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Trabalho Pratico Grupo 1
Trabalho Pratico Grupo 1
Amílcar Gonçalves 80494, André Lourenço 80742, Diogo Fonseca 76937, Emílio Vivas 96823
Resumo
Neste trabalho foi desenvolvido uma ferramenta de análise da uniformidade da
transferência de filme para contraface, em ensaios tribológicos, com base numa análise
estatística de critérios de distribuição da intensidade dos pixels. Esta ferramenta foi
desenvolvida em ambiente de programação Matlab e permite realizar uma análise da
variação da densidade de pixels entre máximos e mínimos locais consecutivos. Foi
analisada a relação entre o filme transferido para a contraface e o comportamento
tribológico de alguns polímeros de engenharia: HMWPE, POM-C, PA66 e PEEK. Os
ensaios foram realizados num tribómetro de disco, em condições de deslizamento a
seco, em que o material do disco antagonista foi um aço Ck45K. As condições de teste
definidas foram selecionadas com base num valor limite de PV (pressão e velocidade),
sugerido por diversos autores, para os diversos polímeros. Os resultados sugeriram que
o método de distribuição da uniformidade de pixels na contraface foi eficiente para a
classificação dos mecanismos de desgaste dos ensaios tribológicos, para os polímeros
inspecionados, nas condições utilizadas. Esta técnica foi baseada em conceitos da
microscopia digital.
1. Introdução
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(5 milhões g/mol). Dentre as suas principais propriedades destaca-se a excelente
resistência ao desgaste e à abrasão com uma excecional resistência ao impacto (Stead,
Eckod, Fennell, Tsolakis, Dearn, 2019). O HMWPE tem um peso molecular cerca de
uma ordem de grandeza abaixo do UHMWPE. É um material fisiologicamente inerte e
associa uma boa combinação de rigidez e tenacidade, possuindo também uma boa
resistência química.
As poliamidas (PA), em geral, apresentam boas propriedades mecânicas, química,
resistência ao impacto, abrasão e resistência ao desgaste (Stead, Eckod, Fennell,
Tsolakis, Dearn, 2019). O POM-C é um polioximetileno. Este material tem maior
estabilidade dimensional do que as poliamidas, no entanto, apresenta menor resistência
ao desgaste. As propriedades mecânicas a curto prazo dos copolímeros são boas, mas as
suas características a longo prazo são as que despertam maior interesse. A sua
resistência química permite a utilização em ambientes mais severos sendo este também
fisiologicamente inerte (Stead, Eckod, Fennell, Tsolakis, Dearn, 2019). O PEEK obtém-
se a partir de resina de poli-éter-éter-cetona. Este material avançado de estrutura semi-
cristalina mostra uma combinação única de propriedades mecânicas elevadas,
resistência a altas temperaturas e uma excelente resistência química, fazendo deste o
mais conhecido material avançado para a indústria médica, farmacêutica e alimentícia
(Maio, 2012).
O desempenho tribológico, o comportamento do atrito e do desgaste não são
propriedades intrínsecas, mas são fortemente dependentes da composição dos materiais
e das condições tribológicas testadas. Nesse sentido, as aplicações tribológicas dos
polímeros de engenharia com o aço como material antagonista, são mais solicitados em
condições de operação a seco. Por outro lado, os comportamentos tribológicos dos
materiais estão relacionados com a transferência de filme para a superfícies da
contraface no par tribológico (Maio, 2012). De facto, após consolidar uma camada
contínua de polímero na superfície da contraface, os mecanismos de rugosidade e
adesão são modificados, permitindo um melhor desempenho tribológico.
Identificar a homogeneidade no filme de transferência também como a análise da
superfície desgastada dos sistemas tribológicos é uma tarefa complexa, exigindo alta
experiência. Em geral, a análise dos fenómenos que ocorrem nos pares tribológicos
(superfície / superfície desgastada) é realizada subjetivamente (Horovistiz, Laranjeira,
Davim,p31:43 2018). Esta análise por vezes falha em produzir os resultados desejados.
A análise da transferência do filme também pode ser avaliada por uma técnica que
envolve medições de rugosidade baseadas em pontas ao longo de linhas de perfil através
da contraface (Maio, 2012)
Alternativamente foi recentemente desenvolvida uma nova abordagem de análise da
uniformidade do filme transferido para a contraface, em testes tribológicos, com base
em análise de critério estatístico da distribuição de intensidade de pixels (Soleimani,
Sukumaran, Kumcu, De Baets, Philips, 2014). Esta abordagem apresenta a vantagem de
ser baseada em métodos estatísticos e baseados nos modernos conceitos da microscopia
digital, combinação entre microscópios automatizados e softwares de processamento e
análise de imagens.
Neste trabalho é proposto um método mais aperfeiçoado relativamente à abordagem
da distribuição da uniformidade de pixels na contraface (Horovistiz, Laranjeira, Davim,
p31:43 2018). O desempenho ao desgaste e atrito de alguns polímeros de engenharia,
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após ensaios tribológicos nas mesmas condições, foi analisado para compreender as
potencialidades e limitações do método.
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Na tabela 2 estão apresentados os valores de pressão de contacto, P, velocidade de
deslizamento, v, e a distância de desgaste utilizados nos ensaios
Após o desgaste de cada material, nas condições referidas anteriormente, verifica-se
que ocorreu deslizamento do PA66 com formação completa de tribofilme. Nos restantes
discos verificou-se a adesão de material preferencialmente na direção perpendicular da
retificação dos discos comparativamente à direção de deslizamento.
De seguida foram observadas as superfícies dos discos recorrendo ao microscópio
ótico Eclipse Lv150 (Nikon), este microscópio permite ampliações de 5x, 10x, 20x, 50x
e 100x, através de um conjunto de diferentes objetivas, possuindo também um sistema
de câmara integrado que permite a transferência das imagens para um computador
dotado com o software (Perfect-Image V7.5).
As imagens obtidas e posteriormente utilizadas para análise estão presentes, para os
diferentes materiais utilizados, na figura 1.
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2.2. Desenvolvimento do critério estatístico para distribuição de intensidade de
pixels na contraface
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2.2.1 Funcionamento do programa Matlab
for i=1:size(Im_original,1)
end
6
Figura 4-Máximos (vermelho) e mínimos (azuis) locais determinados por islocalmax e islocalmin,
respetivamente
for i1=1:size(Im_original,1)
num_non_zeros(i1,1)=nnz(TF_B_HMWPE(i1,1:end))
end
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Esta parte do programa tem como objetivo determinar o início e fim das linhas sem os
zeros.
for xi=1:size(num_non_zeros,1)
vetor_intervalo(xi,:)=sum(num_non_zeros( 1:xi,:));
end
vetor_Intervalo=[1;vetor_intervalo]
for iu=1:size(vetor_Intervalo,1)
for ic=vetor_Intervalo(iu,1):1:vetor_Intervalo(iu+1,1)
a1=TF_B_HMWPE_linha(1,ic);
a2=TF_B_HMWPE_linha(1,ic+1);
Vetor_dif(iu,ic)=abs(a1-a2);
end
end
for io=1:size(Vetor_dif,1)
per=[vetor_Intervalo(io,1):vetor_Intervalo(io+1,1)];
percentil_25(io,1)= prctile(Vetor_dif(io,per),[25],2);
percentil_75(io,1)= prctile(Vetor_dif(io,per),[75],2);
end
percentil_25=percentil_25(2:end-1,1)
percentil_75=percentil_75(2:end-1,1)
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3. Resultados obtidos e sua discussão
Figura 6- Evolução a temperatura à superfície dos discos em função da distância de deslizamentos para as
condições apresentadas na tabela 1. Adaptado de (Maio, 2012).
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Atendendo à figura 5 verifica-se que a temperatura atingida pela PA66 é bastante
superior a qualquer um dos outros polímeros. Por sua vez, o POM e o HMWPE
apresentam valores de temperatura praticamente idênticos durante todo o teste. O
PEEK, apresentam uma evolução da temperatura parecida com o POM e o HMWPE,
mas atinge valores de temperatura inferiores.
A tabela 3 apresenta os valores de coeficiente experimentais do coeficiente de
temperatura e temperatura registados no final de cada ensaio.
Tabela 3- Resultados experimentos do coeficiente de atrito (µ) e da temperatura (T) para os polímeros em
estudo. Adaptado de (Maio, 2012).
Material µ T [ºC]
HMWPE 0.27 56
PEEK 0.40 50
PA66 0.57 114
POM-C 0.28 57
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Através da análise da figura 8 é possível verificar que conforme o recobrimento,
espessura do tribofilme, aumenta, e a superfície do recobrimento se torna mais
homogénea os polígonos se deslocam para a origem do gráfico. Este facto é notório pela
análise das figuras 8 e 9 onde se verifica que a PA66 apresenta uma distribuição
bastante uniforme e, consequentemente, o polígono associado a este elemento se
encontra mais próximo da origem do gráfico, quando comparado ao HMWPE.
a) b)
a)
b)
Figura 9- a) Intensidade de pixels para a 1ª linha (vermelho) e para a 10ª linha (azul) do elemento
HMWPE ; b) Intensidade de pixels para a 1ª linha (vermelho) e para a 10ª linha (azul) do elemento PA
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Por outro lado, quando há formação total de tribofilme, o polígono destaca-se da
interseção das figuras, caracterizando-se, uma mudança de regime de desgaste.
Outro parâmetro que é importante destacar prende-se com o tamanho dos polígonos.
À diminuição do tamanho dos polígonos corresponde uma maior homogeneidade na
distribuição, uma vez que a analise é realizada para a variação (“jumps”) entre pixels.
Assim, a uma pequena variação nos valores de “jump” corresponderá uma menor
variação entre os valores de percentil 25 e percentil 75, o que consequentemente,
corresponderá uma menor área do polígono.
3.3. Limitações/Melhoramentos
Uma das limitações deste trabalho prende-se com a utilização de apenas uma
imagem por elemento. Para ser realizada uma correta avaliação deve ser utilizada mais
imagens por elemento. É também importante que estas imagens sejam de várias zonas
do material de modo se puder generalizar o resultado a toda a amostra.
No que concerne à obtenção das diferentes imagens, estas devem ser realizadas com
a mesma iluminação, ampliação e distância.
A principal limitação do programa desenvolvido em Matlab prende-se com a
determinação automática da orientação na qual deve ser realizada a análise. Este
problema é mais notório para o caso presente na figura 10. Este problema poderia ser
diminuído utilizando outra linguagem de programação que apresente mais ferramentas
na análise de imagens. Outro problema são imagens com pouca definição e iluminação
desigual. A iluminação desigual pode levar a graves problemas pois este método baseia-
se nos valores de intensidade dos pixels numa escala cinzenta.
Figura 10-Imagem representativa de um material onde a orientação das linhas para avaliação será problemática.
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4. Conclusões
Agradecimentos
Ao Professor Doutor João Paulo Davim e à Professora Doutora Ana Horovistiz pela
orientação, auxílio e disponibilidade, determinante e fundamental em todas as fases do
processo de elaboração deste trabalho.
Referências
Abreu E.L., Ngo H. D., Bellare A. Characterization of network parameters for UHMWPE by plane strain
compression. Wear: 2014;
Davim JP (Ed.) (2018) Effect of glass fiber reinforcement and the addition of MoS2 on the tribological
behaviour of PA66 under dry sliding conditions: A study of distribution of pixel intensity on the
counterface, Horovistiz, Laranjeira, Davim.,Wear of Composite Materials. University of Aveiro. p31-43.
Davim JP, Horovistiz A, Laranjeira Susana (2018) Influence of sliding velocity on the tribological
behavior of PA66GF30 and PA66+MoS₂: an analysis of morphology of sliding surface by digtal image
processing. Polym. Bull.
Stead I.M.N., Eckold D. G., Fennell D., Tsolakis A., Dearn K.D. Towards a plastic engine: Low—
temperature tribology of polymers in reciprocating sliding. Wear: 2019;
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Anexos
close all
clear all
clc
A_HMWPE=imread('PA_tratada.jpg');
B_HMWPE=imrotate(B_HMWPE,Alpha)
% B_HMWPE=imrotate(B_HMWPE,90)
imshow(B_HMWPE)
B_HMWPE=B_HMWPE(5:end-5,5:end-5); % para eliminar a moldura branca
existente
B_HMWPE=double(B_HMWPE);
[l_HMWPE,c_HMWPE]=size(B_HMWPE);
plot(B_HMWPE(1,:),'r')
hold on
plot(B_HMWPE(10,:),'b')
%%
for i=1:size(B_HMWPE,1)
[TF_max(i,:),P_max(i,:)] = islocalmax(B_HMWPE(i,:));
[TF_min(i,:),P_min(i,:)] = islocalmin(B_HMWPE(i,:));
end
pto=size(B_HMWPE,2)
pts=B_HMWPE(1,:)
plot(pto,pts,pto(TF_max(1,:)),pts(TF_max(1,:)),'*g')
hold on
plot(pto,pts,pto(TF_min(1,:)),pts(TF_min(1,:)),'*b')
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TF_B_HMWPE_linha(TF_B_HMWPE_linha<2)=[];% eliminação dos zeros ou
quantidade esperado;
%numero_zeros_por_linha_do_B_HMWPE
for i1=1:size(TF_B_HMWPE,1)
i1
num_non_zeros(i1,1)=nnz(TF_B_HMWPE(i1,1:end))
end
vetor_intervalo(xi,:)=sum(num_non_zeros( 1:xi,:));
end
vetor_Intervalo=[1;vetor_intervalo];
%diferencas:
for iu=1:size(vetor_Intervalo,1)
iu;
for ic=vetor_Intervalo(iu,1):1:vetor_Intervalo(iu+1,1)
iu;
ic;
a1=TF_B_HMWPE_linha(1,ic);
a2=TF_B_HMWPE_linha(1,ic+1);
% pause()
Vetor_dif(iu,ic)=abs(a1-a2);
% if ic==size(Vetor_dif,2)
% percentil_75 = max(prctile(Vetor_dif,[75],1));
% percentil_25 = max(prctile(Vetor_dif,[25],1));
% end
end
end
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for io=1:size(Vetor_dif,1)
lolo=[vetor_Intervalo(io,1):vetor_Intervalo(io+1,1)];
percentil_25(io,1) = prctile(Vetor_dif(io,lolo),[25],2);
percentil_75(io,1) = prctile(Vetor_dif(io,lolo),[75],2);
end
percentil_25=percentil_25(2:end-1,1)
percentil_75=percentil_75(2:end-1,1)
plot(percentil_25,percentil_75,'o')
vi = convhull(percentil_25,percentil_75);
polyarea(percentil_25(vi),percentil_75(vi));
plot(percentil_25,percentil_75,'.')
axis([0 16 0 70])
title('POM jump total')
hold on
fill (percentil_25(vi), percentil_75(vi), 'r','facealpha', 0.5 );
hold off
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