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Análise do comportamento tribológico e dos mecanismos de desgaste

de polímeros de engenharia pelo método de distribuição da


uniformidade de pixels na contraface.

Amílcar Gonçalves 80494, André Lourenço 80742, Diogo Fonseca 76937, Emílio Vivas 96823

Supervisor, Prof. J. Paulo Davim

Tribologia e Engenharia de Superfícies

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica


Universidade de Aveiro

Resumo
Neste trabalho foi desenvolvido uma ferramenta de análise da uniformidade da
transferência de filme para contraface, em ensaios tribológicos, com base numa análise
estatística de critérios de distribuição da intensidade dos pixels. Esta ferramenta foi
desenvolvida em ambiente de programação Matlab e permite realizar uma análise da
variação da densidade de pixels entre máximos e mínimos locais consecutivos. Foi
analisada a relação entre o filme transferido para a contraface e o comportamento
tribológico de alguns polímeros de engenharia: HMWPE, POM-C, PA66 e PEEK. Os
ensaios foram realizados num tribómetro de disco, em condições de deslizamento a
seco, em que o material do disco antagonista foi um aço Ck45K. As condições de teste
definidas foram selecionadas com base num valor limite de PV (pressão e velocidade),
sugerido por diversos autores, para os diversos polímeros. Os resultados sugeriram que
o método de distribuição da uniformidade de pixels na contraface foi eficiente para a
classificação dos mecanismos de desgaste dos ensaios tribológicos, para os polímeros
inspecionados, nas condições utilizadas. Esta técnica foi baseada em conceitos da
microscopia digital.

1. Introdução

Os chamados plásticos de engenharia, tais como os polietilenos (UHMWPE e


HMWPE), os poliacetais ou POM’s (polioximetileno), as poliamidas (PA) e os PEEK’s,
estão a ganhar cada vez mais aplicações industriais, devido às suas interessantes
propriedades mecânicas, resistência ao impacto, abrasão e resistência ao desgaste.
Estes plásticos oferecem uma ampla gama de benefícios como referido e, em muitos
casos, podem substituir o metal ou a cerâmica de forma eficiente. Além disso, os
componentes de plástico de engenharia muitas vezes fornecem a única alternativa
quando se trata da implementação de aplicações técnicas incomuns, o que os torna um
verdadeiro precursor de inovação em todos os segmentos da indústria (Abreu, Ngo e
Bellare, 2014). O UHMWPE é um plástico de engenharia com um alto peso molecular

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(5 milhões g/mol). Dentre as suas principais propriedades destaca-se a excelente
resistência ao desgaste e à abrasão com uma excecional resistência ao impacto (Stead,
Eckod, Fennell, Tsolakis, Dearn, 2019). O HMWPE tem um peso molecular cerca de
uma ordem de grandeza abaixo do UHMWPE. É um material fisiologicamente inerte e
associa uma boa combinação de rigidez e tenacidade, possuindo também uma boa
resistência química.
As poliamidas (PA), em geral, apresentam boas propriedades mecânicas, química,
resistência ao impacto, abrasão e resistência ao desgaste (Stead, Eckod, Fennell,
Tsolakis, Dearn, 2019). O POM-C é um polioximetileno. Este material tem maior
estabilidade dimensional do que as poliamidas, no entanto, apresenta menor resistência
ao desgaste. As propriedades mecânicas a curto prazo dos copolímeros são boas, mas as
suas características a longo prazo são as que despertam maior interesse. A sua
resistência química permite a utilização em ambientes mais severos sendo este também
fisiologicamente inerte (Stead, Eckod, Fennell, Tsolakis, Dearn, 2019). O PEEK obtém-
se a partir de resina de poli-éter-éter-cetona. Este material avançado de estrutura semi-
cristalina mostra uma combinação única de propriedades mecânicas elevadas,
resistência a altas temperaturas e uma excelente resistência química, fazendo deste o
mais conhecido material avançado para a indústria médica, farmacêutica e alimentícia
(Maio, 2012).
O desempenho tribológico, o comportamento do atrito e do desgaste não são
propriedades intrínsecas, mas são fortemente dependentes da composição dos materiais
e das condições tribológicas testadas. Nesse sentido, as aplicações tribológicas dos
polímeros de engenharia com o aço como material antagonista, são mais solicitados em
condições de operação a seco. Por outro lado, os comportamentos tribológicos dos
materiais estão relacionados com a transferência de filme para a superfícies da
contraface no par tribológico (Maio, 2012). De facto, após consolidar uma camada
contínua de polímero na superfície da contraface, os mecanismos de rugosidade e
adesão são modificados, permitindo um melhor desempenho tribológico.
Identificar a homogeneidade no filme de transferência também como a análise da
superfície desgastada dos sistemas tribológicos é uma tarefa complexa, exigindo alta
experiência. Em geral, a análise dos fenómenos que ocorrem nos pares tribológicos
(superfície / superfície desgastada) é realizada subjetivamente (Horovistiz, Laranjeira,
Davim,p31:43 2018). Esta análise por vezes falha em produzir os resultados desejados.
A análise da transferência do filme também pode ser avaliada por uma técnica que
envolve medições de rugosidade baseadas em pontas ao longo de linhas de perfil através
da contraface (Maio, 2012)
Alternativamente foi recentemente desenvolvida uma nova abordagem de análise da
uniformidade do filme transferido para a contraface, em testes tribológicos, com base
em análise de critério estatístico da distribuição de intensidade de pixels (Soleimani,
Sukumaran, Kumcu, De Baets, Philips, 2014). Esta abordagem apresenta a vantagem de
ser baseada em métodos estatísticos e baseados nos modernos conceitos da microscopia
digital, combinação entre microscópios automatizados e softwares de processamento e
análise de imagens.
Neste trabalho é proposto um método mais aperfeiçoado relativamente à abordagem
da distribuição da uniformidade de pixels na contraface (Horovistiz, Laranjeira, Davim,
p31:43 2018). O desempenho ao desgaste e atrito de alguns polímeros de engenharia,

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após ensaios tribológicos nas mesmas condições, foi analisado para compreender as
potencialidades e limitações do método.

2. Metodologia/ Procedimento experimental

2.1. Materiais e Métodos


O estudo foi conduzido utilizando os seguintes materiais: Polietileno de alto peso
molecular (HMWPE), o Poliacetal (polióxido de metileno) POM-C (copolímero), Peek
(polieteretercetona) e PA66 (poliamida 66). Foram realizados ensaios tribológicos tendo
em conta os valores Pv utilizados por diversos investigadores nos seus estudos. Optou-
se por um valor de 1MPa.m/s para estes ensaios. Na tabela 1 estão representados os
parâmetros de pressão de contato, velocidade de deslizamento e distância percorrida
utilizados (Maio,2012)
Os discos de contraface utilizados para desgastar as amostras no tribómetro, foram
obtidos a partir de um varão de aço de construção de norma Ck45K-DIN, apresentando
um valor médio de dureza de 220HB. Estes discos têm, aproximadamente, 80 mm de
diâmetro e 8 mm de espessura e foram previamente retificados com o objetivo de ter a
rugosidade média aritmética (Ra) pretendida para os ensaios (entre 0.5 a 2 µm na
direção perpendicular à rugosidade e 0.2 a 0.9 µm na direção paralela à rugosidade).

Tabela 1: Tabela das propriedades dos polímeros utilizados neste trabalho.

Materiais HMWPE POM-C PEEK PA66

Densidade (g/cm3) 0.96 1.41 1.31 1.14


Taxa de absorção de água (%) 0.01 0.80 0.54 8
Temperatura de fusão (ºC) 135 165 340 260
Condutividade térmica a 23ºC (W/K.m) 0.40 0.31 0.25 0.28

Temperatura de deformação sob carga (1.8 MPa) (ºC) 44 100 160 85

Resistência à tração (Mpa) 28 66 115 93

Módulo de elasticidade (Mpa) 1300 2800 4300 3550

Tabela 2: Condições utilizadas nos ensaios (inputs).

P v Dist. Percorrida (m)


2 MPA 0.5m/s 3500

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Na tabela 2 estão apresentados os valores de pressão de contacto, P, velocidade de
deslizamento, v, e a distância de desgaste utilizados nos ensaios
Após o desgaste de cada material, nas condições referidas anteriormente, verifica-se
que ocorreu deslizamento do PA66 com formação completa de tribofilme. Nos restantes
discos verificou-se a adesão de material preferencialmente na direção perpendicular da
retificação dos discos comparativamente à direção de deslizamento.
De seguida foram observadas as superfícies dos discos recorrendo ao microscópio
ótico Eclipse Lv150 (Nikon), este microscópio permite ampliações de 5x, 10x, 20x, 50x
e 100x, através de um conjunto de diferentes objetivas, possuindo também um sistema
de câmara integrado que permite a transferência das imagens para um computador
dotado com o software (Perfect-Image V7.5).
As imagens obtidas e posteriormente utilizadas para análise estão presentes, para os
diferentes materiais utilizados, na figura 1.

Figura 1 – Imagens utilizadas para análise (a-PEEK; b-PA66; c-POM-C; d-HMWPE).

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2.2. Desenvolvimento do critério estatístico para distribuição de intensidade de
pixels na contraface

Atendendo à crescente importância da tribologia digital foi desenvolvido um


programa em ambiente Matlab para a caracterização e análise da uniformidade do filme
de transferência na contraface, baseado na extração da intensidade pixel e em métodos
estatísticos.
Deste modo, e de acordo com (Horovistiz, Laranjeira, Davim,p31:43 2018) foi realizada
a análise da distribuição da intensidade dos pixels (em escala cinza, 0 a 255) ao longo
de todas as linhas perpendiculares à direção de deslizamento, neste caso, do disco de
Ck45k.
Nesta análise foram considerados os máximos e mínimos locais que respeitassem
uma condição de variação mínima entre eles, por exemplo, uma variação mínima de 2
pixel, entre um máximo e um mínimo local adjacentes. É de notar que este parâmetro
pode ser alterado pelo utilizador de modo a escolher se deseja utilizar uma separação
mínima pixels, e qual o valor da mesma, ou não.
De acordo com (Horovistiz, Laranjeira, Davim,p31:43 2018)) o facto de esta
avaliação ser realizada para direções perpendiculares (figura 2) à zona de deslizamento
deve-se ao facto de ser, assim, possível avaliar objetivamente as variações na
uniformidade na formação de filme.
Posteriormente, os valores da intensidade de pixel, para cada linha, foram analisados
utilizando a distribuição de percentis, 25 e 75.
Por fim, foram gerados os gráficos, onde o eixo das ordenadas representa o percentil
25 e o eixo das abcissas o percentil 75, para retirar conclusões sofre o fibrofilme
formado e as suas relações com o coeficiente de atrito.

Figura 2 – Exemplo do sentido e orientação utilizado na obtenção da intensidade


dos pixels para análise

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2.2.1 Funcionamento do programa Matlab

Inicialmente, e como o angulo a que corresponde a direção da análise varia de


imagem para imagem, é necessário determinar este mesmo angulo (β) e proceder à
rotação da imagem. Para esta parte do método, e como os fundos (background) variam
consideravelmente nas imagens fornecidas para este trabalho, recorreu-se à aplicação
Color Thresholder do Matlab para isolar o mais possível as linhas correspondentes à
direção de deslizamento do disco.
Esta imagem é posteriormente utilizada para a determinação do angulo que a imagem
necessita de ser rodada. Para tal, é utlizado regionprops do Matlab sobre um elemento
da imagem, que o grupo considerou como sendo o que melhor descreve a orientação
global para análise.

Figura 3 Exemplo da determinação do angulo (α) correspondente à direção de deslizamento do disco.

Posteriormente, é utilizado o imrotate para rodar a imagem original (Im_original) em


α-90 ou 90- α graus, dependendo do valor de α, de modo a que a análise seja sempre
realizada linha a linha.
Assim, e já tendo a imagem na orientação correta e em escala de cinza, procede-se á
determinação da localização dos máximos e mínimos locais com recursos às funções
islocalmax e islocalmin, respetivamente.

for i=1:size(Im_original,1)

[TF_max(i,:),P_max(i,:)] = islocalmax(Im_original (i,:));


[TF_min(i,:),P_min(i,:)] = islocalmin(Im_original (i,:));

end

TF_total=TF_max+TF_min; %Matriz com onde os "1" correspondem aos


valores de maximo ou minimo local
TF_B_HMWPE= Im_original.*TF_total; %valor em escala cinza a que
correspondem estes maximos e minimos

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Figura 4-Máximos (vermelho) e mínimos (azuis) locais determinados por islocalmax e islocalmin,
respetivamente

De seguida, a matriz T_B_HMWPE é invertida e é aplicado um reshape, a esta matriz


invertida, resultando no vetor linha TF_B_HWMPE_linha de modo a ser possível a
eliminação dos zeros da matriz. Estes “zeros” correspondem a pontos que não são nem
máximos nem mínimos locais.
TF_B_HMWPE_inv=TF_B_HMWPE'; %inversão para posterioemente eliminar os
zeros
TF_B_HMWPE_linha=reshape(TF_B_HMWPE_inv,[1,size(TF_B_HMWPE_inv,1)*size
(TF_B_HMWPE_inv,2)]); %resape para colocar numa linha de modo a
eliminar os zeros
%ao colocar numa linha os primeiros l_HMWPE estes correspondem aos
valores da primeira linha da matriz B_HMWPE

TF_B_HMWPE_linha(TF_B_HMWPE_linha==0)=[];% eliminação dos zeros(ou


seja dos pontos que nao sao maximos nem minimos locais

Posteriormente, são determinados os números de zeros por linha da matriz


Im_original, que corresponde à matriz da imagem, em grayscale, em estudo.

for i1=1:size(Im_original,1)

num_non_zeros(i1,1)=nnz(TF_B_HMWPE(i1,1:end))

end

7
Esta parte do programa tem como objetivo determinar o início e fim das linhas sem os
zeros.

for xi=1:size(num_non_zeros,1)
vetor_intervalo(xi,:)=sum(num_non_zeros( 1:xi,:));
end
vetor_Intervalo=[1;vetor_intervalo]

Por fim, são determinadas diferenças entre os máximos e mínimos consecutivos


(“jumps”), em cada linha tal como o cálculo do percentil 25 e 75.

for iu=1:size(vetor_Intervalo,1)
for ic=vetor_Intervalo(iu,1):1:vetor_Intervalo(iu+1,1)
a1=TF_B_HMWPE_linha(1,ic);
a2=TF_B_HMWPE_linha(1,ic+1);
Vetor_dif(iu,ic)=abs(a1-a2);

end
end

for io=1:size(Vetor_dif,1)

per=[vetor_Intervalo(io,1):vetor_Intervalo(io+1,1)];
percentil_25(io,1)= prctile(Vetor_dif(io,per),[25],2);
percentil_75(io,1)= prctile(Vetor_dif(io,per),[75],2);

end

percentil_25=percentil_25(2:end-1,1)
percentil_75=percentil_75(2:end-1,1)

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3. Resultados obtidos e sua discussão

3.1. Análise do coeficiente do coeficiente de atrito e temperatura

As figuras 5 e 6 mostram, respetivamente, a evolução do coeficiente de atrito e da


temperatura em função da distância de deslizamento, para os quatro materiais (PA66,
Peek, HMWPE e POM-C) sob a condições descritas na Tabela 2.

Figura 5 - Evolução do coeficiente de atrito dos diferentes polímeros em função da distância de


deslizamentos para as condições apresentadas na tabela 1. Adaptado de (Maio, 2012).

Figura 6- Evolução a temperatura à superfície dos discos em função da distância de deslizamentos para as
condições apresentadas na tabela 1. Adaptado de (Maio, 2012).

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Atendendo à figura 5 verifica-se que a temperatura atingida pela PA66 é bastante
superior a qualquer um dos outros polímeros. Por sua vez, o POM e o HMWPE
apresentam valores de temperatura praticamente idênticos durante todo o teste. O
PEEK, apresentam uma evolução da temperatura parecida com o POM e o HMWPE,
mas atinge valores de temperatura inferiores.
A tabela 3 apresenta os valores de coeficiente experimentais do coeficiente de
temperatura e temperatura registados no final de cada ensaio.

Tabela 3- Resultados experimentos do coeficiente de atrito (µ) e da temperatura (T) para os polímeros em
estudo. Adaptado de (Maio, 2012).

Material µ T [ºC]
HMWPE 0.27 56
PEEK 0.40 50
PA66 0.57 114
POM-C 0.28 57

3.2. Análise das superfícies da contraface

Os resultados obtidos com base no método de distribuição da uniformidade de pixels


na contraface à estão presentes na figura 6.

Figura 7- Percentil75 vs Percentil25 para os elementos em análise.

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Através da análise da figura 8 é possível verificar que conforme o recobrimento,
espessura do tribofilme, aumenta, e a superfície do recobrimento se torna mais
homogénea os polígonos se deslocam para a origem do gráfico. Este facto é notório pela
análise das figuras 8 e 9 onde se verifica que a PA66 apresenta uma distribuição
bastante uniforme e, consequentemente, o polígono associado a este elemento se
encontra mais próximo da origem do gráfico, quando comparado ao HMWPE.

a) b)

Figura 8-Superficie da contraface para o material a) HMWPE e b) PA

a)

b)

Figura 9- a) Intensidade de pixels para a 1ª linha (vermelho) e para a 10ª linha (azul) do elemento
HMWPE ; b) Intensidade de pixels para a 1ª linha (vermelho) e para a 10ª linha (azul) do elemento PA

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Por outro lado, quando há formação total de tribofilme, o polígono destaca-se da
interseção das figuras, caracterizando-se, uma mudança de regime de desgaste.
Outro parâmetro que é importante destacar prende-se com o tamanho dos polígonos.
À diminuição do tamanho dos polígonos corresponde uma maior homogeneidade na
distribuição, uma vez que a analise é realizada para a variação (“jumps”) entre pixels.
Assim, a uma pequena variação nos valores de “jump” corresponderá uma menor
variação entre os valores de percentil 25 e percentil 75, o que consequentemente,
corresponderá uma menor área do polígono.

3.3. Limitações/Melhoramentos

Uma das limitações deste trabalho prende-se com a utilização de apenas uma
imagem por elemento. Para ser realizada uma correta avaliação deve ser utilizada mais
imagens por elemento. É também importante que estas imagens sejam de várias zonas
do material de modo se puder generalizar o resultado a toda a amostra.
No que concerne à obtenção das diferentes imagens, estas devem ser realizadas com
a mesma iluminação, ampliação e distância.
A principal limitação do programa desenvolvido em Matlab prende-se com a
determinação automática da orientação na qual deve ser realizada a análise. Este
problema é mais notório para o caso presente na figura 10. Este problema poderia ser
diminuído utilizando outra linguagem de programação que apresente mais ferramentas
na análise de imagens. Outro problema são imagens com pouca definição e iluminação
desigual. A iluminação desigual pode levar a graves problemas pois este método baseia-
se nos valores de intensidade dos pixels numa escala cinzenta.

Figura 10-Imagem representativa de um material onde a orientação das linhas para avaliação será problemática.

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4. Conclusões

Apesar das limitações referidas e assumindo que as imagens utilizadas representam o


que se encontram em toda amostras, os resultados obtidos fornecem informações
importantes sobre os comportamentos tribológicos dos elementos estudados.
Foi assim possível concluir que a formação de um tribofilme completo (o que se
verificou na PA66) leva à diminuição do coeficiente de atrito e posteriormente à
estabilização do mesmo. A estabilização do coeficiente de atrito dá-se quando o
tribofilme se encontra totalmente formado.
Através da análise do comportamento tribológico dos mecanismos de desgaste de
polímeros de engenharia pelo método de distribuição da uniformidade de pixels na
contra face é possível concluir que existe uma relação inversa entre a homogeneidade de
formação de tribofilme nas amostras e o desempenho do atrito. Quanto mais homogéneo
o tribofilme, mais elevado é coeficiente de atrito. Este facto pode estar relacionado com
a energia gasta para recobrir a contra face.
Foi também estabelecida uma correlação entre a homogeneidade da amostra e a
proximidade do polígono bem como o tamanho do polígono representativo da variação
da intensidade dos pixels, à origem do sistema de eixos percentil 25/percentil 75. A
homogeneidade da amostra é, também, inversamente proporcionalmente área do
polígono, ou seja, quanto maior for o polígono maior é a variação de intensidade de
pixels. Por outro lado, quanto maior for a espessura do tribofilme formado menor será a
área do polígono e a variação dos pixels.

Agradecimentos

Ao Professor Doutor João Paulo Davim e à Professora Doutora Ana Horovistiz pela
orientação, auxílio e disponibilidade, determinante e fundamental em todas as fases do
processo de elaboração deste trabalho.

Referências

Abreu E.L., Ngo H. D., Bellare A. Characterization of network parameters for UHMWPE by plane strain
compression. Wear: 2014;

Davim JP (Ed.) (2018) Effect of glass fiber reinforcement and the addition of MoS2 on the tribological
behaviour of PA66 under dry sliding conditions: A study of distribution of pixel intensity on the
counterface, Horovistiz, Laranjeira, Davim.,Wear of Composite Materials. University of Aveiro. p31-43.

Davim JP, Horovistiz A, Laranjeira Susana (2018) Influence of sliding velocity on the tribological
behavior of PA66GF30 and PA66+MoS₂: an analysis of morphology of sliding surface by digtal image
processing. Polym. Bull.

Maio J. A. M. Comportamento Tribológico de Polietilenos. Wear: 2012.

Stead I.M.N., Eckold D. G., Fennell D., Tsolakis A., Dearn K.D. Towards a plastic engine: Low—
temperature tribology of polymers in reciprocating sliding. Wear: 2019;

Soleimani S, Sukumaran J, Kumcu A, De Baets P, Philips W. Quantifying abrasion and micro-pits

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Anexos

close all
clear all
clc

%===== Depois de a imagem ter sido tratada,importada do colorthreshol,


rodada e cortada numa função à parte===
Esta imagem é designada de PA_tratada

A_HMWPE=imread('PA_tratada.jpg');
B_HMWPE=imrotate(B_HMWPE,Alpha)
% B_HMWPE=imrotate(B_HMWPE,90)
imshow(B_HMWPE)
B_HMWPE=B_HMWPE(5:end-5,5:end-5); % para eliminar a moldura branca
existente
B_HMWPE=double(B_HMWPE);
[l_HMWPE,c_HMWPE]=size(B_HMWPE);

plot(B_HMWPE(1,:),'r')
hold on
plot(B_HMWPE(10,:),'b')

%%

for i=1:size(B_HMWPE,1)

[TF_max(i,:),P_max(i,:)] = islocalmax(B_HMWPE(i,:));
[TF_min(i,:),P_min(i,:)] = islocalmin(B_HMWPE(i,:));

end

pto=size(B_HMWPE,2)
pts=B_HMWPE(1,:)

plot(pto,pts,pto(TF_max(1,:)),pts(TF_max(1,:)),'*g')
hold on
plot(pto,pts,pto(TF_min(1,:)),pts(TF_min(1,:)),'*b')

TF_total=TF_max+TF_min; %funcao onde os '1' representam ,maximos e


minimos locais

TF_B_HMWPE=B_HMWPE.*TF_total; %valor em escala cinza a que


correspondem estes maximos e minimos

TF_B_HMWPE_inv=TF_B_HMWPE'; %inversão para eliminar os zeros


TF_B_HMWPE_linha=reshape(TF_B_HMWPE_inv,[1,size(TF_B_HMWPE_inv,1)*size
(TF_B_HMWPE_inv,2)]); %resape para colocar nuuma linha de modo a
eliminar os zeros

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TF_B_HMWPE_linha(TF_B_HMWPE_linha<2)=[];% eliminação dos zeros ou
quantidade esperado;

%numero_zeros_por_linha_do_B_HMWPE
for i1=1:size(TF_B_HMWPE,1)
i1

num_non_zeros(i1,1)=nnz(TF_B_HMWPE(i1,1:end))

end

%novo inicio e fim de cada linha


for xi=1:size(num_non_zeros,1)

vetor_intervalo(xi,:)=sum(num_non_zeros( 1:xi,:));

end

vetor_Intervalo=[1;vetor_intervalo];

%diferencas:

for iu=1:size(vetor_Intervalo,1)

iu;

for ic=vetor_Intervalo(iu,1):1:vetor_Intervalo(iu+1,1)
iu;
ic;

a1=TF_B_HMWPE_linha(1,ic);
a2=TF_B_HMWPE_linha(1,ic+1);
% pause()
Vetor_dif(iu,ic)=abs(a1-a2);

% if ic==size(Vetor_dif,2)
% percentil_75 = max(prctile(Vetor_dif,[75],1));
% percentil_25 = max(prctile(Vetor_dif,[25],1));
% end

end
end

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for io=1:size(Vetor_dif,1)

lolo=[vetor_Intervalo(io,1):vetor_Intervalo(io+1,1)];

percentil_25(io,1) = prctile(Vetor_dif(io,lolo),[25],2);
percentil_75(io,1) = prctile(Vetor_dif(io,lolo),[75],2);

end

percentil_25=percentil_25(2:end-1,1)
percentil_75=percentil_75(2:end-1,1)

plot(percentil_25,percentil_75,'o')

vi = convhull(percentil_25,percentil_75);
polyarea(percentil_25(vi),percentil_75(vi));

plot(percentil_25,percentil_75,'.')
axis([0 16 0 70])
title('POM jump total')
hold on
fill (percentil_25(vi), percentil_75(vi), 'r','facealpha', 0.5 );
hold off

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