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- EM PRELIMINAR -
I - NULIDADE DE CITAÇÃO
a) Falta de diligências dos Autores que confirmem a ocorrência do requisito do art. 256, II,
CPC/2015.
1. A primeira tentativa de citação por ARMP retornou negativa. Foi informado pelo Correio
que a ré mudara-se do local (fls. 47).
2. A segunda, igualmente, retornou negativa, desta vez sendo informado pelo Correio que não
existe o nº indicado no logradouro (fls. 51).
3. Deveria o autor ter insistido na localização do requerido por oficial de justiça, eis que
conforme por ele mesmo alegado, item 10 da peça portal, por diversas vezes tentou negociar
com a ré, não restando outra alternativa senão socorrer-se deste Poder. Demonstrou com isto
que, realmente, conhece o paradeiro dela.
4. Por consequência, o autor não promoveu a citação por Oficial de Justiça, providência que,
logicamente, seria antecedente à citação por edital, pois traria grau maior de veracidade à
alegação de que a Ré encontra-se em local ignorado.
5. A parte Ré, citada por edital, sobre quem recai a pena da revelia, na maioria dos casos não
verá os danos sofridos reparados pela multa de 5 (cinco) salários mínimos, prevista no art.
258 do CPC/2015. Precisará ingressar com ação competente para ver ressarcido seu prejuízo,
o qual decorrerá por falta de zelo do Autor, que não esgotou as tentativas de localização.
6. A jurisprudência vem assentando entendimento no sentido de que é nula a citação por
edital, se não esgotadas as tentativas de localização da parte. E esse posicionamento é
totalmente coerente, levando-se em conta os prejuízos que podem decorrer para o revel:
RECURSO DE AGRAVO. CITAÇÃO EDITALÍCIA. SÓ É POSSÍVEL APÓS O
EXAURIMENTO DE TODOS OS MEIOS POSSÍVEIS À LOCALIZAÇÃO DO
DEVEDOR. ACOLHIMENTO DO AGRAVO PARA DESTRANCAR O INSTRUMENTAL
E NEGAR-LHE SEGUIMENTO, [...]. I - Na citação por edital não precedida do
cumprimento, por Oficial de Justiça, das diligências legalmente previstas para a localização
do devedor, ocorre a nulidade (art. 8º, I e III, da LEF, [...]). II - A jurisprudência do STJ é
pacífica em afirmar a necessidade do esgotamento de todos os meios disponíveis para
localizar o devedor antes do deferimento da citação editalícia, sob pena de nulidade. III -
Agravo de Instrumento destrancado para ser negado o seu seguimento. IV - Recurso de
agravo provido. V - Decisão Unânime. (Agravo nº 0142647-5/01, 8ª Câmara Cível do TJPE,
Rel. José Ivo de Paula Guimarães. J. 12.03.2009, DOE 09.09.2009).
O chamamento ao processo da parte ré por citação editalícia não configura uma opção do
autor. Somente poderá ser efetuada quando preenchidos os requisitos elencados na lei, ou
seja, quando o réu se encontra em local incerto ou inacessível.
A incerteza do local somente pode ser plena quando efetuadas diligências suficientes para
encontrá-lo e tais diligências forem frustradas.
"[...]
Com efeito, restou comprovado que os autores não procederam com a mínima acuidade
necessária para encontrar o endereço dos réus,[...].
Caso tivesse sido comprovado que os autores efetivamente levaram a efeito qualquer
tentativa infrutífera de localizar o endereço dos réus, aí sim estaria configurada a hipótese
legal de citação ficta."
(RT 757, p. 372-374, nov. 1998)
"É nula a citação editalícia se previamente não foram esgotados todos os meios possíveis para
a localização do réu (JTA 121/354)."
(NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 27. ed.
Saraiva, 1996. p. 206, art. 231, nota 8)
- NO MÉRITO -
7. Primeiramente, impugnam-se todos os fatos narrados pela parte autora na peça portal, na
forma de negação geral, forte no art. 341, parágrafo único, do CPC/2015.
a) DO CONTRATO
8. A parte autora alega que firmou com a requerida contrato de compra e venda com reserva
de domínio (contrato juntado às fls. 15/16). Ocorre que dito instrumento em nada confunde-
se com um contrato de compra e venda com reserva de domínio.
9. Um contrato de compra e venda produz os seguintes efeitos obrigacionais: para o
vendedor, transferir o domínio de uma coisa e para o comprador, pagar o preço ajustado.
10. Tal contraprestação, a entrega de coisa, nunca irá ocorrer neste ajuste, eis que não tem o
vendedor maneira de transferir o domínio de um bem que não existe.
11. Embora o contrato leve o título de "compra e venda com reserva de domínio", a intenção
das partes, na realidade, foi de contratar uma empreitada, ou seja, a construção de uma casa.
12. O Código Civil Brasileiro é claro quando trata dos atos jurídicos, mencionando em seu
art. 112 que:
"Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem."
13. Requer a parte autora a rescisão contratual, alegando que houve o descumprimento do
acordo volitivo por parte da ré, no que diz respeito ao estabelecido nas cláusulas 2ª e 3ª.
14. A cláusula 2ª refere-se ao local de pagamento. Aduz a autora que a ré fechou suas portas,
não informando-lhe o novo local de pagamento. Tal assertiva não prospera, eis que admite a
parte autora nos itens 4 e 10 da inicial, ter, por várias vezes, contatado com a parte ré, visando
negociar amigavelmente a suposta dívida.
15. A cláusula 3ª não poderia nem existir. A cláusula da reserva de domínio constitui-se em
um contrato acessório à compra e venda de bens móveis. Ocorre que não foi, em nenhum
momento, realizada uma compra e venda de bem móvel, e sim um contrato de empreitada
objetivando a construção de uma casa.
16. Cumpre salientar ainda, que o contrato não prevê prazo para execução, e, sendo assim,
não se pode dizer que houve descumprimento contratual.
17. Somente para argumentar, pressupõe-se que, para a construção de uma casa, deve-se ter
um local apropriado para assentá-la.
18. Em nenhum momento menciona a parte autora, o local onde seria construída tal
residência, deixando dúvidas quanto a existência de dito local.
19. E se a construção não começou por falta de local? E se a construção começou e devido ao
inadimplemento das prestações não foi concluída?
20. São questionamentos que a peça vestibular não traz à baila e muito menos, comprova.
B) DO PAGAMENTO
21. Alega a parte autora ter efetuado pagamento, no valor de R$ 6.000,00 (Seis mil reais), a
título de entrada. Esse pagamento, todavia, não foi comprovado, eis que não juntados aos
autos os recibos respectivos.
22. Aduz ainda, que bem intencionada, efetuou a troca de cheques no valor de R$ 1.200,00
(Um mil e duzentos reais) cada um, a pedido da ré, por cheques de menor valor.
23. É verdade que junta aos autos fotocópias destes documentos, mas não comprova que
esses referem-se a tal transação, uma vez que não são nominais à ré e nem foram endossados
por ela.
24. E pior, somando-se os valores nominais de cada título, encontra-se o valor de R$ 4.400,00
(Quatro mil e quatrocentos reais). Valor este muito inferior aos R$ 6.000,00 (Seis mil reais)
que diz ter pago de entrada.
25. Requer ainda, a condenação da ré em perdas e danos, o que, na forma como requerida, é
no mínimo absurda.
26. A locação de um porão em nada corresponde a perdas e danos. Não pode a ré ser
condenada a tal ônus, eis que contratado pela parte autora ao seu livre arbítrio.
27. As perdas e danos correspondem ao prejuízo ou ao dano, suportado pelo credor, em
decorrência do descumprimento da obrigação.
28. Portanto, nunca será devida tal compensação, eis que não houve qualquer prejuízo ou
dano experimentado pela parte autora.
29. Pelo contrário, não comprova a autora nem mesmo ter quitado a parte correspondente à
entrada. Não junta aos autos os recibos de tal transação, fato este que, por si só, deixa dúvidas
quanto à concretização de dito negócio.
30. Como requerer ressarcimento por descumprimento contratual se, no contrato, não é
previsto prazo para a entrega da obra?
31. Aliás, junta às fls. 31 a 33, recibos de pagamento de aluguéis referentes ao período
compreendido entre os meses de julho a dezembro de ____, período este em que o contrato
de empreitada ainda não tinha sido firmado. Deixando transparecer, nitidamente, a sua má-fé.
32. Cumpre ainda salientar, que diversos dos recibos juntados às fls. 31 a 33 dos autos,
encontram-se rasurados, pairando sobre os mesmos, dúvida quanto a validade e veracidade.
a) DANO MORAL
33. Como de resto, a parte autora elabora requerimentos sem nenhuma força probante. Como
requerer dano moral se, conforme antes referido, nem mesmo a prova da efetiva realização do
negócio é feita.
34. Em nenhum momento, aliás, o autor comprovou, nem sequer indicou, qual o dano moral
sofreu. Torna-se impossível reconhecer tal direito.
35. Através da narrativa da inicial e juntamente com a documentação acostada à mesma,
estabeleceu-se uma grandiosa dificuldade em descobrir-se a existência do dano.
36. E vai além: alega ter sofrido dano moral em decorrência do descumprimento contratual
que, ao que se depreende dos autos, deu causa.
DIANTE DO EXPOSTO, requer:
a) a improcedência total da presente demanda, com a condenação da parte autora aos ônus de
sucumbência.
B) protesta provar o alegado por todos os meios lícitos em direito admitidos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
[Local] [data]
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