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Comportamento

Adequado dos
Santos - Vol. I

Por
W. Wilbert Welch

EDITORA BATISTA REGULAR


“CONSTRUINDO VIDAS NA PALAVRA DE DEUS”
Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP
Site: www.editorabatistaregular.com.br
2004
Título em inglês:
CONDUCT BECOMING SAINTS
Copyright, 1978, by Regular Baptist Press.

Primeira edição em português: 1980


Segunda impressão: 2004

Tradução – Yolanda M. Krievin


Capa: Edvaldo C. Matos

Todos os direitos reservados.


É proibida a reprodução deste livro, no todo ou em parte,
sem a permissão por escrito dos Editores.

Digitalização e edição: Semeador Jr.

EDITORA BATISTA REGULAR


“CONSTRUINDO VIDAS NA PALAVRA DE DEUS”
Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP
ÍNDICE

Capítulo Página
I. A epístola do comportamento cristão...................................................................... 05

II. Os que são chamados para ser santos.................................................................... 12

III. O problema dos santos......................................................................................... 19

IV. Revelação divina.................................................................................................. 26

V. Espiritualidade e carnalidade................................................................................. 33

VI. Obras e recompensas............................................................................................ 41

VII. Sinais de liderança espiritual.............................................................................. 48

VIII. Disciplina da igreja............................................................................................ 55

IX. Os cristãos no tribunal.......................................................................................... 32

X. Pureza cristã........................................................................................................... 69

XI. Assunto de gente casada....................................................................................... 76

XII. Assuntos referentes ao casamento e costumes sociais........................................ 83

XIII. Liberdade Cristã................................................................................................ 90


PREFÁCIO
Como viver para o Senhor neste mundo? Esta pergunta tem passado
pela mente de muitos cristãos desde o dia em que Deus nos arrancou da
lama do pecado e colocou nossos pés num caminho novo de justiça em
Cristo Jesus.
Este livro extremamente prático de Primeiro aos Coríntios, escrito
pelo Apóstolo Paulo aos crentes que moravam na Corinto pagã, dará a você
algumas respostas evidentes - respostas que, se aplicadas, mudarão sua vida
e provavelmente o curso de suas atividades.
Nestes treze capítulos vai ser considerado os oito primeiros capítulos
do livro, aplicando-os a assuntos atuais que aparecem em nossos jornais.
Leia o livro todo. Examine todas as referências bíblicas. Enquanto
estuda, pense e tire conclusões que se refiram à sua vida. Responda e até
mesmo anote as respostas dadas às perguntas incluídas no final de cada
lição.
Se você quiser aprofundar-se no estudo, peça ao seu pastor que lhe
indique livros para leitura colateral.
Sua vida se enriquecerá durante o estudo. Peça a Deus que lhe dê a
graça de aplicar à sua vida as verdades aprendidas. Depois, prossiga com
Cristo em uma vida de serviço frutífero.
Você se alegrará com isso!

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I

A EPÍSTOLA DO
COMPORTAMENTO CRISTÃO

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Nasce uma igreja – Atos 18.1-11.
Segunda-feira: A conversão de Paulo – Atos 9.1-9.
Terça-feira: A chamada de Paulo – Atos 9.10-19.
Quarta-feira: Segredos de sucesso espiritual – Filipenses 3.9-14.
Quinta-feira: Marca dos crentes – Efésios 5.1-16.
Sexta-feira: Fonte de unidade – Filipenses 2.1-8.
Sábado: Atingindo a maturidade – Hebreus 6.1-9.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 1.1-3; Atos 18.1-18.

As igrejas através dos séculos não mudaram muito. No despertar da história da


igreja havia igrejas fortes e igrejas fracas. Nessas igrejas primitivas havia indivíduos
que tinham problemas uns com os outros a ponto de causar verdadeiras divisões.
Alguns eram fracos no que se referia ã convicção moral; outros brigavam até o ponto
de se processarem mutuamente. Havia aqueles que não tinham muita certeza de suas
convicções sobre práticas duvidosas, e alguns transformavam a ceia do Senhor em
uma brincadeira. Alguns pensavam que a coisa mais importante da vida era possuir
algum grande talento. Entre estes havia aqueles que consideravam a capacidade de
falar em línguas como evidência certa de superioridade espiritual. Aparentemente
alguns eram muito ignorantes das grandes doutrinas tais como o Arrebatamento e a
Ressurreição.
Todas as condições mencionadas encontravam-se na igreja em Corinto. A
primeira Carta de Paulo a esta igreja tem algo a dizer sobre todos estes problemas e
muitos outros. A igreja era considerada uma igreja carnal, e sob muitos aspectos.
Contudo, muitos sinais de carnalidade também se encontram nas igrejas de hoje. Isto é
o que torna tão atualizada a carta de Paulo a esta igreja. Pedimos a Deus que muitos
transfiram os princípios espirituais de Paulo, apresentados neste livro, ao grupo das
necessidades de hoje.

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Vem-me à mente a história de um visitante que passeava por um apinhado
campus universitário.
– Quantos alunos vocês têm aqui? – perguntou ao professor que era seu
cicerone.
– Oh! Ponderou o professor, - eu diria que cerca de um em cem.
Você quer ser um daqueles que vão aprender nesta série de estudos? Então
estude.
Leia 1 Coríntios com todo o cuidado como parte de seu preparo no primeiro
estudo. Descubra por que Paulo escreveu esta Epístola. O primeiro capítulo fornecerá
alicerces para melhor compreensão do livro.

I. UM RÁPIDO EXAME DO LIVRO

Este livro de dezesseis capítulos é a quarta carta de Paulo, sendo precedida


apenas por 1 e 2 Tessalonicenses e Gálatas. A carta foi escrita em Éfeso, perto do final
de sua segunda viagem missionária. (Compare Atos 20.31 e 1 Coríntios 16.5-8.)
O conteúdo do livro é excepcional, pois mais do que qualquer outra Epístola
trata de uma complexidade de problemas que muito bem se aplica às igrejas de hoje. À
primeira vista pode-se pensar que o tema é muito amplo e sem sequencia. Na verdade,
os assuntos estão intimamente relacionados com o tema central unificador do
comportamento cristão. O livro está em posição doutrinária apropriada quando
comparado com outras Epístolas, pois é coisa natural que a Epístola da conduta cristã
viesse imediatamente após Romanos, a Epístola da justificação.
Paulo tinha bons motivos para enviar uma carta aos crentes da igreja em
Corinto. Recebera um relatório quanto às condições internas da igreja (1 Cor. 1.11).
Ficou muito preocupado. A igreja também lhe escrevera uma carta (1 Co. 7.1)
apresentando uma série de problemas enfrentados pelos novos cristãos, dentro da
ímpia Corinto. Esta carta que chamamos de 1 Coríntios expressava a preocupação do
Apóstolo Paulo sobre a maturidade espiritual daqueles crentes, além das cuidadosas
respostas dadas a alguns de seus problemas complicados.
Exceto por um afastamento ocasional, como por exemplo o grande discurso
sobre a Ressurreição, toda a carta está ligada ao tema da vida ou comportamento
cristão. Mesmo expondo a doutrina da Ressurreição, Paulo a usou como ponto de
partida para exortar aqueles cristãos coríntios e a nós para que sejamos sempre firmes
e irredutíveis na obra do Senhor (1 Co. 15.58).

6
II. UM RÁPIDO EXAME DO AUTOR

No típico costume neotestamentário o escritor identifica-se bem no começo da


Epístola. Quando esta Epístola foi escrita era costume colocar-se o nome do escritor
no começo da carta.
Paulo era conhecido nos círculos cristãos como Saulo, o perseguidor, muito
antes de se tomar crente em Cristo. Seu nome despertava medo em todos os grupos de
cristãos, e até mesmo na distante Damasco seu nome era bem conhecido e sua
reputação de perseguidor perverso de todos os crentes estava bem firmada (Atos 9.13).
Ninguém jamais poderia duvidar do seu zelo antes ou depois de sua conversão. Como
o seu evangelismo posterior, quando batia nas portas de casa em casa (Atos 20.20),
assim também foi seu fervor neotestamentário de perseguição, seguindo o mesmo
padrão. Ele “assolava a igreja”, jogando na cadeia todos os cristãos, homens e
mulheres (Atos 8.3).
Sua experiência de conversão encontra-se em Atos 9.1-6, 15, 16; e foi
posteriormente repetida em testemunhos (Atos 22.1-16). Desde o momento em que
Paulo entregou-se a Cristo na estrada para Damasco, sua vida foi entregue à
proclamação do evangelho, viajando como missionário da igreja em Antioquia e
organizando novas igrejas em muitos dos grandes centros culturais. Através dele Deus
nos deu grande parte do Novo Testamento.
Os homens que constroem monumentos ou movimentos são homens levados
pela força de grandes convicções. A vida de Paulo resumia-se em “Ai de mim se não
pregar o evangelho!” (I Co. 9.16). Esta necessidade íntima de pregar as boas novas
levou-o finalmente a esta cidade de Corinto. Não foi convidado, nem bem recebido.
Seu ministério ali não foi contratado e a atitude de Paulo com referência a dinheiro
chegava ao ponto de recusar deles qualquer ajuda financeira enquanto esteve em
Corinto. Trabalhou como fabricante de tendas e até sustentava os seus colaboradores.
Homens menores teriam desistido. Paulo começou trabalhando com Áquila e
Priscila fazendo tendas e ao mesmo tempo pregava (Atos 18.3). Encontrando muita
oposição e desânimo, o Senhor lhe falou numa visão à noite, encorajando-o com a
promessa de que nenhum mal lhe aconteceria e que o Senhor tinha “muito povo”
naquela cidade. Assim incentivado, continuou por cerca de dois anos em Corinto
(Atos 18.11, 18) e “muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados” (Atos
18.8).
Paulo tinha profunda e permanente preocupação quanto àqueles que levava a
Cristo. Queria o melhor para eles.

7
Como o Senhor chorou sobre Jerusalém, Paulo chorou pelos seus convertidos
(Atos 20.19, 31). Os coríntios eram seus filhos em Cristo; e quando ouviu contar de
suas lutas, divisões e comportamento impróprio da igreja, procurou sinceramente
corrigir os abusos e estimular seu desenvolvimento espiritual. Nos capítulos que
escreveu a esta igreja em Corinto, encontramos revelada uma sabedoria, uma
compaixão, uma amplitude e profundidade de caráter ainda não superada pelos
homens.

III. UM RÁPIDO EXAME DO POVO

A razão principal da carta foi atender ás necessidades da jovem igreja em


Corinto. Contudo, o Espírito Santo sabiamente acrescentou: “com todos os que em
todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Esta mensagem foi para
todos os crentes, e as verdades que Paulo enviou devem ser lembradas e praticadas por
todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus (2 Tm. 3.12).
Esta igreja veio a existir quando o povo ouviu o evangelho, creu no evangelho e
foi batizado (Atos 18.1). Esta é a devida ordem do Novo Testamento. A igreja estava
organizada e era constituída, naturalmente, de convertidos de Corinto. Poderá ajudar
nos futuros capítulos se você souber alguma coisa dos seus antecedentes.
Corinto era a principal cidade da Grécia e era capital da província de Acaia. A
cidade era famosa em dois aspectos: pela sua cultura, comércio e riqueza, mas também
por sua impiedade. A população era de cerca de 400.000 a 500.000 habitantes. Era tão
perversa moralmente que o nome da cidade passou a ser usado finalmente para
descrever certa perversão sexual. O alcoolismo e a sensualidade estavam na ordem do
dia. Grande parte disso se devia à religião daquele lugar. A adoração centralizava-se
na deusa do amor, Afrodite, à qual estavam associadas 3.000 sacerdotisas consagradas
à imoralidade.
Bem no meio desta pocilga1 moral, Deus escolheu um grupo de homens e
mulheres para demonstrar o seu poder salvador e santificador. Em dezoito meses uma
igreja estava organizada. Não levou muito tempo para saírem de Corinto, mas levou
dezoito meses multiplicados para arrancar Corinto da igreja. Muitos dos problemas da
igreja que serão examinados nos capítulos vindouros encontram suas raízes no
ambiente e antecedentes daqueles crentes. Sua necessidade era a de se enraizarem e
estabelecerem na Palavra de Deus.

1
Casa ou lugar imundo; curral de porcos.

8
A pequena mas vitalmente importante declaração, dirigida a todos os santos em
todo lugar, relaciona esta Epístola ao Cristianismo do Século Vinte - a você e sua
igreja. O Senhor sabia quanto estas instruções seriam necessárias hoje em dia. Leia-as;
aprenda e cresça nele.

IV. UM RÁPIDO EXAME DO CONTEÚDO DO LIVRO

A maior parte de Primeira Coríntios foi escrita ou para corrigir problemas


conhecidos na igreja ou para responder a numerosas perguntas apresentadas em uma
carta a Paulo. Por causa disto a principal ênfase do livro é mais de exortação do que de
doutrina. A primeira metade da Epístola se relaciona com os seguintes assuntos:
Capítulo 1, depois da costumeira introdução, elogio à igreja por seus notáveis
dons e pela sua expectativa da volta de Cristo. Imediatamente a seguir Paulo repreende
a igreja por suas divisões carnais e pelo seu espírito sectário. Acrescentou uma
repreensão por sua exibição de sabedoria humana, lembrando-os de que só Cristo é o
Poder e a Sabedoria de Deus.
Capítulo 2, envolve a compreensão espiritual em contraste com a sabedoria
humana. A fim de possuir visão espiritual Paulo oferece sua receita: que sejam
ensinados pelo Espírito de Deus através da revelação externa e iluminação interior.
Capítulo 3, aponta novamente para a condição carnal da igreja, mencionando
mais uma vez a causa das divisões, porque seguiam a homens. Então Paulo os lembrou
que a atenção não deve ser fixada nos mensageiros mas em Deus,pois mensageiro e
ouvinte deviam aparecer diante de Cristo onde cada obra humana será manifesta.
Este pensamento continua através do capítulo 4.
Capítulo 5, Paulo trata da séria acusação de pecado inusitado (um incesto) que
acontecera no meio deles; e ordenou que a pessoa culpada fosse excluída.
Capítulo 6, começa com uma repreensão porque alguns compareceram diante de
tribunais seculares, quando uma desavença poderia ter sido discutida e avaliada diante
dos homens sábios que tinham no meio deles. No final do capítulo Paulo advertiu os
cristãos de Corinto contra o pecado da fornicação e apresenta sua argumentação para a
santidade do corpo de Cristo.
No capítulo 7, Paulo respondeu sua pergunta sobre o propósito do casamento e
sobre o relacionamento de cônjuges salvos e não salvos, além de algumas instruções
referentes às virgens. O cristianismo não muda as obrigações da lei civil, mas, antes
santifica tais obrigações.

9
O capítulo 8, que concluirá as lições desta série, trata de perguntas sérias
relativas à liberdade cristã. Paulo define os limites de tal liberdade, estabelecendo as
fronteiras à soleira da ofensa feita à consciência de um irmão mais fraco.
Novamente, nenhuma outra Epístola do Novo Testamento oferece tal variedade
e riqueza de material referente à conduta cristã, tanto para o indivíduo como para a
igreja local.

Recapitulação

1. Por que foi escrita a carta de 1 Coríntios?


2. Descreva a conversão de Paulo.
3. Que sucesso Paulo teve perseguindo os cristãos primitivos?
4. Qual era a ocupação do Apóstolo enquanto pregava?
5. Descreva a cidade de Corinto como Paulo a via.
6. A quem a Epístola foi dirigida?

O que você pensa?

1. Por que os esforços missionários de Paulo limitaram-se principalmente aos


grandes centros metropolitanos? Será que este padrão que ele seguia deveria
influenciar as atitudes das juntas missionárias de hoje?
2. Que qualidades você acha que Paulo tinha para organizar uma tal cabeça de
ponte espiritual nesta sofisticada e ímpia cidade de Corinto em apenas dezoito
meses?
3. A graça transformadora de Deus é impedida pelos antecedentes e ambiente do
convertido?

Versículo para memorizar

“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,


chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Coríntios 1.2).

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ESBOÇO DOS PRIMEIROS OITO CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Sabedoria humana versus sabedoria de Deus.


Capítulo 2 – Ensinando pelo Espírito de Deus.
Capítulo 3 – O cristão carnal.
Capítulo 4 – O Senhor, o Juiz.
Capítulo 5 – Exigência de disciplina.
Capítulo 6 – Tribunais ilegais.
Capítulo 7 – Casamento cristão.
Capítulo 8 – Liberdade cristã.

11
II

OS QUE SÃO CHAMADOS


PARA SER SANTOS

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Chamados para ser santos – 1 Coríntios 1.1-9.
Segunda-feira: A identidade dos santos – Efésios 2.1-13
Terça-feira: Os privilégios dos santos – Efésios 3.13-21.
Quarta-feira: A vocação dos santos – Efésios 1.3-12.
Quinta-feira: A responsabilidade dos santos – Mateus 5.13-16.
Sexta-feira: A conformação dos santos – Judas 20-25.
Sábado: A expectativa dos santos - I João 2.28 -3.4.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 1.1-9.

Você é santo? Não, eu não quis dizer que você tenha sido canonizado por
alguma autoridade religiosa. Nem perguntei se você não tem nenhum pecado. É
espantoso descobrir como são poucos os cristãos que sabem responder se são ou não
são santos.
Na maior parte das cartas às igrejas, ele dirigiu-se aos santos. Mesmo esta igreja
em Corinto era composta de santos. Provavelmente, quando examinarmos melhor esta
Epístola, ficaremos espantados por que o Apóstolo lhes deu tal nome, se não tivermos
em mente que aqueles a quem Deus chama santos pretende transformar em santos
pelo divino poder.
O contraste gritante entre o que um crente se torna em Cristo e o que ele é
realmente na vida, geralmente transforma-se em uma barreira. Os santos em Cristo
precisam, pela graça de Deus e o poder do Espírito Santo, tornarem-se santos na vida.
A lição diante de você deverá ajudá-lo a identificar aqueles a quem o Senhor honrou
com o nome de santos. Que nossa prática se aproxime mais de perto de nossa posição.

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I. A IDENTIDADE DOS SANTOS

“Aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos” é uma expressão
comum usada por Paulo quando se dirigia aos crentes nas igrejas, fosse uma igreja de
inusitada maturidade espiritual (Ef. 1.1) ou uma igreja de vergonhosa carnalidade (I
Co. 3.1).
Esta igreja em Corinto não era conhecida por sua maturidade espiritual; na
verdade, exatamente o oposto era verdade. Sua vida ímpia contrastava fortemente com
sua nobre posição de santos em Cristo.
O termo “santificado” significa separado para Deus e aplica-se igualmente a
todos os crentes. Ser santificado não significa ausência de pecado mas, antes, um novo
relacionamento com Deus por causa da obra de Cristo por nós no Calvário (1 Co.
1.30). O Espírito Santo é o Agente da santificação (Rm. 15.16; 1 Pe. 1.2).
Considerando que os santos são separados para Deus, há também um
significado de piedade ou santidade. Aquele que é chamado para ser santo (cristão) é
responsável em conduzir sua vida de tal modo que ela venha a igualar-se com a sua
separação para Deus. Todos os crentes são santos sem considerar sua maturidade
espiritual. Mas todos os crentes têm a responsabilidade de fugir de toda a impureza (1
Ts. 4.7). Lendo a Sua Palavra (João 17.17), submetendo a nossa vontade à dEle (Hb.
12.14) e andando com Ele diariamente (2 Co. 3.18), tornamo-nos cada vez mais
parecidos com nosso Salvador.
Observe que toda a igreja em Corinto era composta de santos, não só de
pastores, anciãos e diáconos. Não eram pessoas anormais, vestidas de alguma roupa
esquisita ou separadas da sociedade como monges ou freiras. Antes, eram todos
santos, em todos os lugares, em todo o tempo.

II. OS PRIVILÉGIOS DOS SANTOS

Os santos são o povo especial de Deus. Ele “visitou os gentios, a fim de


constituir dentre eles um povo para o seu nome” (Atos 15.14). A Igreja é a Sua pérola
de grande preço. Cristo vendeu tudo o que tinha para comprá-la para Si mesmo (Mt.
13.46). Não tendo poupado “a seu próprio Filho”, comprou-nos. “Porventura não nos
dará graciosamente com ele todas as cousas?” (Rm. 8.32). Você, filho de Deus, tem
uma casa do tesouro tão pouco aproveitada. Procure na Palavra e descubra a
abundância que Deus providenciou para você. Todos os tesouros dEle são seus por
direito.

13
O versículo 3 é uma típica saudação paulina. Graça e paz são suprimentos
divinos, enquanto que a Fonte é Deus Pai através do Canal, Seu Filho Jesus Cristo.
Graça é uma apalavra todo-inclusiva que fala do favor não merecido de Deus
para conosco por causa do Seu Filho. Paz é o produto experimentado por aqueles que
recebem a Sua graça. A graça deve sempre preceder a paz quando Deus lida com o
homem, pois o homem merece ira e juízo.
No versículo 4 Paulo agradece a Deus por estes santos – não tanto pelo que
eram em si mesmos, mas pelo que acontecera em suas vidas através da graça de Deus.
Eram pecadores transformados, jamais voltariam a ser o que eram (1 João 3.1, 2).
A graça de Deus inclui mais do que a nossa salvação. É a porta aberta a um vaso
suprimento de poder divino e riquezas infinitas nas quais cada filho de Deus tem
direito igual de entrar. Espiritualmente, jamais considere os outros mais afortunados
do que você. Cristo dá Seu suprimento a cada homem, exatamente o quanto necessita
para fazer o trabalho que Deus quer que faça. Os privilégios são os mesmos para cada
crente. Este infinito suprimento nos é trazido através do Canal, o Senhor Jesus Cristo.
Conte quantas vezes o Seu nome foi usado nos primeiros nove versículos deste
capítulo. Cuidado com os dons espirituais! Se a igreja em Corinto serve de ilustração,
pode haver relação entre abundância de dons espirituais e carnalidade fora do comum
na igreja. Esta igreja não tinha falta de modo nenhum dos dons espirituais. Era,
entretanto, a mais carnal das igrejas do Novo Testamento.
Os dons espirituais são importantes e não deveriam levar à carnalidade. O
devido uso dos dons é bom. É o sentido de orgulho pela posse dos dons que está
errado. Paulo agradecia a Deus pelos dons dos coríntios. Tinham muita capacidade
espiritual: eram eloquentes, tinham conhecimento, capacidade de liderança, eram
professores, tinham dons de cura, de profecia falavam em línguas, além de serem bons
administradores (1 Co. 12); mas tudo isto carecia de muito amor. Paulo jamais
desprezou qualquer dos dons, mas deplorou sua falta de maturidade espiritual no uso
dos dons.
O que significa ter o testemunho de Cristo confirmado em você? Dois
pensamentos são possíveis: um, é a evidência de que a pregação da cruz realmente
operou. Paulo foi àquela cidade ímpia só com a Espada do Espírito, e ali estavam os
resultados – os convertidos a Cristo. Dois, aqueles pagãos convertidos demonstraram
uma tal mudança de vida que eram exemplos vivos do poder transformador de Cristo;
eram novas criaturas (2 Co. 5.17).

14
III. A VOCAÇÃO DOS SANTOS

Ser chamado é ser escolhido. A palavra “chamado” aqui não é um simples


convite para aceitar a vida eterna como quando o evangelista faz um apelo, mas antes
o exercício de uma influência eficiente que os levava a aceitar o evangelho (Rm. 8.30).
Três coisas s.e devem notar: primeira, eram “chamados para ser santos” (v. 2), o que já
consideramos. Depois, foram chamados por Deus. Esta fidelidade está enraizada na
fidelidade de Deus, não na fidelidade do homem.
Deus é fiel a Seus propósitos, fiel a Suas promessas e fiel a Seu povo. Paulo
menciona isto de modo que os convertidos coríntios podiam confiar nEle. O Deus que
os tinha chamado do paganismo para uma vida nova em Cristo não os abandonaria
agora. Realizaria Sua obra até o fim (Fp. 1.6). Se os convertidos fossem simplesmente
o produto de nosso apelo, jamais poderíamos assegurar-lhes o livramento final. Mas é
Deus quem os chama. É Deus quem os guarda e cuida deles. E é Deus quem os
manterá até que Cristo volte.
Use sua concordância para estudar a palavra “vocação” ou “chamada”.
Descobrirá muitos propósitos nas chamadas divinas. Fomos chamados para a salvação
(2 Ts. 2.13), chamados para sermos santos e irrepreensíveis (Ef. 1.4) e chamados para
a glória eterna (2 Ts. 2.14).
Há muitos outros, mas o chamamento aqui é para a comunhão com o Seu Filho.
Verdadeira comunhão só se encontra em Cristo. Precisamos de credos, mas
convicções doutrinárias podem nos deixar frios e facciosos se não formos permeados
com o calor da comunhão pessoal com Cristo.
Comunhão significa ter interesses ou propósitos em comum. Os cristãos têm
comunhão uns com os outros e se aproximam de Cristo em comunhão com Ele. Ele é
o ponto focal. A comunhão com Cristo também inclui sofrimento (Fp. 3.10), rejeição
do mundo (João 15.18, 19) e glória futura (João 17.22). É nossa humilde submissão ao
Seu divino senhorio que nos capacita a penetrar totalmente na desejada comunhão e a
apresentar Jesus Cristo nosso Senhor.
Uma criancinha foi levada por seus pais para visitar uma grande catedral. A luz
da manhã jorrava através dos lindos vitrais coloridos fazendo que os vultos dos servos
de Deus neles pintados brilhassem em vivas cores. Quando o cicerone da catedral
levou o grupo através dos imensos vestíbulos, alguém perguntou: “O que é um santo?”
Sem esperar que o cicerone respondesse, a criancinha, apontando as janelas,
respondeu: “Um santo é uma pessoa que deixa a luz brilhar através dela”.

15
Nós na qualidade de santos de Deus, temos de deixar que a luz do Senhor Jesus
penetre até os perdidos e o mundo que está morrendo. Este é o propósito de Deus.
Qual é o seu desejo?

IV. A CONFIRMAÇÃO DOS SANTOS

A confirmação do versículo 8 é diferente da confirmação do versículo 6. A


confirmação do versículo 6 está no passado enquanto que a do versículo 8 está no
futuro. Apesar da amplamente difundida prática, a confirmação não é um ritual da
igreja mas uma obra de Cristo. Pelo poder do Espírito Santo, o Senhor realiza os Seus
propósitos. Confirmar é assegurar.
Observe que o Seu propósito é assegurado “até o fim”. Paulo não tem dúvidas
em sua mente sobre o destino final daquele que realmente nasceu de novo. A
convicção de Paulo sobre este assunto não repousa sobre a maturidade, fidelidade ou
perseverança do convertido coríntio, mas sobre a fidelidade e suficiência do Salvador.

“O Salvador é suficiente;
Em cada necessidade.
Ele conforta, Ele alegra,
É compassivo de verdade.
Seu amor me dá coragem.
Sua graça, garantia.
Seu poder me fortalece
No trabalho, dia a dia.”

V. A EXPECTATIVA DOS SANTOS

Cristo vai voltar outra vez! Paulo cria nisto. A maior parte dos ensinamentos do
Novo Testamento sobre a volta de Cristo saíram da inspirada pena do Apóstolo Paulo.
O santo pode regozijar-se sobre o seu passado porque já foi perdoado, ter coragem no
presente porque o Senhor prometeu atender cada uma de suas necessidades e repousar
na segurança no futuro porque Deus prometeu levar Seus filhos para a glória.
Verdadeiramente grande é o motivo do regozijo. “A volta de nosso Senhor Jesus

16
Cristo” aponta para a volta literal do Salvador. Não se sente grato em poder repousar
nas insondáveis riquezas de Cristo? Não se sente alegre por esta esperança que Ele
concedeu a cada crente? (1 João 3.2, 3).
A palavra que Paulo usou para “volta” difere da palavra usada em 1 Coríntios
15.23. Ali ele usou a palavra que significa presença pessoal. Aquela será a hora em
que os santos serão arrebatados ou ressuscitarão. Aqui a palavra significa
aparecimento visível ou revelado e geralmente é usado para falar da volta de Cristo em
glória visível para todo o mundo (2 Ts. 1.9, 10; 1 Pe. 1.7). Os santos estão aguardando
pela revelação de Jesus Cristo. Será sua hora de triunfo e vitória com Ele.
Imagine esta hora de consumação quando os santos terão concluído sua carreira
e seremos apresentados sem mácula diante do Pai pelo Filho (Cl. 1.22).
A data não pode ser encontrada em nenhum calendário aqui na terra. Só é
conhecida por Deus. É “o dia de nosso Senhor Jesus Cristo” e refere-se àquela hora
quando os santos comparecerão diante dEle no Tribunal de Cristo (1 Co. 3.13; 2 Co.
5.10). Naquele dia os propósitos de Deus se realizarão totalmente. Naquele dia
seremos como Ele, pois o veremos como Ele é.

Recapitulação

1. Quem são os santos?


2. Qual o significado da santificação?
3. Por que a graça precede a paz?
4. As Escrituras ensinam a confirmação?
5. Qual é o propósito da chamada divina?
6. Que garantias o crente tem de um lugar na glória?
7. Qual a diferença entre a “a vinda” de 1 Coríntios 1.7 e a de 1 Coríntios 15.23?

O que você acha?

1. Quanta responsabilidade Deus coloca sobre o indivíduo na prática diária para


uma maior conformidade com sua posição em Cristo?
2. É possível uma igreja ter dons e ainda assim ser carnal?

17
3. Será que o ambiente no qual uma igreja se encontra tem alguma influência
sobre as condições dentro da igreja?
4. Será que a união dos crentes professos deveria ser mantida com o sacrifício
da verdade revelada?
5. Você já memorizou os nomes dos livros da Bíblia?

Versículo para memorizar

“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor” (1 Co. 1.9).

18
III

O PROBLEMA DOS SANTOS

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Mantendo o equilíbrio – 1 Coríntios 1.10-17.
Segunda-feira: A provisão do crente – 1 Coríntios 1.18-31
Terça-feira: Um rei com problemas – 1 Crônicas 21.8-17.
Quarta-feira: Puro e perfeito – Salmo 19.7-14.
Quinta-feira: A provação do santo – Jó 2.1-10.
Sexta-feira: Provações e vitórias – 1 Coríntios 10.1-13.
Sábado: A prova da fé – 1 Pedro 1.1-9.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 1.10-31.

Já observou algum problema em sua igreja? As igrejas têm problemas porque os


santos têm problemas. E os santos têm problemas porque ainda estão na carne.
Na verdade os santos estão sujeitos a mais ou menos as mesmas dificuldades e
pressões que sofrem aqueles que não conhecem a Cristo. Consequentemente
enfrentam problemas de saúde, problemas financeiros, problemas de família e
problemas de ambiente. Os cristãos continuam vivendo na carne embora não devam
viver segundo a carne. Estão sob um contínuo conflito (Gl. 5.17).
O fato dos santos terem problemas não prova a insuficiência da graça de Deus
para uma vida cristã vitoriosa. Apenas revela nosso fracasso em receber a Sua
suficiência. É o fator humano, não o divino, que causa os problemas. Enquanto os
santos andam segundo a carne (Rm. 8.5), uma irrevogável lei de Deus - tão antiga
como a criação – entra em efeito. Quer seja um indivíduo ou uma igreja, as sementes
da carne sempre produzirão uma colheita semelhante.
Estes poucos versículos diante de nós revelam claramente que Cristo é
suficiente não só para atender às necessidades da igreja de Corinto, carnal e dividida,
mas também adequado para a solução de nossos problemas hoje em dia.

19
I. O PROBLEMA DA DIVISÃO INTERNA

Qual era o problema da igreja de Corinto, e quais eram as causas? Um rápido


exame dos primeiros oito capítulos revelarão que o seu problema não era singular, mas
plural. Quase cada capítulo trata de um novo problema que, na realidade, brota de uma
causa fundamental. Estes cristãos eram carnais. Esta era a fonte principal da qual
procediam todos os outros males.
A igreja em Corinto estava em perigo de ser rasgada por divisões entre os
próprios membros. A igreja não estava manifestando a graça e a paz da qual Paulo
escreveu nos versículos 3 e 4. Tinham o suprimento mas não o estavam usando - um
fracasso comum para nós. Seu passatempo favorito era morderem-se e devorarem-se
uns aos outros (Gl. 5.15).
Paulo declarou o problema no versículo 10. Com que ternura aproximou-se
desses convertidos! Não era outro a não ser o seu pai espiritual implorando. Vivera
entre eles dezoito meses. Eles sabiam que ele os conhecia, e eles conheciam o seu
coração.
A igreja era culpada de criar divisões por causa de homens; por isso Paulo
procurou uni-los à volta do nome de Jesus Cristo, o Senhor. Não há coisa melhor.
Depois, Paulo colocou o seu dedo sobre o problema que dividia esta jovem
igreja. Seu pedido foi que “todos falassem a mesma coisa” e que “não houvesse
divisões”. Eram um povo dividido. Estavam divididos por causa de:
● Pregadores (1.12).

● Imoralidade (5.1, 2).

● Processos diante de pagãos (6.1-11).

● Casamento (7.1-40).

● Carne oferecida a ídolos (8.1-13).

● Comportamento de mulheres na igreja (11.1-16).

● A Ceia do Senhor (11.17-34).

● Dons espirituais (12.1 – 14.40).

● Ressurreição (15.1-58).

Qualquer igreja que perde contato com a Pessoa central e esquece o seu
propósito fixo terá divisões semelhantes. Examine-se!

20
“Falar a mesma coisa” não fecha a porta ao pensamento independente. Antes, é
um apelo a que se fuja à formação de facções ao redor de homens. A liberdade
individual proíbe que outra pessoa nos induza a concordar em tudo com ela. Esta é
uma das fraudes da Igreja Católica Romana e é atualmente a inclinação do movimento
ecumênico (um só mundo religioso).
Paulo exortava os cristãos de Corinto a que fossem perfeitamente unidos. Em
Mateus 4.21 a mesma palavra foi usada significando “remendem suas redes rasgadas”.
“Mesma mente” e “mesmo julgamento” não significam que todos devemos pensar de
modo igual, mas, antes, os crentes deveriam ter bondosa disposição uns para com os
outros, com igualdade de propósito ainda que nossos pontos de vista difiram.
O problema foi revelado pela casa de Cloe. Paulo apresentou os fatos
francamente. Eram internos. Não consideremos o informante como um delator. A
informação brotou de uma preocupação espiritual profunda, de alguém que reconhecia
em Paulo aquele que poderia salvar a igreja. Não sabemos nada mais sobre Cloe a não
ser a fraca possibilidade de que tenha sido a mãe de Estéfanas, Fortunato e Acaico,
que levaram a carta da igreja de Corinto a Paulo (1 Co. 16.17). A palavra “contendas”
significa “discórdias”, que são consideradas como obra da carne (Gl. 5.20).
O problema era causado por seguidores de homens. Toda a igreja era culpada de
“partidarismo”. De alguma forma, ao engrandecer os instrumentos humanos, perdiam
de vista o Salvador. Até mesmo as pessoas que se recusavam a seguir os homens pia e
orgulhosamente declaravam que eram “de Cristo”.
O remédio de Paulo para o problema era colocar Cristo no centro. Apresentou
uma pergunta retórica: “Cristo está dividido? Paulo foi crucificado em favor de vós?”
Seu sepultamento e ressurreição foi em nome de Paulo? Naturalmente a resposta era
NÃO! A investida do Apóstolo foi forte. Insistiu na verdade de que a divisão fora
causada porque os cristãos ocupavam-se mais com os vice-pastores.
De modo nenhum interprete os versículos de 14 a 17 como desprezo pelo
batismo. Paulo simplesmente colocou a devida ênfase sobre a pregação do evangelho.
Hoje em dia há quem ensine que Paulo afastou-se do batismo como desnecessário para
a Dispensação da Graça. Lembrem-se, na qualidade de fundador da igreja em Corinto,
tinha-lhes ensinado por palavra e por exemplo a importância da ordenança do batismo
(Atos 18.8). Por causa do partidarismo que agora prevalecia na igreja, entretanto,
sentia-se grato por ter batizado só alguns poucos que creram em Cristo.

21
II. O ESCÂNDALO DA CRUZ

A mensagem do Apóstolo não era com “sabedoria de palavras” (1 Co. 1.17)


para que ninguém pudesse dizer que o fruto de sua pregação brotara de algo além do
poder do Evangelho.
A pregação da cruz refere-se à mensagem e não à pregação propriamente dita. A
igreja não tem outro evangelho a não ser a pregação de Cristo e Ele crucificado. Está
registrado que Cristo morreu pelos pecados dos homens e que os pecadores podem ser
reconciliados com Deus através dos méritos do sacrifício expiatório de Cristo.
Para alguns, uma tal mensagem era loucura exatamente como hoje. Estão cegos.
Cegos ao seu poder – Romanos 1.16; João 12.32, 33.
Cegos à sua consecução – Colossenses 1.20.
Cegos ã sua revelação do amor de Deus – João 3.16; Romanos 5.8.
Cegos à sua demonstração da graça de Deus – Hebreus 2.9.
Para outros a mensagem é o poder dc Deus conforme declarado nos versículos
de 18 a 20. Cada crente nascido de novo está cônscio de que o evangelho é o poder de
Deus, porque já o experimentou pessoalmente! A palavra poder, no grego, é dunamis
da qual vem a palavra dinamite. Esta é a única mensagem que arranca os homens do
pecado para a santidade.
Observe que o Apóstolo aqui falou de apenas duas categorias de pessoas: os
perdidos e os salvos. Toda a humanidade se encaixa em uma destas classes. Ou você
está perdido no pecado, sendo filho de Satanás, ou está salvo pela graça mediante a fé
na obra consumada de Jesus Cristo nosso Senhor. O que você é?
A sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo foram colocadas em contraste no
versículo 21. Os homens não têm compreensão espiritual fora da revelação divina.
Para o homem natural – analfabeto ou doutor – a cruz não tem sentido. É esta
mensagem que Deus usa para criar uma grande família espiritual chamada entre cada
tribo e nação do mundo.
A mensagem da cruz era simples. Enquanto os gregos desejavam sabedoria, os
judeus desejavam alguma grande evidência visual que fosse digna de seu conceito de
Deus. A crucificação era um sinal de fraqueza, não de poder. Arrazoavam que tal coisa
não poderia vir de Deus. Para os gregos, qualquer mensagem que focalizasse a morte
de um fanático religioso não merecia ser discutida.

22
Mas esta era a única mensagem de Paulo: para os judeus, uma pedra de tropeço
ou um escândalo para a reputação divina; e para os gentios, não merecia nem
consideração.
Assim, a mensagem da cruz foi desprezada pelos que não eram salvos (1.22,
23), mas, ao mesmo tempo, foi exaltada pelos salvos (1.24).
A salvação não conhece barreiras de nacionalidade. Reúne numa só família
regozijante judeus e gentios. Repetimos, esta é a vocação eficaz de Deus, de modo que
dois fatores ficam explicitamente revelados: um, o poder de Deus; outro, a sabedoria
de Deus. Cristo é o Poder de Deus em que Ele é o Canal através do qual Deus
demonstra Sua graça salvadora pela transformação de pecadores em santos. Cristo é a
sabedoria de Deus em que nEle o amor e a graça de Deus, Sua santidade e justiça,
encontram-se perfeitamente unidos. Em Cristo Deus revelou e executou todos os
eternos propósitos de Sua mente (Rm. 11.33, 34).
No versículo 25 o Apóstolo revela um contraste gritante. Os pobres gregos,
amantes da sabedoria, que orgulhavam-se do seu intelectualismo e seu poder de
raciocínio, não podiam discernir em Cristo a mais profunda de todas as sabedorias. O
que consideravam com desprezo, Deus usava para abalar a nação.
Já observou o tipo de gente que Deus tem chamado para seguir a cruz? Algumas
vezes ouvimos a crítica de que só os pobres e iletrados são alcançados pelo evangelho.
Não é a verdade toda; pois Deus tem Seus nobres, Seus ricos e Seus indivíduos cultos.
A grosso modo, entretanto, a acusação é verdadeira. Os instrumentos que Deus usa
são, em grande parte, pouco letrados, sem eloquência, riqueza, fama ou poder.
A vocação divina é para os simples. Paulo diz: “Olhem à sua volta, irmãos. O
que é que veem?”.
Não encontramos muitos sábios ou filósofos na família cristã. Isto não significa
“nenhum”, pois Deus inclui alguns. Contudo, Deus não tem necessidade de sabedoria
humana; pois Ele pode escolher aqueles que não têm muitos predicados e pode
transformá-los em instrumentos de grande utilidade.
“Muitos poderosos” provavelmente se refere a importantes homens de estado,
homens que controlam o poder por causa de posição, classe social ou riqueza. “Nobres
de nascimento” inclui aqueles de nascimento ilustre ou descendentes de famílias
renomadas. Entretanto, nem todos ficavam excluídos.
A glória de Deus é objetiva. “Deus escolheu!” O próprio fato de sermos salvos é
devido a um ato da graça de Deus. Somos o resultado de Sua escolha.

23
“Foi a graça que gravou meu nome
No livro da vida eternal;
Pela graça eu sou do Cordeiro,
Que livrou-me de todo o mal.
Foi a graça que ensinou-me a orar,
E lágrimas me fez derramar;
Foi a graça que me guardou,
Foi a graça que não me deixou.
Salvo tão só pela graça!
Só isto eu posso dizer:
Por toda a humildade e por mim
Jesus esteve pronto a morrer.”

Deus chama as coisas loucas – aquelas que estão destituídas de cultura, riqueza,
categoria social e poder. Deus humilhou os sábios, mostrando-lhes que não precisa de
homens para contribuir ao sucesso de Sua causa.
Os fracos, os humildes, os desprezados, aqueles que o mundo considera
indignos de nota – estes Deus escolheu para a Sua família e para a execução de Sua
obra de modo que toda a glória seja dEle.
O Filho de Deus é a Provisão adequada. O capítulo termina positivamente
quando o Apóstolo explicou como Deus transformou os humildes, os fracos, os loucos
e os desprezados em uma grande família espiritual. Estão todos “em Cristo”. Este é o
motivo porque cada pecador salvo é uma nova criação em Cristo. Esta é a nossa
unidade. Esta é a nossa proteção.
Em Cristo temos justiça, santificação ou um novo relacionamento com Deus e
redenção, no presente e no futuro.

Recapitulação

1. O que quer dizer “a loucura da pregação”?


2. Qual o propósito de Deus em escolher os loucos, os fracos e os humildes em
lugar dos sábios e poderosos?

24
3. Qual era o ponto central do problema da igreja de Corinto?
4. Será que Paulo ensinou o batismo? Prove sua resposta.

O que você acha?

1. O que Paulo descobriria como o maior problema de nossas igrejas hoje em


dia?
2. Que solução você acha que Paulo ofereceria?
3. Você acha que a inclinação de muitas escolas e igrejas de se afastarem da
posição fundamentalista é um desejo de ganhar mais sábios e poderosos?

Versículo para memorizar

“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co. 1.30).

25
IV

REVELAÇÃO DIVINA

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: A Palavra de Deus – Hebreus 4.9-13.
Segunda-feira: Fábulas ou Fatos – 2 Pedro 1.15-21
Terça-feira: Chamados para proclamar – Ezequiel 2.1-7.
Quarta-feira: Pura e perfeita – Salmo 19.7-14.
Quinta-feira: Uma Bíblia inspirada por Deus – 2 Timóteo 3.14-17.
Sexta-feira: Ensinando pelo Espírito – 1 Coríntios 2.1-13.
Sábado: O homem bem-aventurado – Salmo 1.1-6.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 2.1-13.

Um grande debate que afetará as almas de incontáveis milhões, se o Senhor


demorar, está em andamento hoje em dia. Levantou-se a questão: “A Bíblia é
divinamente inspirada? É a Palavra de Deus autorizada?” Alguns duvidam de sua
inspiração verbal, o que por sua vez leva à dúvida sobre sua autoridade.
Este capítulo trata da doutrina da revelação divina e vai nos familiarizar com a
forte convicção do Apóstolo Paulo referente à inspiração verbal e autoridade da
Palavra de Deus.
Se a Bíblia é alguma coisa menos que a Palavra de Deus, sua exatidão histórica
e autoridade absoluta podem ser questionadas. Geralmente aqueles que são
considerados como fundamentalistas históricos não defendem a inspiração das
traduções e versões da Bíblia, mas somente os manuscritos originais, como eles
vieram, da pena dos autores inspirados (2 Pe. 1.19-21).
Ultimamente muitas versões, traduções e paráfrases da Bíblia foram colocadas
no mercado. Geralmente, aqueles que produziram tais livros não consideram Cristo
como o Filho divino de Deus; nem creem na inspiração verbal plenária da Palavra de
Deus. Era de se esperar que tais homens procurassem a exatidão em seu trabalho de
tradução e que também revelassem alguma tendência em áreas especiais e difíceis. Os
crentes devem acautelar-se quando usam certas versões, traduções e paráfrases.
Tenham em mente as deficiências que poderão encontrar.

26
I. REVELAÇÃO DIVINA E O PREGADOR

Paulo deveria constituir um grande desapontamento para os filósofos de Corinto


quando pela primeira vez o ouviram. Os coríntios gostavam de uma exibição de
sabedoria. Paulo poderia tê-los agradado, pois era um homem letrado. Tendo ido
diretamente de Atenas a Corinto, Paulo lembrava-se bem de sua exposição no Monte
de Marte. Resolveu não confrontar-se com eles em seu nível de “busca da sabedoria”.
Antes, proclamaria o evangelho em toda a sua simplicidade. Os convertidos seriam,
então, um testemunho do poder de Deus e não a persuasão da lógica.
Paulo lembrou-os de “quando fui ter convosco”. A maior parte dos coríntios
lembrava-se da ocasião. Mas como foi? Será que movimentou as massas com oratória
notável e lógica concisa? De modo nenhum! “Não com ostentação de linguagem”, ele
disse. Os gregos adoravam a oratória, mas Paulo não quis discursar. Não temos fitas
gravadas com as pregações de Paulo, mas sem dúvida um homem com a sua
capacidade poderia usar muito mais oratória se quisesse. Muitos pregadores são
tentados com oratória, e possivelmente são tentados porque este é o tipo de pregação
que o povo corre para ouvir. Para muitos, o que importa não é o conteúdo mas a
maneira de transmiti-lo. Paulo escolheu um modo simples de transmitir uma
mensagem poderosa. Entretanto, o Apóstolo não advogou a falta de preparo ou o
desleixo no falar quando se proclama a mensagem. Está falando que a mensagem deve
ser apresentada de maneira atraente dentro da capacidade do mensageiro, mas nunca o
mensageiro deveria, através de talento e retórica, subordinar a mensagem a um lugar
secundário.
Quanto à “sabedoria”, Paulo era mestre da mais alta categoria, mas não falava
para exibir seus conhecimentos quando pregava o evangelho. Sua mensagem era “o
testemunho de Deus”. Dava testemunho do fato de Jesus Cristo, o Filho de Deus, ter
morrido pelos nossos pecados, ter sido sepultado e ter ressuscitado 110 terceiro dia (1
Co. 15.3, 4).
O pensamento de Paulo estava estabelecido num só ponto: Centralizava todas as
suas energias num só tema, “Jesus Cristo, e este crucificado”.
Este é o negócio mais importante do ministro. Deveria ser notado mais pela sua
pregação explícita do evangelho do que por qualquer outro interesse ou sucesso. Tudo
o que diz e faz deveria revelar, não sua grandeza ou estudo, mas deveria refletir a
glória e a sabedoria do Deus a que serve.

27
Apesar de suas Epístolas, mais o Livro de Atos, pouco sabemos sobre Paulo.
Estes versículos ajudam-nos a entender este homem que tão grandemente foi usado
por Deus.
“Em fraqueza” sem dúvida refere-se ao corpo de Paulo mais do que a seu
espírito, uma vez que “temor e grande tremor” estariam relacionados com o espírito.
Paulo talvez tivesse alguma pequena enfermidade física conforme indica 2 Coríntios
12.7, a qual o incomodava enquanto esteve em Corinto. Pelo menos, as pessoas não se
impressionavam com sua aparência pessoal (2 Co. 10.10).
“Temor e grande tremor” são indicações de que Paulo estava muito preocupado
com o sucesso do evangelho nesta cidade sofisticada. Possivelmente sentia-se um
tanto alarmado, também, com sua segurança física. Pelo menos Atos 18.9, 10
indicariam isto.
O versículo 4 repete o pensamento do versículo 1 de que Paulo falava sem
grande eloquência ou sabedoria. Quaisquer resultados obtidos de sua pregação não
persuasiva (atraente) revelariam que o evangelho era o poder de Deus. Seus próprios
defeitos realçavam o evangelho que pregava.
A fé deveria repousar sobre a sólida rocha, não sobre areia sem estabilidade. Se
alguém é persuadido a crer por argumentação, também poderá ser dissuadido por outro
argumento mais lógico. Paulo reconhecia que era assim. Por isso procurou dirigir sua
fé só para o Filho de Deus que podia salvar.

II. A REVELAÇÃO DIVINA E O OUVINTE

Há profundidade na mensagem cristã porque foi concebida na mente de Deus. É


a sabedoria de Deus.
A mensagem de Paulo era a essência da sabedoria divina. Esta mensagem não
era tida em alta conta pela maioria das pessoas (1.22-28), mas é a mais alta sabedoria
entre outras – os “experimentados” (2.6).
Esta palavra “experimentados”, (perfeitos2) não se refere a pessoas sem pecado,
mas a cristãos que agora podem captar a verdade espiritual. Amadureceram. Fizeram
progresso espiritual naquelas “cousas que são melhores e pertencentes à salvação”
(Hb. 6.9). A palavra “experimentado” também não inclui todos os remidos, pois na
família cristã existem aqueles que são classificados como criancinhas ou imaturos
espiritualmente falando.
2
Bíblia Almeida, Edição Revista e Corrigida.

28
Esta sabedoria da qual Paulo fala era a sabedoria do Senhor que continua para
sempre. É a sabedoria que tem o poder de mudar os corações dos homens.
Qual é esta “sabedoria de Deus em mistério”? O Apóstolo a identifica como
“oculta” além de ordenada por Deus para a nossa glória. Não significa que o
evangelho seja misterioso e precise ser descoberto, mas, antes, que é o maravilhoso
plano da redenção substitutiva, escondido no coração de Deus e jamais esquadrinhado
pelo homem e que agora foi revelado.
Entretanto, esta sabedoria ainda está oculta, pois aqueles que se encontram fora
do ministério do Espírito Santo continuam nas trevas do pecado. A sabedoria de Deus
no Seu plano de salvar um pecador foi revelado aos crentes mas continua escondido
para os incrédulos. Então, Paulo diz na última parte do versículo 7 que o evangelho
não foi uma reflexão posterior. Antes de Adão existir, Deus já tinha um esboço para a
formação de uma nova família sob o Senhorio do último Adão, Jesus Cristo, Seu
Filho. Pense neste maravilhoso plano de redenção! Regozije-se pois inclui você.
A Mensagem foi a do Filho de Deus (Hb. 1.2); mas quando a Mensagem veio à
terra, nenhum dos grandes deste mundo o reconheceu.

III. REVELAÇÃO DIVINA E INTERPRETAÇÃO ESPIRITUAL

Como Deus revela Sua sabedoria aos homens? Como pode a mente finita –
depravada e corrupta – entender a verdade espiritual? Paulo disse: “Nem olhos viram,
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam”.
Este não é um bom texto sobre o céu? De modo nenhum! Refere-se às
maravilhosas verdades espirituais que cada crente pode reconhecer nesta vida, mas
não podem ser captadas sem a iluminação divina do Espírito de Deus. A mente
humana não pode captá-las. Nem os sentidos (olhos, ouvidos) humanos. Só o crente,
cheio do poder do Espírito Santo de Deus e doutrinado por Ele pode compreender as
riquezas e glórias do mundo espiritual. Deus as preparou para você, filho de Deus. São
suas com garantia, um dom da graça dEle.
Observe que “o que Deus tem preparado” está no tempo passado “tem
preparado”, ou “preparou”. Seja o que for não é só para o doce porvir do futuro, mas
para o presente aqui e agora. O armazém divino do Deus onipotente está cheio e
transbordante de todas as provisões que Ele planejou para os Seus. Mas muitos dentre

29
o povo de Deus exibem pobreza espiritual. Seu armazém inclui conhecimento
espiritual, fruto do Espírito e capacitação divina para o trabalho – hoje.
Sem dúvida os crentes têm uma casa do tesouro para o futuro também (1 Pe.
1.4); mas este versículo fala do que nós temos para o presente. “Deus no-lo revelou”.
Não há razão para ignorância espiritual. Deus demonstrou Sua sabedoria em Seu Filho
e então abriu nossos olhos que estavam cegos, nossos ouvidos e mentes, de maneira
que possamos captar as verdades. O Mestre nesta divina sala de aula é o Espírito
Santo. O objeto de Sua instrução se encontra em “no-lo”. A nós – os fracos, os
humildes, os desprezados – o Espírito Santo trouxe iluminação espiritual.
Só aqueles que nasceram do Espírito de Deus têm a capacidade de saber as
coisas de Deus. Paulo raciocina do ponto de vista humano para o divino e do
conhecimento para o desconhecido para explicar por que é assim. Só o próprio homem
pode conhecer seus pensamentos e propósitos. Nenhum outro, do lado de fora, pode
conhecê-los totalmente. Da mesma forma as coisas de Deus, Seus propósitos e planos,
podem ser conhecidos através do Espírito de Deus. Cada crente está habitado pelo
Espírito e assim está qualificado a conhecer as coisas espirituais. Os cristãos precisam
não ser ignorantes espiritualmente, pois estas coisas são-nos dadas livremente por
Deus.

IV. REVELAÇÃO DIVINA E INSPIRAÇÃO

Deus se revelou através da natureza e através de Sua Palavra. A Palavra de Deus


é uma Pessoa viva (João 1.1). A Palavra de Deus também é escrita – sessenta e seis
livros da Bíblia abrangem a Palavra escrita. A Palavra escrita de Deus é Sua revelação
divina para nós. A inspiração é o meio pelo qual Deus transmite verdades espirituais
através de agentes humanos. Iluminação é a obra do Espírito Santo sobre as mentes e
corações dos crentes para que possam entender a mensagem de Deus. A inspiração
limitou-se a poucos homens (cerca de quarenta) que foram controlados pelo Espírito e
escreveram o que Deus quis que ficasse registrado nas Sagradas Escrituras. A
iluminação é para todos.
Na inspiração há um instrumento humano que Deus usa para fazer a Sua obra.
Paulo simplesmente escreveu as coisas que o Espírito de Deus instruiu-o a escrever.
Não Leve interpretação particular. Ele falou “movido pelo Espírito Santo”. (Veja 2
Pedro 1.20, 21).
A Bíblia é um Livro inspirado por Deus. O Espírito Santo tomou conta dos
escritores. Usou suas mentes, experiências e corpos; e guardou-os do erro.

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Os escritores da Bíblia deram-nos as Escrituras “em palavras... ensinadas pelo
Espírito”. As palavras da obra original da Palavra de Deus foram inspiradas: “Toda
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça” (2 Tm. 3.16).
Cada filho de Deus deveria tentar memorizar este versículo de importância vital.
Guarde-o em seu coração. Quando Satanás enviar os dardos da dúvida e da incerteza,
lembre-se, você crê na Palavra DE DEUS.
A Palavra de Deus é uma unidade. Estude-a “conferindo cousas espirituais com
espirituais”. Quanto mais você estiver familiarizado com os ensinamentos de todo o
Livro, melhor você poderá entender a verdade espiritual de cada porção. Quanto maior
a maturidade espiritual, melhor a compreensão da verdade divina.
A sabedoria e profundidade da Palavra inspirada de Deus são tão sem fim que o
mais sábio e mais velho de todos os santos ainda encontrará verdades novas e
desconhecidas que farão sua alma vibrar. Mas aquelas mesmas verdades, inspiradas e
ensinadas pelo Espírito Santo, conduzem o mais jovem e o mais simples dos filhos de
Deus, do novo nascimento à maturidade espiritual. “Ó profundidade da riqueza, tanto
da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e
quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm. 11.33).

Recapitulação

1. Como Paulo se aproximou dos cultos habitantes de Corinto?


2. Qual era a determinação de Paulo?
3. No que nossa fé deveria se firmar?
4. Quando Deus criou o plano de salvação?
5. Por que não temos desculpa para sermos cristãos espiritualmente ignorantes?
6. Memorize 2 Timóteo 3.16.

O que você acha?

1. Por que você acha que a doutrina da inspiração verbal é uma doutrina pouco
aceita em muitos setores hoje em dia?
2. É possível perder o respeito pela autoridade da Palavra de Deus e ainda assim
manter seus padrões?

31
Versículo para memorizar

“Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana,


mas ensinadas pelo Espírito, conferindo cousas espirituais com espirituais” (1 Co.
2.13).

32
V

ESPIRITUALIDADE E CARNALIDADE

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Três tipos de homens – 1 Coríntios 2.14 – 3.4.
Segunda-feira: O fruto da carne – Gálatas 5.17-21.
Terça-feira: O fruto do Espírito – Gálatas 5.22-26.
Quarta-feira: Uma guerra interna – Romanos 8.5-13.
Quinta-feira: Vitória para o derrotado – Romanos 7.15 – 8.4
Sexta-feira: A oração do desviado – Salmo 51.1-13.
Sábado: Santos e os seus pecados – 1 João 1.5 – 2.2.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 2.14 – 3.8.

Se lhe pedissem para citar apenas uma característica dos cristãos professos que
impede a causa de Cristo em todo o mundo, o que você citaria?
Talvez fosse a importância que alguns dão aos movimentos, dentro ou fora da
igreja.
Talvez você dissesse que é o espírito de divisão ou atitudes de crítica.
Outros certamente mencionariam a insistência da parte de alguns na enfatização
de certas doutrinas acima de outras.
Outros ainda diriam que os padrões na roupa e no comportamento dos cristãos
são tão rigorosos que provocam a desarmonia em relação ao nome de Cristo.
Muitos ignorarão tudo isso e irão ao âmago do problema, a natureza de cada
crente individualmente e como essa natureza reflete Cristo. Quanto a isso, em algum
ponto lá em cima da lista das características que atrapalham a causa de Cristo, estaria a
imaturidade espiritual.
Um velho provérbio índio diz: “Um diamante defeituoso tem mais valor que um
seixo perfeito”.
Portanto, amigo crente, diante de Deus, você apesar de suas falhas e
desobediência, é muito mais valioso do que o incrédulo moral. Você foi comprado

33
com o preço do Seu precioso Filho, o Senhor Jesus Cristo. Você é Seu filho. Ele o
amou e deu-se por você.
Quando você aceitou a Cristo como Salvador, Ele lhe deu uma nova natureza. É
desejo de Deus que você, em sua condição nova, siga “para o que é perfeito” (Hb.
6.1). Muito poucos de nós podem dizer: “Isso faremos, se Deus permitir” (Hb. 6.3).
Ser imaturo é ser incompleto, é não ter atingido ainda um desenvolvimento
completo. Ser amadurecido, entretanto, é ter atingido total crescimento e
desenvolvimento, estar completamente realizado, perfeito.
Você pode se dizer amadurecido? Naturalmente, não, e nenhum crente pode
dizer honestamente que atingiu o nível da perfeição total. Nós o alcançaremos quando
deixarmos esta vida e estivermos com Cristo, quando formos “semelhantes a ele,
porque havemos de vê-lo como ele é” (1 João 3.2).
É plano de Deus que estejamos crescendo, amadurecendo na Sua Palavra,
tomando-nos cada vez mais parecidos com o Salvador. Mas também é verdade que
cada vez maior número de igrejas estão se dividindo, maior número de cultos ficam
sem as bênçãos de Deus, grandes comunidades do mundo não são alcançadas com o
evangelho de Cristo e inúmeros crentes privam-se dos benefícios espirituais que Deus
tem para eles e para suas igrejas, simplesmente porque recusam-se a admitir
humildemente sua imaturidade espiritual, que prevalece entre os cristãos de toda parte.
Na introdução do capítulo 2, Paulo revelou que Deus tem grandes coisas espirituais
preparadas “para aqueles que o amam”. Aparentemente muito poucos crentes estão
qualificados. Temos uma revelação divinamente inspirada da vontade de Deus e o
Espírito para iluminar nossos corações com entendimento. Por que tão pouco
progresso? Em sua resposta Paulo descreve as três grandes divisões da humanidade:
Homem Natural,
Homem Carnal,
Homem Espiritual.

Ao mesmo tempo ele toca bem no âmago deste problema que prevalece nos
círculos cristãos de hoje – a falta de maturidade espiritual da parte de milhares e
milhares.

34
I. O HOMEM NATURAL

Leia de novo o versículo 13, mais o versículo 14. Paulo acabou de apresentar
sua doutrina referente à revelação divina. Deus usou os homens sob a direção do
Espírito Santo para nos dar uma revelação da verdade espiritual. Até cada uma das
palavras ficou sob a superintendência do Espírito Santo de modo que temos uma
Bíblia verbalmente inspirada. Mas uma vasta multidão da raça humana não tem
compreensão da verdade espiritual mesmo que Deus a tenha colocado ao nosso
alcance. Quem é este homem para quem as verdades espirituais não existem? É o
homem natural.

A. Sua identidade

Por “natural” Paulo quis dizer aquele que é, como nasceu fisicamente. Só
nasceu uma vez e da carne (João 3.6). Ele não tem compreensão dos valores
espirituais (João 3:3, 5), pois não pode ver ou entrar no reino de Deus. Vive no plano
inferior da vida material.

B. Suas características

É mais fácil descrever as características do que a própria pessoa. O Apóstolo


coloca diante de nós alguns sinais identificados do homem natural:

1. Não aceita as coisas de Deus. Está fora da sintonia divina.


2. As coisas espirituais parecem-lhe loucura. As coisas que os crentes gozam,
parecem-lhe pura bobagem, parvoíce religiosa.
3. É impossível que reconheça as coisas espirituais. Assim como o cego de
nascença não consegue entender a descrição das cores, assim o homem nascido
só da carne não pode entender as coisas espirituais.

II. O HOMEM CARNAL

A segunda importante divisão da humanidade, encontrada no capítulo 3, é o


homem carnal. Diz-se que este é uma criancinha em Cristo.

35
A. Sua identidade

Esta palavra “carnal” foi usada três vezes nos quatro primeiros versículos do
capítulo 3. Descubra-a. A palavra significa sensual ou carnal. Descreve de maneira
precisa o cristão que é motivado mais pela carne do que pelo Espírito de Deus.
O cristão carnal pode ocupar uma entre duas posições. Pode ser um convertido
novo e assim ser uma criancinha em Cristo. Está apenas começando a sua jornada de
obediência a Cristo. Ainda não teve oportunidade de estudar a Palavra de Deus e
aprender seus preceitos para o crescimento e serviço. É capaz de entender e digerir só
o leite da Palavra porque é jovem e imaturo. Como qualquer criancinha, o cristão novo
pode tropeçar e cair enquanto aprende a andar no caminho que Deus planejou. Mas,
conforme vai se alimentando da Palavra de Deus, ganha forças e avança na direção da
maturidade em Cristo.
Ou, então, o homem carnal já comemorou muitos aniversários espirituais, mas
jamais abandonou seu comportamento infantil. Negligenciou a Palavra de Deus. Não
procurou a comunhão com o povo de Deus. Não se submeteu à vontade de Deus.
O homem carnal encaixa-se nestas duas posições. Vamos examinar suas
características.

B. Suas características

1. O homem carnal é espiritualmente imaturo. Paulo sentia-se frustrado.


Desejava falar de grandes verdades espirituais e atacar assuntos mais importantes.
Contudo, não podia ensinar aos cristãos coríntios de maneira adequada porque era
necessário que usasse a linguagem espiritual infantil para falar com eles.
Paulo não os repreendeu por esta condição no versículo 1. Lembra-se dos dias
quando estivera com eles. Eram novos na fé e, portanto, criancinhas em Cristo. E foi
tudo. Gigantes espirituais não amadurecem da noite para o dia depois do nascimento.
O Apóstolo disse que os alimentara com leite naquela ocasião porque não tinham
capacidade de receber outra coisa. Não podemos acusar uma criancinha sem dentes
porque não come carne. Na verdade, nem lhe damos carne.
Mas cinco longos anos tinham se passado. Houvera oportunidades para
crescimento. Mas os cristãos de Corinto não tinham mudado. Continuavam carnais.
Ainda eram criancinhas. Paulo teve de lhes dizer: “Nem ainda agora podeis, porque
ainda sois carnais”.

36
2. O homem carnal é motivado pela carne. A condição de “ainda carnal” dos
versículos 2b e 4 é bem mais séria do que a dos versículos 1 e 2a. Aquela é uma
carnalidade de crescimento paralisado, de vida segundo a carne e não segundo
Espírito. Paulo citou qualidades específicas que acompanharam sua caminhada
segundo a carne: “ciúmes”, que é o oposto do fruto do amor; “contendas”, ou uma
reputação de serem briguentos; “divisões”, ou contendas dentro do grupo; e
finalmente, Paulo disse que eram discípulos de homens.
Estas características demonstraram claramente que os cristãos coríntios e os
crentes iguais a eles hoje em dia, deixaram de reconhecer e lembrar-se da verdade de 1
Coríntios 1.7: “de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação
de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Daniel Webster, nascido quando os Estados Unidos ainda era uma nação muito
nova, tornou-se um dos seus maiores oradores e notável estadista. Webster, durante a
sua carreira em Washington, fez tudo que podia para reunir os estados em uma nação
forte.
Um repórter perguntou certa vez ao Sr. Webster: “Qual o pensamento mais
sóbrio, mais penetrante que o senhor já teve?”
Sem hesitação o firme estadista replicou: “Minha responsabilidade pessoal para
com Deus!”
Cada pessoa que nasce no mundo enfrenta esta responsabilidade. O homem
natural vai enfrentá-Lo em pecado, perdido e sem esperança. O crente apresentar-se-á
diante dEle, revestido da justiça do Salvador, para prestar contas das obras praticadas
na carne. Deus não nos chama para que permaneçamos como criancinhas carnais em
Cristo, mas para que cresçamos como santos úteis e espirituais que dão frutos para Sua
glória.

III. O HOMEM ESPIRITUAL

Este é o homem que é mais motivado pelo Espírito do que pela carne. A agência
controladora de sua vida está mais lá em cima do que aqui embaixo. Ele não é perfeito
no sentido da ausência de pecado; mas tal é o espírito e a conduta de sua vida que é o
próprio sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5.13, 14). Coloque este homem dentro dos
padrões de 1 Coríntios 13 e Gálatas 5.22, 23, e ele não estará abaixo do peso. É o tipo
de homem que você sempre gosta de ver por trás do púlpito, nos bancos – e no
espelho.

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A. Sua identidade

“Ele é espiritual”. Nasceu do Espírito (João 3.3). Tem uma nova natureza (2 Pe.
1.4). É uma nova criação (2 Co. 5.17). Prossegue “para o alvo” (Fp. 3:14). Saiu da
infância espiritual alimentando-se da Palavra, tendo comunhão com o Salvador e os
Seus santos e servindo.

B. Suas características

1. É espiritualmente amadurecido, porque progrediu além do “estágio do leite”


(3.2; Hb. 5.14). Aprendeu que para trabalhar para Cristo, deve primeiro ser obra de
Cristo. Aprendeu a tomar a Palavra de Deus o seu livro de texto para o viver diário.
Aprendeu a obedecer ã orientação do Espírito. Ativamente deseja andar no caminho
divino.
2. Tem um inteligente discernimento espiritual (2.15). Isto não se deve a uma
qualidade intelectual superior mas por causa do seu íntimo contato com o Espírito de
Deus que é a Sabedoria do Céu. O homem espiritual tem a capacidade de examinar e
avaliar todas as coisas por suas qualidades espirituais, carnais ou naturais. Contudo,
“não é julgado por ninguém”. O homem espiritual não tem a motivação que leva os
não salvos à ação; portanto, é um enigma.
Um cristão não deveria realmente esperar que seus antigos amigos não salvos o
entendam. Isto deve ser lembrado quando outros membros da família ainda estão sem
Cristo.
3. É motivado pelo Espírito. Veja Gálatas 5.16-26, onde Paulo estabelece o forte
contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Apesar da luta, o sinal do
homem espiritual é que ele anda segundo o Espírito e produz fruto do Espírito.
4. É um discípulo de Cristo (3.4. 21-23). Em cada igreja Deus tem servos cuja
obra é edificar os santos na fé. O homem espiritual reconhece esses servos pelo que
são, instrumentos de Deus. Ele não se gloria neles. São simples homens. Gloria-se em
Deus por ter enviado Seus servos para serem líderes espirituais.

IV. A CURA DA CARNALIDADE CORÍNTIA

Muitos anos se passaram desde que Paulo escreveu esta carta prática ao povo da
igreja em Corinto. A natureza humana não mudou. Os conflitos de personalidade
ainda atuam na igreja que deixa de vigiar e orar.

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Este era o problema em Corinto. Por causa das diferenças de personalidade e
talento de certos mestres, grupinhos começaram a reunir-se à volta de cada um. Os que
apoiavam cada um deles proclamavam a superioridade de seu predileto. Como Deus
queria que o problema fosse resolvido? Seu Espírito disse a Paulo o que escrever para
lhes dar o conselho necessário.
A tendência de engrandecer o servo de Deus é realmente loucura. Toda a obra
espiritual é obra de Deus ainda que seja plano Seu usar instrumentos humanos. Com
muita sabedoria o Apóstolo comparou a diferença de ministérios dos líderes á
semeadura e rega. Ambas são necessárias, e nenhuma seria suficiente sem a outra; mas
é Deus que dá a colheita. É Deus que merece o louvor.
Seja Pedro, Paulo ou Apoio, o propósito do seu ministério era o fruto espiritual,
não as divisões. Paulo organizou a igreja, mas recusou-se a invejar o ministério
audacioso e eficiente de Apoio. O semeador, o lavrador e o colhedor são todos um –
nenhum poderia ver a consumação de seu trabalho sem o outro. Não deveríamos
considerar um mais importante do que o outro.
Em qualquer obra espiritual sempre há dois obreiros, um instrumento visível
humano e o Sócio Divino invisível que capacita.

Recapitulação

1. Cite as três divisões da família humana desta lição.


2. Cite as duas divisões da família cristã.
3. Quais as características do cristão carnal?
4. Em que sentido os servos de Deus são um?

O que você acha?

1. Até quando um cristão novo pode ser considerado como carnal?


2. Quais as evidências dos discípulos de homens? Qual a cura?
3. Muitas igrejas são críticas e têm medo dos evangelistas. À luz da Palavra de
Deus, você acha que um evangelista é privilégio da igreja?
4. Faça uma lista das características em sua vida que indicam sua maturidade
cristã. Faça uma outra lista das características, que devem amadurecer à luz dos
ensinamentos desta passagem.

39
Versículo para memorizar

“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a
carnais, como a crianças em Cristo” (1 Co. 3.1).

40
VI

OBRAS E RECOMPENSAS

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Obra de qualidade – 1 Coríntios 3.9-15.
Segunda-feira: O código de edificação para a eternidade – Mateus 7.24-29.
Terça-feira: O obreiro cristão – 2 Timóteo 2.1-7.
Quarta-feira: Regras a observar – 2 Timóteo 2.15-26.
Quinta-feira: Responsabilidade cristã – 2 Coríntios 5.1-13.
Sexta-feira: Tempo e talentos – Mateus 25.14-30.
Sábado: À espera da coroa – 2 Timóteo 4.1-8.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 3.9-23.

Um cristão sonhou que estava diante do Tribunal de Cristo. Diante de seus olhos
perplexos o Filho de Deus tomou todas as obras de sua vida inteira – o que ensinou, o
que cantou no coro, o que contribuiu, sua frequência assídua à igreja e centenas de
gentilezas que fez a outras pessoas – e colocou tudo em uma grande proveta. A
proveta foi colocada sobre o fogo; e, conforme os ingredientes das obras de sua vida
eram aquecidas, começaram a derreter e então separaram-se em diferentes níveis
dentro do tubo.
Então ele percebeu o que estava acontecendo. O divino químico começou a
medir e dividir os conteúdos. O calor das chamas separou todas as obras de sua vida
em diversas motivações que induziram as obras. Envergonhado, observou as medidas:

Amor aos elogios – 30 %;


Senso de responsabilidade – 25%;
Hipocrisia – 15%;
Ambição pessoal – 20%;
Amor a Cristo – 10%;

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Toda uma vida de trabalho passando pelo julgamento divino e só 10 por cento
de tudo que fizera fora motivado pelo seu amor a Cristo. Quando o Senhor olhou para
ele, o homem acordou. Fora só um sonho.
O sonho não contraria as Escrituras, entretanto. A lição diante de nós fala do
serviço cristão e das futuras recompensas. A primeira e mais importante decisão da
vida é aceitar Cristo como Salvador e Senhor. Só Ele é o sólido Fundamento sobre o
qual devemos construir. Tendo estabelecido o fundamento, vamos construir direito –
com o material adequado e as motivações certas.

I. O OBREIRO CRISTÃO

Paulo acabara de falar sobre trabalho e recompensa. Apoio e Paulo tinham


diferentes ministérios, mas formavam na verdade uma equipe onde cada um tinha
tarefa especial para que se atingisse um devido fim.
“Somos cooperadores de Deus”. Poderia haver um conceito de serviço cristão
mais agradável do que este? Cada faceta do serviço cristão torna-se não um dever, mas
um santo privilégio. Trabalhamos em parceria divina com o Rei dos reis.
“Cooperadores” significa que cada obreiro cristão é sócio de Deus ou
simplesmente que todos os obreiros cristãos são como uma equipe que Deus
empregou. O contexto parece apontar para o segundo significado.
Em ambos os casos desaparecem o senso de trabalho enfadonho. O mesmo
acontece com o senso de inutilidade e total frustração. Deus está em todo nosso
trabalho. Estamos numa cooperativa divino-humana na qual somos o instrumento
humano e Deus é o que capacita.
A igreja em Corinto era jardim de Deus. “Lavoura de Deus”. Paulo e Apoio
eram os lavradores empregados pelo Dono. Deus deseja que Seus jardins produzam
frutos.
“Edifício de Deus sois vós.” Mesmo que carpinteiros e pedreiros tenham
construído sua casa, ela não é o seu lar? Ainda que mecânicos e operários possam ter
construído o seu carro, você não o considera seu? O Senhor usa Seus operários e
servos na igreja local, mas a Igreja (as pessoas e não os tijolos) é edifício Seu. E por
que não deveria ser Sua a Igreja? Foi planejada por Deus e comprada por Seu Filho; o
fundamento foi estabelecido por Deus na encarnação, na morte, no sepultamento e na
ressurreição de Cristo; e ali Ele providencia os servos e as graças necessárias para seu

42
aperfeiçoamento. (Um conceito semelhante da Igreja encontra-se em 2 Coríntios 6.16;
Efésios 2.21; Hebreus 3.6 e 1 Pedro 2.5. Leia para receber bênçãos.)
Cada cristão que colabora com Deus em qualquer pedaço do Seu jardim ou em
qualquer aspecto da edificação de Sua Igreja está sob uma grave obrigação. “Cada um
veja como edifica.” Esta responsabilidade deveria amedrontar cada obreiro cristão se
não fôssemos colaboradores de Deus e se Ele não fornecesse tudo o que os Seus
obreiros precisam (2 Co. 3.5). Sua provisão é mais do que suficiente. E Seus
suprimentos estão à disposição de quem precisa. Edifique com confiança!
Paulo disse que sua obra era “segundo a graça de Deus”. Poderia alguém desejar
mais? O escritor diz:

“Concede mais graça se o fardo é pesado;


Mais força Ele dá se o trabalho é difícil;
Se há mais aflição, maior compaixão;
Se mais tentação, há muito mais paz”.

Paulo foi chamado em graça e sustentado pela graça. Nenhum cristão deve se
atrever a retroceder quando enfrentar responsabilidade solene de trabalho, pois o
Senhor também garante graça que capacita.
O Apóstolo fala, então, do “prudente construtor”. Quando foi a Corinto,
reconheceu que era aquele que lançava os fundamentos. Devia executar bem seu
trabalho. Não devia edificar sobre sabedoria humana ou personalidade atraente, mas
sobre Jesus Cristo (3.11). Outros, também, deviam construir bem.
Há muito lugar para o emprego da inteligência com oração no trabalho da igreja.
Vastas áreas da vinha de Deus estão empobrecidas porque tão poucos “tomam
cuidado” quando estabelecem a superestrutura do edifício de Deus. Experiências e
inteligência não santificadas são inteiramente inadequados para um ministério
espiritual e bem sucedido. Do mesmo modo não há desculpa para a preguiça mental,
ou falta de planejamento adequado em erguer a superestrutura do edifício de Deus.
Seu edifício exige o melhor dos Seus.

43
II. A LIMITAÇÃO CRISTÃ

O eterno e divino Filho de Deus é o único Fundamento para a salvação, o único


Fundamento para a edificação de uma vida cristã adequada e o único Fundamento para
a Igreja. Não existe Cristianismo sem Cristo e nenhuma igreja cristã, separada do
Cristo da Palavra de Deus. Aqueles que querem ter uma igreja sem as grandes
doutrinas centralizadas em Cristo estão edificando sobre fundamento arenoso. Podem
ter uma religião, mas não o Cristianismo proclamado por Paulo.

III. A SUPERESTRUTURA CRISTÃ

Há um só Alicerce, Jesus Cristo, a Rocha; mas inúmeros materiais podem ser


usados para a superestrutura.
“Se alguém”, pode referir-se ao pregador-professor nos materiais que emprega
(doutrinas, métodos, etc.) na edificação do Corpo de Cristo; ou pode referir-se a cada
crente individualmente que, tendo aceito a Cristo como Salvador, começa a edificar
sua vida cristã daquele momento em diante. O contexto pode aplicar-se a ambos.
Temos uma escolha de materiais; assim, o tipo e o valor da superestrutura
depende de nós. Os materiais duráveis são três: ouro, prata e pedras preciosas. São
caros, não facilmente adquiríveis; mas fornecem uma linda e permanente estrutura.
Considerando que temos um Alicerce tão maravilhoso, não seria sábio colocar sobre o
mesmo um edifício de qualidade inferior. Geralmente o fundamento invisível é
julgado pelo edifício visível. O mestre que sabiamente maneja as verdades da Palavra
de Deus verá construído um edifício de beleza e permanência. O ouro pode apresentar
a excelência do Pai, a plenitude que há em Cristo. A prata fala da redenção comprada
por Deus para o homem na Pessoa do Senhor Jesus. As pedras preciosas estabelecidas
por aquelas verdades divinas centralizadas nas grandes doutrinas da Palavra. Paulo
estava principalmente preocupado com as duas classes de material de construção que o
obreiro poderia selecionar para a superestrutura.
É possível edificar com materiais ordinários e seculares: “madeira, feno, palha”.
São baratos no custo, fáceis de se obter e longe de serem permanentes – o oposto dos
materiais de construção de primeira classe. Podem referir-se à “sabedoria dos homens”
e “falatórios inúteis” conforme mencionados em 1 Timóteo 1.6-7; 4.6-7; 6.4, 20.
Agora temos uma pergunta: Seria possível aplicar os ensinamentos desta porção
aos cristãos individualmente? A primeira referência é aos obreiros cristãos cooperando
com Deus em Sua lavoura e em Seu edifício. Mas uma mudança no uso do pronome

44
no versículo 9 dá a entender que temos o direito de relacionar isto com todos os
crentes. Observe a mudança do “nós” para “vós”. O “nós”, naturalmente, refere-se aos
obreiros cristãos; enquanto que o “vós”, sem dúvida aplica-se a cada crente
individualmente na igreja de Corinto.
Cada crente individual é um construtor. Também enfrenta uma escolha de
materiais que vai usar na sua construção para Deus. Já observou uma família de
passarinhos construindo o seu ninho para uma nova estação? Já viu o lar terminado?
Com que cuidado é tecido e entretecido para atender às necessidades das aves. Já
observou, também, o processo de um jovem casal, que começa a administrar sua
própria casa, quando escolhe a mobília certa e o equipamento com o qual vai começar
a viver junto. Será que nós, os crentes, edificamos com o mesmo cuidado? Ou haverá
perigo na edificação cristã de escolher com motivações erradas e julgamento
deficiente e, então, construir uma superestrutura de qualidade deficiente, sem valor,
inferior, imprópria para Aquele a quem servimos?

IV. O JULGAMENTO CRISTÃO

O que você acha que está incluído na declaração de Paulo, “a obra de alguém”?
Dá a entender que cada crente deve comparecer diante do Tribunal de Cristo para
prestar contas da obra de sua vida. Inclui mais que pregadores, missionários e mestres.
Se aceitou o Senhor Jesus Cristo como Seu Salvador, inclui você.
Observe, não é o homem que será julgado. Este julgamento não tem nada a ver
com a salvação do homem. Isto já foi resolvido pela morte de Jesus Cristo na cruz. O
julgamento é para o seu trabalho; é a superestrutura e não o alicerce que será provado.
O alicerce do edifício é Cristo. “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além
do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co. 3.11).
Este julgamento relaciona-se com as recompensas do crente por sua fidelidade,
serviço e motivações próprias. Que responsabilidade temos de ter, para sermos
edificadores para a Sua glória!
“O dia” em que isto vai acontecer é o dia do “tribunal de Cristo” (2 Co. 5.10)
que se realizará na volta do Senhor Jesus Cristo (2 Tm. 4.8; Ap. 22.12). Naquele dia
toda simulação, pretensão, justificativa mesquinha e tarefa relaxada serão reveladas.
Você crê neste fogo literal? Leia Hebreus 12.29 e Tiago 3.6. Da mesma maneira
o fogo foi usado aqui como símbolo do julgamento que revela e prova os materiais.
Não é raro encontrar os escritores da Bíblia empregando o fogo como um símbolo.

45
Nestas passagens, Deus é um “fogo consumidor” e “a língua é um fogo”. Nesta
passagem de Primeira Coríntios o fogo é um agente revelador.
O Senhor está mais preocupado com a qualidade de nosso trabalho (“qual seja”)
do que com a quantidade de nosso serviço. Examine o serviço que prestou para Ele,
testando-o pelo “fogo”.
Um obreiro cristão estava ocupado da manhã até a noite, trabalhando até que
não conseguia nem dormir de tanto cansaço. Cada dia parecia acrescentar novas
obrigações. Todas eram boas. A maior parte necessária. Mas um dia quando saía para
fazer visitas no hospital percebeu que há semanas não conversava com o Senhor,
orando e lendo a Bíblia. O telefone vivia tocando ou alguém o procurava para
aconselhamento, ou os seus filhos precisavam dele. Então chegou à conclusão: “Que
trabalheira! E tudo perdido porque feito de maneira errada”. O que é que motiva seu
serviço prestado para Deus? A quem você procura agradar? O fogo só revelará o que o
Senhor, o justo Juiz, já sabe. Deus reconhecerá e recompensará tudo o que vale a pena
guardar. Se a obra do crente-construtor “permanecer” – isto é, passar pelo teste – o
construtor receberá seu salário. A natureza da recompensa não é mencionada. Mas
certamente o Deus que providenciou um sacrifício perfeito para o pecado preparou a
devida recompensa para o serviço fiel.
Todo ministério edificado sobre o orgulho, ambição pessoal ou motivação
carnal será considerado como perda para o construtor; mas ele mesmo será salvo
embora o Senhor não o recompense.

V. A MOTIVAÇÃO CRISTÃ

Há dois bons motivos para os cristãos viverem vidas santas e servirem ao


Senhor com temor piedoso. São também os motivos por que a igreja local deveria ser
pura no seu testemunho e cuidadosa na conduta e serviço.
Uma razão é que o Espírito Santo habita dentro de cada crente. “Sois o templo”.
Deus chamou o corpo coletivo dos crentes em Corinto de Seu templo e habitação do
Espírito. Isto é verdade no que se refere a cada igreja neotestamentária. Que glória
para as assembleias locais! Tal templo deve ser mantido puro para Cristo; puro,
porque não deve separar-se de Sua pureza; e unido ao redor de Cristo e não de
homens.
A outra razão é o temor do Senhor. Paulo advertia aqueles que causavam
divisões em Corinto. O crime do versículo 17 é muito mais sério do que o trabalho

46
relaxado dos versículos 13 a 15. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o
destruirá.” Isto não é aniquilação mas castigo severo para o ofensor. Tal declaração
deveria tornar todos os crentes mais cuidadosos em suas atitudes e atos para com a
igreja.
Concluindo Paulo profere uma advertência cristã (vs. 18-23). Nenhum homem
deveria se enganar pensando ser mais importante do que é (Rm. 12.3). E nenhum
homem deveria gloriar-se em homens (1 Co. 3.21). Seria loucura gloriar-se no servo
em lugar do Salvador.
A perda de toque de toda a maturidade espiritual é a exaltação de Cristo. Tudo o
que possuímos, todas as motivações, todo o serviço deve centralizar-se nele; pois
“tudo é vosso... e vós de Cristo, e Cristo de Deus”.

Recapitulação

1. O que Paulo disse que a igreja em Corinto era para Deus?


2. Quem é o Fundamento da igreja? E da vida cristã?
3. Cite os materiais para edificação sobre o Fundamento.
4. O que é “o dia” do versículo 13?
5. O princípio da “recompensa pelo serviço” está errado?
6. O que Deus planejou para o bem do cristão?
7. Qual o significado de “cooperadores”?

Versículo para memorizar

“Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque


está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará” (1 Co. 3.13).

47
VII

SINAIS DE LIDERANÇA ESPIRITUAL

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Qualificações do servo – 1 Coríntios 4.1-8.
Segunda-feira: Responsabilidades e provisão – Josué 1.1-9.
Terça-feira: Ore e planeje – Neemias 2.1-10.
Quarta-feira: Confiança e cooperação – Neemias 2.11-20.
Quinta-feira: Convicção e coragem – Ester 4.10-17.
Sexta-feira: Atitudes e atos – Romanos 12.9-21.
Sábado: Os ramos devem frutificar – João 15.1-8.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 4.1-21.

Se você estivesse escolhendo um pastor, que qualidade desejaria que possuísse?


Qual seria o seu relacionamento com ele? Quase todas as igrejas enfrentam, numa
determinada ocasião, a responsabilidade de convidar um vice-pastor. É claro que todo
membro de igreja que crê na Bíblia, pastor ou leigo, pode aprender com o conselho de
Paulo em 1 Coríntios 4.
Paulo coloca os pregadores sob a luz escrutinadora da inspiração divina.
Aparentemente as divisões na igreja em Corinto eram mais sérias do que poderia
parecer à primeira vista. Este quarto capítulo tem o propósito de ajudar a igreja a sair
de sua condição de divisões. Na mente de Paulo – sob a direção do Espírito de Deus –
o assunto exigia tratamento completo. Examine com ele as qualificações que deveriam
ser encontradas nos verdadeiros servos de Deus. A saúde espiritual da igreja está
intimamente relacionada com a liderança da igreja. Este capítulo é de vital
importância.
Paulo reconhecia, também, o relacionamento íntimo que existe entre os líderes
da igreja e os cristãos que Deus lhes deu para liderar. Cada um tem responsabilidades
junto ao outro que devem ser cumpridas honestamente diante do Senhor.
Ao estudar, você vai descobrir alguns conselhos bons para os membros de
Corinto – e para os crentes de qualquer lugar. Pense cuidadosamente nas verdades que
Paulo apresenta a você.

48
I. O LÍDER E SUA RESPONSABILIDADE

“Tudo é vosso”, declara Paulo (3.21). “Vosso” incluía cada crente na igreja de
Corinto, e inclui você e as circunstâncias de sua vida. Paulo tentava persuadir os
crentes de Corinto a retirar os olhos dos homens que os tinham levado a Cristo para
focalizar sua atenção em Cristo que os tinha salvado.
Os próprios líderes são responsáveis, não diante daqueles que levaram a Cristo,
mas diante de Deus. Que diferença faria em cada vida e obra cristã se a pessoa
verdadeiramente reconhecesse esta verdade!
Uma devida perspectiva das responsabilidades de um ministro à luz da Palavra
de Deus nos dará uma estimativa melhor do que Deus deseja dos Seus obreiros.
Um ministro cristão é representante de Jesus Cristo. Sua conversão, sua
chamada, seus dons vêm de cima. Sábios são os crentes de uma igreja que respeitam o
servo de Deus, não por causa de sua oratória no púlpito, não por causa de sua
cintilante personalidade ou seu gênio administrativo, mas porque é representante do
Senhor. E ainda mais sábio é o pastor ou obreiro cristão que se lembra em profunda
humildade que representa o Senhor, não por causa de alguma qualidade que valha nele
mesmo, mas porque o Senhor lhe deu um chamado assim santo.
É preciso que um mordomo seja fiel. Todos os crentes são mordomos (1 Pe.
4.10), mas de um modo particular, o líder espiritual. O Mestre, em Sua ausência, fez
dele um superintendente da Sua obra. O obreiro cristão também é um “despenseiro dos
ministérios de Deus”, isto é, das grandes verdades da Palavra de Deus. O ministro é
responsável em saber e fielmente transmitir a Palavra de Deus.
Responsabilidade pessoal diante de Deus é necessária em cada servo. Paulo
apresentou-se como um exemplo: “todavia, a mim” (4.3). Não podia falar pelos
outros, mas podia – e falou – de si mesmo.
Ele considerava o julgamento humano incompetente. Ser esquadrinhado ou
reexaminado pelos homens era coisa de pouquíssima importância. Avaliação humana
pouco significava para o Apóstolo. Tal julgamento era defeituoso e superficial, e com
muita frequência sem base nos fatos.
Nota-se muito hoje em dia que há pessoas que preferem criticar sem
conhecimento dos fatos, em lugar de procurar conhecer a exatidão do que ouviram
contar. Conta-se a história de um diácono sábio que, quando alguém se aproximava
dele para falar mal do pastor, dizia: “Já contou a mais alguém? Não? Então vá para
casa; conte a Jesus e nunca mais fale sobre isso a não ser que Deus lhe mande contar

49
ao próprio pastor. Se o Senhor quiser um escândalo em nossa igreja, que Ele mesmo o
faça; não seja você o instrumento”.
A causa de Cristo tem sido imensamente prejudicada pelas contínuas críticas
dirigidas aos servos de Deus. Peça a Deus a ajuda de ser sábio neste assunto.
Paulo reconhecia que não era um juiz adequado de si mesmo. Não tinha
consciência de nenhum fracasso em seu trabalho, mas quem era ele para julgar? Só o
Senhor é totalmente competente para oferecer julgamento perfeito.
Aparentemente o passatempo predileto da igreja de Corinto era julgar os servos
de Deus. Paulo tentava persuadi-los que só o juízo divino é perfeito e que haverá um
juízo futuro. A única ocasião indicada para completa avaliação do mérito do obreiro
cristão ainda está no futuro – “até que venha o Senhor” (4.5).
Neste futuro juízo (1 Co. 3.13) o Senhor fará duas coisas. Primeira, “trará à
plena luz as cousas ocultas das trevas”. Isto não significa a corrupção encoberta dos
obreiros cristãos; mas significa que aquelas coisas que os outros não podem ver serão
reveladas. Quem sabe o que acontece por trás das cortinas no serviço cristão? Quem
pode determinar quantos participaram da salvação de uma só alma? Deus mantém o
registro. Naquele dia Deus trará à luz outras respostas. Sem dúvida haverá mais do que
algumas poucas surpresas quando as recompensas forem distribuídas.
Quando o Senhor vier, Ele “manifestará os desígnios dos corações”. As
motivações do homem no trabalho serão reveladas. Alguns pensam que têm
abundância de fruto no seu ministério. Naquele dia talvez seja revelado se os
resultados foram devidos às orações ou testemunho de outras pessoas. Deus revelará
isto também. Naquele dia cada obreiro terá o seu elogio de Deus.

II. O LÍDER E OS LIDERADOS

Exatamente como a maturidade espiritual e o trabalho frutífero de uma igreja


dependem muito das qualificações do líder, também dependem da qualidade dos que
estão sendo liderados. Um bom relacionamento entre os dois é necessário. Quando se
perde a confiança, o amor e o respeito mútuo, a causa de Cristo é irreparavelmente
prejudicada.
Paulo apresentou uma lição para ser aprendida. O que tinha causado as
divisões? “Estas coisas”, disse Paulo, ele as transferiu para si mesmo e Apoio. Eles
não as tinham provocado. Estes indivíduos estavam ocupados fazendo a obra que Deus
lhes dera para fazer. Mas Paulo os escolheu para usar como ilustração. Usando a si

50
mesmo, talvez os membros da igreja também fizessem uma aplicação pessoal das
verdades. Paulo poderia ter citado os próprios indivíduos que causaram as divisões;
contudo, preferiu não fazê-lo. Tal exposição poderia embaraçar a igreja; por isso, “por
vossa causa”, preferiu a sua própria pessoa.
Paulo e Apoio, ambos eram apóstolos e notavelmente dotados de dons
espirituais. Não precisavam encabeçar partidos; nem outros de menor envergadura
seriam elevados a tais posições.
Ninguém deveria “ensoberbecer-se” ou considerar os outros com desprezo. Os
cristãos podem desfrutar os talentos especiais que Deus deu a certos líderes, mas
jamais deveriam ficar tão ligados a um líder, que se colocassem contra outro líder que
pareça ter menos talentos.
Tudo o que qualquer servo tem é somente pela graça de Deus. Quem lhe dá o
poder discriminatório de exaltar uma pessoa e menosprezar outra? “Quem é que te faz
sobressair?” É uma pergunta que se dirige a cada indivíduo na igreja de Corinto e na
sua igreja se for culpada de escolher partidos.
Leia o versículo 8 com o sarcasmo espiritual que Paulo deve ter tido em mente.
A igreja de Corinto achava que tinha alcançado o pináculo das realizações espirituais.
Não percebia sua própria pobreza. A igreja estava satisfeita consigo mesma; por isso
não sentia fome espiritual. Essa era a sua presunção. Considerava-se possuidora de
tudo o que receberia sob o reinado de Cristo. Os coríntios pensavam que já tinham
ultrapassado seus mestres em realizações espirituais. Era uma ironia cortante! (Até
parece que Paulo era um ratinho escondido no canto da sua ou da minha igreja.)
Paulo aguardava o dia quando a igreja de Corinto desse evidências de toda a
maturidade espiritual que seus membros pensavam já possuir.
Paulo e Apoio forneceram um exemplo a ser seguido. Deus o usou para
demonstrar a graça de Deus.
Você já observou os carros polidos nas vitrinas das agências automobilísticas?
São para que você saiba o que têm para você.
Deus tem Suas vitrinas também; e os apóstolos foram dados para demonstração
das graças que Deus deseja para os crentes, o que Ele tem para eles.
Deviam demonstrar humildade. Foram condenados à morte, mas não houve
amargura nem queixas – só uma pronta aceitação da escolha de Deus para suas vidas.
Tinham de ser fiéis. Paulo tinha uma mensagem para transmitir. Era a sabedoria
de Deus, o evangelho de Cristo. Recusava-se a exibir sua sabedoria, seu poder pessoal

51
ou sua honra. Assim, tornou-se o objeto de desprezo dos coríntios que amavam a
sabedoria.
Tinham de ser submissos. À luz das coisas que Paulo estava pronto a suportar
por amor ao evangelho. Meça sua submissão a Cristo.
É necessário a graça para suportar as difíceis provas que Paulo suportou. Quanto
um homem pode aguentar? Já se fez esta pergunta? Ali estava este apóstolo humano –
ultrajado, perseguido, difamado e considerado lixo; mas permaneceu firme.
A compaixão é a explicação para a paciência do apóstolo. Paulo amava os seus
convertidos apesar da carnalidade deles. Todo o seu sarcasmo, severidade e ironia
eram instrumentos de cirurgião que examina o paciente para remover as causas de seu
sofrimento. Paulo era motivado por seu amor e compaixão. Não pretendia que os
santos de Corinto ficassem envergonhados. Queria que fossem espiritualmente
amadurecidos, que crescessem em Cristo. Era desejo seu levá-los a uma vida na qual
experimentassem as melhores bênçãos que Deus tinha para eles.

III. O LÍDER E SUA AUTORIDADE

Já viu as igrejas que, antes infrutíferas, começaram a florescer e crescer sob a


liderança de pastores que trabalhavam muito, ganhando almas para Cristo ao imitá-lo?
Essas igrejas, vendo o exemplo dos seus piedosos pastores, começaram a perceber o
fracasso de suas próprias vidas e os membros, um a um, transformaram-se em santos
úteis, fazendo a igreja prosperar.
Alguém já disse que se pode olhar os membros de uma igreja e determinar que
tipo de liderança têm. O mesmo se pode dizer dos grandes movimentos religiosos que
passaram pela história. Até no povo da cidade de Corinto podia-se ver. Seus habitantes
eram vis e corruptos porque fora o exemplo de seus sacerdotes pagãos. Seguiram a má
autoridade.
É verdade, entretanto, que quando os líderes espirituais demonstram humildade,
fidelidade, submissão a Cristo, graça e compaixão, os crentes fazem bem em segui-los.
Não há autoridade melhor do que uma vida bem equilibrada, disciplinada, piedosa.
Paulo era um exemplo piedoso. Não desejava que os seus convertidos se lhe
apegassem pessoalmente. Antes, desejava que o imitassem nas atitudes, na fidelidade
e na singeleza de propósito; assim seriam imitadores de Cristo.
Esta seria a espécie de exemplo que você é diante daqueles que o seguem? Você
é o único cristão que algumas pessoas conhecem. Elas olham para você como o

52
exemplo daquilo que um discípulo de Cristo deveria ser. Se eles fossem exatamente
iguais a você, ficaria satisfeito com a vida cristã deles? Um missionário trabalhou
durante muitos anos numa determinada área do Continente Negro. Muitos foram
ganhos para Cristo através do seu ministério. Mas um dia percebeu que os crentes não
estavam crescendo em Cristo; não desejavam trabalhar para Ele nem submeter-lhe
suas vontades. Finalmente o missionário fez suas malas e voltou para a América. De
coração partido declarou: “Eu não vejo Cristo naqueles que me seguem. Precisam de
uma nova liderança”.
Que reputação invejável Paulo tinha. Durante dezoito meses conviveu com os
coríntios. Agora queria que se lembrassem de como vivera entre eles. Seu
comportamento era cristão. Mandou que Timóteo os fizesse lembrar dos seus
“caminhos em Cristo”. Observe seus próprios caminhos. Tenha certeza de que os
outros observam!
Alguns em Corinto achavam que Paulo, tendo enviado Timóteo para transmitir
sua mensagem, estivesse com medo deles. Apressou-se em lhes dizer que planejava ir
logo que o Senhor permitisse. Então descobriria se seus críticos na igreja de Corinto
tinham algo mais do que oratória. Será que realmente tinham poder e unção de Deus?
Planejava ir. Se a atitude deles mudasse, ele os cumprimentaria com amor. Caso
contrário, repreendê-los-ia com severidade. A escolha era deles.
Cristão, isto não fá-lo lembrar-se de outra vinda? Cristo vem. Quando? Esse
segredo está trancado no coração de Deus. Mas Ele VEM. E quando vier, quer
cumprimentá-lo com amor e recompensas. Como Ele o fará é decisão sua.
A escolha é sua!

Recapitulação

1. Quando o trabalho dos servos de Deus será devidamente avaliado?


2. Que dois fatores farão que o julgamento seja justo?
3. Por que Paulo disse aos coríntios que lhe dessem atenção?
4. Por que Timóteo foi enviado à igreja em Corinto?

53
O que você acha?

1. À luz do capítulo 4, quais são algumas das qualificações dos líderes


espirituais?
2. Até que ponto um servo de Cristo deve manifestar independência dos
homens?
3. O que você diria ser a mais urgente necessidade nas igrejas locais,
considerando tais setores como o reavivamento espiritual, melhor organização,
pessoal mais qualificado, cristãos mais dedicados, grandes esforços
missionários, forte liderança espiritual, finanças mais adequadas?

Versículo para memorizar

“Além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja
encontrado fiel” (1 Co. 4.2).

54
VIII

DISCIPLINA DA IGREJA

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Problema de pureza – 1 Coríntios 5.1-13.
Segunda-feira: Provocando um curto-circuito no poder de Deus – Josué 7.1-13.
Terça-feira: Semeando e colhendo – 2 Samuel 12.1-14.
Quarta-feira: Joio no trigo – Mateus 13.24-30.
Quinta-feira: Padrão a seguir – Mateus 18.15-19.
Sexta-feira: Guardador de meu irmão – Gálatas 6.1-10.
Sábado: Um bom testemunho –1 Tessalonicenses 1.1-10.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 5.1-13.

Ninguém exceto Deus sabe quantas pessoas voltaram as costas para Cristo por
causa de conduta inconveniente de cristãos professos dentro da igreja. A igreja, além
de pregar o evangelho em todo o mundo e declarar todo o conselho de Deus na
edificação do crente, também é responsável pela manifestação do fruto do Espírito. Só
então os de fora verão evidências do poder de Cristo resolvendo as necessidades do
coração humano.
Por que você acha que Deus colocou sua igreja em sua comunidade? Para
revelar a Cristo. O que a comunidade vê em sua igreja? O testemunho de sua igreja
não é mais forte nem mais luminoso do que o testemunho coletivo dos santos que a
compõem. Leia Mateus 5.13-14. As verdades que você encontra ali deveriam se
aplicar a cada crente e muito especialmente a você, membro de igreja. Se, tal como a
igreja de Corinto, uma igreja tolera pecados flagrantes dentro dela, o poder do
testemunho dessa igreja desaparece.
Paulo resolvera um problema – as divisões por causa dos líderes. Por causa da
ênfase sobre qual seria o maior, a igreja se tornara relaxada quanto ao pecado sem
restrições entre eles. Um pecado geralmente abre a porta a outro. Paulo começou a
resolver este outro pecado e desmascarar sua hediondez. É claro que esta é uma lição
importante e necessária sobre a pureza da igreja. Ao estudá-la, ore a Deus pedindo
para ser usado no seu fortalecimento e no fortalecimento de sua igreja.

55
I. O PROBLEMA OBSERVADO

Não é fácil lidar com o pecado na igreja. Geralmente aqueles que são culpados
têm amigos que valorizam a amizade acima do desejo de agradar ao Senhor. Quando
se tenta aplicar a disciplina, a igreja geralmente se divide.
Não sabemos como a conduta imoral em Corinto começou ou por que foi
apoiada pela igreja. Não somos nem sequer informados sobre como Paulo ficou
sabendo; mas ao ler, você perceberá que a informação veio da casa de Cloe
exatamente como a notícia sobre as divisões internas por causa da liderança.
Notícias más viajam depressa! A natureza humana passa adiante as más notícias
mais depressa do que as boas. Toda a assembleia em Corinto parece que falava sobre o
pecado. “Geralmente se ouve”. Mas parece que ninguém se preocupava o bastante
para fazer alguma coisa além de falar. Paulo não tolerava o pecado. Era uma violação
das leis divinas que governavam o relacionamento sexual. Ele citou o pecado e o
desmascarou. A palavra “imoralidade” geralmente é usada para descrever qualquer
mal sexual. Neste caso foi usada referindo-se a um incesto que Paulo imediatamente
descreveu como a causa do pecado na igreja.
Incesto era uma forma de mal que nem os pagãos praticavam. Isto tornava o
pecado ainda mais detestável aos que estavam fora da igreja. “Nem mesmo entre os
gentios” não significa que os gentios não falassem sobre o pecado. Sem dúvida
falavam; e, pode estar certo, falavam com desprezo. Corinto era conhecida pela
frouxidão moral, mas não isto.
Paulo identificou a fornicação. Um dos homens tomara a esposa de seu pai.
Provavelmente tomara por esposa sua madrasta, uma coisa estritamente proibida pela
Palavra de Deus (Lv. 18.8).
Naturalmente a melhor solução seria o arrependimento do membro da igreja que
se encontrava em pecado. Deus fez provisão para a confissão individual e perdão do
pecado. Em Sua grande sabedoria Ele sabia que pecaria. Em Sua justiça perfeita era
preciso que castigasse o pecado. Em Sua misericórdia cheia de amor providenciou um
meio para o santo pecador receber o perdão e ser restaurado à comunhão.

“Há uma amplidão na misericórdia divina,


Como a amplidão do mar;
Há uma bondade em Sua justiça,

56
Que faz mais que libertar.
Há boas vindas para o pecador,
E mais graça para todos;
Há misericórdia com o Salvador;
Há cura no Seu sangue.”
(Frederick W. Fáber)

O fornicador na igreja de Corinto não aceitara a ordem divina para rejeição do


pecado e busca da purificação. Sua presença pecadora na igreja não só prejudicava a si
mesmo, mas também a todo o corpo de crentes. Até mesmo os que não são salvos
tinham vergonha dele.
Já observou que ocasionalmente um cristão que está fora da comunhão com
Deus rebaixa-se na prática de pecados que escandalizam até mesmo os que não são
salvos?
A igreja em Corinto evidenciava uma indiferença carnal para com o terrível
pecado no seu meio. Uma igreja que manifesta indiferença calejada ao pecado já está
muito longe do seu primeiro amor. Três coisas revelavam a enfermidade espiritual da
igreja em Corinto. Paulo, na sua maneira franca mas cheia de amor, procurou destacar
os problemas deles.
Primeiro, estavam “ensoberbecidos”. Não significa que estivessem orgulhosos
por causa do pecado no meio deles. Provavelmente nenhum crente diria que desejava
o pecado ali, que aprovava as atitudes do incestuoso. Antes, os cristãos coríntios
orgulhavam-se apesar do pecado na igreja.
Segundo, não havia tristeza por causa do horrível pecado. Aqueles cristãos
foram libertados da degradação da Corinto pagã. Muitos deles foram participantes de
pecados semelhantes antes de serem remidos pelo sangue de Cristo. Agora ignoravam
imoralidade grosseira entre seus membros. Deus espera que uma igreja se perturbe e
chore com a presença do pecado em suas assembleias. Ele espera que os crentes
considerem o pecado à luz de Sua santa Palavra. Qualquer prática de piedosa
disciplina na igreja sem tristeza sincera está errada. A disciplina na igreja sem tristeza
evidencia a aridez do legalismo e dará pouco resultado.
Terceiro, a igreja não agia com sabedoria para expulsar o ofensor e corrigir o
mal. Deus deu à igreja um procedimento bíblico a seguir (Mt. 18.15-20); e Ele espera

57
ação compassiva, com oração. Às vezes na resposta à oração Deus remove a pessoa
através de algum juízo divino. Normalmente o Senhor espera que Sua igreja exerça a
autoridade que recebeu.

II. O PROCEDIMENTO A SEGUIR

Eis uma ocasião na qual temos de andar em Espírito e pôr em prática toda a
sabedoria que temos à nossa disposição. Embora toda disciplina na igreja não seja de
modo nenhum a mesma, aqui Paulo colocou diante de nós algumas atitudes e
princípios que nos orientam em problemas semelhantes.
O que Paulo faria se estivesse em Corinto? Avaliando todas as evidências que
estavam à sua disposição, “já sentenciara” (5.3). Seu veredicto era que a igreja devia
excluir as pessoas culpadas.
Aconselhou que estivessem “reunidos”. Disciplina espiritual na igreja não é
responsabilidade individual; antes, é um assunto para toda a igreja. A igreja, “em
nome do Senhor Jesus”, devia agir com autoridade que Cristo lhe transmitiu. Em nome
da Cabeça, a igreja devia julgar em relação à pureza do corpo. Paulo disse que estava
com eles em espírito para uma tão solene responsabilidade; e o Senhor Jesus estava
com eles em poder.
Estude cuidadosamente o versículo 5. A igreja devia “entregá-lo a Satanás para
destruição da carne”. Isto aparentemente significa exclusão ou remoção da comunhão
da igreja e, portanto, a perda de todos os privilégios cristãos. (Leia os versículos 2, 7 e
13). O mundo fora da igreja é reino de Satanás.
O propósito da exclusão era a “destruição da carne”. Isto não significa que o
homem devia morrer, pois o propósito era que fosse restaurado à comunhão. Parece
que Paulo considerava que a expulsão do culpado da comunhão e proteção da igreja
fosse alguma aflição física.
O objetivo final da disciplina era “que o espírito seja salvo no dia do Senhor”.
Quando a disciplina da igreja resulta em restauração espiritual, todo o sofrimento e a
dor envolvidos valeram a pena. Este deveria sempre ser o propósito (1 Tm. 1.20). A
restauração foi alcançada conforme Paulo revelou em sua segunda carta (2 Co. 2.7).
É infinitamente melhor experimentar o julgamento e a aflição pelo pecado nesta
vida, sendo restaurado assim à comunhão cristã, do que continuar no pecado e
experimentar o fogo do julgamento sobre as obras do crente no Tribunal de Cristo.
Neste último caso sofre-se perda eterna.

58
III. NECESSIDADE PROFILÁTICA

Unidade e pureza eram duas grandes necessidades da igreja de Corinto. Paulo


resolvera as questões da divisão e unidade. Acabara de tratar do caso específico
relativo à pureza. Então passou para os princípios gerais que aqueles cristãos
precisavam conhecer. Certas atitudes são necessárias para manutenção da pureza.
Reconheça a natureza do pecado. Os coríntios vangloriavam-se de sua
tolerância. Paulo disse: “Não é boa a vossa jactância”. Abusavam da liberdade de
Cristo. Uma expressão predileta de Paulo quando falava a esta igreja – “Não sabeis?”
– revelava sua ignorância da natureza do pecado. O pecado é como fermento que
rapidamente se espalha por toda a assembleia.
As famílias judia do Velho Testamento tinham de remover todo o fermento
quando se preparava para a Páscoa (Êx. 12.18-20; 13.6, 7). Paulo insistiu com os
cristãos a que removessem a influência corruptora do seu meio para que fossem uma
nova massa não tocada pelo fermento. Tinham de igualar a conduta da igreja à
profissão – “como sois de fato sem fermento”.

IV. A PUREZA RESULTANTE

Posicionalmente todos os cristãos são puros, porque estão em Cristo. O


ministério do Espírito através da Palavra é o de colocar sua conduta em nível de
igualdade ao padrão. Paulo explicou por que era assim: “Pois, também Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi imolado”.
O cordeiro pascal foi sacrificado por Israel no Egito; Cristo, nossa Páscoa, foi
sacrificado por nós. Israel tinha de investigar todo o fermento ou mal durante sete dias
antes da Festa da Páscoa. Em nosso caso o sacrifício já aconteceu. É hora de
abandonar todo o fermento. Em Cristo não temos fermento. Vamos imitá-Lo na
prática.
“Celebremos a festa” ou vamos, continuamente, observar a pureza relacionada
com a festa. Aquelas coisas que caracterizavam nosso estado de perdidos (o velho
fermento) têm de ser abandonadas. A malícia e a maldade falam de tudo o que há em
nós que desagrada a Deus. A sinceridade e a verdade falam da pureza, nas motivações
e atitudes. Onde você se encontra?

59
V. OS ASPECTOS PRÁTICOS DA DISCIPLINA

A disciplina da igreja tem um propósito que vale a pena. Para manter a pureza
da igreja há certas verdades que deveríamos observar com cuidado.
Cuidado com as companhias! “Não vos associeis” tem a ideia básica de que não
devemos ter amizade com aqueles que transgridem as funções normais do sexo. Paulo
falou mais sobre isto no versículo 11, incluindo os avarentos, aqueles que só pensam
em obter lucros e tirar vantagens dos outros; os idólatras que adoram outros deuses; os
maldizentes, aqueles que ofendem outras pessoas; os beberrões e os ladrões, aqueles
que se apossam daquilo que não é seu.
Paulo disse aos coríntios que não deviam comer com aqueles que participavam
de atos ímpios. “Nem ainda comais” vai além da prática de muitos. Não deviam comer
com aqueles que praticavam tais pecados. Era uma injunção para que se não
convidasse tais membros de igreja em suas casas – ainda que fossem chamados
“irmãos” – ou aceitassem convites deles. Ter comunhão com a pessoa que está
vivendo em pecado seria apoiar sua atitude e participar dela. Sem dúvida isto incluía a
comunhão na Ceia do Senhor também.
É preciso nos guardarmos do fanatismo. Os cristãos têm de falar com pecadores.
Seria impossível evitar todo o contato com eles. Deus não pretende que Seus filhos
fujam de qualquer contato com o mundo. Contudo, Ele quer que nos mantenhamos
puros enquanto estamos no mundo.
Não julgue o mundo. “Deus julgará”. A autoridade do cristão para julgar não se
estende aos que estão fora da igreja, mas inclui os que estão dentro. A igreja local
recebe membros. A igreja tem autoridade e responsabilidade de excluir os membros
ofensores, para mantê-la pura e útil para a obra de Cristo.
Deus julgará os perdidos, aqui nesta vida e diante do Grande Trono Branco.
Mas Deus garantiu aos crentes na igreja alguma responsabilidade de julgamento para
com aqueles que estão dentro da igreja. Quando a igreja exerce a autoridade que Deus
lhe deu, o ofensor pode ser salvo para o serviço aqui nesta vida e das perdas no
Tribunal de Cristo.
Aqueles que criticam a devida disciplina na igreja estão, na realidade,
prejudicando aqueles que necessitam de uma oportunidade de purificação em suas
vidas para poderem proporcionar glória a Cristo.
Examine sua atitude para com esta bendita provisão dada por Deus através do
Seu servo Paulo.

60
Recapitulação

1. Quais eram os rumores em Corinto?


2. Como a igreja reagiu diante do seu problema?
3. Qual foi o conselho de Paulo à igreja?
4. Quais propósitos Paulo tinha em mente excluindo o ofensor?

O que você acha?

1. Quais os fatores que acabam com o poder da igreja hoje em dia?


2. Você acha que o exercício da disciplina da igreja ajudaria ou prejudicaria sua
igreja atualmente?
3. Será que a liberdade da graça degenerou em licença de pecar para os santos?
4. Seria bom se as igrejas batistas tivessem algum tribunal superior para apelar
para os casos disciplinares mais difíceis? Seria bíblico?

Versículo para memorizar

“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda?” (1 Co. 5.6)

61
IX

OS CRISTÃOS NO TRIBUNAL

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Cristãos no tribunal – 1 Coríntios 6.1-8.
Segunda-feira: Enfrentando um problema – Atos 15.5-18.
Terça-feira: Encontrando a solução – Atos 15.19-31.
Quarta-feira: O reino dos santos – Apocalipse 20.1-6.
Quinta-feira: Anjos sob julgamento – Judas 3-7.
Sexta-feira: Advertência e ilustrações – 2 Pedro 2.1-11.
Sábado: A igreja equipada – 1 Coríntios 12.23-31.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 6.1-8.

Davi Ben Gurion, o famoso primeiro ministro da nação de Israel, disse a um


missionário: “Os padrões da doutrina do Novo Testamento são maravilhosos, mas
onde estão aqueles que vivem de acordo com eles? Será que existe alguém que vive a
vida cristã? Será que este Livro realmente produz o que apresenta?”
Suas perguntas têm produzido eco na mente de muitas pessoas no mundo
inteiro. Os santos fazem coisas estranhas! Frequentemente os padrões de seu
comportamento são parecidos com os das pessoas perdidas de tal modo que torna-se
difícil distinguir quais os crentes e quais os incrédulos. O cristão que verdadeiramente
vive de acordo com o Livro refletirá o Autor do Livro de tal maneira que aqueles que
o virem saberão que é diferente.
Os santos em Corinto viviam vidas confusas. Paulo acabara de exortá-los – no
capítulo 5 – a que evitassem julgar os que estavam fora da igreja; agora tornava-se
necessário ensinar que era errado pedir aos que estavam fora da igreja para julgar os
que estavam dentro. Os crentes de Corinto estavam empenhados em processos uns
contra os outros diante de tribunais e juízes pagãos.
Só há um argumento que os crentes deveriam apresentar diante do tribunal do
mundo – o argumento de que Cristo morreu pelo pecado do mundo. Na qualidade de
crentes devemos apresentar da maneira mais lógica e inteligente as reivindicações do
Salvador para os corações dos ímpios. Pela persuasão, pelo argumento piedoso, por
todos os meios que temos, devemos dar testemunho cristão diante do mundo que nos

62
rodeia. Esta era a responsabilidade dos cristãos primitivos em Corinto onde a igreja
estava nascendo. Esta é a responsabilidade de cada crente no mundo de hoje.
Pense em como a área do testemunho cristão cresceu desde o tempo de Corinto!
O evangelho foi de Jerusalém, à Judéia, à Samaria e aos confins da terra sob as ordens
de Deus. Você participa nisso através de seu programa missionário. E onde quer que
haja crentes, há a responsabilidade de falar da causa de Cristo, não através de
discussão ou conflito, mas com o amor que o levou a morrer pela nossa salvação.
“Para vergonha vo-lo digo”, disse Paulo à igreja em Corinto, porque estavam
levando problemas pessoais aos tribunais do mundo para serem julgados.
A carnalidade revela-se de muitas formas. Primeiro foi vista nas divisões dentro
da igreja. Depois os membros ficaram indiferentes ao mal que havia entre eles. Agora
os cristãos começaram a se ocupar em controvérsias legais diante de incrédulos. É
difícil que dois crentes se ocupem de um processo legal, um contra o outro, sem que
haja prejuízo para a igreja diante da comunidade. Esta prática tornou-se comum
demais hoje em dia. Disputa de propriedades, processos por danos sofridos, contas que
não foram pagas, ou pior ainda, igrejas divididas – tudo isso diminui o respeito do
mundo pelos cristãos e suas igrejas. O alvo dos crentes não é o de “receber o que tem
direito”, mas de honrar o seu Salvador e levar homens e mulheres a Ele.
As palavras latinas lex talionis significam “lei da retaliação”. O amor e o perdão
devem ser a lei do cristão.
Em lugar da vingança, Deus nos ordena – através do exemplo do Seu Filho –
“Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe. 2.23).
As instruções de Paulo aos coríntios sobre este assunto são dignas de sua
consideração e estudo enquanto você procura aplicar os ensinamentos bíblicos a este
problema.

I. AS CONTROVÉRSIAS DOS SANTOS

O tribunal de justiça era comumente usado na cidade de Corinto para resolver


disputas. Antes de nascerem de novo, muitos cristãos coríntios deveriam considerar
direito e apropriado levar seus dissídios à justiça. Alguns dos convertidos continuaram
a fazê-lo depois de salvos. Dois erros são imediatamente evidentes. Primeiro, o
indivíduo crente estava errado porque não percebia como sua atitude prejudicaria o
testemunho de Cristo diante dos pagãos. Segundo, os líderes espirituais da igreja

63
estavam errados porque não escolhiam alguém na assembleia que fosse capaz e
estivesse disposto a ajudar os crentes a resolver suas disputas de maneira bíblica.
“Aventura-se algum de vós... a juízo perante os injustos e não perante os
santos?” Paulo exclamou. Esta repreensão cortante declarava que tal atitude era
incompatível com o Cristianismo. Não havia rodeios quando Paulo escrevia falando de
sua conduta inconsistente. Sem dúvida, considerando que a natureza humana era a
mesma que é agora, não havia só membros de igreja ocupados em processos, mas
havia também amigos que os defendiam. Era uma desordem séria, e não se podia
receitar aspirinas espirituais. O Dr. Paulo tinha de usar o bisturi do cirurgião para
extirpar a doença que poderia corromper todo o corpo.
Você não precisou ficar muito velho para tomar total consciência de que os
santos têm suas diferenças. Não é coisa fora do comum. Nem é necessariamente
errado. O pecado não está na diferença de opinião, mas antes nas atitudes que muitos
assumem e expressam diante dos outros por causa das diferenças. Um cristão pode
discordar de outro mas ainda assim conservar atitudes dentro dos limites do amor
cristão estabelecido em 1 Coríntios 13.4-8.
Um pastor fiel fez uma declaração que, involuntariamente, enfureceu um dos
seus diáconos. O diácono o levou até a porta, empurrou-o para fora e fechou a porta na
sua cara.
Enquanto o pastor caminhava na direção do seu carro, sentiu-se indignado e
ofendido. A alegria do Senhor o deixou. Não pode ficar assim, pensava; e voltou
imediatamente à porta do diácono para lhe pedir perdão com humildade de espírito. O
resultado foi unidade e paz em lugar de divisão e amargura. O pastor deu um bom
exemplo para todos os crentes seguirem.
Estes coríntios, entretanto, decidiram ir aos tribunais “perante os injustos”. O
acerto de diferenças entre cristãos nos tribunais era contrário aos melhores interesses
do crente individual, sua família e a igreja. Há ocasiões quando problemas legais estão
envolvidos e torna-se necessário determinar a ação legal a ser tomada. Paulo não dizia
que era proibido. O que dizia era que estava errado que dois irmãos cristãos se
envolvessem tanto em mal entendidos que chegassem a ponto de comparecer diante de
um tribunal pagão para esclarecer quem estava com a razão. Não que o tribunal pagão
decidisse injustamente. Antes, Paulo provou em Atos 18.12-26 que estava errado
irmãos cristãos comparecerem aos tribunais pagãos em busca de julgamento daqueles
que não criam em Cristo.

64
Paulo dava a entender que uma igreja cristã deveria ter meios excelentes de
averiguar diferenças entre seus membros. Os cristãos deveriam submeter seus
problemas a irmãos cristãos que pudessem servir de árbitros entre eles, evitando assim
prejudicar o testemunho dos irmãos e da igreja.

II. A AUTORIDADE DOS SANTOS

Paulo fazia uma série de perguntas procurando ajudar a igreja em Corinto na


busca de uma solução adequada para seu dilema. Quatro perguntas retóricas foram
feitas; isto é, perguntas que realmente não precisavam de respostas porque estas eram
claramente óbvias. Veja as perguntas nos versículos 2 e 3. Destas perguntas você
notará que os crentes possuem uma autoridade divina por causa do Espírito Santo que
habita neles.
“Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?” Os cristãos coríntios
tinham falhado em perceber isto em sua total implicação. Refere-se àquela data futura
quando os crentes reinarão com Cristo em Seu Reino milenar. Primeiro Ele vem para
buscar os Seus (1 Ts. 4.13-18) e então, depois, retomará com os Seus santos para
reinar em justiça (Dn. 7.22; Mt. 19.28; Lc. 22.30; Ap. 19.11-16).
A partir desta verdade Paulo perguntou aos crentes em Corinto – tendo tal
autoridade garantida pelo Senhor – se não podiam resolver assuntos comparativamente
tão triviais como os que tinham surgido na igreja local.
“Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” Anjos são os mais
elevados seres criados, mas serão julgados por criaturas abaixo deles na escala da
criação, por aqueles que foram remidos pelo sangue do Senhor Jesus Cristo. Duas
vezes lemos sobre o julgamento dos anjos (Judas 6; 2 Pe. 2.4). Este é o juízo final
quando os anjos decaídos comparecerão diante do Senhor e os remidos participarão de
Sua autoridade e glória no julgamento angélico.
Agora, Paulo apresentou um argumento que não podia ser rebatido, se os santos
julgariam o mundo espiritual invisível, não podiam julgar o reino material de todos os
dias, ou “as cousas desta vida”?

65
III. A PRÁTICA VERGONHOSA DOS SANTOS

Estes cristãos coríntios tinham permanecido como criancinhas por tempo


demasiadamente longo. Já estava na hora de demonstrarem alguma maturidade
espiritual. O Apóstolo os repreendeu com palavras fortes: “Para vergonha vo-lo digo!”
Esta igreja que se vangloriava de sua sabedoria era alvo do sarcasmo Paulino.
Será que não tinha um só homem sábio? Paulo queria lhes mostrar como a questão
toda era vergonhosa.
Havia uma falha ou defeito entre eles que trazia uma nuvem sobre a comunhão
cristã de dois irmãos, horizontal e verticalmente. Quando alguém interrompe a
comunhão com outro cristão, invariavelmente perturba sua comunhão com o Salvador,
e também com os demais crentes.
Já é grande o prejuízo quando, na família cristã, dois irmãos brigam entre si,
mas é consideravelmente pior quando brigam publicamente diante dos incrédulos.
“Um irmão... contra outro irmão” mostra que eram verdadeiramente crentes.
Uma coisa é receber o prejuízo com um espírito manso, pois o Senhor observa e
honra. Mas é totalmente diferente o cristão fazer o mal. Seu erro está parcialmente
exposto na palavra “dano” que implica em “roubo”.
Poderia um cristão roubar outro cristão? A experiência tem comprovado que
alguns descendentes dos cristãos coríntios sobreviveram até o presente. Não – não o
tipo de roubo que implica em assalto ou violência – mas o roubo através de meios
mais sutis.
Temos percebido algumas destas vergonhosas práticas dos santos através dos
anos. Tem havido meeiros cristãos que deixam de pagar o que deviam aos donos de
suas terras e que abusam das prioridades enquanto moram ali. Outros compram
objetos de negociantes cristãos com um pagamento inicial mínimo, estragando o
equipamento depois e, finalmente, devolvendo-o à loja por não poder pagá-lo. Em
alguns casos, emprestou-se dinheiro de parentes confiantes com a promessa de pagar
“dentro de seis meses”. O dinheiro emprestado não foi pago no tempo prometido, além
do que o credor não consegue nunca encontrar alguém em casa ou obter uma resposta
pelo telefone. Naturalmente o devedor se justificava em sua falta. Os tempos não eram
difíceis? Ele não tinha sido cortado em suas horas extras? Afinal, tinha de pagar as
prestações do carro novo! Você não acha que as discussões deveriam ser as mesmas
com aqueles cristãos primitivos naquela antiga cidade de Corinto?

66
IV. A ATITUDE CRISTÃ PARA COM AS DISPUTAS PESSOAIS

Paulo escreveu sob a inspiração do Espírito Santo. Consequentemente suas


advertências à igreja refletem a sabedoria que vem de cima. Os problemas espirituais
só podem ser resolvidos com resoluções espirituais.
Sábia é a igreja que na hora extrema volta-se para o Senhor em oração pela
solução certa. Para cada crise da igreja primitiva no Livro de Atos, o Espírito Santo
providenciou uma solução. Não há outro caminho. Às vezes Ele usa o conselho sábio
de alguns indivíduos. Um dos dons que Deus garante ao crente - e através do crente à
igreja – é o dom do governo (1 Co. 12.28). É responsabilidade da igreja coletiva
reconhecer tais dons e utilizá-los para a saúde da igreja e para o fortalecimento dos
seus ministros.
Leia os versículos 4 e 5 cuidadosamente. Paulo não pretendia que a igreja
selecionasse para a resolução de algum problema aqueles que eram os menos
inteligentes, os menos competentes. Isto seria contrário ao contexto – e especialmente
ao conselho de Paulo quando ele pergunta no versículo 5 pelos mais sábios.
A tradução deveria ser na forma de uma pergunta e não de uma ordem. Então o
significado é exatamente o oposto. Seria: “Considerando que vocês estão qualificados
para resolver suas próprias diferenças (pois vocês julgarão o mundo e os anjos),
empregam tribunais e juízes pagãos, nos quais a igreja não pode ter muita confiante?
Esses homens estão fora do reino de Deus e eles mesmos estão sujeitos ao julgamento.
Esses são os homens que resolvem as questões entre os crentes?”
Paulo indicava que a igreja deveria escolher os mais sábios, os mais dignos de
confiança para árbitros dentro da igreja.
“Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” Esta
pergunta direta merece resposta; pois este é o segredo que precisamos obedecer, o
segredo que vai evitar os processos entre os crentes.
A devida humildade cristã não deveria ser confundida com a aceitação da
impiedade ou compromisso com o mal.
Contudo, uma atitude de disposição para sofrer perda se necessário – em lugar
de defender seus direitos com espírito de amargura – será mais eficiente na solução de
problemas pessoais entre crentes. Fazer a nossa vontade não é que, com humildade
bíblica, permite que o defraudem se necessário, será reembolsado pelo Doador de todo
o bem e do dom perfeito. Lembre-se, a vingança prejudica o crente mais do que a
própria injúria.

67
Recapitulação

1. Quando os santos em Corinto tinham desavenças, o que alguns faziam? Por


que estavam errados?
2. Quando os santos julgarão os anjos?
3. Qual era a solução dupla que Paulo apresentou para o problema das
desavenças internas?

O que você acha?

1. Que responsabilidade tem a igreja para com um membro que se recusa a


pagar seus débitos legais?
2. Você é capaz de mencionar alguns casos em que acha que um cristão poderia
ser justificado em procurar um tribunal civil para solução de algum problema?
Quais os motivos?
3. Como você acha que os santos julgarão o mundo?
4. Como poderia explicar a conduta carnal dos cristãos coríntios à luz de 1 João
3.9?

Versículo para memorizar

“Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá
ser julgado por vós, sois acaso indignos de julgar as cousas mínimas?” (1 Co. 6.2)

68
X

PUREZA CRISTÃ

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Passado, presente e futuro – Efésios 2.1-7.
Segunda-feira: Vocês eram, vocês são – 1 Coríntios 6.9-12.
Terça-feira: Um corpo comprado – 1 Coríntios 6.13-20.
Quarta-feira: Coisas velhas, coisas novas – 2 Coríntios 5.14-21.
Quinta-feira: Verdade e liberdade – João 8.31-36.
Sexta-feira: O futuro do corpo – 1 Coríntios 15.39-53.
Sábado: União com Cristo – João 15.1-7.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 6. 9-20.

O Senhor deposita um punhado de areia no coração da terra. Debaixo recebe


calor intenso. De cima, a pressão de imenso peso. Um dia o homem o encontra; é uma
opala flamejante. Nosso grande Deus faz a mesma coisa com o barro e o homem
encontra uma ametista cintilante. Deus pressiona o negro carbono e o homem descobre
um glorioso diamante. É realmente maravilhoso!
Mas muito maior é o poder demonstrado quando Deus toma um pobre e inútil
pecador e o transforma numa nova criatura em Cristo. Isto foi o que fez pelos crentes
de Corinto. Isto é o que deseja fazer por você. Se você ainda não crê em Jesus Cristo
como Salvador, não quer fazê-lo agora?
Se já crê, sentir-se-á grato pelas verdades pertinentes à piedade prática que vai
descobrir lendo esta passagem bíblica. Paulo apresenta alguns motivos irrefutáveis por
que os cristãos coríntios deveriam dar evidências de que são “novas criaturas em
Cristo”.
Frequentemente os cristãos perguntam: “Será que está certo? Será que está
errado?” Como determinar a resposta de Deus para nós? Será que há um meio de
conhecer a mente de Deus e será que há poder para obedecê-Lo?
Os cristãos não devem se conduzir como os injustos. Paulo apresenta aqui dois
princípios de conduta para os cristãos que abrangem muitos setores além da lei: a lei
da conveniência e a lei da contínua liberdade cristã. Aplique estas verdades e você se

69
tornará mais e mais semelhante ao Salvador que deseja transformá-lo em um cristão de
rara beleza.
Num mercado de uma cidade italiana há uma linda estátua de uma escrava grega
bem vestida que pode ser vista por todos os transeuntes. Um dia, conta-se, uma criança
pobre e esfarrapada – suja e desgrenhada – parou diante da estátua e pôs-se a admirar
aquela beleza toda. Subitamente saiu correndo para retomar mais tarde com o rosto
lavado e o cabelo um pouco mais arrumado. Dia após dia a criança mendiga
examinava a estátua; e dia após dia saia correndo para voltar, ou com os pés lavados,
ou com a roupa consertada, até que um dia, quem olhasse para a criança, não veria
mais a mendiga suja, mas uma menina linda ocupada em ajudar os que dela
precisassem.
É apenas uma história, mas pode ajudá-lo a lembrar-se que quanto mais você
olhar para o bendito Senhor e a Sua Palavra e procurar obedecê-Lo, mais parecido
com Ele você se tornará. E o poder para a transformação vem dEle.

I. A EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA DO CRISTÃO

“Os injustos não herdarão o reino de Deus” é uma declaração que devemos
transmitir a todo o mundo. Os injustos não necessariamente os perversos. Os injustos
são simplesmente aqueles que não são justificados pela fé em Jesus Cristo. Por causa
das verdades precedentes, os injustos podem ser os juízes pagãos. Significaria então:
Por que levar seus problemas, já que são cristãos, àqueles que não podem entrar no
Reino de Deus?
Ou talvez seja uma referência àqueles que praticavam a injustiça defraudando e
roubando os irmãos cristãos. Nenhum cristão professo se atreveria a continuar no
espírito de rebeldia contra a vontade de Deus revelada.
Seja qual for a referência, declara explicitamente que os injustos não podem
entrar (herdar) no Reino de Deus. Este Reino é reservado para aqueles que nasceram
do Espírito de Deus (João 3.3) e que tenham aceitado a Cristo como Senhor e Salvador
(Atos 16.31).
Eis a advertência! “Não vos enganeis”. Preste atenção. Que a sua esperança do
céu não repouse em algum falso fundamento que não faz de você uma nova criatura
em Cristo. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
(Atos 4.12).

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Examine as listas de pecados que Paulo coloca diante de nós que são
incompatíveis com a salvação. A lista dos pecados da carne do versículo 9 é
impressionante:
● Impuros – um termo para todos os tipos de pecados sexuais.

● Idólatras – aqueles que adoram outros deuses; e em Corinto deviam praticar


imoralidade sexual grosseira uma vez que foram incluídos nos pecados da carne.
● Adúlteros – aqueles que especificamente pecam contra o casamento.

● Efeminados – quando esta palavra (usada três vezes no Novo Testamento)


aplica-se à moral, fala de um modo autoindulgente de vida sem restrições ao ego ou à
carne.
Pode incluir aqueles que se ocupavam com a prostituição, um pecado muito
comum em Corinto.
● Sodomitas – uma referência à pederastia.

No versículo 10 Paulo fez uma lista daqueles pecados que são praticados contra
os outros.
● Ladrões – uma palavra usada para pequenos furtos.

● Avarentos – aqueles que possuíam desejo intenso de ter mais. É digno de nota
que Paulo sempre classificou a avareza entre os piores pecados. Devemos olhar para a
avareza através dos olhos de Deus. (Veja Colossenses 3.5).
● Bêbados – um vício bem conhecido; um homem que não tem controle.

● Maldizentes – um homem que fala mal dos outros; pessoa áspera e amarga e
que vilipendia o caráter e machuca os sentimentos.
● Roubadores – ladrões de toda sorte; aqueles que são ávidos de lucros e estão
prontos a oprimir os outros por amor ao dinheiro.

Alguns dos coríntios já tinham sido classificados entre tais pecadores, mas a
divina transformação da graça acontecera em suas vidas; “Tais fostes alguns de vós;
mas vós vos lavastes”. Era bom que alguns em Corinto demonstrassem tais mudanças
de suas vidas pagãs para suas novas vidas em Cristo, para que outros reconhecessem a
diferença. Não só o cristão faz uma escolha quando aceita a Cristo, mas também
experimenta transformações.

71
Qual é a transformação? Paulo disse aos coríntios: “Mas vós vos lavastes, mas
fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no
Espírito do nosso Deus”.
“Vós vos lavastes” tem dupla implicação espiritual. Refere-se à lavagem da
regeneração através do sangue de Cristo (Ap. 1.5), mais a purificação diária que o
cristão experimenta através da lavagem da água pela Palavra (Ef. 5.6). Ambas são
essenciais - uma para salvação e outra para pureza cristã.
“Fostes santificados” é obra do Espírito Santo quando separa o crente para
Deus. Cada crente foi separado para Deus. Acontece na salvação e é um ato divino em
nosso benefício. O crente não “ora para acontecer”, nem “trabalha” para isso. Outra
frase da santificação inclui a separação do mundo (Rm. 6.19, 22). Também é operado
em nós pela Palavra de Deus (João 17.17).
“Fostes justificados” dá-nos nossa liberação legal ou judicial diante do Deus
santo quando somos declarados justos. Isto acontece no momento em que confiamos
no Filho de Deus, Jesus Cristo, como nossa única Esperança de perdão e vida eterna
(Rm. 3.20; Gl. 3.8).
Toda esta maravilhosa redenção é através da provisão do Senhor Jesus e pela
agência pessoal do Espírito Santo.
Veja o versículo 11. Descubra a palavrinha “mas”, usada três vezes, dando a
entender as transformações dramáticas que Paulo disse terem acontecido nos santos
em Corinto. Eis aí o poder do Cristianismo em qualquer comunidade. Nada é tão
eficaz para atingir os outros como uma vida transformada.
Um bêbado, recentemente nascido de novo, contava a seus vizinhos na festa
anual da vizinhança que grandes coisas o Senhor fizera com ele salvando sua alma.
Falava com humildade de espírito, esperando ganhar alguns dos seus amigos para
Cristo.
Um antigo companheiro de farras zombou: “Sim, Herb, é o que você diz; mas
espere um pouco. Um dia destes, você vai acordar do sonho e voltar para a nossa
companhia”.
O filho adolescente do ex-beberrão colocou-se silenciosamente ao lado do seu
pai e disse: “Espero de todo coração que ele não acorde, porque nossa família gosta do
que o Senhor fez pelo papai”.
Há poder transformador no evangelho do Senhor Jesus Cristo. Transformou os
coríntios. Pode transformar você.

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II. O PRINCÍPIO ESPIRITUAL QUE ORIENTA O CRISTÃO

A liberdade cristã foi pervertida por muitos. De modo nenhum nossa liberdade
em Cristo deveria se transformar em licenciosidade para relaxamento de conduta. Os
cristãos estão “livres da lei”. Que condição feliz! Mas isto não significa que o cristão
está livre do amor. O Apóstolo descreveu a lei da liberdade cristã para os coríntios.
“Todas as coisas são lícitas” não significa que tenho liberdade de fazer o mal.
Muitas atitudes talvez não tenham restrições legais, mas nem todas as coisas me
“convêm” ou são vantajosas. Algumas coisas não trazem proveito nem para quem faz
nem para quem recebe. Se algumas atitudes atrapalham outras, não tenho liberdade
para com elas. Alguém disse: “Posso descer a rua balançando os braços à vontade;
mas minha liberdade de fazê-lo cessa onde começa o seu nariz”. Isto também se aplica
espiritualmente. Um homem deve perguntar se a sua escolha ou atitude vai agradar ao
Senhor. Qualquer coisa que prejudique sua sensibilidade espiritual deveria ser evitada.
“Eu não me deixarei dominar por nenhuma” apresenta a lei da escravidão.
Platão ensinou que um homem livre tem o poder de escolher a escravidão; mas, depois
de escolhê-la, não tem mais o poder de escolher a liberdade. Paulo ensinou a mesma
verdade no reino espiritual. É errado exercer minha liberdade se, exercendo-a, perco o
meu poder de autocontrole. Qualquer coisa que me transforme em escravo está errada.
Lembre-se, o cristão tem liberdade. Sua salvação não se baseia na observação de
certas regras; nem fica circunscrita por uma multidão de restrições. A soma total dos
ensinamentos de Paulo é que todas as coisas são legais, mas que o cristão não deve
abusar desta liberdade para não ferir outros nem se tornar um escravo de algum hábito
ou atitude.
Qual é a essência do versículo 13? Ao estudá-lo, perceberá que Paulo ensinou
que os apetites do corpo são normais e dados por Deus. Além dos apetites da fome, da
sede, do sexo, também o desejo de ver, ouvir, sentir e saber. Deus garantiu aquilo que
satisfaz o apetite. Contudo, o propósito da vida não é a satisfação dos apetites carnais.
Isto é simples fato acompanhante, não o propósito principal da vida. Não vivemos para
comer. Um apetite indisciplinado leva a glutonaria, à bebedice e toda sorte de
perversões. Deus está acima do corpo e seus apetites. Ele “destruirá tanto estes como
aqueles”. Coisas espirituais, não carnais, têm prioridade.
O corpo igualmente tem um propósito. A palavra “corpo” inclui mais do que
carne e seus apetites. Inclui todo o homem, feito por Deus e para Deus. O corpo é para
o Senhor; isto é, o instrumento no qual nós o servimos. O Senhor é para o corpo; isto
é, só encontrará a mais plena realização dos seus propósitos quando o Senhor lhe dá

73
energia e o controla. Por causa do relacionamento do corpo com o Senhor, não deve
ser entregue à imoralidade. Um exame deste assunto feito com oração ajudará o crente
a viver nesta sociedade permissiva e imoral de hoje.
Deus, através de Paulo, deu estas instruções para os cristãos na Corinto pagã e
esperava que obedecessem. Sabia que nós também, em nosso ambiente pagão,
poderíamos entender e obedecer.
O corpo ressuscitará (v. 14). Os apetites – e aquilo que satisfaz os apetites –
serão destruídos; mas o corpo ressuscitará pelo mesmo poder que ressuscitou a Cristo.
Além disso, nossos corpos são membros de Cristo. Aquele que é membro de
Cristo não pode se entregar à fornicação, pois estaria negando que o corpo é para o
Senhor. Você não acha que o conhecimento destas coisas deveria ajudar o crente que
está tentando vencer algum pecado habitual que o escravizou? Não deveria ser um
incentivo para manter o seu corpo puro para Cristo?
“Fugi” implica em perigo que está perto. Depressa! Para salvar a vida! E esta foi
a orientação de Paulo: “Fugi da impureza!”

III. O CRISTÃO Ê UMA PROPRIEDADE COMPRADA

Não há nenhuma verdade mais conducente a um alto padrão de vida cristã do


que os versículos 19 e 20. Eis a nobreza de vida que só o Espírito Santo pode tornar
possível. Em 1 Coríntios 3.16, toda a igreja é o templo de Deus. Eis aqui o crente
individual. No Velho Testamento, o Templo era o lugar da presença e glória de Deus.
No Novo Testamento, Deus não habita mais em um templo de pedras, tijolos e
cimento, mas no corpo remido do crente. Paulo enfatizou a santidade do corpo do
crente – o templo de Deus.
Desde a glorificação do Filho de Deus, cada crente é habitado pelo Espírito de
Deus. As promessas do Salvador em João 7.37-39; 14.17 e 16.7 atingiram o clímax no
Pentecoste (Atos 2.4). Tudo era parte do plano redentor de Deus. Paulo expressou o
significado dizendo: “o qual tendes da parte de Deus”. Somos selados com o Espírito
(Ef. 1.13, 14) até a total redenção da propriedade comprada (Rm. 8.23).
Há um bom motivo por que o crente não pertence a si mesmo. “Fostes
comprados por preço”. Tendo sido comprados no mercado dos escravos do pecado,
agora pertencemos a Deus.
“Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”, que é de Deus. É uma questão
de obrigação e de gratidão guardar o seu corpo para Deus.

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Um cristão pode glorificar a Deus na adoração, no serviço cristão, no ganhar
almas, enviando a mensagem da redenção a todos os homens, no bom comportamento,
no capricho do trabalho e na demonstração diária das graças espirituais. Glorifique a
Deus em seu corpo. Não protele! Não há mais muito tempo. É verdade que você pode
viver uma vida longa, mas se já é adulto, a maior parte de sua vida já foi. Use cada dia
que o Senhor lhe dá para Deus e Sua glória.

Recapitulação

1. Por que os injustos não podem herdar o Reino de Deus?


2. Você conhece alguém que foi “enganado” (v. 9) sobre a questão de sua
salvação? Como poderia ser ajudado para vir a conhecer o verdadeiro caminho
da salvação?

Versículo para memorizar

“Todas as cousas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as cousas
me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Co. 6.12).

75
XI

ASSUNTO DE GENTE CASADA

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Bendita comunhão – 1 Coríntios 7.1-9.
Segunda-feira: Uma só carne – Gênesis 2.18-25.
Terça-feira: Uma escolha sábia – Rute 1.15-22.
Quarta-feira: A suficiência divina – Isaías 50.1-7.
Quinta-feira: Deus e Israel – Oséias 2.1-9.
Sexta-feira: Relacionamento bíblico – Efésios 5.22-23.
Sábado: Um só esposo – 2 Coríntios 11.1-3.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 7.1-16.

Manuais sobre o casamento, conselhos sobre como ter uma união feliz, livros
sobre os prós e contras do casamento versus vida em comum versus permanecer
solteiro – tudo isso e muito mais enche as prateleiras das chamadas livrarias bíblicas
no mundo de hoje. Um recente exemplar de um dos principais jornais da América,
percebendo o intenso interesse pelo assunto, publicou um artigo de duas páginas sobre
livros que tratavam do sexo e casamento escritos por autores intitulados
“evangélicos”.
Além disso – que talvez sejam, talvez não, dignos de valor – o mercado está
atulhado de livros, folhetos e artigos que antigamente receberiam a etiqueta de
pornográficos, mas agora estão entre os “best-sellers”.
Quase todo programa favorito de TV está cheio de aventuras de pessoas
procurando alguma nova experiência conjugal ou extraconjugal. A palavra de quatro
letras que há alguns poucos anos era proferida com cuidado e em voz baixa, agora é
um assunto tão comum que até pessoas nascidas de novo falam dela com leviandade e
com boçalidade, parecendo quase imitar os que não são salvos, no seu desejo de
excitar e chocar seus ouvintes. Alguém pergunta: “Será que a antiga Corinto era
pior?”.
Conta-se a história de que no começo do século XX, quando o correio era muito
mais lento do que agora, uma jovem enviou ao seu amado, que morava a uma certa
distância, uma carta dizendo que aceitava sua proposta e que se tomaria sua esposa. A

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carta foi entregue cinquenta e seis anos depois. Nesse tempo o amado dela, casou com
outra pessoa e, naturalmente, morreu. Nada sabemos sobre este romance; mas em
alguns que conhecemos, deixar de casar teria sido muito melhor do que efetuar as
tristes uniões em que resultaram. Naturalmente o conselho da Palavra de Deus é
essencial neste assunto importantíssimo do casamento neste ponto da história. Paulo
levou o conselho de Deus ao povo de Corinto. Com que cuidado deveríamos estudar e
dar atenção ao seu conselho.
Estudando a passagem bíblica e o material deste livro, lembre-se de que a
instituição do casamento foi ordenada por Deus como parte do Seu plano para o
homem. Considerando que o casamento foi ordenado por Deus, Ele tem regulamento e
regras para o comportamento do homem dentro do plano. Deus deu tanta atenção à
instituição do casamento que o escolheu como figura do amor de Cristo pela Igreja.
Leia sobre isso em Efésios 5.25. O íntimo relacionamento de um casal unido pelo
sagrado matrimônio é certamente um símbolo adequado da união de Cristo e Sua
Noiva.
Os crentes coríntios enfrentavam um problema sobre o devido relacionamento
conjugal entre a esposa e o marido depois que um se tornava cristão. Deveriam
permanecer juntos mesmo quando um não era crente? E se o incrédulo decidisse
acabar com o relacionamento conjugal e partir, o que fazer? Qual deveria ser o
procedimento quando crentes que estavam casados não se davam bem? Todos eram
problemas importantes e os cristãos se voltaram para o Apóstolo Paulo em busca de
uma solução. Alguns membros da igreja escreveram a Paulo explicando as
dificuldades que enfrentavam.
Na sua resposta Paulo tocou em setores relacionados com o casamento cristão
que são pertinentes hoje em dia. Já percebeu como Deus é cheio de graça? A vida
neste mundo está cheia de problemas que são causados pelo pecado e por Satanás.
Mas Deus em Sua Palavra e através do Seu Espírito tem a resposta e a solução para
cada problema que Satanás pode inventar. Ele dá a solução e, então, dá a sabedoria e
graça para lhe obedecer. Outros livros nos dizem o que o homem supõe; a Bíblia nos
diz o que Deus sabe. Descubra o que Deus tem para você nesta porção de Sua Palavra.
Considere as condições ambientais do casamento na igreja de Corinto. As
irregularidades conjugais abundavam. Alguns crentes membros da igreja eram de
opinião que os cristãos solteiros eram mais santos do que os casados. Outros achavam
que o relacionamento normal de marido e mulher deveria ser abandonado depois que
eles se convertiam. Tais crentes consideravam o leito conjugal uma coisa desonrosa.

77
Aparentemente alguns também tinham abandonado seus cônjuges incrédulos quando
se converteram.
Eram cristãos novos em uma igreja nova, salvos de uma sociedade pagã. Todo o
seu modo de pensar até aquele momento centralizara-se nas práticas pecaminosas de
sua antiga religião que se baseava na imoralidade.
Este é um estudo sobre o qual é mais fácil escrever do que falar publicamente.
Leia o texto bíblico com cuidado. Ore por seu professor. A questão do casamento era
tão importante que neste capítulo Paulo dá aos coríntios a mais longa porção inspirada
sobre o casamento e o relacionamento conjugal que encontramos.

I. PRINCÍPIOS GERAIS SOBRE O CASAMENTO

“Quanto ao que me escrevestes” mostra que a igreja em Corinto preocupava-se


sobre as irregularidades e confusão no casamento que experimentavam. Pediram a
ajuda de Paulo. Ele tinha de ser o seu conselheiro conjugal inspirado por Deus. O seu
conselho, vindo do próprio Deus, vale mais do que todos os conselhos que são tão
facilmente adquiríveis hoje em dia.
Paulo declarou que ser solteiro é bom. “É bom que o homem não toque mulher”.
Isto não se referia à fornicação, mas ao casamento. A palavra “toque” significa ligação
conjugal. Em “não toque” Paulo disse que sob certas circunstâncias a pessoa solteira
estaria mais livre para servir o Senhor não tendo as responsabilidades do casamento.
Alguns estavam ensinando que um homem era mais santo se permanecesse
solteiro ou celibatário. Paulo concordou que o celibato é bom e mais tarde destacou
certas vantagens. Mas ele nunca disse que o celibato é moralmente melhor do que o
casamento.
No próximo versículo ele disse: “Cada um tenha a sua própria esposa”. De
modo nenhum Paulo era contra o casamento. O mesmo homem escreveu 1 Timóteo
4.3, destacando que um dos sinais da apostasia dos últimos tempos seria os que
“proíbem o casamento”. Sob certas condições seria melhor não casar-se, e sob outras
seria melhor casar-se.
Casar-se é coisa normal. De acordo com Gênesis 2.18 está perfeitamente dentro
dos planos divinos que um homem e uma mulher se casem e organizem o seu lar.
“Fugi da impureza!” foi uma ordem para Corinto. A adoração no templo centralizava-
se na prostituição que conduzia à corrupção fora do comum. A fornicação era um
grande mal e a solução certa para fugir deste mal era o casamento.

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Paulo falava claramente que o seu conselho aplicava-se a ambos, o homem e a
mulher.
O casamento envolve responsabilidade. Provavelmente um dos motivos mais
comuns dos problemas no casamento seja o fato de um ou ambos os membros da
união recusarem-se a assumir as devidas responsabilidades. Para um casamento
proveitoso é preciso observar algumas regras ou princípios de orientação. De modo
nenhum o Apóstolo pretendeu abranger todos os setores do casamento com os seus
conselhos. Aqui Paulo estava preocupado com um assunto muito delicado, as
obrigações mútuas do marido e da mulher no relacionamento conjugal.
1. O casamento envolve um débito mútuo (v. 3). Alguns na igreja em Corinto
achavam que era sinal de superioridade abster-se do relacionamento conjugal normal.
Paulo disse que não era assim; antes, “não vos priveis um ao outro”. O casamento tem
suas obrigações, parte das quais é reconhecer e atender às exigências normais do
apetite sexual. A palavra “conceder” (v. 3) não implica na concessão de um favor mas
o cumprimento de uma obrigação.
2. O casamento envolve um respeito pelas necessidades mútuas (v. 4). No
casamento os dois se tornam um. Já não há mais um senhorio independente do corpo.
Os dois agora têm obrigações mútuas. Sábios são os maridos e esposas cristãos que
reconhecem e obedecem à interdependência de ambos para satisfação mais plena da
vida de casados. O marido cristão tem um ministério para com sua esposa – o de
envolvente força, apoio, segurança e satisfação nos mais íntimos afetos. O mesmo
acontece com a esposa no seu ministério para com o marido em lealdade, estímulo, no
cumprimento das obrigações familiares e domésticas e na realização das obrigações
mútuas dos mais íntimos afetos.
3. O casamento implica em proteção contra a tentação (v. 5). “Não vos priveis
um ao outro”. Nem o marido nem a esposa não devem privar o outro daquilo a que
tem direito. Contudo, às vezes, seria sábio, disse Paulo, praticar a abstenção dos
direitos conjugais normais para a consecução de objetivos espirituais. Nessas ocasiões,
três condições pelo menos devem ser observadas: (1) Haver mútuo consentimento. (2)
Ser por tempo limitado. (3) Ter por objetivo o enriquecimento da vida espiritual.
Deixar de observar as condições, especialmente numa prolongada separação, levaria à
tentação e ao pecado.
Quando Paulo escreveu: “E isto vos digo como concessão”, não quis dizer que
não tinha inspiração divina neste assunto. Simplesmente quis dizer que estava dando
um conselho, não um mandamento. Indicava sua opinião pessoal. As condições
variam de lar para lar; assim, em alguns exemplos, não seria nada sábio para a esposa

79
ou o marido absterem-se por tempo indeterminado por causa das responsabilidades
que tem. Há ocasiões cm que há mais demonstração de graça cristã cuidar das
obrigações do lar do que sair para algum retiro espiritual, se o lar for por isso
negligenciado.
No versículo 7 Paulo declarou sua preferência pela condição de solteiro. Por
causa das dificuldades que os cristãos enfrentavam naqueles dias, sentia que seria
melhor ficar sem casar. Mas de modo nenhum para todos os homens. “Cada um tem
de Deus o seu próprio dom”, ou capacidade de continência. Cada homem deveria
considerar a vontade de Deus para ele.

II. CONSELHO PARA AS SOLTEIRAS E VIÚVAS

Paulo incentivou as mulheres solteiras e viúvas a permanecerem sozinhas. Sem


dúvida o Apóstolo pretendia que esta declaração fosse assim como uma conclusão ao
seu argumento precedente. O “no entanto” indica isto. As viúvas foram incluídas
porque poderiam pensar que a declaração anterior de Paulo não se aplicava a elas. Esta
situação de celibato só era preferida por causa do sofrimento vigente (v. 26). Mais
tarde ele advogaria que as mulheres jovens se casassem (1 Tm. 5.14).
Se um homem ou mulher não tem o dom do autocontrole, que siga o padrão
normal do casamento. “Abrasado” refere-se a um desejo intenso. Seria melhor ser
casado do que experimentar continuamente algo que rouba a paz da pessoa e pode
levá-la à amargura tentação.

III. MANDAMENTO PARA OS CASADOS

O Apóstolo Paulo falava com a autoridade das Escrituras que o apoiavam.


“Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu,
porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de adultério, a
expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada, comete adultério” (Mt.
5.31, 32).
Volte-se para a Bíblia e leia Mateus 19.3-9. Os ensinamentos de Cristo são
explícitos. O laço conjugal era sagrado e inviolável. Mas os registros mostram que
hoje em dia, quase um casamento em três é um desastre e termina em divórcio.

80
Cônjuges crentes não deveriam separar-se. Não deveria haver divórcio nem
causa para divórcio num lar cristão. Só há um pecado que dissolve o relacionamento
conjugal. “O que Deus juntou, não o separe o homem”.
Sob certas sérias circunstâncias conjugais pode-se conceber que um dos
cônjuges vá embora. Paulo não discriminou as condições mas reconheceu a
possibilidade. Entretanto, tal pessoa continua casada, disse o Apóstolo, e não pode
casar-se com outra.
Um cônjuge cristão não deveria se divorciar do cônjuge incrédulo. Muitos
tinham se casado antes da regeneração pela fé no Senhor Jesus Cristo. Agora tinham
cônjuges incrédulos. Paulo lhes ofereceu seu inspirado conselho: O cônjuge cristão
não devia separar-se do cônjuge incrédulo se este quisesse permanecer ao lado do
outro.
Há uma influência espiritual sobre o lar onde um dos cônjuges é salvo. Por
causa deste, os outros dentro do lar são pelo menos separados (santificados) por
influência especial que vem daquele que conhece o Senhor na graça salvadora.
Se o cônjuge incrédulo deseja dissolver o relacionamento e toma a iniciativa
nessa atitude, o cristão não tem obrigação de evitá-lo. “Que se aparte”, disse Paulo. O
cristão deveria submeter-se em paciência e graça. Não há nenhuma indicação de que o
divórcio ou um novo casamento seja permissível.
Um marido ou esposa cristãos, convertidos depois do casamento, enquanto o
outro cônjuge não se converte, deve se lembrar de que não é mais a mesma pessoa
com a qual o outro se casou. Na qualidade de nova criatura em Cristo, o cristão é
totalmente diferente. À vista disso, seja paciente e ore por aquele que não tem Cristo.
Uma vida assim piedosa pode levar o outro ao Salvador.

O que você acha?

1. Você acha que os ministros cristãos teriam mais sucesso como guias
espirituais se não fossem casados?
2. Há vantagens em que os ministros tenham família?
3. É mais espiritual ficar solteiro?
4. Será que Paulo ensina que um cônjuge salvo sempre conseguirá levar o que
não é salvo à Cristo?

81
OBSERVAÇÃO

De vez em quando, as lições para adultos incluem passagens e assuntos nos


quais há uma diferença de pontos de vista entre os fundamentalistas. A Imprensa
Batista Regular adotou a política de permitir ao escritor que apresente sua própria
interpretação, ainda que reconheça que outros podem ter convicções diferentes sobre o
assunto. Este é o princípio que seguimos nesta lição em relação ao discutido tema do
divórcio e novo casamento.

Versículo para memorizar

“Pois como sabes, ó mulher, se salvarás a teu marido? Ou como sabes, ó


marido, se salvarás a tua mulher?” (I Co. 7.16)

82
XII

ASSUNTOS REFERENTES AO
CASAMENTO E COSTUMES SOCIAIS

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: Aceitando nossa vocação – 1 Coríntios 7.17-24.
Segunda-feira: As primeiras coisas em primeiro lugar – 1 Coríntios 7.25-40.
Terça-feira: Um espírito certo – Filipenses 4.5-13.
Quarta-feira: Um padrão de boas obras – Tito 2.1-10.
Quinta-feira: Palavras de sabedoria – 1 Timóteo 5.1-25.
Sexta-feira: Maneira correta de vestir – 1 Pedro 3.1-6.
Sábado: A alegria de ser chamado bem-aventurado – Provérbios 31.10-31.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 7.17-40.

Um dia Abraão Lincoln, conta a história, caminhava ao longo de uma rua em


sua cidade natal, Springfield, Illinois. Com ele iam seus dois filhos, chorando
desesperadamente. Um vizinho perguntou: “O que é que há com os garotos?” Ao que
Lincoln respondeu: “Exatamente o mesmo que há com todo o mundo; tenho três nozes
e ambos querem duas”.
Quantas pessoas satisfeitas você conhece? As pessoas estão insatisfeitas com o
seu emprego, sua esposa, seus rendimentos, seu chefe, seus filhos, seus cônjuges, seu
lar, seu carro, sua igreja, seu pastor, seu professor, sua classe... e assim por diante. A
satisfação relaciona-se com a paz. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-lo
dou como a dá o mundo” (João 14.27). A gente não descobre a satisfação. Recebe-se.
Poucos estão tão satisfeitos quanto deveriam estar. E você?
É impossível desfrutar totalmente as bênçãos da vida cristã enquanto estamos
tentando obter mais e mais. A insatisfação brota pondo em dúvida a sabedoria e a
bondade de Deus no seu relacionamento com o indivíduo e as circunstâncias. A
satisfação não depende das circunstâncias mas antes da fé em Deus e Sua providência
que tudo supervisiona em benefício do crente. “Digo isto, não por causa da pobreza,
porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp. 4.11).

83
Primeira Coríntios 7.17-20 relaciona a ideia da satisfação com diversos setores
da vida. Quando nos tornamos cristãos, não deveríamos ficar insatisfeitos com nossas
presentes circunstâncias. Um pecador realmente recebe uma nova natureza quando se
converte, mas não necessariamente uma nova posição social ou econômica. Deus
deseja cristãos em todos os caminhos honrosos da vida.
Um engenheiro em Iowa foi salvo. Alguém lhe perguntou: “Que diferença fez
tornar-se cristão? Você trabalhava como engenheiro antes e continua trabalhando.
Você não é diferente”. O recém-convertido respondeu: “Ah! Você está enganado.
Antes, eu trabalhava para a firma. Agora trabalho para Deus enquanto trabalho para a
firma”. E o seu bom testemunho era prova disso.

I. A CONVERSÃO NÃO PRECISA MUDAR NOSSA VOCAÇÃO

“Cada um conforme Deus o tem chamado”, é o princípio apresentado por Paulo.


Ele quis dizer que, embora a conversão trouxesse uma experiência transformadora na
vida interior e na conduta externa, não tem de envolver qualquer mudança radical em
nossa vocação. Cada crente deveria procurar glorificar a Deus no local e na posição
em que Deus o salvou.
Antes o fenômeno dos parques de aventuras feito pelo homem, um dos locais
preferidos pelos turistas era o Yellowstone National Park. Os pais ansiosos em
demonstrar o devido respeito pelas maravilhas da América, faziam as malas da família
e viajavam às vezes centenas de quilômetros até Wyoming e Montana para examinar
as 139 milhas quadradas do parque. A atração principal geralmente era ficar sentado
sobre um pesado tronco de madeira para ver um pouco de água jorrando da terra na
direção do céu, para exclamar: “Vejam! Lá vai o Velho Leal bem no horário!”
Yellowstone Park está cheio de gêiseres. Muitos deles jogam a água muito mais
alto e com maior volume do que o “Velho Leal”, mas poucos de nós sabemos seus
nomes. Por que este ficou famoso? O “Velho Leal” é digno de confiança, pois entra
em atividade regularmente e na hora certa, vez após vez, ano após ano.
Cada igreja tem algum cristão “Velho Leal” fazendo o trabalho que Deus lhe
deu para fazer. Trabalha regularmente e bem, com pouco reconhecimento da parte dos
outros, mas com fidelidade e devoção a Cristo.
Há aquela humilde e obscura dona de casa cristã que tem fielmente trabalhado
na sua esfera de serviço, dando exemplo piedoso ao marido e filhos, que fica

84
desanimada um dia e diz: “Fiz tão pouco para Jesus. Gostaria de ter feito grandes
coisas para Ele. Mas, em lugar disso lavo louças e roupa suja e tiro o pó”.
Há o mesmo número de homens exatamente tão humildes e obscuros que
trabalham em fábricas ou escritórios, ou na lavoura e construções, ou em qualquer
lugar onde têm de trabalhar, que se censuraram, imaginando por que não foram
capazes de fazer coisas mais importantes para o seu Salvador.
Alguns líderes cristãos, parecem até que aumentam o sentimento de indignidade
do trabalho cristão, que não leva o indivíduo para longe da igreja local para o que
geralmente se intitula de “trabalho cristão de tempo integral”.
Quando você, na qualidade de cristão leigo, consagrado e dedicado, é fiel no
lugar onde Deus o colocou, você está servindo. Sua recompensa no céu pode até ser
maior do que a de alguns cujos nomes e obras são mais conhecidos. Deus recompensa
Seus filhos, não de acordo com os padrões humanos, mas de acordo com a qualidade
de nosso trabalho em Sua vinha.
Naturalmente, se Deus chama você para deixar o seu lar e ir a algum outro
campo de trabalho, vá imediatamente.
E, na qualidade de crente, não permaneça executando qualquer tarefa que
transgrida os princípios cristãos. Examine o seu trabalho à luz das palavras de Paulo
quando falhou aos cristãos em Corinto.
Alguns convertidos judeus queriam remover todos os sinais de suas vidas antes
da salvação; isto é, a circuncisão. Outros estavam igualmente convencidos que cada
convertido a Cristo deveria passar pela circuncisão. Aqui Paulo ensinou que aqueles
que eram convertidos como judeus não deviam desprezar sua circuncisão, e os que se
converteram como gentios não deviam sentir necessidade de observar este ritual.
Paulo procurou ajudá-los a encontrar a vontade de Deus para eles.
“Guardar as ordenanças de Deus” (v. 19) é, à primeira vista, uma declaração
estranha. Certamente não significa que a salvação se obtém guardando a Lei, pois isto
seria contrário a outras passagens das Escrituras muito explícitas (Ef. 2.8, 9). Significa
que o ritual não é tão importante como a obediência espiritual.
A palavra “vocação” no versículo 20 refere-se a nossa posição. O princípio da
satisfação toma a ser repetido. Que um homem permaneça na posição em que foi
salvo. Isto se aplicava também àquele que era escravo quando se converteu. Embora a
escravidão não seja ensinada na Bíblia, um homem não deveria ficar impaciente com a
sua situação.

85
No versículo 22 Paulo apresenta seus motivos. O cristão que é escravo é livre no
Senhor, e o convertido livre toma-se escravo do Senhor. No versículo 23 o Apóstolo
dá um passo adiante. Considerando que cada crente foi comprado pelo preço infinito
do sangue de Cristo, já não pertence mais a ninguém além do Senhor. Pode ser
fisicamente escravo, mas nunca no espírito.
E você? Já aceitou a Jesus como seu Salvador no que se refere ao
pecado? Sua Palavra declara que você é um pecador; você
precisa de um Salvador. Deus enviou o Seu Filho, Jesus, para
morrer na cruz como seu Salvador. Creia nEle, e você será um
filho de Deus. Ele o ama e deseja que você seja dele.

II. AS VIRGENS E O CASAMENTO

Poderia parecer que a questão das virgens era de igual modo umas das perguntas
que a igreja de Corinto incluiu em sua carta a Paulo. Ele respondeu a pergunta mais
detalhadamente aqui.
Os que tinham filhas solteiras deviam dá-las em casamento? As condições que
prevaleciam em Corinto eram tais que alguns achavam que seria errado dar suas filhas
em casamento.
O conselho de Paulo era autorizado? Não tinha mandamento direto do Senhor;
mas como alguém que fora chamado e salvo misericordiosamente e comissionado por
Deus para ser fiel, sentia-se autorizado a dar a sua opinião. Reconhecia que o Espírito
de Deus o estava usando (v. 40).
Os cristãos em Corinto viviam dias de intensa perseguição. “Por causa da
angustiosa situação presente”, dizia Paulo, “considero ser bom” (v. 26). Paulo
aconselhou-os que seria sábio para o homem permanecer solteiro devido à terrível
perseguição. É o mesmo conselho que ofereceu-lhes antes (v. 7) com as mesmas
condições a serem observadas (v. 9).
O versículo 27 é explícito. Leia-o.
No versículo 28 Paulo explicou que se naqueles dias turbulentos um homem
encontrasse companheira que desejasse acima de tudo partilhar a vida com ele, não era
pecado casar. A mesma verdade se aplicava a uma virgem.
Então, por que Paulo advogava que o celibato era preferível? “Tais pessoas (os
casados) sofrerão angústia na carne” (v. 28). A palavra “tais” está no masculino e se
refere a ambos, homens e mulheres.

86
Embora haja muitas e ricas compensações no casamento, há também aquilo que
pode ser classificado de “angústia na carne”. O coração de Paulo era cheio de
gentileza; por isso, ele disse: “Eu quisera poupar-vos”.

III. O CASAMENTO E AS PRESSÕES DA VIDA

Paulo olhava para o breve regresso de Cristo. “O tempo se abrevia” (v. 29).
Paulo considerava o tempo que restava antes da vinda de Cristo como curto e assim
deveria afetar a conduta e opinião dos cristãos coríntios. Se a volta era breve nos dias
de Paulo, o que diremos de nós? Se era próximo aquele tempo, certamente está muito
próximo agora.
Os casados não deviam deixar nada interferir no seu serviço prestado a Cristo. À
vista do retorno do Senhor, os valores humanos normais diminuíam e os valores
espirituais se destacavam. O marido não deveria ser menos marido; mas não deveria
permitir que o seu relacionamento humano diminuísse seu amor e serviço prestado a
Cristo.
“Livres de preocupações”. Paulo desejava que os cristãos coríntios vivessem
sem preocupações desnecessárias.
Isto é mais natural na pessoa solteira. Toda a sua energia, tempo e capacidade
podem ser dedicados a Cristo. Mas a pessoa casada tem dupla obrigação. Tem de se
preocupar com “as cousas deste mundo” (v. 33). Isto não se refere ao amor deste
mundo conforme I João 2.15. (Leia o versículo). Antes, significa que um homem
casado deve providenciar pelas exigências materiais normais da vida por causa de sua
família. Não é pecado para o homem casado fazê-lo. Paulo destaca simplesmente o
contraste entre o casado e o solteiro em sua liberdade de servir ao Senhor Jesus Cristo.
O mesmo princípio se aplica à mulher casada e solteira. Aquelas que
escolheram não se casar por amor ao evangelho deveriam ser altamente respeitadas e
não alvo de comentários indelicados e depreciativos. Paulo as respeita. Não
deveríamos fazer o mesmo?
No versículo 35 Paulo insistiu de novo que tinha advogado o que achava ser
bom para eles; mas ele não pretendia “enredá-los”. O casamento era permissível e
totalmente dentro da vontade de Deus; mas ele desejava que eles não fossem
perturbados quando servissem ao Senhor.

87
IV. A RESPONSABILIDADE DO PAI CRISTÃO

Esta é uma das mais difíceis porções do capítulo. Leia os versículos 36 a 38 com
cuidado. Lembre-se dos costumes da época quando os pais tinham a responsabilidade
de encontrar o cônjuge para seus filhos. O escritor acha que o seguinte é o que mais se
aproxima do verdadeiro significado da passagem.
“Trata sem decoro a sua filha” significa deixar de tomar providências para o
casamento da filha. Impedir que uma moça se case na idade apropriada poderia ter
resultados desastrosos em uma cidade como Corinto, especialmente se a moça
desejasse casar-se.
“Passar-lhe a flor da idade” significa ultrapassar o estágio do desenvolvimento
completo, além da idade do casamento.
“As circunstâncias o exigem” refere-se àquela capacidade ou incapacidade de
permanecer continente, como Paulo ensinou explicitamente nos versículos 7 e 9.
Se o pai achava que era melhor, considerando todos os fatores, então não devia
impedir que sua filha se casasse.
No versículo 3 Paulo declara novamente que ele preferiria que a virgem não
fosse dada em casamento. “Não tendo necessidade” é a chave à decisão do pai para
impedir que sua filha se case.
Não há nenhum mal se a decisão for diferente.

V. CASAMENTO E NOVO CASAMENTO

Só a morte do cônjuge dissolve o casamento. Paulo escreveu a cristãos. A


fornicação, exceção encontrada em Mateus 5 e 19, não foi examinada aqui, pois a
fornicação dentro do casamento cristão não entrava em consideração. Paulo enfatizou
a permanência do casamento.
Na última porção do versículo 39 o Apóstolo Paulo falou das viúvas: “Se falecer
o marido”. Essa tinha liberdade de tornar a casar-se, mas só no Senhor. Mesmo aqui
Paulo achava que seria melhor permanecer viúva.
Paulo concluiu sua exortação, destacando sua autoridade em falar sobre um
assunto tão delicado e difícil. Tinha certeza de que possuía a mente do Espírito em
tudo isto.

88
Recapitulação

1. De acordo com a Bíblia, a escravidão é consistente com o Cristianismo?


2. Quanta ênfase deveria o cristão colocar sobre o progresso individual?
3. Você acha que Paulo advogaria o celibato hoje?
4. Qual deveria ser o fator determinante ou os fatores sobre o quanto dos bens
deste mundo um cristão deveria acumular?

O que você acha?

1. Na qualidade de pai cristão você aceitaria igualmente que seu filho fosse um
obreiro solteiro trabalhando para o Senhor ou uma pessoa casada vivendo de
maneira dividida para Ele?
2. Às vezes os missionários de férias falam com um pouco de amargura sobre as
“coisas” que os servos cristãos possuem nos lares. O que você acha disto?

Já considerou...

...a importância de gastar algum tempo, todas as manhãs, em oração pessoal,


particular, pedindo a ajuda de Deus para o seu dia?
...a alegria que teria se ganhasse uma alma para Cristo sozinho?
...o benefício de frequentar reuniões de oração todas as semanas?
...a bênção que receberá se ajudar um amigo cristão que está passando alguma
necessidade?
...a urgência da necessidade de oração pelos missionários que você conhece
pessoalmente e pelas nações junto às quais eles servem, por seu intermédio?

Versículo para memorizar

“Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado” (1


Co. 7.24).

89
XIII

LIBERDADE CRISTÃ

Leituras Bíblicas Diárias:


Domingo: A verdadeira liberdade – 1 Coríntios 8.1-13.
Segunda-feira: Motivação adequada – Mateus 22.34-40.
Terça-feira: A extensão do amor – 1 Coríntios 13.1-13.
Quarta-feira: Singeleza de propósito – Mateus 6.19-24.
Quinta-feira: Exercendo a prudência –1 Coríntios 6.9-14.
Sexta-feira: Despojai-vos e revesti-vos – Colossenses 3.1-14.
Sábado: Viver piedosamente – Tito 2.11-15.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 8.1-13.

“O helicóptero de nossa reportagem sofreu um acidente. Ambos, o piloto e o


cinegrafista morreram!” O locutor da televisão interrompeu o programa regular para
dar a notícia do trágico acontecimento. O piloto, percebendo que tinha de aterrissar,
olhou à volta procurando um lugar adequado. Bem no meio do seu caminho havia um
grupo de crianças jogando bola. Num instante resolveu o que tinha de fazer. Sua
decisão provocou a morte dele e do seu passageiro, mas as vidas das crianças foram
salvas.
Decisões fazem parte normal da vida. Todos os dias enfrentamos decisões de
diversas formas. Algumas não têm consequências. Outras, como a do piloto, fazem a
diferença entre a vida e a morte.
Já enfrentou alguma vez uma decisão séria sobre se determinada atitude estava
certa ou errada para um cristão? Isto é normal. Suas atitudes devem ser pesadas por
diversos motivos. O que você vai fazer não será indigno do nome de Cristo? Sua
decisão não prejudicará seu testemunho de cristão? Sua atitude não será uma pedra de
tropeço para os outros?
Algumas coisas estão sempre certas. Pense em algumas delas. É sempre certo
obedecer à Palavra de Deus; é sempre certo dizer a verdade, ser bondoso, odiar o
pecado, trabalhar honestamente. A lista não tem fim.

90
Outras coisas estão sempre erradas, não importa o século em que vivemos ou
quais as nossas circunstâncias de vida. Mas nem todos os assuntos relacionados com a
convicção cristã podem ser classificados como absolutamente certos ou absolutamente
errados. Os antecedentes do indivíduo, como também a sua maturidade espiritual, têm
grande influência na sensibilidade de sua consciência. Isto não deve ser entendido que
os padrões morais são relativos e não fixos; sempre é errado mentir, roubar, fornicar,
mais uma dezena de outros pecados.
Mas será sempre errado assistir televisão? Ou será sempre certo? Será sempre
certo ouvir rádio, ou será sempre errado? Algumas coisas são relativas e exigem
sensibilidade espiritual para decisão. Paulo atingiu bem no âmago deste importante
problema quando tratou da liberdade cristã e das motivações do cristão naqueles
setores da vida onde a questão pode não ser absolutamente certa nem absolutamente
errada. Leia a passagem bíblica com todo o cuidado. Gaste algum tempo em oração
antes de prosseguir no seu estudo. Peça a Deus para falar ao seu coração do modo que
Ele achar necessário. Seja como o cristão de Hong-kong que fez a sua profissão de fé:
“Agora estou lendo a minha Bíblia e me comportando de acordo com ela”.
Examine sua vida à luz destas palavras que Deus enviou através de Paulo à
igreja em Corinto.

I. AS DUAS MOTIVAÇÕES DA VIDA

Antes de compreendermos totalmente por que os cristãos em Corinto sentiam-se


perturbados a respeito dos ídolos, é necessário saber quais eram os costumes sociais da
cidade.
Era prática comum que grandes grupos de pessoas se reunissem para comer
junto. Fazia parte da vida social normal do povo em Corinto. Com muita frequência
estes banquetes se realizavam no Templo ou em lugares semelhantes associados com
um ídolo. Recusar-se a comer em tais circunstâncias afastaria o indivíduo de contatos
sociais importantes.
Outro fator importante tornava o problema ainda mais sério. Grande parte da
carne vendida no mercado já tinha sido oferecida antes a algum ídolo.
Imagine a situação desagradável daqueles novos convertidos. Os que tinham
uma consciência sensível recusavam-se a comer com pecadores num lugar dedicado a
ídolos. Mas, mesmo recusando-se a ir aos banquetes, onde comprariam carne para
comer – carne que não fosse oferecida aos ídolos?

91
Alguns dos cristãos raciocinavam: “Um ídolo não é nada, só um pedaço de
pedra. Nenhum cristão inteligente se preocuparia com um assunto tão corriqueiro”.
Outros tinham a firme convicção de que comer carne oferecida aos ídolos
contrariava totalmente sua recém-descoberta fé cristã.
O que deviam fazer? Decidiriam perguntar a Paulo que os aconselhasse no
assunto. No começo sua resposta pode parecer irrelevante; mas quando avaliamos o
fato dos motivos que pesam em todas as nossas decisões, veremos que sua resposta é
muito pertinente.
“Todos somos senhores do saber”, Paulo declarou. Alguns em Corinto pareciam
considerar o saber como o fator mais importante da fé cristã. Se um cristão tinha
conhecimento, era amadurecido e podia comer qualquer carne sem escândalo, até
mesmo a carne oferecida aos ídolos que se encontrava no Templo. De acordo com eles
o problema era simples para resolver: Adquirir mais conhecimento. Aqueles que
tinham problemas de consciência com qualquer coisa, simplesmente não eram bastante
sábios!
Paulo incluía entre os que tinham conhecimento quando disse “todos”. Isto deve
ter dado um pouco de humildade aos seus leitores. Afinal Paulo era um mestre do mais
alto calibre. Sua conclusão era que o conhecimento era uma base muito instável para
determinar a devida conduta cristã. O conhecimento tende a deixar o seu possuidor
orgulhoso, arrogante e impaciente com os outros.
O conhecimento incha, mas o amor edifica. O conhecimento tem ainda outra
falha. É incompleto por maior que seja; ao mesmo tempo, é totalmente enganador. O
conhecimento é neutro. Não é completamente bom nem completamente mau.
Devidamente usado, o conhecimento pode ser uma grande bênção. Erradamente
usado, pode ser uma terrível maldição. O homem necessita de alguma coisa mais que
o conhecimento. Se ele pensa que atingiu o pináculo do conhecimento, ainda está ao
pé da montanha. Ninguém jamais tem verdadeiro conhecimento se não for humilde.
Não é sábio agir com base no conhecimento. Contudo, Paulo disse: “O amor
edifica”. O verdadeiro amor cristão é o guia mais seguro para a conduta cristã do que o
conhecimento, porque o amor preocupa-se com os outros. A palavra “amor” ou
“caridade” (vs. 1, 2) foi usada na mais nobre forma de amor encontrada na Bíblia. É
um amor profundamente reverente ou piedoso. Foi este amor que enviou o Salvador
da glória celestial às profundezas do pecado e da vergonha para remir o homem
pecador. Este amor não produz orgulho nem assume atitude de superioridade. Busca o
benefício dos outros e deseja a aprovação de Deus.

92
Que o holofote do verdadeiro amor cristão brilhe sobre os seus problemas.
“Esse é conhecido por ele” significa simplesmente que o cristão cujas decisões e
atitudes brotam do amor a Deus terá a aprovação de Deus. Por outro lado, o crente que
toma suas decisões com base no conhecimento superior – com pouca preocupação
sobre o quanto uma decisão afeta os outros – não terá o sorriso aprovador de Deus.
Tome suas decisões para Ele com sabedoria e amor.

II. AS DUAS DIVINDADES

Se classificamos todos os ídolos e deuses falsos sob uma cabeça e o Deus


verdadeiro como outra, toda a raça humana pode ser dividida em dois campos. Cada
homem tem o seu deus, e cada homem se torna igual ao deus que adora.
Paulo retornou às carnes que tinham sido oferecidas aos ídolos pagãos e
declarou: “Sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um
só Deus”. Um ídolo não era nada além de um pedaço de pedra ou madeira esculpida.
Certamente não podia contaminar a carne. Paulo concordava que muitos em Corinto
tinham este conhecimento maduro, mas de nada adiantaria para resolver o problema
deles. Antes de tentar responder, desejava lembrá-los de seu novo conhecimento em
Cristo. Portanto, apontava-lhes o verdadeiro Deus.
“Todavia, para nós” (v. 6) mostra que os cristãos são diferentes dos pagãos.
Cremos em um Deus que é verdadeiro. Cremos que Ele é “o Pai”, mas não cremos na
paternidade universal de Deus (João 8.41-44). Este relacionamento fica reservado para
aqueles que nasceram de novo pela fé no Senhor Jesus (João 1.12, 13). Para ter o Deus
verdadeiro é preciso estar em Cristo. Então Deus é o seu Pai. Até então você é filho de
Satanás, destinado ao Inferno.
A criação deve sua existência original e contínua a Deus (“de quem são todas as
coisas”). “E nós também” diz que nós, igualmente, devemos nossa existência física e
espiritual a Ele. Logo a seguir Paulo falou do Senhor Jesus Cristo como sendo igual ao
Pai. Antes disse “de quem”. Agora suas palavras são “pelo qual são todas as coisas”.
Isto é, Cristo é o Agente de toda a existência enquanto o Pai é o Originador.
Então, novamente Paulo mudou de “de quem” para “pelo qual” no versículo 6.
O crente vive para Deus, mas sua nova vida tem sido possível por Cristo.

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III. AS DUAS REAÇÕES

A primeira vista é um pouco difícil ver por que Paulo injetou o versículo 6 na
resposta à pergunta sobre o comer a carne oferecida aos ídolos. A expressão, “para nós
há um só Deus”, refere-se aos cristãos fortes; isto é, aqueles que tinham conhecimento.
Para aqueles que tinham este conhecimento, o comer a carne oferecida aos ídolos era
uma questão de pouca importância. Suas consciências não os incomodavam; portanto,
por que deveriam se preocupar sobre como tal conduta afetava os outros? A liberdade
cristã devia ser prezada mesmo se prejudicasse os outros.
Parece que talvez Paulo incluísse as verdades do versículo 6 bem aqui para
lembrar os cristãos coríntios (e a nós) que, fracos ou fortes, todos nós devemos nossa
existência a Deus, e fazemos parte de uma família espiritual pela graça de Cristo. Na
qualidade de membros da mesma família, tendo o mesmo Pai e o mesmo Salvador,
devemos demonstrar preocupação amorosa por todos os membros da família, fracos
ou fortes. Nenhum homem deveria fazer a sua própria vontade.
Alguns crentes coríntios reagiram aos argumentos dos cristãos mais fortes.
Tinham acabado de sair do paganismo com a idolatria. Achavam difícil libertar-se
daquelas influências ímpias. Para eles comer carne oferecida aos ídolos equivalia à
idolatria. Era um hábito dos adoradores de ídolos e, ainda que não cressem mais nos
ídolos, qualquer associação com eles era repugnante às suas consciências. Ao praticar
algum ato contrário à consciência, a feliz comunhão com Deus era destruída. Era o
que estavam experimentando.
Paulo sabia qual era o significado da genuína liberdade cristã. Comer algum
alimento em particular não era assunto espiritual. Se alguém come, não é mais
espiritual que os outros. Esta liberdade de consciência é para todos os cristãos.

IV. AS DUAS ATITUDES

“Vede, porém”. Quer sua consciência diante de Deus o aprove ou desaprove na


questão do comer carne oferecida aos ídolos, este não é único fator a ser considerado.
Um homem que não é motivado pelo amor a Deus e ao seu próximo cristão, ficará
indiferente quanto ao mal que pode causar aos outros. Esquece que todos nós saímos
do mesmo abismo, e que a maturidade espiritual que temos é pela graça de Deus (1
Co. 15.10). O exercício da liberdade cristã sem o amor cristão pode constituir uma
pedra de tropeço.

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Somos facilmente influenciados pelas decisões e atos daqueles à nossa volta. O
versículo 10 mostra o poder do exemplo. Um homem que não fica perturbado em sua
consciência quando pratica alguma coisa pode influenciar algum outro irmão a
participar de um ato que contraria a consciência deste. O resultado, Paulo afirmou, é
que o irmão fraco sofre então um desastre espiritual. Isto não significa a perda de sua
alma.
“Pelo qual Cristo morreu” apresenta o exemplo que o crente deve seguir na vida
que levamos diante do mundo e dos irmãos crentes. Cristo em amor deu Sua vida pelo
seu irmão enquanto ainda era pecador. “Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco,pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.
5.8). Como se torna, então, egoísta e nada cristão o indivíduo que exerce sua liberdade
pessoal de um modo que pode prejudicar o companheiro cristão espiritualmente. Pecar
contra um irmão é pecar contra Cristo. Os cristãos são intimamente identificados com
Cristo de modo que machucar um cristão é machucar o Salvador.
É nossa responsabilidade demonstrar uma atitude de altruísmo com referência
ao nosso irmão e irmã em Cristo. Para aqueles setores da conduta cristã que não
podem ser classificados como absolutamente certos ou absolutamente errados, o
versículo 13 oferece a melhor orientação espiritual a ser seguida.
“Carne” inclui todos aqueles setores da vida que, embora sejam legítimos em si
mesmos, sob certas condições podem prejudicar outros membros da família cristã e
toda a causa de Cristo. Simplesmente declarado, Paulo quis dizer que por amor ao
bem-estar espiritual dos outros seria melhor se fôssemos vegetarianos a vida inteira
para que, na satisfação pessoal de comer carne, não prejudicarmos nosso irmão.
Se cada cristão pusesse em prática este princípio Paulino da liberdade cristã,
transformaria cada igreja; e sem dúvida provocaria um reavivamento com muitas
almas salvas. Resolveria uma multidão de problemas que deixam a igreja cristã de
hoje perplexa.
Pegue um papel e lápis. Anote cada ato ou costume que constitui um problema
para você. Examine cada um à luz deste versículo, e dê uma resposta honesta. Se
envolve escolha de divertimentos, ética nos negócios, práticas ou hábitos sociais –
tudo deve ser colocado sob a orientação deste princípio bíblico.
Isto não significa que a liberdade cristã deveria ser sacrificada sobre o altar do
preconceito ou da intolerância, mas antes que cada crente deve evidenciar um desejo –
por amor a Cristo – de caminhar “qualquer distância no autossacrifício, mas nem uma
polegada renunciando a verdade” (W. E. Vine).

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Nosso alvo deveria ser o de viver de tal modo que aqueles que nos veem tenham
consciência de que somos semelhantes a Cristo e que tal semelhança vale a pena ser
imitada.
Seja como Ele, “porque também Cristo não se agradou a si mesmo” (Rm. 15.3).

Recapitulação

1. O que o conhecimento tende a fazer no seu possuidor?


2. Por que o amor cristão é uma boa conduta para o cristão?
3. Explique por que Paulo usou o versículo 6 como passo para o argumento do
exercício da liberdade cristã.
4. Quais os perigos envolvidos quando um cristão faz o que bem lhe agrada?
5. Qual foi a conclusão de Paulo no que se refere ao melhor princípio cristão
para decisões ou conduta?

O que você acha?

1. O que você faria se achasse que ninguém vai ficar sabendo?


2. Há uma diferença entre o Norte e o Sul (nos EEUU) em questões tais como
nadar em público e fumar. Será que são (e outras também) simplesmente
diferenças geográficas, ou deveriam ser colocadas sob a regra do princípio
paulino?

Versículo para memorizar

“E por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei
carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Co. 8.13).

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