linha produtiva e aumento da taxa
b limiar de ativação (bias) do somador;
horária. Como esses custos não podem ser repassados
para o preço final do produto, seriam então contabili- v é o potencial de ativação;
zados como prejuízo. ϕ é a função de ativação;
Devido às características dos dados, que possu- y é a saída do neurônio.
em relações desconhecidas, a RNA selecionada para Assim, o neurônio artificial, ao receber sinais na
executar a classificação das amostras de medição, foi sua entrada, executa os seguintes passos:
um mapa auto-organizável de Kohonen (SOM - Self i) multiplicação de cada valor recebido do meio ex-
Organized Map). terno pelo seu respectivo peso sináptico, obtendo
Conforme Silva et al. (2010), redes auto- assim o valor ponderado de cada entrada, ii) através
organizáveis têm a capacidade de detectar semelhan- da soma ponderada dos sinais de entrada, e subtrain-
ças entre os conjuntos de entrada, agrupando-os em do o limiar de ativação, um potencial de ativação do
células, permitindo a identificação de uma amostra neurônio é obtido, iii) o potencial de ativação é apli-
com base nas características de outros elementos que cado a uma função de ativação, e a saída do neurônio
façam parte do grupo. é compilada.

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 1009


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O aspecto fundamental de uma RNA é o seu a-


prendizado, ou seja, o processo através do qual a
rede aprende e generaliza, apresentando uma solução
para determinado tipo de problema. Cada arquitetura
de rede possui um algoritmo específico de aprendiza-
do, diferindo principalmente no método através do
qual os pesos sinápticos são modificados a cada pas-
so de iteração do aprendizado.
No treinamento dito supervisionado, existe um Figura 4. Topologia do mapa SOM, com 16 neurônios
valor esperado de saída para cada entrada apresenta-
da à rede. Se houver alguma diferença, os pesos si- Considerando as numerações dos neurônios indi-
nápticos deverão ser ajustados, de modo que as saí- cadas na Figura 3, obteve-se então, um mapa topoló-
das desejadas para cada entrada sejam obtidas. gico, com as interligações entre os vizinhos corres-
pondentes formando os chamados grupos Ω , Um
No aprendizado não-supervisionado, não existe
dos critérios para se estabelecer quais são os neurô-
uma saída desejada, sendo o treinamento também
nios vizinhos, consiste na escolha do raio de abran-
chamado auto-organizado (Haykin, 2001).
gência R. No trabalho proposto, foi estabelecido um
raio igual a uma unidade, e os grupos são apresenta-
4.1 O mapa de Kohonen dos na Tabela 2.
O método de sintonia da rede, no processo de
O processo de aprendizado humano é essencial- aprendizagem, que acaba reforçando determinado
mente não supervisionado, ou seja, as respostas aos conjunto de neurônios sobre a grade da topologia,
estímulos sensoriais ocorrem sem informação prévia tem como resultado, a formação de clusters.
do significado do conteúdo da informação recebida
(Braga et al., 2000). Similarmente, ao se realizar trei- Tabela 2. Conjuntos Ω obtidos, raio de abrangência R=1.
namentos não-supervisionados de redes neurais, o Conjuntos Ω
ajuste dos pesos sinápticos deve ser feito baseado Ω1 = {2;5} Ω 2 = {1;3;6} Ω 3 = {2;4;7}
unicamente nas informações disponíveis sobre os
dados de entrada. Um exemplo é a utilização de da- Ω 4 = {3;8} Ω 5 = {1;6;9} Ω 6 = {2;5;7;10}
dos com distribuição e probabilidades estatísticas Ω 7 = {3;6;8;11} Ω 8 = {4;7;12} Ω 9 = {5;10;13}
conhecidas, como é o caso das redes de Kohonen. Ω10 = {6;9;11;14} Ω11 = {7;10;12;15} Ω12 = {8;11;16}
A inspiração biológica das redes de Kohonen, é
Ω13 = {9;14} Ω14 = {10;13;15} Ω15 = {11;14;16}
encontrada no córtex cerebral onde os neurônios a-
presentam alto grau de especialização. Os neurônios Ω16 = {12;15}
dividem-se em grupos que são especialistas em exe-
cutar determinadas tarefas, assim como os neurônios A localização espacial dos neurônios sobre os
de certa região do mapa de contexto da rede SOM, clusters formados indica as características e informa-
são especialistas para classificar determinado tipo de ções contidas nas amostras de entrada. Esse compor-
amostra (Kohonen, 1997). tamento traduz o termo auto-organizável de um mapa
Diferentemente da aprendizagem dita hebbiana, de Kohonen.
onde vários neurônios podem estar ativos simultane-
amente, no aprendizado competitivo somente um
neurônio está ativo em determinado instante. Esse 4.2 Algoritmo de aprendizado de uma rede Kohonen
mecanismo que permite a ativação de um único neu- Para descrever o algoritmo de aprendizado de uma
rônio, a cada ciclo de aprendizado da rede, é chama- rede Kohonen, consideremos uma rede neural consti-
do de “o vencedor leva tudo” (Haykin, 2001). Nessa tuído de uma única camada, com j neurônios e k a-
situação, somente os pesos do neurônio vencedor são mostras de entrada, como mostra a Figura 5.
ajustados, intensificando assim, seu estado para o
próximo ciclo. x1 y1
Isso ocorre nos mapas bidimensionais, que é a y2
x2
topologia utilizada para a resolução do problema
proposto: a avaliação de amostras de valores de me- y3

dição de vibração, para a classificação de conjuntos


xi
moto-redutores. O arranjo do mapa dos neurônios yi
que formam a estrutura da rede pode ter as mais di-
versas formas geométricas (hexágono, quadrado, Figura 5. Estrutura de uma rede competitiva
circular, etc.). No presente estudo, os neurônios estão
Observa-se na Figura 5 que cada neurônio está
dispostos em linhas e colunas, com um formato qua-
conectado a todos os nós de entrada, podendo tam-
drangular composto por 16 neurônios, conforme
bém apresentar conexões laterais com seus neurônios
mostra a Figura 4.
vizinhos.

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Considerando wij o peso sináptico que conecta o


neurônio j ao sinal de entrada i , e normalizando os
mesmos, isto é, ∑ wij = 1, para todo j .
Uma das regras para se definir o neurônio ven-
cedor, é o método da proximidade entre o vetor de
Figura 5. Pontos de medição de vibração na máquina de tração.
pesos e o neurônio j . Essa proximidade é determi-
nada pela distância Euclidiana entre o vetor de pesos Após o treinamento foi obtido o mapa de contex-
de cada neurônio e o vetor de entrada com os ele- to, definindo as regiões representativas para cada
mentos da k − ésima amostra x k , conforme (1): classe do problema, conforme apresentado na Figura
6. Os clusters identificados pelos neurônios de núme-
( k ) = n xk − w j 2
dist j ∑ i
i =1
( i ) , j = 1,…, n (1) ros 4 e 14 indicam as amostras que podem ser ajusta-
das.
onde dist (jk ) é a distância entre o vetor de entrada
representando a k-ésima amostra x k em relação ao
vetor de pesos do j-ésimo neurônio w j . O vencedor
será o neurônio com a menor distância calculada pela
expressão (1).
A mudança ∆ aplicada ao vetor de pesos do Figura 6. Mapa de contexto obtido após a operação da RNA
neurônio vencedor, será definida por (2):
(
∆wij = η ∗ x k − wij ) (2) O cluster identificado pelo neurônio de número
15 indica as amostras cujo ajuste não é possível, e
se o neurônio j vence a competição, ou então devem então ser enviadas diretamente para um novo
∆wij = 0 se o neurônio j perde a competição, onde processo de usinagem, sem a realização de uma se-
η é a taxa de aprendizagem. gunda medição para identificar tal necessidade.
Foram submetidas 88 amostras à rede, e o algo-
Essa regra faz com que o vetor de pesos do neu-
ritmo desenvolvido classificou corretamente 89,8%
rônio vencedor, se aproxime na direção da entrada
das máquinas, indicando quais poderiam ser ajusta-
x k . Quando a topologia é do tipo bi-dimensional, das e quais deveriam ser enviadas diretamente para
tanto os pesos do neurônio vencedor, quanto dos neu- uma nova usinagem, pois o ajuste para se obter as
rônios vizinhos, são ajustados, em direção à entrada medições de vibrações dentro de uma faixa de valo-
x k . Somente a taxa utilizada é menor. Um valor ra- res aceitável, não seria possível.
zoável para essa taxa, seria igual à metade da taxa de Tabela 3. Valores medidos e classificação das amostras.
aprendizagem, conforme sugere Silva et al. (2010).
Vibração (mm/s) - Subida Vibração (mm/s) - Descida
Assim, a expressões (2) torna-se: Amostra 1H 1V 1A 1H 1V 1A Cluster
(
∆wij = η ∗ x k − wij ) (3) 1 0,67 1,46 0,45 0,86 0,66 1,51 14
2 0,61 1,29 0,72 0,87 0,48 1,23 14
se o neurônio j vence a competição, e: 3 0,39 1,42 0,83 0,88 0,42 1,11 14
(
∆wij = (η ÷ 2) ∗ x k − wij ) (4)
4
5
0,75
0,96
1,25
1,05
0,66
0,68
0,89
0,90
0,77
0,53
1,35
1,08
14
14
se o neurônio j perde a competição. 6 0,63 1,23 0,84 0,90 0,45 0,97 14
7 0,72 1,34 0,64 0,90 0,50 1,29 14
Após o aprendizado, as classes resultantes do al- 8 0,57 1,22 0,92 0,90 0,75 1,30 14
goritmo de treinamento são identificadas, e o mapa 9 0,78 1,42 0,52 0,91 0,65 1,36 14
topológico pode ser dividido nas regiões que identifi- 10 1,66 1,82 1,01 2,35 2,03 1,90 15
cam as determinadas classes (Silva et al., 2010). 11 0,56 1,34 0,85 0,92 0,74 1,12 14
12 1,08 0,86 0,83 0,92 0,55 1,61 4
13 0,69 0,90 1,22 0,94 0,83 1,08 14
14 0,72 1,41 0,68 0,94 0,76 1,46 14
4.3 Operação 15 1,00 1,26 0,56 0,94 0,85 1,67 14
Para o treinamento da rede foram utilizados os valo- 16 0,68 1,44 0,70 0,94 0,79 1,68 14
17 0,67 1,51 0,65 0,94 0,48 1,27 14
res de vibração obtidos em 30 máquinas de diversas 18 1,18 0,75 0,90 0,94 0,57 1,19 4
potências, com taxa de aprendizagem η = 0, 001 e o 19 1,21 1,25 0,78 1,08 0,40 0,89 11
critério do neurônio vencedor utilizado no algoritmo 20 1,40 1,50 0,79 1,23 1,35 0,94 3
foi a da distância Euclidiana. Em cada amostra, 6
pontos foram medidos, com o sensor posicionado no A Tabela 3 mostra os valores de vibração obti-
sentidos horizontal, vertical e axial, e a máquina ope- dos para algumas das amostras, e a respectiva classi-
rando em ambas as direções, conforme mostra a Fi- ficação (cluster).
gura 5. Apesar do método apresentar algumas falhas,
não conseguindo classificar algumas máquinas ade-

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quadamente (amostras 19 e 20), o algoritmo conse- neural para estimativa de velocidade em motores
guiu identificar o conjunto que poderia ser enviado de indução trifásicos baseada em dados
diretamente para uma nova usinagem (amostra 10), experimentais e simulados. VIII Simpósio
evitando assim uma etapa de desmontagem desneces- Brasileiro de Automação Inteligente, 2007.
sária. De um total de 88 amostras, o algoritmo classi- Florianópolis.
ficou corretamente 79 máquinas, indicando a possibi- Haykin, Simon. Redes Neurais – princípios e prática.
lidade de ajuste (cluster 4 ou 14) ou então ajuste im- (2001). Bookman.
possível de ser obtido (cluster 15). Inman, Daniel J.(2001). Engineering Vibration.
Prentice Hall.
ISO 1000. (1992). SI units and recommendations for
5 Conclusão the use of their multiples and of certain other
units. International Organization for
Este artigo apresentou uma metodologia alternativa Standardization.
baseada em redes neurais artificiais, para a avaliação ISO 2372. (1974). Mechanical vibration of machines
prognóstica dos valores de vibração eficazes obtidos with operating speeds from 10 to 200 rev/s.
em nove pontos diferentes de medição, em motores Basis for specifying evaluation standards.
de tração utilizados em elevadores de passageiros. International Organization for Standardization
Devido à grande similaridade entre os dados, a ISO 2954. (1975). Mechanical vibration of rotating
classificação dos mesmos por métodos convencionais and reciprocating machinery -- Requirements for
não era possível no processo de manufatura onde o instruments for measuring vibration severity.
trabalho foi desenvolvido. Os resultados obtidos de- International Organization for Standardization
monstraram uma taxa de acerto na avaliação das má- Kankar, P.K.; Sharma, Satish C. e Harsha, S.P.
quinas quanto à possibilidade de ajuste ou da neces- (2011). Fault diagnosis of ball bearings using
sidade de nova usinagem das peças, da ordem de machine learning methods. Expert Systems with
90%, sendo considerada satisfatória. Applications. vol. 38, pp. 1876-1886.
Os experimentos realizados mostraram que, os Kohonen, Teuvo. (1997). Self-organizing maps. 2nd
valores medidos, os quais aparentemente não apre- ed. Springer-Verlag.
sentavam qualquer correlação, puderam ser agrupa- Li, Hui; Zhang, Yuping e Zheng, Haiqi. (2009). Gear
dos em células, auxiliando na avaliação das máquinas fault detection and diagnosis under speed-up
no seu processo produtivo, e comprovando a eficiên- condition based on order cepstrum and radial
cia da rede SOM. basis function neural network. Journal of
Assim, os mapas de Kohonen são uma alternati- Mechanical Science and Technology. vol. 23.
va viável como ferramenta auxiliar no controle de pp. 2780-2789.
qualidade na manufatura de motores de tração de McCallig, Margaret; Paddan, Gurmail; Lente, Eric
elevadores, ao serem utilizados na avaliação dos mais V.; Moore, Ken; Coggins, Marie. (2010).
diversos parâmetros. Evaluating worker vibration exposures using
Na empresa onde o trabalho foi desenvolvido, a- self-reported and direct observation. Applied
través da utilização de sistemas inteligentes, proces- Ergonomics. vol 42. pp. 37-45.
sos que demandam considerável tempo como des- NBR NM 207. (1999). Elevadores elétricos de
monte, ajuste e remontagem de conjuntos moto- passageiros - Requisitos de segurança para
redutores, podem ser evitados, aumentando a eficiên- construção e instalação. Associação Brasileira de
cia e reduzindo os custos da linha de manufatura. Normas Técnicas.
NBR 10152. (2000). Níveis de ruído para conforto
acústico. Associação Brasileira de Normas
Agradecimentos Técnicas.
Pereira, Cristiano Caria Guimarães; Neves, Francisco
Os autores agradecem à Elevadores Atlas Schin- de Assis das. Conforto humano e limites de
dler S.A. pela disponibilização dos dados utilizados, percepção para vibrações verticais. (2006)
permitindo o desenvolvimento deste trabalho e a Revista Escola de Minas. vol.59, n.3, pp. 271-
comprovação do método proposto. 278.
Rao, Singiresu S. (2008). Vibrações mecânicas.
Prentice Hall.
Silva, Ivan Nunes; Spatti, Danilo Hernane e Flauzino,
Referências Bibliográficas
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artificiais para engenharia e ciências aplicadas.
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Goedtel, Alessandro; Silva, Ivan N.; Serni, Paulo J. de torque de carga. Simpósio Brasileiro de
A.; Sousa, Claudia F. L. N. (2007). Estrutura Automação Inteligente.

ISSN: 2175-8905 - Vol. X 1012

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