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Revista Diálogos Interdisciplinares

2018 vol. 7 n° 3 - ISSN 2317-3793

A VIRTUDE DO EGOÍSMO: UMA INTERPRETAÇÃO DOS VALORES DA ÉTICA


OBJETIVISTA DE AYN RAND
THE VIRTUE OF SELFISHNESS: AN INTERPRETATION ABOUT THE VALUES OF AYN RAND’S
OBJECTIVIST ETHICS
Yuri Goetz Lopes Ribeiro1; Marcos Alexandre Oliveira2

RESUMO
O presente estudo tem por temática a filosofia objetivista e a virtude do egoísmo como um código de ética
que norteia a conduta do ser humano. Com o objetivo de realizar uma interpretação acerca da virtude do
egoísmo e abranger o conhecimento resgatando valores da ética objetivista e elucidando a discussão acerca
do tema. A metodologia utilizada foi baseada integralmente na análise de obras filosóficas literárias a
respeito da ética objetivista, sobretudo, “A virtude do egoísmo”, de Ayn Rand, foi utilizada também obras
complementares de outros autores. Através de uma reflexão crítico-analítica com incisivo viés racional,
considerou-se que o egoísmo direcionado sob um olhar ético, isto é, uma parte de um conjunto de valores é
um fator positivo para o homem racional. Sendo considerado como resultado maior do estudo, a
interpretação dos valores objetivistas: razão, propósito e autoestima como um meio positivo de guiar a
conduta humana
Palavras-chave: Egoísmo, ética, objetivismo

ABSTRACT
The present study has as thematic the objectivist philosophy and the virtue of selfishness as a ethic code
which guide the human behavior. With the objective of realize an interpretation about the virtue of
selfishness and embrace the knowledge rescuing the values of the objectivist ethics and elucidating the
discussion around the theme. The methodology utilized were integrally based in the analyze of philosophic
literature about the objectivist ethics, overall, “the virtue of selfishness”, from Ayn Rand, it were also used
another complementar doings from other authors. Through an analytic critical reflection with incisive
rational trend, it was considered that selfishness as beneath an ethical view, it is, as a part of a set of values
is a positive factor for the rational man, being considered as the major results of the study, the interpretation
of the objectivist values: reason, purpose and self-esteem as a positive mean of guide the human conduct.
Key words: Egoism, ethics, objectivism

INTRODUÇÃO

A semântica da palavra “egoísmo” têm sido fortemente deturpadas ao decorrer dos anos no
Brasil, sendo o termo estritamente conhecido pelo seu sentido pejorativo e popular, sentido este que
desde a influência da ética objetivista e suas raízes oriundas da filosofia de Ayn Rand, seus leitores
e adeptos tem combatido, a fim de resgatar seu real significado.

1 Bacharelando em Direito pelo Centro Universitário Braz Cubas. Email:


berniegoetz@live.com.
2 Prof. no Curso de Pós-Graduação em Criminologia do Instituto Paulista de
Estudos Bioéticos e Jurídicos (IPEBJ) e no Curso de Graduação em Direito na Faculdade Zumbi
dos Palmares. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista (UNIP). Especialista em
Comunicação, atuou como jornalista por mais de 20 anos, sendo 10 para os programas da
IPCTV afiliada Globo do Japão. Pós-graduando em Gestão Pública pela UNIFESP e em Docência
Superior pela UDB. É responsável pela Comunicação na Superintendência da Polícia Técnico
Científica do Estado de São Paulo. E-maill: imarcosalexandre@hotmail.com.
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Deste pensamento emergiu-se indagações conquanto ao verdadeiro significado da palavra


“egoísmo” e também ao seu valor ético: Como uma palavra popular tão denegrida se tornou crença
de virtude através da ética objetivista? Qual seria a interpretação adequada da ética Objetivista? E
como resgataria seus valores para possibilitar a discussão a respeito de seu código?

O objetivo do presente artigo é realizar uma análise-crítica e minuciosa acerca da corrente


filosófica que estuda a ética objetivista. Verificando então se há realmente um viés racional por trás
desta ética. Por fim, interpretar seu conceito e elucidar seus valores, trazendo à tona uma reflexão

O estudo é de natureza reflexiva e fundamentalmente analítica sobre o cenário


contemporâneo, compreendeu-se que também seria necessário trazer doutrinas posteriores e
influências externas advindas dos postulados objetivistas, também colhendo dados sobre o conceito
do egoísmo como virtude

Tendo como resultado a produção de uma interpretação crítica fugindo do senso comum
como critério de conceitualização, resgatando os valores objetivistas e analisando o porquê esses
valores devem ser objeto para abranger a discussão a respeito do tema.

SEMÂNTICA DO EGOÍSMO
A Ciência da Semântica
Antes que possa se ponderar sobre o tema, é necessário entender o conceito sob um olhar
puramente epistemológico e etimológico, mas, o que seria semântica, epistemologia e etimologia?

A semântica seria um estudo da significação dos sistemas de linguagem, conquanto que a


epistemologia seria um estudo mais aprofundado de postulados, conclusões e métodos dos
diferentes ramos do saber científico, uma reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do
conhecimento humano.

A etimologia se preocupa com um estudo da origem, tratando a descrição de uma palavra em


diferentes estados de linguagens anteriores e de sua evolução prática.

Da pesquisa epistemológica
Quando se trata do termo “egoísmo”, a interlocução da palavra em si provoca efeitos psicológicos,
invocando-a no seu sentido mais pejorativo e negligenciando uma análise isenta de valor moral ou
qualquer pré-conceito interno.
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E isso se dá de uma forma tão explícita que ao realizar uma busca dentro de plataformas de
pesquisa, pode-se notar que o egoísmo é conceituado como um sinônimo de exclusivismo, orgulho
e presunção, ou, até mesmo, “amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem”.

É notório que há um uso de recursos dentro da língua portuguesa afim de tornar o uso da
palavra pejorativa, o que decorre de uma deturpação de cunho moral do significado da palavra;

Dado que o egoísmo é “preocupação com nossos próprios interesses”, a ética Objetivista
utiliza este conceito no seu sentido mais puro e exato. Não é um conceito de que se possa
render-se aos inimigos do homem. (RAND, Ayn. 1963, p. 14)

Quando analisados os valores semânticos em diversos dicionários estrangeiros, depara-se


com significados divergentes, do vocábulo francês, a palavra equivalente, égoïsme é conceituada
como “Atitude ou conduta de quem está preocupado apenas com o seu interesse, possivelmente em
detrimento de outros”. (Linternaute Dictionnaire)

Trazendo a palavra para o inglês, egoism, temos algumas diversas definições, como primeiro
lugar: “A doutrina que trata os próprios interesses individuais como o motivo real de toda ação
consciente” ou “A doutrina que trata o interesse individual como validação final de todas as ações”
e como segundo conceito “Preocupação excessiva com si e sentimento exagerado de auto
importância” (Merriam-Webster Dictionary)

Ainda que se possa recorrer em dicionários e dicionários a fim de fazer uma busca
incessante por diversas definições (...)
(...) o significado exato e a definição do dicionário para a palavra “egoísmo” é:
preocupação com nossos próprios interesses. Este conceito não inclui avaliação moral; não
nos diz se a preocupação com os nossos próprios interesses é boa ou má, nem nos diz o que
constituem os interesses reais do homem. (RAND, Ayn 1963. p. 10)
Quando se fala em egoísmo, talvez se deva buscar uma nova interpretação não só deste
termo, objeto deste artigo, mas de seu contraponto, o altruísmo, e na aplicação das propostas de Ayn
Rand em suas obras – longe de tratá-las como “ultrapassadas”, mas elucubremos sobre as
possibilidades dos resultados de uma têmpera, de um Yin e Yang.

ÉTICA OBJETIVISTA

A ética objetivista tem um explícito fundamento racional, a luz da proposição de Ayn Rand,
com o objetivo de romper com a tradicional filosofia que trata a ética em um campo de caprichos,
território do irracional, nos deparamos com um fundamento biológico e uma análise do instinto
humano, propondo também, críticas rígidas a clássica corrente filosófica e cultural que promove o
altruísmo
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Segundo a corrente filosófica objetivista, há um derradeiro mal no que tange a disseminação


de filosofias, crenças e valores morais de altruísmo, pois o mesmo não pode estar dentro do instinto
biológico do ser humano, quanto menos deve estar presente no campo psicológico, sendo
considerado nocivo ao ser humano, e um mecanismo propulsionador de discursos coletivistas que,
no campo da política “justifica” a ação de governos que atentem contra a liberdade.

Diante de inúmeros fatores nocivos ao ser humano que são características de anos de
propagação de valores morais altruístas e sem fundamento racional, via-se a necessidade de
questionar esses valores e inferir uma crítica direta

A ética não é uma fantasia mística — nem uma convenção social nem um luxo subjetivo e
dispensável a ser trocado ou descartado em qualquer emergência. A ética é uma
necessidade objetiva e metafísica da sobrevivência do homem — não pela graça do
sobrenatural, nem de seus vizinhos, nem de seus caprichos, mas pela graça da realidade e
da natureza da vida. (RAND, Ayn. 1963, p. 26)
Dada a relevância de questionar os valores morais altruístas, resta abrir espaço para uma
indagação; Qual é o valor moral que está pautado dentro da ética objetivista?

Para a ética Objetivista o critério de valor é a vida humana – e o propósito ético de cada
indivíduo, a sua própria vida (RAND, Ayn. 1963, p. 28)
A vida humana, deve ser um critério moral e individual do qual cada indivíduo deve
se guiar, sob um viés racional e lógico, pois a razão é a maior ferramenta de sobrevivência do
homem, e o meio do qual o homem garante a sua vida.
Analisando outros seres vivos, como as plantas, podemos perceber que a seleção natural lhes
garantiu mecanismos que possibilitassem sua sobrevivência, as plantas, por exemplo, sobrevivem
através de suas células que realizam a fotossíntese, o que diverge dos mecanismos dos animais.

Os animais possuem uma consciência e uma percepção, conseguem perceber as coisas ao


seu redor utilizando alguns sentidos básicos como o olfato, a audição e sentir dor, essa consciência é
utilizada para que eles possam emboscar, caçar e reproduzir, e segue um ciclo infinito que os
permite sobreviver
O ser humano é diferente, a sua sobrevivência depende unicamente da razão, que por sua
vez é fonte de todas as outras virtudes do ser humano, desde épocas primitivas a racionalidade foi o
meio que o homem encontrou para sobreviver, seu mecanismo que o permitiu forjar armas, caçar
estrategicamente e sobretudo, se socializar.

Uma das características principais advindas da razão que permitiu a sobrevivência do


homem também, foi a sua capacidade antropocêntrica de adequar o meio ambiente ao homem,
diferente dos animais que são obrigados se adaptarem ao ambiente que vivem.
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A ética Objetivista entende que todo valor deve estar pautado na razão que é o mecanismo
básico de sobrevivência do homem, e mesmo que o ato de pensar seja uma escolha, o ser humano
não poderá fugir das consequências de abdicar da razão para definir seus caminhos.

Os Valores Objetivistas
Sustentado pela virtude maior que seria a razão, Rand pregava que há três valores que o
homem deve seguir para a realização plena do nosso valor supremo, que seria a própria vida
humana e são eles: razão, propósito e autoestima, cada uma com três virtudes correspondentes:
Racionalidade, produtividade e orgulho.

Iniciando pela virtude da racionalidade, esta deve ser aceita como nossa única fonte de
conhecimento, pois um homem que vive ao imitar os atos de outro homem estará fadado a
sobreviver utilizando o meio de sobrevivência dos animais, embora consciente, quando o homem se
abstém de usar a razão ele se abstém de outras virtudes como a produtividade e o orgulho

Afinal, um homem que não consegue pensar por si próprio, estará clonando a sobrevivência
de outrem, o que o impede de exercer a produtividade, de produzir e criar riquezas, inovar, repensar
e remodelar sua forma de vida e sobretudo de reconhecer que:
(...) O trabalho produtivo é o processo pelo qual a mente humana sustenta sua vida, o
processo que liberta o homem da necessidade de ajustar-se ao meio ambiente, como fazem
todos os animais, e que lhe dá o poder de ajustar o meio ambiente a si próprio. (RAND,
Ayn. 1963, p. 30)
A virtude do Orgulho consiste em reconhecer o fato de que o homem é um ser que faz sua
própria fortuna, mas também é um ser que faz sua própria alma, trata-se de uma ambição moral,
para que o homem possa gozar desta virtude ele deve conquistar o direito de considerar a si mesmo
como seu mais alto valor.

Esses valores e virtudes são objetos de guia da conduta norteada através do código de ética
objetivista.

EGOÍSMO E CONTRAPONTO

O termo “egoísmo” não é, definitivamente, muito bem-visto. Quando se diz que


determinada pessoa é egoísta, supõe-se que ele coloque seus interesses sempre ou na maioria das
vezes à frente dos interesses alheios. E é gravoso o juízo de desvalor associado a essa conduta.

Desde muito os tempos, vivemos em uma sociedade com a conduta regida pelos valores
morais do altruísmo, que foi disseminado, defendido e propagado por ideologias religiosas e
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políticas, sob um discurso coletivista que já fora responsável por episódios de genocídio
presenciados pela humanidade

Ocorre que a religiosidade, notadamente a judaico-cristã, incutida na sociedade através do


catolicismo romano com grande força a partir da Idade Média e mais à frente reforçada por visões
protestantes e neopentecostais, prega um “amor ao próximo”, que se materializa, grosso modo, em
um arremedo de altruísmo muitas vezes falacioso.

Haja visto que em nome de “salvar” as almas, inúmeros foram condenados à fogueira e
algumas vezes, bem que se quis fazer o “bem”, mas o “mal” se concretizou, pois “bem” e “mal” são
conceitos relativos, e sobre esta afirmação, em meio a tantas polêmicas, há um consenso.
Também uma forma de pensar propagada na metade do século 19 em diante, na qual a
religiosidade é negada e este, o homem, passa a aproximar-se da Ciência como apanágio para todos
os males da humanidade. E por tratar-se a Ciência de Filha do Homem, este deveria ser novamente
à semelhança do que ocorreu no período Clássico, no Renascimento e no Iluminismo, sendo o
Homem a “medida de todas as coisas”.

Essa ética, apesar de não religiosa, muitas vezes mais dogmática se apresentou, elevando a
Ciência à Religião por si só, e às vezes literalmente, como chegando a atitudes como a dos
seguidores de Augusto Comte, que simplesmente criaram a Igreja Positivista do Brasil e adoravam
a mulher do filósofo tal qual a Virgem Maria.

A positivação dos Direitos Humanos, por mais importante e necessário que tenha sido, não
deixa de ter um traço de egoísmo, e não só de altruísmo, de benevolência, de benemerência. Quando
a fundo examinados, talvez tenham se dado por moto próprio com um toque de “egoísmo”. Afinal,
é a versão americano-europeia dominante dos Direitos Humanos que se viu positivada e imposta.

Se há relativização nos Direitos Humanos e existe tal corrente, como se deve sentir uma
mulher árabe obrigada a não usar o hijab ou mesmo a burca porque “alguém” de outra religião e
costumes achou que seria mais “adequado”, de acordo com os Direitos Humanos, tolher a liberdade
religiosa e individual desse povo? Por “altruísmo”, talvez...

Não ceder seria “egoísmo” de quem? Do muçulmano minoria política ou da maioria política
dominante? Já diria Jean Paul Sartre: “O inferno são os outros”. O egoísmo, talvez não tão
radicalmente defendido por Ayn Rand, possivelmente está presente em todos os povos, nações e
relações humanas.
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Não se concebe em egoísmo como no Objetivismo puro, sem a presença da religião – seria
utopia. Não se concebe a ausência, vez ou outra, de intervenção do Estado no laissez-faire; não se
concebe que, às vezes, nada custa ou é ao menos útil, no sentido dado por David Hume.

Fazer o bem altruisticamente, ou como prega o ditado popular: “sem olhar a quem” (ainda
que a recompensa “venha de Deus” ou na forma de elogios do chefe, de uma admiração da
sociedade, etc.) mas “amar ao próximo como a si mesmo”, a máxima cristã, tem um pé no egoísmo.

Como amar o outro, se não se amar a si mesmo, ao próprio ego. Cogito, ergo sum. O
pensamento individual leva ao ego, o egoísmo talvez seja a manifestação mais primal da
sobrevivência e premência do ego, e se dá através do valor máximo que o homem deve ter como
base: a vida.

Para aplicá-la em uma sociedade marcada pela ideia de que o bom é quem faz o bem (ainda
que não se fique claro quem é “bom”, e o que é o “bem”... e que nos assuste que mesmo Jesus, o
Cristo, ao ser elogiado por um fariseu, respondeu rispidamente: “Por que me chamas de bom?
Ninguém é bom, senão um, que é Deus!” – Lucas 18:19)

Que pensar em si mesmo em primeiro lugar (e outro termo poderia ser “egoísmo”, ou
melhor no inglês, “selfishness” não é nenhum “pecado”, (originalmente do grego: “errar o alvo”)
mas um fato comum e corriqueiro da vida, da sobrevivência e da vida melhor, mais plena, da busca
pela felicidade.

Vários egoístas felizes talvez mais bem fizessem à sociedade brasileira que um altruísta
triste, para parafrasear Millôr Fernandes, talvez o maior “filósofo do óbvio” brasileiro e muitas
vezes desprezado por não ser exatamente um acadêmico. Na boca de Millôr, este se definiria a si
mesmo, talvez, como “endêmico”.

Ir na contramão do que é o senso comum não é fácil. Levantar a questão, de forma


incipiente, superficial até, de que talvez pensar em si mesmo em primeiro lugar e determinar-se a
beneficiar a si mesmo claro que dentro das regras éticas propostas por Ayn Rand e outras, que
felizmente o homem tenta e tem evoluído da barbárie, ao menos para ser melhor para si mesmo, não
é fácil
Vide o Código de Ética dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo - Decreto nº
57.500, de 8 de novembro de 2011), e também vários códigos de ética das empresas pelo
país e felizmente, pelo planeta.
Indivíduos melhores, mais felizes, mais satisfeitos, investiga-se, podem compor uma
sociedade melhor, mais feliz e mais saudável, mais produtiva. Para o benefício de todos. De forma
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altruísta ou egoísta. Não importa. “O que importa é o bem que fazemos com o que nós dizemos que
sabemos”, diz um aforismo de (OLIVEIRA 2011).

RESULTADO

A Interpretação

Ante toda a pesquisa literária sintetizada, entende-se que o egoísmo, é uma virtude instintiva
inerente ao homem, e por isso dever-se-á ser analisada, refletida, ponderada e sobretudo, guiada, há
um consenso em dizer que o egoísmo esteve presente no homem desde sua origem primitiva.

Pode-se visualizar seus resquícios, desde uma minuciosa observação de uma criança fazendo
“birra” até uma reflexão sobre um dos sentimentos mais egoísta que podemos citar: a maternidade.

É perceptível, quase na maioria dos casos que toda mãe com sentimento de maternidade
produz um sentimento de apego ao tomar o filho como posse, e dele cuidar bem, esse sentimento é,
sem dúvida um fruto do egoísmo, que possibilita como alvitre na conduta, guiar as pessoas para
fazerem o seu melhor por produzir uma percepção de posse.

Essa faculdade da consciência de posse, gera ao homem um propósito, hediondo de outras


filosofias: o ser humano cuidará bem daquilo que a ele pertence e assim como uma figura materna
cuida bem de seu progenitor, o homem pode ter o mesmo sentimento relativo ao meio em que vive.

Diante deste discurso racional pautado no sentido epistemológico de egoísmo, pode-se


abranger, além de maternidade, um outro sentimento que faz com que o homem possa adaptar o
ambiente social a seu próprio benefício: o nacionalismo.

O nacionalismo faz com que um coletivo de homens sob um mesmo território matriz,
assumam um contrato social (Vide ROUSSEAU) para seu benefício e progresso. É um sentimento
que pode fazer com que homens adequem seu comportamento da melhor maneira possível para
conviver bem.

Esse sentimento ainda que latente, permite eu a república (no sentido etimológico da
palavra) seja respeitada, abrindo espaço para algumas reflexões direcionadas ao cenário nacional
atual, que tem por objetivo levar cada leitor a um resultado individual e possivelmente consensual:

Será que um cidadão poluiria o ambiente em que vive se o mesmo estivesse a consciência de
que o ambiente é de sua posse? Será que algum indivíduo trataria com indiferença outrem se tivesse
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a faculdade de percepção que sua vida depende também da convivência concomitante com o
próximo?

Será que um ser humano iria exercer a democracia de forma tão precária se da sua
faculdade de raciocinar entende-se que a nação é dele, e dela ele deve cuidar?

CONCLUSÃO
Considerou-se essas reflexões advindas da interpretação como essenciais para resgatar a
importância dos valores objetivistas no Brasil, bem como abranger a discussão acerca do tema em
questão, abrindo espaço para que o leitor exerça a reflexão elucidando a temática abordada.

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA. Jesus: "Bom há um só que é Deus". Tradução de João Ferreira Almeida. Rio de
Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008. Velho Testamento e Novo Testamento. Lucas 18:19
Biografia de Ayn Rand, disponível em: <http://ordemlivre.org/posts/biografia-ayn-rand--
14> acesso: 10/06/2018.
COMTE IN: VALENTIM, Oséias Faustino. O Brasil e o Positivismo. Rio de Janeiro: Publit, 2010.
CONSTANTIN, Franciny. O EGOÍSMO E SUA APLICAÇÃO NA TEORIA ÉTICA DE AYN
RAND, Extraído da Revista de Filosofia: Guairacá
Dicionário Linternaute, disponível em:
<http://www.linternaute.fr/dictionnaire/fr/definition/egoisme/> acesso: 12/06/2018.
Dicionário Merriam, disponível em: <https://www.merriam-webster.com/dictionary/egoism>
acesso em: 12/06/2018.
JACQUES, Le Goff - Uma longa Idade Média, Record, 2014.
MONTEIRO, J. P. - Hume e a epistemologia. São Paulo: UNESP 2009.
O inferno são os outros, disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/o-inferno-sao-os-
outros/> acesso: 14/06/2018.
NICKS, Stephen. Reflexões sobre a Ética do Egoísmo Racional, disponível em:
<http://objetivismo.com.br/artigo/reflexoes-sobre-a-etica-do-egoismo-racional> acesso:
10/06/2018.
RAND, Ayn. A Virtude do Egoísmo, extraído de Le Livros, disponível em:
<http://lelivros.love/book/baixar-livro-a-virtude-do-egoismo-ayn-rand-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-
online/> acesso: 10/06/2018.

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