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º 161 • 3€
Setembro/Dezembro 2017
Diretor
Carlos Mineiro Aires
Diretor-adjunto
Carlos Alberto Loureiro
ENGENHARIA
E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
www.topinformatica.pt
Nesta Edição
5 Editorial 6 Primeiro Plano
XXI Congresso Nacional Dia Nacional do Engenheiro 2017
da Ordem dos Engenheiros Coimbra homenageia os engenheiros portugueses
Um Congresso virado para o futuro,
mas com os problemas do presente 10 Notícias
14 Regiões
28 Tema de Capa X
XI CONGRESSO NACIONAL DA ORDEM DOS ENGENHEIROS
Engenharia e Transformação Digital
42
Engenharia e transformação digital 110
Gestão industrial
46
Os desafios da educação e da qualificação 115
Gestão de projetos
51
Os desafios da profissão 120
Sistemas e processos
55
Infraestruturas, cidades e território Conclusões do XXI Congresso Nacional
130
da Ordem dos Engenheiros
62
Indústria e serviços
2 ano OE
das alterações
18 climáticas
Editorial
O
Ligação aos Colégios e Especializações Alice Freitas
Publicidade e Marketing Dolores Pereira XXI Congresso marcou um virar de página na já longa vida da Ordem dos En-
Conceção Gráfica e Paginação Prodyflex, Lda.
Impressão Lidergraf - Artes Gráficas, S.A. genheiros (OE), porque ao escolhermos um tema da maior importância e
Rua do Galhano, 15 • 4480-089 Vila do Conde • Portugal
atualidade – Engenharia e Transformação Digital – demonstrámos a atenção
Publicação Bimestral • Tiragem 45.000 exemplares da nossa Associação Profissional para novos desafios e para o novo rumo que o século
Registo no ICS n.º 105659 • NIPC 504 238 175 • API 4074
Depósito Legal n.º 2679/86 • ISSN 0870-5968 XXI exigirá à Engenharia e aos engenheiros.
Para além de ter sido um evento muito participado, que contou com oradores de ex-
celência e diversas delegações internacionais, onde saliento a presença dos Bastonários
das Ordens dos Engenheiros de Angola, de Moçambique e de Cabo Verde, foi, sobre-
Bastonário Carlos Mineiro Aires
tudo, um Congresso oportuno e vivido.
Vice-presidentes Nacionais Carlos Almeida Loureiro, Por isso, repetindo-me, acho que este terá sido provavelmente o nosso mais impor-
Fernando de Almeida Santos
tante Congresso dos últimos anos, por ter sido dedicado a uma nova, mas marcante,
Conselho Diretivo Nacional
Carlos Mineiro Aires (Bastonário), Carlos Almeida Loureiro (Vice-presidente mudança na história da Humanidade e que, uma vez mais, se iniciou e será feita com
Nacional), Fernando de Almeida Santos (Vice-presidente Nacional),
Joaquim Poças Martins (Presidente CDRN), Carlos Duarte Neves a intervenção da Engenharia e dos engenheiros.
(Secretário CDRN), Armando Silva Afonso (Presidente CDRC), Isabel Pestana
da Lança (Secretária CDRC), António Laranjo (Presidente CDRS),
Muito embora ainda tenhamos muitas questões do passado e do presente pendentes
Maria Helena Kol (Secretária CDRS), Pedro Jardim Fernandes de solução ou, até, de justiça, os engenheiros não se desviam dos novos desafios que
(Presidente CDRM), Paulo Botelho Moniz (Presidente CDRA).
Conselho de Admissão e Qualificação lhes são colocados.
Hipólito de Sousa (Civil), Celestino Quaresma (Civil), António Machado e Moura
(Eletrotécnica), Teresa Correia de Barros (Eletrotécnica), Álvaro Rodrigues (Mecânica),
Por isso, como Bastonário, ainda mais reconheço a grande adesão e disponibilidade
Rui de Brito (Mecânica), Júlio Ferreira e Silva (Geológica e Minas), Paulo Caetano que a Ordem encontrou junto dos seus Membros e convidados para levar a cabo este
(Geológica e Minas), Luís Guimarães Almeida (Química e Biológica), João Pereira
Gomes (Química e Biológica), Carlos Guedes Soares (Naval), Jorge Beirão Reis (Na- evento.
val), José Pereira Gonçalves (Geográfica), João Agria Torres (Geográfica), Pedro de
Castro Rego (Agronómica), Vicente de Seixas e Sousa (Agronómica), Pedro Ochôa Sob o ponto de visto político, também temos de reconhecer que fomos acarinhados.
de Carvalho (Florestal), José Ferreira de Castro (Florestal), Rosa Miranda (Materiais),
Rogério Colaço (Materiais), Luís Amaral (Informática), Vasco Amaral (Informática), Desde logo, com a mensagem que S. Ex.a o Presidente da República nos enviou, pois de-
António Guerreiro de Brito (Ambiente), Leonor Amaral (Ambiente).
vido a inalteráveis razões de Estado ficou impedido de garantir a sua presença física na
Presidentes dos Conselhos Nacionais de Colégios
Paulo Ribeirinho Soares (Civil), Jorge Marçal Liça (Eletrotécnica), cerimónia de abertura, que ficará na nossa memória pelo esclarecido entendimento que
Aires Barbosa Ferreira (Mecânica), Carlos Caxaria (Geológica e Minas),
Luís Pereira de Araújo (Química e Biológica), Pedro Ponte (Naval), tem em relação ao papel dos engenheiros no passado, no presente e no futuro do País.
Teresa Sá Pereira (Geográfica), Miguel de Castro Neto (Agronómica),
António Sousa de Macedo (Florestal), António Dimas (Materiais),
O Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação, o nosso distinto colega,
Ricardo Machado (Informática), António de Albuquerque (Ambiente). Eng. Carlos Moedas, assegurou a conferência inaugural, cujo conteúdo foi da maior
Região Norte – Conselho Diretivo Joaquim Poças Martins (Presidente),
José Lima Freitas (Vice-presidente), Carlos Duarte Neves (Secretário), oportunidade, enriquecendo e aportando uma maior dimensão ao Congresso.
Pedro Mêda Magalhães (Tesoureiro).
Vogais Rosa Vaz da Costa, José Marques Aranha, Pilar Machado.
Depois, através da presença constante de diversos membros do Governo e, na ceri-
Região Centro – Conselho Diretivo Armando Silva Afonso (Presidente), mónia de encerramento, de S. Ex.a o Primeiro-ministro, cuja importância e dimensão
Altino Loureiro (Vice-presidente), Isabel Pestana da Lança (Secretária),
Maria Emília Homem (Tesoureira).
da intervenção final nos criou elevadas e legítimas expectativas em relação ao que o
Vogais Elisa Almeida, Álvaro Saraiva, Pedro Silva Monteiro.
Executivo espera de nós e da forma como olha o papel imprescindível dos engenheiros.
Região Sul – Conselho Diretivo A ntónio Laranjo (Presidente)
Jorge Grade Mendes (Vice-presidente), Maria Helena Kol (Secretária), Tal como referiu, também nós acreditamos que o crescimento da economia não pode
Arnaldo Pêgo (Tesoureiro).
Vogais Maria Filomena de Jesus Ferreira, Arménio de Figueiredo, Gil Manana.
ser feito à custa de salários baixos e indignos, como aqueles que, por norma, estão a
Região da Madeira – Conselho Diretivo Pedro Jardim Fernandes (Presidente), ser oferecidos aos engenheiros.
Amílcar Gonçalves (Vice-presidente) Rui Dias Velosa (Secretário),
Nélia Sequeira de Sousa (Tesoureira). Também, do mesmo modo, queremos crer que as Leis, nomeadamente o nosso Esta-
Vogais José Branco, Manuel Sousa Filipe, Sara Olim Marote.
tuto e as que enquadram o exercício da profissão, serão para ser respeitadas e cumpridas,
Região dos Açores – Conselho Diretivo Paulo Botelho Moniz (Presidente),
André Cabral (Vice-presidente), José Silva Brum (Secretário), o que, em algumas situações, infelizmente não sucede e os exemplos avolumam-se.
Manuel Gil Lobão (Tesoureiro).
Vogais Teresa Soares Costa, Bruno Melo Cardoso, Manuel Francisco Sousa. Este caminho terá, pois, de ser percorrido em conjunto, com base na confiança mútua
e na dignificação de uma profissão imprescindível, a de Engenheiro.
Por Nuno Miguel Tomás “Temos 148 anos de história, contados desde Membro Honorário
Fotos DOIS | Fotografia a data da constituição, em 1869, da Asso- e Medalhas de Ouro da OE
ciação dos Engenheiros Civis Portugueses,
a primeira Associação Profissional de enge- A Ordem dos Engenheiros de Cabo Ver-
C
elebrar a Engenharia, valorizando nheiros portuguesa e que permaneceu ativa de, cujo Bastonário, Eng. Vitor Coutinho,
os engenheiros e promovendo a até à constituição da OE, em 1936. Com esta fez questão de marcar presença em Coim-
cooperação e solidariedade entre nova designação, a OE comemorou ontem, bra, foi a instituição distinguida este ano como
todos os Membros da Ordem dos Enge- dia 24 de novembro, 81 anos de prestígio Membro Honorário da OE de Portugal.
nheiros (OE), estará, como referiu o Presi- ao serviço da Engenharia e do País”, relem- “O Conselho Diretivo Nacional da OE de Por-
dente da Região Centro da OE, Eng. Armando brou o Bastonário, Eng. Carlos Mineiro Aires, tugal, recorde-se, deliberou atribuir esta dis-
Silva Afonso, entre os desígnios do Dia Na- ao abrir os trabalhos da Sessão Solene, na tinção, com fundamento na atividade desen-
cional do Engenheiro (DNE), data que assi- qual marcaram presença mais de 300 par- volvida em prol da cooperação e da mobili-
nala, anualmente, a constituição da OE, ticipantes. dade recíproca e plena entre os engenheiros
relevando para primeiro plano os Membros Como habitualmente sucede, o DNE con- de Portugal e de Cabo Verde, contribuindo,
que se destacaram nas mais diversas áreas sagra, aos mais diferentes níveis, os Mem- assim, para a dignificação e prestígio da pro-
e realizações pessoais e profissionais. bros da Ordem, bem como as instituições fissão de Engenheiro e para o reforço dos já
No seguimento do XXI Congresso Nacional e personalidades, que apoiam e contribuem estreitos laços de amizade existentes entre
da OE, que durante os dois dias anteriores para a valorização do ensino, da prática e as duas associações profissionais”, relembrou
mobilizou mais de 700 congressistas e dos princípios éticos, deontológicos e com- o Bastonário, Eng. Carlos Mineiro Aires, que
marcou um ponto alto da vida associativa portamentais que a OE partilha, defende e recebeu das mãos do homólogo cabo-ver-
e profissional da Ordem, Coimbra recebeu promove. “Ser Engenheiro é fazer parte de diano “tudo o que Cabo Verde tem para dar:
este ano as celebrações oficiais do DNE, uma grande família que educadamente sabe o pano de terra”, imagem de marca daquele
momento, também ele, sempre importante reconhecer e agradecer”, relembrou Mineiro País, oferecido em sinal de agradecimento e
para esta Associação Profissional. Aires. reconhecimento.
Eng. Armando Silva Afonso Sachs, disse há dias que o futuro do Mundo de- Infelizmente, parece-me que a sociedade atual,
Presidente da Região Centro da OE pende dos engenheiros. Nada de que já não sus- focada na Economia e na Finança, não valo-
peitássemos… De facto, é através da Engenharia riza o contributo essencial da Engenharia. Va-
que poderemos resolver os principais problemas loriza a riqueza, mas não quem está na base
que atualmente afetam a Humanidade, como a da sua criação. Mas este é um debate que
destruição da biodiversidade, as alterações cli- deixo para reflexão futura.
máticas ou mesmo o alastramento da pobreza. Hoje vamos celebrar a Engenharia, cumprindo
Mas, para além do seu contributo para a resolu- duas das nossas principais atribuições estatu-
ção destes graves problemas globais, a Engenha- tárias: a valorização da qualificação profissio-
ria está sempre na base da inovação e do desen- nal dos engenheiros e a promoção da coo-
volvimento. E descobri até que está na base da peração e da solidariedade entre todos os
“A Engenharia é uma das bases da nossa civi- Arquitetura, ao ler uma entrevista do Arquiteto Membros da Ordem. Neste sentido, deixo uma
lização, através do domínio que foi alcançando brasileiro Paulo Mendes da Rocha, autor do novo saudação muito especial aos que serão ho-
sobre a natureza física. E assim continuará a Museu dos Coches de Lisboa, onde ele afirmava menageados neste DNE, pelos seus méritos
ser no futuro… O reputado Economista e Pro- que ‘o objeto da arquitetura é a exibição do êxito e por aquilo que isso representa como con-
fessor da Universidade de Columbia, Jeffrey da técnica’. tributo da Ordem para a Sociedade.”
“Novos desafios também se irão colocar no exemplo, um dos países que opera nos
ensino da Engenharia, aspeto que não nos
Solidariedade mesmos mercados que Portugal, e perante
preocupa especialmente pois conhecemos
com os Membros uma situação em tudo idêntica, “o assunto
a capacidade de antecipação e de reação a já foi resolvido mediante um Decreto Real
que as universidades nos habituaram. No que corrigiu a situação. Talvez porque em
entanto, é certa a ocorrência de profundas Espanha exista uma estratégia e uma aposta
mudanças nos conteúdos e formas de en- na internacionalização das suas empresas
sino, face à imprevisibilidade da evolução da e da sua Engenharia, o que por aqui parece
Ciência, da Engenharia e das tecnologias”, ser difícil de entender”, criticou.
realçou, classificando como “insuficiente” o Nos países com quem a OE tem acordos
número de engenheiros que o País está a de cooperação apenas são reconhecidos
“Sabemos perfeitamente as dificuldades por
formar e que permita assegurar, já no curto os antigos licenciados de cinco e seis anos
que muitos têm passado e continuam a
prazo, as necessidades da economia na- passar e, por isso, aceitamos a vossa legí- ou os atuais mestres de cinco anos, não
cional, dado o crescimento da atratividade tima indignação”, referiu o Bastonário, re- sendo admitidos os novos licenciados de
para as áreas das engenharias e tecnologias. fletindo sobre a crise recente da qual resul- três anos, o que os impede de se poderem
Também no campo da empregabilidade – taram encerramentos de empresas, desem- enquadrar, por exemplo, nos acordos de
assunto fortemente esmiuçado durante o prego inesperado, baixos salários e a perda mobilidade que periodicamente a OE tem
de competências e capacidades para os
Congresso – o Bastonário quis deixar uma promovido com associações profissionais
engenheiros e para a Engenharia nacional.
palavra de compreensão e solidariedade congéneres.
junto da Classe, manifestando-se consciente A questão da imposição às Associações Pro-
das dificuldades que ainda persistem no este processo europeu a que Portugal aderiu fissionais de novos estatutos, na decorrência
mercado de trabalho, nomeadamente nos pronta e, em alguns aspetos, impensada- da Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro, foi um
baixos salários que desprestigiam a profissão mente”, criticou o Bastonário, referindo-se assunto também abordado pelo responsável
e no incumprimento, por muitos atores, pú- ao chamado “Processo de Bolonha”. da Ordem. Nas palavras do Bastonário, esta
blicos e privados, da lei portuguesa, que Este assunto, regularmente discutido e problemática configura “das abordagens
atribui à OE competências para regular o acompanhado pela Ordem e já exposto ao mais discricionárias a que temos assistido,
exercício profissional da Engenharia. Parlamento e ao Governo, “da parte de quem já para não falarmos da criação de uma outra
aguardamos há três meses por uma au- Ordem na área da Engenharia, feita nas
Bolonha e Estatuto da OE diência”, atenta, no entender da OE, “contra nossas costas e sem qualquer tentativa de
a economia nacional, pois os mercados in- prévia concertação. O que está interdito à
“Como sabem, quem vos fala, o Bastonário, ternacionais nas suas licitações não aceitam OE – criação de novos Colégios de Espe-
é um Engenheiro licenciado com cinco anos os licenciados de cinco e seis anos, pois cialidade – foi permitido a outras Ordens
de formação e dezenas de anos de expe- estes não são mestres, única designação com total abertura, o que conduziu à re-
riência, agora equiparado a Bacharel pela que a lei portuguesa hoje atribui a quem cente tomada de posse dos novos órgãos
lei do seu país em termos de nível de qua- detém formações de ciclo longo.” Para a do Colégio de Gestão, Direção e Fiscalização
lificação, tal como 78% dos Membros desta Ordem esta é uma situação que urge re- de Obras da Ordem dos Arquitetos. Uma
Ordem! Um erro histórico que só a teimosia solver, “pois ninguém a consegue com- vez mais, o Estado permite e nem questiona
faz persistir, porquanto existirão soluções preender”. o exercício de Atos de Engenharia por quem
transitórias que não colocarão em causa Em Espanha, referiu o Bastonário a título de não detém competências para o efeito”.
os anos. […] É um orgulho pertencer à OE.” Nota: resumos dos Melhores Estágios de Admissão à OE, por Especialidade, disponíveis na secção Colégios da presente “INGENIUM”
DNE
2017
360 3
Participantes Medalhas
1
Membro
6
Membros
90
Membros com
27Membros
8
Melhores Estágios
1
Protocolo
de Ouro Honorário Conselheiros 50 anos de Inscrição Especialistas de Admissão
Equiparação de licenciados
pré-Bolonha aos mestres
A Ordem dos Engenheiros entendeu retomar o tema relacionado
com a equiparação dos licenciados pré-Bolonha aos mestres pós-
-Bolonha, já debatido em 2011, mas para o qual não surgiu resolução
Ações de Formação
com início previsto para de- N o seguimento de recentes iniciativas legislativas que visam regular
os atos próprios dos médicos veterinários (Projetos de Lei 525/
XIII e N.º 602/XIII), os quais colidem com os atos profissionais exer-
zembro cidos igualmente pelos Engenheiros Agrónomos e Zootécnicos, a
Ordem dos Engenheiros e o seu Conselho Nacional do Colégio de
Engenharia Agronómica têm vindo a tomar diversas iniciativas que
culminaram com a apresentação de uma contestação aos referidos
projetos legislativos junto de todos os Grupos Parlamentares e à Co-
missão Parlamentar detentora do projeto de lei.
Considerando a Ordem dos Engenheiros que existe uma complemen-
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Um dos pontos que a Ordem dos Engenheiros Embora não esteja claro que a adjudicação ao
identificou como sendo de extrema impor- preço mais baixo não possa acontecer, na
tância prende-se com “a valorização do tra- teoria privilegia-se a proposta mais vantajosa.
balho da Engenharia, mais concretamente no “Mas todos nós sabemos o que pode querer
que diz respeito a uma prática que tem vin- dizer isso, o multicritério mal aplicado não é
do a generalizar-se, que é a adjudicação de necessariamente uma boa solução”, aponta
projetos e obras abaixo do preço de custo.” O Poças Martins. Neste Código dá-se a indicação
Presidente da OERN adverte que esta prática para definição do preço anormalmente baixo,
é “má para os profissionais de Engenharia”, de Espanha em que este conceito foi adotado relacionando a média das propostas. Porém,
mas, em última análise, “é má também para para a construção da nova ponte sobre o rio o mesmo responsável relembra que “não é
Sociedade, porque vai ter soluções com menos Minho. fácil definir soluções com base em fiscaliza-
qualidade”, embora esteja certo que não haja As parcerias para a inovação são igualmente ções ou empreitadas, por exemplo, que feitas
“implicações a nível de segurança”, concluiu. um ponto positivo a assinalar neste novo Có- contas ao contrário deem custos salariais de-
Pela positiva, Poças Martins destaca que este digo, porque permitem os “contratos por ob- masiado baixos.” O Presidente concluiu que a
novo Código abre caminho para “os concursos jetivos, em que os engenheiros podem, em “verdade é que em Portugal não é ilegal um
de conceção que permitem uma adjudicação parceria com entidades públicas e empresas, engenheiro trabalhar acima do salário mínimo,
em duas fases, em que se avalia a qualidade desenvolver soluções e serem remunerados nem que seja por apenas mais um euro. Não
primeiro e só depois se olha para o preço”. A em função dos resultados e poupanças que é ético, mas não é ilegal. É preciso encontrar
título de exemplo lembra o recente caso vindo conseguirem”. soluções para que isso não aconteça”. •
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Engenheiros Portugueses
vencem 1.ª Edição da Taça Ibérica
Ingenium
No passado dia 8 de outubro, o Clube de Golfe dos Engenheiros venceu
a 1.ª edição da Taça Ibérica Ingenium, que se disputou na Isla de Val-
decañas, perto de Madrid.
Os engenheiros portugueses, com uma equipa constituída por 36 en-
genheiros, conseguiram a vitória sobre a seleção espanhola de enge-
nheiros por 11.5 – 6.5, resultantes de 10 vitórias, 3 empates e 5 derrotas.
Foi mais um torneio que proporcionou momentos inesquecíveis, desta
vez, com um sabor especial a vitória. •
Região SUL
Região da Madeira
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Tarde de Engenharia
“Reforço Estrutural – Caso de Estudo: o Estádio Maracanã”
No âmbito das conferências “Tardes de Enge-
nharia”, decorreu no auditório da Região da
Madeira da Ordem dos Engenheiros, no pas-
sado dia 20 de setembro, uma palestra intitu-
lada “Reforço Estrutural – Caso de Estudo: o
Estádio Maracanã”. O orador, convidado pelo
Colégio Regional de Engenharia Civil, foi o
Eng. Thomaz Ripper, detentor de uma vasta
experiência nas áreas da reabilitação e reforço
de estruturas.
A palestra iniciou-se com um enquadramento canã. Posteriormente, as diversas opções de às exigências do Campeonato do Mundo de
histórico e com a apresentação dos aspetos reforço, implementadas por força das altera- Futebol de 2014, foram apresentadas e discu-
estruturais mais relevantes do Estádio Mara- ções necessárias para adaptação do estádio tidas. •
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POSTERS
Sessão Técnica Paralela 126 A Engenharia de Segurança – Contributo para
CONSTRUÇÃO E GESTÃO DE INFRAESTRUTURAS os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
António Victor Carreira de Oliveira
104 DESAFIOS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL 126 Ambiente, Recursos Naturais e Sustentabilidade
DA FILEIRA DA CONSTRUÇÃO Artur de Jesus Campos Mendes
Hipólito de Sousa, Pedro Mêda
127 Feira de Maio de Leiria: um evento sustentável?
105 SEGURANÇA NA ESCAVAÇÃO DE VALAS Didier Rosa, Maria Lizete Heleno, Silvia Monteiro
RECOMENDAÇÕES E BOAS PRÁTICAS
Eduardo Fortunato, Alexandre Pinto, Ana Quintela, Carlos Baião, Ivo 128 Alterações Previstas ao Regulamento Técnico
da Rosa, José Cupertino de Segurança Contra Incêndio em Edifícios
José Aidos Rocha
106 O BIM COMO INSTRUMENTO DE PREVENÇÃO EM FASEs
DE PROJETO, DE OBRA e da manutenção Do edificado 128 A Digitalização e a Economia Circular:
Manuel Tender, Ricardo Reis, João Couto, Cátia Lopes, uma conectividade essencial
Telma Cunha Helder Filipe Marques, Patrícia Matos, Susana Lopes, Telmo Machado
O Convento de São Francisco, em Coimbra, recebeu nos dias 23 e 24 de novembro o XXI Congresso Nacional da
Ordem dos Engenheiros, iniciativa que marcou a modernidade desta Associação Profissional, hoje apontada para
o novo rumo que o século XXI exige. Durante dois dias, em 18 sessões de trabalho, mais de 700 congressistas
acompanharam um programa que constituiu uma aposta da maior oportunidade, num sinal claro de que a Ordem,
dentro da sua obrigação estatutária de servir o País, está atenta à mudança dos paradigmas, à evolução da tecnologia,
aos desafios da educação e da qualificação, às necessidades de Portugal e ao papel dos engenheiros no futuro.
D
ecorridos 148 anos de história desde
a constituição, em 1869, da Asso-
ciação dos Engenheiros Civis Por-
tugueses, e vencidos 81 anos após a sua
redenominação para Ordem dos Engenheiros
(OE), o XXI Congresso Nacional da OE cen-
trou atenções num tema atual e incontor-
nável: “Engenharia e Transformação Digital”. nomia nacional, debatendo o papel crucial outros aspetos, nomeadamente os ligados
De forma transversal, e com a participação da profissão na Transformação Digital, ou às mudanças na educação e na formação
ativa de praticamente todas as Especialidades seja, na vulgar e simplificadamente desig- dos engenheiros. Nas palavras do Bastonário:
de Engenharia, os engenheiros abordaram nada “Indústria 4.0”. Na mesma linha, foram “um Congresso virado para a mudança e
os novos desafios que se colocam à Ciência, discutidos novos modelos de negócio, novos que espelha o prestígio da OE, um Con-
à Investigação, à Inovação e ao Ensino, mas comportamentos empresariais, novos pa- gresso focado nos desafios de um futuro
sobretudo à prática da Engenharia e à Eco- drões e facilidades do quotidiano e muitos que já chegou”.
2018 – Ano OE são temas que hoje fazem parte da agenda do nosso desenvolvimento e crescimento
das Alterações Climáticas e do léxico da Ordem. “As preocupações não se podem compadecer com posturas
ambientais e a obrigação de preservarmos a estáticas e desatenções para com as novas
A Transformação Digital, as evoluções tec- grande casa que é o nosso Planeta também realidades que hoje nos rodeiam e que já
nológicas e os desafios daí decorrentes, são não estão esquecidas e foi nesse sentido que começaram e continuarão a condicionar o
temas que, de forma atenta, desde há muito o Conselho Diretivo Nacional da OE declarou futuro global coletivo”.
são acompanhados e discutidos na OE, o ano de 2018 como o Ano das Alterações Persistindo o “grave problema estrutural de
através dos Colégios de Especialidade e das Climáticas na OE”, começou por dizer o Bas- desequilíbrio da balança de pagamentos,
Comissões de Especialização, quer a nível tonário, recolhendo os primeiros aplausos que nos leva a que a nossa sempre cres-
nacional, quer regional. da plateia. Em curso está o desenvolvimento cente dívida pública seja suportada através
A mudança das formas tradicionais de con- de um programa de atividades, a nível na- do recurso a um sistemático e insustentável
ceber, projetar, criar ou construir, gerir e cional e regional, transversal às diferentes modelo de sucessivo endividamento”, o res-
manter ativos, e até de pensar e imaginar, Especialidades de Engenharia e a decorrer ponsável da Ordem foi claro: este cenário
passaram a fazer parte de um novo quoti- ao longo do ano em todo o País. “só poderá ser invertido através da criação
diano de muitos engenheiros, mesmo nas de riqueza, ou seja, do aumento das expor-
atividades mais resistentes à mudança. As Portugal pós-2020 tações de bens transacionáveis”. Neste
soluções digitais e tecnológicas dedicadas à quadro, a inovação e as tecnologias poderão
gestão de riscos do território, a cibersegu- Estando agora em debate o futuro da polí- ter um papel fundamental, diversificando a
rança, as cidades e redes inteligentes, a mo- tica de coesão e uma reflexão sobre o Por- oferta e fomentando a excelência e a ex-
bilidade urbana limpa e eficiente, a resiliência tugal pós-2020, “verificamos com agrado clusividade, o que poderá aumentar a com-
urbana às catástrofes e alterações climáticas, que as suas linhas gerais prioritárias pro- petitividade do País, beneficiando a sua
produtos e soluções construtivas inovadores, curam acautelar muitas das questões que imagem externa e elevando a autoestima
energias limpas e renováveis e soluções para irão merecer a nossa atenção durante estes coletiva de todos, concluiu.
o seu armazenamento, tecnologias de baixo dois dias, como é o caso dos Eixos Com-
carbono e economia circular, entre outros, petitividade para a Convergência e Emprego Eng. Armando
e Competitividade e Coesão”, salientou Silva Afonso
Carlos Mineiro Aires, Bastonário da Ordem. Presidente da Região Centro da OE
Presidente da República Sem caráter exaustivo, pois a informação
agradece aos disponível desagrega-se em muitos outros
engenheiros portugueses aspetos, “a nível nacional e em linha com
as políticas de coesão da União Europeia,
parece existir uma evidente preocupação
em montar estratégias para o futuro e de
não descurar estes desafios”, reforçou, des-
tacando por isso a importância da confe-
rência inaugural pelo Comissário Europeu “Em nome da Região Centro da OE
da Investigação, Ciência e Inovação, Eng. quero exprimir o enorme gosto em
Carlos Moedas, sobre “Transformação Di- acolher este Congresso e em recebê-
Em mensagem enviada ao Congresso -los em Coimbra. Apesar de ter uma
Nacional da OE, o Presidente da Repú- gital: oportunidades e desafios no panorama
das mais antigas universidades do
blica, Professor Doutor Marcelo Rebelo europeu” [Entrevista na página 36].
Mundo, as escolas de Engenharia
de Sousa, dirigiu-se aos engenheiros “O estado de desenvolvimento dos países nasceram tarde nesta cidade e nesta
portugueses para agradecer o facto de mede-se pelos seus níveis de educação, região. […] Contudo, a situação
ao longo dos tempos terem desempe- apoio à ciência e investigação, e pela capa- alterou-se significativamente a partir
nhado a sua missão “com qualidade, de 1973 e hoje temos, na Região
cidade de a sua Engenharia e Tecnologia
com afirmação de excelência, com Centro, nove instituições com cursos
garantirem crescimento e gerarem riqueza”,
preocupação comunitária e com o sen- superiores de Engenharia. […]
tido de aliar a competência à responsa- defendeu o Bastonário. Nesse contexto, e
Por isso, com uma Engenharia pujante,
bilidade social”. O Chefe do Estado, au- tendo em conta as profundas alterações
moderna e atenta aos sinais dos
sente do Congresso por alterações de que a competitividade global sofreu nos úl- tempos, o tema deste Congresso
agenda de última hora, fez questão de timos anos, sobretudo com a mudança dos assenta muito bem no nosso território.
enviar uma mensagem gravada aos modelos de negócio e de mercados, o res- E sendo a Engenharia a base
congressistas, para transmissão na ses-
ponsável da Ordem alertou os decisores fundamental da inovação
são de abertura. Vídeo disponível em e do desenvolvimento económico,
políticos, o tecido empresarial e os demais
www.ordemengenheiros.pt/pt/atuali- estou certo de que esta Região,
dade/noticias/presidente-da-republica-
presentes no Congresso: “sendo certo que
à semelhança do País, está bem
-agradece-em-nome-de-portugal-aos- os principais e tradicionais destinos comer-
capacitada para produzir brilhantes
-engenheiros-portugueses ciais de Portugal ainda estão centrados em
engenheiros e excelente Engenharia.”
bens e países ‘conservadores’, as esperanças
assuntos considerados pela Ordem como da Ordem referiu questões que incentivam
Dr. Manuel Machado “preocupantes” e que são seguidos “com ao dumping salarial e social, bem como ao
Presidente da CM de Coimbra
muita atenção”. desrespeito do Estatuto da OE, que, recordou,
O desprestígio da profissão, os salários in- constitui “uma Lei da República, aprovada
dignos, a desconsideração pelas qualifica- pelo Parlamento”, situação “a que o Governo
ções profissionais dos engenheiros, o exer- devia pôr cobro, mas não o faz”.
cício de Atos de Engenharia por quem não
detém competências para o efeito, bem Relação mais próxima
como o desrespeito de legislação nacional com o poder político
e comunitária, entre outras, foram questões
apresentadas aos responsáveis políticos pre-
“Venho, em nome de Coimbra,
sentes no Congresso. “A empregabilidade
saudar-vos e acolher-vos. É uma honra
receber-vos aqui. Saúdo este Congresso tem que ter correspondência com uma re-
e agradeço à OE o reconhecimento muneração digna. Falamos de profissões
pela escolha de Coimbra para este altamente qualificadas e essenciais, como é
importante evento. […] O meu aplauso o caso dos engenheiros, onde hoje, salvo
para a pertinência do tema do vosso raras exceções, são oferecidos salários muito
Congresso. Que o mesmo permita pouco dignos e motivadores”, criticou Mi-
a Portugal continuar a trilhar
neiro Aires. Em complemento, o responsável
um caminho de sucesso.”
Estatuto da OE
alvo de críticas Reconhecendo que o Governo tem recor-
Eng. Carlos
rido frequentemente à OE, solicitando pa-
Mineiro Aires
receres e auscultando a sua opinião técnica,
Bastonário da OE “Em setembro de 2015 fomos brindados
o Bastonário admitiu existir “uma maior pro-
com um Estatuto imposto e cada
vez mais desadequado ao futuro ximidade” com o poder político, “sobretudo
da Engenharia, que bem espelha a falta quando é do seu manifesto interesse”. “Temos
de conhecimento e visão de futuro por de reconhecer e agradecer a ampla parti-
parte de quem o concebeu e concertou cipação de membros do Governo, sendo
condições para a sua aprovação. Um de saudar as presenças do Primeiro-ministro,
Estatuto que impede a correta regulação Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino
da profissão e adequação dos Colégios
Superior, Ministro do Ambiente, Secretário
“Este terá sido provavelmente o nosso às novas Especialidades de Engenharia”,
de Estado das Infraestruturas, Secretário de
mais importante Congresso dos últimos afirmou o Bastonário na presença
do Primeiro-ministro, Dr. António Costa. Estado Adjunto e do Ambiente e Secretário
anos, por ser dedicado a uma nova
de Estado do Ambiente”, referiu o Basto-
mudança histórica que, uma vez mais,
se iniciou e está a ser feita com a nário, assinalando também a “prestigiante
intervenção da Engenharia e dos mensagem” que o Presidente da República
Dr. António Costa
engenheiros. Um Congresso focado enviou ao Congresso e agradecendo a pre-
Primeiro-ministro
nos novos desafios e no papel dos sença do Comissário Europeu da Investi-
engenheiros. Um Congresso que gação, Ciência e Inovação, que assegurou
espelha o prestígio da OE e a qualidade
uma “inesquecível conferência inaugural”.
do nosso ensino e da formação de
A presença de diversos membros do Exe-
engenheiros.”
cutivo, de representantes de diferentes
Grupos Parlamentares, do Presidente da
Empregabilidade Câmara Municipal de Coimbra e de autarcas
e salários dignos do distrito, constitui “um sinal inequívoco
“Agradeço à OE tudo o que tem feito de que a Ordem e os engenheiros merecem
“Ironicamente, estamos a iniciar um Con- em benefício do País, nomeadamente a atenção e, espero que também, a devida
gresso virado para o futuro e dedicado a os contributos que pode e deve dar consideração do poder político”, concluiu.
novas realidades e desafios, mas ainda com para a definição da nossa estratégia
muitas e velhas questões por resolver”, sa- competitiva para o futuro […], Exercício de Arquitetura
lientou o responsável da Ordem, referindo- para podermos contribuir para um País por engenheiros
melhor. […] Contamos com a OE
-se à situação das empresas nacionais e
para a definição das estratégias pós-
colocando a tónica na empregabilidade e Sobre a questão do exercício de Arquitetu-
-2020. É essencial o contributo da
na “desadequação remuneratória de uma profissão de Engenheiro.” ra por um grupo restrito de engenheiros
parte significativa dos nossos Membros”, civis, que se encontra abrangido por direitos
Ciência e à Tecnologia, à Investigação, ao mamente perguntar se dentro de 20 anos neste campo e nessa matéria está já agen-
Desenvolvimento e à Inovação, o Comissário haverá ainda europeus sentados à mesa do dada uma discussão a nível de Conselho
Europeu começou por contextualizar o mo- G7 [hoje são seis em nove participantes]”, Europeu, para março de 2018, sobre Ciência
mento que a Europa vive, não esquecendo concluiu. e Inovação.
nunca a relação com Portugal e com a con-
juntura nacional. “A Europa tem enfrentado Digital com potencial A Engenharia
os desafios mais importantes desde o fim para crescer na construção do 4.0
da Segunda Guerra Mundial. A crise econó-
mica e financeira, com a qual Portugal tanto Vivemos hoje uma revolução digital que nos A integração da Internet em praticamente
sofreu; um afluxo de refugiados como nunca permite, entre tantas outras coisas, ligar o todos os aspetos das nossas vidas, aquilo a
vimos, resultante de conflitos que têm lugar mundo físico ao digital, revolução essa “que que Carlos Moedas chama a “terceira vaga”,
na nossa vizinhança; os ataques terroristas está a mudar a natureza da nossa economia”, constitui, simultaneamente, um problema
que nos fazem temer pelo bem-estar das salientou Carlos Moedas. E se é certo que e uma oportunidade para a Engenharia, ou
nossas famílias e pela estabilidade das nossas a Transformação Digital da sociedade, tanto seja, a extensão da revolução digital aos se-
sociedades. Fenómenos que não conhecem do setor privado como do público, repre- tores da economia e da sociedade que à
fronteiras”, referiu, sem esquecer a saída do senta um grande potencial de crescimento partida não lhe estavam expostos, como a
Reino Unido enquanto Estado-membro da para a Europa, também é certo que “as tec- saúde, a educação, a agricultura, os serviços
União Europeia. “Se é uma decisão que res- nologias digitais estão a mudar a forma financeiros ou a administração pública. “Esta
peitamos, é também uma decisão que nos como as pessoas vivem, trabalham e co- terceira vaga – que implica a fusão entre o
entristece: todos perdemos com a saída do municam. Podem também melhorar a qua- físico e o digital – torna a ser um desafio de
Reino Unido.” lidade de vida das pessoas. As tecnologias Engenharia. E constitui uma grande opor-
Embora a Europa esteja a crescer, está cada de big data já são utilizadas em domínios tunidade para a Europa”, conclui o Comis-
vez mais “entalada” entre dois colossos, os como a saúde, a educação, a proteção am- sário Europeu.
Estados Unidos da América e a China e, no biental e até a agricultura. No entanto, são E o que pode a União Europeia fazer para
futuro, tudo indica que a Europa vai ter muitos os domínios em que a revolução responder a estes três desafios? “Em pri-
menos população e representar menos ri- digital ainda tem potencial para crescer. So- meiro lugar, aumentar o investimento em
queza a nível global. “As projeções demo- bretudo os setores tradicionais da economia”, ciência fundamental e mudar radicalmente
gráficas para 2060 apontam para que a po- alertou o responsável europeu. a forma como financiamos a inovação. Para
pulação da União Europeia constitua cerca Para a Comissão Europeia, a abertura à isso estamos a desenvolver um Conselho
de 4% da população mundial, contra quase Transformação Digital “é apenas o primeiro Europeu de Inovação. Desde logo, abrindo
7% hoje. E será provavelmente a população passo naquilo que é a transformação do convites à apresentação de propostas sem
mais idosa do Mundo”, contextualizou. mercado europeu, dando origem a novos tema – isto é, ‘bottom up’. Serão as pessoas
No plano económico, o Comissário trouxe bens e serviços”. E nesse sentido, na visão a apresentar os projetos inovadores que
ao Congresso da Ordem números que im- do Comissário, “as empresas europeias não querem candidatar a financiamento, em vez
porta reter para análises futuras: estima-se podem nem devem ficar para trás. Mas de sermos nós a decidir as áreas em que
que em 2030 a Europa represente 20% do temos que superar dois problemas: um pro- têm forçosamente que ser apresentados.
PIB mundial, contra os 22% de hoje e os blema político e um problema técnico. Que Por definição, se um projeto é inovador, nós
26% registados em 2004. “Podemos legiti- estão ligados”. A Engenharia pode ajudar ainda não pensámos nele. Um Conselho
XXI
mado Plano Juncker, que Portugal tem individual e empresarial, e ao relevante papel
também aproveitado, sendo “atualmente o da Engenharia e dos engenheiros no futuro
quarto país que mais investimento tem re- do País”, concluiu o Bastonário da OE, Eng.
cebido”, Carlos Moedas é claro: “deixar para
trás a Transformação Digital e perder a ter-
CONGRESSO Carlos Mineiro Aires.
Carlos Moedas
Engenheiro Civil
Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação
Comissário Europeu da Investigação, a União Europeia terá do montante total investido em investigação
Ciência e Inovação que mobilizar mais e desenvolvimento na Europa. Atualmente,
Nascido em Beja, em 1970, Carlos Moedas esforços económicos a União Europeia investe, através do pro-
licenciou-se em Engenharia Civil no Instituto e tomar decisões mais arrojadas grama Horizonte 2020, cerca de 11 mil mi-
Superior Técnico de Lisboa (1988-1993). lhões de euros por ano. Por seu lado, os Es-
O último ano do seu percurso universitário
naquilo que é o investimento
tados Unidos da América investem 30 mil
foi feito na École Nationale des Ponts público em investigação
et Chaussées de Paris (1992-1993).
milhões por ano, só em investigação na saúde.
e inovação, que em média
Assim, defendo que a União Europeia terá
Começou a sua carreira profissional não passa dos 2% nos países
que mobilizar mais esforços económicos e
no Grupo Suez (1993-1998) e mais tarde da União Europeia
completou um MBA na Harvard Business tomar decisões mais arrojadas naquilo que
School (1998-2000). Posteriormente é o investimento público em investigação
trabalhou na Banca de Investimento dez meses definir as linhas dos próximos e inovação, que em média não passa dos
da Goldman Sachs (2000-2002), no Deutsche dez anos. 2% nos países da União Europeia.
Bank and Eurohypo Investment Bank
A União Europeia entrou numa fase positiva
(2002-2004) e no setor imobiliário Aguirre
de saída de crise, com crescimento econó- O que nos pode dizer sobre o Conselho
Newman (2004-2008). Criou depois a sua
própria empresa de gestão de investimentos, mico, descida de desemprego, controlo dos Europeu de Inovação? Que objetivos pre-
a Crimson Investment Management défices e dívidas públicas. Os efeitos posi- tende alcançar?
(2008-2011). tivos já são tangíveis. O crescimento do ra- No caso da inovação, defendo que devemos
A sua trajetória política foi iniciada no PSD, dicalismo e extremismo, movimentos que mudar a forma como a União Europeia apoia
na equipa que negociou o Orçamento do são uma ameaça ao projeto europeu, foram as empresas. Para isso estamos a desen-
Estado de 2011, sendo um dos representantes contidos nas recentes eleições nos Países- volver um Conselho Europeu de Inovação
do Partido no âmbito do programa de -Baixos, França e Alemanha. Em França ti- que tem como objetivo apoiar inovadores,
ajustamento económico e financeiro.
vemos Emmanuel Macron a ser eleito com empreendedores, pequenas e médias em-
Foi eleito Deputado à Assembleia
da República (2011) e nomeado Secretário sucesso assente numa agenda pró-europeia. presas e investigadores com ideias brilhantes
de Estado Adjunto do Primeiro Ministro À Engenharia e aos engenheiros está reser- e ambição de crescimento internacional.
no XIX Governo Constitucional, vada a terceira vaga da Internet identificada Reúne os diferentes instrumentos que pro-
com responsabilidade pela coordenação por Steve Case, que é aquela que integra a movem projetos de elevado risco, impor-
do Programa de Ajustamento (2011-2014).
Internet em mais – senão todos os – as- tantes descobertas na área da investigação
É, desde 2014, o Comissário Europeu
petos da nossa vida. Esta terceira vaga – que e ainda inovação criadora de mercados –
da Investigação, Ciência e Inovação.
implica a fusão entre o físico e o digital – inovação disruptiva. A forma de aplicação
torna a ser um desafio de Engenharia. E aos diferentes financiamentos também é de
Por Nuno Miguel Tomás constitui uma grande oportunidade para a formato inovador uma vez que as candida-
Fotos Comissão Europeia Europa. turas são feitas sem tema predefinido, abrindo
portas à inovação que ainda não foi pensada
Ainda assim, a Europa, que continua a re- – isto é, “bottom up”, em que serão os ino-
A Europa, Portugal incluído, enfrenta de- gistar crescimentos económicos, está a vadores a apresentar os projetos que querem
safios sem precedentes, aos níveis social, ficar para trás quando comparada com os candidatar a financiamento, em vez de
político, económico, de segurança, de al- dois gigantes mundiais: Estados Unidos da sermos nós a impor áreas em que têm for-
teração dos processos de trabalho, de América e China. Que futuro perspetiva çosamente que ser apresentados. Por de-
transformação do próprio quadro institu- para o posicionamento económico da Eu- finição, se um projeto é inovador nós ainda
cional europeu. Neste cenário “caótico” ropa no Mundo para os próximos 20 anos? não pensámos nele.
que papel está reservado à Engenharia e Num cenário global muito competitivo, o De momento, já desenvolvemos uma fase
aos engenheiros? continente europeu já está a crescer com piloto do Conselho Europeu de Inovação
Pessoalmente, não chamaria o cenário atual valores anteriores à crise. Mas há escolhas financiado pelo Horizonte 2020 [2,7 mil mi-
de caótico porque cada revolução industrial políticas a fazer: investir hoje na ciência e lhões de euros]. Com o próximo programa-
teve o seu impacto político, económico, inovação é investir no futuro. E sabemos -quadro, este instrumento vai oferecer, num
social e ambiental. A União Europeia está a que o contexto mundial é cada vez mais só sítio, condições para financiamento,
atravessar um momento crucial na sua his- competitivo, sobretudo com os Estados oportunidades de networking, orientação,
tória e tem enfrentado os desafios mais im- Unidos da América e a China. coaching e aconselhamento estratégico.
portantes desde o fim da Segunda Guerra Só para ter uma ordem de dimensão: a União O objetivo é claramente aumentar a capa-
Mundial. Estamos no momento-chave a Europeia investe anualmente menos 150 mil cidade de competição da Europa no mundo
refletir sobre o rumo que a Europa deverá milhões de euros na investigação do que os da inovação, impulsionando inovações dis-
seguir, agora com 27 Estados-membros. Estados Unidos da América. O orçamento ruptivas e transformá-las em oportunidades,
Diria que a União Europeia vai nos próximos total da União Europeia constitui apenas 8%
negócios e postos de trabalho. Não duvido Sou um tecno-otimista nharia e a projetos com forte componente
que este tipo de inovação poderá colocar e apesar de ter alterado de tecnologia e inovação?
a União Europeia na liderança da economia bastante o nosso A tecnologia e inovação são transversais ao
mundial nos próximos 20 a 50 anos. dia-a-dia, costumo dizer que programa Horizonte 2020. Foi essa a gé-
nese do programa, em que queríamos evitar
ainda não vimos o verdadeiro
Como referiu, a Europa investe pouco em compartimentos muito estanques.
impacto das novas tecnologias,
ciência e em inovação, quando comparada Com efeito, o ERC [Conselho Europeu da
que ainda agora começou.
com os Estados Unidos da América e com Investigação], por definição mais focado na
a China. Espera aumentar o investimento Com efeito, apesar de existirem investigação fundamental, também tem
para o próximo ciclo de financiamento eu- grandes avanços em diferentes bolsa “proof of concept” mais próxima da
ropeu? O programa Horizonte 2020 cons- áreas da ciência e inovação, inovação de mercado. Depois, no segundo
titui cerca de 8% do orçamento geral co- ainda não existe uma cultura pilar, que é dedicado à participação indus-
munitário. Espera, aquando do Conselho trial, há diferentes instrumentos que vão
de integração destas inovações
Europeu, conseguir colocar esta questão desde as pequenas e médias empresas às
no mercado e na vida das pessoas
em discussão. Que resultados quer obter? parcerias público-privadas. Finalmente, no
Após vários anos de crise económica, a Eu- terceiro pilar dos desafios societais também
ropa está a crescer, mas pouco, comparando há uma forte componente de inovação.
com os seus maiores concorrentes mun- O Produto Interno Bruto europeu tem vindo Ou seja, a Engenharia é uma área que no
diais. Para crescer ainda mais e assegurar a a diminuir, a população do Velho Conti- fundo pode estar presente em quase todos
prosperidade dos seus cidadãos, a União nente a envelhecer. Estes são dois indica- estes instrumentos e estará, obviamente, no
Europeia não tem alternativa senão investir dores preocupantes para uma Europa que recentemente criado Conselho Europeu de
mais na ciência e inovação. se quer cada vez mais competitiva e digital? Inovação.
Está mais do que provado que investimento As projeções demográficas para 2060 apontam
público em ciência e inovação atua como para que a população da União Europeia As tecnologias estão a mudar (não é de
catalisador para o aumento de investimento constitua cerca de 4% da população mun- agora) a vida de tudo e todos. Como é que
privado e crescimento económico em geral. dial, contra quase 7% hoje. E será provavel- um português, na Europa, vê esta situação?
Como Comissário Europeu para a Investi- mente das populações mais idosa do Mundo Que impactos estão a ter as tecnologias
gação, Ciência e Inovação não me canso e com baixos níveis de natalidade, fatores no dia-a-dia das pessoas, na sua qualidade
de defender a importância de mais investi- que não constituem boas notícias para o de vida, na comunidade?
mento. Atualmente, o Horizonte 2020 apenas crescimento económico. Estima-se que em Sou um tecno-otimista e apesar de ter al-
consegue financiar ¼ dos projetos que ava- 2030 a Europa represente 20% do Produto terado bastante o nosso dia-a-dia, costumo
liamos como excelentes. Muitos dos pro- Interno Bruto mundial, contra 22% hoje e dizer que ainda não vimos o verdadeiro im-
jetos que não são financiados possuem ele- 26% em 2004. Podemos legitimamente per- pacto das novas tecnologias, que ainda agora
vado potencial, mas simplesmente não é guntar se dentro de 20 anos haverá ainda começou.
possível financiar devido ao limitado valor europeus sentados à mesa do G7. Com efeito, apesar de existirem grandes
orçamental. Seria preciso somar 60 mil mi- Sobre o peso da União Europeia no Mundo, avanços em diferentes áreas da ciência e
lhões, aos 77 mil milhões existentes, para Enrico Letta, antigo Primeiro-ministro ita- inovação, ainda não existe uma cultura de
financiar todos estes projetos de excelência. liano, costuma dizer com ironia que há dois integração destas inovações no mercado e
O Parlamento Europeu já pediu para du- tipos de países na Europa, os que são pe- na vida das pessoas. Só de forma muito re-
plicar o orçamento do sucessor do Hori- quenos e os que ainda não se aperceberam lativa.
zonte 2020. Os representantes universitários que são pequenos. Na área da saúde, dos transportes ou da
e empresariais solicitaram o mesmo. Os 28 Contudo, eu acredito que a União Europeia energia, ainda existe tanto progresso por
Ministros da Ciência são unânimes em pedir continuará a ter um papel central em termos alcançar, com resultados concretos a re-
um aumento do orçamento. O Comissário políticos e económicos, assente numa com- verter a favor da melhoria do nosso bem-
Europeu para o Orçamento foi sensível aos petitividade baseada no capital humano, no -estar quotidiano.
meus argumentos e também defende um digital e na inovação. Para isso, temos que No Congresso da Ordem citei o exemplo da
aumento do orçamento. Cabe agora ao continuar a trabalhar para disponibilizar um impressão 3D e as implicações que está a
Conselho Europeu, que são os Chefes de ecossistema que permita oportunidades de ter, e terá ainda mais no futuro, sobre a En-
Estado e de Governo dos países, ser con- negócios para a União Europeia crescer. genharia. Obriga-nos a repensar modelos
sequente e transformar os discursos em económicos, procedimentos e metodologias.
decisões. É responsável pela Investigação, pela Ciência Questiona os fundamentos de muito do que
Estou, por isso, esperançado que se tome e pela Inovação, gere um orçamento de fizemos até hoje. E não vale a pena fazer
essa decisão crucial para o futuro do nosso cerca de 77 mil milhões de euros. Que par- como se essa evolução não existisse. Não se
modelo económico europeu. cela estará diretamente reservada à Enge- para a corrente de um rio com a mão.
Em que domínios é expectável que se re- naquilo que é chamada a inovação incre-
gistem crescimentos a nível de transfor- mental, onde existe a melhoria e adição de
mação digital? elementos a produtos ou processos já exis-
As tecnologias digitais estão a mudar a forma tentes, por outro lado existe ainda muito
como as pessoas vivem, trabalham e co- pouca inovação disruptiva. Sendo que a úl-
municam. Já entrámos numa fase em que tima é o tipo de inovação que cria mercados
a transformação digital começa a ser vista e crescimento económico de forma mais
como um imperativo para o sucesso das acentuada.
empresas e eficiência dos serviços/produtos. Tendo isto em consideração, áreas como a
Isto significa que existe potencial para cres- saúde, ensino, cultura, ambiente, etc., ainda
cimento a nível de transformação digital em terão espaço para crescer naquilo que é a
quase todas as áreas, mesmo nos setores inovação digital incremental. Enquanto ou-
mais tradicionais, que até à data foram os tras áreas, nas quais se poderão ou não in-
que mais resistiram. cluir a energia, computação quântica, etc.,
A transformação digital tem dois extremos: dependerão dos inovadores e de ideias e
se por um lado temos visto um crescimento projetos que provavelmente ainda não existem.
a indústria depara-se
com desafios à escala
global e atravessa uma
verdadeira mutação que alguns
apelidam já de nova revolução
industrial: a digitalização da
indústria. Estudos recentes
estimam que a digitalização dos
produtos e serviços permitirá
gerar um aumento anual de mais
de 110 mil milhões de euros de
receitas para a indústria da
Europa nos próximos cinco anos
Com uma indústria de produção como nos próprios modelos já beneficiaram mais de 2.000 pequenas e
europeia pujante, de negócio. médias empresas portuguesas. Por outro
incentivos Acredito que a União Europeia tem a capa- lado, através de investimentos em 17 pro-
ao investimento público e privado cidade de aproveitar todas as potencialidades jetos de infraestruturas que ascendem a 1,1
da era digital, se formos rápidos na digitali- mil milhões de euros. Portugal é, de mo-
e um quadro regulatório
zação da nossa indústria. Com uma indústria mento, o quarto maior beneficiário deste
inteligente, estão criadas
europeia pujante, incentivos ao investimento fundo entre os seus parceiros europeus.
as condições para que
público e privado e um quadro regulatório Segundo, através da criação de um “fundo
as empresas industriais europeias
inteligente, estão criadas as condições para de fundos” de capital de risco, no qual es-
sejam competitivas e liderem
que as empresas industriais europeias sejam tamos a trabalhar para atrair o financiamento
a nível global competitivas e liderem a nível global. privado. E o capital paciente. O capital de
risco mobilizou cinco vezes menos na Eu-
Disse no Congresso da Ordem que se perdeu ropa do que nos Estados Unidos da Amé-
uma concorrência mundial cada vez mais a ligação entre as pessoas e a ciência e a rica. O fundo médio na Europa é cerca de
forte por parte dos principais parceiros in- inovação. Porque é que isto acontece? metade do fundo médio nos Estados Unidos
ternacionais, como os Estados Unidos da Sim, de facto, julgo que perdemos a ligação da América. E o capital de risco era 14% pú-
América ou a Ásia. entre as pessoas e a ciência e a inovação. blico em 2008 e 35% hoje. Por isso, este
Nos nossos dias, a indústria depara-se com A maior parte dos líderes na União Europeia fundo de fundos – embora não chegue para
desafios à escala global e atravessa uma não fala sobre estes assuntos. colmatar a lacuna com os Estados Unidos
verdadeira mutação que alguns apelidam já No entanto recordo ter ouvido o Presidente da América – irá pelo menos estimular o
de nova revolução industrial: a digitalização chinês, Xi Jinping, dizer que “A experiência financiamento da inovação. Decidimos,
da indústria. Estudos recentes estimam que tem demonstrado que não podemos de- assim, avançar com um fundo europeu que
a digitalização dos produtos e serviços per- pender apenas das velhas políticas mone- congregue fundos de investimentos pri-
mitirá gerar um aumento anual de mais de tárias e orçamentais. Temos de reativar o vados, que tenha uma dimensão em pelo
110 mil milhões de euros de receitas para a motor do crescimento através da inovação”. menos cinco países. Para cada euro que a
indústria da Europa nos próximos cinco E a verdade é que temos uma lacuna na União Europeia meta nesse fundo, os ges-
anos. Esta revolução digital não só obriga a Europa: a falta de investimento que referi tores do fundo europeu devem ir buscar
uma profunda transformação da indústria anteriormente. No meu entender, temos três euros a fundos de investimentos pri-
como cria novos padrões de consumo nos duas soluções para este problema político. vados. Conseguimos libertar 400 milhões
mercados e confere aos consumidores/uti- Primeiro, colocar a discussão ao nível dos de euros de verbas europeias, o que signi-
lizadores um papel mais ativo. Chefes de Estado e de Governo. Para o fica na prática que o fundo de fundos terá
Coloca-se, assim, a questão de saber como Conselho Europeu de março de 2018 está até 1,6 mil milhões de euros.
é que o continente europeu será capaz de já agendada uma discussão sobre ciência e
manter a sua liderança industrial nesse novo inovação, o que é um sinal otimista. Se- Portugal foi considerado pela Comissão
contexto em que a economia digital se funde gundo, dar um sentido que ilustre a razão como um país “inovador moderado”, es-
com a economia real. de ser do financiamento de ciência através tando abaixo da média europeia. Que fazer
de missões. Tal como Nixon tinha como para inverter esta situação?
O que podem/devem as empresas fazer objetivo curar o cancro e Kennedy de co- O último European Innovation Scoreboard
para não perder posição competitiva nos locar um homem na Lua. classificou Portugal como inovador mode-
mercados? rado. Dito isto, todos os dados e índices
Apesar de as tecnologias e processos digi- Que novas metodologias estão previstas merecem sempre uma análise mais apro-
tais terem sido rapidamente adotados em ao nível do financiamento privado para a fundada, que também deve ser contextua-
muitos setores da economia, é necessário inovação? Fundos de capital de risco? Como lizada. Há vários fatores nos quais Portugal
que as indústrias europeias, em todos os funcionará o sistema? Quem pode con- se destaca pela positiva, como, por exemplo,
setores e independentemente da dimensão correr? em matéria de ecossistema para a inovação
das empresas, aproveitem plenamente as Para responder aos desafios do futuro, e e a atratividade dos sistemas de investigação
oportunidades digitais para poderem ser assim proteger e servir a população europeia, ou dos recursos humanos. Além disso, outro
competitivas a nível mundial. a Comissão Europeia tem vindo a apostar no elemento importante é entender as tendên-
Vários foram os países que já aprovaram investimento. Primeiro, o Fundo Europeu cias. Mais do que a fotografia de um ano, é
planos nacionais estratégicos – tal como o para os Investimentos Estratégicos, conhe- importante ver a trajetória. E, nesse con-
“Indústria 4.0” na Alemanha, “Fábricas do cido como Plano Juncker, tem estimulado texto, estamos claramente a convergir para
Futuro” em França e “Indústria Inteligente” o investimento, emprego e crescimento no uma economia e sociedade modernas e
nos Países-Baixos – destinados a apoiar a nosso País. Por um lado, através de apoio dinâmicas, que apostam na investigação e
digitalização da indústria, tanto na cadeia num total de 800 milhões de euros de que na inovação.
Os engenheiros e a Engenharia
portuguesa na Indústria 4.0
estarão no pelotão da frente e os que não com especial realce para a sua customi-
conseguiram adaptar-se, verificando-se um zação e facilidade de manuseamento.
aumento das assimetrias entre eles. A sua adoção pelas organizações mais di-
Portugal deve desenvolver todos os esforços nâmicas ocorre, também, a um ritmo ace-
para se integrar no primeiro grupo. lerado.
Luís Todo Bom
Este novo mundo é o mundo do conheci- Portugal tem um longo caminho a percorrer
Coordenador da Comissão de Especialização mento científico e tecnológico estruturado, para a implementação da Indústria 4.0, sendo
em Engenharia e Gestão Industrial que se obtém nas boas universidades de essencial a reunião das seguintes condições
da Ordem dos Engenheiros
Engenharia e Tecnologia, ou seja, é o mundo básicas para o seu sucesso:
dos engenheiros e dos tecnólogos: infor- › Empresas com dimensão e cultura tec-
máticos, físicos, químicos, biomédicos, ele- nológica (as únicas que possuem conhe-
trotécnicos, mecânicos, de materiais… cimento tácito);
A
Indústria 4.0, também apelidada de Os conceitos de “Fábricas Inteligentes” e de › Sistema Nacional de Inovação Empresa-
4.ª Revolução Industrial, está em “Cidades Inteligentes” têm vindo a ser de- rial – Focado, reestruturado, redimensio-
movimento acelerado. senvolvidos em detalhe, no âmbito da In- nado e eficiente;
Num futuro próximo teremos países que dústria 4.0, especificando e detalhando as › A manutenção da qualidade e atualização
venceram este desafio tecnológico e que tecnologias aplicáveis. da Engenharia portuguesa;
Neste processo disruptivo assistiremos, no › A integração em redes internacionais –
curto prazo, a uma alteração significativa de Empresariais e de investigação.
vários paradigmas: “Mobilidade”, “Novas Ener-
gias”, “Novos Materiais”, “Genética”… Com a Mas, finalmente, convém recordar que a im-
utilização corrente de um conjunto de tec- plementação da Indústria 4.0 é um processo
nologias disponíveis. político.
Esta nova realidade utilizará as Tecnologias De política industrial, tecnológica, de ino-
de Informação e de Comunicação (TIC) como vação e, inclusivamente, de ordenamento
tecnologias horizontais na Digitalização da do território.
Economia, mas os grandes avanços tecno- É, assim, urgente que o nosso País defina,
lógicos ocorrerão nas tecnologias setoriais, ao nível das estruturas políticas, as suas prio-
cujo desenvolvimento será potenciado por ridades e mecanismos de apoio e incentivos
este processo de digitalização aplicado em à construção do modelo Indústria 4.0.
toda a cadeia de valor das organizações. Não sendo possível abarcar todas as novas
Esta nova realidade tornou-se possível pela áreas de crescimento tecnológico, face à
combinação de várias inovações intensivas nossa dimensão, o País deverá concentrar-
em tecnologia digital, que chegam agora à -se em algumas áreas tecnológicas setoriais.
maturidade, que permitem transformar pro- As que me parecem mais promissoras são:
fundamente o setor energético e industrial, › Biotecnologias e tecnologias da saúde;
em particular: › Tecnologias elétricas e da mobilidade;
› Robótica avançada e inteligência artificial; › Tecnologias mecânicas e dos materiais;
› Sensores sofisticados e inteligentes; › As TIC, tecnologias horizontais onde o
› Cloud computing; País já possui uma competência razoável,
› Captura e análise de Big Data e algoritmos estarão presentes na prestação de ser-
avançados; viços e integração das tecnologias seto-
› Fabricação digital (impressoras 3D); riais;
› Interfaces homem-máquina avançados; › As unidades de interface Universidade-
› A Internet das Coisas. -Empresas, no âmbito das Engenharias,
devem adaptar-se a esta nova realidade,
Este conjunto de tecnologias continua a ser abarcando projetos cada vez mais inte-
objeto de um desenvolvimento permanente, grados com TIC e tecnologias setoriais.
A transformação digital
das empresas e a Indústria 4.0
3D. Na manufatura aditiva criam-se objetos (IoT); Operação remota; Realidade virtual e
pela adição sucessiva de “layers” de mate- aumentada; Inteligência artificial e máquinas
riais, indo dos plásticos ao metal e à cerâ- cognitivas (as máquinas passam a ser inte-
mica. ligentes na medida em que dizemos o que
A Alemanha, que não teve um processo de queremos fazer e a máquina diz como se
desindustrialização como o dos EUA, de- faz); Interfaces inteligentes com os utiliza-
Luís Mira Amaral senvolveu o conceito de Indústria 4.0, quer dores através de sistemas biofísicos e psi-
Engenheiro Eletrotécnico e Economista para fazer o “up-grading” dos setores indus- cométricos.
Administrador da Sociedade Portuguesa triais onde já era muito competitiva à escala
de Inovação – Consultoria Empresarial
e Fomento da Inovação SA mundial, quer para desenvolver e oferecer 3. Sistemas avançados de produção:
à escala mundial um conjunto de tecnolo- Produtos e materiais avançados e conec-
gias digitais que suporta o desenvolvimento tados (nanotecnologias, fotónica, polímeros
da Indústria 4.0. e materiais compósitos, ligas metálicas, têx-
O
s Estados Unidos da América (EUA) A Indústria 3.0 focava-se na automação iso- teis técnicos); Operações modulares; Ma-
querem revigorar a sua base in- lada de máquinas e processos enquanto a nufatura aditiva e impressoras 3D; Robôs
dustrial e desenvolveram programas Indústria 4.0 se foca na digitalização, quer autónomos e colaborativos que podem tra-
como o da “manufatura aditiva”, da qual o de produtos e serviços, quer de todos os balhar ao lado dos humanos copiando in-
exemplo mais evidente é o da impressão ativos físicos e sua integração em ecossis- teligentemente (robôs com visão + com-
temas digitais com parceiros da cadeia de putação).
valor.
Teremos a integração entre o mundo físico No modelo social da Indústria 4.0 haverá
e o mundo digital, através dos chamados cada vez mais:
sistemas de produção ciberfísicos (CPS – › “E-learning” tecnológico no posto de tra-
cyber physical systems). balho, na lógica do workplace-based trai-
Teremos: ao nível da fábrica, integração ver- ning;
tical e sistemas de produção digitalmente › Formação e desenvolvimento profissio-
integrados; integração digital ao longo de nais contínuos (CPD – Continuing Pro-
todos os segmentos da cadeia de valor da fessional Development).
empresa (end-to-end engineering); cola-
boração digital entre as empresas, através A evolução tecnológica provoca sempre a
da integração horizontal em redes de valor. destruição de empregos numas áreas e a
criação noutras. Assim está a acontecer com
As tecnologias da Indústria 4.0 desenvolvem- a crescente digitalização da economia e
-se em três áreas: com a Indústria 4.0.
Estima-se que 10% a 15% dos atuais em-
1. Sistemas avançados de informação: pregos no setor industrial irão desaparecer
Sistemas digitais de integração horizontal nos próximos dez anos, mas serão criados
(entre empresas) e vertical (interempresas); outros.
Simulação 3D de produtos, materiais ou Não existem, face à crescente digitalização,
processos ao longo da cadeia de produção; setores ou profissões imutáveis. O que se
Inteligência artificial e algoritmos preditivos; precisa é de competências e aptidões para
Análise avançada de dados (Big Data e Ad- o futuro.
vanced Data Analytics); Cloud Computing; Temos que formar engenheiros e quadros
Cibersegurança. técnicos que combinem as competências
técnicas com as soft skills. Temos que formar
2. Conectividade entre sistemas, equipa- líderes empresariais com espírito empreen-
mentos, produtos e pessoas: dedor, sensibilidade humana e competitivos
Sensores avançados e Internet das Coisas internacionalmente.
E
stamos a viver na era da digitalização, com uma implantação anual de 100 milhões
onde quase todos e tudo estão conec- em 2025, potenciando a utilização massiva de
tados pela Internet das Coisas. sistemas e serviços de software ao nível de pla-
É uma verdadeira revolução digital, onde se es- neamento, simulação, engenharia, geração e
tima para 2017 que o fluxo mundial de dados Pedro Pires de Miranda controlo pelos operadores (utilities). Por outro
através da internet seja 109 Exabytes (EB) por CEO da Siemens Portugal lado, a conectividade dos equipamentos ao nível
mês e que o número global de aparelhos digi- do utilizador, seja pelos veículos elétricos ou
tais conectados exceda 20 mil milhões. outros, potenciará um novo mundo de aplica-
Já em 2020, a nível mundial, prevê-se que o ções na Internet das Coisas acessível a todos.
armazenamento de dados de informação pro- Na indústria da manufatura, a grande tendência
duzida, modificada e transferida de forma digital das empresas está agora centrada na sua trans-
atinja os 40 Zetabytes (ZB), dando origem a um crescimento, sem formação digital, na integração de data e analytics ao nível do en-
precedentes, do tráfego de dados na nuvem e a um boom na cons- terprise level, e como gerar benefícios tangíveis destas novas pla-
trução de novos mega data centers. Desta forma, a cibersegurança taformas Internet of Things e Cloud Computing, nomeadamente
passará a estar no centro das atenções, tanto dos utilizadores, assim na melhoria dos custos operacionais e rapidez face ao mercado
como das organizações, prevendo-se grandes avanços e desafios concorrencial. Por exemplo, conceber um novo produto e em si-
nesta área digital. multâneo simular a sua fabricação e desempenho na utilização, um
Tudo isto tem e terá implicações relevantes no modo como con- verdadeiro digital twin, pode significar uma vantagem super com-
sumidores, organizações e empresas interagem no mercado, ao
nível da rapidez, da flexibilidade e da fiabilidade. Teremos produtos
e serviços mais personalizados e com índices de qualidade mais
elevados, onde preços e especificações serão tendencialmente
transparentes, por via do benchmark em tempo real. A Internet das
Coisas possibilitará produtos e serviços just-in-time, e o e-com-
merce online móvel será o meio preferido dos consumidores para
as comodities diárias. MindSphere
No setor da energia observamos uma transformação digital acele- petitiva nos setores automóvel, do calçado, do vestuário, dos com-
rada nas redes energéticas a nível mundial, onde as grandes ten- ponentes, das máquinas e equipamentos, das embalagens, entre
dências da descarbonização, da descentralização e da digitalização outros. É um trendsetting que se adivinha para muitas empresas.
são cada vez mais evidentes. Máquinas, sistemas e pessoas estarão constantemente a trocar in-
A nível mundial estima-se que a capacidade instalada com origem formação e a gerar dados. Se estes forem tratados à medida que
em energias renováveis atinja 40% do total do mix energético em vão sendo armazenados em sistemas seguros, sendo devidamente
2030, representando um aumento de 300% desde 2010. Desta analisados e transformados em informação relevante, obviamente
forma, as novas instalações de energia descentralizada crescerão que as empresas beneficiarão dos novos instrumentos diferencia-
150% entre 2010 e 2030 e a sua percentagem no mix de distri- dores para o seu negócio.
buição atingirá 67% do total em 2030. Observaremos, portanto, Para tal, a Siemens lança agora o MindSphere, o novo sistema ope-
uma crescente utilização de micro-redes energéticas e sistemas rativo aberto, para a Internet das Coisas, baseado na nuvem, onde
de armazenamento (storage). as plataformas de eletrificação e automação interagirão com as
A digitalização e conectividade da rede elétrica, nomeadamente a soluções e serviços digitais nos setores da Energia, Indústria, Mo-
instalação de smart meters, aumentarão 200% entre 2015 e 2025, bilidade e Edifícios.
A importância do pensamento
computacional na Engenharia
A
o longo dos últimos séculos a pro- Esta componente da Engenharia continua
fissão de Engenheiro tem-se con- e continuará, seguramente, a ser muito im-
centrado na transformação de ma- portante no futuro previsível, e importa que
térias-primas em produtos e infraestruturas a formação básica nestas áreas não seja sa-
úteis. Isto é verdade nas mais diversas áreas crificada pelas muitas pressões existentes
Arlindo Oliveira da Engenharia, incluindo a Engenharia Civil, para que as profissões se tornem cada vez
Engenheiro a Engenharia Mecânica, a Engenharia Ele- mais especializadas. Porém, nas últimas dé-
Presidente do Instituto Superior Técnico trotécnica e a Engenharia Química, para cadas, tem-se assistido a uma evolução
citar apenas algumas. tecnológica que coloca ainda mais desafios
Por esta razão, a educação de um Enge- à formação em Engenharia.
nheiro passa, necessariamente, por uma Para além de transformar matérias-primas
sólida formação de base em física, química, em produtos acabados, os engenheiros do
materiais e outras matérias relacionadas futuro vão ter a necessidade de transformar
com o mundo físico. Da mesma forma, uma a informação (dados) em produtos e ser-
formação sólida em matemática é também viços úteis à Sociedade. Cada vez mais existe
indispensável, uma vez que fornece aos en- uma maior necessidade de usar dados para
genheiros as ferramentas necessárias para criar novas funcionalidades em produtos
calcular volumes, superfícies, pesos e es- existentes, assim como para criar novos
forços, que permitem projetar os sistemas produtos e serviços que antes não existiam.
que transformam as matérias-primas em Muitas das grandes empresas da atualidade,
produtos úteis à Sociedade, sejam eles entre as quais a Amazon, a Google, a Uber
pontes, estradas, motores ou compostos ou a Airbnb, são empresas que transformam
químicos. dados em valor económico.
Esta tendência é cada vez mais acentuada, dente. Esta capacidade para decompor um se a solução é ou não exequível, se o sis-
com a crescente disponibilização de dados problema complexo em sub-problemas que tema final é ou não viável. Na fase de im-
em maior quantidade, sobre um número possam ser estudados separadamente é útil plementação, e apenas nesta, é necessário
crescente de atividades humanas. É impres- para muitas áreas da Engenharia, mas é fun- traduzir um algoritmo para uma linguagem
cindível que os engenheiros do futuro te- damental quando se pretende resolver um de programação. Este passo poderá ser feito
nham as ferramentas mentais para manipular dado problema pela via computacional. por especialistas da área da computação.
dados, e para os transformar em soluções, O reconhecimento de padrões é uma área Mas os outros passos dependem da área de
da mesma forma que os engenheiros do sé- cada vez mais essencial nas atividades de aplicação e deverão ser da responsabilidade
culo XX tiveram as ferramentas para trans- Engenharia. Os modernos sistemas, que de cada especialidade.
formar matérias-primas em novos produtos. usam o que normalmente se chama inteli- Marc Andreessen, um dos criadores do pri-
Isso exige, porém, uma significativa alteração gência artificial, funcionam principalmente meiro programa que permitia explorar a in-
da formação fundamental de um Engenheiro. com base no reconhecimento de padrões. ternet (browser), é o autor de uma famosa
Para além da física, da matemática e das ou- Um carro autónomo aprende a conduzir por afirmação, que consta de um artigo de 2011
tras ciências básicas, que continuam a ser si porque identificou um conjunto de pa- publicado no “New York Times”: “Software
indispensáveis, esta formação terá de cobrir drões nos seus sensores e aprendeu a tomar is eating the world”. Nenhuma empresa da
de forma profunda e sistemática o que se as ações corretas (travar, acelerar, virar) com atualidade pode ignorar esta realidade, ne-
costuma designar por pensamento compu- base nesses padrões. Trata-se de uma com- nhuma empresa pode ignorar que a com-
tacional (computational thinking, em inglês). petência complexa, que o cérebro humano putação está a mudar a natureza da socie-
O que é o pensamento computacional? Ao domina com naturalidade, mas que virá a dade e da economia. Cumpre-nos garantir
contrário do que se possa pensar, não é ser progressivamente integrada em todos que os futuros engenheiros estarão prepa-
simplesmente conhecer uma linguagem de os sistemas de Engenharia, sejam eles sen- rados para os desafios criados por esta nova
programação ou saber programar. Pelo con- sores, edifícios, máquinas ou veículos. realidade.
trário, saber programar não garante, só por Finalmente, a capacidade para projetar um
si, capacidade para endereçar os desafios algoritmo, e analisar a sua complexidade,
do futuro. O pensamento computacional é resulta das capacidades para abstrair, de-
mais profundo, mais sistemático, de natu- compor e reconhecer padrões e transformar
reza mais fundamental, e exige o domínio esta análise numa solução. Um algoritmo é
de um conjunto de competências que são uma sequência de passos elementares, não
abordadas de forma muito superficial e ambígua e perfeitamente definida, que
pouco estruturada na maior parte das for- permite a um computador (ou a
mações em Engenharia. O pensamento outro agente) levar a cabo uma
computacional, necessário para a manipu- determinada tarefa. A com-
lação efetiva de informação, exige um con- plexidade desta sequência
junto de competências muito diversas que, de passos determina
no entanto, podem ser agregadas em quatro
grandes classes: abstração; decomposição;
reconhecimento de padrões; algoritmos e
complexidade.
A abstração refere-se à capacidade para
analisar um problema concreto a criar a
abstração adequada para modelar compu-
tacionalmente o problema. Por exemplo, se
o problema for o transporte numa cidade,
a abstração adequada para a rede viária será
provavelmente um grafo, com um nó para
cada cruzamento e um ramo para cada rua,
estrada ou avenida. Se o problema for a hie-
rarquia numa empresa, a abstração ade-
quada será provavelmente uma árvore, que
reflita as relações hierárquicas.
A decomposição refere-se à capacidade de
decompor um problema num conjunto de
componentes modulares, que possam ser
endereçados e tratados de forma indepen-
Ensino Superior:
inovação e transformação digital
A
revolução digital levanta legítimas gostamos, mantemo-nos sempre no mesmo
dúvidas sobre se o Ensino Superior universo, sem noção do resto do Mundo. A
vai continuar a existir e, continuando informação falsa, muito abundante, também
a existir, se vai ter um formato parecido com se torna cada vez mais difícil de destrinçar.
o atual, pois a mudança que está perante nós As universidades ganham uma função nova:
parece requerer algo de bem mais profundo ajudar a navegar num mar de informação,
do que uma mera adaptação dos conteúdos muita dela falsa, abrindo horizontes que de
João Gabriel Silva dos cursos. Nos últimos trinta anos houve outra forma ficam fechados.
Engenheiro uma enorme transformação qualitativa no A relação pessoal entre o professor e os
Reitor da Universidade de Coimbra acesso à informação. Dantes havia pessoas seus estudantes, entre os vários estudantes,
que se moviam de universidade em univer- vai continuar a ser fundamental, o ensino à
sidade só para consultar as respetivas biblio- distância não vai conseguir substituí-la, mas
tecas, onde estava o conhecimento. Atual- tal não quer dizer que não seja alterada a
mente, com dois ou três clicks, temos à nossa maneira como lecionamos. Não é crível que
disposição quase todo o conhecimento do as aulas decorram da mesma maneira que
Mundo. Antes, a função dos professores era decorriam quando o acesso à informação
essencialmente a de transmitir conhecimento, era muito limitado. Agora temos a função
mas agora os estudantes têm toda a infor- de ajudar o estudante a navegar na ava-
mação disponível na internet. Será que ainda lanche de informação que o rodeia. A in-
faz sentido ter aulas? A relação professor/ formação que é tratada numa disciplina está
aluno está a transformar-se e parece óbvio amplamente disponível, facto que temos de
que o Ensino Superior só pode ser profun- saber aproveitar. Em vez de “cobrir matéria”
damente afetado. Como? o papel do Professor passa a ser o de acom-
Um estudante, em vez de assistir às aulas de panhar o estudante no percurso de com-
um professor mediano, pode ligar-se à net preensão do Mundo. Para um tópico ou
e seguir um curso de uma universidade de outro até devemos aproveitar as aulas dos
referência, com o melhor professor do Mundo. tais professores de referência, mas depois
Podemos imaginar com facilidade um mo- devemos comentá-las, discuti-las, apro-
vimento de consolidação, como acontece fundá-las, nesse diálogo físico, humano,
em tantos outros setores, resultando num direto, construidor, entre o professor e o
número muito pequeno de marcas univer- estudante.
sitárias. Países periféricos, como Portugal, A sociedade também pede às universidades
teriam poucas chances nesse cenário. algo essencial que é a certificação dos co-
Penso que isto não vai acontecer por um nhecimentos dos estudantes, dos patamares
conjunto de razões. A principal é que as que cada um atingiu. A internet é fantástica,
universidades são mais do que um local de mas também vem tornar muito mais fácil o
aprendizagem, são antes de mais um local plágio, a cópia, o disfarce, a troca de per-
de socialização. Os estudantes vão às uni- sonalidade, e a sociedade precisa de insti-
versidades para aprender mas também para tuições em que possa confiar.
se encontrar. Os anos passados no Ensino As universidades vão transformar-se, vão ter
Superior continuam a ser uma fase decisiva que se adaptar e ainda o fizeram pouco,
na formação das pessoas. A rede de ami- mas vão continuar a ter um papel central
zades que se forma nesses anos é a que na sociedade. O que vemos é que a socie-
mais perdura ao longo da vida, quase a dade atribui às universidades uma missão
construção da vida que vem. Isso não é cada vez mais lata e não uma missão mais
substituível por ensino à distância. estreita, pois elas são das instituições mais
Por outro lado, a abundância de informação capazes de acompanhar a crescente com-
também tem aspetos negativos. Ao po- plexidade do nosso Mundo e responder aos
dermos procurar só a informação de que seus desafios.
A
missão da Universidade inclui a edu- os universitários tenham competências de e aprender a adquirir as competências e o
cação, investigação e inovação nas comunicação que lhes permitam identificar poder necessário para mudar as situações.
muitas áreas de saberes uni-disci- os problemas, e resolvê-los, através da ati- Um professor excelente é claramente um
plinares em que atua, mas não se esgota vidade complementar de muitas pessoas património para a Universidade e um pro-
nesses saberes compartimentados e espe- com que necessitam de interagir. fessor difícil pode também ser um desafio
cializados uma vez que deve impactar a Aqueles que evoluem para posições de li- que permita aprender a ultrapassar pro-
economia e a sociedade para as melhorar. derança nas organizações têm de desen- blemas. É possível aprender muito com
Muitas vezes associada às descobertas filo- volver capacidades de gestão e negociação, ambos, mas conhecimentos e experiências
sóficas, científicas e tecnológicas que ori- onde a diplomacia e a política têm sempre de natureza diferentes. Tal como no mundo
ginam evoluções significativas de produtos, um papel relevante. empresarial e na sociedade, há parceiros
serviços, processos e organizações, a Uni- Tudo isto é possível ser aprendido e também excelentes e há parceiros difíceis, mas todos
versidade é assim um agente de mudança aí a Universidade oferece aos que o desejam, podem ser relevantes ou necessários para
das culturas e das mentalidades, devendo ou para isso são motivados, um contexto um projeto ter sucesso.
contribuir para a evolução harmoniosa da onde podem aprender, nomeadamente Para um desenvolvimento harmonioso das
sociedade no respeito pelos valores funda- através de envolvimento nos núcleos, grupos regiões e cidades do futuro, a atividade da
mentais da humanidade, individuais e cole- Universidade, isto é, dos estudantes, téc-
tivos. nicos, investigadores, empreendedores e
A Universidade é também um ambiente so- professores, deverá pautar-se pela multidis-
cial de intensa interação física, e cada vez ciplinaridade dos conhecimentos, contri-
mais também virtual, entre professores, em- buindo para a criação de saberes e expe-
preendedores, investigadores, técnicos e es- riências com base em sólidas perspetivas
tudantes. Esta interação origina laços de co- intelectuais e também éticas.
laboração de muitos níveis e graus que fre-
quentemente perduram para além do período
de ensino-aprendizagem no campus físico.
A educação superior em Engenharia nas
universidades tem de ser multifacetada e
preparar bem sob muitos pontos de vista.
Tem de oferecer uma sólida fundação ma-
temática, científica e técnica nas diversas
especialidades, tem de desenvolver métodos
de trabalho que assegurem a responsabili-
dade social e profissional, tem de promover
a criatividade e a autonomia para a evolução
dos saberes e ainda promover competên-
cias suficientes em todas as restantes áreas
do saber, desde as artes às humanidades,
O exercício da Engenharia
O
exercício da Engenharia é, natu- sume-se também por si, quando exercido,
ralmente, a aplicação dos Atos de como um ato de intervenção na sociedade,
Engenharia a um bem comum ou direta ou indiretamente, dependendo do seu
a desígnios mais alargados, praticados por universo ou dimensão. Cabe ao Estado en-
engenheiros. quanto decisor público e à OE enquanto
Fernando de Almeida Santos Dentro da prática de Engenharia podem ser detentora de reconhecimento do Estado
Vice-presidente Nacional diferenciadas competências a engenheiros para o efeito definir quais os Atos de Enge-
da Ordem dos Engenheiros na prática dos mesmos. Daí o conceito de nharia que devem ser objeto de regulação.
hierarquização de competências. Esta hie- Um tema atual e em foco na OE, que inclu-
rarquização pode dar-se em função da for- sivamente deu o mote ao tema central do
mação de base, onde a habilitação acadé- Congresso Nacional, é a “Engenharia e a
mica diferenciada da qualificação profissional Transformação Digital”, pois interpõe uma
tem um papel primordial no arranque da intervenção transversal na sociedade. Desde
profissão de Engenheiro; em função da ex- as engenharias clássicas às novas tecnolo-
periência adquirida por prática corrente e de gias de ponta, a transformação digital veio
experiência reconhecida pelo exercício de para ficar e, sendo já uma circunstância ob-
atos próprios específicos de Engenharia; em jetiva do presente, será ainda mais proemi-
função da formação contínua em Engenharia; nente no futuro. Imagináveis exemplos de
e também em função de outras capacidades, transformação digital aplicados ao nosso dia
nomeadamente de atitude, disciplinar, ética, a dia são as estradas digitais, sensações mo-
deontologia, gestão, coordenação e lide- toras imateriais ou até, quiçá, as conversas
rança, sendo a partir daí possível diferenciar telepáticas. Todas estas ações do futuro têm
patamares de competências a engenheiros. muito de Engenharia e o seu interface com
A Ordem dos Engenheiros (OE) está a de- as populações. Por tal põe-se a questão: a
senvolver um processo inovador, ligado às bem das mesmas não será de salvaguardá-
novas tecnologias, para a consolidação da -las, defendendo que para o exercício de
hierarquização de competências baseadas Engenharia aplicado às novas tecnologias e
em Atos de Engenharia. Este processo, já à transformação digital, não deverão ser estes
conceptualizado e em fase de aplicação ex- suportados em Atos de Engenharia bem iden-
perimental, visa criar um histórico que per- tificados e que advêm de formações de base
mita o acompanhamento do desenvolvimento em Engenharia? Sendo a OE um “braço de
curricular do Engenheiro ao longo da vida Estado” e bastião da profissão de Engenheiro,
profissional. Esse reconhecimento faz-se principalmente naquilo que é o reconheci-
consolidando a competência através de cré- mento do exercício profissional, em muitas
ditos ou reconhecimentos parcelares de intervenções assegurado pela regulação do
atuação profissional, permitindo em qualquer Estado, impõe-se também nos meios tec-
momento que seja evidenciado o Curriculum nológicos que esta dicotomia Estado-Ordem
Vitae do Engenheiro, de forma certificada, o carimbe de forma conjunta um trabalho de
que pressupõe à sociedade e aos mercados grande envergadura no sentido de, em prol
um grande contributo de confiança pública da dita sociedade, ser indexada a responsa-
e transparência. Pode-se aferir que se está bilidade profissional de Atos de Engenharia
perante um elemento de inovação suportada em crescendo na transformação digital e que
em tenologia para tratamento digital de dados cada vez mais coincidem, como “engenharia
de engenheiros, onde todos os procedi- de vanguarda”, com as necessidades popu-
mentos passam a ser tratados de forma ima- lacionais e sociais.
terial, assumindo-se neste caso a OE como A OE também se manterá na dianteira destes
se de uma “start-up” tecnológica se tratasse, propósitos, dentro do seu contexto, atribui-
naquilo que é a consolidação da identidade ções delegadas e papel conferido, para que
profissional do Engenheiro. Assumido este cada vez mais se identifique e promova uma
desígnio de acompanhamento profissional resposta qualificada aos desafios que uma
do Engenheiro, cada Ato de Engenharia as- sociedade moderna requer.
A intervenção da Ordem
dos Engenheiros nos âmbitos
da admissão e da qualificação
procedimentos, das dificuldades enfrentadas › Avaliação do CV para efeito de dispensa
e das soluções encontradas. de estágio;
Sumarizam-se, em seguida, os pontos que › Consulta ao CNC da Especialidade;
suscitaram maior atenção, em razão dos › Decisões pelo CAQ ou pelo seu Presi-
problemas associados à transição para o dente, ao abrigo de delegação de com-
novo quadro normativo. petências.
Carlos Almeida Loureiro
Vice-presidente Nacional
da Ordem dos Engenheiros 1. Processos de admissão Neste âmbito, e perante dificuldades sur-
Procedimentos: gidas, tiveram de ser encontradas as solu-
› Atualização continuada da Tabela de Cor- ções seguintes:
respondência Curso/Especialidade para › Habilitação de base para o exercício da
cursos pós-Acordo de Bolonha; profissão de Engenheiro: foi inserida, na
› Atualização continuada da “jurisprudência” tabela de Correspondência Curso/Espe-
resultante das sucessivas avaliações de cialidade, e relativamente às candidaturas
adequação dos cursos de Engenharia; fundamentadas na aquisição do grau de
› Avaliação do CV para efeito de dispensa mestre numa especialidade do domínio
de estágio; da Engenharia em cursos de 2.º ciclo, a
› Recurso a júris constituídos por elementos exigência de que o curso de 1.º ciclo as-
mandatados pelo CCC e pelo CAQ; segure a habilitação de base para o exer-
› Decisões pelo CAQ ou pelo seu Presi- cício da profissão;
A
entrada em vigor dos normativos dente, ao abrigo de delegação de com- › Excecionalidade de que se deverá revestir
legais e regulamentares incidentes petências. a transição com base na experiência pro-
sobre os processos de admissão, na fissional: foi aprovado pelo CAQ um cri-
Ordem dos Engenheiros, foi concretizada A principal dificuldade surgida quanto aos tério de avaliação exigente, baseado nos
em duas etapas: processos de admissão está associada ao procedimentos em prática no Engineering
› A partir da data em que se perfizeram 180 facto de a impossibilidade prática de criação Council.
dias sobre o início de vigência do atual de novas Especialidades induzir a necessi-
Estatuto da Ordem, no início de julho de dade de admissão de novos Membros que
2016, passou a imperar o princípio da do- apenas estão habilitados para o exercício Quadro 1 Volume de processos
minância das normas estatutárias sobre parcial dos Atos de Engenharia que consti-
2017 2016
as dos regulamentos ainda não revistos, tuem o âmbito de atividade do Colégio em
Admissões 2.099 2.453
sempre que ocorresse divergência; que se integram. Membros Efetivos 1.085 1.062
› A partir de 1 de maio de 2017, primeiro Assim, e nos casos em que se torna neces- Membros Estagiários 1.014 1.391
dia do mês seguinte à publicação do novo sária a limitação de competências, procede- Novos Membros N2 1.692 1.786
Regulamento de Admissão e Qualificação, -se à especificação precisa dos atos aces- Novos Membros N1 407 667
Transições
passou a ocorrer a aplicação plena do síveis ao novo Membro, com base na lista por via académica
49 41
atual regime. dos Atos de Engenharia publicada no Diário Transições
0 0
da República. por via profissional
Membros Seniores 505 690
Aproveitando a realização da sessão profis-
Membros Conselheiros 7 7
sional do XXI Congresso da Ordem dos En- 2. Transição de nível Novos Especialistas 31 55
genheiros, optei por incluir na minha inter- de qualificação
venção um relato analítico da implemen- Procedimentos:
tação já decorrida, com inclusão, relativa- › Atualização continuada da “jurisprudência” Explicitam-se no Quadro 1 indicadores de
mente a cada tipologia de processo, dos resultante das sucessivas avaliações de expressão da evolução dos números de pro-
requisitos estabelecidos, de uma súmula dos adequação dos cursos de Engenharia; cessos tramitados no período em análise.
A dimensão
nacional e internacional
da Ordem dos Engenheiros
importante Congresso dos últimos anos, por portugueses hoje se defrontam, não pou-
ter sido dedicado a uma nova mudança his- pando as palavras em relação aos casos que
tórica que, uma vez mais, se iniciou e será apenas poderão ter solução política, uma
feita com a intervenção da Engenharia e dos vez que o insistente trabalho que temos de-
engenheiros. senvolvido não basta para garantir as res-
Carlos Mineiro Aires
Contámos com a disponibilidade e imediata postas que ainda não obtivemos.
Bastonário adesão de oradores de referência, nacionais Também é certo que, desta vez, os enge-
da Ordem dos Engenheiros e internacionais, que asseguraram interven- nheiros podem estar de parabéns, pois, sob
ções da maior qualidade, a que acresceu a o ponto de vista político, o Congresso foi
presença de inúmeras delegações interna- seguido com a maior proximidade e atenção,
cionais, entre as quais nos permitimos des- o que nos criou elevadas expectativas em
tacar as da esfera da Lusofonia, com a dis- relação ao que o Governo espera de nós e
tinta assistência dos Bastonários das Ordens à forma como olha para o papel imprescin-
de Angola, Moçambique e de Cabo Verde, dível dos engenheiros.
o que globalmente deu uma imagem do Desde logo, a mensagem que S. Ex.ª o Pre-
que é hoje a dimensão internacional da OE. sidente da República nos enviou, dado que
Como conclusão unânime resultou a con- apenas inalteráveis razões de Estado o im-
vicção da importância que a inovação e as pediram de garantir a sua presença física na
tecnologias têm para a nossa economia, cerimónia de abertura, ficará na nossa me-
N
os dias 23 e 24 de novembro de 2017, uma vez que poderão aumentar a compe- mória pelo esclarecido entendimento que
em Coimbra, teve lugar o XXI Con- titividade, beneficiar a imagem externa do tem em relação ao papel dos engenheiros
gresso da Ordem dos Engenheiros País e elevar a autoestima coletiva, criando no passado, no presente e no futuro do País.
(OE), iniciativa que marcou a modernidade riqueza e contribuindo significativamente Reconhecidos, assinalamos a massiva e di-
da nossa Ordem, hoje apontada para um para as exportações de bens transacionáveis versificada presença de membros do Go-
novo rumo que o século XXI nos exige. e para a inversão do grave problema estru- verno ao longo de todo o Congresso e, so-
O tema escolhido, Engenharia e Transfor- tural de desequilíbrio da nossa balança de bretudo, nos momentos de maior relevo,
mação Digital, hoje incontornável, foi uma pagamentos. sendo de salientar a presença na cerimónia
aposta da maior oportunidade e que não Vivemos uma (r)evolução que originou a de encerramento de S. Ex.ª o Primeiro-mi-
poderia deixar de merecer a atenção desta mudança de muitos paradigmas na Enge- nistro, bem como a importância e dimensão
prestigiada Associação Profissional. nharia, pois a forma de ensinar e aprender, da sua intervenção.
Durante dois dias, em três sessões plenárias a maneira de pensar e imaginar soluções, Por outro lado, a excelente conferência
e 12 sessões técnicas paralelas, que con- as alterações das formas tradicionais de inaugural proferida pelo Comissário Europeu
taram com cerca de 100 oradores, 11 coor- conceber, projetar, criar ou construir, gerir da Investigação, Ciência e Inovação, Eng.
denadores e 17 relatores, cerca de 700 con- e manter, etc., passaram a fazer parte de Carlos Moedas, sobre “Transformação Di-
gressistas acompanharam um programa que novas realidades, que obrigam a uma nova gital: oportunidades e desafios no panorama
procurámos que fosse curto, mas abran- postura dos engenheiros, mesmo nas ativi- europeu”, foi da maior oportunidade para
gente. dades mais resistentes à mudança. abertura do evento e aportou-lhe uma maior
Este Congresso foi, antes de mais, um sinal Assim, embora cientes da imprevisibilidade dimensão, sobretudo no contexto das opor-
e a resposta de que a OE, dentro da sua obri- do amanhã e da efemeridade das certezas tunidades e dos desafios pós 2020.
gação de servir o País, está atenta à mudança de hoje, permitam-me concluir que este Assim, uma vez mais, resultou a constatação
dos paradigmas, à evolução das tecnologias, Congresso atingiu os nossos objetivos e ex- recorrente: os engenheiros, a todos os ní-
aos desafios da educação e da qualificação, pectativas e, dentro do que pretendíamos, veis e na exata medida do trabalho que cada
às necessidades de Portugal e ao papel dos foi um sucesso. um desenvolve, exercem uma profissão que
engenheiros do futuro. Na intervenção final abordámos a maior é, cada vez mais, crucial para um futuro
Assim, este terá sido provavelmente o mais parte das questões com que os engenheiros melhor.
Engenharia europeia
e transformação digital
lógico protagonizado pela Engenharia eu- novo fenómeno tecnológico (a digitalização)
ropeia (ver Quadro 1). e não num novo tipo de energia. Esta digi-
A partir de meados do século XVIII assistiu- talização permite-nos criar um “admirável
-se ao progressivo deslocamento da me- mundo novo virtual” a partir do qual podemos
canização da agricultura para a indústria, dirigir e controlar o mundo físico real, com
com a utilização de uma nova forma de o desenvolvimento de novas ferramentas de
José Manuel Pereira Vieira
Professor Catedrático
energia (água e vapor de água), a que se produção, entreabrindo cenários com infi-
da Universidade do Minho convencionou denominar 1.ª Revolução In- nitas possibilidades para o futuro da Indústria
Engenheiro Conselheiro dustrial. A extração em massa de carvão 4.0, na encruzilhada de um sistema global
da Ordem dos Engenheiros
juntamente com a invenção da máquina a interconectado através de tecnologias como
Presidente da FEANI
vapor impulsionou todos os processos in- Cloud, Big Data Analytics e a Internet Indus-
dustriais e, graças ao caminho-de-ferro e à trial das Coisas.
aceleração das trocas económicas, humanas A digitalização global confere, também, um
e materiais, foram sendo construídas as fá- caráter de democratização tecnológica da
A
história da humanidade está intima- bricas e cidades, como hoje as conhecemos. sociedade, originando mudanças radicais na
mente relacionada com a evolução Nos finais do século XIX novas formas de vida social, transformando a civilização mo-
do conhecimento que, principal- energia (eletricidade, gás e petróleo) deter- derna num nível mais individual. Computa-
mente a partir do final da Idade Média e minaram a 2.ª Revolução Industrial, com de- dores pessoais, dispositivos de comunicação
início do Renascimento, registou na Europa senvolvimentos tecnológicos em várias áreas móvel, robôs e cyborgs são alguns exemplos
progressos formidáveis em várias áreas das industriais, como o motor de combustão, a do futuro do passado recente. Por outro lado,
Ciências Exatas e da Natureza. Os avanços siderurgia do aço e a síntese química. Os o aquecimento global e suas consequências
na Matemática, na Física, na Astronomia e meios de comunicação verificaram também são questões críticas que atualmente ameaçam
nas Ciência da Natureza, que muito bene- avanços formidáveis, com a invenção do te- a humanidade. A inovação em energias limpas
ficiaram da primeira globalização protago- légrafo e do telefone, assim como os meios e eficientes, água e segurança alimentar, ci-
nizada pelos Descobrimentos Portugueses, de transporte, com o automóvel. dades inteligentes e verdes, nanomateriais,
deram origem a desenvolvimentos tecno- Quase um século depois, na segunda me- etc., assumem importância crescente na so-
lógicos que resultaram em impactos pro- tade do século XX, uma 3.ª Revolução In- ciedade do século XXI. Com a digitalização
fundos na economia e na sociedade, alte- dustrial surgiu com um novo tipo de energia: global surgirão, certamente, alterações no
rando progressivamente as sociedades rurais a energia nuclear. Esta revolução testemu- mercado de emprego, com ameaças di-
em sociedades cada vez mais urbanas. As nhou o aumento da importância da eletró- versas para os regimes de proteção social
inovações tecnológicas associadas a novos nica (com o transístor e o microprocessador) europeus de elevados padrões de qualidade
recursos determinaram profundas transfor- e o avanço avassalador das telecomunica- (welfare state), podendo referir-se as se-
mações nas relações económico-sociais e ções e dos computadores. guintes: demografia; aumento da esperança
no aperfeiçoamento da indústria que, por Presentemente, no início do terceiro milénio, de vida; emergência de novos tipos de em-
se verificarem em específicos períodos de assistimos a uma nova e empolgante revo- pregos não-contribuintes para sistemas pú-
tempo, se convencionou dar o nome de lução, a denominada Indústria 4.0, cuja gé- blicos clássicos de Segurança Social.
“revoluções industriais”. Estas “revoluções” nese se relaciona com o surgimento da In- Quando abordamos essas ameaças, avanços
foram acompanhadas pela estruturação e ternet. Pela primeira vez assistimos a uma e desafios, percebemos o envolvimento
desenvolvimento do conhecimento tecno- revolução industrial que se fundamenta num omnipresente da Engenharia e dos enge-
nheiros e a sua importância para a manu-
tenção de elevados padrões de segurança
Quadro 1 Revoluções industriais. Contexto
e bem-estar social. Por isso, é fundamental
Revolução Período que a educação, em particular a educação
Drivers Processos de Produção
Industrial Temporal
1.ª 1750 - 1850 Energia: água e vapor Mecanização em Engenharia na Europa, acompanhe o
Energia: eletricidade, ritmo avassalador da evolução tecnológica
2.ª 1850 - 1970 Produção em massa
gás, petróleo e sejam adotados novos paradigmas de
3.ª 1970 - Hoje Energia: nuclear Produção automática
aprendizagem, combinando a formação
Transformação integral dos
Digitalização: novo fenómeno tradicional com as ilimitadas oportunidades
4.ª Hoje - ... sistemas de produção, de gestão
tecnológico. Internet
e de governança proporcionadas pela digitalização.
A
história da ENAEE [Rede Europeia para construir uma “sociedade do conhecimento”, Engenharia e de engenheiros profissionais.
a Acreditação do Ensino de Enge- com uma ênfase mais forte no impacto do Primeiro, ao fornecer um enquadramento
nharia], fundada a 8 de fevereiro de ensino superior e da investigação na eco- que é internacionalmente reconhecido e,
2006, e do sistema EUR-ACE®, ilustra as pro- nomia e na sociedade. em seguida, ao melhorar o entendimento
fundas mudanças que ocorreram no ensino A ENAEE é uma organização inclusiva que da educação dos engenheiros europeus
superior europeu no início do século XXI. está aberta a representantes de todos os pelos empregadores e universidades do
O EUR-ACE® está na confluência de dois setores da profissão de engenharia e, con- Mundo. A ENAEE e a IEA (International En-
sequentemente, as Normas e Diretrizes do gineering Alliance, que compreende o Acordo
Enquadramento EUR-ACE® (EAFSG) têm um de Washington) publicaram em 2015 um
amplo apoio. As EAFSG são académicas e documento conjunto sobre as melhoras
pré-profissionais: especificam os resultados práticas, novas e atualizadas, na acreditação
do programa (conhecimentos, aptidões e de programas de cursos universitários em
competências) necessários para os formados Engenharia. O documento “Best Practice in
em Engenharia acederem à profissão de Engineering Programme Accreditation” [“Me-
Engenharia, estando ao mesmo tempo em lhores Práticas na Acreditação do Programa
conformidade com as normas de garantia de Engenharia”] é significativo, uma vez que
da qualidade académicas do Espaço Eu- representa um acordo e entendimento
ropeu de Ensino Superior. comum de acreditação da Engenharia por
Quando comparadas com as expectativas países e agências de todo o Mundo.
dos seus fundadores, as realizações atuais Por outro lado, embora os jovens enge-
da ENAEE podem ser consideradas um su- nheiros sejam frequentemente móveis e
cesso, se considerando, em primeiro lugar, muitos encontrem os seus primeiros em-
o número de agências membro (14 em 2017) pregos fora dos seus países de origem, con-
e de rótulos EUR-ACE atribuídos (perto de tinuam a existir obstáculos decorrentes da
3.000), mas também o reconhecimento dificuldade em ter as suas qualificações re-
global das Normas e Diretrizes EUR-ACE conhecidas pelas empresas ou pelas auto-
como quadro de referência para a qualidade ridades locais. Para ajudar a resolver estas
do ensino de Engenharia. As EAFSG de- dificuldades, a ENAEE publica um certificado
monstraram a sua adaptabilidade à diversi- oficial que descreve as características prin-
dade de contextos nacionais, preservando cipais do sistema EUR-ACE®. O certificado
ao mesmo tempo o seu alto nível de requi- destina-se principalmente a autoridades de
sitos. O sistema EUR-ACE chama a atenção imigração nacionais, mas pode ser usado
muito para além do Espaço Europeu de En- por todos os diplomados de um programa
sino Superior como um modelo para países universitário em Engenharia acreditado com
que desejam adaptar o seu ensino de En- o rótulo EUR-ACE®, para demonstrar mun-
genharia aos padrões internacionais. dialmente a relevância do seu curso univer-
“Engenheiro” é ao mesmo tempo um título sitário para a profissão de Engenharia.
H
oje 50% da população mundial vive cidade, na medida em que este processo
em espaços urbanos, sendo que assenta, em grande medida, numa visão de
esta tendência de urbanização global cidade inteligente como plataforma que,
se tende a agravar – estimando-se um cres- recorrendo aos mais recentes desenvolvi-
cimento populacional de 7 para 9 mil mi- mentos tecnológicos, procura responder às
lhões até 2050, os quais representarão 75% necessidades dos seus habitantes de forma
da população global. Assim, apesar das ci- sustentável e efetiva, garantindo o desen-
dades ocuparem hoje apenas 2% da super- volvimento e a coesão social ao mesmo escrutínio das suas opções e ações. Po-
fície terrestre e serem responsáveis pela tempo que promove uma utilização mais demos qualificar a inteligência coletiva como:
produção de 80% do PIB global, consomem eficiente dos recursos e responde aos de- a. Ativa: existe atualmente uma série de ins-
75% dos recursos naturais, produzem 50% safios das alterações climáticas. trumentos e ferramentas que permite aos
do lixo global e emitem 60% a 80% dos Paralelamente, o potencial que as tecnolo- cidadãos participar ativamente através da
Gases com Efeitos de Estufa (UNEP, 2017). gias oferecem hoje, nomeadamente de cap- contribuição com dados, como por exemplo
Esta realidade coloca uma enorme pressão turarmos gigantescas quantidades de dados, nos orçamentos participativos, na utili-
na governação das cidades, quer com o ob- lança o desafio de serem criadas as capa- zação de ferramentas de registo de ocor-
jetivo de gerir serviços e infraestruturas de cidades e competências analíticas para pro- rências, na recolha de dados, etc.;
forma a garantir a adoção de processos mais mover a sua conversão em informação e, b. Passiva: capacidade de monitorização
eficientes na utilização dos recursos, quer assim, passarem a ter valor para os processos sem necessidade de qualquer ação por
também para melhorar a mobilidade, a se- de tomada de decisão, para a criação de parte do cidadão, verdadeiro processo de
gurança, o ambiente e qualidade de vida de novos produtos e serviços e para uma ci- radiologia urbana e que permite, por
quem nelas habita, trabalha ou visita. Desta dadania mais ativa e participada. exemplo, utilizar metadados das comu-
forma, a proliferação de iniciativas de “Ci- Efetivamente, as cidades hoje são espaços nicações móveis, de transações bancárias
dades Inteligentes” em todo o Mundo é parte onde são geradas e geridas enormes quan- e/ou utilização de cartão de crédito, car-
da resposta estratégica para os desafios e tidades de dados, de múltiplas origens e tões de fidelização, etc., para entender
oportunidades da crescente urbanização e formatos, que podem ser agrupados da se- melhor os problemas sociais e o com-
da emergência das cidades como espaço guinte forma no que denomino de blocos portamento do cidadão.
de desenvolvimento social e económico. de construção da analítica urbana:
Existindo inúmeras definições do que se 1. Dados Abertos: dados, públicos ou pri- Assim, a transformação digital com o foco
entende por cidade inteligente, apresen- vados, que podem ser usados, modificados na gestão da informação é hoje uma alavanca
tamos a proposta da ISSO (2014) que a de- e partilhados por qualquer um com qual- da mudança dos modelos de planeamento
fine como uma cidade que: quer propósito e que permitem às cidades e gestão das cidades, na convicção de que
› Aumenta drasticamente o ritmo a que ambicionar alcançar quatro objetivos chave: se gere melhor uma cidade que se conhece
cresce a sua sustentabilidade e resiliência; maior participação; mais transparência; me- melhor, sendo uma matéria transversal a
› Melhorando fundamentalmente a forma lhoria dos serviços e ganhos de eficiência; todos os domínios estratégicos da cidade, da
(i) como envolve a sociedade, (ii) como e desenvolvimento económico. economia à inclusão social, do ambiente à
utiliza métodos de liderança colaborativa, 2. Inteligência Coletiva: tem hoje um papel regeneração urbana, da gestão e prevenção
(iii) como trabalha transversalmente áreas fundamental na governação das cidades de riscos à integração urbano-rural.
A
história está recheada de grandes
empresas que parecem ter-se en-
tregue a áreas fora do seu negócio
central (core business).
Um exemplo é como um certo fabricante
de telecomunicações móveis do norte da
Europa e um fabricante de pneus – com
um nome curiosamente parecido – já eram
partes da mesma corporação. Existem poucos
produtos mais díspares que os telemóveis
e pneus. No entanto, uma das empresas que
formaram parte da mesma empresa que Os utilizadores das autoestradas procuram sobre a entrega de informações ao indivíduo
produzia cabos – e o fabrico de pneus e um ambiente confortável e seguro para – não poderia existir.
cabos exige a mesma experiência neces- viajar, com acessos e envolvente bem con- Com o MaaS muito irá mudar. Por exemplo,
sária para combinar borracha e metal. O elo servados e vegetação cuidada, sinalização compartilhar um carro onde nenhum dos
de ligação era as telecomunicações. clara e pavimentos bem conservados e de ocupantes é o seu proprietário será uma
Por outras palavras, havia sinergias que, uma qualidade. Querem áreas de serviço limpas realidade.
vez explicadas, fazem sentido. E são algumas para pausas. Em suma, querem – e exigem Nas últimas décadas vimos um número
das sinergias no setor de Transporte Inteli- – níveis superiores de atendimento ao cliente crescente de cobranças de mobilidade que
gente (ITS) – os fornecedores e concessões e cuidados a partir da opção paga. visam a gestão de congestionamento e o
de portagem estão numa posição privilegiada Os desenvolvimentos técnicos assumem a controlo de acessos, mais do que a geração
para ajudar a tornar MaaS numa realidade. forma de uma maior aplicação de tecnolo- de receita, como é o caso do Positive Tolling
gias rodoviárias que visam melhorar ainda em Roterdão, das High-occupancy Lanes
A mudança digital mais os níveis de serviço e destacar a dife- nos EUA, ou do Congestion Charging em
renciação tão importante. Vimos muitas Londres. As mesmas tecnologias aí utilizadas
A revolução digital está agora bem encami- concessões ser entusiasmadas – muitas nestas aplicações também podem ser usadas
nhada e é fácil assumir que apenas elimi- vezes, as primeiras – a adotarem tecnolo- para car pooling ou partilha de viaturas e,
nando os antigos jogadores podemos fazer gias de ITS. assim, acelerar a aceitação da MaaS.
os grandes avanços necessários para tornar Mas existem mais aspetos comuns com a Voltamos às sinergias entre portagem e ITS,
a mobilidade mais segura e sustentável. cobrança. Os operadores de portagem pre- e como estas se transformam em MaaS, e o
Contudo, há um forte argumento a favor cisam saber – com alto grau de precisão e que na aparência não tinha ligação se torna
dos operadores de infraestruturas de trans- em ambientes de livre circulação – os perfis evidente.
N
os últimos trinta anos alterámos o culos: em casa, em postos espalhados pelas Mas a principal dificuldade é, na verdade, a
modo como comunicamos, viajamos cidades, em áreas de serviço, em parques multiplicidade de cenários de procura que
e vivemos, de uma forma que difi- de estacionamento e até nos candeeiros de é possível imaginar, tendo em conta as ten-
cilmente poderíamos antever. iluminação pública. dências apresentadas. Com uma mobilidade
A descarbonização da economia com as rodoviária autónoma e conectada teremos
metas de redução de CO2 acordadas inter- mais ou menos veículos nas nossas estradas?
nacionalmente, a inovação dos materiais e Teremos mais ou menos congestionamento?
dos processos construtivos, por via da na- Não é clara a resposta.
notecnologia ou da robótica, e os resíduos É aceite que a mobilidade plenamente au-
reutilizados como matéria-prima, são al- tónoma será muito segura e eficiente. Mas
gumas das tendências que permitirão um como será a altura da transição – quando
sistema com menos desperdício. tivermos carros autónomos e condutores
Outra tendência que moldará o futuro é a em simultâneo, quando tivermos carros co-
automação. Não é uma tendência nova. Há nectados e carros não conectados?
muito que as máquinas têm vindo a subs- Precisaremos – já hoje precisamos – de
tituir os homens no desempenho de algumas novos perfis e competências na área dos re-
funções. A diferença é que agora juntamos E, à semelhança do que já hoje acontece cursos humanos. Assumirão ainda maior re-
a inteligência artificial à força e à precisão, com alguns telemóveis, será até possível o levância a engenharia informática, a análise
permitindo um novo alcance. carregamento elétrico por indução, sem fios. de dados, a engenharia mecânica, a com-
Teremos veículos e objetos autónomos, A sensorização das estradas, das linhas de putação, a engenharia das telecomunicações,
com capacidade de operarem sozinhos, caminho-de-ferro, das estações, das pontes a economia comportamental, a análise de
sem intervenção humana, o que gerará al- e dos viadutos permitirá medir e monitorizar tendências, entre outras, incluindo profissões
terações profundas não apenas ao nível da tudo em tempo real, desde as condições e especializações que ainda não existem.
mobilidade mas também no sistema eco- climatéricas, ao estado de conservação, à A digitalização e a conectividade trazem
nómico e laboral. existência de obstáculos na via, ou o estado novos ciberdesafios que colocam questões
E tudo estará ligado, conectado e em rede, do tráfego. As infraestruturas terão de ser de segurança muito relevantes. Todos os
com a capacidade de comunicar entre si, capazes de comunicar com os veículos, de sistemas de suporte às infraestruturas terão
de partilhar informação. forma a fornecerem informação relevante de ser redundantes, vigilantes e ter medidas
Uma das áreas que mais tem evoluído nos em tempo real. de backup em caso de ciberataque.
últimos anos é a área de machine learning, Mas não será apenas pelas novas exigências A Infraestruturas de Portugal, como gestora
que confere capacidade aos sistemas para da mobilidade que as infraestruturas se al- das infraestruturas rodoferroviárias, tem vindo
correrem algoritmos cada vez mais sofisti- terarão. Terão também inovação endógena, a desenvolver a sua atividade de modo a
cados, para reconhecerem padrões e pro- promovendo novas utilizações para além acompanhar estas tendências e a incorporar
cessarem informação relevante, tornando da tradicional de transporte. a inovação no seu dia-a-dia e no seu pla-
a mobilidade tendencialmente mais segura. É fácil imaginar que os milhares de km2 que neamento, contribuindo para a melhoria do
A revolução a que hoje assistimos centra- as nossas infraestruturas representam possam processo de conceção a longo prazo das
-se principalmente no transporte rodoviário, ser utilizados para geração de energia – infraestruturas de transporte do País, não
que se tornará mais ecológico, autónomo solar, eólica, ou até a própria energia de perdendo de vista o objetivo de ter uma mo-
e automático, funcionando num sistema circulação. bilidade mais eficiente, sustentável e segura,
mais integrado, com maior comunicação A profusão da rede móvel ou a utilização promotora do bem-estar em Portugal.
Construção 4.0:
desafios da digitalização
na gestão de empreendimentos
Contudo, muitas outras mudanças consubs- transformação digital e Indústria 4.0 e, con-
tanciam esta revolução, como o surgimento sequentemente, na capacidade de renovação
e afirmação do Big Data, Internet of Things, e competitividade da indústria no mercado
realidade virtual e realidade aumentada, im- global digital.
pressão 3D, simulação e automação avan- Dada a sua interdisciplinaridade e abran-
António Aguiar Costa
çada, ou robótica. gência, a mudança em causa exige o alinha-
Engenheiro A Indústria 4.0 procura integrar o aumento mento e colaboração inequívoca entre os
Professor Auxiliar exponencial da informação disponível, a diversos intervenientes da indústria. E exige
do Instituto Superior Técnico progressiva capacidade computacional que um plano de ação que se inspire numa visão
Presidente da CT197-BIM permite o tratamento aprofundado desta de futuro. Uma visão digital, necessariamente
informação, o avanço na otimização e in- ambiciosa, mas que reflita as necessidades
teligência dos sistemas digitais capazes até e desafios de uma determinada realidade,
de aprender de forma autónoma, a roboti- de um país. Para Portugal, esta pode ser uma
O
termo Construção 4.0 surge como zação crescente dos processos de produção, oportunidade para pensar os desafios e as
referência à 4.a Revolução Indus- entre outros. Está em causa o cruzamento oportunidades da construção num contexto
trial, conhecida por Indústria 4.0. de diversas áreas de conhecimento, alta- de recuperação e renovação. É o momento
Na indústria da construção, esta revolução mente especializadas: nanomateriais com de criar redes de colaboração entre grandes
é especialmente comprovada pelo crescente engenharia robótica, sistemas de informação e pequenas empresas, pensar o potencial da
avanço da digitalização na construção, que geográfica com sistemas de informação do industrialização e modularização, integrar
tem como principal protagonista a meto- edifício, componentes altamente tecnoló- competências e tecnologias e desenvolver
dologia Building Information Modelling (BIM). gicos que se transformam em elementos uma imagem modernizada da indústria da
modulares para a construção, sistemas de construção nacional, sustentada em pro-
comunicações que aproximam o utilizador dutos e serviços que são de qualidade, mas
e o comportamento dos próprios edifícios, que surgem muitas vezes dispersos numa
ou sistemas virtuais que aumentam a pró- lógica de produção tradicional.
pria existência do ambiente construído. Ao nível do empreendimento de construção,
Como se entende, as consequências da di- a transformação digital obriga a uma visão
gitalização não são apenas instrumentais. renovada da gestão dos empreendimentos
Ou seja, a tecnologia não é o único prota- de construção, em que o empreendimento
gonista do processo de digitalização da in- de construção é visto de forma integrada e
dústria. Levantam-se desafios diversos, que como um processo inteligente de produção
obrigam a alterações ao nível dos processos em rede que deve ser gerido de forma quase
elementares de pensamento e de trabalho, industrializada.
sendo incontornável a constituição de novas No contexto da construção digital, a gestão
bases de colaboração e de conhecimento, da cadeia de abastecimento ganha relevân-
necessariamente normalizadas. Dada a com- cia e a figura do gestor do empreendimento
plexidade dos processos e a quantidade de surge com pertinência acrescida e que deve
informação disponível, a normalização é ser afirmada. Este gestor aparece como um
então um caminho necessário, que deve ser knowledge broker, com aprofundados co-
atingido de forma consistente e consensual. nhecimentos em gestão de processos, con-
Em Portugal, esta normalização tem sido tratação e capacidades avançadas de gestão
trabalhada ao nível da CT197-BIM, comissão da informação. De certa forma, este gestor
técnica de normalização BIM. Contudo, a será um elo crucial no complexo sistema de
normalização deve ser apoiada pelo Go- sistemas que representa cada edifício, in-
verno, que tem um papel incontornável na fraestrutura ou cidade.
siemens.pt
TEMA XXi Congresso Nacional da Ordem dos Engenheiros
DE CAPA Engenharia E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Infraestruturas,
Cidades e Território
Mesa-redonda
Dados abertos: uma boa fonte de dados Estes processos têm consequências na
para inserir em plataformas, resultando na gestão das infraestruturas.
inteligência coletiva. Benefícios: transpa- No futuro a mobilidade alterar-se-á: elétrica,
rência, envolvimento, serviços melhores e autónoma, segura, multimodal e partilhada,
mais eficientes, motor de desenvolvimento capacidade e flexibilidade, sistema integrado,
económico. Lisboa e Cascais são pioneiros micrologística: e-commerce e on-time.
Luis Costa Neves em Portugal. Diversas alterações nas infraestruturas ao
Engenheiro Civil Há inteligência coletiva: Ativa e Passiva (ex. serviço da mobilidade e alterações na sua
Google Maps). gestão.
Radiologia urbana: portal de informação Incertezas e desafios: lidar com a incerteza
turística (NOS), ferramenta para gerir o ter- na definição de cenários; gerir as fases de
ritório de gestão, de planeamento. transição e minimizar os riscos; alteração
das condições e modelos de financiamento;
Mobilidade e Transportes infraestruturas a acompanharem o mercado
Paulo Ribeirinho Soares Eng. Jorge Sales Gomes e inovação; garantir a inclusão; alteração
Engenheiro Civil Ferramentas: fornecedores de tecnologia, dos recursos humanos; gestão eficiente da
operadores de mobilidade, agências/auto- informação.
ridades de transporte, MAAS providers (pa-
gamento integrado de diversos serviços). Smart Grids e o Desafio Digital
Base: processos, tecnologia, pessoas. António Vidigal
A-to-Be implementa e desenvolve estes Refere algumas tendências atuais de desen-
O
Eng. António Laranjo, Presidente projetos, com recurso a tecnologia e dois volvimento centrado em tecnologias, GAFA
da Sessão, deu início aos trabalhos, tipos de aplicações: movebeyond e link- (Google Apple Facebook Amazon).
dando as boas-vindas aos pre- beyond. EDP Inovação definiu áreas de inovação:
sentes e passou de imediato a palavra ao Pessoas: como interagem com estes sis- fotovoltaico, baterias (que estarão em todo
Coordenador, Eng. Paulo Ribeirinho Soares, temas? Tecnologia nacional (universidades o lado), próximo eclipse total 2026.
que apresentou os intervenientes e dirigiu portuguesas); Muitos projetos para o futuro; Smart Grids: trazer para o ciberespaço trocas
a sessão com a apresentação das comuni- Projeto para que a taxação de automóveis de rede: energia transativa.
cações e moderou a mesa-redonda/debate seja feita pelos km’s andados e não pelos Consegue-se projetar consumos de três
no final da sessão. consumos. dias para a frente.
O relato das comunicações foi elaborado As comunicações do futuro serão exclusi-
pelo Eng. Luís Costa Neves. Infraestruturas de Futuro vamente wireless.
Eng. António Laranjo Viveremos, em termos tecnológicos, num
Tendências: como se perspetiva o futuro? ecossistema que vai da ideia ao investimento.
Cidades Inteligentes Sustentabilidade ambiental. Introdução da
Eng. Miguel de Castro Neto mobilidade elétrica e redução de combustí- Construção 4.0
As cidades têm 2% da superfície da terra, veis fósseis. Resíduos e matérias-primas; Au- Eng. António Aguiar Costa
50% da população mundial, consomem 75% tomação: tendência clássica mas premente; BIM – Building
da energia, são responsáveis por 80% da Conectividade. Ligação total: veículos, ob- Information Modelling
produção de CO2. Em 2050 terão 70% da jetos, pessoas, e com capacidade de enviar Desafios que se levantam na digitalização
população mundial. Necessidade incontor- e receber informação em tempo real com na construção: será que o modelo digital
nável no futuro: ter cidades inteligentes que cruzamento de grandes volumes de dados representa a realidade? Que informação deve
integrem a transformação digital. Inteligência (machine learning); Mudanças sociais e de- incluir e inclui o modelo e como está estru-
urbana: cruzar dados de múltiplas fontes. mográficas: população mais urbana e con- turada? Quem gere estes modelos? Quem
Pessoas + dados + tecnologia + infraestru- centrada nas cidades, e comportamentos e contrata estes modelos digitais da realidade?
turas > cidade como plataforma. valores sociais com desapego à propriedade. Como se garante a sua fiabilidade?
Estes aspetos são hoje de grande impor- Reabilitação sísmica: proteger vidas humanas O contributo da Gestão
tância na Europa e não só. EUBIM: taskgroup, e limitar perdas económicas. de Segurança no Trabalho
apoiado pela Comissão. Quadro legislativo em Portugal: Resolução de Construção para as Cidades
LOD: level of development dos modelos, da AR n.º 102/2010: adoção de medidas do Futuro
estando definidos por diversos standards para reduzir os riscos sísmicos. DL 53/2014 Eng.ª Ana Matrena
mundiais. (art.º 9.º): muito vago e insuficiente. Teceu considerações acerca das caracte-
Estas tecnologias são adaptáveis ao edifício Proposta para Portugal: desencadear a ava- rísticas da cidade do futuro, com caracte-
e à cidade “smart city”. liação sísmica aquando de intervenções de rísticas partilhadas com as construções.
Têm papel fundamental nesta mudança o reabilitação com alguma expressão econó- Defende-se uma estratégia de planeamento
gestor de empreendimento e o gestor de mica; Definir as condições em que seria e gestão integrada de meios de transporte
informação/gestor BIM. obrigatório proceder à reabilitação sísmica; que assegurem segurança e fluidez de cir-
Em Portugal estas questões estão a ser de- Regulamentação técnica: EC8 que ainda culação.
senvolvidas pela comissão técnica CT197 não tem obrigatoriedade nacional. Concluiu referindo que o planeamento es-
(BIM), e até ao final do ano prevê-se a pu- tratégico tem que ser a base de todos os
blicação do guia de contratação BIM. Sistemas de Águas desenvolvimentos esperados.
e Cidades do Futuro
Mesa-redonda / Debate Eng.ª Maria Teresa Viseu As intervenções foram seguidas de uma
Desafios futuros: a procura de água vai au- mesa-redonda, em que intervieram alguns
A contribuição mentar e haverá uma maior percentagem dos colegas presentes, com questões de in-
da Engenharia Civil da população com problemas de acesso à teresse relacionadas com as apresentações.
na Reabilitação Urbana água. Alterações climáticas. O Eng. Paulo Ribeirinho Soares levantou a
Eng. Luis Machado Impacto no ciclo da água: naturais e no sis- questão, a propósito da intervenção do Eng.
Apresentou as conclusões das Jornadas da tema de abastecimento; Enfoque na pro- Cansado de Carvalho, do interesse/perspe-
Especialização em Direção e Gestão da blemática água e sociedade; Tendências e tiva de uma certificação sísmica. A esse pro-
Construção da OE “Reabilitação Urbana – soluções: uso eficiente da água. pósito o Eng. Cansado de Carvalho referiu
Da teoria à prática”. Gestão integrada de sistemas e economia as incertezas da construção existente, so-
Painéis: Projetar a reabilitação; Executar com circular; gestão em tempo real dos sistemas; bretudo no caso da construção/reabilitação.
segurança; Controlar com eficiência, tendo uso eficiente da água e reaproveitamento; O Eng. Alfeu Sá Marques interveio acerca
realizado uma descrição das diversas apre- soluções de controlo na origem. do uso eficiente da água e das políticas que
sentações. Foram dados exemplos de cidades onde se deveriam ser seguidas para o promover.
Deu exemplos de levantamento com laser promove o uso eficiente da água: Cabo, NY. Foi igualmente referida por outros colegas a
scanning, projeto de demolições e con- importância da monitorização topográfica
tenção de fachadas, contenção de edifícios O pós-Crise dos edifícios existentes aquando de inter-
adjacentes. nas Cidades Portuguesas – venções vizinhas, tendo os Engenheiros Paulo
Referiu-se a importância da reabilitação no – Reabilitação Urbana Ribeirinho Soares, Luís Machado e Cansado
mercado imobiliário, tendo sido fortemente Eng. António Lameiras de Carvalho prestado esclarecimentos acerca
realçada a necessidade e importância do Instrumentos: ARU (área de reabilitação ur- da prática corrente neste campo.
gestor do empreendimento. bana), ORU, PERU.
Apoios aos investimentos e benefícios: IVA/ A Engenharia Civil enfrenta problemas cada
A questão IMT/IMI/IRS. vez mais complexos e exigentes, num mundo
da Segurança Sísmica Estes fatores têm contribuído para a reabi- ambientalmente sensível e em rápida mu-
na Reabilitação Urbana litação urbana. Elenco das principais alte- dança, nomeadamente:
Eng. Eduardo Cansado Carvalho rações no âmbito do planeamento muni- › As alterações climáticas – Condições cada
Questão a que a Especialização em Estru- cipal e os incentivos à reabilitação urbana. vez mais adversas que minam o desen-
turas da OE tem dado grande ênfase. Por outro lado, o turismo é um grande de- volvimento sustentado;
Os sismos são inevitáveis, mas as suas con- safio, que tem tido muitas vantagens óbvias › A rápida inovação tecnológica e a difícil
sequências não. e inconvenientes, como a descaracterização integração de novas tecnologias nos pro-
Conceitos fundamentais: Perigosidade: zo- das cidades e o aumento desmesurado dos cessos estabelecidos;
namento sísmico H; Vulnerabilidade V; Ex- preços. Falou-se do exemplo da Rua das › Os novos materiais, a maior capacidade
posição E. Flores, no Porto, onde o m2 atinge 7.500 €. de processamento de informação e co-
Risco sísmico, RS = f (H, V, E). O ordenamento enquanto ferramenta de municação, e melhores processos cons-
Podemos atuar sobre a vulnerabilidade e planeamento pode servir para controlar o trutivos, exigem cada vez mais, mais com-
sobre a exposição (limitação do uso). impacto do turismo. Alterações legislativas. petências dos engenheiros.
Fábrica do Futuro
Indústria de Processos Químicos
O
bservam-se nos mercados em geral, mentos e que os transmitem por protocolos de
e de forma transversal, uma apetência comunicação modernos a um sistema compu-
e uma focagem intensas nas novas torizado de controlo distribuído (DCS). De um
tecnologias de base digital, que potenciam novas conjunto aproximado de 10 mil sensores obtêm-
possibilidades e capacidades de desenvolvimento -se na ordem de 17 mil sinais, que são tratados
de negócios e aumentos de produtividade, com Diogo Luís Moreira em diferentes processadores, em salas técnicas
resultados económicos importantes, generali- de Almeida Santos dedicadas, com ligação entre componentes por
CUF – Químicos Industriais, SA
zando-se a ideia de que estamos no dealbar de redes de fibras óticas redundantes. Todos estes
uma nova “revolução industrial”, conhecida por sistemas estão integrados no DCS para alarmes
Indústria 4.0. e informações processuais, em painéis sinóp-
A CUF – Químicos Industriais produz commo- ticos, possibilitando uma interface direta com
dities, no setor da química e petroquímica, isto operadores e supervisores das fábricas.
é, grande volume de produtos (várias centenas de milhar de tone- Tipicamente a estratégia de controlo das operações é desenhada
ladas por ano), fundamentalmente para exportação, exigindo-se- para uma interação humana reduzida durante a operação normal,
-lhe um alto nível de competitividade no mercado europeu, o que usando os sistemas PID (Proportional, Integral, Derivative) de oti-
se tem traduzido numa política consistente de investimento em mização de parâmetros de forma a alcançar níveis de produção
tecnologias modernas e em formação específica dos colabora- altamente estáveis e eficientes.
dores, podendo considerar-se que já encetou há algum tempo o A informação relevante é registada em base de dados RTDB (Real
caminho da Indústria 4.0, particularmente ao nível dos processos Time Data Base), permitindo o acesso a valores históricos e ten-
operacionais internos. dências de variáveis de processo.
A CUF-QI desenvolveu, igualmente, um sof-
tware em plataforma integrada, designada
SIAP – Sistema Integrado de Apoio à Pro-
dução – destinada ao acesso às bases de
dados em tempo real para análise, tratamento
automático e disponibilização de informação
relevante. É uma ferramenta digital pode-
rosa, consistindo em diversos módulos fa-
cilmente configuráveis e escaláveis, adap-
táveis a diferentes unidades industriais, em
ambiente de interface gráfica, e acessível na
organização.
Esta infraestrutura digital, em rede partilha-
da colaborativa, tem permitido o aumento
do conhecimento tecnológico e das com-
petências internas, com ganhos reconhe-
cidos em otimização e eficiência dos pro-
Vista aérea do site petroquímico de Estarreja
cessos.
A CUF-QI desenvolveu uma arquitetura de controlo de processos
industriais que integra a automação de processos, o seu controlo
digital e respetivo sistema de segurança das operações fabris e de
pessoas, com recolha de dados e seu tratamento, numa plataforma
digital de suporte à gestão operacional e interligação ao sistema
ERP da SAP.
No campo da automação e controlo a CUF-QI tem instalada uma
extensa rede de instrumentos diversos, com sensores que reco-
lhem dados físicos e químicos dos fluidos de processo e equipa-
A
quarta revolução industrial surge tecnologias. As empresas devem avaliar quais
num contexto de evolução tecno- os fatores diferenciadores nos seus mer-
lógica exponencial, caracterizando- cados e cadeias de valor, definir a sua estra-
-se pela transformação digital das organi- tégia e, a partir daí, avaliar o retorno do in-
zações através da introdução de sistemas vestimento na digitalização dos seus pro-
Nelson Fontainhas “ciberfísicos” que integram e conectam as cessos. Como sempre, será a estratégia a
Partner da Deloitte realidades física e digital. Estes sistemas in- comandar a tecnologia. Contudo, num
teligentes e interligados permitirão que pes- mundo em mudança cada vez mais rápida,
soas, máquinas, equipamentos, sistemas torna-se impossível delinear uma estratégia
logísticos e produtos comuniquem e coo- consciente sem conhecer as novas possibi-
perem diretamente uns com os outros. lidades disponibilizadas por tecnologias dis-
Trata-se da transformação digital aplicada ruptivas que surgem com maior cadência e
ao meio industrial, no qual as novas tecno- menor custo. As empresas devem ter a fle-
logias assumem um papel de destaque, xibilidade para se adaptarem às novas con-
possibilitando recolha de dados, análises em dições e possibilidades, conciliando estra-
tempo real e atuação atempada ao longo tégias de médio-longo prazo com programas
de toda a cadeia. constantes de experimentação e inovação.
Atualmente já é possível ver a adoção de Estes dados deixam inequivocamente claro
tecnologias digitais disruptivas, como a im- que o papel da liderança é fundamental. Os
pressão 3D, monitorização por sensores, gestores que não adquiram competências
análise preditiva, entre outras, de forma ainda digitais têm seis vezes mais probabilidade de
um pouco desintegrada nos diferentes pro- serem substituídos nos próximos anos.
cessos empresariais. No futuro, o impacto Ao nível do nosso País, esta é uma revolução
será mais profundo: o digital estará no “core” que não podemos desperdiçar. Para além
das operações, orquestrando todos os mo- de partirmos com um razoável grau de pre-
vimentos da cadeia de abastecimento. paração, o digital permitirá esbater a falta
As organizações devem olhar para a Indús- de escala de mercado interno e a locali-
tria 4.0 e para a transformação digital de zação periférica que são as típicas barreiras
uma forma abrangente, que não se cinge à à competitividade das empresas instaladas
maior eficiência logística e de produção ou em Portugal. No entanto, é fundamental dar
à maior interação com um consumidor cada os passos certos nesta fase inicial da Era
vez mais digital. Como demonstra um es- Digital. Neste sentido, a iniciativa Portugal
tudo elaborado pelo MIT com a colaboração i4.0 deu um primeiro passo, na definição de
da Deloitte, as empresas com maior matu- uma estratégia para a digitalização da eco-
ridade e sucesso digital são aquelas que nomia nacional, assente no desenvolvimento
também veem nesta revolução a oportuni- dos recursos humanos e do ecossistema de
dade para criar novos modelos de negócio cooperação que permitam a adoção tec-
e para transformar os seus processos, no- nológica, internacionalização das nossas
meadamente ao nível da inovação, relação empresas e o posicionamento do País en-
com colaboradores e tomada de decisão. quanto polo atrativo para investimento neste
O mesmo estudo revela também que apesar contexto tecnológico.
de 87% dos líderes empresariais conside- A Indústria 4.0 é uma revolução assente no
rarem que a Era Digital irá revolucionar a conhecimento, na adoção tecnológica e na
sua indústria, 92% das organizações não inovação, tendo por base princípios de coo-
sente que esteja adequadamente estrutu- peração, aproximação e disrupção essen-
rada para operar neste contexto. ciais para a criação contínua de valor sus-
A transformação digital não significa a im- tentável. A digitalização da economia não
plementação massiva de todo o tipo de novas é apenas uma opção, é a solução.
À
Universidade compete a criação do jetos industriais e de investigação pós-graduada
conhecimento científico, cultural e permite uma constante atualização de conhe-
artístico e a promoção de formação cimentos e responder aos desafios da indús-
de nível superior através da investigação e da tria. Para isso foram criados laboratórios de
valorização social e económica do conheci- desenvolvimento do produto, cursos de design
mento, participando no progresso da comu- industrial, centros de peritagem de acidentes
Mário Vaz
nidade em que se insere. Para isso deverá Professor Associado do Departamento (CENPERCA), colaborações na criação de cursos
manter elevados níveis de qualidade nos seus de Engenharia Mecânica da Faculdade de pós-graduação em Higiene e Segurança e
de Engenharia da Universidade do Porto
serviços, promover a igualdade de oportuni- atualizados os laboratórios existentes.
Diretor do Programa
dades na evolução dos que a servem e pro- Doutoral Struct da FEUP/INEGI As empresas, por sua vez, têm beneficiado do
curar financiamento para concretizar a sua Presidente da EURASEM – European Society saber gerado no DEMec para responder aos
missão. Para cumprir cabalmente a sua missão of Experimental Mechanics desafios tecnológicos colocados pelos mer-
a Universidade deve interagir com a sociedade cados cada vez mais exigentes e concorren-
transmitindo conhecimentos e promovendo ciais. Conhecedoras dos seus clientes e sempre
a evolução científica e tecnológica. Assim, o saber gerado interna- atentas às oportunidades de negócio as empresas encontram no
mente na investigação se converte em valor e contribui para o DEMec/INEGI as parcerias necessárias para participar em novos
progresso. projetos e desenvolver novos produtos. Com a criação pela FCT
Há cerca de quatro décadas o Departamento de Engenharia Me- de um programa de Bolsas de Doutoramento em Empresas (BDE)
cânica (DEMec) da FEUP iniciou uma estratégia baseada no rigor e ficou disponível uma ferramenta que permite financiar trabalhos
multidisciplinariedade na formação dos seus alunos de licenciatura de investigação em ambiente empresarial.
e, posteriormente, de mestrado e doutoramento. Com um corpo O PRODEM (Programa de Doutoramento em Engenharia Mecânica)
docente altamente especializado e a liderança do Professor Vasco beneficiou recentemente de uma BDE para colocar um dos seus
Sanches da Silva e Sá (1930-2012) modernizou laboratórios e es- doutorandos na empresa FREZITE desenvolvendo uma tese sobre
tabeleceu parcerias com as empresas. Com a fundação do INEGI o projeto de ferramentas de corte para madeira. O sucesso acadé-
em 1986, hoje com 97 empresas associadas e 7M€ de volume de mico e industrial da tese apresentada com o título “Desenvolvi-
negócio, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da mento de ferramentas de projeto para atenuação do ruído de fun-
indústria e da economia, o DEMec passou a dispor de um meio cionamento em serras circulares” incentivou a procura de novas
privilegiado para promover a inovação de base científica e tecno- formas para desenvolver e financiar a formação pós-graduada nas
lógica e integrar consórcios nacionais e internacionais que lhe per- empresas.
mite participar no avanço tecnológico. A CCDRN, através de um projeto NORTE2020, financiou um pro-
A estreita colaboração com as empresas permite ao DEMec facultar grama doutoral em Engenharia Mecânica (NORTE-08-5369-FSE-00046)
aos seus alunos uma experiência em ambiente industrial, promo- submetido pela FEUP com a colaboração de cinco empresas, FRE-
vendo uma formação mais robusta e adequada às exigências do te- ZITE – FMT, Quantal, Caetano Bus, TSF e TEGOPI, e o apoio do
cido produtivo. A participação dos seus docentes e alunos em pro- INEGI. Deste modo a FEUP recebeu cinco novos alunos, três na-
cionais e dois estrangeiros, no PRODEM, aos quais estão distribuídos
temas de investigação propostos por cada uma das empresas en-
volvidas. Mantendo a exigência da formação FEUP e o apoio do
INEGI procurar-se-á satisfazer os desafios colocados pelas em-
presas e criar conhecimentos diferenciadores.
Esta nova abordagem à formação pós-graduada apresenta vanta-
gens, quer para as empresas, quer para a Universidade e até para
os doutorandos. As empresas procuram focar os trabalhos nos as-
suntos importantes para a sua atividade e, deste modo, adquirem
competências que as diferenciam dos concorrentes; a academia
encontra mais visibilidade para os seus doutoramentos, contribui
para a geração de riqueza e beneficia de novas fontes de financia-
mento; e os doutorandos, por sua vez, têm uma formação mais
motivadora que lhes permite uma especialização que poderá ser
Análise dinâmica experimental da vibração numa serra circular (FREZITE/FEUP) fundamental para o seu futuro emprego.
A
globalização gerou um ambiente de nentes à inovação, no mundo das empresas, A transversalidade e as multidisciplinas das
elevada divulgação e transmissão rá- esta deve fazer-se com uma estratégia de ciências e sua ligação com os materiais, assim
pida de tudo o que sejam novas tec- diferenciação e da criação de uma pegada como aos processos, colocam cada vez mais
nologias. Com uma dinâmica própria e opor- de competitividade sustentada. o Engenheiro como um dos licenciados mais
tunista, a divulgação faz-se à escala global, As empresas, primeiro que tudo, têm de ter bem preparados e vocacionados para o de-
em que as variáveis concorrenciais entre competências na sua gestão, para identificar senvolvimento do conhecimento, perante os
empresas em mercados globais levam também muito bem a que nível querem estar, com o novos desafios de uma economia moderna,
a uma rápida depreciação desse valor, quando seu poder diferenciador nos mercados pe- pela inovação, por novas soluções, por novos
existe e está exposto. rante a sua concorrência. Este papel cabe ao materiais, novos processos, ou por novas tec-
Cada vez mais a investigação empírica e ex- empresário e ao gestor e a mais ninguém. nologias de comunicação.
perimental tem de ser híbrida com investi- Este é o ponto-chave da viragem de uma O doutoramento em empresas, por parte de
gação fundamental. política de inovação numa empresa, em que mestres em Engenharia, significa fazer ino-
Aqui sobressai o Engenheiro, como ator po- doutoramentos ou a contratação de douto- vação em patamares mais ousados que vão
tencial de liderança em investigação, por ter rados é determinante para o sucesso empre- necessariamente dar às empresas maior com-
cada vez mais uma posição privilegiada como sarial como um projeto vivo e continuado e petitividade, pela diferenciação, abrindo novas
um elemento de desenvolvimento do conhe- do próprio doutoramento. Que interessa ter portas à cooperação empresarial e à própria
cimento, com forte integração de múltiplas um doutorado, ou aceitar desafios de se gerar cadeia de valor. Assim, no espaço da empresa,
e dispersas variáveis, que em doutoramento formação de doutorados, em ambiente em- em busca permanente da diferenciação e da
em empresas pode ter um novo e determi- presarial, quando a empresa não tem asso- competitividade, cabem naturalmente novas
nante contributo para aumento do poder di- ciado desafios ousados de inovação? teses de doutoramento e a necessidade de
ferenciador e de competitividade de novos Vivemos a era da digitalização em ambiente doutorados a trabalharem nos departamentos
espaços, para processos, produtos e serviços. global, em que o conhecimento se multiplica de IDI das organizações. Cabe soberanamente
Importa esclarecer que estamos a falar de de um dia para o outro. O conhecimento que às empresas acreditar que podem ser mais
doutoramento em empresa, que é comple- se desenvolve por acesso a fontes expostas competitivas, se marcarem um diferencial
tamente diferente de doutorados para em- e globais tem desatualização rápida na sua pelo “know-how” e valor acrescentado pelos
presas. Não obstante estarmos nas nossas mais-valia tecnológica inicial. As empresas seus produtos e serviços e não pelo baixo
sociedades industriais e tecnológicas, com começam a pensar que o conhecimento que preço. Gera-se, assim, em terreno fértil e de
um elevado défice de engenheiros, estou adquirem a terceiros também pode ser ad- grande oportunidade, propor novos desafios
certo que este diferencial de recursos hu- quirido pela sua concorrência, valor esse que às universidades e instituições tecnológicas,
manos de alta qualificação vai acentuar-se não é diferenciador e se deprecia rapidamente. através de teses de mestrado, teses de dou-
ainda mais, infelizmente. As empresas devem olhar para a tecnologia toramento em projetos de investigação, etc.
Daqui a visão que os Governos terão de ter: e os avanços tecnológicos apenas como o Novas teses de doutoramento em empresas
serem cada vez mais exigentes com o ensino, estado da arte para a produção dos seus pro- por engenheiros será um novo e permanente
para que os jovens, por vezes vítimas de um dutos e serviços, cabendo às mesmas a missão desafio, cheio de oportunidade, quer para
ensino desajustado com a procura, passem de acrescentar valor com conhecimento de- estes, quer para as empresas, quer para as
a ser encaminhados para cursos ajustados à senvolvido no seu interior, ou vindo do exte- instituições tecnológicas, por novos perfis de
sociedade. O ambiente futuro e que hoje já rior com uma gestão de risco bem calculada. inovação, para economias mais sustentadas
se começa a respirar nas diferentes atividades É aqui que entram os doutoramentos, na e mais competitivas.
C
omeça a ser lugar-comum o apa- › “Com o big data seremos capazes de sores e fontes de dados adequados de
recimento de notícias e aponta- prever o futuro”. A correlação direta entre entre o amplo leque de opções disponi-
mentos de reportagem anunciando o volume de dados existente e o seu po- bilizadas na Indústria 4.0, os quais deverão
as novas e surpreendentes possibilidades tencial de previsão é um dos mitos mais ser analisados com métodos adequados,
decorrentes da emergência da Indústria 4.0 comuns. Exemplos existem, alguns mesmo e produzir reportes informativos que con-
e do universo big data. Na extensão das famosos (como o caso da sondagem le- duzam a ações concretas e assertivas, em
vada a cabo pela Literary Digest para as tempo útil. Trata-se do uso de SMART
eleições presidenciais de 1936 nos EUA, data, em lugar de big data.
ou a queda do Lehman Brothers em 2008),
que provam exatamente o contrário. O A clarificação de mitos como os anterior-
que é de facto crítico é a qualidade da mente referidos promoverá a eficácia da
informação produzida. Este conceito já transformação digital em curso. Mas é opor-
está rigorosamente definido e pode ser tuno refletir também sobre aspetos mais
aplicado à avaliação preliminar ou diag- abrangentes, de natureza não técnica, mas
nóstico de estudos empíricos. sim ética e sociológica. Um deles diz res-
› “A abundância de dados tornará a teoria peito ao papel que deverá ser reservado ao
obsoleta”. Esta afirmação foi proclamada agente humano na Indústria 4.0. Atualmente,
por Chris Anderson (Wired Magazine) em existem duas perspetivas dominantes. Numa
junho de 2008 com o (aparente) sucesso delas, considera-se a tecnologia como ex-
do modelo de previsão de surtos gripais tensão das capacidades humanas, permi-
da Google. Porém, os modelos cons- tindo que funções como a comunicação,
truídos a partir de dados observacionais transporte, produção, entre outras, sejam
são baseados na existência de associa- executadas com maior eficiência e quali-
ções entre os preditores e a resposta de- dade. A outra perspetiva tem subjacente a
sejada, e não em relações sólidas de substituição progressiva da atividade hu-
causa-efeito, podendo falhar quando, por mana, libertando-nos da necessidade de
algum motivo, a estrutura de associações executar tarefas ou funções. Coloca-se pois
se modifica. a questão central sobre qual o papel reser-
› “Brevemente, a Inteligência Artificial pro- vado para as pessoas no futuro tecnologi-
duzirá máquinas mais inteligentes que camente intensivo: estarão elas no core dos
os humanos”. A questão central aqui é a processos e rodeadas por tecnologia que
noção de “inteligência”, que claramente facilite a execução das suas tarefas, ou fora
é multidimensional. Velocidade de cálculo deles, confiando progressivamente o seu
e memória serão certamente melhor as- controlo e gestão a sistemas dotados de
segurados por máquinas. Já relativamente inteligência artificial? Questões como esta
à inteligência emocional, empatia social, deverão ser atempadamente consideradas,
criatividade, pensamento estratégico, etc., para que o futuro que hoje construímos seja
não é de todo óbvio que, não obstante aquele que todos ambicionamos.
A
s novas descobertas de recursos mi- rápida de teores que podem eventualmente certas de laboratório. Este é o “core” do sis-
nerais serão cada vez mais profundas, integrar a rotina de produção de uma mina. tema de avaliação de incerteza de dados, a
de difícil acesso e em ambientes Acontece que a qualidade dos dados, rela- partir do qual qualquer nova medida obtida
geológicos mais complexos. As exigências
de sustentabilidade ambiental dos projetos
e a prevenção do risco na mineração dos
mesmos serão crescentes. Mantendo-se os
elevados níveis de procura das matérias-
-primas e o contínuo declínio dos índices
de produtividade, a indústria mineira tem
uma necessidade urgente da adoção da
inovação digital ao nível da monitorização
e gestão da informação (Big Data, metodo-
logias de aprendizagem automática e de
Data Sciences, automação e robotização)
em todas as áreas, desde a pesquisa à pro-
dução, transporte e transformação.
Alguns dos maiores desafios que se colocam
à indústria mineira no curto e médio termo
são, entre outros, as Operações Mineiras
Integradas, os Sistemas de Robotização e
as Tecnologias de Decisão e Controlo Re-
moto. Mas este nível tecnológico implica, tivos aos recursos geológicos (teores, den- em tempo real (amostras “fast”) é convertida
no curto prazo, um estágio intermédio de sidades), obtidos em tempo real (“fast sam- numa imagem de incerteza naquela locali-
conhecimento que se resume na imple- pling”), têm normalmente uma grande in- zação espacial. A atualização dos recursos
mentação de sistemas inteligentes que têm certeza associada quando comparados com (fast updating) é feita por simulação estocás-
por base a monitorização e gestão em tempo equivalentes medidas laboratoriais e tanto tica espacial, obtendo-se, deste modo, a in-
real das principais operações mineiras. Ao mais incertos quanto mais heterogéneas certeza local do conhecimento do recurso.
nível dos equipamentos já existem minas forem as mineralizações. A incerteza das reservas locais passam deste
que, através de sensores e meios de comu- Assim, o maior desafio que se coloca à mo- modo a ser parte integrante de todo o sis-
nicação “wireless” dentro da mina, controlam nitorização e gestão dos recursos em tempo tema de decisão e controlo remoto das
e gerem o estado desses equipamentos real, parte fundamental na inovação digital operações mineiras.
(torvas, jumbos, pás, etc.), alguns destes já da rotina de uma mina, é precisamente a Estes métodos e tecnologias de monitori-
parcialmente ou completamente autónomos. integração da incerteza dos dados nos mo- zação e gestão de reservas em tempo real
Mas o maior problema na abordagem destes delos dos recursos e reservas e a sua con- estão a ser implementadas e testadas num
desafios no contexto da indústria mineira versão em risco de decisão. jazigo de sulfuretos cupríferos da mina de
reside precisamente numa sua característica Um exemplo de um dos primeiros passos Neves Corvo.
A
operação de uma organização no as fronteiras internas da organização. Deste os processos de ne-
contexto atual de negócios tem cada modo, as coisas físicas existentes nesses gócio internos de cada
vez mais como base a sua represen- processos devem ter uma
tação e a sua interoperabilidade digitais em representação digital (e.g.
tempo-real. As coisas do mundo físico, como através da instalação de sen-
sensores, atuadores, máquinas, pessoas, pro- sores para recolha de dados
dutos, ou processos de trabalho, e as coisas de processos de fabrico ou
do mundo digital, como os algoritmos, devem do uso de tecnologia RFID
Figura 2 Plataforma independente
interagir e criar valor para a organização. para rastreio dos movimentos para interoperabilidade externa
A representação digital de uma organização de materiais e produtos dentro
pode ser entendida como uma pirâmide e fora da organização) e
DIKW (Data, Information, Knowledge, Wis- deve existir uma posterior utilização desses organização sejam facilmente acoplados
dom), contendo todos os dados, informação, “gémeos digitais” no contexto da pirâmide tecnológica e semanticamente a diferentes
conhecimento e sabedoria dos elementos DIKW da organização. parceiros. Deste modo, um dos padrões de
que constituem a organização (sejam ele- A ligação dos processos de negócio internos software passível de ser usado para a defi-
mentos digitais, ou sejam “gémeos digitais” de uma organização com os processos de nição destas plataformas é o Messaging,
de elementos físicos) e contendo as rela- negócio das organizações suas parceiras com a utilização de:
ções entre esses elementos digitais formando levanta questões relacionadas com: › Mensagens padronizadas trocadas entre
uma ontologia organizacional. › Políticas, i.e., com a vontade de todas essas os diferentes parceiros ou entre os vários
organizações partilharem os dados, infor- processos internos das organizações, ca-
mações, conhecimentos e sabedoria, de minhando no sentido de garantir a inte-
uma forma transparente, fluida e em tempo- roperabilidade semântica;
-real; › Queues e topics para que componentes
› Interoperabilidade semântica, i.e., como e sistemas implementados em diferentes
criar um entendimento comum dos “gé- tecnologias possam interoperar tecnolo-
meos digitais” entre todos os parceiros; gicamente.
› Interoperabilidade tecnológica, i.e., quais
as mais adequadas arquiteturas de soft- Um dos principais desafios de negócio das
ware e tecnologias para materializar a coo- organizações atuais é de muito simples for-
peração entre os processos de negócio. mulação: ou as organizações se digitalizam
internamente e se conectam digitalmente
As ligações ponto-a-ponto dos processos com os seus parceiros nos ambientes ex-
de negócio das organizações parceiras não ternos próximos e longínquos, ou ficam fora
são uma solução tecnológica de fácil apli- do negócio. O conceito chave a implementar
Figura 1 A
mbientes de negócio de uma
organização cação devido ao esforço continuado de de- é a conectividade digital total.
A Nanotecnologia
e a 4.ª Revolução Industrial
cimento associado a esta tecnologia era um neste novo paradigma? A nanotecnologia
segredo partilhado por um número muito é a linguagem que permite aos vários do-
reduzido de seres humanos. Para as tribos mínios físico, digital e biológico comuni-
possuidoras desta tecnologia, este conheci- carem entre si. De facto, é à escala nano
mento tinha um valor inestimável. que “átomos, genes e bits” interagem uns
Muito mais tarde, há cerca de 12 mil anos, com os outros. Por exemplo, numa cirurgia,
Paulo Ferreira
o Homem conseguiu domesticar animais e o ideal seria ter o cirurgião dentro do corpo
Diretor do Departamento de Microscopia
Eletrónica Avançada, Imagem e Espetroscopia, plantas e deu-se o aparecimento da agri- a diagnosticar e a reparar o problema. Dada
Laboratório Ibérico Internacional cultura no crescente fértil, a qual permitiu esta impossibilidade, podemos ter como
de Nanotecnologia (Braga, Portugal)
o cultivo e a reserva de alimentos. Voltámos alternativa máquinas miniaturizadas (nano-
Professor da Universidade do Texas
(Austin, EUA) a assistir a uma nova revolução tecnológica. -máquinas) capazes de passear pelos nossos
De facto, não é surpreendente que tanto a vasos sanguíneos e fazer o papel de cirur-
economia como a ciência aparecessem as- gião. Neste cenário, temos o domínio físico
sociadas à tecnologia da agricultura. (as nano-máquinas), o domínio digital (bits
H
á cerca de 1,5 milhões de anos, os Já no século XVIII assistimos à Revolução que são enviados para o exterior do corpo
nossos antepassados – os primeiros Industrial com a invenção da máquina a contendo toda a informação do processo)
hominídeos – descobriram que com vapor, seguida da 2.ª Revolução Industrial e o domínio biológico (a compatibilidade
o fogo o ser humano tinha luz para iluminar no século XIX, com a descoberta da eletri- do organismo com a presença das nano-
a noite, podia aquecer as suas cavernas, podia cidade, e, mais recentemente, no século XX, -máquinas).
cozinhar plantas ou animais e podia defender- à 3.ª Revolução Industrial com a invenção Esta interligação produzirá alterações sig-
-se dos predadores. Para além disso, o fogo do transístor. Deu-se então início à era da nificativas na forma como produzimos, con-
permitia fomentar aspetos sociais, tais como digitalização que vivemos no presente. sumimos, comunicamos e vivemos. Tal como
conduzir festividades e rituais, estabelecer Atualmente debate-se a 4.ª Revolução In- aconteceu com as revoluções tecnológicas
pontos de sinalização e comunicação para dustrial. Existem muitas teorias e modelos passadas, esta nova fase tecnológica irá co-
quem estava no exterior dos acampamentos, sobre este tópico. Contudo, atendendo ao locar desafios difíceis à sociedade atual.
entre muitos outros. Nos dias de hoje o uso facto de que ainda não há distância temporal, Contudo, as mudanças serão maiores, mais
e controle do fogo faz tão parte do nosso vou deixar as definições de lado e descrever rápidas e mais abrangentes, pelo que é pro-
quotidiano que parece uma tarefa trivial. as tendências que emergem neste momento. vável que cause roturas sociais e econó-
Contudo, há 1,5 milhões de anos o conhe- Pela primeira vez na história da Humanidade micas.
vive-se um novo paradigma que é a conver- Neste contexto de mudança, e para acom-
gência do mundo físico, digital e biológico. panhar estes desenvolvimentos, é neces-
No caso do domínio físico existe um desen- sário adquirir inteligência contextual, a qual
volvimento significativo de novos materiais permite entender o valor dos vários setores
com propriedades nunca antes alcançadas, da sociedade. É fator crítico de sucesso a
como por exemplo a capacidade de criar colaboração com os diferentes atores so-
invisibilidade ou focar som, entre outras. No ciais, desde os líderes da indústria, Governo,
domínio digital assiste-se ao fenómeno cha- sociedade civil ou universidades, onde as
mado “Internet das Coisas”, onde os objetos fronteiras entre os setores se esbatem. É
ligados em rede passam a ser eles próprios também essencial desenvolver inteligência
os sujeitos. Neste campo, os números são emocional, para atingir outros níveis de mo-
verdadeiramente impressionantes: em apenas tivação, empatia, autocontrolo, autocons-
um minuto são enviados 150 milhões de e- ciência e aptidão social. Adicionalmente,
-mails, partilhadas 527 mil fotos, feitas 2,4 exige um conhecimento fundamental e in-
milhões de pesquisas no Google e obtidas terdisciplinar e a capacidade de resolver
vendas no valor de 200 mil dólares, apenas problemas complexos de uma forma trans-
na Amazon. No domínio biológico assistimos versal e flexível.
a um avanço acelerado em termos de con- Como disse o poeta Rainer Rilke: “O futuro
trolo genético e biologia sintética. chega muito antes de nós entendermos que
Mas então qual o papel da nanotecnologia já chegou”.
A certificação florestal
tagens, nomeadamente a produtividade, de minifúndio as vantagens de estar as-
prevenção (fogos/pragas e doenças), con- sociado passam por ganhar escala, ter
servação ambiental, apoio técnico e parti- maior capacidade de defesa do território,
cipação na comunidade, acesso ao mercado desenvolver projetos rentáveis, partilhar
e rentabilidade: custos e obter mais vantagens;
› Produtividade – Matas com melhor gestão › Acesso ao mercado – O mercado procura
Hermano Mendonça
Diretor de Abastecimento de Madeira
técnica conduzem a maior produtividade, cada vez mais produtos florestais certifi-
da The Navigator Company existindo casos em que foi estimado um cados, pelo que os que não dispõem deste
diferencial de 40% entre as matas “nor- reconhecimento terão cada vez mais di-
mais” e as matas integradas na Gestão ficuldade em chegar aos consumidores;
Florestal Sustentável; › Rentabilidade – O valor acrescido é su-
A
floresta é um recurso estratégico do › Prevenção – As matas que fazem parte portado pelo incremento da produtividade,
País que importa preservar e poten- da Gestão Florestal Sustentável são acom- pelo preço acrescido na venda de madeira
ciar, sendo a certificação florestal panhadas por técnicos que garantem de eucalipto por via da bonificação de
uma das ferramentas que mais podem ajudar desde o projeto até à manutenção, a pre- Certificação Florestal, pela priorização e
a cumprir com esses desígnios. venção dos incêndios, assim como a mo- majoração na acessibilidade a fundos pú-
Os desafios a que a floresta está sujeita ao nitorização de pragas e doenças; blicos comunitários e nacionais e pela
nível do ambiente setorial (baixo nível de › Conservação ambiental – Num sistema melhoria de valores de sustentabilidade,
organização e cadastro incompleto e de- de Gestão Florestal Sustentável é obriga- ambientais e sociais.
satualizado), socioeconómico (envelheci- tório manter áreas de conservação, sendo
mento populacional e desertificação do em geral nos grupos de certificação mais A certificação florestal já percorreu um in-
mundo rural) e de produção (baixa produ- de 10% da área total, e em todas as pro- teressante caminho nos últimos dez anos,
tividade, elevados riscos e reduzida pene- priedades são adotadas práticas compa- com um incremento de área certificada su-
tração da certificação) impõem uma reali- tíveis com a conservação ambiental (res- perior a 500 mil hectares. No entanto, este
dade de escassez de produtos florestais em peito pela nidificação, conservação do trabalho concentrou-se sobretudo nas flo-
Portugal. solo, etc.); restas da indústria e de grandes proprietá-
Através da promoção da certificação florestal › Apoio técnico e participação na comuni- rios. Importa agora alargar este trabalho à
será possível a difusão das melhores práticas dade – A adesão ao Grupo de Certificação pequena e média propriedade, sendo fun-
de gestão florestal, garantindo que a madeira permite que o proprietário passe a ter damental o envolvimento de todos os in-
provém de florestas com gestão sustentável apoio técnico especializado e a participar tervenientes, não só dos proprietários e in-
e que cumprem as normas legais. Pela apli- em ações de divulgação e de intervenção dústria, como também de um papel mais
cação das práticas preconizadas pela certi- ao nível da comunidade local (com o foco ativo dos grupos de certificação, poder cen-
ficação florestal são potenciadas várias van- na melhoria das florestas). Numa floresta tral/local e sociedade em geral.
N
ada tenho contra o uso da expressão que desta vez não serão fáceis de esquecer e de
“Prevenção”, tantas vezes ela é usada e apagar, tal a dimensão da tragédia!
tão fortemente associada com as flo- Diria mesmo que mais do que uma constatação
restas, sobretudo quando é utilizada para des- esta é uma evidência que é suportada em es-
crever as ações de caráter preventivo em matéria tudos relativamente recentes e dos quais des-
de Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI) António de Sousa Macedo taco os trabalhos desenvolvidos pela CELPA e
e que a opõem ao “Combate” dos incêndios Presidente do Colégio Nacional DGRF no âmbito do Inventário Florestal do Eu-
florestais. Não lhe quero reduzir a importância! de Engenharia Florestal calipto (Fonte: CELPA IFE 2010).
da Ordem dos Engenheiros
A floresta aparece quase sempre, na opinião Tomando como referência este trabalho de co-
pública, colada à imagem da prevenção e, as- laboração entre a CELPA e a DGRF (atual ICNF),
sociada, principalmente, às “guerras” entre flo- com vista à monitorização do eucaliptal loca-
restais e bombeiros, isto é, a “lutas” entre a prevenção e o combate. lizado em áreas fora da gestão das empresas suas associadas, foram
Os incêndios florestais, fortemente explorados pelos media, cos- visitadas, entre julho de 2010 e janeiro de 2011, 2.785 parcelas, dis-
tumam ser a “novela de verão”, sempre aguardada pelo País que tribuídas conforme Figura 1.
vai de férias e a banhos… É um tempo em que as florestas são no- Podemos, pois, concluir que mesmo tendo em consideração uma
tícia de primeira página (pela pior das razões!) e têm, nesta altura, floresta como a do eucalipto, reconhecidamente mais rentável que
um tempo de antena que expõe ao País as vulnerabilidades de pes- as outras espécies, possibilitando uma maior capacidade financeira
soas e de territórios. para se fazerem intervenções silvícolas, constatou-se que a grande
Gerir é mais do que prevenir! Porque é no quadro de uma boa maioria dos povoamentos (66,4%) não apresenta sinais de gestão,
gestão florestal, que a visão para uma floresta sustentável se deve podendo mesmo afirmar-se que muitos deles se encontram “aban-
enquadrar, quer pelo valor social que proporciona, quer pelo valor donados”.
ambiental que nos oferece, quer ainda pelo valor económico que Na Figura 2 (Fonte: CELPA IFE 2010) podemos constatar que no
possibilita aos proprietários e à sociedade em geral, criando, par- período de 2007 a 2010 os sinais de intervenção mais registados
tilhando e distribuindo riqueza. foram as seleções de varas (9,9%) (também denominadas correções
Gerir é mais do que prevenir! Porque é “uma forma de estar e de de densidade), as limpezas de matos (9,2%) e os cortes (7,7%).
agir” muito mais abrangente, que se preocupa e foca na criação de
valor (quer seja de natureza social,
ambiental e/ou económica).
Gerir é mais do que prevenir! Porque
integra obrigatoriamente a pre-
venção, a análise e o planeamento
dos riscos, em particular do risco
de incêndio florestal.
Gerir é mais do que prevenir! Porque
a gestão florestal, desejavelmente
ativa e profissional, apoia a tomada
de decisões através do uso de téc-
nicas e ferramentas que potenciam
um planeamento e operacionali-
zação com recurso às boas práticas
florestais.
A falta de gestão florestal é (sobre-
Figura 2 Distribuição dos sinais de gestão assinalados em 1.267 parcelas
tudo na zona centro e norte do comuns ao IFE (2007-2010)
País) uma das principais vulnerabi-
lidades e lacunas existentes, como Acresce e agrava a situação o facto de em muitos dos povoamentos
facilmente podemos constatar quando visitados se terem observado más práticas florestais, pelo que entre
percorremos o nosso Portugal. a falta de sinais de gestão e a ausência de boas práticas florestais
Figura 1 Mapa com distribuição
O resultado está à vista de todos e o panorama é grave e é urgente alterar.
das parcelas visitadas
no IFE 2010 as suas consequências estão bem O mesmo se pode constatar, e de forma ainda mais gravosa, com
Fonte: CELPA IFE 2010 presentes na nossa memória… E creio o pinhal…
Tecnologias de Agricultura
de Precisão na monitorização
e gestão do ecossistema Montado
O
Montado, característico da região me- multi-sensores próximos utilizados pela equipa
diterrânica, é um sistema silvo-pastoril do grupo de investigação Precision Agriculture/
constituído por árvores, onde predo- Precision Grazing da Universidade de Évora
minam a azinheira e o sobreiro, e pastagens (ICAAM) para monitorizar o ecossistema agro-
naturais ou melhoradas, pastoreadas por animais -florestal extensivo Montado.
em regime extensivo. Esta forma de ocupação João Manuel Ensaios realizados em diversas explorações
do solo representa um terço da área total de Pereira Ramalho Serrano agro-pecuárias da região revelaram o interesse
floresta em Portugal. A biodiversidade associada Professor Auxiliar com Agregação de sensores para avaliação da condutividade
faz deste um sistema de alto valor natural, no Departamento de Engenharia Rural eléctrica aparente do solo como indicador da
da Escola de Ciências e Tecnologia
entanto, há alguns sinais de declínio em resul- fertilidade do solo e como primeira etapa na
Instituto de Ciências Agrárias
tado de factores diversos, entre os quais, de e Ambientais Mediterrânicas implementação de projectos de Agricultura de
ordem climática, sócio-económica e especial- Universidade de Évora Precisão. Sondas de humidade permitem também
mente devido a erros de maneio do solo, da a monitorização frequente da humidade do solo
pastagem ou do pastoreio. a várias profundidades. Esta informação, junta-
No sentido de contribuir para a sua sustentabi- mente com a medição da radiação fotossinte-
lidade, é urgente produzir conhecimento sobre os limites de resi- ticamente activa (medida por um ceptómetro) e da temperatura à
liência dos diversos elementos, o que requer considerável investi- superfície da pastagem (medida por uma câmara de infravermelhos,
gação interdisciplinar e a utilização de tecnologias de Agricultura IV), permite, por exemplo, avaliar o efeito da copa das árvores na
de Precisão. produtividade das pastagens de sequeiro.
A Agricultura de Precisão é um conceito que marca uma nova era Para o gestor agrícola as estimativas da produtividade e da quali-
na agricultura e que tem associado a utilização de tecnologias para dade da pastagem são pilares da tomada de decisão. As medições
recolha e registo de dados (sensores e sistemas electrónicos de com uma sonda de capacitância (Grassmaster II) mostraram cor-
informação), conhecimento e ferramentas de gestão de informação relação significativa com a produção de biomassa em diferentes
e análise de dados (SIG) e os meios para apoiar e concretizar este tipos de pastagens. Por outro lado, a medição da radiação reflec-
conceito, respectivamente, Sistemas de Navegação Global por Sa- tida pela pastagem a partir de leituras realizadas por um sensor
télite (GNSS) e Tecnologias de Taxa Variável (VRT). próximo óptico activo (OptRx), ou de imagens de satélite, permite
A variabilidade associada ao solo e à cultura, as características do o cálculo de índices de vegetação, entre eles o NDVI, o qual apre-
relevo, os sistemas de pastoreio animal ou as condições climáticas sentou correlações significativas com a proteína bruta da pastagem.
originam padrões espaciais que constituem um desafio à aplicação Esta estimativa facilitará a gestão da rotação das pastagens em pas-
de tecnologias de monitorização. Na Figura 1 são apresentados toreio, o encabeçamento respectivo e o cálculo das necessidades
de suplementação alimentar dos animais, em especial no período
entre o final da Primavera e o início do Verão.
A visão integrada sobre o Montado pressupõe considerar o com-
portamento dos animais em pastoreio. A monitorização dos ani-
mais a partir de receptores GPS possibilita o conhecimento das suas
preferências alimentares, contribuindo para estimar a pressão de
pastoreio e melhorar a produção e o bem-estar dos animais.
O conhecimento adquirido pelo conjunto de sensores disponíveis
e a evolução tecnológica verificada nas máquinas agrícolas, resul-
tante em grande medida da incorporação de sensores e unidades
de cálculo e processamento electrónicos, permite hoje fechar o
ciclo de Agricultura de Precisão através da implementação de zonas
de gestão diferenciada, por exemplo, da fertilização com tecno-
logia VRT.
Figura 1 M
ulti-sensores aplicados à monitorização e gestão
do ecossistema Montado Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de acordo com a antiga ortografia.
Aplicações de robótica
em viticultura de precisão
viticultura está na vanguarda, sendo possível
encontrar muitos exemplos de robôs que
estão já ou que pretendem vir a modificar
a forma como os viticultores podem au-
mentar a eficiência, a par da manutenção,
André Barriguinha da sustentabilidade económica e ambiental
Agri-Ciência – Consultores de Engenharia Lda. das suas explorações.
Existem muitas plataformas móveis, grande
parte ainda em fase de protótipo, umas com
capacidade de atuação ao nível da poda,
controlo de infestantes e aplicação de pro- relação entre a informação espacial e a sua
dutos fitofarmacêuticos, e outras que, re- posição geográfica, a capacidade de traba-
correndo a sensores fixos e/ou móveis, per- lhar com múltiplas camadas de informação
Carlos M. Lopes
mitem uma monitorização não invasiva de e o tempo que nos permite a construção
LEAF, Instituto Superior de Agronomia
parâmetros como a temperatura do coberto, de um histórico da informação. As plata-
mapeamento do vigor, composição da uva, formas robóticas do futuro terão a capaci-
previsão de produtividade, etc. Assistimos, dade de, não só, auxiliar na monitorização,
pois, a uma evolução da viticultura para algo permitindo recolher dados de forma con-
mais sistémico e pluridisciplinar, não apenas tínua, mas igualmente permitir uma ação
focado na maximização da rentabilidade, direta com recurso, por exemplo, a técnicas
Miguel de Castro Neto mas no aumento da qualidade, potencial de aplicação variável.
NOVAIMS, Universidade Nova de Lisboa enológico, eficiência e sustentabilidade, com Um exemplo destas aplicações é o projeto
uma redução significativa nos impactos e VINBOT (http://pt.euronews.com/2017/09/
custos da atividade. 04/vinbot-o-robo-de-producao-vinicola-
Muito desta “nova” viticultura está centrada -em-provas-na-regiao-de-tomar) que teve
A
robótica tem sido apontada como na monitorização. As vinhas apresentam, por objetivo a criação de um robô autó-
uma das maiores (r)evoluções que em geral, grande variabilidade espacial de- nomo munido de sensores, com vista à ob-
promete transformar a sociedade e vido a fatores estruturais como as caracte- tenção de uma estimativa da distribuição
parece estar a tomar a agricultura de assalto, rísticas do solo, práticas culturais e clima. espacial da produção e das características
com impactos presentes e futuros que vão Essa variabilidade induz diferentes respostas da sebe da videira para permitir um tomada
alterar a forma como trabalhamos a terra, fisiológicas da videira, com consequências de decisão preditiva e fundamental no apoio
plantamos, colhemos e recolhemos dados diretas sobre a produção e qualidade da uva. à tomada de decisão na vinha e adega em
que nos permitem aprender e tomar me- A monitorização detalhada permite localizar termos de planeamento e organização das
lhores decisões. e identificar as causas dessa variabilidade e operações.
A Agenda de Investigação Estratégica da verificar se a nossa ação conduz a um be- Quer seja com recurso a VANT (Veículos
União Europeia para a Robótica na Europa nefício e se é possível e/ou necessário agir. Aéreos Não Tripulados) que permitam o le-
2014-2020 considera que a robótica se vai No universo cada vez maior de ferramentas vantamento de dados para cálculo de ín-
tornar dominante na próxima década, sendo que temos ao dispor existem três conceitos dices de vegetação como o NDVI e que se
a agricultura considerada um domínio onde chave: a georreferenciação, que traduz a podem relacionar com o estado vegetativo
já existe um forte desenvolvimento com da planta, quer seja com plataformas mó-
soluções no mercado e um considerável veis com braços hidráulicos e outros aces-
potencial futuro. sórios/equipamentos para execução de
As inovações tecnológicas nesta área, as- operações culturais, ou com plataformas
sociadas aos avanços no domínio da inte- móveis com sensores fixos/móveis para
ligência artificial, Internet das Coisas e ima- monitorização não invasiva de diversas ca-
gens de satélite, estão a servir para aplicar racterísticas da vinha, a viticultura de pre-
o conceito de agricultura de precisão, com cisão está a entrar sem dúvida no enorme
quase quatro décadas, a uma escala nunca desafio atual de todas as fileiras agrícolas:
antes pensada. Entre os setores agrícolas a produzir mais com menos.
O
aumento da população mundial, e drone, mas sobretudo ferramentas capazes de precisão que permitem a optimização
que se estima atinja os 9 mil mi- de processar essa informação de forma a dos factores de produção (e consequente
lhões em 2050, irá impor pressão torná-la em conhecimento accionável por contributo para a sustentabilidade da pro-
adicional nas necessidades de produção parte dos responsáveis pela gestão da pro- dução), aumentando simultaneamente a
alimentar a nível global, prevendo-se a ne- dução. Informação como mapas de vigor, produtividade.
cessidade de um aumento de 60% face a de crescimento, de humidade do solo, de O MAPP foi desenvolvido de raiz para ga-
2005, num contexto em que as alterações inventário, de produtividade, etc., disponibi- rantir a sua compatibilidade com plataformas
climáticas ameaçam a disrupção dos sis- lizada apenas para a cultura (sem contami- móveis, permitindo a utilização directa no
temas agrícolas. Por outro lado, é cada vez nações de entrelinhas, caminhos, outras cul- terreno e tirando partido da inerente geo-
mais ubíqua a imagem multiespectral de turas, etc.) e com o detalhe adequado à pers- localização que estas possibilitam. A plata-
detecção remota, quer seja com base em pectiva que se pretende: da exploração com- forma destina-se a aplicações de cartografia,
satélite, quer com base em drones de au- pleta, de uma cultura, de uma casta/variedade agricultura e florestas contando com clientes
tonomia crescente. da parcela, até à planta individual. Estas várias em todas estas áreas. Em particular, são ac-
A resposta é simples, mas os desafios imensos: camadas de informação processadas e inte- tualmente monitorizadas no MAPP culturas
como tirar partido da utilização deste vo- gradas com algoritmos proprietários da Spin. vitivinícolas, de milho, eucalipto, montado
lume de dados crescente para tornar a agri- Works, juntamente com as ferramentas de de sobro e pinheiro manso.
cultura simultaneamente mais produtiva e análise disponibilizadas no MAPP, permitem
sustentável? Como transformar dados em ter uma imagem integrada da cultura e da Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de
informação, fazendo chegar ao decisor o sua variabilidade, acompanhar a sua evolução acordo com a antiga ortografia.
Figura 1 N
DVI ao nível da planta segmentado em duas classes, Figura 2 N
DVI ao nível da planta segmentado em três categorias,
com um target de produtividade de 30 hl para um vinho com targets de produtividade de respectivamente 10, 30 e 20 hl
de segmento premium
E
m 1961 Rui Nabeiro fundava a Delta
Cafés na vila alentejana de Campo
Maior. Hoje, pouco mais de meio sé-
culo volvido, a Delta é uma marca de su-
cesso no País e no Mundo, sendo um claro
exemplo de pioneirismo, inovação e vontade Permanente Já em 2017 a Delta Q continuou a sur-
empresarial. atenção aos mercados preender os consumidores com o lança-
Garantir a viabilidade financeira do Grupo mento dos blends Qanela, bio, Chef’s Col-
Uma marca com valores Nabeiro implica estar atento às alterações lection e a inovação disruptiva mais recente
Desde a fundação, a Delta Cafés assentou dos mercados, mudanças dos hábitos de – o RISE, um sistema único de extração in-
em valores sólidos e princípios que a de- consumo e necessidades dos consumidores. vertida, que contraria a gravidade e potencia
finem como uma Marca de Rosto Humano, Esta atitude impulsionou a inovação no Grupo todos os aromas e nutrientes do café.
assente por definição própria na autentici- Nabeiro, como forma de sustentar o cres- Tal como o Delta Q, também a Delta Cafés
dade das relações com os stakeholders. Os cimento económico e social da empresa. lidera o mercado nacional do setor – dis-
valores primordiais que comandam o com- Inventar, idealizar, conceber, diversificar, re- tribuição moderna e canal Horeca – de
portamento das empresas do Grupo Nabeiro novar, desenvolver e criar são sinónimos da forma continuada desde meados da década
são: Integridade, Transparência, Lealdade, palavra “inovar”. Na Delta sempre sentimos de noventa do último século. Sucedem-se,
Qualidade, Sustentabilidade, Solidariedade, necessidade de inovar, acrescentando valor por outro lado, as mais diversas distinções,
Responsabilidade Social, Humildade e Ver- ao mercado, aos nossos clientes e consu- com destaque para 16 anos consecutivos
dade. midores. como Marca de Confiança, cinco como Es-
Novos serviços, embalagens e conceitos colha do Consumidor e três com o Prémio
Aposta na inovação incremental têm vindo a ser desenvolvidos ao longo dos Cinco Estrelas.
A Delta Cafés tem vindo a adotar uma es- anos. Mas quisemos sempre mais. Quisemos, A nossa força está na aposta permanente
tratégia de inovação incremental, de caráter sobretudo, criar tendências, para nós o ver- em inovação e qualidade.
ativo, o que exige um considerável esforço dadeiro significado de inovação. Vamos continuar a trabalhar, pois, como se
e envolvimento transversal por parte do Um claro exemplo da nossa permanente pode ler no mais recente Relatório de Sus-
Grupo Nabeiro. Para dar corpo a essa es- atenção aos mercados e vontade de ante- tentabilidade da Delta Cafés, “acreditamos
tratégia, a marca aposta na capacidade de cipar tendências foi a criação da Delta Q em na nossa equipa. Acreditamos no futuro. O
design, na qualidade dos seus recursos e no finais de 2007. Apenas cinco anos depois, nosso profundo agradecimento aos clientes,
investimento contínuo em novos métodos em 2012, a marca de café em cápsulas do fornecedores, colaboradores e restantes
de produção, garantindo melhorias ao nível Grupo Nabeiro alcançava a liderança daquele stakeholders pela confiança e trabalho que
dos processos e elevando a qualidade dos segmento de consumo em Portugal. O ritmo desenvolvemos em conjunto. Prometemos
produtos. de dinamismo e inovação não mais cessou dar o nosso melhor para continuarmos a
A maioria das inovações geradas na empresa até aos nossos dias. Em 2016, por exemplo, ser merecedores da confiança depositada
é, muitas vezes, fruto de uma assimilação foi reforçado o portefólio de referências dis- em nós”.
de conhecimentos resultantes da aprendi- poníveis no mercado, ampliando a gama de
zagem ao longo do processo produtivo, da tisanas, de sucedâneos e uma edição espe-
utilização dos produtos e também da inte- cial com a assinatura do fundador Rui Na- Nota: texto revisto por João Vinagre,
ração entre a marca e os consumidores. beiro (UniQ Collection). Departamento de Marketing do Grupo Nabeiro.
Alterações climáticas
e a vulnerabilidade costeira
de execução o trabalho para a zona costeira rios de subida do NMM e de extremos para
de Loulé. diferentes períodos de retorno foram ela-
O nível médio do mar tem vindo, nos úl- borados cenários de inundação extrema
timos tempos, a subir de forma acelerada, para 2050 e 2100, e aplicados a toda a ex-
contribuindo no futuro para níveis máximos tensão da costa continental portuguesa.
Carlos Antunes
de maré mais elevados e, consequente- Partindo destes cenários de inundação ex-
Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências mente, potenciando a severidade e os im- trema, foi elaborada uma cartografia de vul-
da Universidade de Lisboa pactos dos eventos extremos: agitação ma- nerabilidade física, com base numa combi-
rítima mais energética, sobrelevações me- nação do índice de perigosidade de inun-
teorológicas mais elevadas, mais e maiores dação com sete parâmetros físicos (rede
inundações costeiras e mais erosão. O nível hidrográfica; tipo de linha de costa; distância
médio do mar (NMM) já subiu nos últimos à linha de costa; geologia; deriva geológica;
cem anos cerca de 20 cm e está actual- uso do solo).
mente a subir a uma taxa entre os 3 e os 4 Os estudos de avaliação de vulnerabilidade
A
elevada exposição da população mm/ano, podendo vir a alcançar 1 m ou obtidos permitiram identificar os distritos e
actual na faixa costeira potencia os mais até ao final do século. concelhos mais vulneráveis à combinação
riscos associados a temporais e a da subida do NMM, do efeito de maré e de
eventos extremos com origem no mar. eventos extremos, e quantificar áreas de
Como consequências das alterações climá- vulnerabilidade. Os distritos de Aveiro, Faro,
ticas, as inundações e galgamentos costeiros Setúbal e Lisboa apresentam-se como as
serão cada vez mais severos, aumentando regiões com maior área vulnerável. Para o
o risco das zonas costeiras mais expostas. cenário de 2100, com cem anos de período
Conhecer e modelar os mecanismos for- de retorno (Figura 1), estimou-se para estes
çadores do galgamento e inundação é fun- distritos uma área total vulnerável de 261.4,
damental para a adequada produção de 222.0, 211.7 e 185.9 km2, respectivamente.
cartografia de risco à inundação costeira. Com base nos dados dos Censos de 2011
Devido à necessidade de adaptação climá- quantificou-se um total de 127 mil pessoas
tica, a Diretiva Comunitária 2007/60/CE, que habitam nestas zonas vulneráveis. A
transposta para a lei nacional através do manter-se a densidade demográfica na faixa
Decreto-Lei n.º 115/2010 de 22 de Outubro, costeira nacional, será este o número po-
relativo à avaliação e gestão de riscos de tencial a ser afectado, directa ou indirecta-
inundação, veio impor e obrigar a realização mente, pelo efeito da subida do NMM, con-
da avaliação da vulnerabilidade e de risco jugado com a ocorrência de eventos me-
de inundação. No âmbito desta diretiva eu- teorológicos extremos.
ropeia, as instituições nacionais, nomeada- Para uma melhor avaliação do risco de inun-
mente a Agência Portuguesa do Ambiente, Figura 1 M
apa de vulnerabilidade costeira dação costeira, local e regional, estão a ser
devem elaborar a cartografia de risco, após de Portugal Continental, para o cenário desenvolvidas metodologias complemen-
de 2100 com os efeitos de subida
a identificação das zonas de maior vulne- do NMM, de maré e de efeitos tares para a elaboração rigorosa da carto-
rabilidade. Nesse âmbito, e relativo à vulne- meteorológicos extremos grafia de risco de inundação costeira. Per-
rabilidade de inundação costeira, tem sido mitindo, desse modo, atingir os objectivos
desenvolvido um trabalho de investigação Face aos vários cenários de alterações cli- da Diretiva Comunitária 2007/60/CE e con-
e desenvolvimento por uma equipa de in- máticas podem ser formulados cenários de tribuir para um melhor conhecimento e
vestigadores do IDL e FCUL, o qual resultou subida do NMM com diferentes perigosi- apoio à tomada de decisão ao nível das po-
num protocolo de cedência de resultados dades, de baixa a extrema, assim como de- líticas de gestão do território e de adaptação
com o Ministério do Ambiente e em con- terminar períodos de retorno de eventos às alterações climáticas.
tratos com os municípios de Lisboa e Loulé. extremos que caracterizem, no seu con-
Tendo já sido concluído o trabalho para a junto, cenários de perigosidade provável e Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de
zona ribeirinha de Lisboa e estando em fase perigosidade extrema. Com base em cená- acordo com antiga ortografia.
Projeção de cenários
de evolução da linha de costa
Dado o atual grau de exposição das frentes devem admitir opções diferenciadas de local
costeiras urbanizadas é frequente o relato de para local, permitir a proteção de frentes
problemas, como galgamentos, inundações marítimas construídas, a evolução natural
e danos junto à costa. A projeção de cenários da posição da linha de costa em zonas não
de evolução de linha de costa aponta para construídas e a alimentação artificial em
Carlos Daniel Borges Coelho um aumento da frequência da ocorrência trechos costeiros vulneráveis. O planea-
Professor Auxiliar destes eventos. Para mitigar o problema, a mento a médio/longo prazo deve constituir
RISCO e Departamento de Engenharia Civil estratégia de atuação pode passar pelas causas, uma preocupação técnica, social e política.
da Universidade de Aveiro na perspetiva de reduzir o défice sedimentar: A Engenharia deve ajudar a identificar os lo-
i) redução dos efeitos da intervenção humana; cais mais vulneráveis e de maior risco à erosão
ii) alimentação artificial de areias; ou pelas costeira, deve melhorar a capacidade de pre-
N
a relação entre o mar e o litoral, a consequências: iii) redução do número de visão e projeção de cenários, para suporte
erosão costeira é um fenómeno construções expostas à agitação; iv) proteção fundamentado das decisões, e deve melhorar
que se traduz na perda de território com recurso a estruturas de defesa costeira. o desempenho dos materiais e das soluções
e em danos sobre infraestruturas. Por isso, No passado as ações energéticas do mar (ver Figura com ferramentas numéricas de-
é fundamental possuir capacidade de pro- foram contrariadas através de intervenções senvolvidas no Departamento de Engenharia
jeção da evolução da linha de costa que no sentindo de proteger as populações, os Civil da Universidade de Aveiro).
permita avaliar as consequências de dife- bens e o território, mas à custa de um grande
rentes cenários de mitigação da erosão esforço económico. A discussão das opções
costeira, sustentando as tomadas de decisão. futuras tem que ter por base uma análise do
A projeção de cenários obriga ao adequado custo e benefício e a tomada de decisão deve
conhecimento de diversos fatores: i) causas assentar numa perspetiva de longo termo,
de erosão costeira; ii) hidrodinâmica e di- sustentada em resultados de modelação nu-
nâmica sedimentar; iii) desempenho das mérica. A projeção de cenários de evolução
intervenções; e iv) custos e benefícios em da linha de costa deve incorporar a aceitação CERA – Identificação dos locais de risco de erosão
horizontes temporais de médio/longo prazo. dos níveis de risco, as consequências e custos
As causas da erosão costeira relacionam-se de erosões, galgamentos e inundações, os
com diversas ações antropogénicas sobre impactos das intervenções de defesa costeira,
os rios (barragens) e sobre o litoral (obras de o valor do território e a evolução das ativi-
defesa costeira e portuárias), que condicionam dades sociais e económicas desenvolvidas
o volume de sedimentos disponível e geram ao longo do litoral.
défice sedimentar na zona costeira. As alte- Os cenários de evolução da linha de costa LTC – Projeção de cenários de evolução
rações climáticas, relacionadas com a subida da linha de costa
O projeto de Mapeamento
do Mar Português
U
ma grande parte da população mundial conhecer em detalhe a estrutura do fundo oceâ-
desconhece que o fundo do mar não nico, ao nível da hidrografia e da geofísica, áreas
pode ser representado com o mesmo onde o Instituto Hidrográfico detém uma ex-
nível de detalhe das zonas emersas da Terra, pois periência inigualável em Portugal.
quando se observam mapas representando as A questão energética, bem como o esgotamento
profundidades dos oceanos fica-se com a ideia de certas matérias-primas exploradas até à
José Alberto de Mesquita Onofre
de que o trabalho de mapeamento está con- exaustão nos continentes, poderão levar à fo-
Capitão-de-fragata
cluído, tal é, em alguns casos, o detalhe apre- Diretor-técnico do Instituto Hidrográfico calização dos esforços das nações nos oceanos,
sentado. No entanto, na realidade, o fundo dos sendo vital para Portugal que, com uma imensa
oceanos é menos conhecido do que as super- área de oceano sob a sua soberania ou juris-
fícies de Mercúrio, Vénus, Marte e das luas de dição, possa, em posição vantajosa, posicionar-
vários planetas. No que diz respeito aos fundos marinhos sob juris- -se na linha da frente desde o início e, acima de tudo, conhecer
dição de Portugal, uma grande parte permanece por mapear em toda a potencialidade do seu mar.
detalhe, conforme é mostrado na Figura 1. Recentes desenvolvimentos tecnológicos têm permitido extrair, por
enquanto em pequenas quantidades, minerais nobres do fundo
marinho. As mais recentes descobertas no fundo do mar identifi-
caram ainda nódulos polimetálicos de manganês e sulfuretos po-
limetálicos, que se afiguram como futuras fontes consistentes de
A gestão do litoral
e a transformação digital
mento e atuação do setor público e respe- tratégia de investimento em recursos hu-
tivas políticas. Efetivamente, a verdadeira manos e tecnológicos que concorrem para
transformação da política pública através do uma maior eficiência das ações desenvol-
poder das tecnologias digitais será uma jor- vidas pela APA. A aposta nas novas tecno-
nada plena de desafios nos próximos anos. logias e a parceria com equipas multidisci-
No seio das instituições públicas tem vindo plinares têm concorrido para a inovação na
a assistir-se de modo faseado, e com dife- recolha e análise de dados e, em última
Celso Aleixo Pinto rentes níveis de maturidade, a uma alteração análise, para uma organização e gestão mais
APA – Agência Portuguesa do Ambiente da estratégia, liderança, cultura instalada e eficaz da informação. São exemplo disso a
competências profissionais, de modo a as- criação de uma base de dados nacional de
segurar a transição e o acompanhamento ocorrências no litoral; a aquisição de um
da transformação digital em curso. No caso veículo aéreo não tripulado para monitori-
O
setor público, à semelhança do da APA, I.P., plataformas como o SNIAMB, zação do litoral; o desenvolvimento de pla-
que se verifica noutros setores, SILIAMB, SNIRH e SIARL, disponibilizam um taformas online para registo de informação
atravessa um processo de trans- vasto conjunto de serviços, tanto para uti- entre vários utilizadores; ou, ainda, a con-
formação associada à aplicação da tecno- lizadores, como para outros sistemas (co- cretização de projetos à escala nacional –
logia digital que afeta vários aspetos da municação M2M), potenciando e facilitando COSMO e CHIMERA – que visam recolher
sociedade humana. Esta transformação a comunicação da APA com as mais variadas dados fundamentais para o planeamento
digital assenta principalmente em três níveis: entidades e público em geral. das ações no litoral nas suas várias vertentes,
estratégico, organizacional e inovação, re- A gestão do litoral não é exceção, tendo ao nível do ordenamento, monitorização,
sultando em oportunidades para melhorar vindo a assistir-se a uma alteração do seu ou dimensionamento de novas obras de
as competências das instituições na con- paradigma em vários domínios estratégicos, proteção/defesa costeira.
cretização das políticas públicas com im- tais como o ordenamento/planeamento, A APA está a evoluir no sentido de se adaptar
pacto na sociedade.
As alterações exponenciais que impulsionam
a transformação digital desafiam os modelos
estabelecidos de liderança e governança e,
consequentemente, o modo de funciona-
António Calado
Coordenador do Projeto ROV Luso
EMEPC – Estrutura de Missão para a Extensão
da Plataforma Continental
O
ROV Luso, adquirido pela Estrutura
de Missão para a Extensão da Pla-
taforma Continental (EMEPC) em
2008, é um veículo de operação remota
(ROV – Remote Operated Vehicle), com
capacidade para mergulhar até 6.000 me-
tros de profundidade, representando para
Portugal um meio de excelência para efetuar
Figura 1 Esquema geral dos equipamentos instalados no ROV Luso
um conjunto ímpar de ações de investigação
multidisciplinar, desenvolvimento e inovação nhas oceanográficas focadas na aquisição záveis na indústria da biotecnologia azul,
direcionados para o mar profundo. de conhecimento sobre o mar profundo. inventariação de biodiversidade e estudos
No ROV Luso encontram-se instalados di- Numa primeira fase o principal objetivo das de ecossistemas pelágicos e bentónicos.
versos equipamentos que pretendem oti- campanhas realizadas consistiu na recolha Deste modo, Portugal é hoje um país com
mizar cada operação do ponto de vista seletiva de amostras geológicas do fundo uma capacidade operacional muito rele-
científico, nomeadamente maximizando a marinho, para a sustentação científica da vante nesta matéria, podendo aplicá-la a
recolha de dados, amostras e imagens do submissão portuguesa para a extensão da qualquer área marinha sob sua jurisdição,
fundo marinho. Dos diversos equipamentos plataforma continental, apresentada às Na- incluindo a futura área de soberania resul-
podem destacar-se: dois manipuladores ro- tante do Projeto de Extensão da Plataforma
bóticos, uma câmara de alta definição para Continental. Acresce a isso o facto de o ROV
captura e gravação de imagens HD, uma Luso ser operado por uma equipa de pilotos
máquina fotográfica com flash, um Doppler totalmente nacional, tendo já efetuado 116
Velocity Logger (DVL) para medição de cor- mergulhos, num total de 462 horas de ope-
rentes marinhas de fundo, dois CTDs, para ração, e tendo atingido uma profundidade
medir a densidade, temperatura e pressão máxima de 3.250 m.
da água, com sensores de fluorescência, Um projeto como este acaba igualmente
oxigénio dissolvido, turbidez, pH, e poten- por servir como âncora para que outros
Figura 2 I magens vídeo do ROV Luso recolhidas
cial oxidação-redução, sensores de CH4 e durante a campanha 2013 projetos surjam e que se apoiem nesta tec-
CO2, caixas de amostras para armazenar nologia e na experiência operacional entre-
amostras de geologia e biologia, amostrador ções Unidas em maio de 2009, tendo con- tanto adquirida para que se atinjam deter-
biológico por sucção com cinco câmaras tribuído igualmente para diversos projetos minados resultados. Temos hoje, a nível
de amostragem, quatro garrafas de niskin de investigação nacionais e internacionais. nacional e internacional, diversos projetos
para recolha de amostras de água, suporte Os equipamentos instalados permitem a científicos no âmbito das ciências do mar
para corers para recolha de sedimentos, la- realização de estudos fundamentais em dis- que se apoiam na capacidade operacional
sers de escala, quatro luzes de alta intensi- ciplinas como a Geologia, Biologia, Química do ROV Luso para a obtenção de dados e
dade, sonar, altímetro, girobússola e posi- Ambiental, Geofísica, Oceanografia Física e imagens de alta resolução do fundo ma-
cionamento acústico. Química em diferentes ambientes geotec- rinho, ou projetos tecnológicos que utilizam
O ROV Luso fez a sua primeira missão em tónicos; permite ainda a avaliação de re- o ROV como plataforma de testes, desen-
2008, tendo desde aí efetuado 12 campa- cursos minerais submarinos, recursos utili- volvimento ou apoio operacional.
A
Nautilus Minerals Inc. é a primeira tional Designation. Os principais acionistas processos de exploração e mineração com-
empresa publicamente cotada a ex- incluem a MB Holding Company LLC, um petitivos em termos de custos.
plorar comercialmente o leito do grupo com sede em Omã com interesses Nestes primeiros tempos do desenvolvi-
fundo oceânico para obter depósitos mi- em mineração, petróleo e gás, e o Metalloin- mento de SMS, ainda podem ser encon-
nerais. vest, o maior produtor de minério de ferro trados e extraídos depósitos muito elevados
O nosso primeiro projeto é uma mina nas da Europa e da CEI. da superfície do fundo marinho, por um
águas territoriais da Papua Nova Guiné, onde As reservas mundiais estão com dificuldades baixo custo.
iremos produzir cobre e ouro a partir de de- em corresponder ao crescimento contínuo
pósitos do tipo sulfuretos maciços do fundo da procura por muitos metais chave, en- Porquê fazer a mineração de SMS no fundo
marinho (SMS). Os SMS de classe elevada quanto os depósitos terrestres enfrentam marinho?
também ocorrem nas águas territoriais de dificuldades crescentes na exploração de A classe do SMS é muito competitiva com-
Tonga. Como pioneira, a Nautilus tem jazigos forma competitiva. parativamente com os depósitos terrestres.
de exploração em algumas das áreas mais O futuro passa por continuar a mudança E oferece uma fonte de metal mais amiga
prospetivas de SMS da província de Tonga. para as alternativas submarinas (ou seja, se- do ambiente.
A Nautilus está listada na TSX:NUS e também guir o exemplo do petróleo, estanho, dia-
é membro do programa Nasdaq Interna- mantes, fosfatos). Sistema de mineração de SMS
A tecnologia moderna, tanto da mineração O sistema híbrido utiliza tecnologia com-
como das indústrias em alto mar, oferece provada dos sectores de petróleo e gás e
de mineração.
O
Porto de Sines é um porto de águas ques, é um local atrativo para a instalação de
profundas, líder nacional na quanti- grandes indústrias, beneficiando da proximidade
dade de mercadorias movimentadas, do Porto de Sines. Com uma área total de 4.157
que apresenta condições naturais ímpares na hectares, esta zona tem demonstrado capaci-
costa portuguesa para acolher todos os tipos dade e versatilidade para acolher projetos das
de navios. Localizado na fachada atlântica da mais variadas complexidades e dimensões, em
Idalino Sabido José
Península Ibérica, no cruzamento das principais Engenheiro perfeita ligação com o porto. Na área portuária
rotas marítimas internacionais Norte-Sul e Este- Diretor da Direção de Infraestruturas está localizada a ZALSINES – Zona de Atividades
-Oeste, o Porto de Sines assume-se como a e Ordenamento da Administração Logísticas de Sines, com cerca de 13 hectares
dos Portos de Sines e do Algarve
Porta Atlântica da Europa. completamente infraestruturados, vocacionada
É um porto aberto ao mar com excelentes aces- para empresas do setor da logística que neces-
sibilidades marítimas sem constrangimentos, oferecendo cinco sitam de grande proximidade com o porto.
modernos terminais especializados: Terminal de Granéis Líquidos,
Terminal Petroquímico, Terminal Multipurpose, Terminal de Gás Acessos ao Hinterland
Natural e Terminal XXI (contentores). A plataforma industrial e portuária de Sines é já hoje a maior plata-
forma ferroviária nacional de mercadorias com comboios diários de
Fatores críticos de sucesso da atividade portuária combustíveis, carvão e contentores, totalizando mais de 5.000 com-
A evolução do Porto de Sines tem tido suporte no forte relaciona- boios/ano. No que respeita à carga contentorizada, existem ligações
mento da Autoridade Portuária (APS) com os concessionários e os regulares diárias aos portos secos nacionais para servir o mercado
demais stakeholders, reforçando os diversos fatores críticos de su- de influência do porto, que representa 90% do tráfego de hinter-
cesso desta infraestrutura portuária, sempre com vista ao melhora- land. Já no que respeita às acessibilidades rodoviárias existentes,
mento do serviço prestado aos clientes do porto. Para o célere des- estas são as adequadas ao tráfego atual, estando prevista a sua me-
pacho de navios e de mercadorias, os circuitos informacionais as- lhoria com a conclusão da ligação à A2 em perfil de autoestrada.
sentam em procedimentos simplificados e numa plataforma tecno-
lógica de última geração, a Janela Única Portuária – JUP, que inter- Um porto ligado ao Mundo
liga todos os atores públicos e privados, através de um balcão único O Porto de Sines oferece atualmente às empresas localizadas no
eletrónico. Para alargar esta interação ao transporte rodoferroviário seu hinterland ligações diretas semanais aos mais importantes mer-
e aos portos secos estão em curso os trabalhos de implementação cados mundiais, contribuindo para o aumento da competitividade
da Janela Única Logística – JUL. O porto dispõe também de mo- das empresas nacionais nos mercados externos. O Porto de Sines
dernos sistemas de controlo operacional e de segurança, sempre ocupa o top 20 europeu no ranking de carga contentorizada e,
com total integração, permitindo gerir em tempo útil a supervisão desde 2014, integra também o top 100 dos principais portos mun-
das operações e eventuais ocorrências ligadas à proteção e segu- diais de contentores.
rança portuária. O Porto de Sines funciona 24/24 horas num regime
de tarifas planas e os seus terminais dispõem de equipamentos de Capacidade de expansão
operação de última geração, que permitem movimentar todo o tipo O Porto de Sines dispõe de capacidade de expansão em todos os
de mercadorias com os mais elevados índices de produtividade. terminais por forma a suportar o crescimento da atividade portuária.
Recentemente foi anunciada pelo Governo a Estratégia para o Au-
Zonas disponíveis para a instalação de empresas mento da Competitividade Portuária, destacando-se:
A Zona Industrial e Logística de Sines, gerida pela aicep Global Par- a) Expansão do Terminal XXI (3.ª Fase) - Por forma a responder à
procura crescente, está a ser desenvolvido o projeto de expansão
do Terminal de Contentores de Sines, contemplando o aumento do
cais em mais 800 m, possibilitando uma movimentação anual até
4,1 milhões de TEU; este projeto contempla também o prolonga-
mento do molhe leste em mais 750 m, de forma a melhorar as atuais
condições de abrigo e permitir a proteção marítima da 3.ª fase de
expansão do Terminal XXI e do futuro Terminal Vasco da Gama.
b) Terminal Vasco da Gama - Está também a ser desenvolvido o
projeto de construção de um novo terminal de contentores – Ter-
minal Vasco da Gama – com o objetivo de aumentar a capacidade
e competitividade do Porto de Sines neste segmento de mercado,
e que numa 1.ª fase terá uma capacidade instalada de 3,0 milhões
Evolução do total da carga movimentada (TON). Crescimento sustentado. de TEU.
José Sardinha
Contexto da rede segmentada em Zonas de Monitorização
Engenheiro
As entidades gestoras de sistemas de abasteci- Presidente do Conselho e Controlo (ZMC). O sistema inovador integra
mento de água devem contribuir para um quadro de Administração da EPAL tecnologias como sensores, transmissão remota,
de eficiência e sustentabilidade ambiental, eco- “cloud”, “big data”, “data analytics”, entre outras.
nómica e social, melhorando a qualidade de A aplicação do sistema WONE® na rede de dis-
vida dos cidadãos. A importância da utilização racional da água as- tribuição de Lisboa envolveu a criação de 160 ZMC e de uma fer-
sume particular relevância no contexto de seca que se vive atual- ramenta informática de integração dos dados de caudal e pressão,
mente em Portugal. Nos últimos anos foram visíveis algumas alte- que permite automatizar a gestão dos dados de forma eficiente e
rações na forma como as entidades gerem o seu negócio e se re- flexível. Os diversos indicadores de desempenho calculados per-
lacionam com os clientes, principalmente pela adoção de processos mitem identificar zonas prioritárias para deteção de fugas. Foram
de transformação digital. A EPAL foi um exemplo claro dessa rea- criados diferentes módulos de consulta, disponibilizando ao utili-
lidade, não só adotando e tirando partido de soluções disponíveis zador informação sobre o desempenho das zonas monitorizadas,
no mercado, como também desenvolvendo e comercializando, ela destacando-se os relatórios de balanço hídrico e os relatórios de
própria, produtos baseados em tecnologias digitais que em muito campanhas de deteção de fugas.
contribuíram para aumentar a eficiência do serviço e dos clientes, Após identificação das zonas de intervenção são desenvolvidos
tais como o Aquamatrix®, o Waterbeep®, o MyAqua® e o WONE®. trabalhos no terreno de validação dos limites das ZMC, realização
Este último foi merecedor do Troféu Ordem dos Engenheiros na de ensaios de macro e micro localização de fugas e identificação
categoria Ambiente, em 2016, e será este o exemplo que esco- de ligações ilegais. O processo termina com a rápida reparação das
lhemos para demonstrar como a aplicação das tecnologias digitais fugas identificadas.
ao setor do ambiente traz, efetivamente, ganhos inquestionáveis.
Benefícios ambientais, sociais,
Solução Integrada Inovadora operacionais e financeiros
Nos primeiros anos deste século a EPAL adotou uma estratégia de A aplicação do WONE® na cidade de Lisboa conduziu a uma me-
combate às perdas de água tendo iniciado um projeto para reduzir lhoria significativa do conhecimento do sistema de abastecimento
a Água Não Faturada no seu sistema de abastecimento. Nessa pers- e contribuiu para a redução do índice de Água Não Faturada de
petiva, a EPAL concebeu e implementou o sistema inteligente WONE ® 24%, em 2005, para cerca de 10%, em 2016, colocando a EPAL no
– Water Optimization for Network Efficiency, baseado numa me- grupo de elite das entidades gestoras mais eficientes do Mundo.
todologia de monitorização contínua e avaliação do desempenho Estes resultados refletem-se na correspondente redução dos vo-
lumes de água captados nas origens de água superficiais e subter-
râneas da EPAL, contribuindo assim para a sustentabilidade am-
biental das mesmas. Conseguiu-se uma redução anual do consumo
energético usado na captação, tratamento e distribuição da água
da ordem de 8,5 milhões de kWh, emissões de CO2 em 3,8 tone-
ladas e do consumo de reagentes em 800 toneladas.
O sistema inteligente WONE®, que foi primeiramente implemen-
tado em Lisboa, está atualmente a ser utilizado com sucesso por
mais de uma dezena de entidades a operar em Portugal, bem como
em Angola, revelando a importância e replicabilidade da aplicação
Água não faturada na rede de distribuição da EPAL no período 2005-2016 deste tipo de sistemas inteligentes nos serviços ambientais.
A
tualmente a humanidade está a emitir do nível médio global do oceano. dele os impactos das alterações climáticas
por ano para a atmosfera mais de A Convenção Quadro das Nações Unidas tornam-se muito gravosos através do Mundo
36 milhares de milhões de toneladas para as Alterações Climáticas (UNFCCC) de em vários sistemas e setores, tais como os
de CO2, mais 13 milhares de milhões de 1992 estabeleceu o objetivo de “estabilizar recursos hídricos, agricultura, florestas, bio-
toneladas do que em 1990. O total das as concentrações de GEE na atmosfera num diversidade, zonas costeiras, saúde humana,
emissões anuais de todos os gases com nível que evite uma interferência antropo- zonas urbanas, infraestruturas, seguros, entre
efeito de estufa (GEE) para a atmosfera é génica perigosa sobre o sistema climático”. muitos outros. Um exemplo da perigosidade
equivalente, em termos de forçamento ra- Para quantificar e concretizar este objetivo associada a temperaturas superiores en-
diativo na tropopausa, a cerca de 52 milhares a 15.ª Conferência das Partes (COP 15) da contra-se na região do Mediterrâneo e em
de milhões de toneladas de CO2. Devido a UNFCCC concluiu ser necessário “reduzir particular na Península Ibérica. Nas últimas
estas emissões o efeito de estufa natural na as emissões de modo a que a temperatura quatro décadas observa-se uma expansão
atmosfera intensifica-se, o que produz um média global não ultrapasse 2º C relativa- para maiores latitudes da faixa climática das
desequilíbrio no balanço radiativo da atmos- mente ao período pré-industrial”. O Acordo zonas subtropicais secas. Na região do Me-
fera e a acumulação de uma gigantesca de Paris obtido na COP 21 vai mais longe e diterrâneo isso significa uma translação para
estabelece que o aumento da “temperatura norte do clima do Norte de África. O clima
média global deve ficar bem abaixo dos 2º da Península Ibérica está a tornar-se mais
C” e devem “prosseguir os esforços para li- quente e seco e acima dos 2º C a escassez
mitar o aumento a 1,5º C”. de água terá impactos muito gravosos sobre
Há essencialmente dois tipos de resposta a agricultura, as florestas e a biodiversidade.
às alterações climáticas: a mitigação e a Desde o início da década de 1930 a preci-
adaptação. A primeira é uma intervenção pitação anual em Portugal Continental de-
humana para reduzir as fontes e potenciar cresceu cerca de 20mm por década e dos
os sumidouros de GEE. Cumprir o objetivo dez anos mais secos cinco ocorreram de-
de mitigação do Acordo de Paris significa pois de 2000. A seca que atualmente afeta
reduzir as atuais emissões anuais e globais a Península Ibérica é preocupante. Espe-
de GEE em mais de 80% até ao final do sé- remos que termine em breve mas caso se
culo XXI. A adaptação é um processo de prolongue durante o ano de 2018 terá im-
ajustamento ao clima atual e futuro e aos pactos profundos no nosso País. Os setores
seus efeitos. O principal objetivo da adap- mais vulneráveis às alterações climáticas em
tação é minimizar os efeitos adversos das Portugal são os recursos hídricos, agricul-
alterações climáticas nos vários setores so- tura, florestas, biodiversidade, zonas cos-
cioeconómicos e sistemas biogeofísicos e teiras e saúde humana. É necessário levar a
potenciar eventuais oportunidades que trazem. sério esta vulnerabilidade e o risco que lhe
De acordo com o último relatório do Painel está associado, promovendo ativamente a
Intergovernamental sobre as Alterações Cli- adaptação a um clima em mudança.
Figura 2
Proposta de logomarca
A
s cidades serão no futuro a base de Se pretendemos reduzir drasticamente as tecnologia do veículo), assim como informar
vivência da grande maioria da po- concentrações de poluentes nas nossas ci- melhor o cliente da mobilidade.
pulação mundial. Estima-se que em dades e, simultaneamente, contribuir para Em complementaridade, a Engenharia tem
2030 o planeta Terra tenha mais de 40 me- as metas ambientais associadas ao Acordo feito o seu trabalho, e bem. O carro elétrico
gacidades (i.e. com uma população superior de Paris de mitigação das Alterações Climá- é já uma realidade em franca expansão e
a 10 milhões) e que em 2050 mais de 70% ticas, teremos de apostar claramente em futuramente será mais conectado, mais par-
da população mundial viva em grandes cen- três áreas, a saber: i) planear melhor as nossas tilhado e cada vez mais autónomo. As ci-
tros urbanos. Acontece que nas cidades o cidades, ii) gerir melhor e de forma mais in- dades terão de ser capazes de incentivar a
setor dos transportes representa uma das tegrada os diferentes produtos de mobili- proliferação dos mesmos e preparar-se para
principais fontes de consumo energético e dade e iii) potenciar a introdução de novas uma profunda revolução em termos daquilo
de emissão de poluentes, com consequên- tecnologias, em particular veículos de emis- que será a mobilidade urbana e das tecno-
cias gravosas para a saúde humana e para sões locais zero. logias que a Engenharia colocará ao seu
a qualidade de vida. Adicionalmente, sendo Em termos de planeamento, as cidades dispor. Mais uma vez o futuro estará nas
a indústria dos transportes, e em particular foram durante décadas pensadas e dese- nossas mãos: daqueles que planeiam, dos
dos transportes rodoviários, fortemente de- nhadas para garantir fluidez rodoviária, le- que gerem, daqueles que produzem as novas
pendente de combustíveis fósseis, o seu vando a um desequilíbrio profundo na re- soluções tecnológicas e, principalmente, de
impacte em termos de emissão de gases partição modal entre transporte individual, todos nós que diariamente fazemos a vi-
com efeito de estufa (GEE) é igualmente transportes públicos e modos ativos (andar vência das nossas cidades. Não tenhamos
expressivo, sendo, em muitas cidades, do- a pé e de bicicleta). A inversão desse para- dúvidas que a Engenharia estará preparada
minante. digma não é tarefa fácil, mas é fundamental. para este grande desafio, continuando a
É, assim, fundamental projetar as cidades Somente com um bom planeamento do fazer a sua magia. Resta saber se nós, hu-
do futuro para que se tornem menos de- espaço público, das redes de transportes, manos, estamos preparados para acompa-
pendentes do automóvel e adotem soluções das políticas de estacionamento e dos tari- nhar esta jornada que nos deverá levar a
orientadas para o uso de veículos rodoviá- fários a adotar, potenciando maior intermo- mais sustentabilidade e melhor qualidade
rios de baixa pegada ecológica. Em parti- dalidade e integração de sistemas, pode- de vida. Só depende de nós.
A
importância da Energia nas actividades como óbvia é a necessidade de encarar e pesar
desenvolvidas pelos seres humanos é cuidadosamente essas opções a tomar.
inquestionável, se bem que essa cons- A posição da quase totalidade da população,
tatação apenas seja evidente para uma pe- mesmo entre os técnicos, é que não sabe (ou
quena parte da população mundial. Mesmo não quer saber). Essa posição pode/deve ser
nos países mais desenvolvidos a maioria dos Jorge A. Gil Saraiva corrigida face ao que está em jogo, de forma
cidadãos, apesar da informação disponível, Engenheiro Mecânico que na palestra apresentada no Congresso da
apenas se apercebe dessa importância quando Especialista em Estruturas e Investigador Ordem e neste “resumo” se convida os enge-
Coordenador (aposentado) do LNEC
há uma falha dos sistemas energéticos que nheiros, de qualquer Especialidade, a visitar a
Membro Conselheiro e Especialista
os afecta directamente. em Engenharia de Climatização e Energia página da internet do IIASA (International Ins-
A questão pode ser encarada a partir da forma da Ordem dos Engenheiros titute for Applied Systems Analysis) onde se
como ao longo dos séculos a espécie humana Coordenador da Especialização em Energia pode aperceber rapidamente das “consequên-
da Ordem dos Engenheiros
evoluiu. O Homem primitivo dispunha de ma- cias” das prioridades estabelecidas (disponível
térias-primas (a pedra, os metais nativos…) que em www.iiasa.ac.at/web-apps/ene/GeaMCA/
passou a explorar na produção de bens (e ser- McaTool.html).
viços) de forma cada vez mais complexa quando começou a acu- Reconhecer que é preciso tomar grandes opções que implicam
mular informação (conhecimento). Nos anos setenta do século pas- descontinuidades nos cenários “as usual”, que tantos de nós e os
sado, com os chamados choques petrolíferos, começou a ser reco- nossos governantes gostaríamos de manter (lembre-se o termo
nhecido que a produção de bens e serviços era agora mais complexa “Estabilidade”), não é nada fácil. Comporta riscos e isso é algo que
já que a Energia se tinha tornado um novo polo (vértice). Não foi exige uma educação de determinado tipo para perceber. No en-
preciso esperar muito tempo (final dos anos oitenta) para que o Am- tanto, isso pode ser explicado, como se procura deixar claro com
biente fosse também identificado como um vértice, o quarto. Esta pequenos parágrafos extraídos de dois livros sobre o assunto:
representação, o chamado Tetraedro Tecnológico (Figura 1), traduz
apenas que existem múltiplas formas de produzir bens e serviços, Megaprojects and Risk: An Anatomy of Ambition
dando pesos diferentes aos diferentes vértices do triângulo. Bent Flyvbjerg, Nils Bruzelius
Se bem que a escala a que estão representadas as grandezas difi- “The problem of risk management is a representation of an under-
culte a visualização do detalhe é óbvio que, estando representado lying cause: the institutional arrangement of the decision making
no eixo dos xx o tempo e no eixo dos yy os parâmetros (recursos process, that is, those who make decisions need not necessarily to
não renováveis, para as matérias-primas; evolução da tecnologia, be responsible for the risk of decisions made.”
para o conhecimento; consumo de energia primária, para a energia;
e cenários de evolução do CO2 na atmosfera, para o ambiente) es- Rationality and Power: Democracy in Pratice
colhidos para representar o vértice, teremos que tomar opções para Bent Flyvbjerg
enfrentar as necessidades previsíveis ao longo do presente século, “The result is a rationality that is often as imaginary as the time in
Little Town, yet with very real social and environmental consequences.”
Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de acordo com a antiga ortografia.
Referências
› Saraiva, Rute (2001) – A aposta no desenvolvimento sustentado: breve
perspectiva, em especial no âmbito do direito internacional. Tese de mes-
trado, FDUL
› IPCC Scenarios. Fuss et al. (2014) – Global carbon dioxide emissions from
human activity, compared to four different possible futures. IPCC
› www.wikiand.com (2016). Digital Revolution
Figura 1
› Strauss, Mark (2012) – Looking Back on the Limits to Growth, Smithsonian
Tetraedro Tecnológico
e evolução (previsível) de Institute Magazine, Smithsonian Institute
grandezas características
dos vértices
A Estratégia Nacional
de Segurança do Ciberespaço
O
Centro Nacional de Cibersegurança através da RCM 115/2017 de 24 de agosto foi
(CNCS) iniciou funções no dia 7 de ou- criado o Conselho Superior de Segurança do Ci-
tubro de 20141, na estrutura do Gabinete berespaço (CSSC), com a missão de assegurar a
Nacional de Segurança (GNS), sendo formalmente coordenação político-estratégica para a segu-
uma Subdireção deste Gabinete, ainda que pos- rança do ciberespaço e o controlo da execução
suindo uma marca distinta e autónoma e os seus António Gameiro Marques da ENSC. Este órgão, onde estão representados
elementos serem detentores, de um modo geral, Contra-almirante todos os setores da sociedade que contribuem
Diretor-geral do GNS/CNCS
de um estatuto diferente dos demais colabora- para os seis eixos da estratégia, incluindo a in-
dores do GNS. O GNS/CNCS depende da Sr.ª dústria através dos representantes da Rede Na-
Ministra da Presidência e da Modernização Ad- cional de CSIRTs3, tem, ainda, como um dos ob-
ministrativa, por delegação de competências do Primeiro-ministro. jetivos conduzir os trabalhos tendentes à revisão da atual estratégia
A missão do CNCS é contribuir para que o País use o ciberespaço e propor superiormente o documento para aprovação. Esta nova
de uma forma livre, confiável e segura, através da promoção da versão da ENSC estará alinhada, entre outros, com o documento
melhoria contínua da cibersegurança nacional e da cooperação congénere da UE e com outros documentos estruturantes entre-
internacional, em articulação com todas as autoridades compe- tanto produzidos pela UE sobre esta matéria, comumente desig-
tentes. Está ainda incluída na missão do CNCS a implementação nado por EU Cybersecurity Act4.
das medidas e dos instrumentos necessários à antecipação, de- Numa perspetiva mais operacional, e na mesma linha de iniciativas,
teção, reação e recuperação de situações que, face à iminência ou constitui prioridade a consolidação do CSIRT Nacional (CERT.PT –
ocorrência de incidentes ou ciberataques, ponham em causa o que opera no CNCS) e da respetiva rede, tendo para tal sido obtido
funcionamento das infraestruturas críticas e os interesses nacionais. financiamento comunitário ao abrigo do programa CEF Telecom5.
Neste sentido, o CNCS atua junto dos operadores de serviços es- Finalmente, e uma vez que a resiliência do conjunto é tanto maior
senciais, dos prestadores de serviços digitais e das entidades do quanto mais densa e robusta for a rede de parceiros, o CNCS tem
Estado na medida em que estes são cruciais para o bom funcio- em curso um conjunto de iniciativas que corporizam essa colabo-
namento da sociedade portuguesa. ração, destacando-se as interações com as áreas de soberania (Ne-
A Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço (ENSC)2 é o gócios Estrangeiros, Justiça, Defesa, Administração Interna), com
documento enformador de toda a atividade nacional no âmbito da as áreas da Saúde e das Finanças, com o Centro de Ciberdefesa,
segurança do ciberespaço, encontrando-se estruturada em seis com as Forças e os Serviços de Segurança e com os reguladores
eixos, conforme apresentado na Figura 1, designadamente (1) a Es- dos setores que prestam serviços essenciais à sociedade (Diretiva
trutura da Segurança do Ciberespaço, (2) Combate ao Cibercrime, SRI) sejam elas públicas ou privadas.
(3) Proteção do Ciberespaço e das Infraestruturas, (4) Educação, Uma vez que a comunidade que dá corpo à Ordem dos Enge-
Sensibilização e Prevenção, (5) Investigação e Desenvolvimento e nheiros desempenha, amiúde, ao longo da sua carreira, cargos de
(6) Cooperação. alta direção de entidades públicas e privadas, não posso deixar de
A consecução das iniciativas que operacionalizam a ENCS, que se aproveitar esta oportunidade para relevar o papel determinante que
encontram distribuídas pelos seis eixos, devem respeitar os princí- podem vir a ter no incremento da maturidade digital das organiza-
pios transversais que também se apresentam na Figura 1. ções que dirigem, designadamente no que concerne a segurança
Atendendo à transversalidade dos assuntos versados na ENCS, da informação que é produzida, recebida, transmitida, processada
e armazenada nas respetivas entidades. Assim, recomenda-se que
adotem o pensamento de que estes assuntos não dizem apenas
respeito às equipas dos departamentos de TI das vossas organiza-
ções, sugerindo que seja efetuado um forte investimento no fator
humano porque, como é sobejamente consabido, este é simulta-
neamente o elo mais frágil mas também o mais poderoso quando
adequadamente capacitado. Como mensagem final, diria que a
melhor forma das organizações estarem protegidas é maximizar o
nível de preparação do respetivo capital humano.
Da Transformação Digital
do Gestor à do Engenheiro Informático
A
visão de um mundo digital, onde anos, que têm investimentos, e de culturas
tudo o que nos rodeia é digital, cada organizacionais incapazes de se reinventar,
vez mais se torna uma realidade. Os como se começassem hoje com inovações
impactos que este facto tem tido, e conti- tecnológicas constantes, evolutivas e incre-
nuará a ter, no mundo empresarial, bem mentais. A maturidade da tecnologia é tal,
como na nossa vida pessoal do dia-a-dia, que hoje profissionais não informáticos con-
Rui Ribeiro
Diretor Geral da IPTelecom
são enormes, em particular na pressão de seguem, eles próprios, desenvolver plata-
uma constante e mais intensa atualização formas para resolução imediata dos seus
contínua tecnológica. A própria cultura de desafios de negócio, quando as próprias áreas
gestão de topo carece de mudança na sua tecnológicas das suas empresas estão agar-
forma de ação, em particular na necessidade radas, também elas, a métodos limitados de
de se criarem novos conceitos estruturais e gestão tecnológica de infraestruturas.
estratégicos das organizações, tendo em A Transformação Digital começa precisa-
conta que os modelos tradicionais foram mente numa definição clara de uma estra-
enraizados no espírito da gestão empresarial, tégia de negócio, mas que tem de ser acom-
a começar pelas bases teóricas ensinadas panhada de uma estratégia de Sistemas de
em universidades. A necessidade de repensar Informação. O gestor de empresas tem, efe-
em métodos de crescimento incremental tivamente hoje, de se transformar digital-
contínuo é essencial, tendo em conta a ine- mente e compreender Sistemas de Infor-
vitabilidade tecnológica do Mundo. As or- mação. Quantas empresas têm hoje uma
ganizações que entenderem esta nova filo- estratégia de Sistemas de Informação, a qual
sofia de gestão serão as mais preparadas agrega o trinómio Pessoas, Processos e Tec-
para as disrupções de modelos de negócio nologias, em conjunto com uma cultura
e de tecnologias que se avizinham. evolutiva ágil, focada na iteração de inova-
Se pensarmos que a globalização da eco- ções pequenas e rápidas.
nomia acelerou com a massificação da In- A Engenharia Informática tem neste processo
ternet em meados dos anos noventa, com de competitividade e modernização orga-
impacto no poder da informação do lado dos nizacional um papel crítico e fundamental.
clientes, traduzindo-se no desaparecimento Mas também ela necessita de se transformar.
ou reinvenção de negócios, como por exemplo Precisa de fazer mais do que se preocupar
o das agências de viagem ou de empresas unicamente com arquiteturas tecnológicas
de retalho, ou mesmo grandes tecnológicas que sejam escaláveis, robustas e seguras.
que se distraíram como a Nokia. Hoje co- Necessitam de aliar essa base de linguagem
meça a surgir uma nova economia financeira “bit e byte” com os modelos de negócio e
digital que ameaça efetivamente a própria com o serviço ao cliente interno e externo.
estabilidade financeira do mundo físico. Se Um Engenheiro Informático necessita por
pensarmos que hoje temos a maior empresa isso de ser mais do que um bom técnico de
de táxis (Uber), sem um único táxi, que a tecnologias. Necessita de aliar competên-
maior empresa de conteúdos (Facebook) não cias de gestão e de soft skills, capazes de
produz um único conteúdo, que a maior em- ultrapassar as resistências inerentes à trans-
presa de gestão de alojamento (Airbnb) não formação digital das suas empresas.
tem um único apartamento ou quarto, per- O Mundo mudou, está a mudar e cada vez
cebemos que o mundo dos negócios se está mais vai mudar. O Gestor e o Engenheiro
a transformar porque a tecnologia está mais Informático têm de se transformar digital-
madura, disponível e acessível. A grande di- mente a eles mesmos e podem começar
ficuldade não está por isso nas startups que por tentar falar a mesma linguagem digital
não têm a história e que começam já nesta e de negócio, caso contrário o novo con-
nova filosofia. O desafio está precisamente corrente com essa cultura tratará de os
nas organizações com 20, 30, 40 ou mais deixar a falar sozinhos.
Sistemas Certificados
A
evolução do mundo digital e as ne- apresentam como Prestadores de Serviços aqui incluem-se dados dos colaboradores)
cessidades concebidas à volta dele de Confiança (TSP). a implementação de um sistema com con-
criaram uma visão mais clara daquela Cada Estado-membro tem a responsabili- trolos destinados à proteção de dados pes-
que é a necessidade da nossa segurança, dade de criar condições para o estabeleci- soais.
da segurança das organizações e da con- mento de TSP’s, criando para isso condições Não existe, porém, um esquema de certifi-
fiança das comunicações que hoje são parte de auditoria, assumidas por Conformity As- cação, ainda, para sistemas de gestão de
do nosso dia-a-dia, desde a conversa com sessment Bodies acreditados, e uma enti- proteção de dados. O novo regulamento
o vizinho, ao processo de transferência ban- dade supervisora, responsável pela publi- prevê a existência de uma árvore de certi-
cária, ou à compra de uma casa. cação dos TSP’s nacionais aos restantes ficação (artigo 42) e descreve os critérios
A necessidade desta segurança aumenta Estados-membros, divulgando assim os para criação dos órgãos de certificação,
proporcionalmente com a exigência da serviços disponibilizados por cada um dos contudo ainda não há mais do que isso.
mobilidade, do acesso, da disponibilidade e TSP’s certificados. É importante ver que, no entanto, com cer-
da simplicidade de ter o que é preciso em Esta metodologia, alinhada com várias normas tificação ou sem certificação, o sistema é
qualquer lugar. tecnológicas do ETSI – European Telecom- eficaz por aquilo que devolve.
É este o crescimento das organizações, per- munications Standards Institute – permite A certificação por si só não indica a eficácia
ceber como proteger o seu negócio, en- que qualquer Estado-membro possa reco- do sistema. A resposta sobre a eficácia do
tender que a segurança da informação é a nhecer TSP’s estabelecidos noutros Estados- sistema está na resposta aos objetivos da
alma do negócio. O processo de gerir a in- -membros, reforçando o princípio da inte- organização, na qualidade dos kpi’s imple-
formação nas organizações, por obrigação roperabilidade na comunidade europeia, mentados, na sensibilização dos colabora-
legal, contratual, ou por estratégia corpo- criando assim condições para os cidadãos, dores, no tratamento do risco e na melhoria
rativa para a garantia da continuidade do organizações e as instituições públicas se contínua do mesmo. É o compromisso da
seu negócio, é cada vez mais frequente nas relacionarem numa União Europeia Digital organização (gestão de topo e colabora-
organizações pequenas, médias ou grandes. Segura. dores) que formam o sistema e deles de-
Os sistemas, se aplicados a controlos defi- A estratégia da Comissão Europeia visa então pende a sua eficácia.
Especialização Vertical
em Cibersegurança
na Ordem dos Engenheiros
Resultados intermédios
Introdução ganismos e instituições internacionais terem
vindo a adotar a designação de “cyberse-
Como forma de responder a algumas das curity”.
questões com que a Sociedade se depara No que diz respeito à aferição da dificuldade
atualmente em relação a problemáticas da da identificação e descrição dos atos da
Ricardo J. Machado cibersegurança, o Colégio de Engenharia profissão característicos do Especialista em
Professor Catedrático de Engenharia Informática da Ordem dos Engenheiros de- Cibersegurança chegou‑se à conclusão de
e Tecnologias dos Sistemas de Informação, cidiu constituir um grupo de trabalho res- que a solução mais sustentável seria a de
Escola de Engenharia da Universidade
do Minho ponsável pela criação de uma Especialização indexar aqueles atos ao trabalho de comis-
Presidente do Conselho Nacional Vertical em Cibersegurança. sões internacionais, tal como o que tem
do Colégio de Engenharia Informática Este artigo resulta da articulação de duas sido desenvolvido no âmbito do NIST Cy-
da Ordem dos Engenheiros
comunicações proferidas individualmente bersecurity Framework [3].
por cada um dos autores [1, 2] no XXI Con-
gresso da Ordem dos Engenheiros e tem Competências e formação
como objetivo apresentar uma síntese dos complementar do Especialista
resultados intermédios alcançados pelo
grupo de trabalho com as reuniões técnicas O grupo de trabalho tende maioritariamente
Ricardo Oliveira realizada até à presente data. a considerar que é socialmente espectável
Consulting Services Director, que o Especialista em Cibersegurança seja
Eurotux Informática Designação, âmbito competente para desempenhar as atividades
Vogal do Conselho Regional Norte
e Atos da Especialização identificadas no Cybersecurity Framework
do Colégio de Engenharia Informática
da Ordem dos Engenheiros que se encontram enquadradas no âmbito
A discussão sobre o âmbito conduziu à for- dos 20 Atos de Engenharia Informática per-
mulação de que, no contexto do exercício tencentes aos domínios de intervenção PEITI
de Atos de Engenharia Informática, se jus- e PASI.
tifica o envolvimento de especialistas em O exercício de alinhamento entre o Cyber-
cibersegurança quando os sistemas de in- security Framework e os 20 Atos dos do-
formação são considerados críticos em mínios PEITI e PASI resultou na identificação
termos de cibersegurança à luz de, pelo de 498 atividades (e as correspondentes
menos, uma de três circunstâncias: (1) pela caracterizações em termos de conheci-
regulamentação vigente; (2) pela família de mentos e competências) formuladas de uma
normas ISO/IEC 27000; (3) pela organização forma totalmente aplicável quer a contextos
responsável pelo sistema de informação. genéricos (tipicamente caracterizáveis pelos
Com base na clarificação de âmbito foi pos- referenciais ISO/IEC 27000 e COBIT), quer
sível uma análise mais circunstanciada sobre a contextos com enormes especificidades
a designação a adotar. Perante hipóteses em termos de questões de cibersegurança
clássicas e hipóteses consideradas como (tais como referenciais relativos aos con-
denotando menor focalização em aspetos textos hospitalar, financeiro e bancário, res-
tecnológicos, a tendência recaiu sobre a petivamente).
designação de “Especialização em Ciberse- Sobre a questão da formação complementar
gurança”, com o correspondente título de foi analisada a necessidade de o candidato
“Especialista em Cibersegurança”. Esta opção a Especialista em Cibersegurança aprofundar
justifica‑se pelo facto de a maioria dos or- os seus conhecimentos, quer em relação à
formação anterior no domínio da Engenharia candidatura para efeitos da decisão da ou- volvem questões de cibersegurança, o grupo
Informática, quer no que diz respeito a ou- torga do título de Especialista em Ciberse- de trabalho considera muito pertinente que
tros domínios do saber, tais como o Direito gurança deve basear‑se na avaliação, por os Membros da Ordem com a outorga do
e a Estratégia Organizacional, em temas re- análise exclusivamente documental, de um título de Especialista passem a integrar au-
lacionados com cibersegurança. conjunto diverso de aspetos. tomaticamente a bolsa de peritos do Co-
O grupo de trabalho do Colégio de Enge- Caso o candidato não totalize os pontos légio de Engenharia Informática.
nharia Informática considera que a formação exigidos para o reconhecimento da outorga
complementar formal em legislação nacional de Especialista por apreciação baseada uni- Próximos passos
e europeia relacionada com cibersegurança camente em análise documental, o grupo
é fundamental para o Especialista em Ci- de trabalho considerou útil explicitar o pro- Para a segunda e última fase deste processo
bersegurança. No que diz respeito à for- cesso na variante de duas fases de apre- estão planeadas reuniões de trabalho com
mação complementar no domínio da Es- ciação (em que o acesso à fase 2 depende algumas entidades nacionais com respon-
tratégia Organizacional, considera que po- de uma avaliação positiva na fase 1) da se- sabilidade e interesse em questões de ci-
derá ser de natureza mais informal, nomea- guinte forma: (1) análise documental – em bersegurança, com o objetivo de recolher
damente através da realização de um per- que é analisada a efetividade e adequação sugestões relativamente à forma como o
curso profissional que exponha o Especia- da experiência profissional do candidato na grupo de trabalho do Colégio pretende con-
lista às questões clássicas de business/IT área da cibersegurança durante o número cretizar a Especialização. Está planeado para
alignment. de anos estabelecido no Regulamento das o final do primeiro trimestre de 2018 a sub-
O grupo de trabalho considera que a Ordem Especializações, bem como a adequação missão à Ordem do relatório final, solici-
deverá, internamente ou em articulação da formação complementar formal em le- tando formalmente a criação da Especiali-
com outras entidades, promover ações de gislação nacional e europeia relacionada zação.
formação complementares em temas rela- com cibersegurança; (2) reunião presencial
cionados com cibersegurança no âmbito – em que o candidato demonstra presen- Referências
do Direito e a Estratégia Organizacional por cialmente a sua maturidade científica e téc-
[1] Ricardo Oliveira. Serviços de Cibersegurança e
forma a colmatar o eventual défice de oferta nica em relação às atividades identificadas o seu Enquadramento nos Atos de Engenharia
formativa formal naqueles temas que possa no Cybersecurity Framework que se encon- Informática. Sessão de Sistemas e Cibersegu-
vir a limitar os Membros do Colégio de En- tram enquadradas nos domínios de inter- rança, XXI Congresso da Ordem dos Enge-
genharia Informática no acesso ao título de venção PEITI e PASI dos Atos da profissão nheiros, Coimbra, Novembro, 2017.
Especialista em Cibersegurança. e justifica de que forma o seu percurso pro- [2] Ricardo J. Machado. Especialização Vertical em
Cibersegurança na Ordem dos Engenheiros.
fissional atuou como capacitador da for-
Sessão de Sistemas e Cibersegurança, XXI Con-
Avaliação e processo mação complementar no domínio da Es-
gresso da Ordem dos Engenheiros, Coimbra,
de acreditação tratégia Organizacional. Novembro, 2017.
Tendo em conta o crescendo de solicita- [3] NIST Cybersecurity Framework: www.nist.gov/
Seguindo as recomendações do Regula- ções que chegam à Ordem para a nomeação cyberframework
mento das Especializações, a apreciação da de peritos para processos judiciais que en-
Cibersegurança:
uma visão estratégica
em particular estão, e devem continuar a
estar, a ser trabalhados nas dimensões po-
lítica, estratégica, operacional e tática.
Nesta era da informação e do conhecimento,
com novos aceleradores da mudança (desde
O projeto Smart Defence da NATO Multinational
João Vieira Borges a demografia à tecnologia), é fundamental Cyber Defence Education and Training
Comandante da Academia Militar que a União Europeia e a NATO contribuam (MN CD E&T) é liderado por Portugal
(ver www.mncdet-pt.net)
Major-general do Exército Português para o reforço da cultura estratégica dos
Estados de direito democrático, não só em
geral, desenvolvendo capacidades coope- rentes cursos Cyber (designadamente na
rativas relacionadas com a segurança e de- Academia Militar) e exercícios (caso do Ciber
C
onsiderando o novo paradigma da fesa segundo um princípio de pooling and Perseu) e pela criação e alojamento da pla-
segurança e defesa, a NATO assumiu, sharing, mas também em particular, no âm- taforma de e-learning “Cyber Defence Trai-
na cimeira da Polónia (Varsóvia, bito dos desafios criados pelas novas ameaças ning & Exercise, Coordination and Support
julho de 2016), que o ciberespaço constitui transnacionais, designadamente no que Platform” (CD TEXP), com financiamento
um novo domínio operacional e compro- concerne ao terrorismo e à cibersegurança. direto da Agência Europeia de Defesa.
meteu-se a fortalecer a ciberdefesa ao nível A visão estratégica ao nível do Estado deve No contexto da cibersegurança, quer nos
dos Estados e da organização. Nesse sentido, ser orientada no sentido do reforço das po- âmbitos da UE e NATO, quer em Portugal,
o ciberespaço em geral e a cibersegurança tencialidades e da redução das suas vulne- foram criados órgãos de conselho e de
rabilidades, e no caso de Portugal certa- coordenação, centros nacionais e órgãos
mente que o ciberespaço tem sido e poderá de operações e gestão de crises que coo-
continuar a ser uma mais-valia. Em primeiro peram crescentemente a nível multinacional,
lugar pelas características intrínsecas dos reforçando no cidadão a perceção de se-
“descobridores” portugueses, ávidos de ino- gurança digital.
vação e detentores de elevada criatividade. Como referiu recentemente o Tenente-ge-
Em segundo lugar, porque já vêm desen- neral Paul Nakasone, comandante do U.S.
volvendo trabalho reconhecido na União Army Cyber Command, é fundamental in-
Europeia e na NATO, ocupando um espaço vestir, investigar e agir de modo integrado
que deve ultrapassar as fronteiras da inves- e coordenado, pois só assim nos podemos
tigação para o desenvolvimento, com a par- “antecipar”, princípio-chave para enfren-
ticipação, ainda mais ativa e integrada, de tarmos com eficiência e eficácia as ameaças
todos os atores já envolvidos, desde o Es- no âmbito do ciberespaço.
tado (com a Estratégia Nacional de Segu- Em suma, é preciso assumir um novo pa-
rança do Ciberespaço – RCM 36/2015 de radigma na era digital, adotando uma pers-
12 de junho) à instituição militar (caso dos petiva mais holística de combate às ameaças
grupos de trabalho na NATO e na UE), pas- do ciberespaço (que inclua mais cooperação
sando pela “Academia” (cursos e ID&I) e pela multinacional e mais integração das infor-
indústria (em especial a ligada à defesa). mações), assumir uma melhor gestão do
Ao nível da educação, formação e treino, espaço mediático e investir mais e melhor
área fundamental de investimento no futuro, na educação, formação e treino, desde as
Portugal está na linha da frente das inicia- novas gerações, passando pelos líderes, que
tivas Cyber, designadamente pela liderança crescentemente necessitam de “separar o
do projeto Smart Defence da NATO Multi- essencial do acessório”. Só assim garantimos
national Cyber Defence Education and Trai- a soberania e asseguramos a nossa própria
ning (MN CD E&T), na transferência da NATO sobrevivência. A Engenharia e os Engenheiros
Communications and Information Systems têm e terão um papel muito importante
Scholl (NCISS), de Itália (Latina) para Portugal neste futuro onde a cibersegurança terá
(Oeiras) em 2018/19, na realização de dife- certamente um papel proeminente.
A
identificação correta do potencial que tura e humidade relativa foram feitas por meio
têm projetos de energia eólica define a de um sensor digital (DTH22, AM2303, ∆T=-40
viabilidade económica e técnica em pro- a 125 °C e precisão 0,1 °C). A pressão foi me-
jetos de energia. Para poder identificar o poten- dida com o sensor de pressão barométrica
cial eólico precisamos compreender todas as (BMP180, ∆P:300-1000hPA e precisão 0,01 Pa).
variáveis que envolvem o sistema. Entre as va- Jhony Jamer Ordonez Lopez A coleta de dados dos sensores foi realizada
riáveis relevantes temos as alterações no com- Universidade de Brasília através do computador, utilizando o micro con-
portamento do sistema por parte da natureza. trolador Arduíno.
Assim, é de interesse neste artigo estudar o de- No estudo experimental foi utilizada uma tur-
sempenho de uma turbina com pequena di- bina de eixo horizontal NACA 65(3)618 e foi
mensão exposta à ação de um relevo que re- medido o coeficiente potencial para velocidades
presentará uma duna formada no pé da torre da características de 8 [m/s] e de 12 [m/s]. Para os
turbina. O modelo da turbina tem uma perfor- resultados de 8 [m/s] foram obtidos valores de
Vinicius de Sousa de Britto
mance que será avaliada a partir de curvas uti- Cp = 0,2902 para λ = 4,2542 sem a curva gaus-
Universidade de Brasília
lizando os parâmetros adimensionais Cp e λ do siana e de Cp = 0,3073 para λ = 3,9289 com a
modelo de turbina utilizado. Para esta análise curva gaussiana. Estes valores demonstram cla-
foram realizados dois testes, com diferente ve- ramente como é positivamente modificada a
locidade, u∞ = 8[m/s] e u∞ = 12[m/s], variando a rotação (Ω), obtendo potência da turbina. É de ressaltar que os resultados mostram que
variação no Cp e λ. Os ensaios foram realizados em túnel de vento não prejudica o comportamento sem a curva gaussiana. Para os
no Laboratório de Energia e Ambiente da Faculdade de Tecnologia resultados obtidos com 12 [m/s] foram obtidos valores de Cp =
da Universidade de Brasília. O túnel possui secção de teste quadrada 0,39077 para λ = 5,0018 sem a curva gaussiana e Cp = 0,4154 para
de dimensão 1,2[m]. O ventilador está situado na saída do túnel, λ = 5,4771 com a curva gaussiana. Estes valores indicam, nova-
sendo acionado por um motor elétrico (W22 de 10 HP) e a veloci- mente, a influência que tem esta curva com o coeficiente de po-
dade é controlada por meio de um inversor (CFW-09 Vectrue In- tência. A Figura 1 e Tabela 1 apresentam os resultados para 12 [m/s].
verter10A 3CV). Para representação do relevo, o modelo da colina Estes resultados têm uma percentagem de 9,2% acima do coefi-
foi realizado em duas dimensões. A moldura foi feita em formica ciente de potência sem a curva Gaussiana, enquanto para 8 [m/s]
com suporte de madeira, com uma geometria da colina bidimen- temos 5,9% acima de resultados apresentados sem o relevo.
sional que é definida pela Equação 1, a secção da curva de Gauss:
Resultados de λ TSR × (CP) para 12[m/s].
Tabela 1
2 Sem Curva Gaussiana e Com Curva Gaussiana
x
z=h.exp -0,5 ,σ = L/1,774 (1) Sem Curva Gaussiana Com Curva Gaussiana
σ
TSR CP TSR CP
O método de aquisição de dados experimentais foi realizado por 0,654561085 0,014344214 0,652525157 0,015647363
instrumentos-padrão para cada medição. As medidas de tempera- 0,98040395 0,02490946 0,98272773 0,021568596
1,310168596 0,039142458 1,309968966 0,041370445
1,636483069 0,062331269 1,636584331 0,055965054
1,964898694 0,081344946 1,964729138 0,088237685
2,292635088 0,127245317 2,290568848 0,110077185
2,618802464 0,177449219 2,619374393 0,17595387
2,945793673 0,24004592 2,945601467 0,229140057
3,27495664 0,268372462 3,273626379 0,283700931
3,601596279 0,275911675 3,603071681 0,280133124
3,928412953 0,290270532 3,928995692 0,307364856
4,254204738 0,242740408 4,256846993 0,298935623
4,582100086 0,226631253 4,585249402 0,271753839
4,910904573 0,207882842 4,91003777 0,231540426
5,234908193 0,175200582 5,240677687 0,216743479
5,642082704 0,200188716
ECONOMIA DA ENERGIA
A Importância da Eficiência Energética
na Indústria Transformadora
O
progresso e o crescimento económico impacto negativo no consumo em geral e no de
não ocorrem sem colocar graves pro- produtos energéticos em particular, entrando-se
blemas. A confrontação é inevitável no cenário “limitar o consumo pelo constrangi-
quando se coloca a questão de saber se o cres- mento”. Esta situação ocorre desde 2005 com
cimento contínuo do consumo da energia nos a queda significativa do consumo de produtos
traz mais efeitos perversos que benéficos, quer João de Jesus Ferreira petrolíferos, nomeadamente “fuel” para indústria,
para a humanidade, quer para o sistema eco- Vogal da Comissão Executiva gasóleo e gasolinas.
da Especialização em Energia
lógico. Uma comparação actual de opiniões, a da Ordem dos Engenheiros O panorama actual do sector energético é um
propósito do consumo, deixa antever, no mí- MSc., Engenheiro Electrotécnico (FCT/IST) dos principais desafios que, a nível global, a so-
nimo, três cenários possíveis: ciedade moderna enfrenta, constituindo nos
› Responder à procura sem limitações; dias de hoje um tema amplamente debatido
› Autolimitar a procura voluntariamente; entre todas as nações do Mundo. Esta discussão tem sido intensi-
› Limitar o consumo pelo constrangimento. ficada devido essencialmente à forte dependência do petróleo e à
volatilidade do seu preço (com uma tendência de crescimento in-
A existência destes três cenários permite concluir que a questão discutível) que influenciam directamente os preços da energia em
energética não é matéria personalizada, mas que ela se desempenha, geral. Contudo, a recente queda, conjuntural, do preço do petróleo
também, no plano social: cada maneira de encarar o consumo de não se reflectiu nos preços aos consumidores finais, que continuam
energia é remetida a um modelo (e consequentemente a uma opção) a ver os preços da energia sempre crescentes.
de sociedade. A problemática do consumo da energia ultrapassa o Em Portugal o sector energético é, simultaneamente, um impor-
quadro puramente técnico já que são colocadas em jogo questões tante factor de crescimento da economia e um elemento vital para
fundamentais que dizem respeito quer à actualidade como ao fu- o desenvolvimento sustentável do País, assumindo contornos es-
turo da nossa sociedade. A energia desempenha um papel funda- tratégicos para o aumento da competitividade da economia na-
mental na economia e no seu desenvolvimento. Esta constatação, cional, seja através da redução da factura energética, seja através
indiscutível, não justifica um crescimento, indisciplinado, quer da de medidas para a mitigação das alterações climáticas, seja através
procura como da oferta da energia. Problemas diversos impedem do contributo para a modernização tecnológica dos agentes eco-
claramente o procedimento sobre a via da inflação energética. nómicos e das empresas.
Neste contexto, é óbvia a importância da eficiência energética, De realçar que o investimento e a relação custo-benefício é muito
com sendo o quarto cenário possível, mais eficaz, quer do ponto mais atractiva (embora mais difícil) para os projectos de eficiência
de vista técnico, quer do ponto de vista económico, e que per- energética (a produção de Negawatt-hora) quando comparados
mite responder à procura mantendo o mesmo nível das presta- com projectos típicos de produção de energia, conforme pode ser
ções energéticas. observado na Figura 1.
Actualmente estamos a viver um momento em que, por motivos de A transformação digital tem tido e terá um impacto significativo na
crise económica, Portugal passou por uma recessão que tem tido capacidade dos consumidores de energia acompanharem as suas
instalações (fabris, de serviços e domésticas) em tempo real, através
Fonte:
IER / JJF
de uma pormenorizada monitorização, com a capacidade de gerar
indicadores que permitem uma gestão da energia assertiva e em
tempo real. Sempre procurei dar a máxima importância à eficiência
energética (utilização racional e eficiente da energia), pois consi-
dero ser o meio mais eficaz para aumentar a competitividade do
tecido produtivo, reduzir as emissões de poluentes, reduzir as emis-
sões de CO2, etc.
Portugal não precisa de mais centros electroprodutores, sejam eles
clássicos ou com recurso a fontes primárias de energia renovável.
Figura 1 Comparação do custo de produção (US$/MWh) entre as várias tec-
nologias de produção de energia com o custo do Negawatt-hora
Em Portugal já existe um enorme excesso de potência eléctrica
(eficiência energética)* instalada. O que precisamos é de consumir melhor a energia de
*Os valores apresentados incluem custos de transmissão e subsídios. Con-
que dispomos.
sideram 20 a 25 anos de expectativa de vida útil para centrais eólicas e
solares versus mais de 50 anos para as outras tecnologias. Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de acordo com a antiga ortografia.
A
estratégia para o abastecimento de gação, procedeu-se a uma análise docu-
água e o saneamento de águas re- mental e de conteúdo, resultante de entre-
siduais para Portugal Continental no vistas semiestruturadas a dez especialistas
período 2014-2020, designada por PEN- – que visam compreender o contexto atual
SAAR2020, encontra-se alicerçada em cinco da Força Aérea, em termos de manutenção
eixos, que sustentam a visão para o setor, e de gestão patrimonial de infraestruturas e
através de 19 objetivos operacionais, entre de viabilidade para a implementação de um
os quais a redução das perdas de água. O sistema de apoio à gestão.
ritmo de reabilitação dos ativos a nível na-
cional, claramente insuficiente e inferior ao Figura 2 Estrutura Orgânica do SAGPA
e integração na FA
recomendado pelas boas práticas, torna-se
preponderante com repercussões negativas Concluiu‑se ser viável a implementação do
para as perdas físicas de água distribuída. SAGPA na Força Aérea e que esta está rece-
A Assembleia Geral da Organização das Na- tiva à sua integração na estrutura orgânica
ções Unidas adotou 17 Objetivos de Desen- da Direção de Infraestruturas, recorrendo
volvimento Sustentável, entre os quais “as- aos recursos humanos existentes, permitindo
segurar a disponibilidade e gestão susten- uma postura de cooperação entre as Uni-
tável da água e saneamento para todos”, a dades da Força Aérea e a direção técnica,
fim de se aumentar a eficiência no uso da de forma a gerir as perdas de água (Figura 2)
água e se implementar uma gestão inte- e atingir a meta do Plano Nacional para o
grada dos recursos hídricos a todos os ní- Uso Eficiente da Água até 2020, de 20% para
veis até 2030. Figura 1 Proposta de Estrutura do SAGPA na FA WR1, para o setor urbano.
O
projeto de desenvolvimento das nitorizar o cumprimento de níveis de serviço transformação digital estando em análise
infraestruturas de gás natural em nos contratos com os parceiros externos, projetos nas áreas de Gestão de Ativos, Smart
Portugal é reconhecidamente um aliados à formação dos main contractors e Gas Grid, no planeamento de redes, no field
projeto de sucesso. Tendo contribuído para realização de auditorias e inspeções cobrindo workforce management e na gestão de mo-
a diversificação do mix energético, apresenta os diversos ângulos de atuação – Ambiente, delos de previsão de consumo baseados
um importante potencial de expansão e está Qualidade e Segurança –, o que permite a em tecnologias de Inteligência Artificial, ali-
alicerçado numa visão estratégica que pre- prestação de um serviço de excelência. cerçada em conceitos de Big Data e envol-
coniza uma eficiente gestão das infraestru- Na implementação da visão de digital trans- vendo instituições de Ensino Superior, par-
turas. formation a integração de todos os stakehol- ceiros industriais e parceiros de negócio
A REN Portgás Distribuição tem atribuídas ders foi fundamental, disponibilizando front- numa perspetiva colaborativa.
1 Relatório ERSE – “Parâmetros de regulação para o período dos anos gás de 2013-2014 a 2015 -2016”; Dados referentes ao ano de 2011
Referências
[1] Serdjuk M, Dumas P, Angelino L, Tryggvadóttir L (2013). Geothermal in-
vestment guide, GeoElec Project Deliverable 3.4.
[2] GEOLEC (2014). Software for financial pre-feasibility studies, European
Geothermal Energy Council.
[3] GEOLEC (2013). GeoElec Final Project Report, European project on geo-
thermal electricity, European Geothermal Energy Council.
Figura 1 VLA para uma tarifa de 0,25 €/kWh e um caudal de 30 L/s
I
magine que depois de um dia intenso de Smart Governance, Smart Environment e Um dos aspetos fundamentais da ferramenta
trabalho vai praticar exercício físico. Vai Smart Living de uma Smart City. de apoio à decisão é ter garantia da quali-
querer respirar ar limpo e não estar ex- A ferramenta é composta por equipamentos dade dos valores medidos. Assim, foram
posto a poluição enquanto se exercita. Como de monitorização que medem parâmetros realizados ensaios comparativos entre os
sabe a qualidade do ar ou o ruído no parque ambientais. Os dados recolhidos são trans- módulos Monitar Sense e equipamentos de
da sua cidade, ou na ecopista mais próxima mitidos para backoffice onde são analisados referência. Nestes ensaios foram obtidos
de si, ou até mesmo no interior do seu gi- e disponibilizados num frontend que possui bons resultados, com um erro médio de
násio preferido? Seria bom ter esses dados informação útil na tomada de decisão (Fi- 15% para o módulo de qualidade do ar e um
atuais, fiáveis, fáceis de compreender e de gura 1). erro médio bastante inferior para o ruído e
simples acesso. Os equipamentos em desenvolvimento pela meteorologia.
Imagine que é professor e que tem de tomar Monitar são: o SmartAIRSense para moni- A implementação da rede Monitar Sense tem
uma atitude pois o ar da sua sala de aula torização da qualidade do ar exterior, no- demonstrado que, para uma correta tomada
está a perder qualidade à medida que as de decisão, é fundamental uma monitori-
horas passam. Será que abrir a janela é a zação em tempo real e com elevada repre-
solução? Mas será que o ar no exterior terá sentatividade espacial. A ferramenta Monitar
uma qualidade superior? Ou será que o ruído Sense tem de ser capaz de sistematizar uma
exterior irá afetar a sua aula? Será necessária grande quantidade de dados medidos em
ventilação forçada? índices facilmente compreensíveis pelos de-
Imagine que é o Comandante da Proteção cisores, ser user friendly e estar permanen-
Civil e que através de uma plataforma online temente atualizada. O tamanho e custo re-
monitoriza em vários locais as condições duzidos, o baixo consumo energético e a
meteorológicas, o risco de incêndio, a evo- fiabilidade dos valores medidos são carac-
lução de uma situação de seca ou mesmo terísticas imprescindíveis dos equipamentos
a probabilidade de ocorrência de uma tem- desenvolvidos quando comparados com
pestade. Com certeza que a sua decisão de Figura 1 Plataforma Monitar Sense equipamentos de referência.
O
futuro da mobilidade é tudo menos ticular, os serviços de transporte partilhado vão
claro quanto ao espectro de conse- tornar-se muito competitivos em relação às
quências que podem ocorrer com as deslocações em carro próprio. O que não sa-
transformações em curso. Por exemplo, se é bemos é se o tráfego/congestionamento vai
certo que existe o potencial para nos aproxi- aumentar ou reduzir com os veículos autónomos
marmos das emissões zero na mobilidade, isso Luís de Almeida Amaral e conectados. Se por um lado temos uma maior
trará um impacte negativo nas redes elétricas, Técnico Superior eficiência na utilização da infraestrutura, o au-
eventualmente levando a um aumento gene- Ferconsult mento da taxa de ocupação resultante da par-
ralizado do custo da eletricidade? Teremos mais tilha, e a ausência de procura de lugar de esta-
ou menos tráfego nas cidades? E como vai cionamento, que favorecem uma redução de
evoluir o transporte público? tráfego, a verdade é que, por outro lado, temos
também que contar com a procura induzida por um menor custo
e maior conveniência das deslocações e também com o acréscimo
de tráfego resultante das deslocações com ocupação zero.
O conceito de Mobility as a Service (MaaS), baseado na conectivi-
dade, está por detrás do surgimento das plataformas agregadoras.
Ao oferecer individualmente aos consumidores a combinação oti-
mizada de vários modos de transporte em função das suas prefe-
rências, levando em consideração o contexto em tempo real (trá-
fego, meteorologia, etc.), para cada uma das suas deslocações,
estas plataformas permitirão a customização em massa na mobi-
Existem duas grandes questões associadas à eletrificação da mo- lidade.
bilidade. A primeira diz respeito à forma como é produzida a energia O transporte público tem também a oportunidade de se reinventar
que é consumida pelos veículos elétricos. Se o mix de produção com as novas tecnologias. Através da conectividade, alguns ser-
de energia atualmente existente na generalidade dos
países não for alterado, quando ocorrer a massificação
dos veículos elétricos estaremos apenas a transferir o
local onde a emissão atualmente ocorre para o ponto
onde a energia elétrica é produzida, desaproveitando-
-se assim o potencial de descarbonização. Para evitar
este cenário, a produção descentralizada de energia
fotovoltaica, com armazenamento através de baterias
estacionárias, surge com elevado potencial.
A segunda diz respeito ao impacte da eletrificação da
mobilidade nas redes elétricas. As smart grids permi-
tirão a descentralização da produção energética, assim
como uma maior coordenação entre a produção de
energia e o seu consumo, garantindo uma maior efi-
ciência no aproveitamento da energia produzida. Modelos de coor- viços bus podem libertar-se da rigidez de rotas, paragens e horá-
denação entre consumidores no acesso à energia, seja através do rios. É preciso não esquecer que a elevada densidade urbana cons-
pricing ou da definição de slots, com o objetivo de evitar picos titui o enquadramento ideal para o transporte público, que será
acentuados de consumo, podem ser também introduzidos. sempre a espinha dorsal de qualquer sistema de mobilidade urbana.
Os veículos autónomos e conectados vêm proporcionar mobili- E os serviços prestados por carros autónomos são uma excelente
dade motora a incapacitados para conduzir, sejam deficientes mo- oportunidade para complementar esta espinha dorsal, sobretudo
tores, invisuais ou idosos, sem depender de terceiros. Com mais como solução para a primeira/última milha.
de 90% dos acidentes rodoviários tendo como causa o erro hu- Desde garantir a disponibilidade de dados até à definição de fron-
mano, os veículos autónomos e conectados têm também o po- teiras na atuação dos futuros players, passando pela criação de
tencial de redução da sinistralidade rodoviária, que faz anualmente novos modelos de fiscalidade e regulação da concorrência num
mais de um milhão de vítimas fatais em todo o Mundo. ambiente tecnológico em que as externalidades de rede e de inci-
Sabemos que com os veículos autónomos e conectados o custo dência geográfica assumem relevância, o papel do Estado é crucial
da mobilidade tem um potencial de redução significativo, em par- para influenciar positivamente o curso destas transformações.
N
este trabalho é proposto um novo con- de 134 compartimentos. Os dados de entrada
ceito de conforto integral, que irá permitir considerados na simulação numérica são as con-
avaliar a melhor taxa de renovação a ser dições meteorológicas exteriores, ciclo de ocu-
aplicada num edifício público. Este novo conceito pação dos compartimentos, níveis de vestuário
considera de modo integral o nível de conforto e de atividade dos ocupantes e a topologia de
térmico e o nível de qualidade do ar e é proposto Eusébio Zeferino ventilação. Na contabilização das horas devidas
Encarnação da Conceição
de modo a obter a taxa de renovação do ar que ao desconforto térmico e à qualidade do ar são
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
minimiza o total de horas desconfortáveis devidas Universidade do Algarve consideradas, respetivamente, as horas ponde-
ao conforto térmico e à qualidade do ar interior, radas do nível de conforto térmico fora dos li-
em condições de inverno e de verão. mites definidos pela categoria C da ISO 7730 e
O número de horas de desconforto térmico de- as horas ponderadas dos níveis de concentração
vido à sensação térmica por calor (WUH) e à de CO2 acima do limite indicado pelo Decreto-
sensação térmica por frio (CUH) é calculado a -lei n.º 79 de 4 de abril de 2006 (1.800 mg/m3).
partir da percentagem de pessoas termicamente Na Figura 1 pode observar-se o número total
João Manuel Martins Gomes
insatisfeitas (PPD) e da votação média previsível de horas desconfortáveis para cada taxa de re-
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
(PMV), enquanto o número de horas descon- Universidade do Algarve
novação considerada entre 0,5 a 8 renovações
fortáveis devido à qualidade do ar (AQUH) é cal- por hora. Na Figura 2 é apresentada a evolução
culado a partir da percentagem de pessoas in- da UH durante o mês de fevereiro e o mês de
satisfeitas devido à qualidade do ar (PD) e da julho. Ao considerar o número total de horas
concentração do dióxido de carbono (CO2). A desconfortáveis são definidas as taxas de reno-
nova metodologia proposta considera de um vação que garantem um bom compromisso
modo integrado a soma das horas desconfor- entre o conforto térmico e a qualidade do ar
táveis (UH) devidas à qualidade do ar e ao nível interior: duas renovações por hora em condi-
Maria Manuela Jacinto
do conforto térmico de modo a determinar a do Rosário Lúcio ções de inverno e três renovações por hora em
taxa de renovação do ar que minimiza o número Faculdade de Ciências e Tecnologia, condições de verão.
total de horas de desconforto. A metodologia Universidade do Algarve De acordo com estas taxas de renovações foram
considera o tempo em que os valores do índice obtidos os índices PMV ao longo do dia em
PMV excedem os limites aceitáveis do nível de todos os compartimentos estudados, verifi-
conforto témico e que os valores do índice PD excedem os limites cando-se que a grande maioria se situava dentro ou próximo dos
aceitáveis para a concentração de dióxido de carbono que se pre- limites impostos pela categoria C. A mesma avaliação foi feita para
tendem garantir. a qualidade do ar, verificando-se igualmente que todos os com-
Na avaliação do edifício público em estudo foi utilizado um “soft- partimentos apresentavam níveis de concentração de dióxido de
ware” numérico [1], desenvolvido pelos autores, que simula o com- carbono abaixo do valor limite utilizado neste estudo.
portamento térmico de edifícios de topologia complexa e avalia a
qualidade média do ar nos espaços interiores, funciona em condi- Referência
ções transitórias e permite calcular, entre outras variáveis, o índice [1] E. Conceição, J. Gomes, N. Antão e M. Lúcio, “Application of a Developed
PMV que avalia o conforto térmico dos ocupantes e a concentração Adaptive Model in the Evaluation of Thermal Comfort in Ventilated Kindergarten
Occupied Spaces”, Building and Environment, Vol. 50, pp. 190-201, (2012).
de CO2 que avalia a qualidade do ar.
O estudo numérico foi realizado num edifício que possui uma área
de cerca de 8.834 m2, é constituído por três pisos e possui um total
Aplicação de Impressoras 3D
na Prototipagem Rápida Utilizada
na Engenharia Térmica
poluem a atmosfera. Esta nova tecnologia,
que lava o ar, produz energia e trata a água,
é constituída por (1) três permutadores de
calor colocados nas águas residuais, na se-
cagem e na entrada do efluente gasoso, (2)
Eusébio Zeferino um sistema de tratamento das águas resi-
Encarnação da Conceição duais e (3) um processo de lavagem, secagem
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade do Algarve
e recirculação do ar ainda não tratado.
Foi desenvolvido um protótipo virtual, não
equipado com sistema de recirculação, com
N
este trabalho serão apresentados 1,12 m de altura, 9 cm de diâmetro interno
exemplos relativamente à produção e 13 cm de diâmetro externo (Figura 1). De
digital, através de prototipagem rá- acordo com os resultados obtidos, um caudal
pida, utilizados na área da Engenharia Tér- de ar poluído com uma temperatura de 578
mica, mais concretamente na recuperação ºC garante uma temperatura da água no Figura 1 P
rototipagem do sistema
da energia em tratamento de efluentes ga- primeiro, segundo e terceiro permutadores de tratamento de efluentes gasosos
O tratamento de efluentes gasosos e a re- zadas nos cantos das paredes da sala, equi- Conceição, E. Z. E., Lúcio, Mª M. J. R. e Awbi, H. B.
cuperação de energia, utilizando um pro- padas com orifícios na horizontal, na direção “Comfort and airflow evaluation in spaces equipped
with mixing ventilation and cold radiant floor”, Buil-
cesso de lavagem do ar sem filtros, é usado, das duas paredes adjacentes, e um conjunto
ding Simulation, March 2013, Vol. 6, Issue 1, pp 51-67.
entre outros, em chaminés de fábricas que de condutas que transportam o ar para as
Conclusões
A construção precisa de se reinventar e a transformação digital pode
ser um meio poderoso para esse fim. Sem articulação e estratégia a
digitalização só vai acentuar as divergências e fragmentar mais o
setor. É necessário aumentar a cooperação na investigação, na adoção
de técnicas inovadoras e na procura de soluções sustentáveis. Tem
que ser a própria construção a liderar esta mudança, educando para
a sua importância e impacto na qualidade de vida. A construção e
os engenheiros têm que ganhar a confiança e respeito público, sendo
Figura 1 Análise geral da maturidade do setor ao nível da Tecnologia, Proces-
sos e Pessoas, enquadrados nos princípios da visão Construção 4.0 intervenientes fundamentais na tomada de decisões politicas.
A
escavação de valas é uma atividade dimensionamento de contenções e ainda o desenvolvimento de competências dos
usual no âmbito da implementação da aplicação dos princípios gerais de pre- trabalhadores necessárias à identificação de
de projetos de Engenharia Civil, quer venção e da monitorização durante a cons- riscos e à participação na prevenção, no-
para construção de fundações de edifícios, trução destas obras. Estas falhas decorrem, meadamente proporcionando formação e
quer para execução de redes de infraestru- essencialmente, quer do insuficiente co- fornecendo informação, é possível reduzir
turas, tais como condutas de água ou de nhecimento que as diversas entidades en- os acidentes de trabalho com repercussões
gás, cabos de eletricidade ou de telecomu- volvidas têm dos assuntos em causa, quer graves, não só em termos económicos, como,
nicações, entre outras. da realização de empreendimentos ao abrigo essencialmente, em termos sociais.
4. Conclusões
Observando os resultados obtidos no in-
quérito, conclui-se que:
› A implementação da nova abordagem à
prevenção, através do conceito BIMSafety,
nas componentes do PSS e CT analisadas,
é bem aceite pela amostra de inquiridos;
› A adoção do novo formato nos Planos
Figura 4 Resultados do inquérito sobre PSS Figura 5 Resultados do inquérito sobre CT
Específicos estudados, permitindo uma vi-
duas versões para cada um: o formato tra- utilidade do novo modelo na perceção das sualização em três dimensões e a apresen-
dicional e o novo formato de apresentação, medidas preventivas. É possível que a ex- tação de informação escrita paramétrica para
recorrendo a metodologias BIM. plicação destes dois resultados discordantes cada elemento construtivo, é considerada
Realizaram-se dois inquéritos (PSS e CT), esteja numa opinião conservadora e de re- vantajosa, comparativamente com o modelo
com 42 técnicos da área da construção civil sistência à mudança. tradicional, otimizando o planeamento da
(em cada inquérito). Os inquiridos tinham prevenção. As vantagens sentem-se nomea-
uma média de 11,5 anos de experiência pro- Questão 3 damente ao nível da simulação, visualização
fissional, no caso do PSS, e de 9 anos, no Nesta questão, os resultados obtidos são e compreensão das condições reais de tra-
caso da CT. Os resultados do inquérito sobre esclarecedores. Na generalidade, os inter- balho (ao longo de todos os trabalhos), da
o PSS encontram-se na Figura 4. Os da CT venientes do inquérito validam a adequabi- identificação e antecipação de riscos e do
na Figura 5. lidade da qualidade da informação repre- planeamento de medidas preventivas. O novo
sentada, com potencialidade de utilização modo de visualização revela-se bastante útil
Questão 1 do modelo em ações de formação. como instrumento de apoio a ações de for-
Relativamente aos resultados obtidos para Estes resultados reforçam os de diversos mação e aparenta possibilitar uma melhor
o PSS concluiu-se que a grande maioria dos autores, concluindo que um modelo 3D integração entre a produção e a prevenção;
inquiridos concorda que a implementação permite ao formador instruir mais facilmente, › O estudo e o desenvolvimento do BIMSa-
da nova metodologia é mais eficaz, em em ambiente virtual, sendo possível simular fety poderão revolucionar a elaboração de
comparação com o atual modelo de pre- práticas inseguras, para que os formandos Planos de Segurança e Saúde e de Compi-
venção, o que evidencia a adequabilidade conheçam os perigos a que estarão sujeitos lações Técnicas, levando a uma mudança de
do conceito. Na amostra de inquiridos ve- na vida real. paradigma, ao dotá-los de uma capacidade
rificou-se que apenas um dos inquiridos de digitalização de conteúdos que implica
discorda da eficácia do novo modelo em Questão 4 uma discussão dos problemas em ambiente
comparação com o tradicional, algo que A análise dos resultados quanto ao auxílio virtual, com grande potencial para prevenir
talvez se explique pela rotina que o atual da visualização 3D na prevenção das ativi- a ocorrência de acidentes de trabalho;
modelo de planeamento de prevenção ofe- dades revela que as respostas foram escla- › São necessários estudos futuros que pro-
rece. Em relação aos resultados obtidos recedoras, provando que a visualização 3D curem avaliar a aplicabilidade do BIMSafety
sobre a CT, apenas quatro dos inquiridos dos planos de atividades auxilia os interve- a outros componentes do Plano de Segu-
negaram a eficácia do novo modelo no de- nientes no planeamento das atividades de rança e Saúde e da Compilação Técnica.
sempenho desta tarefa. Dada a novidade do construção e de manutenção. Verifica-se também ser necessário aferir a
presente conceito, é possível que este re- possibilidade de realizar o planeamento da
sultado se prenda com a falta de experiência Questão 5 prevenção e a respetiva quantificação de
real, na medida em que os inquiridos podem Esta questão resume/avalia todo o trabalho equipamentos de proteção coletiva através
nunca ter tido a oportunidade de comparar, realizado nesta investigação, assim como de ferramentas BIM, investigando assim as
na vida prática, os dois modelos. todo o objetivo do inquérito. várias potenciais vertentes do BIMSafety:
Nas respostas dadas é possível verificar que 3D, 4D (planeamento temporal) e 5D (custos
Questão 2 quase todos os inquiridos consideram que associados). Adicionalmente, deverá ser am-
Nesta questão é possível verificar que a a associação da prevenção à nova abor- pliada a gama de objetos disponíveis para
maioria dos inquiridos considera que a apli- dagem permite uma simulação mais eficaz o Autodesk Revit, nomeadamente quanto à
cação do conceito BIMSafety proporciona das condições reais de trabalho, possibili- proteção coletiva e individual.
uma perceção mais eficiente das medidas tando a antecipação de riscos e perigos.
preventivas, através do novo meio de visua- A minoria é constituída, neste inquérito, por Nota: o presente artigo resulta das comunica-
lização. um inquirido na faixa etária entre os 40 e ções “O BIM como instrumento de prevenção
Constatou-se que os resultados dos dois os 50 anos, que pode já se ter acomodado em fase de projeto e de obra” e “O BIM como
inquéritos foram similares, verificando-se e habituado ao método tradicional, resis- instrumento de prevenção na gestão da ma-
que apenas dois inquiridos discordam da tindo, assim, à mudança. nutenção do edificado”.
A
s emissões dos transportes marítimos atividade específicos desta área portuária (in-
aumentaram na sequência do cresci- cluindo dados de arqueação bruta, número de
mento do comércio internacional. Re- navios, consumo de combustível, tempo de
centemente, as emissões dos navios têm rece- acostagem e manobra, etc.), tendo em conta o
bido mais atenção da comunidade científica, elevado detalhe exigido pela modelação numé-
uma vez que se tornaram uma preocupação Sandra Sorte rica da plataforma. O cenário de referência
significativa para a qualidade do ar, em particular Aluna de Doutoramento traduz as emissões de um ano base, tendo-se
para os portos e região urbana envolvente. De CESAM, Departamento de Ambiente selecionado o ano mais recente com dados
e Ordenamento, Universidade de Aveiro
acordo com a Comissão Europeia, a principal disponíveis – 2015. A aplicação C-PORT ao caso
prioridade ambiental para os portos marítimos de estudo do Porto de Leixões envolveu uma
é a qualidade do ar local, dada a sua importância simulação de diagnóstico (situação de refe-
na saúde dos trabalhadores portuários e dos residentes próximos. rência) e a definição de cenários que visam avaliar os efeitos de
A Europa nesta área ainda se encontra numa fase introdutória com- medidas, previamente selecionadas, em termos de impactes na
parando com outras regiões do Mundo. A Environmental Protec- qualidade do ar.
tion Agency, nos Estados Unidos da América, tem atualmente em
desenvolvimento uma plataforma de acesso online C-PORT, que
permite simular o impacto das emissões atmosféricas associadas
a atividades marítimas e portuárias, bem como estudar a exposição
populacional à poluição atmosférica em escala urbana. Esta plata-
forma C-PORT tem por base o recurso a um modelo numérico que
simula a dispersão de poluentes, usando condições meteorológicas
representativas para a região de estudo, e calcula as concentrações
de poluentes, usando uma abordagem de modelação simplificada.
Os algoritmos em C-PORT são consistentes com outros modelos
de dispersão estabelecidos e são otimizados para uma execução
rápida. A mais-valia de tal ferramenta é a capacidade de avaliação
do impacte na qualidade do ar dos diferentes cenários de emissões
num reduzido período de tempo. Estes cenários de emissões podem
compreender, por exemplo, situações de expansão da área por-
tuária, bem como aumento/redução do volume de movimentações
de granéis nos terminais.
Figura 1 Concentrações horárias (ppb) simuladas de NOx, para o cenário
Com o objetivo de estender a aplicação desta plataforma online a de referência, obtidas da plataforma C-PORT avaliando a influência
outros casos de estudo, em particular na Europa, foi aplicada a fer- dos navios atracados nos terminais portuários
ramenta C-PORT ao caso de estudo do Porto de Leixões. Este tra-
balho está a ser realizado no âmbito do projeto de investigação Os resultados preliminares sugerem que umas das principais fontes
AIRSHIP (Impacto das emissões do transporte marítimo e portuário emissoras relevantes na área portuária do Porto de Leixões está
na qualidade do ar em Portugal: cenários presente e futuro), coor- associada aos navios atracados no terminal de contentores. Na Fi-
denado pela Doutora Alexandra Monteiro e financiado pela Fun- gura 1 apresentam-se os mapas de concentração média horária de
dação para a Ciência e Tecnologia. O Porto de Leixões foi selecio- NOx, resultantes da simulação da qualidade do ar para o cenário
nado pelo projeto AIRSHIP por ser uma das maiores infraestruturas de referência, para a velocidade de vento típica da área de estudo
portuárias do norte de Portugal e uma das mais importantes do País. durante uma manhã de verão, num dia de semana.
A utilização da plataforma C-PORT requer um conjunto de dados Este exemplo ilustra bem a mais-valia da aplicação desta plataforma
de entrada do modelo, tais como emissões de poluentes (fontes para todas as entidades portuárias com área urbana envolvente,
pontuais, em linha e em área), georreferenciação e de uma análise particularmente importante no processo de tomada de decisão
microclimática. A estimativa de emissões para o caso de estudo do sobre quais as melhores políticas a adotar para gestão da qualidade
Porto de Leixões foi realizada com base na recolha de dados de do ar.
A ESTRATÉGIA DE ESPECIALIZAÇÃO
INTELIGENTE DA REGIÃO CENTRO
E A MODERNIZAÇÃO INDUSTRIAL
de impacte (económico, social e ambiental), investigação e desenvolvimento, mesmo
permitindo uma abordagem multissetorial. que submetidas por empresas ou em co-
As linhas de ação definidas nesta plataforma promoção), no período do segundo semestre
de inovação têm sido utilizadas como cri- de 2015 ao segundo semestre de 2016,
térios para a análise do alinhamento de pro- apresentam um valor total de investimento
António Magalhães Cardoso jetos com a RIS3 do Centro. Os projetos proposto de 3,3 mil milhões de euros.
Comissão de Coordenação empresariais e de investigação e desenvol- Trata-se de um universo muito rico, diver-
e Desenvolvimento Regional do Centro
vimento aprovados no âmbito do Portugal sificado e significativo, que constitui uma
2020 apresentam, no caso da Região Centro, aproximação das tendências de inovação a
um forte alinhamento com a RIS3 regional incidir direta e imediatamente na estrutura
A
Estratégia de Investigação e Inovação e especificamente com a plataforma “solu- produtiva regional, em especial no que res-
para uma Especialização Inteligente ções industriais sustentáveis” (63% dos pro- peita à modernização industrial.
(RIS3) da Região Centro de Portugal jetos aprovados até ao fim de 2016 alinham Analisando os projetos candidatos, deter-
definiu como um dos seus focos a procura com esta plataforma). minaram-se as principais tendências de mo-
de soluções industriais sustentáveis. As 1.105 candidaturas ao Portugal 2020 com dernização industrial registadas por setores:
No âmbito da plataforma “soluções indus- incidência na Região Centro, no domínio
estrangulamentos externos
Absorção de transferência
Marketing e planeamento
triais sustentáveis”, que emanou do processo dos sistemas de incentivos à inovação pro-
Diversificação produtiva
alargamento da cadeia
e de entidades do SCT
Eficiência energética e
Simbiose industrial e
Eficiência produtiva/
de construção da RIS3, procurou privilegiar- dutiva (excluindo os investimentos no tu-
Apoio de clusters
Automatização
de tecnologia
produtividade
-se uma “abordagem não setorial e com rismo ou de caráter não empresarial, e dei- ecoeficiência
de processos
Resiliência a
estratégico
iguais oportunidades de desenvolvimento xando de fora, a priori, as candidaturas de
face aos desafios atuais para a matriz indus-
Produtos metalúrgicos, metálicos, máquinas e equip. diversos
trial regional, rica e diversa” (CCDRC, 2016). Pasta e papel
Destacam-se os conceitos subjacentes à Cerâmica, vidro e outros minerais não metálicos
Moldes
Economia Circular, à sustentabilidade de
Plásticos
processos e produtos, ao uso eficiente de Automóvel
recursos e à desmaterialização de processos Madeira e mobiliário
Química e farmacêutica
(Indústria 4.0) e integram-se três dimensões
Cruzando os objetivos pragmáticos apon-
tados pela RIS3 para as soluções industriais
sustentáveis com as tendências setoriais
para que apontam os projetos candidatos
aos incentivos dos fundos europeus desti-
nados à inovação produtiva, verifica-se que
há uma forte e transversal aderência aos
conceitos essenciais (Economia Circular,
Indústria 4.0, simbiose industrial…).
Face a estes resultados, podemos afirmar
que a RIS3 do Centro tem vindo a constituir
um forte incentivo à modernização indus-
trial. Com efeito, a RIS3 regional tem estado
a contribuir para a inovação produtiva na
Região, na medida em que incentiva e in-
crementa o alinhamento dos investimentos
com os conceitos que devem presidir a um
desenvolvimento industrial sustentável, re-
siliente, circular, inovador, digital, eficiente,
Figura 1 Investimento previsto nas candidaturas por ramos CAE e por dimensão da empresa competitivo e inclusivo.
O
trabalho apresentado corresponde à Evolução das potências instaladas
dissertação/relatório para obtenção Até maio de 2014, a potência renovável insta-
do grau de mestre em Engenharia Ele- lada passou a ser de 11.384 MW, sendo consti-
trotécnica e Computadores ao abrigo do pro- tuída por 5.165 MW de grande hídrica, 4.802
grama especial para ser mestre, apresentado e MW de eólica, 321 MW de fotovoltaica, 370 MW
Paulo Joaquim Bispo Vargas
avaliado de forma positiva, em julho de 2015. de mini-hídrica, 123 MW de biomassa sem co-
Engenheiro Eletrotécnico
Pretendeu-se fazer um enquadramento da nova geração, 446 MW de biomassa com cogeração
Membro Sénior da OE
lei do autoconsumo, implicações e apresentar e mais 69 MW de biogás e 86 MW de aprovei-
Profissional Liberal
um caso prático simulado, baseado em valores, tamento de resíduos sólidos urbanos (Gráfico 1).
sempre que possíveis reais, quer da parte de
consumos, quer do estudo das soluções. A primeira parte é dedi- O novo Decreto-Lei 153/2014
cada ao histórico do autoconsumo, sendo os seguintes destinados O novo Decreto-Lei 153/2014, referente ao autoconsumo, foi tra-
à apresentação dos aspetos técnicos da nova legislação, bem como balhado durante um período de tempo considerável e envolveu
a sua implicação, nomeadamente nos vários setores da atividade várias comissões de trabalho, estudo e análise, e foi por muitos
económica. Relativamente ao caso prático, identificou-se uma vi- aguardados com grande expectativa. Apresentamos seguidamente,
venda na região de Lisboa. Partindo dos valores de consumo, me- no diagrama de blocos, as várias modalidades.
diram-se os valores em stand-by e valores de consumo médios.
Calculou-se o impacto da instalação de um sistema de painéis de Novo regime
de produção
potência 200 W. Num segundo cenário, a instalação de um sistema distribuída
de painéis de potência 480 W. E num terceiro cenário a instalação
de um conjunto de painéis com potência 1,5 kW, destinado à venda
Pequena
total da energia produzida. Nos cálculos apresentados teve-se em Autoconsumo
produção
consideração o custo real dos equipamentos e instalação baseado
em valores médios de mercado. Apresenta-se também uma esti-
Energia produzida
mativa de retorno do investimento. Eventuais excedentes Energia produzida
injeta
podem ser é totalmente injetada
preferencialmente na
injetados na RESP na RESP
instalação de consumo
Histórico da autoprodução em Portugal
O assunto tem origem no final da década de oitenta e sofreu um
impulso decisivo desde 2001/2003, com a chegada das diretivas Estudo de caso:
europeias sobre energia verde (eletricidade e biocombustíveis). Es- instalação de UPAC numa vivenda em Lisboa
perava-se um reforço de metas em consequência da segunda di- O estudo de caso escolhido é um caso simulado, com recurso a
retiva das renováveis, de 2009. Não se verificou o referido reforço, valores, sempre que possível reais e de mercado, aproximados ou
devido a alguns fatores, talvez o principal tenha sido a crise eco- estimados, bem como consultas a vários intervenientes.
nómica e algumas medidas restritivas dos incentivos que arrefe-
ceram o mercado. Portugal definiu a meta indicativa global de 22% Resumo dos três cenários
do consumo interno bruto de energia em 2010 e promoveu incen- Mais importante do que apresentar conclusões sobre qual o ce-
tivos à produção de eletricidade a partir de outras fontes renováveis nário mais vantajoso convém apresentar os cenários possíveis, dei-
para além da clássica hídrica. O total de energia elétrica produzida xando ao critério de cada possível interessado. Para uma otimização
em Portugal a partir de fontes renováveis quase triplicou, entre 1995 do sistema apresentam-se algumas sugestões:
e 2011 (de 9.501 GWh para 25.612 GWh). › Auditoria energética para reduzir stand-by e avaliar perfil ener-
gético; Troca de eletrodomésticos de classe mais recente pode
ser mais rentável que painéis solares; Escolher instalação modular,
no qual se sugere a instalação de módulo de 250W, com micro
inversor até máximo de 1,5 kW; À medida que se verificar que os
consumos vão baixando incrementam-se os módulos; Opção de
instalar aerogerador, sobretudo para período noturno e horas de
pouco sol; Alteração de hábitos de consumo e horas de utili-
zação de alguns eletrodomésticos; Sistema de ajuste de ângulo,
duas vezes ou quatro vezes no ano.
Gráfico 1 Potência renovável instalada (MW) Nota: publicação completa disponível em https://run.unl.pt/handle/10362/15647
O
sector dos serviços tem uma im- dos serviços é crítico para a eficiência e ca- quadro político e regulatório que, de acordo
portância multi-dimensional. Em pacidade produtiva e exportadora de todos com lições transversais identificadas pelas
Portugal, a sua relevância directa os sectores económicos. “Análises de Política de Serviços” da UNCTAD
é confirmada pelas suas contribuições maio- A análise das ligações a montante em 2011 em vários países, deve ser coerente, baseado
ritárias para o produto interno bruto, em- revela que em Portugal os serviços contri- em dados, adaptado às circunstâncias na-
prego e investimento directo estrangeiro buem com 12,1% e 12,4% do valor produzido cionais e que atenda aos desafios das exter-
(IDE). O comércio de serviços é de especial e do valor exportado no sector primário e nalidades nos serviços, principalmente nos
importância pois tem revelado ser mais di- 20,4% e 20,1% do valor produzido e do valor de infra-estrutura. Este quadro deve incluir
nâmico e resiliente que o comércio de bens. exportado no sector industrial, respectiva- instituições sólidas, adequada qualificação
Os serviços de infra-estrutura, incluindo mente (Figura 2). Os serviços de infra-estru- dos trabalhadores e um ambiente favorável
energia, transporte, financeiros e de tele- tura representam a maior fatia destes valores, a nível produtivo, tecnológico e de negó-
comunicações e tecnologias da informação cios. A política comercial deve ligar-se à po-
e comunicação (TIC), são uma parte impor- lítica industrial para promover eficiência,
tante das contribuições do sector serviços, inovação e o papel dos serviços para o de-
que pode chegar a cerca de 30% no caso senvolvimento económico e social.
do IDE e das exportações [1].
O papel dos serviços vai, no entanto, muito Nota 1: o autor escreve, por opção pessoal, de
além das suas contribuições directas. O acordo com a antiga ortografia.
sector tem a capacidade de criar ligações e Nota 2: as opiniões nesta nota não reflectem
coordenar processos produtivos. Os ser- necessariamente as da organização onde o autor
viços de infra-estrutura são centrais nesta trabalha.
função, proporcionando os meios para que Nota 3: a republicação e demais uso desta nota
as diferentes actividades das cadeias de valor requerem a autorização do autor.
Nota 4: esta nota resume o artigo “Antunes,
Figura 2 Portugal: proporção das contribuições de Bruno, O papel dos serviços, em particular dos
categorias seleccionadas de serviços às
serviços de infra-estrutura, na competitividade
ligações a montante totais nas exporta-
ções, 2011 (%) [3] produtiva e exportadora (2017)” que, por sua vez,
se baseia nas contribuições do autor para di-
o que é devido principalmente aos serviços versos documentos da organização onde tra-
de telecomunicações e TIC, que representam balha, em particular Mashayekhi e Antunes (eds.),
43% e 50% da contribuição dos serviços ao Services and structural transformation for deve-
lopment, UNCTAD (de próxima publicação).
valor produzido no sector primário e indus-
trial e 42% e 49% da contribuição dos ser-
Referências
viços ao valor exportado no sector primário
[1] Autor, com dados da OCDE e da UNCTADstat.
e industrial, respectivamente. Estes valores
[2] Autor, com dados da Export Value Added Da-
Figura 1 Portugal: proporção das contribuições quantificam a transformação digital.
tabase (EVAD).
dos serviços às exportações brutas totais
Existe, portanto, um potencial dos serviços
e às ligações a jusante totais nas exporta- [3] Autor, com dados da EVAD.
ções, 2011 (%) [2] para uma transformação produtiva que pode
DESENVOLVIMENTO E TESTE
DE UMA SMARTBOX VERSÁTIL
PARA O CHÃO DE FÁBRICA
N
as fábricas do futuro, os mundos físicos O foco deste artigo centra-se no desenvolvi-
e virtuais estão cada vez mais interli- mento e teste de uma smartBox versátil, capaz
gados, através dos sistemas ciberfísicos de comunicar eficientemente com os equipa-
(CPS), conjugando Internet das Coisas (IOT), mentos no chão de fábrica e integrá-los em
dados e serviços. São sistemas físicos cujas plataformas de IOT Industrial.
operações são monitorizadas, coordenadas, Pedro Miguel Baptista Torres A smartBox é testada num caso de estudo de
controladas e integradas por um sistema com- Professor Adjunto vibração de motores elétricos, onde mede e
putacional e de comunicação. Com a ajuda de transmite informação das vibrações, permitindo
sensores, esses sistemas processam dados do avaliar eventuais anomalias. Para tal, são usadas
mundo físico e disponibilizam-nos para serviços diferentes plataformas e tecnologias: por um
de rede, que por sua vez podem ter um efeito lado hardware NI DAQ e LabVIEW [3], por outro
direto sobre os processos no mundo físico a plataforma Arduino, com servidor OPC e pro-
usando atuadores [1]. Rogério Pais Dionísio tocolo de comunicação EtherCAT [4]. A Figura
Para os CPS, o papel de uma smartBox simpli- Professor Adjunto 1 apresenta o diagrama de blocos das duas so-
fica muito o processo de recolha de dados sen- luções.
soriais e de dados do estado de funcionamento Escola Superior de Tecnologia, A Tabela 1 indica as diferenças entre as duas
Instituto Politécnico de Castelo Branco
dos equipamentos. Esta informação é enviada soluções. A principal vantagem de usar NI-DAQ
pela Internet para os gestores da fábrica e uti- é a sua taxa de transmissão e a facilidade de
lizadores autorizados [2]. configuração em LabVIEW. Em contrapartida, a
principal vantagem de usar o módulo EtherCAT em conjunto com
uma placa Arduino é o seu custo e a distância efetiva entre as es-
tações de entrada e saída de dados.
Conclusão
A monitorização e análise de vibrações em máquinas rotativas ofe-
rece informações muito importantes sobre as anomalias presentes
na estrutura interna da máquina. Neste caso de estudo foram tes-
tadas duas smartBoxs para obter e analisar os dados, que simpli-
ficam consideravelmente o processo de exportação de dados e
Figura 1 Diagrama de blocos para aquisição de dados com: funcionalidades dos dispositivos físicos para os utilizadores, através
A) NI-DAQ B) EtherCAT
da web. As informações obtidas por análise de vibração permitirão
Diferenças entre as soluções NI-DAQ planear uma ação de manutenção preditiva com base em inteli-
Tabela 1 e Ethercat – Arduino gência artificial.
Dispositivo NI-DAQ Shield EasyCAT Arduino
Tecnologia de
USB 2.0 EtherCAT Bibliografia
Comunicação
Distância máxima 1 Geisberger, E., Cengarle, M., Keil, P., Niehaus, J., Thiel, C., & Thönnißen-
entre a smartBox 5m 100 m -Fries, H. J. (2011). Cyber-Physical Systems-Driving force for innovation in
e o PC mobility, health, energy and production, acatech-Deutsche Akademie der
Configuração
Configuração Configuração complexa com Technikwissenschaften.
simples com o
Labview blocos de aquisição EtherCAT
bloco DAQ Assist 2 Aazam, M., Hung, P. P., & Huh, E. N. (2014, Abril). Smart gateway based
Biblioteca 'EasyMaster' communication for cloud of things. In Intelligent Sensors, Sensor Networks
para LabVIEW 32 bits and Information Processing (ISSNIP), 2014 IEEE Ninth International Confe-
Requisitos
NI-DAQmx driver Biblioteca 'EasyCAT.h' para rence on (pp. 1-6). IEEE.
de software
ficheiro de configuração
Arduino 'EasyCAT.xml’ 3 NI-DAQmx Software. (n.d.). Consultado a 22 de novembro 2017, em https://
Ritmo de 2 × 100 Mbit/s www.ni.com/dataacquisition/nidaqmx.htm
480 Mbit/s
transmissão (Fast Ethernet, Full-Duplex)
4 Bausano (n.d.). Arduino EasyCAT. Consultado a 22 novembro 2017, em
Custo 288 € 61 €
www.bausano.net/en/hardware/ethercat-e-arduino/easycat.html
Custos adicionais — Placa Arduino
Plataformas comuns
na digitalização de um ambiente
de fabrico industrial com robôs
colaborativos por limitação da força e da Services and People – IoTSP). A IoTSP facilita
potência são menos intensivos nos recursos a criação de nova tecnologia e de novos mo-
em termos de projeto do layout, instalação, delos de negócio através da propagação de
comissionamento e operação do sistema, dados em larga escala. É agora mais fácil
quando comparados aos robôs industriais transportar grandes quantidades de informa-
Ricardo Oliveira convencionais. ções para os centros de dados e nesses cen-
Sales Engineer – Industry A competência do estudo de integração de tros de dados a analítica em fluxos é usada
ABB Portugal um robô deste tipo num sistema de fabrico para processar as informações para a sua fil-
é fundamental para que se verifiquem as ca- tragem, seleção e agregação.
raterísticas de um espaço de trabalho cola- A informação processada pode ser inserida
Robôs colaborativos borativo, tipicamente observando um robô em diferentes serviços em nuvem, como
A robótica colaborativa resulta da evolução pequeno, com movimentos lentos, cargas ferramentas de Business Intelligence, que
tecnológica e normativa que permite a relativamente baixas e de propriedades ino- transformam dados brutos em tabelas e
criação de espaços de fabrico industrial par- fensivas. A facilidade do comissionamento
tilhados entre pessoas e robôs. Os benefí- destes robôs pelas características de ensina-
cios dessa partilha podem ser recolhidos mento de trajetos através da programação
por praticamente todos os tipos de indústria por guiamento do braço (lead-through pro-
cujos trabalhos mais repetitivos, rigorosos gramming) tende a ser de tal modo simpli-
ou fisicamente exigentes possam ser entre- ficada que alguém com os conhecimentos
gues às máquinas mas ainda não seja viável de utilização de um smartphone se consegue gráficos, proporcionando uma visão instan-
a sua total automatização. tornar rapidamente num operador de robôs. tânea das situações de produção e de apoio
Considerando os requisitos de segurança à decisão. As informações também podem
que um cenário destes envolve, surgiu no Robôs em nuvem ser usadas por pacotes de aprendizagem
mercado de robótica industrial o conceito Com o crescimento significativo do recurso máquina para fazer previsões que levam à
de “robô colaborativo”, referente aos robôs aos robôs industriais, os sistemas de produção otimização de processos ou manutenção
preparados para interagirem de forma se- mudarão rapidamente o seu nível de auto- preditiva, ou seja, os robôs vão descobrir
gura com as pessoas que os rodeiam. Esta mação e flexibilidade. O aumento da conec- entre si como evitar falhas ou resolver pro-
segurança pode ser obtida através de equi- tividade resulta também na diminuição do blemas e como se adaptarem a ambientes
pamentos que monitorizem a área de tra- esforço humano necessário para implementar dinâmicos, tal como se os trabalhadores
balho do robô e atuem sobre ele consoante sistemas automatizados. Este passo em frente que desempenham uma tarefa idêntica pu-
a sua dinâmica constitua um perigo perante pode ser dado tirando partido da Internet das dessem partilhar os seus conhecimentos a
a deteção de uma aproximação humana. Coisas, Serviços e Pessoas (Internet of Things, um nível global e automaticamente.
No entanto, este conceito tende a centrar-
-se nas máquinas cuja obtenção de segu-
rança no robô é dada pelo próprio fabricante
que assegura a limitação da força e da po-
tência de um impacto acidental com hu-
manos, assim como recorrer a geometrias
de materiais menos ofensivas em caso de
choque com o corpo humano.
Embora os sistemas robóticos convencionais
ainda sejam necessários por um longo pe-
ríodo de tempo e tenham várias vantagens
principais em relação à tecnologia colabo-
rativa atual (por exemplo, cargas úteis mais
altas, tempos de ciclo mais curtos e melhor
proteção em ambientes agressivos), os robôs
A importância da verificação
de competências dos engenheiros
O Quadro Europeu de Qualificações con- g) Preparação e/ou apresentação de um
sidera três naturezas de competências: co- artigo técnico numa conferência;
nhecimentos, aptidões e atitudes. O mesmo h) Preparação e publicação de artigo téc-
se passa com o modelo de qualidade dos nico numa revista ou livro relacionado
cursos de Engenharia denominado EUR- com a profissão;
-ACE (European Accredited Engineer) esta- i) Formação administrada na área da for-
Alfredo Soeiro
Departamento de Engenharia Civil,
belecido pela ENAEE (European Network mação contínua relacionada com a pro-
FEUP for Accreditation of Engineering Education fissão.
Docente/Investigador – www.enaee.eu) e a que a Ordem dos En-
genheiros pertence. Torna-se por isso fun- Pela necessidade da qualificação profissional
damental avaliar os diferentes tipos de com- e da manutenção deste estatuto torna-se
petências dos engenheiros para que se possa necessário encontrar uma abordagem eficaz
O
s engenheiros representam um garantir uma indústria e serviços com qua- na verificação das competências esperadas
setor da sociedade que exige qua- lidade. de engenheiros. Esta comunicação pretende
lificação profissional adequada. A Algumas organizações profissionais de en- apresentar uma ferramenta desenvolvida no
qualificação pode ser reconhecida por as- genheiros exigem que os membros obte- âmbito do projeto TALOE (Time to Assess
sociações profissionais, por agências de nham uma licença para poderem exercer a Learning Outcomes in Engineering). Foi fi-
acreditação ou por empregadores. As com- profissão. Nestes casos é atribuído a cada nanciado pela Comissão Europeia e aborda
petências requeridas para os engenheiros engenheiro o título de Engenheiro Profis- o conceito da avaliação baseado nos fun-
evoluem ao longo da vida e extravasam o sional (“Professional Engineeer”). Outro tipo damentos da Taxonomia de Bloom revista.
domínio técnico. Há competências de vários de modelo é usado em países como o Reino Estabelece a ligação entre os tipos de com-
tipos, como éticas, sociais, gestão, comu- Unido, a Irlanda, a Austrália, a Malásia e a petências diferentes com os diversos mé-
nicação, liderança ou de trabalho em equipa. China. Este tem como suporte a acreditação todos de avaliação disponíveis. O objetivo
Este domínio da verificação criteriosa e e a certificação dos engenheiros pelas or- principal do projeto TALOE foi de desenvolver
adequada dos diversos tipos de competên- ganizações responsáveis, geralmente de uma plataforma alojada na web para ajudar
cias dos engenheiros tem sido abordado índole profissional. Noutros países a quali- os avaliadores de competências na área da
por meios que geralmente não têm em ficação profissional depende do título aca- educação e da formação. Esta ferramenta
conta os diversos tipos e as naturezas dis- démico podendo às vezes ser necessário o destina-se a permitir, a quem queira verificar
tintas das competências. registo numa organização de caráter pro- as várias competências, utilizar métodos de
fissional. De um modo geral verifica-se que avaliação alinhados com os diferentes tipos
a manutenção da qualificação profissional de competências dos engenheiros. A plata-
necessita de formação contínua periódica. forma foi testada em várias áreas como Me-
Esta pode ser contabilizada pela organização dicina, História, Farmácia e Economia. Os
profissional que a pode verificar e assegurar. resultados da aplicação da plataforma têm
Por exemplo, apresenta-se a tabela da FEANI sido consistentes e coerentes com os ob-
(European Federation of National Enginee- jetivos. Esta plataforma tem sido escolhida
ring Associations – www.feani.org) para a por vários grupos como a associação euro-
contabilização de créditos dos engenheiros peia dos coordenadores de segurança na
das associações membros: construção (www.ishcco.org) e pelo grupo
a) Cursos ou palestras na empresa; de Engenharia Civil do projeto europeu des-
b) Cursos formais de pós-graduação; tinado a criar um quadro de avaliação das
c) Cursos de formação externos; competências (www.calohee.eu).
d) Colaboração voluntária em organizações Pretende-se neste artigo apresentar a fer-
profissionais de Engenharia; ramenta bem como vários exemplos de
e) Visitas ou trabalhos técnicos de Enge- aplicação na verificação de vários tipos de
nharia; competências, quer no percurso académico,
f) Atualização profissional baseada em es- quer no profissional, como resultado da
tudo e formação individual; aprendizagem ao longo da vida.
O
Sistema Internacional de Unidades rivadas formam um conjunto coerente. Sendo
(SI) foi formalmente adotado em este o único sistema globalmente reconhe- Figura 1 Diagrama do novo SI [BIPM]
1960 pela 11.ª Conferência Geral cido, permite um diálogo fácil e harmonizado
de Pesos e Medidas (CGPM) da Convenção em termos de grandezas e unidades. dade é definida indiretamente dando expli-
do Metro, com o objetivo de se obter um O SI tem evoluído de um sistema baseado citamente um valor exato a uma constante
sistema de unidades que respondesse às em artefactos para um sistema baseado em fundamental reconhecida.
necessidades do século XX. O SI definiu seis constantes fundamentais e processos ató- Até agora as unidades eram definidas em
unidades de base, o metro, o kilograma, o micos. Atualmente, a unidade de base do termos do valor de uma grandeza escolhida
segundo, o ampere, o kelvin e a candela para, comprimento, o metro, é definida através como referência – definições de “unidade
respetivamente, as grandezas comprimento, de uma constante fundamental, a veloci- explícita”. Apesar de equivalentes, as defini-
massa, tempo, corrente elétrica, temperatura dade da luz, a unidade de base do tempo, ções de constante explícita são mais sim-
termodinâmica e intensidade luminosa. Na o segundo, a partir da transição entre dois ples e permitem separar a definição da rea-
altura, o metro e o kilograma eram baseados níveis de energia de um átomo, mas a uni- lização das unidades, a partir das equações
em artefactos conservados no Bureau Inter- dade de base da grandeza massa, o kilo- da física.
nacional dos Pesos e Medidas (BIPM), em grama, é ainda definida em termos de um A 25.ª CGPM de 2014 incentivou os LNM, o
Sèvres, França. Em 1971 seria adicionada a artefacto (de 1889), o protótipo internacional BIPM e outras instituições da metrologia a
unidade de base da quantidade de matéria, do kilograma, conhecido por IPK. prosseguirem os trabalhos na determinação
O IPK tem uma série de limitações impor- dos valores das constantes de Planck h, de
tantes, pois a sua massa não está relacio- carga elementar, e, de Boltzmann k e de
nada com um invariante da natureza e a sua Avogadro NA, de modo a obter valores com
estabilidade a longo prazo não está garan- incertezas associadas e coerência entre ex-
tida. Além disso, a unidade da massa in- periências, que sejam considerados satisfa-
fluencia outras unidades de base. tórios para a revisão do SI.
Muitos avanços têm sido feitos nos últimos Estes valores serão então publicados pelo
anos para relacionar a massa do protótipo CODATA – Committee on Data for Science
internacional com a constante de Planck h, and Technology, organização que avalia e
métodos que incluem a Balança eletrome- compila dados essenciais à ciência e à tec-
cânica de Kibble, sistema que relaciona a nologia e recomenda os valores das cons-
potência elétrica com a potência mecânica. tantes físicas fundamentais.
Na 24.ª CGPM de 2011 “Sobre a possível fu- Este artigo pretendeu fazer uma recensão
tura revisão do SI” foram criadas novas de- de documentos publicados e relativos à Re-
finições para as sete unidades de base do visão do SI, que terá lugar na 26.ª CGPM de
SI, redigidas usando uma formulação de- 2018. Prevê-se a sua publicação no Dia Mun-
signada “de constante explícita”, onde a uni- dial da Metrologia, a 20 de maio de 2019.
A METROLOGIA NA DEFESA
DO ESPAÇO AÉREO NACIONAL
pendendo fundamentalmente de dois ve-
tores: a existência de um Sistema de Co-
mando e Controlo Aéreo e de um ou mais
sistemas de armas, não esquecendo o ele-
mento estruturante para ambos, que são os
recursos humanos para os operar. O Sistema
Pedro Nuno Pessoa
Ferreira Pimentel de Comando e Controlo Aéreo de Portugal
Tenente-coronel Engenheiro Eletrotécnico (SICCAP) é constituído por diferentes com-
Comandante da Estação de Radar N.º 2 ponentes, sendo a dos sensores, nomea-
Força Aérea Portuguesa damente os sistemas Radar Primário, tridi-
mensional e de longo alcance, também
denominado por sistema Radar de Defesa
P
ela natureza e exigência das suas mis- Aérea, uma das fundamentais. Para estes dição, aproximando-o das especificações
sões, os meios aeronáutico e aeroes- sistemas, a avaliação da performance, de- do fabricante. Assim, a calibração dos vários
pacial estão na vanguarda da evolução nominada System Performance Check (SPC), sistemas de medição usados neste processo
tecnológica em vários domínios. A Força é uma atividade essencial para garantir o assegura o referencial a transmitir à cadeia
Aérea é disso exemplo, ao observar elevados de medição e, quando necessário e possível,
padrões de segurança que lhe permitem pode ser complementado pelo ajuste. Estes
garantir o cumprimento da sua missão e ser processos constituem o valor acrescentado
uma referência no contexto dos operadores da Metrologia para a conformidade dos re-
que usam os mesmos sistemas de armas. feridos sistemas e, consequentemente, para
Neste âmbito, o conceito de segurança pode o sucesso do cumprimento da missão por
ser observado não só na vertente de secu- eles suportada.
rity, que se traduz na vigilância e policia- Não menos importante é a conformidade
mento aéreo, mas também na vertente de dos sistemas de armas, sendo o F16 Fighting
safety, ou seja no âmbito da segurança de Falcon a referência no contexto da Defesa
voo, ambos intrínsecos à missão da Força Aérea Nacional. O sistema de armas F16 é
Aérea. Para garantir a segurança de voo, constituído não só pela aeronave — com-
essencial para o cumprimento da sua missão, posta pela célula estrutural e pela unidade
além da exigente formação e qualificação propulsora — mas também por todos os
dos recursos humanos, a Força Aérea re- cumprimento da missão, que se traduz na seus sistemas de navegação, rádio-ajudas,
corre à Metrologia como ciência de suporte. capacidade de deteção atempada, portanto guerra eletrónica, armamento e todo o
Na Força Aérea, esta relação de proximidade mesmo a longa distância, de aeronaves não Ground Support Equipment (GSE). Para ga-
e dependência entre a missão e a Metrologia identificadas, logo não detetáveis através do rantir a avaliação da conformidade de todos
tem vindo a intensificar-se, existindo atual- sistema radar secundário. O SPC é um pro- estes sistemas, a Metrologia (domínios: di-
mente uma grande autonomia institucional cesso de avaliação da conformidade, que mensional, ótica, pressão, temperatura, elé-
para dar resposta às exigências internas no permite quantificar desvios ao padrão e, se trico, etc.) tem um papel fundamental, as-
âmbito da Metrologia, o que vai ao encontro necessário, desencadear ações corretivas e segurando a quantificação de desvios face
e está a par do aumento da exigência me- preventivas que garantam a melhoria da a valores padrão e permitindo o alinhamento
trológica dos vários sistemas que a Força exatidão e da precisão do sistema de me- e ajuste sempre que necessário e possível.
Aérea opera, contribuindo decisivamente É neste contexto que a Força Aérea atua
para que estes sejam mais seguros e mais diariamente, 24 horas por dia, garantindo a
precisos e garantindo uma maior eficácia e defesa do espaço aéreo nacional, assegu-
eficiência no cumprimento da missão deste rando não só a soberania do Estado Portu-
ramo das Forças Armadas. guês e do Espaço Estratégico de Interesse
A defesa do espaço aéreo, que se assume Nacional Permanente, mas também hon-
como uma das componentes que contribui rando os compromissos do Estado Portu-
para garantir a soberania nacional, é missão guês para com a Organização do Tratado
inequívoca e central para a Força Aérea, de- do Atlântico Norte (OTAN).
METROLOGIA APLICADA
À ENGENHARIA NA SAÚDE: QUE DESAFIOS?
nacionais, tais como a Organização Mundial tivamente, a conceção, o desenvolvimento
de Saúde, identificaram tecnologias da saúde e a produção de equipamentos médicos, a
cujos contributos têm sido essenciais para par da evolução tecnológica, têm em con-
a melhoria dos cuidados e dos serviços de sideração processos e metodologias ba-
saúde. Essa contribuição assenta, funda- seados em suportes regulamentares e nor-
mentalmente, nos resultados das medições, mativos. Maioritariamente, o desenvolvi-
Maria do Céu L. S. Ferreira
que ao influenciarem o processo de decisão mento desses suportes está ancorado ao
Departamento de Metrologia,
Instituto Português da Qualidade e, por conseguinte, a evolução do diagnós- conhecimento científico e tecnológico,
tico e/ou tratamento, representam um papel verificando-se nos respetivos conteúdos
fundamental em medicina baseada na evi- uma tímida presença dos requisitos de boas
dência. Como exemplo de aplicação, refira- práticas metrológicas. Contudo, os últimos
-se a importância dos equipamentos de ulta cinco anos têm sido frutíferos nessa matéria,
A
medição, como domínio da atividade sons (ecógrafos) na medição exata do diâ- através da consecução de projetos nacio-
técnico-científica, dispõe de um metro de um vaso ou na dimensão de uma nais e europeus em Metrologia aplicada à
conjunto de atividades que visa a massa num órgão, ou ainda a importância saúde, permitindo, paulatinamente, a in-
determinação do valor das grandezas e das da dosagem exata dos fármacos ministrados clusão da ciência da medição nos suportes
unidades, com assinável evolução ao longo através dos sistemas de bombas de perfusão, documentais de referência. Associam-se a
dos séculos. O contexto científico que serve entre muitos outros. Em Portugal, os custos esta recente evolução as exigências preco-
de inserção a essas atividades é denominado da não rastreabilidade metrológica dos equi- nizadas pela transformação digital e pelos
por Metrologia, apresentando-se de uma pamentos médicos são desconhecidos, sistemas operacionais robotizados que, em
forma transversal em todos os setores da apesar de ser reconhecido o respetivo im- paralelo com a necessidade de garantir a
sociedade. pacto económico e social. conformidade dos equipamentos com os
Também ao longo das últimas décadas, as Neste contexto, as características metroló- requisitos legais aplicáveis, se apresentam
preocupações com a saúde têm evoluído gicas dos instrumentos médicos com função como vetores que corroboram a necessária
de uma forma significativa, permitindo a de medição, habitualmente designados por mudança de paradigma na vertente das me-
conceção e o desenvolvimento de instru- equipamentos, e o rigor das medições pre- dições em saúde.
mentos cada vez mais sofisticados e com- conizadas pelos mesmos, apresentam-se Para que esta nova abordagem, a par de
plexos. Nesta vertente, organizações inter- como fatores determinantes em saúde. Efe- uma era digital, possa ser encarada como
alavanca de inovação e de desenvolvimento
estratégico da Metrologia no setor da saúde,
e de acordo com os pressupostos da inves-
tigação translacional recentemente traçados
pela União Europeia para o setor em apreço,
é crucial e indispensável o estabelecimento
de redes de trabalho. Este trabalho em rede,
fundamental para a partilha de informação
e transferência do conhecimento, deverá
ser seriamente encarado como ação prio-
ritária no âmbito da Metrologia aplicada nas
diversas áreas da Engenharia e, em parti-
cular, com aquelas que têm maior impacto
nas tecnologias da saúde e nos sistemas de
informação. A simbiose entre as várias dis-
ciplinas do conhecimento, e em particular
as relacionadas com as ciências da Enge-
nharia aplicadas ao domínio da saúde, cons-
titui um desafio atual e crescente, ao alcance
dos principais atores, e em prol do bem-
-estar dos cidadãos.
O
advento da fotografia digital veio os engenheiros limita-se à identificação e
permitir um mundo de novas uti- registo, ao contrário das imagens vectoriais
lizações de que a prática de Enge- (e.g. AutoCad e Solidworks) que permitem Figura 2 Identificação e medição
nharia pode beneficiar. Muitas delas, verda- um outro universo de aplicações. de componentes mecânicos
deiros sistemas de visão artificial, requerem Enquanto as imagens raster são facilmente nhum apresenta resultados satisfatórios para
equipamentos dispendiosos e métodos mo- adquiridas com um sistema fotográfico ou a finalidade que pretendemos.
rosos e difíceis de implementar, mas outras um scanner, as imagens vectoriais têm que É, no entanto, essencial verificar algumas
podem ser realizadas com equipamentos ser produzidas com intervenção humana condições para implementar este método:
de consumo disponíveis a preço razoável. por processos caros e morosos, principal- › Primo, impõe-se a compreensão dos as-
mente no que toca à aquisição de dados pectos da qualidade da imagem, como a
A disponibilidade de equipamentos fotográ- geométricos. resolução, nitidez e correcção geomé-
ficos e de software de processamento de A questão de como utilizar a fotografia di- trica; habilitados com esse conhecimento
imagem veio permitir a utilização da foto- gital na Engenharia tem sido o grande im- poderemos captar imagens bem definidas
grafia digital em campos antes inacessíveis. pedimento à sua melhor utilização. De facto, e com a geometria apropriada;
De facto, a fotografia digital constitui uma qualquer registo fotográfico é intrinsecamente › Secundo, um sistema fotográfico ade-
fonte de informação formidável, não só para afectado por defeitos e aberrações que quado: se pretendermos maior rigor di-
afastam a utilização técnica directa, situação mensional será necessária uma câmara
essa que a tecnologia actual permite obviar. fotográfica com alta resolução e nitidez2
Um sistema fotográfico de qualidade, ma- servida por uma lente de qualidade3;
nuseado por um operador apto, produz › Tertio, um bom sistema informático (hard
imagens nítidas e com aberrações1 perfei- ware e software) e a necessária compe-
tamente conhecidas, o que permite a pós- tência para o utilizar.
-correcção por software, restituindo ima-
gens digitais muito próximas do objecto real Com alguma experiência e equipamento
e, portanto, adequadas ao desenho técnico. poderá obter-se resultados satisfatórios
Se quando fotografamos um objecto colo- numa larga gama de utilizações, uma vez
carmos sobre ele uma escala métrica, ou verificadas as condições anteriores. A ex-
se for conhecida uma sua dimensão, esta periência demonstrou que o investimento
imagem, rectificada, pode tornar-se na base em tempo e recursos financeiros é rapida-
de uma imagem vectorial à escala bastando mente compensado pelas economias que
para tal “desenhar sobre ela”. Pese embora o método permite e pela melhoria substan-
a existência de software que permite con- cial dos resultados.
verter uma imagem raster em vectorial (line
trace) bidimensional ou a “interpretação” de Nota: o autor escreve, por opção pessoal, de
Figura 1 Células do sangue – Medição nuvens de pontos bi ou tridimensionais, ne- acordo com a antiga ortografia.
1 A ideia da analogia com estas intervenções do GECA foi-me proposta pelo Eng. Vasco Lagarto, Presidente da Comissão Executiva do TICE.PT, a quem agradeço aqui.
A INTERVENÇÃO DA INFORMÁTICA
NA MODELAÇÃO DE SISTEMAS CIBERFÍSICOS:
O CASO DOS EDIFÍCIOS INTELIGENTES
peração e entendimento entre especialistas Para realizar MPM usa-se a Engenharia de
e de se obter uma vista coesa das múltiplas linguagens de software, com o estudo das
perspetivas do sistema. linguagens e sua semântica formal, assim
Esta situação agrava-se na própria dinâmica como o uso de técnicas de tradução de
do processo de Engenharia onde alterações modelos entre linguagens (as chamadas
Vasco Amaral de evolução do desenho (modelos) do sis- transformações de modelos). Combina-se
Professor Auxiliar tema, suportado por ferramentas informá- então os múltiplos modelos em ferramentas
Faculdade de Ciências e Tecnologia, ticas atuais (proprietárias e fechadas), não suporte e ambientes de edição/transfor-
Universidade Nova de Lisboa
se encontram articuladas entre si. O conhe- mação/composição. Nestas, podemos ana-
cimento fica contido e opaco em ferra- lisar a segurança e confiabilidade do sistema
mentas proprietárias. O resultado prático é especificado, simular para fins de exploração
a impossibilidade de efetuar simulações de de cenários ou otimização e, quando apro-
sistema ou analisar as suas propriedades de priado, sintetizar os referidos sistemas.
forma rigorosa e certificável, podendo, in- É neste contexto que sugerimos que um
clusivamente, levar à conceção inconsis- Edifício Inteligente pode ser encarado como
Paulo Carreira
Professor Auxiliar
tente ou incompleta destes mesmos. um sistema dotado de componentes físicas
Instituto Superior Técnico, A produção sistemática, escalável, de pro- e mecânicas supervisionadas por sistemas
Universidade de Lisboa dutos de software tem estado tradicional- de automação e controlo, que consomem
mente assente na separação da (i) fase de energia (e outros recursos) para fornecer
desenho (prescrição) e modelação da (ii) serviços aos seus ocupantes. De facto, um
fase de implementação. Contudo, a própria edifício é um CPS, bem como alguns dos
comunidade não tem tirado proveito da ca- seus subsistemas: componente construtiva,
racterística distintiva da Engenharia de Sof- componente de AVAC, componente de ilu-
O
ritmo da transformação digital não tware. A saber, os modelos de software são minação, ou mesmo a componente de se-
deixa nenhuma área da Engenharia eles próprios realização do produto (usados, gurança. Trata-se, portanto, de um sistema
indiferente. A junção do mundo por exemplo, para simulação) quando feitos suficientemente exemplificativo das proble-
digital com as máquinas está a induzir a re- cuidadosamente com as ferramentas e lin- máticas mencionadas anteriormente rela-
volução que afeta todas as áreas do conhe- guagens adequadas. A prática tem levado tivamente a CPS, onde o estudo e a apli-
cimento e atividade humana. Paradoxalmente, ao agravar do fosso entre o desenho e a cação da abordagem de modelação multi-
esta revolução com natureza interdisciplinar implementação, impondo interpretação hu- paradigma será uma possível solução.
impõe novos desafios e puxa pelos limites mana (programador) pelo caminho (passível A Engenharia Informática portuguesa está
às práticas estabelecidas na própria Enge- de erros e pouco eficiente). Com o nascer perfeitamente suportada por um sistema
nharia. da abordagem de Desenvolvimento Orien- universitário de educação de elevada qua-
Os chamados sistemas ciberfísicos (CPS) tado por Modelos promove-se o princípio lidade e de investigação ponteira com peso
compreendem um ciclo contínuo de as- de que os produtos de software sejam di- internacional em tópicos chave ao desen-
petos mecânicos e físicos, com sensores e retamente deriváveis a partir dos modelos, volvimento de CPS. Nestes encontramos a
atuadores orquestrados por sistemas de já que estes se tratam apenas de abstrações realização tecnológica de suporte à mode-
controlo tipicamente implementados através (outro conceito chave em informática), como lação como um alicerce fundamental à
de soluções integradas com hardware e se tratasse de um compilador de modelos transformação digital para apoio à referida
software dedicado. A natureza destes sis- para código. A Modelação Multi-paradigma multidisciplinaridade, realizando um serviço
temas é inerentemente multidisciplinar. Por (MPM) surge como uma abordagem que importante ao País e ao seu tecido tecno-
isso, o processo de Engenharia requer a pretende quebrar a complexidade inerente lógico. Acreditamos que ao continuar a in-
cooperação de peritos de várias áreas do dos sistemas de larga escala em níveis di- vestir nesta direção a Engenharia Informá-
conhecimento, não se cingindo a uma só ferentes de abstração e de vistas (ou seja, tica levará o País a manter-se na vanguarda
especialidade. Cada especialidade possui modelos rigorosos de uma realidade física em áreas de impacto onde os CPS estão
ferramentas, linguagens e fundamentos de ou lógica), cada uma expressa em forma- fortemente presentes, como a Automação
modulação próprios que dificultam a coo- lismos de modelação adequados. de Edifícios.
N
o dia 25 de maio de 2018 entra em de intervenção do utilizador. certificar as componentes de conhecimentos
vigor a Regulamentação Europeia Para se perceber melhor a dimensão da en- sobre a legislação europeia e nacional de
de Proteção de Dados [1], geral- volvência da Engenharia é útil verificar os “7 proteção de dados e, eventualmente, for-
mente conhecida pela sigla inglesa GDPR foundational principles” de “Privacy by de- mação nas dimensões social e económica.
– General Data Protection Regulation. A sign”, em que a autora argumenta que a Necessitamos que a Ordem promova for-
entrada em vigor do novo regulamento cria proteção de dados, para além da confor- mações e certificações relevantes e que
enormes oportunidades de negócio a nível midade com regulamentação, é um desafio enquadre as atividades de responsáveis de
europeu e coloca também novas respon- nas áreas de sistemas de informação, pro- proteção de dados como Atos de Enge-
sabilidades a todos os operadores envolvidos cessos de negócio e implementação física nharia. Tendo em conta a dimensão do de-
na recolha e tratamento de dados pessoais. de sistemas e redes. safio, somos poucos. Devemos trazer mais
Uma dessas responsabilidades é a necessi- Do ponto de vista de Engenharia temos profissionais para a Ordem para podermos
dade de nomearem um Responsável pelo então dois âmbitos, o do desenvolvimento corresponder de forma efetiva aos desafios
Tratamento de Dados (Data Protection Officer e a operação. No desenvolvimento estamos que a sociedade nos coloca.
ou DPO) que “deve ter conhecimentos téc- a falar de Análise de Domínio e Engenharia
nicos e de direito”. Tendo sido escolhida de Requisitos, Conceção e construção de
esta formulação ambígua é necessário saber sistemas informáticos e Testes e Validação Referências
se podem ou não os engenheiros ser no- de Sistemas informáticos. Nas operações as 1
General Data Protection Regulation. European
meados DPO ou se essa responsabilidade preocupações são ao nível do planeamento Union: European Union, 2016.
deve ser assegurada por advogados. e exploração de infraestruturas de tecnolo- 2 “JUST Newsroom - Article 29 Working Party -
Nos termos do regulamento foi criado um gias de informação. A auditoria de sistemas European Commission.” [Online]. Available:
grupo de trabalho [2] para refinar os aspetos é essencial para garantir que os sistemas e http://ec.europa.eu/newsroom/just/item-detail.
cfm?item_id=50083. [Accessed: 05-May-2017].
que careçam de clarificação. Um dos pri- processos associados em produção estão
3
Guidelines on Data Protection Officers (’DPOs’).
meiros documentos a ser publicados foram conformes com o projeto e implementação.
THE WORKING PARTY ON THE PROTECTION
as “Guidelines on Data Protection Officers” Todos estes atos estão definidos como Atos
OF INDIVIDUALS WITH REGARD TO THE PRO-
[3]. Para além de ser clarificada a obrigato- de Engenharia no regulamento 420/2015 CESSING OF PERSONAL DATA, 2016.
riedade de algumas entidades nomearem da Ordem dos Engenheiros [5]. 4 A. Cavoukian, “Privacy by Design [Leading Edge],”
um DPO, são efetuadas considerações sobre Uma análise mais profunda coloca em evi- IEEE Technol. Soc. Mag., vol. 31, no. 4, pp. 18–19,
Expertise and Skills1 do mesmo. É neces- dência que a proteção de dados é essen- 2012.
sário ter conhecimentos sobre a legislação cialmente um desafio multidisciplinar. En- 5 “Regulamento n.o 420/2015 Atos de Engenharia
europeia e nacional de proteção de dados genharia e Direito são áreas mencionadas por especialidade da Ordem dos Engenheiros,”
Diário da República, vol. 2.a Série, no. 139 de
20 de Julho, pp. 19422–19446, 2015.
1 Propositadamente mantido em Inglês para que não se perca o sentido na tradução.
Posters
A
crise global ao nível do Ambiente, dos Urge transformar as ameaças em desafios e É a procura incessante do equilíbrio entre o
Recursos Naturais e da sua Sustenta- estes em oportunidades, em função dos meio ambiente, o ser humano e a biosfera
bilidade, agudiza-se assustadoramente avanços tecnológicos. Qualquer um de nós, que dela dependem para existir. Parafraseando
e representa uma ameaça à própria sobrevi- e em qualquer parte do Mundo, pode ter uma Tales de Mileto “a Água é o princípio de todas
vência! Mais do que uma revolução tecno- ideia, pode testá-la, pode divulgá-la e pode as coisas”, e eu direi: o seu fim será o fim de
lógica, é imperiosa uma mudança sociocul- partilhá-la, quer se trate de um produto de todas as coisas!
Posters
O
trabalho apresentado pretende definição de objetivos e respetivas ações de da certificação.
identificar os requisitos necessários melhoria para a Feira de Maio de 2017. A me-
para tornar a Feira de Maio de Leiria todologia LiderA permite classificar o evento Referências Bibliográficas
num evento sustentável, com base na norma numa das nove classes de desempenho (A++, [1] ISO 20121:2012, “Event sustainability manage-
ISO 20121:2012. Esta norma especifica as A+, A, B, C, D, E, F e G), sendo a classe A++ ment systems – Requirements with guidance
for use”, Geneva, 2012.
exigências aplicáveis a um Sistema de Gestão a mais eficiente e a G a menos eficiente [3].
[2] BCSD Portugal, “Guia para Eventos Sustentá-
na organização de eventos, com o objetivo Os resultados obtidos nas diferentes fases
veis”, BCSD Portugal, 2014.
de integrar os princípios de desenvolvimento de planeamento, operação e pós evento,
[3] E. Lobato,” Avaliação da gestão da sustentabi-
sustentável. Neste sentido, é importante a indicam que é possível definir e implementar
lidade de eventos”, Universidade Técnica de
análise da sua sustentabilidade, como um práticas adequadas, tendo-se verificado uma Lisboa, Lisboa, 2014.
vetor de gestão nas fases de planeamento, melhoria de desempenho de sustentabili-
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O BPI Net está renovado. Tem uma nova imagem e foi desenhado a pensar em si. Está também mais simples e intuitivo e, de uma forma
rápida, permite a realização de um conjunto alargado de operações bancárias, como consultas, transferências, pagamentos, poupanças
e investimentos, entre outras. Para uma melhor experiência de utilização, o design do novo BPI Net é adaptável a computadores
e tablets.
Disponível no BPI Net, este serviço ajuda-o a gerir as suas contas com facilidade e rapidez. Todos os movimentos das suas
contas e cartões são organizados de forma automática em diferentes categorias (supermercado, saúde, educação, restauração,
entre outras), o que lhe permite perceber como gasta o seu dinheiro. Para maior controlo, pode ainda definir limites para as despesas
e objetivos para as poupanças.
Posters
D
ecorridos vários anos sobre a data no que concerne à implan- sinal. Nas redes de combate
de entrada em vigor do Regime Ju- tação dos pontos de penetração. Visa-se a incêndio é vontade incluir coeficientes de
rídico da Segurança Contra Incêndio também aclarar os requisitos atinentes à descarga mínimos para as bocas das redes
em Edifícios foi constatada a necessidade proteção de vãos de fachadas em confronto. de carretéis e húmidas, assim como corrigir
de proceder ao ajustamento de algumas No que concerne ao fornecimento de água a gralha relativa à proteção das utilizações-
disposições técnicas, estabelecidas na Por- para abastecimento dos veículos de socorro, -tipo XII por sistemas automáticos de ex-
taria n.º 1532/2008, que aprovou o Regu- prevê-se uma simplificação do critério de tinção por água.
lamento Técnico de Segurança Contra In- instalação das bocas-de-incêndio e a intro- Relativamente às medidas de autoproteção,
cêndio em Edifícios. As alterações a introduzir dução de detalhe nos caudais a assegurar procura-se não só adequar as exigências,
têm como objetivo ajustar as exigências à pelos diferentes tipos de hidrantes. Em termos através da flexibilização da organização de
experiência colhida no decurso da sua apli- de condições de evacuação, existe o propó- segurança, mas também assimilar no diploma
cação ao longo dos anos, aproveitando o sito de clarificar conceitos e de corrigir pe- a implementação de medidas compensató-
ensejo para corrigir erros ou gralhas. quenas gralhas existentes no texto em vigor. rias, no sentido de minimizar insuficiências
É pretensão adequar condições relativas a Pretende-se, igualmente, detalhar aspetos diagnosticadas em edifícios existentes.
O
caráter finito dos recursos impõe tais para a concretização dos objetivos.
novas abordagens e a promoção de monitorização da recolha seletiva a nível
de modelos económicos e sociais O Futuro na Lipor intermunicipal com recurso a dispositivos IoT.
menos intensivos e mais resilientes. A eco- O desenvolvimento de projetos inovadores, PAYT e ECOponto Inteligente – Instalação
nomia circular exige tecnologias eficientes, através da participação na conceção e im- de dispositivos RFID em contentores para
processos dinâmicos e conceitos de con- plementação de digital business eco-systems controlo e adequada taxação do serviço de
ceção-produção-utilização inovadores, es- com a indústria, universidades e a sociedade gestão de resíduos. Acesso através de cartão
timulando opções de triagem e reciclagem civil, a criação de produtos com ciclos de eletrónico aos ecopontos.
e sistemas produtivos que suportem con- vida mais longos e a recuperação de mate- Flex Nano TEG – Geradores termoelétricos
ceitos de design diferentes. A robótica, sen- riais no final do ciclo de vida para refabri- flexíveis para aproveitamento do calor resi-
sorização, interface homem-máquina, rea- cação, upcycling ou reciclagem, atestam a dual libertado por diversos processos e a
lidade aumentada, são alguns dos progressos aposta da Lipor na Inovação. conversão em energia elétrica.
tecnológicos que estão a alterar o setor dos
resíduos. WiSEN – Solução integrada de sistemas de Lipor, Serviço Intermunicipalizado de Gestão
sensorização para monitorização de tarefas, de Resíduos do Grande Porto, responsável
Motivação condições de segurança e otimização das pela gestão, valorização e tratamento dos
Para a Lipor, a estratégia de economia cir- deslocações dos colaboradores. resíduos urbanos produzidos pelos oito mu-
cular assenta no avanço tecnológico, garan- Data Center – Implementação de modelo nicípios associados.
HÁ 10 ANOS NA LIDERANÇA
DA SUSTENTABILIDADE
Carlos Loureiro
Vice-presidente Nacional da Ordem dos Engenheiros
Presidente da Comissão Executiva do XXI Congresso Nacional da Ordem dos Engenheiros
Parte I cionais, nomeadamente nos domínios se- soluções tecnológicas e procedimentos ve-
Síntese das conclusões guintes: lhos ou adaptados a cada fase da transição.
› Atualização no conhecimento e utilização
1. REGISTO DE PROGRESSOS das metodologias e ferramentas de tra- 2.2. Conclusões dirigidas
Foram referenciados os progressos regis- balho; a instituições e empresas
tados no âmbito dos programas seguintes: › Atualização adequada nas matérias da
› Mercado Único Digital da União Europeia; área das Tecnologias da Informação e das Impacto pressionante
› Estratégia nacional Indústria 4.0; Comunicações; A Transformação Digital em curso é pres-
› Iniciativa nacional das competências di- › Adequação a mudanças de modelos de sionante para as empresas e instituições,
gitais. negócio e de processos de interação entre envolvendo ameaças severas insuscetíveis
stakeholders. de serem ignoradas:
› Os âmbitos territoriais dos mercados serão
2. CONCLUSÕES DIRIGIDAS Gestão da mudança progressivamente mais globais e interse-
As mudanças ocorridas no âmbito da Trans- toriais, podendo a concorrência advir de
2.1. Conclusões dirigidas formação Digital poderão ser disruptivas, outras geografias e de outros setores;
aos engenheiros mas, mais frequentemente, envolverão pe- › A progressiva disponibilização de novos
ríodos de transição para adaptação de pro- procedimentos e canais de interação induz
Metodologias e instrumentos de trabalho cessos e intervenientes. novas exigências de todos os stakeholders;
As mudanças no contexto de exercício da Nesses períodos, o Engenheiro será deman- › Os atrasos na implementação dos pro-
profissão de Engenheiro passarão a ser muito dado para gerir a mudança, assegurando dutos da inovação serão fortemente pe-
mais frequentes, induzindo exigências adi- uma adequada compaginação entre novas nalizados pelos mercados.
2.3. Conclusões dirigidas relatórios de acreditação, as médias etárias regulação profissional, entende-se que estão
a associações empresariais do corpo docente. presentes nos desenvolvimentos inseridos
Será importante implementar iniciativas ten- na Transformação Digital impactos que en-
Apoio às Pequenas e Médias Empresas dentes a prevenir perdas de qualidade neste volvem os valores da Vida e da Segurança,
São reconhecidas, por um lado, a boa res- âmbito. que virão a fundamentar novas exigências
posta dada pelo nosso tecido empresarial de regulação, nomeadamente, nas áreas da
à crise dos últimos anos e, por outro, os Dotações orçamentais Cibersegurança e da Nanotecnologia.
casos de excelentes práticas de inovação Com fundamento na importância estraté- A concretização de evolução naquelas ma-
das nossas maiores empresas. gica atribuída à resposta do País aos desa- térias terá de contar com a abertura dos
Remanescendo preocupações quanto às fios associados à Transformação Digital, foi órgãos de poder.
capacidades das Pequenas e Médias Em- considerado fulcral o reforço significativo
presas no âmbito dos diagnósticos e da im- do peso das dotações orçamentais alocadas Outras temáticas
plementação de programas de inovação, ao Ensino Superior, com especial incidência No decurso dos trabalhos do Congresso
entende-se importante a disponibilização nas áreas tecnológicas. foram também identificados pontos consi-
de apoio nos domínios da sensibilização, da derados de grande relevância que, embora
informação e da consultoria. 2.5. Conclusões dirigidas se não insiram de forma estrita na temática
à Ordem dos Engenheiros do Congresso, se entende justificarem
2.4. Conclusões dirigidas atenção e atribuição de prioridade por parte
a Escolas de Engenharia Desenvolvimento Profissional Contínuo dos órgãos de poder, quanto à adequação
Os engenheiros são protagonistas da Trans- de regulamentos e procedimentos, nomea-
Intervenção fundamental formação Digital, tanto pela autoria da maioria damente quanto às matérias seguintes:
Atribui-se às Escolas de Engenharia uma das soluções técnicas desenvolvidas e pela › Exigência de certificação sísmica dos edi-
intervenção junto das empresas, fulcral para gestão da sua utilização, como pelo apoio fícios, nomeadamente nas intervenções
o nosso sucesso na Transformação Digital: que prestam às instituições, integrando de reabilitação urbana;
› Em ações de coaching; equipas multidisciplinares em programas de › Exigência de projeto das instalações de
› Em parcerias com entidades de incubação inovação e reengenharia de processos. utilização de energia elétrica dos edifícios,
e consolidação empresarial; Por isso, e pelo ritmo progressivamente similarmente aos requisitos estabelecidos
› No apoio à inovação e internacionalização acelerado da evolução científica e tecno- relativamente à generalidade dos projetos
em empresas e serviços. lógica, as atividades da Ordem dos Enge- de especialidade.
nheiros no campo do Desenvolvimento
Ensino da Engenharia Profissional Contínuo assumem significativa
Entendem-se previsíveis e relevantes as evo- importância adicional. Parte II
luções seguintes: Lista das conclusões
› Reforço da componente tecnológica, na 2.6. Conclusões dirigidas
generalidade dos programas curriculares aos Órgãos de Poder ENQUADRAMENTO
de cursos de Engenharia;
› Reforço adequado da componente trans- Especialidades e Especializações MERCADO ÚNICO DIGITAL
versal (soft skills mais requeridas), na ge- de Engenharia (UNIÃO EUROPEIA)
neralidade dos programas curriculares de Reconhecida a importância das medidas de
cursos de Engenharia; política em curso de aplicação, foram iden- Acesso a bens e serviços digitais
› Adequação do modelo de ensino, por tificados pontos em que se justificam dili- Foram delineadas as atividades inseridas nas
utilização progressiva das soluções dis- gências junto de órgãos de poder político, políticas europeias incidentes sobre a faci-
ponibilizadas pelas novas tecnologias. com ênfase no Governo e na Assembleia litação do comércio digital transfronteiras,
da República, no plano nacional, e os ór- derrube de bloqueios geográficos de acesso
Corpo Docente gãos da União Europeia, no âmbito da Eu- e promoção de boas práticas concorren-
Felizmente, e como é indiciado pelos seus ropa. ciais no setor do comércio eletrónico.
posicionamentos nos rankings internacio- No campo da regulação profissional, sa-
nais, o País dispõe de excelentes Escolas de lienta-se a necessidade de adequação do Redes digitais e serviços inovadores
Engenharia, o que constitui fator da maior Estatuto da Ordem dos Engenheiros no que Foram referidas as medidas de promoção
importância, relativamente à nossa capaci- respeita à delimitação das Especialidades e de concorrência equitativa no domínio de
dade de superação dos desafios da Trans- Especializações. telecomunicações e de reforço da confiança
formação Digital. nos serviços digitais, nomeadamente no que
No entanto, constituem focos de preocu- Regulação profissional respeita à cibersegurança e ao tratamento
pação, recorrentemente enfatizados nos Embora se vivam tempos de moderação da de dados pessoais.
Economia digital Internet das coisas, serviços e pessoas para promover níveis adequados de con-
Apresentadas também as ações dirigidas ao Foram apresentados casos diversificados de ceção e aplicação de algoritmos.
crescimento da economia digital, nomea- desenvolvimento de soluções de conexão
damente as incidentes sobre a circulação entre coisas, serviços e pessoas, disponibi- Inteligência artificial
de dados, a computação em nuvem e as lizando dados de cujo tratamento advêm Estiveram presentes em diversas apresen-
competências digitais. ganhos de fiabilidade, produtividade, efi- tações os conceitos inseridos no âmbito da
ciência e desempenho ambiental. inteligência artificial, nomeadamente, o con-
ESTRATÉGIA NACIONAL ceito de machine learning, referindo sis-
PARA A DIGITALIZAÇÃO Computação em nuvem temas em que os computadores utilizam os
DA ECONOMIA PORTUGUESA Foram objeto de menção repetida, em in- dados a que acedem para apreender regras
tervenções diversificadas, as oportunidades aplicáveis a contextos específicos e se au-
Iniciativa Indústria 4.0 geradas pela disponibilização generalizada toprogramarem.
Abordados os incentivos disponibilizados da computação em nuvem, interligando
no âmbito da Iniciativa Indústria 4.0, distri- computadores e servidores e possibilitando, Nanotecnologia
buídos pelas tipologias I&D, Inovação Pro- em larga escala, o acesso remoto a dados Foram objeto de referências casos de utili-
dutiva em Conectividade e Economia Digital. e serviços. zação da nanotecnologia na aquisição de
capacidades de armazenamento, transporte,
Iniciativa Nacional Competências Imagem digital fornecimento de energia e outras, em in-
Digitais e.2030 Multiplamente referido o recurso à utilização terconexão com seres vivos por aplicação
Abordadas as medidas englobadas nos cinco da imagem digital em aplicações diversifi- de implantes celulares.
eixos de ação (inclusão, educação, qualifi- cadas, foram especialmente focadas as me-
cação, especialização e investigação) na todologias de criação de nuvens de pontos, Cibersegurança
Iniciativa Nacional Competências Digitais com ênfase especial no processamento di- Foi muito presente o consenso de que deve
e.2030, com o objetivo de reforçar as com- gital de imagens de superfícies com o ob- ser atribuída importância nuclear às maté-
petências básicas em Tecnologias de Infor- jetivo de identificar e caracterizar singulari- rias de cibersegurança, tanto nas capaci-
mação e Comunicação da população por- dades, nomeadamente patologias das es- dades de identificação dos riscos econó-
tuguesa. truturas. micos e de segurança pública envolvidos,
como na proteção dos dados pessoais.
SUPORTES DA TRANSFORMAÇÃO Big Data
Foi evidenciado o amplo espectro de opor- Smart City
Sistema ciberfísico tunidades de criação de valor a partir do tra- Foi analisada a promoção de projetos su-
Foi frequentemente referenciado o conceito tamento da informação gerada a partir das portados pela utilização de IoT e de Big Data,
de sistema ciberfísico, incidindo nomeada- interconexões, como fundamento bastante conferindo a espaços urbanos condições
mente em soluções de controlo computa- para a valorização de competências nas áreas adicionais de qualidade de vida e de sus-
cional de entidades físicas. da Estatística e da Investigação Operacional, tentabilidade.
IMPACTOS DA TRANSFORMAÇÃO
PROJETOS DE EMPREENDIMENTOS
Ciclo de vida
Foram apresentados casos de utilização das Smart Box acidentes por soterramento), incluindo a
tecnologias e modelos digitais de informação, Apresentado caso de desenvolvimento e identificação de riscos, legislação aplicável,
como o BIM (Building Information Mode- teste de Smart Box de comunicação efi- princípios gerais de prevenção, aspetos de
lling) para o conhecimento integrado do ciente com os equipamentos do chão de projeto relacionados com o reconhecimento
ciclo de vida dos empreendimentos. fábrica com o objetivo de os integrar em geológico-geotécnico, com a conceção e
redes de IoT. o dimensionamento de contenções, e ainda
EDIFÍCIOS aspetos relevantes da construção e moni-
ESTALEIROS torização destas obras.
Riscos sísmicos
Foi consensual a necessidade de adequação BIM-Safety TRANSPORTES
de regulamentos e procedimentos para en- Referidos resultados de incrementos dos
frentar os riscos sísmicos, nomeadamente níveis de segurança nos trabalhos de cons- Intermodalidade e interoperabilidade
nas intervenções de reabilitação urbana. trução, por integração de soluções desde a Apresentados os impactos significativos da
fase de projeto, por utilização de metodo- transformação digital nas políticas de mobi-
Procedimentos tradicionais logias BIM (Building Information Modelling) lidade urbana sustentável, nomeadamente,
Foi sublinhada a inevitabilidade de ocor- e, mais especificamente, do módulo BIM- pela criação de oportunidades de potenciação
rência dicotómica entre processos tecno- -Safety. da intermodalidade e interoperabilidade.
logicamente muito evoluídos e processos
de base tradicionais que se irão manter inal- Soterramentos Modernização
terados durante um tempo significativo. Relatadas intervenções de mitigação dos Evidenciadas as oportunidades de moder-
riscos de soterramento (ausência ou defi- nização, nomeadamente nos domínios da
FÁBRICAS E UNIDADES PRODUTIVAS ciência de entivação em cerca de 70% dos sensorização, multifuncionalidade, conexão
com os utilizadores, resiliência, segurança
Integração vertical e horizontal e eficiência.
da cadeia de valor
Foi muito presente, como base das mu- Sistemas de partilha
danças em curso, a interconexão entre os Apresentado sistema de partilha em que
sistemas ciberfísicos, assegurando a trans- ocorre a adaptação em tempo real de rotas
missão de dados e a integração vertical e de miniautocarros em função da procura
horizontal da globalidade do processo pro- solicitada através de aplicação em smart
dutivo. phone.
económico e os regimes jurídicos associados Erosão costeira de soluções de formação no posto de tra-
à eficiência energética e ao autoconsumo. Descritas intervenções sobre a principal causa balho.
da erosão (o défice sedimentar), com o ob-
SETOR FLORESTAL jetivo de minimizar o balanço negativo de Acreditação do ensino da Engenharia
areias que alimentam o sistema costeiro, e Reconhecimento da relevância do selo de
Certificação florestal sobre as consequências, minimizando o grau qualidade EUR-ACE como sistema de acre-
Apresentadas iniciativas de certificação flo- de exposição das zonas costeiras à capaci- ditação do ensino de Engenharia, bem es-
restal, prosseguindo objetivos de incrementos dade energética da agitação marítima. tabelecido e internacionalmente prestigiado.
do retorno para os proprietários, da produ-
tividade e da qualidade de gestão da floresta, Mar Português Competências de educação e formação
com respeito pelos valores da sustentabili- Apresentação do projeto de mapeamento Apresentado projeto de desenvolvimento
dade. do Mar Português, promovendo o conhe- de plataforma de apoio aos avaliadores de
cimento do oceano, em geral, e, em parti- competências na área da educação e da
SETOR MINEIRO cular, do leito e do subsolo marinho. formação, alojada na web.
Especialização em Direção e Gestão da Construção ........ 137 Engenharia GEOGRÁFICA .......................................................................... 159
Especializações HORIZONTAIS
Especialização em
Colégio Nacional de
Engenharia Civil
Paulo Ribeirinho Soares › p@ribeirinhosoares.pt
Civil
Colégio Nacional de Especialização em
Engenharia Direção e Gestão da Construção
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Colégio Nacional de
Engenharia Eletrotécnica
Luis Filipe Cameira Ferreira › luis.cameiraferreira@gmail.com
Distribuição
Potência
Adimensional
das Centrais
da Produção
Renováveis
Produção Elétrica Renovável Variável
de Origem
Renovável
Resultados
Diagrama de Carga e Produção
Emissões de CO2
tidos para o ano de 2040. O diagrama evidencia que uma elevada uma dimensão de 3 a 4 GW, indica o estudo. Outra das conclusões
quota de renováveis (Eólica – 8 GW, Solar – 9 GW) poderá satisfazer, do estudo é que a capacidade de interligação com os países vizi-
integralmente, por largos períodos de tempo consecutivos, as ne- nhos deve ser superior a 3 GW, o que facilitará trocas comerciais e
cessidades elétricas nacionais, o que demonstra a viabilidade em se técnicas de interesse mútuo. Adicionalmente, o trabalho destaca o
atingir um sistema elétrico 100% renovável, em balanço, em 2040. papel chave do armazenamento energético na integração de reno-
Porém, apesar de uma redução do parque térmico se mostrar pro- váveis variáveis. Este papel será ainda mais fortalecido com o ad-
missora perante um aumento da potência em centrais renováveis, vento do armazenamento distribuído, uma vez que permite reduzir
é necessário manter um parque térmico de reserva que poderá ter os investimentos nas redes de transporte e de distribuição.
Trabalhando juntos
por um mundo mais
seguro
Colégios
DR
tribuição, em colaboração com a u-blox, com tecnologia de comunicação sem fios
estão a desenvolver um projeto-piloto ope- NB-IoT, tendo a NOS instalado duas esta-
racional com contadores inteligentes de ções base para assegurar a cobertura.
energia elétrica, com recurso à tecnologia O contador inteligente compatível com NB-
de comunicações sem fios. -IoT foi desenvolvido pela Janz CEO, pela
Estas cinco empresas combinaram as suas Huawei e pela u-Blox. Por seu lado, a EDP
competências e desenvolveram tecnologias Distribuição está a utilizar essa tecnologia
emergentes que resultaram no arranque do no projeto Upgrid do Programa Horizonte a Huawei, durante o Web Summit, em no-
primeiro piloto, à escala mundial, de con- 2020 da Comissão Europeia e a NOS é a vembro.
tagem inteligente de energia elétrica tirando fornecedora da infraestrutura de rede, que O trabalho culmina neste projeto-piloto,
partido de redes de última geração para su- combina 4.5G com tecnologia NB-IoT. desenvolvido desde setembro de 2015, e
pervisão da rede elétrica. O operador é o “primeiro em Portugal a que envolveu equipas multidisciplinares
O projeto envolveu, numa fase inicial, cerca testar tecnologia 4.5G – IoT sobre a sua in- compostas por cerca de duas dezenas de
de uma centena de clientes no Parque das fraestrutura de rede”. Mas outros já fizeram pessoas. Cada uma das empresas acumula
Nações. A zona foi selecionada pela EDP testes em ambientes controlados, como foi experiência na respetiva área do saber que
Distribuição para demonstração do piloto o caso da Altice, também em parceria com contribui para o arranque deste piloto.
área total de 70.745m². cobertura das suas quatro lojas: IKEA Alfra-
Com este investimento, praticamente toda gide, IKEA Matosinhos, IKEA Loures e IKEA
a energia elétrica produzida (91,6%) vai ser Loulé. Este projeto envolveu um investimento
utilizada pelas unidades IKEA Industry, re- total de cerca de 5 milhões de euros e per-
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Colégios
DR
C71-411, o qual visa a definição das caraterísticas técnicas a que devem obedecer os
aparelhos e equipamentos que, não estando qualificados, podem ser aceites para insta-
lação na rede de iluminação pública e adquiridos diretamente por terceiros para essa fi-
nalidade, mediante acordo a estabelecer entre a EDP Distribuição e os Municípios.
Para conhecer os pressupostos de avaliação, bem como o respetivo processo de sub-
missão: www.edpdistribuicao.pt/pt/profissionais/Pages/AparelhoseEquipamentosdeIlumi
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Vencedor do Prémio APREN 2017 criar um veículo de comunicação que difunda, de uma forma di-
nâmica e continuada, os trabalhos de investigação e de desenvol-
As declarações ou termos de responsabilidade pelo projeto e pela Nos casos de instalações não sujeitas a inspeção periódica, caberá
execução ou, consoante o tipo de instalação, as declarações de ao seu titular ou explorador velar pela sua manutenção e adequado
inspeção que atestem a sua conformidade, emitidos pelos profis- funcionamento em condições de segurança.
sionais habilitados para o efeito, ou os certificados de exploração Em execução de medidas SIMPLEX+, o presente Decreto-lei eli-
emitidos pela DGEG, constituem título bastante para a entrada em mina a formalidade da aprovação do projeto e as taxas administra-
exploração e para efeitos dos procedimentos municipais relativos tivas associadas a esta formalidade.
à realização de obras ou utilização de edifícios, regidos pelo Re- Em execução da Lei n.º 14/2015 de 16 fevereiro, o modelo de or-
gime Jurídico da Urbanização e Edificação, aprovado pelo Decreto- ganização e funcionamento assenta no controlo prévio e no acom-
-lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, alterado e republicado pelo panhamento da aplicação da disciplina do acesso e exercício das
Decreto-lei n.º 136/2014, de 9 de setembro, e posteriormente al- atividades, com enfoque nas componentes administrativa e técnica,
terado pelo Decreto-lei n.º 214 -G/2015, de 2 de outubro (RJUE). que estão cometidos à DGEG, a qual deverá criar e gerir uma pla-
Ao mesmo tempo, no intuito de preservar a segurança de pessoas, taforma informática que auxilie a gestão eficaz do sistema. O pre-
bens e animais, este Decreto-lei mantém, no essencial, obrigação sente Decreto-lei complementa ainda o modelo exposto com a
de realização de inspeções periódicas a instalações elétricas não sujeição das atividades à supervisão de mercado e regulação da
sujeitas a acompanhamento por técnico responsável pela explo- qualidade de serviço pela Entidade Reguladora dos Serviços Ener-
ração, que hoje já estavam sujeitas a esta obrigação, mas eleva para géticos, de modo a contribuir para a transparência de preços e a
cinco anos a periodicidade da inspeção. elevação dos níveis de qualidade dos serviços.
• A Reg. Centro da OE associou-se ao Encontro Nac. de Estudantes de Eng. Eletro. (ENE3) » ver secção Regiões » CENTRO
• Feira de Emprego e Empreendedorismo para a Engenharia » ver secção Regiões » CENTRO
• Workshop “O Futuro do Posto de Transformação (PT)” » ver secção Regiões » CENTRO
Iniciativas Regionais • Energias Renováveis em análise na Região Sul » ver secção Regiões » SUL
• Cidades Inteligentes em destaque na Região Sul » ver secção Regiões » SUL
• Visita Técnica à Eutelsat Madeira » ver secção Regiões » MADEIRA
Colégio Nacional de
Engenharia Mecânica
Gonçalo Manuel Fernandes Perestrelo › gfperestrelo@gmail.com
a fibrilação, hidratação e corte da mesma. força o papel a passar do feltro para o yankee.
Na saída do tanque de fibra curta e do tanque O yankee é um secador gigante (peça única
de quebras encontram-se dois despastilha- de aproximadamente 60 toneladas) que
dores que têm a função de desfazer os aglo- contém no seu interior boquilhas de vapor
merados e pastilhas que possam ter ficado e pode levar a sua pressão interna até 9 bar.
presentes na pasta após a diluição no “pulper”, Com a ajuda de três químicos na sua su-
existindo ainda depuradores ciclónicos em perfície, a folha passa para o secador e seca
todas as linhas que purgam os materiais pe- enquanto percorre algum deste perímetro
sados. com a ajuda das duas campânulas que o
A alimentação da máquina é feita pela “fan cobrem. De seguida, o papel irá “descolar”
também chegar através de uma inovadora pump”, que bombeia pasta de papel prove- novamente do yankee com a ação de uma
tubagem (“pipeline”) de algumas centenas niente do tanque cabeça de máquina, antes lâmina de cerâmica encostada com uma
de metros que transporta a pasta de papel de chegar à caixa de chegada. Para evitar certa pressão e ângulo de ataque.
diretamente do produtor da mesma. No que materiais indesejados cheguem à caixa Como produto final são produzidas bobines
caso em que a fibra chega em estado só- de chegada, esta passa por um depurador de papel de aproximadamente três tone-
lido, é introduzida no “pulper”, de modo a pressurizado. Na caixa de chegada, o fluxo ladas a cada hora e são realizados em cada
sofrer um processo de desintegração da gerado pela “fan pump” é transformado num uma testes de gramagem, humidade, resis-
fibra. Aqui é adicionada água e outros quí- caudal linear ao longo de toda a sua largura tências, brancura, espessura e outros, de
micos inerentes ao processo e de seguida (aproximadamente três metros). forma a que a folha cumpra as caracterís-
encaminhada para os respetivos tanques. Quando a pasta é bombeada entre a teia ticas técnicas para cada produção.
Para a criação de microligações na fibra (drenagem) e o feltro (transporte) da má- Após esta fase da formação foram esco-
(corpo do papel) estão presentes dois refi- quina é formada de imediato a folha. Em- lhidos os cinco condutores de máquina
nadores que se encontram à saída do tanque bora não seja visível, esta percorre alguns (Toscotec AHEAD-2.OS) e deu-se início ao
de fibra longa e do tanque cabeça de má- metros com o feltro até chegar à prensa acompanhamento de toda a montagem e
quina (tanque onde é feita a mistura das fi- aspirante. A prensa aspirante tem a função programação da máquina, equipamentos
bras). Estes têm a função de exercer uma de exercer uma sucção através de vácuo auxiliares e salas, com um estreito acom-
força mecânica através dos seus discos, que para retirar mais alguma água do feltro e panhamento dos técnicos e engenheiros
irá destruir a superfície das fibras e promover também exercer uma pressão enorme que da marca Toscotec.
presentação do Bastonário da OE, pelo Eng. Aires Ferreira, Presi- Regional Norte de Engenharia Mecânica, intervieram o Eng. Luís Mi-
dente do Colégio Nacional de Engenharia Mecânica, e pelo Eng. randa, do ISEP, o Eng. Carlos Ribeiro, da ESI, e o Eng. António An-
Carlos Pedrosa, Coordenador do Conselho Regional Norte do Co- drade, do ISEP, tendo sido apresentadas diferentes perspetivas quanto
légio de Engenharia Mecânica. ao tema em análise.
No primeiro painel das comunicações convidadas, moderado pelo Em complemento às sessões técnicas da manhã, durante a tarde
Eng. Hugo Cal Barbosa, Vogal do Colégio Regional Norte de Enge- foi efetuada uma visita técnica ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro,
nharia Mecânica, intervieram o Eng. Manuel Pedro Quintas, da TE- tido a oportunidade de visitar a Torre de Controlo, onde se desen-
GOPI e Direção AIMMAP, com uma comunicação sobre “De onde volvem as atividades de controlo de aproximação e controlo do
Nascem as Boas Ideias”, o Eng. Tiago Fernandes, da VODAFONE, aeródromo e a Estação Meteorológica.
O
simpósio internacional CMBBE2018 Referem-se, entre outros, os seguintes tó-
decorrerá entre os dias 26 e 29 de picos a abordar no simpósio: Impressão 3D
Março de 2018, no Instituto Su- em Biomedicina, Biomateriais, Cirurgia as-
perior Técnico, em Lisboa. sistida por computador, Biomecânica Odon-
A conferência pretende reunir grupos de tológica, Ergonomia / biomecânica ocupa-
investigadores, empresas comerciais e or- cional / reabilitação, Hemodinâmicas e apli-
ganizações científicas com interesses co- cações CFD, Simulação baseada em ima-
muns nos domínios da biomecânica com- gens, links entre robótica e modelação hu- • Mais informações disponíveis em
putacional, imagem e virtualização. mana. cmbbe2018.tecnico.ulisboa.pt
DR
Luis Miranda Torres tores de combustão interna, cuja eficiência
Departamento de Engenharia Mecânica tem vindo a aumentar, à custa da otimização
Instituto Superior de Engenharia do Porto estrutural (redução de peso), da utilização de
motores mais eficientes, bem como do me-
Sustentabilidade é uma das palavras que lhor desempenho aerodinâmica (diminuição
está na moda, e é muitas vezes usada quando de consumos e emissões). O reflexo disso
se fala de mobilidade. Este é, certamente, pode constatar-se facilmente comparando
um tema complexo, que envolve muitas consumos de alguns automóveis de última
variáveis, incluindo fatores como a cons- geração com os consumos de automóveis
ciência e atitude de cada pessoa na utili- biente, através da emissão de gases de es- da geração anterior, como por exemplo
zação dos transportes. cape dos veículos. acontece com o atual Honda Civic (versão
Uma das formas de contribuir para a pro- Segundo previsões da ONU, o parque au- de 1.000 c.c., Turbo a gasolina), que é um
teção do meio ambiente, prende-se com a tomóvel tem tendência para aumentar, bem automóvel familiar com o qual é possível
escolha mais racional dos meios de trans- como a densidade populacional nos grandes obter consumos médios abaixo do 6 L/100
porte, tendo em consideração as necessi- centros urbanos, cenário que deixa antever km, numa utilização perfeitamente normal.
dades de cada um. Se por vezes não é fácil ainda maiores desafios no futuro. Como tudo na vida, a ecologia tem um preço,
encontrar boas soluções, em muitas outras Os fabricantes de automóveis têm e terão e enquanto as pessoas não sentirem os be-
não se adotam melhores, porque não es- um papel fundamental neste capítulo, con- nefícios dos automóveis mais ecológicos
tamos dispostos a alterar os padrões de co- tribuindo com o desenvolvimento de veí- (comodidade, custo, entre outros), o mer-
modidade e de estatuto aos quais nos fomos culos cada vez mais eficientes e, num futuro cado continuará a comportar modelos com
fidelizando. Isso constata-se, por exemplo, próximo, veículos autónomos, que exigirão os “velhinhos” motores de combustão in-
nas opções de compra de um automóvel, cidades com infraestruturas mais desenvol- terna.
que não refletem as reais necessidade de vidas. Para que o tema da ecologia e da susten-
mobilidade nem preocupação ambiental, A mobilidade sustentável exige certamente tabilidade dos transportes não se transforme
pelo que a compra muitas vezes (talvez a tecnologia, políticas e estratégias, mas acima apenas numa moda, será importante incluir
maioria das vezes) é muito mais emotiva do de tudo o empenho de todos. na agenda outras questões, nomeadamente
que racional. Atualmente, a discussão centra-se no sis- a eficiência das redes de transporte multi-
Atualmente, na Europa, a taxa de ocupação tema de propulsão dos veículos: “gasolina/ modal, outros tipos de veículos que per-
média dos automóveis é inferior a dois pas- diesel, híbrido, elétrico ou fuel-cell, qual o mitam novas formas de mobilidade, orde-
sageiros, o que contribui significativamente melhor”? namento das cidades, entre outras. Temas
para o congestionamento à entrada e saída Enquanto os veículos “mais ecológicos” apre- com impacte significativo nos graves pro-
das grandes cidades, problema que acarreta sentarem preços mais elevados e (ainda) li- blemas de trafego rodoviário, que em nada
não só custos financeiros elevados para a mitações relativamente à autonomia e ao se alteram apenas mudando a tecnologia
sociedade mas também para o meio am- abastecimento com combustíveis alternativos dos motores atuais.
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Colégio Nacional de
Engenharia Geológica e de Minas
Teresa Burguete › teresa.burguete@gmail.com
maiores empresas mineiras deste mer- timos dois anos foram publicados artigos
cado, Wealth Minerals, Galaxy, Nemaska e científicos que estudam a lepidolite da zona
MGX, entre outras, operam de forma agres- de São Gonçalo, concluindo que as técnicas
siva para satisfazer a necessidade de “petróleo inovadoras de extracção e processamento
branco”. Fazem-no recorrendo a aumento abordadas podem reduzir custos e tornar a
de produção e a técnicas inovadoras. exploração do lítio mais atractiva e compe-
Portugal está ativo neste setor, também ao titiva (Vieceli et al, 2016, 2017).
Cadastro mineiro
O conhecimento que tivermos da Base de Recursos que a Geo-
logia e a História nos legaram e o modo como a soubermos
explorar e aproveitar serão, como sempre foram, factores deter-
nico e económico sobre as ocorrências, recursos minerais e re-
servas minerais; promover o desenvolvimento mineiro do território
nacional ao seleccionar e divulgar junto do sector empresarial áreas
minantes de progresso e bem-estar social” (Delfim de Carvalho). com potencial mineiro; contribuir para o ordenamento do terri-
Nenhuma civilização pode prescindir do uso dos recursos minerais, tório; fornecer informação sobre recursos para cartas geológicas
principalmente quando se pensa em qualidade de vida, uma vez e estudos de impacte ambiental” foi criado o Sistema de Informação
que as necessidades básicas da Sociedade são satisfeitas essencial- de Ocorrências e Recursos Minerais Portugueses – SIORMINP – e
mente por estes recursos. está disponível em http://geoportal.lneg.pt/geoportal/egeo/bds/
Com o objetivo de “aprofundar o conhecimento geocientífico, téc- siorminp
A Mina Inteligente
E m 29 de setembro, a vila de Castro Verde acolheu um seminário,
dedicado ao controlo automático e inteligente de instalações
de tratamento de minérios, onde estiveram presentes engenheiros
adequado da informação sobre a mineralogia do material amos-
trado, utilizando amostras quer da fase de prospecção quer da
fase de exploração (Klass van der Wielen);
ligados à indústria e outros interessados. c) A forma como a análise e a simulação em tempo real conduz à
optimização do processo, a curto e a longo prazo, recorrendo
Foto: cedida pela Grinding Solutions,
promotora do evento
Projeto Cleer no Canadá tion (CEMI), e pretende alavancar o setor mineiro focando-se nos
recursos limpos, nas tecnologias limpas e na exploração respon-
profissional indicativos (IOELV) nos termos da Diretiva 98/24/CE do vai obrigar. António Garcia, da EPOS, falou sobre os desafios e solu-
Conselho e altera as Directivas 91/322/CEE e 2009/161/CE. Os Es- ções em obras subterrâneas e Ricardo Vaz sobre o mesmo tema mas
tados-membros estão autorizados a fazer uso de um período de em relação a minas, apresentando o caso da mina de Neves-Corvo.
transição, com limite até 21 de agosto de 2023, no que diz respeito Ainda sobre a mesma mina, Vasco Camacho debruçou-se sobre a
à aplicação em ambiente subterrâneo (minas e túneis) dos valores- importância da ventilação nos trabalhos subterrâneos. Na área dos
-limite fixados pela presente Diretiva para o monóxido de azoto, o equipamentos, contou-se com a participação de César Cardoso, da
dióxido de azoto e o monóxido de carbono. Embora durante esse Cimertex, e de Hugo Dias, da Atlas Copco. Ambos os oradores apre-
período de transição os Estados-membros possam continuar a sentaram como solução mais eficaz a utilização de equipamento
aplicar os valores-limite em vigor, em vez de aplicarem os estabe- elétrico autónomo. A sessão encerrou com a participação de Pedro
lecidos nesta Diretiva, há que desde já preparar a resposta a este Bernardo, da Orica e Professor no IST, que evidenciou, no que se
desafio ao nível de métodos de execução de avanços, equipamento refere a emissão de gases, as características de alguns tipos de ex-
e metodologia de medição, entre outros. plosivos. Não há forma de eliminar completamente os gases dos
O Bastonário, Carlos Mineiro Aires, abriu a sessão acompanhado pelo explosivos, pelo que as condições da qualidade do ar terão sempre
Presidente do Colégio Nacional de Engenharia Geológica e de Minas, que contar com o auxílio de ventilação forçada. Os trabalhos encer-
Carlos Caxaria, e pela Coordenadora do Colégio na Região Sul, Te- raram com uma sessão de debate e o acordo dos palestrantes em
resa Carvalho. Nesta fase de preparação para enfrentar esta situação, repetir este evento na Região Norte, por ser tão premente levar a
foram muito apreciadas as apresentações dos oradores convidados. discussão deste tema junto de mais colegas.
Miguel Tato Diogo, professor na FEUP e membro eleito na Região As comunicações apresentadas estão disponíveis no Portal do En-
Norte, fez um enquadramento legal da nova Diretiva, tendo sugerido genheiro, em www.ordemengenheiros.pt/pt/centro-de-informacao/
que a Ordem dos Engenheiros tenha uma participação ativa como dossiers/apresentacoes/seguranca-em-ambiente-subterraneo-o-
parceiro social na revisão de legislação a que esta Diretiva certamente -futuro-proximo
• 13.º Almoço de Membros do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas » ver secção Regiões » SUL
Iniciativas Regionais • A Engenharia Geológica e de Minas nas Universidades » ver secção Regiões » SUL
• Região Sul marcou presença nas XII Jornadas de Santa Bárbara » ver secção Regiões » SUL
Colégio Nacional de
Engenharia Química e Biológica
Manuel Fernando Ribeiro Pereira › fpereira@fe.up.pt
90 °C, 3,5 V, e 3 bar. Nestas condições ob- Resultados obtidos no reator moção do oxigénio da corrente gasosa
catalítico, para a produção
teve-se um teor em CO2 e O2 de 24,4 % e Tabela 1 de metano, para diversas
à saída do eletrolisador, recorrendo, por
4,9 %, respetivamente, e um caudal e inten- temperaturas exemplo, a um catalisador que seja sele-
sidade de corrente iguais a 103,5 L/h e 17,1 Ensaio
Tr F % % Conv % Seletividade tivo para remover o oxigénio da corrente
(°C) (L/h) CH4 CO2 CH4
A, respetivamente. No que respeita ao reator A 25 103,5 0,00 0,0 – gasosa, diminuindo o seu teor a valores
catalítico, os melhores resultados foram ob- B 100 103,5 0,00 0,0 – praticáveis;
C 125 43,6 25,21 44,2 96,5
tidos a 125 °C. Nestas condições obteve-se › Após o teste e otimização do processo
D 150 51,8 14,98 32,8 85,7
um teor em CH4 de 25,51%, uma conversão E 200 48,7 7,05 27,3 58,5 de metanação é importante haver um
em CO2 de 44,2% e uma seletividade em foco na produção de outros combustí-
CH4 de 96,5%. › Substituição dos atuais elétrodos de gra- veis sintéticos de valor acrescentado, no-
Como em todos os trabalhos de investi- fite por outros que, teoricamente, virão meadamente o metanol e o dimetil-éter
gação, existem infinitas possibilidade de oti- a trazer melhores resultados no que res- DME;
mização do processo. Algumas perspetivas peita à oxidação, procedendo à respetiva › Entretanto, é importante executar o scale-
no futuro a curto prazo prendem-se com otimização; -up do processo de eletrólise, de 1 kW
os seguintes tópicos: › Encontrar métodos que permitam a re- para 100 kW e 1 MW.
ALÍRIO RODRIGUES Se tivesse que destacar alguma(s) das áreas de cute a relevância das métricas bibliométricas,
investigação em que tem estado envolvido, sobretudo para a avaliação científica de in-
qual(is) seria(m) e porquê? vestigadores e unidades de investigação, tem
As áreas de pesquisa acompanharam as áreas alguma opinião formada sobre este assunto?
de Ensino: Engenharia das Reações, Processos Qualquer investigador que se candidate a uma
de Separação (Adsorção) aplicados a temas di- ERC Grant apresenta as suas métricas (h-in-
versos, desde separações quirais, açucares, pro- dex, citações...). Já não dá para cantar “Ó
teínas, xilenos..., Dinâmica de Sistemas e Enge- tempo volta p’ra trás!”...
nharia de Produto (perfumes, microcápsulas,
Publicou, até à data, mais de 600 artigos em vanilina a partir de licor negro kraft...). Como perspetiva o futuro da Engenharia
revistas científicas com revisão, que já foram Química e Biológica em Portugal e no Mundo?
citados mais de 16.000 vezes. É ainda autor Para além da investigação mais fundamental, Um mundo a explorar em temas de Energia,
de seis patentes e autor/editor de vários li- tem tido várias colaborações com a indústria. Saúde, Ambiente, Química Verde...
vros. Foi ainda orientador de cerca de 60 Como vê a interação centros de investigação
teses de doutoramento. Estes são números – indústria? Qual o conselho que daria a um jovem Enge-
impressionantes, qual o segredo para tanta Obrigatória! nheiro Químico/Biológico em início de carreira?
produtividade? Paixão no trabalho e foco… Ah, e lembrar que
Paixão, persistência, foco e resultados em Este ranking resulta de um estudo bibliomé- “não se pode abraçar mais do que os braços
tempo... trico. Numa altura em que em Portugal se dis- alcançam”, como dizia a minha mãe ou avó...
4 ELEMENTOS
DA LIDERANÇA.
Colégio Nacional de
Engenharia Naval
Tiago Alexandre Rosado Santos › t.tiago.santos@gmail.com
dólares num estaleiro sul-coreano. Ante- em resultado dos enormes picos de movi- tentores, nomeadamente os frigoríficos,
riormente, em 2015, a CMA-CGM havia re- mentação de contentores ocasionados pela podem transportar cargas que valem mi-
cebido seis navios com capacidade para chegada destes navios. lhões de dólares (por exemplo substâncias
“apenas” 18.000TEU. Uma outra consequência, menos discutida, farmacêuticas).
Um aspeto muito discutido do impacto da da dimensão destes navios é a preocupação Em caso de acidente com um navio de
dimensão crescente destes navios tem sido que causam junto das empresas seguradoras 21.000 a 22.000TEU, as indemnizações po-
as consequências para os portos do elevado (seguros de casco e máquinas, proteção e deriam atingir 200 milhões de dólares para
volume de contentores movimentados em indemnização e carga) caso ocorra um aci- casco e máquinas, 600 milhões para a carga
cada escala. Estes volumes exigem enormes dente. Já em 2013 o afundamento do MOL e 300 milhões de dólares para a remoção
quantidades de equipamento (essencial- Confort (capacidade para 8.110TEU) tinha do casco e responsabilidades diversas (po-
mente pórticos de cais e de parque) e es- causado perdas em valor de carga de 400 luição marítima, por exemplo). Os valores
paço para armazenamento nos terminais milhões de dólares (sobre 4.380 conten- relativos à carga, remoção do casco (em
de contentores. Por outro lado, as grandes tores) e em valor do navio (casco e má- caso de encalhe) e poluição podem eviden-
dimensões dos navios, em particular o seu quinas) de 83 milhões de dólares. As em- temente variar muito, mas o valor total po-
calado (cerca de 16m), implicam crescentes presas de seguros marítimos tipicamente deria somar cerca de 1,1 biliões de dólares.
necessidades de dragagem nos portos. Do calculam a sua exposição por cada con- Ficam, assim, justificados os receios das se-
lado terrestre, a pressão sobre os acessos tentor com valores entre 50.000 e 100.000 guradoras e clubes de proteção e indem-
terrestes (rodoviários e ferroviários) é enorme, dólares. Contudo, sabe-se que certos con- nização.
Iniciativas Regionais • Engenheiros visitam Navios Patrulha Oceânicos » ver secção Regiões » SUL
Colégio Nacional de
Engenharia Geográfica
Maria João Oliveira de Barros Henriques › mjoaoh@gmail.com
Introdução ao modo como é feita a subscrição do ser- utilizadores foi elaborado um inquérito, en-
O estágio foi realizado no desempenho de viço, a capacidade de reposta às dificuldades viado via correio eletrónico para todos os
várias funções orgânicas no CIGeoE e no dos utilizadores e em termos da qualidade utilizadores.
Controlo de Qualidade da Rede SERVIR, posicional das correções; e outra para de-
trabalho que também deu origem à tese terminar a precisão e exatidão obtida pelos Resultados dos Inquéritos
de Mestrado do Major de Infantaria Jorge utilizadores em campo. O inquérito apresentado permitiu concluir
Santos. Na Figura 1 está explanado o esquema con- que, de uma forma geral, os utilizadores
ceptual do Controlo de Qualidade da Rede estão muito satisfeitos com a Rede SERVIR.
Metodologia SERVIR. Relativamente à qualidade posicional, foi
Este controlo de qualidade teve duas ver- possível verificar que mais de 90% dos uti-
tentes, uma para avaliar o grau de satisfação a) Vertente Utilizador lizadores confirma que trabalha com pre-
dos utilizadores da Rede no que diz respeito Para determinar o grau de satisfação dos cisões melhores que 5 cm em planimetria
e em altimetria.
No que concerne à satisfação com o apoio
Subscrição
técnico, foi possível constatar que 83% dos
Satisfação
com o serviço inquiridos contactou o CIGeoE para obter
Utilizador Apoio Técnico apoio técnico, sendo que a totalidade destes
Qualidade
do viu o seu problema resolvido, resultado de
Posicionamento
um esforço da equipa que gere e mantém
Área
de Cobertura a rede.
da Rede
Planeamento
Situações mais b) Vertente qualidade posicional
Controlo desfavoráveis
de Qualidade do serviço da rede SERVIR
Rede SERVIR
Estático -
Para determinar a qualidade posicional do
Referência serviço foi feito um estudo sobre a confi-
Rápido-Estático
guração da rede e respetiva cobertura. Na
- pós- Figura 2 está representado o mapa com a
processamento
Levantamentos
de Campo configuração da rede e a posição dos pontos
RTK - Ponto
Posicionamento de Controlo utilizados para o controlo de qualidade.
Observado
Para verificar a qualidade posicional do ser-
RTK - viço é necessário determinar as coordenadas
Topocontínuo
de referência que servem para comparar
com as coordenadas obtidas pelas corre-
Exatidão
ções disponibilizadas pela Rede SERVIR.
Qualidade
Assim, foram escolhidos quatro métodos
Precisão
Posicional de observação: i) Estático a 3h, para deter-
Análise
minação das coordenadas tidas como ver-
Disponibilidade Dispersão dadeiras ou de referência; ii) Ponto de Con-
trolo Observado (PCO) a 180 épocas; iii)RTK,
Figura 1 Esquema conceptual do controlo de qualidade da Rede SERVIR Topo-contínuo em modo RTK-Rede ligado
à Rede SERVIR, que permitem, em três mi- coordenadas observadas em modo RTK,
nutos, obter 180 posições para determi- com recurso à Rede SERVIR, com as coor-
nação da estabilidade das correções; iv) denadas tidas como verdadeiras. Foi ainda
amplitude de desvios e em modo Rápido- feita a análise às coordenadas obtidas com
-Estático, para permitir o pós-processamento os vários métodos de levantamento.
com software comercial TBC, utilizando
estações de referência virtuais geradas pelo Análise dos Resultados
serviço WEB da Rede SERVIR. e Conclusões
Comparando de uma forma direta os resul-
Levantamento Topográfico tados entre os três métodos de observação
O levantamento topográfico para recolha foi possível verificar que o método mais
de dados para a análise da qualidade da exato é o método Rápido Estático. Relati-
Rede foi cuidadosamente planeado e exe- vamente aos resultados em PCO e topo-
cutado pela Secção de Topografia do CI- -contínuo, são concordantes entre si e,
GeoE. A primeira fase do processamento apesar de menos exatos, são mais precisos.
para avaliação da qualidade posicional das Analisando de forma mais detalha as obser-
correções enviadas pela Rede SERVIR teve vações em modo topo-contínuo podemos
como objetivo determinar as coordenadas verificar que apresentam uma grande repe-
verdadeiras tidas como referência. Numa tibilidade, o que é percetível pelo baixo valor
segunda fase foi feita a comparação das do desvio padrão.
Figura 2 M
apa da Rede SERVIR
com implantação dos vértices
geodésicos observados durante
o controlo de qualidade
Apontamento histórico
A viagem dos Visigodos (parte II)
João Casaca rava ser nomeado pelo imperador magister
Engenheiro Geógrafo, militum do Oriente, ficou desapontado e, à
Membro Conselheiro da OE frente do exército Visigodo, começou a sa-
quear a Grécia (Atenas, Corinto, Argos, Es-
Frígido, perto de Aquileia (a Norte do mar por Vândalos, Alanos e Suevos, Estilicão
Adriático). A batalha foi feroz e durou dois procurou o apoio de Alarico. O imperador dois anos o exército de Alarico deambulou
dias. Na primeira linha do exército do Oriente, Honório, ao saber das negociações, mandou pela Itália, saqueou cidades e libertou 40.000
20.000 Visigodos comandados por Alarico prender e executar Estilicão e incitou o mas- escravos godos. Em Agosto de 410, Alarico
contribuíram decisivamente, com enormes sacre dos auxiliares militares godos incor- tomou Roma que saqueou “moderadamente”
baixas, para a vitória de Teodósio, que eli- porados no exército romano e das suas fa- durante três dias e onde aprisionou Gala
minou Eugénio e Arbogasto e assumiu o mílias. Os que escaparam (c. de 30.000) Placídia, meia-irmã de Honório e de Arcádio.
império do Ocidente. refugiaram-se junto de Alarico, estacionado Após o saque, Alarico marchou para a Ca-
Em 395, o imperador Teodósio morreu e foi na Ilíria. lábria onde começou preparativos para in-
sucedido pelos seus filhos Arcádio, no Oriente, Em Setembro de 408, Alarico, à frente de vadir, com todo o seu povo, o Norte de
e Honório, no Ocidente. Nesse mesmo ano, um poderoso exército, encontrava-se às África, mas morreu inesperadamente.
Alarico, que era da nobre linhagem dos Baltos, portas de Roma enquanto o imperador Ho- A Alarico sucedeu o seu cunhado Ataulfo
foi eleito rei dos Visigodos. Alarico que, na nório se encerrava na inexpugnável cidade que conduziu os Godos para o Sul da Gália,
sequência da batalha do rio Frígido, espe- de Ravena, no Adriático. Durante cerca de com a aquiescência do imperador Honório,
para bloquear os exércitos de dois autopro- chamado Sigerico no seu lugar. Sigerico foi tâncio persuadiu os Visigodos a interromper
clamados imperadores, o britânico Con- rei durante uma semana até ser assassinado a campanha e a voltar à Gália. O rei Vália
stantino e o galo Jovino. Ataulfo ocupou por apoiantes de Vália, irmão de Ataulfo, que morreu em 418 e sucedeu-lhe Teodorico,
parte da Narbonense e da Aquitânia (cf. Fi- se tornou o novo rei dos Visigodos. filho natural de Alarico, que reinou até 451.
gura) e fez de Toulouse a sua capital. Foi O reinado de Vália (415 a 418) foi marcado Em 419, os Asdingos deslocaram-se da Ga-
nesta altura que estes Godos começaram pela reconciliação com os Romanos: de- liza para a Bética onde absorveram os Alanos
a ser designados por Visigodos. volveu-lhes Gala Placídia, que se casou com e os Silingos que se submeteram ao rei Gun-
Em 412, Ataulfo e Constâncio, o novo ma- Constâncio. Foi celebrado um tratado que derico, o qual passou a intitular-se rei dos
gister militum de Honório, já tinham batido concedeu, aos Visigodos, a Aquitânia que, Vândalos e dos Alanos. No caminho, os As-
os dois pretendentes Constantino e Jovino, juntamente com a Narbonense, passou a dingos devastaram o reino Suevo que so
este último aliado a um clã dissidente de constituir o reino federado dos Visigodos breviveu com a ajuda dos Romanos e se
Godos. O casamento de Ataulfo com Gala com a capital em Toulouse. Foi a pedido dos expandiu para a Galiza desocupada pelos
Placídia, em Janeiro de 414, colocou Visi- Romanos que, em 416, Vália lançou uma Asdingos.
godos e Romanos em rota de colisão. Por campanha na Hispânia em que destroçou os Teodorico teve o início do seu reinado ocu-
ordem de Honório, Constâncio organizou exércitos dos Alanos, que ocupavam a Lusi- pado com a contenção dos Vândalos e
um poderoso exército que incluía forças tânia, e dos Vândalos Silingos, que ocupavam Alanos na Bética, até que, em 429, a convite
germânicas do Reno (Francos e Alamanos) a Bética: o rei Ataces dos Alanos foi morto do governador romano do Norte de África,
e expulsou os Godos da Gália para a His- em combate e o rei Fridibaldo dos Silingos o conde Bonifácio, sob a direcção do novo
pânia onde estes se refugiaram na província foi capturado e enviado para Roma. Temendo rei Genserico, irmão e sucessor de Gunde-
Tarraconense (Barcelona). Entretanto, uma que os Visigodos esmagassem os Suevos rico (falecido em 428), aqueles emigraram
corrente dissidente de Visigodos descon- (instalados entre o Douro e o Minho) e os para o Norte de África, onde estabeleceram
tente com Ataulfo organizou o seu assassi- Vândalos Asdingos (instalados na Galiza) e um reino, com capital em Cartago, na Tu-
nato, em Agosto de 415, e colocou um nobre se apoderassem de toda a Hispânia, Cons- nísia, que durou cerca de um século.
1 E
xtraído do artigo publicado por Robin McLaren – consultor na área de geoinformação, na revista GIM. Para acesso ao artigo – https://www.gim-international.com/
content/article/future-of-surveyors-moving-up-the-food-chain
Intergeo 2017
A Intergeo 2017 decorreu em Berlim entre os dias 26 e 28 de se-
tembro. Reconhecida como o fórum mais importante de co-
municação sobre tecnologia na área da Geodesia e Cartografia, UAV – formas inovadoras de captura de dados, bem como outros
realizou-se este ano sob o tema da Digitalização. A Digitalização é procedimentos móveis cruciais para uma ampla gama de aplicações
a palavra mais utilizada nos nossos dias, quer seja no ambiente de e métodos inovadores de processamento e apresentação da infor-
trabalho ou nas conversas do dia-a-dia. A Geodesia 4.0, Cadastro mação. A Internet das Coisas (Iot) e a Inteligência Artificial (IA) são
4.0 ou Geoinformação 4.0 representam a viragem do setor das IT- as metodologias de suporte às temáticas BIM, SmartCities, Realidade
GEO na transformação digital. Durante o evento as temáticas prin- Aumentada, UAV (Drones) a apresentar na próxima Intergeo 2018.
cipais abordadas foram: o BIM – processos digitais aplicados ao
planeamento, construção e operação de edifícios e infraestrutura • Mais informação disponível no Intergeo Report
associada; as SmartCities – as cidades inteligentes; Copernicus e www.intergeo.de/intergeo-en/trade-fair/intergeo_report.php
Colégio Nacional de
Engenharia AGRONÓMICA
Miguel Castro Neto › mneto@novaims.unl.pt
persista no seu corpo. Não se transmite aos ovos e não persiste Os sintomas variam em função do hospedeiro, mas em geral estão
entre estados ninfais, no entanto uma vez infetado, o inseto está associados a manifestações semelhantes a stress hídrico: mur-
capaz de transmitir a bactéria imediatamente. chidão, queimaduras (zona marginal e apical das folhas) e em al-
A principal via de dispersão da Xylella fastidiosa a longas distâncias guns casos mais graves, morte da planta. Também se pode asse-
é feita através do movimento de plantas contaminadas, mas também melhar a carência de nutrientes minerais, tal como marmoreado,
é importante a entrada de insetos vetores infetados, transportados clorose entre as nervuras.
em material vegetal. O sintoma mais característico é o aspeto queimado dos rebentos
Conhecem-se cinco subespécies desta bactéria e normalmente e/ou folhas jovens e murchidão das folhas. Dependendo do hos-
estão associadas a determinadas espécies hospedeiras, no entanto, pedeiro em causa, a infeção pode ser assintomática:
devido à sua plasticidade, podem infetar facilmente outros hospe- Oliveiras: Queimaduras foliares e declínio rápido das oliveiras com
deiros. morte progressiva da zona apical para a raiz, provocando a doença
Durante muitos anos, esta bactéria permaneceu confinada ao Con- chamada Quick Decline Syndrome (OQDS).
tinente Americano, mas em 1994 foi observada na Ásia (Taiwan e Videiras: Murchidão das folhas, clorose amarela e vermelha, com
Irão). distribuição irregular e “dieback”; “ilhas” verdes de tecido saudável
A recente identificação na Itália, em 2013, na região da OEPP (Or- e separação da folha do pecíolo, responsável pela doença de Pierce.
ganização Europeia e Mediterrânica de Proteção das Plantas), re- Citrinos: Provoca a Clorose Variegada dos Citrinos (CVC), os sin-
presentou a primeira deteção confirmada na Europa. tomas são o aparecimento de manchas cloróticas amareladas de
Em 2015 foi detetada em França, em plantas maioritariamente or- bordos irregulares, começando pela parte mediana da copa e ex-
namentais. pandindo-se por toda a planta.
Quercus sp.: provoca a doença, Bacterial Leaf scorch disease (BLS),
que se traduz por queimaduras foliares, irregular nos carvalhos,
bem evidente no final do verão e outono, com descoloração apical
pronunciada, com um halo vermelho ou amarelo entre tecidos
queimados e verdes, e as nervuras sobressaem em amarelo nas
zonas aparentemente sãs.
Os Loendros (Nerium Oleander) que estão espalhados por todo o
país, incluindo nos separadores e bermas de autoestradas, para
além de ser uma planta muito tóxica, são também afetados, po-
dendo ser mais uma fonte de disseminação desta doença. Estes
exibem o amarelecimento das folhas que é seguido pela caracte-
rística queimadura e necrose da zona apical, e marginal das folhas,
Distribuição Xylella fastidiosa
ou seja provoca a doença Oleander Leaf Scorch (OLS).
Fonte: EPPO, 2015
Retirado de www.dgav.min-agricultura.pt, em 20/09/2017
Como pode ajudar?
Em novembro de 2016 foram detetados focos da bactéria nas Ilhas Caso encontre plantas com sintomas semelhantes aos aqui apre-
Baleares, e mais recentemente, no dia 29 de junho deste ano, foi sentados, contacte de imediato a Direção Regional de Agricultura
confirmada, pelos Serviços Fitossanitários Espanhóis, a primeira e Pescas (DRAP), o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas
deteção de Xylella fastidiosa no território continental espanhol (em (ICNF), da sua região ou envie informações com a localização e
Alicante), num pomar de amendoeiras com cerca de meio hectare imagens para difmpv@dgav.pt.
(na sequência de informação prestada pelo proprietário de quebra
de produção anormal e de necroses nas folhas). A DGAV (Direção Plantas hospedeiras susceptíveis à Xylella fastidiosa – de acordo
Geral de Alimentação e Veterinária) divulgou num Ofício Circular com a Comissão Europeia (da base de dados das plantas hospe-
n.º 16/2017, alertando para esse facto, no dia seguinte. deiras no território da União – Atualização 9 – Bruxelas, 28.07.2017):
Acacia dealbata Link; Acacia saligna (Labill.) Wendl; Acer pseudo-
platanus L.; Anthyllis hermanniae L.; Asparagus acutifolius L.; Cali-
cotome villosa (Poiret) Link; Catharanthus; Cercis siliquastrum L.;
Chenopodium album L.; Cistus creticus L.; Cistus mospeliensis L.;
Cistus salviifolius L.; Coffea; Coronilla valentina L.; Cytisus; scopa-
rius (L.) Link; Cytisus villosus Pourr.; Dodonaea viscosa Jacq.; Ere-
mophila maculata F. Muell.; Erigeron bonariensis L.; Erigeron su-
matrensis Retz. ;Euphorbia terracina L. ; Ficus carica L. ; Fraxinus
angustifolia Vahl ; Genista corsica (Loisel.) DC.; Genista ephedroides
DC.; Genista x spachiana (syn. Cytisus racemosus Broom); Grevillea
juniperina L.; Hebe ; Helichrysum italicum (Roth) G. Don ; Helio-
Oliveira afetada pela bactéria Xylella fastidiosa tropium europaeum L.; Laurus nobilis L.; Lavandula angustifolia Mill.;
Fonte: www.draplvt.mamaot.pt/alimentacao/Prospecao-pragas-doencas/ Lavandula dentata L.; Lavandula stoechas L.; Lavandula x allardii
Bacteria_Xylella_fastidiosa/Pages/Bacteria-Xylella-fastidiosa.aspx,
consultado em 29/09/2017 (syn. Lavandula x heterophylla); Lavandula x intermedia; Metrosi-
deros excelsa Sol. ex Gaertn.; Myoporum insulare R. Br.; Myrtus ternus L.; Rosa canina L.; Rosmarinus officinalis L.; Spartium jun-
communis L.; Nerium oleander L.; Olea europaea L.; Pelargonium ceum L.; Erysimum; Streptocarpus; Erysimum; Vinca; Vitis vinifera
graveolens L’Hér; Pelargonium x fragrans; Phagnalon saxatile (L.) L.; Westringia fruticosa (Willd.) Druce; Westringia glabra L.; Rosma-
Cass.; Phillyrea latifolia L.; Polygala myrtifolia L.; Prunus avium (L.) rinus officinalis L..
L.; Prunus avium L.; Prunus cerasifera Ehrh.; Prunus domestica L.; Fonte bibliográfica: www.dgv.min-agricultura.pt/portal/page/portal/DGV/
Prunus dulcis (Mill.) D.A. Webb; Quercus suber L.; Rhamnus ala- genericos?generico=14076974&cboui=14076974, consultado em 20/09/2017.
disponibilizam sumidouros essenciais de carbono e fornecem re- mento, à inovação e à tecnologia é imprescindível na preparação
cursos renováveis para fins industriais e energéticos. É, aliás, destes da PAC para o futuro. Os regimes que visam reforçar o desempenho
recursos naturais que dependem diretamente. Um grande número económico, social ou ambiental, bem como a atenuação e adaptação
de postos de trabalho depende da agricultura, tanto no setor pro- às alterações climáticas, devem estar ligados aos serviços de acon-
priamente dito (que garante emprego estável a 22 milhões de pes- selhamento, que disponibilizam conhecimento, aconselhamento,
soas) como no setor alimentar, mais vasto (a agricultura, a transfor- competências e inovação.
mação alimentar e o retalho e serviços relacionados garantem cerca
de 44 milhões de postos de trabalho). As zonas rurais da UE albergam
no seu conjunto 55% dos cidadãos, constituindo simultaneamente • Descarregue a publicação em https://ec.europa.eu/agriculture/sites/agri-
importantes pilares do emprego, do lazer e do turismo. culture/files/future-of-cap/future_of_food_and_farming_communica-
Neste contexto, a agricultura inteligente e o apoio ao conheci- tion_pt.pdf
• Visita Técnica à Fundação Eugénio de Almeida e Colégio do Espírito Santo » ver secção Regiões » SUL
• Colóquio sobre “Processos de Membranas nas Indústrias do Vinho e Cortiça: Sustentabilidade e Valorização
Iniciativas Regionais de Subprodutos” » ver secção Regiões » SUL
• Atividade vitivinícola em debate na Região do Algarve » ver secção Regiões » SUL
• Visita técnica às instalações da Madeira Wine Company (MWC) » ver secção Regiões » MADEIRA
Colégio Nacional de
Engenharia de Materiais
Luis Gil › luis.gil@dgeg.pt
rização mecânica e microestrutural de me- boneto de tungsténio, que começou a ser e Diretor do Projecto Po-Pyrites do Programa
tais e ligas metálicas. produzido em Portugal na década de 1950). Science for Stability da NATO (1986-1991).
Não menos importante foi a política, iniciada Após a criação do LNETI e a mudança das À data da sua aposentação, era Diretor do
em 1962, de enviar recém-licenciados para instalações de Sacavém para o Lumiar, foi Instituto de Tecnologia Industrial do LNETI
doutoramento no estrangeiro, após uma sucessivamente Diretor do Departamento (1989-1992).
curta passagem pelo LFEN. de Metalurgia e Metalomecânica (1981-1985) O Doutor Engenheiro Armando Álvaro de
Nos anos 70, a investigação no Serviço de e do Departamento de Tecnologia de Ma- Oliveira Sampaio fundador em Portugal do
Metalurgia do LFEN alargou-se às proprie- teriais (1985-1989). Entre as várias funções primeiro Laboratório de Investigação em
dades mecânicas, metalurgia dos pós, limites que exerceu, foi Delegado Oficial para o Metalurgia, abriu caminho à investigação e
de grão, oxidação a altas temperaturas e AGARD-Advisory Group for Advanced Re- ensino em Engenharia de Materiais no nosso
cerâmicos avançados (especialmente o car- search and Development, da NATO (1968), País.
Mas, nesse novo tipo de borracha, existe e estilhaços metálicos que, porventura, pro- Google. Nesse caso, os investigadores tra-
uma ligação covalente reversa após essa vocassem danos ao material rodante. Ele balham em um capô deformável para carros
quebra, fazendo com que os polímeros se simplesmente voltaria à sua forma original e autónomos, uma medida de proteção extra
juntem novamente, sendo ligados por uma devidamente calibrado. Agora, a tecnologia para pedestres. No entanto, este é bem mais
“corda” molecular. Assim, um prego ou qual- passa por processo de patenteamento e de- sofisticado do que as peças feitas em ma-
quer material com capacidade de furar, não verá ser oferecida aos fabricantes de pneus. terial deformável encontradas no mercado.
estaria danificando a borracha, mas atra- Esta invenção é só mais uma entre várias O material deforma-se automaticamente
vessando livremente a sua estrutura mole- que estão a ser desenvolvidas em Harvard instantes antes do impacto completo da ví-
cular que, após a saída do metal, se recom- com ou sem parceria dos fabricantes de tima, reduzindo assim as lesões.
poria sem deixar vestígios da passagem do automóveis. Um deles em pesquisa na fa-
corpo estranho. mosa universidade americana tem relação https://www.noticiasautomotivas.com.br/
Desta forma, um pneu poderia recompor a com a empresa Waymo, divisão de auto- harvard-pesquisadores-desenvolvem-pneu-que-
sua banda de rodagem ao passar por buracos mação da Alphabet, grupo controlador do se-autorrepara
Colégio Nacional de
Engenharia do Ambiente
Lisete Calado Epifâneo › lisete.epifaneo@estsetubal.ips.pt
ponentes da água não faturada, em sistemas A 20 1097 -2,87 -1,86 -0,68 -0,77 -0,19 0,30 -3,06
B 13 766 -5,18 -4,53 -3,41 -2,16 -3,61 -7,94 -17,62
de abastecimento de água. C 34 51 -2,74 -2,17 -1,12 0,73 0,87 -0,30 -3,22
Primeiramente, realizou-se uma análise B 9 1022 -2,59 -2,09 -0,87 0,60 1,83 0,60 -1,25
B 9 1303 -1,97 -1,22 -0,17 1,23 -39,99 -100,00 -100,00
tendo por base o sistema de telemetria ho-
B 9 436 -1,47 -0,89 0,05 1,55 0,64 0,35 -67,80
rária, já instalado nos contadores de água D 9 349 -1,18 -0,57 0,09 -0,63 -0,35 -1,61 -4,00
associados a clientes domésticos, e obser- D 10 1760 -3,66 -3,23 -2,00 -0,40 -0,65 -1,38 -4,16
B 10 1314 -3,02 -2,25 -1,36 -1,02 -7,14 -54,12 -75,81
varam-se os padrões de consumo. Contudo,
só esta análise provou-se insuficiente para
conhecer os caudais reais de utilização de Relativamente aos clientes não-domésticos, mido por dia, o caudal máximo, mínimo e
água. Assim, foi necessário diminuir o inter- realizaram-se várias análises às informações médio de consumo, bem como a deteção
valo de análise, ou seja, utilizar telemetria existentes na base de dados com destaque mais rápida de qualquer alteração ao perfil
que permitisse uma recolha, registo e envio para o Código de Atividade Económica. de consumo.
da informação dos caudais ao minuto. Efetuaram-se comparações entre o con- Desde o início deste projeto já foram dete-
Para conhecimento do erro de medição as- sumo médio mensal de instalações, a idade tadas e corrigidas várias fugas, alterações
sociado a contadores retirados da rede de do contador e a tipologia dos clientes para do padrão de consumo, paragem de con-
abastecimento, efetuaram-se testes em la- deteção de consumos ilícitos ou situações tadores e situações de submedição.
boratório a diversos caudais. A realização de submedição. Em seguida, analisaram-se Em conclusão, as informações adquiridas
destes testes possibilitou a análise do erro os clientes que tinham consumo médio através dos estudos realizados permitem
em função de várias características do con- mensal nulo e fez-se a validação de insta- uma tomada de decisão mais informada, o
tador e da instalação: marca, modelo, idade lações fechadas, sem utilização ou conta- que se traduz numa gestão mais eficiente
de fabrico, idade volumétrica, consumo dores associados apenas à rede de incêndio. do parque de contadores e na consequente
médio mensal, caudal de arranque e local Nas instalações que apresentavam anoma- diminuição das perdas aparentes e da água
do contador. Na tabela 1 observa-se que lias de consumo, realizaram-se vistorias não faturada.
Figura 1 Evolução das emissões nacionais de GEE Figura 2 Emissões setoriais em CO2e (2015)
Fonte: APA, 2017 Fonte: APA, 2017
V Congresso 4US Esta edição, com o tema “Inside Out”, teve como principal objetivo
apresentar, à mais de meia centena de presentes, alguns dos pro-
• Região Sul visita Terreiro do Paço e Fábrica da Água em Alcântara » ver secção Regiões » SUL
Iniciativas Regionais
• Visita Técnica ao Antigo Sistema de Abastecimento de Água de Lisboa » ver secção Regiões » SUL
Especializações Horizontais
riais compósitos, em que a unidade indus- Na parte final das Jornadas houve ainda está disponível relativamente à aquisição de
trial da Embraer em Èvora assume especial oportunidade para debater alguns aspetos meios aéreos para o Estado.
relevo; de aeronaves não tripuladas, as quais associados à sustentabilidade da atividade Os participantes destacaram o papel que a
começam a ganhar protagonismo em termos de projeto aeronáutico, nomeadamente as Ordem dos Engenheiros poderá ter, pro-
nacionais e internacionais, tendo a este res- exigências das empresas no setor face aos movendo junto do tecido industrial e das
peito a Tekever destacado este processo e programas de formação disponibilizados entidades oficiais condições que permitam
a evolução prevista; de simuladores de voo, pelos mestrados em Engenharia Aeronáu- identificar necessidades de meios aéreos
entidades de Engenharia complexas que tica – Aeroespacial; e as formas de induzir, que pudessem ser objeto de desenvolvi-
exigem multidisciplinariedade e cada vez na indústria nacional, projetos aeronáuticos mento (muito provavelmente em parceria
mais têm expressão no mundo aeronáutico, tendo em conta que o mecanismo das con- internacional – como foi ocaso do KC390)
tal como destacou a ETI. trapartidas (conhecidos por offsets) já não por empresas portuguesas.
Especializações Horizontais
Especializações Horizontais
Especialização em METROLOGIA
Alice Freitas › aafreitas@oep.pt
Especializações Horizontais
Estado d’arte dos PDM’s de 2.ª geração. Aplicabilidade das normas da DGT
Especializações Horizontais
VI Seminário AFESP
N o dia 2 de novembro de 2017, realizou-se em Lisboa o VI Se-
minário em Sinalização e Segurança Rodoviária, organizado pela
AFESP – Associação Portuguesa de Sinalização e Segurança Rodo-
Race. A intervenção da OE foi assegurada pelo Eng. Jorge Zúniga
Santo, da Especialização em Transportes e Vias de Comunicação
Mais do que uma aprofundada e exaustiva análise dos problemas
viária, ao qual a Ordem dos Engenheiros (OE) atribuiu o seu apoio que afetam a infraestrutura, as conclusões constituem um teste-
institucional, assim como a European Road Federation – ERF e a munho significativo das múltiplas questões suscitadas nas sessões
European Transport Safety Council – ETSC. Teve o seu foco no tema de trabalho, e espelham, ainda, o princípio de uma reflexão alargada
“As Estradas que os Automóveis têm de ler. Desafio para a infraes- a toda a classe da engenharia rodoviária e constituem a prova de
trutura e sinalização” e funcionou em paralelo com a Volvo Ocean que o setor das infraestruturas encontrou um espaço de diálogo.
Como pressupostos do Seminário destacam-se: Das comunicações e dos debates resultaram as seguintes conclu-
› A sinalização deve assumir um papel de relevo como instrumento sões:
de proteção dos utentes e veículos num sistema organizado; › Necessidade urgente de rever os princípios aplicados nos instru-
› A sinalização não deve continuar a ser secundária em relação mentos de Planeamento Estratégico Rodoviário, mediante a
aos restantes aspetos da intervenção da Engenharia rodoviária; atualização ou criação de uma entidade técnica pública moderna
› O País não deve nem pode alhear-se do estado caótico da sina- e capaz de interpretar e conhecer esses princípios básicos, com
lização e do seu peso na sinistralidade; reflexos na urgente revisão do PRN – Plano Rodoviário Nacional,
› Deve ser dada prioridade aos investimentos em sinalização; do RST – Regulamento de Sinalização de Trânsito e de todo o
› Uma boa sinalização qualifica e enobrece os destinos a que se re- desatualizado quadro legal ainda em vigor relativo às redes re-
fere, aumenta o grau de reconhecimento e a imagem de um país, gionais e municipais;
orienta no caminho e diminui a irritação dos que se perdem, con- › Urgência de medidas de conservação das redes rodoviária na-
traria os efeitos negativos de eventuais más opções urbanísticas cional e municipais, fortalecendo a respetiva manutenção e me-
ou constrangimentos naturais, é a parcela mais económica e de lhorando as respetivas performances mínimas e homogeneização
mais rápido retorno na segurança rodoviária, sobretudo num País das característas de todos os seus elementos, nomeadamente
que tende a ser um dos principais destinos turísticos mundiais; dos sistemas de sinalização e segurança;
› No dimensionamento e na retrorreflexão deverão ser devida- › Necessidade de definição, com base na legislação aplicável e
mente asseguradas a performance, a harmonização e estandar- nos documentos normativos nacionais do IPQ, níveis de perfor-
dização; mance mínimos para a sinalização;
› A sinalização deve ser executada por empresas técnica e finan- › Definição de classes de desempenho de acordo com os requisitos
ceiramente sustentáveis, que garantam o cumprimento das es- normativos e com as práticas correntes do setor para a sinalização
pecificações técnicas, dos regulamentos e da boa arte, com me- vertical, e estabelecimento de mínimos de performance das marcas
canismos de auto-controle. rodoviárias em ambiente chuvoso, noturno e sem iluminação.
pressão, das infraestruturas, serviços e sis- começar pelo fim, em que primeiro se criam ciou medidas de correção implementadas
temas de transportes. medidas restritivas à entrada de veículos na em 2017, destacando a desmaterialização
É neste contexto que se entendem os di- cidade e só depois são criadas soluções al- da bilhética, mais e melhores acessibilidades
versos programas de melhoramentos de ternativas em termos de transportes e de e novos investimentos. Concluiu com uma
iniciativa municipal que foram ou estão a acesso. Concluiu também que “o problema breve apresentação e caracterização de so-
ser concretizados, através de intervenções das acessibilidades e da mobilidade dentro luções previstas para expansão da rede.
à superfície em importantes corredores de da cidade está longe de estar resolvido”. O presidente da EMEL apresentou também
transportes, mas que, em certos casos e Seguiram-se as intervenções dos agentes indicadores da procura externa diária de
pelas perturbações provocadas pelos tra- que intervêm na mobilidade dentro da ci- veículos a entrar e a sair de Lisboa e refe-
balhos, carecem de esclarecimento, princi- dade, nos quais se inclui a Câmara Muni- renciou alguns exemplos de dificuldades
palmente sobre os principais objetivos e cipal. Resumem-se em seguida essas inter- sentidas na gestão do espaço urbano. Con-
enquadramento em novas opções de se- venções, tendo os presidentes da Carris e cluiu pela necessidade de envolvimento dos
leção modal ou de escolha comportamental do Metropolitano destacado a fase de re- stakeholders mais relevantes nos principais
oferecidas ao cidadão por um Sistema de novação em que estão as respetivas em- projetos para conseguir mais mobilidade e
Transportes Urbanos sempre em evolução. presas apostadas em atrair mais utilizadores melhor cidade.
Da mesma forma e como charneira entre e em contribuir para a melhoria das deslo- A representante da Câmara Municipal de
os sistemas de transportes públicos e pri- cações da população. Lisboa evidenciou os indicadores que ca-
vados, o ordenamento do espaço urbano e Pelo presidente da Carris foram apresen- racterizam a repartição modal da circulação
a gestão de recursos, os princípios e práticas tados os principais indicadores da mobili- dentro da cidade e as taxas crescentes da
de estacionamento subjacentes às políticas dade em termos da evolução da procura procura interna e externa que se verificam
municipais nem sempre têm sido interpre- modal na área metropolitana de Lisboa, com e são expectáveis para a mobilidade na ci-
tados pelos cidadãos de forma positiva como especial enfoque nos indicadores da Carris. dade de Lisboa. Foi depois apresentada a
fator de equidade e distribuição, o que sus- Perspetivou a necessidade de mudança, estratégia e medidas de mobilidade previstas,
cita alguma necessidade de esclarecimento com uma nova visão estratégica que pas- baseadas numa mudança de paradigma e
mais detalhado. sará por transporte público mais acessível, que incluem intervenções na rede pedonal,
Neste evento, em que estiveram presentes frota mais moderna, novas contratações de na rede ciclável – onde referiu as bicicletas
cerca de setenta participantes, pretendeu- motoristas e lançamento de uma rede de partilhadas, na rede rodoviária – onde des-
-se então conhecer e debater a perspetiva carreiras de bairro. tacou os parques dissuasores e os painéis
de cada entidade interveniente na gestão O Presidente do Metropolitano identificou informativos de parques de estacionamento,
da mobilidade e no ordenamento do espaço e referenciou indicadores do tráfego médio na rede de transportes públicos e na rede
público, sem descurar a perspetiva conjunta diário de veículos, nos principais acessos a de Interfaces. Concluiu que estas medidas
que se possa afinal traduzir na dotação de Lisboa, bem como os principais interfaces se incluem em Planos e Programas, já em
condições de circulação mais amigas do com outros operadores de transporte pe- fase de execução, ou em instrumentos a
Cidadão, do Ambiente e da Cidade. sado, como forma de enquadrar a rede de elaborar.
A Conferência começou com uma breve Metro existente e futura. Abordou os con- O debate que se seguiu foi bastante pro-
intervenção do Bastonário, realçando como dicionamentos resultantes dos constrangi- fícuo e teve como moderador José Limão,
crítica e mote para o debate o facto de se mentos financeiros dos últimos anos e enun- Diretor da Transportes em Revista.
Engenheiros no Museu do Ar
N uma organização conjunta das Especializações em Engenharia
Aeronáutica e em Transportes e Vias de Comunicação, de-
correu no passado dia 13 de setembro uma visita ao Museu do Ar
em Sintra.
Este museu está atualmente sedeado à entrada da Base Aérea n.º
1 na Granja do Marquês, em instalações inauguradas em 2009.
Mantém ainda dois polos museológicos, um em Alverca, local onde
em 1971 nasceu o Museu, e outro em Ovar.
O atual Museu, embora seja um organismo da Força Aérea Portu- sita à exposição sido conduzida pelo 1.º Sargento Pinto, que fez um
guesa, não se restringe apenas a expor o seu acervo histórico, in- resumo histórico de cada uma das peças expostas. A sequência da
cluindo também a TAP e os Aeroportos e Navegação Aérea (atual- exposição permite mais facilmente aos visitantes avaliar a evolução
mente separada nas empresas ANA Aeroportos e NAV). da aeronáutica em Portugal, desde a apresentação pública do balão
O grupo foi recebido pelo Diretor do Museu, Coronel Bento Roque, do Padre Bartolomeu de Gusmão, em 1709, cerca de 80 anos antes
que fez o enquadramento do conceito do atual Museu, tendo a vi- do balão dos irmãos Montgolfier, até aos dias de hoje.
Resumo Abstract
Este artigo descreve o primeiro projeto de armazenamento de energia Towards a Storage System in the Portuguese Distribution Grid:
elétrica (AEE) da EDP Distribuição, tendo em consideração o respetivo EDP Distribuição takes the first steps
enquadramento no âmbito dos novos desafios a que as redes de This article describes the first electrical energy storage in EDP Distribuição,
energia elétrica estão sujeitas. O sistema encontra-se instalado numa considering its relevance in the recent challenges faced by electrical
rede de média tensão, inserida num ecossistema mais alargado de grids. The proposed system was installed on an overhead medium
teste de soluções de redes inteligentes (projeto InovCity) e que voltage feeder, within a smart grid concept (EDP Distribuição’s InovCity),
alimenta um polo universitário. O dimensionamento e a metodologia supplying a university campus. In the course of this article it is described
adotada são enquadrados numa ótica de compromisso entre o the project sizing methodology with a first-of-a-kind perspective, its
investimento e os objetivos pretendidos. São, ainda, abordados os main objectives and functionalities, as well as future initiatives.
objetivos que se pretendem atingir e futuras iniciativas.
Os desafios da distribuição elétrica A eficiência energética poderá aumentar ao longo de toda a cadeia
de valor. A segurança e a fiabilidade das redes aumentarão por apli-
Entre os desafios das redes de energia elétrica consta o aumento cação de sistemas de monitorização e proteção, capazes de gerir
da eficiência, segurança e fiabilidade que é exigido, nomeadamente congestões e indisponibilidades em tempo real. Em situações de
no transporte e distribuição de eletricidade que requerem cada vez avaria, as redes locais (microrredes) terão a capacidade de funcionar
mais soluções que têm na sua génese os conceitos de redes inte- isoladas do resto da rede, aumentando a resiliência do sistema.
ligentes. A remoção de obstáculos à integração em larga escala de A nível da geração, uma parte significativa da quota de produção
Fontes de Energia Renovável, Geração Distribuída, penetração de e capacidade das atuais centrais será substituída por geração dis-
novas soluções de consumo imprevisíveis, como o Veículo Elétrico, tribuída, por fontes de energia renovável, por mecanismos eficazes
e novas formas de gestão dos consumos vêm reforçar a necessi- de gestão da procura e por sistemas de armazenamento de energia.
dade de adotar soluções e processos que respondam em simul- A EDP Distribuição exerce as funções de Operador de Redes de
tâneo aos desafios atuais e do futuro (Figura 1). Distribuição de energia elétrica em Portugal Continental, pelo que
desempenha um papel fundamental para a rede elétrica de serviço
público (Figura 3).
Para desempenhar este papel, a empresa tem adotado uma estra-
tégia de inovação sustentável que visa a otimização dos recursos
disponíveis e a procura de novas soluções para a rede de distri-
buição de energia elétrica.
ão
iç
elétrico em Portugal
ibu
Re
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tr
u
la
is
D
ç
ão
EDP
A implementação generalizada de sistemas de contagem inteli- Distribuição
en
• Eficiência energética
os clientes tenham informação disponível em tempo real e possi-
c
te
So
Projeto Piloto de Évora foi fundamental a participação ativa no estudo “Energy Storage In-
novation in Europe: a mapping exercise”, a colaboração de todas
A EDP Distribuição optou por desenvolver um projeto-piloto es- as entidades que estiveram ligadas à instalação do sistema, nomea-
sencialmente focado nos principais desafios técnicos da distribuição damente a Universidade de Évora, a Câmara Municipal de Évora,
de energia: aumentar a fiabilidade da rede, oferecer backup ao Direção Geral de Energia e Geologia e a Direção Regional do Am-
cliente; melhorar a qualidade de serviço; garantir capacidade de biente e do Ordenamento do Território do Alentejo.
fault ride-through; controlo local de tensão e alisamento do dia-
grama de carga para redução de perdas (Figura 4). Metodologia de dimensionamento
Backup /
Continuidade
de Serviço
Diminuição Qualidade
e perdas de
na rede energia
Foi ainda considerada a análise da duração das interrupções (Fi- tamento do sistema de armazenamento em condições de funcio-
gura 8), sendo que se considerou que o sistema deveria ser dimen- namento similares aos ensaios realizados, e que irão permitir cons-
sionado para suportar interrupções até 30 minutos. Tendo em con- truir uma imagem fidedigna do comportamento dos conversores
sideração todos os pressupostos, preconizou-se o seguinte dimen- eletrónicos de potência presentes no sistema de AEE de Évora. Estes
sionamento para o sistema: modelos serão o ponto de partida para a construção de um mo-
› Capacidade de energia de 360 kWh; delo mais abrangente que permita o estudo de alguns use cases
› Potência de 472 kW. sem utilização real do sistema de armazenamento.
Com base nestes estudos foi possível estimar a média de perdas Conclusões
da rede, que seria reduzida em 14,2%, havendo, ainda, uma dimi-
nuição dos desvios de tensão totais. O armazenamento poderá providenciar um vasto conjunto de be-
nefícios e executar também um vasto conjunto de funções em di-
O armazenamento de energia elétrica ferentes setores da cadeia de negócio do setor de energia elétrica.
na Rede Nacional de Distribuição No entanto, é ainda relativamente dispendioso e, por isso, tem en-
contrado bastante resistência.
Tratando-se de um sistema inovador, foi necessário garantir um O potencial de crescimento do mercado para o AEE está depen-
conjunto de especificações, configurações e ensaios que permi- dente de modelos de negócios competitivos numa vertente social
tisse avaliar e minimizar eventuais riscos da ligação deste equipa- e considerando todas as partes interessadas, pelo que atualmente
mento na Rede Nacional de Distribuição. Foi com este propósito está muito dependente de incentivos regulatórios e/ou financeiros
que se promoveu um protocolo com o INESC-ID, de modo a ini- ou da redução dos preços da tecnologia.
ciar o desenvolvimento de um cluster nacional de conhecimento No entanto, o interesse e o grau de conhecimento das tecnologias
sobre o tema e que permitiu desenvolver cálculos, especificações, de armazenamento e dos benefícios que estas podem trazer estão
simulações e testes do sistema para várias condições de funciona- a crescer em alguns setores, como é o caso de proprietários de
mento. edifícios residenciais e comerciais (behind-the-meter) e em situa-
Numa primeira fase foi efetuado um estudo relativo à integração ções particulares da rede (utility-side-of-the-meter).
de sistemas de armazenamento nas redes elétricas. O estudo rea- O AEE é um sistema de integração complexo na rede, que dispo-
lizado teve como objetivo aferir as potencialidades técnicas dos nibiliza diferentes serviços com rácios de custo/benefício distintos
AEE numa ótica de serviços de apoio ao Operador de Rede de Dis- que importa catalogar e gerir.
tribuição e impacto na Qualidade de Energia Elétrica. É com este pressuposto que se torna fundamental integrar estes
Nesse âmbito foram efetuadas diversas simulações tendo em conta sistemas num conceito de redes inteligentes, de modo a retirar o
os objetivos específicos do projeto de armazenamento de energia maior retorno do investimento.
em Évora, designadamente, o arranque do sistema em vazio (black É com este propósito que se optou por integrar este sistema no
start), o funcionamento em modo de ilha e estudo das transições projeto Inovgrid, que permite que esta solução seja pioneira no ca-
ilha-rede, bem como o funcionamento no modo de suporte à rede, minho de desenvolvimento de soluções AEE inteligentes, de modo
através do controlo de tensões, regulação da potência ativa – peak- a serem totalmente automatizadas em função das observações e
-shaving, e regulação do fator de potência. previsão das condições do sistema elétrico (Smart Storage System).
Um dos serviços oferecidos pelo sistema de armazenamento é a Acreditamos que só com esta visão é que a introdução de sistemas
possibilidade de funcionamento em ilha, sendo que a utilização de armazenamento na rede passará a ser sustentável.
desta mesma funcionalidade pressupõe uma alteração das gran- A EDP Distribuição encontra-se assim, desde já, a preparar o futuro
dezas elétricas no ponto de ligação, nomeadamente através de do armazenamento, construindo um conjunto de parcerias que vão
uma redução da potência de curto-circuito disponível que se traduz do mundo académico à indústria, delineando um conjunto de novos
em correntes de defeito inferiores quando comparadas com a li- casos de estudo alinhados com as mais recentes necessidades do
gação à rede de distribuição. Sendo este serviço o mais complexo negócio:
que o AEE pode fornecer, foi necessário um exaustivo procedi- › Funcionamento em ilha alargada, com recurso a órgão de corte
mento de ensaios, que incluiu: a montante;
› Realização de quatro ensaios de curto-circuito, um fase-neutro › Monitorização do desempenho do sistema de armazenamento
franco, um fase-neutro resistivo, um fase-fase franco e um fase- para vários regimes de carga;
-fase resistivo; › Normalização de ativos de armazenamento, nomeadamente
› Colocação do sistema em ilha a alimentar o campus universitário, eletrónica de potência e baterias;
que permitiu verificar o comportamento e rapidez de resposta › Criação de modelos de degradação das baterias.
do sistema durante a transição rede-ilha-rede, tendo-se verifi-
cado que o sistema de armazenamento assumiu a alimentação Este projeto é também um driver para o desenvolvimento de pro-
da Universidade sem qualquer interrupção no fornecimento de jetos internacionais, sendo já estratégico para projetos no âmbito
energia. do H2020, onde será utilizado na validação de diversos casos de
uso, incluindo, por exemplo, um estudo de funcionamento em ilha
Em paralelo, e aproveitando os resultados obtidos durante os en- com conexão deste sistema com outros recursos de armazena-
saios, foram desenvolvidos modelos de simuladores do compor- mento distribuído ao nível da baixa tensão.
Legislação
AGRICULTURA, AMBIENTE, nos procedimentos previstos no decreto-lei Diário da República n.º 168/2017,
FLORESTAS, RECURSOS AQUÍCOLAS, n.º 40/2017, de 4 de abril. 2.º Suplemento, Série I de 2017-08-31
DESENVOLVIMENTO RURAL Estabelece as regras de segurança a que
• Decreto-Lei n.º 122/2017 devem obedecer os aparelhos e sistemas
• Lei n.º 75/2017 Diário da República n.º 183/2017, de proteção destinados a ser utilizados em
Diário da República n.º 158/2017, Série I de 2017-09-21 atmosferas potencialmente explosivas, trans-
Série I de 2017-08-17 Garante o cumprimento do Protocolo de pondo a Diretiva n.º 2014/34/UE.
Regime aplicável aos baldios e aos demais Nagoya, relativo ao acesso aos recursos ge-
meios de produção comunitários (Revoga néticos, assegurando a execução do Regu- BIORREFINARIAS.
a Lei n.º 68/93, de 4 de setembro). lamento (UE) n.º 511/2014. PLANO NACIONAL DE PROMOÇÃO
2014/23/UE, 2014/24/UE e 2014/25/UE, todas Altera o Decreto-Lei n.º 433/99, de 26 de FUNDO DE COINVESTIMENTO 200M
do Parlamento Europeu e do Conselho, de outubro, o Código de Procedimento e de
26 de fevereiro de 2014 e a Diretiva n.º Processo Tributário, e o Decreto-Lei n.º • Decreto-Lei n.º 126-C/2017
2014/55/UE, do Parlamento Europeu e do 6/2013, de 17 de janeiro. Diário da República n.º 193/2017,
Conselho, de 16 de abril de 2014, publicado 1.º Suplemento, Série I de 2017-10-06
no Diário da República, 1.ª série, n.º 168, 2.º CÓDIGO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS Cria o Fundo de Coinvestimento 200M.
suplemento, de 31 de agosto de 2017. E CÓDIGO DA INSOLVÊNCIA
E DA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS INSTAL. ELÉTRICAS PARTICULARES
• Declaração de Retificação n.º 42/2017
Diário da República n.º 231/2017, • Declaração de Retificação n.º 21/2017 • Decreto-Lei n.º 96/2017
Série I de 2017-11-30 Diário da República n.º 164/2017, Diário da República n.º 154/2017, Série I de
Retifica a Declaração de Retificação n.º 36- Série I de 2017-08-25 2017-08-10
A/2017, de 30 de outubro, da Presidência do Retifica o Decreto-Lei n.º 79/2017, de 30 de Estabelece o regime das instalações elétricas
Conselho de Ministros, que retifica o Decreto- junho, da Justiça, que altera o Código das particulares.
-Lei n.º 111-B/2017, de 31 de agosto, do Pla- Sociedades Comerciais e o Código da In-
neamento e das Infraestruturas, que procede solvência e da Recuperação de Empresas, • Declaração de Retificação n.º 29/2017
à nona alteração ao Código dos Contratos publicado no Diário da República, 1.ª série, Diário da República n.º 191/2017,
Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º n.º 125, de 30 de junho de 2017. Série I de 2017-10-03
18/2008, de 29 de janeiro, e transpõe as Di- Retifica o Decreto-Lei n.º 96/2017, de 10 de
retivas números 2014/23/UE, 2014/24/EU e COMBUSTÍVEL IRRADIADO agosto, da Economia, que estabelece o re-
2014/25/UE, todas do Parlamento Europeu e E RESÍDUOS RADIOATIVOS gime das instalações elétricas particulares,
do Conselho, de 26 de fevereiro de 2014 e a publicado no Diário da República, 1.ª série,
Diretiva n.º 2014/55/UE, do Parlamento Eu- • Resolução do Conselho de Ministros n.º 154, de 10 de agosto de 2017.
ropeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014, n.º 122/2017
publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º Diário da República n.º 173/2017, • Declaração de Retificação n.º 33/2017
168, 2.º suplemento, de 31 de agosto de 2017 Série I de 2017-09-07 Diário da República n.º 194/2017,
Aprova o Programa Nacional de Gestão do Série I de 2017-10-09
CÓDIGO COOPERATIVO Combustível Irradiado e dos Resíduos Ra- Retifica o Decreto-Lei n.º 96/2017, de 10 de
dioativos para 2015-2019. agosto, da Economia, que estabelece o re-
• Lei n.º 66/2017 gime das instalações elétricas particulares,
Diário da República n.º 153/2017, ENERGIAS RENOVÁVEIS OCEÂNICAS publicado no Diário da República, n.º 154,
Série I de 2017-08-09 1.ª série, de 10 de agosto de 2017.
Primeira alteração à Lei n.º 119/2015, de 31 • Resolução do Conselho de Ministros
de agosto, que aprova o Código Cooperativo. n.º 174/2017 INSTALAÇÕES DE GASES
Diário da República n.º 227/2017, COMBUSTÍVEIS EM EDIFÍCIOS
CÓDIGO PENAL Série I de 2017-11-24
Aprova a Estratégia Industrial e o Plano de • Decreto-Lei n.º 97/2017
• Lei n.º 94/2017 Ação para as Energias Renováveis Oceânicas. Diário da República n.º 154/2017,
Diário da República n.º 162/2017, Série I de 2017-08-10
Série I de 2017-08-23 EQUIPAMENTOS SOB PRESSÃO Estabelece o regime das instalações de gases
Altera o Código Penal, aprovado pelo De- combustíveis em edifícios.
creto-Lei n.º 400/82, de 23 de setembro, o • Decreto-Lei n.º 111-D/2017
Código da Execução das Penas e Medidas Diário da República n.º 168/2017, • Declaração de Retificação n.º 34/2017
Privativas da Liberdade, aprovado pela Lei 2.º Suplemento, Série I de 2017-08-31 Diário da República n.º 194/2017,
n.º 115/2009, de 12 de outubro, a Lei n.º Estabelece as regras aplicáveis à disponibi- Série I de 2017-10-09
33/2010, de 2 de setembro, que regula a lização no mercado de equipamentos sob Retifica o Decreto-Lei n.º 97/2017, de 10 de
utilização de meios técnicos de controlo à pressão, transpondo a Diretiva n.º 2014/68/ agosto, da Economia, que estabelece o re-
distância (vigilância eletrónica), e a Lei da UE. gime das instalações de gases combustíveis
Organização do Sistema Judiciário, apro- em edifícios, publicado no Diário da Repú-
vada pela Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto. EXPROPRIAÇÕES – ALQUEVA blica, n.º 154, 1.ª série, de 10 de agosto de
2017.
CÓDIGO DE PROCEDIMENTO • Decreto-Lei n.º 118/2017
E DE PROCESSO TRIBUTÁRIO Diário da República n.º 176/2017, POLÍTICA PÚBLICA DE SOLOS,
Série I de 2017-09-12 DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
• Lei n.º 100/2017 Altera o regime aplicável às expropriações E DE URBANISMO
Diário da República n.º 165/2017, necessárias à realização do Empreendimento
Série I de 2017-08-28 de Fins Múltiplos de Alqueva. • Lei n.º 74/2017
Diário da República n.º 157/2017, Saúde no Trabalho, adotada pela Confe- Determina a realização do «Projeto Reabi-
Série I de 2017-08-16 rência Geral da Organização Internacional litar como Regra».
Primeira alteração à lei de bases gerais da do Trabalho, na sua 95.ª Sessão, realizada
política pública de solos, de ordenamento em Genebra, a 15 de junho de 2006. • Decreto-Lei n.º 142/2017
do território e de urbanismo. Diário da República n.º 219/2017,
• Decreto-Lei n.º 106/2017 Série I de 2017-11-14
PROTEÇÃO CIVIL PREVENTIVA Diário da República n.º 166/2017, Aprova o Programa de Apoio à Reconstrução
Série I de 2017-08-29 de Habitação Permanente.
• Resolução do Conselho de Ministros Regula a recolha, publicação e divulgação
n.º 160/2017 da informação estatística sobre acidentes DIPLOMAS REGIONAIS
Diário da República n.º 209/2017, de trabalho. MADEIRA
Série I de 2017-10-30
Aprova a Estratégia Nacional para uma Pro- • Declaração de Retificação n.º 26/2017 • Decreto Legislativo Regional
teção Civil Preventiva. Diário da República n.º 187/2017, n.º 25/2017/M
Série I de 2017-09-27 Diário da República n.º 151/2017,
SEGURANÇA DAS INSTALAÇÕES Declaração de retificação à Lei n.º 64/2017, Série I de 2017-08-07
NUCLEARES de 7 de agosto, que «Estabelece as prescri- Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei
ções mínimas em matéria de proteção dos n.º 54/2005, de 15 de novembro, que esta-
• Decreto-Lei n.º 135/2017 trabalhadores contra os riscos para a segu- belece a titularidade dos recursos hídricos.
Diário da República n.º 203/2017, rança e a saúde a que estão ou possam vir
Série I de 2017-10-20 a estar sujeitos devido à exposição a campos • Decreto Regulamentar Regional
Altera os regimes de segurança das instala- eletromagnéticos durante o trabalho e n.º 10/2017/M
ções nucleares, transpondo a Diretiva n.º transpõe a Diretiva 2013/35/UE do Parla- Diário da República n.º 164/2017,
2014/87/EURATOM. mento Europeu e do Conselho, de 26 de Série I de 2017-08-25
junho de 2013». Fixa, para o ano de 2017, o valor do metro
SEGURANÇA PARA OS NAVIOS quadrado padrão para efeitos da indústria
DE PASSAGEIROS URBANIZAÇÃO da construção civil.
E EDIFICAÇÃO
• Decreto-Lei n.º 134/2017 • Decreto Legislativo Regional
Diário da República n.º 202/2017, • Lei n.º 79/2017 n.º 30/2017/M
Série I de 2017-10-19 Diário da República n.º 159/2017, Série I de Diário da República n.º 165/2017,
Altera as regras e normas de segurança para 2017-08-18 Série I de 2017-08-28
os navios de passageiros, transpondo a Di- Protege o património azulejar, procedendo Estabelece o regime a que fica sujeito o pro-
retiva (UE) 2016/844. à décima terceira alteração ao Regime Ju- cedimento de delimitação do domínio pú-
rídico da Urbanização e Edificação, apro- blico hídrico na Região Autónoma da Madeira.
SEGURANÇA E SAÚDE vado pelo Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de
NO TRABALHO dezembro. DIPLOMAS REGIONAIS
AÇORES
• Lei n.º 64/2017 • Decreto-Lei n.º 125/2017
Diário da República n.º 151/2017, Diário da República n.º 192/2017, • Resolução da Assembleia Legislativa
Série I de 2017-08-07 Série I de 2017-10-04 da Região Autónoma dos Açores
Estabelece as prescrições mínimas em ma- Altera o regime da acessibilidade aos edifí- n.º 19/2017/A
téria de proteção dos trabalhadores contra cios e estabelecimentos que recebem pú- Diário da República n.º 191/2017,
os riscos para a segurança e a saúde a que blico, via pública e edifícios habitacionais. Série I de 2017-10-03
estão ou possam vir a estar sujeitos devido Orçamento da Assembleia Legislativa para
à exposição a campos eletromagnéticos • Decreto-Lei n.º 130/2017 a Região Autónoma dos Açores para o Ano
durante o trabalho e transpõe a Diretiva Diário da República n.º 194/2017, de 2018.
2013/35/UE do Parlamento Europeu e do Série I de 2017-10-09
Conselho, de 26 de junho de 2013. Estabelece um regime excecional de con- • Decreto Legislativo Regional
trolo prévio relativo à reconstrução de edi- n.º 8/2017/A
• Resolução da Assembleia da República fícios de habitação destruídos ou gravemente Diário da República n.º 195/2017,
n.º 215/2017 danificados em resultado de catástrofe. Série I de 2017-10-10
Diário da República n.º 163/2017, Primeira alteração ao Decreto Legislativo
Série I de 2017-08-24 • Resolução do Conselho de Ministros Regional n.º 11/2008/A, de 19 de maio -
Aprova a Convenção n.º 187 da Organização n.º 170/2017 Regime Jurídico da Gestão dos Imóveis do
Internacional do Trabalho (OIT), sobre o Diário da República n.º 216/2017, Domínio Privado da Região Autónoma dos
Quadro Promocional para a Segurança e a Série I de 2017-11-09 Açores.
um diagrama esquemático (grafo) da rede Suponhamos então que há 200 carros a demora no máximo 20 minutos, possivel-
viária de Alguidares (Figura 2). Designamos querer ir de A para B. Como há duas alter- mente menos. E portanto o percurso óp-
a origem e o destino por A e B, respectiva- nativas disponíveis, ambas demorando o timo passou a ser usando as três pontes
mente. Há dois caminhos que conduzem mesmo tempo, os condutores vão distribuir- (Figura 3).
de A para B: o primeiro, que passa por C, -se igualmente pelos dois percursos, 100 O problema é que todos os condutores
consiste numa primeira secção lenta entre pela via ACB e 100 pela via ADB (observe-se fazem este raciocínio e todos vão utilizar
A e C (a ponte estreita) e numa segunda que eles fazem isto espontaneamente mas este percurso. Conclusão: em todas as
secção rápida entre C e B. Vamos supor que de forma egoísta: cada um está a tentar mi- pontes se terá T=200. O tempo de percurso
o percurso na via rápida se faz em 20 mi- nimizar o seu próprio tempo de percurso). será pois 20 minutos para cada uma das
nutos, independentemente do trânsito. Cada condutor demorará pois 20 +100/10= pontes antigas, e o tempo total de A para B
Já na ponte, que é estreita e permite apenas 30 minutos para ir de A para B. será 20 + 1 + 20 = 41 minutos. Ou seja, uma
a passagem de um carro de cada vez, o Consideremos agora o que acontece após viagem que demorava 30 passou a demorar
tempo de percurso é variável, sendo tanto a abertura da Grande Ponte, que liga C a D 41 minutos por efeito da abertura da nova
maior quanto mais carros houver. O leitor e demora 1 minuto a atravessar. Um con- ponte. O tempo de trânsito aumentou para
pode imaginar este efeito “garrafão” na Ponte dutor no ponto A faz o seguinte raciocínio: todos os condutores; o efeito de descon-
25 de Abril: há muitos carros a chegar à ir pela ponte antiga é sempre preferível a ir gestionamento foi direitinho para as vias
ponte ao mesmo tempo, mas só passa um pela via rápida, pois a ponte antiga demora rápidas, que ficaram vazias!
de cada vez. Vamos supor que o tempo de T/10 minutos a atravessar; o pior caso é Curiosamente, pode ilustrar-se o paradoxo
percurso na ponte é proporcional ao nú- serem 20 minutos, que é exactamente o de Braess mecanicamente, com molas e
mero de carros que querem atravessar; para tempo da via rápida – mas podem ser menos. pesos. Num artigo publicado em 1991, na
o efeito deste exemplo suporemos que o Portanto, passa a ser preferível usar a pri- “Nature”, os físicos Joel Cohen e Paul Ho-
tempo necessário para tal é T/10, em mi- meira ponte antiga a ir pela via rápida. De- rowitz construíram o sistema ilustrado na
nutos. Tomam-se os mesmos valores para pois, atravessa-se a ponte nova e, pelo Figura 4: um peso está suspenso por duas
a via rápida AD e a ponte DB relativos ao mesmo raciocínio, a segunda ponte antiga molas em série ligadas por um fio curto;
outro percurso A-D-B. cada mola está ainda ligada por um fio, que
não está sob tensão, ao peso. Quando se
C corta o fio curto, as molas passam a estar
C T/10 20 em paralelo – e o peso sobe. Nesta cons-
T/10 20
trução o fio curto representa a Grande Ponte,
A 1 B as molas representam as pontes antigas a
A B
altura do peso o tempo de percurso. Há
20 T/10
D muitos vídeos sobre este efeito no Youtube;
20 T/10
D pode ver-se um, produzido pelo MIT, em
https://www.youtube.com/watch?v=ekd2Me
Figura 3 Rede viária após a abertura
Figura 2 Grafo da rede viária de Alguidares da Grande Ponte sobre o Alguidar DBV8s.
www.tpfplanegecenor.pt
Em Memória
Em Memória
Os resumos biográficos dos Membros da Ordem dos Engenheiros falecidos são publicados na secção “Em Memória”, de acordo com o
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