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Doenças da Gestação

Patricia Popak

Doenças da Gestação

I Alteração dos anexos fetais

II Alterações de origem fetal

III Alterações de origem materna

Hidropisia das membranas fetais

Aumento exagerado dos líquidos fetais, ocorre no


final da gestação

Hidroalantóide – 90% hidropisias em vacas

Hidroâmnio

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Hidropisia das membranas fetais

Hidroalantóide

§ Diminuição das carúnculas funcionantes


§ Gestação gemelar
§ Torção uterina
§ Degeneração e necrose do endométrio
§ Poliúria fetal

Hidropisia das membranas fetais

Hidroâmnio

§ Anomalias genéticas ou hereditárias


§ Anomalias congênitas
§ Anormalidades cranianas

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Hidropisia das membranas fetais

Sinais clínicos – distensão abdominal

Sem gravidade: ligeiro aumento volume,


estado geral e funções vitais inalteradas
Média gravidade: aumento acentuado,
compressão visceral distúrbios digestivos,
cardio-respiratórios e de locomoção
Grave: distensão exagerada, dispnéia, anorexia,
taquicardia, decúbito prolongado e atonia
rumenal – 80 a 200L!!!!

Hidropisia das
membranas fetais

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Pós parto e
tratamento

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Hidropisia das membranas fetais

Complicações

Antes do parto: prolapso vaginal, hérnia


abdominal, ruptura uterina, paraplegia

Pós-parto: colapso, atonia uterina, retenção


placentária e redução produção leiteira

Hidropisia das membranas fetais

Diagnóstico: sinais clínicos e palpação

Diferencial: ascite, prenhez múltipla

Prognóstico: reservado à mau (recidiva – abate)

Tratamento: indução do parto (dexa + ocitocina),


drenagem lenta e cesariana.

Retenção placenta, retardo involução METRITE

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MOLAS

Processos degenerativos placentários que


causam morte embrionária precoce, com a
progressão do desenvolvimento dos anexos.

Etiologia: não esclarecida totalmente

Sintomas: inexistentes

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MOLAS

Tipos de molas:

Cística – bov, ovino, carn.

Hidatiforme – bov, carn, mulher.

Vilosa – bov.

Hemorrágica – bov e carn.

Carnosa – bov e carn.

Mola Cística - cão

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MOLAS

Diagnóstico: palpação retal ou US repetidos


Tratamento: abortamento terapêutico
PGF 2α natural (Dinoprost) 25 mg IM
análogo (Cloprostenol) 500 µg IM
Glicocorticoides dexametasona 20 a 40 mg
flumetasona 10 a 20 mg

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PLACENTITE
Processo inflamatório da placenta por via
descendente ou ascendente normalmente
associada a pneumovagina.

Etiologia: S. zooepidermicus, E. coli, P. aeruginosa,


Enterobacter spp. Fungos: Mucor spp e Aspergillus
spp.

Característica: Espessamento edematoso do


corioalantóide, que se estende por uma área
placentária variável.

PLACENTITE

Parto
prematuro
Comprometimento
STRESS
da nutrição fetal
Septicemia
Morte fetal

Sintomas: desenvolvimento do úbere, lactação


prematura, abertura da cérvix e corrimento vaginal
ou abortamento (sem sinais).

Placentite
micótica
bovina

Placentite
micótica
eqüina

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PLACENTITE
Placentite geralmente associada à aceleração da
maturação fetal e parto prematuro (principal causa
de morte neonatal nas primeiras 24 horas)

Feto prematuro + hipoglicemia – maturação


pulmonar incompleta, ↓ temp., Ø reflexo sucção

Tratamento: metas: inibir contaminação e


crescimento bacteriano, bloqueio de citocinas pró
inflamatórias e PG ATB + AINE e P4

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ALTERAÇÕES DE ORIGEM FETAL

GESTAÇÃO MÚLTIPLA ANORMAL


Número de fetos maior que o normal para a espécie

− Égua e vaca g uníparas

− Ovelha g 1 a 2 cordeiros

− Cabra g 1 a 3 cabritos

− Porca g 10 a 13 leitões

− Cadela g pequena 2 a 6 e grande g 8 a 12

− Gata g 2 a 5 gatinhos

GESTAÇÃO MÚLTIPLA ANORMAL


Etiologia: aptidão, hereditária, fatores ambientais
(tratamento e alimentação), tratamento hormonal

Sintomas: alterações funcionais por compressão


alterações cardiocirculatórias - edemas e transudatos
taquipnéia, respiração superficial
perturbações digestivas
enfraquecimento da gestante
alterações mecânicas do parto

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GESTAÇÃO MÚLTIPLA ANORMAL
Gêmeos: ovulação sincrônica e assincrônica
(superfetação)

Diagnóstico:
grandes: US início ou palpação (distenção ↑↑)
pequenos: US aos 25 dias ou RX aos 45 dias

RUM / Cadela / Porca – abortamento raro


ÉGUA – maior parte é perdida

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GESTAÇÃO MÚLTIPLA ANORMAL

Tratamento:
parto assistido
induzir abortamento
cesariana (pequenos)
retirar da produção

Éguas: aborto natural retenção placentária,


demora a entrar no cio, ↓ taxa de reprodução

Éguas: US e manipulação via retal –


escolher a menor vesícula e esmagar (13 a
15 dias ideal)
Usar anti-prostaglandínico
Abortamento até 35 dias (ambos)

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Gestação gemelar em égua

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GESTAÇÃO ECTÓPICA
Gestação primária ou secundária extra-uterina

Diagnóstico: palpação retal

Tratamento: produção – descarte

pequenos – OSH e laparotomia

Ruptura Morte fetal


Feto na
Ruptura cordão
cavidade
umbilical
Mumificação

MORTE EMBRIONÁRIA

MORTE EMBRIONÁRIA

Adesão Morte embrionária Morte


placent ária dias % fetal %

Ovelha 15 e 16 --- 5 a 10

Porca 14 10 a 40 5 a 10

Égua 36 a 40 15 a 60 5 a 10

Cabra 18 a 20 --- 5 a 10

Vaca 21 a 22 20 a 40 5 a 10

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MORTE EMBRIONÁRIA

Causas infecciosas: vírus, bactérias, protozoários e


micoplasna

Causas não infecciosas:


Fatores genéticos Alta temperatura
Deficiências nutricionais
Fatores externos Tratamentos hormonais
Fatores maternos
Espaço uterino insuficiente
Falta interação materno-fetal

MORTE EMBRIONÁRIA

Causas infecciosas:

Toxoplasma gondii
Campilobacter fetus
Tritricomonas fetus
Vírus da diarréia bovina
Herpesvirus bovino 1
Leptospirose
Neosporose
Parvovírus canino tipo 4
Vírus da leucemia felina
Herpesvírus felino 1

MORTE EMBRIONÁRIA

Causas não infecciosas:

1. FATORES GENÉTICOS:
genes letais, mutantes
anormalidades numéricas e estruturais
falhas pareamento de cromátides
erros de ligação segmentos cromossômicos

Cariotipagem!!!

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MORTE EMBRIONÁRIA

2. FATORES EXTERNOS: Interferência com CL


↑ período dominância folicular
A. alta temperatura Interferência com maturação
↑ liberação de PGF pelo endométrio
↓ produção de interferon

B. Deficiência nutricionais
vit A, íons Cu, Zn, Fe, I
má nutrição
C. Tratamentos hormonais
↓ tx fertilização na superovulação em bov.

MORTE EMBRIONÁRIA
2. FATORES MATERNOS:
A. espaço uterino insuficiente
competição embrionária

B. Falta de interação materno-fetal


égua: falta de movimentação = morte

Endométrio Luteólise
produz PGF2α
Mobilidade do
embrião

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MORTE FETAL

Feto: indivíduo é considerado feto quanto


apresenta as características da espécie a qual
pertence (término da organogênese)

Mumificação

Putrefação

Maceração

Abortamento

MUMIFICAÇÃO
Morte fetal no segundo ou último terço da
gestação que não é expulso e nem contaminado. É
um processo de desidratação do feto e anexos
seguido a involução uterina.
Tipos: hemática e papirácea

Etiologia:
Torção uterina ou do cordão
Alterações placentárias
Trauma
Hormônios em pequenos (P4)

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Vírus da síndrome respiratória Parvovírus

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herpesvírus

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MUMIFICAÇÃO

Sintomas:
Sintomas leves, indigestão e cólicas
Ausência de sinais do estro (feto no útero)
Gestação longa
Ausência do frêmito
Diagnóstico:
Grandes: palpação / US
Pequenos: Palpação abdominal / RX

MUMIFICAÇÃO

Tratamento:
BOV: abortamento terapêutico (retirar restos)
ATB no útero
pouca abertura cervical (ECP)
cesariana (feto muito grande)
ÉGUA: expulsão espontânea
auxílio manual
ATB
PEQUENOS: cesariana

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MACERAÇÃO
Processo séptico de morte fetal por aeróbicos,
quando o feto está morto e retido caracterizado
por amolecimento e liquefação dos tecidos moles,
permanecendo somente o esqueleto.
Etiologia:
Similares à mumificação +
Abertura cervical e contaminação
Trichomonas foetus
Prolapso vaginal e abortamento

MACERAÇÃO

Sintomas:
desconforto abdominal
corrimento vaginal fétido
anorexia e emagrecimento
septicemia, toxemia, peritonite, aderências
↓ produção leiteira
Diagnóstico:
Sinais, palpação retal, US, RX, inspeção vaginal
Prognóstico: ruim

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MACERAÇÃO

Tratamento:
BOV: indução de abortamento
2 a 3 dias retirar restos fetais e ossos da vagina
↑ valor: tratar metrite
↓ valor: abate!!
ÉGUA: dilatar manualmente a cérvix
PEQ: OSH

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Maceração fetal de 90 dias - cadela

PUTREFAÇÃO
Feto enfisematoso – ocorre morte fetal por
processo séptico envolvendo bactérias anaeróbicas.
Etiologia:
Morte fetal no final da gestação ou no parto +
penetração de bactérias
Sintomas:
Corrimento vaginal
Cérvix parcialmente dilatada
Feto ↑ tamanho / queda pêlos / cascos
Fêmeas pluríparas: morte nos mais próximos

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DISTOCIA - BOVINO

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PUTREFAÇÃO

Tratamento:
Retirada do feto + rápido o possível: fetotomia
Lubrificação uterina, lavagem e infusão ATB
Cesariana
OSH cadelas

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ABORTAMENTO
Morte e expulsão fetal por agentes infecciosos ou
não infecciosos
Agentes infecciosos: brucelose, leptospirose,
toxoplasmose, salmonelose, campilobacteriose
Agentes não infecciosos:
Intoxicação (plantas fito-estrogênicas)
Anomalias cromossômicas / Calor / Agrotóxico
Desequilíbrios endócrinos / Vermifugação
Induzidos: AIE, E2, PGF2α

ABORTAMENTO
• Brucella spp. • Herpesvírus caprino
• Campylobacter fetus • Herpesvírus eqüino 1
• Leptospira spp. • Vírus da arterite eqüina
• Listeria monocytogenes • Parvovírus suíno
• Arcanobacter pyogenes • Vírus da síndrome
• Salmonella spp. reprodutiva e
• Bacillus spp. respiratória suína
• Chlamydia • Tritrichomonas foetus
• Micoplasmose • Toxoplasma gondii
• Herpesvírus bovinos 1 • Neospora caninum
• Vírus da diarréia bovina • Fungos (Aspergillus)

aspergilus

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brucelose

campilobacter

leptospirose

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herpesvírus

Herpesvírus – aborto
e lesões placentárias

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ABORTAMENTO – Brulella canis
Cão doméstico, selvagem e no homem
Sintomas: febre inconstante, discoespondilite, uveíte
machos: 5 sem – anomalias spz, epididimite, edema
escrotal, ↑ próstata, orquite
fêmeas: morte e reabsorção embrionária (10-20 dias),
aborto (6 e 8 sem), fetos mortos autolisados ou vivos
e fracos com morte neonatal
Tratamento: enrofloxacina ou cefalexina (30 dias)
Profilaxia: sorologia cada 6 meses, teste – fêmeas
OSH e orquiectomia (ou eutanásia)

Brucelose 43 dias gestação

30 dias

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Fraco e autolisado

ALTERAÇÕES DE ORIGEM MATERNA

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RUPTURA DO TENDÃO PRÉ-PUBICO
Ruptura do tendão do músculo reto abdominal
em sua inserção. Comum em éguas e vacas.
Fatores predisponentes:
Final gestação / hidropsias
Traumatismos (quedas)
Gestação gemelar, gigantismo, múltipla
Processo degenerativo do tendão
Senilidade com muito trabalho

RUPTURA DO TENDÃO PRÉ-PUBICO

Sintomas:
flanco afundado
dificuldade em caminhar
perda contorno dos membros pélvicos
desconforto abdominal
Tratamento: não há (paliativo – pensos e cintas)
Prognóstico: mau para mãe e feto

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HISTEROCELE GRAVÍDICA
Presença parcial ou total do útero gravídico em
hérnias. Comum em cadelas (anatomia) e rum
(trauma – chifradas)
Sintomas clínicos:
↑ de volume localizado
Contrações improdutivas no parto
Tratamento:
Observação e cesariana
Herniorrafia
OSH / descarte

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Feto macerado!!

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PSEUDOGESTAÇÃO
Condição clínica com mudanças comportamentais
de ordem fisiológica e psicológica. Cadelas, gatas,
éguas
Etiologia:
Mecanismo ainda não totalmente esclarecido
↑ secreção de prolactina
Sintomas:
Apetite caprichoso / produção de leite
Relutância em deixar a casa / ninho
Cuidados maternais com objetos

PSEUDOGESTAÇÃO

Tratamento:

modificar o comportamento

↓ produção de leite e regressão das mamas

inibidores da lactação (bromocriptina)

20 µg/kg 8-10 dias

permitir a gestação
Prognóstico: bom

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RUPTURA UTERINA
Ocorrência esporádica em todas as fêmeas
Etiologia:
Traumas / hidropsias / distocias / torção uterina
Aderências / manobras obstétricas erradas
Sintomas:
Anorexia / inapetência / tipanismo
Parada da ruminação / desconforto abdominal
Hemorragia / choque / gestação abdominal
Peritonite / MORTE

Ruptura por ocitocina

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RUPTURA UTERINA

Diagnóstico:
Palpação retal / vaginal
Contração improdutiva
Prognóstico: desfavorável
Tratamento:
Extração forçada
Cesariana com OSH
Descarte

TORÇÃO UTERINA
Movimento rotacional do útero em seu próprio eixo.
Comum em vaca no final da gestação
Etiologia:
Assimetria / idade / comportamento da vaca
Sintomas: baseado no grau de torção
* 45 e 90º - sinais leves de cólica s/ comprometer a
gestação, resolução espontânea
* 90 a 180º - inquietação, cólica, evolução p/ distocia
* + 180º - sintomas sérios, cólica, distensão
abdominal, timpanismo, dificuldade locomoção,
ruptura

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TORÇÃO UTERINA

Diagnóstico:
Palpação retal e vaginal (ligamentos uterinos)

Tratamento:
Manobras corretivas (pré parto)
Laparotomia com reposicionamento manual
Cesariana
Fetotomia

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INVERSÃO E PROLAPSO VAGINAL
Conseqüências de relaxamento da fixação da vagina
na cavidade pélvica com exteriorização da mucosa
pela rima (parcial/total, temporária/permanente).

Inversão vaginal
parte da parede, só com a fêmea deitada
Prolapso parcial
porção da parede pelo ↑ pressão (decúbito, bov/suí)
Prolapso total
Visualização da cérvix, mesmo em estação (ovinos)

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INVERSÃO E PROLAPSO VAGINAL
Etiologia:
Hereditária (bov/ovino)
Agentes mecânicos (piso inclinado)
↑ pressão intra-abdominal
Relaxamento da fixação
Separação forçada da cópula / cio
Sintomas:
Exposição da mucosa vaginal com lesões variadas
Retenção urinária (compressão uretra)

INVERSÃO E PROLAPSO VAGINAL

Tratamento:
Evitar a progressão até o parto
Redução do prolapso
Suturas vulvares
Buhner
Flessa
Caslick modificado

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