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Dasein, o entendimento de Heidegger

sobre o modo de ser humano


Dasein, Heidegger’s conception of the human being
Dasein, la concepción Heideggeriana sobre el modo de ser humano

Marcelo Vial Roehe, Elza Dutra*


Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Doi: dx.doi.org/10.12804/apl32.1.2014.07

Resumo Abstract
A obra Ser e Tempo do filósofo alemão Martin Heidegger Martin Heidegger’s Being and Time is one of the
é uma das influências fundamentais para o surgimento da major influences on existential-phenomenological
psicologia fenomenológico-existencial. Nela, Heidegger psychology’s development due to its new approach to the
utiliza o termo Dasein para nomear o modo de ser espe- understanding of the human being. The German philoso-
cificamente humano e questionar a tradição metafísica pher called Dasein the particular human mode of being in
(ontológica) ocidental. O Dasein heideggeriano des- order to rethink the western metaphysical (ontological)
pertou o interesse da psicologia em função da renovada tradition. According to Heidegger, Dasein is always a
concepção de homem que apresentava. Para Heidegger, relationship to one’s own being, the characteristics of
o Dasein é sempre relação com o próprio ser, cujas ca- which are called existentials. In Being and Time Dasein
racterísticas são chamadas de existenciais. Em Ser e is described in its everydayness as a being-in-the-world
Tempo, o Dasein é descrito em sua cotidianidade como that is always already projecting itself upon possibilities
ser-no-mundo que existe já sempre se projetando em of being which constitute one’s own being. As a being-
possibilidades de ser, as quais são constituintes do seu in-the-world Dasein does not show itself primarily as
próprio ser. Sendo-no-mundo, o Dasein não se mostra an individualized subject to whom the world is a mental
como um sujeito individualizado que representa objetos object, on the contrary, it loses itself in the anonymity of
mentalmente, ao contrário, perde-se na impessoalidade The One and it establishes practical dealings with the su-
do mundo compartilhado com os outros e lida com o que rroundings. Individuation is something it has to achieve
está ao seu redor de modo prático. A individualização through the fundamental mood of anxiety.
passa pela disposição afetiva fundamental, a angústia. Keywords: Dasein, existential analytic, existential-
Palavras-chave: analítica existencial, Dasein, Heide- phenomenological psychology, Heidegger, human mode
gger, modo de ser humano, psicologia fenomenológico- of being
existencial

* Marcelo Vial Roehe, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/Brasil;Elza Dutra, Programa de Pós-Graduação em Psico-
logia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/Brasil.
Este trabalho foi apoiado por: CAPES
A correspondência relacionada com este artigo deve ser direcionada a Marcelo V. Roehe, Rua Caiapó, 120 Porto Alegre/Brasil 91900-
550. Correio electrónico: mvroehe@gmail.com

Para citar este artículo: Roehe, M. V. & Dutra, E. (2014). Dasein, o entendimento de Heidegger sobre o modo de ser humano. Avances
en Psicología Latinoamericana, vol. 32(1), pp. 105-113. doi: dx.doi.org/10.12804/apl32.1.2014.07

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Marcelo Vial Roehe, Elza Dutra

Resumen crítica da Metafísica (Ontologia) ocidental e teve


desdobramentos em sua obra até o final de sua vida.
Ser y Tiempo, obra del filósofo alemán Martin Heidegger Ser e Tempo, por sua vez, veio a exercer gran-
es una de las más importantes influencias para el desa- de influência na psicologia, devido à renovada
rrollo de la psicología fenomenológico-existencial. Da- concepção de ser humano que apresentava. Numa
sein es el término que Heidegger adopta para indicar el época em que predominavam a psicanálise e o
modo de ser proprio del ser humano, con la finalidad de comportamentalismo, a psicologia influenciada
repensar la tradición metafísica (ontológica) occidental. por Heidegger, que viria a ser conhecida como
El Dasein Heideggeriano despertó el interés de la psico- fenomenológico-existencial, procurava entender
logía debido a su renovada concepción del ser humano. o homem em seus próprios termos, descartando
Para Heidegger, el Dasein es siempre una relación con su analogias naturalistas e mecanicistas e enfatizando
propio ser a cuyas características el filósofo llama exis- a liberdade ou a autonomia do homem. Ao invés de
tenciales. En Ser y Tiempo el Dasein es presentado desde respostas condicionadas, ação proativa tendo em
su cotidianidad como un ser-en-el-mundo que siempre vista projetos pessoais; ao contrário da dinâmica in-
se está proyectando en las posibilidades de ser, las cua- consciente, ênfase na experiência consciente e nas
les constituyen su propio ser. Siendo-en-el-mundo, el possibilidades encontradas no mundo. Não apenas
Dasein no se muestra como un sujeto individualizado comportamento (mecanicismo materialista), nem
que representa objetos mentalmente, por el contrario, somente a dinâmica inconsciente (mentalismo de-
se pierde en la impersonalidad del mundo compartido terminista); a influência de Heidegger trouxe para a
con los otros y establece relaciones funcionales con el psicologia a ideia de ser humano, que não se reduz
entorno. La individualización pasa por la disposición à dicotomia mente/corpo.
afectiva fundamental, la angustia. É esta concepção de ser humano que se pretende
Palabras clave: analítica existencial, Dasein, Heide- apresentar aqui, a fim de contribuir para uma me-
gger, modo de ser humano, psicología fenomenológica lhor compreensão da psicologia fenomenológico-
y existencial existencial, pois os trabalhos desta abordagem, em
grande parte, são desenvolvidos tendo por base o
Dasein heideggeriano.
A psicologia fenomenológico-existencial (Ha-
lling & Nill, 1995) tem no filósofo alemão Martin O Dasein em Ser e Tempo
Heidegger (1889-1976) uma de suas principais re-
ferências, especialmente em sua obra mais conheci- Em Ser e Tempo, Heidegger (1927/2006) descre-
da, Ser e Tempo, publicada originalmente em 1927. ve o modo de ser especificamente humano a partir
Além disso, há uma abordagem psicoterapêutica de sua cotidianidade. Tomando o homem desde o
diretamente elaborada a partir de seus escritos, a seu ser, no qual não se diferenciam corpo e alma ou
Daseinsanalyse, cujo desenvolvimento contou com corpo e mente, assim como não se apresenta como
a colaboração do próprio Heidegger (Binswanger, um sujeito oposto a objetos, Heidegger oferece uma
1975; Boss, 1971/1983; Boss, 1979; Halling & alternativa para o entendimento tradicional a respei-
Nill, 1995; Heidegger, 1987/2001; Roehe, 2004). to do que é o homem, cuja referência maior no cam-
Em Ser e Tempo (1927/2006), Heidegger apre- po psicológico era (e talvez ainda seja) o trabalho de
senta sua ontologia fundamental, ou seja, o filósofo Descartes. Em linhas gerais cartesianas, a realidade
pretendia mostrar como o Ser se manifesta. Para is- é representada e confirmada pela racionalidade que
so, Heidegger inicia pela apresentação do modo de habita o sujeito. No que diz respeito à psicologia, os
ser daquele ente que conhece o Ser e pode questio- fenômenos psicológicos constituem uma variação
ná-lo, o ente humano. “O ente que temos a tarefa de da racionalidade internalizada, o psiquismo.
analisar somos nós mesmos. O ser deste ente é sem-
pre e cada vez meu” (Heidegger, 1927/2006, p. 85). Com o cogito sum, Descartes pretende dar à filosofia
O propósito de Heidegger envolvia uma revisão um fundamento novo e sólido. O que, porém, deixa

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indeterminado nesse princípio “radical” é o modo de cotidianidade mediana. No cotidiano, entretanto, o


ser da res cogitans ou, mais precisamente, o sentido do ser humano se coloca como mais um entre os entes,
ser do “sum” (Heidegger, 1927/2006, p. 63). numa relação de identidade com as coisas que o
cercam, relação esta na qual a característica onto-
Para Heidegger, a descrição fundamental do lógica fica encoberta. Na cotidianidade, o Dasein
ser humano é como ser-no-mundo, ou seja, não há se mostra como sendo mais uma pessoa entre as
dualismo, polaridade ou oposição entre homem e outras pessoas, ou seja, vive sua vida como “fula-
mundo: ser-homem é indissociável do mundo. O no de tal” que tem um jeito particular de ser. Este
trabalho de Heidegger mostra que o ser-no-mundo nível cotidiano, da vida como sendo mais um en-
é a condição primeira para o entendimento do ser tre os demais, é chamado ôntico. O ser-ontológico
do homem. As vicissitudes do ser-no-mundo são do homem é ser a abertura (o aí) onde os entes se
anteriores às elaborações teóricas quanto a um mostram e ele – homem – se mostra para si mesmo.
ponto de partida ou uma característica definidora É neste nível que Heidegger descreve o modo de
que norteie um percurso compreensivo. Já há uma ser humano, o Dasein; sem, no entanto, ignorar o
determinação insuperável que, todavia, tende a nível ôntico dos interesses cotidianos, das indivi-
se manter velada no cotidiano, a existência como dualidades, da cultura. Logo, o nível ontológico diz
ser-no-mundo. respeito ao Dasein, que é o modo de ser do homem;
Heidegger elabora uma analítica existencial: o nível ôntico diz respeito ao desdobramento indi-
“A analítica tem a tarefa de mostrar o todo de uma vidual do Dasein, que caracteriza cada indivíduo ou
unidade de condições ontológicas. A analítica co- grupos humanos como, por exemplo, os brasileiros,
mo analítica ontológica não é um decompor em os budistas, os psicólogos.
elementos, mas a articulação da unidade de uma A descrição do modo de ser humano que Heide-
estrutura” (Heidegger, 1987/2001, p. 141). Para gger realiza mostra que o homem está em relação
identificar o modo de ser humano, Heidegger em- com seu próprio ser, ou seja, o ser do homem é uma
prega o termo Dasein. Literalmente, Dasein sig- questão para ele mesmo, porém não – na maior par-
nifica ser-aí. Na versão brasileira de Ser e Tempo, te do tempo – uma questão racional que gera uma
Dasein é traduzido como “presença”; a tendência resposta, uma conclusão, trata-se de uma questão/
internacional é pela manutenção do termo original relação com o próprio ser que se conclui apenas
alemão. Neste texto, Dasein, presença (nas citações provisoriamente no fazer cotidiano da existência:
da tradução brasileira) e ser humano são utilizados “Ser é o que neste ente está sempre em jogo” (Hei-
como sinônimos, todos fazendo referência ao mo- degger, 1927/2006, p.85). Estando sempre em jogo,
do de ser humano ou modo de ser do homem. As sempre em questão, na própria existência, a essên-
características do Dasein, que serão apresentadas cia do ser humano está em “ter de ser”. Ou seja,
na sequência do texto, são chamadas por Heideg­ conforme Heidegger (1927/2006), a essência do ser
ger de existenciais, a fim de distingui-las do que humano está em sua existência. As características
tradicionalmente é chamado de categoria. Os exis- constitutivas do ser do homem não são propriedades
tenciais dizem respeito ao modo de ser do homem, identificadas na matéria, como no caso dos entes
ao passo que as categorias se referem a modos de naturais (a rigidez de uma rocha, por ex.), mas sim
ser não-humanos. “modos possíveis de ser e somente isso” (Heide-
O Dasein é o ente que, sendo, des-cobre, revela gger, 1927/2006, p.85). Blattner (2006) acrescenta:
o Ser (o quê e como algo é) a partir de sua con- “ser uma pessoa é projetar uma pessoa para ser e
dição existencial. O Dasein é o ente para o qual então nosso ser é uma questão para nós” (p. 37).
o Ser se mostra. Em virtude de sua compreensão O Dasein apresenta uma constituição ou estrutu-
do Ser, ainda que informal, vaga, o ser humano é ra existencial na qual Heidegger identifica diferen-
ontológico. Essa compreensão ocorre em meio aos tes características cuja manifestação é simultânea,
demais entes (humanos e não-humanos) com os “equiprimordial”. O primeiro constituinte descrito
quais o ser humano se relaciona, na forma de uma por Heidegger é o ser-no-mundo:

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A expressão composta “ser-no-mundo”, já na sua cun- ao dasein não é uma abertura da razão como tal, mas
hagem, mostra que pretende referir-se a um fenômeno sempre um projeto qualificado, definido, poderíamos
de unidade. Deve-se considerar este primeiro achado dizer, tendencioso (p.54).
em seu todo. A impossibilidade de dissolvê-la em ele-
mentos, que podem ser posteriormente compostos, não O Dasein é envolvido no mundo, é interessado,
exclui a multiplicidade de momentos estruturais que em função de outra estrutura existencial, a dis-
compõem esta constituição (Heidegger, 1927/2006, posição afetiva. Esta é a condição ontológica de
p. 98-99). manifestações ônticas como o humor. Humor diz
respeito a como alguém está, como se encontra ou
Em Ser e Tempo, homem e mundo aparecem “como vai”. O ser humano não existe num estado
como unidade ontológica original: não há homem neutro, numa atitude teórica diante da realidade,
sem mundo, nem mundo sem homem. O homem pelo contrário, o que se mostra na abertura do aí já
não entra em relação com o mundo a partir de sua aparece vinculado a uma tonalidade afetiva. As coi-
racionalidade primária, pelo contrário, a racionali- sas do mundo, os outros e o seu próprio ser fazem
dade é que se desenvolve desde o vínculo original diferença para o Dasein, podem tocá-lo de alguma
do homem com os demais entes. No cotidiano, os maneira. Mesmo o desinteresse ou a não atribuição
entes não se mostram, primeiramente, como objetos de importância a algo ou a alguém é um modo de
teóricos ou matéria extensa, os entes têm significa- ser afetado pelo mundo. Ao contrário da tradição
dos relativos à relação que o homem, em seu ser, es- mentalista, Heidegger afirma que o humor não é
tabelece com eles, ou seja, o homem já está com os um estado intrapsíquico:
demais entes numa relação de ser. Por exemplo: um
microfone não se mostra como matéria extensa; Ele não vem de “fora” nem de “dentro”. Cresce a par-
um microfone recebe significado como um instru- tir de si mesmo como modo de ser-no-mundo (...). O
mento que permite ao homem que se comunique estado de humor não remete, de início, a algo psíquico
de uma certa maneira. Sendo um instrumento de e não é, em si mesmo, um estado interior que, então,
comunicação, pressupõe a relação entre diferentes se exteriorizasse de forma enigmática, dando cor às
pessoas e uma linguagem em comum. Além disso, coisas e pessoas (...) é um modo existencial básico da
um microfone está relacionado a outros objetos, abertura igualmente originária de mundo (...) (Hei-
como um amplificador, um interruptor de energia degger, 1927/2006, p. 196).
ou um fio, na relação com os quais realiza sua
utilidade para o homem. O conjunto é necessário É o humor, já vinculado ao mundo, que permite
para que cada objeto adquira seu significado como que o Dasein se aproxime de determinadas possibi-
instrumento para realização de necessidades típicas lidades e se distancie de outras, se interesse por algo
do homem que vive em sociedade, no caso, a comu- ou despreze alguma coisa. É sendo afetado ou toca-
nicação (Em Ser e Tempo estas relações constituem do pelo mundo, que o ser humano sente ansiedade,
a significância). O microfone, o amplificador, o medo, alegria, orgulho. Estas são manifestações ôn-
interruptor, o fio, o espaço onde ocorre a comuni- ticas, somente possíveis devido à disposição afetiva
cação são o que Heidegger (1927/2006) chama de que caracteriza o Dasein ontologicamente. Se o ser
totalidade instrumental. Consequentemente, não humano não se vinculasse afetivamente ao mun-
há objetos isolados adicionados uns aos outros no do, ou seja, se não fosse disposto-no-mundo, não
espaço geométrico; é o conjunto que, na relação poderia, por exemplo, eleger prioridades para sua
com o modo de ser do homem, constitui o mundo. vida, pois tudo que há no mundo se mostraria como
sendo igual, não importando nem mais nem menos.
Vattimo (1971/1987) acrescenta: A diferenciação entre o que interessa, atrai, importa
O ser-no-mundo nunca é um sujeito puro, porque ou não é possível em função da disposição afetiva.
nunca é um expectador desinteressado das coisas e dos Heidegger destaca uma disposição em particu-
significados; o projeto dentro do qual o mundo aparece lar, a angústia, a qual considera a disposição fun-

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damental. A angústia revela o ser-no-mundo como riza de fato. O futuro (porvir) está sempre impli-
tal exatamente por tornar o envolvimento com as cado, constitui as ações (presentes), uma vez que
coisas do mundo e com os outros, insignificante. o ser humano antecede-a-si-mesmo (Heidegger,
Para o Dasein angustiado “o ente intramundano em 1927/2006).
si mesmo tem tão pouca importância que, em razão
dessa insignificância do intramundano, somente o Em seu ser, a presença já sempre se conjugou com uma
mundo se impõe em sua mundanidade” (Heidegger, possibilidade de si mesma (…) já sempre antecedeu a
1927/2006, p. 253). Ou seja, a totalidade referencial si mesma. A presença já está sempre ‘além de si mes-
do cotidiano se mostra irrelevante, o fazer cotidiano ma’, não como atitude frente aos outros entes que ela
é substituído pela “estranheza”: “a disposição reve- mesma não é, mas como ser para o poder-ser que ela
la ‘como se está’. Na angústia, se está ‘estranho’ ” mesma é (Heidegger, 1927/2006, p. 258-259).
(Heidegger, 1927/2006, p. 255). Na sequência do
texto, o papel da angústia como disposição funda- A compreensão conduz o ser do homem para as
mental será retomado. suas possibilidades: compreendo a barra de micro-
Como alguém está implica um contexto do qual, fone como um instrumento que permite a comuni-
necessariamente, o Dasein faz parte, implica “es- cação, então o microfone não se esgota como um
tar”. Já-sempre estamos numa situação qualquer, objeto aqui e agora, ele permite – na relação com o
já-sempre há vínculos que nos influenciam e estão ser do homem – um momento seguinte, uma possi-
além de nossa vontade, já-sempre estamos num bilidade de comunicação, desde que utilizado com
determinado humor; a isso Heidegger chama de este fim. Ressalte-se: não se trata de um planeja-
facticidade. A facticidade se dá em função do ser mento mental, trata-se de um “fazer assim”.
humano ser-lançado no mundo. Ser-lançado mos- A compreensão “abre” o possível porque possui
tra que o Dasein é sempre “meu” já num âmbito a estrutura existencial que Heidegger chama de pro-
determinado do mundo. O homem não conduz a si jeto. O Dasein compreende projetando. Uma comu-
mesmo até o ser: é lançado no mundo como herdei- nicação deve ser feita; o microfone será utilizado
ro de condições históricas e ideológicas, herdeiro na medida em que possibilita esta comunicação; a
de uma compreensão mediana da existência num comunicação deverá gerar determinada consequên-
determinado período (Sheehan, 1995). cia. São possibilidades; como tais, são antevistas
O Dasein sempre compreende o ser em geral e o como doadoras de sentido ao que se vai fazer.
seu próprio ser de alguma maneira. Esta compreen- O Dasein não se define pelo que é “aqui e ago-
são não é um conhecimento teórico, racional. Ela ra”, como um objeto restrito à sua manifestação
é prática, porque diz respeito ao modo de ser (ver- material-presente, pois o poder-ser faz parte da
bo, ação). A compreensão se mostra naquilo que o sua facticidade. O que o ser humano é abrange a
ser humano faz, no lidar com a própria existência, dimensão do possível, do ainda-não que poderá vir
providenciar algo em virtude de possibilidades a ser. Aquilo que o Dasein ainda não é como fato,
mundanas. Para Haugeland (1982) compreender é como realidade, ele é como possibilidade, ele é
saber como ser a pessoa que se é, sendo-a. Dreyfus existencialmente, uma vez que o ser humano é suas
(1991) escreve que a compreensão é o saber como possibilidades. “Enquanto projeto, compreender é
proceder em referência ao que se faz; é fazer o o modo de ser da presença em que a presença é as
que é apropriado, conforme a situação. Heidegger suas possibilidades enquanto possibilidades” (Hei-
(1927/2006) observa: “O que se pode no compreen- degger, 1927/2006, p.206).
der, assumido como existencial, não é uma coisa, Heidegger (1927/2006) rejeita o entendimento
mas o ser como existir. Pois no compreender sub- do ser humano como uma unidade isolada que,
siste, existencialmente, o modo de ser da presença por proximidade espacial, se agrupa com outros
como poder-ser” (p.203). seres humanos. Para o filósofo, o homem – exis-
O Dasein existe sempre em função de um poder- tencialmente, ontologicamente – se caracteriza pela
ser que, embora ainda não realizado, já o caracte- convivência, pelo ser-com; o mundo do homem é

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mundo compartilhado. Ser-homem sempre envolve mínio dos outros que, sem surpresa, é assumido sem
a presença de outros homens. O ser humano sempre que a presença, enquanto ser-com, disso se dê conta
está referido a um contexto familiar, a um ambiente (Heidegger, 1927/2006, p. 183).
de trabalho, a uma localização (rua, bairro, cidade,
etc.), a uma origem (povo, país), ao uso de objetos O exercício impessoal do cotidiano alivia o
comuns produzidos por outras pessoas; todas são Dasein da responsabilidade individual por suas
determinações coletivas que contribuem para o des- decisões, uma vez que os julgamentos e escolhas
envolvimento de nossa própria identidade (nosso são – impessoalmente – prescritos. Sendo assim, o
nome, por ex., é decidido por outros). impessoal facilita, nivela e superficializa a convi-
A convivência é um aspecto existencial do Da- vência cotidiana.
sein e sua realização poderá ser plena ou deficien- Não é o “eu” quem assume a responsabilidade
te, habilidosa ou difícil, quer dizer, a maneira ou pelas decisões e pelas ações: identificado com o ser-
a qualidade com que exercitamos o ser-com são com impessoal do cotidiano, o ser humano se faz
possibilidades de um modo de ser já constituído no indiferenciado. “Todo mundo é o outro e ninguém
mundo compartilhado. Heidegger (1927/2006) usa é si mesmo. O impessoal que responde à pergunta
o termo preocupação para designar, de forma geral, quem da presença cotidiana, é ninguém, a quem a
os relacionamentos possíveis entre seres humanos. presença já se entregou na convivência de um com
o outro” (Heidegger, 1927/2006, p. 185).
O ser-com determina existencialmente a presença, A medianidade imposta pela impessoalidade
mesmo quando um outro não é, de fato, dado ou per- cotidiana determina que o ser humano exista, na
cebido. Mesmo o estar-só da presença é ser-com no maior parte do tempo, conforme características que
mundo. Somente num ser-com e para um ser-com é não são propriamente suas. Elas são de todos e de
que o outro pode faltar (Heidegger, 1927/2006, p.177). ninguém: “numa primeira aproximação, ‘eu’ não
‘sou’ no sentido do propriamente si mesmo e sim
Só pode ser solitário ou viver isolado quem, os outros nos moldes do impessoal. É a partir deste
originalmente, é social. Quando se percebe que e como este que, numa primeira aproximação, eu
alguém está falando sozinho, isso somente chama ‘sou dado’ a mim mesmo” (Heidegger, 1927/2006,
a atenção porque a fala é sempre entendida como p. 187). Portanto, aquilo que alguém faz é feito co-
ato comunicativo exigindo, portanto, comunidade. mo todos os outros fazem, aquilo que alguém diz
Sendo-lançado num mundo-com, o Dasein já- é dito como todos os outros dizem, etc. Como se
sempre se encontra num contexto de práticas e não houvesse a possibilidade de escolha diante de
entendimentos medianos estabelecidos, que dizem como conduzir a própria vida.
respeito a como se deve conduzir a vida, ao qual A identificação com o modo de ser já dado pelo
Heidegger chama de impessoal. A convivência co- impessoal deixa encoberta a liberdade do Dasein
tidiana, as rotinas socialmente partilhadas, o viver para assumir a responsabilidade por suas ações, por
a vida como se costuma viver, como todos vivem seu modo de vida. O fazer cotidiano impessoal se
absorvem a individualidade, o si-mesmo de modo mostra como uma necessidade, como a única possi-
que o “eu” não se sobressai como um ponto refe- bilidade de ser, de tal maneira que o Dasein sequer
rencial para o agir, ficando velado na identificação reconhece que pode escolher seu modo de ser. Lo-
com o “todo mundo”, na impessoalidade. go, o ser humano existe não se apropriando de si
mesmo, não sendo propriamente (autenticamente)
A presença, enquanto convivência cotidiana, está sob si mesmo, mas sim impessoalmente si mesmo. Para
a tutela dos outros. Não é ela mesma que é, os outros apropriar-se de si mesmo, o Dasein deve retomar-se
lhe tomam o ser. O arbítrio dos outros dispõe sobre as da dispersão no impessoal; é aqui que a angústia
possibilidades cotidianas de ser da presença. Mas os desempenha o papel de disposição fundamental.
outros não estão determinados. Ao contrário, qualquer A identificação com o impessoal tranquiliza o ser
outro pode representá-los. O decisivo é apenas o do- humano no sentido de lhe assegurar que tudo ocorre

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Dasein, o entendimento de Heidegger sobre o modo de ser humano

como deve ser. A angústia, no entanto, rompe as uma escolha. Recuperar a escolha significa escolher
identificações impessoais cotidianas, o que vinha essa escolha, decidir-se por um poder-ser a partir de
sendo familiar se torna estranho. Estranheza, para seu próprio si-mesmo. Apenas escolhendo a escolha é
Heidegger, significa “não se sentir em casa”. que a presença possibilita para si mesma o seu poder-
Na angústia, o mundo das ocupações impes- ser próprio (Heidegger, 1927/2006, p. 346).
soais cotidianas, familiares e tranquilas perde essa
condição e o Dasein se vê diante de si mesmo, Para Heidegger (1927/2006), o apelo da cons-
singularizado como ser-possível para quem a pro- ciência, que permite ao ser humano recuperar a
priedade e a impropriedade são possibilidades do si mesmo da impessoalidade é um modo de fala.
seu modo de ser. A fala é outra das características constitutivas do
Dasein. A fala não é a expressão verbal como cos-
Na presença, a angústia revela o ser para o poder-ser tumeiramente se entende, esta é a linguagem. “A
mais próprio, ou seja, o ser-livre para a liberdade de compreensibilidade do ser-no-mundo, trabalhada
escolher e acolher a si mesma. A angústia arrasta a por uma disposição, pronuncia-se como fala (…). A
presença para o ser-livre para…, para a propriedade de linguagem é o pronunciamento da fala” (Heidegger,
seu ser enquanto possibilidade (…). A presença como 1927/2006, p. 224). A fala é mais ampla do que a
ser-no-mundo entrega-se, ao mesmo tempo, à respon- linguagem, dela fazem parte a escuta e o silêncio.
sabilidade desse ser (Heidegger, 1927/2006, p. 254). “Escutar é o estar aberto da presença enquanto ser-
com os outros” (Heidegger, 1927/2006, p.226).
A transição para o poder-ser próprio também O que é escutado já é compreendido de modo
envolve ouvir o apelo da consciência. Enquanto está compartilhado. Heidegger exemplifica: no cotidia-
entregue às rotinas da impessoalidade, o Dasein não no, não se escuta um ruído puro, porém o barulho
ouve a si mesmo, ele escuta a “falação” impessoal da motocicleta ou do carro, o fogo crepitando, a
dos outros. A consciência surge como a possibilida- coluna marchando. O Dasein já está, humorada
de de uma escuta própria que, consequentemente, e compreensivamente, junto aos entes intramun-
deve romper a escuta do impessoal. Para isso, con- danos, de modo que o que é escutado não são,
trapõe à falação rotineira tranquilizadora o silêncio primeiramente, sensações que, num segundo mo-
angustiado: “O apelo fala estranhamente em silêncio mento, levam aos significados do mundo (carros,
(…). Só o apelo sintonizado pela angústia possibilita pessoas em marcha). A escuta é compreensiva, pois
que a presença se projete para o seu poder-ser mais o ser humano está-no-mundo-com-outros. Escuta
próprio” (Heidegger, 1927/2006, p. 356). o compreendido e, por isso, pode, também, não
O apelo da consciência indica o estar em dívida compreender o que escuta.
do Dasein para com seu próprio ser. Em dívida para O silêncio é uma possibilidade da fala. Expres-
com as possibilidades mais próprias que se deixa sões como “silêncio que fala” e “silêncio ensurde-
passar, enquanto se vive de acordo com o impes- cedor” mostram o papel comunicativo do silêncio:
soal. Perdido na impropriedade do impessoal, o “Quem silencia na fala da convivência pode ‘dar
ser humano não responde por suas possibilidades, a entender’ com maior propriedade” (Heidegger,
deixando-as ao arbítrio da impessoalidade. É com- 1927/2006, p.227). O verdadeiro “poder escutar”
preendendo o apelo da consciência que o Dasein vem do silêncio como um modo da fala de quem
pode escolher a si mesmo. A fim de apropriar-se de tem algo a dizer em sua abertura própria.
si mesmo, o Dasein precisa se responsabilizar por O Dasein é antecedendo-a-si-mesmo na forma
suas escolhas, assumindo a liberdade de escolher a de compreensões já projetadas e neste movimento
própria possibilidade de fazer escolhas. existencial ele encontra sua possibilidade derradei-
ra, a morte. Ser-para-a-morte é como Heidegger
A passagem do impessoal, ou seja, a modificação do chama este modo de ser do homem. A morte aqui
impessoalmente si mesmo para o ser si mesmo de ma- não é vista como um evento que está por vir ou
neira própria deve cumprir-se como recuperação de como o final da vida instalado num ponto futuro

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Marcelo Vial Roehe, Elza Dutra

ao qual se deve chegar; o Dasein é ser-para-o-fim: de Dasein (Heidegger, 1927/2006). Tem sido a
sendo para sua morte, ele, de fato, morre constante- principal influência para o desenvolvimento do
mente enquanto existe. A morte também não é um campo fenomenológico-existencial na psicologia,
evento que completa a vida do ser humano: como desde seus primórdios com Ludwig Binswanger
poder-ser, o Dasein sempre é possibilidade, ou seja, (Binswanger, 1975; Halling & Nill, 1995).
enquanto existe, ele ainda não é o que pode ser. O Quando se procura compreender o homem a
ser humano, “enquanto existir, deve, em poden- partir do seu modo de ser, discussões baseadas
do ser, ainda não ser alguma coisa” (Heidegger, em dualismos tradicionais como corpo/mente (ou
1927/2006, p.305). alma), sujeito/objeto, homem/ambiente podem ser
Em Ser e Tempo, a morte como ser-para-o-fim é revisadas, de modo que se entenda que as polarida-
vista como a possibilidade mais própria do Dasein, des são manifestações do modo de ser do homem e
pois é ele mesmo que dá a si essa possibilidade. A não seu fundamento.
morte, como possibilidade própria, não está nas re- A título de exemplo de um debate dualizado, pa-
lações do ser-com (“preocupação” com os outros), ra o qual a analítica de Heidegger pode contribuir,
nem no lidar com os entes não humanos (“ocu- veja-se as discussões psicológicas sobre saúde. Os
pação” com as coisas). A morte é de si mesmo para trabalhos de psicologia que debatem o problema
si mesmo. Ela é singular como possibilidade para o da saúde se caracterizam pela crítica ao modelo
Dasein e singulariza o Dasein como possibilidade biomédico, o qual se caracteriza pelo entendimen-
irremissível de si mesmo. Sendo-para-a-morte, o to materialista, biomecânico do processo saúde-
ser humano somente pode apreender a morte como doença (Alonso, 2004; Carvalho, Bosi & Freire,
um fenômeno antecipatório. Não se tem a experiên- 2009; Sebastiani & Maia, 2005), priorizando a
cia da morte mesma, uma vez que, na morte, ces- individualidade corporal e deixando em segundo
sam as experiências. Enquanto se vive, antecipa-se plano aspectos contextuais como qualidade dos
a morte como a possibilidade (certa) do fim. ambientes (Kuhnen et al., 2010), cultura e história
À totalidade estrutural do ser do Dasein, Heide- diferenciada das pessoas e das sociedades (Mori &
gger (1927/2006) chama de cura. Como estrutura Gonzalez Rey, 2012); história, política, economia,
existencial, a cura mostra a unidade do anteceder-a- o cotidiano, o bairro, a família (Zurba, 2011).
si-mesmo, do ser-em (facticidade) e do ser-junto aos Os trabalhos de psicologia afirmam que o pro-
demais entes: “O ser da presença diz anteceder-a-si- blema da saúde não se restringe aos limites do cor-
mesma-no-já-ser-em-(no mundo)-como-ser-junto-a po humano. O processo saúde-doença transcende
(os entes que vêm ao encontro dentro do mundo). a individualidade corporal, ele alcança os espaços
Esse ser preenche o significado do termo cura” que dizem respeito à vida humana. Subjacente a esta
(Heidegger, 1927/2006, p.259-260). Antecedendo- discussão, está uma concepção de homem. Há um
a-si-mesmo, o ser humano se projeta em possibi- entendimento de que o homem não é uma unidade
lidades, a partir da situação em que ele já-está e material autossuficiente, dentro da qual um processo
vem sendo, enquanto se preocupa com outros seres biomecânico gera saúde ou doença. Os limites do
humanos e se ocupa com entes não humanos. Nos ser humano não se esgotam no seu corpo, uma vez
momentos constitutivos da cura, aparece a tempo- que o Dasein é-no-mundo. O ser humano está vincu-
ralidade do modo de ser humano: antecede-se (fu- lado de tal maneira àquilo que lhe é transcendente,
turo), desde onde já se está (passado), a fim de lidar que apenas a consideração do corpo não é suficiente
com o que vem ao encontro no mundo (presente). para dar conta de um entendimento da saúde hu-
mana; porque, conforme Heidegger (1927/2006),
Considerações Finais não se compreende o homem considerando-o, ape-
nas, na forma de uma individualidade que ocupa
A analítica existencial de Heidegger publicada um espaço natural. Se o ser humano transcende
em Ser e Tempo é a descrição do modo de ser es- sua própria materialidade, muitos dos fenôme-
pecificamente humano, ao qual o filósofo chama nos humanos também deverão ser compreendidos

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Dasein, o entendimento de Heidegger sobre o modo de ser humano

levando em consideração essa transcendência. O Carvalho, L., Bosi, M. & Freire, J. (2009). A prática
que Heidegger chama de ser-no-mundo dá respaldo do psicólogo em saúde coletiva: um estudo no
às propostas psicológicas que enfatizam o vínculo município de Fortaleza (CE), Brasil. Psicologia:
homem-contexto, no debate sobre saúde. Ciência e Profissão, 29(1), 60-73.
O Dasein heideggeriano não é uma descrição Dreyfus, H. (1991). Being-in-the-world: A commentary
de fácil acesso para psicólogos e profissionais da on Heidegger’s Being and Time. Cambridge: The
saúde em geral. Provavelmente por isso, Heidegger MIT Press.
(1987/2001) colaborou proximamente com Medard Halling, S. & Nill, J. (1995). A brief history of existen-
Boss e seu grupo, com vistas a esclarecer seu pen- tial-phenomenological psychiatry and psychothe-
samento e facilitar o desenvolvimento da Daseinsa- rapy. Journal of Phenomenological Psychology,
nalyse (Boss, 1979). Mesmo na filosofia, Heidegger 26(1), 1-45.
continua a ser debatido e diferentes visões sobre o Haugeland, J. (1982). Heidegger on being a person.
Dasein seguem aparecendo. A dificuldade natural Nous, 16(1), 15-26.
com textos filosóficos e, ainda mais, com um texto Heidegger, M. (2001). Seminários de Zollikon. São
que apresenta inovações linguísticas, a fim de se Paulo: EDUC; Petrópolis: Vozes. (Originalmente
afastar da tradição metafísica e questioná-la, são li- publicado em 1987).
mitações compreensíveis para quem inicia a leitura Heidegger, M. (2006). Ser e Tempo. Petrópolis: Vozes;
de Ser e Tempo com um olhar psicológico. Ainda Bragança Paulista: São Francisco. (Originalmente
que não esteja livre dessas dificuldades, espera-se publicado em 1927).
que este texto contribua para os estudos dos leito- Kuhnen, A.; Felippe, M; Luft. C. & Faria, J. (2010). A
res interessados na influência de Heidegger sobre importância da organização dos ambientes para
o pensamento psicológico. a saúde humana. Psicologia & Sociedade, 22(3),
538-547.
Referências Mori, V. & González Rey, F. (2012). A saúde como pro-
cesso subjetivo: uma reflexão necessária. Psicolo-
Alonso, Y. (2004). The biopsychosocial model in me- gia: Teoria e Prática, 14(3), 140-152.
dical research: the evolution of the health concept Roehe, M. V. (2004). Daseinsanalyse: Heidegger e a
over the last two decades. Patient Education and psicoterapia. Revista Brasileira de Psicoterapia,
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Binswanger, L. (1975). Heidegger’s analytic of existen- Sebastiani, R. W. & Maia, E. (2005). Contribuições
ce and its meaning for psychiatry. In J. Needle- da psicologia da saúde-hospitalar na atenção ao
man (Ed.). Being-in-the-world: selected papers paciente cirúrgico. Acta Cirúrgica Brasileira,
of Ludwig Binswanger (pp. 206-221) London: 20(1), 50-55.
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Boss, M. (1979). Martin Heidegger’s Zollikon Seminars. Janeiro: Edições 70.
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Boss, M. (1983). Existential foundations of medicine and Sociedade, 23(No. Esp.), 5-11.
psychology. New York: J. Aronson. (Originalmen-
te publicado em 1971).

Fecha de recepción: 3 de abril de 2013


Fecha de aceptación: 8 de septiembre de 2013

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