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Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7

Cadernos PDE

II
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: Cidadania e Direitos Humanos – uma proposta formativa para a EJA
- Educação de Jovens e Adultos

Autor(a): Mônica Lobo de Athayde

Disciplina/Área: Pedagogia

Escola de Implementação do Centro Estadual de Educação Básica para


Projeto e sua localização: Jovens e Adultos – CEEBJA Professora
Ronilce Aparecida Gallo Mainardes

Município da escola: Telêmaco Borba

Núcleo Regional de Educação: Telêmaco Borba

Professor Orientador: Rita de Cássia da Silva Oliveira

Instituição de Ensino Superior:


Universidade Estadual de Ponta Grossa

Relação Interdisciplinar: Sociologia

Resumo:
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é
uma modalidade educacional que atende
alunos trabalhadores das classes populares e
trabalha com um contexto de diversidade
sociocultural para formar através do acesso
ao conhecimento e à participação social
cidadãos críticos e preparados para o
exercício da cidadania. Neste sentido é
necessário que a prática educativa possibilite
a formação dos alunos voltada para o
exercício da cidadania e para a
transformação individual e coletiva. A
contribuição social da EJA para a efetivação
de uma sociedade cidadã acontecerá através
de uma práxis educativa reflexiva e crítica,
visto que, exercer a cidadania é ter
consciência de seus direitos e deveres e lutar
para que eles sejam colocados em prática. O
exercício da cidadania é individual e coletivo
e se constrói pela participação social e
atitudes éticas tendo como base os direitos
humanos. Estes temas serão desenvolvidos
na EJA por meio de oficinas temáticas
durante as aulas de Sociologia baseando-se
na proposta de Educação popular de Paulo
Freire permeadas pelo diálogo e a discussão
coletiva ressaltando o aspecto formativo da
EJA estimulando a participação social, a
troca de ideias e de experiências entre os
sujeitos visando a aprendizagem e o
crescimento mútuos.

Palavras-chave: Cidadania; Direitos Humanos; Educação;


Educação de Jovens e Adultos;

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico


Alunos do ensino médio do CEEBJA
Público: Professora Ronilce Aparecida Gallo
Mainardes
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Programa de Desenvolvimento Educacional
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Mônica Lobo de Athayde

Cidadania e Direitos Humanos – uma proposta formativa para a

EJA _ Educação de Jovens e Adultos

Telêmaco Borba
2014
SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO
Programa de Desenvolvimento
Educacional
Universidade Estadual de Ponta Grossa

Mônica Lobo de Athayde

Caderno Pedagógico

Cidadania e Direitos Humanos – uma proposta formativa para a

EJA _ Educação de Jovens e Adultos

Caderno Pedagógico apresentado ao


Programa de Desenvolvimento Educacional
da Secretaria Estadual de Educação –
SEED/PR, ano 2014 como produção
didático pedagógica e requisito parcial para
a obtenção do título de Professor PDE na
área de Pedagogia.
Orientadora: Profª Dra. Rita de Cássia da
Silva

Telêmaco Borba

2014
Apresentação:

A busca por uma sociedade mais igualitária onde as pessoas tenham acesso
aos seus direitos e possam participar democraticamente e efetivamente da
sociedade, não pode ser considerada apenas como uma utopia. Exercer a
cidadania é um papel social, um exercício cotidiano que também perpassa o
sistema educacional.

A Educação é um direito fundamental de natureza social que se desenvolve


como um processo com a família, grupos sociais, também na escola e por esta
razão é neste espaço social privilegiado, que se aprende e se desenvolve a
formação de valores e o exercício da cidadania.

O objetivo deste processo de aprendizagem é a construção de uma sociedade


crítica, na qual os indivíduos sejam capazes de buscar os seus direitos e
exercer os seus deveres com dignidade, como cidadãos. Para tanto, a escola
precisa investir e estimular a participação social intensa e democrática.

Na atividade educativa, as abordagens pedagógicas de temas como: Direitos


Humanos e Cidadania se fazem oportunas e devem considerar as
necessidades e as especificidades dos alunos para os quais se destinam a fim
de contribuir para a formação dos mesmos.

No caso da modalidade de ensino: Educação de Jovens e Adultos (EJA) é


fundamental promover uma educação pluralista devido à heterogeneidade dos
alunos. Outro aspecto relevante é que os alunos da EJA, devido a sua faixa
etária, trazem consigo uma história de vida e vivências que não podem ser
ignoradas. O professor precisa reconhecer e redimensionar os saberes destes
alunos adotando em sua práxis, uma metodologia condizente com a sua
realidade favorecendo junto aos mesmos a participação, o desenvolvimento da
capacidade de análise e a reflexão.

Desta forma, a atividade educativa estará cumprindo uma importante função


transformadora que visa a formação de indivíduos mais responsáveis e

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autônomos, orientando-os para a prática da cidadania por meio da ampliação
da sua visão de mundo e da participação social.

Ocorre que ao entendermos o exercício da cidadania como um processo


construtivo em transformação, consideraremos que ser cidadão inclui a
definição constante de valores e práticas sociais. Desta forma, a ação
educativa deve ser contínua e coerente com a formação de sujeitos cuja
cidadania vai além do mero reconhecimento formal de direitos.

É preciso que os indivíduos possam participar da sociedade e vivenciar na


prática os seus direitos, bem como, cumprir com os seus deveres exercendo e
vivenciando assim efetivamente a cidadania.

Neste sentido, apresentamos uma proposta educativa através deste Caderno


Pedagógico sobre o tema: Cidadania e Direitos Humanos e uma proposta
formativa para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O caderno pedagógico está dividido em três unidades, a saber:

UNIDADE UM: Direitos humanos,

UNIDADE DOIS: Direitos e Deveres,

UNIDADE TRÊS: Cidadania e Participação Social.

Em cada unidade os temas geradores serão abordados teoricamente por meio


de textos que subsidiem o trabalho do professor. Também são apresentadas,
oficinas temáticas e atividades vivenciais destinadas aos alunos da EJA.

A escolha do caderno pedagógico como material referencial para a


organização da implementação do projeto de intervenção pedagógica, visa
orientar e subsidiar o professor da disciplina do ensino médio da EJA –
Educação de Jovens e Adultos, mais especificamente o professor da disciplina
de Sociologia, a fim de que sua abordagem ao tema seja mais dialógica e
crítica.

As oficinas temáticas apresentam uma proposta formativa para os alunos, com


subsídios teóricos em textos e atividades vivenciais sobre os temas: Direitos

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Humanos e Cidadania, além de relacionar a sua prática com a participação
social.

As oficinas serão desenvolvidas a partir de temas geradores e apresentarão a


seguinte organização:
Tema gerador: Direitos humanos
Oficina 1 – O que é um Direito Humano?
Oficina 2 – O Homem como um ser detentor de direitos.
Oficina 3 – A busca por Direitos pelo cidadão
Tema gerador: Direitos e Deveres
Oficina 4 – Os documentos que abordam os Direitos e os Deveres dos
cidadãos
Oficina 5 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH
Tema gerador: Cidadania e Participação Social
Oficina 6 – Os Direitos humanos e a cidadania
Oficina 7 – A Educação e o exercício da cidadania
Oficina 8 – A Cidadania e a participação social

A formação de cidadãos por meio da atividade educativa é um desafio ético e


político que demanda a apresentação de alternativas pedagógicas
transformadoras. Desta maneira, será possível preparar e formar alunos mais
conscientes e capazes de participar do trabalho e da vida em sociedade,
promovendo a cidadania e construindo uma nova realidade.

Esperamos que este material contribua para o enriquecimento da atividade


educativa na EJA, oferecendo aos seus alunos, subsídios e oportunidades,
para que estes participem socialmente e se afirmem como sujeitos ativos,
críticos, criativos e democráticos capazes de buscar os seus direitos, refletir e
agir com responsabilidade individual e coletiva.

Professora Pedagoga

Mônica Lobo de Athayde

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Sumário:

Apresentação 1
Orientações metodológicas 5
Unidade Um: Direitos Humanos 6
Oficina 01: O que é um Direito Humano? 13
Oficina 02: O Homem como um ser detentor de Direitos 16
Oficina 03: A busca por Direitos pelo cidadão 17
Unidade Dois: Direitos e Deveres 19
Declaração Universal dos Direitos Humanos 24
Oficina 04: Os documentos que abordam os direitos e os deveres dos cidadãos 32
Oficina 05: A Declaração Universal dos Direitos Humanos 34
Unidade Três: Cidadania e Participação Social 37
Oficina 06: Os Direitos Humanos e a Cidadania 42
Oficina 07: A Educação e o exercício da cidadania 43
Oficina 08: A Cidadania e a Participação Social 45
APÊNDICE/ Questionário 47

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Orientações Metodológicas:

A utilização deste Caderno Pedagógico dar-se-á em etapas, respeitando o seu


caráter formativo, bem como, as especificidades do grupo para o qual se
destina, ou seja, os alunos da EJA.

Assim, a metodologia desenvolvida é a dialógica e crítica, na qual cabe ao


docente, o papel de ser um dinamizador do processo ensino - aprendizagem
propondo e desenvolvendo, atividades que estimulem a reflexão e a iniciativa
visando uma participação social mais efetiva.

Neste sentido, a primeira atividade é a realização de uma pesquisa de campo,


através de respostas a um questionário para a sensibilização dos mesmos com
relação aos temas: Direitos Humanos e Cidadania. Esta atividade objetiva a
formação de um quadro referencial para orientar a análise dos dados
levantados na pesquisa e identificar as distorções e as eventuais lacunas de
conhecimento dos alunos sobre os temas citados.

Após a análise dos resultados da pesquisa de campo e apresentação dos


mesmos ao grupo, será proposta aos alunos, a participação em oito oficinas
temáticas.

As oficinas devem ser desenvolvidas de maneira complementar, durante as


aulas de Sociologia, com a previsão de quatro horas semanais sendo que,
duas horas serão destinadas para atividades informativas e de reflexão com os
alunos sobre os temas Direitos Humanos e Cidadania e duas horas para o
desenvolvimento de atividades vivenciais de cunho prático.

Nas aulas de sociologia serão feitas rodas de conversa, leituras de textos,


debates e atividades vivenciais práticas para que o aluno além de receber as
informações, possa de alguma forma, aplicar os conhecimentos na sua vida
pessoal cotidiana participando mais ativamente da sociedade.

A metodologia a ser adotada nas oficinas temáticas é a dialógica e crítica de


acordo com a proposta do educador Paulo Freire que se apresenta como a
mais adequada para o aluno adulto contribuindo para a sua formação.

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!

Direitos Humanos

Ao abordamos o tema Direitos Humanos, é prioritário entender o seu


significado, bem como, a sua relevância no contexto social, visto que, eles
estão relacionados à capacidade de desenvolvimento e participação do ser
humano na vida em sociedade. Por isso é preciso conhecê-los e buscar formas
de ação para fazer com que eles sejam respeitados.

Segundo Dallari (1998, p.7) sobre o significado dos Direitos humanos:

Esses direitos são considerados fundamentais porque sem eles a


pessoa humana não consegue existir ou não é capaz de se
desenvolver e de participar plenamente da vida. Todos os seres
humanos devem ter asseguradas, desde o nascimento, as condições
mínimas necessárias para se tornarem úteis à humanidade, como
também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a
vida em sociedade pode proporcionar.

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Os Direitos Humanos se resumem em um conjunto de condições
mínimas e necessárias para uma vida digna para todas as pessoas, em todos
os momentos e em todas as suas dimensões.

Assim, estes são direitos inerentes a todos os seres humanos cujo


objetivo, é assegurar a qualquer pessoa, o respeito à sua dignidade, na sua
dimensão individual, social, material e espiritual. É garantir que qualquer
pessoa, independentemente de sua nacionalidade, idioma, religião, opiniões
políticas, raça, etnia e orientação sexual, tenha a possibilidade de atender ás
suas necessidades e desenvolver plenamente todos os seus talentos sem
discriminação.

Os direitos humanos incluem também o direito à vida e à liberdade (de


opinião e de expressão), o direito ao trabalho e à educação, entre outros.

De acordo com Dallari (1998, p.08) sobre a liberdade das pessoas para
desfrutar dos seus direitos:

É indispensável que todos tenham concretamente a mesma


possibilidade de gozar dos direitos fundamentais. Por este motivo
dizemos que gozar de um direito é uma faculdade da pessoa
humana, não uma obrigação.

Por isso, é preciso reconhecer a liberdade e a individualidade das


pessoas no tocante aos seus direitos fundamentais.

A lei de direitos humanos serve para a proteção de indivíduos e grupos,


contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade
humana.

A proteção dos direitos é indispensável para que as pessoas sentindo-


se seguras e respeitadas possam respeitar-se reciprocamente e possam acima
de tudo conviver em paz.

Conhecer os direitos humanos é o primeiro passo para uma vida digna e


para uma sociedade mais justa.

Neste sentido, baseando-se em material sobre Direitos Humanos


organizado por Mariângela Graciano (2005, p.12) algumas das características
mais importantes dos direitos humanos são:

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- Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o
valor de cada pessoa;

- Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de
forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;

- Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus


direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é
considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido
processo legal;

- Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e


interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e
outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos
outros.

Apesar das diferentes características, todos os direitos humanos, devem


ser vistos com a mesma importância, sendo essencial respeitar a dignidade e o
valor de cada pessoa.

Entretanto, a aceitação da concepção de Direitos Humanos vai além da


defesa dos direitos e necessidades individuais, visto que, envolve também a
responsabilidade de buscar direitos que procurem o bem-estar da sociedade.

Os direitos humanos foram criados para assegurar um nível de vida


adequado para todas as pessoas, convertendo os compromissos políticos em
obrigações legais para todos os governos.

Assim, não é só obrigação de cada indivíduo respeitar as diferenças e os


direitos humanos de todas as pessoas, mas é também, dever do Estado
desenvolver políticas públicas para que esses direitos se efetivem.

Baseando-se no texto: Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais,


Ambientais: Construção, Ação e Debate de Valéria Getúlio de Brito e Silva
disponível in:

http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/go/goias/desc.html

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Alguns exemplos de direitos humanos:

Direitos civis - direito a igualdade perante a lei; ter um julgamento justo; o


direito de ir e vir; o direito à liberdade de opinião;

Direitos políticos - o direito à liberdade de reunião e associação; o direito de


votar e de ser votado; o direito de pertencer a um partido político, participar de
um movimento social;

Direitos sociais - o direito à previdência social; o direito ao atendimento de


saúde;

Direitos culturais – o direito à educação; o direito de participar da vida


cultural; o direito ao progresso científico e tecnológico;

Direitos econômicos - o direito à moradia; o direito ao trabalho; o direito a


terra: o direito às leis trabalhistas;

Direitos ambientais - os direitos de proteção, preservação e recuperação do


meio ambiente, utilizando recursos naturais sustentáveis.

Estes direitos são considerados fundamentais, pois representam a base


para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Podemos afirmar que a cultura de Direitos Humanos é um processo


amplo, sistemático e multidimensional que visa à formação do sujeito de direito
e a promoção de uma cidadania ativa e participante.

A construção da democracia demanda o desenvolvimento de uma


cultura de direitos humanos, buscando por meio da Educação, a formação de
pessoas ativas e críticas, conscientes de seu papel social e atuantes ética e
politicamente.

Dallari (1998, p.47) afirma sobre o papel da Educação: “A Educação é


um processo de aprendizagem e aperfeiçoamento, por meio do qual as
pessoas se preparam para a vida.”

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No caso da Educação de Jovens e Adultos (EJA), podemos dizer que
esta modalidade educacional se caracteriza por ser o espaço da diversidade e
de múltiplas vivências, de relações entre gerações, de diálogo e troca de
saberes e de culturas.

Por isso, é preciso reconhecer a necessidade de uma prática educativa


coerente com a realidade da EJA e que possibilite uma articulação de
diferentes atividades, utilizando metodologias participativas e de construção
coletiva, empregando pluralidade de linguagens e de materiais de apoio.

A Educação deve ser tratada como um direito humano e promover a


cidadania e a mudança social, oferecendo aos seus sujeitos, instrumentos para
melhor ler, interpretar e atuar na sua realidade. Por isso, a Educação é
importante na vida das pessoas no sentido de prepará-las para a convivência e
participação na sociedade.

As atividades educativas para os alunos da EJA, devido às


características e especificidades de seus alunos, precisam ser repensadas pelo
educador e sendo baseadas em uma metodologia dialógica e participativa
como a proposta pelo educador Paulo Freire, certamente contribuirão para o
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes, sentimentos e práticas sociais
visando a formação do sujeito de direito.

Segundo Freire, (1999, p.42) sobre a ação do educador consciente do


seu compromisso:

A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como


ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando
com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua
compreensão do quem vem sendo comunicado.

A Educação em Direitos Humanos é essencialmente a formação de uma


cultura de respeito à dignidade humana. Assim, segundo artigo de Sérgio
Haddad, (2003, p.03 ) sobre o papel da Educação para a construção de uma
cultura dos direitos Humanos:

Educar para a construção de uma sociedade plena em direitos requer


provocar, estimular educadores e educandos a pensarem sobre sua
própria realidade, a realidade de sua comunidade, de seu País e do
mundo. A partir desse diagnóstico, refletir sobre sua responsabilidade
e conceber uma prática individual, e também coletiva, para interferir e
modificar esta realidade. [...] requer uma prática educativa que

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promova a capacidade de crítica e a formulação de propostas, e não
a passividade, que termina por ser cúmplice dos mecanismos de
injustiça e violação de direitos.

Portanto, a formação desta cultura significa criar, influenciar,


compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e
comportamentos através da promoção e da vivência dos valores da liberdade,
da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da
paz.

A escola pode contribuir de forma significativa para a construção de uma


cultura de Direitos Humanos com a utilização de metodologias que favoreçam e
estimulem o diálogo e a reflexão visando o compartilhamento de idéias e a
participação consciente por parte dos alunos.

Desta forma, é preciso adequar à práxis educativa considerando-se, o


grupamento a que se destina, respeitando as suas especificidades e atendendo
ás suas demandas.

Encaminhamentos metodológicos das Oficinas Temáticas

A realização de oficinas temáticas para os alunos da Educação de


Jovens e Adultos sobre Direitos Humanos e Cidadania representa a
implementação de uma metodologia de participação coletiva, proporcionando
em sala de aula um importante espaço de diálogo a partir de temas geradores,
propondo a realização de rodas de conversa e debates nas quais os alunos
possam se expressar e, sobretudo, escutar os outros e a si mesmos refletindo
e ampliando a sua percepção sobre estes temas.

O principal objetivo das rodas de conversa é o de motivar a construção


da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da socialização de
saberes e da reflexão voltada para a ação. Envolve, portanto, um conjunto de
trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de conhecimentos
entre os envolvidos nesta metodologia.

Entretanto, antes da realização das Oficinas Temáticas, os alunos do


ensino médio da EJA, responderão individualmente a um pequeno questionário
de pesquisa sobre Direitos Humanos, Cidadania e Participação social (modelo

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do questionário consta do sumário no apêndice), visando à elaboração de um
quadro referencial pelo docente sobre a percepção e conhecimento dos alunos
sobre tais temas.

O questionário será aplicado junto a um grupo de aproximadamente


quarenta alunos, do ensino médio, cursando a disciplina Sociologia no período
noturno do CEEBJA – Professora Ronilce Aparecida Gallo Mainardes do
município paranaense de Telêmaco Borba, Na sequência, os questionários
serão tabulados e analisados pelo docente que fará uma devolutiva para os
alunos e apresentará os temas: Direitos Humanos, Cidadania e Participação
social tendo como base e referência, as informações obtidas a partir da
pesquisa de campo com os alunos.È importante destacar que a atividade de
pesquisa, de busca e indagação deve sempre permear a prática docente.

Assim como defende o educador Paulo Freire (1999, p.32):

Não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Esses que
fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino
continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando , intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade.

Por isso, para que o docente possa ter uma visão mais clara da
realidade dos seus alunos, a pesquisa se faz necessária como um elemento
norteador para a construção da prática educativa reforçando o caráter
formativo da Educação e contribuindo para o desenvolvimento da consciência
crítica dos alunos.

Neste sentido, a aplicação dos questionários de pesquisa sobre Direitos


humanos, Cidadania e Participação Social, precederá a realização das oficinas
temáticas e funcionará como um desencadeador de uma proposta formativa
direcionada para a Educação de Jovens e Adultos.

Outro elemento importante na prática educativa é o diálogo e de acordo


com Freire (2002, p.43) “O diálogo é o encontro amoroso dos homens que
mediatizados pelo mundo, o pronunciam, isto é, o transformam e
transformando-o, o humanizam para a humanização de todos.”

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No caso da Educação de Jovens e Adultos, o diálogo deve ser franco,
respeitoso e acolhedor para com experiências e conhecimentos diversos, frutos
de histórias de vida.

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Oficina 01 – O que é um Direito Humano?

1 – Apresentação do tema ao grupo – O docente procederá a apresentação


do tema Direitos Humanos e cidadania a partir de uma devolutiva dos
questionários respondidos anteriormente pelos alunos que estarão organizados
em círculo para facilitar a interação do grupo. O docente solicitará que cada
aluno diga uma palavra ou idéia vem á sua cabeça quando estes ouvem falar
sobre a expressão: Direitos Humanos. Através da técnica: “tempestade de
idéias” o docente da oficina fará um registro de todas as contribuições do grupo
numa folha de papel.

2 – Sensibilização – O docente fará a leitura das contribuições do grupo


sobre o tema Direitos Humanos ressaltando a sua relação e importância para
o desenvolvimento do homem e da sociedade.Na sequência, será feita uma
introdução e contextualização do tema Direitos Humanos através da leitura
dialogada do texto de apoio que segue abaixo:

Educação para os Direitos Humanos: "basta" à exclusão social

Dalmo de Abreu Dallari


Prof. Dr. Titular da Universidade de São Paulo. Membro da Comissão de Justiça e Paz.

Educar para os Direitos Humanos é infundir e implementar a consciência de


que a pessoa humana é o primeiro dos valores. Disso decorre o compromisso
de respeito à dignidade dos seres humanos e aos valores fundamentais que
são de toda a humanidade. Sendo direitos e valores universais nenhuma
pessoa pode ser excluída desse respeito e toda exclusão social é negação do
humano.
Um ponto que deve ficar bem claro é que a educação para os Direitos
Humanos é sempre, necessariamente, preparo e estímulo para a prática. Nas
últimas décadas aumentou muito o número de instrumentos normativos de
Direitos Humanos, havendo já uma quantidade considerável de convenções,
pactos, acordos, tratados e outros instrumentos de natureza jurídica a
afirmação e a proteção dos Direitos Humanos, sobretudo para a correção de
situações em que tem sido habitual a prática de ofensas graves a esses
direitos.

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Ao mesmo tempo, e em parte como conseqüência da evolução normativa, vem
aumentando constantemente o número de pessoas que falam e escrevem
sobre Direitos Humanos. Em princípio é bom que isso aconteça, mas existe,
em primeiro lugar, o risco de se confundir o tratamento teórico com a prática.
Não basta falar em Direitos Humanos, escrever sobre eles e até fazer leis em
seu favor se isso não tiver autenticidade, se não houver a firme disposição de
respeitá-los e fazê-los respeitar.
Outro risco é a criação da ilusão de respeito, é a introdução dos Direitos
Humanos na linguagem comum como simples modismo, sem conseqüências
práticas. Assim, por exemplo, hoje ninguém diz que a mulher é inferior ao
homem e que as posições de comando na sociedade devem ser reservadas
aos homens. E no entanto em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, as
mulheres continuam sofrendo muitas exclusões, não tendo as mesmas
oportunidades pelo simples fato de serem mulheres, independente do mérito
que possam ter.
Na realidade, já houve consideráveis avanços, o que deve ser reconhecido e
louvado, mas persistem ainda muitas exclusões, que devem ser identificadas,
denunciadas e combatidas sem descanso. Existem os excluídos tradicionais,
que são os herdeiros da pobreza, os marginais da educação, os imigrantes e
refugiados, entre outros.
Em pesquisa realizada na França recentemente, verificou-se que cerca de 70%
dos jovens sem qualquer diploma e sem qualificação profissional eram mais
humildes e de menor remuneração, ou então eram filhos de desempregados ou
de pessoas que nunca tiveram um emprego fixo.
Esse é um aspecto que deve merecer especial atenção: a existência de
pessoas que já nascem excluídas e que muito provavelmente jamais poderão
superar a situação de exclusão. Não è preciso ir longe, fazer uma pesquisa
aprofundada ou ser especialista em qualquer ciência para perceber que isso
acontece hoje no Brasil. Embora a Constituição afirme a igualdade de todos e
assegure a todos a mesma liberdade, só por hipocrisia alguém poderá dizer
que o filho de pais ricos tem a mesma liberdade e as mesmas oportunidades
quanto ao acesso aos direitos fundamentais que os filhos de pais pobres ou
miseráveis.
Basta ter olhos para ver que um número muito grande de crianças brasileiras
nasce em situação de exclusão social. Muitas dessas crianças não ultrapassam
o primeiro ano de vida e se resistirem estarão sempre à margem da sociedade
ou numa longínqua retaguarda, vítimas da fome e da falta de cuidados de
saúde, com pouca ou nenhuma possibilidade de educação, morando na rua ou
em condições extremamente precárias, sofrendo humilhações e agressões à
sua pessoa e completamente desprovidas de bens materiais. E no entanto o
Brasil assinou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual
"todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos".
A esses excluídos tradicionais juntam-se agora novos excluídos. São filhos
malditos da globalização, os que não são aquinhoados com a liberdade do neo-
liberalismo, os que são inexoravelmente condenados pelas leis do mercado,
porque nem sequer chegam ao mercado. Na verdade, o que se procura
esconder sob esses rótulos é a última tentativa de manutenção dos privilégios
usufruídos há duzentos anos, com egoísmo e insensibilidade moral, pelos
detentores de superioridade econômico e financeira.
Em última análise, a globalização econômica, apresentada como novidade
embora já exista há quinhentos anos com o estabelecimento de rotas

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marítimas e terrestres para o comércio é um artifício do materialismo egoísta
para dificultar o avanço dos Direitos Humanos.
Sem exagerar no otimismo e sem deixar de reconhecer que ainda são muitos
os obstáculos para que as ambições materiais e a busca desenfreada de poder
público e prestígio social cedam lugar à predominância da ética e da
solidariedade humana, pode-se afirmar que a humanidade reencontrou o bom
caminho.
Através da educação para os Direitos Humanos os dominados, discriminados e
excluídos adquirem consciência dos direitos inerentes à sua condição humana
e começam a lutar por eles. Entre os dominadores alguns já perceberam que
se persistirem as injustiças e as violações graves de Direitos Humanos haverá
a "guerra de todos contra todos". Se houver empenho e determinação não
estará longe a nova sociedade, livre de injustiças e exclusões sociais.

Obs: este texto é parte de um artigo disponível em ttp://www.dhnet.org.br/


dados/livros/edh/estaduais/rs/adunisinos/dallari.htm

3 – Provocação – A partir da contextualização do tema Direitos Humanos, o


docente sugere ao grupo a realização de uma roda de conversa envolvendo
todo o grupo e estimulando a sua participação partindo do seguinte
questionamento:

È possível ter uma vida digna sem os direitos humanos? Quais seriam as
conseqüências para os indivíduos e para a sociedade?

4 – Atividades do grupo – Depois da roda de conversa sobre as opiniões dos


alunos sobre a importância dos Direitos Humanos o grupo vai elaborar uma
conclusão coletiva sobre o assunto. A conclusão do grupo será registrada pelo
docente num cartaz.

5 – Apresentação das atividades – A conclusão elaborada coletivamente


pelos alunos sobre a importância dos Direitos Humanos será lida para o grupo
e ficará exposta na sala de aula.

6 – Síntese - O docente fará uma síntese da oficina destacando e valorizando


a participação dos alunos na troca de idéias , no compartilhamento de
informações e na formulação de idéias e conceitos.

7 - Atividades vivenciais - Será proposto aos alunos que pensem sobre o


tema Direitos Humanos e conversem com alguém sobre o assunto observando
bem as reações da pessoa registrando por escrito se preferir para
compartilharmos na próxima oficina numa roda de conversa sobre:

Como as pessoas reagem ao discutirem sobre os Direitos Humanos?

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Oficina 2 – O Homem como um ser detentor de direitos.

1 – Apresentação do tema ao grupo – A docente lerá para o grupo de alunos


a seguinte frase: Todas as pessoas nascem com os mesmos direitos
fundamentais.

2 – Sensibilização – O docente perguntará ao grupo quem concorda ou


discorda da frase lida e porquê.

3 – Provocação - Apresentar aos alunos uma lista no formato de uma tabela


em um cartaz enumerando alguns grupos representativos e solicitar que
individualmente indiquem um ou mais grupos que na sua opinião, que não tem
os seus direitos reconhecidos e respeitados. A docente irá marcando um X ao
lado dos grupos indicados pelos alunos e posteriormente será identificado o
grupo que recebeu maior número de indicações.

Modelo da lista de grupos representativos da sociedade:


1 – Idoso (a) 12- Ateus
2 - Mulher 13 – Deficientes físicos
3 – Negro (a) 14 – militantes políticos
5- Indígena 15 – pessoas com doença mental
6 - Marginal 16 - consumidores
7 – Desempregado (a) 17 – crianças e adolescentes
8 - Religiosos 18 – pessoas sem terra/teto
9 – Analfabetos 19 – pessoas com enfermidades
10 – Pessoas pobres 20 - trabalhadores
11- Homossexuais 22 - estudantes

Após a participação de todos os alunos, levantar qual o grupo representativo da


sociedade que recebeu o maior número de indicações e buscar junto ao grupo
de alunos as causas para tal fato. Registrar as causas apontadas pelos alunos
na lousa de maneira bem visível.

4 – Atividades do grupo - Organizar uma roda de conversa com os alunos


socializando a síntese das indicações feitas pelos alunos e a sua relação com
as causas apontadas. Enfatizar para os alunos que todos os grupos
representativos apresentados têm direitos que devem ser reconhecidos e
respeitados.

5 – Apresentação das atividades – Propor ao grupo que socializem as


impressões percebidas na realização da atividade vivencial proposta na oficina
01 onde cada um conversaria com outra pessoa sobre direitos humanos

16
procurando captar na troca de idéias, as suas reações com relação ao tema
Direitos Humanos.

6 – Síntese – O docente destacará para o grupo, a importância de que cada


pessoa perceba-se com um ser detentor de direitos, independentemente do
grupo representativo da sociedade que ela faz parte relacionando os Direitos
Humanos com uma vida digna.

7 - Atividades vivenciais - A docente solicitará para que cada aluno


represente com um desenho ou através de um pequeno texto o que significa
para ele ser uma pessoa que possui direitos. O desenho ou o texto será
socializado com o grupo com explicações e ou depoimentos dos alunos sempre
com a mediação do docente que valorizará as contribuições dos mesmos.

Oficina 3 – A busca por Direitos pelo cidadão

1 – Apresentação do tema ao grupo – O docente fará a leitura para o grupo


do seguinte texto do livro: Direitos humanos e Cidadania – Dalmo de Abreu
Dallari (1998, p.69)

Imagine-se, por exemplo, a situação de um modesto trabalhador preso


injustamente sob a acusação de ter praticado um crime. Sua família não
sabe o que fazer para defendê-lo e não dispõe de recursos para contratar
um advogado.

2 – Sensibilização – O docente fará ao grupo de alunos a seguintes


perguntas:

O que poderá acontecer com o trabalhador?

Quais os prejuízos que o trabalhador terá devido ao fato de estar preso?

Como fica a reputação social do trabalhador?

3 – Provocação – Será proposta uma roda de conversa sobre a situação


problema descrita no texto e análise do grupo sobre a mesma a partir das
respostas dadas ás perguntas sobre a situação problema. O docente enfatizará
a necessidade da proteção dos direitos ressaltando que o primeiro passo é
informar e conscientizar as pessoas sobre a necessidade e a possibilidade de
defendê-los.

4 – Atividades do grupo – O docente dividirá o grupo de alunos em três


subgrupos e á cada um apresentará um “desafio” representado por uma
questão central que deve ser debatida em grupo e as conclusões registradas
numa folha de papel.

Grupo 1 – Onde e Como posso me informar sobre os meus direitos?


17
Grupo 2 – Como ter acesso e garantir a proteção aos Direitos Humanos?

Grupo 3 - Porque é preciso defender que os Direitos Humanos sejam


garantidos para todos?

5 – Apresentação das atividades – Cada grupo apresentará e socializará as


suas conclusões para os demais e o docente relacionará as idéias
apresentadas à necessidade da participação do cidadão na defesa de seus
direitos.

6 – Síntese – O docente solicitará ao grupo que resumam em uma palavra o


que eles pensam sobre o homem e a sua luta por seus direitos. As palavras
apresentadas serão registradas na lousa observando qual palavra é mais
citada pelos alunos e o porquê.

7 – Atividades vivenciais – O docente solicitará ao grupo que localize em seu


bairro o centro comunitário e busque informações sobre o que este oferece aos
moradores e quais são as formas de participação.Esta informação será
socializada com o grupo na próxima oficina.

Referências:

DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo:


Moderna, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

_______.Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 12ªed,


2002.

GRACIANO, Mariângela. Educação é também um direito humano. São


Paulo: Ação Educativa, 2005 - 48p.

Artigo:

HADDAD, Sérgio. Educação de Jovens e Adultos, a promoção da


Cidadania Ativa e o desenvolvimento de uma consciência e uma cultura
de paz e direitos humanos - Disponível em: www2.camara.leg.br/. Acesso
em 07 set. 2014.

18
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Direitos e Deveres

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Mahatma Gandhi

O homem é um ser gregário que busca viver em sociedade para


satisfazer às suas necessidades.

Entretanto, de acordo com Dallari (1998, p.18):

Como todos os seres humanos são livres e cada um tem a sua


individualidade, a convivência é fonte permanente de divergências e
de conflitos. Para que seja possível a convivência harmônica,
necessária e benéfica. é indispensável que existam regras de
organização e de comportamento social. Essas regras não devem ser
impostas por uma pessoa ou por um grupo social sem a participação
dos demais membros da sociedade.
Assim podemos afirmar, que o homem visando uma convivência social
harmônica, precisa criar regras de convivência que fixem direitos e deveres
para todos. Para tanto, é prioritário informar-se sobre o significado das
palavras: direito e dever assim como, reconhecer a importância da existência
dos mesmos na vida em sociedade.

19
Segundo o dicionário de português on line Michaelis (1998-2009 Editora
Melhoramentos Ltda. © 2009 UOL ), a origem da palavra “direito” vem
do latim “directus "e quer dizer: aquele que segue regras pré-determinadas ou
um dado preceito". A palavra dever também origina do latim ”debere” que
significa ter obrigação de.

Entretanto, as palavras: direito e dever estão relacionadas não somente


por serem originárias do latim, mas também por que a garantia da efetivação
de um direito exige uma determinada conduta por parte do outro, ou seja, para
cada direito corresponde um dever.

Neste sentido, o direito e o dever caminham juntos de maneira


interdependente e por esta razão, não podem ser desvinculados um do outro.

Mas, o que fazer diante do desrespeito ou mesmo da ausência dos


direitos que afeta sobremaneira a dignidade das pessoas?

Para Dallari (1998, p.09):

Existe uma dignidade inerente à condição humana e a preservação


dessa dignidade faz parte dos Direitos Humanos. O respeito pela
dignidade da pessoa humana deve existir sempre, em todos os
lugares e de maneira igual para todos.

Desta forma, o homem precisa conscientemente perceber-se com um


sujeito detentor de direitos para posteriormente, lutar pela garantia e até
mesmo a ampliação dos mesmos. Esta consciência, que transforma o homem
e a sociedade, caminha paralelamente á Educação que também é um direito
humano.

A educação para o reconhecimento aos direitos humanos requer que o


respeito seja um valor compartilhado por todos e demanda a estimulação por
parte dos educadores e educandos, buscando alternativas para a superação
das situações de violações aos direitos humanos apresentadas pela realidade.

É imprescindível que cada cidadão conheça e informe-se sobre seus


direitos e dos outros, a fim de atuar socialmente de maneira crítica e
participativa na exigência do respeito á estes direitos.

Mas para que os direitos sejam resguardados e produzam efeitos


concretos na sociedade, existem instrumentos jurídicos tais como: Leis,
20
Declarações, Tratados, Pactos, Convenções e Constituições que foram criados
pelo homem e aplicados através de instituições.

Além destes instrumentos, existem as organizações de origem social, a


saber: Movimentos Sociais, Associações de Moradores, Partidos Políticos,

Sindicatos, Grêmios Estudantis, Conselhos que buscam através da sua


representação, organização e participação social a efetivação dos direitos dos
cidadãos. Ocorre que um direito só existe efetivamente, quando este pode
ser desfrutado.

Neste sentido, Dallari (1998, p.69) nos alerta para a seguinte situação:
“Há muitos casos de direitos que constam da lei, mas que, pelos mais diversos
motivos, grande número de pessoas não conhece ou não consegue pôr em
prática.”

Entretanto, segundo Freire (1999, p.66) “O respeito à autonomia e á


dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou
não conceder uns aos outros.”

Por isso, para que se garanta a plena proteção dos direitos é


fundamental informar e conscientizar as pessoas sobre a existência dos seus
direitos e a necessidade e a possibilidade de defendê-los lançando mão de
todos os instrumentos sejam estes jurídicos ou de origem social.

Entre os principais instrumentos jurídicos de direitos humanos, destaca-


se, a nível universal, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)
que foi elaborada pela ONU – Organização das Nações Unidas.

Fazendo uma breve síntese e retrospectiva histórica sobre a Declaração


Universal dos Direitos humanos texto base artigo de Ana Lúcia Santana
disponível in: http://www.infoescola.com/sociologia/direitos-humanos/

No século XVIII surgiram as primeiras Declarações de Direitos Humanos


por meio de documentos que enumeravam os direitos fundamentais que todos
os governos deveriam respeitam.

O primeiro documento com estas características foi a Declaração de


Direitos do Estado da Virgínia na América do Norte. Entretanto, o documento

21
que mais influenciou os demais países, foi a Declaração dos direitos do
Homem e do Cidadão elaborada e aprovada na França em 1789.

No século XX, depois da ocorrência da primeira e da segunda guerras


mundiais, os direitos humanos foram desprezados gerando um intenso
sofrimento além de milhares de perdas humanas e prejuízos materiais.

Em 1945, após a segunda guerra mundial, os líderes dos países


vencedores perceberam a necessidade de criar uma associação que
lembrasse aos governantes a importância da manutenção dos Direitos
Humanos e da paz.

Assim nasceu a ONU (Organização das Nações Unidas) que a partir de


um grupo de pessoas com autoridade moral composta por: filósofos, juristas,
cientistas políticos, historiadores de várias partes do mundo elaborou e redigiu
uma nova Declaração de Direitos fundamentais contendo além da enumeração
dos direitos, algumas exigências que devem ser atendidas para a manutenção
da dignidade humana e da paz.

Podemos dizer que a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos


Humanos, com o objetivo de evitar guerras, promover a paz e a democracia e
fortalecer os Direitos Humanos. Por isso, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos têm uma importância mundial, apesar de não obrigar juridicamente
que todos os Estados a respeitem.

Para a Assembleia Geral da ONU, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos têm como ideal, ser cumprida por todos os povos e as nações,
visando o respeito a esses direitos e liberdades.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento


marco na história dos direitos humanos. Ela foi proclamada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Dezembro de 1948, através da
Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral como uma norma comum a ser
alcançada por todos os povos e nações estabelecendo pela primeira vez, a
proteção universal dos direitos humanos.
Este documento consiste num conjunto de trinta artigos nos quais são
indicados os Direitos fundamentais e as exigências para o seu atendimento.

22
Observa-se que no seu primeiro artigo a DUDH afirma que todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, dotados de
razão e de consciência e devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.

Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais


de todas as regiões do mundo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
desde a sua adoção, em 1948, foi traduzida em mais de 360 idiomas – sendo
assim, o documento mais traduzido do mundo e que inspirou as constituições
de muitos Estados e democracias recentes. Recebeu o nome de universal
devido ao fato de que a mesma dirige-se á toda a humanidade.

23
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Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo

CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os


membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem


resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e
que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de
palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
necessidade,

CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos


pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último
recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações


amistosas entre as nações,

CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta,


sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover,


em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e
liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e
liberdades,

CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades


é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração


Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se
esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados
Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

24
Artigo 1

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados


de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito
de fraternidade.

Artigo 2

I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades


estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de
raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política,
jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer
se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer
sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3

Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de


escravos estão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,


desumano ou degradante.

Artigo 6

Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como


pessoa perante a lei.

Artigo 7

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a
tal discriminação.

Artigo 8

Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes


remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

25
Artigo 10

Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública


audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de
seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
contra ele.

Artigo 11

I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido


inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias
necessárias a sua defesa.
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no
momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional.
Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da
prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no


seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação.
Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou
ataques.

Artigo 13

I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das


fronteiras de cada Estado.

II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a
este regressar.

Artigo 14

I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar


asilo em outros países.

II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e
princípios das Nações Unidas.

Artigo 15

I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito


de mudar de nacionalidade.

Artigo 16

I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,


nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma
família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua
dissolução.

26
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos
nubentes.

III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à


proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17

I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18

Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;


este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19

Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito


inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de
fronteiras.

Artigo 20

I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21

I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país


diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade


será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por
voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à


realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo
com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos,
sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento
de sua personalidade.

Artigo 23

I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a


condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

27
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.

III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário,
outros meios de proteção social.

IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para
proteção de seus interesses.

Artigo 24

Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das
horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25

I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a


sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança
em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de
perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais.


Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma
proteção social.

Artigo 26

I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória.
A instrução técnica profissional será acessível a todos, bem como a instrução
superior, esta baseada no mérito.

II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da


personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem
e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a
tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que


será ministrada a seus filhos.

Artigo 27

I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da


comunidade, de fruir das artes e de participar do progresso científico e de fruir
de seus benefícios.

II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja
autor.

28
Artigo 28

Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os


direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser
plenamente realizados.

Artigo 29

I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.

II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito


apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de
assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do
bem-estar de uma sociedade democrática.

III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o


reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer
qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer
direitos e liberdades aqui estabelecidos.

29
Ao analisarmos o documento Declaração Universal dos Direitos
Humanos deparamo-nos com uma organização através de artigos onde:

1º e 2º artigos

Afirmam que devem prevalecer sem nenhum tipo de distinção, á todos


os homens os seus direitos e liberdades representando o reconhecimento das
dimensões relativas aos princípios da liberdade e da igualdade.
Entretanto, nenhuma liberdade individual é absoluta, e não deve ser
interpretada como justificativa de intervenção ou interferência nos direitos
alheios.
3º ao 21º artigo

São abordados os direitos civis que cabem aos cidadãos garantindo o


acesso e a participação social e política.

22º ao 27º artigo

São enfocados os direitos econômicos, sociais e culturais


indispensáveis à dignidade e ao livre desenvolvimento da personalidade das
pessoas.

28º ao 29º artigo

São apresentados os direitos no plano social e no plano internacional a


fim de evidenciar que cada qual, dentro da sua esfera de atuação, possa
garantir o funcionamento e a estrutura necessária para a operacionalização e
proteção dos direitos conquistados.

30º artigo

Advertência sobre a impossibilidade de destruição dos direitos e


liberdades do ser humano reafirmando o que está postulado em todos os seus
artigos.

Ressaltamos na Declaração Universal dos Direitos Humanos o artigo


vinte e seis que estabelece a Educação como um direito de todas as pessoas e

30
tem por objetivo, o pleno desenvolvimento da personalidade humana e o
fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Neste sentido, a escola é um espaço social que possui uma grande


responsabilidade ética na implementação do direito à Educação.

Os educadores comprometidos com a justiça social e com a construção


da cidadania e da democracia devem considerar seus princípios na
organização do trabalho educativo.

Dallari (1998, p.69) sugere:

É preciso, portanto que haja a mais ampla e insistente divulgação dos


direitos, sobretudo daqueles que são fundamentais ou que se tornam
muito importantes em determinado momento [...] Tão importante
quanto à informação é a formação da consciência que os direitos
precisam ser defendidos. para que não pereçam e também para que
fique assegurado o respeito á todos os direitos.

Para tanto, é fundamental a transformação da escola num espaço de


participação e democracia, visto que, segundo o educador Moacir Gadotti
(1999, p.49) “A educação para a cidadania dá-se na participação no processo
de tomada de decisão.”

Na escola, a prática educativa, precisa constantemente ser revista com o


objetivo de incentivar a capacidade de aprender não apenas para adaptação,
mas sim, para a transformação da realidade por meio de intervenção e
recriação como afirmou Paulo Freire.

De acordo com Freire (1996, p.52) o docente na formação precisa saber


que: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou a sua construção.”

É preciso transformar a escola num espaço para o desenvolvimento de


práticas humanitárias e democráticas a fim de tornar os alunos agentes de
transformação da realidade.

31
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Oficina 4 – Os documentos que abordam os Direitos e os


Deveres dos cidadãos

1 – Apresentação do tema ao grupo – O docente perguntará ao grupo de


alunos que estará disposto em círculo:

Vocês sabem onde ficam registrados os direitos e os deveres dos


cidadãos?

O docente ouvirá todas as colocações feitas pelo grupo sempre enfatizando a


importância do registro dos direitos e deveres dos cidadãos para a garantia da
sua efetivação, bem como, a formalização destes registros através de
documentos que servem como orientadores para o exercício da cidadania.

2 – Sensibilização - O docente conduzirá a sensibilização do grupo a partir da


leitura dialogada de um texto introdutório resumido da jornalista Liliana Iacocca
sobre a Constituição e a sua importância enquanto documento relacionado aos
direitos e deveres dos cidadãos.

É importante saber que...

Liliana Iacocca

... A Constituição é um conjunto de regras e preceitos fundamentais


estabelecidos pela soberania de um povo para servir de base à sua
organização política e firmar direitos e deveres de cada um de seus
componentes. A constituição é a declaração da vontade política de um povo,
feita de modo solene por meio de uma lei que é superior á todas as outras e
que, visando à proteção da dignidade humana, estabelece os direitos e as
responsabilidades fundamentais dos indivíduos, grupos sociais, povo e o
governo.

... A atual Constituição Brasileira, também conhecida como “Constituição


Cidadã” foi promulgada em 05 (cinco) de outubro de 1988 promovendo todos
os grandes princípios da democracia.

... A Constituição foi aprovada por meio de votação pela Assembleia Nacional
Constituinte que é formada pelos deputados federais senadores eleitos que na
época compunham o Congresso Nacional.

...O texto da Constituição pode passar por emendas que atualizam, ampliam
ou modificam as normas existentes ou estabelecem novas.

32
A Constituição deve ser respeitada por todos para que todos tenham os seus
direitos respeitados.

Obs: o texto acima faz parte do livro:IACOCCA, Liliana - Você e a


Constituição: 33 temas para conhecer os seus direitos de cidadão - São
Paulo, Editora Casa Amarela, 2003, p. 09 e 10

3 – Provocação – O docente lançará ao grupo de alunos um desafio na forma


de uma pergunta:

Como podemos fazer com que a Constituição Brasileira seja respeitada?

4 – Atividades do grupo – O grande grupo de alunos será dividido em grupos


menores e cada grupo pensará numa proposta de solução para o desafio
proposto seja resolvido. Para tanto, os grupos receberão cartolina, canetas
coloridas e representarão através da elaboração de um cartaz a sua proposta
de solução para ser apresentada posteriormente aos demais num painel de
idéias.

5 – Apresentação das atividades – Cada grupo fará a apresentação do seu


cartaz mostrando diferentes visões e sugestões sobre como garantir o respeito
á Constituição.Os cartazes ficarão expostos na sala de aula como um painel de
idéias.

6 – Síntese – O docente procederá a síntese da oficina ressaltando o papel da


Educação como forma de ampliar a consciência dos cidadãos para que estes
busquem o respeito aos seus direitos mas observem também o cumprimento
dos seus deveres. Na sequência, o docente convidará o grupo para que ouça a
música: Que país é esse? de autoria do grupo Legião Urbana disponível in
http://análise de letras.com.BR a fim de que todos reflitam sobre a indignação
do homem quando os seus direitos não são respeitados.

O docente pode após a apresentação da música (através de um CD ou


baixada da internet), proceder à leitura da letra para os alunos fazendo uma
mediação sobre a importância do respeito aos Direitos Humanos para o
homem e para a sociedade assim como a indignação e a necessidade de
mobilização da sociedade na busca por uma sociedade cidadã.

7 – Atividades vivenciais - O docente dirige-se ao grupo fazendo a seguinte


sugestão:

Segundo a Constituição Brasileira, todos são iguais perante a lei assim devem
ter os seus direitos garantidos sem distinção. Ocorre que para que essa
igualdade aconteça efetivamente, é preciso que na Constituição, estejam
previstos em seus fundamentos, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e
objetivos para o País, pois nada acontece sem um propósito. Você já parou
para pensar sobre: Você tem objetivos para a sua vida? Quais são?

Reflita sobre o tema e se quiser anote estes objetivos para que façamos uma
roda de conversa sobre o assunto na próxima oficina temática.
33
Oficina 5 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos
- DUDH

1 – Apresentação do tema ao grupo - O docente fará a apresentação do


tema da oficina 5 – Declaração Universal dos Direitos Humanos por meio da
leitura do primeiro artigo deste documento:

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São


dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros
com espírito de fraternidade.

Na sequência, o docente perguntará ao grupo de alunos (disposto em círculo):

Qual a palavra ou expressão que vocês destacariam do texto deste


artigo?

O docente deverá ouvir todas as contribuições do grupo e registrá-las para ao


final da roda de conversa, fazer o fechamento da apresentação relacionando os
termos destacados pelo grupo, a sua importância, mas enfatizando também
que o artigo lido, faz parte do documento: Declaração Universal dos Direitos
Humanos é constitui-se no tema da oficina cinco.

2 – Sensibilização – O docente falará ao grupo destacando a Declaração


Universal dos Direitos Humanos como um documento que defende a igualdade
social sendo a base da luta universal contra a opressão e a discriminação e
reconhecendo os direitos humanos.

3 – Provocação - O docente procederá a leitura de dois pequenos textos


informativos para estabelecer o conceito e a diferença entre : Opressão e
Discriminação: Após a leitura o docente perguntará ao grupo se eles já se
sentiram oprimidos ou discriminados e o que sentiram.

34
O que é Opressão?

Fonte: www.significados.com.br

Opressão é o ato de oprimir, sufocar, seja uma pessoa, uma atitude, uma
comunidade. Opressão também pode ser o uso da violência para demonstrar
autoridade, atos de tirania, e é um termo bastante associado a países, a
governos, a sociedade, e etc.

Opressão é a sensação de estar sufocado, ter dificuldades para respirar,


também no sentido figurado. A opressão faz com que as pessoas se sintam
reprimidas, humilhadas, onde não conseguem fazer o que precisam ou têm
vontade, pois estão sendo alvos de opressão, por parte de conhecidos, do
governo, de manifestantes.

O que é a Opressão Social?

Opressão social é quando uma pessoa é alvo da crueldade e humilhação por


parte de uma sociedade ou um determinado grupo. Um exemplo de opressão
social é o racismo e qualquer tipo de preconceito de cor da pele, religião, sexo,
e etc.

A opressão social faz com que os cidadãos se sintam “esmagados”, sufocados,


não conseguem ser eles mesmos, e muitas vezes se vêem obrigados a agir de
uma maneira que não é normal para ele

O que é Discriminação?

Fonte: www.significados.com.br

Discriminação é um substantivo feminino que significa distinguir ou diferenciar.


No entanto, o sentido mais comum desta palavra aborda a discriminação como
fenômeno sociológico.

A discriminação acontece quando há uma atitude adversa perante uma


característica específica e diferente. Uma pessoa pode ser discriminada por
causa da sua raça, do seu gênero, orientação sexual, nacionalidade, religião,
situação social, etc.

Uma atitude discriminatória resulta na destruição ou comprometimento dos


direitos fundamentais do ser humano, prejudicando um indivíduo no seu
contexto social, cultural, político ou econômico.

A discriminação racial é das formas mais frequentes de discriminação, e


consiste no ato de diferenciar, excluir e restringir uma pessoa com base na sua
raça, cor, ascendência ou etnia. Existe também a discriminação social (quando
uma pessoa é tratada de forma desigual por pertencer a uma classe social
diferente) e religiosa (quando uma pessoa é marginalizada por causa da sua
religião).

De acordo com o artigo sete da Declaração Universal dos Direitos Humanos de


1948, "todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a
35
igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a
tal discriminação." Ao longo dos anos, a Organização das Nações Unidas tem
feito vários esforços para erradicar a discriminação nas sociedades das nações
integrantes.

A segregação e exclusão social são resultados graves da discriminação, que


têm um impacto muito negativo na sociedade.

4 – Atividades do grupo - A docente falará ao grupo fazendo uma


contextualização sobre o tema : Declaração Universal dos Direitos Humanos,
falando sobre a origem deste documento, suas características e importância .
Na sequência, o docente distribuirá uma cópia impressa do texto da
Declaração Universal dos Direitos Humanos para cada aluno para que estes
possam conhecer o conteúdo deste documento.

5 – Apresentação das atividades – O docente procederá uma leitura


dialogada do texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos (seus
artigos) enfatizando o direito a ser garantido em cada artigo e abrindo um
debate sobre a importância do respeito aos Direitos Humanos.

6 – Síntese – O Docente solicitará ao grupo, que cada aluno destaque um


artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos que na sua opinião. é o
mais importante justificando a sua escolha.

7 – Atividades vivenciais – O Docente retomando a proposta feita na oficina


quatro, onde cada aluno deveria pensar sobre quais são os seus objetivos de
vida, irá abrir uma roda de conversa onde os alunos espontaneamente,
colocarão os seus objetivos de vida e a partir daí, o docente estabelecerá uma
relação entre a busca de uma vida digna e os instrumentos para a manutenção
dos direitos humanos utilizando como referência a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.

Referências Bibliográficas:

DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo:


Moderna, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 5ª ed. São Paulo, Cortez, 1999. (Coleções
Questões da Nossa Época – v.24).

IACOCCA, Liliana. Você e a Constituição: 33 temas para conhecer os seus


direitos de cidadão - São Paulo, Editora Casa Amarela, 2003 – p. 09 e 10

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Paulo Freire

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A noção de cidadania ainda aparece muito associada á idéia de ter


direitos. Entretanto, a cidadania é um conceito mais amplo, é um caminho de
ida e volta, e por isso, ela concede direitos e exige deveres ao mesmo tempo.

Segundo Pinsky (2008, p.09) “Cidadania não é uma definição estanque,


mas um conceito histórico, o que significa que o seu sentido varia no tempo e
no espaço." Desta forma, ser cidadão é algo que difere dependendo do
contexto histórico e do país.

Ocorre, que o acesso ao exercício da cidadania, envolve uma


preparação do indivíduo o que demanda um processo educacional, visando o
aspecto formativo do cidadão, para que este possa ir além da formulação de
conceitos e do discurso da cidadania.

37
Hannah Arendt (2000, p.57) ao explicar o conceito de cidadania, destaca
esta visão mais ampla sobre o mesmo, enfatizando o acesso e a construção
coletiva de uma sociedade mais igualitária.

"A cidadania é o direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e


direitos dos seres humanos não é um dado. É um construído da
convivência coletiva, que requer o acesso ao espaço público. É este
acesso ao espaço público que permite a construção de um mundo
comum através do processo de asserção dos direitos humanos."

Assim, ao entendermos que a educação é um direito, precisamos tomá-


la no sentido profundo que possuía em sua origem, isto é, como formação para
e da cidadania, significando um direito de todos: crianças, jovens, adultos e
idosos de acesso ao conhecimento e de criação de conhecimento.

Sobre o exercício da cidadania nos tempos modernos e pós modernos,


este implica no reconhecimento das diferenças, das singularidades e das
especificidades das pessoas, dos grupos, dos movimentos, através de uma
visão respeitosa e pluralista visando um convívio civilizado nas relações diárias
com os inúmeros diferentes.

De acordo com Libanio (1995, p.42):


A cidadania não é dom natural e muito menos concessão do Estado.
É conquista, construção, exercício cotidiano, papel social. Num país
como o nosso – que carece dos serviços sociais básicos, tais como
saúde, educação, saneamento, habitação, emprego, etc. O exercício
da cidadania consiste fundamentalmente em transformar o direito
formal a todos esses serviços, garantidos na Constituição, em
realidades concretas, efetivas na vida do povo.

Neste sentido, não existe cidadania sem a participação que gera a


transformação da sociedade.

Quando pensamos em participação, a primeira idéia que nos remete é a


de que participar significa simplesmente fazer parte de alguma coisa.

Entretanto, a participação não se limita a fazer parte, pois ela traz outras
contribuições muito positivas tais como: facilita o crescimento da consciência
crítica, fortalece o poder de reivindicar e atender ás demandas e necessidades
da sociedade, além de contribuir como um instrumento para a solução de
conflitos e problemas.

38
A participação é acima de tudo, uma necessidade fundamental do ser
humano. Bordenave (1994, p.16) afirma que:

A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua


tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si mesmo e
dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve a
satisfação de outras necessidades não menos básicas tais como a
interação com os demais homens, a auto expressão, o
desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar
coisas com outros e, ainda a valorização de si mesmo pelos outros.

As pessoas participam em suas famílias, comunidade, trabalho, na


política assim como, os países participam de foros internacionais, nos quais
tomam decisões que afetam os destinos do mundo.

Entretanto, a despeito da participação ser uma necessidade básica, o


homem não nasce sabendo participar.

A participação é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa visto


que, uma participação produtiva, se constrói por meio do conhecimento do
grupo e da realidade que o cerca.

A qualidade da participação fundamenta-se na informação e implica


num processo contínuo de criação de conhecimentos, abertura de canais de
comunicação e diálogo.

Ocorre que dialogar não é somente conversar, pois significa também


colocar-se no lugar do outro a fim de compreender o seu ponto de vista,
respeitar a opinião alheia, aceitar a vitória da maioria, compartilhar experiências
vividas sejam estas boas ou ruins, partilhar a informação disponível, tolerar
discussões e conflitos até se chegar a um consenso satisfatório para todos.

Quando pensamos na relação entre o homem e a sua necessidade de


participação, citando novamente Bordenave (1994, p.17):

Em síntese a participação é inerente à natureza social do homem,


tendo acompanhado a sua evolução desde a tribo e o clã dos tempos
primitivos, até as associações, empresas e partidos políticos de hoje.
Neste sentido, a frustração da necessidade de participar constitui
uma mutilação do homem social. Tudo indica que o homem só
desenvolverá seu potencial pleno numa sociedade que permita e
facilite a participação de todos.

Esta necessidade de participação deve estar associada a noções de


cidadania, para que resultem no envolvimento do indivíduo no tecido social,

39
através de uma postura ativa e responsável possibilitando o desenvolvimento
do processo democrático.

Neste sentido, o exercício da cidadania e a participação social, são


fundamentais para o processo democrático a fim de buscar a criação e a
efetivação de políticas públicas que atendam às demandas sociais.

Portanto, a Educação além de um direito, é um processo que visa


integrar os indivíduos à sociedade, contribuindo para a formação do sujeito
crítico, participativo socialmente, ou seja, um cidadão transformador da
realidade.

Machado (1997, p.106) afirma sobre a educação para a cidadania:

Educar para a cidadania significa prover os indivíduos de


instrumentos para a plena realização desta participação motivada e
competente, desta simbiose entre interesses pessoais e sociais,
desta disposição para sentir em si as dores do mundo.

Neste sentido, a participação social está significativamente relacionada


ao processo educacional concretizando-se na sua prática.

De acordo com Faundez (1993, p.34):


[...] a participação deve ser aprendida numa prática concreta e numa
reflexão profunda sobre esta prática. Será preciso então aprender a
participar, mas igualmente aprender a se organizar, a dialogar, e, em
primeiro lugar aprender a aprender.

Assim, a transformação da realidade social pressupõe o conhecimento


da realidade para posteriormente transformá-la.

O processo educacional precisa descrever e analisar a realidade


comunitária visando levantar as questões que são essenciais para esta
comunidade a fim de buscar as possíveis intervenções e ou soluções.

Antonio Faundez (1993, p.35) coloca que: “É preciso um esforço


individual e coletivo para reconstruir a realidade, desmistificando-a, tanto no
que diz respeito às imagens que nós fazemos desta realidade quanto às
diferentes maneiras como a conhecemos”.

Este esforço implica num processo educacional que conscientize e


conduza o povo para descobrir as suas reais necessidades, bem como, os
seus direitos e deveres.

40
Entretanto segundo Gadotti (1999), é preciso dar autonomia às escolas
para estas de acordo com a sua realidade e demandas, possam delinear e
construir a escola que desejam, visto que, a idéia de autonomia permeia a
democracia e a cidadania.

Para Gadotti (1999, p.38) “Cidadão é aquele que participa do governo e


só podem participar do governo quem tiver poder, liberdade e autonomia para
exercê-lo.”

Desta forma, a participação e a democratização num sistema de ensino


constituem - se na forma mais efetiva de formação para a cidadania.

Referências:

ARENDT, HANNAH. Entre o passado e o futuro - 5ª ed.: São Paulo, Editora


Perspectiva, 2000.

BORDENAVE, Juan E.D. O que é participação – 8ª ed.: São Paulo, Editora


Brasiliense, ( Coleção Primeiros Passos v. 95) 1994.

FAUNDEZ, Antonio. O Poder da Participação (tradução Lígia Chiappini e


Eliana Martins), São Paulo, Cortez, (Coleção: questões da nossa época v. 18)
1993.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã – 5ª ed.: São Paulo, Cortez, 1999.

LIBANIO, João Batista.Ideologia e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1995


(Coleção Polêmica).

MACHADO, Nilson José. Ensaios Transversais: Cidadania e Educação. São


Paulo; Escrituras Editora, 1997.

PINSKY, Jaime, PINSKY, Carla Bassanezi (orgs). História da Cidadania, 4ª


ed.: São Paulo, Contexto, 2008.

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Oficina 6 – Os Direitos humanos e a cidadania

1 – Apresentação do tema ao grupo – O docente com os alunos organizados


num círculo, fará a seguinte pergunta ao grupo:

Quando na vida em sociedade você se sente um cidadão?

Depois de ouvir a opinião dos alunos, o docente estabelecerá a relação entre


as situações relatadas pelos alunos com a conquista dos direitos humanos e a
importância da manutenção dos direitos para o exercício da cidadania.

2 – Sensibilização – O docente fará a leitura de um poema Cidadania de


autoria de Thiago de Mello para os alunos a fim de destacar a importância da
atuação de cada um para a efetivação cidadania.Solicitar aos alunos que
prestem bastante atenção nas palavras ditas do poema visto que estas
carregam consigo as concepções que possuímos.

Cidadania
Thiago de Mello
In : De uma vez por todas, 1996

Cidadania é um dever do povo


Só é cidadão quem conquista o seu lugar
Na perseverante luta
Do sonho de uma nação.
É também obrigação a de ajudar a construir
A claridão na consciência
De quem merece o poder.
Força gloriosa que faz um homem ser para o outro homem,
Caminho do mesmo chão
Luz solidária e canção.

42
3 – Provocação – O docente deve enfatizar que o exercício da cidadania
envolve o respeito aos Direitos Humanos.Assim é fundamental na interação
social a participação das pessoas através de atitudes cidadãs.

4 – Atividades do grupo - O docente apresentará ao grupo através de leitura


alguns exemplos de atitudes cidadãs:

- Pessoas que fazem voluntariamente a manutenção de canteiros de flores na


rua onde moram;

- Jovens que recolhem donativos para encaminhar para entidades assistenciais


(Ex: asilos, orfanatos);

- Grupos que organizam mutirões de limpeza para contribuir para o combate á


Dengue.

Na sequencia, o docente solicitará ao grupo que cite outros exemplos de


atitudes cidadãs que eles conhecem ou mesmo já participaram.Depois de ouvir
á todos os exemplos devem ser registrados em folhas de papel.

5 – Apresentação das atividades – As folhas de papel devem ser fixadas no


quadro de giz pelo Docente que convida o grupo para observar todas as
sugestões apresentadas procurando identificar os pontos comuns nas atitudes
cidadãs.

6 – Síntese – O docente fará a síntese da oficina destacando a importância do


respeito aos Direitos Humanos e a participação ativa dos cidadãos. Em
seguida, destacar que todos podem e devem agir visando o bem da
coletividade.Neste sentido divulgar o disque 100 para denunciar quando os
direitos humanos não estão sendo respeitados.

7 – Atividades vivenciais - O docente solicitará á cada aluno que procure


desenvolver uma atitude cidadã durante a semana que se segue para ser
compartilhada com os demais na próxima oficina.

Oficina 7 – A Educação e o exercício da Cidadania

1 – Apresentação do tema ao grupo: O docente inicia uma conversa com o


grupo ouvindo os relatos daqueles que conseguiram desenvolver uma atitude
cidadã durante a semana anterior procurando saber: o que fizeram ,como se
sentiram e o que pensam sobre a manifestação da cidadania através de
atitudes concretas.

2 – Sensibilização – o docente faz a introdução do tema da oficina convidando


o grupo a pensar e discutir sobre a Educação e o exercício da cidadania
ressaltando que são propostas que caminham juntas mas não são sinônimos .
43
Na Educação, o exercício da cidadania surge como um objetivo final
Entretanto, o conceito de cidadania é trabalhado na escola de diferentes
formas ora como patriotismo, ora como um discurso formal o que leva a uma
leitura confusa e homogeinizadora da realidade seus conflitos e diversidade
Assim , o desafio que se apresenta é o o seguinte: como preparar o indivíduo
para exercer a cidadania? Neste sentido, o docente fará ao grupo, o seguinte
questionamento:

É possível educar para a cidadania ignorando as diferenças, os conflitos


e a postura democrática? Quais seriam as conseqüências?

3 – Provocação - O Docente aproveitando as respostas dos alunos proporá ao


grupo que elaborem uma campanha educativa na escola com o tema :
Educar para a cidadania.

4 – Atividades do grupo – Os alunos organizados em pequenos grupos


receberão cartolinas e canetas coloridas para a criação slogans ou
representação gráfica com palavras ou desenhos nos cartazes mostrando
como eles imaginam que deve ser uma campanha educativa sobre cidadania.

5 – Apresentação das atividades – Cada grupo fará uma apresentação da


sua proposta e o docente deverá destacar a importância dos diferentes olhares
sobre o tema cidadania valorizando as contribuições e sugestões dos grupos .
Os cartazes ficarão expostos na sala de aula representando a manifestação
democrática dos alunos sobre o tema.

6 – Síntese - O docente apresentará aos alunos um vídeo contendo uma tele


aula sobre cidadania a fim de reforçar os aspectos discutidos na oficina . Para
tanto será preciso acessar o vídeo através do seguinte endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=JAvnKzqDsc4 (vídeo Youtube) - 03 -


Cidadania: o que eu tenho a ver com isso? - Sociologia - Ens. Médio -
Telecurso

7 – Atividades vivenciais: O docente solicitará aos alunos que procurem


investigar se na sua rua ou bairro existem grupos de pessoas organizadas em
prol da cidadania. Esta informação será compartilhada com os demais numa
roda de conversa na próxima oficina.

44
Oficina 8 – A Cidadania e a Participação Social

1 – Apresentação do tema ao grupo: A docente iniciará a oficina ouvindo as


contribuições dos alunos sobre a existência de grupos organizados em prol da
cidadania nas suas comunidades, bem como, o trabalho desenvolvido pelas
mesmas. Depois de ouvir as contribuições, deverá enfatizar a importância da
organização e da participação ativa das pessoas para a efetivação da
cidadania.

2 – Sensibilização – Os alunos organizados num círculo completarão a


seguinte frase expressando-se democraticamente com as suas palavras.

O homem vive a cidadania quando,,,,,,,,,,,,,,

3 – Provocação – O docente evidenciará ao grupo as diferentes percepções


sobre o exercício da cidadania representadas pelas palavras de cada aluno ao
completar a frase proposta pelo docente.dando um destaque especial á
participação como elemento fundamental para a construção da cidadania
(conceito e prática).

4 – Atividades do grupo – Os alunos organizados em quatro pequenos


grupos receberão um desafio de participação social através de textos que
ilustrarão situações problema onde os mesmos deverão posicionar-se
mostrando a importância da ação e participação social para o fortalecimento e
a concretização da cidadania.

Desafio nº 01

Os moradores da Vila Esperança precisam de um líder comunitário para


buscar soluções para as necessidades e problemas do bairro por isso,
resolveram fazer uma eleição no Centro comunitário.

_ Qual deve ser a atitude dos moradores do bairro? Justifique a sua


resposta.

Desafio nº 02

Os jovens de um Colégio Estadual gostariam de desenvolver atividades


culturais e de lazer na escola e para tanto pensam em organizar-se num
grêmio estudantil.

- Como a escola pode contribuir para que os alunos criem o grêmio


estudantil?

Desafio nº03

45
Numa pequena cidade o prefeito propõe á população que os moradores
colaborem voluntariamente com um mutirão de limpeza nos quintais das
casas a fim da população prevenir-se contra a Dengue.

- Qual a importância da participação da população no mutirão de limpeza?

Desafio nº04

Estão organizando uma campanha de doações de roupas para atender á


uma cidade vizinha afetada por enchentes.

- Porque participar de uma campanha para ajudar pessoas que eu não


conheço?

5 – Apresentação das atividades – Cada grupo deverá discutir as suas


situações problema e registrar as conclusões que serão apresentadas para os
demais através de um painel de idéias . O docente deve enfatizar o papel da
participação em todos as situações problema apresentadas.
6 – Síntese – O Docente a fim de ampliar a visão dos alunos sobre a
participação social e sua importância, irá acessar um vídeo do you tube
sobre: Desafios para a participação social no Brasil através do seguinte
endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=Vg4iU03r5JY

Depois de assistirem ao vídeo, os alunos irão fazer comentários sobre a


participação social e a cidadania relacionando-os aos Direitos Humanos
compondo um quadro referencial sobre o assunto .

O docente deve fazer ao síntese dos encontros com um resumo sobre o tema
Cidadania e Direitos Humanos e a sua relação com a participação social.

7 – Atividades vivenciais – Cada aluno a convite do Docente, irá a partir da


formação recebida através das discussões nas oficinas, comprometer-se em
disseminar estas orientações para que a sua ação tenha um efeito multiplicador
e estimulador de mais pessoas participando ativamente da sociedade e
exercendo a cidadania por meio do respeito aos Direitos Humanos.

Ressaltar que esta atitude de participação certamente irá transformar a vida de


cada um e da sua comunidade cumprindo a função formativa da Educação
acreditando como ensinou Paulo Freire que ”mudar é difícil, mas é possível.”
Finalizar a oficina colocando a música: Dias Melhores de autoria de Rogério
Flausino do conjunto Jota Quest como uma mensagem final de esperança e
confiança de que todos podem fazer a diferença!

Obs: O clipe contendo a música e letra poderão ser acessados no you tube
pelo docente através do endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=Gkpd4nXMzy8

46
APÊNDICE

47
Questionário pertinente à pesquisa sobre a percepção dos alunos do CEEBJA
Professora Ronilce Aparecida Gallo Mainardes quanto aos temas: Direitos
Humanos, Cidadania e Participação Social

1 – Você sabe o que são Direitos Humanos?

Sim ( ) Não ( ) Já ouvi falar mas não conheço muito sobre o tema ( )

2 – Você considera que conhecer os Direitos Humanos é:

( ) muito importante pois eles fazem parte da nossa vida;

( ) importante mas é um assunto difícil de ser compreendido pelo povo;

( ) pouco importante pois apesar de existirem , os direitos humanos não são


respeitados .

3 – Quem você acha que deveria garantir o cumprimento dos Direitos


Humanos?

( ) O governo;

( ) A polícia;

( ) A Igreja;

( ) toda a sociedade.

4 – Por que os Direitos Humanos muitas vezes não são respeitados?

( ) o povo não conhece os seus direitos;

( ) as leis que garantem os direitos não são cumpridas adequadamente;

( ) falta de educação e de respeito do povo

( ) não existe punição para quem não respeita os direitos.

5 – Você alguma vez já teve os seus direitos desrespeitados ou negados?

( ) sim ( ) Não

6 - Você sente que é um cidadão quando:

( ) tem os seus direitos respeitados e cumpre com os seus deveres

( ) quando paga os seus impostos e pode votar para escolher um político;

( ) quando tem os seus documentos ;

( ) quando participa e contribui para a sociedade através do seu trabalho.

48
7 – Você acredita que a cidadania possa ser exercida:

( ) individualmente ( ) coletivamente ( ) das duas formas ( )

8 – Você participa ativamente da sociedade?

( ) sim

Onde? ( ) escola ( ) clube ( ) Igreja ( ) Associação do Bairro ( ) Outros (citar


o nome ________________________________________________________)

( ) Não

Por quê ________________________________________________________

9 – Você considera que a participação do cidadão na sociedade é:

( ) Fundamental e pode transformar a realidade;

( ) Difícil devido á falta de uma Educação voltada para a participação social;

( ) Depende do interesse de cada um em participar.

10 – Para o exercício da cidadania precisamos

( ) buscar a garantia dos direitos do cidadão;

( ) cumprir com os nossos deveres no dia a dia;

( ) apoiar lideranças políticas;

( ) participar ativamente da sociedade.

11 – Em sua opinião, o que dificulta a participação do cidadão na


sociedade:

( ) falta de uma liderança que oriente e estimule o povo;

( ) desinteresse e comodismo da população;

( ) falta de informação e Educação por parte do cidadão;

( ) medo do cidadão de envolver-se e sofrer pressões e cobranças;

( ) falta de organização coletiva.

49

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