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Fichamento de citação do livro: JENKINS, Keith. A História repensada.

Tradução de Mario
Vilela, 3. Ed., 1º reimpressão – São Paulo: Contexto, 2007.

Caíque Gonçalves Araújo1

“Hoje, quando novas forças sociais, étnicas, sexuais e geracionais ganham espaço e
respeitabilidade no mundo público, já não se pode afirmar simplesmente que a História é o
registro do que aconteceu no passado, pois se vários acontecimentos foram lembrados e
registrados, muitos perderam seus rastros, foram esquecidos, ou deliberadamente apagados.
(p. 10).

“Como mostra Jenkins, em A história repensada, uma das principais rupturas que marcaram a
produção do conhecimento histórico foi sinalizada por Foucault, ao desestabilizar muitas de
nossas certezas e mostrar algumas das armadilhas das quais estávamos sendo vítimas, em seu
clássico livro A arqueologia do saber. Questionava, por um lado, a crença bastante ingênua de
que o documento fosse uma mera transparência da realidade, um reflexo invertido do “real”,
um meio de acesso direto aos acontecimentos e aos personagens escolhidos; por outro,
apontava para os efeitos de uma narrativa histórica que, na ânsia de construir a “síntese
totalizadora” pregava pelo marxismo, ignorava as descontinuidades e descartava o
imprevisível, pois não sabia lidar com as diferenças e com o acaso.” (p. 11).

“Assim, a convicção de que contávamos os fatos “realmente acontecidos”, ou de que


encontrávamos “o” passado, simplesmente indo aos arquivos e folheando os documentos,
mesmo que munidos de um sofisticado arsenal “cientifico”, positivista ou marxista, foi
profundamente abalada. Criticando a teoria lukácsiana do reflexo, predominante nos meios
acadêmicos desde a década de 1970, explica Jenkins, o filósofo francês mostrou que o
documento não é o reflexo do acontecimento, mas que é ele mesmo um outro acontecimento,
isto é, uma materialidade construída por camadas sedimentadas de interpretações
arqueologicamente como “monumento”.” (p. 11).

“No romance 1984, Orwell escreveu que quem controla o presente controla o passado e quem
controla o passado controla o futuro. Isso parece ser também provável fora da ficção. Assim,
as pessoas no presente necessitam de antecedentes para localizarem-se no agora e legitimarem
seu modo de vida atual e futuro. (p. 18).

1 Caíque Gonçalves Araújo é acadêmico do curso de Licenciatura Plena em História, na Universidade Federal de
Mato Grosso. E-mail: caique43@outlook.com

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