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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS

AUTOS: 0700074-48-2017.8.02.0143/01

ANTÔNIO COELHO SOBRINHO e SARAH ALVES COELHO,


devidamente qualificados nos autos da AÇÃO POR INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS/EXECUÇÃO, que lhes movem Valdívia Silva
Ramos Bezerra e Vânia Silva Ramos Bezerra, por seu advogado e procurador
que esta subscreve, instrumento de mandato incluso nos autos, vem
respeitosamente à presença de vossa excelência, não se conformando com a
r. Decisão de fls. 293 à 296 e com fundamento nos artigos 1.015 e seguintes
do CPC, aplicados supletiva e subsidiariamente, interpor AGRAVO DE
INSTRUMENTO com fundamento nas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

Em cumprimento ao Artigo 1.016, IV, informa os agravantes nome e


endereço dos advogados constantes do processo:

 Pelo agravante: José Augusto Araújo Filho, com endereço em Avenida


Moreira e Silva, nº. 481, Farol, Maceió/AL, CEP: 57.051-500;
 Pelo agravado: Alberto Jorge Ferreira dos Santos e Alberto Anderson
Romão dos Santos, com endereço em Rua do Comério, nº. 632, 2º
andar, Centro.

Com fulcro no Artigo 1017, I e III, do CPC, vem indicar as peças que
instruem o presente recurso:

 Cópia da petição inicial;


 Cópia da contestação;
 Cópia da decisão agravada;
 Cópia da petição que ensejou a decisão agravada;
 Procuração outorgada ao advogado da agravante
 Procuração outorgada ao advogado do agravado

Termos em que

Pede deferimento

Maceió – AL, 11 de Fevereiro de 2020

José Augusto Araújo Filho

OAB/AL 8968
RAZÕES RECURSAIS

Agravantes: ANTÔNIO COELHO SOBRINHO e SARAH ALVES COELHO

Agravados: VALDÍVIA SILVA RAMOS BEZERRA E VÂNIA SILVA RAMOS


BEZERRA

Autos: 0700074-48-2017.8.02.0143/01

Vara de Origem: 12º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA


DE MACEIÓ – ALAGOAS

Egrégio Tribunal,

Colenda Turma,

Nobres Julgadores,

I – DA TEMPESTIVIDADE

Verifica-se que houve publicação no dia 14/01/2020. Sendo a juntada


neste dia, 11/02/2020, verifica-se a sua tempestividade para a apresentação
da apelação em tela, nos moldes a seguir declinados.

II – DA ADMISSIBILIDADE DO PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Os Juizados Especiais foram instituídos na intenção de desafogar o


Judiciário brasileiro, visando oferecer ao jurisdicionando um procedimento de
solução das controvérsias célere, informal e desburocratizado, uma vez que
Poder Judiciário passava por uma gama de dificuldades na prestação do
serviço jurisdicional devido a grande demanda de processos, além do
formalismo, o alto custo, a falta de celeridade processual entre outras
características que permeavam o processo tradicional.
Sendo o princípio da celeridade um dos que inevitavelmente integram a
essência em si dos Juizados Especiais, é perfeitamente concebível que o
Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias seja
aplicado aos procedimentos do J.E, que consiste na impossibilidade de
impugnação às decisões interlocutórias por meio de Agravo de Instrumento,
podendo, entretanto, aquele que se achar prejudicado pela referida decisão,
impugna-la em sede de Recurso Inominado. Por outro lado, embora deva
prevalecer a regra da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias em
sede dos Juizados Especiais, entendemos que a regra não é absoluta.

No caso em tela, a decisão que entendeu pelo não acolhimento da


EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE possui explícita natureza terminativa,
de forma que aquele que se vê prejudicado por esta não terá a oportunidade de
ver o seu pleito apreciado pelo colendo Tribunal do Estado de Alagoas, uma
vez que a presente decisão não poderá ser questionada por Recurso
Inominado. EXCELÊNCIAS! Do ponto de vista constitucional, apenas é
possível a aplicação do Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões
Interlocutórias, seja em qualquer seara judicial, justamente porquê estas
poderão ser contestadas em posterior recurso inominado à sentença, caso
contrário estaríamos diante de uma afronta ao princípio do contraditório e da
ampla defesa.

Deste modo, entendemos que embora não haja previsão na Lei nº.
9.099/95, deva ser admitido o presente Agravo de Instrumento, devido ao
caráter terminativo da presente decisão interlocutória. Há que se interpretar a
sua admissibilidade não com fulcro em mera interpretação literal da lei, e sim
consoante os princípios fundamentais do ordenamento jurídico-constitucional
como um todo indissociável e segundo as condições e circunstâncias do caso
concreto.

III – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

As Agravadas promoveram execução em face dos Agravantes,


em razão de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS,
momento em que o presente juízo efetuou o bloqueio na conta de Antônio
Coelho Sobrinho no valor de R$ 18.972,03 (dezoito mil novecentos e setenta e
dois reais e três centavos), bem como a penhora do veículo KWID ZEN 10 MT
placa QLH-2093.

Contudo, conforme ver-se-á adiante, a execução promovida não


merecerá subsistir, pois os valores bloqueados comprometem de forma
avassalante a subsistência dos executados.

IV – DO MÉRITO

A princípio é importante evidenciar que Antônio Coelho Sobrinho


é Profissional Autônomo do ramo de abatedouro de galinhas (juntou nos autos
da ação principal o seu comprovante de situação empresarial) e que a penhora
realizada no valor de R$ 18.972,03 (dezoito mil novecentos e setenta e dois
reais e três centavos) via BacenJud compromete de forma avassalante a
subsistência do Executado, uma vez que sobrevivendo do seu pequeno
negócio necessita dos valores bloqueados para pagar os funcionários e
fornecedores.

Desta forma, observa-se o caráter alimentar da quantia


bloqueada, isto é, se caracteriza como uma situação que se enquadra
perfeitamente ao Inciso IV do Artigo 833, CPC, uma vez que o referido instituto
visa proteger determinados bens de natureza alimentar, afim de salvaguardar e
garantir a Dignidade da Pessoa humana e o mínimo existencial como
desdobramento deste princípio, já que uma execução sem a observância de
determinados limites levaria à inevitável afronta ao Direito Fundamental
supracitado.

Ademais, segue em anexo planilha de refinanciamento junto à


Receita Federal (fls. 242 e 243), no montante de R$ 58.819,95, e que vem
sendo cumprido fielmente por Antônio Coelho Sobrinho, o que evidencia ainda
mais o caráter danoso da presente execução, uma vez que os valores
bloqueados também seriam utilizados para cumprir com suas obrigações
perante a Receita, sendo que, a sua inadimplência quanto ao acordo, traria
uma série de consequências desastrosas ao próprio Agravante, e como
desdobramento lógico, à sua própria subsistência.

No que diz respeito a Executada Sarah Alves Coelho, temos que


esta comprovou nos autos que é pedagoga, prestando serviços à faculdade
UNINASSAU, e que portanto, utiliza seu único bem, qual seja, o veículo
Renault KWID ZEN 10 MT placa QLH-2093, adquirido com muito suor para o
trabalho, sendo também de extrema necessidade para a subsistência da
trabalhadora.

Outrossim, no cumprimento de Mandado de Penhora e Avaliação


(fls 274 a 279), o próprio Oficial de Justiça constatou que não havia bens
passíveis de penhora, o que elucida ainda mais a situação financeira o qual se
encontram os Agravantes, sendo a restrição desses bens de extrema
nocividade à subsistência tanto de Antônio Coelho Sobrinho, como de Sarah
Alves Coelho

O que se pretende não é alforria injustificada de obrigação


legal reconhecida pelos próprios Agravantes, mas sim o desbloqueio
imediato dos valores restringidos e a liberação do veículo automotor, uma
vez comprometerem o mínimo existencial dos agravantes.

Nesta esteira, requer o desbloqueio dos valores penhorados pelo


sistema BacenJud, quais sejam, R$ 18.972,03 (dezoito mil novecentos e
setenta e dois reais e três centavos) e a liberação do veículo automotor Renault
KWID ZEN 10 MT placa QLH-2093.

V – CONCLUSÃO E PEDIDO

Por todo o exposto, requer-se seja o recurso conhecido, sendo, no


mérito, dado integral provimento ao presente recurso, qual seja:

a) a imediata suspensão da execução até decisão do presente


Agravo de Instrumento.

b) O imediato desbloqueio dos valores restringidos pelo sistema


BacenJud na quantia de R$ 18.972,03, e a liberação do veículo
KWID ZEN 10 MT placa QLH-2093, uma vez comprometerem a
subsistência do executado

Protesta provar o alegado, por todos os meios em direito admitidos.

Termos em que

Pede deferimento

Maceió – AL, 11 de Fevereiro de 2020

José Augusto Araújo Filho

OAB/AL 8968

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