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Livro - Comportamento Adequado Dos Santos PDF
Livro - Comportamento Adequado Dos Santos PDF
Adequado dos
Santos - Vol. I
Por
W. Wilbert Welch
Capítulo Página
I. A epístola do comportamento cristão...................................................................... 05
V. Espiritualidade e carnalidade................................................................................. 33
X. Pureza cristã........................................................................................................... 69
4
I
A EPÍSTOLA DO
COMPORTAMENTO CRISTÃO
5
Vem-me à mente a história de um visitante que passeava por um apinhado
campus universitário.
– Quantos alunos vocês têm aqui? – perguntou ao professor que era seu
cicerone.
– Oh! Ponderou o professor, - eu diria que cerca de um em cem.
Você quer ser um daqueles que vão aprender nesta série de estudos? Então
estude.
Leia 1 Coríntios com todo o cuidado como parte de seu preparo no primeiro
estudo. Descubra por que Paulo escreveu esta Epístola. O primeiro capítulo fornecerá
alicerces para melhor compreensão do livro.
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II. UM RÁPIDO EXAME DO AUTOR
7
Como o Senhor chorou sobre Jerusalém, Paulo chorou pelos seus convertidos
(Atos 20.19, 31). Os coríntios eram seus filhos em Cristo; e quando ouviu contar de
suas lutas, divisões e comportamento impróprio da igreja, procurou sinceramente
corrigir os abusos e estimular seu desenvolvimento espiritual. Nos capítulos que
escreveu a esta igreja em Corinto, encontramos revelada uma sabedoria, uma
compaixão, uma amplitude e profundidade de caráter ainda não superada pelos
homens.
1
Casa ou lugar imundo; curral de porcos.
8
A pequena mas vitalmente importante declaração, dirigida a todos os santos em
todo lugar, relaciona esta Epístola ao Cristianismo do Século Vinte - a você e sua
igreja. O Senhor sabia quanto estas instruções seriam necessárias hoje em dia. Leia-as;
aprenda e cresça nele.
9
O capítulo 8, que concluirá as lições desta série, trata de perguntas sérias
relativas à liberdade cristã. Paulo define os limites de tal liberdade, estabelecendo as
fronteiras à soleira da ofensa feita à consciência de um irmão mais fraco.
Novamente, nenhuma outra Epístola do Novo Testamento oferece tal variedade
e riqueza de material referente à conduta cristã, tanto para o indivíduo como para a
igreja local.
Recapitulação
10
ESBOÇO DOS PRIMEIROS OITO CAPÍTULOS
11
II
Você é santo? Não, eu não quis dizer que você tenha sido canonizado por
alguma autoridade religiosa. Nem perguntei se você não tem nenhum pecado. É
espantoso descobrir como são poucos os cristãos que sabem responder se são ou não
são santos.
Na maior parte das cartas às igrejas, ele dirigiu-se aos santos. Mesmo esta igreja
em Corinto era composta de santos. Provavelmente, quando examinarmos melhor esta
Epístola, ficaremos espantados por que o Apóstolo lhes deu tal nome, se não tivermos
em mente que aqueles a quem Deus chama santos pretende transformar em santos
pelo divino poder.
O contraste gritante entre o que um crente se torna em Cristo e o que ele é
realmente na vida, geralmente transforma-se em uma barreira. Os santos em Cristo
precisam, pela graça de Deus e o poder do Espírito Santo, tornarem-se santos na vida.
A lição diante de você deverá ajudá-lo a identificar aqueles a quem o Senhor honrou
com o nome de santos. Que nossa prática se aproxime mais de perto de nossa posição.
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I. A IDENTIDADE DOS SANTOS
“Aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos” é uma expressão
comum usada por Paulo quando se dirigia aos crentes nas igrejas, fosse uma igreja de
inusitada maturidade espiritual (Ef. 1.1) ou uma igreja de vergonhosa carnalidade (I
Co. 3.1).
Esta igreja em Corinto não era conhecida por sua maturidade espiritual; na
verdade, exatamente o oposto era verdade. Sua vida ímpia contrastava fortemente com
sua nobre posição de santos em Cristo.
O termo “santificado” significa separado para Deus e aplica-se igualmente a
todos os crentes. Ser santificado não significa ausência de pecado mas, antes, um novo
relacionamento com Deus por causa da obra de Cristo por nós no Calvário (1 Co.
1.30). O Espírito Santo é o Agente da santificação (Rm. 15.16; 1 Pe. 1.2).
Considerando que os santos são separados para Deus, há também um
significado de piedade ou santidade. Aquele que é chamado para ser santo (cristão) é
responsável em conduzir sua vida de tal modo que ela venha a igualar-se com a sua
separação para Deus. Todos os crentes são santos sem considerar sua maturidade
espiritual. Mas todos os crentes têm a responsabilidade de fugir de toda a impureza (1
Ts. 4.7). Lendo a Sua Palavra (João 17.17), submetendo a nossa vontade à dEle (Hb.
12.14) e andando com Ele diariamente (2 Co. 3.18), tornamo-nos cada vez mais
parecidos com nosso Salvador.
Observe que toda a igreja em Corinto era composta de santos, não só de
pastores, anciãos e diáconos. Não eram pessoas anormais, vestidas de alguma roupa
esquisita ou separadas da sociedade como monges ou freiras. Antes, eram todos
santos, em todos os lugares, em todo o tempo.
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O versículo 3 é uma típica saudação paulina. Graça e paz são suprimentos
divinos, enquanto que a Fonte é Deus Pai através do Canal, Seu Filho Jesus Cristo.
Graça é uma apalavra todo-inclusiva que fala do favor não merecido de Deus
para conosco por causa do Seu Filho. Paz é o produto experimentado por aqueles que
recebem a Sua graça. A graça deve sempre preceder a paz quando Deus lida com o
homem, pois o homem merece ira e juízo.
No versículo 4 Paulo agradece a Deus por estes santos – não tanto pelo que
eram em si mesmos, mas pelo que acontecera em suas vidas através da graça de Deus.
Eram pecadores transformados, jamais voltariam a ser o que eram (1 João 3.1, 2).
A graça de Deus inclui mais do que a nossa salvação. É a porta aberta a um vaso
suprimento de poder divino e riquezas infinitas nas quais cada filho de Deus tem
direito igual de entrar. Espiritualmente, jamais considere os outros mais afortunados
do que você. Cristo dá Seu suprimento a cada homem, exatamente o quanto necessita
para fazer o trabalho que Deus quer que faça. Os privilégios são os mesmos para cada
crente. Este infinito suprimento nos é trazido através do Canal, o Senhor Jesus Cristo.
Conte quantas vezes o Seu nome foi usado nos primeiros nove versículos deste
capítulo. Cuidado com os dons espirituais! Se a igreja em Corinto serve de ilustração,
pode haver relação entre abundância de dons espirituais e carnalidade fora do comum
na igreja. Esta igreja não tinha falta de modo nenhum dos dons espirituais. Era,
entretanto, a mais carnal das igrejas do Novo Testamento.
Os dons espirituais são importantes e não deveriam levar à carnalidade. O
devido uso dos dons é bom. É o sentido de orgulho pela posse dos dons que está
errado. Paulo agradecia a Deus pelos dons dos coríntios. Tinham muita capacidade
espiritual: eram eloquentes, tinham conhecimento, capacidade de liderança, eram
professores, tinham dons de cura, de profecia falavam em línguas, além de serem bons
administradores (1 Co. 12); mas tudo isto carecia de muito amor. Paulo jamais
desprezou qualquer dos dons, mas deplorou sua falta de maturidade espiritual no uso
dos dons.
O que significa ter o testemunho de Cristo confirmado em você? Dois
pensamentos são possíveis: um, é a evidência de que a pregação da cruz realmente
operou. Paulo foi àquela cidade ímpia só com a Espada do Espírito, e ali estavam os
resultados – os convertidos a Cristo. Dois, aqueles pagãos convertidos demonstraram
uma tal mudança de vida que eram exemplos vivos do poder transformador de Cristo;
eram novas criaturas (2 Co. 5.17).
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III. A VOCAÇÃO DOS SANTOS
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Nós na qualidade de santos de Deus, temos de deixar que a luz do Senhor Jesus
penetre até os perdidos e o mundo que está morrendo. Este é o propósito de Deus.
Qual é o seu desejo?
“O Salvador é suficiente;
Em cada necessidade.
Ele conforta, Ele alegra,
É compassivo de verdade.
Seu amor me dá coragem.
Sua graça, garantia.
Seu poder me fortalece
No trabalho, dia a dia.”
Cristo vai voltar outra vez! Paulo cria nisto. A maior parte dos ensinamentos do
Novo Testamento sobre a volta de Cristo saíram da inspirada pena do Apóstolo Paulo.
O santo pode regozijar-se sobre o seu passado porque já foi perdoado, ter coragem no
presente porque o Senhor prometeu atender cada uma de suas necessidades e repousar
na segurança no futuro porque Deus prometeu levar Seus filhos para a glória.
Verdadeiramente grande é o motivo do regozijo. “A volta de nosso Senhor Jesus
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Cristo” aponta para a volta literal do Salvador. Não se sente grato em poder repousar
nas insondáveis riquezas de Cristo? Não se sente alegre por esta esperança que Ele
concedeu a cada crente? (1 João 3.2, 3).
A palavra que Paulo usou para “volta” difere da palavra usada em 1 Coríntios
15.23. Ali ele usou a palavra que significa presença pessoal. Aquela será a hora em
que os santos serão arrebatados ou ressuscitarão. Aqui a palavra significa
aparecimento visível ou revelado e geralmente é usado para falar da volta de Cristo em
glória visível para todo o mundo (2 Ts. 1.9, 10; 1 Pe. 1.7). Os santos estão aguardando
pela revelação de Jesus Cristo. Será sua hora de triunfo e vitória com Ele.
Imagine esta hora de consumação quando os santos terão concluído sua carreira
e seremos apresentados sem mácula diante do Pai pelo Filho (Cl. 1.22).
A data não pode ser encontrada em nenhum calendário aqui na terra. Só é
conhecida por Deus. É “o dia de nosso Senhor Jesus Cristo” e refere-se àquela hora
quando os santos comparecerão diante dEle no Tribunal de Cristo (1 Co. 3.13; 2 Co.
5.10). Naquele dia os propósitos de Deus se realizarão totalmente. Naquele dia
seremos como Ele, pois o veremos como Ele é.
Recapitulação
17
3. Será que o ambiente no qual uma igreja se encontra tem alguma influência
sobre as condições dentro da igreja?
4. Será que a união dos crentes professos deveria ser mantida com o sacrifício
da verdade revelada?
5. Você já memorizou os nomes dos livros da Bíblia?
“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor” (1 Co. 1.9).
18
III
19
I. O PROBLEMA DA DIVISÃO INTERNA
● Casamento (7.1-40).
● Ressurreição (15.1-58).
Qualquer igreja que perde contato com a Pessoa central e esquece o seu
propósito fixo terá divisões semelhantes. Examine-se!
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“Falar a mesma coisa” não fecha a porta ao pensamento independente. Antes, é
um apelo a que se fuja à formação de facções ao redor de homens. A liberdade
individual proíbe que outra pessoa nos induza a concordar em tudo com ela. Esta é
uma das fraudes da Igreja Católica Romana e é atualmente a inclinação do movimento
ecumênico (um só mundo religioso).
Paulo exortava os cristãos de Corinto a que fossem perfeitamente unidos. Em
Mateus 4.21 a mesma palavra foi usada significando “remendem suas redes rasgadas”.
“Mesma mente” e “mesmo julgamento” não significam que todos devemos pensar de
modo igual, mas, antes, os crentes deveriam ter bondosa disposição uns para com os
outros, com igualdade de propósito ainda que nossos pontos de vista difiram.
O problema foi revelado pela casa de Cloe. Paulo apresentou os fatos
francamente. Eram internos. Não consideremos o informante como um delator. A
informação brotou de uma preocupação espiritual profunda, de alguém que reconhecia
em Paulo aquele que poderia salvar a igreja. Não sabemos nada mais sobre Cloe a não
ser a fraca possibilidade de que tenha sido a mãe de Estéfanas, Fortunato e Acaico,
que levaram a carta da igreja de Corinto a Paulo (1 Co. 16.17). A palavra “contendas”
significa “discórdias”, que são consideradas como obra da carne (Gl. 5.20).
O problema era causado por seguidores de homens. Toda a igreja era culpada de
“partidarismo”. De alguma forma, ao engrandecer os instrumentos humanos, perdiam
de vista o Salvador. Até mesmo as pessoas que se recusavam a seguir os homens pia e
orgulhosamente declaravam que eram “de Cristo”.
O remédio de Paulo para o problema era colocar Cristo no centro. Apresentou
uma pergunta retórica: “Cristo está dividido? Paulo foi crucificado em favor de vós?”
Seu sepultamento e ressurreição foi em nome de Paulo? Naturalmente a resposta era
NÃO! A investida do Apóstolo foi forte. Insistiu na verdade de que a divisão fora
causada porque os cristãos ocupavam-se mais com os vice-pastores.
De modo nenhum interprete os versículos de 14 a 17 como desprezo pelo
batismo. Paulo simplesmente colocou a devida ênfase sobre a pregação do evangelho.
Hoje em dia há quem ensine que Paulo afastou-se do batismo como desnecessário para
a Dispensação da Graça. Lembrem-se, na qualidade de fundador da igreja em Corinto,
tinha-lhes ensinado por palavra e por exemplo a importância da ordenança do batismo
(Atos 18.8). Por causa do partidarismo que agora prevalecia na igreja, entretanto,
sentia-se grato por ter batizado só alguns poucos que creram em Cristo.
21
II. O ESCÂNDALO DA CRUZ
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Mas esta era a única mensagem de Paulo: para os judeus, uma pedra de tropeço
ou um escândalo para a reputação divina; e para os gentios, não merecia nem
consideração.
Assim, a mensagem da cruz foi desprezada pelos que não eram salvos (1.22,
23), mas, ao mesmo tempo, foi exaltada pelos salvos (1.24).
A salvação não conhece barreiras de nacionalidade. Reúne numa só família
regozijante judeus e gentios. Repetimos, esta é a vocação eficaz de Deus, de modo que
dois fatores ficam explicitamente revelados: um, o poder de Deus; outro, a sabedoria
de Deus. Cristo é o Poder de Deus em que Ele é o Canal através do qual Deus
demonstra Sua graça salvadora pela transformação de pecadores em santos. Cristo é a
sabedoria de Deus em que nEle o amor e a graça de Deus, Sua santidade e justiça,
encontram-se perfeitamente unidos. Em Cristo Deus revelou e executou todos os
eternos propósitos de Sua mente (Rm. 11.33, 34).
No versículo 25 o Apóstolo revela um contraste gritante. Os pobres gregos,
amantes da sabedoria, que orgulhavam-se do seu intelectualismo e seu poder de
raciocínio, não podiam discernir em Cristo a mais profunda de todas as sabedorias. O
que consideravam com desprezo, Deus usava para abalar a nação.
Já observou o tipo de gente que Deus tem chamado para seguir a cruz? Algumas
vezes ouvimos a crítica de que só os pobres e iletrados são alcançados pelo evangelho.
Não é a verdade toda; pois Deus tem Seus nobres, Seus ricos e Seus indivíduos cultos.
A grosso modo, entretanto, a acusação é verdadeira. Os instrumentos que Deus usa
são, em grande parte, pouco letrados, sem eloquência, riqueza, fama ou poder.
A vocação divina é para os simples. Paulo diz: “Olhem à sua volta, irmãos. O
que é que veem?”.
Não encontramos muitos sábios ou filósofos na família cristã. Isto não significa
“nenhum”, pois Deus inclui alguns. Contudo, Deus não tem necessidade de sabedoria
humana; pois Ele pode escolher aqueles que não têm muitos predicados e pode
transformá-los em instrumentos de grande utilidade.
“Muitos poderosos” provavelmente se refere a importantes homens de estado,
homens que controlam o poder por causa de posição, classe social ou riqueza. “Nobres
de nascimento” inclui aqueles de nascimento ilustre ou descendentes de famílias
renomadas. Entretanto, nem todos ficavam excluídos.
A glória de Deus é objetiva. “Deus escolheu!” O próprio fato de sermos salvos é
devido a um ato da graça de Deus. Somos o resultado de Sua escolha.
23
“Foi a graça que gravou meu nome
No livro da vida eternal;
Pela graça eu sou do Cordeiro,
Que livrou-me de todo o mal.
Foi a graça que ensinou-me a orar,
E lágrimas me fez derramar;
Foi a graça que me guardou,
Foi a graça que não me deixou.
Salvo tão só pela graça!
Só isto eu posso dizer:
Por toda a humildade e por mim
Jesus esteve pronto a morrer.”
Deus chama as coisas loucas – aquelas que estão destituídas de cultura, riqueza,
categoria social e poder. Deus humilhou os sábios, mostrando-lhes que não precisa de
homens para contribuir ao sucesso de Sua causa.
Os fracos, os humildes, os desprezados, aqueles que o mundo considera
indignos de nota – estes Deus escolheu para a Sua família e para a execução de Sua
obra de modo que toda a glória seja dEle.
O Filho de Deus é a Provisão adequada. O capítulo termina positivamente
quando o Apóstolo explicou como Deus transformou os humildes, os fracos, os loucos
e os desprezados em uma grande família espiritual. Estão todos “em Cristo”. Este é o
motivo porque cada pecador salvo é uma nova criação em Cristo. Esta é a nossa
unidade. Esta é a nossa proteção.
Em Cristo temos justiça, santificação ou um novo relacionamento com Deus e
redenção, no presente e no futuro.
Recapitulação
24
3. Qual era o ponto central do problema da igreja de Corinto?
4. Será que Paulo ensinou o batismo? Prove sua resposta.
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co. 1.30).
25
IV
REVELAÇÃO DIVINA
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I. REVELAÇÃO DIVINA E O PREGADOR
27
Apesar de suas Epístolas, mais o Livro de Atos, pouco sabemos sobre Paulo.
Estes versículos ajudam-nos a entender este homem que tão grandemente foi usado
por Deus.
“Em fraqueza” sem dúvida refere-se ao corpo de Paulo mais do que a seu
espírito, uma vez que “temor e grande tremor” estariam relacionados com o espírito.
Paulo talvez tivesse alguma pequena enfermidade física conforme indica 2 Coríntios
12.7, a qual o incomodava enquanto esteve em Corinto. Pelo menos, as pessoas não se
impressionavam com sua aparência pessoal (2 Co. 10.10).
“Temor e grande tremor” são indicações de que Paulo estava muito preocupado
com o sucesso do evangelho nesta cidade sofisticada. Possivelmente sentia-se um
tanto alarmado, também, com sua segurança física. Pelo menos Atos 18.9, 10
indicariam isto.
O versículo 4 repete o pensamento do versículo 1 de que Paulo falava sem
grande eloquência ou sabedoria. Quaisquer resultados obtidos de sua pregação não
persuasiva (atraente) revelariam que o evangelho era o poder de Deus. Seus próprios
defeitos realçavam o evangelho que pregava.
A fé deveria repousar sobre a sólida rocha, não sobre areia sem estabilidade. Se
alguém é persuadido a crer por argumentação, também poderá ser dissuadido por outro
argumento mais lógico. Paulo reconhecia que era assim. Por isso procurou dirigir sua
fé só para o Filho de Deus que podia salvar.
28
Esta sabedoria da qual Paulo fala era a sabedoria do Senhor que continua para
sempre. É a sabedoria que tem o poder de mudar os corações dos homens.
Qual é esta “sabedoria de Deus em mistério”? O Apóstolo a identifica como
“oculta” além de ordenada por Deus para a nossa glória. Não significa que o
evangelho seja misterioso e precise ser descoberto, mas, antes, que é o maravilhoso
plano da redenção substitutiva, escondido no coração de Deus e jamais esquadrinhado
pelo homem e que agora foi revelado.
Entretanto, esta sabedoria ainda está oculta, pois aqueles que se encontram fora
do ministério do Espírito Santo continuam nas trevas do pecado. A sabedoria de Deus
no Seu plano de salvar um pecador foi revelado aos crentes mas continua escondido
para os incrédulos. Então, Paulo diz na última parte do versículo 7 que o evangelho
não foi uma reflexão posterior. Antes de Adão existir, Deus já tinha um esboço para a
formação de uma nova família sob o Senhorio do último Adão, Jesus Cristo, Seu
Filho. Pense neste maravilhoso plano de redenção! Regozije-se pois inclui você.
A Mensagem foi a do Filho de Deus (Hb. 1.2); mas quando a Mensagem veio à
terra, nenhum dos grandes deste mundo o reconheceu.
Como Deus revela Sua sabedoria aos homens? Como pode a mente finita –
depravada e corrupta – entender a verdade espiritual? Paulo disse: “Nem olhos viram,
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam”.
Este não é um bom texto sobre o céu? De modo nenhum! Refere-se às
maravilhosas verdades espirituais que cada crente pode reconhecer nesta vida, mas
não podem ser captadas sem a iluminação divina do Espírito de Deus. A mente
humana não pode captá-las. Nem os sentidos (olhos, ouvidos) humanos. Só o crente,
cheio do poder do Espírito Santo de Deus e doutrinado por Ele pode compreender as
riquezas e glórias do mundo espiritual. Deus as preparou para você, filho de Deus. São
suas com garantia, um dom da graça dEle.
Observe que “o que Deus tem preparado” está no tempo passado “tem
preparado”, ou “preparou”. Seja o que for não é só para o doce porvir do futuro, mas
para o presente aqui e agora. O armazém divino do Deus onipotente está cheio e
transbordante de todas as provisões que Ele planejou para os Seus. Mas muitos dentre
29
o povo de Deus exibem pobreza espiritual. Seu armazém inclui conhecimento
espiritual, fruto do Espírito e capacitação divina para o trabalho – hoje.
Sem dúvida os crentes têm uma casa do tesouro para o futuro também (1 Pe.
1.4); mas este versículo fala do que nós temos para o presente. “Deus no-lo revelou”.
Não há razão para ignorância espiritual. Deus demonstrou Sua sabedoria em Seu Filho
e então abriu nossos olhos que estavam cegos, nossos ouvidos e mentes, de maneira
que possamos captar as verdades. O Mestre nesta divina sala de aula é o Espírito
Santo. O objeto de Sua instrução se encontra em “no-lo”. A nós – os fracos, os
humildes, os desprezados – o Espírito Santo trouxe iluminação espiritual.
Só aqueles que nasceram do Espírito de Deus têm a capacidade de saber as
coisas de Deus. Paulo raciocina do ponto de vista humano para o divino e do
conhecimento para o desconhecido para explicar por que é assim. Só o próprio homem
pode conhecer seus pensamentos e propósitos. Nenhum outro, do lado de fora, pode
conhecê-los totalmente. Da mesma forma as coisas de Deus, Seus propósitos e planos,
podem ser conhecidos através do Espírito de Deus. Cada crente está habitado pelo
Espírito e assim está qualificado a conhecer as coisas espirituais. Os cristãos precisam
não ser ignorantes espiritualmente, pois estas coisas são-nos dadas livremente por
Deus.
30
Os escritores da Bíblia deram-nos as Escrituras “em palavras... ensinadas pelo
Espírito”. As palavras da obra original da Palavra de Deus foram inspiradas: “Toda
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça” (2 Tm. 3.16).
Cada filho de Deus deveria tentar memorizar este versículo de importância vital.
Guarde-o em seu coração. Quando Satanás enviar os dardos da dúvida e da incerteza,
lembre-se, você crê na Palavra DE DEUS.
A Palavra de Deus é uma unidade. Estude-a “conferindo cousas espirituais com
espirituais”. Quanto mais você estiver familiarizado com os ensinamentos de todo o
Livro, melhor você poderá entender a verdade espiritual de cada porção. Quanto maior
a maturidade espiritual, melhor a compreensão da verdade divina.
A sabedoria e profundidade da Palavra inspirada de Deus são tão sem fim que o
mais sábio e mais velho de todos os santos ainda encontrará verdades novas e
desconhecidas que farão sua alma vibrar. Mas aquelas mesmas verdades, inspiradas e
ensinadas pelo Espírito Santo, conduzem o mais jovem e o mais simples dos filhos de
Deus, do novo nascimento à maturidade espiritual. “Ó profundidade da riqueza, tanto
da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e
quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm. 11.33).
Recapitulação
1. Por que você acha que a doutrina da inspiração verbal é uma doutrina pouco
aceita em muitos setores hoje em dia?
2. É possível perder o respeito pela autoridade da Palavra de Deus e ainda assim
manter seus padrões?
31
Versículo para memorizar
32
V
ESPIRITUALIDADE E CARNALIDADE
Se lhe pedissem para citar apenas uma característica dos cristãos professos que
impede a causa de Cristo em todo o mundo, o que você citaria?
Talvez fosse a importância que alguns dão aos movimentos, dentro ou fora da
igreja.
Talvez você dissesse que é o espírito de divisão ou atitudes de crítica.
Outros certamente mencionariam a insistência da parte de alguns na enfatização
de certas doutrinas acima de outras.
Outros ainda diriam que os padrões na roupa e no comportamento dos cristãos
são tão rigorosos que provocam a desarmonia em relação ao nome de Cristo.
Muitos ignorarão tudo isso e irão ao âmago do problema, a natureza de cada
crente individualmente e como essa natureza reflete Cristo. Quanto a isso, em algum
ponto lá em cima da lista das características que atrapalham a causa de Cristo, estaria a
imaturidade espiritual.
Um velho provérbio índio diz: “Um diamante defeituoso tem mais valor que um
seixo perfeito”.
Portanto, amigo crente, diante de Deus, você apesar de suas falhas e
desobediência, é muito mais valioso do que o incrédulo moral. Você foi comprado
33
com o preço do Seu precioso Filho, o Senhor Jesus Cristo. Você é Seu filho. Ele o
amou e deu-se por você.
Quando você aceitou a Cristo como Salvador, Ele lhe deu uma nova natureza. É
desejo de Deus que você, em sua condição nova, siga “para o que é perfeito” (Hb.
6.1). Muito poucos de nós podem dizer: “Isso faremos, se Deus permitir” (Hb. 6.3).
Ser imaturo é ser incompleto, é não ter atingido ainda um desenvolvimento
completo. Ser amadurecido, entretanto, é ter atingido total crescimento e
desenvolvimento, estar completamente realizado, perfeito.
Você pode se dizer amadurecido? Naturalmente, não, e nenhum crente pode
dizer honestamente que atingiu o nível da perfeição total. Nós o alcançaremos quando
deixarmos esta vida e estivermos com Cristo, quando formos “semelhantes a ele,
porque havemos de vê-lo como ele é” (1 João 3.2).
É plano de Deus que estejamos crescendo, amadurecendo na Sua Palavra,
tomando-nos cada vez mais parecidos com o Salvador. Mas também é verdade que
cada vez maior número de igrejas estão se dividindo, maior número de cultos ficam
sem as bênçãos de Deus, grandes comunidades do mundo não são alcançadas com o
evangelho de Cristo e inúmeros crentes privam-se dos benefícios espirituais que Deus
tem para eles e para suas igrejas, simplesmente porque recusam-se a admitir
humildemente sua imaturidade espiritual, que prevalece entre os cristãos de toda parte.
Na introdução do capítulo 2, Paulo revelou que Deus tem grandes coisas espirituais
preparadas “para aqueles que o amam”. Aparentemente muito poucos crentes estão
qualificados. Temos uma revelação divinamente inspirada da vontade de Deus e o
Espírito para iluminar nossos corações com entendimento. Por que tão pouco
progresso? Em sua resposta Paulo descreve as três grandes divisões da humanidade:
Homem Natural,
Homem Carnal,
Homem Espiritual.
Ao mesmo tempo ele toca bem no âmago deste problema que prevalece nos
círculos cristãos de hoje – a falta de maturidade espiritual da parte de milhares e
milhares.
34
I. O HOMEM NATURAL
Leia de novo o versículo 13, mais o versículo 14. Paulo acabou de apresentar
sua doutrina referente à revelação divina. Deus usou os homens sob a direção do
Espírito Santo para nos dar uma revelação da verdade espiritual. Até cada uma das
palavras ficou sob a superintendência do Espírito Santo de modo que temos uma
Bíblia verbalmente inspirada. Mas uma vasta multidão da raça humana não tem
compreensão da verdade espiritual mesmo que Deus a tenha colocado ao nosso
alcance. Quem é este homem para quem as verdades espirituais não existem? É o
homem natural.
A. Sua identidade
Por “natural” Paulo quis dizer aquele que é, como nasceu fisicamente. Só
nasceu uma vez e da carne (João 3.6). Ele não tem compreensão dos valores
espirituais (João 3:3, 5), pois não pode ver ou entrar no reino de Deus. Vive no plano
inferior da vida material.
B. Suas características
35
A. Sua identidade
Esta palavra “carnal” foi usada três vezes nos quatro primeiros versículos do
capítulo 3. Descubra-a. A palavra significa sensual ou carnal. Descreve de maneira
precisa o cristão que é motivado mais pela carne do que pelo Espírito de Deus.
O cristão carnal pode ocupar uma entre duas posições. Pode ser um convertido
novo e assim ser uma criancinha em Cristo. Está apenas começando a sua jornada de
obediência a Cristo. Ainda não teve oportunidade de estudar a Palavra de Deus e
aprender seus preceitos para o crescimento e serviço. É capaz de entender e digerir só
o leite da Palavra porque é jovem e imaturo. Como qualquer criancinha, o cristão novo
pode tropeçar e cair enquanto aprende a andar no caminho que Deus planejou. Mas,
conforme vai se alimentando da Palavra de Deus, ganha forças e avança na direção da
maturidade em Cristo.
Ou, então, o homem carnal já comemorou muitos aniversários espirituais, mas
jamais abandonou seu comportamento infantil. Negligenciou a Palavra de Deus. Não
procurou a comunhão com o povo de Deus. Não se submeteu à vontade de Deus.
O homem carnal encaixa-se nestas duas posições. Vamos examinar suas
características.
B. Suas características
36
2. O homem carnal é motivado pela carne. A condição de “ainda carnal” dos
versículos 2b e 4 é bem mais séria do que a dos versículos 1 e 2a. Aquela é uma
carnalidade de crescimento paralisado, de vida segundo a carne e não segundo
Espírito. Paulo citou qualidades específicas que acompanharam sua caminhada
segundo a carne: “ciúmes”, que é o oposto do fruto do amor; “contendas”, ou uma
reputação de serem briguentos; “divisões”, ou contendas dentro do grupo; e
finalmente, Paulo disse que eram discípulos de homens.
Estas características demonstraram claramente que os cristãos coríntios e os
crentes iguais a eles hoje em dia, deixaram de reconhecer e lembrar-se da verdade de 1
Coríntios 1.7: “de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação
de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Daniel Webster, nascido quando os Estados Unidos ainda era uma nação muito
nova, tornou-se um dos seus maiores oradores e notável estadista. Webster, durante a
sua carreira em Washington, fez tudo que podia para reunir os estados em uma nação
forte.
Um repórter perguntou certa vez ao Sr. Webster: “Qual o pensamento mais
sóbrio, mais penetrante que o senhor já teve?”
Sem hesitação o firme estadista replicou: “Minha responsabilidade pessoal para
com Deus!”
Cada pessoa que nasce no mundo enfrenta esta responsabilidade. O homem
natural vai enfrentá-Lo em pecado, perdido e sem esperança. O crente apresentar-se-á
diante dEle, revestido da justiça do Salvador, para prestar contas das obras praticadas
na carne. Deus não nos chama para que permaneçamos como criancinhas carnais em
Cristo, mas para que cresçamos como santos úteis e espirituais que dão frutos para Sua
glória.
Este é o homem que é mais motivado pelo Espírito do que pela carne. A agência
controladora de sua vida está mais lá em cima do que aqui embaixo. Ele não é perfeito
no sentido da ausência de pecado; mas tal é o espírito e a conduta de sua vida que é o
próprio sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5.13, 14). Coloque este homem dentro dos
padrões de 1 Coríntios 13 e Gálatas 5.22, 23, e ele não estará abaixo do peso. É o tipo
de homem que você sempre gosta de ver por trás do púlpito, nos bancos – e no
espelho.
37
A. Sua identidade
“Ele é espiritual”. Nasceu do Espírito (João 3.3). Tem uma nova natureza (2 Pe.
1.4). É uma nova criação (2 Co. 5.17). Prossegue “para o alvo” (Fp. 3:14). Saiu da
infância espiritual alimentando-se da Palavra, tendo comunhão com o Salvador e os
Seus santos e servindo.
B. Suas características
Muitos anos se passaram desde que Paulo escreveu esta carta prática ao povo da
igreja em Corinto. A natureza humana não mudou. Os conflitos de personalidade
ainda atuam na igreja que deixa de vigiar e orar.
38
Este era o problema em Corinto. Por causa das diferenças de personalidade e
talento de certos mestres, grupinhos começaram a reunir-se à volta de cada um. Os que
apoiavam cada um deles proclamavam a superioridade de seu predileto. Como Deus
queria que o problema fosse resolvido? Seu Espírito disse a Paulo o que escrever para
lhes dar o conselho necessário.
A tendência de engrandecer o servo de Deus é realmente loucura. Toda a obra
espiritual é obra de Deus ainda que seja plano Seu usar instrumentos humanos. Com
muita sabedoria o Apóstolo comparou a diferença de ministérios dos líderes á
semeadura e rega. Ambas são necessárias, e nenhuma seria suficiente sem a outra; mas
é Deus que dá a colheita. É Deus que merece o louvor.
Seja Pedro, Paulo ou Apoio, o propósito do seu ministério era o fruto espiritual,
não as divisões. Paulo organizou a igreja, mas recusou-se a invejar o ministério
audacioso e eficiente de Apoio. O semeador, o lavrador e o colhedor são todos um –
nenhum poderia ver a consumação de seu trabalho sem o outro. Não deveríamos
considerar um mais importante do que o outro.
Em qualquer obra espiritual sempre há dois obreiros, um instrumento visível
humano e o Sócio Divino invisível que capacita.
Recapitulação
39
Versículo para memorizar
“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a
carnais, como a crianças em Cristo” (1 Co. 3.1).
40
VI
OBRAS E RECOMPENSAS
Um cristão sonhou que estava diante do Tribunal de Cristo. Diante de seus olhos
perplexos o Filho de Deus tomou todas as obras de sua vida inteira – o que ensinou, o
que cantou no coro, o que contribuiu, sua frequência assídua à igreja e centenas de
gentilezas que fez a outras pessoas – e colocou tudo em uma grande proveta. A
proveta foi colocada sobre o fogo; e, conforme os ingredientes das obras de sua vida
eram aquecidas, começaram a derreter e então separaram-se em diferentes níveis
dentro do tubo.
Então ele percebeu o que estava acontecendo. O divino químico começou a
medir e dividir os conteúdos. O calor das chamas separou todas as obras de sua vida
em diversas motivações que induziram as obras. Envergonhado, observou as medidas:
41
Toda uma vida de trabalho passando pelo julgamento divino e só 10 por cento
de tudo que fizera fora motivado pelo seu amor a Cristo. Quando o Senhor olhou para
ele, o homem acordou. Fora só um sonho.
O sonho não contraria as Escrituras, entretanto. A lição diante de nós fala do
serviço cristão e das futuras recompensas. A primeira e mais importante decisão da
vida é aceitar Cristo como Salvador e Senhor. Só Ele é o sólido Fundamento sobre o
qual devemos construir. Tendo estabelecido o fundamento, vamos construir direito –
com o material adequado e as motivações certas.
I. O OBREIRO CRISTÃO
42
aperfeiçoamento. (Um conceito semelhante da Igreja encontra-se em 2 Coríntios 6.16;
Efésios 2.21; Hebreus 3.6 e 1 Pedro 2.5. Leia para receber bênçãos.)
Cada cristão que colabora com Deus em qualquer pedaço do Seu jardim ou em
qualquer aspecto da edificação de Sua Igreja está sob uma grave obrigação. “Cada um
veja como edifica.” Esta responsabilidade deveria amedrontar cada obreiro cristão se
não fôssemos colaboradores de Deus e se Ele não fornecesse tudo o que os Seus
obreiros precisam (2 Co. 3.5). Sua provisão é mais do que suficiente. E Seus
suprimentos estão à disposição de quem precisa. Edifique com confiança!
Paulo disse que sua obra era “segundo a graça de Deus”. Poderia alguém desejar
mais? O escritor diz:
Paulo foi chamado em graça e sustentado pela graça. Nenhum cristão deve se
atrever a retroceder quando enfrentar responsabilidade solene de trabalho, pois o
Senhor também garante graça que capacita.
O Apóstolo fala, então, do “prudente construtor”. Quando foi a Corinto,
reconheceu que era aquele que lançava os fundamentos. Devia executar bem seu
trabalho. Não devia edificar sobre sabedoria humana ou personalidade atraente, mas
sobre Jesus Cristo (3.11). Outros, também, deviam construir bem.
Há muito lugar para o emprego da inteligência com oração no trabalho da igreja.
Vastas áreas da vinha de Deus estão empobrecidas porque tão poucos “tomam
cuidado” quando estabelecem a superestrutura do edifício de Deus. Experiências e
inteligência não santificadas são inteiramente inadequados para um ministério
espiritual e bem sucedido. Do mesmo modo não há desculpa para a preguiça mental,
ou falta de planejamento adequado em erguer a superestrutura do edifício de Deus.
Seu edifício exige o melhor dos Seus.
43
II. A LIMITAÇÃO CRISTÃ
44
no versículo 9 dá a entender que temos o direito de relacionar isto com todos os
crentes. Observe a mudança do “nós” para “vós”. O “nós”, naturalmente, refere-se aos
obreiros cristãos; enquanto que o “vós”, sem dúvida aplica-se a cada crente
individualmente na igreja de Corinto.
Cada crente individual é um construtor. Também enfrenta uma escolha de
materiais que vai usar na sua construção para Deus. Já observou uma família de
passarinhos construindo o seu ninho para uma nova estação? Já viu o lar terminado?
Com que cuidado é tecido e entretecido para atender às necessidades das aves. Já
observou, também, o processo de um jovem casal, que começa a administrar sua
própria casa, quando escolhe a mobília certa e o equipamento com o qual vai começar
a viver junto. Será que nós, os crentes, edificamos com o mesmo cuidado? Ou haverá
perigo na edificação cristã de escolher com motivações erradas e julgamento
deficiente e, então, construir uma superestrutura de qualidade deficiente, sem valor,
inferior, imprópria para Aquele a quem servimos?
O que você acha que está incluído na declaração de Paulo, “a obra de alguém”?
Dá a entender que cada crente deve comparecer diante do Tribunal de Cristo para
prestar contas da obra de sua vida. Inclui mais que pregadores, missionários e mestres.
Se aceitou o Senhor Jesus Cristo como Seu Salvador, inclui você.
Observe, não é o homem que será julgado. Este julgamento não tem nada a ver
com a salvação do homem. Isto já foi resolvido pela morte de Jesus Cristo na cruz. O
julgamento é para o seu trabalho; é a superestrutura e não o alicerce que será provado.
O alicerce do edifício é Cristo. “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além
do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co. 3.11).
Este julgamento relaciona-se com as recompensas do crente por sua fidelidade,
serviço e motivações próprias. Que responsabilidade temos de ter, para sermos
edificadores para a Sua glória!
“O dia” em que isto vai acontecer é o dia do “tribunal de Cristo” (2 Co. 5.10)
que se realizará na volta do Senhor Jesus Cristo (2 Tm. 4.8; Ap. 22.12). Naquele dia
toda simulação, pretensão, justificativa mesquinha e tarefa relaxada serão reveladas.
Você crê neste fogo literal? Leia Hebreus 12.29 e Tiago 3.6. Da mesma maneira
o fogo foi usado aqui como símbolo do julgamento que revela e prova os materiais.
Não é raro encontrar os escritores da Bíblia empregando o fogo como um símbolo.
45
Nestas passagens, Deus é um “fogo consumidor” e “a língua é um fogo”. Nesta
passagem de Primeira Coríntios o fogo é um agente revelador.
O Senhor está mais preocupado com a qualidade de nosso trabalho (“qual seja”)
do que com a quantidade de nosso serviço. Examine o serviço que prestou para Ele,
testando-o pelo “fogo”.
Um obreiro cristão estava ocupado da manhã até a noite, trabalhando até que
não conseguia nem dormir de tanto cansaço. Cada dia parecia acrescentar novas
obrigações. Todas eram boas. A maior parte necessária. Mas um dia quando saía para
fazer visitas no hospital percebeu que há semanas não conversava com o Senhor,
orando e lendo a Bíblia. O telefone vivia tocando ou alguém o procurava para
aconselhamento, ou os seus filhos precisavam dele. Então chegou à conclusão: “Que
trabalheira! E tudo perdido porque feito de maneira errada”. O que é que motiva seu
serviço prestado para Deus? A quem você procura agradar? O fogo só revelará o que o
Senhor, o justo Juiz, já sabe. Deus reconhecerá e recompensará tudo o que vale a pena
guardar. Se a obra do crente-construtor “permanecer” – isto é, passar pelo teste – o
construtor receberá seu salário. A natureza da recompensa não é mencionada. Mas
certamente o Deus que providenciou um sacrifício perfeito para o pecado preparou a
devida recompensa para o serviço fiel.
Todo ministério edificado sobre o orgulho, ambição pessoal ou motivação
carnal será considerado como perda para o construtor; mas ele mesmo será salvo
embora o Senhor não o recompense.
V. A MOTIVAÇÃO CRISTÃ
46
relaxado dos versículos 13 a 15. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o
destruirá.” Isto não é aniquilação mas castigo severo para o ofensor. Tal declaração
deveria tornar todos os crentes mais cuidadosos em suas atitudes e atos para com a
igreja.
Concluindo Paulo profere uma advertência cristã (vs. 18-23). Nenhum homem
deveria se enganar pensando ser mais importante do que é (Rm. 12.3). E nenhum
homem deveria gloriar-se em homens (1 Co. 3.21). Seria loucura gloriar-se no servo
em lugar do Salvador.
A perda de toque de toda a maturidade espiritual é a exaltação de Cristo. Tudo o
que possuímos, todas as motivações, todo o serviço deve centralizar-se nele; pois
“tudo é vosso... e vós de Cristo, e Cristo de Deus”.
Recapitulação
47
VII
48
I. O LÍDER E SUA RESPONSABILIDADE
“Tudo é vosso”, declara Paulo (3.21). “Vosso” incluía cada crente na igreja de
Corinto, e inclui você e as circunstâncias de sua vida. Paulo tentava persuadir os
crentes de Corinto a retirar os olhos dos homens que os tinham levado a Cristo para
focalizar sua atenção em Cristo que os tinha salvado.
Os próprios líderes são responsáveis, não diante daqueles que levaram a Cristo,
mas diante de Deus. Que diferença faria em cada vida e obra cristã se a pessoa
verdadeiramente reconhecesse esta verdade!
Uma devida perspectiva das responsabilidades de um ministro à luz da Palavra
de Deus nos dará uma estimativa melhor do que Deus deseja dos Seus obreiros.
Um ministro cristão é representante de Jesus Cristo. Sua conversão, sua
chamada, seus dons vêm de cima. Sábios são os crentes de uma igreja que respeitam o
servo de Deus, não por causa de sua oratória no púlpito, não por causa de sua
cintilante personalidade ou seu gênio administrativo, mas porque é representante do
Senhor. E ainda mais sábio é o pastor ou obreiro cristão que se lembra em profunda
humildade que representa o Senhor, não por causa de alguma qualidade que valha nele
mesmo, mas porque o Senhor lhe deu um chamado assim santo.
É preciso que um mordomo seja fiel. Todos os crentes são mordomos (1 Pe.
4.10), mas de um modo particular, o líder espiritual. O Mestre, em Sua ausência, fez
dele um superintendente da Sua obra. O obreiro cristão também é um “despenseiro dos
ministérios de Deus”, isto é, das grandes verdades da Palavra de Deus. O ministro é
responsável em saber e fielmente transmitir a Palavra de Deus.
Responsabilidade pessoal diante de Deus é necessária em cada servo. Paulo
apresentou-se como um exemplo: “todavia, a mim” (4.3). Não podia falar pelos
outros, mas podia – e falou – de si mesmo.
Ele considerava o julgamento humano incompetente. Ser esquadrinhado ou
reexaminado pelos homens era coisa de pouquíssima importância. Avaliação humana
pouco significava para o Apóstolo. Tal julgamento era defeituoso e superficial, e com
muita frequência sem base nos fatos.
Nota-se muito hoje em dia que há pessoas que preferem criticar sem
conhecimento dos fatos, em lugar de procurar conhecer a exatidão do que ouviram
contar. Conta-se a história de um diácono sábio que, quando alguém se aproximava
dele para falar mal do pastor, dizia: “Já contou a mais alguém? Não? Então vá para
casa; conte a Jesus e nunca mais fale sobre isso a não ser que Deus lhe mande contar
49
ao próprio pastor. Se o Senhor quiser um escândalo em nossa igreja, que Ele mesmo o
faça; não seja você o instrumento”.
A causa de Cristo tem sido imensamente prejudicada pelas contínuas críticas
dirigidas aos servos de Deus. Peça a Deus a ajuda de ser sábio neste assunto.
Paulo reconhecia que não era um juiz adequado de si mesmo. Não tinha
consciência de nenhum fracasso em seu trabalho, mas quem era ele para julgar? Só o
Senhor é totalmente competente para oferecer julgamento perfeito.
Aparentemente o passatempo predileto da igreja de Corinto era julgar os servos
de Deus. Paulo tentava persuadi-los que só o juízo divino é perfeito e que haverá um
juízo futuro. A única ocasião indicada para completa avaliação do mérito do obreiro
cristão ainda está no futuro – “até que venha o Senhor” (4.5).
Neste futuro juízo (1 Co. 3.13) o Senhor fará duas coisas. Primeira, “trará à
plena luz as cousas ocultas das trevas”. Isto não significa a corrupção encoberta dos
obreiros cristãos; mas significa que aquelas coisas que os outros não podem ver serão
reveladas. Quem sabe o que acontece por trás das cortinas no serviço cristão? Quem
pode determinar quantos participaram da salvação de uma só alma? Deus mantém o
registro. Naquele dia Deus trará à luz outras respostas. Sem dúvida haverá mais do que
algumas poucas surpresas quando as recompensas forem distribuídas.
Quando o Senhor vier, Ele “manifestará os desígnios dos corações”. As
motivações do homem no trabalho serão reveladas. Alguns pensam que têm
abundância de fruto no seu ministério. Naquele dia talvez seja revelado se os
resultados foram devidos às orações ou testemunho de outras pessoas. Deus revelará
isto também. Naquele dia cada obreiro terá o seu elogio de Deus.
50
mesmo, talvez os membros da igreja também fizessem uma aplicação pessoal das
verdades. Paulo poderia ter citado os próprios indivíduos que causaram as divisões;
contudo, preferiu não fazê-lo. Tal exposição poderia embaraçar a igreja; por isso, “por
vossa causa”, preferiu a sua própria pessoa.
Paulo e Apoio, ambos eram apóstolos e notavelmente dotados de dons
espirituais. Não precisavam encabeçar partidos; nem outros de menor envergadura
seriam elevados a tais posições.
Ninguém deveria “ensoberbecer-se” ou considerar os outros com desprezo. Os
cristãos podem desfrutar os talentos especiais que Deus deu a certos líderes, mas
jamais deveriam ficar tão ligados a um líder, que se colocassem contra outro líder que
pareça ter menos talentos.
Tudo o que qualquer servo tem é somente pela graça de Deus. Quem lhe dá o
poder discriminatório de exaltar uma pessoa e menosprezar outra? “Quem é que te faz
sobressair?” É uma pergunta que se dirige a cada indivíduo na igreja de Corinto e na
sua igreja se for culpada de escolher partidos.
Leia o versículo 8 com o sarcasmo espiritual que Paulo deve ter tido em mente.
A igreja de Corinto achava que tinha alcançado o pináculo das realizações espirituais.
Não percebia sua própria pobreza. A igreja estava satisfeita consigo mesma; por isso
não sentia fome espiritual. Essa era a sua presunção. Considerava-se possuidora de
tudo o que receberia sob o reinado de Cristo. Os coríntios pensavam que já tinham
ultrapassado seus mestres em realizações espirituais. Era uma ironia cortante! (Até
parece que Paulo era um ratinho escondido no canto da sua ou da minha igreja.)
Paulo aguardava o dia quando a igreja de Corinto desse evidências de toda a
maturidade espiritual que seus membros pensavam já possuir.
Paulo e Apoio forneceram um exemplo a ser seguido. Deus o usou para
demonstrar a graça de Deus.
Você já observou os carros polidos nas vitrinas das agências automobilísticas?
São para que você saiba o que têm para você.
Deus tem Suas vitrinas também; e os apóstolos foram dados para demonstração
das graças que Deus deseja para os crentes, o que Ele tem para eles.
Deviam demonstrar humildade. Foram condenados à morte, mas não houve
amargura nem queixas – só uma pronta aceitação da escolha de Deus para suas vidas.
Tinham de ser fiéis. Paulo tinha uma mensagem para transmitir. Era a sabedoria
de Deus, o evangelho de Cristo. Recusava-se a exibir sua sabedoria, seu poder pessoal
51
ou sua honra. Assim, tornou-se o objeto de desprezo dos coríntios que amavam a
sabedoria.
Tinham de ser submissos. À luz das coisas que Paulo estava pronto a suportar
por amor ao evangelho. Meça sua submissão a Cristo.
É necessário a graça para suportar as difíceis provas que Paulo suportou. Quanto
um homem pode aguentar? Já se fez esta pergunta? Ali estava este apóstolo humano –
ultrajado, perseguido, difamado e considerado lixo; mas permaneceu firme.
A compaixão é a explicação para a paciência do apóstolo. Paulo amava os seus
convertidos apesar da carnalidade deles. Todo o seu sarcasmo, severidade e ironia
eram instrumentos de cirurgião que examina o paciente para remover as causas de seu
sofrimento. Paulo era motivado por seu amor e compaixão. Não pretendia que os
santos de Corinto ficassem envergonhados. Queria que fossem espiritualmente
amadurecidos, que crescessem em Cristo. Era desejo seu levá-los a uma vida na qual
experimentassem as melhores bênçãos que Deus tinha para eles.
52
exemplo daquilo que um discípulo de Cristo deveria ser. Se eles fossem exatamente
iguais a você, ficaria satisfeito com a vida cristã deles? Um missionário trabalhou
durante muitos anos numa determinada área do Continente Negro. Muitos foram
ganhos para Cristo através do seu ministério. Mas um dia percebeu que os crentes não
estavam crescendo em Cristo; não desejavam trabalhar para Ele nem submeter-lhe
suas vontades. Finalmente o missionário fez suas malas e voltou para a América. De
coração partido declarou: “Eu não vejo Cristo naqueles que me seguem. Precisam de
uma nova liderança”.
Que reputação invejável Paulo tinha. Durante dezoito meses conviveu com os
coríntios. Agora queria que se lembrassem de como vivera entre eles. Seu
comportamento era cristão. Mandou que Timóteo os fizesse lembrar dos seus
“caminhos em Cristo”. Observe seus próprios caminhos. Tenha certeza de que os
outros observam!
Alguns em Corinto achavam que Paulo, tendo enviado Timóteo para transmitir
sua mensagem, estivesse com medo deles. Apressou-se em lhes dizer que planejava ir
logo que o Senhor permitisse. Então descobriria se seus críticos na igreja de Corinto
tinham algo mais do que oratória. Será que realmente tinham poder e unção de Deus?
Planejava ir. Se a atitude deles mudasse, ele os cumprimentaria com amor. Caso
contrário, repreendê-los-ia com severidade. A escolha era deles.
Cristão, isto não fá-lo lembrar-se de outra vinda? Cristo vem. Quando? Esse
segredo está trancado no coração de Deus. Mas Ele VEM. E quando vier, quer
cumprimentá-lo com amor e recompensas. Como Ele o fará é decisão sua.
A escolha é sua!
Recapitulação
53
O que você acha?
“Além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja
encontrado fiel” (1 Co. 4.2).
54
VIII
DISCIPLINA DA IGREJA
Ninguém exceto Deus sabe quantas pessoas voltaram as costas para Cristo por
causa de conduta inconveniente de cristãos professos dentro da igreja. A igreja, além
de pregar o evangelho em todo o mundo e declarar todo o conselho de Deus na
edificação do crente, também é responsável pela manifestação do fruto do Espírito. Só
então os de fora verão evidências do poder de Cristo resolvendo as necessidades do
coração humano.
Por que você acha que Deus colocou sua igreja em sua comunidade? Para
revelar a Cristo. O que a comunidade vê em sua igreja? O testemunho de sua igreja
não é mais forte nem mais luminoso do que o testemunho coletivo dos santos que a
compõem. Leia Mateus 5.13-14. As verdades que você encontra ali deveriam se
aplicar a cada crente e muito especialmente a você, membro de igreja. Se, tal como a
igreja de Corinto, uma igreja tolera pecados flagrantes dentro dela, o poder do
testemunho dessa igreja desaparece.
Paulo resolvera um problema – as divisões por causa dos líderes. Por causa da
ênfase sobre qual seria o maior, a igreja se tornara relaxada quanto ao pecado sem
restrições entre eles. Um pecado geralmente abre a porta a outro. Paulo começou a
resolver este outro pecado e desmascarar sua hediondez. É claro que esta é uma lição
importante e necessária sobre a pureza da igreja. Ao estudá-la, ore a Deus pedindo
para ser usado no seu fortalecimento e no fortalecimento de sua igreja.
55
I. O PROBLEMA OBSERVADO
Não é fácil lidar com o pecado na igreja. Geralmente aqueles que são culpados
têm amigos que valorizam a amizade acima do desejo de agradar ao Senhor. Quando
se tenta aplicar a disciplina, a igreja geralmente se divide.
Não sabemos como a conduta imoral em Corinto começou ou por que foi
apoiada pela igreja. Não somos nem sequer informados sobre como Paulo ficou
sabendo; mas ao ler, você perceberá que a informação veio da casa de Cloe
exatamente como a notícia sobre as divisões internas por causa da liderança.
Notícias más viajam depressa! A natureza humana passa adiante as más notícias
mais depressa do que as boas. Toda a assembleia em Corinto parece que falava sobre o
pecado. “Geralmente se ouve”. Mas parece que ninguém se preocupava o bastante
para fazer alguma coisa além de falar. Paulo não tolerava o pecado. Era uma violação
das leis divinas que governavam o relacionamento sexual. Ele citou o pecado e o
desmascarou. A palavra “imoralidade” geralmente é usada para descrever qualquer
mal sexual. Neste caso foi usada referindo-se a um incesto que Paulo imediatamente
descreveu como a causa do pecado na igreja.
Incesto era uma forma de mal que nem os pagãos praticavam. Isto tornava o
pecado ainda mais detestável aos que estavam fora da igreja. “Nem mesmo entre os
gentios” não significa que os gentios não falassem sobre o pecado. Sem dúvida
falavam; e, pode estar certo, falavam com desprezo. Corinto era conhecida pela
frouxidão moral, mas não isto.
Paulo identificou a fornicação. Um dos homens tomara a esposa de seu pai.
Provavelmente tomara por esposa sua madrasta, uma coisa estritamente proibida pela
Palavra de Deus (Lv. 18.8).
Naturalmente a melhor solução seria o arrependimento do membro da igreja que
se encontrava em pecado. Deus fez provisão para a confissão individual e perdão do
pecado. Em Sua grande sabedoria Ele sabia que pecaria. Em Sua justiça perfeita era
preciso que castigasse o pecado. Em Sua misericórdia cheia de amor providenciou um
meio para o santo pecador receber o perdão e ser restaurado à comunhão.
56
Que faz mais que libertar.
Há boas vindas para o pecador,
E mais graça para todos;
Há misericórdia com o Salvador;
Há cura no Seu sangue.”
(Frederick W. Fáber)
57
ação compassiva, com oração. Às vezes na resposta à oração Deus remove a pessoa
através de algum juízo divino. Normalmente o Senhor espera que Sua igreja exerça a
autoridade que recebeu.
Eis uma ocasião na qual temos de andar em Espírito e pôr em prática toda a
sabedoria que temos à nossa disposição. Embora toda disciplina na igreja não seja de
modo nenhum a mesma, aqui Paulo colocou diante de nós algumas atitudes e
princípios que nos orientam em problemas semelhantes.
O que Paulo faria se estivesse em Corinto? Avaliando todas as evidências que
estavam à sua disposição, “já sentenciara” (5.3). Seu veredicto era que a igreja devia
excluir as pessoas culpadas.
Aconselhou que estivessem “reunidos”. Disciplina espiritual na igreja não é
responsabilidade individual; antes, é um assunto para toda a igreja. A igreja, “em
nome do Senhor Jesus”, devia agir com autoridade que Cristo lhe transmitiu. Em nome
da Cabeça, a igreja devia julgar em relação à pureza do corpo. Paulo disse que estava
com eles em espírito para uma tão solene responsabilidade; e o Senhor Jesus estava
com eles em poder.
Estude cuidadosamente o versículo 5. A igreja devia “entregá-lo a Satanás para
destruição da carne”. Isto aparentemente significa exclusão ou remoção da comunhão
da igreja e, portanto, a perda de todos os privilégios cristãos. (Leia os versículos 2, 7 e
13). O mundo fora da igreja é reino de Satanás.
O propósito da exclusão era a “destruição da carne”. Isto não significa que o
homem devia morrer, pois o propósito era que fosse restaurado à comunhão. Parece
que Paulo considerava que a expulsão do culpado da comunhão e proteção da igreja
fosse alguma aflição física.
O objetivo final da disciplina era “que o espírito seja salvo no dia do Senhor”.
Quando a disciplina da igreja resulta em restauração espiritual, todo o sofrimento e a
dor envolvidos valeram a pena. Este deveria sempre ser o propósito (1 Tm. 1.20). A
restauração foi alcançada conforme Paulo revelou em sua segunda carta (2 Co. 2.7).
É infinitamente melhor experimentar o julgamento e a aflição pelo pecado nesta
vida, sendo restaurado assim à comunhão cristã, do que continuar no pecado e
experimentar o fogo do julgamento sobre as obras do crente no Tribunal de Cristo.
Neste último caso sofre-se perda eterna.
58
III. NECESSIDADE PROFILÁTICA
59
V. OS ASPECTOS PRÁTICOS DA DISCIPLINA
A disciplina da igreja tem um propósito que vale a pena. Para manter a pureza
da igreja há certas verdades que deveríamos observar com cuidado.
Cuidado com as companhias! “Não vos associeis” tem a ideia básica de que não
devemos ter amizade com aqueles que transgridem as funções normais do sexo. Paulo
falou mais sobre isto no versículo 11, incluindo os avarentos, aqueles que só pensam
em obter lucros e tirar vantagens dos outros; os idólatras que adoram outros deuses; os
maldizentes, aqueles que ofendem outras pessoas; os beberrões e os ladrões, aqueles
que se apossam daquilo que não é seu.
Paulo disse aos coríntios que não deviam comer com aqueles que participavam
de atos ímpios. “Nem ainda comais” vai além da prática de muitos. Não deviam comer
com aqueles que praticavam tais pecados. Era uma injunção para que se não
convidasse tais membros de igreja em suas casas – ainda que fossem chamados
“irmãos” – ou aceitassem convites deles. Ter comunhão com a pessoa que está
vivendo em pecado seria apoiar sua atitude e participar dela. Sem dúvida isto incluía a
comunhão na Ceia do Senhor também.
É preciso nos guardarmos do fanatismo. Os cristãos têm de falar com pecadores.
Seria impossível evitar todo o contato com eles. Deus não pretende que Seus filhos
fujam de qualquer contato com o mundo. Contudo, Ele quer que nos mantenhamos
puros enquanto estamos no mundo.
Não julgue o mundo. “Deus julgará”. A autoridade do cristão para julgar não se
estende aos que estão fora da igreja, mas inclui os que estão dentro. A igreja local
recebe membros. A igreja tem autoridade e responsabilidade de excluir os membros
ofensores, para mantê-la pura e útil para a obra de Cristo.
Deus julgará os perdidos, aqui nesta vida e diante do Grande Trono Branco.
Mas Deus garantiu aos crentes na igreja alguma responsabilidade de julgamento para
com aqueles que estão dentro da igreja. Quando a igreja exerce a autoridade que Deus
lhe deu, o ofensor pode ser salvo para o serviço aqui nesta vida e das perdas no
Tribunal de Cristo.
Aqueles que criticam a devida disciplina na igreja estão, na realidade,
prejudicando aqueles que necessitam de uma oportunidade de purificação em suas
vidas para poderem proporcionar glória a Cristo.
Examine sua atitude para com esta bendita provisão dada por Deus através do
Seu servo Paulo.
60
Recapitulação
“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda?” (1 Co. 5.6)
61
IX
OS CRISTÃOS NO TRIBUNAL
62
rodeia. Esta era a responsabilidade dos cristãos primitivos em Corinto onde a igreja
estava nascendo. Esta é a responsabilidade de cada crente no mundo de hoje.
Pense em como a área do testemunho cristão cresceu desde o tempo de Corinto!
O evangelho foi de Jerusalém, à Judéia, à Samaria e aos confins da terra sob as ordens
de Deus. Você participa nisso através de seu programa missionário. E onde quer que
haja crentes, há a responsabilidade de falar da causa de Cristo, não através de
discussão ou conflito, mas com o amor que o levou a morrer pela nossa salvação.
“Para vergonha vo-lo digo”, disse Paulo à igreja em Corinto, porque estavam
levando problemas pessoais aos tribunais do mundo para serem julgados.
A carnalidade revela-se de muitas formas. Primeiro foi vista nas divisões dentro
da igreja. Depois os membros ficaram indiferentes ao mal que havia entre eles. Agora
os cristãos começaram a se ocupar em controvérsias legais diante de incrédulos. É
difícil que dois crentes se ocupem de um processo legal, um contra o outro, sem que
haja prejuízo para a igreja diante da comunidade. Esta prática tornou-se comum
demais hoje em dia. Disputa de propriedades, processos por danos sofridos, contas que
não foram pagas, ou pior ainda, igrejas divididas – tudo isso diminui o respeito do
mundo pelos cristãos e suas igrejas. O alvo dos crentes não é o de “receber o que tem
direito”, mas de honrar o seu Salvador e levar homens e mulheres a Ele.
As palavras latinas lex talionis significam “lei da retaliação”. O amor e o perdão
devem ser a lei do cristão.
Em lugar da vingança, Deus nos ordena – através do exemplo do Seu Filho –
“Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe. 2.23).
As instruções de Paulo aos coríntios sobre este assunto são dignas de sua
consideração e estudo enquanto você procura aplicar os ensinamentos bíblicos a este
problema.
63
estavam errados porque não escolhiam alguém na assembleia que fosse capaz e
estivesse disposto a ajudar os crentes a resolver suas disputas de maneira bíblica.
“Aventura-se algum de vós... a juízo perante os injustos e não perante os
santos?” Paulo exclamou. Esta repreensão cortante declarava que tal atitude era
incompatível com o Cristianismo. Não havia rodeios quando Paulo escrevia falando de
sua conduta inconsistente. Sem dúvida, considerando que a natureza humana era a
mesma que é agora, não havia só membros de igreja ocupados em processos, mas
havia também amigos que os defendiam. Era uma desordem séria, e não se podia
receitar aspirinas espirituais. O Dr. Paulo tinha de usar o bisturi do cirurgião para
extirpar a doença que poderia corromper todo o corpo.
Você não precisou ficar muito velho para tomar total consciência de que os
santos têm suas diferenças. Não é coisa fora do comum. Nem é necessariamente
errado. O pecado não está na diferença de opinião, mas antes nas atitudes que muitos
assumem e expressam diante dos outros por causa das diferenças. Um cristão pode
discordar de outro mas ainda assim conservar atitudes dentro dos limites do amor
cristão estabelecido em 1 Coríntios 13.4-8.
Um pastor fiel fez uma declaração que, involuntariamente, enfureceu um dos
seus diáconos. O diácono o levou até a porta, empurrou-o para fora e fechou a porta na
sua cara.
Enquanto o pastor caminhava na direção do seu carro, sentiu-se indignado e
ofendido. A alegria do Senhor o deixou. Não pode ficar assim, pensava; e voltou
imediatamente à porta do diácono para lhe pedir perdão com humildade de espírito. O
resultado foi unidade e paz em lugar de divisão e amargura. O pastor deu um bom
exemplo para todos os crentes seguirem.
Estes coríntios, entretanto, decidiram ir aos tribunais “perante os injustos”. O
acerto de diferenças entre cristãos nos tribunais era contrário aos melhores interesses
do crente individual, sua família e a igreja. Há ocasiões quando problemas legais estão
envolvidos e torna-se necessário determinar a ação legal a ser tomada. Paulo não dizia
que era proibido. O que dizia era que estava errado que dois irmãos cristãos se
envolvessem tanto em mal entendidos que chegassem a ponto de comparecer diante de
um tribunal pagão para esclarecer quem estava com a razão. Não que o tribunal pagão
decidisse injustamente. Antes, Paulo provou em Atos 18.12-26 que estava errado
irmãos cristãos comparecerem aos tribunais pagãos em busca de julgamento daqueles
que não criam em Cristo.
64
Paulo dava a entender que uma igreja cristã deveria ter meios excelentes de
averiguar diferenças entre seus membros. Os cristãos deveriam submeter seus
problemas a irmãos cristãos que pudessem servir de árbitros entre eles, evitando assim
prejudicar o testemunho dos irmãos e da igreja.
65
III. A PRÁTICA VERGONHOSA DOS SANTOS
66
IV. A ATITUDE CRISTÃ PARA COM AS DISPUTAS PESSOAIS
67
Recapitulação
“Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá
ser julgado por vós, sois acaso indignos de julgar as cousas mínimas?” (1 Co. 6.2)
68
X
PUREZA CRISTÃ
69
tornará mais e mais semelhante ao Salvador que deseja transformá-lo em um cristão de
rara beleza.
Num mercado de uma cidade italiana há uma linda estátua de uma escrava grega
bem vestida que pode ser vista por todos os transeuntes. Um dia, conta-se, uma criança
pobre e esfarrapada – suja e desgrenhada – parou diante da estátua e pôs-se a admirar
aquela beleza toda. Subitamente saiu correndo para retomar mais tarde com o rosto
lavado e o cabelo um pouco mais arrumado. Dia após dia a criança mendiga
examinava a estátua; e dia após dia saia correndo para voltar, ou com os pés lavados,
ou com a roupa consertada, até que um dia, quem olhasse para a criança, não veria
mais a mendiga suja, mas uma menina linda ocupada em ajudar os que dela
precisassem.
É apenas uma história, mas pode ajudá-lo a lembrar-se que quanto mais você
olhar para o bendito Senhor e a Sua Palavra e procurar obedecê-Lo, mais parecido
com Ele você se tornará. E o poder para a transformação vem dEle.
“Os injustos não herdarão o reino de Deus” é uma declaração que devemos
transmitir a todo o mundo. Os injustos não necessariamente os perversos. Os injustos
são simplesmente aqueles que não são justificados pela fé em Jesus Cristo. Por causa
das verdades precedentes, os injustos podem ser os juízes pagãos. Significaria então:
Por que levar seus problemas, já que são cristãos, àqueles que não podem entrar no
Reino de Deus?
Ou talvez seja uma referência àqueles que praticavam a injustiça defraudando e
roubando os irmãos cristãos. Nenhum cristão professo se atreveria a continuar no
espírito de rebeldia contra a vontade de Deus revelada.
Seja qual for a referência, declara explicitamente que os injustos não podem
entrar (herdar) no Reino de Deus. Este Reino é reservado para aqueles que nasceram
do Espírito de Deus (João 3.3) e que tenham aceitado a Cristo como Senhor e Salvador
(Atos 16.31).
Eis a advertência! “Não vos enganeis”. Preste atenção. Que a sua esperança do
céu não repouse em algum falso fundamento que não faz de você uma nova criatura
em Cristo. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
(Atos 4.12).
70
Examine as listas de pecados que Paulo coloca diante de nós que são
incompatíveis com a salvação. A lista dos pecados da carne do versículo 9 é
impressionante:
● Impuros – um termo para todos os tipos de pecados sexuais.
No versículo 10 Paulo fez uma lista daqueles pecados que são praticados contra
os outros.
● Ladrões – uma palavra usada para pequenos furtos.
● Avarentos – aqueles que possuíam desejo intenso de ter mais. É digno de nota
que Paulo sempre classificou a avareza entre os piores pecados. Devemos olhar para a
avareza através dos olhos de Deus. (Veja Colossenses 3.5).
● Bêbados – um vício bem conhecido; um homem que não tem controle.
● Maldizentes – um homem que fala mal dos outros; pessoa áspera e amarga e
que vilipendia o caráter e machuca os sentimentos.
● Roubadores – ladrões de toda sorte; aqueles que são ávidos de lucros e estão
prontos a oprimir os outros por amor ao dinheiro.
Alguns dos coríntios já tinham sido classificados entre tais pecadores, mas a
divina transformação da graça acontecera em suas vidas; “Tais fostes alguns de vós;
mas vós vos lavastes”. Era bom que alguns em Corinto demonstrassem tais mudanças
de suas vidas pagãs para suas novas vidas em Cristo, para que outros reconhecessem a
diferença. Não só o cristão faz uma escolha quando aceita a Cristo, mas também
experimenta transformações.
71
Qual é a transformação? Paulo disse aos coríntios: “Mas vós vos lavastes, mas
fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no
Espírito do nosso Deus”.
“Vós vos lavastes” tem dupla implicação espiritual. Refere-se à lavagem da
regeneração através do sangue de Cristo (Ap. 1.5), mais a purificação diária que o
cristão experimenta através da lavagem da água pela Palavra (Ef. 5.6). Ambas são
essenciais - uma para salvação e outra para pureza cristã.
“Fostes santificados” é obra do Espírito Santo quando separa o crente para
Deus. Cada crente foi separado para Deus. Acontece na salvação e é um ato divino em
nosso benefício. O crente não “ora para acontecer”, nem “trabalha” para isso. Outra
frase da santificação inclui a separação do mundo (Rm. 6.19, 22). Também é operado
em nós pela Palavra de Deus (João 17.17).
“Fostes justificados” dá-nos nossa liberação legal ou judicial diante do Deus
santo quando somos declarados justos. Isto acontece no momento em que confiamos
no Filho de Deus, Jesus Cristo, como nossa única Esperança de perdão e vida eterna
(Rm. 3.20; Gl. 3.8).
Toda esta maravilhosa redenção é através da provisão do Senhor Jesus e pela
agência pessoal do Espírito Santo.
Veja o versículo 11. Descubra a palavrinha “mas”, usada três vezes, dando a
entender as transformações dramáticas que Paulo disse terem acontecido nos santos
em Corinto. Eis aí o poder do Cristianismo em qualquer comunidade. Nada é tão
eficaz para atingir os outros como uma vida transformada.
Um bêbado, recentemente nascido de novo, contava a seus vizinhos na festa
anual da vizinhança que grandes coisas o Senhor fizera com ele salvando sua alma.
Falava com humildade de espírito, esperando ganhar alguns dos seus amigos para
Cristo.
Um antigo companheiro de farras zombou: “Sim, Herb, é o que você diz; mas
espere um pouco. Um dia destes, você vai acordar do sonho e voltar para a nossa
companhia”.
O filho adolescente do ex-beberrão colocou-se silenciosamente ao lado do seu
pai e disse: “Espero de todo coração que ele não acorde, porque nossa família gosta do
que o Senhor fez pelo papai”.
Há poder transformador no evangelho do Senhor Jesus Cristo. Transformou os
coríntios. Pode transformar você.
72
II. O PRINCÍPIO ESPIRITUAL QUE ORIENTA O CRISTÃO
A liberdade cristã foi pervertida por muitos. De modo nenhum nossa liberdade
em Cristo deveria se transformar em licenciosidade para relaxamento de conduta. Os
cristãos estão “livres da lei”. Que condição feliz! Mas isto não significa que o cristão
está livre do amor. O Apóstolo descreveu a lei da liberdade cristã para os coríntios.
“Todas as coisas são lícitas” não significa que tenho liberdade de fazer o mal.
Muitas atitudes talvez não tenham restrições legais, mas nem todas as coisas me
“convêm” ou são vantajosas. Algumas coisas não trazem proveito nem para quem faz
nem para quem recebe. Se algumas atitudes atrapalham outras, não tenho liberdade
para com elas. Alguém disse: “Posso descer a rua balançando os braços à vontade;
mas minha liberdade de fazê-lo cessa onde começa o seu nariz”. Isto também se aplica
espiritualmente. Um homem deve perguntar se a sua escolha ou atitude vai agradar ao
Senhor. Qualquer coisa que prejudique sua sensibilidade espiritual deveria ser evitada.
“Eu não me deixarei dominar por nenhuma” apresenta a lei da escravidão.
Platão ensinou que um homem livre tem o poder de escolher a escravidão; mas, depois
de escolhê-la, não tem mais o poder de escolher a liberdade. Paulo ensinou a mesma
verdade no reino espiritual. É errado exercer minha liberdade se, exercendo-a, perco o
meu poder de autocontrole. Qualquer coisa que me transforme em escravo está errada.
Lembre-se, o cristão tem liberdade. Sua salvação não se baseia na observação de
certas regras; nem fica circunscrita por uma multidão de restrições. A soma total dos
ensinamentos de Paulo é que todas as coisas são legais, mas que o cristão não deve
abusar desta liberdade para não ferir outros nem se tornar um escravo de algum hábito
ou atitude.
Qual é a essência do versículo 13? Ao estudá-lo, perceberá que Paulo ensinou
que os apetites do corpo são normais e dados por Deus. Além dos apetites da fome, da
sede, do sexo, também o desejo de ver, ouvir, sentir e saber. Deus garantiu aquilo que
satisfaz o apetite. Contudo, o propósito da vida não é a satisfação dos apetites carnais.
Isto é simples fato acompanhante, não o propósito principal da vida. Não vivemos para
comer. Um apetite indisciplinado leva a glutonaria, à bebedice e toda sorte de
perversões. Deus está acima do corpo e seus apetites. Ele “destruirá tanto estes como
aqueles”. Coisas espirituais, não carnais, têm prioridade.
O corpo igualmente tem um propósito. A palavra “corpo” inclui mais do que
carne e seus apetites. Inclui todo o homem, feito por Deus e para Deus. O corpo é para
o Senhor; isto é, o instrumento no qual nós o servimos. O Senhor é para o corpo; isto
é, só encontrará a mais plena realização dos seus propósitos quando o Senhor lhe dá
73
energia e o controla. Por causa do relacionamento do corpo com o Senhor, não deve
ser entregue à imoralidade. Um exame deste assunto feito com oração ajudará o crente
a viver nesta sociedade permissiva e imoral de hoje.
Deus, através de Paulo, deu estas instruções para os cristãos na Corinto pagã e
esperava que obedecessem. Sabia que nós também, em nosso ambiente pagão,
poderíamos entender e obedecer.
O corpo ressuscitará (v. 14). Os apetites – e aquilo que satisfaz os apetites –
serão destruídos; mas o corpo ressuscitará pelo mesmo poder que ressuscitou a Cristo.
Além disso, nossos corpos são membros de Cristo. Aquele que é membro de
Cristo não pode se entregar à fornicação, pois estaria negando que o corpo é para o
Senhor. Você não acha que o conhecimento destas coisas deveria ajudar o crente que
está tentando vencer algum pecado habitual que o escravizou? Não deveria ser um
incentivo para manter o seu corpo puro para Cristo?
“Fugi” implica em perigo que está perto. Depressa! Para salvar a vida! E esta foi
a orientação de Paulo: “Fugi da impureza!”
74
Um cristão pode glorificar a Deus na adoração, no serviço cristão, no ganhar
almas, enviando a mensagem da redenção a todos os homens, no bom comportamento,
no capricho do trabalho e na demonstração diária das graças espirituais. Glorifique a
Deus em seu corpo. Não protele! Não há mais muito tempo. É verdade que você pode
viver uma vida longa, mas se já é adulto, a maior parte de sua vida já foi. Use cada dia
que o Senhor lhe dá para Deus e Sua glória.
Recapitulação
“Todas as cousas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as cousas
me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Co. 6.12).
75
XI
Manuais sobre o casamento, conselhos sobre como ter uma união feliz, livros
sobre os prós e contras do casamento versus vida em comum versus permanecer
solteiro – tudo isso e muito mais enche as prateleiras das chamadas livrarias bíblicas
no mundo de hoje. Um recente exemplar de um dos principais jornais da América,
percebendo o intenso interesse pelo assunto, publicou um artigo de duas páginas sobre
livros que tratavam do sexo e casamento escritos por autores intitulados
“evangélicos”.
Além disso – que talvez sejam, talvez não, dignos de valor – o mercado está
atulhado de livros, folhetos e artigos que antigamente receberiam a etiqueta de
pornográficos, mas agora estão entre os “best-sellers”.
Quase todo programa favorito de TV está cheio de aventuras de pessoas
procurando alguma nova experiência conjugal ou extraconjugal. A palavra de quatro
letras que há alguns poucos anos era proferida com cuidado e em voz baixa, agora é
um assunto tão comum que até pessoas nascidas de novo falam dela com leviandade e
com boçalidade, parecendo quase imitar os que não são salvos, no seu desejo de
excitar e chocar seus ouvintes. Alguém pergunta: “Será que a antiga Corinto era
pior?”.
Conta-se a história de que no começo do século XX, quando o correio era muito
mais lento do que agora, uma jovem enviou ao seu amado, que morava a uma certa
distância, uma carta dizendo que aceitava sua proposta e que se tomaria sua esposa. A
76
carta foi entregue cinquenta e seis anos depois. Nesse tempo o amado dela, casou com
outra pessoa e, naturalmente, morreu. Nada sabemos sobre este romance; mas em
alguns que conhecemos, deixar de casar teria sido muito melhor do que efetuar as
tristes uniões em que resultaram. Naturalmente o conselho da Palavra de Deus é
essencial neste assunto importantíssimo do casamento neste ponto da história. Paulo
levou o conselho de Deus ao povo de Corinto. Com que cuidado deveríamos estudar e
dar atenção ao seu conselho.
Estudando a passagem bíblica e o material deste livro, lembre-se de que a
instituição do casamento foi ordenada por Deus como parte do Seu plano para o
homem. Considerando que o casamento foi ordenado por Deus, Ele tem regulamento e
regras para o comportamento do homem dentro do plano. Deus deu tanta atenção à
instituição do casamento que o escolheu como figura do amor de Cristo pela Igreja.
Leia sobre isso em Efésios 5.25. O íntimo relacionamento de um casal unido pelo
sagrado matrimônio é certamente um símbolo adequado da união de Cristo e Sua
Noiva.
Os crentes coríntios enfrentavam um problema sobre o devido relacionamento
conjugal entre a esposa e o marido depois que um se tornava cristão. Deveriam
permanecer juntos mesmo quando um não era crente? E se o incrédulo decidisse
acabar com o relacionamento conjugal e partir, o que fazer? Qual deveria ser o
procedimento quando crentes que estavam casados não se davam bem? Todos eram
problemas importantes e os cristãos se voltaram para o Apóstolo Paulo em busca de
uma solução. Alguns membros da igreja escreveram a Paulo explicando as
dificuldades que enfrentavam.
Na sua resposta Paulo tocou em setores relacionados com o casamento cristão
que são pertinentes hoje em dia. Já percebeu como Deus é cheio de graça? A vida
neste mundo está cheia de problemas que são causados pelo pecado e por Satanás.
Mas Deus em Sua Palavra e através do Seu Espírito tem a resposta e a solução para
cada problema que Satanás pode inventar. Ele dá a solução e, então, dá a sabedoria e
graça para lhe obedecer. Outros livros nos dizem o que o homem supõe; a Bíblia nos
diz o que Deus sabe. Descubra o que Deus tem para você nesta porção de Sua Palavra.
Considere as condições ambientais do casamento na igreja de Corinto. As
irregularidades conjugais abundavam. Alguns crentes membros da igreja eram de
opinião que os cristãos solteiros eram mais santos do que os casados. Outros achavam
que o relacionamento normal de marido e mulher deveria ser abandonado depois que
eles se convertiam. Tais crentes consideravam o leito conjugal uma coisa desonrosa.
77
Aparentemente alguns também tinham abandonado seus cônjuges incrédulos quando
se converteram.
Eram cristãos novos em uma igreja nova, salvos de uma sociedade pagã. Todo o
seu modo de pensar até aquele momento centralizara-se nas práticas pecaminosas de
sua antiga religião que se baseava na imoralidade.
Este é um estudo sobre o qual é mais fácil escrever do que falar publicamente.
Leia o texto bíblico com cuidado. Ore por seu professor. A questão do casamento era
tão importante que neste capítulo Paulo dá aos coríntios a mais longa porção inspirada
sobre o casamento e o relacionamento conjugal que encontramos.
78
Paulo falava claramente que o seu conselho aplicava-se a ambos, o homem e a
mulher.
O casamento envolve responsabilidade. Provavelmente um dos motivos mais
comuns dos problemas no casamento seja o fato de um ou ambos os membros da
união recusarem-se a assumir as devidas responsabilidades. Para um casamento
proveitoso é preciso observar algumas regras ou princípios de orientação. De modo
nenhum o Apóstolo pretendeu abranger todos os setores do casamento com os seus
conselhos. Aqui Paulo estava preocupado com um assunto muito delicado, as
obrigações mútuas do marido e da mulher no relacionamento conjugal.
1. O casamento envolve um débito mútuo (v. 3). Alguns na igreja em Corinto
achavam que era sinal de superioridade abster-se do relacionamento conjugal normal.
Paulo disse que não era assim; antes, “não vos priveis um ao outro”. O casamento tem
suas obrigações, parte das quais é reconhecer e atender às exigências normais do
apetite sexual. A palavra “conceder” (v. 3) não implica na concessão de um favor mas
o cumprimento de uma obrigação.
2. O casamento envolve um respeito pelas necessidades mútuas (v. 4). No
casamento os dois se tornam um. Já não há mais um senhorio independente do corpo.
Os dois agora têm obrigações mútuas. Sábios são os maridos e esposas cristãos que
reconhecem e obedecem à interdependência de ambos para satisfação mais plena da
vida de casados. O marido cristão tem um ministério para com sua esposa – o de
envolvente força, apoio, segurança e satisfação nos mais íntimos afetos. O mesmo
acontece com a esposa no seu ministério para com o marido em lealdade, estímulo, no
cumprimento das obrigações familiares e domésticas e na realização das obrigações
mútuas dos mais íntimos afetos.
3. O casamento implica em proteção contra a tentação (v. 5). “Não vos priveis
um ao outro”. Nem o marido nem a esposa não devem privar o outro daquilo a que
tem direito. Contudo, às vezes, seria sábio, disse Paulo, praticar a abstenção dos
direitos conjugais normais para a consecução de objetivos espirituais. Nessas ocasiões,
três condições pelo menos devem ser observadas: (1) Haver mútuo consentimento. (2)
Ser por tempo limitado. (3) Ter por objetivo o enriquecimento da vida espiritual.
Deixar de observar as condições, especialmente numa prolongada separação, levaria à
tentação e ao pecado.
Quando Paulo escreveu: “E isto vos digo como concessão”, não quis dizer que
não tinha inspiração divina neste assunto. Simplesmente quis dizer que estava dando
um conselho, não um mandamento. Indicava sua opinião pessoal. As condições
variam de lar para lar; assim, em alguns exemplos, não seria nada sábio para a esposa
79
ou o marido absterem-se por tempo indeterminado por causa das responsabilidades
que tem. Há ocasiões cm que há mais demonstração de graça cristã cuidar das
obrigações do lar do que sair para algum retiro espiritual, se o lar for por isso
negligenciado.
No versículo 7 Paulo declarou sua preferência pela condição de solteiro. Por
causa das dificuldades que os cristãos enfrentavam naqueles dias, sentia que seria
melhor ficar sem casar. Mas de modo nenhum para todos os homens. “Cada um tem
de Deus o seu próprio dom”, ou capacidade de continência. Cada homem deveria
considerar a vontade de Deus para ele.
80
Cônjuges crentes não deveriam separar-se. Não deveria haver divórcio nem
causa para divórcio num lar cristão. Só há um pecado que dissolve o relacionamento
conjugal. “O que Deus juntou, não o separe o homem”.
Sob certas sérias circunstâncias conjugais pode-se conceber que um dos
cônjuges vá embora. Paulo não discriminou as condições mas reconheceu a
possibilidade. Entretanto, tal pessoa continua casada, disse o Apóstolo, e não pode
casar-se com outra.
Um cônjuge cristão não deveria se divorciar do cônjuge incrédulo. Muitos
tinham se casado antes da regeneração pela fé no Senhor Jesus Cristo. Agora tinham
cônjuges incrédulos. Paulo lhes ofereceu seu inspirado conselho: O cônjuge cristão
não devia separar-se do cônjuge incrédulo se este quisesse permanecer ao lado do
outro.
Há uma influência espiritual sobre o lar onde um dos cônjuges é salvo. Por
causa deste, os outros dentro do lar são pelo menos separados (santificados) por
influência especial que vem daquele que conhece o Senhor na graça salvadora.
Se o cônjuge incrédulo deseja dissolver o relacionamento e toma a iniciativa
nessa atitude, o cristão não tem obrigação de evitá-lo. “Que se aparte”, disse Paulo. O
cristão deveria submeter-se em paciência e graça. Não há nenhuma indicação de que o
divórcio ou um novo casamento seja permissível.
Um marido ou esposa cristãos, convertidos depois do casamento, enquanto o
outro cônjuge não se converte, deve se lembrar de que não é mais a mesma pessoa
com a qual o outro se casou. Na qualidade de nova criatura em Cristo, o cristão é
totalmente diferente. À vista disso, seja paciente e ore por aquele que não tem Cristo.
Uma vida assim piedosa pode levar o outro ao Salvador.
1. Você acha que os ministros cristãos teriam mais sucesso como guias
espirituais se não fossem casados?
2. Há vantagens em que os ministros tenham família?
3. É mais espiritual ficar solteiro?
4. Será que Paulo ensina que um cônjuge salvo sempre conseguirá levar o que
não é salvo à Cristo?
81
OBSERVAÇÃO
82
XII
ASSUNTOS REFERENTES AO
CASAMENTO E COSTUMES SOCIAIS
83
Primeira Coríntios 7.17-20 relaciona a ideia da satisfação com diversos setores
da vida. Quando nos tornamos cristãos, não deveríamos ficar insatisfeitos com nossas
presentes circunstâncias. Um pecador realmente recebe uma nova natureza quando se
converte, mas não necessariamente uma nova posição social ou econômica. Deus
deseja cristãos em todos os caminhos honrosos da vida.
Um engenheiro em Iowa foi salvo. Alguém lhe perguntou: “Que diferença fez
tornar-se cristão? Você trabalhava como engenheiro antes e continua trabalhando.
Você não é diferente”. O recém-convertido respondeu: “Ah! Você está enganado.
Antes, eu trabalhava para a firma. Agora trabalho para Deus enquanto trabalho para a
firma”. E o seu bom testemunho era prova disso.
84
desanimada um dia e diz: “Fiz tão pouco para Jesus. Gostaria de ter feito grandes
coisas para Ele. Mas, em lugar disso lavo louças e roupa suja e tiro o pó”.
Há o mesmo número de homens exatamente tão humildes e obscuros que
trabalham em fábricas ou escritórios, ou na lavoura e construções, ou em qualquer
lugar onde têm de trabalhar, que se censuraram, imaginando por que não foram
capazes de fazer coisas mais importantes para o seu Salvador.
Alguns líderes cristãos, parecem até que aumentam o sentimento de indignidade
do trabalho cristão, que não leva o indivíduo para longe da igreja local para o que
geralmente se intitula de “trabalho cristão de tempo integral”.
Quando você, na qualidade de cristão leigo, consagrado e dedicado, é fiel no
lugar onde Deus o colocou, você está servindo. Sua recompensa no céu pode até ser
maior do que a de alguns cujos nomes e obras são mais conhecidos. Deus recompensa
Seus filhos, não de acordo com os padrões humanos, mas de acordo com a qualidade
de nosso trabalho em Sua vinha.
Naturalmente, se Deus chama você para deixar o seu lar e ir a algum outro
campo de trabalho, vá imediatamente.
E, na qualidade de crente, não permaneça executando qualquer tarefa que
transgrida os princípios cristãos. Examine o seu trabalho à luz das palavras de Paulo
quando falhou aos cristãos em Corinto.
Alguns convertidos judeus queriam remover todos os sinais de suas vidas antes
da salvação; isto é, a circuncisão. Outros estavam igualmente convencidos que cada
convertido a Cristo deveria passar pela circuncisão. Aqui Paulo ensinou que aqueles
que eram convertidos como judeus não deviam desprezar sua circuncisão, e os que se
converteram como gentios não deviam sentir necessidade de observar este ritual.
Paulo procurou ajudá-los a encontrar a vontade de Deus para eles.
“Guardar as ordenanças de Deus” (v. 19) é, à primeira vista, uma declaração
estranha. Certamente não significa que a salvação se obtém guardando a Lei, pois isto
seria contrário a outras passagens das Escrituras muito explícitas (Ef. 2.8, 9). Significa
que o ritual não é tão importante como a obediência espiritual.
A palavra “vocação” no versículo 20 refere-se a nossa posição. O princípio da
satisfação toma a ser repetido. Que um homem permaneça na posição em que foi
salvo. Isto se aplicava também àquele que era escravo quando se converteu. Embora a
escravidão não seja ensinada na Bíblia, um homem não deveria ficar impaciente com a
sua situação.
85
No versículo 22 Paulo apresenta seus motivos. O cristão que é escravo é livre no
Senhor, e o convertido livre toma-se escravo do Senhor. No versículo 23 o Apóstolo
dá um passo adiante. Considerando que cada crente foi comprado pelo preço infinito
do sangue de Cristo, já não pertence mais a ninguém além do Senhor. Pode ser
fisicamente escravo, mas nunca no espírito.
E você? Já aceitou a Jesus como seu Salvador no que se refere ao
pecado? Sua Palavra declara que você é um pecador; você
precisa de um Salvador. Deus enviou o Seu Filho, Jesus, para
morrer na cruz como seu Salvador. Creia nEle, e você será um
filho de Deus. Ele o ama e deseja que você seja dele.
Poderia parecer que a questão das virgens era de igual modo umas das perguntas
que a igreja de Corinto incluiu em sua carta a Paulo. Ele respondeu a pergunta mais
detalhadamente aqui.
Os que tinham filhas solteiras deviam dá-las em casamento? As condições que
prevaleciam em Corinto eram tais que alguns achavam que seria errado dar suas filhas
em casamento.
O conselho de Paulo era autorizado? Não tinha mandamento direto do Senhor;
mas como alguém que fora chamado e salvo misericordiosamente e comissionado por
Deus para ser fiel, sentia-se autorizado a dar a sua opinião. Reconhecia que o Espírito
de Deus o estava usando (v. 40).
Os cristãos em Corinto viviam dias de intensa perseguição. “Por causa da
angustiosa situação presente”, dizia Paulo, “considero ser bom” (v. 26). Paulo
aconselhou-os que seria sábio para o homem permanecer solteiro devido à terrível
perseguição. É o mesmo conselho que ofereceu-lhes antes (v. 7) com as mesmas
condições a serem observadas (v. 9).
O versículo 27 é explícito. Leia-o.
No versículo 28 Paulo explicou que se naqueles dias turbulentos um homem
encontrasse companheira que desejasse acima de tudo partilhar a vida com ele, não era
pecado casar. A mesma verdade se aplicava a uma virgem.
Então, por que Paulo advogava que o celibato era preferível? “Tais pessoas (os
casados) sofrerão angústia na carne” (v. 28). A palavra “tais” está no masculino e se
refere a ambos, homens e mulheres.
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Embora haja muitas e ricas compensações no casamento, há também aquilo que
pode ser classificado de “angústia na carne”. O coração de Paulo era cheio de
gentileza; por isso, ele disse: “Eu quisera poupar-vos”.
Paulo olhava para o breve regresso de Cristo. “O tempo se abrevia” (v. 29).
Paulo considerava o tempo que restava antes da vinda de Cristo como curto e assim
deveria afetar a conduta e opinião dos cristãos coríntios. Se a volta era breve nos dias
de Paulo, o que diremos de nós? Se era próximo aquele tempo, certamente está muito
próximo agora.
Os casados não deviam deixar nada interferir no seu serviço prestado a Cristo. À
vista do retorno do Senhor, os valores humanos normais diminuíam e os valores
espirituais se destacavam. O marido não deveria ser menos marido; mas não deveria
permitir que o seu relacionamento humano diminuísse seu amor e serviço prestado a
Cristo.
“Livres de preocupações”. Paulo desejava que os cristãos coríntios vivessem
sem preocupações desnecessárias.
Isto é mais natural na pessoa solteira. Toda a sua energia, tempo e capacidade
podem ser dedicados a Cristo. Mas a pessoa casada tem dupla obrigação. Tem de se
preocupar com “as cousas deste mundo” (v. 33). Isto não se refere ao amor deste
mundo conforme I João 2.15. (Leia o versículo). Antes, significa que um homem
casado deve providenciar pelas exigências materiais normais da vida por causa de sua
família. Não é pecado para o homem casado fazê-lo. Paulo destaca simplesmente o
contraste entre o casado e o solteiro em sua liberdade de servir ao Senhor Jesus Cristo.
O mesmo princípio se aplica à mulher casada e solteira. Aquelas que
escolheram não se casar por amor ao evangelho deveriam ser altamente respeitadas e
não alvo de comentários indelicados e depreciativos. Paulo as respeita. Não
deveríamos fazer o mesmo?
No versículo 35 Paulo insistiu de novo que tinha advogado o que achava ser
bom para eles; mas ele não pretendia “enredá-los”. O casamento era permissível e
totalmente dentro da vontade de Deus; mas ele desejava que eles não fossem
perturbados quando servissem ao Senhor.
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IV. A RESPONSABILIDADE DO PAI CRISTÃO
Esta é uma das mais difíceis porções do capítulo. Leia os versículos 36 a 38 com
cuidado. Lembre-se dos costumes da época quando os pais tinham a responsabilidade
de encontrar o cônjuge para seus filhos. O escritor acha que o seguinte é o que mais se
aproxima do verdadeiro significado da passagem.
“Trata sem decoro a sua filha” significa deixar de tomar providências para o
casamento da filha. Impedir que uma moça se case na idade apropriada poderia ter
resultados desastrosos em uma cidade como Corinto, especialmente se a moça
desejasse casar-se.
“Passar-lhe a flor da idade” significa ultrapassar o estágio do desenvolvimento
completo, além da idade do casamento.
“As circunstâncias o exigem” refere-se àquela capacidade ou incapacidade de
permanecer continente, como Paulo ensinou explicitamente nos versículos 7 e 9.
Se o pai achava que era melhor, considerando todos os fatores, então não devia
impedir que sua filha se casasse.
No versículo 3 Paulo declara novamente que ele preferiria que a virgem não
fosse dada em casamento. “Não tendo necessidade” é a chave à decisão do pai para
impedir que sua filha se case.
Não há nenhum mal se a decisão for diferente.
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Recapitulação
1. Na qualidade de pai cristão você aceitaria igualmente que seu filho fosse um
obreiro solteiro trabalhando para o Senhor ou uma pessoa casada vivendo de
maneira dividida para Ele?
2. Às vezes os missionários de férias falam com um pouco de amargura sobre as
“coisas” que os servos cristãos possuem nos lares. O que você acha disto?
Já considerou...
89
XIII
LIBERDADE CRISTÃ
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Outras coisas estão sempre erradas, não importa o século em que vivemos ou
quais as nossas circunstâncias de vida. Mas nem todos os assuntos relacionados com a
convicção cristã podem ser classificados como absolutamente certos ou absolutamente
errados. Os antecedentes do indivíduo, como também a sua maturidade espiritual, têm
grande influência na sensibilidade de sua consciência. Isto não deve ser entendido que
os padrões morais são relativos e não fixos; sempre é errado mentir, roubar, fornicar,
mais uma dezena de outros pecados.
Mas será sempre errado assistir televisão? Ou será sempre certo? Será sempre
certo ouvir rádio, ou será sempre errado? Algumas coisas são relativas e exigem
sensibilidade espiritual para decisão. Paulo atingiu bem no âmago deste importante
problema quando tratou da liberdade cristã e das motivações do cristão naqueles
setores da vida onde a questão pode não ser absolutamente certa nem absolutamente
errada. Leia a passagem bíblica com todo o cuidado. Gaste algum tempo em oração
antes de prosseguir no seu estudo. Peça a Deus para falar ao seu coração do modo que
Ele achar necessário. Seja como o cristão de Hong-kong que fez a sua profissão de fé:
“Agora estou lendo a minha Bíblia e me comportando de acordo com ela”.
Examine sua vida à luz destas palavras que Deus enviou através de Paulo à
igreja em Corinto.
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Alguns dos cristãos raciocinavam: “Um ídolo não é nada, só um pedaço de
pedra. Nenhum cristão inteligente se preocuparia com um assunto tão corriqueiro”.
Outros tinham a firme convicção de que comer carne oferecida aos ídolos
contrariava totalmente sua recém-descoberta fé cristã.
O que deviam fazer? Decidiriam perguntar a Paulo que os aconselhasse no
assunto. No começo sua resposta pode parecer irrelevante; mas quando avaliamos o
fato dos motivos que pesam em todas as nossas decisões, veremos que sua resposta é
muito pertinente.
“Todos somos senhores do saber”, Paulo declarou. Alguns em Corinto pareciam
considerar o saber como o fator mais importante da fé cristã. Se um cristão tinha
conhecimento, era amadurecido e podia comer qualquer carne sem escândalo, até
mesmo a carne oferecida aos ídolos que se encontrava no Templo. De acordo com eles
o problema era simples para resolver: Adquirir mais conhecimento. Aqueles que
tinham problemas de consciência com qualquer coisa, simplesmente não eram bastante
sábios!
Paulo incluía entre os que tinham conhecimento quando disse “todos”. Isto deve
ter dado um pouco de humildade aos seus leitores. Afinal Paulo era um mestre do mais
alto calibre. Sua conclusão era que o conhecimento era uma base muito instável para
determinar a devida conduta cristã. O conhecimento tende a deixar o seu possuidor
orgulhoso, arrogante e impaciente com os outros.
O conhecimento incha, mas o amor edifica. O conhecimento tem ainda outra
falha. É incompleto por maior que seja; ao mesmo tempo, é totalmente enganador. O
conhecimento é neutro. Não é completamente bom nem completamente mau.
Devidamente usado, o conhecimento pode ser uma grande bênção. Erradamente
usado, pode ser uma terrível maldição. O homem necessita de alguma coisa mais que
o conhecimento. Se ele pensa que atingiu o pináculo do conhecimento, ainda está ao
pé da montanha. Ninguém jamais tem verdadeiro conhecimento se não for humilde.
Não é sábio agir com base no conhecimento. Contudo, Paulo disse: “O amor
edifica”. O verdadeiro amor cristão é o guia mais seguro para a conduta cristã do que o
conhecimento, porque o amor preocupa-se com os outros. A palavra “amor” ou
“caridade” (vs. 1, 2) foi usada na mais nobre forma de amor encontrada na Bíblia. É
um amor profundamente reverente ou piedoso. Foi este amor que enviou o Salvador
da glória celestial às profundezas do pecado e da vergonha para remir o homem
pecador. Este amor não produz orgulho nem assume atitude de superioridade. Busca o
benefício dos outros e deseja a aprovação de Deus.
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Que o holofote do verdadeiro amor cristão brilhe sobre os seus problemas.
“Esse é conhecido por ele” significa simplesmente que o cristão cujas decisões e
atitudes brotam do amor a Deus terá a aprovação de Deus. Por outro lado, o crente que
toma suas decisões com base no conhecimento superior – com pouca preocupação
sobre o quanto uma decisão afeta os outros – não terá o sorriso aprovador de Deus.
Tome suas decisões para Ele com sabedoria e amor.
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III. AS DUAS REAÇÕES
A primeira vista é um pouco difícil ver por que Paulo injetou o versículo 6 na
resposta à pergunta sobre o comer a carne oferecida aos ídolos. A expressão, “para nós
há um só Deus”, refere-se aos cristãos fortes; isto é, aqueles que tinham conhecimento.
Para aqueles que tinham este conhecimento, o comer a carne oferecida aos ídolos era
uma questão de pouca importância. Suas consciências não os incomodavam; portanto,
por que deveriam se preocupar sobre como tal conduta afetava os outros? A liberdade
cristã devia ser prezada mesmo se prejudicasse os outros.
Parece que talvez Paulo incluísse as verdades do versículo 6 bem aqui para
lembrar os cristãos coríntios (e a nós) que, fracos ou fortes, todos nós devemos nossa
existência a Deus, e fazemos parte de uma família espiritual pela graça de Cristo. Na
qualidade de membros da mesma família, tendo o mesmo Pai e o mesmo Salvador,
devemos demonstrar preocupação amorosa por todos os membros da família, fracos
ou fortes. Nenhum homem deveria fazer a sua própria vontade.
Alguns crentes coríntios reagiram aos argumentos dos cristãos mais fortes.
Tinham acabado de sair do paganismo com a idolatria. Achavam difícil libertar-se
daquelas influências ímpias. Para eles comer carne oferecida aos ídolos equivalia à
idolatria. Era um hábito dos adoradores de ídolos e, ainda que não cressem mais nos
ídolos, qualquer associação com eles era repugnante às suas consciências. Ao praticar
algum ato contrário à consciência, a feliz comunhão com Deus era destruída. Era o
que estavam experimentando.
Paulo sabia qual era o significado da genuína liberdade cristã. Comer algum
alimento em particular não era assunto espiritual. Se alguém come, não é mais
espiritual que os outros. Esta liberdade de consciência é para todos os cristãos.
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Somos facilmente influenciados pelas decisões e atos daqueles à nossa volta. O
versículo 10 mostra o poder do exemplo. Um homem que não fica perturbado em sua
consciência quando pratica alguma coisa pode influenciar algum outro irmão a
participar de um ato que contraria a consciência deste. O resultado, Paulo afirmou, é
que o irmão fraco sofre então um desastre espiritual. Isto não significa a perda de sua
alma.
“Pelo qual Cristo morreu” apresenta o exemplo que o crente deve seguir na vida
que levamos diante do mundo e dos irmãos crentes. Cristo em amor deu Sua vida pelo
seu irmão enquanto ainda era pecador. “Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco,pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.
5.8). Como se torna, então, egoísta e nada cristão o indivíduo que exerce sua liberdade
pessoal de um modo que pode prejudicar o companheiro cristão espiritualmente. Pecar
contra um irmão é pecar contra Cristo. Os cristãos são intimamente identificados com
Cristo de modo que machucar um cristão é machucar o Salvador.
É nossa responsabilidade demonstrar uma atitude de altruísmo com referência
ao nosso irmão e irmã em Cristo. Para aqueles setores da conduta cristã que não
podem ser classificados como absolutamente certos ou absolutamente errados, o
versículo 13 oferece a melhor orientação espiritual a ser seguida.
“Carne” inclui todos aqueles setores da vida que, embora sejam legítimos em si
mesmos, sob certas condições podem prejudicar outros membros da família cristã e
toda a causa de Cristo. Simplesmente declarado, Paulo quis dizer que por amor ao
bem-estar espiritual dos outros seria melhor se fôssemos vegetarianos a vida inteira
para que, na satisfação pessoal de comer carne, não prejudicarmos nosso irmão.
Se cada cristão pusesse em prática este princípio Paulino da liberdade cristã,
transformaria cada igreja; e sem dúvida provocaria um reavivamento com muitas
almas salvas. Resolveria uma multidão de problemas que deixam a igreja cristã de
hoje perplexa.
Pegue um papel e lápis. Anote cada ato ou costume que constitui um problema
para você. Examine cada um à luz deste versículo, e dê uma resposta honesta. Se
envolve escolha de divertimentos, ética nos negócios, práticas ou hábitos sociais –
tudo deve ser colocado sob a orientação deste princípio bíblico.
Isto não significa que a liberdade cristã deveria ser sacrificada sobre o altar do
preconceito ou da intolerância, mas antes que cada crente deve evidenciar um desejo –
por amor a Cristo – de caminhar “qualquer distância no autossacrifício, mas nem uma
polegada renunciando a verdade” (W. E. Vine).
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Nosso alvo deveria ser o de viver de tal modo que aqueles que nos veem tenham
consciência de que somos semelhantes a Cristo e que tal semelhança vale a pena ser
imitada.
Seja como Ele, “porque também Cristo não se agradou a si mesmo” (Rm. 15.3).
Recapitulação
“E por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei
carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Co. 8.13).
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