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FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE

Conselho Editorial EAD


Dóris Cristina Gedrat (coordenadora)
Mara Lúcia Machado
Astomiro Romais
André Loureiro Chaves
Andréa Eick
Cátia Duizith

Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil.


Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a
emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por
qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora
da ULBRA.
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punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

I58f Imperatore, Simone Loureiro Brum


Fundamentos da contabilidade. / Simone Loureiro Brum Imperatore.
- Canoas, 2012.
136 p.

1. Contabilidade - fundamentos. I. Título.

CDU 657

Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero - ULBRA/Canoas

ISBN 978-85-7528-460-5
Editoração: Rodrigo Saldanha de Abreu
Supervisão de Impressão Gráfica: Edison Wolf
Gráfica da ULBRA

Dados técnicos do livro


Fontes: Palatino Linotype, Franklin Gothic Demi Cond
Papel: offset 90g (miolo) e supremo 240g (capa)
Medidas: 15x22cm
APRESENTAÇÃO

O conteúdo desta obra foi desenvolvido especialmente para você, acadêmico da


ULBRA, com uma linguagem fácil e acessível.

A sequência das seções foi estruturada de forma a tornar o estudo interessante:

• No capítulo 1, você estudará a base conceitual da Contabilidade, estudo


importantíssimo para darmos nossos primeiros passos;
• No capítulo 2, apresentam-se os fundamentos científicos da ciência contábil,
ou seja, os princípios e convenções contábeis;

• No capítulo 3, por sua vez, temos o estudo introdutório aos relatórios


contábeis;

• Na sequência, nos capítulos 4 e 5, aprofundamos o estudo acerca do Balanço


Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE;
• No capítulo 6, temos a introdução ao ciclo contábil, com ênfase no Plano de
Contas e livros contábeis;

• Os capítulos 7, 8 e 9 aprofundam as etapas do ciclo contábil, de forma a


proporcionar-lhe uma visão sistêmica de como se concretiza o fluxo de
informações na Contabilidade de forma a se concretizar em instrumento
para a tomada de decisões.

Para facilitar a compreensão dos conteúdos, em cada capítulo você encontrará


exercícios, atividades de pesquisa e indicação de leituras complementares. Boa
leitura!
SOBRE O AUTOR

Simone Loureiro Brum Imperatore

É graduada em Ciências Contábeis, especialista em Controladoria pela Universidade


Regional Integrada (URI/RS) com a temática “Sistemas de informação com foco
no CRM” e mestra em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa
Cruz do Sul (Unisc/RS) com aprofundamento do tema “Lei de Responsabilidade
Fiscal: estudo da execução orçamentária nos municípios da Região Metropolitana
de Porto Alegre no período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em qualificação
e gestão pública e privada e - além de ser docente na Universidade Luterana do
Brasil (ULBRA) nos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas
- é diretora de Consultoria em Projetos e Gestão Públicos e Privados (PGPP),
instituição onde responde pelos programas de Planejamento Estratégico, Políticas e
Estratégias Gerenciais e Desenvolvimento Regional.
Sumário

1 A Contabilidade ................................................................................................. 9
1.1 Conceito de Contabilidade ........................................................................... 10
1.2 Objeto, objetivos e finalidade da Contabilidade ................................................ 10
1.3 Técnicas utilizadas pela Contabilidade para atingir seus objetivos ........................ 11
1.4 Patrimônio ............................................................................................... 12
1.5 Patrimônio Líquido ..................................................................................... 14
1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio .............................................. 18
1.7 Investimentos patrimoniais e as origens de recursos ......................................... 18
Exercícios..................................................................................................... 21
2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA Contabilidade ................................................ 27
2.1 Princípios Fundamentais de Contabilidade ...................................................... 27
2.2 Convenções Contábeis ............................................................................... 31
2.3 Regimes Contábeis.................................................................................... 33
Exercícios..................................................................................................... 36
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS........................................................................ 39
3.1 O processo decisório .................................................................................. 39
3.2 Conceito de relatório contábil ....................................................................... 41
3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias.......................................................... 41
3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias ..................................................... 46
Exercícios..................................................................................................... 47
4 BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................... 53
4.1 O que é Balanço Patrimonial? ...................................................................... 53
4.2 Os grupos de contas do Balanço Patrimonial ................................................... 54
4.3 Principais deduções do Ativo e do Patrimônio Líquido ....................................... 60
4.4 Investimentos patrimoniais e as origens de recursos ......................................... 63
Exercícios..................................................................................................... 66
8

5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)................................... 73


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5.1 Receitas e despesas ................................................................................... 73


5.2 Despesa e custo ........................................................................................ 75
5.3 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ................................................ 75
5.4 Reservas .................................................................................................. 81
5.5 DRE Inovada............................................................................................. 82
Exercícios...................................................................................................... 84
6 CICLO CONTÁBIL: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................................... 89
6.1 Plano de Contas......................................................................................... 90
6.2 Sistemas contábeis ..................................................................................... 94
6.3 Livros de escrituração.................................................................................. 94
6.4 Método de escrituração ................................................................................ 96
6.5 Balancete de Verificação .............................................................................. 97
Exercícios.................................................................................................... 100
7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL .......................................................................... 101
7.1 Conceito de Escrituração ............................................................................ 101
7.2 Lançamento ............................................................................................ 102
7.3 Erros de escrituração ................................................................................ 109
Exercícios.................................................................................................... 113
8 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO .................................................. 119
8.1 Conceito................................................................................................. 120
8.2 Exemplo prático ....................................................................................... 120
Exercícios.................................................................................................... 125
9 INVENTÁRIO............................................................................................... 129
9.1 Classificação do inventário.......................................................................... 129
9.2 Fases do inventário ................................................................................... 130
9.3 Critérios de avaliação dos ativos .................................................................. 132
9.4 Critérios de avaliação de passivos ................................................................ 134
Exercícios.................................................................................................... 135
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 136
1 A Contabilidade

Simone Loureiro Brum Imperatore

A Contabilidade é tão antiga quanto a civilização e está ligada à necessidade social


de proteção à posse, ao controle e à interpretação das variações patrimoniais. Desde
os primórdios da história da humanidade observa-se o homem inventariando (de
forma bem rudimentar) seu rebanho. Com a evolução da agricultura, do comércio
e, na sequência, da industrialização, foram pensadas e estudadas as várias formas
de registrar os fatos contábeis que ocorriam na gestão patrimonial, formatando-se
relatórios que evidenciassem o resultado dessa gestão.

Sua evolução deu-se de forma gradativa, e, hoje, a Contabilidade é tida como a


linguagem dos negócios, uma bússola que orienta os gestores (públicos e privados)
na tomada de decisão. Seu estudo parte do entendimento e da apreensão de sua
base conceitual. O objetivo deste capítulo é darmos nossos primeiros passos (de
mãos dadas, não se preocupe) para que você vá descobrindo a ciência contábil e
vendo o quanto ela faz parte da sua vida.

E, partindo-se da máxima de que “ninguém ama o que não conhece”, vamos


conhecê-la melhor. Tenho certeza de que você vai se surpreender...
Neste primeiro capítulo, estudaremos:

• conceito de Contabilidade;

• usuários;
• objeto, objetivos e finalidade da Contabilidade;

• técnicas contábeis;

• Patrimônio Líquido;
• aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio;

• investimentos patrimoniais e fontes de recursos.


10

1.1 Conceito de Contabilidade


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A Contabilidade é uma ciência social, um sistema de informação e avaliação


destinado a prover seus usuários com relatórios, demonstrações e análises de
natureza econômico-financeira da empresa em determinado momento e sua
evolução em determinado período.
Há na literatura alguns conceitos de Contabilidade. Para Marion, a “ciência contábil
é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de
decisões dentro e fora da empresa”. Já segundo Ribeiro, a “Contabilidade é uma
ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do
patrimônio da empresa”. De acordo com Franco, Contabilidade é “a ciência (ou
a técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos
no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e
a revelação destes fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição
do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da
riqueza patrimonial”.

A partir dos conceitos apresentados, fica compreendido o motivo do estudo da


Contabilidade: você (enquanto gestor, gerente, investidor, funcionário, fornecedor,
cidadão ou analista) necessita de informações que demonstrem a situação da
empresa (e de seu patrimônio). Através da Contabilidade torna-se possível coletar,
processar e estruturar essas informações.
Também é necessária a deposição de preconceitos, como o senso comum de que a
Contabilidade somente atende às exigências do governo (fisco); muito além disso,
ela é feita para auxiliá-lo na tomada de decisão através de um fluxo contínuo de
informações sobre os mais variados aspectos da gestão econômico-financeira da
empresa.

Ora, se a Contabilidade é um sistema de informação, quem são os usuários


desse sistema? Conforme destaca Marion, “são as pessoas que se utilizam
da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na
Contabilidade as suas respostas”. É óbvio que não só os administradores se
utilizam da Contabilidade, vamos citar outros usuários: investidores, fornecedores,
bancos, governo, sindicatos, empregados, concorrentes, analistas, órgãos públicos
e consultores.

1.2 Objeto, objetivos e finalidade da Contabilidade


O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Na Contabilidade, o
objeto de estudo é o patrimônio de uma entidade.

No que se refere aos objetivos da Contabilidade, ressaltamos:


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• apresentar corretamente o patrimônio;

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• apreender e analisar as causas das suas mutações (mudanças);
• prover os diferentes usuários com informações sobre aspectos de natureza
econômica, financeira e física do patrimônio (registros, diagnósticos,
demonstrações, análises, prognósticos, relatos, pareceres, planilhas, entre
outros).
Sua finalidade, segundo Ribeiro, é permitir o estudo e o controle dos fatos
decorrentes da gestão do patrimônio das entidades econômico administrativas.
Entende-se como entidades econômico-administrativas as organizações que reúnem
pessoas, patrimônio, titular, capital, ação administrativa e fim determinado, e que
são classificadas como:

• entidades com fins econômicos (empresas comerciais, agrícolas, industriais);


• entidades com fins socioeconômicos (associações de classe, clubes sociais, ONGs,
cooperativas, etc.);
• entidades com fins sociais (União, estados, municípios).

1.3 Técnicas utilizadas pela Contabilidade para atingir seus


objetivos
Os meios utilizados pela Contabilidade para atingir seus objetivos compreendem
o conjunto de técnicas denominadas de técnicas contábeis, quais sejam:

Escrituração - registro em livros próprios (Diário Razão, Caixa, Contas Correntes)


de todos os fatos administrativos que ocorrem no dia a dia das empresas.
Demonstrações Contábeis - confecção de quadros técnicos que apresentam dados
extraídos dos registros contábeis das empresas. As mais importantes são o
Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que
estudaremos mais adiante;

Auditoria e Perícia - verificação da exatidão dos dados contidos nas demonstrações


contábeis, através de um exame minucioso dos registros e dos documentos que
deram origem a esses registros;

Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis - exame e interpretação


dos dados contidos nas demonstrações contábeis, transformando estes dados em
informações (indicadores) úteis para os diversos usuários da Contabilidade.
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1.4 Patrimônio
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Se o objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio, precisamos conceituá-lo


para darmos prosseguimento ao nosso estudo.
O termo patrimônio significa o conjunto de bens de uma pessoa (pessoa física) ou
de uma empresa (pessoa jurídica). Compõe-se também de direitos (valores a
receber) e de obrigações (valores a pagar).

Assim, patrimônio significa, de um lado, o conjunto de bens e direitos pertencente


a uma pessoa ou empresa; e, de outro, inclui as obrigações a serem pagas, o que é
representado a seguir.

PATRIMÔNIO (de uma pessoa ou empresa)

Bens
Obrigações (valores a pagar)
Direitos (valores a receber)

1.4.1 Bens
Segundo Ribeiro, bens são as coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas,
suscetíveis de avaliação econômica. Sob o ponto de vista contábil, podemos definir
como bem tudo aquilo que a empresa possui para venda, troca ou consumo. Por
exemplo:
• bens de uso: balcões, prateleiras, computadores, impressora fiscal;
• bens de troca: mercadorias, dinheiro, etc.;
• bens de consumo: material de expediente (embalagens, bobinas, cartuchos, A4,
etc.), material de limpeza, etc.
Os bens podem, ainda, ser classificados em tangíveis e intangíveis:
a. Bens tangíveis (também chamados de bens materiais): possuem corpo, matéria
física, são palpáveis. Exs.: veículos, imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro,
móveis e utensílios (móveis do escritório), ferramentas, etc.

b. Bens intangíveis (imateriais): não têm matéria, não são palpáveis. Por exemplo:
marcas, patentes de invenção, benfeitorias em imóveis de terceiros, “ponto”,
gastos de organização, etc.
Em relação aos bens tangíveis, podem ser classificados em móveis e imóveis como
segue:

• Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados
sem destruição ou danos. Por exemplo: edifícios, construções, etc.
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• Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos. Por exemplo: máquinas,

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equipamentos, veículos, equipamentos, estoques de mercadorias, etc.

1.4.2 Direitos
Segundo Ribeiro, constituem direitos para a empresa todos os valores que ela tem
a receber, a recuperar, a restituir. Esses direitos são registrados nos livros contábeis
da empresa, seguido da expressão a receber. Em relação às empresas, o direito
mais comum decorre de vendas a prazo, o pagamento não é feito no ato, mas no
futuro, o qual se denomina clientes, duplicatas a receber, títulos a receber, contas
a receber, etc. Outros direitos: aluguéis a receber, promissórias a receber, banco
conta movimento (depósitos), impostos a restituir ou a recuperar, etc.

Bens e direitos são representados como componentes positivos do patrimônio,


dinâmicos, que produzem ganho para a empresa, daí estarem representados no
grupo patrimonial ATIVO.

1.4.3 Obrigações
São dívidas com outras pessoas e ou empresas. Em Contabilidade, tais dívidas
são denominadas exigíveis (pagamento na data do vencimento). São obrigações
exigíveis: salários a pagar, impostos a pagar, encargos sociais a recolher, aluguéis
a pagar, contas a pagar, fornecedores, empréstimos bancários, etc.

Obrigações são representadas como componentes patrimoniais negativos,


representando capitais de terceiros investidos na empresa, daí estarem
representados no grupo patrimonial PASSIVO. Esses recursos, por sua vez, provêm
de duas fontes:

a. débitos de funcionamento: obrigações que surgem em decorrência da gestão


normal da empresa. Por exemplo: fornecedores, obrigações fiscais, trabalhistas,
etc.;
b. débitos de financiamento: recursos obtidos pela empresa mediante terceiros
em forma de empréstimos.

Observe que os direitos e obrigações são fáceis de se reconhecer:


Direitos - são seguidos da expressão a receber, a recuperar, a restituir;
Obrigações - são seguidos da expressão a pagar, a recolher.
Mas, preste atenção: Clientes (direito) e Fornecedores (obrigação) são exceções a essa
regra.
Da mesma forma que os compromissos que a empresa tem com entidades governamentais
(impostos e encargos sociais, por exemplo) poderão ser contabilizados com a expressão a
pagar
ou a recolher.
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1.4.4 Representação gráfica do Patrimônio


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Na representação gráfica patrimonial, colocamos no lado esquerdo os bens e direitos e


no lado direito as obrigações. Trata-se de uma convenção contábil, conforme é
demonstrado a seguir:

BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES

Bens
Dinheiro
Obrigações
Mercadorias em estoque
Empréstimos a pagar
Veículos
Salários a pagar
Imóveis
Fornecedores (duplicatas a
Máquinas
pagar)
Ferramentas
Financiamentos
Móveis e utensílios
Impostos a pagar
Marcas e patentes
Encargos sociais a recolher
Direitos
Aluguéis a pagar
Depósitos em bancos - Banco
Títulos a pagar
Conta Movimento
Promissórias a pagar
Clientes (duplicatas a receber)
Contas a pagar
Títulos a receber
Aluguéis a receber
Ações
Aplicações Financeiras

Outra convenção é chamar o lado positivo de Ativo (bens + direitos) e o lado


negativo de Passivo (obrigações):

Cia dos Doces


(Valores em R$)

ATIVO PASSIVO
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS

Bens 1.950 Obrigações 4.450

Direitos 2.800

Total 4.750 Total 4.450

1.5 Patrimônio Líquido


Definimos como Patrimônio Líquido (PL) a diferença entre os bens e direitos e
as obrigações de uma entidade, em determinado momento. Assim, é possível
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apurar a riqueza líquida da empresa, também denominada Patrimônio Líquido

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ou situação líquida.
Por exemplo, tomando-se os dados do quadro anterior, temos:

PL = (total dos bens + direitos) - obrigações


PL = 4.750 - 4.450 = 300
O quadro a seguir indica que, se a Cia dos Doces recebesse todos os seus direitos e
vendesse todos os seus bens, daria para pagar suas dívidas e sobraria R$ 300,00, o
que corresponde ao seu Patrimônio Líquido.

Cia dos Doces


(Valores em R$)

ATIVO PASSIVO

Bens 1.950 Obrigações 4.450

Direitos 2.800 Patrimônio Líquido 300

Total 4.750 Total 4.750

Como podemos observar na representação gráfica patrimonial da Cia dos Doces, o


Patrimônio Líquido está representado junto com as obrigações (Passivo). O correto,
então, seria chamar a coluna da direita como Passivo e Patrimônio Líquido, tendo em
vista que ele completa a equação patrimonial. No Brasil, entretanto, convencionou-
se chamá-la apenas de Passivo.

1.5.1 Situações líquidas patrimoniais


Os elementos patrimoniais equacionados poderão apresentar três situações líquidas
patrimoniais diferentes:

• situação líquida patrimonial ativa, positiva ou superavitária;

• situação líquida patrimonial passiva, negativa ou deficitária;


• situação líquida patrimonial nula, compensada ou inexistente.

Para compreender cada situação, observe os exemplos apresentados nos quadros


a seguir:
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Situação líquida patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA (valores


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em R$):

ATIVO PASSIVO

Bens 100 Obrigações 80

Direitos 30 Situação líquida 50

Total 130 Total 130

Este balanço evidencia uma situação em que o total do Ativo (bens + direitos = 130)
é maior que o total do Passivo (obrigações = 80), configurando-se uma situação
líquida ativa, positiva ou superavitária (= 50). Suponha que se deseje liquidar a
empresa nesse momento, realizando-se todos os direitos, vendendo-se todos os
bens e quitando-se as obrigações, ainda sobraria para os sócios da empresa o valor
de R$ 50,00.
Situação líquida patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA (valores
em R$):

ATIVO PASSIVO

Bens 100 Obrigações 180

Direitos 20 (-) Situação líquida (60)

Total 120 Total 120

Neste balanço, verificamos que o total das obrigações (R$ 180,00) é maior do que
a soma dos bens e dos direitos (R$ 120,00), configurando-se uma situação passiva,
negativa ou deficitária (-R$ 60,00). Se a empresa for liquidada nesse momento, o
valor referente à realização dos direitos e da venda dos bens será insuficiente para
a quitação das obrigações, e faltaria R$ 60,00 para cobrirmos o total do Passivo
(obrigações). Essa situação é conhecida como PASSIVO A DESCOBERTO, porque
o total do Ativo não é suficiente para cobrir o total do Passivo.
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Situação líquida patrimonial NULA, COMPENSADA ou INEXISTENTE (valores

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em R$):

ATIVO PASSIVO

Bens 100 Obrigações 120

Direitos 20 Situação líquida 0

Total 120 Total 120

No balanço apresentado, verificamos que a soma de bens e direitos é igual ao


total das obrigações (R$ 120,00), tratando-se de uma situação nula ou inexistente.
Se liquidarmos a empresa nesse momento, o montante apurado com a venda dos
bens e o recebimento dos direitos será usado para cobrir apenas as obrigações, não
restando nada para os sócios.
Nas três situações líquidas apresentadas, ATIVA, PASSIVA e NULA, Ativo e Passivo
sempre são maiores do que zero. Em raras ocasiões, eles podem ser iguais a zero.
Nesse caso teremos duas possibilidades, conforme exemplificado nos quadros
que seguem.

O Passivo é igual a zero (valores em R$):

ATIVO PASSIVO

Bens 100 Obrigações 0

Direitos 20 Situação líquida 120

Total 120 Total 120

A constituição da empresa é um dos momentos em que a situação ilustrada pelo


balanço acima poderá ocorrer, caracterizando uma situação líquida patrimonial
ativa, positiva ou superavitária.

O Ativo é igual a zero (valores em R$):

ATIVO PASSIVO

Bens 0 Obrigações 40

Direitos 0 Situação líquida (40)

Total 0 Total 0
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O encerramento das atividades da empresa é um dos momentos em que a situação


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exemplificada poderá ocorrer, configurando-se uma situação patrimonial passiva,


negativa ou deficitária.

1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio


Todos os relatórios elaborados a partir da Contabilidade e de sua escrituração
devem ressaltar dois aspectos:

a. Qualitativo: consiste em qualificar, nominar os elementos componentes do


respectivo relatório, permitindo que se conheça a natureza de cada um (o
quê).
b. Quantitativo: consiste em atribuir aos respectivos elementos seus valores em
moeda (R$).

As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicadas a uma


empresa, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as tendências desta com
o menor grau de dificuldade possível. Devem, portanto, permitir ao usuário:

• observar e avaliar o comportamento;


• comparar seus resultados com o de outros períodos e/ou empresas;

• avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos;

• obter subsídios para o planejamento das operações da empresa.

1.7 Investimentos patrimoniais e as origens de recursos


Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo Passivo e pelo
Patrimônio Líquido (PL). Os recursos (financeiros ou materiais) são originados
dos proprietários (ingresso de recursos e reinvestimento de lucros), fornecedores
(vendas a prazo), governo (impostos e encargos a pagar), bancos e financeiras
(empréstimos, financiamentos, adiantamentos de recebíveis, etc.), representando
origens de recursos. Através do PASSIVO e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto,
identificam-se as ORIGENS DE RECURSOS investidos na empresa.

O ATIVO, por sua vez, evidencia todas as APLICAÇÕES DE RECURSOS: aplicação


no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis, etc. A empresa só pode aplicar
(Ativo) aquilo que tem origem (Passivo e Patrimônio Líquido); dessa forma, fica
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bastante simples entender por que o Ativo será sempre igual ao Passivo (recursos

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de terceiros) mais o Patrimônio Líquido (recursos próprios representados pelo
capital social, reservas, lucros, outros).

Figura 1.1 - Origens e aplicações de recursos

Fonte: adaptado de Marion, 2006, p.56.

Sem dúvida, as principais origens de recursos para a empresa são o capitala investido
pelos sócios e o lucro obtido no negócio (PL), lembrando que o lucro obtido pela
empresa não pertence a ela, mas a seus proprietários (sócios ou acionistas), pois
são eles que assumem o risco do negócio. O lucro é, portanto, a remuneração do
capital investido na empresa pelos proprietários, o qual é adicionado à conta do
proprietário, ou seja, no Patrimônio Líquido.

Empréstimos, financiamentos, factoring, crédito direto ao consumidor, ações,


debêntures, incentivos fiscais, etc. constituem outras fontes de recursos importantes
para a empresa (capitais de terceiros).

Ponto final
Conhecer a base conceitual da Contabilidade - conceito, usuários, objeto, objetivos,
finalidade, Patrimônio Líquido, aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio,
investimentos patrimoniais e fontes de recursos - é muito importante para que o
estudante possa compreender conceitos mais complexos que são exigidos no seu
dia a dia. A seguir, um breve resumo dos tópicos abordados:

a O termo capital significa “recursos”. Capital próprio significa “recursos dos proprietários” (sócios ou
acionistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por outro lado, significa “recursos de outras
pessoas” aplicados na empresa (fornecedores, bancos, etc.).
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ULBRA - Educação a Distância

Contabilidade: ciência social que estuda o patrimônio das entidades, fornecendo


informações para a tomada de decisão.

Patrimônio: objeto de estudo da Contabilidade, consiste no conjunto de bens, direitos


e obrigações pertencentes a uma pessoa física e/ou jurídica.

Bens: do ponto de vista contábil, significa os itens de que dispõe a empresa ou


entidade para a obtenção de seus fins. Em outras palavras, bem é tudo aquilo que a
empresa possui para venda, troca ou consumo. Pode ser tangível e intangível, móvel
ou imóvel.

Direitos: representam o valor da dívida de terceiros para com a empresa; o poder de


exigir alguma coisa (ou ter em “haver”): valores a receber, contas a receber, títulos
a receber, etc. Junto com os bens, formam a parte positiva do patrimônio e estão
representadas no Ativo.

Obrigações: dívidas exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos


(pagamento na data do vencimento): duplicatas a pagar (ou fornecedores), títulos a
pagar, impostos a pagar, financiamentos a pagar, etc. Estão representadas no Passivo.

Ativo: grupo patrimonial que representa os investimentos ou aplicações do patrimônio


ou do capital das empresas; conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa;
são os itens positivos do patrimônio, trazem benefícios, proporcionam ganho para a
empresa (representam a aplicação dos recursos).

Passivo: grupo patrimonial que representa as fontes dos valores aplicados no


Ativo; obrigações exigíveis da empresa, ou seja, dívidas que serão cobradas em seus
respectivos vencimentos. Representa a parte negativa do patrimônio (representa, junto
com o Patrimônio Líquido, a origem dos recursos da empresa).

Patrimônio Líquido: valor resultante da diferença entre os valores do Ativo e as


dívidas da empresa; riqueza líquida da empresa, composta pela diferença entre os bens
e direitos (Ativo) e suas obrigações exigíveis (Passivo), em determinado momento.
Também chamado de situação líquida patrimonial.

Situação líquida patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA: situação em


que a soma dos bens e direitos é maior do que a soma das obrigações.

Situação líquida patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA: situação em


que a soma dos bens e direitos é menor do que a soma das obrigações.

Situação líquida patrimonial NULA, INEXISTENTE ou COMPENSADA: situação


em que a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações.

Aspecto qualitativo do patrimônio: natureza dos itens que compõem o patrimônio


(o quê).

Aspecto quantitativo do patrimônio: avaliação monetária dos itens patrimoniais


(quanto).
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Referências

ULBRA - Educação a Distância


Livros-base utilizados neste capítulo:
Contabilidade Básica - José Carlos Marion - Ed. Atlas.

Contabilidade Fácil - Osni Moura Ribeiro - Ed. Saraiva.

Curso de Contabilidade para não contadores - Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
- Ed. Atlas.
Nestas obras encontraremos um estudo introdutório, base da ciência contábil, bem
como exercícios que nos ajudam a compreendê-la melhor.

Como leitura complementar, sugerimos a leitura do artigo “A História da


Contabilidade” disponível em <http://www.portaldeContabilidade.com.br/
tematicas/ historia.htm>.

Exercícios
1) Com suas palavras, conceitue Contabilidade.
2) Classifique os elementos em Bem, Direito ou Obrigação, Ativo ou Passivo:

BEM, DIREITO OU
ELEMENTO ATIVO OU PASSIVO
OBRIGAÇÃO

Computador Bem Ativo

Duplicatas a Receber

Impostos a Recolher

Caixa (ou dinheiro)

Clientes

Salários a Pagar

Empréstimos a Pagar

Fornecedores

Mercadorias em Estoque

Veículo

Aluguéis a Pagar
22

3) Escolha a alternativa correta:


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O objeto da Contabilidade é:

a) o Balanço Patrimonial.
b) a escrituração.

c) o patrimônio.

d) os fatos administrativos.

4) São usuários da Contabilidade:

a) Administradores e sindicatos.
b) Fornecedores e bancos.

c) Governo e investidores.

d) Todas as alternativas anteriores.

5) Constituem objetivos da Contabilidade:

a) Apresentar corretamente o patrimônio.


b) Evidenciar e analisar as mutações patrimoniais.

c) Prover os diferentes usuários com informações sobre aspectos de natureza


econômica, financeira e física do patrimônio (registros, diagnósticos,
demonstrações, análises, prognósticos, relatos, pareceres, planilhas,
outros).

d) Todas as alternativas estão corretas.

6) A finalidade da Contabilidade é:

a) o patrimônio.
b) permitir o estudo e o controle do patrimônio.

c) registrar os fatos administrativos visando à elaboração do Balanço


Patrimonial.
d) verificar a autenticidade das operações.
23

7) São técnicas contábeis:

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a) Auditoria, princípios contábeis, atos administrativos e escrituração.
b) Balanço Patrimonial, DRE, Patrimônio Líquido e Análise de Balanços.
c) Escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e perícia, análise das
demonstrações contábeis.

d) Escrituração, demonstrações contábeis, atos administrativos e Balanço


Patrimonial.

8) Identifique a alternativa que contém o conceito mais correto de patrimônio:

a) Conjunto de bens e direitos.

b) Conjunto de direitos e obrigações.


c) Conjunto de bens e obrigações.

d) Conjunto de bens, direitos e obrigações, avaliado em moeda e pertencente


a uma pessoa ou empresa.

9) Enquanto o aspecto qualitativo do patrimônio refere-se à espécie de cada


elemento que o compõe, o aspecto quantitativo refere-se:

a) à quantidade física dos bens e dos direitos.

b) aos valores em moeda dos componentes do patrimônio.


c) à quantidade de estoques existentes.

d) ao total dos valores existentes em caixa.

10) A diferença entre Ativo (bens e direitos) e Passivo (obrigações) denomina-se:

a) situação líquida patrimonial.

b) Balanço Patrimonial.
c) situação líquida patrimonial positiva.

d) situação líquida patrimonial negativa.


24

11) A situação líquida em que o Ativo é menor que o Passivo chama-se:


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a) situação líquida nula.


b) situação líquida passiva.
c) situação líquida positiva.

d) situação líquida superavitária.

12) A equação Ativo maior que Passivo evidencia:

a) situação líquida passiva.

b) situação líquida nula.


c) situação líquida negativa.

d) situação líquida superavitária.

13) A equação Ativo igual a Passivo chama-se:

a) situação líquida passiva.

b) situação líquida nula.


c) situação líquida negativa.

d) situação líquida superavitária.

14) Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo Passivo e pelo
Patrimônio Líquido (PL). São recursos de terceiros (Passivo):

a) Fornecedores.

b) Impostos a recolher.
c) Empréstimos a pagar.

d) a, b e c estão corretas.

15) Constituem recursos próprios aplicados na empresa:


a) Capital, reservas e lucros acumulados.

b) Fornecedores, empréstimos e capital social.


25

c) Fornecedores, impostos a recolher e empréstimos a pagar.

ULBRA - Educação a Distância


d) Capital social.

Gabarito:
1) Leia com atenção os conceitos apresentados no texto e formule o seu conceito
de Contabilidade.

2) Classifique os elementos em Bem, Direito ou Obrigação, Ativo ou Passivo:

BEM, DIREITO OU ATIVO OU


ELEMENTO
OBRIGAÇÃO PASSIVO

Computador Bem Ativo

Duplicatas a Receber Direito Ativo

Impostos a Recolher Obrigação Passivo

Caixa (ou dinheiro) Bem Ativo

Clientes Direito (o mesmo que Ativo


Duplicatas a Receber)

Salários a Pagar Obrigação Passivo

Empréstimos a Pagar Obrigação Passivo

Fornecedores Obrigação (o mesmo que Passivo


Duplicatas a Pagar)

Mercadorias em Estoque Bem Ativo

Veículo Bem Ativo

Aluguéis a Pagar Obrigação Passivo

3) c; 4) d; 5) d; 6) b; 7) c; 8) d; 9) b; 10) a; 11) b; 12) d; 13) b; 14) d; 15) a.


2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS
DA Contabilidade

Simone Loureiro Brum Imperatore

Existem regras de aplicação geral que orientam a prática do profissional contábil


no exercício de sua atividade. Tais regras, conceitos ou princípios, segundo Marion
(2003), visam a um tratamento contábil padronizado e servem como guias para
a auditoria examinar a qualidade dos relatórios contábeis. No presente capítulo,
estudaremos:

• os Princípios Fundamentais de Contabilidade;

• as Convenções Contábeis;
• os Regimes Contábeis.

2.1 Princípios Fundamentais de Contabilidade


A Contabilidade tem um conjunto de regras que pode ser chamado de Estrutura
Básica da Contabilidade. Ao pensarmos em estrutura, podemos relacionar a
um prédio com alicerces, paredes e telhado. A parte mais importante do prédio
é o alicerce, as colunas, os pilares que sustentam os demais componentes da
construção.

Os princípios são, portanto, a forma, o meio e a estrutura de que a Contabilidade


se utiliza para chegar a seus objetivos ou, às vezes, para compreender a prática
contábil. Em outras palavras, são como placas de direção, são guias que “sinalizam”
a direção do trabalho do contador.
A Resolução do CFC nº 750/93 dispõe sobre os Princípios Fundamentais de
Contabilidade e é composta dos seguintes princípios:

a. Princípio da Entidade;

b. Princípio da Continuidade;
28

c. Princípio da Oportunidade;
ULBRA - Educação a Distância

d. Princípio do Registro pelo Valor Original;


e. Princípio da Atualização Monetária;
f. Princípio da Competência;

g. Princípio da Prudência.
O estudo destes princípios é de extrema importância para a execução de trabalhos
que envolvam a Contabilidade, pois todas as empresas que sofreram algum tipo
de autuação certamente deixaram de obedecer a um ou mais dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.

2.1.1 Princípio da Entidade


O Princípio da Entidade faz referência ao patrimônio que será administrado,
estudado, avaliado, constituindo-se em elemento autônomo em relação aos
detentores do capital aplicado nesse mesmo patrimônio, e, como se diz com
frequência, o patrimônio dos sócios não se confunde com o da empresa
(entidade).

Reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade, afirma a autonomia


patrimonial, a necessidade de diferenciação de um patrimônio particular no
universo dos patrimônios existentes. É por este motivo que a Receita Federal solicita
aos contribuintes duas declarações de renda: uma da pessoa física e outra da pessoa
jurídica. Desse primeiro conceito deduz-se que a Contabilidade é mantida para a
entidade como pessoa distinta de seus sócios.

A moderna teoria contábil amplia o conceito do Princípio da Entidade num sentido


econômico, organizacional e de controle. Evidencia que não há necessidade de
apego tão somente à conotação jurídica (pessoa física/pessoa jurídica) para
identificar-se uma entidade contábil, admitindo a ideia da formação de entidades
nos sentidos macro (consolidado) e micro (divisões da empresa).
Assim, pode-se afirmar que, para a Contabilidade, qualquer indivíduo, empresa,
grupo de empresas, setor ou divisão, desde que efetue atividade econômica, e que
seja tão importante, a critério dos stakeholders (segmentos de pessoas interessadas
como acionistas, credores, empregados, governo, etc.), que justifique um relatório
separado e individualizado de receitas e despesas, de investimentos e de retornos,
de metas e realizações, pode tornar-se uma ENTIDADE CONTÁBIL.

O conceito de entidade contábil, portanto, pode incluir o conceito jurídico (CNPJ/CPF),


uma divisão da empresa ou uma superempresa, tal como a consolidação de várias firmas
correlacionadas. A escolha da entidade contábil apropriada, em cada caso, depende dos
objetivos dos demonstrativos e dos interesses dos usuários da informação.
29

2.1.2 Princípio da Continuidade

ULBRA - Educação a Distância


Os procedimentos contábeis devem considerar a continuidade dos negócios da
entidade, uma vez que esses negócios se renovam por meio de seu ciclo de operações
e investimentos. Esse segundo pilar é baseado no pressuposto de que a empresa é
algo em andamento, em continuidade, que funcionará por prazo indeterminado,
até forte evidência em contrário (prejuízos sucessivos por exemplo).

Saliente-se que os princípios da ENTIDADE e da CONTINUIDADE constituem


os alicerces sobre os quais se baseia o edifício dos conceitos contábeis. De forma
combinada, poderíamos afirmar:

A Contabilidade é mantida para as entidades como pessoas distintas dos sócios que as
integram e que, se supõe, continuarão operando por um período indefinido de tempo.

Os demais princípios constituem as paredes e a cobertura da construção contábil.


Vamos a eles:

2.1.3 Princípio da Oportunidade


A integridade dos registros é de fundamental importância para a análise dos
elementos patrimoniais, pois todos os fatos contábeis devem ser registrados,
incluindo os das filiais, sucursais e demais dependências de uma mesma
entidade.

Este princípio tem muito a ver com o da tempestividade, pois implica registrar os
fatos contábeis quando eles acontecem.

2.1.4 Princípio do Registro pelo Valor Original


Este princípio reza que os elementos patrimoniais devem ser registrados pelo valor
originado nas transações com os agentes externos à entidade e em moeda corrente
do país, não se levando em conta os valores futuros de entradas ou de saídas.
Qualquer variação patrimonial deverá ser reconhecida no momento de sua
ocorrência e não no momento da entrada dos elementos patrimoniais. Quando as
transações forem realizadas em moedas estrangeiras, estas deverão ser convertidas
para a moeda corrente em nosso país, para a efetivação de seu registro contábil.

O custo inicial, além dos provisionamentos normais que devem atender à perda de
valor econômico (depreciação, amortização, exaustão), precisa ser “conservado”,
durante o tempo necessário, mantendo o poder aquisitivo inalterado. A tendência
corrente dos princípios contábeis é CONSERVADORA, no sentido de não correr
riscos na avaliação, a cada momento, sobre a potencialidade do ativo em gerar
serviços futuros, o que poderia levar a erros de julgamento. A Contabilidade
30

contenta-se em resguardar o valor original do Ativo (com amortizações respectivas),


ULBRA - Educação a Distância

pelo menos como indicador de um valor econômico aproximado, na data da


transação.

2.1.5 Princípio da Atualização Monetária


Deverão ser reconhecidas as variações do poder aquisitivo da moeda nacional
nos registros contábeis das entidades e por consequência nas demonstrações
contábeis.

A legislação fiscal veio coibir esta atualização a partir de 1/1/1996 por meio do
artigo 4 da Lei nº 9.249 de 26/12/1995.

“Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção monetária de demonstrações


financeiras, inclusive para fins societários.” A falta de aplicação do Princípio da Atualização
Monetária traz uma perda na qualidade e utilidade das demonstrações contábeis, ainda que
estando a inflação estável. Certamente, os índices de rentabilidade em relação ao
Patrimônio Líquido estarão irremediavelmente prejudicados.

A resolução do CFC nº 900/01 estabelece a aplicação deste princípio quando a


inflação acumulada no triênio atingir 100%, índice este calculado com base no
IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado. Esta resolução também determina
que o IGPM será usado compulsoriamente e deverá ser amplamente divulgado
nas demonstrações contábeis.

2.1.6 Princípio da Competência


Por este princípio entende-se que as receitas e as despesas devem ser consideradas
para a apuração do resultado do período a que se referirem e no momento de sua
ocorrência.

Não importa o momento em que a receita foi recebida ou o momento em que a


despesa foi paga. Para a determinação do resultado do período, a realização da
receita deve ser reconhecida quando bens ou serviços são transferidos a terceiros.
As despesas, da mesma forma, devem ser registradas dentro do período e quando
são consumidas (neste capítulo vamos estudar os regimes contábeis - caixa e
competência - e você entenderá melhor este princípio, não se preocupe).

2.1.7 Princípio da Prudência


O Princípio da Prudência deve ser observado quando surgirem dúvidas sobre a
correção dos valores a serem registrados. Devemos reconhecer o menor valor para
31

o Ativo e o maior valor para o Passivo, em outras palavras, havendo mais de um

ULBRA - Educação a Distância


critério de avaliação válido, prima-se sempre pelo menor resultado.

2.1.8 Princípio da Essência sobre a Forma


Este princípio não está na Resolução do CFC nº 750/93, porém é adotado pelo
IBRACONb e pela CVMc. Tal princípio pode ser assim enunciado:

Sempre que possível, a Contabilidade, ao contemplar o registro de uma transação,


deverá
observar sua forma legal e essência econômica. Entretanto, se a forma, de alguma maneira,
dissimular ou não representar claramente a essência econômica da transação, esta
última
deverá ser a base de registro para a Contabilidade. (MARION, 2003, p.141)

Uma empresa vende um ativo, uma máquina, por exemplo, e assume o compromisso
de recomprá-la por um valor e uma data já determinados. Esta formalidade deve
ensejar a contabilização de uma operação de financiamento (essência) e não de
compra e venda (forma jurídica).

Um contrato pode, juridicamente, estar atribuindo a forma de arrendamento


mercantil (leasing), mas a análise da operação evidencia tratar-se, na prática, de um
operação de compra e venda financiada. Assim, consciente do conflito essência/
forma, a Contabilidade registra como financiamento.

2.2 Convenções Contábeis


As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta adequada
que deve ser observada no exercício profissional da Contabilidade. São: Convenção
da Objetividade, da Materialidade, da Consistência e do Conservadorismo.

A Resolução CFC nº 750/93 não faz referência às Convenções Contábeis. Entretanto,


é pertinente que conheçamos tais convenções, universalmente aceitas, dada a
importância que elas representam para os registros contábeis como um todo.

2.2.1 Convenção da Objetividade


Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabilidade nos
registros dos fatos que envolvem a gestão do patrimônio das entidades. Os
registros contábeis, sempre que possível, devem ser baseados em documentos que
comprovem as respectivas transações. Segundo Marion (2003, p.141), para que não

b Instituto Brasileiro de Contabilidade


c Comissão de Valores Mobiliários
32

haja distorções nas informações contábeis, o contador deverá escolher, entre vários
ULBRA - Educação a Distância

procedimentos, o mais objetivo para descrever um fato contábil.

Assim, por exemplo, toda vez que um profissional contábil tiver mais de uma opção
de valores para atribuir a um dado bem, como um documento original de compra
e um laudo pericial de avaliação do bem, deverá optar pelo mais objetivo - no
caso, o documento de compra. Já na ausência do documento original de compra,
utilizar-se-ão laudos de avaliação, que fornecerão um valor objetivo para o contador
desenvolver, de forma imparcial, a Contabilidade.

É importante a impessoalidade (neutralidade) do contador (em relação aos usuários


dos informes contábeis), que, quanto mais objetivo for, mais imparciais serão estes
informes.

2.2.2 Convenção da Materialidade


Por meio da materialidade, define-se o que é material (relevante) e o que o contador
deve informar em seus relatórios. Tal convenção estabelece que não se deve perder
tempo com registros irrelevantes do ponto de vista contábil; registros cujos controles
podem se tornar mais onerosos que os próprios valores a serem registrados. A
aplicação dessa convenção é relativa à natureza da empresa e seus registros, por
isso exige bom senso. Há situações em que, embora os valores sejam irrelevantes,
a respectiva importância em relação a um todo exige o registro.

Como exemplo, podemos citar os materiais de expediente utilizados no escritório,


como lápis, papéis, etc. Esses materiais, embora consumidos diariamente,
podem ser contabilizados apenas ao final do período por diferenças de estoques,
considerando os seus pequenos valores unitários.

Em resumo, há determinadas informações contábeis cujo custo para evidenciá-las


(tempo do pessoal da Contabilidade, material, computador, etc.) é maior que o
benefício que trará aos usuários dessas informações. Portanto, para valores irrisórios
em relação ao todo, a “materialidade” desobriga a um tratamento mais rígido que
os itens de cifras relevantes.

2.2.3 Convenção da Consistência


De acordo com essa convenção contábil, os critérios adotados no registro dos atos
e fatos administrativos não devem mudar frequentemente. No caso de necessidade
de mudanças em tais critérios, devem ser informadas em notas explicativas.
A quebra da consistência na escrituração provoca influências nos demonstrativos
contábeis, o que prejudica a análise clara e eficiente em comparação com os
demonstrativos de exercícios anteriores.
33

2.2.4 Conservadorismo ou Prudência

ULBRA - Educação a Distância


Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais
conservadora (precaução) em relação aos resultados que serão apresentados,
evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. Assim, se houver
duas opções igualmente válidas deve-se optar sempre por aquela que acusa um
menor valor para os ativos e para as receitas e o maior valor para os passivos e
para as despesas.

Em outras palavras, o conceito do conservadorismo tem como premissa não dar


uma imagem otimista em uma situação alternativa que, com o passar do tempo,
poderá reverter-se.

2.3 Regimes Contábeis


A Contabilidade, dependendo da necessidade do usuário da informação, pode
utilizar diferentes regimes para contabilização das receitas, custos e despesas. Os
chamados Regimes Contábeis referem-se à forma de reconhecimento das receitas,
custos e despesas das entidades. São dois os regimes contábeis: Caixa,
Competência. Vejamos cada um deles:

a. Regime de Caixa: baseia-se em reconhecer (registrar) as receitas, custos e


despesas no ato do efetivo recebimento (receitas) ou pagamento (despesas
e custos). Seu reflexo está diretamente relacionado ao caixa. É aplicável às
entidades sem fins lucrativos e facultado às micro e pequenas empresas optantes
pelo SIMPLES;

b. Regime de Competência: reconhece as receitas e despesas por ocasião do fato


gerador. Assim, receitas e despesas são reconhecidas no momento em que foram
geradas ou incorridas, independentemente se foram recebidas ou pagas. É o
regime adotado e aceito pela legislação do Imposto de Renda.

Ponto final
Conhecer a estrutura conceitual (científica) da Contabilidade é muito importante
para você compreender melhor a ciência contábil e seus relatórios/informações.
Para não esquecer, apresentamos um quadro-resumo do que estudamos neste
capítulo:
34
ULBRA - Educação a Distância

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE Contabilidade

Indivíduo, empresa, grupo de empresas ou entidades que


efetue atividade econômica, e que seja tão importante, a
critério dos stakeholders (segmentos de pessoas interessadas
ENTIDADE como acionistas, credores, empregados, governo, etc.),
que justifique um relatório separado e individualizado
de receitas e despesas, de investimentos e de retornos, de
metas e realizações

Contabilmente, as empresas são consideradas


CONTINUIDADE empreendimentos em operação, em continuidade, em
andamento.

Refere-se à tempestividade e à integridade do registro do


OPORTUNIDADE
patrimônio e das suas mutações.

Os registros contábeis são efetuados com base no valor de


REGISTRO PELO aquisição do bem ou pelo preço de fabricação (incluindo
VALOR ORIGINAL todos os gastos necessários para colocar o bem em
condições de gerar benefícios para a empresa).

Reconhecimento das variações do poder aquisitivo da


ATUALIZAÇÃO moeda nacional nos registros contábeis das entidades e,
MONETÁRIA por consequência, nas demonstrações contábeis (prática
coibida desde 01/01/1996).

Reconhecimento da receita e da despesa de acordo com


COMPETÊNCIA seu fato gerador, independentemente de recebimento
(receita) e/ou pagamento (custo/despesa).

Havendo mais de um critério de avaliação válido, prima-


PRUDÊNCIA se sempre pelo menor resultado, quer seja, maior valor
para passivos e despesas e menor valor para receitas e
ativos.

CONVENÇÕES

Escolha de procedimentos objetivos (baseados em


OBJETIVIDADE
documentação) para descrição de um fato contábil.

Avaliação do custo/benefício para evidenciação da


MATERIALIDADE
informação contábil.

Adotado um critério de contabilização, o mesmo não deve


ser mudado para que não prejudique a comparabilidade
CONSISTÊNCIA dos resultados, a não ser que seja absolutamente
necessário (neste caso, deve ser informada a mudança de
critério via nota explicativa)

Sempre que se defrontar com alternativas igualmente


PRUDÊNCIA válidas para atribuição de valores ao ativo e ao passivo,
deve-se optar pelo valor mais baixo para o ativo e o mais
alto para o passivo (menor resultado possível).
35

ULBRA - Educação a Distância


REGIMES CONTÁBEIS

Registram-se as receitas quando de seu recebimento e


as despesas quando de seu pagamento (acompanha-
CAIXA se o fluxo do caixa). Aplicável às entidades sem fins
lucrativos e facultado às micro e pequenas empresas
optantes pelo SIMPLES.

Registram-se as receitas e despesas quando de sua


ocorrência, observando o mês (ou período) a que se
COMPETÊNCIA referem, independentemente do seu efetivo recebimento
e/ou pagamento. Aplicável às empresas com fins
lucrativos.

Referências
Livros-base utilizados neste capítulo:
Contabilidade Empresarial - José Carlos Marion - Ed. Atlas.

Curso de Contabilidade para não Contadores - Sérgio de Iudícibus e José Carlos


Marion.

Contabilidade Fácil - Osni Moura Ribeiro - Ed. Saraiva.


Você vai encontrar nestes livros os fundamentos da Contabilidade: princípios,
convenções, tipos de regimes contábeis. Tais informações permitem um melhor
entendimento da ciência contábil e, consequentemente, o aprofundamento de seu
estudo.

Sugerimos a leitura do artigo “Contribuição para o estudo da origem e evolução


dos princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil”, de autoria de José Aparecido
Moura Aranha, Professor da Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande e do Centro
Universitário de Campo Grande - UNAES, Mestre em Ciências Contábeis e Atuária
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP, disponível em www.
fes.br/revistas/agora/ojs/include/getdoc.php?id=116&article=41&mode=pdf.

Referido artigo tem por objetivo evidenciar como se deram a origem e a evolução
dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil. Através de revisão de
literatura, os autores descrevem como se deu essa evolução até os atuais
documentos conceituais de Contabilidade. Bons estudos!
36

Exercícios
ULBRA - Educação a Distância

1) Um dos sócios da empresa paga suas contas residenciais através da retirada


do caixa da empresa. Este procedimento fere o princípio contábil da(o):
a) entidade.

b) continuidade.

c) oportunidade.
d) atualização monetária.

2) Quais dentre os princípios contábeis citados pela Resolução nº 750/93


reconhecem o patrimônio como objeto da Contabilidade:
a) Oportunidade.

b) Competência.

c) Entidade.
d) Atualização Monetária.

3) Casas Prestígio Ltda. encerra seu exercício social nos finais de ano, ou seja, em 31
de dezembro e os salários são sempre pagos no 5º dia útil do mês seguinte, sendo
contabilizada a despesa de salários no mês de dezembro, independentemente
de seu pagamento efetivo ocorrer em janeiro. Quando a empresa utiliza este
regime de reconhecimento da despesa, podemos afirmar que a empresa está
seguindo o regime:
a) de caixa.

b) de competência.

c) de oportunidade.
d) nenhuma das alternativas anteriores.

4) Adotar maior valor para o passivo e menor valor para o ativo são conceitos do
princípio:
a) objetividade.

b) oportunidade.
37

c) prudência.

ULBRA - Educação a Distância


d) competência.

5) O princípio que não é tratado na resolução CFC nº 750/93, embora tenha sido
considerado implicitamente no contexto de tal resolução, é:

a) prudência.

b) oportunidade.
c) essência sobre a forma.

d) entidade.

6) Marque a alternativa correta:


a) Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são conceitos básicos que
constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos
objetivos da Contabilidade.

b) Os Princípios Fundamentais de Contabilidade, por guiarem a profissão na


consecução dos objetivos da Contabilidade, se confundem com os próprios
objetivos da Contabilidade.
c) Com relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, podemos
afirmar que eles se confundem com o objeto da Contabilidade.

d) Nenhuma das alternativas está correta.

7) Ao adotar o regime de caixa, a empresa deverá considerar, para apuração do


resultado do exercício:

a) todas as despesas incorridas e as receitas realizadas no respectivo


período.

b) somente as despesas incorridas e as receitas recebidas no referido


período.
c) somente as receitas recebidas e as despesas pagas no respectivo período.

d) as receitas quando de seu recebimento e as despesas quando de sua


ocorrência.
38

8) Ao adotar o regime de competência, a empresa deverá considerar:


ULBRA - Educação a Distância

a) todas as despesas incorridas e as receitas realizadas (isto é, as que tiverem


seus fatos geradores ocorridos no respectivo período).
b) somente as despesas pagas e as receitas recebidas no respectivo período.
c) todas as despesas pagas e as receitas realizadas.

d) somente as despesas incorridas e as receitas recebidas.

9) O único que não é convenção contábil:

a) Consistência.

b) Materialidade.
c) Objetividade.

d) Continuidade.

10) Há situações em que os registros de certos fatos contábeis são irrelevantes, e


não devem ser objeto de escrituração individual, por apresentarem valores
irrisórios. Essa interpretação provém do (a):

a) Princípio da Prudência.

b) Princípio da Materialidade.
c) Convenção da Importância.

d) Convenção da Materialidade.

Gabarito:

1) a; 2) c; 3) b; 4) c; 5) c; 6) a; 7) c; 8) a; 9) d; 10) d
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS

Simone Loureiro Brum Imperatore

Para continuarmos nosso estudo, neste capítulo veremos um pouco mais sobre as
técnicas contábeis, com ênfase nas demonstrações financeiras (ou demonstrações
contábeis). É um estudo precioso, preliminar ao estudo detalhado de cada
uma das demonstrações; podemos dizer: um “tur” geral. Essas demonstrações
fornecerão a você as informações necessárias para a tomada de decisão (percebeu
a importância?), e, como queremos sempre tomar a melhor decisão, vamos nos
deter com carinho a esse estudo. Combinado?

Neste capítulo veremos os seguintes tópicos:

• Processo decisório;
• Tomadores de decisão externos à empresa;

• Conceito de relatório contábil;

• Principais demonstrações financeiras;


• Complementação às demonstrações financeiras;

• Requisitos para publicação das demonstrações financeiras;

• Demonstrações contábeis não obrigatórias.

3.1 O processo decisório


A nossa vida é uma sequência de decisões e escolhas. A cada instante, para
vivermos, temos que tomar decisões em graus variados de importância. Algumas
são essenciais (papel social, religião, opção profissional), outras são operacionais
(o que vestir hoje, onde almoçar, por qual caminho ir à aula). Nessa dinâmica,
em muitos casos, temos respostas prontas para as situações, mas, via de regra, a
40

vida sempre se apresenta com situações novas, para as quais temos que elaborar
ULBRA - Educação a Distância

alternativas de ação e escolher entre elas.

Dentro de uma empresa, isso não é diferente. Frequentemente, os gestores estão


tomando decisões, todas elas importantes para a continuidade e o sucesso do
negócio. Como definir o preço de venda de um produto, contratar (ou não) um
funcionário, financiar uma máquina ou pagá-la à vista, que quantidade de estoque
manter de determinada mercadoria, como reduzir custos e produzir mais, entre
outras, são decisões que fazem parte da rotina dos administradores.

Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam de dados, informações e
subsídios que embasem tais escolhas e, é claro, minimizem os riscos. A
Contabilidade é o instrumento que auxilia a administração em suas decisões.
Na prática, ela coleta todos os dados econômicos e financeiros, registrando-os e
sintetizando-os em forma de relatórios.
Além dos administradores e gerentes (principais usuários da Contabilidade),
outros segmentos, externos à empresa também se utilizam dos relatórios contábeis
(lembram dos usuários das informações contábeis?) em seu processo decisório,
quais sejam: investidores, fornecedores, bancos, governo, sindicatos, analistas de
mercado, entre outros.

Vejamos o que cada usuário busca nos relatórios contábeis:


1. Investidores: é através dos relatórios contábeis que se identifica a situação
econômico-financeira da empresa, sendo que dessa forma o investidor tem
em mãos os elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas
de investimentos. Ressalte-se que tais relatórios evidenciam a capacidade da
empresa em gerar lucros (principal interesse de quem quer investir), além de
outras informações.
2. Fornecedores de bens e serviços: usam os relatórios para avaliar a liquidez da
empresa, ou seja, sua capacidade de pagamento.

3. Bancos: utilizam os relatórios/demonstrações contábeis para aprovar


empréstimos e definir o limite de crédito de uma empresa.

4. Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de controle da arrecadação


de impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de melhor
redimensionar a economia (IBGE, por exemplo).
5. Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor,
fator fundamental para reajuste de salários.
6. Outros interessados: colaboradores, órgãos de classe, concorrentes, analistas de
mercado, consultores, etc. Avaliam as demonstrações contábeis com o intuito
41

de apurar o desenvolvimento econômico-financeiro das entidades, bem como

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sua performance socioambiental.

3.2 Conceito de relatório contábil


Marion conceitua relatório contábil como a exposição resumida e ordenada de
dados colhidos pela Contabilidade. Seu objetivo é relatar às pessoas que se utilizam
da Contabilidade (os usuários) os principais fatos registrados em determinado
período.

Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as necessidades dos usuários.
Por exemplo: o relatório sobre o resultado anual de uma floricultura apresentará
muito menos detalhes do que o de um banco, que normalmente tem muitos
acionistas e grande volume de negócios, entre outros.
Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis, destacam-se aqueles que
são obrigatórios de acordo com a legislação brasileira. Estes são conhecidos como
demonstrações financeiras, ou ainda, demonstrações contábeis.

3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias


A Lei nº 6.404/76 (retificada pela Lei nº 11.638/2007) estabelece que, ao final de cada
exercício social, a empresa elabore, com base nos registros contábeis, demonstrações
financeiras que exprimam com clareza a situação do patrimônio da empresa e as
variações ocorridas.

O tratamento dessas demonstrações varia de acordo com o tipo de constituição da


sociedade empresarial. Há dois tipos principais: as sociedades anônimas (S.A.) e
as sociedades limitadas (Ltda.). Vamos entender um pouco mais sobre elas antes
de prosseguirmos.
A sociedade anônima (ou companhia) caracteriza-se por ter seu capital dividido em
partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmente em grande número, são
denominados de acionistas) e tem a responsabilidade de seus sócios ou acionistas
limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Segundo a Lei nº
6.404/76, as S.A. devem publicar as demonstrações financeiras no Diário Oficial e em
outro jornal de grande circulação editado na localidade onde se situa a empresa.

A sociedade limitada caracteriza-se por seu capital dividido em quotas (os


proprietários, geralmente em pequeno número, são denominados sócios ou
quotistas). Não é preciso publicar as demonstrações financeiras em jornal, mas
se deverá apresentá-las ao Imposto de Renda (IR), através do preenchimento da
declaração do IR ou para atender ao novo Código Civil.
42

As demonstrações financeiras obrigatórias segundo a Lei nº 6.404/76 eram as


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seguintes:

a. Balanço Patrimonial (BP);

b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);


c. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) - para as empresas
que negociam ações na Bolsa de Valores e a Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados (DLPA) - para as Sociedades Anônimas de capital
fechado;

d. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).

A Lei nº 11.638, sancionada em 31/12/2007, no intuito de adotar normas


internacionais a partir de 2008, trouxe as seguintes alterações:
a. Além das demonstrações financeiras anteriormente previstas (BP, DRE e
DLPA), a lei passa a requerer a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) - em
substituição à DOAR - e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) - somente
para as companhias abertas;

b. Saliente-se que a Sociedade anônima fechada (que não negocia ações na bolsa
de valores) com Patrimônio Líquido inferior a R$ 2 milhões não será obrigada
à elaboração e à publicação da DFC.

Assim, a partir de 2008, as demonstrações contábeis obrigatórias passaram a ser as


seguintes: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa e
Demonstração do Valor Adicionado.
A seguir, vejamos um pouco mais sobre cada uma das demonstrações financeiras
ou contábeis:

DEMONSTRAÇÃO
FORMATO
CONTÁBIL

Representa a fotografia da empresa em determinado


Balanço Patrimonial período (seus bens, direitos, obrigações e Patrimônio
Líquido).

Demonstração do Como o próprio nome já diz, evidencia a formação


Resultado do Exercício do resultado da empresa (lucro ou prejuízo), a sua
(DRE) distribuição (no caso de lucro).

Demonstração das Evidencia a movimentação de todas as contas do


Mutações do Patrimônio Patrimônio Líquido (não somente do lucro líquido do
Líquido (DMPL) exercício).
43

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Indica a origem de todo o dinheiro que entrou no
caixa, bem com a aplicação de todo o dinheiro que
saiu do caixa em determinado período e, ainda, o
resultado do fluxo financeiro. Assim como a DRE,
a DFC é uma demonstração dinâmica. Ela vem
esclarecer situações controvertidas na empresa, como,
por exemplo, na comparação com o DRE, o porquê
da empresa ter um lucro considerável e estar com o
caixa baixo, não conseguindo liquidar todos os seus
compromissos. A DFC propicia ao gerente financeiro
a elaboração de um melhor planejamento financeiro,
sabendo-se o momento certo de buscar recursos para
cobrir a insuficiência de fundos, bem como quando
aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro,
Demonstração dos Fluxos de
proporcionando maior rentabilidade à empresa.
Caixa
Também serve a outros usuários, apresentando a
forma como gerou caixa e como utilizou os recursos e
os valores equivalentes ao caixa. A instituição, quando
utiliza essa demonstração com as demais, supre de
forma completa os usuários e, principalmente, os
habilita à avaliação das mudanças de ativos líquidos
de uma empresa e sua estrutura financeira, que
podem ser explicadas nas questões de liquidez e
solvência. Além disso, tem a melhora significativa
no conhecimento dos prazos inerentes aos fluxos de
caixa, proporcionando adaptação às circunstâncias
e às oportunidades. É obrigatória para todas as
companhias abertas e as fechadas com Patrimônio
Líquido superior a R$ 2 milhões.

Obrigatória somente para as Sociedades Anônimas


de Capital Aberto, desenvolve conceitos puramente
econômicos, evidenciando quanto de valor a empresa
agrega durante seu processo produtivo, ampliando
os horizontes de seus usuários. As entidades devem
utilizar-se da DVA para identificar, analisar e
comunicar o montante de recursos adicionais gerados
para a economia (local, regional, nacional, setorial,
Demonstração do Valor
etc.) bem como para relacionar quais as fontes e quais
Adicionado (DVA)
as aplicações dessa riqueza, ou seja, para quem ela
foi distribuída. Segundo alguns autores, a DVA vem
sendo considerada um dos melhores critérios para
indicar a medida da eficácia da gestão empresarial.
Tudo isso dentro da concepção de que a missão
moderna na empresa representa um papel econômico
e social.
44

Em resumo, os relatórios contábeis obrigatórios, segundo os diferentes modos


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como as empresas podem ser constituídas, são:

a. Sociedade Anônima (Lei nº 6.404/76, retificada pela Lei nº 11.638/2007) - Balanço


Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração dos
Fluxos de Caixa (obrigatória para todas as companhias de capital aberto e
para as de capital fechado com Patrimônio Líquido superior a R$ 2 milhões)
e, além destas, especificamente as companhias de capital aberto requerem a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração do Valor
Adicionado.

b. Ltdas. e outras (Lei nº 10.406/2002 - Novo Código Civil) - Balanço Patrimonial e


o Balanço do Resultado Econômico - equivale à Demonstração do Resultado do
Exercício e a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (esta última
evidencia a movimentação da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados).
Importante ressaltar que o exercício social ou período contábil terá duração de um
ano, não havendo necessidade de coincidir com o ano civil (de 1º de janeiro a 31 de
dezembro), embora na maioria das vezes isso aconteça. Para fins de IR considera-se
que o ano civil é igual ao exercício social.

As sociedades anônimas de capital aberto (as que negociam suas ações na bolsa
de valores) e as instituições financeiras (bancos, financeiras, etc.) devem publicar
suas demonstrações financeiras semestralmente para melhor informar ao público
interessado.

Apesar de a legislação definir a periodicidade anual para a publicação das


demonstrações (salvo as exceções supracitadas), para atender às necessidades
gerenciais, a Contabilidade deve apresentar aos usuários relatórios contábeis com
períodos mais curtos (semanal, quinzenal, mensal, etc.).

3.3.1 Complementação às demonstrações financeiras


Quando da publicação das demonstrações financeiras, as S.A. também devem
informar aos usuários desses relatórios dados adicionais. Isso ocorre por meio de
um relatório da diretoria (logo após a identificação da empresa), que dará ênfase
a essas informações, normalmente de caráter não financeiro, destacando-se:

a. dados estatísticos diversos;

b. indicadores de produtividade;
c. desenvolvimento tecnológico;

d. contexto socioeconômico da empresa;

e. políticas diversas: recursos humanos, exportação, gestão ambiental, etc.;


45

f. expectativas em relação ao futuro;

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g. dados do orçamento de capital;
h. projetos de expansão;
i. desempenho em relação aos concorrentes, etc.

Além do relatório da diretoria, há, ainda, as notas explicativas ou notas de


rodapé, que são complementos às demonstrações, destacadas após as referidas
demonstrações. A publicação de notas explicativas às demonstrações financeiras
está prevista no § 4º do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976, visando fornecer as
informações necessárias para esclarecimento da situação patrimonial. As principais
notas explicativas referem-se a:

a. principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais;


b. investimentos em outras sociedades;

c. aumento de valores de elementos do Ativo referentes a reavaliações;

d. garantias prestadas a terceiros e outras obrigações eventuais ou contingentes;


e. taxas de juros, datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo
prazo;

f. ajustes de exercícios anteriores;

g. eventos subsequentes à data de encerramento do balanço que tenham ou possam


vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira ou os resultados futuros da
companhia.
O parecer da auditoria complementa as demonstrações financeiras, sendo quesito
obrigatório para as demonstrações das S.A, instituições financeiras e de outros
casos específicos. Trata-se de parecer de auditor externo informando se as referidas
demonstrações representam adequadamente a situação patrimonial e financeira
da empresa, se foram levantadas de acordo com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade e se há uniformidade em relação ao exercício anterior.

3.3.2 Requisitos para publicação das demonstrações financeiras


São dados fundamentais na publicação das demonstrações:

a. denominação da empresa;
b. título de cada demonstração financeira (BP, DRE, DLPA, DMPL, DFC e
DVA);

c. data do exercício social;


46

d. indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior (duas colunas: ano


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atual e ano anterior);

e. assinatura dos diretores e do profissional contábil após as notas explicativas.

3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias


Além das demonstrações financeiras obrigatórias, há relatórios contábeis não
obrigatórios, mas igualmente importantes para a administração da empresa. O
Balanço Social é um demonstrativo não obrigatório, reunindo um conjunto de
informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidos aos empregados,
investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um
instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade
social corporativa.
Além do Balanço Social, outros relatórios podem ser formatados para que você
tenha as informações de que necessita para a gestão da empresa: orçamentos
(vendas, matéria-prima, investimentos, mão de obra, estoques, etc.), relatório de
vendas realizadas, contas a receber e a pagar, controle de estoques, por exemplo.
Juntamente com o contador você pode formatar o tipo de relatório de que necessita
e estabelecer sua periodicidade.

Ponto final
No capítulo 3, estudamos as demonstrações contábeis e entendemos o quanto elas
são importantes para a tomada de decisão. Por meio das demonstrações contábeis,
são evidenciadas informações aos acionistas (investidores), administradores,
governo, fornecedores e sociedade em geral sobre a situação patrimonial e
financeira da empresa.

Há demonstrações obrigatórias (constituídas pelo Balanço Patrimonial (BP),


Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a
Demonstração do Valor Adicionado (DVA)) e demonstrações não obrigatórias, estas
últimas podendo ser formatadas de acordo com a necessidade de informação do
gestor. Este estudo é precioso para que você faça a leitura das informações contidas
nos relatórios contábeis com facilidade, transformando os dados apresentados em
informações estratégicas. Nos capítulos 4 e 5, estudaremos, em detalhes, o BP e
a DRE, consideradas as duas demonstrações contábeis mais importantes. Antes
de prosseguirmos, realize as atividades propostas, elas vão te ajudar muito na
compreensão da teoria apresentada. Bons estudos!
47

Referências

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Livros-base que utilizamos na elaboração deste capítulo:
Contabilidade Básica - José Carlos Marion - Ed. Atlas.
Contabilidade: ensino e decisão - Osni Hoss et al. - Ed. Atlas.

Contabilidade Fácil - Osni Moura Ribeiro - Ed. Saraiva.


Referidos livros aprofundam o estudo acerca dos relatórios contábeis, evidenciando
sua importância para os diferentes usuários e, assim, justificando a relevância deste
estudo. Para complementar seus estudos, sugerimos a leitura do texto “Balanço
Social” do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, disponível em:
<http://www.balancosocial.org.br>.

Exercícios
1) Recorte as demonstrações de resultados de uma S.A. publicadas em jornais e
siga as orientações a seguir:

I. Observe como estão dispostos os grupos de contas no Balanço Patrimonial


(BP) - Ativo (do lado direito) e Passivo, do lado esquerdo. Veja ainda
os subgrupos do Ativo: Ativo Circulante, Realizável a Longo Prazo,
Permanente (investimentos, imobilizado, intangível e diferido) e do Passivo;
Passivo Circulante, Exigível a Longo Prazo, Patrimônio Líquido). Saliente
estes subgrupos.
II. No Passivo, identifique as obrigações exigíveis (recursos de terceiros, a
pagar/recolher curto e longo prazos) e o Patrimônio Líquido (recursos
próprios).

III. Olhe com atenção para a DRE e observe seu caráter dedutivo: receita bruta,
impostos incidentes sobre vendas, receita líquida (receita bruta - impostos);
custo da mercadoria vendida (ou serviço prestado), despesas operacionais
(vendas, administrativas e financeiras), as receitas/despesas não
operacionais, o lucro bruto (antes dos impostos), as provisões de impostos
sobre o lucro, o lucro líquido e a distribuição dos lucros. Caso o resultado
seja negativo (prejuízo), você observará o valor entre parênteses.

IV. Observe a DLPA e/ou a DMPL. No caso da DLPA, evidencia a destinação do


lucro apurado na empresa. Normalmente, uma parte do lucro é distribuída
aos donos da empresa (acionistas ou sócios) em dinheiro, remunerando o
capital investido. Esta remuneração é conhecida como Dividendos. Outra
parcela visa o reinvestimento na empresa com o objetivo de fortalecer o
capital próprio, a qual é conhecida como lucro retido (não distribuído) e,
48

mais cedo ou mais tarde, irá ser incorporada ao capital social no Patrimônio
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Líquido. No caso da DMPL, a técnica é a mesma, no entanto, por ela ser


mais abrangente do que a DLPA, mostra as mutações de todas as contas
do Patrimônio Líquido (não somente do lucro ou prejuízo), da seguinte
forma:

a) indica-se uma coluna para cada conta do Patrimônio Líquido


(preferencialmente indicando o grupo de reservas a que pertence). Se
houver a conta dedutiva capital a realizar, subtrai-se da conta capital
social e será utilizada a conta capital realizado;

b) nas linhas (horizontais), indicam-se as movimentações das contas no


mesmo estilo como ocorre com a DLPA.
V. Agora é a vez da DFC, destaque as origens e aplicações dos recursos da
empresa tais como: das atividades operacionais, de financiamento e de
investimento. Observe a evolução do capital circulante líquido (CCL), ou
capital de giro da empresa.

Guarde este recorte, ele será útil para nossos próximos capítulos.

2) Uma das relações contém todas as demonstrações financeiras obrigatórias pela


Lei das Sociedades Anônimas (11.638/2007):

a) Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração


das Origens e Aplicação dos Recursos e Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados
b) Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração
dos Lucros ou Prejuízos Acumulados e Orçamento.

c) Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração


dos Fluxos de Caixa, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
(ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido), Demonstração
do Valor Adicionado

d) Balanço Patrimonial, Fluxo de Caixa, Orçamento e Demonstração dos Lucros


ou Prejuízos Acumulados.

3) O Balanço Patrimonial (BP) apresenta:


a) A receita da empresa e as despesas de forma dedutiva, bem como os custos
e despesas agrupados por categorias.
49

b) O resultado da empresa (lucro ou prejuízo) em determinado período.

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c) As compras de mercadorias para venda, bem como os custos e despesas.
d) O patrimônio da empresa e suas variações em determinado período.

4) A Sociedade Anônima (S.A.) se caracteriza:


a) Por seu capital dividido em quotas (os proprietários, geralmente em pequeno
número, são denominados sócios ou quotistas).
b) Pelo número ilimitado de associados; variabilidade do capital social,
representado por quotas-partes; limitação do número de quotas-partes do
capital social para cada associado (facultado o critério da proporcionalidade);
impossibilidade de cessão de quotas-partes do capital social a terceiros,
estranhos à sociedade; singularidade de voto; quorum para realização da
assembleia geral.

c) Por ter seu capital dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários,
geralmente, em grande número são denominados de acionistas) e ter a
responsabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão
das ações subscritas ou adquiridas.

d) Constitui a reunião de diversas pessoas para a obtenção de um fim ideal,


podendo este ser alterado, adaptado e melhorado pelos associados; ausência
de finalidade lucrativa; o patrimônio é constituído pelos associados e filados;
reconhecimento de sua personalidade por parte da autoridade competente,
eleita por maioria de votos em eleição interna dos associados.

5) Leia com atenção:


I. A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) - indica a origem de todo
o dinheiro que entrou no caixa, bem com a aplicação de todo dinheiro
que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o resultado do fluxo
financeiro.
II. O Balanço Patrimonial (BP) evidencia a formação do resultado do exercício
da empresa (lucro ou prejuízo).

III. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia


a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido (não somente
do lucro líquido do exercício).
50

IV. A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória para as Cias Abertas e


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as Fechadas com Patrimônio Líquido superior a 2 milhões.

a) Todas estão corretas.

b) Apenas I e II estão corretas.


c) Nenhuma das afirmativas está correta.

d) Apenas I e III estão corretas.

6) A Demonstração do Resultado do Exercício é um relatório contábil que


reflete:

a) A variação da situação financeira entre dois momentos diferentes.

b) O Patrimônio Líquido em um determinado momento e sua distribuição.


c) As despesas pagas e as receitas recebidas entre dois momentos diferentes e
consecutivos e sua distribuição.

d) O resultado do exercício, apresentando a receita da empresa e as despesas


de forma dedutiva, bem como os custos e despesas agrupados por
categorias.

7) Leia as afirmativas:
I. Gestores, bancos, investidores, fornecedores, governo, colaboradores, são
usuários dos relatórios contábeis.

II. Relatório Contábil é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos


pela Contabilidade.
III. Complementa as demonstrações contábeis: o Balanço Social.
IV. São requisitos obrigatórios das demonstrações contábeis: denominação da
empresa, título da demonstração; data do exercício social; indicadores aos
valores correspondentes ao exercício anterior; assinatura dos diretores e do
contador.

a) Todas estão corretas.


b) I e II estão corretas.
c) I, II e IV estão corretas.

d) Nenhuma está correta.


51

8) Em relação aos relatórios contábeis das S.As., é correto afirmar:

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I. O Balanço e a DRE são relatórios obrigatórios, sendo elaborados em cada
período de 12 meses.
II. Existem relatórios contábeis não obrigatórios como a Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração dos Fluxos de Caixa.
III. As notas explicativas, relatório de diretoria e parecer de auditoria
complementam os relatórios contábeis.

IV. Com a vigência da Lei nº 11.638/07, a Demonstração das Origens e Aplicações


de Recursos (DOAR) foi substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa
(DFC). sendo obrigatória para todas as S.A. de capital aberto e para as de
capital fechado com Patrimônio Líquido superior a 2 milhões.

a) Todas estão corretas.


b) I, II e IV estão corretas.

c) I, III e IV estão corretas.

d) Nenhuma está correta.

9) Com o advento da Lei nº 11.638/07, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


passou a ser obrigatória para as S.As. de capital aberto. Sobre a DVA é correto
afirmar:

a) Evidencia quanto de valor a empresa adiciona durante o seu processo


produtivo, sendo considerada um dos melhores critérios para indicar a
medida da eficácia da gestão empresarial.
b) Indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa, bem com a aplicação
de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o
resultado do fluxo financeiro.

c) Evidencia a formação do resultado da empresa.

d) Evidencia a movimentação das contas do Patrimônio Líquido.

10) Qual a importância das demonstrações contábeis para o processo decisório da


empresa?
52

Gabarito:
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1) Estudo exploratório com demonstrações publicadas nos jornais ou disponibilizado


no ambiente virtual de aprendizagem.
2) c; 3) d; 4) c; 5) d; 6) d; 7) c; 8) c; 9) a
10) Opinião pessoal.
4 BALANÇO PATRIMONIAL

Simone Loureiro Brum Imperatore

Neste capítulo, vamos aprofundar a nossa compreensão da Contabilidade,


dedicando-nos ao estudo do Balanço Patrimonial (BP), assim, aos poucos iremos
“descobrindo” as faces e nuances da demonstração contábil mais importante.
Nosso objetivo é, ao final do estudo, montarmos nosso primeiro balanço. Você
aceita o desafio?

Antes disso, abordaremos os seguintes conteúdos:

• Balanço Patrimonial - conceito;


• grupos de contas;

• quadro sintético do Balanço Patrimonial;

• principais deduções do Ativo e Patrimônio Líquido;


• estrutura básica do Balanço Patrimonial segundo a Lei nº 6.404/76, alterada
pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09.

4.1 O que é Balanço Patrimonial?


É uma demonstração contábil que apresenta, resumidamente, o patrimônio da
empresa em um dado momento, ou seja, a situação financeira e patrimonial de uma
entidade numa determinada data. O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos),
os Passivos (exigibilidades e obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é resultante
da diferença entre o total de ativos e passivos. O Balanço Patrimonial é uma das
peças extraídas dos livros contábeis que faz parte do conjunto das demonstrações
financeiras, e é elaborado segundo os princípios contábeis geralmente aceitos.

Segundo Matarazzo (2003, p.43), o Balanço Patrimonial é a demonstração que


apresenta todos os bens e direitos da empresa (Ativo), assim como as obrigações
54

(Passivo Exigível) em determinada data. A diferença entre Ativo e Passivo é


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chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários


da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados
por esta em suas operações e retidos internamente.

Assim, temos a chamada EQUAÇÃO PATRIMONIAL BÁSICA, conforme


apresentado a seguir.

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

OU

ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Assaf Neto (2002, p.58) menciona que o balanço apresenta a posição patrimonial
e financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse
demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura
se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento.

É a principal demonstração contábil usada por bancos, governo, fornecedores,


sindicatos, sócios, acionistas. Reflete a posição financeira em determinado momento,
normalmente no fim do ano (exercício social) ou de um período prefixado. É como
se tirássemos uma foto da empresa e víssemos de uma só vez todos os bens, valores
a receber (direitos) e valores a pagar (obrigações) em determinada data.
Iudícibus e Marion (2006, p.19) explicam a expressão Balanço Patrimonial:

O termo balanço decorre do equilíbrio ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO, ou


da igualdade APLICAÇÕES = ORIGENS DOS RECURSOS. Parte da ideia de uma balança
de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de
balança (como a Balança Comercial) denominamos no masculino: Balanço. A expressão
patrimonial origina-se do Patrimônio Global da empresa, ou seja, o conjunto de bens,
direitos
e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, a riqueza líquida da empresa
num processo de continuidade, a Situação Líquida. Compondo as duas expressões, teremos
a
expressão Balanço Patrimonial, o equilíbrio do Patrimônio, a igualdade patrimonial.

4.2 Os grupos de contas do Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser entendida,
pois visa mostrar a situação econômico-financeira da empresa para leigos,
sendo constituído de duas colunas, conforme convenção da Lei nº 6.404/76, que
regulamenta as Sociedades por Ações:
55

a) a coluna do lado direito chama-se PASSIVO (obrigações e Patrimônio

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Líquido);

b) a coluna do lado esquerdo chama-se ATIVO (bens e direitos).


Para facilitar a leitura, análise e interpretação do Balanço, Ativo e Passivo dividem-
se em grupos de contas que apresentam as contas de mesmas características
(prazo e grau de liquidez). Duas regras básicas orientam a distribuição de contas
no Balanço Patrimonial:
a) Prazo (vencimento): em Contabilidade CURTO PRAZO significa, normalmente,
o período de até um ano, e LONGO PRAZO, o período superior a um ano.
Assim, na data de elaboração do Balanço, 31/12/2008, por exemplo, todas
as contas a receber até 31/12/2009 (um ano da elaboração do balanço) serão
agrupadas num mesmo título do Ativo (Ativo Circulante), assim como todas as
contas a pagar até o final do ano seguinte serão agrupadas num mesmo título
no Passivo (Passivo Circulante). O mesmo ocorre com as contas de LONGO
PRAZO que são classificadas em Ativo Não Circulante, no subgrupo Realizável
a Longo Prazo (direitos realizáveis num período superior a um ano) e no Passivo
Não Circulante, subgrupo Exigível a Longo Prazo (obrigações vencíveis num
período superior a um ano).

b) Grau de LIQUIDEZ: liquidez vem do verbo liquidar, pagar os compromissos,


assim, os itens mais rapidamente conversíveis em dinheiro são classificados em
primeiro plano. Assim, temos caixa, bancos, duplicatas a receber, mercadorias
em estoque, etc.

A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do Balanço Patrimonial.

4.2.1 Ativo
No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de liquidez,
ou seja, de acordo com a facilidade de conversão em dinheiro, assim, os itens
patrimoniais de maior liquidez (caixa, bancos, contas a receber, mercadorias) são
classificados em primeiro plano. Os de menor liquidez (valores a receber no longo
prazo, máquinas e equipamentos, veículos, terrenos, etc.) aparecem num segundo
plano - é só pensar que até vender e receber é mais demorado.

Os elementos registrados estão estruturados nos seguintes subgrupos (de acordo


com o parágrafo 1º do artigo 178 da Lei nº 6.404/76, alterado pelas Leis nº 11.638/07
e nº 11.941/09):
a) Ativo Circulante;
b) Ativo Não Circulante: compreende Ativo Realizável a Longo Prazo,
Investimentos, Imobilizado e Intangível.
56
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IMPORTANTE: Para ser Ativo, é preciso preencher quatro requisitos:

a) ser classificado em bens e ou direitos;

b) ser de propriedade da empresa;


c) ser avaliável monetariamente (R$);

d) representar benefícios presentes ou futuros.

4.2.1.1 Ativo Circulante


O Ativo Circulante engloba contas que constantemente estão em giro, em
movimento (daí a expressão circulante). Constitui o capital de giro da empresa,
onde estão dispostas as contas Caixa, Bancos e outros itens que serão transformados
em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, dentro de um ano
(contas a receber, bens de consumo, investimentos temporários, mercadorias para
revenda, etc.).

De acordo com a Lei nº 6.404/76, o Ativo Circulante subdivide-se em:

a) Disponível: refere-se às contas onde são registrados os valores que representam


o dinheiro em caixa, os saldos disponíveis em contas de movimento bancário,
os saldos de contas relativas aos ativos imediatamente liquidáveis.
b) Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte: saldos relativos a aplicações
em valores mobiliários, operações no mercado aberto; contas a receber, com
vencimentos para o exercício seguinte, tais como: contas ou duplicatas a
receber por vendas mercantis (inclusive cheques pré-datados); adiantamentos
a empregados, e outros;

c) Estoques - incluem três contas:

• estoque de mercadorias, matérias-primas, embalagens e materiais


secundários empregados em processo de produção, materiais de consumo
e produtos em trânsito, subprodutos e resíduos;
• estoque de imóveis prontos para a venda ou em construção com prazo de
entrega até 12 meses (no caso de construtora);

• estoque de materiais em poder de terceiros para beneficiamento.


d) Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte (ou Despesas Antecipadas):
registram-se neste subgrupo os valores das despesas antecipadas, devendo ser
apropriado como:
57

• Prêmios de Seguros a Apropriar (ou a Vencer):

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• Despesas Financeiras a Apropriar (ou a Vencer);
• Aluguéis a Apropriar (ou a Vencer).
O termo “a Apropriar” refere-se ao Princípio da Competência, no qual se deve
reconhecer e classificar as contas de resultado (receitas e despesas) no período
a que se referem, independentemente do seu efetivo recebimento (receitas) ou
pagamento (despesas). Assim, se pago o aluguel da empresa antecipado, com
vigência para 18 meses, preciso registrar o valor pago antecipadamente como
despesa apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento” da despesa no mês
correto (aluguel de janeiro de 2008 contabilizado no mês de janeiro de 2008).

4.2.1.2 Ativo Não Circulante


a) Realizável a Longo Prazo

• Neste subgrupo são registrados os direitos realizáveis após o encerramento


do Exercício Seguinte (mais de 360 dias após o encerramento do Balanço
Patrimonial): Duplicatas a Receber, Adiantamentos ou Empréstimos a
Fornecedores ou a Sociedade Coligada ou Controlada, Adiantamentos ou
Empréstimos a Diretores.
• Também são registradas as despesas apropriáveis após o encerramento do
Exercício Seguinte referentes a encargos financeiros exigíveis após o exercício
seguinte ao do encerramento do Balanço.

b) Investimentos - em que podem ser registrados:

• as participações permanentes em outras sociedades;


• os empreendimentos relativos ao plantio de florestas destinados à proteção
do solo ou à preservação do meio ambiente, sem que se destinem à
manutenção da atividade da empresa;

• as importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, desde que não sejam


para revenda ou destinadas à manutenção das atividades da empresa (ex.:
imóveis para aluguel);

• as aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da pessoa


jurídica.
c) Imobilizado

Registram-se neste subgrupo os bens e os direitos que tenham por objeto bens
destinados para a manutenção das atividades da empresa ou exercidos com essa
58

finalidade. Exemplos: máquinas, equipamentos, construções, veículos, móveis e


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utensílios, etc.

d) Intangível
Registram-se neste grupo os direitos correspondentes à propriedade industrial e
comercial da empresa, as patentes de invenção, as marcas, fórmulas e processos
de fabricação, valor do ponto comercial e outros de idêntica natureza;

4.2.2 Passivo
Em ordem decrescente de exigibilidade (vencimento), as contas do passivo são
estruturadas nos seguintes grupos:

4.2.2.1 Passivo Circulante


São registradas as obrigações da empresa que serão pagas no prazo de um ano
(curto prazo). As principais contas do passivo circulante são:

• Fornecedores: origina-se das operações de compra a prazo, no mercado nacional


ou exterior, de matérias-primas destinadas ao processo produtivo, mercadorias
com a finalidade de revenda ou outros materiais ou insumos;
• Tributos a Pagar/Recolher: compreende as obrigações relativas a impostos,
taxas e contribuições;

• Salários e Encargos Sociais: compõe-se das obrigações da empresa para com seus
empregados e aos agentes arrecadadores de contribuições sociais, bem como as
obrigações conhecidas como previsíveis e calculáveis na data do balanço;

• Empréstimos e Financiamentos de Instituições Financeiras: compreende os


recursos obtidos pela empresa junto a instituições financeiras do País com a
finalidade de financiar imobilizações ou o próprio giro do negócio;
• Além das contas descritas acima, podemos encontrar muitas outras contas
no passivo circulante, tais como: adiantamentos, contas a pagar, dividendos,
gratificações e participações, empréstimos em moeda estrangeira, etc.

4.2.2.2 Passivo Não Circulante


Compreende o Passivo Exigível a Longo Prazo no qual registram-se as contas que
representam as obrigações vencíveis após o prazo de um ano (encerramento do
exercício seguinte). Classificam-se neste grupo as seguintes contas:

• Financiamentos;
59

• Parcelamentos de Débitos Fiscais e Sociais;

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• Créditos de Empresas Coligadas e Controladas, etc.
Em sentido restrito, poderíamos considerar como PASSIVO apenas o Passivo
Exigível (Circulante e Não Circulante). Em sentido amplo, porém, esse termo é
utilizado como o total das exigibilidades (dívidas com terceiros) e dos recursos
próprios (Patrimônio Líquido), a saber.

4.2.2.3 Patrimônio Líquido


Conforme já estudamos, o Patrimônio Líquido é a diferença entre o Ativo e o
Passivo. Representa os investimentos dos proprietários (Capital Social), mais os
lucros reinvestidos (reservas).

Para sua melhor compreensão, apresentamos a seguir um resumo dos grupos e


subgrupos do Balanço Patrimonial:
60

Quadro sintético do Balanço Patrimonial


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BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE
São contas que estão constantemente em São obrigações exigíveis que serão
giro - movimento -, sendo que a conversão liquidadas nos próximos 365 dias após o
em dinheiro ocorrerá, no máximo, no levantamento do Balanço Patrimonial.
próprio exercício social.

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE


a) Realizável a Longo Prazo: Exigível a Longo Prazo
São bens e direitos que se transformarão São as obrigações (dívidas de longo prazo)
em dinheiro um ano após o levantamento que serão liquidadas com prazo superior
do BP. a um ano após o levantamento do Balanço
b) Investimentos: Patrimonial.
São as inversões financeiras de caráter
permanente que geram rendimentos e
que não são necessárias à manutenção da
atividade fundamental da empresa.
c) Imobilizado:
São itens de natureza permanente que
serão utilizados para a manutenção da
atividade básica da empresa.
d) Intangível:
Bens e direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da
empresa ou exercidos com essa finalidade.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
São os recursos dos proprietários
aplicados na empresa. Tais recursos
significam o Capital mais o seu
rendimento (lucros) e reservas.

4.3 Principais deduções do Ativo e do Patrimônio Líquido


A seguir, são apresentadas as principais deduções (contas redutoras ou de ajuste)
relacionadas ao ativo circulante, ao ativo não circulante e ao patrimônio líquido.

4.3.1 Deduções do Ativo Circulante


No item Duplicatas a Receber (ou contas a receber) encontram-se duas
deduções:
61

a) A parcela estimada pela empresa que não será recebida (inadimplência), com

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o título Provisão para Devedores Duvidosos (o cálculo é feito de acordo com
a média considerada incobrável em exercícios anteriores);
b) Parcela das duplicatas a receber negociadas com as instituições financeiras
(antecipação de recebíveis), com o título de Duplicatas Descontadas.

4.3.2 Dedução do Ativo Não Circulante


No Imobilizado, como dedução do valor bruto, encontram-se as contas Depreciação,
Amortização e Exaustão A perda de valor dos bens do Ativo Não Circulante em
virtude da ação do tempo, uso, da evolução técnica (obsolescência), ou exaustão,
será registrada periodicamente nas contas de:
a) Depreciação - corresponde à perda do valor dos bens que têm por objeto bens
físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou
por obsolescência técnica. A taxa anual de depreciação é determinada em função
da vida útil do bem, isto é, do prazo durante o qual se possa esperar a utilização
econômica dele na produção. A Secretaria da Receita Federal estabelece e publica
as taxas de depreciação conforme o prazo de vida útil admissível para cada
item do Ativo Imobilizado.

b) Amortização - quando corresponder à perda do valor do capital aplicado


na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial e quaisquer
outros com existência ou exercício de duração limitada. São amortizáveis:
fundo de comércio, custo das benfeitorias em imóveis de terceiros, despesas
pré-organizacionais, pesquisas científicas ou tecnológicas, etc. A taxa anual
de amortização é fixada considerando-se: o número de anos restantes da
existência do direito amortizável; número de períodos-base nos quais deverão
ser usufruídos os benefícios decorrentes das despesas registradas no Ativo
Diferido; legislação do Imposto de Renda (prazos mínimos e máximos).

c) Exaustão - corresponde à perda do valor decorrente da exploração de direitos


cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa
exploração. As mineradoras poderão considerar como custo ou despesa, em cada
exercício, o valor correspondente à percentagem extraída de minério no período
sobre o custo de aquisição ou prospecção dos recursos minerais explorados.
O valor da quota de exaustão florestal em cada exercício é apurado através da
identificação do percentual entre o volume de recursos florestais explorados
em relação ao volume da floresta no início do período-base.
62

4.3.3 Dedução do Patrimônio Líquido


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O Patrimônio Líquido pode ser reduzido quando há prejuízo no exercício


evidenciado pela conta Prejuízos Acumulados.
Na sequência, apresentamos a estrutura do Balanço Patrimonial segundo a Lei nº
6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/09.

Estrutura básica do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

DISPONIBILIDADES Empréstimos
Caixa Fornecedores
Bancos Conta-Corrente Obrigações Fiscais e Sociais
Aplicações de Liquidez Imediata Adiantamento de Clientes
Utilidades e Serviços a Pagar
CRÉDITOS Gratificações a Empregados, Diretores,
Clientes Administradores
(-) Provisão para Devedores Duvidosos Salários, Férias e 13º Salário a Pagar
(-) Duplicatas Descontadas Títulos a Pagar
Títulos a Receber Debêntures a Pagar
Bancos Conta Vinculada
Adiantamentos a Terceiros
Adiantamentos a Funcionários
Impostos a Recuperar

ESTOQUES
Mercadorias para Revenda
Matérias-primas
Materiais de Embalagem
Materiais de Limpeza
DESPESAS ANTECIPADAS
Prêmios de Seguros a Apropriar
Encargos Financeiros a Apropriar
Aluguéis a Apropriar
63

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ATIVO PASSIVO

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO


Clientes Empréstimos e Financiamentos
Bancos Conta Vinculada Títulos a Pagar
Títulos a Receber
Créditos de Acionistas
Créditos de Diretores PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Créditos de Coligadas e Controladas
Adiantamentos a Terceiros Capital Social
Impostos a Recuperar (-) Capital Social a Integralizar
Reservas de Capital
Investimento Ajustes de Avaliações Patrimoniais
Participação em Sociedades (controladas Reservas de Lucros
e coligadas) (-) Ações em Tesouraria
Participações em Outras Empresas (-) Prejuízos Acumulados
Obras de Arte
Imóveis Não de Uso - de Renda
Direito de Exploração de Recursos
Naturais (minerais e vegetais)
(-) Exaustão Acumulada

Imobilizado
Terrenos
Instalações
Máquinas, Aparelhos e Equipamentos
Móveis e Utensílios
Veículos
Ferramentas
(-) Depreciação Acumulada
Obras em Andamento

Intangível
Marcas, Direitos e Patentes Industriais
(-) Amortização Acumulada

4.4 Investimentos patrimoniais e as origens de recursos


Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo Passivo e Patrimônio
Líquido (PL). Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos
proprietários, fornecedores, governo, bancos, financeiras, etc., que representam
origens de recursos. Através do PASSIVO e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto,
identificam-se as origens de recursos.
O ATIVO, por sua vez, evidencia todas as APLICAÇÕES DE RECURSOS: aplicação
no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis, etc. A empresa só pode aplicar
(ATIVO) aquilo que tem origem (PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO), dessa
64

forma, fica bastante simples entender por que o ATIVO será sempre igual ao
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PASSIVO (recursos de terceiros) e PATRIMÔNIO LÍQUIDO (recursos próprios


representados pelo Capital Social, reservas e lucros acumulados).

Fonte: adaptado de Marion, 2006.

Sem dúvida, as principais origens de recursos para a empresa são o capital investido
pelos sócios e o lucro obtido no negócio (PL), lembrando que o lucro obtido pela
empresa não pertence a ela, mas a seus proprietários (sócios ou acionistas), pois
são eles que assumem o risco do negócio. O lucro é, portanto, a remuneração do
capital investido na empresa pelos proprietários, assim, é adicionado à conta do
proprietário, ou seja, no Patrimônio Líquido.
Empréstimos, financiamentos, factoring, crédito direto ao consumidor, ações,
debêntures, incentivos fiscais, etc. constituem outras fontes de recursos importantes
para a empresa.
65

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IMPORTANTE:
No lado do PASSIVO, como você já sabe, são representados dois grupos de elementos
patrimoniais:
Obrigações: corresponde à parcela do patrimônio que a empresa deve a terceiros,
por isso denominada de Capitais de Terceiros. No desenvolvimento normal de
suas atividades, sua empresa efetua diariamente uma série de operações que
poderão acarretar obrigações, as quais serão representadas por duplicatas a pagar,
empréstimos a pagar, fornecedores, impostos e encargos a recolher, etc. Essas
obrigações deverão ser pagas a fornecedores, bancos governos, etc.
Patrimônio Líquido: é a parcela do patrimônio que pertence aos proprietários da
empresa. São os chamados Capitais Próprios que podem se originar de duas fontes:
• recursos dos proprietários: é o caso do capital inicial e dos aumentos posteriores
(quando estes se originarem de recursos dos proprietários, oriundos de fora da
empresa);
• evolução normal da empresa: é o caso dos lucros e das reservas. Os lucros, como
você já sabe, decorrem da gestão do patrimônio, enquanto que as reservas são
parcelas desses lucros que ficam retidas para investimentos futuros ou finalidades
específicas.

Ponto final
Neste capítulo estudamos o Balanço Patrimonial: conceito, grupos de contas e
modelo segundo a Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09.
Saliente-se que a Contabilidade, enquanto instrumento que auxilia a administração
da empresa a tomar decisões, coleta todos os dados econômicos, mensura-os
monetariamente, registra-os e sintetiza-os no formato de relatórios financeiros. Os
relatórios contábeis obrigatórios são os exigidos por lei, sendo o Balanço Patrimonial
um desses relatórios obrigatórios (considerado o mais importante, dada a sua
facilidade de leitura e interpretação pelos diferentes usuários). Bons estudos!

Texto complementar

Origens dos recursos


No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recursos
provenientes de duas origens ou fontes: recursos (ou capitais) próprios e recursos
(ou capitais) de terceiros.

A constituição de uma sociedade se dá por meio de recursos fornecidos pelos sócios


para a formação do patrimônio da pessoa jurídica. Trata-se do capital inicial, que
representa recursos próprios. Igualmente, são recursos próprios os originários
de aumentos de capital mediante o ingresso de novos recursos. Os resultados
66

positivos apurados nas atividades empresariais, reinvestidos na empresa, também


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representam recursos próprios.

No decorrer de suas operações, a empresa utiliza recursos de terceiros, oriundos


de empréstimos e financiamentos. Empréstimos concedidos por sócios à sociedade
representam recursos de terceiros, pois não são destinados à formação de
capital.
Os recursos próprios são representados pelo Patrimônio Líquido.
Os recursos de terceiros são representados pelo Passivo Exigível.

A soma dos capitais próprios e os de terceiros formam o capital total à disposição


da entidade, ou seja, o Passivo Total.

Aplicações de recursos
O Ativo representa as aplicações ou usos dos recursos obtidos.
A análise do Ativo evidencia de que maneira os recursos obtidos estão sendo
utilizados.

Exercícios
1) O que evidencia o Balanço Patrimonial? No seu entender, qual a importância
desta demonstração contábil no processo de gestão?

2) Ao olhar o Balanço Patrimonial, você visualiza os recursos de que a entidade


dispõe. O que mostra cada um dos lados do Balanço Patrimonial?
3) Quais os grupos de contas que compõem o Ativo? Explique-os.

4) Quais os grupos de contas que compõem o Passivo? Explique-os.


5) Cite três exemplos de contas retificadoras de Ativo que normalmente aparecem
nos balanços.

Assinale a resposta certa:

6) O Passivo representa:

a) a origem de capitais/recursos.
b) a aplicação de capitais/recursos.

c) somente obrigações com terceiros.

d) somente obrigações para com os proprietários.


67

7) Capitais de terceiros são:

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a) somente obrigações de curto prazo.
b) as obrigações e o Patrimônio Líquido.
c) somente obrigações decorrentes de compras a prazo.

d) as obrigações de curto e de longo prazo.

8) Todas as obrigações vencíveis durante o exercício seguinte ao do Balanço são


classificadas:

a) no Passivo Circulante.

b) no Passivo Não Circulante.


c) no Patrimônio Líquido.

d) Nenhuma das anteriores.

9) Todas as obrigações cujos vencimentos ocorram após o término do exercício


social seguinte ao do Balanço serão classificadas:

a) no Passivo Circulante.

b) no Passivo Não Circulante.


c) no Patrimônio Líquido.

d) no Ativo Circulante.

10) Capitais próprios são:

a) Passivo Circulante mais Patrimônio Líquido.

b) Patrimônio Líquido.
c) Passivo Circulante.

d) Nenhuma das anteriores.

11) As disponibilidades, os direitos realizáveis durante o exercício social seguinte


ao do balanço, os estoques e as despesas antecipadas, serão classificados:

a) no Ativo Circulante.

b) no Ativo Não Circulante - Realizável a Longo Prazo.


68

c) no Ativo Não Circulante - Imobilizado.


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d) no Passivo Circulante.

12) As contas que representam bens destinados à manutenção das atividades


da companhia, como Móveis e Utensílios, Veículos, Instalações, etc., são
classificadas:

a) no Ativo Não Circulante - Investimentos.

b) no Ativo Não Circulante - Imobilizado.


c) no Ativo Não Circulante - Intangíveis.

d) no Ativo Circulante.

13)A Indústria de Produtos Alimentícios Bolachas Maria S.A. adquiriu um


imóvel com o intuito de locá-lo a terceiros. Neste caso, o referido imóvel será
classificado:

a) no Ativo Circulante.

b) no Ativo Não Circulante - Investimentos.


c) no Ativo Não Circulante - Imobilizado.

d) no Ativo Não Circulante - Intangíveis.


69

14) Considerado o Balanço Patrimonial abaixo, responda as questões de I a VI.

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CIA. SOLUÇÃO EMPREENDIMENTOS

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Caixa 10.000 Fornecedores a Pagar 200.000

Duplicatas a Receber 40.000 Empréstimos a Pagar 40.000

Estoques 50.000 Salários a Pagar 60.000

Máquinas 100.000 Capital Social 200.000

Terrenos 200.000

100.000
Títulos a Receber

TOTAL 500.000 TOTAL 500.000

I. Tanto as origens quanto as aplicações são:


a) 300.000

b) 500.000

c) 1.000.000
d) 200.000

II. O capital de terceiros é de:

a) 500.000
b) 200.000

c) 300.000
d) 100.000
III. O capital próprio é de:

a) 200.000

b) 100.000
c) 500.000
d) 300.000
70

IV. O total de direitos é:


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a) 200.000
b) 300.000
c) 50.000
d) 140.000

V. O total de bens é:
a) 360.000

b) 200.000

c) 300.000
d) 500.000

VI. Podemos dizer que o disponível é:

a) 50.000
b) 10.000

c) Capital Social

d) Estoques a vendas

15) Estruture os Balanços Patrimoniais de duas companhias cujos dados são


apresentados a seguir. DICA: não se esqueça de classificar as contas de acordo
com os grupos (Ativo e Passivo) e respectivos subgrupos (Circulante e Não
Circulante e seus respectivos subgrupos), além do Patrimônio Líquido.

I. Cia. Futura. Balanço Patrimonial levantado em 31/12/2008 (valores em


mil). Caixa: 1.800; Fornecedores: 4.000; Capital Social: 10.000; Máquinas e
Equipamentos: 3.000; Estoques: 6.500; Financiamentos a Pagar (+ 360 dias):
7.320; Investimentos: 200; Reservas: 3.400; Duplicatas a Receber: 3.400;
Salários a Pagar: 6.500; Participações em outras Empresas: 7.320; Contas a
Pagar: 200; Prédios: 4.000; Impostos a Pagar: 1.800; Títulos a Pagar (mais de
360 dias): 3.000; Títulos a Receber (+ 360 dias): 10.000.
II. Cia. Eficiência. Balanço Patrimonial levantado em 31/12/2008 (valores em
mil). Equipamentos: 14.500; Capital Social: 50.000; Títulos a Pagar (+ 360 dias):
5.000; Bancos Conta-Corrente: 12.000; Títulos a Receber: 6.000; Fornecedores:
10.000; Salários a Pagar: 2.000; Clientes: 30.000; Empréstimos a Pagar: 4.900;
Estoques: 23.000; Dividendos a Pagar: 2.763; Despesas Antecipadas de
Aluguel: 1.000; Imposto a Recolher: 4.155; Reservas 7.682.
71

III.Cia. Sucesso: Caixa: 2.000; Capital Social: 95.000; Fornecedores: 18.000; Contas

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a Receber: 28.000; Edifícios: 30.000; Material de Consumo: 2.000; Contas a
Pagar: 11.000; Clientes: 20.000; Terreno: 18.000; Máquinas e Equipamentos:
44.000; Móveis e Utensílios: 3.000; Mercadorias: 32.000; Salários a Pagar:
30.000; Veículos: 15.000; Empréstimos: 40.000.
IV. Empresa ABC: Clientes: R$ 700.000; Duplicatas Descontadas: R$ 200.000;
Provisão para Devedores Duvidosos: R$ 21.000; Prêmios de Seguros a Vencer:
R$ 1.200; Caixa: 26.000; Bancos Conta Movimento: R$ 245.000; Estoque de
Mercadorias: R$ 281.000; Estoque de Material de Embalagem: R$ 2.000;
Participações em Outras Empresas: R$ 50.000; Imóveis: R$ 310.000; Veículos:
90.000; Móveis e Utensílios: R$ 120.000; Depreciação Acumulada: R$ 96.600;
Fornecedores: R$ 315.000; Impostos a Recolher: 96.100; Contribuições de
Previdência a Recolher: R$ 20.500; Empréstimos aos Sócios: 30.000; IR a
Pagar: R$ 210.070; Capital Social: R$ 420.000; Financiamentos Bancários:
(longo prazo) R$ 310.000; Reserva para Investimento: R$ 13.353; Reserva
Legal: R$ 31.691; Salários a Pagar: 20.886, Empréstimos: 100.000.

Gabarito:
1) Evidencia a situação patrimonial e financeira da entidade em determinada
data.

2) O Ativo mostra as aplicações de recursos (bens e direitos). O Passivo, por sua


vez, apresenta as obrigações exigíveis (valores a pagar/obrigações de curto e de
longo prazo). Ainda no lado do Passivo, temos o Patrimônio Líquido, composto
pelos recursos próprios da entidade (valores investidos pelos sócios/acionistas
e retenções de lucros).
3) Os grupos que compõem o Ativo são CIRCULANTE e NÃO CIRCULANTE.
Ambos apresentam subdivisões. Leia e sintetize a seção 4.2.1 - Ativo

4) Os grupos que compõem o Passivo são CIRCULANTE e NÃO CIRCULANTE.


Ambos apresentam subdivisões. Complementando as origens de recursos,
temos o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Leia e sintetize a seção 4.2.2 - Passivo

5) São contas dedutivas ou retificadoras de Ativo: Provisão para Devedores


Duvidosos, Duplicatas Descontadas, Exaustão, Amortização e Depreciação.
Leia mais em 4.3: Principais Deduções de Ativo e de Patrimônio Líquido.

6) a; 7) d; 8) a, 9) b; 10) b; 11) a; 12) b; 13) b.


72

14) I. 500.000 (b) Referente ao total do Ativo (Aplicações) e do Passivo (Origens de


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Recursos).

II. 300.000 (c) Montante das Obrigações (Valores a Pagar).


III. 200.000 (a) Referente ao Patrimônio Líquido (neste caso representado pela
conta Capital Social).
IV. 140.000 (d) Valores a Receber.
V. 360.000 (a) Itens de propriedade da empresa para uso, troca ou consumo

VI. 10.000 (b) Valor disponível (Caixa)

15) De acordo com a estrutura básica do Balanço Patrimonial apresentada neste


capítulo, monte os balanços das empresas. Dica: total do ativo = total do
passivo.

Questione seu tutor em caso de dúvidas e/ou poste no fórum de dúvidas da


disciplina.
5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO (DRE)

Simone Loureiro Brum Imperatore

A cada exercício social (normalmente um ano) a empresa apura o resultado de seus


negócios (lucro ou prejuízo). Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a Contabilidade
confronta as receitas com as despesas. Se o total da receita for maior que a despesa,
a empresa obteve lucro, se a receita for menor que a despesa, ela teve prejuízo.

A apuração do resultado do exercício é evidenciada pela Demonstração do


Resultado do Exercício - DRE. Esta se apresenta como um resumo das receitas e
despesas do período, facilitando-se a avaliação da gestão patrimonial.

Antes de estudarmos a DRE propriamente dita, estudaremos os seguintes


tópicos:
• Receitas;

• Despesas;

• Despesas e custos.
Na sequência, estudaremos:

• Demonstração do Resultado do Exercício;

• Distribuição do lucro;
• DRE inovada.

5.1 Receitas e despesas


As receitas são valores que a empresa gera como fonte de recursos financeiros, para
atender a seus gastos e manter as suas atividades. Constituem ingressos (entradas)
de recursos, correspondendo, em geral, a vendas de mercadorias ou prestação de
74

serviços. A receita sempre aumenta o Ativo. Exs.: Vendas à vista; Aluguéis ativos;
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Vendas a prazo; Juros ativos; Receitas de serviços; Descontos obtidos.

Se as receitas são entradas de recursos, as despesas constituem saídas, desembolsos


de recursos (R$). Segundo Marion, despesa é todo o sacrifício, todo o esforço da
empresa para obter receita. Em outras palavras, é o consumo de bens ou serviços
utilizados pela empresa para a manutenção de suas atividades. As despesas deverão
ser registradas por ocasião do consumo dos bens ou dos serviços utilizados pela
empresa para a manutenção, independentemente de seu efetivo pagamento.

As despesas constituem saídas de recursos e se refletem no Balanço Patrimonial


através da redução do saldo de caixa (ou banco conta-corrente) quando são pagas
no ato (à vista), ou mediante o aumento de uma obrigação, quando são contraídas
no presente para serem pagas no futuro (a prazo).
São exemplos de despesas: água e esgoto, material de expediente, aluguéis passivos,
juros passivos, café e lanches, luz, descontos concedidos, salários, despesas
bancárias, encargos sociais, fretes, prêmios de seguros, impostos, telefone.

Não esqueça:

Receita aumenta o Patrimônio Líquido

Despesa diminui o Patrimônio Líquido, referentes a valores


investidos para produzir receitas

Receitas e despesas são contas de resultado. Aparecem durante o exercício social


(normalmente de 1º de janeiro a 31 de dezembro), encerrando-se ao final desse
período. Não fazem parte do Balanço Patrimonial, mas permitem apurar o resultado
do exercício (estão na DRE).

Existem contas de resultado que podem aparecer tanto no grupo das despesas
quanto das receitas (é o caso de aluguéis, juros e descontos). Desse modo, como
saber quando representam despesas e quando representam receitas? A diferença
está nos adjetivos empregados.
75

5.2 Despesa e custo

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Precisamos diferenciar despesa e custo. Quando a matéria-prima é adquirida
(comprada), constitui um gasto, ou seja, um desembolso (saída de dinheiro,
pagamento) para a aquisição de um bem, sendo “estocada” no Ativo. No instante
em que essa matéria-prima entra em produção, a reconhecemos como custo.
Assim, todos os gastos no processo de industrialização que contribuem com a
transformação da matéria-prima (fabricação) em produto são dados como custos:
mão de obra, energia elétrica, desgaste de máquinas utilizadas para a produção
(depreciação), embalagens, aluguel da fábrica, etc.

Já os gastos referentes ao escritório e à administração são classificados em despesas.


Pela Lei das Sociedades Anônimas, identificamos três tipos de despesas: de vendas,
administrativas e financeiras.

PARA NÃO ESQUECER:

Gastos da fábrica: custo dos produtos, serviços


Custos
prestados, mercadorias vendidas

Gastos do escritório e administração: vendas,


Despesas
administrativas e financeiras.

Numa empresa comercial, o gasto da aquisição de mercadoria a ser revendida


será tratado como custo; já numa empresa de prestação de serviços, a mão de
obra aplicada no serviço prestado mais o material utilizado nesse serviço serão
considerados custos. Para ambas as empresas, todos os gastos na administração,
assim como na indústria, serão tratados como despesas.

5.3 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 26 - Apresentação das Demonstrações
Contábeis, a DRE é um resumo ordenado das receitas e das despesas da empresa
em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou
seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro
76

ou prejuízo). É apresentada de forma a destacar o resultado líquido do período


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(exercício social), incluindo o que se denomina receitas e despesas realizadas.

A DRE pode ser simples para micro e pequenas empresas que não requeiram dados
pormenorizados para a tomada de decisão, e deve evidenciar o total de despesa
deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro, sem destacar os principais grupos
de despesas.

A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a tomada de
decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos, etc.
Assim:

DRE (completa)
RECEITA
DRE (simples) (-) DEDUÇÕES
RECEITA
(-) DESPESA ↓ (-) CUSTOS
(-) DESPESAS
Lucro ou prejuízo (-) _________
(-) _________
Lucro ou prejuízo

IMPORTANTE:
A DRE é elaborada a partir da conta lucros e perdas. Ela é uma demonstração financeira
imprescindível para a elaboração do Balanço Patrimonial (deve, inclusive, preceder o seu
levantamento). Normalmente, o resultado do exercício das empresas é apurado no final do
ano civil. Sua finalidade é melhor evidenciar o ganho, tendo em vista as necessidades de
informações do usuário externo, bem como fornecer os dados essenciais à análise da
formação
do resultado do exercício.

Como já vimos, para se apurar o resultado do exercício de uma empresa, basta


confrontar o total de despesas com o total das receitas ocorridas em um determinado
período.
A DRE é elaborada a partir do resultado líquido do exercício, a partir de um
conceito básico:
77

Assim:

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO:

RECEITAS
( - ) DESPESAS
= LUCRO/PREJUÍZO

Se tivermos Receitas > Despesas então teremos lucro / superávit

Se tivermos Receitas < Despesas então teremos prejuízo / déficit


Como se vê, o objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer
aos usuários os dados básicos e essenciais da formação do resultado (lucro ou
prejuízo).

O artigo 187 da Lei das Sociedades por Ações disciplina a apresentação desta
Demonstração. Visando atender este objetivo, a DRE é iniciada com o valor total da
receita apurada em suas operações de vendas (ou prestação de serviços), da qual
são deduzidos os tributos incidentes sobre vendas, as devoluções e abatimentos e os
descontos incondicionais, apurando-se a receita líquida. Da receita líquida deduz-
se o custo total correspondente a estas vendas/prestação de serviços, obtendo-se a
margem bruta, ou seja, o lucro bruto.

São então apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais,


conforme a sua função: despesas com vendas; despesas gerais e administrativas; e
despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras. A partir do lucro bruto, e
deduzindo-se as despesas operacionais, apresenta-se o resultado operacional, dado
importante para a análise das operações da empresa.
Na sequência, a DRE apresenta as outras receitas e despesas, apurando-se o
resultado antes dos tributos (IR e CSLL).

Deduz-se a CSLL e o IR e, finalmente, as participações de terceiros calculáveis


sobre o lucro (debêntures, empregados, administradores, partes beneficiárias,
contribuições para fundos de benefícios a empregados, entre outros), chegando-se
ao lucro (ou prejuízo) do exercício, que é o valor final da DRE.

A legislação exige, ainda, a apresentação do montante do lucro por ação.


78

O quadro a seguir apresenta a estrutura básica da DRE.


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ESTRUTURA BÁSICA DA DRE


Empresa exemplo
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Período de 01.01 a 31.12.x1

RECEITA BRUTA
( - ) Tributos incidentes sobre vendas
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Descontos incondicionais
= RECEITA LÍQUIDA

( - ) Custo das mercadorias vendidas (se comércio)


ou ( - ) Custo dos produtos vendidos (se indústria)
ou ( - ) Custo dos serviços prestados (se empresas de serviços)
= RESULTADO BRUTO

( - ) Despesas operacionais
- Vendas
- Administrativas
- Financeiras líquidas (despesas - receitas financeiras)
( - ) ou ( + ) Outras despesas e receitas operacionais
= RESULTADO OPERACIONAL

( + ) ou ( - ) Outras receitas/despesas
= RESULTADO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

( - ) Provisão para a contribuição social


= RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

( - ) Provisão para o Imposto de Renda


= RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA

( - ) Provisão para participação de debenturistas


( - ) Provisão para participação dos empregados
( - ) Provisão para participação dos administradores
( - ) Provisão para participação de partes beneficiárias
= RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (lucro ou prejuízo)
Fonte: Lei 6404/76 e CPC 26

Destaque-se que a preocupação na elaboração de um relatório contábil é a riqueza


de detalhes, sem complicação, no sentido de propiciar um maior número de
informações para a tomada de decisões. Entendamos melhor:
79

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a. Receita Bruta - Inclui o total geral das vendas, sem nenhuma dedução.

b. Receita Líquida - Resulta da receita bruta deduzida dos tributos incidentes sobre
vendas - e, se for o caso, de eventuais vendas canceladas (devoluções) e abatimentos
(descontos). Esses tributos são os impostos e as taxas decorrentes da venda/
prestação de serviços e que variam proporcionalmente às vendas/faturamento
efetuadasd. Cumpre destacar que eles pertencem ao governo, e a empresa é apenas
uma intermediária que arrecada tributos junto ao consumidor e recolhe do governo
o resultado dessa arrecadação. Por isso, eles não devem ser considerados como
receita da empresa, mas como recursos que transitam pelo caixa, razão pela qual
são deduzidos da receita bruta da empresa.

c. Resultado ou Lucro Brutoe - É o valor que resulta da dedução dos custos no período
sobre a Receita Líquida. Os custos incluem somente os gastos da fábrica (gastos
de produção), incluindo matéria-prima, mão de obra, depreciação de bens da
fábrica, aluguel da fábrica, energia elétrica da fábrica, etc. No caso de uma empresa
comercial, conforme já vimos, consideramos o custo das mercadorias vendidas; em
uma empresa de prestação de serviços, o valor da mão de obra, acrescido do valor
dos materiais utilizados na prestação do serviço.

RECEITA LÍQUIDA
( - ) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
ou ( - ) Custo dos produtos vendidos
ou ( - ) Custo dos serviços prestados
= RESULTADO BRUTO

Lucro Bruto é a diferença entre a venda de mercadorias e o custo da mercadoria vendida,


sem considerar as despesas administrativas, de vendas e financeiras. Para uma empresa
prestadora de serviços o raciocínio é o mesmo: lucro bruto é a diferença entre a receita
e o custo do serviço prestado sem considerar as despesas administrativas, de vendas e
financeira.
A expressão custo das vendas é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser
especificada por setor na economia:

• empresas industriais: Custo do Produto Vendido (CPV)


• empresas comerciais: Custo da Mercadoria Vendida (CMV)
• empresas prestadoras de serviços: Custo dos Serviços Prestados (CSP)

d Os Tributos Incidentes sobre as Vendas mais comuns são: o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Programa de Integração
Social (PIS) - que são de competência federal -; o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) - de competência estadual -; bem como o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
- de competência municipal.
e O lucro bruto, após cobrir o custo de fabricação do produto (ou custo da mercadoria adquirida para
revenda ou o custo do serviço prestado), é destinado à remuneração das despesas operacionais
- comerciais (vendas), administrativas e financeiras - bem como ao pagamento de impostos e à
remuneração dos proprietários das empresa (lucro líquido).
80
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d. Resultado ou Lucro Operacional - Ao resultado bruto são somadas Outras Receitas


Operacionais e, desse montante, são diminuídas as Despesas Operacionais,
encontrando-se o Resultado Operacional. Quando ele é positivo, denomina-se
Lucro Operacional.

RESULTADO BRUTO ( + )
OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
( - ) DESPESAS OPERACIONAIS
= RESULTADO OPERACIONAL

• Despesas Operacionais são aquelas necessárias para vender mercadorias, produtos


ou serviços, bem como administrar a empresa e financiar as operações. Portanto, são
todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da
empresa. Os principais grupos de despesas operacionais são:

• Despesas de vendas (ou comerciais): salários do pessoal de vendas, marketing e


pesquisa de mercado, distribuição, comissão sobre vendas, propaganda e publicidade,
despesas com garantia, promoções de bonificações, fretes, etc.

• Despesas administrativas: salários do pessoal administrativo, encargos sociais,


assistência médica, aluguéis, energia elétrica, condomínio, seguros, despesas de
viagens, material de escritório, depreciação, impostos, remuneração da diretoria,
etc.

• Despesas financeiras: juros passivos, descontos concedidos, despesas bancárias, etc.


Das despesas financeiras, deduzimos as receitas financeiras, a saber: juros ativos,
descontos obtidos.

e. Resultado antes da Contribuição Social - A Contribuição Social incide sobre o


Lucro da Empresa. Quando se apura o Exercício Social, declaram-se e recolhem-
se aos cofres públicos 9% sobre o lucro real apurado. Portanto, o Resultado antes
da Contribuição Social refere-se ao resultado (lucro) antes de calculado o referido
tributo.

f. Resultado antes do Imposto de Renda f - O Imposto de Renda incide sobre o lucro


da empresa. Quando se apura o exercício social, declaram-se e recolhem-se aos
cofres públicos 15% sobre o lucro apurado ou presumido. Portanto, calcula-se o
valor do IR a pagar e deduz-se do Lucro antes do Imposto de Renda.

f Antes do IR é calculada a Contribuição Social, que é uma taxa sobre o lucro (9%) para atender ao
auxílio-desemprego e outras finalidades sociais.
81

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g. Resultado depois do Imposto de Renda - refere-se ao resultado antes do IR deduzido
do valor do Imposto de Renda calculado.

h. Resultado ou lucro líquido do exercício - Consiste na sobra pertencente aos


proprietários ou à entidade. Após a dedução do IR devido, faz-se as deduções das
participações previstas nos estatutos: de empregados, de administradores, etc. A
sobra líquida é a parcela à disposição dos sócios ou acionistas.

5.4 Reservas
Conceito de reservas...
Os proprietários decidem qual o montante da parcela do lucro líquido que ficará
retida na empresa (reservas) e a parte que será distribuída aos donos do capital
(dividendos). A distribuição do lucro será evidenciada na Demonstração dos Lucros
ou Prejuízos Acumulados. A indicação do montante do lucro ou prejuízo líquido por
ação é obrigatória por força do disposto no art. 187, inciso VII, da Lei nº 6.404/76.

Como regra geral, a administração tem ampla liberdade quanto à destinação dos
resultados apurados, desde que aprovada pelos sócios ou acionistas. O lucro do
exercício pode ser utilizado para aumentar o capital social da empresa (reserva
de capital), constituir as reservas de lucros, compensar prejuízos acumulados ou
ser distribuído (dividendos). Nas sociedades anônimas, entretanto, parte do lucro
terá como destinação obrigatória a constituição da reserva legal e a distribuição
de dividendos.

Segundo Marion, as reservas de lucros são acréscimos ao Patrimônio Líquido


que, quase sempre, são utilizados para aumento de capital social. São reservas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia (conforme a Lei nº 6.404/76),
podendo assumir as seguintes características:
a. Reserva legal: do lucro líquido do exercício 5% serão aplicados, antes de qualquer
outra destinação, na constituição da reserva legal (que não poderá exceder o
valor de 20% do capital social). Essa reserva tem por finalidade assegurar a
integridade do capital social e somente será utilizada para compensar eventuais
prejuízos ou aumentar o capital social.

b. Reservas estatutárias: são aquelas previstas no estatuto, sendo que a empresa


pode prevê-las ou criá-las, desde que:

• identifique, de modo preciso e correto, a sua finalidade;


• fixe os critérios de determinação da parcela anual do lucro líquido que será
destinada à sua constituição; e

• estabeleça o limite máximo da reserva.


82

Existem várias modalidades de reservas estatutárias, e entre elas podemos citar


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as constituídas para aumento de capital social, reembolso de ações a acionistas


dissidentes, resgate ou amortização de ações.
c. Reserva para contingências: refere-se à destinação de parte do lucro líquido
apurado no exercício para a formação de uma reserva cuja finalidade é
compensar, futuramente, a diminuição do lucro decorrente de perdas prováveis
e mensuráveis monetariamente.

d. Reserva para plano de investimentos: constituída pela retenção de parcela do


lucro líquido do exercício, para suportar os investimentos discriminados no
orçamento de capital da companhia.
e. Reserva de lucros a realizar: com a Lei nº 10.303/01, fica assegurado o
cálculo da reserva de lucros a realizar apenas para pagamento de dividendo
obrigatório.

5.5 DRE Inovada


É comum observarmos atualmente relatórios contábeis com a expressão Ebitda.
Ebtida em inglês é identificado como Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization. Em português é chamado popularmente de Lajida - Lucro antes dos
juros, impostos, depreciação e amortização.
De certa forma, Ebitda é o lucro operacional ajustado. Observe a comparação de uma
DRE tradicional e uma DRE inovada com Ebitda de uma empresa comercial.g

DRE TRADICIONAL DRE INOVADA

Receita 1.600.000
Receita 1.600.000
(-)CMV (800.000)
(-) CMV (800.000)
Lucro bruto 800.000
Lucro bruto 800.000
(-) Desp vendas (200.000)
(-) Despesas operacionais
(-) Desp administrativas (290.000)
Vendas (200.000)
EBITDA 310.000
Administrativasg (350.000)
(-) Depreciação (60.000)
Financeiras (50.000)
(-) Desp financeiras (50.000)
Lucro operacional 200.000
Lucro operacional 200.000
(-) IR e Contr. Social (48.000)
(-) IR e Contr. Social (48.000)
Lucro líquido 152.000
Lucro líquido 152.000

g Incluída depreciação.
83

Segundo Marion, o Ebitda abrange todos os componentes operacionais (despesa e

ULBRA - Educação a Distância


receita financeira não são operacionais) e os componentes com potencial de afetar o
caixa (depreciação não afeta o caixa), evidenciando a capacidade da empresa em
gerar recursos considerando seu negócio.

Ponto final
A DRE pode ser considerada a mais importante demonstração da dinâmica patrimonial,
pois é capaz de mostrar a receita bruta da entidade (vendas ou serviços prestados), o
custo dessas receitas e demais despesas operacionais, evidenciando o lucro bruto e
o lucro operacional. Demonstrar, ainda, outras receitas e despesas não operacionais,
para evidenciar o lucro obtido em determinado período de tempo, normalmente um
exercício social, em função da exploração das atividades da empresa. Sua finalidade
básica, portanto, é descrever a formação do resultado gerado no exercício, mediante
especificação das receitas, custos e despesas por natureza dos elementos componentes,
até o resultado líquido final - lucro ou prejuízo.

RECEITAS: As receitas são valores que a empresa gera como fonte de recursos
financeiros, para atender a seus gastos e manter as suas atividades. Constituem
ingressos (entradas) de recursos correspondendo, em geral, a vendas de mercadorias
ou prestação de serviços.

DESPESAS: são os gastos referentes ao escritório e à administração. Pela Lei das


Sociedades Anônimas, identificamos três tipos de despesas: de vendas, administrativas
e financeiras.

CUSTOS: todos os gastos no processo de industrialização que contribuem com a


transformação da matéria-prima (fabricação) em produto são dados como custos:
mão de obra, energia elétrica, desgaste de máquinas utilizadas para a produção
(depreciação), embalagens, aluguel da fábrica, etc.

Referências
Livros-base:
Contabilidade: ensino e decisão - Osni Hoss et al. - Ed. Atlas.
Contabilidade Empresarial - José Carlos Marion - Ed. Atlas.

Curso de Contabilidade para não contadores - Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
- Ed. Atlas.
As obras referenciadas possibilitam um “tur” geral na ciência contábil, trazendo
casos práticos, questionamentos e ilustrações que auxiliam o entendimento do
conteúdo estudado.
84

Exercícios
ULBRA - Educação a Distância

1) Responda às questões a seguir.


a) Qual a finalidade da DRE?

b) O que você entende por despesas? Dê 3 exemplos.

c) Diferencie despesas e custos.


d) O que você entende por receitas? Dê 3 exemplos.

e) Como podemos saber quando as contas aluguéis, juros e descontos


representam receitas ou despesas?

f) O que são reservas? Dê exemplos.

2) Complete as lacunas:
a) As contas patrimoniais são aquelas que representam o _______________ da
empresa num dado momento, através do Balanço Patrimonial, e se dividem
em ______________, ____________, _______________ e ________________.
b) As contas de resultado são aquelas que permitem apurar o ___________ do
exercício e se dividem em _____________ e _____________.

3) Assinale a resposta certa:


A Demonstração do Resultado do Exercício é um relatório contábil que reflete:

a) a variação da situação financeira entre dois momentos diferentes.

b) o Patrimônio Líquido em um determinado momento e sua distribuição.


c) as despesas pagas e as receitas recebidas entre dois momentos diferentes e
consecutivos e sua distribuição.

d) o resultado do exercício, apresentando a receita da empresa e as despesas


de forma dedutiva, bem como os custos e despesas agrupadas por
categorias.
85

4) O encerramento de todas as contas de receitas e despesas tem por finalidade a

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determinação:

a) do aumento do Ativo.

b) do aumento do Passivo.
c) do resultado do Exercício.

d) do aumento de capital.

5) Atividade prática:
Elabore a DRE da empresa Imperatore & Brum Ltda, dezembro/2007, cujos dados
estão transcritos a seguir (valores em reais). Observe a estrutura da DRE que
estudamos no capítulo 5.

• Vendas: 2.500.000; ICMS sobre vendas: 450.000.


• PIS sobre faturamento: 16.000; Cofins sobre faturamento: 75.000.

• Devoluções: 24.000; Custo das mercadorias vendidas: 1.350.000.

• Fretes: 30.000; Comissões: 12.000; Propaganda e publicidade: 20.000.


• Juros passivos: 5.000; Juros ativos: 1.100.

• Aluguéis passivos: 12.000; Salários: 36.000; Encargos sociais: 14.400.

• Material de expediente: 4.100; depreciação: 6.000.


• Provisão para a Contribuição Social (9%): 40.194.

• Provisão para o Imposto de Renda (15%): 66.990.

• Provisão para participação dos empregados: 20.000.


• Provisão para participação dos administradores: 20.000.

Gabarito:
1)

a) A finalidade da DRE é melhor evidenciar o ganho, tendo em vista as necessidades


de informações do usuário externo, bem como fornecer os dados essenciais à
análise da formação do resultado do exercício.

b) Despesas são sacrifícios da empresa para obter receitas, constituem saídas de


recursos (R$) da empresa. Exemplo: salários, juros passivos, aluguéis passivos,
fretes, propaganda e publicidade, etc.
86

c) Despesas são gastos relacionados à administração, vendas e finanças. Custos


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estão relacionados à produção (industrialização). No caso de uma empresa


comercial, considera-se o custo da mercadoria vendida; no caso de uma empresa
prestadora de serviços, considera-se custo o valor da mão de obra acrescido
do material utilizado.

d) Receitas são valores que a empresa gera como fonte de recursos financeiros, para
atender a seus gastos e manter as suas atividades. Constituem entradas de recursos,
correspondendo, em geral, a vendas de mercadorias ou prestação de serviços. Exs.:
vendas à vista, vendas a prazo, juros ativos, descontos obtidos, etc.

e) Devemos verificar as expressões que os seguem. Se for ativo ou obtido, refere-se


a ganhos, então, são receitas. Se for passivo ou concedido, refere-se a perdas,
então, são despesas.
f) Reservas são valores retidos na empresa (normalmente parte do lucro) com
finalidade específica. Exs.: Reserva para aumento de Capital; Reserva de
Reavaliação; Reserva para Plano de Investimento, etc.

2)
a) As Contas Patrimoniais são aquelas que representam o PATRIMÔNIO
da empresa num dado momento, através do BALANÇO PATRIMONIAL,
e se dividem em BENS, DIREITOS, OBRIGAÇÕES e PATRIMÔNIO
LÍQUIDO.
b) As Contas de Resultado são aquelas que permitem apurar o RESULTADO do
Exercício e se dividem em RECEITAS e DESPESAS.

3) d
4) c
5)

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

IMPERATORE & BRUM LTDA. 31/12/2007

RECEITA BRUTA 2.500.000


( - ) Tributos Incidentes sobre Vendas (541.000)
( - ) Devoluções e Abatimentos (24.000)
= RECEITA LÍQUIDA 1.935.000

( - ) Custo das Mercadorias Vendidas (se comércio) (1.350.000)


= RESULTADO BRUTO 585.000
87

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( - ) Despesas Operacionais
- Vendas (62.000)
- Administrativas (72.500)
- Financeiras Líquidas (despesas - receitas financeiras) (3.900)
= RESULTADO OPERACIONAL 446.600

( - ) Provisão para a Contribuição Social (40.194)


= RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 406.406

( - ) Provisão para o Imposto de Renda (66.990))


= RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA 339.416

( - ) Provisão para Participação dos Empregados (20.000)


( - ) Provisão para Participação dos Administradores (20.000)
= RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 299.416
6 CICLO CONTÁBIL:
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Simone Loureiro Brum Imperatore

O ciclo contábil engloba desde a escrituração até a elaboração das demonstrações


contábeis e sua análise. Em outras palavras, consiste no caminho que a Contabilidade
percorre até chegar ao seu produto final: os relatórios (ou demonstrações) contábeis.
A figura abaixo evidencia as etapas que o compõem:

1. Formatação do Plano de Contas; definição de softwares e equipamentos; livros


contábeis (obrigatórios e auxiliares);

2. Escrituração;
3. Ajustes (cálculo das provisões, depreciação, outros);

4. Relatórios ou demonstrações contábeis.


90

Nosso objetivo neste capítulo é apresentar conceitos complementares à escrituração,


ULBRA - Educação a Distância

de forma que você tenha uma visão geral do ciclo contábil. Comecemos com o
Plano de Contas.

6.1 Plano de Contas


Segundo Ribeiro (2006, p.63), conta é o nome técnico que identifica um componente
patrimonial (bem, direito, obrigação ou Patrimônio Líquido) ou um componente
de resultado (despesa, custo ou receita).

Todos os acontecimentos que ocorrem diariamente na vida da empresa (compras,


vendas, pagamentos, recebimentos, outros) são registrados pela Contabilidade em
contas próprias através dos lançamentos em livros próprios (Diário, Razão, Caixa,
Contas a Pagar, Contas e Receber, etc.). Assim, toda a movimentação de dinheiro
efetuada na empresa é registrada numa conta chamada Caixa; as mercadorias
compradas e vendidas pela empresa são registradas na conta denominada Estoque
de Mercadorias; movimentações bancárias (conta-corrente) são registradas na conta
Banco Conta Movimento e assim por diante.
As contas exercem importante papel no processo contábil. É através delas que
a Contabilidade registra e controla os fatos decorrentes da gestão patrimonial,
evidenciando seus resultados. Tais contas estão organizadas no Plano de Contas.
Conforme Iudícibus e Marion (2006, p.223), “Plano de Contas é um agrupamento
ordenado de todas as contas que são utilizadas pela Contabilidade dentro de
determinada empresa”. O Plano de Contas é um instrumento de grande importância
no desenvolvimento do ciclo contábil, pois uniformiza os registros contábeis.

Cada empresa deverá elaborar o seu Plano de Contas tendo em vista suas
particularidades e observando:

a. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade;


b. As normas estabelecidas pela Lei nº 6.404/76 (retificada pelas leis nº
11.638/07);

c. A legislação específica do ramo de atividade exercido pela empresa.


Um Plano de Contas deve registrar as contas que serão movimentadas pela
Contabilidade em decorrência das operações da empresa ou, ainda, contas que,
embora não movimentadas no presente, poderão ser utilizadas no futuro. Assim,
quando um contador planeja o agrupamento de contas para uma indústria de
eletrodomésticos, por exemplo, no que tange a impostos, incluirá as contas ICMS
a Recolher, IPI a Recolher e, se houver expectativa da empresa, prestar serviços de
assistência técnica num futuro próximo, ainda, o ISS a Recolher.
91

Na prática, o Plano de Contas sistematiza e padroniza os registros contábeis,

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uniformizando a nomenclatura a ser utilizada nos registros - um único título para
cada conta evita que pessoas ligadas ao setor contábil registrem um mesmo fato e
operação de formas diferentes. Ele é codificado de forma racional, o que facilita a
contabilização por meio de processos eletrônicos ou mecânicos.

É um guia que norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes


à entidade, além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações
contábeis, constituído de um elenco de contas, manual das contas (comentários e
indicações do funcionamento de cada conta - para que serve, o que deve conter e
outras informações sobre critérios gerais de contabilização) e Modelos Padronizados
de Demonstrações Contábeis. Entretanto, de acordo com os interesses de cada
empresa, o Plano de Contas poderá conter outras informações complementares.

6.1.1 Modelo simplificado de um Plano de Contas


a. Contas patrimoniais

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa Fornecedores (duplicatas a pagar)
Bancos Conta Movimento Impostos a Recolher
Duplicatas a Receber (ou Clientes) Salários a Pagar
(-) Provisão para Devedores Duvidosos Encargos Sociais a Recolher
(-) Duplicatas Descontadas Empréstimos a Pagar
Aplicações Financeiras (bancos) Contas a Pagar
Estoque de Mercadorias Títulos a Pagar
Estoque de Material de Expediente
Estoque de Material de Embalagem
Estoque de Material de Limpeza
Despesas do Exercício Seguinte
92
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BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Financiamentos
Empréstimos a Empresas Coligadas e
Controladas
Empréstimos a Diretores
Duplicatas a Receber (+ 360 dias)

Investimentos
Aplicações em Cias. Coligadas e
Controladas
Imóveis para Renda (aluguel)
Terrenos
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imobilizado Capital Social
Imóveis em Uso (-) Ações em Tesouraria
Veículos (-) Prejuízos Acumulados
Móveis e Utensílios (- +) Ajustes de Avaliação Patrimonial
Máquinas e Equipamentos
Computadores e Periféricos Reservas
Instalações Reservas de Capital
(-) Depreciação Acumulada Reservas de Lucros

Intangível
Marcas e Patentes Industriais
Franquias
(-) Amortização Acumulada
93

b. Contas de Resultado

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Vendas Brutas
(-) Deduções
IPI
ICMS
ISS
Devoluções
Abatimentos
(-) Custos dos Produtos Vendidos
Matéria-prima
Mão de obra Direta
Aluguel da Fábrica
Energia Elétrica
Depreciação de Equipamentos
(-) Despesas com Vendas
Comissão de Vendedores
Propaganda
Salários do Pessoal de Vendas
Devedores Duvidosos
(-) Despesas Administrativas
Aluguel de Escritório
Honorários da Diretoria
Material de Escritório
Salário do Pessoal Administrativo
Encargos Sociais
(...)
(-) Despesas Financeiras
Juros
Comissão bancária
Variação Cambial
Receita Financeira (+)
Provisão para Imposto de Renda e CSLL
Participações

Saliente-se que o Plano de Contas compõe-se de três partes:

a. Elenco de Contas (relação de contas);


b. Manual de Contas (quadro explicativo do uso de cada uma das contas: função,
funcionamento e natureza do saldo);
c. Modelo das demonstrações contábeis e lançamentos especiais.
94

6.2 Sistemas contábeis


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Segundo Marion (2006, p.194),

Entende-se por sistema de Contabilidade o conjunto de atividades contábeis que engloba a


compreensão da atividade empresarial (necessária para elaborar um plano de contas
adequado),
a análise e interpretação de cada fato contábil isoladamente, a contabilização e a
elaboração
das Demonstrações Financeiras, sua análise, interpretação e recomendações para
aperfeiçoar
o desempenho da empresa.

Os sistemas contábeis podem ser:


a. Manual: instrumentos simples: canetas, livros ou fichas a serem escrituradas,
máquina de calcular;

b. Sistema Maquinizado: máquina de datilografar, máquina de calcular, formulário


denominado Ficha Tríplice (três vias);
c. Sistema Mecanizado: máquina específica para se fazer Contabilidade (Ruf,
Nacional, Olivetti, outras), slips, livros a serem escriturados, outros;

d. Sistema Eletrônico: computador, software.

Com o avanço da informática, o trabalho do contador passou a ser feito com maior
rapidez, segurança e credibilidade. O sistema eletrônico dos registros contábeis
possibilitou o acesso quase que imediato às informações de que necessitam os
usuários da Contabilidade, tornando desnecessárias tarefas repetitivas realizadas
nos sistemas manual, maquinizado e mecanizado, os quais, praticamente, caíram
em desuso.
Segundo Ribeiro (2006, p.158):

Hoje, as informações extraídas dos documentos comprobatórios da ocorrência de Fatos


Administrativos são processadas por meio de programas de Contabilidade instalados no
computador da empresa. Esses programas - também conhecidos por softwares - fornecem
informações em forma de relatórios, demonstrações, notas explicativas, as quais podem
vir acompanhadas por uma infinidade de gráficos, mapas, quadros ou outros documentos
(sintéticos ou analíticos). O acesso rápido a tais informações tende tanto às necessidades
dos
administradores e proprietários da empresa como às dos demais usuários.

6.3 Livros de escrituração


São muitos os livros de escrituração utilizados pelas entidades. A quantidade e
a espécie variam em função do porte, da forma jurídica e do ramo de atividade
exercido por elas. Exs.: Livro Diário, Razão, Contas Correntes, Livro Caixa, Livro
Registro de Duplicatas, Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), Registro de
Entradas, Registro de Saídas, Registro de Inventário, Registro de Apuração do
95

ICMS, Registro de Apuração de ISS, Atas do Conselho de Administração, Pareceres

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do Conselho Fiscal, Atas das Assembleias Gerais, etc.

Vamos estudar os dois principais livros, utilizados para o registro de todos os


eventos do dia a dia das entidades, os livros: Diário e Razão.

6.3.1 Livro Diário


O Livro Diário é um livro obrigatório (exigido por lei) em todas as empresas.
Registra os fatos contábeis em ordem cronológica (dia, mês e ano). A legislação
determina que ele deverá ser encadernado com folhas numeradas, conter termos
de abertura e encerramento e ser submetido à autenticação do órgão competente
do Registro do Comércio (Junta Comercial).
Os requisitos básicos de um Livro Diário são:

a. Data da operação (transação);

b. Título da conta de débito e da conta de crédito;


c. Valor do débito e do crédito;
d. Histórico (dados fundamentais sobre a operação registrada).

Observe o exemplo de Livro Diárioh:

Data Títulos das Contas e Código da Débito Crédito


Histórico Contai

2007 02 Banco Conta-Corrente XXXXXX 500,00


Dez. 500,00
Caixa
Depósito no Banco do XXXXXX
Brasil conforme recibo
7544.

6.3.2 Livro Razãoi


O Razão também é um livro obrigatório (que foi durante muito tempo facultativo).
Consiste no agrupamento de valores em contas individualizadas. Por exemplo:
abre-se uma conta Banco Conta-Corrente e nela se registram todas as operações
que lhe afetem (abre-se subcontas para cada banco em que a empresa tiver conta),
debitando-se ou creditando-se esta conta e, a qualquer momento, verificando seu

h Não se preocupe em entender o registro, teremos tempo para isso. A ilustração do modelo de Livro
Diário é só para facilitar a sua compreensão.
i De acordo com o Plano de Contas da empresa.
96

saldo. A mesma coisa para cada um dos elementos patrimoniais: caixa, mercadorias,
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duplicatas a receber, etc.

Observe o exemplo de Livro Razão:

Conta: Caixa Código: (Plano de Contas)

Data Histórico Débito Crédito Saldo

D/C Valores

02/01/2008 Saldo anterior D 4.300,00

Pagamento
02/01/2008 1.100,00 D 3.200,00
Duplicatas

Compra
03/01/2008 1.800,00 D 1.400,00
Computador

Recebimento
03/01/2008 2.500,00 D 3.900,00
de Duplicatas

Começamos a entender o funcionamento das contas, no caso da conta Caixa, a


cada saída de dinheiro (desembolso) a conta é creditada (coluna do crédito) e
seu saldo diminui; a cada ingresso (entrada) de dinheiro, a conta é debitada e seu
saldo aumenta. Mas não se preocupe, em breve estudaremos o funcionamento das
contas patrimoniais (bens, direitos, obrigações e Patrimônio Líquido) e das contas
de resultado. Inicialmente, vamos nos deter um pouco mais na conceituação de
Contas e Plano de Contas.

6.4 Método de escrituração


O método utilizado para o registro dos fatos contábeis chama-se Método das
Partidas Dobradas. Ele foi desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli, na Itália, no século
XV, e até hoje é universalmente aceito. Sua adoção permite o controle de todos os
componentes patrimoniais bem como das variações do Patrimônio Líquido, que
poderão resultar em lucro ou prejuízo.
O método consiste no fato de que para qualquer operação (registro), débito(s)
e crédito(s) têm igual valor. Em outras palavras, não há débitos sem créditos
correspondentes, ou seja, aplicações e origens. Por meio desse método, as operações
são registradas inicialmente no Livro Diário e, posteriormente, no Livro Razão.
No capítulo seguinte, estudaremos na prática a mecânica do débito e crédito na
Contabilidade.
97

6.5 Balancete de Verificação

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O Balancete de Verificação é uma relação de contas extraídas do Livro Razão, com
seus saldos devedores ou credores. A Norma Brasileira de Contabilidade, NBC
T.2.7, dispõe:

1. O Balancete de Verificação do Razão é a relação de conta, com seus respectivos saldos,


extraídos do razão em determinada data.”

2. O grau de detalhamento do Balancete deverá ser consentâneo com sua finalidade.


3. Os elementos mínimos que devem constar no Balancete são:

a) Identificação da entidade;

b) Data a que se refere;


c) Abrangência;

d) Identificação das contas e seus respectivos grupos;

e) Saldos das contas, indicando se devedores ou credores;


f) Soma dos saldos devedores e credores.

4. O Balancete que se destinar a fins externos à entidade deverá conter nome e assinatura
do contador responsável, sua categoria profissional e o número de registro no Conselho
Regional de Contabilidade - CRC.

5. O Balancete deve ser elaborado, no mínimo, mensalmente.

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

Cia. Exemplo 31/01/2008

CONTAS SALDOS

DEVEDOR CREDOR

ATIVO

Caixa 1.500

Estoque de Mercadorias 8.000

Clientes (ou duplicatas a receber) 2.000

Móveis e Utensílios 3.000


98
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CONTAS SALDOS

DEVEDOR CREDOR

Subtotal 1 14.500

PASSIVO e PL

Fornecedores (ou duplicatas a pagar) 4.500

Impostos a Pagar 2.000

Capital Social 8.000

Subtotal 2 14.500 14.500

RECEITAS

Vendas à Vista 16.000

Subtotal 3 14.500 30.500

DESPESAS (e custos)j

CMV (Custo da Mercadoria Vendida) 9.000

Comissões 1.200

Aluguel 3.400

Propaganda e Publicidade 1.100

Salários 1.300

TOTAL 30.500 30.500

Observe que o Balancete de Verificação se assemelha ao Balanço Patrimonial


(digamos que é um “balanço simplificado”), sem o rigor da classificação em grupos
patrimoniais, contendo TODAS as contas movimentadas no período que possuem
saldo no final de um período qualquer (contas patrimoniais e contas de resultado).
A apresentação do balancete deve destacar as contas patrimoniais e as contas de
resultado (receitas e despesas) e seus respectivos subtotais, de forma a contribuir
para o processo decisório da empresa.j

Dependendo da necessidade da empresa, o balancete pode ter duas, quatro, seis e


até oito colunas. Quanto maior o número de colunas, maior a quantidade de dados
fornecida ao usuário do balancete. Veja o exemplo de seis colunas (salientamos

j Pode-se detalhar: despesas com vendas, administrativas e financeiras, fica a critério do usuário o
“desenho” mais adequado do Balancete de Verificação.
99

que esta não é uma “demonstração oficial” podendo ser formatada de acordo com

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a necessidade do gestor):

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
Cia Exemplo 31/01/2008

CONTAS SALDOS DO MOVIMENTOS SALDOS DO


MÊS ANTERIOR DO MÊS FINAL DO MÊS

DEVEDOR CREDOR DEVEDOR CREDOR DEVEDOR CREDOR

Caixa 1.800 16.000 14.300 3.500

As micro e pequenas empresas elaboram o Balanço Patrimonial apenas uma vez


por ano, daí a importância do Balancete de Verificação como fonte de informação
para decisões. Através de Balancetes (mensais, quinzenais...) a administração terá
um resumo de todas as operações e conhecerá o resultado financeiro e econômico
da empresa sem a necessidade de estruturar um balanço completo.

Ponto final
A seguir a síntese dos principais tópicos estudados no presente capítulo:
CICLO CONTÁBIL: engloba desde a escrituração até a elaboração das
demonstrações contábeis e sua análise. Em outras palavras, consiste no caminho
que a Contabilidade percorre até chegar ao seu produto final: os relatórios (ou
demonstrações) contábeis.

PLANO DE CONTAS: agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas


pela Contabilidade dentro de determinada empresa.

LIVRO DIÁRIO: é um livro obrigatório (exigido por lei) em todas as empresas.


Registra os fatos contábeis em ordem cronológica (dia, mês e ano).
LIVRO RAZÃO: também é um livro obrigatório (que foi durante muito tempo
facultativo) que individualiza a movimentação das contas (como um extrato
bancário, só que de cada uma das contas utilizadas nos registros contábeis).
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO: é um relatório não obrigatório que consiste
na relação de contas extraídas do Livro Razão, com seus saldos devedores ou
credores.
100

Referências
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Contabilidade Básica Fácil - Osni Moura Ribeiro - Ed. Saraiva.


Contabilidade Básica - José Carlos Marion - Ed. Atlas.

Curso de Contabilidade para não contadores - Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
- Ed. Atlas.
As três obras apresentam as entrelinhas do ciclo contábil até a formatação das
demonstrações financeiras que subsidiam a tomada de decisão dos diferentes
usuários. Evidenciam como a Contabilidade se equipara a uma “indústria”,
processando informações numa metodologia própria (escrituração) e sintetizando-
as no formato de relatórios.

Exercícios
Contatar empresas do seu município e solicitar-lhes o Plano de Contas e o último
balancete (*).

1. Observe a estruturação das contas do referido Plano de Contas e compare com


a proposta simplificada de Plano de Contas constante no presente capítulo.
Verifique as principais diferenças entre empresas de ramos diferentes (indústria,
comércio, serviços, agropecuária, etc.). Em relação ao balancete, observe com
atenção sua estrutura, as contas utilizadas (de acordo com o Plano de Contas)
e o nível de detalhamento apresentado.

2. Analise os dados e verifique como está o resultado da empresa através da


confrontação das receitas e despesas (e custos). Se possível, compare o valor
das despesas operacionais (vendas, financeiras e administrativas) em relação
ao montante das vendas no período.
3. Aproveite o contato com a empresa e converse com seu dirigente acerca
da importância da Contabilidade na gestão: a) Como está estruturada a
Contabilidade? b) Quais os principais relatórios utilizados? c) Como a empresa
calcula seu preço de venda?

(*) Caso a empresa não queira identificar-se, omita seus dados no cabeçalho do
Plano de Contas e do Balancete
7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

Simone Loureiro Brum Imperatore

Lembras das técnicas da Contabilidade?


São elas: Escrituração, Demonstrações Contábeis, Auditoria e Perícia, Análise
e Interpretação das Demonstrações Contábeis. Neste capítulo, estudaremos
a Escrituração, técnica contábil que consiste no REGISTRO de todos os fatos
administrativos que acontecem no dia a dia das empresas em livros próprios (Razão,
Diário, Caixa, Contas Correntes, etc.). Nosso estudo centra-se nos dois principais
livros: Diário e Razão. Bons estudos!

Neste capítulo abordaremos os seguintes assuntos:


• Conceito de Escrituração;

• Atos e Fatos Administrativos;

• Livros utilizados na Escrituração;


• Contas;

• Plano de Contas;

• Método de Escrituração;
• Lançamentos;

• Erros de Escrituração.

7.1 Conceito de Escrituração


Conforme já dissemos, Escrituração é uma técnica que consiste em registrar nos
livros próprios todos os fatos administrativos que ocorrem na empresa. Mas e o
que são fatos administrativos?
102

7.1.1 Atos e Fatos Administrativos


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Atos Administrativos são aqueles que ocorrem na empresa e que não provocam
alterações em seu Patrimônio, por exemplo: assinatura de um contrato de compra e
venda, assinatura de um contrato de seguros, admissão de um empregado, fiança
em favor de terceiros, etc. Por não provocarem modificações no patrimônio, os atos
administrativos não precisam ser registrados.

Entretanto, alguns atos administrativos poderão provocar alterações futuras no


patrimônio da empresa. Por esse motivo, devem ser registrados através das
chamadas Contas de Compensação (exs.: seguros contratados, bens recebidos em
comodato, avais concedidos, etc.).
Os Fatos Administrativos são aqueles que provocam modificações no patrimônio,
sendo, portanto, objeto de contabilização através das contas patrimoniais e ou das
contas de resultado, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido. Podem ser
classificados em três grupos:

a. Fatos permutativos, qualitativos e compensativos: representam trocas entre os


elementos Ativos, Passivos, ou entre ambos simultaneamente, sem provocar
variações no Patrimônio Líquido. Exs.: compra de mercadoria para revenda à
vista; pagamento de duplicata; depósito em conta-corrente; compra a prazo de
um computador;

b. Fatos modificativos ou quantitativos: provocam variações no Patrimônio


Líquido (aumentam ou diminuem, portanto envolvem contas de resultado -
receitas e despesas). Exs.: recebimento de aluguéis (aluguéis ativos); pagamento
de seguro; pagamento de condomínio;
c. Fatos mistos: envolvem, ao mesmo tempo, fatos permutativos e modificativos
(contas patrimoniais e de resultado). Exs.: pagamento de duplicatas com juros;
recebimento de duplicatas com desconto; pagamento de empréstimo com
juros.

7.2 Lançamento
Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração contábil. É a forma de
se processar o registro dos fatos no Livro Diário. Tem como elementos essenciais
(os mesmos do Livro Diário):

a. Local e data de ocorrência do fato;


b. Conta(s) a ser debitada;

c. Conta(s) a ser creditada;


103

d. Histórico;

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e. Valor.

7.2.1 Débito e Crédito


Débito na linguagem comum significa dívida, situação negativa, estar em débito
com alguém, estar devendo para alguém, etc. Crédito significa ter crédito com
alguém, situação positiva, poder comprar a prazo.
a. Na terminologia contábil, o significado NÃO é esse. Vejamos:
b. Na representação gráfica do Balanço Patrimonial (em forma de T), no lado
esquerdo é apresentado o DÉBITO e, no lado direito, o CRÉDITO;

Em relação às contas de resultados, despesas (e custos) são apresentadas do


lado esquerdo (portanto, do DÉBITO) e receitas, do lado direito (portanto, do
CRÉDITO).
A representação gráfica do balancete fica assim:

DÉBITO CRÉDITO

Bens e Direitos (ATIVO) Obrigações (PASSIVO)


Patrimônio Líquido
Despesas (e custos) Receitas

Para entender melhor, você precisa saber que todo fato administrativo ocorre em
forma de troca, sendo envolvidos pelo menos dois elementos que possuem
valores idênticos (débito e crédito). Assim, um dos recursos representa a origem
dos recursos (crédito) e o outro a aplicação do recurso (débito), ou seja, onde a
empresa investiu esse valor. Dessa forma, temos:

• Aplicação dos recursos = Débito;

• Origem dos recursos = Crédito.


104
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Regras gerais:

a. Todo aumento de Ativo e despesas: DEBITA-SE;


b. Todo aumento de Passivo, Patrimônio Líquido e receitas: CREDITA-SE;
c. Toda diminuição de Ativo: CREDITA-SE;

d. Toda diminuição de Passivo e Patrimônio Líquido: DEBITA-SE;


e. Despesas são creditadas apenas para correção de erros de lançamentok e ou
quando
da apuração do resultado do exercício;
f. Receitas são debitadas apenas para correção de erros de lançamento e ou
quando
da apuração do resultado do exercício.

Como elaborar um lançamento


Vejamos o seguinte exemplo: Compra de um automóvel, FIAT, modelo UNO 1.0,
ano 2007, conforme Nota Fiscal nº 2.345, de AUTOMÓVEIS LTDA, no valor de R$
18.000,00, pago com cheque nº 353.012, do Banco do Brasil S/A.

Para registrarmos tal fato no Livro Diário, precisamos identificar os cinco elementos
essenciais que irão compor o lançamento. Para tanto, siga os passos:
1º passo: identificar o local e a data da ocorrência do fato. O local é a cidade em que
a empresa está estabelecida, e a data é a constante no documento comprobatório
da ocorrência do fato (no caso, a Nota Fiscal). Para fins didáticos, considere
sempre a sua cidade e a data em que estiver estudando.

2º passo: identificar os elementos envolvidos. Os elementos envolvidos no


lançamento são: automóvel e banco (pagamento com cheque).

3º passo: identificar as contas que serão utilizadas para registrar os elementos


envolvidos no fato. Para tanto, teremos que definir as CONTAS a serem usadas
e, para isso, você deverá procurá-las no Modelo Simplificado de um Plano
de Contas (capítulo 6). Observe que, se o elemento for um bem ou direito,
será encontrado no ATIVO, se for uma obrigação ou Patrimônio Líquido, no
PASSIVO, e, se for despesa ou receita, nas contas de resultado.
A empresa está comprando um automóvel (no Plano de Contas do capítulo
6 você encontrará a conta VEÍCULO) e pagando com cheque do Banco do
Brasil (Banco Conta Movimento). Esses são as duas contas envolvidas: Veículo
(aplicação) e Banco Conta Movimento - Banco do Brasil (origem).

k A correção de erros de lançamento chama-se ESTORNO e estudaremos no próximo tópico.


105

4º passo: identificar a conta que será debitada e a conta que será creditada. Depois

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de identificadas as contas a serem utilizadas no lançamento, precisamos saber
qual delas será debitada e qual será creditada. Para isso, precisamos seguir as
REGRAS GERAIS estudadas anteriormente. Assim:

a. Veículo, conta de ATIVO, aumentou o saldo (compra), DEBITA-SE;

b. Banco Conta Movimento - Banco do Brasil, conta de ATIVO, diminuiu o


saldo (quando se emite um cheque, diminui o saldo), CREDITA-SE.
5º passo: preparar o histórico do lançamento. O histórico consiste na narração do
fato ocorrido, devendo conter ao menos o número e a espécie de documento que
comprova a operação, o nome da pessoa ou empresa com quem se transaciona e
a identificação da “coisa” transacionada. Admite-se a utilização de abreviaturas
no histórico contábil. Algumas mais comuns são:

Cfe. = Conforme

Ch. = Cheque
Dep. = Depósito
Dp. = Duplicata
Fat. = Fatura
NF = Nota Fiscal

N/ = Nosso, nossa, nesse

Pg. = Pago
Ref. = Referente
Transf. = Transferência

Vl. = Valor
Assim, o lançamento deve ser escriturado no Livro Diário:
106
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Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 10 Veículo 1.3.2.04 18.000,00


Jan. Banco Conta Movimento 18.000,00
Banco do Brasil S/A 1.1.1.02.001
Valor referente compra de um
veículo FIAT, modelo UNO 1.0,
conforme Nota Fiscal 2345, de
AUTOMÓVEIS LTDA, pago
com cheque número. 353.012

Mais um exemplo? Vamos lá: Compra de um computador DELL, de Byte On Ltda.,


no valor de R$ 1.600,00, conforme Nota Fiscal nº 3.458. Referido computador foi
financiado pelo Banco do Brasil em 10 meses.

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 10 Máquinas, Equipamentos e 1.3.2.03 1.600,00


Jan. Ferramentas
Financiamentos a Pagar 1.600,00
Banco do Brasil S/A 2.1.1.1
Valor referente compra de um
computador, marca DELL, número
de série ISR122344, de Byte e On
Ltda, conforme Nota Fiscal 3.458,
financiado pelo Banco do Brasil S/A -
PROGER URBANO em 10 parcelas
mensais e sucessivas.

7.4.2 Fórmulas de lançamentos


Há fatos que envolvem mais de duas contas, daí a existência de quatro fórmulas
de lançamentos. Preste atenção:
107

1ª fórmula: esse você já conhece, envolve uma conta no débito e uma conta no

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crédito.

Código Crédito
Data Títulos das Contas e Histórico Débito
da Conta

2008 10 Imóveis 1.3.2.01 32.000,00


Jan. Banco Conta Movimento
Banco do Brasil 1.1.1.02 32.000,00
Compra de uma sala comercial, de
Imobiliária Bons Negócios Ltda, conforme
escritura pública número 887.655, lavrada
no 1º Tabelionato. Pagamento cheque
353.013

2ª fórmula: aparecem, no mesmo lançamento, uma só conta no débito e mais de


uma no crédito:

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 10 Veículo 1.3.2.04 18.000,00


Jan. Caixa
1.1.1.01 1.800,00
Financiamentos a Pagar
Banco do Brasil S/A 16.200,00
Valor referente compra de um veículo 2.1.1.1
FIAT, modelo UNO 1.0, conforme
Nota Fiscal 2.346, de AUTOMÓVEIS
LTDA, entrada de R$ 1.800,00 e o
restante financiado pelo Banco do
Brasil S/A em 12 parcelas mensais e
sucessivas
108

3ª fórmula: aparecem no lançamento mais de uma conta no débito e uma só no


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crédito:

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 10 Caixa 1.1.1.01


Jan.
Banco Conta Movimento
Banco do Brasil S/A 1.1.1.02 3.100,00
Depósito em dinheiro conforme recibo 123
1.100,00
Fornecedores
Pagamento duplicata 3.456 de Vicente
2.000,00
Dutra LTDA
2.1.3

4ª fórmula: aparecem no lançamento mais de uma conta no débito e mais de uma


conta no crédito:

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 10 Móveis e Utensílios 1.3.2.02 180,00


Jan. Compra de uma mesa para computador
de Byte On Ltda, Nota Fiscal 34.567

Material de Expediente
Compra de Papel e Cia. Ltda 1.1.5.02 250,00

Caixa
Pagamento em dinheiro Nota Fiscal
34.567 de Byte On Ltda 1.1.1.01 180,00

Fornecedores
Papel e Cia. duplicata 345.796, com 2.1.3 250,00
vencimento para 02/02
109

7.3 Erros de escrituração

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A escrituração deve ser completa, realizada em moeda e idioma correntes nacionais,
com individualização e clareza, em ordem cronológica de dia, mês e ano, sem
intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras e emendas. Erros
cometidos são corrigidos por meio de lançamento de ESTORNO que retificam
sem apresentar rasuras no Diário.
Os erros mais comuns são erros de valores lançados a maior ou a menor, troca de
uma conta por outra, inversão de contas, omissão de lançamentos e lançamentos
duplicados. Os modos de correção são: estorno do lançamento l, lançamento
complementar, lançamento retificativo. Veja os exemplos a seguir.

7.3.1 Valores lançados a menor


Considere que uma empresa pagou a Duplicata de Irmãos Andrés Ltda. nº 8.765, no
valor de R$ 700,00. Ao registrar o referido pagamento o contador, inadvertidamente,
registrou o valor de R$ 600,00. As correções podem ser feitas da seguinte forma:

a. estornar o lançamento e registrar corretamente;


b. efetuar um lançamento complementar.

Lançamento errado:

Data Títulos das Contas e Código Débito Crédito


Histórico da Conta

2008 7 Fornecedores 600,00


Jan. Caixa
Pagamento Duplicata 600,00
8.765 de Irmãos
Andrés Ltda.

l Estornar significa lançar ao contrário, anulando o lançamento errado.


110

Correção 1: estornar o lançamento e registrar corretamente. Fazendo o Livro Razão


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dessas duas contas - do lançamento errado e do estorno -, você perceberá que


ANULOU o lançamento errado. Cabendo, após isso, realizar o registro corretamente.

Data Títulos das Contas e Histórico Código Débito Crédito


da Conta

2008 8 Fornecedores
600,00
Jan. Caixa
Pagamento Duplicata 8.765 de Irmãos
Andrés Ltda.
Estorno do lançamento efetuado a 600,00
menor em 07/01/2008, referente ao
pagamento de duplicata nº 8.765, de
Irmãos Andrés Ltda.

Fornecedores
2008 Caixa
8 Registro correto pagamento duplicata 600,00
Jan. 600,00
8.765 de Irmãos Andrés Ltda. paga em
07/01/2008

Correção 2: lançamento complementar.

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 8 Fornecedores 100,00


Jan. Caixa
Complemento do lançamento efetuado 100,00
a menor em 07/01/2008 referente ao
pagamento duplicata 8.765 de Irmãos
Andrés Ltda.

7.3.2 Valores lançados a maior


Considere que uma empresa pagou impostos no valor de R$ 758,00 e, ao registrar,
o contador lançou R$ 785,00. Podemos corrigir esse erro com um lançamento de
estorno ou um lançamento retificativo (apenas pela diferença). Já sabemos fazer
estorno total, então veremos somente o exemplo do lançamento retificativo.
111

Lançamento errado:

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Data Títulos das Contas e Código da Débito Crédito
Histórico Conta

2008 7 PIS a Pagar


Jan. Caixa 785,00
Pagamento PIS 785,00

Correção: lançamento retificativo. Veja, o valor registrado a maior é de R$ 27,00 (785,00


- 758,00), então basta fazer um estorno parcial, pela diferença, para não precisar fazer
dois novos lançamentos (estorno total e registro correto). Faça o livro razão das contas
e verifique se o saldo fica correto.

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 8 Caixa 27,00


Jan. PIS a Pagar
Estorno de parte do lançamento 27,00
efetuado a maior em 07/01/2008,
referente a pagamento de PIS

7.3.3 Troca de uma conta por outra


A empresa compra um veículo e na hora do registro o contador registra Móveis
e Utensílios. A correção pode ser feita através de estorno e registro correto ou
estorno parcial (apenas da conta lançada incorretamente). Vamos fazer um estorno
parcial:

Lançamento incorreto:

Código da
Data Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
Conta

2008 7 Móveis e Utensílios 15.000,00


Jan. Caixa 15.000,00
Compra de um veículo FIAT
UNO, ano 2005, nota fiscal
6.543 de Seminovos Ltda.
112

Estorno parcial:
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Títulos das Contas e Código da


Data Débito Crédito
Histórico Conta

2008 8 Veículos 15.000,00


Jan. Móveis e Utensílios 15.000,00
Transferência entre contas
tendo em vista lançamento
indevido em 07/01/2008,
referente à compra de um
automóvel, Nota Fiscal
6.543 de Seminovos Ltda.

7.3.4 Inversão de contas, duplicidade e omissão de lançamentos


Outros erros comuns são inversão de contas (debita-se a conta que deveria ser
creditada e vice-versa) e duplicidade de lançamentos (lança-se duas vezes o mesmo
fato contábil). Em ambas as situações, procede-se o estorno total do lançamento
incorreto, seguido do lançamento correto no caso da inversão de contas.
No que se refere à omissão de lançamentos (não registro de um fato contábil na data
correta), procede-se o registro na data em que se verificou a omissão, mencionando
no histórico o motivo e a data correta do evento. Quando a omissão implicar
falta de recolhimento de impostos, a empresa deverá providenciar os respectivos
recolhimentos, espontaneamente, acrescidos dos encargos correspondentes.

Ponto final
Muitos detalhes? Não se assuste, encare a escrituração como um “jogo”, lembrando-
se sempre da regra principal:
ORIGEM = crédito (receitas, obrigações e Patrimônio Líquido)
APLICAÇÃO = débito (bens, direitos e despesas)

Tenha sempre em mãos o Plano de Contas e siga os passos da escrituração:


1º passo: identificar o local e a data da ocorrência do fato.
2º passo: identificar os elementos envolvidos.

3º passo: identificar as contas que serão utilizadas para registrar os elementos


envolvidos no fato.

4º passo: identificar a conta que será debitada e a conta que será creditada. Depois
de identificadas as contas a serem utilizadas no lançamento, precisamos saber
113

qual delas será debitada e qual será creditada. Para isso, precisamos seguir as

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REGRAS GERAIS estudadas anteriormente.

5º passo: preparar o histórico do lançamento.

Referências
Contabilidade Básica - José Carlos Marion - Ed. Atlas.
Curso de Contabilidade para não contadores - Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
- Ed. Atlas.

Contabilidade Fácil - de Osni Moura Ribeiro - Ed. Saraiva.


Nas obras citadas você encontra em detalhes a mecânica da escrituração e suas
regras, bem como uma série de exercícios que o auxiliarão a fixar o conteúdo
estudado.
Para aprofundar seu estudo, sugerimos a leitura do Texto Estornos e Retificação
de Lançamentos, disponível em <http://www.portaldeContabilidade.com.br/guia/
estornoseretificlanc.htm>.

Exercícios
Registre os seguintes fatos contábeis (não se preocupe com o código das contas):

1) Compra de três armários de aço, à vista, conforme Nota Fiscal 213, de Byte On
Ltda., no valor de R$ 730,00.
2) Saque no Banco do Brasil, para reforço de caixa, no valor de R$ 500,00.

3) Pagamento de Duplicata nº 8.769 de Cia da Luz, no valor de R$ 330,00, com


juros de R$ 6,00 pelo atraso.

4) Recebimento de Duplicata nº 653 de Diniz Alfredo, no valor de R$ 650,00, com


juros de R$ 23,00 pelo atraso.
5) Pagamento de financiamento no Banco do Brasil S/A, no valor de R$ 1.300,00.

6) Pagamentos diversos (em dinheiro) conforme recibos:

a) Salários: R$ 1.400,00
b) INSS: R$ 420,00

c) Aluguel de Imóveis: R$ 1.000,00


114

7) Depósito no Banco do Brasil S/A conforme recibo nº 23.456, R$ 3.000,00.


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8) Compra de móveis para uso, a prazo, de Comercial de Móveis Ltda., Nota Fiscal
nº 230, no valor de R$ 3.000,00. Entrada de R$ 1.000,00 com cheque nº 353.014,
do Banco do Brasil S/A.

9) Compra à vista de mercadorias, de Atacadista Bom Princípio no valor de R$


1.000,00, Nota Fiscal nº 125.678, cheque nº 123.126;
10) Compra de mercadorias a prazo, no valor de R$ 2.500,00, Nota Fiscal Fatura nº
19.876, de Atacadista Varejão Ltda.
11) Venda de Mercadorias à vista (clientes diversos conforme cupons fiscais) no
valor de R$ 1.800,00. Preço de custo das mercadorias vendidas R$ 880,00.

12) Venda de Mercadorias a prazo a Lins Ltda. no valor de R$ 2.100,00. Houve


aceite, no ato, de três duplicatas no valor de R$ 700,00 cada, nºs 765, 766 e 767,
com vencimento para 30, 60 e 90 dias, respectivamente. Preço de custo das
mercadorias vendidas R$ 900,00.
13) Recebimento em dinheiro de duplicata nº 654, de Martins Viana, no valor de
R$ 540,00, com desconto de R$ 23,00 pelo pagamento antecipado.

14. Pagamento de duplicata 897, de Tarrago Nunes Ltda., no valor de 1.000,00, com
desconto de R$ 18,00 pelo pagamento antecipado. A referida duplicata foi paga
com cheque do Banco do Brasil S/A, nº 353.020.

15. Compra de Mercadorias à vista de Mercedes e Cia Ltda., no valor de R$ 1.800,00,


com desconto de R$ 60,00. Pagamento com cheque nº 353.021, do Banco do
Brasil S/A.
16. Recebimento de aluguel de sala comercial de Calçados Bom Passo Ltda., no
valor de R$ 700,00.
115

Gabarito:mn

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Data / número
Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
lançamento

2008 01 Móveis e Utensílios 730,00


Mês: Caixa 730,00
Compra de três armários de aço, à
Dia: vista, conforme Nota Fiscal 213, de
Byte On Ltda.

2008 02 Caixa 500,00


Mês: Banco Conta Movimento 500,00
Dia: Banco do Brasil S/A
Saque para reforço de caixa

2008 03 Caixa 336,00


Fornecedores 330,00
Cia da Luz Ltda., duplicata 8769
Juros Passivosm
Pelo atraso duplicata 8.769 6,00

2008 04 Caixa 673,00


Clientes 650,00
Recebimento Duplicata 653 de
Diniz Alfredo 23,00
Juros Ativosn
Ref Duplicata 653

2008 05 Financiamento a Pagar 1.300,00


Banco Conta Movimento 1.300,00
Banco do Brasil S/A
Pagamento parcela financiamento

2008 06 Caixa 2.820,00


Salários 1.400,00
Pagamento Folha de Pagamento
mês _____
INSS 420,00
Pagamento INSS sobre Folha de
Pagamento 1.000,00
Aluguéis Passivos
Pagamento Aluguel sala comercial

m Lembre-se, Juros PAGOS são Juros PASSIVOS (despesas).


n Juros RECEBIDOS são receitas, portanto Juros ATIVOS.
116

op
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Data / número
Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
lançamento

2008 07 Banco Conta Movimento 3.000,00


Banco do Brasil S/A
Caixa 3.000,00
Depósito conforme recibo 23.456

2008 08 Móveis e Utensílios 3.000,00


Banco Conta Movimento 1.000,00
Banco do Brasil S/A
Ref Cheque 353.014
Fornecedores 2.000,00
Compra de móveis para uso de
Comercial de Móveis Ltda, Nota
Fiscal 230.

2008 09 Banco Conta Movimento 1.000,00


Estoque de Mercadorias para 880,00
Revenda
Compra de mercadorias de
Atacadista Bom Princípio, 120,00
conforme Nota fiscal 125.678, pago
cheque 123.126
ICMS a Recuperaro
ICMS destacado na Nota Fiscal
de 12%

2008 10 Fornecedores 2.500,00


Atacadista Varejão
Estoque de Mercadorias para 2.200,00
Revenda
Compra de mercadorias, Nota
Fiscal Fatura 19.876 300,00
ICMS a Recuperar
ICMS destacado na Nota Fiscal

2008 11 Caixa 1.800,00


Venda à VistaP 1.800,00
Diversos conforme cupons fiscais

o Aqui consideramos o valor do ICMS da compra (no caso 12%) que a empresa compensa quando da
venda de mercadorias. Na verdade, o ICMS não é considerado no custo da mercadoria, motivo pelo
qual deve ser registrado em separado.
p Neste primeiro lançamento, registramos a receita gerada pelas vendas e seu ingresso no caixa da em-
presa (venda à vista). Na sequência, daremos baixa no estoque de mercadorias (que está contabilizado
pelo preço que a mercadoria foi adquirida). Os impostos incidentes sobre as vendas (ICMS, PIS e
COFINS) são calculados ao final do mês sobre o total das vendas, não faremos esta contabilização.
117

q r

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Data / número
Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
lançamento

2008 11-2 Custo das Mercadorias Vendidas 880,00


Estoque de Mercadorias para 880,00
Revenda
Referente vendas à vista, clientes
diversos.

2008 12 Clientes 2.100,00


Venda a Prazo 2.100,00
Venda a Lins Ltda, duplicatas 765,
766 e 767.

2008 12-2 Custo das Mercadorias Vendidas 900,00


Estoque de Mercadorias para
Revenda 900,00
Baixa de estoque venda a prazo

2008 13 Duplicata a Receber 540,00


Martins Viana
Caixa 517,00q
Recebimento duplicata 654
Descontos Concedidos 23,00
Pelo recebimento antecipado

2008 14 Fornecedores 1.000,00


Tarrago Nunes Ltda
Banco Conta Movimento 982,00
Banco do Brasil S/A
Pagamento duplicata cheque
353.020 18,00
Descontos Obtidosr
Pelo pagamento duplicata 897

q Preste atenção: o valor que “entra” no caixa é o valor da duplicata menos o desconto concedido
(dado). A duplicata deve ser baixada pelo valor nominal (de registro).
r Aqui a empresa GANHOU um desconto (lembre-se: ao fazer um lançamento, coloque-se sempre no
lugar da empresa). Assim, o valor efetivamente pago (que saiu do Banco) é menor do que o valor
nominal da duplicata paga, a diferença é contabiliza na receita descontos obtidos (ganhos)
118

s
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Data / número
Títulos das Contas e Histórico Débito Crédito
lançamento

2008 15 Estoque de Mercadorias para 1.584,00


Revendas
ICMS a Recuperar 216,00
ICMS destacado na Nota Fiscal
1.245 de Mercedes e Cia Ltda
Banco Conta Movimento 1.740,00
Banco do Brasil S/A
Referente cheque 353.021 60,00
Descontos obtidos
Referente compra à vista

2008 16 Caixa 700,00


Aluguéis Ativos 700,00
Recebimento aluguel de Calçados
Bom Passo, recibo 4.567

s Neste lançamento precisamos contabilizar o valor do estoque, do ICMS, o valor que efetivamente foi
pago e o desconto ganho.
8
Simone Loureiro Brum Imperatore
APURAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO

Nos capítulos anteriores, você aprendeu a registrar os fatos administrativos. Neste


capítulo, você aprenderá a apurar o Resultado do Exercício de forma simplificada.
Saliente-se que a apuração do resultado das empresas/entidades envolve uma série
de procedimentos:
a. elaboração do balancete de verificação;

b. inventários;

c. conciliação de saldos de contas;


d. apuração do resultado bruto e líquido;

e. cálculos e contabilizações de provisões, participações, reservas e dividendos;

f. elaboração das demonstrações financeiras.


Assim, diante da complexidade de procedimentos envolvidos, adotamos o
procedimento simplificadot para que você, acadêmico do curso de Administração,
compreenda a essência da apuração do resultado.

Assim, neste capítulo nos dedicaremos aos procedimentos práticos de apuração


do resultado do exercício, mãos à obra!

t Cabe salientar que nesta apuração simplificada desconsideramos os cálculos e contabilizações de lucro
bruto, Provisão para pagamento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido e Imposto de Renda,
da Distribuição de Lucros, além de outros procedimentos que são comuns na apuração do resultado
do exercício. Justifica-se esta metodologia, pois o objetivo do presente capítulo é instrumentalizá-lo a
dominar o mecanismo da apuração do resultado.
120

8.1 Conceito
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Ao final de cada exercício social (período normalmente compreendido entre 01


janeiro e 31 de dezembro), as contas de resultado (receitas, despesas, custos)
têm seus saldos encerrados (zerados). Mas o que significa apurar o resultado do
exercício?

Apurar o resultado do exercício, segundo Ribeiro (2009, p.171), “consiste em verificar,


por meio das Contas de Resultado (receitas e despesas), se a movimentação do
Patrimônio da empresa apresentou lucro ou prejuízo durante o exercício social”.

O referido autor apresenta um roteiro para apuração do resultado, a saber:

1º. Elaborar um Balancete de Verificação, composto por contas cujos saldos serão
extraídos do Livro Razão;
2º. Transferir os saldos das contas de despesas/custos para a conta transitória
RESULTADO DO EXERCÍCIO (credita-se as contas de despesas/custos e debita-se a
conta Resultado do Exercício);
3º. Transferir os saldos das contas de receitas para a conta transitória RESULTADO
DO EXERCÍCIO (debita-se as contas de receitas e credita-se a conta Resultado do
Exercício);
4º. Apurar, no Livro Razão, o saldo da Conta Resultado do Exercício. Lembre-se de
que esta conta recebe a crédito o valor de todas as receitas e a débito o montante das
despesas/custos, assim, se seu saldo final for credor significa dizer que o total das
receitas supera o total de despesas/custos e, portanto, o resultado do exercício foi
superavitário, portanto a empresa obteve lucro. Caso o saldo seja devedor, a empresa
obteve déficit/prejuízo no exercício, tendo em vista que as despesas/custos superam o
valor da receita do período;
5º. Transferir o saldo da Conta de RESULTADO DO EXERCÍCIO para Reservas, se for
lucro, e para Prejuízos Acumulados, se for prejuízo (contas do Patrimônio Líquido
conforme estudado anteriormente);
6º. Apurar o Balanço Patrimonial.

8.2 Exemplo prático


Observe o Balancete da Cia Progresso em 31/12/20XX (1º passo para apuração do
Resultado do Exercício):
121

Cia Progresso Data: 31/12/XX

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CONTAS Saldo devedor Saldo credor

Ativo

Caixa 11.500

Banco Conta Movimento 8.000

Estoque de Mercadorias 18.000

Clientes 13.000

Móveis e Utensílios 25.000

Subtotal 1 75.500

Passivo e PL

Fornecedores 18.800

Empréstimos 12.300

Impostos a Recolher 7.000

Aluguel a Pagar 1.200

Capital Social 20.000

Reservas 2.000

Subtotal 2 61.300

Receitas

Vendas à Vista 36.000

Vendas a Prazo 33.000

Subtotal 3 69.000

Despesas e Custos

CMV 31.400

Comissões 2.800

Aluguel 4.000

Impostos Incidentes sobre


5.000
Vendas
122
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CONTAS Saldo devedor Saldo credor

Salários e Encargos 11.600

Subtotal 4 54.800

Subtotal 5 130.300 130.300

Na sequência (2º e 3º passos), vamos transferir os saldos das contas de despesas


para a conta Resultado do Exercício, como segue:

DATA TÍTULOS DAS CONTAS E CÓDIGO DÉBITO CRÉDITO


CONTAS/HISTÓRICO DA
CONTA

31/12 20XX Resultado do Exercício 54.800


CMV 31.400
Comissões 2.800
Aluguel 4.000
Impostos Incidentes s/vendas 5.000
Salários e Encargos 11.600
Valor que transferimos pela
apuração do Resultado do
Exercício
31/12 20XX 69.000
Resultado do Exercício 36.000
Vendas à Vista 33.000
Venda a Prazo
Valor que transferimos pela
apuração do resultado do
exercício

Importante:

O que significa transferir o saldo de uma conta para outra, quer seja de despesas
para Resultado do Exercício? Significa zerar o saldo da conta de despesa (conta
de origem) e lançar o respectivo saldo na conta de destino, no caso Apuração do
Resultado do Exercício. Assim, se o valor da conta estiver no débito (como nas
despesas), será lançado a débito na conta Resultado do Exercício (conta de destino);
se o saldo da conta estiver no crédito (como nas receitas), será lançado a crédito
na conta Resultado do Exercício (conta de destino).
4º passo: apurar no Livro Razão o saldo da Conta Resultado do Exercício.
123

Agora transferimos os total das receitas e despesas para a conta Resultado do

ULBRA - Educação a Distância


Exercício:

Conta: Resultado do Exercício Código:

Data Histórico Débito Crédito Saldo

D/C Valores

Saldo transf.
31/dez/20XX 69.000 C 69.000
receitas

Saldo transf.
31/dez/20XX 54.800 C 14.200
despesas

Veja bem, agora que todas as contas de resultado (receitas e despesas/custos) estão
zeradas e seus respectivos saldos foram transferidos para a conta Resultado do
Exercício, necessária se faz a apuração do saldo desta conta (credor ou devedor)
para sabermos se a empresa apresentou lucro ou prejuízo em suas atividades no
referido período.
Como o saldo apurado é de R$ 14.200,00 credor, este saldo corresponde a lucro
(pois o total das receitas (R$ 69.000,00) é superior ao total das despesas/custos (R$
54.800,00).

5º passo: transferir o saldo da conta Resultado do Exercício para a conta Reservas


(se for lucro) ou Prejuízos Acumulados (se prejuízo).

Saliente-se que, na prática, o resultado do exercício, quando positivo (lucro), tem


várias destinações: uma parcela vai para o governo (Contribuição Social para o
Lucro Líquido e Imposto de Renda); uma parte para remuneração de dirigentes
e colaboradores (participação nos lucros); uma parte poderá ser destinada à
constituição de reservas (lucros retidos com finalidade específica: reserva legal,
reserva de contingências, reservas estatutárias, reservas de lucros a realizar, etc.);
e uma parte será destinada aos titulares ou acionistas na forma de dividendos.
Caso no Balanço Patrimonial constem prejuízos acumulados em exercícios
anteriores, estes deverão ser compensados com parte ou total dos lucros apurados.
No presente estudo, apenas para caracterizar o aumento do Patrimônio Líquido
em decorrência do lucro apurado, vamos transferir todo o saldo credor da conta
Resultado do Exercício para a conta Reservas.
124
ULBRA - Educação a Distância

DATA TÍTULOS DAS CONTAS CÓDIGO DA DÉBITO CRÉDITO


E CONTAS/HISTÓRICO CONTA

31/12 20XX Resultado do Exercício 14.200


Reservas 14.200
Transferência que se
processa referente ao
lucro líquido apurado
no período.

6º passo: apurar o Balanço Patrimonial.

Cia. Progresso Data: 31/12/XX

CONTAS Saldo devedor Saldo credor


Ativo
Caixa 11.500
Banco Conta Movimento 8.000
Estoque de Mercadorias 18.000
Clientes 13.000
Móveis e Utensílios 25.000
TOTAL 75.500
Passivo e PL
Fornecedores 18.800
Empréstimos 12.300
Impostos a Recolher 7.000
Aluguel a Pagar 1.200
Capital Social 20.000
Reservas 16.200
TOTAL 75.500

Observe que na conta reservas tínhamos um saldo anterior de R$ 2.000,00, que,


acrescido aos R$ 14.200,00 apurados do resultado do exercício, resultou em R$
16.200,00.

Ponto final
Você já aprendeu que ao final de cada exercício social, o que normalmente
coincide com o final de cada ano, o setor de Contabilidade da empresa realiza
125

uma série de procedimentos visando à apuração do resultado do exercício. Tais

ULBRA - Educação a Distância


procedimentos têm por finalidade verificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo
em suas operações.
Para se apurar o Resultado do Exercício, o primeiro procedimento é o levantamento
do Balancete de Verificação, composto por todas as contas utilizadas durante o
ano, com seus respectivos saldos extraídos do Livro Razão. De posse do Balancete
de Verificação, a apuração do resultado envolve levantamentos físicos (inventário
de mercadorias, de materiais e de documentos), apuração do resultado bruto
(conta mercadorias), apuração do resultado líquido (cálculos e contabilizações de
depreciações, amortizações, provisões para créditos de liquidação duvidosa; ajustes
em contas de despesas e receitas em atendimento ao Princípio da Competência);
cálculos e contabilizações das deduções, participações e destinações do resultado
do exercício, concluindo com a elaboração das demonstrações financeiras.

Referências
FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 7ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira,
2009.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 26ed., ampl. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2009.

Exercícios
1) No levantamento de balanço para apuração do resultado do exercício, as
contas de:

a) despesas serão debitadas em contrapartida de uma conta transitória.


b) receitas serão creditadas em contrapartida de uma conta transitória.
c) despesas serão creditadas e receitas debitadas em contrapartida de uma
conta transitória.

d) receitas serão creditadas em contrapartida da conta Lucros ou Prejuízos


Acumulados.

2) Na apuração do resultado do exercício:


a) as contas patrimoniais são alteradas;
b) as contas de resultado são encerradas;

c) as contas de despesas são debitadas e de receitas creditadas;


126

d) a conta Resultado do Exercício é debitada e creditada em contrapartida,


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com as contas de despesa e receita.

3) O balancete levantado no final do período apresenta a seguinte posição:

Caixa 100

Fornecedores 300

Fornecedores 200

Clientes 200

Móveis e Utensílios 700

Banco Conta Movimento 50

Receitas de Serviços 1.400

Despesas Antecipadas 50

Despesas com Salários e Ordenados 200

Capital 500

Reservas 100

Impostos sobre vendas 200

Despesas com Material de Expediente 200

Despesa de Energia 100

Despesas Diversas 300

Receitas Financeiras 100

Descontos Concedidos 100

Instalações 400

Juros ativos 80

Juros passivos 120

No encerramento de contas de receitas e despesas, constantes deste balancete,


apura-se que houve, no período, um lucro líquido de:
a) 320
b) 360
c) 420
d) 440
127

4) A empresa Flores e Frutas Ltda apresenta os seguintes saldos extraídos do Livro

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Razão em 31/12/XX:

Contas Saldos

Clientes 90

Bancos Conta Movimento 75

CMV 135

Fornecedores 240

Despesas com Salários 45

Máquinas e Equipamentos 180

Empréstimos 145

Receitas de Vendas 320

Prejuízos Acumulados 30

Juros Ativos 60

Impostos a Recolher 120

Veículos 150

Capital Social 225

Promissórias a Receber 150

Estoque de Mercadorias 230

Alugueis Passivos 25

Considerando exclusivamente os saldos apresentados, sem nenhuma


implicação de ordem tributária ou qualquer distribuição de resultados, pode-
se afirmar que:

a) o resultado do exercício foi lucro líquido de R$ 145;

b) o Balanço Patrimonial tem passivo exigível no valor de R$ 530;


c) o Capital próprio tem valor de R$ 690;

d) o balancete de verificação fecha no valor de R$ 1.110.


128

5) Atividade prática:
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Relação das Contas Extraídas do Livro Razão em 31 de dezembro de 20XX:

Caixa 100.000

Clientes 20.000

Estoque de Material de Expediente 10.000

Imóveis 200.000

Fornecedores 50.000

Móveis e Utensílios 50.000

Promissórias a Pagar 20.000

Capital Social 270.000

Água e Esgoto 1.000

Alugueis Passivos 10.000

Descontos Concedidos 500

Fretes e Carretos 500

Material de Expediente 2.000

Receitas de Serviços 54.000

Pede-se:

a) Elabore o Balancete de Verificação;


b) Elabore os razonetes (para facilitar a apuração do resultado, separe as contas
patrimoniais e as de resultado);

c) Apure o resultado do exercício (transfira as contas de receitas e despesas


para a conta de Resultado do Exercício);

d) Apure o saldo da conta Resultado do Exercício e transfira o saldo para


Reservas (se lucro) ou Prejuízos Acumulados (se prejuízo);
e) Elabore o Balanço Patrimonial.

Gabarito:
1) c; 2) d; 3) b; 4) d
9 INVENTÁRIO

Simone Loureiro Brum Imperatore

Ainda sob o enfoque do ciclo contábil, cabe-nos estudar o inventário, função


administrativa e contábil que consiste no levantamento dos elementos patrimoniais,
sua classificação e seus valores. O inventário é a determinação e a contagem,
amostral ou total, dos elementos que integram o patrimônio de uma entidade
(física ou jurídica).u

9.1 Classificação do inventário


Considerando-se a importância que o inventário representa na vida econômica,
financeira e patrimonial de uma entidade, é necessário observar-se e seguir alguns
critérios quanto à sua classificação:

a. Segundo os fins:
• Inventário de Exercício ou de Gestão (levantado no período normal da
empresa, cuja avaliação dos bens obedece ao seu custo ou ao preço de
reposição (raramente), ou ao preço médio ponderado;

• Inventário de Instalação ou de Constituição (formação do capital social


inicial);

• Inventário de Fusão ou Aquisição (reunião dos patrimônios das empresas;


o critério de avaliação obedece ao interesse das partes);

u A noção de que as expressões balanço e inventário têm o mesmo significado é equivocada. Inventário
refere-se à contagem de todos os elementos patrimoniais, enquanto balanço é a representação gráfica
do patrimônio. Pode-se fazer inventário sem se fazer balanço, entretanto, não se pode fazer balanço
sem se fazer o inventário.
130

• Inventário de Consignação e Transferência (passagem de gestão de um


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diretor para outro e ou quando da entrega de algum componente patrimonial


à guarda de alguém);
• Inventário de liquidação (extinção da entidade, por falência ou vontade
própria dos sócios).

b. Segundo a extensão:
• Completo, total ou geral (todos os elementos);
• Parcial ou especial (abrange apenas parte do patrimônio da entidade -
determinado grupo de elementos patrimoniais e ou uma amostra de todos
os grupos).

c. Quanto à forma:
• Analíticos ou descritivos (descrevem todas as características do elemento
patrimonial);

• Sintéticos ou genéricos (reunidos em grupo conforme a natureza do item).

d. Quanto à periodicidade
• Ordinário (realizados em datas pré-fixadas);

• Extraordinário (em casos especiais, auditoria, por exemplo).

e. Quanto ao aspecto legal


• Obrigatório ou legal (levantamento do estoque de mercadorias por ocasião
do Balanço Patrimonial);

• Estatutário (periodicidade, forma; extensão, fins definidos pelo estatuto)

• Contratual;
• Facultativo.

f. Quanto às Fontes de Obtenção dos Dados

• Contábil (baseados em documentos e registros de origem contábil);


• De fato (contagem física);

• Misto (ambos os critérios).

9.2 Fases do inventário


O Inventário constitui-se de fase pré-inventarial, execução do inventário e registro
de inventário.
131

9.2.1 Fase pré-inventarial

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Consiste no estabelecimento de regras que nortearão a execução do inventário:

a. Fixação das datas de início e término do inventário;


b. Designação das pessoas que irão trabalhar no inventário;
c. Instruções detalhadas sobre a tarefa e sua importância (critérios de mensuração
a serem observados, forma de registro dos dados coletados, procedimentos
para análise das diferenças encontradas, providências objetivando as correções,
roteiro do inventário, etc.);

d. Formulários especiais a serem utilizados (listas dos materiais a inventariar,


formulários de coleta de dados);
e. Relatório do trabalho.

9.2.2 Execução do inventário


Após a preparação da unidade a ser inventariada (e dos agentes envolvidos no
inventário) dá-se início ao levantamento físico dos itens patrimoniais. Atenção
especial a algumas informações úteis:

a. Materiais obsoletos devem ser destacados com antecedência e inventariados


separadamente;
b. Materiais de contagem impraticável devem ser mensurados por estimativa
(areia e brita, por exemplo, devem ser quantificadas por m 3);

c. Materiais com embalagem-padrão, de manuseio inconveniente e geralmente


delicado, toma-se o número de embalagens e multiplica-se pelo número de
unidades (pregos, por exemplo).

9.2.3 Registro de inventário


O Decreto nº 21.032, de 27/2/1971, instituiu o modelo especial de livro para registro
de inventário de estoques. Em seu artigo 8º, estabelece que o Livro de Registro de
Inventário, modelo 7, destina-se a arrolar, pelos seus valores e com especificação
que permita sua perfeita identificação, as mercadorias, as matérias-primas, os
produtos intermediários, os produtos manufaturados e os em fabricação existentes
na época do balanço. Hoje, através da informatização, usa-se folhas avulsas que
são posteriormente encadernadas.
132

9.3 Critérios de avaliação dos ativos


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Avaliação, segundo Ferreira (1986, p.205), é o “ato ou efeito de avaliar; apreciação;


análise; valor determinado pelos avaliadores”, dando uma noção mais restrita a
itens monetários, enquanto mensuração, Ferreira (1986, p.119) coloca que é o “ato
de medir ou mensurar; medição; determinar a medida de...” enfatizando algo mais
amplo englobando os itens monetários e não monetários.
Sendo assim, Mock & Grove, apud Guerreiro (1989, p.80), destacam que sistema
de mensuração é o “conjunto de procedimentos que atribui números a objetos e
eventos com o objetivo de prover informações válidas, confiáveis, apropriadas e
econômicas para as tomadas de decisões.”

A Lei nº 11.638/07 trouxe importantes e significativas alterações no que diz respeito


aos critérios de classificação e avaliação dos ativos, aplicáveis tanto ao ativo
circulante quanto ao não circulante.

No que diz respeito aos critérios de avaliação, a nova lei introduziu o conceito
de fair value, ou em português, valor justo, que corresponde ao montante pelo
qual determinado item poderia ser transacionado em um mercado ativo entre
participantes dispostos e conhecedores do assunto, em uma transação sem
favorecimento. Embora valor justo e valor de mercado sejam conceitos diferentes,
é possível assumir, em determinadas circunstâncias, que ambos possuem valor
igual ou próximo.

A Lei nº 11.941/09 determinou que instrumentos financeiros, inclusive derivativos,


direitos e títulos de crédito classificados no circulante ou realizável a longo prazo
a serem avaliados a valor justo são aqueles destinados à negociação imediata ou
disponíveis para venda futura. Tal critério implica ajustar o valor desses ativos
(para maior ou para menor) cada vez que houver necessidade de publicar as
demonstrações financeiras. Tais ajustes terão como contrapartida o resultado do
período para aqueles destinados à negociação imediata e uma conta de Patrimônio
Líquido denominada AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL para aqueles
disponíveis para venda futura.

Para efeito de avaliação, o valor justo será:


a. para as matérias-primas e bens do almoxarifado, o preço de reposição, mediante
compra no mercado;

b. para os bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização


mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas
necessárias para a venda e a margem de lucro;

c. para os investimentos, o valor pelo qual possam ser transferidos a terceiros;


133

d. para os instrumentos financeiros, a definição de valor justo, apresentada

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anteriormente.

IMPORTANTE: caso não haja mercado ativo, a avaliação se fará por comparação
a um instrumento financeiro similar.

Os investimentos que se pretende resgatar apenas na data de seu vencimento


continuarão a ser registrados por seu valor original, ajustado por correções, juros,
variações de câmbio ou outras formas contratadas. Se o valor de mercado na data
de publicação inferior ao custo, deve-se provisionar a perda contra resultado.
Os ativos não classificáveis como destinados à negociação imediata ou disponíveis
para venda futura serão avaliados ao valor de custo ou emissão, ajustados pelo
provável valor de venda (se este for inferior). No caso do imobilizado, o ajuste se fará
se o valor de aquisição, deduzido da respectiva conta de depreciação, amortização
ou exaustão for superior ao valor de realização.

9.3.1 Outros critérios de avaliação de estoques


O custo das mercadorias estocadas é determinado com base no valor de aquisição
constante das Notas Fiscais de compra, acrescido das despesas acessórias (frete,
por exemplo) e dos impostos, taxas e contribuições que não forem recuperados
pela empresa no momento da venda das mercadorias (notem bem, no caso do
ICMS NÃO É CUSTO).

A empresa poderá adquirir os mesmos tipos de mercadoria em datas diferentes,


de fornecedores diversos, pagando por elas preços variados. Assim, adota-se como
critério para determinação do custo dessas mercadorias: Custo Específico, PEPS
(Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair); UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair) e Custo
Médio Ponderado, a saber:
a. CUSTO ESPECÍFICO: consiste em atribuir a cada unidade do estoque o
preço efetivamente pago por ela. É um critério que só pode ser utilizado por
mercadorias de fácil identificação física, como imóveis para revenda, veículos
usados etc.;

b. PEPS; adotando este critério para avaliação dos estoques, a empresa atribuirá
às mercadorias estocadas os custos (preços de aquisição) mais recentes;

c. UEPS: neste caso, a empresa considera os custos (preços de aquisição) mais


antigos. Não é utilizado pela dificuldade de aplicação e pela não aceitação da
legislação do Imposto de Renda;
134

d. CUSTO MÉDIO PONDERADO: segundo este critério, as mercadorias são


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avaliadas pela média dos custos de aquisição, atualizados a cada compra


efetuada.
O critério mais utilizado é o custo médio, porque espelha maior realidade nos
Custos, no Lucro e no Estoque Final. Cabe ressaltar que na elaboração do Balanço
Patrimonial a avaliação de estoques obedecerá aos critérios estabelecidos no artigo
183 da Lei nº 6.404/76, ou seja, custo de aquisição deduzido da provisão para ajustá-
lo ao valor de mercado, quando este for inferior.

9.4 Critérios de avaliação de passivos


Para efeito de avaliação de passivos, observa-se:
a. as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive IR a pagar
com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado
até a data do balanço;

b. as obrigações em moeda estrangeira serão convertidas em moeda nacional à taxa


de câmbio em vigor na data de elaboração das demonstrações financeiras;

c. as obrigações, encargos e riscos classificados no Passivo Não Circulante serão


ajustados ao seu valor presente (valor atual, descontando-se a taxa de juros
implícita).

Ponto final
No final de cada exercício, as empresas devem inventariar seus estoques de
materiais (matérias-primas, materiais de embalagem, etc.), produtos acabados e
em elaboração, serviços em andamento e mercadorias para revenda. Tal inventário
deve ser escriturado no “Livro de Registro de Inventário”, sendo que devem
ser observadas as prescrições fiscais exigidas (ICMS, IPI e Imposto de Renda).
Além do inventário dos estoques, as empresas devem (re)avaliar os seus bens,
considerando-se a legislação vigente (Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09) abordada
no presente capítulo.

Referências
LEI nº 11.638/07. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm>.

LEI nº 11.941/09. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/


Leis/2009/lei11941.htm>.
CPC 12. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_12.pdf>.
135

Exercícios

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1) Pesquise sobre:
a) critérios de reconhecimento de ativos;

b) atributos básicos da avaliação de ativos;

c) mensuração de ativos a valores de entrada;


d) mensuração de ativos a valores de saída;

e) avaliação de ativos intangíveis.

2) A partir da pesquisa realizada, elabore um texto sucinto e poste-o no fórum de


Conteúdo 2 da Disciplina.
REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico e financeiro.


8 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
BOLETIM MAPA FISCAL. Modelo de plano de contas. n. 2, 2002. Disponível em: <htp://www.
nydus.com.br/artigos/ct_modeloplano.htm>. Acesso em: 1 abr. 2008.
BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei 6.404. Diário
Oficial - Seção Extra, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: <htp://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 31 mar. 2008.
______. Lei 10406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União,
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______. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Diário
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CONSELHO FEDERAL DE Contabilidade. Resolução CFC Nº 774 de 16 de dezembro de
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FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23 ed. São Paulo: Atlas, 1996.
IUDÍCIBUS, Sérgio de (Coord.). Contabilidade introdutória. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
______; MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não contadores. 4 ed. São Paulo:
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MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 3 ed.
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SÁ, Antônio Lopes; SÁ, Ana Maria Lopes. Dicionário de Contabilidade. 10 ed. São Paulo: Atlas,
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STEYER, Jorge et al. Fundamentos da Contabilidade. Canoas: Editora Ulbra, 2005. (Caderno
Universitário).

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