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ASSOCIAÇÃO CARUARUENSE DE ENSINO SUPERIOR

FILOSOFIA GERAL

Alex André da Silva


Graduando o 2º período noturno do curso de Direito

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO a história revela vários atos de barbárie do ser humano, a


sociedade atual enraizada no sistema capitalista é marcada por uma razão controladora o qual
funciona como instrumento de opressão. E neste cenário o presente trabalho tem por
finalidade apresentar a filosofia como instrumento de transformação social, no sentido de
progresso da civilização, questionando a realidade e propondo soluções. Para tanto, será
utilizado como fonte de pesquisa a Escola de Frankfurt e a filosofia Existencialista. Desta
forma, como critério de melhor adequação ao tema serão observadas as mencionadas escolas
e posto de lado a escola analítica e a escola Pós-Moderna, uma vez que, a primeira enfatiza a
importância da linguagem na filosofia e a segunda revela a falta de esperança aos grandes
projetos emancipatórios.

A FILOSOFIA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Vários são os questionamentos levantados pelos filósofos, cada época marcante da história faz
surgirem novas perguntas, diversas são as áreas do conhecimento com suas múltiplas ciências,
porém nem sempre o conhecimento acumulado é utilizado para o progresso da humanidade,
por vezes, passa a ter finalidade de controle social, não no sentido de progresso da civilização,
mas sim com finalidade de dominação das massas, em certos casos, dissimulada por meio da
indústria cultural, um controle que busca satisfação de poucos em detrimento de muitos,
assim o desenvolvimento tecnológico é o “progresso” é observado por meio da razão
controladora e instrumental, este possui finalidade de dominação, não apenas da natureza,
mas também, do próprio homem, este cenário torna-se gritante com as barbáries cometidas no
decorrer histórico.

No mencionado contexto, a filosofia torna-se ainda mais relevante com o poder de questionar
a si e as outras ciências, logo surge uma teoria crítica contra a opressão social e a razão
controladora, este trabalho é produzido pela Escola de Frankfurt o qual foi fundada na
década de 1920. Essa escola tem como ponto de partida investigar as relações em suas
diversas áreas como história, antropologia, economia e psicologia. Ela formulou a análise da
sociedade de massa, termo que caracteriza a sociedade atual, na qual o desenvolvimento
tecnológico é colocado à disposição da lógica capitalista, enfatizando o consumo e a diversão.
Entre grandes filósofos da Escola de Frankfurt, mereci destaque Marcuse e Habermas, pois
ambos, apesar da dura realidade, repousavam na filosofia e, com certo otimismo, buscavam
nela soluções para os problemas da sociedade.

Herbert Marcuse em sua obra Eros e Civilização, fortemente influenciada pelas teorias
freudiana e marxista, retomou o tema desenvolvido por Freud da repressão dos instintos para
manutenção e o desenvolvimento da civilização. Porém, diferente de Freud, Marcuse discorda
da impossibilidade de uma civilização não repressiva, pois as imposições são antes produtos
de uma organização histórica-social específica do que uma necessidade natural e eterna das
sociedades. O filosofo enfatiza que a própria tecnologia pode servir para libertação do
homem, proporcionar mais tempo livre em relação ao trabalho, ao invés de escravizar. Mas
para tanto é necessário uma intervenção do ser humano na lógica capitalista, no sentido
reorientar o rumo da trajetória histórica, essa é a tarefa da filosofia anunciar e buscar a
mudança na estrutura social, do contrário, ocorre o que ele denomina de Homem
Unidimensional, isto é, inerte diante da opressão. Marcuse já dizia (livro Cinco Conferências,
1970, p. 62) “hoje temos a capacidade de transformar o mundo em um inferno e estamos a
caminho de fazê-lo. Mas também temos a capacidade de fazer exatamente o contrário”.

Jurgen Habermas por não se conformar com a realidade, irracional e dominadora do


capitalismo, retoma o projeto emancipatório. Desta forma, propõe uma nova perspectiva,
outro conceito de razão denominada razão dialógica o qual prevalece à argumentação entre
as pessoas envolvidas em dada situação, ou seja, é a chamada ação comunicativa, do uso da
linguagem que visa alcançar o consenso, neste sentido o filosofo afirma “São as pessoas
quando falam entre si, e não quando ouvem, leem ou assistem os meios de comunicação de
massas, as que realmente fazem com que a opinião mude”. Assim é imprescindível uma ação
social que fortaleça as estruturas capazes de proporcionar as condições de liberdade e diálogo.
Nessa comunicação inserem-se algumas regras, como a não contradição, a clareza da
argumentação e não constrangimento de ordem social, de modo que a verdade deixa de ser
absoluta para ser consensual, trata-se de um desenvolvimento da democracia. Para
Habermas a função da razão comunicativa é combater a razão instrumental.
Outra Escola filosófica que ganhe destaque neste trabalho é a Escola Existencialista, pois
trabalha a questão da existência humana e, uma vez que, o ser humano é agente da
transformação social é interessante ressaltar assuntos inerentes a si, a liberdade humana e a
vida humana.

Martin Heidegger tem um importante trabalho que destaca a existência humana em três
momentos e que infelizmente para a maioria das pessoas resulta numa existência inautêntica.
Primeiro momento trata o fato da existência o qual o ser humano é inserido no mundo sem
saber o motivo e no momento que toma consciência esta vivendo sem ter pedido para nascer.
Segundo momento é o desenvolvimento da existência aqui o ser humano estabelece relação
com o mundo e projeta sua vida procurando agir em suas possibilidades, em síntese existir e
construir um projeto. Terceiro momento destruição do eu ao buscar realizar seu projeto, o ser
humano relaciona-se com várias pessoas o que em grande parte resulta em constantes
interferências de uma série de fatores, neste momento denomina-se o confronto do eu com os
outros o qual o homem comum frequentemente é derrotado.

Friedrich Nietzsche realizou um estudo acerca dos valores morais, de forma critica propôs
uma abordagem intitulada de genealogia da moral. A síntese deste trabalho e que não existe
noções absolutas de bem e de mal, para o filosofo as concepções morais são elaboradas
pelos homens, a partir dos interesses humanos. Seu trabalho remete uma reflexão em torno
das concepções morais pré-existentes, os quais são concebidas pelas pessoas sem uma análise
crítica a respeito, o filosofo afirma que as pessoas acomodam-se a uma “moral de rebanho”
que resulta na submissão aos valores dominantes da civilização burguesa e cristã. Por isso é
importante identificar que os valores morais presentes em nossas vidas são construções
humanos, e como tal deve ser questionada, isto é, indagar o valor dos valores, desta forma
refletir sobre nossas concepções morais e buscar viver de forma não submissa.

Portanto, o ser humano é inacabado foi inserido ao mundo e sofre dada as condições e
contexto histórico, a vida humana não caminha em direção ao progresso de todos, ao contrário
é marcado pelo sofrimento, por isso é importante abraçar a filosofia e utiliza-la como
instrumento de transformação social, não apenas para compreender melhor a si e a
realidade mas principalmente buscar alternativas e lutar constantemente para
desenvolvimento coletivo é ter uma nova postura diante a vida, ou seja, combater o que
Marcuse chama de Homem Unidimensional (inerte a opressão) e vencer a razão instrumental.
Para tanto é necessário começar a mudança de dentro para fora, ou seja, mudar a forma de
pensar e agir diante da vida, rever paradigmas, modificar os hábitos em fim proporcionar uma
mudança interior, e neste contexto revela-se extremamente importante a Escola
Existencialista, posteriormente é momento de difundir a filosofia é buscar o progresso
coletivo aqui vale os grandes ensinamentos da Escola de Frankfurt. É fato que na filosofia
não existe fórmulas prontas para cada contexto histórico e social, por isso é nossa função
assumir responsabilidade dos problemas e tentar soluciona-los. Caso contrário, estaremos
fadados a aceitar os ditames da opressão.
Referências Bibliográficas

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Editora Saraiva, 16° Edição,
2006.

MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização, editora LTC, edição 8°, ano 1999.

http://www.consciencia.org/

http://www.filosofia.com.br/

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