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PROJETO DE TRABALHO
ANO: 2020 SEMESTRE: Primeiro
I – IDENTIFICAÇÃO
Instituição: FACULDADES UNIFICADAS DE LEOPOLDINA.
Tema: O Direito e elas: questões (jurídicas) de gênero.
TEMA PROBLEMA DO SEMESTRE: Os reflexos do patriarcado na sociedade contemporânea e a
efetividade dos direitos fundamentais: em que medida o Direito (re)conhece o sujeito feminino?
Curso: DIREITO
Período: TERCEIRO PERÍODO
Componentes curriculares envolvidos: Projeto Integrador III – Prof. Victor Freitas Lopes Nunes
Disciplinas envolvidas:
• Direito Constitucional I – Prof. João Fernando Vieira da Silva
• Teoria Geral do Processo – Prof. Fernando Amarante Barcellos Filho
• Direito Penal I – Prof. Yegros Martins Malta
• Direito Civil II – Eduardo Ferraz Jorge
II – JUSTIFICATIVA
Considerando que a formação do jurista deve, nos termos do Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) de Direito das Faculdades Unificadas de Leopoldina (FUL), preocupar-se com a formação
cidadã do corpo discente do Curso de Direito – registre-se, de passagem, que a formação integral da
pessoa é um objetivo constitucional, inscrito no art. 205 da Lei Maior: “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (grifei) –, imperativo é, portanto, que o jurista se forme voltado ao exercício da
cidadania, bem como ao exercício das carreiras jurídicas de modo a garantir o Estado Democrático
de Direito. Nesta linha, compreender as raízes das desigualdades brasileiras e refletir de forma
profunda sobre como enfrentá-las é não apenas um exercício profissionalizante, mas também uma
obrigação cidadã.
A questão fundamental que inspira este projeto é: em que medida o Direito (re)conhece o
sujeito feminino?
Diversas temáticas transversais merecem ser consideradas para compreensão dos impactos
do tratamento jurídico nas sociedades contemporâneas. Uma delas envolve a reflexão sobre o
feminino. Afinal o patriarcado é a mais antiga estrutura social que impõe, no caso, sobre as mulheres,
diferentes níveis de subordinação. Sua composição desenvolveu rígidas estruturas que, certamente,
não deixaram de afetar as relações jurídicas. A forma do Direito que conhecemos – e também seu
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conteúdo – foi determinada conforme um padrão de sujeito de direito que, apesar da aparência
neutra, mascara, porque pressupõe, a identidade masculina.
O sujeito (de direito) oculto é masculino e desvelar esta pressuposição é uma tarefa que se
impõe não apenas como medida de igualdade ou de reconhecimento. Não será possível estabelecer
relações sociais, contemporaneamente marcadas pela forma jurídica, senão as já baseadas em
estruturas de dominação (de gênero, raciais, econômica, etc.), sem que se desenvolva uma profunda
reflexão sobre as raízes dos conceitos jurídicos mais elementares. Se considerarmos que não é
possível redesenhar a estrutura jurídica sem refletir sobre seus próprios fundamentos, não será
possível deixar de reconhecer a relevância da compreensão da máscara de gênero que encobre o
Direito. Esta tarefa ganha ainda mais relevo uma vez que o Direito contemporâneo não apenas
pretende a proteção do sujeito de direito. Há, no horizonte normativo, uma pretensão ainda maior,
qual seja: a garantia do desenvolvimento do sujeito em suas mais diversas perspectivas. Neste caso,
a garantia dos Direitos Fundamentais e dos Direitos Humanos em geral, tampouco prescinde desta
reflexão.
Com vistas a promover estas reflexões e fomentar o raciocínio jurídico, o Trabalho Integrador
(TI) terá escopo extensionista, ao passo que o Projeto de Pesquisa (PP) terá, por óbvio, escopo
científico.
III – OBJETIVOS
A presente proposta pretende promover reflexões com vistas a alcançar os objetivos – geral e
específicos – que se seguem.
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PROJETO INTEGRADOR III
IV – METODOLOGIA
Metodologicamente, a construção do sistema analítico de conceitos por meio de uma
pesquisa qualitativa, a partir de traços de significação (BABBIE, 2000) que embasa esta proposta,
funda-se na ideia de que o direito é atividade, um movimento de construção da ordem jurídica. É,
portanto, inerente à ideia de Direito a abertura a constante revisitação dos concentos fundantes,
notadamente, no caso, a máscara de igualdade (de gênero, in casu) que reveste o ideal de sujeito de
direito.
Este estudo alinha-se, desta forma, à vertente das pesquisas jurídico-compreensivas
(GUSTIN; DIAS, 2010, p. 28), volta-se a um exame qualitativo da bibliografia selecionada, buscando
compreender o conteúdo latente dos conceitos sob análise, apresentando um conjunto de estratégias
metodológicas que se destinam a representar os movimentos de construção e reconstrução
quotidiana do sistema jurídico, através de um processo de inferência, não-dedutivo (FERRAZ JR,
2008), que considera além dos próprios textos analisados, circunstâncias externas a eles,
notadamente, o seu contexto.
Duas abordagens serão empreendidas: a primeira, baseada na análise bibliográfica,
notadamente, de textos teóricos, volta-se à descrição das formas de abordagem das estruturas do
patriarcado brasileiro, a partir da concepção teórico-jurídica expressa nos textos que compõem o
referencial teórico da pesquisa proposta, e; a segunda, volta-se a demonstrar, através de exemplos
retirados do quotidiano da sociedade brasileira, bem como das perspectivas que percorrem a seara
jurídica a pertinência das inferências realizadas1.
Por fim, será garantido um momento de apresentação dos resultados dos trabalhos à turma,
na forma de seminário, para que não apenas os resultados sejam socializados, mas para que se
V – AVALIAÇÃO
Tendo em vista a distribuição da pontuação em duas etapas e, em conformidade com as
normas gerais de graduação, tem-se:
1 Poder-se-ia, em relação a esta segunda forma de abordagem, pretender afirmar também um caráter jurídico-
prospectivo (GUSTIN; DIAS, 2010, p. 29) à pesquisa proposta. Cumpre, no entanto, destacar que este não é
o caso, uma vez que, em que pese o manuseio de dados objetivos transdisciplinares integrar o escopo desta
pesquisa, não se pretende conformar modelagens de cenários sociais, jurídicos ou políticos, mas apenas
compreender o objeto proposto ante sua complexidade, ao que parece, subestimada pelos estudos jurídicos
sobre este tema.
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Projeto Integrador
Projeto Integrador
Produto de Pesquisa = 10 pontos
Avaliação Continuada = 10 pontos
Produto de Pesquisa= 10 pontos
Trabalho integrador = 10 pontos
Avaliação Continuada = 10 pontos
Apresentações/Arguições = 10 pontos
Trabalho integrador = 10 pontos
Prova Integradora = 20 pontos
Apresentações/Arguições = 10 pontos
compartilhados com as demais disciplinas
Total = 40 pontos
do período.
Total = 60 pontos
Gera média aritmética desta etapa em até 10
pontos compartilhados com as demais
Gera média aritmética desta etapa em até 10
disciplinas do período
pontos compartilhados com as demais
disciplinas do período
VI – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O cronograma das atividades4 do semestre respeitará o seguinte calendário:
2 A proposta do Trabalho Integrador é desenvolver, cada grupo, um banner (cartaz). O banner deverá
apresentar uma reflexão a partir dos relativos ao Trabalho Integrador debatidos na Etapa, com vistas
promover a conscientização quanto às estruturas patriarcais que permeiam a sociedade brasileira.
3 A proposta do Trabalho Integrador é desenvolver, cada grupo, um banner (cartaz). O banner deverá
apresentar uma reflexão a partir dos relativos ao Trabalho Integrador debatidos na Etapa, com vistas
promover a conscientização quanto às estruturas patriarcais que permeiam a sociedade brasileira.
4 A operacionalização deste cronograma, bem como a distribuição dos pontos por atividade ao longo do
semestre está expressa em documento anexo a este projeto.
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PROJETO INTEGRADOR III
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Leonardo Monteiro Crespo de. Subjetividade, gênero e Estado de Direito no contexto das
democracias liberais contemporâneas. Direito, Estado e Sociedade. n. 46, jan./jun. 2015, p. 192 –
222.
BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Entre a soberania da lei e o chão da prisão. Revista Direito GV.
vol.11, n. 2, jul./dez. 2015, p. 523 – 546.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa jurídica:
teoria e prática. 3. Ed. Belo Horizonte: DelRey, 2010.
MATTOS, Cristiane Araújo de. “Patriarcado público”: esteriótipos de gênero e acesso à justiça no
Brasil. Ágora. n. 22, 2015, p. 158 – 169.
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PROJETO INTEGRADOR III
SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória.
Estudos Feministas. vol. 12 n. 2, mai./ago. 2004, p. 35 – 50.
SCOTT, Joan W. O enigma da igualdade. Estudos Feministas. vol. 13, n. 1, jan./abr. 2005, p. 11 – 30.
VIVEIROS DE CASTRO, Thamis Dalsenter. Notas sobre a cláusula geral dos bons costumes: a
relevância da historicidade dos institutos tradicionais do Direito Civil. Pensar. vol. 22, n. 2, mai./ago.
2017, p. 425 – 442.